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17/06/2010 - 19:18 - ATUALIZADO EM 17/06/2010 - 19:18

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A Índia foi invadida por atrizes e modelos brasileiras que começam a fazer carreira no cinema de Bollywood JULIANA RESENDE, DE LONDRES

O caso de amor do Brasil com a Índia está longe de acabar com o fim da novela Caminho da Índias. A boa-nova é que o interesse dos brasileiros está sendo correspondido, apaixonadamente. Gisele Bündchen na capa da Vogue India, em outubro do ano passado, assinalou um fenômeno que já virou até tema de filme: a invasão de Bollywood por atrizes e modelos brasileiras. Na semana passada, foi exibida no Festival do Cinema Brasileiro de Paris a primeira coprodução indo-brasileira, O sonho bollywodiano (Bollywood dream) . O longa-metragem de ficção narra a experiência de três atrizes brasileiras que vão à Índia tentar fazer fama e fortuna em Bollywood. “Por incrível que pareça, o filme é anterior a este boom”, diz a diretora Beatriz Seigner, de 25 anos. Ela é tão apaixonada pela Índia que morou no país por seis meses, em 2006. Foi nessa época que teve a ideia de fazer o filme, o segundo mais votado pelo público na 33a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2009. “As brasileiras são sensuais, dançam bem, usam biquíni e são um ingrediente estrangeiro nos filmes”, diz Beatriz. Para a diretora, filmar na Índia foi uma experiência “fascinante e difícil”. “Por eu ser mulher, tinha de falar com a equipe por meio de um homem e sentia que não me levavam a sério”, afirma. Daniela Lavender e Ben Kingsley Taj O ator britânico, descendente de indianos, e sua mulher, brasileira radicada em Londres, posam em frente ao Taj Mahal. Eles vão viver a história do imperador Shah Jahan e a primeira de suas muitas esposas

As modelos convertidas em atrizes que mais fazem sucesso em Bollywood são Giselli Monteiro, Maria Gomez e Bruna Abdullah. Cada uma delas a sua maneira. Enquanto o rebolado de Bruna Abdullah, numa dança no filme Cash (Dinheiro) , a alçou ao status de celebridade em Bollywood, Giselli Monteiro conseguiu transcender a barreira da língua e está fazendo uma sólida carreira na Índia. “Vim primeiro com a intenção de trabalhar como modelo, pois em todos os outros países que havia visitado as pessoas sempre me perguntavam se era indiana”, diz. Nos primeiros 20 dias na Índia, ela conheceu Imtiaz Ali, que viria a ser o diretor de seu primeiro filme, Love aaj kal (Amor ontem e hoje) . “Depois que eu fiz o teste, ele disse que eu me encaixava perfeitamente no papel da típica indiana dos anos 60, para o qual ele havia procurado uma atriz no país inteiro”, diz Giselli, de 22 anos. “Não é uma tremenda ironia?” Depois dessa estreia bem-sucedida, outras oportunidades surgiram. A brasileira já acertou sua participação no próximo filme do diretor Ravi Chopra, Puraani jeans (Jeans surrados) , e se prepara para outros papéis. “Estou estudando híndi”, afirma Giselli. Ela acredita que portas se abrem para brasileiras pelo fato de a “fisionomia ser parecida com a das indianas” e pela união do “jeitinho brasileiro com o modo de ser indiano”. Para a modelo, adaptar-se é natural, mas difícil. “Amo os indianos. Posso dizer que achei uma família aqui”, diz. “Mas eles fazem uma comida muito apimentada, e com isso eu ainda não me acostumei.”

Nataly Cabanas O sonho bollywoodiano Ela interpreta Sofia Campos, uma das três atrizes que se aventuram pelo cinema de Bollywood no filme da brasileira Beatriz Seigner. Foi o segundo filme mais votado pelo público na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo do ano passado

Bruna Abdullah, de 23 anos, também tinha como planos trabalhar como modelo e participar de reality shows na Índia. Agora, se divide entre campanhas publicitárias – o mercado indiano atende à demanda local e global – e um papel no filme I hate luv storys (Odeio histórias de amor) , do diretor indiano Karan Johar. Outra morena que está prosperando em Bollywood é Maria Gomez, de 22 anos, cuja semelhança com a mexicana e hollywoodiana Salma Hayek é constantemente apontada pela imprensa indiana, e constitui um diferencial a seu favor. Leena Yadav, diretora do filme Teen patti (o título se refere a um jogo de cartaz indiano), no qual Maria atuará, diz que a brasileira está sendo procurada para várias outras produções.

Teen patti terá sir Ben Kingsley no elenco. Será a estreia do ator britânico descendente de indianos em Bollywood. Adorado na Índia pela interpretação do líder pacifista Ghandi, pelo qual ganhou o Oscar em 1982, Kingsley se prepara para filmar na Índia o romance Taj, em

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referência ao palácio Taj Mahal. O projeto é de sua produtora, Lavender Films, que leva o sobrenome de sua mulher, a atriz brasileira radicada em Londres Daniela Lavender. Na produção britânica, Daniela, de 35 anos, fará a mulher do imperador indiano Shah Jahan (1628-1658), vivido por Kingsley. Jahan construiu o Taj Mahal para sua esposa mais amada, Mumtaz Mahal. “Estivemos na Índia recentemente e é impressionante algumas semelhanças com o Brasil”, diz Daniela. “O povo indiano cultua a família e a alegria de viver. Eles têm uma atitude relaxada e positiva perante as adversidades de uma sociedade longe do ideal, assim como os brasileiros.” Ela mesma uma estrangeira, premiada no Reino Unido pela atuação no fime Emotional backgammon (Gamão emocional) , de 2003, Daniela diz que admira o triunfo das brasileiras na Índia. “Isso é resultado de trabalho duro”, afirma. Se o mundo está descobrindo Bollywood, como acredita a diretora Beatriz Seigner, Bollywood está descobrindo o Brasil – e vice-versa. Para o expert e autor do blog cinemaindiano.blogspot.com, Ibirá Machado, o olhar dos produtores indianos está convergindo para o Brasil desde 2006, quando o longa-metragem Dhoom (Explosão) foi parcialmente filmado no Rio de Janeiro. “A indústria de cinema indiano quer novos rostos bonitos” – coisa que há de sobra no país de Juliana “Maya” Paes.

Giselli Monteiro Love aaj kal, Puraani jeans, entre outros filmes Depois de passar por vários países onde achavam que era indiana, a modelo brasileira decidiu tentar a sorte no país de Bollywood. Deu certo

Bruna Abdullah I hate luv storys O plano original era ir para a Índia trabalhar como modelo e participar de reality shows. Bruna ganhou um papel no filme do diretor Karan Joha

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comentários PIO BARBOSA NETO | CE / FORTALEZA | 16/05/2010 09:18

O novo cinema A presença marcante da cultura popular indiana – milenar ou contemporânea - combinada ao volume de produção, gera um cinema extremamente rico em sua diversidade, com uma forte tradição em termos de documentário, duas grandes escolas ficcionais, características regionais distintas e crescente experimentalismo. Não é de hoje que o cinema indiano se tornou uma sombra para Hollywood. Claro, ainda está muito longe de atingir o grande império norte-americano. Mas não se pode deixar de lado uma indústria que é responsável por 90% dos filmes vistos no mercado asiático e que, só na Índia, vende mais de 3,5 bilhões de ingressos por ano. A indústria de cinema indiana é a maior do mundo em termos de venda de bilhetes e de número de filmes produzidos (somente em 2003 foram produzidos 877 longas metragens e 1177 curtas metragens). Os filmes indianos são populares em várias partes do mundo, especialmente em países com comunidades indianas de tamanho significativo, tendo geralmente entre duas a três horas de duração, com intervalo. Os temas variam entre romance, comédia, ação e suspense. O conteúdo de todos os filmes é revisto por um painel de censores do Central Board of Film Certification. Será que finalmente Hollywood descobriu que o mundo não se limita aos EUA? Esperamos que sim. PIO BARBOSA NETO | CE / FORTALEZA | 15/05/2010 18:17

O novo cinema indiano Não é de hoje que o cinema indiano se tornou uma sombra para Hollywood. Claro, ainda está muito longe de atingir o grande império norte-americano. Mas não se pode deixar de lado uma indústria que é responsável por 90% dos filmes vistos no mercado asiático e que, só na Índia, vende mais de 3,5 bilhões de ingressos por ano. Os números impressionam até mesmo se comparados ao forte mercado americano. Mas, como prega uma velha máxima, se não é possível derrotá-los, por que não se unir a eles? Embora não seja uma das produções mais sensacionais dos últimos anos – haja vista a supervalorização que o filme ganhou na mídia, em especial dos EUA – Quem Quer Ser Um Milionário tem os seus méritos. Primeiramente por elevar uma produção independente ao status de Melhor Filme no Oscar, o que não é pouca coisa. E segundo por obrigar Hollywood a buscar em culturas não-americanas – ainda que mostrando de forma americanizada – referências para suas histórias e roteiros. O orçamento de Quem Quer Ser um Milionário? foi de US$ 15 milhões e o filme arrecadou US$ 377 milhões nas bilheterias. Cerca de trinta milhões de indianos vão ao cinema diariamente (aproximadamente 3% da população do país) e, em 2005, 94% das receitas de bilheteria disseram respeito à produção nacional. Será que finalmente Hollywood descobriu que o mundo não se limita aos EUA? Esperamos que sim.

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