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SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 5/8/2013
CINEMA Os Últimos Cangaceiros retrata história de figuras do bando de Lampião
3 Rogério Resende / Divulgação
Livros e filmes reacendem a paixão pelo cangaço JULIANA RESENDE BR Press, Fortaleza
Com a morte de Candeeiro, aos 97, na última semana de julho – o penúltimo cangaceiro então vivo – e o 75º aniversário de morte de Virgulino Ferreira da Silva (Poço Redondo, Sergipe, em 28 de julho de 1938), vulgo Lampião, o cangaço tem tudo para voltar à voga nestes tempos combativos de manifestações e protestos Brasil afora. Para acender ainda mais a chama do cangaço, que parece nunca ter se apagado, em novembro, estreia, em circuto nacional, o primeiro documentário sobre o cangaço, objeto de mais de 40 longas brasileiros de ficção: Os Últimos Cancaceiros, de Wolney Oliveira. Vencedor de Melhor Longa-metragem Ibero-americano no Docs DF 2012 – Festival de Documentários da Cidade do México, e de outro sete prêmios, o filme conta a história dos ex-cangaceiros Durvinha e Moreno, que fizeram parte do bando do Rei do Cangaço. O arretado casal de velhinhos escondeu sua verdadeira identidade e passado controverso até da sua sombra, por mais de meio século. Até que Moreno, então com 95 anos, resolveu dividir com os filhos o peso das lembranças e reencontrar parentes vivos, dentre eles seu primeiro filho, deixado aos cuidados de um padre, mais de cinco décadas atrás, quando ele e a mulher serviram a Lampião. Durvinha e Moreno, falecidos após as filmagens, esconderam sua verdadeira identidade até dos próprios filhos. O casal tinha feito parte do bando de Lampião, o principal líder do cangaço. Nesse sentido, Wolney Oliveira coloca uma peça-chave na nossa empoeirada coleção Vultos da Pátria – com um enfoque mais digerível, embora com um nó na garganta (melhor que uma faca), e mais aceito por descendentes de cangaceiros que a carapuça de foras-da-lei tupiniquins. "Foi um parto fazer esse filme, que seria originalmente sobre Lampião. Mas acabamos nos apaixonando por Durvinha e Moreno", diz o cineasta cea-
rense. Oliveira promete fazer outro documentário, só sobre o Rei do Cangaço. Sem julgamento moral ou de caráter, Os Últimos Cangaceiros mescla histórias pessoais e humanas com imagens inéditas e raras do cangaço – muitas creditadas a Benjamin Abraão, personagem de outro filme, O Baile Perfumado .
Livros Falando em ineditismo e muita lorota, com a proibição do livro Lampião Mata Sete, do juiz aposentado Pedro de Morais, recolhido deste novembro de 2011, por liminar expedida pelo juiz da 7ª Vara Cível de Aracaju, Aldo Albuquerque – a pedido de Expedita Ferreira, filha do cangaceiro, que, segundo o autor, teria sido gay –, nada menos do que quatro novos lançamentos sobre o tema chegam às prateleiras. Autor de 14 livros sobre o assunto, Antonio Amaury está lançando em agosto uma quarta edição revista e ampliada de Asssim Morreu Lampião (Traço Editora), cuja edição anterior data de 28 anos atrás e tinha 180 páginas. "Agora são 400 páginas", celebra Amaury. Ele mesmo será objeto de um novo documentário sobre mitos e verdades a respeito de Lampião, rodado em agosto, pelo Centro de Estudos Euclides de Cunha, da Universidade do Estado da Bahia. O pesquisador aproveita para corrigir a informação, publicada pela maioria da imprensa, de que Candeeiro seria o último cangaceiro e que ele teria sido importante no bando de Lampião. "Candeeiro ficou somente 18 meses em atividade, passando a maior parte do tempo como babá do bravo cão de Lampião, o Guarani, e fazendo guisado (os homens é que cozinhavam no cangaço). Resta vivo ainda o Vinte e Cinco, que ficou seis anos no cangaço", informa Amaury. O historiador recifense Frederico Pernambucano de Mello, autor de Estrelas de Aço: A Estética do Cangaço (Escrituras Editora, 258 páginas, 2010), um belíssimo livro de arte com mais de 300 fotos, incluíndo inéditas, e prefácio de Ariano Suassuna,
Moreno e Durvinha esconderam a identidade até dos próprios filhos
O premiado documentário de Wolney Oliveira – objeto de mais de 40 longas brasileiros de ficção – tem previsão de estreia em novembro no circuto nacional
também assina embaixo: "Vinte Cinco está vivo e mora em Maceió".
Raridades Os outros livros relançados são da Sebo Vermelho Edições e ajudam aos aficionados conhecerem melhor a saga do cangaço: o enciclopédico Quem é Quem no Cangaço, do pernambucano Paulo Medeiros Gastão; O Cabeleira, clássico de Franklin Távora; e Lampião – Sua História, primeira biografia sobre o cangaceiro, escrita em 1926 pelo paraibano Érico de Almeida. “É mais uma raridade da bi-
bliografia do cangaço, para conhecimento das novas gerações”, comentou Abimael Silva, da Sebo Vermelho, sobre a biografia pioneira escrita mais de uma década antes da morte de Lampião – história que familiares do Rei do Cangaço, como a neta Vera Ferreira, que mantém o site ww.infonet.com.br/lampiao, preferem aceitar como verdadeira.
Arte imita vida Mais do que nenhuma arte, o cinema e a literatura imortalizaram a cultura do cangaço, ora com Lampião caracterizado co-
mo uma espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época (anos 20 até 40) e região (praticamente todos os estados nordestinos), ora como sendo o cangaço fruto da jaguncice do coronelismo vigente, ora como bandidagem pura e simples. "Ainda há muito o que descobrir sobre o cangaço e, a exemplo de Os Últimos Cangaceiros, ele ainda deve inspirar muitas obras", aposta Antonio Amaury.
CURTAS Show de Hipnose no Shopping Bela Vista
Achel Tinoco lança seu nono livro
Nesta quarta, Olimar Tesser fará show de hipnose no Shopping Bela Vista. O evento acontece no Cinépolis, às 17 horas, com entrada franca. Ele faz demonstrações ao vivo de como funciona a técnica de indução. A hipnose de palco desbloqueia a imaginação das pessoas, que despertam o lado lúdico. Olimar Tesser é formado em hipnose clínica pela Associação de Exercício Clínico e Experimental da Hipnose e homologado pela Academia Internacional de Hipnologia Clínica e Experimental em Navarra, Espanha.
Nesta quarta, acontece o lançamento de Um Jardim Para Leonel, nono livro do autor Achel Tinoco. O evento acontece às 18 horas na Livraria Saraiva do Shopping Barra. Neste trabalho, o poeta e escritor Achel conta, a partir do realismo mágico, a história de vida de Leonel Jardim, que saiu de casa analfabeto aos 12 anos e conseguiu enriquecer. O homenageado faria 100 anos no dia no lançamento. O livro sai pela Garimpo Editorial e tem o prefácio assinado pelo médico Hélio Andrade Lessa.
Iracema Chequer / Ag. A TARDE / 4.11.2009
Achel Tinoco faz homenagem a Leonel Jardim em seu novo livro
Ipac premia as melhores fotos do 2 de Julho A partir de hoje, a Galeria Virtual do Cortejo 2 Julho (galeriadoisdejulho.blogspot.com.br) acolhe fotos para concorrer a kits de publicações coloridas das duas instituições. A galeria foi criada a partir de parceria entre o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e a Escola de Arte e Tecnologia Oi Kabum!. As fotos deverão ser enviadas para o endereço eletrônico galeria2dejulho@ipac.ba.gov.br, administrado pelo Laboratório Fotográfico (Lafo), da diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural (Dipat) do Ipac. O ge-
rente de Patrimônio Imaterial, Roberto Pellegrino, adverte que o remetente do e-mail deve ser autor das fotos.
O envio das fotos será interpretado como declaração de aceite do regulamento do concurso
Bruno Ricci / Divulgação
Magary confirma convidados de show
Seminário Cultura e Arte dos Humildes
Depois de confirmar a presença de Saulo Fernandes para a comemoração de cinco anos do Botequim São Jorge, que acontece amanhã, o cantor Magary Lord divulgou a participação das cantoras Márcia Freire, Alô-
O Grupo de Pesquisa Cultura e Arte Tridentina da Escola de Belas Artes da Ufba e a Fundação Instituto Feminino da Bahia promovem o seminário Cultura e Arte dos Humildes. O evento será entre os dias 12 e 16 deste
bened e Aila Menezes. Além delas, os músicos Mikael Mutti (Cabeça de Nós Todos), Don Chicla e os cantores Paulo Goes e Denny, líder da Timbalada, também passam pelo palco do bar no Rio Vermelho.
Magary Lord comanda a festa de cinco anos do Botequim
mês no Instituto Feminino. Os temas discutidos serão A História do Recolhimento dos Humildes em Santo Amaro, Os Meninos Jesus do Monte e As Maquinetas (Os Altares de Papel Dourado em Caixas de Vidro).
A taxa de inscrição custa R$ 100 até hoje e R$ 120 a partir de amanhã e estudantes pagam metade do valor