CAMILO DE MATTOS RESTAURO REUSO INTERVENÇÃO
2015
JULIANA SAVENHAGO DIAS
CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA ARQUITETURA E URBANISMO
JULIANA SAVENHAGO DIAS
CAMILO DE MATTOS RESTAURO, REUSO, INTERVENÇÃO
RIBEIRÃO PRETO 2015
JULIANA SAVENHAGO DIAS
CAMILO DE MATTOS RESTAURO, REUSO E INTERVENÇÃO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO APRESENTADO AO CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA PARA CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS PARCIAIS PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL EM ARQUITETURA E URBANISMO SOB A ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR M.S. DOMNGOS GUIMARÃES
RIBEIRÃO PRETO 2015
AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por este curso de graduação, pela oportunidade que tive de ingressar e principalmente por estar concluindo. Agradeço aos meus pais, que em todos os momentos me apoiaram, ajudaram e tiveram muita paciência durante estes cinco anos. Sem o apoio deles eu não teria conseguido. Ao Jorge Willian, agradeço pelas tantas vezes que me ajudou, por ter compartilhado comigo momentos de alegria e me amparado nos momentos de agonia. Ao meu orientador Domingos Guimarães, sempre calmo e paciente. A todos os meus professores, que durante o curso me ensinaram lições que levarei para vida toda. Agradeço também a todos que torceram por mim, por este momento tão especial. Vida longa e prospera!
RESUMO
O presente trabalho final de graduação trata da questão do Patrimônio Histórico edificado durante o apogeu do café em Ribeirão Preto, período no qual foi construido o presente objeto de estudo: o Palacete Camilo de Mattos. Assim, temos como objetivo a valorização deste patrimônio, propondo o processo de restauro e um projeto de intervenção,dando um novo uso ao local que atualmente está em desuso. O projeto de intervenção visa atender o novo programa de necessidades, respeitando as limitações do edifício e seu terreno, integrando passado e presente num único espaço. Palavras-chave: Preservação, Patrimônio Histórico, Palacete Camilo de Mattos, Apogeu do café.
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO
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O CENTRO E O APOGEU DO CAFÉ
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O ESTILO ECLÉTICO
LEVANTAMENTOS E DIAGNÓSTICOS
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O ENTORNO
│29
CAMILO DE MATTOS
│32
O ENGENHEIRO ANTONIO SOARES
│32
O PALACETE
│33
A PLANTA
│35
FACHADAS
│37
OS EFEITOS DO TEMPO E DESUSO
│41
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
PROGRAMA DE NECESSIDADES
│51 │54
O PROJETO
│57
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
│75
CONSIDERAÇÕES FINAIS
│81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
│85
APRESENTAÇÃO
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A motivação para a escolha do tema aconteceu durante as aulas das disciplinas de Projeto de Arquitetura VI e Técnicas Retrospectivas, ministradas neste Centro Universitário, que tratam de projetos de intervenções e preservação do patrimônio histórico, respectivamente. O presente trabalho, através de um projeto de intervenção e proposta de restauro, visa preservar e dar um novo uso para o Palacete Camilo de Mattos em Ribeirão Preto, que é patrimônio histórico tombado e encontra-se em desuso e deteriorado. Localizado no quadrilátero central, o Palacete fica em frente à praça XV de novembro, próximo a outros edifícios também construídos no apogeu do café.
Localização do Palacete. Fonte: Imagem de satélite do Google. Modificado pela Autora.
Fachada do Palacete. Foto : Carolina Simon
O edifício de estilo eclético, aos moldes burgueses europeus, tem valor histórico e cultural para a cidade. O processo de restauro terá como objetivo recuperar o que o tempo e a falta de manutenção e preservação degradaram. A proposta é que o edifício abrigue a sede do CAU-RP (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), SASP (Sindicato dos Arquitetos do Estado de São Paulo), ABEA (Associação Brasileira de Ensino da Arquitetura e Urbanismo) e o IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil). Para o novo programa de necessidades, será projetado um edifício anexo, que atenderá as novas necessidades, sem agredir o patrimônio. Através de um novo uso, visa-se a manutenção do edifício, para que as futuras gerações tenham-no como herança e saibam valorizar o patrimônio histórico arquitetônico, que conta a história de um povo através de suas paredes.
O CENTRO E O APOGEU DO CAFÉ
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A cidade de Ribeirão Preto já foi conhecida mundialmente como a capital do café. Os maiores fazendeiros e produtores de café, conhecidos como Barões do Café, estavam na cidade ou na região, com terras propicias para o cultivo dos grãos. A riqueza destes fazendeiros e suas famílias abastadas influenciavam o modo de vida e também a arquitetura da cidade. Vários edifícios foram projetados e construídos nesta época, desde equipamentos, como o Teatro Pedro II, ou a catedral metropolitana, até casarões e palacetes, que eram residência destas famílias, construídos aos moldes europeus, com materiais finos e requintados, importados, que demoravam meses para serem transportados e posteriormente aplicados ou instalados. Vários destes edifícios estavam localizados no centro, a área mais nobre da cidade, esta que no final do século XIX passou por um processo de expansão urbana e recebeu melhorias, como a expansão do arruamento e posteriormente serviços de infraestrutura como água e esgoto encanados, iluminação, calçamento
e jardins públicos. O centro acontecia no entorno imediato da Igreja Matriz (onde atualmente é a praça XV de novembro), tendo como limite geográfico o córrego Retiro e o córrego Preto, atual Ribeirão Preto. Posteriormente, com a chegada do trem, a zona central, onde predominavam as residências e comércios, estendeu-se até a estação Mogiana (ROSA E SILVA, 2013). Em 1905 a igreja Matriz foi demolida e a nova Matriz foi construída no quadrilátero entre as ruas Tibiriçá, Visconde de Inhaúma, Florêncio de Abreu e Lafaiete. Em seu lugar, foi feito o jardim público, a praça XV de novembro, em que “se consolidou como um espaço dedicado ao convívio das classes abastadas e interditado aos pobres que viviam para além dos córregos” (ROSA E SILVA, 2013, p.26). Ao lado havia o teatro Carlos Gomes, demolido em 1944. No entorno e arredores da praça XV e do teatro Carlos Gomes foram construídos belas residências de famílias abastadas, como a da Sinhá Junqueira (atual Biblioteca Altino Arantes), Sr. Albino de Camargo (na Rua Visconde de Inhaúma, atualmente em ruinas), do advogado Camilo de Mattos (objeto do presente trabalho) e edifícios como o da Sociedade Recreativa (atual MARP), o palacete Innecchi (já demolido) e o Paço Municipal, que abrigava a Câmara e a prefeitura, e em 1948 passou a ser chamado de Palácio Rio Branco, e ainda é a sede da prefeitura (ROSA E SILVA, 2013). Um grande marco na cidade foi a edificação do quarteirão paulista, composto pelo edifício Meira Júnior(atual Choperia Pinguim), Teatro Pedro II e o Palace Hotel, construídos com capital da Companhia Cervejaria Paulista, indústria cervejeira instalada na cidade (ROSA E SILVA, 2013).
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Mapa de localização dos principais edifícios com relevancia cultural no entorno da Praça XV de Novembro em Ribeirçao Preto. Fonte: Mapas da prefeitura. Modificado pela Autora
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Após a década de 30, a economia cafeeira entrou em declínio. Porém, este período deixou uma vasta herança aos ribeirão-pretanos, principalmente uma herança edificada, uma arquitetura rica em detalhes e ornamentos, que contam uma história de glória e prosperidade durante um curto período, mas que permaneceu na memória dos moradores. Porém, em alguns casos, esta história contada através da arquitetura não é preservada. Segundo Rosa e Silva (2013, p. 12):
Praça XV de Novembro e ao fundo o Quarteirão Paulista ao fundo, em 1930. Foto: Rainero Maggiori. Fonte: Arquivo Público de Ribeirão Preto.
A paisagem cultural originada a partir de todas as referências do café é de propriedade do ribeirão-pretano, mas não evidentemente valorizada. [...] aquilo que nos justifica como cidadãos de um lugar, aquilo que nos identifica e nos faz sentir parte de um complexo sistema de vida coletiva que é a própria cidade.
A paisagem cultural do café é patrimônio cultural de Ribeirão Preto e seus habitantes. (ROSA E SILVA, 2013).
Praça XV de Novembro, sem data. Foto: Carlos A. Serafim. Fonte: Arquivo Público de Ribeirão Preto.
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O Ecletismo na arquitetura pode ser dito genericamente como a recomposição de estilos do passado, mesclando elementos de diferentes períodos e/ou origens. (SÁ, 2004). Segundo Lemos (1987, p.70): O Ecletismo, então, seria a somatória das criações individuais, cada qual com sua explicação. Ecletismo é a linguagem eufórica da liberdade calcada na nova tecnologia. Só o ecletismo resolveria coerentemente os
O ESTILO ECLÉTICO
novos programas arquitetônicos.
No Brasil, o ecletismo começa a ganhar espaço a partir da metade do século XIX e é empregado até as primeiras décadas do século XX, porém, há exemplos do ecletismo tardio, que acontece em meados de 1940. (SÁ, 2004) Embora em alguns casos a adoção de um ou mais estilos para a edificação fosse justificada, no Brasil ocorriam muito mais cópias, importações de formas prontas e modelos do que ideias propriamente ditas, e as justificativas eram superficiais, baseadas em escolhas pessoais, sem embasamento teórico. (SÁ, 2004). Segundo Lemos (1987, p.72) “inicialmente, o café levou a prosperidade às cidades do vale do paraíba [...], a abastança chegou à capital da província (São Paulo) [...] após a instalação da estrada de ferro pelos ingleses, em 1867.” Ainda segundo o autor, no fim da década de 1870 , com a chegada de outras ferrovias a cidade transformou-se num “gargalo” por onde passavam o café e a riqueza, o que fez também Santos crescer, levando ao abandono outros portos. Santos passou a mandar para São Paulo as novida-
des do mundo, principalmente o ecletismo, sinônimo de progresso e linguagem do poder econômico. Era o capitalismo inaugurado com o café que chegava a cidade. (LEMOS, 1987) Lemos ainda destaca algumas características que predominam nas casas ecléticas paulistas do início do século XX, entre elas casas de porão alto, com bossagens de argamassa até a altura do soalho; entradas laterais descobertas providas de portões de ferro que abriam sempre para um corredor de aeração e iluminação; telhas planas ditas de Marselha; platibandas trabalhadas de varias maneiras, nem sempre fiéis aos modelos eruditos copiados de álbuns e manuais importados (LEMOS,1987). O Palacete Camilo de Mattos possui algumas destas características, como o porão alto, as entradas laterais descobertas e o corredor de aeração. Ribeirão Preto e região, como já dito anteriormente, devido a suas terras propícias ao cultivo dos grãos de café, teve destaque no cenário nacional e internacional. As abastadas famílias de cafeicultores moravam em Ribeirão Preto e apreciavam viajar, principalmente para a Europa. Eram amantes do conforto, do luxo e da moda, tanto no que se refere às vestimentas, objetos de uso pessoal, mobiliário, e até mesmo aspectos urbanos. Segundo Sá (2004, p.27): A burguesia, [...] rebaixava a produção artística e arquitetônica ao nível da moda e do gosto, [...] gosto pela acumulação e a casa burguesa passa a ser o repositório de todos os tipos de elementos, especialmente aqueles que geram o conforto, motor do consumo doméstico.
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Característica do consumo, a possibilidade de escolha, é levada para a edificação, com um vasto repertório de formas arquitetônicas. A tendência da atividade artística é reforçada pela burguesia em ascensão e a ideia de quantidade e exuberância são símbolos de riqueza (SÁ, 2004). Com o primeiro código sanitário do estado de São Paulo de 1894, surgem medidas e parâmetros, precursores as teorias do urbanismo moderno. (SALGADO, 2012). Posteriormente, também em São Paulo, o Serviço Sanitário, através do código de 1911, recomendava o afastamento do solo (através de porões, habitáveis ou não) para isolamento da umidade vinda da terra, que não era novidade; e também, sempre que possível, o posicionamento da edificação visando a proteção dos ventos úmidos e a insolação de 3 a 4 horas no mínimo, por dia. (LEMOS, 1989) As edificações, principalmente as mais abastadas, passam a ter recuos (que servem para iluminar e ventilar os comôdos), e novas configurações. Nas moradias de classe média pra cima, por exemplo, no final do século XIX, é possível encontrar o quarto da criada, a despensa, o quarto de engomar e a copa ou “service”, copia dos modelos parisienses. São indícios de empregadas vivendo dentro da casa dos patrões (LEMOS, 1989).
Projeto de uma residência para Sra. Marghrita Marchesini, de autoria do escritório de Ramos de Azevedo, do início do século. A construção possui porão habitável, recuo lateral do lado direito e é dividida em áreas social, íntima e de serviços. Fonte: Livro Alvenaria Burguesa.
21 A circulação interna das residências também se altera, comparadas às residências nos moldes coloniais, onde toda a área intima era segregada da área social através de corredores, “quase que um beco escuro, a espinha dorsal da organização domiciliar” (LEMOS, 1989, P.78). Depois da primeira guerra mundial, a circulação interna se altera e as casas, quando térreas, passam a ter seus dormitórios ligados às salas. Surge também o hall, que distribui a circulação e permite ir da área social a de serviço sem cruzar pela área intima. Nos palacetes e sobrados, o hall abriga a escada de ligação aos quartos. (LEMOS, 1989).
As residências indicavam status social, e possuíam vários quartos, amplos espaços, áreas sociais com salas de visitas, sala da senhora, de jantar, de música, de bilhar, o gabinete, jardins de inverno, jardins na frente ou nos fundos, além de adornos nas escadarias, gradis, portas e batentes, vitrais, enfim, artigos artesanais, nacionais ou importados, que expressavam e traduziam as condições econômicas e sociais. Nesta época, surge também a garagem e a edícula, que segundo Lemos (1989, p.74): [...] os projetos de residências ricas do início do século, estão ai nos mostrando, nos fundos dos lotes e acessíveis por passagens laterais, as variadas formas assumidas pelas edículas; muitas assobradadas, possuindo no térreo a garagem para um ou dois carros, o quartinho para guardar gasolina (os postos de serviço praticamente não existiam), óleos lubrificantes e ferramentas, uma instalação sanitária, [...], a lavanderia, isto é, um recinto para o tanque de roupas. No sobrado, um ou dois dormitórios, [...].
Planta do pavimento térreo da rica residência do Sr. Cândido de Marais, de 1892, projetada por Ramos Azevedo, compartimentada e com a área social avantajada. Fonte: Livro Alvenaria Burguesa.
22 Com os avanços tecnológicos da época (período pós-primeira guerra mundial), também surgiram mudanças e novas possibilidades relacionadas aos telhados. As telhas planas de Marselha, rincões protegidos, rufos e calhas de cobre, condutores, entre outros elementos, abriram possibilidades aos desenhos de telhados, agora independentes das coberturas vizinhas (sem preocupações com infiltrações, por exemplo), devido aos recuos. Isso está diretamente ligado ao sistema construtivo de tijolos (LEMOS,1989).
Planta do telhado e possível terceiro pavimento com dormitório. O telhado acompanha o desenho da planta, que está solta no terreno. Fonte: Livro Alvenaria Burguesa.
Planta do pavimento térreo e superior, ambos compartimentados e com a presença do corredor de circulação. Fonte: Livro Alvenaria Burguesa.
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Residência de D.Olivia Guedes Penteado, nos Campos Elísios – SP. Concluída por Ramos Azevedo. A residência possui um elemento semelhante a um torreão. Fonte: Livro Alvenaria Burguesa.
LEVANTAMENTOS E DIAGNÓSTICOS
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O ENTORNO
O Palacete está localizado no centro de Ribeirão Preto, onde a ocupação dos lotes e quadras é diversificada. Podemos observar quadras adensadas, com construções que não possuem recuos, aprovadas e executadas sob a vigência de outras legislações. Podemos observar também grandes vazios onde funcionam estacionamentos particulares.
27 Com relação ao uso, a maior parte das edificações do centro são de uso misto ou somente uso comercial/prestação de serviços. Geralmente edifícios de multiplos pavimentos possuem comércios e prestação de serviços no térreo e sobreloja e nos demais pavimentos as habitações. Há no entorno imediato o quarteirão Paulista, composto pelo Teatro Pedro II, o Centro Cultural Palace e o Edifício Meira Júnior, onde fica a choperia Pinguim, que além de possuirem valor histório e cultural são também pontos de referência e de turismo na cidade. Próximo ao Palacete há também a sede da prefeitura e alguns edifícios de apoio a esta, além do Museu de Arte de Ribeirão Preto.
28 Com relação ao gabarito, na área estudada, há vários edifícios altos, com mais de 9 pavimentos e a maioria está localizada entre as ruas General Osório e São Sebastião. No entorno da praça XV de novembro a maioria das edifícações possuem pelo menos dois pavimentos.
O Palacete está localizado numa região privilegiada da cidade. De frente para praça XV de novembro, além da paisagem há os edifícios de relevancia cultural no entorno.É um local de fácil acesso onde o uso durante o periodo noturno é desejavél, já que após as 18 horas, a maior parte dos comércios fecham e algumas ruas ficam desertas. Segundo o Conppac, os projetos de intervenção não seguem uma legislação especifica da cidade, são analisados por uma comissão de interna. O palacete não ocupa todo o terreno, o que possibilita a construção de um edifício anexo.
Joaquim Camilo de Mattos, advogado, formado na faculdade de direito do Largo do São Francisco em São Paulo, chegou a Ribeirão Preto no ano de 1917. Por aqui, teve participação ativa em cargos públicos e ações de interesse social. Foi vereador por três mandatos e vice-prefeito, assumindo o cargo de prefeito por um breve período. Porém, realizou bem feitorias na área da saúde, adquirindo a primeira ambulância da cidade, trouxe a guarda civil e colaborou na fundação do Educandário Quito Junqueira e na fundação Sinhá Junqueira, com trabalhos de benemerência e orientação. (, 1993) Em 1919, casou-se com Maria das Dores Gomes de Mattos, com quem teve três filhos. A primeira residência do casal ficava ao lado do atual colégio Auxiliadora. Enquanto isso, em 1920 iniciou a construção de sua residência, concluída em 1922, onde viveu até sua morte. (MATTOS, 1993)
O ENGENEHIRO ANTÔNIO SOARES
CAMILO DE MATTOS
29 Antônio Soares Romêu, nascido em 1886 na cidade de Lorena, interior de São Paulo, formou-se engenheiro na Escola Politécnica de São Paulo. Em Ribeirão Preto, conquistou o respeito da elite cafeeira, principalmente das famílias Schmidt e Junqueira, além do prefeito Joaquim Macedo Bittencourt. Foi engenheiro municipal entre os anos de 1913 a 1923, atuando durante a administração de Joaquim Macedo Bittencourt e de João Rodrigues Guião. No início do século XX a população da cidade tem um considerável aumento, e passa a ocupar os espaços centrais (região da praça XV de Novembro) que foram projetados para e pela elite, o que induz o município a implantar pressupostos do mundo moderno, como redes de água e esgoto, asfaltamento, calçamento, iluminação pública, etc. Assim, Antônio Soares Romêu tem fundamental importância no desenvolvimento da cidade, na aplicação de códigos de postura, pois era responsável pelo funcionamento da Diretoria de Obras, em seu cargo de engenheiro municipal. No período de dez anos, foram assinados por ele cerca de mil e quinhentos vistos técnicos. (CAUM, 2008) Segundo Caum (2008, p.2) “o caráter de organizador das obras públicas garantiu para Antônio Soares Romêo uma imagem de benfeitor e modernizador da localidade”. Para embelezar e modernizar a cidade, tomou como modelos de civilização, progresso e transformações urbanas as cidades de maior destaque nacional (São Paulo e Rio de Janeiro) e internacional (Paris e Londres fin-de-sieclé). (CAUM,2008) O ecletismo era o estilo a ser alcançado e segundo Caum (2008, p. 2) “esta proposta é extremamente elitista sendo esta cul-
30 tura própria de uma classe burguesa que dava primazia ao conforto, amava o progresso, amava as novidades especialmente quando melhoravam sua condição de vida.” Paralelo ao cargo público, Antônio Soares projetava residências particulares (entorno de 56 obras assinadas como engenheiro civil) para atender os desejos desta elite cafeeira, que ansiava viver ares europeus no interior paulista. Entre suas obras estão o prédio da Cia Antártica Paulista, a residência do Coronel José Martimiano da Silva, o Hotel Brasil, residência de Daniel Kujfiswki, construção do Palácio Rio Branco em 1917, assim como o Paço Municipal, o coreto na Praça XV de Novembro em 1913, e a residência do prefeito Joaquim Camilo de Mattos, objeto de nosso trabalho. (CAUM, 2008)
O PALACETE
Localizado na Rua Duque de Caxias, 625, esquina com a Rua Tibiriça, no centro de Ribeirão Preto, o suntuoso Palacete construído na década de 20, de estilo eclético e características burguesas, tem localização privilegiada, com sua fachada principal voltada para a Praça VX de novembro. Sua planta segue os moldes burgueses da época, é imponente e segue padrões e pressupostos do urbanismo moderno, com recuos frontais e laterais, para insolação e ventilação da construção, além do porão, que nivela a casa no terreno irregular e eleva do solo, evitando a umidade. No ano de 1920 o advogado Camilo de Mattos deu inicio a construção de sua residência. Foi projetada por Antônio Soares Romeu e construída por Ernesto Terreri e Paschoal de Vincenzo (os mesmos construtores do Edifício Diederichsen) e sua conclusão aconteceu por volta de 1922. (MATTOS, 1993) Além do programa de necessidades de uma residência, era necessário um escritório para que o Sr. Camilo de Mattos atendesse seus clientes. Este escritório ficava no pavimento térreo e o acesso dava-se pela Rua Duque de Caxias. (MATTOS, 1993)
31 Nas características arquitetônicas do palacete, pode-se encontrar elementos art-nouveau nos vitrais, nos elementos artesanais das ferragens dos gradis e na porta principal, com motivo floral (MATTOS, 1993). Na fachada do palacete podemos identificar também um torreão, um elemento curvo, semicircular, semelhante à uma torre de um castelo, onde no pavimento térreo, funcionava como uma varanda da sala de visitas, e no pavimento superior, inicialmente, abrigava uma sala de vestir e posteriormente um banheiro. O torreão enobrece o edifício e é um elemento marcante. Está presente em muitas fachadas, principalmente em edifícios e residências em São Paulo e no Rio de Janeiro, como na Mansão Figner. Sua planta segue o modelo tripartido, divido em áreas sociais (compostas pelo escritório, hall, sala de visitas e de jantar), íntimas (no pavimento superior, onde ficavam os quartos) e de serviços (cozinha, dispensa), além de uma pequena casa nos fundos do terreno, para funcionário(s) e garagem para automóvel. O sistema construtivo utilizado foi tijolos de barro autoportantes (paredes estruturais, revestidas com barro e argamassa), a cobertura é de telha cerâmica e as janelas em madeira. Em 2008, o imóvel foi tombado pelo Conppac (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural), órgão municipal de preservação. A propriedade pertence à família de Camilo de Mattos, mas há anos está desocupada. Este palacete é um dos últimos exemplares desta tipologia de residências, com características burguesas, construídas no início do século XX. A maioria já foi demolida para dar lugar a grandes edifícios ou estacionamentos.
Vista do palacete pela Praça XV de Novembro. Foto: da Autora.
A partir do hall de distribuição é possivel acessar todas as áreas da casa (social, íntima e de serviço). No hall ,está localizada a escada de acesso ao segundo pavimento.
W.C
A construção possui recuos de todos os lados
Garagem Cozinha
Sala de visitas
Escritório
Copa Hall de entrada
No quintal, há árvores frutiferas.
Possível dormitório de empregada
Possível dispensa
Sala de Jantar
Escritório do Avogado Sr. Camilo de Mattos. Aqui ele atendia seus clientes. O acesso era pela Rua Duque de Caixias Entrada principal, utilizada por visitas e clientes do escritório.
Sala íntima Jardim no recuo frontal da residencia
Varanda no torreão
PLANTA BAIXA DO PRIMEIRO PAVIMENTO s/escala
Fonte: Rita Fantini
A construção é auto-portante, ou seja, paredes estruturais feitas em tijolos de barro, revestidas com barro e argamassa. A cobertura é feita com madeiramento e telhas cerâmicas.
As salas eram utilizadas principalmente para receber visitas. São os ambientes mais adornados da residencia, com pinturas no teto e paredes e vitrais nas janelas.
As entradas laterais eram as mais utilizadas pelos moradores da casa
NOTA: os desenhos das Plantas Baixas são de autoria de Gabriela Moura, elaborados para a exposição CASAS DO SÉCULO XX, promovida pelo SESC em 2012, com pesquisa e expografia feitos por Rita Fantini e Onésimo Carvalho. Modificações e intervenções da autora.
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A PLANTA
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT A planta do Palacete Camilo de Mattos é tipicamente buracessavam seu escitório. As entradas laterais eram mais utilizadas guesa, compartimentada, tripatida, com áreas sociais, intimas e de pelos moradores. Na sala de jantar e na sala intíma há pinturas serviço bem definidas. É recuada de todos os lados, possui jardim ornamentais nos tetos e paredes. Na esquina, há um torreão, que na frente e árvores frutiferas nos fundos. Na imagem a seguir, veconfere nobreza a construção. As paredes são estruturais, feitas mos um esquema da antiga ocupação, feita com dados empiricos e de tijolos de barro revestidos. A cobertura acompanha os deseatravés da observação inloco. A entrada pela Rua Duque de Caxias nhos da planta, com várias alturas e recortes. era a entrada social, pela qual os clientes do Dr. Camilo de Mattos
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Dormitório
Dormitório
Terraço Dormitório
Há uma pequena casa nos fundos, sobre a garagem, com dois dormitórios e um banheiro.
Dormitório
PLANTA BAIXA DO SEGUNDO PAVIMENTO s/escala
Fonte: Rita Fantini
RUA TIBIRIÇÁ
Possível sala de vestir
W.C
RUA DUQUE DE CAXIAS
W.C
Possível dormitório dos empregados
O palacete é compartimentado, possui vários dormitórios, amplos e iluminados.
NOTA: os desenhos das Plantas Baixas são de autoria de Gabriela Moura, elaborados para a exposição CASAS DO SÉCULO XX, promovida pelo SESC em 2012, com pesquisa e expografia feitos por Rita Fantini e Onésimo Carvalho. Modificações e intervenções da autora.
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FACHADAS
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FACHADA DA RUA DUQUE DE CAXIAS s/escala
Fonte: Rita Fantini
NOTA: os desenhos das Plantas Baixas são de autoria de Gabriela Moura, elaborados para a exposição CASAS DO SÉCULO XX, promovida pelo SESC em 2012, com pesquisa e expografia feitos por Rita Fantini e Onésimo Carvalho. Modificações e intervenções da autora.
35 Podemos observar os elementos arquitetônicos que compõe as fachadas do Palacete. A primeira tem frente para a Rua Duque de Caxias, onde há o acesso principal para o antigo escritório do Sr. Camilo de Mattos. Podemos observar o telhado aparente, com beiral nas laterais, sem o uso de platibanda. É notável também o torreão em formato semicircular, que possui cúpula e duas fileiras de colunas, uma no pavimento térreo e outra no superior. Foi inserido posteriormente no pavimento superior,
Na fachada da Rua Tibiriçá, o telhado também fica aparente e podemos observar uma cobertura em estrutura metálica, intervenção feita posteriormente no terraço, que possui uma balaustrada como guarda corpo. Os elementos se repetem, pois há uma continuidade nas fachadas. As janelas estão alinhadas umas com as outras, mas o posicionamento se dá pela necessidade das divisões internas. Há um gradil metálico na frente da residência com aproximadamente 1,60 m de altura.
FACHADA DA RUA TIBIRIÇÁ
s/escala
Fonte: Rita Fantini
NOTA: os desenhos das Plantas Baixas são de autoria de Gabriela Moura, elaborados para a exposição CASAS DO SÉCULO XX, promovida pelo SESC em 2012, com pesquisa e expografia feitos por Rita Fantini e Onésimo Carvalho. Modificações e intervenções da autora.
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Detalhe do ornamento chamado consolo, na marquise que compõe a fachada da Rua Tibiriça. Foto: da Autora
Porta de entrada do Palacete pela Rua Duque de Caxias. A porta metálica possui vitrais que desenham uma paisagem. Esta entrada dá acesso ao escritório e ao hall de entrada e foi fechada pelo Compaac em 2015, para evitar a invasão no interior da residência. Foto: da Autora
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Detalhe do capitel do torreão, que ornamenta a coluna da varanda do primeiro pavimento. Foto: da Autora
O torreão do Palacete confere suntosidade, pois refere-se as torres de castelos. é ornamentado, possui colunas com capitéis, consolo e frisos. No pavimento inferior há uma varanda e no superior, após reformas na casa, foi adaptado para um banheiro. A porta que havia na varanda também foi fechada, para evitar invasões. Foto: da Autora
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OS EFEITOS DO TEMPO E O DESUSO
Atualmente, o palacete encontra-se em desuso e não recebe nenhum tipo de manutenção periódica. Além disso, a propriedade de muros baixos fica a mercê de invasões e vândalos, que depredam ainda mais o edifício. A degradação acontece por ação natural do tempo, mas a falta de manutenção e o “mau uso” agravam e aceleram este processo.
Escadaria de acesso ao segundo pavimento, feita em madeira e envernizada.Foto: Marina Carreira
Escadaria em boas condições de uso e conservação.Foto: da Autora
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Vista posterior da escadaria. A madeira encontra-se em bom estado. É possivel observar o acabamento da escada e seu desenho. Foto: Marina Carreira
Detalhe da balaustrada da escada. com madeira entalhada, fomando frisos e detalhes. Foto: da Autora
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Interior deteriorado de um banheiro no segundo pavimento do Palacete. Este banheiro foi instalado na varanda superior do torreão, posteriormente, através de uma reforma. Os vidros “impressos” foram instalados entre as colunas. Foto: Marina Carreira
Vista lateral (Rua Tibiriça) do Palacete em mau estado de conservação, com acumulo de ervas daninhas e fungos na parede. Foto: Marina Carreira
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Pintura deteriorada na sala de visitas. A pintura ficou danificada possivelmente por infiltração, de água. A porta trancada dá acesso a varanda do torreão. Foto: Marina Carreira
Pintura e ornamentação de rota-reto em bom estado de conservação na sala de jantar. Toda ornamentação tem toma tropical, com frutas e a cor verde de fundo. Foto: da Autora
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Parte do vitral da sala de jantar. Alguns vidros quebrados foram substituídos por vidros comuns. A imagem que o vitral forma é de um jardim florido.Foto: Marina Carreira
Vitral da escada, sem substituição de vidros, que forma o desenho de uma árvore. Esta janela fica na parede lateral da escada. Foto: Marina Carreira
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Ornamento no teto em gesso com pintura dourada na sala de visitas. A pintura está deteriorada, assim como o gesso, possivelmente por infiltração. Foto: da Autora
Pintura e detalhes do teto da sala de jantar, em bom estado de conservação. é possivel ver o piso de taco, em bom estado de conservação também. Foto: da Autora
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Forro em madeira envernizado em bom estado de conservação. Este forro fica em baixo da escada. Foto: Marina Carreira.
Instalações elétricas antigas e danificadas no segundo pavimento. Foto: da Autora
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Sanitário do pavimento superior, Ainda há a banheira.Foto: Marina Carreira
Sanitário do pavimento inferior, com peças sanitárias e instalações danificadas e inutilizáveis. Foto: Marina Carreira
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A escada, feita em madeira, não apresenta indícios de infestação de cupins ou danos em sua estrutura. Está apenas sem limpeza e manutenção. Em alguns cômodos, a pintura descascou do reboco. Em outros lugares, a pintura está parcialmente desbotada e em alguns trechos, o reboco trincou e cedeu. Porém, há locais onde as pinturas permanecem em bom estado de conservação. As janelas e vitrais também estão em más condições de conservação. Alguns dos vitrais quebrados foram substituídos por vidros comuns, interferindo no desenho original. Porém, o vitral da escada está em bom estado de conservação. Em março de 2015, o proprietário do imóvel, mediante autorização do Conppac, instalou tapumes de madeira nas janelas e fechou com alvenaria as portas do Palacete, para impedir a entrada de invasores no interior do mesmo.
Terraço com cobertura metálica, posterior ao período de construção da casa. É possivel ver a balaustrada e o piso. Foto: da Autora
Fundos do terreno e acesso de veículos pela Rua Tibiriçá. Foto: Marina Carreira
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
49 tre o original e a intervenção. A restauração constitui o tipo de conservação que requer o maior número de ações especializadas.
Ainda segundo Gomide (2005,p.13) a manutenção consiste no: Conjunto de operações preventivas destinadas a manter em bom funcionamento e uso, em especial, a edificação. São exemplos: inspeções rotineiras, a limpeza diária ou periódica, pinturas, imunizações, reposição de telhas danificadas, inspeção nos sistemas hidro-sanitários, eletrico e outras.
Este trabalho tem por objetivos propor o restauro do Palacete Camilo de Mattos a fim de viabilizar o uso do edifício, pela nova sede regional do CAU/SP, SASP, ABEA e IAB (institutos independentes que ocupariam o mesmo edifício, a fim de atender o profissional num mesmo local); e projetar um edifício anexo, destinado a um auditório. Segundo Gomide (2005,p.13) restauração ou restauro compreende ao: Conjunto de operações destinadas a restabelecer a unidade da edificação relativa à concepção original ou de intervenções significativas na sua história. O restauro deve ser baseado em análises e levantamentos inquestionáveis e a execução permitir a distinção en-
Propomos que o Palacete Camilo de Mattos seja submetido ao processo de restauro para que sejam restabelecidas suas caracteristicas originais, que possuem valor significativo para cultura da cidade. Propomos também a realização de manutenções periódicas, para manter o edifício sempre em boas condições de uso e conservação. Segundo Dias (2005, p.24) tombar um bem cultural requer “um conjunto de ações realizadas pelo poder público com o objetivo de preservar [...] bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental [...] de valor afetivo para a população”. É importante esclarecer que “O tombamento é a primeira ação a ser tomada para a preservação dos bens culturais na medida em que impede legalmente a sua destruição.” (DIAS, 2005, P.24). O Palacete Camilo de Mattos foi tombado pelo Conppac (Conselho de Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural do município de Ribeirão Preto) em 15/07/2008.
PROGRAMA DE NECESSIDADES
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O CAU, Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil e do Distrito Federal foram criados com a Lei n°12.378 de 31/10/2010, com o intuito de regulamentar o exercício da profissão no país.A criação do CAU aconteceu após 50 anos de trabalho e luta da categoria, que significa maior autonomia e representatividade para a profissão. O CAU tem por objetivo orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício a profissão, zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe em todo o território nacional. Cada estado possui uma sede do CAU e no interior há as sedes regionais. No estado de São Paulo há 10 sedes regionais, que atendem diferentes números de profissionais. Ribeirão Preto é uma delas e atende cerca de 3000 arquitetos. O SASP é o sindicato dos arquitetos do estado de São Paulo.Tem por objetivo defender os direitos trabalhistas e os interesses profissionais, sociais e políticos da categoria.Tem atribuição legal de representar os profissionais junto às autoridades admi-
nistrativas e judiciais, participando de processos, acordos, convenções coletivas de trabalho, enfim, defendendo os interesses, valores e opiniões dos arquitetos do estado. Atualmente, SASP e CAU compartilham o espaço físico aqui em Ribeirão Preto. Localizado na Rua João Penteado, 2220, as duas instituições alugaram um imóvel térreo, adaptaram para o uso e lá atendem os profissionais de Ribeirão Preto e região. Segundo a gerente regional do CAU Ribeirão Preto, a Arquiteta e Urbanista Tércia Almeida de Oliveira, o espaço atual é pequeno para as duas instituições. A recepção é compartilhada e não comporta muitas pessoas. A sala de reunião também é pequena para o número de profissionais atendidos, além de que o SASP disponibiliza a sala, mediante agendamento, para que os profissionais atendam clientes ou façam reuniões ali. Os representantes de cada instituição possuem cada um a sua sala, porém, a sala do CAU, é compartilhada entre duas profissionais , sendo que uma delas realiza o trabalho de fiscalização e portanto, necessita de um espaço individual, pois o atendimento realizado por ela é muito pessoal e precisa ser feito em local restrito. O SASP possui um projeto, ainda não implantado, de criar uma biblioteca, com livros relacionados à área, disponíveis para consulta. A ABEA, Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo é uma entidade sem fins lucrativos que atua intensamente na melhoria e qualificação do ensino de arquitetura e urbanismo no país. Desde 1989 trabalha na implantação e consolidação de uma política nacional para o estabelecimento de perfis e padrões que assegurem a qualificação do profissional. O IAB, Instituto de Arquitetos do Brasil, também é uma
51 entidade sem fins lucrativos, formada pela livre associação de profissionais e se dedica a temas que interessem ao arquiteto, a cultura arquitetônica e suas relações com a sociedade. Fundada em 1921, é a mais antiga entidade brasileira dedica à arquitetura, possui departamentos autônomos em todo o país e núcleos locais nos municípios de maior relevância. Propomos que estas entidades tenham também seus representantes instalados no Palacete Camilo de Mattos. Assim, reuniremos o CAU, SASP, ABEA e IAB no mesmo espaço, tratando de assuntos referentes e interessantes ao arquiteto ou ao universo da arquitetura e urbanismo, criando um espaço de apoio e referência para os profissionais de Ribeirão Preto e região. Com base na pesquisa feita na atual sede do CAU/SASP Ribeirão Preto, concluímos que o novo programa de necessidades será composto de: • Recepção • Salas de reunião • Espaço para exposições de trabalhos de arquitetos e artistas • Salas de aula para cursos • Sala do CAU • Sala do SASP • Sala da ABEA • Sala do IAB • Sanitários adaptados • Auditório com capacidade para 100 pessoas • Biblioteca especializada • Café/lanchonete.
O PROJETO
54
O projeto é composto por um edifício anexo, com subsolo, primeiro e segundo pavimento, além da cafeteria instalada na casa dos fundos, intervindo somente na parte interna do patrimônio. O auditório, com capacidade para 100 pessoas está localizado no subsolo e seu acesso é feito através de rampas e elevador. No pavimento térreo temos a área de circulação, com elevador e escada de acesso ao segundo pavimento, os sanitários feminino, masculino e adaptado para pessoas portadoras de necessidades especiais, além do espaço para exposições de artes, instalações, projetos, etc. No segundo pavimento, temos um corredor de circulação, com guarda- corpo de vidro, que dá acesso à duas salas de cursos de informática, que eventualmente podem ter seu uso alterado. e também uma biblioteca especializada, aberta ao público, na qual os fechamentos são grandes planos de vidro, que se abrem como janelas. Os principais materiais propostos para o edifício são o vidro, o metal. e o concreto. O vidro está presente no guarda corpo e no fechamento das salas de curso e biblioteca. A estrutura do edifício será metálica, com pilares e vigas “I”. A laje proposta será
em Steel Deck, em que placas metálicas são parafusadas nas vigas também metálicas e depois é aplicada uma camada de concreto . Os sanitários serão fechados com alvenaria convencional. O fechamento do edifício será feito com chapas metálicas perfuradas, pivotantes, independentes entre si, nos dois pavimentos a fim de permitir o controle de iluminação dentro do edifício. As placas perfuradas permitirão a ventilação e irão filtrar a entrada direta do sol, melhorando o conforto térmico no edifício que possui planos de vidro. O piso interno do edifício será em cimento queimado e o da área externa será de bloquetos de concreto que se encaixam, são assentado sob areia e permitem que a água permeie no solo Para implantação da cafeteria na casa dos fundos, propomos a retirada de algumas paredes, que não irão interferir na estética original. No pavimento térreo da casa, propomos a área de manipulação e atendimento e no pavimento superior um espaço extra com mesas e cadeiras, que também estarão dispostas no térreo, sob ombrelones. Dentro do Palacete, a proposta contempla duas salas de espera e salas de reunião, que podem ser alugadas pelos profissionais por algumas horas, para reuniões com clientes e apresentações. Estas salas também podem ser utilizadas pelas entidades. No pavimento superior, cada entidade ocupa uma sala, com exceção ao CAU, que necessita de duas salas. Para acesso ao Palacete, além de entradas feitas por escadas, teremos também um elevador panorâmico, que partirá do nível zero, passando pelo nível do pavimento térreo do Palacete (+ 1,33 metros), chegando até o pavimento superior (+ 4,35 metros).
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IMPLANTAÇÃO s/ escala PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
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55
56 B -1,62
RUA DUQUE DE CAXIAS
i = 7,56%
i = 7,56%
NORTE
C
- 4,45 - 3,91 -3,25
A
A
B
C
PLANTA BAIXA SUBSOLO ESC. 1:200
RUA TIBIRIÇÁ NOTA: os desenhos das Plantas Baixas são de autoria de Gabriela Moura, elaborados para a exposição CASAS DO SÉCULO XX, promovida pelo SESC em 2012, com pesquisa e expografia feitos por Rita Fantini e Onésimo Carvalho. Modificações e intervenções da autora.
57 B
-1,62
i = 7,56%
i = 7,56%
NORTE
A demolir A construir
C
+0,02 Cafeteria Recepção
Sala de espera
+1,33
+1,33
0,00 0,00
Hall de entrada
Sala de reunião 3 Circulação
Sala de reunião 4
Painéis metálicos perfurados
Sala de espera
+0,02
Sala de reunião 2
Fechamento em alvenaria
A
A Grade vazada metálica
B
RUA TIBIRIÇÁ
C
Detalhe 1
PLANTA BAIXA 1° PAVIMENTO ESC. 1:200
NOTA: os desenhos das Plantas Baixas são de autoria de Gabriela Moura, elaborados para a exposição CASAS DO SÉCULO XX, promovida pelo SESC em 2012, com pesquisa e expografia feitos por Rita Fantini e Onésimo Carvalho. Modificações e intervenções da autora.
RUA DUQUE DE CAXIAS
Sala de reunião 1
58 B
NORTE
A demolir
C
RUA DUQUE DE CAXIAS
Sala da ABEA Sala 1 CAU
+3,40 +4,35 +4,40 Terraço Sala do SASP
Guarda corpo em vidro
Biblioteca
Sala 2 CAU
Sala do IAB
Fechamento em vidro
+3,15
A
A Sala para cursos
B
Sala para cursos
C
Grade vazada metálica
Detalhe 2
Varanda PLANTA BAIXA 2° PAVIMENTO ESC. 1:200
RUA TIBIRIÇÁ NOTA: os desenhos das Plantas Baixas são de autoria de Gabriela Moura, elaborados para a exposição CASAS DO SÉCULO XX, promovida pelo SESC em 2012, com pesquisa e expografia feitos por Rita Fantini e Onésimo Carvalho. Modificações e intervenções da autora.
59 B
NORTE
4,03
47,49
17,38
RUA DUQUE DE CAXIAS
16,86
33
C
6,86
i = 3,00%
i = 3,00%
A
A Grade vazada metálica
B
C
RUA TIBIRIÇÁ
51,52
PLANTA DE COBERTURA ESC. 1:200
NOTA: os desenhos das Plantas Baixas são de autoria de Gabriela Moura, elaborados para a exposição CASAS DO SÉCULO XX, promovida pelo SESC em 2012, com pesquisa e expografia feitos por Rita Fantini e Onésimo Carvalho. Modificações e intervenções da autora.
60
Grade vazada metálica
Detalhe 3
Forro de gesso
CORTE AA ESC. 1:200
NOTA: os desenhos do Palacete são de autoria de Gabriela Moura, elaborados para a exposição CASAS DO SÉCULO XX, promovida pelo SESC em 2012, com pesquisa e expografia feitos por Rita Fantini e Onésimo Carvalho. Modificações e intervenções da autora.
61
CORTE BB ESC. 1:125
NOTA: os desenhos do Palacete são de autoria de Gabriela Moura, elaborados para a exposição CASAS DO SÉCULO XX, promovida pelo SESC em 2012, com pesquisa e expografia feitos por Rita Fantini e Onésimo Carvalho. Modificações e intervenções da autora.
62
0,00
-3,25 -4,45
CORTE CC ESC. 1:125
NOTA: os desenhos do Palacete são de autoria de Gabriela Moura, elaborados para a exposição CASAS DO SÉCULO XX, promovida pelo SESC em 2012, com pesquisa e expografia feitos por Rita Fantini e Onésimo Carvalho. Modificações e intervenções da autora.
63
0,00 0,00
+0,02
PainĂŠis metĂĄlicos perfurados
Fechamento em alvenaria
A
A
B
C
Detalhe 1 ESCALA 1:75
64
Guarda corpo em vidro
Biblioteca
Fechamento em vidro
+3,15
A
A Sala para cursos
B
Sala para cursos
C
Detalhe 2 ESCALA 1:75
RUA TIBIRIÇÁ
65
Detalhe 3 Laje Steel Deck s/ escala
PERSPECTIVAS ELETRテ年ICAS
66
67
68
69
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
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A Mansão Figner, localizada no bairro do Flamengo no Rio de Janeiro, foi projetada pelo arquiteto Gustavo Adolphsson e construída em 1912 pelo empresário Tcheco-Eslováquio Frederico Figner, para sua residência. A residência é um exemplo de casa burguesa, com estilo Ecletico, tão “em moda” no século XX. Possui elementos que conferem nobreza, como o torreão, uma escada “majestosa”, além das ornamentações em balaustradas, na fachada, nas esquadrias e na cúpula e abóboda do telhado. Após a morte do empresário, a mansão ficou muitos anos sem manutenção. O Sistema Fecomércio adquiriu a propriedade e iniciou um árduo processo de restauro no edifício, interno e externo, que durou cerca de dois anos e conseguiu um resultado muito próximo aos padrões originais. O edifício foi tombado pelo órgão responsável em 1995 (SÁ, 2004).
Alguns cômodos da mansão possuem pinturas decorativas, principalmente na sala de visitas e na sala de jantar. Ao longo do tempo as pinturas originais foram encobertas por camadas de pintura lisa, mas no processo de restauro, através de prospecções, revelaram-se duas pinturas de épocas e estilos distintos. Decidiu-se que os dois momentos deveriam ser mostrados, para melhor compreensão da história da construção da residência (SÁ, 2004). O Palacete Camilo de Mattos possui características semelhantes à Mansão Figner, além da tipologia, possui torreão, ornamentações e pinturas decorativas, além de que foi restaurada para abrigar um novo uso. Assim como foi feito na mansão, propomos o processo de restauro no Palacete, para que sejam recuperadas as características originais e para adequá-lo a um novo uso. Atualmente, funciona na mansão o “Arte Sesc- Rio de Janeiro” que exibe mostras de arte com várias temáticas. Anexo a mansão, no andar térreo, há um auditório onde funciona a sede administrativa da instituição.
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A casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de poesia e literatura, localizada na Avenida Paulista, núme
Escadaria externa da Mansão. Foto: Celso Brando. Fonte: Livro Mansão Figner
Pinturas decorativas internas. Foto e fonte: site oficial do Serviço Social do Comércio – Rio de Janeiro.
ro 37, foi projetada pelo arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, famoso já naquela época por obras como a do Teatro Municipal e o Mercado Público de São Paulo, e construída em 1935, período de desenvolvimento da cidade e da avenida, que era ocupada por várias mansões de famílias da elite paulista. Foi ocupada até meados da década de 80, onde a cidade e a avenida já eram totalmente diferentes e a mansão estava situada entre vários altos edifícios comerciais, além do transito intenso de veículos e pedestres. Quase todas as residências da Avenida Paulista foram demolidas para dar espaço a modernos edifícios, com a exceção a casa das Rosas, uma legítima representante da arquitetura paulista e da memória daquele período, que foi preservada em ação inédita no Brasil. Foi liberada, na parte do terreno que tem acesso pela Alameda Santos, a construção de um edifício comercial e a casa foi restaurada e transformada pelo governo do estado de São Paulo em um espaço cultural, que foi inaugurado em 1991, ano o centenário da Avenida Paulista. Desde 2004 o espaço cultural recebe o nome de Espaço Haroldo Campos de poesia e literatura, e oferece a população cursos, palestras, oficinas críticas, debates, lançamentos de livros, enfim, várias atividades ligadas à literatura e a cultura. No objeto de nossa pesquisa, assim como na casa das rosas, o fundo do terreno também será ocupado por um novo edifício, que complementará o programa de necessidades abrigado dentro do Palacete.
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Casa das Rosas e ao fundo edifício da Fundação Japão. Foto: Foto:Vera Scharan
Localização da casa das Rosas e edifício da fundação Japão, ocupação no fundo do lote com entrada pela Alameda Santos. Foto: Google Maps, modificado pela Autora.
O Palacete das Artes Rodin (Palacete Comendador Bernardo Martins Catharino, datado de 1912), na Bahia, localizado no bairro da Graça em Salvador, possui dois pavimentos e seu interior guarda ornamentos e pinturas parietais com temas de natureza morta e cenas românticas, além de forros com painéis onde se vê figuras de anjos e ornamentos de folhas, flores e pássaros. Além disso, há ornamentos como vitrais, elementos da simbologia maçônica, pisos em parquet, mármores, ladrilhos hidráulicos e um elevador francês, da época da construção. O Palacete é tombado desde 1982 pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Com a necessidade de ampliação do espaço, de 2003 a 2005 foi construída a Sala Contemporânea, feita em concreto armado e fechamento de vidro, projeto dos arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci (Escritório Brasil Arquitetura), que liga-se ao Palacete através de uma passarela feita também de concreto armado. No Palacete Camilo de Mattos também será necessária a construção de um edifício anexo. Assim como no Palacete das Artes, a intervenção será bem marcada para distinguir-se o que é patrimônio preservado e o que é intervenção.
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Passarela que liga o Palacete ao novo edifício. Foto: Roberto Nascimento. Fonte: site oficial o Palacete das Artes
Sala Contemporânea feita em lajes de concreto armado, fechamento em vidros e painéis de madeira.. Foto: Roberto Nascimento. Fonte: site oficial do Palacete das Artes.
Lateral do Palacete e ao fundo a Sala Contemporânea. Foto: Roberto Nascimento. Fonte: site oficial do Palacete das Artes
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Através deste projeto de intervenção, buscamos atender ao programa de necessidades de forma objetiva e também restaurar, dar novo uso e consequentemente manutenção ao Palacete Camilo de Mattos. Buscamos intervir o mínimo possível no interior do Palacete, a fim de manter preservadas suas caracteristicas originais. No projeto do edifício anexo, buscamos soluções para atender a proposta, pensando principalmente no conforto térmico e lúminico, visando o conforto dos usuários. O edifício novo tem seu valor e importância, porém, não se sobresai ao patrimônio, apenas ocupa seu lugar no terreno, sem interferir na história, constribuindo para que ela continue sendo contada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
80 CAUN, Elaine Cristina. O engenheiro Antônio Soares Romêo e a belle époque em Ribeirão Preto (1913-1923). Texto integrante dos ANAIS DO XIX ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA: PODER,VIOLÊNCIA E EXCLUSÃO. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. DIAS, Adriana Fabre. A reutilização do patrimônio edificado como mecanismo de proteção: uma proposta para os conjuntos tombados de Florianópolis. 2005.Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo.
ROSA, Lilian Rodrigues de Oliveira; SILVA, Adriana. Paisagem cultural do café - Ribeirão Preto. São Paulo: IPCCIC, 2013. SÁ, Marcos Moraes d. A Mansão Figner: o Ecletismo e a casa burguesa no inicio do século XX. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2004. Site oficial do sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo. Disponível em < http://www.arquiteto-sasp.org/#!sobre-o-sasp/ c247g>. Último acesso em 10/04/2015.
GOMIDE, José Hailon. Manual de elaboração de projetos de preservação do patrimônio cultural. Brasília: Ministério da Cultura, Instituto do programa Monumental, 2005.
Site oficial do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo. Disponível em < http://www.causp.gov.br/?page_id=62>. Último acesso em 10/04/2015.
MATTOS, Cristiane Ferreira. Restauração e Reciclagem de uso da residência Camilo de Mattos. 1993. Trabalho de Graduação Interdisciplinar. Centro Universitário Moura Lacerda. Ribeirão Preto-SP.
Site oficial do Palacete das Artes Rodin Bahia. Disponível em < http://www.palacetedasartes.ba.gov.br/sobre-o-museu/instalacoes>. Último acesso em 11/04/2015.
LEMOS, Carlos A. C. O que é Patrimônio Histórico. 2.ed. São Paulo: Editora brasiliense, 1982. LEMOS, Carlos A.C. Ecletismo na Arquitetura Brasileira. – São Paulo: Nobel; Editora da Universidade de São Paulo: 1987. LEMOS, Carlos AC. Alvenaria burguesa. São Paulo: Nobel, 2 ed. rev., ampl. : 1989. SALGADO, Ivone. Urbanismo sanitarista em Campinas no final do século XIX. Anais: Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, v. 1, n. 1, p. 218-241, 2012.
Site oficial da Secretaria de Turismo da cidade de São Paulo. Disponível em < http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/o-que-visitar/ atrativos/pontos-turisticos/2288-casa-das-rosas >. Último acesso em 12/03/2014. Site oficial do Arte Sesc Rio de Janeiro. Disponível em < http:// www.sescrio.org.br/noticia/19/02/15/um-palacete-cheio-de-historia#sthash.7p3ym0JC.dpuf> . Último acesso em 12/03/2014.