UNIVERSIDADE DE SOROCABA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA CURSO DE ARTES VISUAIS
Juliana Torres da Silva
A METAMORFOSE DA MEMÓRIA EM IMAGEM FOTOGRÁFICA: UM REGISTRO E ENSAIO VISUAL QUE PRESERVA O TRABALHO DE DENISE FABRI OTTATI, UMA ARTISTA COM A PRÓPRIA MEMÓRIA EM PROCESSO DE DISSIPAÇÃO
Sorocaba/SP 2017
Juliana Torres da Silva
A METAMORFOSE DA MEMÓRIA EM IMAGEM FOTOGRÁFICA: UM REGISTRO E ENSAIO VISUAL QUE PRESERVA O TRABALHO DE DENISE FABRI OTTATI, UMA ARTISTA COM A PRÓPRIA MEMÓRIA EM PROCESSO DE DISSIPAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do Diploma de Graduação em Artes Visuais da Universidade de Sorocaba.
Orientador: Profa. Ma. Mirella Amalia Mostoni
Sorocaba/SP 2017
Juliana Torres da Silva
A METAMORFOSE DA MEMÓRIA EM IMAGEM FOTOGRÁFICA: UM REGISTRO E ENSAIO VISUAL QUE PRESERVA O TRABALHO DE DENISE FABRI OTTATI, UMA ARTISTA COM A PRÓPRIA MEMÓRIA EM PROCESSO DE DISSIPAÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do Diploma de Graduação em Artes Visuais da Universidade de Sorocaba.
Sorocaba, ___ de __________ de 2017.
BANCA EXAMINADORA:
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“A memória é um cabedal infinito do qual só registramos um fragmento.” Ecléa Bosi
INTRODUÇÃO
Este artigo é um registro dos processos de uma prática realizada por mim durante os meses de maio e outubro de 2017, em que, através da metodologia da pesquisaação, foi possível realizar a montagem de um livro de artista, baseado na biografia e produção cultural de uma artista chamada Denise1. A pergunta que norteou esta pesquisa foi a busca de um meio que fosse capaz de evocar e manter viva uma identidade onde dois tipos de trabalho, um de compilação, e o outro artístico fossem portadores, cada um em sua específica maneira, da voz que conta sua história, neste caso, portadores da imagem. Afinal, para onde vão as memórias quando se esvaem de seu próprio autor? Para que essa tentativa de salvaguarda fosse possível, considerei adequada a linguagem da fotografia como estratégia de busca e expressão para obter os resultados esperados. “O que a fotografia reproduz no infinito, só ocorreu uma vez: ela repete mecanicamente o que nunca mais poderá repetir-se existencialmente.” (BARTHES, Roland).
Ao registrar todo processo, constata-se o que foi, e, embora de maneira documental, é inevitável, enquanto artista, que o olhar estético da fotografia apareça, e juntamente com minha percepção de que a catalogação documental e a poética não necessitam de uma fragmentação, mas que sim podem caminhar juntas originou-se então a ideia, logo, a prática do trabalho, que é a produção do ensaio visual em formato de livro de artista. O livro2 conta com fotos e escritos provenientes das conversas que aconteceram nos encontros que tivemos na casa de Denise. As ações descritas aqui foram feitas partindo da perspectiva da fotografia como principal suporte e ferramenta de resgate e preservação da memória. De forma poética, esse ensaio visual3 tenta materializar ao menos uma fatia da vida de alguém que produziu artisticamente. Esse trabalho se sustenta em três partes principais. A primeira delas pode ser determinada pelos encontros com Denise, que aconteceram
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Denise, 84, é uma artista plástica que mora em Araçoiaba da Serra e atualmente enfrenta um processo de perca da memória devido a doença de Alzheimer. 2 “Memórias que tecem identidade”, 2017. Fotografia. Alguns registros que fazem parte do livro estão também presentes no corpo do portfólio. Uma prévia da versão online está disponível em https://issuu.com/julianatorresss/docs/libro. 3 Terreno intermediário entre a criação e a convicção, o ensaio é uma peça de realidade em prosa que não perde de vista a poesia. (BENSE, Max). Revista Serrote, nº16. Março/2014, p. 169.
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de maneira protocolar, duas vezes, uma em maio e outra em outubro. Cada encontro descrito aqui possui um foco específico, embora na mesma temática, o primeiro procurava delimitar o contexto no qual a artista vivia e sua relação com a arte, já o segundo tratou de registrar de maneira mais sensível aspectos de sua vida e obra. A segunda parte que estrutura o portfólio é a catalogação dos tipos de trabalhos realizados por Denise, como pinturas e objetos4. Por fim, o processo de montagem do livro como minha prática artística completa esse tripé de base para o trabalho. Alguns registros que fazem parte do livro estão inseridos também no corpo do portfólio, tanto por seu valor estético, quanto pela própria expressão enquanto testemunho de uma memória. Todas as fotos foram categorizadas com a finalidade de organizar o próprio pensamento, e entre as categorias, encontram-se obras, objetos e frações de memórias da própria artista. Ademais, a memória de Denise vem sendo debilita cada dia mais devido à doença de Alzheimer5, a qual foi diagnosticada por volta de cinco anos atrás. De tal maneira, este foi o maior desafio encontrado no decorrer do trabalho, pois, além da falta de registros mais documentais guardados onde a memória já não alcança e que alimentariam grandemente a pesquisa, todo processo dependia de suas recordações, que de maneira involuntária apareciam da mesma maneira que iam embora. E coincidentemente, esse projeto tem como problema de pesquisa a evasão da memória e como é possível torna-la sobrevivente no tempo. Os lapsos de memória durante as nossas conversas foram frequentes, inclusive ao tentar recordar de mim no segundo encontro6. Esta condição a qual suas lembranças estão sujeitas, foi uns dos motivos a darem impulso e tornar ainda mais relevante a ideia de registrar ao menos um pouco de suas obras e vida, e de maneira sutil, fazer com que não se percam no tempo. No início, esse trabalho possuía um foco mais amplo em relação à produção artística, buscando compreender o contexto no qual as mulheres artistas da cidade de Sorocaba estavam inseridas. O estudo tinha como principal característica o 4
Acervo pessoal. Forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade. A causa da doença é desconhecida. (Varella, 2011). 6 Minha relação com Denise vem de muito antes da pesquisa. Quando criança costumava frequentar sua casa juntamente com minhas avós, que participavam das aulas de pintura conduzidas por ela. Essas tardes resistem como boas lembranças em mim; assim, trabalhar nesse projeto e na criação de um livro de artista, permite não somente preservar a memória de Denise, mas também é uma forma de assegurar-se da minha. 5
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levantamento de dados como espaços expositivos disponíveis, o acesso e divulgação das artistas, suas linguagens e suportes específicos, a formação, e o mais importante, a diferença dessa realidade de geração para geração, com os desafios enfrentados ou superados, melhorias ou retrocessos. Com a intenção de um registro documental, ao mesmo tempo em que ameno, o suporte da produção inevitavelmente seria a fotografia, e foi então que um estalo me veio à mente, a respeito do quanto a foto é responsável por registrar aquilo que não queremos esquecer ou deixar-se ir embora com o tempo, numa tentativa de manter-se viva seja a memória, ou a própria identidade. Contudo, meu interesse foi despertado em particular por uma mente que após anos de produção, tinha suas lembranças lutando pela permanência. Neste momento, a pergunta de pesquisa se refez: seria possível que a memória de uma identidade sobrevivesse ao tempo e a sua própria condição através de suas produções artísticas? A hipótese foi concebida através da realização de um ensaio visual, onde se busca, através da fotografia, fazer com que a memória sobreviva por meio da imagem, e com ela também uma identidade e bagagem artística. Esse ensaio pode ser justificado não somente com uma aspiração semelhante à de Vasari7 ao realizar sua série de biografias, com a necessidade de organizar e catalogar obras e informações a respeito de personalidades que produziram culturalmente, mas também como uma prática inteiramente ligada a minha própria produção como artista, na qual o canal imagem tem grande relevância enquanto trabalho estético e portador de memória, como um instrumento que impede o completo olvidar. Tendo como principal suporte a câmera fotográfica para registro de entrevistas e obras, foi possível recuperar e materializar suas memórias a respeito da própria vida. A produção de um ensaio visual está pautada justamente no princípio da foto registrar e eternizar algo, enquanto ao mesmo tempo, é capaz de dizer muito mais, não ignorando sua forma material, de extremo valor estético, mas permitindo que saia dela o essencial que fica em nós. Como diz Barthes (2002, p. 16) “Uma foto é sempre invisível: não é ela que vemos.” Uma captura de um simples movimento é carregada de poesia e envolve todo um contexto, capaz de contar histórias e despertar inúmeros sentimentos. Na obra8 que 7
Giorgio Vasari (1511-1574) foi um pintor toscano e autor de uma série de biografias de homens famosos, que é considerada verdadeiramente a primeira história da arte da época moderna. Vasari inventou um novo modo de narrativa, transformando relatos da existência de grandes artistas em lendas. 8 (Bosi, Memória e Sociedade: lembranças de velhos, 1994).
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embasa este projeto de maneira mais fundamental, a autora Ecléa Bosi tem o intuito de, por meio de entrevistas onde colhe memórias biográficas de seus participantes, registrar a voz, e através dela, a vida e pensamentos. Neste caso, registra-se a imagem, e através dela, vida, pensamentos e obra, na tentativa de evocar e manter vivo um passado que se desfaz aos poucos.
1ª Encontro
Dia 01 de maio de 2017. Primeira visita à casa de Denise após alguns anos para a primeira entrevista do projeto de pesquisa. Foto: Juliana Torres.
O primeiro encontro à casa de Denise aconteceu no dia um de maio de 2017. De maneira mais informal, a entrevista se desenvolveu como uma simples troca num café, onde conversamos a respeito de sua vida profissional e o contexto ao qual pertencia na época que estava mais integrada ao meio artístico. Denise conta que possuía um círculo de amigos significativo e de certa influência, o que acabava por facilitar o acesso a espaços expositivo, por exemplo, e para divulgar sua produção, participando de mostras em Sorocaba e Araçoiaba. Contudo, ela relembra que na sua época era perceptível a falta de apoio existindo consequentemente diversas dificuldades enfrentadas pelas artistas, situação essa que vem se modificando no decorrer do tempo, pois, como se pode observar, grande parte da cena artística Sorocabana é composta por mulheres, que caminham em diversas linguagens e tem 8
seu nome reconhecido, como Marina Caram9 e Teresa Faria10, por exemplo. Além de sua formação em história e geografia, na universidade de ciências e letras de Sorocaba, seus conhecimentos artísticos, provêm, em sua maioria, de uma instrução autodidata, somada a alguns cursos que permitiram que ela tivesse bagagem suficiente para iniciar aulas em sua própria casa11. Embora a lembrança seja vaga, essas visitas e esse contato mais próximo tem um valor afetivo significativo, que impulsionou o anseio em me tornar intermédio nessa criação de um arquivo de lembranças.
Dia 01 de maio de 2017. Denise e Marina se reencontrando, depois de alguns anos, na entrada da casa de Denise, onde aconteciam as aulas de pinturas. Foto: Juliana Torres.
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Sorocaba 1925 - São Paulo 2008. Pintora, escultora, desenhista, gravadora e ilustradora, que inicia sua produção artística em Sorocaba, em 1945, e muda-se para São Paulo onde sua carreira ganha destaque, e conhece nomes como Oswald de Andrade e Di Cavalcanti. 10 Artista sorocabana que fundou em 1981, a escola de arte Pró Arte. 11 Nessa primeira vista fui acompanhada de minha avó Marina, amiga de longa data de Denise e que também durante muito tempo frequentou sua casa no período em que aconteciam as aulas de pintura, as quais minhas duas avós frequentavam e eu costumava acompanhar quando pequena.
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Os encontros de pintura aconteciam sempre no período da tarde, e ela contava com um grupo de cinco a sete mulheres, que em meio a conversas e chá de maçã, compartilhavam o mesmo interesse em aprender algumas técnicas de pintura. Denise conta que seu interesse nessa área sempre possuiu uma inclinação para pintura de paisagens, natureza morta, principalmente, fosse no suporte de telas ou objetos que costuma restaurar.
Denise explicando como aconteceu a restauração da placa de maneira, que pintou e transformou em objeto decorativo. Foto: Juliana Torres.
2º Encontro
12 de outubro de 2017. Denise. Foto: Juliana Torres.
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O segundo encontro com Denise aconteceu no dia 12 de outubro de 2017. Dessa vez, o objetivo da visita foi fotografar as obras e objetos produzidos por ela e que estavam presentes em sua casa.
Dia 12 de outubro de 2017. Na segunda visita, fui acompanhada de minha avó paterna, Delfina Molina, que também teve aulas de pintura com Denise.
Grande parte do seu acervo se espalhou por meio de vendas ou doações, além dos que se perderam. Ao total, foi possível registrar cerca de oito telas e alguns itens decorativos, sendo uma de suas últimas produções uma bandeja de madeira a qual restaurou e ornamentou12. Em relação às obras, todas as oito telas são pinturas de natureza morta, geralmente de observação, sempre com o mesmo material, a tinta óleo, preferência pontual da artista. Na maioria dos casos de obras que retratam alguma paisagem, Denise conta que foi até o local com seu cavalete e por lá ficou, imersa em outro mundo, o que a trazia muita paz. Ao mesmo tempo, essa lembrança a chateia um pouco por já não ser possível fazer o mesmo devido a uma cirurgia que passou, dificultando seu andar e fazendo com que precise do auxílio de uma bengala para dar apoio. Embora
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Foto na catalogação do portfólio
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sua capacidade motora seja um fator que interfere grandemente na sua produção, a condição emocional e psíquica tem grande peso na sua inércia. Após a perda de seu companheiro de vida, "sutilmente, como um passarinho", como gosta de contar a artista, Denise teve um decaimento frente a vida e a situações que precisa enfrentar, como por exemplo, a perda gradativa da memória. Desde então, um quarto na casa é dedicado a ele, onde se encontra também uma espécie de museu do seu atelier, num amontoado de objetos carregados de lembranças de uma vida.
Dia 12 de outubro de 2017. Quarto da memória, tanto de seu companheiro quanto de sua vida enquanto artista. Foto: Juliana Torres.
Barthes nos diz que, imaginariamente, a fotografia representa o momento sútil em que não somos nem um sujeito nem um objeto, mas antes um sujeito que sente tornar-se objeto.
Dia 12 de outubro de 2017. Denise por volta dos sessenta anos
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Foto: Juliana Torres.
Essa transformação em espectro, como define Barthes, pode ser uma experiência de morte imagética, e partindo disso, é possível encontrar outra perspectiva para mesma afirmação, pois, ao capturar uma fatia de memória, possibilita-se também uma outra experiência, não de vida em si, mas sim de ressureição ou sobrevivência, seja do espaço, objeto ou sujeito.
“Eu agora vivo assim, esperando só me levarem, parece que é sempre o último dia” (Denise, 2017)
OBRAS PRODUZIDAS:
Durante
os registros e catalogação das obras de Denise, pensei em uma linha que
definisse ou integrasse seu tipo de pintura, indo além das técnicas, como por exemplo, analisar alguns pintores que atuaram na mesma época na cidade de Sorocaba. Infelizmente, a busca por documentos que informem sobre a história da arte na cidade, ou até mesmo nomes de artistas e suas respectivas datas e tipos de atividade, é um tanto deficitária. No catálogo Mostra Sorocaba – 50 anos de pintura
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no qual vemos trabalhos de
quatorze pintores que viveram ou trabalharam aqui e tiveram um envolvimento artístico com a cidade no mesmo período de atividade de Denise encontrei uma evidente afinidade visual nos temas e na linguagem pictórica do grupo com a artista pesquisada. 13
Exposição coletiva realizada pela Secretaria de Cultura de Sorocaba em 2001, na Fundec, com curadoria feita por um grupo de artistas da cidade de Sorocaba. A exposição caracterizava-se como homenagem a uma geração de artistas, já desaparecida em sua maioria, atuante na cidade desde os anos 1950.
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Sendo assim, recontextualizando a produção de Denise, percebi que a artista não se limitou a uma arte “feminina”, com pinturas avulsas de fim de semana, mas inseriuse em um contexto artístico cultural com características regionais bem delimitadas, isto é, ela não se encontrava à margem de um contexto ou de uma linguagem, mas estava integrada nele, enquanto fruto desse contexto por sua formação e realimentado-o com sua produção até, aproximadamente, a mesma data na qual justamente a Mostra Sorocaba- 50 anos de pintura foi concebida. Em seguida, apresento algumas imagens de obras de artistas14 que possuem alguma relação com Sorocaba, citados no texto e que se encontram no catálogo:
Autor: Carlos Augusto Vieira Técnica: Óleo sobre tela Título: Sem título Dimensões: 110 x 90 cm. Data: 1975 14
Os 14 artistas citados presentes no catálogo são: Aluísio Vieira; Carlos Augusto Vieira; Emilio Silvestre Wolff; Ettori Marangoni; Flávio Gagliardi; Heitor Beranger; Ida Santoro; José Rodrigues Del Pino; Ludovico Prohaska; Murilo Sola; Pedro Maragno; Sérgio Pastura; Zezé Corrêa da Silva; Zizi Longo.
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Coleção: Sérgio e Caterina Reze
Autor: Ettori Marangoni Técnica: Óleo sobre madeira Título: “Igreja dos milagres do passado” (João de Camargo) Dimensões: 57 x 70 cm. Data: 1965 Coleção: Rosana de Fátima Marangoni Xavier
Autor: Emílio Silvestre Wolff Técnica: Óleo sobre tela Título: “Solar dos Vergueiros” Dimensões: 32 x 44 cm. Data: s/d
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Coleção: Museu Histórico de Sorocaba
Autor: Denise Fabri Ottati Técnica: Óleo sobre tela Título: Sem título Dimensões: 0,40 x 0,50m Data: 1992 Coleção: Arquivo pessoal
Autor: Denise Fabri Ottati Técnica: Óleo sobre tela Título: Sem título Dimensões: 0,80 x 0,60m Data: 1997 Coleção: Arquivo pessoal
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Autor: Denise Fabri Ottati Técnica: Óleo sobre tela Título: Sem título Dimensões: 0,70 x 0,60m Data: 1997 Coleção: Arquivo pessoal
Autor: Denise Fabri Ottati Técnica: Óleo sobre tela Título: Sem título
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Dimensões: 0,50 x 0,40m Data: 1998 Coleção: Arquivo pessoal
Autor: Denise Fabri Ottati Técnica: Óleo sobre tela Título: Sem título Dimensões: 0,30 x 0,20m Data: 1998 Coleção: Arquivo pessoal
Autor: Denise Fabri Ottati Técnica: Óleo sobre tela Título: Sem título Dimensões: 0,30 x 0,20m Data: 1998 Coleção: Arquivo pessoal
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Autor: Denise Fabri Ottati Técnica: Óleo sobre tela Título: Sem título Dimensões: 0,60 x 0,50m Data: 1998 Coleção: Arquivo pessoal
Autor: Denise Fabri Ottati Técnica: Óleo sobre tela Título: Sem título Dimensões: 0,40 x 0,50m Data: 1999 Coleção: Arquivo pessoal
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Autor: Denise Fabri Ottati Técnica: Óleo sobre tela Título: Sem título Dimensões: 0,70 x 0,50m Data: 2000 Coleção: Arquivo pessoal
OBEJTOS:
Dia 01 de maio de 2017. Denise e um sino dos ventos produzido por ela. Ao fim da visita, ela me presentou com ele. Foto: Juliana Torres.
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Dia 12 de outubro de 2017. Caixa de madeira ornamentada por Denise. Foto: Juliana Torres.
Dia 12 de outubro de 2017. Última peça restaurada por Denise, também sua última produção até o momento devido a questões de saúde. Foto: Juliana Torres.
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Dia 12 de outubro de 2017. Abajur feito por Denise. Foto: Juliana Torres.
Dia 12 de outubro de 2017. Placa de madeira restaurada e pintada por Denise. Foto; Juliana Torres.
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MEMĂ“RIA:
Dia 12 de outubro de 2017. Denise, porta-retrato.
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Dia 12 de outubro de 2017.
Dia 12 de outubro de 2017. Fachada da casa de Denise reside e tambĂŠm foi cenĂĄrio de toda sua vida, inclusive das aulas de pintura a qual conduzia.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Durante o percurso de realização do trabalho, muitas questões que já tinham minha atenção despertaram um interesse ainda maior, por exemplo, a fotografia como recurso poético de resgate e preservação de memória. Um encontro sútil entre o anseio não compreendido que buscava encontrar nesse diálogo entre memória e imagem que tanto me atrai, tomou forma a partir da leitura de Memória e Sociedade, obra que fundamentou de maneira essencial, e delicada, toda pesquisa. Em seu livro, Ecléa caminha entre o triângulo da memória-velho-trabalho (operário), e apesar de encontrar na minha pesquisa um prisma um tanto diferente composto pela memória-velho-fotografia, é manifestado em ambos o desejo de sobrevivência da lembrança, e de sua importância cultural e social. Tratar da memória lidando justamente com uma memória já confusa foi um dos problemas que encontrei durante a pesquisa, e embora saia satisfeita com a maneira amena que tudo se permitiu acontecer, o desejo de mergulhar nesse mar de memórias e encontrar ilhas seguras para permanência é crescente. A criação do livro pela linguagem do ensaio poético entre versos e fotos, calcados na memoração é apenas o início de uma prática artística na qual posso dizer que encontrei o meu lugar. A cada etapa do projeto, o olhar sobre o próprio tema e a perspectiva pela qual me tocava se modificava e ampliava. A memória está em tudo, mas é preciso parar pra ver antes que se esvaia, é necessário rapta-la não só no pensamento, mas também captura-la, literalmente, através das lentes. As ruas, as cidades, os cheiros, sons, objetos e lugares, dentre outros aspectos cotidianos, se transformam em memória, e são transformados seja pelo homem ou pela sociedade, assim, mais uma vez, me apoio na foto como essa espécie de baú de arquivos que congela o que não se quer deixar ir. Por fim, creio que as principais projeções que a pesquisa proporcionou para o meio e para própria Denise, foi, além da divulgação de seu trabalho, a materialização, mesmo que incompleta, de sua produção. Além disso, com sua mente cada vez mais confusa, essa catalogação inicial de seu trabalho, creio eu, agregará valor a própria assimilação de sua memória e apresenta-se como uma tentativa, ainda
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limitada, mas necessária, de levantamento histórico e estético da produção das artes visuais da região.
Dia 12 de outubro de 2017. Denise e eu. Final do 2ª encontro.
“Relembrar não é reviver, mas re-fazer” (BOSI, Ecléa; p.20)
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA: BOSI, Ecléa, Memória e Sociedade: histórias de velhos. 7ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. BARTHES, Roland. A Câmera Clara: notas sobre a fotografia. 7ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. BIBLIOGRAFIA DE APOIO: BAZIN, Germain, História da História da Arte: de Vasari aos dias de hoje. 1ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 1989. Revista Serrote. Vol.6, março. Local: editora, 2004. LICHTENSTEIN, Jacqueline. A Pintura: Textos essenciais. Vol.1, O Mito da Pintura. 1ª edição. São Paulo: Editora 34 Ltda, 2004 FUNDEC. Mostra Sorocaba – 50 anos de Pintura. Catálogo. Setembro, 2001. DRUMMOND, Carlos de Andrade. Antologia Poética. 65ª edição. Rio de Janeiro: Record, 2010.
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