JULIANA FINEZI VERENGUER ORIENTADORA PROF. MS. HEBE OLGA
CENTRO COMUNITÁRIO
PARAISÓPOLIS
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU ARQUITETURA E URBANISMO
JULIANA FINEZI VERENGUER
RA 201113007
CENTRO COMUNITÁRIO PARAISÓPOLIS Monografia apresentada para disciplina de Trabalho Final de Graduação, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade São Judas Tadeu.
ORIENTADORA: Prof.ª Ms. Hebe Olga de Souza
SÃO PAULO, 2015
“Importante não é ver o que ninguém nunca viu, mas sim, pensar o que ninguém nunca pensou sobre algo que todo mundo vê.”
ARTHUR SCHOPENHAUER
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar à minha família, pelo apoio incondicional e incentivo para que realizasse este sonho de me tornar arquiteta e urbanista. A minha orientadora Hebe Olga, por acreditar em meu trabalho e me guiar pacientemente nesta última etapa de forma-
ção, compartilhando seus conhecimentos com generosidade possibilitando concretização deste projeto no qual trabalhei durante todo esse ano. Aos meus amigos que me acompanharam nesses cinco anos, sendo fundamentais para minha formação profissional e também pessoal, e que me ajudaram a chegar até aqui abrandando as dificuldades da minha jornada. Muito obrigada.
SUMÁRIO 1
INTRODUÇÃO
9
5.2. Levantamento Fotográfico
50
1.1 Apresentação
11
5.3 Legislação Incidente
52
1.2 Objeto e Justificativa
13
5.4 Levantamento Urbanístico
55
1.3 Metodologia
13 SEÇÃO III: PROPOSTA
SEÇÃO I: CONTEXTO 6 ESTUDOS DE CASO
59
2 ANÁLISE SOCIOECONÔMICA
15
6.1 Escola Antônio Derka, Medellín
61
2.1 Políticas Habitacional no Brasil
17
6.2 Centro BH Cidadania, Belo Horizonte
66
2.2 Processo de Favelização
20
6.3 Praça Vitor Civita , São Paulo
70
2.3 Dados Estatísticos do Brasil
24
2.4 Quadro Social do Município de São Paulo
26
7 CENTRO COMUNITÁRIO PARAISÓPOLIS
75
7.1 Proposta do Centro Comunitário
77
3 O ESPAÇO DE INTERVENÇÃO
29
7.2 Programa de Necessidades
79
3.1 O que são as favelas?
31
7.3 Memorial Justificativo
81
3.2 Apropriação espacial
35
7.4 Projeto
86
SEÇÃO II: LUGAR
8 REFERÊNCIAS
117
8.1 Bibliografia
119
4 PARAISÓPOLIS
37
8.2 Fontes Digitais
120
4.1 Processo de ocupação de Paraisópolis
39
8.3 Teses e Monografias
121
4.2 Levantamento Fotográfico
40
8.4 Trabalhos Acadêmicos
121
4.3 Diagnóstico da área
43
8.5 Periódicos
121
5 TERRENO
47
8.6 Legislação
121
5.1 Escolha do Local
49
8.7 Fonte das imagens
122
1
INTRODUÇÃO
10
1.1 APRESENTAÇÃO As áreas de ocupação informal estão presentes na cidade de São Paulo desde antes de 1940, ocasionadas pelo grande crescimento populacional ao longo dos anos e pela falta de políticas habitacionais e de planejamento urbano por parte do poder público, o que obrigou a população de baixa renda a ocupar áreas vulneráveis da cidade vivendo em condições de risco e degradação.
A história da favela passa por diversas momentos que vão desde as tentativas de remoção e reassentamento que movimentam e afastam diversas famílias de suas comunidades, até mais recentemente, propostas de urbanização e ações integradas que permitem a melhoria do seu território. Estas fases retratam não só a evolução das ações do governo para com as favelas como também a maneira como esse tipo de cidade é visto pela sociedade e pelos arquitetos. Se antes a favela era símbolo da desigualdade social, e reconhecida por seus aspectos negativos, hoje, por sua vez, é um modelo de di-
versidade social, e desafia os padrões da cidade formal mostrando que o urbanismo orgânico da favela não é incorreto, e sim uma maneira diferente de se compor a cidade, ainda que com deficiências e necessidades. Por isso torna-se tão importante se intervir nesses espaços, só que agora de maneira consciente e sem descaracterizá-lo. A favela de Paraisópolis, localiza-se na região sudoeste de São Paulo, e diferente de outras favelas que se desenvolveram na periferia ela conta com um entorno muito diferente, envolta por condomínios de luxo deixa claro um dos paradigmas da cidade contemporânea, espa-
ços que se opõem mas coexistem e dependem um do outro. Conta com a atuação de inúmeras instituições e propostas de melhoria elaborados pela Prefeitura do Município de São Paulo, e é dentro deste recorte da cidade que pretende-se desenvolver este exercício de projeto. Este trabalho busca entender qual a melhor maneira de se intervir nas favelas; como o arquiteto pode contribuir nesses processos, modificar e melhorar espaços tão vivos e dinâmicos, com características tão próprias, de maneira a promover a arquitetura de qualidade como parte de uma reestruturação social. 11
1.2 OBJETIVO E JUSTIFICATIVA
1.3 METODOLOGIA
O espaço urbano ao qual nos deparamos atualmente é com-
Para realizar essa proposta de intervenção, durante este ano
posto de diversos elementos e dinâmicas que estão intimamente
foram realizadas pesquisas e análises em diversas escalas de maneira
ligados embora muitas vezes se oponham. A cidade contemporânea
a entender e identificar as demandas e expectativas, assim como as
é marcada por fronteiras e limites que levam os indivíduos a uma
características dos moradores e seu entorno.
condição de isolamento e individualismo, de modo que para reverter
este cenário se torna essencial a reintegração de tecidos urbanos.
Dessa forma, o trabalho foi divido em três partes, contexto, lugar e a proposta. O contexto, consiste na análise geral e histórica a
O tema escolhido para consolidar os pontos que serão discuti-
cerca do tema, levando em consideração a evolução das políticas
dos nesse trabalho foi a construção de um equipamento urbano, um
habitacionais no Brasil e o processo de favelização, que conta com o
Centro Comunitário. O foco deste projeto será atender uma comuni-
entendimento das favelas desde sua origem até os dias de hoje.
dade carente buscando a superação de um conjunto de deficiências
Posteriormente analisando dados estatísticos do país e uma breve
características das áreas de ocupação informal na cidade, como a
apresentação do quadro social de São Paulo, pretende-se com isso
falta equipamentos, acessibilidade, educação, violência, degradação
entender qual a história por traz do tema.
ambiental, falta de infraestrutura, a quase ausência de espaços públicos de convivência, entre outros.
A segunda seção, o lugar, busca entender o entorno e a co-
munidade em que o projeto está inserido, qual a dinâmica territorial, O tema a ser desenvolvido busca a diversificação de usos na
o público alvo, quais as necessidades dessa área, quais instituições
favela, e a proposta de espaços múltiplos que permitam a interpre-
que atuam e que equipamentos qualificam essa favela. Entender
tação e intervenção do usuário em uma linguagem mais versátil e
quais são as problemáticas envolvidas, quais as discussões atuais
semelhante a organicidade existente no território informal.
sobre o tema, como a favela se relaciona, ou não com a cidade formal, e qual a melhor maneira de intervir nesse território, além de de-
Este tema foi motivado pela grande quantidade de favelas existentes atualmente na cidade de São Paulo, e pela falta de políticas e intervenções de qualidades nesses territórios, o que faz com que muitos habitantes tenham uma discrepância enorme de oportu-
nidades e qualidade de vida ofertados.
finir um terreno para desenvolvimento do projeto. Por fim, a proposta, onde foi desenvolvido o tema, foram feitos estudos de caso que permitiram a reflexão de estratégias, e prioridades de projeto, a definição concreta do que é um Centro Comunitário e o que se espera dele como equipamento, além da elabora-
Além disso, foi escolhido por trazer uma discussão da impor-
ção de um complexo programa de necessidades básicas, que busca-
tância da integração social, uma vez que a cidade e tudo que ela po-
va, como já dito, usos combinados, compatíveis com o diagnóstico
de oferecer é direito de todos, de maneira que é parte do papel do
da área, e que finalmente resultasse num projeto arquitetônico, que
arquiteto e urbanista garantir que até mesmo nessas porções de
será explicado através de diagramas e um memorial justificativo, e
áreas menos nobres da cidade tenham arquitetura de qualidade.
peças gráficas que condessam todo o esforço e trabalho realizado
13
2 ANÁLISE SOCIOECONÔMICA
16
2.1 POLÍTICAS HABITACIONAIS NO BRASIL
O debate a ser desenvolvido nesta monografia tem início na retomada histórica da questão habitacional com intuito auxiliar no entendimento do processo de favelização no Brasil, objetivando avaliar como isso reflete nos problemas urbanos atuais, e como se deram as políticas governamentais ao longo dos anos sob o ponto de vista das classes menos favorecidas. Desde o fim do século XIX até o início do século XX o Brasil vivencia um processo de
urbanização muito intenso, num primeiro momento ocasionado pela abolição da escravatura que impulsionou milhares de negros do campo para cidade, seguido da chegada de imigrantes europeus atraídos pela indústria brasileira e também pelo trabalho no campo (MARICATO, 1997). De maneira dispersa e heterogênea a população aos poucos vai confluindo para as cidades, principalmente para as metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo, devido às profundas transformações na estrutura produtiva e oportunidades de trabalho, inovações tecnológicas e investimentos urbanos (PEQUENO 2008).
“Quando a maioria da população brasileira passa a viver nas cidades, a necessi-
dade de instrumentos de planejamento e gestão do território se faz presente, de modo a articular o crescimento urbano à provisão de infraestruturas, à estruturação do sistema viário, ao direcionamento da expansão da cidade e em especial ao controle do uso do solo e da ocupação do território.“ ¹
No entanto, apesar de necessárias estas políticas urbanas de ordenamento e gestão do solo ficaram ausentes por muitos anos resultando em um crescimento desordenado e segregado, deixando a maioria das cidades brasileiras, salvo raras exceções, à mercê das ações do mercado imobiliário, cujas escolhas levaram a priorização dos lucros e deteriora-
ção do ambiente urbano (MARICATO, 1997).
“Com isso, ampliam-se as desigualdades sócio espaciais nas cidades, indepen¹ PEQUENO, Renato. Políticas habitacionais, favelização e desigualdades sócio-políticas nas cidades brasileiras: transformações e tendências. Tese de Doutorado, Universidade do Ceará, 2008.
dente do porte que as mesmas possuam. Os problemas urbanos atrelados ao quadro de desenvolvimento desigual, ainda que surjam primeiramente nas metrópoles, passam a se difundir rapidamente nas cidades que organizam os espaços não metropolitanos, generalizando-os, trazendo à tona o paradoxo da urbanização sem cidade e dos fragmentos de cidade sem urbanização.” ¹ 17
A problemática habitacional brasileira então passa por diversas fases buscando atender essa demanda social resultado desse crescimento populacional intenso.
FIG. 1: A imagem ao lado mostra um cortiço instalado na região central de São Paulo, representa a precariedade mostra a precarieda-
“Inicialmente, a primeira medida do governo brasileiro foi oferecer crédito às empresas privadas para que elas produzissem habitações. Todavia, os empresários não obtiveram lucros com a construção de habitações individuais, devido à grande diferença entre os preços delas e das moradias informais; alguns passa-
de desse tipo de habitação que aloja um grande número de pessoas em espaços pequenos, muitas vezes na ilegalidade e com péssimas condições de vida e salubridade.
ram a investir em loteamentos para as classes altas, enquanto outros edificaram prédios para habitações coletivas, que passaram a figurar como a principal alter-
FIG.2: A ocupação de loteamentos irregulares
nativa para que a população urbana pobre pudesse permanecer na cidade, es-
acontece de maneira ilegal em terrenos pú-
pecificamente no centro, onde estariam próximos das indústrias e de outras
blicos ou privados, muitas vezes ligados a
possibilidades de trabalho.” ²
leitos de rios e córregos, motivados pelo baixo custo da terra.
Essas habitações descritas na citação foram os cortiços, que posteriormente contribuíram para o aparecimento das favelas, como as ações governamentais eram focadas no embelezamento das áreas centrais, os cortiços foram considerados como ameaça a ordem pública e motivo de remoção o que implicou no agravamento da questão habitacional e levou a movimentação de diversas famílias para ocupação de loteamentos irregulares e ile-
gais nas áreas da periferia, dando origem as primeiras favelas do Brasil. (MOTTA, 2011) Traçando uma linha cronológica de 1900 a 1930, a atuação do poder público nas cidades brasileiras é muito pontual e ineficaz, a partir da década de 30 é que se começa a esbo-
FIG. 3: Ao lado, Cohab Campinas. A COHAB foi uma alternativa para relocação da população removida de áreas periféricas ocupadas ilegalmente, no então do ponto de vista urbanísticos não teve sucesso, pois suas intervenções ignoravam qualquer relação pessoal e territorial existente nas favelas.
çar as primeiras políticas habitacionais impulsionadas pelo início do processo de industrialização no Brasil e pela Revolução de 30. Neste período as favelas tornam-se questões de polícia, o governo passa a ser pressionado por trabalhadores e empresários para a resolução dos problemas de remoção e erradicação. (MOTTA, 2011) Na década de 40, a consolidação da lei do inquilinato, congelou o mercado de aluguéis de 1942 a 1964, diminuindo os investimentos voltados às construções para locações, o efeito disso foi o crescimento das cidades no sentido periférico, através da compra ou ocupação de loteamentos sem infraestrutura onde a autoconstrução e o pequeno empreiteiro predominavam e o custo da terra eram muito baixos comparado a cidade formal. (PASTERNAK, 1997)
¹ PEQUENO, Renato. Políticas habitacionais, favelização e desigualdades sócio-políticas
nas cidades brasileiras: transformações e tendências. Tese de Doutorado, Universidade do Ceará, 2008.
Em 1950 houve um grande avanço da indústria brasileira com intenso crescimento urbano e marcado por intervenções por parte do Estado como, por exemplo, a adaptação
² MOTTA, Luana Dias. A questão da habita-
do viário para circulação de automóveis. Segundo a autora DENALDI (2003), estas mudan-
ção no Brasil: políticas públicas, conflitos
ças, foram marcadas pela desigualdade, pois de um lado a classe média crescia e tinha aces-
urbanos e o direito à cidade. Dissertação
so a financiamentos de apartamentos e a bens duráveis, de outro às classes pobres resta-
de Mestrado. Universidade Federal de Minas
vam, novamente, as favelas e os loteamentos irregulares.
Gerais, 2011.
18
Com o golpe militar em 1964, é criado o Plano Nacional de Habitação que visava o desenvolvimento econômico e estabilidade social através do controle das massas, ou seja, a solução proposta era o controle do caos urbano através do controle de crescimento das favelas. Porém, mais uma vez o problema é abafado e deixado na ilegalidade. A partir disso só haveria uma atuação significativa em 1969 com a implantação e expansão das COHABs que permitiam o financiamento para o mercado popular, mas que de 1970 a 1974, no entanto, perde força devido à inadimplência dos aderentes, pelo fato de favorecerem principalmente
moradores de classe média, neste período há uma grande intensifica-
FIG. 1
1
ção populacional e o crescimento de favelas. (MOTTA,2011) Na década de 1980 o país passava por uma crise financeira que levou a extinção do BNH (Banco Nacional de Habitação), que até então financiava a construção de moradias de forma expressiva no cenário brasileiro, isso impactou diretamente na construção das unidades da COHAB que desacelerou consideravelmente. Em 2001 foi aprovado o Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257) que tinha como alguns dos objetivos criar estratégias de planejamento urbano e garantir a função social da propriedade dentre outras políticas urbanas. O Estatuto reforçou instrumentos de regularização fundiária, impostos progressivos, usucapião urbano, demarcação zonas especiais de interesse social e entre outras.
FIG. 2
Em 2009, através do Governo Lula, lançaram o Programa “Minha Casa, Minha Vida”, instituído pelo Ministério das Cidades, visava a implantação de um milhão de moradias para famílias com renda de 0 a 10 salários mínimos, além de gerar empregos no setor de construção civil, essa iniciativa foi uma medida de reagir a crise econômica mundial que ocorria desde 2008. (MARICATO, 2007) De maneira geral nota-se que o problema habitacional no nosso histórico político é tratado como uma obrigação do Estado, e o direito à moradia como questão de mercado, repassando para o setor privado a responsabilidade de investimentos em habitações a serem financiadas. (MOTTA, 2011) Este modelo resultou em unidades produzidas como mercadorias, por esse motivo atingindo a classe média, revelando o por que do insucesso das políticas habitacionais no Brasil, pois ao invés de empreender de forma social o foco foi produção empresa-
FIG. 3
rial visando os lucros, impossibilitando a compatibilização de interesses. 19
FIG. 4
FIG. 5 20
2.2 O PROCESSO DE FAVELIZAÇÃO FIG. 4 E 5: Manifestações populares em busca dos direitos à cidade.
Segundo o autor RENATO PEQUENO (2008), existem três períodos fundamentais que marcam o processo de favelização no Brasil, sendo o primeiro o momento que antecede o reconhecimento da favela como parte da cidade, marcado pelas tentativas de remoção e pelo reassentamento de seus moradores num território distante; um segundo, com caracterização da favela como local da miséria, tornando-a alvo de intervenções parciais, sem notar as questões estruturais; e por fim, o terceiro, a fase que vivemos atualmente, onde são propostas intervenções integradas, abrangendo regularização, desenvolvimento social e fortalecimento comunitário além do reconhecimento do direito a cidade e à moradia.
REMOÇÕES E REASSENTAMENTOS De forma histórica a favela sempre representou uma forma de moradia precária, como vimos anteriormente, o crescimento das cidades e o aumento populacional resultaram na ocupação ilegal em núcleos habitacionais, compostos de construções precárias e improvisadas e está diretamente ligada a facilidade de mobilidade e proximidade do trabalho (PEQUENO, 2008).
“A medida que cresceram e se consolidaram, estes assentamentos, ditos subnormais, passaram a se constituir em verdadeiros incômodos urbanos: como barreira física, impedindo a expansão do sistema viário; como agentes da degradação ambiental, dada a falta de saneamento; como focos de insalubridade, devido às precárias condições de moradia; como antros de marginais, fazendo da favela o lócus da exclusão social.” ¹
A resposta do governo dada ao cenário descrito na citação acima, não teve cunho de
interesse social, a medida adotada foi à remoção seletiva de favelas que ocupavam territórios privados que poderiam vir a trazer lucros e futuros investimentos, ou que impediam de alguma maneira o crescimento de vias arteriais da cidade. Com um discurso sanitarista essas famílias desalojadas eram reassentadas em conjuntos habitacionais distantes, o que promoveu a periferização das favelas, no entanto essa relocação não estava ligada a disponibilida¹ PEQUENO, Renato. Políticas habitacionais,
de de infraestrutura e muitas vezes nem chegava a ser consolidada.
favelização e desigualdades sócio-políticas nas cidades brasileiras: transformações e tendências. Tese de Doutorado, Universidade do Ceará, 2008.
URBANIZAÇÃO E ASSITENCIALISMO Segundo PASTERNAK (1997), neste momento o crescimento da favelização o propor21
ciona uma quebra de paradigmas, a favela passa a ser reconhecida, mas como lugar de po-
FIG. 6: Um dos casos mais polêmicos foi a da
breza e miséria. Aos poucos são realizados programas de urbanização promovidos pelo
Praia do Pinto, no Leblon. Os moradores sou-
Estado que cogitavam a permanência, isto diminuiu o custo das obras para construção de
beram dos planos da Prefeitura de acabar
conjuntos habitacionais e reassentamento, e permitiu também, esboçar o que seria a inte-
com a comunidade ainda na década de 50,
gração da favela com a cidade.
mas houve forte resistência. A remoção só foi concluída após um incêndio em 1969 que
“Diferente do passado recente, em que predominava a implantação de grandes conjuntos, inaugura-se uma fase em que áreas de ocupação irregular começam a ser urbanizadas, marcada pelos interesses políticos dos gestores responsáveis, dado que a favela ainda permanece com o estigma da contravenção e da margi-
nalidade, em função da apropriação do solo de forma irregular.“ ¹
acabou com todos os barracos. FIG. 7: O cenário a favela em sua pior fase, antes das intervenções pontuais, represen-
tando o território marcado pela miséria e a falta de infraestrutura.
Esta fase intermediária de forma pontual é marcada por inúmeros planejamentos, a
FIG. 8: Remoção da favela Parque da Gávea
maioria das favelas beneficiadas são as mais antigas, com melhor localização, e que de certa
em 1970, uma das primeiras tentativas feitas
maneira sofrem pressão pelo avanço do setor imobiliário, este processo coincidiu com a in-
na época da ditadura de Vargas, com objeti-
tensificação da ocupação do solo e da auto-verticalização das favelas, que contribuiu com o
vo de normalizar o espaço urbano dentro da
aumento o grau de dificuldade da implantação dos projetos. Surge neste momento tam-
lógica capitalista.
bém a maior preocupação com questões ambientais urbanas, permitindo paralelamente aos programas habitacionais à possibilidade de experimentação de outras iniciativas.
(PEQUENO, 2008) Neste período surgem diversas instituições públicas de caráter assistencialista interessadas em dar apoio social às áreas de favela, que ficam diretamente responsáveis pela mobilização de moradores e mediação de conflitos existentes, de modo que aos arquitetos e engenheiros restou desempenha o papel técnico das intervenções propostas. (MOTTA, 2011) O que acontece, é que separando os assuntos sociais dos técnicos houve um distanciamento das ações realizadas, ou seja, a partir do momento que você atua num espaço com uma identidade forte, cheio de relações interpessoais inseridas em seu território sem conhecê-las, cria-se um projeto autoritário e totalmente inviável e incoerente com a realidade local.
AÇÕES INTEGRADAS
22
“A caótica expansão das cidades, carentes de infraestrutura e ambientalmente
¹ PEQUENO, Renato. Políticas habitacionais,
degradadas, a insuficiente produção habitacional de interesse social, num ambi-
favelização e desigualdades sócio-políticas
ente de incertezas e de desaceleração do crescimento econômico, decorre na
nas cidades brasileiras: transformações e
geração de um crescente déficit habitacional assim como num progressivo au-
tendências. Tese de Doutorado, Universi-
mento do percentual de famílias morando em condições precárias.” ¹
dade do Ceará, 2008.
Nesta última fase, passa-se a pensar em diversas escalas de intervenções em favelas, levando em consideração questões ambientais, de localização, situação fundiária, demográfica e etc. Aos poucos tentativas são bem sucedidas, destacando o caso de São Paulo, que por volta de 1989 a 1992, torna a disponibilização de moradia a prioridade, impactando diretamente nas políticas públicas. Apesar de não ser o melhor momento econômico, São Paulo evoluí na criação de projetos integrados, reunindo a provisão habitacional à urbanização de favelas, viabili-
zando o mutirão e as práticas de autogestão, abrindo espaços ás práticas participativas e trazendo à tona questões ainda não respondidas (PEQUENO, 2008).
FIG. 6
Essa iniciativa influência diversas outras cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Belo Horizontes, entre outras. A favela ganha uma nova interpretação, permitindo novas classificações e principalmente diferenciando um território do outro, livrando-se dos preconceitos de homogeneização, e dessa forma permitindo o desenvolvimento de diversos estudos que contribuíram para melhor compreensão do problema. (PEQUENO, 2008)
FIG. 7
FIG. 8 23
2.3 DADOS ESTATÍSTICOS DO BRASIL Este capítulo busca contextualizar o quadro social atual apresentando perspectivas
FIG. 9: O mapa mostra a distribuição das fa-
em duas escalas, primeiramente numa escala macro do país analisando dados divulgados
velas no Brasil, deixando claro que a maior
pelo IBGE sobre a disposição e características da favela no território brasileiro, e depois uma
concentração, se encontra na região sudeste
aproximação na escala da cidade de São Paulo. Em geral a causa da formação das favelas é
do país, principalmente em São Paulo e no
atribuída ao êxodo rural ocasionado pela industrialização das cidades. No Brasil isso não é
Rio de Janeiro.
diferente, o grande contingente populacional associado a má distribuição de renda e o déficit habitacional têm durante muitos anos obrigado pessoas com poucos recursos a procurar
FIG. 10: Dados evidenciam desigualdades en-
alternativas de sobrevivência, como já foi exposto anteriormente.
tre a população que reside nas favelas e a
O primeiro levantamento referente ao território de favelas foi realizado no ano de 1953, e apurou apenas 7% da população do Distrito Federal. O termo aglomerado foi citado pela primeira vez em 87 e só no levantamento de 91 que foi efetivamente utilizado. Com a crescente ocupação urbana e com reconhecimento do território informal outra pesquisa foi feita no ano de 2010, a fim de ampliar o conhecimento referente aos aglomerados subnormais existentes no Brasil. O IBGE elaborou um Censo Demográfico denominado como LIT (Levantamento de Informações Territoriais), que pela primeira vez monitorou a maioria das favelas existentes
em território nacional. Foram identificados 6.329 aglomerados subnormais, constatando que cerca de 11,5 milhões de pessoas encontravam nas favelas, somando o total de aproximadamente 6% da população total do país. O levantamento apontou que as ocupações informais se encontravam, predominantemente, próximas a regiões metropolitanas, que segundo pesquisadores, a presença significativa das favelas acontece pela maior concentração de oportunidades de emprego e condições de vida. No entanto, conforme estudos realizados pela UN-HABITAT o número de favelas é muito mais alarmante do que o divulgado, uma vez que só foram levantados aglomerados com mais de 51 domicílios, e estima-se que até 2020 cerca de 25% da população brasileira esteja alojada em favelas, mas o quadro se mostra estável apresentando crescimento de apenas 0,34% ao ano. Além de dados estatísticos, o estudo aponta que para grandes aglomerados, serão necessário alterações significativas que vão desde mudanças referentes a acessibilidade ao local de moradia, em casos críticos a criação de teleféricos, abertura de vias, aumento e melhoria da infraestrutura urbana e da segurança, até a elaboração de planos urbanísticos entre outras iniciativas. Os aglomerados menores, entretanto ficaram sem perspectiva, uma vez que boa parte fica dos loteamentos que se fixam em áreas que não deveriam receber edificações ou ser habitadas, como margem de córregos e leitos de rios ou até mesmo em área de proteção manancial como acontece em São Paulo. 24
que mora nas demais regiões dos municípios. Os gráficos mostram também que a imagem da favela no morro não é o perfil predominante no país. O levantamento mostra que mais da metade dos domicílios em aglomerados subnormais do Brasil estavam em áreas planas enquanto a outra metade se dividia entre aclive/declive moderado e acentuado. FIG. 11: Outra constatação do IBGE é que os sítios mais procurados para o estabelecimento dos aglomerados subnormais é a margem de córregos, rios ou lagos, com 12% dos domicílios do País. A liderança nesse ponto é da Região Metropolitana de São Paulo, com 148.608 domicílios nessa condição.
FIG. 9
ONDE ESTテグ
CENSO DA FAVELA
FIG. 10
FIG. 11
Domicテュlios em aglomerados subnormais em todo paテュs
25
2.4 QUADRO SOCIAL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Grandes cidades de países em desenvolvimento no mundo inteiro enfrentam o desa-
FIG. 12: Hoje, o Município de São Paulo têm
fio de oferecer moradia digna e espaços de qualidade para pessoas que vivem em territó-
registro de favelas em todos as suas subpre-
rios degradados. Em São Paulo não é diferente, e os assentamentos precários estão presen-
feituras, sendo mais acentuada essa presença
tes na paisagem urbana a muito tempo.
nas regiões periféricas e próximas a Represa
As favelas constituem um dos mais graves problemas sociais existentes no município de São Paulo, uma vez que expões grande parte da população, cerca de 30% segundo dados da Prefeitura, a péssimas condições de habitação, seja pela ausência de infraestrutura, pela insegurança no território, posto que muitas moradias ocupam áreas com frequente risco de desmoronamento, enchentes e incêndios, sejas pela insatisfatória salubridade existente, expondo moradores a riscos de saúde devido a ocupação de áreas com solo contamina-
Billings e Guarapiranga. Na tabela a Subprefeitura do Campo Limpo se destaca por ter o maior número de favelas, totalizando 184
aglomerados, onde estão localizadas a favela do Pullman, Vila Dalva, Sapé, Jardim Colombo e também Paraisópolis.
do e com presença de poluição industrial. Julgando o entorno dessas submoradias, a precariedade também se manifesta no desprovimento de serviços públicos de qualidade, na falta de equipamentos de saúde, educação, transporte, lazer e cultura. Hoje, o maior custo de terrenos da cidade está localizado no vetor sudoeste, onde encontra-se a melhor rede de infraestrutura de São Paulo, ofertas de emprego e lazer. Do Centro e em direção a zonas periféricas a Leste os terreno tendem a diminuir de custo, ao
passo que se caminha para periferia a paisagem se mistura entre conjuntos habitacionais, moradias autoconstruídas, loteamentos irregulares e favelas que foram ocupando áreas longínquas da cidade, até que o crescimento alcançou tal saturação que passaram a ocupar também áreas sujeitas a restrições ambientais, áreas de risco com declives ou aclives muito acentuados, leitos de rios e áreas sujeitas a inundações, solos contaminados, terrenos destinados a obras públicas, entre outros. (HERLING, 2008) Embora os dados censitários sejam considerados subestimados para o dimensionamento das favelas em São Paulo, constituem importante parâmetro, tanto para a mensuração das taxas de incremento da população favelada, como para análise das características da moradia e da população favelada. Atualmente, as favelas estão localizadas principalmente na Zona Sul (796), seguido pela zona Norte (373), Leste (372), Oeste (91) e Central (4). As subprefeituras que apresentam a maior quantidade de comunidades são: Campo Limpo (184), M’ Boi Mirim (169), Socorro (121), Cidade Ademar (121) e Freguesia do Ó (105).
³ A Cidade Informal no Século XXI. Prefei-
tura do Município de São Paulo, SEHAB, São Paulo, Superintendência de Habitação Popular, Ano de Publicação: 2010, 188 p.
4
“O importante é entender que a construção da cidade deve estar baseada no entendimento e convivência das diferenças, na busca de inclusão social e no envolvimento integrado e proativo dos governos, das instituições e da sociedade civil. Assim se constrói a verdadeira cidade democrática [...].” 4 26
Urbanização de Favelas: A Experiência de
São Paulo. Prefeitura do Município de São Paulo, SEHAB, São Paulo, Superintendência de Habitação Popular, Ano de Publicação: 2008, 119 p.
ÁREA OCUPADA POR FAVELAS POR SUBPREFEITURA
FIG. 12
27
3 O ESPAÇO DE INTERVENÇÃO 29
30
3.1 O QUE É A FAVELA? Após a análise socioeconômica feita anteriormente onde foi levantado o debate em torno da ocupação informal desde os primeiros relatos até os dias de hoje, este capítulo dará continuidade ao assunto objetivando a compreensão do espaço escolhido para intervenção, entender o funcionamento das favelas numa escala mais próxima, ainda que de maneira genérica, abordando suas características físicas, dinâmicas sócio espaciais, possíveis origens de ocupação, tipologias construtivas e etc.
“[...] as cidades podem ser entendidas como complexos mosaicos urbanos compostos por um conjunto de fragmentos que refletem a desigualdade social entre seus habitantes e, [...] assemelham-se a uma ‘colcha de retalhos’ aparentemente em desordem, mas que na verdade, escondem uma ordem não linear. ”
5
DEFINIÇÕES As definições em torno do termo favela são muitas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a favela seria qualquer aglomerado subnormal com um con-
junto de domicílios com no mínimo 51 unidades, ocupados de maneira desordenada e densa, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e que não possui acesso a serviços públicos essenciais. Já pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) o conceito de favela seria a representação da “ausência”, julgado pelo que não seria ou pelo que não teria, um espaço destituído de infraestrutura urbana, globalmente miserável, sem ordem, sem lei, sem moral, a expressão do caos. Mas definir a favela é um desafio, e considerá-la meramente como um dado estatístico seria totalmente equivocado. Segundo Bosch e Goldschmidt (1970) o processo de consolidação do espaço da favela, desde o seu surgimento até a expansão numa determinada área, daria origem a distintas formas espaciais, não só em relação a cidade formal como também dentro das próprias fa-
velas. De maneira geral a favela surge de uma da invasão de terrenos públicos ou privados que apresentam péssimas condições urbanas, muitas vezes em áreas alagadiças, instáveis e em encostas com declividades preocupantes (SAMPAIO, 1998).
MORFOLOGIA E OCUPAÇÃO 5
FILHO, Mauro N. M. B. Morfologia e Precari-
edade em favelas. Artigo Científico. Universidade Federal de Campina Grande, 2012.
O primeiro quesito a ser analisado sobre as favelas são as características referentes a morfologia e a ocupação, o primeiro diz respeito ao tipo de terreno que é ocupado, sua localização na cidade e características geográficas, o segundo leva em consideração intervenções antropológicas diferentes e em alguns casos até assuntos políticos, porém, é a combi31
nação de ambos que permite inúmeras composições formais de favelas. Existem quatro tipologias principais de favela, a de miolo de quadra, a de encosta (favela da Rocinha), as localizadas em áreas de mananciais (Ocupação informal próxima a Billings e Guarapiranga) e as extensivas (Heliópolis, de tão abrangente que é seu território, hoje é considerada bairro). As favelas de miolo de quadra, são geralmente compostas de terrenos onde eram previstos a implantação de áreas verdes e equipamentos institucionais, caracteriza-se por uma distribuição mais controlada e parecida com a ocupação formal; as favelas de encostas ocupam terrenos que geralmente são menosprezados pelo mercado imobiliário devido a declividade e grande vulnerabilidade; as favelas presentes em áreas mananciais costumam ser invadidas por serem desprovidas de qualquer tipo de ocupação,
essas se caracterizam pela falta extrema de infraestrutura, e poluição ambiental, uma vez que todo lixo e esgoto é despejado em céu aberto; as favelas extensivas são as melhores localizadas, por apresentar poucas barreiras físicas elas se expandem por todas as direções. (LESBAUPIN, 2011) Por outro lado, podem ser divididas também em duas categorias, a organizada (favela União de Vila Nova) ou a espontânea (Favela do Jaguaré), ambos processos influenciam diretamente na morfologia. A organizada, se baseia na divisão de terrenos entre a população de uma maneira razoavelmente uniforme, assemelhando-se aos loteamentos populares, geralmente resultado de uma movimentação de grupos sociais que reivindicam por moradia. No entanto, o que se constata na maioria dos casos é a ocupação espontânea,
onde um número pequeno de famílias se alojam em terrenos frágeis, e que aos poucos passam a atrair outras pessoas, e lentamente se tornam grandes aglomerados. (FREIRE, 2006).
TIPOLOGIA E CARACTERÍSTICA DA OCUPAÇÃO A autoconstrução é a principal característica da favela, não há uma divisão oficial de loteamento e sua expansão ocorre de acordo com a forma de chegada e tomada de posse dos moradores. As casas são construídas sem planejamento prévio e começam muitas vezes por um único cômodo, ao qual com o passar do tempo são agregados os demais, como sala, quartos e cozinha. Conforme a ocupação vai se consolidando as residências vão ficando
espremidas, uma após a outra, dificultando a entrada de luz e ar, resultando num dos principais problemas desse tipo de urbanização. (GUERRA, 2013) 6
“Esses aumentos e acréscimos dependem não só dos desejos do morador de ter
SAMPAIO, Maria Ruth. Habitação e cidade.
São Paulo, SP: FAU-USP: Fapesp, 1998.
mais espaço, mas em razões variadas: o acréscimo da família, a necessidades de abrigar mais um parente que chega, um filho ou filha que casa, faz com que a casa vá crescendo, limitadas pela expansão dos vizinhos, que por sua vez vão aumentando suas casas pelas mesmas razões.”
32
7
PASTERNAK, Suzana. Espaço e população
nas favelas de São Paulo. In: XIII Encontro da Abep. Ouro Preto, 2002.
Inicialmente o método construtivo adotado pela ocupação informal foi a madeira utilizada para construir barracos térreos, muitas vezes aproveitando restos de materiais de construção. Com o passar do tempo as construções foram alterando para alvenaria, e devido ao espaço limitado de crescimento horizontal observou-se a verticalização, a sobreposição de cômodos, por situações diversas, conforme exemplificado na citação acima. Muitas vezes o pavimento térreo é deixado para a utilização de algum tipo comércio, como bares, cabeleireiros, mercearias entre outros, o que possibilitou a diversificação de uso dentro desse tipo de território. (GUERRA, 2013).
Outra característica relevante da favela é a maneira como a paisagem se compõem, a maioria das casas não recebe tratamento externo, deixando a alvenaria aparente, sem pintura ou qualquer tipo de acabamento, toda melhoria feita na residência está no interior, não existe a concepção de fachada, priorizando sempre as necessidades internas, semelhante ao que acontece com a limpeza, a higiene no
interior da casa pode conviver com a extrema insalubridade exterior, sem que isso pareça ser associado a mesma fonte de responsabilidade. (GOMES, 2003). No entanto, as urbanizações feitas nos últimos anos, tem valorizado os espaços das favelas e também mudado a relação das pessoas com suas casas, segundo Pasternak (1997):
“[...] a arquitetura das favelas é superior ao espaço pobre e monótono dos conjuntos estatais, sem nenhuma identidade. Tem certa riqueza formal, é resultante de um processo de trabalho importante da população que edifica seus domicílios, reflete, de alguma forma, identidade e cultura de seus moradores. ” 7
33
3.2 APROPRIAÇÃO ESPACIAL Os espaços públicos na cidade desempenham diversas funções, desde recreação, respiro para áreas com ocupação muito densa, embelezamento da paisagem urbana até a representação da identidade de determinada região e possibilidade de interação e convívio social. Jane Jacobs, escritora e ativista política, afirma que a melhor forma de se criar espaços públicos na cidade é aproveitando um lugar que já tenha vida, que disponha da passagem de pessoas e que faça parte da rotina delas, conforme a mesma exemplifica na citação
a seguir:
“[...] deve situar-se onde a vida pulse, onde haja movimentação de escritórios, atividades culturais, residências e comércio.” 8 Na favela os espaços públicos são resultado do traçado orgânico das vias combinados com a autoconstrução, a proximidade em que se vive, e a mescla do que é público ou privado faz com que os moradores criem um senso comunitário e de vizinhança muito forte, gerando diversos espaços de sociabilidade, permitindo que conversas aconteçam de janela
para janela, porta para porta, varanda para varanda, (DIXON, 2014), sendo comum também a utilização das lajes como forma de participação coletiva. Com base nessas relações existentes, um projeto de intervenção deveria então ser flexível e ter múltiplas finalidades, abertas a interpretação do usuário, assim como a própria favela, ao contrário do que acontece atualmente, onde indivíduos externos atuam com projetos rígidos e homogêneos , mostrando que a participação da comunidade na composição da arquitetura é vital para apropriação do espaço. Sabe-se também que nesse ambiente é muito comum a perda do caráter público por insegurança ou violência. “[...] na noção de espaços amedrontadores são apresentados como aquele onde o crime e o medo infundidos dominam as percepções associadas com um local,
afetando o modo como este pode ser utilizado.” 8
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes
cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
A solução para estes casos de insegurança pública em grande parte é o habitar, um espaço cuja vida pulse, como disse Jacobs se torna seguro e agradável, sendo a premissa principal de qualquer projeto. Assim, a participação pública é de valor inestimável, na medida em que se envolve a
9
DIXON, Caitlin. Importância dos Espaços
comunidade cria-se identidade local de modo que a manutenção e conservação do espaço
Públicos. 2014 Disponível em: <http://
passa a ser gerida pela própria comunidade, e o espaço público além de agregar evolui jun-
rioonwatch.org.br/?p=10766> 05/11/2015
to com a comunidade. 35
4
PARAISÓPOLIS 37
38
4.1 PROCESSO DE OCUPAÇÃO DE PARAISÓPOLIS
FIG. 13
1920
A favela de Paraisópolis, pertence ao Distrito de Vila Andrade, localizado em uma das regiões mais ricas de São Paulo, diferente de outras favelas que se desenvolveram na periferia seu território limita-se por condomínios luxuosos e um entorno bem verticalizado. A linha histórica sobre seu processo de ocupação traçada a seguir foi parte de uma pesquisa compilada encontrada no site da Prefeitura de São Paulo, e relatos da ONG Nova Paraisópolis. O bairro de Paraisópolis originou-se da invasão de um loteamento destinado a classe
alta realizado no ano de 1921, o projeto da Fazenda Morumbi contava com 2 200 lotes dis-
1960
tribuídos em quadras regulares de 10x50m e ruas com largura de 10m, o projeto foi parcialmente executado e os proprietários não tomaram posse efetiva de suas terras aguardando uma possível especulação imobiliária, no entanto essa atitude deu abertura a invasão que viria nos anos seguintes. A partir de 1950 migrantes nordestinos, atraídos pelas oportunidades de emprego gerados pela construção civil começaram a ocupar a área, que nesta época ainda apresentava caráter semi-rural. Por conta da dificuldade de regularização e do descaso do poder público em 1970 Paraisópolis já contava com 20 mil habitantes, década onde houve um potencial crescimento da favela. É interessante notar que não só Paraisópolis crescia como tam-
bém seus bairros vizinhos, nesta mesma época eram construídos os primeiros condomí-
1980
nios de luxo que hoje contrastam na paisagem urbana, muitas vezes utilizando a mão de obra que vinha da própria favela. Na década de 1980 houve uma tentativa de remoção da população de baixa renda por meio da construção de uma avenida que objetivava ligar a Avenida Giovani Gronchi a Marginal Pinheiros, no entanto não obteve sucesso e as obras foram suspensas. Denominada como Av. Hebe Camargo, hoje com suas obras retomadas tem servido de apoio ao sistema viário e transporte de Paraisópolis, e conta com um projeto de implantação do Monotrilho lindeiro a ela. Com sua consolidação em 2005 a favela foi contemplada com um plano de urbaniza-
ção e regularização que elevaria seu território a categoria de bairro de São Paulo, caso se-
2000
melhante ao que aconteceu na favela de Heliópolis, segundo dados da Prefeitura de São Paulo foram investidos milhões através de iniciativas privadas em pavimentação das vias e abertura de outras novas; obras emergências de reparos na infra estrutura; canalização de alguns córregos; regularização fundiária; adequação das calçadas; construção de redes de água e esgoto; construção de escadarias hidráulicas; remoção de moradias em área de risco; retomada das obras na avenida perimetral Hebe Camargo; e propostas de espaços de lazer, um parque e 2.500 unidades habitacionais em convênio com a CDHU. FIG. 13: Evolução Urbana 39
4.4 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO O Levantamento fotográfico tem o intuito de auxiliar o diagnóstico da área de intervenção, ele ilustra a situação do território atualmente. As imagens a seguir foram apanhadas do site Panoramio que permite um mapeamento panorâmico de todo o assentamento através da colaboração dos usuários que fotografam todas as áreas, e que possibilitou criar estes recortes até mesmo de locais de difícil acesso. As imagens mostram as duas realidades existentes, tanto o Bairro do Morumbi que compõe o entorno da favela, com seus condomínios luxuoso e bairros residenciais até o cotidiano de
Paraisópolis, identificando pontos notáveis como a feira na área central que movimenta o comércio, as escolas e até os escassos espaços de lazer.
FIG. 14: Rua Manoel Antônio Pinto
FIG. 15: Campo Palmeirinha
FIG. 16: Conjunto Habitacional CDHU
FIG. 17: Ocupação Jardim Colombo
FIG. 18: Feira Livre R. Herbert Spencer
FIG. 19: CEU Hebe Camargo
FIG. 20: Pracinha 14 Jardim Colombo
40
FIG. 21: Avenida Dr. Laerte Setúbal
FIG. 24: R. Dr. Francisco Tomás de Carvalho
FIG. 27: Av. Giovanni Gronchi
FIG. 22: Rua Pasquale Galuppi
FIG. 25: Viela sem denominação Jd. Colombo
FIG. 28: Bairro residencial do Morumbi
FIG. 23: Rua Rudolf Lutze
FIG. 26: Jardim Vitória Régia
FIG. 29: Construção de condomínios classe A 41
4.5 DIAGNÓSTICO DA ÁREA O diagnóstico da área tem como intuito a compreensão do espa-
O que se pretende ao limitar uma determinada área é poder con-
ço de intervenção, através da análise do método elaborado pela autora
densar num pequeno espaço a compreensão do funcionamento da fa-
Simone Gatti no livro “Manual de espaços públicos: diagnóstico e me-
vela de Paraisópolis, mas ao se propor um projeto nesse área entende-
todologia de projeto” foi elaborado uma série de diagramas que pro-
se sua utilidade possa e deva transpor as barreiras determinadas aqui.
porcionaram o entendimento da área onde o projeto estaria inserido e
Paraisópolis diferente de outras favelas, por já ter sido objeto de
também a consolidação de um tema que abrangesse as necessidades
planos urbanísticos e intervenções por parte do poder público, exibi em
reais do território e superasse alguns dos problemas atuais. Gatti afirma
seu território uma infraestrutura melhor e mais consistente do em ou-
que para propor soluções para as cidades deve-se ter claro o perímetro
tras comunidades, apesar de ainda não ser suficiente para demanda
de intervenção, as potencialidades locais e os problemas, para que por
real, mas já apresenta um cenário mais positivo.
fim seja possível entender as prioridades e alternativas de intervenção.
No entanto nota-se de forma mais contundente duas questões
Os diagramas nas páginas a seguir comportam todo o material
principais, a mobilidade, que é extremamente difícil dentro da favela, as
levantado sobre Paraisópolis, o perímetro de análise foi defino e limita-
ocupações muitas vezes invadem o passeio e estreitaram as ruas tor-
do pelo terreno escolhido para o exercício, as vias principais e o limite
nando o percurso bem complicado, de difícil acesso de veículos, além
da ocupação da favela (DIAG 1.). Também foram levantados os bairros
das declividades muito acentuadas que tornam o percurso a pé muito
existentes dentro deste perímetro, o que significa uma mudança drásti-
custoso.
ca de características dentro do território, pois, dentro da própria favela
Outra questão são os equipamentos, a quantidade é pouca pra
existem áreas mais precárias ou bem amparadas por infraestrutura,
demanda, a prioridade do governo é com a criação de habitações soci-
áreas que estão sendo consolidadas e outras que já representam polos
ais, deixando o planejamento de áreas públicas em segundo plano.
atrativos dentro da comunidade.
Apesar dos investimentos realizados por instituições, que promovem
Partindo disso, foi feita a identificação dos fluxos e da mobilida-
atividades voltadas a cultura e ao lazer, pouco existe em questão espa-
de, dividindo em 2 diagramas, um analisando a situação do automóvel
cial, as atividades acontecem em casas, improvisadas e nem sempre
(DIAG. 2), como se dá o percurso do transporte público e a caracteriza-
tem um espaço efetivo para seu desenvolvimento pleno.
ção do sistema viário, e outro na visão do pedestres (DIAG. 3), mostran-
A alternativa, e uma das propostas, uma vez que já existe um pro-
do os principais acessos a pé, mapeando as vielas e caminhos ocultos
jeto para melhoria do viário e circulação é aumenta a oferta de espaços
inseridos no miolo de quadra e apontando as propostas da prefeitura
públicos de convivência que permitam a participação social e que auxi-
para criação de ciclovias e elevadores.
lie de alguma maneira a vida desses moradores, pensar espaços que
Como potencialidades optou-se por destacar os pontos notáveis
proporcionem uma estrutura de qualidade para essas iniciativas e que
para população incluindo os locais de lazer e áreas livres existentes e
seja um espaço agregador e de identificação local, mostrando que a
projetados, que se apresentam de modo escasso, áreas que funcionam
arquitetura e não só o urbanismo podem desempenhar um papel de
como polos de atividades na favela (DIAG. 4), e também os equipamen-
fundamental de restruturação social.
tos existentes, divididos por temas e as instituições atuantes em Paraisópolis. (DIAG. 5)
Todos os dados que foram usados para produzir os diagramas
Os principais problemas identificados foram as questões ambien-
que serão apresentados nas páginas a seguir foram retirados do site da
tais, que devido a grande declividade e precariedade territorial influen-
prefeitura HABISP, que consiste num sistema de informações apresen-
ciam bastante na área e um apanhado sobre a infraestrutura existente e
tados através de geoprocessamento criados para facilitar a comunica-
que serve a comunidade, avaliando as redes de água e esgoto e as es-
ção da população com o poder público.
tações de tratamento próximas. 43
MOBILIDADE
PERÍMETRO
VIAS PRINCIPAIS VIAS SECUNDÁRIAS PTOS. DE ÔNIBUS 1
TERRENO
LINHAS DE ÔNIBUS MONOTRILHO PROJ.
ÁREA DE ESTUDO
DIAG. 3: VEÍCULOS
DIAG. 1: ÁREA DE ABRANGÊNCIA
ANTÔNICO GROTÃO ACESSOS A FAVELA
GROTINHO
PERCURSOS A PÉ
CENTRO
CICLOVIAS PROJ.
BREJO
DIAG. 2: DIVISÃO TERRITORIAL 44
ELEVADORES PROJ.
DIAG. 4: PEDESTRES
POTENCIALIDADES
PROBLEMAS
ALÁGAVEIS
TERRENOS VAZIOS CENT. COMERCIAL
SOLOPAMENTO E
CAMP. PALMIRINHA
DESLIZAMENTO
HAB. SOCIAL
HIDROGRAFIA
DIAG. 7: COMPLICAÇÕES AMBIENTAIS
DIAG. 5: PONTOS NOTÁVEIS
EDUCAÇÃO SAÚDE C.E.U. ONGS CRECHE
REDE DE ÁGUA REDE DE ESGOTO
ASSISTÊNCIA
DIAG. 6: EQUIPAMENTOS E INSTITUIÇÕES
DIAG. 8: REDES DE ESGOTO E ÁGUA 45
5
O TERRENO
48
5.1 ESCOLHA DO LOCAL O terreno escolhido para o exercício encontra-se na divisa de Paraisópolis junto a Avenida Giovanni Gronchi, foi escolhido por fomentar os debates expostos aqui e ser compatível com a proposta do projeto para área que foi consolidado através do diagnóstico exposto. Este capítulo buscará apresentar informações técnicas a cerca da área e o compreendimento da legislação incidente no terreno e no projeto sugerido. O terreno escolhido têm 12.782,52m² e toma uma quadra praticamente inteira, fazendo divisa com a favela a leste e com os condomínios do Morumbi a oeste, logo a norte e
suas duas conta com duas ruas que fazem parte do fluxo de pedestres de entrada e saída da favela. Possui boa infraestrutura e tem facilidade de acesso por transporte público, o que faz com que a abrangência do equipamento seja maior, e ainda por estar nos limites de Paraisópolis torna possível atender favelas próximas como Jardim Colombo e Porto Seguro. Trata-se da junção de diversos lotes, que foram unificados e hoje abrigam uma concessionária de veículos e uma obra, em andamento, de um edifício habitacional de alta classe, que para o exercício foram desconsiderados por questões de utilidade pública. Nas páginas seguinte serão apresentadas todas as informações reunidas sobre o terreno: o levantamento urbanístico do entorno próximo ao terreno nos temas de uso do solo, gabarito, sistema viário, e topografia; fotografias das vias lindeiras ao lote; e a análise legislativa aprofundada a cerca de todas as restrições e benefícios que podem ou deverão ser utilizados no projeto.
FIG. 30
FIG. 30: demarcação do terreno e entorno 49
5.2 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFIGO O levantamento fotográfico busca contextualizar o entorno imediato do terreno e apoiar a concepção de projeto. De acordo com a análise da imagem e das fotos aéreas constata-se que o entorno pouco impacta no terreno pois, devido ao afastamento das edificações vizinhas não causam muita obstrução com relação a ventilação e insolação, e a topografia acidentada também suaviza o impacto destas questões. A via de principal acesso é a Av. Giovanni Gronchi, cada face do polígono que forma o terreno se volta pra um cenário diferente, na Giovani Gronchi estão os condomínios verticais luxuoso, na R. Manoel Antônio Pinto existem algumas autoconstruções e habitações sociais, a R. Maj. Marioto Ferreira conta com alguns terrenos vazios e o fundo do terreno faz divisa com a favela e permite uma vista privilegiada a qual estrategicamente pretende-se voltar as fachadas, a declividade cai a medida que se afasta da Giovanni Gronchi possibilitando uma vista panorâmica de Paraisópolis, e trazer esse enquadramento do espaço onde moram pode ser essencial para aceitação e identificação desse novo espaço que será inserido em algo ao qual já se está familiarizado.
LOCALIZAÇÃO DAS IMAGENS
FIG. 31
8 7
9
3 4
2 1 5
50
6
FIG. 32: Av. Giovanni Gronchi, esquina de frente ao terreno. (1)
FIG. 33: Av. Giovanni Gronchi, esquina do terreno, acesso principal ao lote. (2)
FIG. 34: Ponto de ônibus na calçada do lote, acesso através do transporte público. (3)
FIG. 35: Av. Giovanni Gronchi, vista de frente para o lote, condomínios e arborização. (4)
FIG. 36: Vista da R. Manoel Antônio Pinto, de vêm da Giovanni Gronchi. (5)
FIG. 37: Vista da R. Manoel Antônio Pinto, vindo da favela para o terreno. (6)
FIG. 38: Esquina do terreno da R. Maj. Marioto Ferreira. (7)
FIG. 39: Cruzamento da R. Maj. Marioto Ferreira com a Giovanni Gronchi (8)
FIG. 40: Vista panorâmica do fundo do lote. (9) 51
5.2 LEGISLAÇÃOINCIDENTE Para análise da Legislação incidente foi levado em consideração as atuais mudanças e atualizações que as leis urbanísticas do Município de São Paulo vêm sofrendo. Sendo assim, foi analisado prioritariamente as disposições do Plano Diretor Estratégico (16.050/14) que foi recentemente aprovado, depois a Lei de Zoneamento (13.885/04) e o Plano Regional Estratégico do Campo Limpo (Anexo XVII da Lei 13.885/04), e por fim foi levando em consideração o Projeto da Lei de Zoneamento que está em andamento, mesmo não estando vigente, mas com o intuito de se adequar as propostas que estão sendo desenvolvidas nessas revisões legislativas.
FIG. 41
O Plano Diretor estabelece que para os terrenos localizados na Macroárea de Redução de Vulnerabilidade (FIG. 34) sejam adotados os índices do Quadro 02A. Esta Macroárea visa fortalecer as capacidades de proteção social, melhorar as condições de vida e convivência, incentivar as centralidades de bairro dando prioridade a implantação de equipamentos comunitários que contenham com a participação da população local e intervenções que de alguma maneira melhore ou completem a mobilidade urbana, entre outros aspectos. A Macroárea é definida pela lei da seguinte maneira:
“A Macroárea de Redução da Vulnerabilidade Urbana localizada na periferia da área urbanizada do território municipal caracteriza-se pela existência de elevados índices de vulnerabilidade social, baixos índices de desenvolvimento humano e ocupada por população predominantemente de baixa renda em assentamentos precários e irregulares, que apresentam precariedades territoriais, irregularidades fundiárias, riscos geológicos e de inundação e déficits na oferta de serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas.” 10 O terreno escolhido, segundo as leis consultadas encontra-se em parte no perímetro
de ZEIS-1 (Zona de Interesse Social 1), que define diretrizes para área referente à Paraisópolis (FIG. 35), a legislação diz que esse zoneamento é especifico de favelas, por isso estabelece uma série de medidas de apoio a população de baixa renda buscando melhorias urbanísticas, recuperação ambiental e regularização fundiária de assentamentos precários e irregulares, bem como à provisão de novas Habitações Sociais (HIS) e de Mercado Popular (HMP), além da implantação de equipamentos sociais, infraestruturas, áreas verdes, comércios e serviços locais. Dentro do perímetro de ZEIS-1 existe um percentual mínimo de área construída destinado a HIS e HMP estabelecidos pelo Quadro 4 do Plano Diretor para terrenos com área 52
10
PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO, Artigo 15,
Subseção IV, Capítulo I.
superior a 1.000,00m². No entanto, ele não foi considerado nesta proposta, pois, conforme o artigo 55 do Plano Diretor ficam excetuados deste percentual os imóveis destinados a equipamentos sociais de educação, saúde, assistência social, esporte e lazer. Os índices considerados para essa parcela de terreno inserida em ZEIS foram os disponíveis no Quadro 03 do PDE (C.A básico e máximo) e o no Quadro 2j da Lei 13.885/04 (T.O. e TP, e Recuos). Quanto a área restante do terreno que não está em ZEIS e o gabarito em ambos os casos foram considerados os parâmetros constantes no 2A do PDE por estar alinhado com a proposta dos eixos de transformação urbana no Município, onde os índices mais permissivos estão junto as áreas mais próximas ao transporte públicos, buscando orientar o crescimento da cidade e reorganizar as dinâmicas, e as áreas de bairro, por sua vez,
ficam com uma ocupação menos adensadas, com índices menos permissivos, como é o ca-
FIG. 42
so deste terreno. Além dos índices de aproveitamento outras informações serão importantes para a concepção do projeto e para escolha do terreno como já foi dito. O uso pretendido na proposta se encaixa em NR1, no grupo de atividades de Associações Comunitárias, Culturais e Esportivas, onde segundo o Quadro 2j da Lei 13.885 / 04 , para não haver limitação de área construída computável o imóvel deveria ter em uma das frentes uma via com largura igual ou superior a 12,00m, o que foi fundamental para escolha do terreno, posto que poucos terrenos em Paraisópolis possuíam esta condição. A tabela ainda estipula 1 vaga de estacionamento para cada 50m² construído, o que geraria um grande quantidade de vagas
para estacionamento, neste caso não foi aplicado no exercício pois, segundo o diagnóstico da área não haveria uma demanda compatível. Visando a melhoria da mobilidade de pedestres com relação ao projeto a ser realizado julgou-se adequado atender a disposição do artigo 64 da Minuta do PL Zoneamento que prevê um alargamento viário do passeio público para 5,00m para os lotes maiores que 2.500,00m². Mesmo que posteriormente esta disposição seja alterada ainda assim será uma
PARÂMETROS URBANÍSTICOS
CÁLCULO SOBRE O TERRENO ORIGINAL
CÁLCULO DO PROJETO
PROPORÇÃO DOS ÍNDICES
CA BÁSICO
1,00
12.782,52 m²
-
-
CA MÁXIMO
2,50
31.956,30 m²
18.337,60 m²
1,43
TAXA DE OCUPAÇÃO
50 %
6.391,26 m²
6.327,00 m²
49,50 %
TERRENO LIVRE
50 %
6.391,26 m²
6.455,52 m²
50,50 %
TERRENO LIVRE
15 %
1.917,80 m²
3.910,50 m²
30,59 %
S. LIMITE
-
-
S. LIMITE
GABARITO
53
5.2 LEVANTAMENTO URBANÍSTICO
USO DO SOLO PREDOMINANTE
55
SISTEMA VIÁRIO
56
GABARITO
57
6
ESTUDOS DE CASO
59
60
6.1 ESCOLA ANTÔNIO DERKA, MEDELLÍN
FIG. 43
A Escola Antônio Derka está localizada da borda nordeste da cidade de Medellín, em um dos bairros mais pobres e violentos de Santo Domingo Savio. O projeto fez parte de um programa que propunha a construção de 10 de novas escolas e reforma de 132 instituições existentes nas áreas mais vulneráveis. A ideia central era criar um projeto acolhedor e familiar que que dissipasse os limites físicos e mentais mediante a intervenção urbana e arquitetônica aberta. (MÁRQUEZ, 2014)
O lote irregular possui 13.000m² e uma declividade acentuada de aproximadamente 35%, o que dificultou a implantação do edifício, é acessado através de uma estrada principal a sul que foi criada para conectar diversos bairros da cidade, a localização dele permite ampla vista sobre o vale que foi motivo de inspiração devido a sua vitalidade e apropriação local, muito semelhante as favelas brasileiras. Devido a ausência de espaço públicos representativos o térreo é concebido totalmente livre com 3.900m², foi criado como espaço de encontro e convivência, um lugar de conexão da sociedade com a cidade. O arquiteto buscou tornar a paisagem uma parte fundamental de
experiência cotidiana para os alunos. A circulação vertical é feita exclusivamente por escadas, inclusive a do pátio externo que possui uma escadaria que acessa todos os ní-
FICHA TÉCNICA
veis; a horizontal é composta por corredores que ao longo do edifício possuem aberturas que proporcionam iluminação e a criação de terraços cobertos com vista para ambos os lados. (MÁRQUEZ, 2014) O volume superior, destacado é um local para reuniões, que pode ser utilizado pela comunidade para qualquer tipo de evento sem atrapalhar as atividades acadêmicas. Nos demais pavimentos é distribuído as salas de aula, laboratórios, cantina e setores administrativos.
Todo prédio é trabalhado em concreto, na fachada são usados brises verticais de madeira, que filtram a radiação mas permitem a entrada de luz natural e a ventilação cruzada. Com exceção do bloco suspenso que utiliza telhas metálicas como revestimento. Este projeto foi escolhido pela familiaridade da topografia com o terreno escolhido, pelo programa de necessidades já que um dos itens a serem é também o uso educacional, pelo o contexto e pela maneira como ele é integrado a obra, pelos materiais utilizados, priorizando o baixo custo da obra, e também pelo sucesso da maneira como se rela-
LOCALIZAÇÃO: Santo Domingo Savio, Medellín, Colômbia AUTORIA DO PROJETO: Carlos Prado Brotero, Obranegra Arquitetos ÁREA CONSTRUÍDA: 7.500,00 m² USO: Escolar ANO DE CONSTRUÇÃO: 2007-2008
ciona com o entorno semelhante ao caso de Paraisópolis. 61
FIG. 44: PLANTA 1ยบ SUBSOLO
FIG. 46: PLANTA 3ยบ SUBSOLO 62
FIG. 45: PLANTA 2ยบ SUBSOLO
FIG. 47: PLANTA 4ยบ SUBSOLO
FIG. 48: PLANTA 5ยบ SUBSOLO
FIG. 49: IMPLANTAÇÃO
FIG. 50: CORTE LONGITUDINAL 63
FIG. 51 64
FIG. 52 65
6.2 CENTRO BH CIDADANIA, BELO HORIZONTE
FIG. 53
Localizado em umas das maiores favelas de Belo Horizonte, na encosta da Serra do Curral, conhecida como Aglomerado da Serra, o Centro Comunitário BH Cidadania faz parte de um conjunto de intervenções realizadas através de um projeto de reurbanização. A imagem ao lado mostra a implantação do edifício e outros espaços do Parque da Terceira Água H3O, que objetiva atender cerca de 50 mil moradores da comunidade.
Para minimizar esta situação precária da comunidade o projeto urbano contou com a implantação de equipamentos públicos, erradicação de áreas de risco, construção de habitações sociais, reestruturação do sistema viário, obras de saneamento e espaços de lazer e esportes que se iniciaram em 2005. O Centro Comunitário está implantado na encosta da serra, em uma clareira que apresentava uma área ligeiramente plana, contraponto a topografia acidentada encontrada em toda a extensão do Parque. Com dois pavimentos o edifício abriga cursos profissionalizantes, programas de educação, cozinha coletiva, academia de ginástica, cre-
che, sala de brinquedos, centro de inclusão digital, além de oficinas de marcenaria e tipografia. O projeto se divide visualmente e fisicamente através dos dois sistemas construtivos, onde blocos de alvenaria tradicional compõem a parte interna onde é distribuído o programa de necessidades e a circulação, que é feita através de uma rampa externa que percorre o edifício e uma escada localizado no pátio central. A fachada, por sua vez, é um volume solto, feito em estrutura metálica e revestido com telhas metálicas perfuradas, que permitem a filtragem da luz, e também nela são dispostos recortes irregulares que permitem o enquadramento da
paisagem em diferentes espaços. Na cobertura são utilizadas telhas metálicas sanduíches com o mesmo acabamento da fachada, e nela os recortes permitem o aproveitamento da luz natural. Esse descolamento da fachada e do volume interno permite ótima aeração. Este projeto foi escolhido como referência pela forma como se comunica com o contexto inserido, por agregar na elaboração do programa e por conceitos como a utilização de materiais de baixo custo. Além disso vale ressaltar os enquadramentos feitos que considera-se uma maneira de aproximar a favela ao equipamento. 66
FICHA TÉCNICA LOCALIZAÇÃO: Aglomerado da Serra, Belo Horizonte, Minas Gerais AUTORIA DO PROJETO: Silvio Todeschi, Flávio Agostini e Alexandre Campos ÁREA CONSTRUÍDA: 1.200,00 m² USO: Centro Comunitário ANO DE CONSTRUÇÃO: 2011
FIG. 54: PLANTA 1ยบ PAVIMENTO
FIG. 56: PLANTA 2ยบ PAVIMENTO
FIG. 55: PLANTA 2ยบ PAVIMENTO
FIG. 57: PLANTA 2ยบ PAVIMENTO
FIG. 58: PLANTA 2ยบ PAVIMENTO 67
FIG. 59 68
FIG. 60 69
6.3 PRAÇA VÍTOR CIVITA, SÃO PAULO
FIG. 61
O projeto da Praça Vítor Civita faz parte de uma proposta de resgate de uma área contaminada da cidade de São Paulo que antes não permitia condição de acesso. O terreno se encontrava muito degradado e representava um dos muitos desafios da cidade contemporânea, que é reaproveitar espaços que são deteriorados com o tempo ou até mesmo subutilizados. (HELM, 2011) Todo o projeto foi concebido a partir de premissas sustentáveis, visando o baixo consumo de energia, redução de entulho, reuso de água, aquecimento solar, utilização de materiais reciclados e manutenção da permeabilidade do solo. A praça funciona como um Museu Aberto, e a medida que se percorre seus espaços é possível encontrar informações técnicas das tecnologias e soluções adotados no projeto. A praça é composta por um grande deck de madeira que é sustentado por uma estrutura metálica eleva o passeio, a mais ou menos 1,00 metro acima do solo contaminado, esse deck é moldado de tal maneira que envolve todo o percurso inclusive os ambientes, enfatizan-
do a tridimensionalidade e incentivando o uso do espaço público. (HELM, 2011) O projeto conta com duas frentes de desenvolvimento uma cultu-
FICHA TÉCNICA
ral que incentiva a participação comunitária e envolvimento cultural e educacional, oferecendo acesso a espaços de qualidade como a Arena
LOCALIZAÇÃO:
coberta, Centro da Terceira Idade, Museu de Reabilitação, Oficinas de
São Paulo
educação ambiental, núcleo de investigação de Solo e Águas Subterrâneas entre outras. A outra é o desenvolvimento ecológico, que conta com a parceria
AUTORIA DO PROJETO: Levisky Arquitetos Associados e Anna Julia Dietzsch
de instituições como IPT, CETESB e GTZ, que apresentam oportunidades de desenvolvimento em pesquisa sustentável, como certificação de
ÁREA CONSTRUÍDA:
madeira, uso de material orgânico, laboratório de plantas e raciona-
1.500,00 m²
mento energético. (HELM, 2011) Este projeto foi apontado como referência pois apresenta de forma bem arranjada a distribuição de espaços públicos de convivência além de incentivar os usos desses espaços e a participação comunitária. Serve de apoio aos projetos de área livre propostas no projeto mostrando como arranjar áreas livres e ainda ativar os espaços públicos. 70
USO: Urbanismo, Praça ANO DE CONSTRUÇÃO: 2007
FIG. 62
71
FIG. 63 72
FIG. 64 73
7
CENTRO COMUNITÁRIO
76
7.1 A PROPOSTA DO CENTRO COMUNITÁRIO A proposta de um Centro Comunitário na favela de Paraisópolis surge como uma resposta as necessidades sociais atuais, que demandam espaços mais polivalentes e que envolvam de certa maneira a comunidade local, após a apresentação do diagnóstico da área confirmou-se a necessidade de criar um espaço que somasse as necessidades existentes e que ao mesmo tempo integrasse as modalidades que já são desenvolvidas em Paraisópolis. O propósito do Centro Comunitário, a essência, é a integração de pessoas e minimização da exclusão social que de fato acontece na cidade de São Paulo hoje, ele tem papel fundamental numa comunidade, a medida que ele proporciona a criação de laços sociais tanto
entre pessoas, como de identidade e percepção do espaço que se habita, principalmente numa favela onde as relações acontecem de maneira muito frágil. O desenvolvimento desse projeto então se deu a partir da tríade de funcionamento de um Centro Comunitário elaborado pelos autores portugueses (vide nota referencial a esquerda), baseados em três fundamentos principais: a proximidade, a flexibilidade e a participação. A proximidade está relacionada a resolução dos problemas concentrando-se nas pessoas, de forma articulada e preventiva. Requer a identificação das necessidades e recursos e determinação de oportunidades e iniciativas, e como resultado deve apresentar espaços autônomos que incentivem o exercício de solidariedade e interação coletiva, além de proporcionar o crescimento nas dimensões econômicas, cultural, social e ambiental buscando a melhoria das condições de vida da comunidade geral. A flexibilidade determina que os espaços devam ser moldáveis e que proporcionem de maneira geral a diversidade de acordo com a dinâmica da comunidade e que os ambientes sejam concebidos para corresponder a constantes alterações. Sendo que a proximidade e a flexibilidade devem se unir de maneira que o Centro Comunitário se torne um espaço de fácil comunicação e acessível a todos os cidadãos. E por fim a participação, onde os autores afirmam que a relação das pessoas com o meio, quando são exploradas em conjunto, muitas vezes são a solução. Ou seja, o equipa-
mento deve facilitar a interação de indivíduos, definir objetivos comuns e se associar. Isso poderá ser feito através de técnicas de informação e animação que funcionem como motivadores de pessoas e iniciativas que permitam o envolvimento da população nos processos de desenvolvimento. BONFIM, Catarina de J.; SARAIVA, Maria E.;
Desta maneira o centro Comunitário traz como objetivos a construção de um pólo de
CURTO, Maria J.; ABRANTES, Maria de L.;
animação gerador de dinâmicas locais, que fomente a participação de pessoas, famílias e
FERREIRA, Sofia P. Centro Comunitário. Dire-
grupos, e que incentive a parceria de terceiros para criação de novos recursos. Além de de-
ção-Geral de Ação Social: Núcleo de Docu-
senvolver atividades sociais, que permitam a inserção social de grupos mais vulneráveis e
mentação Técnica e Divulgação. Lisboa: 2000.
que sejam capazes de gerar mudanças efetivas. 77
7.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES BÁSICAS Partindo do entendimento do tema então foram definidos cinco diretrizes principais para o programa de necessidades básicas, aos quais deveriam ser explorados com base no diagnóstico apresentado, sendo eles: A assistência social, que criará um canal de comunicação e interação com a comunidade, além de prestar apoio as necessidades fundamentais, como proposta foi sugerida a implantação de uma creche, um restaurante comunitário e salas de apoio psicológico e financeiro além
da abertura de espaço para associações de bairro; A educação, que proporcionará o desenvolvimento profissional e inserção dos cidadãos no mercado de trabalho legal, onde o projeto buscou abrir espaço amplos para cursos diversos que possam ser moldados conforme as necessidades do usuário; A saúde, que buscará sanar parte da necessidade de atendimento básico da região, posto que já foi constatada a ausência desse tipo de serviço; A cultura, para diminuir a deficiência de equipamentos nesta área,
a proposta é que se crie um espaço de integração para as iniciativas que já são desenvolvidas em Paraisópolis por ONGs e pelos próprios moradores; E o lazer, que funcionará como atrativo e impulsionador na utilização do equipamento na comunidade, uma vez que é sabido que a participação e a apropriação por parte das pessoas é que ativam o espaço. O programa de necessidades então foi estudado em cima desses fundamentos de maneira a criar espaços que sejam atrativos e úteis para os moradores, que permitam o funcionamento pleno do projeto e será apresentado a seguir, separados por temas e expondo a área em m² destinadas a ele.
78
PROGRAMA FUNCIONAL
5 AUDITÓRIO 5.1 Plateia
225,00
300,00
5.2 Palco
150,00
25,00
5.3 Coxia
45,00
100,00
5.4 Foyer
150,00
425,00
5.5 Camarins divididos por sexo com sanitários
50,00
5.6 Sala de projeções
12,50
1 ACESSOS 1.1 Área de convivência 1.2 Central de atendimento 1.3 Café SUBTOTAL (m²) 2 ADMINISTRAÇÃO GERAL 2.1 Secretaria
25,00
5.7 Sala de tradução simultânea
2.2 Coordenação
25,00
5.8 Casa de máquinas
2.3 Direção
12,50
5.9 Sala de Ensaio
2.4 Administração e Recursos Humanos
25,00
5.10 Depósito de Cenários e instrumentos
50,00
2.5 Sala de Funcionários com copa
50,00
5.11 Depósito de Figurinos
25,00
2.6 Sala de Reuniões
25,00
5.12 Depósito de material de limpeza
2.7 Sala de Espera
25,00
5.13 Sanitário
50,00
2.8 Depósito de material de limpeza
12,50
5.14 Sanitários para funcionários
25,00
2.9 Sanitários
50,00 SUBTOTAL (m²)
250,00
3 ASSISTÊNCIA SOCIAL 3.1 Assistência Psicossocial
25,00
3.2 Assistência Financeira
25,00
3.3 Associação de moradores
25,00
3.4 Ação cultural
25,00 SUBTOTAL (m²)
100,00
4 BIBLIOTECA 4.1 Recepção: empréstimo e devoluções
25,00
4.2 Guarda Volumes
25,00
4.3 Sala de pequenos reparos e catalogação
12,50
4.4 Depósito e estocagem
12,50
4.5 Acesso a rede
25,00
4.7 Estudo em grupo
25,00
4.8 Acervo bibliográfico
70,00
4.9 Estudo Individual
25,00 SUBTOTAL (m²)
220,00
6,25 12,50 100,00
6,25
SUBTOTAL (m²)
907,50
6 UBS
6.1 Recepção e prontuário
12,50
6.2 Espera
25,00
6.3 Sala de vacinação e inalação
72,50
6.4 Sala de curativos
12,50
6.5 Consultório odontológico
25,00
6.6 Consultório indiferenciado
25,00
6.7 Consultório indiferenciado com banheiro
31,25
6.8 Estocagem e dispensão de medicamentos
25,00
6.9 Administração com copa
72,50
6.10 Sala de procedimentos coletivos
72,50
6.11 Sala de esterilização
12,50
6.12 Sanitários
25,00
6.13 Expurgo
6,25
6.14 Almoxarifado
12,50
6.15 Depósito de material de limpeza
6,25 SUBTOTAL (m²)
435,25
79
7 ESTACIONAMENTO
10 CRECHE
70 Vagas comuns
875,00
10.1 Sala de atividades
100,00
5 Vagas para bicicletas
6,75
10.2 Solário
200,00
4 Vagas para motocicletas
8,00
10.3 Berçário e Lactário
72,50
2 Vaga exclusiva para idosos
36,00
10.4 Maternal
25,00
2 Vagas exclusivas para P.N.E.
36,00
10.5 Secretaria e Administração
12,50
10.6 Lavanderia
12,50
10.7 Depósito para material de limpeza
12,50
10.8 Sanitários
50,00
10.9 Cantina
50,00
SUBTOTAL (m²)
861,75
8 CURSOS PROFISSIONALIZANTES 8.1 Oficinas multifuncionais
300,00
8.2 Sala de informática e tecnologia
50,00
8.3 Sala de idiomas
72,50
8.4 Pátio coberto
250,00
8.5 Pátio descoberto
150,00
SUBTOTAL (m²) 11 MÚSICA 11.1 Sala de Dança e expressão corporal
100,00 100,00
8.6 Depósito de matérias
12,50
11.2 Coral
8.7 Sanitários
50,00
11.3 Sala para estudo em grupo
50,00
885,00
11.4 Sala para estudo individual
50,00
SUBTOTAL (m²) 9 RESTAURANTE POPULAR
SUBTOTAL (m²)
300,00
9.1 Recepção
25,00
9.2 Refeitório
150,00
12.1 Piscinas semiolímpicas
300,00
9.3 Distribuição e Empratamento
50,00
12.2 Consultório avaliativo
12,50
9.4 Preparo e Higienização
25,00
12.3 Academia
9.5 Cocção
25,00
12.4 Exercícios aeróbicos
9.6 Armazenagem fria: congelado, carnes e vegetais
35,00
12.5 Artes Marciais
100,00
9.7 Armazenagem seca
12,50
12.6 Quadra Poliesportiva
790,00
9.8 Despensa diária
12,50
12.7 Sala de fisioterapia
25,00
9.9 Cozinha Experimental
75,00
12.8 Depósito de materiais esportivos
50,00
9.10 Sala do nutricionista
25,00
12.9 Vestiários
9.11 Administração
25,00
12.10 Vestiários P.N.E
9.12 Sanitários
25,00
9.13 Sanitários para funcionários
25,00
9.14 Depósito para material de limpeza 9.15 Depósito de lixo
12 NÚCLEO DE ATIVIDADES FÍSICAS
100,00 50,00
100,00 50,00 SUBTOTAL (m²)
1 577,50
TOTAL (m²)
7 025,75
6,25 12,50
SUBTOTAL (m²)
80
535,00
528,75
7.3 MEMORIAL JUSTIFICATIVO ASPECTOS URBANOS Analisando o contexto urbano onde o projeto estaria inserido valeria destacar as condições urbanas levando em consideração as ligações do equipamento com a cidade, ele tem frente para Av. Giovanni Gronchi que liga Paraisópolis a outras partes de São Paulo, está próximo a pontos de ônibus que facilitando o acesso através do transporte público, além LEITURA PASSAGEM E EVENTOS
de estar junto ao fluxo de pedestres de entrada e saída da favela, aspectos que evidentemente influenciaram a concepção de projeto.
MIRANTE
ESTAR INFANTIL
CROQUI 1: TERRAÇOS
CONCEITUAÇÃO DO PROJETO O partido arquitetônico foi concebido através da combinação da topografia acidentada com o movimento estudado da favela. Ele foi pensado de forma a se tornar um equipamento atrativo que se associasse a paisagem e tivesse elementos espaciais de identificação dos usuários, desde de elementos formais, até matérias de revestimentos, espaços criados que apelassem para a memória coletiva.
ASPECTO FORMAL
A solução plástica foi definida compondo uma forma irregular e escalonada inspirada na construção informal das casas de Paraisópolis, e na criação de terraços habitáveis que
CROQUI 2: CIRCULAÇÃO VERTICAL
permitem a livre apropriação, ou seja, podem ser desenvolvidos eventos externos, propostas de atividades específicas do Centro Comunitário, ou até ser um local de passagem, estar, ou contemplação da paisagem. Optou-se pela implantação que privilegiasse a vista para favela e que se deitasse sobre o terreno acompanhando a caída das curvas de nível, criado fluxos e acessos ao longo do projeto que criassem uma permeabilidade num caminho não regular, e sim algo que fosse descoberto a medida que se caminha, percursos que possibilitassem circular alternando entre o espaço construído do edifício e as áreas livres propostas, muito semelhante ao tipo
ADM/ASSISTÊNCIA
de urbanismo que constitui a favela, de forma bem dinâmica.
AUDITÓRIO ESTACIONAMENYO OFICINAS RESTAURANTE CRECHE MÚSICA ATIVIDADES FÍSICAS
CROQUI 3: PROGRAMA
ASPECTO FUNCIONAIS O programa foi distribuído de forma setorizada sendo que cada pavimento abriga um ou dois temas do programa no máximo, sempre integrando seus espaços. Primeiro foi elaborado um acesso principal na via de maior fluxo, ou seja a Av. Giovanni Gronchi, que dá de encontro ao um grande hall de entrada com pé direito duplo e fachada envidraçada que enquadra a paisagem da favela, e por onde o usuário poderá se direcionar a qualquer outro ambiente do projeto. 81
A circulação é feita através de duas torres verticais que permitem acesso a todos os andares do edifício, funcionando como uma circulação acessível para pessoas com necessidades especiais e como alternativa de percurso coberto, além dessa opção foram feitas escadarias e rampas externas que criam acessos secundários pelas ruas Manoel Antônio Pinto e Major Marioto Ferreira. Essa é uma maneira alternativa de acessar níveis de usos específicos do edifício, isto é, não necessariamente o usuário acessar pelo ponto mais alto do terreno, facilitando a entrada do pedestre que vem da parte mais baixa, ou seja da favela, tornando assim, o equipamento também um meio de passagem e ligação entre a cidade formal e informal. Logo na entrada o grande hall direciona e permite acesso ao auditório localizado acima, implantado neste local pela proximidade com a rua principal e ao transporte, e ainda é possível acessar a biblioteca, a administração e serviço social através do terraço, que foram
CROQUI 4: ACESSOS AO EDIFÍCIO
implantados neste nível também por questões de conforto acústico, e pela demanda de um local silencioso para trabalho e leitura. Escadarias permitem o acesso ao pavimento inferior onde foram dispostos um estacionamento que tem acesso pela rua Manoel Antônio Pinto, no intuito de não gerar sobrecarga no fluxo da Av. Giovanni Gronchi, apesar da legislação exigir um grande número de vagas para esse tipo de equipamento, através de uma análise do contexto, constatou-se que a circulação de veículos na favela é muito baixa não justificando um alto investimento, então o intuito é dispor de um estacionamento pequeno para funcionar apenas de maneira moderada, para um evento específico, para funcionários ou uma pequena demanda. Ainda neste andar foi implantado uma Unidade Básica de Saúde baseado no modelo Tipo I do governo, que e permite atendimento médico de várias áreas, como pediatria, odontologia, ginecologia, gerontologia, e possui consultórios indiferenciados que podem ser adaptados conforme as necessidades locais. Neste mesmo pavimento foi criado um painel horizontal para livre intervenção da comunidade, ele faz parte de um terraço que interliga o acesso do estacio-
CROQUI 5: FLUXOS DE CIRCULAÇÃO
namento para o edifício e a UBS, onde será possível ser pintado, grafitado, servir de painel de divulgação de eventos, enfim, funcionar como interação pessoal e ser alterado constantemente.
Logo no pavimento abaixo está localizado as oficinas profissionalizantes e salas de tecnologias e idiomas, no intuito é criar uma espaço de aprendizado dinâmico, as oficinas podem ser moldadas conforme as tendências de mercados e atividades, como sugestão no layout temos três modelos, uma carpintaria, uma oficina de costura e um espaço parar atividades multiuso que conforme análise de Paraisópolis são atividades amplamente desenvolvidas pelas pessoas mas sem um curso de capacitação específica. Essas salas são ligadas por um pátio hora coberto, hora descoberto que se abre para um terraço mirante com uma vista privilegiada. Descendo através de outra escada pode ser acessado o restaurante popular, criado no intuito de assistenciar a população e criar mais um meio de profissionalização por isso a 82
CROQUI 6: MALHA ESTRUTURAL
CIRCULAÇÃO
ÁREAS VERDES
cozinha experimental criada dentro dele, a distribuição do layout foi feita de maneira a seto-
ESPAÇOS COM ATIVIDADE
rizar a área pública dos usuários da parte reservada apenas a funcionários. Dando sequência, atravessando o terraço abaixo do restaurante está a creche, com capacidade para 50 alunos por turno em média, o acesso a ela pode ser feito em nível pelo Rua Manoel Antônio Pinto por quem vem da favela sem a necessidade de atravessar todo o edifício tornando-se um percurso alternativo, essa creche dispõe de espaços onde a criança pode se desenvolver, ter lazer e conforto além de auxiliar as famílias da comunidade, já que existe a demanda para esse tipo de serviço. Nos pavimentos inferiores é desenvolvido o núcleo de atividades físicas e música, que
CROQUI 7: ÁREAS EXTERNAS
foram implantadas próximas ao limite com a favela por serem o atrativo principal de ativação do espaço, onde possivelmente irá haver a maior concentração de pessoas. A área destinada ao desenvolvimento artístico musical como já dito, funciona como apoio as iniciativas que já existem em Paraisópolis, as ONGs poderão ter um espaço especializado e atualizado para atuar na área de dança, música, canto e teatro. Além disso o núcleo de atividades físicas permitirá a minimizar a exclusão social através do esporte, o equipamento conta com estrutura para realizar aulas de natação, lutas e aeróbica, e esporte com bola em geral apoiados por uma quadra poliesportiva. Além do edifício a área externa também foi projetada, o paisagismo levou em consideração a criação de espaços ativos que pudessem ser usados pelos usuários, como uma
arena pequena para eventos, uma pista de skate, um espaço saúde com equipamentos públicos de exercícios, áreas de estar com mesas para jogos e ainda foram dispostos esculturas e praças com grande área verde que podem se tornar um espaço de estar, uma área de leitura sombreada ou até mesmo reunião de grupos, enfim, totalmente aberta para ser utili-
CROQUI 8: LAJE PRÉ MOLDADA
zada da maneira mais conveniente. Ainda pensando no envolvimento da comunidade foi criada um horta comunitária proposta para ser gerida pelos próprios moradores de Paraisópolis, ela pode ser acessada em diversos níveis e se torna um local de passagem e acesso ao pavimentos do edifício, possibilitando que esse material produzido no próprio Centro Comunitário seja utilizado no restaurante popular e ainda se tornar uma fonte de movimentação econômica.
ASPECTO TÉCNICO E ECONÔMICO O sistema estrutural e as vedações utilizadas foram adotadas com base na questão econômica, ambiental e materiais de identificação da área. O projeto foi desenvolvido numa malha ortogonal com vão 10x10 repetido em todos os andares em estrutura metálica que permitiu vigas e pilares mais esbeltos, além de ter uma velocidade industrial de produção eliminou a necessidade do uso de formas de madeira; nas lajes foram utilizadas peças prémoldadas num sistema grelha preenchido com blocos cerâmicos.
CROQUI 9: ÁREA VERDE SOBRELAJE
Além disso foi adotado um sistema de vigas invertidas combinada a um piso elevado 83
o que possibilitou duas soluções, uma delas é a utilização de jardins em nível, o paisagismo dos terraços pode ser projetado sem necessitar ser elevado, estando sempre no nível de circulação, além disso o piso elevado foi pensado para melhorar a eficiência da drenagem dos terraços pode ser projetado sem necessitar ser elevado, estando sempre no nível de circulação, além disso o piso elevado foi pensado para melhorar a eficiência da drenagem de águas pluviais, nos terraços o revestimento em placas de concreto são encaixados de maneira a deixar um pequeno vão entre pisos sem vedação, a água é filtrada entre eles e levada para um sistema de capitação e armazenagem próximo a horta, essa água será reutilizada para irrigar as áreas verdes e nos banheiros e vestiários. A divisões internas e paredes de fechamento foram pensadas também de maneira a
usar peças prontas, então a solução foi composta por duas placas de drywall com preenchimento de vedação acústica entre elas, o que permite o perfeito funcionamento de salas de aula, salas de música e outros ambientes que necessitam da barragem do som. Para fachada foram utilizadas telhas onduladas thermoconfort, além de permitir variação de
CROQUI 10: ESQUEMA DE DRENAGEM
cores contribuem com o conforto térmico da edificação, utilizando um sistema de ventilação entre as paredes de vedação e as placas da fachada. Para isso foi criada uma estrutura de apoio que segura as telhas e abre um pequeno vão em cima e na parte de baixo entre a parede, quando a radiação solar incide parte da luz é refletida e o calor que entraria no ambiente é refrescado pelo ar que passa entre as placas tornando o ambiente mais fresco.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Como foi visto, não é possível erradicar a precariedade dos assentamento informais com os modos de produção atual, as mudanças e soluções arquitetônicas por si só não trarão a solução completa enquanto os governos e o mercado privado não apresentarem alternativas habitacionais efetivas, no entanto, mesmo em frente a essa desigualdade é papel
CROQUI 11: ESQUEMA DAS PAREDES
do arquiteto e urbanista proporcionar e lutar por cidades mais justas e oferecer qualidade de vida aos habitantes. Com este exercício espera-se que, através da pesquisa e do resultado projetual seja de fato alcançado a transformação social através do investimento em arquitetura de qualidade,
associando a combinação de usos compatíveis com a área para diminuição de desigualdades e exclusão social existentes na cidade. Baseando-se nos conceitos discutidos nesta monografia foi possível concluir que não só o urbanismo é responsável pela criação e promoção de espaços públicos de qualidade na cidade, através dos projetos estudados e do exercício realizado cabe afirmar que a arquitetura desempenha um papel fundamental para a construção e recuperação de espaços de uso coletivo. Pensando de maneira geral, mas atuando pontualmente é possível resgatar e reciclar espaços degradados, a arquitetura tem o poder e a também função de recuperar áreas urbanas críticas. 84
CROQUI 12: FACHADA VENTILADA
LEGENDA: 1 Acesso ao edifício 2 Arena descoberta 3 Piso interativo 4 Espelhos d’água 5 Pista de Skate 6 Espaço saúde 7 Caixa d’água 8 Espaço de estar e jogos 9 Campo de flores 10 Árvores frutíferas 11 Horta Comunitária 12 Terraço Jardim 13 Jardim Vertical
14 Leitura ao ar livre 15 Espaço de eventos, mural interativo 16 Mirante e atividades livres 17 Estar e repouso 18 Solário: área infantil
ESCALA 1 : 500
PLANTA BAIXA - COBERTURA E PAISAGISMO
85
ESCALA 1 : 500
PLANTA BAIXA - TÉRREO - NÍVEL +827,00
87
ESCALA 1 : 500
PLANTA BAIXA - 1ยบ PAVIMENTO- Nร VEL +831,00
89
ESCALA 1 : 500
PLANTA BAIXA - 2ยบ PAVIMENTO- Nร VEL +843,00
91
ESCALA 1 : 500
PLANTA BAIXA - 1ยบ SUBSOLO - Nร VEL +823,00
93
ESCALA 1 : 500
PLANTA BAIXA - 2ยบ SUBSOLO - Nร VEL +819,00
95
ESCALA 1 : 500
PLANTA BAIXA - 3ยบSUBSOLO - Nร VEL +815,00
97
ESCALA 1 : 500
PLANTA BAIXA - 4ยบ SUBSOLO - Nร VEL +811,00
99
ESCALA 1 : 500
PLANTA BAIXA - 4ยบ SUBSOLO - Nร VEL +811,00
101
ESCALA 1 : 500
PLANTA BAIXA - 7ยบ SUBSOLO - Nร VEL +799,00
103
ESCALA 1 : 500
CORTE TRANSVERSAL B
ESCALA 1 : 500
ELEVAÇÃO LESTE | DIVISA COM A FAVELA DE PARAISÓPOLIS
107
ESCALA 1 : 500
CORTE TRANSVERSAL A
ESCALA 1 : 500
ELEVAÇÃO OESTE | AVENIDA GIOVANNI GRONCHI
105
ESCALA 1 : 500
CORTE LONGITUDINAL C
ESCALA 1 : 500
ELEVAÇÃO NORTE | RUA MAJOR MARIOTO FERREIRA
109
ESCALA 1 : 500
CORTE LONGITUDINAL D
ESCALA 1 : 500
ELEVAÇÃO SUL | RUA MANOEL ANTÔNIO PINTO
111
8
REFERÊNCIAS
118
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AZEVEDO, Sérgio de; ANDRADE, Luis Aureliano G. de. A crise da mora-
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