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como a verdadeira e única interioridade do eu. Partilha ainda a angústia de criar uma história e descobrir que não é boa o suficiente, e destaca a importância do universo pessoal
C
A R TA S , B I L H E T E S , E N T R E V I S TA S , E N S A I O S , trechos escritos e não publicados — fragmentos
para o processo criativo. Nas trocas de
de uma autora cuja identidade, apesar de não revelada, é
correspondência, nos bilhetes e nas entrevistas,
tão contundente em sua obra que nos dá a impressão de
a autora contempla a relação com a psicanálise,
já conhecê-la, mesmo sem saber quem realmente é. Em
as cidades onde morou, a maternidade, o feminismo e a infância, aspectos fundamentais à produção de suas obras. Frantumaglia é um autorretrato vibrante e
Frantumaglia o véu de mistério que encobre o pseudônimo Elena Ferrante se abre em delicadas frestas que permitem vislumbrar detalhes dos bastidores da vida, obra e do processo criativo de uma das maiores escritoras da atualidade.
pela literatura. Em suas páginas reveladoras,
“Tão instigante quanto as extraordinárias ficções da autora; Fran-
traça, de maneira inédita, os vívidos caminhos
tumaglia aborda questões inconscientes e perturbadoras com aquela
percorridos por Elena Ferrante na construção
mesma intensidade visceral.”
de sua força narrativa.
— THE GUARDIAN “Uma oportunidade de contemplar a presença peculiar e espectral de Ferrante no mundo literário.”
— T H E N E W YO R K T I M E S B O O K R E V I E W “Elena Ferrante criou um universo à parte, um mundo completo, constituído de linguagem, família, gestos, emoções, política e cultura.”
— T H E WA S H I N G T O N P O S T
frantumaglia
íntimo de uma escritora que incorpora a paixão
Elena Ferrante
mental, destroços infinitos que se revelam
“Minha mãe me deixou um vocábulo do seu dialeto que ela usava para dizer como se sentia quando era puxada para um lado e para o outro por impressões contraditórias que a dilaceravam. Dizia que tinha dentro de si uma frantumaglia.”
Elena
Elena Ferrante é uma das vozes mais extraordinárias da literatura contemporânea, autora de preciosidades como A filha perdida, Um amor incômodo e A amiga genial. Um sucesso que se reflete na profusão de
Ferrante
artigos publicados a respeito da escritora e sua obra, não obstante a escolha pela reclusão — ou talvez, justamente por isso. Ao longo das últimas duas décadas, o “mistério Ferrante” habita a imprensa e a mente dos leitores, mas, afinal, quem é essa escritora?
frantumaglia
Nas páginas de Frantumaglia, a própria Elena Ferrante explica sua escolha de permanecer afastada da mídia, permitindo que seus livros tenham vida autônoma. Defende que é preciso
os caminhos de uma escritora
se proteger não só da lógica do mercado, mas também da espetacularização do autor em prol
Elena Ferrante é o pseudônimo
da literatura, e assim partilha pensamentos e
de uma escritora italiana cuja verdadeira
preocupações à medida que suas obras ganham
identidade é desconhecida do público.
mais e mais público.
É autora de diversos livros, entre eles Um amor incômodo, A filha perdida e o infantil Uma noite
Diante das alegrias e dificuldades da escrita,
na praia, publicados pela Intrínseca, além
Ferrante conta a origem e a importância
dos volumes da série napolitana, que a
da frantumaglia para seu processo criativo,
consagrou definitivamente como uma das mais importantes autoras da atualidade.
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um termo do dialeto napolitano que sempre www.intrinseca.com.br
ouvira da mãe — uma instável paisagem
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El ena Ferrant e
Frantumaglia Os caminhos de uma escritora
Tradução de Marcello Lino
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Copyright © 2013 by Edizioni e/o Publicado mediante acordo com The Ella Sher Literary Agency, www.ellasher.com Os trechos de Um amor incômodo (Intrínseca, 2017) reproduzidos em Frantumaglia são de tradução de Marcello Lino; os de Dias de abandono são de Francesca Cricelli (Biblioteca Azul, 2016) e os da Série Napolitana são de Maurício Santana Dias (Biblioteca Azul, 2015-2017). TÍTULO ORIGINAL
La frantumaglia PREPARAÇÃO
Karine Simoni REVISÃO
Milena Vargas Édio Pullig DIAGRAMAÇÃO
ô de casa CAPA
Angelo Allevato Bottino IMAGEM DE CAPA
Andy Bridge/Getty Images CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
F423f Ferrante, Elena Frantumaglia : os caminhos de uma escritora / Elena Ferrante ; tradução Marcello Lino. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Intrínseca, 2017. 416p. ; 21cm Tradução de: La frantumaglia ISBN 978-85-510-0226-1 1. Ferrante, Elena - Correspondências. 2. Escritores italianos - Século XX. 3. Intelectuais - Itália. 4. Literatura e sociedade. I. Lino, Marcello. II. Título. 17-41847
CDD: CDU:
928.51 929:821.131.1
[2017] Todos os direitos desta edição reservados à Editora Intrínseca Ltda. Rua Marquês de São Vicente, 99, 3o andar 22451-041 – Gávea Rio de Janeiro – RJ Tel./Fax: (21) 3206-7400 www.intrinseca.com.br
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SUMÁRIO
PAPÉIS, 1991-2003 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15.
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Este volume O presente de Befana As costureiras das mães Escrever por encomenda O livro roteirizado A reinvenção de Um amor incômodo Hierarquias midiáticas Sim, não, não sei As roupas, os corpos Escrever às escondidas As trabalhadeiras Mentiras que dizem sempre a verdade A cidade sem amor Sem distância de segurança Uma história de desestruturação Suspensão da incredulidade
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9 11 14 19 22 24 43 47 51 57 72 76 78 83 88 96
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16. 17.
A frantumaglia Um posfácio
104 180
TÉSSERAS, 2003-2007
183
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
185 187 193 197 202 208 213 219 234
Depois de Frantumaglia A vida na página Os Dias no meio do caminho A Olga imprevista de Margherita Buy O livro de ninguém Como é feia essa menina As etapas de uma busca A temperatura capaz de acender o leitor O vapor erótico do corpo materno
CARTAS, 2011-2016 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17.
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Um livro que acompanha outros livros A subalterna brilhante Medo de altura Cada indivíduo é um campo de batalha Cúmplice embora ausente Nunca baixar a guarda Mulheres que escrevem As pessoas exageradas Treze letras Narrar o que foge à narrativa A verdade de Nápoles O relógio A hortinha e o mundo O magma sob as convenções Descontentamento deliberado As mulheres que desmarginam O desperdício da inteligência feminina Apesar de tudo
243 245 248 254 257 262 268 278 312 320 327 337 342 346 354 367 375 382 392
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PAPÉIS
1991-2003
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E STE
VOLUME
Este volume se dirige a quem leu, amou e debateu Um amor incômodo (1992) e Dias de abandono (2002), os dois primeiros romances de Elena Ferrante. Com o passar dos anos, o primeiro se tornou um livro reverenciado, no qual Mario Martone se baseou para fazer um lindo filme, e as perguntas sobre a peculiar insociabilidade da autora se multiplicaram. O segundo expandiu ainda mais o público da escritora, leitores e leitoras apaixonados o adoraram, e as indagações sobre a personalidade de Elena Ferrante se tornaram prementes. Para satisfazer as várias curiosidades desse público exigente e ao mesmo tempo generoso, decidimos reunir aqui algumas cartas da autora à editora Edizioni e/o, além das poucas entrevistas dadas e da correspondência com leitores excepcionais. Os textos esclarecem de modo definitivo — esperamos —, dentre outras coisas, os motivos que levam a escritora a permanecer, há dez anos, fora da lógica da mídia e de suas necessidades. Os editores Sandra Ozzola e Sandro Ferri
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NOTA A apresentação dos editores à primeira edição de Frantumaglia é de setembro de 2003. As observações ao fim dos capítulos foram organizadas pela editora Edizioni e/o.
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O
1.
PRESENTE DA
B EFANA
Cara Sandra, Você me perguntou, durante o último encontro agradável com você e seu marido, o que pretendo fazer para promover Um amor incômodo (é melhor eu me acostumar a chamar o livro pelo título definitivo). Você levantou a questão de maneira irônica, acompanhando-a com um dos seus olhares cheios de divertimento. Não tive coragem de responder na hora, achei que já tivesse sido bem clara com Sandro. Ele se mostrou completamente de acordo com minhas escolhas, e eu esperava que não voltássemos a tocar no assunto nem de brincadeira. Agora respondo por escrito, a escrita elimina minhas longas pausas, minhas incertezas, minha maleabilidade. Não pretendo fazer nada por Um amor incômodo, nada que pressuponha o comprometimento público de minha pessoa. Já fiz bastante por essa longa narrativa: eu a escrevi; se o livro for de algum valor, isso deve ser suficiente. Não participarei de debates e encontros, se me convidarem. Não irei receber prêmios, se quiserem me agraciar com algum. Nunca promoverei o livro, sobretudo
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na televisão, nem na Itália nem, eventualmente, no exterior. Minha intervenção acontecerá apenas através da escrita, mas a tendência é que eu limite até isso ao mínimo indispensável. Eu me comprometi definitivamente nesse sentido comigo mesma e com meus familiares. Espero não ser forçada a mudar de ideia. Entendo que isso possa causar algumas dificuldades à editora. Tenho grande estima pelo seu trabalho, afeiçoei-me de imediato a vocês, não quero prejudicá-los. Se vocês não quiserem mais me apoiar, falem logo, eu entenderei. De fato, não é necessário que eu publique esse livro. Para mim, é difícil expor todos os motivos dessa decisão, você sabe. Quero apenas confidenciar que essa é uma pequena aposta comigo mesma, com minhas convicções. Acredito que, após terem sido escritos, os livros não precisam dos autores para nada. Se tiverem algo a dizer, encontrarão, mais cedo ou mais tarde, leitores; caso contrário, não. Exemplos não faltam. Adoro aqueles volumes misteriosos, antigos ou modernos, que não têm um autor definido, mas que tiveram, e têm, uma intensa vida própria. Parecem uma espécie de milagre noturno, como, quando criança, eu esperava os presentes da Befana,* ia para a cama muito agitada e, de manhã, ao acordar, os presentes estavam lá, mas ninguém tinha visto a Befana. Os verdadeiros milagres são aqueles que ninguém sabe quem fez, sejam eles os ínfimos portentos dos espíritos secretos da casa ou os grandes prodígios que nos deixam realmente boquiabertos. Ainda tenho esse desejo infantil de encantos, sejam pequenos ou grandes, e ainda acredito neles. Por isso, cara Sandra, digo com clareza: se Um amor incômodo não tiver por si só estofo suficiente, então paciência, quer dizer que * A Befana é uma personagem folclórica italiana, uma velha que voa em uma vassoura e, na Noite de Reis, entra pela chaminé das casas e deixa doces e presentes para as crianças boas e pedaços de carvão para as que se comportaram mal. (N. do T.)
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elena ferrante
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você e eu nos enganamos; se, porém, o tiver, seus fios se estenderão até onde for possível, e só nos restará agradecer às leitoras e aos leitores pela paciência por tê-los agarrado e puxado. De resto, não é verdade que as ações promocionais têm um custo? Serei a autora menos cara da editora. Até de minha presença vocês serão poupados. Um forte abraço, Elena
NOTA Carta de 21 de setembro de 1991.
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como a verdadeira e única interioridade do eu. Partilha ainda a angústia de criar uma história e descobrir que não é boa o suficiente, e destaca a importância do universo pessoal
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A R TA S , B I L H E T E S , E N T R E V I S TA S , E N S A I O S , trechos escritos e não publicados — fragmentos
para o processo criativo. Nas trocas de
de uma autora cuja identidade, apesar de não revelada, é
correspondência, nos bilhetes e nas entrevistas,
tão contundente em sua obra que nos dá a impressão de
a autora contempla a relação com a psicanálise,
já conhecê-la, mesmo sem saber quem realmente é. Em
as cidades onde morou, a maternidade, o feminismo e a infância, aspectos fundamentais à produção de suas obras. Frantumaglia é um autorretrato vibrante e
Frantumaglia o véu de mistério que encobre o pseudônimo Elena Ferrante se abre em delicadas frestas que permitem vislumbrar detalhes dos bastidores da vida, obra e do processo criativo de uma das maiores escritoras da atualidade.
pela literatura. Em suas páginas reveladoras,
“Tão instigante quanto as extraordinárias ficções da autora; Fran-
traça, de maneira inédita, os vívidos caminhos
tumaglia aborda questões inconscientes e perturbadoras com aquela
percorridos por Elena Ferrante na construção
mesma intensidade visceral.”
de sua força narrativa.
— THE GUARDIAN “Uma oportunidade de contemplar a presença peculiar e espectral de Ferrante no mundo literário.”
— T H E N E W YO R K T I M E S B O O K R E V I E W “Elena Ferrante criou um universo à parte, um mundo completo, constituído de linguagem, família, gestos, emoções, política e cultura.”
— T H E WA S H I N G T O N P O S T
frantumaglia
íntimo de uma escritora que incorpora a paixão
Elena Ferrante
mental, destroços infinitos que se revelam
“Minha mãe me deixou um vocábulo do seu dialeto que ela usava para dizer como se sentia quando era puxada para um lado e para o outro por impressões contraditórias que a dilaceravam. Dizia que tinha dentro de si uma frantumaglia.”
Elena
Elena Ferrante é uma das vozes mais extraordinárias da literatura contemporânea, autora de preciosidades como A filha perdida, Um amor incômodo e A amiga genial. Um sucesso que se reflete na profusão de
Ferrante
artigos publicados a respeito da escritora e sua obra, não obstante a escolha pela reclusão — ou talvez, justamente por isso. Ao longo das últimas duas décadas, o “mistério Ferrante” habita a imprensa e a mente dos leitores, mas, afinal, quem é essa escritora?
frantumaglia
Nas páginas de Frantumaglia, a própria Elena Ferrante explica sua escolha de permanecer afastada da mídia, permitindo que seus livros tenham vida autônoma. Defende que é preciso
os caminhos de uma escritora
se proteger não só da lógica do mercado, mas também da espetacularização do autor em prol
Elena Ferrante é o pseudônimo
da literatura, e assim partilha pensamentos e
de uma escritora italiana cuja verdadeira
preocupações à medida que suas obras ganham
identidade é desconhecida do público.
mais e mais público.
É autora de diversos livros, entre eles Um amor incômodo, A filha perdida e o infantil Uma noite
Diante das alegrias e dificuldades da escrita,
na praia, publicados pela Intrínseca, além
Ferrante conta a origem e a importância
dos volumes da série napolitana, que a
da frantumaglia para seu processo criativo,
consagrou definitivamente como uma das mais importantes autoras da atualidade.
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um termo do dialeto napolitano que sempre www.intrinseca.com.br
ouvira da mãe — uma instável paisagem
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