TFG Centro de Apoio ao Autista 02/2020

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CENTRO DE APOIO AO

A U T I S T A JÚLIA FERNANDES RIBEIRO ROCHA


JÚLIA FERNANDES RIBEIRO ROCHA

CENTRO DE APOIO AO

A U T I S T A

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito

parcial

Arquitetura

e

para

obtenção

Urbanismo,

pela

de

Universidade

Morumbi. ORIENTADOR: Nathália GERMOLHATO Lembke

SÃO PAULO 2020

Graduação

em

Anhembi


“ a arquitetura so se considera completa com a intervencao do ser humano que a experimenta. � ~

TADAO ANDO, 1941


agradecimentos Agradeço imensamente à todos aqueles que confiaram no meu potencial e capacidade de chegar até aqui, em especial aos pais, Sandra e Maurício, e ao meu irmão Gabriel, que me apoiaram e me deram todo o suporte necessário para tornar tudo isso possível. Obrigada por nunca me deixarem desistir, se cheguei até aqui, foi por vocês! Agradeço também ao meu parceiro de vida e de faculdade, Brenno Pinto, pelo apoio, compreensão, paciência, e principalmente por dividir comigo todos os momentos durante esta jornada. Gratidão as minhas queridas amigas: Carol Bueno, Giovana Sanchez, Júlia Melo, Kathelyn Dias e Lizandra Higa, por compartilharem conhecimentos, experiências e momentos únicos comigo.

À aquelas que não estavam diaramente, mas de alguma forma se fizeram presente durante muitos anos e me acompanharam durante essa e outras conquistas da minha vida: Bárbara Palhoni, Bianca Teixeira, Arianne Constâncio vocês são minha família! Aos meus professores de toda vida, em especial, a minha professora orientadora Nathalia Lembke, que acreditou em mim e me acompanhou até a reta final. À todos: minha eterna gratidão!


´ dedicatORIA Dedico este trabalho a minha prima Natália Luz, portadora do Transtorno do Espectro Autista, que mesmo com todas as suas limitações, ensina todos os dias a mim e a toda família que o amor não precisa de palavras.


Resumo O Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Autismo é um transtorno do desenvolvimento caracterizado por apresentar alterações no comportamento, na interação social e na comunicação. Embora o número de pessoas que possuem o transtorno seja numeroso, a quantidade de instituições que fornecem atendimento adequado é escassa. Diante disso, busca-se como resultado, a criação de um centro de desenvolvimento que ofereça atendimento especializado, destacando a influência da arquitetura em ambientes projetados para esse público, de forma inclusiva e interativa. Nesse sentido, foram utilizados materiais e condutas para desenvolvimento do projeto, buscando independência e qualidade de vida às pessoas autistas. Palavras chaves: transtorno de espectro autista; autismo; transtorno; condutas; influência.

ABSTRACT Autism Spectrum Disorder (ASD) or Autism is a developmental disorder that presents changes in behavior, social interaction and communication. Although the number of people with such disorder is numerous, the number of institutions that provides adequate care is scarce. Therefore, sought as a result, the creation of a development center that offers specialized service, highlighting the influence of architecture in environments designed for this audience, in an inclusive and interactive way. In these sense materials and design conducts were used for the development of the project, searching independence and life quality for autistic people. Key words: autism spectrum disorder; autism, disorder; conducts; influence.


lista de siglas

lista de figuras FIGURA 01 | O AUTISMO P.19

FIGURA 02 | GRAUS DE AUTISMO P.21 FIGURA 03 | INTEGRAÇÃO SENSORIAL P.22 FIGURA 04 | TRATAMENTOS TERAPÊUTICOS P.19 FIGURA 05 | PSICOTERAPIA P.25 FIGURA 06 | PREVALÊNCIA DO AUTISMO P.28 TABELA 01 | INSTITUIÇÕES P.28 GRÁFICO 01 | CLASSIFICAÇÃO DO AUTISMO POR GÊNERO P.29 GRÁFICO 02 | ÍNDICE DE DIAGNÓSTICO POR IDADE P.29 GRÁFICO 03 | ÍNDICE DE TRATAMENTOS REALIZADOS P.29 FIGURA 07 | arq x tea P.31 FIGURA 08 | AMBIÊNCIA E INTEGRAÇÃO SENSORIAL P.32 FIGURA 09 | CONDUTAS DO “THE AUTISM ASPECTS OF DESIGN” P.32 FIGURA 10 | TEXTURA P.33 FIGURA 11 | COR P.33 FIGURA 12 | MOBILIÁRIO ESCOLAR P.34 FIGURA 13 | PLAYGROUND P.34 FIGURA 14 | INCIDÊNCIA DA LUZ NATURAL P.35 FIGURA 15 | TÉCNICA DE ILUMINAÇÃO SENSORIAL P.35

FIGURA 26 | ÁTRIO CENTRAL MAINDEHILL P.50 E 51

FIGURA 52 | PLANTA 1º PAVIMENTO P. 77

TEA: Transtorno do Espectro Autista

figura 27 | cadb p.53

FIGURA 53 | PLANTA 2º PAVIMENTO P. 78

CADB: Center for Autism and The Developing Brain

figura 28 | planta baixa cadb p.54

FIGURA 54 | PLANTA COBERTURA P. 78

DSM-5: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders

FIGURA 55 | FACHADA NORTE P. 79

OMS: Organização Mundial da Saúde

FIGURA 56 | FACHADA SUL P. 79

CID-10: 10° versão da Classiaficação Internacional de Doenças

FIGURA 57 | FACHADA LESTE P. 80

TGD: Transtornos Globais do Desenvolvimento

figura 29 | fachada cadb p. 55 figura 30 | ambientes internos cadb p.56 e 57 figura 31 | TERRENO P.59 FIGURA 32 | LOCALIZAÇÃO DO TERRENO P.61 FIGURA 33 | AMPLIAÇÃO DA LOCALIZAÇÃO P.61

FIGURA 58 | FACHADA OESTE P. 80

FIGURA 34 | TREM DA CANTAREIRA P.62

FIGURA 59 | CORTE AA P. 81

FIGURA 35 | TREM DA CANTAREIRA AOS DOMINGOS P.62

FIGURA 60 | CORTE BB P. 82

FIGURA 36 | MAPA DE USO DO ENTORNO IMEDIATO P.63

FIGURA 61 | CORTE CC P. 83

FIGURA 37 | MAPA DE ZONEAMENTO DE SÃO PAULO P.64

FIGURA 62 | CORTE DD P. 84

FIGURA 38 | MAPA DE QUOTA AMBIENTAL P.64

FIGURA 63 | CORTE EE P.84

FIGURA 39 | MAPA DE CLASSIFICAÇÃO VIÁRIA P.64 FIGURA 40 | MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO P.66 FIGURA 41 | MAPA DE EQUIPAMENTOS NO ENTORNO P.66 FIGURA 42 | MAPA DE CONDOMÍNIOS FECHADOS P.66 FIGURA 43 | MAPA DE MOBILIDADE URBANA P.67

FIGURA 64 | PERSPECTIVA P. 85 FIGURA 65 | PERSPECTIVA SALA MULTISENSORIAL P. 86 e 87 FIGURA 66 | PERSPECTIVA SALA DE DESCOMPRESSÃO P. 88 e 89 FIGURA 67 | PERSPECTIVA ZONA DE ESCAPE P. 90 e 91

FIGURA 44 | MAPA DE FAIXA EXCLUSIVA DE ÔNIBUS P.67

FIGURA 68 | TETRIS P. 92

figura 45 | PROJETO P.69

FIGURA 69 | PLANTA TETRIS P. 92

figura 46| setorização explodida P.70 PLANTA TERREO P.77

FIGURA 70 | TÚNEL P. 92

grafico 04 | organograma p.72

FIGURA 71 | PLANTA TÚNEL P. 92

figura 47 | CONCEPÇÃO DA VOLUMETRIA P.73

FIGURA 72 | PERSPECTIVA PLAYGROUND P. 93

FIGURA 48 | croqui P.74

FIGURA 73 | PRÉ-DIMENSIONAMENTO LAJE COGUMELO P. 94

figura 22 | imagens externas p.44 e 45

FIGURA 49 | VOLUMETRIA explodida P.74

FIGURA 74 | DETALHAMENTO CONSTRUTIVO P. 94

figura 23 | estudo de caso: maindehill p.47

FIGURA 50 | IMPLANTAÇÃO P.76

FIGURA 75 | PERSPECTIVA EXTERNA P. 95

figura 24 | SETORIZAÇÃO MAINDEHILL P.48

FIGURA 51 | PLANTA TERREO P. 77

figura 16 | referências p.37 figura 17 | st. coletta of greater p.39 figura 18 | mapa de localização p.40 figura 19 | plantas baixas p.41 FIGURA 20 | FACHADA ST. COLETTA OF GREATER P.42 E 43 figura 21 | ambientes internos p.44

FIGURA 25 | PLAYGROUND MAINDEHILL P.49

CID-11: 11° versão da Classificação Internacional de Doenças ABA: Análise do Comportamento Aplicado TEACCH: Tratamento e Educação para Autistas e Crianças PECS: Picture Exchange Communication System CIAAC: Centro de Inclusão e Apoio ao Autista de Guarulhos AMA: Associação de Amigos do Autista IRC: Índice de reprodução de cor EVA: Ethylene Vinyl Acetate ZCOra: Zona de Corredor de Proteção e Recuperação Ambiental


SUMaRIO

01

03

05

P R O J E TO

REFERÊNCIAS

AUTISMO

CONCEPÇÃO DA VOLUMETRIA CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

3.1 ST. COLETTA OF GREATER 3.2 Maidenhill Primary 3.3 CADB

1.1 tratamentos terapêuticos 1.2 PREVALÊNCIA DO AUTISMO

02 ARQ X TEA

04

O TERRENO 4.1 ESCOLHA DO LOCAL 4.2 área de inserção projetual

06

CONSIDERAÇÕES FINAIS


introducao ~

O Transtorno do Espectro Autista se caracteriza por uma desordem no desenvolvimento, podendo afetar o comportamento, a interação social e a comunicação. É um problema psiquiatrico geralmente identificado na infância, embora os sintomas apareçam já nos primeiros anos de vida, podendo ser classificado em: grau leve, moderado e severo. O distúrbio afeta a comunicação e a capacidade de aprendizado e adaptação da criança, com grande dificuldade em relações sociais e demonstram viver em um “mundo” isolado. Apesar de não haver cura para o autismo, existem diversos tratamentos a serem aplicados de forma multidisciplinar, visando desenvolver a independência do indivíduo, além de tratar questões de ansiedade, agressividade e inclusão social. Por se tratar de pessoas que possuem sensibilidade diferenciada, podendo ser hipersensíveis ou hiposensíveis, a arquitetura contribui com ambientes

especializados de acordo com as necessidades dos usuários, aumentando o desempenho e colaborando com a sua evolução. É necessário compreender características e comportamentos dos indivíduos com TEA para projetar espaços adequados que acolham e possibilitem o atendimento necessário. Sendo assim, foi realizada uma pesquisa de levantamento direcionada aos familiares de autistas, a fim de analisar e obter informações referente ao diagnóstico, rotina de tratamentos e faixa etária. Portanto, o projeto do Centro de Apoio ao Autista, objeto desta pesquisa, oferece tratamento profissional abrangente, proporcionando um ambiente projetado, capaz de promover a evolução através de espaços flexíveis e agradáveis para os usuários, contemplando a conciliação da arquitetura sensorial com a natureza do local onde se insere, possibilitando assistência a todos os níveis, desde o mais ameno ao mais elevado.


figura 01 - o autismo. fonte: shutterstock acesso em: 19/04/2020. adaptado pela autora.

autismo

01.


Segundo o Oxford English Dictionary, a palavra “autismo” derivase do grego “autos” e significa “voltar-se para sí mesmo”, utilizada na criação de critérios para a realização de um diagnóstico de

CID-10 que traz várias classificações inseridas nos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD), como: Autismo Infantil, Autismo Atípico, Síndrome de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância,

Esquizofrenia. Esses critérios ficaram conhecidos como “os quatro A’s”, referindo-se a: associações no processo do pensamento, ambivalência, autismo, atenção prejudicada, palavras as quais são muito relacionadas ao comportamento autista (SINISGALLI, 2003). O Transtorno do Espectro Autista (TEA), também chamado de Desordens do Espectro Autista, pode manifestar-se nos primeiros meses de vida, ficando ainda mais evidentes aos três anos de idade, e tendem a permanecer na idade adulta, oriundo de causas ainda não conhecidas. As características presentes no indivíduo autista estão relacionadas a socialização, comunicação e aspectos sensoriais. A linguagem é um os fatores mais prejudicados, sendo que, de 20% a 30% dos autistas nunca desenvolvem a fala. Além disso, o disturbio do sono e alimentação, e inflexibilidade a rotina são características muito presentes (KLIN, 2006). Essas características não são obrigatórias e não se desenvolvem igualmente em todos os autistas, portanto, o TEA é especificado em grupos a partir da classificação do nível, conforme Manual do Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais - DSM.

Transtorno com Hipercinesia Associada a Retardo Mental e a Movimentos Estereotipados, Síndrome de Asperger, Outros TGD e TGD sem Outra Especificação. A versão mais atualizada desse código entrará em vigor no ano de 2022, com a sigla CID-11, que une todos os diagnósticos do TEA diferenciando-os em: Grau leve, Grau moderado e Grau severo (PAIVA, 2018).

O DSM-5, órgão de publicação da OMS, reuniu em 2013 todos os transtornos considerados do espectro autista em apenas um diagnóstico, classificado como TEA. Nele está inserido o código 20

Figura 02 - Graus de Autismo.

grau

leve

grau

moderado

grau

severo

O problema de comunicação pode ser percebido, mas não é impecilho para que a pessoa interaja socialmente e nem deixe de desempenhar funções.

As deficiências de linguagem são aspectos muito comuns. As pessoas com autismo moderado também podem apresentar algum transtorno de comunicação.

Considerado o nível mais sério. Nele a pessoa tem

problemas

para

se

expressar,

habilidades

cognitivas baixas, inflexibilidade comportamental e tende mais ao isolamento.

Fonte: entendendo autismo. Acesso em: 17/04/2020. Adaptado pela autora.

21


TEA percebem-o de forma fragmentada. A dificuldade de perceber os sentidos de forma conjunta e de interpretá-los, está relacionada a integração sensorial. Esse déficit pode se manifestar de forma hiposensível ou hipersensível, e é capaz de gerar diversos comportamentos no autista. As crianças hiposensíveis criam experiências sensoriais por prazer ou bloqueando estímulos que não as agradam, já as hipersensíveis sentem uma sobrecarga de informações e estímulos sensoriais (GARAVELO, 2018, p. 08).

1.1

^ Tratamentos terapeuticos

O acompanhamento de especialistas deve ser constante na vida do autista, sendo extremamente necessário para a evolução gradativa do portador. Os tratamentos devem ser conciliados, de forma que os profissionais tenham contato entre eles, facilitando o desenvolvimento do paciente. Para obter um resultado positivo, é importante integrar tratamentos terapêuticos, medicamentosos e pedagógicos, estimulando as áreas de maior dificuldade do autista. A

variedade

de

terapias,

voltadas

para

o tratamento do autismo, se deve as diversas características

que

apresentam

e

grande

diferenciação na apresentação dos casos (...) cada uma atende a uma necessidade específica (AUTISMO, Ministério da Saúde Casa do Autista, 2000, p. 16).

O déficit na integração sensorial nos autistas faz com que os sentidos se manifestem de forma confusa.

Para que haja inclusão e um melhor desenvolvimento, é importante que os tratamentos sejam realizados juntamente com o estudo regular, conforme o Projeto de Lei PL-5.749/2016, no qual acrescenta à Lei 12.764/2012, art. 03°, “os estabelecimentos de ensino das Redes Públicas e Privadas de Educação ficam obrigados a incluírem em seu ensino regular crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro do Autista”.

Figura 03 - Integração sensorial. Elaborado pela autora.

22

23

Figura 04 - TRATAMENTOS TERAPÊUTICOS. Fonte: shutterstock. Acesso em: 17/04/2020. Adaptado pela autora.

Enquanto os neurotípicos tem a capacidade de perceber o espaço com base nos sentidos de forma coletiva, os indivíduos com


T E A C C H ( T r ata m e n t o e E d u c a ç ã o pa r a A u t i s ta s e C r i a n ç a s )

A psicoterapia é o atendimento realizado por um psicólogo com a finalidade de tratar questões pessoais, tais como dificuldades emocionais, comportamentais, cognitivas, etc. (ALVES, 2016) A terapia tem como principal objetivo desenvolver habilidades para que os portadores participem de modo independente das atividades comuns, tornando os ambientes mais inclusivos. A proposta do psicoterapeuta é apresentar técnicas

O método TEACCH estuda o ambiente e sua adaptação, facilitando sua compreensão em relação a suas tarefas e rotina , tornando-a o mais independente possível dentro dos limites do seu quadro clínico. É um modelo de intervenção com o objetivo de promover respostas eficazes e benefícios quanto ao aprendizado.

de acordo com cada quadro clínico, podendo ser ABA, TEACCH e/ou PECS, que facilitam a análise e a intervenção em adversidades que influenciam no comportamento e nos transtornos mentais do paciente, além de estimular o autoconhecimento através de suas próprias ações. A participação da família no desenvolvimento do autista também é de extrema importância, portanto, o acompanhamento psicológico familiar, neste caso, é fundamental, pois além de fornecer tratamento, o psicólogo fornece conhecimento e explicações sobre o autismo, trazendo consequentemente maior aceitação e melhore resultados.

imagens (...) como forma de indicar a rotina e/ou

24

O TEACCH trabalha com recursos visuais e estrutura do ambiente. (...) Portanto, o TEACCH crê na aquisição de conceitos advindos de sinalizar a comunicação. (ISHKANLAN, 2017, p. 23)

PEC S (Sistema de C omun i cação por Troca de Figuras) O método PECS é focado no desenvolvimento da comunicação dos portadores de TEA. Trata-se de uma intervenção aumentativa e alternativa, que estimula a iniciação da comunicação não necessariamente de forma verbal, mas por meio de figuras ou demonstrações, o que ajuda no entendimento com seus interlocutores.

ABA (Análise Aplicado)

do

C o m p o r ta m e n t o

A linha de trabalho ABA determina comportamentos que devem ser ensinados nas áreas de comunicação , habilidades sociais e acadêmicas, autocuidados e coordenação motora. (AGUIAR, 2017) É uma abordagem da psicologia que visa compreender o comportamento do autista. Baseia-se no ensino de habilidades e comportamentos alvo para resultar na independência do portador, diminuindo a frustração ao demonstrar a capacidade de responder corretamente aos ensinamentos, gerando motivação e o prazer de aprender. A Associação para a Ciência do Tratamento do Autismo dos Estados Unidos, afirma que a terapia ABA é o único tratamento que possui evidência científica suficiente para ser considerado eficaz. (SETÚBAL, 2018).

Figura 05 - psicoterapia. Fonte: shutterstock. Acesso em: 19/04/2020. Adaptado pela autora.

PSICOTERAPIA


equoterapia

fonoterapia A linguagem dos portadores de TEA é geralmente muito comprometida, e para tratar esse distúrbio, é necessário o acompanhamento do fonoaudiológico, que tem como propósito adaptar a pessoa com autismo à educação e à sociedade. A Terapia fonoaudiológica é constituída por uma série de ações que envolvem a seleção, a indicação e a aplicação de métodos, técnicas e procedimentos terapêuticos, adequados e pertinentes às necessidades e características do paciente, por meio de avaliação específica, para habilitação ou reabilitação da linguagem , escrita, voz, fluência da fala e/ ou função aditiva (GOVERNO DO BRASIL, 2019). Além de colaborar como um tratamento gradativo, pode contribuir também com o processo diagnóstico, ao identificar sinais precoces que dão indícios de Transtorno do Espectro Autista.

26

A equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo buscando o desenvolvimento de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. Por serem animais extremamente sociáveis, que irão responder a estímulos humanos muito sutis, os cavalos passam a ser uma alternativa produtiva de auxílio terapêutico para crianças e

adolescentes

portadores

do

transtorno,

visto que é no contexto das relações sociais que emergem a linguagem, o desenvolvimento cognitivo, o autoconhecimento e o conhecimento do outro (BENDER; GUARANY, 2016).

O uso do cavalo, no que se refere a reabilitação física, decorre dos seus movimentos repetitivos e ritmados que consequentemente são passados ao paciente. A partir da relação entre o cavalo e o paciente, o tratamento apresenta efeitos positivos quanto a evolução e desenvolvimento da força muscular, equilíbrio, postura, ritmo, flexibilidade, coordenação motora e principalmente da socialização, além de aprimorar a auto-confiança e realizar a reeducação respiratória.

musicoterapia Devido

ao processamento sensorial diferenciado dos portadores de TEA, através da musicoterapia o autista participa passivamente ou ativamente desenvolvendo a autoestima e melhorando sua comunicação de forma verbal ou não verbal. A musicoterapia é considerada modalidade terapêutica que utiliza a música como meio de comunicação e possibilita o tratamento de problemas e necessidades físicas, mentais, emocionais, cognitivas e sociais. É aplicada com o intuito de estimular movimentos e organizar os pensamentos, favorecendo a comunicação e interação com a sociedade. Na prática, os pacientes são atendidos em um ambiente onde instrumentos musicais e recursos sonoros são dispostos para uso durante o ato terapêutico. Esse espaço é preparado de acordo com a necessidade do paciente.

hidroterapia A Hidroterapia é facilitadora no processo de desenvolvimento psicomotor do autista, principalmente em seus primeiros anos de vida, considerada também como um tratamento terapêutico individualizado de forma que melhora a qualidade de vida, gerando certa independência e ganho de confiança. Na prática, são usados pictogramas para motivar o comportamento funcional, bem como o sequenciamento de atividades que a criança realiza dentro d’água com a ajuda do terapeuta, onde é aplicado um trabalho voltado ao desenvolvimento da coordenação motora, flutuação ventral e dorsal e fundamentos iniciais da natação, relaxamento, ambientação e vivência com o meio líquido bem como diversas atividades recreativas (LEITE, 2014).

27


Tabela 01 - Instituições

Número de instituições existentes e número de instituições do mesmo porte necessárias para atender à população Região

4 MENINOS PARA 1 MEnIna Figura 06 - Prevalência do autismo. Elaborado pela autora.

28

Instituições existentes

Número de assistidos

População autista

Instituições necessárias

CO

8

178

87.112

3.915

NE

13

393

98.367

3.254

N

6

173

329.084

9.435

SE

67

2.302

498.193

14.2833

S

12

234

169.786

8.707

TOTAIS

106

3.280

1.182.543

39.594

SP

47

1.835

255.763

6.410

Fonte: https://www.ama.org.br/site/wp-content/uploads/2017/08/ RetratoDoAutismo.pdf Acesso em: 17/04/2020. Adaptado pela autora.

questionário por meio do Google Forms de forma anônima, direcionado a familiares de autistas. A pesquisa foi respondida por aproximadamente 1.000 pessoas, com a finalidade de encontrar dados estatísticos e comparativos. O diagnóstico do autismo é clínico e quanto mais cedo for realizado, maiores serão as oportunidades de tratamento e as possibilidades de desenvolvimento. Sendo assim, conforme resultado da pesquisa realizada, nota-se que a maioria dos casos são do sexo masculino com prevalência de idade entre 0 a 5 anos e diagnóstico até os 3 primeiros anos, conforme o Gráfico 01 e 02: C l a s s i f i c a ç ã o d e au t i s m o p o r g ê n e r o 83,3%

0 a 3 anos 34,2%

4 a 8 anos 9 a 12 anos 13 a 15 Anos + 15 Anos

5,9% 1,4% 1,7%

Gráfico 02 - Índice de diagnóstico por idade. Fonte: Autora, pesquisa anônima por meio do Google Forms.

A partir do Gráfico 03, é possível observar que apesar de todos os tratamentos serem de extrema importância e gerar melhores resultados quando conciliados, no Brasil a psicoterapia e a fonoterapia se sobressaem como os tratamentos mais realizados, enquanto a hidroterapia, equoterapia e musicoterapia apontam menos de 20% de utilização, o que provavelmente acontece devido ao alto custo e a escassez de instituições que os ofereçam.

17,7%

íND I CE DE TRATAMENTOS REAL I Z ADOS 70,7%

masculino

55,8%

68,5%

feminino

51,5%

Gráfico 01 - Classificação de autismo por gênero. Fonte: Autora, pesquisa anônima por meio do Google Forms.

8,8%

10,3%

13,3%

Outros

1 autista

Para a realização desse trabalho, foi elaborado um

Í ND I CE DE D I AGN Ó ST I CO POR I DADE

Hidroterapia

68 nascimentos

pesquisa de levantamento

Equoterapia

No Brasil, os dados mais recentes, de 2018, apontam um caso de autismo para cada 68 nascimentos, ainda sendo estatisticamente mais comum nos meninos - em uma proporção de 4 meninos para 1 menina. Como no Brasil, não há estudos fidedignos de prevalência, em uma população em torno de 200 milhões, estima-se que haja cerca de 2 milhões de crianças com TEA (MORAES, 2019; LOUREIRO, 2015).

A quantidade de pessoas com o TEA tende a crescer, não necessariamente pelo aumento de casos, mas pela eficiência no diagnóstico. No entando, no Brasil, apenas 10% dos portadores são diagnosticados de fato, o que interfere diretamente na possibilidade do autista ser mais funcional (LOUREIRO, 2015). De acordo com a Presidente do CIAAG (Centro de Inclusão e Apoio ao Autista de Guarulhos), ainda existe uma carência em relação ao número de instituições para atender toda população autista do país. Conforme pesquisa realizada pelo AMA (Associação de Amigos do Autista), tendo em vista os 2 milhões de pessoas com TEA, o Brasil necessitaria em torno de 40 mil instituições encarregadas de atender a população, sendo 6.410 no estado de São Paulo (MELLO; DIAS; ANDRADE, 2013, p. 43).

Fonoterapia

pRevalencia do autismo

Psicoterapia

1.2

Gráfico 03 - Índice de tratamentos realizados. Fonte: Autora, pesquisa anônima por meio do Google Forms.

29


30 Figura 07 - Fonte: arq x tea. Acesso em: 25/09/2020. Adaptado pela autora.

arq x tea

02.


Terapias comportamentais podem colaborar no desenvolvimento de crianças autistas, portanto, acreditase que ambientes especiais também podem contribuir com essa evolução, a partir da arquitetura de escolas, espaços terapêuticos e de tratamento. A psicologia ambiental tem como objetivo influenciar sentidos, percepções e comportamentos, além de auxiliar, através da arquitetura, nas atividades e necessidades do local onde se insere.

Portanto, foram utilizadas as condutas citadas no “The Autism Aspects Of Design” como referência para desenvolvimento deste trabalho, adotadas para a evolução dos autistas através de ambientes sensoriais. Figura 09 - Condutadas do “The Autism Aspects Of Design”

acÚstica

O nível do controle acústico propõe que o mínimo de ruído, eco e reverberação aconteçam no ambiente, podendo interferir no foco necessário do autista.

ORDENAMENTO

Exige que exista uma ordem lógica, com rotina e programação horária, com o mínimo de distrações e perturbações.

Figura 08 - Ambiência e integração sensorial

escape space psicologia ambiental

+

AMBIÊNCIA

INTEGRAÇÃO SENSORIAL

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES

Fonte: Elaborado pela autora.

Para desenvolvimento deste trabalho, foi pesquisado sobre a arquiteta canadense Magda Mostafa, conhecida pelo seu trabalho e estudo da arquitetura e design voltado para o universo autista, em 2008 criou um documento chamado “The Autism Aspects Of Design” que complementa sua pesquisa sobre ambientes construídos para a inclusão do autismo. O ambiente construído é um fenômeno multissensorial, e é de fundamental importância compreender o espaço como um autista para propor um local de qualidade.

32

Esse espaço de escape deve ser um ambiente sensorial, neutro e silencioso, visando diminuir a superestimulação do autista.

divisões

Esse critério também está relacionado a organização e rotina, separando o edifício em compartimentos, cada um com sua devida função.

transições

As zonas de transição poder ter várias formas, podendo indicar mudança ou ter função de recalibração sensorial.

zoneamento

segurança

Essa conduta propõe que os ambientes construídos especialmente para os autistas, sejam separados em níveis de estímulo e sensibilidade. A segurança é de extrema importância e deve ser muito bem analisada ao ser aplicada, podendo ser adotada no design de interiores, evitando quinas e situações que coloquem as crianças em risco.

Fonte: http:/www.autism.archi/aspectss. Acesso em: 20/03/2020. Adaptado pela autora.

Estimulacao sensorial A ambiência tem um papel importante ao projetarmos para crianças com TEA, pois nela é possível expressar os sentidos humanos por meio de texturas, sons, cores, iluminação e dimensões, que são elementos capazes de auxiliar no desenvolvimento de níveis de estímulos sensoriais, afetando o comportamento e comunicação entre o indivíduo e o espaço.

textura e cor As texturas e as cores têm uma importante função e podem estar relacionados à identidade visual, de forma que os elementos compõem os espaços, desenvolvendo a memória visual do autista, podendo ser a partir da criação de caminhos, ambientes ou mobiliários. Além disso, o uso desses elementos permite trabalhar habilidades cognitivas e sociais do indivíduo. As pessoas com o TEA são muito influenciadas por algumas cores, por este motivo, devem ser utilizadas de forma coerente com os estímulos pretendidos e com cautela, pois assim como trazem a possibilidade de aproximação do autista, podem afastá-lo completamente do local. A cor amarela, por exemplo, estimula o bom-humor e a socialização, enquanto a cor azul incentiva a comunicação verbal, assim como tranquiliza e equilibra as pessoas (DR. CLAY BRITES, 2020).

Figura 10 - Textura. Fonte: encurtador.com.br/erQTZ Acesso em: 25/04/2020

Figura 11 - Cor. Fonte: https://www.archdaily.mx/ Acesso em: 25/04/2020

33


c on forto acústi c o, lum í n i c o e térm i c o Segundo Taube (2009) a exposição ao ruído pode causar várias manifestações sistêmicas prejudiciais ao autista. Portanto, a qualidade acústica dos ambientes terapêuticos é importante. Sendo assim, a materialidade tem papel significativo quando está relacionada a absorção acústica.

m o b i l i á r i o , l ay o u t e e s pa ç o s Os mobiliários e o layout devem estar relacionados diretamente com a segurança e funcionalidade, a partir da possibilidade de criar barreiras e dificultar o acesso a certas ferramentas e locais. Os mobiliários por exemplo devem possuir cantos abaulados, sem quinas afiadas, e sua disposição deve ser feita de maneira organizada, uniforme e espaçosa, sem exageros, pois podem ser vistos como obstáculo e causar confusão mental, principalmente para os hipersensíveis. Por isso, é de extrema importância que todos os espaços sejam estudados e projetados adequadamente, seguindo os critérios encontrados na NBR 9050 de Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.

Figura 12 - Mobiliário escolar. Fonte: encurtador.com.br/rJKNZ Acesso em: 04/05/2020

FIgura 14 - Incidência da luz natural. Fonte: archdaily.mx/ Acesso em: 04/05/2020

ar livre O espaço externo e ao ar livre, promove a relação do indivíduo com o meio ambiente e proporciona a sensação de liberdade e independência. Possibilitar a relação do ambiente interno com o externo, estimula o desenvolvimento da consciência corporal e ambiental, além das relações sensoriais promovidas, de forma visual ou apropriativa. Figura 13 - Playground. Fonte: encurtador.com.br/JPSX5. Acesso em: 04/05/2020

34

Figura 15 - Técnica de iluminação sensorial. Fonte: encurtador.com.br/grG35. acessi em: 04/05/2020

A interação a partir da iluminação pode proporcionar a realização de diversas atividades, fazendo com que o indivíduo tenha novas percepções sensoriais e principalmente visuais. A luz como elemento de estimulação sensorial deve ser aplicada com cuidado, já que quando usada de forma intensa ou equivocada, pode gerar incômodo. À vista disso, é fundamental a incidência da luz natural nos ambientes, trazendo a visão nítida do mundo. O conforto térmico mantém a temperatura e a qualidade interna dos ambientes. A ventilação natural cruzada é um dos elementos mais indicados para promover o conforto, já que esta promove a renovação do ar constantemente. Geralmente a ventilação natural é utilizada em conjunto com a ventilação forçada, que deve ser promovida a partir de equipamentos com o menor ruído possível. O conforto também é gerado a partir dos materiais aplicados, tanto nas vedações e brises, quanto revestimentos internos, como o carpete e o E.V.A são muito utilizados no interior, promovendo a absorção do som. 35


36 Figura 16 - REFERÊNCIAS. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/ Acesso em: 19/04/2020. Adaptado pela autora.

referencias

03.


Arquiteto: Michael Graves Ano: 2006 Localização: Washington, D.C Área: 30.000m ²

3.1

estudo de caso S T. C O L E T TA O F G R E AT E R

O presente tema tem como propósito principal estudar a influência da arquitetura no desenvolvimento das pessoas com TEA. Portanto, para um melhor entendimento do tema, optou-se pela St. Coletta of Greater como estudo de caso, que se tornam referência quanto ao programa de necessidades, setorização, materialidade e outros elementos primordiais para o desenvolvimento do projeto proposto. 38

Figura 17 - St. Coletta Greater. Fonte: encurtador.com.br/hipZ7. Acesso em: 19/04/2020 39


PLANTA BAIXA PAVIMENTO TÉRREO

A St. Coletta School foi fundada em 1959 por pais de uma criança com Sindrome de Down, que tiveram que lidar com a luta de encontrar um sistema educacional que atendesse as necessidades do filho. Em 1996, foi comprada uma instalação permanente em Alexandria, para que fosse possível crescer e iniciar um programa de atendimento a adultos. E por fim, em 2006 foi projetado o campus em Washingon, atendendo estudantes de 3 a 22 anos de idade, diagnosticados com deficiências intelectuais, autismo ou deficiências múltiplas. O programa oferece educação especial conciliada com terapias e tratamentos, visando o desenvolvimento e inclusão social dos estudantes. Está localizada em Washington, D.C, nos EUA, em uma área de transição entre uma comunidade residencial e uma zona institucional, estratégicamente inserido na intersecção de duas vias importantes com alto fluxo de veículos, ramificadas por vias de menor fluxo, as quais contam com paradas de ônibus e com estação de metrô Stadium Armony a menos de 100m da instituição.

40

05

05 GINÁSIO

09 ESCADA

02 ADM.

06 “CASA”

10 ACESSO

03 CORREDOR

07 SALA DE AULA

04 PÁTIO

08 SALA DE TERAPIA

W.C.

03 03

04

07

09

Cada casa tem um plano semelhante de

06

07

01

02

07

06

07

10

08

de cima. Mas o mais importante é que cada

10

03

uma sala comum reservada por uma sala de aula e com uma cozinha de ensino no andar

01 ENTRADA

09

O partido arquitetônico foi adotado com o artifício de projetar as salas de aula em forma de casas, se relacionando com a arquitetura das casas geminadas do bairro. Graves acredita que tornar o ambiente mais familiar pode auxiliar na transição da casa do aluno para a escola.

07

06

07

08 07

06

07

07

06

07

uma das casas é codificada por cores - cada

PLANTA BAIXA PAVIMENTO SUPERIOR

casa tem uma paleta de cores identificável que permite aos alunos identificar sua “casa” (MILLER, 2007).

Figura 18 - Mapa de localização. Elaborado pela autora sem escala alto fluxo baixo fluxo ponto de ônibus estação de metrô

O projeto possui um salão central com pé direito duplo, o qual dá acesso as salas de aula, organizadas para atender os alunos por faixa etária. O programa de necessidades inclui também espaços para tratamento, centro de fisioterapia, sala de hidroterapia, salas para o estudo de arte e música e salas sensoriais para estimular os alunos com luzes, cores e sons, além de instalações como enfermaria, cozinha, ginásio e serviços administrativos.

03

01 ENTRADA

05 GINÁSIO

09 ESCADA

02 adm.

06 “CASA”

10 ACESSO

03 CORREDOR

07 SALA DE AULA

04 PÁTIO

08 SALA DE TERAPIA

07

06

08

07

08

08

08

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W.C.

06

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06

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09

07

06

07

07

06

07

08

Figura 19 - Plantas baixas. Fonte: encurtador.com.br/hipZ7. Acesso em: 20/04/2020.

41


através das formas e cores, tornando os ambientes adequados e convidativos para as pessoas que os utilizam.

SISTEMA ESTRUTURAL A forma do projeto foi construída em estrutura metálica para facilitar sua horizontalidade e vencer grandes vãos com pilares de aço, vigas e lajes nervuradas. Na construção telhado também foi utilizado o material metálico.

TÉCNICAS CONSTRUTIVAS O arquiteto consegue transmitir para os usuários diversas sensações que cumprem função específica de orientação e identificação do espaço. As salas de aula, estão localizadas na fachada leste e oeste simétricamente, e assim como todos os outros ambientes, possuem pé direito duplo, dando a sensação de amplitude espacial.

ILUMINAÇÃO Graves pouco utilizou a iluminação natural, porém, no salão central é possível notar clarabóias distribuídas, permitindo a entrada da luz solar no momento em que o sol se encontra a pino, proporcionando a combinação da luz natural com a artificial, melhorando o conforto visual e térmico dos usuários. 42

Figura 20 - St. Coletta Greater. Fonte: encurtador.com.br/hipZ7 Acesso em: 20/04/2020.

43

Adaptado pela autora.

A singularidade do design representa a estética pós-moderna, com o intuito de proporcionar harmonia

Figura 20- fachada st. coletta of greater. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/ Acesso em: 19/04/2020.

DESIGN


Figura 21 - Ambientes internos. Fonte: encurtador.com.br/hipZ7. Acesso em: 20/04/2020.

44

Figura 22 - Ambientes externos. Fonte: encurtador.com.br/hipZ7. Acesso em: 20/04/2020. Adaptado pela auto

45


Escritório: BDP Ano: 2019 Localização: Reino Unido, Newton Mearns

3.2

projeto de referencia MAINDENHILL

Como referência projetual para a proposta presente neste trabalho, destacam-se a materialidade, a relação do interno com o externo, o uso de cores frias e a sinuosidade da escola, elementos que trazem leveza para o projeto, visando a qualidade e eficácia das atividades realizadas no dia a dia, atendendo as necessidades espaciais e sensoriais dos alunos. 46

47 Figura 23 - ESTUDO DE CASO Maindenhill. Fonte: encurtador.com.br/bdqL6 Acesso em: 02/05/2020


SUSTENTABILIDADE

A Maidenhill Primary School & Nursery foi fundada em 2019 e está localizada em um novo bairro residencial, na Townhead Road, em Newton Mearns. O programa da escola abrange grande variedade de interatividade e está dividido em dois espaços, sendo um para o berçário e outro para o primário, de forma a organizar e zelar a segurança dos alunos. A edificação do berçário tem forma circular e foi projetado em volta de uma “casa na árvore” elevada. Essa integração com o meio externo faz parte do partido arquitetônico, fazendo com que a natureza permeie por toda a escola, sendo reproduzida em materiais, formas e cores. A combinação de formas geométricas e o design da arquitetura da escola é destaque onde está inserida e acompanham a limitação do terreno. A horizontalidade do projeto e sua forma ornamental são características que harmonizam a edificação com seu entorno. O interior da escola conta com ambientes espaçosos e flexíveis, proporcionando espaços sociais, como salas de aula e auditório, e espaços de refúgio, conhecidos como “bolsos de parede”, para aprendizado individual e redução de superestimulação da criança. 48

A Escola obteve o certificado de desempenho energético (EPC) classificação A, devido as seguintes medidas sustentáveis aplicadas no projeto: Telhado com mais de 400m² de painéis solares; Aplicação de luzes de emissão de baixa energia e acessórios de baixo consumo de água; Um jardim para produção de alimentos e a coleta de água na área de recreação aquática das crianças foram criados como ferramentas de aprendizado;

lazer/estudos administrativo estudo

MADEIRA

0 10 20M

eventos serviços

Os

acabamentos em madeira em conjunto com as cores frias tanto na fachada quanto nos ambientes internos, trazem leveza, sensação de aconchego e criam um ambiente harmonioso com a paisagem natural de seu entorno. A combinação da estrutura de alvenaria com os acabamentos em madeira contribuem para a sinuosidade da forma.

circ. horizontal circ. vertical

VIDRO

lazer/estudos

O uso do vidro como vedações e elemento utilizado na fachada da escola reduz o consumo energia elétrica, permitindo a entrada da luz natural, além de proporcionar um efeito estético elegante e marcante, e permitir a integração do espaço interno com o externo.

0 10 20M

administrativo estudo serviços circ. vertical Figura 24 - Setorização. Fonte: encurtador.com.br/bdqL6. Acesso em: 05/05/2020. Adaptado pela autora. Figura 25 - Playground Maindenhill. Fonte: encurtador.com.br/bdqL6. Acesso em: 05/05/2020.

49


Figura 26 - รกtrio Central. Fonte: encurtador.com.br/bdqL6. Acesso em: 05/05/2020.

50

51


Escritório: daSILVA Ano: 2013 Localização: White Plains, NY Área: 1.811,6 M ²

3.3

projeto de referencia CADB

Como referência projetual para este trabalho, destaca-se a preocupação do arquiteto em atender as necessidades de todos os pacientes do CADB, através de estratégias de setorização sensorial e aplicação de materiais que proporcionem o conforto físico e psicológico de todos os usuários. Seu programa de necessidades é abrangente, visando a evolução conjunta do paciente e de seus familiares. 52

Figura 27 - CADB. Fonte: encurtador.com.br/fzGY7. Acesso em: 08/05/2020 53


ILUMINAÇÃO

O center for autism and the developing brain está situado na Rua 21 Bloomigdale, na cidade de White Plains. Encontra-se nas imediações do New York Presbytherian Hospital Westchester Division, em uma localização afastada do centro da cidade, conta com grande área verde em sua envoltória, criando, portanto, um cenário sereno e pacífico para o projeto. O foco do centro é o diagnóstico e o tratamento para autistas através da metodologia TEACCH. A partir do design de interiores, utiliza-se a semelhança de ambientações do dia a dia na cidade, como a representação de céu e volumes caracterizando bancos, parques e jardins, posicionados entre circulações e caminhos abertos.

A iluminação se tornou um elemento importante no projeto devido a sensibilidade dos autistas. Para o CADB, a DaSilva Arquitetos escolheu misturar fontes naturais e artificiais para iluminar os espaços. As aberturas envidraçadas de 1,5m de peitoril, trazem a luz natural para os ambientes. No caso da iluminação artificial, optouse pelo uso de luminárias de teto e parede, podendo controlar a temperatura dependendo da sensibilidade e reação dos pacientes.

O programa do projeto conta com um ginásio nomeado

de “vila de tratamento”, o qual é considerado uma diretriz de design chamada “zona de transição”, espaço projetado para a recalibração dos sentidos dos usuários quando se deslocam de um ambienta para outro. Essa centralidade dá acesso as salas de atividades, consultas, suporte familiar e serviços clínicos de especialidade terapêutica.

ACABAMENTOS E ACÚSTICA Pensando no conforto dos usuários, foram aplicados materiais naturais e cores em tons pastéis proporcionando leveza e sutilidade ao projeto. Muitos ruídos podem se tornar um incômodo ou motivo de distração para os pacientes da CADB, por este motivo, foram aplicadas algumas técnicas: carpetes absorventes nos pisos; painéis de amortecimento nas paredes; pisos de borracha em ambientes úmidos; pisos de cortiça em áreas públicas. Além disso, todos os equipamentos técnicos foram colocados em uma “cabana”, eliminando os ruídos nos ambientes.

Dada a sensibilidade que muitas crianças sentem ao seu redor, esses tipos de elementos sem escala

familiares de design eram essenciais. Os intermináveis ​​ administrativo

ZONA DE TRANSIÇÃO

e clínicas, que se estendem por um corredor de

SALAS DE TERAPIA

CIRCULAÇÃO

portas indistinguíveis, podem provocar confusão e

SALAS DE TERAPIA EM GRUPO

SERVIÇOS

corredores

institucionais

de

muitos

hospitais

até terror em pacientes jovens, de acordo com a pesquisa de base da DaSilva. (BROWNLEE, 2016)

54

As

persianas

solares,

por

exemplo,

controlam as sombras mais severas produzidas pela luz natural que flui através das amplas janelas (...) Até as luzes LED contribuem para

Figura 28 - Planta baixa CADB. Fonte: encurtador.com.br/fzGY7. Acesso em:08/05/2020. Adaptado pela autora.

o silêncio, eliminando o zumbido típico gerado pelas lâmpadas fluorescentes (BALIVA, 2014).

Figura 29 - Fachada CADB. Fonte: encurtador.com.br/fzGY7. Acesso em: 08/05/2020

55


Figura 30 - Ambientes internos CADB. Fonte: encurtador.com.br/fzGY7. Acesso em: 08/05/2020.

56

57


terreno

04.

58

Figura 31 - terreno. Fonte: encurtador.com.br/fzGY7. Acesso em: 08/05/2020


Figura 32 - Localização DO terreno. Elaborado pela autora.

4.1

escolha do local

Visto que na cidade de São Paulo, as instituições de atendimento aos autistas não concentram todos os tratamentos em um só local, uma das exigências na escolha do terreno foi que o mesmo pudesse integrar um programa de necessidades inusitado, de forma a oferecer os principais tratamentos para os indivíduos com TEA. Portanto, para a proposta de projeto foi escolhida a região norte de São Paulo, que é caracterizada principalmente por ser uma das região mais arborizada da cidade e distante de agitações, potencialidades que impactam diretamente no projeto. Essa escolha foi pautada por diversas motivações que agrupadas fazem sentido para a construção da justificativa final.

60

terreno ÁREA: 3.000m ²

Av. Nova Cantareira

Av. Tenente Júlio Prado Neves

Figura 33 - AMPLIAÇÃO DA LOCALIZAÇÃO. ELABORADO PELA AUTORA.

61


4.2

~

A identidade do terreno ifluencia diretamente no projeto a ser proposto, portanto, o local escolhido se insere no bairro do Tucuruvi, na Avenida Nova Cantareira x Avenida Tenente Júlio Prado Neves. Optou-se inserir o projeto no local, devido a sua acessibilidade, proximidade de equipamentos e por sua área permeável, visando suprir as necessidades de desenvolvimento de indivíduos com TEA do bairro local e arredores.

DISTRITO: TUCURUVI O distrito Tucuruvi, inserido na subprefeitura SantanaTucuruvi, em meados do século XIX era formado por grandes propriedades de terra, sítios e fazendas, que com o passar dos anos foram loteados e vendidos, dando lugar aos bairros que surgiam com o constante aumento da população. Por conseguinte, o Tucuruvi foi perdendo suas características rurais, se tornando uma área predominantemente residencial, com significativo desenvolvimento comercial. Até a década de 60, o distrito contava com o Trem da Cantareira, um dos únicos meios de transportes de acesso ao Tucuruvi, com 35km de extensão, construído inicialmente para transporte de materiais e posteriormente aberto aos domingos e feriados para a utilização da população. Até que, em 1965, o trajedo da estrada de ferro foi extinto e o transporte de passageiros substituído por ônibus. Com o aumento da densidade populacional, em 1998 foi inaugurada a estação de metrô para atender e dar acesso ao distrito.

aRea de insercao projetual ´

Figura 34 - Trem da Cantareira. Fonte: encurtador.com.br/yNOX7. Acesso em: 30/04/2020

O bairro Tucuruvi possui em torno de 95.113 habitantes, sendo que o índice de meninos residentes dentre a faixa etária de 0 a 24 anos é mais alto do que o de meninas (PREFEITURA DE SP, 2017), o que é importante para a proposta, visto que o autismo se revela mais em pessoas do sexo masculino (MORAES, 2019; LOUREIRO, 2015).

ÁREA VERDE Considerando a importância da relação dos autistas com a natureza para seu desenvolvimento, a proximidade de parques e áreas verdes é um fator relevante para a inserção do tema no bairro, que está situado em uma das subprefeituras com mais área verde por habitante (REDE NOSSA SÃO PAULO, 2016).

INTERAÇÃO COM AS IMEDIAÇÕES

PROJETO PROPOSTO residencial clube Figura 35 - Trem da Cantareira aos domingos. Fonte: encurtador.com.br/kAIM6.

comércio e serviços Figura 36 - Mapa de uso do entorno imediato. ELABORADO PELA AUTORA.

62

POPULAÇÃO

Segundo dados do Governodo Estado de São Paulo, o distrito de Tucuruvi possui em torno de 100 escolas e 10 equipamentos de saúde. Deste modo, a proposta do projeto inclui a interação do Centro de Desenvolvimento e Apoio ao Autista com equipamentos de saúde e educação das imediações, conduta que se faz importante para que o diagnóstico e o acesso as informações e tratamentos necessários sejam facilitados, de maneira que o centro possa apoiar as instituições no momento em que são identificados comportamentos característicos do autismo. 63


LEGISLAÇÃO Conforme a Lei 16.402 de 2016, que disciplina o parcelamento, o uso e a ocupação do solo, o terreno está localizado em ZCORa - Zona de Corredor de Proteção e Recuperação Ambiental , definida como trecho junto a vias localizadas na Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental, destinados à diversificação de usos de forma compatível com a vizinhança residencial e com as diretrizes de desenvolvimento da referida macrozona. Em relação a Quota Ambiental, o terreno está inserido em P12, conforme apresenta a Figura 41 (Artigo 10, Lei 16.402/2016). Os parâmetros urbanísticos definidos pela Lei 16.402/2016 são:

ZEPAM ZCOR-3 ZER-1 ZEIS-1 ZECORa AC-1 ZMu

0 100 Figura 37 - Mapa de zoneamento de São Paulo Fonte: Lei 16.402/2016. Acesso em: 03/05/2020. Adaptado pela autora.

300M

Taxa de ocupação: 0,50 Coeficiente de aproveitamento: básico: 1.0 / máximo: 1.0 Gabarito máximo: 10m Recuo frontal: 5m / Recuo lateral: não se aplica Permeabilidade mínima: 30%

A via principal, nomeada como Avenida Nova Cantareira, lindeira ao terreno, é classificada como arterial, controlada por semáforo, com acessibilidade aos lotes e às vias coletoras e locais, visando maior fluxo de veículos na cidade. Já a Avenida Tenente Júlio Prado Neves, é classificada como coletora, destinada a distribuir o trânsito para as vias locais da região. 64

vias locais vias coletoras vias arteriais limite do distrito

P12 P8

0

100 300M

0 100 300M

Figura 38- Mapa de Quota Ambiental.

Figura 39- Mapa de Classificação Viária.

Fonte: Lei 16.402/2016. Acesso em:

Fonte: Lei 16.402/16. Acesso em: 03/05/2020.

03/05/2020. Adaptado pela autora.

U S O E O C U PA Ç Ã O D O S O LO Como dito anterirormente, o distrito do Tucuruvi teve sua urbanização intensificada a partir do momento em que os sítios e fazendas foram loteados e vendidos, gerando uma consequente urbanização. A partir do Mapa de Uso predominante do solo, é possível notar que a área urbana é predominantemente residencial, porém, possui grande expansão no setor de comércio e serviço, além de contar com ínumeros equipamentos de saúde e educação para suprir a necessidade da população residente. Apesar disso, o distrito conta com apenas três equipamentos de apoio ao autista, sendo que, nenhum deles concentra todos os tratamentos necessários de forma que atenda os diferentes níveis de autismo.

Por ser um distrito localizado na área periférica da cidade de São Paulo, a construção de condomínios residenciais tem se destacado e vem sendo cada vez mais procurado devido ao crescimento populacional na região. Esse aumento se dá uma vez que as pessoas, atualmente, procuram qualidade de vida associada a ruralidade, preferindo estar mais próximo da natureza, longe do barulho e da poluição que assolam a cidade, características que são garantidas pelo bairro do Tucuruvi por estar adjacente a Parques e a Serra da Cantareira. Com isso, a projeção de crescimento populacional na região vem aumentando, o que consequentemente exige mais equipamentos de suporte.

Adaptado pela

65


m o b i l i da d e u r b a n a

saúde análogos

0

0,5km

1km

educação Figura 41 - Mapa de equipamentos no entorno. Fonte: Geosampa. Acesso em: 03/05/2020. Adaptado pela autora.

Figura 40 - Mapa de uso e ocupação do solo. Fonte: Geosampa. Acesso em: 03/05/2020 0 ADAPTADO PELA AUTORA. públicos

residencial

sem predominância

uso misto

área verde

comércio

0,5km

1km

e

escolas

condomínios fechados

0

5km

Figura 42 - Mapa de condomínios fechados. Fonte: Geosampa. Acesso em: 03/05/2020. adaptado pela autora.

66

Para a análise de recursos de mobilidade do entorno do terreno escolhido foram consideradas rotas e paradas de ônibus, estações de metrô e travessia de pedestres. Apesar de estar localizado em uma área periférica de São Paulo, a região apresenta grande movimentação e circulação de pessoas, onde boa parte delas utiliza o transporte público como principal meio de locomoção. Através desses meios, nota-se um bom atendimento no quesito mobilidade, devido a localização estratégica em que se insere o terreno, onde circulam em média 7 linhas de ônibus, dando acesso direto a 3 estações do metrô de São Paulo: Tucuruvi, Parada Inglesa e Santana e a outros bairros. As rotas dos ônibus estão locadas na própria Avenida Nova Cantareira, onde a parada de ônibus mais próxima do terreno está situada a 20m, distância caminhável por crianças acompanhadas de adultos. Na mesma avenida, contamos também com a faixa exclusiva de ônibus como agilidade na locomoção das linhas. Visando a segurança para a travessia, na testada frontal e lateral do terreno, onde está o cruzamento das vias, encontrase sinalização e faixas de pedestre, facilitando acesso projeto.

limite do distrito estações de metrô linhas de ônibus paradas de ônibus

0

0,5km

1km

Figura 43 - Mapa de mobilidade urbana. Fonte: Geosampa. Acesso em: 03/05/2020. Adaptado pela autora.

limite do distrito

0

0,5km

1km

faixa exclusiva de ônibus Figura 44 - Mapa de faixa exclusiva de ônibus. Fonte: Geosampa. Acesso em: 03/05/2020. Adaptado pela autora.

67


pRojeto

05.

68

Figura 45 - projeto. Fonte: encurtador.com.br/fzGY7. Acesso em: 08/05/2020 69


premissas de projeto

APOIO TERAPÊUTICO

o programa O programa de necessidades foi elaborado com base nas referências projetuais estudadas, nas pesquisas realizadas e no partido arquitetônico. Sendo assim, o centro foi projetado com capacidade de atender 60 autistas de qualquer nível, de 0 a 22 anos de idade.

Circulação serviços tratamento lazer administração zona de transição zona de escape Figura 46 - SETORIZAÇÃO EXPLODIDA. ELABORADO PELA AUTORA.

70

área (m²)

Diretoria

01

14,40

coordenação

01

14,50

suporte técnico + tesouraria

01

18,30

sala de reunião

01

18,10

ambiente

qtd.

SERVIÇOS

O maior propósito do projeto é apoiar o autista e seus familiares, dando a sensação de segurança e acolhimento, criando ambientes estimulantes, de forma a eliminar o sentimento institucional e convencional sobre seu design, garantindo qualidade arquitetônica. Pensando em desenvolver a independência dos autistas, foi criado um volume com forma orgânica sutil e horizontal, proporcionando circulação ampla e setorização adequada. A ideia principal é despertar a curiosidade do autista e torná-lo ativo em seu desenvolvimento, de forma que ele possa interagir nos espaços e se sentir acolhido dentro deles, sendo assim, o projeto também tem a intenção de criar ambientes aconchegantes e próximos a natureza, aumentando constantemente o interesse dos usuários em explorar e utilizar cada espaço projetado.

qtd.

ambiente

área (m²)

Sala de psicoterapia (01)

02

12,70

sala de fonoaudiologia

02

14,55

sala de terapia em grupo

02

18,30

sala de musicoterapia (a)

01

15,50

SALA DE MUSICOTERAPIA (B)

01

16,80

sala de fisioterapia (A)

01

15,50

sala de fisioterapia (b)

01

16,80

sala de artes (a)

01

15,50

sala de artes (b)

01

16,80

terapia ocupacional (a)

01

15,50

terapia ocupacional (b)

01

16,80

sala de descompressão

01

83,30

sala multisensorial

01

36,20

sala de atividades/multiuso

02

10,95

hidroterapia + ESPERA

01

165,87

BRINQUEDOTECA

01

83,50

ÁREA EXTERNA

ADM.

ta b e l a d e á r e a s ambiente

qtd.

área (m²)

DML

03

3,35

ARMAZENAMENTO

02

11,10

BANHEIRO FEM. + FRALDÁRIO

03

24,90

BANHEIRO MASC. + FRALDÁRIO

03

23,90

VESTIÁRIO FEM.

01

20,25

VESTIÁRIO MASC.

01

20,22

BANHEIRO FEM. FUNCIONÁRIOS

01

17,70

BANHEIRO MASC. FUNCIONÁRIOS

01

17,70

CAFÉ

01

10,12

ENFERMARIA

03

5,40

SALA DE PALESTRAS + ÁREA TÉC.

01

98,77

CAMARIM FEM.

01

5,50

CAMARIM MASC.

01

5,50

REFEITÓRIO

01

132,25

ambiente

qtd.

área de convivência dos pais

01

playground

01

jardim sensorial

01

estacionamento

01

ÁREA TOTAL: 1.199,23m² 71


ORGANOGRAMA

recepçã recep ção o

estacionamento

convivência convivê aos pais

CONCEPCAO da VOLuMETRIA

playground jardim sensorial

sala de coordenaçã coordenação o sala de direçã direção o

O TERAPÊUTICO APOI DE PALESTRA S SALA SERVIÇOS

sala de reuniã reunião

suporte + tesouraria

sala de fonoterapia sala de psicoterapia

sala de musicoterapia

RECUOS

INISTRATIV O ADM

sala multisensorial

EA EXTERN R Á

café

Res pei tando os r e c u o s exi g i dos pelo zoneame nto.

gABARiTO

Re s p e itando o g abar ito máx imo de 1 0 m.

A

sala de artes

vestiário

RECORTE E COmPOSiçÃO

O r e c o r te e a c o mp o s iç ão da f o r ma p e r mite m a c ir c u laç ão amp la e a p e r me abilidade e ntr e o s blo c o s.

sala de terapia ocupacional refeitório e copa sala de fisioterapia armazenamento sala de terapia em grupo sala de apoio aos pais

escada de incêndio

brinquedoteca DML sala de descompressão banheiros camarim

Gráfico 04 - Organograma. Elaborado pela autora.

72

enfermaria sala de palestras

CiRCULAçÃO

O aces s o p ri nci p al s e dá pela es qui na, pr ó x imo a fai xa de s eg uranç a de p edes tres.

iNSOLAçÃO E vENTOS insolação VENTOS PREDOMINANTES

FLUXOS

hidroterapia

mATERIALIDADE E COR

A placa metálica per furada tem f u nç ão e s té tic a, tr ans p ar e c e ndo as c o r e s das p ar e de s inte r nas, de f o r ma qu e s e j am v is tas do e x te r io r do e dif íc io.

Figura 47 - concepção da volumetria. elaborado pela autora.

73


O pavimento térreo conta com 2 blocos desmembrados por um largo corredor que separa os dois acessos, permitindo a permeabilidade na implantação. No pátio central do bloco, foi reservada uma área com a função de zona de escape, bem como uma área de distração e recuperação de energias sensoriais, as quais se repetem no primeiro e segundo pavimentos. Além disso, foi inserido um átrio central a fim de trazer a natureza para o interior da edificação, fazendo com que haja interação das crianças com o meio externo, independe do espaço onde estiverem. As salas de terapia estão posicionadas nas extremidades do edifício e são contornadas por corredores laterais que funcionam como zona de transição, demarcados por cores, a fim de demonstrar a mudança de um ambiente para o outro, de maneira que os usuários possam memorizar e identificar cada espaço a ser utilizado.

Figura 48 - CROQUI. elaborado pela autora.

Figura 49 - VOLUMETRIA EXPLODIDA. elaborado pela autora.

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75


O acesso principal da instituição está para a Avenida Tenente Júlio Prado Neves, marcado pela área de permanência e convivência que possibilita uma transição mais tênue entre a rua e a edificação. Aos fundos do terreno, tendo em vista maior tranquilidade e privacidade, foi criado um jardim sensorial, contribuindo com o o desenvolvimento dos autistas e a relação com a natureza. No pátio lateral foi projetado um playground não convencional, com mobiliários interativos para todas as idades, que serão detalhados posteriormente. Para atender a toda a instituição, há um estacionamento lateral - aproveitando o recuo de acesso já existente na área -, com capacidade de 6 vagas de carro.

QUADRO DE ÁREAS área total do terreno: 3.000m² t.o projetado: 0,30 c.a projetado: 0,94 área de permeabilidade: 0,69

FIGURA 50 - IMPLANTAÇÃO. Elaborado pela autora.

implantacao ~

N

1m 0

FIGURA 51 - PLANTA TÉRREO. Elaborado pela autora. N

5m 3m

10m

PLANTa TERREO ´

FIGURA 52 - PLANTA 1º pavimento. Elaborado pela autora.

0 1m 3m

5m

PLANTA 1º PAVIMENTO

N

0 1m 3m

5m


FIGURA 55 - FACHADA NORTE. Elaborado pela autora.

NORTE FIGURA 56 - FACHADA SUL. Elaborado pela autora.

FIGURA 54 - PLANTA COBERTURA. Elaborado pela autora. N

FIGURA 53 - PLANTA 2ยบ pavimento. Elaborado pela autora.

PLANTAs 2ยบ pavimento

N

0 1m 3m

5m

planta COBERTura

0 1m 3m

5m

FACHADAS NORTE E SUL

N

0 1m

3m

5m


FIGURA 57 - FACHADA leste. Elaborado pela autora.

LESTE FIGURA 58 - FACHADA oeste. Elaborado pela autora.

LESTE

FIGURA 59 - CORTE AA. Elaborado pela autora.

OESTE OESTE

FACHADAS LESTE E OESTE

N

0 1m 3m

5m

CORTE AA

N

0 1m

3m

5m


FIGURA 60 - CORTE BB. Elaborado pela autora.

CORTE bb

N

0 1m

3m

5m

FIGURA 61 - CORTE CC. Elaborado pela autora.

CORTE CC

N

0

1m

3m

5m


FIGURA 62 - CORTE DD. Elaborado pela autora.

FIGURA 64 - PErSPECTIVA. Elaborado pela autora.

CORTE DD FIGURA 63 - CORTE EE. Elaborado pela autora.

CORTE dd E EE

CORTE EE N

0 1m

3m

5m


A sala multisensorial contribui para o desenvolvimento dos autistas de forma terapêutica. A partir da estimulação dos sentidos do corpo humano, é trabalhada a capacidade de organizar as respostas sensoriais conforme a particularidade de cada pessoa, para isso, são usados equipamentos, sons, iluminações e texturas específicas. Os mobiliários e elementos inseridos são capazes de fazer com que os autistas se relacionem melhor com seus próprios sentidos. A sala escura visa facilitar o aprendizado, o movimento e a estimulação por meio da luz negra e das diferentes cores que brilham sob seu foco; o tubo de bolha de água interativo aumenta a confiança e a concentração; enquanto a textura do carpete estimula o sentido tátil, ao mesmo tempo que torna o ambiente aconchegante e confortável.

FIGURA 65 - PErSPECTIVA SALA MULTISENSORIAL. Elaborado pela autora.

SALA multisensORiAL

RENDER INTERNO MULTISENS.


~

FIGURA 66 - PERSPECTIVA SALA DE DESCOMPRESSÃO. Elaborado pela autora.

SALA DE DESCOMPRESSAO

A sala de descompressão, também considerada uma área de permanência, tem como principal função aliviar o estresse e descarregar as energias do dia a dia, atendendo não só aos autistas, como também aos pais e responsáveis. As cores e funções do espaço cria um ambiente descontraído e aconchegante, além da laje cogumelo lisa, que apresenta função estética diferente e permite pé direito mais alto. 88

89


FIGURA 67 - PERSPECTIVA zona de escape. Elaborado pela autora.

ZONA DE ESCAPE

As zonas de escape, também consideradas como espaços de fuga, são zonas de foco com baixo estímulo sensorial, projetadas para recalibrar energias adquiridas durante terapias e atividades com alto estímulo sensorial. Portanto, foi criado no pátio central da instituição, um espaço de escape com mobiliário de nichos, onde os autistas possam se isolar para assim descansar alguns minutos do intenso convívio social.

90

91


TetriS

A escultura interativa Tetris tem estrutura de madeira e foi criada para todas as idades e proporcionar interação social entre os usuários, fugindo dos modelos de brinquedos convencionais. O Tetris está inserido no pátio lateral do terreno, permitindo diferentes formas de uso e de apropriação, estimulando a criatividade e a atenção.

Tunel interAtivo ´

FIGURA 72 - PErSPECTIVA PLAYGROUND. Elaborado pela autora.

O túnel interativo, assim como o Tetris, tem sua estrutura em madeira, constituído por 10 lâminas vazadas espaçadas em 60cm. O elemento é resultado da adaptação do túnel convencional para que os portadores do TEA não se sintam enclausurados durante a passagem. O túnel interativo é capaz de estimular o equilíbrio, foco e a atenção das crianças.

FIGURA 68 - tetris. Elaborado pela autora.

FIGURA 70 - TÚNEL. Elaborado pela autora.

0

1m

92

N

FIGURA 69 - PLANTA TETRIS. Elaborado pela autora.

0

1m

N FIGURA 71 - PLANTA TÚNEL. Elaborado pela autora.

93


FIGURA 75 - PERSPECTIVA EXTERNA. Elaborado pela autora.

´ CARACTERISTICAS COnSTRuTIvAS Devido a limitação de 10m de gabarito exigido pelo Zoneamento local, o modelo estrutural escolhido para o Centro de Apoio foi a laje cogumelo lisa, trabalhando sem o uso de vigas - o que permite um pé direito mais alto - e conferindo vãos de até 7,5m, com 25cm de altura, como apresentado na figura 72. No esquema estrutural ao lado - figura 73 - é possível entender a solução adotada e a sua utilização.

0

1m

3m

FIGURA 74 - detalhamento construtivo. elaborado pela autora.

Situada a 75 cm de distância da fachada existente, a placa metálica branca tem a função de filtrar a luz direta em uma luz ambiente homogênea e de alta qualidade para as salas de terapia, e pré-sombrear o edifício para minimizar o ganho térmico. Além de ter papel importante em relação a incidência a luz externa, o elemento perfurado a segurança, já que está vedando todas as aberturas do primeiro e segundo pavimento.

FIGURA 73 - pré-dimensionamento laje cogumelo. fonte: rabello, yopanan c.

O projeto possui forte característica da transparência do vidro e do elemento metálico perfurado da fachada.

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A ideia principal da aplicação do elemento metálico perfurado foi de utilizar sua transparência a favor da sua fachada e de sua implantação em meio ao entorno, sendo assim, as paredes internas possuem cores que podem ser vistas do exterior do edifício, tornando-o lúdico e convidativo. 95


06. CONSIDERACOES ~

96

FINAIS

O presente trabalho foi realizado a fim de compreender as principais necessidades dos autistas e de seus familiares, além de entender como a arquitetura pode auxiliar no tratamento e no bem estar desse público. Todo levantamento foi de extrema importância para melhor entendimento do tema, evidenciando as condutas citadas no documento “The Autism Aspects of Design”, que facilitaram as etapas de criação do programa de necessidades e setorização, onde foram analisadas questões sensoriais e de interação dentro do espaço. O estudo das condicionantes do terreno escolhido,

Foram levantados pontos significativos para o desenvolvimento do projeto. O primeiro deles é o apoio aos familiares, que muitas vezes não é prezado nas demais instituições, mas que possui bastante influência na rotina e na qualidade de vida de toda a família. A recreação e o entretenimento especializado também são prezados, trazendo distração e gerando interesse por algumas atividades, diante disso, foram criados mobiliários interativos não convencionais. Por fim, a proposta final mostra a materialização das ideias e traz soluções que se tornaram possíveis devido ao domínio do assunto obtido em toda a etapa de pesquisa.

assim como a relação com o entorno, fundamentaram o desenvolvimento das diretrizes projetuais. Foi observada principalmente a importância de elementos naturais e da relação do público com o meio externo, visto a grande relevância no processo de tratamento dos autistas.

A partir desse trabalho, espera-se também levantar reflexões sobre o Transtorno do Espectro Autista e de como a arquitetura pode auxiliar no tratamento, tanto dessa, quanto de outras doenças.

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ACESSIBILIDADE ENTRE MUNDOS: uma arquitetura mais inclusiva aos autistas.

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100

tfg arquitetura e urbanismo | 2020 101


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