Ribeirão Preto - 2014
Julia Valdevite Issa
CONSTRUINDO O PREEXISTENTE PROPOSTA DE INTERVENÇÃO EM UM PARQUE-ESCOLA NO MUNICÍPIO DE SERRANA - SP
CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA
JÚLIA VALDEVITE ISSA
CONSTRUINDO O PREEXISTENTE PROPOSTA DE INTERVENÇÃO EM UM PARQUE-ESCOLA NO MUNICÍPIO DE SERRANA
Projeto de pesquisa apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências parciais para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação do Professor Domingos José Lopes Guimrães.
RIBEIRÃO PRETO 2014
JÚLIA VALDEVITE ISSA
CONSTRUINDO O PREEXISTENTE PROPOSTA DE INTERVENÇÃO EM UM PARQUE-ESCOLA NO MUNICÍPIO DE SERRANA
Orientador(a): Nome:
Examinador(a) 1: Nome:
Examinador(a) 2: Nome:
RIBEIRÃO PRETO: ___ / ___ / ___
AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus por me proporcionar tamanha benção de realizar um sonho, me tornar Arquiteta e Urbanista, agradeço a Ele por chegar até aqui depois de tamanho esforço e dedicação doados para que isso fosse possível. Em seguida agradeço meus pais, Maria Elisa e José Jorge, que confiaram em mim tamanho investimento, perto de suas condições, que estiveram ao meu lado em todos os caminhos que percorri, que participaram de mais essa etapa junto comigo. Agradeço ao meu irmão e ao meu namorado, que se doaram o tempo todo diante das minhas necessidades, para a realização desse curso e dos estágios. Aos meus amigos, que desde o início formamos uma equipe de companheirismo e solidariedade, concluimos todos os trabalhos com eficiencia. Aos professores, que sem os seus ensinamentos, não chegariamos até aqui. E enfim, ao meu orientador Domingos José Lopes Guimarães que me acompanhou na realização dessa pesquisa. Obrigada a cada um de vocês que contribuiram para essa minha conquista, sem cada um de vocês e sem o meu esforço, nada disso seria possível.
DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho à pessoas muito importantes em minha vida, que constribuiram o tempo todo para a realização desse sonho. Que investiram toda confiança e carinho em mim e que me acompanharam durante o curso inteiro: minha mãe Maria Elisa Valdevite Issa, meu pai José Jorge Issa, meu irmão Gabriel Valdevite Issa e ao meu namorado Eduardo Ferreira da Silva. Esse trabalho também é dedicado à uma pessoa que sempre foi a minha base de vida, que sempre esteve ao meu lado e torceu por mim, mas que não pode estar aqui para presenciar esse momento, minha mãe e avó Helena Urenha Issa.
“Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória.” José Saramago
RESUMO Dentre os temas discutidos na área da arquitetura e do urbanismo, entra em discussão um tema bastante discutido entre os profissionais da área, a intervenção em preexistencia, processo utilizado em áreas deterioradas pelo tempo e pelo uso, e em patrimônios históricos e culturais. Em meio as novas tecnologias e a alta demanda de construções, nos chama a atenção nessa pesquisa aqueles edifícios que trazem em seu corpo, histórias passadas que ficaram na memória. É o caso do parque-escola no município de Serrana-SP, não possui uma arquitetura marcante e está totalmente deteriorado pelo tempo, mas guarda um sentimento de uma população inteira que conviveu ali. palavras-chave: intervenção, preexistencia, memória, sentimento, integração.
S U MA R IO INTRODUÇÃO (17) APRESENTAÇÃO TEMÁTICA E OBJETO DE ESTUDO (18) INTERVENÇÃO EM PREEXISTENCIA (20) INTERVENÇÃO E PATRIMONIO (22) INTERVENÇÃO, INDUSTRIA E CULTURA. (24) REFERÊNCIAL PROJETUAL (27) SESC POMPÉIA (28) PAVILHÃO DO MENINO PESCADOR (29) PRAÇA VICTOR CIVITA (30) PARQUE DA JUVENTUDE (31) DIAGNÓSTICO LOCAL (35) LEVANTAMENTO DO MUNICÍPIO (36) LEVANTAMENTO DO BAIRRO (38) LEVANTAMENTO DA ÁREA DE ESTUDO (44) ESTUDO DO ESTADO DE DETERIORAÇÃO (48) ESTUDOS INICIAIS (55) CONCEITO E PARTIDO (56) PROGRAMA DE NECESSIDADES (58) PLANO DE MASSAS E FLUXOGRAMA (60) DESENHOS INICIAIS (62) PROJETO DE INTERVENÇÃO (65) ORGANIZAÇÃO ESPACIAL (66) OS “NOVOS” EDIFÍCIOS (70) PERSPECTIVAS (78) CONSIDERAÇÃO FINAL (85) REFERÊNCIAS (87)
INTRODUÇÃO A intervenção em preexistência, tema escolhido para fomentar essa pesquisa, é constantemente discutida entre arquitetos e historiadores, principalmente quando está relacionado ao patrimônio tombado. Ela é importante, pois é um meio de recuperar edifícios ou áreas degradadas com o passar do tempo, permite restaurar, acrescentar ou modificar uma preexistência, com o intuito de promover o melhoramento do local, de forma que seja bem utilizado e acessível a todos, diferenciando de técnicas de conservação que se limitam apenas em restauro. Porém, muitos profissionais ou mesmo leigos veem a intervenção como sendo uma técnica utilizada apenas em edifícios tombados por órgãos responsáveis, mas a definição de patrimônio histórico vai muito além desse tombamento. O edifício que trouxer em seu domínio algum marco histórico, seja histórias ou características que forem importantes para a população que usufrui ou usufruiu do seu espaço, merece ser conservado para garantir seu funcionamento de produtor de lembranças. O edifício que traz toda uma história com ele, não deve estar fechado, pois a melhor maneira de recordar essas histórias é às vivenciando, e quando entramos nesses edifícios marcados por acontecimentos (ditos fantásticos, pois muitos relatam os costumes passados que nos trouxeram até os dias de hoje) é possível sentirmos essas histórias como se tivéssemos vivido naquele período retratado.
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APRESENTAÇÃO TEMÁTICA E O OBJETO DE ESTUDO
Figura 01: entrada do parque-escola. Fonte: Issa, J. V.
Figura 02: refeitório e administração do parque-escola. Fonte: Issa, J. V.
Objeto de estudo dessa pesquisa, o antigo parque-escola do município de Serrana, assim conhecido pela população, é uma escola infantil da década de 70 que além da função de educar, proporcionava cultura e lazer, não só para as crianças que frequentavam o espaço, mas também a toda a população. A história do parque é marcada pelos grandes desfiles que aconteciam em datas especiais, principalmente quando a cidade recebia visitas políticas, toda a população saia pelas ruas interessadas e ansiosas para verem as crianças desfilarem fantasiadas. As atividades exercidas ali incentivavam os alunos a permanecerem no local e a pegarem gosto por estudar, proporcionando tranquilidade aos pais que confiavam seus filhos nas mãos
Figura 03: salas de aula do parque-escola. Fonte: Issa, J. V.
dos profissionais educadores que ali lecionavam. O parque não envolvia apenas os alunos e os desfiles, mas todas as atividades que aconteciam ali, era um referencial de espaço educativo para muitas escolas, tanto da cidade como da região. Foi a partir da década de 90 que o parque/escola parou de funcionar deixando aquele lugar abandonado e logo entrou em estado de deterioração, restando apenas algumas partes de suas ruínas, contudo, quando olhamos para elas, lembramos-nos de suas histórias. Há dez anos, um Centro de Cultura e Ativismo Caipira (CECAC), com trabalhos voluntários em torno da arte (aulas de músicas, grafite, trabalhos ambientais e ecológicos através de oficinas,
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Figura 04: enfermaria e vestiário do parque-escola. Fonte: Issa, J. V.
Figura 05: paredes com com arte de rua. Fonte: Issa, J. V.
seções de cinema e eventos com bandas independentes tanto da região como nacionais e internacionais) se instalou em seu espaço, conservando o edifício no seu estado atual. Pode ser observado que na sua antiga função de parque-escola e na sua atual função de centro cultural, o objetivo do programa de necessidades é o mesmo, fornecer atividades de cultura e lazer a toda a população, sem especificar uma faixa etária de uso. Para que essas atividades continuem sendo realizadas é preciso adequar o espaço a elas, e por se tratar de um edifício com tais características, necessita de uma intervenção adequada, baseada em pesquisas aprofundadas sobre o tema e a legislação para definir quais métodos podem ser utilizados. Como todo projeto,
Figura 06: praça em frente ao parque-escola. Fonte: Issa, J. V.
a intervenção também possui uma forma de apresentação específica que deve ser seguida para aprovação da prefeitura. Portanto, é mais do que necessário entender a definição de cada termo citado nessa pesquisa, conhecer cada método de intervenção e onde pode ser aplicado cada um deles e quais as técnicas e profissionais adequados devem colaborar na sua prática. Construir o preexistente: como uma intervenção arquitetônica em um parque/escola da década de 70 no município de Serrana pode contribuir para arquitetura do edifício e para melhorar o seu uso, de modo a transformar a sua relação com o lugar?
20 REFERENCIAL TEÓRICO
INTERVENÇÃO EM PREEXISTENCIA Diversos são os temas que abrangem a área da arquitetura e do urbanismo, assuntos esses que se estendem para as demais áreas e encontram-se em constantes discussões, pois estão inseridos no cotidiano e na relação entre o indivíduo e o espaço. Com o aquecimento no setor imobiliário, muitos edifícios foram construídos, mas nem todos possuem um valor histórico ou uma arquitetura marcante, ou seja, são construídos apenas para atender a demanda populacional que cresce a cada dia, sem a preocupação com o seu valor arquitetônico. Ao longo dos séculos, a arquitetura foi se desenvolvendo e novas tecnologias foram sendo criadas, permitindo cada vez mais a construção de grandes obras arquitetônicas. Porém o passado, além de arquiteturas monumentais, traz a história do período em que foi construída, tornando o edifício ainda mais grandioso. O edifício que retrata alguma característica seja ela artística, religiosa, documental, científica, social e ecológica ou história de seu tempo é considerado um patrimônio. Foi a partir do século XIX que os edifícios receberam seu valor de bem público, com a intenção de recuperar os monumentos destruídos pelas revoluções ocorridas até o período (Revolução Francesa e a Revolução Industrial). Os edifícios tombados devem ser preservados tanto por profissionais como pela população, uns permitem alguma alteração, outros o seu restauro, e muitos, apenas a sua manutenção. Como podemos ver em Mello (2001, p.26),
Na evolução de conceitos e elaboração de cartas internacionais, o mundo culto manifestou sua preocupação com a manutenção de seus bens culturais [...] produtos da memória social, sem que, entretanto, provocasse o impedimento da atualização tecnológica [...] ainda que congelasse o edifício ou a cidade, no tempo.
É nesse momento que aparece o conceito de intervenção em preexistência, operação realizada sobre um edifício ou uma área já existente com o intuito de garantir seu funcionamento adequado. Diversas são as técnicas que abrangem a intervenção em preexistência: restauração, reabilitação, readequação, revitalização, renovação, refuncionalização, todas devem ter a preocupação em não denegrir o verdadeiro significado da edificação (HIRAO, 2011). Em meio ao progresso e as novas formas de construção, falar em preservação e recuperação do passado é essencial, pois constrói aquilo que nos trouxe até aqui, permitindo compreender a complexa relação entre os projetos modernos de intervenções e os edifícios preexistentes, ou seja, a relação entre tecnologia e história, assim guia o arquiteto dentro dos possíveis caminhos projetuais e implica diversas soluções na abordagem da temática estudada (HIRAO, 2011). Onde, de acordo com as ideias de Silva e Almeida (2010, p.13) “o moderno surge designando não o que é novo, mas o que é presente, atual, contemporâneo daquele que fala, distinguindo-se do que é velho e antigo”. Essa relação pode ser observada em projetos relevantes da arquiteta Lina Bo Bardi, obras como o Museu do Masp (São Paulo), SESC Pompéia (São Paulo), Solar do Unhão (Bahia), Ladeira da Misericórdia (Bahia) e também do arquiteto Paulo Mendes da Rocha que interviu na região da Praça do Patriarca (São Paulo), na Pinacoteca (São Paulo) e edifício do FIESP (São Paulo). A partir de estudos feitos sobre os projetos citados e das Cartas Patrimoniais de
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Veneza, foi feita uma relação entre o Antigo e o Novo para trabalhar o uso e a apropriação desses espaços atualmente. Ambos os arquitetos utilizam parte ou o todo do edifício tombado na intervenção, propondo um novo uso, muitas vezes voltados à cultura, como museus e centros culturais. O propósito é fazer com que edifícios parados no tempo, ganhem nova vida e atraiam pessoas de todos os lugares, transformando a região onde estão implantados (HIRAO, 2011). Através do projeto do MASP (Museu de Arte de São Paulo), Lina Bo Bardi, segundo Silva e Almeida (2010, p.13)
entorno, favorecendo um equilíbrio do local, podendo até solucionar problemas urbanos.
[...] faz isso adotando o novo não como antítese do velho-existente, como novidade, mas como índice de seu tempo. Nesta atitude, o novo se configura como expressão do diálogo positivo e produtivo com a matéria existente, como confirmação de espaço, e como transformação de traços e linhas existentes, real e/ou virtualmente. O resultado é uma proposta inovadora, mas respeitosa em relação a uma cidade que tem na sua tradição a ruptura.
[...] a diferença é o fato do primeiro exigir a manutenção da identidade e das características, enquanto que o segundo, admite que esse mesmo procedimento pode ser adotado em zonas “com ou sem identidade”.
Sendo assim atuar em espaços preexistentes, na concepção de Gracia (1992, apud, SILVA E ALMEIDA 2010, p. 3) “[...] é uma tarefa delicada e somente justificável caso contribua com a melhor adequação do espaço urbano e arquitetônico, para a vida do homem.” Essas transformações ao serem introduzidas consequentemente provocam choque e estranheza, pois alteram o local onde são aplicadas (SILVA E ALMEIDA, 2010). A obra, portanto, é analisada desde o momento de sua concepção até a sua finalização, diante de ambientes de valor patrimonial (HIRAO, 2011). Como é o caso do parque infantil, objeto de estudo dessa pesquisa, sua implantação foi de grande valor para o município, funcionando por aproximadamente vinte anos. Parte da arquitetura do edifício foi deteriorada com o passar do tempo, necessitando de uma intervenção adequada para reabilitar o seu espaço e proporcionar o novo uso de seu domínio, de modo que as atividades ali realizadas e toda a sua implantação se relacionem com os edifícios do
Entra, portanto, em discussão a relação entre os termos reabilitação e revitalização, o primeiro consiste em habilitar o edifício para que continue permitindo seu funcionamento, o segundo busca dar vida a um edifício sem funcionalidade. Na concepção de Mello (2001, p.32),
Em ambos, segundo Mello (2001, p.32) “[...] vem explicitada a importância de trazer novas atividades econômicas e, com elas, dar nova vida às áreas decadentes da cidade”. A proposta estuda até aqui, é que muitos desses edifícios que sofreram intervenção, quando revitalizados, ganharam novos usos, a maior parte deles voltados para a cultura e lazer, tornaram-se espaços públicos de qualidade e convívio, a sua importância histórica não ficou parada em museus apenas para ser observada, mas transformada em espaços para ser vivenciada, e nada melhor do que espaços onde as pessoas possam ter liberdade de expressão.
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INTERVENÇÃO E PATRIMÔNIO Referencia quando falamos em preservação do bem público, A Alegoria do Patrimônio, obra escrita pela celebre Françoise Choay, contribui sucessivamente para a elaboração dessa pesquisa, pois abrange sequencialmente cada fase do desenvolvimento da preservação do patrimônio histórico, desde as antigas muralhas, até a era industrial, momento que o patrimônio se volta para o uso cultural de dimensões variadas. Quando falamos em intervenção em preexistência, o principal termo que nos vem à cabeça é patrimônio, pois geralmente se utiliza do processo de intervenção quando o edifício possui algum valor patrimonial, seja histórico ou arquitetônico, e que se queira preservar a sua estrutura. Inicia-se então, discussões em torno do termo patrimônio histórico, e uma delas é entender o seu significado e quais categorias ele abrange. Segundo Choay (2006, p.11) o patrimônio é “[...] um bem destinado ao usufruto de uma comunidade que se ampliou a dimensões planetárias”. A autora define patrimônio como um bem de herança transmitido pelos antepassados, determinando um uso coletivo do seu corpo, sendo assim, por pertencer à sociedade, necessita de aprovação da mesma (CHOAY, 2006). Ficou claro até aqui a definição de patrimônio histórico, mas não o seu significado, qual a importância atribuída a ele e o que ele nos quer transmitir. O principal propósito é através da emoção, tocar a memória das pessoas, fazendo o passado brandir como se fosse o presente, preservando a relação entre o tempo e a memória, a identidade de uma comunidade. Ele é guardado na memória quando representa um marco na vida do homem, como forma de re-afirmação dos ideais civis e consequencia do bem público republicano. Esses valores estão sendo substituídos por livros e fotografias.
(CHOAY, 2006). Mas não é a mesma memória que estar no local e sentir essa história. O edifício uma vez implantado está totalmente ligado ao lugar, como podemos ver em Choay (2006, p.27), Em contrapartida, uma vez que se insere em um lugar imutável e definitivo num conjunto objetivado e fixado pelo saber, o monumento histórico exige, dentro da lógica desse saber, e ao menos teoricamente, uma conservação incondicional.
Foi no século XVIII, com a Revolução Francesa (1789) e em meio a tantos destroços que a sociedade e o Estado entenderam a verdadeira importância de se preservar um bem público. O período das Revoluções foi o auge do tombamento de edifícios com valor patrimonial. Os bens históricos, conforme a concepção de Choay (2006, p. 117) “[...] são testemunhas irrepreensíveis da história. Por isso eles permitem construir uma multiplicidade de histórias – história política, dos costumes, da arte, das técnicas”. Por serem testemunhas do passado, esses bens possuem um valor cognitivo que é o do sentimento, um dos valores mais importantes que pairam sobre eles, e também o valor econômico, quando transformados em pontos turísticos atraem estrangeiros de todos os lugares do mundo, gerando lucro para o seu local de origem (CHOAY, 2006). A consagração do patrimônio histórico se deu de fato em maio de 1964 quando foi elaborada a Carta de Veneza, carta internacional sobre conservação e restauração de monumentos e sítios, que prevê artigos a favor da preservação de modo a manter o seu estado original sem jamais modificar o corpo do edifício. Faz uma discussão sobre alguns pontos importantes como a manutenção constante dos bens patrimoniais, favorecimento da conservação pelo uso, preservação das técnicas tradicionais e a utilização de técnicas modernas, sobre a permissão de acréscimos, os estudos que devem ser feitos. (CARTA DE VENEZA, 1964). Os objetivos principais
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da Carta de Veneza é assegurar a conservação e restauração apenas dos monumentos tombados por órgãos responsáveis, não é o caso do parque infantil estudado nessa pesquisa, mas os artigos nela apresentados favorecem todos os edifícios notáveis. Quando se fala em legislação e a restauração como disciplina, deparam-se duas doutrinas antagônicas, uma intervencionista e outra anti-intervencionista, e com elas, inicialmente, aparecem dois pensadores com teorias importantes quando falamos em intervenção, Viollet-le-Duc e John Ruskin respectivamente (CHOAY, 2006). John Ruskin, um anti-intervencionista radical vê o patrimônio histórico com um caráter sagrado e pertencente àquele que o edificou e às próximas gerações, suas teorias são apresentadas por Choay (2006, p.155) da seguinte forma, Querer restaurar um objeto ou um edifício é atentar contra a autenticidade que constitui a sua própria essência. Ao que parece, para ele o destino de todo o monumento histórico é a ruína e a desagregação progressiva.
Outrora, as teorias de Viollet-le-Duc se contrapõem ao anti-intervencionismo de John Ruskin. Segundo Choay (2006, p.156), Viollet-le-Duc defende, “restaurar um edifício é restituí-lo a um estado completo que pode nunca ter existido num momento dado e a uma concepção “ideal” dos monumentos históricos”. Como se pode observar, Viollet-le-Duc defende a modificação e o acréscimo para que o patrimônio continue funcionando, enquanto que John Ruskin vai contra qualquer forma de intervenção que possa causar um falso histórico (CHOAY, 2006). Indo além de Ruskin e Viollet-le-Duc, temos os pensadores Camillo Boito e Alois Riegl que contribuíram muito para as teorias sobre restauração. Camillo Boito faz um balanceamento entre Ruskin e Viollet-le-Duc, ao formular suas teorias ele busca adquirir o melhor de cada um, ele defende a preservação da autenticidade do patrimônio sem admitir nenhuma modificação, mas permite a res-
tauração em casos extremos em que as técnicas de manutenção fracassaram, distinguindo a sua parte restaurada das partes originais (CHOAY, 2006). Como mostra Choay (2006, p.166), [...] distinguir a inautenticidade da parte restaurada das partes originais do edifício, graças a uma disposição engenhosa que recorra a múltiplos artifícios: materiais diferentes; cor diferente da do original; aposição de inscrições e de sinais simbólicos nas partes restauradas, indicando as condições e as datas das intervenções; difusão, local e na imprensa, das informações necessárias, e em especial fotografias das diferentes fases dos trabalhos; conservação, em local próximo do monumento, das partes substituídas por ocasião da restauração.
Alois Riegl defende que a abordagem feita sobre o monumento, deve ser histórica e interpretativa. Ele atribui ao edifício um valor de uso, não importa se mantém a sua função antiga ou se foi dada uma nova utilização ao edifício, de qualquer forma ele deve ser conservado. Ele trabalha sob dois valores: o artístico, onde permanecem partes antigas do edifício acessíveis à sensibilidade moderna, e o de novidade, referente à aparência restaurada da obra. Na era moderna e contemporânea, o novo ressalta sobre o velho, sendo relevante recuperar o que foi deteriorado e dar vida para o que estava morto. Mas as teorias de Riegl não serviram para orientar as práticas do patrimônio histórico (CHOAY, 2006). As ideias desses pensadores mostram partidos diferentes de preservação e merecem um estudo aprofundado de suas teorias, servem como ponto de partida para o processo de intervenção que será realizado no parque infantil, atualmente Centro de Cultura e Ativismo Caipira.
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INTERVENÇÃO, INDÚSTRIA E CULTURA Com a era industrial, e o desenvolvimento da fotografia e das artes, a memória pode ser recuperada através de representações iconográficas. O patrimônio histórico deixa de ser um objeto de culto individual e passa a ser administrado pelo Estado e órgãos mantenedores. Serão mantidos pelo Estado, conforme Choay (2006, p. 207) “conjuntos que apresentem um valor universal excepcional do ponto de vista da história da arte ou da ciência”. Mas não depende apenas do Estado à preservação desses conjuntos, cabe a toda a sociedade ajudar a conservá-los e protegê-los da degradação. (CHOAY, 2006). Os edifícios de valor histórico, a partir de 1960 passaram a receber um valor cultural, como mostra Choay (2006, p.211), Os monumentos e os patrimônios históricos adquirem dupla função – obras que propiciam saber e prazer, postas à disposição de todos; mas também produtos culturais, fabricados, empacotados e distribuídos para serem consumidos.
É a partir daí que os monumentos se tornam espetáculos, possibilitando reconstituições fantasiosas do seu espaço, tão repudiadas por Ruskin e Boito, associando luz e som transformando em uma verdadeira animação cultural, com o acontecimento de eventos. Nesse momento, modernizar não é dar a impressão de novo, mas inserir no edifício um implante regenerador. Uma discussão se faz importante nesse momento, o objetivo é recuperar um edifício desativado com uma nova utilização, o poupa do desuso, mas o coloca diante do desgaste pelo uso. Para evitar que isso aconteça, é preciso limitar o acesso a esses edifícios, são diversas as formas de se obter esse resultado, mas a que mais se condiz com o patrimônio coletivo é repensar a nova utilização dada a esses edifícios,
como por exemplo, escolas e universidades, sedes sociais, ministérios, hotéis, entre outros. (CHOAY, 2006). Mas porque não ser transformado em um espaço cultural, eliminando, claro, as reconstituições fantasiosas? O patrimônio foi claramente definido como um bem de todos, pertencente a todos que fizeram parte de sua história, o seu uso não deve ser limitado como sugere Choay, e sim, explorado por todos que de alguma forma buscam vivenciar a memória. O desgaste pelo uso deve ser solucionado através da preservação e manutenção do monumento tanto pelo Estado, como pela população, como ela mesmo sugere. Os usos voltados para escolas e universidades, hotéis, ministérios, entre outros de mesma categoria, selecionam os tipos de frequentadores, e perde o seu significado de bem pertencente a todos. Já espaços culturais, extingui qualquer barreira e abre o seu espaço para o público.
Na concepção de Araújo (2012, p.29), “Um espaço como um Centro Cultural atende as necessidades de lazer da população, entendendo que o homem necessita de interação social, de diversão, comunicação, entretenimento, o que não significa ocupar o tempo livre, mas sim aproveitá-lo com atividades de lazer na vida dos trabalhadores”.
Baseado no contexto histórico acima, chegamos então aos dias de hoje, e nos aproximamos com o que acontece com o edifício do parque/escola no município de Serrana-SP, a proposta busca orientar a melhor intervenção a ser realizada no seu espaço de modo que ele proporcione um ambiente adequado para as atividades ali realizadas, com a finalidade de eliminar barreiras, aberto para todo o tipo de público. Seguindo as ideias de Garcia (1982, apud, ARAÚJO 2012, p.31) “um equipamento cultural, para ser rico, precisa ser aberto, espaço livre para abrigar todas as tendências e movimentos culturais, de forma inovadora”.
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Figura 07: desfile organizado pelo parque infantil na dĂŠcada de 80. Fonte: Martins, J. F.
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REFERÊNCIA PROJETUAL O estudo de referências projetuais contribui para o acervo de idéias na proposta de intervenção que será realizada na área do parque-escola no município de Serrana-SP. Foram estudado quatro projetos arquitetônicos consideráveis como: SESC Pompéia de Lina Bo Bardi, Pavilhão do Menino Pescador de Ruy Ohtake, Praça Victor Civita do Levisky Arquitetos Associados e Anna Julia Dietzsch e Parque da Juventude de Aflalo e Gasperini. Em todos todos os projetos os arquitetos e urbanistas responsáveis propuseram soluções espaciais e arquitetônicas visando o máximo aproveitamento do local e a sustentabilidade.
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implantação nova
REFERÊNCIA PROJETUAL
SESC POMPÉIA - LINA BO BARDI
implantação existente
. TÉCNICA DE INTERVENÇÃO O SESC Pompéia, projeto da arquiteta Lina Bo Bardi, é uma relevante referencia projetual quando falamos em intervenção em preexistencia. Resultado de uma intervenção realizada no edifício da antiga Fábrica da Pompéia, deteriorada por um incêndio em 1935, o projeto contrasta o “antigo” e o “novo”, criando um equilíbrio arquitetônico. Figura 08: intervenção realizada no SESC Pompéia. Fonte: vitruvius.com
Local Vila Pompéia na zona oeste do município de São Paulo, SP, Brasil. Ano projeto realizado em 1977. Área do Terreno 16.573 m²
Figura 09: entrada do SESC Pompéia. Fonte: sof2014.com.br
A intervenção realizada pela arquiteta consistiu em restaurar o edifício danificado e acrescentar duas novas torres para abrigar o programa de necessidades da nova implantação, centro de cultura, lazer e esporte.
Figura 10: torres do SESC Pompéia. Fonte: flickr.com
Figura 11: interior do SESC Pompéia. Fonte: flickr.com
29 REFERÊNCIA PROJETUAL
PAVILHÃO DO MENINO PESCADOR - RUY OHTAKE . PROGRAMA DE NECESSIDADES O Pavilhão do Menino Pescador, projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, está implantado dentro do Conjunto O Menino e o Mar, no litoral norte paulistano. O Conjunto é voltado para a prática de atividades culturais voluntárias aplicadas às crianças carentes. Dentro desse conjunto encontra-se o Pavilhão projetado pelo arquiteto, onde segundo ele, “o projeto procura contribuir para que crianças hoje excluídas, amanhã se tornem cidadãos com dignidade”, usou como partido de seu projeto o formato de um peixe, por se tratar de um cidade praiana.
A forma de ocupação de todo o conjunto também é projeto do arquiteto, organiza-se a partir de um eixo central, que é interrompido por uma arena construída em uma praça. Á esquerda do eixo central estão dispostos sequencialmente o Pavilhão, o posto médico, o berçário e a administração, á direita estão respectivamente salas de aula e ateliê e o espaço para o restaurante, ainda não implantado.
O arquiteto busca fazer um projeto sustentável e de custo baixo, com técnicas construtivas de fácil acesso e local sem usar muita tecnologia, e mesmo assim, consegue fazer um projeto contemporâneo e acolhedor.
Figura 12: Pavilhão do Menino Pescador. Fonte: arcoweb.com.br
Figura 13: interior do Pavilhão do Menino Pescador. Fonte: arcoweb.com.br
Local Ubatuba, São Paulo, Brasil. Ano 1999 / 2001 Área do Terreno 6.500 m²
Figura 14: arena do Conjunto o Menino e o Mar. Fonte: arcoweb.com.br
30 REFERÊNCIA PROJETUAL
PRAÇA VICTOR CIVITA - LEVISKY E DIETZSCH Propõe um percurso na diagonal composto por um deck de madeira, favorecendo a perspectiva do projeto. Ao longo desse percurso ele cria salas urbanas que guiam para espaços como os museus e o palco de apresentações. O projeto busca o reaproveitamento de materiais, da água e da energia.
. ORGANIZAÇÃO ESPACIAL Realizado com o objetivo de resgatar uma área contaminada da grande São Paulo. O projeto foi considerado um grande desafio urbanístico, social, político e cultural em torno da sustentabilidade. A praça além de contemplação proporciona atividades de aprendizados, com a implantação de “Museus Abertos” voltados ao meio ambiente. Local São Paulo, SP, Brasil. Ano projeto concluído em 2007. Área do Terreno 13.648 m²
Figura 16:vista aérea da Praça Victor Civita. Fonte: archdaily.com
Figura 15: implantação da Praça Victor Civita. Fonte: archdaily.com
Figura 17: Praça Victor Civita. Fonte: archdaily.com
Figura 18: vista do deck da Praça Victor Civita. Fonte: archdaily.com
31 REFERÊNCIA PROJETUAL
PARQUE DA JUVENTUDE - AFLALO E GASPERINI
A - PARQUE ESPORTIVO B - PARQUE CENTRAL C - PARQUE INSTITUCIONAL D - ÁREA DE PRESERVAÇÃO E - MURALHA
. ORGANIZAÇÃO ESPACIAL Complexo cultural, recreativo e esportivo construído na área onde estava implantado o antigo Complexo Penitenciário do Carandiru, na zona norte de São Paulo. O projeto é dividido em três espaços, o esportivo, o de contemplação/recreação e o cultural com escolas técnicas voltadas para informática e cultura, como também biblioteca. Local bairro de Santana, São Paulo, SP, Brasil. Ano 2003 / 2007. Área do Terreno 35.000 m²
Figura 20: vista aérea do parque da juventude. Fonte: arquiteturaeurbanismotodos.org.br
Figura 19: implantação do parque da juventude. Fonte: arquiteturaeurbanismotodos.org.br
Figura 21: espaço de contemplação/recreação. Fonte: domholstel.com.br
Figura 22: espaço de contemplação/recreação. Fonte: turismo.culturamix.com
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ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DOS PROJETOS DE REFERÊNCIA PARA O PROJETO DE INTERVENÇÃO A leitura de referências projetuais foi de grande relevância para esse projeto de pesquisa, pois contribui no amadurecimento do entendimento do espaço de estudo e do objeto implantado. As quatro obras estudadas, como o SESC Pompéia, o Pavilhão do Menino Pescador, a Praça Victor Civita e o Parque da Juventude, foram propostas para a recuperação de áreas deterioradas e algumas degradadas, intervindo no espaço, tanto restaurando o existente, como implantando um edifício novo. De cada obra estudada, foi extraído um ponto forte, o qual relaciona-se com a proposta de intervenção no parque-escola do município de Serrana-SP. SESC Pompéia – a arquiteta Lina Bo Bardi propôs a relação entre o existente, que pode ser chamado de “velho” e o “novo”, o que foi construído depois. Essa relação é bem clara na implantação, na forma e na materialidade utilizada. Essa foi a mesma base de pensamento proposta nesse projeto de pesquisa, distinguir a ruína em seu atual estado, do edifício novo, utilizando-se de materiais diferentes e ligações separadas. Pavilhão do Menino Pescador – um projeto aparentemente simples, porém com soluções projetuais sustentáveis. O arquiteto Ruy Ohtake, buscou projetar um espaço com materiais de baixo custo e acessíveis. Como o programa de necessidades implantado na área de intervenção, o Pavilhão do Menino Pescador também proporciona cultura e lazer para a população de forma voluntária.
Praça Victor Civita – quando olhamos o projeto de implantação da praça, podemos comparar a forma do terreno com a do parque-escola do município de Serrana-SP. Nesse projeto o grupo de arquitetos criaram edifícios independentes, mas interligados pela circulação, cuja materialidade foi utilizada um deck de madeira elevado do chão. A proposta de intervenção realizada no parque-infantil baseou-se nessa idéia, edifícios independentes interligados pela circulação (partido do projeto) e pela laje de cobertura, também independente. Parque da Juventude – com o intuito de reconstituir uma área marcada por um acontecimento que marcou toda a população, o Parque da Juventude, é um projeto recreativo e cultural dividido em três espaços diferentes: o esportivo, o recreativo e o cultural. No projeto de intervenção que será realizado, esses espaços acontecem mas de forma integrada. A proposta de intervenção busca unir cada ponto levantado na leitura projetual e na análise, preservará edifício existente e implantará novos edifícios para melhor organizar o programa de necessidades, ficará claro no projeto essas relação “velho-novo” levantado pela arquiteta Lina Bo Bardi. O programa de necessidades permanecerá o que funciona atualmente no espaço preexistente, o de centro cultural, que assim como o projeto de Ruy Ohtake, realizam atividades voluntárias destinadas principalmente ao público carente. Quanto a organização espacial, a proposta é a implantação de edifícios independentes e interligados, assim como estudado no projeto da Praça Victor Civita e Parque da Juventude, espaços de lazer e cultura.
34
35
DIAGNÓSTICO LOCAL O levantamento de dados é o primeiro passo para a realização do projeto, pois é necessário conhecer sobre o lugar e o seu entorno. No caso dessa pesquisa foi necessário primeiramente um estudo sobre o município como forma de justificativa para o programa de necessidades, em seguida o estudo do bairro e do edifício para a justificativa da intervenção. A realização do levantamento de dados foi importante para justificar a intervenção a ser realizada no edifício do parque-escola, como também para a realização da mesma. Através dos dados levantados pode-se perceber a grande necessidade de adequação do espaço tanto para seu uso como para a adaptação do mesmo com o seu entorno. E o principal, o marco da sua história e a permanência da estrutura antiga do projeto.
36 DIAGNÓSTICO LOCAL
LEVANTAMENTO DO MUNICÍPIO LEGISLAÇÃO Segundo o Plano Diretor do Município de Serrana-SP, a área de estudo é pertencente a Zona de Especial de Interesse Público (ZEIP) - corresponde à área do antigo Parque Infantil, situada na rua dos Estudantes, de propriedade da FEPASA com a finalidade de implantação de um centro cultural e de serviços para a população. (Lei Complementar 174/06)
ALTINÓPOLIS
RIBEIRÃO PRETO
SERRANA
CRAVINHOS 0
SERRA AZUL
50
100
ESCALA GRÁFICA (m)
Mapa 01: localização do município de Serrana-SP na região de Ribeirão Preto. Fonte: Issa, J. V.
LEGENDA NÍVEL DE RELAÇÃO ALTO
NÍVEL DE RELAÇÃO MÉDIO
ACESSO PELA ROV. ABRÃO ASSED
NÍVEL DE RELAÇÃO BAIXO
PRESÍDIO
ACESSO PELA ROV. ANGELO CAVALHEIRO
O projeto atende as especificações da Lei Complementar 174/06 Seção VII referente ao Estudo de Impacto da Vizinhança como também os dispostos na Lei Complementar 176/06 referente ao Código de Obras do município.
37
IMPLANTAÇÃO
ÁREA VERDE
O município de Serrana encontra-se localizado no estado de São Paulo, dentro do território brasileiro. Faz divisa com os municípios de Ribeirão Preto, Altinópolis, Serra Azul e Cravinhos. Como pode ser observado no mapa ao lado, a proximidade com o município de Ribeirão Preto e Cravinhos é pequena, o que afeta a economia do município de Serrana.
O município de Serrana é pouco arborizado, com poucas áreas verdes, tornando-se um município quente e com poucas áreas de sombra. Poucas casas possuem árvores em suas fachadas, há massas de vegetação lineares nos canteiros centrais das principais avenidas (Av. Deolinda Rosa e Av. Habib Jábali), há também massas de vegetação nas praças, no único parque urbano existente na cidade (Parque Bela Fonte) e na área em estudo (CECAC). Como podemos observar no mapa abaixo, há uma enorme massa de vegetação, essa massa de vegetação pertence a propriedade privada da Usina da Pedra Agroindustrial, usina produtora de açúcar e álcool. As massas de vegetação apresentadas no mapa são áreas de arborização de médio a grande porte.
Outro ponto fraco do município de Serrana-SP é a sua implantação entre dois presídios, isso faz com que ele se torne o município com maior índice de violência da região. ECONOMIA A economia do município está baseada na cana de açucar e no comércio local, mas o município não possui espaços de lazer e equipamentos urbanos suficientes para atender sua população, ocasionando no deslocamento dos seus habitantes para as cidades vizinhas, em busca de melhores oportunidades. POPULAÇÃO O município possui uma população de aproximadamente 45 mil habitantes, desses 45 mil, 5 mil não são habitantes fixos do município (são pessoas que vêm de fora para trabalhar nas empresas de cana-de-açúcar). Uma população formada em sua maioria por jovens entre 10-35 anos, havendo um equilibrio entre a população feminina e masculina.
0
50
100
ESCALA GRÁFICA (m)
Mapa 02: massa de vegetação existente no município de Serrana-SP. Fonte: Issa, J. V.
38 DIAGNÓSTICO LOCAL
LEVANTAMENTO DO BAIRRO O edifício que sofrerá intervenção está localizado na região central do município de Serrana-SP, bairro onde estão localizados os edifícios dos mais variados usos, como: Igreja, Bancos, Hospital, Restaurantes, Lojas, Asilo, Casa da Cultura, Escolas. Como pode ser observado no mapa acima, a região central do município sofreu uma descentralização, e a região cresceu em um único sentido, o da região periférica. O comércio acabou se instalando na principal via da cidade (R. Vicente de Paula Lima), e o bairro se tornou de característica institucional e residencial.
A região central apresenta edifícios importantes que influenciam a área de estudo, como foi destacado no mapa ao lado. Mas muitos desses edifícios como os clubes, a casa da cultura, o museu e o parque Bela Fonte não funcionam corretamente. Ou seja, a população serranensse possui poucos espaços de lazer e cultura para serem usufruidos.
0
50
100 LEGENDA
ESCALA GRÁFICA (m)
Mapa 03: bairro central do município de Serrana -SP. Fonte: Issa, J. V.
01 IGREJA MATRIZ
05 ESCOLA
08 CLUBE
02 HOSPITAL
06 MUSEU
09 PARQUE
03 ASILO
07 CASA CULTURAL
10 CLUBE
04 ESCOLA
01
02
03
INSTITUCIONAIS
04
08
EDUCACIONAIS
LAZER 09
05
10
CULTURAIS 06
07
Figura 23: influÊncia e relação dos edifícios do entorno. Fonte: Issa, J. V.
39
40
USO DO SOLO
OCUPAÇÃO DO SOLO - GABARITO
O mapa abaixo mostra a região central do município de Serrana-SP, diferentemente do que acontece nas demais cidades, a região central não tem como predominância comércio e prestação de serviços, mas sim a predominância de edifícios residenciais e característica institucional pelos edifícios de destaque do bairro (hospital, asilo, escolas, igreja), essa diferenciação se deu pela ocupação natural do município e ocasionou a sua descentralização.
O mapa abaixo de gabarito apresenta a predominância da altura dos edifícios na região central do município de Serrana-SP, como pode-se observar, o gabarito é predominantemente edifícios de no máximo dois pavimentos, esse gabarito é consequência do tamanho e da demografia do município, tornando-se um bairro e um município denso e horizontal.
09
10 01 02
07
ÁREA DE PROJETO
03 08
04 06 05
Mapa 04: uso do solo, tipologia dos edifícios. Fonte: Issa, J. V.
0
50
100
Mapa 05: ocupação do solo, altura dos edifícios. Fonte: Issa, J. V.
ESCALA GRÁFICA (m)
LEGENDA SERVIÇO
INDUSTRIA
COMÉRCIO
INSTITUCIONAL
ÁREA VERDE
VAZIO UBANO
50
100
ESCALA GRÁFICA (m)
LEGENDA
HABITAÇÃO
0
ATÉ DOIS PAVIMENTOS DE 3 A 6 PAVIMENTOS
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OCUPAÇÃO DO SOLO - FIGURA FUNDO
HIERARQUIA VIÁRIA FÍSICA E FUNCIONAL
O mapa de figura fundo apresentado abaixo mostra os limites das áreas edificadas da região central do município de Serrana-SP e o quanto os edifícios ocupam do lote. A partir do estudo feito sobre esse mapa foi possível observar que o município não apresenta uma legislação de ocupação e que não há uma fiscalização dessa ocupação, alguns lotes não possuem recuo frontal, outros ocupam além do permitido, não havendo um equilíbrio entre as edificações, causando problemas de insolação e ventilação.
Foi levantado um padrão de hierarquia viária física, onde as vias possuem tamanhos idênticos, diferenciando apenas as avenidas. Quanto ao fluxo, é intenso nas vias onde estão implantados os edifícios de usos importantes, ou vias que dão acesso a eles (hospital, bancos, comércio). Há um semáforo no cruzamento de maior fluxo da área, entre a R. Barão do R. Branco e a R. XV de Novembro. Os sentidos das vias ainda não estão adequadamente organizados.
ÁREA DE PROJETO
Mapa 06: ocupação do solo, ocupação do edifício no lote. Fonte: Issa, J. V.
ÁREA DE PROJETO
0
50
100
Mapa 07: hierarquia viária, tipologia e fluxos da vias. Fonte: Issa, J. V.
ESCALA GRÁFICA (m)
LEGENDA ÁREA EDIFICADA
0
50
100
ESCALA GRÁFICA (m)
LEGENDA BAIXO FLUXO
VIAS MÉDIAS
MÉDIO FLUXO
VIAS LARGAS
ALTO FLUXO
AVENIDAS
SENTIDO ÚNICO SENTIDO DUPLO SEMÁFORO
42
DIAGNÓSTICO CLIMÁTICO O diagnóstico climático foi levantado baseado em dados levantados a partir das características climáticas do município de Serrana-SP. O município apresenta um clima tropical, com verão úmido e inverno seco, com ventos predominantes vindos da direção sudeste. Nos últimos anos, a sensação térmica no município está cada vez mais quente e seca, consequencia da queda da demanda de chuvas e principalmente da pouca vegetação existente na cidade, não proporcianando sombra. Como pode ser observado no mapa de gabarito da área de estudo, não existem barreiras em nenhuma das direções que impedem a incidência de raios solares nas fachadas dos edifícios implantados no local, no entanto, a área de estuda possui vegetação densa, criando sombras. De acordo com o estudo das cartas solares retiradas do programa SOL-AR, conclui-se que... - orientação norte (0°): os raios solares incidem durante o dia todo (6h às 18h) no meses de inverno e outono. - orientação leste (90°): os raios solares incidem durante o período da manhã (6h às 12h) durante o ano todo. - orientação sul (180°): os raios solares incidem durante o dia todo (6h às 18h) no meses de primavera e verão.
SOL DA TARDE (durante o ano todo)
- orientação oeste (270°): os raios solares incidem durante o período da tarde (12h às 18h) durante o ano todo. A partir dos levantamentos climáticos pode-se perceber a necessidade de tratamento térmico no projeto de intervenção do parque-escola, e possivelmente do entorno, e também utilizando-se dessas características para favorecer a sustentabilidade do projeto.
Mapa 08: influência climática na região de estudo. Fonte: Issa, J. V.
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ESTUDO DA CARTA SOLAR
SOL DA MANHÃ (durante o ano todo)
DIREÇÃO DO VENTO
Figura 24: cartas solares referentes ao município de Serrana-SP. Fonte: SOL-AR.
44 DIAGNÓSTICO LOCAL
LEVANTAMENTO DA ÁREA DE ESTUDO ACESSOS À ÁREA DE ESTUDO O acesso a área de estudo se dá de duas maneiras, pela Rua Barão do Rio Branco ( de fluxo intenso), principal acesso, e também pela Rua dos Estudantes (fluxo menos intenso). O portão de entrada está localizado na via de maior fluxo com uma área de estacionamento na frente.
Figura 25: esquina entre as R. Barão do Rio Branco e R. do Estudantes. Fonte: Issa, J. V.
ACESSO 1
O1
SO
ES
AC
SS ACE
2 Figura 26: vista da R. Barão do Rio Branco (portão de acesso). Fonte: Issa, J. V.
ACESSO 2
0
50
100
ESCALA GRÁFICA (m)
Mapa 09: principais acessos a área de estudo. Fonte: Issa, J. V. Figura 27: vista da R. dos Estudantes. Fonte: Issa, J. V.
45
LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO 4.00
Com uma área de aproximadamente 8.395 metros quadrados, o terreno em estudo possui quatro metros de desnível (aclive).
0.00 CORTE ESQUEMÁTICO CC
C
B
0.00
3.00 0.00 CORTE ESQUEMÁTICO BB
A
A
2.00
0.00
Mapa 10: mapa planialtimétrico. Fonte: Issa, J. V.
C
B
CORTE ESQUEMÁTICO AA
4.00
140.0
0m
0m
70.0
95.00
m
75.62 m Figura 28: maquete topográfica digital. Fonte: Issa, J. V.
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ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO Pode ser observado que devido o passar dos anos, e consequencia do estado de deterioração dos edifícios existentes na área de estudo, a ocupação dos edifícios sofreu transformações.
LEGENDA SALAS DE AULA REFEITÓRIO E ADMINISTRAÇÃO ENFERMARIA E VESTIÁRIO
Mapa 11: antiga ocupação da área de estudo. Fonte: Issa, J. V.
LEGENDA CENTRO CULTURAL EDIFÍCIO DESTIVADO
Mapa 12: atual ocupação da área de estudo. Fonte: Issa, J. V.
Figura 29: edifícios existentes na área de estudo. Fonte: Issa, J. V.
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MASSA DE VEGETAÇÃO A área de estudo possui arborização densa, como podemos ver na foto aérea ao lado, a vegetação varia entre médio e alto porto, com copas densas, resultando em grandes área de sombra.
LEGENDA EDIFÍCIOS EXISTENTES 0
ÁRVORES DE MÉDIO E ALTO PORTE
Figura 31: vegetação encontrada na área de estudo. Fonte: Issa, J. V.
50
ESCALA GRÁFICA (m)
VEGETAÇÃO BAIXA
Mapa 13: massa de vegetação da área de estudo. Fonte: Issa, J. V.
10
Figura 30: vista aérea mostrando a massa de vegetação. Fonte: Issa, J. V.
48 DIAGNÓSTICO LOCAL
ESTUDO DO ESTADO DE DETERIORAÇÃO
Figura 32: edifício das salas de aula / atualmente centro cultural. Fonte: Issa, J. V.
EDIFÍCIO 1 Na antiga ocupação funcionavam dentro dele salas de aulas do parque-escola, na atual ocupação o edifício funciona como espaço cultural, compreendendo uma sala para apresentações e ensaios culturais, biblioteca, e a administração do Centro de Cultura e Ativismo Caipira. O único edifício pertencente ao espaço que permite o funcionamento adequado de seu interior.
Figura 33: edifício enfermaria e vestiário / atualmente sem uso. Fonte: Issa, J. V.
EDIFÍCIO 2 Sua antiga ocupação era preenchida por uma enfermaria, com atendimento voltado as crianças do parque e vestiário. Atualmente o edifício encontra-se fechado e sem uso. Suas paredes estão quebradas, a pintura mofada e descascada. A cobertura também se encontra em estado de deterioração, com telhas quebradas.
Figura 34: edifício da administração e refeitório / atualmente ruína. Fonte: Issa, J. V.
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EDIFÍCIO 3 O edifício ao lado é o que se encontra com o mais grave estado de deterioração, na sua antiga ocupação era o refeitório e a administração do parque, um espaço de reuniões e encontro das crianças. Outrora, nos dias atuais, apesar de manter essa característica de espaço de encontro, o edifício não permite o seu uso. O edifício já não possui cobertura, existem rachaduras nas paredes, que também estão quebradas e descascadas, parte de sua estrutura derrubada, o concreto do piso está degradado, algumas mesas do refeitório feitas em concreto estão quebradas. Por ser o edifício que se encontra na entrada do parque, acaba causando maior impacto ao visitante que frequenta o espaço.
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ENTREVISTA ESTRUTURAL Foi realizada uma pesquisa estruturada com pessoas que frequentaram ou trabalharam na pré-escola (antiga ocupação), com pessoas que prestam serviços no CECAC (atual ocupação), pessoas que frequentam o CECAC e que estão fora do CECAC. As pessoas entrevistadas foram: Georgina Issa - foi diretora do parque infantil.
Vanessa Contiliani – uma das representantes do movimento CECAC.
José Jorge Issa – participante do movimento CECAC e frequentador do parque infantil.
Bruna Lima – arquiteta, não frequenta o movimento CECAC, porém expõe sua visão profissional.
Figura 35: pessoas entrevistadas sobre o CECAC/parque infantil. Fonte: facebook.com
Rosana Ferreira – trabalhou no antigo parque-escola e atualmente é uma das representantes do movimento CECAC.
1 - Como era vista a pré escola antigamente diante da sociedade? Tinha alguma importância para o município? Georgina – a pré-escola além de proporcionar ensino de qualidade para a suas crianças, era um espaço que fornecia segurança e tranquilidade para as mães que deixavam seus filhos lá enquanto trabalhavam. No seu dia-a-dia, o trabalho não era realizado apenas com os alunos, crianças de fora também podiam frequentar o parque, e os funcionários doavam refeições a famílias carentes. A pré-escola proporcionava desfiles temáticos com as crianças, e a cidade toda parava para assistir, atraindo também público de fora, pela sua simplicidade. Rosana e Vanessa – a escola voltada para o ensino fundamental tem papel importante na formação das crianças, seu ensino era de primeira, melhor que de muita escola particular que nem existia no município. No Parque Infantil Municipal havia piscina , salas de aula, sala de dentista, cozinha , dispensa , brinquedos , espalhados pela grande área verde , tanques de areia , tudo voltado para as atividades com as crianças , era o único parque da cidade e trazia um grande beneficio social, uma vez que as mães tinham onde deixar seus filhos pra trabalhar. Jorge - tinha muita importância tanto no âmbito da educação como no espaço físico sendo ponto de referencia no município para a população em si e para os visitantes que aqui chegavam. Como centro educacional, é correto dizer que quase todas as crianças da cidade frequentaram o “parquinho”, no período em que ele esteve ativo. Bruna - eu costuma brincar no parquinho de vez em quando, nunca fui matriculada como outras crianças, mas era permitido entrar e brincar a vontade. Era importante para o bairro, pois não se tem creches nem nada parecido no centro.
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2- Qual a importância do lugar para você? Como CECAC (Centro de Cultura e Ativismo Caipira) e/ou como Pré-Escola, como era antes. Georgina – seja qual for o seu uso, o espaço deve ser mantido e continuar proporcionando atividades que integre o público, principalmente as crianças, com quem sempre convivi. O Centro Cultural seria uma boa alternativa para o lugar, mas precisa atender toda a população e não um público alvo, como as pessoas que curtem rock somente. No momento o atual uso só se volta para a população jovem, porém idosos também precisam de espaços como esse. Rosana e Vanessa - Hoje o CECAC tem a importância de um Centro Cultural de convergências de saberes, de todas as idades e todos os níveis, uma opção ( talvez a única), de atividade cultural intensa , diversificada ,espaço de muito verde, onde o protagonismo da juventude é relevante e essencial, com certeza este é o DNA do CECAC. Jorge - Como escola, foi o início do meu processo de aprendizagem e como CECAC, é a continuidade de um projeto artístico particular e a oportunidade de apresentá-lo à novas gerações e também no processo de contribuir na conscientização e socialização de jovens que cada vez mais participam do projeto “CECAC”, seja nas aulas de música como nos eventos que oferecem a oportunidade de interagir em oficinas de teatro, literatura, pintura, grafitagem, vídeos, fotos e outros seguimentos culturais. Bruna - é importante os dois usos (CECAC e pré-escola). O local sempre foi institucional, para uso público, e assim deve ser mantido. A escritura do local é um pouco complicada, a área pertencia à FEPASA com concessão à prefeitura de Serrana, pelo que sei esse contrato acabou e a área está “sem dono”.
3 - Acha necessária fazer uma intervenção na área do CECAC para adequar o edifício ao seu uso e melhorar o local? Georgina – se o lugar está deteriorado e adquiriu um novo uso, é claro que precisa sofrer uma intervenção, o lugar precisa ser melhorado para que seja seguro a quem frequenta. Rosana e Vanessa - com certeza, toda intervenção que traga mais conforto e possibilidades de melhorias e ampliação das atividades culturais é sempre bem vinda, desde que consiga manter a essência e identidade do local. Jorge - Acredito que sim, desde que esta intervenção não descaracterize a verdadeira intenção do projeto “CECAC”. Talvez uma intervenção que permita um espaço coberto e devidamente sonorizado com os devidos cuidados com o isolamento acústico e uma reformulada no espaço externo para que seja melhor aproveitado pelo projeto ocupando toda a extensão do espaço. Bruna - Atualmente a área está degradada. O CECAC ocupa um prédio com uma estrutura muito ruim (entretanto, é muito bem cuidado pelo CECAC) e as outras edificações estão em ruínas e ocupadas por moradores de rua. A área livre está coberta por matos que aparentemente não é aparado há muitos anos, o que o faz um lugar muito perigoso. Não sei até que ponto é possível aproveitar as edificações que estão lá, seria necessário um estudo detalhado para chegar a alguma conclusão.
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4 - Para você o uso do edifício para espaços de cultura deve ser mantido?
5 - Acha que a forma de ocupação do lugar atrapalha os edifícios do entorno como o hospital e o asilo?
Georgina – com certeza, ainda mais se atender toda a população. Serrana necessita de mais espaços assim, as pessoas precisam de espaços onde elas se distraiam e não fiquem nas ruas, onde só aprendem coisas erradas.
Georgina – por ser um espaço que trabalha principalmente a música sim, mas isso pode ser solucionado não pode?
Rosana e Vanessa - sim, pois reúne pessoas comprometidas e preocupadas com a cena cultural do município, só há a necessidade das adequações estruturais e consequentemente melhorias no aspecto para que o espaço passe a ser reconhecido pela população como importante e necessário Centro Cultural da cidade. Jorge - Sim, mas com certeza ampliado modificado na sua configuração, com ampliação do espaço das apresentações musicais e melhorias nas salas de debates e recepção. Bruna - Sim. Acho que pode funcionar como um centro cultural. É possível melhorar as instalações aproveitando o uso atual e resgatar o antigo. Penso que poderia ser feito um auditório com isolamento acústico (devido ao entorno com hospital e asilo) para ensaio, shows do CECAC e outros que quiserem usar; um prédio para uso administrativo/suporte é indispensável, por último um grande jardim para resgatar o uso do parquinho e manter as diversas árvores centenárias que habitam o local.
Rosana e Vanessa - Acho que não, pois o CECAC se restringe à apresentações culturais , oficinas , curso de musica às crianças e adolescentes e demais pessoas de quaisquer idades e eventos diversificados com apresentações musicais em horários adequados , que por muitas vezes tem a participação das entidades de seu entorno como café com viola , cine CECAC, etc, sem contar com a horta comunitária que existe no local, que contempla toda a vizinhança. Jorge - Apesar de uma edificação um tanto antiga, os responsáveis pelo projeto “CECAC”, tiveram os devidos cuidados para manter a vizinhança preservada do barulho. É lógico que muito precisa ser feito, não só para evitar os excessos mas também dar condições para que esta harmonia entre CECAC e comunidade prevaleça e que a continuidade dos projetos e dos trabalhos sejam abraçados por toda a comunidade como reconhecimento de um esforço de jovens que trabalham para que o pouco da “consciência cultural” que existe em nossa cidade, não se cale para sempre. Stéfani – nunca escutei reclamações. Os eventos mesmo de maior porte que eles organizam, poucas vezes ocorreram ali, a ponto de atrapalhar, sempre respeitaram a vizinhança. Bruna - De forma nenhuma. O CECAC já respeita o hospital e asilo, quando fazem shows e ensaios é tudo dentro de uma sala ou em outros locais. É claro que um auditório ao ar livre seria um elemento convidativo e conceitual para o local, mas nada está perdido.
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ANÁLISE DO DIAGNÓSTICO LOCAL E DAS ENTREVISTAS Como mostra o diagnóstico do município, do bairro e do entorno imediato, a intervenção na área de estudo é necessária para garantir o funcionamento adequado do programa de necessidades, os levantamentos comprovaram a necessidade de manter o espaço voltado para a cultura e o lazer da população, pois o município é carente de espaços como esse. A entrevista realizada mostrou que o parque-escola de alguma forma sempre fez parte da vida da população do município de Serrana-SP, a única pessoa que não teve essa vivência, foi porque quando nasceu, o parque-escola já estava desativado,
um dos motivos foi as novas escolas que foram sendo construídas. O lugar apresentou-se importante para as pessoas entrevistadas tanto no âmbito da alfabetização, como no da cultura e lazer, de qualquer maneira o espaço traz uma história e tem um importante uso por integrar a população. Todas as pessoas entrevistadas acham que o local deve sofrer uma intervenção devido ao sua estrutura deteriorada, e para eles, é uma forma de melhorar o uso do espaço, fazendo com que receba mais visitantes e não cause transtornos para a população do entorno, apesar do grande respeito existente ali. Para eles, sua atividade não causa problemas e sim, soluciona.
Figura 36: implantação do parque infantil, ruínas. Fonte: Issa, J. V.
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55
ESTUDOS INICIAIS Os estudos iniciais são as primeiras informações necessárias para se definir um projeto, envolve o conceito e o partido de uma criação, o plano de massas e o fluxo grama, e os croquis ou desenhos esquemáticos. Esses segmentos auxiliaram para a entender a idéia de projeto a ser alcançada, entender a organização espacial e o sistema construtivo.
56 ESTUDOS INICIAS DO PROJETO
CONCEITO E PARTIDO
O CONCEITO EXPRESSA A IDÉIA SUBJACENTE NO DESENHO E ORIENTA AS DECISÕES DE PROJETO EM UMA DETERMINADA DIREÇÃO, ORGANIZANDO E EXCLUINDO AS VARIANTES (LEUPEN, 2004).
INTEGRAÇÃO
CONCEITO
condição de constituir um todo pela adição ou combinação de partes ou elementos.
ELO
CONEXÃO
INCLUSÃO
EQUILIBRIO
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O conceito principal dessa intervenção realizada no parque infantil, é a INTEGRAÇÃO. A integração não está só presente na intervenção a ser realizada, como também, no programa de necessidades atual, na antiga ocupação do espaço, e na característica do município, pois toda cidade pequena permite maior integração entre os lugares, entre a população, onde a escala da cidade forma uma grande escala de vizinhança. O objetivo principal do projeto a ser realizado, é integrar o espaço cultural com as atividades do entorno, e não determinar um tipo de público, mas sim, um espaço para TODOS.
PARTIDO
CIRCULAÇÃO Para alcançar o conceito de integração, o prejeto partirá da CIRCULAÇÃO, parte de um eixo central que liga todos os edifícios que serão implantados com o preservado. Mas o percurso não será definido pelo eixo de circulação, será livre, área permeável com área não permeável, o passo é livre.
A MATERIALIDADE usada em todo o percurso é o bloquete. Os bloquetes são peças de concreto intertravadas, de fácil instalação, não exigindo mão de obra especializada. O seu assentamento e o preenchimento das juntas é feito com areia ou pó de pedra, permitindo a passagem de água, portanto um material ecológicamente correto. Essas peças podem ter formas, tamanhos e cores diferentes e permitem o tráfego de pessoas e veículos, além de ser visto como uma alternativa viável para a acessibilidade.
BLOQUETE
58 ESTUDOS INICIAS DO PROJETO
PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades da nova implantação da área de estudo será o mesmo existente atualmente no local, porém ele será expandido para a cidade toda, envolvendo o entorno da edificação.
BIBLIOTECA
HORTA
AULAS DE MÚSICA
ENSAIO DE BANDAS
O programa de necessidades existente atualmente na área de estudo é o de uma centro cultural, cujo nome é CECAC, Centro de Cultura e Ativismo Caipira, projeto realizado por um grupo de jovens ativistas que buscam melhorias na cidade, fazem isso através de projetos voltados a cultura e meio ambiente de forma voluntária. O grupo ocupou a área do antigo parque-escola e ali instalou suas atividades, tanto dentro de um dos edifícios, como também ao ar livre.
CENTRO CULTURAL Suas atividades abrangem desde aulas de música até eventos culturais, incluindo biblioteca, cinema, grafismo, horta, trabalhos ecológicos, discussões políticas, manifestações ativistas. O espaço oferece um lugar para ensaios de bandas e recitais. O projeto realizado tem relações com cidades da região e do pais todo, chegando a se estender para fora do país.
“ARTE, CULTURA, MEIO AMBIENTE E LIBERDADE DE EXPRESSÃO.”
CECAC
DEBATES SOCIAIS
MANIFESTAÇÕES
ANÁLISE DO USO DO ESPAÇO
Através do estudo do atual programa de necessidade pode-se observar a necessidade de manter o seu uso e a sua relação com o lugar instalado. A sua ocupação se deu de forma espontânea e se enquadrou no espaço, um espaço livre, simples, rústico e arborizado, contribuindo com o programa de necessidades. Outrora, o lugar apresenta-se bastante deteriorado necessitando de uma intervenção para melhor atender suas ambiências.
A cultura é uma forma de estimular a liberdade de expressão do homem, é uma ferramenta chave para diminuir o grau de violência do município, que se encaixa na lista dos mais violentos da região, além de formar jovens em busca de um lugar melhor, que florescem suas ideias para as transformações sociais.
OFICINAS DE ARTE
EVENTOS CULTURAIS
Figura 37: atividades do centro cultural implantado na área de estudo. Fonte: facebook.com
A característica do local é a liberdade de expressão, onde todos tem o direito de participar e propor mudanças, a intervenção proposta deve manter essa característica, para que não se perca o interesse sobre o projeto, e sim, atraia mais pessoas interessadas em colaborar com ideias e projetos, sem visar lucro, apenas o bem estar da comunidade. O projeto portanto, deve estar integrado com os edifícios do entorno para que possa atender as diferentes idades e pessoas, gostos e necessidades.
59
60 ESTUDOS INICIAS DO PROJETO
PLANO DE MASSAS / FLUXOGRAMA RUÍNA
ALIMENTAÇÃO
GALPÃO CULTURAL
ADMINISTRAÇÃO
OFICINAS DE ARTE
BANHEIRO
BIBLIOTECA
61
ORGANIZAÇÃO ESPACIAL A organização espacial da nova implantação proposta buscou integrar todas as atividades do espaço, como pode ser observado no fluxograma ao lado. Todas as atividades exercidas no centro cultural se relacionam de alguma maneira entre si e com o entorno. Além de proporcinar lazer e cultura a toda a população, as atividades se estenderão como apoio aos edifícios do entorno, como por exemplo, as futuras instalações do HC em frente a área de intervenção, que ocasionará em grande circulação de pessoas vindas de várias cidades, que necessitarão de um lugar para descansar, se alimentar e distrair. Servirá de apoio as escolas vizinhas com biblioteca e informática. Aos moradores do asilo, proporcionando espaços de contemplação e lazer, esses moradores ficam isolados dentro de um espaço fechado, necessitando de estar junto a natureza.
EXISTENTE
(clube / estacionamento)
EDUCACIONAL
(oficinas / biblioteca)
APOIO
(alimentação / banheiro)
CONTEMPLAÇÃO (ruína / exposição)
LAZER
(eventos / diversão)
Mapa 14: plano de massas, definição da organização espacial. Fonte: Issa, J. V.
62 ESTUDOS INICIAS DO PROJETO
DESENHOS INICIAIS
APROVEITAMENTO DA TOPOGRAFIA
ARQUIBANCADA / ACESSO DE L
RA
NT CE IXO ÍNA O E RU O D DA IÇÃ ÃO FIN - VIS
AMPLIAÇÃO DAS ATIVIDADES
Figura 38: croquis de estudo do projeto de intervenção. Fonte: Issa, J. V. e Ferraz, A. M.
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SISTEMA ESTRUTURAL PILAR / VIGA / LAJE (travamento) ESTRUTURA METÁLICA / PERGOLADO
FECHAMENTO INDEPENDENTE (transparência) COBERTURA PERGOLADO INDEPENDENTE (ligação)
ESTRUTURA CONTÍNUA / LAJE ESTENDIDA EM BALANÇO
SISTEMA CONSTRUTIVO EM MÓDULOS 2 x 2m REPETIDOS NA COBERTURA DE PERGOLADO E NO SISTEMA DE VEDAÇÃO
64
65
PROJETO DE INTERVENÇÃO Consiste na apresentação do projeto de intervenção realizado na área de estudo, demonstra a organização espacial, implantação, plantas dos edifícios, cortes e fachadas que explicam cada detalhe da proposta e perspectivas.
66 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
ORGANIZAÇÃO ESPACIAL MEMORIAL O projeto de intervenção proposto para o local do antigo parque escola, que encontra-se deteriorado, consiste na criação de um espaço para TODOS, cujo conceito é INTEGRAÇÃO, ou seja, a criação de um espaço que atenda as necessidades de toda a população e visitantes. Como observado nos levantamentos que foram realizados, o município de Serrana-SP é um municío carente de equipamentos de cultura e lazer, um município cujo índices de violência apresentamse elevados, necessitando de um espaço que trabalha as relações sociais. IMPLANTAÇÃO Em uma área de aproximadamente 8.395 metros quadrados, foi trabalhada a relação “velho x novo”, onde dos três edifícios existentes, foram mantidos o que encontra-se em ruína total, o de maior impacto quando a população fala do lugar. Em seguida foi proposto como ponto de partida para o projeto, a circulação. O local atualmente é fechado por uma cerca de arame, e na intervenção, essa cerca será retirada, eliminando qualquer barreira que impeça o acesso livre ao centro cultural. Além do edifício existente que foi mantido em seu estado atual de deterioração, foram acrescentados mais quatro edifícios novos, ampliando as atividades realizadas, sendo eles: um edifício para o galpão cultural; um para a praça de alimentação composto por quatro casas de vidro; um para as oficinas de arte e por último, o que abriga a biblioteca, a administração e o banheiro. CIRCULAÇÃO A circulação tem como eixo principal a vista para a ruína (edifício existente), feita de bloquete, pisos de pedra intertravados, de baixo custo e fácil colocação, acessível e sustentável. Ela é a ligação entre
todos os edifícios, porém, não define o percurso, a circulação é livre, podendo circular pelas áreas permeáveis, incentivando um contato maior com a natureza. SISTEMA CONSTRUTIVO Os edifícios novos a serem implantados possuem materialidade diferente do existente, justamente para ser destacado a relação “velho x novo”. Os novos edifícios feitos em concreto aparente e módulos de vidro como vedação, contrastam com o tijolo aparente do edifício existente. O sistema estrutural dos novos edifícios é estrutura independente da vedação, estrutura composta por pilares e vigas de concreto, e a vedação varia entre módulos de vidro quadrados 2.00 x 2.00 metros (biblioteca, oficinas de arte e praça de alimentação) e alvenaria no caso do galpão cultural. Os novos edifícios, além da cobertura de cada um deles, se conectam por uma cobertura única, elevada 0.50 metro de cada cobertura, essa cobertura independente é uma trama quadriculada 2.00 x 2.00 metros que estrutura-se apoiada no galpão cultural e se apoia através de pilares em cima dos demais edifícios que serão implantados. As divisórias internas dos edifícios, são divisórias também independentes, feitas com gesso e/ou painéis de madeira deslizantes, tornando os edifícios totalmente flexíveis. RELAÇÃO COM O LUGAR A materialidade dos edifícios valoriam sua relação com o lugar, as transparências utilizadas permitem uma relação maior com a paisagem. O espaço receberá massas de arborização, criando grandes espaços de sombra, tornando o clima do lugar mais agradável e valorizando o conforto ambiental dos edifícios, que através das transparências, aumentam a quantidade de luz interna, e os módulos de vidros basculantes favorecem a ventilação cruzada. Quando a barreira é eliminada, os edifícios com atividades diversa se interagem com o entorno, e os seus usos interligam-se.
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PISO DE BLOQUETE (material sustentável e acessível)
VISÃO RUÍNA (eixo central)
ARBORIZAÇÃO (produtora de sombra)
0.00
ADM.
BIBLIOTECA
WC PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO
OFICINAS DE ARTE
ESTACIONAMENTO EXISTENTE
GALPÃO CULTURAL RUÍNA EXISTENTE EDIFÍCIO VIZINHO 4.00 Mapa 15: proposta de implantação - planta baixa. Fonte: Issa, J. V.
0
ARQUIBANCADA QUE SE ADAPTA A TOPOGRAFIA
5
25
ESCALA GRÁFICA (m)
68 D
LAJE PERGOLADO (trama quadriculada 2.00 x 2.00 metros de aço e vidro)
E
ABERTURA NA LAJE
C
C
B
B
A
A
Mapa 16: proposta de implantação - planta de cobertura. Fonte: Issa, J. V.
LAJE DE CONCRETO EDIFÍCIO SEM COBERTURA
D
0
E
5
25
ESCALA GRÁFICA (m)
69
CORTES ESQUEMÁTICOS
CORTE AA
CORTE BB
CORTE CC
CORTE DD
CORTE EE
70 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
OS “NOVOS” EDIFÍCIOS
C
ELEVAÇÃO 03
D
GALPÃO CULTURAL DIMENSÃO O edifício mede 26.00 metros de fachada e 20.00 metros de profundidade, com pé direito de 4.00, fora a cobertura.
DESPEJO
A
BAR
SALÃO DE EVENTOS
WC
ELEVAÇÃO 02
ORGANIZAÇÃO ESPACIAL A organização espacial proposta é um salão para a realização de eventos, com vão livre e palco de estrutura flexível. Em um corredor interno e entrada separada, há o camarim, o despejo para armazenamento dos instrumentos musicais e um espaço para bar. Quanto ao banheiro foi proposta uma solução em que possui duas entradas separadas, para que ele atenda tanto o galpão como todo o centro cultural, seu uso vai depender dos eventos organizados pelo galpão.
A
PALCO
ELEVAÇÃO 04
SISTEMA CONSTRUTIVO O sistema estrutural do galpão é um conjunto de pilar, viga e laje, e alvenaria de vedação. A materialidade proposta é o concreto aparente, contrastando com a materialidade do edifício existente, indicando de forma clara que é um edifício novo. As portas da fachada são portas de rolo em aço.
CAMARIM
WC
B
B
ELEVAÇÃO 01 C
D
Mapa 17: galpão cultural - planta baixa. Fonte: Issa, J. V.
71
ELEVAÇÕES ESQUEMÁTICAS
ELEVAÇÃO 01 (FRONTAL)
ELEVAÇÃO 02 (LATERAL)
ELEVAÇÃO 03 (TRASEIRA)
ELEVAÇÃO 04 (LATERAL)
CORTES ESQUEMÁTICOS
CORTE AA
CORTE CC
CORTE BB
CORTE DD
72 ELEVAÇÃO 03 A
CASA DE VIDRO ELEVAÇÃO 02
ELEVAÇÃO 04
DIMENSÃO Ocupa uma praça de 26.00 x 24.00 metros, cada casa de vidro mede 10.00 metros de fachada e 6.00 metros de profundidade, com pé direito de 4.00 metros.
B
SISTEMA CONSTRUTIVO As casas de vidro é estruturada com pilares e vigas metálicas e vedação independente feita com vidro, a vedação é composta por módulos quadrados de vidro 2.00 x 2.00 metros, basculantes, favorecendo a ventilação cruzada.
ELEVAÇÃO 01
ORGANIZAÇÃO ESPACIAL As casas de vidro, são compostas internamentes por ilhas gourmets, essas casas são voltadas para o setor de alimentação. O conjuntos delas formam uma praça coberta, que proporciona espaços de encontro e descanso, com mesas e poltronas.
Mapa 18: praça de alimentação - planta baixa. Fonte: Issa, J. V.
A
B
73
ELEVAÇÕES ESQUEMÁTICAS
ELEVAÇÃO 01 (FRONTAL)
ELEVAÇÃO 02 (LATERAL)
ELEVAÇÃO 03 (TRASEIRA)
ELEVAÇÃO 04 (LATERAL)
CORTES ESQUEMÁTICOS
CORTE AA
CORTE BB
74
ELEVAÇÃO 03
OFICINAS DE ARTE
B
DIMENSÃO O edifício da oficina de arte mede 24.00 x 10.00 metros, com pé direito de 4.00 metros e uma varanda na frente de 5.00 metros. Cada compartimento mede 8.00 metros. OFICINA DE ARTE
OFICINA DE ARTE
OFICINA DE ARTE
A ELEVAÇÃO 02
ORGANIZAÇÃO ESPACIAL A oficina de arte é composta por três compartimentos que podem ser ampliados, nesse espaço são exercidas atividades como aulas de artesanato, pintura, teatro, aulas de música e ensaios de banda. Esses compartimentos permitem os mais variados usos.
A
C
ELEVAÇÃO 04
SISTEMA CONSTRUTIVO A estrutura é composta de pilares e vigas de concreto, e a divisória entre os compartimentos são painéis de madeira deslizantes que proporcionam a ampliação dos ambientes. A vedação é independente da estrutura, são módulos quadrados de aço e vidro 2.00 x 2.00 metros, basculantes, favorecendo a ventilação cruzada dentro dos ambientes.
PAINÉL DESLIZANTE
PILAR
PROJEÇÃO DA VARANDA
B
C
ELEVAÇÃO 01
Mapa 19: oficinas de arte - planta baixa. Fonte: Issa, J. V.
75
ELEVAÇÕES ESQUEMÁTICAS
ELEVAÇÃO 01 (FRONTAL)
ELEVAÇÃO 02 (LATERAL)
ELEVAÇÃO 03 (TRASEIRA)
ELEVAÇÃO 04 (LATERAL)
CORTES ESQUEMÁTICOS
CORTE BB
CORTE AA
CORTE CC
76
ELEVAÇÃO 03
BIBLIOTECA E ADMINISTRAÇÃO
ORGANIZAÇÃO ESPACIAL O compartimento da administração não possui divisórias, todas as atividades realizadas acontecem juntas em um único espaço (administração, reuniões e publicidade). A biblioteca é um espaço que busca atender principalmente o entorno, além de espaços para leitura, cria um ambiente de estudo, realização de tarefas escolares e informática.
C
D
WC A
ADMINISTRAÇÃO
A
BIBLIOTECA
WC
B
C
D
ELEVAÇÃO 01 Mapa 20: adm. e bibliotca - planta baixa. Fonte: Issa, J. V.
CORTES ESQUEMÁTICOS
CORTE AA
CORTE BB
CORTE CC
CORTE DD
ELEVAÇÃO 02
SISTEMA CONSTRUTIVO A estrutura é composta de pilares e vigas de concreto. A vedação é independente da estrutura, são módulos quadrados de aço e vidro 2.00 x 2.00 metros. Apenas o compartimento do banheiro é vedado por alvenaria e concreto aparente. Os módulos de vidro são basculantes, favorecendo a ventilação cruzada.
ELEVAÇÃO 04
DIMENSÃO Ocupando uma área de 32.00 x 10.00 metros, a biblioteca (16.00 x 10.00), a administração (8.00 x 10.00) e o banheiro (4.00), separam-se em três compartimentos, onde entre eles passam corredores de 2.00 metros. Todas os compartimentos possuem pé direito de 4.00 metros.
B
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ELEVAÇÕES ESQUEMÁTICAS DA ADMINISTRAÇÃO
ELEVAÇÃO 01 (LATERAL)
ELEVAÇÃO 02 (FRONTAL)
ELEVAÇÃO 03 (LATERAL)
ELEVAÇÃO 04 (TRASEIRA)
ELEVAÇÕES ESQUEMÁTICAS DA BIBLIOTECA
ELEVAÇÃO 01 (FRONTAL)
ELEVAÇÃO 02 (LATERAL)
ELEVAÇÃO 03 (TRASEIRA)
ELEVAÇÃO 04 (LATERAL)
ELEVAÇÕES ESQUEMÁTICAS DA BANHEIRO
ELEVAÇÃO 01 (LATERAL)
ELEVAÇÃO 02 (TRASEIRA)
ELEVAÇÃO 03 (LATERAL)
ELEVAÇÃO 04 (FRONTAL)
78 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
PERSPECTIVAS
Figura 39: vista da cobertura de pergolado de aço e vidro e a sua relação com os edifícios. Fonte: Issa, J. V.
79
Figura 40: vista da implantação do centro cultural. Fonte: Issa, J. V.
80
Figura 41: vista mostrando a administração e a biblioteca. Fonte: Issa, J. V.
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Figura 42: vista das oficinas de arte e sua cobertura em balanรงo. Fonte: Issa, J. V.
82
Figura 43: vista da casa de vidro e espaรงos de encontro e descanso. Fonte: Issa, J. V.
83
Figura 44: vista do galp達o cultural e sua extens達o para o centro cultural. Fonte: Issa, J. V.
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CONSIDERAÇÃO FINAL Esse projeto contribuiu para entender o que é arquitetura. Entender que arquitetura não é apenas criar um edifício, arquitetura é muito mais complexo, relaciona-se com psicologia, para projetar é preciso interpretar, ler o espaço e as pessoas que vão utilizar, por isso a realização dos levantamentos de dados, e ter uma base teórica para auxiliar nessa interpretação é mais do que necessário. Foi gratificante a realização desse projeto de pesquisa, aproxima-nos dos conhecimentos adquiridos durante o curso de arquitetura e urbanismo, e no caso desse projeto, uniu todos as disciplinas estudadas, pois é um projeto que envolveu arquitetura (estudo do edifício), história (entender sua importância), urbanismo (relação com o entorno), paisagismo (adequar o edifício com a paisagem), conforto ambiental (criação de um projeto sustentável), entre outros, como a parte estrutural, interiores que não foram apresentados de forma técnica nesse projeto. O projeto de intervenção realizado alcançou todos os objetivos propostos, principalmente o de eliminar barreiras e integrar todo o projeto com o entorno. As soluções projetuais, o sistema construtivo, a organização espacial e o programa de necessidades solucionaram os problemas levantados no diagnóstico local. Conviver com o lugar constantemente, nos aproxima sentimentalmente e conscientemente para entender o seu funcionamento e suas necessidades, presenciar o que o lugar representa na vida das pessoas despertou o desejo de transformar seu espaço e melhorar o seu uso, o que justifica a escolha do tema para a realização dessa pesquisa.
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REFERÊNCIAS LIVROS E TEXTOS
SITES
MELLO, M.C.F. Restauração ou Restauro. Caderno 22, XICONABEA. ABEA. Rio de Janeiro, 2001.
Prefeitura de Serrana. Disponível em: www.serrana.sp.gov.br. Acesso em: 13 de maio de 2014.
SILVA, J. P.; ALMEIDA, R. H. A dialética do antigo-novo na arquitetura de museus a partir da interpretação do Museu de Arte de São Paulo – MASP. Universidade Federal do Espírito Santo. Espírito Santo, 2010. Disponível em: < http://www.arquimuseus.arq.br/anais-seminario_2010/eixo_i/p1-artigo-jaqueline-pugnal-da-silva-e-renata-hermanny-de-almei.pdf >. HIRAO, H. Os desígnios em intervenções sobre o patrimônio histórico de Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha. Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão. Presidente Prudente, out.2011. Disponível em: < http://www.unoeste.br/site/pos/enapi/2011/suplementos/documentos/Humanarum-PDF/Arquitetura.pdf#page=56 >. CHOAY, Françoise. Alegoria do Patrimônio. Tradução de Luciano Vieira Machado. 3.ed. São Paulo: Estação Liberdade: UNESP, 2006. GOMIDE, J.H. Manual de elaboração de projetos de preservação do patrimônio cultural. Instituto do Programa Monumento. Ministério da Cultura. Brasília, 2005. CARTA de Veneza: Cartas patrimoniais. IPHAN. Disponível em: < http://portal.iphan.gov.br/ >. Acesso em: 12 setembro 2013.
Conceito e Partido. Disponível em: pt.slideshare.net. Acesso em: 24 de outubro de 2014. Referências Projetuais. Disponível em: www.archdaily.com.br. Acesso em: 13 de agosto de 2014. Piso intertravado. Disponível em: www.artefatosdelta.com.br. Acesso em: 5 de novembro de 2014. Intervenção em Preexistencia. Disponível em: www.vitruvios.com.br. Acesso em: 28 de abril de 2014. Referências Projetuais. Disponível em: pt.wikipedia.org. Acesso em: 13 de agosto de 2014.
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