Habitar o mar: um ensaio sobre o amanhã

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HABITAR O MAR: UM ENSAIO SOBRE O AMANHÃ



Associação Escola da Cidade arquitetura e urbanismo trabalho de conclusão de curso

HABITAR o mar: UM ENSAIO SOBRE O AMANHÃ

Julie Uszkurat Carvalho de Oliveira orientador: Prof. Dr. José Maria de Macedo Filho São Paulo 2020



AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a minha família, Rodney, Katja, Alex, Gui, Carol e Jackson, por sempre estarem ao meu lado, e a tudo que sempre me proporcionaram; As minhas amigas dessa longa jornada, que sempre confiaram no meu trabalho e me apoiaram: Ana Clara Marin, Carolina Dentes, Camila Úngaro, Maia Levinbuk e Veridiana Fiorotto. Obrigada por todo companheirismo, conversas e momentos inesquecíveis; Ao meu excelente e querido orientador, Zema que despertou em mim a paixão em projetar; ao Pedro Vada, que aceitou embarcar conosco nesse percurso tão especulativo; Aos meus antigos e prezados chefes, Maria Guillamon, Vichi Thake e Erik Juul, que me mostraram tantas outras maneiras de se fazer arquitetura; Ao meu querido primo Oliver, por estar sempre disposto a me ensinar e ajudar; Ao Ícaro por me apresentar Santos com tanta dedicação e carinho; As minhas amigas da vida, Ana Vitória, Beatriz, Carolina, Gabriela, Isabella, Isadora, Lívia, Luiza, Manuela, Mariana e Rafaella e tantos outros amigos que sempre me acompanharam compartilhando angústias e alegrias. um ensaio sobre o amanhã

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INTRODUÇÃO

SUMÁRIO

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ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR

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SANTOS

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PROCESSO

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CENÁRIO

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INTRODUÇÃO

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Existem curiosidades e interesses dentro de nós que nos acompanham desde a nossa formação como seres críticos; assuntos que despertam um calor no coração ao entrarmos em debate. Assim é pra mim o interesse por questões relacionadas ao impacto ambiental causado por nós. Não se engane, não sou uma ativista de primeira, nem estou na linha de combate contra o aquecimento global, mas me preocupo, me interesso e de alguma maneira me sinto na obrigação de falar sobre. Me utilizo então desse trabalho, e do conhecimento da arquitetura adquirido ao longo do curso e aqui pretendo apresentar uma pequena parte, para trazer à tona um assunto de extrema relevância, porém ainda tratado por todos nós com pouca atenção: a elevação do nível do mar em decorrência do aquecimento global. Justamente com o objetivo de nos aproximar dessa

temática e fomentar discussões acerca de tais consequências, propor amplas reflexões, e especular sobre o futuro da arquitetura, do morar e do que definimos por sociedade. Para tanto, o trabalho se inicia com uma pesquisa teórica para embasar qualquer futura especulação. Quais são as principais causas da elevação do nível do mar, o porquê, as principais previsões e dados, para que possamos entender quais são as nossas ações que necessitam mudanças imediatas. Segue para o segundo capítulo se aproximando da cidade de SantosSP com o objetivo analisar uma região litorânea específica e como se dá sua relação com a água ao longo da história. Dessa maneira, apresenta-se um breve contexto histórico acerca das principais reformas urbanas que tem a água como um dos personagens principais, busca-se também mostrar quais são os impactos atuais causados

pela mesma, e como soluções infra estruturais feitas no início do séc XX ainda se mostram eficientes. Com a base teórica - da temática e do lugar - estabelecida, o próximo capítulo compila os principais recursos usados no processo transitório entre a teoria e o desenho; mostra-se aqui as principais referências e ideias que serviram de pilares criativos de sustentação do processo de síntese, ou materialização das ideias. A materialização desse trabalho se estabelece de maneira diferente do que o esperado, não se propõe soluções imediatas e definitivas às problemáticas apontadas, apresentase neste capítulo final reflexões e investigações de um possível cenário a ser enfrentado pela humanidade, portanto, a conclusão é na verdade uma abertura, para a conversa, para a especulação coletiva e, principalmente, para a reflexão. um ensaio sobre o amanhã

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FIG 01- Alagamento na orla da Baixada Santista. Fonte: Ícaro Cordaro (2016)

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ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR


Cada vez mais, nos deparamos com notícias de desastres em cidades ao redor do mundo como consequência do aquecimento global. O aumento da preocupação dos cientistas redor desse tema, se dá por conta do acúmulo de ações do homem prejudiciais ao meio ambiente, iniciadas principalmente com a revolução industrial (1760 – 1840). Em 1830 se relata o começo do aquecimento global, devido ao pequeno aumento de emissões de gás carbônico na atmosfera, segundo o estudo da Australian National University.2 A presença, na proporção certa, de CO2 na atmosfera junto com outros gases conhecidos como gases de efeito estufa (CH4, N2O, O3 e halocarbonos), por manterem o calor no planeta faz com que seres vivos possam existir. Sem eles o planeta terra perderia tanto calor que a vida como conhecemos seria impossível. O problema surge quando esses gases começam a se exceder devido a atividades humanas, 12 Habitar o mar

aumentando a temperatura do planeta e desregulando o clima. Segundo a NASA (National Aeronautics and Space Administration), desde 1880 a temperatura do planeta aumenta, em média, 1ºC anualmente. Pode parecer uma pequena variação mas é o que difere o gelo da água. É o suficiente para iniciar o processo de derretimento das geleiras, que causam a elevação do nível do mar, o mesmo que vem acontecendo desde a última era do gelo. Porém pequenas modificações ao longo do tempo, permitindo que o meio ambiente se adapte a tais transformações. Com a expansão de atividades que emitem gases de efeito estufa, tais como desmatamento, transporte, produção de gado, termelétricas a combustíveis fósseis, entre outros, geram consequentemente o aumento da temperatura no planeta terra, assim os níveis do mar vem se elevando muito mais rápido e de maneira muito mais agressiva.

2 Pesquisadores australianos liderados pelo professor Nerilie Abram, estudam o registro da temperatura do planeta usando dados paleoclimáticos a partir do ano 1500 . Para ver mais acesse : <https://cp.copernicus. org/articles/15/611/2019/>


“À medida que os humanos queimam combustíveis fósseis cada vez mais, o clima da Terra está mudando e o mundo está ficando mais quente. O resultado: geleiras e icebergs estão derretendo. Os oceanos estão se expandindo e nossos mares estão subindo.” (HILL, Kristina; BARNETT, Jonathan) tradução nossa.

FIG 02- Ressaca pós tempestade. Fonte: Ícaro Cordaro (2016)

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O problema da elevação do nível do mar vinculado com o derretimento das geleiras se dá principalmente a partir do impacto nas massas de gelo que atualmente se encontram em terra firme. O derretimento acontece em duas etapas principais; primeiro as geleiras que se encontram flutuando no mar começam a derreter e ao mudar a área de superfície do gelo o derretimento é ainda mais acelerado. Isso acontece porque quando os raios solares encontram o gelo, são refletidos como um espelho, porém, quando encontram a água, 90% é absorvido, aumentando sua temperatura e acelerando o processo. Assim, quando essas geleiras derretem, abrem uma barreira, iniciando a segunda e mais crucial etapa, o encontro da água com a geleira de terra firme, fazendo com que a mesma derreta no mar, assim criando um maior volume de água.

Essas etapas são facilmente percebidas quando colocamos muito gelo em um copo de água, a parte excedente, ou seja, a que não encosta na água, quando derrete faz com que o copo transborde.

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SHANGHAI antiga projeção para 2050

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nova projeção para 2050


antiga projeção para 2050

nova projeção para 2050

MUMBAI FIG 03- Previsões de alagamento para Shangai e Mumbai em 2050. Fonte: NY TIMES- LU, Denise; FLAVELLE, Christopher.

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Importante destacar que a elevação do nível do mar não é a única consequência que teremos com o aquecimento global, como vimos na Europa em 2003 com a onda de calor que matou aproximadamente quarenta mil pessoas. Com o aumento das temperaturas, mais umidade é evaporada da terra, lagos, rios e outros corpos de água, aumentando também a evaporação nos solos das plantas, afetando sua vitalidade e reduzindo ainda mais os períodos de chuvas, causando então a consequência do efeito global que mais preocupa as pessoas mundialmente, as secas severas, segundo o estudo de Pew research center 3 . Os solos usados para plantações, localizados no nível do mar, também serão afetados. Em Bangladesh, assim como vários lugares da Ásia, por exemplo muitas das plantações de arroz se encontram em 18

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territórios como este, que por mais que longe da costa, sofrerão uma alteração principalmente na salinidade do solo, inviabilizando a produção, essa a principal fonte de renda da população local. Também na Ásia, encontramos um enorme índice demográfico em regiões perto da costa, como Xangai (24.28 milhões de habitantes), Mumbai (18.41 milhões de habitantes) ou Karachi (14.91 milhões de habitantes) regiões completamente sujeitas a alagamentos nos próximos anos. As previsões de alagamento das cidades são dramáticas, prendem a nossa atenção e nos fazem entender a dimensão do problema. Estamos acostumados a pensar que problemas do meio ambiente se consolidam em ritmo desacelerado, que não veremos os efeitos ao longo da nossa vida ou que se tais problemas aparecerem, teremos alguma tecnologia para resolvê-los. Segundo a matéria

publicada no NY Times 4, cientistas afirmam que mesmo se diminuirmos significativamente as emissões de gases que provocam o efeito estufa hoje, inevitavelmente o nível do mar aumentará. Caso continuemos com as emissões no passo atual, o nível pode chegar a subir um metro até 2100.

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Estudo com o intuíto de entender como a população mundial responde as consequências do efeito global, para saber mais acesse: <https://www. pewresearch.org/global/2015/11/05/global-concernabout-climate-change-broad-support-for-limitingemissions/> acesso em: 16/07/2020 4

Disponível

em:

<https://www.nytimes.com/

interactive/2017/climate/what-is-climate-change. html> acesso em: 03/07/2020


FIG 04- populações urbanas em risco em 2050. Fonte: C40

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Estimativas mostram que aproximadamente 600 milhões de pessoas moram atualmente em regiões costeiras, e estima-se que nesse século esse número chegará em 1 bilhão. Estes serão os primeiros a serem afetados pela alteração do nível do mar e os pioneiros a começarem uma onda migratória causada, portanto, pela Elevação do Nível do Mar (ENM). Tal onda migratória seria influenciada por diversos fatores para além das inundações, cujas consequências são: intrusão de água salgada nos lençóis freáticos, solos de agricultura, alteração dos sedimentos, erosão costeira e aumento de tempestades. A ENM, por conseguinte, causara danos permanentes a agricultura, fontes de água mineral, reduzindo o valor de propriedades, distinguindo setores de trabalho tal qual o turismo, afetando populações que dependem da pesca, da aquicultura e muitas outras áreas

e impactos. Para além disso, a ENM ao forçar as pessoas migrarem para áreas mais afastadas da costa, abre a possibilidade de ocorrer o que se conhece como “efeito dominó”, ou seja, um processo de encadeamento no qual mais pessoas tenham que se mudar para destinos mais distantes alterando significativamente a distribuição da população mundial.

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FIG 05- Veneza alagada em 2018. Fonte: Stefano Mazzola/ Awakening, 2018



FIG 06- Veneza alagada em 2018. Fonte: Egor Gordeev/ Unsplash


Fig 07- Previsões de alagamento para 2050- Santos, SP. (Moreira, 2019)

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PREVISÃO ANTERIOR Tendo em vista que os danos que serão causados pela ENM dependem das decisões de emissões de carbono hoje, torna-se difícil a previsão numérica de população em risco, que atualmente varia de 88 milhões 5 de pessoas até 1.4 bilhão. Contudo, já existem ações preventivas nas costas na tentativa de postergar os danos, cita-se como exempo o projeto MOSE em Veneza. 6 Tais dados de variações do nível do mar desprezam variáveis como marés altas ou ressacas, que funcionam de maneira desprendida do todo. Ao considerar que o corpo de água dos oceanos é um e, as costas litorâneas de cada continente-região, configuram outros ecossistemas específicos, é possível verificar que existem particularidades como microclimas e morfologias de fundo do mar, fases lunares que influenciam no comportamento das águas. Desse modo, os parâmetros e previsões de

alterações do nível do mar divergem de lugar para lugar. Assim, por mais que as previsões de alagamento da baixada santista para 2050 não pareçam tão preocupantes em comparação com Mumbai e Shangai, visto previamente, ao considerarmos as particularidades da região, e analisarmos as ressacas que vem se tornando mais recorrentes, podemos assumir que teremos mais áreas afetadas do que indicado na figura 07.

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Disponível em: <https://doi.org/10.3386/w24918> (2018). 6 Para mais informações sobre o projeto, acesse: <

https://www.archdaily.com/928594/why-does-venice-floodand-what-is-being-done-about-it >

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FIG 08- Machete do jornal A Tribuna 2/03/2020. Fonte: Jornal A Tribuna

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FIG 09- Machete do jornal Folha de S. Paulo 3/03/2020. Fonte: Folha de S. Paulo

FIG 10- Machete do jornal El País 3/03/2020. Fonte: Jornal El País

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Por extrapolar os objetivos desse trabalho, acrescenta-se a isso principalmente na questão geopolítica, ações tomadas pelos países chamados de primeiro mundo que os classificam como dirigentes das questões ambientais. Esses, passaram por um processo de desindustrialização na década de 70, com uma grande redução de empregados no setor industrial, assim terceirizando grande parte da produção para países asiáticos, como é o caso da China, transferindo desse modo todo o ônus da cadeia produtiva para países mais pobres e em outros continentes. Como já apontado, uma das atividades com a maior produção de gases de efeito estufa, são as indústrias, desse modo, as cidades ocidentais diminuem o seu índice de emissões, viabilizando acordos como o de Paris 7, em que o objetivo é a redução das emissões de gases de efeito estufa, e os países desenvolvidos assumem 30

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a linha de frente do pacto e devem estabelecer referências numéricas para alcançar o objetivo. Cria-se um discurso e sobretudo uma imagem acerca desses países que cumprem a ideia de sustentabilidade criado pelos mesmos. Assim ao analisar as taxas de desmatamento, descarte indevido de resíduos, entre outros, se tornam países modelo. Porém existem casos que não passam de uma construção de imagem política global, como foi o caso da Noruega, por exemplo, que esteve envolvida em vários escândalos na floresta Amazônica por descarte de substâncias no solo, prejudicando o lençol freático.


“No ano passado, em meio a críticas do governo norueguês sobre o desmatamento na Amazônia, a BBC Brasil informou que a empresa devia R$ 17 milhões ao Ibama em multas por contaminação de rios da região em 2009.” 8 (SENRA, 2018).

7 Para mais informações acerca do acordo acesse: <https://www.mma.gov.br/clima/convencao-dasnacoes-unidas/acordo-de-paris > último acesso: 14/09/2020 8 Matéria disponível em: <https://www.bbc.com/ portuguese/brasil-43162472> Acesso em: 3/07/2020

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Por fim, vale ressaltar que, por mais que os números de elevação do nível do mar não sejam tão ultrajantes, devemos lembrar das ressacas que causam grandes destruições em nossas cidades e que com tal variação podem se tornar mais recorrentes e perigosas. Assim, a fim reduzir a inevitável onda migratória começa-se a pensar possíveis maneiras de habitar o mar, repensando o funcionamento da sociedade principalmente acerca de resíduos e produção visto que não é sustentável/ defendível pensarmos em ocupar o mar com as dinâmicas e atitudes exercidas hoje em dia perante tais aspectos.

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“Fomos modernos. Tudo bem. Não podemos mais sê-los do mesmo jeito. (...) continuamos acreditando nas ciências, mas ao invés de encará-las através de sua objetividade, sua frieza, sua extraterritorialidade - qualidades que só tiveram um dia devido ao tratamento arbitrário da epistemologia -, iremos olhá-las através daquilo que elas sempre tiveram de interessante: sua audácia, sua experimentação, sua incerteza, seu calor, sua estranha mistura de híbridos, sua capacidade louca de recompor os laços sociais.” (LATOUR, 1994, p.140)

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SÃO PAULO

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SANTOS

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São Paulo 750m

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a do

Serr Mar

Maciço ilha de São Vicente 190m Santos 0m

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FIG 11- Imagem aérea de Santos. Fonte: Tomas Somio (1956)

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SANTOS


Santos, cidade portuária fundada em 1540, estabelecida em uma ilha à 70km de São Paulo no pé da Serra do Mar se configura por uma superfície plana com poucas áreas com altitudes elevadas, como por exemplo o maciço de São Vicente, categorizado por morros que separam o município de São Vicente e Santos. A cidade se mostra interessante sob os aspectos estudados por esse trabalho a partir do seu desenvolvimento com a construção do porto iniciada em 1886

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dando uma grande importância para a cidade por ser a porta de entrada de mercadorias e o principal ponto de exportação do café, vindo das fazendas do interior de São Paulo, que resultou em grandes reformas urbanísticas que lidavam principalmente com a então problemática da água. No presente capítulo entenderemos um pouco sobre tais reformas e contexto histórico que possibilitaram a sua ocupação e desenvolvimento e suas atuais problemáticas urbanas.

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A construção da ferrovia São Paulo Railway ligando o Porto de Santos a Jundiaí, foi um dos fatores que configurou o centro na região mais ao norte da cidade devido a proximidade da ferrovia e por ser uma área menos alagadiça da baixada. O inevitável desenvolvimento econômico causou um grande adensamento populacional na área urbanizada e considerando a falta de saneamento e planejamento, resultou em uma série de epidemias que começaram a se espalhar para o interior do Estado. Diante de tal problema o Estado resolveu criar uma Comissão de Saneamento, que primeiramente realizou pequenas intervenções como remoção de lixo, limpeza das ruas e pequenos aterros. Quando Saturnino de Brito assume a comissão, no início do séc XIX, traça uma reforma urbana para a

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baixada usando de referência o plano feito por Estevan Fuertes 9 . O projeto tinha como principal objetivo, “[...] secar a planície marinha, caracterizada pela baixa declividade e cursos d’água com muitos meandros, que contribuíam, junto com as chuvas, normalmente intensas nos verões, para a formação de grandes áreas alagadas, que impediam a dispersão dos esgotos e propiciavam o desenvolvimento de vetores de epidemias que assolavam a cidade. O plano de macrodrenagem de Brito caracterizava-se, portanto, pela estratégia central de fazer circular as águas acumuladas nos canais, evitando a propagação das doenças e criando uma extensa área para o desenvolvimento e expansão da cidade, a qual somente foi inteiramente urbanizada na década de 1970” (CARRIÇO, 2015, p. 31).

9 Estevan Fuertes foi um engenheiro, diretor da Escola de Engenharia da Universidade de Cornell, Estados Unidos, convidado pelo então presidente do Estado Bernadino de Campos para traçar um plano para o porto, uma vez que no Brasil não se tinha casos e estudos de engenharia sanitária. Entregou em 1895 o seu plano para cidade que visava ações integradas em torno do Saneamento, não apenas para o porto, mas também para toda a região da baixada.

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FIG 12- Projeto de galerias pluviais e canais de drenagem de Santos. Fonte: Brito (1908)

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O mapa ao lado mostra o projeto dos canais, hoje renumerados, nos mostram como o projeto foi importante para a expansão da cidade. As quadras com hachura cinza, localizadas mais ao norte representam a ocupação existente na época, enquanto as quadras na região ao sul não são ocupadas. Além das reformas permitirem a extensão da cidade, a mesma enfrentou em 1960 uma grande onda migratória devido a ampliação do porto e a construção da indústria petroquímica em Cubatão. Esses dois eventos trouxeram uma população de baixa renda e sem acesso a habitação nas regiões desenvolvidas da baixada, assim obrigadas a ocupar a zona noroeste da cidade, formando o cinturão de assentamentos precários categorizado pela irregularidade fundiária e urbanística, estruturado em grande parte por palafitas que causam um grande impacto ambiental na região devido a falta de infraestrutura.

FIG 13, 14, 15, 16 e 17- Projeto dos canais de drenagem de Santos. Fonte: arquivo público do Estado.

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FIG 18-Dique da Vila Gilda, Zona Noroeste de Santos. Fonte: Luciana Quierati

FIG 19- Dique da Vila Gilda, Zona Noroeste de Santos. Fonte: William R. Schepis, 2008

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Com as mudanças climáticas agravando os períodos de ressacas, podemos facilmente nos equivocar e assumir que os canais se tornaram insuficientes, porém os mesmos foram projetados para secar a planície, drenando águas pluviais e rebaixando o lençol freático, e não para combater ressacas. Até hoje cumprem seu papel com excelência, entretanto, é inegável que a elevação do nível do mar tem aumentado as ressacas. Assim a cidade demanda por novos dispositivos, para se somarem aos canais e manter a planice seca. Pode-se dizer que a partir das manifestações da natureza, a água está em um processo retrógrado em relação a cidade, tirando o que lhe foi tirado. FIG 20- Chegada do canal seis na praia pós tempestade. Fonte: Ícaro Cordaro, 2016

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3,0

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5


FIG 21- Alagamento na Baixada Santista. Fonte: Ícaro Cordaro (2016)


FIG 22- Alagamento na orla da Baixada Santista. Fonte: Ícaro Cordaro (2016)



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FIG 23- O dilúvio, óleo sobre a tela, 707 x 1099mm. Francis Danby

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PROCESSO

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Durante um exercício realizado dentro da disciplina estúdio vertical, junto com Bruna Bonfim, Isabela Laet e Rafaela Caminhola, ensaia-se pela primeira vez habitar o mar. Tal projeto serviu como um laboratório de experimentações, em que não nos limitamos por questões técnicas e buscamos formular o conceito de vida nessa vizinhança que estávamos construíndo. A cápsula, inspirada na anatômia da água viva prevê um mecânismo de defesa contra tempestades, em que a mesma se submerge e fixa seus tentáculos no fundo do oceano, e ali permanece até que seja seguro retornar a superfície.

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No contexto atual povoar a água não é mais um sonho utópico mas sim, uma solução inevitável. A fim de reduzir a irrevogável onda migratória em decorrência da elevação do nível do mar, precisamos para além de expandir os horizontes habitáveis repensar a maneira que existimos no espaço, e o impacto que causamos no mesmo. Através das primeiras aproximações por meio de desenhos, percebe-se que de nada vale transpor a vida da maneira que temos hoje para o mar como uma plataforma que proporcione a estabilidade

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que estamos familiarizados, ou seja, é necessário pensar uma configuração que não estimule os padrões de organização social, econômica e de produção que vem nos colocando diante de um cenário pautado pelo consumo excessivo. Conforme exposto previamente, podemos afirmar que o modelo de vida proposto em bases capitalistas, atrelado ao aumento exponencial da população, é um dos maiores responsáveis pelas mudanças climáticas e o consequente processo de aquecimento global, justamente por estimular ações que são extremamente prejudiciais para o meio ambiente.

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Nessa etapa do projeto, em que muito se pensa na influência da arquitetura para a reestruturação da sociedade, espaços coletivos e compartilhados aparecem nos desenhos com bastante força, repensando os parâmentros comuns para estabelecer as tipologias. Utiliza-se como grande referência nesse momento o projeto realizado pelo escritório Andrade Morettin em 2007 para o 2º Concurso Internacional Living Steel para Habitação Sustentável em Recife- PE. Como evidenciado na planta ao lado, as tipologias criam diferentes espaços e maneiras de convívio.

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FIG 24- Living Steel | pavimento tipo. Fonte: Andrade Morettin, 2007.

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Durante a investigação, ao desenhar diferentes formas, foi entendido que é mais interessante explorar uma volumetria única integrando todos os usos e gerando proteção contra eventuais tempestades e outros eventos climáticos. Ao analisar esse croqui, ficou claro que a sua forma não favorece a estabilidade necessária ao projetar um módulo flutuante.

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O projeto realizado pelo Estúdio 41 para o concurso da Estação Antártica Comandante Ferraz International em 2013 se revelou interessante por mostrar como uma estrutura única pode ser instigante e gerar espaços e vistas distintas. Também se utilizou como refêrencia sua volumetria, estruturada a partir de estudos aerodinâmicos e termodinâmicos que se mostraram importantes para o projeto em estudo.

FIG 25 e 26- Estação Antártica Comandante Ferraz International | estúdio 41. Fonte: Archdaily, 2013

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Dessa forma, vale repensar, no âmbito desse projeto, reestruturações em alguns dos conceitos chaves de nossa organização social para que possamos existir deixando menos pegadas. Propõe-se aqui o fim da dicotomia entre o trabalho e o prazer, como imaginado para os Falanstérios de Fourier, uma sociedade comunitária que conta com o trabalho como forma de prazer, e o que o mesmo indivíduo possa transitar em diferentes especializações para se satisfazer.

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Para melhor entender o funcionamento dessa nova sociedade proposta, foi elaborado um estudo dos principais conceitos a serem reformados para viabilizar a ocupação marítima.

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SOCIEDADE

energias renováveis

espaços compartilhados

produção zero de resíduos

mudanças nos hábitos alimentares

oficinas de produção ao invés de comércio

produção própria de água potável

comidas orgânicas

reformulação do sistema de ensino

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TRATAMENTO DE RESÍDUOS

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compostagem

reciclagem

filtragem com algas

digestor anaeróbio

centro de troca


TRATAMENTO DE ÁGUA

filtros de areia e carvão

coleta de águas pluviais

coleta de água atmosférica

desalinização

tratamento de águas cinzas

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PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

ovos orgânicos

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fazenda oceânica

hortas aquaponia aeroponia

pesca sustentável


GERAÇÃO DE ENERGIA

energia eólica

energia solar

conversão da energia das ondas

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Os processos de produção se consolidam por oficinas onde os próprios tripulantes produzirão, dentro de suas áreas de especialização, tudo aquilo que lhes é necessário e, posteriormente, no centro de distribuição estabeleçam um sistema de troca dos produtos confeccionados. Assim, a produção é pautada pelo necessário e não pelo excedente. Sobre as novas formas de habitar, rompendo com a noção de propriedade privada, julgou-se que uma simples variação de tipologias comunitárias seja suficiente para atender os diferentes arranjos familiares, para tanto, é proposto um sistema de rodízio das unidades, pautado pelos diferentes momentos da vida, menores tipologias para jovens casais, outras maiores para famílias com filhos ou um grupo de amigos dividindo a unidade, ou até mesmo a possibilidade de juntar as unidades modulares adequando para o uso necessário. 74

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Indo nessa direção, a flexibilidade modular é concebida na junção das cápsulas, uma vez que os efeitos da elevação do nível do mar nas cidades não acontecerão do dia pra noite, imagina-se um crescimento progressivo da população tripulante. Cada cápsula tem a capacidade de abarcar 94 tripulantes e, ao se conectar com outras cápsulas, proporciona uma expansão do sistema para uma maior vizinhança. Ao se juntarem, a área verde principal de convivência se torna um grande parque linear ampliando a capacidade de produção comunitária e funcionará como um eixo estruturador dos fluxos de troca entre as unidades, favorecendo o seu deslocamento. Ainda buscando maneiras de estimular o consumo consciente, cria-se zonas de produção alimentícia e de energia, dessa maneira os tripulantes estarão em contato direto com o cultivo, aproximando o consumidor do produto a fim de compreender o tempo de produção e valorizar o mesmo.


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FIG 27- CROQUI| corte do projeto por José Maria Macedo Filho, durante orientação.

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Vale dizer que ao implementar todos esses sistemas em uma volumetria fechada e controlada, foi revelada a dificuldade e a necessidade de não perder a conexão com o exterior e o horizonte, enfatizando que o módulo precisa ter a capacidade de proteger seus habitantes, mas também viabilizar um modo de vida que não fosse enclausurado, assim começa-se a estudar possibilidades de espaços abertos a serem somente utilizados quando as condições climáticas fossem favoráveis. Não obstante, esses espaços ainda estavam segregados da estrutura principal e falhando em resolver a dificuldade do enclausuramento. O desenho final prevê o espaço aberto como eixo estruturador do projeto, local de abrigo para a fauna e a flora incluído dentro da estrutura principal, possibilitando o seu uso e acesso em todos os momentos, o mesmo, por ser descoberto possibilita a captação de

águas pluviais, que no último pavimento junto com os tanques de lastro passa por filtros de areia e carvão tornando-a potável. A área livre e aberta que cerca o jardim, deixa de existir durante grandes tempestades, isso acontece devido a função estrutural da cápsula que conta com pistões hidráulicos que possibilitam o deslocamento vertical do primeiro pavimento a fim de fechar e proteger durante algum evento climático potencialmente perigoso. Assim, em um cenário em que temos de abandonar a vida em terra, cria-se um novo modo de habitar e de se fazer. Com uma estrutura que estimula a vida em harmonia com a sustentabilidade a fim de reformar as relações e preservar o meio ambiente.

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CENÁRIOS

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1 3

2

1

2 Habitações - 58m

2

Área de convivência

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Horta | aerponia + aquaponia

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Praia oeste

5

Parquinho

6

Jardim

7

Quadra | beach tennis + futvolei

8

Praia leste

1o pavimento

6 7

4

8

5

7 6

Térreo

88

Habitar o mar


9

11

10

9

Biblioteca

10

Atelier de artes

11

Jardim

9

Biblioteca

12

Laboratório

13

Sala de aula

14

Sala de música

15

W.C.

16

Café

17

Sala de dança | yoga | pilates

18

Confecção

19

Oficina de estamparia

20

Auditório

21

Tatame

Mezanino

12

9

16

18

19

13

15 17

20 14

15

21

Subsolo 1

um ensaio sobre o amanhã

89


24

23

25 22

22

transformadores + pressurizadores + bombas +

22 27

Reserva de energia + geradores + baterias| filtros de carvão + motores

26

27

23

Oficina | mecânica

24

FabLab

25

Oficina | elétrica

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Oficina | cerâmica

27

Oficina | marcenaria

28

Tanques de lastro

29

Filtros de areia

Subsolo 2

28

29

28

Tanque de lastro

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Habitar o mar


um ensaio sobre o amanhã

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Devido a função estrutural da cápsula contra eventos climáticos perigosos, os pistões hidráulicos permitem o deslocamento vertical do primeiro pavimento a fim de fechar e proteger sua estrutura e tripulantes;

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Habitar o mar

localizada nas laterais dos jard sobem até atingir a mesma altu


dins, duas comportas de metal ura do primeiro pavimento;

deste modo protegendo a cápsula em todo seu perímetro.

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Habitar o mar


por meio de um sistema de travamento horizontal intercalado as cápsulas se conectam e se fixam, mantendo a estabilidade

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Vista | jardim interno Habitar o mar



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Habitar o mar


Vista | lounge biblioteca um ensaio sobre o amanhã

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Planalto Paulista Sera do Mar


CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Habitar o mar


Finalizo essa etapa do trabalho retomando o seu objetivo: alertar às possíveis consequências provocadas pelas mudanças climáticas e para além dos seus efeitos, alertar sobretudo para a proximidade que nos encontramos de tais fenômenos, convocando cada um de nós para refletir acerca de nossas ações individuais e coletivas que impactam diretamente no meio ambiente. Refletir sobre qual história queremos escrever para o futuro, incorporando no nosso dia a dia atitudes para viabilizá-la. Por meio de um projeto e cenário especulativo a ideia é impressionar quem o vê. Desse modo, quando pensamos em viver na água em qualquer circunstância, sempre nos gera algum desconforto para nós nesse momento, por isso na tentativa de causar o sentimento de viabilidade ao habitar o mar, experimento espaços

e configurações viáveis para a nossa imaginação. O intuito é de provocar uma certa alteridade com a população tripulante, e de alguma maneira enxergar isso como o nosso futuro para que assim possamos levar com mais seriedade o problema hoje. Assim, vale ressaltar que não se pretende oferecer soluções pautadas apenas pela técnica, mas também criar um imaginário e abrir um diálogo sobre esse possível futuro. Ao finalizar este trabalho e redigir suas últimas palavras, o sentimento que transparece, por mais que contraditório que possa parecer, é de esperança. Durante a pesquisa, felizmente me deparei com diversos trabalhos e concursos internacionais que tem como tema principal as mudanças climáticas, não só em cenário apocalípticos onde não se há muitas alternativas, mas sim debates atuais de prevenção e, principalmente,

de conscientização. Deposito em parte tal sentimento nos jovens, que com a nossa ingenuidade, perspicácia e curiosidade possamos mudar e transformar os modos de se viver e fazer.

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HABITAR o mar: UM ENSAIO SOBRE O AMANHÃ trabalho de conclusão de curso Instituição Associação Escola da Cidade Autoria Julie Uszkurat C. de Oliveira julieuszkurat@gmail.com Orientação Dr. José Maria de Macedo Filho

Imagens quando não indicadas de autoria própria.

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