Deus entre nós A narrativa bíblica sobre o nascimento de Jesus registra que, ao tomar conhecimento da gravidez de Maria, José se sentiu traído, mas, para não expor a sua amada, decidiu divorciar-se dela em segredo, e só não o fez porque um anjo lhe apareceu em sonhos e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado é do Espírito Santo” (Mateus 1.20). Em seguida o anjo acrescentou: “Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia declarado pelo profeta: A virgem conceberá e dará à luz um filho a quem chamarão Emanuel, que significa: Deus conosco” (Mateus 1.22,23). O Natal não é outra coisa senão a celebração da encarnação de Deus que passou a existir como um ser humano, para nos fazer entender melhor o tamanho do seu amor. William E. Hull diz: “O Verbo que sempre estava em seu ser eterno com Deus, transforma-se, agora, num evento temporal, num ponto da história, limitado à circunstância do tempo. Ele, através de quem toda criação ganhou a existência, tornase, agora, uma criatura finita”. Esse foi o preço que Deus se propôs a pagar pela nossa salvação. De acordo com o escritor de Hebreus, o fato de Jesus ter se tornado homem, faz dele um sacerdote qualificado para se compadecer de nós: “Porque não temos um sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hebreus 4.15). Saiba, então, que a identificação de Cristo com o ser humano foi completa. Ele sentiu o que nós sentimos, passou pelo que passamos e experimentou o que é, de fato, ser humano. Ele sentiu o mesmo tipo de rejeição que você sente, experimentou o mesmo tipo de solidão que você experimenta, sofreu as mesmas dores que você sofre e enfrentou a mesma tentação que você enfrenta. Por isso ele é capaz de entender suas fraquezas e se simpatizar com você. Assim, você pode experimentar o que está proposto em Hebreus 4.16: “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”. Deus veio para estar entre nós por causa de sua graça. Em João 1.14 lemos que Jesus veio “cheio de graça e verdade”. Graça é a parte da natureza de Deus que o coloca a favor do homem, sem levar em conta seu merecimento. Pela Graça Deus é impelido a olhar para as nossas necessidades com uma compulsão irresistível de misericórdia e generosidade. O fato é que Deus é santo e justo. Em sua santidade ele não pode tolerar o pecado e, em sua justiça, ele tem que punir o pecador. Jesus, então, veio como a solução para esse impasse. Na pessoa de Cristo, ao mesmo tempo em que demonstra sua graça e manifesta seu amor, sem abrir mão de sua santidade Deus cumpre a sua justiça, já que o preço do pecado foi pago pelo próprio Jesus. Que você possa refletir sobre tudo isso buscando avaliar o impacto destas verdades sobre sua vida. Somente assim é possível entender o verdadeiro sentido do Natal.
*Pastor da Igreja Batista da Esplanada em Governador Valadares