Banco da Amaz么nia 70 Anos
Créditos
Abidias José de Sousa Júnior Presidência Antonio Carlos de Lima Borges Diretoria de Infraestrutura de Negócio (DINEG) Wilson Evaristo Diretoria de Gestão de Recursos (DIREC) Carlos Pedrosa Júnior Diretoria de Controle e Risco (DICOR) Gilvandro Negrão Silva Diretoria Comercial e de Distribuição (DICOM) Eduardo José Lima Cunha Diretoria de Análise e Reestruturação (DIARE)
Banco da Amazônia 70 Anos
Luiza Bastos José Carlos Gondim Sérgio Palmquist Wanderson Lobato Belém Pará Amazônia Brasil PLW Projetos e Linguagens e Banco da Amazônia S/A 2012
Banco da Amazônia 70 Anos
Conselho Editorial Banco da Amazônia Luiz Lourenço de Souza Neto Alex Santos Alcilene Costa de Souza Indhira Ramos OMG Comunicação Total Oswaldo de Freitas Júnior PLW Projetos e Linguagens Luiza Bastos Coordenação OMG Comunicação Total Pesquisa Documental e Bibliográfica Alex Raiol Sérgio Palmquist José Carlos de Medeiros Gondim Wanderson Lobato Luiza Bastos Capa OMG Comunicação Total Carol Abreu Imagem João Ramid Projeto Gráfico Josi Mendes Carol Abreu
Diagramação Josi Mendes Assistência de Diagramação Aurélio Gouvêa Textos e Entrevistas Wanderson Lobato Sérgio Palmquist José Carlos de Medeiros Gondim Luiza Bastos Revisão Sérgio Palmquist José Carlos de Medeiros Gondim Luiza Bastos Ficha Catalográfica e Referências Socorro Baia Tratamento de Imagens Adauto Rodrigues Bruno Cantuária Edição de Imagens Marcelo Lelis Luiza Bastos Edição Luiza Bastos
Agradecimentos
A coleta de informações sobre o Banco da Amazônia foi possível graças a entrevistas, ao apoio e colaboração de inúmeras empresas, instituições e pessoas, sem as quais não conseguiríamos concluir este trabalho com êxito, a todos, nossos sinceros agradecimentos.
O Banco da Amazônia nasceu em plena Segunda Guerra Mundial, voltado para o desenvolvimento regional, mas com uma visão ampla do Brasil e forte inserção internacional. Passadas sete décadas, o Brasil tem muitos motivos para se orgulhar do Banco da Amazônia. Hoje, ele cumpre um papel fundamental em toda a região, com forte atuação voltada para o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal e acentuada modernização tecnológica, beneficiando não somente a população regional, mas o conjunto da sociedade brasileira. Parabéns a todos os funcionários, diretores e colaboradores do Banco da Amazônia pelos 70 anos de dedicação ao nosso desenvolvimento.
Dilma Rousseff Presidenta da República
Nos seus 70 anos de existência, o Banco da Amazônia tem demonstrado sua importância não só para a Região, como também para o Brasil e para o mundo. O Banco tem-se destacado como braço forte na execução das políticas públicas, especialmente como agente financeiro que atende prioritariamente às micro, pequenas e médias empresas. Quero cumprimentar a instituição pelo lançamento deste livro histórico e deixar aqui os votos para que continue desempenhando papel relevante no desenvolvimento sustentável da Amazônia brasileira.
Guido Mantega Ministro da Fazenda
Uma História de Desenvolvimento O Banco da Amazônia chega com muito orgulho aos seus 70 anos de existência e, como parte das ações comemorativas a esse marco histórico, tem a satisfação de trazer aos seus acionistas, parceiros, clientes, colaboradores, formadores de opinião, lideranças e a toda a sociedade amazônida, uma obra que retrata a história do Banco lider do ranking das instituições bancárias que financiam o crédito de longo prazo na Região Norte, que se confunde com a própria história da Amazônia. São sete décadas de trabalho que possibilitaram a construção de uma Instituição sólida, de inegável importância na busca do desenvolvimento sustentável da Amazônia, aproveitando as incontáveis riquezas da região em benefício dos seus mais de 23,5 milhões de habitantes. O Banco da Amazônia nasceu com o propósito de garantir o suprimento de borracha para os países aliados durante a 2ª Grande Guerra e sua criação foi vital para a participação do Brasil na luta pela manutenção da democracia no planeta. Era um momento conturbado e esta obra conta o esforço de guerra iniciado com a criação do Banco de Crédito da Borracha e a convocação de cerca de cinquenta e cinco mil voluntários, a maioria deles vinda do Nordeste, fugindo de um longo período de seca, para atuar na extração do látex de nossas florestas nativas. A partir do final da Guerra, um novo desafio surge para o Banco: apoiar o desenvolvimento econômico da Região Norte do Brasil, para reduzir as desigualdades em relação ao Sul e Sudeste do país. Surge então o Banco de Crédito da Amazônia (BCA), criado no Governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra, em 1950. Se no seu início o Banco estava baseado exclusivamente na produção de borracha, neste novo momento buscou-se estender o olhar para todas as possibilidades de desenvolvimento, fornecendo o apoio financeiro necessário aos empreendimentos, garantindo recursos a custos e prazos diferenciados, possibilitando a realização de novas atividades produtivas na Amazônia. Chega a era Vargas e no ano de 1953 é criada a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPEVEA). No governo do General Humberto Castelo Branco, o BCA dá lugar ao nosso Banco da Amazônia S/A, pela Lei nº 5.122, de 28 de Setembro de 1966, com estrutura administrativa moldada à do então Banco de Desenvolvimento do Nordeste, funcionando como um banco de fomento para benefício social da região. Ainda em 1966, a SPVEA é transformada em SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) e sua estrutura, a exemplo do Banco, era semelhante a da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). Em 1989 é criado o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), ficando sob a responsabilidade do Banco a sua gestão e operacionalização. Com essa iniciativa, a Amazônia passa a contar com um volume maior de recursos para o seu desenvolvimento. Entre 2003 e 2010, no Governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, o Banco, como principal agente das políticas, planos e programas do Governo Federal para a região Amazônica, se apresentou como efetiva solução financeira para o seu desenvolvimento, através da oferta de produtos e serviços com condições e taxas diferenciadas, o que possibilitou ampliar o crédito e tornar a Amazônia mais competitiva e inclusiva.
Agora, ao completar sete décadas de existência, no Governo da Presidenta Dilma Rousseff, o Banco atinge a marca histórica de R$43,7 bilhões de recursos aplicados na região, dos quais R$29 bilhões referentes aos últimos 5 (cinco) anos. Assim, em suas estratégias de ação, o Banco tem procurado atender, de maneira prioritária, setores produtivos organizados sob diversas formas, como, por exemplo, os Arranjos Produtivos Locais (APLs), cadeias produtivas e aglomerados econômicos, visando, sobretudo, a inserção de segmentos produtivos de menor porte, como da agricultura de base familiar, as micro, pequenas e médias empresas e o setor de microfinanças. Porém, faz-se necessário ressaltar que este livro conta não somente a trajetória histórica do Banco da Amazônia sob o ponto de vista de sua atuação creditícia, mas mostra também todo o processo de adaptação da instituição às mudanças regionais e às novas tecnologias, trazendo ao conhecimento dos leitores mais do que a história de um Banco Público voltado ao desenvolvimento sustentável, mas sim uma verdadeira fonte de informação ilustrada sobre a Amazônia Legal Brasileira e a sua gente. Continuaremos sempre com a responsabilidade de promover o crescimento da Amazônia em bases sustentáveis e com a experiência consolidada de atender às necessidades de uma região tão vasta e tão diferenciada. Estaremos preparados sempre para contribuir de modo efetivo com a sociedade amazônida, criando novas oportunidades de trabalho, novos negócios e, sobretudo, melhores condições de vida para o povo amazônida. Com essa forma diferenciada de trabalhar, valorizando o conhecimento e a dedicação de todos que fazem o Banco da Amazônia, temos a plena certeza de que continuaremos movimentando a Amazônia e a vida de sua gente. Tenha uma ótima leitura!
Marcos Barbosa
Abidias José de Sousa Junior Presidente do Banco da Amazônia
Ao pensar na Amazônia, procure ampliar seu horizonte e visualizar lugares distintos. Comece imaginando grandes distâncias, separando pequenas comunidades, grandes estados, quilombos, cidades, aldeias… e perceba modos de vida urbanos, cosmopolitas ou rurais, indígenas, caboclos ou estrangeiros, em tempos diversos também: do cronológico aos tempos lunares, de plantações e colheitas, conectados por rios imensuráveis ou igarapés temporários ou mesmo via internet... Ao longo do tempo, fazendo esses e outros exercícios de observação regional, o Banco da Amazônia foi além da superfície aparentemente homogênea e mergulhou em sutilezas culturais e ambientais nem sempre perceptíveis à primeira vista, mas sempre respeitáveis. Desde seu nascimento, com o nome de Banco de Crédito da Borracha, quando foi determinante para a vitória aliada na 2ª Guerra Mundial, até hoje, como Banco da Amazônia, o desenvolvimento regional esteve no foco principal da instituição, enquanto a diversidade ganhava o necessário destaque que possui. E foi exatamente a diversidade, característica amazônica marcante, a norteadora das pesquisas, entrevistas, documentação, criação de textos e seleção de imagens para este livro registrar histórias comuns e distintas que, do princípio ao fim, carregam a certeza de que esteja onde estiver, ou o que estiver fazendo, assim como a Amazônia, o seu Banco fez, faz ou fará parte da vida de todos.
Boca do Acre, fronteira com o Amazonas Foto Diego Gurgel
Sumário Apresentação Preservação e Desenvolvimento A Seiva de Uma Planta da Amazônia Movimenta o Mundo A Conquista do Acre A Hora e a Vez de Manaus A Paris N’América Getúlio Vargas e a Amazônia Grande Café da Paz Discurso do Rio Amazonas A Batalha da Borracha Moedas do Brasil Jean-Pierre Chabloz O Banco de Crédito da Borracha Mulheres Seringueiras Termina a Guerra Os Soldados Urbanos da Borracha Bancrévea Criação do Banco de Crédito da Amazônia Jânio Quadros: Eleição e Renúncia O Governo de João Goulart O Banco de Crédito da Amazônia e o Movimento de 64 Radiotelegrafia Evolução Tecnológica Construções e Engenharia Preservação da Memória e Comunicação A Constituição de 1988 e a Criação do FNO Financiamento para todos os setores Desenvolvimento com Respeito Ambiental Financiando a Agricultura Familiar e o Agronegócio “Seringal” Banco da Amazônia – Marcas Históricas Diretoria Executiva Presidentes do Banco da Amazônia
Produção rústica da pela (leia-se “péla”) de borracha, Seringal Cachoeira (AC) Foto Diego Gurgel
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Preservação e Desenvolvimento
Mais do que exemplos bem sucedidos de projetos financiados, as atividades do Banco da Amazônia representam o momento atual da instituição, que ao longo do tempo cresceu e virou o maior investidor da transformação social da região, crescimento já considerado um novo marco histórico. Desde 2003, na elaboração do Planejamento Estratégico, os executivos perceberam a necessidade de alinhar a atuação bancária aos princípios verdes e delinearam a indução ao desenvolvimento econômico e social da Amazônia sem a destruição de seus ecossistemas naturais, na certeza de que desenvolvimento econômico, lucro e rentabilidade — do Banco da Amazônia e de seus clientes — são e devem, sim, ser compatíveis com elevados padrões de responsabilidade social, cultural e ambiental. A Missão do Banco incorporou o desenvolvimento sustentável, a partir de 2006 e foi criada a Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade e os programas Amazônia Recicla, para a coleta seletiva de resíduos sólidos; e o Amazônia Otimiza, com medidas de racionalização do consumo de recursos naturais. Isso junto com
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Foto Paulo Santos
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o Fornecedor Verde, a Gincana pela Sustentabilidade, o Viva a Vida e Educação Ambiental – os programas compõem a Agenda Ambiental do Banco da Amazônia, fortalecida por ações e atividades com os empregados e parceiros. Em 2006 foi lançado o Prêmio Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente e criada a Política Socioambiental, com as diretrizes de atuação no setor, baseada no tripé inclusão, exclusão e salvaguarda. Dois anos depois, avançou ainda mais na defesa da região com a análise socioambiental dos projetos e tornou-se signatário do Protocolo de Intenções pela Responsabilidade Socioambiental – iniciativa do Ministério do Meio Ambiente –, junto aos bancos públicos. A Agenda 21 do Banco da Amazônia foi lançada em 2010, com os compromissos da instituição para o alcance da Agenda 21 brasileira e, no ano seguinte, foi publicada a Política Corporativa pela Sustentabilidade, compondo as normas de consulta permanente para toda e qualquer medida ou ação que possa impactar a sustentabilidade interna e a indução do desenvolvimento sustentável da Amazônia. A partir de 2007, quando criou o Amazônia Florescer - Programa de Microfinanças Sustentáveis para a Região Amazônica-, operacionalizado em parceria com a Amazoncred (Associação de Apoio à Economia Popular Solidária), passou a ofertar crédito e serviços financeiros a empreendedores populares, urbanos e rurais. 0 Banco da Amazônia sediou, em Belém, em 2011, um importante evento com entidades de financiamento, empresários e acadêmicos brasileiros e especialistas de outros países, numa parceria com a ALIDE (Associação Latinoamericana de Instituições Financeiras de Desenvolvimento), que reúne 80 membros da América Latina e Caribe, e convidados do Canadá, Europa e África. Por ser a principal referência em política socioambiental na região e signatário da Agenda A3P, durante a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente), em 2012, o Banco da Amazônia se destacou não apenas como um dos patrocinadores oficiais do evento, mas como
Foto Hely Pamplona
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participante – prova viva de que, há muito, a questão ambiental não é assunto exclusivo de ambientalistas e sim tema estratégico para negócios de sucesso, aliando preservação e desenvolvimento. Ao verificar que não importava a quantidade de programas, mas recursos disponíveis para desenvolver as atividades produtivas, o Banco reformulou e aperfeiçoou seus financiamentos adequando-os às novas estruturas e conceitos. Mudou a concepção, tirou o foco do produto e priorizou o cliente. Hoje, trabalha com programas que cobrem toda e qualquer atividade dos setores econômicos. O FNOAmazônia Sustentável, por exemplo, é o principal e mais abrangente meio de financiamento com recursos do FNO (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte) e atende pessoas físicas e jurídicas na Região Norte. Já com o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. Com o FNO-Biodiversidade investe na manutenção e na recuperação da biodiversidade amazônica, a partir de empreendimentos para o uso racional dos recursos naturais, com boas práticas de manejo, além dos voltados à regularização e recuperação de áreas de reserva legal, degradadas e/ou alteradas. Em 2011, o Banco da Amazônia recebeu o Prêmio Internacional ALIDE VERDE, com o programa FNOBiodiversidade. A categoria ALIDE Verde é destinada para instituições financeiras que aplicam programas de desenvolvimento sustentável. A partir de 2012 cresceram as oportunidades de finaciamentos à população com o Programa Brasil Maior, do governo da primeira mulher Presidenta da República, Dilma Roussef, estimulando a inovação e a produção nacional para alavancar a competitividade da indústria nos mercados interno e externo. Foi priorizada a produção sustentável, a competitividade de pequenos negócios, o incentivo ao investimento e ao bem-estar do consumidor.
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Foto Hely Pamplona
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Nesse cenário mais sensível aos negócios na Região, o Banco da Amazônia ampliou a concessão de crédito a taxas de juros menores que o mercado financeiro em geral; fortaleceu o incentivo a projetos de crescimento, aliados ao desenvolvimento sustentável; valorizou ainda mais ações para microempreendedores individuais e micro, pequenas e grandes empresas, inclusive com a retirada de restrições de financiamento para custeio e/ou comercialização não associados a investimentos fixos para determinadas faixas de faturamento. Com as taxas de juros mais atraentes do mercado, todos os incentivos ao investimento cresceram no Banco da Amazônia, que ainda tem foco especial na carteira comercial de pessoa física e em produtos como o Amazônia Salário, Amazônia Salário Empregado, Amazônia Consignação, além do Amazônia Cheque Especial e do Amazônia Pessoal. O Programa Brasil Maior reflete um novo olhar sobre a Região e o Banco executa seus objetivos com créditos flexíveis e abrangentes.
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Foto Hely Pamplona
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Sabor da Amazônia Ultrapassa as Fronteiras
Da mesa do paraense, o açaí ganhou o mundo e agora começa a ter outras formas e até sabores. Em breve, ele também será vendido, sob a forma de sorvete, creme e suco, em embalagens industrializadas, do tipo tetra pak. Mas antes de chegar às gôndolas dos supermercados, a novidade será realidade no Oeste do Pará. No primeiro semestre de 2013, no município de Monte Alegre, entrará em operação a indústria de beneficiamento do açaí, financiada pelo Banco da Amazônia desde 2008, para fechar o ciclo de produção da fruta, iniciado nos municípios de Óbidos, Alenquer e Curuá, com o plantio de açaí irrigado em mais de dois mil hectares.
Foto Thiago Araújo
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As fazendas onde estão os açaizais e a indústria de beneficiamento são frutos do sonho da família Vaccaro, que, através da empresa Polpas da Amazônia, investiu na comercialização do açaí – verdadeiro patrimônio natural e cultural da região, com procura cada vez maior não só no Brasil como em outros países. Por meio da irrigação, com modernos equipamentos e máquinas, o projeto agrega qualidade ao fruto que será industrializado, obedecendo às normas técnicas dos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura. A produção gera emprego e renda para a mão de obra local, pois desde agora, no projeto piloto, a empresa tem parceria com agricultores integrantes do PRONAF, programa também financiado pelo Banco da Amazônia. Devido à alta qualidade do produto, a empresa fechou contrato de venda e assim que o processo de industrialização for concluído, o creme de açaí ganha um novo mercado: estará nas redes de lanchonetes de todo o país.
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Foto Marcelo Lelis
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Luz nas Casas e Peixe nas Mesas
Acender uma lâmpada nos bairros de Santa Etelvina e na Cidade Nova, em Manaus, tem um significado que transcende o ato em si. Com financiamento e orientação do Banco da Amazônia, a Companhia Energética Manauara segue a política de apoio às práticas sustentáveis e sua usina termelétrica opera com o uso do gás natural, fornecendo 60 megawatts de energia às subestações que atendem cerca de 200 mil pessoas. Fruto de recursos do FNO, a energia que ilumina Manaus contribui para um mundo mais sustentável ao abolir o uso dos combustíveis convencionais na Amazônia (como o diesel) e também torna o processo de geração mais econômico, devido aos menores custos de produção – o que reflete diretamente na conta do consumidor, que sai ganhando duas vezes; e na natureza, com menor poluição ambiental. Já nas águas da lagoa de São José, no município de Careiro da Várzea, também no Amazonas, não vivem apenas os peixes e a flora aquática, mas também existe um trabalho pioneiro, onde é fortalecida a certeza da qualidade de vida cada vez melhor para os moradores da região. A lagoa é base de um projeto único, desenvolvido com financiamento do Banco da Amazônia: a produção de tambaqui-curumim em tanques-rede. Um comitê gestor coordena o projeto que
Foto Jaime Souzza
reúne pessoas das comunidades de Botafogo de São José e Sagrado Coração de Jesus, onde vivem cerca de 50 famílias. Anteriormente, assim como em outros municípios da Região Metropolitana de Manaus, todas as famílias estavam envolvidas apenas com a produção de hortaliças, uma vez que a proximidade da capital garante o escoamento da produção para os mercados e feiras com maior facilidade. Agora, com a piscicultura, as duas comunidades também se destacam pela produção, vendida para a Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas e para a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Das águas da lagoa, desde 2010, quando o Banco iniciou o financiamento, já foram retirados mais de 20 toneladas de peixe. Bastante organizado na administração do projeto, o comitê planeja ampliar o número de pessoas e de tanques do pescado e a criação em tanques naturais, o que vem não só diversificar a piscicultura na região, caracterizada como de subsistência, mas também fortalecer o mercado, pois com o declínio do plantio de juta, a população se voltou fortemente para a pesca, fazendo com que os peixes chegassem cada vez menores à mesa dos consumidores. A atividade em tanques-rede transforma e diversifica ainda mais a realidade amazônica.
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Com a Cara e a Coragem
João Ribeiro Nogueira viveu sempre à beira do rio Madeira, em Porto Velho, e cedo conheceu o prazer de ouvir histórias e os segredos da navegação. Já adulto, sonhava com a possibilidade de mudar e buscou inspiração na mãe, professora, e no pai, empreendedor, para realizar o sonho de criar passeios panorâmicos de uma lancha, com narrativas culturais, e mostrar as belezas do caudaloso rio. Sem grandes recursos, João não conseguia imaginar uma maneira de concretizar seu desejo. Até que um amigo sugeriu o Banco da Amazônia, “o banco mais criterioso do Estado de Rondônia”, segundo ele. Isso foi em 2009. Com a cara e a coragem, entrou no banco e procurou o gerente. Apresentou suas ideias e conseguiu, além de atenção, orientação para criar a empresa, com consultoria do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), garantindo o financiamento para a lancha e para todos os acessórios necessários. Em 2011, a lancha “Águia”, do agora feliz empresário e “comandante” Ribeiro, iniciou o projeto, que, sem trocadilho, vai de vento em popa, divulgando histórias em passeios inesquecíveis pelo Madeira, um dos mais caudalosos e velozes rios do planeta.
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Rio Madeira, Porto Velho (RO) Foto Luiza Bastos
Cooperar é Produzir e Organizar Juntos
União e organização. Essas são as principais características da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre, criada em 2001 e que, desde então, investe no manejo de produtos da floresta, agregando valor e buscando promover a igualdade social, econômica e ambiental das famílias extrativistas do Alto Acre, Baixo Acre e Purus. A Cooperacre, como é conhecida, cresceu ainda mais a partir de 2007, quando começou a ser financiada pelo Banco da Amazônia. Procurou-se fortalecer a capacidade de compra, armazenamento e beneficiamento de produtos florestais, como a castanha e a borracha natural dos seringais acreanos – considerados os de melhor qualidade do mundo –, também comprada
Foto Hely Pamplona
diretamente do produtor. Os cooperados ainda produzem polpas de frutas: acerola, maracujá, abacaxi, goiaba, caju, açaí, cajá, manga, carambola, distribuídas pela cooperativa para os mercados local e nacional. Tudo começou com três cooperativas de produtores de castanha que sentiram a necessidade de um escritório de comercialização do produto, além de local para armazenagem, em Rio Branco. Hoje, com o sucesso das empreitadas, o raio de ação da Cooperacre alcança 33 pessoas jurídicas e, entre outras conquistas, abastece todas as escolas municipais com frutas, verduras, legumes e hortaliças frescas – também produzidas com incentivos à agricultura familiar, pelo Banco da Amazônia – para a merenda escolar.
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O apoio do Banco foi e é fundamental para o crescimento da Cooperacre, pois financia desde o capital de giro até a aquisição de tratores e equipamentos agrícolas, possibilitando maiores investimentos no principal diferencial da cooperativa – as vantagens na garantia da comercialização do produto, pois a estocagem da produção é grande: só para a castanha, a capacidade de armazenamento é de 5 milhões de quilos. E como diversificar a produção também é meta da Cooperacre, recentemente os cooperados decidiram mudar a forma de atuação na comercialização da borracha natural, até então vendida apenas na forma de matéria prima, o que deixava os produtores numa situação de vulnerabilidade no mercado. Já está em construção, no município de Sena Madureira, uma fábrica de beneficiamento da borracha para venda às indústrias de pneumáticos do sul do país. Dentro desse processo o Banco da Amazônia financia a aquisição do maquinário para o preparo da terra, o cultivo racional de seringueiras e o reflorestamento de áreas degradadas. O plantio, iniciado em 2010, elevou a produtividade dos seringais acreanos em comparação à produção da seringa nativa, dispersa por quilômetros na floresta, uma vez que a cultivada, organizada próximo à casa do produtor e com uso de tecnologia adequada, tem produção dez vezes maior. Nos próximos cinco anos, os produtores pretendem reflorestar cinco mil hectares, recurso que gera riqueza para a cooperativa e parceiros.
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Foto Diego Gurgel
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A Seiva de uma Planta da Amazônia Movimenta o Mundo
O colonizador europeu, quando pisou nas américas, encontrou tesouros com os quais jamais sonhara. Os alimentos do Novo Mundo mataram a fome de continentes e a seiva de uma árvore, velha conhecida dos índios, trouxe novas possibilidades para o crescimento econômico do ocidente. Árvore-que-chora seria a tradução para a palavra caucho, utilizada por alguns grupos indígenas para denominar a planta da qual extraíam aquela estranha seiva que se transformava em algo elástico, com propriedades inusitadas. Bolas que saltavam, calçados que não molhavam, coisas que encantaram o Velho Mundo. Logo surgiram diversos objetos feitos com o choro da seringueira, desde capas e sapatos impermeáveis a coletes salva-vidas.
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“Seringueiro�, desenho a bico de pena, de Percy Lau
No Fogo, à Prova d’Água
Instrumentos de coleta do látex, sementes de seringueira e pelas de borracha. (Acervo Banco da Amazônia - reprodução Bruno Catrachesti)
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Os primeiros estudos científicos da borracha foram desenvolvidos pelo francês Charles de la Condamine, que levou amostras do produto conseguido no Peru, em 1735, para a Academia de Ciências de Paris. Ninguém lhe deu muita atenção, pois tudo o que se fabricava com essa substância tornava-se pegajoso no calor e inflexível ou esfarelavase em baixas temperaturas. No entanto, um engenheiro francês, C. F. Fresneau, que estudara a substância na Guiana Francesa, conseguiu fazer um par de sapatos de seiva e impermeabilizá-los. O primeiro produto fabricado a partir da seiva da seringueira foi justamente o apagador, que até hoje conhecemos como... “borracha”. Foi o inglês John Priestley quem descobriu que, com aquela substância das matas amazônicas, era possível eliminar marcas de lápis, o que até então era feito com miolo de pão. Priestley deu à sua invenção o nome de “Indian Rubber”, literalmente “raspador indiano”. A palavra rubber passou a designar o produto da seringueira. Os portugueses, que preservavam seus vinhos em vasilhas de couro, às quais chamavam borrachas, substituíram o couro pela matéria amazônica e o látex então passou a ser conhecido por “borracha”. Em 1823, o escocês Charles Mac Intosh descobriu um meio de fazer roupas impermeáveis, colocando uma camada de borracha entre duas camadas de tecido. No mesmo ano em Londres um fabricante de carruagens, Thomas Hancock, fabricou os primeiros aros de borracha, para a bicicleta do filho. Em 1815, Hancock, modesto serralheiro, tornouse um dos maiores fabricantes do Reino Unido. Ele havia
inventado um colchão de borracha e, associado a Mac Intosh, fabricava as famosas capas impermeáveis “mac intosh”. Além disso, havia descoberto e realizava industrialmente o corte, a laminação e a prensagem da borracha. Tinha verificado a importância do calor na prensagem e construído uma máquina para este fim. Mac Intosh também descobriu o emprego da benzina como solvente e Hancock preconizou a prévia “mastigação” e aquecimento, para obter uma perfeita dissolução da borracha. Hancock descobriu ainda a fabricação de bolas elásticas e por fim, em 1842, de posse da borracha vulcanizada de Goodyear, procurou e encontrou o segredo da vulcanização, fazendo enorme fortuna. Mas até que fosse encontrada a fórmula da vulcanização, a febre da borracha na Europa e nos Estados Unidos parecia fadada a terminar como um completo fracasso. A matéria amazônica, que despertou o entusiasmo do mundo, mostrava-se decepcionante na prática, com produtos que se transformavam numa massa pegajosa, no verão, e endureciam e quebravam-se, no inverno. No verão de 1834, um comerciante de ferragens falido da Filadélfia, Charles Goodyear, entrou numa loja da Roxbury India Rubber Co., primeira manufatura de borracha nos Estados Unidos. Ele mostrou ao gerente uma nova válvula que havia criado para salva-vidas de borracha. O gerente sacudiu a cabeça, desolado. A Companhia não estava interessada em válvulas agora, já seria uma sorte permanecer no negócio. O gerente mostrou a Goodyear: prateleiras cheias de produtos de borracha, transformados numa gosma mal cheirosa pelo calor excessivo. Na fábrica
Acima, fábrica de pneu Goodyear. Ao centro, Charles Goodyear, inventor da vulcanização e, ao lado, John Dunlop Jr.
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Sapato de borracha e pela derretidos pelo calor. (Acervo Banco da Amazônia - reprodução Bruno Carachesti)
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da Companhia, em Roxbury, Massachussets, confidenciou que milhares de artigos de borracha eram devolvidos por clientes ultrajados. Os diretores se reuniam, na calada da noite, para enterrar vinte mil dólares de rejeitos fedorentos num poço. A “febre da borracha” do início dos anos 1830 acabou assim como começou. No princípio, todo mundo queria coisas com a nova goma à prova d’água do Brasil e fábricas surgiram para suprir a demanda. Então, de repente, o público se cansou daquela coisa desastrada, que endurecia e ficava quebradiça ou virava quase uma gelatina, conforme a mudança das estações. Nenhuma das jovens indústrias de borracha sobreviveu mais que cinco anos. Investidores perderam milhões. A borracha, todos concordavam, era um sonho passado. Mas Charles Goodyear não desistiu e, enfrentando todo tipo de contratempo, submetendo a família à miséria, continuou suas pesquisas para transformar a borracha num produto de extrema utilidade. A grande descoberta aconteceu no inverno de 1839. Goodyear estava usando enxofre nos seus experimentos. Ainda que o próprio Goodyear tenha deixado dúvidas sobre alguns detalhes do processo, a história mais persistente é que, num dia de fevereiro, entrando numa loja de Woburn, onde residia, para mostrar sua nova fórmula de borracha e enxofre, foi recebido com risadas sarcásticas e o inventor normalmente cordato ficou exaltado, sacudindo as mãos e deixando seu modelo de borracha voar de seus dedos, caindo num fogão aceso. Quando foi apanhá-lo, descobriu que, ao invés de derreter como melado, ele estava chamuscado como couro e ao redor da área chamuscada havia uma borda marrom, seca e elástica, muito diferente do produto original,
virtualmente uma nova substância. Havia criado a borracha à prova d’água. Esta descoberta é constantemente citada como um dos “acidentes” mais celebrados da História. Finalmente, Goodyear observa que submetendo a composição de borracha com enxofre por quatro a seis horas, sob pressão, numa temperatura próxima de 130ºC, um material bastante uniforme e resistente era obtido. O inventor ganhou um bom dinheiro mas abriu mão de sua participação nas fábricas que utilizavam sua descoberta, o que poderia tê-lo transformado num milionário, para continuar com os experimentos. Ele queria fazer tudo de borracha: papel-moeda, instrumentos musicais, bandeiras, joias, velas de barcos e até os próprios barcos. Goodyear tinha seu retrato pintado sobre borracha, seus cartões de visita impressos sobre borracha, sua autobiografia impressa em borracha. Vestia chapéu, terno e gravata de borracha. Charles Goodyear via a borracha como a vemos nos nossos dias: o primeiro e mais versátil dos modernos “plásticos”. Via nela um “couro vegetal” que desafiava os elementos, um “metal elástico”, um substituto da madeira que podia ser moldado. Algumas de suas ideias ainda são vistas como “novos” usos para a borracha. Muitas indústrias de alimentos embalam seus produtos em pliofilme, um plástico derivado da borracha, que Goodyear havia sugerido em 1859. Roupas de mergulho, molas e amortecedores para botes infláveis são outras inovações recentes que Goodyear descreveu há mais de um século. Charles Goodyear não teve o cuidado de requerer patentes no exterior, mas enviou amostras de sua borracha tratada com enxofre e calor para a Inglaterra, sem revelar detalhes da fórmula que usava. Uma amostra foi vista pelo pioneiro da borracha Thomas Hancock, que vinha por 20
Sapato de borracha. (Acervo Banco da Amazônia - reprodução Bruno Carachesti)
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No alto, mostruário de pela (Acervo Banco da Amazônia reprodução Bruno Carachesti) e Henry Wickham, responsável pelo contrabando de 70 mil sementes de seringueiras da Amazônia
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anos tentando produzir borracha à prova d’água. Hancock notou uma mancha amarela de enxofre na superfície da amostra e com essa chave reinventou o processo, já criado por Goodyear, ao qual deu o nome de vulcanização, derivado do deus romano Vulcano - quatro anos depois de Charles Goodyear. Quando o norte-americano foi pedir o registro de patente na Inglaterra, Hancock já havia obtido algumas semanas antes. Charles Goodyear não conseguiu fortuna com seus experimentos, mas o processo criado por ele permitiu o renascimento da febre pela borracha amazônica. Em 1845, R.W. Thomson inventou o pneumático, a câmara de ar e até a banda de rodagem ferrada. Em 1850, fabricavam-se brinquedos de borracha, bolas ocas e maciças (para golfe e tênis). A invenção do velocípede por Michaux, em 1869, conduziu à invenção da borracha maciça, depois da borracha oca e, por último, à reinvenção do pneu, pois a invenção de Thomson havia caído no esquecimento. Em 1888, Dunlop introduziu a câmara-de-ar, inventando o pneu, logo aplicado em bicicletas. Em 1895, os irmãos Michelin adaptaram o pneu ao automóvel, veículo patenteado por Daimler, em 1884, e por Benz, em 1885. Desde então, a borracha passou a ocupar um lugar preponderante no mercado mundial e devido às suas múltiplas aplicações, principalmente na indústria automobilística em expansão, a borracha obtida a partir do látex das seringueiras tornou-se produto mundialmente valorizado. Seringueiras não faltavam na Amazônia brasileira. Isso levou a região Norte do Brasil, uma das mais pobres
e desabitadas do país, a experimentar período de grande prosperidade. Interessadas na exploração dos seringais amazônicos, grandes empresas e bancos estrangeiros instalam-se nas cidades de Belém e Manaus, que se transformam, de cidades acanhadas, em metrópoles vibrantes, com equipamentos urbanos e monumentos arquitetônicos admiráveis, alguns dos quais ainda hoje podem ser vistos nas duas cidades, como o Theatro da Paz, em Belém e o Teatro Amazonas, em Manaus. Uma leva de milhares de imigrantes, principalmente nordestinos fugidos da seca da década de 1870, invadiu a floresta para recolher o látex e transformá-lo em borracha. A produção amazônica chegou a 42 mil toneladas anuais e o Brasil dominou o mercado mundial de borracha natural. Para os brasileiros que usufruíam de tanta riqueza, parecia que aquilo nunca iria acabar. Para as potências estrangeiras, que no final das contas eram os verdadeiros destinatários desse presente da Natureza, havia necessidade de garantir seus estoques sem pagar nada para os brasileiros. Em 1876, uma família de ingleses chegou em Santarém, sendo recebida com hospitalidade pelos norte-americanos que haviam fugido da Guerra da Secessão e se instalaram no Tapajós. Henry Wickham conseguiu iludir a todos e enviou para a Inglaterra 70 mil sementes selecionadas de seringueiras. Essas sementes, aclimatadas no Jardim Botânico Kew Gardens, foram depois transplantadas no Sudeste Asiático e, na segunda década do século XX, já produziam o suficiente para competir e derrotar a borracha brasileira. Henry Wickham foi agraciado com o título de “sir” pela rainha Vitória, por ter dado à Inglaterra o monopólio da borracha e a Amazônia perdeu o filão de ouro.
Filme plástico transparente de borracha
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Proposta do cidadão Norte-Americano George W. Sears, ao Governador da Província para “venda do segredo de invento de fabricar borracha em estado sólido”. Belém, 16 set. 1870.
“
Documento original. (Acervo Banco da Amazônia reprodução Alex Raiol)
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Illustrissimo Excelentissimo Senhor VicePresidente da Província Diz George W. Sears, cidadão dos Estados Unidos d’America do Norte, ora nesta capital, que tendo-se dirigido pessoalmente a Vossa Excelencia afim de tratar do invento por elle apresentado para melhoramento da extracção e fabrico da gomma elastica, vem hoje, depois do exame e verificação da machina e trabalho ou fabrico, a que Vossa Excelencia assistiu, acompanhado do doutor engenheiro Guilherme Francisco Cruz, de novo fazel-o por meio da presente petição, afim de que por intermedio e apoio de Vossa Excelencia, possa o Supplicante obter da Illustrada Assemblea Legislativa Provincial, seja acceita a proposta que desde já fáz de vender á Provincia, o dito invento ou machinismo, por uma quantia razoavel. [...]
”
“ “
[...] Aquillo que até agora demanda muitos braços e muitos dias, especialmente para seccar, e comtudo imperfeitamente, póde ser feito agora em menos de uma hora, e um homem apenas basta para o trabalho de cada machina. [...]
”
[...] A gomma elástica torna-se pura de uma só qualidade, e elasticidade admiravel, como igualmente Vossa Excelencia abservou, e se vê das amostras que o Supplicante ora apresenta [...]
”
“ “
[...] O Supplicante entregará duas machinas completas, um modelo, e os instrumentos para a incisão e colhimento do leite, tendo ora um outro meio ainda superior quando á incisão, e fornecerá grande quantidade de vasos. Ensinará praticamente o fabrico da gomma elastica, e também o das machinas. [...]
”
[...] A gratidão publica, virá infalivelmente ao encontro da Illustrada e Nobre Assembleia Legislativa Provincial, e de Vossa Excelencia também.
” 43
A Conquista do Acre
Acima, Barão do Rio Branco e signatários do Tratado de Petrópolis. Em baixo, Plácido de Castro comanda exército em batalha. Acervo digital do DPHC (Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre)
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Depois da independência dos países sul-americanos, a região onde hoje se situa o Estado do Acre ficou pertencendo à Bolívia, com o reconhecimento do Brasil, através do Tratado de Ayacucho, em 1867. Mas a sede pela borracha e a seca no Nordeste do Brasil criaram um fluxo migratório que tinha como último destino essa região perdida nos confins da Amazônia. A milhares de quilômetros da capital La Paz, a invasão brasileira não era sentida pelos bolivianos, até que o futuro presidente da Bolívia, José Manuel Pando, refugiou-se na região, depois de um frustrado golpe de Estado. Pando ficou preocupado com a invasão dos seringueiros do país vizinho. Em 1899, o governo boliviano enviou uma escolta para garantir a ocupação do território, que foi expulsa pelos brasileiros. Como o governo brasileiro não interferia na disputa, por considerar que o Acre pertencia à Bolívia, o governador do Amazonas, Ramalho Júnior, organizou uma ofensiva para garantir a posse das terras, sob o comando do jornalista e aventureiro espanhol Luis Galvez Rodrigues de Arias. Galvez tomou de assalto a cidade boliviana de Puerto Alonso, que passou a se chamar Porto Acre e proclamou a República Independente do Acre, no dia 14 de julho de 1899. Mas, oito meses depois, a República Independente de Galvez foi dissolvida e ele preso por tropas enviadas pelo governo brasileiro. Mas o governo do Amazonas não se conformou, preocupado com boatos de que Estados Unidos e Bolívia haviam assinado acordo que previa apoio militar dos EUA à Bolívia em caso de guerra com o Brasil. Foi organizada uma nova expedição, a “Expedição dos Poetas”. O jornalista Orlando Correa Lopes, que comandava a expedição, proclamou a Segunda República do Acre, em novembro de 1900. Às vésperas do Natal de 1900, os brasileiros foram derrotados
Tratado de Petrópolis e reprodução do jornal “A Mutuca”, dirigido e redigido à mão por Plácido de Castro. Acervo digital DPHC (Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre)
pelos bolivianos. Em 1901, a Bolívia assina um contrato de arrendamento do Acre com o Bolivian Syndicate, criado com capital angloamericano. O contrato dava o controle absoluto da região para o Bolivian Syndicate. Esse acordo garantia ao governo boliviano a confiança para rechaçar militarmente - com o apoio dos americanos qualquer intenção do Brasil em relação ao Acre. A notícia caiu como uma bomba entre os brasileiros e eles iniciaram uma revolta armada, contrariando a posição do governo brasileiro, que reiterara o reconhecimento dos direitos bolivianos sobre o Acre. Comandados pelo gaúcho Plácido de Castro, um jovem agrimensor com passagem pelas forças armadas, alguns poucos homens conseguem conter os combatentes bolivianos. Mas a revolta se espalha, unindo seringalistas, seringueiros, comerciantes, logo um exército de revoltosos que vai tomando, uma a uma, as praças bolivianas. Os rebeldes imediatamente dominam toda a região, exceto Porto Acre, que somente se rendeu em 24 de janeiro de 1903. No dia 27 daquele ano, foi proclamada a Terceira República do Acre, agora com o apoio do presidente brasileiro, Rodrigues Alves e do seu Ministro do Exterior, o Barão do Rio Branco, que ordenou a ocupação do território e estabeleceu um governo
militar sob o comando do general Olímpio da Silveira. O próprio presidente da Bolívia, general José Manuel Pando, decide comandar uma ofensiva contra os invasores, mas, antes disso, a diplomacia brasileira, sob as ordens do Barão do Rio Branco, consegue que os governos do Brasil e da Bolívia assinem, em 21 de março de 1903, um tratado preliminar, ratificado logo depois pelo Tratado de Petrópolis. O Tratado de Petrópolis foi assinado a 17 de novembro de 1903 entre os governos do Brasil e da Bolívia. É um Tratado de Permuta que resultou na entrega do território do Acre. Em troca, o Brasil cedia as terras na foz do rio Abunã e na bacia do rio Paraguai. Tinha ainda de pagar uma compensação monetária de 2 milhões de libras esterlinas. O Brasil também se comprometia a ceder a navegação nos rios brasileiros para chegar ao oceano Atlântico e a Bolívia adquiria o direito de abrir alfândegas em Belém, Manaus, Corumbá e noutros pontos da fronteira. O mesmo se passava com o Brasil em território boliviano. O estado brasileiro tinha ainda de construir uma linha de caminho de ferro, que ficou pronta em 1912, desde o porto de Santo António, no rio Madeira, até Guarajá-Mirim, no Mamoré, com um ramal até território boliviano.
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A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré A construção de uma ferrovia que transpusesse a parte encachoeirada do rio Madeira, permitindo a ligação dos trechos navegáveis a montante e a jusante, era um sonho acalentado desde 1861. Com a ferrovia, ficaria mais fácil o escoamento dos produtos vindos do Centro-Oeste brasileiro e da Bolívia. Várias tentativas de concretizar o sonho foram frustradas pelas dificuldades enfrentadas. A primeira tentativa na construção foi em 1872, quando engenheiros ingleses intentaram plantar os trilhos, a partir de Santo Antônio do Madeira. Um ano depois, a empreitada foi abandonada, porque os trabalhadores eram dizimados por doenças. Numa segunda tentativa, em 1877, foram assentados 6,2 km de linha. Foi quando a primeira locomotiva trafegou na Amazônica - a nº 12, ou “máquina 12”, como é conhecida até hoje pela população local. Mas as mesmas dificuldades levaram a novo fracasso. Depois dessas derrotas, o sonho de uma ferrovia no Madeira parecia sepultado, até que foi assinado o Tratado de Petrópolis, no qual a Bolívia abria mão de seus interesses no Acre, mediante compensações do governo brasileiro. Um dos compromissos do Brasil foi o de construir uma ferrovia desde a localidade de Santo Antônio, no rio Madeira, até Guajará-Mirim, no rio Mamoré, fronteira com a Bolívia. Aberta a concorrência para a construção, quem venceu foi o engenheiro Joaquim Catramby, que vendeu-a ao novaiorquino Percival Farquhar, empresário aventureiro com diversos interesses no Brasil. Farquhar decidiu
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iniciar a ferrovia a partir de Porto Velho, sete quilômetros abaixo de Santo Antônio. A obra foi iniciada em 1907. “No final de 1909, a ferrovia já contava com 74 quilômetros construídos e Farquhar consegue, junto ao governo brasileiro, o arrendamento da ferrovia e de vários seringais, pelo prazo de 60 anos. Em dezembro desse ano, Rondon chegava a Porto Velho, concluindo a trilha para a implantação da linha telegráfica, Cuiabá – Santo Antônio”, revela Antônio Cândido da Silva, no livro “Madeira Mamoré – O Vagão dos Esquecidos”. Em 1910, os sanitaristas Osvaldo Cruz e Belisário Pena chegam ao canteiro de obras para promover o saneamento da área, evitando o grande número de doenças que acometiam os trabalhadores, principalmente a “febre amarela”. Dos mais de 20 mil trabalhadores contratados para a obra, mil e quinhentos pereceram. No dia 30 de abril de 1912 foi colocado o último dormente, no trecho final em GuajaráMirim, completando 366 quilômetros . A obra foi inaugurada no dia 1º de agosto. Com o fim da obra, chegava também ao final o período áureo da borracha e a ferrovia perdia sua principal função. Percival Farquhar acabou falindo em 1916 e o controle da ferrovia passou para os investidores ingleses e canadenses que haviam sustentado a construção da mesma. Em 1931, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré passou a ser controlada pelo governo brasileiro. Hoje, praticamente desativada, é considerada parte do Patrimônio Cultural do Brasil.
Ao lado, primeira locomotiva a circular em território amazônico, abandonada entre 1879 e 1907 e encontrada em Santo Antônio. Hoje está no Museu da Estrada de Ferro, em Porto Velho. Acima, outras fotografias de Danna Merril, funcionário da prefeitura de Nova Iorque, contratado por Percival Farquar, em 1908, para documentar o assentamento dos trilhos da estrada de Ferro Madeira-Mamoré (Acervo Centro de Documentação Histórica de Rondônia)
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A Hora e a Vez de Manaus
Cartão postal da avenida Eduardo Ribeiro no início do século XX
A revelação de Francisco Orellana de que uma imensa via de navegação penetrava selva adentro no norte da América do Sul já havia despertado a cobiça das potências europeias. Os franceses ocuparam terras no Maranhão e os espanhóis, vindos pelo oceano Pacífico, sonhavam com as terras do outro lado dos Andes. Então, Portugal decidiu tomar conta do que achava que era seu e para controlar a foz do grande rio e primeiro tomou a cidade de São Luiz dos franceses e depois fundou Belém. Pelo Tratado de Tordesilhas, os portugueses estavam nos limites de suas terras. Mas isso não os limitou: simplesmente continuaram subindo o rio para marcar e garantir a posse das novas terras. Fundaram, na confluência dos rios Solimões e Negro, a fortaleza da São José do Rio Negro, numa área habitada por diversos grupos indígenas. Os colonizadores foram aos poucos se instalando às proximidades do forte. Em 1832, o lugarejo foi elevado à categoria de Vila, recebendo o nome de Manáos, em homenagem a um grupo indígena homônimo, o mais populoso que ocupou aquele território. A modesta vila ribeirinha sofreria uma mudança drástica depois da descoberta das inúmeras possibilidades de utilização da borracha e Manaus transformou-se numa grande cidade. O acanhamento de suas construções deu lugar a notáveis monumentos públicos, suntuosas mansões e naturalmente o espaço urbano foi adaptado ao surto de poder econômico. Com o governador Eduardo Ribeiro, Manaus alcançou seu momento de modernização urbana, tendo sido a primeira cidade brasileira a ter bondes elétricos circulando.
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Manaus do início do século XX. Coleção Jorge Herran. (Acervo Museu da Imagem e do Som - AM)
O fim do monopólio da borracha, que era da Amazônia, trouxe a estagnação e o marasmo, até o advento da 2ª Guerra Mundial, com novo alento à economia da borracha na região. Mas a capital do Amazonas só iria recuperar sua condição de metrópole com a criação da Zona Franca de Manaus, em 1967. Hoje, Manaus é a maior cidade da Amazônia, com quase dois milhões de habitantes, uma economia forte, incentivada pelo Banco da Amazônia, e conta com o intenso movimento turístico que, ao contrário do comércio da borracha, só tende a crescer, especialmente a partir de 2014 com a Copa do Mundo – evento também financiado pelo Banco.
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A Paris n’América
Rua Conselheiro João Alfredo, Belém. Álbum “O Pará”, 1908, Augusto Montenegro. (Acervo Arquivo Público do Pará - reprodução Alex Raiol)
A riqueza fornecida pela febre da borracha no mundo transformou as modestas cidades da Amazônia em metrópoles sofisticadas, com os mais modernos equipamentos urbanos da época. Já no ano de 1870, a capital do Pará possuía bondes puxados por burros e iluminação pública a gás. As famílias da classe alta se abasteciam nas capitais europeias. Roupas, alimentos, bebidas, tudo era importado. Os lucros com a borracha trouxeram uma mudança rápida na paisagem da cidade. A discreta Travessa dos Mirandas virou avenida e teve seu nome mudado para 15 de Agosto, em homenagem à adesão do Pará ao Brasil Independente. Nos anos 50, passou a se chamar Avenida Presidente Vargas, denominação que se mantém até hoje, sendo a principal artéria do centro comercial de Belém. Ali foram construídos importantes prédios públicos, como o Café da Paz, hotel e restaurante
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frequentado pela sociedade mais abastada, pouco mais tarde o Grande Hotel e, no ano de 1912, o Cinema Olympia, que existe até hoje, sendo a mais velha sala de cinema ainda em funcionamento no País. O dinheiro corria à solta, mas a cidade ainda apresentava problemas sérios, como a febre amarela, que dizimava a população. Com a posse do intendente Antônio Lemos, em 1897. Belém passou por transformações urbanísticas que a igualava aos principais centros do Velho Mundo. Lemos abriu largas avenidas, cuidou do calçamento das ruas, contratou uma empresa para construir um sistema de esgoto, foi rigoroso na limpeza das ruas, construiu o crematório para queimar o lixo urbano e animais mortos nas ruas, inaugurou o sistema elétrico de iluminação pública e os antigos bondes puxados por animais foram substituídos por bondes elétricos. Antônio Lemos foi ainda um governante
Rua Padre Prudêncio e Igreja St. Anna, aos fundos a fábrica Palmeira. Albúm Vistas de Pará Brazil. Edição George Hübner. (Acervo Arquivo Público do Pará - reprodução Alex Raiol)
preocupado com o meio ambiente e a qualidade de vida, dando especial atenção ao Horto Botânico e cuidando da arborização das ruas, tratando com rigor o vandalismo contra as plantas. A ele a cidade deve a alcunha de “Cidade das Mangueiras”. A cidade urbanizada levou seus habitantes a capricharem nas construções e logo mansões luxuosas foram erguidas nos bairros mais prósperos. O fausto em que viviam Belém e Manaus atraiam companhias teatrais da Europa, que não se furtavam a enfrentar todas as dificuldades de viagem e os perigos da vida tropical, compensadas por temporadas altamente lucrativas. O fim do período áureo da borracha encerrou também o deslumbramento de uma classe perdulária e toda a Amazônia sofreu com a estagnação econômica. Belém manteve seu patrimônio arquitetônico com poucas alterações, até a segunda metade do século XX, quando a Amazônia passou a atrair novamente os olhares do mundo, agora por outras riquezas que não a borracha.
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Getúlio Vargas e a Amazônia
Jornais destacam a visita do presidente Getúlio Vargas a Amazônia. Belém, 5 de outubro de 1940. (Acervo Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves - reprodução Alex Raiol)
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A Amazônia estagnada era uma das preocupações do presidente Getúlio Vargas, que visitou a região em 1933 e 1940. Ao estabelecer a Marcha para o Oeste, com a intenção de incentivar a ocupação do Centro-Oeste do Brasil, Vargas tinha a vista estendida para mais distante, para o Extremo Norte. Com forte apelo desenvolvimentista, o presidente previa a Amazônia como um território totalmente ocupado, o mais povoado: “Apraz-me imaginar o que será esta vastidão, onde se estendem as terras fertilizadas pela bacia do Amazonas, sem rival em superfície e volume no mapa do mundo, quando nela estiver fixada a inteligência e a atividade de cem milhões de brasileiros”, proclamou em um de seus inúmeros discursos na região. Vargas criou o Instituto Agronômico do Norte, em Belém, em 1939 e, em 1940, o Governo Federal encampou o Port of Pará e a Amazon River Steam Navigation: “As empresas exploradoras dos serviços portuários e do tráfego fluvial, pelo seu precário e deficiente aparelhamento, não satisfaziam as necessidades e deverão transformar-se,
agora, em fatores diretos do desenvolvimento da região. Para isso, cuida-se de reorganizá-las, de reformar-lhes o material e construir novas unidades nos seus próprios estaleiros. Prende-se à mesma série de providências, a criação do Instituto Agronômico do Norte, que será um centro completo de pesquisas da riqueza florestal do vale amazônico, com o propósito de classificá-la, aperfeiçoar e desdobrar nos campos de multiplicação, para substituir pela indústria agrícola, metódica e científica, os velhos processos extrativos. Destinado a servir a toda a região, esse Instituto deverá promover o plantio sistemático, não só da seringueira, pela forma em que o vem praticando, com pleno êxito, a Fundação Ford, como, ainda, o das variadas espécies nativas e aclimadas — castanha, timbó, fibras —, a fim de fornecer, gratuitamente, mudas de precoce produção pela enxertia e desenvolver, ao mesmo tempo, os modernos processos de cultura e aclimação dos vegetais.” Em outubro de 1940, durante a visita de Vargas à Amazônia, desta vez percorrendo um largo trecho: Belém, Belterra, Manaus e Porto Velho, foi recebido com grande entusiasmo pelas populações locais e despertando nos habitantes a crença em dias melhores, amparados na promessa feita em 1933: “A Amazônia ressurgirá”. No “Discurso do Rio Amazonas”, o presidente reitera sua intenção do promover o desenvolvimento da Amazônia: “Não vos faltará o apoio do governo central para qualquer empreendimento que beneficie a collectividade. O Amazonas, sob o impulso fecundo de nossa vontade e de nosso trabalho, deixará de ser, afinal, um simples capítulo
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Acima, ataque japonês a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941; presidente norte-americano Franklin Roosevelt assinando a declaração de guerra contra o Japão, em 8 de dezembro de 1941. Soldado americano em guarda na praia de Oahu (Havaí), em março de 1945. (Arquivo Nacional Americano)
da história da terra, e, equiparado aos outros grandes rios, tornar-se-á um capítulo da historia da civilização”. Em 1937, Getúlio Vargas havia instaurado o Estado Novo, depois de um golpe de estado que garantiu para si plenos poderes. A nova Constituição, promulgada por ele, ficou conhecida como a Constituição “Polaca”, por ser baseada na Constituição da Polônia, claramente baseada em princípios fascistas. No início da década de 40, em plena crise da 2ª Guerra Mundial, Getúlio Vargas não esconderia suas simpatias pelos regimes de Roma e Berlim, causando desagrado e preocupação aos americanos do Norte. Mas a entrada do Japão na Guerra e o bloqueio da produção de borracha nos países asiáticos aos países aliados levou os Estados Unidos a exigirem uma posição clara do Brasil. Diante da catástrofe iminente, o presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, criou uma comissão, presidida por Bernard Baruch, para avaliar os estoques dos produtos considerados essenciais para o enfrentamento da guerra. O relatório da comissão mostrou a importância de ter o Brasil como aliado: “Achamos a situação atual tão perigosa que, a não ser que medidas [...] sejam tomadas imediatamente, este País enfrentará um colapso militar e civil. [...] Exigências militares e outras necessidades essenciais [...] esgotariam os nossos estoques de borracha crua antes do fim do próximo verão. [...] Os pneus de carros civis, [por exemplo,] estão sendo gastos a uma
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média de 8 vezes mais rapidamente do que são substituídos. Caso isto continue neste ritmo [...], em 1944 haverá uma completa paralisação de 27.000.000 de carros de passageiros.” Tanto a situação geográfica da Amazônia, tendo Belém como um porto estratégico, uma sentinela do Atlântico Sul, era de grande importância para os esforços de guerra dos países aliados liderados pelos Estados Unidos da América, como também – ou talvez principalmente – a economia da borracha amazônica assumia sua potencialidade estratégica e se transformaria, novamente, na mola mestra da indústria brasileira e da vitória aliada. Vieram os Acordos de Washington e o Brasil entrou na guerra, mas os soldados brasileiros não iam todos para os campos de batalha, a grande maioria foi se embrenhar nas matas da Amazônia, para extrair a borracha, que passou a ser a commodity que mais contribuía com divisas para o Tesouro Nacional, além de ser fundamental na fabricação de equipamentos de guerra, como pneus e outras peças para carros, tanques, navios e aviões utilizados nos campos de batalha da Europa e Ásia.
“Getúlio Vargas recebe integrantes da Comissão de Financiamento do Congresso americano. Em pauta, o ambicioso acordo da borracha” - transcrição da legenda original, publicada pelo Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 26 de maio de 2002 (Hemeroteca FCPTN - reprodução Alex Raiol)
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Grande Café da Paz No início do século XX, na esquina onde hoje se encontra o edifício sede do Banco da Amazônia, em Belém do Pará, existia o Hotel-Restaurant Grande Café da Paz, exemplo do fausto do período áureo da borracha. No seu terraço, reunia-se a “nata” da sociedade local e alguns visitantes ilustres ficaram hospedados ali. Um deles foi o sanitarista Osvaldo Cruz: “Hotel - Restaurant GRANDE CAFÉ DA PAZ ADOLPHO MELIBEU Proprietário PARÁ - BRAZIL Pará, 28 de Junho de 1910 Minha querida Miloquinha Já hoje te enviei uma carta que te fazia meus cumprimentos pela grande festa de hoje. Ainda para assignalar este grande dia resolvi hoje aqui uma questão que nos vai tornar a vida mais suave. O Governador do Pará me pediu para assumir a direcção da Campanha contra a febre amarella aqui, o que aceitei. De volta de Madeira irei até a “flôr da minha gente” e de novo voltarei até aqui onde passarei uns 15 dias para por o serviço em andamento, sob a direcção de pessôa de minha confiança. Voltarei ainda no decurso do anno umas duas ou tres vezes. Ainda não sei das condições que me serão offerecidas. O Governador com grande acanhamento mandou me perguntar quanto eu desejava. Mandei-lhe dizer que deixava ao alvitre delle a resolver. Mas, a julgar pelo enthusiasmo em que está o homem as nossas vantagens parecem serão bem grandes. Para mim a cousa será muito suave e conto obter resultados seguros prestando assim um colossal serviço ao paiz. Segundo me informaram só no mez passado morreram duzentas e tantas pessôas de febre amarella. Tenho sido muito bem recebido aqui. Estou installado no Hotel em dependencia com quatro aposentos pertencentes aos donos do Hotel, sendo todas as despezas pagas pello Governo; tenho 2 creados para me servir, carro particular, automovel á porta e uma lancha sempre a disposição Tenho estado prezo aqui mais tempo do que desejava porque houve uma greve á bordo do navio do Lloyd (Acre) que me terá de levar a Manáos, donde partirei em navio especial para o Madeira. Espero porem partir amanhã (29) á tarde. Hoje o Governador me veiu visitar. E agora á noite fui visitado pela filha da dona do hotel, ume exímia pianista, formada no Conservatorio de Leipzig e que veiu tocar piano para eu ouvir. É uma verdadeira artista. Não imaginas a romaria de visitas que tenho recebido o que me tem elevado ao auge a sentir irritação de nervos. Sobretudo agora que desconfiam que vou tornar a direcção da Campanha contra a febre amarella o chaleirismo está incomensuravel. Assim permitta Deus que sejamos bem succedidos.”
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Quando Osvaldo Cruz esteve em Belém, a cidade vivia seu momento de maior pujança, mas convivia com a febre amarela. O governador João Coelho então deu carta branca para o sanitarista atacar. Dizem que, em seis meses, Belém estava livre da doença. O Café da Paz viveu muitos dos momentos importantes da capital paraense, até que sucumbiu à insensibilidade do mercado. Quando o Banco da Amazônia comprou o terreno para a construção do seu edifício-sede, o Café da Paz não existia mais. Um dos mais belos exemplos da arquitetura da Belle Époque no Pará já tinha sido demolido.
(Acervo Arquivo Público do Pará - reprodução Alex Raiol)
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Discurso do Rio Amazonas
“
Documento original (Acervo do Museu Teatro Amazonas - Manaus)
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Senhores: Vêr a Amazônia é um desejo de coração na mocidade de todos os brasileiros. Com os primeiros conhecimentos da Pátria maior, este vale maravilhoso aparece ao espírito jovem, simbolizando a grandeza territorial, a feracidade inegualável, os fenômenos peculiares à vida primitiva e à luta pela existência em toda a sua pitoresca e perigosa extensão. E’ natural que uma imagem tão forte e dramática da natureza brasileira seduza e povoe as imaginações moças, prolongando-se em duradouras ressonâncias pela existência em fora, através dos estudos dos sábios, das impressões dos viajantes e dos «artistas, igualmente presos aos seus múltiplos e indizíveis encantamentos. […]
”
“
“
[…] Apenas — é necessário dize-lo corajosamente — tudo quanto se tem feito, seja agricultura ou indústria extrativa, constitue realização empírica e precisa transformar-se em exploração racional. O que a Natureza oferece é uma dádiva magnífica a exigir o trato e o cultivo da mão do homem. Da colonização esparsa, ao sabor de interesses eventuais, consumidora de energias com escasso aproveitamento, devemos passar à concentração e fixação do potencial humano. […]
”
[…] O nordestino, com o seu instinto de pioneiro, embrenhou-se pela floresta, abrindo trilhas de penetração e talhando a seringueira silvestre para deslocarse logo, segundo as exigências da própria atividade nômade. E ao seu lado, em contacto apenas superficial com esse gênero de vida, permaneceram os naturais à margem dos rios, com a sua atividade limitada à caça, à pesca e à lavoura de vazante, para consumo doméstico. Já não podem constituir, por si sós, esses homens de resistência indobrável e de indomável coragem, como nos tempos heróicos da nossa integração territorial, sob o comando de Plácido de Castro e a proteção diplomática de Rio Branco, os elementos capitais do progresso da terra, numa hora em que o esforço humano, para ser socialmente útil, precisa concentrarse técnica e disciplinadamente. […]
” 59
“
[…] Vim para ver e observar de perto as condições de realização do plano de reerguimento da Amazônia. Todo o Brasil tem os olhos voltados para o Norte, com o desejo patriótico de auxiliar o surto do seu desenvolvimento. E, não somente os brasileiros, também estrangeiros, técnicos e homens de negócio, virão colaborar nessa obra, aplicando-lhe a sua experiência e os seus capitais, com objetivo de aumentar o comércio e as indústrias, e não, como acontecia antes, visando formar latifúndios e absorver a posse da terra, que, legitimamente, pertence ao caboclo brasileiro. […]
”
“
[…] O período conturbado que o Mundo atravessa exige de todos os brasileiros grandes sacrifícios. Sei que estais prontos a concorrer com o vosso quinhão de esforço, com a vossa admirável audácia de desbravadores para a obra de reconstrução iniciada. Não vos faltará o apoio do Governo central para qualquer empreendimento que beneficie a coletividade. […]
”
“
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[…] Nada nos deterá, nesta arrancada, que é, no século vinte, a mais alta tarefa do homem civilizado: conquistar e dominar os vales das grandes torrentes equatoriais, transformando a sua força cega e a sua fertilidade extraordinária em energia disciplinada.[…]
”
“
“
[...] E, assim, obedecendo ao seu próprio signo de confraternização, aqui poderemos reunir essas nações irmãs, para deliberar e assentar as bases de um convênio em que se ajustem os interesses comuns e se mostre, mais uma vez, com dignificante exemplo, o espírito de solidariedade que preside às relações dos povos americanos, sempre prontos à cooperação e ao entendimento pacífico. […]
”
[…] E a nós, povo jovem, impõe-se a enorme responsabilidade de civilizar e povoar milhões de quilômetros quadrados. Aqui, na extremidade setentrional do território pátrio, sentindo essa riqueza potencial imensa, que atrai cobiças e desperta apetites de absorção, cresce a impressão dessa responsabilidade, a que não é possível fugir nem iludir. Sois brasileiros, e aos brasileiros cumpre ter conciência dos seus deveres, nesta hora que vai definir os nossos destinos de Nação. E, por isso,concito-vos a ter fé e a trabalhar, confiantes e resolutos, pelo engrandecimento da Pátria.
”
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À esquerda, capa e página da cartilha “Soldado da Borracha”, 1943. Acima, página do Plano de Organização da Campanha Nacional da Borracha Usada, julho de 1943. Desenhos de Jean-Pierre Chabloz
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A Batalha da Borracha
Desenho de JeanPierre Chabloz
O colapso da indústria bélica dos Estados Unidos da América também levou a vários acordos, conhecidos como Os Acordos de Washington, em março de 1942, com as nações latino-americanas (Brasil, Bolívia, Peru e Colômbia), tradicionais produtoras de borracha natural, para a aquisição de todo o excedente do produto, ou seja, toda a produção não utilizada pelas incipientes indústrias nacionais. O presidente Getúlio Vargas mobilizou o seu ministério, principalmente o corpo diplomático do Itamaraty e o ministério da Fazenda – assim como a toda a população do país –, numa verdadeira campanha de propaganda de guerra, no sentido de apresentar os acordos como a única saída para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, utilizando-se do ufanismo e do heroísmo da massa trabalhadora para alcançar os objetivos. A urgência e a excepcionalidade desses acordos, devido à necessidade do
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Publicação de O Estado do Pará, em 5 de abril de 1942: “O sub-secretario de Estado, sr. Sumner Welles cumprimentando o ministro Artur de Souza Costa, quando o titular da Fazenda do Brasil chegava a Capital Americana. A esquerda vemos o embaixador brasileiro em Washington sr. Carlos Martins. Entre o ministro Souza Costa e o secretario Welles vemos o sr. Alencastro Guimarães, primeiro secretario da nossa embaixada na América – (Foto Associated Press). Ao centro, publicação do jornal A Folha do Norte, em Belém, 26 de julho de 1942, com a legenda: “No Itamaraty, assinatura dos Acordos de Washington”. (Acervo FCPTN). Ao lado, desenho de Chabloz.
abastecimento das tropas aliadas e das populações dos países engajados na guerra pela democracia e contra o fascismo, tomaram a dimensão de uma verdadeira batalha - A Batalha da Borracha. Esta batalha se desenvolvia na Amazônia, dando sustentação às travadas nos campos de guerra do outro lado do Atlântico. Do total de 28 acordos assinados pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos da América, 14 diziam respeito diretamente à extração, comércio e exportação da borracha não-beneficiada e à industrialização de artefatos de borracha, como pneus, câmaras de ar para automóveis e bicicletas, galochas, balões, luvas, tapetes, atoalhados, preservativos, colchões, solados para calçados e um sem número de outros produtos da pequena indústria. Além da seringueira (Hevea brasilensis), outros vegetais amazônicos também produziam goma elástica natural, como o caucho (Castilla ulei Warb ou Castilloa Ulei) e a maniçoba (Manihot glaziovii), que produziam uma borracha de qualidade inferior à Hevea. Os acordos restantes visavam à produção e exportação de diversas outras matérias-primas, como a castanha-do-Pará (ou castanha-do-Brasil), a juta, minérios ou, ainda, assistência social, como saúde e saneamento.
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Moedas do Brasil
O dinheiro começou a circular no Brasil ainda nos primeiros anos da chegada dos colonizadores portugueses. D. Sebastião I, então rei de Portugal, autorizou a emissão de moeda daquele país no recém-descoberto território. Em 1580, com a união das coroas de Portugal e Espanha, passaram a circular em grande quantidade as moedas de prata espanholas (sendo que nesses primeiros séculos de colonização também circularam moedas trazidas por piratas e invasores). No nordeste do país, quando a região vivia sob o domínio holandês, entre 1630 e 1654, foram cunhadas as primeiras moedas no Brasil: os florins e os soldos – as primeiras a terem a palavra Brasil. Já em 1808, a situação provocada pela mudança da família real portuguesa para o Brasil e pela queda na produção do ouro na colônia, fez com que a quantidade de moedas
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em circulação fosse insuficiente para atender ao aumento dos gastos com a manutenção da estrutura administrativa da Coroa. Nesse período, o dinheiro que circulou no Brasil – sob o padrão Réis – foi emitido por diversas instituições, inclusive bancos particulares, o que acabou provocando uma confusão financeira e fazendo com que o Tesouro Nacional, em 1896, voltasse a ser o responsável pela emissão de cédulas. Para uniformizar o dinheiro em circulação e como parte do processo de criação de instituições de financiamento, como o Banco de Crédito da Borracha, em 1942, em plena 2a. Guerra Mundial, foi instituída a primeira mudança de padrão monetário no país: saiu o Réis ($) para a chegada do Cruzeiro (Cr$). Cada mil réis equivalia a um cruzeiro que, pela primeira vez, se dividia em centavos. A chegada da nova moeda organizou o
sistema financeiro, que tinha então mais de 80 tipos diferentes de cédulas e moedas. O Tesouro Nacional passou a ser o único emissor e a Casa da Moeda do Brasil, a única fabricante das moedas metálicas. A partir de 1964, quando foi criado o Banco Central, este passou a ser o responsável pela emissão do papel-moeda . Ao longo dos anos seguintes, a inflação crescente fez com que o governo promovesse sete mudanças no padrão monetário brasileiro: Cruzeiro Novo (NCr$) em 1967, novamente Cruzeiro (Cr$) em 1970, Cruzado (Cz$) em 1986, Cruzado Novo (NCz$) em 1989 (que pela primeira vez trazia a imagem da Efígie da República); em seguida, mais uma vez o Cruzeiro (Cr$) em 1990, Cruzeiro Real (CR$) em 1993, e finalmente, o Real (R$), a partir de 1994.
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Os Novos Soldados
Cartaz que circulava no país atraindo brasileiros para o trabalho na Amazônia. Jean-Pierre Chabloz, 1943. Litogravura, 109x68cm. Impressão C. Mendes Junior, Rio de Janeiro
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Para fazer frente a toda essa demanda pela borracha, foi necessário que o governo brasileiro retomasse o controle e a administração do aparelho produtivo da Hevea, em franca e terrível decadência durante décadas. Esse fato implicou reativar os antigos seringais (principalmente no Acre); viabilizar novas zonas de produção; realizar uma nova transferência de mão-de-obra nordestina; renovar o obsoleto e desgastado sistema de transportes na região amazônica; propiciar condições sanitárias para a região e prover as zonas produtoras dos suprimentos necessários. O contingente de cerca de 55.000 nordestinos recrutados às pressas e levados à Amazônia para a extração do látex, foi denominado de exército da borracha e os novos seringueiros até hoje ficaram conhecidos como os soldados da borracha - nessa batalha pereceram mais brasileiros que no front europeu. Esses homens e mulheres – já que muitos levaram suas esposas e filhos – sem perspectivas
Jean-Pierre Chabloz. Desenho e colagem s/cartão, 11,5x14cm
Jean-Pierre Chabloz, 1943. Estudo para cartaz. 15x12cm
de vida por causa da seca que assolou o Nordeste, de 1941 a 1943, foram atraídos por uma gigantesca campanha publicitária governamental, com a promessa de sair da miséria para um futuro promissor. Os soldados da borracha constituíramse nos verdadeiros heróis dessa saga, da qual milhares foram dizimados por doenças fatais devido à insalubridade da região, por picadas de cobra, ataques de feras ou devido à guerra particular contra os índios, que reagiam com violência à invasão dos seus territórios pelas multidões de seringueiros migrantes, que os expulsava de suas terras e culturas ancestrais. O processo de recrutamento do soldado da borracha teve o apoio do DNI (Departamento
Jean-Pierre Chabloz, 1943. Estudo para cartaz. 96x66cm
Nacional de Imigração), com a criação do SEMTA (Serviço de Encaminhamento e Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia), a agência federal encarregada da migração (compulsória e/ ou voluntária) dos nordestinos para as zonas de produção. O governo federal, através do SEMTA, foi responsável por todas as ações de motivação, encaminhamento, transporte, adestramento nas técnicas de extração e beneficiamento do látex, alojamento, organização e por todos os apetrechos necessários para o trabalho na floresta, desse enorme contingente de trabalhadores, que também necessitavam de cuidados com alimentação e atenção à saúde, para uma vida mais saudável e digna, conforme pregava a propaganda oficial.
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Jean-Pierre Chabloz
Estação Ferroviária João Felipe. Ao centro, Chabloz. Foto Aba-Film, Fortaleza, 1943.
A história do suíço e “cidadão do mundo”, como ele mesmo gostava de se definir, JeanPierre Chabloz, é recheada de aventuras vividas pelo planeta afora. Rico, educado na Europa do início do século 20, nasceu em Lausanne, Suíça no ano de 1910. Foi pintor, desenhista, crítico de arte, músico, professor e publicitário. Entre 1929 e 1932, estudou na Escola de Belas Artes de Genebra, Suíça. Formou-se em 1938 pela Accademia Belle Arti di Brera, Milão, Itália. Por causa da guerra, em 1940, transferiuse para o Rio de Janeiro com a família, onde frequentou o núcleo artístico da Pensão Mauá, localizada em frente à casa de seus sogros. Na época também expôs no Rio e em São Paulo. Em 1943, foi convidado a trabalhar em Fortaleza, na campanha da borracha, como parte dos esforços de guerra. As obras da campanha para atrair os “soldados da borracha” levam a assinatura de Chabloz, que, anos mais tarde, ao conhecer a realidade da sina dos seringueiros na Amazônia, teria entrado em depressão. Juntamente com Aldemir Martins, Antônio Bandeira, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo Feitosa, formou um grupo renovador da arte cearense, responsável pela criação do Salão de Abril. Chabloz participou da Associação Cultural Franco-Brasileira do Ceará e da Sociedade
Na página ao lado, obras de Jean-Pierre Chabloz, 1943. Em destaque, litogravura, 100x60cm. Impressão C. Mendes Junior, Rio de Janeiro e “Belém do Pará”, desenhos sobre cartão, 33X24cm cada. Á direita, “Fillette en Bleu”, óleo sobre tela, 27x34cm.
Cearense de Artes Plásticas-SCAP. Também mantinha uma coluna cultural no jornal cearense “O Estado”, fazia recitais de violino, dava aulas de música e encontrava tempo para incentivar os artistas locais. Em 1945, voltou ao Rio de Janeiro e expôs na galeria Askanasy, com artistas cearenses, inclusive Chico da Silva (1910-1985), pintor que Chabloz descobriu e divulgava. Em 1948, novamente em Fortaleza, expôs no 4º Salão de Abril. Depois partiu para a Europa e só retornou a Fortaleza em 1960, tendo vivido em Niterói (RJ) a partir de 1970. Morreu em 1984, durante uma estada em Fortaleza, cidade pela qual se apaixonou e adotou como sua. O acervo de sua obra pertence ao Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará.
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O Herói do Seringal
Chefe de turma recebendo braçadeira de identificação. Foto AbaFilm, Fortaleza, 1943.
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Cabe uma observação relevante sobre as reações de espanto, medo e preconceito da população amazônica contra esses imigrantes nordestinos, a quem chamavam pejorativamente de arigós ou brabos. Até hoje o estigma prevalece em muitos lugares, embora, num ato louvável, o governo do Acre tenha reconhecido oficialmente a importância deles, como formadores da população e da cultura acreana, principalmente dos cearenses, já que o escritório central do SEMTA se achava em Fortaleza, capital do Estado do Ceará, de onde partiu o maior contingente que alcançou chegar ao Acre. No dia 14 de julho é hasteada a bandeia cearense ao lado da acreana, em comemoração ao aniversário da I República Independente do Acre, criada em 1899 pelo aventureiro espanhol Luiz Galvez, andaluz nascido em Cádiz, que chegou ao Acre atraído pelo boom da borracha.
Dezenas de milhares de homens e mulheres atenderam ao chamado do governo: os “soldados da borracha”. Fotos Aba-Film, Fortaleza, 1943.
Quando os nordestinos chegaram, encontraram as relações de produção da economia extrativista já estabelecidas: prevalecia o sistema de aviamento e o trabalho compulsório do seringueiro, preso irremediavelmente à dívida no barracão do patrão-seringalista. Ao chegar precisavam comprar todo o material de trabalho e assim, começava a crescente dívida, que a maioria nunca conseguia pagar. Também houve “as violentas reações e ressentimentos das classes conservadoras e produtoras da Amazônia, que, por terem ficado totalmente alijadas do novo processo de financiamento e aviamento, protagonizaram um efetivo boicote ao mesmo, acarretando a falência da mais séria tentativa que se fez até hoje, na Amazônia, de se quebrar com o iníquo e secular sistema de aviamento que vigorava em todo o
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Jean-Pierre Chabloz, 1943. Acima, ilustrações para cartilha: desenho a bico de pena sobre papel, 11x15,5cm; seguido de desenho sobre papel, 11x17cm e desenho a bico de pena sobre papel, 9x13cm
vale”, registrou Pedro Martinello, no livro “A Batalha da Borracha na Segunda Guerra Mundial”. Outra obra importante sobre o período e o dia-a-dia do seringueiro é ” A Borracha no Brasil”, de Amando Mendes: “O seringueiro dá início aos serviços de extração no dia 15 de abril, fazendo a limpeza das suas ‘estradas’ (grupos de 100 a 150 árvores, espalhadas irregularmente na mata). [Depois}, começa a fazer a ‘sangria’ das árvores, [que] dura 10 dias.[...] A interrupção do fabrico ocorre na época da floração da seringueira; e, neste período, o seringueiro amanha a terra [...] para, na época própria fazer a sua pequenina semeadura do feijão, mandioca, milho e cana.[..] Ele trabalha [...] levantando-se às 3 horas da madrugada para fazer o café e [...] o feijão do seu almoço. Deixa a barraca às 4,30 da manhã para correr as ‘estradas’ fazendo os cortes e ‘colocar as tijelinhas’, para logo após, correr novamente as estradas e recolher o
Contrato de encaminhamento; equipamento de viagem fornecido pelo SEMTA aos Soldados da Borracha, Jean-Pierre Chabloz, 1943, desenho sobre cartão, 17x13,5cm; e partida para a Amazônia, Porto de Mucuripe - Fortaleza/ CE. Foto Aba-Film, Fortaleza, 1943
látex. Às 2 ou 3 horas da tarde, retorna à barraca, descança minutos a preparar o ‘almoço-jantar’, para em seguida defumar o leite recolhido, gastando nessa operação de uma a duas horas, e assim ganhar o descanço, quando já são 6 horas da tarde, no seu dia de 16 horas de afan”. A média de peso das “pelas” (bolas) de borracha no fim do dia, era de 40 kg, carregados às costas. Dos que sobreviveram, poucos conseguiram voltar à terra natal com algum dinheiro e ostentando relógios de ouro “Mido” e levando caixas de perfume Royal Briar. A maioria permaneceu pobre; alguns ainda continuam vivendo na Amazônia, não só porque constituíram família, mas por não terem conseguido pagar dívidas ao barracão. Esquecidos no fim da 2a. Guerra, os soldados da borracha conquistaram um auxílio de dois salários mínimos e buscam o mesmo reconhecimento dado aos “Pracinhas”.
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O Banco de Crédito da Borracha
Acima, primeiro Estatuto do Banco de Crédito da Borracha S/A. (Acervo Banco da Amazônia).Em baixo, Douglas H. Allen, da Rubber Reserve, em Belém - Folha do Norte, 24 de julho de 1942. (Acervo FCPTN)
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Para concretizar os Acordos de Washington, os governos brasileiro e norte-americano – até então limitados à ação diplomática e estudos e pesquisas preliminares – implantam um dispositivo organizacional e logístico de grande dimensão para a época, atendendo à necessidade de aumentar de modo consistente a produção da borracha: financiamento e crédito para seringalistas, abastecimento de víveres e equipamentos, melhoria dos transportes, ações de saúde e saneamento entre outras. Sobre o financiamento dessa empreitada, Brasil e Estados Unidos “decidem criar o Banco de Crédito da Borracha, (Dec. nº 4.451, de 9 de julho de 1942) que teria como objetivo fomentar e financiar toda a atividade gumífera da Amazônia”, conta Pedro Martinello. A criação do BCB foi promulgada segundo o art. 7 dos Estatutos
Detalhe da marca do BCB, impressa no verso das primeiras folhas de cheques de 1948. (Acervo Banco da Amazônia)
aprovados no Rio de Janeiro pela Assembleia Geral em 1º de agosto de 1942 e confirmada em decreto pelo Ministro de Estado dos Negócios da Fazenda, logo após, em 4 de agosto de 1942. Para o crítico programa de abastecimento da região, que iria ver acrescida a sua população por esse novo contingente de imigrantes, foi criada a SAVA (Superintendência do Abastecimento para o Vale Amazônico) que, junto com a RDC (Rubber Development Corporation), antiga RRC (Rubber Reserve Company), representante dos Estados Unidos nos acordos, se incumbia de prover e regular o suprimento de víveres para a região. A SAVA foi posteriormente incorporada ao SEMTA, que sofreu diversos problemas administrativos e políticos, dando origem à CAETA (Comissão Administrativa de Encaminhamento de Trabalhadores para a Amazônia).
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Certificado de Ações Ordinárias Nominativas do BCB no valor de Rs.1:000$000 (um conto de réis cada), em favor de Mario Barroso Ramos, em 11 de setembro de 1942. Em baixo, Livro de Registro de Presença de Empregados (1942 – 1943). (Acervo Banco da Amazônia)
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Frente ao vital problema do transporte, investiu-se no SNAPP (Serviço de Navegação e Administração dos Portos do Pará) que já existia, remodelando e potencializando sua frota fluvial. Além disso, foi enfatizado outro tipo de transporte, o aéreo, que demonstrou ser de grande valia, devido às imensas distâncias e às dificuldades inerentes à natureza da região amazônica. Quanto às estradas, os acordos também previram investimentos na melhoria do que já existia e na criação de novas malhas viárias (tanto rodovias quanto ferrovias), com o objetivo de facilitar tanto o escoamento da produção como o fluxo migratório das populações regionais. O Banco de Crédito da Borracha S/A foi criado para ser o agente comercial e financeiro do Brasil nessa intermediação entre o produtor de borracha e o mercado internacional. As atividades do BCB são divididas em dois ciclos distintos: o primeiro, que vai de sua fundação – assumindo a presidência o então Capitão Oscar Passos – até o final da 2ª Guerra Mundial; e o segundo, a partir desse fato histórico – a Paz foi selada em Agosto de 1945 – até o término dos Acordos de Washington, em 1947. Nos primeiros meses, por falta de infraestrutura
Desembarque de caminhões e caminhonetes adquiridos no período de 1946 a 1948. (Acervo Digital: Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre)
suficiente para manter as atividades do BCB, o governo federal, através do Ministério da Fazenda, colocou a Carteira de Exportação e Importação do Banco do Brasil (BB) à disposição para gerir a implantação do BCB, apoio que se estendeu até 1949, quando apenas um funcionário ainda assessorava o quadro do Banco da Borracha. Em 1943, o então presidente do BCB, Dr. José Carneiro da Gama Malcher, que sucedeu o deputado Oscar Passos na Diretoria da instituição, enaltece a ajuda do BB no primeiro relatório oficial da Diretoria do Banco à Assembleia Geral dos Acionistas da instituição: “Para organização e efetivo funcionamento dos serviços do Banco, tornava-se necessário pessoal especializado e experimentado. Recorreu a diretoria para esse efeito ao Banco do Brasil, que do seu funcionalismo, sobejamente conhecido por sua dedicação, disciplina e competência técnica, destacou alguns elementos [...] que integraram-se ao quadro com outros elementos escolhidos e aceitos mediante provas de idoneidade e competência, os quais, por sua vez vêm desempenhando satisfatoriamente as funções para que tem sido destacados.”, segundo o Relatório BCB, 1943.
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O Banco da Borracha e o Futuro da Amazônia
Comunicado de Concurso Público para admissão de funcionários do BCB, 22 de julho de 1944. (Acervo Banco da Amazônia)
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O primeiro relatório oficial do BCB foi apresentado à Assembleia Geral dos Acionistas, cumprindo seu Estatuto, somente em março de 1944. Nele, a diretoria tecia considerações gerais sobre as ações do banco (operações de crédito, recursos, depósitos, produção da borracha, exportação, estoques, fiscalização de seringais) durante o ano de 1943, além do balanço do ativo e passivo, pareceres do Conselho Fiscal, relação dos acionistas e anexos com tabelas de contratos de financiamento de produção. Ao findar 1943, as atividades do BCB estavam espalhadas “por Agências e sub-agências ou escritórios em diversas zonas do país, [o que exige] maior número de funcionários [...]. Presentemente conta o Banco com 221 funcionários distribuídos pela Matriz (Belém) e nas agências de Manaus, Rio Branco (Acre), Guajará Mirim, Porto Velho, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Cuiabá”, como informa o mesmo documento. A primeira diretoria do BCB a apresentar um relatório estava constituída pelo presidente, José Carneiro da Gama Malcher; por três diretores brasileiros, senhores Ruy Mário de Medeiros, Abelardo Condurú e Ignacio Caldas; e dois norte-americanos, funcionários da RUBBER RESERVE COMPANY, representante do governo dos Estados Unidos da América, senhores Edward R. Jobson e George E. Pell, além de três integrantes do Conselho Fiscal.
Acima, Livro de Termo de Posse dos Diretores do Banco, de 1942 a 1978. Em baixo, registro de admissão de empregados do BCB.
Nos anos subsequentes, os relatórios mostram que foram abertos concursos públicos para todas as categorias da administração: além dos empregados do quadro (agentes, escriturários, estivadores e fiscais de seringais), também existiam os requisitados, contratados, diaristas de escritório, motoristas etc. Em 1944, visando formar pessoal especializado e experimentado, o Banco criou um Curso de Aperfeiçoamento Bancário, com aulas de Português, Inglês, Matemática, Contabilidade, Estatística, Prática Judiciária Comercial, Prática de Administração e Conhecimentos de Borracha. Em 1945, o BCB “numa demonstração pública do interesse que lhe merece o futuro da região Amazônica, e conhecedor como é, de que este problema está diretamente ligado à fixação do homem ao solo e do seu preparo para enfrentar as vicissitudes da vida, resolveu, como primeiro passo para uma solução satisfatória, amparar os filhos dos homens que com seu trabalho, com o seu destemor heroico, não trepidam em afrontar as surpresas da selva para colher o produto de que tanto necessita a Humanidade. Com esta finalidade instituiu o ‘Fundo para Educação e Alfabetização dos Filhos dos Seringueiros e dos Pequenos Seringalistas’, levando o seu crédito a importância inicial de Cr$6.000.000,00.” “A Diretoria já tem em estudos um plano para uma profícua aplicação desta quantia em favor da criança, certa de que auxiliando a formação física, moral e técnica do futuro trabalhador, está prestando à Pátria um relevante serviço”. Já no ano de 1947, o BCB tinha em funcionamento a Matriz em Belém e mais nove agências filiais e três escritórios, tendo sido criadas as agências de Boca do Acre e Benjamin Constant (AM) e Altamira (PA).
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Foto: Ermano Stradelli. (Acervo MIS/AM)
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Mulheres Seringueiras Recentemente, os estudos históricos buscaram e deram voz aos testemunhos sobre mulheres. Desde 1970, os debates sobre gênero ganharam reconhecimento da pesquisa científica, com questionamentos sobre a dimensão da exclusão a que estavam submetidas, entre outros fatores, por um discurso universal masculino. Depois de longo silêncio, as vozes femininas, muitas vezes solitárias, puderam ser ouvidas também no interior da selva amazônica. Vozes que compartilharam a difícil vida nos seringais. A presença dessas trabalhadoras na região é dividida em dois momentos: no primeiro ciclo da borracha – quase inexistente, já que teoricamente não colhiam o látex; e no segundo, em número maior, foi essencial, pois além dos afazeres domésticos e maternos, não raro, também coletavam e defumavam o látex. No primeiro ciclo, entre 1870 e 1912, foi acentuada a diferença entre o número das populações masculina e feminina, nos altos rios. A grande maioria era de homens solteiros, jovens ou adultos, que vinha principalmente do Nordeste como força de trabalho, sem qualquer condição de agente de produção, trabalhar na empresa extrativista da borracha para fazer fortuna e voltar para o sertão. O quadro mudou no segundo ciclo da borracha, de 1940 a 1945, quando o trabalho de rotina da mulher foi sobrecarregado pela coleta e defumação do látex, pela criação de animais, além
do plantio de alimentos - a guerra impôs crise de abastecimento e os seringueiros não compravam mantimentos, como antes. Esse novo surto de crescimento econômico regional contou com a força, decisiva, de trabalho feminino e, embora muitas fossem seringueiras, não se fala de “Soldadas da Borracha”, apenas os homens ainda são considerados. Assim, cresceu a importância do trabalho da mulher no corte da seringueira, fosse por conta da necessidade de aumentar a renda paterna, que utilizava a mão-deobra familiar; ou pela decisão de ajudar o marido, endividado no barracão; ou com a morte, invalidez, do chefe da família, quando assumiam as estradas de seringa e toda a responsabilidade do sustento familiar. Embora o trabalho da mulher não ficasse em nada a dever ao trabalho do seringueiro, a estrutura da sociedade do seringal não admitiu contrato de “seringueira”; não permitiu cadastramento e movimentação de conta no Barracão. Todas as ações da mulher foram contabilizadas em nome do companheiro, mesmo que ele estivesse morto – situação que, ainda hoje, inviabiliza a aposentadoria de mulheres, com direito aos dois salários mínimos, destinados apenas aos “Soldados da Borracha”. Apesar disso, hoje a História reconhece as mulheres que também contribuíram para a formação da sociedade amazônica, como bravas e destemidas “mulheres seringueiras”.
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Termina a Guerra
Os Acordos de Washington só podem ser compreendidos “no cenário dramático e na grave emergência em que se encontrava o mundo. Foram convênios de guerra e, portanto, sujeitos ao clima de nervosismo, de aflição, que as catástrofes determinam.” Cassio Fonseca
Explosão de bomba atômica sobre o porto japonês de Nagasaki, em 8 de agosto de 1945. (Acervo Arquivo Nacional Americano)
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Em agosto de 1945, com o bombardeio atômico dos EUA, que destruiu as cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki, e com a consequente rendição do Império do Japão e dos outros países do Eixo, a Paz foi selada. Sobre o fim da 2ª Guerra Mundial, o relatório do BCB, em 1947, descreve que “a situação mudara completamente e se apresentava sombria. Confirmava este temor a posição dos mercados internacionais inundados pela borracha das Plantações do Oriente. [...] A Amazônia não pôde aproveitar o período da guerra para acumular reservas monetárias que lhe permitissem maiores empreendimentos, porque seus principais gêneros de exportação não tinham saída para o exterior por imperativo da luta, [...] assim como não plantou seringais em larga escala, que lhe permitissem fazer frente à concorrência no mercado internacional”. Nesse momento, o mercado internacional da borracha
Embarque de borracha laminada para São Paulo. (Acervo Digital: Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre). O marechal alemão Wilhelm Keitel assina os termos de rendição em Berlim, Alemanha, em 7 de maio de 1945. (Acervo Arquivo Nacional Americano)
se achava em pânico. “Terminada a guerra mundial, recuperadas as plantações do Oriente para o mundo ocidental depois da derrota dos japoneses, reduzidas as demandas extraordinárias do governo norte-americano, o contraste entre a Hevea brasileira e a oriental nos colocava em difícil posição”. E não foi somente esse o fator negativo que atingiu a produção da borracha na Amazônia. Durante os anos de guerra, as atividades extrativas do vale amazônico ficaram praticamente paralisadas em relação a todos os demais produtos da região: castanha, balata, pau rosa, cacau, madeiras, etc. Em junho de 1947, expiraram os Acordos de Washington e “a indústria brasileira não se mostrava ainda capaz de absorver nossa produção, embora viesse em crescente prosperidade”. A falta desses recursos financeiros trouxe sérias - mas não insolúveis - consequências para a borracha brasileira, não fosse a organização da economia gumífera, principalmente pela atuação do Banco de Crédito da Borracha S/A. Como parte dessa organização, foram da maior importância as iniciativas do BCB,
como inaugurar com a colaboração do Instituto Agronômico do Norte, órgão do ministério da Agricultura sediado em Belém, um curso técnico de aperfeiçoamento destinado aos fiscais de seringais, diplomados em agronomia, assim como a constituição de uma biblioteca especializada em assuntos amazônicos. Também foi construído o primeiro armazém (galpão) com capacidade para receber toda a borracha adquirida e oferecer condições de segurança e higiene aos trabalhadores, à rua da Municipalidade, no bairro do Reduto, em Belém - edifício cuja planta obedeceu aos requisitos da técnica moderna e é estudado por gerações de arquitetos e engenheiros, como exemplo de construção inovadora e surpreendente, da época. Ainda, “foi instalado um ambulatório com o intuito de dar maior assistência à saúde dos funcionários, localizado à avenida Oswaldo Cruz no centro de Belém, com uma parte hospitalar dotada de completo e moderno gabinete de radiologia, de salas de operações, enfermarias, clínica obstétrica, gabinete dentário e demais melhoramentos que a ciência médica moderna aconselha”.
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Os Soldados Urbanos da Borracha
Plantas originais do armazém de borracha, à rua Municipalidade, em Belém. (Acervo Banco da Amazônia)
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Numa época em que o Reduto era marcado pelo Igarapé das Almas, o cheiro da borracha impregnava todo o bairro. Com chuva ou sol, o trabalho não parava, dentro e fora do galpão. A borracha chegava pelo cais do porto nos navios dos seringalistas e era desembarcada por estivadores. Depois seguia para o galpão do Banco, em caminhões carregados com até 150 fardos, conforme o tamanho das pelas. Lá, depois de classificada, a borracha ia para as usinas, onde eram lavadas e secas, antes da prensagem – a última etapa antes da exportação. Os diaristas chegavam cedo, entre 6h e 7h, para “responder o ponto e pegar no pesado”, pois quando era feita a chamada pelo nome dos homens que iam trabalhar naquele turno, àqueles que não respondessem, perdiam a vez para carregar, cortar, selecionar centenas de pelas, com cerca de 60 kg cada. Longe das agruras dos seringais, um soldado da borracha urbano, num trabalho que era para poucos. Um desses homens saiu de Vigia, no nordeste paraense, para “arriscar a sorte” na capital, Belém, aos 12 anos de idade. Dez anos depois, no dia 3 de março de 1958, passando pela travessa Municipalidade, viu a grande quantidade de pelas de borracha espalhadas pela rua... Na frente do galpão do Banco, a aglomeração de homens chamou a atenção. Aproximouse e descobriu que estavam selecionando trabalhadores. No mesmo dia, Francisco Rubens Barbosa começou sua história de dedicação ao Banco, que só encerrou com uma aposentadoria, 24 anos depois. Seu Barbosa conta que era comum acontecer de homens saírem para “merendar” e, simplesmente, não voltarem para o trabalho. “Largavam até as roupas. Iam e nunca mais voltavam”. No galpão trabalhavam 12 contratados do Banco e 145 diaristas que se dividiam em categorias de serviço. O carregadores
cuidavam do transporte do produto, dos caminhões para o prédio e vice e versa. Em seguida, as pelas eram selecionadas pelos seguradores - homens fortes, que com o “gato” (uma espécie de gancho) puxavam o produto para lados opostos, para o cortador, que com um cutelo (facão) cortava a pela para separar os tipos de borracha. Ao lado do cortador, trabalhava o classificador, profissional que verificava o tipo de borracha: a parte central da pela era chamada de “acre fina” e considerada de alta qualidade. A camada externa, por conseguinte aquela que recebia todas as intempéries do transporte, era de menor qualidade - a “cernambi rama”, também conhecida como “fino”, “entre fina”, “virgem” e “comum”. Era comum, no processo de corte, eles encontrarem a “mistura”, pedra ou a tabatinga, colocada dentro da pela, para aumentar o peso. Também encontravam potes de cerâmica, o que prejudicava a amolação do facão que usavam para o corte. Para os trabalhadores, a “mistura” era a vingança do seringueiro pela exploração que sofria do seringalista. Hoje, aos 75 anos de idade, seu Barbosa lembra, com voz tranquila, do tempo em que trabalhava no armazém do Banco de Crédito da Amazônia e garante que “o ‘gato’ foi a caneta que o fez entrar no Banco e garantiu o sustento da família. Na década de 60, com a queda da produção da borracha, os profissionais foram incorporados ao quadro do banco, como servente inicial. Na Municipalidade, hoje, além de uma agência e da sede da Superintendência Pará I, o antigo prédio abriga o almoxarifado e o arquivo central. Mas entre os equipamentos dos dias atuais, ainda se pode encontrar toda a estrutura do Armazém da Borracha, como era conhecido quando foi construído, na década de 40 e, em frente ao prédio histórico, uma árvore seringueira remete à memória de um passado com cheiro de borracha no ar.
Francisco Barbosa, uma vida a serviço do Banco da Borracha. Foto Marcelo Lelis
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Medidas para Garantir a Economia da Borracha
Na Casa Branca, o presidente Truman anuncia a rendição do Japão. Washington, DC, 14 de agosto de 1945. (Acervo Arquivo Nacional Americano)
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Em 8 de Setembro de 1947, foi promulgada a Lei nº 86, que permitiu a estabilização da economia gumífera no Norte do País, através da garantia do preço, do financiamento dos estoques e do estímulo à industrialização intensiva, pelo fato de manter os preços da borracha natural ao nível de 1944 (ainda conforme os Acordos de Washington), prorrogando as atribuições do BCB como órgão financiador do produto, para estimular o consumo no mercado interno e prevendo o financiamento dos excedentes de produção através do Plano de Valorização Econômica da Amazônia. A partir daí, a importância do mercado interno pode ser medida pelo fato de que só a indústria do Estado de São Paulo, nessa altura, consumia em média borracha equivalente a Cr$1.150.000,00 por dia útil. Um novo problema se apresentava: a indústria brasileira já estava consumindo mais do que podia produzir para atender às necessidades da manufatura de artefatos de borracha. Os fatores ficaram invertidos: de superprodutor de borracha, o Brasil passava a ter um déficit cada vez maior da goma nacional. Com a consequente queda da produção, a partir de 1948, abriram-se novas perspectivas para a exportação da castanha, balata, sorva, madeira, essências, peles silvestres, couro de jacaré. E uma nova
produção, trazida pelos imigrantes japoneses que se instalaram na região no início do século 20, iniciou-se vigorosamente: a da juta, no Baixo Amazonas. “A situação do Banco de Crédito da Borracha S.A. é a melhor possível”, afirmava a diretoria do BCB em seu Relatório de 1948: “Fundado em 1942, com um capital inicial de Cr$ 50.000.000,00, depois elevado para Cr$150.000.000,00 [...], a 31 de Dezembro de 1948, seu balanço acusa um capital e reservas totalizando Cr$236.014.371,20”. “Vigilante, sempre, na defesa dos interesses a seu cargo, o Banco de Crédito da Borracha S.A. se revelou o instrumento capaz e eficiente de amparo da economia de um produto que é a base de todo o sistema financeiro da maior região do país. A verdadeira batalha da borracha é a que vem sendo travada desde que cessaram os Acordos de Washington, quando o Brasil teve de sustentá-la sozinho, [...] para manter um produto silvestre que se transformou em pilar de um parque industrial precioso, que é preciso preservar à custa de todos os sacrifícios”. Essa foi a conclusão a que chegou a diretoria do Banco, assinada pelo então presidente do BCB, Sr. Octávio Augusto de Bastos Meira, na página 41 do seu Relatório datado de 20 de Fevereiro de 1949.
Embarque de passageiros e pelas de borracha. (Acervo Digital: Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre). Defumação da borracha. (Acervo Centro de Documentação Histórica do Estado de Rondônia)
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Bancrévea
A Associação de Desportos Recreativa Bancrévea se organizou em Belém no dia 23 de junho de 1891, após a extinção da Associação Dramática Recreativa Beneficente e do Bancrévea Clube. Logo o Bancrévea figurou entre os principais clubes da cidade, incentivando, estimulando e desenvolvendo, por todos os meios, o esporte como lazer para os associados. O Bancrévea foi o segundo clube náutico mais antigo do Brasil, só perdendo para o Clube Barroso, localizado no Rio Grande do Sul, dois anos mais velho que a agremiação paraense. Em 1947, o jornal´A Vanguarda` promoveu um concurso para conhecer o clube mais querido de Belém. Para a surpresa de muita gente, o Bancrévea ficou em terceiro lugar, com 26.429 votos, perdendo apenas para Remo e Paysandu. Não é só em Belém que os associados do clube – empregados, aposentados do Banco da Amazônia ou qualquer pessoa que se disponha a seguir seus estatutos – encontram um local onde a família possa desfrutar de bons momentos de lazer e de sociabilidade, juntamente com seus amigos e colegas de trabalho. Assim é o clima de descontração e alegria que animam as dependências das sedes dos Bancréveas Clubes em toda a região Norte, incluindo Brasília.
Celice Marques: Brancrévea elege a primeira Miss Brasil pelo Pará (Acervo Banco da Amazônia)
Sede do Bancrévea em Manaus, e o Palace Theatro em Belém. (Acervo Banco da Amazônia)
Hoje, a maioria dos Clubes Bancrévea em toda a região mantém suas próprias sedes campestres, sempre movimentadas por eventos como festas de aniversário, bailes de debutantes, bailes de carnaval, desfiles de modas, jogos esportivos etc. O Clube se espalhou pelas principais cidades da região, onde o Banco tem pelo menos uma agência. Quase todas possuem parque aquático de qualidade.. Em Belém, nas décadas de 1940, 1950 e 1960, as festas e eventos promovidos pelo Bancrévea se realizavam no Palace Theatro, uma dependência do antigo prédio histórico do Grande Hotel, demolido nos anos 70 para dar lugar ao hoje Hotel Hilton Belém. Os bailes de Carnaval, adultos e infantis, eram dos mais concorridos na sociedade paraense da época e muitos foram animados por grandes orquestras locais, nacionais e internacionais, como a paraense Orquestra Orlando Pereira, o carioca Rui Rey, a Orquestra Tabajara do maestro Severino Araújo, o norte-americano Ray Conniff e outras. O Bancrévea também tem uma história de grande sucesso no que se refere aos concursos de beleza. No Miss Pará de 1982, por exemplo, ganhou a candidata do clube, Celice Pinto Marques, que, para glória total dos associados, também foi eleita a mais bonita do país: a Miss
Brasil. Pela primeira vez na história do concurso, o Pará chegava ao pódio mais alto da beleza brasileira. A Miss Bancrévea 82 ainda foi semifinalista no concurso internacional de Miss Universo daquele ano, quando Celice ganhou o segundo lugar no melhor traje típico – “tanga marajoara”. O clube de Belém também comemora ser o mais tradicional participante do Concurso Rainha das Rainhas do Carnaval de Belém, tendo conquistado o título do ano de 2011, com a candidata Martha Inez Lima, com a fantasia “Melindrosa”, uma adaptação carnavalesca das coquettes que animavam os bailes nas décadas de 20/30 do século XX. O principal patrimônio do Bancrévea hoje é a Sede Campestre, em Belém, com cerca de 60.000 m², com salão de festas; diversas áreas para confraternizações e aniversários; piscina de água natural; piscina para as diferentes faixas etárias; algumas com um miniparque infantil; e lago, no qual os frequentadores podem desfrutar de passeios de pedalinhos e caiaques; campos de futebol society e oficial; beach-soccer; quadra de vôlei; basquete e o salão de jogos, além de diversas malocas onde o associado fica à vontade para promover churrasco ou, simplesmente, armar a sua rede e descansar.
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Criação do Banco de Crédito da Amazônia
“O Brasil vai importar borracha durante o ano corrente. Essa notícia correu célere pelo país adentro, provocando longo debate público. Ter de importar borracha foi considerado um golpe contra a Amazônia e uma vergonha para o país que dirigiu os mercados mundiais da Hevea no começo do século”.
Pedro Martinello
Seringueira. Detalhe da folha de cheque do Banco de Crédito da Amazônia (Acervo Banco da Amazônia)
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Ainda em maio de 1947, antes mesmo do término dos Acordos de Washington, o Ministério da Fazenda já tinha se reunido com as bancadas de deputados federais e senadores dos Estados amazônicos da Assembleia Geral (como então era denominado o atual Congresso Nacional), para estudar medidas a serem postas em prática pelo Governo, visando principalmente a defesa da economia de borracha.
Nessa reunião e nas recomendações da Terceira Conferência Nacional da Borracha, criada em fins de 1947, foi proposta a transformação do BCB, que passou a ser o Banco de Crédito da Amazônia S/A, podendo operar em todos os ramos de atividades bancárias. Em 1948, abriramse novas perspectivas para a exportação da castanha, balata, pau rosa, madeiras e outros. Em 1950, foi instituído o sistema de câmbio vinculado e as cotações internacionais de todos esses produtos cresceram consideravelmente. “Hoje este Banco nada tem a justificar o seu título. Fundado exclusivamente para fomentar e assistir à produção da borracha, teve seu campo de ação ampliado.[...] Deixou de ser o Banco da Borracha para ser, na realidade, um grande Banco de crédito geral. Impõe-se, pois, a substituição de seu nome, e, nenhum mais apropriado que o indicado pela III Conferência Nacional da Borracha: BANCO DE CRÉDITO DA AMAZÔNIA S.A.”, esclarece a diretoria no Relatório BCB, de 1949. A mudança se deu a 30 de Agosto de 1950, ainda no governo do presidente general Eurico Gaspar Dutra, quando o BCB foi transformado em BCA, pela Lei nº 1.184 - deixando de ser o “financiador de um só produto, a borracha, para se constituir na viga mestra do desenvolvimento econômico desta imensa região”, conforme o Relatório BCA, 1950. As transformações mais importantes introduzidas na
Marca BCA impressa no verso das folhas de cheques (Acervo Banco da Amazônia)
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1. “Fabrica de artefatos de borracha no Estado de São Paulo. Em primeiro plano, os escritórios da empresa e as instalações fabris. Ao fundo, o departamento de fiação e tecelagem, onde é preparada a matéria-prima utilizada” 2. “Quase toda a borracha nacional é entregue lavada e crepada às indústrias do país, pelo Banco de Crédito da Borracha S.A. Parte dela, entretanto, é fornecida em bolas coaguladas (pélas), que eram cortadas em máquinas especiais, depois de efetuada rigorosa inspeção” 3. “O tecido de algodão, matéria-prima indispensável à fabricação de pneumáticos, depois de tratado, passa entre cilindros prensadores, sendo devolvido por uma mistura de borracha e ingredientes químicos. A operação visa proteger o pneumático contra o calor da rotação, garantindo-lhe conforto e durabilidade”
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estrutura da casa de crédito, afora a mudança de seu nome, foram: Constituição da Diretoria por um presidente e quatro diretores, dos quais dois bancários profissionais e os outros dois representantes dos produtores e da indústria da borracha; Constituição do Conselho Consultivo do Banco, integrado pelos representantes dos governos dos Estados e Territórios amazônicos e pelas associações comerciais e de seringalistas da Planície; Constituição do Fundo de Fomento à Produção; Abertura de agências do Banco em todas as capitais dos Estados e Territórios amazônicos. Com sólida base no Fundo de Fomento à Produção, constituído de capital puramente estatal, o Banco de Crédito da Amazônia podia financiar com juro anual não superior a 4% e prazos convenientes ao ciclo das operações, o que se coadunava perfeitamente com as atividades produtivas da região, notadamente subdesenvolvida. Para fomentar o desenvolvimento da produção amazônica em geral, e não apenas da borracha, o BCA concedia empréstimos das seguintes naturezas: agrícolas, pecuários e à produção nativa; fundiários e à mobilização de pessoal e colonização e saneamento das zonas produtoras;
à indústria de beneficiamento e transformação dos produtos da região; à melhoria dos meios de comunicação e transporte; à organização cooperativista; à aquisição de equipamentos de trabalho e de quanto este precise para defesa dos seus bons resultados; à construção de armazéns gerais, depósitos, silos, câmaras de expurgo e frigoríficos, para recebimento, garantia, guarda e conservação, além de regular a distribuição dos produtos de consumo e exportação; e, sob a forma de investimentos, ao que for de utilidade à elevação dos níveis econômico-sociais da região. Vale lembrar que na área sob jurisdição do Plano de Valorização Econômica da Amazônia o crédito bancário era exercido pelas agências dos seguintes bancos: Banco do Brasil, London Bank, Banco Nacional Ultramarino, Banco da Lavoura de Minas Gerais e, pelas matrizes regionais, o Banco de Crédito da Amazônia S/A, Banco Moreira Gomes, Banco Comercial do Pará, Banco do Estado do Pará e Banco do Estado do Maranhão. Na órbita da economia popular de poupança, também funcionavam as agências da Caixa Econômica Federal.
4. “Cada fase da fabricação é entregue a operários especializados. Na foto acima, funcionamento de uma máquina destinada ao corte de lona calandrada, para o revestimento dos pneumáticos” 5.“As partes cuidadosamente preparadas, nas diversas fases da industrialização, são reunidas e sobrepostas na máquina de construir pneumático. A medida que toma forma o material é examinado” 6. “No processo de vulcanização o pneumático cru ou verde é cozido a uma temperatura e pressão pré-estabelecidas, recebendo ao mesmo tempo os desenhos característicos da banda de rodagem, de acordo com os sulcos de molde. Na gravura acima, à esquerda, no suporte, vemos um pneumático semi-manufaturado, pronto para ser vulcanizado e moldado” Legendas originais do livro A economia da Borracha: aspectos internacionais e defesa da produção brasileira, de Cassio Fonseca, 1950. (Acervo Banco da Amazônia, reprodução Alex Raiol)
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O Banco de Crédito da Amazônia
No alto, travessia de veículos no rio Acre sobre ponte improvisada, década de 1960. Acima, avião Búfalo, desembarque de uma máquina escavadeira, em 1968. (Acervo Digital: Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre)
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Com a volta ao poder de Getúlio Vargas, desta vez eleito democraticamente pelo voto popular, duas grandes estatais do setor energético foram criadas: a Petrobrás, que viria a controlar todas as atividades de prospecção e refino do petróleo no país; e a Eletrobrás, responsável pela geração e distribuição de energia elétrica. Essas medidas tiveram um caráter fortemente nacionalista e foram recebidas com desagrado pelas elites e pelos setores do oficialato nacional. Getúlio Vargas, desde seu primeiro governo, sempre deu a devida importância à economia amazônica, num sentido paralelo e complementar da economia brasileira. “Impunha-se ao governo, em cumprimento, aliás, à impostergável disposição constitucional, promover a criação de um órgão mais amplo que um simples instituto de crédito, para planejar e incentivar a recuperação econômica da Amazônia”. Para isso, foi promulgada em 6 de janeiro de 1953 a Lei nº 1.806, criando a SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da
Senhas metálicas da agência Itacoariara/AM do Banco de Crédito da Amazônia. Cadernetas de depósitos populares do Banco da Amazônia, em 1963. Estatutos do Banco da Amazônia S/A. Contrato de financiamento para J G Araujo de Manaus/AM. (Acervo Banco da Amazônia)
Amazônia), destinada ao planejamento regional em grande escala e sustentada por uma ordenação técnica sem precedentes. “Tenha-se ainda em mira que a SPVEA atua [...] em uma área de mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, correspondente a mais da metade da superfície do Brasil”, conforme foi descrito no Relatório BCA, de 1955, onde ainda é dito: “Vale salientar que os objetivos dessa instituição não colidem de nenhuma forma com os do Banco de Crédito da Amazônia S.A.. [..] Ao revés disso, são, ambas a SPVEA e o Banco, iniciativas governamentais que se completam e se conjugam harmoniosamente, no afã comum de alcançar a redenção econômica da Amazônia”. O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960) foi marcado pelo desenvolvimentismo, ancorado num Plano de Metas que priorizava os setores energético, industrial, educacional, transporte e alimentação - o Governo pretendia avançar “50 anos em 5”. Visando colocar o Brasil nos trilhos do progresso econômico, o Governo favoreceu a penetração de capitais estrangeiros e de empresas transnacionais. Dentre suas inúmeras realizações destacam-se: a instalação de fábricas de caminhões, tratores, automóveis, produtos farmacêuticos, cigarros; a construção das usinas hidrelétricas de Furnas e Três Marias; a abertura de novas estradas (como a construção da Belém-Brasília, em 1960) e a pavimentação de milhares de quilômetros das estradas já existentes etc. Essas ações governamentais favoreceram sobremaneira a política de financiamento do Banco de Crédito da Amazônia. A maior obra de Juscelino foi a construção de Brasília, a nova capital do País, inaugurada em 21 de abril de 1960.
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Jânio Quadros: Eleição e Renúncia
Unidades Móveis de Crédito Rural (MOVEC): criadas em 1961 em toda a região amazônica (Acervo Banco da Amazônia)
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Nas eleições de 1960, venceu a candidatura de Jânio Quadros à presidência, tendo como vice o gaúcho trabalhista João Goulart. Naquela altura, por questões várias, como um vultoso acervo de compromissos financeiros já vencidos, impossibilidade infraestrutural de satisfazer o mercado nacional dos produtos da região, principalmente da borracha, além de dificuldades na assistência creditícia às demais atividades da Amazônia, o BCA enfrentava dificuldades financeiras. Mas, no Relatório BCA, de 1960, a diretoria comemorou as ações oficiais: “aconteceu que o Governo Federal, dando-se conta dos graves problemas com que se defrontava este Banco, no limiar de 1960, não nos faltou [...] com toda uma série de providências e determinações corajosas e eficazes, propendentes ao fortalecimento do organismo financeiro deste Estabelecimento”.
Unidades Móveis de Crédito Rural
Uma das medidas mais aplaudidas de Jânio foi a criação, em 1961, das Unidades Móveis de Crédito Rural-MOVEC, que percorriam todo o território nacional em veículos próprios, indo às cidades, lugarejos e núcleos rurais, promovendo reuniões com os homens do campo, sobre as finalidades e objetivos da Carteira. Em 15 de agosto de 1961, o jornal “O Estado do Pará” noticiava: “O balcão do Banco de Crédito da Amazônia foi ao encontro do caboclo”. A matéria jornalística destacava a instalação das três primeiras Movecs no Pará: em Castanhal (colônia 3 de Outubro), Capanema (colônia Pedro Teixeira) e Bragança (colônia Augusto Montenegro). Palavras do então diretor do BCA, dr. Wanderley Normando: “O BCA retira o balcão das Agências para o centro das atividades do colono, indo, portanto ao seu encontro, objetivando fornecer-lhe dinheiro para a melhoria de sua produção. O intuito do Governo Federal e do BCA é financiar o pequeno produtor, nada interessando a cor política de cada um. A intenção do Governo Federal através do BCA é aumentar a produção de modo a conseguir o progresso econômico de todas as regiões sub-desenvolvidas”.
Castanhal (PA). 1961 ( Acervo Banco da Amazônia)
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O Governo João Goulart
O Governador Magalhães Pinto inaugura a 1ª unidade móvel de crédito rural em Minas Gerais. (Acervo Banco da Amazônia)
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A gestão de Jânio Quadros na presidência da República foi breve, durou sete meses e encerrou-se com a renúncia. Nesse curto período, Jânio Quadros praticou uma política econômica e uma política externa que desagradaram profundamente os que o apoiavam, assim como setores das Forças Armadas e outros segmentos sociais. Mas foi na área da política externa que o presidente Jânio Quadros acirrou os ânimos da oposição ao seu governo. O Brasil começou a se aproximar dos países socialistas, inclusive restabelecendo relações diplomáticas com a então União Soviética (URSS). A renúncia de Jânio Quadros desencadeou uma crise institucional sem precedentes na história republicana do país, porque a posse como presidente do então vice-presidente João Goulart não foi aceita pelos ministros militares e pelas classes dominantes.
O Cooperativismo
No início da década de 1960, o Cooperativismo – assumido pela direção do Banco e seus empregados quase como uma missão de redenção da economia da região –, é uma das ações mais importantes do período de convulsões sociais e de apoio às classes trabalhadoras. As cooperativas mistas passaram a representar o que havia de mais eficaz na administração dos empreendimentos de produção não só da borracha como dos outros produtos regionais, amparados pelo Fundo de Assistência aos Seringueiros e pelo convênio do BCA com o BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico). Em 1962, como parte dos festejos comemorativos ao 20º aniversário de fundação do Banco de Crédito da Amazônia, destaca-se o ato de nacionalização do capital do BCA, quando a União adquiriu todas as ações do Banco que pertenciam ao governo norte-americano. “As Cooperativas rurais difundidas pelo BCA [...] representam, não temos dúvida, fator decisivo na emancipação econômica e na tranquilidade social da região. Ao encerrar-se o exercício de 1963, já uma rede de 67 cooperativas agrícolas e de pesca se estendia por toda a Amazônia”, segundo o Relatório BCA, em 1963. Ainda nesse sentido, o Fundo de Assistência aos Seringueiros (constituído pelo BCA desde 1952) previa
Reunião da cooperativa de Maracanã/PA, 9 de julho de 1963. (Acervo Banco da Amazônia)
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Crédito Rural (MOVEC BCA). Empregado do Banco (Edison Frazão) preenchendo propostas de financiamento a pequenos agricultores, localizados na estrada Manaus-Itacoatiara/AM, 1961. (Acervo Banco da Amazônia)
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a instalação de dez educandários de iniciação agrícola, destinados exclusivamente aos filhos de seringueiros entre 6 e 16 anos: no Amazonas, três; no Pará, Mato Grosso e Acre, dois cada; um em Rondônia. BCA e BNDE também iniciaram diálogos para criar mecanismos de assistência a pequenas e médias indústrias da Amazônia. Estava em curso um período de forte engajamento da Diretoria e dos empregados no processo de fortalecimento do produtor rural. Nas comemorações dos 20 anos do BCA, surge, “sem preocupações literárias” (como diz o editorial em seu nº 1, de junho de 1962), a BCA-Revista, publicação interna do Banco: “Vem à luz para levar àqueles a quem ela se dirige a Mensagem de Fé nos destinos da Planície imensa em que atuamos, fomenta-lhe as riquezas, como o único estabelecimento de crédito próprio da região”. Vale a pena transcrever a continuação do editorial, onde se coloca a verdadeira preocupação da diretoria e seus empregados: “B.C.A. – Revista surge, assim, para dizer bem alto o que somos, o que valemos, o que representamos. Tudo o que se fizer e disser aqui, essa é pelo menos a nossa intenção, visa ao estudo objetivo da realidade. Da grande, luminosa realidade amazônica, que nos cumpre,
Flagrantes da instalação da I Unidade Móvel de Crédito Rural (MOVEC) de Belém, em Icoaraci, 1961. E discurso do então prefeito, Lopo de Castro. (Acervo Banco da Amazônia)
a nós do Banco de Crédito da Amazônia S.A., impulsionar para os mais belos e gloriosos destinos”. Em 26 de junho de 1963 foi constituída a primeira Cooperativa Central do Pará, presidida pelo Pe. Dom Tadeu Prost, bispo auxiliar de Belém na época e que atuava como missionário da Pastoral da Terra, programa de assistência ao homem do campo da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Na sessão de inauguração, realizada no prédio da rua Municipalidade esquina com Quintino Bocaiuva, em Belém, presentes seringalistas, pecuaristas, invernistas e outros cooperativados, o então presidente do BCA, Sr. Raimundo de Alcântara Figueira, fez uma ampla exposição do objetivo da reunião, qual era, de “fundar uma Cooperativa Central congregando as já existentes e que dela queiram fazer parte, agricultores, seringalistas, pescadores e produtores em geral, promovendo o intercâmbio sócio-econômico dos seus cooperados, para soerguimento e valorização do produtor no Pará e na Amazônia”. Ao se iniciar o programa de Assistência ao Cooperativismo, em 1963, já tinham sido instaladas e funcionando 39 cooperativas em todos os Estados amazônicos, tendo o BCA investido aproximadamente 700 milhões de cruzeiros, beneficiando cerca de 15 mil homens do campo. Depois da queda de Jango, esse ideário cooperativista se manteve claudicante até abril de 1972, ainda no período de governos militares, quando foram extintas as últimas cooperativas na região.
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O Banco de Crédito da Amazônia e o Movimento de 64
Publicação interna divulga investimentos federais na Região (Acervo Banco da Amazônia)
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Jango adotou uma política econômica conservadora. Procurou diminuir a participação de empresas estrangeiras em setores estratégicos da economia, instituiu um limite para a remessa de lucros das empresas internacionais e seguiu as orientações do FMI (Fundo Monetário Internacional). Mas, o Presidente sempre foi maleável com relação às reivindicações sociais. Em julho de 1962, os trabalhadores conquistaram um antigo sonho: o 13º salário. Jango acreditava que só através das chamadas reformas de base é que a economia voltaria a crescer e diminuiria as desigualdades sociais. Essas medidas incluíam as reformas agrária, tributária, administrativa, bancária e educacional. Num grande comício, em março de 64, para mais de 300 mil trabalhadores, Jango anunciou que levaria a termo essas reformas, custasse o que custasse. A classe média assustada deu apoio aos militares, que tomaram o poder no dia 31 daquele mesmo mês, com o apoio dos Estados Unidos. Em 1966, o Banco passou por outra grande transformação: o BCA foi extinto para se formar o Banco da Amazônia S/A, pela Lei nº 5.122, de 28 de setembro de 1966, com estrutura administrativa moldada à do Banco de Desenvolvimento do Nordeste, ou seja, funcionaria como um banco de fomento que traria benefício social para a região e ficou conhecido como BASA. Nesse mesmo ano, a SPVEA foi transformada em SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), e sua estrutura, a exemplo do Banco, baseava-se no modelo da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), respeitando-se as especificidades regionais. Paralelamente à SUDAM, foi criado um novo fundo de crédito, o FIDAM
(Fundo para Investimentos Privados no Desenvolvimento da Amazônia). Assim também como o Banco da Amazônia era o agente financeiro da SUDAM, todos os recursos nela injetados, a exemplo do FIDAM, eram movimentados pela instituição. A partir de 1970, já no governo do presidente Emílio Garrastazú Médici, com o lema “integrar para não entregar”, formalizou-se uma nova etapa de ocupação da Amazônia com a criação de planos e medidas voltados para a colonização, como o PIN (Plano de Integração Nacional), o I, II e III PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), o I e II PDA (Plano de Desenvolvimento da Amazônia), e o PROTERRA (Programa de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste) que tinham como linha mestra custear obras de infraestrutura em áreas sob a jurisdição da SUDAM e da SUDENE, na perspectiva de que as regiões conseguissem diminuir o atraso histórico perante as demais. Em 1976, o Banco atingiu seu maior índice de aplicação em crédito de fomento, até então - comparado, apenas, ao período 1988/1989, quando tiveram início as operações do FNO. A criação e extinção de agências e escritórios de representação em todo o território nacional retratam muito bem a expansão das atividades do Banco, perfazendo (em 1985) um total de 114 unidades. E, como instituição do governo federal, atravessou as mesmas dificuldades e conflitos políticos pelos quais passou a nação brasileira nesse período. Os movimentos sociais e populares que forçaram a uma “abertura” política, com o fim do regime militar e a Lei de Anistia, também marcaram a história do Banco.
Abaixo, documento certifica ações do Banco da Amazônia em favor do Tesouro Nacional
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Radiotelegrafia
(Acervo Banco da Amazônia)
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Com o grande fluxo de comércio da borracha que envolveu regiões diferentes dentro e fora da Amazônia, a comunicação teve papel estratégico para o Banco. Em 1960, como parte da modernização do setor, foi instalado o serviço de comunicação rádio-telegráfico entre a sede do Banco de Crédito da Amazônia e as agências. Assim como o BCA, empresas de aviação, como a PanAir, além da FAB (Força Aéres Brasileira), da Petrobrás e dos Correios, possuíam um serviço de comunicação própria através da radiotelegrafia. O uso do código Morse, que dispensava o uso de fios, estreitou o laço entre o Banco, as áreas de extração do látex e os centros industriais, no sul do país. Em Belém, o setor funcionava numa pequena sala no prédio à rua Gaspar Viana, no Comércio e, por um período chegou a funcionar no terceiro andar da primeira sede do Banco, localizada à Praça das Mercês, no mesmo bairro, mas como foi instalado atrás do elevador, sofria interferência na comunicação, o que provocou a mudança para a Gaspar Viana. Além de Belém, as estações de rádio foram instaladas em Rio Branco (Acre), em Porto Velho (Rondônia), em Manaus (Amazonas), Rio de Janeiro, São Paulo e em Brasília. Os radiotelegrafistas eram diaristas avulsos do Banco, mas na época em que o telegrama (Western Telegraph Company Limited) representava a revolução da comunicação instantânea, eles eram os verdadeiros desbravadores da Amazônia. Fora da região, o maior contato da sede era com São Paulo e Brasília. Na capital paulista tinha origem a criação da maior receita do Banco com a comercialização da borracha para as indústrias de automóveis, principalmente Pirelli e Goodyear.
Inaugurada em 1960, Brasília, a nova capital federal, possuía uma agência do Banco onde os funcionários das representações dos estados do Norte realizavam suas transações bancárias. Instalada num prédio de 20 andares, no setor bancário, a importância do radiotelegrafista também na administração do Banco era notória: a sala deles ficava anexa à sala do Presidente da instituição, no segundo andar do prédio. Cada nova decisão era imediatamente radiotelegrafada para a sede em Belém e todas as autoridades do planalto passavam por lá, para enviar ou receber mensagens oficiais e particulares. No final da década de 60, a própria telegrafia coordenou a comunicação entre Belém e Brasília no processo de venda do prédio onde funcionava a agência. Uma reunião de três horas, intermediada pelos radiotelegrafistas, selou o negócio entre o Banco e o GDF, Governo do Distrito Federal.
Na mesma época, o setor evolui com a chegada do SSB - equipamento de fonia, do tamanho de um armário, que funcionava com grandes válvulas. A comunicação se dava não mais através de códigos, mas sim, da voz. Precursor da telefonia, o SSB ainda não permitia a fala simultânea dos dois lados da conversa. A proximidade com a direção do Banco era também local privilegiado para se ter acesso a informações importantes nos corredores das agências. Nessa época, no final do mês, um código que era esperado com ansiedade era o QRJ, a ordem de pagamento para os empregados. A partir da criação da Embratel, em 1965, os serviços de telecomunicações públicas, telex principalmente, se estenderam por todo o país, e os setores de comunicação própria aos poucos foram desativados, encerrando suas atividades em 1974, deixando lembranças e histórias, inclusive do fim de trabalho (QRQ).
Equipamento manipulador de Código Morse: o telégrafo sem fio revolucionou as comunicações. (Acervo particular)
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Evolução Tecnológica
Modernização dos sistemas: da máquina NCR-31 (acima, à esquerda) à tecnologia de ponta do autoatendimento, na página ao lado (Acervo Banco da Amazônia - Fotos Bruno Carachesti)
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A partir do momento em que assume o papel de agente financeiro na Amazônia, o Banco passa por uma série de mudanças em sua estrutura, que atingem diretamente o seu funcionamento, dentro e fora da instituição. Não há dúvida que nenhuma delas foi tão impactante quanto a implantação dos computadores. O processo iniciado no setor de contabilidade, com a operação da máquina NCR 31, marcou a passagem do período escritural para o mecanizado. A partir de então, as máquinas passaram a fazer parte da rotina da instituição, simplificando processos e otimizando o tempo. Em 1971, o Banco institui um programa de modernização voltado para a maior eficiência com base nas novas tecnologias. No ano seguinte, criou o Depro (Departamento de Organização e Processamento de Dados) - é quando surgem novas funções também: analista, programador e operador de computador. Ainda em 1972, chegam novos equipamentos: quatro perfuradoras, três conferidoras, uma classificadora e uma tabuladora, da marca IBM, para serem utilizadas “em serviços relativos à documentação de incentivos
fiscais”, conforme divulgado no BASA Hoje, Ano I no. 38. “Sua operação ficará a cargo de 3 funcionários, um dos quais se encontra estagiando no Banco do Nordeste do Brasil”. No ano seguinte, novo momento marcante com a chegada do computador Burroughs (“borus”, como era chamado pelos servidores), modelo 3700, “com um processador central de 150 mil posições de memória, 4 unidades de fitas magnéticas, duas unidades de disco removíveis, cuja capacidade de armazenamento atinge a 120 milhões de caracteres, uma unidade de disco fixo com capacidade para armazenar 20 milhões de caracteres, uma leitora de cartões com capacidade de ler 800 cartões por minuto e uma impressora”, detalha o BASA Hoje, Ano III no. 99. O governo federal lançou o II Plano Nacional de Desenvolvimento que, entre outras metas, previa a implantação de uma indústria nacional de computadores e, assim, os bancos passaram a participar do desenvolvimento de tecnologia e também de recursos humanos para o setor. Cobra e SID, empresas nacionais de tecnologia, surgem nessa época e logo passam a fornecer computadores para o Banco.
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Construções e Engenharia
Inauguração da Escola Jarbas Passarinho em Belém. Ao centro, de terno claro, o homenageado. (Acervo Banco da Amazônia)
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O setor de Engenharia do Banco surgiu como uma Seção e desde o começo desenvolveu papel fundamental, chegando a funcionar como uma empresa de construção, no período em que esteve em atividade. Antes da construção do edifício-sede, os profissionais do setor trabalhavam à Av. Presidente Vargas, em Belém, onde anteriormente funcionava o hotel Rôtisserie Suisse – no local onde foi construído o prédio das Lojas Americanas, ao lado do centenário Cinema Olympia. O setor executava o Programa de Desenvolvimento dos Serviços do Banco, para a manutenção e construção dos imóveis do banco na capital e interior, onde também construía as residências dos principais empregados, como os gerentes e subgerentes. Os engenheiros do
Residências de empregados, construídas com financiamento do Banco. (Acervo Banco da Amazônia)
Banco foram responsáveis pela construção de escolas de ensino primário para os filhos dos empregados, em Belém (Escola Jarbas Passarinho) e Manaus, inauguradas em 1969 - nelas as crianças dispunham, além da educação, de acompanhamento médico, dentário e assistência social. Na década de 1980, a Engenharia ganhou o status de Departamento - o Denge, que, junto com o Demap, responsável pelos setores de Material, Compras e Patrimônio, construíam, equipavam e mobiliavam agências do Banco em todo o país. Só pra se ter uma ideia, em 1984, o banco chegou a possuir 118 agências. Em 1989, o Demap tornou-se um dos maiores departamentos do Banco, em cuja estrutura estavam os setores de segurança, apoio, microfilmagem, comunicação, gráfica e também a engenharia. Com o foco no financiamento para o desenvolvimento sustentável, o setor ficou obsoleto e foi desativado. A prática agora é alugar o prédio onde funcionará a agência.
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História de um Edifício-sede
O anseio por uma sede condizente com as atividades do banco começou em 1960, conforme registros de relatório: ”passos decisivos e firmes foram dados objetivando a consecução de uma velha e justificada aspiração de dirigentes e empregados da casa, de construção do edifício-sede. O imóvel estava previsto para ter no mínimo 16 pavimentos na esquina da Presidente Vargas com Aristides Lobo (em Belém) em amplo terreno que fora adquirido pelo Banco. Nesse ano foi autorizado o inicio da elaboração do Projeto e Plano Técnico de construção do Edifício, por intermédio de um dos mais renomados escritórios de arquitetura do Rio de Janeiro – Marinho & Konder – que foi o vencedor inconteste da concorrência aberta pela anterior Administração do Banco.” Em abril de 63, o número 3 da publicação interna BCA-Revista, trazia matéria falando sobre o assunto e afirmava que o Banco chegou a publicar nos jornais de Belém “um aviso oficial às firmas construtoras interessadas na respectiva concorrência da construção do edifício-sede”. Mesmo assim, em 66, novos estudos ainda estavam sendo feitos para a construção. O
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Planta original em perspectiva do edifício-sede (Acervo Banco da Amazônia)
relatório desse ano frisa a urgência da medida: “construção essa que se torna mais necessária a cada fração do tempo que passa, face à dispersão em que se encontram as diversas dependências do Banco nesta capital, com evidentes resultados negativos na eficiência dos serviços”. Anos depois, um novo e definitivo endereço, conforme o relatório de 1969: “Resolveu assim a atual administração dar uma solução definitiva ao problema, partindo para a construção de um prédio com 21 pavimentos, localizado no melhor perímetro da cidade (Praça da República), dotado de todos os requisitos da técnica moderna e capaz de abrigar toda a Direção Geral e mais a Agência Central estando suas obras concluídas até maio de 1971”, previa o documento. Em fevereiro desse ano, uma maquete foi apresentada à imprensa pelo presidente do Banco, Francisco de Lamartine Nogueira, juntamente com os autores do projeto, arquitetos Leopoldo José Teixeira Leite e Júlio Catelli Filho. O Boletim Interno da primeira quinzena de fevereiro de 1969 (Ano IV no. 88) informa que “o novo edifício do BASA terá três frentes, com dois
Acima, fase inicial da construção, vista da rua Carlos Gomes (Acervo Banco da Amazônia). Ao lado, equipe técnica de engenharia, vistoriando as obras da sede (Acervo particular)
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(Acervo Banco da Amazônia)
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blocos: o da frente com 21 pavimentos e o outro com 18, numa área de construção de 24.000 m2. Com esse prédio, o Banco solucionará os problemas de centralização de seus serviços, atualmente espalhados em cerca de oito pontos diferentes”. O Boletim também destacava que seriam instalados todos os serviços, como atendimento médico para os empregados, cantina, escada rolante, auditório, restaurante e heliporto no terraço. Além disso, “a parte externa será totalmente envidraçada, no sistema “brise soleil”. Conforme os relatórios anuais deixam claro, a construção do edifício-sede foi uma questão que teve grande importância não só por sua questão estratégica na organização da instituição, mas também porque significava um investimento substancial, orçado em aproximadamente 8 milhões de cruzeiros novos.
No dia 24 de novembro de 1971, os jornais de Belém estamparam fotos e manchetes sobre o incêndio ocorrido em um dos prédios do Banco da Amazônia. Depois do fogo, os setores de Pessoal e Financeiro, além do de Radiotelegrafia, que funcionavam no prédio à rua Gaspar Viana, foram transferidos para o edifício-sede - fato que levou os servidores do Banco a se sentirem, praticamente, em um canteiro de obras. Foi assim, emergencialmente, que o edifício-sede entrou em funcionamento, sem inauguração oficial. Cadeiras e mesas estudantis da Escola Jarbas Passarinho serviram ao trabalho improvisado em um dos andares já prontos. Na época, todos estranharam o local: um andar inteiro, com diferentes setores, funcionando sem divisórias entre si. No informativo BASA Hoje, de 7 a 13
Noticias veiculadas nos jornais de Belém, 24 de novembro de 1971. (Acervo Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves)
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Vista panorâmica da cidade de Belém, em destaque o Edifício-sede do Banco da Amazônia. Belém (PA). 2012. Foto Bruno Carachesti
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de abril de 1972 o destaque foi a “Hora da Mudança. Agora o Banco da Amazônia decidirá os rumos dentro de sua própria casa” porque o fogo precipitou também a mudança da presidência, que saiu da antiga sede à Travessa Frutuoso Guimarães, “onde por três anos (na verdade, décadas) foi inquilino do Governo do Estado”. Além da presidência, nesse mesmo mês também se transferiram para o novo prédio “todos os setores da alta administração”, segundo outra edição do jornal, que ainda frisava o ritmo intenso de trabalho operário - noite e dia - para a entrega de todos os pavimentos. No final de 1972, o prédio estava em acabamento e funcionando com todos os seus departamentos, exceto arquivo geral, almoxarifado e a gráfica, sediados no prédio da Municipalidade. Com o término das obras, o edifício-sede ganhou sistema de música ambiente, restaurante e um grupo gerador com capacidade de mais de 600 KVA, equivalente ao consumo da cidade de Santarém, no período. Na loja, na sobreloja e área da Agência Centro, as escadas rolantes chamavam a atenção por serem as únicas da cidade instaladas num banco. No prédio, também havia detectores de fumaça e calor, uma tecnologia ainda
(Acervo Banco da Amazônia)
pouco utilizada, e contava com 11 elevadores e um sistema de refrigeração central, características ainda incomuns na região, na época. Hoje, houve modernização na parte elétrica, principalmente para a economia de energia. Nos primeiros anos de construído, o Banco possuía lâmpadas tipo fluorescente que só eram fabricadas em São Paulo, exclusivamente para o edifício. Por muitos anos, o prédio também possuiu uma sala de uso exclusivo do ministro José Costa Cavalcante, da pasta do Interior, a quem o Banco estava ligado na estrutura do Governo Federal. Era lá que o ministro despachava quando vinha à região, o que ocorria cerca de duas a três vezes ao ano. Em outubro de 2010, o Banco da Amazônia recebia pela primeira vez a visita de um presidente da República. No auditório Rio Amazonas, Luiz Inácio Lula da Silva participou da solenidade de assinatura de dois editais para a pavimentação da rodovia Transamazônica e reforma de outras sete rodovias federais que cortam o Estado do Pará. Os investimentos somavam mais de R$ 800 milhões, para revitalizar cerca de dois mil quilômetros de rodovias.
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Preservação da Memória e Comunicação
Com mais de 40 anos de atividades, a biblioteca do Banco da Amazônia é uma importante fonte de informação e formação para os empregados e comunidade em geral. É especializada nas áreas de Economia, Administração, Finanças, Agropecuária, Meio Ambiente e Amazônia. Em 1973, o setor fazia parte do Cedoc (Centro de Documentação e Biblioteca) e possuía uma coleção de “13 mil livros periódicos, mapas, folhetos, relatórios e obras raras” , segundo o informativo BASA Hoje, Ano II, no. 51 - Semana de 02 a 08 de 03 de 1973. Na década de 1990, após uma reformulação, transforma-se em seção, mas não perde a característica do acervo especializado
(Acervo Banco da Amazônia - reproduções Alex Raiol e Bruno Carachesti)
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com objetivo de suprir a instituição com informações para a realização de trabalhos e na formação educacional. Hoje, o acervo geral tem livros diversos e documentos históricos como, por exemplo, o manuscrito da proposta de “venda do segredo de fabrico da borracha” (ver p.42 e ss.) e os referentes a concursos públicos realizados em 1944 e 1945 que registram a entrada dos primeiros empregados concursados do BCB. O espaço também guarda uma série de periódicos produzidos pelo setor de comunicação do Banco, uma importante fonte de informação sobre o dia a dia vivido na Instituição ao longo das sete décadas de existência. A B.C.A Revista, por exemplo, foi criada no início da década de 60, com capa colorida e 17 páginas, relatando as principais atividades desenvolvidas pelo Banco. A de no. 3, que circulou em abril de 1963, registra a reunião entre o presidente do BCA, Raimundo Alcântara Figueira, com João Goulart, presidente do país, “às 18 horas do dia 18 de março”. O Boletim Interno, outro periódico do Banco, circulava em 1971 e era formado por uma lista de pequenos textos sobre os procedimentos bancários. Depois passou a se chamar BASA Hoje com um layout mais próximo de jornal. Carta da Amazônia possuía oito páginas e foi “um instrumento de informação destinado a divulgar no exterior os recursos e as potencialidades da Amazônia”, conforme explica
o BH (Ano II. N. 94 Semana de 30 a 6.12.73). Era editada também em inglês para ser “distribuída na Europa e países das Américas do Norte e Latina, a dirigentes de grandes empresas, entidades de pesquisa e universidades”. Ela circulou até o início da década de 80 e nos mesmo período surgiu o Informativo Basa. Na década de 90, as informações sobre o Banco também circulavam no semanário Basa Press. Já a partir dos anos 2000, novas publicações como o Intercâmbio e o Notícias em Movimento. E assim como na década 70 quando publicava a “Revista Econômica do Basa”, referência quando o assunto era a economia da região, a Biblioteca é responsável hoje pela produção e edição de publicações importantes, como o “Estudos Setoriais” – sobre estudos desenvolvidos pelos técnicos do Banco, com a consultoria de pesquisadores de instituições de Ensino Superior, como a Universidade Federal Rural da Amazônia, Universidade Federal do Pará. O material é disponibilizado em modo on line e também impresso e distribuído para instituições parceiras. Outra publicação é a “Contexto Amazônico”, em formato de jornal, direcionada para determinado tema. A biblioteca possui ainda o serviço do “Clube do Conhecimento”, uma parceria com o Programa de Qualidade de Vida do Banco e disponibiliza literatura de lazer para todos. Hoje o acervo é formado por livros e DVDs de filmes, comprados e recebidos em doação. O
(Acervo Banco da Amazônia - reproduções Bruno Carachesti e Luiza Bastos)
setor tem uma significativa procura pelos empregados, lotados em cidades de interior, carentes de bibliotecas e locadoras de filmes. Mas o grande destaque das publicações hoje é a “Revista Amazônia Ciência e Desenvolvimento” que desde que foi criada, em 2005, virou referência para universidades e institutos de pesquisa sobre a Amazônia. A publicação é gratuita, semestral e com tiragem de 800 exemplares, distribuídos para todo o país. Seu comitê editorial é multidisciplinar, voltado para assuntos os mais diversos da região . O Ministério da Educação incluiu a “Revista Amazônia Ciência e Desenvolvimento” no Qualis, sistema de avaliação de periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
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Agências para o Crédito na Amazônia
Agências BCB em Belém (ao alto) e Manaus (Acervo Banco da Amazônia)
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As primeiras agências do Banco da Amazônia, ainda como Banco de Crédito da Borracha, foram instaladas em 1943, em Belém (PA), Manaus (AM), Porto Velho e Guajára Mirim (RO), Rio Branco (AC), Cuiabá (MT) e Rio de Janeiro (RJ). Em 1956, já eram 40 agências em todo o país. Dois anos depois, conforme explica o Relatório daquele ano, uma pausa na ampliação da rede – uma vez que a Sumoc (Superintendência da Moeda e do Crédito), antecessora do Banco Central do Brasil, através da instrução nº 168 do dia 07 agosto de 1958 –, suspendeu o recebimento de novos pedidos de abertura de departamentos bancários no país. Mais de dez anos depois, em 69, o Banco possuía 56 agências distribuídas pelo território nacional. Neste ano, o Banco expediu 15 cartas patentes para abertura de novas agências ao Banco Central.
No sentido horário: primeiras agências BCB (1943) de Porto Velho, Cuiabá, Guajará Mirim, Rio Branco e Rio de Janeiro (1976)
O Relatório de Atividades explica, em 1979, a importância da extensa rede de agências no país, uma vez que “as 72 agências do Banco localizadas na Região (correspondem a 88% do total) eram responsáveis por 60% de seus depósitos, contra 40% captados por apenas 10 agências (que representam 12% do total de unidades), situadas fora da Amazônia Legal, as quais operam a taxas de mercado. São estas últimas agências que fornecem o lucro necessário ao Banco, não só para que este possa retribuir a confiança de seus acionistas, os quais empregaram suas poupanças para aplicações pelo Banco em nossa região, como ainda para que o mesmo possa arcar com sua estrutura pioneira em nosso interior, onde a maioria das suas dependências, por operar a taxas reais negativas a fim de induzir o processo de desenvolvimento, são deficitárias”. Depois de chegar a possuir 118 agências, em 1984, o Banco iniciou um processo de retração das unidades, desativando seus escritórios fora da Amazônia Legal. Nos anos 90, quando o país sofreu grandes mudanças econômicas com a chegada do Plano Real, o Banco inaugurou em toda a década apenas uma
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Agência Guajajaras (MA)
Agência Araguaçu (TO)
Agência Extrema (RO)
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Agência Belém (PA)
Agência Marabá (PA)
Agência Sinop (MT)
agência, a Ananindeua Castanheira, em 1994 e extinguiu 29 em todo o país, principalmente depois da percepção que a instituição estava concorrendo com outros bancos públicos, nas outras regiões. A partir dos anos 2000, com a capitalização do Banco pelo Governo Federal e a instalação, em 2003, do Plano Amazônia Sustentável, que assegura uma política de recursos para a região, o Banco da Amazônia entra em novo momento de crescimento de sua rede de atendimento – nos últimos cinco anos, ficou 25% maior. Hoje, com 123 agências e uma rede de atendimento formada por 185 unidades, o Banco está presente em 98% dos municípios da região. Ou seja, das 450 cidades, 432 delas têm crédito via Banco da Amazônia, que tornam a instituição uma das mais importantes instituições financeiras: é responsável por 72% de todo o crédito de fomento na Amazônia.
Imagens Acervo Banco da Amazônia
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A Constituição de 1988 e a Criação do FNO
A Amazônia ainda era prioridade nacional no final da década de 1980. Entretanto, os recursos financeiros federais começaram a ser reduzidos progressivamente por conta da recessão econômica, levando o Banco ao menor nível de aplicação em crédito de fomento de toda a sua história. A Constituição de 1988 criou os fundos constitucionais, cabendo ao Banco da Amazônia a administração do FNO, Fundo Constitucional de Financiamento do Norte, uma fonte estável de recursos de longo prazo para a ação creditícia de fomento. Um dos fatores responsáveis pela criação dos Fundos de Desenvolvimento Regionais foi o quadro de desigualdade existente entre as regiões Sul e Sudeste do país em relação às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Ainda assim, a crise econômica mundial levou a um processo de retração de unidades do Banco, com a desativação de suas agências fora da Amazônia Legal, inicialmente - até 1991, havia 109 unidades em atividade no país. Mas diante dos altos índices de inflação diária, desemprego e várias tentativas de estabilizar a situação financeira, a partir de julho de 1994, o Brasil realizou uma mudança profunda no sistema financeiro, incluindo uma indexação monetária. O Plano Real, como foi nomeado, paulatinamente promoveu nova troca do padrão monetário e criou a atual moeda brasileira – o Real (R$). O Banco da Amazônia redimensionou sua rede de atendimento, que contava com 82 unidades no ano 2000.
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Foto Diego Gurgel
Parcerias e Políticas Nacionais O processo de globalização econômica e o novo paradigma de desenvolvimento, voltados para a competitividade, modernidade e sustentabilidade, motivaram o Banco a vivenciar, ainda mais, a sua identidade amazônica, deixando a “marca” BASA para se fortalecer como promotor do desenvolvimento, incorporando, definitivamente, a característica única – ser o Banco da Amazônia. E, como ao longo de sua história, trabalha alinhado às políticas, planos e programas do governo federal, como o plano plurianual (PPA), a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e o Plano Amazônia Sustentável (PAS), com o diferencial de ter se fortalecido por produtos e serviços próprios, originais, para a melhoria dos padrões de produção e de qualidade de vida da população amazônica, com redução nas desigualdades intra e interregionais. Entre as políticas nacionais para o desenvolvimento regional, destacam-se: O Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável para a Área de Influência da Rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém) com ações de prevenção e controle de problemas socioambientais relacionados à pavimentação da estrada. Fazem parte desse plano 71 municípios, sendo 28 no Pará, 37 no Mato Grosso e 6 no Amazonas;
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Foto Hely Pamplona
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Foto Hely Pamplona
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O Complexo do Rio Madeira: Uma série de projetos de infraestrutura econômica, com alto poder de transformação a ser implantado em uma região em processo de consolidação de sua base econômica. Sua configuração compreende, em território nacional, o Estado de Rondônia, a porção noroeste do Estado de Mato Grosso, as regiões do baixo e alto vale do rio Acre e o sul do Estado do Amazonas; em território boliviano, os Departamentos de Pando, Beni e Santa Cruz e, em território peruano, o Departamento de Madre de Dios. Na área de transporte, com a navegação no Madeira, consolidam-se novas linhas fluviais, a interligação regional e, principalmente, possibilita-se uma saída para o Pacífico; Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR): o Governo Federal pretende, de modo geral, construir um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia, voltado para a inclusão social com a redução das desigualdades sócio-econômicas, o respeito à diversidade cultural e a viabilização de atividades econômicas dinâmicas e competitivas que gerem emprego e renda e o uso sustentável dos recursos naturais. Para tanto, elenca como prioritária as áreas do Alto Solimões, no Amazonas, Vale do Acre, no Acre; e Bico do Papagaio, que engloba Pará e Mato Grosso.
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Apoio à Pesquisa
“Inovação aliada à sustentabilidade para a geração de renda” é a marca dos produtos gerados pelo Projeto de Encauchados de Vegetais da Amazônia, baseado na tecnologia que recupera uma antiga técnica indígena que transforma, nas próprias comunidades, o látex puro em vários produtos prontos. “Encauchamento” é a denominação do processamento do látex (ou caucho, na língua indígena), transformado numa matéria plástica, moldável, juntamente com a técnica de manufaturar objetos e utensílios com essa espécie de “goma”, que enrijece depois de seca. O artesanato mais conhecido é o que reproduz figuras humanas ou de animais, como a cobra, o macaco-prego, o jacaré, o boto, tatu etc. Também podem ser produzidos cinzeiros, chapéus, galochas e outros utensílios. Hoje um sucesso, inclusive destaques no estande paraense na 76ª Feira Internacional de Artesanato, realizado na Itália em abril de passado, o projeto de pesquisa desenvolvido pelo professor Francisco Samonek, mestre em
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Ecologia e Manejo de Recursos Naturais, já tinha sido agraciado em 2006 com o prêmio Samuel Benchimol por aliar, com êxito, o saber tradicional dos indígenas com o conhecimento científico que permite moldar o látex em utensílios diversos. Naquele ano, o Banco da Amazônia investiu recursos para a implantação de uma unidade demonstrativa e pedagógica do processo de encauchamento do látex no Centro de Antropologia e Arqueologia Indígena da Amazônia Ocidental, no Campus da Universidade Federal do Acre, em Rio Branco, para a difusão e popularização da tecnologia. Hoje o processo está presente em dezenas de comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas nos estados do Pará, Amazonas, Acre e Rondônia. O trabalho muda a lógica predominante há séculos em que o processo de beneficiamento do látex está fora das mãos do seringueiro, uma vez que, com poucas árvores, o produtor tem a matéria prima necessária para produzir seus diferentes produtos, como bolsas, mantas, panos de prato, porta copos e até protetores de garrafas
Foto divulgação Projeto Encauchados de Vegetais da Amazônia
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Foto divulgação Projeto Encauchados de Vegetais da Amazônia
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de vinho, já que a borracha mantém a temperatura ambiente. Essa participação significativa no apoio à pesquisas inovadoras para e na região amazônica não é de hoje. Remonta há mais de trinta anos quando, em Assembleia Geral, em 24 de abril de 1975, o Banco criou o Fundo de Pesquisa, Assistência Técnica e Desenvolvimento de Recursos Humanos para “prestar colaboração financeira e técnica a projetos de pesquisas econômicas, agronômicas e tecnológicas de interesse para a Amazônia”. Para tanto, explica o Relatório daquele ano, “será destinado para esse fim 5% do lucro do Banco”. Em 2004, o Banco celebrou parceria para o Prêmio Samuel Benchimol, instituído pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, para projetos de pesquisa baseados no desenvolvimento sustentável da região. Dois anos depois, o próprio Banco da Amazônia buscava a maior valorização de iniciativas sustentáveis e criou o Prêmio Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente. As duas premiações, em 2009, passam
a ter um único regimento e se tornam uma das principais iniciativas de valorização da pesquisa e da inovação, voltadas para a sustentabilidade da região amazônica. A participação do Banco da Amazônia no certame se dá em três vertentes – como patrocinador, como integrante da comissão julgadora e também como instituição financiadora de projetos por meio de seu Programa de Apoio a Pesquisa, com recursos não-reembolsáveis, repassados para Universidades e Instituições de Pesquisa agraciadas com a premiação. O apoio do Banco à pesquisa na região passou por um período menos volumoso depois da extinção da Sudam, responsável pelo Finam, de onde saíam os recursos para o Programa de Apoio à Pesquisa. A instituição chegou a utilizar recursos próprios e manteve a iniciativa. Agora, o trabalho ganha fôlego para mais ações no futuro, com a destinação de 1,5% dos recursos do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), a partir da análise do Conselho de Deliberação da ADA, a Agência de Desenvolvimento da Amazônia, responsável pelo Fundo.
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Crédito Rural
Conquista dos agricultores e suas organizações sociais, o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) é considerado por muitos como a primeira linha de crédito específica para essa parcela de agricultores brasileiros: o núcleo famíliar. Mais do que uma ação governamental, o Programa é a conclusão de um processo de diálogo entre o governo, suas instituições (como o Banco da Amazônia) e os agricultores familiares. Diálogo amigável, em geral, e que também teve momentos tensos. A história do PRONAF está associada à história das políticas públicas de financiamento à agricultura no país e que, na Amazônia, são implementadas pelo seu Banco. O Relatório de 1979 explica que, naquele ano, a direção do Banco elegia “como um de seus objetivos prioritários a assistência ao mini e pequeno produtor da Região. Dessa maneira, foi instituído e implantado em fins do primeiro semestre do ano passado o Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural da Amazônia (o Mini-Rural), inicialmente com o subprograma de Custeio Rural”. Ao mesmo tempo, o Banco ofertava financiamento através do PROBOR (Programa de Incentivos à Produção de Borracha Natural), operado em conjunto com a Sudhevea (Superintendência do Desenvolvimento da Borracha), para suprir a demanda nacional do produto, porque apesar do passado de maior produtor mundial de borracha, nesse momento, o país dependia da “importação do produto em três quartos de suas necessidades de consumo”. As políticas públicas de incentivo à agricultura familiar foram fortalecidas, principalmente, a partir da década de 1990, com ações do governo federal para o combate à exclusão social e, em especial, pelo fortalecimento dos movimentos sociais rurais e extrativistas na Amazônia, ecoando mundo afora. A luta no campo cresceu, a partir de 1991 - o número de trabalhadores rurais mortos em conflitos
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Foto Paulo Santos
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Foto Janduari Sim천es
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agrários, também. O Grito do Campo - uma grande mobilização rural com apoio de organizações urbanas, surgiu no Pará. A principal bandeira era o combate à violência, mas chamava atenção para o crédito à agricultura familiar. Houve ainda o Grito da Terra, quando as lideranças trabalhadoras reuniam-se com os órgãos federais e estaduais, buscando linha de crédito específica para o pequeno produtor – foi criada uma linha no FNO - o FNO Especial, como ficou conhecido a partir de 1992. A experiência piloto positiva de financiamento fez com que o FNO Especial fosse ampliado para a região amazônica. Em meio aos movimentos sociais rurais que também se fizeram ouvir, saiu o Grito da Amazônia. Em 1994, a mobilização já era nacional com o Grito da Terra Brasil, assumido por confederações de trabalhadores. As articulações levaram à aprovação do Provap (Programa de Valorização do Pequeno Agricultor), e pela primeira vez, as famílias rurais entraram na pauta de políticas públicas, com atenção diferenciada. Em 1995, ainda sem definições concretas de financiamento, o movimento dos trabalhadores radicalizou e decidiu ocupar as dependências do Banco, em Belém. O resultado, além do confronto com a polícia de choque, foi a criação do PRONAF para custeio. Em maio, durante o Grito da Terra, uma iniciativa no Pará, no Acre e em Rondônia marca produtores e empregados do Banco. Um abraço simbólico em torno da instituição sela o compromisso de todos com o Banco e fica na História como uma dos marcos da história particular do Banco da Amazônia. Nesse ano, conquistou-se a redução das taxas de juros do programa. No ano seguinte, o programa é implementado em todo o território nacional.
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Por uma Economia Sustentável
Conforme se lê no Relatório de Sustentabilidade 2006, “para reger um processo de incentivo ao desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal em sua plenitude, é preciso uma instituição forte e dinâmica, preparada para os desafios de uma proposta de crescimento que se diferencia dos modelos econômicos tradicionais”. Foi nessa perspectiva também que o Banco, em 2003, passou a adotar, como parte de seu planejamento estratégico, investimentos na infraestrutura interna, na gestão de pessoas, na disseminação da cultura da sustentabilidade com todos os públicos e na implantação de estratégias para a atração de negócios sustentáveis. A implantação de uma política socioambiental significa que o Banco não oferece simplesmente um crédito, mas está atento aos resultados desse investimento, com o objetivo de deixar “todas as agências preparadas para considerar a variável ambiental em seu processo de avaliação de crédito”. Para mudar o paradigma florestal da Região, o Banco adotou políticas no sentido de estimular: o aproveitamento consciente das excepcionais oportunidades que a região oferece para o Ecoturismo; a substituição da indústria extrativista com baixo valor agregado, por um setor moderno, com excelente padrão de manejo de suas florestas, maior valor agregado ao produto e forte compromisso social e ambiental; a melhoria do padrão tecnológico industrial; a expansão da pecuária e da agricultura em áreas desmatadas e/ou degradadas, [...] com elevado padrão tecnológico, capacidade para atender à demanda de alimentos do mercado regional e excedentes exportáveis, sem causar pressões de desmatamento de novas áreas de florestas, ocupando áreas degradadas. A partir de 2004, tem início o Programa de Excelência Tecnológica com o objetivo de modernizar a plataforma de TI (Tecnologia da Informação) e desde então, o Banco vive uma evolução contínua e gradual, possibilitando aos clientes atendimento de qualidade, ao mesmo tempo em que garante à Instituição
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Foto Hely Pamplona
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Foto Hely Pamplona
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mecanismos de controle, acompanhamento e projeção das linhas de negócio. Hoje, a tecnologia bancária é um dos grandes destaques das instituições financeiras para a gestão de risco. No Banco da Amazônia não poderia ser diferente. A reestruturação do Banco, a partir de 2008, propôs um projeto corporativo que remodelou toda a estrutura de risco de crédito do Banco e tem no uso da tecnologia de ponta uma de suas principais características e no seu conjunto permite ao Banco atender a todos os requisitos do Basiléia II - acordo internacional das instituições bancárias, visando prevenir riscos de crédito. Baseado em cinco vertentes, o trabalho iniciou em 2010 e já promoveu a revisão de toda política de crédito do Banco; criou os Comitês de Operação de Crédito e a Reestruturação dos Comitês de Crédito, permitindo a distinção do crédito, mantendo as análises separadas das áreas de negócios. Uma terceira vertente do projeto é a implantação do CRI (Cred Risk Inteligent), um sistema integrado de gestão das carteiras de crédito, com base em resolução do Banco Central. O CRI, na verdade, é um sofisticado software de gestão de risco crédito já adaptado às características das carteiras do banco amazônico para colaborar com subsídios à gestão e estratégias, em termos de possíveis exposições do Banco a risco de crédito. Outra vertente é o Sisgarantias, sistema corporativo que gerencia todas as garantias concedidas ao banco e também as assumidas pela instituição. E por fim, a serem aplicadas a partir de 2014, a modelagem e remodelagem do sistema de risco de crédito do Banco, que pretende estabelecer para a instituição novas matrizes de risco, em sintonia com as práticas de mercado, sem menosprezar a estratégia de garantir o desenvolvimento da região com a geração de emprego e renda.
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Financiamento para todos os Setores
No Estado do Tocantins, o Banco da Amazônia investiu, só no ano de 2012, seiscentos milhões de reais, a maior parte dessa soma destinada a micro e pequenas empresas e micro e pequenos produtores rurais – pulverização que beneficia centenas de famílias. O financiamento ao agronegócio também é forte nas ações do Banco, no Tocantins, com recursos para as lavouras de soja em Guaraí e de arroz em Porto Nacional. E a pecuária é outro setor que recebe o apoio, com financiamentos em Araguaína. Entre as grandes empresas que utilizaram créditos do Banco da Amazônia está o Grupo Ecobrasil, financiada para reflorestamento de 10 mil hectares, com o plantio de eucalipto para a indústria de celulose. Foram 51 milhões de reais e o investimento representa uma parte dos planos de recuperação de áreas degradadas, do grupo, que tem intenção de reflorestar 40 mil hectares e montar um parque industrial no Tocantins. O Banco da Amazônia já financiou inúmeros projetos na área rural e urbana do Estado, como a construção do Shopping Capim Dourado, inaugurado em 2010 e considerado um presente para a capital, Palmas. Todos os projetos, sem exceção, com recursos do FNO.
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Foto Lucivaldo Sena
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Foto Jaime Souzza
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Desenvolvimento com Respeito Ambiental
No Maranhão, um dos empreendimentos mais sólidos e resistentes tem há muito tempo o apoio do Banco da Amazônia: A Agro Serra, empresa criada em 1984 para implementar o plantio de soja no Sul do Maranhão e que hoje tem como carro-chefe a cana-de-açúcar, cobrindo todo o processo: do plantio à produção de álcool carburante. A primeira lavoura comercial foi produzida em 1987 e em 1990 o grupo iniciou experiências com a cana, que começou a ter produção industrial a partir de 1995. Com 29 mil hectares cultivados e uma produção anual de 110 milhões de litros cúbicos de álcool carburante, é a maior empresa do gênero nas regiões Norte e Nordeste. A produção de cana-de-açúcar e sua industrialização são a principal atividade do grupo, que também investe em cafeicultura, fruticultura e piscicultura, além de ter uma prática ambientalmente correta, utilizando o controle biológico de pragas, com geração própria de 8MW de energia, e sistema ecológico de captação de água, ferti-irrigação e a manutenção de uma reserva florestal.
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Financiando a Agricultura Familiar e o Agronegócio
A atuação do Banco da Amazônia no Estado do Mato Grosso vai desde o apoio a pequenos agricultores, através de programas como o PRONAF, a grandes empreendimentos agropecuários; de micro empresas a projetos de infraestrutura. A agricultura familiar foi contemplada com mais de 11 milhões de reais distribuídos a micro e pequenos agricultores nos dois últimos anos e os financiamentos para micro e pequenas empresas passaram de 10 milhões - esses recursos beneficiaram pequenos agricultores de todo o Estado. Já o agronegócio recebeu cerca de 250 milhões de reais nos últimos três anos, em custeio e investimentos para soja, milho e algodão, além de pecuária de corte e de leite. No setor de energia, o Banco da Amazônia investiu 170 milhões de reais para a construção de três pequenas centrais hidrelétricas. Para o ano de 2013, a previsão é de aplicar 300 milhões em áreas como frigoríficos, rodovias, turismo e setor portuário; e mais 80 milhões para o transporte fluvial de cargas.
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Foto Marcelo Lelis
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Responsabilidade Social
Equipe de basquete All Star Rodas. (Acervo Banco da Amazônia)
Para manter seu quadro funcional informado sobre os assuntos ambientais, o Banco da Amazônia, com apoio do Banco Mundial, promove uma série de seminários transmitidos por videoconferência (incluindo discussão on-line após o seminário) sobre questões específicas, relativas a Meio Ambiente. A transmissão é feita para todos os estados da Amazônia Legal. Além dessa atualização e troca constantes, mantém outras iniciativas junto aos seus empregados, como o Amazônia Otimiza, o Amazônia Recicla e o Fornecedor Verde, com regras para o relacionamento do Banco com seus fornecedores.
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O Banco da Amazônia atua junto à comunidade, desenvolvendo e apoiando projetos em educação e cultura, saúde, meio ambiente, esportes etc em parceria com diversas instituições, tendo sido mantidos e/ou ampliados inclusive aqueles iniciados em gestões anteriores em vários estados da região, dentre os quais se destacam: - Projeto 5ª Cultural: eventos que contam com a apresentação de cantores de vários estados da Amazônia, com ingressos trocados por alimentos não perecíveis. - Projeto Alfabetização Solidária: em parceria com o Governo Federal, atua em localidades carentes no combate ao analfabetismo. - Projeto Criança Vida: reforma da UTI Neonatal da Santa Casa de Misericórdia do Pará e também do Banco de Leite Humano. interligando-o à ala materno-infantil da Santa Casa. - Revitalização do Centro Histórico de Manaus: propiciou à sociedade local não somente uma nova atração turística, mas o resgate histórico desse patrimônio da cultura amazonense. - Horto Municipal de Belém: em parceria com a Funverde (Fundação Parques e Áreas Verdes de Belém), realizou a reforma do Horto Florestal, transformando-o num logradouro público de lazer e cultura.
Mostra Curta Pará Cine Brasil. Foto Adauto Rodrigues
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“Romeu e Julieta” - Teatro Mosaico. (Acervo Banco da Amazônia)
- Programa de Preservação dos Rios da Amazônia (PróRios): apoio aos trabalhos da ONG SPPA (Sociedade de Pesquisas e Preservação da Amazônia) que contribui para a preservação do meio ambiente através de campanhas educativas em portos e cidades ribeirinhas, com distribuição de cartilhas e cartazes, mutirões de limpeza das margens e instalação de coletores de detritos nas embarcações que cortam os rios e igarapés da região. - Incentivo ao Esporte: atletas e/ou equipes são apoiados pelo Banco em algumas modalidades esportivas. Dentre elas, e como patrocinador oficial, a equipe de basquetebol All Star Rodas.
Foto Alex Raiol
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Mestre Vieira - 50 Anos de Guitarrada. Foto Renato Chalu
- Projeto Renascer: prepara jovens com idade entre 18 e 21 anos, de famílias de baixa renda, através de cursos de capacitação profissional, criando-lhes condições de oportunidades no mercado de trabalho. - Programa Riacho Doce: parceria com a Universidade Federal do Pará-UFPA e com a Fundação Ayrton Senna, voltado para as crianças na faixa etária de 07 a 14 anos que residem na área de ocupação Riacho Doce, localizada no bairro da Terra Firme, em Belém. - Espaço Cultural: térreo do edifício-sede do Banco da Amazônia, em Belém, é ponto de encontro de clientes e do público amante das artes plásticas. Desde junho de 2001, quando foi inaugurado, apresenta, de forma constante, mostras e exposições de pintores, escultores, gravuristas, fotógrafos e de artes visuais em geral.
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“Seringal”
Reprodução Alex Raiol
Cândido Portinari, “Seringal”, 1957 Óleo s/cartão, 22,3x54cm Estudo para painel projetado não executado para a sede do Banco de Crédito da Amazônia (Belém-PA) (Acervo Museu de Arte de Belém)
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“O Banco da Amazônia, cumprindo seu papel de agente social e de desenvolvimento regional, tem a honra de trazer aos cidadãos da Amazônia o traço e as cores do nosso mais conhecido pintor.” Oficialmente estava aberto ao público um dos eventos mais significativos das comemorações dos 70 anos do Banco: a exposição “Seringal” com obras do artista brasileiro Cândido Portinari no Espaço Cultural do Banco da Amazônia, localizado no andar térreo da sede do Banco. Cândido Portinari nasceu numa fazenda de café em Brodowski, no estado de São Paulo em 1903, filho de imigrantes italianos. Em 1935, obtém seu primeiro reconhecimento internacional nos Estados Unidos, com a tela “Café”, retratando uma cena de colheita típica de sua região natal. Sua inclinação muralista se revela com vigor no conjunto de suas obras, afirmando sua opção pela temática social. O universo portinariano, se às vezes dói, sempre fulgura: entrelaça como num verso o que é humano ao que é pintura. (Carlos Drummond de Andrade) Com a palavra, o historiador Aldrin Moura de Figueiredo, curador da mostra: Trabalho, Natureza e Arte “Entre as infinitas imagens da Amazônia, o Seringal talvez seja a mais profunda e eloquente. Um emblema, um símbolo e, ao mesmo tempo, a própria história que parelha à belle-époque equatorial. A Belém de nossos sonhos mais profundos foi financiada pela goma elástica que saía dos seringais. A borracha foi muito mais do que um produto de exportação e o seringueiro esteve longe de ser um simples trabalhador explorado por ricos seringalistas. Estamos diante de obra e criador, ouro e sangue, natureza e cultura. Nesta exposição, pelo traço único de Cândido Portinari, passamos em revista a narrativa visual do passado no presente. Diante de nossos olhos, o colorido da floresta, da fauna e da flora vem à tona na geometria cubista que amplifica e desconstrói a realidade. O suor do trabalho e o leite viscoso da seringueira revelam o cotidiano de uma economia que fez a riqueza de poucos e a pobreza de muitos. Mas, conjunto da obra, que seria a própria história da borracha, conta uma história em vários atos imensa e infinita, história que está longe de terminar. O teatro da vida é sempre mais colorido, misturando trabalho, natureza e arte.”
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Banco da Amazônia - Marcas Históricas
O nome e a marca do Banco da AAmazônia passaram por algumas mudanças ao longo dos seus 70 anos. Mudanças que procuravam retratar o contexto histórico e de política econômica do governo federal em cada época na região.
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Banco de Crédito da Borracha S.A. Criado por decreto-lei do governo federal em 1942, em plena 2ª Guerra Mundial, o Banco de Crédito da Borracha S.A. – hoje, Banco da Amazônia S.A. – financiava a produção de borracha para os países aliados.
Banco de Crédito da Amazônia S.A. Em 1950, o governo federal transforma o BCB em Banco de Crédito da Amazônia S.A. – BCA, ampliando o crédito para outras atividades, além da produção de borracha (castanha, juta, madeiras etc.)
Banco da Amazônia S.A.-BASA Em 1966, em pleno regime militar, rebatizado de Banco da Amazônia S.A., mas amplamente conhecido pela sigla BASA, tornase o agente financeiro do governo federal para o desenvolvimento econômico e social da região. O cadeado da logomarca significava segurança e tradição.
Banco da Amazônia S.A. Em 2002, ao completar 60 anos, saem a sigla BASA e o cadeado. Agora, a marca enfatiza a palavra ‘Amazônia’. A nova logo traz o ‘A’ maiúsculo representando solidez e a ‘onda amarela’, desenvolvimento. Assume sua responsabilidade socioambiental e passa a priorizar o repasse de créditos baseados no desenvolvimento sustentável, apoiando ações culturais, sociais, esportivas e de pesquisa.
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Diretoria Executiva
Wilson Evaristo (Diretor de Gestão de Recursos); Gilvandro Negrão Silva (Diretor Comercial e de Distribuição); Antonio Carlos de Lima Borges (Diretor de Infraestrutura de Negócio); Abidias José de Sousa Junior (Presidente); Eduardo José Lima Cunha (Diretor de Análise e Reestruturação); Carlos Pedrosa Júnior (Diretor de Controle e Risco)
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EX-PRESIDENTES DO
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Oscar Passos 27.08.1942 a 25.01.1943
José Carneiro da Gama Malcher 25.01.1943 a 26.02.1946
Firmo Ribeiro Dutra 26.02.1946 a 06.11.1947
Octávio Augusto de Bastos Meira 27.12.1947 a 24.01.1951
Gabriel Hermes Filho 22.02.1951 a 04.11.1954
Arnóbio Rosa de Faria Nobre 04.11.1954 a 19.12.1955
José da Silva Matos 19.12.1955 a 24.09.1959
Remy Archer 24.09.1959 a 18.03.1961
Hélio Palma Arruda 18.03.1961 a 17.10.1961
Raymundo Alcântara Figueira 17.10.1961 a 20.05.1964
Armando Dias Mendes 20.05.1964 a 28.02.1967
Francisco de Lamartine Nogueira 11.04.1967 a 27.04.1971
BANCO DA AMAZÔNIA
Jorge Babot Miranda 27.04.1971 a 16.08.1974
Francisco de Jesus Penha 16.08.1974 a 16.03.1979
Oziel Rodrigues Carneiro 15.03.1979 a 27.04.1981
Ubaldo Campos Correa 30.04.1981 a 08.04.1985
Carlos Thadeu de Freitas Gomes 04.06.1986 a 14.04.1987
Delile Guerra de Macedo 02.04.1985 a 03.06.1986 11.08.1987 a 25.09.1987
Waldemir Messias de Araújo 19.11.1987 a 17.05.1990
Silvestre de Castro Filho 22.05.1990 a 11.05.1992
Anivaldo Juvenil Vale 11.05.1992 a 30.03.1994
Luiz Benedito Varela 29.03.1994 a 18.05.1995
Flora Valladares Coelho 17.05.1995 a 15.04.2003
Mâncio Lima Cordeiro 15.04.2003 a 13.04.2007
159 Reprodução de fotos Bruno Carachesti
O Banco da Amazônia realinha o seu planejamento a novos horizontes de atuação, sem esquecer a principal vocação: ser agente imprescindível do desenvolvimento sustentável da maior floresta tropical do planeta. Todas as possibilidades de negócios intrínsecos à natureza das ações do Banco são prioritárias como, por exemplo, a comercialização dos Créditos de Carbono, prevista no Protocolo de Kioto, do qual o Brasil é signatário. Em outubro de 2012, o Conselho Monetário Nacional aprovou a redução de taxas do FNO, que variavam de 4% a 10% ao ano, de acordo com as características do investimento, para apenas 2,94% ao ano, a menor registrada pelo Fundo. “Essa medida do Governo Federal trará significativo alívio no fluxo de caixa, redução no custo financeiro das empresas e alavancará novos sonhos, projetos, empreendimentos”, afirma o presidente do Banco, Abidias Junior. Para celebrar ainda mais, no ano em que completa 70 anos de atividades, o Banco da Amazônia acaba de atingir nova marca histórica: a aplicação de R$21 bilhões de recursos do FNO, um recorde de financiamento em todos os setores da economia amazônica – o futuro começou.
Foto Hely Pamplona
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_______. Código Telegráfico Particular: códigos para uso exclusivo do BCA e suas agencias. Belém, [19--?]. _______. Comunicado de concurso público para admissão de funcionário para o Banco de Crédito da Borracha em 22 de julho de 1944. Belém, 1944. _______. Contrato de financiamento a Firma J. G. Araújo & Cia. Manaus, 1943. Contém fotografias da fachada principal, parque particular da firma, sessão de lavagem da borracha e um dos depósitos de armazenamento de borracha. _______. Diário e caixa: 1943 – 1968. Belém, [196-?]. _______. Exploração de seringais 1943 – 1945: relatório de inspeção de seringais e empréstimos concedidos pelo BCB a João Basilio de Tavares para custeio de seringais no Amapá. Belém, [194-?]. _______. Investimentos privilegiados na Amazônia. Belém, 1965. _______. Livro de registro de presença de funcionários 1942-1943. Belém, [194-]. _______. Livro de registro do termo de posse dos diretores 1943 – 1978. Belém, [197-]. _______. Portarias: 1853 - 1943. Belém, [19--?]. _______. Primeiro Plano Quinquenal. Belém, 1955. v. 2. _______. Primeiro relatório do Banco de Crédito da Borracha. S. A. Belém, 1942. _______. Problemas amazônicos no legislativo nacional. Belém, 1953. _______. Relatórios apresentados a Assembleia Geral dos Acionistas: 1943 – 1990. Belém, [199-?]. O BANCO da Borracha e a imprensa carioca. Folha do Norte. Belém, 23 ago. 1942. p.10. BARBOSA, Francisco Rubens. Banco da Amazônia. Belém, 2012. Entrevista. BARBOSA, Orisvaldo. Banco da Amazônia. Belém, 2012. Entrevista. BARROS, Fernanda Gene. Banco da Amazônia. Belém, 2012. Entrevista. BASA fogo destruiu tudo. O Liberal. Belém, 24 nov. 1971. p.1. BELÉM da saudade: memórias de Belém no inicio do século em cartões-postais. Belém: SECULT, 1996. BELÉM é cidade com muitos hidrômetros e... A Província do Pará. Belém, 26 nov. 1971. Cad.1, p.8. BELÉM só tem coragem contra incêndios. A Província do Pará. Belém, 26 nov. 1971. Cad.1, p.1. BELTERRA, grande centro de trabalho e de brasilidade. Folha do Norte (vespertina). Belém, 9 out. 1940. p.1. BENCHIMOL, Samuel. Romanceiro da batalha da borracha. Manaus: Imprensa Oficial, 1992.
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Banco da Amazônia 70 Anos foi impresso pela Gráfica Delta, em Belém do Pará - Amazônia, Brasil, no ano de 2012. A capa é em papelão Paraná 60g, revestido em papel couchê fosco 170g, impresso em 4x0 cores, com aplicação de hot stamp dourado. O miolo, em couchê fosco 115g, foi impresso a 4x4 cores e as guardas, em couchê fosco 170g, a 4x0 cores. As fontes utilizadas foram: Courier New, DIN Alternate, English, HelveticaNeueLTStd. E a luva, em papel duo design 350g também foi impressa a 4x0 cores.