artigo
Acadêmico conta a sua experiência no evento que recebeu o Papa TUBARÃO
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ANO
18
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NÚMERO
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NOVEMBRO
DE
2013
Pag 2 FOTO: DIVULGAÇÃO
geral
Como é a rotina de quem doa sua vida para salvar outras Pag 3
especial
Memórias da enchente de 1974 permanecem vivas nos moradores Pag 6
saúde
Água: uma aliada no tratamento de diversas doenças Pag 8 A arte de comunicar e estar presente na vida das pessoas são características que se destacam em Mário Motta.
Mário Motta concede entrevista ao Extra
Um dos maiores nomes da comunicação catarinense fala sobre a infância, no circo da família, e da vida profissional
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cultura
Cidadãos e empresas podem obter incentivos para ações culturais Pag 12
2
N
ome, idade, e qual área do jornalismo quer seguir? Três perguntas básicas que nos foram feitas nas primeiras semanas de aula do curso, de lá para cá, quantas mudanças... O nome, antes respondido completo, ou só o primeiro mesmo, hoje é o “nome de guerra”, a idade avançou, mas é na área do jornalismo que se percebe as maiores mudanças. Da assessoria de imprensa ao rádio, da TV à assessoria, do jornalismo especializado à TV, aos poucos os meios de comunicação foram ganhando, ou perdendo adeptos, fruto das nossas experiências e experimentações em sala de aula. O Extra do oitavo semestre, traz consigo, a identidade dos 15 sobreviventes daquela turma de jovens que 4 anos atrás entravam tímidos no bloco H, Cettalzinho para os íntimos. Uma turma ativa na universidade, que não se conformou com o aprendizado em sala de aula e aprendeu rápido a lição de que jornalismo se faz na rua. Fomos para rua, trabalhando e/ou estagiando em veículos de comunicação por todo o sul do estado, nas mais diversas áreas, nos diferentes setores, comandando programas de TV, na sonoplastia do rádio, na diagramação do jornal diário, no portal da internet, lá estávamos nós, trabalhando e contando, sempre, com o suporte dos professores que nos ensinaram e nos ensinam até hoje o que é ser e como fazer o jornalismo correto, com ética e responsabilidade. O último semestre, o TCC, não nos impediu e assumimos junto à coordenação do curso a missão de entregar em tempo recorde o curta metragem “Zumblick, eterno Willy” e a Revista Em Pauta, que também homenageia o artista tubaronense. Unimos forças, reunimos talentos e habilidades, e olha que dessa nem o coordenador do curso escapou, virou ator por um dia. O jornal que está em suas mãos, mostra um pouco de cada um de nós, jornalistas, colegas e amigos.
Expediente Extra Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo Unisul Campus de Tubarão Coordenação Geral Mário Abel Bressan Júnior Coordenador do Curso de Comunicação Social Supervisão Professora Cilene Macedo Laboratório de Vivência: Mídia Impressa Planejamento Visual João Paulo De Luca Jr Jornalista Textos Alunos do 8º Semestre de Jornalismo Impressão: Gráfica e Editora Soller Tiragem: 500 exemplares Telefone para contato: 48 3621-3092
Editorial
Novembro de 2013
Artigo
Ecos da Jornada Mundial da Juventude Murilo Medeiros .:. Acadêmico de Jornalismo
O
s olhares do mundo se dirigiram para o Rio de Janeiro durante os dias da Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu de 23 a 28 de julho, e com muito sucesso! Evidentemente que a mídia em geral enfocou principalmente, como não poderia deixar de ser, a presença, os gestos e as palavras do Papa Francisco em sua primeira viagem pastoral, e justamente à “sua” América Latina. O Cristo Redentor nos recebeu de braços abertos! Foi uma oportunidade para alargarmos nossos horizontes e conhecermos outras culturas e línguas, além de perceber como outras nações vivenciam sua fé. Saltou aos nossos olhos a firmeza na fé da juventude que verdadeiramente ama a Igreja e procura ser fiel a Jesus. Essa JMJ foi, sem dúvida, uma ação de Deus na vida de todos nós! Para quem organizou nesses quase dois anos com todos os detalhes e discutiu todas as possibilidades, tudo o que houve não se pode atribuir a nós. Creio que foi o evento que mais teve mudanças que podemos saber: desde a mudança da base aérea de Santa Cruz, passando pela renúncia e eleição do Papa, até a mudança do local das celebrações finais. Nesse mesmo contexto tivemos a dificuldade financeira da Europa, as manifestações no Brasil, acontecimentos que mudaram as questões de segurança, como o incêndio da casa de espetáculos no sul e o atentado nos EUA, que fizeram com que as normas se modificassem a cada momento, com novas exigências. Claro que as pequenas manifestações de pessoas que não concordam com os valores da Igreja também estiveram presentes, mas foram respondidas com paz e fraternidade de quem não estava para brigar, mas para dar as mãos e anunciar a paz. A colaboração de todas as autoridades e organizações trouxe a certeza de que o Senhor conduz a história. Não teria como fazer tantas mudanças e continuar tudo tão em paz, inclusive com a limpeza inédita da praia de Copacabana após um grande evento, e a não ocorrência de violência em uma concentração de mais de três milhões e meio de pessoas no mesmo lugar. Num espaço em que se falavam todas as línguas, a “linguagem do amor” prevaleceu. Contagiou os moradores de Copacabana, que estão acostumados a ver sua região ter grandes eventos, e viram naqueles
dias que algo novo estava no ar. Durante a programação da JMJ percebemos uma inundação de jovens no Rio de Janeiro e, no entanto, não houve nenhuma depredação, não observamos nenhum grupo fazendo uso de bebida alcoólica, nem mesmo briga ou desentendimento. Naquele ambiente de diversidade linguística havia comunhão e unidade. Outra característica desses jovens é a alegria, de cara limpa estavam cheios de entusiasmo. Vendo o entusiasmo deles nas ruas, no metrô, mesmo em meio ao desconforto, lembramo-nos do significado da palavra entusiasmo: vinda do grego en-théos, que quer dizer cheio de Deus. Quem está cheio de Deus mantém a alegria mesmo em meio ao sacrifício e desconforto. As dificuldades para chegar perto do Santo Padre são naturais, pois ele é um só para milhares de pessoas, mas de uma forma ou outra ele se aproximou o mais possível. Até mesmo a segurança, tão preocupada, viu que a única ameaça que havia era o “grande amor” do povo para com o Santo Padre. Infelizmente, em algumas celebrações, na entrada de sacerdotes prevaleceu mais a força que a caridade, mas tenho certeza de que eles saberão perdoar esses momentos mais difíceis. Em geral, a alegria era contagiante. A presença do Papa Francisco foi uma bênção. O Papa, com seu carisma franciscano, apesar de ser um jesuíta, conquistou a todos. A palavra do sucessor de Pedro foi sempre breve e profunda, trazendo unção e encorajamento. O Santo Padre soube interagir, prender a atenção e levar todos à reflexão. Em uma de suas homilias perguntava: quais serão os frutos da JMJ? Esta pergunta continua ecoando em nossos corações. Creio que o principal fruto é o despertar da Igreja que precisa, mais do que nunca, ir às periferias existenciais, sair às ruas, ir ao encontro das pessoas. Diria mais, precisamos investir na juventude que, tantas vezes, é vítima de armadilhas e contra-valores apregoados pelo mundo moderno. Esses jovens são responsáveis por um mundo mais justo e humano. Estão dispostos a ir às ruas, como pediu o Papa, também para testemunhar que um mundo novo, sem violência, sem guerras, sem divisões – é possível. Vieram de todos os tipos de regime de governo e sabem o que é cada si-
tuação, ou de exclusão ou de ditadura. Sabem também de sua responsabilidade no mundo de hoje e de amanhã. Essa experiência de troca universal que houve aqui no Rio de Janeiro permanecerá em seus corações e, tenho certeza de que já os entusiasmou para viverem ainda mais sua vocação e sua missão. BASTIDORES DA JMJ Eu estudante de Jornalismo da Unisul de Tubarão, 21 anos, arrumei as malas com destino a Madri, Espanha, em 2011. Acompanhado com mais duas jovens da Diocese de Tubarão. Juntos viveríamos uma experiência nunca antes vivida nas nossas vidas: a Jornada Mundial da Juventude. O objetivo era vivenciar todos os momentos com milhares de jovens do mundo inteiro, com a presença do até então papa Bento XVI. No encerramento da Jornada espanhola, as palavras do Santo Padre foram “Tenho o prazer de anunciar agora que a sede da próxima jornada mundial da juventude será Rio de Janeiro, Brasil”. Já sabíamos dessa informação, até porque fomos como delegados da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, e iríamos ajudar a prepara a JMJ no Rio de Janeiro. Desde então, dois anos se passaram, muitos trabalhos realizados, tanta coisa boa vivida. As inscrições para a jornada começam pelo site, os eventos por aqui com relação à JMJ começando. Será que seria a hora de me inscrever como voluntário? Sim, seria, então fiz minha parte com um ano de antecedência, em julho de 2012. Então, no dia, 15 de julho, embarco em Florianópolis e rumo ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude 2013. Fui um dos responsáveis pelo setor de comunicação do evento no Rio de Janeiro. Por ser voluntário, tive que estar alguns dias antes, onde foram definidos os locais para trabalhar Em 2011 fomos em três pessoas. Desta vez, foram mais de 800 de nossa Diocese e isso é uma vitória, é muito gratificante. Os outros foram apenas como participantes, mas todos se engajaram em diversos trabalhos para poder estar na jornada. Foram muita pessoas vendendo rifa, almoços, jantares e tantos outros. Mas o que valeu a pena foi o envolvimento da juventude.
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Voluntariado
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Geral
Como é a rotina dos profissionais que doam a vida para salvar outras, um dia de glória para os anjos que zelam pela vida
Um gesto de solidariedade e amor com o próximo FOTOS: ARQUIVO DO CORPO DE BOMBEIROS
Adriane da Silva
S
irenes nos dias de chuva, na madrugada, nos domingos e feriados. Basta o telefone tocar e lá vão os anjos da vida: os bombeiros. O plantão inicia muito cedo, os bombeiros militares acordam às 6h da manhã e se deslocam para o quartel onde prestam serviço. Tudo se inicia às 8 horas da manhã com a conferência de material, viaturas e inserção da guarnição no sistema 193. Após a limpeza e manutenção dos equipamentos, agora é a vez da limpeza do quartel. Independente do horário ou o que estão fazendo, ao soar o alarme os bombeiros saem as pressas para prestar socorro. Na parte da tarde, diariamente, é realizado um treinamento operacional, uma mistura de prática e teoria. O dia do Bombeiro é assim, com alternâncias, sustos e alegrias. ENQUANTO A CIDADE DORME ALGUÉM VIGIA A NOITE E ZELA PELA VIDA
Ao anoitecer os militares preparam o jantar, e às 21 horas, é realizada uma reunião onde são abordados pontos positivos e negativos do atendimento nas ocorrências do dia. Após esse horário, o chefe de socorro que é o militar mais antigo ou de maior grau hierárquico, realiza a escala de hora para a central telefônica e guarda do quartel. Os horários são revezados para que todos possam descansar e estar preparados para o atendimento da população. O APOIO DOS BOMBEIROS COMUNITÁRIOS VOLUNTÁRIOS
O curso de formação de Bombeiros Comunitários
Equipe do corpo de bombeiros de Braço do Norte se prepara para mais um dia de trabalho. acontece de acordo com a necessidade do efetivo e a função do voluntário é auxiliar nos serviços do bombeiro militar nas diversas atividades desenvolvidas. Os “heróis” da vida real recebem auxilio dos voluntários em serviços prestados como atendimento pré-hospitalar, combate a incêndio, resgate veicular, limpeza de pista após acidente, salvamento aquático, busca terrestre, salvamento em altura, resgate de pessoas presas em elevadores, entre outras. Para o chefe de socorro e Cabo Antônio César Scremin Martins, o trabalho do voluntário é de suma importância para o efetivo do bombeiro, e ajuda no tempo resposta à comunidade, além de agilizar o trabalho realizado na ocorrência. Atualmente a 3° Companhia do Bombeiro de Braço do Norte possui um efetivo de 22 bombeiros militares e conta com o auxilio de cinco voluntários
ativos, sendo destes três mulheres e dois homens além de dois Bombeiros Comunitários Profissionais (BCP). Para o coordenador do serviço voluntário do Vale, o 3° Sargento Pedro Mendonça, é estrategicamente importante para o CBMSC ter cada vez mais pessoas preparadas para o 1º enfrentamento a emergências diretamente no local da ocorrência, além de possibilitar a expansão do Bombeiro a mais municípios Catarinenses. “O projeto Bombeiro Comunitário visa à extensão de conhecimentos a toda comunidade através de capacitações e cursos e busca a excelência nos serviços prestados pelo Bombeiro Militar junto à comunidade”, revela Mendonça. Há 10 anos Fernando Lehmkuhl Longuinho iniciou a vocação bomberil como bombeiro mirim, e quando completou 16 anos de idade passou
para classe de bombeiros comunitários na qual atua hoje. Ao longo deste tempo, muitas foram as ocorrências atendidas entre elas a de um parto emergencial. “Por volta de 2 horas da madrugada fomos acionados para atendimento de uma mulher já em trabalho de parto. Quando chegamos ao local verificamos que não havia mais a possibilidade de conduzir essa pessoa ao hospital e então resolvemos fazer o parto ali mesmo”, lembra o bombeiro. Emocionado, Fernando relata que tudo ocorreu de forma tranquila e enfim foi mais uma vida salva e desta vez trazida ao mundo. Fernando pretende seguir carreira militar, pois desde criança se identificou com a profissão. O VOLUNTARIADO TORNA SERES HUMANOS MELHORES
Eu, Adriane Silva, a jorna-
lista que escreve esta matéria, faço parte desta grande equipe há seis anos. Temos como lema “vidas alheias, riquezas a salvar”. Ser bombeiro é nunca saber o que nos espera. A única certeza de cada trabalho é que nunca se sabe como será o plantão e que tipos de emoções vamos compartilhar. Todos têm algo a contribuir. Ser voluntário é gratificante para aquele que doa e para quem recebe. Mesmo convivendo a todo instante com emoções diferentes é muito triste quando não se consegue salvar uma vida, mas em contrapartida quando uma vida é salva não há recompensa maior, pois o dinheiro não compra a gratificação que sentimos ao cumprir uma missão com êxito. Toda ação voluntária é fundamental para a contribuição no desenvolvimento da comunidade. Hoje divido meu tempo entre a família, o voluntariado e o jornalismo.
4 Programas de Intercâmbio
Geral
Novembro de 2013
Os programas de intercâmbio estão crescendo e se diversificando. Existem diversos tipos, e cada um deles pode ter objetivos diferentes
Portas que se abrem e horizontes que se ampliam FOTOS: IVIE PIRIS
Marina Stüpp
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mbora tenha se popularizado no Brasil a partir dos anos 90, o Intercâmbio Cultural é uma prática realizada ao redor do mundo desde que o homem tomou consciência de que não estava sozinho em seu grupo. A partir desse momento, a troca de informações, de experiências, de conhecimentos, a busca pelo novo e a aventura através do desconhecido se iniciou. A ideia de séculos atrás continua a mesma: viajar para um país estrangeiro no intuito de adquirir uma nova bagagem cultural, seja estudando numa high school (escola de ensino médio) ou trabalhando como au pair (babá). O primeiro intercâmbio realizado da maneira tradicional foi organizado em 1929 pelo Rotary Club de Copenhague (Dinamarca) com participantes europeus. Com o início da 2ª Guerra Mundial os intercâmbios europeus cessaram, mas foram reiniciados ao término dos conflitos, em 1946. A partir dos anos 80, os programas se diversificaram e atualmente o termo designa qualquer período de estudo de uma pessoa em país estrangeiro para seu aperfeiçoamento educacional ou profissional. Inicialmente o termo “intercâmbio cultural” – hoje também chamado de intercâmbio estudantil ou educacional - designava a troca mútua de estudantes de um determinado país para outro. Em geral, o estudante do país “A” era acolhido pela família do estudante do país “B” e vice-versa. Contudo, a realidade atual transformou e multiplicou essas possibilidades. Hoje dispõe-se de cerca de dez tipos de intercâmbio, adaptados a diferentes
Luiza, ao centro, na cidade de Victoria- Canadá, com amigos que fez na viagem. propósitos, faixas etárias e condições financeiras. O Intercâmbio tipo High School propõe que jovens de 14 a 18 anos com boas notas e domínio do idioma local façam parte de seu Ensino Médio num país estrangeiro, num período de geralmente um ano. O Intercâmbio Profissional, por outro lado, é projetado para empresários, profissionais executivos e especialistas que buscam melhores posições e qualificações dentro das suas áreas e duram até três meses. Já o Intercâmbio Universitário consiste em oferecer a estudantes universitários oportunidades de ter uma experiência acadêmica e de vida em uma instituição estrangeira durante um trimestre, semestre ou ano. Outro tipo popular de intercâmbio é o Au Pair, em que jovens mulheres trabalham como babás em uma família com crianças e recebem moradia e bolsa de estudos, além de um salário. Já no Intercâmbio de Trabalho, viaja-se sem a
intenção de estudar – o intercambista apenas trabalha temporariamente numa empresa no exterior. Outras modalidades menos comuns são o Intercâmbio de Idioma – em que apenas se estuda língua do país, Intercâmbio Científico - o aluno já com elevado conhecimento estuda ou trabalha em grandes empresas, ou Intercâmbio de Férias – programas de menor duração no qual não se trabalha ou estuda. As opções são diversas e atendem as mais variadas necessidades, no que se refere a objetivos, preços, acomodações ou duração. Segundo a agente internacional Rosa Pereira, responsável pelos programas de intercâmbio da escola de idiomas Yázigi, a procura por esse serviço aumenta a cada ano. “Recebo interessados de todas as idades, geralmente a partir dos 16 anos. Eles vêm até aqui ansiosos para conhecer um país novo, uma cultura diferente”, diz.
Ainda de acordo com Rosa, os destinos mais procurados dos tubaronenses– assim como em todo o Brasil- são os Estados Unidos e o Canadá. “Eles chegam em busca de experiências surpreendentes, diversão e aprendizado. E nunca se decepcionam”. No que se refere aos custos, a faixa de preços varia de acordo com o tipo e duração do programa, sendo que os de curto prazo (programa de férias) giram em torno de 1 mil dólares, e os de maior duração (até 1 ano) podem atingir a faixa de até 15 mil dólares. Com o objetivo de promover intercâmbios gratuitos possibilitando estágios no exterior, o Ministério da Ciência e o Ministério da Educação uniram-se na criação do programa Ciência sem Fronteiras. O projeto, que teve início em 2011, prevê a utilização de 100 mil bolsas até o ano de 2014, proporcionando a alunos de graduação e pós-graduação um estágio em sua área de atuação. O
Ciência sem Fronteiras oferece a oportunidade em cerca de 20 países diferentes, com duração de seis meses a um ano. Para se inscrever, é necessário ter sido classificado com nota do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, possuir bom desempenho acadêmico e ter concluído no mínimo 20% e no máximo 90% do currículo previsto para o curso. Por outro lado, o caminho inverso também ocorre. Conforme dados da Organização Mundial de Turismo, o Brasil ocupa o 37º lugar no ranking mundial de países mais visitados por estrangeiros. São turistas, em 40% das vezes, vindos da América do Sul, 35% da Europa e 15% da América do Norte. A estudante de Direito Luiza Aguiar, 24, passou por essa experiência ao receber em sua casa uma estudante canadense, Sheena Taylor. Alguns dias depois, foi Luiza quem viajou até o Canadá, onde ficou hospedada na casa de Sheena na cidade de Victoria, com os familiares da canadense. A troca ocorreu durante um mês, nos quais ambas estudaram os idiomas locais e conheceram um novo país. Para Luiza, foi uma oportunidade indescritível. “Só quem vivenciou um intercâmbio sabe o quão maravilhoso pode ser. Nunca aprendi nem me diverti tanto na minha vida”, conta. Além da chance de mergulhar de cabeça numa rotina totalmente nova e uma cultura desconhecida, os programas de intercâmbio ainda oferecem certificados que pesam muito no currículo. “Não consegui ver nenhum ponto negativo: melhorei meu inglês, conheci muitas pessoas e lugares novos, passei até a ver o mundo de outra forma”, diz Luiza, animada com a experiência.
Novembro de 2013
Futuro profissional
Crônica
Sempre esquerda
Como se descobre uma vocação? Como decidir a melhor profissão? Ana Paula Scheffre Peruchi
A
escolha profissional é um processo que requer descoberta das aptidões, pesquisa sobre qual curso fazer, em qual instituição de ensino e muitas outras questões. Ainda existe a influência da família, da escola, do meio em que se vive, dos amigos e também das informações recebidas através dos meios de comunicação. Neste momento o jovem tem que fazer suas próprias reflexões e sínteses pessoais, escolhas que decidirão o futuro profissional. Em função da grande expectativa e de toda tensão emocional que envolve o processo da escolha profissional, principalmente quando a via de ingresso se dá pelo vestibular, é que se torna importante o apoio que consiste na disponibilização de meios que busquem a clareza de raciocínio e o equilíbrio emocional. A escola se propõe a oferecer conhecimentos técnicos e formação moral, a família pode oferecer apoio emocional, mesmo assim, o sujeito vê-se só, sem caminho, frente ao desafio da escolha indelegável, do desafio à ação. Mesmo que, em última instância, a escolha final seja apenas dele, ele pode encontrar, na Orientação Profissional, ajuda no sentido de desenvolver meios para que suas escolhas sejam gratificantes e compatíveis com a realidade. Por um lado existem milhares de profissões disponíveis no mercado e, por outro, milhares de adolescentes procurando sua vocação. Como esses jovens com pouca experiência de vida fazem para descobrir o que cursar? O jornal Extra conversou com o professor Vanderlei Brasil, coordenador do Programa
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Geral
de Orientação de Carreira da Unisul, campus Grande Florianópolis, sobre o tema. Enfim a pergunta que não quer calar. Como decidir qual profissão exercer? “Para escolher uma profissão é preciso avaliar os critérios relevantes para a realização profissional da própria pessoa. Após ter claro quais são os fatores que cada pessoa julga mais importante para si mesma”, explica Vanderlei. Vanderlei ressalta que o apoio da família é primordial no auxilio da decisão da carreia, só que muitas vezes as famílias não sabem os principais métodos para ajudar o jovem a tomar essa decisão. “A família pode auxiliar conversando sobre os interesses do aluno ou filho, sobre suas dúvidas, expectativas quanto ao futuro profissional, além disso, pode auxiliar fornecendo informações ou ajudando a coletá-las sobre a profissão de interesse e sobre o real mercado de trabalho das profissões”, diz Vanderlei. Para o professor, as profissões da moda podem influenciar na decisão e também a pouca idade faz com que a pessoa escolha um curso sem muita clareza do que de fato se faz e quando essa pessoa começa a avaliar poderá, depois de formada, se desiludir com o curso que fez. Várias instituições oferecem Programa de Orientação de Cadeira. Na Unisul o programa tem como objetivo criar condições para que os alunos do ensino médio e da educação superior ingressem e se desenvolvam de forma efetiva. Também ajudam os estudantes universitários no processo de construção de suas identidades profissionais, bem como no planejamento de suas carreiras e nas possíveis redefinições de suas escolhas.
Lilian Demo .:. Acadêmica de Jornalismo
E
u me perdi em algum ponto, porque comum é viver o lado direito da vida e perder virei a esquerda e dirigi duas, sim, quase toda a diversão. “Um dia, eu levantei com o pé esquerdo, duas horas à noite, sozinha, num asfalto ruim e sem movimento até retornar ao tropeçando em tudo, bati o pé tão forte no arponto onde tinha saído da BR 101. Aprovei- mário da cozinha, que passei dias andando de tei o passeio forçado para conhecer o estilo chinelo e fui para balada de rasteirinha”. A arquitetônico de uma nova cidade e avaliar dor e o pé inteiro roxo, não foram nada diveras condições das estradas do interior catari- tidos, mas sabe a história até hoje rende boas nense. Ok, isso é conversa fiada, mas se não gargalhadas nas reuniões de amigos. P.s: não, eu nunca mais tropecei nativesse virado naquela esquele armário. querda, não teria apren“Aqui está bom, estou dido a manter a calma, Tudo bem que estabilizado. Porque vou controlar a ansiedade e na vida, o ideal é me mudar para o outro lado percebido a importância da música na minha vida. sempre o equilíbrio do país?”. Ora essa, por amor? Por amor à alguém, Me perdi na primeira entre a direita a você mesmo ou ao seu esquerda, então, pela lóe a esquerda, trabalho. gica virei a direita e fui Ah, se nada der certo, para casa dormir, certo? entre a razão e a também tem o tempo, que Errado. Eu virei à esqueremoção. Agora, vai curar tudo. Aliás, você da, porque lá estava a já reparou que esquerda surpresa, a festa, a diverconvenhamos, a também é a mão do relósão, o novo. E quer saber? esquerda é mais gio, mesmo para os canhoFoi a melhor escolha que emocionante. tos? Ok, ok. Você vai dizer eu podia ter feito. Esquerque relógio é muito antigo e da é o lado do coração, é que hoje se usa celular. Tudo bem, pare e olhe o lado da emoção. Claro que é mais fácil fazer as coisas sem- com qual mão você segura o celular. Viu? Eu pre guiadas pela direita, pela razão. Saber falei. Tudo bem que na vida, o ideal é sempre o onde está indo, o que vai acontecer. Isso é o modo fácil, previsível e convenhamos chato equilíbrio entre a direita e a esquerda, entre a razão e a emoção. Agora, convenhamos, a esde viver a vida. Quantas vezes já ouvi - “nossa, viajar da querda é mais emocionante. Então, lembre-se um trabalho, só de pensar em arrumar mala, na dúvida, sempre esquerda. Ah, e por falar credo, prefiro ficar em casa”. Ficar no lugar nisso, em qual delas vamos virar hoje?
6 Tubarão, 1974
Especial
Novembro de 2013
Às vésperas de completar 40 anos da enchente que marcou a cidade de Tubarão, história e relatos sobre a tragédia ainda são lembradas pelos moradores
Enchente na cidade azul:
a tragédia que mudou a cor da cidade FOTO: DIVULGAÇÃO
Laércio Botega
1974, um ano que Tuba-
rão jamais vai esquecer. Ano que deixou marcas quase que irreparáveis na famosa Cidade Azul, que naqueles dias da enchente acabou se tornando uma cidade cinza, sem cor. Segundo informações oficiais divulgadas na época ocorreram 199 mortes e cerca de 60 mil desabrigados, dos 70 mil habitantes na ocasião. O rio, que dá nome à cidade, subiu cerca de 10,22 m após dois dias de chuva intensa e ininterrupta. “Foi tudo muito rápido. Num dia estávamos na sala aguardando a chuva passar e no outro já estávamos dando lugar na sala para os vizinhos dormirem. Nunca vou esquecer daqueles momentos de tristeza”, conta Ana Lúcia de Oliveira Botega, uma das pessoas que viveu essa história. Na época, Dona Ana tinha 13 anos. No dia 22 de março de 1974 as chuvas se intensificaram nos costões da Serra, aumentando assim o nível do rio Tubarão. Com esse pequeno aumento de nível, o rio começou a transbordar nas áreas mais baixas, fazendo famílias abandonarem as áreas atingidas. “Nós não tínhamos para onde ir, apenas a certeza de que ali não era um lugar seguro para ficar”, comenta Maria Lúcia de Oliveira Caetano. No dia 23 de março a Prefeitura de Tubarão, juntamente com o Corpo de Bombeiros se mobilizou para ajudar as pessoas que estavam ilhadas. “Foi horrível ver que estava ilhado e não tinha para onde
Avenida Marcolino Martins Cabral. Antiga estação de trem. Hoje no local funciona um supermercado. ir, mas graças ao trabalho dos Bombeiros de Tubarão que consegui sair de minha casa”, relata Antônio Menegaz, outro sobrevivente da enchente. Vários veículos de comunicação noticiavam o fato, mas a Rádio Tubá, líder isolada de audiência na época, dedicava a maior parte da sua programação para informar e alertar a população. “Nós tínhamos um radinho de pilha e ficávamos sabendo o que estava ocorrendo na cidade através da Rádio Tubá. Recordo que meus irmãos e eu não desgrudávamos do rádio. Aonde íamos o rádio ia junto”, conta Dona Ana. A chuva, na tarde daque-
le sábado, não parava e ficava cada vez mais forte. Muitos eram os desabrigados e desa-
tal como o morro da Catedral. “Nossa casa ficou lotada de pessoas. Nunca tinha visto tanta gente como naquele dia. Elas não tinham para onde ir, e como nossa casa ficava no alto do morro, elas se abrigaram lá. É claro, não podíamos negar, afinal todos nós estávamos na mesma situação”, comenta Albertina Pavanti, uma das tantas sobreviventes da enchente Apesar de serem avisados e estarem cientes da tragédia, muitas pessoas resistiram e não
“Minha tia, que morava mais na baixada, subiu o morro aos gritos. Dizia que a casa havia sido invadida pela água. Foi horrível”. lojados. As pessoas que estavam abandonando suas casas foram para lugares mais altos,
deixaram suas casas, sendo que muitas dessas estão entre os 199 mortos registrados oficialmente. Algumas pessoas iam até a beira rio conferir a situação. Numa dessas idas, muitos foram pegos de surpresa e presenciaram a cena da ponte pênsil sendo levada pelas águas do rio Tubarão. Devido às várias informações que estavam sendo passadas para a população, o comandante da 3º Cia do Exército, em Tubarão, na época, proibiu a Rádio Tubá de dar notícias sobre a enchente. Alegaram que a emissora estava querendo promover o sensacionalismo, gerando pânico à população.
Especial
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O comando da 3ª Cia do Exército, em Tubarão, na época, proibiu a Rádio Tubá de dar notícias sobre a enchente. Alegaram que a emissora estava querendo promover o sensacionalismo, gerando pânico à população
Tubarão, 1974
Novembro de 2013
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Diante desta alegação, a programação foi suspensa e a população ficou sem receber as informações jornalísticas. No domingo, dia 24 de março, a chuva prosseguia e os bairros continuavam alagados. O nível do rio Tubarão estava estável. Na parte da tarde a chuva voltou, mas com a mesma intensidade da noite anterior. Já à noite, a situação começou a ficar complicada. A água invadiu diversas residências. Boa parte da população foi pega de surpresa, pois dormiam no momento que as águas começaram a subir e invadir as casas. “Minha tia, que morava mais na baixada, subiu o morro aos gritos. Dizia que a casa dela estava invadida pela água. Foi horrível”, comenta Maria Lúcia. Exatamente às nove horas da noite as luzes se apagaram, os telefones se calaram. As pessoas ficaram sem comunicação no meio a escuridão. A cidade ficou desolada. Pessoas que tiveram suas casas invadidas pelas águas subiram para o forro, e depois para o telhado, na tentativa de não serem levados pela correnteza. Apesar de muitos terem feito isso, não foi suficiente para se salvarem. “A casa de minha tia foi levada pela correnteza. Ninguém estava dentro. Ainda bem. Bens materiais nós conseguimos adquirir com o tempo, mas uma vida, não”, relata Ana Lúcia. Na segunda-feira a chuva prosseguia e ainda deixava milhares de pessoas apreensivas, pois a comida estava acabando em várias casas e a fome não dava trégua. Só aumentava. Um helicóptero fez o trabalho de salvar algumas pessoas que estavam ilhadas, além de levar comida para algumas famílias. “Nós estavamos quase sem comida. Peguei uma camiseta vermelha, coloquei na ponta de um bambu e acenei para o helicóptero. Ele desceu e deixou uma cesta básica. Ajudou bastante”, relata Albertina Pavanati.
Antigo Cine Lauro Muller, em Tubarão. As águas invadiram um dos atrativos da cidade na época.
Vista ampliada do centro da cidade após a passagem das águas pelas principais avenidas.
Mas nem todas as famílias tiveram essa sorte. Devido a falta de alimentos, alguns mercado da cidade foram saqueados. Levaram tudo. O Colégio Gallotti, um dos mais antigos da cidade, abrigou várias pessoas. E nele, se formou um
grupo de professores para organizar tudo. Esse grupo foi até o antigo supermercado Carradore solicitar alimentos para os desalojados e foram atendidos. Aos poucos as águas do rio Tubarão começaram baixar e o sol reapareceu. Porém, mesmo
se tornando um lindo dia, as marcas deixadas pela enchente eram enormes. O número de mortos assustava. As ruas da cidade estavam todas sujas e estragadas. Enormes buracos se formaram. Apesar de toda tragédia, Tu-
barão se reconstruiu e hoje, cerca de 39 anos depois, se mostra forte. A cidade conseguiu, ao poucos, se reerguer. Com pouco mais de 100 mil habitantes, Tubarão provou para todos que é uma cidade forte e que seu povo é resiste e unido.
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Saúde Tratamento
Novembro de 2013
Através da hidroterapia muitas pessoas encontram alivio para as dores e uma alternativa para promover o bem-estar
uma aliada no tratamento de diversas doenças FOTOS: DAVI CARRER
Daiana Carvalho
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ue a água é um bem de valor incalculável isso não é novidade. No entanto, para muitas pessoas ela tem sido uma importante alternativa uma alternativa para aliviar dores e promover a qualidade de vida através da atividade física. Praticada desde 1960, a hidroterapia - técnica de utilização da água como um recurso terapêutico - vem atuando em diversos campos da medicina. “A hidroterapia é uma técnica de fisioterapia que utiliza a água com temperatura ideal para os pacientes, que auxilia na promoção do bem estar e na recuperação de lesões”, explica o fisioterapeuta Carlos Victor Rigobello. Dona Maria Idione Portela Somaglio, convive há 20 anos com as sequelas que ficou em um de seus pés, após sofrer um acidente doméstico, que lhe deixou com dificuldades de movimentação e dores constantes. Se o problema não fosse o bastante, ela desenvolveu um quadro de artrite reumatoide. Uma doença sistêmica inflamatória que afeta principalmente as pequenas articulações. Idosa e acima do peso, dona Maria não pode praticar exercícios em uma academia, ou qualquer exercício de solo. Eles deixaram de ser boas opções para ela e para o esposo, que faz questão de estar ao seu lado todos os dias. Foi aí que a terapia com água se tornou uma aliada para o alívio das dores, que a terceira idade trouxe ao casal. “Eu tenho muitas dores, quando eu sinto que não vou aguentar mais, corro para a hidroterapia. Ela tem me ajudado bastante”, compartilha Mariazinha, como prefere ser chamada. A terapia aquática é um método complementar a outros recursos terapêuticos. As
Fisioterapeutas e bebês interagem durante sessões na piscina. seções podem variar de cinco minutos a duas horas e pode ser aplicada em todas as faixas etárias da vida. Os bebês a partir dos seis meses, após preencherem o calendário vacinal do primeiro semestre de vida, já podem cair na água e se deleitar nos benefícios que a água traz a eles. “Conseguimos trabalhar a parte motora, respiratória, estimulando a glote, desenvolvendo movimentos dos membros inferiores e superiores, e a precisão para alcançar um objeto”, elucida Rigobello. Para os pais que, muitas vezes, na correria do dia a dia, não tem um momento de interação com o filho, a hidroterapia também é utilizada como um meio de entrosamento entre eles. “É
muito gostoso, podemos ver o quanto a água contribui para o desenvolvimento dos movimentos dele, sem contar que a gente pode fazer parte disso”, compartilha o analista de sistemas, Everaldo Fabris, enquanto se diverte com o filho na piscina. Em muitos casos a hidroterapia ajuda na adequação do bebê a uma rotina e até na busca dos primeiros passos. Rosimery Bittencourt Bagio é mãe do pequeno Gabriel, de um ano e dois meses. Ele iniciou a hidroterapia há 120 dias e na semana passada já deu os primeiros passos. “Coloquei Gabriel na hidroterapia para ajudar no desenvolvimento dele, para interagir com outros bebes, para
ter uma qualidade de vida melhor e desde cedo ter o gosto pelo esporte”, relata Rosimery, ao ressaltar que o filho ficou mais calmo e tem dormido melhor após o inicio das seções. Para as grávidas a terapia aquática é uma opção a mais para as mulheres, que juntamente com a yoga conseguem amenizar as dores no corpo e fortalecer a musculatura dos membros inferiores e do períneo. “São vários benefícios, com as gestantes a gente faz um trabalho mais amplo e informativo, que junto com o pilates nos permite trabalhar um todo, desde o fortalecimento do corpo como o relaxamento e o alivio das dores”, observa Rigobello.
Verônica Andrea Freitas Resendes Waterkemper será mãe pela segunda vez. Ela veio de Portugal há oito anos e aqui no Brasil conheceu a técnica. Grávida de oito meses, a hidroterapia tem sido a aliada para reduzir o desconforto nas pernas e a dificuldade de movimentação que surgiram com o crescimento da barriga. “A gravidez é um momento complicado para a mamãe, a hidroterapia e o pilates me ajudam muito, nos problemas das costas, nas dores nas pernas, me sinto melhor durante as semanas”, comenta a futura mamãe com um típico sotaque português. Os benefícios são diversos, entretanto algumas particularidades individuais de cada pessoa precisam ser respeitadas para que o tratamento não traga agravos à saúde. “Pacientes com problemas renais crônicos, não é indicado a hidroterapia, porque a temperatura alta da água vai aumentar o aporte sanguíneo, os batimentos cardíacos e agravar a doença. Os hipertensos também devem evitar a terapia aquática, porque a pressão pode elevar ao ser estimulada pela temperatura da água”, alerta o fisioterapeuta. Condicionada a temperaturas próximas a quarenta graus, a terapia a base de água também traz melhorias aos pacientes que sofrem de diversas patologias. Atletas conseguem desempenhar exercícios localizados sem sobrecarga do local afetado. Pacientes com problemas vasculares alcançam melhores resultados após ficar um determinado tempo na piscina. “São inúmeros os benefícios, a água tem propriedades que ajudam na prevenção e tratamento. A viscosidade da água, a pressão hidrostática, por exemplo, aumentam a circulação, melhora o aporte sanguíneo, a digestão, o relaxamento muscular”, complementa o fisioterapeuta.
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Em dia com a saúde
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Saúde Treinamento funcional é a tendência em exercícios para quem deseja alcançar resultados rápidos
Força para deixar o corpo em forma Késsia Meurer
A
busca pelo corpo perfeito tornou-se sinônimo de saúde. Cada vez mais homens e mulheres buscam treinamentos diferenciados não só para manter a estética, mas sim, para ter qualidade de vida. A menos de dois meses para o verão, as academias e studios de treinamento induzem as pessoas à corrida pela conquista de uma “barriquinha sequinha” para desfilar nos meses mais quentes do ano. Saindo da rotina das academias de musculação, uma nova tendência que conquista milhares de adeptos em todo o Brasil, é o treinamento funcional. Indicado para quem deseja qualidade de vida, o método consiste em exercícios desafiadores com uso de equipamentos específicos e que agrega resultados rápidos. O educador físico e proprietário de um Studio de treinamento, Huelton Farias, conta à jornalista Késsia Meurer as vantagens do novo método. Késsia: Há três meses, você abriu em Rio Fortuna um Studio de Treinamento Funcional. A cidade até então, contava apenas com uma academia de musculação. Os alunos migraram de um método para outro? Huelton: Hoje contamos com cerca de 150 alunos que fazem duas sessões por semana e já vamos mudar para um espaço maior para poder atender a todos em um espaço mais amplo e confortável. Não é que migraram de um método para outro, estão conhecendo as novas vantagens do treinamento funcional, e quem deseja resultados rápidos realmente opta pelo novo método. A inserção de Studio especializado em exercícios físicos, reflete na qualidade de vida das pessoas que moram em Rio Fortuna.
Os moradores daqui têm o hábito da prática de exercícios físicos, visto os grupos de caminhada. Agora, dispomos de uma nova opção para quem busca resultados rápidos. K: O treinamento funcional é um diferencial das academias de musculação. Para conquistar tantas pessoas, em que consiste este método? Para quem ele é indicado? H: O treinamento funcional é nova tendência para quem busca qualidade de vida, não apenas emagrecimento, pois também é ofertado para condicionamento físico, fortalecimento muscular e circuitos especiais. O método é responsável por sessões personalizadas, sem uso de equipamentos de academia convencional. K: Os freqüentadores das academias de musculação reclamam da rotina, dos exercícios monótonos. Este é o diferencial do treinamento funcional? H: Neste caso, usamos outros equipamentos, como bolas, cordas, supinos (peso), entre outros. Com a exclusão dos métodos tradicionais, a pessoa usa só o corpo para fazer o exercício, movimentando mais grupos musculares, o que implica no alto gasto calórico e consequentemente resultados mais rápidos. K: E como funcionam as aulas? Quais os exercícios que compõem uma sessão de treinamento? H: O treinamento dura em torno de 30 minutos e após os alunos praticam mais 30 minutos de exercícios aeróbicos, como esteira ou bicicleta, lembrando que a cada sessão as atividades são diferenciadas. Na mesma sessão trabalha-se força, agilidade, flexibilidade, equilíbrio, coordenação e velocidade. Essa diversidade de exercício é responsável por conquistar vários adeptos. O desempenho do aluno aliado ao fator motivacional propor-
ciona resultados mais rápidos do que nas academias convencionais. K: Quem pode fazer o treinamento? Há alguma contraindicação? H: Não há restrições para fazer o exercício. O treinamento funcional pode ser adaptado para a faixa etária de oito a 60 anos, de acordo com os objeti-
vos e necessidades de cada um. K: A nova tendência impacta na saúde brasileira? H: Com certeza. Como o método atende desde o emagrecimento, condicionamento físico, fortalecimento muscular, também ajuda a prevenir lesões, gera melhorias cardiovasculares, além da redução do percentual de gordura. O
treinamento funcional se baseia nos movimentos naturais do ser humano, como pular, correr, puxar, agachar, girar e empurrar, o praticante fortalece a musculatura. Isso corresponde a pessoas mais saudáveis, com qualidade de vida, com menos chances de desenvolver doenças. Ele ajuda no preparo físico e na boa forma.
10 Mário Motta
Entrevista
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De família circense, o jornalista Mário Motta se destacou nas atividades humanas e de liderança e hoje é um dos maiores nomes da comunicação em Santa Catarina
O dono da sanfoninha Heloiza Abreu
T
udo começou num olhar discreto e criativo para aquilo que tendia a ser o mais iluminado e interativo de todos os ambientes. Onde os palhaços inspiram risadas e os trapezistas esbanjam espetáculos, formou-se o dono da sanfoninha. O menino que nasceu junto com o grupo circense, em 25 de março de 1952, em Santo André, no estado de São Paulo, era filho dos donos, os veteranos artistas do rádio paulista, Mário Pinto da Motta e Nair de Campos Motta, conhecidos como Motinha e Nhá Fia. O circo que levava o apelido dos pais de Mário Pinto da Motta Júnior foi a maior faculdade de vida do pequeno artista. Com o grupo, e o irmão mais novo Gilberto Motta, que viajou o Brasil por quinze anos, o menino teve seu primeiro número nos espetáculos definido a partir dos quatro anos, quando ganhou uma sanfoninha de quatro baixos, fabricada em Santa Catarina. Dividindo o estudo primário nas escolas das cidades que passava, o garoto do circo chegou a trocar de escola quinze vezes por ano. Foram mais de quatrocentas cidades visitadas durante este período. Mas diante da necessidade de se dedicar aos estudos, a família largou as atividades circenses e fixou residência em Tupã, também em São Paulo. E foi justamente na mesma época que a família adquiriu um hotel que seria a fonte de trabalho por muito tempo. A paixão por interpretar foi tão intensa que fez Mário integrar elencos de cinema. Aos sete anos, estrelou no elenco do filme Maria 38, de Watson Macedo, junto com Eliana
FOTOS: ARQUIVO MÁRIO MOTTA
Macedo, John Herbert, Herval Rossano, Augusto César Vanucci, Zilka Salaberry, Francisco Dantas e outros tantos nomes. DO CIRCO PARA O ESPORTE E A IMPRENSA
O contato com as pessoas parecia se tornar ainda mais necessário para Mário. Na Escola Superior de Educação Física da Alta Paulista, o garoto que recém havia saído do circo integrou a primeira turma de formandos daquela instituição no ano de 1973. E em 1974 foi convidado para lecionar na segunda turma do curso, sendo escolhido Patrono da turma. Nesta área, Mário foi professor e líder de vários setores. Além disso, possui especialização em Educação Física Infantil e é técnico diplomado em basquetebol, voleibol, atletismo, natação, ginástica olímpica e futebol. Ainda em Tupã, o pai voltou para as ondas do rádio. Por um hobby, apresentou o programa “No tempo do Motinha”, que trazia as músicas da então velha guarda para o público. Nesta oportunidade e diante das visitas aos estúdios, Mário começou a gravar comerciais e se identificar com a atividade radiofônica. Em 1974, Mário se mudou para a região serrana de Santa Catarina, fixando residência por dois anos na cidade de Lages. Aprovado em um concurso público em São Paulo, Mário Motta deixou as atividades no estado catarinense no início de 1977. Foi lecionar Educação Física em Mauá, ABC paulista, fixando residência em Santo André. Na mesma época treinou a equipe masculina de Voleibol do Clube de Regatas Tietê de SP, com o qual disputou dois Campeonatos Paulis-
A paixão por Santa Catarina fez Mário vir morar no Estado há mais de trinta anos. tas da modalidade. E para não ficar distante da comunicação, integrou a equipe esportiva da Rádio Emissora ABC de Santo André, cobrindo o retorno do time do Santo André dirigido por Sebastião Lapola, à Divisão Especial do Futebol Paulista. Após rápido retorno à Tupã para acompanhar os últimos meses de vida de seu sogro, que faleceu em seguida, voltou a trabalhar como Diretor Artístico na emissora onde havia iniciado sua carreira, a Rádio Piratininga. Mas, Mário continuava insatisfeito por ter deixado Lages, cidade pela qual teve tamanha paixão despertada. Após receber inúmeras propostas de trabalho, retornou para Santa Catarina no final do ano de 1980. Efetivou-se por concurso no Magistério Público Estadual, cargo pelo qual se aposentou há dois anos
como Consultor Educacional no Conselho Estadual de Educação. Desde que retornou à Lages no início dos anos 80, decidiu priorizar a carreira jornalística transformando-se num dos mais renomados comunicadores da imprensa catarinense. As primeiras atividades de Mário Motta na imprensa, desde São Paulo, foram com rádio, e apesar de seu preparo o qualificar para a área esportiva, experimentou todas as áreas do jornalismo e do entretenimento radiofônico. Dos programas musicais sertanejos, ao de música jovem ou de calouros em auditórios. A vivência no circo sempre o ajudou muito a enfrentar as plateias com naturalidade. Em paralelo também escrevia para jornais impressos. Já, em Santa Catarina, liderou a TV Planalto, afiliada do Sis-
tema Brasileiro de Televisão, o SBT, sendo o coordenador de jornalismo da sucursal da capital, Florianópolis, inaugurada no mesmo período. Poucos meses depois, diante do destaque que obteve nos trabalhos, foi convidado para trabalhar na RBS TV, afiliada da Rede Globo de Comunicações no Estado. A FAMÍLIA Há 37 anos a também professora de Educação Física e artista plástica Glória Lúcia Caetano Corrêa Neto Motta, curiosamente filha de jornalista, é parceira de Mário Motta nesta longa e brilhante jornada. E para se complementarem por definitivo tiveram dois filhos, Mário Aleixo, 35, e Maria Carolina, 33, ambos bacharéis em Turismo e Hotelaria.
Mas afinal, quem é o dono da sanfoninha na imprensa catarinense? Mário Motta é um dos grandes nomes da imprensa catarinense. É âncora do Jornal do Almoço veiculado na RBSTV e também é comentarista da Rádio CBN Diário. Além
disso, escreve para jornais que pertencem ao Grupo RBS, como o Hora de Santa Catarina desde seu lançamento. Mediou grandes e importantes debates políticos, coberturas de elei-
ções, carnavais e os mais variados eventos no Estado. E até hoje continua dedilhando o teclado de sua estimada companheirinha de quatro baixos. Só que agora como hobby, é claro.
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Por Eddie Coler eddiecoler@gmail.com
Injustificável O PlayStation 4, nova geração do videogame da Sony, será lançando no Brasil em novembro com o preço tabelado de R$ 4 mil. O mesmo lançamento, nos EUA, custará US$ 400, pouco mais de R$ 870. Segundo comunicado oficial da empresa, a diferença se dá por conta da alta carga tributária de importação para o Brasil. Na Argentina, aqui do ladinho, ele será vendido pelo equivalente a R$ 2,4 mil. Quase 50% mais barato que no Brasil.
Saída VIP
Novidade 1 A Microsoft lançou recentemente um aplicativo que permite controlar o Windows de um computador remoto por qualquer dispositivo que rode o iOS (iPad, iPhone e iPod Touch). O Microsoft Remote Desktop é gratuito e está disponível na App Store. Ele serve como um substituto mais limitado de serviços como o TeamViewer e LogMe In.
- Qual a função do Saída VIP? Existe um diferencial? A função primordial do Saída VIP é facilitar o checkout nas casas noturnas, bares e restaurantes. Estamos desenvolvendo nas próximas versões outros diferenciais como reserva de mesa/ camarote diretamente pelo aplicativo facilitando inclusive a gestão para a casa. Outros diferenciais que podemos destacar: - Pontos VIP – Sistema de fidelização onde o cliente ganha por consumo e indicação - Funcionalidades como “Dividir conta” e “Pagar mais de uma comanda” - Parcerias estratégicas (DJ´s, sistemas de gestão, blogueiros(as), promoters) - Operacionalização é simples, ou seja, conseguimos atender um grande número de clientes com uma equipe compacta - Taxa de conveniência é parametrizável, ou seja, cada estabelecimento escolhe quanto quer cobrar do seu cliente por essa facilidade.
Novidade 2 Falando em Microsoft, usuários do Windows 8 já podem atualizar gratuitamente seus sistemas operacionais para a nova versão. O Windows 8.1 também está disponível para usuários de outras versões, mas custa R$ 410 no modelo mais simples e R$ 700 na versão Pro. A principal novidade é a volta do Botão Iniciar - embora agora ele seja bem diferente. Outra diferença, é que agora é possível configurar o PC para que exiba a interface desktop sem ter de passar pela Metro.
App promete facilitar a hora de ir embora dos seus programas prediletos Prestes a sair do forno, o aplicativo “Saída VIP” promete acabar com as filas em baladas e restaurantes. Recentemente o projeto ficou entre os seis finalistas do Movimento Empreenda da Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, da Editora Globo. Quem conversou com a gente foi o diretor comercial do projeto, Luiz Gustavo Vieira.
- De onde surgiu a ideia para o app? A ideia do app surgiu com meu sócio Diogo Maia quando ele estava desenvolvendo um projeto de pós-graduação. A história completa pode ser vista no nosso canal oficial no youtube. com/appSaidaVIP.
Do outro lado O novo sistema operacional para Macs, o OS X Mavericks, deve ser lançado este mês. O sistema estará disponível apenas para compra online, por meio de download na Mac App Store. Já foi assim nas duas últimas importantes atualizações. Mais uma prova de que os DVD’s de instalação estão se tornando obsoletos.
- Ele estará disponível para todas as plataformas? Sim, estará disponível para Android, iOS e Windows Phone, futuramente Blackberry. Utilizamos uma tecnologia de ponta que desenvolve com o mesmo código para as três plataformas diferentes. Inclusive essa tecnologia é pioneira no mundo. É importante estar nas diferentes plataformas, pois o mercado de smartphones está crescendo absurdamente e existe uma competição muito acirrada por share de mercado.
Futuro Cientistas chineses devem apresentar ainda no final deste ano uma nova tecnologia de internet sem fio. A “Li-Fi” usa lâmpadas de energia comuns como emissoras de sinal. Um microchip faz todo o serviço. A novidade promete por ser acessível e de baixo custo, e deve substituir os roteadores em um futuro bem próximo.
- O app será gratuito? Qual a vantagem? O aplicativo será gratuito para baixar. A vantagem é ter facilidades, tais como: reservar mesas e camarotes em apenas 4 cliques, ou sair sem fila de um estabelecimento com 3 cliques.
DICA DE APP Sleep Cycle Alarm Clock: O Sleep Cycle promote monitorar os ciclos do seu sono, separando-os em pesados ou leves. A única coisa que você precisa fazer é deixar o seu telefone de baixo do travesseiro. O app também tem a opção de despertar apenas quando seu sono está no ciclo leve, facilitando a sua hora de acordar. A ferramenta também oferece opções de gráficos e dados do seu sono. Disponível para: iOS. Evernote: Aplicativo essencial para quem quer se manter sempre organizado. Com o Evernote, você pode guardar notas, fotos, e até escanear documentos. Todos os dados ficam disponíveis na nuvem, estando disponíveis em qualquer plataforma que tenha o aplicativo instalado (incluindo Windows e Mac!). Tudo isso também pode ser sincronizado e compartilhado com outros usuários. Disponível para: iOS, Android, Windows Phone, Windows e Mac.
- Qual a dificuldade em desenvolver um aplicativo? Desafio tecnológico, nenhum. Nossa equipe tem um forte background em desenvolvimento de sistemas. Existem alguns passos cruciais no desenvolvimento do nosso projeto que podemos destacar a integração com solução de pagamento MOIP e Cielo, assim como com os sistemas de gestão das casas noturnas.
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Cultura Impulso
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Com mecanismos legais como a Lei Rouanet, cidadãos e empresas que tenham atuação cultural podem obter incentivos para projetos culturais
Cultura é aquilo que fica quando todo o resto já foi FOTO: CLEBER TOMAS
Concerto da Orquestra da Unisul na Catedral Metropolitana de Florianópolis em 2012.
Ana Paula Hemkemeier
“C
ultura é tudo aquilo que influencia na convivência das pessoas”, diz Fabiano Zoldan, da Pró- Reitoria de Ensino, Pesquisa e Extensão da Unisul. Para ele pode ser a forma como vivem, como se relacionam, suas crenças, suas preferências e como estruturam seu cotidiano. “Contudo, penso que é na expressão artística que a cultura atinge o seu ponto máximo, pois é pela sutileza das artes como a música, literatura, pintura, arquitetura, entre outras que podemos fazer uma leitura estética, histórica e cultural de uma sociedade”, enfatiza.
Fabiano, que também faz parte do Programa de Formação Continuada – Profoco da Unisul – ainda comenta. “Basta olhar para a arte contida nas catedrais e na música sacra do século XVII para perceber a religiosidade vivida pelo povo naquela época. Olhando radicalmente, por outro lado, podemos perceber que o funk, no Brasil, traz a tona uma cultura vivida pela comunidade dos morros, principalmente do Rio de Janeiro. Estes dois exemplos são simplórios e pontuais, mas assim poderíamos comentar várias outras situações”. “Lembro que em uma aula do mestrado um professor me dizia “cultura é aquilo que fica quando todo o resto já se foi”.
Ou seja, cultura é um elemento arraigado em uma sociedade, é aquilo que se torna hábito, é o que caracteriza os membros de uma comunidade”, finaliza Zoldan. Já, a regente do Coral da Unisul (maestrina), Maria Miranda, define cultura como tudo aquilo que podemos de alguma forma, compartilhar com os outros, seja para perpetuar a história ou pelo simples prazer de fazê-lo. Maria acredita que a cultura é importante para todas as faixas etárias sejam elas portadoras ou não de necessidades especiais. “O que falta é acessibilidade. A Cultura, ou a difusão dela, tem o poder de estimular a criatividade humana. Os ganhos são inúme-
ros”, enfatiza. Para a maestrina falta divulgação para que as pessoas despertem o interesse pela cultura. “Além da divulgação precisamos de uma mudança na política educacional inserindo-se de fato e de direito a arte e a cultura nas escolas”. Maria ainda relata que para promover a cultura muita coisa depende do estado e de um mínimo de recurso para ser realizado. “Mas com boa vontade e ajuda de entidades e empresários parceiros, também podemos realizar grandes espetáculos, a exemplo disso temos o “Amor em canção” que realizamos todos os anos aqui na universidade”. Já para Zoldan, a importância da cultura para a inclusão
de jovens, adultos, idosos e deficientes na sociedade é fundamental, pois é através da cultura, e especialmente por meio de programas e projetos culturais que é possível combater a exclusão. “A própria exclusão está enraizada em uma cultura equivocada de sociedade, que entende que existe um modelo ideal de indivíduo”. Zoldan acredita que a afirmação de projetos que visam à inclusão, considerando a diversidade, o respeito e os direitos fundamentais, é de extrema importância para qualquer sociedade. “Somente através de iniciativas inclusivas, principalmente às que favorecem as minorias excluídas, é que poderemos progredir culturalmente”. Quanto à falta de interesse das pessoas pela cultura Zoldan enfatiza que o interesse pelo desenvolvimento cultural será motivado pela discussão. “O debate de assuntos que abordam o homem, a sociedade, suas estruturas, sua política, seus hábitos, seus valores e suas crenças é o primeiro passo para mostrar a importância da cultura para uma nação. Da mesma forma, promover a educação de qualidade, oportunizar o acesso às artes, fomentar a leitura e a crítica são passos importantes para o despertar cultural”. Zoldan relata que é impossível atribuir a responsabilidade pela cultura a um só setor como estado, empresários, entre outros. “A promoção cultural pode, e é obrigação, ser desencadeada pelo Estado. A Constituição Federal em seu artigo 215 afirma que o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. O texto constitucional é muito
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bonito, mas a grande verdade é que o desenvolvimento cultural de uma nação somente se dará partindo da união dos atores da sociedade, ou seja, cada um fazendo a sua parte, contribuindo principalmente com atitudes”, complementa. De acordo com Zoldan existem muitos projetos culturais de grande valor sendo desenvolvidos nos bairros de muitas cidades. Por exemplo, projetos de incentivo à leitura, de formação de grupos de música, de dança, de teatro, projetos que apoiam o folclore e as culturas populares, e tantos
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Cultura outros. “O diferencial destes projetos é que eles não acontecem somente porque o governo quer, mas acontecem também porque há o engajamento real destas comunidades e, em muitos casos, o reforço no financiamento por parte da iniciativa privada”, finaliza. O auxiliar administrativo Ronei Duarte Guimarães despertou o gosto pela arte na adolescência e entre teatro, filme, músicas é apaixonado mesmo pelos livros. “Não existe um incentivo muito grande nessa área, então como toda criança brasileira não cresci com muito
contato com literatura e teatro. Esse interesse foi despertado na juventude mesmo quando tive que descobrir sozinho o valor dessas coisas”, relata. Ronei acredita que a cultura é a forma mais clara de conhecer a identidade de um povo e um dos meios mais importantes e eficazes de conservar essa identidade através das gerações. “Eu acredito que existe um incentivo às áreas culturais que podem dar certo retorno aos investidores, mas de uma forma geral não existe um investimento satisfatório ou de qualidade”, conclui. FOTO: CLEBER TOMAS
FOTO: CLEBER TOMAS
Concerto Orquestra Unisul na Paróquia N. Sra de Fátima em Florianópolis.
Saiba mais
Lei Rouanet facilita o acesso à cultura
C
om a Lei de Incentivo a Cultura popularmente conhecida como Lei Rouanet cidadãos e empresas que tenham atuação cultural comprovada tem a oportunidade de obter incentivos para projetos culturais. De acordo com o site do governo (cultura.gov.br) podem apresentar propostas pessoas físicas com atuação na área cultural como artistas, produtores culturais, técnicos da área cultural, entre outros. As pessoas jurídicas públicas como as fundações culturais e as pessoas jurídicas privadas com ou sem fins lucrativos como empresas, cooperativas, fundações, ONGs, organizações culturais, entre outras, também podem apresentar propostas. De acordo com a sócia da Pfad- Treinamento, Assessoria e Consultoria, Larisa Hemkemeier, a lei é de suma importância para promover a cultura do país. “Com ela, empresas e pessoas física, pagadoras do Imposto de Renda podem destinar um percentual para apoio a cultura - 4% para empresas e 6% pessoa física”. Larisa ainda acredita que a lei tem contribuído para promover a cultura destacando que no ano de 2012, incentivados do Estado de Santa Catarina apoiaram 30.659.714,65 em projeto culturais. “Este valor é o que o Governo Federal deixou de arrecadar e o contribuinte decidiu onde investir”, enfatiza. Pessoas ou empresas interessadas em receber o incentivo devem apresentar uma proposta cultural ao Ministério da Cultura (MinC) e caso seja aprovada, o autor do projeto é autorizado a captar recursos junto às pessoas físicas pagadoras de Imposto de Renda (IR) ou empresas tributadas com base no lucro real para a execução do projeto. As propostas culturais devem ser apresentadas entre 1º de fevereiro e 30 de novembro de cada ano. O interessado deve se cadastrar no Sistema
de Apoio às leis de Incentivo à Cultura (SalicWeb), disponível no site do Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br) e enviar a proposta pelo site para análise. Pessoas físicas podem ter até dois projetos. Já as pessoas jurídicas podem inscrever até cinco projetos ativos no Sistema de Apoio as Leis de Incentivo (Salic). Sobre a importância da lei o maestro da orquestra da Unisul, Patrick Cavalheiro, relata que como artista, pode declarar que a Lei Rouanet valoriza a cultura e o fazer artístico em sua essência. “Já como agente cultural em diversas cidades do Estado de Santa Catarina, pude constatar leis intituladas como “incentivadoras à cultura”, mas que sucumbem às burocracias e dificuldades criadas pelas análises técnicas, interesses políticos, ou então que visualizam apenas o aspecto econômico, classificando o incentivo como se fosse um dano causado ao cofre público sem perceber que investir em cultura é investir no desenvolvimento humano e nos valores de uma sociedade”, enaltece. Ainda de acordo com Cavalheiro muito vem sendo discutido sobre a Lei Rouanet, inclusive a tramitação de um projeto de Lei (o Pró-cultura) que poderia extinguir a atual. “E a este respeito não nego meu medo de que o atual sistema seja prejudicado, pois atualmente, a Lei Rouanet tem salvado muitos grupos culturais e artistas que conseguem expressar a sua arte subsidiadas pelos patrocínios através do incentivo fiscal”. Cavalheiro acredita que a grande dificuldade ainda é conseguir a captação dos recursos junto aos patrocinadores. “Penso que as empresas tributadas pelo Lucro Presumido deveriam ter o direito de abater do imposto de renda assim como as de Lucro Real e pessoas físicas, além de que deveria haver uma maior conscientização das pessoas em auxiliarem projetos culturais através deste mecanismo”, finaliza.
14 Maquiagem
Estilo
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Maquiadora ensina dicas para arrasar na make na nova estação
Cores são destaque para a primavera/verão Hellen Amorin
A
primavera chegou e coloriu o mundo a nossa volta. Seja nas flores, nas roupas e até mesmo na maquiagem. Mas qual será o segredo para arrasar na hora da maquiagem nesta nova estação? A maquiadora Ana Raíssa Joaquim conta que assim como na moda, as tendências para maquiagens também são renovadas de estação para estação. A inspiração vem, na maioria das vezes das passarelas. Com a chegada da primavera, e daqui alguns meses o verão, Ana diz que a aposta são as cores, tanto nos lábios quanto nos olhos. “Este verão promete trazer muitas cores, o rosa e laranja são os queridos
da estação para estampar os lábios da mulherada. Os olhos serão marcados por lindos traços de delineador, vale a pena ousar nas cores dos delineados também”. Para finalizar, a maquiadora diz que a tendência lançada
no último Oscar, de que menos é mais, é referência para as festas de final de ano e eventos sociais. “Invista em olhos naturais e boca vibrante. A dica para não se perder na hora do make é caprichar na pele, com aspecto aveludado e um batom glamouroso”.
Mas afinal, o que é beleza?
É
algo muito intuitivo, e o mais importante, muito pessoal. A beleza não é igual para todos e não pode ser padronizada. Existem inúmeros tipos de belezas. A sociedade dita que uma mulher para ser bonita, deve ser magra, alta e de boa aparência. Mas para quê isto? Quem possui o poder de ditar um padrão de beleza? Por que uma pessoa acima do seu peso sofre com o preconceito dos demais. Por que esta pessoa não pode ser aceita da forma que é? As perguntas são muitas, e as respostas ainda são vagas. Por mais que se lute contra o preconceito que acomete nossa sociedade atual, é difícil ver pessoas diferentes em comerciais ou em capas de revistas. Muitas vezes o belo esta invisível aos olhos, é simples ou novo, diferente. Por isso é necessário enxergar mais, não apenas com os olhos, mas principalmente com o coração.
Estampas animal print continuam em alta
A
cada nova estação novas tendências são lançadas no mundo da moda. As roupas saem da passarela e passam a estampar as ruas. Assim como as novidades em preto e branco, moda cropped, rendas e transparências lançadas nas últimas estações, a linha do animal print ganhou espaço nas roupas e também nos acessórios. A moda voltou mesmo para ficar! A tendência, que foi sucesso na temporada de outono/inverno, vai continuar em alta nas estações mais
quentes do ano. As peças já se tornaram indispensáveis no guarda-roupa feminino. “As estampas de animais deixam o look mais sexy e moderno. E a dica para não errar na produção é a combinação com cores neutras”, comenta a blogueira
Raquel Araújo. Forte tendência para a estação, o animal print teve sua época cafona, e já simbolizou luxo e riqueza. Hoje, se mostra como básico no guarda-roupa de mulheres e até homens, seja em peças de roupas ou acessórios. As estampas de bichos podem ser usadas tanto durante o dia quanto à
noite. Segundo a blogueira é preciso cautela na hora de compor o look para não exagerar na produção. Onça, zebra e cobra estão na lista dos animais mais presentes nos visuais.
Exemplo
Amor à maquiagem vence dificuldades Larissa é deficiente auditiva e apaixonada por maquiagem. Hoje, ela é sucesso no Youtube, onde posta vídeos em libras, ensinando outras meninas surdas a se maquiar. Hellen - Quando e como começou teu interesse pela maquiagem? Larissa - Sempre gostei, desde pequena, só que a minha mãe não deixava eu me maquiar porque eu não tinha idade. Quando cresci, a minha mãe me deu um presentinho: uma paleta simples e pequena. Amei, e agora sou louca por maquiagem. Aprendi sozinha, nunca fiz o curso de automaquiagem. Descobri que existem muitos vídeos de tutoriais. Assisti muito tempo sem parar, até consegui entender. É muito difícil para entender o que as meninas explicavam no vídeo, pois eu não conseguia ler os lábios delas porque era muito rápido (sou deficiente auditiva), mas conseguia entender quando elas faziam a maquiagem. Hellen - O que te levou a criar um blog sobre o assunto, e a gravar vídeos em libras com legenda em português? Larissa - O blog Brilho de Diva não foi o meu primeiro blog. Eu tinha um, mas apaguei e criei outro e comecei tudo outra vez. Na verdade, quando criei o blog eu não estava pensando em gravar víde-
os. Após um ano, eu fiz um vídeo pela primeira vez, mas não ficou muito bom. Desisti, parei um tempo. Eu mandei muitos e-mails para as blogueiras pedindo para colocarem legendas, mas elas não responderam. Desisti, fiquei pensando muito em como poder ajudar
as pessoas surdas, lembrei que amo maquiagem e pensei: posso ensinar para as surdas. Hellen - Você teve alguma dificuldade que te fizesse pensar em desistir? Larissa - Tive. Quando eu comecei a gravar os vídeos estava com vontade de desistir. Mas não desisti. Agora estou muito feliz em ver o meu blog crescendo. A faculdade que é muito difícil, sempre pensei em desistir, mas a minha família me apoiou muito para eu continuar. Se você quer acompanhar o trabalho da Larissa, acesse: www.brilhodediva.com.br
Novembro de 2013
Bem-Estar
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Estilo
A ioga promove uma nova visão da vida. Muitas vezes um chamado pode transformar os costumes e dar lugar a novos hábitos
Ioga:
Equilíbrio físico e espiritual FOTOS: DIVULGAÇÃO
Maria Julia Goulart
O
lugar calmo e as luzes aconchegantes são um verdadeiro convite a vivenciar novas experiências. Entre os tamanhos benefícios, a ioga visa proporcionar o equilibro físico, mental e espiritual. A prática promove uma nova visão da vida e contribui para a melhoria da imunidade, do condicionando físico e melhora o estado de saúde em geral. A ioga ocorre por meio de exercícios que alongam o corpo, momento em que se percebe a quietação da mente e possibilita melhorias na respiração, no ato de se concentrar e, sobretudo, faz o intermédio com as emoções. Quem escolhe a ioga, normalmente não o faz por simples vontade, mas sim por destino. Foi o caso da instrutora Aline Kalina. Formada em Comércio Exterior, ela não se imaginava na posição que ocupa nos dias de hoje. A ioga sempre esteve presente em sua vida, porém em forma de lazer e condicionante para poder viver em paz. Nesta época, Aline imaginava-se trabalhando em uma agência bancária e seguindo seu destino. “Eu nunca imaginei que pudesse vir a me tornar uma instrutora de ioga. Sempre gostei muito desta técnica, mas foi quando viajei ao Chile que me transformei. Costumo dizer que me encontrei. Aquele momento foi o meu divisor de águas e fez eu perceber que precisava mudar de vida. Hoje tenho hábitos completamente distintos daqueles que tinha quando morava em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul”, revela. As mudanças foram muitas, entre elas, a alimentação mais saudável. Deixou de con-
Surf
Bem estar e prazer em plena atividade física É necessário a prática de atividades físicas e uma boa alimentação para se ter uma vida mais saudável. E é aí que o surf se encontra, proporcionando vários benefícios ao praticante. Murilo Miranda
M
Por meio de meditação e exercícios, a ioga consegue promover um encontro do corpo com a mente. sumir carne e também mudou o visual. “Tenho dreads há oito anos. Hoje em dia isto é algo mais comum, acho que ganhou até espaço na moda, contudo, para mim, o meu cabelo é como um voto que fiz quando abdiquei dos meus antigos costumes para ganhar novos hábitos”, explica. Atualmente, ela e o marido, Thiago, são donos de um centro de ioga em Tubarão. O espaço existe na Cidade Azul há cinco anos e aos poucos vem ganhando o seu espaço entre a sociedade. Segundo Aline, muitas pessoas buscam o lo-
cal com ideias erradas do que realmente a ioga proporciona. Muitos vêm da academia e alguns chegam a se tornar budistas, outros buscam a tranquilidade. Gisele Rodrigues é praticante há três meses e viu na ioga uma forma de relaxar. “Vim para cá buscando uma tranquilidade, uma paz interior. A ioga traz muitos benefícios, além disso, ainda consigo ter melhor postura. Desde que comecei a praticar já noto diferenças. Tenho mais facilidade de me concentrar e até mesmo de encarar a vida”, conta Gisele.
oa Soares tem 29 anos e é formado em Educação Física. É um exemplo de qualidade de vida uma vez que concilia diariamente seus trabalhos de bombeiro e surfista profissional. Leva uma vida saudável com treinos todos os dias. Começou a surfar de bodyboard e com a passar do tempo foi ficando em pé na prancha. A partir daí resolveu pegar uma prancha de surf emprestada de seu irmão para iniciar nesta modalidade. Desde então evoluiu muito e conquistou alguns títulos ao longo de sua trajetória de surfista, como o de campeão junior, mirim, e open regional, campeão catarinense universitário, e o resultado mais importante de sua carreira, como o brasileiro mais bem colocado no campeonato Sul-Americano, ficando com terceiro lugar. Tudo isso junto a treinamentos físicos e uma alimentação muito saudável. “O surf me deixou fisicamente mais forte, resistente, preparado para muitas coisas. Para enfrentar qualquer situação, até mesmo porque no mar, mesmo sendo um profissional pode-se deparar com alguma eventualidade. O mar pode estar pequeno
ou grande ou está storm (de ressaca), enfim tem que se estar preparado fisicamente. É algo que caminha junto a sua força física e a sua mente, e para que isso funcione deve estar sempre com os dois interligados. Independente da dedicação e da determinação, o seu foco é fundamental. Como o esporte gasta bastante energia, tem que se ter muitas variáveis trabalhando juntas, desde alimentação, preparação física, condicionamento mental, treinamento prático, isso é super importante”. Eduardo Dezan de Bona é personal trainer e trabalha com atividades específicas para profissionais que atuam como surfistas. Ele explica com mais detalhes os exercícios praticados nesta modalidade. “O treinamento funcional veio para suprir algumas necessidades em relação ao treinamento comum, alguns exercícios são incrementados no surf usando estabilidade, velocidade e resistência muscular. Exercícios que fazem rotação do tronco são essenciais, pois o atleta sempre necessita para projetar a prancha no lip, ou para retornar à base da onda. Exercícios de potência e explosão muscular fazem com que o atleta consiga se projetar melhor na onda, ter melhor rotação, e voltar para a base da onda com mais segurança e firmeza”, afirma.