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Índice a voz de quem ouvia
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As rádios comunitárias são muito importantes para nossa sociedade. Mas muitos não conhecem e sequer têm ideia das dificuldades encontradas pelas instituições que se dispõem a mantê-las em funcionamento.
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Estágio oportuniza a vivência da profissão
O estudante passa por várias etapas na universidade, mas a melhor delas é entrar no processo de construção da vida pessoal e profissional.
sem questionamento não existe jornalismo
Professor da Unisul fala sobre mercado de trabalho e o futuro do jornal impresso: estamos no meio de uma transformação?
Convite à Leitura
Aumentar a autoestima da população e formar opinião, passando a informação com transparência e imparcialidade: conheça a Folha Lagunense.
Acadêmicos conhecem estúdios de jornalismo no Rio de Janeiro
Alunos e professores dos cursos Jornalismo e Publicidade Propaganda Tubarão viajaram para o Rio de Janeiro e conheceram o Projac.
Radiojornalismo dedicação e conhecimento
O radiojornalismo é uma paixão? Para alguns, algo que vem desde muito cedo, talvez desde a infância.
Ser e não ter ou ter e ser
Quem entra em uma universidade busca conhecimento e habilitação para atuar na área desejada. Mas é necessário passar por todo esse ciclo?
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Confira a experiência do jornalista Pablo Gomes na cobertura de eventos internacionais, como os conflitos no castigado Haiti.
oito anos prestando serviços à comunidade
Pesquisa coloca a Unisul TV como a emissora líder na preferência entre os moradores das cidades de Tubarão, Laguna e Capivari de Baixo.
assessoria de imprensa 2.0
Qual a melhor ferramenta para a assessoria de Imprensa hoje? Em tempos de web onipresente é preciso se adaptar.
O curso de comunicação e a universidade
Eventos como Projeto Integrado, Insônia Produtiva e Plus colocam os estudantes em situações reais do mercado de trabalho.
Fotojornalismo e as perspectivas da profissão
Para onde caminha o profissional dessa área tão romantizada e admirada do jornalismo?
A prática leva À perfeIção
Conheça um pouco mais sobre o jornalista Edivaldo Dondossola, hoje reconhecido na RBS TV e que iniciou na Unisul TV
Uma jornalista em busca de novos desafios
A imperdível trajetória da jornalista Laura Peruchi Mezari: uma história de coregem, ousadia e muita beleza.
As mulheres e o jornalismo esportivo
Elas estão cada vez mais presentes nos campos, nas quadras ou nas pistas, mas agora precisam superar seus próprios obstáculos.
Palavra do Coordenador
Prof. Mário Abel Bressan Jr
Paixão pelo jornalismo REVISTA EM PAUTA Esta edição traz um olhar sobre o jornalismo do ponto de vista de nossos alunos, antigos e atuais.
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exercício da comunicação é algo que nos engradece, visto a competência e história na formação de jornalistas e publicitários na região sul de Santa Catarina. Sem dúvida, nestes vinte e dois anos de história, o Curso de Comunicação Social da Unisul em Tubarão contribuiu para que pudéssemos ter uma atuação profissional nos diversos setores ocupados por nossos egressos. Discutir o uso e as tendências da comunicação, mais especificamente a do jornalismo é bem-vindo, visto a constante mudança que vimos em decorrência das tecnologias da comunicação e informação. Fazer notícia tornou-se um desafio motivador no sentido de que temos mais oportunidades de expor ao público a informação. Desde a era de ouro do rádio até a geração curtir e compartilhar, viveram momentos intensos com uso da comunicação. Muita coisa mudou, certamente, mas a essência e a paixão pelo fazer jornalismo continua. Em cada área de atuação, o mercado pede competência e re-
sultados positivos aparecem a medida em que vimos bons profissionais atuando em veículos e em empresas. Nesta edição da Revista Em Pauta, o olhar sobre o jornalismo será apresentado por aqueles que curtem e amam a sua futura profissão: nossos alunos. Nestas páginas, acadêmicos do quarto semestre expressam em seus textos as tendências e as histórias da profissão, contando a função do bom jornalista e apresentando histórias de sucesso. No que se refere ao visual, o projeto gráfico criado e produzido pelos alunos do sexto semestre, demonstra a competência e a criatividade em formatar e diagramar as páginas. Fazer comunicação é levar as pessoas a oportunidade de conhecer fatos novos ou relembrar alguns já vividos. É por isso que o Jornalismo se torna cada vez mais vivo, é com ele que matamos nossa fome de informação. Ainda mais quando ele é bem preparado, temperado com ousadia, ética e competência. Só nos resta pedir bis. Boa leitura!
Expediente Revista Em Pauta
© lassedesignen - Fotolia.com #51155523 Revista do Curso de Jornalismo Universidade do Sul de Santa Catarina Unisul/Campus de Tubarão Coordenação Geral Professor Mário Abel Bressan Júnior Coordenador Supervisão Professora Cilene Macedo Produção em Impressos Professor João Paulo De Luca Júnior Planejamento Visual II Reportagens Alunos do 4º Semestre de Jornalismo Diagramação Alunos do 6º Semestre de Jornalismo Impressão: Gráfica e Editora Soller Tiragem: 1000 exemplares
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FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Estágio oportuniza a vivência da profissão A prática supervisionada foi fundamental para que Maria Júlia tivesse certeza na escolha da profissão.
Durante o estágio acadêmico muitos alunos descobrem sua vocação profissional CAROLINE RODRIGUES
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estudante passa por várias etapas na vida universitária, mas a melhor de todas é poder decidir qual área atuar e, enfim, entrar no processo de construção da vida pessoal e profissional. O jovem não deve se limitar apenas ao aprendizado em sala de aula, visto que o estágio é de extrema importância. Este é o momento de acertos e erros e oferece a prática necessária para alcançar o sucesso na profissão. Para o acadêmico de jornalismo o estágio supervisionado passou a ser obrigatório em 2013, facilitando assim, a oportunidade do aprendizado. Maria Júlia Goulart, 22 anos, jornalista formada em 2013 pela Unisul de Tubarão e repórter da Unisul TV, explica que, para
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o aluno, a universidade não é suficiente para a formação profissional. Ela conta que começou o estágio na Unisul TV de Tubarão quando estava no terceiro semestre, e antes disso, pensou em desistir do curso várias vezes por não ter noção de como seria o futuro depois de formada. Com o estágio, a sua visão mudou. “O estágio mostrou a realidade, a rotina do dia a dia do jornalista, e foi nesse período que eu tive a certeza do que pretendia seguir”, comenta. “Mesmo o estágio não sendo obrigatório, é essencial para a vida do acadêmico e é por meio da prática e experiência que podemos decidir o rumo do nosso futuro”, conta Maria Júlia. O repórter da Unisul TV, Edivelton da Rosa, jornalista formado também em 2013 pela universidade é exemplo da diferença que o estágio faz na vida do es-
tudante. “Na minha turma de jornalismo quem não fez estágio se sentiu perdido, pois mesmo o curso oferecendo atividades práticas, não era o suficiente”, conta Edivelton. Ele estagiou na antiga sede da Unisul TV no centro de Tubarão. Saia de Içara todos os dias às 11h30 para chegar no estágio às 13h45. Um passo importante para a vida do repórter foi quando veio morar em Tubarão, pois não tinha ônibus e o estágio no período das férias continuava. “A remuneração não era muito estimulante na época, mas com a ajuda dos meus pais consegui me manter para alcançar meus objetivos. Quando se está começando o que vale é o aprendizado. O estágio vale a pena mesmo de graça, pois a bagagem da experiência adquirida vai fazer diferença no futuro”, finaliza Edivelton.
sem questionamento Não existe jornalismo É o que diz o jornalista e professor João Paulo De Luca em entrevista para a revista Em Pauta. Ele fala também sobre o mercado de trabalho e o futuro do jornal impresso.
Em que ponto da sua vida você decidiu fazer jornalismo? Foi em 1998. Poucas pessoas naquela época tinham acesso à Internet. Eu tinha desde 1994. E fiquei encantado com a cobertura do jornalismo internacional da Guerra do Kosovo, antiga Iugoslávia. Muitos relatos em primeira pessoa surgiam em páginas pessoais, precursoras dos blogs. Era de arrepiar.
o jornal impresso acabará? O jornal impresso deve ser substituído logo. Isso vai ocorrer tão cedo quanto a nova geração começar a amadurecer. Mas não o jornal enquanto formato. E também não será por imposição do público-alvo, como muitos acreditam. O jornal irá migrar para tablets e smartphones por uma razão muito menos nobre: é muito mais barato para o jornal.
Você tem boas recordações da época de estudante na Unisul? Foi um dos momentos mais maravilhosos da minha vida. Aprendizado, amizade, paixões. Tudo em ebulição. Sempre disse que tinha vontade de fazer mais uma faculdade só para viver essa intensidade novamente.
Que tipo de mídia poderá substituir o jornal impresso? O jornal impresso será substituído pelos tablets. Mas o jornal enquanto formato permanecerá. Talvez com algumas sensíveis diferenças de gênero. Acredito que as notícias rápidas serão objeto dos sites e aplicativos de notícias online. Mas esses, em geral, são dominados por agências de notícias. Os apps de jornais terão outro foco: a construção de opinião.
um bom texto é questão de técnica ou prática? Existem técnicas e estilos. Eu gosto de textos com orações médias. Nem longas e nem curtas demais. Apenas o suficiente para manter o argumento rápido. Mas não tenho dúvida de que a prática torna um texto muito melhor. Reler o texto é fundamental.
É complicado manter um jornal? Muito complicado. Mas as principais dificuldades estão na capacidade política de ser sério em uma situação que o veículo, enquanto empresa, depende muitas vezes dos recursos de órgãos públicos, cuja distribuição segue critérios absolutamente subjetivos e arbitrários. Acredito que, não importa quem esteja no poder, um jornal deve ser sempre de oposição.
FOTO: PAULO FERNANDES
Formado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo - desde 2005, o professor João Paulo De Luca, trabalha como analista de marketing da Rede Giassi de Supermercados, leciona no curso de comunicação da Unisul e também nos cursos de Gestão da Tecnologia da Informação e Processos Gerenciais na Faculdade SENAC. Além destas atividades, também foi proprietário do jornal Agora de Içara até o mês de agosto. Sua decisão pelo jornalismo foi após assistir a cobertura da Guerra do Kosovo, na antiga Iugoslávia. Por Cássia Gomes
Como você vê o mercado de trabalho para os jornalistas? O mercado do jornalismo está em alta. Conheço apenas uns raríssimos casos de pessoas formadas que não trabalham na área, muitos deles por opção. Agora, remuneração e posição dentro do campo jornalístico dependem, sim, do desempenho de cada profissional. Pró-atividade conta muito. alguma dica para quem pretende ser jornalista? Um jornalista tem a obrigação de questionar! Se todos acham que algo é bom, é preciso entender o motivo. Sempre repito: se todos pensam da mesma maneira, é porque ninguém está pensando. A unanimidade é burra. O “o que?” deve vir absolutamente seguido de um “por quê?”. Senão, não é jornalismo, mas simplesmente repetição de discurso.
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Com a primeira edição em 2013, o jornal Folha Lagunense vem dividindo opiniões desde o início de sua circulação GRACEKELLY GUIMARÃES
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objetivo principal do jornal Folha Lagunense é aumentar a autoestima da população e formar opinião, passando a informação com transparência e imparcialidade. Laguna tem uma imprensa "velha" e viciada. Longe de ser imparcial e independente. O impresso também busca fomentar o hábito da leitura. A Folha Lagunense é gratuita e distribuída em todos os bairros da cidade. Segundo o diretor do impresso, Rômulo Camilo, o motivo de apostar no jornal impresso em Laguna vem de algumas análises e experiências que teve enquanto trabalhou no Diário Catarinense. “Vi que em muitas cidades com o mesmo perfil de Laguna, jovens haviam mudado a cara da cidade com jornais de linguagem mais jovem”. Com um jeito descontraído e uma diagramação que convida a leitura, o impresso está buscando e conseguindo interagir com o público. A forma encontrada de abranger todas as idades foi trabalhar o impresso paralelamente com a web. As edições são disponibilizadas na íntegra na versão digital na internet. Ao todo, são mais de quatro mil leitores em cada edição. “Se pararmos para analisar a imprensa escrita em Laguna, conseguimos identificar algumas mudanças de alguns meses para cá. Fico feliz em ver que aos poucos estamos conseguindo fazer acontecer”, conclui Rômulo. Enquanto muitos jornais estão encerrando as publicações impressas, a Folha Lagunense está apostando ao contrário e acredita que terá o seu público fiel.
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de laguna, para os lagunenses
Trazendo as principais informações da cidade de Laguna para a população com qualidade e transparência.
FOTO: JAIR PRANDI / CIDADESEMFOTOS.BLOGSPOT.COM
Convite À LEITURA
FOTO: JOÃO PEDRO ANDREJCZUK
Alunos conheceram a cidade cenográfica da Rede Globo. Na imagem, o cenário de gravações da série “A Grande Família”.
ACADÊMICOS CONHECEM ESTÚDIOS DE JORNALISMO NO RIO DE JANEIRO projac Alunos conheceram a cidade cenográfica da Rede
Globo. Na imagem, o cenário de gravações da série “A Grande Família”.
Mais de 20 alunos dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unisul campus Tubarão aprimoram seus conhecimentos em viagem AMÁBILE CORRÊA
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lunos e professores dos cursos Jornalismo e Publicidade Propaganda da Unisul campus Tubarão viajaram no dia 19 de agosto para o Rio de Janeiro para participar do programa Encontro com Fátima Bernardes, conhecer o centro de produção da Rede Globo (Projac) e estúdios de rádio e televisão. Os estudantes ficaram com a expectativa maior de atuar em suas profissões e com mais vontade de batalhar para exercer a atividade nas melhores emissoras do país. Para a professora Cilene Macedo, que os acompanhou durante todo o período, uma viagem de estudos sempre enriquece a vida acadêmica de um estudante, abre novos horizontes, além de criar novas perspectivas profissionais. “A aula teórica, que os alunos têm em sala, são de extrema importância, pois são a base de todo o aprendizado. Mas é fora de sala
que o aluno poderá criar um pensamento crítico e tirar as suas próprias conclusões sobre a profissão que escolheu e sobre o mundo em si”, ressalta. Segundo a professora, na visita à Band os alunos puderam ver de perto a rotina de um radiojornalista, sua dinâmica e como é necessário o domínio de diversas tecnologias. “Já a experiência vivida no Projac foi muito interessante para ver de perto a forma de trabalho da empresa e como se dá a organização. Sempre ouvimos a frase ‘padrão globo de jornalismo’, mas pelo que percebi o padrão está em todos os ambientes desde o jornalismo ao entretenimento, onde fomos”, diz a professora. Gracekelly Guimarães, acadêmica do curso de jornalismo, também viajou com a turma para o Rio de Janeiro e relata que a maior experiência foi a de obter uma visão totalmente diferente de um telespectador. “Uma pessoa que vê o programa ao vivo, no auditório, consegue perceber todas as etapas da produção do progra-
ma da Fátima Bernardes, e no caso dos cenários da Globo, desde a montagem até a finalização das novelas e figurinos”, relata. Segundo Gracekelly, a visita de estudo é a que mais motiva o aluno, pois constitui uma saída de espaço universitário, além de beneficiar as relações interpessoais entre professor e acadêmico. É mais que um passeio, um momento único de aprendizagem que favorece a aquisição de conhecimentos. De acordo com o professor Mário Abel Bressan Junior, coordenador do curso de Comunicação Social, as viagens de estudo contribuem para a formação do aluno, visto que há um contato com a prática e também em outros mercados. “É necessário visualizar que o campo de trabalho pode se estender para outros estados e municípios. A coordenação acredita que este tipo de ação faz com que o acadêmico viva mais o ambiente universitário. O aprendizado consiste dentro e fora da sala de aula”.
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FOTO: SIDNEI SILVA
Radiojornalismo dedicação e conhecimento
A procura por profissionais do rádio torna o mercado competitivo. Quem tem mais conhecimento leva vantagem. SIDNEI SILVA
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FOTO: ARQUIVO PESSOAL
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adiojornalismo é uma paixão? Pode-se dizer que sim. Para alguns, algo que vem desde muito cedo, talvez desde a infância. Podemos ver isso no curso de Jornalismo da Unisul de Tubarão, onde sete alunos que ainda não concluiram o curso trabalham em rádio. Alguns estão na área antes mesmo de iniciar a vida acadêmica. Com mais de 13 anos de profissão e cursando o 6º semestre de jornalismo, Eduardo Ventura, 35 anos, é narrador esportivo da Rádio Santa Catarina, apresentador da Unisul TV e colunista esportivo no jornal Diário do Sul. A paixão surgiu ainda na infância, quando seu pai que atuou no rádio na década de 1960, contava as histórias da radiofonia no estado da Paraíba. Aos 14 anos, Eduardo procurou uma emissora de Porto Alegre (RS) para tentar uma vaga de auxiliar de plantão esportivo, mas era muito novo e não conseguiu. Somente aos 22 anos, Eduardo Ventura teve a primeira oportunidade no rádio, dada por um amigo radialista. Foi convidado a comentar pela Radio Difusora de Laguna o campeonato ama-
dor. Em seguida, foi contratado por uma emissora concorrente na mesma cidade. Depois disso, não parou mais. “Acredito que o rádio me escolheu. Tinha uma profissão na área de administração, mas o rádio falou mais alto” comentou. A necessidade da formação acadêmica surgiu em 2011, quando ao passar pelos corredores da Unisul TV recebeu o convite do diretor e professor, Ildo Silva. “Sentia que faltava alguma coisa, principalmente uma habilitação profissional. A partir daquele momento a minha vida mudou,” destacou Eduardo, ressaltando ainda, que o conhecimento acadêmico é fundamental para a ga-
rantia de um profissional capacitado. Segundo ele, a obrigatoriedade do diploma de jornalista é fundamental para a liberdade imprensa e qualidade do profissional no mercado de trabalho. “Sou a favor que o profissional de imprensa seja
habilitado com formação superior e que as empresas contratem apenas aqueles que são formados ou que estejam em fase de formação acadêmica”, concluiu. Eduardo que já está com 80% do curso concluído pretende iniciar em breve
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Opinião dos profissionais
uma especialização em Ciências da Linguagem. Seu maior sonho é trabalhar em emissoras de rádio e televisão em grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, e um dia narrar futebol na TV.
MATHEUS AGUIAR, 20 anos, REPÓRTER DA RÁDIO BANDEIRANTES. cursa o 6° semestre de jornalismo
“Em 2012, quando iniciei no curso, eu ainda não trabalhava na área. Comecei na Rádio Bandeirantes em março de 2014. Desde que entrei no curso aprendi muitas teorias que ajudam a formar um bom jornalista”.
André luiz da rosa, FOTO: ARQUIVO PESSOAL
29 anos. Apresentador, repórter na Radio Difusora de Laguna. Cursa o 2° semestre de jornalismo “No início, acreditava que apenas com a prática se poderia ser um jornalista. Hoje, percebo que é fundamental a graduação na área. É na universidade que aprendemos a ter um nível de qualidade respeitável no meio. Além de qualificar a classe”.
O rádio no Brasil O rádio chegou ao Brasil em 1922, no Rio de Janeiro, onde teve sua primeira transmissão realizada. A fala do então presidente da República, Epitácio da Silva Pessoa, em 7 de setembro de 1922, por um sistema de alto falante através de um aparelho de rádio, deu início no país, a era do rádio. Nos anos 20 e 30 o rádio se expandiu pelo país todo transmitindo informação e música. Foi nesse período também que o governo brasileiro demonstrou interesse por esse meio de comunicação. A partir das décadas de 1950 e 1960, com a implantação da televisão, o rádio perde força e investimentos. No entanto, o jornalismo no rádio ganha grande destaque com qualidade, novas linguagens e investimentos. Apesar de hoje em dia a sociedade estar cada vez mais inserida no meio tecnológico, o rádio ainda é um grande meio de comunicação, de entretenimento e informação vigente e reconhecido pelas pessoas.
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Ser e não ter ou ter e ser A questão do diploma jornalístico e a luta pela exigência do certificado para atuar na profissão ENTREASPAS O aluno frequenta a faculdade para ir atrás de uma carreira, não de um diploma
Márcia Furtado, 51 coordenadora de jornalismo das Faculdades Metropolitanas Unidas
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HELENA WARMLING
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principal objetivo de quem entra em uma universidade é adquirir conhecimento e habilitação para atuar na área desejada. Tornar-se um profissional é o desejo de muitos, mas será que é necessário passar por todo esse ciclo? É o caso dos jornalistas. Existem cursos, especializações e o diploma, porém, existem profissionais atuantes na área sem diploma e que nunca passaram por uma universidade. Será que a experiência conta mais do que um diploma? Isso é justo com os estudantes que dedicam quatro anos para aprender as técnicas jornalísticas? É o caso do repórter Geovane Martins, 25, que trabalha na área e possui o registro de jornalista profissional desde 2012. Ele conta que resolveu pedir a carteirinha de jornalista como uma forma de garantir seu emprego. “Fiz o registro por indicação de um colega de trabalho. Como eu vivo da
profissão, isso me dá segurança, afinal, terei meu emprego com ou sem diploma, pois já sou considerado jornalista”. Hoje o jovem resolveu cursar Jornalismo na Universidade do Sul de Santa Catarina, pois segundo ele, conhecimento aliado à prática é essencial. “Eu acho importante ter o diploma, quanto mais aprendizado melhor. Acredito que falta uma união da classe, pois o mercado exige prática e conhecimento”, afirma. Além dos profissionais formados, as instituições de ensino que oferecem a graduação em Jornalismo também são prejudicadas, pois muitos deixam de estudar pensando apenas na prática que já possuem. A Unisul, embora não esteja diretamente na frente pela exigência do diploma, apoia todas as ações realizadas pelo Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC) e demais representantes da classe. “Com teoria e conhecimento se pode ir mais além. Esta é uma profissão séria e respeitada e por isso deve ser ancorada com o diploma. Afinal, jornalistas com formação conseguem
FOTO: WELLPHOTO /SHUTTERSTOCK
Diploma para exercer
ser mais atuantes em áreas distintas, operam a construção da informação pública de forma ética e correta”, destaca o coordenador do curso de Jornalismo, Mario Abel Bressan Junior. Essa questão se arrasta desde 2009, com profissionais formados e não formados brigando por espaço num mercado extremamente concorrido. No Sul do Estado um grupo de jornalistas resolveu unirse em prol de todos da classe. O Núcleo de Jornalistas do Sul de Santa Catarina (NJSC), cuja responsável é a jornalista Karina Manarin, não está vinculado ao Sindicato, porém tem o apoio do órgão, comunicando a ele os fatos que não estão de acordo com o exercício da profissão. “Nosso núcleo se engaja para colocar em pauta no Congresso Nacional o projeto para que o diploma volte a ser obrigatório. Conseguimos uma palestra com a senadora Ana Amélia Lemos, que apoia a causa e é nossa representante no Senado. Além disso, conquistamos a volta de um representante do Sul na diretoria do SJSC, facilitando assim a nossa comunicação com o Sindicato”, relata Karina. O grupo se comunica com os demais jornalistas através da internet e também já conseguiu aprovar moções em Câmaras de Vereadores para pressionar a votação da matéria do diploma nas casas do Congresso Nacional. A organização máxima do jornalismo, a Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj declarou que a sociedade precisa, tem direito à informação de qualidade, ética e democrática. Isso depende, também, de uma prática profissional igualmente qualificada e baseada em preceitos éticos e democráticos. Por isso a exigência do diploma de curso de graduação de nível superior para o exercício profissional do jornalismo é de extrema importância. Afinal a única maneira de se formar jornalistas capazes de desenvolverem tal prática é através de um curso de graduação. De acordo com a Federação quem ganha com essa revogação do diploma são as empresas de comunicação, que assumem total poder sobre as consciências dos trabalhadores e por consequência de todos os cidadãos. A Fenaj defende a formação profissional em cursos de jornalismo de graduação com quatro anos e completa dizendo que a aprendizagem em Jornalismo deve ser constante e aprimorada durante toda a vida, essa é a base inicial para o exercício regulamentar da atividade e a tudo isso chamamos profissão Jornalismo.
Crônica
Helena warmiling "Todos os dias antes de dormir, lembro e esqueço como foi o dia. Sempre em frente... Não temos tempo a perder" Renato Russo não era jornalista, mas já sabia como ninguém descrever a rotina de um. Opa, mas eu também não sou jornalista. Que gafe. Estudante conta? Oras, nossa vida também é agitada, talvez até mais do que a de um profissional. Só o fato de ter que escolher uma profissão já é uma batalha. Uma vez escolhida você tem que ouvir coisas como: “Mas por que jornalismo minha filha?”, “você não tem ambição não?”, “todo mundo sabe escrever, para que se formar?”. Existem também os deslumbrados: “A nova Fátima Bernardes”, “vai aparecer na televisão”, “minha neta vai ser famosa”. Serei hipócrita em dizer que não pensamos em ser famosos, em brilhar na televisão, porém ao longo do cursoe aprendemos que ser “famoso” em jornalismo é ter “reconhecimento” e “brilhar na telinha” é ter “sucesso profissional”. Somos sim ambiciosos, mas acima de tudo realistas. Acordar cedo, trabalhar, ver seu dinheiro sendo investido na sua profissão, criar contatos, vencer a timidez, encarar câmeras, microfones e luzes, mudar o tom de voz, perder o sotaque, correr contra o tempo e ainda enfrentar o preconceito. Sim, ele existe. Esse monstro social também predomina nas profissões. O fato de você se apresentar como um estudante de jornalismo já lhe da o certificado de “preguiçoso”. Isso mesmo, aquele que não estuda, que não tem regras, faz o que quer e quando quer, enfim, mil e uma inutilidades mentirosas. Ser jornalista é mais do que isso, é ser engenheiro, matemático, economista, político, químico, criativo, publicitário... É ser tudo em apenas um. Você precisa saber de tudo um pouco e não é que nosso curso seja fácil demais, é que amamos o que estudamos. Comunicar é uma arte, poucos sabem e muitos acham que sabem. Engraçado, volto a falar como se já fosse uma profissional. Ainda tenho uma longa caminhada pela frente e um bom tempo até poder dizer de peito estufado e olhos brilhantes: “Sou uma jornalista”. Com direito a diploma, carteirinha, prêmios e quem sabe ainda não nos encontramos às 21h no horário nobre da telinha. Um beijo a todos que um dia duvidaram do verbo “ser jornalista”.
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Unisul TV
oito anos prestando serviços à comunidade Inaugurada em 2006, emissora educativa mantém no ar 12 horas diárias de programação variada e focada na região da Amurel Bastidores
A Unisul Tv conta com 2 estúdios de produção, um fixo para programas diários e outro para programas aonde os cenários são desmontados. Além disso, há duas Ilhas de produção como a da imagem acima.
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PEDRO GARCIA
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esquisa de audiência realizada recentemente coloca a Unisul TV como a emissora líder na preferência entre os moradores das cidades de Tubarão, Laguna e Capivari de Baixo. Os programas com maior visibilidade são os telejornais Câmera Aberta, Canta Viola Sul, Rancho do Canta Viola, Conversa de Botequim, que atingem 50% da audiência. Ao completar oito anos, emissora produz hoje cerca de 12 horas diárias de programação local, mesclando notícias, em quatro telejornais diários, música, infantis, entretenimento, entrevistas e prestação de serviços à população. Para o jornalista e professor Laudelino José Sardá, assessor do Sistema Integrado de Comunicação durante a implantação da Unisul TV, “a implantação da emissora significou o fortalecimento de uma relação institucional com a sociedade. Poucos acreditavam no sucesso, que se consolidou a ponto de cidadãos creditarem à Unisul soluções de problemas da sua cidade. Com os talentosos Laudelino Santos Neto e Joaquim Faraco, o processo de conquista da concessão tornou-se menos difícil, e com Ildo Silva e Rodri-
go Caporal, entre outros, os desafios e a perspicácia ensejaram o êxito e permanente inovação”. A Unisul TV já mudou de casa. Inaugurada em um prédio administrativo da Fundação Unisul, no Centro de Tubarão, foi transferida em março de 2012 para amplo espaço no Bloco Cettal, dentro do campus Universitário de Tubarão. “A grande vantagem da mudança da emissora para o ambiente no Cettal foi a integração aos cursos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda. O aprendizado dos alunos e a atuação dos profissionais da emissora passaram a andar lado a lado”, comemora o diretor da Unisul TV, professor Ildo Silva, coordenador do curso de Comunicação, à época. “A integração da TV e do curso permitiu o crescimento do volume diário de horas produzidas, já que tanto a TV quanto o curso passaram a contar com dois estúdios e dois controles de programação que podem ser usados simultaneamente”, completa Silva. Com o volume da produção diária e a audiência conquistada junto às comunidades, a Unisul TV está entre as principais emissoras educativas de todo o Brasil, mesmo estando instalada em uma cidade pequena (Tubarão tem hoje 100 mil habitantes), em um dos menores estados da federação. A Unisul desejava a instalação da Unisul TV desde 1979. O contrato foi assinado com o governo Federal em 2002. Instalada em setembro de 2006, a primeira imagem foi gerada em caráter experimental no dia 18 de setembro, mesmo dia do primeiro sinal de televisão no Brasil, no ano de 1950. A coincidência do mesmo
canal e do mesmo dia em anos diferentes foi ressaltada pelo reitor da Unisul à época, o professor Gerson Luis Joner da Silveira. “Esta é uma feliz coincidência. Que renda tanto sucesso à nossa emissora quanto teve o sistema de televisão no Brasil”, destacou o dirigente. No dia 30 de setembro de 2006, foi levado ao ar o primeiro programa especial. Às 19h30, sob a coordenação do professor Ildo Silva, o também jornalista Cristiano Gonçalves apertava o botão que colocou no ar as primeiras reportagens no Programa Unisul Repórter de estreia. Foram 90 minutos de textos, imagens e participações dos repórteres Juliana Zumblick, Fábio Cadorin, Edivaldo Dondóssola, Eliane
Gonçalves, Ricardo Dias e Micheli Elias. As reportagens tratavam da Unisul, das cidades da região, da população e suas histórias. No dia 1º de outubro, dia de eleições em 2006, Dom Jacinto Bergmann, Bispo de Tubarão, celebrava a primeira Santa Missa na TV, programa pioneiro que é mantido no ar até hoje. “Que grata surpresa o registro dos 8 anos da Unisul TV. Lembro-me do início; lembro-me da missa de inauguração; lembro-me das missas dominicais; lembro-me dos inúmeros programas dos quais participei. Sinto saudades! Até hoje tenho como referência a Unisul TV: sim, ela conquistou respeito, destaque e admiração nos meios de comunicação, isso muitís-
simo pela garra com que ela sempre foi conduzida desde o início até hoje por esta equipe que são vocês. Meus parabéns!”, comemora Dom Jacinto Bergmann, hoje Arcebispo de Pelotas (RS). Logo após a Santa Missa na TV, a emissora dedicou mais de sete horas do domingo à cobertura das eleições de 2006, sob o comando do jornalista e professor Rafael Matos. A partir da segunda-feira, dia 2 de outubro, dezenas de programas em milhares de edições vão ao ar de maneira regular e com o compromisso de informar, entreter, abrir debates e promover o crescimento intelectual e cultural dos moradores das cidades que recebem os sinais do Canal 4 e do Canal 26.
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assessoria de imprensa 2.0 Como as mÍdias sociais influenciam o trabalho dos assessores BRUNO TOMAZ DE SOUZA
Web 2.0
termo popularizado pela empresa americana O'Reilly Media 2004.
Conceito
Medias que permitem a interação com o usuário.
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acebook, Twitter ou Instagram? Qual a melhor ferramenta para a assessoria de Imprensa nos dias de hoje? E os tradicionais releases, como ficam? Em tempos onde a web está presente na vida de todos, a assessoria de imprensa teve que se adaptar para manter-se próxima dos leitores. Com a consolidação da web 2.0, revolução que fornece aos navegantes mais criatividade, compartilhamento de informação e colaboração, o assessor de imprensa precisou acompanhar esta transformação, tornando-se mais presente no meio digital. Ele não fala mais só com jornalistas. Ele deve levar a marca do seu cliente diretamente ao consumidor que hoje tem uma poderosa arma nas mãos: as redes sociais. Para esta comunicação, o profissional deve dominar precisamente os novos recursos tecnológicos e, sobretudo, entender de relaciona-
mento. Antes da massificação da Internet, os requisitos para ser um bom assessor eram a passagem pelas redações, ter “jogo de cintura”, contatos e, principalmente, um bom texto e argumentação. Hoje, além dessas características, um bom assessor deve, também, ter visão, saber elaborar um planejamento estratégico e ter conhecimento das mídias sociais. Atender às necessidades dos clientes e dos leitores continua sendo a prioridade na atividade do assessor de imprensa. Cabe a quem comunica montar e organizar de que forma as redes sociais serão aliadas das mídias tradicionais e, sobretudo, identificar a quem a mensagem está sendo repassada. Assessoria 2.0 não é substituir meio e conteúdo: é agregar conhecimento. Os fenômenos das mídias sociais e sites especializados não anulam estratégias focadas no mundo offline, pelo contrário, o andamento conjunto das plataformas permite uma amplitude de negócios ainda mais abrangente.
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FOTO: LLILY PIESZECKI
Maurício de Oliveira mostra com orgulho a rádio comunitária em que trabalha.
+a voz de quem ouvia Uma sugestão que poderia ser o lema de todas as rádios comunitárias do País LILLY PIESZECKI
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objetivo principal para quem trabalha com este meio de comunicação é fazer repercutir a opinião de quem dificilmente tem oportunidade de falar. As rádios comunitárias brasileiras travam uma batalha constante com os governos e as rádios comerciais abrigam interesses nada comunitários e carecem de profissionalização. A despeito dos problemas e da falta de organização do setor, em grande parte clandestino, elas provam que o sonho da democratização da informação não precisa de muito luxo para ser realizado. Organizações sem fins lucrativos,
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ONGs, entidades assim como a própria comunidade garantem a democratização da notícia através de rádios comunitárias. Uma caixinha de som no alto de um poste e uma ideia na cabeça – essas são as ferramentas que as rádios comunitárias usam para garantir os direitos humanos nas comunidades. Através de programas educativos e de apuração de notícias de interesse comum, elas levam informação, educam e promovem uma comunicação mais democrática. As equipes de trabalho desses veículos são compostas por voluntários que promovem iniciativas de desenvolvimento local. A informação, geralmente, é coletada através de meios de comunicação como TV, jornal impresso e, até mesmo, de outras rádios. Além disso, as emisso-
ras contam com a colaboração de moradores, que participam divulgando eventos ou fornecendo suporte ao projeto. A resposta das rádios comunitárias é tão positiva nas comunidades que até mesmo ONGs fazem uso desse meio como uma forma de ter mais voz junto aos bairros que atendem. Essas instituições, portanto, conseguem mais efeito em seus projetos, uma vez que contam com a ajuda de meios como as emissoras de rádio. No entanto, a realidade das rádios comunitárias representa outra face do panorama de comunicação nacional, em que as concessões têm acesso limitado e são mantidas com dificuldades. As verbas para sustentar as emissoras vêm quase que exclusivamente de enti-
dades sem fins lucrativos. Hoje, algumas instituições já têm sinal de rádio, jornais e revistas. Outras agem dentro daquilo que lhes é possível, fazendo uso de um sistema improvisado de caixinhas de som espalhadas pelos postes das comunidades para, assim, transmitirem suas programações. Essa simplicidade de operação do rádio tem um lado positivo. As notícias chegam rapidamente à população, o que garante resposta imediata do ouvinte. Esses foram os pontos que fizeram com que algumas entidades assistenciais escolhessem o radialismo comunitário como maneira de garantir os direitos sociais nas comunidades. Entre as instituições do sul de Santa Catarina
“Antes a comunicação era limitada, hoje há uma valorização maior da diversidade cultural do lugar. Todo mundo tem direito à cidadania”
democratizando a comunicação está a Associação Cultural Comunitária Garopabense de Comunicação. A rádio Garopaba FM está no ar desde 2000, após a aprovação da lei que regulamenta as rádios comunitárias, onde um grupo de lideranças comunitárias, escolhidos em uma assembleia, fizeram arrecadações de valores para a compra de equipamentos e colocar o projeto em prática. Gerida por integrantes e voluntários, a emissora tem como objetivo, receber e transmitir informação aos moradores da comunidade de Garopaba, fazendo uma seleção de notícias de interesse público e dando prioridade aos acontecimentos locais. O projeto foi montado ao lado da Igreja Matriz, localizada no centro histórico de Garopaba. Os radialistas voluntá-
rios veiculam as notícias através de uma emissora cultural comunitária que mantêm a comunidade informada sobre a realidade política, social e econômica do bairro e comunidades vizinhas. O diretor geral da Associação Cultural Comunitária Garopabense de Comunicação, Joaquim Rogério de Oliveira, explica que o rádio promove os direitos humanos na comunidade, dando voz ativa ao povo através das programações. “O programa Bom dia Cidade está voltado ao público mais velho, oferece informações, músicas sertanejas antigas, interação com a comunidade, horóscopo, futebol catarinense e local. Já o Conexão Garopaba prioriza a democratização da voz da comunidade, cultura e notícias do Estado de Santa Catarina e divulga os eventos da comunidade, faz entrevistas e fornece a previsão do tempo. A rádio também abre espaço para discutir política. Nesses programas, qualquer pessoa pode chegar lá e expor sua opinião”, relata Joaquim. Segundo Maurício Dapper de Oliveira, radialista da Garopaba FM a criação da rádio comunitária mudou a autoestima dos moradores. “Antes a comunicação era limitada. Hoje há uma valorização maior da diversidade cultural do lugar. Todo mundo tem direito à cidadania”.
Qual o objetivo?
De acordo com o Artigo 1º da Lei Nº 9.612/98 o serviço de Radiodifusão Comunitária restringe-se a irradiações em Frequência Modulada, de alcance limitado a, no máximo, 1 Km a partir de sua antena transmissora, criada para proporcionar informação, cultura, entretenimento e lazer a pequenas comunidades.
Quem pode executar o serviço? LEGISLAÇÃO É importante saber o que a lei tem a dizer sobre esses meios alternativos de praticar jornalismo
As Fundações e as Associações Comunitárias, sem fins lucrativos, legalmente constituídas e com sede na comunidade onde pretendem executar o serviço.
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O curso de comunicação e a universidade O curso de jornalismo da Unisul tem sido destaque na formação e qualificação de profissionais de imprensa
Joca Guanaes da agência DM9 foi um dos convidados do evento
NILTON VERONESI
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FOTO: NILTON VERONESI
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Comunicação Social é o curso que tem dado mais visibilidade a universidade”, essas palavras são do diretor do campus da Unisul, Heitor Wesing, durante a apresentação do Projeto Integrado, evento realizado no final de cada primeiro semestre. E de fato tanto os cursos de Publicidade e Propaganda, quanto o de Jornalismo têm atraído a atenção de jovens, pela qualidade de ensino, envolvimento de professores e alunos e estrutura disponibilizada pela universidade. Esses fatores são de suma importância tanto para aluno quanto para instituição, pois de um lado universitários saem mais preparados para o mercado de trabalho e a instituição tem o reconhecimento do ensino com o ingresso de novos estudantes.
Sabendo da importância e da missão de cada curso, a universidade se mantém atenta às novidades de cada área, e dá a liberdade para os educadores proporem atividades que potencializem o saber do estudante. Na Comunicação Social, por exemplo, eventos como Projeto Integrado, Insônia Produtiva e Festival Plus colocam o futuro jornalista ou publicitário em situações reais do mercado de trabalho. “Para mim, a excelência da comunicação está na condição essencial de uma sociedade livre, democrática e autentica em seus valores e cultura. Nesta linha, entendo que este nosso curso vem atendendo a sua missão de formar bem os seus egressos”, salienta o Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos, professor Valter Alves Schmitz Neto. Muitos jovens preocupam-se com a
falta de experiência, geralmente, determinante para a conquista de uma vaga no mercado. Esse fator é minimizado quando a própria universidade dá oportunidade em seu quadro a universitários e formandos. “Temos diversos profissionais egressos contratados em suas áreas especificas e também temos contratos com dezenas de veículos em que profissionais formados na universidade são as principais referências. O interessante é que muitos dos profissionais formados e que adquirem experiência na Unisul, logo são disputados pelo mercado especializado”, analisa o professor Valter. Criatividade e integração são características que têm presença assídua no projeto pedagógico elaborado por professores a cada semestre. “Para ser jornalista, o profissional precisa de certos conhecimentos e isso quem regulamen-
ta é o Ministério da Educação. Aliado a isso, pensamos no caráter regional e nacional de onde o curso está inserido, sempre pensando na prática da profissão e ensinando para atuar em qualquer parte do Brasil”, frisa o coordenador do curso, professor Mario Abel Bressan Júnior. Aliar o plano didático com a prática tem sido importante na propagação da qualidade do ensino proporcionado pela Unisul. “O número de ingressos e egressos e o alto índice de empregabilidade nos dão a certeza de estarmos no caminho certo”, destaca. O dia a dia de um jornal ou de uma agência, gravações de matérias televisivas mostrando como a comunicação pode influenciar na sociedade, organização de eventos, assessorar empresas na propagação da sua marca, criação de spots. Muitos pensam que essas ativida-
matéria jornalística, de mostrar como é a profissão na prática. Já a badalada Insônia Produtiva, coloca equipes formadas por estudantes de jornalismo e publicidade e propaganda misturados a cumprirem tarefas determinadas pelos professores do curso, e posteriormente passarem pela avaliação de profissionais credenciados da área. E o Festival Plus dá a oportunidade ao acadêmico de organizar um evento com workshops, palestras, painéis, mostrando à comu-
nidade acadêmica a importância dos profissionais de comunicação, além de colocar em prática o que foi aprendido em sala de aula. “Eventos como o Plus Projeto Integrado e Insônia Produtiva, são ações de ensino e extensão que mostram quanto é importante aproximar o mercado de trabalho da sala de aula. Os alunos praticam, aprendem e se divertem com o que é oferecido a eles. Tenho certeza que se tornam mais profissionais”, enfatiza o coordenador.
des somente serão executadas depois de quatros anos de estudo. A verdade é que os acadêmicos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda vivenciam essa realidade periodicamente. Além dos laboratórios de fotografia, TV e rádio, a coordenação do curso, junto com os alunos, promovem eventos similares ao cotidiano destes profissionais. O Projeto Integrado, realizado geralmente nos primeiros semestres, incumbe cada turma, através de uma peça publicitária ou
FOTO: NILTON VERONESI
Projeto Integrado, Insônia e Plus são sucessos de organização e aprendizado
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Realidade,
FOTO: PABLO GOMES/ARQUIVO PESSOAL
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Sonho e dedicação Depois de 12 anos de atuação, o Jornalista Pablo Gomes afirma estar realizado e traça novos planos para o futuro
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uinze anos após começar a cursar Jornalismo na Unisul, Pablo Gomes se considera um profissional bem-sucedido. Com 32 anos, casado e pai de uma filha, trabalha na sucursal de Lages do Diário Catarinense. Dos tempos em que morou em Tubarão, relembra os amigos e tudo que pode aproveitar da universidade. Em 1999, quando veio de Correia Pinto, cidade próxima à Lages, Pablo passou por várias outras atividades antes de atuar na área. Com 17 anos, começou a trabalhar como office-boy. Após um ano e meio passou a ser bolsista do DCE – Diretório Central dos Estudantes - da Unisul onde cursava Jornalismo. Neste período começou a escrever uma coluna quinzenal de variedades no jornal Tribuna Sulina. Em outubro de 2001 ingressou na Caité Indústria Têxtil, onde trabalhava como operador de máquinas. Até que
em janeiro de 2002 começou como repórter da editoria de Geral do jornal Notisul. Segundo o jornalista, o que conseguiu foi devido ao seu esforço em sala de aula. “Minha facilidade com a ortografia, aliada à produção textual. Isso levou meu então professor de Redação Jornalística, também sócio-proprietário do Jornal Notisul, a me convidar para trabalhar com ele”. Gomes passou por todas as editorias até ser editor-chefe, cargo que exerceu por dois anos. Em maio de 2006, foi convidado para trabalhar como repórter esportivo no Jornal da Manhã, em Criciúma. Apenas três meses depois veio a proposta para assumir a sucursal de Lages do Diário Catarinense, onde está há oito anos. Para o futuro, o repórter gostaria de trabalhar com radiojornalismo e pensa também em conseguir uma oportunidade em grandes jornais nacionais. Hoje ele se considera um profissional realizado. “Eu tinha o sonho de cobrir uma
missão da ONU numa área de conflito, e isso eu consegui em 2011, quando fui ao Haiti pelo Diário Catarinense. Já conquistei vários prêmios estaduais e nacionais”. Mais adiante, Pablo planeja voltar às salas de aula. Contudo, desta vez será como professor, repassando a experiência que conquistou. Quando questionado sobre o fim do Jornalismo impresso, Pablo acredita que dificilmente acontecerá. Na opinião dele o público dos impressos é diferente. Na internet dificilmente as pessoas param para ler um artigo grande. Já quem lê os jornais está mais habituado com a prática de grandes textos. O jornalista afirma que no futuro o repórter não apenas noticiará o fato, mas tentará desvendá-lo em três, quatro, dez páginas bem elaboradas para prender o leitor. “Não abro mão de sujar meus dedos de tinta – ainda que cada vez mais eu seja obrigado a deslizá-los sobre pequenas telas planas”, brinca o repórter falando sobre os jornais de papel. FOTO: PABLO GOMES/ARQUIVO PESSOAL
IURI CASTELAN
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e as perspectivas da PROFISSÃO AMANDA BECKER
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fotojornalismo é um ramo da fotografia utilizada pelos jornalistas, a fim de transmitir informação clara e objetiva por meio de imagens. A fotografia jornalística não deixa dúvida, é autoexplicativa e, muitas vezes, a melhor testemunha para expor determinada situação. A visão geral sobre o profissional da área normalmente é romantizada, como uma pessoa que com seu trabalho pode “mudar o mundo”. Mas na prática a realidade se mostra bem diferente. Atualmente o mercado de trabalho, da fotografia e do jornalismo, tem mudado muito com o advento da era digital. © vege - Fotolia.com O acesso à informação e a facilidade #51176198 de obter imagens instantâneas e de boa qualidade fez com que o jornalismo e a fotografia, de certa forma, fossem desvalorizados. Pois qualquer pessoa com um smartphone em mãos pode divulgar uma notícia e imagens no momento do acontecimento. Agora é hora dos profissionais
Pesca da tainha em Garopaba Junho de 2012.
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A era digital vem alterando
muitos conceitos e isso não foge da realidade da fotografia jornalística
da área correrem atrás para terem ainda mais velocidade, qualidade e dedicação para mostrar um diferencial. Há 15 anos Alan começou a trabalhar nos jornais da região de Criciúma (SC), como diagramador. Lá conheceu o trabalho do fotógrafo Maurício Vieira e decidiu seguir a profissão. Foi quando começou a fazer wokshops no Rio de Janeiro e São Paulo, além de investir em equipamentos de qualidade, o que julga de extrema importância. Foi freelancer de vários veículos de comunicação, como O Globo, Folhapress e Grupo RBS. Hoje trabalha como stringer (uma espécie de repórter irregular) da Getty Images, que é uma agência internacional de fotografia. Apesar de toda experiência, Alan acredita que para obter uma bela fotografia jornalística também é necessário ter sorte. “Momento certo e lugar certo, com sorte, podem fazer sim uma foto que lhe dê fama e prêmios”, declara o fotógrafo. Alan ainda alega que, principalmente no cenário atual, é necessário se utilizar da arte, como o olhar particular que faz
o diferencial no seu registro. “É também imprescindível boa composição, contraluz e efeitos de velocidade. São artifícios que têm sido muito usados para dar um efeito diferente de apenas um registro de imagem”, ressalta. Sobre o acesso e qualidade dos equipamentos amadores, Alan acredita ser positivo pela velocidade em que é capaz se fazer um registro e divulgar. Porém diz que um dos lados prejudiciais é a possibilidade de uma pessoa comum, com apenas um celular, fazer um registro factual e doar a imagem para uma redação, atrapalhando o trabalho e dedicação do fotógrafo profissional. “Todos podem se considerar um fotógrafo, mas o mercado sempre irá filtrar aqueles que têm um diferencial”, comenta. E para os que estão começando nesta carreira, Alan acredita que para ter sucesso é necessário muita vontade, determinação e estar ciente de que receberá pouco retorno inicialmente. “Um bom equipamento é essencial, bem como estudar, ler muito e se aperfeiçoar”, finaliza.
FOTO: AMANDA BECKER
Fotojornalismo
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Freelancer
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FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Edivaldo Dondossola passou quase três anos no famoso “freela”.
A prática leva À perfeIção Jovem do sul de Santa Catarina tem seu trabalho reconhecido nacionalmente BEATRIZ JUNCKLAUS
É
difícil imaginar um jovem estudante do interior de Santa Catarina se projetar tão rápido e logo alcançar o que muitos profissionais com anos de carreira ainda não conseguiram: fazer matérias para o principal jornal do país, o Jornal Nacional. Este é Edivaldo Dondossola, natural de Forquilhinha, formado no curso de Jornalismo da Unisul de Tubarão há sete anos. Hoje, ele é modelo para um telejornalismo diferenciado e que vem ganhando destaque na televisão. Edivaldo começou sua carreira na Unisul TV quando ainda cursava a 7ª fase de Jornalismo. Trabalhou por três anos, e por causa de seu histórico na
emissora, conseguiu uma vaga como freelancer na RBS TV de Criciúma. Trabalhou durante três meses na TV Bandeirantes também em Criciúma, até que foi chamado para ingressar na RIC Record. Após dois anos e meio, conseguiu uma vaga na RBS TV de Florianópolis, em 2012. Segundo Edivaldo, o estágio teve fundamental importância na sua trajetória. “A Unisul TV foi a minha primeira escola de jornalismo, aprendi muita coisa. Todo aluno que tiver condições de fazer um estágio não deve deixar a oportunidade passar. Mesmo a remuneração sendo, na maioria das vezes baixa, tem que investir nisso. O mercado é cruel, procura por pessoas com experiência”, disse. “Jornalismo é vocação. As pessoas querem aparecer na TV, o reconhe-
cimento é legal, mas é só a ponta do iceberg. A profissão não é glamorosa, muito menos fácil. Já fiquei oito meses trabalhando em uma matéria de investigação onde um Deputado Federal era acusado de pedofilia. Tem que ter vocação, porque somos repórter 24 horas”, comenta. Praticar é sempre muito importante, em qualquer profissão. Na de jornalista é essencial, de acordo com Edivaldo. Espelhar-se em profissionais que já atuam na área, observar como eles fazem o jornalismo e treinar, mesmo que seja sem a ajuda de um profissional especializado, é fundamental. “Quando eu estava na universidade praticava muito em casa, tanto a fala quanto a expressão facial, e procurava ter exemplos de jornalistas para me espelhar”, lembra.
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
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IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO “A Unisul TV foi a minha primeira escola de jornalismo, aprendi muita coisa. Todo aluno que tiver condições de fazer um estágio não deve deixar a oportunidade passar: Mesmo a remuneração sendo na maioria das vezes baixa, tem que investir nisso”.
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FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Uma jornalista em busca de novos desafios Corajosa, inquieta, criativa e muito ativa. Assim podemos definir Laura Peruchi Mezari, 28 anos, formada no curso de jornalismo da Unisul campus Tubarão. Começou como estagiária dedicada, seguiu para a área da pesquisa, passou pela assessoria de imprensa, mas foi no ramo da moda e da beleza que ela conseguiu colocar toda a sua energia ao montar o seu próprio blog, que era um sonho. Hoje Laura mora em Nova York, e está sempre em busca de novos desafios. FRANCIELE MATOS Onde surgiu o interesse pelo curso de jornalismo? Laura: Desde que me “entendo por gente” tinha o sonho de ser jornalista. Sempre gostei muito de língua portuguesa, história e geografia. Curtia escrever. Na escola, em duas oportunidades desenvolvi trabalhos que já mostravam meu interesse pela área. Um jornalzinho ambiental e um telejornal sobre história. Também costumava recortar figuras e montar minhas revistas. Aliás, revistas sempre foram minha paixão. Lembro que aos 12 anos já assinava a revista Capricho e esperava pelas edições ansiosamente.
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O que é jornalismo para você? Laura: É comunicar, buscar o novo, fazer tudo isso na base da ética, transparência e excelência. Quais os momentos mais marcantes na sua trajetória profissional? Laura: Um dos momentos importantes foi quando fui convidada a escrever uma coluna de moda no Diário do Sul e também quando fui convidada a cobrir a Colombiatex, maior feira têxtil da América Latina, na Colômbia. Foi onde pude colocar em prática meus conhecimentos de inglês e espanhol e fiquei orgulhosa de mim mesma em dar conta do recado. Quais as dificuldades que você vê na profissão?
Laura: A falta de reconhecimento. Hoje, parece que qualquer pessoa pode escrever e também pode cuidar de mídias sociais. Não valorizam o trabalho de um profissional. O salário do jornalista ainda é muito baixo em algumas regiões do Brasil. Conte um pouco da sua trajetória profissional? Laura: Prestes a ir para o segundo semestre da graduação, estava trabalhando em uma loja no comércio de Tubarão e surgiu uma bolsa de pesquisa no curso, por um dos programas da Unisul Em seguida, fiz processo seletivo para uma vaga de estágio na empresa de consultoria júnior da Unisul e fui selecionada. Logo surgiu uma vaga para
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
“Eu sempre gostei de revistas e tinha dentro de mim aquele sonho, ideal, de trabalhar em uma.” Laura Peruchi
a Acref. Depois fiz estágio no Sinpaaet, sindicato dos professores, para trabalhar com o site e diagramação (área que eu adorava). Fiquei lá até o penúltimo semestre do curso, quando passei para o meu primeiro emprego na área com carteira assinada, na Tecmedia. Foi uma experiência muito bacana. Fui indicada para uma vaga na assessoria de imprensa da Idcom, um dos meus maiores desafios profissionais. Atendia vários clientes, inclusive alguns com projeção nacional. Ao mesmo tempo, o Sinpaaet me chamou novamente para assumir a assessoria de imprensa, agora não mais como estagiária e sim como jornalista. Conciliava o trabalho nos dois locais. O Hospital Socimed era um dos clientes da Idcom, depois de dois anos na agência, fui convidada a assumir o até então inexistente setor de comunicação da instituição. Fiquei lá por pouco mais de 1 ano e era responsável pela assessoria de imprensa, comunicação interna e promoção de eventos, parte que eu adorava! Só que durante o tempo no Socimed foram surgindo mais clientes
de assessoria de imprensa e mídias sociais e chegou uma hora em que tive que tomar uma decisão. Sabia que não tinha mais o que crescer dentro do hospital e estava cansada da rotina dupla. Então, arrisquei. Saí do hospital para me dedicar aos meus clientes e me dediquei ao trabalho home office desde então. Fui gostando cada vez mais da área de mídias sociais e de moda e, neste meio tempo, fiz uma especialização em Cibermídia e também criei meu blog, que já tem quatro anos. Ainda no período em que estava no Socimed surgiu o convite da coordenação de Jornalismo para lecionar no curso, uma honra! Fui professora de mídias digitais e jornalismo na web. Como surgiu a ideia do blog? Laura: Eu sempre gostei de revistas e tinha dentro de mim aquele sonho, ideal, de trabalhar em uma. Quando estava trabalhando na Idcom, comecei a descobrir o mundo dos blogs e passei a acompanhar vários. Sempre curti beleza e cosméticos e pensava: “ah, se eu
tivesse um blog, faria assim”. Um dia simplesmente parei de pensar e decidir ter o meu. O que te motiva a continuar nessa carreira? Laura: Eu não sei dizer ao certo. Porque eu acredito que, acima de tudo e em qualquer profissão, você tem que ter a habilidade de se moldar ao que está acontecendo. Não adianta ficar parada no tempo. E a gente não pode parar de estudar. Acho que precisamos ser criativos, empreendedores, usar nossos conhecimentos para o novo. Qual a dica que você daria para quem gostaria de seguir nesta área? Laura: Gostar do que faz, acima de tudo, pois não considero uma profissão fácil. Também diria para caprichar muito na escrita e dedicar-se a aprender bem a gramática de nossa língua. Estudar línguas estrangeiras, principalmente. E muito importante, faça networking, conheça pessoas, relacione-se, isso é importante demais na nossa área.
l www.lauraperuchi.com
laura peruchi
28 anos, jornalista e morando em Nova Yorque.
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Acesse
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As mulheres e o jornalismo esportivo Assim como em tantas profissões, elas batalharam, sofreram preconceito e hoje estão perto de dominar mais uma área de formação CAROLINA DOS SANTOS
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FOTO: FARAWAYS / SHUTTERSTOCK.COM
s fãs de futebol e frequentadores dos estádios do Brasil e do mundo estão cada dia mais acostumados com a presença feminina no mundo futebolístico. Seja na torcida, na comissão de arbitragem ou na mídia, as mulheres têm chamado atenção pelos gramados. Na final da Copa do Mundo de 2010, Iker Casillas, goleiro da seleção espanhola, roubou a cena ao beijar a namorada, repórter Sara Carbonero durante entrevista sob os olhares atentos de câmeras do mundo inteiro. A repórter da Espanha voltou ao Brasil em 2014 para realizar a cobertura da seleção espanhola na Copa e foi assediada pela torcida na chegada ao aeroporto, no hotel e nos estádios. O assédio com as jornalistas, porém, não se limita à belíssima espanhola. Em entrevista recente a um veículo de comunicação, a repórter
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de esportes da rádio CBN, Mayra Siqueira afirmou já ter recebido até convites de namoro e casamento pelos estádios do país. “Durante a cobertura do jogo Criciúma x Atlético Paranaense pelo campeonato brasileiro de 2013 recebi elogios, cantadas, pedidos de namoro, número de telefone e muitas fotos. Apesar da noite quente, me vesti adequadamente para ocasião. Observei, porém, que algumas repórteres usavam roupas curtas, como shorts e blusas decotadas para um jogo que iniciou às 21h, em novembro em um dia não muito quente”, conta. De acordo com Alexandre Machado, sócio e torcedor do Criciúma, o comportamento das jornalistas em campo influencia no assédio da torcida. “Quando olhamos para as pessoas no gramado só vemos homens, as repórteres são as poucas mulheres em campo. Se a mulher é bonita já ajuda, mas algumas se vestem de maneira chamativa, não tem como
não provocar”, relatou o torcedor. Já Telma Lambert, torcedora do Internacional, garante que as besteiras que escuta na arquibancada sobre as repórteres são ainda piores. “A torcida provoca, mas lá no meio a gente escuta comentários bem mais pesados. Os homens não respeitam mesmo, acho que é a única coisa que faz eles perderem a concentração do jogo”, afirmou a gaúcha. A primeira mulher a trabalhar como repórter em um estádio de futebol foi Regiani Ritter, em 1986. Desde então as jornalistas vêm preenchendo o mundo dos esportes nos veículos de comunicação do mundo inteiro. Os principais programas esportivos da televisão já contam com uma mulher na equipe. Fernanda Gentil foi a escolhida da maior rede de televisão do Brasil para cobrir a seleção brasileira na Copa do Mundo. Provas de dedicação e profissionalismo do sexo feminino que, apesar dos preconceitos, continua vencendo barreiras no jornalismo esportivo.
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