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PER MEAB MODELO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM DIRETRIZES SUSTENTÁVEIS HABIT AB ILIDA DE
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SUST URB ANO ABE RTA SIDA TIPOL DE DE JUNIO FERRACINI CARDOSO
ÓGICA 2016
VIT
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DE DADE
CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA ARQUITETURA E URBANISMO
MODELO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM DIRETRIZES SUSTENTÁVEIS
JUNIO FERRACINI CARDOSO
cod. 4004342
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro universitário Moura Lacerda para cumprimentos das exigências para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Professora Maria Lídia Guimarães.
Ribeirão Preto - SP 2016
SU MÁ RIO
1 .1 .2 .3 .4
Habitação de Baixo Custo
09
Revisão Histórica Reforma Social Padrão Moderno Novos Modos de Morar
09 10 10 11
INTRODUÇÃO
2 3
Sustentabilidade Social
.1 Qualidade e Sustentabilidade na Moradia .1.1 Arquitetura para Todos .1.2 Casas que Fazem Cidades .1.3 Urbanização e a Produção de Habitações Sociais .1.4 Um Incentivo à Diversidade .1.5 Impactos socioeconômicos .1.6 Do Ponto de Vista do Usuário
4
Sustentabilidade na Arquitetura
.1 Construção Sustentável .1.1 materiais e insumo .1.2 Resíduos .1.3 Sistemas Construtivos .1.4 Infra estrutura urbana 19 .1.5 Acessibilidade .1.6 Conforto Térmico 19 .1.7 Conforto Visual
5
. 1 Conclusão
7
14 15 15 16 16 17 17 17
22 22 23
Considerações finais
25
6
27 38
Programa de necessidade
14
20 21 21
Repensando as habitações de interesse social
Levantamento Morfológico
06
25
Referencia Projetuais
.1 Conclusão
53
8
Projeto
.1 Estrutura .2 Fechamento .3 Cobertura .4 Recursos naturais .5 Considerações finais .6 Projeto e ilustrações Referências
40 52 55 56 57 58 58 62 62
AGRADECIMENTO Agradeço a Deus que me proporcionou condições para que eu pudesse me doar ao máximo para alcançar meus objetivos. A meus pais que são meus pilares. A minha esposa que sempre acreditou na minha capacidade. A toda minha família que indiretamente participou e compreendeu minha ausência em alguns momentos. A Prof. Maria Lídia Guimarães que me acompanhou durante a reta final do curso me orientando com conhecimento e a liberdade necessária para que eu me esforçasse o máximo para desenvolver meu trabalho. A todos os professores que eu tive o prazer de ter participado das aulas tentando absorver o máximo de conhecimento. Aos funcionários que são parte vital para o funcionamento e manutenção da universidade.
RESUMO A habitação de interesse social se tornou uma questão problemática desde o período de industrialização, se tornando um instrumento de exploração até os dias atuais. No período industrial era um instrumento para domesticar os trabalhadores, usado para manter o proletariado trabalhando como escravos e em condições precárias, posteriormente houve a inversão do espaço campo e cidade, as pessoas que viviam no campo migraram para as cidades com a utopia de acumulo de riquezas, esse fenômeno fez com que a necessidade de moradia crescesse desenfreadamente causando um impacto enorme nas cidades. Em meio a essa inversão do espaço, o agente provedor de moradias passaria do Dono de Indústria para o Estado e a iniciativa privada e junto veio à especulação imobiliária, onde o objetivo era a valorização dos lotes urbanos a qualquer custo. As moradias como instrumento de domesticação e enriquecimento somados com o déficit habitacional refletiram diretamente na qualidade do espaço das habitações e das cidades, com soluções arquitetônicas e urbanísticas ruins e materiais de baixa qualidade, produzindo uma paisagem monótona e de pouca interação com a cidade, um exemplo dessas características são os conjuntos habitacionais da CDHU, que geralmente são implantados nas periferias da cidade com pouca ou nenhuma oferta de produtos, serviços e equipamentos de lazer ou recreação. Assim com as habitações a sociedade também passou por alterações ao longo do tempo, as atividades que antigamente se fazia fora de casa passou a ser anexada a moradia mudando a forma de vida e desfragmentando o modelo de familiar patriarcal do século passado. Novas necessidades, novos hábitos, novos modos de morar são diretrizes que indicam a necessidade de revisão do modelo de habitação social proposto. Um modelo menos agressivo ao meio ambiente, inserido em áreas fragmentadas da cidade aproveitando a infraestrutura e aberto para a cidade onde os moradores da vizinhança e do próprio conjunto se apropriem do local fazendo dele uma extensão de suas casas.
ABSTRACT The social interest housing has become a problem since the industrialization period, becoming an instrument of exploration to the present day. In the industrial period was an instrument to tame the workers, used to keep the proletariat working as slaves and in precarious conditions, later there was the reversal of the field and space city, people living in the countryside have migrated to the cities with the utopia of accumulation of wealth, this phenomenon caused the need of housing to grow rampantly causing an enormous impact in the cities. Amid this reversal of the space, the House would pass the provider agent Owner of industry to the State and the private sector and along came the real estate speculation, where the objective was the promotion of urban lots at any cost. The villas as an instrument of domestication and enrichment coupled with the housing shortage reflected directly on the quality of the space of dwellings and of the cities, with architectural and urbanistic solutions bad and low-quality materials, producing a monotonous landscape and little interaction with the city, an example of these are the characteristics of the CDHU housing estates, which are usually deployed on the outskirts of the city with little or no product offering, leisure amenities or recreation. So with the Housing Society also underwent changes over time, the activities that once did outside of the House became attached to housing changing the way of life and defragmenting the patriarchal family model of the last century. New needs, new habits, new ways of living are guidelines that indicate the need for revision of the proposed social housing model. A model less aggressive to the environment, inserted into fragmented areas of the city taking advantage of the infrastructure and open for the town where the residents of the neighborhood and set take ownership of the site making it an extension of their homes.
IN TRO DU CÃO
6
A expansão da mancha urbana cria um cenário ideal para e o desenvolvimento das cidades, aumentando a demanda de serviços e a oferta de emprego, essas ações são instrumentos que instigam a migração inter-regional com promessa de acumulo de riquezas e em busca de melhores condições de vida. Esse fenômeno antecede outro fenômeno urbano, a superlotação das cidades, resultando em vários problemas de infraestrutura para atender a nova demanda da população urbana, dentre eles, o déficit de moradia. A falta de habitações contribuiu para o rápido crescimento de assentamentos irregulares e habitações precárias, disseminando um processo de favelização das periferias. Diante dessa problemática os esforços do Estado com programas sociais para produzir habitações expressas e de má qualidade técnica e funcional são indiscutivelmente insuficientes para acompanhar a demanda sempre crescente. (PALERMO et al. 2007. Não paginado) Atualmente ainda é possível ver semelhanças no conceito de compartimentação e distribuição espacial das habitações, características herdadas das habitações e costumes dos séculos anteriores, ou seja, em determinado momento da historia as famílias assumiram um papel compatível com oque à sociedade exigia, esse comportamento reflete no modo de morar, fazendo com que cada período da nossa historia adquira uma característica legítima do seu tempo, como por exemplo, a família patriarcal ou nuclear, onde havia uma hierarquia, a sociedade classifica esses conceitos como modelos de família. Outro exemplo é a modelo de habitação tripartida, onde os compartimentos são divididos em três partes; serviço, social e intimo. (VILLA et al. 2013, p. 124) Segundo Villas (2013), o modelo Tripartido é caracterizado da seguinte forma: Desde sua concepção, em meados do século XVIII, é entendido que tal organização espacial demanda espaço para funcionar plenamente, de maneira que as referidas áreas não se confundam e gerem problemas funcionais na casa. Nesse sentido, o modelo Tripartido é geralmente eficiente para habitações de classe média, que dispõem de recursos financeiros e espaciais para a tripartição de espaços em áreas de prestígio, isolamento e rejeição. (VILLA et al. 2013, p. 124)
A forma de morar contemporânea requer uma revisão profunda nas soluções de desenho e nas técnicas construtivas. Tais soluções devem aliar habitabilidade, ambientes flexíveis, tecnologia, e principalmente conhecer as necessidades dos usuários, para possibilitar o desenvolvimento de projetos que proporcione qualidade e conforto, evitando a insatisfação e consequentemente a desfiguração do projeto original. Outra questão importante é a viabilidade econômica tornando o empreendimento interessante para a iniciativa pública ou privada. Segundo Villa (2013) as propostas valorizadas são as que apresentam menor valor do imóvel. E para tornar o empreendimento viável economicamente as habitações são projetadas de forma a reduzir a qualidade, resultando no emprego de materiais de baixo desempenho e na adoção de soluções espaciais que seguem o tradicional modelo tripartido, resultando na incompatibilidade da tipologia com os usuários.
baixo índice de resíduos de construções, entre outros, seguindo um caminho mais sustentável, desde o beneficiamento dos materiais até o termino da obra. (TOLEDO, et al. 2015, p. 20) O termo sustentabilidade usado de forma exaustiva, principalmente nas discussões de áreas da construção civil. Porém Sustentabilidade é definida como o uso consciente de qualquer recurso físico ou abstrato de forma que supra as necessidades atuais sem prejudicar as gerações futuras. Entretanto a sustentabilidade não só se limita ao meio natural, mas também trata questões sociais fundamentais para o desenvolvimento da sociedade sem discriminação e preconceito, e sustentabilidade econômica, onde a otimização dos recursos financeiros e a viabilidade econômicas são primordiais para conceber qualquer empreendimento. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 13-14)
Os principais problemas identificados foram as dimensões reduzidas dos ambientes e a dificuldade para mobiliar os mesmos. Essa situação representa uma incompatibilidade entre a tipologia arquitetônica adotada e as reais necessidades de seus usuários Os resultados também indicam a importância de se discutir formas de morar alternativas ao tradicional modelo tripartido, que se adaptem melhor aos diferentes perfis e problemáticas familiares existentes, seja por meio da flexibilização de espaços e usos ou de soluções de inserção urbana mais adequada. (VILLA et al. 2013, p. 121)
Originalmente, a palavra sustentabilidade aparece associada ao termo desenvolvimento sustentável, cuja definição foi apresentada no relatório de Brundtland, em 1987, como sendo o desenvolvimento que supre as necessidades atuais sem comprometer o atendimento das necessidades das futuras gerações em atender às suas. De modo geral, por sustentabilidade se pressupõem três dimensões claramente definidas — ambiental, social e econômica, as quais devem ser devidamente tratadas nos processos de projeto e na produção de edifícios. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 13-14)
Técnicas construtivas modernas e materialidade com maior desempenho são fundamentais para desenvolver projetos que possam proporcionar qualidade e que atenda as necessidades dos usuários. O uso de peças fabricadas nas indústrias, geralmente relacionado aos edifícios corporativos, shoppings e habitações das classes de renda mais alta, e pouco explorada para a produção de habitação de interesse social, mas ao incentivar a utilização maciça de componentes industrializados pelo mercado de habitação irá tornar a técnica construtiva mais popular. Entretanto, para estimular os fabricantes a lançarem produtos para as habitação de interesse social será fundamental admitir custos de construção maiores do que os métodos tradicionais, porém, o custo maior é compensado de outras maneiras, como a rapidez na execução, o
Nesse sentido Palermo et al (2007) defende que o “projeto arquitetônico seja utilizado como instrumento de antecipação de problemas na relação entre homem e espaço construído, com o objetivo de facilitar o controle da qualidade ainda em fase de projeto”, podendo assim discutir as melhores soluções de forma consciente e sustentável. (PALERMO et al. 2007. Não paginado). Neste trabalho irá conter uma breve revisão histórica sobre o déficit habitacional no Brasil, a transformação dos modos de morar e as novas tipologias de família, com o objetivo de desenvolver um modelo de habitação de interesse social flexível e de baixo custo, que possa atender as necessidades e aspirações dos novos usuários, utilizando materiais mais eficientes e técnicas construtivas avançadas, de forma que contribua para mitigar o
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déficit habitacional e minimizar os impactos ambientas. A presente pesquisa busca através das literaturas escolhidas a fundamentação teórica da problemática da falta de habitação e a baixa qualidade das habitações de interesse social, para elaborar um modelo de habitação de baixo custo com rapidez, qualidade e menos agressivo ao meio ambiente. Os estudos foram baseados em literaturas de conforto ambiental, eficiência energética e aproveitamento de recursos naturais; e literaturas voltadas para a compreensão das transformações da sociedade, as formas de morar contemporâneas e as tendências das novas tipologias de famílias.
8
1 HAB ITA ÇÃO DE BAI XO CUS TO
1.1
REVISÃO HISTÓRICA
No contexto histórico no final do século XIX a falta de habitação para os trabalhadores e o rápido crescimento das cidades favoreceu o aparecimento dos cortiços, produzidos pela iniciativa privada explorando a especulação imobiliária, o proletariado sem alternativa era submetido a condições sub-humanas de higiene e constrangimento moral. "Eram varias pessoas habitando 1 ou 2 cômodos com aproximadamente 2,5 metros de frente por 3 metros de fundo, mal arejados e mal ensolarados, onde se realizam diversas funções, sujeitos a promiscuidade e marginalidade.” (MOTTA, 1894 apud PALERMO et al, 2007. Não paginado). A crescente procura por moradias fez com a especulação imobiliária, promovida pela iniciativa privada, aumentasse a oferta de habitações. Entretanto as condições sanitárias e morais eram inadequadas para a estruturação de uma vida familiar com o mínimo de qualidade. Para tentar mitigar 9 os problemas de saúde, o Estado elaborou diretrizes para a produção de habitações com melhores condições, como, leis sanitárias e obras de saneamento. As primeiras habitações de fato feitas para o proletariado chamadas de vilas operárias tiveram a iniciativa dos próprios donos das indústrias, no entanto essa iniciativa era para manter o controle sobre os empregados e mantê-los próximo das indústrias. A busca por melhorias na habitação de interesse social ganhou destaque no século XIX com o entendimento das condições precárias das habitações como agente de um problema social. No Brasil somente na década de 30 o Estado reconhece que a produção de moradias para classes de baixa renda necessitavam de características especiais para viabilizar a produção de moradias salubres, preservando a privacidade, com condições para a estruturação de uma família e melhorando o rendimento dos trabalhadores. Essa transformação se deu através de uma reforma moral utilizando como instrumento os valores burgueses de valorização da família nuclear e a aquisição da casa própria como bem material simbolizando o crescimento econômico da família. (PALERMO et al. 2007. Não paginado)
A inversão da população que migraram do meio rural para o meio urbano causado pela industrialização em meados do século XX, fez aumentar significativamente a demanda por habitação. “A revisão histórica do período compreendido entre 1964 e 1985 destaca um rápido crescimento e transformação profunda na economia brasileira, que levou, contudo, a uma degradação das condições de habitação para uma parte considerável da população urbana”. (SACHS, 1999 apud PALERMO et al, 2007. Não paginado) No Brasil, em meados do século XX o Estado passou a reconhecer que a produção de habitação é de sua responsabilidade incentivando a produção individual e criando órgãos de financiamento para habitações, como o Banco Nacional da Habitação (BNH) e posteriormente a Caixa econômica federal (CEF), no entanto a produção em massa de habitações social não acrescentou maior qualidade nos projetos e se caracterizou pela a racionalização do espaço físico da casa e pela excessiva padronização (PALERMO et al. 2007. Não paginado). Após a extinção do BNH, em 1986, a Caixa Econômica Federal (CEF) passa a assumir o Sistema Financeiro da Habitação, como o aumento das opções de financiamento, satisfazendo a uma fatia maior da população, no entanto não acrescentando maior qualidade nos projetos e onde observamos até mesmo a repetição de tipologias e projetos de 30 anos atrás, sem a revisão necessária para adequação aos modos de vida e aos novos papéis assumidos pelo grupo familiar neste início de milênio. (PALERMO et al. 2007. Não paginado).
10
1.2
ciedade proposta pelos pensadores Charles Fourier, Robert Owen e Ebenezer Howard, e em todas os projetos o modelo de sociedade exprime o desejo de vida domestica comunitária, não repressiva e fora do meio urbano, com estrutura semelhante a de uma cidade e com econômica principalmente agrícola e conforto para todos, em busca da integração harmônica da indústria e a vida pastoril. A síntese ideal entre o campo e a cidade só foi feita bem no final do século, quando incorporando esta outra grande inovação do século 19, a estrada de ferro, Ebenezer Howard propôs uma cidade –jardim cuja a constituição financeira prometia, pela primeira vez, explorar o aumento do valor do terreno(que havia até então dificultado a construção de habitações baratas na cidade) para benefício dos habitantes (PALEY, M., 2015, p. 14 apud TRAMONTANO, M., 1993, p. 24)
Tramontano (1993) diz que na maior parte dos países europeus, as teorias de Howard ganhou força dentro do movimento reformador local, composto por artistas e intelectuais. As discussões centrias do grupo, foram as questões sobre o “novo homem”, a “nova sociedade” e a “cidade do futuro”. Segundo Tramontano (1993), em 1924 o governo implantou um imposto federal sobre a porcentagem do aluguel que excedia seu valor antes da guerra como parte do programa habitacional, a somatória dos recursos arrecadados foram repassados para associações cooperativas da construção de moradias como para os projetos habitacionais do próprio estado. O programa apoiava-se em reinvindicações já conhecidas: fim da coabitação de várias famílias – ou de várias gerações de uma mesmo família – sob o mesmo teto; fim da exploração dos trabalhadores nas Mietskasermen; fim da alienação e do contrato patronal nas vilas operárias; direito à luz, ao ar e ao sol para todos; incômodos causados pelos demais ocupantes de uma mesma unidade deveriam ser reduzidos, as necessidades emocionais satisfeitas e as tarefas domesticas facilitadas. (TRAMONTANO, M., 1993, p. 55-56)
REFORMA SOCIAL
No século XIX, com a industrialização em pleno desenvolvimento e os problemas sociais cada vez mais evidentes, Tramontano (1993) diz que uma nova sociedade requer uma nova posição do homem, assim os humanistas chamados de “reformadores sociais” defendem um conceito de sociedade industrial questionando-se “como deve ser a sociedade para que o homem encontre um lugar dentro dela”. Através dessa perspectiva, pensadores sugerem propostas de uma sociedade utópica. Tramontano (1993) explica os modelos de so-
1.3
PADRÃO MODERNO
No inicio do Século XX a questão da produção habitacional como um problema social e a transição da economia abriu espaço para novos
pensamentos, novas técnicas de construção e novos materiais, desta forma os conceitos de habitação dos arquitetos modernos ganham destaque em um cenário de racionalização, onde tudo que envolve projeto foi repensado em busca de melhor rendimento, eficiência e funcionalidade. (FOLZ, 2005, p 100)
Para Folz (2005), a padronização como conceito da arquitetura moderna onde Le Corbusier defendia que estabelecer padrões era necessário para atingir a perfeição, que até mesmo as emoções se enquadravam em padrões. O padrão é uma necessidade de ordem trazida para o trabalho humano. O padrão se estabelece sobre bases certas, não arbitrariamente, mas com a segurança das coisas motivadas e de uma lógica controlada pela análise e pela experimentação. Todos os homens têm o mesmo organismo, mesmas funções. Todos os homens têm as mesmas necessidades. O contrato social que evolui através das idades determina classes, funções, necessidades padronizadas, gerando produtos de uso padronizado. A casa é um produto necessário ao homem. O quadro é um produto necessário ao homem, por responder a necessidades de ordem espiritual, determinadas pelos padrões da emoção. Estabelecer um padrão é esgotar todas as possibilidades práticas e razoáveis, deduzir um tipo reconhecido conforme as funções, com rendimento máximo, com emprego mínimo de meios, mão-de-obra e matéria, palavras, formas, cores, sons. (LE CORBUSIER, 1994, p. 89, apud FOLZ, 2005, p. 101).
A arquitetura passava a ter uma base cientifica, buscando inspirações no racionalismo e na experimentação. Alguns temas passaram a ser explorados mais intensamente pelos arquitetos, como a tecnologia dos materiais e da engenharia, efeitos de saúde publica das diferentes zonas construídas, compreensão das relações sociais básicas que podem afetar a privacidade e demais arranjos espaciais. (ROWE, 1995, p. 43-45 apud FOLZ, 2005, p 100).
Para Folz (2005) ao mesmo tempo em que a racionalização é a base de inspirações para uma nova arquitetura, Walter Gropius afirma que a racionalização não deve ser considerada como principal característica da arquitetura, mas somente uma parte do processo de transformação. A outra parte, a satisfação de nossas necessidades interiores, é tão importante quanto a dos materiais. Ambas pertencem à unidade de vida. A libertação da arquitetura do caos decorativo, a ênfase nas funções de suas partes estruturais, a busca de uma solução concisa e econômica é apenas o lado material do processo criativo do qual depende o valor prático da nova obra arquitetônica. Bem mais importante, porém, que essa economia funcional, é a produção intelectual de uma nova visão do espaço no processo de criação arquitetônica. Assim, ao passo que a pratica arquitetônica é problema da construção e do material, a essência da arquitetura repousa no assenhoramento da problemática espacial. (GROPIUS, 1997, P. 98 apud FOLZ, 2005, p. 101).
A industrialização como processo construtivo e tecnológico ganha força quando falamos de baixo custo e produção rápida, entretanto isso somente é possível com a padronização de parte da edificação para produção de elementos pré-fabricados, essa nova técnica de construção traz inúmeras vantagens, como, exatidão das medidas, no encaixe perfeito das partes, montagem rápida sem desperdícios de material e baixo custo da mão de obra, essas vantagens irão refletir diretamente no custo-benefício da construção. (FOLZ, 2005, p 100)
1.4
NOVOS MODOS DE MORAR
Segundo Tramontano (1993), estrutura familiar tem passado por transformações ao longo das ultimas décadas em todos os países já industrializados ou em processo, essa transformação deve-se a uma série de fatores de ordem demográfica, social, econômica, cultural, ideológica, etc. A queda acentuada da fecundidade, o aumento da longevidade, a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, a liberação sexual, a fragilidade cada vez maior das uniões, o individualismo acentuado, etc., são tendências que vêm atuando no sentido de alterar o tamanho, a estrutura e a função da família. (BERQUÓ, E. 1980. Não paginado apud TRAMONTANO, 1993, p. 3) Para Tramontano (1993, p. 3) “A estas alterações da família nuclear – composta de pai, mãe, e filhos – e os múltiplos tipos de novos grupos domésticos que delas decorrem, supomos que correspondam novas formas de habitar e, portanto, novas tipologias do espaço de habitação”. Novas formas
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de comunicação alteraram profundamente o comportamento e o hábito das pessoas. Segundo Tramontano (1993, p. 3) “a casa não é mais uma ilha, assim como o quarto de dormir já não é o reduto ultimo de isolamento e privacidade”. Segundo Tramontano (1993) a habitação reformulada tornará a cozinha como o núcleo da casa, pois entende a mãe como encarregada das tarefas domesticas e, portanto deve ser o centro do espaço domestico. Ao contrário da casa burguesa onde o espaço dos empregados era separado propositalmente do espaço dos patrões. A concepção dessas cozinhas faz parte de um processo de otimização, higienização e mecanização, cujas funções foram profundamente analisadas com o objetivo de reduzir sua área no mínimo necessária, e diminuir o tempo gasto com as atividades domesticas. “Qualquer fração de espaço que não seja efetivamente “habitada”, dimensionada para um ato humano preciso, só poderá perturbar a percepção do espaço e a clareza das sensações”. (TRAMONTANO, M., 1993, p. 56) Com a busca pela otimização das habitações Tramontano (1993) diz que as habitações que antes possuíam 65m² de área passou ater 40 e 43m² por ocupante, de acordo com a media estabelecida em Frankfurt, essa transformação exigiu a adequação de todo o mobiliário, portas janelas e armários embutidos em todos as cantos disponíveis para aproveitar ao máximo o espaço. Serão normatizados os elementos construtivos como, lajes, paredes, fachadas e vigas de concreto leve, além dos elementos de vedação como, portas e janelas e seus acessórios, possibilitará a produção em série por oficinas e usinas montadas pela prefeitura di12 minuindo o custo de produção. Segundo Tramontano (1993) a construção de um conjunto-exposição em Stuttgard em 1927 o arquiteto Walter Gropius demonstrou um conceito de casa montada inteiramente a seco e passível de ser desmontada facilmente, a cozinha no centro da habitação servindo de ligação aos outro compartimentos de convívio e espaços de estocagem dissolvendo o conceito de “espaço de serviço” para espaços de pouca permanência, Gropius também expos uma casa desmontável e ampliável de acordo com a necessidade do ocupante, partindo da cozinha e banheiros como núcleo fixo e os demais
compartimentos serão acrescentados durantes as diversas ampliações. Tramontano (1993) entende que a estrutura proposta pelo arquiteto Mies Van der Role enfatizando a questão da flexibilidade do espaço através da estrutura independente e da planta livre, este método permite que o interior seja dividido conforme as necessidades, nesse sentido a construção com estrutura independente é o sistema mais adequado, capaz de satisfazer todas as exigências do ocupante. Segundo Tramontano (1993) O número de propostas alternativas para habitação ainda é pequeno em relação ao numero de habitação já construída, mas as iniciativas em países industrializados tem chamado atenção de especialistas e promotores no sentido de repensar a habitação. A evidência mais clara disso é o Programme d’Architecture Nouvelle (PAN) (cuja tradução é Novo Programa de Arquitetura), promovido recentemente por EUROPAN, esse programa é aberto para todos os jovens arquitetos da comunidade europeia, com o objetivo de desenvolver novos projetos arquitetônicos. No Brasil, para Tramontano (1993) a escassez de iniciativas no sentido de repensar a habitação contemporânea em função dos novos modos de vida, é devido, talvez pela industrialização e os avanços tecnológicos tardios, ou por falta de especial interesse dos nossos arquitetos sobre essa questão. Tramonatano (1993) destaca dois arquitetos brasileiros que iniciaram pesquisas sobre novos espaços com o conceito de flexibilidade: Rino Levi, com seus armários funcionando como divisórias e Ruy Ohtake com sua busca por fluidez dos espaços de uso coletivo. No entanto devemos destacar que os conceitos usados pelos arquitetos datam o período onde a família nuclear era o modelo absoluto de família e, portanto foram os principais clientes dos arquitetos. Hoje embora o conceito de família patriarcal ou nuclear do século XX ainda exista, e o modelo de casa tripartida ainda é predominante nos projetos de habitação social, aos poucos estas características estão sendo dissolvidas. Atualmen-
te é difícil apontar características que definam um modelo de família contemporâneo, mas podemos perceber que os costumes e rotinas que antes eram seguidos rigorosamente hoje não possuem uma regra para acontecer, um exemplo disso é o trabalho, podemos exercer tais atividades dentro da nossa casa, ou talvez nem precisássemos de um espaço; a cozinha que antes era um setor exclusivamente de serviço, hoje se tornou um espaço para reuniões e lazer; os dormitórios que antigamente serviam somente para descanso onde a entrada era completamente restrita e particular, hoje se transformaram em lugares mais flexíveis, onde é possível praticar varias atividades além do descanso. A insatisfação familiar contribui para modificações na moradia. Grande parte das modificações executadas compromete a funcionalidade da casa interferindo na qualidade da vida familiar e na relação com a vizinhança, podendo prejudicar funções como ventilação, iluminação, organização espacial, acessibilidade e segurança. (BERGAN, et al. 2004 apud PALERMO et al, 2007. Não paginado). A habitação além de proporcionar qualidade espacial também deve proporcionar conforto térmico e luminoso, esses fatores devem ser discutidos ainda durante o projeto arquitetônico para atingir um gral elevado de satisfação. Geralmente com a ineficiência desses fatores os usuários buscam alternativas artificiais para suprir a deficiência térmica e de luz natural, como o uso de ventiladores, aquecedores, ar condicionados, lâmpadas, etc. Essas patologias refletem diretamente na qualidade de vida do usuário, além de aumentar o consumo de energia significativamente gerando custos adicionais por conta da ineficiência energética e causando grandes impactos ambientais. É de extrema importância levar em consideração o tipo de material utilizado e o clima do local para propor soluções mais eficientes. (ASSIS et al. 2007, p. 3)
13
2 SUS TENTA BILIDA DE NA ARQUI TE TURA 14
2.1 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL A construção sustentável é um assunto amplo, onde várias diretrizes são inseridas no contexto para atingir um resultado eficiente e racional do empreendimento. A arquitetura sustentável é a busca por soluções que atendam ao programa definido pelo cliente, às suas restrições orçamentárias, ao anseio dos usuários, às condições físicas e sociais locais, às tecnologias disponíveis, à legislação e à antevisão das necessidades durante a vida útil da edificação ou do espaço construído. Essas soluções devem atender a todos esses quesitos de modo racional, menos impactante aos meios social e ambiental, permitindo às futuras gerações que também usufruam de ambientes construídos de forma mais confortável e saudável, com uso responsável de recursos e menores consumos de energia, água e outros insumos. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 14)
A busca da solução para o desempenho do edifício é parte do conceito mais abrangente de “sustentabilidade”, pois, se refere ao produto e ao processo de produção da obra. A escolha do produto deverá atender as necessidades assim como o mínimo de desempenho de forma que apresente comportamento adequado em uso e operação ao longo da sua vida útil. O processo de produção também deverá apresentar impacto controlado sobre o ambiente, de forma direta ou indireta, seja devido ao seu beneficiamento ou sobre os custos de manutenção ao longo da vida útil do edifício. Segundo o Guia de Sustentabilidade na Arquitetura (2012), o edifício que não oferecer condições mínimas de desempenho técnico adequado dos materiais, processo construtivo e ou projeto arquitetônico não se enquadra em praticas sustentáveis. Não cabe nas práticas sustentáveis um empreendimento que não assegure aos seus usuários patamares mínimos de desempenho acústico, térmico ou de estanqueidade à água. Da mesma forma, um empreendimento projetado sem as condições de segurança no uso e operação que impeçam a ocorrência de riscos à integridade física dos usuários. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 15-16)
O processo de escolha das diretrizes projetuais para a seleção e a especificação dos materiais, produtos, componentes e sistemas construtivos buscam garantir o desempenho técnico adequado para as necessidades e anseios, e ao mesmo tempo reduzir os impactos socioambientais e econômicos ao longo de toda sua vida útil do edifício. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 47)
2.1.1 MATERIAIS E INSUMOS No século 20 a demanda de materiais extraídos da natureza e usados exclusivamente pela construção civil aumentou significativamente em relação aos outros materiais relacionados a qualquer outra área. Estima-se que de 40% a 75% de todo material extraído da natureza são utilizados na construção e manutenção do ambiente construído, este crescimento desenfreado acabou por privilegiar a exploração de materiais não renováveis, acarretando a escassez local de matérias primas, aumentando a distância e o custo no transporte. (JOHN, 2015, p. 101) Segundo o Guia de Sustentabilidade na Arquitetura (2012), as escolhas dos componentes devem pautar por avaliações relacionadas aos seguintes aspectos: • Desempenho técnico; • Adequação ao local de instalação; • Vida útil nas condições de uso e manutenção esperadas; • Previsão de detalhes de projeto que possam prolongar a vida útil do edifício e suas partes; • Redução da geração de resíduos utilizando, por exemplo, elementos modulares e pré-fabricados; • Utilização de recursos naturais renováveis; • Minimização de emissões de gases de efeito estufa; • Consumo de água e energia no processo de produção industrial (energia embutida) e no próprio canteiro de obras; • Baixa agressividade à saúde e minimização da emissão de compostos orgânicos voláteis (COV) e outros componentes tóxicos; • Uso de recursos locais; • Facilidade de reuso ou reciclagem após sua vida útil.
“A busca pela sustentabilidade das edificações cria uma demanda urgente pela organização das informações de desempenho técnico dos materiais, componentes e sistemas construtivos.” (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 49) Os 6 passos para seleção de insumos e fornecedores com critérios de sustentabilidade, é uma cartilha disponibilizada pelo CBCS(Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), onde o principal objetivo é conscientizar o setor da construção civil para o uso de insumos legalizados e de procedência. (CBCS - disponível em: < http://www. cbcs.org.br/selecaoDeFornecedores>) Não existe sustentabilidade sem formalidade, legalidade e qualidade. A informalidade tem muitas facetas: (a) sonegação de impostos; (b) desrespeito a legislação ambiental; (c) desrespeito a legislação trabalhista. O Comitê de Materiais desenvolveu uma ferramenta para auxiliar os projetistas, empreendedores e usuários na seleção dos fornecedores e dos materiais que serão utilizados nas obras. Esse sistema não esgota o assunto, mas é uma estratégia viável para abordar práticas acessíveis a todos os compradores e especificadores de materiais e fornecedores. (CBCS - disponível em: < http://www.cbcs.org.br/selecaoDeFornecedores>)
Os 6 Passos são: 1. Verificação da formalidade da empresa fabricante e fornecedora; 2. Verificação da licença ambiental; 3. Verificações das questões sociais; 4. Qualidade e normas técnicas do produto; 5. Consultar o perfil de responsabilidade socioambiental da empresa; 6. Verificar a existência de propaganda enganosa. (CBCS - disponível em: < http://www.cbcs. org.br/selecaoDeFornecedores>)
2.1.2 RESÍDUOS O projeto arquitetônico adequado é aquele que facilita o gerenciamento de resíduos, que tem como premissas a não geração e a redução de resíduos, o aproveitamento desses recursos, a separação e encaminhamento para reuso ou reciclagem,
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e o descarte adequado e controlado. Segundo a AsBEA (2012), “é por meio de especificações adequadas de materiais e sistemas construtivos que se garante a minimização na geração de resíduos na fase de construção e, também, se confere durabilidade ao edifício, evitando os ciclos de renovação e reposição na fase de uso.” A utilização de grandes porções de massas de materiais tem por consequência a geração proporcional de resíduos, seja durante a construção ou ao final da vida útil de um edifício, tudo se transforma em resíduos. “Como o setor é o maior consumidor de materiais, é também o maior gerador de resíduos.” (JOHN, 2015, p. 101) O descarte ilegal desses resíduos é um problema comum nas cidades, gerando custo para o município, e a baixa taxa de reciclagem dos resíduos de construção e demolição torna seu rendimento e aproveitamento questionável, com isso, outros materiais e técnicas construtivas chamam a atenção quando se trata de aumentar a vida útil das construções, trazendo benefícios sociais, ambientais e econômicos, com maior durabilidade e menor custo de manutenção. (JOHN, 2015, p. 101) “A introdução da reciclagem em larga escala dos resíduos à base de cimento, gesso e cerâmica, bem como da madeira industrializada ambientalmente positiva e economicamente viável é ainda enorme desafio tecnológico e institucional.” (JOHN, 2015, p. 101)
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O aumento da vida útil desses materiais requer soluções de projeto e construção que protejam os materiais da degradação física e evitem a sua obsolescência funcional ou social. Os projetos precisam selecionar materiais e detalhes construtivos considerando a agressividade do ambiente local. Os novos edifícios precisam ser mais flexíveis que os atuais, tornando mais fácil e barato a inevitável realização de reformas e ampliações. No longo prazo, será também possível desenvolver construções desmontáveis e reutilizáveis onde partes de um edifício que não são mais úteis possam ser reaproveitadas em outros. (JOHN, 2015, p. 101)
2.1.3 SISTEMA CONSTRUTIVO A escolha do sistema construtivo, seja ele convencional (in loco) ou pré-fabricado (industriali-
zação de sistemas construtivos) são determinantes na redução de resíduos de construção e demolição, facilitando a organização dos insumos para reciclagem ou reuso. A evolução da construção civil na direção da industrialização de seus componentes cada vez reduz os resíduos provenientes das construções, resultando em um canteiro de obras limpo e eficiente, restrito praticamente à montagem de seus componentes pré-fabricados. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 54) Ainda na fase de definição do projeto arquitetônico é importante selecionar tecnologia de construção que permitem a fácil desmontagem e verificar a capacidade de reciclagem dos elementos, considerando a gestão dos resíduos permitindo o seu aproveitamento e a destinação correta. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 55)
2.1.4 INFRAESTRUTURA URBANA A infraestrutura urbana composto pelos sistemas de transporte, coleta, abastecimento e disponibilidade de serviços públicos, são diretrizes para a escolha da atividade do edifício, que por sua vez deve ser adequadas a infraestrutura urbana disponível, buscando otimizá-la e reduzindo a problemática do local. A configuração da infraestrutura urbana existente também é uma condicionante para as definições de implantação do empreendimento no que diz respeito às questões de acessibilidade, garantindo a integração do empreendimento aos sistemas viários e de transporte coletivo. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 25) O Guia de Sustentabilidade na Arquitetura (2012) também qualifica a vizinhança e a comunidade local, como condicionantes que estruturam a organização sociocultural do entorno (ambiente construído, habitantes e atividades associadas) e a oferta de equipamentos. “Esses elementos devem ser considerados nas estratégias de implantação e também de conceituação do empreendimento para garantir coerência e adequação em termos de desenvolvimento urbano sustentável.”
2.1.5 ACESSIBILIDADE O partido arquitetônico deve possibilitar o acesso e a utilização, com segurança e autonomia, a todos os usuários das edificações, como crianças, idosos, gestantes, obesos e pessoas com deficiência visual, auditiva, física, intelectual ou cognitiva. Desta forma, os ambientes devem ser adequados de acordo com as dimensões apropriados para aproximação e uso, independentemente do tamanho, postura ou habilidades funcionais dos usuários. Assim, as questões relacionadas à circulação, como, desníveis, passagens, estacionamento, abertura e fechamento de portas, assim como à utilização de sanitários e mobiliários devem ser resolvidas, devendo também ser considerados os aspectos relativos a alcance, aproximação, manipulação de objetos e equipamentos e, principalmente, a comunicação e sinalização, que devem ser claras. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 38)
2.1.6 CONFORTO TÉRMICO É importante ressaltar que as exigências de conforto térmico relacionam-se diretamente ao desempenho energético da edificação, sendo que o projeto arquitetônico deve atender a requisitos de conforto inerentes aos indivíduos, de modo a garantir a saúde e o bom desenvolvimento das atividades executadas nos ambientes edificados com baixo consumo de energia. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 38)
O conforto térmico é a relação entre o individuo e ambiente, onde as características climáticas do local, a materialidade empregada nas construções, nas soluções arquitetônicas e atividades que praticamos estão relacionadas diretamente com a qualidade do conforto térmico, que por sua vez tem grande influencia na saúde e qualidade de vida das pessoas. Segundo o Guia de Sustetabilidade na Arquitetura (2012), “As diretrizes de projeto para garantir melhores condições de conforto térmico direcionam-se para a melhoria do desempenho da envoltória, do sistema construtivo e dos materiais selecionados, em coerência com as cargas
internas e as condicionantes locais.” Tais diretrizes devem ser desenvolvidas integradamente, durante o desenvolvimento projetual, de forma que o resultado final atenda às exigências de conforto com o máximo possível de soluções bioclimáticas incorporadas ao projeto. Em vista disso, devem ser adotadas soluções arquitetônicas visando ao resultado térmico apropriado, diante das variações dos fatores climáticos locais. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 69-70)
2.1.7 COFORTO VISUAL O conforto visual não se limita apenas às emissões da luz artificial, mas também devemos considerar a iluminação natural, e suas diferentes condições de exposição ao longo do dia durante o ano. Segundo O Guia de Sustentabilidade na Arquitetura (2012), “o projeto de iluminação não se restringe apenas à tarefa de adicionar luz, mas sim a de controlá-la, muitas vezes reduzindo sua quantidade ou até eliminando sua presença, dependendo do tipo de atividade e perfil do usuário que o espaço irá acolher, entre outros fatores.” A adequação da qualidade e quantidade de luz é importante para atender as necessidades do usuário, tanto em desempenho quanto de conforto. É importante observar os matérias que serão usados, pois, eles também podem influenciar no conforto visual e prejudicar o desempenho luminoso do ambiente (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 77) O Guia de Sustentabilidade na Arquitetura destaca que a iluminação além de ser fundamental para exercer atividade do dia a dia, também é importante para nossa saúde. A iluminação exerce importante papel em nossa fisiologia e psicologia. Estado de espírito, atenção, produtividade e desempenho são fortemente condicionados por ela. Dessa forma soluções inadequadas ou insatisfatórias podem levar a alterações de comportamento e desempenho esperados, provocando letargia, cansaço, fadiga, ansiedade, irritação, falta de sono etc., que induzem as pessoas a perdas de satis- fação, concentração, produtividade e desempenho, aumentando assim os índices de “erros”, entre
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outras perdas de difícil quantificação. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 78)
A sustentabilidade no conforto visual, esta no desafio de otimizar os recursos tecnológicos à favor do conforto e uso consciente dos recursos naturais. “Conforto visual está relacionado com estratégias para maximizar o uso da iluminação natural, com sistemas de iluminação adequados às necessidades dos usuários e com baixo consumo de energia”. (GUIA DE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA AsBEA 2012, p. 78)
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3 SUSTEN TABILI DADE SOCI AL
3.1 QUALIDADE E SUSTENTABILIDADE NA MORADIA As transformações sociais e conceituais da moradia ao longo do tempo mostravam preocupação em buscar melhorias físicas nas moradias, qualidade nos materiais para evitar a deterioração precoce das habitações, diminuindo a manutenção, e por fim inseri-las em áreas urbanas das cidades. Essas medidas servirão para direcionar e exigir dos municípios e entidades parceiras, para a construção de empreendimentos habitacionais com qualidade. A primeira medida adotada foi a padronização do projeto de moradias populares, embasada por normas de acessibilidade, prevendo a dificuldade de mobilidade, para criar um conceito de desenho universal, onde a moradia é projetava para atender a necessidade de qualquer público. (KRÄHENBÜHL, 2010, p. 10) Uma importante inovação foi a adoção dos conceitos do Desenho Universal nos novos projetos de moradias populares, em cooperação com a Secretaria dos Direitos das Pessoas com Deficiência. Os imóveis agora são projetados para atender às necessidades de qualquer público, como pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida ou limitações físico-motoras temporárias ou permanentes, como idosos, crianças, gestantes e pessoas obesas. (KRÄHENBÜHL, 2010, p. 10)
Para a questão da sustentabilidade, foram adotados protocolos com entidades do setor produtivo, órgãos estaduais e institutos de certificação, no intuito de otimizar o uso dos insumos na construção civil para evitar o desperdício. A ideia de firmar parcerias para incentivar a produção de novos projetos habitacionais como meio de concursos para aprimorar a habitação popular demostrando que é possível conciliar beleza, conforto, segurança e respeito à população e às cidades. (KRÄHENBÜHL, 2010, p. 10) Desde os primórdios da humanidade a natureza nos mostra a necessidade de uma moradia, segura, salubre e sustentável em todos os aspectos, para assim nos desenvolver e evoluir. A habitação deve ser inserida de modo harmônico no meio urbano, na vizinhança, permitindo o acesso aos locais de exercício de funções básicas, conservando e respeitando o meio ambiente. A popula-
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ção de baixa renda que irá usufruir das moradias de interesse social é o cliente do Estado, que por sua vez não interage com a população para atender seus anseios e produzir não só um aglomerado de casas, mas sim um bairro, com planejamento e infraestrutura para atender as necessidades dos moradores, qualificando a paisagem e revitalizando o tecido urbano. (ABUKATER, 2010, p. 11) O cliente interage com o arquiteto participando da concepção do projeto. Quando quem realiza é o Estado, o contato com o cliente final quase sempre não existe. O cliente é classificado somente como demanda, despersonalizada. Por isso, é dever do Estado representar os interesses desses clientes desconhecidos, interagindo com os arquitetos, ciente de que sua tarefa não terminará com a conclusão do projeto. (ABUKATER, 2010, p. 11)
“Investir em habitação construindo bairros, e não apenas conjuntos, exige planejamento e projeto para que o espaço construído seja assimilado pelo tecido urbano, qualificando-o ou revitalizando-o.” (ABUKATER, 2010, p. 11)
3.1.1 ARQUITETURA PARA TODOS Atualmente no Brasil os investimentos em políticas de desenvolvimento urbano e de moradias são inversos, existe uma segregação nítida no planejamento das cidades, os incentivos e investimentos são feitos em regiões onde a população com maior poder aquisitivo gozam de modernidade e infraestrutura, favorecendo a especulação imobiliária, enquanto, o população de extrema pobreza sofre com a ausência de transporte eficiente, pavimentação, saneamento básico, escolas, hospitais, entre outros equipamentos essenciais para exercer 20 as funções básicas do cidadão. (FERREIRA, 2010, p. 19) O cenário urbano brasileiro, marcado por uma profunda desigualdade social, potencializada por uma indecente concentração de renda que exacerba a polarização entre extrema modernidade e extrema pobreza, não é nada além da representação espacial das estruturas desiguais da nossa sociedade e da nossa economia.
A crescente demanda por habitação se dá em função da prioridade de investimento, que enquanto não houver uma inversão dos investimentos
concentrando os esforços para equilibra a oferta de moradias de interesse social com o déficit habitacional. Para isso é preciso conscientizar a população, o Estado e a camada da sociedade de maior renda, que a desigualdade e a segregação são agentes que contribuem fortemente para uma insustentabilidade social, transformam nossas cidades em espaços fragmentados de intolerância social. (FERREIRA, 2010, p. 19) A preocupação das instancias governamentais em urbanizar e regularizar favelas e promover habitação para todos se consolida com a criação do Estatuto das Cidades, onde apresenta instrumentos urbanísticos que dariam aos municípios melhores condições de promover uma reforma urbana. Nos últimos anos a questão da moradia de interesse social entra na agenda de politicas urbanas brasileiras, avanço fundamental para desenvolver políticas habitacionais mais eficientes. Porém, a produção pública brasileira de habitações ainda é caracterizada pela qualidade duvidosa dos projetos, repetindo o padrão de habitação de décadas passadas, cada vez com espaços reduzidos pouco elaborado, decorados, com fachadas coloridas em um condomínio fechado, para seduzir e fantasiar uma ascensão social. A falta projetos inovadores e novas soluções arquitetônicas em habitações de interesse social se dá pelo fato dos profissionais darem pouca atenção para este tipo de empreendimento. (FERREIRA, 2010, p. 19) Nesse sentido, corremos o perigo de ver difundir-se pelo Brasil um modelo para o “sonho” da casa própria para a classe média baseado em reproduções de uma arquitetura que nada mais é do que uma “melhoria” do padrão da habitação social das décadas passadas, agora decorados com fachadas coloridas, apelo neoclássico, guaritas e muros para dar um “status” de ascensão social. Apartamentos de menos de 40 m² para uma família inteira, em plantas em H pouco elaboradas, grandes torres em que se reduz a metragem da unidade em troca de equipamentos coletivos fetichizados como “espaços gourmets”, “fitnesscenters” e Cia, são a marca de uma arquitetura que parece ter esquecido o que é qualidade habitacional, espaços generosos, implantações abertas e fluídas, paisagismo abundante e, sobretudo, diálogo com o entorno e, portanto, com a cidade. (FERREIRA, 2010, p. 19)
“Assim, de repente, com a atenção que a questão da moradia vem ganhando, temos uma oportunidade de inversão dessa lógica tão tradicional, em que a “boa” arquitetura sempre se restringiu aos setores mais favorecidos capazes de construir sua residência a preço de ouro.” (FERREIRA, 2010, p. 19)
3.1.2 CASAS QUE FAZEM CIDADES O modelo de conjuntos habitacionais adotado pelas entidades governamentais para atender a demanda por habitações considerava o “habitar” como única atividade da moradia, criando uma repetição monótona de tipologias, que são reproduzidas em qualquer lugar eliminando a identidade local e as referencias espaciais, degradando a paisagem urbana. Essa característica adotada erroneamente acabou criando apenas um aglomerado de “dormitórios” e não uma cidade. (LISBOA et. al., 2010, p. 21-22) “Este aparente paradoxo é resultado da existência de centenas destes conjuntos em condições precárias de estruturação e avançado estado de deterioração, com espaços coletivos dominados pelo abandono e cenário de violência urbana cotidiana.” (LISBOA et. al., 2010, p. 21-22) Uma “boa arquitetura” com soluções adequadas, funcionais e esteticamente agradáveis, não é mais o suficiente para atender os requisitos da sociedade, por meio da própria arquitetura. Com o objetivo de agregar novos valores na “boa arquitetura”, em busca de uma “boa arquitetura sustentável”, aonde as soluções sustentáveis irá se juntar aos requisitos anteriores, com soluções de qualidade e preservação ambiental, redução dos recursos financeiros e melhorias nas condições sociais. Estas ações procuram reforçar a visão sistêmica de que a conformação desejada para a cidade é o resultado do equilíbrio necessário entre os aspectos ambientais, econômicos e sociais. (LISBOA et. al., 2010, p. 21-22)
3.1.3 URBANIZAÇÃO E A PRODUÇÃO DE HABITAÇÕES SOCIAIS A problemática em promover moradia digna, e adequada às necessidades de espaço e conforto, não
se resume em apenas soluções de projeto, garantir a manutenção desta moradia é fundamental para uma população de baixa renda, para tal permanência é preciso uma serie de conjuntos de condições mínimas, a começar pelo terreno, que se escolhido nas periferias, com baixo custo do solo, porém, terá ausência de infraestrutura básica, como, saneamento, educação, saúde e transporte, fatores que aumentaram o custo do empreendimento, entretanto, se escolhido em centros urbanos consolidados, contaram com infraestrutura, mas esbarraram no alto custo do solo e espaços reduzido e rarefeito dificultando a produção em massa. (NASCIMENTO et. al., 2010, p. 23) Iniciativas como os programas, que se utiliza de lotes vagos nas áreas centrais de grandes cidades dotados de completa infraestrutura, têm se mostrado interessantes, já que requerem menor custo de manutenção uma vez que as áreas comuns são reduzidas, em especial, pelo atendimento de transporte coletivo, que reduz a necessidade de grandes áreas para estacionamento. (NASCIMEN21 TO et. al., 2010, p. 23) Do ponto de vista de programa de projeto, a começar pelos terrenos que, se no passado se caracterizavam pela falta de infraestrutura urbana e atendimentos básicos como saneamento, educação, saúde e transporte, hoje se acrescentam a isso novas questões, como áreas com altas declividades e solos contaminados. Isso, somado ao alto custo do solo urbano e à escassez de terrenos nas regiões metropolitanas do Estado, com ênfase nas regiões próximas à Capital, bem como à necessidade de construção em escala, conduz à opção pela verticalização. (NASCIMENTO et. al., 2010, p. 23)
O modelo de habitação coletiva exige dos seus moradores aspectos que não fazem parte do histórico da população de baixa renda, como, as dificuldades de convívio e a divisão de gastos, além da manutenção das áreas condominiais. Atualmente é possível implantar nos condomínios medições individuais, tornando a divisão de gasto mais justa, e mesclando tipologias diferentes para atrair vários tipos de famílias tornando o espaço mais dinâmico. (NASCIMENTO et. al., 2010, p. 23) Apesar disso, paulatinamente, os empreendimentos têm agregado melhorias, como definição de condomínios com número máximo de unidades
habitacionais para facilitar a administração, desenvolvimento de novas tipologias, a fim de obter maior diversidade na paisagem e de atendimento, como unidades com 1, 2 e 3 dormitórios, tratamento de áreas comuns com equipamentos de lazer como playgrounds, quadras esportivas e espaços de convivência, acessibilidade total aos espaços comuns, bem como maior cuidado na definição da vegetação a ser implantada. (NASCIMENTO et. al., 2010, p. 23)
O processo de intervenção urbana compreende a evolução em vários elementos na composição da paisagem, que por meio da legislação mais rigorosa na atuação técnica, fica menos vulnerável a ingerências descompromissadas e com propostas mais consistentes de intervenção, assim, é possível que novos empreendimentos integrem áreas de preservação permanente, com o controle de remoção de terra e cuidado no manuseio de vegetação existente. Porém esses fatores adicionais refletem no custo da produção e manutenção do empreendimento. (NASCIMENTO et. al., 2010, p. 23)
3.1.4 UM INCENTIVO À DIVERSIDADE
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Assim como em qualquer produto ou serviço oferecido a lei da oferta e procura é oque aquece e determina a oscilação dos valores de cada serviço ou produto, na construção civil não é diferente, existe uma demanda por habitações de qualidade, mas ainda não existe oferta compatível, muito em função do acumulo do déficit habitacional. A oferta de moradia e a especulação imobiliária não se encaixa no perfil da população de baixa renda, que na sua maioria habita de forma precária e em lugares de risco. (FERRARI, 2010, p.27-28) Além das politicas públicas avançarem paulatinamente, o arquiteto por sua vez se afasta do tema e evita de reivindicar essa questão da habitação para população de baixa renda, deixando de chamar para si essa responsabilidade. A arquitetura possui um poder transformador que possibilita se colocar de forma decisiva no contexto por moradia digna. O tema da habitação perpassa pelas políticas públicas e vai além, criando condições adequadas para que as reivindicações da sociedade civil, organizada através dos movimentos sociais, cheguem às entidades governamentais. (FERRA-
RI, 2010, p.27-28)
O papel e a importância do arquiteto frente a uma sociedade em transformação vêm sendo repensados, num momento em que os programas e a própria legislação brasileira os valorizam, fazendo da arquitetura um direito para todos. A importância destas discussões, que não se restringem apenas a questões da tipologia, vem nos reafirmar que o sentido de moradia extrapola e, ao chegar à periferia, denuncia as carências por estrutura urbana, num novo contexto mundial, em que as classes menos abastadas aglomeram-se, definindo ou induzindo quase sempre o desenho das cidades, onde novas centralidades devem ser repensadas. (FERRARI, 2010, p.27-28)
3.1.5 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS A construção civil possui uma grande responsabilidade social, pois é responsável por empregar grande parte dos trabalhadores de baixa qualificação e renda, em escalas distintas, onde a informalidade é comum. A falta de qualificação profissional e mão de obra barata contribuem para a desvalorização social da atividade, e aos poucos a atividade poderá enfrentar dificuldades na captação de material humano. (JOHN, 2015, p. 105 - 106) Apesar das pressões da sociedade por maior responsabilidade trabalhista e das dificuldades na contratação de funcionários, observam-se poucas iniciativas para superação desse problema. Um exemplo de ação é o programa britânico Constructing Excellence, liderado pelas construtoras, que inclui uma iniciativa específica para o público interno: respect for people. O trabalho envolve ações como a criação de perspectivas de evolução na carreira, realização de programas de educação continuada, sistemas eficientes de segurança e saúde, melhorias do ambiente de trabalho, além de tratamento das questões de diversidade e igualdade no ambiente de trabalho. (JOHN, 2015, p. 105 - 106)
No Brasil, existem propostas de projeto para a qualificação e certificação da mão de obra na construção civil, entretanto o programa pode trazer aumento do custo da mão de obra, mas no aspecto social irá trazer o aumento de renda e consequentemente a redução da pobreza. (JOHN, 2015, p. 105 - 106) O crescimento do déficit habitacional como agente causadora da insustentabilidade social, faz com que o Estado tende a priorizar programas de habitação de interesse social para erradicar a demanda por moradias, promovendo condições diferenciadas de subsídio para famílias de baixa renda. Entretanto, o Estado, assim como as famílias dispõe de recursos limitados, oque nos leva a uma relação de custo unitário de cada habitação e o numero de famílias atendidas, onde o baixo custo unitário das habitações permite a construção de mais unidades, ou seja, soluções que resultam no aumento do custo unitário da construção de uma habitação, mesmo que melhore a qualidade da moradia, não são interessantes no ponto de vista político e social. (JOHN, 2015, p. 117 - 118) Sugestões que impliquem aumento de custos de construção da habitação, mesmo os associados à melhoria do desempenho ambiental, redundam em aumento dos investimentos ou na redução do número de famílias atendidas, opções de baixa atratividade econômica e social. Ao contrário, sob o ponto de vista social e político interessa a busca da redução do custo, presumivelmente, para permitir ampliar o número de famílias atendidas. (JOHN, 2015, p. 117 - 118)
A busca pela redução do custo muitas vezes refletem na miniaturização das moradias e na queda de qualidade de conforto, segurança e saúde. Uma alternativa usada frequentemente para a redução de custo do empreendimento é a busca por terrenos fora da malha urbana, onde o preço da terra é mais baixo, em contrapartida o custo da extensão da infraestrutura é elevado, implicando na redução de investimentos no objeto principal, as habitações, prejudicando a qualidade de vida dos moradores. Considerando os custos da urbanização, a busca pela redução do custo das habitações tem se destacado, principalmente na área de materiais de construção e sistemas construtivos. A política de economia prioriza a redução dos recursos financei-
ros e o uso como instrumento para justificar a redução da qualidade e desempenho das habitações. (JOHN, 2015, p. 117 - 118)
3.1.6 DO PONTO DE VISTA DOS USUÁRIOS Uma construção sustentável requer um equilíbrio entre as relações sociais, ambientais e econômicas, onde deve causar o mínimo de impactos e caber no orçamento exigido, além de satisfazer as necessidades e anseios das pessoas. Porém a relação do usuário com soluções sustentáveis é praticamente inexistente, a conscientização da população é fundamental para o posicionamento de questões vitais para melhor atender as pessoas e comunidades. (JOHN, 2015, p. 118) Construção sustentável implica satisfazer as necessidades e os desejos das pessoas, com mínimo impacto ambiental e dentro dos recursos financeiros exigidos. No entanto, existe, surpreendentemente, pouca informação sobre como os usuários se relacionam com as novas soluções sustentáveis e, no caso das habitações de interesse social, quais são as prioridades destes. De forma geral, soluções em termos de unidade habitacional e de urbanismo, têm sido impostas a pessoas e comunidades sem preocupação maior em melhor atendê-las. (JOHN, 2015, p. 118)
Grande parte da população mundial tomam as decisões muitas vezes influenciadas por opiniões, costumes e crenças, esses aspectos culturais estão relacionados com as praticas da família, sendo determinante na economia de recursos, como energia e água ou na escolha de novos materiais e técnicas construtivas. Por exemplo, a madeira manejada é um material de baixo impacto ambiental e renovável, no entanto, uma parcela significativa da população brasileira não moraria nesse tipo de construção, pois a associa à habitação informal, a problemas de durabilidade, altos custos de manutenção e riscos de incêndio. (JOHN, 2015, p. 118) A mudança de hábitos o aumento de custos e o nível cultural da população são determinantes na adoção de costumes sustentáveis, em uma pesquisa sobre o uso de aquecedor solar de água revelou que 45,7% dos entrevistados não estão dispostos a adotar tal medida de economia, desse percentual a maioria reside nas regiões: Sul, Sudeste e
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Centro-oeste, onde o chuveiro elétrico é um dos maiores responsáveis pelo consumo de energia. A maior aceitação de aquecedor solar foi em regiões onde menos se usa água quente, nas regiões: Norte e Nordeste. (JOHN, 2015, p. 118) Os usuários parecem aceitar mais facilmente inovações que não requerem mudanças nos hábitos e não contrariem crenças estabelecidas ou que são percebidas como úteis ou facilitadoras. Este é o caso de soluções como orientação solar dos edifícios, usos de lâmpadas econômicas e bacias sanitárias economizadoras, que garantem economia sem mudança de hábitos.
Assim como o Estado a família dispõe de recursos financeiros limitados, e o custo de operação da nova moradia é um problema real, pois os moradores irão arcar com custos coletivos, cujo controle dos custos é um desafio e deve ser compatível com a renda das famílias. A constante busca para diminuir custo e viabilizar um empreendimento habitacional de interesse social por parte do Estado e parcerias não se limitam a soluções arquitetônicas, urbanísticas, escolha de materiais e técnicas construtivas. Após a conclusão o edifício habitacional requem custo de uso, e as famílias deveram se conscientizar que a boa pratica será fundamental para a redução dos custos operacionais. (JOHN, 2015, p. 120)
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No Brasil, mostra que a redução do tempo de banhos quentes, é utilizada pela população para cortar os custos de energia decorrentes do banho com chuveiro elétrico. Estratégias para a redução de custos incluem aquelas voltadas para redução do consumo de água (como a medição individualizada em edifícios multifamiliares, torneiras com arejadores, controle de pressão) e energia (como soluções de arquitetura que reduzam a necessidade de condicionamento artificial, como a ventilação natural, o aquecimento solar de água), mas também uma redução dos custos de manutenção via adoção de soluções mais duráveis. Sob esse aspecto, residências individuais, que dispensam condomínio, são mais atrativas. (JOHN, 2015, p. 101)
4 CONSI DERA ÇÕES FINA IS
REPENSANDO AS HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL As reflexões sobre o potencial das habitações de interesse social como agente transformador do espaço urbano somados com a renovação do projeto com soluções mais sustentáveis como instrumento que transfira os avanços tecnológicos e projetuais para a população carente. A habitação de interesse social detém um papel estruturador na malha urbana com diretrizes que conduzem a reorganização da ocupação, mobilidade, salubridade dos espaços público e privado. (TOLEDO et al, 2015, p.18-19) Na tentativa de transferência de novas tecnologias para habitações, a definição dos métodos construtivos é crucial para uma construção sustentável, deve ser levado em consideração o local onde, o clima, a matéria prima abundante, a mão de obra entre outros. A escolha por métodos mais avançados implicam no rompimento com o processo tradicional de construção. (TOLEDO et al, 25 2015, p.18-19) O melhor exemplo dessa ruptura é a obra do arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, da qual não podem ser separados os processos construtivos inovadores que utilizou para erguer, entre outros projetos, os hospitais da rede SARAH. Se neste caso foram utilizadas técnicas construtivas relativamente sofisticadas, o mesmo não ocorreu com a escola rural e as pontes que Lelé construiu na pequena cidade de Abadiana (GO), onde, mantendo os princípios de racionalização, modulação e pré- fabricação simplificou as técnicas de construção e utilizou mão de obra local, obtendo custos de construção inferiores ao dos métodos tradicionais. (TOLEDO et al, 2015, p.19)
A utilização de sistemas construtivos, materiais ou componentes arquitetônicos mais caros, poderão implicar no aumento do custo da obra, porém novas tecnologias podem compensar em outros aspectos, como por exemplo, a redução do tempo de obra, redução de resíduos, estruturas esbeltas e leves exigindo menos das fundações. A compensação por novas tecnologias em muitos casos torna o empreendimento competitivo quando comparadas às tecnologias tradicionais. (TOLEDO et al, 2015, p.20)
“É o caso da adoção de estruturas metálicas, em princípio mais caras, que se tornam competitivas quando é considerada a rapidez, o rigor dimensional e a estabilidade da edificação.” (TOLEDO et al, 2015, p.20) As várias tipologias estudadas para conceber um edifício habitacional devem apresentar um estudo do entorno, e propor soluções coerentes com a problemática característica de cada local, porém é fundamental que as tipologias se adaptem na malha urbana, podendo facilmente ser incorporadas em vazios urbanos, que não dispõem de muito espaço. (TOLEDO et al, 2015, p.20-21) Projetos modulares facilitam a construção assim como a utilização de componentes arquitetônicos industrializados, sejam eles estruturais, de fechamento das fachadas, paredes internas, esquadrias, banheiros e cozinhas pré-fabricados etc. A racionalização do processo construtivo opta por componentes pré-fabricados com materiais leves, em substituição às paredes de blocos e às fachadas pré-fabricadas em concreto, difíceis de transportar, cujo peso afeta diretamente o dimensionamento da estrutura. (TOLEDO et al, 2015, p.20-21)
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5 LEVAN TAMEN TO MORFO LÃ&#x201C;GI CO
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RELAÇÃO COM A CIDADE A área de estudo fica localizada no bairro Campos Elíseos, um dos mais antigos e adensados bairros da cidade, com infraestrutura, equipamentos urbanos e transporte publico abundantes. O terreno escolhido para a implantação da Habitação de interesse social esta inserido na malha urbana consolidada à poucos metros da Avenida Saudade, uma das mais importantes da cidade. A região é dotada de infraestrutura, como pavimentação, rede elétrica e hidráulica além de ser a avenida de maior comércios e serviços da cidade. A proximidade de equipamentos urbanos, como a rodoviária; lazer e recreação, como o bosque e a cava do bosque; ao Hospital Santa Casa, entre outros, faz da região um bom lugar para a instalação de habitações de interesse social, entretanto, a região assim como várias da nossa cidade apresenta problemas urbanos, como a degradação ocasionada pelo abandono de galpões industriais, criando vazios urbanos, além do processo de esvaziamento que ocorre após o horário comercial, tornando uma região sem vitalidade.
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SE Direção predominante dos ventos
TOPOGRAFIA O levantamento de planialtimetria da região apresenta uma área praticamente plana, com vários recortes no solo devido ao grande adensamento de construções com curvas de níveis bem distantes umas das outras, indicando uma baixa declividade da região.
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SE Direção predominante dos ventos
USO DO SOLO O levantamento de uso do solo nos mostra uma região muito adensada, ocupado predominantemente por habitações, entretanto a quantidade de comércios e serviços é expressivo, principalmente ao longo da AV. Saudade e seu entorno, como as ruas São Paulo por exemplo. A grande concentração de comércios e serviços na região cria um fenômeno de esvaziamento da região, a medidas que as atividades comerciais aumentam as habitações se distanciam cada vez mais da Avenida. Podemos ver no mapa que as habitações próximo a Avenida Saudade se tornam rarefeito, ou seja menos denso, e a medida que se afasta da Avenida as manchas de habitações se tornam mais densas.
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SE Direção predominante dos ventos
OCUPAÇÃO DO SOLO - GABARITO O mapa de gabarito nos apresenta uma região com pouca verticalização. A altura predominante dos prédios estão entre 1 e 3 pavimento que na maioria são de habitações térreas e pequenos prédios de uso misto. Os prédios com gabarito acima de 3 pavimentos, se concentram ao longo da Avenida Saudade, onde existe um forte comercio, os prédios são de uso misto, com serviços ou comércios no térreo e habitação nos demais pavimentos. A região da Av. Saudade mesmo sendo umas das mais movimentadas da cidade apresenta pouca fertilização, e assim como no mapa de uso a medidas que se afasta da Avenida a predominância é de edificações térreas.
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SE Direção predominante dos ventos
OCUPAÇÃO DO SOLO – FIGURA FUNDO O mapa de figura fundo podemos notar como se organizam os vazios na área de estudo. Por ser uma área adensada existem poucos vazios, os que ainda existem são resultados de demolições temporárias, áreas abertas ou abandonadas. A grande taxa de ocupação do solo trás questões importantes para a qualidade da habitação, como por exemplo, a circulação de ar entre as edificações e a grande taxa de solo impermeabilizados.
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SE Direção predominante dos ventos
HIERARQUIA VIÁRIA FÍSICA O mapa de hierarquia viária física apresenta uma estrutura para suprir a demanda de uma região predominantemente habitacional, pois as características físicas das vias são limitadas à um fluxo leve. A Avenida Saudade possui características físicas para uma demanda grande de veículos, ela é responsável por coletar e distribuir o fluxo para vias expressas. Mas devido a grande diversidade de atividades
SE Direção predominante dos ventos
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HIERARQUIA VIÁRIA FUNCIONAL Na prática as vias não funcionam como foram projetadas, pois ao longo do tempo com o desenvolvimento da região o numero de atividades exercidas aumentou significativamente, e as ruas que antes foram projetadas para um fluxo leve de veículos não possuem condições fisícas para suportar o fluxo atual. Podemos verificar no mapa que a Av. Saudade ainda se mantém como principal via, com maior fluxo, porém as ruas em seu entorno também passaram a receber um grande fluxo, tornando a região com um transito lento e muito adensado
SE Direção predominante dos ventos
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TRANSPORTE PUBLICO O transporte publico da região onde será implantado a habitação de interesse social conta com pelo menos 30 linha de ônibus que utiliza a Av. Saudade como referência. A proximidade com o centro da cidade e a grande concentração de produtos e serviços que a área dispõe, possibilita resolver praticamente todas as necessidades dos habitantes sem grandes deslocamentos. Segundo a empresa responsável pelo transporte público de Ribeirão Preto, as linhas de transporte publico que circulam próximo a região abrangem praticamente todo território da cidade de Ribeirão Preto, facilitando o deslocamento da população, entretanto, para as regiões mais distantes o tempo de percurso é longo.
SE Direção predominante dos ventos
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EQUIPAMENTOS URBANOS O bairro dos Campos Elíseos é uma das regiões mais antigas e consolidadas, com forte presença de comércios e habitações a oferta de equipamentos é abundante em várias instancias, como mostra o gráfico ao lado.
A
IPANEMA CLUBE
2
A
H A
1
CEMITÉRIO
C
DA SAUDADE
3A
H
A
A
B
3
CLUBE PALESTRA ITÁLIA
A
A
2A
2A
1
2A
H UNIV. MOURA LACERDA
BS
LEGENDA
3
2C
2 3
B H
SENAI
I- EDUCAÇÃO:
SENAC
SE
1.1- Educação da criança de zero à seis anos
36 LEGENDA
Creche Direção predominante Educação Pré-escolar dos ventos
LEGENDA Creche
1
Educação Pré-escolar I- EDUCAÇÃO:
2
1 2
Creche/Educação Pré-Escolar 1º Grau
A3
2º Grau
B
1º Grau 3º Grau 2º Grau
1.3-EDUCAÇÃO 1º E 2º Graus ESPECIAL 3º Grau 1.3-EDUCAÇÃO ESPECIAL
C
III- CENTROS COMUNITÁRIOS
UNIDADE DE SAÚDE ENSINO DEII-1º E 2º GRAUS
1º Grau
3 Creche/Educação 1.1- Educação da criançaPré-Escolar de zero à seis anos
1.2- ENSINO DE 1º E 2º GRAUS 1º E 2º Graus
2
BOSQUE
1.1- Educação da criança de zero à seis anos 1.2-
Educação Pré-escolar 1.2- ENSINO DE 1º E 2º GRAUS
UBS
UBDS Fonte https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/splan/planod/i28planod.php 3 GINÁSIO Creche/Educação Pré-Escolar MUNICIPAL SETE CAVA HOSPITAIS CAPELAS DO
I- EDUCAÇÃO:
Creche
II- UNIDADE DE SAÚDE
PARQUE MUNICIPAL MORRO DE 1 SÃO BENTO
A
UBS
2º Grau
UBDS II- UNIDADE DE SAÚDE HOSPITAIS 1º E 2º Graus UBS III- CENTROS COMUNITÁRIOS 3º Grau UBDS HOSPITAIS
IV- BAC's 1.3-EDUCAÇÃO ESPECIAL
DB HC
D
H
III- CENTROS COMUNITÁRIOS LAR DE IDOSOS
A
D B
EEC D
EE
IV- BAC's ENTIDADE MANTENEDORA LAR DE IDOSOS Estado
Município ENTIDADE MANTENEDORA Particular Estado Município Particular
D
EE
IV- BAC's LAR DE IDOSOS ENTIDADE MANTENEDORA Estado Município Particular
D
H
O LOTE O lote esta localizado entre as ruas, Patrocínio, Paraíba e Ceará, próximo a av. Saudade, onde o fluxo de veículos e pedestres são intensos devido a concentração de comércios e serviços na Av. Saudade. A atualmente no local existe um antigo galpão abandonado, que ocupa metade da quadra. O terreno compreende uma área total de 4565 m². A atualmente no local existe um antigo galpão abandonado, que será demolido para a implantação da HIS. A escolha do terreno e da região se deu pelo fato de ser uma área com infraestrutura consolidada, otimizando os gastos com infraestrutura e proporcionar maior dinâmica do bairro, que sofre com o esvaziamento por conta dos comércios , tornando a região propicia para a marginalidade
RESTRIÇÕES URBANISTICAS PLANO DIRETOR ÁREA TORAL DO TERRENO: 4565m² SOLO NATURAL: (20%) 913m² MACROZONEAMENTO: ZUP – Zona de Urbanização Preferencial DENSIDADE POPULACIONAL: MÁXIMA: 2000 hab/há e MÍNIMA: 850nab/ha USO DO SOLO: Edifício de uso misto – Habitação Multifamiliar + Comércios OCUPAÇÃO DO SOLO: Taxa de ocupação: 80% (para uso misto) – 3652m² COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO: 5 *Recuos: Frontal – 5metros Lateral – 2metros (*os recuos são estabelecidos de acordo com a lei municipal de uso e ocupação 2157/2007 de Ribeirão Preto)
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SE Direção predominante dos ventos
CON CLU SÃO LEVAN TAMEN TOS
Faz necessário o levantamento das características físicas ambientais do terreno e de seus entorno para maior entendimento da dinâmica da região, pontuando suas características positivas e negativas, e assim, propor soluções compatíveis com as necessidades sociais e ambientais. Podemos verificar de acordo com os levantamentos que a região do Bairro Campos Elísios, próximo da Av. Saudade, no cruzamento das Ruas Patrocínio e Paraíba, onde o terreno esta localizado apresenta características comuns de grandes centros urbanos como:
Características positivas: • Grande oferta de produtos e serviços. • Dinâmica nos usos e ocupação em termos comerciais • Equipamentos públicos abundantes • Transporte público abundante • Infraestrutura urbana
Características negativas: • • • • • • • •
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Adensamento de edifícios Pouco solo natural Pouca dinâmica fora do horário comercial Degradação urbana Desvalorização do solo Habitações rarefeitas Abandono de edifícios Lotação de veículos
A Av. Saudade é responsável por puxar o desenvolvimento da região, devido a grande oferta de produtos e serviços oferecidos. Entretanto, o desenvolvimento do setor comercial foi mais rápido que o desenvolvimento da infraestrutura, pois, no inicio do bairro o uso do solo das ruas paralelas em relação com a Av. Saudade era predominantemente residencial, assim como as instalações de infraestrutura eram compatíveis com o uso. Mas, rapidamente o comercio tomou conta do espaço físico. Podemos destacar essa transformação no mapa de uso, onde é possível ver as ruas paralelas com a Av. Saudade tomadas por comércios, as residências ficaram cada vez mais rarefeitas e os comercias ficaram mais adensados. Podemos constatar essa mudança ao verificar o mapa de
Hierarquia Física e Funcional, onde as ruas não possuem hierarquia, todas apresentam a mesmo tamanho, tornando dificultoso o escoamento de veículos característico do novo uso. Atualmente na região de estudo existem várias construções abandonadas, onde poderiam ser ocupadas de forma que usufruam da infraestrutura pronta e devolva a vitalidade para a região. Aspectos à serem levados em consideração para o projeto: PERCA DA VITALIDADE DA REGIÃO devido às habitações estarem cada vez mais rarefeito, espaço ocupado por atividades de comércios, tornando um local sem movimento e, portanto, contribuindo para a marginalidade e degradação do local. Durante o dia a região é a Avenida com maior movimento de comercio da cidade, com grande fluxo de veículos e pedestres, porém à noite o local é praticamente deserto, com poucos comércios de atividade noturna. MOBILIDADE URBANA – a grande rotatividade de pessoas e veículos, tornando a região congestionada de difícil trafego de pedestres e veículos TRANSPORTE PÚBLICO – A grande oferta de transporte público verificada nos levantamentos como instrumento de incentivo para não usar carros, hoje pouco aproveitado. VAZIOS URBANOS – com a demanda por habitações e crescimento das cidades se espalhando pelas periferias, os vazios urbanos em centros consolidados é uma possibilidade que proporcionar qualidade e otimizar custos com infraestrutura. Os levantamentos são diretrizes fundamentais para propor soluções arquitetônicas e urbanísticas, levando em consideração o programa de necessidade, e as características físicas ambientais do local.
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6 REFE RÃ&#x160;N CIAS PROJE TUAIS
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COMPLEXO HABITACIONAL E CULTURAL – SÃO PAULO INFORMAÇÕES GERAIS: Área: 18000m² Ano: 2015 Arquiteto: Mario Biselli Programa: Habitação e cultura Localização: São Paulo
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O terreno maior, de 18 mil m², corresponde ao da antiga rodoviária que funcionou ali de 1961 a 1982, em frente à praça Júlio Prestes. De 1988 até 2009, quando o edifício foi demolido, abrigou um shopping popular. A demolição, na época, foi pensada para receber o Teatro da Dança/Complexo Cultural Luz, que em 2008 ganhou projeto dos suíços Herzog & de Meuron, anulado em 2015. O Governo, então, mudou o foco do terreno, o espaço passou da Secretaria da Cultura para a Secretaria da Habitação, oficialmente, em solenidade no Palácio dos Bandeirantes. O segundo terreno fica na mesma área, também de frente à praça Júlio Prestes.
PARCERIA PUBICA PRIVADA(PPP) O projeto faz parte da PPP da Habitação do centro expandido de São Paulo, lançada pelo Governo do Estado em 2014 e cujo vencedor do edital para o primeiro lote foi a Canopus, em 2015. Com a PPP da Habitação, o Governo do Estado de São Paulo tem como objetivo construir 14,1 mil moradias no centro expandido da capital. Segundo o edital para o primeiro lote, a Canopus deve construir 3.683 unidades no Centro de São Paulo, aproximadamente 2/3 delas de habitação de interesse social (HIS), subsidiadas, e 1/3 delas para o mercado popular (HMP).
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PROJETO URBANO E DE ARQUITETURA Um corredor cultural, 1.200 moradias (90% delas para habitação de interesse social), creche para 200 crianças, 5 mil m² de comércio no térreo dos edifícios e novos espaços verdes e públicos serão construídos em dois terrenos na região da Luz, Centro de São Paulo. O projeto recorta a grande quadra e abre frentes de mobilidade para o pedestre. Pelo projeto, a rua Santa Ifigênia, que hoje termina no terreno, se prolongaria pra dentro deste – mas aberta apenas aos pedestres –, levando espaços públicos e de convivência para o centro da antiga quadra. Ali, todo o térreo dos edifícios será ocupado por comércio, com fachadas ativas. A rua Cleveland também teria sua prolongação, terminando perpendicularmente com a Santa Ifigênia. "O projeto parte da premissa de integrar essas grandes quadras com o entorno da região e de criar espaços de circulação de pedestres e de espaços públicos, que permeiam o terreno da antiga rodoviária“.
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DISTRIBUIÇÃO E PROGRAMA Distribuição dos edifícios no terreno. A distribuição dos edifícios criou espaços voltados para dentro da quadra, criando espaços reservados mas permeáveis.
O programa do edifício é dividido em dois perímetros, residencial e cultural. O perímetro cultural irá abrigar uma escola de música e quatro auditórios em frente à praça
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HIERARQUIA ESPACIAL E PERMEABILIDADE Espaços públicos e semi-públicos. A própria distribuição dos prédios é responsável por criar uma hierarquia de apropriação.
45 Permeabilidade nas quadras. Os acessos se organizam a partir da continuação das vias, mas somente com acesso para pedestres permitindo cruzar a quadra.
ÁREAS PRIVATIVAS E COMERCIAIS Áreas Privativas
Áreas comerciais
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ÁREA VERDE "Criamos uma sucessão de áreas específicas: cultural com o edifício da Sala São Paulo, área verde com a praça em frente, cultural novamente com a escola de música, área verde com a nova abertura do terreno, para só então chegar à linha da habitação, cujos edifícios mais altos não se chocam com o gabarito da torre do edifício da estação Julio Prestes", explica Mario Biselli. A entrada das unidades habitacionais não fica no centro da quadra aberta, mas nas ruas que circundam o terreno, como a Barão de Piracicaba e a Helvétia. "Assim os moradores de uma antiga habitação informal passam a ter um endereço com nome de rua. Isso faz muita diferença e foi um ponto importante durante o concurso", explica Biselli.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL – LYON, FRANÇA Arquiteto: PetitDidier Prioux Architectes Área: 2460 m² Ano: 2015 Programa: 92 apartamentos (78 moradias e 14 áreas de serviço e escritórios de pessoal) Localização: Vaulx-en-Velin Lyon - França O projeto pretende substituir um antigo albergue que será demolido para a implantação do conjunto de habitação de interesse social. Localizado em uma área de desenvolvimento urbano, o conjunto compreende em 92 unidades, sendo 78 moradias e 14 áreas comuns e escritórios, as unidades são divididas em dois blocos interligados por passarelas de acesso às unidades. Para favorecer a aceitação da vizinhança e a apropriação por parte dos habitantes, o conjunto é visto como um “bloco de Alumínio”, para afastar a imagens de um albergue. Voltadas para a rua, cada unidade de moradia possui duas janelas verticais, ou bem agrupadas ou separadas, que contribuem para "interromper" a forma em que o edifício é lido.
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Para cada lado do “bloco de Alumínio” propõe um tratamento especial: a fachada envidraçada do norte oferece a transparência entre a rua e o jardim, enfatizando os movimentos nos decks de acesso. Os elementos verticais formam brises que otimizam a entrada de luz natural e conferem vida a fachada. A continuidade rítmica e o efeito dos brises que sobressaem levemente, asseguram a conexão entre as duas fachadas para a rua. No lado do jardim, as janelas são dispostas em pares dentro de uma moldura de metal comum, enfatizando as grandes linhas horizontais e reduzindo o número de aberturas percebidas.
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OCUPAÇÃO DO LOTE O projeto é uma das primeiras peças do novo dispositivo urbano que ligam o centro da cidade para os subúrbios de menor densidade. O edifício se apropria do terreno com os blocos distribuídos perifericamente, no alinhamento das ruas, proporcionando amplo espaço no centro do terreno. Para impulsionar a identidade do bairro, o edifício adota um padrão duplo: a variação quadro em fachadas urbanas e grandes janelas com vista para o jardim, rompendo com o efeito repetitivo comumente relacionada com habitações de interesse social. Juntamente com o extenso trabalho sobre a aproveitamento das áreas internas, onde os residentes se beneficiam de áreas comuns e exteriores como lugares de troca e encontro.
CIRCULAÇÃO As escadas de acesso às unidades estão localizadas entre os blocos, que são conectados por meio de uma passarela alternando fechamentos abertos e fechados criando um ritmo na fachada e possibilitando a visão para fora do prédio.
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ÁREA DE SERVIÇO E ESCRITÓRIOS MORADIAS CIRCULAÇÃO
DISTRIBUIÇÃO Propõe-se dois tipos de unidades de habitação: o desenho em paralelo a rua, que reduz o número de moradias sujeitas ao incômodo; e em profundidade, no lado do jardim, o que favorece uma interação agradável como coração do terreno. As distribuições exteriores que unem as duas partes do edifício ao norte, assim como a grande escada exterior, atuam como pequenos "quadrados" verticais situados entre o edifício e o jardim. O térreo é predominantemente de uso relacionados a serviços e escritórios para comercio e serviços, com poucos unidades de moradia, os demais pavimentos são exclusivos para moradias. Os acessos principais são as escadas, uma localizada no interior do bloco e a outra na fachada norte.
51 ÁREA DE SERVIÇO E ESCRITÓRIOS MORADIAS CIRCULAÇÃO
PLANTA BAIXA - TERREO
PLANTA BAIXA – PAV. TIPO
CON CLU SÃO REFE RÊN CIAS
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A presente pesquisa contempla a leitura projetual de dois conjuntos habitacionais de interesse social, sendo um nacional, localizado na cidade de São Paulo, desenvolvido pelo arquiteto Mario Biselli, e o outro internacional, localizado na cidade de Lyon na França desenvolvido pelo escritório de arquitetura PetitDidier Prioux Architectes. Os projetos abordam a questão de habitação para baixa renda promovendo a sustentabilidade social e ambiental, favorecendo mitigação da segregação social e a dinâmica do espaço, com tipologias de uso misto e interação com o entorno imediato. O projeto do Mario Biselli em São Paulo deixa clara a preocupação em revitalizar uma área antes degradada criando um espaço com dinâmica de usos mesclando habitações, comércios e serviços, e equipamentos culturais aproveitando os edifícios pré-existentes de forma natural como um complemento do espaço, e agregando novos equipamentos urbanos com equipamentos urbanos existentes utilizando como uma extensão do conjunto, fazendo um complexo habitacional onde os moradores possam se apropriar do espaço e da estrutura. O projeto Francês do escritório PetitDidier Prioux Architectes, nos trás a questão do descolamento da imagem dos antigos albergues, com as habitações de interesse social, com soluções arquitetônicas e construtivas, desprendendo as repetições monótonas relacionadas as habitação sociais. Assim facilitando a aceitação do edifício pela vizinha e os próprios moradores. O projeto enfatiza a distribuição dos blocos de forma que boa parte de terreno seja de áreas verdes para o uso dos moradores. Neste projeto também contribui para a dinâmica urbana com uso misto de habitações e escritórios, além de contar com áreas de serviços coletivas otimizando o espaço interno das unidades. Palavras chave para desenvolver um modelo de habitação • Revitalização de área degradada • Dinâmica urbana • Interação com o entorno • Sustentabilidade social
7 MEMO RIAL DESCRI TIVO E JUSTI FICA TIVO
O projeto de Habitação de interesse social inserido vazios urbanos em regiões consolidadas tem o objetivo de proporcionar moradias de qualidade para os habitantes tirando proveito da infraestrutura existente, como forma de redução de custo, e revitalizar a região onde a presença de comércios é maciça prejudicando a vitalidade da vizinhança. A implantação desse empreendimento deverá seguir diretrizes de sustentabilidade em todas as instancias, com solução projetuais coerentes com as características da região e o estudo de viabilidade de materiais e sistemas construtivos mais avançados. O projeto consiste em apartamentos em “fita” dispostos no terreno como “quadras abertas”, criando áreas semi-públicas no interior do terreno, onde os moradores deverão se apropriar como uma extensão de suas moradias e ao mesmo tempo permeável para a vizinhança. Os blocos de moradias serão suspensos através de pilotis possibilitando a permeabilidade da visão e o acesso de pedestres será regulado por elementos, como jardins, ou estruturas de apoio. No terraço haverá espaço de 53 convívio e lazer de uso particular dos moradores. As unidades compreendem plantas dinâmicas pouco compartimentadas, possibilitando adaptações de uso por parte dos moradores. Dotadas com grandes aberturas voltadas para a fachada Nordeste, onde recebem o sol da manhã e aberturas menores voltadas para fachada Sudoeste onde devera ter maior atenção para o sol do período da tarde. A disposição das aberturas favorecem a iluminação natural e a ventilação cruzada. Serão projetadas cinco tipologias, sendo quatro modelos de apartamentos, e um modelo de sala comercial, as tipologias são: unidades de um dormitório, com aproximadamente 40m² de área, unidades de dois dormitórios com aproximadamente 60m² de área, unidades de três dormitórios com aproximadamente 80m² de área, e unidades adaptados de dois dormitórios com área aproximada de 60m². As entradas estarão localizadas dentro do bloco de apartamentos do térreo permitindo o controle de acesso dos moradores e proporcionando maior segurança.
As salas comerciais serão destinadas para uso dos próprios moradores para incentivar a dinâmica do local.
externa dos blocos, tornando o acesso mais convidativo e confortável. O edifício terá quatro pavimentos dispensando o uso de elevadores.
As dimensões serão compatíveis com as diretrizes do código de obras da cidade de Ribeirão Preto, onde determina as medidas mínimas dos compartimentos para habitações de interesse social.
A inserção de equipamentos para o aproveitamento dos recursos naturais, como a captação de águas pluviais e aquecedores solares, são estratégias para mitigar o custo de manutenção do edifício, minimizando as despesas para os moradores.
I - Pé - direito de 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) em todos os compartimentos de permanência prolongada.
Cada bloco de apartamento contará com um reservatório inferior e um reservatório superior abastecido pela rede municipal, de acordo com os cálculos de dimensionamento de reservatórios previstos nas normas. E também cada bloco de apartamentos contará com um sistema de captação de agua pluvial, sendo um inferior e um superior onde as soluções projetuais possibilitaram a captação direta para o reservatório superior dispensando o uso de bomba elétrica para encher o reservatório.
II - Área mínima de 8,00m² (oito metros quadrados) e a dimensão mínima de 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) para sala e dormitórios, os demais poderão ter dimensões menores com o mínimo de 6,00m² (seis metros quadrados); III - Área mínima de 4,00m² (quatro metros quadrados) e dimensão mínima de 1,80m (um metro e oitenta centímetros) para a cozinha; IV - Área mínima de 2,00m² (dois metros quadrados) e dimensão mínima de 1,35m (um metro e trinta e cinco centímetros) para compartimento sanitário; V - Dimensão mínima de 1,20 m (um metro e vinte centímetros) para área de serviço; Art. 293 - Toda moradia econômica deverá dispor, no mínimo, de sala, quarto, cozinha, banheiro e área de serviço. (CÓDIGO DE OBRAS RIBEIRÃO PRETO, DISPONÍVEL em: https:// www.ribeiraopreto.sp.gov.br/J321/pesquisa.xht54 ml?lei=25704, acesso em 01de maio. 2016) Como forma de incentivo para a utilização de transporte público e ou outros meios de transporte, as vagas de estacionamentos para carros serão reduzidas e disponíveis preferencialmente para unidades de três dormitórios e unidade adaptadas, ou para moradores com dificuldade de mobilidade. No térreo será feito um bicicletário, como forma de incentivo para meios de transportes alternativos que não emitem poluentes. Os acessos serão por meio de escadas cobertas junto às passarelas de ligação dos blocos na área
8 PRO JETO
FICHA TÉCNICA Área Total do terreno: 4565m² Área Livre: 3252,72m² (71,3%) Área Verde: 1494,79m² (32,7%) Área Construída: 6095,5m² Taxa de Ocupação: 1312,28m² (28,7%) Área Comercial: 289,30m² Total de Unidades: 53 Unidades Adaptadas: 5 População: 181 habitantes Densidade populacional: 397 (869hab/ha) Vagas para automóveis: 23 Vagas para Bicicletas: 32 Un. de 1 dormitório: 40,82m² Un. de 2 dormitórios: 60,27m² Un. de 3 dormitórios: 75,20m² Un. adaptada de 1 dorm.: 41,36m² Un. adaptada de 2 dorm.: 61,67m²
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8.1 ESTRUTURA A superestrutura será composta por perfis metálicos laminados em seção I e as lajes serão em concreto armado pré-fabricado resultando em uma estrutura autoportante, permitindo uma compartimentação mais flexível no interior dos apartamentos. A escolha do material foi em função do desempenho da estrutura e praticidade na montagem. A estrutura metálica possibilita vencer vãos maiores que as estruturas convencionais de concreto, com peças mais esbeltas e leves, transmitindo menor peso para as fundações. Além de serem mais leves, as estruturas metálicas são produzidas na indústria, com precisão e qualidade asseguradas pelo controle de qualidade, fato esse que dificilmente os sistemas construtivos convencionais feitos in loco conseguiriam atingir. A pré-fabricação dos componentes metálicos ou de concreto garantem o controle dos resíduos provenientes do beneficiamento das peças e o desempenho estrutural compatível com a necessidade, assim os componentes metálicas e de concreto chegarão ao canteiro de obras prontas para serem montadas, com o mínimo de ajuste. As construções em estrutura metálica em geral são mais caras que os sistemas convencionais, porém, esse sistema deve compensar em outros aspectos importantes em uma obra, como a mão de obra, o tempo de construção e o baixo índice desperdício de materiais.
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8.2 FECHAMENTOS Os fechamentos serão compostos por perfis metálicos galvanizados formados a frio, e placas de gesso acartonado e placas cimentícias. Para o conforto termo acústico os fechamentos externos e internos convenientes terão lã de rocha entre os perfis elevando significativamente o conforto do usurário. As esquadrias serão de alumínio, material que transmite pouco calor para o interior do apartamento.
FECHAMENTOS INTERNOS Nos fechamentos internos, como divisão dos ambientes serão usados paredes de drywall, ou seja, são perfis metálicos galvanizados, mas não possuem função é estrutural, já que a materialidade e o sistema construtivo permite fechamentos não estruturais. Os perfis serão revestidos com placas de gesso acartonado, esse sistema de fechamento é leve e permite maior flexibilidade das compartimentações.
FECHAMENTOS EXTERNOS Para os fechamentos externos serão adotados o sistema de Steelframe, ou seja são perfis de aço galvanizados parecidos com o sistema de Drywall, entretanto, com função estrutural, segundo recomendações da empresa Brasilit, para os fechamentos externos é recomendado a utilização de perfis estruturais, mesmo quando a superestrutura é autoportante. Os perfis serão revestidos com placas cimentícias que são mais leves que as placas de fibrocimento e a alvenaria convencional, as placas cimentícias são resistente à intem57 péries do clima e reduz cerca de 25% a carga sobre a estrutura metálica.
8.3 COBERTURA A estrutura da cobertura será composta de treliça espacial e fechamento de telhas metálicas com tratamento térmico acústico, para proporcionar conforto para os usuários e atender as normas de desempenho. A corbertura elevada cria um espaço de recreação e lazer para os moradores, além da função de captar as águas pluviais. O desenho da cobertura e a estrutura elevada permite que as águas captadas vão direto para um reservatório logo abaixo da cobertura, assim a distribuição para os apartamentos se dá de forma natural descartando o uso de bomba. Esse reservatório de águas pluviais só será destinado para os vasos sanitários, dispensando o tartanto da mesma. Sobre a corbertura do edifício haverá paineis solares para o armazenamento de energia, minimizando os custos para manter o conjunto.
8.4 RECURSOS NATURAIS PROJEÇÃO DE SOMBRA A relação da distância entre uma torre e outra e a altura da edificação nos permite avaliar a projeção de sombra que uma torre irá fazer sobre a outra No esquema abaixo podemos verificar que entre as 8:00 e 9:00 da manhã não há nenhuma barreira que impeça o sol de incidir sobre as outra unidades, desta forma proporcinando qualidades semelhantes em todas as unidades. Para as fachadas que estão expostas a luz do sol na parte
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da tarde, se faz necessário projetar barreiras para protejer o interior das unidades, desta forma foi a propria circulação de acesso para as unidades serve de proteção, permitindo a entrada do sol somente no final da tarde quando a temperatura começa a abaixar
INCIDÊNCIA SOLAR A carta solar nos permite projetar a incidência solar no interior das undades e assim propror soluções de implantação e proteção. No gráfico onde a unidade habitacional esta posicionada de acordo com o norte, assim podemos prever em quais horas do dia os ambientes estarão mais expostos.
INCIDÃ&#x160;NCIA SOLAR
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VENTILAÇÃO NATURAL A forma como os bloco foram dispostos favorece o aproveitamento dos recursos naturais, como a iluminação e a ventilação. A relação de iluminação quanto a distância e altura também se aplica quanto a ventilação, onde a distancia permite que a corrente natural de vento possa transpassar as torres ventilando as proximas torres. As aberturas das unidades também são responsáveis por tornar o ambiente mais agradável, nos gráficos sobre ventilação nas unidades podemos simular o caminho dos ventos, isso porque as aberturas foram pensadas para ficar uma de frente para a outra ocasionando uma ventilação cruzada, importante por deixa o a,biente mais frenco e renovando o ar de dentro dos ambientes.
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VENTILAÇÃO CRUZADA - CORTE
VENTILAÇÃO CRUZADA - PLANTA
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8.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O edifício foi pensado desde sua implantação até uma possível desmontagem, o projeto arquitetônico favorece a modulação das peças e a materialidade adequada viabilizam um edifício completamente desmontável, onde as peças são encaixadas perfeitamente permitindo montar outro exatamente igual, utilizando materiais que possam ser reciclados ou serem reusados em qualquer outro empreendimento, além de proporcionar qualidade de vida para os moradores de forma sustentável. O local escolhido para a implantação e a forma como foi projetado tem como objetivo recuperar a vitalidade do local proporcionando conforto e segurança, os espaços foram feitos para a apropriação dos moradores do conjunto e da vizinhaça, os grande pátios livres foram pensados
para uma maior integração das pessoas tornando o local como um verdadeiro quintal de suas casas. O espaço do terreno é todo particular, porém, a idéia é “abrir” a quadra, tornando-a permeável, com restrições em áreas privativas dos moradores de forma segura e q mantenha a privacidade dos usuários.
8.7 PROJETOS E ILUSTRAÇÕES
PLANTA HUMANIZADA UN. 3 DORM.
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PERSPECTIVA UN. 3 DORMITÃ&#x201C;RIOS
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PERSPECTIVA EXTERNA
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REFE RÊNCIA
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