Escola das Famílias | Novembro 2016

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Na sequência do que realizámos o ano letivo passado, através da Escola de Pais, queremos dar continuidade ao projeto e conseguir chegar a um maior número de famílias através de temáticas de grande interesse para o desenvolvimento pessoal, emocional e social das crianças e jovens. É um projeto dinamizado pelo subgrupo da Educação da Comissão Social de Freguesia de São Domingos de Benfica. Este ano apresentamos a Escola das Famílias 2017. É um conceito que pretende contribuir, através dos diferentes saberes, para o desenvolvimento psicológico, académico e social da pessoa e para o bemestar em família. A família, a escola e a comunidade são espaços onde emergem saberes diversos e onde cada pessoa tem um papel formativo e informativo essencial. Surge, por isso, a proposta de promoção destes espaços através da Escola das Famílias, um lugar de partilha de saberes e experiências. Hoje só faz sentido uma proposta que integra as famílias nas suas múltiplas conjugações onde pais, mães, avós e outros cuidadores participam na educação das crianças e jovens. As temáticas escolhidas têm como finalidade ir de encontro aos interesses e preocupações mais comuns das famílias. A Escola das Famílias 2017 para além das sessões presenciais vai elaborar um conjunto de artigos fundamentais que irão apoiar e tornar as sessões presenciais mais construtivas, permitindo um ponto de partida para a reflexão conjunta e debate. Nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro irão ser divulgados artigos mensais e a partir de janeiro iniciaremos os seminários presenciais. Este ano terá um formato itinerante e serão convidados oradores de referência. Continuamos a contar com o excelente contributo da Escola de Yoga Sámkhya Benfica para o momento de relaxamento e introspeção inicial. Minutos essenciais que provocaram o “aquecimento” corporal e emocional para estimularem a nossa disponibilidade em ouvir, em partilhar, ou melhor dito em participar de forma ativa e efetiva. Com o objetivo de apoiar as famílias para lidarem com as diferentes dimensões inerentes aos processos de desenvolvimento das nossas crianças apresentamos o 2º artigo da Escola das Famílias 2017


Mês de Novembro A pressão da avaliação – o desafio de motivar para aprender O sistema educativo Português vem sendo alvo de inúmeras reformas e mudanças. Historicamente feito de avanços e recuos e marcado por alterações sucessivas conhece, nos últimos 30 anos, experiências várias que determinam indissociavelmente a forma como profissionais de educação, famílias e alunos/as vêem e vivem o ensino. Um aspeto fundamental no processo de ensino-aprendizagem é, contudo, constante: a avaliação. Sabemos que, apesar do desenvolvimento infantil ter marcadores estáveis e verificáveis, semelhantes em todas as crianças, existem demasiados fatores que interferem com esse mesmo desenvolvimento, não sendo possível prever o sucesso de cada criança e jovem face a uma (ou a várias) aprendizagens. Fatores ligados ao próprio desenvolvimento, como a maturidade ou perturbações na linguagem ou aprendizagem; fatores emocionais ou relacionais; ou fatores associados aos próprios métodos de ensino, são determinantes nos processos de aprendizagem e consequentemente nos processos de avaliação comummente utilizados. Idealmente, a aprendizagem deve ter em consideração os ritmos de cada criança e jovem, deve estar concordante com as competências que se vão desenvolvendo ao longo do seu processo e deve conter um processo de avaliação que não compare apenas o desempenho em tarefas com uma norma, mas que determine reais competências e potencialidades. Por outras palavras, um processo de avaliação ideal deve ser capaz de determinar aquilo que cada criança ou jovem é capaz de fazer em vários períodos, apontado, essencialmente, o progresso das competências e conhecimentos adquiridos, bem como as áreas a melhorar e as respetivas estratégias de apoio. Na correria do quotidiano é muitas vezes difícil para as famílias acompanharem todo o processo de aprendizagem das suas crianças e jovens, pelo que a enfase surge, invariavelmente no resultado no desempenho, algo que promove, naturalmente, ansiedade e stress. Este sentimento é evidente nos/as alunos/as pois desejam corresponder às expetativas em si depositadas e garantir o maior sucesso possível, mas também nas famílias, cujas expetativas face ao desempenho da prole são sempre as mais


altas. É, contudo, importante desmistificar esta situação e alertar para o facto de uma nota mais baixa não ser equivalente a insucesso nem determina dificuldade de aprendizagem e que uma nota alta é um indicador de estudo e motivação. Ambos os indicadores podem vir a alterar-se ao longo do processo de aprendizagem, daí tornar-se inevitável insistir nas características dinâmicas do processo ensino aprendizagem. No processo de avaliação é essencial encontrar os aspectos positivos do resultado do desempenho elaborando-os e transformando-os em elementos motivadores, quer para a melhoria dos resultados quer para a sua manutenção. É também importante relativizar e adequar as expetativas, encontrando numa avaliação mais baixa os pontos em que é preciso intervir e motivar para alcançar os objetivos individuais. Da mesma forma é essencial reconhecer que os resultados de avaliações mais altos devem ser sinónimo de contentamento e gratificação, embora com consciência de que a caminhada da aprendizagem prossegue e que outras metas se seguirão. Altos e baixos, pedras no caminho e conquistas, todos eles fazem parte do processo de aprendizagem, pelo que aquilo que devemos retirar são os pontos promotores de mudança, de crescimento e de sucesso, adequando expetativas e reduzindo a ansiedade, ela também, uma inimiga natural de um bom desempenho. Cabe aos agentes educativos, em parceria com toda a comunidade escolar e famílias, adaptar, comunicar, estar atento e não promover a exclusão da aprendizagem. Pelo contrário, interessa promover uma articulação positiva que utilize a avaliação para motivar e para identificar lacunas a desenvolver, cabendo, também, nas funções da escola, a procura de mecanismos de inclusão e promoção de experiências de aprendizagem - e avaliação - gratificantes.

Um artigo do Subgrupo de Educação da Comissão Social de Freguesia de São Domingos de Benfica.


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