Na sequência do que realizámos o ano letivo passado, através da Escola de Pais, queremos dar continuidade ao projeto e conseguir chegar a um maior número de famílias através de temáticas de grande interesse para o desenvolvimento pessoal, emocional e social das crianças e jovens. É um projeto dinamizado pelo subgrupo da Educação da Comissão Social de Freguesia de São Domingos de Benfica. Este ano apresentamos a Escola das Famílias 2017. É um conceito que pretende contribuir, através dos diferentes saberes, para o desenvolvimento psicológico, académico e social da pessoa e para o bemestar em família. A família, a escola e a comunidade são espaços onde emergem saberes diversos e onde cada pessoa tem um papel formativo e informativo essencial. Surge, por isso, a proposta de promoção destes espaços através da Escola das Famílias, um lugar de partilha de saberes e experiências. Hoje só faz sentido uma proposta que integra as famílias nas suas múltiplas conjugações onde pais, mães, avós e outros cuidadores participam na educação das crianças e jovens. As temáticas escolhidas têm como finalidade ir de encontro aos interesses e preocupações mais comuns das famílias. A Escola das Famílias 2017 para além das sessões presenciais vai elaborar um conjunto de artigos fundamentais que irão apoiar e tornar as sessões presenciais mais construtivas, permitindo um ponto de partida para a reflexão conjunta e debate. Nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro irão ser divulgados artigos mensais e a partir de janeiro iniciaremos os seminários presenciais. Este ano terá um formato itinerante e serão convidados oradores de referência. Continuamos a contar com o excelente contributo da Escola de Yoga Sámkhya Benfica para o momento de relaxamento e introspeção inicial. Minutos essenciais que provocaram o “aquecimento” corporal e emocional para estimularem a nossa disponibilidade em ouvir, em partilhar, ou melhor dito em participar de forma ativa e efetiva. Com o objetivo de apoiar as famílias para lidarem com as diferentes dimensões inerentes aos processos de desenvolvimento das nossas crianças apresentamos o 1º artigo da Escola das Famílias 2017 Regresse à Escola!
Mês de Outubro A importância das relações afetivas no sucesso escolar
Sucesso escolar é um conceito subjetivo que vai muito para além das boas classificações, médias altas e entrada no melhor curso universitário. O sucesso escolar exige um esforço conjunto entre todos os agentes envolvidos: família, escola e comunidade. Exige uma valorização dos afetos e da sua influência na forma como cada criança e jovem vive a escola e o seu próprio processo de aprendizagem. Exige, por outro lado que as famílias comuniquem de forma constante e gradualmente complexificada no sentido de perceber interesses, encaminhar adequadamente e adaptar as expetativas. Se nos sentirmos um pouco mais nervosos/as, inquietos/as ou preocupados/as agimos e reagimos de acordo com essas emoções e sentimentos. Por isso, não nos é indiferente a relação que temos com as outras pessoas: com a mãe, com o pai, com ambos, com os irmãos e irmãs, com os avós, com os amigos e amigas, com a professor/a ou com o/a educador/a. As relações afetivas são os nutrientes da nossa segurança, autoconfiança, vontade de melhorar, vontade de rir e coragem para pedir ajuda sem medos nem vergonha. São os nutrientes afetivos que favorecem o nosso sucesso e nos motivam a pensar formas de enfrentar as exigências diárias. A desnutrição afetiva manifesta-se muitas vezes através de reações de irritabilidade, ansiedade, apatia, distração e desinteresse pelas tarefas quotidianas e que influenciam as relações interpessoais e o desempenho individual a nível escolar e social. Parece ser fácil entender que algumas das causas que explicam a ausência de sucesso escolar são a desmotivação, o desinteresse, a tristeza, ou até mesmo a paixão ou o interesse por algo diferente. O contrário também parece ser fácil de compreender: quando a criança ou jovem está contente, animada, e motivada apreende mais e obtém melhores resultados escolares. Daqui podemos retirar, também, que o sucesso ou insucesso escolar funcionam como um alerta ou indicador do nosso estado afetivo e não tanto um resultado definitivo no processo educativo da criança ou jovem. O desafio passa por construir um suporte afetivo que transmita à criança e ao jovem amor, segurança e confiança para que seja proactivo nas diferentes situações que vive. Esse suporte vai se construindo na família, na escola, na sociedade. Uma intervenção a nível emocional pode ser muito mais eficaz do que uma intervenção a nível pedagógico na persecução do sucesso escolar individual. Mais amor, da parte da outra pessoa e consequentemente amor-próprio, produz a confiança e motivação necessárias para escolher o que se quer ser e quando se quer ser, e isto promove, invariavelmente, o sucesso nessa atividade.
Esse suporte afetivo é como a rede que está debaixo dos trapezistas que lhes dá a segurança de saber que podem cair, que até se podem magoar, mas que não caem no chão duro e frio desamparados ficando impedidos de voltar a tentar uma e outra vez a fazer o seu melhor. Então como se constrói o suporte afetivo? Utilizando a imagem anterior, diria que escolhendo a linha e a agulha mais adequadas às características dos trapezistas, às suas dificuldades e às suas habilidades tornando assim a rede suficientemente forte e consistente para amparar eventuais quedas. Para isso, precisamos de saber olhar, entender e ouvir, ouvir muito. Precisamos reconhecer as potencialidades e as fragilidades como características individuais para saber motivar e para ajudar a superar as frustrações. Precisamos de ter firmeza quando dizemos: sim podes saltar. Precisamos de abraçar quando ouvimos: ainda não sou capaz, tenho medo. Precisamos de confiar e fazer acreditar que vão ser capazes de voltar a tentar e que estamos aqui para motivar essa vontade.
Um artigo do Subgrupo de Educação da Comissão Social de Freguesia de São Domingos de Benfica.