JUNTOS NO DESAFIO
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Paulo José Costa | Susana Heleno | Carla Pinhal
Título JUNTOS NO DESAFIO Guia para a promoção de competências parentais Autores Paulo José Costa | Susana Heleno | Carla Pinhal Ilustrações Sílvia Patrício Arranjo da capa Gonçalo Fernandes sobre gravura de Sílvia Patrício Arranjo de quadros Pedro .....??? Patrocínio CEO LIBERTY SEGUROS PORTUGAL
© Paulo Costa © Para a produção Textiverso, Lda. Rua António Augusto da Costa, 4 Leiria Gare 2415-398 LEIRIA - PORTUGAL E-mail: textiverso@sapo.pt Site: www.textiverso.com Revisão e coordenação editorial: Autor e Textiverso Montagem e concepção gráfica: Textiverso Impressão: Tipografia Lousanense 1.ª edição: Junho 2010 Edição N.º 1026/09 Depósito Legal: ISBN: 978-989-8044-xx-x Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor.
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JUNTOS NO DESAFIO GUIA PARA A PROMOÇÃO DE COMPETÊNCIAS PARENTAIS Destinado a Pais de Crianças e Adolescentes com PHDA (Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção) e Perturbações de Comportamento
Paulo José Costa Susana Heleno Carla Pinhal
LEIRIA 2010
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Nota de Abertura JOSE ANTÓNIO DE SOUSA CEO LIBERTY SEGUROS PORTUGAL O nascimento de um filho ou de uma filha é provavelmente o momento mais intenso em sentimentos na vida de qualquer ser humano. Sem pensarmos especificamente nesse aspecto, um filho ou uma filha corporizam não só a perpetuação da espécie humana, mas de nós próprios. Vemolos como uma extensão natural da nossa pessoa ("tal pai, tal filho", dizemos sempre com um sorriso e um orgulho inconfessado), e, portanto, é perfeitamente normal e natural, querermos para os nossos filhos o "melhor do mundo". Trabalhamos e vivemos para lhes proporcionar protecção, carinho, amor e uma vida material melhor do que aquela que os nossos pais nos puderam proporcionar a nós. Muitos pais no entanto não estão preparados para assumir esse difícil papel que é educar, forjar o carácter dos miúdos com princípios e valores sólidos, nos quais assentaram desde tempos imemoriais os alicerces da sociedade, desde que a raça humana se organizou em grupos estruturados, organizados, hoje sociedades civilizadas, organizadas e assentes na família. Muitos pais confundem proteger com defender o que eles fazem de errado, em vez de lhes ensinar a assumir a responsabilidade pelos seus actos, acham que o seu papel de pais se esgota na compra dos bens materiais que o dinheiro lhes permite comprar, ou pura e simplesmente delegam na sociedade, na escola, no círculo de amigos, o papel de proporcionar a educação (princípios e valores referenciais e comportamentais) aos seus filhos. Se isto é assim no caso de crianças ditas "normais", quando qualquer criança apresenta alguma fragilidade ou perturbação em relação aos padrões que a sociedade considera como sendo "normais", a maioria dos pais desespera-se e muitas vezes capitula. Ficam ainda mais dependentes de ajuda externa. Não se pode ensinar ninguém a ser pai ou mãe. Mas pode-se e deve-se ajudar as pessoas a lidar com crianças especiais, para que essas crianças possam ter as mesmas probabilidades de vir a ser adultos saudáveis em termos corporais e mentais, educados com sólidos princípios e valores, preparados para viver em sociedade e para ser, por sua vez, quando chegar a sua vez, pais responsáveis por uma família, que é a célula em que assenta a nossa civilização. Esta é a base da sociedade tal como a conhecemos desde sempre e, quando este balanço, este equilíbrio, estes alicerces civilizacionais deixarem de existir, a nossa espécie arrisca-se seriamente a desaparecer. Quando me pediram um apoio para o lançamento desta obra de valor inestimável, incalculável mesmo, para os pais responsáveis de crianças e adolescentes com PHDA, e me dediquei um pouco à leitura de partes da obra para poder escrever o comentário que me pediram, não pude deixar de me rever em muitas situações e casos que são referidos ao longo da obra!
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Pelos muitos dos padrões comportamentais descritos na obra eu não tenho hoje qualquer problema em me identificar como tendo sido uma criança com PHDA "light". Não tanto na parte final (DA), de Défice de Atenção, mas na inicial. Fui sempre uma criança hiperactiva, difícil de controlar, rebelde e teimosa. Não ao ponto de ter gerado "um círculo vicioso de discussão e agressão" à minha volta, como definem Webster-Stratton & Herbert citados por Ramalho, pelo menos não com toda a gente. Mas quem for hoje ao Colégio Alemão do Porto, de onde saí em 1970, possivelmente ainda encontre 40 anos depois alguém que se lembra de mim, e não pelos melhores motivos! Houve uma época da minha vida, já como jovem adolescente, em que o meu pobre pai era chamado 3 e 4 vezes por semana ao director do Colégio Alemão...E havia um ou outro professor, menos preparado para lidar com casos como o meu, que hoje certamente seriam objecto de reportagens na TVI, pelas palmadas que me deram, que por vezes me deixavam bem vermelho, ou pelos tufos de cabelo que me arrancavam (sem exagero) a abanar a cabeça quando eu "fazia das minhas"... Até me arrepia o simples pensamento retroactivo! O facto é que o meu pai, já falecido, a pessoa que mais admirei e a maior referência na minha vida, teria certamente agradecido ter ao seu dispor esta obra como referência e consulta. Talvez tivessem sobrevivido lá em casa uns cristais Lalique e umas taças Galé, e eu tivesse sido poupado a uns açoites valentes, sempre que o levava ao desespero! Não sou apologista de "tareias educativas", e as minhas filhas poderão confirmar que eu levei todas as palmadas que pude em antecipação por elas, muitos anos antes delas nascerem, pois nunca lhes dei uma palmada que fosse. Mas admito sem vergonha que fiz por merecer muitas das que levei! Este guia vai ser uma ajuda preciosa para os pais actuais de crianças e adolescentes com PHDA. Aquilo que no entanto é importante, num país avesso à leitura, é que ele sirva de ferramenta para cursos presenciais, ministrados por especialistas da área, para os casos que sejam detectados nas escolas, e que ele seja, sobretudo, um guia para o diálogo e troca de experiências de todas as pessoas envolvidas.
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CO-PREFÁCIO Antes de demais, gostaria de dizer umas palavras sobre o primeiro autor, que conheço há muitos anos e foi meu assistente num período (2000-2006) em que estive numa instituição do ensino superior privado (em que, curiosamente, a Carla Pinhal e a Susana Heleno foram também minhas alunas), antes de ingressar como psicólogo no Serviço de Pediatria do Hospital de Santo André, Leiria. O Dr. Paulo Costa foi sempre um profissional de muito mérito, juntando a elevada inteligência a uma motivação, igualmente elevada, para aprender. Por isso se tornou um profissional tão competente. Mas não só: tão importante foi sempre a sua humildade, que muito bem o tem conduzido a sustentar-se, tanto ao nível da teoria, como da intervenção, na evidência científica e empírica. Uma outra qualidade não posso deixar de frisar: a criatividade. Isto é, o Dr. Paulo Costa tem essa qualidade que lhe permite buscar coisas novas para resolver problemas com que se debate na sua prática clínica corrente. Para isso, naturalmente, é necessária uma boa base teórica e empírica sobre aquilo em que se pretende fazer alguma coisa inovadora. Só dominando muito bem os aspectos específicos sobre que se quer trabalhar é possível iniciar a criação de algo novo. Creio que foi o que aconteceu com o livro que agora se publica. Este livro, na verdade, descreve e explica em detalhe um Programa de intervenção parental para a PHDA. Trata-se de um programa que tem os seus fundamentos teóricos, mais distantes, na Psicologia Comportamental, e os mais recentes, na Psicologia Cognitiva e da Motivação. Trata-se de uma tradição baseada no manuseamento das contingências de reforço, mas a que se juntam elementos resultantes da investigação sobre os mecanismos e processos cognitivos, bem como motivacionais, estando de acordo com as abordagens psicológicas contemporâneas, em que se privilegia a integração das várias dimensões pessoais. Este Programa está construído numa lógica de passo-a-passo, em que cada um desses passos é muito bem explicitado, sendo descritas possíveis dificuldades/problemas, e meios possíveis de os resolver. Além disso, está escrito num tom coloquial muito simples, que torna o livro muito agradável de ler e compreender. Todavia, o mais curioso é que não deixa de ser suficientemente técnico para os psicólogos que queiram ter um suporte escrito para a implementação deste Programa. Quer dizer, sendo simples e acessível, é um livro muito sério quanto ao rigor técnico e científico com que veste. Acredito que se tornará um livro muito útil e bem sucedido junto dos encarregados de educação e dos profissionais de saúde interessados. Carlos Manuel Lopes Pires Professor da Faculdade de Psicologia Universidade de Coimbra
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PREFÁCIO Coube-me fazer o prefácio desta "ferramenta" para ajudar pais e educadores de crianças com a Perturbação de hiperactividade e défice de atenção (PHDA). A PHDA é a perturbação neurocomportamental mais frequente na infância e adolescência. Tem uma origem fundamentalmente genética decorrente de alterações funcionais do Sistema Nervoso Central nomeadamente a nível dos neurotransmissores. Ter um "faísca" em casa não é fácil. Caracterizam-se por uma actividade motora marcada, grande desatenção associado a uma impulsividade e dificuldades em prever consequências dos seus actos e adiar recompensas. Agem como se tivessem "pilhas" de longa duração. Aos comportamentos de desatenção/ hiperactividade e impulsividade, associam frequentemente comportamentos de oposição e desafio e dificuldades de aprendizagem. Como a história do rapaz, do burro e do avô, todos criticam mas ninguém dá pistas. Já tive perante mim, inúmeras vezes, pais completamente esgotados, angustiados, deprimidos que verbalizavam: " não o posso levar a lado nenhum"; "na última festa de família zanguei-me com os meus sogros, que o comparam com os outros netos e dizem que a culpa é nossa…", "passo o dia a ralhar". A evidência científica demonstra a eficácia de uma intervenção em várias frentes, em que a medicação com psico-estimulantes tem um papel importante, mas o treino das competências parentais é um dos factores fundamentais numa evolução favorável desta perturbação. Penso que um documento destes, com um programa bem estruturado para treino das competências parentais, faltava e era, até, urgente. Parabéns aos autores! Arlete Crisóstomo Médica Pediatra Hospital de Santo André, EPE - Leiria
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Recursos on-line Todos os documentos utilizados em Anexo no Programa "Juntos no Desafio", disponibilizados como recurso técnico-prático neste guia de intervenção, estão ao seu dispor em formato PDF, em versão para impressão a cores, para download gratuito, através do website www.juntosnodesafio.com. Poderá visitar esta página da Internet e explorar os diferentes conteúdos aos quais poderá aceder, beneficiando destes elementos no seu trabalho de intervenção com crianças, adolescentes e os seus pais. O acesso online, em nosso entender promove a oportunidade de obter os recursos mais relevantes deste programa, numa perspectiva construtiva e sistemática, obviando o facto de ter sido inutilizada a única versão destes documentos disponibilizados com o livro. Com efeito, estes materiais serão fornecidos num formato colorido, tornando-se por isso mais atractivos e estimulantes para as crianças/ adolescentes. Estes recursos deverão ser usados de forma flexível, podendo ser acedidos e implementados quantas vezes forem necessárias.
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INTRODUÇÃO criança, a monitorizar os comportamentos disfuncionais, a utilizar o reforço social através do elogio, a atenção positiva e as recompensas tangíveis ou consistentes ao comportamento apresentado pela criança. Simultaneamente, os Pais aprendem a lidar com a conduta inadequada da criança recorrendo à atenção selectiva, ao tempo de pausa e outras técnicas não coercivas de disciplina (Chronis et al., 2006). Essencialmente, esta perspectiva de intervenção focaliza o seu âmbito de actuação na redução de todo o reforço positivo (por exemplo, atenção parental) que é fornecido involuntariamente à criança na sequência de um comportamento disruptivo/desafiante, procurando potenciar nos Pais a sua capacidade de utilizarem privilégios, em resposta à conduta adequada e funcional. Os Pais adequam ainda a punição de forma contingencial em referência ao comportamento disruptivo ou inaceitável, sendo o uso parental das consequências aplicadas ao comportamento previsto, contingente e imediato (Barkley, 2007). Em face do exposto, iremos começar por fazer uma clarificação conceptual, aprofundando algumas questões relacionadas com os problemas de hiperactividade e défice de atenção, tal como aparecem definidos nos grandes sistemas de diagnóstico. A nossa análise, inicialmente, incidirá sobre a caracterização da PHDA, aludindo sobre os seus aspectos essenciais e procurando dar alguma evidência às suas principais dimensões. Concomitantemente, pretendemos esclarecer e elucidar os Pais a respeito das características nucleares desta perturbação, contribuindo assim para uma maior informação e elucidação a respeito de uma temática que, apesar de tão actual e presente nos seus quotidianos, (causando disfunções significativas na dinâmica familiar), ainda gera múltiplos equívocos e enganos. Esperamos que este instrumento seja útil e benéfico para os Pais, assumindo-se como um importante complemento ao processo de intervenção psico-
O Programa de Promoção de Competências Parentais: “Juntos no Desafio”, surge da necessidade em apresentar um roteiro estruturado de intervenção para Treino de Aptidões Parentais. Este manual de intervenção comportamental parental, pretende ser simultaneamente, uma fonte de informação e um manual de auto-ajuda a ser utilizado por Pais de Crianças e Adolescentes com diagnóstico de PHDA – Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção, Perturbações de Comportamento (p.e., Perturbação de Conduta e Perturbação de Oposição e Desafio), ou que simplesmente revelem alterações de comportamento que constituam uma dificuldade para aqueles que com ela interajam e se relacionem. Esta proposta de intervenção é apoiada na literatura produzida internacionalmente neste domínio, que sustenta que uma das terapias empiricamente validadas e considerada como mais eficiente no tratamento da PHDA e das Perturbações de Comportamento em crianças e adolescentes, consiste no Treino de Competências Parentais (Ollendick & King, 2004). Como se compreende, este treino pretende dotar os Pais de aptidões e destrezas para gerirem ou monitorizarem mais funcionalmente os comportamentos destas crianças/ adolescentes. O Treino de Competências Parentais é baseado nos pressupostos da Teoria da Aprendizagem Social, mediante os quais a criança aprende a adoptar uma conduta mais aceitável socialmente, pela via do ensino e monitorização sistemáticos dos agentes educativos principais (os seus Pais). Esse treino, pressupõe o ensino de estratégias de intervenção com base nas contingências, na modificação comportamental, no sistema de recompensas, no custo-resposta e na disciplina positiva (Chronis, Chacko, Fabiano, Wymbs, & Pelham, 2004; cit. por Daly et al., 2007). Com base neste paradigma de intervenção, os Pais aprendem a identificar e a manipular os antecedentes e as consequências do comportamento da
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lógica a desenvolver com a criança, previamente desencadeado como resultado do diagnóstico clínico, fundamentado nos instrumentos de avaliação e análise utilizados, assim como, na observação executada pelo profissional de saúde (Psicólogo, Pedopsiquiatra ou Médico Pediatra). Genericamente, pretendemos com este roteiro de intervenção cumprir os seguintes objectivos: Fornecer pistas para a compreensão dos comportamentos de indisciplina, da desobediência, das “birras” e de outros problemas de comportamento nas crianças/ adolescentes com diagnóstico de PHDA e Perturbação de Comportamento; Proporcionar algumas noções decorrentes das práticas parentais positivas na promoção de comportamentos adequados na criança; Demonstrar que a prevenção dos problemas de comportamento com base em algumas estratégias comportamentais, é um aspecto muito importante no que toca à actuação parental em situações de comportamento(s) disruptivo(s); Acentuar que as manifestações com-
portamentais da criança assumem determinados contornos, associados com as práticas educativas familiares e parentais. Com efeito, consideramos o pressuposto de que os Pais deverão promover a autonomia e autocontrolo nas suas atitudes educativas, justamente pelo reconhecimento do seu valor e singularidade no conhecimento que têm do seu filho e da sua própria situação familiar, incrementando assim o seu papel enquanto promotores de resolução de problemas. Neste Programa pretendemos organizar e sistematizar um conjunto de princípios, orientações e estratégias, relativamente à definição e resolução de situações problemáticas. Não se pretendem criar novas metodologias de intervenção, mas sim, compreender e interpretar as estratégias já definidas e estudadas pelos modelos comportamentais e cognitivos existentes, sob uma perspectiva psicoeducacional e desenvolvimentista. Em suma, pretendemos que a frase seguinte sirva de mote à compreensão da utilidade de medidas de intervenção dirigidas aos Pais, como aquelas que são sugeridas no Programa de Promoção de Competências Parentais: “Juntos no Desafio”:
AS CRIANÇAS QUE APRESENTAM PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO REVELAM COMPORTAMENTOS QUE TÊM UM IMPACTO NEGATIVO NAS PESSOAS QUE ESTÃO À SUA VOLTA (PAIS, PROFESSORES, COLEGAS, ETC.) O QUE, GERALMENTE, RESULTA NA DEVOLUÇÃO, POR PARTE DESSAS PESSOAS, DE COMPORTAMENTOS IGUALMENTE NEGATIVOS, GERANDO UM CICLO VICIOSO DE DISCUSSÃO E AGRESSÃO. (Webster-Stratton & Herbert, 1996; cit. por Ramalho, 2002)
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O FAÍSCA
Esta é a breve história do Faísca: imagine uma criança a circular livremente pelas diferentes situações do seu dia-a-dia, sem qualquer auto-regulação, sem obedecer a regras ou limites, avançando à sua mercê em correria, sem noção das consequências da sua energia excessiva, em total descontrolo, como se fosse um carro sem travões numa abrupta descida... Uma criança que não pára ou cumpre instruções, mesmo que os seus Pais lhe imponham que o faça, ainda que para isso usem a disciplina mais rígida, ralhando ou até mesmo batendo! Na verdade, mesmo que este exercício de imaginação seja para alguns Pais difícil, para outros, será uma constante realidade. Se tem um filho com PHDA, ele poderá ser como o FAÍSCA! O Faísca é uma criança saudável, sem qualquer indício de doença, com uma capacidade física assinalável (uma energia por vezes inesgotável), com um corpo forte, activo e enérgico, mas com um sistema de controlo deficiente e pouco desenvolvido. Ao mesmo tempo, a sua capacidade para ficar quieto, concentrado e atento (em actividades e tarefas em que isso é importante) é muito limitada, até mesmo quando sabe que tal é exigido. Mas…. O Faísca também tem uma irmã mais velha! Ela está numa etapa muito especial e atribulada do seu desenvolvimento – Sim, está na Adolescência, isso mesmo! No entanto, e apesar de ser uma jovem saudável e extrovertida, a irmã do Faísca também é muito impulsiva, desatenta e desorganizada. E como adolescente que é, não gosta de cumprir regras. Pois, está na altura, de experienciar (sair à noite, aprofundar relações com os seus pares, fazer as suas próprias escolhas e tomar as suas próprias decisões). Contudo, tudo isso implica que seja mais responsável, mais organizada, e capaz de gerir o seu tempo, o que por vezes, se torna difícil de concretizar. Os pais do Faísca vêem-se confrontados com inúmeras mudanças dos seus filhos e necessitam de uma ajudinha para melhor gerirem os seus comportamentos. Com o Programa “Juntos no Desafio” pretendemos auxiliar todos os Pais que se deparam com dificuldades e problemas na gestão comportamental, como aqueles que descrevemos através desta pequena história.
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