Tema 1 design instrucional e as tecnologias pdf

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Disciplina:

Design Instrucional: Conceitos e Competências Tema:

O Design Instrucional e as Tecnologias Autor:

Fátima Cristina Nóbrega da Silva

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Tema 1 – O Design Instrucional e as Tecnologias Apresentação Bem-vindos à disciplina Design Instrucional: Conceitos e Competências! Esta é uma disciplina introdutória que irá contextualizar o design instrucional na mediação entre educação, tecnologias, comunicação, produção criativa e gestão. Para compreender a abrangência da atuação do designer instrucional, definiremos os conceitos e a evolução histórica da atuação do design instrucional em projetos educacionais, identificando suas competências. Nosso enfoque principal nessa atuação será no desenvolvimento de cursos online. Apresentaremos, também, as bases e os fundamentos do design instrucional e dos desafios postos à função para o desenvolvimento de cursos online para formação, capacitação e treinamento em instituições de ensino ou corporações. Pretendemos, com esta disciplina, proporcionar ao aluno a imersão no universo do design instrucional. Apresentaremos agora os conceitos, as bases e os fundamentos de design instrucional, abordando diferentes autores, além da apresentação da sua evolução histórica. O objetivo que deverá ser alcançado ao final do estudo desse tema é conhecer: • Os conceitos de design instrucional; • As bases e os fundamentos do design instrucional; • A evolução histórica da atuação do design instrucional em projetos educacionais. Bons estudos!

O design instrucional e as tecnologias Estamos iniciando o tema que trata de design instrucional e tecnologias. As tecnologias fazem parte do cotidiano de todas as pessoas. Você conseguiria pensar em sua vida sem tecnologia? O conceito de tecnologia não é somente ligado à informática e aos computadores. Segundo Kenski (2003), tecnologia é um conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade. Partindo dessa definição de tecnologia, podemos inferir que, quando tratamos de educação, a tecnologia está no quadro-negro, na lousa branca, no giz, nas canetas, nos livros, cadernos, e, mais recentemente, nos computadores. Segundo Filatro (2004), no campo educacional considera-se que a escola, a sala de aula e o livro didático são tecnologias, tanto quanto o são equipamentos como retroprojetor, o vídeo, o rádio e mais recentemente o computador. O design instrucional atua diretamente com o uso das tecnologias para o campo educacional e, entendendo tecnologia dessa forma, podemos considerar que o trabalho do

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designer instrucional não está limitado à educação online1, porque ele pode atuar em projetos com uso das mais diversas tecnologias, mas consideramos que o potencial de comunicação e interação das novas tecnologias (também conhecidas como NTICs2), leva a educação a distância a um patamar onde se possibilita a troca de experiências e interações nunca antes experimentadas na modalidade a distância da educação. Sabemos, então, que o designer instrucional atua no campo educacional e utiliza as diversas tecnologias, mas o que é o design instrucional?

Conceitos de design instrucional Alguns autores ligam o design instrucional ao desenvolvimento de treinamento, como Piskurich (2000), que afirma ser o design instrucional um grupo de regras ou procedimentos, para criação de treinamentos que fazem o que deveriam fazer. O autor afirma que é uma forma de planejar o programa de treinamento do momento em que se teve a ideia até colocá-lo em prática (tradução livre). Outros autores afirmam que o design instrucional está ligado à transferência de conhecimento. É possível ler uma crítica a essa abordagem em Sims (2006). Existem ainda autores, como Souza e Souza (2008), que afirmam que o design instrucional é fundamental para que ocorra a aprendizagem de fato. Para entender melhor o que é o design instrucional, recorremos à definição de Filatro (2004), na qual o design instrucional é assumido como: A ação intencional e sistemática de ensino, que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a utilização de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de facilitar a aprendizagem humana a partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos.

Realmente, as definições de design instrucional são, por vezes, distintas e, em vários casos, podemos ver, nas definições, um enfoque maior ao processo ou ao produto ou à atividade. Essa definição de Filatro nos apresenta o processo e seu objetivo. O designer instrucional planeja formas de avaliação e de buscar informações sobre as necessidades dos alunos, incluindo os seus princípios socioculturais e o contexto em que estão inseridos para que o evento educacional facilite a aprendizagem.

Romiszowski e Romiszowski (2005) usam uma metáfora bastante interessante associada ao trabalho do designer instrucional. Segundo os autores, o design instrucional é como o trabalho dos sapateiros que projetaram e depois criaram vários desenhos e tipos de sapatos. 1 2

Educação online é aquela que se dá por intermédio da internet. NTICs – Novas Tecnologias da Comunicação e Informação.

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Podemos considerar que o design instrucional é uma teoria e um processo composto por um ciclo de atividades que envolvem planejamento, desenvolvimento e avaliação à luz das teorias de aprendizagem e instrução, buscando alcançar objetivos de aprendizagem por meio da escolha de métodos adequados para o desenvolvimento de eventos educacionais. No Brasil, existem especialistas que não concordam com o uso do termo instrucional no nome da profissão, oriundo do termo norte-americano instructional. Tanto que na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), a profissão recebeu o nome de designer educacional. Mas podemos considerar o termo instrucional, como Romiszowski e Romiszowski (2005) e Filatro (2008) propõem, traduzido para o português significando ensino. Traduzindo dessa forma, como ensino, retiramos o estigma de relacionar esta palavra às máquinas de ensinar de Skinner3. Muitos pensam que o designer instrucional é o responsável por desenvolver storyboards4 de cursos online, mas essa concepção não é verdadeira, uma vez que a sua atividade envolve o planejamento, o desenvolvimento ou concepção, a implementação e a avaliação do evento de aprendizagem (podendo ser um curso online ou não). Além disso, segundo Filatro (2008), o designer instrucional pode atuar em diversos níveis conforme demonstrado a seguir:

Figura 1: Níveis de atuação do designer instrucional. Elaboração própria com base em Filatro (2008).

As concepções que consideram o designer instrucional como um “criador” de storyboards referem-se somente a uma das atividades do profissional que atua no nível micro. Mas mesmo atuando no nível micro, existem outras atividades além do desenvolvimento do storyboard, como, por exemplo, planejamento de um curso, desenvolvimento de objetivos educacionais, testes pedagógicos, entre outras atividades. O termo design instrucional também fomenta algumas confusões. Para esclarecer, podemos recorrer a um esquema criado em 2005, para o curso de pós-graduação em DI online por Filatro. Nesse esquema, a autora mostra o que não é design instrucional.

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Burrhus Frederic Skinner – psicólogo americano, precursor do behaviorismo. Produto de uma fase de desenvolvimento de cursos online na qual é feito o protótipo do curso online, com a previsão de textos, interações etc. 4

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Ad aptado de: Curso de Especialização em Design Instrucional para Educação Online, Filatro (2005).

Bases e fundamentos do design instrucional Os princípios, processos e teorias de design instrucional fundamentam-se em diferentes campos do conhecimento, porém têm como objetivo principal a intenção de desenhar soluções que propiciem o processo de ensino/aprendizagem. Em cursos online, esse processo de ensino/aprendizagem ocorre pela internet. De acordo com Filatro (2008), o design instrucional envolve os seguintes campos do conhecimento: Psicologia Psicologia Psicologia Psicologia

do comportamento do desenvolvimento humano social cognitiva CIÊNCIAS HUMANAS

CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO

Abordagem sistêmica Gestão de projetos Engenharia de produção

CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO

Comunicações Mídias audiovisuais Gestão da informação Ciências da computação

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Figura 2: Fundamentos do design instrucional. Fonte: FILATRO (2008, p. 4).

A seguir, abordaremos rapidamente cada um dos campos de conhecimento que compõem as bases e os fundamentos do design instrucional.

Os parágrafos a seguir resumem de forma bastante simplificada o assunto. Para saber mais, leia o Capítulo 1 do livro Design instrucional na prática, de Filatro (2008).

Por fim, o design instrucional encontra nesses campos do conhecimento as bases e os fundamentos para suas ações (sejam elas simples ou complexas, em níveis de atuação micro ou macro). É ele quem integra todas essas ciências em prol do desenvolvimento de eventos educacionais que sejam eficazes.

Evolução histórica da atuação do design instrucional em projetos educacionais O design instrucional, ao contrário do que muitos pensam, não surgiu a partir da existência de computadores e internet. Ele não tem suas bases e origens em ambientes

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informatizados e não é uma novidade. Suas origens são de mais de 50 anos. Isso mesmo! Nossa atividade já tem mais de meio século! Podemos inferir que a origem ou o surgimento do design instrucional foi na época da Segunda Guerra Mundial, dentro das forças armadas americanas, mas não conhecemos marcos histórico que possam garantir a data exata. Filatro (2008) nos apresenta uma evolução do design instrucional em uma linha do tempo que parte de 1940 e finaliza em 2004. Além da linha do tempo de Filatro, Romiszowski e Romiszowski (2005) apresentam a evolução com base em publicações mais relevantes sobre o tema, partindo de 1954 e indo até 2004. Com base nesses dois textos, elaboramos uma linha do tempo do design instrucional, buscando demonstrar a sua evolução. Incluímos também algumas publicações consideradas importantes. Veja a seguir a linha do tempo resumida.

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Figura 3: Linha do tempo do design instrucional (elaboração própria).

Finalização O tema design instrucional e tecnologias é bastante amplo e envolve conceitos importantes para o entendimento da atividade. Para atuar como designer instrucional é importante que você conheça as bases e os fundamentos da profissão, bem como sua evolução histórica. O relacionamento do design instrucional com a tecnologia também é um assunto que embasa todas as discussões sobre o tema, por isso, buscamos contextualizar esses elementos para que você tenha amplo conhecimento de nosso campo de atuação.

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Referências bibliográficas FILATRO, A. Design Instrucional Contextualizado. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004. FILATRO, A. Design Instrucional na prática. São Paulo: Pearson, 2007. KENSKI, V. M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas, SP: Papirus Editora, 2003. PISKURICH, G. M. Rapid Instructional Design: Learning ID Fast and Right. San Francisco, CA: Jossey-Bass/Pfeiffer, 2000. ROMISZOWSKI, H. P. Avaliação no Design Instrucional e Qualidade da Educação a Distância: qual a relação? Disponível em: <http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2004_Avaliacao_Design_Instru cional_Qualidade_Educacao_Hermelina_Romiszowski.pdf>. Acesso em 13 de agosto de 2009. ROMISZOWSKI, A.; ROMISZOWSKI, H. P. Retrospectiva e perspectivas do design instrucional e educação a distância: análise da literatura. 2005. Disponível em: <http://www.abed.org.br/revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2005_Retrospectiva_Perspecti vas_Design_Instrucional_Alexander_Romiszowski_Lina_Romiszowski.pdf>. Acesso em: 15 de agosto de 2009. SOUZA, M. P. R.; SOUZA, D. T. R. Novas tecnologias de comunicação e de informação: o que dizem as revisões acadêmicas canadenses, norte-americanas e a experiência brasileira? ETD – Educação Temática Digital, Campinas, v.9, n.2, p.61-79, jun. 2008. Disponível em: <http://www.fae.unicamp.br/etd/include/getdoc.php?id=133&article=41&mode=pdf>. Acesso em: 12 de agosto de 2009. SIMS, R. (2006). Beyond instructional design: Making learning design a reality. Journal of Learning Design, 1(2), 1-7. Disponível em: <http://www.jld.qut.edu.au/>. Acesso em: 10 de agosto de 2009.

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