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Dias luminosos: notas sobre o novo cinema alemão
from ESCOLA DE BERLIM
A cidade abaixo (Unter dir die Stadt) ©Goethe-Institut
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Viver na RFA (Leben - BRD) ©Harun Farocki
Ekkehard Knörer 27
A primeira geração – Inícios
Após décadas de irrelevância internacional, o cinema alemão está de volta ao mapa. O Oscar para A vida dos outros de Florian Henckel von Donnersmarck foi o segundo prêmio de melhor filme estrangeiro na Academia em um intervalo de cinco anos, após o filme de Caroline Link, Lugar nenhum na África, em 2003. Contra a parede, de Fatih Akin, ganhou o Leão de Ouro no Festival de Berlim em 2004 – com aclamação mundial. A queda! As últimas horas de Hitler, de Oliver Hirschbiegel, dividiu a crítica na Alemanha, mas atraiu um grande público e conseguiu espaço inclusive no notoriamente difícil mercado americano, proeza esta que o entusiasticamente louvado drama da Stasi de Donnersmarck parece repetir.
Mas há mais por trás desta nova força no cinema alemão. Na sombra dessas conquistas no espaço mainstream, algo esteticamente mais interessante (e comercialmente menos bem-sucedido, obviamente) tem se desenvolvido. Nomes de diretores como Christian Petzold (A segurança interna, 2000), Angela Schanelec (Mein langsames Leben, 2001), Christoph Hochhäusler (Falscher Bekenner, 2005) ou Valeska Grisebach (Saudade, 2006) apenas recentemente têm sido comentados por observadores da cena cinematográfica internacional. Na França, este grupo de cineastas chegou a ser apelidado de “Nouvelle Vague alemã” pela Cahiers du Cinéma. Na Alemanha, o rótulo “Berliner Schule” (Escola de Berlim) foi cunhando e prontamente aplicado – para o desalento de alguns diretores com uma mentalidade individualista.
No entanto, o rótulo está correto na medida em que inicialmente realmente havia uma escola em Berlim. Angela Schanelec, Thomas Arslan e Christian Petzold, os três cineastas hoje prontamente identificados como os iniciadores da Escola de Berlim eram colegas na Academia de Cinema e Televião de Berlim, a DFFB. Isso aconteceu no final dos anos 80 e início dos 90, quando mestres do documentário e do filme-ensaio Harun Farocki e Hartmut Bitomsky lecionavam na instituição. A influência de Bitomsky e Farocki é palpável nos trabalhos de seus estudantes, embora não de forma particularmente óbvia.
Em primeiro lugar, nem Schanelec, Arslan ou Petzold, que escrevem seus próprios roteiros, foram trabalhar no modo ensaístico – preferiram filmes ficcionais desde
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