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Revista JM - Ecos temporários: a vida efêmera dos modismos na cultura contemporânea
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Ecos temporários: a vida efêmera dos modismos na cultura contemporânea
Como os modismos vestem a nossa comunicação
Os modismos, no contexto da linguagem e da comunicação, referem-se ao uso de expressões, palavras ou formas de falar que se tornam muito populares em determinado período, porém muitas vezes são passageiras e limitadas a certos grupos sociais, regiões ou contextos.
Os modismos refletem as dinâmicas culturais, sociais e até mesmo políticas de uma sociedade, podendo surgir de diversas fontes: mídia, internet, ambiente artístico, entre outros.
Dizemos que um penteado está na moda quando um grupo grande de pessoas começa a usá-lo. Isso também acontece com as roupas, com a música, com os tipos de filmes a que assistimos.
Como não poderia deixar de ser, a moda igualmente determina as palavras que empregamos para nos expressarmos no dia a dia. Assim, uma característica da moda é a sua temporalidade. Uma expressão pode ser muito usada em determinado período e cair em desuso depois.
E quando a moda não passa? Aí deixa de ser moda e passa
a fazer parte de nossas vidas. Mas, contudo, todavia, por que devemos evitar os modismos linguísticos se são passageiros? O que todos eles têm em comum? Bom, a depender dos olhos do observador, isso pode provocar um empobrecimento vocabular e dificultar o desenvolvimento de estilos criativos, e por isso devem ser evitados.
Segundo o excelente Professor de Português, autor de livros didáticos, colunista de jornais e revistas e youtuber brasileiro, Sérgio Nogueira, quem não quer empobrecer a língua deve evitar esses modismos.
Assim, vamos conhecer alguns deles e quais as alternativas para deixá-los de lado:
1) O gerundismo: está demorando a passar, é um dos mais chatos e somos obrigados a ouvir. Trata-se da mania de usar três verbos, quando bastam apenas dois ou apenas um: “O responsável por seu processo vai estar entrando em contato”. De forma simplificada, essa frase ficaria muito melhor: “O responsável por seu processo vai entrar em contato”. Até a sonoridade é mais agradável.
2) O gerundismo deixa no ar uma lentidão, uma imprecisão e um “não me comprometo com nada”.
3) Além disso, temos o uso indiscriminado da expressão: “junto a”. deve-se lembrar que “junto a” é igual a: “ao lado”. Por exemplo: A pendência deve ser resolvida junto à diretoria. O que devemos entender, que será resolvida ao lado da diretoria? Bom, o correto seria: A pendência deve ser resolvida pela/ na diretoria.
Para uma outra parcela de observadores, os modismos são significativos para entender a importância da dinâmica social e cultural de uma época ou comunidade. Eles refletem as tendências, as mudanças, os valores e as preocupações de uma sociedade. Para muitos, esses modismos podem, ainda, oferecer insights valiosos sobre a evolução da língua e sobre como as pessoas se comunicam e se expressam.
Ainda, seguindo nos exemplos de modismos, temos as gírias. As gírias são expressões informais que refletem tendências culturais e sociais, variando conforme a região e o tempo. Exemplos incluem “legal” para algo bom, “crush” para uma paixão, “top” para excelente, e “stalkear” para observar alguém nas redes sociais. Elas ajudam a melhorar a comunicação, mostrando a evolução constante da língua e os valores de uma comunidade, embora o uso de gírias possa não ser apropriado em todos os con-
textos, especialmente nos mais formais, mas oferecem expressividade, criatividade, e uma forma de conexão social entre os falantes. Além das gírias, devemos destacar também os neologismos, que são criações de novas palavras ou expressões para descrever realidades novas ou emergentes. Existem igualmente os empréstimos linguísticos, isto é, palavras ou expressões adotadas de outras línguas e adaptadas ao contexto local, além das frases feitas e expressões idiomáticas que possuem um significado que não é dedutível das palavras individuais. Por fim, várias expressões tornam-se populares e começam a ser usadas em muitas situações diferentes. Pegue, por exemplo, a palavra “complicado”. Se algo é difícil de resolver, dizemos que é complicado. Se estamos com problemas financeiros, dizemos que a situação está complicada. Se um time não joga bem, falamos que o jogo foi complicado. Assim, a ideia de algo ser “complicado” espalhou-se por todas as áreas da nossa vida. Mas, na verdade, “complicado” significa algo que não é simples. Quando algo não está fácil, o correto seria dizer que está difícil, não complicado. Afinal, o oposto de fácil é difícil, e não complicado. É interessante observar como certas expressões se popularizam e começam a ser
aplicadas de maneira ampla, mesmo quando não são a escolha mais precisa. Contudo, os modismos refletem uma dinâmica cultural e social, marcando épocas e revelando mudanças.
Por fim, para outros observadores, o modismo na língua portuguesa, como o gerundismo, parece referir-se à uma tendência passageira, e muitas vezes empobrece a expressão linguística e prejudica a clareza da comunicação, devendo ser evitada em prol de um uso mais adequado e elegante do idioma. E, segundo o ilustre Professor Sérgio Nogueira, isso é enfadonho e de sonoridade desagradável. Assim, caro leitor, o que “te parece”?
Agradeço a sua companhia até este momento, prezado leitor. Espero tê-lo novamente por aqui em breve. Até a próxima!
Autor: Wagner Lourenço, advogado e escritor.
E-mail:advwagner1212@gmail.com
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