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Revista JM - A Língua Portuguesa Brasileira: força de uma gente guerreira
from Revista JM - 34
A Língua Portuguesa Brasileira: força de uma gente guerreira.
Segredos e encantos de nossa alma brasileira. A Língua Portuguesa tão rica, mas tão pobre, tão pouco falada.
Em versos e prosa, merecia ser mais declamada.
Cochilar, dormitar.
Em cada sílaba, um segredo a ser desvendado, em cada palavra, um tesouro a ser encontrado.
É uma quitanda, que ao final a feira do samba já dança.
Na quitanda que samba, a feira já dança.
Nagô na voz, melodia que dança: “Ô acarajé ecó ólalai ó”, encanta.
Cheiro que sobe, lembrança da Bahia, na rua a preta, a culinária irradia, é o português do dia e da noite.
Sorriso largo, acolhida no olhar.
“Vem benzê-em” convida a degustar.
Acarajé quentinho, benção em cada pedaço,
Sabor que abraça,
Alma que voa.
A etimologia investiga a fonte, a raiz, a gênese da palavra.
A cultura aceita, moldando em seu bojo o sentido que lhe abarca.
A pouca leitura “descria”, afogando a riqueza em mar rasa.
A Língua Portuguesa forte e viva, recria, renasce e ultrapassa.
Os iorubás, mestres da constru-
ção, em suas cidades erguiam a civilização.
Economia vibrante, em suas mãos, metalurgia e triste fardo, escravidão.
Nagôs, em Salvador, um novo lar, moldando o falar, o jeito singular.
De um povo miscigenado e sem igual, Português da Bahia, a história a exaltar.
A Língua Portuguesa, herança bendita, veio lá do Latim, antiga escrita, dos Romanos guerreiros, um presente sem fim, que em terras Lusitanas fez morada.
Com ela a gente canta, chora e também sorri, conta história de amor que ninguém nunca viu.
Dos poetas aos cantadores, um encanto sem par.
A Língua Portuguesa, o nosso bem para amar.
Em terras de além-mar, raízes fincou. Em cada palavra, um novo compasso.
A língua espalhou-se, o mundo abraçou. E, em sotaques diversos, encontrou o seu clarão.
Em solo fértil, sob o sol tropical, Índio e Africano, lado a lado a lutar, línguas ancestrais em solo nacional, na alma brasileira a ecoar e a vibrar.
Pouco a pouco, a língua moldando-se. Em terras novas, sotaque encontrado. Do berço lusitano afastando-se. Caminho próprio, um Brasil desenhando.
Palavras novas, como flores a brotar, na boca do povo a se misturar. Um canto único a ecoar, unindo os rincões a nos integrar.
Brasil, de um povo que não se rendeu, que na adversidade a força encontrou, sua identidade na língua teceu. E um futuro brilhante conquistou.
Como um rio que acolhe afluentes diversos, a Língua Brasileira alimenta-se de sotaques, gírias e regionalismos, pulsando a alma brasileira, vibrante e diversa, dos versos de Drummond às canções populares.
Através dela, nomeamos o mundo e tecemos laços, legado em movimento que ecoa forte, em cada canto, em cada voz, espelho da nossa história, da nossa gente.
Que o falar brasileiro, canto e melodia, seja sempre a voz da nossa história e rebeldia, patrimônio vivo, do presente ao passado encantado.
Que a escrita seja espadada a nos defender, da invasão sutil que quer nos vencer, que o Português do Brasil, forte e vibrante, seja a eterna marca de um povo GIGANTE.
Que a nossa Língua Portuguesa Brasileira, seja mais declamada, tão rica, mas tão pouco falada.
Autor: Wagner Lourenço, advogado e escritor
E-mail: advwagner1212@gmail. com
Fotografia: Wagner Lourenço