Julho de 2010
Gastronomia_Just Skate_Julho/2010 Pág. 1
Ano 1 - Número 1 Distribuição Gratuíta
Campeonato de Skate no Emissário em Santos!
Pro-Model
Opiniões de vários profissionais do skate
NOFX
Brasil, chinelo e xingamento
Design de Shapes Re-board mostra sua arte
Sesper exclusiva!
Música, Skate e muita arte em uma entrevista
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Just Skate
Ano 01 - Julho/2010 - Número 01 Editores: Ricardo Barreto, Danilo Bizarro Direção de Arte: Henrique Ramos, Ricardo Barreto Chefe de Redação: Danilo Pereira Redação: Danilo Bizarro, Henrique Ramos Editor de Fotografia: Henrique Ramos Foto Staff: Danilo Bizarro Colaboradores: Carolina Dias, Alexandre Barbosa, Alexandre Sesper, Max Machado Publicidade Gerente: Danilo Bizarro Contato: Danilo Pereira Financeiro: Ricardo Barreto Distribuição: Ricardo Barreto, Danilo Bizarro, Henrique Ramos, Danilo Pereira Impressão: Gráfica Guarani
Foto Capa Henrique Ramos
Santos/SP - Brasil www.justskate.com.br justskate@justskate.com.br Tels.: 13 3466.JUST / 3466.SKAT A revista Just Skate é uma publicação bimestral da Editora Tonner. As opiniões dos artigos assinados nem sempre representam as da revista.
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Editorial Finalmente Just Skate
Hoje é um dia muito especial para o Skate da Baixada Santista, finalmente temos uma revista só nossa, voltada para todos os amantes desse esporte fantástico, que não é só esporte, mas sim, uma filosofia de vida. Começamos nossa aventura com a cobertura do Skate Street Santos, uma competição realizada no Emissário Submarino em Santos, esperamos cobrir outros eventos como esse por toda Baixada, para que cada vez mais o esporte cresça e se fortaleça. Seguimos prestigiando o leitor da região com uma entrevista exclusiva do artista, designer, musico e skatista Alexandre Sesper, o farofa, vocalista da banda santista Garage Fuzz. Discutimos também o Pro-Model, um assunto muito importante para os skatistas de todo o país. Temos também matérias que falam de Musica, Moda, Alimentação e Design de Shapes. Esperamos que a revista Just Skate seja um canal de informação e motivo de inspiração para os velhos e novos skatistas da nossa querida baixada santista, nos comprometemos aqui, a selecionar os melhores e mais relevantes assuntos referentes ao Skate da nossa região. Um abraço, e até o próximo número!
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Ricardo Barreto Editor Chefe
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A IMPORTÂNCIA DO
PRO-MODEL Texto Tiago Moraes - Design e Ilustração Ricardo Barreto
O PRO-MODEL (modelo profissional) é aquele produto vendido com uma marca ou o nome de um skatista profissional. O skatista participa do desenvolvimento dos produtos, sejam shapes, eixos, rodas, tênis, e até mesmo, peças de vestuário. Sua assinatura é o selo de qualidade, em que ele endossa tudo que for produzido com seu nome, e, é a garantia de que o consumidor está adquirindo mercadorias confiáveis.
Opinião_Just Skate_Julho/2010 Infelizmente, o mercado brasileiro de skate atual não oferece muitas opções de pro-models de shape. São pouquíssimas empresas que lançam models assinados, peça fundamental e que sofre grande desgaste durante a prática. Pela briga de concorrência de mercado, algumas empresas buscam os preços mais baixos para conquistar o consumidor final. Para chegar aos valores, usam-se madeiras e resina de má qualidades, breve tempo de prensagem, insuficiente para colagem das lâminas, e, o mais importante, não contam com a aprovação de skatistas profissionais. Shapes de baixa qualidade retardam a evolução das manobras e aceleram a necessidade da compra de um novo. No balanço final, prevalece o ditado: o barato sai caro. Veja algumas opiniões de profissionais ligados a indústria do Skate. “Sempre digo que shape liso é como CD pirata, só ganha quem vende mesmo, porque todo mundo perde, o governo, o mercado, e até mesmo quem compra, porque o produto é de baixa qualidade. Shape liso é tão ruim, que a pessoa que faz o shape não é nem capaz de por um nome para não queimar o nome da marca. E quem comprou, não tem pra quem reclamar da baixa qualidade do produto” Alessandro McGregor, skatista profissional
“Desde que eu comecei a andar de skate, me chamou atenção os nomes e os gráficos que tinham embaixo dos shapes. Rapidinho dá pra lembrar de nomes como Thronn, Beto or Die, Rui Moleque, que eram os models que tinham na época. E na época a gente não tinha tanta informação, e eu ficava viajando de como eram esses caras, como eles andavam, e aquilo me marcou e até hoje eu consigo lembrar. A maior preocupação que eu tenho com um model de shape, é que ele vai ser usado por um skatista que nem eu, que busca a qualidade e a evolução”. Cesar Gordo, skatista profissional e sócio da Matriz Skateshop
“Valorizar o skatísta profissional, dentro da máquina do mercado, é uma das chaves do crescimento de dois pilares: o consumo e o esporte. E os dois se puxam sempre. É só acompanhar a história do mercado de skate no mundo e perceber que os grandes picos de vendas e crescimento das empresas ao longo das décadas, estão sempre ligados a alguma “Equipe de skatistas de destaque” que foi montada por um marketeiro estrategista. Bones Brigade, Plan B, Girl, éS, e no Brasil: Lifestyle no final da década de 80, Drop Dead nos anos 90, ou mais recentemente a Latex. As marcas fortes do nicho nada mais são do que o reflexo dos skatístas que vestem a camisa e assinam os produtos e campanhas da marca. Então modelos de shapes assinados,
peças assinadas, são a base do sucesso de vendas. Muitos empresários me falam; “eu não invisto tanto em equipe de skatístas e vendo da mesma maneira”. E o engraçado é que, na semana seguinte, esse mesmo empresário está reclamando que não cresce, que tem muita inadimplência, que o produto não sai da prateleira. Será que não é óbvio que uma coisa está ligada a outra? O skatista profissional é a base do mercado.” Alexandre Vianna, skatista profissional, jornalísta, fotógrafo e editor da CemporcentoSKATE.
“Historicamente, o skate começou a se firmar e se estruturar quando os skatistas começaram a lançar seus pro-models, como aconteceu nos Estados Unidos com Tony Alva, Stacy Peralta, entre outros, no meio da década de 70, Steve Cabalero, Cristian Hosoi e Tony Hawk no começo dos anos 80. Esta forma foi que possibilitou os skatistas mais carismáticos a ganharem dinheiro e se motivarem a continuar treinando e elevando o nível do skate no mundo. Com isto, os fãs destes skatistas também foram incentivados a comprar os shapes de seus ídolos, o que aumentou as vendas das empresas que fabricavam os pro-models, que por sua vez, reinvestiram em mais eventos e turnês, patrocínio de skatistas amadores, anúncios em revistas e skate parks. Desta forma construiuse um saudável ciclo no skate, que propagou pelo mundo, inclusive no Brasil. Ajudando-o a atingir o atual estágio de exposição na grande mídia, um considerável número de praticantes, pistas, campeonatos, revistas, vídeos etc. Quando alguém compra um shape liso, quebra toda esta corrente que os skatistas ajudaram a construir com muito sacrifício e luta durante décadas e está, a longo prazo, ajudando a matar o esporte/estilo de vida que tanto amamos. Também, os shapes lisos não tem boa qualidade e tem vida útil proporcional ao preço de venda. Portanto, quando se compra um shape liso, além de não estar contribuindo para o desenvolvimento do skate, está jogando dinheiro fora, pois com certeza, aquele produto não irá durar tanto quanto um assinado por um skatista profissional. Este sim teve todo trabalho de acompanhar a elaboração do shape para que não quebrasse facilmente, tivesse um bom concave e corte, ajudasse na execução das manobras, tivesse um desenho bonito e não manchasse o nome que ele teve tanto trabalho em popularizar. Por tudo isto, eu sou contra a fabricação e comercialização do shape liso. Se você ama realmente o skate, faça um investimento em você mesmo, gaste uns trocados a mais, porém compre um shape assinado por um skatista profissional!”. Ed Scander, skatista há 23 anos e diretor da CBSk
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“...quando se compra um shape liso, além de não estar contribuindo para o desenvolvimento do skate, está jogando dinheiro fora...”
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Opinião_Just Skate_Julho/2010
“...o pro-model de peças de skate é importante quando ele é desenvolvido para impulsionar o mercado para um nível superior de qualidade e design...”
“Depois de tantos anos de mercado, podemos observar que não existe milagre para o preço baixo, mas sim uma falta de caráter de alguns empresários, pois quando colocados todos os custos de matéria prima de alta qualidade, como as nossa, pagamento de fornecedores, funcionários, o preço não pode ser diferente do obtido. Com isso, acabamos encontrando diversas empresas que nem registro tem, ou seja, não pagam impostos, não pagam os funcionários, utilizam matéria prima de baixa qualidade e por conseqüência, não respeitam os atletas. Podemos ainda analisar o desrespeito com a qualidade de shape através da mistura de madeiras, resinas e outras matérias-primas que tem como objetivo ‘fazer render’ o custo e baixar o preço do produto, mascarando sua qualidade. Desde o inicio de nossa fabricação de shape, buscamos sempre deixar claro que nossos shapes eram SHAPES PROFISSIONAIS, ou seja, desenvolvidos com muita seriedade. Somos especialistas no que fazemos e para isso, sempre buscamos atletas conceituados para fazer parte de nossa equipe. Hoje, a Anti Action tem seis skatistas profissionais endossando o produto”. Carlos “Sabiá”, skatista profissional, fabricante de shapes (Anti Action e Represent)
“A valorização do pro-model é de extrema importância, porque representa o profissional e é ele quem está fazendo a fomentação principal do esporte. Ele que está no topo da pirâmide, servindo de exemplo para que novos skatistas apareçam e fortifiquem cada vez mais o skate”. Guilherme Gnomo, skatista profissional
“O mercado do skate brasileiro atual se deve também pelo trabalho feito na década de 80, pelas marcas da época que cultivavam models assinados: Urgh!, Lifestyle, Nitro, H. Prol, Sims, Flywalk, etc. E, se hoje, as empresas não fabricarem pro-models, não construirão ídolos. O que será do mercado brasileiro no futuro, sem a herança histórica do culto ao profissionalismo? E, os skatistas profissionais precisam zelar pela reputação da categoria, pra não ser banalizada”. Sidney Arakaki, skatista profissional e jornalista (Retta Skate)
“Na minha opinião, o pro-model de peças de skate é importante quando ele é desenvolvido para impulsionar o mercado para um nível superior de qualidade e design. Mas, quando é feito apenas por razões financeiras, daí acho que pega mal para o mercado. Tem muitas empresas descomprometidas que fazem lixo e tem muitos skatistas medíocres que assinam o lixo pra fazerem dinheiro. Pra mim, o promodel serve como motivação pra aprimorar o produto, porque em geral, o skatista consumidor
é exigente no aspecto qualidade e design. Eu também posso dizer, que no caso da Crail, por exemplo, ele funciona como uma extensão da nossa comunicação com o consumidor final, além obviamente, de ser uma fonte de renda para o skatista profissional que assina o produto. Na Supa, valorizamos todos os profissionais que trabalham conosco, e com os skatistas, não poderia ser diferente. Cada colaborador aqui tem um importante papel na estrutura. O papel deles é crucial para manter as nossas marcas vivas na mente dos nossos clientes”. Sergio Bellinetti, fundador da Crail Trucks e proprietário da distribuidora Supa
“Bom, na minha opinião, isso já devia ter sido feito faz tempo! Mas, também acho errado a marca lançar o model do cara e não pagar pela comissão de vendas, como imagino que aconteça! Pois sei também que vários profissionais trocam o salário que deveria ser pago em grana, por certa quantidade de shapes a mais. Assim como acontece com patrocínios de roupas. Outro ponto que pesa, é que na maioria dos casos, o fabricante de shape coloca alguns reais a mais no preço do pro-model. Sei que não é tão injusto! Mas na região Nordeste por exemplo, isso dificulta do consumidor comprar, já que é mais caro, mesmo que pouco. Daí, alguns lojistas preferem pegar shape sem ser pro-model. Portanto, acho que esse projeto deve ser bastante estudado para que ambas as partes sejam beneficiadas. Como disse, concordo com a organização e regulamentação desse assunto, mas tem que ser bem trabalhado. Algumas sugestões minhas: - Model de shape com desenho desenvolvido e aprovado pelo skatista. - Piso mínimo de comissão por shape vendido. - De alguma forma a empresa deve provar que a quantidade de shapes é a mesma que repassa a comissão. - Se a marca não produzir shape, se esse não for seu produto, não acho que deva se adaptar a esse custo a mais para eles. Pois acho que cada qual no seu cada qual. Mas se o skatista e a empresa optarem por fazerem um esquema de salário direto, tipo, fazendo um acordo de valor independente do que venda a mais ou a menos o shape, também seria importante.” Júlio Detefon, skatista profissional e editor do Ôxe Skate Zine
“Quando me profissionalizei como skatista, em 1991, tive meu modelo de shape lançado no mercado. Até hoje encontro pessoas por todo Brasil que comentam sobre este pro-model, dando as características de corte e desenho, lembrando que isso fazem 17 anos”. Fabio Schumacher, skatista profissional
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Sesper sendo entrevistado
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Alexandre Sesper, também conhecido como Farofa é desde 1991 o vocalista do Garage Fuzz, banda Santista de Hardcore/Punk com mais de 15 anos de estrada e discos lançados em mais de 15 países. Farofa também sempre se dedicou às artes, seja desenhando capas dos discos do próprio GF ou de bandas de amigos, seja trabalhando para revistas e marcas de skate e principalmente colando suas artes pelas ruas. Há algum tempo vem assinando seus trabalhos artísticos como Sesper e tem um trabalho bem consistente e marcante. Confira nas próximas páginas a entrevista exclusiva que o artista concedeu a Just Skate.
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“...ficava desenhando essas artes, o Eddie do Iron ficava fazendo isso direto, lógico que não igual a capa do disco, mas seguia os traços.”
Quando eu comecei a tocar eu tinha 16 anos, minha vida era muito mais livre tipo... acordava, estudava de manha e tinha a tarde e a noite para eu fazer as coisas que eu queria. E nessa época de moleque era uma época bem criativa, até porque escrevia e trocava correspondência com muita galera de banda e fanzine. Isso foi formando uma historia na minha cabeça de organização de algumas coisas. Nos anos 90, já tinha uma loja já, trabalhava com música, já tinha a banda, andava de skate, o skate era de um jeito diferente, não tinha internet ainda. Aí em 99 eu casei, e foi quando eu mudei o meu dia-a-dia e comecei a trabalhar mais focado em pagar as contas, manter um orçamento, no começo não tinha que pagar nada vivia com os meus pais. Nessa última década diria que é um trabalho gráfico é mais focado para ganhar dinheiro também, não é só experimental. Hoje em dia eu tenho uma dia-a-dia que é basicamente, eu tenho um ateliê em casa, eu começo a trabalhar cedo, tipo 8 da manhã já to trampando todo dia, gosto de trampar até umas duas da tarde. Atualmente faço menos trabalhos no computador, mais manual, uso o computador só para finalizar mesmo. Quais as suas influencias para começar a fazer street art? O lance das influências, tem muito haver com as capas de discos de metal a capa do Iron Manden, desenhar a capa do Iron. Eu lembro que sou da geração Rock’n Rio I, eu tinha dez, onze anos. Gostava dessas artes, ficava desenhando essas artes, o Eddie do Iron ficava fazendo isso direto, lógico que não igual a capa do disco, mas seguia os traços. Capa foi um lance que
Trabalhos do artista
sempre tive curiosidade, de sempre procurar, hoje em dia eu compro vinil eu compro as vezes um vinil que eu não gosto da banda se está numa pilha de um real as vezes pela capa eu compro, se eu achar uma letra legal, um simbolismos legal, eu acabo comprando mesmo sem gostar da banda. Mas você chegou a fazer capas de discos? Infelizmente eu não pude fazer capas de disco da mesma quantidade de que eu fiz de CD, eu fiz muito mais capa de CD, de vinil mesmo acho que eu fiz duas ou três. Mas cheguei a fazer, fiz para o “Bomb the Bass” que é uma banda da inglaterra, banda ícone do Acid House dos anos 80, e era um lance que eu gostava muito quando era muleque, era o som que rolava quando eu ia na Lofty e na Zoom (Casas de Show em Santos). Tipo com a Internet 20 anos depois eu pude mandar uma mesagem pro cara falando que eu gostava, ele viu meu trampo e ele respondeu: preciso de alguém para fazer minha capa você não quer fazer? Eu acho que essas são as vantagens que a internet também trás hoje em dia. Quando está criando, é algo que já tem em mente, ou você cria na hora? Eu não penso em nada eu vou muito pelo instinto mesmo. Crio muito pelo sentimento que tá na época, tem época que não to com a cabeça legal, não vou fazer nada porque não vou curtir e tem épocas que eu fico um dois meses direto fazendo a mesma coisa até ter uma produção razoável. Exemplo, se eu tiver que
Arte_Just Skate_Julho/2010 Pág. 13 expor eu vou parar 3 meses e vou produzir e expor, eu não gosto por exemplo, tem uma exposição daqui a duas semanas vamos entrar? Criar meio sem ter uma base um conceito, prefiro criar antes, não é nem pensar, é pré produção, o importante para mim é ter 200 quadros e se cabe 30, eu poder escolher, pois não é tudo que eu faço que eu acho que está 100% ok! Falando em expor, ficamos sabendo que vc está indo viajar para Los Angeles, pra expor seus trabalhos no Re:Bord. E como surgiu essa oportunidade? No ano passado participei de uma exposição coletiva e fiz mais contatos, em 2009 quando voltei dos EUA eu fiz uma exposição chamada RE:BORD que era de deck de skate dos gráficos de shapes do Brasil e agora estou tendo a oportunidade de levar para expor na galeria de skate do Tony Alva. Você foi palestrante na “Pixel Show 09”, como foi essa experiência? É engraçado por que é o seguinte, esse lance da palestra da Pixel show eu subi e fiquei falando com estou falando com vocês aqui agora. Eu não fiquei preparando teoria e técnicas, eu falei o que eu faço. A minha disciplina é essa manter produzindo, não pela oportunidade e sim pelo que eu quero fazer hoje em dia tem varias ferramentas que te dão muitas oportunidade mais aí que tá, vídeo eu edito, vídeo no computador, mas não é uma coisa que eu vou ao extremo, sabe esse lance da colagem e de trabalhar com coisas manuais, é a minha preferência, pois isso pode virar uma matéria prima, e sei lá escanear ou
fotografar e isso poder virar uma camiseta, posso fazer um pôster, eu enxergo que isso é o primordial, tem que ter uma base para criar, eu acho que é complexo para mim vou fazer um adesivo. Eu sei que tem pessoas que são excelentes em diagramação vou diagramar um adesivo e faz tudo perfeitinho uma pá de detalhe com um acabamento legal. A minha historia é mais pelo fazer, não penso muito na estética como está saindo, vai mais pelo susto. O que vc acha de fazer e ver suas exposições? Eu nunca estou satisfeito, nunca chegou uma que eu olhei e falei está muito foda, sou demais. Meu pai me ensinou muito isso, meu pai é um cara simples, mas ele dizia que quando você achar que sabe tudo você vai ver que não sabe nada, aí é nesse momento que você vai cair, ele me dizia isso desde pivete. Eu nunca tive um estudo, sou bem Autodidata, acabo tendo um estudo pelo convívio das pessoas que estudam e eu acabo aprendendo com eles. De certa forma é bom e ruim, eu acho positivo e negativo ao mesmo tempo ser autodidata, explicando pelo seguinte é assim chega uma hora que você limita. Que você não tem mais uma visão ampla da coisa e você tem que procurar caminhos novos para dar continuidade no seu autodidata. E tem coisas que se eu já tivesse estudado teria entendido faz tempo! Que nem agora estou trabalhando com resina, mas é algo que eu tenho contato desde pivete. Que você não tem mais uma visão ampla da coisa e você tem que procurar caminhos novos para dar continuidade no seu autodidata.
“...meu pai é um cara simples, mas ele dizia que quando você achar que sabe tudo você vai ver que não sabe nada, aí é nesse momento que você vai cair...”
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Texto Grupo TriboSP Design e Ilustração Henrique Ramos
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Pode-se definir o estilo skatista de acordo com o tamanho, cores e formas das vestimentas . No skate, o principal é sentir-se leve e confortável, o que acaba criando um caráter espontâneo no modo de se vestir, porém sempre retratando o lado street, excêntrico e chamativo com que essa tribo se impõe.É bom lembrar que os skatistas são divididos em três tribos: a do hip-hop, a dos grafiteiros e a dos básicos, o que torna o estilo de cada um bem mais fácil de ser identificado, ou seja, o grafite, gosta de customizar roupas e prefere um tamanho mais justo, o hip-hop, adere de forma nítida ao visual tamanho GG, enquanto que o básico, curte o trivial na hora de se vestir. Para os homens, a presença de bonés, bermudões e calças largas é indispensável, a cueca à mostra e cabelos levemente despenteados também é uma carcterística marcante nos “skateboards”, enquanto que as mulheres skatistas, acabam unindo a sensibilidade feminina com a paixão pelo skate, elas usam muita bermuda, blusas de malha, baby look e claro, como os meninos a “cuequinha” aparecendo. Atualmente esta tribo, e pessoas que se vestem desta forma, mesmo sem ser skatistas, vem sofrendo um certo tipo de preconceito devido ao figurino, o que é um erro absurdo. Afinal será que a roupa diz que a pessoa é realmente skatista? O estilo skatista é público e aberto a todos. Logo qualquer pessoa que queira andar no estilo skatista, basta ir em uma loja e comprar o figurino desejado. Será que andar de terno quer dizer que a pessoa é honesta? Será que andar sujo ou com roupas largas é sinônimo de uma pessoa sem caráter ou com uma personalidade ruim? É necessário a relativização dos nossos conceitos. Por não conhecer um grupo, pela incapacidade de observar de forma clara, e por partir de uma visão do senso comum preconceituosa, estigmatizamos certos grupos e criamos estereótipos. Por isso, mantenha sempre a mente aberta de preconceitos e fique longe de opiniões sem nenhuma base concreta, até porque o modo de se vestir é apenas uma forma de cada um de nós permitir que o estilo próprio se sociabilize com o mundo exterior.
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Texto Ana Paula Negrão Design e Ilustração Danilo Bizarro - Fotos Divulgação
A exposição RE:BOARD aconteceu no dia 27 de março na Exhibit “A” Galery, a abertura da exposição RE:board, que reuniu decks históricos do Brasil. A exposição contou com 60 shapes dos anos 80 e 90. Cerca de 400 pessoas passaram pela galeria durante a noite, um público eclético, composto desde colecionadores de artes, designers, skatistas profissionais, familiares, músicos, simpatizantes e crianças. A trilha sonora ficou por conta dos DJs Eduardo Sallada e Leticia Bufoni, que se revezavam nas pick-ups, tocando desde Cólera até MGMt. A equipe Fuel TV americana foi prestigiar o evento e ficou impressionada com o conteúdo da mostra. Eles farão um programa especial “Daily Habit” que será exibido no mês de abril. Além disso, Patricia Teixeira, correspondente da ESPN de Los Angeles, não perdeu tempo
Alguns Shapes em Exposição
Design_Just Skate_Julho/2010 Pág. 19 entrevistando todas os célebres convidados para um especial para o Programa Skate Paradise, no Brasil. O lendário Tony Alva, dono da galleria, apareceu e gostou muito do evento assim como o Bob Burnquist, Jorge Kuge, Lincoln Ueda, Thronn, Daniel Bourqui, Álvaro Porque, Nilton Neves, Lúcio Mosquito, Rodrigo Gerdal, André Genovesi, Danny Cerezini, Diego Chaveirinho, Fabio Bitão, Mauricio Bozo, Fábio Castilho, Patiane Freitas, Yura, Samuca, Renato Cupim, Vinicius Evaristo, Liza Araujo, Isabelle Donola, entre muitos outros. Alexandre Sesper e Bitão, idealizadores do Re:board estavam ocupados a noite toda atendendo às solicitações de entrevista das midias presentes e do público. Já o artista Daniel Presto fez “Living Paiting” em dois decks blank. As obras ficaram maravilhosas, recebendo muitos elogios.
Entrada
Vista da Exposição
Daniel Bourqui
Álvaro Porquê
DJ Leticia
Sesper e Patricia
Bob Burnquist com alguns designer
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as r b o man tapa m a fizer nal da e et, , o t tre tan ande fi S m e t e s n a da gr de Ska adicais o r t u o di ida rtes R l , e a o , d g s o i, no n o o i t n p i m a t m s v n o D no VA ira de E ário Sa e I s t T n s A u e Alg epiar n eto VID Brasile erto M j b rr de a ta do pro ederação icipal Ro f n is sant o da Con rque Mu t a even ado no P antos. S z reali ário, em s Emis auni e Ramos o Nr Text Henriqu Barreto o s Foto n Ricard g Desi
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Capa_Just Skate_Julho/2010 Pág. 23 Depois de diversas baterias e uma final eletrizante, o título ficou para Diego Fontes, 25 anos, do Guarujá. Com 21 títulos na carreira, Diego é monitor no Skate Parque do Chorão. “Gostei muito de participar. A organização foi muito boa, começando sempre no horário. Isso é ótimo”, disse o campeão. “Se conseguir patrocínio, pretendo me tornar profissional”. Ainda sobre o evento, ele completou: “É legal a realização de competições como essa. Só tem a acrescentar para o esporte”. Um garotinho, Gilmar, de 12 anos, foi quem chamou a atenção e arrancou aplausos do público que lotou a arquibancada coberta construída pela Confederação Brasileira de Esportes Radicais, algo inédito em eventos desse tipo. “Esse foi meu quinto torneio. Já fui campeão em três”, disse Gilmar, que começou a competir há apenas um ano. “Gosto do público me aplaudindo. E não fico nervoso. Um dia quero ser profissional”. O VIDATIVA, projeto da CBER - Confederação Brasileira de Esportes Radicais, com apoio da Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo, recebeu carinho especial de Flávio Silva Martins, coordenador de Esportes de Praia da cidade de Santos. “A união de esforços entre Estado, Município e CBER fez o sucesso do evento. Temos uma estrutura nova para os esportes radicais, mas, no skate, é a primeira vez que temos uma totalmente profissional para um evento amador”. O gestor do projeto VIDATIVA, Sebastião Silva Filho, da Secretaria
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de Esportes e Lazer do Estado, falou do objetivo do evento: “O esporte deve oferecer oportunidade a todos. Por isso investimos em eventos que permitem a participação de esportistas que estão buscando um futuro diferente em suas vidas. Se você tem mil pessoas envolvidas no esporte e formar um campeão,isso já é um bom resultado. Mas, o mais importante é que os 999 restantes, embora sem grande sucesso no esporte, estarão formados como bons cidadãos. Essa é a função do esporte. Espero que a CBER prossiga fazendo eventos como esse, que atendem integralmente o objetivo do governo do Estado”, afirma Sebastião, ele mesmo pai de dois filhos que praticam o skate. “Acompanho bem a vida
deles e vejo o esforço que fazem para obter bons resultados”. As etapas anteriores do VIDATIVA foram na Praia Grande, São Bernardo do Campo, Carapicuíba, Barueri e Jacareí, movimentando mais de 500 atletas de esportes radicais (FMX, BMX, patins in line e skate). A CBER está programando novos eventos de radicais para 2010, em outras cidades. “Queremos formar uma base muito forte para permitir o surgimento de novos talentos. O resultado desta prova mostrou que atingimos nosso objetivo. Para uma pontuação máxima de 80 pontos, o campeão fez 74,33”, afirma Leo Rodrigues, diretor Executivo da CBER.
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Isso ninguém sabe responder, mas se o público paulistano (brasileiro?) continuar a agir como agiu na noite de quinta, o máximo que teremos por ai serão infinitos shows de bandas coloridas e afins. Por que? Explico.Você tem uma carreira de mais de 20 anos, tem um status sólido, um selo mundialmente famoso, moral, tudo, e vem pro Brasil tocar suas canções. Chegando na América do Sul, é assaltado na Argentina e dois shows são cancelados, e em São Paulo, por quase todo o show, é cuspido e recebido com tênis e até uma havaiana na cara. Ai me fala, você voltaria?
Fat Mike e o presente brasileiro
Por Wlad Zona Punk Fotos Max Machado Design Danilo Bizarro
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Momentos do Show
“Seja punk mas não seja burro”, já cantaram os Replicantes, e é por ai. Música de afrontamento, show caótico, bagunça, zona (punk?), ok, mas uma havaiana na cara é pra broxar qualquer um. Mas não Fat Mike. Com uma paciência de jó, ainda ensinou “joguem as coisas pra cima, mas não na minha cara”. Com uma mistura de embriaguês e saco cheio, Fat Mike começou o show do NOFX logo de cara com “Linoleum”, e era o que bastava para o lugar (horrivel - diga-se de passagem; e absolutamente lotado) vir abaixo. O set-list, totalmente puxado ali na hora, foi diverso, e bem diferente dos que vimos em outros shows da América do Sul nesta tour, pra você ter idéia, teve espaço para surpresas como “I’m Telling Tim”, “Drugs Are Good”, “Falling in Love” e a clássica “Fuck The Kids”; e ficaram de fora os clássicos “Don’t Call Me White” e “Stickin’ My Eye”. Conforme o clima hostil ia ficando pior, parecia que mais puto e com tesão de tocar Fat Mike ficava, o que fez com que o show fosse melhorando cada vez mais com o passar do tempo, até claro, o vocalista falar com uma sinceridade tocante “por favor, parem de cuspir em mim, eu estou me divertindo aqui, não tenho que ser cuspido”. Mesmo perdendo um pouco o ‘rebolado’, Fat Mike mostrou ali, pra novatos e veteranos, como se faz um show punk, com sarcásmo, sacadas geniais, e muitos hits de várias épocas, como “Franco Un-American”, “Seeing Double at the Triple Rock”, “Reeko”, a versão de “Radio” do Rancid (“eles nunca vieram pra cá? É porque eles não ligam pra vocês” - Fat), “Perfect Government”, “The Brews”, “Bob”, “My Orphan Year”, “It’s My Job to Keep Punk Rock Elite”, “Murder the Government”, “The Desperation’s Gone”, “Kill All The White
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Man”, entre outras, fechando com “Bottles To The Ground”. A banda em palco, se por um lado não parecia tão a vontade (calor, cuspidas, latas), por outro parecia totalmente acostumada a esse tipo de situação, afinal, não podemos esquecer que, após décadas de punk rock, certas besteiras já são costumeiras, e com isso, fez piada, zuou até a cara de um menino que não teve coragem de pular do palco, por exemplo. Pra abertura do show foi escalada a banda Take Off The Halter, que confesso, não me impressionou, nem prendeu atenção - assim como em outrora - mas fez a alegria da galera hc-predial-tr00-90. Enfim, em meio ao caos, mortos e feridos, salvaram-se todos, e mais uma vez o NOFX talhou seu nome no hall de “shows de hardcore históricos no Brasil”. Quanto tempo mais vai demorar pra eles voltarem pra cá? Arrisco em dizer que bastante. Ou você iria sair da sua casa de novo, para viajar para outro continente, pra ser cuspido e receber coisas na cara? Eu pelo menos não. Ou talvez sim, afinal, “We’re professional punkers”, né Mike?
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Texto Renata Leão Design e Ilustrações Henrique Ramos
Há 15 anos, ele deixou de ser apenas o arroz com feijão dos caboclos do Pará e do Amazonas para se tornar também o mocotó de surfistas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Agora, o açaí ganha o mundo. Virou febre na Califórnia, passou a ser “cool” em Nova York e está se alastrando por Austrália, Nova Zelândia, Espanha, Holanda, Bélgica, Israel. Até os japoneses entraram na onda.
O Surfista Rob Machado e o skatista brasuca Bob Burnquist, que mora há mais de 15 anos fora do Brasil, experimentaram o açaí. Mas foi há quatro anos, quando o exótico creme cor de uva chegou à Califórnia, que os atletas se viciaram no sabor da fruta agridoce. Não só incorporaram o hábito de tomar a mistura no dia-a-dia, como ajudaram a espalhar a mania pelas quebradas do Estado mais animado e esportivo dos Estados Unidos. Hoje, é normal ver garotas saradas tomando açaí nas praias de San Diego, naturebas e iogues de São Francisco pra lá e pra cá com tigelas de açaí nas mãos, ou estudantes de Berkeley se lambuzando com o creme. Em Sydney, na Austrália, e em Oakland, na Nova Zelândia, mais de cem cafés, restaurantes e casas atraem o povo do surf com cartazes coloridos - e até estereotipados - com ilus-trações de índias boazudas e fotos da frutinha brasileira acompa-nhadas de dizeres como: “Acai juice, the Brazilian energy” (“Suco de açaí, a energia brasileira”) e “the original Brazilian power juice” (“o original suco energético brasileiro”). Na Espanha, chamarizes como “Conozca la fruta más de moda en Brasil” atraem curiosos aos cafés e restaurantes que incorporaram o açaí na tigela ao cardápio, principalmente em Madri e em Barcelona. Até em Israel, no Japão e nos Emirados Árabes tem gente vendendo - e tomando - açaí na tigela. Assim como em Luxemburgo, na Holanda, na Bélgica e na Suécia. A neozelandesa Nufruits espalha a mania do açaí nas praias da Nova Zelândia, Austrália e também em lugares como Porto Rico, Cingapura, Canadá e Japão. Compram o extrato de açaí compensado e congelado de cooperativas de comunidades ribeirinhas do norte do Brasil, vestem embalagens que gringo adora ver e levam a mania brasileira para os quatro cantos do mundo. Mas foi a americana Sambazon - primeira empresa a exportar o produto legalmente e a registrar o açaí no FDA (Food and Drug Administration, que controla o comércio de alimentos e remédios nos Estados Unidos) - quem fez a fruta virar febre entre os atletas cinco estrelas da Califórnia. Tudo graças à política ecologicamente correta que adotaram, à empatia que conquistaram no meio do surf e do skate, e aos negócios bemsucedidos que têm feito no Brasil. A Sambazon compra açaí de quatro cooperativas paraenses
Gastronomia_Just Skate_Julho/2010 Pág. 37 localizadas no baixo Tocantins, numa área de 27 mil hectares. Nesse espaço, que abrange quatro municípios, trabalham 1.540 famílias, e cerca de 15 mil pessoas vivem do extrato do açaí. Mais legal que esses números, porém, é o contexto que os envolve: a Sambazon faz questão que toda produção se encaixe num padrão que abrange certificado de origem e conservação do solo, biodiversidade e comércio justo. Ou seja, nada de agrotóxicos, nada de monocultura e nada de exploração de mão-de-obra. O skatista Bob Burnquist, que tem uma horta orgânica em sua casa e é conhecido por defender uma alimentação saudável, também é amigo de Ryan, Jeremy e Ed. Ele aderiu rapidinho ao açaí da Sambazon. “O açaí dos meninos é extremamente saudável e saboroso. É mais concentrado, feito com um xarope de guaraná orgânico, sem açúcar refinado”, conta ele, que passou a divulgar o produto brasileiro em campeonatos de skate. “Há uma tendência forte em ‘esverdear’ esses campeonatos, substituindo a junk food por alimentos mais saudáveis como o açaí.” De maio de 2000 - quando começaram a vender o açaí Sambazon nos Estados Unidos - ao fim daquele mesmo ano, os quatro garotos venderam 134 mil dólares. De lá pra cá, triplicaram as vendas. Hoje, têm uma demanda muito maior do que a capacidade industrial do Pará, onde trabalham com quatro cooperativas. Por isso, neste mês, eles inauguram em Santana, no Amapá, uma fábrica própria. O açaí é exportado em barras congeladas para São Clemente, na Califórnia, industrializado (misturado ao xarope de guaraná) e embalado lá mesmo, onde trabalham 25 pessoas. No escritório do Rio de Janeiro, além de Travis, trabalham sete pessoas. E a fábrica no Amapá vai empregar 100 funcionários. “A safra do açaí vai de agosto a dezembro. Na entressafra, os produtores precisam de alternativas. Por isso estamos procurando outras empresas que queiram trabalhar com cacau e cupuaçu, por exemplo. Essas cooperativas com as quais trabalhamos têm plena condição de produzir isso”, explica Travis. Ele, que mora no Rio de Janeiro, pratica ioga todos os dias e surfa sempre que dá, acredita que a Sambazon é o reflexo de toda uma geração que, espalhada pelos quatro cantos do mundo, pensa - e age - de maneira mais saudável e consciente. “O mercado mundial de alimentos naturais e ecologicamente corretos movimenta 26,5 bilhões de dólares por ano. Esse dinheiro está sendo gasto em saúde, meio ambiente e responsabilidade social. Tem coisa melhor que comprar algo sabendo que é orgânico, renovável e fruto de um comércio justo e responsável?”
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