live E
Meio século de excelência em reabilitação, graças ao empenho e dedicação dos seus profissionais.
live centro de medicina de
Reabilitação especial diretor: José Alberto soares Abril 2016 distribuição gratuita
de alcoitão
Publicações
www.justnews.pt
Abril 2016
1
live E
2
Abril 2016
live E
sumário Entrevista
Informação
Discurso direto
10 Maria de Jesus Rodrigues “ Não é possível humanizar as organizações sem melhorar a qualidade”
24 S anta Casa da Misericórdia de Lisboa Área de intervenção: Investigação & Desenvolvimento
Reportagem
Testemunho
14 C entro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão Com diferentes valências, onde trabalhar “é um orgulho e um privilégio”
22 Diana Ramos Recuperar com a ajuda da família do CMRA
06 Pedro Santana Lopes Promoção de cuidados de saúde de excelência 08 Helena Lopes da Costa CMRA: a dedicação de uma vida 21 Luís Jorge Jacinto O tratamento da espasticidade com toxina botulínica 26 Filipa Faria Exoesqueleto na reabilitação da lesão medular
14
22
10
Abril 2016
3
live E notícias
1.º Simpósio Ibérico em Lesões Vertebromedulares Organizado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em parceria com o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho (membro do Laboratório Associado ICVS/3Bs) e da Associação Salvador, realizou-se nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro de 2015, no auditório do CMRA.
Jornadas Internacionais CMRA 2014 400 especialistas debateram, em conjunto, o tema “Investigar+Intervir=Reabilitar” entre 23 e 25 de outubro de 2014.
João Cadima, Anabela Mouquinho, Mariana Matos, Isabel Batalha, Maria Jesus Rodrigues, Luís Jorge Jacinto, Ana Cristina Sousa e Ana Isabel Ribeiro Catarina Aguiar-Branco, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação (SPMFR), com Maria de Jesus Rodrigues, administradora e diretora clínica do CMRA
Escultura inspirou logótipo do CMRA
Martins Correia foi o autor da escultura que está no jardim interior de Alcoitão e cuja imagem foi escolhida para logótipo da instituição.
Para assinalar os 50 anos de Alcoitão... Foram inauguradas, no dia 20 de abril, duas Unidades Habitacionais para Pessoas Jovens com Incapacidade Motora .
e ainda… + Estabelecimento de novas parcerias com subsistemas de saúde. + Uma exposição, com fotografias antigas e alguns objetos simbólicos da história do CMRA. + Palestras, aulas de dança, workshops, demonstrações e competições desportivas, entre outras atividades.
Maria de Jesus Rodrigues com Salvador Mendes de Almeida, fundador da Associação Salvador
Os 4 diretores juntos Foto de capa Retratos de colaboradores do CMRA.
Maria de Jesus Rodrigues (CMR-Alcoitão), Arminda Lopes (CMR-Sul), Paula Amorim (CMRRC-Rovisco Pais) e Ruben Almeida (CR-Norte), nas I Jornadas do Rovisco Pais, no dia 23 de outubro de 2015.
LIVE Especial Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão Diretor: José Alberto Soares (jas@justnews.pt) Assessora da Direção: Cláudia Nogueira (claudianogueira@justnews.pt) Assistente de Direção: Goreti Reis (goretireis@justnews.pt) Redação: Maria João Garcia (mariajoaogarcia@justnews.pt), Sílvia Malheiro (silviamalheiro@justnews.pt), Susana Catarino Mendes (susanamendes@justnews.pt) Fotografia: Joana Jesus (joanajesus@justnews.pt), Nuno Branco - Editor (nunobranco@justnews.pt) Publicidade: Ana Paula Reis (anapaulareis@justnews.pt), João Sala (joaosala@justnews.pt) Marco Rodrigues (marcorodrigues@justnews.pt) Diretor de Produção Interna: João Carvalho (joaocarvalho@justnews.pt) Diretor de Produção Gráfica: José Manuel Soares (jms@justnews.pt) Diretor de Multimédia: Luís Soares (luissoares@justnews.pt) Morada: Alameda dos Oceanos, 3.15.02.D, Nº 3, 1990-197 Lisboa LIVE Especial Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão é uma publicação da Just News, dirigida a profissionais de saúde. Tiragem: 2500 exemplares Impressão e acabamento: TYPIA – Grupo Monterreina, Área Empresarial Andalucia 28320 Pinto Madrid, España Notas: 1. A reprodução total ou parcial de textos ou fotografias é possível, desde que devidamente autorizada e com referência à Just News. 2. Qualquer texto de origem comercial publicado nesta revista está identificado como “Informação”.
4
Abril 2016
geral@justnews.pt agenda@justnews.pt Tel. 21 893 80 30 www.justnews.pt
Publicações
live E
REUMON Loção, etofenamato 100 mg/ml de emulsão cutânea; REUMON Gel, etofenamato 50 mg/g de gel; REUMON Creme, etofenamato 100 mg/g de creme. Indicações terapêuticas: REUMON está indicado em situações dolorosas do aparelho locomotor, desde que a sintomatologia seja localizada, tais como: artropatias (periartrite, artrite, poliartrite, espondilose, osteoartrose); mialgias; bursites; tenossinovites; fibrosites; nevralgias (síndroma cervical, lombalgias, ciatalgias); contusões, entorses, distensões (associadas, por exemplo, a traumatismos desportivos). Posologia e modo de administração: REUMON deve aplicar-se 3-4 vezes ao dia, massajando-se suavemente sobre a zona afectada. A quantidade a aplicar varia de acordo com a extensão afetada. A duração do tratamento é variável com a situação clínica a tratar. No caso de doenças reumáticas, o tratamento durante 3 a 4 semanas é normalmente suficiente. A duração do tratamento nos traumatismos agudos (por exemplo, associados à prática de desporto) pode prolongar-se até às 2 semanas. Não utilizar em grávidas, crianças e insuficientes renais, uma vez que a experiência clínica não é suficiente. Contraindicações: alergia ao etofenamato ou ao ácido flufenâmico, ou a qualquer um dos excipientes de REUMON. A sua utilização está contraindicada em doentes que tiveram reações de hipersensibilidade, tais como sintomas de asma, rinite alérgica ou urticária, ao ácido acetilsalicílico ou a outros anti-inflamatórios não esteroides; em superfícies eczematosas ou feridas abertas; nas mucosas ou nos olhos; em grávidas, crianças ou insuficientes renais, uma vez que a experiência clínica não é suficiente. Efeitos indesejáveis: Em aproximadamente 5% dos utilizadores de REUMON pode observar-se rubor cutâneo e em 2% podem desenvolver-se reações alérgicas cutâneas (prurido, eritema, erupção, edema). Reações bolhosas incluindo síndroma de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica (muito raro). Apresentações: Reumon Gel embalagens de 60 g, 100 g e de 150 g, Reumon Loção embalagem de 100 ml e de 200 ml e Reumon Creme embalagem de 100 g. Para mais informações deverá contactar o titular da AIM: BIAL – Portela & C.ª, S.A. – À Av. da Siderurgia Nacional – 4745-457 S. Mamede do Coronado – Portugal. Capital Social €50.000.000 – Sociedade Anónima – Matrícula N.º 500 220 913 Conservatória do Registo Comercial da Trofa – NIPC 500 220 913 – www.bial.com – info@bial.com. Medicamento não sujeito a receita médica. Não comparticipado. DIDSAM111118 Abril 2016
5
RM/OUT14/028
1. Resumo das Características do Medicamento REUMON® Gel, revisto pela última vez em Julho de 2014:
live E
discurso direto
Promoção de cuidados de saúde de excelência
Pedro Santana Lopes
Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
Dispondo de 150 camas, o Centro assegurou, no ano passado, mais de 48 mil dias de internamento, 9032 consultas externas e 661.568 atos terapêuticos.
Meio século passou desde que o então Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, José Guilherme de Melo e Castro, decidiu criar o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA). Projeto pioneiro da Santa Casa, depressa se tornou internacionalmente reconhecido pela excelência em reabilitação. A Santa Casa foi também precursora na formação de profissionais nesta área, com a abertura, no país, dos primeiros cursos de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional e, mais tarde, em 1962, de Terapia da Fala. Hoje, como dantes, mantêm-se os grandes objetivos do trabalho desenvolvido no Centro: recuperar as capacidades físicas e mentais das pessoas vítimas de vários tipos de doenças ou acidentes, devolver a esperança a quem viu a vida mudar num instante. Boas causas em que se empenham, todos os dias, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas, psicólogos, técnicos de meios complementares de diagnóstico, num trabalho notável, que se adapta às exigências do século XXI. Dado curioso é a predominância de mulheres entre os colaboradores do CMRA: dos 112 enfermeiros, 79 são do sexo feminino e, de um total de 30 médicos, 22 são mulheres. Esta tendência observa-se nas restantes áreas profissionais. Apenas oito dos 30 administrativos são homens. Mas se o espírito do CMRA se mantém na sua génese, muito mudou ao longo dos últimos 50 anos quanto ao perfil das pessoas que recorrem ao Centro e às patologias que as afetam. Se até há relativamente pouco tempo predominavam os casos de acidente de viação entre os utentes e as lesões vertebromedulares, hoje, mais de metade dos internados são doentes de AVC. Há também pessoas com outras doenças neurológicas raras, vítimas de quedas e de acidentes de mergulho. Dispondo de 150 camas, o Centro assegurou, no ano passado, mais de 48 mil dias de internamento, 9032 consultas externas e 661.568 atos terapêuticos.
6
Abril 2016
De forma a melhorar a resposta face a uma procura cada vez maior, o CMRA assinala o seu 50.º aniversário com a instalação de duas Unidades Habitacionais Assistidas para Pessoas Jovens com Incapacidade Motora (UHAPI) adaptadas a pessoas com lesões vertebromedulares. Estas Unidades Habitacionais destinam-se, num primeiro momento, a alojar jovens portadores de deficiência motora, dos 18 aos 35 anos, apresentando-se como um espaço residencial de transição. O Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão prossegue assim um trabalho enquadrado na matriz da Misericórdia do século XXI, com base na modernidade, na gestão, nas relações com a comunidade, na investigação, nos métodos terapêuticos e na formação. A promoção dos cuidados de saúde de excelência é um dos objetivos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que, nesse sentido, criou, em 2013, os maiores prémios de investigação para bolseiros em Portugal. Quatrocentos mil euros para investir em trabalhos relacionados com a recuperação e tratamento de lesões vertebromedulares (Prémio Melo e Castro) e com doenças associadas ao envelhecimento (Prémio Mantero Belard). O trabalho desenvolvido no Centro do Alcoitão insere-se na atividade que a Misericórdia de Lisboa prossegue, há mais de cinco séculos, no âmbito da missão de apoiar a população e de melhorar a qualidade de vida dos que mais precisam, promovendo mais saúde, mais cultura e mais educação. No seu 50.º aniversário, o CMRA está de parabéns pela qualidade que promove nas suas diversas áreas, continuando a marcar a diferença, reconhecida a nível internacional.
live E
Abril 2016
7
live E
discurso direto
CMRA: a dedicação de uma vida
Helena Lopes da Costa
Presidente do Conselho Diretivo do CMRA e vogal com o pelouro da Saúde da SCML
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão estão a encetar os primeiros passos, no sentido de iniciar a investigação no domínio das lesões vertebromedulares, o que representa um passo inédito na história deste Centro e da instituição.
Há 50 anos, o sonho que muitos vaticinavam de impossível tornara-se realidade: erguia-se, em Portugal, o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, destinado a devolver a esperança aos doentes com a locomoção e os movimentos afetados. Decorrido meio século, o sonho de José Guilherme de Melo e Castro, concretizado com a chancela e o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mantém intacto o espírito reformista, renovador e humanista subjacente a este projeto: recuperar, tanto quanto possível, as capacidades físicas “roubadas” por infortúnios da vida e devolver a vontade de viver aos doentes, integrando-os na sociedade. As lesões vertebromedulares, que estiveram na origem da criação do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, são, sem sombra de dúvida, uma das mais devastadoras e traumáticas situações que qualquer pessoa poderá enfrentar. Com a locomoção física limitada (e, em muitos casos, impossível), o doente é forçado a adaptar-se a uma nova e dura realidade, repleta de obstáculos e dificuldades, mas sempre com a esperança de uma recuperação. Em Portugal, a causa principal das lesões que afeta a espinal medula resulta de acidentes de viação, quedas de altura e mergulhos. E se é certo que as campanhas de sensibilização realizadas em todo o mundo tendem a reduzir o número destes acidentes, a verdade é que um estudo realizado em 2011 (1) mostra que a taxa de incidência global destes casos é de 23 por milhão, ou seja, quase 180 mil novos casos por ano. Perante este cenário, e apesar dos avanços registados na Medicina e do desenvolvimento da mais avançada tecnologia, a verdade é que não se conseguiu ainda restituir as capacidades perdidas aos doentes afetados pelas lesões vertebromedulares, as quais interferem na comunicação cérebro-corpo, impedindo a transmissão de estímulos sensoriais, como a dor ou a temperatura, e neurofisiológicos. Pesquisas na área da reabilitação tentam aumentar a expectativa e a qualidade de vida desta população, mediante o desenvolvimento de sofisticadas órteses e exoesqueletos mecânicos, numa tentativa de associar a máquina ao corpo.
Paralelamente, um segundo eixo de pesquisa aposta na regeneração neural, enquanto uma terceira linha de estudo se dedica aos pacientes com trauma medular incompleto. Neste campo, não existindo ainda nenhuma técnica eficaz na regeneração neural total ou parcial dos pacientes com locomoção limitada, vários estudos por todo o mundo tentam encontrar outras formas de estimulação do sistema nervoso, por forma a proporcionar a realização de alguns movimentos. Num cenário tão complexo, as centenas de doentes que anualmente entram no Alcoitão continuam a depositar toda a sua esperança nos profissionais deste centro e nas técnicas de reabilitação que aqui são aplicadas e reconhecidas internacionalmente. Recuperar a capacidade física perdida é o objetivo das equipas multidisciplinares de médicos, terapeutas e enfermeiros, entre outros, que procuram manter vivo o legado de Alcoitão: o devolver da esperança e a recuperação da locomoção, tanto quanto possível. É neste contexto que no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão se aprofunda e melhora os vários serviços, com a aplicação das mais avançadas técnicas de reabilitação, com a partilha de experiências e conhecimentos com os centros congéneres internacionais e ainda com o recurso a tecnologia de ponta. É também na busca de soluções que devolvam a autonomia aos doentes que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão estão a encetar os primeiros passos, no sentido de iniciar a investigação no domínio das lesões vertebromedulares, o que representa um passo inédito na história deste Centro e da instituição. Recuperar a mobilidade – quer seja resultado de uma lesão ou de um AVC – continua a ser hoje, tal como há meio século, o sonho que move todos os que trabalham no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão. Superar as limitações, uma após a outra, até à recuperação final, é a ambição que nos motiva para trabalhar e apoiar todos os que entram no Alcoitão. Esta é uma luta conjunta de profissionais e doentes, que merece toda a dedicação de uma vida.
Referência: 1. Lee, Crips, Fitzharris & Wing, 2013.
8
Abril 2016
live E
DETOX COM ELECTRO-ESTIMULAÇÃO • Promove uma limpeza interior através da desintoxicação do corpo; • Estimula os processos metabólicos tornando mais rápida a criação de novas células; • Fortalece e reforça o sistema imunitário aumentando a resistência a vírus e bactérias; • Promove a diminuição de peso, DETOX COM ELECTRO-ESTIMULAÇÃO volume e celulite e ajuda na redução • Promove uma limpeza interior atrae ajuda a eliminar acne e outros mento; de massa gorda; vés da desintoxicação do corpo; problemas dermatológicos; • Melhora a qualidade do sono e a • Ajuda na regulação dos níveis de • Estimula os processos metabólicos memória; • Contribui para a desintoxicação e açúcar no sangue; tornando mais rápida a criação de • Ajuda a regular as funções energétilimpeza do fígado, rins e elimina • Redução do colesterol, triglicéridos, novas células; cas do organismo; parasitas; ureia, glicose, creatinina e ácido • Fortalece e reforça o sistema imu• Recomendado para quem esteja a • Alivia a prisão de ventre; úrico; nitário aumentando a resistência a realizar recuperação de drogas e • Indicado para casos de hipertensão • Alivia os sintomas da gota e artrite vírus e bactérias; e diabetes; álcool; reumatoide; • Promove a diminuição de peso, • Melhora a circulação sanguínea e • Complementa o tratamento em DETOX COM ELECTRO-ESTIMULAÇÃO • Ajuda na regulação hormonal; volume e celulite e ajuda na redução linfática e o funcionamento renal e doenças oncológicas; • Promove uma limpeza interior atrae ajuda a eliminar acne e outros mento; • Atrasa os processos de envelhecide massa• gorda; • Melhora a saúde sexual; vés da desintoxicação do corpo; Melhora a qualidade do sono e a hepático; problemas dermatológicos; • Ajuda na regulação • - e • Aumenta a energia, diminui o stress • Estimula os processos metabólicos memória; dos níveis de • Contribui para a desintoxicação no• Ajuda sangue; maçõeslimpeza e o aparecimento de varizes; tornando mais rápida a criaçãoaçúcar de a regular as funções energétido fígado, rins e elimina e restaura a vitalidade do corpo; • Redução do triglicéridos, • Aumenta • Contribui para a eliminação os a capacidade do sangue novas células; cascolesterol, do organismo; parasitas; ureia, glicose, creatinina e ácido transportar oxigénio (oxigenação do a metais pesados do corpo e toxinas • Fortalece e reforça o sistema imu• Alivia a prisão de ventre; • Recomendado para quem esteja nitário aumentando a resistência a • Indicado para casos de hipertensão úrico; corpo);realizar recuperação de drogas e provenientes de medicamentos, vírus e bactérias; e diabetes;da gota e artrite • Alivia os sintomas • Reduz álcool; dores de cabeça, enxaquecas poluição e alimentação; • Promove a diminuição de peso, • Melhora a circulação sanguínea e • Complementa o tratamento em reumatoide; e dores menstruais; • Ajuda nos problemas de coluna, volume e celulite e ajuda na •redução linfática e o funcionamento renal e doenças oncológicas; Ajuda na regulação hormonal; hérnia discal, dor ciática e • Alivia em casos de alergias; de massa gorda; hepático; de envelheci• Melhora saúde sexual; • Contribui para aa redução de rugas lombalgia. • Atrasa os processos • Ajuda na regulação dos níveis de açúcar no sangue; • Redução do colesterol, triglicéridos, ureia, glicose, creatinina e ácido úrico; • Alivia os sintomas da gota e artrite reumatoide; • Ajuda na regulação hormonal; • Atrasa os processos de envelheci-
•
mações e o aparecimento de varizes; • Aumenta a capacidade do sangue transportar oxigénio (oxigenação do corpo); • Reduz dores de cabeça, enxaquecas e dores menstruais; • Alivia em casos de alergias; • Contribui para a redução de rugas
mento; • Melhora a qualidade do sono e a memória; • Ajuda a regular as funções energéticas do organismo; • Alivia a prisão de ventre; • Indicado para casos de hipertensão e diabetes; • Melhora a circulação sanguínea e linfática e o funcionamento renal e hepático; • mações e o aparecimento de varizes; • Aumenta a capacidade do sangue transportar oxigénio (oxigenação do corpo); • Reduz dores de cabeça, enxaquecas e dores menstruais; • Alivia em casos de alergias; • Contribui para a redução de rugas
e ajuda a eliminar acne e outros problemas dermatológicos; • Contribui para a desintoxicação e limpeza do fígado, rins e elimina parasitas; • Recomendado para quem esteja a realizar recuperação de drogas e álcool; • Complementa o tratamento em doenças oncológicas; • Melhora a saúde sexual; • Aumenta a energia, diminui o stress e restaura a vitalidade do corpo; • Contribui para a eliminação os metais pesados do corpo e toxinas provenientes de medicamentos, poluição e alimentação; • Ajuda nos problemas de coluna, hérnia discal, dor ciática e lombalgia.
• Aumenta a energia, diminui o stress e restaura a vitalidade do corpo; • Contribui para a eliminação os metais pesados do corpo e toxinas provenientes de medicamentos, poluição e alimentação; • Ajuda nos problemas de coluna, hérnia discal, dor ciática e lombalgia.
Abril 2016
9
live E
entrevista Maria de Jesus Rodrigues, administradora e diretora clínica do Centro de Medicina de Reabilitação de
“Não é possível humanizar as organiz Humanização e inovação são palavras-chave no CMRA. Maria de Jesus Rodrigues, administradora e diretora clínica, acredita que “o paradigma das patologias alterou-se bastante nos últimos 10 anos” e que a melhor resposta tem de partir de uma equipa multidisciplinar. Nos últimos 50 anos, a responsável realça o empenho dos vários profissionais que estão preparados para utilizar as tecnologias de ponta e tratar o utente com qualidade e com uma forte componente humana. Just News (JN) – Como avalia os 50 anos do CMRA? Maria José Rodrigues (MJR) – O CMRA abriu em 1966, sendo a primeira instituição portuguesa destinada a promover a reabilitação de pessoas com incapacidades físicas (acidentados e diminuídos motores). Foi criado por iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) para fazer face à inexistência de respostas para os problemas da deficiência aumentados, na altura, em resultado da industrialização e do desenvolvimento do tráfego rodoviário e, mais tarde, pelos efeitos da guerra colonial. O Totobola, criado em 1961, permitiu aumentar as receitas dos jogos sociais da SCML. As receitas líquidas eram repartidas, em partes iguais, pela assistência de reabilitação e pelo fomento da educação física e desporto, o que possibilitou à Misericórdia financiar o CMRA. Para o desenvolvimento deste inovador e oportuno projeto, soube-se observar e acolher experiência e ensinamentos nas melhores instituições de países mais avançados em questões de reabilitação física e psicossocial, onde se formaram as equipas pioneiras. A sustentação da elevada competência técnica e científica foi assegurada pela criação de uma escola (atualmente, a Escola Superior de Saúde de Alcoitão). Com a criação do Serviço Nacional de Saúde, todos os hospitais centrais, distritais e concelhios passaram para o controlo direto da Secretaria de Estado da Saúde. Inicialmente fora do alcance destas decisões, o Centro de Reabilitação de Alcoitão passou a depender da Direção-Geral dos Hospitais (pela aplicação do Decreto-Lei n.º 480/77, de 15 de novembro). E é só em 1991 que o Centro de Reabilitação de Alcoitão é reintegrado na Misericórdia de Lisboa,
10
Abril 2016
regressando assim, de novo, à sua dependência direta. À semelhança de todos os serviços de reabilitação surgidos no pós II Guerra Mundial, o CMRA estava vocacionado para tratar um grupo específico de indivíduos portadores de deficiência física e visava desenvolver o seu potencial de forma a atingirem uma vida tão normal quanto possível. Porém, este conceito de reabilitação foi ficando desatualizado. Nas últimas décadas, progressivamente, as limitações físicas deixaram de ser a principal preocupação e os programas de reabilitação desviaram-se do objetivo de restaurar as capacidades dos indivíduos de acordo com o padrão da normalidade. É, pois, um novo quadro, do qual emergem novos conceitos sobre a incapacidade, onde se entende que “as causas da incapacidade não se circunscrevem ao indivíduo, mas decorrem da interação da pessoa com o ambiente”, e onde um discurso de “direitos” tem vindo, cada vez mais, a substituir uma linguagem essencialmente focalizada nas “necessidades”. Esta mudança na perceção da deficiência traduz-se, hoje, em novas abordagens políticas e numa maior responsabilidade coletiva, das organizações, dos profissionais e da sociedade em geral. Ao longo destes 50 anos, assistimos a uma grande evolução da ciência, a marcantes inovações tecnológicas e a uma profunda alteração na sociedade, que introduziram, no domínio da saúde, em geral, e de uma forma muito particular na área da reabilitação, mudanças estruturantes e importantes desafios. Os profissionais do CMRA, essa grande equipa, de ontem e de hoje, têm vindo a ser capazes de evoluir na medida desses grandes reptos, de manter este centro ao nível dos mais especializados, tendo,
igualmente, participado (com elevadas responsabilidades) na construção dos novos e mais atuais paradigmas no domínio da reabilitação. JN – Quantos colaboradores têm atualmente? MJR – 515 colaboradores na totalidade. JN – Considera que têm tido o apoio necessário ao longo destes 50 anos? MJR – A SCML contribui de forma responsável e construtiva para combater e eliminar os fatores de exclusão que afetam os mais desfavorecidos e empenha-se na construção de dinâmicas que sejam, verdadeiramente, promotoras de inclusão. O CMRA tem conseguido fazer face e assumir a sua responsabilidade perante os grandes e importantes desafios, no quadro de uma política institucional consciente de que se lhe colocam novos requisitos, para o que precisa de se reforçar e atualizar, de forma a se adaptar às novas exigências. A excelência que pretendemos atingir só se consegue com inovação e elevada qualidade nas intervenções. JN – Que impacto tem a SCML no vosso trabalho? MJR – Para cumprimento dos seus fins estatutários, a SCML dispõe de uma vasta e diversificada rede de serviços, equipamentos e projetos, espalhados pela cidade de Lisboa, dirigidos às comunidades locais e abrangendo diferentes grupos-alvo: crianças, jovens, adultos, pessoas idosas, famílias e indivíduos e grupos em risco de exclusão. Esta diversidade de áreas de intervenção e um variado e extenso painel de profissionais manifesta-se num campo riquíssimo de qualificações e de atividades que nos propicia experiências mais vastas e mui-
live E
entrevista Alcoitão (CMRA):
ações sem melhorar a qualidade”
Abril 2016
11
live E
entrevista to apoia um alargado sentimento, muito gratificante, de pertencer a uma grande e valiosa equipa e, por isso, nos reconhecermos mais capacitados para a intervenção que nos cumpre realizar, como profissionais e, ainda, como cidadãos, e que é, inquestionavelmente, contribuir para a construção de uma sociedade que promove a igualdade de oportunidades e se afirma cada vez mais inclusiva. JN – Quais as patologias mais comuns que chegam a Alcoitão e de que forma se têm alterado ao longo destes 50 anos? MJR – O padrão das doenças e dos doentes alterou-se bastante nos últimos 10 anos e hoje podemos dizer que as patologias com maior expressividade, atingindo um leque etário mais alargado, inclusive em idade muito jovem, são as sequelas das doenças neurológicas, nomeadamente, os acidentes vasculares cerebrais (AVC). E os números expressam-no inequivocamente, sendo que, em 2015, essas doenças (sequelas de AVC) correspondem a 49% dos doentes saídos, seguidas das lesões medulares (21%) e dos traumatismos cranioencefálicos (5%). Detemos, como sabe, um serviço de referência na área da Reabilitação Pediátrica, que tem a particularidade de possuir internamento, o que o diferencia, em Portugal, e presta assistência a doentes em idade pediátrica ou juvenil e às suas famílias. É um serviço de Reabilitação Pediátrica orientado para contribuir, significativamente, para a integração de cidadãos situados nesta faixa etária e com doenças incapacitantes, no sentido da plena participação e da inserção na vida ativa. No âmbito deste serviço e no caso dos utentes em idade pediátrica, as patologias com maior expressividade são doenças ou perturbações do desenvolvimento.
JN – O CMRA tem uma forte aposta na humanização dos serviços. Podia falar desta componente que consideram muito importante? MJR – A humanização nos serviços de Saúde é um direito dos utentes, previsto em legislação, mas também deve ser uma preocupação da gestão de um serviço, no sentido de que, se o serviço for humanizado, o sucesso e a satisfação dos utilizadores/utentes será mais elevado. Não é possível humanizar as organizações sem melhorar a qualidade. A humanização de um serviço pressupõe melhorar a qualidade do atendimento e da comunicação e prestar informação cuidada e adequada aos utentes.
Deve-se ressaltar que a humanização implica também investir no trabalhador, para que ele tenha condições para prestar atendimento humanizado. Diria que é necessário incentivar, por todos os meios possíveis, a união e colaboração interdisciplinar de todos os envolvidos, dos gestores e de todos os profissionais, assim como promover na organização a forma adequada para a participação ativa dos utentes e família nos processos de reabilitação. O CMRA investe em formação, orientada para dotar os profissionais com os conhecimentos necessários a uma melhoria da comunicação e ao desenvolvimento da resiliência e da confiança na relação com o utente e família, enquanto
reforço de todos esses importantes aspetos que conseguem humanizar a nossa organização. Mas o papel do gestor na humanização da saúde é fundamental e nunca se esgota, num permanente esforço de promover as melhores condições para os profissionais de saúde praticarem uma eficaz e personalizada prestação de serviço. JN – E uma das marcas do CMRA é a equipa multidisciplinar…. MJR – A equipa multidisciplinar no CMRA é composta por profissionais de diversas áreas, com formações aca-
visão isolada, possibilitam a construção de respostas mais integradoras.
démicas diferentes, e permite uma cooperação entre os vários saberes. Na construção de serviços de qualidade, eficazes, na área da reabilitação, capazes de responder às exigências crescentes de especialização dos profissionais que trabalham nesta área, as equipas multiprofissionais mostram-se fundamentais e permitem aprofundar o conhecimento e as intervenções do saber específico de cada profissão. Estas equipas são verdadeiramente multidisciplinares e sistematizam os conhecimentos das diferentes áreas, em prol de uma melhoria das intervenções e dos serviços prestados. Colocando o utente no seio de uma abordagem mais ampla, ao contrário de uma
JN – O CMRA está quase sempre associado à reabilitação motora, mas a cognitiva também é importante. Podia falar um pouco do trabalho a estes dois níveis? MJR – Sim, essa questão é muito oportuna. Estimulação cognitiva é o processo de preservar ou melhorar capacidades que, após lesão cerebral, se encontrem em deficit (memória, atenção, concentração, resolução de problemas, etc.), de modo a permitir um melhor desempenho nas ocupações. A nossa intervenção, nesta área, apoia-se, entre outros
O CMRA investe em formação, orientada para dotar os profissionais com os conhecimentos necessários a uma melhoria da comunicação e ao desenvolvimento da resiliência e da confiança na relação com o utente e família.
meios, na utilização de modernos e específicos software, de que são exemplo o coRheaCom e o Cogniplus, além de jogos de mesa. Utilizamos ainda em utentes com deficit de desempenho motor alguns equipamentos, tais como o Armeo e o Biometrics que, além de constituírem um excelente estímulo cognitivo, contribuem também para o incremento das funções motoras. Na reabilitação motora, temos as técnicas específicas da Fisioterapia, mas também está ao dispor dos profissionais e dos utentes um importante e moderno equipamento, que é o simulador de marcha Lokomat.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
12
Abril 2016
K
live E
entrevista JN – Nota-se, assim, que a inovação é ponto assente desde o início… MJR – O CMRA tem sabido responder a esse desiderato, sendo uma instituição sustentável, dotada, evoluída e preparada para desempenhar o seu papel no quadro das transformações que se deram e que se esperam na área da reabilitação. Nesse sentido, tem-se verificado um crescente empenho na diferenciação técnica e científica dos profissionais; também a adaptação da estrutura organizacional tem vindo a acompanhar as necessidades dos profissionais e dos destinatários do CMRA; tem-se assistido à modernização das instalações e do equipamento de diagnóstico e terapêutica, segundo elevados padrões de qualidade, inovação e excelência. Este centro é um serviço da SCML, onde se tem vindo a realizar um dos maiores investimentos ao nível da modernização das infraestruturas. A obra que concluímos, recentemente, é a primeira grande obra de recuperação e atualização deste centro, desde a sua fundação. JN – Quais são as inovações mais recentes? MJR – A inovação no CMRA está sempre presente, num constante acompanhamento dos avanços tecnológicos, do conhecimento e de novos produtos. Mas, para falarmos de uma inovação recente, poderei referir a aquisição de um equipamento robotizado para a marcha, o exoesqueleto. JN – O CMRA é também um centro que investe na investigação…. MJR – É na associação de uma política de atualização contínua, dos equipamentos e tecnologias, com a constante promoção do desenvolvimento científico, profissional e humano dos seus colaboradores que o CMRA dá substância à sua assinatura de marca “Excelência em Reabilitação” e, assim, se mantém uma referência desde a sua fundação. Mas a atividade do CMRA não é desenvolvida numa lógica isolada. O êxito alcançado resulta da nossa integração numa intervenção mais global, que inclui o sisAF-Revista-Live-26.5x5.5.pdf
1
4/13/16
tema de saúde e as redes sociais e de reabilitação e a cooperação realizada no quadro de virtuosas parcerias, públicas, sociais e privadas, onde é desenvolvido um trabalho fundamental, tendo em vista contribuir para a melhoria do acesso do cidadão, com perda de funcionalidade ou em situação de risco de a perder, e para a prestação de cuidados técnica e humanamente adequados. Esta abrangente intervenção conta com o constante e decisivo impulso de uma valiosa área complementar de investigação e formação, à qual todos os profissionais dedicam a maior atenção. JN – Em termos de formação, quais são as áreas que mais se destacam? MJR – A formação é uma prática de Gestão de Recursos Humanos por excelência, em particular como contributo determinante para o elevado desempenho organizacional, sendo que é fundamental na motivação e satisfação dos colaboradores. No CMRA, sendo uma entidade do setor da Saúde, a formação dos colaboradores é uma das funções essenciais, que permite a capacitação e atualização técnica e científica dos profissionais e visa aumentar a qualidade e adaptabilidade dos serviços prestados. A formação dos nossos profissionais de saúde visa assegurar o aperfeiçoamento, a diferenciação técnica ou a participação em projetos de investigação. É realizada, a nível nacional e no estrangeiro, em diferentes formatos pedagógicos, cursos, seminários e workshops, iniciativas de divulgação e atualização científica, estágios curriculares e de aperfeiçoamento e visitas de estudo para estudantes e profissionais. O conhecimento produzido é partilhado com instituições e respetivos profissionais que intervêm direta ou indiretamente na área da reabilitação, sendo estes frequentemente convidados a participar em iniciativas e trabalhos científicos de variadas configurações, promovidos em Portugal e no mundo inteiro. JN – Quais são os projetos futuros do CMRA?
MJR – A população e o país têm, ao longo destes 50 anos, sofrido alterações profundas… Tanto de caráter social como económico. Com o aumento do número de pessoas com incapacidade e/ou dependência (em consequência do crescimento das doenças crónicas, da esperança de vida e da mudança na perceção da incapacidade), torna-se essencial pensar em novas abordagens e novos modelos de intervenção na área da Medicina Física e de Reabilitação (MFR). Acreditamos que a MFR é hoje, cada vez mais, vista como uma especialidade essencial e de complementaridade das várias áreas da Medicina. No CMRA, atento à evolução técnico-científica, os profissionais têm-se dotado de formação específica, permitindo assim uma abordagem mais completa do processo de reabilitação. O futuro é, sem dúvida, exigente, mas contamos com os nossos profissionais para conseguirmos dar resposta aos novos desafios. JN – Para se continuar a ver o CMRA como um centro de referência, a nível nacional e internacional, quais são os principais desafios que vão ter de enfrentar? MJR – Os serviços de reabilitação, em Portugal e no Mundo, têm de enfrentar os enormes desafios que decorrem das profundas transformações a que se assiste e que se perspetivam num desafiante contexto, onde as políticas são cada vez mais inclusivas e incrementam valores económicos e sociais comuns, a tecnologia desenvolve novos produtos, oferece novas oportunidades e excita a Medicina e as terapias de reabilitação, permitindo o tratamento e a superação de limitações, proporcionando o aumento da qualidade e da esperança de vida da população. Cabe-nos trabalhar incessantemente, de forma empenhada, atenta e responsável, para assegurar a qualidade e sustentabilidade dos nossos serviços, integrando os novos conceitos, as novas tecnologias, as novas qualificações, e para responder às novas condições, necessidades e expectativas dos utentes.
20 anos a gerir serviços de MFR Maria de Jesus Rodrigues é médica e, atualmente, administradora (desde 2012) e diretora clínica do CMRA (desde 2008), tendo dedicado os últimos 20 anos à gestão de serviços de MFR, a par com a prática da especialidade. Obteve licenciatura em Medicina pela Faculdade Clássica de Lisboa (1977), especialidade em MFR no CMRA (1987) e título de Especialista pela Ordem dos Médicos (1998). Ao longo da sua vida profissional, destaca-se o seu interesse pela Medicina da Dor, tendo adquirido competência nessa área pela Ordem dos Médicos (2008) e pela ampliação do conhecimento no campo da gestão das instituições de saúde, numa perspetiva de otimização e racionalização dos recursos, sendo a sua formação mais recente, neste âmbito, o Programa PADIS, pela AESE Business School (2014).
10:44 AM
PUB
Abril 2016
13
live E
reportagem Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA)
com Diferentes valências, onde tra “é um orgulho e um privilégio” Inaugurado em 2 de julho de 1966, o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (CMRA) aposta em diferentes valências, que primam pela inovação e humanização de cuidados. Tentando estar sempre a par da evolução das novas tecnologias, a fim de aumentar a qualidade e a autonomia na vida dos utentes, o CMRA conta com mais de 500 profissionais. O sentimento é geral: trabalhar em Alcoitão “é um orgulho e um privilégio”. A estadia no CMRA depende das lesões e das limitações de cada doente, mas há quem passe muito tempo neste espaço, que se tornou um novo lar, uma nova família. Para ajudar quem passa 24 horas no Centro, o ambiente não poderia ser o típico de qualquer hospital. Logo, as pessoas vestem-se como se fossem sair e o pijama só se vê à hora de dormir e acordar. O roupão só se usa para ir até à piscina, para as sessões de reabilitação.
Maria de Jesus Rodrigues
As atividades diárias são as mais variadas, consoante as patologias e limitações de cada utente, mas há duas palavras-chave neste Centro, como refere Maria de Jesus Rodrigues, sua administradora e diretora clínica: inovação e humanização.
14
Abril 2016
Todos os doentes que entram no CMRA são avaliados na Consulta de Medicina Física e de Reabilitação. O seu encaminhamento vai depender depois da patologia associada e a intervenção é discutida com o doente. “Os tratamentos são centrados no utente, por isso, é inevitável que se estruture o plano de recuperação com o próprio”, salienta aquela responsável. Para dar resposta às diferentes situações clínicas, o CMRA aposta também nas equipas multidisciplinares e na interligação com a família/cuidadores. “São sempre chamados a participar na recuperação e na reintegração do paciente, estando contempladas idas ao domicílio aos fins de semana, para se manter a ligação com o ambiente familiar e também para se ter noção das dificuldades e obstáculos do meio.” Afinal, o objetivo central é a autonomização das pessoas. “Inevitavelmente que temos de ter em conta as limitações das lesões, mas também há que mostrar ao utente que pode ir mais longe e, ao mesmo tempo, saber viver com as suas incapacidades e contorná-las”, frisa Maria de Jesus Rodrigues. Nesse sentido, o CMRA conta com diferentes valências que permitem prestar o acompanhamento que mais se adequa às necessidades de cada paciente. O CMRA recebe assim doentes de várias regiões, dispondo de 150 camas, sendo 16 destinadas exclusivamente à reabilitação de utentes em idade pediátrica. Desta forma, dá resposta às doenças e sequelas de problemas neurológicos,
sequelas de politraumatismos graves, amputações de membros, deficiências congénitas ou doenças e perturbações do desenvolvimento, os casos clínicos mais comuns. Com mais de 500 colaboradores, cada utente tem ao seu dispor uma equipa multidisciplinar constituída por: médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico
e terapêutica (fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, ortoprotésicos, dietistas, técnicos de Imagiologia, de Farmácia e de Eletrodiagnóstico). Há ainda a acrescentar o trabalho dos assistentes sociais, psicólogos, animadores socioculturais, educadores e professores do 1.º Ciclo, auxiliares de ação médica e administrativos.
live E
reportagem
abalhar
Ao fim de 50 anos, o CMRA continua a ser considerado um dos melhores centros de reabilitação do país e do mundo e, falando com alguns profissionais, de diferentes áreas, todos são unânimes em como é “um orgulho e um privilégio fazer parte desta equipa”. É também com satisfação que falam do seu trabalho, que muda a vida de tantas
pessoas, e do apoio das novas tecnologias, nas quais o CMRA tem sempre apostado. Terapia ocupacional (TO) Ana Rita Henriques formou-se na Escola Superior de Saúde de Alcoitão e trabalha no CMRA há 18 anos. Falando
sobre a sua área, acredita que é das mais fundamentais. “O nosso principal objetivo é que as pessoas se tornem o mais autónomas possível nas suas ocupações diárias.” São 35 TO, divididas entre a unidade de adultos e a pediátrica, e têm sempre atividades das 8h30 às 19h, para quem está internado ou em regime de ambulatório. “Nós focamo-nos nas ocupações da vida diária que possam ter ficado comprometidas, por exemplo, devido a um acidente ou doença, e que a pessoa identifica como significativas para si, como, por exemplo, voltar a alimentar-se sozinha, cozinhar, cuidar de si própria, ou até conduzir.“ Sempre que necessário, os TO fazem também uma avaliação do posicionamento em cadeira de rodas e do acesso ao computador, assim como dos produtos de apoio que são necessários em casa e/ou no emprego. “Muitos vão precisar de adaptar os espaços e/ou os equipamentos, para que voltem a ser autónomos. Para isso, nós vamos ao local.” Ana Rita Henriques refere que “colocar uma rampa, uma plataforma elevatória, pode fazer a diferença para que uma pessoa retome as ocupações que fazia
anteriormente e volte a trabalhar”. Ana Rita Henriques fala ainda do sistema Biometrics para a avaliação e intervenção no membro superior, assim como
Ana Rita Henriques
da importância do Armeo, um sistema que utiliza um “braço robotizado” que promove a reeducação do membro superior, utilizando para tal programas que simulam atividades do dia-a-dia,
Abril 2016
15
live E
reportagem
como apanhar uma maçã ou deitar leite numa chávena, criando assim um sistema de biofeedback. Mas o papel das TO não se fica apenas pelas limitações físicas. “A reabilitação cognitiva é muito importante, para que a pessoa retome a sua autonomia. Os programas CogniPlus e Rehacom são utilizados para otimizar a memória, a concentração, a atenção, etc.”, esclarece a nossa interlocutora. Os desafios são constantes, segundo Ana Rita Henriques. “O nosso objetivo é conseguir capacitar para ocupar, em termos de atividades diárias, produtivas e de lazer. É assim necessário estar sempre a pensar na melhor forma de o fazer, estando atento às necessidades, limitações e desejos dos nossos doentes.” Na prática, “todos os dias é preciso pensar em novas estratégias que nos ajudem a melhorar a autonomia das pessoas que acompanhamos”. Quanto a trabalhar em Alcoitão, não tem qualquer dúvida: “É um orgulho! Adoro esta casa, onde me formei e que me dá acesso às principais inovações na área e que aposta e acredita nos seus profissionais.” Em termos humanos, acredita que reforçou a ideia que já tinha de que o ser humano se irrita com coisas menores. “Estou a falar das situações mais banais e comuns, como estar na fila de trânsito. Isso não é nada, comparado com as histórias que vivemos aqui diariamen-
16
Abril 2016
te… essas sim difíceis e que nos dão verdadeiras lições de como ultrapassar obstáculos.” Fisioterapia O trabalho dos 48 fisioterapeutas do CMRA desenrola-se, sobretudo, nos casos de patologia neurológica (AVC, traumatismos cranioencefálicos, lesões medulares), musculoesquelética, respiratória, pediátrica e alguns casos de amputados. Catarina Henriques da Silva é fisioterapeuta em Alcoitão há 13 anos. A intervenção dos fisioterapeutas é essencial, embora “se trabalhe sempre em am-
Catarina Henriques da Silva
biente multidisciplinar, pois, só assim é possível dar o melhor acompanhamento ao utente”. O seu trabalho enquadra-se no tratamento de utentes internados com lesões medulares e AVC. Tanto os utentes internados como os de ambulatório têm tratamentos de fisioterapia disponíveis todos os dias. Além do trabalho realizado em colchão, utilizando técnicas de terapia manual, existem outras, que vão depender, inevitavelmente, de cada situação clínica. “No plano de tratamento, poderemos utilizar outros meios técnicos, como o standing frame ou a cadeira de verticalização, para os doentes assumirem a posição de pé, a bicicleta de mobilização passiva para membros inferiores e superiores, a eletroestimulação, a eletroterapia, atividades na consola Wii, ou fisioterapia em meio aquático, na piscina terapêutica, pioneira em Portugal, que reúne excelentes condições para o utente”, refere Catarina Henriques da Silva.
Ao longo do dia, vão-se realizando atividades que estimulam o movimento, o equilíbrio e a força, facilitando a autonomia e a motivação dos utentes. As novas tecnologias também são uma boa ajuda: “Em Alcoitão, estamos sempre a par das inovações e, atualmente, o Treadmill e o Lokomat são duas ajudas preciosas, o primeiro para o treino de marcha suspensa assistida e o segundo para treino de marcha suspensa assistida robotizada.” Existe ainda o tanque de marcha para facilitar o treino da mesma dentro de água. A água estimula o utente a realizar marcha em tapete rolante, dando um suporte do peso controlado pelo nível de imersão. “Devido a um melhor suporte nos primeiros socorros, deparamo-nos cada vez mais com as chamadas lesões medulares incompletas, nas quais ainda existem algumas funções motoras e sensitivas preservadas. Com uma intervenção seletiva e com o apoio das
live E
reportagem
de 5 filhos, de viver na Costa da Caparica, de fazer muitos quilómetros e enfrentar o trânsito habitual dia após dia”. A nível humano, acredita que, depois da experiência de voluntariado que fez durante 14 meses, em Moçambique, há 15 anos, dá continuidade ao lema “É dando que se recebe”. “Neste Centro, continuo a receber muito mais do que o que se dá, e isso é muito gratificante”, afirma.
e deglutição. “A intervenção em grupo, em alguns casos, faz todo o sentido, porque temos que ajudar o utente a desenvolver competências para a sua vida fora do Centro.” Uma das metodologias utilizadas aplica como estratégia o role
Terapia da fala novas tecnologias, mais facilmente conseguimos atingir o objetivo principal do utente: a sua independência funcional e autonomia no dia-a-dia”, menciona Catarina Henriques da Silva. O maior desafio que sente é saber transmitir ao utente as expectativas adequadas à sua situação clínica e encará-la como um caminho diferente, onde, “com algumas adaptações, se consegue viver com qualidade de vida”. Questionada sobre o que sente por trabalhar no CMRA, diz que tem “excelentes condições de trabalho, onde o tempo de tratamento com o utente não é condicionado, o incentivo à atualização de conhecimentos é uma constante e onde existe uma harmonia dentro da equipa multidisciplinar”. É com gosto que vai trabalhar todos os dias para Alcoitão, apesar “de ser mãe
Gracinda Valido é terapeuta da fala, em Alcoitão, há 35 anos. “É uma vida!”, diz. Os terapeutas da fala desenvolvem a sua atividade no âmbito da prevenção, avaliação, intervenção e estudo científico das perturbações da comunicação humana, englobando não só todas as funções associadas à compreensão e expressão da linguagem oral e escrita, mas também outras formas de comunicação não-verbal e a deglutição. O terapeuta da fala avalia e intervém em indivíduos de todas as idades, desde recém-nascidos a idosos, tendo por objetivo geral otimizar as capacidades de comunicação e/ou deglutição do indivíduo, melhorando, assim, a sua qualidade de vida. A terapia da fala tem uma “intervenção diversificada” – individual, em contexto de refeitório e em grupo – assente em três áreas: fala, linguagem
muito rápida e a intervenção tem vindo a alterar-se. Muitas vezes, o utente tem de utilizar um gesto, a escrita, o desenho ou até um software de comunicação, com um sintetizador de voz, que lhe permite comunicar aquilo que não consegue dizer. É preciso estar atualizado, ter formação, e felizmente Alcoitão aposta muito nesta vertente, para dar resposta a todos os casos.” Trabalhar em Alcoitão, e há mais de três décadas, “é, sobretudo, desafiante, pelo trabalho em equipa e porque recebemos doentes em situações muito graves”. Humanamente, ao ser-se terapeuta no CMRA, “tudo muda, principalmente quando se é mãe”. Para a terapeuta da fala, “passa-se a ter uma perspetiva diferente”, vendo realmente onde existe o perigo de se ter um acidente que muda a vida para sempre. E acredita que Alcoitão ajuda a “viver cada dia com mais valor, dando-se importância às mais pequenas coisas”. Enfermagem
Gracinda Valido
play, para que a pessoa consiga desenvolver as competências funcionais. Os principais desafios estão nos avanços constantes da ciência e da tecnologia. “A ciência não é exata, as novas tecnologias estão a mudar de forma
As unidades de Internamento são constituídas por uma equipa de enfermeiros que assegura a prestação de cuidados 24 horas por dia. “Cada utente tem um enfermeiro responsável, desde a admissão até à alta, respondendo pelos cuidados prestados. Interage diretamente com os cuidadores, desde o início do interna-
Abril 2016
17
live E
reportagem mento até ao dia da alta, é feito o contacto com o centro de saúde, tendo sempre em conta a reintegração na comunidade, o ambiente e as condições habitacionais”, indica Rita Silva, enfermeira-chefe. Na Unidade Terapêutica de Atividades da Vida Diária, a equipa de enfermagem presta cuidados a utentes internos e externos, “a fim de avaliar e treinar os utentes na execução das suas atividades da vida diária, otimizando a sua autonomia”. Os enfermeiros são ainda responsáveis por informar os utentes e as famílias sobre as produtos de apoio mais adequados para executar as referidas atividades com segurança. O principal desafio é a superação das expectativas dos utentes e dos familiares/cuidadores. “Aceitar a incapacidade não é fácil, é preciso reaprender a viver.” No caso da Pediatria, a situação é mais delicada. “Os pais têm, como é compreensível, uma grande dificuldade em aceitar a situação atual e futura dos seus filhos. Enquanto a criança acaba
Rita Silva
por se sentir feliz por pequenos avanços que tenha, o pai e a mãe querem mais.” Trabalhando em Alcoitão há 26 anos, diz que “é, sem dúvida, um privilégio, um gosto, um orgulho e um desafio no dia-a-dia fazer parte desta equipa”. E uma aprendizagem de vida. “Logo no início acompanhei um utente que tinha poupado tudo para a reforma e que, no momento em que se encontrava a dois meses de se reformar, estava na cama sem se mexer.” Um testemunho que a fez mudar a maneira de viver a sua vida. “É preciso dar valor ao que temos e ao presente. É normal ter objetivos a longo
18
Abril 2016
prazo, mas aproveitar sempre cada dia, evitando quezílias que não fazem sentido, pois, tudo se pode resolver.” Terapia ocupacional (TO) pediátrica “Brincar é o mais importante para uma criança e a forma que tem de adquirir competências”, refere João Cadima, terapeuta ocupacional. Para o especialista, a TO pediátrica é fundamental para o presente e o futuro da criança. “O nosso principal objetivo é levar as crianças a adquirir competências nas suas várias ocupações, começando pelo brincar, mas nunca esquecendo as outras atividades diárias, que lhes permitem ter mais autonomia, como conseguirem fazer a higiene, vestir-se, comer ou estudar.” Além de brinquedos adaptados, existem vários produtos de apoio que ajudam os mais pequenos a ultrapassar as limitações subjacentes à sua condição física. “Mas também trabalhamos, inevitavelmente, o desenvolvimento cognitivo, tão importante para a sua autonomia, nomeadamente mais tarde, quando se tornarem adultos.” Os atrasos no desenvolvimento, as doenças neurodegenerativas, o autismo, a paralisia cerebral e as vítimas de acidente são as causas mais comuns que levam crianças e jovens a ser acompanhados pela TO pediátrica. Alguns estão internados, outros não. As suas idades vão dos primeiros meses até aos 18 anos, embora haja exceções. “Há casos em que aos 19, 20 anos ainda são seguidos nesta unidade, porque ainda
live E
reportagem precisam de mais alguma atenção nessa fase de transição para os serviços de adultos.” Além de uma forte aposta na autonomia, João Cadima salienta que “cada caso é diferente, logo a abordagem vai variar de criança para criança.” Além do empenho e da experiência dos profissionais,
preparar a autonomia destas crianças para a fase adulta, de modo a que possam sentir-se integrados na comunidade, trabalhando e convivendo com quem não tem qualquer incapacidade.” Todo o trabalho conta com o apoio e o envolvimento da família, que é “fundamental”. João Cadima considera que, na área pediátrica, os maiores desafios da intervenção da TO prendem-se com a necessidade de encontrar a melhor abordagem para cada um dos casos clínicos, além da interligação entre os terapeutas, a família e a comunidade, fatores essenciais para o desenvolvimento das crianças. Do ponto de vista humano, trabalhar em reabilitação mudou a maneira como vê a vida: “Passa-se a valorizar cada momento. Aprendemos a dar importância a pequenos sinais e mudanças, que são autênticas vitórias. Por exemplo, uma criança que consiga deslocar-se de cadeira de rodas já pode brincar às escondidas com os pais...”
nhamos, confecionamos e aplicamos a ortótese/prótese ao utente.” Tudo o que é feito passa por uma fase de prova, confirmando assim que a ortótese/
Ortoprotesia João Cadima
as novas tecnologias são uma ajuda importante. “A intervenção nesta área tem mudado muito nos últimos anos e, atualmente, temos a ajuda de hardware adaptado e também de software para aquisição de competências e adaptação das atividades.” Investe-se, assim, nas competências motoras, cognitivas e sociais. “Não podemos esquecer-nos de que estamos a
Vânia Almeida, ortoprotésica, trabalha em Alcoitão há 7 anos e uma das coisas que valoriza nesta casa é o trabalho em equipa, centrado no utente. “Trabalho com os mais variados profissionais e sinto uma enorme satisfação por pertencer a um centro considerado de excelência”, reconhece. Na unidade de Ortoprotesia, a intervenção inicia-se com uma avaliação do utente, durante a qual se obtêm medidas e moldes (gessados). “Dese-
Vânia Almeida
/prótese está corretamente adaptada ao utente. “Considero o nosso trabalho muito importante, pois, permitimos que os utentes obtenham mais autonomia e uma melhor qualidade de vida.” O tempo de confeção de uma ortótese/ /prótese depende de diversos fatores. “Por exemplo, relativamente às próteses, é possível obter um encaixe provisório, para prova, de um dia para o outro”, refere. No caso de utentes internos, a prótese só é finalizada próximo da data de alta do utente, visto que “durante o
internamento podem surgir alterações, como, por exemplo, a variação do volume do coto.” O maior desafio em Ortoprotesia prende-se com o facto de ser um trabalho personalizado, cada ortótese/prótese é adaptada a cada pessoa, sendo que “o desafio para dar a melhor resposta aos utentes é diário”. Afinal, a evolução em Ortoprotesia é paralela à das novas tecnologias. “As mãos biónicas e os joelhos com microprocessadores, bem como a utilização de materiais, como o carbono e o silicone (entre outros), são alguns exemplos de como as coisas vão mudando”, esclarece Vânia Almeida. Existe, assim, uma constante atualização dos materiais e componentes utilizados em Ortoprotesia, o que “obriga a estarmos sempre atentos e a acompanhar as diversas novidades nesta área”. Do ponto de vista humano, Vânia Almeida sente-se mais rica desde que faz parte da equipa do CMRA de Alcoitão. E afirma: “Não querendo minimizar os problemas que todos temos, acho que quando olhamos para os casos graves que surgem no Centro acabamos por desvalorizar os pequenos problemas das nossas vidas. Aprendemos muito com as batalhas e as conquistas diárias dos nossos utentes.” Internamento O CMRA dispõe de 150 camas para internamento, estando organizado em três serviços, de acordo com o grupo
Abril 2016
19
live E
reportagem mentado em parceria com a Fiat, em 1999. O objetivo é a criação de formas alternativas de condução para pessoas com deficiência. Os parâmetros da avaliação incluem teste de força muscular, capacidade de compreensão e reação a estímulos e destreza global. Os dados desta avaliação são interpretados à luz do contexto clínico-funcional global de cada indivíduo e, nos casos em que há potencial para licenciamento da condução, são equacionadas e relatadas as adaptações necessárias a realizar no veículo. Laboratório de Marcha
etário e o regime de prestação dos cuidados. O Serviço 1, Serviço de Reabilitação de Adultos (SRA1), tem 66 camas e destina-se ao internamento de utentes com lesões vertebromedulares e outras patologias neurológicas. O Serviço 2, Serviço de Reabilitação Pediátrica e de Desenvolvimento (SRPD), conta com 16 camas para o internamento de crianças e jovens até aos 18 anos de idade com patologias neurológicas, osteoarticulares, medulares e outras. Os utentes têm ainda disponível o Serviço 3, Serviço de Reabilitação de Adultos (SRA3), com 68 camas, para casos de AVC, traumatismos cranioencefálicos (TEC), amputados e outras patologias.
Meios complementares de diagnóstico Estão disponíveis para utentes em tratamento ambulatório no CMRA, mas também para os referenciados por outras instituições.
O CMRA foi pioneiro a nível nacional na disponibilização deste laboratório. Criado em 1998, a equipa, coordenada por um fisiatra, inclui especialistas das áreas da Biomecânica e da Fisioterapia. Os exames efetuados são: registo videográfico do ortostatismo e da marcha, análise cinemática e dinâmica do movimento (marcha), análise da dinâmica articular (durante a
Centro de Mobilidade Único no País, está integrado no Programa Europeu Autonomy e foi imple-
Laboratório de Análise da Posição de Sentado (LAPOSE) Os equipamentos permitem uma avaliação completa e precisa do posicionamento em cadeira de rodas e é utilizado, ainda, um sistema computadorizado de análise de pressões e sistemas e dispositivos de posicionamento e segurança. Deste modo, consegue-se obter o posicionamento mais cómodo, funcional e seguro para cada pessoa na cadeira de rodas. Para cada caso, tem-se em conta a idade, a biometria, o diagnóstico, o prognóstico e o contexto social e familiar. A equipa é multidisciplinar, sendo coordenada por um fisiatra e incluindo terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas. Estudos urodinâmicos Contribuem para a avaliação, orientação terapêutica e seguimento de pessoas com bexiga neurogénica de variadas etiologias, orientando os clínicos para o treino vesical adequado a cada pessoa. A avaliação pré e pós-operatória, na incontinência urinária do sexo feminino e o estudo e seguimento de indivíduos com patologia prostática são outras indicações para este tipo de exames de diagnóstico. Fisiopatologia respiratória
marcha), eletromiografia dinâmica telemétrica (durante a marcha), análise do apoio em dinâmica postural, análise baropodográfica estática e dinâmica e posturografia (controlo postural em ortostatismo).
Avalia a função respiratória em crianças e adultos e dispõe de uma cabina de pletismografia adaptada para utentes em cadeira de rodas.
Considerado Centro de Reabilitação de referência logo na inauguração Foi em 1956 que o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa de então, José Guilherme de Mello Castro, deu início às obras do CMRA. A ideia surgiu para dar resposta às necessidades dos lesionados da Guerra do Ultramar. Com este projeto, conseguiu-se reabilitar pessoas com incapacidade motora e formar também, em Portugal, pessoal especializado em Reabilitação. Todas as despesas da construção foram suportadas pelas verbas provenientes dos lucros do Totobo-
20
Abril 2016
la, criado para financiar o projeto. A SCML nomeou o médico Santana Carlos para estabelecer os planos de organização técnica do Centro e orientar a preparação de todo o pessoal, médico e técnico. Foi ainda definida a realização de cursos com base em programas de nível mundial, com substancial cooperação de entidades internacionais, como o World Rehabilitation Fund. À data da sua criação, o Centro foi, desde logo, reconhecido como uma das melhores instituições na
área da Medicina Física e de Rea bilitação no mundo e foi inaugurado em 2 de julho de 1966, tendo estado presente na cerimónia o então Presidente da República, Américo Tomás. O projeto de arquitetura foi da autoria de Sebastião Formosinho Sanches e a direção da obra do engenheiro José Maria Ferreira da Cunha. Martins Correia foi o autor da escultura que está no jardim interior e cuja imagem foi escolhida para logótipo da instituição.
live E
discurso direto Dimensão internacional do CMRA na investigação clínica e formação avançada de médicos especialistas
O tratamento da espasticidade com toxina botulínica Luís Jorge Jacinto Com 50 anos de experiência e desenvolvimento científico, profissional e tecnológico, o CMRA conquistou, nos últimos 10 anos, reconhecimento mundial na área do tratamento da espasticidade com toxina botulínica e o estatuto de líder nos campos da formação avançada de médicos especialistas e da investigação clínica aplicada multicêntrica. A toxina botulínica é uma arma terapêutica utilizada nos seres humanos há mais de 20 anos e com indicação formal para o tratamento de doentes com espasticidade desde há mais de 15. Atualmente, segundo as guidelines internacionais, é a terapêutica farmacológica de primeira linha nos pacientes com espasticidade de causa cerebral de todas as idades. No CMRA, começou a ser usada no Serviço de Reabilitação de Adultos 3, em 2000 (a cargo de 1 médico fisiatra). Os resultados clínicos e funcionais verificados nos doentes e a partilha dos mesmos em reuniões científicas nacionais e internacionais, com trabalhos premiados desde os primeiros anos, levaram a que o CMRA se tornasse rapidamente a referência nacional neste campo específico. O número de utentes desta consulta cresceu rápida e exponencialmente e, em 2003, criaram-se consultas de toxina botulínica independentes para adultos e crianças (2 médicos fisiatras especializados). Nos anos seguintes, tornámo-nos os principais formadores de pares a nível nacional e, à medida que as necessidades cresceram, fomos diferenciando mais médicos nesta competência específica, contando, na atualidade, com 6 médicos fisiatras, distribuídos pelos 3 serviços do CMRA. Nos últimos dez anos, temos vindo a granjear notoriedade e respeito na comunidade científica internacional e, assim, chegámos à atual posição de ter um dos serviços de referência mundial na avaliação
e tratamento de doentes espásticos em neurorreabilitação. Desde 2007, somos também um polo de referência na formação avançada de especialistas e na investigação clínica internacional nos seguintes campos: avaliação e tratamento da espasticidade; objetivos e medição de resultados em neurorreabilitação; análise laboratorial de marcha em doentes neurológicos. A atividade de investigação clínica traduziu-se, até à data, na coordenação conjunta de 4 estudos multicêntricos internacionais concluídos, 1 internacional e 1 nacional em curso. Assim, foram produzidos e publicados em revistas internacionais indexadas inúmeros artigos científicos; apresentadas conferências, simpósios, posters e cursos nas reuniões científicas internacionais mais relevantes de MFR e Neurorreabilitação. A formação avançada de médicos especialistas de MFR e Neurologia tem-se realizado com a regularidade de 4 a 6 cursos/ano acreditados pela UEMS (União Europeia de Médicos Especialistas) e já trouxe ao CMRA 87 médicos especialistas de 26 países, ao abrigo de um programa educacional internacional. Trata-se do projeto internacional “Ixcellence Network”, de que o CMRA é um dos fundadores e um dos 10 Centros Mundiais de Excelência – Alemanha, Brasil, Coreia do Sul, Espanha, Inglaterra, Itália, México, Portugal (Alcoitão), Rússia e Suíça.
Médico fisiatra. Assistente hospitalar graduado de MFR. Diretor do Serviço de Reabilitação de Adultos 3 do CMRA
O número de utentes desta consulta cresceu rápida e exponencialmente e, em 2003, criaram-se consultas de toxina botulínica independentes para adultos e crianças (2 médicos fisiatras especializados). Nos anos seguintes, tornámo-nos os principais formadores de pares a nível nacional e, à medida que as necessidades cresceram, fomos diferenciando mais médicos nesta competência específica.
A próxima realização, que decorre do reconhecimento internacional crescente, é o Simpósio Internacional, acreditado pela UEMS, organizado pelo CMRA/Serviço de Reabilitação de Adultos 3, durante o próximo 20.º Congresso Europeu de MFR – 25.04.2016, com a participação de 5 palestrantes do mais alto nível científico internacional nesta área de subespecialização (Áustria, Estados Unidos da América, França, Portugal/CMRA e Reino Unido). PUB
Abril 2016
21
live E
testemunho
Recuperar com a ajuda da família do Centro Diana Ramos tinha 34 anos quando teve uma trombose venosa cerebral que a deixou sem se mexer do pescoço para baixo. Hoje, aos 39 anos, já anda, é autónoma, voltou a ser mãe e ganhou uma nova família: as pessoas do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão. Diana Ramos jamais imaginou que uma simples operação a uma hérnia umbilical lhe pudesse mudar a vida por completo. Operada no dia 22 de junho de 2011, dois dias depois começou com os sinais do que seria uma trombose venosa cerebral, que a deixou numa cama sem se mexer. Sempre com um espírito positivo e “com
porta, que é o meu marido e os meus filhos.” O ataque de pânico que era… uma trombose venosa cerebral Em 2011, era jornalista e editora da revista Nova Gente. “Trabalhava praticamente 24 horas por dia, porque estava
pensei que iria regressar num instante.” Apesar da operação, manteve-se sempre contactável no período de convalescença, não fosse necessário resolver algum assunto de trabalho. E foi precisamente no dia 26 de junho de 2011, quatro dias após a cirurgia e quando celebrava 12 anos de casamento, que Diana Ramos foi para o hospital. “Dois dias após a operação fui às Urgências, porque estava com muitas cefaleias e a vomitar, mas disseram-me que era da anestesia.” No dia 26 de junho, os sintomas agravaram-se e, além das dores terem aumentado e de os vómitos serem mais frequentes, a fala estava estranha, começou a arrastar a perna e a perder sensibilidade de um lado do
do chão. “O meu filho pediu ajuda à tia, que chamou os bombeiros, e fui encaminhada para a Urgência do Hospital Fernando da Fonseca, em Sintra, em vez de acionarem a via verde.” Ao chegar à triagem, rapidamente se percebeu que o suposto ataque de pânico era algo mais grave. “Tive nova convulsão e levaram-me para a Unidade de Cuidados Intensivos. Lembro-me que me deram uma injeção, depois voltei a convulsionar e não me lembro de mais nada.” Entretanto, surgiu o diagnóstico que mais se temia: trombose venosa cerebral. Acabou por ser encaminhada, no dia seguinte, para o Hospital de São José, em Lisboa, um dos que tem via verde do AVC. “Devia ter ido mais cedo e quando me desentupiram a veia já tinham passado muitas horas. As sequelas ficaram, não me mexia do pescoço para baixo.” Após dez dias na Unidade Cerebrovascular deste hospital, foi novamente para o Hospital Fernando da Fonseca. A reabilitação em Alcoitão, a gravidez e a nova vida com autonomia
a ajuda da família do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão”, ultrapassou todas as barreiras. Não só voltou a andar como foi mãe e abriu uma Casa de Chá, o Pão & Chá, em Mem Martins. Diana Ramos não tem dúvidas: “Foram momentos muito complicados, mas tem sido uma experiência que ajudou a dar mais atenção ao que realmente im-
22
Abril 2016
sempre contactável. Não parava, tinha muitas pessoas sob a minha responsabilidade e, sendo uma publicação semanal, era preciso dedicar muitas horas à profissão.” Para que o trabalho fosse o menos afetado possível, optou por ser operada a uma hérnia umbilical em junho de 2011. “A intervenção cirúrgica era mínima e a recuperação também era rápida, logo,
corpo. “O meu marido também me disse que a boca estava a ficar ao lado e chamou de imediato o 112.” Infelizmente, as coisas não correram como esperava. “Quem atendeu não valorizou o que o meu marido dizia, porque era muito nova. Acharam que seria mais um ataque de pânico.” Entretanto, Diana Ramos teve uma crise convulsiva e deixou de se conseguir levantar
A entrada no CMRA deu-se em 25 de julho de 2011. “Como todas as pessoas, fui recebida de braços abertos, são realmente uma família.” Ficou no Centro até novembro de 2011. “Foram fantásticos, a senhora da limpeza, a rececionista, a cozinheira, os médicos, os enfermeiros, os auxiliares, os terapeutas… não tenho palavras para descrever a forma humana como me trataram.” Para Diana Ramos, “o que mais me surpreendeu em Alcoitão foi o facto de todos serem excecionais – acho que são escolhidos a dedo –, o facto de estarem mesmo vocacionados para a reabilitação e de nos ajudarem a recuperar e a viver com a nossa nova condição.” Diana Ramos passou por várias valências em Alcoitão. “Fiz fisioterapia, estive na terapia ocupacional, nas atividades de vida diária…” Apesar de não ter saído a andar, já endireitava o pescoço e o tronco, aprendeu a vestir-se só com um braço e já mexia a mão esquerda, o lado que continua, de alguma forma, afetado. Quando chegou a altura de voltar para casa, sentiu alguma angústia. “Foi muito complicado porque, como via a minha família todos os dias, não sentia sauda-
live E
testemunho
o de Medicina de Reabilitação de Alcoitão des e no centro era protegida. Receei muito ser um empecilho para o meu marido e filhos.” Nada disso aconteceu, ou Diana não fosse uma mulher determinada. Apesar de Alcoitão lhe ter oferecido ajuda para fazer adaptações em casa, preferiu ser ela e a família a resolver esse problema. “Derrubámos a parede do quarto e a da casa de banho, para entrar com a cadeira de rodas.” Como o seu objetivo sempre foi “não baixar os braços” e ser o mais autónoma possível, recorreu ao Centro de Mobilidade para conseguir conduzir. “Mesmo antes de voltar a andar, pedi à minha fisiatra para fazer os testes de aptidão. Consegui e agora ando num carro com algumas adaptações, nomeadamente no volante.” Com o tempo, foi recuperando e come-
çou a andar, primeiramente com uma ortótese e, depois de uma cirurgia, sem qualquer ajuda. “Só uso a minha bengala, que é muito fashion e cheia de cores, quando estou em locais que não conheço bem.” Ainda a recuperar e antes da cirurgia que lhe permitia andar sem a ortótese, Diana Ramos ficou grávida. “Foi uma grande alegria, queria muito voltar a ser mãe, mas jamais imaginei que isso viesse a acontecer após a trombose.” Apesar da boa notícia, à sua volta eram muitos os receios. “Temia-se que a criança viesse com alguma malformação e que eu pudesse voltar a ter um acidente cerebrovascular.” Mas não desistiu. “Foram momentos difíceis, mas estava muito feliz por ser mãe e, sendo contra o aborto, só pensava em ter aquele filho.”
Grupo Vitalino O Grupo Vitalino comercializa, em Portugal Continental e Ilhas, equipamentos e consumíveis médicos e hospitalares, para unidades e profissionais de saúde e público em geral, apostando na melhoria contínua, assim como na distribuição de marcas conceituadas e assistência técnica própria.
Em janeiro de 2014 nascia a filha mais nova, atualmente com 2 anos, que também é utente de Alcoitão. “Como era muito hipotónica, teve de receber apoio. Começou a andar com 21 meses, mas atualmente a recuperação está a correr muito bem.” Mais uma vez, Diana Ramos tece os melhores elogios a Alcoitão. “São maravilhosos, a minha filha é muito bem tratada, existe uma grande empatia entre todos.” Quanto ao futuro, vai continuar a dedicar-se à Casa de Chá que abriu, ao marido e aos filhos de 14, 12 e 2 anos. “Antes, não tinha tempo para nada, agora, dou-lhes muito mais atenção, qualidade de vida… É muito bom acompanhar cada momento dos meus filhos e, por exemplo, ao jantar, em vez de se ver televisão, fala-se sobre o nosso dia, tal como acontecia nos nossos jantares em Alcoitão.”
A sua ligação ao Centro, acredita, é para toda a vida. “Conheci o seu trabalho como jornalista, numa viagem da Pediatria à Disneylândia e, desde então, nutri sempre uma grande admiração por esta casa, onde acabei, como utente, a fazer grandes amizades.” E dá os parabéns pelos 50 anos. “Nunca parem e continuem o trabalho maravilhoso, com pessoas com um coração enorme.” Quanto ao Jornalismo, “jornalista uma vez, é-se para sempre, mas não me vejo a voltar à vida que tinha, sem tempo para nada”. Contudo, tem um sonho. “Se voltasse, gostava de fazer parte da equipa de Comunicação de Alcoitão.” Venha o que vier no futuro, Diana Ramos garante que o espírito positivo é para continuar e que o marido e os filhos vão estar sempre no centro da sua vida.
Já conhece a nossa loja online?
www.grupovitalino.pt
O Cliente usufrui de um parceiro de qualidade, especializado nas diferentes áreas médicas, representadas pelas diferentes marcas do grupo.
Rua das Tulipas, 170 4510-679 Fânzeres (GDM) Portugal T +351 224 664 880 F +351 224 832 202 geral@grupovitalino.pt
Vitalino Vitalcare Vitagnosis Vitalsénior Abril 2016 Vitalmédica
23
live E
informação
Área de intervenção: Investigação & Desenvolvi Desde 2013, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem vindo a reforçar a sua aposta na investigação científica, com especial enfoque nas diferentes áreas das neurociências onde a investigação assume um principal relevo na promoção da melhoria da qualidade de vida de quem está afetado por doenças que são, na sua maioria, devastadoras. O apoio à investigação científica nacional é uma aposta definida pela Administração da SCML, com vista à procura de respostas para problemas que afetam a sociedade em geral, com enfoque nos mais desfavorecidos, promovendo as respostas da instituição, não só no presente, mas também com uma visão de futuro.
Prémios SANTA CASA Neurociências Encontra-se em preparação a 4.ª edição dos Prémios SANTA CASA Neurociências, consolidando-se assim esta iniciativa, iniciada em 2013. Os dois prémios, no valor de 200 mil euros cada, pretendem promover avanços no tratamento de doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento, Prémio Mantero Belard, e a recuperação e tratamento de lesões vertebromedulares, Prémio Melo e Castro. Na realização desta iniciativa, a SCML conta com parceiros científicos de relevo, como a Universidade de Lisboa, a Universidade do Porto e a Universidade de Coimbra, bem como a Sociedade Portuguesa de Neurociências, a Sociedade Portuguesa de Neurologia e a Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação. A avaliação das candidaturas é realizada pelo Júri dos prémios, que conta com os mais destacados cientistas e investigadores nacionais e estrangeiros nas suas áreas de especialidade. Os Prémios SANTA CASA Neurociências contam já, atualmente, com 6 equipas de investigadores.
Prémio Mantero Belard 2015 Vencedor: António Ambrósio e a sua equipa, da Universidade de Coimbra. 2014 Vencedor: Rodrigo Cunha e a sua equipa do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra. 2013 Vencedor: Ana Cristina Rego, investigadora responsável, e a sua equipa do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra.
Prémio Melo e Castro 2015 Vencedor: Ana Pêgo, investigadora responsável, e a sua equipa do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica. 2014 Vencedor: Moises Mallo e a sua equipa do Instituto Gulbenkian de Ciência. 2013 Vencedor: António Salgado e a sua equipa do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde (ICVS/3B´s) da Universidade do Minho.
Consagração dos vencedores dos Prémios Santa Casa Neurociências 2015
24
Abril 2016
live E
informação
mento Programa e Bolsas de Investigação Científica em Esclerose Lateral Amiotrófica Em 2015, foi criado um novo programa de apoio à investigação científica nacional, focado na procura de respostas no combate à Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neurológica degenerativa, progressiva, rara, atualmente, sem cura, que se caracteriza por provocar paralisia motora progressiva e irreversível. Este novo programa contempla duas atuações. A primeira consiste na disponibilização de apoio financeiro, no valor anual de 50.000 euros, ao projeto que, reunindo os critérios exigidos no respetivo regulamento, se mostre mais promissor. A segunda centra-se na atribuição de bolsas, cujo desenvolvimento decorre no âmbito do projeto vencedor. Esta é uma nova perspetiva, que mostra o entendimento da SCML de que ter recursos humanos preparados para investigação em tópicos específicos é a melhor via para alcançar os objetivos pretendidos. Nesta primeira edição, apresentaram-se inicialmente 51 equipas a concurso, sendo que, dessas, 7 candidaturas foram submetidas com sucesso e consideradas para avaliação pelo júri. As equipas de investigadores das candidaturas elegíveis incluíam 47 investigadores oriundos de vários países como Portugal, Suécia, Estados Unidos da América, Itália e Brasil e envolviam a colaboração com instituições científicas estrangeiras. O painel de revisores convidados para avaliar os projetos que se apresentaram a concurso contou com 22 avaliadores, de 10 nacionalidades diferentes: Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Espanha, Estados Unidos da América, França, Holanda, Reino Unido e Suécia. O projeto vencedor foi apresentado por Dora Brites, Professora Catedrática Convidada no Departamento de Bioquímica e Biologia Humana da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. Este projeto tem a intenção de diminuir o custo associado aos cuidados de saúde dos doentes com ELA, estender a sua sobrevivência e melhorar a Dora Brites liderou o projeto vencedor do Programa de sua qualidade de vida. Investigação Científica em ELA da SCML
1.º Simpósio Ibérico em Lesões Vertebromedulares (SCiS 2015) A primeira edição do SCiS foi realizada nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro no CMRA, sob o tema “Novos paradigmas em medicina regenerativa de lesões vertebromedulares”. Esta iniciativa, desenvolvida pela SCML em parceria com o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho (ICVS/3Bs) e com a Associação Salvador, teve como objetivo aproximar a comunidade civil dos investigadores e médicos que atuam nesta área científica e sensibilizar para a necessidade de encontrar novas soluções que possam melhorar a qualidade de vida e minimizar o impacto destas lesões nos doentes, quer do ponto de vista clínico, quer social. O simpósio contou com a presença de um grupo de especialistas nacionais e internacionais para discutir as mais recentes descobertas na área das lesões vertebromedulares e a sua possível translação para a prática clínica. Devido ao sucesso desta iniciativa, pretende-se organizar uma segunda edição em 2017.
Centro de Investigação e Formação do CMRA A SCML atua há já longos anos na reabilitação de pacientes com LVM, nomeadamente pela intervenção do CMRA. Este Centro, reconhecido a nível nacional e internacional pelos cuidados especializados que presta no domínio da medicina física e de reabilitação, aposta sobretudo na qualidade assistencial, na formação contínua e na investigação científica aplicada. O CMRA é uma instituição de prestígio, que tem mantido, ao longo dos anos, um elevado nível de qualidade na resposta às necessidades do seu público-alvo, orientado para um investimento, cada vez mais forte, na neurorreabilitação. Mais recentemente, a SCML desenvolveu uma nova iniciativa no âmbito das LVM, desta vez centrada no financiamento direto de investigação científica. Com esse propósito, criou, em 2013, os Prémios SANTA CASA Neurociências, nomeadamente o Prémio Melo e Castro. Na mesma linha estratégica, a SCML encontra-se a estruturar um considerável reforço desta aposta na ciência e investigação científica, pretendendo agora valorizar as competências do CMRA com a criação de uma estrutura física de ponta que permita ir de encontro às mais recentes linhas de investigação nas áreas das LVM. Pretende-se apostar na investigação clínica de excelência que, de forma clara, permita potenciar benefícios diretos aos doentes, através da criação de um centro de investigação e formação. Apesar de a grande maioria das causas estar claramente identificada, as respostas da ciência para lidar com as LVM não são ainda totalmente conclusivas ou satisfatórias. É neste enquadramento que a SCML assume, de forma cada vez mais sólida, a sua aposta na investigação científica, alargando o escopo da sua missão, considerando sempre as boas causas. A criação de um centro de investigação desta natureza, em Portugal, focado na procura de soluções para estes problemas, permitirá à SCML garantir aos seus utentes o acesso aos melhores e mais avançados cuidados de saúde, reforçando a sua Missão. Adicionalmente, afigura-se como uma oportunidade de aumentar o grau de excelência dos profissionais de saúde da SCML e de outras instituições que venham a beneficiar destes serviços, para além de possibilitar a atração de profissionais altamente qualificados, nacionais e de outros países, permitindo uma troca de experiências rica e diversa, reforçando o trabalho colaborativo, base essencial à investigação.
Abril 2016
25
live E
discurso direto
Exoesqueleto na reabilitação da lesão medular Filipa Faria
Assistente hospitalar graduada de MFR. Diretora do Serviço de Reabilitação de Adultos 1 do CMRA
A lesão medular é uma das situações mais dramáticas que pode acontecer na vida de uma pessoa, dado que afeta, de forma grave e frequentemente irreversível, as capacidades e funções do indivíduo. Condiciona mudanças importantes na forma de viver e de realizar tarefas do dia-a-dia, tendo impacto não apenas no indivíduo, mas também nas pessoas que lhe estão mais próximas, nomeadamente a família. As causas podem ser variadas, traumáticas e não traumáticas. As causas traumáticas são mais prevalentes e nelas se incluem os acidentes de viação, as quedas, os acidentes de mergulho, os acidentes desportivos, as agressões, entre outras. As lesões não traumáticas instalam-se de forma mais progressiva, podendo ser a primeira manifestação de um processo neoplásico, infecioso, degenerativo ou vascular. Os dados estatísticos mais atuais referem-se às lesões traumáticas ocorridas nos EUA, com uma incidência de 40 por milhão de habitante, o que, extrapolando para Portugal, poderá corresponder a cerca de 400 novos casos/ano. A estes somam-se os casos de etiologia não traumática, cuja incidência tem vindo a aumentar nas últimas décadas. Tem-se constatado um aumento da idade média, em que se instala a lesão medular, à medida que diminuem os acidentes de viação e aumentam as causas não traumáticas, situando-se atualmente na 5.ª década. A reabilitação da LM requer cuidados desde o início e ao longo da vida do indivíduo, com o empenho de uma equipa multiprofissional especializada em abordar as questões fisiopatológicas, funcionais e psicossociais específicas desta população. O Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão dispõe de um Serviço especializado na reabilitação da lesão medular, reconhecido pela vasta experiência da sua equipa e pelos recursos tecnológicos inovadores de que dispõe, sendo o Serviço de referência a nível nacional. A reabilitação das pessoas que sofreram uma lesão medular passa por uma abordagem global de todos os aspetos, motores, funcionais, psicológicos e sociais, com o objetivo último de promover a autonomia e a reintegração sociofamiliar. Com efeito, efetuamos uma abordagem holística, centrada no paciente e na sua família. O programa de reabilitação é desenhado para aquele indivíduo, focado nas características da
26
Abril 2016
sua lesão neurológica e prognóstico expectável, mas considerando também fatores pessoais e do ambiente em que se insere. A perda de mobilidade e, nomeadamente, da marcha é uma das incapacidades mais relevantes que os indivíduos com lesão medular referem. Para além de contribuir para a perda de autonomia, a atrofia muscular, a redução da capacidade cardiorrespiratória, aumentar o risco de úlceras de pressão e contribuir para a dor, não ser capaz de andar também afeta o bem-estar e pode aumentar o risco de depressão e reduzir a qualidade de vida. Infelizmente, uma larga proporção de indivíduos, mesmo com lesões incompletas, tem uma recuperação limitada da capacidade de marcha. Desde há vários anos, temos assistido a um intenso progresso tecnológico para assistência à marcha. Desenvolvimentos recentes nas ortóteses para assistência à marcha produziram um dispositivo robotizado, tipo exoesqueleto. Consiste num equipamento biónico, colocado sobre os membros inferiores, com articulações motorizadas, que permite uma marcha controlada externamente. Esta marcha tem como vantagem não estar associada a um sistema de suspensão corporal, como acontece no Lokomat™, outro dispositivo de marcha assistida. O exoesqueleto é um equipamento relativamente leve, portátil, com uma bateria externa que amplifica o potencial da pessoa, suportando ou aumentando força, endurance e mobilidade. Adquirimos recentemente um exoesqueleto, acompanhando os avanços tecnológicos e aumentando assim os recursos disponíveis para a reeducação da marcha no doente com lesão medular. Este equipamento será certamente um valioso contributo para a reabilitação das pessoas com lesão medular.
live E
Abril 2016
27
live E
OBRIGADO!