Jornal do 62º Congresso da SPORL (7 maio)

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Carlos Ribeiro Contribuir para a valorização científica dos congressistas _ P. 2

Miguel Coutinho

Andrés Soto Varela

ORL pediátrica

Cuarenta y dos años de un camino común

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Sady Selaimen Uma ocasião imperdível _ P. 2

Fausto Fernandes Roncopatia e síndrome de apneia obstrutiva do sono _ P. 8

Publicações

Congresso diretor: josé alberto soares Distribuição gratuita 9 de maio

ORL portuguesa em total paridade com a de qualquer outro país O presidente de honra deste Congresso, Eurico de Almeida, recomenda aos novos profissionais trabalho árduo e espírito de sacrifício. O otorrino salienta ainda as boas relações entra a SPORL e as sociedades brasileira e luso-galaica, que agora se reunem na Alfândega do Porto.

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Contribuir para a valorização científica de todos os congressistas Caro(a) Colega,

Carlos Ribeiro Presidente do Congresso

Bem-vindo ao Porto, ao 62.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, 8.º Congresso Luso-Brasileiro e IX Reunião Luso-Galaica. Este ano, em simultâneo com o nosso Congresso Anual da SPOR-CCF, decorre também o 8.º Congresso Luso-Brasileiro e a IX Reunião Luso-Galaica. Por este motivo, o Congresso terá uma dimensão e uma dinâmica muito próprias, uma organização mais complexa e exigente. A colaboração dos vários serviços, de Norte a Sul do País, ultrapassou as nossas melhores expectativas. As mesas-redondas, conferências, cursos, comunicações livres e pósteres científicos são o melhor testemunho da atividade fervilhante da

Otorrinolaringologia nacional, plena de vital energia. A participação em larga escala dos colegas brasileiros vem enriquecer o programa científico com muitos dos nomes mais destacados do país irmão, numa colaboração de inexcedível valor, que todos pretendemos manter – e, se possível, incrementar – em futuras edições dos nossos congressos. Da vizinha Galiza temos a presença de ilustres colegas otorrinolaringologistas, que desde a primeira hora manifestaram a maior disponibilidade para uma colaboração fraterna. Temos ainda a participação de outros convidados estrangeiros, nomeadamente, da Suécia e da Irlanda, cujas conferências também serão alvo de muita atenção. Acreditamos que o êxito do Congres-

Cuarenta y dos años de un camino común

Andrés Soto Varela Presidente de la Sociedad Gallega de Otorrinolaringología y Patología Cérvico-Facial Marzo de 1973. Santiago de Compostela. Hostal de los Reyes Católicos. La casi recién nacida Sociedad Gallega de Otorrinolaringología (había sido fundada en 1971) organiza el I Congreso Hispano-Portugués de Otorrinolaringología. Ese fue el germen de los Congresos Luso-Galaicos, que se han ido celebrando con una periodicidad irregular y que desde el año 2006 tienen lugar conjuntamente con el

Congreso de la Sociedad Portuguesa de Otorrinolaringología. 1973 a 2015. Cuarenta y dos años de diferencia. Muchas cosas han cambiado en nuetros países y en nuestra especialidad desde entonces. Desde el sistema político hasta la situación económica. Muchos de los que organizaron y participaron en aquel congreso inicial ya no están con nosotros; otros, afortunadamente, siguen siendo referentes en nuestra especialidad. Disponemos de muchos más recursos técnicos y diagnósticos que entonces: cirugía endoscópica nasal, implantes cocleares, exploración equilibriométrica, neuronavegadores eran casi ciencia-ficción en 1973. Pero hay otras cosas que siguen como entonces. Una de ellas es la cercanía entre los otorrinolaringólogos de Galicia y de Portugal. Vecinos geográficos, compañeros de profesión, portadores de una lengua y unos antepasados comunes, constructores de un mismo camino otorrinolaringológico. Camino abierto, que queremos seguir construyendo codo con codo. Tampoco ha cambiado el paciente,

so vai depender, acima de tudo, da participação ativa de cada congressista, colocando questões, promovendo a discussão e a troca de conhecimentos e experiências. É nosso Presidente de Honra o Dr. Eurico de Almeida, distinto otorrinolaringologista, cujo caráter e obra nos merecem profundo respeito. Homem de grande conhecimento científico, desenvolveu um trabalho admirável, de grande dedicação aos doentes, estudando e transmitindo sempre com muito gosto o seu vasto conhecimento. A organização de um congresso internacional com esta dimensão é uma tarefa imensa. Acresce ainda que atravessamos tempos difíceis, no atual contexto socioeconómico, que também envolve os nossos habituais patrocinadores. Os patrocínios concedidos, longe da dimensão de outro-

ra, constituem um esforço muito significativo, que aqui temos de valorizar. O Centro de Congressos da Alfândega do Porto é uma grande casa, que vai receber com muita dignidade a Família ORL. Temos pela frente quatro dias de intenso trabalho, mas também haverá tempo para novas amizades e para os velhos amigos. A cidade do Porto vai receber-nos com o calor das suas gentes, a força da sua história, a riqueza dos seus monumentos e a beleza do seu Douro e das suas pontes. A Direção da SPORL-CCF e a Comissão Organizadora não pouparam esforços, de forma a que este Congresso possa contribuir para a valorização científica de todos os congressistas, num ambiente acolhedor. Desejo a todos um excelente Congresso!

Uma ocasião imperdível nuestro paciente. Somos médicos porque queremos resolver problemas a los enfermos. Disponemos de mejores medios técnicos, de mayores conocimientos y de más experiencia acumulada. Pero la ansiedad con la que un enfermo nos consulta porque ha notado cambios en su voz, porque oye menos que antes o porque todo a su alrededor gira y gira sin parar, esa preocupación, es básicamente igual ahora que en 1973. Los Congresos Luso-Galaicos han sido en sus ocho ediciones anteriores punto de encuentro de la Otorrinolaringología gallega y portuguesa. No sólo han permitido fortalecer lazos de amistad entre compañeros de ambos lados del Miño, sino que han tenido un alto nivel científico, redundando así en una antención mejor y de más calidad a nuestros pacientes. Estoy seguro de que este IX Congreso continuará este mismo camino establecido por los anteriores, de tal modo que cuando lo recordemos dentro de unos años vendrán a nuestra mente dos palabras: ciencia y amistad. Gracias a todos por vuestra presencia y participación.

Sady Selaimen Presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial Prezados Colegas, É com imensa satisfação que anunciamos a participação maciça da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) no 62.º Congresso da SPORL que agora se realiza na belíssima cidade do Porto. Na oportunidade, também está transcorrendo, na sua oitava edição, o já tradicional Congresso Luso-Brasileiro de Otorrinolaringologia e a IX Reunião Luso-Galaica da especialidade. É uma oportunidade ímpar e imperdível de rever amigos, trocar experiên­

JORNAL MÉDICO Diretor: José Alberto Soares (jas@justnews.pt) Redação: Maria João Garcia (mariajoaogarcia@justnews.pt), Sílvia Malheiro (silviamalheiro@justnews.pt), Susana Catarino Mendes (susanamendes@justnews.pt) Fotografia: Joana Jesus (joanajesus@justnews.pt), Nuno Branco - Editor (nunobranco@justnews.pt) Departamento Comercial: Carla Prazeres (carlaprazeres@justnews.pt), Marco Rodrigues (marcorodrigues@justnews.pt) Assistente da Redação e Publicidade: Cláudia Nogueira (claudianogueira@justnews.pt) Diretor de Produção Interna: João Carvalho (joaocarvalho@justnews.pt) Diretor de Produção Gráfica: José Manuel Soares (jms@justnews.pt) Diretor de Multimédia: Luís Soares (luissoares@justnews.pt) Morada: Alameda dos Oceanos, 3.15.02.D, Nº 3, 1990-197 Lisboa Jornal Médico é uma publicação da Just News, de periodicidade mensal, dirigida a profissionais de saúde, isenta de registo na ERC, ao abrigo do Decreto Regulamentar 8/99, de 9/06, Artigo 12º nº 1A Depósito Legal: 355.701/13 Impressão: Alves & Albuquerque Artes Gráficas Notas: 1. A reprodução total ou parcial de textos ou fotografias é possível, desde que devidamente autorizada e com referência à Just News. 2. Qualquer texto de origem comercial publicado neste jornal está identificado como “Informação”.

cias, estreitar parcerias e, não menos importante, saborear um cardápio científico cuidadosamente elaborado. Todos os ingredientes que consagraram esta receita de sucesso nos anos anteriores serão revisitados e incorporados à edição de 2015. Senão vejamos: 1. Um programa científico denso, abrangente e em absoluta sintonia com as dificuldades cotidianas enfrentadas por todos nós. 2. O formato interativo com mesas e painéis (focadas no manejo de casos clínicos), possibilitando que as discussões estendam-se e incorporem a própria assistência. 3. O padrão de excelência do seleto corpo docente, composto por um rosário de convidados portugueses, brasileiros e espanhóis. 4. Happy-hours científicos diários, sob o formato de oportuníssimos e indefectíveis bate-papos de corredor. 5. E o mais aguardado, nas incontáveis trocas de ideias, conceitos e até discussões apaixonadas que certamente ocorrerão à volta das mesas e alimentadas pela maravilhosa gastronomia portuguesa e regadas pela espetacular carta de vinhos região! Por tudo isto, e muito mais, a ocasião é imperdível.

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Otologia, otoneurologia e cirurgia da base de crânio poder relacionar com as respostas obtidas. Tal como no ano passado, esta iniciativa só é possível graças ao apoio da Wi-

dex, que custeou o aluguer do sistema de televoto. Em relação às Comunicações Livres e Posters, e atendendo ao grande número

de trabalhos apresentados, alguns tiveram de passar de comunicações livres para pósteres. A sessão de Comunicações Livres ocupará toda a manhã do dia 9 de

maio e constituirá seguramente mais uma manifestação da qualidade da atividade científica da Otologia e Otoneurologia nacional.

Victor Correia da Silva Coordenador do Serviço de ORL e diretor clínico do Hospital CUF Porto. Presidente da Comissão de Otologia, Otoneurologia e Cirurgia da Base de Crânio Face ao êxito obtido no último Congresso Nacional, a Comissão de Otologia decidiu organizar hoje, dia 7 de maio, às 14 horas, um “Potpourri” sobre cirurgia otológica e otoneurológica. Será moderado pelos três elementos da Comissão, Pedro Escada, Jorge Quadros e eu próprio. Preparámos vários casos clínicos que consideramos interessantes e/ou controversos, pedindo-se à assistência para, no final da apresentação de cada um deles, votar a solução que se lhe afigura como ideal. Para o efeito, haverá um sistema de votação eletrónica, solicitando-se a todos que levantem o respetivo dispositivo no início da sessão. Todos os casos permitirão, no final, uma ampla discussão sobre as diferentes alternativas de tratamento ou outras que surjam no momento. Como é óbvio, as respostas serão confidenciais, não havendo qualquer identificação dos votantes, estando só expressos o número total de opções para cada alternativa apresentada. No início da sessão, será solicitado a todos os presentes que preencham um questionário sobre o tipo e quantidade de atividade otológica praticada, para se

Será solicitado a todos os presentes que preencham um questionário sobre o tipo e quantidade de atividade otológica praticada, para se poder relacionar com as respostas obtidas.

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Laringologia e cirurgia da cabeça e pescoço

Jorge Miguéis Assistente hospitalar graduado de ORL, CHUC. Membro da Comissão de Laringologia e Cirurgia da Cabeça e Pescoço

Caros Colegas, Mais uma vez, estamos reunidos, desta vez na Invicta, para realizarmos o 62.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Há 1 ano, em Lisboa, o Prof. Eurico Monteiro, com a sua natural clarividência e habitual acutilância, lançou para a ribalta da discussão a definição do que deverão ser os limites da nossa especialidade, em particular no campo da Laringologia e Cirurgia da Cabeça e Pescoço. Um ano volvido, tudo parece estar na mesma. Continuamos a pensar que, sem confrontos, devemos definir as nossas fronteiras. Muitos dirão que o importante é que quem faz saiba fazer e os mais novos cla-

marão por mais ação, mais cursos práticos, menos retórica… Todos têm razão, mas se não conseguirmos transmitir as nossas ideias com convicção, se continuarmos apenas centrados no dia-a-dia, sem perspetivar o futuro, a nossa especialidade, na sua totalidade e não apenas no campo da laringologia e cirurgia da cabeça e pescoço, estará condenada a definhar. As alterações legislativas no que às ordens profissionais diz respeito vão subalternizar a Ordem dos Médicos nos aspetos formativos dos médicos. Temos tido uma posição privilegiada que não temos sabido aproveitar. O exemplo das Normas de Orientação Clínica referentes a alguns temas da nossa especialidade não tem sido feliz... Mas é paradigmático. Corremos o risco de ter competências e de não as podermos exercer…

Exemplo recente: o Dia Mundial da Voz, na forma como foi assinalado na imprensa generalista em geral e na televisiva em particular. Num dos canais generalistas, nem sequer foi um ORL que falou do tema… Não vamos, pois, “lançar a toalha ao chão”. Vamos aproveitar esta oportunidade para continuar a discutir a formação cirúrgica nas áreas da cirurgia da cabeça e do pescoço e outras afins, tentando mobilizar todos e, em particular, os internos para essa discussão, tentando perceber interesses e eventuais sugestões de mudança. O Congresso da nossa Sociedade é um espaço único para desenvolver e aprofundar relações de colaboração e de amizade, mas também para desenvolver estratégias para o futuro. Vamos aproveitá-lo (é um desafio!).

Boca, faringe e glândulas salivares

Miguel Magalhães Diretor do Serviço de ORL do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil. Presidente da Comissão de Boca, Faringe e Glândulas Salivares

A patologia que ocorre na região anatómica da boca e estruturas da face na vizinhança condicionam a diversidade de competências e especialidades que se dedicam ao seu estudo e tratamento. A patologia oral, no seu sentido mais lato, é por nós otorrinolaringologistas observada e identificada no primeiro gesto da observação da via aérea digestiva, condicionando, desde logo, a assunção do seu tratamento ou a referenciação para outras especialidades como a Estomatologia. A traumatologia, sobretudo em ambiente de urgência, e as malformações congénitas são afloradas no contexto da multidisciplinaridade, colaborando com especialidades como Cirurgia Maxilo Facial e Cirurgia Plástica. Por fim, a patologia oncológica da cavidade oral, ao ser observada e biopsada nos mais diversos

ambientes médicos, é condicionada pela dispersão de centros e técnicos de saúde que se dedicam ao seu tratamento. Ao abordarmos, de forma aberta, a temática do cancro da cavidade oral na prática da Otorrinolaringologia, pretende-se identificar os constrangimentos por nós encontrados no dia-a-dia e abrir vias que permitam o diagnóstico e tratamento precoce desta patologia. Estando a prática da Otorrinolaringologia-Cirurgia da Cabeça e Pescoço diariamente confrontada com o diagnóstico e tratamento da patologia das glândulas salivares, achou a comissão relevante a divulgação das técnicas de sialoendoscopia diagnóstica e de intervenção que, com o seu caráter menos invasivo, têm vindo a ganhar relevância. Desejamos que estes temas desper-

A traumatologia, sobretudo em ambiente de urgência, e as malformações congénitas são afloradas no contexto da multidisciplinaridade. tem o interesse dos colegas, contribuindo para a abrangência da prática clínica diária da nossa especialidade. Até breve.

Presbiacusi

Ana Margarida Amorim Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra A presbiacusia é uma doença degenerativa complexa que afeta dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se de uma condição crónica muito prevalente na população idosa, sendo considerada pelo Center of Disease Control como a segunda patologia mais comum a seguir à artrite. (1) Define-se como uma perda de audição sensorioneural progressiva, resultante do processo do envelhecimento e mais intensa no sexo masculino. (Figura 1) (2) De acordo com a ISO (International Organization for Standardization), o grupo de doentes acima dos 60 anos perde, em média, 1 dB de audição por ano.(1) A presbiacusia, ou perda sensorioneural associada à idade, é um fenómeno complexo de evolução variável e lentamente progressivo, relacionado com a degenerescência que ocorre com o envelhecimento, fatores genéticos, exposição ao ruído, outras doenças otológicas ou sistémicas, fatores de risco cardiovasculares e dieta. (6) Após o envelhecimento, a exposição ao ruí­ do é uma causa bem conhecida de surdez e considerado um fator de risco importante para presbiacusia, pois, as lesões das células ciliadas internas e externas provocadas pelo trauma acústico vão acumular-se com as do envelhecimento. Estudos longitudinais revelam que a presbiacusia é mais severa em idosos que sofreram dano coclear

Rinologia e cirurgia plástica facial

João Bacelar Coordenador da Unidade de ORL da Clínica CUF Alvalade. Presidente da Comissão de Rinologia e Cirurgia Plástica Facial

As rinoplastias e as rinoseptoplastias são cirurgias realizadas por um número crescente de otorrinolaringologistas nacionais, sendo a perspetiva atual animadora, comparativamente ao panorama existente há trinta anos atrás. Já relativamente às outras cirurgias da face, a realidade é completamente diferente. Estas têm estado nas mãos de outras especialidades, em particular a Cirurgia Plástica e também a Cirurgia Maxilofacial. O número de otorrinolaringologistas que as realizam deverá ser igual ao dos que há 30 anos se aventuraram a realizar rinoplastias. Noutros países, nomeadamente nos EUA e Brasil, a realidade é completamente diferente.

O Dr. Carlos Caropreso foi convidado de modo a podermos partilhar experiências e percebermos como foi o “desbravar este terreno” no Brasil. Por sugestão do Dr. José Neves, membro desta Comissão, o Dr. Carlos Caropreso foi convidado no sentido de participar nesta sessão, de modo a podermos parti-

lhar experiências e percebermos como foi o “desbravar este terreno” no Brasil. O Dr. Carlos Caropreso é otorrinolaringologista, atual presidente da Academia Brasileira de Cirurgia Plástica da Face da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervicofacial, coordenador do Fellowship de Cirurgia Plástica da Face da disciplina de Otorrinolaringologia da Universidade de São Paulo e do Fellowship de Cirurgia Plástica da Face de Otorrinolaringologia do Hospital Beneficência Portuguesa de S. Paulo. A minha pessoa e o José Neves daremos o nosso modesto contributo à sessão. Esperamos que seja proveitosa para todos!

Figura 1 | Limiares auditivos por década de vida

Figura 2 | Presbiacusia e trauma acústico


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Informação

a na juventude. (3,4) (Figura 2) O estado inflamatório crónico associado a idade – immuneaging –, parece estar também implicado na presbiacusia. Estudos recentes revelaram uma correlação significativa entre a contagem de glóbulos brancos e o limiar auditivo, independente da idade e do sexo (5,6). A relação entre a perda auditiva e a depressão e demência também tem sido cada vez mais estudada. A carga cognitiva imposta pela surdez e o isolamento social que esta origina levam a um declínio cognitivo e demência, assim como à deterioração da função física. A presbiacusia também foi associada a maior risco de quedas, dificuldades em conduzir, em caminhar e a maior incapacidade funcional global. (7,8,9) Geralmente, as queixas são de surdez e dificuldade em discriminar as palavras, principalmente com ruído e acufenos. É muito importante o diagnóstico precoce destas situações com vista a reabilitar estes doentes, que, por vezes, evidenciam graves dificuldades de comunicação, com implicações sérias na sua qualidade de vida, humor, cognição e saúde no geral. A amplificação protésica uni ou bilateral ou até mesmo os implantes têm as suas indicações nestes tipos de surdez, mas a inclusão num programa de comunicação é fundamental. Bibliografia: - Lee KY. Pathophysiology of Age Related Hearing Loss (Peripheral and central) Korean J Audiol 2013; 17: 45-49. - Kidd III AR and Bao J. Recent advances in the study of age-related hearing loss - A Mini-Review Gerontology. 2012; 58(6): 490–496. - Lin FR, Kristine Yaffe, Jin Xia, Qian-Li Xue, Tamara B. Harris, Elizabeth Purchase-Helzner, Suzanne Satterfield, Hilsa N. Ayonayon, Luigi Ferrucci, Eleanor M. Simonsick, and for the Health ABC Study. Hearing Loss and Cognitive Decline Among Older Adults. JAMA Intern Med. 2013 February 25; 173(4). - Bouccara D., Ferrary E., Mosnier I., Greyli AB, Sterkers O. Presbyacousie. EMC (Elsevier SAS, Paris), Oto-Rhino-Laryngologie, 20-185-C-10, 2005. - Verschuur C, Agyemang-Prempeh A and Newman TA. Inflammation is associated with a worsening

of presbycusis: Evidence from the MRC national study of hearing International Journal of Audiology 2014; 53: 469–475. - Verschuur C, Dowell A, Syddall HE, Ntani G, Shirley J, Simmonds SJ, Baylis D, Gale CR, Walsh B, Cooper

C ,Lord JM, Sayer AA. Markers of inflammatory status are associated with hearing threshold in older people: findings from the Hertfordshire ageing study Age and Ageing 2012; 41: 92–97. - Lin FR and Ferrucci L. Hearing Loss and Falls

Among Older Adults in the United States Arch Intern Med. 2012 February 27; 172(4): 369–371. - Hickson L, Wood J, Chaparro A, Lacherez F, Marszalek R. Hearing Impairmente affects older people’s ability to drive in the presence of

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distractors. J Am Geriatr Soc 2010 Jun; 58(6): 1097-103. - Ciorba A, Bianchini C, Pelucchi S, Pastore A .The impact of hearing loss on the quality of life of elderly adults Clinical Interventions in Aging 2012:7 159–163.


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Eurico de Almeida, presidente de honra do 62.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial:

“O nível da Otorrinolaringologia portuguesa está h Eurico de Almeida, um dos profissionais mais conceituados da especialidade, recorda o passado e o presente de uma área médica que apenas se autonomizou nos anos 80, mas que goza hoje de grande prestígio nacional e internacional. O médico, que conduz no Porto uma clínica de referência, exclusivamente dedicada à Otorrinolaringologia, recomenda aos novos profissionais trabalho árduo e espírito de sacrifício. “Em Medicina, não é possível atingir notoriedade sem prática”, refere. Just News ( JN) – Foi escolhido pelos seus pares para ser o embaixador deste Congresso que decorre na Alfândega do Porto. Que mensagem traz aos participantes? Eurico de Almeida (EA) – Será uma mensagem voltada para o progresso e modificações enormes que a ORL fez nos últimos 30 anos, não só a nível nacional como internacional. A prática otorrinolaringológica de hoje em nada se compara à dos anos 80. As patologias alteraram-se de modo muito significativo e as técnicas cirúrgicas também. JN – Este evento, por força da coincidência de datas, é também um congresso luso-brasileiro e luso-galaico. Fica garantida uma troca de experiências mais intensa? EA – A Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia tem grandes afinidades com a sociedade brasileira e com a sociedade luso-galaica. Claro que também há uma razão financeira, pela diminuição de custos. Por vezes, é melhor fazer um encontro só, de maior dimensão. Há sempre coisas novas, ideias novas trazidas por pessoas de outros lugares. Isso leva a uma reflexão que pode conduzir à rejeição ou à aceitação dessas ideias. É sempre bom falar com pessoas que têm outro tipo de experiências, mesmo que não estejamos de acordo com elas. É benéfico para nós e para os nossos doentes. Nestes congressos de Medicina há lealdade, há respeito. As pessoas podem ter ideias completamente opostas, mas os temas são debatidos com frontalidade, com elevação. JN – A ORL é uma especialidade acarinhada em Portugal, do ponto de vista médico e científico? EA – É muito bem tratada. Mas nem sempre foi assim. Há cerca de 40 anos, a nossa especialidade era pobre. Estava muito atrasada. Os especialistas da época limitavam-se a operar amígdalas e septos nasais. É verídica a história que se conta de um especialista da cidade do Porto que entupiu o esgoto do prédio em que praticava com as amígdalas que removia! Nos anos 70 e 80, eu e o Dr. Manuel Batista, otorrinolaringologista que trabalhou em Coimbra e Lisboa, éramos os únicos portugueses presentes no Congresso da Academia Americana. Fui mesmo, a nível mundial, até há cinco anos, o estrangeiro com mais presenças no congresso ame-

ricano, ao qual comecei a ir em 1965. A partir dos anos 80, os laboratórios farmacêuticos decidiram colaborar e, a meu ver, muito bem, com a educação pós-graduada dos otorrinolaringologistas portugueses, nomeadamente, apoiando a sua ida congresso americano da especialidade. Não há nenhum congresso mundial que tenha o mesmo nível científico. Mesmo em número de congressistas, ele consegue ultrapassar o Congresso Mundial de Otorrinolaringologia, que por muitos é interpretado mais como um passeio turístico. Com o americano não, pois, há a consciência clara de que se pode aprender muito. Felizmente, os otorrinos portugueses começaram a ir a esse congresso americano que é, de longe, o melhor do mundo. A melhoria do nível da ORL nacional resulta, em grande medida, desta circunstância. JN – Nessa altura, era vista como uma especialidade menor? EA -- Sim, de tal forma que, quando eu me formei em Medicina, não havia no Hospital de São João um verdadeiro serviço de ORL. A Otorrinolaringologia mais não era que uma emanação do Serviço de

Clínica Cirúrgica. Não era autónoma. Essa autonomia aconteceu mais tarde, começando então os otorrinolaringologistas a viver a sua própria vida, deixando de estar na dependência de um cirurgião geral. Em boa verdade, não era só em Portugal que a ORL não era independente. Nos anos 60, ainda havia nos EUA muitos departamentos de Eye, Ear, Nose and Throat! Eu ainda cheguei a ir a uma (única) conferência conjunta em Chicago com os oftalmologistas. JN – E, agora, estamos em paridade com os outros países? EA – Absolutamente. O nível da ORL portuguesa está em total paridade com a maior parte das medicinas mundiais. Antigamente, quando uma pessoa tinha um problema tinha que ir para Paris ou Londres. Agora não. A evolução tecnológica teve algo que ver com este fenómeno. O que é novo hoje nos EUA, amanhã está cá. E isso tem uma importância fundamental. JN – Alcançado este patamar de notoriedade, em que sentido deve caminhar esta especialidade? EA – O sentido é sempre o da me-

“A prática otorrinolaringológica de hoje em nada se compara à dos anos 80. As patologias alteraram-se de modo muito significativo e as técnicas cirúrgicas também.”

lhor educação. Os jovens têm que ser treinados o melhor possível, estudar muito e praticar muito. Em Medicina, não é possível atingir notoriedade sem prática. É uma atividade onde só a prática confere o à vontade e o bom resultado. Em Medicina, ninguém é fantástico aos 30 anos. É preciso trabalho e sacrifício. Certamente não é possível comparar modos de vida e de prática de há 30 anos com os de agora. Tudo mudou de maneira radical, nomeadamente nos últimos quatro anos, no nosso país. Eu ainda me pude dar ao luxo de, no final da minha formatura em Medicina, decidir fazer um ano de anatomia patológica relacionada já com a ORL, pois, tinha a certeza de que também iria compreender melhor a Medicina em geral. Nunca poderei esquecer o que aprendi a fazer 313 autópsias, ensinando, ao mesmo tempo, os alunos finalistas de Medicina da Universidade da Pensilvânia. Foi um ano fantástico e uma das mais corretas decisões que tomei na vida! JN – É como ter a possibilidade de virar o ouvido do avesso e treinar sem medo do erro... EA – A autópsia permitia-me ver meticulosamente e compreender tudo. O que eu fiz nesse ano de residência de anatomia patológica é um pouco parecido com o que as crianças fazem com os brinquedos: desfazem para ver o que está lá dentro. Foi um ano dourado da minha vida, porque tive a virtude e a coragem de reconhecer que não sabia e estava desejoso de aprender. JN – Há pouco, falou numa modificação de patologias. Que exemplos pode destacar? EA – Uma das modificações mais importantes foi o desaparecimento de doenças do ouvido que eram extraordinariamente frequentes e que se tornaram muito raras. A primeira destas doenças é a otosclerose, doença de transmissão genética que causa surdez. É mais frequente nas mulheres. A doença continua a existir, ela é mesmo provavelmente das doenças mais frequentes que se verificam no ser humano. Cerca de 10% de todos nós temos a doença. Estou a referir-me à doença histológica que, se não for estimulada, não vai causar sintoma, isto é, surdez. O que estimulava o foco otosclerótico era o vírus do sarampo, que deixou de existir

na atmosfera, logo que a vacinação em massa contra essa doença se começou a fazer nos jovens nos anos 80. Outra doença que diminuiu extraordinariamente em frequência é a otite crónica. A sua diminuição deveu-se a melhoria das condições higiénico-sanitárias das populações em geral. É importante mencionar que, no nosso país, 99% das habitações já têm água canalizada ao contrário de há 40 anos, em que não se atingia os 50%. A diminuição desta patologia deve-se, ainda, à melhoria do tratamento da otite média da criança e à existência de antibióticos mais eficazes. Se é inquestionável que estas duas doen­ ças diminuíram de modo significativo, outras aumentaram. A doença respiratória em si aumentou globalmente cerca de 25% nos últimos 30 anos, circunstância que se liga à tragédia que a poluição atmosférica constitui e não é olhada pe-


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hoje em total paridade com a de qualquer outro país”

“O nível da ORL portuguesa está em total paridade com a maior parte das medicinas mundiais.”

“A Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia tem grandes afinidades com a sociedade brasileira e com a sociedade luso-galaica.”

los países dominantes no mundo como ameaça real. A sinusite assume hoje um papel muito importante na ORL, dada a coincidência do seu aumento de frequência com a enorme evolução técnica entretanto surgida no seu tratamento cirúrgico. JN – Quais são as consequências da diminuição destas patologias? EA – Se é bom haver muito menos otosclerose e otite crónica, esse fenómeno acarreta, secundariamente, uma consequência muito importante. Como disse antes, nenhum cirurgião pode atingir elevados graus de excelência se não praticar o mesmo ato repetidamente. Menos otosclerose e menos otite crónica têm como consequência imediata menos cirurgias para tratamento de otosclerose e de otite crónica. Isto, por sua vez, significa que o grau de preparação cirúrgica dos jovens

em treino otorrinolaringológico é claramente deficiente naquelas patologias. No entanto, logo que se tornam especialistas (e mesmo até antes), eles são livres para decidir operar casos de patologias em que têm pouca experiência. Os resultados são os expectáveis. Paradoxalmente, hoje, os resultados globais do tratamento daquelas que foram as doenças importantes mais comuns do ouvido são piores do que eram há 20 anos! Pelo contrário, hoje, os jovens em treino otorrinolaringológico acabam com melhor preparação em cirurgia nasal do que há 20, 30 anos. Há mais patologia nasal, há melhor treino em geral e, por isso, os resultados são melhores. JN – Como é que se resolve esta incongruência nas doenças do ouvido? EA – Não há como resolver, nem sequer há vantagem em resolvê-la. Nin-

guém pode colocar os doentes a ter mais otosclerose proibindo a vacinação contra o sarampo, nem mais otite crónica só para proporcionar treino aos médicos jovens. Isto significa que os novos otorrinolaringologistas vão ter um treino, neste campo, claramente menos satisfatório. Lembro-me de que nos EUA, nos anos 80, quando a otite crónica começou a diminuir, alguns hospitais enviavam os seus residentes de Otorrinolaringologia para hospitais do Alasca para treino cirúrgico otológico, pois, a otite crónica é extremamente frequente no esquimó, fenómeno ligado à dieta muito rica em gordura. JN – A ORL é hoje, também, uma especialidade muito dedicada aos problemas de nariz e garganta. Os problemas respiratórios aumentaram 25% nos últimos 30 anos. O ouvido

deixou de ser o centro da especialidade? EA – No passado, inquestionavelmente, o ouvido era o foco principal da ORL. Até aos anos 80, 90, nos congressos da nossa especialidade, 60% das apresentações eram relacionadas com o ouvido e as restantes distribuídas mais ou menos igualmente pelo nariz e garganta. A partir daquele tempo, o nariz assumiu claramente a liderança, por duas razões: a primeira liga-se ao aparecimento de tecnologia de imagem, que proporcionou novas abordagens cirúrgicas; em segundo lugar, pela conquista pelo otorrinolaringologista de um terreno que era mais ou menos do domínio exclusivo do cirurgião plástico: a cirurgia cosmética nasal, em que o otorrinolaringologista se sente muito à vontade. Neste momento, a rinoplastia está na iminência de ultrapassar a cirurgia da infeção, dado o enorme interesse que quase

todos os otorrinolaringologistas, nomeadamente os mais jovens, estão a dedicar àquela cirurgia cosmética. JN – Também referiu que há hoje mais treino cirúrgico. A estética ocupa uma fatia com dimensão no dia-a-dia dos otorrinolaringologistas? EA – Dentro da ORL, o aumento do treino verifica-se em cirurgia nasal, em que há dois campos de atuação: cirurgia da infeção e cirurgia cosmética. Mas não é só atuando cirurgicamente que o otorrinolaringologista mostra o seu desejo em expandir a sua área de atividade. O otorrinolaringologista moderno tem um grande interesse pela estética facial. Hoje em dia, já há muitos que se dedicam também à aplicação de Botox ou outros produtos, como ácido hialurónico, que até há pouco tempo eram campo exclusivo dos cirur­giões plásticos.


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Roncopatia e síndrome de apneia obstrutiva do sono (3 M): dados para um consenso

Fausto Fernandes Diretor do Serviço de ORL do Hospital de Guimarães. Presidente da Comissão de Roncopatia e Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono Problemas respiratórios durante o sono são muito comuns, com grandes implicações na saúde e na vida social. O mais frequente é a roncopatia e a síndrome de apneia obstrutiva do sono. Mais uma vez, a Comissão de Roncopatia e SAOS vem tentar criar algumas “pontes” de consensos com outras especialidades, nomeadamente, com Neurofisiologia e Pneumologia. Para tal, contamos com o apoio amigo de colegas dessas especialidades, bem como de Medicina Dentária, e da nossa especialidade, todos com experiência e reconhecida competência, para tentar, se possível, criar algumas normas para o seu diagnóstico e uma terapêutica mais adequada. Designamos de 3M porque nos parece tratar-se de uma área clínica onde o diagnóstico e a terapêutica adequada a cada situação deverão ter uma vertente Multidisciplinar, Multinível e Multiterapêutica. Numa consulta multidisciplinar deverão ter cabimento outras especialidades, tais como Cirurgia Maxilofacial, Medicina Interna, Cardiologia, Nutricão, etc… É nosso entendimento que, sendo a patologia obstrutiva ocasionada por um problema que existe entre as fossas nasais e a laringe, a ORL deverá ser a especialidade charneira. Na clínica da criança é diferente, ficando fora deste âmbito, embora de grande importância e prevalência. Em geral, deve-se a hipertrofia do anel de Wadeyer

ou malformações craniofaciais, sendo que o seu tratamento é eminentemente cirúrgico. Contudo, apesar da nossa enorme experiência nesta área, seria também importante adotar normas para o seu correto diagnóstico e terapêutica. É um esforço que não é fácil, mas pensamos que o caminho será este. De salientar que é uma área onde os nossos colegas se preocupam pouco e, por vezes, outras especialidades até nos impedem de ver a patologia da área de ORL. Nesta área específica do mundo vastíssimo das patologias do sono, pensamos que a Otorrinolaringologia tem um papel importante. Assim, durante o sono, há muitas vezes colapso da faringe, devido a alterações da estrutura anatómica e também por perda do tónus muscular, sendo este último o problema mais importante. Em geral, aparece associado a obstrução nasal, i.e., em respiração bucal, não sendo de esquecer outras estruturas envolvidas, como a base da língua, paredes da faringe, epiglote e laringe, entre outras. O ressonar é um sinal cardinal. Relatos de ressonar existem desde há séculos: – “… Quando um pólipo sai do nariz, caindo do meio das cartilagens tal como uma larva, suavemente expandindo com a expiração para fora do nariz, retraindo com a inspiração, causa voz de coaxar de rã e ressonar…” (Hipócrates 460-467AC- de morbidus libr.II, cap. V pág. 29); – Jeronimo de Cortez: “… Los gordos de carne, blancos de pelo son pacíficos, dormilones e flacos de ceintura…” (Fisioniomia e los Varios Segredos de la Naturaleza, sec XVI); – Charles Dickens: “… Joe obeso, pletórico, tinha sonolência diurna.” (Posthumus Papers of Pickwick Club1837). No Séc. XX, Osler descreve o Sind de Pickwick. Mais recentemente, Guilleminault descreve a SAOS. Torna-se importante distinguir as diferentes formas de distúrbio respiratório do sono e alguns termos, segundo a

definição da American Academy of Sleep Medicine Não há dados precisos sobre a prevalência. São díspares, dependem das séries, embora se pense que tenha vindo a aumentar, devido ao maior número de pessoas obesas. Os que se podem reportar indicam que o SAOS existe entre 2 a 4% da população adulta em geral. O ressonar entre 20 a 30%, sendo que a partir dos 35 anos aumenta para 40 a 60%, respetivamente, para mulheres e homens. O SAOS está associado a uma larga variedade de problemas de saúde, tais como má qualidade de vida, morbilidade cardiovascular e aumento de risco de mortalidade (como enfarte, arritmias e hipertensão refratária ao tratamento), impotência, refluxo gastresofágico, alteração das funções neurocognitivas, alterações comportamentais, depressão, sonolência diurna, acidentes de viação, mau rendimento escolar e no trabalho, entre outros.

Diagnóstico Como em todas as patologias, o seu diagnóstico correto é imprescindível. Chamamos mais uma vez a atenção para a necessidade de um diagnóstico etiológico e topográfico adequado, sem o qual a terapêutica será seguramente incorreta, quer seja cirúrgica ou com meios mecânicos. São fatores de risco a obesidade, o tabagismo, o sedentarismo, o uso de sedativos, etc. Como se trata de uma patologia do sono, pela história clínica e exame objetivo de ORL, deve ser feito o diagnóstico diferencial com todas as outras patologias do mesmo foro. Assim, deve ser elaborado um protocolo clínico adequado. Seria interessante que algumas especialidades se pusessem de maneira aberta de acordo e não atuassem como se fosse uma área tabu, ainda mais, paradoxalmente, não sendo as especialidades de competência para a área anatómica em causa (nariz, nasofaringe, orofaringe, amígdalas, laringe). Para a obtenção de uma histórica clínica correta, é fundamental a presença do casal. O exame objetivo de ORL é

Já foi ver hoje o que se passa na Saúde?

imprescindível para a localização do local de obstrução, dado que em geral é multinível. Deve avaliar-se o grau de impacto diário na qualidade de vida do doente, usando a Escala de Epworth ou outra (p.e. questionário de Berlim). Na endoscopia nasal, encontra-se muitas vezes obstrução por desvio do septo nasal, bem como hipertrofia dos cornetos. No exame da orofaringe, é importante a dimensão do palato, o seu posicionamento, a hipertrofia de adenoides ou das amígdalas, a localização e hipertrofia da base da língua, sendo ainda relevante o diâmetro maxilomandibular. Aqui, com muita validade, orientação terapêutica e prognóstico, podemos usar a Escala de Friedman. Para melhor avaliar a obstrução, deve fazer-se endoscopia com sono induzido por fármacos (DISE), sendo, a nosso ver, imprescindível no insucesso de adaptação ao CPAP, para o que se deve usar um anestésico que induza um sono próximo do fisiológico. O golden standard dos MCDT para o estudo do sono é a polissonografia. Permite-nos avaliar o tipo de SAOS, bem como a sua gravidade.

Tratamento A terapêutica, aqui como em toda a clínica, deve ser prescrita por quem tiver competência após um diagnóstico correto. Tal como o diagnóstico, é, em geral, multidisciplinar. Pode ser feita terapêutica médica, bem como correção de hábitos alimentares e boa higiene de sono, entre outros. Meio interessante e promissor é o uso de próteses orais de avanço mandibular ou reposicionamento lingual. A sua adaptação pode ser feita no DISE, com manobra de “chin lift” pe. Têm bons resultados e tolerabilidade a médio prazo. O golden standard dos meios mecânicos para o tratamento da SAOS é o CPAP ou o BPAP. Este foi criado por Sullivan, em 1981. São eficazes, se o doente dormir no mínimo 4 horas/dia, 5 dias/semana. (NOC DGS > 4 h, 5 dias/semana).

A sua prescrição não é fácil, por questões burocráticas e que estão sempre em mudança, mas… A tolerância é, todavia, o seu problema mais importante. Os números de adesão dependem das séries de estudo, mas, se não houver boa permeabilidade nasal, em geral, é má. A nosso ver, a permeabilidade nasal é essencial. No SAOS, em que é detetado corretamente o nível e o grau de obstrução, pode ser efetuada cirurgia. Esta pode ter como objetivo a resolução do problema, ou então para resolução da falta de adaptação ao CPAP. Podem ser realizadas de maneira clássica, com radiofrequência ou laser, sob anestesia local ou geral. As intervenções mais frequentes são septoplastia, cirurgia dos cornetos, cirurgia do palato, amígdalas e base da língua e, em geral, não são muito agressivas. Em casos complexos, e quando não há adesão ao CPAP, pode propor-se cirurgia cervical, mais complexa, ou ainda cirurgia bimaxilar, quando indicada, sendo que, em casos extremos, pode realizar-se traqueotomia. Em conclusão, a roncopatia e o SAOS são muito frequentes, têm graves implicações na mortalidade, na morbilidade e na qualidade de vida. É um problema grave e frequente em saúde pública. Sendo assim, os doentes devem ser referenciados atempadamente ao especialista. O seu diagnóstico e terapêutica deverão ser, em geral, multidisciplinar, i.e., como são etiologias múltiplas, com efeitos múltiplos, deverão ter um tratamento multifatorial, quer das suas causas, quer dos seus efeitos. Em conclusão, a Otorrinolaringologia como especialidade de nariz, garganta e pescoço, localizações anatómicas onde se passa esta patologia deverá ser a charneira no diagnóstico e tratamento desta patologia, assim o queiramos, não descurando nunca a igual importância de outras especialidades. “Laugh and the world laughs with you. Snore and you slep alone” (AAOHNS).

O seu ponto de encontro com a Saúde


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ORL pediátrica lização em Lisboa, em junho do próximo ano, do 13.º Congresso da ESPO (European Society of Pediatric Otorhinolaryngology), onde esperamos uma participa-

Miguel Coutinho Presidente da Comissão de ORL Pediátrica “Mãe, dói-me o ouvido”, é uma das queixas mais frequentes que levam as crianças a uma urgência hospitalar. E é precisamente sobre o tema das urgências que a Comissão de Otorrinolaringologia Pediátrica se vai debruçar este ano, no espaço que lhe é atribuído pela Direção da SPORL. À semelhança do ano anterior, vamos ter um debate, que esperamos muito participado, em que teremos inicialmente a abordagem de alguns temas dentro das urgências em ORL pediátrica que pela sua raridade, ou pela necessidade de criar alguns consensos, pedimos aos nossos convidados para desenvolver e trazer a este fórum, local ideal para o debate de ideias e acertar de agulhas em relação à orientação correta de determinadas patologias dentro desta temática. Para o efeito, convidámos vários colegas de centros com experiência nesta área, de vários locais do país, e que nos vão falar da sua experiência e da do serviço onde trabalham; assim, vamos contar com o Dr. Ricardo Dâmaso (HDE-CHLC), que vai abordar as várias vertentes da dificuldade respiratória da criança na urgência, o Dr. Herédio de Sousa (HDE-CHLC), que abordará o tema das complicações da sinusite, a Dr.ª Ana Nóbrega Pinto (CMIN-CHP), que irá falar das complicações da otite média, a Dr.ª Diana Ribeiro (CHUC), que vai trazer o tema dos abcessos parafaríngeos, e o Dr. José Colaço (HDE-CHLC), que nos vai falar da vertigem em idade pediátrica. Aos colegas foi pedida uma abordagem prática do tema que vão desenvolver, necessariamente, com o adequado enquadramento teórico, assim como a apresentação de um caso clínico que, pela sua raridade ou pelo seu aspeto didático, seja importante partilhar com os pares. Teremos, para a discussão dos casos clínicos apresentados pelos colegas atrás referidos e outros selecionados pela Comissão de ORL Pediátrica, um painel de iminentes peritos dentro desta área e que será composto pela Dr.ª Luísa Monteiro (H. Lusíadas), o Prof. Jorge Spratley (CHSJ) e o Dr. Felisberto Maricato (CHUC), que será por mim moderado, naturalmente, com o envolvimento ativo da Dr.ª Inês Soares da Cunha e da Dr.ª Sofia Paiva, que comigo partilham a Comissão de ORL Pediátrica da SPORL. A ORL pediátrica portuguesa está viva e pujante, como o demonstra a rea-

ção importante de colegas portugueses e a que naturalmente esta Comissão se associa com entusiasmo e empenhamento absolutos.

A ORL pediátrica portuguesa está viva e pujante.

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Novos avanços nos sistemas implantáveis

Sofia Milheiras Gestora de produto da Área Cirúrgica, Widex Portugal Os atuais aparelhos auditivos asseguram uma solução eficaz para milhões de pessoas que têm dificuldades auditivas. No entanto, para muitas das que apresentam perda auditiva moderada a profunda, estas soluções poderão não ser suficientes quer em termos funcionais, quer em termos estéticos. Os implantes auditivos são uma solução alternativa ou complementar e já são utilizados desde os anos 80 do século XX. Atualmente, mais de 250.000 pessoas em todo o mundo usufruem de implantes auditivos, que lhes permitem desfrutar do mundo sonoro e melhorar a sua qualidade de vida. Os sistemas implantáveis que funcionam de acordo com o princípio acústico são, no entanto, um desenvolvimento recente na tecnologia de implantes audi-

tivos. Estes sistemas convertem o som em vibrações mecânicas e transmitem-nas aos ossículos, janela redonda ou oval. Os implantes acústicos, de certo modo, imitam a função mecânica do ouvido médio e substituem-na completa ou parcialmente, produzindo um som de elevada qualidade, que é transmitido próximo da estrutura que o recebe. Deste modo, é possível registar diferenças subtis de intensidade, tonalidade e frequência, resultando numa audição natural. É importante relembrar, contudo, que os implantes acústicos dependem da funcionalidade do ouvido interno, necessitando que este possua um determinado nível de funcionalidade. A cirurgia dura cerca de duas horas, não alterando a anatomia do sistema auditivo. Após seis a oito semanas da cirurgia, é realizada a ligação e a programação do respetivo processador. A empresa Cochlear adquiriu, nos finais de 2012, os ativos relacionados com a audição da empresa Otologics, nomeadamente os sistemas de implante de ouvido médio MET® e Carina®. Após um longo período de melhoria dos produtos, do seu processo de manufatura e de implementação de um contínuo e rigoroso processo de controlo de qualidade, a Cochlear relançou no mercado os sistemas Cochlear™ MET® e Cochlear™ Carina® na Europa, inicialmente, sob a forma de um lançamento de mercado controlado. Com esta aquisição, e com o lançamen-

Os implantes acústicos, de certo modo, imitam a função mecânica do ouvido médio e substituem-na completa ou parcialmente. to do sistema de implante coclear acústico Cochlear™ Codacs™ em finais de 2013, a Cochlear reforçou o seu compromisso para com a reabilitação da função auditiva, possuindo o portefólio mais completo de soluções auditivas implantáveis, abrangendo todos os tipos de perda auditiva. Os sistemas Cochlear MET e Carina estão indicados para perdas auditivas neurossensoriais e mistas de grau moderado a severo. O sistema MET, como a vasta maioria dos sistemas de implante de ouvido médio, depende de um microfone externo, localizado no processador de som externo, para captar o som e transmiti-lo ao implante. O processador de som, chamado Button® Audio Processor, tem, como o nome indica, a forma de botão, sendo, por isso, bastante discreto e estando disponível em 4 cores. Já o sistema Carina é totalmente im-

plantável, possuindo um microfone, um processador e uma bateria interna, sendo, assim, completamente invisível! O microfone está implantado sob a pele, captando o som e enviando-o ao implante sem que seja necessária a utilização de um processador de som externo. A bateria interna é carregada diariamente por indução, num processo diário que dura menos de uma hora. Uma vez que o carregador pode ser utilizado como um comando durante o processo de recarregamento, o utilizador pode continuar a sua atividade normal enquanto carrega o implante. O sistema inclui igualmente um controlo remoto, que permite controlar o volume, ligar ou desligar o implante e escolher entre programas diferentes. O facto de ser totalmente implantável proporciona não só um benefí-

Informação

cio estético, mas também, e sobretudo, a possibilidade de audição o dia inteiro, sem qualquer tipo de restrição, mesmo no que se refere a atividades aquáticas, o que contribui para uma melhor qualidade de vida do paciente implantado.

Implante acústico - Cochlear™ MET®

Implante acústico - Cochlear™ Carina®

Curso “Medicina Hiperbárica em ORL” no Hospital Pedro Hispano

Clara Magalhães Interna de Formação Específica do Serviço de ORL do Hospital Pedro Hispano A Medicina Hiperbárica dedica-se ao estudo das adaptações fisiológicas, atividades recreativas e profissionais em meios hiperbáricos (Fernandes, 2009) e envolve o tratamento de patologias com recurso a administração de oxigénio a 100%, num ambiente com uma pressão superior à

atmos­férica ao nível do mar – oxigenoterapia hiperbárica (OTH). A Unidade de Medicina Hiperbárica do Hospital Pedro Hispano (HPH) foi inaugurada no ano de 2006, foi a primeira câmara num hospital público civil e a segunda no país, possuindo uma câmara multilugar com capacidade máxima de 16 lugares. A Otorrinolaringologia (ORL) é a 2.ª especialidade com maior referenciação para OTH. Esta terapêutica é cada vez mais recomendada nas patologias desta especialidade, sobretudo no caso de surdez neurossensorial súbita idiopática (SNSSI), seguida de radionecrose dos tecidos moles/mandíbula, infeções necrotizantes (anaeróbios ou mistas) e menos frequentemente por osteomielite, dada a raridade desta entidade. No Curso “Medicina Hiperbárica em ORL”, pretendemos mostrar o estado da arte nesta área médica, fazendo uma breve resenha descritiva e crítica da sua história, dos seus atuais fundamentos fisioló-

gicos e das suas indicações terapêuticas, não esquecendo as suas contraindicações e complicações. Por fim, os autores vão mostrar a sua experiência no âmbito da SNSSI e acufeno, tendo em conta os artigos realizados pelo Serviço ORL (Oliveira, 2009; Magalhães, 2012; e Magalhães, 2015). Os autores obtiveram, após avaliação de vários fatores, que há apenas um fator que afeta o prognóstico da SNSSI e os resultados da OTH: tempo de início da OTH. Assim como parece haver uma tendência para um melhor resultado da OTH como tratamento concomitante do que salvage. Os autores obtiveram ainda uma diminuição da intensidade do acufeno de 1,6 valores na Escala Visual Analógica como variável independente da recuperação auditiva. Outros fatores desconhecidos, no­ mea­ damente, etiológicos, parecem influenciar o prognóstico final na SNSSI. A OTH como tratamento complementar continua a ter um resultado final variá-

vel. A identificação destes fatores poderá melhorar a referenciação para OTH e o seu custo/benefício. Entretanto, somos da opinião que todos os doentes com SNSSI continuarão a ser tratados com OTH, no

intervalo de tempo mais breve possível, e que a avaliação subjetiva de variáveis como o acufeno mostra-nos a utilidade da OTH na redução de queixas que causam um impacto negativo na vida do doente.

Trabalho de coloboração estreita entre o Serviço de ORL, dirigido por Delfim Duarte, e o Serviço de Medicina Hiperbárica, nas pessoas de Óscar Camacho, seu diretor, e Tiago Fernandes, mestre em Medicina Hiperbárica


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PROGRAMA

7

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08:30-09:00

SEXTA-FEIRA

09:00-09:30

SALA

INFANTE

Abertura do Secretariado

11:00

MAIO

8

SALA

Programa da Responsabilidade da Comissão de Otologia Otoneurologia e Cirurgia da Base do Crânio INFANTE Potpouri em Otologia | Otoneurologia

Abertura do Secretariado

11:00

INFANTE

Moderadores: V. Correia da Silva, Pedro Escada, Jorge Quadros

Presidente

Timpanosclerose Carla Branco

Hospital Vila Franca de Xira

08:30-09:00 MANHÃ

Moderadores: V. Correia da Silva, Pedro Escada, Presidente Jorge Quadros

10:30-11:00 11:00-12:30

09:30-10:30

Estapedo(ec)tomia com TORP - Análise Casuística e Biomecânica

Presidente

de Almeida, Fernanda Gentil Pausa para Café | VisitaEurico aos Stands

16:00-17:30

09:45-10:30

Presidente

Palestrantes: Victor Correia da Silva, Sílvio Caldas,

Pausa para Café | Visita à Exposição Técnica

10:30-11:00 11:00-12:30

Eurico deCOCKTAIL Almeida, DINATOIRE Fernanda Gentil Centro de Congressos da Alfândega

Presidente

A. Maia Gomes

Otologia: Opções em Cirurgia Otológica Moderador: M. Rodrigues e Rodrigues Palestrantes: Victor Correia da Silva, Sílvio Caldas,

CONFERÊNCIA INAUGURAL Opening Lecture

11:45-12:30

Oswaldo Cruz, Pedro Escada

Presidente

19:00

COCKTAIL DINATOIRE Centro de Congressos da Alfândega

12

SALA

D. LUÍS

8

SALA

12:30-13:30

Almoço

13:30-15:00 15:00-15:45

SIMPOSIUM AMPLIFON

12:30-13:30

INFANTE Reabilitação Auditiva: Desde as Próteses aos Implantes 13:30-15:00 15:00-15:30

CONFERÊNCIA

MAIO

Presidente

SALA SEXTA-FEIRA

Jorge Spratley

Healing of Chronic Tympanic Perforations and Plasminogen

ARRÁBIDA

CONFERÊNCIA

15:30-16:00

14:00-15:30

14:00-18:00

Presidente

Programa da Responsabilidade da Comissão de Roncopatia e SAOS

Programa da Responsabilidade da Comissão da Boca, Faringe e Glândulas Salivares

Roncopatia e Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono-3M-Dados para um Consenso

Cancro Cavidade Oral em Debate Aberto

Panelistas Ana Paula Santos, Carla Amaro, Carlos Matos, Chaves Caminha Tiago Pimentel

Mastoidectomia Simultânea Aberta-Fechada

TARDE

Shiro Tomita

Presidente

A. Gameiro dos Santos

Enxerto Composto na Timpanoplastia Miguel Coutinho, João Lino CHP - Hospital de Santo António

Miguel Magalhães, António Branquinho, Carlos Pinheiro

Pausa para Café | Visita à Exposição Técnica

16:30-17:00

Sialoendoscopia Diagnóstica e de Intervenção

MINI SIMPOSIUM FILSAT ICS Impulse- Diagnostico Vestibular Revolucionário

17:00-17:30

Carlos Macor

SALA

CURSO

Almoço

CURSO

15:00-15:45

Fausto Fernandes

Francisco Silva

Abordagem da Dor em ORL

Papiloma Invertido - Do Diagnóstico ao Seguimento Pós-Operatório

Inês Fernandes, Paulo Vera-Cruz, Sara Viana Baptista, António Larroudé, José António Bismarck Hospital da Luz

Paulo Gonçalves, Tiago Santos CHEDV - Hospital de São Sebastião

CURSO

15:45-16:30

15:45-16:15

CONFERÊNCIA Presidente

Margarida Santos

Luís Dias

Avaliação Multidimensional na Voz Profissional Cantada

DISE - Como Fazemos no Hospital Fernando da Fonseca

Clara Capucho, Pedro Aguiar, Luís Madureira, Pedro Escada CHLO - Hospital de Egas Moniz

Filipe Freire, Cristina Adónis, Ana Guimarães, Leonel Barbosa Hospital Fernando da Fonseca

16:30-17:00

13

Presidente

Presidente

CONFERÊNCIA

16:00-16:30

SALA

SIMPOSIUM AMPLIFON SIMPOSIUM AMPLIFON ReabilitaçãoD. Auditiva: Desde as as Próteses Próteses aos aos Implantes Implantes Reabilitação Auditiva: MARIADesde D. LUIS

Presidente

António Diogo de Paiva

Moderador Fausto Fernandes

CURSO

Delfim Duarte, Sara Cruz, Nuno Costa, Clara Magalhães Hospital Pedro Hispano

Sten Hellström

Abertura do Secretariado

14:00-15:30

RINOLOGIA E CIRURGIA PLÁSTICA FACIAL CL 15 a CL 25

Medicina Hiperbárica em O.R.L

Entrega dos Prémios da Revista SPORL Journal Awards

D. MARIA

COMUNICAÇÕES LIVRES

Paulo Vera-Cruz

O PORTO E AS PONTES PARA A GALIZA E O BRASIL Prof. Joel Cleto

SALA

11:00-12:30

Vertigem e Desequilíbrio: Como Diagnosticar

Rosa Castillo, Rosmaninho Seabra Hospital CUF Porto, Hospital de Santiago, Hospital dos Lusíadas Porto, Clínica Vertigem e Zumbido

18:00-19:00

CERIMÓNIA DE ABERTURA Opening Ceremony

CURSO Pedro Araújo

Almoço

13:30-15:00 12

Pausa para Café | Visita à Exposição Técnica Presidente

Reabilitação Auditiva: Desde as Próteses aos Implantes

Estapedo(ec)tomia com TORP - Análise Casuística e Biomecânica

Assembleia Geral do Colégio da Especialidade

16:30-17:00 Pausa para Café Visita à Exp.Técnica

MINI SIMPOSIUM FILSAT ICS Impulse- Diagnostico Vestibular Revolucionário

17:00-17:30

Pausa para Café | Visita aos Stands

15:30-16:00 16:00-17:30

Programa da Responsabilidade da Comissão de Laringologia, Cirurgia Cabeça e Pescoço

Urgências em ORL Pediátrica

Continuidade da via Aerodigestiva - Abordagem Interdisciplinar com Pneumologia e Gastroenterologia

Moderador: Miguel Bebiano Coutinho

Dificuldade Respiratória Ricardo Dâmaso

Complicações das Sinusites Herédio Sousa

Complicações das Otites Ana Nóbrega Pinto

Abcessos Parafaríngeos Diana Ribeiro

Os Tumores Extensos com Invasão Endotraqueal. Abordagem Cirúrgica Convencional e Indicações dos Stents

Presidente

José Colaço

Discussão e Casos Clínicos Luísa Monteiro, Jorge Spratley, Felisberto Maricato

Renata Dutra

XLIV Reunión de la Sociedad Gallega de Otorrinolaringología y Patología Cérvico-Facial

CONFERÊNCIA Presidente

A. Sousa Vieira

Osteotomias nas Rinoplastias: Como Fazer com Segurança José Dolci

17:30-18:00

CONFERÊNCIA

Presidente

Jorge Quadros

João Subtil

Implante Auditivo do Tronco Cerebral

Rinossinusite Fúngica Invasiva: Como eu Faço

Ricardo Bento

18:00-18:30

Presidente

CONFERÊNCIA

Wilma Anselmo Lima

18:00-18:30

Presidente

CONFERÊNCIA Presidente

Miguel Magalhães

João Martins

Deodato Silva

Laringuectomia Supraglótica: Cirugía Abierta Versus Cirugía Transoral

Cirurgia Otológica Endoscópica

Rinossinusite Crónica na Criança

José Ricardo Testa

Juan Pedro Rubio Rodriguez

18:30 | 19:00 Presidente

A Cirurgia da Cabeça e do Pescoço no Plano Formativo da ORL

17:30-18:00

CONFERÊNCIA

18:00 | 18:30

CONFERÊNCIA

Presidente

Halitose: Roteiro de Avaliação e Tratamento

A Disfagia Orofaríngea após os Tratamentos de Preservação do Orgão. Abordagem Interdisciplinar

Sara Viana Baptista, Sofia Tello Furtado (Pneumologia), Ricardo Riotinto (Gastroenterologia), Eurico Monteiro, Jorge Migueís

17:30-18:00

João Elói

Tosse Crónica e sua Abordagem

Vertigem Pediátrica

CONFERÊNCIA

17:30-18:00

16:00-17:30

Programa da Responsabilidade da Comissão de ORL Pediátrica

17:30-18:00

10:30-11:00

11:00-12:30 MESA REDONDA SIMPOSIUM AMPLIFON

12:30-13:30

19:00

11:00

Pedro Montalvão, Pedro M. Sousa, Alberto Santos, Carla Amaro, José Saraiva Hospital CUF Descobertas

Oswaldo Cruz, Pedro Escada

Presidente Entrega dos Prémios da Revista Carlos Ribeiro SPORL Journal Awards

CURSO

Luís Antunes

Pedro Marques, Pedro Araújo

O PORTO E AS PONTES PARA A GALIZA E O BRASIL CONFERÊNCIA Prof. Joel Cleto

RINOLOGIA E CIRURGIA PLÁSTICA FACIAL CL 01 a CL 14

Tumores das Glândulas Salivares: Diagnóstico e Tratamentos

Moderador: M.Castillo Rodrigues e Rodrigues Palestrantes: Marcos Rossi Izquierdo, Rosa

Opening Lecture José Neves, João Bacelar, Carlos Caropreso

08

Presidente

Opções em Cirurgia Otológica Moderador: Andrés Otologia: Soto-Varela

PerspectivasCONFERÊNCIA em Cirurgia INAUGURAL Plástica Facial 17:30-18:00

Gestão de Lesões Potencialmente Malignas da Mucosa Oral

Exploração Vestibular Instrumental - Qual, Quando e Como?

18:00-19:00

Programa da Responsabilidade daABERTURA Comissão de Rinologia CERIMÓNIA DE e Cirurgia OpeningPlástica CeremonyFacial

CURSO Presidente

Carlos Torrão Pinheiro

Alberto Santos, João Subtil, Jorge Varandas, Pausa para Café | Visita à Exposição Técnica Marta Galrito, Carlos Macor MESA REDONDA Serviço de ORL do Hospital Beatriz Ângelo, PAINEL Serviço de Estomatologia do Hospital de Santa Maria A. Maia Gomes

COMUNICAÇÕES LIVRES

Mario Fernández Fernández

09:00-09:45

Pedro Marques, Pedro Araújo

António Carlos Miguéis

08:30-10:30

Transoral Ultrasonic Surgery (Touss): Un Nuevo Abordage para los Tumores de Faringe y Laringe

António Carlos Miguéis Xira

Haúla Haider, Nuno Trigueiros, João Paço Hospital CUF Infante Santo

Carlos Ribeiro

15:30-16:00

PAINEL

Tinnet - Tinnitus's New Treatments

MANHÃ

CONFERÊNCIA

CONFERÊNCIA

D. LUIS

Eurico Monteiro

Presidente Palestrantes: Marcos Rossi Izquierdo, Rosa Castillo

Perspectivas em Cirurgia Plástica Facial

SALA

D. MARIA

Presidente

Presidente

CONFERÊNCIA Moderador: Andrés Soto-Varela

Carla André

José Neves, João Bacelar, Carlos Caropreso

SALA

08:30-10:30

Exploração Vestibular Instrumental - Qual, Quando e Como?

09:00-09:30

SEXTA-FEIRA

Programa da Responsabilidade daResponsabilidade Comissão de Otologia Programa da da Comissão de Rinologia Otoneurologia e Cirurgia da Base do Crânio e Cirurgia Plástica Facial

17:30-18:00

Presidente

Hospital Vila Franca de

16:00-17:30

Potpouri em Otologia | Otoneurologia

Tinnet - Tinnitus's New Treatments

Haúla Haider, Nuno Trigueiros, João Paço CONFERÊNCIA Hospital CUF Infante Santo

Timpanosclerose Carla Branco

Pausa para Café | Visita aos Stands

15:30-16:00

SALACONFERÊNCIA

Presidente

INFANTE Carla André

Ana Paula Branco 09:30-10:30

MAIO

14:00-15:30

CONFERÊNCIA

Ana Paula Branco

MAIO

14:00-15:30

QUINTA-FEIRA

SALA

CONFERÊNCIA

18:30-19:00

CONFERÊNCIA

Presidente

Eulália Sakano

18:30-19:00

CONFERÊNCIA Presidente

Carlos Neves

Pedro Tomé

Ilídio Gonçalves

Blefaroplastia Transconjuntival com Reposicionamento de Gordura

Actualización en Mastoiditis Aguda Infantil

Paralisia Facial Periférica - Aspectos Diagnósticos e Testes Prognósticos

Carlos Caropreso

Ana Faraldo Garcia

Paulo Lazarini

15 15

14

CONFERÊNCIA Presidente

António Larroudé

Alternativas a la Cirugía Robótica en Orofaringe: TOUSS vs TORCH Pablo Parente Arias

09



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