Jornal da Diabetes 2015

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Jornal da

Diabetes Mais de um milhão de portugueses com diabetes

240.000 dos quais têm retinopatia diabética PUB

Compromisso com a

Oftalmologia


Dois milhões correm risco de desenv Mais de um milhão de portugueses (13,1%), no grupo etário dos 20 aos 79 anos de idade, tem diabetes. Mas a realidade torna-se ainda mais preocupante quando a este número se juntam mais de dois milhões com pré-diabetes, e a tendência é de crescimento. Os dados são do relatório anual do Observatório Nacional da Diabetes, apresentado no início de novembro, e reportam-se ao ano de 2014. De acordo com o relatório do Observatório Nacional da Diabetes (Diabetes: Factos e Números 2015), todos os dias são diagnosticados mais 150 portugueses com a doença, sendo que, em 2014, foram detetados 54.167 casos. Contudo, cerca de 40% das pessoas com diabetes nem sequer sabem que têm a doença, o que aumenta o risco de virem a sofrer complicações (oftalmológicas, renais, hepáticas e sobretudo cardiovasculares, sendo mesmo a principal causa de morte nesta população). Em entrevista, Álvaro Coelho, coordenador do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, alerta que a diabetes, que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue, “é uma das Álvaro Coelho entidades mais prevalentes nos países desenvolvidos e, particularmente, naqueles considerados em vias de desenvolvimento, incluindo Portugal”, sublinhando que a prevalência da doença, das suas complicações e dos seus custos tem aumentado a cada ano que passa. Segundo o internista, a diabetes é uma doença silenciosa que resulta, sobretudo, do sedentarismo, da obesidade

e do próprio envelhecimento. “É possível contribuir para a diminuição da prevalência da diabetes através da identificação das populações de risco e fazendo incidir sobre as mesmas um determinado tipo de vigilância clínica e de educação para a saúde”, indica, acrescentando que este processo deve envolver todas as entidades responsáveis pela comunidade, como é o caso das autarquias. Com o passar dos anos, a probabilidade de vir a sofrer complicações da diabetes aumenta, sendo “fundamental efetuar diagnósticos atempados para que seja possível tratar antes que apareçam as complicações”. O coordenador do NEDM adverte, no entanto, que a conjugação da diabetes com outras doenças, por exemplo, do foro cardiovascular, respiratório, renal, oftalmológico, ou gastrintestinal, coloca o problema da polimedicação (toma de vários medicamentos) e, consequentemente, das interações medicamentosas, que podem depois repercutir-se no bom ou no mau equilíbrio da diabetes e, consequentemente, no aparecimento das complicações.

Tipos de diabetes

Alguns números

Existem vários tipos de diabetes, mas, segundo Álvaro Coelho, há três que são mais frequentes:

•E m 2014, estima-se a existência de 387 milhões de pessoas

Diabetes tipo 1: normalmente atinge a população mais jovem, aparece de forma súbita na sequência de uma doença imunológica e deve-se à cessação de produção de insulina. Diabetes tipo 2: é o tipo mais frequente e afeta frequentemente a população mais adulta (cerca dos 40 anos), sedentária, com excesso de peso ou obesidade, com uma vida stressada, com cuidados de alimentação mais negligenciados e habitualmente com uma incidência familiar mais evidente. Diabetes gestacional: Acontece na gravidez e exige um acompanhamento específico e diferenciado depois do parto. Há depois outros tipos de diabetes, mais raros, que habitualmente são enquadrados pelas equipas de saúde num plano assistencial próprio.

com diabetes. •A maior parte de pessoas com diabetes tem idade compreendida entre os 40 e os 59 anos. •H á 179 de milhões de pessoas com diabetes que desconhecem que possuem a doença. •A diabetes provocou 4,9 milhões de mortes em 2014. Fonte: Relatório Diabetes: Factos e Números 2015 (Observatório Nacional da Diabetes)

Médico de família e internista têm papel importante no seguimento da doença De acordo com Álvaro Coelho, nas doenças crónicas, como a diabetes, o médico mais importante é o de proximidade, ou seja, o especialista em Medicina Geral e Familiar, porque é habitualmente o primeiro a ser procurado pelo doente. No entanto, e porque a pessoa com diabetes também é frequentadora do hospital, a Medicina Interna assume um papel relevante no acompanhamento destes doentes. “Normalmente, é na mão dos internistas que se veiculam os grandes problemas dos diabéticos no hospital, sendo estes responsáveis pela maioria dos diagnósticos, primeiras assistências e internamentos”, adianta.


nvolver diabetes Fatores de risco • Idade (a partir dos 45 anos) • Excesso de peso ou obesidade • Sedentarismo ou falta de atividade física • Erros alimentares • Dislipidemia • Hipertensão arterial • Stress

Como prevenir • Identificando a população de risco, fazendo exercer condições clínicas de vigilância e de monitorização. • Envolvendo as entidades responsáveis pelo bem-estar da população. • Promovendo uma alimentação saudável. • Praticando exercício físico de forma regular. • Facilitando o acesso aos cuidados de saúde.

Prevalência da diabetes por sexo

15,8%

10,8%

Fonte: Relatório “Diabetes: Factos e Números 2015” (Observatório Nacional da Diabetes)

Como se trata a diabetes O tratamento da diabetes tipo 1 é sempre feito com recurso à administração de insulina, associada aos cuidados com a alimentação e à prática de atividade física. No caso da diabetes tipo 2, quando não é possível controlar a doença com a adaptação alimentar e o aumento da atividade física, é preciso recorrer ao tratamento farmacológico e, em certos casos, utilizar insulina. “Uma vez instalada a diabetes, é obrigatório estabelecer um plano de cuidados. As principais medidas prendem-se com a prática de um estilo de vida saudável. Depois, é necessário eliminar alguns fatores agressivos, como o tabaco ou as bebidas alcoó-

licas”, frisa Álvaro Coelho, acrescentando que é preciso também ter em conta outras situações que surgem comummente, como a variação do peso e a tensão arterial. Segundo o médico, o tratamento da doença é feito em função do indivíduo com diabetes e da equipa de saúde, protagonizada pelo médico assistente que, juntamente com a pessoa com diabetes ou o seu cuidador, estabelece o melhor plano para cada situação. “O mais importante é que o tratamento seja efetuado o mais cedo e o mais adequadamente possível”, sublinha. É preciso ter em conta uma série de condicionamentos, nomeadamen-

te os riscos de cada medicamento, os efeitos adversos, as contraindicações e também a adesão do indivíduo e do sistema ao plano que se pretende estabelecer. Um dado curioso é o facto de a utilização de insulina continuar a ser tabu, pois, apesar de Portugal ser um dos países com mais elevada taxa de diabéticos, é dos que a utiliza menos na Europa. De acordo com Álvaro Coelho, esta situação relaciona-se mais com a equipa de saúde do que com o próprio diabético, uma vez que “a insulina obriga a cuidados acrescidos que nem sempre as condições sociais e profissionais permitem”.


A perda de visão pela retinopatia diabética é, em grande parte, evitável

Rufino Silva Presidente do Grupo de Estudos da Retina

A retinopatia diabética é a primeira causa de cegueira em Portugal entre os 20 e os 65 anos. Mas esta cegueira pode ser evitada se houver um bom controlo metabólico e um diagnóstico e tratamento mais precoces da retinopatia diabética. Se tem diabetes, é importante saber que, hoje em dia, devido a melho-

res métodos de diagnóstico e tratamento, apenas uma pequena percentagem de pessoas que desenvolveram retinopatia poderá vir a ter problemas sérios de visão. A deteção precoce da retinopatia diabética constitui a melhor proteção contra a perda de visão. Existem, em Portugal, cerca de 1.000.000

de diabéticos e 240.000 têm retinopatia diabética. Pode-se reduzir de maneira significativa o risco de perda de visão mantendo um controlo rigoroso do nível de açúcar no sangue, controlando a tensão arterial e o colesterol, fazendo exercício físico regular e consultando regularmente um oftalmologista.

O que é a retinopatia diabética

Tratamento

Como é feito o diagnóstico

Se sofre de diabetes, o seu corpo não utiliza nem armazena o açúcar de maneira adequada. Altos níveis de açúcar no sangue podem lesar os vasos sanguíneos na retina, a camada nervosa no fundo do olho que percebe a luz e ajuda a enviar imagens até ao cérebro. As lesões dos vasos retinianos e da retina são designados como retinopatia diabética.

O melhor tratamento consiste em prevenir o desenvolvimento da retinopatia o máximo que puder. Controlar rigorosamente o nível de açúcar no sangue, tratar a hipertensão arterial e a hipercolesterolemia, fazer exercício físico regular, tudo isto reduzirá significativamente o risco a longo prazo da perda de visão por retinopatia diabética. Quando as lesões progridem e ameaçam a visão ou estão já a provocar perda de visão, o médico oftalmologista terá que intervir, através de uma ou várias formas de tratamento. A cirurgia a laser, as injeções intravítreas de antiangiogénicos e/ou os implantes de corticoides são frequentemente utilizados no tratamento de pessoas portadoras de edema macular, retinopatia diabética proliferativa e glaucoma neovascular. Para o edema macular, o laser trata a retina lesada próximo da mácula para diminuir a passagem de fluído. O objetivo principal do tratamento é prevenir maior perda de visão. Os novos tratamentos do edema macular, nomeadamente as injeções intravítreas de antiangiogénicos e/ou os implantes de corticoides aumentam a possibilidade de recuperar visão perdida devido ao edema macular. Na retinopatia diabética proliferativa, o laser trata todas as partes da retina, exceto a mácula. Este tratamento com fotocoagulação retiniana, efetuado em várias sessões, faz com que os novos vasos anormais regridam e muitas vezes impede-os de crescer no futuro. Diminui ainda a possibilidade da hemorragia do vítreo ocorrer. Em casos de retinopatia diabética avançada (retinopatia diabética proliferativa muito grave), o oftalmologista pode indicar uma vitrectomia, um procedimento microcirúrgico efetuado na sala de operações.

Um exame oftalmológico feito por um oftalmologista é a melhor maneira de descobrir as mudanças dentro dos seus olhos. Se o seu oftalmologista encontrar lesões de retinopatia diabética, pode pedir fotografias coloridas da retina ou realizar outros exames, como a tomografia de coerência ótica ou a angiografia a fluoresceína, para avaliar se está a necessitar de tratamento e decidir qual o melhor tratamento.

Fundo do olho normal

Fundo do olho com retinopatia diabética

Quando marcar um exame no médico oftalmologista Um diabético tipo 2 deve ser observado por um médico oftalmologista logo após o diagnóstico de diabetes. Um diabético tipo 1 deve ser observado pelo menos 5 anos após o diagnóstico da diabetes. As pessoas portadoras de diabetes devem ser observadas anualmente por um médico oftalmologista. Exames mais frequentes feitos também por um médico oftalmologista podem ser necessários depois de diagnosticada a retinopatia diabética. Recomenda-se que mulheres grávidas com diabetes marquem uma consulta no primeiro trimestre porque a retinopatia pode progredir rapidamente durante a gravidez.

Alterações da visão Visão para longe

Visão para perto

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