Haúla Haider
João Paço
Pedro Escada
Tinnet: tinnitus new treatments
Implante e doença de Ménière
O Congresso dos otorrinolaringologistas
_ P. 5
_ P. 8
_ P. 4
Filipe Martins Freire DISE no Hospital Fernando da Fonseca _ P. 6
Clara Capucho Avaliação multidimencional da voz cantada _ P. 10
Publicações
Congresso diretor: josé alberto soares Distribuição gratuita 9 de maio
Ciência e Amizade
unem Portugal, Galiza e Brasil PUB
7 de maio
www.justnews.pt
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Quase
600
Três países, dois continentes
inscritos no encontro de otorrinos na Alfândega do Porto.
Andrés Soto Varela, Luís Maria Gil-Carcedo, Cecília Almeida e Sousa, Carlos Ribeiro, Sady Selaimen, Jorge Spratley e Ezequiel Barros
Para que conste! Parece que Delfim Duarte (na foto, com Rui Cernadas) é o único otorrino que possui os pins das três sociedades científicas reunidas no Porto, sendo que o da SGOP-CF é de prata.
A boa disposição reinou na altura do brinde...
Elementos da equipa Veranatura
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Em 1.º plano, os presidentes das sociedades portuguesa, brasileira e galaica, com a presidente eleita da ABORL-CCF, Wilma Lima. Por trás, a comitiva brasileira.
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Sessão de abertura
Um encontro de sociedades unidas pela Ciência e pela Amizade Artur Condé: “As doenças não têm fronteiras e este Congresso, que reúne Portugal, Galiza e Brasil, é o exemplo de que é preciso partilhar o conhecimento para melhor tratar os doentes.” Todos sublinharam “o papel determinante da ligação científica e de amizade” que existe entre Portugal, Espanha e o Brasil.
No final da cerimónia de abertura, foram entregues os prémios da revista: SPORL Journal Awards
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“As doenças não têm fronteiras e este Congresso, que reúne Portugal, Galiza e Brasil, é o exemplo de que é preciso partilhar o conhecimento para melhor tratar os doentes.” As palavras são de Artur Condé, presidente do Colégio da Especialidade de ORL da Ordem dos Médicos, que esteve presente na sessão de abertura do 62.º Congresso da SPORL/8.º Congresso Luso-Brasileiro da SPORL/IX Reunião Luso-Galaica de ORL. Na sua intervenção, o responsável realçou ainda o trabalho desenvolvido pelo presidente de honra do evento, o otorrinolaringologista Eurico de Almeida. “É um profissional que muito tem dado à especialidade e um representante da medicina privada, para a qual devemos olhar com outros olhos.” O presidente da SPORL, Carlos Ribeiro, salientou também o papel de Eurico de Almeida, “que nos incentiva sempre à partilha de conhecimento”. Apontou ainda “a amizade que une a SPORL, a Sociedad Española de Otorrinolaringología y Patología Cérvico-Facial (SEORL), a Sociedad Gallega de Otorrinolaringología y Patología Cérvico-Facial (SGORL) e a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL). O presidente de honra, Eurico Almeida, recordou, por sua vez, “o privilégio de trabalhar num hospital nos EUA onde tinha acesso a um laboratório de Otologia e a um centro de cirurgia animal que muito ajudou na prática clínica.” Para terminar, deixou um apelo a todos os profissionais da especialidade: “O mais importante é a paixão que dedicamos ao que fazemos, que nos permite enfrentar as contrariedades com outra alegria.” Na sessão de abertura também estiveram presentes os presidentes da SEORL, Jose Maria Luis-Carceda, da GORL, Andrés Soto Varela, e da ABORL, Sady Selaimen. Todos sublinharam “o papel determinante da ligação científica e de amizade” que existe entre Portugal, Espanha. Outros intervenientes na sessão que deu início ao evento foram Maria Amélia Ferreira, diretora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e Rui Cernadas, vice-presidente da ARS Norte.
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Papiloma invertido O Congresso dos (PI) – do diagnóstico otorrinolaringologistas ao seguimento pós-operatório Pedro Alberto Escada Diretor do Serviço de ORL do Hospital de Egas Moniz, CHLO. Professor auxiliar convidado da Faculdade de Ciências Médicas / Nova Medical School
Paulo Gonçalves
Tiago Soares Santos
CHEDV- Unidade de St.ª Maria da Feira
CHEDV- Unidade de St.ª Maria da Feira
O papiloma invertido é uma neoplasia benigna do nariz e seios perinasais (SPN). Constitui 0,5-4% das neoplasias operadas desta área ORL. Sendo uma neoformação benigna, tem características próprias que necessitam de atenção especial: invasão das estruturas adjacentes, ou seja, é localmente agressivo, tem tendência a recorrer/recidivar e, numa percentagem não negligenciável, pode evoluir desfavoravelmente para uma neoplasia maligna. Assim, propusemo-nos a fazer um curso sobre esta patologia. Com este curso, que se realizou ontem, dia 8 de maio, apresentámos a nossa experiência na abordagem dos papilomas invertidos nasossinusais, após operar 25 pacientes com esta patologia e recorrendo essencialmente à cirurgia endoscópica nasossinusal.
Da nossa experiência e da comparação com outras séries publicadas, abordámos vários aspetos que nos parecem importantes ao lidar com o papiloma invertido, do diagnóstico ao follow-up. Em relação ao diagnóstico, chamámos a atenção para o grau de suspeição que devemos ter, nomeadamente, quando nos deparamos com uma lesão “polipóide” predominantemente unilateral, e à necessidade de biópsia sistemática destas lesões pré-operatoriamente. Dentro dos exames complementares necessários, colocámos a ênfase no estudo por TAC destas neoplasias. A TAC, se bem avaliada pré-operatoriamente, pode ajudar a prever o local de implantação do papiloma invertido (apresentamos um estudo próprio sobre o tema). Realçámos, no entanto, também a importância da RMN, que pode ser necessária para distinguir tumor de inflamação, ou em caso de invasão de estruturas contíguas aos SPN. Em certos casos, só da análise conjunta destes dois exames é possível planear corretamente a abordagem cirúrgica. No que respeita à técnica cirúrgica, apresentámos vídeos próprios que relevam os “hints and pitfalls” que nos parecem mais importantes. Em certos casos, o exame extemporâneo, mesmo tratando-se de uma neoplasia benigna, parece-nos útil como forma de prevenir recorrências. Também em casos pontuais a ajuda da cirurgia guiada por imagem pode ser útil para irmos “mais longe”, evitando complicações. Por fim, abordámos o follow-up destes doentes, quer endoscópico, quer por imagem. Esperamos que tenha sido um curso proveitoso e do agrado dos seus participantes.
O papiloma invertido é uma neoplasia benigna do nariz e seios perinasais (SPN). Constitui 0,5-4% das neoplasias operadas desta área ORL.
O Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial é a reunião científica mais importante dos otorrinolaringologistas portugueses e é um fórum cada vez mais atrativo para a generalidade dos médicos de todos os serviços e de todas as instituições, dos médicos internos aos
médicos séniores e mesmo aos jubilados da nossa especialidade. No interior dos serviços hospitalares, o Congresso Nacional é tema permanente de preocupações, atividade clínica, trabalhos, reuniões e ambições durante vários meses de cada ano. Na verdade, poucos meses passados depois do Congresso, depois desse curto descanso, volta tudo ao mesmo: novo Congresso, o brainstorming para a definição dos temas, o desenvolver das ideias, as pesquisas, os trabalhos que ficam perfeitos, que nos enchem de orgulho, ou que achamos exemplares, e também os que não se concretizam por falta de dados ou aqueles que ficam adiados porque o tempo que falta não é suficiente para os finalizar. Segue-se depois o processo de submissão e de seleção dos trabalhos, a expectativa e, por fim, a satisfação ou a frustação de ver ou não o trabalho selecionado, a preparação da apresentação final, o ensaio realizado nos serviços e muitos nervos e ansiedade para a apresentação do trabalho que, para cada um, é afinal o melhor trabalho do Congresso! Para outros, o Congresso tem outras responsabilidades: organizar,
ensinar, fazer seleções que não são fáceis, pois, a vontade de participação é grande e a qualidade das participações é cada vez mais equiparada à das reuniões científicas internacionais. Para estes, o maior desafio é o de corresponder e estar à altura da vontade dos mais novos de aprender e, ao mesmo tempo, de mostrar o seu grande entusiasmo em expor os conhecimentos e as competências que já adquiriram na sua... curta, carreira! Por fim, o Congresso é uma reunião de amigos, de colegas que já não víamos há anos, de pessoas que admiramos e gostamos de rever, de outros com quem trabalhámos, ou estudámos, ou de quem já nem nos lembrávamos. O meu primeiro Congresso Nacional foi em Coimbra, há mais de 25 anos, e foi um clássico: atividade científica intensa, finalizada por viagem para um concerto seguido de jantar no Palácio de São Marcos. Mas sempre gostei dos congressos no Porto, a mais civilizada e europeia das nossas cidades com um rio. E o Congresso não é só na cidade, é mesmo sobre o rio. Seguramente que o Congresso de 2015 será, sob todos os aspetos, para lembrar.
Cartilagem auricular e costal em rinoplastia A rinoplastia é uma cirurgia elaborada, minuciosa, feita de pequenos detalhes. De acordo com Rui Xavier, otorrinolaringologista do Hospital da Arrábida, nos casos mais complexos e nos de rinoplastia de revisão, a utilização de fontes alternativas de cartilagem pode fazer a diferença entre um resultado cirúrgico mediano e um excelente, pelo que “o cirurgião não deve hesitar na decisão de colher cartilagem auricular ou cartilagem costal para otimizar o resultado”. Segundo indica, a cirurgia estética e funcional do nariz tem vindo a ter uma procura crescente por parte da população portuguesa e a ORL nacional tem tido a capacidade e o know-how necessários para dar resposta a tal demanda. “O alargamento do número e da complexidade dos casos de rinoplastia que se apresentam à ORL nacional, bem como o elevado grau de exigência dos resultados cirúrgicos, levam, cada vez mais, à necessidade de utilização de fontes alternativas de cartilagem para utilização em rinoplastia”, menciona. E acrescenta: “A utilização de cartila-
Rui Xavier
gem autóloga, embora prolongue o ato cirúrgico, oferece múltiplas vantagens relativamente a outro tipo de materiais, pelo que deve ser privilegiada.” Na sua ótica, é importante que a Otorrinolaringologia disponha de um “armamentarium cirúrgico” capaz de dar resposta a todos os tipos de deformidade nasal ou de disfunção da
via aérea nasal. “A cartilagem auricular é uma fonte importante para a criação de múltiplos tipos de enxertos nasais, estéticos e funcionais, enquanto a cartilagem costal, pelas suas propriedades físicas e mecânicas, não tem paralelo quando é necessário produzir enxertos estruturais da pirâmide nasal”, sublinha Rui Xavier. Para terminar, e quando questionado acerca dos avanços que se têm verificado nesta área, o otorrino afirma que a rinoplastia é uma cirurgia em permanente evolução, não só no que respeita às técnicas cirúrgicas utilizadas, constantemente melhoradas, mas também no que se refere à própria filosofia da intervenção cirúrgica. “Há, atualmente, um maior ênfase na preservação da estrutura nasal, no reforço dos elementos de suporte da ponta e do dorso nasais, na utilização de técnicas cirúrgicas menos agressivas e mais construtivas”, frisa Rui Xavier, concluindo existir, claramente, uma mudança do paradigma da rinoplastia, que passou de cirurgia de ressecção para cirurgia de remodelação.
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Tinnet: tinnitus new treatments De acordo com Haúla Haider, otorrinolaringologista no Hospital Cuf Infante Santo, em Lisboa, a grande dificuldade dos médicos otorrinos no tratamento eficaz do tinnitus ou acufeno reside, sobretudo, no facto de existir uma grande heterogeneidade na sua própria etiologia. “Isto implica que uma abordagem terapêutica acabe por não ser eficaz para todos os tipos de acufenos”, explica.
como objetivo elaborar guidelines de observação e caracterização do doente com acufenos, onde serão especificados, por exemplo, quais os exames standard que
devem ser solicitados e o tipo de observação que se deve incluir. Existe um questionário eletrónico, já distribuído pelos otorrinolaringologistas,
com o propósito de se fazer um estado da arte em relação à abordagem e à terapêutica do doente com acufenos. Os resultados intermédios dizem que não há, ainda,
uma standardização. “Não existem metodologias de abordagem de doentes de acufenos transversalmente uniformes aos diferentes países da Europa”, conclui.
Haúla Haider
Durante a conferência Tinnet: tinnitus new treatments, Haúla Haider teve como objetivo apresentar este projeto europeu, Tinnet Cost-Action BM1306, no âmbito do qual representa Portugal, através do Hospital Cuf Infante Santo. Segundo indica, esta iniciativa pretende identificar subtipos de acufenos clinicamente relevantes, com vista a orientações para futuras terapêuticas mais eficazes – novos tratamentos ou otimização dos já existentes.
Durante a conferência Tinnet: tinnitus new treatments, Haúla Haider teve como objetivo apresentar este projeto europeu, Tinnet Cost-Action BM1306. O projeto inclui cinco grupos de trabalho, o Clínico, o de Outcomes Measurements, o de Genética, o de Base de Dados (estatística e standardização) e o de Neuroimagem. “Um dos grandes objetivos é, também, standardizar o tipo de exames pedidos em ensaios clínicos com acufenos, para que os vários grupos de investigação europeus e/ou internacionais possam partilhar/comparar os resultados obtidos em diferentes estudos”, indica Haúla Haider. E acrescenta: “A finalidade é que os trabalhos efetuados em diferentes partes do globo sejam comparáveis.” Estes grupos de trabalho têm ainda
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Surdez unilateral
Felippe Felix Coordenador do Ambulatório de Surdez do Hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Esse tipo de quadro é uma condição na qual o indivíduo tem uma orelha não funcional de um lado e audição normal no outro. Atinge de 12 a 27 indivíduos por 100.000 habitantes, sendo a maioria de origem súbita e idiopática. As pessoas
com esse problema apresentam dificuldade de localizar de onde vem o som e dificuldade de entender o que está sendo falado em ambientes com muito ruído de fundo, como festas ou restaurantes. Até recentemente, pouco tínhamos a oferecer a esses pacientes, já que não poderiam adaptar um aparelho convencional na orelha com surdez. Hoje, três tipos de tecnologia podem ser usados para esse grupo: aparelhos auditivos do tipo CROS, próteses osteointegradas e implantes cocleares. Os aparelhos auditivos tipo CROS agem da seguinte forma: na orelha com surdez fica o aparelho recetor, que captará o som do ambiente e o transmitirá por conexão sem fio ao outro aparelho que estará na orelha ouvinte. Esteticamente adequado, sem necessidade de cirurgia, no entanto, ainda há falta de localização sonora espacial e dificuldade de compreensão de fala no ruído. As próteses osteointegradas foram originalmente propostas para pacientes com perda auditiva do tipo condutiva,
como nas má-formações de orelha. Além disso, seu uso começou a ser difundido entre os pacientes com surdez unilateral profunda. O pino de titânio é implantado do lado com surdez e ao acoplar o aparelho a onda sonora percorre o crânio e
Esse tipo de quadro é uma condição na qual o indivíduo tem uma orelha não funcional de um lado e audição normal no outro.
atinge o lado ouvinte por vibração óssea. No entanto, é uma falsa sensação de bilateralidade, pois, a dificuldade de localização sonora e audição em ambientes com ruído de fundo intenso prejudicada continua. O implante coclear foi feito para pacientes com surdez profunda bilateral e por muito tempo nunca foi pensado para perda auditiva profunda unilateral. Como o escutado pelo implante é diferente do som natural, o paciente escutaria o mesmo som de diferentes formas e poderia atrapalhar a compreensão da mensagem. Entretanto, pacientes com perda auditiva profunda unilateral e zumbido intratável apresentaram bons resultados e, mais atualmente, para perdas auditivas profundas unilaterais, mesmo sem zumbido. Os primeiros trabalhos mostraram melhora na localização sonora espacial e compreensão da fala no ruído, mas novos estudos precisam mostrar a adesão a longo prazo. Os tempos mudaram para os pa-
Os tempos mudaram para os pacientes com surdez profunda unilateral.
cientes com surdez profunda unilateral. Antes não havia muito a oferecer, hoje temos diferentes opções, com vantagens e desvantagens em cada uma delas, permitindo ao paciente que escolha junto com seu médico o que mais lhe agrada.
DISE no Hospital Fernando da Fonseca A Drug Induced Sleep Endoscopy (DISE) é um exame complementar que auxilia na avaliação dos doentes com roncopatia / SAHOS, no sentido de permitir uma maior eficácia das atitudes terapêuticas, nomeadamente nas decisões cirúrgicas propostas. No entender de Filipe Martins Freire, diretor do Serviço de ORL do Hospital Fernando da Fonseca, na Amadora, a DISE representa uma mais-valia no estudo destas patologias. “Acredito que dentro de pouco tempo será incontornável que venha a ser proposto fazer-se previamente este tipo de exames sob sedação, para podermos ter um grau de certeza e de fiabilidade acrescidos, antes de propormos uma solução ao nosso doente”, refere. Este é um exame que se aplica, essencialmente, em indivíduos para os quais se prevê um tratamento cirúrgico, sendo
Filipe Martins Freire
desta forma possível, explica o otorrinolaringologista, confirmar com maior grau de certeza os níveis de obstrução e definir qual a cirurgia tailor made mais adequada a cada um deles. O Hospital Fernando da Fonseca tem uma Consulta de Roncopatia, organizada e sob a responsabilidade de Cristina Adónis, e conta já com mais de 70 doentes submetidos a este tipo de exame, sendo o objetivo deste curso “DISE – Como fazemos no Hospital Fernando da Fonseca” dar a conhecer a experiência, de cerca de dois anos, destes profissionais neste campo. “A DISE, cujo nome eu traduziria por nasofibroscopia no sono sob sedação, é feita em ambiente de cirurgia ambulatória, com uma sedação controlada, seguindo um protocolo do serviço, com o doente monitorizado e com apoio anestésico”, explica, acrescentando que isto lhes permite
registar e gravar as imagens dinâmicas que serão posteriormente classificadas. “Desta forma, podemos posteriormente tirar as nossas ilações e ver qual a melhor solução cirúrgica para o doente em questão.” Segundo Filipe Martins Freire, uma das finalidades deste curso é sensibilizar os presentes para esta temática. “Não é
A Drug Induced Sleep Endoscopy (DISE) é um exame complementar que auxilia na avaliação dos doentes com roncopatia / SAHOS.
uma novidade no estrangeiro, porém, em Portugal, estamos ainda a dar os primeiros passos”, indica. E reforça: “Num futuro próximo, este exame será, sem dúvida, incontornável nas tomadas de decisão cirúrgica para este tipo de patologias.”
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Informação
As próteses auditivas de ajustes de programa, volume e qualidade sonora, num aparelho auditivo, e a sua transferência automática para o outro ouvido. Integram também interfaces sem
Pedro Paiva Audiologista da MiniSom A primeira experiência de utilização de um aparelho auditivo pode ser frustrante e desagradável. A maioria das pessoas com perda auditiva levam muitos anos a tomar a decisão de utilizar aparelho, perdendo a noção de como é ter uma audição normal. Algo que seria compreensível antigamente, quando o estigma associado à utilização de aparelho ainda era muito elevado. Graças ao desenvolvimento da tecnologia digital e a um design bastante avançado, já é possível encontrar aparelhos auditivos tão pequenos que podem ser colocados no fundo do canal auditivo, sem prejuízo da reprodução sonora. O aparelho auditivo é um dispositivo eletrónico composto por um microfone que capta as ondas sonoras e as transforma em informações eletromagnéticas, posteriormente amplificadas por um microcircuito. Após a amplificação, as informações são novamente convertidas em ondas sonoras pelo recetor, possibilitando que o utilizador deste aparelho ouça os sons de forma aumentada. Há vários tipos de aparelho auditivo, a melhor opção vai depender do estado do ouvido e do tipo de perda de audição. Todos os aparelhos auditivos amplificam os sons, mas a qualidade destes pode variar imensamente. O avanço tecnológico neste campo da saúde tem contribuído para um número elevado de recursos sofisticados na criação de aparelhos auditivos e no aprimoramento da reprodução de sons. A capacidade de adaptar estes pequenos computadores de alta tecnologia às exigências pessoais diárias de cada pessoa e aos diferentes tipos de perda auditiva, está constantemente a ser aperfeiçoada, de forma a proporcionar uma melhor reprodução auditiva. Quanto mais sofisticada a tecnologia mais exata e realista será a experiência de audição. 80% dos aparelhos auditivos disponíveis no mercado atualmente baseiam-se em tecnologia digital: englobam um chip de computador que converte os sons que chegam num código digital e ajusta-os especificamente para o tipo de perda auditiva. A capacidade de regular, em pormenor, esta tecnologia resulta numa experiência auditiva mais realista e natural. A própria tecnologia sem fios também veio revolucionar este mercado. Os aparelhos mais evoluídos já integram tecnologia de ponta que permite a realização
fios que permitem ouvir diretamente o telemóvel nos aparelhos auditivos, bem como outros dispositivos, como a televisão. Alguns aparelhos mais sofisticados
permitem ainda acionar um sistema de Alerta Inteligente, que proporciona o reconhecimento de alertas domésticos. Outros recursos também estão disponíveis
A qualidade de vida passa por todos os sentidos
A MiniSom oferece um serviço profissional de apoio e cuidados de audição para a melhoria efetiva da qualidade de vida dos portugueses. Posicionada na vanguarda da tecnologia dos aparelhos auditivos, oferece os melhores cuidados de audição e apoio especializado aos seus clientes. MELHOR AUDIÇÃO, MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA. A perda auditiva não é, e não deve mesmo ser, sinónimo de isolamento e mudança de hábitos. Existem formas práticas e simples de prevenir, assim como soluções acessíveis de reabilitação auditiva que podem contribuir para uma melhoria substancial da qualidade de vida. Para que exista mudança de comportamento na pessoa com perda auditiva, é necessária influência social das pessoas e familiares mais próximos na procura da solução ideal. Esta mudança passa pelo aconselhamento profissional especializado. A MINISOM GARANTE AOS SEUS CLIENTES: Os modelos mais recentes de aparelhos auditivos dos melhores fabricantes europeus como a Unitron e as marcas exclusivas NovaSense e Selectic. Uma extensa linha de acessórios para que os utilizadores de aparelhos auditivos vivam a sua audição com total mobilidade. Experimentação GRÁTIS durante 10 dias! Aconselhamento e assistência a todas as marcas. Condições especiais na aquisição de equipamentos. A MINISOM PERTENCE AO PRESTIGIADO GRUPO EUROPEU AUDIONOVA A MiniSom nasceu em 2000, tendo em 2008 unido forças com o grupo AudioNova International. A AudioNova é uma das empresas líderes no setor da audição na Europa. Com um crescimento recorde, opera em 12 países europeus com mais de 1.300 lojas. Atualmente em Portugal, conta com 65 centros auditivos, disponibiliza ajuda personalizada a todos os que necessitam de melhorar a sua audição, oferecendo soluções adaptadas a cada caso e os aparelhos auditivos mais avançados tecnologicamente. ENTSPO0515
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nas versões mais atuais, como microfones direcionais para a fala e banda estendida de frequência, que faz com que um maior número de sons seja amplificado.
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Implante e doença de Ménière A doença de Ménière é uma doença crónica e caracteriza-se por uma sintomatologia crítica, constituída por crises de vertigem que, habitualmente, duram cerca de 20 minutos. Esta é uma situação que, dependendo dos doentes, pode ocorrer uma vez por mês, por semana ou até mesmo por dia, o que poderá ter repercussões a nível profissional, entre outras. De acordo com João Paço, coordenador do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Cuf Infante Santo, em Lisboa, estas crises de vertigem associam-se a uma surdez que de início é flutuante, mas que se torna, posteriormente, permanente e progressiva. Associado a esta sintomatologia – do lado em que a doença de Ménière se apresenta – surge o zumbido e uma sensação de ouvido cheio.
João Paço
“O mais importante nesta doença é que o doente vai, progressivamente, ficando surdo. Em cerca de 25% dos casos, esta surdez pode ser bilateral e, muitas vezes, sequencial”, explica João Paço, também professor regente de Otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, observando tratar-se de uma situação dramática e assustadora para o doente, que sabe que vai ficar surdo. É aqui que surgem os implantes cocleares que, segundo João Paço, devem ser colocados em caso de surdez severa a profunda e se o ouvido contralateral
também estiver mal. “É uma excelente solução para estes casos.” O Centro de Implantes do Hospital Cuf Infante Santo apresenta já, segundo João Paço, uma importante casuística. “Temos uma Consulta de Ménière com cerca de 180 doentes. Muitos acabam por ter de colocar implantes.” Aludindo a estudos apresentados por centros estrangeiros, João Paço salienta que há, dentro da doença de Ménière, resultados diferentes após a colocação do implante, o que significa que o tempo de espera entre a perda total da audição e a referida intervenção deve ser o mais curto possível. “Os otorrinos que acompanham doentes com esta patologia devem estar conscientes de que devem enviar os seus doentes para centros de colocação quanto antes (em caso de surdez severa a profunda), pois, os resultados serão melhores”, sublinha. Por outro lado, muitas vezes, é possível e necessário fazer-se cirurgias ablativas, que permitem interromper a doença de Ménière. Tal como refere, os indivíduos submetidos à denominada laberintectomia têm melhores resultados no pós-operatório.
“Os otorrinos devem estar conscientes de que devem enviar os seus doentes para centros de colocação quanto antes.” “Estes doentes têm assim sempre um sinal de esperança. Por um lado, a possibilidade de, além dos tratamentos médicos tradicionais, fazerem uma cirurgia ablativa, que consegue cortar o caminho da doença. Por outro, após uma perda de audição muito significativa, a colocação de um implante coclear é algo que lhes permite voltar a ter uma vida social e até profissional”, termina João Paço.
Tosse crónica – a perspetiva do otorrinolaringologista cientes podem ter mais do que uma razão para a cronicidade da tosse. O tratamento das causas resolve a tosse na maioria dos casos. No entanto, alguns casos de tosse crónica são refratários. Nestas situações, é essencial considerar a laringe como o local de estímulo aferente preferencial para o arco reflexo da tosse e a sua implicação na manutenção do quadro clínico devido à neuropatia sensitiva laríngea que pode ocorrer.
Fernando Vales
Liliana Costa
Assistente hospitalar graduado de ORL, CH de São João
Interna de ORL, CH de São João
A tosse é um dos motivos mais frequentes de consulta médica. A tosse crónica (com duração superior a 8 semanas) pode estar associada a uma variedade de doenças que envolvem múltiplas especialidades médicas, incluindo a otorrinolaringologia. É fundamental o seu diagnóstico e tratamento dado o impacto negativo que este quadro clínico pode ter na qualidade de vida do doente. A escorrência nasal posterior ou síndrome da tosse das vias aéreas superiores, o refluxo gastresofágico / refluxo laringofaríngeo, a asma / asma va-
riante tosse e a bronquite eosinofílica são consideradas as causas mais frequentes de tosse crónica, depois de excluído o tabagismo, o uso de inibidores da enzima de conversão da angiotensina e a bronquite crónica, em pacientes imunocompetentes com radiografia pulmonar normal. O diagnóstico destas patologias é dificultado pela incapacidade em quantificar a escorrência nasal posterior, assim como pela controvérsia existente em torno do conceito de refluxo laringofaríngeo e na sua evidência ao exame físico. Muitos pa-
A tosse é um dos motivos mais frequentes de consulta médica. Tendo em conta a diversidade de patologias que podem provocar tosse crónica e a dificuldade diagnóstica face à ausência de sinais inequívocos ao exame físico, é atualmente advogada uma avaliação global e multidisciplinar do doente com tosse crónica refratária, que inclui Otorrinolaringologia, Pneumologia, Imunoalergologia e Gastrenterologia.
Encerramento de perfusões septais Durante a conferência subordinada ao tema “Encerramento de perfusões septais”, António Sousa Vieira, coordenador do Departamento de ORL do Hospital da Boavista, Porto, vai transmitir aos colegas uma “técnica pessoal” desenvolvida na referida instituição, há cerca de oito anos, e cuja taxa de sucesso é superior a 90%. “É possível, através de um retalho bipediculado mucoperiostal septonasal, por via endoscópica, encerrar perfurações de grandes dimensões, até cerca de 3 cm”, explica António Sousa Vieira. Segundo refere, trata-se de uma “téc-
António Sousa Vieira
nica minuciosa e laboriosa”, que requer um cirurgião endoscópico treinado e boas condições anestésicas. É um procedimento que, tal como menciona, necessita de um dia de internamento e apresenta um pós-operatório “relativamente simples”, porém, simultaneamente, “arrastado”. “Não é uma cirurgia dolorosa. Apresenta uma baixa taxa de complicações e uma elevada taxa de sucesso, daí querermos partilhar a nossa experiência com os colegas nacionais, brasileiros e espanhóis”, conclui.
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La cirurgia tiroideia en una prática ORL
Luís María Gil-Carcedo Presidente de la Sociedad Española de ORL y PCF La introducción de la cirugía tiroidea de la mano de cirujanos generales a principios del sXX ha sido la causa de que estos especialistas fueran los protagonistas en exclusiva de esta parcela de la cirugía.
La ORL, desde su creación, se hace cargo de la cirugía cervical: faringe, laringe, vaciamientos ganglionares… Sin embargo, la cirugía endocrina cervical (tiroides y paratiroides) permanecía en manos de la cirugía general. En los últimos cincuenta años esta situación ha ido variando y, al menos en España, los ORL-cirujanos de cabeza y cuello son hoy los especialistas que realizan la mayor parte de estas intervenciones. Sin embargo, se plantea aún cierta reticencia a esta realidad y, en algunos hospitales, continua practicándose por costumbre la situación antigua clásica. Recientemente, aparece en nuestra revista Acta ORL Española un clarividente Editorial firmado por el doctor Mario Fernández, en el deja clara la posición actual sobre este asunto. En completo acuerdo con esta publicación, creemos que la patología quirúrgica de las glándulas tiroides y paratiroides es una actividad
En los últimos cincuenta años, al menos en España, los ORL-cirujanos de cabeza y cuello son hoy los especialistas que realizan la mayor parte de estas intervenciones. incuestionable de la ORL-Cirugía de Cabeza y Cuello. Pero las ideas y tendencias deben ir
a apoyadas en argumentos, exponemos brevemente alguno de ellos. Los métodos de exploración, tanto física como endoscópica, que practica el ORL cada día, son imprescindibles para un conocimiento preoperatorio exacto de la situación del paciente. La laringoscopia, necesaria antes de la cirugía tiroidea, nos muestra la situación morfológica y funcional de las cuerdas vocales; los datos que suministra la fibroscopia deben ser meticulosamente anotados en la historia clínica, son necesarios para dilucidar si una disfonía o una disnea laríngea son anteriores o posteriores al acto quirúrgico. No es infrecuente que las lesiones avanzadas de la glándula tiroides, sobre todo el cáncer, se extiendan a laringe, traquea, faringe o esófago cervical. Cuando ocurre, es necesario poseer unos amplios conocimientos de cirugía de exéresis y reparación de estos órganos.
Los cánceres de tiroides metastatizan muy frecuentemente en las cadenas ganglionares del cuello, el ORL es el especialista experto en los vaciamientos cervicales ganglionares. Las variantes y anomalías anatómicas de la región – recurrente no recurrente, arteria innominada, tubérculo de Zuckerkandl, etcétera – son bien conocidas por el ORL. Es fundamental respetar las paratiroides; el ORL es experto en “buscar” en las regiones del cuello. Para un correcto seguimiento postoperatorio es necesario manejar con soltura fibroscopia y exploración básica del cuello. La complicación más importante de esta cirugía es la lesión del nervio recurrente; tanto si es uni como bilateral el ORL conoce las soluciones quirúrgicas a las secuelas que se producen.
os princípios etiopatogênicos que norteiam a indicação da timpanomastoidectomia aberta, assim como os fundamentos a serem observados para obter um resultado anatômico e funcional satisfatório. Paredes lisas, uma boa relação entre o tamanho da cavidade e a abertura do mea to, bem como um bom rebaixamento do muro do nervo facial, são elementos fundamentais para um resultado pós-operatório adequado. Uma desvantagem da técnica aberta em comparação com a timpanomastoidectomia fechada é que na primeira, a cavidade resultante é maior. Quanto maior a cavidade, mais difícil será a sua epitelização definitiva, ficando o paciente sujeito a processos infecciosos e inflamatórios recorrentes. Para minimizar este problema, pode-se tentar reduzir o tamanho da cavidade de diversas formas. Nós propomos a utilização de um retalho muscular pediculado inferiormente como uma boa alternativa para este fim.”
A cirurgia do colesteatoma consiste basicamente em remover a pele acumulada e restituir uma cavidade em que o revestimento cutâneo esteja bem exteriorizado, para que não se acumule pele novamente.
Mastoidectomia aberta
Silvio Caldas Professor e chefe do Serviço de ORL do Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Pernambuco “O colesteatoma do ouvido pode ser definido como um acúmulo de pele dentro dos espaços da orelha média e mastóide. Esse material acumulado se infecta com facilidade, o que gera erosões ósseas
e o crescimento da lesão. Quanto mais cresce o colesteatoma, mais ele se infecta, criando-se um ciclo vicioso que pode terminar por trazer complicações de diversos graus de gravidade. A cirurgia do colesteatoma consiste basicamente em remover a pele acumulada e restituir uma cavidade em que o revestimento cutâneo esteja bem exteriorizado, para que não se acumule pele novamente. Uma das técnicas para se obter esta situação é a timpanoplastia com mastoidectomia aberta (ou timpanomastoidectomia aberta), em que se reúne o conduto auditivo externo e a mastoide em uma única cavidade amplamente exposta através de uma meatoplastia. Guarda-se, no entanto, e ainda que com uma anatomia alterada, uma orelha média (microcaixa) funcionante. Portanto, a timpanomastoidectomia aberta, ao contrário do que alguns podem pensar, não implica necessariamente uma perda auditiva. Podemos, assim como em ou-
tras técnicas, preservar ou reconstruir o mecanismo de transmissão e amplificação sonora da orelha média, utilizando os princípios técnicos já conhecidos desde meados do século passado, garantindo uma conexão eficiente e estável entre a membrana timpânica e a janela oval. Nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, por conta do acesso limitado aos serviços públicos de saúde, o colesteatoma com que lidamos costuma ser grande e muitas vezes já complicado, o que pode ser um impedimento para a realização de técnicas mais conservadoras, sendo a técnica aberta a mais realizada. Portanto, é um desafio para o otologista otimizar ao máximo a eficiência desta técnica para que consiga tirar dela o melhor proveito, com mínima chance de recorrência e o máximo possível de preservação auditiva. Nós vamos discutir neste congresso
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Gestão de lesões e condições potencialmente malignas da mucosa oral
Carlos Macor
Alberto Santos
Diretor do Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial do Hospital Beatriz Ângelo
Assistente da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa
O cancro da mucosa oral tem uma alta incidência em Portugal. A sobrevida média aos 5 anos é de cerca de 55%. Se considerarmos que esta taxa de sobrevivência varia de cerca de 81%, em T1 e T2, para 17%, em T3 e T4, percebemos a im-
portância do diagnóstico precoce. Assim, a deteção precoce de lesões malignas ou potencialmente malignas será provavelmente o caminho para reduzirmos a mortalidade e a morbilidade associada a esta doença.
O objetivo deste curso é apresentar e compartilhar a experiência de 3 anos de uma consulta multidisciplinar de patologia oral na deteção e gestão clínica de lesões malignas e potencialmente malignas. Avaliaremos a nossa estratégia, que engloba a medicina primária, a intervenção ao nível dos centros de saúde e a intervenção a nível clínico hospitalar das três especialidades envolvidas: Otorrinolaringologia, Estomatologia e Dermatologia. Apresentaremos a nossa estatística para uma população de 142 doentes. A solução para este problema estará em três pontos essenciais: consulta precoce com o médico de família, consulta precoce da especialidade e o diagnóstico precoce das lesões nesta consulta de grupo. Para que os doentes procurem o médico de família é necessário que reconheçam o problema. Achamos que essa informação terá de começar a ser transmitida precocemente desde a ida-
Healing of chronic tympanic membrane perforations and plasminogen
Sten Hellström Department of Audiology and Neurology, CLINTEC, Karolinska Institutet, Stockholm, Sweden Most acute tympanic membrane (TM) perforations heal spontaneously, but 10-20% remain open as a chronic or permanent TM perforation (CTMP). Why the healing of a CTMPs is arrested I still an enigma. Chronic perforations may lead to an impaired hearing ability and recurrent middle ear infections with draining ears. Traditionally, CTMP:s must be closed surgically, which is a costly and time-consuming procedure. Therefore it should be a great advantage if one could develop simpler therapeutic strategies.
Previous studies by us have shown that plasminogen (plg) is a proinflammatory regulator that accelerates cutaneous wound healing in mice (1). Interestingly, we have also shown that healing of TM perforations in plg-deficient mice (plg-/-) is completely arrested and that these mice develop CTMPsdue to the lack of plg(2). In fact the perforations in plg deficient mice is so far the only true CTMP model. We could show that the CTMPs were caused by an arrested migration of keratinocytes, an abnormal recruitment and activation of inflammatory cells and a massive deposition of fibrin. In the initial TM perforation experiments plg -/- mice were treated with intravenous plgand their CTMPs healed. More recent experiments with daily local injections of plg into the soft tissue surrounding the TM restored the ability to heal TM perforations in a dose-depen dent manner. A single local injection of plg initiated the healing of the CTMP resulting in a closed TM with a continuous but rather thick outer keratinocyte layer. However, three plg injections led to a completely healed TM with a thin keratinizing squamous epithelium covering the connective tissue layer. Similar results were also re-
ceived by topical application of plg. Treatment by plg was also tested in aCMTP model in rats. The CMPTs were caused by local application of hydrocortisone on acute TMPs. Plg, either applied by local injections or topically, healed the CMTPs in rats. Plg was also tested on acute TMPs in wild-type mice and it was shown that local injections of plgpotentiated the hea ling rate and quality of the healed TM. We have shown that local injection of plg into the soft tissue surrounding the TM or topically applied restored the healing ability of CMTPs in both mice and rats. Our data suggest that plgis a promising drug candidate for the treatment of CTMPs in humans, which will be the rational for the clinical studies on CTMPs in humans already in progress. References: 1. Shen Y, Guo Y, Mikus P, Sulniute R, Wilczynska M, Ny T, Li J. Plasminogen is a key proinflammatory regulator that accelerates the healing of acute and diabetic wounds. Blood 2012,119:5879-87. 2. Li J, Eriksson P-O, Hansson A, Hellström S, Ny T. Plasmin/plasminogen is essential for the healing of tympanic membrane perforations. TrombHaemost 2006,96:512-9.
de escolar. Os media têm, também, um papel fundamental, bem como as ações de formação em grupos de saúde chave, como os enfermeiros e os farmacêuticos. Os rastreios locais ou nacionais são também fundamentais. Depois do doente ir à consulta de Medicina Geral e Familiar, é necessário que o médico identifique a lesão e oriente com urgência o doente para uma consulta de especialidade. Neste sentido, temos vindo a trabalhar na formação dos colegas de MGF nesta área, com ações de formação, nomeadamente, cursos realizados no Hospital Beatriz Ângelo e nos centros de saúde. Temos ainda investido nos estágios de formação ou pós-especialidade. Ao nível da consulta de especialidade, é igualmente necessário o diagnóstico precoce e um follow up longo e eficaz. Uma lesão potencialmente maligna da mucosa oral pode demorar de 6 meses a 40 anos a malignizar.
Com este propósito, julgamos útil a utilização da endoscopia de contacto como técnica não invasiva e complementar da clínica e da anatomia patológica. O endoscópio de contacto é um instrumento que, durante a consulta, aumenta a nossa potencialidade de observação, ultrapassando os limites do macroscópico. Esta consulta multidisciplinar engloba os serviços de Estomatologia e Patologia da Boca do Hospital de Santa Maria e os serviços de Dermatologia do Hospital Beatriz Ângelo e do Hospital de Santa Maria. Esta ligação estreita das consultas das três especialidades permite um diagnóstico mais rápido e mais completo dos doentes. Esta experiência de três anos tem tido resultados positivos no domínio assistencial e mesmo científico. Iremos continuar o projeto, tentando sempre melhorar a nossa prestação, através da avaliação e estudo dos nossos resultados.
Avaliação multidimensional da voz cantada
Clara Capucho Médica ORL. Responsável pela Unidade ORL Hospital Egaz Moniz - CHLO O sucesso do diagnóstico ou do tratamento das patologias vocais, julgado pelos doentes cantores, a partir da sua autoavaliação, não é, por vezes, coincidente com o julgamento feito pelo médico, gerando um desacordo entre ambos sobre a qualidade dos diagnósticos ou dos tratamentos realizados. Por outro lado, a avaliação clínica da voz tem valorizado mais a crescente sofisticação dos equipamentos do que a consideração da perspetiva do doente na ponderação da perturbação da sua qualidade vocal. A Organização Mundial de Saúde recomenda que a avaliação das doenças considere as suas diferentes dimensões: debilidade, incapacidade
e desvantagem. A avaliação multidimensional da voz é a que inclui essas dimensões, determinando, de forma sistematizada, o impacto da doença a partir da perspetiva do doente. Esta autoavaliação é realizada por questionários. O Índice de Desvantagem Vocal é o questionário mais usado para a avaliação da voz falada. O Singing Voice Handicap Index (SVHI), criado em 2007, nos EUA, é considerado o instrumento mais útil para a autoavaliação da voz cantada e validado em Portugal em 2010. O propósito desta apresentação é: 1) descrever a avaliação multidimensional da voz cantada; 2) referenciar a investigação original realizada pela preletora, na validação e tradução, para a língua portuguesa de Portugal, do Índice de Desvantagem Vocal no Canto; 3) avaliar o Índice de Desvantagem Vocal no Canto com outros instrumentos de avaliação e resultados estatísticos quanto ao diagnóstico de patologia vocal; 4) fazer a demonstração prática da abordagem de patologia em cantores, previsão da mesma e adaptação das diferentes terapêuticas. A Unidade de Voz (Serviço de ORL, Hospital de Egas Moniz) pretendeu, durante estes 10 anos de atividade, manter uma abordagem múltipla e personalizada, neste grupo de profissionais de voz (cantores).
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Implante auditivo de tronco cerebral Pacientes com malformações de cóclea ou agenesia de nervo auditivo também indicação do implante de tronco encefálico para pacientes com surdez de
etiologia não tumoral, como aplasia de nervo auditivo, ossificação da cóclea e lesões traumáticas do nervo. Todos são casos nos quais o implante
coclear não pode ser utilizado. Utilizamos a via infralabiríntica como approach cirúrgico. Temos 38 casos operados. Seus re-
sultados, apesar de piores do que os do implante coclear, são animadores e transmitem sons que são importantes para a reabilitação da surdez dos pacientes.
Ricardo Bento Professor catedrático de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP, São Paulo, Brasil O Implante Auditivo Tronco Cerebral ou Encefálico, ou Auditory Brainstem Implant (ABI), é uma prótese semi-implantável que permite restaurar algum grau de função auditiva em pessoas surdas por lesões ou ausência dos nervos auditivos bilateralmente, ou em pessoas com malformações ou ossificações cocleares que impeçam a inserção cirúrgica dos eletrodos do implante coclear. O ABI é colocado diretamente nos núcleos cocleares no IV ventrículo, que pode ser no mesmo ato cirúrgico para a exérese de tumores do nervo auditivo, especialmente a neurofibromatose tipo 2 ou em cócleas malformadas ou pacientes com agenesia de nervo auditivo.
O ABI é similar ao implante coclear, diferindo na posição e disposição dos eletrodos. Em 2005, o Prof. Ricardo Ferreira Bento e sua equipe realizam o primeiro implante de tronco encefálico do Brasil. O ABI é similar ao implante coclear, diferindo na posição e disposição dos eletrodos. É desenvolvido com componentes internos e externos. A unidade interna é chamada de receptor/estimulador e juntamente com o conjunto de eletrodos é implantado cirurgicamente (Figura 2). O conjunto de eletrodos consiste em eletrodos de contatos em uma placa de silicone em número dependendo do fabricante. O processador de fala, o microfone e a antena transmissora ficam na parte externa da cabeça (igual ao do implante coclear). Os eletrodos estimulam o núcleo coclear, produzindo respostas que são interpretadas pelo cérebro como sons. A indicação mais comum do ABI é para pacientes que sofrem de neurofibromatose tipo II (NF2), uma doença hereditária que pode levar à perda de audição pelo crescimento de tumores nos nervos vestibulares bilateralmente. Pelo fato de os nervos vestibulares serem adjacentes aos nervos auditivos, a remoção do tumor exige, frequentemente, sacrificar o nervo auditivo.
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Cirugía transoral ultrasonica (touss): una nueva técnica para los tumores de laringe y faringe
Mario Fernández Jefe de Servicio de Otorrinolaringologia del Hospital Universitario del Henares, Coslada, Madrid. Consultant en el Hospital MD Anderson cancer Madrid
La Cirugía Transoral Ultrasónica (TOUSS) es una técnica mínimamente invasiva para el tratamiento quirúrgico de los tumores de laringe y faringe. Está basada en el empleo del endoscópio como herramienta de imagen, que supone intervenir mirando a una pantalla. Las principales ventajas del endoscopio con respecto al microscopio, empleado en la cirugía transoral láser, es la posibilidad de entrada en las cavidades y la detratar las lesiones aproximándose a ellas; por otro lado, a diferencia del microscopio, no precisa una adecuada exposición desde el exterior, que resulta en un factor limitante en muchos pacientes. La exposición se realiza mediante el retractor de Feyh-Kastembauer, que creará el espacio adecuado de trabajo. La visión
se obtiene empleando el videolaparoscopio Olympus ENDOEYE de 5 mm y punta deflectante, que es capaz de inclinarse 100 grados en cada dirección. Los 2 joysticks del cabezal de cámara permiten una ágil corrección de la orientación de la punta del videolaparoscopio. La posibilidad de la imagen en 3D con el videolaparoscopio de 10 mm ofrece la ventaja adicional de controlar en el espacio la dirección de la resección que será de vital importancia para la ubicación tridimensional del cirujano con respecto a las estructura profundas del cuello, sobre todo en las lesiones con mayor infiltración en profundidad. El endoscopio 3D puede ser voluminoso en determinados pacientes con una apertura bucal más limitada, pero deseable
siempre que la anatomía del paciente lo permita. El endoscopio se mantiene en posición mediante un brazo articulado. La resección del tumor se realiza mediante el bisturí de ultrasonidos Thunderbeat de 20 ó 35 cm que ofrece un corte limpio manteniendo sin sangre el campo quirúrgico, con un control de la lesión y la anatomía adecuado en todo momento. Además, el hecho de incorporar un sellador bipolar de vasos ofrece mayor seguridad con los vasos más grandes que se encuentran durante la resección. TOUSS y TORS (TransoralRoboticSurgery) son técnicas quirúrgicas transorales endoscópicas mínimamente invasivas que permiten la resección de cualquier tumor de faringe y laringe. Pero a diferencia del TORS, TOUSS es una técnica inspirada en
TOUSS es una técnica mínimamente invasiva para el tratamiento quirúrgico de los tumores de laringe y faringe. la laparoscopia de puerto único, que no precisa de una costosa plataforma robótica. El material está al alcance de un mayor número de instituciones, que ya pueden iniciar su experiencia transoral y endoscópica para el tratamiento quirúrgico del cáncer de laringe y faringe.
Enxerto composto na timpanoplastia
Miguel Coutinho Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar do Porto
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O objetivo da timpanoplastia é a correção do defeito (perfuração ou retração) da membrana timpânica, a restauração da audição e a obtenção de uma cavidade do ouvido médio estável e saudável. Vários materiais de enxerto autólogo têm sido utilizados, sendo os mais frequentes a fascia temporalis, o pericôndrio e a cartilagem. A utilização de cartilagem na cirurgia otológica está descrita há mais de 60 anos. Apesar de inicialmente ser utilizada apenas na reconstrução da cadeia ossicular, rapidamente se descobriu o seu potencial como enxerto na reconstrução da membrana timpânica. Desde então, várias formas de enxerto e técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas: em paliçada, lâminas, tiras, telhas ou mais elaboradas, como são exemplo o inlaybutterfly ou o enxerto total composto em ilha. Este último, o mais
utilizado na atualidade, é um enxerto condropericondral que ocupa toda a extensão da pars tensa, em que o pericôndrio rodeia toda a cartilagem e repousa nas paredes do canal auditivo externo. A utilização do enxerto composto total em ilha está indicada em situações de retrações mesotimpânicas de diferentes graus, em perfurações subtotais recorrentes e em algumas perfurações com mucosa do ouvido médio instável ou má função da trompa de Eustáquio. Na preparação do enxerto deve procurar-se o equilíbrio entre a estabilidade mecânica, de forma e prevenir retrações futuras da membrana timpânica e a transmissão acústica, de forma a não condicionar hipoacusia de transmissão. Na nossa conferência, abordámos particularidades relacionadas com a colheita, preparação e colocação do enxerto composto total em ilha e ainda apresentámos alguns estudos que demonstram os benefícios da utilização deste tipo de enxerto, que justificam a sua utilização mais frequente. Este tema foi pensado inicialmente para ser apresentado como um curso, baseado essencialmente em vídeos demonstrativos da técnica cirúrgica, em que, comigo e com o Dr. João Lino, colaboraram ativamente a Dr.ª Ana Nóbrega Pinto e o Dr. Gonçalo Jorge Mendes. A nossa casuística tem vindo a aumentar, com resultados francamente animadores e um remake futuro deste tema servirá, assim o pensamos, para apresentar resultados mais consolidados com a matéria do tempo.
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Informação
A importância da audição binaural na reabilitação auditiva
Rui Ribeiro Nunes Audiologista. Diretor-geral Widex Portugal As capacidades auditivas normais são frequentemente descritas na literatura como sendo as capacidades da audição binaural. Este termo é utilizado para o efeito conjunto do sistema auditivo periférico e do cérebro, que funcionam em ligação para permitir uma verdadeira audição binaural. Com qualquer tipo de perda auditiva (uni ou bilateral), a verdadeira audição binaural fica afetada ou mesmo perdida. Uma perda nas altas frequências significará que o ouvinte deixará, por exemplo, de beneficiar de todas as vantagens das referências dadas pelo pavilhão auricular. A audição binaural provém da capacidade que o cérebro tem para integrar inputs dos dois ouvidos e utilizar as referências acústicas que não estão presentes quando apenas um ouvido é estimulado. Contudo, a mera estimulação nos dois ouvidos não significa que, por necessidade, a informação binaural esteja disponível, ou que o cérebro seja capaz de processar as referências binaurais recebidas. A natureza deu-nos dois ouvidos, mas
apenas um cérebro. O cérebro é utilizado para ouvir – os ouvidos estão apenas a enviar os sinais. Apesar do córtex auditivo estar nos dois hemisférios, o cérebro analisa e utiliza o estímulo sonoro de uma forma muito mais complicada do que se possa pensar. O cérebro utiliza ativamente o som proveniente dos dois ouvidos, para localizar e discriminar os sons mais relevantes do ruído, bem como para um conjunto de outros aspetos auditivos. A receção de sons provenientes de ambos os lados da cabeça é importante quando queremos ouvir sons de todas as direções. A localização é a capacidade de determinar a direção da proveniência do som. Tal é essencial no tráfego, mas também muito prático quando alguém nos chama e precisamos de identificar quem o fez. Podemos utilizar a nossa capacidade de localizar os sons de várias formas, por exemplo, apontando para a fonte sonora que nos interessa, para localizar a posição de uma determinada pessoa que vem a caminhar atrás de nós, para localizar a direção dos carros que circulam atrás de nós e até mesmo para localizar ou prestar atenção a uma pessoa que nos está a chamar. Muito disto só é possível graças à diferença de intensidade interaural e à diferença temporal interaural (entre os dois ouvidos). Muitos estudos têm sido realizados sobre as vantagens de utilizar dois aparelhos auditivos em vez de um e é evidente que os utilizadores de aparelhos auditivos têm vários benefícios da binauralidade. Estes sentem maior facilidade em: • ouvir sons de todas as direções; • conseguir saber de que direção provém o som; • compreender melhor a fala em ambientes ruidosos.
A audição binaural provém da capacidade que o cérebro tem para integrar inputs dos dois ouvidos e utilizar as referências acústicas que não estão presentes quando apenas um ouvido é estimulado. A capacidade de localização sonora permite aos ouvintes não só identificar a fonte sonora relevante (sobretudo num ambiente com vários oradores), mas também agrupar elementos provenientes de uma determinada direção e assignar uma identidade diferente aos sons que provêm de diferentes direções. A utilização de dois aparelhos auditivos ou apenas de um tem um enorme impacto na inteligibilidade da fala. Apesar de diferir de uma situação para outra – sobretudo em situações ruidosas –, é muito mais fácil compreender a fala com dois aparelhos do que com um. Um bom exemplo é quando estamos num restaurante. Aqui a capacidade auditiva é de 30% para os utilizadores de um aparelho auditivo e de 70% para os que utilizam dois aparelhos auditivos, sendo estes quase tão bons quanto os que apresentam uma audição normal. Um outro motivo muito importante pelo qual se deve adaptar bilateralmente, isto é, com dois aparelhos auditivos, é o risco da privação sensorial acústica. A pri-
vação sensorial auditiva – em termos comuns, designada por “ouvido preguiçoso” – pode ocorrer se o cérebro não receber uma estimulação sonora de um dos ouvidos. Ao utilizar-se apenas um aparelho numa perda bilateral, o córtex auditivo, em consequência da pouca estimulação, torna-se menos capaz de discriminar os sons. Atendendo a que esta condição só será parcialmente reversível, deverá, sempre que possível, ser prevenida. Também os acufenos podem ser muito incomodativos para pessoas com perda auditiva. A utilização da estimulação sonora sob a forma de som amplificado, através de aparelhos auditivos ou tons/ruído Zen, pode representar uma grande ajuda para muitas pessoas. O ruído Zen pode reduzir o contraste entre os acufenos e a envolvente sonora e permitir interromper um ciclo vicioso, que provoca stress e que, por sua vez, faz com que os acufenos se tornem ainda mais perturbadores.
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Mesmo com acufenos unilaterais, os utilizadores de aparelhos auditivos deverão ser adaptados com sistemas binaurais, de modo a conseguirem atingir tantos centros nervosos no cérebro quanto possível. Também com a utilização de dois aparelhos auditivos poder-se-á igualmente evitar que os acufenos surjam no ouvido não aparelhado. A realidade atual dos aparelhos auditivos comunicarem entre si é, sem dúvida, um enorme progresso no pré-processamento auditivo. Com este desempenho, os dispositivos binaurais, após efetuarem um pré-tratamento da informação proveniente dos dois lados da cabeça, podem assim fornecer ao sistema nervoso central uma informação acústica mais limpa de informação irrelevante. Deste modo, irão facilitar o trabalho do sistema nervoso central auditivo no processamento da informação proveniente dos dois ouvidos.
Sistema auditivo binaural
Care pathway for the management of infants with laryngomalacia and aspiration
John Russell
Catherine Cunningham
Consultant pediatric otolaryngologist
Principal Speech and Language Therapist. Our Lady’s Children’s Hospital, Crumlin, Dublin, Ireland
Laryngomalacia is the most common laryngeal anomaly affecting newborns (1). The presumptive diagnosis is made based on history and physical examination, but further evaluation is needed. This study describes the development of a care pathway for the multi disciplinary assessment and management of laryngomalacia in infants presenting to a national tertiary referral centre. This pathway is based on the clinical practice and experience of clinicians in the SLT and ENT departments managing these patients over the past 10 years. It is essential that a standardised approach to assessment and management is adopted
in order to prevent respiratory complications and to maximise growth and nutrition. It is also important that parents are given a clear explanation of what to expect. The algorithm which has been developed guides the assessment and management of these infants ranging from conservative, non surgical intervention to aryepiglottoplasty. The timing of the assessment and reintroduction of oral feeding, including videofluoroscopy, is detailed. There is no current consensus in the literature regarding the timing of assessment and reintroduction of oral feeding post surgery (2,3,4,5,6,7,8).
This algorithm has proved to be a useful clinical tool in guiding the assessment and management of these infants. References: 1. (Rawlings BA; Derkay CS; Chu MW; John J; Operative Techniques in Otolaryngology – Head & Neck Surgery, 2009 Dec; 20 (4): 222-8). 2. Senders, Enrique, Navarrete (2001). 3. Zainal et al. (2011). 4. Toynton et al. (2001). 5. O’Donnell et al. (2007). 6. Rastatter et al. (2010). 7. Eustaquio et al. (2001). 8. Kuo-Sheng et al. (2007).
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PROGRAMA
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SALA
10
INFANTE
CONFERÊNCIA
08:30-09:00 Presidente
MAIO
Lesões Pré-Malignas e Tumores Iniciais das PPVV João Batista Oliveira
SALA
SALA
D. MARIA
Cecília Almeida e Sousa
CONFERÊNCIA
Moderador: António Lobo Resende Neto João Baptista Oliveira, Sara Viana Baptista João Batista Oliveira
Presidente
11:00-11:30
Presidente
CURSO Presidente
Artur Condé
CONFERÊNCIA Reabilitação de Doentes com Prótese
Liliana Costa, Fernando Vales
Moderador: António Lobo Resende Centro Neto Hospitalar de São João
Palestrantes: Carlos Vasquez Barro, Maria Caçador, Eugénia Castro, João Baptista 11:30-12:00 Oliveira, Sara Viana Baptista
CONFERÊNCIA
Andrés Soto Varela Técnica Pausa para Café | Visita à Exposição
CONFERÊNCIA
11:00-11:30 Presidente 12:00-13:30
António Marques Pereira
Cartilagem Auricular e Cartilagem Costal em Rinoplastia 11:00 | 11:30 Rui Xavier, Hugo Amorim, Ângelo Fernandes Hospital da Arrábida Presidente
09:30 | 10:30
Presidente: João Bacelar
Ezequiel Barros
Pausa para Café | Visita à Exposição Técnica
PAINEL
11:00-12:00
Presidente
COMUNICAÇÕES LIVRES
11:00-12:30
Presidente
Encerramento das Perfurações Septais
Delfim Duarte
António Sousa Vieira
PAINEL
11:30 | 13:00
A Criança Respiradora Oral Moderador: Melissa Avelino
OTOLOGIA, OTONEUROLOGIA E CIRURGIA DA BASE DO CRÂNIO CL 40 a CL 50
Distribuição de Prémios | Encerramento do Congresso
13:00
24
Presidente
Ezequiel Barros
Seios Perinasais: Marcos de Aprendizagem para um Rinologista
INFANTE
CONFERÊNCIA
ASSEMBLEIA GERAL SPORL - CCF
12:00-13:30
SALA CURSO
15:00-15:45
Presidente
SALA
Almoço D. MARIA
13:30-15:00
D. LUIS
Assunção O’Neill, Helena Caria, Graça Fialho, Pedro Escada CHLO - Hospital de Egas Moniz
CONFERÊNCIA Presidente
SALA
Up-to-date sobre Enxertos em Rinoplastia A. Sousa Vieira, Ricardo Barroso Ribeiro
CURSO
15:45-16:30
Hospital dos Lusíadas, Porto
08:30-09:00
John Russell
J. Marques dos Santos
Hospital de Braga
Tânia Sih
MINI SIMPOSIUM OLYMPUS
CONFERÊNCIA Presidente
17:00-17:30
Nuno Trigueiros
Pausa para Café| Visita à Exposição Técnica
17:30-18:00
CONFERÊNCIA
La Círugia Tiroidea en una Práctica ORL
Presidente
Presidente
Ezequiel Barros
Mastoidectomia Aberta: Princípios e Técnicas
Abordagem do Seio Frontal passo a passo
Cirurgia da Base do Crâneo
18:30-19:00 Presidente
Presidente
J. Cabral Beirão
Carlos Carvalho
Oswaldo Cruz
Jantar de Encerramento Sala do Arquivo | Centro de Congressos da Alfândega
CONFERÊNCIA
Abordagem do Doente com Abcesso Peri-Amigdalino
Isabel Correia, Ricardo Dâmaso, Ricardo César Anjo, Bernardo Araújo, Inês Cunha, Cristovão Ribeiro, Ezequiel Barros CHLC - Hospital de São José 20:30
Presidente
Manuel López Amado
CONFERÊNCIA
11:30-12:00 Presidente
Miguel Coutinho
CONFERÊNCIA Presidente
Próteses Implantáveis por Via Óssea
Vital Calado
Celso Dall'Igna
Single Side Deafness: Opções de Reabilitação
12:00-12:30 Presidente
Felippe Felix
Jantar de Encerramento Sala do Arquivo | Centro de Congressos da Alfândega
COMUNICAÇÕES LIVRES
Manejo Terapéutico del Paciente con Lesión en el Ângulo Ponto-Cerebeloso
Fabrizio Ricci Romano
18:30-19:00
11:00-12:30
João Paço
Presidente
José Saraiva
CONFERÊNCIA
11:00-11:30
CONFERÊNCIA
18:00-18:30
Ferreira Moreira
João Subtil, João Bacelar
Pausa para Café | Visita à Exposição Técnica
10:30-11:00
Luís Gil-Carcedo
Renata di Francesco
CONFERÊNCIA
Pedro Araújo, Catarina Mestre, António Larroudé Hospital da Luz
Presidente
Factores de Insucesso da Adenoamigdalectomia no Tratamento de Apneia do Sono na Criança 18:00-18:30
Perturbação do Processamento Auditivo da Criança ao Idoso
CONFERÊNCIA
17:30-18:00
Meatoplastia e Canalplastia
Otite Média Crónica - Colesteatoma
LARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO FACIAL. PATOLOGIA DO SONO CL 51 a CL 64
CURSO
09:45-10:30
J. Marta Pimentel
CONFERÊNCIA
Luisa Monteiro, Herédio de Sousa, Filipe Freire Hospital Lusíadas, Lisboa
Presidente
Presidente
Sílvio Caldas
V. Correia da Silva
Implantes Cocleares: Como Fazemos
MINI SIMPOSIUM OLYMPUS
Vera Sofia Soares
CONFERÊNCIA
Presidente
NBI - Uma Inovação no Diagnóstico Oncológico em ORL
Gabão da Veiga
Marcelo Hueb
COMUNICAÇÕES LIVRES
CURSO
09:00-09:45
José Carlos Neves, Ilídio Gama, Herédio de Sousa Hospital dos Lusíadas, Lisboa
16:30-17:00
NBI - Uma Inovação no Diagnóstico Oncológico em ORL Pausa para Café | Visita à Exposição Técnica
Particularidades da Rinoplastia
Otoplastias Nuno Marçal
Desenvolvimento da Vacina Contra o Estreptococo do Grupo A: Poderemos Diminuir a Necessidade de Antibióticos?
08:30-10:30
Vítor Correia da Silva Hospital CUF, Porto
Diogo Carmo
Filipe Freire
CONFERÊNCIA
Implantes Cocleares na Surdez Unilateral: Resultados
Presidente
Presidente
CONFERÊNCIA
Presidente
D. LUIS
Luísa Monteiro
CURSO
15:45-16:30
SALA
D. MARIA
Luísa Monteiro
Laryngotracheal Reconstruction: Why We Fail?
Distribuição de Prémios | Encerramento do Congresso
13:00
Ilídio Gama
Surdez Genética
Sten Hellström
19
Presidente
Carla Moura
Reasons for a Clinician to be Involved in Basic Research
24 CURSO
15:00-15:45
Presidente
Carlos Ruah
20:30
CONFERÊNCIA
João Subtil, Deodato Lima,
Rui Xavier
João Subtil, Deodato Lima,
SALA
18:30-19:00
Moderador: Paulo Gonçalves
Palestrantes: Carlos Marín Martín, Francisco Moreira da Silva,
11:00 | 11:30
Moderador: Paulo Gonçalves
Almoço
18:00-18:30
Pausa para Café | Visita à Exposição Técnica
Palestrantes: Carlos Marín Martín, Francisco Moreira da Silva,
13:30-15:00
17:30-18:00
Seios Perinasais: Marcos de Aprendizagem para um Rinologista
10:30 | 11:00
Ana Faraldo Garcia, Renata di Francesco
ASSEMBLEIA GERAL SPORL - CCF
17:00-17:30
PAINEL
Palestrantes: Lídia Guimarães, José Carlos Neves, Rui Xavier Presidente
Palestrantes: Inês Cunha, Carla Moura,
12:00-13:30
16:30-17:00
PAINEL
Encerramento das Perfurações Septais
Moderador: Diogo Carmo
Andrés Soto Varela
Presidente
CONFERÊNCIA
11:30 | 13:00
Evaluación del Equilibrio en los Ancianos: ? Podemos Prevenir las Caídas?
16:00-16:30
Rui Xavier
Plástica Facial: Rinoplastia, como Lidar com o Doente Insatisfeito?
10:30-11:00
Presidente
15:30-16:00
dos Santos Pausa para Café | Visita à Exposição Técnica
António Sousa Vieira
John Russell
CONFERÊNCIA
15:00-15:30
CONFERÊNCIA
Presidente
MANHÃ
Almoço
J. Rosmaninho Seabra
Palestrantes: Lídia Guimarães, José Carlos Neves, Rui Xavier
09:00 | 09:30
Presidente
18
11:30-12:00
Pedro Juiz López
Jorge Spratley
ASSEMBLEIA GERAL SPORL - CCF
PAINEL
Principios y Fundamentos de Cirugía Biológica: Células Madre Presidente: João Bacelar
J. Marques 10:30 | 11:00
Tosse Crónica - A Perspectiva do Otorrinolaringologista Liliana 13:30-15:00 Costa, Fernando Vales Centro Hospitalar de São João
Presidente
Laryngomalacia and Aspiration
J. Rosmaninho Seabra
Evaluación del Equilibrio en los Ancianos: ? Podemos Prevenir las Caídas?
Rui Xavier, Hugo Amorim, Ângelo Fernandes Hospital daCONFERÊNCIA Arrábida
09:30 | 10:30
CURSO
09:45-10:30
Presidente
Cartilagem Auricular e Cartilagem Costal em Rinoplastia
Pedro Escada
Telma Feliciano, Ana Silva CHP - Hospital Santo António
das Cordas Vocais- A Perspectiva do Otorrinolaringologista Tosse Crónica
SALACONFERÊNCIA
Plástica Facial: Rinoplastia, como Lidar com o Doente Insatisfeito?
OTOLOGIA, OTONEUROLOGIA E CIRURGIA DA BASE DO CRÂNIO CL 26 a CL 39
Traqueoesogágica: Como Fazemos
Laringologia: Fonomicrocirurgia nas Alterações Estruturais Mínimas António Marques Pereira
Pedro Juiz López
Presidente
08:30 | 09:00 MANHÃ
DOMINGO
09:00-09:45
Principios y Fundamentos de Cirugía Biológica: Células Madre
Moderador: Diogo Carmo
Melissa Avelino
MESA REDONDA Cecília Almeida e Sousa
Presidente
Pedro Escada
INFANTE J. Marques dos Santos
MAIO
Inês Cunha
Pausa para Café | Visita à Exposição Técnica
Presidente
COMUNICAÇÕES LIVRES
08:30-10:30
Estenose Sub-Glótica na Criança: Reconstrução Laríngea
Palestrantes: CarlosIniciais Vasquez Barro, Maria Caçador, Eugénia Castro, Lesões Pré-Malignas e Tumores das PPVV
10:30-11:00
CONFERÊNCIA
08:30-09:00
Laringologia: Fonomicrocirurgia nas Alterações Estruturais Mínimas Presidente Jorge Migueis das Cordas Vocais
09:00-10:30
CONFERÊNCIA
08:30 | 09:00
09:00 | 09:30
DOMINGO
D. LUIS
Presidente
MANHÃ 08:30-09:00
10:30-11:00
10
SALA
INFANTE MESA REDONDA
09:00-10:30
INFANTE
MAIO
Jorge Migueis
SÁBADO
SALA
CONFERÊNCIA
José Saraiva
LARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO FACIAL. PATOLOGIA DO SONO CL 65 a CL 75
Implantes Cocleares e Doença de Ménière Hospital CUF Infante Santo
21
CONFERÊNCIA
12:30-13:00 Presidente
Carlos Macor
Histopatologia Aplicada do Osso Temporal Sady Costa
13:00
Distribuição de Prémios | Encerramento do Congresso
25
16 | Jornal MĂŠdico
9 de maio 2015