Jornal do Dia Mundial da Luta Contra a SIDA

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Dezembro 2015

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DEZEMBRO

A cada ano, há mais

1000

novos casos de infeção em Portugal

Relações sexuais são responsáveis por mais de 90% dos casos de infeção por VIH


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A cada ano, há mais 1000 novos casos de infeção

Prevenir é a melhor forma de reduzir a propagação do VIH/SIDA Em Portugal, nos últimos anos, o número de novos casos de infeção por vírus da imunodeficiência humana (VIH) notificados tem vindo a baixar. Contudo, a diminuição não é tão acentuada como seria desejável, sendo que, por ano, são diagnosticados mais de 1000 novos casos, quase o dobro da média da União Europeia. É por isso importante fazer um esforço continuado na prevenção para reduzir a propagação do VIH/SIDA. Em 2014, as relações sexuais foram responsáveis por mais de 90% dos casos de infeção por VIH, sendo que 60,5% ocorreram em heterossexuais e 31,8% em homens que têm sexo com homens, enquanto a utilização de drogas por via endovenosa foi responsável por 3,9% dos casos. Os dados são da Coordenação Nacional para a Infeção VIH/SIDA. Segundo Joaquim Oliveira, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo Clínico da SIDA (APECS), o grupo dos homens que têm sexo com homens foi o único onde o número de novos casos não diminuiu na mesma proporção que nas outras categorias de risco, particularmente em indivíduos mais jovens. Isto significa que, eventualmente, “este grupo terá descurado as medidas preventivas”, sendo necessárias “intervenções mais eficazes”. Por outro lado, o número de novos casos de infeção por VIH devido à utilização de drogas endovenosas tem vindo a diminuir, representando, atualmente, uma pequena percentagem, o que se compara favoravelmente com as taxas da União Europeia. Uma realidade que o presidente da APECS afirma que se deve aos programas implementados em Portugal nesta área, nomeadamente de substituição com agonistas opiáceos (metadona e bruprenorfina) e de troca de seringas.

Taxa de transmissão mãe-filho do VIH de 1,7%

Joaquim Oliveira

A população heterossexual é, de acordo com Joaquim Oliveira, aquela que é mais difícil de sensibilizar para a questão da prevenção do VIH/SIDA, particularmente os menos jovens que, “eventualmente, não sentem que é um problema deles“.

Em 2014, a taxa anual de transmissão do VIH mãe para filho foi de 1,7%, o que representa quatro casos de infeção em recém-nascidos. Segundo Joaquim Oliveira, esta é uma realidade que, globalmente, está controlada, embora haja um esforço concertado no sentido de ter 0% de infeções por via vertical, o que “é exequível, desde que as grávidas procurem os cuidados de saúde atempadamente”. As infeções ocorrem sobretudo em situações em que as mulheres não são seguidas durante a gravidez, sendo o diagnóstico feito apenas na altura do parto e, muitas vezes, as intervenções efetuadas já não são suficientes para evitar a transmissão durante a gravidez

Estamos a assistir a um envelhecimento dos infetados por VIH, o que se prende com o sucesso das terapêuticas antirretrovirais, mas também ao facto de 25% das novas infeções ocorrerem em indivíduos acima dos 50 anos.


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Como se transmite o VIH? Luís Trindade, assistente hospitalar graduado do Serviço de Doenças Infeciosas do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, adianta que o VIH “não se transmite pelo ar, nem penetra através da pele íntegra”, mas através de sangue, esperma, fluidos vaginais e leite materno. E acrescenta que a transmissão pode ocorrer em todos os tipos de relações sexuais, sendo as de mais risco as anais, por isso, “o uso de preservativo é essencial”. O VIH pode ainda ser transmitido de mãe “seropositiva” para filho, durante a gravidez, o parto, ou através da amamentação, estando esta contraindicada.

Sintomas

Embora seja pouco frequente, também pode acontecer que a mulher adquira a infeção durante a gravidez. Nesta circunstância, o risco de transmitir a infeção ao recém-nascido é “extremamente elevado” porque a viremia (presença de vírus no sangue) está muito elevada. Esta é uma situação mais difícil de controlar, embora as normas portuguesas contemplem a realização de dois testes (no início e no final da gravidez).

Novos casos de infeção por

De acordo com Luís Trindade, na fase inicial da doença, os sintomas são semelhantes aos da gripe:

➲ Febre ➲ Suores ➲ Dores de cabeça ➲ Dores de estômago ➲ D ores nos músculos e articulações

➲ Fadiga ➲ Dificuldades em engolir ➲ G ânglios aumentados de tamanho e prurido ligeiro ➲ Perda de peso

Luís Trindade

Após a fase aguda, que dura entre uma a três semanas, os sintomas desaparecem, embora o VIH esteja a multiplicar-se, o que pode prolongar-se por vários anos. Nesta altura, Luís Trindade indica que o indivíduo começa a ter sintomas e sinais de doen­ça indicativos da existência de uma depressão do sistema imunológico:

➲ Cansaço ➲ Falta de apetite ➲ Perda de peso ➲ Suores noturnos ➲ Diarreia ➲ Alterações da pele seca A fase seguinte na evolução da doença designa-se por SIDA e é caracterizada por uma imunodeficiên­ cia grave, que pode determinar o aparecimento de infeções oportunistas e tumores.

VIH por sexo (2014)

Homens

72%

Mulheres

28%

N.º de novas infeções (2014)

1220 N.º de casos de SIDA (2014)

223

Luís Trindade sublinha que a evolução da infeção por VIH pode, atualmente, ser modificada pelo tratamento com os fármacos antirretrovirais, podendo nunca chegar a uma fase sintomática da doença.

As dificuldades de quem vive com VIH/SIDA De acordo com Luís Trindade, depois de vários anos de informação sobre o VIH/SIDA, “é inaceitável que um número significativo de pessoas infetadas por VIH ainda se sintam estigmatizadas e excluídas no local de trabalho, na família e na sociedade em geral”. Além do estigma, os doentes deparam-se com outras dificuldades, nomeadamente, de natureza económica (ir ao hospital para consulta, análises e levantar medicação, caso seja necessária) e lidar com potenciais efeitos adversos dos medicamentos. O acesso a informação de qualidade e pouco complexa também é uma das dificuldades sentidas pelos doentes infetados por VIH, de acordo com o infeciologista.


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Como se trata O tratamento do VIH é feito com antirretrovirais combinados em comprimidos, que permitem manter o vírus inativo e evitar o desenvolvimento da doença. Segundo Teresa Branco, especia-

Teresa Branco

lista em Medicina Interna do Serviço de Infeciologia do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora), estes medicamentos são “potentes”, mas exigem ser tomados segundo horários rigorosos e sem esquecimentos, para poderem exercer o seu efeito ao longo do tempo e manter os indivíduos infetados saudáveis por muitos anos.

A infeciologista afirma que, com a evolução científica, foi possível, por um lado, “ criar fármacos mais fáceis de tomar e com menos efeitos acessórios” e, por outro, “simplificar a terapêutica, juntando num só comprimido vários antirretrovirais”. No entanto, “é fundamental que a pessoa cumpra, com muito rigor, as indicações não só em relação a não falhar nenhuma toma como a cumprir as restrições alimentares e a não utilizar outros medicamentos que possam interferir com os antirretrovirais, reduzindo a sua eficácia”. E adianta que estão em estudo novas formulações de antirretrovirais, que poderão ser feitas uma vez por mês, ou ainda menos, mantendo o vírus bem controlado. Por fim, Teresa Branco refere que “outra via de investigação passa por estimular mecanismos de defesa do próprio organismo para suprimir o VIH, tornando possível reduzir ou eliminar a necessidade de tratamento e, embora difícil, continua a investigação na área das vacinas”.

“Os avanços na área da terapêutica não devem fazer reduzir os esforços de prevenção. Evitar situações de risco para a infeção por VIH é certamente a melhor forma de eliminar a pandemia que tantos milhões de vidas já custou em todo o mundo”, alerta Teresa Branco.

Como noutras doenças crónicas, a capacidade de manter a adesão ao tratamento é que determina os bons resultados.

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440 mil milhões de euros

em custos anuais em saúde


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