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A importância do inglês na educação infantil e as possibilidades de vivência na língua - Ana Carolina Spinelli
A IMPORTÂNCIA DO INGLÊS NA EDUCAÇÃO INFANTIL E AS POSSIBILIDADES DE VIVÊNCIA NA LÍNGUA
Ana Carolina Spinelli11
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A procura pelo ensino de línguas a crianças pequenas cresce cada vez mais devido, entre outros fatores, à consciência sobre a facilidade e naturalidade da criança para adquirir um novo idioma e à preocupação dos pais com a futura inserção de seus lhos no mercado de trabalho globalizado. Torna-se cada vez mais pertinente abordar o tema da aprendizagem de uma segunda língua na infância em razão do contexto internacionalizado em que as crianças do século XXI estão crescendo.
O conhecimento de uma segunda língua vai além da competência linguística: ele possibilita o desenvolvimento social da criança, uma vez que cada língua traz consigo uma cultura e uma nova possibilidade de entender o mundo. É indiscutível a importância de proporcionar às crianças a possibilidade de ser sujeito ativo no contexto em que se inserem, de modo a estabelecer relações com aqueles que as rodeiam e criar signi cados a partir das experiências que têm.
Aprender uma nova língua multiplica as possibilidades de relações e pode transformar a interpretação de cada vivência que as crianças têm na escola. Ao ter contato com um segundo idioma e com pessoas de diferentes culturas, a criança também se aproxima de um diferente contexto histórico-cultural, tomando conhecimento das diversi cadas formas de se relacionar e de compreender a realidade. Sabendo disso, pode-se perceber que o ensino de uma nova língua, por si só, já é um motor para o desenvolvimento e para o protagonismo infantil. No programa bilíngue da Despertar, esse protagonismo e a possibilidade de estabelecer novas relações caminham juntos durante as vivências em inglês.
O ponto de partida das ações pedagógicas na Escola Despertar “são as crianças, suas pluralidades, suas diversas formas de estar e ser no mundo” (PPP DESPERTAR, 2016, p. 5). Baseado na proposta de Aldo Fortunati, que a rma que “o próprio espaço é educador, uma vez que afeta profundamente ações e comportamentos” (2017, p. 39), o programa bilíngue não se limita a oferecer aulas de inglês para as crianças, mas sim busca proporcionar vivências na língua. Essas vivências ocorrem em todos os espaços da escola, em momentos diferenciados, que permitem a interação da aprendizagem do inglês com a ação cotidiana de cada criança, tornando-a ainda mais signi cativa e expansiva.
Lembrando-se sempre do ponto de partida das nossas ações (as crianças), pensamos nas atividades de inglês como possibilidades de desenvolver-se por inteiro: através de jogos, o ensino da língua alia-se ao estímulo do raciocínio lógico, da memória e da criação e convenção de regras de grupo; por meio de músicas e da dança, a expressão corporal é desenvolvida juntamente com a aprendizagem do inglês; desenvolvemos a motricidade na e a criatividade por meio de trabalhos artísticos em diferentes ambientes da escola, como o ateliê, a sala de aula, a biblioteca e o pergolado; e, acima de tudo, as histórias, as propostas em sala de aula e as brincadeiras em inglês proporcionam a interação social e a troca de ideias.
Twister de formas e cores. Uma criança joga o dado e anuncia o comando e as demais devem encontrar a forma solicitada e equilibrar-se entre os pés ou as mãos: psicomotricidade e língua em desenvolvimento.
Compartilhamos a ideia de Aldo Fortunati de que, na base de tudo, está uma criança competente e sociável desde seu nascimento, e que assim deve ser vista e valorizada. Em suas palavras,
as crianças possuem uma formidável e natural atitude para serem protagonistas do seu crescimento e desenvolvimento, uma atitude que as crianças traduzem por sua curiosidade sobre o mundo das coisas e das relações e por sua extraordinária capacidade de estar ativamente presente nas experiências em que se encontram envolvidas (FORTUNATI, 2017, p. 129).
Nas vivências em inglês, o protagonismo infantil se manifesta por meio de sugestões da temática a ser abordada nas aulas (que sempre é escolhida a partir do interesse da turma) e da liberdade de participação da rotina do circle, momento em que a teacher apresenta o material trazido para aquele momento, conta histórias, propõe jogos e ensina novas músicas. A curiosidade é uma grande aliada das vivências na língua inglesa, pois quanto mais entram em contato com a língua, mais as crianças demonstram interesse em expandir o seu vocabulário e em comunicar-se em inglês. As primeiras palavras surgem de maneira espontânea, na tentativa de estabelecer uma relação com a teacher, os colegas e o material trazido para a aula. Aos poucos, a língua inglesa se torna uma forma de comunicação diferenciada inclusive com os professores e educadores assistentes da escola, pois as crianças sentem-se orgulhosas de ensinar palavras do seu cotidiano e utilizá-las mesmo na ausência da teacher. As músicas e os jogos também as ajudam a elaborar sentenças completas em inglês e a vê-las como um meio de comunicação possível dentro e fora da escola.
O protagonismo na prática – quando a criança pede para ser a teacher e apresentar os materiais concretos, o livro de história e os cartões para a turma.
As experiências em inglês mesclam-se com as experiências e descobertas de vida da criança, não se caracterizando por ser um processo à parte, mas sim por ser um desenvolvimento intrínseco a cada vivência e a cada experiência que ocorre dentro da escola. Sob o respaldo de que “as experiências devem ser consolidadas na continuidade cotidiana, nas relações estruturadas que se alteram” (FORTUNATI, 2017, p. 26), as vivências em inglês acompanham o cotidiano das crianças em sua rotina e nos ambientes que elas frequentam dentro da escola, tornando todos os espaços escolares espaços de comunicação, de interação, de aprendizagem e de desenvolvimento. Desenvolvimento, simultaneamente, da língua, das relações, da motricidade e da percepção das potencialidades particulares de cada criança.
É o foco no ponto de partida da ação pedagógica e a crença no protagonismo infantil que torna possível trazer o inglês para o ambiente escolar de maneira que se respeite o tempo e o desenvolvimento da criança, tornando a aprendizagem da língua uma aprendizagem da vida também.
Referências
BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. Volume 1. Brasília: MEC, 2006.
FORTUNATI, Aldo. Por um currículo aberto ao possível: protagonismo das crianças e educação. San Miniato: Editora Buqui, 2017. Tradução de Paula Baggio.
DESPERTAR Educação Infantil. Projeto Político Pedagógico. Porto Alegre: 2016. Disponível em: http://www.escoladespertar.com.br/arquivos_enviados/image/arquivos/PPP%202016.pdf. Acesso em: 16/11/2017.