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Relatos sobre a autonomia - Lilian P. Zianni
RELATOS SOBRE A AUTONOMIA
Lilian P. Zianni 19
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Eu sou Lilian Postingher Zianni, educadora assistente na Escola Despertar. Trabalho há mais de três anos aqui e co muito feliz em fazer parte desta equipe.
É bom demais ter a oportunidade de vivenciar e praticar o protagonismo das crianças. Percebo que aqui a criança é o "ator" ou a "atriz" principal. Vários são os momentos em que os pequenos demonstram suas individualidades: nos momentos das refeições, por exemplo, as crianças escolhem o lugar em que vão sentar à mesa, podendo sentar ao lado de seus melhores amigos e amigas. Além disso, servem sua comida, sua água e conversam muito nesses momentos.
Durante o nosso trabalho na Escola, o protagonismo da criança é valorizado o tempo todo. Percebo que garantir que as crianças possam expor seus desejos em todos os momentos do cotidiano
auxiliam na construção da autonomia, que só é possível se houver afeto e con ança.
Vejo no dia a dia da escola que as educadoras observam as brincadeiras das crianças a m de perceber quais ideias e interesses estão aparecendo. Assim, é possível valorizar os temas com os quais as crianças estão envolvidas, permitindo que criem suas identidades e formas de pensar.
Praticamos a proposta baseada na abordagem italiana da cidade de Reggio Emilia, que nos ensina que devemos oferecer às crianças con ança, no sentido de reconhecimento de identidade e oportunidades na organização do planejamento, dos espaços e do tempo, deixando a criança explorar, diversas vezes, cada objeto e cada espaço. É deste modo que consolidamos, em nosso cotidiano, o olhar atento e respeitoso do educador. Para nalizar, resgato o poema de Lóris Malaguzzi,
19 Educadora Asistente da Escola Despertar e graduada em Educação Física.
A criança é feita de Cem
De jeito nenhum. As cem estão lá A criança é feita de cem. A criança tem cem linguagens e cem mãos cem pensamentos cem maneiras de pensar de brincar e de falar. Cem e sempre cem modos de escutar de se maravilhar, de amar cem alegrias para cantar e compreender cem mundos para descobrir cem mundos para inventar cem mundos para sonhar. A criança tem cem linguagens (mais cem, cem e cem) mas roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura lhe separam a cabeça do corpo. Dizem à criança: de pensar sem as mãos de fazer sem a cabeça de escutar e não falar de compreender sem alegria de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal. Dizem à criança: de descobrir o mundo que já existe e de cem roubam-lhe noventa e nove. Dizem à criança: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imaginação, o céu e a terra, a razão e o sonho são coisas que não estão juntas. E assim dizem à criança que as cem não existem. A criança diz: De jeito nenhum. As cem existem”.