EDITORIAL CARLA A. GONÇALVES
O décimo volume do Boletim Kairós surge no seguimento do número anterior, fechando o grupo temático integralmente dedicado à escultura. Cumpre-se, assim, o objectivo de dar a conhecer à comunidade alguns trabalhos cientí cos realizados pelos investigadores do CEAACP subordinados a esta categoria artística que se assume como matéria de análise do nosso Centro de Estudos. É com um enorme agrado que se apresentam os seis artigos que dão corpo a este periódico, também porque oferecem novidades que importam e que permitem acrescentar o que já é conhecido e, acima de tudo, ampliar a possibilidade de discussão cientí ca que é, naturalmente, um dos maiores propósitos de qualquer comunidade que se dedica à pesquisa rigorosa e à sua divulgação. O primeiro artigo, da autoria Joana Antunes, titulado Sem medo nem vergonha. Imagens insólitas à margem da escultura medieval, traz notícias sobre as representações do grotesco, do transgressivo e do obsceno na arte medieval de
ascendência cristã, propondo novos olhares sobre este caso que sinalizará uma cultura visual excêntrica e absolutamente marginal (porque à margem do decoro e, também, à margem da percepção) mas que chama à guração do corpo integral e à vida, nas suas tantas dimensões. Maria José Goulão revela, através do artigo sobre a Morte, memória e escultura funerária (séc. XV): materialidade e performatividade, dados sobre o já muito deteriorado túmulo conjugal do doutor Pedro Esteves e de sua mulher, D. Isabel Pinheiro, uma obra da segunda metade do século XV que se conserva na capela funerária criada para o efeito por Pedro Esteves (hoje o andar térreo da torre sineira mandada erguer antes de 1513, pelo seu lho, D. Diogo Pinheiro), em Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães, propondo tratar-se de uma obra modelada em gesso, revestindo uma estrutura em granito (na arca), o que faz deste monumento funerário português um caso raro, apenas comparável ao túmulo de Rui Valente, na Sé de Faro, datado de 1464.
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