Guia Prático de Tarot

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R Ă P T A ICO I U G

de tarot


Introdução

Ao longo dos séculos, o Tarot tem sido utilizado para adivinhar o futuro e desvendar verdades ocultas. Embora não tenha decorrido muito tempo desde a altura em que ganhou má reputação, foi desprezado pela Igreja e considerado diabólico ou maldito, passando a estar associado às artes mais negras do oculto. Nos últimos trinta anos, o Tarot voltou a crescer em termos de popularidade e tornou-se uma das principais ferramentas de autodescoberta e de conhecimento pessoal. Talvez a explicação deste fenómeno seja simples — o Tarot utiliza uma linguagem que é acessível a todos. As 78 cartas do baralho de Tarot possuem a extraordinária faculdade de o conseguir espelhar, dando-lhe também acesso imediato ao seu «eu» mais profundo, quer lhe chame intuição, alma, guia interior, mensageiro divino ou anjo da guarda. O Tarot servindo-se de uma linguagem que é universal, pois interceta os reinos arquetípicos que habitam o seu inconsciente, ou seja, as caraterísticas universais que fazem parte dos padrões mais básicos de sentimentos, ideias e pensamentos humanos. Este guia completo de Tarot destina-se tanto a principiantes como a praticantes mais avançados e encontra-se dividido em duas partes, o que permite um fácil acesso tanto a interpretações como a aspetos práticos.


o mundo do tarot

O Tarot constitui uma forma imediata e direta de compreender os ritmos ou os padrões em ação na sua vida. Estranhamente, parece ser igualmente capaz de «prever» padrões ou acontecimentos que estão prestes a manifestar-se. Os símbolos e os arquétipos têm uma significação profunda, contemplando diferentes camadas e níveis de sentido: fazem-nos conhecer aquelas facetas mais secretas e subterrâneas que inconscientemente podemos decidir negar, reprimir ou afastar. Esta linguagem universal torna o Tarot uma ferramenta insubstituível para o autoconhecimento e para fazer escolhas no que toca ao futuro. O Tarot está para além da nossa projeção do bem e do mal e limita-se a refletir a energia do momento e a pessoa que faz a leitura, mas também podemos projetar nele a nossa bondade e maldade. A utilização do Tarot é uma forma de nos tornarmos recetivos à sabedoria interior e ao conhecimento secreto. Devido à sensação, por parte da Igreja, de que tudo o que era esotérico cheirava a oculto, o Tarot passou a ser associado às artes mais negras e é por isso que é frequente as pessoas terem medo do seu poder.


Utilizando o Tarot A parte central deste livro contém um manual de utilização dividido em oito capítulos, os quais abordam tópicos diversos. Primeiros passos: inclui instruções para a utilização do Tarot e informações sobre a forma de escolher um baralho, rituais e técnicas para baralhar cartas. Explica como as questões devem ser formuladas, e, o que é mais importante, faculta exercícios e linhas de orientação para interpretação e desenvolvimento da intuição. Há ainda informação sobre cartas invertidas e também uma discussão sobre o poder da «projeção» psicológica aquando da leitura do lançamento. O Tarot é um baralho de 78 cartas místicas, 22 das quais constituem os Arcanos Maiores e representam indivíduos que personificam uma caraterística ou um arquétipo específico. As 56 cartas dos Arcanos Menores representam acontecimentos, pessoas, comportamentos, ideias e atividades que fazem parte da nossa vida. O Tarot é, desde há séculos, uma das vias místicas ocidentais mais importantes para a leitura da sina, a adivinhação e o autodesenvolvimento. Mantendo ligações com a Alquimia, a Psicologia, a Astrologia, a Numerologia, a Cabala, o Misticismo cristão, a filosofia oriental e muitas outras tradições esotéricas, o Tarot é acessível a todos e constitui um espelho da alma humana. Cada carta possui uma imagem, um nome e um número que constituem símbolos poderosos dotados de significados específicos. Na sua aceção mais simples, o Tarot é uma linguagem universal que se expressa através de uma multiplicidade de símbolos arquetípicos. O conhecimento do significado subjacente a estes símbolos e da sua própria reação aos símbolos equivale a conseguir identificar-se com estas caraterísticas, a trabalhá-las de forma positiva e a estimular o desenvolvimento pessoal e os relacionamentos


As cartas do tarot arcanos maiores 0

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arcanos menores Ao contrário do que ocorre com os Arcanos Maiores, são raros os estudos de profundidade sobre os Arcanos Menores. O conjunto de 56 cartas — modernamente denominadas “Arcanos Menores” — é constituído por quatro grupos de 14 cartas, cada um deles com a mesma seqüência de 10 cartas numeradas de 1 a 10 e mais quatro figuras: Valete, Cavaleiro, Rainha (ou Dama) e Rei, também conhecidas como figuras da corte. Cada grupo de 14 cartas possui um diferencial simbólico: bastão, moeda, espada e taça. Esses grupos são popularmente reconhecidos como naipes de paus, ouros, espadas e copas, os mesmos do baralho comum que utilizamos nos jogos e passatempos. Os naipes, ou séries, têm inúmeras correspondências, por exemplo, aos quatro elementos da Astrologia e da Cabala: fogo (paus), terra (ouros), ar (espadas) e água (copas). Embora os Arcanos Menores tenham sido muito difundidos pelo mundo afora, como cartas de jogar, seus significados simbólicos são relativamente mais difíceis de serem traduzidos que os dos Arcanos Maiores. Para os cartomantes e os estudiosos do Tarô, contudo, não há como fugir da questão dos significados. De fato, estamos frente a duas ordens de símbolos: os quatro naipes, ou quatro elementos, que se combinam com o significado numerológico do 1 ao 10. É possível portanto, para as 40 cartas numeradas, estabelecer uma base de compreensão a partir da associação dos quatro elementos com os símbolos numéricos.


tiragem das cartas Existem dezenas e dezenas de modelos para consulta às cartas do Tarô. Não há, porém, uma técnica ou método de tiragem ideal. Varia com o objetivo da leitura e com as preferências individuais. Muitas vezes, modelos simples com três ou quatro cartas podem oferecer maior clareza e objetividade que alguma técnica sofisticada com muitas cartas. A sugestão, para o iniciante, é começar com os modelos mais simples e, com a prática, repassar as técnicas mais complexas, que por vezes se apóiam em outras linguagens simbólicas como é o caso, por exemplo, da tiragem que segue a ordem das casas astrológicas.

três regras básicas 1-

sem complicações- estabelecer, antes de retirar cada lâmina do maço,

qual o sentido ou função que ela irá ter no jogo; não devemos nos prender a algum modelo fixo de tiragem, mas sim, definir previamente os pontos que queremos entender da questão a ser examinada com as cartas;

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partir do que se sabe- fazer uma “leitura literal” da lâmina, ou seja, verbalizar simplesmente o que a carta está mostrando; é importante não cair na tentação de querer impressionar os outros com revelações surpreendentes;

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praticar e conferir - buscar, à medida que for desvirando as cartas,

estar receptivo às impressões, idéias, intuições e pensamentos fugidios que possam surgir, em ressonância à função previamente atribuída à carta. Quando estamos praticando com amigos é importante, não só expressarmos livremente o que nos ocorre diante das cartas, mas também ouvir a opinião deles, pois isso nos ajudará compreender melhor os significados práticos dos arcanos. Ou seja, é um ótimo caminho de aprendizagem confrontar a nossa leitura com a realidade objetiva que os nossos interlocutores podem trazer para confirmar ou para corrigir nossas interpretações.


significados

Se as regras acima mencionadas forem bem aplicadas, ajudará a resolver uma dificuldade básica. Entre os que começam a praticar tiragens a dúvida mais comum é a de como traduzir cada carta. Ficam sem saber se devem falar dos aspectos positivos ou negativos. Vacilam na escolha dos significados contraditórios que aparecem nos diferentes livros e autores. Essa questão é de fato essencial. Não encontraremos uma resposta fácil para ela porque, na realidade, os símbolos são mais amplos, mais profundos e mais repletos de significados do que as limitadas perguntas que fazemos habitualmente. Mesmo que o tarólogo tenha muita experiência, estará sempre diante da dificuldade de reduzir o mundo rico e variado dos arcanos aos limites restritos das nossas formulações. O que pode ajudar a leitura é definir claramente o que esperamos que a carta indique. Por exemplo, se queremos compreender bem uma situação, tiramos uma carta para esclarecer seus pontos fortes e outra carta para mostrar seus pontos fracos. Nesse caso, levaremos em conta os significados positivos da carta tirada para explicar os pontos fortes. Para traduzir os pontos fracos da situação levaremos em conta os pontos negativos que em geral são atribuídos à carta que foi tirada para explicar esse lado da questão. É importante, quando estudamos os símbolos do Tarô, procurar conhecer pelo menos três aspectos de cada carta: seu lado luminoso ou positivo; o lado de sombra ou negativo; e o conselho que oferece. Quanto mais amplo for o nosso entendimento, mais fácil será aplicar a carta à função que definimos a ela durante a tiragem.


detalhes Na prática, vemos tarólogos e cartomantes dando importância a muitos detalhes que podemos acolher, mas que não precisamos tomar como leis ou dogmas. Vejamos alguns desses pontos.

Toalha. Muitos guardam um pano próprio ou toalha especial sobre o qual abrem as cartas. Embaralhar. Muitos praticantes pedem que o cliente embaralhe as cartas para deixar sua vibração ou, em outros termos, para se que “fiquem donos” das cartas. Outros pedem simplesmente que o consulente pouse as mãos sobre as lâminas, para passar sua energia. Corte. É muito comum que o conselheiro ou cartomante peça que o cliente “corte o maço”, ou seja, divida em dois ou três montes. Alguns recomendam que seja com a mão esquerda, outros com a direita. Sejam quais forem os procedimentos, pode ser interessante atribuir uma função para a carta de corte na leitura. Cartas invertidas. É relativamente freqüente atribuir um sentido negativo às cartas que saem de cabeça para baixo. Para quem deseja levar isso em conta o embaralhamento deve ser feito rolando as cartas sobre a mesa, para garantir a alternância de posição. Além disso, uma mesma carta pode sair direita ou invertida dependendo de o praticante “abrir” a carta girando-a no eixo vertical ou horizontal. Voltada para leitor. A maior parte dos praticantes arrumam as cartas viradas para si e não para o cliente. Na verdade, é o leitor que deve receber as impressões diretas do arranjo sobre o qual fará sua apreciação. Nada impede, é claro, quer numa situação de consulta profissional, quer numa prática terapêutica ou de estudo entre amigos, que as cartas sejam tocadas e examinadas de perto pelos envolvidos na consulta. Sorteio das cartas. Alguns praticantes pedem apenas que o cliente “corte” o maço e, eles próprios deitam as cartas que serão lidas durante a consulta. Outros fazem questão de que as cartas da tiragem sejam escolhidas pelo próprio cliente


energias na tiragem O poder do Tarot é muito útil porque o orienta, fazendo-o valer-se das suas sensações intuitivas e «saber» o que realmente pretende da vida, para agir de acordo com esse conhecimento. As cartas revelam a energia e o estado de espírito envolventes e possibilitam-lhe a perceção de si próprio num dado momento, para que esteja recetivo à escolha e, principalmente, à autodescoberta. As cartas de Tarot são meros espelhos das emoções, dos sentimentos, da alma e do ser. São reflexos num lago onde as imagens permanecem iguais, mas vibram com ondulações provocadas por energias naturais, como a do vento. O Tarot acompanha o seu movimento, para que trabalhe com a vida e não contra ela. Devolve-nos a nossa imagem, espelhada no momento em que decidimos contemplar o nosso reflexo.


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