Mobiliário Multifuncional como recurso em apartamentos compactos

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Projeto de Graduação apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para obtenção de grau de Arquiteta e Urbanista. Orientadora: Profa. Dra. Andréa Coelho Laranja Coorientador: Prof. Dr. Augusto Alvarenga


folha de aprovação Kamilla Pimentel Matarangas PROJETO DE GRADUAÇÃO APROVADO EM

/

/ 2016

ATA DE AVALIAÇÃO DA BANCA EXAMINADORA:

AVALIAÇÃO DA BANCA EXAMINADORA:

NOTA

DATA

Profa. Dra. Andrea Coelho Laranja (DAU/UFES)

NOTA

DATA

Prof. Dr. Augusto Alvarenga (DAU/UFES)

NOTA

DATA (membro externo)

APROVADA COM NOTA FINAL:


agradecimentos À Deus, por me guiar pelo melhor caminho. À minha mãe, pelo amor imensurável e pelo exemplo de determinação. Ao meu pai, pelo carinho e pelas palavras de conforto. À toda minha família, Pimentel e Matarangas, por sempre me incentivar e acreditar no meu trabalho. À Lorenzo, pelo amor, pelo companheirismo, pela parceria do início até o fim da universidade. Aos amigos da escola, da arquitetura, e da vida, por ser a família que eu escolhi e pelos momentos de alegria. A Leilani, em especial, por dividir inúmeras noites em claro desde PA IV até PG II. À professora Andréa, por compartilhar conhecimentos e questionamentos ao longo das orientações e por contribuir para a existência desse trabalho. Ao professor Augusto, por compartilhar conhecimentos, pelos vários e-mails sobre o tema mobiliário multifuncional e pelas co-orientações nas elaborações dos estudos. Ao Cemuni III que, por alguns anos, foi a minha segunda casa. Aos professores, estudantes e servidores que contribuíram para meu aprendizado para arquitetura e para a vida.


Louis Sullivan


resumo A redução da estrutura familiar média brasileira e o encarecimento do serviço doméstico são fatores que ocasionaram a crescente demanda por apartamentos com espaço reduzido. Sendo assim, surgiu a necessidade de optar por um mobiliário específico, que possibilite adicionar mais de uma função em um único móvel fazendo com que a habitação ganhe espaço sem aumentar a sua área útil. Foi realizada uma série de pesquisas bibliográficas em: livros, dissertações, teses, revistas técnicas, reportagens e sites relacionados ao tema como intuito de oferecer embasamento teórico sobre os apartamentos compactos e os mobiliários multifuncionais. O objetivo geral deste trabalho de graduação consiste em elaborar o Projeto Executivo de um mobiliário multifuncional que visa atender as necessidades de moradores contemporâneos, que vivem em apartamentos compactos e que necessitam de um local dinâmico e multifuncional. Como objetos de estudo foram selecionados quatro lançamentos de apartamentos compactos para análise e comparação com apartamentos não compactos, um de cada capital do sudeste brasileiro, sendo elas Vitória, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Através dessas análises de alguns apartamentos compactos atuais foi possível identificar quais são as necessidades presentes nessas habitações para o mercado de mobiliário multifuncional. Posteriormente, foram selecionados os apartamentos das cidades de Vitória e São Paulo para a criação de ambientações com o uso de mobiliários multifuncionais para, por fim, elaborar o projeto executivo para um móvel multiuso presente em alguma dessas ambientações. Como conclusão observa-se que a utilização dos mobiliários multifuncionais foi possível: multiplicar os tamanhos dos ambientes, aumentar a quantidade de funções e possibilidades de layouts e garantir conforto, dinamismo e qualidade de vida para os moradores desse de habitações com área reduzida. Palavras-chave: Apartamentos compactos, Mobiliário Multifuncional, Multifuncionalidade, Arquitetura de Interiores.


lista de figuras FIGURA 1. OCA DOS ÍNDIOS [6] FIGURA 2. CONSTRUÇÕES EM SALVADOR, BRASIL [7] FIGURA 3. PLANTA BAIXA DO SOBRADO COLONIAL [7] FIGURA 4. EXEMPLO DE SOBRADO [8] FIGURA 5. EXEMPLO DE CASAS TÉRREAS [8] FIGURA 6. EXEMPLO DE CASA URBANA NO SÉCULO XIX [9] FIGURA 7. CASA DE PORÃO ALTO [10] FIGURA 8. PLANTA BAIXA DE UMA CASA DE PORÃO ALTO [10] FIGURA 9. SOLAR DE GRANDJEAN DE MONTIGNY NA GÁVEA (C.1830), COM AS VARANDAS PERIFÉRICAS [11] FIGURA 10. CORTIÇO NO RIO DE JANEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX [12] FIGURA 11. PLANTA BAIXA DO ED. ANGÉLICA EM SÃO PAULO DE 1927 [14] FIGURA 12. EDIFÍCIO ANCHIETA, AVENIDA PAULISTA, M.M. ROBERTO, 1941, IMPLANTAÇÃO, PLANTA TIPO A E B [15] FIGURA 13. EDIFÍCIO LOUVEIRA, VILA NOVA ARTIGAS, 1942, PLANTA PAVIMENTO TIPO, 144 M² [16] FIGURA 14. EDIFÍCIO PRUDÊNCIA, RINO LEVI, 1944, PLANTA PAVIMENTO TIPO, 390 M² [17] FIGURA 15. EDIFÍCIO PRUDÊNCIA, RINO LEVI, 1944, OPÇÕES DE LAYOUT DOS ESPAÇOS FLEXÍVEIS: SALA DE ESTAR, SALA DE JANTAR E DORMITÓRIOS [17] FIGURA 16. EDIFÍCIO PAULICÉIA, JACQUES PILON E GIAN CARLO GASPERINI, 1956, TRÊS TIPOLOGIAS: APARTAMENTOS DE 1, 2 E 3 DORMITÓRIOS [18] FIGURA 17. EDIFÍCIO PENTHOUSE, ADOLPHO LINDENBERG, 1980, PLANTA TIPO [19] FIGURA 18. EDIFÍCIO VILA ROMANA, RUA CROATA, SEM IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR, 1984, PLANTA TIPO COM 3º DORMITÓRIO OPCIONAL [20] FIGURA 19. EDIFÍCIO LOFT SÃO PAULO I, SEM IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR, 1999, PLANTA BAIXA [21] FIGURA 20. EDIFÍCIO NEW YORK CONDOMINIUM, SÃO PAULO, DÉCADA DE 1990, PLANTA TIPO [22] FIGURA 21. EDIFÍCIO GRAND SPACE PINHEIROS, SÃO PAULO, 2004 [23]


FIGURA 22. EDIFÍCIO NINE9IPIRANGA, PORTO ALEGRE, 2015, PLANTA BAIXA HUMANIZADA DE LOFT ALTO PADRÃO [24] FIGURA 23. EDIFÍCIO SP NEW HOME, SÃO PAULO, 2015, PLANTA BAIXA HUMANIZADA COM 41 M² [24] FIGURA 24. EDIFÍCIO SETIN DOWNTOWN GENEBRA, JONAS BIRGER, SÃO PAULO, 2015, PLANTA BAIXA HUMANIZADA COM 48 M² [25] FIGURA 25. APARTAMENTO COM 50 M² EM JARDIM ANÁLIA FRANCO, SÃO PAULO, 2013 [27] FIGURA 26. APARTAMENTO COM 20M² NO CENTRO, SÃO PAULO, 2015 [28] FIGURA 27. ANÚNCIO PUBLICITÁRIO DE UM EMPREENDIMENTO DE APARTAMENTO COMPACTO EM SÃO PAULO [30] FIGURA 28. TAXA DE FECUNDIDADE TOTAL – BRASIL – 2000 A 2015 [32] FIGURA 29. BELICHE INSERIDO EM UMA CABINE DE NAVIO A VAPOR DE 1840 [38] FIGURA 30. MÓVEL MULTIFUNCIONAL DA DESIGNER ORLA REYNOLDS [39] FIGURA 31. ESTANTE COM NICHOS QUE SE TRANSFORMA EM MESA COM CADEIRAS DA DESIGNER SAKURA ADACHI [41] FIGURA 32. MÓDULOS MULTIFUNCIONAIS [42] FIGURA 33. MESA DE CENTRO BAIXA QUE SE TRANSFORMA EM UMA MESA ALTA [43] FIGURA 34. MESA DE CENTRO QUE VIRA POLTRONA [43] FIGURA 35. CADEIRA DOBRÁVEL QUE SE TRANSFORMA EM QUADRO [44] FIGURA 36. MÓDULOS MULTIFUNCIONAIS, FLEXÍVEIS E VERSÁTEIS DE COZINHA, ESTUDO E QUARTO [45] FIGURA 37. MESA DOBRÁVEL FIXADA NA PAREDE COMO UM QUADRO [46] FIGURA 38. MESA DE CENTRO COM POSSIBILIDADE DE SE TRANSFORMAR EM MESA PARA REFEIÇÕES [46] FIGURA 39. MEDIDAS MÍNIMAS DE ESPAÇO DO CORPO HUMANO NA POSIÇÃO DE UMA PESSOA EM PÉ [51] FIGURA 40. MEDIDAS MÍNIMAS DO CORPO HUMANO NA POSIÇÃO DE UMA PESSOA SENTADA OU AGACHADA [51] FIGURA 41. MEDIDAS MÍNIMAS DO CORPO HUMANO NA POSIÇÃO DE UMA PESSOA SENTADA OU DEITADA [51] FIGURA 42. DIMENSÃO MÍNIMA PARA MOVIMENTOS SEM OBSTRUÇÃO [52]


FIGURA 43. MOVIMENTO PARA ALCANÇAR COISAS NO ALTO [52] FIGURA 44. DIMENSÃO MÍNIMA PARA A EXECUÇÃO DE TAREFAS RELACIONADAS A UMA MESA E AO UM MÓVEL PARA SE SENTAR [52] FIGURA 45. DIMENSÕES MÍNIMAS PARA A EXECUÇÃO DE TAREFAS: EM PÉ, DE JOELHOS, SENTADO OU ACOCORADO [52] FIGURA 46. ALGUMAS MEDIDAS MÍNIMAS DE ESPAÇO OU MOBILIÁRIO PARA SITUAÇÕES EM SALAS DE ESTAR [53] FIGURA 47. ESPAÇO NECESSÁRIO PARA CONVÍVIO OU LEITURA [53] FIGURA 48. DIMENSÕES MÍNIMAS PARA CADEIRAS, POLTRONAS OU SOFÁS [54] FIGURA 49. DIMENSÕES MÍNIMAS PARA MESAS CIRCULARES DE ACORDO COM A QUANTIDADE DE PESSOAS AO REDOR DA MESA [54] FIGURA 50. DIMENSÕES MÍNIMAS PARA MESAS RETANGULARES DE ACORDO COM A QUANTIDADE DE PESSOAS EM VOLTA DA MESA [55] FIGURA 51. DIMENSÕES MÍNIMAS PARA MESAS DE JANTAR EXTENSÍVEIS [55] FIGURA 52. DIMENSÕES MÍNIMAS PARA MESAS E ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO AO REDOR DELAS [55] FIGURA 53. MENOR ESPAÇO PARA UMA MESA DE REFEIÇÕES [56] FIGURA 54. ALTURAS E PROFUNDIDADES ADEQUADAS PARA OS MOBILIÁRIOS EM UMA COZINHA [56] FIGURA 55. DIMENSÃO DA PROFUNDIDADE ADEQUADA PARA BANCADAS E SOCOS E ESPAÇO NECESSÁRIO PARA LIMPEZA [57] FIGURA 56. ALTURAS E PROFUNDIDADES ADEQUADAS PARA ARMÁRIOS DE COZINHA EM RELAÇÃO AS MEDIDAS DO CORPO HUMANO [57] FIGURA 57. SUGESTÕES DE DISTÂNCIAS E ALTURAS PARA MOBILIÁRIOS EM DORMITÓRIOS [58] FIGURA 58. DIMENSÕES ADEQUADAS PARA SOFÁ-CAMA EXTENSÍVEL (8) E PARA CAMAS REBATÍVEIS (15 E 16) [58] FIGURA 59. ESPAÇO QUE AS ROUPAS OCUPAM DENTRO DOS ARMÁRIOS [58] FIGURA 60. RODÍZIOS PARA APLICAÇÕES GERAIS [59] FIGURA 61. RODÍZIOS PARA EMBUTIR SEM FUNÇÃO DE FREIO [60] FIGURA 62. SISTEMA DESLIZANTE PARA CAMAS E MESA [60]


FIGURA 63. FERRAGEM PARA MESA EXTRAÍVEL [61] FIGURA 64. FERRAGENS PARA MESAS GIRATÓRIAS E UM EXEMPLO DE MESA GIRATÓRIA [61] FIGURA 65. DOBRADIÇA PARA MESA DESDOBRÁVEL [62] FIGURA 66. ESTRUTURA PARA SOFÁ COM ASSENTO RETRÁTIL E ENCOSTO RECLINÁVEL [62] FIGURA 67. ESTRUTURA PARA SOFÁ CAMA [63] FIGURA 68. FERRAGEM ARTICULÁVEL ELEVATÓRIA PARA TAMPOS [63] FIGURA 69. SUPORTE FIXO PARA TELEVISÃO [64] FIGURA 70. SUPORTE EXTRAÍVEL E GIRATÓRIO PARA TELEVISÃO [64] FIGURA 71. SUPORTE PARA TELEVISÕES COM MOVIMENTAÇÃO HORIZONTAL MOTORIZADA [65] FIGURA 72. ESCORREDOR DE LOUÇAS EM AÇO INOX PARA ARMÁRIOS DE COZINHA [66] FIGURA 73. FERRAGEM DE ABERTURA PARA CAMAS COM ESTRADO ELEVATÓRIO 66] FIGURA 74. CAMA RETRÁTIL [67] FIGURA 75. FERRAGEM PARA CAMA RETRÁTIL [67] FIGURA 76. MESA GIRATÓRIA SOB A BANCADA DA COZINHA [69] FIGURA 77. MÓDULO COM CAMA, SOFÁ, MESA DE ESTUDO, PUFFS E MESA DE CENTRO [70] FIGURA 78. EXEMPLO DE MOBILIÁRIO MULTIFUNCIONAL EM APARTAMENTO NA CIDADE DE MADRID COM A OPÇÃO DE SALA AMPLA COM 50M² [71] FIGURA 79. EXEMPLO DE MOBILIÁRIO MULTIFUNCIONAL EM APARTAMENTO NA CIDADE DE MADRID COM A OPÇÃO DE DOIS QUARTOS [71] FIGURA 80. APARTAMENTO EM NY UTILIZANDO MOBILIÁRIOS MULTIFUNCIONAIS E ÁREA DE ARMAZENAGEM NO TETO [72] FIGURA 81. MOBILIÁRIO MULTIFUNCIONAL E FLEXÍVEL EM UMA CASA EM MADRID [73] FIGURA 82. ORGANOGRAMA PARA DEMONSTRAR AS FASES DE TRABALHO [74] FIGURA 83. PLANTA-BAIXA DO APARTAMENTO DE BELO HORIZONTE – MG [76] FIGURA 84. PLANTA-BAIXA DO APARTAMENTO DO RIO DE JANEIRO – RJ [77] FIGURA 85. PERSPECTIVA DA LAVANDERIA COLETIVA DO EDIFÍCIO VN QUATÁ [78] FIGURA 86. PLANTA-BAIXA DO APARTAMENTO TIPO STUDIO SEM TERRAÇO DE SÃO PAULO – SP [78] FIGURA 87. PLANTA-BAIXA E PERSPECTIVA DO APARTAMENTO TIPO STUDIO COM TERRAÇO [79]


FIGURA 88. PLANTA-BAIXA DO APARTAMENTO DE VITÓRIA-ES [80] FIGURA 89. LOCALIZAÇÃO DO TERRENO DO EDIFÍCIO VN QUATÁ EM SÃO PAULO - SP COM INDICAÇÕES AS PRINCIPAIS ATIVIDADES DO ENTORNO [86] FIGURA 90. PLANTA-BAIXA DO APARTAMENTO DE SÃO PAULO COM AS INDICAÇÕES DAS ÁREAS DOS DOIS AMBIENTES PRINCIPAIS [88] FIGURA 91. ESTUDO 01 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO [89] FIGURA 92. APARTAMENTO DE 12M² EM PARIS UTILIZA O RECURSO DO PISO ELEVADO PARA COLOCAÇÃO DA CAMA E SOFÁ [90] FIGURA 93. EXEMPLO DE MESA DOBRÁVEL EMBUTIDA EM ARMÁRIO COM PRATELEIRAS [90] FIGURA 94. SUPORTE PARA TELEVISÃO COM TRILHO DESLIZANTE [91] FIGURA 95. ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO [92] FIGURA 96. ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO [93] FIGURA 97. CAMA DE PAREDE COM SOFÁ ‘ATOL’ DA RESOURCE FURNITURE [93] FIGURA 98. VISTA DO ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO NO MODO ESTAR 02 [94] FIGURA 99. VISTA DO ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO NO MODO ESTAR 02 [94] FIGURA 100. PERSPECTIVA DEMONSTRANDO PROJEÇÃO DA TELEVISÃO NO PAINEL [95] FIGURA 101. VISTA DO ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO NO MODO ESTAR 01 [95] FIGURA 102. VISTA DO ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO NO MODO ESTAR 01 [96] FIGURA 103. MESA EXTENSÍVEL ‘VOILE’ DA RESOURCE FURNITURE [96] FIGURA 104. VISTA DO ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO NO MODO JANTAR [97] FIGURA 105. VISTA DO ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO NO MODO JANTAR [97] FIGURA 106. CADEIRAS DOBRÁVEIS [98] FIGURA 107. VISTA DO ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO NO MODO DORMIR [98] FIGURA 108. POSIÇÕES DA CAMA DURANTE A SUA MOVIMENTAÇÃO [99]


FIGURA 109. VISTA DO ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO NO MODO DORMIR COM PAINEL DIVIDINDO OS AMBIENTES [99] FIGURA 110. VISTA DO ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO NO MODO DORMIR [100] FIGURA 111. VISTA DO ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO COM ARMÁRIO SUSPENSO ABERTO [100] FIGURA 112. CORTE ESQUEMÁTICO DO ARMÁRIO MOSTRANDO ESPAÇO PARA ARMAZENAGEM DE OBJETOS NO TETO [101] FIGURA 113. ESTUDO 03 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO [102] FIGURA 114. SOFÁ RETRÁTIL COM POSSIBILIDADE DE DUAS POSIÇÕES [103] FIGURA 115. CAMA DE PAREDE COM MESA ‘ULISSE DESK’ DA RESOURCE FURNITURE [103] FIGURA 116. LOCALIZAÇÃO DO TERRENO DO EDIFÍCIO UP JARDIM STUDIO EM VITÓRIA – ES COM INDICAÇÕES DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES DO ENTORNO [105] FIGURA 117. PLANTA-BAIXA DO APARTAMENTO DE VITÓRIA COM AS INDICAÇÕES DAS ÁREAS DOS AMBIENTES [106] FIGURA 118. BANQUETAS EMPILHÁVEIS [107] FIGURA 119. CADEIRA DOBRÁVEL 'PIANA' DE POLIPROPILENO RECICLADO [108] FIGURA 120. ESTUDO 04 DO APARTAMENTO DE VITÓRIA [109] FIGURA 121. ESTUDO 05 DO APARTAMENTO DE VITÓRIA [111] FIGURA 122. ESTUDO 06 DO APARTAMENTO DE VITÓRIA [112] FIGURA 123. ESTUDO 06 DO APARTAMENTO DE VITÓRIA [113] FIGURA 124. ARMÁRIO VISTO A PARTIR DA COZINHA DURANTE O MODO ESTUDO/DORMIR [114] FIGURA 125. VISTA INTERNA DO ARMÁRIO NO MODO ESTUDO/DORMIR [114] FIGURA 126. VISTA DO QUARTO 02 DURANTE O MODO ESTUDO [115] FIGURA 127. VISTA DO QUARTO 02 DURANTE O MODO DORMIR [115] FIGURA 128. VISTA DO QUARTO 01 DURANTE O MODO DORMIR [116] FIGURA 129. VISTA DO QUARTO 01 NO MODO ESTUDO [116] FIGURA 130. VISTA DO ESTUDO 06 NO MODO ESTAR [117] FIGURA 131. VISTA DO APARTAMENTO NO MODO JANTAR COM O MOVIMENTO DA MESA RETRÁTIL [117]


FIGURA 132. VISTA DO APARTAMENTO NO MODO ESTAR A PARTIR DO SOFÁ EM L [118] FIGURA 133. VISTA DO APARTAMENTO NO MODO ESTUDO/DORMIR COM A BANCADA RECOLHIDA E A PORTA CAMARÃO ABERTA [119] FIGURA 134. VISTA DO APARTAMENTO NO MODO ESTUDO/DORMIR COM A BANCADA ESTENDIDA E A PORTA CAMARÃO FECHADA [119] FIGURA 135. VISTA DOS ARMÁRIOS DA COZINHA E DA PORTA-CAMARÃO FECHADOS [120] FIGURA 136. VISTA DOS ARMÁRIOS DA COZINHA E DA PORTA-CAMARÃO ABERTOS 120] FIGURA 137. ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO NO MODO ESTAR [123] FIGURA 138. ESTUDO 02 PARA O APARTAMENTO DE SÃO PAULO NO MODO JANTAR [123] FIGURA 139. ESTUDO 07 PARA O APARTAMENTO DE VITÓRIA NO MODO ESTAR [124] FIGURA 140. ESTUDO 07 PARA O APARTAMENTO DE VITÓRIA NO MODO DORMIR [125] FIGURA 141. ESTUDO 07 PARA O APARTAMENTO DE VITÓRIA NO MODO ESTUDO [125] FIGURA 142. PAINEL GIRATÓRIO NO MODO ESTAR (POSIÇÃO 01) [126] FIGURA 143. PAINEL GIRATÓRIO NO MODO DORMIR (POSIÇÃO 02)[ 126] FIGURA 144. FECHADURA BICO DE PAPAGAIO [127] FIGURA 145. FECHO ALAVANCA DE EMBUTIR [127] FIGURA 146. POSSIBILIDADES DE USO DO MÓVEL GIRATÓRIO NA POSIÇÃO 01 OU MODO ESTAR [128] FIGURA 147. POSSIBILIDADES DE USO DO MÓVEL GIRATÓRIO NA POSIÇÃO 02 OU MODO ESTUDO/DORMIR (VISÃO DO QUARTO 01) [129] FIGURA 148. POSSIBILIDADES DE USO DO MÓVEL GIRATÓRIO NA POSIÇÃO 02 OU MODO ESTUDO/DORMIR (VISÃO DA COZINHA) [129]


lista de tabelas TABELA 1. ENUMERAÇÃO DE TODAS AS TABELAS COM AS DIMENSÕES ESTÁTICAS PRODUZIDAS PELO AUTOR BOUERI FILHO (2008) [49] TABELA 2. DIMENSÃO DA LARGURA MÁXIMA DO CORPO HUMANO [50] TABELA 3. EXEMPLOS DE APARTAMENTOS COMPACTOS [75] TABELA 4. TABELA COMPARANDO O MOBILIÁRIO EXISTENTE EM APARTAMENTO NÃO COMPACTO COM O APARTAMENTO COMPACTO NA CIDADE DE BELO HORIZONTE – MG [81] TABELA 5. TABELA COMPARANDO O MOBILIÁRIO EXISTENTE EM APARTAMENTO NÃO COMPACTO COM O APARTAMENTO COMPACTO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO – RJ [82] TABELA 6. TABELA COMPARANDO O MOBILIÁRIO EXISTENTE EM APARTAMENTO NÃO COMPACTO COM O APARTAMENTO COMPACTO NA CIDADE DE SÃO PAULO – SP [83] TABELA 7. TABELA COMPARANDO O MOBILIÁRIO EXISTENTE EM APARTAMENTO NÃO COMPACTO COM O APARTAMENTO COMPACTO NA CIDADE DE VITÓRIA – ES [84] TABELA 8. TABELA COMPARATIVA ENTRE O APARTAMENTO NÃO COMPACTO, O APARTAMENTO COMPACTO E COMPACTO COM MOBILIÁRIO MULTIFUNCIONAL (ESTUDO 02) [121] TABELA 9. TABELA COMPARATIVA ENTRE O APARTAMENTO NÃO COMPACTO, O APARTAMENTO COMPACTO E COMPACTO COM MOBILIÁRIO MULTIFUNCIONAL (ESTUDO 06) [122]


sumário introdução

1

1. os espaços de morar no brasil

5

1.1. A EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS DE MORAR BRASILEIROS

6

1.2. APARTAMENTOS COMPACTOS NAS CAPITAIS DA REGIÃO SUDESTE

13

2. apartamentos compactos

26

2.1. O PERFIL DOS MORADORES

31

2.2. AS EXIGÊNCIAS MÍNIMAS DO ESPAÇO E CONFORTO

35

3. o mobiliário multifuncional residencial

38

3.1. AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO MOBILIÁRIO MULTIFUNCIONAL

41

3.2. A ANTROPOMETRIA APLICADA PARA O MÓVEL MULTIFUNCIONAL

48

3.3. OS MECANISMOS GERAIS UTILIZADOS NOS MÓVEIS MULTIFUNCIONAIS

59

3.4. APLICAÇÃO DOS MOBILIÁRIOS MULTIFUNCIONAIS NAS MORADIAS

69

4. projeto de mobiliário multifuncional para apartamentos compactos

74

4.1. PRIMEIRA FASE: LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS APARTAMENTOS

75

4.2. SEGUNDA FASE: ESTUDOS DE CASO

85

4.2.1. APARTAMENTO DE SÃO PAULO - SP .................................................................................................. 86 4.2.1.1. O Entorno ........................................................................................................................................ 86 4.2.1.2. Briefing ............................................................................................................................................ 86 4.2.1.3. Planta-Baixa: Layout da construtora .............................................................................................. 87 4.2.1.4. Propostas de Layout ....................................................................................................................... 88 4.2.2. APARTAMENTO DE VITÓRIA - ES ...................................................................................................... 105 4.2.2.1. O Entorno ..................................................................................................................................... 105 4.2.2.2. Planta-Baixa: Layout da construtora ............................................................................................ 106 4.2.2.3. Briefing .......................................................................................................................................... 106 4.2.2.4. Propostas de Layout ..................................................................................................................... 107

4.3. TERCEIRA FASE: PROJETO EXECUTIVO

126

conclusão

146

referências bibliográficas

148


introdução Atualmente, observa-se uma tendência progressiva de redução do espaço de morar. É um fato que o número de lançamentos de apartamentos compactos com metragens entre 19m² e 35m² para a tipologia de apenas um quarto aumentou nas principais cidades do Brasil, seguindo uma realidade existente em grandes metrópoles como Nova York, Londres e Paris. Essa mudança é estimulada pelo alto custo do metro quadrado nas áreas mais cobiçadas dos grandes centros urbanos. Assim, o maior número de moradores por edifício viabiliza este tipo de habitação, deixando o valor desses imóveis mais acessíveis em função da área total reduzida. Outro fator importante que estimula o aumento da procura por apartamentos compactos é a respeito da nova conformação da família brasileira, que passou a ser composta por mais pessoas divorciadas, solteiras ou casais com um ou nenhum filho. Além disso, nos dias de hoje, as pessoas passam o maior período do dia trabalhando fora de casa, levando ao entendimento de que quanto menor o espaço das moradias, menor é o trabalho e o custo para a manutenção dos imóveis, o que favorece a procura por moradias menores e mais centrais. O fato do preço da mão-de-obra de empregadas domésticas ter aumentado em decorrência da criação de legislações voltadas para a formalização do trabalho, como o caso da obrigatoriedade da assinatura da carteira de trabalho, acabou por consequência diminuindo a procura por este tipo de serviço, já que os custos se elevaram. Mesmo as famílias com maior poder aquisitivo acabaram revendo a decisão de manter um funcionário diariamente, optando por serviços semanais, mensais ou até mesmo abdicando desse conforto. Assim, com a manutenção da residência ficando a cargo da própria família, em muitas ocasiões é possível verificar a opção por apartamentos mais compactos que não demandem muito tempo e esforço para limpeza. O espaço interno dos ambientes que compõem estes imóveis é muitas vezes insuficiente para acomodar seus usuários de forma agradável e dispor de conforto não deve ser um privilégio apenas dos indivíduos que moram em residências espaçosas. Logo, elaborar projetos para moradias compactas é um tema constantemente estudado e debatido entre profissionais da área de arquitetura, design de interiores e,


até, engenharia civil. Principalmente em moradias com dimensões reduzidas, é vital que se tenha um ambiente organizado que propicie a realização das atividades básicas do dia-a-dia de maneira satisfatória e funcional. Com o crescimento do número de moradias com o espaço reduzido, também cresce a demanda por um mobiliário específico, onde seja possível adicionar mais de uma função em um único mobiliário. Faz-se necessário, desta forma, que em um mesmo ambiente sejam realizadas diversas atividades. Em decorrência disso, é possível concluir a necessidade por móveis de caráter multifuncional e versátil, que atendam às diferentes necessidades de uso e que aproveitem o reduzido espaço disponível. Assim, com apenas um mobiliário se torna possível à realização de mais de uma função, estando este mobiliário localizado em um mesmo ambiente. Desta maneira, o intermédio do arquiteto no planejamento da ambientação e do mobiliário em apartamentos compactos tem o intuito de trazer conforto, funcionalidade e sensação de amplitude espacial para esse tipo de habitação. Ao aplicar o conhecimento técnico adquirido, o arquiteto tem a oportunidade de elaborar um projeto que objetiva atender as necessidades propostas baseadas no perfil do usuário/morador, priorizando a utilização dos mobiliários multifuncionais para que aproveite melhor a falta literal do espaço e, ao mesmo tempo, crie uma sensação de amplitude no ambiente reduzido. Diante do exposto, o objetivo geral deste trabalho de graduação consiste em elaborar o Projeto Executivo de um mobiliário multifuncional que visa atender as necessidades de moradores contemporâneos, que vivem em apartamentos compactos e que necessitam de um local dinâmico e multifuncional. Para tanto foram estabelecidos como objetivos específicos apresentar brevemente a evolução dos espaços de morar brasileiros através de uma linha cronológica e apontar alguns lançamentos de apartamentos compactos nas capitais da região sudeste brasileira e suas problemáticas quanto à carência espacial. Para auxiliar a execução de um projeto executivo de um mobiliário, foi importante reconhecer o perfil dos moradores e as exigências mínimas de conforto destes apartamentos compactos, além de analisar os mobiliários multifuncionais residenciais existentes no mercado, suas características fundamentais, mecanismos de funcionamento e as suas relações com a


antropometria. Logo, é de fundamental importância que o mobiliário multifuncional seja projetado com o intuito de ser uma solução para a falta de área habitável nos apartamentos ultracompactos. Para a realização deste trabalho foi necessária a organização de seu conteúdo em quatro capítulos. O primeiro capítulo tem como objetivo contextualizar historicamente a demanda por residências compactas. Será abordada a evolução dos ambientes que compõem estes espaços de morar nas grandes metrópoles brasileiras observando as mudanças ocorridas em sua planta física com o passar do tempo, bem como a dinâmica das atividades realizadas em cada um destes ambientes, que tendem a ter sua área cada vez mais reduzida. Será enfatizado o surgimento dos apartamentos nas principais cidades brasileiras e as suas principais alterações na divisão interna e na metragem quadrada dos ambientes com o passar dos anos, com ênfase na crescente demanda por moradias compactas nos dias atuais. O Capítulo 2 se aprofunda na temática das habitações reduzidas com o intuito de justificar a necessidade da criação de mobiliário multifuncional para esses imóveis. O capítulo foi dividido em dois subtemas, que são: o perfil dos moradores para esse tipo de imóvel e as exigências mínimas do espaço e conforto e por último. Primeiramente serão levantados questionamentos a respeito do perfil de moradores, como: “qual é o perfil das famílias que habitam esse imóvel com área quadrada reduzida? Com o que elas trabalham? Qual o uso que elas dão para o espaço?”. Em seguida serão apresentadas as exigências mínimas de espaço e conforto que os apartamentos compactos necessitam para satisfazer as necessidades de seus usuários. No terceiro capítulo foram apontadas as principais características dos mobiliários multifuncionais que os tornam auxiliares e fundamentais nas residências compactas, as suas características antropométricas e as principais ferragens existentes no mercado, a fim de facilitar a execução e criação desse tipo de mobiliário específico. Também são abordados alguns exemplos de atuação do profissional de arquitetura na aplicação dessa tipologia em projetos residenciais compactos. Já no capítulo quatro é apresentado, de fato, o projeto executivo de mobiliário multifuncional para apartamentos compactos, satisfazendo as necessidades


fundamentais do usuário/morador. Este mobiliário precisará ser adaptável a várias funções e apresentar facilidade de uso através de movimentos simples e intuitivos. Para a realização do projeto o capítulo foi dividido em três fases. Na primeira fase foram apresentados quatro apartamentos compactos, para, na segunda, serem selecionados apenas dois para a realização prévia de um estudo preliminar de layout englobando a utilização de mobiliários multifuncionais. Por fim, na terceira fase foi escolhido apenas um layout dos dois apartamentos para elaborar duas volumetrias em 3D do estudo preliminar para em seguida produzir um projeto executivo de detalhamento de marcenaria de um único mobiliário multifuncional existente em uma volumetria. Esta pesquisa permitiu abranger os conhecimentos na área de projetos de arquitetura de interiores em moradias com a metragem quadrada reduzida e de design de mobiliários multifuncionais, uma vez que, em função do aumento da densidade populacional com o passar dos anos, a redução dos espaços de morar é uma tendência progressiva.


1. os espaços de morar no brasil No Brasil e no mundo, a residência e o modo de morar passaram por diversas transformações com o passar dos anos. Essas modificações se deram em algumas categorias, como por exemplo: a forma como os espaços dentro da residência são utilizados e ocupados, os materiais que a indústria de construção civil passa a usar, como é feita a disposição dos ambientes na casa e, até, qual o mobiliário é inserido no interior das residências. Segundo Rybczynski (2002) muitas características se modificaram com o passar dos anos nas residências brasileiras, sendo que uma das modificações óbvias está relacionada com os processos que criam as novas tecnologias, mobiliários mais elaborados e bem adaptados ao uso, função e bem-estar. Já as mudanças mais sutis estão ligadas com o modo de usar os ambientes e o quanto de privacidade é proporcionada ao morador. A maioria da população vive dentro de uma casa ou um apartamento ou um cômodo, pode-se dizer que como no mundo moderno, a maioria da experiência da vida do homem se desenvolve nos espaços interiores. Além das pessoas dormirem, comerem, cozinharem, tomarem banho dentro da residência, elas também costumam aproveitar o tempo livre em casa (PILE, 2005).


1.1. A EVOLUÇÃO DOS ESPAÇOS DE MORAR BRASILEIROS As primeiras moradias do Brasil, antes de 1500, foram às construções indígenas. As casas dos povos indígenas são conhecidas pela expressão “oca” (Figura 1). De acordo com Lago (2014, s.p.), Os exemplos foram trazidos até nós por comunidades indígenas que preservaram sua cultura até os dias de hoje. [...] Podem-se observar estruturas muito diferentes e variadas disposição das construções nas tribos. Encontram-se, ainda, estruturas que são provavelmente muito similares àquelas que os colonizadores portugueses descobriram nos anos 1500. Figura 1. Oca dos índios

Fonte: ZORRAQUINO, L. D. A Evolução da Casa no Brasil. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006, p. 9

Puttini & Ribeiro (2009) relatam que até a colonização dos portugueses no Brasil a setorização dentro do espaço de morar não existia, sendo assim, um único ambiente atendia a diversas necessidades dos moradores. Zorraquino (2006, p. 8) confirma que “As ocas [...] eram grandes casas coletivas [...] desenvolvendo-se dentro delas todas as funções normais da moradia: dormir, cozinhar, comer, trabalhar, brincar, etc”. As principais atividades no Brasil entre o período de 1500 a 1808 foram à plantação de açúcar e a mineração. No que se refere à arquitetura nessa época, esta possuía características coloniais. As residências respeitavam as antigas tradições portuguesas de construir (Figura 2): aproveitavam ao máximo os limites do terreno e não possuíam afastamento da via pública (LAGO, 2014).


Figura 2. Construções em Salvador, Brasil

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Fonte: Site do Google Imagens .

Nesse período a setorização começa a existir, os ambientes encontrados nas plantasbaixas das casas coloniais (Figura 3) eram: a loja (localizada no térreo das residências e com aberturas para a rua), o corredor (era entrada da casa, independente da loja), o salão (cômodo isolado da casa, destinado a receber viajantes), sala de estar, cozinha e as alcovas (ambientes não possuíam nenhuma abertura para iluminação natural, eram utilizados para dormir). Figura 3. Planta baixa do sobrado colonial

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Fonte: Site Eureka! .

As principais habitações eram o sobrado com piso assoalhado (Figura 4), que pertenciam aos ricos, e a casa térrea com piso de chão batido (Figura 5) que pertencia 1

Disponível em: http://www.bahia.ws/videos/temas/Pelourinho.jpg; Acesso em junho 2015. Disponível em: http://www.histeo.dec.ufms.br/aulas/teoriaIII/11%20Urbano%20Colonial.pdf; Acesso em junho 2015. 2


à classe baixa (pobres). As plantas baixas das casas térreas se assemelhavam a dos sobrados, com a exceção da loja no andar inferior. Figura 4. Exemplo de sobrado

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Fonte: Site Eureka! . Figura 5. Exemplo de casas térreas

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Fonte: Site Eureka! .

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Disponível em: http://www.histeo.dec.ufms.br/aulas/teoriaIII/11%20Urbano%20Colonial.pdf; Acesso em junho 2015. 4 Disponível em: http://www.histeo.dec.ufms.br/aulas/teoriaIII/11%20Urbano%20Colonial.pdf; Acesso em junho 2015.


Donato (2005) e Puttini & Ribeiro (2009) confirmam que, entre os séculos XVII e XVIII, a residência brasileira foi planejada para manter a família protegida e isolada dos viajantes, os moradores possuíam o hábito de isolá-los do resto da família. Com a chegada da corte portuguesa no Brasil, em 1808, a arquitetura brasileira se transformou. O período do Brasil Império se estendeu durante todo o século XIX e a arquitetura característica da época era de estilo neoclássico (Lago, 2014). Porém, Bruand (2010) afirma que durante o século XIX a maioria das residências no centro das cidades continuou com as mesmas fachadas do período colonial (Figura 6). Figura 6. Exemplo de casa urbana no século XIX

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Fonte: Site Arquitetura no Brasil .

Zorraquino (2006, p. 23) cita que “entre 1800-50, além dos tipos de moradias indicados no período anterior, impõe-se um novo tipo de residência, a "casa de porão alto", transição entre os velhos sobrados e as casas térreas”. Para Reis Filho (2004) a “casa de porão alto” (Figura 7) possuía uma nova forma de implantação que permitia aproximar as moradias das ruas e valorizar uma utilização social no primeiro pavimento dos sobrados. 5

Disponível em: https://arquiteturaunochapeco.wordpress.com/neoclassico-2/; Acesso em junho 2015.


Figura 7. Casa de porão alto

6

Fonte: Site Zorraquino .

Segundo Puttini & Ribeiro (2009) a corte passou a incentivar a prática de receber visitas em casa. Logo, observa-se que ocorreu uma mudança de uso e localização dos espaços internos (Figura 8), como: a sala de visitas passa ter ligação com o interior da residência, a divisão interna está mais compartimentada, percebe-se a inserção de novos cômodos com novos usos, por exemplo: o pátio para iluminação e arejamento dos ambientes internos, banheiro e dormitório para criada. Figura 8. Planta baixa de uma casa de porão alto

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Fonte: Site Zorraquino .

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Disponível em: http://www.zorraquino.com.br/textos/luis-delgadozorraquino/personales/evolucao-da-casa-no-brasil-revisado.pdf; Acesso em junho 2015.


Os edifícios públicos, os palácios e as casas da classe dominante adotaram a arquitetura neoclássica brasileira (BRUAND, 2010), a implantação dessas residências para classe alta afasta os vizinhos devido à altura de seus porões e aos jardins laterais e posteriores, como pode ser observado na Figura 9. Figura 9. Solar de Grandjean de Montigny na Gávea (c.1830), com as varandas periféricas

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Fonte: Site Vitruvius .

A partir de 1888, com a abolição da escravidão e pela decadência das lavouras tradicionais o êxodo rural se intensificou. Entre 1870 a 1890 a população da cidade do Rio de Janeiro passou de 235 mil habitantes para 522 mil habitantes, comprovando um crescimento demográfico intenso. Vários escravos libertos, imigrantes nacionais e estrangeiros buscavam as áreas centrais das cidades a procura por moradia e trabalho. Em resposta a essa demanda por moradia, surgem às habitações coletivas e com a ajuda da modernização, rapidamente essas habitações se multiplicaram. A construção de cortiços ou casas de aluguel se tornou uma atividade comum entre os arrendatários e os proprietários de imóveis; logo no início do século XX, essas habitações coletivas já 7

Disponível em: http://www.zorraquino.com.br/textos/luis-delgadozorraquino/personales/evolucao-da-casa-no-brasil-revisado.pdf; Acesso em junho 2015. 8

Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/media/images/magazines/grid_9/4c34_378-02.jpg; Acesso em junho 2015.


abrigavam uma considerável parcela da população e estavam espalhadas por várias partes da cidade. Esses cortiços (Figura 10) eram terrenos, quintais e/ou casas desocupadas que foram divididas em vários cômodos, onde cada cômodo abrigava uma família de pessoas trabalhadoras e de baixo poder aquisitivo (VAZ, 1994). Zorraquino (2006, p. 24) confirma que “As cidades cresciam com novos bairros para dar cabida a forte imigração externa e interna, aparecendo pela primeira vez os bairros de classe média assim como as "favelas", e a multiplicação dos cortiços”. Figura 10. Cortiço no Rio de Janeiro no início do século XX

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Fonte: Site Google Imagens .

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Disponível em: http://acertodecontas.blog.br/wp-content/uploads/2008/01/tipico-cortico.gif; Acesso em junho 2015.


1.2. APARTAMENTOS COMPACTOS NAS CAPITAIS DA REGIÃO SUDESTE A partir do final do século XIX e início do século XX o Brasil passou por inúmeras transformações políticas, sociais, econômicas, espaciais e culturais. De acordo com Silva & Duarte (2012, p. 14), [...] a pequena cidade comercial de aspecto colonial foi se tornando uma cidade industrial, moderna e capitalista. Nesta época, ocorreu a transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado, o surgimento de mercados e a mercantilização de bens, como moradia e o trabalho.

Zorraquino (2006) afirma que as principais cidades que cresceram no período da República Velha, entre 1889 a 1930, foram Rio de Janeiro e São Paulo. A expansão das cidades para a periferia foi possível graças à mecanização dos meios de transporte urbano e a intensa verticalização dos centros urbanos, que fez com que os imóveis imobiliários se tornassem um negócio lucrativo. Segundo Silva & Duarte (2012) à medida que aumentava a população dentro dos cortiços e casas de alugar, as condições higiênicas e de saúde diminuíam; ocasionando o surto de epidemias de doenças como varíola, febre amarela e cólera. Com a intenção de melhorar situação da higiene e da saúde, os cortiços foram demolidos. No lugar dos cortiços surgiram novas habitações coletivas, porém, com a higiene e a modernização, o preço dos alugueis também aumentou e com isso, as pessoas que moravam nos cortiços não conseguiam bancar os novos e elevados aluguéis (VAZ, 1994). Logo, os moradores específicos para essa tipologia de residência foram excluídos, iniciando um processo de substituição dos moradores em função da melhoria das residências. Com a modernização, as novidades nas técnicas construtivas, o surgimento do concreto armado e a utilização dos elevadores foi possível o aparecimento de novas tipologias da construção vertical. Para Veríssimo & Bittar (1999) os primeiros edifícios construídos são entendidos como casas empilhadas em cima de outras e não são encontradas modificações substanciais nas plantas.


Zorraquino (2006, p. 28) confirma que, Os prédios de apartamentos utilizam uma distribuição similar a das casas térreas, mas com a substituição dos pátios e áreas por poços de luz, diminuindo as possibilidades de arejamento e de isolamento. Estes dois elementos naturais, os mais democráticos e populares da arquitetura e do urbanismo, começam a desaparecer devido à voracidade dos grandes negócios da especulação urbana.

Nas décadas de 1910 e 1920, as maiorias das edificações residenciais apresentam algum comércio no pavimento térreo e sugerem duas hipóteses para essa tipologia mista. A primeira diz respeito a algum vestígio dos sobrados coloniais e a segunda ao fato do local de implantação dos edifícios pudesse ser uma região com forte caráter comercial. A respeito à divisão interna dos apartamentos (Figura 11), observa-se uma influência francesa em relação à setorização das áreas: social, serviço e íntima; mas a distribuição dos ambientes se assemelha a da casa colonial. (VILLA, 2006). Figura 11. Planta baixa do Ed. Angélica em São Paulo de 1927

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Fonte: Site Ebah .

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Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfCeEAJ/ed-angelica-ed-columbus-edprudencia; Acesso em junho 2015.


No período entre 1930 a 1964, conhecido como República Nova, à industrialização e a urbanização/metropolização continuaram crescendo no Brasil. A população nas cidades aumentava e era preciso que o número de moradias aumentasse proporcionalmente, nesse cenário crescente em busca de uma habitação, surge um novo mercado de investimentos: o aluguel da moradia (VILLA, 2006). Villa (2006, s.p.) afirma que, A grande maioria dos edifícios de apartamentos construídos para fins lucrativos apresentava uma diversidade de soluções espaciais que atestavam a eficiência do empreendimento. Num mesmo edifício (Figura 12) era possível encontrar apartamentos de um, dois, três dormitórios e configurações semelhantes aos hotéis, com apenas quarto e banheiro, onde a sala e a cozinha eram suprimidas. Figura 12. Edifício Anchieta, Avenida Paulista, M.M. Roberto, 1941, implantação, planta tipo A e B

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Fonte: Site Vitruvius .

Zorraquino (2006) reforça a importância da inserção do concreto armado na indústria da construção civil, as vigas, os pilares, as coberturas, as lajes e etc. passaram a ser feitas de concreto e isso possibilitou a liberdade nas plantas. Toda a função interna da planta foi repensada levando em consideração os valores funcionais e racionais, como a planta livre, a iluminação, o arejamento e etc. 11

Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.078/297; Acesso em junho 2015.


Brito (2003) comenta que nos anos 40 ocorreu à preocupação com a racionalização dos espaços, principalmente os dos setores sociais. Esse setor ficou restrito a uma sala ligada diretamente a cozinha. Também é importante citar que nesse período surge o apartamento com dimensões mínimas. Silva (1989) afirma que nessa época foram construídas grandes edificações com elevado número de apartamentos com área total restrita, em torno de 25 a 30m², ocasionando lucros excessivos por parte das incorporadoras. De acordo com Silva & Duarte (2012), entre as décadas de 40 e 50, principalmente em São Paulo, a grande procura por moradias estabeleceu dois estilos de apartamentos. No primeiro estilo, ver Figura 13, podemos citar os edifícios para aluguel que possuíam unidades habitacionais de um, dois ou até três quartos. Esses apartamentos foram uma alternativa reduzida das moradias térreas e possuíam apenas os programas mínimos de moradia. Já no segundo estilo, ver figuras Figura 14 e Figura 15, encontramos os projetos de edifícios elaborados para as famílias com melhor poder aquisitivo. O programa dessas edificações se comparava aos dos palacetes e comportavam uma maneira de morar das elites brasileiras (VILLA, 2006). Figura 13. Edifício Louveira, Vila Nova Artigas, 1942, planta pavimento tipo, 144 m²

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Fonte: Site do Pinterest . 12

Disponível em:

https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/4f/a8/27/4fa82766ac467cc945903153cefdf01c.jpg em junho 2015.

Acesso


Figura 14. Edifício Prudência, Rino Levi, 1944, planta pavimento tipo, 390 m²

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Fonte: Print Screen de uma apresentação no Site Prezi . Figura 15. Edifício Prudência, Rino Levi, 1944, opções de layout dos espaços flexíveis: sala de estar, sala de jantar e dormitórios

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Fonte: Site Vitruvius .

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Disponível em: https://prezi.com/rvfqc6amu1g4/edificio-prudencia-rino-levi/; Acesso em junho 2015.


É importante citar que a respeito das características da arquitetura moderna, Villa (2006) comenta que, os princípios da planta livre, da sobreposição de funções e dos espaços mínimos na maioria dos casos não ficaram na teoria. Pois a maneira de morar da classe média continuava sendo em espaços setorizados e compartimentados. Na década de 50 ocorre o surgimento de cômodos em versões mais compactadas nas residências (Figura 16) devido à influência norte-americana. Também é característica da época, o destaque que a televisão passou a ocupar nas salas de visitas (PUTTINI e RIBEIRO, 2009). Logo, constata-se o acúmulo de duas funções na sala de visitas, a função de receber visitas e a de assistir televisão. Villa (2006) confirma que a sociedade paulista abandonou os padrões europeus e começou a se referenciar nos padrões norte-americanos de viver, conhecido como american way of life. Figura 16. Edifício Paulicéia, Jacques Pilon e Gian Carlo Gasperini, 1956, três tipologias: apartamentos de 1, 2 e 3 dormitórios

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Fonte: Site Melhor Lugar .

Para Villa (2006, s. p.), nas décadas de 1950 e 1960 “emergiram a incorporação e os condomínios, que independente da classe social a que se destinava, oferecia um modelo de habitação reduzida da tipologia burguesa oitocentista com um programa básico de sala, dormitório (2 ou 3), banheiro e cozinha, apresentando, na maioria dos casos, cômodos de empregados – dormitório e banheiro –, e entradas separadas para as áreas social e de serviços”. Bruand (2010) reforça que, assim como ocorre à

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Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.078/297; Acesso em junho 2015. 15 Disponível em: http://melhorlugar.blogspot.com.br/2009/04/ed-pauliceia-50-anos.html; Acesso em junho 2015.


separação total das circulações social e de serviço nas residências de alto padrão, essa independência também é identificada nas moradias atribuídas à classe média e até mesmo nas residências destinada as camadas mais populares da população. Algumas das características que se destacam, nos apartamentos de alto padrão, (Figura 17) é a presença de novos compartimentos destinados a usos específicos. Esses novos ambientes são: lavabo, suíte, closet, despensa e copa. Figura 17. Edifício Penthouse, Adolpho Lindenberg, 1980, planta tipo

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Fonte: Site 123i .

O período entre 1964 a 1986 foi marcado pela ditadura militar. Durante essa época foi criado o Banco Nacional de Habitação (BNH) que aplicou uma política pública habitacional dirigida à classe média, ou seja, as classes populares ficaram sem investimento. A crescente emigração campo-cidade e a falta de recurso do governo ocasionou o aumento das favelas, cortiços e loteamentos populares nas principais cidades (ZORRAQUINO, 2006). Nas unidades habitacionais com o custo mais baixo (Figura 18), Villa (2006) cita que é possível o estabelecimento de uma tipologia mínima de apartamento, que já havia sido indicado nos anos anteriores, como a sala de dois ambientes (o uso do estar e o do jantar integrado em um mesmo ambiente), o único acesso ao apartamento, cozinha, área de serviço, banheiro social e dois ou três quartos.

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Disponível em: http://cdn.123i.com.br/photo/catalog/thumb/floorplan/2f/f0/2ff07edd9eb8a35be7c04f07a881c77d/2ff07 edd9eb8a35be7c04f07a881c77d_0.jpg; Acesso em junho 2015.


Figura 18. Edifício Vila Romana, Rua Croata, sem identificação do autor, 1984, planta tipo com 3º dormitório opcional

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Fonte: Site Vitruvius .

Durante o período da ditadura militar no Brasil, Puttini & Ribeiro (2009) em relação ao uso dos ambientes internos das moradias, destacam que: nos anos 60 o sucesso dos edifícios habitacionais é confirmado e o quarto começa a acumular mais de uma função; na década de 70 é observada, nas moradias de alto padrão, a inserção de um ambiente destinado à utilização televisão e nos anos 80 o dormitório se afirma como um ambiente híbrido que acumula as funções de estudar, receber e repousar. A partir dos anos 70 até os dias atuais, Villa (2006) constata a valorização do setor coletivo nos prédios residenciais, com a criação de equipamento de uso coletivo. Zorraquino (2006, p. 32) confirma: [...] os novos Condomínios de Apartamentos [...] que implicam a prestação de serviços coletivos, destacando-se fundamentalmente a segurança ante a gravidade dos conflitos sociais: prédios e conjuntos habitacionais rodeados de altos muros e de sistemas sofisticados de alarmes [...].

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Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.078/297; Acesso em junho 2015.


Na década de 90, constata-se o aumento no número de moradores com o estilo de vida diferenciado, principalmente, nos grandes centros urbanos. Esses moradores são: os solteiros, os divorciados, os casais sem filhos, os casais com mais idade cujos filhos já saíram de casa e os idosos. Buscando atender essa nova demanda ocorre o surgimento de novas tipologias habitacionais, como os flats, lofts e até mesmo a valorização das antigas kitchenettes (VILLA, 2006). Puttini & Ribeiro (2009, p. 155) confirmam que “O conceito de loft inspira projetos para moradores com estilo de vida diferenciado. A década de noventa incentivará o uso de espaços integrados, principalmente para as pessoas descasadas, solteiros e casais sem filhos“. Essas unidades habitacionais (Figura 19), denominadas como loft, são compostas por um único ambiente onde comporta a sala, quarto, varanda e escritório, as únicas divisões em alvenaria é para o banheiro e, às vezes, para a cozinha. Figura 19. Edifício Loft São Paulo I, sem identificação do autor, 1999, planta baixa

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Fonte: Site 123i .

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Disponível em: http://cdn.123i.com.br/photo/catalog/thumb/floorplan/00/8f/008fa4e5512919f373a0122c833dacdf/008f a4e5512919f373a0122c833dacdf_0.jpg; Acesso em junho 2015.


O século XX foi marcado pelo crescimento da industrialização, principalmente nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo, umas consequências a esse crescimento foram às transformações tecnológicas e os valores sociais. A respeito dos valores sociais, Puttini & Ribeiro (2009) afirmam que a segurança e o permanecer mais tempo dentro da casa passaram a ser valorizados. Veríssimo & Bittar (1999) reforçam o acúmulo de funções nas residências, principalmente, o trabalhar em casa com a utilização do microcomputador. Nos aspectos das plantas baixas das residências, ver Figuras Figura 20 e Figura 21, uma mudança importante a ser observada é a valorização da cozinha como área social, com isso o local da cozinha se aproximou da sala (PUTTINI e RIBEIRO, 2009). Figura 20. Edifício New York Condominium, São Paulo, década de 1990, planta tipo

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Fonte: Site Vitruvius .

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Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.078/297; Acesso em junho 2015.


Figura 21. Edifício Grand Space Pinheiros, São Paulo, 2004

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Fonte: Site Vitruvius .

Santiago (2007) destaca que uma importante transformação na residência do século XX foi a sua perda de valor como moradia e/ou local de essência de uma família. Após a revolução industrial, os burgueses transformaram a casa em apenas um pertence de investimento financeiro. Feito isso, os apartamentos da classe média passaram a ser tratados apenas para fim comercial. Sendo construídos com os recursos mínimos e com a utilização das áreas mínimas mencionadas pelos códigos de obras, transformando assim as moradias em um negócio rentável e sem nenhum comprometimento com a qualidade do espaço e com as relações sociais. O grande destaque do século XXI continua sendo os espaços integrados e o conceito de loft (Figura 22). O conceito de loft significa uma nova proposta de morar decorrente de novos perfis de moradores, como jovens, empresários, pessoas de meia idade, solteiro ou pessoas que optaram por viver sem família e possuem um bom padrão de vida. Os lofts são entendidos como sinônimo de sofisticação, conforto e modernidade (PUTTINI e RIBEIRO, 2009).

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Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.078/297; Acesso em jun. 2015.


Figura 22. Edifício Nine9Ipiranga, Porto Alegre, 2015, planta baixa humanizada de loft alto padrão

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Fonte: Site Melnick Even .

No Brasil, algumas reportagens divulgadas em sites e revistas também deram destaque para os apartamentos compactos (Figura 23 e Figura 24), Cabrera (2015) afirma que é um fato os apartamentos compactos terem se tornado os favoritos do mercado imobiliário e destaca como algumas de suas vantagens, a praticidade e a boa localização. Figura 23. Edifício SP New Home, São Paulo, 2015, planta baixa humanizada com 41 m²

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Fonte: Site Esser .

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Disponível em: http://www.melnickeven.com.br/empreendimento/nine-ipiranga-porto-alegrejardim-carvalho-apartamento-1-ou-2-dorms-duplex-loft/#photoPretty2/0/ ; Acesso em junho 2015. 22 Disponível em: <http://www.esser.com.br/media/plantas/md/1b4cfccd-a903-44d2-bc6a9f2807d64f2d.jpg>; Acesso em junho de 2015.


Figura 24. Edifício Setin Downtown Genebra, Jonas Birger, São Paulo, 2015, planta baixa humanizada com 48 m²

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Fonte: Site Setin Downtown .

É importante citar Gaioso (2015) onde ele discorre a respeito da ideia da moradia como um ambiente único, essa concepção foi iniciada pela febre dos lofts que ocorrem nos anos de 1990 e, atualmente, é uma prática nos imóveis das cidades no Brasil. Essa ideia sugere uma tendência a mobiliários que podem assumir diversas funções e que se adaptam com facilidade em variados espaços. Castro & Lima (2010, p. 7) afirmam que “a dificuldade de adequação dos espaços residenciais em geral, está relacionada com a variedade e a quantidade crescente de atividades desenvolvidas em seu interior, o que demanda a multifuncionalidade no espaço e implica na necessidade de se adicionar funções a um mesmo mobiliário.” Em relação ao atual mercado imobiliário brasileiro, Lago (2014, s. p.) destaca que, A maior crítica à produção do mercado utiliza-se sem dúvida, do fato de que tais apartamentos continuam oferecendo espaços internos muito semelhantes aos de há um século atrás, para grupos familiares diversos e famílias nucleares totalmente transformadas. Principalmente nas grandes cidades, com a finalidade de reduzir gastos a habitação tem sido altamente padronizada, tipificada, diferentemente como que em acontecendo com os formatos familiares.

Puttini & Ribeiro (2009) constatam que, atualmente, a sobreposição de múltiplas funções como a de trabalhar, estudar, repousar, receber, cozinhar e etc. contribui diretamente para a criação de ambientes versáteis, como o loft ou o apartamento compacto. Logo, é possível relembrar os primeiros anos do período colonial brasileiro, onde eram realizadas diversas atividades em apenas um único espaço edificado. 23

Disponível em: http://www.setindowntown.com.br/Genebra; Acesso em junho de 2015.


2. apartamentos compactos Atualmente, devido ao pouco espaço de área útil a ser construída nos principais centros urbanos brasileiros e também o fato do preço elevado do metro quadrado, o apartamento compacto se tornou uma das principais opções para as pessoas morarem nos grandes centros urbanos. Lago (2014, s. p.) cita, Em São Paulo, por exemplo, os dados nos mostram que tem aumentado o número de pessoas que escolhem o apartamento como moradia – em 1994, 12,6% das famílias moravam em apartamentos, dado que subiu para 17,9% no ano de 1998. No caso das classes média e alta – nosso alvo de estudos, a crescente expansão do território metropolitano, o desejo da centralidade e os altos índices de violência parecem estar associados à crescente demanda por tal modalidade habitacional.

Mesmo com a colaboração do crescimento da população para a diminuição nas dimensões dos apartamentos, a principal justificativa para tal está interligada com a especulação imobiliária, significando que quanto maior o número de habitações em um empreendimento, maior é a movimentação de capital, ou seja, maiores serão os lucros que a incorporada irá receber (SILVA e DUARTE, 2012). Silva & Duarte (2012) afirmam que os edifícios verticais estão cada vez mais presentes nas cidades e que, nos dias atuais, podem-se encontrar várias tipologias de apartamentos, em diversas localidades, em tamanhos variáveis e para todos os tipos de perfil de moradores, classe baixa, classe média, média alta e classe alta. É importante citar que alguns autores relacionam a pouca metragem quadrada dos apartamentos compactos com a tendência a espaços que permitem à sobreposição de funções e/ou a flexibilidade no uso dos cômodos, como por exemplo, a sala de estar ser na maioria das vezes, a sala de visitas, a sala de televisão (home theather) e a sala de jantar. Santiago (2007, s. p.) questiona “Não estaríamos hoje diante de novas alternativas de qualificação do espaço, em uma sociedade tendendo a superequiparse, onde o equipamento qualificaria os espaços permitindo a sobreposição de funções?”. Já Mancuso (2004) observa a sobreposição de usos nos ambientes dos apartamentos que possuem a área mais restrita e afirma que o modo de vida nesses apartamentos compactos integra os ambientes os transformando em multifuncionais. Oates (1991) reafirma que várias pessoas não querem ou não podem utilizar um


ambiente para uma só função, e que os moradores se veem atraídos por mobiliários de armar e desarmar / pegar e levar onde seja possível uma rápida montagem ou desmontagem, facilitando mudanças frequentes nos ambientes domésticos. Spotorno (2014) destaca em reportagem para o site FOLHA DE SÃO PAULO24 que os apartamentos compactos de até 50 m² (Figura 25) estão ganhando espaço nos lançamentos de imóveis. Segundo o coordenador do núcleo de pesquisa de mercado imobiliário da Escola Politécnica da USP, João da Rocha Lima Jr, essa “é uma realidade que veio para ficar” e que a diminuição dos apartamentos não é uma singularidade da cidade de São Paulo, o mesmo processo já ocorreu em grandes metrópoles como Nova York, Londres e Tóquio. Segundo especialistas, a localização é o principal motivo que faz as pessoas preferirem essa opção de moradia compacta. A opção de morar em bairros mais centrais é uma maneira de não perder tempo no traslado casa-trabalho, sendo assim, várias pessoas preferem morar em apartamentos menores, pois priorizam a funcionalidade é permitida nesse tipo de habitação. Figura 25. Apartamento com 50 m² em Jardim Anália Franco, São Paulo, 2013

25

Fonte: Site Even .

24

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/05/1461272-apartamentos-compactosse-mantem-em-evidencia-apos-boom.shtml; Acesso em junho de 2015. 25 Disponível em: https://www.even.com.br/Imagens/Detalhes/concept-analia-franco/planta/Grande/2447.jpg; Acesso em junho de 2015.


Segundo reportagem de Mori & Correa (2014) para o site FOLHA DE SÃO PAULO26, à medida que as cidades crescem os apartamentos diminuem de tamanho. Ele acrescenta também, além dos apartamentos compactos na cidade de São Paulo, o aparecimento de apartamentos ainda mais compactos, com área de apenas 18 m² (Figura 26). Figura 26. Apartamento com 20m² no Centro, São Paulo, 2015

27

Fonte: Site Setindowntown .

O professor de história da arquitetura na USP28 justifica que “é uma resposta do mercado imobiliário à alta dos preços”, e segundo informações da Geoimóvel 29, a maioria destes apartamentos, chamados de “supercompactos” está localizada no centro da cidade ou em regiões próximas às faculdades, estações de metrô etc. Notase que abdicam de morar em um apartamento maior para, em troca, morarem próximo do trabalho ou estudo, facilitando a locomoção no dia-a-dia pela cidade. É comum encontrar nesses novos empreendimentos alguns serviços na área comum do edifício, de uso coletivo dos moradores, como por exemplo, bicicletários e lavanderias. A oferta destes serviços nas áreas comuns dos edifícios equilibra a falta de armazenagem e de áreas de serviços nos apartamentos “ultracompactos”.

26

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/08/1508044-apartamentos-de-ate-30m-sao-aposta-do-mercado-veja-como-decora-los.shtml; Acesso em junho de 2015. 27 Disponível em: http://www.setindowntown.com.br/Sao-Luis; Acesso em junho de 2015. 28 Sigla que significa Universidade de São Paulo. 29 “O GEOIMOVEL é uma empresa de soluções e pesquisas imobiliárias que oferece as mais diferenciadas ferramentas e instrumentos de análise mercadológica para as empresas que atuam no setor imobiliário, do setor financeiro, prefeituras e mercado da construção civil.” Disponível em: https://www.geoimovel.com.br/g3/quemsomos.asp; Acesso em junho de 2015.


Na matéria no site NEWWAY30 (2015, s. p.), observa-se a importância do morar em uma boa localização e que a tendência do mercado imobiliário é fornecer apartamentos cada vez menores no centro da cidade de São Paulo, porém com uma ampla área de serviço para o uso coletivo. Relata: Apartamentos compactos na região central se tornam atrativos principalmente devido à infraestrutura urbana já instalada, equipada com linhas de trem, metrô e ônibus. A mobilidade é decisiva nesses novos projetos, que oferecem apartamentos de alto padrão, apesar do tamanho, a no máximo um quilômetro de distância das estações de transporte público.

Como justificativa para a diminuição dos espaços nos apartamentos e o aumento das opções de lazer nas áreas comuns dos edifícios, Castro & Lima (2010, p. 47) afirmam que, [...] é possível perceber que o modo de viver já não é como alguns anos atrás, os indivíduos já não passam a maior parte do seu tempo dentro das suas residências. [...] isso se deve ao crescimento econômico e industrial, pois esses indivíduos muitas vezes voltam para casa somente para a alimentação e o momento de descanso.

A Figura 27 ilustra o fato dos empreendimentos de apartamentos compactos reforçarem a excelente localização que eles estão inseridos, listando vantagens como trocar o automóvel por uma bicicleta e a facilidade de andar a pé para o trabalho, a faculdade, os equipamentos de cultura e lazer, as lojas e os restaurantes. Uma boa localização resume as principais aspirações do homem moderno: a mobilidade, a conveniência, o ganho de tempo e o retorno do investimento (SETIN DOWNTOWN GENEBRA, 2014).

30

Disponível em: http://www.newwayliberdade.com.br/apartamentos-compactos-no-centro-de-

sao-paulo/; Acesso em junho de 2015.


Figura 27. Anúncio publicitário de um empreendimento de apartamento compacto em São Paulo

31

Fonte: Site SETIN DOWNTOWN GENEBRA .

No que se refere à Vitória, a FOLHA VITÓRIA (2015) destaca a crescente procura por imóveis compactos no mercado imobiliário da Grande Vitória. A reportagem acrescenta que a maioria dos empreendimentos está localizada em bairro nobre e perto de centros comerciais, academias, restaurantes e supermercados. Em Belo Horizonte a tendência dos lançamentos imobiliários são os micro apartamentos, com área quadrada total entre 18m² a 35m². Essa tendência já é uma realidade em grandes metrópoles como Nova York, Paris e Londres. Logo, os mineiros estão sendo apresentados para um novo modo de morar nas grandes cidades, que é: o viver em um espaço compacto, porém em uma boa localização e com um apartamento que seja funcional e bem planejado (MONTEIRO, 2015). Segundo Carneiro (2015) na cidade do Rio de Janeiro o tamanho dos apartamentos caiu cerca de 30% entre os anos de 2002 a 2014 de acordo com pesquisa elaborada pela Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário – ADEMI-RJ. A diminuição dos imóveis está diretamente relacionada com o crescente valor do custo dos terrenos e atualmente, o conforto do imóvel está relacionado com a funcionalidade e praticidade ao invés do número de metros quadrados.

31

Disponível em: http://www.setindowntown.com.br/Genebra; Acesso em junho de 2015.


2.1. O PERFIL DOS MORADORES Uma série de mudanças sociais e culturais aconteceram nos últimos anos, principalmente a partir dos anos 1960 até atualmente. Essas transformações, além de alterarem o espaço doméstico e a forma como as pessoas se adaptam a ele, também alteraram, significamente, a família e os seus modos de viver. As composições familiares passaram a apresentar uma vasta variedade de configurações. Os principais fatores que geraram o aumento no número de estruturas familiares não tradicionais foram: a diminuição da taxa de natalidade, o aumento na expectativa de vida, a prorrogação do casamento, a redução no tamanho das famílias e o crescimento do número de divórcios (BRANDÃO, 2002). Teixeira (2011) confirma que a tradicional família nuclear está diminuindo em todo o país e pela primeira vez na história deixa de ser a maioria, quando passou de 55% para 47% nessa década, logo, os outros tipos de famílias estão ganhando maior peso. Segundo Teixeira (2011), questões que interferem na conformação da família, como o número de divórcios e a taxa de fecundidade, estão diretamente ligadas com o aumento no número de mulheres no mercado de trabalho. Berquó (1989) e Brandão (2002) reforçam que a crescente entrada da mulher no mercado de trabalho, a liberação sexual e o individualismo evidenciado são tendências que atuam com a finalidade de modificar o tamanho, a estrutura e a função da família nuclear. Conforme a projeção da população do Brasil realizada pelo IBGE em 2013, ver Figura 28, a taxa de fecundidade total – número médio de filho que uma mulher teria ao final do seu período fertil – nos últimos anos, está em um processo intenso de declínio e no ano de 2015 ela irá ser inferior a 1,8 filhos.


Figura 28. Taxa de Fecundidade Total – Brasil – 2000 a 2015

32

Fonte: Site IBGE - Projeção da População do Brasil, 2013.

Desta forma nota-se que os fenômenos demográficos possuem implicação direta na habitação. De acordo com Tramontano (1993), o novo quadro sóciodemográfico evidencia a presença de cinco grupos fundamentais, que são: 1. Nova família nuclear – grupo familiar cada vez menos predominante e com menor número de filhos; 2. Famílias monoparentais – grupo familiar formado em torno do pai ou da mãe, viúvos ou separados, com ou sem novo cônjuge; 3. Uniões livres – casais sem vínculos legais e sem filhos; 4. Pessoas vivendo sós – modo de vida urbano, de pessoas cultas e instruídas; e 5. Coabitação sem vínculo conjugal ou de parentesco – coabitação de trabalhadores jovens, as uniões homossexuais e as repúblicas de estudantes. Para Camargo (2003), o morador das grandes metrópoles apresenta uma tendência de viver sozinho ou de se juntar em perfis familiares que se distanciam do tradicional arranjo da família nuclear – composta por pai, mãe e filhos. Segundo Maia (2011), a quantidade de pessoas que vivem sozinhas está ligada a fatores como: o aumento na longevidade da população, o crescente número de divórcios, o casamento tardio e o maior número de casos onde os cônjunges decidem morar em casas diferentes.

32

Disponível em: http://brasilemsintese.ibge.gov.br/pt/populacao/taxas-de-fecundidade-total; Acesso em junho de 2015.


Brandão (2002, p. 46) realça que esse novo grupo familiar composto por pessoas que vivem sós, “compõe-se de pessoas que possuem, em média, um poder aquisitivo alto [...] Além disso, sendo indivíduos mais independentes, os empreendimentos e os serviços oferecidos buscam reforçar essa característica. Assim, uma tendência que vem sendo adotada pelos incorporadores está em disponibilizar infraestrutura que permita ao morador resolver alguns dos problemas do dia-a-dia no próprio edifício”. Na cidade de Vitória, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o número de pessoas que vivem sozinhas aumentou cerca de 60% entre os anos de 2000 a 2010. De acordo com uma pesquisa realizada no mesmo período, as unidades domésticas aumentaram de 8,6% para 12,1% em todo o território brasileiro, comprovando ser uma tendência nacional. Existem diversos motivos para o aumento, como: os divórcios, o crescente número de idosos, o gosto pela liberdade e o casamento tardio dos jovens (ZANOTTI, 2011). De acordo com a máteria no site revista ISTOÉ (2013), nas próximas décadas a maioria das moradias, em todo o mundo, terão um só habitante. No Brasil, comparando o senso de 2000 entre o de 2010, o número de casas com um só morador subiu cerca de 40%. As justificativas para esse fenômeno são: a estabilidade econômica, a independência feminina e, por fim, a revolução dos meios de comunicação. Quando a temática discutida é sobre o habitante da metrópole no século XXI, vários estudos apontam sobre o cidadão que vive sozinho ou que se agrupa em formatos de família diversos, que participa à distância das redes às quais faz parte, que trabalha em casa, que exige equipamentos públicos para o encontro e que procura sua identidade a partir do convívio com a informação (TRAMONTANO, 2007). Segundo a reportagem de Mori & Correa (2014) para o site FOLHA DE SÃO PAULO, o crescimento da população de estudantes universitários, jovens que demoram a se casar e a ter filhos e divorciados é uma tendência demográfica que as construtoras têm investido. De acordo com Alexandre Lafer Frankel, CEO da construtora Vitacon, “está acontecendo uma mudança de mentalidade. É um público jovem, que não quer depender de empregada, que anda de bicicleta, que prefere morar perto do trabalho e não pegar trânsito".


Na matéria do site Revista Zap Imóveis (2013) para os empreendimentos compactos, o público alvo é composto por estudantes e executivos e destaca a presença de bicicletários, lavanderia coletiva e espaço gourmet nas áreas de uso coletivo dos empreendimentos como sendo um diferencial a ser considerado. O perfil de usuários para os empreendimentos com características compactas segundo a reportagem do site FOLHA VITORIA (2015) é de jovens, solteiros, idosos e recém-casados. De acordo com os autores citados acima, pode-se constatar que, em sua a maioria, os perfil de moradores para apartamentos compactos são, principalmente, de jovens, solteiros, que vivem sós e possuem um alto poder aquisitivo ou de recém-casados e idosos. Devido a evolução da comunicação e dos preços elevados do metro quadrado, as pessoas não se sentem solitárias com o morar sozinho e preferem adquirir um imóvel com metragem quadrada mais reduzida e priorizam uma boa localização e a existência de serviços, como lavanderia ou espaço gourmet, no próprio edifício que resolvam a problemática da falta de espaço dentro do apartamento.


2.2. AS EXIGÊNCIAS MÍNIMAS DO ESPAÇO E CONFORTO Os apartamentos compactos são moradias que apresentam dimensões mínimas nos cômodos, uma vez que o mais importante é aproveitar ao máximo o espaço interno com conforto para seus usuários. No que concerne às questões de espaço, Costa Filho (2005) e Brandão (2002) esclarecem que a compactação dos espaços de morar afeta o desempenho de atividades corriqueiras e a distribuição da mobília no interior dos ambientes domésticos, ocasionando influências no modo de morar do habitante que ocupa este espaço. Para Groupius (1997, p. 151) a habitação mínima é “[...] um mínimo elementar de espaço, ar, luz e calor que o homem precisa para não sofrer, por causa da moradia, inibição no pleno desenvolvimento de suas funções vitais [...]”. O fato é que essa definição analisa somente a relevância dos elementos ambientais na questão da adequabilidade do espaço às exigências de morar do homem. Marroquim (2007) acrescenta que ideia de habitação mínima começou a ser interligada à dimensão mínima dos espaços, o que ocasionou grande parcela dos problemas de edificações inadequadas em relação aos desejos e necessidades dos seus usuários. Groupius (1997) enfatiza que modificações essenciais na estrutura social dos povos devem servir como ponto inicial para a realização de qualquer programa prático das residências mínimas. Silva (1982) acresce que é necessário que a habitação atenda as transformações ocorridas conforme a evolução social que se inicia os casais, depois têm os filhos recém-nascidos, as crianças, a fase escolar, a adolescência, até atingirem a idade adulta. Além de também ser fundalmental pensar nas variadas transformações das relações sociais que alteram a estrutura da família e determinam exigências particulares na conformação espacial da habitação. O projeto da moradia gerado apenas da economia do espaço geométrico ocasiona desarticulação entre os ambientes e equipamentos e como consequência, um prejuízo de caratér funcional para o edifício.


Assim, de acordo com o exposto anteriormente, a estipulação da área mínima se torna controversa quando se determina como limite quantitavo para satisfazer certas exigências do espaço de morar. Devido ao fato de que, por um lado o tamanho do espaço e a quantidade de equipamentos estão suficientes de acordo com as exigências físicas das atividades e das propriedades antropométricas e mecânicas das ações, de outro lado, encontram os requisitios psicossomáticos que podem vir a gerar insatisfações e pertubações no desenrolar de alguma atividade, mesmo quando o espaço atender as necessidades mínimas de espaço (PORTAS, 1969). Para realizar um projeto adequado em uma habitação é fundamental o conhecimento prévio do modo de vida do morador em questão, pois o conjunto de exigências, o comportamento e as atitudes de cada família são únicas e dependentes do contexto social-cultural no qual a família vive. O espaço da residência, para se tornar uma moradia, é necessário seguir determinados valores e expectativas que os moradores depositam em uma habitação. Sobre a questão espacial Folz (2002, p. 81) relata: A necessidade espacial não é um simples número de área equacionado por X pessoas ou a definição de um dimensionamento mínimo por cômodo. Na realidade existe uma interação de muitas variáveis, e a percepção de espaço pode ser afetada pela atividade a ser desenvolvida, pelos costumes e hábitos no uso do espaço, pelas características físicas específicas de determinado espaço, e mesmo pelo mobiliário que está equipando este espaço.

A compreensão dos elementos que influenciam no julgamento das dimensões físicas de um ambiente, podem facilitar na descoberta de soluções que aumentam a sensação do espaço, mesmo quando não existir a ampliação de superfície. Como por exemplo a flexibilidade na disposição dos móveis e a sua qualidade projetual33. No que concerne às questões de conforto, Folz (2002) relata que para oferecer conforto doméstico ao espaço arquitetônico, a habitação necessita estar equipada com objetos úteis para a execução de tarefas dentro da casa. No grupo dos “móveis e aparelhos domésticos” estão presentes: os aquecedores, luminárias, utensílios de lavanderia, cozinha e louças, móveis, objetos de higiene e limpeza e material para reparos e manutenções. As características fundamentais para qualquer utensílio ou móvel é possuir um tempo longo de vida, possuir comodidade na utilização, a 33

“Inúmeros são os aspectos desta qualidade (estética, funcional, formal, material, ambiental, econômica) que culminam no objeto [...] construído, mas que tem sua definição no processo projetual.” (VILLA e ORNSTEIN, 2009)


manutenção ser barata e fácil. Também é importante destacar a importância dos móveis decorativos ou simples adornos, mesmo que esses objetos não fossem de uso indispensável, eles deixam a moradia com um ambiente agradável. Segundo Panero e Zelnik (2002), independentemente do tipo e do tamanho do espaço residencial as diversidades das atividades dentro das residências são surpreendentes. As atividades realizadas nesses ambientes são inúmeras, as pessoas: relaxam, meditam, descansam, dormem, alimentam-se, fazem serviços domésticos, cozinham, leem etc. Também é o espaço onde as pessoas passam, no mínimo, metade do tempo que estão acordadas.


3. o mobiliário multifuncional residencial Após a realização de uma análise histórica e atual sobre a forma de morar brasileira nos capítulos anteriores, foi possível observar a constante transformação da moradia brasileira. Com o crescimento das moradias compactas em todo o território brasileiro surgiu à necessidade dos ambientes internos serem reconfiguráveis, ou seja, um mesmo ambiente ou espaço ter a capacidade de atender mais de uma atividade. Tramontano e Nojimoto (2003) confirmam que os elementos que irão compor os ambientes internos dos apartamentos compactos precisam

possuir

certa

multifuncionalidade com a capacidade de sobrepor funções em um mesmo elemento. A multifuncionalidade nos espaços internos pode estar presente através de divisórias móveis, painéis e armários deslizantes e, por fim, o mobiliário que é responsável por uma grande parcela do funcionamento do espaço doméstico. Segundo Folz (2002), os diferentes equipamentos e móveis surgiram pela necessidade de um mesmo espaço precisar abrigar diferentes funções durante o dia e durante a noite. Foi em compartimentos de trens e navios a vapor que surgiram muitas ideias de mobiliário conversível, compacto e multifuncional. Nas cabines compactas surgiu o beliche, onde o móvel utilizou, além da área formada pela largura e comprimento, a altura; fazendo com o que fosse possível abrigar mais pessoas em um local onde, anteriormente, só havia espaço para uma pessoa (ver Figura 29). Figura 29. Beliche inserido em uma cabine de navio a vapor de 1840

Fonte: Giedion, 1975, p. 448 apud Folz, 2002, p. 58.


Na edição de 2015 do Salão do Móvel de Milão34, um dos destaques foi o móvel multifuncional. Segundo Kohlmann (2015) a versatilidade foi à aposta de várias empresas e produtos. Como os espaços de morar estão com as metragens cada vez mais reduzidas, o conceito de multifuncionalidade tem o objetivo de aproveitar o espaço de forma mais satisfatória. Como exemplo, o projeto “As if from nowhere...” da designer Orla Reynolds (ver Figura 30) é uma estante que envolve flexibilidade e multifuncionalidade, que, além de armazenar livros e objetos decorativos, também engloba duas mesas e quatro cadeiras que podem ser posicionadas no ambiente conforme a necessidade do usuário. Figura 30. Móvel multifuncional da designer Orla Reynolds.

Fonte: Site “Blog VC APTO”

35

O conceito da palavra multifuncionalidade compreende-se por um simples objeto exercer diversas funções e apenas uma função ser exercida por diferentes objetos (FOLZ, 2003). Logo, a ideia de um móvel multifuncional pode ser definida como um único mobiliário que: possua apenas um elemento que execute mais de uma função; atenda o seu principal propósito e os demais que serão incorporados.

34

“O Salão do Móvel de Milão é reconhecido mundialmente pelo lançamento de tendências de materiais, acabamentos e formas, mas, principalmente, em relação a soluções inovadoras e sustentáveis.” Disponível em: http://apto.vc/blog/2015/08/20/moveis-multifuncionais-foramdestaque-no-salao-de-milao/; Acesso em outubro de 2015. 35 Disponível em: http://apto.vc/blog/2015/08/20/moveis-multifuncionais-foram-destaque-no-salao-demilao/; Acesso em outubro de 2015.


O mobiliário multifuncional residencial assume uma função requalificadora em relação à habitação que ele está inserido, logo, se faz necessário o mobiliário: acompanhar as mudanças que estão acontecendo no modo de vida e de morar, e acabar com o engessamento funcional que ainda ocorre na ambientação das residências no Brasil (DEVIDES, 2006). Pode-se concluir que os mobiliários multifuncionais estão no mercado para suprir a demanda da nova forma de morar brasileira, onde os apartamentos estão cada vez menores e com os espaços mais integrados. Com a utilização de móveis multifuncionais é possível otimizar o espaço dentro das residências, modificando a configuração dos cômodos ao decorrer do dia com simples movimentos e tornando possível a utilização de um mesmo cômodo para diversas atividades.


3.1. AS PRINCIPAIS MULTIFUNCIONAL

CARACTERÍSTICAS

DO

MOBILIÁRIO

Nesse tópico foram abordadas de maneira sucinta as principais características relacionadas ao projeto de mobiliário multifuncional. Algumas das características que se

encontram

presentes

nos

mobiliários

multifuncionais

são:

a

própria

multifuncionalidade, a flexibilidade, a mobilidade, a permutabilidade e a versatilidade (GODOY, FERREIRA e SANTOS, 2015). Tramontano e Nojimoto (2003) definem uma peça multifuncional de duas formas: na primeira, o objeto é multifuncional quando diferentes funções são definidas para um único objeto ainda no projeto, podendo ocorrer de forma independente das outras ou serem sobrepostas, como um móvel com nichos para armazenagem que também pode ser usado como cadeira ou como mesa: as três funções podem ocorrer ao mesmo tempo ou de forma alternada (Figura 31). Figura 31. Estante com nichos que se transforma em mesa com cadeiras da designer Sakura Adachi

Fonte: Site Sakura Adachi

36

Já a segunda maneira que uma peça multifuncional pode ser caracterizada, ainda de acordo com Tramontano e Nojimoto (2003), é quando o móvel não tem uma função pré-determinada, ou seja, com a indeterminação de funções cabe ao usuário conferirlhe diversos usos de acordo com a sua necessidade. Como podem ser observados, na Figura 32, vários blocos de formatos iguais podem ser utilizados com várias funções diferentes, como uma mesa, um sofá, um grande futon ou uma cama.

36

Disponível em http://sakurah.net/portfolio_page/trick/; Acesso em março de 2015.


Figura 32. Módulos multifuncionais

Fonte: Site Cria Design Blog

37

A Figura 32 também é um exemplo de um mobiliário multifuncional que tem característica modular. A modularidade cria a possibilidade de um mesmo objeto ser composto por diferentes partes, chamadas de módulos, que podem existir separados uns dos outros e que possam se relacionar entre si, formando várias versões de um mesmo produto e facilitando ocasionais alterações dos usos (GODOY, FERREIRA e SANTOS, 2015). As palavras multifuncionalidade, flexibilidade e modulação são características que vivem em conjunto e se correlacionam. A multifuncionalidade proporciona uma flexibilidade que pode ser adquirida pela modulação (FOLZ, 2002). O termo multifuncionalidade pode ser definido como a habilidade de um objeto de se adaptar a diversas necessidades do usuário, ou seja, a multifuncionalidade está relacionada com a capacidade de um objeto oferecer mais de uma função (GODOY, FERREIRA e SANTOS, 2015). Nas figuras abaixo se encontram alguns exemplos de mobiliários multifuncionais, onde um único objeto desempenha mais de uma função de acordo com a necessidade do usuário.

37

Disponível em: http://www.criadesignblog.com/post/6537/os-modulos-que-podem-compor-variaspecas-de-mobiliario; Acesso em outubro de 2015.


O mobiliário presente na Figura 33 é uma mesa de centro que pode ser utilizada para apoiar objetos, e com o auxílio de ferragens adequadas o tampo dela se levanta, modificando sua função, para se tornar uma mesa mais alta que pode ser utilizada para refeições ou para estudos. Figura 33. Mesa de centro baixa que se transforma em uma mesa alta

Fonte: Blog Atualiza Design

38

Na Figura 34 o mobiliário além de também poder ser definido como sendo uma mesa de centro, com um único movimento, o objeto tem a possibilidade de se transformar em uma poltrona. Figura 34. Mesa de centro que vira poltrona

Fonte: Blog Atualiza Design

38

39

Disponível em: https://atualizadesign.wordpress.com/2012/03/19/mobiliario-multifuncional/; Acesso em junho de 2015. 39 Disponível em: https://atualizadesign.wordpress.com/2012/03/19/mobiliario-multifuncional/; Acesso em junho de 2015.


De acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2010), flexibilidade é uma qualidade ou estado de flexível, um adjetivo que pode ser aplicado a alguém ou alguma coisa, tem como significado algo que se pode dobrar ou curvar e que seja maleável, de fácil manejo. Já segundo Godoy, Ferreira e Santos (2015) a palavra flexibilidade significa a habilidade que um único objeto possui de se adaptar a diversas necessidades ou situações que o usuário necessite. Desta forma, pode-se dizer que a flexibilidade quando relacionada aos mobiliários está aliada: com a facilidade desse móvel em ser manuseado e utilizado, e com a capacidade desse mobiliário de se mover ou de se dobrar. Na Figura 35, se observa uma cadeira que além de ser um objeto facilmente transportável, também modifica a sua forma e função, se transformando em um quadro decorativo para se pendurar na parede. Figura 35. Cadeira dobrável que se transforma em quadro

Fonte: Site Amazon Interart

40

Outra característica que pode ser encontra nos mobiliários multifuncionais é a versatilidade. Segundo o dicionário Aurélio (2010), a palavra versatilidade é um adjetivo que significa algo que possui a capacidade de se mover facilmente, que é propenso à mudança; inconstante, volúvel, mutável. Desta maneira, pode-se dizer que a versatilidade quando vinculada aos mobiliários multifuncionais está relacionada com a facilidade que esse móvel será movimentado dentro do ambiente, permitindo a criação de novas funções e alterando o layout de maneira provisória.

40

Disponível em: http://www.amazoninterart.com/wp-content/uploads/2009/10/002.jpg; Acesso em outubro de 2015.


A Figura 36 ilustra um exemplo de mobiliário que tem como característica a multifuncionalidade, a flexibilidade e a versatilidade. O que proporciona a flexibilidade é a capacidade de se fechar, de se dobrar e de se guardar quando se tornar necessário. A multifuncionalidade está presente em cada módulo possuir diversos usos, como o módulo da cozinha que além de oferecer uma mesa de apoio para refeições, também possui: uma pia e espaço para armazenamento. E a versatilidade está relacionada a possibilidade que os módulos possuem de se movimentar, seja dentro de um mesmo ambiente ou até para outros ambientes da moradia. Figura 36. Módulos multifuncionais, flexíveis e versáteis de cozinha, estudo e quarto

Fonte: Site Freshome

41

Além das características e das definições citadas por alguns autores, também foi possível identificar outras características através da realização de pesquisas que tinham o intuito de procurar alguns exemplos de mobiliários multifuncionais existentes no mercado.

41

Disponível em: http://cdn.freshome.com/wp-content/uploads/2008/09/mobile-furniture.jpg; Acesso em março de 2015.


Como na Figura 37, em um mesmo objeto é possível encontrar duas funções diferentes; ao mesmo tempo em que o móvel pode ser utilizado como uma mesa com um movimento simples e intuitivo ele também pode ser transformado em um quadro decorativo. Logo esse mobiliário tem como característica a dupla função de uso. Figura 37. Mesa dobrável fixada na parede como um quadro

Fonte: Blog Atualiza Design

42

Na Figura 38 o mobiliário além de apresentar a possibilidade de exercer duas funções, como mesa de centro e como mesa de refeições, também possui a capacidade de ampliar o espaço que estava sendo destinado para ele, criando assim a possibilidade de aumentar o número de pessoas que podem se sentar a mesa. Figura 38. Mesa de centro com possibilidade de se transformar em mesa para refeições

Fonte: Blog Atualiza Design 42

43

Disponível em: https://atualizadesign.wordpress.com/2012/03/19/mobiliario-multifuncional/; Acesso em junho de 2015. 43 Disponível em: https://atualizadesign.wordpress.com/2012/03/19/mobiliario-multifuncional/; Acesso em junho de 2015.


Além

das

principais

características

dos

mobiliários

multifuncionais

(multifuncionalidade, flexibilidade, modularidade e versatilidade), uma semelhança que pode ser constatada em todos os exemplos que foram citados nesse tópico do Capítulo 3 é que os mobiliários multifuncionais não apresentam excesso de detalhes e não aparentam ser móveis pesados e de difícil locomoção. Como a prioridade desse tipo de móvel é, de fato, a funcionalidade. São móveis que apresentam linhas claras e simples com caráter minimalista e com os materiais mais leves possíveis, facilitando assim o seu uso para diferentes funções.


3.2. A ANTROPOMETRIA MULTIFUNCIONAL

APLICADA

PARA

O

MÓVEL

Nesse tópico será realizada uma breve abordagem sobre a relação da antropometria com o mobiliário, principalmente, o mobiliário multifuncional. Primeiramente, o termo antropometria é originado de duas palavras gregas: antro que significa homem e metro que significa medida. A antropometria é a ciência que estuda as relações das dimensões humanas com o seu desempenho e sua habilidade de utilizar um espaço onde são realizadas diversas atividades, manipulando os equipamentos e mobiliários adequados para a execução das mesmas (BOUERI FILHO, 2008). Os mobiliários residenciais são fabricados para serem utilizados por pessoas. Logo, em cada etapa projetual do desenvolvimento de um móvel é de extrema importância o conhecimento prévio das dimensões e dos movimentos do corpo humano para, por fim, determinar o tamanho e a forma dos mobiliários. Com este estudo prévio, se torna mais garantido que o mobiliário irá atender as exigências de conforto e qualidade do usuário. Neufert (1998, p. 18) enfatiza que, “Todos os que pretendem dominar a Construção devem começar por praticar para adquirir a noção da escala e proporções do que tenham que projetar; sejam móveis, salas, edifícios, etc. Obtemos uma ideia mais correta da escala de qualquer coisa quando vemos junto dela um homem, ou uma imagem que represente suas dimensões. [...] Todos os que projetam devem conhecer a razão por que se adaptam certas medidas [...]. Devem saber as relações entre os membros de um homem normal e qual é o espaço que necessita para se deslocar, para trabalhar, para descansar em várias posições.“

É importante o arquiteto possuir o conhecimento das exigências físicas, fisiológicas, culturais, etc., com o intuito de utilizá-lo na idealização do espaço (PORTAS, 1966). Logo, o profissional da área de arquitetura necessita demonstrar as relações do espaço que está projetando com as necessidades e atividades comportamentais das pessoas que irão utilizar este espaço.


Com a intenção de compreender melhor a palavra antropometria para a arquitetura e, também, para o mobiliário residencial, Boueri Filho (2008) estabeleceu dois conceitos básicos que são: a antropometria estática, que se refere às dimensões físicas do corpo humano parado; e a antropometria dinâmica que está relacionada com as dimensões humanas para determinadas situações que envolvam movimento, alcances e ângulos na execução de medidas dinâmicas. No que diz respeito à antropometria estática, Boueri Filho (2008) desenvolveu inúmeras tabelas com dados antropométricos para o projeto de habitação. É importante ressaltar que as medidas do corpo humano encontradas nas tabelas são apontadas apenas como uma ferramenta e não como uma solução final para o projeto. Na Tabela 1, está à representação de todas as tabelas que foram elaboradas com as medidas corporais humanas juntamente com as fontes bibliográficas que foram utilizadas pelo autor para a obtenção dos dados (BOUERI FILHO, 2008). Tabela 1. Enumeração de todas as tabelas com as dimensões estáticas produzidas pelo autor Boueri Filho (2008)

Fonte: BOUERI FILHO, J. J. Antropometria aplicada à arquitetura, urbanismo e desenho industrial. 1ª. ed. São Paulo: Estação das Letras e Cores Editora, v. I, 2008. p.87


Apenas com o intuito de exemplificar as informações obtidas pelo Boueri Filho (2008), a Tabela 2 é apenas uma tabela das vinte e cinco tabelas elaboradas pelo o mesmo autor contendo as dimensões estáticas do corpo humano adulto. Tabela 2. Dimensão da largura máxima do corpo humano

Fonte: BOUERI FILHO, J. J. Antropometria aplicada à arquitetura, urbanismo e desenho industrial. 1ª. ed. São Paulo: Estação das Letras e Cores Editora, v. I, 2008. p.87

A seguir se encontram as Figuras Figura 39, Figura 40 e Figura 41 que ilustram as dimensões mínimas do corpo humano para diferentes necessidades espaciais em diversas posições.


Figura 39. Medidas mínimas de espaço do corpo humano na posição de uma pessoa em pé

Fonte: NEUFERT, P.; NEFF, L. Casa Apartamento Jardim. 2ª. ed. [S.l.]: Gustavo Gili, 2007, p.3 Figura 40. Medidas mínimas do corpo humano na posição de uma pessoa sentada ou agachada

Fonte: NEUFERT, P.; NEFF, L. Casa Apartamento Jardim. 2ª. ed. [S.l.]: Gustavo Gili, 2007, p.3 Figura 41. Medidas mínimas do corpo humano na posição de uma pessoa sentada ou deitada

Fonte: NEUFERT, P.; NEFF, L. Casa Apartamento Jardim. 2ª. ed. [S.l.]: Gustavo Gili, 2007, p.2

No que se diz respeito da antropometria dinâmica, as figuras 42, 43, 44 e 45, ilustram as medidas mínimas do corpo humano quando estão realizando algum tipo de movimento para realização de determinadas atividades ou tarefas. É necessária a compreensão dessas medidas para a realização de um projeto de mobiliário de qualidade.


Figura 42. Dimensão mínima para movimentos sem obstrução

Fonte: GURGEL, M. Projetando espaços: design de interiores. São Paulo: Editora Senac, 2007, p. 130. Figura 43. Movimento para alcançar coisas no alto

Fonte: GURGEL, M. Projetando espaços: design de interiores. São Paulo: Editora Senac, 2007, p. 131. Figura 44. Dimensão mínima para a execução de tarefas relacionadas a uma mesa e ao um móvel para se sentar

Fonte: NEUFERT, P.; NEFF, L. Casa Apartamento Jardim. 2ª. ed. [S.l.]: Gustavo Gili, 2007, p.3 Figura 45. Dimensões mínimas para a execução de tarefas: em pé, de joelhos, sentado ou acocorado

Fonte: NEUFERT, P.; NEFF, L. Casa Apartamento Jardim. 2ª. ed. [S.l.]: Gustavo Gili, 2007, p.3


Também é possível associar a antropometria dinâmica com as medidas adequadas que os mobiliários precisam possuir para que o usuário utilize e manuseie o mobiliário de forma adequada e, principalmente, confortável. Para isso alguns autores demonstram por meio de figuras as medidas mínimas padrões para determinadas atividades ou para tipos de mobiliários específicos. No que diz respeito aos mobiliários encontrados, normalmente, nas salas de estar, Gurgel (2007), afirma que existem no mercado vários modelos de sofás, poltronas, mesas de centro, mesas laterais e etc. com as medidas que podem variar em alguns centímetros. Porém nas figuras 46, 47 e 48 é possível observar algumas medidas mínimas que podem ser consideradas para esses tipos de mobiliários e para os espaços necessários de circulação entre eles. Figura 46. Algumas medidas mínimas de espaço ou mobiliário para situações em salas de estar

Fonte: GURGEL, M. Projetando espaços: design de interiores. São Paulo: Editora Senac, 2007, p. 132. Figura 47. Espaço necessário para convívio ou leitura

Fonte: NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 13ª. ed. São Paulo: Editorial Gustavo Gili, S.A., 1998, p.170.


Figura 48. Dimensões mínimas para cadeiras, poltronas ou sofás

Fonte: GURGEL, M. Projetando Espaço - Guia de Arquitetura de Interiores Para Áreas Residenciais. São Paulo: Senac São Paulo, 2003, p. 97.

Para os ambientes compostos por mesas de refeições é importante observar a medida ideal da mesa em relação ao número de pessoas que irão utilizá-la e o espaço de circulação necessário para que as pessoas se movimentem ao redor da mesa sem atrapalhar as pessoas que já estão sentadas (Figura 49, Figura 50, Figura 51, Figura 52 e Figura 53). Figura 49. Dimensões mínimas para mesas circulares de acordo com a quantidade de pessoas ao redor da mesa

Fonte: GURGEL, M. Projetando Espaço - Guia de Arquitetura de Interiores Para Áreas Residenciais. São Paulo: Senac São Paulo, 2003, p.126.


Figura 50. Dimensões mínimas para mesas retangulares de acordo com a quantidade de pessoas em volta da mesa

Fonte: GURGEL, M. Projetando Espaço - Guia de Arquitetura de Interiores Para Áreas Residenciais. São Paulo: Senac São Paulo, 2003, p.126. Figura 51. Dimensões mínimas para mesas de jantar extensíveis

Fonte: NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 13ª. ed. São Paulo: Editorial Gustavo Gili, S.A., 1998, p.167. Figura 52. Dimensões mínimas para mesas e espaço de circulação ao redor delas

Fonte: GURGEL, M. Projetando espaços: design de interiores. São Paulo: Editora Senac, 2007, p. 133.


Figura 53. Menor espaço para uma mesa de refeições

Fonte: NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 13ª. ed. São Paulo: Editorial Gustavo Gili, S.A., 1998, p.169.

Em relação à cozinha é importante observar as larguras das mesas e bancadas para preparo de alimentos e, principalmente, as dimensões em relações as alturas de bancada e dos armários sob as bancadas (Figura 54 e Figura 55). Figura 54. Alturas e profundidades adequadas para os mobiliários em uma cozinha

Fonte: NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 13ª. ed. São Paulo: Editorial Gustavo Gili, S.A., 1998, p.163.


Figura 55. Dimensão da profundidade adequada para bancadas e socos e espaço necessário para limpeza

Fonte: NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 13ª. ed. São Paulo: Editorial Gustavo Gili, S.A., 1998, p.167.

As alturas adequadas para as prateleiras de armazenagem de alimentos estão diretamente relacionadas com as dimensões do corpo humano, como pode ser observado na Figura 56. Figura 56. Alturas e profundidades adequadas para armários de cozinha em relação as medidas do corpo humano

Fonte: GURGEL, M. Projetando espaços: design de interiores. São Paulo: Editora Senac, 2007, p. 135.

Para os mobiliários presentes nos quartos, como camas, guarda-roupas e bancadas de estudos, nas figuras Figura 57, Figura 58 e Figura 59 são observadas algumas medidas mínimas adequadas para a circulação, para o tamanho e a altura de mobiliários e para a realização de algumas determinadas atividades.


Figura 57. Sugestões de distâncias e alturas para mobiliários em dormitórios

Fonte: GURGEL, M. Projetando espaços: design de interiores. São Paulo: Editora Senac, 2007, p. 136. Figura 58. Dimensões adequadas para sofá-cama extensível (8) e para camas rebatíveis (15 e 16)

Fonte: NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 13ª. ed. São Paulo: Editorial Gustavo Gili, S.A., 1998, p.176. Figura 59. Espaço que as roupas ocupam dentro dos armários

Fonte: NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 13ª. ed. São Paulo: Editorial Gustavo Gili, S.A., 1998, p.174.


3.3. OS MECANISMOS MULTIFUNCIONAIS

GERAIS

UTILIZADOS

NOS

MÓVEIS

As principais características presentes no mobiliário multifuncional estão diretamente relacionadas

com

alguns

mecanismos

utilizados

em

sua

fabricação.

A

multifuncionalidade, a flexibilidade, a modularidade e a versatilidade se encontram presentes nos mobiliários multifuncionais graças à existência desses mecanismos utilizados nos projetos e na execução destes móveis que facilitam o emprego dessas características nos mobiliários. O emprego dos mecanismos adequados torna o móvel mais prático no dia a dia, facilitando a sua utilização pelo usuário. Para Folz (2003) o melhoramento técnico dos mobiliários multifuncionais foi proporcionado por alguns desses mecanismos. Neste tópico serão apresentados alguns exemplos dos mecanismos existentes no mercado. Existe uma grande variedade de rodízios existentes no mercado e a colocação dos rodízios nos mobiliários tem como objetivo facilitar a versatilidade do móvel, possibilitando o seu deslocamento com o menor esforço possível. Os rodízios utilizados para aplicações em geral (Figura 60) são feitos com material de poliamida, possuem acabamento transparente e tem a possibilidade de vir com ou sem freio embutido; normalmente eles são instalados em mobiliários onde eles irão ficar aparentes, como por exemplo: gaveteiros, cadeiras, puffs ou baús. Figura 60. Rodízios para aplicações gerais

Fonte: Site Hafele

44

44

Disponível em: https://www.hafele.com.br/INTERSHOP/web/WFS/Haefele-HBR-Site/pt_BR//BRL/Static-View/pdfcatalog/pt_BR/pronta_entrega_2014_m/index.html?startpage=10.1; Acesso em novembro de 2015.


Também existem os rodízios de embutir (Figura 61) que são feitos com plástico e não possuem opção com freio; normalmente eles são utilizados em portas, gaveteiros ou mesas, são embutidos diretamente na marcenaria e ficam quase que totalmente escondidos da visão do usuário. Figura 61. Rodízios para embutir sem função de freio

Fonte: Site Hafele

45

Os rodízios podem ser utilizados para as mais diversas funções como, por exemplo, em um sistema deslizante para camas. Na Figura 62 é possível observar uma espécie de beliche separada por uma mesa, com a instalação de rodízios nas duas extremidades das camas e da mesa foi possível proporcionar movimento para todos os três mobiliários, permitindo a abertura total do móvel ou o seu fechamento total, com o intuito de ganhar espaço no ambiente quando a cama e a mesa debaixo não estiverem sendo utilizadas. Figura 62. Sistema deslizante para camas e mesa

Fonte: Site Häfele

45

46

Disponível em: https://www.hafele.com.br/INTERSHOP/web/WFS/Haefele-HBR-Site/pt_BR//BRL/Static-View/pdfcatalog/pt_BR/pronta_entrega_2014_m/index.html?startpage=10.1; Acesso em novembro de 2015.


A Figura 63 está ilustrando um exemplo de ferragem utilizada na aplicação de mesa extraível, que fica embutida em algum móvel e que tem a possibilidade de sair e criar uma nova área para preparo de alimentos ou até mesmo para se realizar refeições. Figura 63. Ferragem para mesa extraível

Fonte: Site Hafele

47

Atualmente, é possível encontrar no mercado mecanismos específicos para alguns usos e tipos de mobiliários como, por exemplo, ferragens para mesas giratórias (Figura 64). A mesa giratória agrega uma nova função ao móvel, que anteriormente só possuía a função de aparador além de permitir aproveitamento total do espaço interno do armário. Figura 64. Ferragens para mesas giratórias e um exemplo de mesa giratória

Fonte: Site Hafele

46

48

Disponível em: https://www.hafele.com.br/INTERSHOP/web/WFS/Haefele-HBR-Site/pt_BR//BRL/Static-View/pdfcatalog/pt_BR/pronta_entrega_2014_m/index.html?startpage=0.1; Acesso em novembro de 2015. 47 Disponível em: https://www.hafele.com.br/INTERSHOP/web/WFS/Haefele-HBR-Site/pt_BR//BRL/Static-View/pdfcatalog/pt_BR/pronta_entrega_2014_m/index.html?supportMode=on; Acesso em outubro de 2015.


A utilização de rodízios, de elementos deslizantes e de articulações facilita a criação de diversas soluções que possibilitam criar um móvel que atenda diferentes funções (FOLZ, 2002). A Figura 65 está ilustrando uma dobradiça com material em latão que é utilizada em mesas dobráveis. Figura 65. Dobradiça para mesa desdobrável

Fonte: Site Hafele

49

Em relação aos mecanismos para os sofás, as ferragens com sistema retrátil possibilitam a movimentação do assento para frente e para trás e as ferragens reclináveis permitem movimentar o encosto do sofá em diferentes posições de uso (Figura 66). Essas ferragens permitem que os sofás possam ser configurados de diversas maneiras para atender as necessidades do usuário. Figura 66. Estrutura para sofá com assento retrátil e encosto reclinável

Fonte: Site Dimetal Acessórios 48

50

Disponível em: https://www.hafele.com.br/INTERSHOP/web/WFS/Haefele-HBR-Site/pt_BR//BRL/Static-View/pdfcatalog/pt_BR/pronta_entrega_2014_m/index.html?startpage=10.1; Acesso em novembro de 2015. 49 Disponível em: https://www.hafele.com.br/INTERSHOP/web/WFS/Haefele-HBR-Site/pt_BR//BRL/Static-View/pdfcatalog/pt_BR/pronta_entrega_2014_m/index.html?startpage=10.1; Acesso em novembro de 2015.


Na estrutura de um sofá-cama é utilizado um mecanismo extensível com rodízios (Figura 67) responsável por facilitar o movimento que transforma o sofá em uma cama. Figura 67. Estrutura para sofá cama

Fonte: Site Dimetal Acessórios

51

Outra possibilidade de ferragem para os mobiliários existentes no mercado é uma estrutura articulável para tampos de mesas e bancadas, como por exemplo, mesas de centro (Figura 68). Essa ferragem eleva o tampo do móvel utilizando amortecedores a gás, possui mecanismo de fechamento suave/silencioso, uma trava de segurança para evitar fechamentos acidentais e possibilita o acesso a compartimentos que antes estavam escondidos (HAFELE). Figura 68. Ferragem articulável elevatória para tampos

Fonte: Site Hafele

50

52

Disponível em: http://www.dimetalacessorios.com.br/produtos.asp?cgp=10&cp=30; Acesso em novembro de 2015. 51 Disponível em: http://www.dimetalacessorios.com.br/produtos.asp?cgp=13&cp=21; Acesso em novembro de 2015. 52 Disponível em: https://www.hafele.com.br/INTERSHOP/web/WFS/Haefele-HBR-Site/pt_BR//BRL/Static-View/pdfcatalog/pt_BR/pronta_entrega_2014_m/index.html?startpage=10.1; Acesso em novembro de 2015.


Um mecanismo que é muito encontrado nas residências contemporâneas são os suportes para televisões de plasma. Esses suportes podem ser os simples (Figura 69), que apenas possuem a função de fixar a televisão em uma parede ou painel sem a possibilidade de movimentação, ou podem ser os extraíveis e giratórios (Figura 70), que possibilita que televisão possa ser movimentada para frente e para trás e virada para os lados com a utilização de corrediça deslizante e uma extensão giratória. Figura 69. Suporte fixo para televisão

Fonte: Site Magazineluiza

53

Figura 70. Suporte extraível e giratório para televisão

Fonte: Site Häfele

53

54

Disponível em: http://www.magazineluiza.com.br/suporte-para-tv-led-plasma-lcd-14-a-84-acocarbono-elg-genius/p/1909040/et/tvsu/; Acesso em novembro de 2015. 54 Disponível em: https://www.hafele.com.br/INTERSHOP/web/WFS/Haefele-HBR-Site/pt_BR//BRL/Static-View/pdfcatalog/pt_BR/pronta_entrega_2014_m/index.html?startpage=10.1; Acesso em novembro de 2015.


Também já é possível encontrar suportes para televisores ou monitores que são instalados no teto. É trilhos deslizantes com esteira transportadora de cabos, o que permite a movimentação horizontal e rotação opcional de televisões ou monitores em percursos de até 10 metros. Existem opções sem motorização e motorizadas. Nas opções motorizadas o acionamento pode ser integrado aos sistemas de automação ou acionado por controle remoto (Figura 71). Esse tipo de mecanismo permite que uma mesma televisão ou monitor seja utilizado em diferentes ambientes. Figura 71. Suporte para televisões com movimentação horizontal motorizada

Fonte: Site Gaia

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Todos os mecanismos exemplificados anteriormente, como as corrediças, os articuladores, os extensíveis e os rodízios, transformam ou facilitam a multifuncionalidade para os mobiliários ou objetos que estão ligados a eles através, principalmente, do movimento. De certa forma, eles movimentam algo ou alguma coisa possibilitando a criação de uma nova função para a mesma. Porém, também existem algumas ferragens fixas que proporcionam a dupla função para alguns mobiliários, como por exemplo, os escorredores de louças em aço inox (Figura 72). Os escorredores são fabricados para serem instalados dentro dos armários, possibilitando assim, que ao mesmo tempo em que a louça está secando ela também já está armazenada e escondida dentro de um móvel. Logo, para apartamentos compactos com pouco espaço disponível, o usuário pode ganhar espaço em seu armário, utilizando as mesmas prateleiras para armazenar e secar as suas louças.

55

Disponível em: http://www.gaia-rs.ind.br/movimentador-horizontal-geracao-g2/; Acesso em novembro de 2015.


Figura 72. Escorredor de louças em aço inox para armários de cozinha

Fonte: Site Hafele

Prosseguindo

com

a

exemplificação

56

dos

mecanismos

para

mobiliários

multifuncionais, as próximas ferragens citadas são voltadas para camas. Na Figura 73 se encontra uma ferragem articulável para suspender o estrado de camas, tanto no sentido longitudinal como no transversal. A elevação do estrado permite utilizar a parte debaixo da cama para armazenagem de objetos, como se fosse um baú. Figura 73. Ferragem de abertura para camas com estrado elevatório

Fonte: Site Häfele

57

A cama é um elemento horizontal que ocupa um pouco mais da metade da área de um quarto, sendo assim, é importante colocar a cama em um local que não atrapalhe a circulação. Porém, com a diminuição do espaço nas residências está cada vez mais complicado localizar a cama sem atrapalhar o fluxo do cômodo. Seguindo esse raciocínio, uma das soluções para que a cama ocupe o espaço de forma inteligente é coloca-la verticalmente no ambiente. Assim, enquanto ela não estiver sendo utilizada, ela estaria guardada parecendo um simples armário, como está sendo ilustrado na . Figura 74, logo, as camas retráteis possibilitam a ampliação do espaço disponível no ambiente (HÄFELE BRASIL LTDA, 2015). 56

Disponível em: https://www.hafele.com.br/INTERSHOP/web/WFS/Haefele-HBR-Site/pt_BR//BRL/Static-View/pdfcatalog/pt_BR/pronta_entrega_2014_m/index.html?supportMode=on; Acesso em outubro de 2015. 57 Disponível em: https://www.hafele.com.br/INTERSHOP/web/WFS/Haefele-HBR-Site/pt_BR//BRL/Static-View/pdfcatalog/pt_BR/pronta_entrega_2014_m/index.html?startpage=3.1; Acesso em novembro de 2015.


Figura 74. Cama retrátil

Fonte: Site Häfele

58

Para possibilitar a utilização das camas retráteis, é necessária a instalação de uma ferragem adequada para essa função. Como a ilustrada na Figura 75, esse mecanismo possui um articulador associado a um pistão a gás fazendo com que a cama possa ser aberta ou fechada com o mínimo esforço, de forma segura e ágil. Figura 75. Ferragem para cama retrátil

Fonte: Site Häfele

59

Nesse tópico foi possível concluir que no mercado estão disponíveis inúmeros mecanismos que facilitam e possibilitam a criação, o desenvolvimento e a execução de um mobiliário multifuncional. Cabe ao profissional que for projetar o móvel possuir conhecimento técnico para especificar e indicar o mecanismo ideal para os usos que serão propostos.

58

Disponível em: https://www.hafele.com.br/pt/info/produtos/solu-es-para-m-veis/ferragens-esistemas-para-sala-quarto-e-banheiro/sistemas-paracamas/21906/#SearchParameter=&@QueryTerm=Ferragem+de+abertura+para+camas+com+estrado +elevat%C3%B3rio&PageNumber=1&OriginalPageSize=12&PageSize=12&Position=1&OrigPos=1&PD P=true; Acesso em novembro de 2015 59

Disponível em: https://www.hafele.com.br/INTERSHOP/web/WFS/Haefele-HBR-Site/pt_BR//BRL/Static-View/pdfcatalog/pt_BR/pronta_entrega_2014_m/index.html?startpage=6.14; Acesso em novembro de 2015.


Castro e Lima (2010) confirmam que para o mobiliário ser multifuncional além de ser fundamental um projeto de qualidade que é concebido a ele funções e formas que respeitam os desejos dos usuários, também é necessário o projeto estar associado a ferragens e mecanismos, simples ou complexos, que confiram aos mobiliários as características de multifuncionalidade (flexibilidade, modularidade e versatilidade).


3.4. APLICAÇÃO MORADIAS

DOS

MOBILIÁRIOS

MULTIFUNCIONAIS

NAS

A multifuncionalidade permite aprimorar os espaços residenciais através da possibilidade de um objeto desempenhar diversas funções. Assim, o conceito de multifuncionalidade vai além do próprio objeto ampliando a sua aplicação a todo o ambiente onde este móvel se encontra. Com a utilização de um único mobiliário que desempenhe diversas funções, é possível configurar um cômodo onde são trabalhadas tarefas que usualmente se encontram separadas. Como por exemplo, mobiliários que possibilitam a utilização de um espaço tanto para o preparo de alimentos quanto para o seu consumo permitem classificar o ambiente tanto como cozinha quanto como sala de jantar. A Figura 76 representa como o conceito de multifuncionalidade pode se estender do objeto para o ambiente, onde uma mesa giratória para refeições encontra-se embutida em uma bancada de cozinha, podendo então ser desempenhadas duas tarefas comumente atribuídas a ambientes distintos em um único local. Assim, o conceito de multifuncionalidade pode se estender à instância do espaço onde o objeto se encontra e torná-lo multifuncional também. Figura 76. Mesa giratória sob a bancada da cozinha

Fonte: Site Pinterest

60

60

Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/414049759467244743/; Acesso em março de 2015.


Em um segundo exemplo, a Figura 77 apresenta um módulo que pode se configurar como cama, sofá, mesa de estudo, puffs e mesa de centro, sendo este um caso de como em um único ambiente podem se concentrar diversas atividades em uma residência, neste caso atuando como dormitório, escritório e sala, variando de acordo com a necessidade do usuário. Figura 77. Módulo com cama, sofá, mesa de estudo, puffs e mesa de centro

Fonte: Site Amazon Intertart

61

Ao atribuir a multifuncionalidade aos ambientes dotados de mobiliários multifuncionais, é possível dizer que a totalidade de uma residência pode vir a se resumir a apenas um ou dois cômodos, podendo, inclusive, ser separados pelo próprio objeto, limitados apenas pela necessidade de privacidade. Como consequência, área útil economizada pode ser voltada para atividades que exijam um espaço livre maior, como a reunião de um grupo de pessoas. Dito isso, o escritório espanhol PKMN Architectures projetou mobiliários multifuncionais que criam dinamismo na disposição dos cômodos de um apartamento com 70 m² em Madrid na Espanha. De acordo com o movimento dos móveis, os moradores possuem a opção de criar uma ampla sala de 50 m² (Figura 78) e também possuem a possibilidade de diminuir a área da sala para dar lugar para dois quartos (Figura 79), criando espaço para até cinco pessoas dormir. 61

Disponível em: http://www.amazoninterart.com/?p=4244; Acesso em junho de 2015.


Figura 78. Exemplo de mobiliário multifuncional em apartamento na cidade de Madrid com a opção de sala ampla com 50m²

Fonte: Site PKMN [pacman] Architectures

62

Figura 79. Exemplo de mobiliário multifuncional em apartamento na cidade de Madrid com a opção de dois quartos

Fonte: Site PKMN [pacman] Architectures

63

O conceito de mobiliário multifuncional está próximo do conceito de mobiliário compacto, e, assim como o primeiro estende sua influência para todo um ambiente, o segundo também o faz. Um mobiliário multifuncional que permite a economia de espaço acaba também permitindo uma economia no tamanho de uma moradia, possibilitando, por consequência, uma economia financeira, tanto para a aquisição ou aluguel de um imóvel, quanto no processo de manutenção do espaço, exigindo menos esforço e tempo que nas residências de mobiliários convencionais. O apartamento 62 63

Disponível em: http://www.pkmn.es/CASA-MJE; Acesso em outubro de 2015. Disponível em: http://www.pkmn.es/CASA-MJE; Acesso em outubro de 2015.


apresentado na Figura 80 está localizado em Nova York, uma das cidades com o metro quadrado mais caro do mundo, e possui um sistema de mobiliários flexíveis e multifuncionais que resume a residência a apenas dois ambientes, sendo um deles o banheiro e um segundo que atua como dormitório, sala de estar e cozinha. Figura 80. Apartamento em NY utilizando mobiliários multifuncionais e área de armazenagem no teto

Fonte: Site The Huffington Post

64

A praticidade e a versatilidade de um mobiliário multifuncional permite dizer que o conforto de uma residência não seja proporcional ao seu tamanho. A diversidade de funções em um espaço reduzido acaba permitindo que habitantes de residências compactas gozem das mesmas de atividades que habitantes de residências 64

Disponível em: http://www.huffingtonpost.com/2015/03/02/micro-apartments-nyc_n_6784122.html; Acesso em setembro de 2015.


convencionais. No exemplo da Figura 81 os habitantes desejavam um amplo espaço disponível para receber amigos e então optaram pelo mobiliário multifuncional na porção que caracteriza a cozinha, dormitório e serviços, unindo estes espaços em uma região compacta, liberando área para as atividades em grupo. Figura 81. Mobiliário multifuncional e flexível em uma casa em Madrid

Fonte: Site PKMN [pacman] Architectures

65

65

Disponível em: http://www.pkmn.es/ALL-I-OWN-HOUSE; Acesso em outubro de 2015.


4. projeto de mobiliário apartamentos compactos

multifuncional

para

Para a realização do projeto do mobiliário funcional fez-se necessário à adoção de três fases de trabalho, representadas na Figura 82. Na primeira fase foram selecionados quatro apartamentos compactos voltados para as classes média, média alta e alta, estando localizados, respectivamente, em cada uma das quatro capitais da Região Sudeste: Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Vitória (ES). Na segunda fase, dos quatro apartamentos selecionados anteriormente, foram escolhidos dois apartamentos, de São Paulo e Vitória, para desenvolvimento de três possibilidades de layout para cada apartamento, considerando a utilização do mobiliário multifuncional para o máximo aproveitamento de espaço. Ainda na segunda fase, foi escolhido um estudo de cada apartamento para o desenvolvimento de volumetrias em 3D. Na última e terceira fase, foi escolhido um único mobiliário multifuncional existente em um dos estudos para desenhar o detalhamento necessário para a execução deste mobiliário, ou seja, para criar o seu projeto executivo. Figura 82. Organograma para demonstrar as fases de trabalho

Fonte: Elaborado pela autora


4.1. PRIMEIRA FASE: LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS APARTAMENTOS Para a escolha dos quatro apartamentos, foram consideradas as seguintes características comuns entre eles: localização privilegiada em bairros valorizados de suas respectivas cidades, possuir metragem quadrada reduzida, apresentar a mesma tipologia interna de studio, favorecendo a integração quase que total do imóvel, além de serem lançamentos recentes das construtoras imobiliárias (Ver Tabela 3). Tabela 3. Exemplos de apartamentos compactos.

BELO HORIZONTE - MG

ÁREA: 39 m² ANO: Em construção 66 FONTE: Site LODZ RESIDENCE

RIO DE JANEIRO – RJ

ÁREA: 38 m² ANO: Em construção 67 FONTE: Site GENESIS FREGUESIA

SÃO PAULO – SP

VITÓRIA - ES

ÁREA: 19 m² ANO: Em construção 68 FONTE: Site VITACON

ÁREA: 35 m² ANO: Sem previsão 69 FONTE: Site UP JARDIM STUDIO

Fonte: Elaborado pela autora.

Para um melhor entendimento de cada apartamento é importante se aprofundar a respeito das questões da localização e das principais características de cada apartamento em questão.

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Disponível em: http://1e2qts.com/; Acesso em setembro de 2015. Disponível em: http://www.genesisfreguesia.com.br/genesis-freguesia-apartamentos.html; Acesso em abril de 2015. 68 Disponível em: http://www.vitacon.com.br/empreendimentos/vn-quata; Acesso em abril de 2015. 69 Disponível em: http://upjardimstudio.com.br/apartamentos/; Acesso em abril de 2015. 67


O edifício Lódz Residence, localizado em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, é um empreendimento da Construtora Sudoeste que está em construção, com previsão de entrega das chaves em 2018. Este edifício se localiza na Rua Bernardo Guimarães, no Bairro Funcionários em Belo Horizonte – MG, em uma das regiões mais valorizadas da cidade, próxima a importantes avenidas, supermercados, escolas, farmácias, padarias e restaurantes. Trata-se de um prédio multifamiliar com 70 unidades de apartamentos distribuídos em uma única torre. O edifício conta com área de lazer completa com salão de festas, piscina aquecida, sauna com SPA, home office, espaço fitness, espaço barbecue, salão de festa e espaço gourmet. O apartamento selecionado possui 39 metros quadrados e uma planta quase completamente integrada, contemplando cozinha, sala de estar e suíte, possuindo paredes apenas no lavabo e no banheiro separando-os do restante dos ambientes (Figura 83). Figura 83. Planta-baixa do apartamento de Belo Horizonte – MG.

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Fonte: Site Lodz Residence .

O apartamento localizado no Rio de Janeiro, capital do estado do Rio de Janeiro, se encontra no edifício Genesis, mais precisamente na Estrada dos Três Rios no Bairro Freguesia. É um empreendimento de uso misto da construtora Leduca, onde se é possível encontrar trabalho, moradia, lazer e serviços em um único local. Este endereço se situa próximo de bancos, hospitais, escolas, faculdades, academias, restaurantes e shoppings. O empreendimento é composto por três torres, sendo uma torre comercial e duas torres residenciais. Algumas das opções de lazer que possuem no empreendimento são: praça de inverno, churrasqueira, base game, home office, piscina, sauna e fitness.

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Disponível em: http://1e2qts.com/; Acesso em setembro de 2015.


O apartamento desse empreendimento possui uma planta semi-integrada, sem paredes dividindo os principais ambientes do apartamento, composto por: cozinha, living e quarto, banheiro a varanda, sendo estes dois últimos separados do restante dos ambientes, totalizando 38m² (Figura 84). Figura 84. Planta-baixa do apartamento do Rio de Janeiro – RJ.

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Fonte: Site Genesis Freguesia .

O edifício VN Quatá, onde está localizado o apartamento de São Paulo, é um empreendimento residencial da Construtora Vitacon e está locado na Rua Quatá, número 64, no Bairro Vila Olímpia. Este é o primeiro edifício residencial LifeEdited72 do Brasil, sendo esta uma empresa de consultoria especializada em criar apartamentos compactos. O bairro possui um dos mais sofisticados centros comerciais da cidade, como os Shoppings JK Iguatemi e Vila Olímpia, além de estar inserido em uma região onde se encontra um dos principais centros empresariais de São Paulo, contando com uma grande variedade de opções de bares e restaurantes. As áreas comuns encontradas nesse edifício são: Fitness, Piscina, Salão Gourmet, Bicicletário, Lavanderia (Figura 85) e Praça Café.

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Disponível em: http://www.genesisfreguesia.com.br/genesis-freguesia-apartamentos.html; Acesso em abril de 2015. 72 Disponível em: http://www.lifeedited.com/about/; Acesso em setembro de 2015.


Figura 85. Perspectiva da lavanderia coletiva do Edifício VN Quatá.

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Fonte: Site Vitacon .

Este edifício possui apartamentos de diferentes tipologias e tamanhos, mas, como este trabalho de graduação aborda a questão dos apartamentos compactos, foi escolhida a opção de planta que possui a menor metragem quadrada, de apenas 19 m². O apartamento é dividido em dois ambientes, sendo um deles o banheiro e o outro uma área que abriga múltiplas funções, como descanso e preparo de alimentos (Figura 86). Figura 86. Planta-baixa do apartamento tipo Studio sem Terraço de São Paulo - SP.

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Fonte: Site Vitacon .

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Disponível em: http://www.vitacon.com.br/empreendimentos/vn-quata; Acesso em abril de 2015. Disponível em: http://www.vitacon.com.br/empreendimentos/vn-quata; Acesso em abril de 2015. 74


A proposta da construtora é que este único ambiente caracterize-se como sala de estar, sala de jantar, o quarto, cozinha e escritório para trabalhar em casa em determinados momentos do dia, de acordo com a disposição do mobiliário. Porém, como pode ser observado na Figura 87, em uma tipologia com a inserção do terraço foi elaborada uma perspectiva onde não é representada a utilização do mobiliário multifuncional. Figura 87. Planta-baixa e perspectiva do apartamento tipo Studio com Terraço.

Fonte: Site Vitacon

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Por fim, o último apartamento do estudo está localizado na Rua Odette de Oliveira Lacourt, número 620 no Bairro Jardim da Penha em Vitória – ES. O edifício Up Jardim Studio é um empreendimento residencial multifamiliar da Pacífico Construções de 40 unidades habitacionais, onde existem quatro opções de planta com área privativa entre 35m² e 48m². O prédio possui localização privilegiada, situado a três quadras do mar e próximo a uma série de serviços, como: bancos, shoppings, supermercados, farmácias e padarias. Como diferencial, o edifício será entregue com bicicletas para uso exclusivo dos moradores e contará com um espaço fitness. A planta baixa escolhida para este trabalho foi a de 35m² que são divididos em cozinha, área de serviço, banheiro sala de jantar/estar e quarto, com alternativas para ampliar e integrar os espaços se for o desejo do proprietário o que busca resgatar o conceito de loft, permitindo maior criatividade na ocupação dos ambientes (Figura 88).

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Disponível em: http://www.vitacon.com.br/empreendimentos/vn-quata; Acesso em abril de 2015.


Figura 88. Planta-baixa do apartamento de Vitória-ES.

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Fonte: Site UP Jardim Studio .

Em seguida, para fins de análise, foram elaboradas as 4, 5, 6 e 7 comparando esses apartamentos compactos escolhidos de cada capital da região sudeste com apartamentos não compactos nas respectivas cidades. O objetivo destas tabelas é entender a capacidade de um apartamento compacto em absorver os mobiliários geralmente utilizados em apartamentos não compactos. Analisando e comparando as quatro tabelas foi possível observar que alguns mobiliários se extinguem nos apartamentos compactos, como por exemplo: o buffet de jantar, a mesa lateral do sofá, a mesa de refeição rápida na cozinha. Também foi observado que o criado mudo no quarto normalmente é encontrado em apenas um lado da cama, além do armário para guardar roupas ter o seu tamanho reduzido. Porém, enquanto alguns móveis se extinguem, outros permanecem como a cama e o sofá. É importante citar que os banheiros não foram colocados na tabela, pois não apresentam nenhum mobiliário solto além dos equipamentos de pia, chuveiro, vaso sanitário e o armário sob a bancada. Logo, se observa a redução dos mobiliários em todos os quatro apartamentos. Portanto, a questão do espaço reduzido associado à falta de móveis adequados pode vir a comprometer o uso dos espaços e objetos. Por fim, os dois apartamentos que foram escolhidos para o desenvolvimento de opções de ambientação são o de Vitória e o de São Paulo, que se caracterizam pela situação mais problemática, possuindo a menor metragem quadrada e a maior redução dos mobiliários.

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Disponível em: http://upjardimstudio.com.br/apartamentos/; Acesso em abril de 2015.


Tabela 4. Tabela comparando o mobiliårio existente em apartamento não compacto com o apartamento compacto na cidade de Belo Horizonte – MG.

Fonte: Elaborado pela autora.


Tabela 5. Tabela comparando o mobiliårio existente em apartamento não compacto com o apartamento compacto na cidade do Rio de Janeiro – RJ.

Fonte: Elaborado pela autora.


Tabela 6. Tabela comparando o mobiliário existente em apartamento não compacto com o apartamento compacto na cidade de São Paulo – SP.

Fonte: Elaborado pela autora.


Tabela 7. Tabela comparando o mobiliário existente em apartamento não compacto com o apartamento compacto na cidade de Vitória – ES.

Fonte: Elaborado pela autora.


4.2. SEGUNDA FASE: ESTUDOS DE CASO Para o desenvolvimento da segunda fase do capítulo quatro, foram selecionados os apartamentos das cidades de Vitória e de São Paulo para a elaboração dos estudos de caso. Primeiramente, será analisada a planta-baixa e a localização desses empreendimentos com o intuito de traçar um perfil de usuário. Em seguida, serão elaboradas opções de layouts que contemplem a utilização do mobiliário multifuncional para que a demanda de cada perfil de morador seja atendida, a fim de alcançar o melhor aproveitamento do pouco espaço disponível. Todos os estudos foram elaborados com a ideia principal e primordial de aproveitar o maior espaço disponível para determinadas tarefas. Foi tomado como partido dividir a posição dos mobiliários em três situações principais, denominadas “estar”, “jantar” e “dormir”. As possibilidades começam em três situações e pode se desdobrar para quantas situações o morador precisar. Para isso, é necessário que o mobiliário instalado no apartamento funcione e se movimente de acordo com o dia-a-dia, a rotina e os desejos dos morados. Portanto, foi importante definir, anteriormente, um perfil de morador para o apartamento de São Paulo e um perfil de morador para o apartamento de Vitória, uma vez que os mobiliários inseridos nos apartamentos precisam ser pensados de acordo com o dia-adia de cada habitante. Logo, a utilização dos mobiliários multifuncionais nos estudos se torna essencial, visto que esse tem como principais características a flexibilidade e a versatilidade, além da própria multifuncionalidade.


4.2.1. APARTAMENTO DE SÃO PAULO - SP 4.2.1.1. O Entorno O apartamento da cidade de São Paulo se localiza no Bairro Vila Olímpia, que é considerado um bairro nobre da capital paulista. Como pode ser observado na Figura 89, próximo ao terreno estão localizados vários estabelecimentos comerciais, como lojas, restaurantes, faculdades e academias. Figura 89. Localização do terreno do edifício VN Quatá em São Paulo - SP com indicações as principais atividades do entorno.

Fonte: Adaptado pela autora de Google Maps

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4.2.1.2. Briefing Ao desenvolver um estudo de ambientação para o apartamento é necessário conhecer as características de cada pessoa a que se destina o projeto, os anseios, os hobbies, as expectativas e as prioridades a fim de providenciar os equipamentos necessários. Gurgel (GURGEL, 2007, p. 17) afirma que, Todo projeto deve partir da criação de um briefing, ou seja, o perfil do cliente, uma lista de instruções, com todas as especificações relativas a quem se destina o espaço em questão e a necessária interrelação espacial entre ele.

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Disponível em: https://www.google.com.br/maps/place/R.+Quat%C3%A1,+64++Vila+Ol%C3%ADmpia,+S%C3%A3o+Paulo+-+SP,+04546-040/@-23.5997863,46.673997,313m/data=!3m1!1e3!4m2!3m1!1s0x94ce5754b6d10379:0xca3eafdfd8a69897?hl=pt-BR


Para a definição do cliente desse apartamento de São Paulo foi levada em conta a localização do edifício que a habitação está inserida e o público alvo das construtoras para os apartamentos compactos. Logo, o cliente definido para essa moradia em questão é: um casal recém-casado de alto poder aquisitivo, com cerca de 30 anos de idade e sem filhos. Partiu-se do princípio que o casal optou por essa opção de apartamento compacto, pois está em uma ótima localização próxima ao trabalho. Como o casal passa a maior parte do tempo no trabalho, não sentiram a necessidade de um espaço maior que demandasse mais tempo e custo de manutenção, preferindo morar em uma área menor, porém sem abrir mão de um espaço confortável e bem projetado. Além das necessidades básicas de um espaço para dormir, cozinhar e utilizar o banheiro, as principais demandas que o espaço também precisou atender foram: um espaço para estar, receber pessoas e assistir filmes, séries e programas de televisão; uma bancada maior para apoio da cozinha; um espaço para receber até quatro pessoas para um jantar. No espaço também foram prevista a opção de utilizar uma bancada para trabalho sem que atrapalhe a utilização da cama para dormir, prevendo a situação de enquanto uma pessoa dorme a outra pode trabalhar ou utilizar o computador. Todos estes usos caracterizam o espaço como a máxima utilização possível do espaço sem que o ambiente fique com a sensação de enclausuramento. 4.2.1.3. Planta-Baixa: Layout da construtora A disposição interna do imóvel de aproximadamente 19m² é dividida em dois ambientes (Figura 90), sendo um deles com cerca de 14m² que contempla uma cama com duas mesas laterais, que ocupa quase que um terço do espaço existente, uma mesa de apoio com duas cadeiras, um armário com televisão instalada em uma das portas, uma bancada de cozinha apenas com o espaço de uma pia e um cooktop de duas bocas e uma geladeira. O outro ambiente, com aproximadamente 3m², localizase o banheiro, com um espaço para uma pia na bancada dividindo o ambiente em 3, que podem ser utilizados ao mesmo tempo por mais de uma pessoa. De um lado da pia está localizado um espaço para o banho com um chuveiro e do outro lado tem um espaço para as necessidades fisiológicas com um vaso sanitário.


Figura 90. Planta-baixa do apartamento de São Paulo com as indicações das áreas dos dois ambientes principais.

Fonte: Adaptado pela autora do Site Vitacon

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De acordo com a análise da planta-baixa de layout proposta pela construtora os principais desafios para atender as demandas específicas dos clientes são, principalmente, a utilização do espaço para estar, para jantar, o aumento da área de apoio da pia da cozinha e o máximo espaço possível para armazenagem. 4.2.1.4. Propostas de Layout Para o apartamento de São Paulo foram elaboradas três propostas utilizando mobiliário e/ou ambientação diferentes, somente no espaço reservado para o banheiro optou-se por deixar distribuído da mesma forma que a construtora propôs. ESTUDO 01 No primeiro estudo a (Figura 91) proposta para o apartamento de São Paulo explora o uso de piso elevado em determinada área da habitação. No espaço sob o piso elevado é possível recolher e ‘guardar’ a cama-sofá por completo, e nos espaços que sobram também é possível guardar outros objetos, como almofadas e colchas, ampliando a área de armazenagem do apartamento (Figura 92).

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Disponível em: http://www.vitacon.com.br/empreendimentos/vn-quata; Acesso em abril de 2015.


Figura 91. Estudo 01 para o apartamento de S達o Paulo

Fonte: Elaborado pela autora


Figura 92. Apartamento de 12m² em Paris utiliza o recurso do piso elevado para colocação da cama e sofá

Fonte: Site Caras

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Sobre o piso se encontra um armário em toda extensão da parede e uma mesa para trabalho e/ou estudo. Do lado oposto ao tablado, possui um armário embutido com nichos e prateleiras com uma mesa e um banco dobráveis, permitindo sua abertura para criar uma área para refeições (Ver Figura 93). Figura 93. Exemplo de mesa dobrável embutida em armário com prateleiras

Fonte: Site Resource Furniture

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Disponível em: http://caras.uol.com.br/decoracao/decoracao-funcional-apartamento-pequenoapenas-12m-tem-estante-sofa-moveis-multiusos-dicas-decorar#.VmHR5rgrLIU; Acesso em outubro de 2015. 80 Disponível em: http://resourcefurniture.com/product/lgm-tavolo/#; Acesso em outubro de 2015.


Para esta opção optou-se por uma televisão fixada em um suporte com trilho deslizante preso ao teto possibilitando várias regulagens, como o movimento da televisão de uma extremidade a outra e o giro de até 360° da mesma (Figura 94). Figura 94. Suporte para televisão com trilho deslizante

Fonte: Site Pisma Comércio

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Nessa opção é explorada mais a fundo as diversas possibilidades de divisão e interação de ambientes dentro de um espaço reduzido. A diferença de níveis, além de seu aspecto funcional, abre a possibilidade de se obter diferentes percepções sobre o espaço. O fato de se estar em uma cota mais elevada que a anterior abre possibilidades de visuais tanto para o ambiente interno quanto para o externo através da janela.

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Disponível em: http://www.pismacomercio.com.br/loja/index.php?page=shop.browse&category_id=24&option=com_ virtuemart&Itemid=71; Acesso em novembro de 2015.


ESTUDO 02 Para o segundo estudo (Figura 95 e Figura 96), a proposta foi utilizar um sofá de três lugares, com a cama embutida na parede descendo em, aproximadamente, dois terços de sua extensão, como é demonstrado na Figura 97. Figura 95. Estudo 02 para o apartamento de São Paulo

Fonte: Elaborado pela autora


Figura 96. Estudo 02 para o apartamento de São Paulo

Fonte: Elaborado pela autora Figura 97. Cama de parede com sofá ‘ATOL’ da Resource Furniture

Fonte: Site Resource Furniture 82

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Disponível em: http://resourcefurniture.com/product/atoll-000/; Acesso em outubro de 2015.


Para essa situação foram elaborados dois modos de estar, sendo o primeiro modo utilizando apenas o sofá com a projeção da televisão em um painel de correr (Figura 98 e Figura 99), que garante a flexibilidade do espaço central, ficando rente à parede do banheiro. Figura 98. Vista do estudo 02 para o apartamento de São Paulo no modo estar 02

Fonte: Elaborada pela autora Figura 99. Vista do estudo 02 para o apartamento de São Paulo no modo estar 02

Fonte: Elaborada pela autora

Quando o painel é deslocado para frente do sofá, um projetor localizado em um armário acima da cama embutida projeta a imagem da televisão no painel, como pode ser observado na Figura 100.


Figura 100. Perspectiva demonstrando projeção da televisão no painel

Fonte: Elaborada pela autora.

O segundo modo foi utilizar todo o ambiente do apartamento, exceto o banheiro, como sala de estar para reunir até sete visitas, nesse modo a televisão é projetada na porta camarão que esconde a bancada da cozinha (Figura 101 e Figura 102). Figura 101. Vista do estudo 02 para o apartamento de São Paulo no modo estar 01

Fonte: Elaborada pela autora


Figura 102. Vista do estudo 02 para o apartamento de São Paulo no modo estar 01

Fonte: Elaborada pela autora

Para essa opção de estudo, a mesa para refeições que foi proposta é extensível e possui quatro lugares quando está estendida em sua posição máxima (Ver Figura 103). Figura 103. Mesa extensível ‘VOILE’ da Resource Furniture

Fonte: Site Resource Furniture

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Quando a mesa de jantar é aberta o painel de projeção fica recolhido, permitindo o melhor aproveitamento da área, para que o espaço atue como sala de jantar (Figura 104 e Figura 105).

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Disponível em: http://resourcefurniture.com/product/voile/; Acesso em outubro de 2015.


Figura 104. Vista do estudo 02 para o apartamento de São Paulo no modo jantar

Fonte: Elaborada pela autora Figura 105. Vista do estudo 02 para o apartamento de São Paulo no modo jantar

Fonte: Elaborada pela autora

Quando recolhida, a mesa pode ser utilizada como aparador e para refeições rápidas, garantindo multifuncionalidade e flexibilidade a este mobiliário.

As cadeiras

dobráveis (Ver Figura 106) podem ser penduradas na parede quando não estão sendo utilizadas, servindo ao seu propósito somente quando necessário.


Figura 106. Cadeiras dobráveis

Fonte: Site Ouvidor

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Quando as cadeiras estão penduradas e a mesa recolhida, o espaço pode se voltar para o terceiro modo, que configura o apartamento como um dormitório, revelando a cama escondida na parede (Figura 107). Figura 107. Vista do estudo 02 para o apartamento de São Paulo no modo dormir.

Fonte: Elaborada pela autora

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Disponível em: https://lojaouvidor.files.wordpress.com/2011/08/101216_chair.jpg; Acesso em outubro de 2015.


A Figura 108 demonstra, através da projeção, o movimento retrátil executado pela cama quando ela está sendo aberta e durante todo o movimento a prateleira permanece na posição horizontal, permanecendo com os objetos organizados em toda a movimentação da cama. Figura 108. Posições da cama durante a sua movimentação

Fonte: Elaborada pela autora

Uma alternativa a esse modo de dormir é o painel deslizante que serve de aparador da projeção e atua também como divisória do espaço, permitindo que duas pessoas possam desempenhar duas tarefas ao mesmo tempo, como dormir e trabalhar, cada um em sua privacidade (Figura 109 e Figura 110). Figura 109. Vista do estudo 02 para o apartamento de São Paulo no modo dormir com painel dividindo os ambientes

Fonte: Elaborada pela autora


Figura 110. Vista do estudo 02 para o apartamento de São Paulo no modo dormir

Fonte: Elaborada pela autora

Acima da bancada de preparo de alimentos foi proposto um armário suspenso com prateleiras em aço inox que funcionam, ao mesmo tempo, como armazenamento e escorredor de utensílios (Figura 111). A porta tipo camarão foi utilizada com o intuito da possibilidade de esconder todo o aparato da cozinha quando desejado e, quando ocorrer à necessidade de utilizar a cozinha, possibilitando acesso livre por toda a extensão da bancada. Uma mesa de apoio extraível da bancada também faz o complemento necessário para a ampliação de espaço. Figura 111. Vista do estudo 02 para o apartamento de São Paulo com armário suspenso aberto.

Fonte: Elaborada pela autora


Por fim, no teto encontra-se uma área de rebaixo para ser utilizado como armazenagem, criando uma alternativa para o caso do casal desejar guardar objetos poucos utilizados no dia-a-dia, como por exemplo, malas de viagem (Figura 112). Figura 112. Corte esquemático do armário mostrando espaço para armazenagem de objetos no teto.

Fonte: Elaborada pela autora.

ESTUDO 03 A terceira opção de layout (Figura 113) substitui a área que no estudo anterior estava sendo ocupada pelo sofá-cama por uma bancada de cozinha em toda a extensão da parede.


Figura 113. Estudo 03 para o apartamento de S達o Paulo

Fonte: Elaborado pela autora


Um sofá retrátil de três lugares é colocado em baixo da janela, a flexibilidade no controle do aumento do assento do sofá possibilita sua utilização em duas situações, ele pode ser utilizado como assento para a mesa de refeições e, propriamente, como um sofá de estar, como demonstrado na Figura 114. Figura 114. Sofá retrátil com possibilidade de duas posições

Fonte: Alterado pela autora do site Furniture Resource

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Nessa alternativa a cama é locada na parede onde antes ficava a bancada da cozinha e, pelo fato de ser menos extensa que essa última, libera mais espaço para o armário ao lado da porta de entrada. Em frente à cama embutida na parede há uma mesa para estudo, como está demonstrando a Figura 115, a mesa para estudo e/ou trabalho abaixa no mesmo movimento da cama possibilitando deixar objetos sobre a mesa até mesmo quando a cama estiver abaixada. Figura 115. Cama de parede com mesa ‘ULISSE DESK’ da Resource Furniture

Fonte: Site Resource Furniture

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Disponível em: http://resourcefurniture.com/product/ito/#; Acesso em outubro de 2015. Disponível em: http://resourcefurniture.com/product/ulisse-desk/#; Acesso em outubro de 2015.


Nessa opção a televisão fica fixa em uma das divisórias do compartimento do vaso sanitário, enquanto as cadeiras são penduradas na parede ao lado da janela. Também é utilizada a mesa extensível com quatro lugares quando está estendida em sua posição máxima e quando está recolhida, a mesa pode ser utilizada como aparador, para refeições rápidas e para estudo e/ou trabalho.


4.2.2. APARTAMENTO DE VITÓRIA - ES 4.2.2.1. O Entorno O apartamento analisado para a cidade de Vitória está localizado no bairro Jardim da Penha, caracterizado majoritariamente por prédios de até cinco pavimentos e por sua grande variedade de edifícios residenciais, comerciais e mistos. Situado em um local com grande disposição de equipamentos de bairro, como restaurantes, padarias, supermercados, ilustrados na Figura 116, o condomínio do edifício UP Jardim Studio é uma resposta à demanda por residências compactas daqueles que passam a maior parte do tempo fora de casa. A proximidade com a Universidade Federal do Espírito Santo faz com que o público-alvo desta edificação seja principalmente universitários que aproveitam os serviços oferecidos tanto pela instituição quanto pelo seu entorno, extremamente focado neste perfil de morador. Como opções de lazer, são encontrados a Praia de Camburi, a sudeste, e a Avenida Anísio Fernandes Coelho (denominada popularmente como “rua da lama”), à noroeste, conhecida por ser um polo de lazer e entretenimento na vida noturna da capital capixaba. Figura 116. Localização do terreno do edifício UP Jardim Studio em Vitória - ES com indicações das principais atividades do entorno.

Fonte: Adaptado pela autora de Google Maps

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Disponível em: https://www.google.com.br/maps/place/R.+Quat%C3%A1,+64++Vila+Ol%C3%ADmpia,+S%C3%A3o+Paulo+-+SP,+04546-040/@-23.5997863,46.673997,313m/data=!3m1!1e3!4m2!3m1!1s0x94ce5754b6d10379:0xca3eafdfd8a69897?hl=pt-BR


4.2.2.2. Planta-Baixa: Layout da construtora A disposição interna do imóvel de aproximadamente 35m² é dividida em quatro ambientes (Figura 117), sendo o banheiro de aproximadamente 3m², uma cozinha integrada com área de serviço de 6m², um quarto de 9m² e uma sala de 17m². As principais patologias encontradas na planta e na disposição do mobiliário foram: a falta de integração da cozinha com o restante do apartamento, o pouco espaço existente de bancada da cozinha e, além disso, a localização do fogão atrapalha o acesso total à bancada. Figura 117. Planta-baixa do apartamento de Vitória com as indicações das áreas dos ambientes

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Fonte: Adaptado pela autora do site UP Jardim Studio .

4.2.2.3. Briefing Os clientes definidos para essa moradia em questão são dois estudantes universitários de classe média, que possuem família no interior e vieram para a grande Vitória exclusivamente para cursar uma faculdade. Eles optaram por essa opção de apartamento compacto, pois, além da ótima localização, possui uma metragem quadrada reduzida, diminuindo assim o custo do próprio imóvel e da manutenção do mesmo. Além das necessidades básicas de um espaço para dormir, cozinhar e utilizar o banheiro, a principal demanda que o espaço precisou atender foi a criação de dois quartos com espaço de estudo individual, uma vez que o layout proposto pela construtora contempla apenas um quarto. Outras demandas secundárias constatadas foram: a necessidade de aumentar e integrar o espaço da cozinha; uma sala ampla para reunião de amigos; e uma mesa para refeições e/ou estudos em grupo de até quatro pessoas. 88

Disponível em: http://upjardimstudio.com.br/apartamentos/; Acesso em abril de 2015.


4.2.2.4. Propostas de Layout Para o apartamento de Vitória foram elaboradas três opções de layout utilizando mobiliário e/ou ambientação diferentes. Em todos os estudos foi considerada a remoção completa da parede que separa a sala do quarto e uma remoção parcial da parede da área de serviço para a sala, com o intuito de conferir maior integração entre a cozinha e a sala. No banheiro não foi proposta nenhuma modificação de layout. Em todas as propostas a disposição da cozinha ficou a mesma, com uma bancada para a pia com o armário sobre a bancada, similar ao proposto para as opções 01, 02 e 03 do apartamento de São Paulo, nessas situações também é utilizado para conferir praticidade na hora de secar e armazenas utensílios. Do outro lado também foi colocada uma grande bancada com cooktop que ultrapassa o limite pré-definido para a cozinha pela construtora e confere maior integração da mesma com o restante do apartamento. Junto a isso, criou-se um espaço da bancada que pode ser utilizado como uma mesa para refeições rápidas com duas banquetas de apoio (Figura 118). Figura 118. Banquetas empilháveis

Fonte: Site Clássicos Design

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Disponível em: http://www.lmclassicosdesign.com.br/bancos_banquetas/index.htm; Acesso em novembro de 2015.


Também foi considerado que em todos os estudos, as cadeiras utilizadas para refeições e estudos são dobráveis, de material leve, de fácil transporte e que podem ser guardadas em um armário se não estiverem sendo utilizadas (Ver Figura 119). Figura 119. Cadeira dobrável 'Piana' de polipropileno reciclado

Fonte: Site Benedixt

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ESTUDO 04 A primeira proposta para o apartamento de Vitória é o estudo 04 (Figura 120), nela são dispostos dois sofás-camas de forma simétrica em toda a totalidade de parede, entre os dois sofás-camas possui uma porta-camarão em madeira fechada que divide a grande sala em dois quartos. Na frente da porta camarão recolhida foi inserido dois puffs com gavetas e rodízios, que na opção sala e estar ele pode ser utilizado como assentos extras e na opção quarto ele é utilizado como criado-mudo. Como um mobiliário está disposto de forma simétrica nessa porção do ambiente, cada lado também possui armários com nichos para armazenagem. E armário para guardaroupas, porém o armário de um lado dispõe de uma mesa dobrável que pode ser utilizada para estudo. Essa solução permite que o apartamento possa seja utilizado de duas formas distintas: uma com uma grande sala aberta integrada com a cozinha para receber visitas ou com dois quartos e uma cozinha ampla interligando-os, que podem ser usados sem prejuízo do conforto. Também existe um móvel com duas televisões, que se localiza, aproximadamente no centro do apartamento e possui também uma mesa retrátil de quatro lugares e portas de correr usadas para abrir e fechar os dois quartos. 90

Disponível em: http://www.benedixt.com.br/produto.asp?UID=16399; Acesso em novembro de 2015.


Figura 120. Estudo 04 do apartamento de Vit贸ria

Fonte: Elaborado pela autora


ESTUDO 05 No estudo 05 (Figura 121), segunda opção para esta residência, para liberar o centro do apartamento o móvel para as televisões é colocado na parede onde se encontram as janelas. Neste mobiliário da televisão é giratório e possui uma mesa retrátil de quatro lugares, mesas para estudo e portas de correr para separar a grande sala em dois quartos privativos. Assim como na opção anterior, uma porta guardada dentro do móvel das televisões pode ser desdobrada quando o móvel for girado para separar os quartos, conectando-se à porta retrátil dos outros armários que compõem os ambientes. Os sofás com camas embutidas estão dispostos de forma simétrica nas paredes laterais de cada janela, em ambos os sofás o assento é levantado possibilitando a espaço de armazenagem, a diferença entre eles é que em um possui uma cama de casal e em outro uma cama de solteiro.


Figura 121. Estudo 05 do apartamento de Vit贸ria

Fonte: Elaborado pela autora


ESTUDO 06 A última opção (Figura 122 e Figura 123), e a terceira apresentada para o apartamento de Vitória, explora o uso de um grande móvel giratório, representado na cor verde, onde se encontram duas televisões, uma mesa para estudo acoplada e duas portas de correr. Este mobiliário possui duas posições, em uma ele separa o ambiente de sala de estar e jantar do ambiente com os armários (closet), conferindo maior privacidade para a troca de roupa (modo estar e modo jantar), e na outra posição ele separa os dois quartos da cozinha (modo estudo e modo dormir). Figura 122. Estudo 06 do apartamento de Vitória

Fonte: Elaborado pela autora


Figura 123. Estudo 06 do apartamento de Vit贸ria

Fonte: Elaborado pela autora


Na Figura 124 está representado o armário giratório no modo estudo/dormir, nessa posição o móvel tem a função de dividir a cozinha e os dois quartos, as portas de acesso para os quartos são as do lado da televisão. Quando as portas são abertas, é possível observar locais para armazenagem de objetos, garantindo ainda mais flexibilidade e multifuncionalidade ao mobiliário (Figura 125). Figura 124. Armário visto a partir da cozinha durante o modo estudo/dormir.

Fonte: Elaborado pela autora Figura 125. Vista interna do armário no modo estudo/dormir.

Fonte: Elaborado pela autora


O armário destacado pela cor azul, localizado primeiramente na parede ao lado do banheiro, tem a possibilidade de se locomover para o meio do apartamento com o intuito de completar a divisão entre os quartos, tendo em um lado um armário para armazenagem e uma cama de casal embutida. Na Figura 126 observa-se à esquerda a cama embutida e armários para armazenagem e à direita da figura se encontra a televisão com uma mesa retrátil para estudo. Na Figura 127 demonstra a cama aberta e, ao lado, uma mesa retrátil de apoio para objetos. Figura 126. Vista do quarto 02 durante o modo estudo.

Fonte: Elaborado pela autora Figura 127. Vista do quarto 02 durante o modo dormir.

Fonte: Elaborado pela autora


O outro lado do móvel, destacado em azul, é um armário guarda-roupas para o quarto 01 e sua lateral é composta por uma porta camarão que tem como função isolar os quartos, conferindo privacidade (Figura 128). A cama desse quarto é embutida em um armário fixo atrás do sofá e ela também possui uma mesa de apoio retrátil em sua lateral. No quarto 01 é possível observar o outro lado do móvel giratório, destacado na cor verde, que também possui uma televisão e portas para armazenagem. Na Figura 129, também é observado uma mesa dobrável para estudos. O sofá em formato “L” permite o maior aproveitamento do espaço enquanto a mesa retrátil é utilizada. Figura 128. Vista do quarto 01 durante o modo dormir

Fonte: Elaborado pela autora Figura 129. Vista do quarto 01 no modo estudo

Fonte: Elaborado pela autora


Na posição de sala de estar e jantar, é possível observar um sofá com formado em “L”, ladeado por um grande painel com nichos de onde desce uma cama de casal, usada para atender um dos quartos, além de uma mesa dobrável para refeições com até quatro pessoas (Figura 130 e Figura 131). Figura 130. Vista do estudo 06 no modo estar

Fonte: Elaborado pela autora Figura 131. Vista do apartamento no modo jantar com o movimento da mesa retrátil

Fonte: Elaborado pela autora


É importante lembrar que este modo permitiu o aproveitamento de uma sala com cerca de 20 m² em um apartamento de 36 m², garantindo conforto e comodidade ao receber visitas. No teto do apartamento é possível encontrar um nicho fixo para armazenagem de objetos e, na parte inferior do nicho, se encontra embutido uma guia para o armário giratório que permite a realização de um movimento de arco (Figura 132). Figura 132. Vista do apartamento no modo estar a partir do sofá em L.

Fonte: Elaborado pela autora

Nesse estudo, na lateral da bancada da cozinha foi colocada uma mesa dobrável que possibilita uma área para refeições rápidas, criando um ambiente de copa, quando o os móveis do apartamento estiverem na posição com os dois quartos. A área de serviço do apartamento foi escondida por uma porta camarão em vidro branco, permitindo que quando necessário, se tenha acesso a toda extensão da bancada da área de serviço (Figura 133 e Figura 134).


Figura 133. Vista do apartamento no modo estudo/dormir com a bancada recolhida e a porta camarão aberta.

Fonte: Elaborado pela autora Figura 134. Vista do apartamento no modo estudo/dormir com a bancada estendida e a porta camarão fechada.

Fonte: Elaborado pela autora

Para os armários suspensos da cozinha, também foi utilizadas prateleiras aramadas que possibilitam a armazenagem da louça enquanto ela está sendo seca naturalmente (Figura 1365 e Figura 136).


Figura 135. Vista dos armários da cozinha e da porta-camarão fechados

Fonte: Elaborado pela autora Figura 136. Vista dos armários da cozinha e da porta-camarão abertos

Fonte: Elaborado pela autora

Após observar e analisar as volumetrias propostas para os dois apartamentos, foram elaboradas duas tabelas, uma para a cidade de São Paulo (Tabela 8) e outra para a cidade de Vitória (Tabela 9), que comparam a ambientação de um apartamento não compacto elaborado pela construtora, a ambientação de um apartamento compacto elaborado pela construtora e a ambientação do mesmo apartamento compacto elaborado pela autora do presente trabalho.


Tabela 8. Tabela comparativa entre o apartamento nĂŁo compacto, o apartamento compacto e compacto com mobiliĂĄrio multifuncional (Estudo 02).

Fonte: Elaborado pela autora


Tabela 9. Tabela comparativa entre o apartamento não compacto, o apartamento compacto e compacto com mobiliário multifuncional (Estudo 07).

Fonte: Elaborado pela autora

A Tabela 8 indica como o mobiliário multifuncional proposto auxiliou na ampliação de funções do espaço definido pela construtora basicamente como um quarto, passando também a ter a possibilidade de atuar como sala de estar e sala de jantar. Os armários propostos, ainda que compactos, propiciam novas possibilidade e armazenagem de itens que não estavam inclusos no projeto original como, por exemplo, o sofá e a mesa de jantar, sendo estes mobiliários considerados comuns em apartamentos de maiores dimensões. Itens complementares como, por exemplo, a mesa de apoio extraível para o preparo de alimentos é uma solução simples que melhora e facilita o cotidiano do morador e não demanda o sacrifício de espaços já existentes. É importante citar também que a nova configuração permitiu a divisão do ambiente que antes era totalmente integrado em dois ambientes distintos, podendo ser utilizado para ocasiões diferentes, de maneira independente.


A Tabela 9 reflete o mesmo aproveitamento de espaço, apresentado na tabela anterior, para o apartamento de Vitória. Ainda assim, é importante frisar a variedade de ambientes e usos que móveis multifuncionais podem garantir, ampliando as possiblidade de uso do apartamento em três vezes. O apartamento que originalmente apresentava apenas uma sala, um quarto e uma cozinha, agora passa a oferecer a possibilidade de uma grande sala para reunião de amigos; dois quartos e cozinha com bancada para refeições rápidas. O fato de criar um móvel que possa se deslocar e que ofereça em sua estrutura um grande conjunto de funções influencia diretamente no aproveitamento da área do apartamento. Para a situação do apartamento de São Paulo, o morador consegue utilizar o espaço para receber sete visitas sentadas (Figura 137) e fazer um jantar para quatro pessoas (Figura 138). Figura 137. Estudo 02 para o apartamento de São Paulo no modo estar

Figura 138. Estudo 02 para o apartamento de São Paulo no modo jantar

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborado pela autora


Já para a situação do apartamento de Vitória, com o layout proposto pela construtora o apartamento só poderia ser utilizado por um morador ou por um casal e com o novo layout proposto tornou-se possível a acomodar duas pessoas sem vínculo afetivo, como por exemplo, dois estudantes ou colegas de trabalho. O apartamento pode ser utilizado para receber onze visitas sentadas (Figura 139), com a possibilidade de se desdobrar em dois quartos independentes, cada um com uma cama de casal, televisão (Figura 140) e mesa para estudo (Figura 141). Figura 139. Estudo 07 para o apartamento de Vitória no modo estar

Fonte: Elaborado pela autora


Figura 140. Estudo 07 para o apartamento de Vit贸ria no modo dormir

Fonte: Elaborado pela autora Figura 141. Estudo 07 para o apartamento de Vit贸ria no modo estudo

Fonte: Elaborado pela autora


4.3. TERCEIRA FASE: PROJETO EXECUTIVO Na terceira fase, o mobiliário multifuncional que foi selecionado para a elaboração do projeto executivo está presente no estudo 06 para o apartamento de Vitória. É um móvel giratório em MDF91 que tem uma função importante para toda a ambientação do apartamento: no modo estar, ele delimita a área de estar (sala e cozinha) da área do closet, e no modo dormir, o móvel delimita a área social (cozinha e banheiro) da área dos dois quartos (Figura 142 e Figura 143). Figura 142. Painel giratório no modo estar (posição 01)

Fonte: Elaborado pela autora Figura 143. Painel giratório no modo dormir (posição 02)

Fonte: Elaborado pela autora

91

MDF é uma sigla que significa Medium Density Fiberboard, em português, placa de fibra de média densidade. “Trata-se de um painel de madeira reconstituída, produzido por meio da aglutinação de fibras de madeira com resinas sintéticas e aditivos.” Disponível em: http://www.liderinteriores.com.br/blog/2012/08/mdf-e-mdp-qual-e-a-diferenca/; Acesso em janeiro de 2016.


O eixo giratório está localizado na extremidade esquerda do móvel, próximo ao banheiro, esse eixo é fixado no chão e no teto e é responsável pela principal sustentação do armário e por possibilitar o seu giro. Além do eixo, com o intuito de auxiliar e guiar a movimentação do armário, também foi inserido, na parte superior do móvel, dois pinos em alumínio para encaixar em duas guias em perfil alumínio ‘U’ que precisam ser instaladas no elemento acima do armário. As duas portas de correr dos quartos possuem fecho para impedir a movimentação das portas enquanto o armário é movimentado, a porta para o quarto 02 possui fechadura bico de papagaio (Figura 144) e a porta para o quarto 01 possui fecho alavanca (Figura 145) com opção de trava em duas posições; a primeira posição é para quando ela estiver sendo utilizada com o intuito privacidade para o quarto 01 e a na segunda posição a trava é utilizada para porta permanecer aberta enquanto ocorre o giro do armário. Figura 144. Fechadura bico de papagaio

Fonte: Site Central das Ferragens

92

92

Figura 145. Fecho alavanca de embutir

Fonte: Site Batista Gomes

93

Disponível em: http://www.centraldasferragens.com.br/products/FechaduraBico%252dde%252dPapagaio-para-Janela-Direita-%252d-1510DG.html; Acesso em janeiro de 2016. 93 Disponível em: http://www.batista-gomes.pt/produtos_show.htm?idcont=1764&txt=&pag=3; Acesso em janeiro de 2016.


As portas basculantes e de abrir possuem a abertura através do sistema ‘fecho-tok’, com o intuito de impedir a abertura das portas enquanto ocorre a movimentação do armário. Para a porta abrir, nesse sistema ‘fecho-tok’, é necessário que o usuário pressione com a mão a porta que desejar abrir. Além de conferir uma estética mais limpa para o desenho, uma vez que não é necessária a utilização de puxadores. Por se tratar de um mobiliário multifuncional, foi importante definir as possibilidades de usos que esse armário giratório proporciona para os usuários. Quando o armário está parado na posição 01 ou modo de estar ele possui as funções de: assistir a televisão no sofá da sala ou até mesmo da cozinha (por conta do suporte articulado para televisão), acessar o closet através da porta de correr próxima a janela e a armazenagem de objetos (Figura 146). Figura 146. Possibilidades de uso do móvel giratório na posição 01 ou modo estar

Fonte: Elaborado pela autora


Quando o móvel giratório está localizado na posição 02 ou modo dormir/estudo ele possibilita a utilização nas seguintes funções: assistir a televisão do quarto 01, permitir o acesso ao quarto 01 e ao quarto 02 através das portas de correr, estudar ou trabalhar com notebook em uma mesa dobrável e armazenar objetos (Figura 147 e Figura 148). Figura 147. Possibilidades de uso do móvel giratório na posição 02 ou modo estudo/dormir (visão do quarto 01)

Fonte: Elaborado pela autora Figura 148. Possibilidades de uso do móvel giratório na posição 02 ou modo estudo/dormir (visão da cozinha)

Fonte: Elaborado pela autora


Na vista A, denominada no projeto executivo a seguir, temos: portas basculantes e de abrir com prateleiras internas para armazenagem de utensílios domésticos, um nicho para televisão de 47’ polegadas com suporte articulado e a parte superior foi dividida em quatro partes iguais, sendo três portas basculantes e uma porta fixa. Como esse lado está acessível para a área social da casa, foi priorizado colocar o maior número de portas para esse lado. Sendo que em uma dessas portas se encontram o nicho para os aparelhos da televisão e tomadas embutidas na marcenaria. Uma tubulação para passagem de fios chega do teto e passa no meio do armário pela sua parte superior, até chegar às televisões, no projeto executivo, essa tubulação foi indicada com a cor verde. A vista B segue o mesmo padrão da vista A, com portas de abrir e portas basculantes para armazenagem de utensílios domésticos. Porém, como o lado do armário localizado na vista B fica para o quarto 01, foi necessária a instalação de uma mesa dobrável para estudo. Foi considerados nichos com espaço para guardar objetos como: lápis, livros e computador. Os nichos foram pensados com o intuito de facilitar a organização e conferir praticidade para quem for utilizar o móvel no dia-a-dia. O nicho para televisão que foi considerada na vista B foi para um televisor de 39’ polegadas. Nas próximas quinze páginas se encontra o projeto executivo do armário giratório com: detalhes, especificações e cotas.


SEM ESCALA

SEM ESCALA

SEM ESCALA

SEM ESCALA

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

1/15


GUIAS EM PERFIL "U" NO ELEMENTO SUPERIOR DO

PARA GUIAR A

SEM ESCALA

SEM ESCALA

SEM ESCALA

SEM ESCALA

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

PERSPECTIVA 02 - MODO ESTAR E MODO JANTAR

2/15


SEM ESCALA

SEM ESCALA

SEM ESCALA

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

PERSPECTIVA 03 - MODO ESTAR

3/15


SEM ESCALA

SEM ESCALA

SEM ESCALA

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

PERSPECTIVA 04 - MODO ESTUDO

4/15


PASSAGEM DE FIOS

17

17 PASSAGEM DE FIOS

I

18.5

PASSAGEM DE FIOS

2 7.5 2 2 6

2

2

30

2

DETALHE 02

2

ESCALA 1/5 SUPORTE FIXO

DETALHE 01 ESCALA 1/10

MARCA GAIA -

DA PORTA DE ABRIR

EM CIMA DA PORTA DE CORRER

160

I

CORRE

ESCALA 1/25

3

F

2 14

I

70

70 217.5 3 19.5

PLANTA BAIXA

98

262 115

26

2

I I

F

CORRE

80

34

18 4 12

34

34

3

10

26

2

I

28

2 14 22282

28

80 317.52 19.5

PRATELEIRAS

PRATELEIRAS

SUPORTE ARTICULADO DA PORTA DE ABRIR

LEGENDA MARCENARIA F

I

MDF DURATEX - BRANCO DIAMANTE ACABAMENTO FOSCO LINHA CRISTALLO ACABAMENTO INTERNO BRANCA

NOTA 01: TODAS AS COTAS NOTA 02: INTERIOR DOS BRANCO. NOTA 03: TODAS AS PORTAS

FGV.

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

5/15


.5 2 .5

EM PERFIL "U"

1

DETALHE 03 ESCALA 1/5

PASSAGEM DE FIOS TRAVA DO FECHO PASSAGEM DE FIOS

DA PORTA FECHADA

S2

F

basculante porta F fecho-toc fecho toc

basculante fecho-toc porta de correr

25.5

F

basculante fecho-toc

S4

5

TV 47" (108x63cm) 6

59.5

20

porta fecho toc

96

103.5

99

porta fecho toc

15

198

207.5

233

235

49.5

F

80

1.5 23

F 70

basculante fecho-toc

20

porta de porta F correr fecho toc

F

fixo

23

F

30

S4

basculante fecho-toc

27

25.5

F

S3

80

207.5

S1 184

209.5

EIXO

F

F

F

F 2

2

9

F

VISTA A - EXTERNA

S1

ESCALA 1/25

PREVER FECHADURA PAPAGAIO NESSA PORTA DE CORRER

I

S3

PORTAS DE CORRER COM TRILHO SUPERIOR E PUXADOR TIPO CONCHA

LEGENDA MARCENARIA F

S2

MDF DURATEX - BRANCO DIAMANTE ACABAMENTO FOSCO LINHA CRISTALLO ACABAMENTO INTERNO BRANCA

NOTA 01: TODAS AS COTAS NOTA 02: INTERIOR DOS BRANCO. NOTA 03: TODAS AS PORTAS

FGV.

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

6/15


.5 2 .5

EM PERFIL "U"

1

DETALHE 03

ENCAIXAR NAS GUIAS EM PERFIL

ESCALA 1/5

ELEMENTO SUPERIOR DO ELEMENTO SUPERIOR PODE SER

PASSAGEM DE FIOS TOMADAS EMBUTIDAS NA MARCENARIA

S1

S2

fixo I

I I

nicho

F

nicho

S4

I

nicho

75 10

70

TV 47" (108x63cm)

30 6

59.5

2

196.5

20

49.5

31.5

I

2

F

30

97

2 30

prateleira

209.5

70

27 2 23 2 20 2

I

nicho I

25

207.5

235

80

20

F

porta de correr

F

2 25.51.5 23

nicho

S3

80

2 29.5

S4

2 21.5 2

184 I

ABERTA

235

EIXO

TRAVA DO FECHO ALAVANCA

25.5

PASSAGEM DE FIOS

2

F

VISTA A - INTERNA

28

10 3

30

31.5

2

2

prateleira

S1

S2

S3

ESCALA 1/25

PREVER FECHADURA PAPAGAIO NESSA PORTA DE CORRER

TRANSPARENTES SEM FREIO

LEGENDA MARCENARIA F

I

MDF DURATEX - BRANCO DIAMANTE ACABAMENTO FOSCO LINHA CRISTALLO ACABAMENTO INTERNO BRANCA

MOVIMENTADO - A PORTA PRECISA ESTAR ABERTA E TRAVADA

NOTA 01: TODAS AS COTAS NOTA 02: INTERIOR DOS BRANCO. NOTA 03: TODAS AS PORTAS

FGV.

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

7/15


TRILHO SUPERIOR DA PORTA DE CORRER

2.5 3 .5 2 111

DETALHE 04 ESCALA 1/5

PASSAGEM DE FIOS

I

23 70 235

70 210 16 2

I

2 1 0.5 5 0.5 1 porta

F

62

DETALHE 05 ESCALA 1/5

28 3

31.5

76

2

69

52

292

2 2

210.5 (altura da porta de correr)

70

72

31.5 99

F

28 3

29

27

I

F

30

2 25.5 2 21.5 2

I nicho

7 12 16 2

117.5 42

23 27

2 25.5 2 21.5 2

PORTA BASCULANTE

ESCALA 1/25 TRANSPARENTES SEM FREIO

LEGENDA MARCENARIA F

I

MDF DURATEX - BRANCO DIAMANTE ACABAMENTO FOSCO LINHA CRISTALLO ACABAMENTO INTERNO BRANCA

NOTA 01: TODAS AS COTAS NOTA 02: INTERIOR DOS BRANCO. NOTA 03: TODAS AS PORTAS

FGV.

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

8/15


.5 2 .5

EM PERFIL "U"

PINO EM

1

TRILHO SUPERIOR DA PORTA DE CORRER

2.5 3 .5 2 111

DETALHE 03 ESCALA 1/5

DETALHE 04 ESCALA 1/5

PASSAGEM DE FIOS

VER DETALHE 04

I

FECHO ALAVANCA

PORTA BASCULANTE

2

30

2

25

198

2 23 2 20 2

132227

nicho

235

PRATELEIRAS

2

209.5

I

30

2

198

I

235

I

2 29.5 2 21.5 2

nicho

1 23 1

17

27 31

2 17 2112

2 91

28 3

F

ESCALA 1/25

F

2 91

VER DETALHE 04

1 23 1

17

2 21.5 2

PORTA BASCULANTE

ESCALA 1/25 TRANSPARENTES SEM FREIO

LEGENDA MARCENARIA F

I

MDF DURATEX - BRANCO DIAMANTE ACABAMENTO FOSCO LINHA CRISTALLO ACABAMENTO INTERNO BRANCA

NOTA 01: TODAS AS COTAS NOTA 02: INTERIOR DOS BRANCO. NOTA 03: TODAS AS PORTAS

FGV.

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

9/15


PASSAGEM DE FIOS

2

18.5

9.5 2

2

PASSAGEM DE FIOS I

15

PASSAGEM DE FIOS

15 6

2

30

2

2

DETALHE 07

2

ESCALA 1/10

DETALHE 06 ESCALA 1/10

APARELHOS

310

210.5

76.5

3

77

I

nicho

nicho

3

69

2

nicho

67

2

30

I 30

I

2

nicho

67

79

2

2 16 4102

I 34

3

78.5

2

67

2

I

78.5

34

69

2

77 78.5

77 78.5

3

77

2

79

1

344

ESCALA 1/25 PASSAGEM DE FIOS

LEGENDA MARCENARIA F

I

MDF DURATEX - BRANCO DIAMANTE ACABAMENTO FOSCO LINHA CRISTALLO ACABAMENTO INTERNO BRANCA

NOTA 01: TODAS AS COTAS NOTA 02: INTERIOR DOS BRANCO. NOTA 03: TODAS AS PORTAS

FGV.

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

10/15


.5 2 .5

EM PERFIL "U"

1

DETALHE 03 ESCALA 1/5

ENCAIXAR NAS GUIAS EM FIXADAS NO ELEMENTO

SUPERIOR PODE SER O TETO PASSAGEM DE FIOS EIXO

TRAVA DO FECHO

PASSAGEM DE FIOS

DA PORTA FECHADA

5

fixo F

F

porta de correr

porta basculante fecho fecho-toc F toc

basculante fecho-toc

fixo F

basculante fecho-toc F

porta fecho toc

23

fixo

184

F F

porta de correr

1.5 23 1

80

27

1.5 23 1

25.5

80

S5

F F

F

VISTA B - EXTERNA

ESCALA 1/25

F

233 2

9

F

29

F

S6

5

48

50

103.5

96

S6

S5

6

mesa

207.5

nicho

19

F

12 16 2

F 15

198.5

235

209.5

70

TV 39" (89x53cm)

PARA ABRIR A MESA

TOMADAS EMBUTIDAS NA MARCENARIA

LEGENDA MARCENARIA F

I

MDF DURATEX - BRANCO DIAMANTE ACABAMENTO FOSCO LINHA CRISTALLO ACABAMENTO INTERNO BRANCA

NOTA 01: TODAS AS COTAS NOTA 02: INTERIOR DOS BRANCO. NOTA 03: TODAS AS PORTAS

FGV.

PREVER FECHADURA PAPAGAIO NESSA PORTA DE CORRER

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

11/15


.5 2 .5

EM PERFIL "U"

PINO EM

1

5.5 5 2 5 2 5 2 5 2 5 5.5

DETALHE 03 ESCALA 1/5

F .5

.5

ENCAIXAR NAS GUIAS EM

DETALHE 08

FIXADAS NO ELEMENTO

ESCALA 1/10

SUPERIOR PODE SER O TETO PASSAGEM DE FIOS TRAVA DO FECHO

10

nicho

nicho

1.5 23 1

porta de correr

25

S5

52

30

nicho

S6

VISTA B - INTERNA

ESCALA 1/25

30

2

10 3

28 3 17

F

74

2

96

F

2

F nicho

26

VER DETALHE 09

F

210 16 2 20 16

S5

S6

196.5

15

209.5

30

TV 39" (89x53cm)

I

fixo

235

I

F

207.5

I

I nicho 2 29.5

I

75

fixo

27

F

2 23 2 20 2

fixo

184 20 2 25.5 2 21.5 2

80

1.5 23

1.5 23 1

80

70

EIXO

TOMADAS EMBUTIDAS NA MARCENARIA

DA PORTA ABERTA

F

PASSAGEM DE FIOS

PREVER FECHADURA PAPAGAIO NESSA PORTA DE CORRER

PARA LIVROS

EM EPOXI BRANCO - MARCA KROK

FOR MOVIMENTADO - A PORTA PRECISA ESTAR ABERTA E TRAVADA

LEGENDA MARCENARIA F

I

MDF DURATEX - BRANCO DIAMANTE ACABAMENTO FOSCO LINHA CRISTALLO ACABAMENTO INTERNO BRANCA

NOTA 01: TODAS AS COTAS NOTA 02: INTERIOR DOS BRANCO. NOTA 03: TODAS AS PORTAS

FGV.

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

12/15


TOMADAS EMBUTIDAS NA MARCENARIA

PERSPECTIVA HUMANIZADA - VISTA B SEM ESCALA

MESA ABERTA

TRAVA - MARCA KROK

SEM ESCALA LEGENDA MARCENARIA F

I

MDF DURATEX - BRANCO DIAMANTE ACABAMENTO FOSCO LINHA CRISTALLO ACABAMENTO INTERNO BRANCA

NOTA 01: TODAS AS COTAS NOTA 02: INTERIOR DOS BRANCO. NOTA 03: TODAS AS PORTAS

FGV.

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

13/15


PASSAGEM DE FIOS

PARA PASSAGEM DE FIOS

6

2 17

2

17

DETALHE 10 ESCALA 1/5

18.5

30

2

DETALHE 09

DA PORTA DE ABRIR

ESCALA 1/10

28

102 3

34

I I

98

2622

26

2

I

28 3

26

2

F I prateleiras

I

I

75 (largura da porta)

85 (largura da porta)

217.5 3 34

70

80

34

70

EM CIMA DA PORTA DE CORRER

2 14 2 2 8 2

2

2 7.5 2 2

19.5

115 58

317.52 58

ESCALA 1/25

19.5

5.5

80

6 2 6 2 6 2 6 2 6 5.5

DA PORTA DE ABRIR

F

DETALHE 11 ESCALA 1/10 LEGENDA MARCENARIA F

I

MDF DURATEX - BRANCO DIAMANTE ACABAMENTO FOSCO LINHA CRISTALLO ACABAMENTO INTERNO BRANCA

NOTA 01: TODAS AS COTAS NOTA 02: INTERIOR DOS BRANCO. NOTA 03: TODAS AS PORTAS

FGV.

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

14/15


PARA PASSAGEM DE FIOS

17

PASSAGEM DE FIOS

17

6

2 18.5

2

2 7.5 2 2

DETALHE 10 ESCALA 1/5

2

30

2

DETALHE 09 ESCALA 1/10

DA PORTA DE ABRIR 70

28

102

26

2

3

28

98

3

26

EM CIMA DA PORTA DE CORRER 80

2

96 (largura da 46

46

2

I

I

I

nicho

prateleiras

I

I

75 (largura da porta)

85 (largura da porta)

217.5 3 34

ESCALA 1/25

70

34

622

F I

18 4 12

42

2

2 14 2 2 8 2

34

52 (profundidade da mesa

2

19.5

115 58

317.52 58

19.5

80

DA PORTA DE ABRIR

LEGENDA MARCENARIA F

I

MDF DURATEX - BRANCO DIAMANTE ACABAMENTO FOSCO LINHA CRISTALLO ACABAMENTO INTERNO BRANCA

NOTA 01: TODAS AS COTAS NOTA 02: INTERIOR DOS BRANCO. NOTA 03: TODAS AS PORTAS

FGV.

PROJETO EXECUTIVO MARCENARIA

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conclusão Como as escolhas dos temas de Arquitetura de Interiores e de Projeto de Mobiliário Multifuncional são pouco usuais para o curso de Arquitetura e Urbanismo, se tornou necessária a realização de extensas pesquisas bibliográficas no que diz respeito ao atual modo de morar brasileiro, aos recentes apartamentos compactos lançados no mercado, aos exemplos de mobiliários multifuncionais e aos mecanismos existentes que permitem a possibilidade de criar diversas funções para um único móvel. Tal material bibliográfico foi importante para justificar e escolha do tema e criar embasamento teórico para a elaboração de estudos preliminares visando a utilização de mobiliários multifuncionais, para, por fim elaborar um projeto executivo de um único mobiliário multifuncional. Como resultado da pesquisa, no que se refere aos mobiliários multifuncionais e mecanismos gerais, já existe um mercado consolidado, principalmente no contexto internacional, para esse tipo de mobiliário multifuncional e que os mecanismos gerais são de grande importância para a execução desse tipo de móvel, sem a tecnologia por trás desses mecanismos não seria possível movimentar os mobiliários de forma simples e intuitiva. Nas análises das ambientações dos apartamentos compactos proposta pelas construtoras foi observada que as ambientações são imutáveis e não viabilizam a opção de oferecer para os moradores características de multifuncionalidade nos mobiliários inseridos dentro dos apartamentos. Analisando as tabelas 8 e 9 foi possível concluir que, com a utilização de mobiliários multifuncionais o morador ganha área útil dentro dos apartamentos, aproveitando os espaços para ocasiões específicas, modificando a configuração do ambiente conforme necessário. A divisão de funções dos ambientes de acordo com a configuração mobiliária ajudou a organizar o espaço de forma que pudesse atender à demanda do usuário nas diversas situações do dia-a-dia, tornando o apartamento mais eficiente e multifuncional.


Durante a elaboração do projeto executivo do mobiliário multifuncional foi verificada algumas dificuldades, como por exemplo: a previsão das guias, dos rodízios e as travas das portas. Como foi dito anteriormente, as ferragens e mecanismos presentes no mercado foram de importante ajuda e, com eles, foi possível a resolver os problemas surgiram. É interessante ressaltar a importância da existência desses mecanismos e do conhecimento prévio a respeito deles, antes da elaboração de um projeto executivo de marcenaria, por um profissional do ramo de Arquitetura de Interiores. Logo, utilizando as ferramentas de desenho, de projeto e dos mobiliários multifuncionais foi possível viabilizar de forma confortável e digna a habitação nesses espaços compactos. O desafio do melhor aproveitamento do espaço nos apartamentos compactos está em utilizar de maneira satisfatória e funcional cada área dessa moradia. A atuação do profissional na área de arquitetura de interiores que tenha conhecimento a respeito de dimensionamentos mínimos e antropometria também é de grande importância para criar um espaço de morar dinâmico e multifuncional. Além disso, a abordagem desse tema serve como um despertar para a tendência mundial de compactação das moradias e visa solucionar a falta de espaço, maior problemática desses tipos de habitação, além de trazer o questionamento de que talvez o morar em espaços menores com menos coisas, diminuindo o consumo e o trabalho de manter moradias maiores, possa significar uma qualidade de vida melhor.


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