CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
SUSTENTABILIDADE EM URBANIZAÇÃO DE PEQUENO PORTE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ – COMUNIDADE COQUEIRINHO
KARLA MELO DE AQUINO
Fortaleza – 2020
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KARLA MELO DE AQUINO
SUSTENTABILIDADE EM URBANIZAÇÃO DE PEQUENO PORTE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ – COMUNIDADE COQUEIRINHO
Trabalho apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Estácio de Sá do Ceará como requisito de avaliação para conclusão do curso. Orientador: Prof. Me. Antônio Arthur Fortaleza Neves.
Fortaleza – 2020
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SUSTENTABILIDADE EM URBANIZAÇÃO DE PEQUENO PORTE NO SERTÃO CENTRAL DO CEARÁ – COMUNIDADE COQUEIRINHO
Trabalho apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Estácio de Sá do Ceará como requisito de avaliação para conclusão do curso. Orientador: Prof. Me. Antônio Arthur Fortaleza Neves.
Data da aprovação: 07 / 12 / 2020
BANCA EXAMINADORA Prof. Me. Antônio Arthur Fortaleza Neves
Centro Universitário Estácio de Sá do Ceará
Profa. Me. Simone Menezes Mendes
Centro Universitário Estácio de Sá do Ceará
Prof. Felipe Landim Carvalho Costa
Avaliador externo
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meus pais (in memoriam) e a minha tia (mãe) Cilene que fizeram tudo que podiam por mim, mesmo dentro de todas as adversidades da vida, e me proporcionaram educação, amor, carinho e base para eu me tornar quem sou hoje. À minha pessoa nessa vida e meu amor, Mardenia Barroso, que sempre esteve ao meu lado, me dando apoio e incentivando em todas as minhas escolhas, que faz tudo ao seu alcance para me fazer feliz e que é meu porto seguro, e a Frederico e Yang as alegrias dos meus dias. À minha família pelo amor, por me ajudarem quando necessário e me ensinarem que compartilhar com quem precisa é algo importante para tornar o mundo um pouco melhor, e também à família Viana, pessoas que considero minha família de coração e que estão sempre de braços abertos para me acolher e apoiar sempre que eu preciso. Aos meus amigos que sempre estão ao meu lado em todos os momentos possíveis e que sempre posso contar, em especial a Natalia Viana, Ângela Lessa, Thiago Dantas, Magda Barroso, Camila Chaves, Renata Mesquita, Izadora Colaço, Vanessa Moreira, Victor Goyanna, Aline Brito, Rafael Farias, Ilanna Teixeira, Rafaele Lima, Carla Galiza, Kaddja Emanuele, Lorena Freitas, Solange Soares, Victor de Carvalho, Joyce de Paula, Bruno Esteves, Ivanildo Dias e todos os outros que também amo e que me ajudaram nessa caminhada, e aos amigos que o curso me deu e que fazem parte da minha vida, Ruth Moura, Aryane Mota, Izabely Rodrigues, Luciana Rodrigues, Jayane Calvacante, Victor Hugo e Cosmo Rodrigues que foi fundamental nesse processo final acadêmico, e a todos os demais durante o curso. Aos meus professores por todo conhecimento que foi passado durante o curso, pela paciência e compreensão, em especial ao professor Arthur Fortaleza, meu orientador, que sempre esteve disposto a me auxiliar da melhor maneira possível, aos professores Débora Freitas e Marcilio Lopes por acompanha também a orientação desse projeto final, às professoras Simone Mendes e Thaís Ponte, por terem me apresentado o urbanismo como tanta dedicação e paixão, à professora Julia Miyasaki e ao professor Felipe Landim por toda dedicação em passar seus conhecimentos e
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experiência sempre da melhor forma possível, aos professores Itamar Frota, Cláudia Sales, Deborah Lins
e a todos que me ajudaram e contribuíram nessa minha
caminhada, sinto-me honrada de ter tido pessoas tão dedicadas nessa minha caminhada.
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“Quando a seca matava e a fome não dava para se falar de amores, onde cai o pranto do homem do campo. Nesse mesmo canto está nascendo flores, eita nordeste valente.” J. B. de Aquino.
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RESUMO
DE AQUINO, M, K. Sustentabilidade em Urbanização de Pequeno Porte no Sertão Central do Ceará – Comunidade Coqueirinho. 2020. 120 f. Trabalho de Diplomação em Graduação de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estácio de Sá, Fortaleza, Ceará.
Atualmente, comunidades rurais em regiões com baixo nível pluviométrico e que convivem com a escassez de água e em moradias insalubres aumentam a cada dia no sertão central do Ceará. Neste contexto, surge a necessidade desse projeto que visa transformar a realidade dos moradores da Comunidade Coqueirinho, localizada no município de Ibaretama, através da arquitetura e urbanismo juntamente com a permacultura, proporcionando habitações sustentáveis, de baixo custo e autossuficientes, que possibilitam a qualidade de vida dos moradores e a geração de renda por meio da terra e dos recursos naturais dispostos. Este projeto tem a função de mostrar como é possível transformar a realidade dessas pessoas, para que possam sair da linha de pobreza, e ter autossuficiência econômica, social, ecológica, sanitária e habitacional.
Palavras-chaves: sustentabilidade, habitação de interesse social rural, permacultura, bioarquitetura, habitações autossuficientes, biodigestor, fossa de evapotranspiração, compostagem, escola rural, tijolo ecológico
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ABSTRACT
Currently, rural communitties in regions with low rainfall and who live with water scarcity and in unhealthy housing, are increasing every day in the central backlands of Cearรก. In this contexto, the need for this Project arises that aims to transform the reality of the residents of the Coqueirinho Community, located in the city of Ibaretama, through architecture and urbanismo together with permaculture, providing susteinable, low-cost and self-sufficient housing, which enable quality of life. Of resisdents and income generation through land and available natural resources. This project has the function of showing how it is possible to transform the reality of these people, so that they can get out of the poverty line, and have economic, social, ecologival, sanitary and housing self-sufficiency.
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LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 – Imagem da comunidade Coqueirinho......................................................12 Figura 1.2 – Cozinha de uma habitação......................................................................13 Figura 1.3 – Banheiro interno de uma habitação.........................................................13 Figura 2.1 – Ecovila Rio Azul em El Bolsón - Argentina.............................................17 Figura 2.2 – IPEC (Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado)..........................18 Figura 2.3 – Eco Aldeia Flecha da Mata......................................................................18 Figura 3.1 – Imagens que mostram o crescimento da comunidade, anos de 2011, 2013, 2016, 2018, 2019 e 2020...................................................................................22 Figura 3.2 – Cozinha de uma habitação......................................................................24 Figura 3.3 – Habitação feita de taipa sem nenhum tipo de proteção das paredes.......25 Figura 3.4 – Habitação feita de alvenaria sem revestimento.......................................26 Figura 3.5 e 3.6 – Habitação de apenas um cômodo onde mora uma família com três pessoas......................................................................................................................27 Figura 3.7 e 3.8 – Habitação com seis cômodos que não possui condições mínimas de habitabilidade.........................................................................................................27 Figura 3.9 – Habitação com cisterna para armazenamento da água da chuva............28 Figura 3.10 e 3.11 – Banheiro externo de uma das habitações...................................29 Figura 3.12 e 3.13 – Açude no período chuvoso e açude no período de estiagem......31 Figura 3.14 e 3.15 – Vegetação no período de estiagem e no período chuvoso..........31 Figura 5.1 – Croqui do projeto do Eco Condomínio Muquinquim.................................41 Figura 5.2 – Tipologia das habitações........................................................................42 Figura 5.3 – Tipologia das habitações.........................................................................42 Figura 5.4 – Planta baixa das habitações...................................................................43 Figura 5.5 – Corte das habitações..............................................................................43 Figura 5.6 – Detalhe do material construtivo da escola..............................................44 Figura 5.7 – Torres únicas de ventilação e como funcionam.......................................45 Figura 5.8 – Teto ondulado e como funciona...............................................................45 Figura 5.9 – Detalhe do telhado..................................................................................46 Figura 5.10 – Fachada secundária de madeira...........................................................46 Figura 5.11 – Planta da escola....................................................................................47 Figura 5.12 – Casa PAS, entrada principal..................................................................48
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Figura 5.13 – Detalhe da estrutura de madeira, telhado e parede de tijolo de solocimento.......................................................................................................................49 Figura 5.14 – Parede de pneus que ajuda a regular a temperatura interna...............49 Figura 5.15 – Detalhe da cisterna para armazenagem da água da chuva, construída de ferro-cimento..........................................................................................................50 Figura 5.15 – Planta baixa da Casa Pas......................................................................51 Figura 5.16 – Imagem interna da Casa Pas...............................................................51 Figura 6.1 – Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento – dimensões em metros...................................................................................................................53 Figura 6.2 – Manobra de cadeira de rodas com deslocamento – dimensões em metros.........................................................................................................................53 Figura 6.3 – Dormitório acessível, área de circulação mínima – dimensões em metros.........................................................................................................................53 Figura 6.4 – Cozinha, área de aproximação e medidas para uso – dimensões em metros.........................................................................................................................54 Figura 6.5 – Técnica construtiva taipa de pilão...........................................................55 Figura 6.6 – Técnica construtiva tijolo de solo-cimento..............................................56 Figura 6.7 – Sistema de tratamento de esgoto por bacia de evapotranspiração.........56 Figura 7.1 – Fachada principal da escola frequentada por crianças da comunidade................................................................................................................62 Figura 7.2 – Detalhe do pátio da escola frequentada por crianças da comunidade e o estado de conservação da mesma..............................................................................62 Figura 7.3 – Fluxograma geral das zonas do lote........................................................65 Figura 7.4 – Fluxograma geral da Habitação de Interesse Social Rural – HISR...........................................................................................................................65 Figura 7.5 – Fluxograma geral do lote com a habitação de interesse social rural............................................................................................................................66 Figura 7.6 – Fluxograma geral dos equipamentos de apoio da comunidade Coqueirinho................................................................................................................67 Figura 7.7 – Fluxograma detalhado da Escola de Ensino Infantil e 1º ano sustentável rural............................................................................................................................67 Figura 7.8 – Fluxograma do centro comunitário coqueirinho.......................................68 Figura 7.9 – Implantação.............................................................................................85 Figura 7.10 – Implantação habitação no terreno.........................................................86
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Figura 7.11 – Primeiros estudos das habitações.........................................................87 Figura 7.12 – Primeiros estudos da torre de vento......................................................88 Figura 7.13 – Planta baixa da habitação de tipo 1.......................................................90 Figura 7.14 – Corte da habitação de tipo 1..................................................................91 Figura 7.15 – Corte da habitação de tipo 1..................................................................91 Figura 7.16 – Fachada norte da habitação de tipo 1....................................................92 Figura 7.17 – Fachada sul da habitação de tipo 1........................................................92 Figura 7.18 – Fachada leste da habitação de tipo 1.....................................................93 Figura 7.19 – Fachada oeste da habitação de tipo 1...................................................93 Figura 7.20 – Planta de coberta da habitação de tipo 1...............................................94 Figura 7.21 – Planta baixa da habitação de tipo 2.......................................................95 Figura 7.22 – Corte da habitação de tipo 2..................................................................96 Figura 7.23 – Corte da habitação de tipo 2..................................................................96 Figura 7.24 – Fachada norte da habitação de tipo 2....................................................97 Figura 7.25 – Fachada sul da habitação de tipo 2.......................................................97 Figura 7.26 – Fachada leste da habitação de tipo 2.....................................................98 Figura 7.27 – Fachada oeste da habitação de tipo 2...................................................98 Figura 7.28 – Planta coberta da habitação de tipo 2..................................................99 Figura 7.29 – Planta baixa da habitação de tipo 3.....................................................100 Figura 7.30 – Corte da habitação de tipo 3................................................................101 Figura 7.31 – Corte da habitação de tipo 3................................................................101 Figura 7.32 – Fachada norte da habitação de tipo 3..................................................102 Figura 7.33 – Fachada sul da habitação de tipo 3......................................................102 Figura 7.34 – Fachada leste da habitação de tipo 3...................................................103 Figura 7.35 – Fachada oeste da habitação de tipo 3.................................................103 Figura 7.36 – Planta coberta da habitação de tipo 3..................................................104 Figura 7.37 – Maquete eletrônica da habitação às 8h do dia 21 de junho..................106 Figura 7.38 – Maquete eletrônica da habitação às 16h do dia 21 de junho................106 Figura 7.39 – Maquete eletrônica da habitação às 8h do dia 22 de dezembro...........107 Figura 7.40 – Maquete eletrônica da habitação às 8h do dia 22 de dezembro...........107 Figura 7.41 – Maquete eletrônica da habitação.........................................................108 Figura 7.42 – Maquete eletrônica da habitação.........................................................108 Figura 7.43 – Maquete eletrônica da habitação.........................................................109 Figura 7.44 – Maquete eletrônica da habitação.........................................................109
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Figura 7.45 – Maquete eletrônica da habitação.........................................................110 Figura 7.46 – Maquete eletrônica da habitação.........................................................110 Figura 7.47 – Maquete eletrônica da habitação.........................................................111 Figura 7.48 – Croqui primeiros estudos da escola e centro comunitário....................112 Figura 7.49 – Planta baixa da escola e centro comunitário........................................113 Figura 7.50 – Corte da escola e centro comunitário...................................................114 Figura 7.51 – Corte da escola e centro comunitário.................................................114 Figura 7.52 – Fachada norte da escola e centro comunitário...................................114 Figura 7.53 – Fachada sul da escola e centro comunitário.......................................115 Figura 7.54 – Fachada leste da escola e centro comunitário.....................................115 Figura 7.55 – Fachada oeste da escola e centro comunitário....................................115 Figura 7.56 – Planta coberta da escola e centro comunitário....................................116 Figura 7.57 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário às 8h do dia 21 de junho.........................................................................................................................117 Figura 7.58 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário às 16h do dia 21 de junho.........................................................................................................................117 Figura 7.59 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário às 8h do dia 22 de dezembro..................................................................................................................118 Figura 7.60 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário às 16h do dia 22 de dezembro..................................................................................................................118 Figura 7.61 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário............................119 Figura 7.62 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário............................119 Figura 7.63 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário............................120 Figura 7.64 – Planta baixa da Fossa de Evapotranspiração......................................121 Figura 7.65 – Vista da Fossa de Evapotranspiração.................................................121 Figura 7.66 – Corte da Fossa de Evapotranspiração.................................................122 Figura 7.67 – Corte da Fossa de Evapotranspiração.................................................122 Figura 7.68 – Planta baixa do Jardim Filtrante...........................................................123 Figura 7.69 – Corte do Jardim Filtrante.....................................................................124 Figura 7.70 – Vista do Jardim Filtrante......................................................................124 Figura 7.71 – Biodigestor Rural.................................................................................125 Figura 7.72 – Vista da Composteira de Anéis de Concreto........................................126 Figura 7.73 – Corte da Composteira de Anéis de Concreto.......................................126 Figura 7.74 – Planta Baixa Catavento Rotor Savonius..............................................127
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Figura 7.75 – Corte Catavento Rotor Savonius.........................................................127 Figura 7.76 – Vista Catavento Rotor Savonius.........................................................128 Figura
9.1
–
Questionário
da
pesquisa
aplicada
aos
moradores
da
comunidade..............................................................................................................131 Figura
9.2
–
Questionário
da
pesquisa
aplicada
aos
moradores
da
comunidade..............................................................................................................132 Figura
9.3
–
Questionário
da
pesquisa
aplicada
aos
moradores
da
comunidade..............................................................................................................133
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LISTA DE MAPAS Mapa 3.1 – Localização do Ceará no Brasil.................................................................19 Mapa 3.2 – Localização de Ibaretama no Ceará........................................................19 Mapa 3.3 – Localização da comunidade na cidade.....................................................20 Mapa 3.4 – Área do estudo.........................................................................................20 Mapa 3.5 – Identificação da área do estudo................................................................23 Mapa 3.6 – Mapa de uso do solo.................................................................................24 Mapa 3.7 – Quantidade de cômodos de cada habitação da comunidade..................26 Mapa 3.8 – Levantamento da vegetação....................................................................32 Mapa 3.9 – Identificação das predominâncias dos ventos..........................................32 Mapa 3.10 – Identificação das predominâncias dos ventos.........................................33
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LISTA DE INFOGRÁFICOS E GRÁFICOS Infográfico 3.1 – Quantitativo dos moradores da comunidade.....................................21 Infográfico 3.2 – Quantitativo e materiais construtivos das habitações........................25 Infográfico 3.3 – Quantitativo e materiais construtivos das habitações........................29 Gráfico 3.1 – Dados pluviométricos do ano de 2019..................................................30
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LISTA DE QUADROS Quadro 7.1 – Zoneamento do lote e suas atividades.................................................60 Quadro 7.2 – Programa de necessidades – Habitação de Interesse Social Rural Sustentável – Tipo 1...................................................................................................61 Quadro 7.3 – Programa de necessidades – Habitação de Interesse Social Rural Sustentável – Tipo 2...................................................................................................62 Quadro 7.4 – Programa de necessidades – Habitação de Interesse Social Rural Sustentável – Tipo 3...................................................................................................63 Quadro 7.5 – Programa de necessidades – Escola de Ensino Infantil e 10 ano Rural Sustentável.................................................................................................................65 Quadro 7.6 – Programa de necessidades – Centro Comunitário................................66
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LISTA DE DIAGRAMAS Diagrama 7.1 – Setorização geral da comunidade Coqueirinho..................................71 Diagrama 7.2 – Setorização geral do lote da habitação de interesse social rural sustentável.................................................................................................................72 Diagrama 7.3 – Setorização geral da área para equipamentos comunitários..............73 Diagrama 7.4 – Área do estudo..................................................................................75 Diagrama 7.5 – Áreas demarcadas por suas funções................................................75 Diagrama 7.6 – Demonstração da malha criada para implantação dos lotes e estradas......................................................................................................................76 Diagrama 7.7 – Demonstração das novas estradas....................................................76 Diagrama 7.8 – Masterplan final do projeto para comunidade Coqueirinho................77
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ANEXOS Anexo 1.1 – Questionário elaborado e aplicado pela autora na comunidade Coqueirinho..............................................................................................................126 Anexo 1.2 – Questionário elaborado e aplicado pela autora na comunidade Coqueirinho..............................................................................................................127 Anexo 1.3 – Questionário elaborado e aplicado pela autora na comunidade Coqueirinho..............................................................................................................128
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................10 1.1 JUSTIFICATIVA...................................................................................................12 1.2 OBJETIVO GERAL..............................................................................................14 1.3 OBEJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................14 1.4 METODOLOGIA..................................................................................................15 2 CONTEXTUALIZAÇÃO.........................................................................................16 3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA............................................................................19 3.1 INFRAESTRUTURA DO MUNICÍPIO DE IBARETAMA.......................................19 3.2 ÁREA DE INTERVENÇÃO...................................................................................20 3.2.1 Localização e limites..........................................................................................20 3.2.2 Caracterização socioeconômica........................................................................20 3.2.3 Identificação do terreno......................................................................................22 3.2.4 Uso e ocupação do solo.....................................................................................23 3.2.5 Tipologia das habitações....................................................................................25 3.2.6 Levantamento de infraestrutura sanitária...........................................................26 3.2.7 Levantamento de vegetação e clima..................................................................31 3.2.8 Acessos a área do estudo..................................................................................33 4 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................34 4.1 ARQUITETURA VERNACULAR..........................................................................34 4.1.1 Bioconstrução....................................................................................................35 4.1.2 Permacultura.....................................................................................................36 4.2 SUSTENTABILIDADE EM ARQUITETURA E URBANISMO...............................37 4.3 ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA.........................................................................39 5 REFERENCIAL PROJETUAL................................................................................40 5.1 ECO CODOMÍNIO MUQUINQUIM EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE........................40 5.2 ESCOLA SECUNDÁRIA LYCEE SCHORGE......................................................44 5.3 CASA PAS..........................................................................................................48 6 LEGISLAÇÃO URBANA.........................................................................................52 6.1 NORMAS, MANUAIS E PORTARIAS...................................................................52 7 PROJETO................................................................................................................60 7.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES......................................................................60
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7.1.1 Habitação de interesse Social Rural – HISR.......................................................61 7.1.2 Escola de Ensino Infantil e de 10 ano Sustentável Rural.....................................66 7.1.3 Centro Comunitário............................................................................................68 7.2 FLUXOGRAMA.....................................................................................................68 7.2.1 Fluxograma geral do lote da habitação de interesse social rural.........................69 7.2.2 Fluxograma geral da habitação de interesse social rural sustentável.................69 7.2.3 Fluxograma detalhado do lote com a habitação de interesse social rural sustentável.................................................................................................................70 7.2.4
Fluxograma
geral
dos
equipamentos
de
apoio
da
comunidade
Coqueirinho................................................................................................................70 7.2.5 Fluxograma da Escola de Ensino Infantil e 1o ano Sustentável Rural.................72 7.2.6 Fluxograma do Centro Comunitário Coqueirinho...............................................72 7.3 SETORIZAÇÃO....................................................................................................72 7.3.1 Setorização geral da comunidade Coqueirinho..................................................72 7.3.2 Setorização do lote da Habitação de Interesse Social Rural Sustentável...........73 7.3.3 Setorização Geral da área para equipamentos comunitários.............................75 7.4 PARTIDO ARQUITETÔNICO...............................................................................76 7.5 MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO.....................................................85 7.5.1 Implantação.......................................................................................................85 7.5.2 Habitações de Interesse Social Rural Sustentável.............................................87 7.5.3 Escola de Ensino Infantil e de 1o ano Rural Sustentável...................................110 7.5.4 Fossa de Evapotranspiração............................................................................117 7.5.5 Jardim Filtrante................................................................................................120 7.5.6 Biodigestor Rural.............................................................................................121 7.5.7 Composteira de Anéis de Concreto..................................................................122 7.5.8 Cisterna de Placa para Armazenamento de Água da Chuva............................123 7.5.9 Catavento Rotor Savonius...............................................................................124 8 CONCLUSÃO........................................................................................................125 ANEXO.....................................................................................................................127 REFERÊNCIAS........................................................................................................130
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1 INTRODUÇÃO
No final dos anos de 1960, começou a surgir o pensamento de sustentabilidade, e passou a se questionar se os recursos da Terra seriam suficientes para atender às necessidades de todos os seres vivos do planeta e como esses recursos poderiam ser manejados de forma eficiente e sustentável. Agregado a esse novo pensamento, surgiu também o olhar para as técnicas alternativas e de retorno em pequena escala, como, por exemplo, a tecnologia elementar e com princípios de autossuficiência. No momento em que se critica a tecnologia existente e se propõe um novo modelo atento ao uso de energias renováveis e ao processo produtivo compatível com o ciclo biológico, tem-se o conceito de sustentabilidade. Ao se pensar em sustentabilidade, surge na Austrália o termo permacultura, desenvolvido por Bill Mollison e David Holmgren na década de 70, como uma resposta ao sistema industrial e agrícola da época. A permacultura tem como base fatores sociais, econômicos, sanitários, ecológicos e habitacionais, juntando conhecimentos científicos e tecnológicos atuais aos ancestrais, com o objetivo de melhorar as condições das comunidades das zonas rurais e zonas precárias das cidades, tornando-as autossuficientes, por meio de técnicas simples e de baixo custo e reduzido impacto ambiental. Anunciavam-se, nessas décadas, os primeiros sinais de uma crise vasta e profunda que se vive nos dias atuais, como a crise energética, econômica e populacional, o crescimento desordenado das cidades e a degradação das zonas rurais. O uso de tecnologias alternativas e a sustentabilidade em projetos arquitetônicos e urbanísticos são formas de reduzir a rigidez e a vulnerabilidade do sistema técnico contemporâneo. Não existe tecnologia boa ou má, e sim a mais idônea em dado ambiente e momento que melhor corresponde à exigência de cuidar dos recursos disponíveis (LA CRETA, 1985). Da mesma maneira que ocorre o crescimento desordenado de comunidades carentes na capital do estado do Ceará, decorre também nas zonas rurais do estado. Mesmo sendo em menor escala, esse crescimento
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tem consequências refletidas nas vidas dos moradores dessas comunidades, principalmente no sertão central, que além de enfrentarem o problema da escassez de água, sofrem com moradias insalubres, sem saneamento básico, com contaminação do solo em vários níveis devido ao descarte incorreto do lixo, sem contar o esquecimento social. Na cidade de Ibaretama, no Ceará, região do sertão central cujo déficit hídrico dificulta a prática da agricultura, mesmo a de subsistência, encontrase a comunidade Coqueirinho. Tendo passado por um processo de crescimento populacional desordenado, seus habitantes vivem em condições de extrema pobreza e descaso governamental, não dispondo sequer de infraestrutura de coleta de lixo ou esgoto. A Agenda Habitat declara que moradia adequada é mais do que um teto sobre a cabeça e é com essa concepção que este trabalho foi desenvolvido. Assim, este projeto objetiva trazer, por meio da arquitetura, do urbanismo, da permacultura e da sustentabilidade, uma alternativa viável para a comunidade Coqueirinho, propondo moradias e espaços urbanos sustentáveis, aproveitando ao máximo os recursos naturais disponíveis na região e proporcionando meios para o seu desenvolvimento de forma sustentável e autossuficiente.
1.1 JUSTIFICATIVA
O desenvolvimento das zonas rurais em relação às condições de moradias da sua população mais carente é deixado de lado pelos administradores dos municípios, surgindo, assim, comunidades com crescimento desordenado e moradores vivendo em condições insalubres, tanto por conta de habitações construídas sem condições de habitabilidade, como por falta de subsídios para que essas famílias sobrevivam de forma digna dos recursos que a terra pode proporcionar, como mostra a Figura 1.1.
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Figura 1.1 – Imagem da comunidade Coqueirinho.
Fonte – Imagem feita pela autora (2020).
A comunidade Coqueirinho fica localizada no sertão cearense, conhecido como “Polígono da seca”, sendo uma região de clima semiárido caracterizado pelos longos períodos de estiagem, altas temperaturas e solo pobre de nutrientes. Além do grave problema de escassez de água, os moradores dessa comunidade habitam em edificações sem mínimas condições de salubridade, com banheiros inadequados ou mesmo sem instalações sanitárias, como mostram as Figuras 1.2 e 1.3. É comum que mais de uma família ocupe a mesma edificação, muitas vezes construída de forma precária sem local para armazenamento correto do bem mais precioso no sertão – a água da chuva, fundamental para a subsistência do homem e dos animais e da agricultura familiar. Outro problema é o descarte do lixo, já que não há coleta municipal na região e falta de equipamentos de apoio, como escola, áreas para interação social e centro comunitário.
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Figura 1.2 – Cozinha de uma habitação.
Figura 1.3 – Banheiro interno de uma habitação.
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
O desenvolvimento sustentável dessas comunidades carentes é fundamental
para que as pessoas possam sair da linha de pobreza e de
condições insalubres de moradias, e ter autossuficiência econômica, social, ecológica, sanitária e habitacional. Acredita-se que isso é possível por meio de projetos centrados nas pessoas, nas suas necessidades, nos recursos naturais, no meio ambiente, na sua cultura e história, usando a arquitetura, o urbanismo, a permacultura e a sustentabilidade para chegar aos objetivos. O desenvolvimento urbanístico sustentável de comunidades rurais de pequeno
porte
possibilita
sua
autossuficiência,
possibilitando
sua
sobrevivência e prosperidade dignas, atendendo às necessidades em relação à moradia, alimentação, água, economia e outros recursos básicos, sem comprometer as gerações futuras. Viver de forma sustentável significa sobreviver da renda natural fornecida pelo solo, pelas plantas e pela água, sem exaurir ou degradar o meio natural ao redor (MILLER JÚNIOR, 2007).
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1.2 OBJETIVO GERAL
Desenvolver, através da urbanização de pequeno porte, a reorganização da comunidade Coqueirinho por meio de projetos de habitações de interesse social para a zona rural, dentro da Arquitetura e Urbanismo sustentáveis, agregando as premissas da permacultura e da sustentabilidade, para que essa população viva de forma integrada à natureza em habitações e relações sociais locais, se tornando mais ativa e autossustentável.
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
•
Projetar habitação de interesse social desenvolvida com tecnologias
alternativas, como sistemas: de controle de temperatura, de captação e reuso da água (jardins filtrantes), de ecossaneamento com bacia de evapotranspiração (fossa BET), de produção de alimentos, de geração de energia e de processamento de resíduos orgânicos. •
Elaborar espaço para horta e criação de animais baseados na
permacultura, dentro de cada propriedade; •
Propor equipamentos de apoio à comunidade, como centro comunitário e
creche; •
Utilizar, em todo o projeto, materiais construtivos naturais, de baixo custo e
com baixo impacto ambiental, como o tijolo ecológico, telha tetra park, e técnicas construtivas vernáculas já utilizadas pela comunidade, para que o sentimento de pertencimento dos moradores seja ainda mais forte.
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1.4 METODOLOGIA
As primeiras pesquisas para este trabalho surgiram com o interesse pela permacultura e sustentabilidade. Através da leitura de livros sobre o assunto, foi possível estabelecer uma relação teórica e prática entre arquitetura, urbanismo, permacultura e sustentabilidade. Nesse processo, as primeiras indagações surgidas estavam relacionadas a como a urbanização sustentável de pequeno porte poderia ser realizada em zonas rurais. Neste trabalho foi utilizado o método de pesquisa de campo para se obter dados específicos sobre a comunidade Coqueirinho, através do questionário elaborado e aplicado pela autora, demonstrado nos anexos 1.1. Para isso, foram feitas entrevistas com moradores e aplicado um questionário para coleta de dados de forma quantitativa. Durante os dias 7 e 8 de março de 2020, visitamos as 40 habitações da comunidade, conversamos com os moradores sobre o seu dia a dia, sobre questões econômicas e sobre como a falta de chuvas e de água impacta a comunidade. Questionamos se houve algum tipo de melhoria ou recursos nos últimos anos e como é realizado o transporte das crianças e adolescentes para as escolas que ficam em outras localidades. Os moradores mostraram suas casas, contaram como a família utiliza os ambientes e como eles se sentem em relação às habitações. Falaram também sobre a falta de espaços para lazer próximo a eles. Como parte do processo, foi utilizada a pesquisa em obras bibliográficas dos principais autores dos temas, como por exemplo Johan Van Lengen, Juan Luís Mascaró, Nilson Dias, Giovani Baseggio de Azambuja, Oscar Corbella, Viviane Cornes, Marcos Favero, Silvana Bighetti Bozza, Alison G. Kwok, Walter T. Grondzik dentre outros pensadores que elaboraram trabalhos pertinentes ao assunto. Registros fotográficos foram feitos durante o levantamento de campo, que também fizeram parte da metodologia para se chegar aos dados e as escolhas projetuais deste trabalho.
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CONTEXTUALIZAÇÃO
As práticas sustentáveis em arquitetura vêm ganhando mais força ao redor do mundo. As preocupações com a degradação do meio ambiente e a crise energética são fatores que mostram a necessidade de reformular o modelo vigente de se construir, habitar e utilizar os recursos naturais, modificando, assim, o modo como a teoria da arquitetura tem que agir diante da ciência ecológica, caracterizando os projetos sustentáveis de comunidades como um sistema que deverá ter uma adequada inter-relação com o seu ambiente e com quem vai utilizá-lo. Técnicas alternativas ao sistema de construir são o ponto de partida para se conseguir planejar uma comunidade ecologicamente sustentável e autossuficiente, que atenda às necessidades básicas de sua população gerando o menor impacto possível ao meio ambiente onde está inserida. Uma dessas técnicas alternativas é a permacultura, criada na década de 70 por Bill Molison e David Holmgren, que apesar de compreendida como a cultura permanente ou agricultura permanente, possui uma ampla gama de conhecimentos oriundos de diversas áreas cientificas, indo muito além da agricultura e abrangendo a arquitetura e o urbanismo sustentável. O objetivo é conseguir fazer o melhor uso de recursos naturais renováveis para o manejo e a manutenção das produções a curto, médio e longo prazo, para que melhorem as condições de vida da comunidade. A permacultura oferece ferramentas para o planejamento, implantação e manutenção de ecossistemas cultivados no campo e nas cidades, de forma que se obtenha diversidade, estabilidade e resistência, onde as habitações e recursos devem ser providos de forma autossustentável. Existem diversas comunidades sustentáveis ou ecovilas, como são chamadas algumas, ao redor do mundo e no Brasil, em espaços urbanos e rurais, que se destinam a uma vida integrada à natureza de maneira sustentável, adotando práticas cotidianas que não agridem a natureza, ou o ecossistema, desde o modo de projetar e construir como o de produzir e, a partir disso, proporcionam uma experiência comunitária responsável, estável, econômica e ambientalmente correta.
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Como exemplo desse sistema de comunidade sustentável, tem-se a comunidade Ecovila Rio Azul, em El Bolsón, na Argentina, fundada em 2000, mostrada na Figura 2.1. Suas habitações são projetadas seguindo os moldes da bioconstrução, utilizando matérias naturais, com reaproveitamento dos recursos naturais, com métodos de captura e armazenamento de águas das chuvas, reaproveitamento das águas cinzas, além de técnicas de cultivo de alimentos que são suficientes para alimentar a família da habitação e ainda geram excedentes para comercialização e auxílio de renda.
Figura 2.1 – Ecovila Rio Azul em El Bolsón – Argentina.
Autor – Común Tierra (2018).
No Brasil, tem-se o IPEC (Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado), mostrado na Figura 2.2, localizado em Pirenópolis, Goiás, fundado em 1998 com finalidades de desenvolver soluções relacionadas ao meio ambiente e viabilizar uma cultura sustentável, se tornando uma referência em permacultura e bioconstrução no país, desenvolvendo tecnologias e pesquisas voltadas aos problemas atuais.
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Figura 2.2 – IPEC (Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado).
Autor – IPEC (2018).
Localizada no estado do Ceará, no município de Aracati, encontra-se a Eco Aldeia Flecha da Mata, mostrada na Figura 2.3, uma estação de permacultura para praticar uma experiência comunitária sustentável, visando a preservação do meio natural. Compostagem, manejo das hortas agroflorestais, tratamento e reuso de águas das fossas ecológicas, são alguns exemplos do que se é aplicado na ecovila.
Figura 2.3 – Eco Aldeia Flecha da Mata.
Autor – Eco Aldeia Flecha da Mata (2020).
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3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
3.1 INFRAESTRUTURA DO MUNICÍPIO DE IBARETAMA
Ibaretama é um município do estado do Ceará, que fica a 142km da capital cearense, como mostram os mapas 3.1 e 3.2. Possui uma população de cerca de 13.353 habitantes e IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) de 0,577, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e uma área territorial de 877,256 km2. O clima dessa região é semiárido, com período de estiagem de aproximadamente seis meses ao ano, e chuvas concentradas entre fevereiro e maio. Essa região do nordeste é conhecida como o polígono da seca, com a falta de água sendo uma constante na vida dos seus moradores.
Mapa 3.1 – Localização do Ceará no Brasil.
Mapa 3.2 – Localização de Ibaretama no Ceará.
Fonte: Mapa feito pela autora (2020).
Fonte: Mapa feito pela autora (2020).
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3.2 ÁREA DE INTERVENÇÃO
3.2.1 Localização e limites
No município de Ibaretama encontra-se a comunidade deste estudo, chamada Coqueirinho, que fica a aproximadamente 11km da sede do município, como mostram os mapas 3.3 e 3.4. A comunidade surgiu a partir de um terreno cedido pelo senhor João Fernandes, morador mais antigo da comunidade, no final dos anos 80, para pessoas que não tinham terra nem para construir suas casas, nem para plantar para sobreviver. A partir de então, os filhos desses primeiros moradores foram casando e construindo suas casas ao lado das dos seus pais, e a comunidade foi crescendo sem qualquer planejamento do espaço.
Mapa 3.3 – Localização da comunidade na cidade. Mapa 3.4 – Área do estudo.
Fonte: Mapa feito pela autora (2020).
Fonte: Mapa feito pela autora (2020).
3.2.2 Caracterização socioeconômica
Do início da comunidade até hoje já se passaram mais de 30 anos e, atualmente, a comunidade conta com 152 moradores, distribuídos em 40 casas. Mais de 30% desses moradores sobrevivem com menos de 300 reais por mês. Segundo o
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levantamento feito em pesquisa de campo realizada na comunidade, chegou-se também à caracterização socioeconômica; a quantidade de mulheres e homens da comunidade; e a faixa etária dos seus moradores, conforme mostra o infográfico 3.1.
Infográfico 3.1 – Quantitativo dos moradores da comunidade.
Fonte: Infográfico feito pela autora a partir de pesquisa de campo realizada na comunidade (2020).
O crescimento da comunidade se deu de forma espontânea e desordenada. Nas imagens feitas por satélite nos anos 2011, 2013, 2016, 2018, 2019 e 2020, como mostra a figura 3.1, pode-se observar como aconteceu esse crescimento, acompanhando o sentido da estrada que corta a comunidade. Sem um padrão de recuos a ser seguidos, as habitações foram sendo construídas, em geral, ao lado da de um parente próximo, já que a maioria dessas novas construções foram feitas por filhos de moradores já existentes na comunidade.
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Figura 3.1 – Imagens que mostram o crescimento da comunidade, anos de 2011, 2013, 2016, 2018, 2019 e 2020.
Fonte: Imagens do Google Earth manipuladas pela autora (2020).
3.2.3 Identificação do terreno
A identificação do terreno para intervenção foi feita a partir da escolha da comunidade Coqueirinho. No mapa 3.5 vê-se a demarcação da área da intervenção, na qual a dimensão total do terreno é de 98.873,94m2. A comunidade não conta com nenhum equipamento de apoio no seu entorno. A escola de ensino infantil mais
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próxima fica cerca de 1,5km de distância. Já a escola de ensino fundamental e médio, assim como o posto de saúde e o hospital ficam na sede do município, a aproximadamente 22km de distância da comunidade.
Mapa 3.5 – Identificação da área do estudo.
Fonte: Mapa feito pela autora (2020).
3.2.4 Uso e ocupação do solo
Como pode-se observar no mapa 3.6, a ocupação do solo da comunidade Coqueirinho é formada quase por sua totalidade por residências unifamiliares. A maioria das moradias está em condições precárias de habitação, com visíveis danos nas paredes, como mostra a figura 3.2. Apenas três moradias têm função de uso misto, com comércio agregado, que atende a comunidade local. Observou-se ainda habitações sem uso, abandonadas por seus antigos moradores por não terem mais condições de moradia. É possível observar também que existe uma grande área de uso do solo destinado à agricultura familiar, realizada por grande parte dos moradores,
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apenas durante o ciclo chuvoso, o que garante uma parte da alimentação e da renda das famílias durante um período do ano. A comunidade ainda conta com áreas próximas de Caatinga preservadas, uma formação vegetal de bioma único, exclusivamente brasileiro, encontrado apenas na região de semiárido nordestino. Mapa 3.6 – Mapa de uso do solo.
Fonte: Mapa feito pela autora (2020). Figura 3.2 – Cozinha de uma habitação.
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
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3.2.5 Tipologia das habitações
A tipologia das habitações da comunidade é toda horizontal. Os materiais construtivos encontrados nessas habitações, conforme mostramos no infográfico 3.2, são: alvenaria sem revestimento, que é o caso de 72,5% das casas; alvenaria com revestimento, que corresponde a 10%; e taipa, que corresponde a 17,5%. Na Figura 3.3, tem-se um exemplo de uma casa da comunidade feita de taipa, sem nenhum tipo de revestimento, e que se encontra em estado de degradação, mas que mesmo assim, é habitada por duas famílias e um total de oito pessoas. Na Figura 3.4, observou-se uma habitação feita de alvenaria sem revestimento e muito comum na comunidade.
Infográfico 3.2 – Quantitativo e matérias construtivos das habitações.
Fonte: Infográfico feito pela autora a partir de pesquisa de campo realizada na comunidade (2020).
Figura 3.3 – Habitação feita de taipa sem nenhum tipo de proteção das paredes.
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
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Figura 3.4 – Habitação feita de alvenaria sem revestimento.
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
Outro dado relevante sobre as habitações dessa comunidade é a quantidade de cômodos, demonstrada no mapa 3.7, em que se observa habitações que variam de um a nove cômodos. Nas figuras 3.5 e 3.6 se observa uma habitação de apenas um cômodo, onde mora uma família de três pessoas, que dispõem apenas desse ambiente, sem banheiro, para realizar todas as necessidades do dia a dia, como dormir, cozinhar e tomar banho. Mapa 3.7 – Quantidade de cômodos de cada habitação da comunidade.
Fonte: Mapa feito pela autora a partir de pesquisa de campo realizada na comunidade (2020).
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Figura 3.5 e 3.6 – Habitação de apenas um cômodo onde mora uma família com três pessoas.
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
Existem 22 casas com mais de cinco cômodos, contando com o banheiro interno, mas que mesmo assim não possuem condições de habitabilidade como mostra a Figura 3.7 e 3.8, que é feita de alvenaria, sem revestimento, e piso de terra batida, sem qualquer tipo de selador que impeça o acúmulo de água no chão. Nesse espaço, vive uma família de seis pessoas, sem o mínimo de conforto que uma habitação deve oferecer.
Figura 3.7 e 3.8 – Habitação com seis cômodos que não possui condições mínimas de habitabilidade.
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
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3.2.6 Levantamento de infraestrutura sanitária
A comunidade não conta com rede de distribuição de água da CAGECE (Companhia de Água e Esgoto do Ceará). O abastecimento de água dos moradores é feito por meio de um poço profundo comunitário, aonde diariamente os moradores vão buscar água para abastecer suas casas, uma vez que nenhuma delas conta com espaço para armazenamento da água de uso geral. Apenas 28 casas possuem cisternas para armazenamento da água da chuva, como a que é mostrada na figura 3.9. A água da chuva, quando armazenada, serve para beber e para cozinhar alimentos. Logo, pode-se afirmar que 14 famílias não contam com água completamente segura para usar nessas atividades. Figura 3.9 – Habitação com cisterna para armazenamento da água da chuva.
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
Além da não distribuição de água ser uma realidade na vida dos moradores, a falta de esgoto e banheiros é outra constante, como demonstrado no infográfico 3.3. Em pesquisa de campo, observou-se que 11 habitações não possuem nenhum tipo de banheiro – interno ou externo –; que necessidades como banho são realizadas geralmente na cozinha; e as necessidades fisiológicas, em terrenos próximos às moradias. Das 29 casas que possuem banheiros, sete são do lado de fora da residência e contam apenas com sanitário, como mostrado na figura 3.10 e 3.11.
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Nesses casos, os banhos são realizados também na cozinha das moradias. As 22 residências que possuem banheiro interno contam apenas com o sanitário e um espaço para banho, sem pia ou tanque para armazenamento de água.
Infográfico 3.3 – Quantitativo e materiais construtivos das habitações.
Fonte: Infográfico feito pela autora a partir de pesquisa de campo realizada na comunidade (2020).
Figura 3.10 e 3.11 – Banheiro externo de uma das habitações.
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
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Vale ressaltar ainda que a falta de saneamento básico traz uma preocupação em relação à salubridade das residências e áreas próximas, uma vez que apenas 27 das habitações com sanitários possuem fossa séptica rudimentar, e que nenhuma das habitações possuem um meio correto de descarte da água cinza que é despejada diretamente no solo. A escassez de água é um dos grandes problemas de quem vive na região do semiárido nordestino. Na comunidade Coqueirinho não é diferente. Os seus moradores sofrem com o grande período de estiagem que vai de julho a dezembro, como mostra a média de chuva dos meses durante o ano no gráfico 3.1. Esse déficit hídrico dificulta a prática da agricultura, inclusive a de subsistência, pois atualmente os moradores só conseguem plantar no período mais chuvoso, de fevereiro a abril, o que dificulta ainda mais a geração de alimento e renda. A comunidade conta com uma fonte alternativa de água, um açude, mas que só fica viável em alguns meses do ano como mostra as figuras 3.12 e 3.13. Quando viável, essa água é partilhada também com animais, o que agrava sua qualidade e contribui para a incidência de doenças. Algumas habitações contam com cisternas para armazenamento da água da chuva, mas o volume não é suficiente para suprir as necessidades das famílias mais numerosas no período de estiagem. Outra fonte de água com a qual a comunidade conta é um poço profundo público, cuja água é utilizada por todos os habitantes para as necessidades gerais da casa, inclusive para beber.
Gráfico 3.1 – Dados pluviométrico do ano de 2019.
Fonte: Gráfico feito pela autora a partir de dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos – FUNCEME (2020).
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Figura 3.12 e 3.13 – Açude no período chuvoso e açude no período de estiagem.
Fonte: Imagens do Google Earth manipuladas pela autora (2020).
3.2.7 Levantamento de vegetação e clima A vegetação na área da comunidade é formada por bioma Caatinga, que é exclusivo no Brasil e só ocorre na região nordeste. De clima semiárido, esse bioma tem períodos muito longos de escassez de água. A maioria das plantas perde as folhas para sobreviver à estiagem, prevalecendo uma paisagem de aparência cinza clara dos troncos das árvores. Porém, no período chuvoso, a paisagem muda para variados tons de verde, como mostra a figura 3.14 e 3.15. No levantamento dessa vegetação na
área da comunidade, demonstrada no mapa 3.8, conseguiu-se
identificar extensões preservadas de caatinga, árvores de médio e grande porte, e zonas que foram desmatadas para cultivo da agricultura de subsistência.
Figura 3.14 e 3.15 – Vegetação no período de estiagem e no período chuvoso.
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
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Mapa 3.8 – Levantamento da vegetação.
Fonte: Mapa feito pela autora a partir de imagens do Google Earth (2020).
O Clima predominante da região da comunidade é o semiárido. Com isso, as temperaturas durante o dia têm uma grande variável em relação à noite. Durante o dia, a temperatura pode atingir 30°C, enquanto à noite, a temperatura pode chegar a 21°C. A predominância dos ventos também tem uma variedade: durante o dia, a predominância dos ventos é leste, e à noite, é noroeste, como mostra o mapa 3.9.
Mapa 3.9 – Identificação das predominâncias dos ventos.
Fonte: Mapa feito pela autora a partir de dados do PROJETEEE (2020).
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3.2.8 Acessos à área do estudo
A comunidade é cortada por uma estrada vicinal de terra, que liga a outras áreas do município e é bastante utilizada pelos moradores da região. Algumas habitações ficam à margem dessa estrada, que mede aproximadamente 4m de largura. Os acessos às outras habitações são realizados através de caminhos e trilhas feitas pelos próprios moradores, como demonstrado no mapa 3.10.
Mapa 3.10 – Identificação das predominâncias dos ventos.
Fonte: Mapa feito pela autora a partir de imagens do Google Earth (2020).
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4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 ARQUITETURA VERNACULAR
Apesar da arquitetura vernacular sempre ter existido, só passou a ser estudada a partir do fim do século XIX. No Brasil, um grande apoiador desta arquitetura foi Lúcio Costa, incorporando elementos e técnicas regionais em seus projetos. O termo vernáculo é derivado do latim, vernaculum, para se referir a quem é pertencente aquele lugar. Portanto, a arquitetura vernacular representa a arquitetura construída com materiais locais, tipologias regionais e técnicas tradicionais que são passadas de geração para geração e adequadas ao ambiente. Como utiliza técnicas bioclimáticas passivas, e materiais com baixa energia incorporada, a arquitetura vernacular às vezes pode ser chamada de sustentável, mas vale ressaltar que nem toda arquitetura sustentável pode ser considerada vernacular, pelo fato de nem sempre usar materiais e técnicas locais na concepção dos projetos. Fala-se, aqui, das construções que utilizam materiais como taipa, adobe, madeira, bambu, telhado de palha, entre outros recursos locais que podem ser integrados à construção, pois cada lugar possui sua singularidade, tais como questões geográficas e culturais. No Brasil, pode-se reconhecer esse tipo de arquitetura nas aldeias dos povos indígenas e nas casas de taipa nas localidades do interior, principalmente na região nordeste, que está fortemente ligada ao local de implantação e aos costumes do grupo, integrada ao meio e adaptada ao microclima. Devido à grande extensão do território brasileiro, encontra-se variadas técnicas e tipologias empregadas por todos as regiões, principalmente em áreas rurais. Essas construções regionais são verdadeiros retratos da identidade arquitetônica brasileira, da qual se pode apropriar dos seus artifícios para solucionar problemas bioclimáticos e construtivos. O arquiteto Severiano Porto é um exemplo de como essa apropriação tornou sua arquitetura distinta e adequada para o local onde está inserida.
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A arquitetura vernacular busca juntar conceitos básicos e antigos, com a eficiência energética e a utilização de materiais de baixo impacto ambiental. Mesmo em uma era em que os materiais estão disponíveis muito além da nossa região, o conceito proporciona uma conexão entre os seres humanos e o meio ambiente ao redor, resgatando técnicas milenares que nos trazem novos resultados e nos lembram que a arquitetura é resultado de um processo evolutivo, que culminou em tipologias que deram certo e resistiram ao teste do tempo. Ao empregar essas técnicas ao projeto deste estudo, busca-se empregar conhecimento antigo ao lado de novos para chegar a uma habitação mais eficiente e autossustentável. Não se deve pensar apenas em uma única técnica para o projeto, mas sim a combinação de várias é o que permitirá a criação de um ambiente mais harmonioso para se viver (LENGEN, 1997).
4.1.1 Bioconstrução
Entendem-se por bioconstrução os sistemas construtivos que respeitam o meio ambiente, desde a fase de projeto até a construção da edificação, com as escolhas dos materiais e técnicas construtivas adequadas para tipologia e região onde ficará a edificação, como também como será ao longo de seu uso, e quais os sistemas de eficiência energética e tratamento adequado dos resíduos serão empregados. A bioconstrução engloba diversas técnicas de arquitetura vernacular local e mundial, algumas delas com centenas de anos sendo transmitidas entre gerações. São geralmente técnicas simples que qualquer pessoa é capaz de fazer, coordenada ou não por um profissional, podendo assim serem chamadas de técnicas de autoconstrução. Com essas técnicas, é possível projetar ambientes sustentáveis autônomos. A bioconstrução é um elemento importante da permacultura que busca a integração das unidades construídas com o seu ambiente, planejando, executando e utilizando com o máximo de aproveitamento os recursos disponíveis com o mínimo de impacto. A arquitetura deve responder às necessidades locais, esquecendo os modelos importados de outras regiões ou culturas dominantes. Quando assumimos
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conhecimento e técnicas regionais, alcançamos a liberdade para elaborar projetos mais racionais, adequados ao clima, à região e aos usuários (PORTO, 1985).
4.1.2 Permacultura
A permacultura foi desenvolvida na Austrália no final da década de 1970, pelo pesquisador e cientista Bill Mollison, em parceria com David Holmgren, a partir da criação e do desenvolvimento de pequenos sistemas produtivos organicamente integrados, o que foi testado e vivenciado por ambos. O nome faz referência à cultura permanente, inspirado em suas pesquisas sobre povos que existiram ao logo do tempo ao redor do mundo e que viveram de forma integrada à natureza. Assim, da sistematização e associação de práticas ancestrais às tecnologias apropriadas da ciência moderna, visando o estabelecimento e a manutenção de assentamentos humanos sustentáveis, nasce a permacultura, cujo projeto resulta na integração harmoniosa entre as pessoas e a natureza ao redor, promovendo uma autossuficiência total ou parcial, de habitação, energia e alimentação, de forma orgânica. Os pilares que compõem a permacultura são: o cuidado com a terra, solos, florestas, água, ar, animais e meio ambiente; cuidado com as pessoas, consigo mesmo, com a família e com a comunidade; e partilha justa que estabelece limites para o consumo e distribuição de excedentes. A permacultura trabalha com o design ético de ciclos energéticos, baseado na criação de nichos que recebem energia proveniente de outros elementos dispostos no espaço trabalhado. Muitas vezes, se essa energia não fosse designada para outro nicho, se tornaria um resíduo. Potencializar os recursos locais criando relações de fluxos energéticos de maneira benéfica entre indivíduos e comunidade dentro de uma região, quanto mais interações entre os nichos, maior o grau de vitalidade dentro de um sistema. Para se planejar com base na permacultura, deve-se seguir um zoneamento de todas as atividades que vão compor o projeto. Em cada zona, são alocados os elementos de acordo com a demanda de interação dos indivíduos, garantindo a menor
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perda energética. Onde a atividade humana for mais intensa, como em uma habitação, convenciona-se a ser a zona 0 e, a partir dela, as outras zonas são dispostas de acordo com a frequência de visitação ou de maior necessidade de uso, como uma pequena horta, ou o local onde se processam os resíduos orgânicos, ou onde tem a criação de animais, e até áreas que não precisam de intervenção humana alguma, como áreas de reserva. Cada zona passa a ser numerada de forma crescente. Com as zonas devidamente classificadas, consegue-se chegar ao resultado de projeto com mais eficiência possível das disposições de cada elemento, de modo a manejar as energias para que estas entrem para total benefício do usuário. Um bom design em permacultura concebe soluções para que o gerenciamento de todos os recursos seja realizado de modo eficiente, evitando perdas e desperdício (DIAS, 2016). Acredita-se que as construções deveriam ocasionar o menor impacto possível ao meio ambiente e aproveitar adequadamente os recursos naturais, flora local, água, luz natural e vento disponíveis, tudo isso feito através de um design inteligente e sistêmico. A permacultura defende para a arquitetura métodos ecológicos, econômicos e sociais que respondam às necessidades básicas dos seus usuários, com técnicas construtivas sustentáveis, tornando-os autossuficientes em curto, médio e longo prazo.
4.2 SUSTENTABILIDADE EM ARQUITETURA E URBANISMO
O desenvolvimento sustentável está cada vez mais presente no dia a dia e na atividade humana em todo o mundo. O maior desafio é desenvolver a economia aliada ao não esgotamento dos recursos existentes no planeta. O conceito de desenvolvimento sustentável mais difundido pode ser definido como aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades (ONU, 1987). O imperativo da sustentabilidade surge da percepção de que o mundo possui recursos finitos e que estão sendo utilizados de maneira inadequada. A sustentabilidade é baseada em três aspectos: o ambiental, o econômico e o social, que devem coexistir em equilíbrio. Como esses aspectos representam
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variáveis independentes, as escolhas resultantes serão diferentes em cada situação, pois cada resposta é única e só corresponde a um único lugar, um único programa, uma única cultura e um única comunidade (JOURDA, 2013). Tanto a arquitetura como o urbanismo sustentável buscam minimizar os impactos ao meio ambiente, sendo ecologicamente corretas mas também promovendo o desenvolvimento social e cultural, além de ser viável economicamente. A solução está no uso consciente do ambiente evitando o desperdício, particularmente da água, do solo e do ar, que são os mais contaminados pela utilização irracional dos recursos. Trabalhar dentro da lógica orientada à obtenção dos máximos resultados com o investimento dos mínimos recursos e a necessidade de solucionar a demanda. Os princípios da arquitetura sustentável se confundem com os princípios da boa arquitetura, que são: analisar o entorno, as condições climáticas da região onde será inserido, e as necessidades do usuário a curto, médio e longo prazo. Acrescentase a isso o uso racional dos recursos energéticos e hídricos, o uso de matérias sustentáveis e reutilizáveis, uso de novas e antigas tecnologias de construção, como a vernacular da região onde está inserido, buscando sempre a autossuficiência da edificação. Mesmo que cada projeto seja único, para atender às suas necessidades especificas, algumas técnicas são comuns e devem ser ao máximo utilizadas, como reaproveitamento das águas das chuvas, reuso das águas cinzas e fonte de energias renováveis. Quando se pensa em urbanização sustentável, tem-se vários níveis de escalas, desde uma cidade de grande porte, onde pensamos além das edificações sustentáveis, a mobilidade urbana, acessibilidade a todos os tipos de serviços e a trabalho próximos ao local onde se mora, espaços de lazer e áreas verdes, além de oportunidades cada vez mais espalhadas em diversos núcleos da cidade, promovendo e gerando externalidades positivas e igualdade social (Leite, 2012). Numa escala de urbanização de pequeno porte, podem se desenvolver sistemas que agreguem tecnologias alternativas com geração de uma economia baseada nos recursos locais que possa ser mantida pela própria comunidade, manejada de formas eficiente e sustentável, proporcionando a autossuficiência para essa comunidade.
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4.3 ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
Em meados do século XX, surgiu um pensamento novo que despertou a consciência dos arquitetos para as inter-relações da construção com o clima local: a arquitetura bioclimática, visando o conforto térmico, acústico e visual do usuário. Com a crise do petróleo em 1973, nos países mais desenvolvidos e mais atingidos pela crise, surgiram movimentos que voltavam o olhar para interação entre a arquitetura e o clima local e posteriormente a consciência da devastação ecológica e da finitude dos recursos naturais. Desenvolveu-se, então, uma forma especial de projetar, que se diferencia da arquitetura comum pela recuperação de parâmetros arquitetônicos que haviam sido esquecidos com o tempo. O projeto bioclimático, além de considerar todos os parâmetros tradicionais de projeto, precisa integrar o programa ao local, considerando os fenômenos climáticos e as necessidades energéticas e ambientais. Ao agregar esses valores ao projeto de arquitetura, sem deixar de lado a tecnologia, a forma e o estilo, contribui-se para poupar energia, evitar o desperdício dos recursos naturais e melhorar a qualidade de vida do usuário. Portanto, é necessário que o arquiteto conheça o clima local e o comportamento dos materiais de ponto de vista térmico, lumínico e acústico, para poder construir uma habitação eficiente. Em todos os climas, as construções vernáculas aproveitam habilmente os recursos disponíveis para criar soluções construtivas adequadas às necessidades especificas. Isso se pode observar tanto em climas mais gelados como em regiões com climas mais tórridos, como no interior do Ceará, onde tem-se os exemplos das construções com grandes alpendres, que muitas vezes se fazem de local de estar da casa, percebendo uma preocupação pela adaptação ao clima. Não se pode tratar de arquitetura bioclimática sem antes levar em conta um ingrediente fundamental para o projeto: o clima (CORBELLA, 2015). Pode-se dizer que uma pessoa está confortável em relação a um ambiente quando pode percebê-lo sem incômodo, como uma sensação neutra em relação a ele. Para se conseguir essa sensação, o projeto tem que levar em consideração os seguintes aspectos: a radiação
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solar, a temperatura do ar, a umidade relativa do ar, o vento, o nível geral de iluminação e o som ao redor. O uso das estratégias bioclimáticas junto aos materiais sustentáveis tem o papel de minimizar os danos ao meio ambiente, aproveitando da melhor maneira possível as condições do local, garantindo o conforto ao usuário sem a necessidade de recursos artificiais.
5 REFERENCIAL PROJETUAL
Os projetos ilustrados como estudo de caso a seguir foram selecionados por se tratar de uma análise das diretrizes e conceitos estudados acima. Saindo do âmbito hipotético, dessa forma, entende-se o que se pode relacionar com o projeto em questão, seja por material construtivo, função ou tecnologias alternativas aplicadas a eles de maneira que servirá de referência para a elaboração da proposta. Foram escolhidos três projetos com a função de referenciar a proposta para o presente trabalho. São projetos internacionais e nacionais que trazem elementos que se relacionam com o projeto do estudo, sendo eles: Eco Condomínio Muquinquim, em São Tomé e Príncipe; a Escola Secundária Lycee Shorge, em Brukina Faso; e a Casa Pas, em Aquiraz.
5.1 ECO CONDOMÍNIO MUQUINQUIM EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
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O escritório brasileiro de arquitetura Baixo Impacto foi convidado pelo governo da República Democrática de São Tomé e Príncipe, em conjunto com a ONU (Organização das Nações Unidas) e dentro do quadro do APP – África Adaptation Program (Programa de Adaptação às Mudanças Climáticas na África), onde foram desenvolvidas ações de combate ao quadro local de carências socioambientais. O escritório desenvolveu um modelo de agrupamento humano sustentável para o meio rural, com soluções sustentáveis e de baixo custo para edificações habitacionais, construídas com materiais alternativos. O projeto contemplou dez famílias em pequenos núcleos de vizinhança, produzindo na própria terra os meios de subsistência de forma cooperativa e em harmonia com os recursos naturais, com um urbanismo integrado ao design de permacultura, como mostra o croqui da figura 5.1.
Figura 5.1 – Croqui do projeto do Eco Condomínio Muquinquim.
Fonte: Baixo Impacto Arquitetura (2013).
As habitações sociais propostas seguiram a tipologia já existente na região, como o acréscimo de tecnologias sustentáveis, conforto bioclimático, eficiência energética, saneamento ecológico e matérias de baixo impacto e baixo custo, na figura 5.2 pode se observar a tipologia das habitações.
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Figura 5.2 – Tipologia das habitações.
Fonte: Baixo Impacto Arquitetura (2013).
Os materiais construtivos foram pensados para serem de baixo impacto ambiental e abundantes na região. Assim, as habitações foram construídas com tijolos de adobe, feito com terra crua e pelos próprios moradores, após treinamento prestado pela equipe do escritório; as fundações foram feitas em alvenaria de pedras que formaram bases para apoiar a laje do piso; esta, por sua vez, foi composta pelas peças pré-moldadas de cascaje, montadas lado a lado e concretadas para receber as paredes de adobe, como mostra o diagrama de implantação da figura 5.3. Tal estrutura proporciona um conforto bioclimático, funcionando como barreira térmicas no verão e aquecimento solar no inverno. Figura 5.3 – Tipologia das habitações.
Fonte: Baixo Impacto Arquitetura (2013), adaptado pelo autora (2020).
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O projeto da habitação tem um programa de necessidades simples e uma planta bastante funcional, como mostra a figura 5.4. A casa tem pés direitos em duas alturas diferentes, o que faz com que o telhado funcione como captador de vento, fazendo o ar circular pelos cômodos mais usados, deixando-os mais frescos. Além disso, a inclinação do teto funciona para captar melhor a água da chuva, como mostra a figura 5.6. Figura 5.4 – Planta baixa das habitações.
Fonte: Baixo Impacto Arquitetura (2013).
Figura 5.5 – Corte das habitações.
Fonte: Baixo Impacto Arquitetura (2013).
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O projeto do Eco Condomínio destacou pontos como: bioconstrução, formas de controle bioclimático simples, urbanismo integrado de vizinhança, com espaço para agricultura de subsistência, criação de animais e lazer, que podem ser usados no projeto deste estudo.
5.2 ESCOLA SECUNDÁRIA LYCEE SCHORGE
Localizada na terceira cidade mais populosa de Burkina Faso, na África, a escola fornece uma fonte de inspiração, apresentando materiais de construção de fontes locais de maneira inovadora. As paredes são feitas de pedra laterita como mostra a figura 5.6. Essa pedra é colhida localmente, cortada e modelada em tijolos, e funciona como isolante térmico e acústico. Junto às torres únicas de captação de vento e os telhados pendentes, reduz exponencialmente a temperatura dos espaços internos, como mostra a figura 5.7.
Figura 5.6 – Detalhe do material construtivo da escola.
Fonte: Archdaily (2018).
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Figura 5.7 – Torres únicas de ventilação e como funcionam.
Fonte: Archdaily (2018)
Outro elemento importante que ajuda a ventilar e iluminar naturalmente o interior é o teto ondulado maciço, como mostra a figura 5.8, que permite que o espaço respire e expulse o ar quente e estagnado. A cor esbranquiçada do teto serve para difundir a luz e espalhá-la, de forma indireta, fornecendo ampla iluminação durante o dia. Dessa forma, a economia do edifício é ampliada, reduzindo o desperdício. O telhado fica deslocado do forro ondulado, mostrado na figura 5.9. Sustentado por treliças metálicas, ele, além de servir como proteção, permite que o vento circule por cima da laje ondulada e proporcione uma sensação ainda mais agradável no interior. Figura 5.8 – Teto ondulado e como funciona.
Fonte: Archdaily (2018).
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Figura 5.9 – Detalhe do telhado.
Fonte: Archdaily (2018).
Uma fachada secundaria, feita de madeira de eucalipto, envolve as salas de aula e atua como elemento de sombreamento dos espaços imediatamente ao redor. Essa fachada funciona não apenas para proteger as salas de aula da poeira e dos ventos, como também ajuda a criar uma série de espaços informais secundários para os alunos, como na figura 5.10. Figura 5.10 – Fachada secundária de madeira.
Fonte: Archdaily (2018).
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A planta radial dos módulos da sala de aula é enrolada em torno de um pátio público central. Essa configuração não apenas cria privacidade do domínio público principal, mas também protege o pátio interno do vento quente e da poeira, permitindo o seu uso, como mostra a figura 5.11.
Figura 5.11 – Planta da escola.
Fonte: Archdaily (2018).
O projeto da escola é todo baseado na bioconstrução, utilizando materiais locais, o que faz da escola um projeto sustentável desde a sua concepção. A arquitetura não funciona apenas como um marcador na paisagem, uma vez que utiliza os recursos bioclimáticos para tornar confortável o uso dos seus espaços. A forma dos telhados; a torre única que funciona para captação dos ventos e torna os ambientes mais agradáveis; e a fachada secundária feita para sombrear a escola e proteger da poeira são pontos que se destacam para serem usados de várias formas no projeto deste estudo.
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5.3 CASA PAS
Construída com um protótipo de autoconstrução sustentável, levando ao máximo a ideia de sustentabilidade e autonomia, a Casa PAS é o resultado de uma extensa pesquisa do arquiteto Bernardo Andrade, que se baseou nos princípios adotados pelo arquiteto americano Michael Reynolds. Este, por sua vez, tem a sede do seu escritório no México, e foi criador do conceito Earthship, que são casas autônomas, de sistemas centralizados. Esse princípio foi adaptado para a realidade do clima cearense, onde a Casa PAS foi construída, como mostra a figura 5.12. Figura 5.12 – Casa Pas, entrada principal.
Fonte: Casa Pas (2018).
A Casa PAS foi construída visando demonstrar diferentes técnicas disponíveis de materiais de baixo impacto, como paredes de adobe, tijolo de solo-cimento, cordwood, técnicas com ferro-cimento, bambu e madeira de reflorestamento, como na figura 5.13. Tendo a bioconstrução como fundamento buscando uma edificação saudável que não faz mal aos seus ocupantes e nem ao meio ambiente, todo o
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processo construtivo foi feito com materiais locais e de baixo impacto. Estratégias de arquitetura bioclimáticas foram utilizadas de diversas formas, aproveitando os fenômenos naturais de modo passivo para melhorar o conforto térmico, a iluminação natural e o desempenho da edificação. Figura 5.13 – Detalhe da estrutura de madeira, telhado e parede de tijolo de solo-cimento.
Fonte: Casa Pas (2018).
Pensando na otimização do conforto térmico, grande parte das fachadas e todas as principais aberturas estão sombreadas com um beiral generoso, e nas de maior insolação foram usadas paredes de pneus com grande massa térmica que regulam a temperatura interna, como mostra a figura 5.14. A construção conta também com tijolos de solo-cimento usados em algumas paredes estruturais, que não levam queima e geram menos desperdício, além de ser de fácil utilização para as passagens das instalações elétricas e hidráulicas.
Figura 5.4 – Parede de pneus que ajuda a regular a temperatura interna.
Fonte: Casa Pas (2018)
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A autonomia da casa é um dos pilares dessa construção. Além de cisterna para armazenagem da água da chuva, mostrada na figura 5.15, a casa conta com um sistema de filtragem natural das águas cinzas para reutilização na irrigação da horta e plantação da propriedade, e também para descarga do sanitário. Essa água cinza será reutilizada quatro vezes. Outros recursos são a fossa de evapotranspiração, a energia eólica e a solar. Todo o sistema de reutilização dos insumos da casa é baseado na permacultura, em que tudo consegue ser reaproveitado, produzindo alimentos e energia, proporcionando autossuficiência aos moradores.
Figura 5.15 – Detalhe da cisterna para armazenagem da água da chuva, construída de ferro-cimento.
Fonte: Casa Pas (2018).
A planta da casa tem um programa de necessidade para uma pequena família, como mostra a figura 5.16. Constituída por sala de estar, sala de jantar e cozinha integrados e lavabo, que formam a parte social da casa, na parte íntima tem-se uma suíte espaçosa, com banheiro completo, e na parte externa há a área de serviço e um depósito. A casa conta com três acessos: o formal, pela entrada principal; e os outros dois, sendo um para varanda através do estar, e outro na cozinha com acesso ao serviço e ao depósito. A parte interna é confortável, como mostra a figura 5.17, com um espaço que além de aconchegante, conta com todas as funcionalidades do dia a dia, e não deixa a desejar em relação a uma construção convencional.
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Figura 5.15 – Planta baixa da Casa Pas.
Fonte: Casa Pas (2018).
Figura 5.16 – Imagem interna da Casa Pas.
Fonte: Casa Pas (2018).
O projeto de referência trouxe pontos positivos a serem apresentados nesta proposta de estudo, como a utilização de materiais de baixo impacto, como o tijolo de solo-cimento e adobe; os recursos de reutilização das águas cinzas e o sistema de fossa de evapotranspiração; e os usos dos espaços externo para produção de alimento; todos relacionados aos princípios da permacultura, que são características incluídas no projeto.
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6 LEGISLAÇÃO URBANA
No munícipio de Ibaretama não existe nenhuma lei que reja a regulamentação sobre construção, uso e ocupação do solo. Diante disso, o trabalho deste estudo usou como parâmetros o Código de Obras e Postura do município vizinho, Quixadá, o PNHR (Programa Nacional de Habitação Rural) e o manual da permacultura para organizações e casas ecológicas feito pelo Instituto Pindorama.
6.1 NORMAS, MANUAIS E PORTARIAS
Normas, manuais e portarias são utilizados para padronizar e qualificar certos tipos de serviços. A tabela a seguir, quadro 6.1, mostra as principais aplicações em projetos de habitação, para normatização de acessibilidade, de desempenho térmico e de materiais em sistemas convencionais. Uma vez que o projeto deste estudo se enquadra em sistemas inovadores, com sistemas construtivos que não são objeto das normas brasileiras, foi levada em consideração a junção de algumas normas dos sistemas convencionais, juntamente com o manual da permacultura para organizações e casas ecológicas, para ser chegar ao objetivo final.
Quadro 6.1 – Normas, manuais, portarias e outros documentos
Fonte: Autora (2020).
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NBR 10647 – Norma que estabelece termos e técnicas empregados em desenhos técnicos. NBR 9050 – Norma que estabelece critérios e parâmetros técnicos aplicáveis a projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade. Abaixo seguem exemplos para áreas para manobras, figura 6.1 e 6.2; dormitório, figura 6.3; e cozinha acessível, figura 6.4.
Figura 6.1 – Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento – dimensões em metros
Fonte: NBR 9050, adaptado pela autora (2020).
Figura 6.2 – Manobra de cadeira de rodas com deslocamento – dimensões em metros
Fonte: NBR 9050, adaptado pela autora (2020).
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Figura 6.3 – Dormitório acessível, área de circulação mínima – dimensões em metros
Fonte: NBR 9050, adaptado pela autora (2020).
Figura 6.4 – Cozinha, área de aproximação e medidas para uso – dimensões em metros
Fonte: NBR 9050, adaptado pela autora (2020).
NBR 15575 – Norma que trata do desempenho de edificações habitacionais e apresenta característica indispensáveis, com o objetivo de prezar pelo conforto, acessibilidade, higiene, estabilidade, vida útil da construção, segurança estrutural e contra incêndios. CÓDIGO DE OBRAS E POSTURA DO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ – No Título VI, anexo I do código estão previstas medidas mínimas para ambientes em habitações de interesse social e casas populares, como mostra o quadro 6.2.
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Quadro 6.2 – Medidas mínimas das habitações de interesse social e casas populares segundo o Código de obras e postura do munícipio de Quixadá
Fonte: Prefeitura Municipal de Quixadá, adaptado pela autora (2020).
MANUAL DA PERMACULTURA PARA ORGANIZAÇÕES E CASAS ECOLÓGICAS INSTITUTO PINDORAMA – O documento é um guia com informações para construções de projetos sustentáveis. Uma de suas premissas é a permacultura, para criar espaços eficientes e autônomos, utilizando materiais alternativos e de baixo impacto ambiental, mostrado na figura 6.5 e 6.6; sistemas de controle de temperatura da edificação; sistemas de captação e reuso de águas; sistemas de geração de energia; sistemas de processamento de resíduos orgânico, como mostra a figura 6.7; e sistemas de produção de alimentos. Figura 6.5 – Técnica construtiva taipa de pilão
Fonte: Instituto Pindorama (2016).
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Figura 6.6 – Técnica construtiva tijolo de solo-cimento
Fonte: Instituto Pindorama (2016)
Figura 6.7 – Sistema de tratamento de esgoto por bacia de evapotranspiração
Fonte: Instituto Pindorama (2016).
As zonas rurais necessitam de um programa habitacional concebido e implementado de maneira diferenciada, tanto do ponto de vista de sua gestão, como na escolha dos materiais a serem utilizados e nas formas de sua execução.
7 PROJETO
7.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES
O programa para o projeto de urbanização sustentável da comunidade rural coqueirinho foi formado no intuito de conceder aos moradores habitações sustentáveis em lotes com espaços propícios à agricultura familiar. Além disso, a comunidade será contemplada com dois equipamentos de apoio: o centro comunitário e a escola de
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ensino infantil e de 1º ano rural, que juntos se tonaram um polo de aprendizado e encontros para seus habitantes.
7.1.1 Habitação de Interesse Social Rural - HISR
Os projetos propostos para habitações de interesse social, como o Minha Casa Minha Vida (MCMV), oferecem, em linhas gerais, unidades habitacionais com metragens entre 35 a 48 m2, sem que seja contemplada a sustentabilidade, o conforto térmico da edificação e nem mesmo o conforto arquitetônico dos espaços para seus habitantes, uma vez que a metragem sugerida para a tipologia habitacional do programa é metade da considerada ideal para uma família. A proposta apresentada neste projeto contrapõe esse tipo de programa habitacional social e propõe um programa de necessidades para as tipologias habitacionais que tenha como parâmetro a sustentabilidade da edificação, o perfil da região e de seus moradores, e que, além de moradia, proporcione aos seus habitantes condições de desenvolver a agricultura familiar, gerando alimentos para consumo e renda com a venda dos excedentes da produção. As habitações estão divididas em três tipologias habitacionais, baseadas nos tamanhos dos núcleos familiares e perfis dos habitantes da comunidade. Além disso todas as habitações estão inseridas em lotes de 1705 m2 que estão divididos em áreas que favorecem a sustentabilidade da edificação e de seus moradores, baseados na permacultura. Cada lote foi dividido em zonas definidas conforme o número de vezes que seus moradores necessitam visitar para acompanhamento e manutenção, como no quadro 7.1, que mostra as zonas e suas respectivas atividades.
68
Quadro 7.1 – Zoneamento do lote e suas atividades
Fonte: Quadro feito pela autora (2020).
A Zona 0 é o centro das atividades. É planejada para a conservação de energia e para as necessidades de seus habitantes. Por isso é onde se encontra a habitação. A Zona 1 é dedicada à autossuficiência doméstica. Aqui encontra-se a maioria dos equipamentos que vão gerar a autossuficiência da edificação. Na Zona 2 é onde acontecem as atividades mais intensas como a criação de galinhas e a plantação. Por fim, tem-se a Zona 3, que é a mais afastada da habitação e onde ocorre a criação de animais de pequeno porte. Com base nas atividades que serão desenvolvidas em cada zona do lote, as unidades foram previamente dimensionadas considerando o uso, as normas e as informações de manuais de exemplos apresentados anteriormente. O programa de necessidade contempla três tipos de tipologia para as habitações, apresentadas nos quadros 7.2,7.3 e 7.4, respetivamente habitação tipo 1, tipo 2 e tipo 3. Conforme se verá, o programa de necessidades das três tipologias habitacionais só se diferencia de um tipo para o outro quanto à quantidade de quartos que cada tipo possui, que podem ser dois, três ou quatro, de acordo com o número
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de habitantes da edificação, enquanto os demais ambientes são iguais para todas as tipologias. Quadro 7.2 – Programa de necessidades – Habitação de Interesse Social Rural Sustentável – Tipo 1
Fonte: Quadro feito pela autora (2020).
70
Quadro 7.3 – Programa de necessidades – Habitação de Interesse Social Rural Sustentável – Tipo 2
Fonte: Quadro feito pela autora (2020).
71
Quadro 7.4 – Programa de necessidades – Habitação de Interesse Social Rural Sustentável – Tipo 3
Fonte: Quadro feito pela autora (2020).
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7.1.2 Escola de Ensino Infantil e 1º ano Sustentável Rural Escolas para zonas rurais não possuem diretrizes próprias. Portanto, diante dessa informação, para elaborar o programa de necessidade da Escola de Ensino Infantil e 1º ano Sustentável Rural da comunidade Coqueirinho, foram utilizadas a quantidade de alunos moradores da comunidade e região vizinha – 42 crianças em faixa etária de 2 a 6 anos – e as diretrizes do programa arquitetônico básico para escolas em cidades, proposto pelo Ministério da Educação – MEC. Atualmente, essas crianças frequentam uma escola que fica em outro distrito, distante 1,5 km da comunidade Coqueirinho e que possui apenas uma sala de aula, uma cozinha e um pequeno pátio, onde uma única professora é responsável por todos os alunos. Nessa configuração, tanto os alunos do ensino infantil como os do 1º ano do fundamental têm aulas na mesma sala e horário. A atual escola não possui espaços adequados para as refeições, para atividade de lazer e nem para o desenvolvimento intelectual adequado dessas crianças. O espaço encontra-se praticamente em estado de abandono e sem nenhum tipo de conforto para os alunos, como mostram as figuras 7.1 e 7.2. Figura 7.1 – Fachada principal da escola frequentada por crianças da comunidade.
Figura 7.2 – Detalhe da do pátio coberto da escola e o estado de conservação da mesma.
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
A partir dos dados e das diretrizes, foi possível dimensionar e identificar os ambientes necessários para uma escola que garanta aos alunos e funcionários maior qualidade no uso, com espaços propícios a melhorar o aprendizado, a cultura, as relações
interpessoais
e
que
seja
projetada
dentro
dos
parâmetros
sustentabilidade. O programa encontra-se melhor detalhado no quadro 7.5.
da
73
Quadro 7.5 – Programa de necessidades – Escola de Ensino Infantil e 1º ano Sustentável Rural
Fonte: Quadro feito pela autora (2020).
74
7.1.3 Centro Comunitário Para gerar um sentimento maior de coletividade e pertencimento nos habitantes da comunidade Coqueirinho, foi proposto um centro comunitário que além de um espaço para reuniões dos moradores, fosse também um ambiente de aprendizado e de encontros festivos. Com esses requisitos, o programa de necessidades foi desenvolvido, apresentando espaços que, juntos, formam um polo social, contemplando usos para o lazer, a educação e a cultura, conforme detalhado no quadro 7.6. Quadro 7.6 – Programa de necessidades – Centro Comunitário
Fonte: Quadro feito pela autora (2020).
7.2 FLUXOGRAMAS
As relações espaciais de cada um dos projetos desenvolvidos para comunidade Coqueirinho têm características próprias, fundamentadas a partir de diferentes usos dos ambientes, acessos, fluxos e circulações necessárias para cada projeto.
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7.2.1 Fluxograma Geral do Lote da Habitação de Interesse Social Rural - HISR
O fluxograma geral do lote mostra as relações de acordo com os zoneamentos e a relação direta entre zonas, através da necessidade de visitas para a manutenção das atividades, como mostra a figura 7.3. Todavia, na prática, não quer dizer que as zonas não possam se misturar entre si.
Figura 7.3 – Fluxograma geral das zonas do lote
Fonte: Fluxograma feito pela autora (2020).
7.2.2 Fluxograma Geral da Habitação de Interesse Social Rural - HISR
O fluxograma da figura 7.4 demonstra o esquema geral de funcionamento da habitação de acordo com as relações de função de cada ambiente. Figura 7.4 – Fluxograma geral da Habitação de Interesse Social Rural – HISR
Fonte: Fluxograma feito pela autora (2020).
76
7.2.3 Fluxograma Detalhado do Lote com a Habitação de Interesse Social Rural
O esquema espacial da habitação junto ao lote foi realizado a partir do centro das atividades dos moradores. A habitação e os usos dos outros setores, segundo sua função e zona, são demonstrados na figura 7.5. Figura 7.5 – Fluxograma geral do Lote com a Habitação de Interesse Social Rural
Fonte: Fluxograma feito pela autora (2020).
7.2.4 Fluxograma geral equipamentos de apoio da comunidade Coqueirinho
Os projetos para os equipamentos de apoio da comunidade ficam em um mesmo espaço que foi estabelecido por possuir um poço de água profundo. Tal poço fornece o abastecimento de água para uso geral dos habitantes da comunidade. O projeto da Escola e do Centro Comunitário se comunicam entre si, formando um espaço único voltado para o lazer, a cultura e o aprendizado. Na figura 7.6, é demonstrado como esses três espaços – escola, centro comunitário e poço – interagem entre si e com as habitações.
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Figura 7.6 – Fluxograma geral equipamentos de apoio da comunidade Coqueirinho
Fonte: Fluxograma feito pela autora (2020).
7.2.5 Fluxograma da Escola de Ensino Infantil e 10 ano Sustentável Rural
As ligações dos espaços se deram a partir de suas relações diárias entre tempo de permanência, uso e função, demonstrado detalhadamente na figura 7.7.
Figura 7.7 – Fluxograma detalhado da Escola de Ensino Infantil e 1º ano Sustentável Rural
Fonte: Fluxograma feito pela autora (2020).
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7.2.6 Fluxograma do Centro Comunitário Coqueirinho O diagrama funcional do centro comunitário foi baseado nas relações funcionais dos ambientes, com espaços de usos flexíveis, como mostra a figura 7.8. Figura 7.8 – Fluxograma do Centro Comunitário Coqueirinho
Fonte: Fluxograma feito pela autora (2020).
7.3 SETORIZAÇÃO
Com as relações funcionais estruturadas por meio das organizações espaciais estabelecidas pelos fluxogramas desenvolvidos para cada projeto a ser realizado na comunidade Coqueirinho, foi possível estabelecer relações de comunicação, hierarquia e funcionalidades existentes em cada edificação e seu entorno imediato.
7.3.1 Setorização geral da comunidade Coqueirinho
O diagrama 7.1 demonstra como a área desse estudo foi desmembrada em setores para habitação e para os equipamentos comunitários, como escola, centro e poço de água profundo já existente no local.
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Diagrama 7.1 – Setorização geral da comunidade Coqueirinho
Fonte: Diagrama feito pela autora (2020).
7.3.2 Setorização geral do lote da habitação de interesse social rural sustentável
A setorização do lote foi realizada através do planejamento por zonas, onde cada elemento é alocado na zona de acordo com a frequência com que demanda interação dos moradores com os mesmos, garantindo menor perda energética do usuário. Na Zona 0 encontra-se a habitação, que é o centro das atividades humanas. Na Zona 1 ficam a os elementos que compõem a autossuficiência da edificação, por isso é bastante acessada pelos moradores. Na Zona 2 ficam as atividades de agricultura familiar realizadas pelos moradores do lote. Esta é uma zona que ainda é mantida intensivamente. E na Zona 3, encontram-se as atividades ligadas à criação de animais de pequeno porte que não precisam de cuidados tão demasiado durante o dia, exigindo dos moradores de duas a três visitas diárias. Essa setorização é exemplificada no diagrama 7.2, que demonstra, de uma maneira geral, como estão alocadas cada zona em relação ao lote e suas atividades.
80
Diagrama 7.2 – Setorização geral do lote da habitação de interesse social rural sustentável
Fonte: Diagrama feito pela autora (2020).
81
7.3.3 Setorização geral da área para equipamentos comunitários
A setorização desse espaço foi organizada a partir da área do poço comunitário já existente, criando um polo comunitário com escola e centro, objetivando maior integração dos habitantes com a sua comunidade. No diagrama 7.3 é possível visualizar essa interseção entre os equipamentos.
Diagrama 7.3 – Setorização geral da área para equipamentos comunitários
Fonte: Diagrama feito pela autora (2020).
82
7.4 PARTIDO ARQUITETÔNICO
O projeto desenvolvido neste trabalho para a comunidade Coqueirinho parte do conceito da sustentabilidade usado na transformação de uma comunidade carente, que atualmente se encontra numa zona de pobreza extrema e que conta com recursos naturais escassos devido a sua localização geográfica, no sertão central do estado Ceará, uma região de caatinga. Para isso, todos os mecanismos para adaptação e uso correto dos bens naturais precisam ser usados de maneiras eficiente garantindo assim a sobrevivência e o desenvolvimento dos seus moradores. A concepção desse projeto se iniciou a partir de uma moradia sustentável rural com áreas de apoio para agricultura familiar e possibilidade de gerar autossuficiência para a edificação e seus moradores. Tendo como mote a permacultura aplicada em zona rural, foi possível desenvolver um projeto que objetive a autonomia econômica, social e ambiental para seus habitantes. Por não se tratar somente de um projeto de habitações sustentáveis, esse trabalho incluiu equipamentos de apoio à comunidade, como a escola e o centro comunitário, que juntos formam um polo de lazer e aprendizado para seus moradores, tornando ainda mais forte o sentimento de pertencimento ao local. A elaboração de um masterplan se deu como necessária para melhor organizar o espaço da comunidade. No diagrama 7.4 pode ser observada a área do estudo. No diagrama 7.5 é possível identificar as áreas que foram demarcadas por serem mais propícias a cada função, tais como a de habitar, a de lazer, a de aprendizado e a de uso do recurso hídrico comunitário, que é o poço de água profundo, que garante o abastecimento de água para uso geral da comunidade durante o período de estiagem enfrentado pela comunidade na maior parte do ano.
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Diagrama 7.4 – Área do estudo
Fonte: Diagrama feito pela autora (2020).
Diagrama 7.5 – Áreas demarcadas por suas funções
Fonte: Diagrama feito pela autora (2020).
A partir da determinação das áreas de acordo com as funções, a proposta para o masterplan tem como ideia principal a implantação dos lotes na área reservada para a locação do projeto da comunidade, como pode ser observado no diagrama 7.6, que mostra como a partir da malha foram implantados os lotes para as habitações, o espaço para as áreas de apoio e as novas estradas que precisaram ser criadas, conforme demonstradas no diagrama 7.7.
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Diagrama 7.6 – Demonstração da malha criada para implantação dos lotes e estradas
Fonte: Diagrama feito pela autora (2020). Diagrama 7.7 – Demonstração das novas estradas
Fonte: Diagrama feito pela autora (2020).
No diagrama 7.8 é demonstrado como ficou o masterplan final da comunidade Coqueirinho, com a implantação dos lotes e áreas de apoio, como também a volumetria das edificações que serão construídas na comunidade.
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Diagrama 7.8 – Maspterplan final do projeto para comunidade Coqueirinho
Fonte: Diagrama feito pela autora (2020).
7.5 MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO
Neste
capítulo
serão
demonstrados
o
produto
final
desse
TFG,
Sustentabilidade em Urbanização de Pequeno Porte no Sertão Central do Ceará Comunidade Coqueirinho, através de croquis, maquete eletrônica e plantas graficas das edificações desenvolvidas para este projeto.
7.5.1 Implantação
Como descrito no partido desse projeto, foi necessário a elaboração de um masterplan para melhor organizar o espaço da comunidade e demarca as áreas de acordo com os equipamentos implantados, como os lotes e suas habitações, o espaço
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para escola e o centro comunitário e resguardar a área que contem o recurso hídrico comunitário. O terreno desse projeto possuí uma área total de 220.250,99 m2, onde foram implantados 44 lotes de 1.500,00 m2 cada, onde ficam locados as Habitações de Interesse Social Rural Sustentável e seus equipamentos de específicos que promoverão a alto suficiência da habitação, e como também área de 150.000, 00 m2 onde foi implantado a Escola de Ensino Infantil e o Centro Comunitário, demonstrados na figura 7.9.
Figura 7.9 – Implantação
Fonte: Planta baixa feita pela autora (2020).
A implantação da habitação no lote foi fundamental para que se criassem espaços voltados para equipamentos que geram insumos para a casa e seus habitantes, proporcionando assim a autossuficiência da habitação, como esse projeto trata de habitações de interesse social rural foi escolhido uma das tipologias, a de tipo 1, para demonstrar essa implantação da habitação junto ao lote, como mostra a figura 7.10.
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Figura 7.10 – Implantação habitação no terreno
Fonte: Planta baixa feita pela autora (2020).
88
7.5.2 Habitação de Interesse Social Rural Sustentável
A localização dos ambientes na habitação, assim como os materiais escolhidos para sua construção, tijolo e cobogós ecológicos e telhas tetra pak, são todos pensados para favorecer o conforto térmico e a ventilação natural levando em conta a região e o clima semiárido do local, assim como a sustentabilidade desses materiais em todas as suas etapas de fabricação, uso na obra e desempenho final. Nos primeiros estudos mostrados no croqui da figura 7.11, vê-se as relações dos ambientes e a torre de vento, na figura 7.12 que funcionam como captadores mais altos que a edificação e tem a função de manter uma circulação de ar fresco dentro da habitação e que funcionam mesmo quando não há vento, porque a temperatura dentro da torre é diferente da temperatura externa, e o ar quente da habitação sempre circula.
Figura 7.11 – Primeiros estudos das habitações
Fonte: Croqui feito pela autora (2020).
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Figura 7.12 – Primeiros estudos da torre de vento
Fonte: Croqui feito pela autora (2020).
Como foi preciso projetar três tipos de tipologias habitacionais diferentes para atender à quantidade de membros por família, as áreas sociais e de serviços são iguais em todas as tipologias, diferenciando-se apenas nas quantidades de quartos que cada tipologia vai possuir, uma facilidade na hora de construir. Cada habitação será implantada no terreno na posição que melhor conceder o conforto térmico e a ventilação desejados no projeto, as áreas sociais da habitação ficaram sempre voltadas pro oeste e protegidas por alpendres que fazem o papel de sombreamento dessas áreas, mantendo assim a temperatura amena nesses ambientes mesmo em horários de maior insolação, os quartos ficam do lado oposto, todos virados para o leste recebendo o sol da manhã e ficando protegidos nos horários de maior insolação pela sombreamento da outra parte da edificação. Nas fachadas norte e sul das habitações tem-se a presença de elementos vazados – cobogós ecológicos – que além de serem usados como elemento de fechamento, funciona como captadores de vento e facilitando também a circulação natural dentro dos ambientes. Todas as tipologias foram pensadas para o uso de acordo com o tamanho atual das famílias que serão atendidas nesse projeto, como também para que essas famílias possam ampliar suas casas caso o número de familiares aumente. Nessa situação, as ampliações necessárias poderão ser feitas de modo que a habitação
90
continue sendo autossuficiente e mantendo o conforto térmico pensando para esse projeto. A habitação de tipo 1 foi projetada para famílias de até 4 moradores, possuindo dois quartos e ambientes que são comuns às outras tipologias, tais como alpendre, sala de estar, sala de refeições, banheiro, cozinha, área de serviço e depósito, e uma área total construída de 85,55 m2. Na figura 7.13 pode-se observar a planta baixa dessa tipologia, nas figuras 7.14 e 7.15 são demonstrados os cortes desse tipo de habitação e como as alturas diferentes de telhados junto com a torre de vento servem de captadores dos ventos mais altos e sem poeira, tornando a temperatura nos ambientes interno mais amena, esse mesmo recurso foi utilizado em todas as tipologias habitacionais. Nas figuras 7.16, 7.17, 7.18 e 7.19 são demonstradas todas as fachadas da habitação tipo 1 onde pode-se observar os materiais utilizados e os volumes diferentes da sua forma, na figura 7.20 é demonstrado a planta de coberta.
91
Figura 7.13 – Planta baixa da habitação de tipo 1
Fonte: Planta baixa feita pela autora (2020).
92
Figura 7.14 – Corte da habitação de tipo 1
Fonte: Planta de corte feita pela autora (2020).
Figura 7.15 – Corte da habitação de tipo 1
Fonte: Planta de corte feita pela autora (2020).
93
Figura 7.16 – Fachada norte da habitação de tipo 1
Fonte: Fachada norte feita pela autora (2020).
Figura 7.17 – Fachada sul da habitação de tipo 1
Fonte: Fachada sul feita pela autora (2020).
94
Figura 7.18 – Fachada leste da habitação de tipo 1
Fonte: Fachada leste feita pela autora (2020).
Figura 7.19 – Fachada oeste da habitação de tipo 1
Fonte: Fachada leste feita pela autora (2020).
95
Figura 7.20 – Planta de coberta da habitação de tipo 1
Fonte: Planta baixa feita pela autora (2020).
Na habitação de tipo 2 que foi projetada para famílias de até 6 moradores, possui uma área total construída de 85,55 m2. Na figura 7.21 pode-se observar a planta baixa dessa tipologia e as relações dos seus ambientes.
96
Figura 7.21 – Planta baixa da habitação de tipo 2
Fonte: Planta baixa feita pela autora (2020).
97
Nas figuras 7.22 e 7.23 são demonstrados os cortes e as alturas diferentes dos telhados e nas figuras 7.24, 7.25, 7.26 e 7.27 as fachadas, e na figura 7.28 a planta de coberta. Figura 7.22 – Corte da habitação de tipo 2
Fonte: Planta de corte feita pela autora (2020).
Figura 7.23 – Corte da habitação de tipo 2
Fonte: Planta de corte feita pela autora (2020).
98
Figura 7.24 – Fachada norte da habitação de tipo 2
Fonte: Fachada norte pela autora (2020).
Figura 7.25 – Fachada sul da habitação de tipo 2
Fonte: Fachada sul feita pela autora (2020).
99
Figura 7.26 – Fachada leste da habitação de tipo 2
Fonte: Fachada leste feita pela autora (2020).
Figura 7.27 – Fachada oeste da habitação de tipo 2
Fonte: Fachada oeste feita pela autora (2020).
100
Figura 7.28 – Planta Coberta da habitação de tipo 2
Fonte: Fachada oeste feita pela autora (2020).
A Habitação de tipo 3 foi projetada para famílias com mais de 6 moradores, possuindo quatro quartos e ambientes que são comuns às outras tipologias e uma área total construída de 85,55 m2. Na figura 7.29 pode-se observar sua planta baixa, nas figuras 7.30 e 7.31 são demonstrados a habitação em corte, nas figuras 7.32, 7.33, 7.34 e 7.35 suas fachadas e na figura 7.36 a planta de cobertura.
101
Figura 7.29 – Planta baixa da habitação de tipo 3
Fonte: Planta baixa feita pela autora (2020).
102
Figura 7.30 – Planta de corte da habitação de tipo 3
Fonte: Planta de corte feita pela autora (2020).
Figura 7.31 – Planta de corte da habitação de tipo 3
Fonte: Planta de corte feita pela autora (2020).
103
Figura 7.32 – Fachada norte da habitação de tipo 3
Fonte: Fachada norte feita pela autora (2020).
Figura 7.33 – Fachada sul da habitação de tipo 3
Fonte: Fachada sul feita pela autora (2020).
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Figura 7.34 – Fachada leste da habitação de tipo 3
Fonte: Fachada leste feita pela autora (2020).
Figura 7.35 – Fachada oeste da habitação de tipo 3
Fonte: Fachada oeste feita pela autora (2020).
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Figura 7.36 – Planta cobertura da habitação de tipo 3
Fonte: Fachada oeste feita pela autora (2020).
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Nas fachadas demonstradas observa-se as alturas diferentes de telhados, os acessos, o alpendre que serve como sombreamento da área que tem maior exposição ao sol e as paredes que usam os cobogós ecológicos como fechamento que funcionam para facilitar a passagem de ventilação para dentro da habitação. Na maquete eletrônica das habitações, figura 7.37, observa-se o sombreamento às 8 horas e na figura 7.38 às 16 horas do dia 21 de junho. Na figura 7.39, o sombreamento às 8 horas e na figura 7.40 às 16 horas do dia 22 de dezembro.
Figura 7.37 – Maquete eletrônica da habitação às 8 horas do dia 21 de junho
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
Figura 7.38 – Maquete eletrônica da habitação às 16 horas do dia 21 de junho
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
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Figura 7.39 – Maquete eletrônica da habitação às 8 horas do dia 22 de dezembro
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
Figura 7.40 – Maquete eletrônica da habitação às 16 horas do dia 22 de dezembro
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
Nas figuras 7.41, 7.42, 7.43, 7.44, 7.45, 7.46 e 7.47 se observa através de maquetes eletrônicas, volumes e materiais construtivos da habitação e como ela se comporta junto ao entorno.
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Figura 7.41 – Maquete eletrônica da habitação
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
Figura 7.42 – Maquete eletrônica da habitação
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
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Figura 7.43 – Maquete eletrônica da habitação
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
Figura 7.44 – Maquete eletrônica da habitação
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
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Figura 7.45 – Maquete eletrônica da habitação
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
Figura 7.46 – Maquete eletrônica da habitação
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
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Figura 7.47 – Maquete eletrônica da habitação
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
7.5.3 Escola de Ensino Infantil e de 1º ano Rural Sustentável e Centro Comunitário Os equipamentos de apoio que foram realizados neste projeto surgiram dada a necessidade de criar, para a comunidade, uma Escola Infantil e de 1O ano Rural Sustentável e Centro Comunitário, uma área que abrigasse os dois equipamentos propostos e também que ficasse próxima ao poço profundo comunitário. Para a proposta de implantação desses equipamentos na área, foi levada em consideração a permanência e frequência dos usuários durante o dia, bem como as funções de cada ambiente, questões como conforto térmico, ventilação natural e usos do material. Na figura 7.48 tem-se os primeiros croquis, que mostram como foi a evolução da forma das edificações a partir de uma geometria simples e que possibilitou a comunicação entre os equipamentos e um pátio de uso comum.
Figura 7.48 – Croqui primeiros estudos da escola e centro comunitário
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Fonte: Croqui feito pela autora (2020).
A posição de cada equipamento gera um grande pátio central, possibilitando uma área de convívio tanto para a escola, quanto para a comunidade geral. Pensando em usar ao máximo a ventilação natural, foram criados vários blocos que permitem a passagem do vento entre os ambientes, além de lajes cascajes que também permitem a passagem do vento dentro dos ambientes. Há também uma grande cobertura que unifica os dois equipamentos e permite que o vento mais alto e sem poeira entre nos ambientes, como também possibilita um grande sombreamento nos horários de sol mais forte, tanto no lado da escola que tem um uso maior ao longo do dia, como no pátio central. Na figura 7.49, se observa a planta baixa da escola e do centro comunitário e como eles têm relação uma com a outra. Além do conforto térmico, uso da iluminação e ventilação natural, foi também pensado neste projeto o uso de materiais e equipamentos que gerem insumos e contribuam para a promoção da autossuficiência dessas edificações.
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Figura 7.49 – Planta baixa da Escola de Ensino Infantil e de 1º ano Rural Sustentável
Fonte: Planta baixa feita pela autora (2020).
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Na figura 7.50 e 7.51 é demonstrado em cortes a escola e centro comunitário, mostra como a cobertura é deslocada das lajes dos ambientes e funciona para que o vento consiga entrar mais facilmente no equipamento, através de uma ventilação passiva e sombreando espaço do pátio central comum às duas edificações.
Figura 7.50 – Corte da escola e centro comunitário
Fonte: Planta de corte feita pela autora (2020).
Figura 7.51 – Corte da escola e centro comunitário
Fonte: Planta de corte feita pela autora (2020).
O fechamento geral do equipamento é feito por cobogós ecológicos, demonstrado nas figuras 7.52, 7.53, 7.54 e 7.55, que correspondem as fachadas norte, sul, leste e oeste respectivamente.
Figura 7.52 – Fachada norte da escola e centro comunitário
Fonte: Fachada norte feita pela autora (2020).
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Figura 7.53 – Fachada sul da escola e centro comunitário
Fonte: Fachada sul feita pela autora (2020).
Figura 7.54 – Fachada leste da escola e centro comunitário
Fonte: Fachada leste feita pela autora (2020).
Figura 7.55 – Fachada oeste da escola e centro comunitário
Fonte: Fachada oeste feita pela autora (2020).
Na figura 7.56 se observa a cobertura das escola e centro comunitário, que se complementam e, além de sombrear os ambientes dos equipamentos, gera uma grande área de sobra no pátio aberto, possibilitando o uso durante o dia, o material utilizado nessa cobertura é a telha tetra pak, que além de ser produzida com a reciclagem de embalagens que seriam destinados aos lixões, elas tem propriedades de redução de até 90% a temperatura ambiente e ruídos, por serem mais leves e resistentes precisam de estrutura mais simples, diminuindo assim um custo da obra, nesse projeto optamos por uma estrutura metálica para receber o telhado.
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Figura 7.56 – Planta de coberta da escola e centro comunitário
Fonte: Planta baixa feita pela autora (2020).
Nas maquetes eletrônicas da Escola de Ensino Infantil e Centro Comunitário são demonstrado o estudo de insolação, figura 7.57, observa-se o sombreamento às 8 horas e na figura 7.58 às 16 horas do dia 21 de junho. Na figura 7.59, o sombreamento às 8 horas e na figura 7.60 às 16 horas do dia 22 de dezembro.
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Figura 7.57 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário às 8 horas do dia 21 de junho
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
Figura 7.58 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário às 16 horas do dia 21 de junho
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
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Figura 7.59 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário às 8 horas do dia 22 de dezembro
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
Figura 7.60 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário às 16 horas do dia 22 de dezembro
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
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Nas figuras 7.61, 7.62 e 7.63, é demonstrado através de maquete eletrônica a escola e centro comunitário, bem como os materiais utilizados e como se comporta a diferente altura da coberta principal relacionado aos ambientes e a laje cascaje usado nos ambientes e que funciona como mais um captador dos ventos facilitando mais ainda ventilação cruzada e a entrada de iluminação natural. Figura 7.61 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
Figura 7.62 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
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Figura 7.63 – Maquete eletrônica da escola e centro comunitário
Fonte: Maquete eletrônica feita pela autora (2020).
7.5.4 Fossa de Evapotranspiração
Para o tratamento das águas negras da habitação, foi escolhido para esse projeto a Fossa de Evapotranspiração, também conhecida como fossa BET ou fossa de bananeiras. Neste sistema, o retorno da água para a natureza se dá através do vapor transpirado pelas folhas das bananeiras, junto com as bactérias que vivem e se multiplicam no esgoto, se alimentando dele e transformando-o, evitando completamente a contaminação do solo e gerando alimentos para os moradores. A construção da fossa de evapotranspiração se dá a partir de um tanque impermeável feito de alvenaria, distante a pelo menos 2 metros da habitação e 10 metros de poços artesanais e em uma área plana que receba bastante sol e ventilação. O cálculo do seu tamanho é feito a partir da quantidade de pessoas da habitação, para cada pessoa se multiplica 1,5 m2 de área e a profundidade da bacia deve ser de 1,50m, para preencher o tanque é colocado os matérias em camadas na seguinte ordem, na primeira coloca pneus e entulho, depois vem uma camada de 30cm de brita, depois areia grossa e por último a camada de terra onde são plantadas as bananeiras, nas figuras 7.64, 7.65, 7.66 e 7.67, é demonstrado em vista e corte como funciona o projeto da Fossa de Evapotranspiração.
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Figura 7.64 – Planta baixa da Fossa de Evapotranspiração
Fonte: Planta baixa feita pela autora (2020).
Figura 7.65 – Vistas da Fossa de Evapotranspiração
Fonte: Vistas feita pela autora (2020).
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Figura 7.66 – Corte da Fossa de Evapotranspiração
Fonte: Corte feito pela autora (2020).
Figura 7.67 – Corte da Fossa de Evapotranspiração
Fonte: Corte feito pela autora (2020).
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7.5.5 Jardim Filtrante
Complementando o sistema de saneamento básico da habitação, foi proposto um projeto de Jardim Filtrante, que faz a filtragem da água provenientes das pias, tanques e chuveiros, chamada de água cinza, e que são filtradas através de um sistema de brita, areia e plantas macrófitas aquáticas, como taboa, papiros, inhame, copo-de-leite e lírio-do-brejo, e, após essa filtragem, essa água será utilizada na irrigação da agricultura familiar desenvolvida pelos moradores da habitação, fornecendo alimentos para o consumo com também excedentes para a comercialização e gerando renda para a família. Para a instalação do Jardim Filtrante, é preciso fazer um tanque com 50 cm de profundidade e impermeável com 2 m2 por morador e que ele seja mais comprido do que largo para que o sistema seja mais eficiente. Nas figuras 7.68, 7.69 e 7.70, é demonstrado o jardim filtrante em planta baixa, corte e vista, para o entendimento de como funciona o projeto.
Figura 7.68 – Planta baixa do Jardim Filtrante
Fonte: Planta baixa pela autora (2020).
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Figura 7.69 – Corte do Jardim Filtrante
Fonte: Corte feito pela autora (2020).
Figura 7.70 – Vista do Jardim Filtrante
Fonte: Vista feita pela autora (2020).
7.5.6 Biodigestor Rural
Com intuito de promover a geração de gás de cozinha para a habitação de uma forma sustentável, foi pensando para esse projeto a construção de um biodigestor rural, que além da produção do biogás, uma mistura de gás metano e gás carbônico, é produzido também biofertilizante, um adubo natural que melhora a característica e a produtividade do solo, todos esses produtos finais são resultados da decomposição da matéria orgânica gerada pelos animais da propriedade. O biodigestor rural desse projeto é composto por uma câmara de fermentação circula de alvenaria com uma cúpula de caixa d’água, onde o gás é armazenado e então direcionado para o consumo através de uma tubulação feita de canos de pvc, uma caixa de carga, onde é colocado a matéria orgânica, e uma caixa de descarga, para a saída do biofertilizante. Nas figuras 7.71, pode ser observado o projeto para construção do biodigestor rural.
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Figura 7.71 – Biodigestor Rural
Fonte: Imagem feita pela autora (2020).
7.5.7 Composteira de Anéis de Concreto
O processamento do lixo orgânico gerado pelos moradores da habitação será tratado através da compostagem, que transforma esses resíduos em um produto denominado composto, que por sua vez é utilizado na agricultura desenvolvida na propriedade. Esse tipo processo evita que esses resíduos sejam destacados de forma errada e contaminem o solo. O processo de compostagem se dá através da decomposição da matéria orgânica com ajuda de seres detritívoros e decompositores, nesse caso utilizando minhocas californianas pois elas têm maior capacidade de adaptação as condições de cativeiro e a alta produção orgânica. O projeto desse tipo de composteira é feito a partir de 3 anéis de concreto préfabricados, com diâmetro de 1 m e 50 cm de altura, empilhados, como mostra figura 7.72 e separados por laje perfurada e telas no qual o anel próximo ao solo serve como deposito do chorume resultado do processo final da compostagem e é um rico fertilizante natural, no segundo anel são colocadas as minhocas com terra e o primeiro onde se coloca os resíduos orgânicos misturando com um fina camada de terra, como mostra a figura 7.73, as minhocas conseguem transitar livremente entre os anéis acelerando assim o processo de compostagem.
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Figura 7.72 – Vista da Composteira de Anéis de Concreto
Fonte: Vista feita pela autora (2020).
Figura 7.73 – Corte da Composteira de Anéis de Concreto
Fonte: Corte feito pela autora (2020).
7.5.8 Cisterna de Placa para Armazenamento da Água da Chuva
Com a finalidade de armazenar água da chuva para o consumo da família, essa água é captada através do telhado da casa, conduzida por calhas que direciona a água até a cisterna. A cisterna de placas tem forma cilíndrica e semienterrada aproximadamente dois terços da sua altura para garantir a segurança da sua
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estrutura, além disso ela é coberta para evitar a poluição e evaporação da água armazenada. A vantagem desse tipo de cisterna é o baixo custo e a facilidade da sua construção pelos moradores da comunidade por se tratar de um conhecimento vernáculo transmitido entre gerações.
7.5.9 Catavento Rotor Savonius
Uma outra alternativa de baixo custo utilizada nesse projeto para recalcar a água para caixa d’água da habitação, e proporcionar aos moradores a facilidade da água encanada, como também para facilitar a utilização da água no jardim filtrante na plantação, é o Catavento Rotor Savonius que tem uma simplicidade na sua fabricação em relação aos convencionais, pois utiliza um barril de óleo vazio para sua fabricação e tem a vantagem de não precisar se reorientar quando a direção do vento muda, como se vê nas figuras 7.74, 7.75 e 7.76 a sua utilização. Figura 7.74 – Planta Baixa Catavento Rotor Savonius
Fonte: Planta baixa feita pela autora (2020). Figura 7.75 – Corte Catavento Rotor Savonius
Fonte: Planta baixa feita pela autora (2020).
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Figura 7.76 – Vista Catavento Rotor Savonius
Fonte: Vista feita pela autora (2020).
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8 CONCLUSÃO
O projeto parte da intenção de mudar uma comunidade a partir das resoluções de seus problemas mais básicos, como moradias insalubres, até as mais complexas, como a autossuficiência e geração de renda por meio da terra e dos recursos naturais dispostos. Através da realização de pesquisas e práticas, foi possível unir a arquitetura com outras disciplinas, como a permacultura, e desenvolver esta proposta. Neste percurso, mostrou-se possível transformar as realidades daqueles que vivem esquecidos pelos poderes públicos, por meio de estudos e projetos simples, desde que sejam desenvolvidos pensando nas pessoas, em suas questões sociais e no meio ondem vivem. O arquiteto e urbanista é capaz de proporcionar essa transformação quando percebe que a interdisciplinaridade é fator de grande relevância ao se pensar a mudança da comunidade carente por meio da utilização dos recursos naturais de que ela dispõe.
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REFERÊNCIAS
ABNT (1989). NBR 10647 – Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT (2015). NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT (2013). NBR 15575 – Desempenho de edificações habitacionais. Associação Brasileira de Normas Técnicas. CÓDIGO DE OBRA E PSOTURAS DE QUIXADÁ (2000). – Medidas mínimas para habitações de interesse social e casas populares. LEI N0 TITULO VII – ANEXO 2000. DIAS, NELSON. Permacultura para organizações e casas ecológicas. Ed.Instituto Pindorama, 2016. ARCHDAILY. "Escola Secundária Lycee Schorge / Kéré Architecture " [Lycee Schorge Secondary School / Kéré Architecture ] 15 Jan 2018. ArchDaily Brasil. Acessado 01 Mai 2020. <https://www.archdaily.com.br/br/886981/escola-secundaria-lycee-schorge-kerearchitecture> ISSN 0719-8906 DIAS, NELSON. Permacultura para organizações e casas ecológicas. Ed.Instituto Pindorama, 2016. JOURDA, FRANÇOISE-HÉLÉNE. Pequeno manual do projeto sustentável. Ed. G. Gill, Barcelona, 2013. MASCARÓ, LUIS JUAN. Sustentabilidade em urbanizações de pequeno porte. Ed. Masquatro, Porto Alegre, 2010. BOZZA, SILVANA BIGHETTI. Criando espaço e projetos saudáveis. Ed. Manole, Baureri, 2016. FAVERO, MAECOS. Projeto Jamaraquá – sustentabilidade e arquitetura no Tapajós. Ed. Contra Capa, Rio de Janeiro, 2012. LENGEN, JOHAN VAN. Manual do arquiteto descalço. Ed. B4 Editores, 2014. LEITE, CARLOS. Cidades sustentáveis cidades inteligentes. Ed. Bookman, 2012. CORBELLA, OSCAR. Manual de arquitetura bioclimática tropical para redução de consumo energético. Ed. Revan, 2010. KWOK, ALISON. Manual de arquitetura ecológica. Ed. Bookman, 2013.
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APÊNDICE
Questionário de pesquisa elaborada pela autora desse projeto e aplicada com moradores da comunidade Coqueirinho nos dias 7 e 8 de março de 2020, com o intuito de fazer o levantamento quantitativo dos moradores, figuras 9.1, 9.2 e 9.3. Figura 9.1 – Questionário de pesquisa aplicado aos moradores da comunidade.
Fonte: Questionário de pesquisa feito pela autora (2020).
132
Figura 9.2 – Questionário de pesquisa aplicado aos moradores da comunidade.
Fonte: Questionário de pesquisa feito pela autora (2020).
133
Figura 9.3 – Questionário de pesquisa aplicado aos moradores da comunidade.
Fonte: Questionário de pesquisa feito pela autora (2020).