Revista PUR - Especial Jacarecanga

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Nº1 Memórias de Jacarecanga

Cultura

Insfraestrutra

Morfologia urbana

Da elite do início do século XX ao subúrbio do século XXI.

A resistência e a força do Maracatu.

Análise do conjunto de serviços básicos indispensáveis do bairro em comparação à Fortaleza.

Um olhar sobre o bairro Jacarecanga.

PUR. revista

planejamento urbano regional

outubro de 2019

especial

JACARE CANGA




EDITORIAL

A Revista PUR é uma publicação feita por alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estácio na cidade de Fortaleza – Ceará, campus Centro. Produzida para a disciplina de Planejamento Urbano e Regional, ministrada pela Professora M.ª Simone M. Mendes e o Professor Dr. Itamar Frota.

Editorial A Revista PUR foi feita para apresentar nossa pesquisa que abordara grandes conflitos urbanos que acontecem na região de Jacarecanga, bairro de Fortaleza, capital do estado do Ceará. Através de um diagnóstico e análise geral feita com os resultados encontrados na pesquisa urbanística aos diversos impactos que eles causam na paisagem. Foi feito um apanhado histórico e todos os seus condicionantes. No Jacarecanga encontramos grandes edifícios de valores históricos e você fará um passeio pela história da nossa cidade, também encontrará dados dos apectos ambientais, uso e ocupação do solo, mobilidade, acessibilidade e habitações de interesse social. Diante disso este projeto possibilita o planejamento de um instrumento com uma OUC – Operação Urbana Consorciada, retomando atividades que trarão mais vida para esse lugar. Equipe.

Cidade: Fortaleza Campus: Centro Curso: Arquitetura e Urbanismo Coordenadora: Aline Cancela Professores: M.ª Simone M. Mendes Dr. Itamar Frota Disciplina: Planejamento Urbano Regional Equipe: Aryane Mota Bruna de Oliveira Izabely Lopes Lucas da Silva Karla de Aquino Michaele Queiroz Rossini Barbosa Projeto gráfico e diagramação: Karla de Aquino Fotos: Créditos nas respectivas páginas, ao longo da edição.

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SUMÁRIO

Sumário 05 - JACARECANGA, LOCALIZAÇÃO E LIMITES. 07 - CAPA: Memórias de Jacarecanga. 09 - CAPA: Principais momentos de transformação da região. 13 - CAPA: Patrimônio arquitetônico, um dos grandes bens do Jacarecanga. 16 - CULTURA: A resistência e força do Maracatu. 16 - CULTURA: Hoje tem festa no bairro. 16 - CULTURA: É dia de feira. 18 - JACARECANGA EM NÚMEROS. 19 - INFRAESTRUTURA: Infraestrutura urbana. 22 - ASPECTOS AMBIENTAIS. 28 - MOBILIDADE URBANA. 33 - LEITURA DO ESPAÇO URBANO. 43 - MERCADO IMOBILIÁRIO. 45 - MORFORLOGIA URBANA. 48 - HISTÓRIA: Avenida Leste Oeste. 50 - ASPECTOS DE (DES)URBANIDADE. 54 - HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL – HIS. 59 - LEGISLAÇÃO. 61 - CURIOSIDADES DE JACARECANGA: Religiosidade. 61 - CURIOSIDADES DE JACARECANGA: Sucata Chico Alves. 62 - CURIOSIDADES DE JACARECANGA: Histórias e memorias de uma bela época.

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LOCALIZAÇÃO E LIMITES

Jacarecanga, localização e limites

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LOCALIZAÇÃO E LIMITES

Bairro inserido na Secretaria Regional II na cidade de Fortaleza Fortaleza, Capital do Estado do Ceará Brasil, fazendo limite ao norte com o Oceano Atlântico, ao sul com o bairro Farias Brito e Monte Castelo, ao oeste com o bairro Carlito Pamplona e Pirambu, ao leste com o bairro Centro e Moura Brasil, tendo como limites as seguintes ruas: Av. Filomeno gomes, Av. Duque de Caxias, Av. José Jatahy, Av. Sargento Hermínio, Rua Joaquim Lino, Rua Naturalista Feijó, Rua Padre Anchieta, Av Tenente Lisboa, Rua Santa Rosa e Av. Leste Oeste.

Legenda Regionais Fortaleza Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

SER-I SER-II SER-III SER-IV SER-V SER-VI

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Sercefor


CAPA - MEMร RIAS DE JACARECANGA

Memรณrias de Jacarecanga Imagem: Banco de imagens Freepik - setembro 2019.

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CAPA - MEMÓRIAS DE JACARECANGA

Atualmente quem passa pelo bairro Jacarecanga que em sua grande maioria é dominado pelo comércio e pelo descaso, não imagina a grande riqueza que essa região representava para fortaleza no começo do século XX. Passar pelo o cruzamento da avenida Francisco Sá com a Filomeno Gomes é ver a diferença espacial entre o passado e o presente, as grandes casas antigas disputam o espaço com prédios e vários estabelecimentos comercias.

Foto de acervo.

O surgimento do bairro Jacarecanga se inicia as margens do riacho que leva o mesmo nome do bairro que começou a ser povoado por sítios e chácaras que continham muitas áreas arborizadas, era uma área muito utilizada como lugar de

veraneio para a elite fortalezense. Nessa época o centro da cidade foi transformado de bairro residencial para bairro misto, com vários comércios e serviços. Essa mudança começou a incomodar os burgueses que ali moravam, acontecendo uma segregação voluntária para o bairro vizinho tornando-o um dos principais locais de moradia dessas famílias que queriam se resguardar do crescimento e aglomeramento de atividades comerciais. Esses burgueses foram os principais responsáveis pelo processo de desenvolvimento e embelezamento do bairro, pois ao chegarem nele, realizavam encomendas de plantas específicas de diferentes tipos arquitetônicos para suas casas, o que dava uma maior diversidade para o lugar e também uma demonstração de posse.

Com a chegada da Ferrovia e a Oficina da rede Viação Cearense atraíram pessoas interessadas em trabalhar nesses locais, como também outras fábricas e estabelecimentos começaram a se instalar no bairro se estendendo até a Barra do Ceará. Em 1929 houve um crise nos Estados Unidos, um dos dos maiores exportadores de algodão da época, ocasionando a quebra da exportação do algodão Americano, dando assim, ao Brasil a chance de exportar algodão, com isso em Fortaleza surgiram estabelecimentos comerciais de grande porte para suprir a manufatura do algodão para exportação. Por outro lado a seca e o agravamento agrário no sertão cearense tiveram como consequência a mudança de diversas pessoas para a capital surgindo as primeiras favelas, onde grande parte se instalou na Jacarecanga, fazendo com que os burgueses que ali moravam se incomodassem com a vizinhança, mudando então para o Bairro Aldeota.

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Passar pelo o cruzamento da avenida Francisco Sá com a Filomeno Gomes é ver a diferença espacial entre o passado e o presente. Fonte: Anuário do Ceará e site Fortaleza Nobre.


CAPA - MEMÓRIAS DE JACARECANGA

Principais momentos de transformação da região

1875 Imagem 01 - Planta Topográfica da Cidade de Fortaleza.

Imagem 02 - Boulevard da Duque de Caxias.

Plano de expansão de Fortaleza de autoria do Adolpho Herbsrter que considerava a interligação entre o riacho Jacarecanga e o Pajeú, através da avenida Duque de Caxias. A oeste têm-se a demarcação de áreas de proteção ambiental às margens do riacho Jacarecanga.

Fonte: Anuário do Ceará e site Fortaleza Nobre. Imagem 01: Anuário do Ceará. Imagem 02: Arquivo Nirez.

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CAPA - MEMÓRIAS DE JACARECANGA

A sesmaria levou o nome de Jacarecanga do Tupy Guarani, Cabeça de Jacaré. A história narra que os indígenas faziam canoagem e diziam: “Vamos para a cabeça do Jacaré”, que era o morrinho no centro das águas do riacho.

Imagem 03 - Ponto sobre o Riacho Jacarecanga.

Imagem 04 - Construção da residência família do advogado Raimundo Pinheiro de Melo.

1915 à 1920

1915 a 1920: Surgimento do bairro Jacarecanga com a ida dos mais abastados para região que estavam fugindo dos espaços urbanos populares, já que após a seca do início do século XX houve muitas migrações para a cidade.

Fonte: Anuário do Ceará e site Fortaleza Nobre. Imagens 03 à 07: Arquivo Nirez.

Imagem 05 - Casa Thomaz Pompeu Sobrinho.

1924

Imagem 06 - Ferrovia e Imagem 07 - Fábrica de Tecidos São José.

1930

A casa de Thomaz Pompeu Sobrinho foi uma das principais construções do bairro. Hoje abriga a Escola de Artes e Ofícios do Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC).

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Implantação da ferrovia e primeiras instalações fabris do bairro, logo depois a ocupação da região por operários e mudança dos abastados para o bairro Aldeota.


CAPA - MEMÓRIAS DE JACARECANGA

Principais momentos de transformação da região

Imagem 08 - LICEU.

Imagem 09 - Estação de tratamento de esgoto.

1935

1970

Imagem 08: Arquivo Nirez. Imagem 09: arquivo do Jornal O Povo.

Construído o Prédio do Liceu do Ceará.

Construção da estação de tratamento de esgoto na praia de Jacarecanga.

Causas e consequências para estrutura urbana atual e agentes envolvidos no processo: 11


CAPA - MEMÓRIAS DE JACARECANGA

A produção do espaço é resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço, através dos objetos naturais e artificiais. Cada tipo de paisagem é a reprodução de níveis diferentes de forças produtivas, materiais, pois conhecimento também faz parte do rol das forças produtivas. Milton Santos - 1988

Imagem 10 - Ruínas de antiga fábrica.

Imagem 11 - Centro Fashion.

1980 à 1990

2016

1

A saída dos mais abastados do bairro para a Aldeota da década de 30 deixou muitos palacetes neoclássicos e ecléticos abandonados.

2

A mudança das fábricas para região metropolitana também deixou bastantes vazios urbanos.

Construção do Centro Fashion em antigo terreno da antiga fábrica Filomeno Gomes, levando bastante fluxo para o bairro.

3

A ocupação de pessoas à margem do riacho Jacarecanga desde a época da seca trouxe consequências ambientais, como assoreamento e poluição do riacho.

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Novos imóveis comerciais e residenciais se misturam ao que foi deixado para trás no século XX.

Imagem 10: arquivo do Jornal Diário do Nordeste. Imagem 11: acervo do Centro Fashion.

Política pública de desindustrialização da zona oeste para regiões metropolitanas de Fortaleza.


CAPA - MEMÓRIAS DE JACARECANGA

Patrimônio arquitetônico, um dos grandes bens do Jacarecanga Entende-se por Patrimônio Cultural, o conjunto de bens materiais e imateriais que fazem parte da cultura de determinado povo. A cultura por sua vez é construída através das gerações num processo de transmissão de significados, conhecimentos, crenças e modo de viver. Ao tratarmos de patrimônio cultural, destaca-se sua função e referências à identidade, à ação e à memória de diferentes grupos sociais. Este, materializado na forma de construções, mantém vivo todo caráter intelectual e cultural de civilizações anteriores, pois se torna testemunho vivo e tangível de períodos passados.

Bens declarados de relevante interesse cultural: Conjunto urbano do bairro Jacarecanga - Decreto nº 13.033/2012. Título que até então só a Praia de Iracema sustentava, por conta do valor histórico do bairro para a cidade o processo foi aceito. Bens tombados pelo município: 01. Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do estado do Ceará. Rua Oto de Alencar, 215. Bens em processo de tombamento provisório: 02. Bangalô de Aristides Capibaribe – Processo nº 0679/2007. Av. Filomeno gomes, 742 03. Vila Filomeno - Processo nº 19538/2012. Av. Francisco Sá, 1743, 1743 a, 1743 b, 1771, 1771 a e 1771 b. 04. Casa do Acrísio Moreira - Processo nº 19562/2012. Rua São Paulo, 1889. 05. Prédio na avenida Francisco Sá - Processo nº 11959/2012. Av. Francisco Sá, 2235. 06. Colégio Liceu do Ceará. Praça Gustavo Barroso, 1. Apesar de ser do bairro centro, por estar nos limites do bairro jacarecanga e ter um sentimento de pertencimento dos moradores locais, foi vista a

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importância de citar o colégio na lista.

02 04 07

Bens tombados pela COEPA – Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do

03

Ceará.

01 06

07. Casa de Thomaz Pompeu Sobrinho - Número do tombamento: nº 027. Av. Francisco sá, nº 1801. uso atual: Escola de Artes e Ofícios Thomaz Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

500

Fonte: Anuário do Ceará, Fortaleza em Mapas e Acervo Digital de Fortaleza.

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Pompeu Sobrinho.


CAPA - MEMÓRIAS DE JACARECANGA

01 03

05

02

06

04

07

Imagens: Acervo Digital de Fortaleza - fotos feitas em 2012.

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CULTURA

Imagem: Acervo do Jornal O Povo.

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CULTURA

A resistência e força do Maracatu

velhos, pajens, tiradores de loas e batuqueiros, em reverência à uma rainha negra e sua corte real. No Ceará, o povo caboclo usa uma mistura de fuligem, talco, óleo infantil e vaselina em pasta para tingir o rosto de negro. O Maracatu Az de Ouro foi criado em 1936, por Raimundo Feitosa e seus irmãos Zé Nequinho e Alcides. Hoje, com mais de 70 anos de história na cultura popular cearense, o grupo já participou de eventos como “Mestres do Mundo” e “Mostra SESC Cariri das Artes”.

Imagem: Acervo do Jornal O Povo.

O Maracatu é a mais tradicional dança dramática de origem afrodescendente presente na cultura do povo cearense, configurando um cortejo formado

por baliza, porta-estandarte, índios brasileiros e nativos africanos, negras e baianas, negra da calunga, negra do incenso, balaieiro, casal de pretos

Hoje tem festa no bairro

Além do carnaval, as festas juninas (com suas fogueiras e quermesses), as celebrações do Dia dos Reis, as novenas e as procissões eram exemplos da efervescência das ruas de Jacarecanga, que reuniam os seus habitantes em mesmos ritos e das mesmas tradições. Vale observar que essas festas produziam o encontro das mais diversas camadas sociais, fato demonstrativo de vitalidade do Bairro. Além das festas, os largos recebiam os circos, que apareciam periodicamente em Jacarecanga, para a alegria da criançada.

Na Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho, acontece sazonalmente o projeto Fuxico da Escola, uma feira de produtos criativos feitos por alunos e ex-alunos da instituição, em sua maioria jovens estudantes de escola pública, e também de artesãos locais, promovendo geração de renda e valorização dos bens culturais do Estado. Na Praça Gustavo Barroso (Praça do Liceu) às quintas, sextas e sábados, acontecem as feiras noturnas com a venda de comidas típicas, realizada pelos próprios moradores do bairro, o que traz mais vida ao bairro.

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Imagem: Acervo do Jornal Diário do Nordeste.

É dia de feira


JACARECANGA EM NÚMEROS

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JACARECANGA EM NÚMEROS

Jacarecanga em números BAIRRO

CIDADE

JACARECANGA

FORTALEZA

População: 14.204 54,44%

População: 2.669.342 53,19% 46,81%

45,56%

7.732 mulheres

6.472 homens

1.304.267 mulheres

6,2%

0-4 anos 5-14 anos

1.147.918 homens

6,9%

0-4 anos

20,2%

5-14 anos

15,8% 70,9%

15-64 anos

70%

15-64 anos

65+ anos

9,8%

65+ anos

6,4%

Analfabetismo: 13,7%

Analfabetismo: 8,6%

Salário médio: R$ 649,33

Salário médio: R$ 2694,60

IDH: 0.448

IDH: 0.754

Segundo o IPECE, o bairro Jacarecanga possui a segunda pior classificação em relação ao valor do rendimento nominal médio mensal por pessoas com idade acima de 18 anos. A média salarial no bairro é de R$ 649,33 mensais. Dentre os 119 bairros de Fortaleza, o Jacarecanga está na 46ª colocação por valor de renda mensal. O baixo poder aquisitivo da população do bairro tem influência direta sobre a segregação que aconteceu no bairro por volta do final dos anos 40, em que as famílias abastadas mudaram para a zona leste da cidade, permanecendo na região as famílias de baixa renda.

Fonte: IBGE Censo 2016, Fortaleza em Mapas e População.net.

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INFRAESTRUTURA

Infraestrutura urbana

Análise do conjunto de serviços básicos indispensáveis do bairro Jacarecanga e Fortaleza.

BAIRRO

CIDADE

JACARECANGA

FORTALEZA

Esgotamento sanitário: 86,11%

Esgotamento sanitário: 74%

Energia elétrica: 99,35%

Energia elétrica: 74%

Abastecimento de água: 82,77%

Abastecimento de água: 98,59%

Segurança: média anual de roubos 422

Segurança: média anual de roubos 5.112

O bairro possui 86,11% de seus domicílios com esgotamento sanitário, a possibilidade de existir mais de 10% das casas sem saneamento básico traz preoucupação em relação a salubridade das residências e áreas próximas. Também foi constatado que o abastecimento de água através da CAGECE chega a 82,77% das residências e que a distribuição de energia chega a 99% das casas. A coleta de lixo chega a 98,73% das casas. Podendo ser constatado que existe pelo menos 2% das moradias sem acessos a serviços básicos. Os índices significativos de furto em Jacarecanga nos faz perceber que roubos e furtos ocorrem também em áreas mais centrais, percebemos isso comparando o índice de roubos médio do bairro com o índice da própria regional que o bairro está inserido. A sensação de insegurança é sentida tanto pelos os moradores como por quem frequenta ocasionalmente o bairro. Fonte: IBGE Censo 2016, Fortaleza em Mapas e População.net.

Por conta dos vários movimentos de entrada e saída do bairro, hoje ele se apresenta como uma mistura do antigo e do novo, as casas antigas que ainda permanecem estão em estado de degradação, os novos comércios e prédios residenciais destoam na paisagem local, principalmente por conta do gabarito. As calçadas na maioria das ruas estão em mal estado, existe muita poluição visual causada principalmente por fios e postes de forma desordenada, existem ruas bastante estreitas e desordenadas, consequência da ocupação que existe desde a época das instalações de fábricas. Uma das únicas áreas de lazer que existe, a praça do Liceu foi restaurada há pouco tempo, mas até então tinha bancos quebrados, equipamentos pichados e sem manutenção. O bairro necessita de melhorias na iluminação pública, desobstrução das ruas e reforma das calçadas.

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INFRAESTRUTURA

Moradia adequada é mais do que um teto sobre a cabeça. Também significa privacidade adequada, espaço adequado, acessibilidade física, segurança adequada, segurança da posse, estabilidade estrutural e durabilidade, iluminação, aquecimento e ventilação adequados, infraestrutura básica adequada, como equipamentos de água, esgoto e coleta de lixo, qualidade ambiental e fatores relacionados à saúde apropriados, bem como a localização adequada e acessível ao trabalho e outros equipamentos básicos: tudo isso deve estar disponível a custos acessíveis. A adequação deve ser determinada conjuntamente com a população em questão, tendo em mente a perspectiva para o desenvolvimento gradual. Agenda Habitat, parágrafo 60.

Imagens de arcevo.

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ASPECTOS AMBIENTAIS

Imagem de arcevo.

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ASPECTOS AMBIENTAIS

Aspectos ambientais

temos maior concentração de chuva durante os seis primeiros meses do ano, representando mais de 90% do total precipitado ao longo do ano, com picos de precipitação nos meses de março e abril. Em se tratando de temperaturas, temos intensa insolação que associada à latitude proporciona temperaturas constantes no decorrer do ano. As temperaturas normalmente altas tem uma média anual em torno de 27° C.

500

24,5

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

0

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

RELAÇÃO PRECIPITAÇÃO E EVAPORAÇÃO PARA A CIDADE DE FORTALEZA - FUNCEME 2006

0

PLUVIOMETRIA ANUAL - FUNCEME 2006

Imagem de arcevo.

TEMPERATURAS MÉDIAS ANUAIS - FUNCEME 2006

04

50

02

25

00

1000

96

100

94

1500

25,5

92

2000

150

90

200

26

88

26,4

86

2500

84

3000

250

82

300

27

80

27,5

78

EVAPORAÇÃO

76

PRECIPITAÇÃO

350

74

Em relação ao sistema pluvial, o bairro da Jacarecanga segue o padrão de Fortaleza comum a boa parte do Nordeste brasileiro. Sendo assim,

Hidrografia

No que se refere às bacias hidrográficas, Jacarecanga está inserido dentro da bacia de vertente marítima. Esta é a única bacia hidrográfica totalmente inserida no município de Fortaleza, e compreende a faixa de terra localizada entre a desembocadura dos Rios Cocó e Ceará. Os principais recursos hídricos que fazem parte dessa bacia são os Riachos Jacarecanga, Pajeú, Maceió e a Lagoa do Papicu.

zero da cidade de Fortaleza, no entanto, o recurso carece de atenção de políticas públicas visando sua preservação e manutenção, de maneira adequada. Para os moradores e frequentadores do bairro é notável os problemas enfrentados pelo Riacho, que é considerado uma Área de Preservação Permanente (APP). Como definição para o Riacho Jacarecanga que mede cerca de 10 metros de largura, devem constar cerca de 30 metros a partir de cada lado como Área de Proteção Permanente (Código Florestal, 2012). Atualmente, é possível notar o uso desordenado ao longo do curso do rio. São diversas construções e avanços nas margens do riacho canalizado que, com tanto lixo a quantidade de água que circula não é suficiente para escoá-lo.

Todos estes recursos hídricos sofrem intensa influência do adensamento urbano, com soterramento e estreitamento de seus cursos e soluções de drenagem por vezes inadequadas e comprometedoras, por estarem em áreas ocupadas de alta densidade. O riacho Jacarecanga é considerado um marco Fonte: Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor), Manual de Arborização Urbana de Fortaleza, Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), Código Florestal Brasileiro - Lei Nº 12.651/2012, Fortaleza em Mapas e Inventário Ambiental de Fortaleza.

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ASPECTOS AMBIENTAIS

Aspectos ambientais A vegetação presente na área corresponde à geomorfologia dos tabuleiros e não se apresenta homogênea, principalmente se analisada sob o ponto de vista fisionômico. Existem duas feições distintas: Subperenifólia e Caducifólia. A vegetação Subperenifólia está situada principalmente nas áreas próximas ao litoral recobrindo Argissolos Vermelho-Amarelos Distróficos e Neossolos Quartzarênicos. É constituída por espécies de porte arbóreo/arbustivo.

invasoras e proibidas no município, de acordo com o Manual de Arborização Urbana de Fortaleza. Algumas dessas espécies proibidas são: Nim, Ficus, Eucalipto, e plantas com espinhos. A Vegetação Subperenifólia de Tabuleiro tem características fisionômicas nas quais protege os solos da ação erosiva dos agentes externos. Entretanto, atualmente, encontra-se bastante degradada em decorrência do processo de urbanização da Cidade.

Na área de Jacarecanga, além de se tratar de uma região pouco arborizada, é possível encontrar o plantio de espécies classificadas como exóticas

Imagem de arcevo. Fonte: Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor), Manual de Arborização Urbana de Fortaleza, Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), Código Florestal Brasileiro - Lei Nº 12.651/2012, Fortaleza em Mapas e Inventário Ambiental de Fortaleza.

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ASPECTOS AMBIENTAIS

O relevo predominante no bairro Jacarecanga é plano, conforme o perfil encontrado no município de Fortaleza. A topografia do bairro é relacionada à bacia hidrográfica onde o mesmo se encontra, na qual podemos notar um pequeno desnível em direção ao mar, favorável ao escoamento das águas para o ocenao, mas sem partes íngremes que dificultem o adensamento da região.

Sistemas geoambientais

As áreas que compõem os tabuleiros pré-litorâneos. correspondem a terrenos firmes, estáveis, com topografias planas e solos espessos. Com relação à classificação dos solos da região temos como as seguintes características: • • • • • • • • •

Imagem de arcevo.

Relevo e solo

Os sistemas geoambientais relacionam os aspectos geológicos, geomorfológicos, pedológicos, fitogeográficos e hidroclimatológicos de determinados tipos de área. Apresentam como características principais a espacialidade e a dinâmica evolutiva, resultado das interações e relações de dependências entre os elementos constituintes. A cidade de Fortaleza está dividida em onze sistemas geoambientais, e a nossa área de estudo está compreendida dentro do sistema de Tabuleiros Pré-Litorâneos.

Argilosos vermelho-amarelo distróficos. Profundo a moderadamente profundo. Textura de média à argilosa. Solos bem drenados e acidez elevada. Neossolos quartzarênicos Arenosos. Geralmente profundos. Alta permeabilidade. Baixa fertilidade natural.

Os Tabuleiros Pré-Litorâneos, possuem um relevo predominantemente plano, com alguns pontos de elevações suave onduladas. Esse sistema favorece a ocupação da região. No entanto é necessário considerar alguns aspectos relacionados à Jacarecanga. O bairro conta com uma ZPA que define o riacho Jacarecanga como uma área de proteção permanente (Plano Diretor Participativo de Fortaleza, 2009). Dessa forma, é necessário considerar essa área como fundamental para o desenvolvimento do local. A situação de degradação do recurso hídrico é decorrente da intensa urbanização, sendo necessária admitir formas de amenizar impactos ambientais na região, sejam esses sociais e naturais. O riacho encontra-se canalizado, e a ausência de áreas permeáveis como matas ciliares prejudica o sistema, podendo acarretar alagamentos, dentre outras consequências. Assim, é fundamental a manutenção e reabilitação das áreas verdes.

Fonte: Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor), Manual de Arborização Urbana de Fortaleza, Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), Código Florestal Brasileiro - Lei Nº 12.651/2012, Fortaleza em Mapas e Inventário Ambiental de Fortaleza.

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ASPECTOS AMBIENTAIS

Áreas protegidas legalmente

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

500

Zona de Proteção Ambiental 1 - ZPA 1

Área de Preservação Permanente

Zona de Proteção Ambiental 2 - ZPA 2 Fonte: Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor), Manual de Arborização Urbana de Fortaleza, Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) e Fortaleza em Mapas.

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ASPECTOS AMBIENTAIS

Vegetação

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

500

Vegetação Fonte: Visita técnica e Google Maps.

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MOBILIDADE URBANA

Imagem de arcevo do Jornal O Povo.

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MOBILIDADE URBANA

A mobilidade no bairro Jacarecanga O bairro possui avenidas de grande porte, bem como ruas com caracterização local e algumas vias que coletam fluxos de outras vias. Impactam de formas positivas e negativas, pois trazem movimentação diária para o bairro. Porém as estruturas dessas vias são relativamente pequenas, se visto a quantidade de fluxos que elas recebem.

O bairro por se situar no intermédio de outros grandes bairros, possui avenidas de interligação como a Av. Francisco Sá, a Av. Presidente Castelo Branco e a Rua São Paulo que recebem os maiores fluxos advindos dos bairros vizinhos. A maior demanda acontece por veículos automotores, como carros, ônibus e motos.

Qualidade do sistema viário Algumas vias estão com um estado de preservação insatisfatório, dificultando a utilização de pedestres e veículos. Por possuir um grande fluxo diurno, o suporte das vias em horários de maior movimentação ocasiona diversos engarrafamentos para a região por não possuir dimensões suficientes. Fonte: Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor), Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), Fortaleza em Mapas e Visita técnica.

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Imagem de arcevo.

Estudo da hierarquização dos fluxos de veículos

Jacarecanga abriga diversos equipamentos que são responsáveis pela diversificação desses fluxos de veículos. Os espaços de comércio, como o Centro Fashion, cemitério, escolas e posto de saúde são caracterizados por gerarem um fluxo no período diurno movimentando transporte coletivo e deslocamento de pedestres. Possui uma grande universidade dentro do bairro que gera um fluxo noturno, se tornando um período de menos movimentação.


MOBILIDADE URBANA

Imagem de arcevo do Jornal Diário do Nordeste.

Tipos de transportes existentes no local Ônibus; Carros; Motos; Metrô. Houve também um aumento no fluxo de veículos não motorizados, como a bicicleta.

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

Faixa de pedestre

500

Parada de ônibus

Semáfaro

Fonte: Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor), Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), Fortaleza em Mapas e Visita técnica.

Faixa elevada

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Rampa de acesso

Circulação de transporte público


MOBILIDADE URBANA

Sistema existente

Com relação aos sistemas suficientes para mobilidade é possível constatar pequenos trechos de ciclofaixa e ciclovia, que não são ligadas às vias do bairro, como consequência não existem pontos para utilizar essas bicicletas, porque não há estimulo de utilização dessa mobilidade. As paradas de ônibus existentes no bairro são consideradas satisfatórias, porem elas não adentram às vias locais. Passeios para pedestres podem ser considerados com estado de degradação alto, possuindo dimensões não suficientes para uso de pessoas com mobilidade reduzida. Sistema de passagem para táxis existente no bairro, mas não com um ponto específico para essa mobilidade.

Hierarquia de fluxo de pedestres

Imagens de arcevo.

Na utilização dos passeios para pedestres, pode se observar um intenso uso e fluxo no entorno dos principais equipamentos. Geralmente essas pessoas fazem o trajeto de sair de vias locais para vias de maior fluxo com o intuito de utilizar transportes coletivos se dirigindo para bairros vizinhos em busca de lazer ou trabalho, vendo que o bairro não disponibiliza de equipamentos de recreação. Jacarecanga possui algumas vias próprias para pedestres que estão inseridas em ruas sem saída, ou em locais de assentamento precários que não tem a dimensão mínima para passagem de veículos.

Qualidade física calçada, revestimento, acessibilidade, conservação, segurança e iluminação.

Os passeios possuem diferentes níveis sendo em algumas áreas bem estreitos dificultando a passagem de pessoas, o lixo e a má pavimentação também são problemas que afetam o local fazendo com que os pedestres desviem seu caminho utilizando a faixa de rolamento. Geralmente os passeios que estão em melhores estados de conservação se situam nas principais avenidas dos bairros, e nas ruas que estão com equipamentos de grande relevância, e ainda assim não atendem a tamanhos mínimos, pavimentação corretas e dentre outros aspectos, para um melhor fluxo dos pedestres. O bairro possui quase 100% de presença de iluminação pública, com pontos específicos de precariedade nesse sistema.

Fonte: Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor), Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), Fortaleza em Mapas e Visita técnica.

30


MOBILIDADE URBANA

Hieraquização viária Nos aspectos funcionais de hierarquização viária, o mapa mostra uma predominância de vias locais com a presença de vias de maior porte que interligam os acessos ao bairro, que destinam os maiores fluxos de transportes, a exemplo da Av. Fransico Sá e Av. José Jatahy. A classificação foi orientada de acordo com o plano diretor de fortaleza que estabelece 3 tipo de vias que absorvem os fluxos necessários ao bairros: Via de ligação regional que absorve a maior parte dos fluxos e onde possui equipamentos de grande porte; Via estrutural I que absorve fluxos e equipamentos medianos; Via estrutural II que absorve fluxos locais.

Riacho Jacarécanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

500

Via expressa

Via arterial I

Via arterial II

Via local

Via coletora

Via comercial

Fonte: Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS).

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MOBILIDADE URBANA

Riacho Jacarécanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

500

Vias mais ultilizadas Sentido das vias

Fonte: Visita técnica e Google Maps.

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LEITURA DO ESPAร O URBANO

Leitura do espaรงo urbano

Imagem de arcevo.

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LEITURA DO ESPAÇO URBANO

Uso e ocupação do solo Como podemos observar no mapa, o Bairro Jacarecanga é bastante diversificado na sua ocupação de solo sendo predominantemente residência unifamiliar, desde o seu surgimento. Como em todos os bairros de Fortaleza, o processo de verticalização se estende cada vez mais. Prédios multifamiliares em sua maioria presentes nas principais avenidas que contornam o bairro, sendo uma delas a Av. Francisco Sá. É possível perceber pouca existência de quadras destinadas ao comércio, e que geralmente estão agregados à alguma residência unifamiliar ou multifamiliar,

para atender ao comércio local. Ainda é possível ver resquícios do passado, onde havia a destinação do uso do solo para fábricas e indústrias, mas com a criação do Bairro Industrial em Maracanaú, houve uma dispersão ocasionando lotes vazios ou abandonados. Principalmente onde está localizada a ZEIS do tipo I, há um grande desordenamento urbano e que gerou uma degradação do espaço do riacho, muitas dessas pessoas vivem à beira do riacho Jacarecanga.

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

500

Comercial

Vazios

Serviços

Residencial

Institucional

Lazer

Fonte: Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS).

Área de preservação

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LEITURA DO ESPAÇO URBANO

Equipamento de grande relevância O Bairro possui poucos equipamentos que gera grande fluxo, geralmente esse fluxo está interligado à questão da movimentação das pessoas de saírem do bairro pra ir ao trabalho. Alguns equipamentos que lá existem, como a UNIFAMETRO, o SENAI, o Colégio do Corpo de Bombeiros e o LICEU atraem pessoas diariamente de outros bairros interessadas em utilizar as instituições. Já o Centro Fashion gera

um fluxo de pessoas, tanto de outros bairros como de outras cidades, mas apenas em alguns dias da semana já que seu funcionamento não é diário. O fluxo se dá tanto com a utilização de transporte público como privado. Já os Correios trazem o interesse de um público mais local.

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

500

SENAI

Correios

LICEU

UNIFAMETRO

Colégio dos Bombeiros

Centro Fashion

Fonte: Visita técnica e Google Maps.

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LEITURA DO ESPAÇO URBANO

Centro Fashion recebe 240 mil pessoas por mês O Centro Fashion, em Fortaleza, se consolidou no mercado atacadista e varejista de confecções do Estado. A estrutura do prédio, que dá suporte logístico ao público, aliada aos preços de fábrica convidativos, tem agradado vendedores e compradores que, feira após feira, lotam o espaço e multiplicam as esperanças de bons negócios por entre os corredores do empreendimento. Em 2018 o público é de aproximadamente 240 mil pessoas por mês.

Contudo, conforme o diretor do Centro Fashion, Filomeno Neto, os principais visitantes que chegam ao espaço e conferem os produtos, que quase em sua totalidade são fabricados e vendidos por empresas cearenses, são oriundos das regiões Norte e Nordeste do País. "Nosso foco é no Norte e Nordeste, mas temos visitantes do Sul, Sudeste, Centro-Oeste. Temos hoje algumas cidades de onde as pessoas vem mais, como Belém, São Luiz, e Natal, e dos estados do Maranhão, Piauí e Bahia, além do interior do Ceará. Temos trabalhado para receber mais pessoas vindas do Espírito Santo, São Paulo, de Manaus", afirmou o gestor.

Imagens de arcevo do Centro Fashion.

Gente de todos os cantos do país vem à Fortaleza para fazer negócios no empreendimento, em funcionamento desde abril de 2017, na Avenida Filomeno Gomes, 430, bairro Jacarecanga. Abrigando atualmente 4.500 boxes em atividade mas com capacidade instalada para cinco mil espaços e potencial de crescimento para chegar a

8.400 - o equipamento tem sido visitado por compradores de todas as regiões do Brasil.

Além da economia gerada dentro do Centro Fashion, temos a geração de empregos informais que ocorrem ao redor do empreendimento, como é o caso do empregado público Ronaldo Castro, de 42 anos. Ele vende bolo de pote no entorno do estabelecimento. “Estive aqui ontem à noite com uma determinada quantidade de bolinhos e vendi tudo. Hoje, já estou quase zerando o estoque e pretendo voltar mais tarde”, disse o comerciante. Com todo esse movimento o trânsito fica intenso na avenida Filomeno Gomes, em frente ao Centro Fashion. Gerando grandes engarrafamentos, os Agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) ficam na região dando orientações aos motoristas, tentando controlar melhor o fluxo de veículos.

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LEITURA DO ESPAÇO URBANO

Adensamento e irregularidade da malha Esse crescimento populacional em algumas regiões geraram adensamentos ao longo do tempo, juntamente com a irregularidade da malha urbana. De acordo com o mapa, podemos observar que os

locais onde existem essas características é onde hoje possuem assentamentos precários, ou onde estão situadas as ditas favelas do bairro Jacarecanga.

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

500

Adensamento e irregularidade na malha urbana.

Fonte: Mapas Fortaleza, visita técnica e Google Maps.

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LEITURA DO ESPAÇO URBANO

Lotes tipologia e formas de ocupação Os lotes possuem uma variação de tamanho, sendo na sua maioria atestada, o mínimo que é exigida pela LUOS para a zona, que é em torno de 5 metros. Esses lotes são em formatos retangulares, adensados em fileiras. Já nos assentamentos

precários não conseguimos identificar um formato específico, pela grande existência de residências. Alguns lotes estão ocupados por antigas fabricas e industrias que hoje são abandonadas, e por instituições de grande relevância que ocupam os maiores lotes que circundam o bairro.

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

500

Lotes com até 5m de testada

Lotes acima de 10m de testada

Lotes com até 10m de testada

Fonte: Visita técnica e Google Maps.

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LEITURA DO ESPAÇO URBANO

Tipologia habitacional Jacarecanga é um bairro que possui residências mais horizontais, sendo mais recente a extensão da verticalidade onde se localizam as avenidas mais privilegiadas e movimentadas do bairro,

geralmente por acontecer em diversas avenidas principais de Fortaleza a procura maior de melhor localização e valorização do imóvel.

Riacho Jacarécanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

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500

Horizontal - até 2 pavimentos

Vertical - 10 pavimentos

Média - de 2 a 4 pavimentos

Vazios

Fonte: Visita técnica e Google Maps.

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LEITURA DO ESPAÇO URBANO

Imagens de arcevo.

Horizontal - até 2 pavimentos.

Imagens de arcevo.

Média - de 2 a 4 pavimentos.

Imagens de arcevo.

Vertical - 10 pavimentos.

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LEITURA DO ESPAÇO URBANO

Recuos Por possuir adensamento em algumas áreas do bairro, é possível notar a grande existência de locais sem recuos mínimos e que se faz ser muito necessário. Recuos maiores geralmente estão onde há residências de classe média que ficam no

entorno da Av. Francisco Sá ou onde estão situados alguns empreendimentos de grande relevância como Unifametro, Lar Torres de Melo, SENAI, Liceu, entre outros.

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

500

Sem recuos

Recuos de até 10m

Recuos de até 5m

Recuos acima de 10m

Fonte: Visita técnica e Google Maps.

Vazios

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LEITURA DO ESPAÇO URBANO

Áreas permeáveis Diante de todo o fluxo do riacho Jacarecanga, é possível vermos a existência de uma grande vegetação, que inclusive não são nativas, e que foram incorporadas à canalização do riacho. Algumas

outras áreas permeáveis estão inseridas geralmente em terrenos vazios, sem nenhum tipo de construção e em alguns casos nas extensões das ruas.

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

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500

Áreas permeáveis

Fonte: Visita técnica e Google Maps.

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MERCADO IMOBILIÁRIO

Imagem de banco de fotos - Freepik.

O mercado imobiliário

No Bairro Jacarecanga há uma demanda por imóveis novos, que sinaliza uma preferência favorável dos consumidores, fazendo assim surgir novas construções de condomínios. Sua área média custa em torno de 129 reais por metro quadrado, possuindo ainda uma grande desvalorização no seu espaço. Áreas de menor preço por área estão geralmente vinculadas à condição social das comunidades do seu entorno.

IVV dos imóveis é significativo no bairro. Devido à procura pelo bairro que já abrigou a aristocracia de Fortaleza e atualmente passa por um processo de transformação com a chegada do Centro Fashion, o bairro ganhou um novo movimento de pessoas e novos comércios, dando nova vida ao bairro, que possui uma localização favorável na cidade. Mapa do desenvolvimento imobiliário na região:

Jacarecanga está incluso como um dos bairros com menores valorizações para venda, em 2018 foram (13%). Mesmo com esses dados pesquisas apontam que o Índice de Velocidade de Vendas –

Valores do solo em referência para IPTU: Comercial: R$ 2.167,65 Residencial: R$ 2.014,11 Serviços: R$ 3.782,42 Territorial: R$ 89,13

Os imóveis da Regional I, como Jacarecanga, Floresta, Monte Castelo e São Gerardo, apresentaram uma desvalorização de 13%.

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

Desenvolvimento imobiliário.

Fonte: Anuário do Ceará e https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/negocios/online/ apartamentos-em-fortaleza-ficam-2-3-mais-caros-para-venda-em-2018-aponta-portal-1.2050058

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0

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500


MERCADO IMOBILIÁRIO

Cearenses gastam mais com habitação que com alimentação, aponta IBGE Matéria do Jornal O Povo - 04/10/2019.

O valor destinado à habitação corresponde a 36% do orçamento total das pessoas que recebem até R$ 1,9 mil. Para o mesmo grupo, os gastos caem para 27% em relação à alimentação - porcentagem um quarto menor. Os dados foram coletados com mais de 2,8 milhões de famílias entre janeiro de 2017 e o mesmo mês de 2018. Alfredo Pessoa, professor de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), aponta que esses números são reflexo da “paralisia” das políticas nacionais para habitação popular, como o Minha Casa Minha Vida. “Você tem pouca oferta de imóvel e os preços aumentam. Isso acontece tanto por conta da crise como pela entrada do novo governo”, pontua. O especialista ainda considera que o fenômeno da urbanização em grandes cidades tem impactado no preço final das moradias. Ele explica que para ter um menor custo com habitação, as pessoas precisam viver cada vez mais longe do local onde trabalham, o que se torna inviável em alguns casos. Além dos dois tipos de despesas que se apresentam entre os dois maiores gastos para a

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maior parte das classes, os valores destinados ao transporte constituem uma parcela significativa no orçamento, tanto para as classes com menor quanto aquelas com maior poder aquisitivo. O valor médio gasto entre aqueles que ganham entre três e seis salários mínimos, por exemplo, é de R$ 400 para despesas como passagens de transporte público, aquisição de combustível e manutenção do veículo.

O fenômeno da urbanização em grandes cidades tem impactado no preço final das moradias, que para ter um menor custo com habitação, as pessoas precisam viver cada vez mais longe do local onde trabalham, o que se torna inviável em alguns casos. Alfredo Pessoa, professor de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Imagens de acervo do Jornal O Povo.

Cearenses de todas as classes econômicas têm gastos mais elevados com habitação do que com alimentação, de acordo com pesquisa divulgada dia 04 de outubro de 2019, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


MORFOLOGIA URBANA

Morfologia urbana Em urbanismo, uma cidade é considerada como um ser vivo, que se transforma a cada segundo e como tal possui funções variadas, criadas por inúmeros indivíduos e com uma velocidade imperceptível.

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MORFOLOGIA URBANA

Vias tornem especiais. No bairro Jacarecanga podemos identificar algumas vias que apresentam os aspectos citados, são elas: Avenida José Jatahy, Avenida Francisco Sá, Avenida Leste Oeste e Avenida Tenente Lisboa.

Imagens do Google Street View e Acervo.

As vias são as grandes responsáveis pela nossa percepção ambienta, pois elas nos marcarão de alguma forma, seja pela presença de vegetação, seja pela presença de continuidade ou por seu uso e sua qualidade, dentre outros aspectos que as

Av. José Jatahy, Av. Leste Oeste e Av. Francisco Sá.

Limites São elementos que configuram quebra na continuidade. De acordo com o mapa de uso e ocupação do solo percebemos estes limites, onde teremos lotes predominantemente comerciais, outros residenciais.

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Comercial

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

500

Vazios

Residencial

Institucional

Serviços

Área de preservação

Lazer

Fonte: Visita técnica e Google Maps.

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MORFOLOGIA URBANA

Bairros

Pontos nodais

diferença de seus bairros vizinhos, nela se agrega expressiva parte história da cidade com edificações em processo de tomabamento pelo seu valor histórico. É um bairro tipicamente residencial e possui o mais antigo cemitério de Fortaleza.

São pontos estratégicos da cidade. De grande relevância para onde se vai e se vem. No bairro um dos principais pontos nodais é o Centro Fashion por concentrar grande aglomerado de pessoais e as atividades que lá se realizam. Outros pontos são o Liceu e a Unifametro.

Riacho Jacarecanga: imagem de acervo. Corpo de Bombeiros e Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho: imagem do Acervo Digital de Fortaleza.

Marcos

Centro Fashion: imagem de acervo do empreendimento. Liceu: imagem do acervo Digital de Fortaleza e UniFametro: imagem de acervo da universidade.

Segundo Lynch os bairros podem ser caracterizados como: “partes razoavelmente grandes da cidade na qual o observador “entra”, e que são percebidas como possuindo alguma característica comum, identificadora. (LYNCH, 1960, p. 66).” No bairro Jacarecanga podemos perceber a

São elementos pontuais que possuem grande relevância para o Bairro. Em Jacarecanga podemos identificar o Riacho Jacarecanga, uma atração natural. Como citado no tópico anterior, o bairro dispõe de expressivas edificações com tipologia antiga, e sedia também grandes instituições públicas do estado.

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HISTÓRIA: AVENIDA LESTE OESTE

Avenida Leste Oeste Construída no início dos anos 70, na gestão do prefeito Vicente Cavalcante Fialho (1971 – 1975), a Avenida Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, conhecida popularmente como Avenida Leste Oeste, tinha a proposta inicial de melhorar a mobilidade urbana, facilitando a ligação da Avenida Francisco Sá com o Porto do Mucuripe. O surgimento da via melhorou o acesso ao litoral oeste de Fortaleza, possibilitou a abertura de ruas secundárias e perpendiculares, facilitou o fluxo de pessoas, veículos e mercadorias entre o litoral e o centro. Depois da construção da ponte sobre o rio Ceará, a avenida passou a ser a via de ligação entre os municípios de Fortaleza e Caucaia.

Avenida foi inaugurada por etapas e a primeira ocorreu no dia 20 de outubro de 1973. Naquela ocasião, cerca de 20 mil pessoas se aglomeravam no local da solenidade, quando dentro da programação, quatro aviões da FAB subiram e sobrevoaram o palanque onde estavam as autoridades durante uma das acrobacias um dos aviões explodiu e caiu no Bairro Pirambu, o acidente fez 15 vitimas fatais e quatro casas foram completamente destruídas pelo fogo.

Imagens do Arquivo Nirez.

Para abrir espaço para a construção da avenida, a

região onde se encontra o bairro precisou ser redimensionada, o que determinou a transferência da população que ocupavam as áreas cortadas pela avenida, composta pelas comunidades das Cinzas, Moura Brasil, Oitão Preto, Braga Torres e Soares Moreno.

Desde sua inauguração até os dias atuais, a avenida Leste Oeste passou por algumas transformações inclusive a duplicação finalizada em meados dos anos 2000. Vários equipamentos urbanos e serviços foram instalados, tais como o Instituto Médico Legal, a Estação de tratamento de esgotos, o Hotel

Fonte: Anuário do Ceará, Fortaleza Nobre e Fortaleza Antiga.

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Marina Park e um variado comércio. A avenida mede em toda sua extensão 3.500 metros, tendo início na confrontação com a Avenida Dom Manuel, se estendendo até a ponte José Martins Rodrigues, sobre o Rio Ceará.


ASPECTOS DE (DES)URBANIDADE

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ASPECTOS DE (DES)URBANIDADE

Aspectos de [des]urbanidade O crescimento e adensamento de Fortaleza não foi simplesmente desorganizado ou aleatório. Obedeceu, predominantemente, uma lógica de produção de tipologias arquitetônicas, espaços e sistemas de transporte que privilegiam alguns poucos modos de vida em detrimento de todos os outros. Esse desurbanismo possui ciclos de realimentação que materializam estruturas físicas que restringem ou impossibilitam outros modos de vida ao mesmo tempo em que resultam em vantagens cumulativas para os modos vencedores, numa espiral que produz continuamente novas tendências desurbanas.

Imagem do Google Imagem.

[Nós] devemos pensar em muitas intervenções recentes como exercícios das técnicas espaciais do desurbanismo (...): a quebra da interface entre edifícios e espaços públicos; a quebra da relação entre escalas de movimento; e a quebra da interface entre habitantes e estranhos. Bill Hillier - 1996.

Prédios antigos Adensamento populacional

O bairro por fazer parte do inicio de urbanização da cidade, dispõe de muitos bangalôs, e casa de tipologia antiga, algumas ainda se mantêm conservadas outras já estão bastante degradadas.

Fonte:IBGE Censo 2016 e População.Net.

Imagens do Acervo Digital de Fortaleza.

O bairro Jacarecanga tem a população de 14.204 habitantes e densidade de 11.088,21hab/km², ou seja é um bairro muito adensado. Fazendo um comparativo com a cidade de Fortaleza, Jacarecanga equivale à 6% de sua população, que conforme o ultimo censo é de 2.452.185 milhões de habitantes e densidade de 7.786,44 hab/km².

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ASPECTOS DE (DES)URBANIDADE

“Os olhos da rua” As cidades não são apenas conjuntos de dados demográficos: são lugares ocupados pelas pessoas, sobre os quais elas desenvolvem percepções, nos quais vivem suas experiências cotidianas. Os espaços públicos são fundamentais para a dinâmica da vida nas cidades: são espaços de encontro, e as percepções que essas áreas despertam nas pessoas estão diretamente relacionadas com o papel que vão desempenhar dentro da cidade.

Jacobs, escritora e jornalista que desenvolveu o conceito de olhos da rua. Para Jacobs, o principal atributo de um centro urbano próspero é as pessoas se sentirem seguras e protegidas na rua, mesmo em meio a tantos desconhecidos. A lógica é simples: quanto mais pessoas nas ruas, mais seguras elas se tornam. Os “olhos da rua” são as pessoas – a vigilância informal que exercem, voluntária ou involuntariamente, quando ocupam o ambiente urbano. Para que as pessoas transitem nas ruas e ocupem os espaços públicos, porém, a cidade precisa oferecer condições para que isso aconteça.

É a qualidade dos espaços públicos que vai determinar o uso que as pessoas farão deles, bem como as condições do ambiente em seu entorno: se acessíveis, atrativos e seguros, estimulam diversos usos, atraem as pessoas e se tornam locais que inspiram segurança. Em contrapartida, quando abandonados e descuidados, passam inevitavelmente por um processo de degradação, tornando-se ambientes em que as pessoas passam a ter medo de estar.

No bairro Jacrecanga foram identificados alguns elementos de segregação urbana, que interferem na otimização do espaço urbano. Em destaque a Escola de Aprendizes de Marinheiros que circunda um quarteirão inteiro. Condomínios construídos próximos à escola também dispõem de muros cegos. O muro do cemitério de São João Batista também é participante da segregação.

Imagens do Google Street View.

Essa relação foi estudada e explicada por Jane

Imagem do acervo.

O bairro é tipicamente residencial, ainda não apresenta grandes edifícios verticais, então as residências possuem sempre sua fachada de frente para a rua, em visita em campo, percebemos que as casas na maior parte do tempo ficam abertas, sempre que tem pessoas nas ruas o que passa uma maior segurança e socialização com os transeuntes.

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ASPECTOS DE (DES)URBANIDADE

Identificação dos tipos de atividades realizadas nos espaços públicos

Imagens da Prefeitura de Fortaleza.

Nos espaços públicos foram identificados a prática de esportes como futebol, vôlei e etc. Na praça Gustavo barroso também dispõe de academia para a terceira idade.

Análise da presença ou não de mobiliário urbano

No que se refere à mobiliário urbano sua presença é mais expressiva nas praças do bairro e em equipamentos de socialização. Temos: Praça Gustavo Barroso, os mobiliários contidos nela estão em bom estado de conservação. Praça da Lagoinha, os mobiliários além de escassos estão em péssimas qualidades de uso. Areninha do Pirambu está em bom estado de conservação.

Vazios urbanos

Imagem do Google Maps.

Há uma quantidade relevante de vazios urbanos e espaços subutilizados na área em estudo que se tornam espaços de insegurança ao invés de cumprirem sua função social e oferecerem algum uso para a comunidade.

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HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL - HIS

Imagem do site do Governo do Estado do Ceará.

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HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL - HIS

Habitações sociais Habitações de interesse social constituem um tipo de habitação destinada à população cujo nível de renda dificulta ou impede o acesso à moradia através dos mecanismos normais do mercado imobiliário. O bairro Jacarecanga tem sua malha prioritariamente horizontal e de residências unifamiliares. Habitações multifamilíares são

Imagem de acervo.

presentes na região, poucas destas tem boa qualidade habitacional e urbanísticas. Foi identificado uma habitação de interesse social pública, que se localiza na comunidade do Tirol, que fica em um bairro vizinho, Carlito Pamplona, já habitações sociais particulares são encontradas por todo o bairro da Jacarecanga.

Aglomerados subnormais Aglomerado Subnormal é um termo utilizado para designar assentamentos irregulares conhecidos popularmente como favelas, contando no mínimo 51 habitações, ocupando ou tendo ocupado terreno de propriedade alheia, pública ou particular, dispostas de forma desordenada e densa e carente de serviços públicos e assistenciais, em sua maioria. O Bairro da Jacarecanga, que após ser deixado pela elite de Fortaleza, passou a ser habitado por pessoas de baixa renda que trabalhavam em indústrias do bairro, teve um crescimento urbanístico desordenado, criaram aglomerados residenciais. No levantamento feito, foram encontradas as comunidades: Tirol, localizada na parte norte do bairro, a grande comunidade do Pirambu, que se localiza na orla da praia e a comunidade do Morro do Ouro, que fica ao sul do bairro, majoritariamente localizada na zona de APP(Área de Preservanão Permamente) do Fonte: Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor), Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), Fortaleza em Mapas e Visita técnica.

riacho Jacarecanga. As comunidades do bairro apresentam uma densidade habitacional com aproximadamente 1600 habitações têm, prioritariamente, residências unifamiliares e térreas. A Comunidade do Morro do Ouro tem aproximadamente 400 habitações, dessas foram identificadas cerca de 80 habitações muito próximas a margem do riacho. Foram encontradas também 9 habitações de ocupação irregular de acordo com o Código Florestal, essas habitações estão em situações insalubres. Existem situações em que se pode notar casos semelhantes a abandono, sem o conhecimento das causas. Foram Identificadas áreas ameaçadas de remoção (gentrificação), com novos prédios residenciais de luxo, foi observado que a área poderá sofrer uma valorização, inviabilizando moradias já existentes.

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HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL - HIS

Qualidade das habitações sociais

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

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Boa qualidade de habitação e infraestrutura urbana Fonte: Visita técnica e Google Maps.

500

Boa qualidade de habitação e baixa infraestrutura urbana

Baixa qualidade de habitação e infraestrutura urbana

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HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL - HIS

Tipologia das habitações sociais

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

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1 pavimento

3 pavimentos

2 pavimentos

4 pavimentos

Fonte: Visita técnica e Google Maps.

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HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL - HIS

Áreas de risco e ameaçadas de remoção

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

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Áreas de risco Áreas ameaçdas de remoção Fonte: Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor), Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), Fortaleza em Mapas e Visita técnica.

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HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL - HIS

Área de ocupação social

33% de ocupação irregular. 67% de ocupação regular. 01% de cortiços e outros. 12% de multifamiliar. 87% de unifamiliar. 85% com um pavimento. 5% com dois ou mais pavimentos.

Riacho Jacarecanga Limite do Bairro Jacarecanga

0

100

500

Área de ocupação social Morro do Ouro - 510 habitações a maioria unifamiliar com gabarito de 1 pavimento Área de ocupação social Tirol - 700 habitações a maioria unifamiliar com gabarito de 1 pavimento

Fonte: Fortaleza em Mapas, Visita técnica e Google Maps.

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LEGISLAÇÃO

Condicionantes legais pertinentes a HIS (LUOS) De acordo com o Art. 101. Em atendimento ao art. 313 da Lei Complementar nº 062/2009 (Plano Diretor Participativo de Fortaleza - PDPFOR), o zoneamento fica subdividido nos termos do Anexo 2 (Mapas 2 a 2.16), para a aplicação da Fração do Lote.

Na área do bairro da Jacarecanga foi encontrado áreas com as três tipos de ZEIS sendo estas: I - Zonas Especiais de Interesse Social 1 (ZEIS 1) são compostas por assentamentos irregulares com ocupação desordenada, em áreas públicas ou particulares, constituídos por população de baixa renda, precários do ponto de vista urbanístico e habitacional, destinados à regularização fundiária, urbanística e ambiental;

Parágrafo único. Em qualquer Zona em que seja adequada a implantação de habitação de interesse social com unidades multifamiliares, enquadrada no Programa Minha Casa Minha Vida, para faixa de renda até 6 (seis) salários mínimos, ou programa similar, a Fração do Lote será de 30 (trinta).

II - Zonas Especiais de Interesse Social 2 (ZEIS 2) são compostas por loteamentos clandestinos ou irregulares e conjuntos habitacionais, públicos ou privados, que estejam parcialmente urbanizados, ocupados por população de baixa renda, destinados à regularização fundiária e urbanística;

Art. 102. O número máximo de unidades habitacionais no lote será definido pela divisão de sua área total pela Fração do Lote correspondente:

III - Zonas Especiais de Interesse Social 3 (ZEIS 3) são compostas de áreas dotadas de infraestrutura, com concentração de terrenos não edificados ou imóveis subutilizados ou não utilizados, devendo ser destinadas à implementação de empreendimentos habitacionais de interesse social, bem como aos demais usos válidos para a Zona onde estiverem localizadas, a partir de elaboração de plano específico.

Nu = At/FI, onde: Nu – Número máximo de unidades; At – Área do terreno, e FI – Fração do lote. Parágrafo único. Quando o número de unidades encontrado for fracionado, será adotado o arredondamento para menor na fração inferior a 0,5 (zero vírgula cinco) e para maior na fração igual ou superior a 0,5 (zero vírgula cinco). (PAGINA 38 da luos)

TABELA IV - HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL E CASAS POPULARES CÍRCULO INSCRITO (M)

ÁREA MÍNIMA (M2)

ILUMINAÇÃO MÍNIMA

PÉ DIREITO MÍNIMO

PROFUNDIDADE MÁXIMA

ESTÍBULO

0,80

-

-

-

-

SALA/ESTAR

2,50

10,00

1/6

1/2

3 vezes o pé direito

SALA/REFEIÇÕES

1,80

5,00

1/6

1/2

-

COPA

1,80

4,00

1/6

1/2

-

COZINHA

1,80

4,00

1/6

1/2

-

1º E 2º

2,50

7,50

1/6

1/2

-

Fonte: Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS).

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LEGISLAÇÃO

Condicionantes legais de mobilidade urbana (PDP) De acordo com o Art. 35 - Constituem diretrizes da política de mobilidade urbana:

VII - garantia do sistema de transporte público de passageiros economicamente viável e sustentável;

I - reconhecimento da mobilidade urbana como indutora e instrumento da política de planejamento e expansão urbana;

VIII - disciplinamento da circulação de veículos de carga e das operações de carga e descarga; IX - integração do planejamento municipal da mobilidade urbana com os sistemas federal e estadual atuantes no Município;

II - universalização do acesso ao transporte público; III - promoção da eficiência e da qualidade do sistema de transporte público de passageiros, garantindo a segurança e o bem-estar dos usuários;

X - fortalecimento institucional da gestão da mobilidade urbana;

IV - priorização no espaço viário à circulação de pedestres, em especial às pessoas com deficiência e às pessoas com mobilidade reduzida, aos ciclistas e ao transporte público de passageiros;

XI - estímulo à participação da sociedade nas políticas públicas de mobilidade urbana; XII - estímulo à formação e especialização de técnicos na área de mobilidade, estabelecendo e ampliando parcerias com universidades, instituições e centros de pesquisa;

V - promoção de racionalidade, fluidez e segurança na circulação de pessoas e de veículos;

XIII - efetivação de programas de educação contínua para a mobilidade urbana;

Imagem do site da Prefeitura de Fortaleza.

VI - garantia de segurança, conforto e acessibilidade, para as pessoas com deficiência e pessoas com mobilidade reduzida, aos espaços, equipamentos e serviços urbanos;

Fonte: Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFor).

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CURIOSIDADES DE JACARECANGA

Religiosidade As designações são muitas: Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora da Boa Esperança ou Nossa Senhora da Esperança. Todas falam da fé em Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira dos marinheiros, pescadores e navegantes, celebrada no dia 02 de fevereiro. A Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes, no bairro Jacarecanga, completou 105 anos em 2019.

Filomeno Gomes, 315, próximo à Escola de Aprendizes Marinheiros. Segundo o organizador da procissão, Geison Cajui, toda a festa foi organizada pelos próprios devotos. Isso acontece porque esse é um momento em que eles agradecem pela devoção da Santa. “Ela foi uma mulher que praticou a palavra de Deus e foi um exemplo de coragem”. Ele acredita que, pela a festa ser realizada pelos fiéis, em parceria com a igreja, a celebração é mais emocionante, já que todos ficam empenhados em fazer o melhor. “Me sinto lisonjeado e feliz por reunir devotos de todos os lugares de Fortaleza”, frisou.

Imagens de acervo do Jornal O Povo.

Os fiéis saíram em procissão da Praça do Moura Brasil, conhecida como Praça do Muriçoca, e seguiram até a Paróquia, que fica na avenida

Há quem diga que é uma das maiores sucatas do Brasil. Tudo começou quando o paraibano Francisco Alves de Oliveira veio para Fortaleza, mais precisamente para o Monte Castelo, e começou a comprar e vender peças de táxi. Após 47 anos no bairro, o que antes era apenas um negócio para completar a renda virou um grande ferro-velho, que hoje ocupa dois quarteirões na avenida Sargento Hermínio. Na sucata do Chico Alves é possível encontrar vaso sanitário, cerâmica, televisão, rádio, porta de carro e tudo o que se pode imaginar, mesmo.

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Imagens de acervo do Jornal Diário do Nordeste.

Sucata Chico Alves


CURIOSIDADES DE JACARECANGA

Histórias e memórias de uma bela época

Imagens do site da Escola de Artes e Ofícios Thomas Pompeu Sobrinho.

A exposição “Jacarecanga – histórias e memórias de uma bela época” recria um ambiente domiciliar do bairro em meados do século XX. Na época, a elite fortalezense buscava fazer do bairro (antigamente denominado Fernandes Vieira) uma grande área residencial. Assim, foram erguidos vários casarões e bangalôs com arquitetura europeia, inseridos na corrente estilística do movimento Art Nouveau, no período da Belle Época. A exposição que reúne artefatos, adornos e réplicas de fotografias dos casarões e palacetes da época, fica na Escola de Arte e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho.

Fonte: Escola de Artes e Ofício Thomas Pompeu Sobrinho.

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CURIOSIDADES DE JACARECANGA

Lembranças de Jacarecanga “Bom mesmo era no tempo de 39”. Foi assim que Dona Maria, moradora do Jacarecanga há 70 anos, começou a relatar suas memórias acerca do bairro. Dona Maria, sobrinha do ex-prefeito de Fortaleza Manuel Cordeiro Neto, lembra-se de quando o Jacarecanga habitado por famílias tradicionais da época. “O bairro era mais calmo. Os muros eram baixos, e nunca entrou ninguém pra roubar”, diz.

divertir. “A gente pegava o bonde da Praça do Liceu até o fim da linha, porque o torneiro era conhecido e deixava”, diz Dona Maria com sorriso estampado. O morador José Dias lembra que o Jacarecanga de antigamente era como a Aldeota de hoje. Seu José é da época em que a casa de Pedro Philomeno Gomes fazia a alegria da criançada, com piscina e parque. “Os meninos iam tomar banho de piscina na casa do Philomeno. Philomeno era um homem bom”, disse. A moradora Márcia Sales, que reside em uma das vilas próximas à Escola de Artes e Ofícios há mais de 25 anos, conta que Seu Philomeno Gomes, já idoso, saia pela manhã para visitar os casarões que haviam sido dele e a Vila São José, construída para abrigar os operários de sua fábrica de Tecidos São José.

Imagem Arquivo Nirez.

Em 1939, o Jacarecanga vivia o auge da sua história. Foi ali que Thomaz Pompeu Sobrinho construiu a sua casa com influência da arquitetura italiana, e foi seguido por amigos ricos, que resolveram sair do centro da cidade para construir mansões em moldes europeus. Dona Maria recorda-se de quando o bonde transitava pelo Jacarecanga, e os meninos subiam apenas para se

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Imagens: Arquivo Nirez.

CURIOSIDADES DE JACARECANGA

Márcia conta ainda que a casa onde mora hoje é a antiga residência do político Virgílio Távora, e que o que parece vidro nas portas é, na verdade, cristal. A moradora tenta conservar a casa como era antigamente, mas lamenta que nem todos tenham a consciência de preservar a memória dos casarões. “Quem entende um pouco de história dá valor à história, não vai derrubar um casarão desses.”, diz.

chegou ao colégio quando o sistema ainda não era misto, homens estudavam no período da manhã e mulheres no período da tarde. Em 1969/70, época da ditadura militar, os alunos do Liceu eram vigiados, pois, tradicionalmente, lideravam movimentos políticos. O Liceu formou alunos como Clóvis Beviláqua, Eleazar de Carvalho, Parsífal Barroso, Antônio Girão Barroso e Lúcio Alcântara.

Os casarões são derrubados, no Jacarecanga, principalmente, para dar lugar a prédios. Mesmo a casa de Pedro Philomeno foi derrubada para dar espaço a um prédio residencial e alguns prédios comerciais. Dona Maria puxa da memória que a “senhora” de Pedro Philomeno, mais conhecida como Santinha, era católica e caridosa. Dona Maria diz que os moradores de 1939 iam a uma capelinha pequena para rezar, onde hoje está localizada a Igreja da Marinha.

O médico-veterinário contou ainda sobre as Tertúlias da Vila São José. “Os moradores do centro iam para a Vila São José e, para cortar caminho, passavam por dentro do cemitério. Eu próprio cansei de fazer isso”, lembra. Além das tertúlias, havia festas em casas de família, que se enchiam de intrusos. “Tinha gente que passava o fim de semana procurando tertúlias”, diz. Além das festas, o Kartódromo animava os moradores do bairro. Localizava-se em frente à Marinha e era aberto ao público. “Quem voltava da Praia de Iracema, frequentada pela elite na época, terminava o dia assistindo às corridas de kart”, completa.

Outra memória é a dos estudantes do Liceu antigo, que faziam greves por causa dos ônibus da Linha Jacarecanga. “O pobre do Pedreira [Oscar Pedreira] se danava. Os liceístas desmanchavam o calçamento em greve pelas passagens”, diz Dona Maria, defendendo que as greves dos estudantes daquela época eram bem diferentes das atuais. Oscar Pedreira era o dono da Linha Jacarecanga, que transitava dentro do Jacarecanga e passava pela Praça do Ferreira.

Quando questionado se sente muita saudade do Jacarecanga de antigamente, Evandro não custa a responder. “Dá pra sentir saudade. Você passa e vê que os bangalôs antigos continuam do mesmo jeito. Isso é o que provoca mais saudades. O Corpo de Bombeiros não mudou nada e a própria estrutura do Liceu continua a mesma”, relembra, com ar de quem volta sempre ao lugar que o acolheu na juventude”.

O médico-veterinário Evandro Frota, estudante do Liceu do Ceará nos anos de 1969 e 1970, lembra-se da dificuldade para ingressar no Liceu. Evandro

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