FACULDADES INTEGRADAS TERESA D’ÁVILA KARLA CRISTINA BASTOS DE SOUZA
ZÉ CARIOCA E A CONSTRUÇÃO DO ESTEREÓTIPO: A infografia como ferramenta didática
Lorena - SP 2012
1
KARLA CRISTINA BASTOS DE SOUZA
ZÉ CARIOCA E A CONSTRUÇÃO DO ESTEREÓTIPO: a infografia como ferramenta didática
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado às Faculdades Integradas Teresa D’Ávila como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Design. Orientador: Me. Paulo Vinícius de Omena Pina
Lorena – SP 2012
2
741.5-37 Souza, Karla Cristina Bastos Zé Carioca e a Construção do Estereótipo: a infografia como ferramenta didática. Lorena – Karla Cristina Bastos de Souza - 2012 160f. Monografia (Graduação em Design) – Faculdades Integradas Teresa D’Àvila, 2012 Orientador: Prof. Me. Paulo Vinícius de Omena Pina 1. Infografia 2. Design Gráfico 3. Zé Carioca 4. Estereótipo S729z
3
KARLA CRISTINA BASTOS DE SOUZA
ZÉ CARIOCA E A CONSTRUÇÃO DO ESTEREÓTIPO: a infografia como ferramenta didática
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado às Faculdades Integradas Teresa D’Ávila como exigência para obtenção do título de Bacharel em Design.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________ Faculdades Integradas Teresa D’Ávila
________________________________________________________ Faculdades Integradas Teresa D’Ávila
________________________________________________________ Faculdades Integradas Teresa D’Ávila
Lorena, 27 de Novembro de 2012
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, Cristina e Wagner, ao meu namorado, Paulo, por estarem comigo em todos os momentos difíceis dessa fase da minha vida que se completa. Dedico também a todos os meus mestres por compartilharem
seu
conhecimento,
em
especial ao orientador Paulo Pina, por me conceder liberdade vigiada ao escrever esta monografia e me guiar quando precisava. E não posso esquecer-me das amizades que fiz durante este percurso e as que estão comigo há mais tempo. Sem o apoio dos que me cerca eu nada seria.
5
AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais por sempre me apoiarem em todas as minhas decisões, mesmo quando eles imaginaram coisas diferentes para mim. E principalmente por eles serem minha principal referência de comportamento, me ensinando a ter caráter e a olha o próximo com bondade, a me colocar no lugar daquele que sofre e a dar valor por tudo o que Deus me proporcionou. Obrigada ao meu namorado Paulo por sempre me acompanhar nas correrias da faculdade, me acalmar e me mostrar que tudo vai dar certo, e principalmente por me fazer feliz mesmo nas horas mais difíceis. Aos mestres que me compartilharam seus conhecimentos e um pouco de suas vidas e experiências, que procuram nos mostrar que existem inúmeras oportunidades a serem exploradas, obrigada por dividir a paixão e respeito pela profissão do Design. Em especial agradeço o professor Paulo Pina que me indicou os melhores livros que tive contato, pelas conversas recheadas de bom humor e aprendizado, por se mostrar uma pessoa humilde que não tem medo de abraçar o mundo, e mesmo em sua correria soube me orientar. Agradeço aos meus amigos que compartilharam momentos de desespero com prazos, trabalhos difíceis, tentativas frustradas de motins, risadas e opiniões. Obrigada por fazerem parte da minha vida.
6
N達o existem quadrinhos inocentes, assim como n達o existem leituras inocentes e livros inocentes. Moacy Cirne, 1982
7
RESUMO O Design de informação deve facilitar e tornar a transmissão de uma informação mais agradável e a infografia é um dos recursos utilizados por ele. O infográfico apresenta dados de forma visual, é um sistema híbrido que utiliza elementos gráficos e textos. Este trabalho construirá um infográfico utilizando a metodologia de Rajamanickam, tendo como tema a construção e impacto na cultura da personagem Zé Carioca. O estudo busca evidenciar a maior eficiência ao transmitir informações com o auxílio ou através da imagem, destacando o infográfico como ferramenta pedagógica. Palavras-Chave: Infografia, Zé Carioca, Ferramenta Pedagógica.
8
ABSTRACT The Information Design must facilitate and becomes the transmission of information most enjoyable, infographics is one of the resources used by it. The infographic presents data in a visual form, it’s a hybrid system that uses graphics and text. This project will create an infographic using Rajamanickam’s methodology, having as theme the construction and cultural impact of the character Zé Carioca. The study seeks to evidence the greater efficiency to transmit information with the assistance or through image, and highlighting the potential of the infographic as a pedagogical tool. Keywords: Infographics, Zé Carioca, Pedagogical Tool.
9
Lista de Quadros Quadro 1 - Princípios de Rajamanickam............................................................................................... 53
Lista de Figuras Figura 1 - Marcos da História da Infografia .......................................................................................... 23 Figura 2 - “Rumos da História – Nossos Tempos. O Brasil e o mundo contemporâneo”, 1996. ......... 31 Figura 3 - Tipos de Infográficos. ........................................................................................................... 33 Figura 4 - Ficha ..................................................................................................................................... 35 Figura 5 - Fac-Símile ............................................................................................................................ 36 Figura 6 - Resumo ................................................................................................................................. 37 Figura 7 - Perguntas e respostas ........................................................................................................... 38 Figura 8 - Cronologia ............................................................................................................................. 39 Figura 9 - Glossário ................................................................................................................................ 40 Figura 10 - Teste .................................................................................................................................... 41 Figura 11 - Escore .................................................................................................................................. 42 Figura 12 - Frases .................................................................................................................................. 43 Figura 13 - Lista ..................................................................................................................................... 44 Figura 14 - Tabela .................................................................................................................................. 45 Figura 15 - Fluxograma .......................................................................................................................... 45 Figura 16 - Gráficos ............................................................................................................................... 46 Figura 17 - Mapa ................................................................................................................................... 47 Figura 18 - Ilustração ............................................................................................................................. 48 Figura 19 - Diagrama de Ligação. .......................................................................................................... 49 Figura 20 - Diagrama de agrupamento. ................................................................................................ 49 Figura 21 - Símbolos .............................................................................................................................. 50 Figura 22 - Diagrama cronológico. ........................................................................................................ 50 Figura 23 - Diagrama estatístico de ligação .......................................................................................... 51 Figura 24 - Classificação da Infografia ................................................................................................... 52 Figura 25 - Pôster de A. M. Cassandresob influência do Cubismo. ....................................................... 56 Figura 26 - Pôster de TadanariYokoosob influência do movimento Dadaísta ...................................... 56 Figura 27 - Síntese do Design. ............................................................................................................... 57 Figura 28 - A capa de Avant Garde por HerbLubalin ............................................................................. 58 Figura 29 - Design assimétrico de Carlo Vivarelli. ................................................................................. 59 Figura 30 - Contraste entre cores quentes e frias. Pôster de Siudmak, 1975 ....................................... 61 Figura 31 - Poster de Herbert Matter, 1935.......................................................................................... 62 Figura 32 - Elementos do grid. .............................................................................................................. 63 Figura 33 - Grid retangular. ................................................................................................................... 64 Figura 34 - Grid de colunas.................................................................................................................... 65 Figura 35 - Grid Modular ....................................................................................................................... 65 Figura 36 - Grid Hierárquico .................................................................................................................. 66 Figura 37 - Processo de construção do MoodBoard. ............................................................................ 68 Figura 38 - MoodBoard Físico ............................................................................................................... 68
10
Figura 39 - MoodBoard Digital .............................................................................................................. 69 Figura 40 - Grid para construção de símbolos gráficos para equipamentos. ....................................... 71 Figura 41 - Adaptado de Poloni, designer gráfico, Metodologia de Bruno Munari. ............................. 72 Figura 42 - Etapas para elaboração do infográfico. .............................................................................. 73 Figura 43 - Livro “Rumos da História – Nossos Tempos. O Brasil e o mundo contemporâneo”, 1996. 75 Figura 44 - Livro de História do Ensino Médio da Rede Salesianas de Ensino, 2006 ............................ 76 Figura 45 - Livro “História Integrada – Do fim do século XIX aos dias de hoje”, 1996. ......................... 77 Figura 46 - Infográfico sobre a Segunda Guerra Mundial – Raízes. ...................................................... 78 Figura 47 - Infográfico sobre a Segunda Guerra Mundial – Engrenagem. ............................................ 78 Figura 48 - Página da edição especial de 60 Anos de Zé Carioca. ......................................................... 79 Figura 49 - Livro “Der Giftpilz “ O cogumenlo Venenoso ...................................................................... 82 Figura 50 - Capa da primeira revista de Capitão América. .................................................................... 86 Figura 51 - Pato Donald ridicularizando Hitler na capa de uma animação, ganhadora do Oscar de 1943....................................................................................................................................................... 88 Figura 52 - Curta protagonizado por Minnie, Saindo da Frigideira – Out of the Frying Pan into the Firing Line, 1942 .................................................................................................................................... 89 Figura 53 - Rara imagem de Mickey fardado. Saindo da Frigideira – Out of the Frying Pan into the Firing Line, 1942. ................................................................................................................................... 90 Figura 54 - O príncipe Hitler resgatando sua robusta princesa. As Crianças de Hitler – Hitler’s Children – Education for Death, 1943. ................................................................................................................ 91 Figura 55 - Adoração à imagem de Hitler. As Crianças de Hitler – Hitler’s Children – Education for Death, 1943 ........................................................................................................................................... 91 Figura 56 - Vitória por meio do poder aéreo – Victorythrough Air Power, 1943. ................................ 92 Figura 57 - Você já foi à Bahia? – The Three Caballeros, 1944. ............................................................ 92 Figura 58 - Ilustrações de Disney eram estampadas em aviões. .......................................................... 93 Figura 59 - Mickey sendo convocado para uma missão secreta em Berlim. ........................................ 94 Figura 60 - Carmen Miranda, O Jeito Sul Americano. ........................................................................... 96 Figura 61 - Lee e Mary Blair, desenhistas de Disney. ............................................................................ 97 Figura 62 - José do Patrocínio de Oliveira, com Zé Carioca, e Disney, com Pato Dolnald. ................... 98 Figura 63 - The three Caballeros, 1943. ................................................................................................ 99 Figura 64 - Blame it on Samba, 1948.................................................................................................... 99 Figura 65 - Como Almoçar de Graça (1942), primeira história de Zé Carioca publicada nos Estados Unidos ................................................................................................................................................. 100 Figura 66 - Trecho de “De Volta ao Rio de Janeiro”. ........................................................................... 101 Figura 67 - Zé Carioca com nova roupa juntamente com seus primos. .............................................. 102 Figura 68 - Pateta em “Alô Amigos” vestido de gaúcho argentino. Alô Amigos. ................................ 104 Figura 69 - Cartão manuscrito de Zé Carioca. Alô Amigos. ................................................................. 105 Figura 70 - Cartão com tipo mecânico. Alô Amigos. ........................................................................... 105 Figura 71 - Zé Carioca oferecendo cachaça e toda sua simpatia. Alô Amigos. ................................... 106 Figura 72 - Os efeitos da bebida desconhecida ao Pato Donald. Alô Amigos. .................................... 106 Figura 73 - Paisagem do Rio de Janeiro............................................................................................... 107 Figura 74 - Representação da malandragem no Brasil. ...................................................................... 107 Figura 75 - Cronologia das informações e distribuição nas páginas. .................................................. 109 Figura 76 - Linha do tempo com os antecedentes da Segunda Guerra Mundial ................................ 110 Figura 77 - Linha do tempo do conflito. .............................................................................................. 111
11
Figura 78 - Linha do tempo do conflito. .............................................................................................. 112 Figura 79 - Resumo da participação dos Estúdios Disney na Segunda Guerra Mundial ..................... 113 Figura 80 - Criação e fases de Zé Carioca. ........................................................................................... 114 Figura 81 - Marcos da história de Zé Carioca. ..................................................................................... 115 Figura 82 - Análise do filme “Alô, Amigos! Aquarela do Brasil”, 1943 ................................................ 116 Figura 83 - MoodBoard Capitão América ............................................................................................ 117 Figura 84 - MoodBoard Namor ........................................................................................................... 118 Figura 85 - MoodBoard Tocha Humana Original................................................................................. 118 Figura 86 - Mood Board Batman ......................................................................................................... 119 Figura 87 – MoodBoard Mulher Maravilha......................................................................................... 119 Figura 88 - Mood Board Superman ..................................................................................................... 120 Figura 89 - Formato de cabeça padrão. .............................................................................................. 120 Figura 90 - Construção dos heróis no grid e finalização...................................................................... 121 Figura 91 - Stencil Bold ........................................................................................................................ 122 Figura 92 - Sansation ........................................................................................................................... 122 Figura 93 - Títulos ................................................................................................................................ 124 Figura 94 - Linhas de Apoio ................................................................................................................. 125 Figura 95 - Linha do tempo dos eventos anteriores a Guerra ............................................................ 126 Figura 96 - Mapa da expanão nazi-fascista ......................................................................................... 126 Figura 97 - Significado da Suástica ...................................................................................................... 127 Figura 98 - Breve biografia de Adolf Hitler .......................................................................................... 127 Figura 99 - Breve explicação da guerra e as consequências em morte. ............................................. 128 Figura 100 - Heróis e suas participações na Guerra. ........................................................................... 129 Figura 101 - Curiosidades .................................................................................................................... 130 Figura 102 - Contribuições dos Estúdios Disney para o conflito. ........................................................ 130 Figura 103 - Filmes produzidos por Disney para educação, treinamento e ridicularizarão do inimigo. ............................................................................................................................................................. 131 Figura 104 - Visita de Disney ao Brasil ................................................................................................ 131 Figura 105 - Fases da evolução de Zé Carioca ..................................................................................... 132 Figura 106 - Traje clássico de Zé Carioca............................................................................................. 133 Figura 107 - Cronologia de Zé Carioca................................................................................................. 133 Figura 108 - As mudanças de visual de Zé Carioca.............................................................................. 134 Figura 109 - História de “Alô, Amigos! – Aquarela do Brasil” ............................................................. 134 Figura 110 - Gráfico sobre estereótipo ............................................................................................... 135 Figura 111 - Fatos sobre o estereótipo do brasileiro através de Zé Carioca. ...................................... 135 Figura 112 - Análise dos estereótipos veiculados em “Aquarela do Brasil” ....................................... 136 Figura 113 - Grid Modular ................................................................................................................... 137 Figura 114 - Aplicação do grid no infográfico “Segunda Guerra Mundial”. ........................................ 138 Figura 115 - Aplicação do grid no infográfico “Guerra Ideológica” e “A Arma Disney”. ..................... 139 Figura 116 - Aplicação do grid no infográfico “A Criação de Zé Carioca” e “Cronologia”. .................. 139 Figura 117 - Aplicação do grid no infográfico “A Criação de Zé Carioca” e “Cronologia” ................... 140 Figura 118 - Infográfico “A Segunda Guerra Mundial”. ...................................................................... 141 Figura 119 - Infográfico “Guerra Ideológica” e “A Arma Disney”. ...................................................... 142 Figura 120 - Infográfico “A Criação de Zé Carioca” e “Cronologia”. ................................................... 142 Figura 121 - Infográfico “A Criação de Zé Carioca” e “Cronologia”. ................................................... 143
12
SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 14 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................................. 17 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................. 18 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................ 18 1 INFOGRAFIA.................................................................................................................................... 19 1.1 História da Infografia .................................................................................................................. 21 1.2 O poder da imagem na comunicação de massa ........................................................................... 25 1.3 Infografia como uma ferramenta didática ................................................................................... 29 2 LEVANTAMENTO TEÓRICO ........................................................................................................ 32 2.1 Tipos de Infográficos .................................................................................................................. 32 2.2 Elementos dos Infográficos ......................................................................................................... 33 2.3 Método para construção de Infográficos ..................................................................................... 51 3. FERRAMENTAS COMPLEMENTARES PARA CONSTRUÇÃO DE INFOGRÁFICOS ........... 54 3.1 Princípios do Design Gráfico ...................................................................................................... 54 3.1.1 Síntese do Design ................................................................................................................. 55 3.1.2 Simetria ................................................................................................................................ 57 3.1.3 Assimetria............................................................................................................................. 58 3.1.4 Equilíbrio.............................................................................................................................. 59 3.1.5 Contraste de Cor ................................................................................................................... 60 3.1.6 Contraste de Tamanho .......................................................................................................... 61 3.2 Grid ............................................................................................................................................. 62 3.2.1 Elementos do Grid ............................................................................................................... 63 3.2.2 Tipos de Grid ....................................................................................................................... 64 3.3 A ferramenta MoodBoard ........................................................................................................... 66 3.4 Símbolos Gráficos ....................................................................................................................... 69 4 MÉTODO E DESENVOLVIMENTO ............................................................................................... 72 4.1 Público Alvo................................................................................................................................ 74 4.2 Definição do Tema ...................................................................................................................... 74 4.3 Análise de Similares .................................................................................................................... 75 4.4 Levantamento de Informações .................................................................................................... 80
13
4.4.1 Zé Carioca, sua origem e a construção do estereótipo. ........................................................ 80 4.4.2 Momento Histórico – II Guerra Mundial ............................................................................. 81 4.4.3 Quadrinhos: Uma arma ideológica ....................................................................................... 84 4.4.4 O Universo Disney e sua contribuição para o conflito ......................................................... 87 4.4.5 A Política da Boa Vizinhança .............................................................................................. 94 4.4.6 A Construção da Personagem............................................................................................... 97 4.4.7 Cronologia Zé Carioca ......................................................................................................... 98 4.4.8 O estereótipo brasileiro ...................................................................................................... 102 5 PROTOTIPAGEM ........................................................................................................................... 108 5.1 Síntese e Organização dos dados .............................................................................................. 108 5.1.1 Segunda Guerra Mundial.................................................................................................... 109 5.1.2 Guerra Ideológica ............................................................................................................... 112 5.1.3 A arma Disney.................................................................................................................... 113 5.1.4 Criação e cronologia de Zé Carioca ................................................................................... 113 5.1.5 Brasil, o estereótipo ............................................................................................................ 115 5.2 Construção dos ícones representantes dos heróis ...................................................................... 116 5.3 Padrão Tipográfico .................................................................................................................... 121 5.4 Transposição para meio visual .................................................................................................. 123 5.4.1 Títulos ................................................................................................................................ 123 5.4.2 Linhas de Apoio ..................................................................................................................... 124 5.4.3 Segunda Guerra Mundial.................................................................................................... 125 5.4.4 Guerra Ideológica ............................................................................................................... 129 5.4.5 A Arma Disney................................................................................................................... 130 5.4.6 A Criação de Zé Carioca .................................................................................................... 131 5.4.7 Cronologia .......................................................................................................................... 133 5.4.8 Brasil, o estereótipo ............................................................................................................ 134 5.5 Grid ........................................................................................................................................... 137 5.6 Aplicação do Grid ..................................................................................................................... 138 5.7 O INFOGRÁFICO .................................................................................................................... 140 Considerações Finais ........................................................................................................................... 143 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 145
14
INTRODUÇÃO
A evolução da comunicação trouxe a escrita, a imprensa e as mídias eletrônicas, mas a forma mais antiga e abrangente de comunicação mediada é a imagem. Ela alcança todos; embora indivíduos de culturas diferentes podem interpretar distintamente os códigos visuais de acordo com seu repertório cultural, entretanto, ainda assim exalta-se o poder de incluir qualquer sujeito1 neste modelo comunicacional. Do uso simultâneo de elementos gráficos (fotografia, ilustrações, gráficos) e do texto nasce o infográfico. Este recurso do Design Editorial era utilizado para substituir a ausência ou baixa qualidade da fotografia, entretanto, percebeu-se o poder de atração que o infográfico exercia sobre o público. Seu apelo estético e a maneira como as informações são sintetizadas desperta o interesse do leitor, rapidamente ele interpreta a peça gráfica e considera se o assunto lhe é pertinente ou não. A facilidade de reter informações também é otimizada quando se usa imagens, pois a memória é visual (ARNHEIM, Rudolf, 1980). O ser humano ao nascer conhece o mundo primeiramente através da visão, o tato, por exemplo, é uma das primeiras experiências do homem, entretanto, em seus primeiros dias de vida suas mãos permanecem fechadas. O indivíduo amadurece seus sentidos a cada dia, na primeira fase de sua vida ele aprende a se comunicar verbalmente, associa uma imagem a uma palavra, começa seu desenvolvimento mental e a conhecer o mundo por meio do tato. Na infância ocorre o primeiro contato com a literatura, esta deve conter imagens elucidativas para melhor compreensão e apreensão do conhecimento. Nota-se que a ilustração faz parte do contexto educativo da criança, ela funciona como facilitadora da aprendizagem. A utilização de imagens coloridas atrai o público infanto-juvenil, pois há uma associação instantânea com diversão, desta forma o aprendizado pode ser prazeroso e mais eficaz. Condenados por muito tempo por alguns especialistas, hoje se percebe que os quadrinhos podem ser inclusos na educação das crianças. Ele as atrai e as induz à leitura e a associação entre elementos simbólicos e o texto, ampliando a sua capacidade de interpretação e aumentando seu repertório visual.
1
Desconsidera-se aqui indivíduos com total falta de percepção visual ou cegueira total.
15
No Brasil os quadrinhos da “Turma da Mônica” de Mauricio de Sousa fazem parte da infância de grande parte da sociedade, os gibis da Disney também encantam com seus personagens célebres: Mickey, Pato Donald, Pateta, Tio Patinhas entre outros. Um especial chama atenção do jovem brasileiro, Zé Carioca, representante de seu país, tem as cores de sua bandeira, fala sua língua e é alegre como todo nascido no país do futebol deve ser. A personagem foi criada em plena Segunda Guerra Mundial através da Política da Boa Vizinhança, estratégia do governo americano para afastar as influências européias, evitar o comércio entre os países latinos e a Alemanha nazista, e conquistar apoio no conflito. A melhor maneira de conquistar a simpatia desse povo foi através do poder do entretenimento e do intercâmbio cultural. Carmem Miranda e Zé Carioca levavam o estereótipo brasileiro para o mundo, e os costumes e sonhos americanos invadiam o país. O estratagema da Política da Boa Vizinhança foi um sucesso para o estadunidense. Apesar da globalização os estereótipos permanecem no imaginário popular, não apenas o Brasil, mas todos os países possuem imagens estereotipadas. A velocidade da comunicação exige rapidez de interpretação do público, o uso do que já é conhecido é uma forma de acelerar o processo de entendimento do espectador. Os estereótipos trazem imagens vazias, entretanto, auxiliam o indivíduo a ter conhecimento sobre diversos assuntos, mesmo que superficialmente. Mas a educação deve prover o cidadão de conhecimento e discernimento sobre o que realmente faz parte de sua pátria, ele deve saber se defender dos estereótipos direcionados a ele. O brasileiro tende a se identificar com sua imagem estereotipada, pois ela é fortemente disseminada através da mídia que circula em seu país. Novelas, filmes nacionais e internacionais trazem sempre o mesmo brasileiro, ignoram a diversidade cultural ou a mostram de forma equivocada. O filme “Alô Amigos” (Saludos Amigos, 1943) da produtora Disney, apresenta o Zé Carioca como o brasileiro que não trabalha, é malandro e só quer saber de festejar, aceitando este estereótipo o povo brasileiro se vê como o povo feliz e hospitaleiro, entretanto, simultaneamente aceita que não gosta do trabalho duro. Visualmente a animação induz o público a pensar que o Brasil é um país de paisagens maravilhosas, sendo elevado a um paraíso tropical, exaltando o vazio populacional, sugerindo a dominação daquele que já é civilizado (Estados Unidos) sobre o país. O homem interpreta a partir de seu repertório cultural, mas uma criança ainda não possui maturidade para discernir informações, ela está aberta ao aprendizado sem questionamentos. O público infantil se orienta a partir de modelos, a comunicação de massa oferece diversos exemplos de comportamento através dos estereótipos que apresenta.
16
Portanto, os veículos de comunicação influenciam no comportamento da criança e em sua intelectualidade, já que grande parte das informações que ela absorve vem do “mass media”. O infográfico é uma ferramenta que permite analisar dados de forma organizada e ao mesmo tempo dinâmica, conseguindo ser atraente para todos os públicos. Para elaborar um infográfico é necessário selecionar informações que serão utilizadas em sua construção, avaliar a possibilidade de utilizar elementos visuais para representá-las, testes de composição, leitura e compreensão, refinamento e finalização (CARDORO; CUTY; STRACK). A infografia pode ser trabalhada como uma ferramenta didática, ela é vastamente utilizadas na comunicação de massa, pois como explicitado anteriormente, permite a rápida e eficaz fixação de informações. No meio acadêmico o infográfico deve ser mais explorado, o recurso simplifica os dados de forma que o assunto não se limite ao entendimento de especialistas, qualquer sujeito é capaz de interpretá-lo. A atratividade que o infográfico exerce também auxilia na veiculação da informação, tendo grande potencial como instrumento pedagógico. Este projeto tem como objetivo evidenciar a infografia como ferramenta auxiliar na educação. A história de Zé Carioca abrange assuntos complexos, tais como a Segunda Guerra Mundial, seus antecedentes e consequências, como a própria criação da personagem. Foi realizado um levantamento histórico e análise da construção do estereótipo na figura de Zé Carioca, objeto de estudo. O produto final é um infográfico com toda a história da personagem apontando e desmistificando sua imagem estereotipada através da linguagem visual.
17
JUSTIFICATIVA
A infografia é vastamente utilizada na comunicação de massa em jornais, revistas e meio virtual. Sabe-se que é um recurso com grande apelo estético, mas principalmente funcional ao passar informações. Seu grande diferencial está na simplificação de dados, e a transmissão destes de forma organizada e apoiada a elementos gráficos, que podem ser fotografias, ilustrações, gráficos ou mapas entre outros, que dão maior credibilidade à notícia e auxilia o leitor a reter informações por ele representadas, pois a imagem facilita a memorização. Tais qualidades definem a infografia como potencial ferramenta no meio acadêmico, podendo ser utilizada como forma alternativa de transmitir o conhecimento, auxiliando a metodologia tradicional de ensino. A pesquisa “Retrato da Leitura do Brasil” revela que o percentual de leitores no país tem diminuído até mesmo nas faixas etárias em que o sujeito frequenta a escola, onde a leitura é obrigatória, em 2007 constatou-se que um adolescente (14 a 17 anos) lia 6,6 livros ao ano, este número cai para 5,9 em 2011. Deve-se considerar que o infográfico não possui grande profundidade nos assuntos abordados, mas é um caminho para despertar o interesse do leitor, o qual, posteriormente, poderá se aprofundar. A infografia pode funcionar como incentivo à leitura para os indivíduos ao apresentar temas de fácil compreensão que sejam interessantes a eles. Apesar de seu grande potencial didático, os infográficos ainda não são altamente explorados no meio pedagógico. A proposta de desenvolvimento de um infográfico com tema complexo exemplifica como a infografia pode ser de grande utilidade na educação ao transmitir grande volume de informações de forma coerente, atraente para o aluno e que facilite sua retenção de conhecimento.
18
OBJETIVO GERAL
Evidenciar o potencial da infografia como ferramenta pedagógica ao transmitir conteúdos de forma organizada e simplificada, exemplificando com a criação de um pequeno projeto editorial estruturado em infográficos com tema complexo: a construção de Zé Carioca, o estereótipo brasileiro.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Levantar fundamentação teórica que comprove a hipótese. Evidenciar o poder da infografia na comunicação de massa. Discutir o impacto do estereótipo através da análise do filme “Alô, Amigos”, 1943. Sintetizar grande volume de informações. Transpor dados para meio visual. Aplicar o máximo de elementos infográficos apresentados no levantamento bibliográfico na criação da peça gráfica.
19
Construir um infográfico eficaz ao transmitir a informação e agradável esteticamente.
1 INFOGRAFIA
O homem tende a ser impulsionado por aquilo que é visual, a imagem o atrai, sua mente interpreta seu significado, quando marcante o transforma em memória. Segundo Dondis (1997) buscamos um reforço visual de nosso conhecimento, a mais importante delas é o caráter direto da informação, a proximidade da experiência real. A imagem é decodificada de acordo com seu contexto e a experiência do indivíduo, há sempre a assimilação entre o novo e o que está armazenado em seu repertório imagético/cultural. Através do bombardeamento de imagens por meio da comunicação de massa, o sujeito adquiriu grande domínio de interpretação de símbolos.
Sucessivamente, desde sua criação, a imprensa e as artes gráficas submeteram o leitor a uma aquisição de repertório visual que resultou num domínio sofisticado de códigos. (FLETTER; SHERER).
A familiaridade com os códigos torna o indivíduo capaz de ler com clareza infográficos, que usam simultaneamente textos e elementos gráficos (ilustrações, fotografias, gráficos). Inicialmente este recurso era utilizado para substituir a falta ou a baixa qualidade de fotografias para ilustrar matérias. A evolução da imprensa permitiu maior exploração do infográfico, atualmente com o advento da internet o seu uso é constante, pois oferece agilidade ao transmitir informações. O público sente-se atraído pela infografia, pois o uso de imagens aproxima o leitor da realidade da notícia, havendo maior agregação de experiência,
20
ela também apresenta a notícia de forma simplificada, organizada e redundante (DEBONI, Saulo apud RAJAMANICKAM, 2002). A simplicidade é essencial para a comunicação do infográfico, o ideal é a utilização de elementos que permitam que o leitor decodifique a mensagem sem ter conhecimento prévio sobre o assunto. A redundância evita que o público dê diferentes interpretações à imagem e permite sua fixação, deve-se repetir a informação de maneira que o ruído seja o menor possível. A boa organização de textos e imagens facilita a fluidez da leitura, consequentemente o entendimento e a retenção da mensagem (DEBONI, Saulo). O Brasil é um país de poucos leitores, a apelação gráfica desperta interesse na notícia, e pode levá-lo a se aprofundar no assunto narrado.
A infografia traz contribuições no que se refere à preparação de informações objetivas e organizadas de forma sintetizada e como meio atrativo de comunicação, visando despertar no público alvo o interesse no aprofundamento do tema apresentado. (CARDOSO; CUTY; ATRACK).
A infografia é utilizada principalmente na veiculação de notícias, mas possui incrível caráter educacional. A forma com que apresenta informações pode ser considerada didática, e deve ser mais explorada dentro do universo acadêmico, pois oferece a possibilidade de melhor fixação de conteúdo. Determinados assuntos têm grande complexidade e o infográfico tem como função simplificar e organizar dados, podendo ainda oferece a integração com imagens, que facilitam a compreensão do leitor. A utilização da infografia no contexto escolar pode auxiliar no processo da educação. Constata-se que ações governamentais obrigam a permanência de menores de idade na escola, mas a presença física não garante que o indivíduo adquira o conhecimento fornecido pelo educador. O uso de ilustrações para apoiar a leitura não é recente, mas lamentavelmente ainda não há vasta exploração da infografia didática. As informações devem ser organizadas de maneira estratégica devendo alcançar o grande público: desde o leitor frequente até os de menor hábito de leitura. Devem-se considerar os dados a serem transferidos de maneira visual, a relação entre imagem e tipografia, o equilíbrio da peça. Cada elemento gráfico/informacional deve ser considerado em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos sintáticos, semânticos e pragmáticos (E. CARDOSO; J. CUTY; V STRACK apud FRASCARA, 2004). A estética é importante no infográfico, mas principalmente sua funcionalidade, este recurso deve ser um facilitador da
21
comunicação e não deve de forma alguma confundir o leitor. O excesso de informação, seja em textos ou imagens provocam ruídos, por isso deve-se prezar pela simplicidade.
1.1 História da Infografia
Inicialmente a comunicação era estritamente verbal, mas era seguida por registros pictóricos centenas de anos antes de Cristo. O texto não existia, o uso do desenho era predominante (SILVA, William R, 2010). O desenho primitivo evoluiu. Primeiramente ele era a representação do concreto, logo tornou-se símbolo, designando o abstrato. A partir da evolução destes ideogramas surgiu a escrita.
A escrita pictórica consistiu na representação desenhada de objetos concretos, figuras de animais, etc., formando em sucessão, um relato coerente. Gradualmente, alguns destes sinais tomaram um sentido convencional e passaram a designar conceitos abstratos, tornando-se ideogramas. Em outros sistemas, acresceram-se as sílabas que, articuladas, formaram palavras e, por fim surgiram as letras, isto é, os sinais alfabéticos que, correlacionando em com fidelidade a escrita e a voz humana, representam graficamente a fala. (COSTELLA, 2002).
Entretanto, o surgimento da escrita não fez com que o homem abandonasse seu antigo hábito de representação através de desenhos; as duas formas de comunicação se uniram para que a informação abrangesse maior público possível, pois nem todos eram alfabetizados, como exemplo tem-se a Capela Sistina de Michelangelo, a criação representada graficamente.
Trata-se de uma explicação visual da Criação para um público em sua maior parte analfabeto e, portanto, incapaz de ler a história bíblica. Mesmo que soubesse ler, esse público não conseguiria aprender de modo tão palpável toda a dramaticidade do relato. (DONDIS, 1997).
22
A utilização da infografia é considerada recente, entretanto, De Pablos (1999) afirma que a história da infografia é tão antiga quanto à conjunção de imagem e texto. Por isso é um erro atribuí-la à informática. Os infográficos passam por uma renovação, contudo, sua aplicação é antiga.
Deste modo, o seu uso não é recente, nem nasceu com fins jornalísticos ou por conta dele, “senão fruto do desejo da humanidade em se comunicar melhor. A infografia, pois, é de hoje, mas também o é de ontem, de um passado remoto.” (SILVA, William R. apud DE PABLOS, 1998).
Pode-se dizer que os infográficos mais primitivos estão na arte rupestre, já que é uma maneira visual de representar dados, os egípcios contribuíram para a sofisticação da infografia, eles uniram as primeiras manifestações da escrita com imagens. A expansão marítima no século XVI aperfeiçoou a representação visual com novas técnicas para a construção de diagramas geométricos, nos mapas e tabelas de posições das estrelas (FRIEDLY, Michael; DENIS, Daniel). Mas o grande avanço para a elaboração do que chegaria mais perto dos infográficos atuais foi a invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, em 1436. De 1700 a 1799 além de usarem os recursos visuais na cartografia, começa-se a utilizá-los para representar dados de economia, demografia, geologia e saúde. Inovações como a cor e a litografia passam a ser incorporadas na construção de infográficos.
23
Figura 1 - Marcos da História da Infografia
Fonte: Autor.
Graças às inovações tecnológicas de 1700 a 1799 o século XIX foi marcado por uma explosão na utilização de gráficos estatísticos e de mapeamento temático. As formas de gráficos estatísticos hoje conhecidas foram desenvolvidas nesta época (FRIEDLY, Michael; DENIS, Daniel). A representação da informação de forma visual é percebida como algo estratégico para avaliação de dados de forma mais rápida e eficaz. As contribuições dos infográficos abrangem todas as áreas, sendo vastamente utilizados para planejamentos. No século XVII a infografia começa a ser utilizada na imprensa por jornais americanos e europeus. Mas seu uso passa a ser fortemente utilizado em 1982 na mídia impressa pelo diário americano USA Today, este jornal tinha como público alvo pessoas que não possuíam muito tempo para a leitura e que estavam acostumadas a ver notícias pela televisão (SILVA, William apud CAIRO, 2008), portanto, chamar a atenção através de
24
imagens que traziam breves textos, porém suficientemente explicativos foi a estratégia utilizada pela organização, esta foi copiada por todo o globo.
O tempo destinado à reflexão da mensagem foi diminuído, tornando sua leitura mais rápida e ágil. (DEBONI, Saulo apud MARCELLI, Villas-Boas, 2002)
A grande ameaça à mídia impressa era a televisão, a atração pela imagem em movimento era hipnotizadora, os jornais perdiam leitores dia após dia. Havia a necessidade de algo atraente e dinâmico que despertasse e apreendesse o leitor, o infográfico torna-se o protagonista do jornal. O USA Today foi orientado por pesquisas de opinião que mostravam que o público gostaria de um jornal com menos textos e mais imagens (SILVA, William apud SCHMITT, 2006). A infografia ganhou mais força com a informatização de seu processo na década de 1990. Até então a construção de um infográfico era manual, o computador acelerou e otimizou o processo, passa a ser possível identificar e corrigir um erro rapidamente. A Guerra do Golfo colocou a prova a potencialidade da era informatizada (SILVA, William), pois o governo proibiu a exibição de imagens do conflito, a cobertura da televisão era precária, o jeito foi apelar para a infografia. Os infográficos eram imprescindíveis para a cobertura da guerra, os espaços destinados a eles cresceram e alcançaram as primeiras páginas, nunca a infografia tinha sido tão importante. Entretanto, há críticas em relação à qualidade da informação apresentadas, o apelo maior estava na estética, os dados chegavam a ser precários. Mas este recurso alcançou sua maturidade e passou a integrar de forma mais consistente a mídia impressa, a qual passou a ter mais discernimento a respeito do que publicava, dando equilíbrio à estética e prezando pela funcionalidade. Atualmente os infográficos continuam fortemente presentes no meio impresso, existem revistas que seu grande diferencial está na utilização da infografia, como exemplo a revista Super Interessante, mas a mídia virtual é a que anda se expandindo cada vez mais, o público tem a internet não apenas através de computadores, mas também por meio de celulares, tablets, vídeo games etc. Os infográficos no meio virtual oferecem mais interatividade, em um clique abrem-se novas janelas e possibilidades, o leitor tem maior controle sobre as informações que o interessam.
25
1.2 O poder da imagem na comunicação de massa
O homem necessita de seus sentidos para viver, através deles ele identifica ameaças e oportunidades. (RAMOS, Evandro de Morais, ZAGO, Rosemara S. Barros) A ótica é a parte da física que trata da luz e dos fenômenos da visão. A luz permite ver, mas é a semiótica que possibilita o entendimento. A interpretação que cada indivíduo faz depende das experiências vivenciadas por ele, por isso uma mesma imagem pode ser entendida de diferentes maneiras. A imagem torna-se parte da memória, Rudolf Arnheim considera que o pensamento é visual, entende-se que a representação gráfica é agregada ao repertório cultural do indivíduo, tendo grande parcela em sua educação. Os estímulos externos quando percebidos são transformados em imagens pela memória.
“A imagem – em grego – ídolos é o que sobrou do objeto percebido. É o que permanece retido em nossa consciência. A imagem seria o rastro deixado pela percepção.” (RAMOS; ZAGO)
Cada indivíduo age de acordo com seus conhecimentos, o homem erra, logo aprende que determinado método não deve ser aplicado para atingir determinada meta, a experiência é gravada na memória, que converte todos os vestígios da percepção em imagem, portanto a imagem constrói a realidade na mente, que guia o sujeito permitindo a identificação das configurações de seu ambiente e o que será benéfico ou maléfico a ele. A interpretação das configurações sofre influência do ambiente, daquilo que rodeia o objeto e das experiências do passado.
26
“Toda experiência visual é inserida num contexto de espaço e tempo. Da mesma maneira que a aparência dos objetos sofre influências dos objetos vizinhos no espaço, assim também recebe influência do que viu antes.” (ARNHEIM, Rudolf, 1980)
Ao ver um objeto desconhecido o indivíduo fará uma análise buscando familiaridade com o mesmo, sendo inédito em sua vida, ele o avaliará juntamente com o contexto. Existe também a influência da instrução verbal, ao receber uma descrição de uma situação, o sujeito buscará em sua memória visual algo que se encaixe ao contexto descrito.
“(...) traços de objetos familiares retidos na memória podem influenciar a forma que percebemos, e que elas podem fazê-la parecer-nos de maneira completamente diferente se sua estrutura permitir.” (ARNHEIM, Rudolf, 1980)
Alguém com bom repertório cultural pode se defender do bombardeamento das imagens, tão utilizado para vender ideias e bens de consumo disseminados pelos meios de comunicação de massa como televisão, cinema, revistas, rádio, jornais, recentemente a internet e inclusive os quadrinhos. Designados como mass media, eles fazem parte do cotidiano do homem e funcionam como entretenimento, informação e educação. Os meios de comunicação de massa impõem de maneira sutil como seria o ideal comportamento da população, não há imposição, há simplesmente sugestões do que seria o padrão o a ser seguido, e também o que seria um comportamento repugnante. Características fundamentais dos mass media são a velocidade e o grande número de pessoas alcançadas pela comunicação. A notícia deve ser transmitida rapidamente e o entretenimento tem que ser sempre inovador, o público anseia por novidades e originalidade. Na mesma velocidade que algo é transmitido torna-se obsoleto. A audiência mede a eficácia do programa, e para agradá-la é necessário estar à frente, fazendo com que a comunicação de massa se torne uma grande fábrica de entretenimento. O alto número de pessoas alcançadas através dos meios de comunicação de massa torna-se estratégico para orientar um país. Tudo o que é veiculado massivamente é absorvido com grande facilidade pelo público, principalmente se existe um apelo visual. O governo tem o poder de censurar e, muitas vezes, doutrinar o que será passado à população. (MORIN, Edgar, 1971). No sistema Socialista, por exemplo, o Estado é responsável por tudo, ele
27
produz, censura e dirige. E até mesmo no capitalismo a iniciativa privada não é livre para produzir o que deseja, há uma burocracia que deve ser respeitada, o Estado, no mínimo, policia a produção. No sistema privado existe a preocupação de atingir o maior número de público possível, buscando dessa forma maior lucro, e no sistema de Estado há o interesse político e ideológico.
(...) O sistema privado quer, antes de tudo, agradar ao consumidor. Ele fará tudo para recrear, divertir, dentro dos limites da censura. O sistema Estado quer convencer, educar: por um lado tende a propagar uma ideologia que pode aborrecer ou irritar, por outro não é estimulado pelo lucro e pode propor valores de “alta cultura” (...) (MORIN, 1971).
A comunicação de massa como meio estratégico de vendas do sistema capitalista depende da criatividade para ser funcional, entretanto, o Estado não dá total liberdade para a sua produção. Existe a interferência da política nos mass media, mas o Estado também precisa do ardil do sistema privado em suas produções educativas, pois o público pode fadigar de suas criações. Neste momento busca-se a originalidade que somente o capitalismo oferece. Portanto, o governo utiliza os estratagemas do sistema privado para disseminar sua ideologia, assim doutrinando a população de seu país de forma sutil. Os interesses mercadológicos regem as necessidades da comunicação de massa. Existe o entretenimento destinado a toda a massa, entretanto, existem dois públicos extremamente interessantes: o feminino e o infantil. A mídia tende a ser um universo feminino-masculino, existem, por exemplo, filmes com alto teor de virilidade e violência, características típicas do gosto masculino, mas nestes mesmos filmes existem conflitos interessantes ao público feminino, como um romance ou um homem que defende a família. A mulher tolera a violência se existir uma razão fortemente ligada ao sentimentalismo. A figura feminina está presente no universo do entretenimento masculino, enquanto os interesses do homem são praticamente ignorados em uma revista feminina. Edgar Morin, antropólogo, filósofo e sociólogo, considerado um dos principais pensadores da atualidade, lembra que a comunicação de massa tende a padronizar o produto cultural, tudo tem seu tempo de duração determinado, um filme, por exemplo, dura aproximadamente uma hora e meia. Até mesmo as histórias são convertidas em arquétipos e estereótipos constituídos em padrão. Não é incomum um autor sentir-se ofendido pelos padrões impostos pela mídia, ele não se identifica mais com sua obra e tem que aceitar o
28
happyend porque assinou um contrato. A padronização cultural busca a homogeneização do público, o homem “ideal” é aquele que aceita uma visão geral e estereotipada de diferentes conteúdos, este, segundo Edgar Morin, é chamado de homem médio, mais uma cifra para a mídia. Os assuntos veiculados através dos meios de comunicação de massa são simplificados, de forma que facilite o entendimento e aceitação do público. O estereótipo é criado a partir da necessidade de rapidez da comunicação, o reconhecimento do público perante uma imagem tem que ser instantâneo, o que torna mais fácil se ele já tiver um pré-conhecimento do assunto. A imagem estereotipada reduz a necessidade de pensar do homem, ele olha e reconhece de imediato, passando por cima do processo de decodificação.
(...) Sua quantidade avassaladora e a rapidez de suas aparições, associadas à aceleração do tempo pessoal dos sujeitos resulta num processo em que não há tempo para a simbolização. É possível afirmar que a visualização pede um estereótipo, espécie de anti-símbolo, por apresentar o já pensado, dispensa a simbolização. (BARROS, Ana Taís, 2009)
Há grande corrupção no meio da comunicação, notícias podem ser deturpadas de acordo com interesses governamentais e até mesmo privados. O público tende a aceitar aquilo que é veiculado pelos mass media sem fazer grandes questionamentos. A infografia é uma ferramenta estratégica para a comunicação, está presente em meios estáticos como, jornais, revistas, internet, ou em animações, dá grande dinamismo ao leitor, atraindo seu público pela facilidade com que veicula uma informação, e também com sua estética. O estereótipo tem o papel de tornar uma notícia representada em um infográfico em algo palpável, pois como dito anteriormente, ele vem de um conhecimento pré-concebido, mesmo que superficial, otimizando sua fluidez e interpretação do assunto, aumentando a velocidade da comunicação. Juntamente com o uso preciso de dados e imagens o leitor é induzido a dar grande credibilidade à notícia veiculada, a confiança na informação ajuda a moldar a opinião pública a respeito de determinado assunto, já que não abre espaço para dúvidas. É difícil questionar a simplificação, ela mostra o essencial, não faz firulas e não deixa brechas para dúvidas, sua precisão vem da organização que deixa explícita a causa e consequência de um evento, e ainda comprova com dados numéricos, mapas, fotografias e diversos recursos visuais. A redundância presente neste tipo de ferramenta do mass media reforça informações sem que, muitas vezes, o leitor se dê conta, fixando os dados na memória do público com maior eficácia.
29
A imprensa procura agradar ao mesmo tempo pessoas de classes, sexo e idades diferentes, buscando a universalidade da massa, de forma a simplificar juízos de valores, a mídia leva inúmeros estereótipos à sociedade, o que pode levar a perda de particularidades regionais e à diminuição da criatividade cultural. Um público que tem o mesmo tipo de visão universalizada a respeito do mundo tem, consequentemente, sonhos de consumo similares e comportamento padrão, o que é tão interessante para o capital quanto para o Estado. A sociedade exige comportamentos padrões. A mídia não dita, mas mostra de forma a induzir o público a se portar como personagens inventados a partir de arquétipos. Segundo Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, a persona é a máscara que o homem usa perante o outro. Ele camufla o seu íntimo de forma a se adequar às normas impostas para uma boa convivência em grupo. Aquele que se identifica com sua persona tende a não aceitar seus defeitos, ignorar suas fraquezas e viver buscando o ser ideal, a autoimagem perfeita, desta forma abafa o seu verdadeiro “eu”.
Uma Persona dominante pode abafar o indivíduo e aqueles que se identificam com sua Persona tendem a se ver apenas nos termos superficiais de seus papéis sociais e de sua fachada. Jung chamou também a Persona de Arquétipo da conformidade. (BALLONE, 2005)
O homem é bombardeado por “seres ideais” através da comunicação de massa, que usa o conhecimento do inconsciente coletivo para convencer o indivíduo de que suas histórias são reais, portanto, suas sugestões comportamentais são plausíveis. À medida que um sujeito muda seu comportamento, desempenhando um diferente papel, o Ego tende a mudar sua direção. Um indivíduo sem equilíbrio psíquico pode ser induzido a determinados comportamentos, opiniões e ideais impostas por interesses governamentais ou do sistema capital.
1.3 Infografia como uma ferramenta didática
30
O indivíduo se desenvolve no meio de um constante bombardeamento de imagens, isso o tornou mais hábil ao interpretar símbolos. A ilustração é um recurso muito explorado nos primeiros anos da vida acadêmica de um sujeito, ela auxilia a criança a relacionar imagem e palavra, tanto escrita quanto falada. Piaget dedicou-se a estudar o desenvolvimento cognitivo, ele o separou em fases ou estágios: Período Sensório Motor – nascimento aos dois anos de idade: fase em que a inteligência é prática. Não há pensamento, existe simplesmente um contato direto com o meio. Tudo é uma extensão de seu corpo. Período pré-operacional – dois anos aos sete: estágio da inteligência simbólica. A criança começa a desenvolver um pensamento mais organizado, é a fase dos “por quês”. Ainda não é capaz de relacionar situações. Período operacional concreto – sete aos doze anos: a criança já tem noção de tempo, espaço, velocidade, casualidade etc. Possui pensamento lógico, capaz de operar reversivamente, porém ainda se encontra na concretude, impossibilitado de operar com hipóteses. Período das operações formais – doze anos em diante: o indivíduo tem a capacidade de operar de forma lógica tanto em um contexto concreto quanto hipotético. Ele aplica o raciocínio lógico a qualquer tipo de problema.
A infografia pode ser inserida a partir do período operacional concreto, a criança já está na fase de alfabetização, já consegue assimilar imagem e texto, mas o período das operações formais é o mais indicado para uma abordagem infográfica, pois já é capaz de fazer rápidas relações entre diferentes assuntos em espaços de tempo e lugar distintos. Existem indivíduos com dificuldades de aprendizagem, entretanto, isso não significa que estes estão excluídos da informação, é possível que ferramentas alternativas consigam auxiliá-los no processo de reter informações.
Neste contexto a infografia se encaixa
perfeitamente, disponibilizando um método simples de organização de dados apoiados por elementos visuais que facilitam a obtenção de conhecimentos.
31
Supostas aptidões diferenciadas apresentadas por alguns alunos em uma determinada disciplina consistem principalmente na capacidade de adaptação destes ao tipo de ensino que lhes é fornecido, sendo os alunos com mau desempenho perfeitamente aptos a dominar os assuntos que parecem não compreender, contanto que lhes cheguem através de outros caminhos. (POLONI, Rafael apud PIAGET, 2011)
Os livros convencionais de história utilizam quase exclusivamente textos corridos com poucos elementos ilustrativos, ao primeiro olhar o aluno já sente cansaço, a leitura torna-se cansativa. Três livros da matéria foram analisados em relação ao conteúdo da Segunda Guerra Mundial, período da criação de Zé Carioca, objeto de estudo. Todos mostram as características mencionadas anteriormente, sendo “Rumos da História – Nossos Tempos, O Brasil e o mundo contemporâneo” de 1996 observado como o livro que possui conteúdo mais denso e cansativo, pois além de não se utilizar da imagem, foi diagramado em apenas uma coluna, resultando em um texto pouco atraente, prendendo menos a atenção do leitor, havendo mais chances dele perder o fluxo da leitura. Obter a atenção do aluno é essencial para seu desenvolvimento, e o design deve auxiliar neste quesito.
Figura 2 - “Rumos da História – Nossos Tempos. O Brasil e o mundo contemporâneo”, 1996.
Fonte: Autor.
Outro ponto a ser destacados é a variedade de tipos de inteligência, que somam oito: lógico-matemática,
linguística,
espacial,
musical,
corporal-cinestésica,
intrapessoal,
interpessoal e naturalista (POLONI, Rafael apud REINHARDT). A interpretação de
32
infográficos exige a utilização de diferentes inteligências, possibilitando que o leitor desenvolva diferentes habilidades.
2 LEVANTAMENTO TEÓRICO
Este capítulo aborda todo o universo dos infográficos, os tipos, elementos e método para sua construção.
2.1 Tipos de Infográficos
Existem dois propósitos para o uso do infográfico, um de caráter jornalístico e outro de caráter didático (PAIVA, Francis, 2011 apud Teixeira, 2006). O infográfico para uso jornalístico complementa a notícia ou reportagem, geralmente apresenta os fatos em uma ordem cronológica facilitando o entendimento do leitor. O infográfico de caráter didático apresenta-se sem o acompanhamento (PAIVA, Francis, 2011).
33
Há dois tipos de infográficos, o Enciclopédico, contendo explicações de caráter universal, e os Específicos que se atém a aspectos mais próximos da singularidade (PAIVA, Francis, 2011).
Figura 3 - Tipos de Infográficos.
Fonte: Teixeira. .
Enciclopédico Independente: Trata de assuntos amplos e não acompanham notícia ou reportagem. Enciclopédico
Complementar:
Trata
de
assuntos
amplos
e
acompanham notícia ou reportagem. Específico Independente: Trata-se de um infográfico que possui apenas um texto introdutório, na mesma linha segue a reportagem infográfica, onde existe uma introdução e vários infográficos formando um todo complexo. Específico Complementar: Acompanha notícia ou reportagem, mas o infográfico possui muitos detalhamentos sobre o assunto.
2.2 Elementos dos Infográficos
34
As funções básicas do infográfico são enriquecer o texto, tornar a notícia mais palpável e de fácil entendimento, e agregar estética à pauta, tornando-a mais atrativa A utilização de infografia na atualidade é vasta, mas deve-se avaliar se seu uso realmente agregará valor à mídia, o excesso pode poluir e cansar o leitor, dessa forma o infográfico perde seu poder de “sedução visual” (KANNO, Mário; BRANDÃO, Renato, 1998). Portanto, analisar se este recurso é necessário é importante para se obter uma diagramação coerente, que cumpra seu papel organizacional, de forma que a informação seja passada de modo mais efetivo, rápido e sem ruídos. A estrutura de um infográfico deve conter os elementos básicos da narração: título, pequena introdução do tema, desenvolvimento, desenrolar e fonte (para dar credibilidade à informação) (SILVA, William apud Serra, 1998). Há uma narração e descrição simultânea. Em sua definição a infografia é o uso de textos e elementos gráficos (fotografias, tipografia, ilustrações, gráficos) ao mesmo tempo. Entretanto, um infográfico pode ser apenas visual, neste tipo deve haver grande investimento nas representações ilustrativas, pois elas devem ser precisas ao passar a informação. Mas a maioria dos infográficos utiliza o texto e a imagem para se complementarem. O texto pode ser denominado “arte-texto” na infografia seu formato não é definido dentro da diagramação, mas eles funcionam como apoio para a imagem (KANNO; BRANDÃO, 1998), com teor explicativo e às vezes até redundante, facilita a fixação da mensagem na memória do leitor. Apesar do grande suporte que o texto dá ao infográfico, é importante que ele seja o mínimo possível, pois textos longos tendem a cansar visualmente o leitor e afastar seu interesse perante a matéria. Não existe uma classificação uniforme a respeito dos elementos que constituem um infográfico, cada infografista desenvolve sua própria maneira de elaborar suas peças, tudo depende de seu repertório. Cabe ao profissional saber quais recursos estão disponíveis para elaboração de seus infográficos. Mesmo que não existe um senso comum entre os profissionais da infografia sobre os elementos utilizados na construção do infográfico, faz-se necessária uma listagem com os recursos mais comuns da área. A arte-texto apresenta os seguintes recursos dentro da infografia: ficha, fac símile, resumo, perguntas e respostas, glossário/cronologia, testes, sobe-desce, escore, frases, listas,
35
tabela, organograma/fluxograma. Estes elementos textuais podem ser utilizados de várias formas dentro do infográfico, devem dar apoio, porém, a maneira com que são colocados em relação à imagem podem otimizar ou tornar a peça gráfica pesada e cansativa. A ficha tem como função conter as principais características/informações do personagem (pessoa, objeto, animal, fato) da notícia, mas não devem repetir informações, apenas acrescenta-las, complementando, diversificando e destacando o assunto em questão. A partir das fichas o leitor acha rapidamente o foco do infográfico.
Figura 4 - Ficha
Fonte: Quadro adaptado de “Manual de Infografia – Folha de S. Paulo”.
36
Fac-símile é a reprodução de documentos que sejam relevantes para a matéria, dá maior credibilidade para ela. Deve ser acompanhado por legenda, destacar a informação importante é uma boa estratégia (KANNO, Mário; BRANDÃO, Renato, 1998). Figura 5 - Fac-Símile
Fonte: Quadro adaptado de “Manual de Infografia – Folha de S. Paulo”.
O resumo facilita a vida do leitor, pois de forma simples e rápida ele se interessa sobre o assunto da pauta. Mas a regra de escrever pouco deve permanecer. Estratégias como destacar a personagem, utilizar fluxogramas e fotografias devem ser exploradas (KANNO, Mário; BRANDÃO, Renato, 1998).
37
Figura 6 - Resumo
Fonte: Quadro adaptado de “Manual de Infografia – Folha de S. Paulo”.
Utilizar perguntas e respostas pode resumir um assunto, e tornar um tema difícil mais agradável de ler. Fotos podem valorizar a entrevista, e deve-se diferenciar a pergunta da resposta utilizando tipografia em bold ou cor diferente.
38
Figura 7 - Perguntas e respostas
Fonte: Quadro adaptado de “Manual de Infografia – Folha de S. Paulo”.
A cronologia narra um acontecimento de forma evolutiva, este método é extremamente organizado. Podem ser acrescentadas figuras para exemplificar o assunto abordado. O cronograma pode ser bem versátil, dinâmico e atraente.
39
Figura 8 - Cronologia
Fonte: Quadro adaptado de “Manual de Infografia – Folha de S. Paulo”.
O glossário pode trazer o significado de palavras “difíceis”, para facilitar o entendimento da pauta. Ou apresentar vocabulários esdrúxulos, como gírias.
40
Figura 9 - Glossário
Fonte: Quadro adaptado de “Manual de Infografia – Folha de S. Paulo”.
O teste é uma forma de promover a interatividade entre o leitor e a mídia, ele transmite informações de forma divertida. Este recurso possibilita a integração com um resumo, pois às vezes exige uma explicação sobre o tema que aborda.
41
Figura 10 - Teste
Fonte: Quadro adaptado de “Manual de Infografia – Folha de S. Paulo”.
O escore é utilizado quando o número é a informação mais importante abordado no infográfico. Ele deve ser destacado utilizando, por exemplo, a diferenciação do tamanho de corpo. A cor também funciona como recurso de distinção entre elementos.
42
Figura 11 - Escore
Fonte: Revista Superinteressante.
A função do infográfico é transmitir informações de forma ágil e atraente, para alcançar tais objetivos é necessário que a informação tenha credibilidade. Utilizar frases, principalmente em temas polêmicos, pode despertar maior interesse do público. É importante que os personagens sejam identificados. As frases devem ser curtas e de grande impacto, é interessante que o tamanho entre uma e outra não tenha grande variedade para que seja mais fácil a homogeneidade da diagramação. A ilustração/fotografia garante maior apelo estético ao infográfico.
43
Figura 12 - Frases
Fonte: Quadro adaptado de “Manual de Infografia – Folha de S. Paulo”
A lista favorece a rápida compreensão do assunto abordado no infográfico. Ela não deve conter grandes detalhamentos, sua informação ao ser agregada a uma imagem ganha maior valor, atraindo o leitor.Um infográfico em forma de lista alivia o texto e favorece a vida do leitor (KANNO; BRANDÃO, 1998).
44
Figura 13 - Lista
Fonte: Revista Super Interessante.
Pode-se dizer que a tabela é uma lista mais sofisticada, no entanto ela permite comparações já que existe associação entre uma coluna e outra. Nas tabelas podem ser utilizados textos, números imagens. Deve-se evitar a criação de espaços em branco, para isso seria ideal que o volume de conteúdo da coluna vertical seja o mesmo para a coluna horizontal correspondente. (KANNO, Mário; BRANDÃO, Renato, 1998).
45
Figura 14 - Tabela
Fonte: Quadro adaptado de “Manual de Infografia – Folha de S. Paulo”.
O organograma e fluxograma definem posição hierárquica ou de relacionamento entre personagens (KANNO, Mário; BRANDÃO, Renato, 1998). Figura 15 - Fluxograma
Fonte: Revista Super Interessante.
46
Os gráficos dão valor comparativo entre dados, eles permitem que o leitor perceba imediatamente as grandezas em questão. Deve-se usar apenas o que for estritamente necessário, informações em excesso confundem o leitor. A utilização de fotografias e logotipos facilita o entendimento do assunto. Existem três tipos de gráficos, cada um permite a melhor visualização de determinado dado: gráfico de linha, melhor maneira de visualizar evoluções ao longo do tempo, de barra, melhor para comparar e para representar evoluções, e de queijo, apresenta de forma simples divisões de um mesmo universo (KANNO, Mário; BRANDÃO, Renato, 1998). Figura 16 - Gráficos
Fonte: Revista Super Interessante.
47
O mapa valoriza o infográfico e tem como objeto responder o “onde” do assunto. Um bom mapa permite que outros dados complementem suas informações respondendo o “por quê”, “quem” e o “quando”. Mapa de localização funciona como uma ficha, valoriza geograficamente o local de uma reportagem. Os mapas de movimentação explicam mudanças ou movimentações que podem estar acontecendo em uma região. Os mapas de dados cruzam informações em forma de textos ou gráficos com localizações geográficas (KANNO, Mário; BRANDÃO, Renato, 1998). Figura 17 - Mapa
FONTE: Revista EXAME online.
As figuras ou imagens pictóricas representam objetos físicos. Sua representação pode apresentar distorção.
48
Figura 18 - Ilustração
Fonte: Revista Super Interessante.
Os diagramas de ligação (ou link diagram) são representações gráficas que têm como função ligar elementos, normalmente utilizando setas.
49
Figura 19 - Diagrama de Ligação.
Fonte: WebometricThoughts.
Para mostra a categorização de elementos usa-se os diagramas de agrupamento (groupingdiagram). Figura 20 - Diagrama de agrupamento.
Fonte: HouseAbsolute (lyPointeless).
50
Objetos podem ser representados graficamente por símbolos.
Figura 21 - Símbolos
Fonte: FreePik.
O Diagrama cronológico (chronological link diagram) funciona como diagrama de ligação e gráfico de tempo simultaneamente.
Figura 22 - Diagrama cronológico.
Fonte: Análise da Infografia Jornalística, LIMA, Ricardo, 2009 apud Engelhardt, 2002.
51
O Diagrama estatístico de ligação (statiscal link diagram) funciona como gráfico estatístico e diagrama de ligação. Figura 23 - Diagrama estatístico de ligação
Fonte: Análise da Infografia Jornalística, LIMA, Ricardo, 2009 apud Engelhardt, 2002.
2.3 Método para construção de Infográficos
Rajamanickam (2005) classificou a infografia de acordo com o tipo de informações que transmite e pela forma como apresenta-las. Os tipos de informação são classificados em: espacial, cronológica e quantitativa. Os dados podem ser apresentados nos seguintes meios: estáticos (papel ou tela de computador), animado (vídeo ou animação) e interativo (o leitor escolhe as informações que serão apresentadas, geralmente no computador).
52
Figura 24 - Classificação da Infografia
53
Fonte: Diagrama traduzido por Rafael Andrade, 2008, de VenkateshRajamanickam sobre o processo de desenvolvimento de um infográfico. InfographicsSeminaarHandout, 2005.
O autor apresenta nove passos para a construção de infográficos: organizar, tornar visível, definir o contexto, simplificar, redundância, mostrar causa e efeito, comparar e diferenciar, criar dimensões múltiplas e integrar.
Quadro 1 - Princípios de Rajamanickam
Princípios de Rajamanickam Organizar
O princípio da organização é a fase mais difícil na construção do infográfico. Toda informação deve ser organizada e é necessário que a forma como ela será representada seja planejada.
Tornar Visível
Dados numéricos apresentados de forma visual facilitam a compreensão.
Definir o contexto
O espaço, contexto em que algo aconteceu,
deve
ser
representado
graficamente para que a informação seja mais palpável. Simplificar
O leitor tem sua capacidade de interpretar
e
focar
a
atenção
em
representações simples e objetivas. Redundância
A redundância reforça a informação através da repetição de dados. Mas o excesso pode cansar o leitor.
Mostrar causa e efeito
É importante para o leitor saber a causa
da
situação
apresentada
pelo
infográfico para melhor compreender e analisar as informações. Comparar e Diferenciar
A compreensão da informação é facilitada pela comparação e diferenciação de dados através de cores, tamanhos ou
54
códigos. Criar dimensões múltiplas
Cada detalhe do infográfico é representado em diferentes dimensões, por exemplo, data e local são suas dimensões distintas.
Integrar
A diferença entre um texto com imagens e um infográfico é a integração. Na
infografia
os
dados
devem
ser
conectados de forma que a compreensão da informação seja feita a partir do conjunto, e não apenas do texto ou das ilustrações. Deve existir coerência entre todos os elementos para que se crie uma peça integrada (ANDRADE, Rafael, 2008). Fonte: Autor
3. FERRAMENTAS COMPLEMENTARES PARA CONSTRUÇÃO DE INFOGRÁFICOS
Basicamente os infográficos são peças gráficas construídas com base nos princípios do Design que regem a funcionalidade, considerando informações, cores, tipografia, e o equilíbrio visual que favorece a estética. Conhecer as ferramentas deste universo é essencial para o sucesso do projeto.
3.1 Princípios do Design Gráfico
Para a produção de uma peça gráfica é necessário estabelecer a organização dos elementos em um grid de forma equilibrada. E o equilíbrio consiste na combinação ideal dos componentes visuais ou textuais em um determinado espaço. No Design Gráfico há diversos princípios em relação à forma, cor, tipografia entre outros que auxiliam na composição de uma diagramação eficiente ao passar a informação desejada e equilibrada visualmente, sendo desta forma mais atraente esteticamente. O infográfico é uma peça gráfica, portanto, deve seguir os princípios básicos do Design em seu desenvolvimento para chegar ao resultado desejado.
55
Regras não constroem um bom profissional de design, mas um bom designer deve dominar a teoria de forma que ao aplicar sua sensibilidade em suas composições ele não seja guiado apenas pelas suas emoções.
3.1.1 Síntese do Design
Os erros de um Designer Gráfico não têm consequências físicas como os erros de um arquiteto ou Designer Industrial (HURLBURT, Allen, 1989), entretanto, a comunicação está presente em todas as áreas, inclusive na segurança, uma informação mal compreendida pode levar um indivíduo a erros e até mesmo acidentes, no mínimo o gasto de tempo para a execução de um trabalho é aumentado. O Design comunica e transmite cultura, liga pessoas às organizações de forma emocional através das marcas, facilita a compreensão de dados por meio do arranjo. O Design sintetiza ideias, a forma, o arranjo ou composição de uma página (HURLBURT, Allen, 1989). Criar uma peça gráfica não é seguir instintos como na arte, o Designer segue princípios fundamentados na História, na evolução e na influência de movimentos artísticos: Cubismo, Art Nouveau, Neoplasticismo (De Stijl, Bauhaus), Futurismo, Dadaísmo entre outros com seus diferentes estilos.
56
Figura 25 - Pôster de A. M. Cassandresob influência do Cubismo.
Fonte: Tipografos.
Figura 26 - Pôster de TadanariYokoosob influência do movimento Dadaísta
Fonte:Print.
O grande desafio do Designer é ser original, a tentação de utilizar ideias pré-fabricadas é grande, já que o medo do erro é persistente. É necessário associar a criatividade aos princípios que regem o Design.
Para a maioria dos designers, criatividade representa uma luta constante para atingir o equilíbrio entre sua expressão própria e as considerações racionais da comunicação visual, impostas de fora. (HURLBURT, Allen, 1989).
Segundo Allen Hurlburt a síntese do design tem o conceito ou ideia em posição central, seu alicerce está na informação através da pesquisa. Faz-se necessário ser influenciado pela compreensão das condições ou contexto no qual a mensagem será recebida e pelo conhecimento de sua “continuidade” ou ligação coerente com os outros materiais. A organização de palavras e imagens tem como base a combinação destes elementos.
57
Figura 27 - Síntese do Design.
Fonte: Adaptado de LAYOUT, 1989.
Os princípios do Design Gráfico têm como objetivo a composição de peças gráficas que cumpram seu objetivo de comunicar de forma eficiente e estética. Cabe ao profissional criar seu estilo na elaboração de configurações originais. E o ideal se resume ao equilíbrio.
3.1.2 Simetria
Em investigações arqueológicas pesquisadores encontraram vestígios das primeiras manifestações de civilização, os quais permitem a observação de um gosto natural pela proporcionalidade. Na arquitetura a forma era determinada por um eixo central, a porta, e elementos equilibrados de ambos os lados. O Design foi orientado pelas influências do formalismo arquitetônico, a página impressa seguia o modelo simétrico. Quando o design se libertou do eixo central, passou-se a utilizar, muitas vezes, as margens decoradas para conseguir de novo resultados formais (HURLBURT, Allen, 1989).
58
Figura 28 - A capa de Avant Garde por HerbLubalin
Fonte: Ole.
3.1.3 Assimetria
A assimetria tem origem oriental, diferente dos Romanos, as estruturas arquitetônicas obedeciam as condições que a natureza impunha. A geologia do país não permitia a utilização de pedras na construção, o material utilizado era a madeira. Havia a relação íntima entre a casa e o meio natural, ou seja, não existia a preocupação de ordenar o espaço interior como no ocidente. O resultado dessa visão foi um design assimétrico. O oriente influenciou o design no ocidente, tendo como pioneiros da utilização da assimetria o arquiteto Frank Lloyd Wright, Van Doesburg e Mondrian no movimento De Stijl.
59
Figura 29 - Design assimétrico de Carlo Vivarelli.
Fonte: ISO50
3.1.4 Equilíbrio
O equilíbrio é mais fácil de ser estabelecido em uma peça simétrica, onde basta traçar um eixo central e distribuir igualmente os elementos. Em uma composição assimétrica alcançar o equilíbrio é uma tarefa mais complexa, consiste em mensurar o peso das estruturas, contraste de cores e tamanhos. Alguns elementos devem ser destacados e deve existir uma integração entre tudo o que compõe a peça, de forma que exista certo movimento que desperte o interesse do público de examinar toda a tela.
60
Tal como caminhar numa corda de acrobacia, a arte do layout é a arte do equilíbrio. Isto, todavia, não pode ser expresso simplesmente como um cálculo matemático (...). O senso de estabilidade; a maneira certa e errada de fazer determinada coisa; o volume de ar necessário à respiração; o modo mais satisfatório de combinar os elementos de um cenário teatral, de uma página de um livro ou de um cartaz – todas essas coisas são, essencialmente, uma questão de sensibilidade. HURLBURT, Allen, 1989 apud Tolmer.
Para alcançar o equilíbrio assimétrico é necessária considerável habilidade, experiência e sensibilidade.
3.1.5 Contraste de Cor
Segundo Arnheim toda a aparência visual deve sua existência à claridade e cor. O contraste permite a distinção de formas, e contribui para a expressividade de uma peça gráfica. Quando uma imagem escura é justaposta a uma imagem de tons claros, o contraste valoriza ambas as imagens e dá um impacto visual ao design (HURLBURT, Allen, 1989).
Dois fatores de percepção visual intensificam a efetividade do contraste: um objeto escuro parece mais próximo do que um objeto claro; um objeto escuro na superfície clara parece mais escuro, e um objeto claro na superfície escura parece mais claro. O contraste acontece entre cores neutras e de alta intensidade, entre cores frias e quentes e entre as complementares.
61
Figura 30 - Contraste entre cores quentes e frias. Pôster de Siudmak, 1975
Fonte: Paris Posters.
3.1.6 Contraste de Tamanho
O contraste de tamanho consiste em usar objetos de escalas diferentes, elementos aumentados ou reduzidos, na composição gráfica. O objeto pode ter seu tamanho modificado ou pode ser usado em seu tamanho real em comparação com outro objeto também de dimensão real, porém menor. Assim como no contraste entre cores, onde uma cor escura parece ser mais escura perto de uma cor clara, uma imagem grande parecerá maior perto de um objeto pequeno (HURLBURT, Allen, 1989).
62
Figura 31 - Poster de Herbert Matter, 1935.
Fonte: 160over90 View our Work
3.2 Grid
Um grid é um conjunto específico de relações de alinhamento que funcionam como guia para a distribuição de elementos num formato (AGNER, Luiz, 2008). Através de diagramas e sistemas o designer organiza toda a informação, elementos visuais e textuais, dentro de um espaço, permitindo a eficiência na transmissão dos dados. Neste processo é necessário determinar uma estrutura, ordem sistemática, onde serão criados diferentes layouts.
O grid tipográfico é um sistema de planejamento geométrico que divide a informação em partes e ajuda o observador a entender o conteúdo, seja ele imagens
63
ou palavras. Para alguns designers gráficos, é parte incontestável do processo de trabalho, oferecendo precisão, ordem e clareza. (SAMARA, Timothy, 2007)
3.2.1 Elementos do Grid
Figura 32 - Elementos do grid.
Fonte: Design.blog, 2012.
Margens: Espaço entre a borda da página e o espaço utilizado para a diagramação, funcionam para descansar os olhos e/ou chamar a atenção para o conteúdo que elas enquadram. Linhas de Fluxo: Linhas horizontais invisíveis que são usadas como guia do sentido de leitura do usuário.
64
Zonas especiais: Campo distinto formado por grupo de módulos, onde será inserido um tipo específico de informação, exemplo: fotografia, ilustrações ou texto que deve ser destacado. Módulos: Cada unidade individual que compõe a malha, são formados a partir do encontro entre a coluna e a linha guia, são espaçados de forma uniforme e permitem flexibilidade na composição. Marcador: Indica a posição de elementos constantes da página como número, título do livro, seção. Coluna: Alinhamentos verticais que se cruza com linhas horizontais, contêm textos ou imagens. A largura é determinada pelo designer que projeta o grid, variando de acordo com a análise da quantidade de informação que será inserida na peça.
3.2.2 Tipos de Grid
I Grid retangular
O grid do tipo retangular é o tipo mais simples, ele é usado para acomodar longos textos corridos como livros ou teses. Apresenta o desafio de não se tornar monótono, deve-se trabalhar com espaçamentos, variação de tamanho na tipografia e margem. Figura 33 - Grid retangular.
Fonte: A construção do Grid, 2008.
65
II Grid de Colunas
O grid de colunas apresenta grande flexibilidade e pode ser usado para separar informações de diferente teor. Figura 34 - Grid de colunas
Fonte: A construção do Grid, 2008.
III Grid Modular
Trata-se da mistura de um grid de coluna com muitas linhas horizontais que formam células, módulos. É utilizado quando o número de informações a ser diagramado é grande como em formulários, diagramas, gráficos e tabulares. Figura 35 - Grid Modular
Fonte: A construção do Grid, 2008.
66
IV Grid Hierárquico
O grid hierárquico é muito utilizado em páginas da internet, a largura das colunas varia dando grande dinamismo à diagramação. Figura 36 - Grid Hierárquico
Fonte: A construção do Grid, 2008.
3.3 A ferramenta MoodBoard
A palavra inglesa “Mood” pode ser entendida como humor, atmosfera ou estado temporário da mente (VIERA, Taís, 2009). Seu significado ajuda a compreender a ferramenta MoodBoard, que se trata de um painel semântico onde informações exclusivamente visuais são inseridas. Nas etapas iniciais de um projeto nem sempre o designer está familiarizado com o tema em que irá trabalhar, é necessário haver um extenso levantamento de dados, ao longo do processo o profissional tem impressões e já desenvolve ideias, entrando no clima do tema
67
em que está trabalhando. É importante não perder nenhum insight, e a elaboração do painel permite a visualização de referências que podem influenciar a construção do projeto.
Segundo estudos, o moodboard auxilia na definição e no direcionamento das ideias surgidas durante um processo de projeto graças às imagens que ele sustenta (...).A especialidade do moodboard está no fato de que as imagens que ele exibe atuam como meios de comunicação bastante versáteis, capazes de construir códigos traduzidos em conceitos. (VIERIA, Taís, 2009)
O MoodBoard pode conter imagens, texturas, cores e qualquer informação essencialmente visual. A busca por referências do designer deve ter três objetivos: pessoas, objetos e ambiente. O levantamento de dados abrange o público alvo do produto, o intuito é saber quem ele é, como se veste, o que e como usa, seus objetos e locais que frequenta, criando a partir desses elementos uma atmosfera para o projeto. O painel semântico pode ser construído de forma física ou digital, no primeiro caso há maior interação entre o profissional e o MoodBoard, já que podem ser inseridos objetos reais com texturas palpáveis, entretanto, seu curso de produção é maior, pois requer fotografias/imagens impressas e objetos o que acarreta em custos, o tempo para a elaboração também é maior, cerca de 4 semanas, enquanto no digital o tempo requerido é de 1 semana. Além do tempo economizado o painel em meio digital é mais barato para ser produzido e alcança maior número de referências através da internet. O processo de desenvolvimento de um MoodBoard segundo o artigo “A ComparativeStudyofDevelopingPhysicaland Digital MoodBoards” por A. Edwards, S.A. Fadzli, e R Setchi pode ser visualizado no seguinte esquema:
68
Figura 37 - Processo de construção do MoodBoard.
Fonte: Adaptação de Cláudia Facca em Choco La Design.
Exemplo de MoodBoard: Figura 38 - MoodBoard Físico
Fonte: Decor8.
69
Figura 39 - MoodBoard Digital
Fonte: SDBI
O painel semântico será utilizado como ferramenta auxiliar para a elaboração do infográfico, principalmente na construção de ícones, onde referências visuais são essenciais para criar imagens que sejam facilmente reconhecidas, dando boa legibilidade ao ícone.
3.4 Símbolos Gráficos
Os símbolos gráficos são representações de objetos ou ideias e têm a função de orientar o usuário em um espaço físico em relação à movimentação, localidade, como uma placa de aviso, uma interface gráfica, mostrando, por exemplo, qual o botão de acesso a um determinado programa. Para um símbolo gráfico ser considerado funcional, ele deve transmitir a ideia ao usuário de forma rápida e sem ambiguidade. Para tanto é necessário ter em mente que a
70
interpretação do indivíduo depende de seu repertório cultural, portanto, projetar símbolos que ultrapassem fronteiras é uma tarefa difícil.
A resposta e a percepção do usuário aos símbolos são condicionadas por características físicas e psicológicas conhecidas como fatores ergonômicos. Para haver compreensão correta da mensagem é necessário que o usuário domine o respectivo repertório ou que a mensagem seja tão clara que a relação com o objeto, ação ou ideia seja feita imediatamente. (FORMIGA, Eliana, 2012).
A compreensão de um símbolo depende também de sua legibilidade. Um bom design permite até mesmo que símbolos em tamanhos reduzidos sejam legíveis. Para alcançar tal objetivo é importante que exista padronização em sua elaboração, como o limite da espessura da linha e a orientação do grid. O International Standard 80416 (ISO/IEC 80416) fornece princípios e instruções para construção de símbolos gráficos para equipamentos eletrônicos. Orienta que a espessura mínima para a linha do símbolo deve ser no mínimo 2 mm onde geralmente 4 mm é o ideal.
71
Figura 40 - Grid para construção de símbolos gráficos para equipamentos.
FONTE: International Electrotechnical Commission, Technical Committee NO.3: Information Structures, Documentation and Graphical Symbols , Subcommittee NO. 3C: Graphical Symbols for use on equipment.(Traduzido por Nelson Tavares).
72
4 MÉTODO E DESENVOLVIMENTO
Este capítulo mostra as etapas desenvolvidas para a elaboração do infográfico, consta nele todo o seu processo metodológico, o qual mescla a metodologia de Bruno Munari, apresentada em “Das coisas nascem coisas” (2008), e o método de elaboração de infográficos proposto por Rajamanickam. Figura 41 - Adaptado de Poloni, designer gráfico, Metodologia de Bruno Munari.
Fonte: Autor
A partir da mescla entre as duas metodologias propõe-se que o primeiro passo é a definição do tema, a partir dele serão levantados os dados a respeito do assunto. Após o
73
levantamento de informações é necessário sintetizar e organizar, de forma que seja criada uma cronologia. Todos os dados serão avaliados com o intuito de encontrar informações que possam ser transpostas para o meio visual. No processo de diagramação será construído o grid, importante recurso do Design para obtenção de peças equilibradas, uniformes e com bom fluxo de leitura, será estabelecida a tipografia e a paleta de cores, os dados serão organizados e haverá a verificação de legibilidade, dinamismo e eficácia do infográfico. Na etapa de refinamento serão aplicadas as modificações necessárias e o acabamento será realizado concluindo a construção.
Figura 42 - Etapas para elaboração do infográfico.
Fonte: Autor.
74
4.1 Público Alvo
A definição do público alvo foi feita com base nos estudos de Jean Peaget sobre desenvolvimento cognitivo citado anteriormente. Conclui-se que o sujeito é mais apto a compreender completamente a linguagem dos infográficos a partir de seus doze anos, período das operações formais. Entretanto o tema abrange assuntos complexos, que tratam de política e violência, considerando o atraso intelectual que pode existir em indivíduos em desenvolvimento, optou-se por um público que já tenha alcançado o Ensino Médio, com idade média de 15 anos, o qual está se preparando para o vestibular e necessita reter grande volume de informações.
4.2 Definição do Tema
O objetivo do projeto é evidenciar o potencial da infografia como ferramenta pedagógica, pois ela é capaz de mostrar assuntos de grande complexidade de forma simplificada. A história de Zé Carioca abrange temas difíceis como a Segunda Guerra Mundial e as estratégias do governo americano para vencer o conflito, a criação da Política da Boa Vizinhança e o intercâmbio cultural entre Brasil e Estados Unidos. A personagem foi construída por Disney a partir de estereótipos e difundida no mundo através da comunicação de massa, introduzida na mente da sociedade como imagem do brasileiro. Até a atualidade o país carrega o estereótipo disseminado através do papagaio, mostrando que o indivíduo memoriza de forma eficaz algo que é transmitido com o apoio ou através de elementos visuais. Portanto, a história da criação e as consequências da imagem de Zé Carioca mostra grande complexidade, ideal para destacar a capacidade do infográfico de sintetizar, organizar e ser eficaz ao transmitir informações.
75
4.3 Análise de Similares
Nenhum dos materiais pesquisados apresenta o mesmo propósito do projeto: mostrar a criação de Zé Carioca através de infográficos. Entretanto a história da personagem está diretamente ligada a Segunda Guerra Mundial, evento importante para a humanidade e, portanto muito explorado em meios didáticos e de entretenimento. O papagaio brasileiro não tem sua história documentada através da infografia, mas possui edições especiais de seus quadrinhos que a contam. Para fazer uma análise de similares foram escolhidos livros didáticos, um infográfico sobre a Segunda Guerra Mundial, e o especial de 60 anos de Zé Carioca. Figura 43 - Livro “Rumos da História – Nossos Tempos. O Brasil e o mundo contemporâneo”, 1996.
Fonte: Autor.
O livro “Rumos da História – Nossos Tempos. O Brasil e o mundo contemporâneo”, 1996, explica a Segunda Guerra Mundial de forma aprofundada, entretanto sua densidade é cansativa. O texto é corrido, não possui separação em colunas, há um pequeno destaque para os títulos e quadros apontando curiosidades. As ilustrações são pouco exploradas, aparecendo raramente.
76
Figura 44 - Livro de História do Ensino Médio da Rede Salesianas de Ensino, 2006
Fonte: Autor.
O livro de história do Ensino Médio da Rede Salesianas de Ensino, 2006, utiliza quadros no estilo post-it, ilustrações, e o texto é diagramado em duas colunas. Revela-se uma leitura mais leve e fluída devido à sua diagramação.
77
Figura 45 - Livro “História Integrada – Do fim do século XIX aos dias de hoje”, 1996.
Fonte: Autor.
“História Integrada – Do fim do século XIX aos dias de hoje”, 1996, também é diagramado em duas colunas, possui títulos destacados alinhados à esquerda, fonte legível e de bom tamanho. O uso de ilustrações é frequente.
78
Figura 46 - Infográfico sobre a Segunda Guerra Mundial – Raízes.
Fonte: UOL Notícias
Figura 47 - Infográfico sobre a Segunda Guerra Mundial – Engrenagem.
Fonte: UOL Notícias
Infográfico interativo disponibilizado pelo portal UOL Notícias construído para explicar o evento que aconteceu há 70 anos. O usuário pode navegar por ele através da interação, as informações vão aparecendo através dos cliques. Ele apresenta os eventos que antecederam o conflito até a guerra em si, ao passar o mouse em cima das fotos a legenda
79
aparece, e deve-se “virar” as páginas para conhecer o evento posterior. O background, assim como o título e subtítulo, do infográfico é fixo, trata-se de uma fotografia de um local destruído pela batalha, apenas o texto apoiado em uma representação de folha de jornal e a fotografia muda. O conflito é intitulado como “Engrenagem”, ao clicar um mapa aparece, nele são indicadas as batalhas e fronteiras através de setas. Ao clicar em datas localizadas ao lado do mapa aparecem informações sobre eventos do dia apontado. A interatividade desperta o interesse no usuário, pois ele controla o fluxo da informação. As fotografias o auxiliam a se localizar melhor no espaço temporal, dão noção de como eram os participantes do evento e como as coisas aconteceram. Sua fragilidade se encontra na escassez de informações sobre o conflito propriamente dito, não há o desenrolar da história ou suas consequências, apenas dá uma introdução a batalha, deixando uma lacuna a ser preenchida.
Figura 48 - Página da edição especial de 60 Anos de Zé Carioca.
Fonte: Edição Histórica 60 Anos de Zé Carioca.
A Edição Histórica de 60 Anos de Zé Carioca traz toda a trajetória da personagem, tem o formato de gibi. Trata-se de um conjunto de quadrinhos históricos do papagaio, como
80
sua primeira tira no jornal e a primeira história escrita por um brasileiro. Entre eles há pequenos textos com curiosidades sobre Zé Carioca, faz breve menção sobre a Segunda Guerra Mundial e a Política da Boa Vizinhança, e não apresenta versão muito clara sobre a criação da personagem. Suas páginas possuem duas colunas de texto, são amarelas com detalhes em verde, cores do papagaio e é muito bem ilustrado. A partir da análise de similares pode-se concluir que a infografia não é vastamente explorada no meio pedagógico, apesar de seu potencial de apresentar a informação de modo organizado e sintetizado, fixando melhor o conteúdo através de seus esquemas lógicos, no sentido de sequencialidade, e ilustrados.
4.4 Levantamento de Informações
Pesquisa sobre a origem de Zé Carioca, abrangendo todo o universo que levou à sua criação, como a Segunda Guerra Mundial e as táticas ideológicas utilizadas pelo governo americano para manter a população controlada e conquistar aliados.
4.4.1 Zé Carioca, sua origem e a construção do estereótipo.
A personagem da produtora Disney, Zé Carioca, nasceu de inúmeros interesses dos Estados Unidos nas terras latinas no meio da Segunda Guerra Mundial. O conflito marcou a história com sua violência, o mundo nunca testemunhou tamanho massacre, entretanto, as necessidades da guerra trazem evolução tecnológica e enorme exploração da criatividade como arma para disseminar ideais, acalmar a população, entreter e dar esperança a famílias. Disney, grande patriota, ofereceu seu estúdio em prol dos americanos, ele foi uma grande estratégia na propaganda de guerra. Roosevelt tendo consciência de seu enorme potencial em
81
cativar pessoas o mandou à América do Sul, e lá criou o papagaio malandro, o estereótipo brasileiro.
4.4.2 Momento Histórico – II Guerra Mundial
Ao término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) a Alemanha assinou o acordo de paz (Tratado de Versalhes), juntamente com a Inglaterra e a França, onde o país arcou com todo o prejuízo do conflito. Uma das condições deste tratado era o desarmamento germânico, o país ficou abatido por não ter mais poder militar algum. A Itália, apesar de vencedora, sentese ressentida, pois não obteve os territórios que gostaria. Toda essa baixa estima alemã originou dois movimentos: o comunista e o fascista. A crise de 29 afetou o mundo, a política em muitos lugares tornou-se frágil, abrindo espaço para radicais. O Partido Nazista ganhou força nesse momento, era de extrema direita, tinha ideais expansionistas e racistas. Em 1933 Adolf Hitler toma o poder da Alemanha, sua primeira ordem foi o rearmamento do país, infligindo o Tratado de Versalhes. O führer cria no mesmo ano o primeiro campo de concentração, Dachau, incialmente aprisionava inimigos comunistas, apesar de já existir discursos contra os judeus. O objetivo do líder alemão era unir toda a raça germânica, para isso invadiu e anexou os territórios de Anschluss, na Áustria, e Sudetos, Tchecoslováquia. As ocupações foram aprovadas no Tratado de Monique, desde que fosse a última investida da Alemanha, Hitler aceitou prontamente, mas em 1939 os Nazistas invadem a Polônia, a França e a Inglaterra declaram guerra e inicia-se o conflito mundial. Na mesma época Alemães e Soviéticos também selam o Pacto Germânico-Soviético de não agressão A Itália, também insatisfeita com os resultados da Primeira Guerra Mundial, alia-se a Alemanha, selando o chamado “Pacto de Ferro”, em seguida o Japão, com objetivos expansionistas, une-se aos dois países formando o Eixo. Hungria, Romênia e Bulgária também apoiam Hitler. Em pouco tempo os planos do Füher começam a dar certo, em 1940 já ocupava grande parte da Europa e sua inimiga França cai diante de seu poder. Após sua queda
82
Hitler acreditou que a vitória sobre a Inglaterra era fato, mas o país não se rendeu, ocasionando conflitos principalmente no Canal da Mancha, os britânicos vencem a empreitada. Em 1941 a Itália de Mussolini invade a Grécia, incorporando-a ao movimento Nazi-fascista, logo a Alemanha ataca a Ilha de Creta com paraquedistas, o país teve muitas perdas, percebendo que aquele tipo de ataque não era uma boa tática. Hitler rompe o Pacto Germano-Soviético de não agressão e invade a União Soviética na Operação Barborossa, mas é contido pela resistência. O sucesso de Hitler só foi possível graças à comunicação, através dela ele disseminava todos os seus ideais. A propaganda era sua grande arma, principalmente o cinema. Nos filmes os judeus eram retratados como malandros com narizes enormes e muito gordos, enquanto os arianos eram atléticos, louros e de olhos azuis.
“Hitler idealizou os princípios da estrutura e a força da propaganda que levou o Nazismo ao poder ao lado do ministro da propaganda, Joseph Goebbels.” (Lobão, Ruth, 2010)
A comunicação em massa era vastamente utilizada para conquistar a população alemã, o rádio teve importante papel na propaganda nazista, pois seu preço era baixo e tinha grande alcance. Para doutrinar crianças contra os judeus existia o livro “Der Giftpilz” – Cogumelo Venenoso. Figura 49 - Livro “Der Giftpilz “ O cogumenlo Venenoso
Fonte: 123 People.
83
Os alemães utilizaram o poder da disseminação de ideias por meio da mídia de massa antes, para alcançar poder e apoio da população para ascensão de Hitler, e durante a guerra, para acalmar os cidadãos e fixarem mais ainda as suas causas, mesmo que houvesse derrota a propaganda dizia que a vitória era certa. “Uma mentira cem vezes dita, torna-se verdade.” Joseph Goebbels, ministro da propaganda. Enquanto a guerra acontecia os Estados Unidos permaneciam neutros. A América tinha uma política protecionista, o país se isolava dos acontecimentos do mundo, o que incluía os conflitos na Europa e arredores. Na década de 30, Mussolini atacou a Etiópia, e o congresso aprovou um ato que proibia Roosevelt de intervir em qualquer um dos lados, o mesmo aconteceu com a Guerra Espanhola, o presidente era proibido de enviar qualquer tipo de auxílio a outros países, adotando uma posição neutra em relação a qualquer conflito. A burocracia impedia qualquer movimento do país em relação à guerra, a única medida tomada era o incentivo ao povo americano a se tornar mais aberto aos outros países. A situação na Europa ficava cada vez mais ameaçadora, e os Estados Unidos sentiam a guerra cada vez mais perto. Quando a França caiu e a Inglaterra ficou sozinha contra a Alemanha, de um dia para o outro o sentimento popular americano mudou, e finalmente foram autorizadas medidas de ajuda aos ingleses. Inicialmente foram enviados os armamentos excedentes, logo destróieres da primeira guerra, e por fim foi assinado um acordo, Lend-Lease Bill – Lei de Empréstimos e Arrendamentos, onde foi estipulado o fornecimento de armamento com fáceis condições de pagamento. A neutralidade americana não era mais formal, os Estados Unidos fazia parte dos aliados. “Hitler não gostou nem um pouco disso e se indispôs ainda mais com os Estados Unidos quando a América tomou a iniciativa de proteger a chegada de fornecimentos transportados pelo Atlântico, oferecendo cobertura de escolta.” (SANTOS, Aline Martins)
Logo a marinha americana se tornou um alvo para submarinos alemães, e os Estados Unidos começaram seus preparativos para realmente entrar na guerra. Mas apenas em 1941 o país entrou formalmente em ação, logo após o ataque japonês à base naval americana de Pearl Harbor, na ilha havaiana de Oahu. A Inglaterra ganha imenso poder de fogo contra o nazismo. A entrada dos Estados Unidos foi decisiva na Segunda Guerra Mundial.
84
Assim como os Nazistas, os americanos também investiram fortemente na propaganda, era necessário ter o apoio da população, e estimular o patriotismo era essencial para a vitória. Os Estados Unidos estavam se recuperando da grande crise, a qual deixou milhares de pessoas desempregadas, derrubou fortunas e baixou a autoestima do povo americano. Era necessário estimular a produção. A mensagem era clara, a América só venceria se seu povo a apoiasse de diversas formas, não apenas indo lutar na Europa, mas dentro do próprio país, nas fábricas, produzindo o arsenal e fazendo a economia crescer. O declínio Nazista deu-se na Batalha de Stalingrado em 1942, o intenso inverno fragilizou o exército, e os comunistas acabam vencendo a batalha. Como tática de Guerra os americanos bombardeiam a indústria aérea alemã, fazendo-os perder parte de sua força de guerrilha. Em 1944 a Operação Overlord é colocada em prática na Normandia, esta ficou conhecida como o Dia D, dia decisivo para a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. A Europa começa a ser libertada do Nazismo. Pouco tempo depois, em 1945, o líder Nazista Adolf Hitler comete suicídio.
4.4.3 Quadrinhos: Uma arma ideológica
A insegurança traz à tona todas as fragilidades do homem, todos os seus medos ficam explícitos e suas atitudes refletem sua instabilidade. A Guerra leva o medo a bater na porta de todas as casas, a morte sopra no rosto de todos. Uma população amedrontada e insegura é fraca e tende a se desunir, pois aquele que teme por sua vida torna-se egoísta em relação a sua própria segurança. Os homens saem para a batalha, deixando em casa suas mulheres, filhos e velhos, os que seriam mais frágeis e ao mesmo tempo responsáveis por manter o país. A religiosidade aumenta com a presença do medo, se agarrar ao divino e ao forte é o que resta, mesmo que essa força seja invisível. A crença estimula as pessoas a continuarem vivendo, pois algo mais poderoso irá protegê-las de todo o mal. Mas a sociedade, cada vez mais racional, tem a tendência de deixar suas crenças de lado. A Guerra leva a vida de jovens todos os dias e a população fica cada vez mais desacreditada, e a lógica nem sempre oferece
85
alívio a famílias que acabaram de perder seus pais e filhos. Todo o mundo passava por uma época debilitante e sua fé estava em declínio. A massa necessita se apoiar no que é forte, no que seria uma arma que assegura a vida e a vitória. Os heróis têm o objetivo de dar esperança às pessoas, tais como os Deuses de diferentes religiões. Super Homem foi criado na euforia do New Deal por Jerry Siegel e Joe Shuster, época em que a população estava com baixa autoestima e precisava de conforto.
“(...) saciar as carências mitopoéticas de uma sociedade dinâmica, em desenvolvimento, às voltas com problemas de sobrevivência e auto-afirmação deixados pela Grande Depressão de 29. Resumindo: o maior personagem do New Deal depois de Roosevelt.” (Augusto, Sérgio)
O Super Homem preenchia as pessoas, tratava-se de um estimulante psíquico (Augusto, Sérgio), o herói fazia o papel da religião perante o sentimento de solidão da população: “É um pássaro? É um avião? Não, é o Super Homem, o campeão dos oprimidos, a maravilha física que jurou dedicar sua vida aos necessitados.” Superman era um extraterrestre que tinha seus poderes explicados, através da lógica, a luz da estrela Sol e a baixa gravidade da Terra lhe davam super poderes, mas ele era humanizado na personificação de Clark Kent, o qual tinha problemas pessoais e era apaixonado por Lois Lane. Criado por um casal no campo e passando sua vida adulta na cidade, a personagem alcança todo o público, suas revistas eram extremamente baratas (10 cents o exemplar), tornando fácil a disseminação de suas histórias.
“Mito criado em plena euforia do New Deal, Super Homem acompanhou a mudança profunda da cultura que engendrou, dela tornando-se modelo artístico e arma ideológica (...). A partir dos anos 40 – ora combatendo os nazistas no front europeu, ora aniquilando as investidas do perigo amarelo (...) – Super homem atingiu o status de guardião supremo de uma civilização megalômana e intervencionista (...).” (Augusto, Sérgio)
O herói do New Deal foi convocado para combater os nazistas na Segunda Guerra, pois era necessária força superior a do ser humano comum para vencer o conflito. Além de ser usado nos campos de batalha ideológicos, sua figura também era utilizada para alfabetizar soldados, durante o conflito era necessário que utilizassem maquinário complexo e perigoso e grande parte não sabia ler, quadrinhos do super homem com simples diálogos eram
86
distribuídos como entretenimento e estratégia de aprendizado. Batman, criado por Bob Kane e Bill Finger, também vivia aventuras no mesmo contexto de Superman, e juntamente a ele e Robin fazia campanha para que a população adquirisse títulos de guerra e selos. Muitos outros heróis foram chamados para defender a América, e um nasceu especialmente para proteger os estadunidenses: Capitão América. Ele era o patriotismo em pessoa, Steve Rogers (nascido no dia 04 de Julho, Independência dos Estados Unidos) queria proteger o seu país a todo custo, mas suas limitações físicas não permitiam que se juntasse a força armada americana. Até que o General Chester Philips lhe ofereceu uma vaga na Operação Renascimento, aceitando de imediato o herói tomou uma dose do Soro do Super Soldado, sendo exposto à radiação para ampliar o efeito da substância. Steve Rogers passou a ter o físico perfeito, com enorme força, logo foi treinado e se tornou o Capitão América. Em sua primeira capa aparece dando um soco na cara de Hitler. Este era o americano defendendo todo o seu povo. Figura 50 - Capa da primeira revista de Capitão América.
FONTE: Kitty Prado.
“De um chauvinismo muito conveniente a uma época de guerra como 1941, surgiu o Capitão América. Valoroso defensor dos ideais americanos à antiga (...). A própria escolha de seu uniforme, listado e estrelado como a bandeira americana, deixa transparecer as suas intenções, assim como a preocupação de deixar bem claro: American dos Americanos (...).”. Jô Soares.
87
TimelyComics, atual Marvel, colaborou com a América através de muitos de seus personagens, Namor, o príncipe submarino, um híbrido Atlante-Humano, filho da princesa Fen, habitante de um reino submarino, e de Leonardo McKensie, comandante de uma expedição científica que lançou âncora acima da cidade de Fen, atormentando a todos os moradores com terríveis bombardeios. A princesa, diferentes dos outros de sua raça, que mais pareciam peixes do que humanos, embarcou como clandestina no navio de Leonardo, eles se casaram, mas ao fim da expedição ela resolveu ficar nas ruínas de seu reino juntamente com seu povo. Namor nasce neste contexto e é ensinado a odiar a raça humana por considerá-la um imenso perigo ao seu reino, mas durante a Segunda Guerra Mundial ele considera que os Nazistas representavam maior perigo do que toda a humanidade, juntando-se aos aliados, e lutando ao lado de seu grande inimigo Tocha Humana. Este foi criado por Carl Burgos, em sua história ele era um robô com poder de inflamar seu corpo, ele foi inventado pelo Professor Horton, e antecede o Tocha Humana do Quarteto Fantástico, para evitar confusão muitos preferem se referir a ele como “Tocha Humana Original”. Após a vitória dos Aliados Capitão América, Namor e Tocha Humana tornaram-se membros do Esquadrão Vitorioso. A primeira super heroína também foi criada para combater o nazismo: Mulher Maravilha. Ela também vestia as cores americanas, e seu papel era mostrar para as mulheres que elas tinham força para defender seu país. Que elas eram capazes de cuidar de si mesmas e de suas casas, filhos, além de arcar com todo o trabalho nas fábricas e plantações. Os quadrinhos tinham o papel de entreter a população no momento crítico pelo qual passava, tinha o poder de disseminar ideias e estimular comportamentos patriotas, além de preencher o vazio que o medo deixava na sociedade.
4.4.4 O Universo Disney e sua contribuição para o conflito
Walt Disney era apaixonado por seu país, tinha enorme desejo de defendê-lo das tropas inimigas logo na Primeira Guerra Mundial, mas era menor de idade e seus planos
88
foram frustrados. Conseguiu um posto de motorista da Cruz Vermelha em 1918, entretanto o conflito já havia acabado. Mas em 1939 ele já era um artista famoso, e colocou seu talento a serviço do Governo Americano. Sua produção a partir de então se tornou essencialmente patriótica, ou seja, os heróis de quadrinhos não foram os únicos a lutar nesta guerra, Disney também tinha enorme força e impacto significativo, principalmente no público infantil. A produtora ridicularizava os nazistas, divertindo a todos os americanos, inclusive soldados em campo de batalha. Disney mostrava o quanto os americanos eram superiores. Os artistas gráficos dos estúdios projetavam emblemas para a guerra, e até mesmo equipamento militar. O trabalho era propagar o poder americano, além disso, foram criados muitos filmes de treinamento. Foram produzidas várias animações contra o nazismo, em Der Fuehrer’s Face (A Face de Fuehrer’s), 1943, Pato Donald é funcionário de uma fábrica de munição da Alemanha e sofre ameaças a qualquer sinal de cansaço, a personagem veste a farda nazista. Figura 51 - Pato Donald ridicularizando Hitler na capa de uma animação, ganhadora do Oscar de 1943.
FONTE: Notas ao café.
De caráter educativo foi lançado um curta, 3 minutos de duração, protagonizado por Minnie representando a típica mulher americana cuidando de sua casa, enquanto o marido,
89
Mickey, está lutando na guerra. Ela está prestes a derramar gordura sobre a comida de Pluto quando escuta no rádio uma informação crucial para sua autoafirmação como verdadeira cidadã americana consciente, que deve proteger seu povo colaborando para a vitória estadunidense, naquele momento soube que não deveria desperdiçar gordura em sua casa, ela deveria congelar o que sobrasse e, quando enchesse um pote trocasse em um açougue identificado por um selo do governo por dinheiro. A gordura ajudaria na produção de munição. O filme apresenta desde o passo a passo do processo do congelamento da gordura e de sua entrega no açougue, até a produção e utilização da munição na destruição de um navio inimigo. A animação também contém uma rara imagem de Mickey fardado. Figura 52 - Curta protagonizado por Minnie, Saindo da Frigideira – Out of the Frying Pan into the Firing Line, 1942
Fonte: Guia do Estudante.
90
Figura 53 - Rara imagem de Mickey fardado. Saindo da Frigideira – Out of the Frying Pan into the Firing Line, 1942.
Fonte: Disney Film Project
Em As Crianças de Hitler, Hitler’sChildren – Education for Death, 1943, é mostrada a vida de Hans, sua infância, educação e todo o caminho que percorreu até tornar-se um jovem nazista fanático. Inicialmente Disney faz uma paródia do conto de fadas A Bela Adormecida. O enredo é como o original, o príncipe, representado por Hitler, salva sua princesa, a robusta Alemanha, que no primeiro momento teme sua figura, mas instantaneamente o acolhe com satisfação. Terminada a cômica introdução dos Estúdios Disney aos Americanos sobre o domínio de Hitler sobre a Alemanha, inicia-se a história de Hans, nascido sobre o domínio nazista é doutrinado desde criança a odiar qualquer um que não fosse alemão. Em sua ingenuidade na escola é castigado por seu severo professor por defender um coelho que havia sido devorado por uma raposa na história que utilizava para ensinar seus estudantes, foi humilhado e tratado como burro por seu sentimento de pena, mas logo aprende com seus amigos espertos que o coelho merecia a morte. Ao longo da animação são exibidas cenas fortes como a substituição de um crucifixo pela suástica, da Bíblia Sagrada pelo livro de Hitler, depredação da Igreja, de obras de arte e literárias. A mensagem é clara: O Nazismo quer dominar o mundo, tirar toda a liberdade, destruir todas as artes e abduzir homens e mulheres desde sua infância através da dura doutrinação e adoração a Hitler.
91
Figura 54 - O príncipe Hitler resgatando sua robusta princesa. As Crianças de Hitler – Hitler’s Children – Education for Death, 1943.
Fonte: Peggy Riley.
Figura 55 - Adoração à imagem de Hitler. As Crianças de Hitler – Hitler’s Children – Education for Death, 1943
Fonte: Filme produzido pela Disney Hitler’s Children – Education for Death, 1943
O filme Vitória por meio do poder aéreo – Victorythrough Air Power, 1943, foi inspirado no livro do Major Alexander P. Seversky, e traz toda a história da aviação, inclusive menciona-se o nome do brasileiro Alberto Santos Dumont, logicamente atrás dos irmãos Wright. A produção tinha como proposta que a melhor arma dos Estados Unidos contra seus inimigos, principalmente contra os japoneses, era a utilização do poder dos bombardeios
92
aéreos. O filme foi produzido antes dos ataques atômicos a Hiroshima e Nagasaki. Além de toda a argumentação sobre o poder aéreo, reforçado com imagens reais no meio da animação, mostra-se a expansão de Hitler pela Europa e o ataque japonês à base militar de Pearl Harbor. Figura 56 - Vitória por meio do poder aéreo – Victorythrough Air Power, 1943.
Fonte: Guia do Estudante.
Muitas produções foram criadas apoiando os Estados Unidos, educando, entretendo e de certa forma doutrinando o povo americano. Mas os investimentos estadunidenses ultrapassaram suas fronteiras chegando à América do Sul com o intuito de incluir o povo latino em seus interesses políticos e econômicos. Foram criados personagens representando a parte sul do continente, tais como o brasileiro Zé Carioca e o galo mexicano Panchito, para conquistar os países latinos e apresenta-los, de forma estereotipada, à América do Norte foi criado o filme, que conta com a participação da irmã da cantora Carmen Miranda, “Você já foi à Bahia?” – The Three Caballeros, 1944. Figura 57 - Você já foi à Bahia? – The Three Caballeros, 1944.
Fonte: Guia do Estudante.
93
A produtora Disney era o trunfo da propaganda americana, divertia, educava e ainda projetava para a Guerra. (SvenStilich, 2009) Durante o período de 1942 e 1943 foram usados mais de 62 mil metros de rolo de filme, cinco vezes mais do que em tempos de paz. O período compreendeu cerca de 68 horas de animação patriótica. A participação dos estúdios Disney começou em 1939 com a encomenda de um logotipo para o navio de guerra U.S.S Wasp, tratava-se de uma vespa com luvas de boxe. A simpatia dos militares e da população foi alcançada com sucesso. Desde então várias encomendas foram feitas à produtora, que participou ativamente da Segunda Guerra Mundial, produzindo pôsteres, ilustrações, animações, logotipos, mascotes etc. Foram mais de 1200 peças gráficas produzidas neste período. 90% dos estúdios Disney se dedicavam exclusivamente a produzir para a Guerra. Além dos Estados Unidos outros países também convocaram os personagens Disney para seus esforços de guerra, Nova Zelândia e Inglaterra encomendaram pinturas para os narizes de seus aviões. No Canadá aquele que doava para os fundos de Guerra, ganhava um certificado ilustrado com as figuras de Mickey e Pato Donald. Figura 58 - Ilustrações de Disney eram estampadas em aviões.
FONTE: Sky Lighters
94
Devido ao medo de espionagem os funcionários da produtora não podiam levar visitas à Disney, os estúdios eram fortemente protegidos por uma base militar. Até mesmo para escrever um recado e colar em um mural era necessário preencher um protocolo, caso fosse aprovado pela administração ele era impresso em folha padrão, tudo isso para evitar a comunicação através de códigos entre possíveis espiões. (Ramone, Marcus, 2007) Percebendo o poder da imagem desses personagens, a Europa semeou a antipatia em seu povo produzindo uma animação onde os amados da Disney e da América destruíam a França com bombas lançadas de aviões, o pretexto era libertar o país dos alemães. Os quadrinhos Disney tinham a função de envolver e educar o público infantil nos acontecimentos do momento. A Guerra era tratada sob o ponto de vista familiar, doméstico. Os assuntos giravam em torno da escassez, economia e era comum tratar das pequenas plantações domésticas (jardins da vitória), que era para o sustento da família e às vezes era enviado a soldados. Também eram retratadas aventuras dos personagens envoltas em muita ação e perigo. Os gibis da produtora eram proibidos nos países do Eixo.
Figura 59 - Mickey sendo convocado para uma missão secreta em Berlim.
FONTE: Universo Disney 2
4.4.5 A Política da Boa Vizinhança
Após a crise de 1929 a economia estadunidense se encontrava frágil, para se recuperar dos efeitos provocados pela crise foi implantado no governo de Franklin Delano Roosevelt a
95
chamada Política da Boa Vizinhança (1933 a 1945). Além do interesse econômico os Estados Unidos queriam evitar a influência européia na América do Sul. A Alemanha Nazista poderia facilmente manter economicamente países como Brasil e Argentina abastecendo-os com tecnologia em troca de seus produtos primários que foram afetados pela crise dos anos anteriores. Hitler apresentava uma alternativa à dominação americana e contava com a simpatia de Justo, na Argentina, e Vargas, no Brasil, podendo existir uma incômoda aliança entre esses países e os Nazistas. A principal característica dessa política foi o abandono da prática intervencionista, considerada agressiva e prejudicial à imagem dos Estados Unidos, adotando-se negociação diplomática e colaboração econômica e militar com os países da América Latina. Para criar um sentimento de solidariedade no continente, a América do Norte exportava o modo de vida estadunidense, vendia-se a idéia de que a América era a Terra da Liberdade (SILVA, Guilherme; LIMA, Jonatas). Nesta época o Brasil incorpora palavras inglesas à sua própria língua, começa a consumir Coca-Cola e assistir a muitos filmes produzidos em Hollywood. O cidadão da América Latina sente-se parte do sonho americano e adota sua posição política assim como consome sua moda. O imperialismo cultural garantiu a hegemonia dos Estados Unidos em todo o continente, afastando de vez as influências européias. Quando Vargas declarou apoio aos ianques não houve estranhamento entre a população. Em 1940 foi criado o órgão Office for Coordination os Commercialand Cultural Relationbetweenthe American Republics (Agência de Coordenação das Relações Comerciais e Culturais entre as Repúblicas Americanas). Seu objetivo era disseminar a cultura estadunidense na América Latina, tentando desenvolver o sentimento pan-americanista na população. A estratégia consistia em utilizar os veículos de comunicação em massa para difundir as belezas do American Way of Life. Muitos artistas tornaram-se ícones nesta época, eles usavam sua imagem para seduzir os latinos e ganhar simpatia de todo o povo. Na América do Sul era comum ver astros como Orson Welles, John Ford e Douglas Fairbanks Jr. O Brasil também tinha sua representante em terras estrangeiras, Carmen Miranda, a pequena notável, vendia a imagem do país tropical, acolhedor, sensual e festeiro aos americanos. Seus trajes eram coloridos e logo começou a usar a fantasia de baiana, turbantes e levar paisagens, papagaios e frutas em sua vestimenta. A cantora era o Brasil no exterior, exótica, alegre e esbanjava sensualidade, criando estereótipos da cultura do país. Os idealizadores da Política
96
da Boa Vizinhança não estavam interessados em autenticidade, apenas queriam a aproximação entre os países latinos e os Estados Unidos da América.
Figura 60 - Carmen Miranda, O Jeito Sul Americano.
FONTE: Music web
Em 1941, por sugestão de Nelson Rockfeller, alto funcionário do governo Americano, Disney foi encarregado de outra função na estratégica “Política da Boa Vizinhança”: Conquistar a simpatia do povo latino-americano, consequentemente seu apoio contra o Nazifascismo, utilizando seus personagens, criando Panchito no México, Zé Carioca no Brasil e outros. “Integrar os países da América Latina ao esforço dos aliados. Assim é que Zé Carioca tem criação marcada por interesses geopolíticos, econômicos e culturais. (Santos, Roberto, 2002)
A viagem à América do Sul de Disney e sua equipe passou primeiramente pela região do lago Titicaca, no Peru, logo pela Argentina e finalmente chegou ao Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Houve estudos da vegetação brasileira, animais, paisagens e tudo mais que pudesse ser retratado visualmente.
97
Figura 61 - Lee e Mary Blair, desenhistas de Disney.
Fonte: Cantinho Disney
4.4.6 A Construção da Personagem
Há muitas versões sobre a criação de Zé Carioca, a mais aceita é a contada por Ezequiel de Azevedo: Disney teria recebido do cartunista J. Carlos, o qual foi convidado a se integrar na equipe Disney, fato que não aconteceu, o desenho de um papagaio abraçando Donald. (Edição Histórica, 60 Anos de Zé Carioca) A ave tinha as cores do Brasil e, na época as chamadas piadas de papagaio estavam em alta no país. Não houve dúvidas, a imagem que iria representar o brasileiro estava escolhida, só faltava dar vida à personagem. Um ano depois Disney foi apresentado ao músico José do Patrocínio Oliveira, brasileiro que tentou emendar um inglês cheio de sotaque, era um boêmio, aproveitava a vida com estilo malandro, eis a personalidade de Zé Carioca, e curiosamente o violonista e cavaquinista era paulista. Nas telas do cinema o músico fazia a voz do papagaio, Boni, amigo de Zezinho, afirma que ele jamais inventou uma voz para o personagem, usava a sua mesmo, não mudando absolutamente nada. Quando ia aos estúdios gravar, colocavam um chapéu nele e davam um guarda-chuva para ele segurar, (Ribeiro, Flávia, 2006) pediam pra ele andar, sambar, rebolar e os desenhistas ficavam assistindo para fazer o papagaio se mexer do mesmo jeito. Zé Oliveira ficou famosíssimo ao interpretar Joe Carioca, nos Estados Unidos ele adotou o nome do personagem.
98
Figura 62 - José do Patrocínio de Oliveira, com Zé Carioca, e Disney, com Pato Dolnald.
FONTE: Cantinho Disney
4.4.7 Cronologia Zé Carioca
O personagem representante do brasileiro é cordial, sempre animado, malandro, e consegue dar um “jeitinho” para resolver todos os seus problemas, festeiro, e sonha em ser rico, mas tem horror a trabalho e a qualquer tipo de compromisso. Rosinha, sua namorada, que o diga, Zé gosta da garota e sempre se vê em confusões por ela, mas não assume o compromisso, pois não gosta nem de ouvir a palavra casamento. O malandro tem truque para tudo, uma de suas primeiras histórias é “Como almoçar de graça” (1942), onde consegue almoçar em um restaurante chique mesmo sem ter dinheiro. O papagaio vive a contradição brasileira, mora na favela e sonha com os prédios chiques perto da praia. Os personagens latino-americanos mais famosos eram Panchito, o galo Mexicano, e Zé Carioca, o estereótipo brasileiro conhecido internacionalmente como Joe Carioca. Os dois contracenaram com o famoso Pato Donald em algumas animações. A primeira aparição do Papagaio Brasileiro foi em Alô, Amigos (Saludos Amigos), obra dividida em quatro partes: na primeira parte Pato Donald é turista no Peru, depois conhece a Cordilheira dos Andes, logo os Pampas Argentinos e por último o Rio de Janeiro. Esta parte recebe o nome da música tema do curta, Aquarela do Brasil, música de Ari Barroso e interpretada por Aluísio de Oliveira. Em 1945 Zé Carioca estréia “Você já foi à Bahia?”, parte da série The three Caballeros, o
99
filme foi pioneiro em misturar humanos e personagens animados. Aurora Miranda, irmã de Carmem Miranda, contracena com a ave. Em 1948 Joe Carioca faz uma breve participação em Melodia, onde aparece ensinando o Pato Donald a sambar em Blame it on Samba. Figura 63 - The three Caballeros, 1943.
Fonte:Pixar Project.
Figura 64 - Blame it on Samba, 1948.
Fonte: Animation Blog
A evolução da personagem é marcada por três fases. Primeira Fase: Oficialmente a estréia de Zé Carioca foi no filme “Alô Amigos” (Saludos Amigos), mas em 1942 o papagaio já aparecia nas tiras dominicais americanas. A produção era totalmente americana, histórias de Bill Walsh e desenhos de Bob Grant. O roteirista HubieKarp e o desenhista Paul Murry também foram responsáveis por algumas tiras. Nesta fase Zé Carioca vestia seu traje clássico (paletó e gravata borboleta).
100
Figura 65 - Como Almoçar de Graça (1942), primeira história de Zé Carioca publicada nos Estados Unidos
Fonte: Edição Histórica Zé Carioca 60 Anos.
Segunda Fase: Em 1945 os quadrinhos de Zé Carioca deixaram de ser produzidos nos Estados Unidos. Cinco anos depois nasce a Editora Abril e com a revista “O Pato Donald”. Zé Carioca estampava a capa, o desenho era do argentino LuisDestruet, que treinava os artistas brasileiros. O papagaio apareceu em várias capas, entretanto, só teve quatro histórias nessa fase. Dez anos depois um brasileiro finalmente fez a primeira história da personagem, “A Volta de Zé Carioca”, desenho de Jorge Kato. Juntamente com Waldyr Iguayara o Zé Carioca recebeu uma dose a mais do “jeitinho brasileiro”, e temas típicos do país foram incorporados às suas histórias, como o futebol.
101
Figura 66 - Trecho de “De Volta ao Rio de Janeiro”.
Fonte: Edição Histórica Zé Carioca 60 Anos
Terceira Fase: Nos anos 70, 80 e 90 Renato Canini assume as histórias de Zé Carioca. A roupa e o endereço mudam, agora ele veste camiseta branca e jeans, e a famosa Vila Xurupita nasce, era um lugar pobre e feliz no morro. Foram criados primos da personagem, cada um era o estereótipo de uma região diferente do país: Zé Paulista, o cearense Zé Jandaia, Zé Queijinho entre outros. Zé Carioca também ganhou novos amigos, em suas primeiras fases, apesar de dizer que moro no Rio de Janeiro, o papagaio vive histórias em Patópolis com personagens clássicos da Disney, ele simplesmente substituía o Pato Donald. De volta ao Rio ele contracena com sua namorada Rosinha e seu pai milionário Rocha Vaz, seu amigo Nestor, com Pedrão, vive aventuras como o Morcego Verde e foge da Agência de Detetives Moleza.
102
Figura 67 - Zé Carioca com nova roupa juntamente com seus primos.
Fonte: Edição Histórica Zé Carioca 60 Anos.
4.4.8 O estereótipo brasileiro
A Política da Boa Vizinhança com o objetivo de unir todo o continente tinha como parte de sua meta levar a cultura estadunidense para a América, e também a apresentar ao Norte Americano. Mas não houve preocupação em passar uma imagem real do sul do continente, todos os países que compõem a América Latina tiveram suas culturas estereotipadas. O filme “Alô Amigos” (1943), original “Saludos Amigos”, mostra em 42 minutos 4 importantes regiões da América do Sul: Rio de Janeiro, Brasil, Pampas Argentinos, o lago Titica no Peru e Bolívia e o monte Aconcagua no Chile. Essas regiões servem de cenário para personagens Disney que ultrapassam as fronteiras Americanas para buscar novos amigos. A animação mistura histórias que as personagens vivem com um breve documentário sobre o país cenário. Fala-se da cultura e do que chamou a atenção dos funcionários da produtora Disney. Os lugares inspiravam histórias que eram protagonizadas pelos seus famosos heróis Pateta e Donald, também por Pedro, um pequeno avião ainda criança, e Zé Carioca. A América do Sul foi mostrada ao mundo como um lugar exótico, pessoas hospitaleiras com grande carinho e respeito pelos Estados Unidos, com paisagens extraordinárias, exaltando o vazio populacional, levando ao entendimento de que aquele lugar
103
deveria ser explorado. Assim como o Oeste Americano as terras Sul Americanas deveriam ser civilizadas. Donald visita o Peru, seu anfitrião é uma criança, o pato fica maravilhado com a cultura tão distinta, mas mostra certo estranhamento e dificuldade em entender as diferenças entre costumes. A natureza é mostrada como hostil, apesar de bela, nos Alpes chilenos, por exemplo, Pedrinho, o aviãozinho, vive uma aventura e se depara com uma grande tempestade que quase o devora com sua ferocidade. Não existe qualquer indício de vida humana na cena, há apenas a natureza virgem. Percebe-se nesse ponto que as personagens representantes dos países latinos são crianças, estas necessitam de um cuidado de um adulto, os Estados Unidos. (GARCIA, Gabriel; OLIARI, Deivi; BONA, Rafael, 2009). Para aproximar o cidadão americano do latino Disney comparou a cultura do gaúcho argentino ao cowboy do faroeste americano, nesta etapa o pateta protagoniza uma história sobre os costumes do argentino. Faz-se uma comparação entre costumes e roupas, em uma cena trocam o traje da personagem típica do faroeste pela roupa típica do gaúcho. Exalta-se o povo argentino, elevando-o a superioridade em relação a outros países sul americanos devido à raça branca do país, diferente de outras regiões latinas que têm descendência de índios e negros. O estadunidense tem a idéia de que a civilização pertence à raça branca.
(...) Houve o mito da superioridade do povo argentino, por este ser predominantemente branco. Ao contrário do restante da América Latina que foi formada por povos indígenas e negros, a Argentina ganhava um lugar de destaque na produção “Alô Amigos”, já que foi esse país comparado ao Oeste estadunidense. Segundo Junqueira, essa ‘similaridade’ cultural entre Argentina e Estados Unidos, confirma um pensamente muito disseminado entre os estadunidenses de que a civilidade pertence aos povos de pele branca. (LOCASTRE, Aline. V, 2011).
104
Figura 68 - Pateta em “Alô Amigos” vestido de gaúcho argentino. Alô Amigos.
Fonte: Filme “Alô, Amigos!”
A última parte do documentário animado mostra o Brasil, é o único país que tem uma abertura especial no filme. A música de Ary Barroso, Aquarela do Brasil, dá nome ao encerramento da animação. Zé Carioca é apresentado ao Pato Donald e ao mundo através de “Alô Amigos”, a personagem representa toda a amizade e receptividade entre os povos da América do Sul e o Americano. O papagaio é o embaixador da Política da Boa Vizinhança, todo o prazer de atar laços com o estadunidense transborda em sua atitude ao encontrar o pato, duas aves distintas representantes da grande amizade entre as diferentes culturas. José Carioca se apresenta ao Pato Donald através de um cartão de visita manuscrito, a personagem americana responde ao gesto com seu cartão com tipia mecânica, sugerindo a superioridade tecnológica americana.
(...) Ao se apresentar o alegre papagaio das anedotas, lhe entrega seu cartão, tipicamente brasileiro ao se caracterizar por sua típia manuscrita, em contra partida, Donald lhe entrega seu vistoso cartão, já com típias mecânicas (superioridade tecnológica). (GARCIA, Gabriel; OLIARI, Deivi; BONA, Rafael, 2009).
105
Figura 69 - Cartão manuscrito de Zé Carioca. Alô Amigos.
Fonte: Filme “Alô, Amigos!” Figura 70 - Cartão com tipo mecânico. Alô Amigos.
Fonte: Filme “Alô, Amigos!”
Ao perceber a personalidade que está a sua frente, o papagaio brasileiro demonstra enorme euforia e começa a apresentar a cultura brasileira começando pelo samba. Inicialmente o pato estranha, mas logo é invadido pela música e começa a arriscar uns passos. Zé Carioca apresenta-lhe uma bebida típica do Rio, a Cachaça, Donald é seduzido pela simpatia da personagem brasileira e bebe o drinque sem medo, entretanto, a bebida contém grande teor alcoólico e o pato sente logo o efeito e se deixa levar pelo ritmo do samba. Fica claro que o brasileiro é um sedutor que leva o americano a consumir álcool, pois faz parte de sua cultura festeira se embebedar e cair na dança.
106
Figura 71 - Zé Carioca oferecendo cachaça e toda sua simpatia. Alô Amigos.
Fonte: Filme “Alô, Amigos!” Figura 72 - Os efeitos da bebida desconhecida ao Pato Donald. Alô Amigos.
Fonte: Filme “Alô, Amigos!”
“Aquarela do Brasil” mostra toda a paisagem do Rio de Janeiro, a alegria e a cativante malandragem do povo, o qual adora festa e ama o Carnaval. Disney e seus funcionários se impressionaram com o samba e o retrataram em seu desenho com maestria. Resumidamente o Brasil passa a ser representado pelo papagaio, sua cidade, o Rio de Janeiro, samba, festa (Carnaval), malandragem, paisagens belíssimas, exotismo e muita simpatia. Mesmo depois de tantos anos e evoluções, o país continua com sua imagem estereotipada. Em 2011 foi lançada a animação “Rio” produzido pela Century Fox e pela Blue Sky Studios, dirigido por Carlos Saldanha, e traz novamente uma ave representando o Brasil na cidade do Rio de Janeiro. As paisagens, o calçadão, o samba, o Carnaval, as festas e inclusive a malandragem (representada por macaquinhos que distraem turistas com danças
107
para poder roubá-los) são trazidas novamente para as telas de cinema do mundo. Em “Alô Amigos” e em “Você já foi à Bahia” (outro filme que Zé Carioca protagoniza mostrando a Bahia ao Pato Donald) não existe a presença de negros, mostra-se apenas a população branca do país, pois isso agradaria mais a elite brasileira, na animação de Saldanha o mulato ganha espaço, mostrando mudança comportamental do público.
O que segue inalterado em todos esses anos é a identificação do país com uma reserva de exotismo. Se a baixa autoestima faz com que o brasileiro viva o que Nelson Rodrigues definia como um eterno complexo de vira-lata, seu lado esfuziante quase sempre o reaproxima, principalmente quando visto de longe, ao gingado de Zé Carioca. (PIRES, Paulo R., 2011) Figura 73 - Paisagem do Rio de Janeiro.
Fonte: “Rio”, filme produzido pela Century Fox e pela Blue Sky Studios.
Figura 74 - Representação da malandragem no Brasil.
Fonte: “Rio”, filme produzido pela Century Fox e pela Blue Sky Studios.
108
5 PROTOTIPAGEM
Neste capítulo será desenvolvido o produto desse trabalho propriamente dito: Um breve projeto gráfico editorial estruturado em infográficos que auxiliem na compreensão dos fatos históricos que permearam a criação do personagem Zé Carioca. Este tem como intuito exemplificar a possibilidade de simplificação de temas complexos, como os estudados em sala de aula, e a eficácia ao transmitir informações de forma organizada e rápida, facilitando a retenção do conhecimento pelo leitor.
5.1 Síntese e Organização dos dados
A infografia exige síntese das informações levantadas, pois consiste em um recurso informacional que tem sua efetividade comprovada na agilidade do processamento dos dados pelo leitor, o que compreende em menos textos, mais imagens e dinamismo na leitura. As informações devem ser sintetizadas de forma que um evento seja a causa de outro, dando sentido cronológico e integração aos dados. O levantamento informacional foi divido em fases, a primeira compreende o período de Segunda Guerra Mundial, que antecede a criação de Zé Carioca, a segunda fase revela a importância da imagem como arma ideológica dentro do conflito, tendo o poder de entreter e educar o público, a terceira parte da cronologia envolve o nascimento da personagem na chamada “A Política da Boa Vizinhança”, a última fase envolve produções cinematográficas pós Zé Carioca, que mostram a perpetuação do estereótipo brasileiro, como o país é visto até hoje pelo mundo com vestígios de tudo o que foi propagado em uma das primeiras produções estrangeiras com tema “Brasil”. O infográfico será construído para o meio impresso, sua elaboração terá o formato de revista. As fases foram organizadas e distribuídas em 8 páginas:
109
Figura 75 - Cronologia das informações e distribuição nas páginas.
Fonte: Autor.
5.1.1 Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial foi sintetizada em linhas do tempo que mostram os acontecimentos antecedentes a ela e o conflito propriamente dito.
110
Figura 76 - Linha do tempo com os antecedentes da Segunda Guerra Mundial
Fonte: Autor.
111
Figura 77 - Linha do tempo do conflito.
Fonte: Autor.
112
5.1.2 Guerra Ideológica
O objetivo do uso dos quadrinhos no conflito e a adaptação do roteiro das histórias dos heróis para o cenário da Segunda Guerra mundial foram filtrados, em relação à relevância ao tema, e sintetizados. Figura 78 - Linha do tempo do conflito.
Fonte: Autor.
113
5.1.3 A arma Disney
Walt Disney foi um grande ativista no conflito mundial, colocou seu estúdio a serviço do governo americano sem se preocupar com custos, suas contribuições foram vastas, no entanto o infográfico tem como objetivo apenas exemplificar sua excepcional participação. Foram escolhidos filmes e serviços de destaque para serem utilizados no projeto. Figura 79 - Resumo da participação dos Estúdios Disney na Segunda Guerra Mundial
Fonte: Autor.
5.1.4 Criação e cronologia de Zé Carioca
Zé Carioca é mais uma contribuição de Disney para a guerra, Roosevelt criou a Política da Boa Vizinhança e o bom patriota não se negou a participar. Nesta etapa resume-se toda a história da personagem, desde sua criação aos marcos mais importante de sua evolução.
114
Figura 80 - Criação e fases de Zé Carioca.
Fonte: Autor.
115
Figura 81 - Marcos da história de Zé Carioca.
Fonte: Autor.
5.1.5 Brasil, o estereótipo
Zé Carioca apresenta o Brasil através dos estereótipos no filme “Alô, Amigos! – Aquarela do Brasil”. O filme foi analisado formalmente e dele extraídos os principais clichês brasileiros.
116
Figura 82 - Análise do filme “Alô, Amigos! Aquarela do Brasil”, 1943
Fonte: Autor.
5.2 Construção dos ícones representantes dos heróis
Na parte do infográfico que se refere a “Guerra Ideológica: Quadrinhos e o Esforço de Guerra” foram construídos ícones que representassem heróis dos quadrinhos pautados. O reconhecimento e a padronização foram requisitos para a elaboração. O grid utilizado é o sugerido pela ISO/IEC 80416 para criação de símbolos gráficos utilizados em equipamentos. A partir da ferramenta MoodBoard foram analisadas as características que dão identidades a ele, como o uniforme, cores e símbolos.
117
Figura 83 - MoodBoard Capitão América
Fonte: Autor.
118
Figura 84 - MoodBoard Namor
Fonte: Autor
Figura 85 - MoodBoard Tocha Humana Original
Fonte: Autor
119
Figura 86 - Mood Board Batman
Fonte: Autor Figura 87 – MoodBoard Mulher Maravilha
Fonte: Autor
120
Figura 88 - Mood Board Superman
Fonte: Autor
O objetivo era construir ícones que obtivessem semelhanças, formando um padrão. Apesar das personagens serem reconhecidas facilmente pelas suas marcas, tal como o “S” em um escudo no uniforme de superman e o morcego estilizado de batman, observou-se que os rostos tinham particularidades que alcançavam a meta de fácil reconhecimento. Batman e Capitão América compartilham a mesma característica, o uso de uma máscara, Mulher Maravilha possui cabelos negros e a coroa dourada com uma estrela vermelha, superman, embora não use qualquer acessório tem um detalhe em seu cabelo, há uma mecha que cai sobre seu rosto, Namor também possui cabelos que o caracterizam e Tocha Humana flameja, o que faz sair fogo por todo seu corpo, inclusive da cabeça. Após a observação e averiguação de qual componente iria representar os heróis, foi construído um formato de cabeça padrão e acrescentados os detalhes. As cores foram definidas de acordo com o padrão cromático existente no uniforme de cada herói. Figura 89 - Formato de cabeça padrão.
Fonte: Autor.
121
Figura 90 - Construção dos heróis no grid e finalização.
Fonte: Autor.
5.3 Padrão Tipográfico
A tipografia auxilia na eficácia da transmissão da informação, mas ela também tem a capacidade de transmitir emoção, sendo escolhida de acordo com o contexto. Suas formas, cores, espaçamentos e serifas têm a função de destacar dados importantes, facilitar a leitura de textos longos, diferenciar assuntos e nos manter longe do cansaço visual. Para abordar o
122
assunto “Guerra” o tipo “StencilStd” foi escolhido devido à sua conotação ao tema, desenvolvida em 1937 por Gerry Powell, foi utilizada para rotulação de equipamentos militares. A fonte está presente nos títulos com o corpo 37. As linhas de apoio que sucedem o título, corpo 12,3, linhas de apoio posteriores, corpo 11,2 e textos, corpo 9, estão em “Sansation”, fonte que permite boa legibilidade e harmonia. Foram utilizadas capitulares com ocupação de duas linhas como apelo estético. Figura 91 - Stencil Bold
Fonte: Identifont Figura 92 - Sansation
Fonte: FontSquirrel
123
5.4 Transposição para meio visual
A partir das informações selecionadas foi realizada a transposição para meio visual. Ilustrações, fotografias, gráfico, fluxogramas, linhas do tempo e mapa foram utilizados na construção dos infográficos.
5.4.1 Títulos
Os títulos foram escritos com a fonte Stencil Bold, como explicitado anteriormente. Em “Segunda Guerra Mundial” ele ganhou linhas vermelhas como detalhe estético, e ao centro uma suástica, fazendo referência ao principal símbolo nazista. “Guerra ideológica” segue com o detalhe do balão com o escrito “Quadrinhos e o esforço de guerra” na mesma fonte do título, o assunto do infográfico fica mais explícito. “A Arma Disney” segue com uma ilustração de Mickey fardado, a única imagem existente da personagem com roupagem militar, ele simboliza que os Estúdios Disney estão a serviço do governo americano. “A Criação de Zé Carioca” não possui ilustrações, segue apenas com o padrão de fonte e tamanho. Em “Cronologia” o título apoia-se na imagem dos “Três Cavaleiros” – Pato Donald, Panchito e Zé Carioca, pois as histórias do trio marcaram a “carreira” do papagaio brasileiro.
124
Figura 93 - Títulos
Fonte: Autor.
5.4.2 Linhas de Apoio
Linhas de apoio podem ser chamadas de subtítulos, elas estão localizadas abaixo do título para complementá-lo, inteirando o leitor sobre o assunto e instigando-o a continuar a leitura. A linha que sucedo o título está na fonte “Sansation” em corpo 12,3 e a posterior 11,2, esta se inicia com uma capitular. Apenas em “A Segunda Guerra Mundial” há uma breve linha de apoio.
125
Figura 94 - Linhas de Apoio
Fonte: Autor
5.4.3 Segunda Guerra Mundial
Muitos eventos levaram a acontecer a Segunda Guerra Mundial, para dar o efeito de causalidade ao infogrรกfico a histรณria comeรงa deste ponto, para exemplifica-lo foi criada uma linha do tempo apoiada em fotografias e pequenos textos explicativos.
126
Figura 95 - Linha do tempo dos eventos anteriores a Guerra
Fonte: Autor
A força do Nazi-Fascismo era imensa, o Eixo conquistou grande parte da Europa, o mapa construído elucida sua expansão. A cor vermelha foi escolhida por causa da bandeira do Nazismo, os países neutros estão em cinza escuro. Abaixo dele uma breve explicação.
Figura 96 - Mapa da expanão nazi-fascista
Fonte: Autor.
127
O maior símbolo do nazismo foi a suástica, ela possui vários significados, mas ficou marcada pelo massacre. O infográfico explica seu simbolismo para os nazistas.
Figura 97 - Significado da Suástica
Fonte: Autor
Adolf Hitler foi o líder da Alemanha Nazista, para entender melhor o conflito era necessário mostrar um pouco sobre, a peça consta com uma pequena biografia do führer. Para simbolizá-lo foi construída uma imagem abstrata com suas principais características físicas: o cabelo de lado e seu bigode.
Figura 98 - Breve biografia de Adolf Hitler
Fonte: Autor
“O Conflito” faz um resumo de toda a Guerra, o seu começo com a invasão da Polônia, a entrada dos Estados Unidos na Guerra até o Dia D. Nesta parte é apresento um
128
gráfico em barras com as consequências em morte dos países participante do conflito, e faz-se menção ao holocausto. Figura 99 - Breve explicação da guerra e as consequências em morte.
Fonte: Autor.
129
5.4.4 Guerra Ideológica
Muitos heróis “foram” à guerra, mas alguns deles tiveram destaque, como o Capitão América e Mulher Maravilha, que foram criados em razão do conflito, e clássicos como Batman, Superman, Tocha Humana Original e Namor. Cada personagem ganhou uma representação abstrata e um resumo de sua participação na Guerra.
Figura 100 - Heróis e suas participações na Guerra.
Fonte: Autor.
Algumas curiosidades deram apoio para a peça, dando equilíbrio visual, complementando informações e oferecendo curiosidades. Como ilustrações auxiliares das informações tem-se o antigo logo da Marvel, na época da Guerra ainda era Tymely Comics, e o logotipo do esquadrão vitorioso. Os outros quadros foram acrescentados como informações curiosas do momento histórico.
130
Figura 101 - Curiosidades
Fonte: Autor.
5.4.5 A Arma Disney
Como elemento ilustrativo há uma fotografia, um ícone representando Mickey e um emblema com a figura de Pato Donald da Reserva Naval. Juntamente com o texto, os elementos visuais mostram as contribuições de Disney para a guerra. Figura 102 - Contribuições dos Estúdios Disney para o conflito.
Fonte: Autor.
131
Entre as muitas contribuições dos Estúdios para a Guerra estão os filmes, eles satirizavam, educavam e ajudavam no treinamento de soldados, alguns foram destacados neste projeto. Cenas das películas foram selecionadas e fixadas a um quadro com o nome e um resumo do conteúdo. Figura 103 - Filmes produzidos por Disney para educação, treinamento e ridicularizarão do inimigo.
Fonte: Autor.
5.4.6 A Criação de Zé Carioca
Fotografia e texto mostrando a visita de Disney no Brasil, Pato Donald foi acrescentado para representar a nação americana dizendo que tem prazer em conhecer os brasileiros.
Figura 104 - Visita de Disney ao Brasil
Fonte: Autor
132
Zé Carioca passou por muitas transformações desde que foi construído, foi elaborado um quadro contando cada fase que passou.
Figura 105 - Fases da evolução de Zé Carioca
Fonte: Autor
Em cada fase o papagaio possui diferentes visuais, mas mesmo na atualidade ele ainda aparece com seu traje clássico. Originalmente ele possui olhos castanhos e penas do rabo coloridas. Uma imagem da personagem foi reconstruída havendo adaptações de suas características para o modo clássico, mostrando o primeiro Zé Carioca.
133
Figura 106 - Traje clássico de Zé Carioca
Fonte: Autor
5.4.7 Cronologia
Fatos importantes foram selecionados para montar uma linha do tempo com os marcos da história de Zé Carioca. Figura 107 - Cronologia de Zé Carioca.
Fonte: Autor.
134
Como citado anteriormente, a personagem passou por muitas transformações, os visuais mais utilizados em seus quadrinhos foram representados no infográfico. Figura 108 - As mudanças de visual de Zé Carioca
Fonte: Autor.
5.4.8 Brasil, o estereótipo
Breve história da elaboração do filme “Alô, Amigos! – A Aquarela do Brasil”. Título em destaque, texto explicativo e uma ilustração da abertura. Figura 109 - História de “Alô, Amigos! – Aquarela do Brasil”
Fonte: Autor
Explicação sobre o significado, nascimento e consequências do estereótipo através de um elemento gráfico.
135
Figura 110 - Gráfico sobre estereótipo
Fonte: Autor
Quadros com fatos curiosos sobre a representação brasileira no mundo Disney, Zé Carioca. Figura 111 - Fatos sobre o estereótipo do brasileiro através de Zé Carioca.
Fonte: Autor
136
Representação visual da análise do filme “Alô, Amigos” na parte “Aquarela do Brasil” intitulada “Por trás da Aquarela”. Foram colocadas imagens da animação, títulos e subtítulos sobre cada tópico avaliado e texto explicativos, tudo organizado em uma linha vertical.
Figura 112 - Análise dos estereótipos veiculados em “Aquarela do Brasil”
Fonte: Autor
137
5.5 Grid
Foi definido que o infográfico será construído em um grid modular 27x42, com uma dobra ao meio, simulando uma revista ou livro. Isto permite boa organização, fácil percepção de mudança de assunto e efeito de causalidade devido à sequência que se estabelece. Por consequência do grande volume de informações a ser diagramada, foi escolhido o grid modular para a elaboração da peça. Ele foi construído com 10 módulos na vertical e 8 módulos na horizontal, cada módulo equivale a “x”: Figura 113 - Grid Modular
Fonte: Autor
138
5.6 Aplicação do Grid
O grid orienta e oferece facilidade ao padronizar páginas. Segue a aplicação do grid do tipo em módulos aqui proposto na elaboração dos infográficos.
Figura 114 - Aplicação do grid no infográfico “Segunda Guerra Mundial”.
Fonte: Autor.
139
Figura 115 - Aplicação do grid no infográfico “Guerra Ideológica” e “A Arma Disney”.
Fonte: Autor.
Figura 116 - Aplicação do grid no infográfico “A Criação de Zé Carioca” e “Cronologia”.
Fonte: Autor.
140
Figura 117 - Aplicação do grid no infográfico “A Criação de Zé Carioca” e “Cronologia”
Fonte: Autor.
5.7 O INFOGRÁFICO
Depois de todo o processo de levantamento de dados, sínteses, transposição para meio visual, definição de grid, construção de imagens e diagramação, o mini projeto editorial estruturado em infográficos ficou pronto contendo oito páginas que contam a criação da personagem Zé Carioca, abrangendo a Segunda Guerra Mundial, a Política da Boa Vizinhança e o universo dos estereótipos. Segue o resultado do projeto.
141
Figura 118 - Infográfico “A Segunda Guerra Mundial”.
Fonte: Autor
142
Figura 119 - Infográfico “Guerra Ideológica” e “A Arma Disney”.
Fonte: Autor.
Figura 120 - Infográfico “A Criação de Zé Carioca” e “Cronologia”.
Fonte: Autor.
143
Figura 121 - Infográfico “A Criação de Zé Carioca” e “Cronologia”.
Fonte: Autor
144
Considerações Finais Este trabalho buscou exemplificar como os infográficos podem ser utilizados como ferramentas auxiliares ao ensino tradicional, buscando evidenciar como o Design pode contribuir para a formação intelectual da sociedade, oferecendo um complemento aos livros didáticos. O projeto contemplou a construção de um pequeno projeto editorial estruturado em infográficos, para mostrar como a ferramenta pode ser eficiente ao passar a informação de forma sintetizada, organizada e atraente. O estudo mostrou como a imagem impacta na comunicação e como ela é facilmente transformada em memória. O Design é muito utilizado na comunicação, ele facilita a veiculação da informação, a mídia se utiliza da infografia para passar uma notícia de forma mais ágil, e a usa também como diferencial competitivo, pois o público é facilmente atraído por aquilo que é visual. Seguindo este conceito surgiu o projeto, pois o que funciona para a massa certamente funciona em uma sala de aula, na qual está cada vez mais difícil prender a atenção do aluno. Os livros didáticos passam o conteúdo de forma pouco atrativa, levando a dispersão durante a aula, desta forma ele não retém toda a informação. A infografia desperta o interesse por oferecer dinamismo à leitura, suas imagens tornam o assunto mais palpável, mais próximo de sua realidade, portanto, de sua compreensão. O trabalho fundamentou-se nas teorias de Jean Piaget a respeito do desenvolvimento cognitivo, percepção visual por Rudolph Arnheim, e comunicação de massa de Morin. Os três autores mostram como o homem reage perante o bombardeamento das imagens. Houve levantamento teórico sobre infografia, Design, e o objeto para o desenvolvimento do infográfico, Zé Carioca, e todo o universo que levou à sua criação. A personagem nasceu durante a Segunda Guerra Mundial, momento em que o entretenimento era utilizado para educar, treinar e acalmar a população, o papagaio é o símbolo de amizade entre o Brasil e os Estados Unidos, o que evidencia também a importância dos elementos visuais, os quais representam não apenas empresas, mas nações e ideologias. O estudo da personagem Disney levou a uma análise do material cinematográfico produzido em 1943, “Alô, Amigos – Aquarela do Brasil”, o qual mostrava o Brasil ao mundo, o país passou a ser conhecido através da figura de Zé Carioca, mas com a visão estereotipada norte americana, o que gera até hoje polêmica, pois a personagem é a representação do brasileiro, e tem como característica não gostar de trabalhar e viver em festa. Toda a complexidade do universo do
145
papagaio brasileiro foi sintetizada e transportada para um meio visual, construindo assim o infográfico. Conclui-se que o Design pode contribuir para a formação cultural e intelectual do indivíduo, e que o profissional deve ter a responsabilidade de conhecer de forma mais profunda uma cultura antes de representá-la, fugindo de estereótipos que podem gerar preconceito e perda de regionalidade, pois a imagem tem grande poder e é facilmente disseminada no imaginário coletivo. Espera-se que este trabalho demonstre o quanto a infografia pode auxiliar e melhorar o ensino.
146
REFERÊNCIAS
ALENCAR, Beatriz. Cantinho Disney. Você Já foi a Bahia? (The three Caballeros), 2012. Disponível em: <http://cantinhodisney.blogspot.com.br/2012/03/voce-ja-foi-bahia-threecaballeros.html> Acessado em: 13 de Julho de 2012. ALENCAR, Beatriz. Cantinho Disney. Fotos: Walt Disney e sua equipe no Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: < http://cantinhodisney.blogspot.com.br/2011/09/fotos-walt-disney-esua-equipe-no-rio.html> Acessado em 13 de Julho de 2012. ANDRADE, Rafael. Sistematização de um método para a confecção de infográficos baseado no estudo de caso da Folha de São Paulo, 2008. Disponível em: < http://pt.scribd.com/doc/39627888/manual-infografico> Acessado em: 25 de Setembro de 2012. ARNHEIM, Rudolf. Arte e Percepção Visual: Uma psicologia da visão criadora. São Paulo, 2000. BAITELLO, Norval. Era da iconofagia: Ensaios de Comunicação e Cultura. São Paulo, 2005. BECKER, Hally. Decor8 blog. Mood Boards Books to inspire, 2012. Disponível em: <http://decor8blog.com/2012/03/19/mood-board-books-to-inspire/> Acessado em: 8 de Setembro de 2012. CAIRO, A. Cómo los Orígenes de la visualización nos ayudan a entender el futuro del periodismo. Disponível em: http://blogs.elpais.com/periodismo-con-futuro/2011/03/losoriges-de-la-vizualizacion-ayudan-a-entender-el-futuro-del-periodismo.html#more CAPPELLARI, Márcia. Zé Carioca, um brasileiro: reflexos da modernidade e da pós modernidade na trajetória do personagem, Rio Grande do Sul. Disponível em: < http://pt.scribd.com/doc/72724029/ze-carioca-um-brasileiro-retrato> Acessado em: 12 de Mario de 2012. CIRNE, Moacy. Explosão Criativa dos Quadrinhos. Petropolis, 1974. CIRNE, Moacy. Introdução Política aos Quadrinhos. Petropolis, 2000.
147
CIRNE, Moacy. Quadrinhos, Sedução e Paixão – História em Quadrinhos. Petropolis, 2000. DEBONI, Saulo. A infografia aplicada ao Design Editorial (Jornais e Revistas), 2008. DONDIS, Donis. Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo, 1991. DUARTE, Laís. Guia do Estudante. Aventuras na História. Conheça as animações antinazistas feitas pela Disney na 2ª Guerra, 2012. Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/conheca-animacoes-antinazistas-feitaspela-disney-2a-guerra-679616.shtml> Acessado em 4 de Junho de 2012. E. CARDOSO; J.CUTY;V. STRACK. A infografia como recurso pedagógico no ensino de acessibilidade em ambientes culturais. [s.d] ES. LETRAG. Stencil. Disponível em: <http://es.letrag.com/tipografia.php?id=210> Acessado em: 7 de Novembro de 2012. FACCA, Cláudia. Choco La Design. “Como criar um painel semântico ou MoodBoard?”, 2012. Disponível em: <http://chocoladesign.com/como-criar-um-painel-semantico-ou-moodboard> Acessado em 28 de Agosto de 2012. FETTER, Luiz Carlor. Infografia: O Design Visual da informação. [s.d] FINCH, Christopher. The art of Walt Disney from Mickey Mouse to the Magic Kingdoms, 1973. FORMIGA, Eliana. Símbolos Gráficos: Métodos de Avaliação de Compreensão, 2012. GODOY, Robson. Design.Blog – Grids: o que são e para que servem, 2012. Disponível em: < http://design.blog.br/design-grafico/grids-o-que-sao-e-para-que-servem> Acessado em: 27 de Setembro de 2012. GOULART, Nathalia. Hábito de leitura cai no Brasil, revela pesquisa. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/habito-de-leitura-no-brasil-cai-ate-entre-criancas> Acessado em: 18 de Dezembro de 2012. HANSEN, Scott. ISO50. O das neue Schulhaus, 2007. Disponível em: <http://blog.iso50.com/291/das-neue-schulhaus/> Acessado em 28 de Outubro de 2012. HURLBURT, Allen. Layout: O Design da página impressa. São Paulo, 1986.
148
JARCEM. René. História, imagens e narrativas. Histórias das Histórias em Quadrinhos, 2007. Disponível em: < http://historiaimagem.com.br/edicao5setembro2007/06-historia-hqjarcem.pdf> Acessado em: 10 de Fevereiro de 2012. JN. Notas ao Café. Disney vs Hitler, 2009. Disponível em: < http://notasaocafe.wordpress.com/2009/08/14/disney-vs-hitler/> Acessado em 4 de Março de 2012. KANNO, Mário. Marcos na História da Visualização de Dados. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/8447930/Historia-Infografia> Acessado em: 15 de Agosto de 2012. KANNO, Mário; BRANDÃO, Renato. Manual de Infografia. Folha de São Paulo. 1998. LACE, Ian. Music Web. Nostalgia... Carmen Miranda. South American Way. Disponível em: <http://www.musicweb-international.com/nostalgia/2003/Sept03/Carmen_Miranda.htm> Acessado em: 10 de Junho de 2012. LIMA, Ricardo. Análise da Infografia Jornalística. Rio de Janeiro, 2009. LUDY. Universo Disney 2. O dia em que Mickey combateu os Nazistas! Disponível em: <http://universodisney2.wordpress.com/2011/07/30/o-dia-em-que-mickey-combateu-osnazistas/> Acessado em: 14 de Junho de 2012. LUMSDEN, Ian. Animation Blog. Clyde Geronimi (Disney) “Blame it on the Samba” 91948), 2010. Disponível em: <http://www.animationblog.org/2010/06/clyde-geronimidisney-blame-it-on-samba.html> Acessado em: 3 de Junho de 2012. M, Adriana. O desenvolvimento cognitivo segundo Piaget, 2010. Disponível em: <http://www.slideshare.net/adrianamnf13/o-desenvolvimento-cognitivo-segundo-piaget> Acessado em: 3 de Novembro de 2012. MARINHO, Jailson. Mundo Vestibular: Segunda Guerra Mundial (Resumo), 2008. Disponível em: < http://www.mundovestibular.com.br/articles/4379/1/SEGUNDA-GUERRAMUNDIAL-Resumo/Paacutegina1.html> Acessado em 28 de Outubro de 2012. MARTIN, J. The Disney Project: “You know, Donald, you have more relatives than there are coffee beans em Brazil”, 2010. Disponível em: <http://disneypixarproject.blogspot.com.br/2010/06/you-know-donald-you-have-more-relatives.html> Acessado em: 23 de Mario de 2012.
149
MORIN, Edgar. Cultura de Massas no Século XX (O Espírito do Tempo). Rio de Janeiro, 1967. MUNARI, B. Das coisas nascem coisas. São Paulo, 2008. MUNOZ, Iza. Ole. Herb Lubalin: Communicating with Type, 2010. Disponível em: <http://ole-iza.blogspot.com.br/2010/12/herb-lubalin-communicating-with-type.html> Acessado em: 14 de Outubro de 2012. OLIVER, David. Hitler’s Children, 2011. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=lWosBvWRcl4> Acessado em: 3 de Julho de 2012. PAIVA, Francis. Tipos de infográficos. Elementos constituintes do gênero textual infográfico numa abordagem sociorretórica, 2011. PARIS POSTERS. Festival de Cannes 1975. Disponível em: <http://www.parisposters.com/vintage-poster/siudmak/MOV+118_festival-de-cannes1975.html> Acessado em: 2 de Agosto de 2012. PINA, Paulo. Configurações do Sombrio nas Histórias em Quadrinho. São Paulo, 2008. POLONI, Rafael. A infografia como ferramenta auxiliar na aprendizagem. Porto Alegre, 2011. PRADO, Kitty. A Segunda Guerra Mundial e os Quadrinhos, 2009. Disponível em: < http://kittyprado.wordpress.com/2009/07/28/a-segunda-guerra-e-os-quadrinhos/> Acessado em: 3 de Março de 2012. QUADROS, Itanel. História e atualidade da infografia no jornalismo impresso, 2005. RAJAMANICKAM, V. Infograph as Seminar Handout. Seminars on infographic design, National Institute of Design, Ahmedabad, and the Industrial Design Centre, Indian Institute of Technology, Bombay, 2005. REVISED WORKING DRAFT FOR IEC 80416-1 Edition 2, 2006. Technical Committee NO.3:Information Structures, Documentation and Graphical Symbols for use on equipment, 2006. SANTOS, Marielle. Design de Notícia: uma questão holística. [s.d]
150
REVISTA SUPER INTERESSANTE. Edição 286 – 10 DEZ/2010 REVISTA SUPER INTERESSANTE. Edição 285 – 10 DEZ/2010 RIBEIRO, Flávia. Guia do Estudante - Aventuras na História: Zé Carioca era Paulista, 2006. Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/ze-carioca-era-paulista434986.shtml> Acessado em: 20 de Abril de 2012 RYAN. Disney Film Project. Out of the Frying Pan Into the Firing Line, 2010. Disponível em: <http://www.disneyfilmproject.com/2010/09/out-of-frying-pan-into-fire.html> Acessado em: 29 de Julho de 2012. SAMARA, Timothy. Grid, Construção e Desconstrução. São Paulo, 2007. SCHIAVENIN, Cris. Choco La Design – Diagramação – Elementos e Tipos de Grid, 2010. Disponível em: < http://chocoladesign.com/diagramacao-%E2%80%93-elementos-e-tipos-degrids> Acessado em: 10 de Outubro de 2012. SDBI.DE. Stiftung der Deutschen Bekleicling. German Fashion Industry Foundation. Mood Boar. Disponível em: <http://sdbi.de/en/34631/cn/34721/34717/38756> Acessado em 3 de Novembro de 2012. SILVA, William. O Desenho da Notícia: Uma Análise Semiótica da Infografia do Jornal de Fato, Mossoró – RN, 2010. SKYLIGHTERS. Disney goes to war. Disponível em: <http://www.skylighters.org/disney/> Acessado em: 27 de Junho de 2012. SOUSA, Rainer. Brasil Escola. Suástica. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historiag/suastica.htm> Acessado em: 14 de Julho de 2012. TEIXEIRA, T. A presença da infografia no jornalismo brasileiro: proposta de tipologia e classificação como gênero jornalístico a partir de um estudo de caso. Revista Fronteiras: Estudos Midiáticos, São Leopoldo, 2007. UOL NOTÍCIAS – INFOGRÁFICOS. Há 70 anos começava a 2ª Guerra Mundial, 2012. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ultnot/infografico/afp/2009/09/01/ult4535u389.jhtm Acessado em 26 de Outubro de 2012.
151
UOL EDUCAÇÃO. Ditador da Alemanha Adolph Hitler. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/biografias/adolf-hitler.jhtm> Acessado em: 20 de Outubro de 2012. VACCARO, Vinicius. A Guerra do Século 20: Os 70 anos do conflito mais importante da história moderna, 2012. Disponível em: < http://www.clicrbs.com.br/zerohora/swf/especial_segunda_guerra/index.html> Acessado em 26 de Outubro de 2012. VEJA NA HISTÓRIA. A Paz, em termos. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/historia/primeira-grande-guerra-mundial/1919-junho-novaeuropa/assinatura-tratado-versalhes-cerimonia-criticas.shtml> Acessado em 31 de Agosto de 2012. VIEIRA, Taís. Abc Design. Mood Board – Um instrumento visual de apoio aos projetos de design, 2009. Disponível em: <http://abcdesign.com.br/por-assunto/artigos/mood-board-uminstrumento-visual-de-apoio-aos-projetos-de-design/> Acessado em: 28 de Agosto de 2012. ZÉ CARIOCA 60 ANOS. Edição Histórica, 2003. ZIRALDO; AUGUSTO, Sérgio; ROSAS, Paulo; AIZEN, Naumim; CIRNE, Moacy. Revista de Cultura Vozes. O mundos dos Super Heróis, 1971. 123 people. Der Giftpilz, 2008. Disponível em: <http://www.123people.com/f/der+giftpilz> Acessado em: 7 de Agosto de 2012. 160 over 90. Designer Spooktacular Costume – o – rama Listo of ideas thing. Disponível em: <http://www.160over90.com/blog/160over90-designer-spooktacular-costume-o-rama-list-ofideas-thing/> Acessado em: 2 de Agosto de 2012.
152
APร NDICE A: Infogrรกficos
153
154
155
156
157
158
159