Bethany kris série the chicago war #3 scarless & sacred (revisado)

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Bethany-Kris #3 Scarless & Sacred Série The Chicago War

Scarless & Sacred Copyright © 2015 Bethany-Kris

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SINOPSE Segredos e guerras deixam as cicatrizes mais profundas. Evelina Conti sempre usou uma máscara. Ela é uma princesa da Outfit, respeitada e admirada. Ela não tinha permissão para ser outra coisa. Seu pai passou de um marido de luto para o Chefe da Outfit, e agora que Riley lidera a família, Eve está mais sufocada do que nunca. Não importa o quanto ela odeia isso, a princesa Conti ainda tem um papel a desempenhar. Um pouco de atenção de Theo DeLuca parece bastante inocente, mas nada é quando se trata dele. E certamente não quando todo mundo acredita que Theo está querendo matá-la. Theo DeLuca tem um alvo em suas costas. Seu maior problema é descobrir quem o colocou lá quando todo mundo está apontando para ele. Ele não precisa de uma mulher lhe causando problemas, mas a princesa Conti continua aparecendo nos piores momentos, e ele é o único a salvá-la. Entre os homens que o rodeiam, que Theo não pode confiar, e o passado que ele não pode fugir, Evelina pode ser a única coisa que ele não tem que questionar. Mas quando Riley decide usar Eve como seu próximo movimento, nem mesmo Theo pode ser capaz de salvá-la. A guerra em Chicago não está sequer perto de terminar. Este jogo é mortal. Cada mão cortada deixa outra marca em outra pessoa. O Chefe da Outfit está lutando enquanto os homens ao seu redor estão se reunindo. Enquanto a contagem de corpos continua a subir, as famílias continuam a perder. Sacrifícios são uma parte da guerra. Ninguém sai disso sem cicatrizes.

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ATENÇÃO: Scarless & Sacred não deve ser lido como um autônomo nesta série. É o terceiro livro da série e deve ser lido após os primeiros dois livros. Aviso: Scarless possui violência gráfica e cenas de abuso.

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A SÉRIE Série The Chicago War - Bethany-Kris

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Prólogo Festas deveriam trazer felicidade. Evelina Conti sentia de tudo, menos felicidade, enquanto observava os convidados em seu aniversário de dezoito anos com bebidas em uma das mãos, risos em abundância, e todos os olhos sobre ela. Ela sabia o que eles estavam pensando. A princesa Conti. Finalmente com idade, pronta para a Outfit, e apenas esperando o sobrenome certo para acompanhar. Evelina encontrou a mãe e o pai no meio da multidão. Seus pais haviam dado a maior festa que a Outfit tinha visto este ano. Eles tinham ido ao topo com o aniversário de Evelina. Mia ficou ao lado de seu marido com um sorriso honesto para a multidão e um olho em seu marido. Deus sabia que se ela não ficasse de olho nele, Riley correria para o primeiro pedaço de bunda de boa aparência que pudesse encontrar. Suspirando, Evelina se encostou à parede e tentou evitar ser notada. Foi difícil, já que a festa era para ela, e ela deveria estar na primeira fila e no centro para todas as pessoas. Quando se tratava destas famílias, os Trentini, Rossi, DeLuca, a dela própria, os Conti, nada nunca era real. Era tudo show. A Outfit sempre tinha sido assim. Quem tinha a maior parte do que, quem estava tentando passar por cima de quem, e quem poderia ficar no topo por mais tempo. Claro, eles tinham um bom jogo e faziam bonito na mesa de jantar como todas as boas famílias mafiosas fazem, mas o ciúme, ganância e violência estavam sempre ao virar da esquina. Evelina sentiu como se seu aniversário fosse nada mais do que outro dia. Só que desta vez, ela era o prêmio de sua família. Ela era sua coisa para mostrar. A única filha, uma filha perfeita. Ela estava em uma idade primordial para seu pai começar a procurar alguém para casála. Ela poderia ser o caminho da família Conti para o topo da Outfit, ou de outro Sindicato do crime em outro lugar. Seu futuro era incerto.

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Este não era um dia feliz. — Ei, — disse Adriano, deslizando ao lado de Evelina. Ela deu ao seu irmão mais novo um sorriso falso. — Ei. — Eu estava lá fora admirando suas novas rodas, pelo menos papai escolheu uma boa marca. — Eu acho que sim. Riley tinha entregado a Evelina as chaves de um belo BMW azul elétrico de dois lugares naquela manhã. O carro ostentava um enorme laço rosa no capô e couro branco no interior com destaques azuis. Ele era impressionante. Era também outra maneira de seu pai controlá-la. O carro não significava liberdade quando Riley poderia facilmente levá-lo embora. Ele provavelmente tinha mandado instalar rastreadores nele. Fazer dezoito anos não significava absolutamente nada, enquanto ela ainda estivesse sob o polegar de seu pai. — Mamãe parece feliz, — Adriano observou. — Enquanto papai mantém as mãos e o olhar nela, com certeza. Adriano riu estupidamente. — Verdade. Onde está a sua amiga? — Hmm? — Lily. Ela não deveria estar aqui? Lily DeLuca tinha sido a melhor amiga de Evelina durante o tempo que ela conseguia se lembrar. As duas foram às mesmas escolas particulares crescendo sempre perto. Mas a formatura tinha vindo e as meninas tinham deixado o colégio interno para voltar à vida. Evelina foi a única a voltar para Chicago. — Não, ela não está aqui, — disse Evelina. Adriano franziu a testa. — Onde diabos ela está? — Dino a deixou ir para o exterior. Ela está mochilando. Viajando. Sendo livre, se divertindo, e ficando longe daqui. Evelina amava a amiga, mas estava com ciúmes dela também. As circunstâncias de Lily não eram as mesmas que as de Evelina. Os dois irmãos mais velhos de Lily ficaram do lado dela enquanto Evelina foi forçada a voltar para a casa e escolher uma faculdade em Chicago, fazer

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seu dever como filha de seu pai. O irmão mais velho de Lily, Dino, tinha criado sua irmã livre para fazer o que quisesse. — Ela vai voltar, — disse Adriano, encolhendo os ombros. — Você não pode ficar longe da família por muito tempo. Evelina duvidava. Lily odiava a Outfit por deixá-la órfã. — De qualquer forma, — disse Evelina, se empurrando da parede. — Eu vou dar uma volta. — Não vá muito longe. Claro. Porque seu pai ainda gostaria de exibi-la, tanto quanto podia. — Meu pai estava falando sobre ter uma dança com você mais tarde ou qualquer outra coisa, — seu irmão acrescentou. Evelina atirou a Adriano um olhar de soslaio e o manteve em seu irmão. Adriano parecia mais velho do que seus dezesseis anos. Mas isso não era o que Evelina mais tinha notado sobre seu irmão. Ele parecia cansado do dia, dos convidados, da festa. Desde que ela havia retornado para casa da escola, ela também notou que Adriano estava começando a mergulhar seus dedos no negócio da família. Essa era a coisa sobre a máfia. Uma vez que você molha seus dedos, eles te empurraram de cabeça na piscina. Evelina não podia deixar de se perguntar se alguém tinha dado a seu irmão uma escolha no assunto. Adriano tinha entrado em la famiglia porque quis, ou porque seu pai o tinha empurrado para isso? Ela esperava que ele fosse melhor do que isso e melhor do que eles. Ela esperava que Adriano fosse melhor do que fazer sua esposa chorar, querer ou desejar qualquer coisa. Melhor do que sua mãe e seu pai. — Não seja como o nosso pai, — disse Evelina. A sobrancelha de Adriano atirou para o alto. — Hmm? — Você me ouviu. Não seja como ele, ela queria dizer novamente. Não seja um idiota. Não traia sua esposa. Não coloque suas crianças em evidência para este jogo estúpido que todos eles desempenham. Seja melhor do que Riley Conti.

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— Seja um bom homem, Adriano, — Evelina disse calmamente. Adriano sorriu. — Estou tentando. — Espero que sim. Me cubra se o pai vir me procurar? — Claro, Eve. Evelina escorregou para longe da multidão quando tinha certeza de que ninguém notaria. Ela não perdeu tempo em correr para a garagem anexa para uma pausa longe das pessoas. A garagem deveria estar vazia, exceto pelos veículos de seus pais, mas não estava. Ela esbarrou em uma disputa gritante entre dois homens. Dino DeLuca estava frente a frente com seu irmão, Theo. Havia uma diferença de idade de cinco anos entre os dois irmãos com Theo sendo o irmão mais novo, com apenas vinte e três. Ambos tinham um braço e uma perna dentro da Outfit, considerando que seu tio Ben DeLuca era o subchefe do Chefe para a operação do lado DeLuca das coisas e tinha uma grande quantidade de poder. Evelina poderia contar em uma mão a quantidade de vezes que tinha testemunhado os dois irmãos DeLuca compartilharem uma conversa. Normalmente, eles estavam em lados opostos da sala, faziam negócios de passagem, e conversavam muito pouco entre si. Ela não sabia por que eles não eram próximos, mas não conseguia se lembrar de uma época em que eles tivessem brigado publicamente também. — Cristo, Theo, — Dino sussurrou, dando um passo mais perto de seu irmão mais novo com os punhos cerrados ao lado do corpo. — Você acabou de se tornar um maldito homem feito e já sai fodendo com tudo. Eu não posso limpar todas as bagunças para você, ok? Não mais. Você está com a família, você resolve seus próprios problemas. Mas use a cabeça. E isso não significa correr para membros de outra família, especialmente não os Trentini. Jesus. Theo bufou, não recuando por um segundo. — É sobre os negócios ou outra coisa? — Não tome esse caminho, Theo. — Eu acho que eu quero esse caminho. Os olhos de Dino se estreitaram. — Não se esqueça de onde você veio, irmãozinho. Não se esqueça o que tornou possível para que você

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entrasse na Outfit, mantenha o seu sobrenome e tenha orgulho disso. Não foda isso para nós, Theo. — Por que diabos você está tão focado no que eu estou fazendo, hein? Você não dava a mínima antes, Dino. — Fique do lado DeLuca dos negócios, Theo. Serpentes como Joel Trentini só irão mordê-lo quando você não estiver olhando. — Com quem eu faço negócios não é da sua conta, mano. Dino zombou. — Certo. Continue pensando assim. Com essas palavras, Dino passou por seu irmão e abriu a porta lateral da garagem que o levaria para o exterior. Ele bateu a porta com tanta força que a parede estremeceu. As pernas de Evelina finalmente foram apanhadas por seu cérebro e ela se virou para voltar para dentro da casa. A voz grossa de Theo DeLuca a deteve. — Será que ninguém te ensinou que espionar as pessoas pode colocar você em problemas, princesa? Evelina fez uma careta quando encontrou o olhar castanho de Theo sobre seu ombro. — Não me chame assim. — O que, isso ofende sua sensibilidade, princesa? — Pare, — Evelina advertiu. — Bem, é isso? — Não, mas parece que eu estou usando uma coroa? — Princesas usam tiaras. Coroas são destinadas à rainhas, querida. — Theo sorriu maliciosamente, seu olhar passou a partir dos saltos em seus pés para o vestido que terminava apenas acima dos joelhos. — Mas está tudo bem, também. Evelina engoliu o caroço se formando em sua garganta. — Por quê? — Rainhas seguem todas as regras, elas não conseguem se divertir muito. Droga. Evelina se enervou sob o olhar de Theo. O cara nunca tinha prestado muita atenção a ela quando passaram um tempo perto um do

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outro. Ele era o irmão mais velho de Lily, com certeza, mas ele estava preso à sua própria família e Evelina presa a dela. Além disso, ele era cinco anos mais velho que ela. Eles nunca tiveram nada além de Lily para conversar e ele não parecia interessado em conversas sobre sua irmã para Evelina. — Você é sempre tão quieta? — perguntou Theo. — Não. — Você pode falar mais do que algumas palavras de cada vez? Evelina olhou nos olhos dele. — Você é um idiota. Theo sorriu. — Nem sempre. Ela não gostou de como seu divertimento fez suas características escurecerem, como se algo mal estivesse bem na ponta da língua. Isso só contribuiu para a sensualidade que Theo parecia ostentar ao lado de sua atitude distante e língua rápida. Com maçãs do rosto afiadas, um sorriso infalível, uma mandíbula reta, e olhos castanhos que eram quase pretos, Theo era francamente lindo pra caralho. Havia histórias suficientes sobre Theo DeLuca e suas mulheres, na medida do que ela sabia. Evelina não queria ser uma delas, mas não podia negar que algo em Theo era interessante. Isso era um problema. Evelina não podia se dar ao luxo de sequer considerar se misturar com alguém como Theo. Por um lado, porque a ela não era permitida. Namorar não tinha chance com as regras de seu pai, nem qualquer tipo de comportamento que trouxesse vergonha a sua família. Dois, porque Theo irritava Evelina. De uma boa maneira. Apenas ali o vendo observá-la, Evelina tinha ficado curiosa, ansiosa e incomodada. Todos os tipos de incomodada. Ela gostou. — Eu deveria voltar. — Para dentro? — Theo interrompeu com as sobrancelhas franzidas. — Sim. — Feliz aniversário, a propósito. Evelina esboçou um sorriso. — Obrigada. ~ 10 ~


— Dezoito, certo? — Como se você já não soubesse, — disse ela. — Oh, eu sei. — Theo atirou o queixo em direção a ela, sorrindo daquele jeito dele. — Faculdade no outono? — Esse é o plano. — Um dormitório? Evelina se remexeu no local, sem saber onde Theo queria chegar. — Espero que sim. Theo enfiou as mãos nos bolsos da maneira mais despreocupada que Evelina já tinha visto. Ele atravessou o comprimento da garagem e deu um passo ao lado Evelina na porta. Sua figura, sua forma alta pressionando a dela contra o batente da porta, sem sequer tentar. Ele era alto o suficiente para que ela tivesse que olhar um pouco para cima para ver seus olhos. — Certifique-se de conseguir um dormitório, — disse Theo. — Não importa o que você precise fazer para sair debaixo do polegar de seu pai, faça. Evelina assentiu. — Estou tentando. — Lily sempre disse que você nunca teve nenhum tipo de diversão. Ela não tinha uma resposta para isso porque era a verdade. Aparentemente, Theo não estava esperando uma. — Mesmo no internato, onde Riley não podia ver você, ela disse que você seguia as regras. — Você não é uma menina, — disse Evelina. Theo riu. — Não. — E você não é filho de Riley Conti. — Ainda bem. — Por quê? — Porque isso tornaria tudo realmente estranho, — Theo murmurou, ainda olhando para ela como se ela pudesse fugir a qualquer momento. — Consiga o dormitório, Evelina.

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— Eve. Theo mostrou seus dentes brancos num sorriso pecaminoso. — Vá. Se divirta. Seja inteligente sobre isso. — Que tipo de diversão? — O tipo ruim. É o único tipo de diversão que existe. — Princesas ficam com toda a diversão, não é? — ela perguntou. — Sempre que o rei não está olhando, querida. — a mão direita de Theo deixou o seu bolso, e antes de Evelina percebesse o que aconteceu, ele tocou o lábio inferior com a ponta de seu polegar. — E me faça um favor. Evelina pegou o olhar dele e segurou, tentando descobrir o jogo de Theo. — O que seria? — Me dê um telefonema depois de você ter saído e se divertido. Você sabe, uma vez que você já tenha tido o bastante. — O bastante de quê? O polegar de Theo percorreu o lábio dela antes que ele deixasse cair a mão e deu um passo para dentro da casa. — Evelina! O grito de seu pai ecoou pela casa quando Theo DeLuca desapareceu no corredor. — Bastante de quê? — ela perguntou novamente. Theo girou um dedo no ar e parou. — De agir como uma princesa.

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Capítulo um Família é tudo. Theo deixou essas palavras girar e bater em seus pensamentos, enquanto observava o Chefe Conti beijar sua noiva nos degraus de uma igreja familiar. A igreja onde o irmão mais velho de Theo havia sido morto apenas alguns meses antes. O ensaio do casamento de Riley Conti tinha sido aparentemente pequeno. Theo continuou a verificar antes que ele pudesse dizer a si mesmo para sair dessa. Ele sabia melhor do que ser pego mantendo um olho sobre o Chefe, mas sua desconfiança o levou a fazer coisas como esta muito ultimamente. Deixando seu olhar vaguear, Theo ainda podia ver alguns dos efeitos posteriores remanescentes da bomba que explodiu o carro de Dino. Sombras, pontos em tijolos onde a explosão tinha atingido. Danos na esquina do estacionamento onde o teto do Bentley tinha voado e batido com tanta força no chão que abriu um buraco na calçada. Onde havia existido lindos arbustos de rosas plantados ao longo da cerca de tijolos, agora descansava sujeira já que era início de Dezembro, flocos de neve ocasionais já tinham começado a cair. Mas, principalmente, o local parecia normal. Exceto para Theo, ele não poderia ser normal novamente. Família nem sempre foi tudo para Theo, mas ele levou muito tempo para perceber seus erros. Ele tinha descoberto muito desde então. Família eram as pessoas que o protegem, mesmo quando você não dá a mínima para eles. Era o sangue compartilhado, o nome em comum, e as memórias de um longo tempo passado. Faltava o que poderia ter sido e que deveria ter sido, mas mantinha perto o que você era. Família era o ponto fraco. Não era um pilar de segurança e proteção. Não era um conforto e promessa de algo bom. Era a ansiedade deslizando através de suas

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veias e a preocupação do que poderia ir embora. Ele estava se segurando firme, porque quando você deixa ir, não pode voltar. Família era a bomba pronta para explodir aquele que você não viu chegando, até que fosse tarde demais. Era sangue no chão e seu coração em sua garganta. Era aterrorizante. Às vezes família doía. Às vezes era a familiaridade se infiltrando em um coração frio. Porque você nunca quer perder algo que não pode ser substituído. Família não deveria ter sido qualquer uma dessas coisas, mas ainda assim era. Família era sagrada. Algo puro, algo que deveria ter sido mantido perto e protegida a todo custo. Algo intocável; algo amado. Theo DeLuca tinha chegado à conclusão de que sua família tinha sido quebrada muito antes que ele pudesse mantê-la segura. E, de repente, sem aviso, sua família tinha sido rasgada novamente como tinha quando era mais jovem. Alguém - mais de um - tinha entrado no solo sagrado de sua família e derramado seu sangue sem nenhuma preocupação. Eles tinham matado seu irmão. Há muito tempo atrás, tinham tomado a sua mãe e seu pai também. Família fazia isso. A Outfit sempre tinha sido a família para os DeLuca, depois de tudo. Doía na alma, mas ardia em seu coração ainda mais. Quando o nome DeLuca que sua família trabalhou tão duro para manter no poder, para não ser manchado de novo com os erros do passado, se tornou tão fraco? Quando sua família tinha se transformado na porra de um alvo fácil? Quando sua família tinha se transformado em algo ruim? Theo se sentia há um milhão de milhas de distância da Outfit e tinha sentido isso por um longo tempo. A Outfit tinha deixado muitas cicatrizes nas pessoas que chamavam de família, Theo incluído. Todos tinham marcas para mostrar. Ninguém nesta vida caminhava por aí sem cicatrizes.

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— Você não está comendo. Theo olhou para cima do bife com batatas em seu prato para encontrar os olhos castanhos familiares de sua irmã o observando atentamente. O marido dela estava sentado na outra ponta da mesa, cortando o bife em seu prato, quieto como sempre. Damian Rossi não sabia como ser ruidoso. — Theo, — disse Lily. — Você vai comer ou deixar a sua comida ficar fria? — Eu estou comendo, — Theo respondeu. — Não, você está empurrando a comida ao redor no prato e olhando para ela. Droga. Lily era muito observadora para seu próprio bem. Quando ela era criança, Theo costumava pensar que essa percepção seria uma coisa boa para ela. Mas cinco anos separava os dois irmãos com Theo sendo o mais velho aos vinte e sete, então ele sempre meio que esperava que Lily tivesse algo dentro dela para mantê-la bem. Deus sabia que seus irmãos não seriam capazes de mantê-la segura para sempre. Dino já se foi, afinal de contas. O olhar de Theo se mudou para a direção de Damian. O homem não via nada além de sua esposa. Era a única coisa que consolava Theo ao longo dos últimos meses. Lily estava bem e, apesar de quão louco fosse seu casamento com Damian, funcionou a seu favor, ela tinha alguém que poderia mantê-la segura no furacão que era a Outfit. Sim. Um furacão. Era uma descrição apropriada para as suas vidas e a loucura em torno deles. — Theo, — Lily disse novamente, mais silenciosa na segunda vez. — O que, pequena? — perguntou Theo. — O que há com você? Muita coisa. Principalmente, fazia Theo se sentir estranho de dez maneiras diferentes sempre que ele entrava na casa de Dino. Seu irmão mais velho estava marcado em cada polegada. Isso lembrava Theo que ele passou muito tempo tentando ser outra pessoa que não fosse o irmão

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de Dino DeLuca. Até o momento em que ele entendeu o que era importante, já era tarde demais. — Lily, vá pegar uma bebida para nós, ok? — perguntou Damian. Franzindo a testa, Lily acenou com a cabeça e empurrou sua cadeira. Uma vez que ela saiu da sala de jantar, Damian virou a sua atenção para Theo. Os olhos azuis do companheiro de Theo mal piscaram com qualquer emoção ou preocupação. Theo não se importava. Damian só se preocupava em mostrar emoção em direção a sua esposa. — Há uma diferença entre tristeza e raiva, — disse Damian. Theo se recostou na cadeira. — É mesmo? — Sim, mas é uma linha muito fina. — Então eu estou aprendendo. — Você já aprendeu que isso muitas vezes andam de mãos dadas? Theo riu secamente. — O que você é, o terapeuta residente, Fantasma? Damian sorriu. — Não, apenas o seu irmão através do casamento. Foi automático. Theo não conseguiu parar. Ele se encolheu ao ouvir a palavra irmão, mas Damian não disse nada. Theo queria mudar de assunto rapidamente. — Como a tripulação Rossi está indo? — Tediosa, — Damian respondeu. Essa era a vida como um Capo. Damian tinha finalmente conseguido o controle quando seu primo Tommas se afirmou como o chefe de frente da Outfit. Com ninguém mais familiarizado o suficiente para operar do lado Rossi das coisas na Outfit como um Capo adequado, Damian era o primeiro nome para ocupar o assento. — Eu nunca quis ser um Capo, — disse Damian, encolhendo os ombros. — Alguém sempre precisa de alguma merda. Alguém está sempre se lamentando sobre isso ou aquilo. E então você tem todo aquele bando de idiotas nas ruas testando sua paciência toda vez.

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— Tome uma atitude, — Theo sugeriu. — Atitude? — Sim, castigue eles, D. Limpe e derrame um pouco de sangue. Deixe eles com medo. Assuste eles. Você conhece este jogo. Matar é a sua coisa, não é? Então vá em frente e faça o que você faz de melhor. Confie em mim, eles vão entender rápido o suficiente e ter bom senso. A expressão calma de Damian não se alterou. — Me livrar de alguns homens não é provável me fazer nenhum bem quando eu quero uma equipe forte, Theo. A menos, é claro, que você pense que mostrar meus números é uma boa coisa a fazer quando ainda há tanta agitação entre as famílias. Era uma preocupação válida. Havia pouco ou nenhum amor entre os três homens mais poderosos na Outfit atualmente. O Chefe, Riley, não conseguia fazer o seu chefe de frente e seu subchefe trabalharem em conjunto. Joel Trentini batia de frente com Tommas Rossi a cada chance que ele tinha. Tommas descartava Joel com sua indiferença habitual e desinteresse. Feito ruim para um Chefe quando ele não podia lidar com seus homens. — Maçãs podres irão infectar o resto, — Theo avisou. — Não há tal coisa como maçã podre. Ao curso da natureza, algo acontece e leva as descartadas. — Verdade. — Você já fez isso com os seus ao longo do caminho? — perguntou Damian. — O que isso quer dizer, D? — Eu acho que você sabe, Theo. — Vamos dizer foda-se aos rodeios e ir direto ao ponto de tudo, que tal? Além disso, eu não vim aqui para brincar de jogos de palavras com você, Damian. Eu vim aqui para jantar com a minha irmã. Damian riu. — Então por que você não está comendo? Antes que Theo pudesse responder, Lily voltou para a sala de jantar com duas garrafas de cerveja na mão. Ela colocou uma na frente

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de Theo antes de dar a seu marido a outra e, em seguida, tomar seu assento. — Como você estava dizendo, — disse Theo, acenando para Damian. — Talvez você tenha deixado algumas das maçãs podres sangrarem através das suas boas. — Eu não sou um idiota. Há um monte de rumores sobre a morte de Dino. E eu certamente não tentei esconder o meu desprezo por Riley no que diz respeito a esse assunto. — Mas você não pode negar os rumores do envolvimento de outros homens, tampouco. Homens como Joel Trentini. Havia problemas com a morte de Dino e o possível envolvimento de Riley. O assassinato de Dino fez pouco para ajudar Riley a ganhar poder e posição que não fosse incitar o medo na Outfit. A morte de qualquer pessoa teria funcionado da mesma maneira. Não fazia sentido. Theo estava esperando pacientemente. Alguém era obrigado a foder. Alguém, em seu caminho para o topo, ia foder alguma coisa e preencher todos os espaços em branco. Ele estaria lá esperando quando eles o fizessem. — Você acha que eu sou estúpido, Damian? — perguntou Theo. Lily estalou a língua desaprovadoramente, mas os dois homens ignoraram o aviso silencioso. — Não, Theo. Não estúpido. Acho que você está de luto. A mandíbula de Theo cerrou. — Talvez sim, mas vamos ser realistas aqui. Diga o que você está mastigando aí. Damian deu à sua esposa uma olhada tranquila e, em seguida disse: — O que Dino costumava dizer quando éramos crianças e enfiávamos as mãos nos jogos de outras famílias? — Fique no nosso lado de Chicago e pare de brincar com serpentes, — disse Theo. — Sim, então talvez você deva fazer isso, Theo. — Eu vou.

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Damian arqueou uma sobrancelha. — Artino. O rosto de Theo se contraiu enquanto ele tentava segurar sua irritação. Desde a morte de Dino, Walter Artino vinha tentando tomar o reino DeLuca mais e mais. Estava começando a ficar chato. Theo não podia deixar o nome DeLuca ser manchado por causa de Artino. Simples assim. — O que tem ele? — perguntou Theo. — Ele não. A família. O grupo inteiro. — Mais uma vez, você acha que eu sou estúpido, Damian? Os lábios de Damian se achataram em uma linha sombria. — Você precisa ter cuidado, Theo. Ninguém está lá fora para ajudá-lo agora. Depois que as pessoas entram, você não pode tirá-las. Theo riu, ignorando o comentário e o olhar curioso de sua irmã. — Há sempre uma maneira de tirá-los, Damian. É chamada de bala. — E essa rixa que seus rapazes têm com o pessoal Conti, — acrescentou Damian. — Eu não sei do que você está falando. Damian zombou. — Certo. — Eu mostro tributo. Eu dou a Riley suas cotas. Eu sigo as regras de merda, D. — E você continua deixando o sangue derramar durante todo o tempo. Pare com isso antes que tudo fique fora de controle de novo, Theo. — Eu não sou o único que luta com o pessoal dos Conti. — Theo, — Lily disse suavemente. — As coisas estão tranquilas com as famílias agora. Deixe elas desse jeito. — As coisas nunca foram tranquilas, — Damian respondeu antes que Theo pudesse. — Muito tem sido deixado de dizer para as famílias ficarem quietas, querida. Lily franziu a testa, mas não respondeu. — De onde vem isso, afinal? — perguntou Theo.

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Damian cortou um pedaço de seu bife e manteve os olhos em seu prato. — Um amigo de um amigo, Theo. Além disso, você me conhece. Eu cuido do que é meu. A família é importante. Certo. Exceto o fato de Damian ser um Rossi. — Que família é essa? — perguntou Theo. — A única que importa, é claro. Isso respondia tudo, não é? — Você vai ao casamento amanhã? — perguntou Lily. Theo fez uma careta. — Não. — Mas... — Riley Conti não precisa de mim em seu casamento, Lily. Walter vai, de qualquer maneira. Isso é o suficiente para o nosso lado das coisas. — Ele é o único que vai? — perguntou Damian. — Sim, — respondeu Theo. — Você está fazendo uma afirmação bastante ousada, Theo. O mundo não gira em torno de Riley Conti. — Adriano... Theo ergueu a mão, parando Damian antes que ele pudesse dizer outra palavra. — Eu não estou preocupado com a pequena rixa de Adriano Conti com alguns membros do pessoal DeLuca. Eu disse a ele na noite em que Riley se tornou Chefe que eu não queria nada com ele. — As ações dos seus homens na rua dizem coisa diferente, — disse Damian. — São os meus homens, não eu, — Theo respondeu friamente. — Seus ou os de Walter? — Exatamente. Damian não se moveu enquanto ponderava a declaração. — Eu acho que você não é tão cego como eu pensava.

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— Eu gosto disto, porém, — disse Theo. — Assumir a culpa pela vingança de Walter por causa da morte de seu filho? Theo riu sombriamente. — Não, deixar Riley desconfortável. Ele provavelmente está se perguntando quando eu irei atacá-lo. — Você vai? — Eu ainda não decidi, — Theo respondeu honestamente. — E se eu te dissesse que Riley não ordenou o assassinato de Dino? — disse Damian. — Não faria diferença. — Por que não? — Porque agora, é mais do que apenas por Dino. E mesmo que fosse apenas sobre ele, existem apenas alguns homens para quem eu posso apontar o dedo. Eles estão todos muito no alto agora, Damian. — Seu ponto? — perguntou Damian. — Às vezes você tem que eliminar a parte superior e esperar o resto se desintegrar sozinho. É a única maneira de sair limpo. Theo não queria ser o Chefe. Não era sobre nada disso. As pessoas podiam acreditar no que quisessem. A guerra não tinha acabado. Não estava nem mesmo perto.

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— Aqui, me deixe te ajudar, — disse Theo, pegando a pilha de pratos que sua irmã estava equilibrando. Lily sorriu e o deixou pegar os pratos sujos. — Cavalheiro, hein? Não admira que existam todos esses rumores sobre você e uma dúzia de mulheres diferentes. Elas não podem dizer não para o seu charme, Theo. Você deve colocar isso em uso para encontrar alguém para sossegar.

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Theo mal reteve o escárnio. Ele não era um cavalheiro. Um pouco áspero talvez. Frio de coração. Sedento de sangue nas ruas. DeLuca nascido e criado. DeLucas não faziam bonito, não tinham conversas de travesseiro ou eram homens de toque suave. Uma boa e dura foda suja com certeza o deixava satisfeito. Certo. Mas, ser um cavalheiro não se enquadrava nessa categoria. Theo desejava que sua irmã não ouvisse nada sobre suas atividades no quarto. Lily não precisava ser consciente de com quem ele estava ou não fodendo. Ele não era desagradável o suficiente para dizer a ela para cuidar de sua própria vida, no entanto. — Não, mas você é minha irmã e tudo mais, — Theo resolveu dizer. — Então, talvez você devesse me incomodar para manter o meu apartamento de solteiro limpo e não com quem eu deveria preenchê-lo. — Ei, eu só estava dizendo. — Eu não preciso que você faça isso, Lily. Lily cantarolou baixinho como se não acreditasse nele. — Seja como for, Theo. Alguém virá e você não vai nem mesmo vê-la chegando. — Nem todo mundo quer alguém, Lily. — Continue se dizendo isso. Ele iria. A última coisa que Theo precisava era de alguma fêmea se inserindo em sua vida e o colocando em uma bagunça que ele não podia limpar. Ele tinha o suficiente acontecendo com a Outfit e suas ruas, não importava sua família. Mulheres? Não tão cedo. Theo seguiu Lily para a cozinha, depositado os pratos onde ela indicou, e então ele começou a ajudar Lily a enxaguá-los antes de encher a lava-louças. Os dois irmãos ficaram quietos enquanto trabalhavam. Damian se desculpou depois do jantar dizendo que tinha telefonemas para fazer. — É a casa, não é? — Lily perguntou em voz baixa.

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Ela não tirava os olhos da máquina de lavar louça enquanto apertava os botões. Ela tinha deixado seu copo de vinho de cristal no balcão para lavar as mãos. — O que tem a casa, pequena? — Ela lembra Dino. Certo? Theo se mexeu inquieto, se recostando contra o armário. — Porque você pensaria isso? — Você não vem muito aqui. — Eu não vinha muito quando Dino estava vivo. Era verdade. Theo havia passado muitos anos tentando se afastar do nome de Dino. Ele não queria ser apenas o irmão mais novo de Dino DeLuca. Ele queria seu próprio nome sendo carregado pelas ruas e pelos homens na Outfit. Ele teve seu desejo concedido. De todas as formas erradas. Antes de Theo perceber todo o bem que seu irmão tinha feito realmente dando aos DeLucas uma boa posição, um local seguro na Outfit, tinha ido embora. E junto com Dino. Theo sentiu o gelo deslizar em suas veias como um amigo íntimo dando a ele conforto. Ele não iria desistir agora. — Você estava se achegando um pouco mais, — disse Lily. — Como qualquer bom irmão faria. Dino estava morto. Os irmãos nunca tiveram a chance de consertar as suas pontes queimadas. — É melhor deixar o cão onde ele está do que acordá-lo e vencêlo, — disse Theo a sua irmã. Lily franziu os lábios como se ela não estivesse satisfeita com sua resposta, mas, felizmente, ela não o forçou a mais nada. — Bem. Você vai ficar um pouco? — Não, eu preciso ir. Amanhã é um grande dia e tudo mais. — Eu pensei que você não iria ao casamento. ~ 23 ~


Theo sorriu. — Eu não vou. Isso não significa que eu não vá estar por perto, Lily. Riley Conti não era o único homem que Theo tinha que manter um olho, afinal. — Obrigada por me ajudar com a louça, Theo. — Claro. Se afastando do balcão, o olho de Theo avistou uma garrafa familiar de vinho tinto. Ele a trouxe para a irmã porque sabia que ela gostava de vinho tinto com bife. Além disso, ele não era bom em aparecer na casa de alguém sem trazer algum tipo de presente. — Essa não é a marca que você gosta? — perguntou Theo, pegando a garrafa para ler o rótulo. — Do que você está falando? — O vinho, Lily. Os olhos de Lily se arregalaram quando ela percebeu o frasco em suas mãos. — Merda, eu me esqueci de esconder isso. Por quê? Theo olhou para a garrafa novamente. Esta era a marca de Lily, cerca de 40 anos especialmente importado da Sicília. Era caro como o inferno, mas sua irmã valia o dinheiro. — Poupando ou algo assim? — perguntou Theo, divertido. Os dentes de Lily morderam o lábio inferior, e Theo soube então que uma mentira estava na ponta da língua dela. Ela não era boa em mentir e seus irmãos sempre sabiam quando ela ia dizer uma. — Lily, — Theo disse calmamente: — você estava bebendo um copo de vinho hoje à noite. — Sim. Em um copo de cristal de cor azul e ainda sobre o balcão. — Não é o vinho que eu trouxe. Lily suspirou. — Deus, por que não você não pode deixar as coisas pra lá?

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— Porque você é minha irmã e eu me preocupo, — Theo respondeu. — Sobre que tipo de vinho eu bebo? — Não, sobre por que você queria que eu pensasse que você estava bebendo este vinho. Se você não queria, você poderia ter... — Eu não posso beber vinho, Theo, e eu não queria ser rude. A sobrancelha de Theo atirou para o alto. — O quê? — Eu não posso beber vinho. Não por mais oito meses. Demorou um tempo para Theo perceber o que sua irmã estava dizendo. Até que o olhar passou entre o vinho em suas mãos e o sorriso nos lábios de Lily. — Nós não estamos prontos para começar a contar às pessoas, Theo, — Lily adicionou mais suave. — Há muita infelicidade entre as famílias e problemas acontecendo. Além disso, Adriano e Alessa acabaram de anunciar sua gravidez há algumas semanas e isso ainda está sendo assimilado. — Sim, mas vocês dois são casados e não estavam se esgueirando pelas costas dos seus familiares, — disse Theo, tentando descobrir como Adriano Conti e a gravidez de Alessa Trentini fazia qualquer diferença para sua irmã. — Eu sei disso, — Lily respondeu. — O fato é que eles não devem passar vergonha mais do que eles já estiveram que passar pela Outfit, Theo. É um bebê, as pessoas devem ficar felizes. Eles vão se casar no próximo mês. Está tudo resolvido. Eu não sou o tipo de mulher que iria exibir minha gravidez para que outros possam usá-la e dizer que é assim que deve ser, não como aconteceu com eles. Theo esfregou sua testa enquanto colocava a garrafa de vinho de volta no balcão. — Os sussurros não vão parar depois de eles se casarem, Lily. — Talvez não, mas eu ainda acho que eles devem ser capazes de aproveitar esse tempo e ter um pouco de felicidade só para eles. — Menina altruísta. — Ela é, — disse Damian da entrada da cozinha.

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Theo tentou não reagir à súbita presença de seu cunhado. Damian fazia essa merda com frequência demais. — Parabéns então, eu acho. — Obrigada, — disse Lily, sorrindo. — Não demoraram muito tempo vocês dois. — Theo! Damian riu, mas ficou quieto. Theo deu de ombros. — Apenas dizendo. — Sinto muito por ter mentido sobre o vinho, mas eu vou colocálo na adega. Piscando, Theo beliscou sua irmã no queixo. — Faça isso, — disse ele, — e no dia em que minha sobrinha ou sobrinho nascer, vamos tirá-lo de lá e comemorar. Eu vou até me esgueirar com ele no seu quarto de hospital. Lily sorriu largamente. — Vai? — Absolutamente. — Isso é terrível, — disse Damian sob a respiração. — Eu vou fingir que vocês dois não estão planejando algo parecido. Theo mostrou o dedo médio a seu cunhado. O bebê podia levar o nome Rossi por causa de seu pai, mas ainda era metade DeLuca. Família era tudo. A única coisa que Theo sabia que deveria manter perto. Ele aprendeu essa lição da maneira mais difícil.

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Capítulo dois Evelina enfiou a cabeça na porta de entrada da sala de estar para encontrar Alessa vasculhando outra sacola de roupas de bebê ainda com etiquetas. — Adriano deixou isso aqui mais cedo? Alessa olhou para cima, sorrindo. — Sim. Era bonitinho. Adriano não parecia estar surtando sobre o fato de que seria pai em apenas poucos meses. Os dois estavam preparados. — Mas ele só foi buscá-las para mim, ele não ficou louco de novo, — informou Alessa. Sua voz era suave e tranquila enquanto ela falava. Não era incomum. Alessa Trentini, que em breve seria uma Conti quando se casasse com Adriano em pouco mais de um mês, não era uma pessoa faladora. Ela tendia a se manter em sua própria bolha, mantendo um perfil discreto, e era uma pessoa muito feliz, mesmo em seus dias ruins. — Eim? — perguntou Evelina. — Abriella comprou algumas roupas, eu acho. Oh. — E Adriano teve que bancar o atravessador e buscá-las com alguém pelo que eu entendi. Alessa assentiu. — Ela passou para Tommas e ele ligou para Adriano. Evelina não queria deixar Alessa triste ao reconhecer o fato de que Abriella não tinha permissão para passar um tempo com sua irmã. As duas eram próximas, mas desde a derrocada de Alessa e Adriano com a gravidez, Joel Trentini agia como se sua irmã mais nova não existisse. Como se ele estivesse tentando apagar a vergonha. Não havia muito para se envergonhar. Era um bebê com pais jovens que precisavam de apoio e amor nesta nova etapa de suas vidas. Além disso, a gravidez tinha feito muito por Joel. Depois de tudo o que Joel havia feito ao pai de Evelina, Riley, o cara devia ter sido

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morto pelos padrões da Outfit. Em vez disso, para se desculpar pelos erros que o filho de Riley tinha cometido com a irmã de Joel, a Joel foi dada uma posição elevada, o respeito de ter a posição de subchefe da Outfit, e mais controle do que ele precisava. Riley estava pedindo para ter problemas fazendo isso. — Se você vir Abriella, — disse Alessa, — diga a ela que eu estou agradecida. — Você vai vê-la amanhã no casamento, — Evelina respondeu. — Diga a ela, então. — Joel vai estar lá. — Não deixe que ele te envergonhe em um canto como se você tivesse uma grande letra escarlate pintada em sua testa, Lissa. Alessa suspirou e deixou cair o pimpão verde dentro do saco de presentes. — Ouça, não é sobre Joel, trata-se de Adriano. Eu não dou a mínima para o meu irmão, mas eu não quero causar nenhum problema a Adriano fazendo barulho. Abriella me liga quando pode, às vezes, nos vemos aqui e ali, e assim está bom. Eu também não quero causar problemas para a minha irmã. Eu sei o como Joel é, Eve. — Sim, você me disse. Joel era um idiota. Uma cobra manipuladora seria muito parecida com ele. — Então assim será. Até que Joel sinta que todos nós já pagamos o suficiente por embaraçá-lo... Evelina soltou uma gargalhada, interrompendo Alessa. — Ele tem feito o suficiente sozinho, querida. Mesmo Alessa esboçou um sorriso malicioso. — Eu sei. — De qualquer forma, eu entendo. Vou passar a mensagem diretamente amanhã, mas você deve realmente fazer isso sozinha. Dane-se Joel, ele provavelmente vai estar muito ocupado procurando atenção como o novo subchefe. Alessa bufou. — Sim. Típico de Joel. — Onde está o meu irmão? — perguntou Evelina. — Trabalhando.

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Alessa não ofereceu qualquer outra coisa, e Evelina sabia que não devia pressionar para obter mais informações. Adriano era sigiloso sobre sua posição e trabalho na Outfit. Ele tentava como um condenado não trazer o trabalho para casa. Evelina teve que admitir que estava orgulhosa de seu irmão mais novo. Adriano não saiu como Riley Conti, afinal de contas. Ele era melhor do que seu pai. Um homem melhor; mais amoroso e atencioso. Ele vai estar de volta em breve? — perguntou Evelina. Alessa deu de ombros. — Hoje à noite, talvez. — Você quer visitar Lily comigo para que você não fique sozinha? — Não, eu estou bem, obrigada. — Alessa acenou para as sacolas cheias de coisas de bebê. — Prioridades, você sabe. — Bem, pelo menos você sabe quais são as suas. O resto de nós não tem uma fodida ideia. Alessa riu. — É triste como você está certa.

***

Evelina reconheceu o Stingray vermelho cereja estacionado na garagem de Lily Rossi no segundo em que colocou os olhos nele. Lily não tinha dito nada sobre seu irmão mais velho Theo aparecer. Riley tinha deixado claro para Evelina que era para evitar Theo a todo custo. Seu pai não tinha dado uma razão para isso, exceto que tinha havido algumas questões não resolvidas entre os DeLuca e os Conti após Riley se tornar Chefe. Independentemente disso, Evelina não se importava de seguir a demanda de seu pai de manter certa distância. Enquanto o temperamento de Riley tinha melhorado ao longo do último par de meses desde que se tornou Chefe, Evelina não conseguia afastar a lembrança de que seu pai não era o homem que aparentava ser. Ela ainda se recusava a voltar para casa porque Riley não permitiria que ela voltasse para seu dormitório. Então, ela ficou com seu irmão. Seu pai concedeu. Não mudou nada para Evelina. Riley Conti poderia usar a fantasia que quisesse, mas para Evelina, ele era apenas um rei com

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uma coroa roubada. Quanto tempo seu pai seria capaz de ser o Chefe da Outfit antes que alguém mais percebesse isso também? Evelina estacionou seu BMW ao lado do Stingray, saiu, e tirou os sacos plásticos do banco de trás. Ela estava quase na metade do caminho em frente a entrada pavimentada antes que a porta da frente da casa abrisse. Theo apareceu na porta com Damian Rossi. Nenhum dos homens notou Evelina a apenas alguns metros de distância. Theo DeLuca não parecia ter mudado. Assim como no dia do aniversário de dezoito anos de Evelina quando ela acidentalmente tropeçou nele discutindo com seu irmão, ele estava parado com uma confiança e indiferença que escorria arrogância e petulância aprendidas. As feições do homem ainda eram tão marcantes como nunca, com as maçãs do rosto afiadas, uma mandíbula forte e o cabelo que parecia que alguma mulher tinha envolvido as mãos e puxado os fios loiros. A sombra de um sorriso mantinha o canto da boca de Theo torcido para cima, mesmo com a tristeza escurecendo seu olhar castanho. Evelina supôs que o homem tivesse muito para estar triste agora. Seu irmão tinha sido assassinado e seu tio também. Até mesmo sua irmã tinha sido tomada dele de certa forma com seu casamento com um Rossi. A família Rossi estava mais perto dos DeLucas do que do resto, mas Lily ainda estava se acertando em sua nova vida. Quem foi deixado para Theo? Ele mesmo. Seus homens, considerando que ele era Capo com Dino DeLuca morto. A Outfit... talvez. Evelina suspeitava que Theo culpasse a Outfit pela maioria do que estava acontecendo com a sua família. Quem não iria? Talvez fosse por isso que seu pai exigiu que ela ficasse longe dele. Um homem de luto era um homem perigoso. — Você tem uma convidada, Fantasma. Theo passou uma olhada em Evelina. Seu olhar era quase de desprezo por natureza, como se ele a tivesse levado para dentro e depois empurrado a imagem dela de volta para fora novamente. — Sim, Lily e roupas, você sabe. O casamento, — Damian murmurou. — Eu diria que o veria amanhã e tudo, mas nós dois sabemos que você não vai estar lá. — Não. ~ 30 ~


Com isso, Theo enfiou as mãos nos bolsos e se afastou da porta para descer os degraus da frente. Seus passos eram suaves e rápidos, e ele manteve a cabeça baixa como se estivesse olhando em volta, mas ninguém podia ver seus olhos. Isso fez Evelina pensar que talvez Theo gostasse de ter as pessoas se perguntando sobre ele e nunca realmente saber nada. Mas quem era ela para dizer? — Eve, — Theo murmurou quando passou. Cordial. Educado. Estressado. Tenso. Evelina ouviu tudo isso quando seu nome saiu de sua boca. Ela também notou seus olhos castanhos a olhando de novo e da forma como o seu sorriso se aprofundou. Ela não gostava de como um olhar parecia dar um tapa em sua pele sem ele nunca ter levantado a mão. A memória sangrou em sua mente com lentidão.

— Você nunca me deu aquele telefonema, princesa, — disse Theo. Evelina franziu os lábios, saboreando o vinho em seu copo enquanto as pessoas circulavam na festa de retorno a casa da amiga. Lily DeLuca sorriu e conversou com os convidados, mas ela estava chateada como o inferno. Evelina sabia disso. Afinal, quem queria se casar obrigada com um homem que você não conhecia? Mesmo que o homem fosse meio decente. — Não me chame assim, Theo, — Evelina advertiu. Theo riu. — Ainda magoada com isso? Ele a chamava de princesa em todas as chances que tinha, maldição. Sim, incomodava. — Não, mas eu não sou uma princesa, então pare com isso. — O que eu disse a você, hein? — perguntou Theo, virando seu ombro para a parede para que pudesse olhá-la enquanto ela observava a multidão.

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Evelina sorriu, incapaz de se conter. Não podia negar o fato de que gostava da atenção de Theo. Ele era condenadamente lindo, especialmente vestindo um terno sob medida que acentuava o fato de que ele estava em forma, e cada polegada dele exalava vibrações perigosas. Ele era alto, pele morena e sexy e ele sabia disso, porra. Essa era a pior parte. — Você está sorrindo, — disse Theo presunçosamente. — Isso significa que você gosta de mim. — Você é louco. — Já está cansada de agir como uma princesa? Evelina tomou outro gole de vinho e o engoliu. — Eu já liguei para você? — Estou começando a pensar que mulheres como você precisam de um empurrãozinho, — disse Theo, sorrindo. Oh, Cristo. Evelina praticamente podia sentir os olhos de seu pai observando-a onde quer que estivesse na sala. Riley Conti estava sempre mantendo um olho nela, ou ele tinha outra pessoa para fazer isso. — Você vai me causar problemas com essa merda, — disse Evelina a Theo calmamente. — Por ter uma conversa? — Por me paquerar, Theo. Theo riu. — Isso não é paquera. Contudo… Evelina o olhou de lado. — O quê? Ele deu um passo mais perto. Perto o suficiente para ela sentir o cheiro fresco de sua colônia amadeirada. A língua de Theo molhou seu lábio inferior, onde o polegar estava tocando quando ele se aproximou novamente. Seu braço roçou seu peito e ela jurou que cada músculo saltou sob o simples toque. Evelina lutou contra o arrepio quente fazendo seu caminho em sua espinha quando Theo alcançou e arrastou a ponta de seu polegar em seu braço. Ele parou no vinco dentro de seu cotovelo. Ela nem sequer percebeu até que ele apertou o polegar em sua pele de novo, mas o seu dedo estava molhado de seus lábios e ele tinha feito uma trilha em seu braço. Sentia-se quase sensível ao abrigo dessa carícia. Porque, sem dúvida, não era inocente de maneira nenhuma. ~ 32 ~


— Agora isso, — Theo sussurrou, — pode ser considerado paquerar. As bochechas de Evelina se aqueceram. — Que jogo está jogando hoje à noite, DeLuca? — O que você quer dizer? — Eu não sou uma conquista para você levar para a cama, Theo. Theo arqueou uma sobrancelha. — Eu não persigo mulheres, Eve. — Engraçado. Isso não é o que eu ouço. — Talvez você não devesse acreditar em tudo que ouve, — ele respondeu calmamente. Evelina sentiu o polegar varrer o vinco no interior de seu cotovelo novamente. — Eu não corro atrás de mulheres, — Theo repetiu. — Elas vêm para mim ou não vêm. Eu não saio perseguindo cada buceta que eu puder para adicionar novos nomes à lista. — Então o que diabos você está fazendo agora? — perguntou Evelina. — Boa pergunta. — O quê? — Há algo sobre você, Eve. Algo que me faz querer descobrir o que é. — Como uma perseguição, — disse ela. — Bem desse jeito. — Por quê? — ela perguntou. — Por que você ainda está agindo como uma princesa? — perguntou ele de volta. — Você não me conhece, Theo, não se você acha isso. — Evelina olhou por entre a multidão de novo, procurando por seu pai. — Você vai me causar problemas. — Baby, eu sou um homem terrivelmente cuidadoso. É o meu trabalho ser cuidado. Caso contrário, eu estaria morto.

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Droga. Evelina não queria mostrar como suas palavras a afetaram, então ela baixou o olhar para o vinho em seu copo. — É assim mesmo? — Sim. — Hmm. — Terça-feira, — disse Theo. — Dia 30. — O que tem terça-feira? — Giselle. O ballet. Venha comigo. Evelina apertou a haste de sua taça de vinho um pouco mais forte. Não havia nenhum pestanejar em seus olhos, nenhuma afetação no sorriso em seus lábios. Nada que sugerisse que era uma opção ou uma piada. Na verdade, Theo a observou como se estivesse esperando que ela fugisse. Ela tinha notícias para ele, ela não era uma corça assustada. Mas era muito cuidadosa. — Você está falando sério, — disse Evelina, tomando um segundo. — Muito. Venha comigo. — Eu não dei o telefonema que você queria, Theo. — Eu estou te dando um empurrão, Eve. — Por que eu? — perguntou Evelina. Theo deu de ombros. — Eu disse a você, há algo sobre você que eu quero saber. — Isso não é uma resposta muito boa. — Então me dê uma melhor.

Evelina se empurrou de volta para o presente, ao som da batida da porta do carro. Ela se virou apenas a tempo suficiente para ver Theo sorrindo quando acelerou o motor. Ela estava em pé na frente de seu carro, bloqueando o seu caminho para virar o carro e sair, e não podia dar ré com o carro dela bloqueando a entrada da garagem. Evelina olhou para o para-brisa,

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chamando a atenção de Theo. Seu rosto era passivo se não fosse o sorriso arrogante que ele usava, mas um fogo ainda brilhava na escuridão de sua íris. Talvez ele ainda não a tivesse perdoado por faltar a seu encontro um tempo atrás. Ela não queria, mas seu pai exigiu que ela fosse para o jantar no restaurante Rossi. E, em seguida, sua mãe foi assassinada em um tiroteio no mesmo dia. — Ei, — Evelina sussurrou. Ela não queria que Theo pensasse que ela estava ignorando ele. Ele nunca realmente perguntou por que ela cancelou esse encontro, mas ela imaginou que ele soubesse com a morte de sua mãe e tudo. Não era um segredo que ela tinha estado no jantar também. A sombra de um sorriso enfeitou a boca de Theo antes de desaparecer. O frio estava de volta em um piscar de olhos, endurecendo suas belas feições. Evelina não pôde deixar de notar como Theo parecia mais velho do que seus vinte e sete anos, sentado em seu carro, olhando para ela. — Mova-se, — Theo murmurou. — Agora. Evelina inclinou seu queixo, o desafiando. Ela não sabia por que, mas Theo sempre a irritava dessa forma. Ele a fez querer ir para trás. Não havia muitas pessoas que poderiam mexer com ela como Theo fazia. Era uma pena que ela nunca teve a chance de explorá-lo. Theo acelerou seu carro novamente, o motor rugindo alto o suficiente para fazer Evelina estremecer. Ela se moveu.

***

— Você viu Theo lá fora? — perguntou Lily. Evelina limpou a garganta e jogou os sacos de roupa sobre a parte inferior da cama. — Sim, mas ele não disse muito. Lily franziu a testa e passou a olhar para a porta do quarto. Evelina seguiu o olhar de sua amiga para encontrar Damian ali

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de pé, mas ele se afastou. Ele não disse uma palavra para sua esposa ou para Evelina antes de ir, tampouco. Evelina gostava de seu primo. Damian era um homem muito descontraído, mas calmo. Ele não gostava de fazer barulho e adorava sua esposa. Isso era evidente. Mas havia também o lado negro de Damian Rossi, que muitas pessoas não conseguiam ver. — O que há com ele? — Evelina perguntou a Lily. — Damian? — Sim. Lily deu de ombros e apalpou os sacos de roupa, tomando seu tempo para abrir cada um e espreitar. — A visita de Theo o deixou inquieto, eu acho. — Ele é seu irmão, Lily. — Estou ciente. — Damian deve se acostumar a ele estar por perto. Lily riu, endireitando para olhar para Evelina. — Não é que ele não goste de Theo. São amigos desde que eram crianças, lembra? — Eu sei. — Damian está preocupado que seu amigo esteja fazendo algo louco por causa de toda a porcaria que ele tem passado por estes últimos meses, — disse Lily. — Oh. — Evelina suspirou. — Meu pai? — Em parte, mas há outras coisas também. Eu acho, de qualquer maneira. Com Theo, é difícil dizer. Às vezes você acha que ele não sabe nada sobre qualquer coisa em torno dele e, então, outras vezes, ele abre a boca e choca a todos com o que aprendeu. Eu apenas… — O quê? — Evelina pressionou. — Esse não é Theo. Essa pessoa calada e fria. Não é Theo. Ele é feliz e barulhento. Ele é completamente encantador. — É verdade. Lily levantou uma sobrancelha. — E como você sabe? Merda. ~ 36 ~


Evelina pegou o primeiro que conseguiu alcançar e abriu, querendo experimentar e distrair a amiga de se aprofundar muito em sua afirmação. — Eu só estou dizendo, Lily. Nós todos sabemos como Theo gosta de suas mulheres. — Na verdade, eu acho que meu irmão gosta de deixar que as pessoas acreditem no que querem acreditar. Dizer que ele é um santo? Não, mas ele nunca foi muito de se abrir, também. — Possivelmente, — Evelina concordou. Deixe assim, Lily, Evelina implorou silenciosamente. Lily suspirou baixinho, pegando um saco para si mesma. — E como você está indo? — Bem. — Tem certeza? — perguntou Lily. — Sim. — Seu pai vai se casar com uma mulher só dois anos mais velha que você amanhã, Eve. Nem isso, na verdade. Evelina forçou a não fazer careta sobre sua opinião sobre Courtney, a nova e muito jovem noiva de seu pai, e puxou o vestido preto para fora do saco. Parecia bom e apropriado. — Oh, meu Deus, — disse Lily, rindo. — Por favor, me diga que você não trouxe só vestidos pretos para escolher para vestir amanhã. Bem, Evelina considerou. Preto era apropriado. Amanhã ela se sentiria como em um funeral em vez de um casamento. — Eu não gosto dela, — murmurou Evelina, sem tirar os olhos de cima do vestido. — Courtney? — Quem mais? Lily puxou o vestido, atraindo a atenção de Evelina. — Ela é jovem. — Ela é mimada, — Evelina atirou de volta. — Ela é irritante e manhosa. Toda vez que vou lá, ela fica ainda mais pegajosa com meu pai, ela acha que eu dou a mínima para eles e ela tem ser compensada por isso. E ela é desagradável, Lily.

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Lily bufou. — Você pode lidar com ela. — Eu posso. E Evelina tinha, repetidamente. Isso não significava que ela gostasse Courtney Calabrese. — Ela não é a meia-irmã de Matteo Calabrese da família de New York? — perguntou Lily. — Sim, ela é a filha de Carl do seu segundo casamento. Ela estava aqui para estudar. A família dela aqui é uma espécie de abaixo do baixo do pessoal Rossi ou algo assim, mas eles estão misturados na Outfit. — Huh, — Lily disse fracamente. Evelina não estava surpresa que sua amiga não conhecesse muitas das pessoas conectadas em Chicago. Lily tinha sido sempre protegida por seus irmãos dessa maneira. Evelina desejou que tivesse sido também, mas com o chefe de frente como pai, ela teve o melhor assento da casa dia após dia. — Fale comigo, — disse Lily, trazendo Evelina para fora de seus pensamentos. — Eu vou ficar bem. — Quer dizer que você vai engessar um sorriso, ir em frente e fazer a coisa certa amanhã. — Essencialmente, — disse Evelina. — Então me diga como você se sente realmente. Evelina mordeu o interior da bochecha antes de sussurrar: — Minha mãe só está morta por alguns meses e ele já está se casando de novo, Lily. Ele não dá a mínima. Meu pai não se importa com ninguém, além de si mesmo. Mas isso é como é, certo? Esta é a forma como a Outfit funciona e nós apenas seguimos as regras. — O Chefe precisa de uma esposa, — Lily respondeu, tristeza colorindo o tom dela. — Ele precisa. Então me ajude a escolher um vestido. Eu posso ir para o casamento do meu pai amanhã, fingir que eu dou a mínima para ele e sua mimada esposa, e não parecer que eu estou indo para um funeral ao mesmo tempo.

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Lily assentiu. — Eu posso fazer isso. Melhores amigas. Lily tinha razão meses atrás, Evelina percebeu. As duas mulheres escorregaram de volta para sua velha rotina, sem mesmo um pio. Quanto tempo levaria antes que elas fossem dilaceradas novamente pelo desejo de outra pessoa de subir na Outfit? Nesta vida, a paz era um mito maldito.

***

— Sorria, — Lily disse a Evelina quando parou ao lado da amiga. Evelina tentou o máximo não olhar para seu pai e sua noiva quando os dois se beijaram na escadaria da igreja na frente dos convidados. Luzes piscavam e o som das câmeras clicando repetidamente quando as fotos do dia foram capturadas para a porra do casal feliz. — Eu estou sorrindo, — disse Evelina. — Com um morra-morra-morra em seus olhos, — Lily respondeu, rindo. Evelina avistou Adriano enquanto saía da igreja com Alessa ao seu lado. Como de costume, a mão de seu irmão mais novo estava firmemente ligada à barriga ligeiramente arredondada de Alessa e toda a sua atenção estava sobre ela. Adriano acenou com a cabeça na direção de seu pai quando ele sussurrou no ouvido de Alessa e abraçou sua noiva apertado. Era doce. Um amor muito mais doce, mais honesto do que Riley e Courtney mostravam. Evelina se perguntou há quanto tempo seu pai vinha realmente se envolvendo com a menina. Provavelmente um tempo. Talvez até mesmo quando sua mãe estava viva. Isso queimou como se ácido estivesse sendo derramado em suas veias. Suspirando, Evelina sacudiu o aborrecimento. — As pessoas estão falando sobre Alessa e Adriano de novo, — Lily observou.

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Evelina ouviu os sussurros. Ela se sentou ao lado de seu irmão e Alessa durante toda a cerimônia, querendo dar a eles algum sentido de apoio na dureza insípida que poderia ser a Outfit e seu povo. — Sorria e diga a ela para comer a porra de seus corações, — disse Evelina, sorrindo friamente. — Metade deles está apenas com ciúmes que Adriano e Alessa conseguiram o que queriam no final - um ao outro. O resto só quer algo para fofocar porque estão entediados. — Verdade. — Lily murmurou, vasculhando o estacionamento da igreja. — Oh! — O quê? — Evelina seguiu o olhar de sua amiga para encontrar Theo encostado em seu Stingray vermelho cereja bem na borda do estacionamento. — Você não disse que ele não viria? — Theo disse que não estaria aqui, — Lily respondeu. — Ali está ele. Mas ele não parecia feliz. Na verdade, ele parecia feito de gelo, bonito e frio como cristal. Theo observou Riley Conti beijar sua noiva novamente. Evelina tinha um sentimento de o que quer que isso fosse... essa guerra, a luta que tinha se acalmado, e a paz que havia sido feita... estava quase pronta para explodir novamente. Ela não se importava.

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Capítulo três Política. A máfia era tudo sobre a política. Theo considerou essas palavras enquanto observava a multidão na festa e os convidados do casamento de Riley Conti que inundavam os degraus da igreja. Pelo tamanho da multidão reunida, a maior parte da Outfit e as famílias ligadas tinha aparecido para dar seus bons desejos para o casal. A política da Outfit exigia que estas pessoas mostrassem a seu Chefe o respeito e seus melhores desejos, mesmo que odiassem o homem e não achassem que ele merecesse isso. Theo sabia que Riley estaria embarcando em uma viagem para fora da cidade com sua esposa por uma semana e meia, embora onde exatamente fosse era um mistério. Raiva queimou fortemente no intestino de Theo, como um veneno matando-o lentamente. Theo encontrou sua irmã no meio da multidão. Evelina Conti estava ao seu lado, conversando. Evelina sempre tinha sido meio que um enigma para Theo. Ela era mais jovem do que ele cinco anos e filha de um homem que ele odiava. Ela chamou sua atenção quando ele tinha vinte e três anos, e ela tinha acabado de voltar para a casa do colégio interno. Theo gostava de problemas naquela época. Evelina era doce, bemhumorada e seguia todas as regras. Ver se ele poderia fazê-la quebrálas teria dado a ele todos os problemas que ele queria. Ela nem sequer piscou um olho para ele. Theo amava um bom desafio, mas quando a Outfit assumiu a sua vida, seu interesse nesse tipo de coisa desapareceu. Ela ainda estava lá no fundo de sua mente, no entanto. Em espera. Theo não sabia o que fazer sobre isso. Ele nunca tinha entendido sua curiosidade com a principesa Conti. Exceto, talvez, sua lealdade para com a vida e sua família, mesmo quando ela claramente não

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estava feliz com eles, o lembrou do que a Outfit supostamente deveria ser. Sem divisões, ou famílias que trabalhavam uma contra a outra. Famiglia era mais importante. Mas Evelina não iria acontecer, não com Theo. Ele tinha dado a ela a chance meses atrás e ela não aceitou. Quando ele soube os detalhes sobre o assassinato de sua mãe e por que ela tinha cancelado seu encontro, a menina nunca entrou em contato com ele novamente. Theo não daria uma segunda chance e ela estava do outro lado da divisão. O ar gelado de dezembro mordeu o rosto de Theo e sua pele exposta. Enfiando as mãos nos bolsos, ele observou as pessoas por um pouco mais de tempo. Ele se perguntou o que iria prejudicar mais, como se ele tivesse sido ferido, mas na maior parte, ele se perguntou o que iria fazê-los mudar. O que iria fazê-los entender que eles já não eram la famiglia, que eram sujos e falsos? Sim, política. Siga as ordens. Faça dinheiro. Obedeça o Chefe. Faça dinheiro. Pague o Chefe. Faça mais dinheiro. Atenha-se às regras. Isso foi o suficiente para Theo. Ele estava cansado dessas pessoas. Cansado de seus jogos. Cansado da maldita política. A Outfit era mais do que apenas pessoas. E quando o povo se esqueceu da lealdade e honra, tudo isso foi à merda de qualquer maneira. Todos pensavam que ele era um fodido estúpido. Que ele era cego para seus truques. O jovem príncipe DeLuca que era incapaz de se levantar por conta própria ou segurar o seu lugar. Theo tinha novidades para eles.

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***

— Eu não vi você no casamento, — Walter murmurou ao redor da borda do copo cheio de uísque. Theo olhou para seu companheiro, esperando que sua expressão em branco fosse suficiente para fazer Walter deixar de lado o tema do casamento Conti. Fazia dois dias desde as núpcias e, tanto quanto Theo sabia, Riley estava fora da cidade com sua esposa em sua lua de mel onde quer que fosse. — Eu estou falando com você, — disse Walter, erguendo uma sobrancelha. — Eu estava por perto. Isso era o máximo que Theo daria ao Capo Artino. Theo não escondia seu desprezo pelo Chefe da Outfit, então não estava prestes a mostrar um pingo de apoio a ele também. Walter, por outro lado, tinha ido ao casamento em um terno, um falso sorriso grudado em seu rosto, e bons desejos rolando para fora da sua língua de cobra. Sim, Theo sabia. Walter jogava um grande jogo no que dizia respeito ao Chefe, especialmente considerando que seu filho Dean Artino tinha sido morto pelo filho de Riley, mas Walter era uma cobra do mesmo jeito. Deslizando para o lado de qualquer homem que pudesse mantê-lo lá e então mordia o rabo quando o cara não estava olhando. As cobras não podiam ser confiáveis. Walter rodou o scotch no copo, mantendo seu olhar sobre Theo durante todo o tempo. Sentados em frente um ao outro no escritório na casa de Walter, os Capos DeLuca deveriam estar discutindo negócios. Em vez disso, Walter continuou cutucando Theo sobre Riley. Theo não estava interessado. — As ruas estavam tranquilas nesta semana, — observou Walter. — Percebi. — Ouvi dizer que você tirou aquela coca sintética antes que os caras pudessem trabalhar com ela. — É perigoso.

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— E coca real não é? — perguntou Walter, destacando com sarcasmo. — Ouça, Theo, é dinheiro fácil. Assim como você pode obter as mãos dos concessionários cheias dela, venda ela tanto quanto você puder, e faça algum dinheiro em vez de perder por se livrar dela. — É perigoso, — repetiu Theo simplesmente. Walter suspirou profundamente. — Ei... — Sete em cada dez pessoas tem overdose ou têm reações extremas com ela. Você realmente acha que esse é o tipo de atenção que a Outfit precisa agora? Você teria uma dúzia de diferentes oficiais em todas as ruas procurando os idiotas que colocaram essa merda lá fora e iriam chegar direto na Outfit. Nós não precisamos ser notícia para qualquer outra coisa este ano, Walter. Os lábios de Walter ficaram finos em sua frustração, mas o tolo ficou em silêncio. Este era o principal problema de Theo com o chefe da família Artino. Eles tinham trabalhado muito tempo com o lado dos DeLucas da Outfit, em especial Walter. Tendo em conta os laços familiares entre a esposa de Walter e o falecido tio de Theo, Ben, as duas famílias eram próximas. Walter tinha operado a tripulação DeLuca como um segundo Capo ao lado de Dino quando ele estava vivo. Theo trabalhava sob Dino, em sua maior parte. Mas agora, com Dino morto, Walter parecia pensar que tinha algum tipo de controle sobre Theo e a tripulação DeLuca. Era quase como se o homem pensasse que poderia assumir tudo e Theo apenas cegamente o seguiria. Era revoltante. — Você acha que eu sou um tolo? — perguntou Theo, em pé de sua cadeira. Walter colocou seu copo sobre a mesa e cruzou os braços. — Perdão? — Você acha que eu sou um tolo? É uma pergunta de sim ou não. — Eu acho que você é jovem, como o meu menino era, — disse Walter. Theo soltou uma gargalhada. — Dean não é comparável a mim, Walter.

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Exceto, talvez, aos olhos de Walter. O pai nunca via nada de errado em seus filhos, especialmente seus filhos homens. E ao fazer isso, esses meninos se transformaram em fedelhos mimados e um pouco podres. O tipo que Dean Artino tinha sido. — Chama-se tripulação DeLuca por uma razão, Walter. — Eu estou ciente de que nome o meu pessoal tem. Meu pessoal. Ali. Assinado, selado e entregue, porra. Theo estava farto. — Eu não me importava tanto assim, você sabe, — disse Theo enquanto ele fechava os botões de seu terno. — Não se importava com o quê? — perguntou Walter. — Com toda a besteira que você estava fazendo e os problemas que você criou. Lá fora, nas ruas, eu quero dizer. Eu entendi, você estava chateado por Dean e queria algum tipo de ação, de modo que você tinha sussurrado nas ruas que Theo DeLuca estava a fim de confronto com o pessoal dos Conti. Compartilhando uma bala aqui, um homem ali... ninguém sabia realmente porque ninguém nunca viu, até que fosse tarde demais. E, claro, isso voltou para mim, porque eu sou o alvo fácil, Walter. — Eu... — Oh, cale-se, — Theo estalou. Walter piscou, raiva aquecendo seu olhar enquanto se levantava rapidamente. — Eu acho que é hora de você ir, Theo. Você claramente se esqueceu que Capo nesta sala é o mais alto entre nós e que um de nós tem as conexões para o trono. Theo sorriu, frio e lentamente. Erro número dois. — Você? — Você ouviu o que eu disse. — Riley Conti tem o trono e ele não olharia duas vezes para você, Walter. Walter cerrou os punhos. Pânico. O homem estava procurando uma desculpa aceitável. Ele já tinha dado muitas. Erro número três.

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— Eu estava indo e voltando entre Joel também, nestes últimos meses, — informou Theo enquanto pegava as chaves do Stingray ao lado da escrivaninha de Walter. — Mas eu fui tão estúpido e preso em minha própria cabeça por causa de Ben e Dino terem sido assassinados que eu não conseguia me concentrar em qualquer outra coisa. Fazia sentido para mim, jogar minha raiva em cima de Riley e me postar ao lado da única pessoa que eu pensei que iria dar a ele um desafio para o trono de Chefe. E você estava justamente lá também. Não estava? Walter engoliu em seco. — Você sabe que eu estava. Eu ainda estou. Qual é o seu ponto? — Ainda está, — Theo ecoou. — E daí? — Eu estava bem com isso, Walter. Eu não me importei de levar a culpa por sua vingança contra o pessoal Conti, em nome de seu filho. Eu não me importei que o meu nome estivesse sendo jogado na lama para deixar Riley no limite. Eu não me importei de ser o bode expiatório por um tempo. — Eu nunca... — Você é um mentiroso, então não se incomode nem mesmo em começar, — Theo o interrompeu. — Todo mundo pensa que eu sou muito jovem para lidar com uma tripulação do tamanho da dos DeLucas sozinho. Eles acham que eu sou muito selvagem porque não sabem porra nenhuma sobre mim. Todos pensam que eu tomo decisões com o coração. — Você tomou antes, — Walter apontou. Ele tinha e Theo aprendeu a lição. Seu coração e orgulho tinham colocado a distância exigida entre ele e seu irmão mais velho. O passado comum que eles tinham compartilhado crescendo com Ben e Carmela DeLuca depois do assassinato de seus pais foi esquecido. Todo aquele amor duro e as bundas chutadas por seu tio, porque eles não eram homens suficientes, e não eram suficientemente frios tinha sido deixado de lado. A maneira de Ben fazer com que os irmãos DeLucas cumprissem com o que ele queria tinha sido sempre física, violenta e sangrenta. Theo pensava com o coração na época. Dino acabou morto. Theo não repreendia seu coração com a cabeça. Ele não iria cometer esse erro novamente.

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— Eu não posso ter você fodendo as coisas para mim, — disse Theo calmamente. As sobrancelhas de Walter subiram. — Eu? Theo, seu irmão foi morto bem debaixo do seu nariz sem você saber de nada. Vocês dois estavam na igreja naquela manhã e nenhum de vocês notou ninguém colocar a bomba no Bentley. Você percebe o tipo de esforço que leva para um rádio temporizador de bomba assim ser instalado? Você está muito focado em tudo o mais para perceber que é mais do que apenas você. Talvez, se você tivesse prestado mais atenção, Dino ainda estaria vivo. Uma tripulação como a dos DeLucas não pode ser administrada por alguém como você, alguém jovem, imprudente e incapaz de deixar seu coração para trás. Theo só ouviu três palavras em toda essa diatribe: rádio temporizador de bomba... A raiva era um sentimento bonito. Era quase tão bom quanto estar chapado. Tinha o êxtase do sexo e a doçura do doce. Encheu Theo como nada mais. Ele a segurou com força e não soltou. — O que você acabou de dizer? A voz de Theo tinha mergulhado ameaçadoramente baixo. Ela pingava com um aviso que qualquer homem inteligente seria capaz de ouvir. Parado e tranquilo, Theo podia sentir sua raiva inundando cada polegada de seu corpo. — Sobre o quê? — perguntou Walter acentuadamente. — Radio temporizador de Radio. Temporizador. De. Bomba.

bomba,

disse

Theo. —

— O que tem isso? Na Outfit, a confiança era um mito maldito. — Essas informações são inéditas, — disse Theo friamente. O frio estava de volta olhos. Reconfortante. Seguro. Bom. Theo mantinha vivo.

em gostou

um da

piscar de frieza. Ela o

Os olhos de Walter se arregalaram. — Eu... eu... — Continue resmungando e você pode encontrar uma desculpa adequada para explicar como você sabe dessas informações. Eu nunca disse a uma alma. Lily tem mantido silêncio sobre a bomba exata ~ 47 ~


usada, assim como seu marido. Ninguém sabe que tipo de temporizador de bomba foi usado para matar o meu irmão, Walter. Exceto que você sabe, pelo que vi. De alguma forma. Walter ficou atordoado e silencioso. Theo não se importava. Então, tão rápido quanto uma explosão de raios, Walter pegou algo sob sua mesa. Theo não tinha a menor dúvida de que o homem estava pegando uma arma. Antes que Walter pudesse chegar a sua arma, Theo retirou a magnum que gostava de manter enfiada em suas costas. Nunca guarde uma arma em você, Dino costumava dizer. Mantenha uma perto. Mantenha uma dúzia de armas perto, mas nunca mantenha uma em você. Às vezes, seu irmão estava certo e às vezes ele estava errado. Theo não costuma manter uma arma com ele. Mas ele o fazia em torno de homens como Walter Artino. Theo engatilhou a sua magnum e apontou, colocando uma bala diretamente na mesa de carvalho apenas polegadas da mão de Walter. Os braços de Walter voaram alto quanto ele se apoiou na parede com olhos assustados e a boca aberta. — Eu não errei, — Theo informou. Walter vagueou desajeitadamente, seus olhos fixos no cano da arma de Theo. — Eu não sabia, eu não sabia. Eu apenas disse... — Radio temporizador. Informação não divulgada, Walter. Não me trate como criança, eu tive o suficiente de besteiras. Rádio temporizador, seu filho da puta. Isso é o que você disse. Como você sabia disso? — J-Joel, — Walter gaguejou. — Joel. — Joel fez isso. — Por quê? — Eu não seiTheo puxou o gatilho e observou como a bala entrou na mão erguida de Walter. Sangue escorreu e a dor iluminou as feições do ~ 48 ~


homem mais velho. Walter gritou, segurando a mão ao estômago e amaldiçoando obscenidades. Durante todo o tempo, Theo não disse nada. — Por quê? — perguntou Theo novamente. Lágrimas deixaram rastro pelo rosto inchado de Walter enquanto o homem segurava mais apertado a sua mão sangrando e olhava para Theo. As lágrimas eram uma visão repugnante. Fraqueza. Nunca chore. Nunca implore. Theo desejava que estivesse surpreso que Walter tivesse encontrado seu ponto de ruptura, mas não estava. — Você sabe o por quê, — Walter assobiou, fazendo saliva voar. — Ou você está muito focado em seu coração novamente, DeLuca? A raiva de Theo queimou novamente, mas ele a engoliu. Ele levou alguns segundos para perceber que Joel tinha conseguido que uma das famílias mais fortes da Outfit se alinhasse a ele eliminando o cabeça, o Capo. Dino tinha sido o sacrifício. Não era sobre os DeLucas serem um alvo fácil, afinal. Era sobre ganhar mais poder, sacrificando um homem. — Eu disse a ele para matar você no lugar de Dino. Theo sorriu maliciosamente. — Porque Dino estava indo para a prisão, certo? — Sim. — E você sabia que com ele fora e eu morto, não haveria ninguém para lutar com você pela tripulação DeLuca. Walter não respondeu. Ele não tinha que responder. — Onde está sua esposa, de qualquer maneira? — perguntou Theo. Walter engoliu em seco. — Foi para a Flórida visitar sua irmã. Ótimo. Theo deu um passo adiante, brincando com a ponta de sua arma. Walter o observou o tempo todo com cautela em seu olhar agoniado. Chegando ao canto da mesa de carvalho, Theo pegou o pesado peso de papel de bronze e bateu com ele no rosto de Walter antes que o homem tivesse a chance de reagir. O osso rangeu sob a

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força, abafando o grito de Walter. O velho tentou revidar, mas ele não era páreo para a força de um homem mais jovem como Theo. Forçando o homem no chão, Theo agarrou a mão de Walter e a envolveu em torno de sua arma. Ele então virou o revolver para Walter e forçosamente envolveu o dedo do tolo ao redor do gatilho. Ensanguentado, quebrado, e parecendo como se tivesse sido espancado até o inferno, Walter olhou para o cano da arma com olhos lacrimejantes. O sangue escorria de sua boca machucada e seu rosto estava começando a inchar. — Vá para o inferno, Theo, — Walter cuspiu. Theo riu. — Eu já estou lá há um tempo. Em seguida, ele forçou Walter a manter a arma estável, apontando para o seu rosto já quebrado, e fez o homem puxar o gatilho. Theo levou o peso de papel e sua arma com ele quando saiu.

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Theo apertou sua jaqueta de couro em torno de seu corpo enquanto caminhava através do bairro tranquilo de Wicker Park. Wicker Park era conhecido por sua aparência artística e por ser uma das partes mais seguras de Chicago. Ele manteve a cabeça baixa enquanto passeava pelas ruas, não querendo chamar a atenção para si mesmo por alguém que pudesse reconhecer seu rosto. Não seria incomum para ele estar em Wicker Park. A Outfit estava em todo lugar, não apenas em Melrose. Todos tinham negócios com outras pessoas. As razões de Theo estar lá poderiam ser desculpadas se necessário. Chegando ao parque infantil, onde as crianças, agasalhadas no ar de início de dezembro, brincavam e gritavam felizes, Theo se inclinou contra uma cerca de metal verde brilhante e observou. Theo desejava que pudesse se lembrar de uma época em sua infância que não fosse manchada por uma coisa ou outra. O assassinato de seus pais estava sempre na vanguarda, mas ele admitiu seus sentimentos há muito tempo sabendo que seu pai estava ligado à Outfit. A morte foi justificada.

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Siga em frente. Theo preferia espaços abertos e estar ao ar livre geralmente lhe dava a liberdade que ele desejava. Lá fora, ele poderia pensar em Dino e não ser bombardeado por sua culpa inabalável de nunca mais ver seu irmão. Ou por não dar a Dino a confirmação de que ele se importava, que Theo sabia qual era a sensação de manter segredos, e que sentia muito que sua lealdade tivesse sido dada para as pessoas erradas. Pessoas como Ben DeLuca e Joel Trentini. Dino trabalhou duro quando estava vivo para manter seus irmãos seguros. Às vezes, isso incluía mandar Lily para longe para que ela não tivesse que passar pelas coisas que seus irmãos passavam às vezes, crescendo na casa de Ben DeLuca. Pensar nesse tempo, quando era um adolescente a beira de se tornar um homem, era difícil para Theo. Ben tinha sido um homem frio e duro. Ele tinha trancado seus sobrinhos, não importava a sua idade, quando pequenos, em locais escuros depois de serem espancados por alguns dos seus homens favoritos. Ele forjou os irmãos DeLucas em moldes de si mesmo e nunca piscou um olho. Seu tio raramente falava de suas ações passadas, também. Enquanto Theo poderia empurrá-lo para fora de sua mente se quisesse, ele sabia Dino tinha sofrido muitas sequelas do abuso. Como ficar ansioso em espaços pequenos ou a necessidade de trabalhar até à morte antes que ele pudesse adormecer à noite, porque as trevas iriam rastejar em sua mente e não deixá-lo dormir. Nunca diga a Lily. Essa foi a única exigência de Dino. Theo entendia por que ele sentia o mesmo. Lily tinha sido protegida contra isso, e quando Dino tinha controle suficiente em suas mãos, ele começou a lutar de volta até que Ben recuou. Theo estava em um ponto em que culpava seu irmão mais velho, mas, ao mesmo tempo, sentia que devia algo a seu tio. Errado. Muito, muito errado. Suspirando, Theo observou as crianças. Silenciosamente, uma mulher familiar empacotada em uma jaqueta vermelha brilhante parou ao lado de Theo. Ela se inclinou contra a mureta como ele estava fazendo, mantendo seu olho em um menino loiro em particular, de olhos castanhos tentando engatinhar sobre a parte superior das barras. ~ 51 ~


— Ele é ousado, — ela disse, rindo baixinho. Theo a observou a partir do canto do olho. Em seus trinta anos, talvez, ela estava muito bem com linhas suaves e um sorriso sincero. Seus olhos se iluminaram quando ela riu e um brilho especial pareceu aparecer sempre que ela olhava para o menino. Ele entendeu... possivelmente. Theo entendia, então, como seu irmão havia se apaixonado por uma mulher e queria mantê-la a salvo de sua vida e da Outfit. Ela não era como eles. — Cuidado, J! — ela gritou quando o menino quase caiu das barras. J. Para Junior. Dino Junior, na verdade. Theo não sabia sobre o menino até poucos meses atrás quando tropeçou em alguns papéis no escritório de seu irmão depois que Lily tinha voltado para casa. Dino tentou descartá-lo, mas Theo não cedeu. — Oh, meu Deus, ele vai cair, — Karen resmungou. — Ele vai ficar bem, — disse Theo, enquanto seu sobrinho escalava ainda mais rápido entre as barras. — Oh, você acha? — Sim. Ele é um DeLuca. Somos resistentes como o aço por dentro e por fora. Karen sorriu. — Possivelmente. — As contas estão todas assinadas para ele, — disse Theo. — É? — Hurum. Basta ir falar com o advogado que falamos e ele vai te dar acesso aos bancos e às contas. Eu vendi alguns dos negócios, também, porque eu não preciso deles. Foi tudo liquidado e adicionado ao montante. Você pode fazer o que quiser. Até sair dessa fodida cidade. Isso é o que eu faria. Karen bufou. — Eu não quero ir, Theo. Esta é a minha casa também. Mesmo que ele não esteja mais aqui.

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— Não dói? — ele perguntou. — Todo dia. — Você se sente como o segredo dele? — Como um sujo? — ela perguntou em voz baixa. Theo deu de ombros. — Eu acho. Você disse isso, não eu. — Não, eu não me senti como o seu segredo. — É isso? Karen suspirou. — Isso mesmo, Theo. O peso de papel no bolso chamou sua atenção por um momento. Puxando a peça de bronze pesada, ele a colocou sobre a borda da cerca. Ele tinha limpado o sangue dela na noite anterior depois que chegou em casa. Demorou um tempo para Theo encaixar tudo o que já sabia. Ele precisava de um novo plano. Algo mais. Riley não era necessariamente de todo culpado, mas ele não era inocente em um monte de coisas também. Quanto a Joel, Theo tinha que ser cuidadoso. Ele sairia ileso de matar Walter facilmente, mas com o novo subchefe da família não seria o mesmo. Isso poderia custar a Theo sua vida. Seu sobrinho já havia perdido um homem. — O que é isso? — perguntou Karen, olhando sobre o peso de papel. Theo sorriu. — Um presente. — Oh? — Sim. Fique com isso. Theo achou que a amante de seu irmão se apropriando disso seria algum tipo de lembrança para a morte de pelo menos um dos bastardos que tinham levado Dino. Walter Artino pode não ter planejado ou ordenado a colocação da bomba no carro de Dino, mas ele sabia. Isso era o suficiente.

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Mórbido? Talvez. Karen não sabia a diferença, mas isso fez Theo se sentir melhor. Karen balançou a cabeça. — Você é tão estranho às vezes, Theo. — Estou ciente. — Diga olá para J antes de ir. Ele perguntou sobre você esta semana. Uma dor começou no peito de Theo. Ele ainda estava tentando resolver seus sentimentos. Ele não achava que pudesse se sentar com seu sobrinho e conversar. A frieza parecia melhor do que a dor. — Não hoje, — disse Theo, recuando para longe da cerca. Karen não insistiu. — Na próxima semana na mesma hora? — Sim, claro. Sem um adeus, Theo começou a sua caminhada de volta para as ruas tranquilas até que estava muito longe do parque e se perdeu nas pessoas começando a inundar as ruas. Querendo café antes de caminhar mais vinte minutos para onde tinha estacionado seu Stingray, Theo deslizou para dentro da primeira cafeteria que encontrou. E esbarrou direto em Evelina Conti.

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Capítulo quatro Evelina amaldiçoou sob sua respiração quando colidiu com o corpo duro de um homem. Seu chai latte saiu voando de sua mão, espirrando na jaqueta de couro dele e até seu pescoço e bochecha. Constrangimento inundou Evelina até a borda. — Meu Deus. Eu sinto muito, — disse Evelina, se recusando a olhar para os olhos do estranho parado ali. Ela usou os guardanapos havia pegado para envolver a bebida quente para limpar a sujeira na jaqueta dele. — Desculpe, eu... — Pare. A voz familiar enviou um arrepio na espinha de Evelina. Ela olhou para cima só para encontrar os olhos castanhos de Theo DeLuca olhando de volta para o dela. — Theo. — Eve. — Eu fiz uma bagunça na sua jaqueta. Olá, Capitão Óbvio. Theo pigarreou e limpou o rosto. — Tem merda espumante no meu rosto. — É um café com leite, por isso é suposto ter de espuma no topo. — Mmhmm. — a postura de Theo era rígida, como se alguém tivesse empurrado uma haste de metal por sua espinha. Mesmo seu olhar parecia desinteressado e indiferente. Evelina não conseguia se lembrar de ter visto o homem tão distante e frio. — Bem, eu não acho que isso deveria acabar na jaqueta e no rosto de ninguém, Eve. — Desculpe, — ela murmurou, o rosto ficando vermelho de novo. — Eu não estava olhando para onde estava indo. — Então você é desastrada. — Não, eu só...

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— Desastrada, — repetiu Theo, seu tom escurecendo quando levantou uma sobrancelha. Evelina sentiu sua irritação aumentar. O que acontecia com este homem que estava na defensiva, nervoso e disposto para a batalha cada vez que abria a boca sexy? — Eu não sou. Eu tenho um monte de coisas na cabeça e estava verificando meu telefone no caso de Alessa precisar de alguma coisa, — disse Evelina acaloradamente. — Alessa tem uma irmã. — E a porra de um inútil como irmão. Qual é o seu ponto? A expressão de Theo não vacilou, mas algo desconhecido brilhou em seus olhos. — Nisso nós dois podemos concordar. Olhando em volta, ela notou que as pessoas estavam de pé atrás deles, esperando para sair do café enquanto eles estavam bloqueando a porta. Mais duas pessoas do lado de fora atrás de Theo, querendo entrar. — Nós devemos nos mover. Theo não se moveu. — Por quê? — Estamos no caminho. — Você sabe, este seria o momento perfeito para me compensar por nunca ter me ligado, princesa. Evelina apertou os lábios forçando a se acalmar. — Você nunca vai parar de me chamar assim? — Se o título se encaixa... — E qual é o seu? Idiota? Theo franziu a testa. — Ái. Meu ego. — Eu duvido que ele tenha sentido alguma coisa. — Você não sabe. Talvez eu vá para casa chorar até meus malditos olhos caírem hoje à noite porque você me chamou de nomes. Evelina não gostava que Theo quase parecesse estar brincando com ela, não importava as pessoas impacientes que estavam começando a fazer barulho atrás deles.

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— Se fosse esse o caso, eu acho que você seria um homem terrivelmente sensível fazendo o tipo errado de negócios, — disse Evelina. Theo riu. — E que tipo de negócio é esse? — Uh... Público, ela se recordou em silêncio. Nós não falamos sobre os negócios da família em público. — Eve? — O tipo diferente. Theo cantarolou baixinho. — Boa saída. — Eu tento. — Me deixe te pagar um café, — disse Theo. — Eu não bebo café preto. — Sim, bem, eu não acho que posso aguentar assistir você lamber espuma da borda de um copo enquanto eu ainda estou usando o que você derramou. O que isso quer dizer? Oh. Oh. Como se talvez ele quisesse vê-la lamber a espuma que caiu nele. Doce Jesus. Este homem confundia a cabeça dela. Em um minuto, ele parecia como se não desse a mínima se ela estivesse viva ou morta. No próximo, ele estava fazendo uma completa meia-volta. Estranhamente, a atitude distante que ele ostentava ainda estava firmemente no lugar. Se não fosse por suas palavras sugestivas, ela não saberia se ele queria que ela desaparecesse ou ficasse de joelhos e abrisse a boca. A imagem dela de joelhos, chupando Theo, era escura e inebriante. Ela seguia logo atrás de seus pensamentos, trazendo uma dor entre as coxas. Ela precisava ficar o mais longe desses pensamentos o mais rápido possível. Problema. ~ 57 ~


Theo gritava problema. A garganta de Evelina se contraiu fortemente com uma súbita onda de desejo quando Theo olhou seu vestido de lã preto e botas de salto alto. — Seu pai ainda está fora da cidade? — ele perguntou. — Sim, felizmente. Theo assentiu. — Você ainda está com Adriano? — Sim. — Então, essa coisa de conversa amena acabou. Eu fui educado, adequado... — Qual é a sua definição de adequado? — ...e eu não tentei matá-la, — Theo terminou com um sorriso. Evelina suspirou. — Você não me assusta, Theo. Não do jeito que ele poderia pensar que assustava, de qualquer maneira. — Não é comigo que você tem que se preocupar. Nada de bebida espumosa, Eve. De alguma forma, ela conseguiu dizer: — Café então.

***

Evelina segurou a xícara de café quente enquanto Theo deslizava para a pequena banqueta do outro lado da mesa. Ele havia tirado o casaco e limpado o que pôde de seu rosto e pescoço. Pelo menos o chai latte não havia arruinado sua camisa de seda. Sem o casaco, Evelina tinha a visão perfeita do peito musculoso de Theo se movendo sob a camisa. O tecido esticava através de seu peitoral a cada movimento, e ela estava certa que havia um piercing em seu mamilo direito. O topo do que quer que fosse a tatuagem que tinha em seu pescoço apareceu enquanto ele se ajustava no banco e pegava seu café para tomar um gole.

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Com a boca seca, Evelina desviou o olhar. Ela tomou um gole de seu próprio café preto, querendo ficar longe desses pensamentos. O café era terrível, e ela se encolheu. Theo riu. — Tão ruim assim, hein? — Não é ruim, — ela tentou mentir. Theo arqueou uma sobrancelha e tomou um gole de seu próprio café. Com apenas aquele único olhar, Evelina cedeu. — Sim, é terrível. — Foi o que eu pensei. Theo sorriu e só assim, seus traços endurecidos amoleceram em sua diversão. O sorriso no rosto desapareceu rápido, mas tinha estado lá mesmo assim. Ela viu. Ele lembrou a Evelina de um momento em que o principe DeLuca nem sempre tinha sido tão sério e estoico. Isso não foi há muito tempo, Evelina pensou. Mas, pareciam décadas. — Vejo que você ainda está usando aquela tiara, — disse Theo calmamente. — Você tinha que e arruinar tudo, não é? Theo nem sequer piscou. — Arruinar o quê? — Você sorriu. Você estava sendo agradável. E então você tinha que chegar e arruinar com toda essa bobagem de princesa de novo. — Errada, — disse Theo. — Eu não estou. — Rapaz, você realmente gosta de discutir, não é? Eu não sou do tipo que gosta das briguentas, mas é muito interessante sempre que suas penugens se sacodem e você fica toda exaltada. Evelina se endureceu no banco. — Na verdade não. Eu não gosto de discutir. — Engraçado, você se transforma em um pequeno e lindo cactos sempre que eu estou perto. Ela ouviu lindo e cactos.

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Mas, principalmente, ela ouviu lindo. Maldito. — Talvez seja porque você gosta de me provocar, Theo. Eu não sou uma criança e nem você. Pare com a provocação. Theo deu de ombros e colocou seu copo na mesa. — Não estou brincando, Eve. Eu estava apenas dizendo que qualquer pessoa normal diria que não gosta da bebida. Não iria tentar mentir ou esconder em benefício de outra pessoa. Simplesmente diria educadamente que não era o seu tipo de coisa. Você entende o que eu estou dizendo? — Você me disse sem espuma, Theo. — Você está perdendo o ponto, Eve. Evelina cruzou os braços, ficando na defensiva novamente. — Então me ilumine. — Essa porcaria de princesa, é como um hábito que você não consegue quebrar. Eu não estou dizendo que há algo de errado com um pouco disso, mas na maioria das vezes, não é para o seu benefício. O que estavam sempre dizendo enquanto você crescia? Fique quieta, fique no canto, esteja bonita, e nunca ofenda ou traga a vergonha para a família. É uma maldita xícara de café, Evelina. Ela gostava da maneira como seu nome completo rolava para fora de sua língua. Não Eve. Não Conti. Não princesa. Evelina. — É apenas um café, — Evelina concordou, se sentindo mais belicosa do que nunca. — Me diga que você não gostou dele. — Eu já disse. — Me diga de novo, — Theo pediu. Que jogo ele estava tentando jogar com ela? — Eu não gosto de café, Theo. ~ 60 ~


Sem uma palavra, ele pegou sua caneca fumegante e a puxou sobre a mesa. Theo pegou então um par de embalagens de açúcar do prato de vidro no meio e três embalagens de creme na tigela pequena. Evelina observava com curiosidade quando ele rasgou os pacotes de açúcar um por um e os derramou lentamente, seguido pelos três de creme. Durante todo o tempo, Theo manteve seu olhar firme nivelado sobre ela sob as pálpebras encapuzadas. Theo pegou uma vareta marrom da pilha no meio e mergulhou na xícara, girando o líquido até que ficou um bege cremoso. — De nada, — disse Theo, empurrando a xícara de volta para Evelina. Incerta, Evelina não tocou na xícara. Ela nunca tinha gostado do sabor do café e, por isso, nunca foi tão longe como a utilização de leite, creme ou açúcar, como forma de adoçá-lo. Ela apenas achava que era uma coisa insalubre a menos ela estava colocando em seu corpo. Independência e todas essas coisas boas. Além disso, ela já era viciada em cafeína das outras bebidas que gostava. — Experimente, — Theo pediu. Pegando o café, Evelina sorriu antes de tomar um gole hesitante. Não era de todo ruim. Mais doce graças ao açúcar e suave graças ao creme. O gosto pesado de café ainda estava lá, mas diminuiu. — É bom, — disse Evelina. — Eu sei. Rindo, Evelina tomou outro gole de seu café. Theo a deixou apreciar a bebida em silêncio enquanto ele ocasionalmente levantava sua própria xícara aos lábios e bebia enquanto eles trocavam olhares sobre a mesa. Antes de Evelina perceber, metade de seu café tinha ido embora e o sorriso sabedor de Theo havia crescido para um largo sorriso completo. — Eu entendo, — disse Evelina. — Hmm, o quê? — Isso de princesa. Ou... algo assim. — Não diga, — disse Theo.

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— É sobre tudo, certo? Não gosto de como todo mundo me trata, mas como eu sou com tudo e todos. Adequada. Apropriada. Respeitosa. Correta. — Siga as regras, queixo para cima, sorria para a multidão, e seja uma boa menina, — Theo adicionou quando Evelina ficou em silêncio. — Não é culpa sua, realmente. Somos todos feitos de alguma forma, Eve. Apenas acontece que é o jeito que você foi feita. Às vezes, eu até acho que você não sabe que está fazendo isso. — Quebrar o molde é bom. — Às vezes. Evelina sorriu para sua xícara. — Eu nem sempre sigo as regras. — Nada errado com isso, também, — Theo murmurou ao redor da borda de sua xícara. — De acordo com meu pai, há muito de errado com isso. Theo deu de ombros. — Só porque o seu bom comportamento beneficia a ele, e acredite em mim quando eu digo, Riley Conti tem estado esperando por seu momento no sindicato por um longo tempo. O que ele não precisa agora é uma filha rebelde que ele tenha que correr atrás, quando está tentando resolver um conflito no interior da Outfit. Evelina queria sair do assunto e rápido antes que ficasse muito profundo. — Eu vi você no casamento. — Do lado de fora, — Theo corrigiu. — Eu realmente não fui. — Foi o suficiente. — Eu gosto de manter um olho nas coisas. — Como o quê? — ela perguntou. — Tudo. A minha família, o mais importante. Que era uma espécie de doce, mesmo que a sua carranca não desse a impressão de que ele quis dizer isso dessa maneira. — Lily, você quer dizer? — A Outfit, — Theo respondeu simplesmente. — Mas ela é uma parte da Outfit, então sim, ela se pôs na categoria também. — Oh.

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— O quê? Evelina levantou um ombro em explicação, dizendo: — Eu acho que eu apenas pensei que com tudo o que aconteceu ultimamente, eu percebi que família seria a última coisa que você considerava que a Outfit era. Theo riu. — As pessoas e a Outfit não são a mesma coisa. Duas entidades diferentes. Talvez uma vez eles fossem, mas agora são apenas quatro famílias atirando pedras nas casas de vidro uns dos outros sempre que têm a chance. Triste, mas verdade. — E eu fui pego no fogo cruzado o suficiente, — Theo acrescentou sombriamente. Evelina se encolheu. — Você quer dizer com o seu tio e irmão sendo mortos. — Irmão, principalmente. Meu perda. Confie em mim.

tio

não

é

uma

grande

— Você sempre parecia próximo de Ben. Pelo menos, é assim que Evelina se lembrava. Sempre que ela tinha visto Theo com seu tio antes da morte do homem, os dois pareciam ter uma relação melhor do que quaisquer um dos outros irmãos tiveram com seu tio. Evelina esperou Theo responder a sua declaração, mas ele não ofereceu nada de primeira. De fato, ele só se acalmou e esfregou seu pulso direito rodando contra a palma da mão como se estivesse machucando ou algo assim. — Ben gostava de mim, — disse Theo finalmente. A testa de Evelina franziu. — E ele não gostava de Lily ou Dino? Theo bufou. — Lily talvez, mas apenas porque ela não estava por perto muito tempo. Dino, por outro lado, não seguia as regras muito bem, então não, Ben não gostava dele. Sem saber o que dizer sobre isso, porque ela não tinha uma pista sobre o que significava, Evelina preferiu ficar quieta. Theo esfregou seu pulso mais uma vez enquanto ele olhava para seu café. — Você machucou o pulso? — ela perguntou.

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Do nada, a atitude fria de Theo estava de volta em um piscar de olhos. Ele baixou a mão para a mesa e moveu o braço direito para baixo onde ela não podia vê-lo. — Não, — ele disse, — eu não o machuquei. — O que está errado? Theo sorriu e era uma visão encantadora. — Nada. Deflexão. Evelina poderia reconhecer essa merda de uma milha de distância. — Theo... — Eu gosto do meu café preto, — ele interrompeu suavemente. Evelina levantou uma sobrancelha, confusa. — Eu posso ver isso. Eu não posso imaginar por quê. Tem um gosto nojento. — Não, tem um gosto amargo. É escuro, é inebriante, e deixa um gosto espesso na minha língua. E eu gosto da dureza de café preto fresco, porque eu gosto da maneira como ele se sente quando eu o tomo. Um pouco de dor é uma coisa boa, como diz o ditado. Depois de um tempo, você nem percebe mais o gosto, porque você aprende a gostar da mordida que deixa para trás e como desperta você. Algo mal se revirou no estômago de Evelina como um peso pressionando-a para baixo. Talvez fosse a forma como a boca de Theo se curvou com um toque sensual ou como seu olhar pegou o dela e a segurou, completamente sem vergonha. Era café, pelo amor de Deus. Ele estava falando de café! Então, por que ela se sentia como se estivessem falando de algo totalmente diferente? — A única coisa que me faz lembrar a sensação de quando eu bebo café é o sexo, — disse Theo. Cristo. Lá estava ele. Evelina não estava nem mesmo surpresa.

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— E por que isto? — Porque eu gosto do meu café como eu gosto do meu sexo. Áspero, quente, e com uma pequena mordida de dor residual. Assim como tomá-lo preto, Eve. Eu não preciso da doçura ou do creme. Eu só preciso do sentimento. Evelina soltou uma respiração lenta. — Huh. — Você deveria ter me ligado após a morte de sua mãe, — disse Theo, mudando a conversa completamente. Ela estava se sentindo muito quente para querer entrar nesse tema. Evelina adivinhou que Theo provavelmente não ia dar a ela uma escolha. — Eu teria, mas você, como todo mundo, tinha um lugar na primeira fila para porcaria de Riley depois que tudo aconteceu, Theo. Ele estava louco como o inferno e piorando a cada dia. — E daí? — E daí que eu não queria irritá-lo. Descaradamente namorar alguém sem a sua aprovação certamente teria empurrado o meu pai na direção errada. Apenas aparecer no casamento de Lily me deixou com hematomas que duraram uma semana. Calor brilhou no olhar de Theo. — Ele bateu em você por isso? — Não, Adriano interferiu. Theo respirou com força. — Bem, pelo menos o seu irmão está finalmente aprendendo a caminhar com suas próprias botas. — Eu acho que sim, — ela concordou. — Eu não sou o tipo de cara de segunda chance, — Theo disse a ela. Evelina deu de ombros. — Isso é ruim. — Por quê? — Porque eu estava pensando que talvez fosse hora de parar de agir como uma princesa.

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O olhar de Theo se estreitou brevemente. — Esta é uma má ideia, Eve. — Talvez. — Não, não como você pensa, — disse Theo. — Não porque é um momento ruim, ou porque há merda não resolvida entre nossas famílias. É ruim porque você é uma abertura e eu poderia usá-la. Evelina não tinha uma pista sobre o que ele queria dizer. Theo apontou para seu rosto, provavelmente vendo a confusão escrita em sua testa franzida. — E isso aí me diz que seria fácil, Eve. Eu não sei se eu quero ser esse cara. Que cara? Evelina não teve a chance de perguntar. Theo se levantou da mesa e tirou sua carteira antes de deixar cair algumas notas de um dólar na mesa. — É isso? — perguntou Evelina. — Terminamos a conversa? — O meu café acabou e eu tenho trabalho a fazer. Sua xícara estava vazia. A de Evelina quase também. — Eu imagino que devo te ver por aí, — disse Theo. — Provavelmente, — Evelina concordou. Ela tomou um gole de café, querendo esconder a mágoa que sentia sobre a rejeição dele. Na borda, uma camada de cristais de açúcar arranhou seu lábio inferior. Ela lambeu o açúcar antes de drenar o restante do conteúdo de sua xícara. O olhar de Theo pegou isso, ela viu com o canto do olho. Ela ainda lambeu a borda inferior até que não houvesse nada de espuma à vista. Evelina riu quando Theo sacudiu a cabeça. — Eu sei que você não fez isso de propósito, — disse ele. Evelina sorriu. — Bem, tanto quanto você sabe. — Onde seu carro está estacionado? — ele perguntou. — No final do quarteirão.

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— Eu vou levá-la até ele se você já acabou aqui. Sempre um cavalheiro, mesmo quando estava rejeitando uma mulher. Evelina queria recusar e poupar um pouco de seu orgulho, mas quando ele estendeu a mão para ajudá-la a sair da cadeira, ela aceitou.

***

Theo enfiou a mão de Evelina em seu cotovelo, enquanto caminhavam pela rua, mantendo um firme aperto nela conforme as pessoas se juntaram ao redor deles indo para onde estavam indo. — Eu posso ficar sobre meus próprios pés, você sabe, — ela disse a ele. Isso, e estar perto de Theo fez seu corpo reagir de maneira que ela preferiria que não fizesse. Theo deu de ombros. — Então você diz, mas sua trapalhada de antes diz de forma diferente. — Eu te disse, eu estava olhando para o meu telefone. — E agora, você está olhando para mim. Imagine isso. Evelina fez uma careta. — Você é incrivelmente difícil. — Engraçado, me disseram que eu sou incrivelmente charmoso. — Até que alguém se aproxima demais. E então você morde... — Como uma cobra? — ele interrompeu. Evelina fez uma careta. — Má escolha de palavras. — Eu diria que sim. — Theo olhou ao redor da rua quando eles chegaram mais perto do estacionamento onde Evelina tinha deixado seu carro, enquanto ela tinha algumas compras para fazer. — Onde estão os seus seguranças? — Em algum lugar. — Eles não ficam perto o suficiente para que você possa vê-los?

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Evelina riu amargamente. — Por que eles fariam isso? Então eles não podem relatar para Riley sobre todas as merdas que eu poderia estar fazendo. Até mesmo Theo riu. — Eu não tinha pensado nisso. — Bem, é isso, ou às vezes eles apenas não conseguem me alcançar. O sorriso de Theo era completamente pecaminoso. — Melhor coisa sobre esse BMW é a potência do motor. — E eu aproveito na estrada. — Você nota quando os despista? — ele perguntou em voz baixa. — Se eu não vejo seus carros a cada dois minutos, então sim, eu sei muito bem. Às vezes eu recebo um telefonema de um deles, mas eu não atendo. Não importa, realmente. — Por quê? — Tem um rastreador no meu carro, — Evelina informou com franqueza. — O meu pai tem seus caminhos. — Isso só funciona se você estiver realmente no carro quando alguém vier procurando por você, Eve. Ela não tinha pensado nisso. Theo bateu seu ombro com o dela de uma forma lúdica quando acrescentou: — Eu estou sendo uma má influência, não estou? — É com isso que você está preocupado? — Na verdade não. Ele apontou para seu carro no estacionamento do outro lado da estrada, Evelina deixou Theo dirigi-la através do tráfego, uma vez que teve a chance. Ele só a soltou uma vez que ela estava de pé ao lado de sua BMW e foi à procura das chaves em sua bolsa. — Obrigado por tomar café comigo, — disse Theo. Sua voz ficou estranhamente calma. A distância em seu rosto, como se estivesse inteiramente em outro lugar, disse que talvez ele tivesse algo em mente.

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— Obrigada por me convidar: — Evelina respondeu. — O que você estava fazendo por aqui, afinal? Theo limpou a garganta e jogou as mãos nos bolsos. Um sorriso apaixonado assumiu suas características. — Eu tinha alguns negócios a fazer. Alguém para ver. Um calor brilhou no intestino de Evelina. Ela não reconheceu o sentimento no início, mas não demorou muito para que ela tivesse a pista do que estava errado. Ela não gostou de como ele sorriu sobre a pessoa que visitou como parecesse importante. Como se talvez ele se preocupasse com ela. Que diabos havia de errado com ela? Ela não tinha nenhum direito sobre Theo DeLuca e a atração que sentia era inteiramente descabida. Ela não tinha nenhuma razão para ter ciúmes de alguém que ela nem conhecia. Nenhum direito. Nenhum. — Oh, — disse Evelina. Theo olhou ao redor do estacionamento. Evelina havia estacionado seu carro perto da saída da estrada, então eles tinham uma visão dos carros indo e voltando pela rua. — O que você estava fazendo por aqui? — Theo mostrou seu sorriso encantador novamente. — Vendo como você me perguntou, é justo. — Compras. Eu precisava de uma pausa após... — Após o que? — ele pressionou. Ela não queria admitir o quanto não gostava da nova esposa de seu pai, ou dizer como ter a mulher como sua madrasta estava literalmente a induzindo a vomitar. — Nada imp... O olhar de Theo cortou o dela rápido, detendo suas palavras. Evelina sabia o que ele ia dizer. Estava na ponta da sua própria língua. Princesa. Ela ainda estava agindo como uma boa princesinha Conti. Protegendo sua família, mesmo que doesse mentir sobre seus ~ 69 ~


próprios sentimentos. Se certificar de que seu pai não estava envergonhado e fazer exatamente o que Riley queria e precisava que sua filha fizesse. Sim, uma adequada principessa mafiosa. — Eve? — perguntou Theo calmamente. A verdade pode libertá-la, afinal de contas. — Eu precisava de uma pausa após o casamento. Algo para tirar da minha cabeça o meu pai faminto por poder e sua esposa sugar baby1. Theo bufou. — Sugar baby. Algo eu não tinha ouvido ainda. — Aposto que você já ouviu tudo o mais. — Praticamente, — admitiu ele, nem mesmo parecer um pouco envergonhado. — É tudo verdade, — disse Evelina, suspirando. Tudo o que escutou nova madrasta era verdade.

alguém

sussurrar

sobre

sua

Theo observou Evelina silenciosamente. Ela se mexeu inquieta sob o pesado silêncio. — Você perguntou, — disse ela antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. — Eu perguntei. Honestidade é a melhor política, também. Eu meio que avisei antes, certo? — perguntou. — Coisas más acontecem com a gente e tudo mais. — Sim, você me avisou. O que é que isso importa? Evelina não precisava ouvir novamente. Theo assentiu. — Contanto que você saiba. Evelina riu baixinho. — Eu entendi, Theo. — Ótimo. Mas eu não iria me opor a fazer isso de novo. Sugar baby são pessoas jovens que são mimadas e recebem coisas em troca de favores sexuais. 1

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Espere, o quê? — Você está falando... Theo ergueu a mão, impedindo Evelina de dizer mais. Mais uma vez, seu olhar foi atraído para a estrada onde os carros ainda estavam zumbindo. Evelina não notou nada de particularmente estranho quando um carro preto com vidros escuros abrandou conforme entrava no estacionamento. Só que não entrou. Theo se moveu tão rápido que um piscar de olhos. Seus braços cercaram Evelina com força suficiente para machucar quando ele a levou ao chão. Ao mesmo tempo que atingiram a calçada, ela ouviu o começo da chuva. Não, não de água. De balas.

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Capítulo cinco Theo enrolou uma Evelina com os olhos arregalados em seu abraço, enfiou a cabeça dela em seu peito, e rolou os dois mais perto que podia do carro. O BMW era baixo demais para que eles rolassem sob ele completamente, mas Theo teve Evelina firmemente situada entre a pequena lacuna, no chão, e seu corpo. Suas costas enfrentaram o ataque de balas rasgando o ar. Nenhuma bateu nele. Evelina tremia como uma folha no forte abraço de Theo, mas ele se recusou a deixá-la ir. Ele não podia se dar ao luxo de virar a cabeça e dar uma olhada no veículo também. Talvez, se tivessem sorte, quem quer que o atirador ou atiradores fosse pudesse pensar que tinha atingido a sua meta com os dois estando de bruços na calçada. — Pare de se mover, — Theo sussurrou no cabelo de Evelina. Ela choramingou. — Estou tentando. Pouco antes, quando havia deixado o café, Theo teve uma sensação estranha que arrepiou todo o cabelo na parte de trás do seu pescoço. Ele só tinha experimentado isso duas vezes antes. Uma vez, quando seus pais foram assassinados e depois novamente no dia do atentado de Dino. Aqueles foram dois dias inteiramente diferentes, anos separados, mas eles estavam impressos em sua memória dentro de sua mente e alma. Eles tinham, essencialmente, mudado a sua vida em suas próprias maneiras. Manchados com violência e sofrimento, esses não eram momentos que Theo queria reviver. Então, quando sentiu isso outra vez, ele tomou nota. Theo pediu a Evelina para deixá-lo levá-la até o carro, apesar de querer continuar com o seu dia e não alimentar a curiosidade que sentia por ela. Só susceptível de colocá-lo em apuros, de qualquer maneira. E então ele percebeu.

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Uma vez, o carro preto passou pelo café quando eles estavam saindo. Mais uma vez, ele veio na direção oposta quando atingiram o primeiro quarteirão. A última vez que ele o tinha percebido foi quando o carro passou por eles novamente na direção oposta, enquanto caminhavam para o estacionamento. Um carro preto era facilmente despercebido. Havia, provavelmente, centenas de milhares de veículos pretos na cidade. Theo provavelmente não teria dado ao carro qualquer atenção se ele não tivesse se sentido estranho e notasse o carro preto passando um pouco mais lento do que o resto pela rua movimentada. Pneus gritaram alto. Ele se recusou a deixar Evelina levantar da calçada enquanto manteve sua cabeça dobrada para baixo e os braços confortavelmente em torno de seu corpo. Ele a sentiu tremer. O pavimento maldito estava frio e tudo o que ela tinha em era um vestido de lã e botas de camurça de cano alto. — Theo? — O quê? — ele latiu. Evelina engoliu em seco. — Acabou. Sim, ele imaginou que tivesse, mas ele queria estar seguro. Inclinando a cabeça para cima, Theo olhou ao redor. Com certeza não havia nenhum veículo preto à vista e na estrada tudo tinha se transformado em silêncio. O tráfego tinha parado e sirenes explodiram à distância. As pessoas estavam saindo de seus carros, alguns com expressões atordoadas e outros tinham telefones pressionadas aos seus ouvidos. Um casal começou a se aproximar de Theo e Evelina. — Você pode se mover agora, — sussurrou Evelina. Theo encontrou seus olhos verdes e tudo o que ele achava que sabia vacilou naquele segundo. Ela estava apavorada com lágrimas brotando e o lábio inferior tremendo. Seus punhos tinha se enrolado nas laterais de sua jaqueta de couro, o segurando firmemente contra ela como se ela não quisesse deixa-lo ir. Theo tinha de alguma forma conseguido virá-los de lado com as suas costas para a estrada, mas as pernas dela estavam enroladas em torno de sua cintura. Íntimo. Muito íntimo.

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Mas ele ainda podia ver isso em seus olhos. O medo, a incerteza. Ela não queria que ele se movesse. Ela não queria que ele a deixasse ir. Ainda não. — Está tudo bem, — Theo murmurou. Evelina acenou com a cabeça, mas ela ainda agarrava a jaqueta com força do mesmo jeito. Um pânico, um olhar selvagem coloria aqueles olhos que estavam focados apenas nele. — O que é, Eve? — ele perguntou. Ela não iria responder. Theo voltou imediatamente para o último tiroteio no qual Evelina tinha sido envolvida... sua mãe. Ele não tinha visto o rescaldo do tiroteio de Mia Conti, mas tinha ouvido o suficiente para saber que foi violento, sangrento e inesquecível. Um lado do rosto da mulher tinha ficado irreconhecível, arrancado pelo rápido assalto do tiro. Eve tinha estado a apenas alguns assentos de distância de sua mãe. Será que ela ainda ouvia os tiros? Será que ela ainda sentia o cheiro do sangue? Será que ela sonharia com isso? Quando se tratava de suas próprias memórias, Theo tinha um sim para todos as três. Ele ainda se lembrava de estar andando até sua casa em Melrose para encontrar a polícia e uma multidão. Ele ainda podia sentir a incerteza quando tinha sido empurrado em um carro e conduzido para longe da cena do assassinato de seus pais. E então houve Dino. O calor… Os gritos... A bomba. Theo olhou para Evelina novamente quando as vozes das pessoas se aproximaram. Quanto tempo tinha passado? Trinta segundos, talvez um ou dois minutos? Parecia uma eternidade. — Você está bem? — Theo disse a ela. Ele desejou que alguém tivesse dito isso a ele anos atrás.

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— Nada bem, — respondeu Evelina em uma respiração. Fingir era melhor. Ninguém sabia. Theo não achou que Evelina entenderia. Ela não era como ele. Ela não tinha uma história com um homem que venceu o medo de uma pessoa. Ela não tinha um trabalho que a rotulava como uma criminosa e assassina ou o punho em uma família que exigia que ela nunca falhasse. Evelina fungou, tentando piscar para longe a umidade em seus olhos. Não ajudou. Suas lágrimas revestiam os cílios inferiores, ameaçando cair. Mulheres não deveriam chorar; elas mereciam homens que nunca lhes causassem dor. Nesta vida, isso era impossível. Theo respirou duro, desejando que ele não fosse tão consciente do corpo firme e tonificado de Evelina Conti pressionado ao seu contra a calçada. Ele desejou que seu vestido não tivesse subido e que os saltos de suas botas não estivessem cavando na parte de trás de suas pernas. Ele realmente desejava que seu corpo não se encaixasse tão bem com o dele. Mas, principalmente, ele desejou que ela não parecesse totalmente vulnerável debaixo dele. Como se estar sob o seu peso a colocasse numa posição de fraqueza. Exposta. Desprotegida. Frágil. Como se ele tivesse o controle. Com ela, ele provavelmente tinha. Evelina não saberia. Ele não queria ser esse homem; aquele que usaria alguém como Evelina para seu próprio benefício, mesmo que fosse para determinar seu coração. Este não era o momento. Nunca ia ser o momento. Eles seriam uma coisa ruim. — Oh, meu Deus, — murmurou alguém, se aproximando do carro. — Vocês dois estão bem? Theo não desviou o olhar de Evelina, nem respondeu. Seu lábio ainda estava tremendo. Seus olhos ainda estavam aguados. Ela ainda estava com medo. As sirenes ficaram mais altas. — Porra, — Theo gemeu. ~ 75 ~


A última coisa que ele queria era um encontro com os policiais. Não havia como esconder o fato de que ele estava muito envolvido com a máfia de Chicago. Isso traria mais atenção sobre as famílias, e considerando o que acabara de acontecer, ainda não tinha terminado. — Quem faria algo assim? — perguntou a mulher. — Nós não sabemos, — disse Evelina. Suas palavras espelharam os pensamentos de Theo. Assim era enquanto eles cresciam. Você não sabe nada. Você não viu nada. Você não ouviu nada. Paredes não falavam e janelas não viam. Aprender a virar o rosto e ser um olho cego havia se tornado uma forma de arte dominada por pessoas educadas na máfia. — Nada, — ele repetiu. Sem outra palavra, ele se empurrou do chão e se Evelina. Ela se segurou nele até que não podia mais, mas ajudou a levantar também. Uma vez que ela estava de pé, foi acertado, e havia algumas polegadas entre eles, Theo poderia respirar.

afastou de então ele a seu vestido sentiu que

Quem tinha sido o alvo, ele ou ela? — Quem fez isso? — perguntou Evelina. Theo não tinha a menor ideia. Mas ele pretendia descobrir.

***

Theo saiu da delegacia se sentindo mais sujo do que nunca. Ele fazia um monte de merda ruim em uma base diária. Mas quando ele deu um passo dentro de uma delegacia de polícia e se sentou com os detetives? Theo se estremeceu e limpou as mãos em suas calças.

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Sujo. Porra, imundo diretamente até seu núcleo. Ele não conseguia se livrar essa sensação, não importava o quão duro ele tentasse. E Deus sabia que ele tentou duramente. Não era normal para pessoas como ele fazer qualquer tipo de caminho com a polícia. Fique longe de policiais. Não fale com policiais. Nunca envolva policiais. Bastante simples, porra. Como seu pai já tinha virado um rato anos atrás e se dava bem com os oficiais como se fossem velhos amigos, Theo não sabia. Claro, ele sabia por que seu pai tinha feito o que fez, mas Theo não conseguia entender. Suspirando, Theo pegou as escadas que levavam para baixo na entrada na frente da delegacia dois degraus de cada vez. Quanto mais rápido ele pudesse fugir da delegacia de polícia, mais feliz ele seria. Ele se perguntava como tinha se saído Evelina em sua entrevista com a polícia. Porque o seu carro ainda estava em Wicker Park, Theo precisava pegar um táxi. Quando o detetive ofereceu a ele uma carona para onde quer que seu veículo estivesse estacionado, Theo riu na cara do homem. O que o cara queria Theo morto? De nenhuma fodida maneira. Theo não teve a chance de tomar um dos táxis do outro lado da rua. Uma Mercedes preta estacionou do lado da estrada com vidros muito escuros, Theo não conseguia ver dentro. Ele reconheceu aquele carro como sendo a fonte de debate ao longo dos últimos meses entre as famílias Rossi e Conti. Ele pertencia a Serena Rossi. Serena não era a pessoa que estava dentro, no entanto. Quando a porta de trás do passageiro foi aberta, Theo encontrou Tommas Rossi esperando. — Entre, — Tommas exigiu. Theo hesitou. — Por quê?

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— Eu não sabia que meus pedidos eram motivo de debate como o chefe de frente da Outfit, DeLuca. Entre na porra do carro. Era isso. Theo saltou no banco de trás e antes mesmo que ele tivesse a porta completamente fechada, o carro estava em alta velocidade. Tommas era o tipo de homem que mal deixava uma emoção cintilar em suas feições. Ele era sério em todas as coisas - negócios, família e vida. Tommas acenou com a mão para o motorista, pegando a atenção do homem no espelho retrovisor. — Nate, dirija em torno do quarteirão algumas vezes. Eu vou deixar você saber de lá. — Certo, chefe. Com a atenção do condutor focado de volta na estrada e não nos dois homens no banco de trás, Tommas se virou para Theo novamente. Na maior parte, Theo gostava de Tommas. Os dois não estavam tão longe na idade e tinham sido amigos quando eram os homens mais jovens na Outfit. Além disso, o cara era primo de Damian, então Theo proporcionou a Tommas um pouco mais de confiança do que ele iria para os outros em la famiglia. — Não é este o carro da sua mãe? — perguntou Theo. Tommas zombou. — Eu peguei o carro dela quando ela tentou enfiá-lo em um dos antigos restaurantes de Laurent em um de seus muitos ataques desde o seu... final lamentável. Final lamentável. Essa era uma maneira de colocar isso. Outra seria dizer como realmente era e dizer que Tommas matou seu pai. — Eu poderia muito bem colocá-lo em uso, — acrescentou Tommas. — E Nate prefere conduzir esse em vez do meu modelo de dois lugares. — Me faz sentir como um motorista real, — murmurou Nate lá da frente. — Como é que eu vou agir como um motorista e segurança para você quando você está sentado à vista no banco da frente, hein? Cristo. — Cale-se e dirija, Nate. — Entendido, chefe. Theo se mexeu no banco, se perguntando por que diabos Tommas tinha aparecido na delegacia de polícia. — O que é isso tudo, Tommas?

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— Nós temos um problema, — disse Tommas simplesmente, sem tirar o olhar do para-brisa dianteiro. — Bem, você tem um problema e eu estou aqui para explicar um pouco para você. Evelina está agora em um jantar com o irmão e sua noiva, a propósito. Eu mandei alguém buscá-la e levá-la até lá. — Seu car... — Está sendo analisado pela polícia, é claro. — Imagino, — Theo murmurou. — E esse problema que você mencionou. — As coisas estavam se estabelecendo, Theo. As pessoas tinham se acalmado sobre Riley e até mesmo a pequena briga entre sua tripulação e os rapazes Conti tinha parado nestes últimos dias. Tudo estava perfeitamente bem. Tommas rosnou a palavra final. Theo não piscou diante do show de raiva. Tommas não era um homem para se atravessar. Ele podia ser frio e calculista, mas principalmente, Tommas gostava de derramar sangue para fazer um ponto. Ele tinha feito isso algumas vezes ao longo dos anos com a sua própria tripulação e família. Ele ganhou o respeito por incutir medo. O homem não era de conversa fiada. Ele era um homem de ação, também. — Eu não tenho certeza se eu ent... — O que diabos você estava fazendo com Evelina Conti? — interrompeu Tommas. — Que diabos isso quer dizer? — Responda a maldita pergunta, Theo. — Eu tinha negócios no parque e aconteceu de eu encontrar com ela. Tomamos um café. Eu pensei que em vez de agir como um idiota, eu deveria levá-la até seu carro. Então, alguém decidiu atirar em nós. O que mais você quer, Tommas? A mandíbula Tommas se apertou. — O carro não foi atingido. — Eu peço desculpas, mas não concordo. — Eu vi o carro. Não havia um único buraco de bala nele. Todos os carros ao redor do dela? Sim. O muro de cimento na extremidade do estacionamento? Repleto de buracos de bala. O carro de Evelina não tomou uma única bala. ~ 79 ~


A confusão se estabeleceu fortemente em Theo. — Foi um assalto de fogo rápido, Tommas, — disse ele calmamente. — Como a porra de uma Uzi ou algo assim. Alguém com uma terrível pontaria tinha que ter disparado a arma para errar o carro. — Ou alguém com controle muito bom, — Tommas respondeu. — Eu sinto como se estivesse faltando alguma coisa aqui. — Você sabe que irá receber a culpa por isso, certo? A raiva brilhou nos olhos de Theo. — Eu estava lá também! Por que diabos eu iria pedir a alguém para meter fogo no lugar comigo ali mesmo? Tommas deu de ombros. — Talvez seja por isso que o carro não tem um único buraco de bala, Theo. — Ou talvez alguém quisesse que se parecesse com alguma outra coisa, e usaram alguém que sabia que iria realmente chegar a Riley. Alguém como sua filha. E funciona exatamente da mesma maneira. — Ainda assim poderia ter sido você. Theo cerrou os punhos contra os assentos de couro, desejando acalmar sua irritação. — Você está falando sério agora? — Com certeza. — Tommas suspirou, se inclinou e tocou seu motorista no ombro. — Nos leve para Wicker. Theo pode nos direcionar para onde o carro estava estacionado. Vamos deixá-lo lá e segui-lo até a outra extremidade do Chicago. — Soa como um plano, chefe. — Me seguir até o outro lado? — Theo esfregou sua testa, querendo que a dor de cabeça fosse embora. — Eu preciso de uma babá agora? — Não, você precisa ficar no seu lado de Chicago. — Tommas se virou para Theo novamente com uma carranca sombria. — Quando o chefe ficou sabendo sobre os tiros, a primeira pessoa que ele culpou foi você. Eu estava no telefone com ele, enquanto sua pequena noiva ria em segundo plano. Coisa agradável. Não obstante, eu nem sequer terminei de falar as palavras e você foi o único que ele colocou a responsabilidade por isso. Seus problemas ao longo do último par de

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meses com a tripulação Conti estão voltando para mordê-lo, Theo. Hoje foi apenas a gota d'água que entornou o copo, por assim dizer. Theo engoliu em seco, se forçando a ficar quieto. Ele não tinha sido o único a causar essas questões nas ruas dos Conti contra a tripulação de Adriano. Walter tinha feito isso e Theo deixou o homem colocar a culpa nele, porque no momento, ele não se importava. Theo não poderia expor o fato de que matou Walter. Tanto quanto Theo sabia, ninguém estava ciente do corpo de Walter em seu escritório em casa, enquanto sua esposa ainda estava longe, na Flórida. A mulher deveria estar em casa dentro de uma semana, então não levaria muito tempo antes de o corpo de Walter fosse encontrado. Para não ser morto por abater um homem iniciado sem a permissão do Chefe, Theo necessitava manter toda a suspeita longe de si mesmo por essa confusão. — Eu estou te prevenindo, basicamente, — continuou Tommas, aparentemente inconsciente da guerra silenciosa de Theo dentro de sua cabeça. — Esta é a sua única passagem, Theo. No momento, você está no território Trentini e Joel já colocou ordem que se mesmo um homem da tripulação DeLuca pisar em seu território, ele vai estourá-lo como véspera de Ano Novo. Jesus. — E para piorar as coisas, Riley ficou extremamente aborrecido por estar recebendo uma chamada como esta enquanto ele está afastado em sua lua de mel, — acrescentou Tommas, uma amargura torcendo a palavra final. Merda. — Quando ele volta? Theo não estava ansioso para lidar com isso. Ele tinha merda o suficiente para lidar. Riley Conti não era suposto ser uma delas até que Theo estivesse pronto para lidar com o homem. De uma forma muito permanente. — Ele não volta tão cedo, — disse Tommas, sorrindo. — Ele irá terminar sua lua de mel com sua esposa como originalmente planejou, e ele espera que tudo isso esteja resolvido e tudo tenha voltado ao normal quando ele retornar. Theo quase riu. — Sério?

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— Palavras dele, não minhas. — Ele está tão preocupado com sua família e sua filha ter sido alvejada, e tão puto comigo como nada mais, mas ele não consegue se arrastar para fora do meio das pernas da esposa de vinte e poucos anos para lidar com isso? — Cuidado, Theo. Respeito, lembra? — Eu estava lá hoje, Tommas, — disse Theo novamente. — Estou ciente. — Eu não me coloquei no meio de um tiroteio, pelo amor de Deus! Tommas agiu como se Theo não tivesse dito nada. — A partir de agora, Adriano vai ficar quieto até o fim das coisas. Mas o garoto é sempre assim e melhor para ele, eu suponho. Ele tem uma noiva grávida e nunca esteve muito ativo nesta contenda. — Seu ponto? Tommas riu estupidamente. — Graças a sua estrela da sorte que suas linhas de território fazem fronteira com as dele. Theo cerrou os dentes com tanta força que seus molares doíam. — Isso é ridículo. — Talvez sim, mas você não tem ninguém para culpar além de si mesmo. O que diabos você estava fazendo neste lado do Chicago, afinal? — Negócios, como de costume. O que isso importa? — Theo não tinha desejo de expor o fato de que tinha vindo ver seu sobrinho. Desde que Dino estava morto e não podia cuidar de seu filho, era tarefa de Theo. Ele não se importava, mas Dino não queria que J fosse arrastado para os jogos da Outfit. — Eu faço negócios aqui em cima o tempo todo. — Na verdade, você não faz, — respondeu Tommas. — Você tem poucas razões para estar deste lado de Chicago, foi a primeira coisa que Joel cuspiu quando descobriu que você estava em seu território. — Eu não tive quaisquer problemas com Joel. Bem, Theo não tinha antes. Agora que sabia a verdade... ele chegaria a Joel de uma forma ou de outra. — Este é o seu único passe da minha parte, Theo, — Tommas disse friamente. — As coisas estavam calmas, estavam bem. Você

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acabou de dar à certas pessoas na Outfit uma razão para explodir tudo de novo. Pessoas como Joel. Theo não perdeu um minuto das palavras não ditas de Tommas. Raiva fervia por baixo das veias de Theo, mas foi ficando mais quente a cada segundo. Qual a probabilidade de que Joel tenha estado envolvido de alguma forma com o tiroteio hoje? Muita. — Ele vai começar uma guerra comigo só para chegar a Riley, — disse Theo. — Eu não tenho ideia do que ou de quem você está falando, — Tommas murmurou. — Tenha cuidado com o que você põe para fora de sua boca, Theo. Você nunca sabe em quem pode confiar nesta família. Certo. Sua única passagem. Sim, Theo entendeu. — Você sabe que não vou tomar essa merda quieto, certo? — Theo perguntou, uma vantagem perigosa afiando seu tom. — Se Joel vier pra cima de mim ou até mesmo um dos meus homens, eu vou matá-lo, Tommas. Ele está pedindo por isso. Joel Trentini não está pronto para ir às vias de fato com um pessoal como o meu. — Você tem que atravessar dois outros territórios e suas tripulações para alcançar Joel, Theo. E você não vai encontrar muita simpatia do pessoal dos Rossi no momento, considerando que nós temos nossos problemas com o lado Bastoni do pessoal dos Conti. — Então é melhor você sair do caminho. Eu não vou ser bode expiatório de outra pessoa ou o caminho de ninguém até o topo. Alguém já usou o meu irmão para isso. Joel. Mais uma vez. — Você já pensou que talvez o seu irmão seja a razão para tudo isso? Que diabos isso queria dizer? — Meu irmão está morto, — Theo rosnou.

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Tommas assentiu. — Sim ele está. E se você não tiver cuidado, DeLuca, você irá acabar no mesmo cemitério que ele.

***

Theo ignorou o frio cortante do vento de dezembro chicoteando pela cidade. Ele ignorou os olhares que recebeu enquanto caminhava através de Melrose, também. Fique longe do território Trentini. Theo não estava com medo, ele estava chateado. Tommas e seu motorista haviam deixado Theo no local onde ele havia estacionado seu Stingray com um aviso para sair do território Trentini. Tommas prometeu segui-lo para se certificar que Theo saísse, e o homem o fez. Era muito ruim que Theo não seguisse as regras. A Mercedes preta estava estacionada um pouco a baixo na rua atrás de Theo enquanto ele continuava seu passeio pela rua tranquila, indo para um restaurante familiar. Um par de telefonemas foi o suficiente para descobrir onde Joel Trentini estava bancando um bom subchefe. O dia inteiro foi ruim para Theo. Ele não queria acabar como Dino porque alguém queria fazer um ponto e Theo seria o sacrifício. Ele planejava chutar essa merda rapidamente. A única coisa pela qual Joel Trentini tinha a seu favor era sua posição de subchefe. Era a única coisa o mantendo seguro. Uma guerra de rua era uma coisa, mas ir atrás do subchefe da Outfit era algo completamente diferente. Theo tinha que ter cuidado. Cuidado extra. Mas se Joel queria jogar, Theo estava pronto. Começaria agora.

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Capítulo seis — Eu tenho dificuldade em acreditar que Theo DeLuca iria se colocar nesse tipo de situação, — disse Adriano. — Então, não, Joel, eu não vou começar outra guerra de rua com a tripulação DeLuca quando tudo está finalmente se acalmando. Joel zombou. — Isso ou você está com medo que você não seja homem poderoso o suficiente para terminar com isso. A mandíbula de Adriano apertou. — Ou talvez eu simplesmente gostaria de ver tudo isso chegando ao fim. — Eu acho que faz todo o sentido que ele estivesse lá hoje, — respondeu Joel. — Pense nisso, Adriano. Será que ele se colocou nessa situação? Será que ele se arriscou a levar um tiro? Qualquer homem sensato diria que não, mas ninguém disse nada sobre Theo ser são. É a distração perfeita para o seu pai. Ele espera que Riley olhe para qualquer outro lugar, menos para ele. Você tem que ter cuidado em escolher o lado certo. — Ouça, — Adriano praticamente cuspiu, — se você quer ir cabeça a cabeça com Theo em algo, então faça isso. Foi o seu território, afinal de contas. Não me traga para isso também, no entanto. Não use meu nome e o nome da minha irmã como uma razão para justificar suas vinganças. Eu não vou fazer essa merda, Joel. Eu tenho coisas melhores a fazer do que compartilhar balas com outra família da Outfit. Evelina deu a Adriano um pequeno sorriso, agradecendo a ele em silêncio. Joel e seu pai culpavam Theo pelo tiroteio. Não importa quantas vezes Evelina disse que o encontro com Theo no café tinha sido nada mais do que coincidência, Joel descartou suas palavras como se ela fosse uma mulher boba. Adriano ouviu, felizmente. Evelina tinha apreciado. — Você descobriu o sexo, certo? — perguntou Abriella de repente.

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— Outras quatro ou cinco semanas, e isso só se o bebê cooperar, — disse Alessa calmamente. — Oh, eu pensei que você já soubesse. — Abriella fez beicinho antes de dar um largo sorriso. — Você quer uma menina, certo? — É claro que não, — disse Joel quando derramou molho sobre as batatas em seu prato. — Eles querem um menino - um príncipe Conti para seguir seu pai. Todo homem quer um menino para levar seu nome, Ella. Evelina se forçou a ficar quieta. Este jantar foi um dos únicos encontros entre as famílias Trentini e Conti desde que a gravidez de Adriano e Alessa havia sido anunciada publicamente. Joel tinha evitado sua irmã e o irmão de Evelina sem olhar para trás. Por que Adriano estava sequer sentado com o homem, Evelina não sabia. Bem, talvez ela pudesse entender um pouco quando assistiu Alessa dar um sorriso para a irmã do outro lado da mesa. — Um menino, estou certo? — perguntou Joel a Adriano. Adriano deu de ombros, despreocupado. — Qualquer que seja está bem por mim, desde que a criança seja saudável e feliz como a sua mãe. Joel riu secamente. — Que doce. — Eu tenho certeza que você irá entender um dia, Joel. — Crianças são a última coisa na minha mente atualmente, — respondeu Joel. — Isso é muito ruim, — disse Adriano, franzindo a testa. — Na sua idade, a maioria dos homens estão casados e começando uma família. Eu estou surpreso que meu pai não trouxe a questão para você ainda. O olhar de Joel se estreitou. — Qual o problema? A forma de alguém passando pelas grandes janelas de sacada na frente do restaurante pegou o olhar de Evelina. Ela endureceu em seu assento, sem saber se era quem ela pensava ou não. Certamente não. Ele não seria tão estúpido, certo? Joel tinha colocado a ordem na rua que mataria qualquer homem da tripulação DeLuca que se atrevesse a dar passo em seu território devido ao tiroteio. Certamente não era Theo. ~ 86 ~


Sim, era. Um aumento de pavor se dirigiu diretamente para a espinha de Evelina quando a porta se abriu e Theo entrou no restaurante. Com as mãos enfiadas nos bolsos e uma expressão desinteressada, ele examinou o restaurante, até que encontrou a mesa que estava procurando. Rapidamente, Theo atravessou o restaurante com um passo confiante e um sorriso amargo. A ansiedade se estabeleceu um pouco mais fundo na boca do estômago de Evelina. Não aqui, ela queria dizer. Não faça isso aqui. Não é o que Theo faria que preocupava Evelina, mas sim o que Joel poderia fazer. O idiota tinha provado que a segurança e a felicidade dos outros, até mesmo se sua própria família, não importava, desde que ele conseguisse o que queria. Adriano notou Theo quando o homem se aproximou de sua mesa. Com um suspiro, Adriano jogou o guardanapo à mesa e ficou de pé, atraindo a atenção de Joel também. — Bem, bem, — disse Joel com um sorriso. — Quem é que temos aqui? Theo contornou Adriano com apenas um olhar. Mesmo quando o irmão caçula de Evelina tentou pedir a Theo para entrar na parte de trás do restaurante com ele, Theo ignorou o pedido. — Há um monte de pessoas dentro do restaurante, — Abriella disse calmamente. — Tentem não atuar como um bando de tolos que carregam armas. Um tiroteio ligado à Outfit é suficiente por hoje. Sempre a voz da razão, Evelina pensava. Abriella nunca hesitou em se manter em uma situação em que as mulheres geralmente não eram convidadas na Outfit. — Sim, obrigado, Ella, — Joel disse enquanto se levantava de sua cadeira. Em um passo, Theo tinha passado por Evelina e estava de pé frente a frente com Joel. Um alfinete poderia ser deixado cair do outro lado do restaurante e eles teriam ouvido. — Ouvi que temos um problema, — disse Theo, tirando as mãos dos bolsos.

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Ele mostrou que não tinha nada. Nenhuma arma na mão. Ele não tinha vindo com os homens, considerando que a parte externa do restaurante estava vazia. — Nós temos, — respondeu Joel. — Bem, você tem um problema, — disse Theo, rindo. — Parece que quando eu estava sendo um cavalheiro com Evelina acompanhando-a até o carro dela porque seus seguranças são muito inúteis e não podem manter o controle nela, alguém queria usá-la como tiro ao alvo. Joel abriu a boca para falar, mas Theo ergueu a mão, silenciando o outro homem. — Não, escute, Joel. Talvez fosse eu quem eles quisessem usar como tiro ao alvo, eu não tenho certeza. O que eu sei é que nem uma única bala atingiu o carro de Eve. Era quase como se alguém quisesse que ela fosse pega de passagem apenas para balançar o barco. Entre nós dois, sabemos quem gosta de balançar o barco, Joel. Os punhos de Joel se contraíram em seus lados. — O que você está dizendo, DeLuca? — Eu acho que você sabe muito bem o que estou dizendo. A primeira coisa que você fez quando pegou o vestígio de um tiroteio foi me culpar. Você quer um bode expiatório. Alguém para pegar a porcaria que você deixar para trás. Se você está procurando outra maneira de mexer com Riley Conti, procure outro lugar, não o meu. Você não vai gostar do que acontecerá se você tentar me usar como escada até o topo. Eu fiz isso uma vez, e veja o que você fez comigo. — Eu... — Não, — Theo interrompeu bruscamente. — Não minta, não abra a boca para falar, e nem sequer pense na besteira você está se preparando para cuspir. Eu sei. Toda a gente pode estar muito ocupada empurrando a cabeça para cima da bunda de outra pessoa, mas eu não estou, Trentini. Joel deu um passo adiante. — Você sabe, não é? — Sobre o rádio temporizador? — perguntou Theo. Evelina pegou o canto do perfil de Theo enquanto ele sorria friamente.

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— Sim, Joel, eu sei. — Então talvez você devesse ser um pouco mais cuidadoso, Theo. Theo soltou uma risada sombria e baixa. — Você não tem ideia. Nenhuma. — Quão estúpido você é para aparecer nesse jantar dentro do território Trentini? — Joel zombou em voz alta. — Oh, eu acho que eu sei. — Continue jogando suas ameaças. Elas são sempre vazias. — Você quer contar com isso? — Ei, — disse Adriano acentuadamente, passando entre os dois homens. — Este não é o lugar ou hora para isso. As pessoas estão olhando. Nós já estamos no noticiário hoje, como Abriella disse. Lidem com isso outra hora. Mais uma vez, Theo aparentemente ignorou o aviso de Adriano. Theo apontou para Joel sobre o ombro de Adriano. — Me culpe por isto - vai em frente e faça. Dê ao chefe alguém para vir atrás enquanto você se esgueira por trás. Você é uma fodida cobra e você sempre foi viscoso como uma também. Este tiroteio tem sua marca por todo lado. Se Riley Conti está muito cego pela nova posição, ele é fodido para ver o que você fez, então isso é sobre ele, Joel. E ele pode sofrer por sua estupidez, no entanto, a Outfit considera oportuno. Mas eu e você? Nós vamos fazer isso. Vá em frente e venha para mim nas ruas como todo bom homem iniciado faria para defender seu território, Joel. Coloque essa tua boca na ação e realmente faça algo em vez de falar sobre isso. Me dê uma razão para acabar com você. Se atreva. Vem em mim. Joel soltou uma gargalhada. — Você não sabe o que você está pedindo, DeLuca. — Eu sei absolutamente. Ao contrário de Dino, eu vou vê-lo chegando. Adriano virou rápido nos calcanhares para enfrentar um Theo ainda parado. Sem dizer uma palavra, Theo acenou para Adriano e girou para sair tão silenciosamente quanto chegou. Apenas assim, o confronto havia terminado. Theo não tinha sequer erguido a voz. Com um aceno de dois dedos por cima do ombro, Theo desapareceu pela porta da frente.

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Evelina finalmente respirou. — Merda, — Adriano murmurou baixinho, ainda observando as janelas. Joel já estava no telefone quando as outras mulheres na mesa finalmente decidiram começar a se mover novamente. Abriella empurrou o prato de lado e tentou agarrar o vinho tinto. Alessa não tirou os olhos de Adriano por um segundo, mas a preocupação que ela deve ter sentido escreveu linhas pesadas em toda a sua testa. — Sim, — disse Joel em seu telefone, — o que você acha? Um breve momento de silêncio passou. Até mesmo Adriano virou para olhar para Joel com uma expressão vazia. — Então é isso que nós vamos fazer, chefe, — disse Joel. — Ele fez isso, então ele pediu por isso... você está certo, ninguém mais tinha uma razão. Evelina não sabia o que pensar. Não sobre Theo aparecer no jantar, ou a estranha conversa de Joel com quem ela suspeitava que fosse seu o pai dela. Joel poderia ser o subchefe de Riley, mas os dois não eram amigáveis. Eles certamente falavam como fossem agora. Quando o Inferno tinha congelado e como ela conseguiu perder isso?

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Evelina bateu a porta de sua BMW e apertou sua bolsa por cima do ombro. Depois de uma semana sem carro e um motorista levando e trazendo da escola, ela estava feliz por ter seu carro de volta. Os policiais o tinham liberado após Riley fazer algumas chamadas e distribuir algum dinheiro. Frustrada, Evelina olhou para a grande casa de seu pai a partir da entrada de automóveis. Ela não queria jogar bonito com sua nova madrasta. Riley e sua noiva tinham finalmente chegado em casa de sua lua de mel apenas um par de dias depois do tiroteio. Quando seu pai a convidou para jantar naquela segunda-feira seguinte depois que as

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aulas de Evelina terminassem, ela quis dizer não. Riley não ofereceu o jantar como uma sugestão, mas sim, uma ordem. Endurecendo seus nervos, Evelina atravessou a passarela pavimentada e os degraus da frente. Ela usou sua própria chave para destrancar a porta. Chutando os sapatos e jogando seu casaco e bolsa no armário, Evelina seguiu o cheiro de comida cozinhado na cozinha. Infelizmente, a velha casa vitoriana em estilo retrô não parecia mais familiar para Evelina. Tinha sido assim desde que sua mãe morreu. Nada sobre a casa se sentia... bem, como lar. Era ainda pior agora que Courtney havia fixado residência no local. — Eu estou aqui, — disse Evelina o momento em que entrou na cozinha. Courtney, com seu cabelo loiro preso e seus grandes olhos azuis, encarou Evelina. Courtney fez uma careta, mas rapidamente a substituiu com um sorriso falso e um aceno volúvel de seus dedos cheios de joias. Um daqueles anéis em particular Evelina reconheceu. Aconteceu de ser de sua mãe. Era outra coisa para Evelina colocar em sua lista de por que ela não gostava dessa jovem mulher mimada. Courtney não se importava que as joias que ela usava foram uma vez de uma mulher que havia sido casada com o marido da menina por mais de vinte anos, ou o fato que eles tiveram dois filhos, ambos os quais estavam perto da idade de Courtney. Não, a menina só gostava de coisas. Coisas chamativas, coisas bonitas, coisas brilhantes. Qualquer tipo de coisa. Evelina teve que engolir a bile subindo quando pensou sobre o fato de que seu pai tinha estado saindo com Courtney por algum tempo. Muito antes de Mia até mesmo estar morta. Courtney não era nada mais do que uma amante que havia ganhado o sobrenome de seu homem por descuido. Mia tinha sido uma mulher muito mais forte e melhor do que esta jamais seria. Evelina sinceramente esperava que seu pai percebesse isso. — Olá, Eve, — Courtney disse, ainda sorrindo demais para que fosse verdadeiro. Voltando-se para a cozinheira que estava ocupada verificando os itens no forno, Courtney fez um gesto para a mulher de

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cabelos grisalhos. — Corrine está terminando algumas coisas e nós vamos ser capazes de comer. — Isso é bom. — Evelina não tinha muito apetite quando estava perto de Courtney de qualquer maneira. — Onde está o meu pai? — Ocupado e você não deve incomodá-lo. Riley fica irritado quando as pessoas o interrompem enquanto ele está ocupado em seu escritório. Você sabe disso. — Estou ciente. Eu só queria saber onde ele estava. — Rhonda deixou você entrar? — perguntou Courtney. — Eu não ouvi a campainha. — Não, eu entrei sozinha. Courtney bateu no balcão com a palma da mão. A mulher olhou Evelina como se ela fosse muito estúpida para estar em sua presença. — Veja, é isso que eu continuo dizendo ao seu pai, — disse Courtney. — O quê? — Isto - de você simplesmente entrar! Você não vive aqui, Eve. Você tem idade suficiente para saber que é rude apenas ir entrando na casa de alguém, sem nem mesmo gritar um olá. Vamos lá, você sabe disso. Evelina arqueou uma sobrancelha e mordeu o interior da bochecha para não vomitar todas as coisas ruins que pensava que Courtney precisava ouvir. — Eu não sabia que eu tinha que entregar as chaves da minha casa de infância apenas porque o meu pai casou com uma nova mulher. As bochechas de Courtney ficaram rosa. — O que você acabou de me dizer? — Nós duas sabemos que você não é surda e eu não murmurei. Ái. Mesmo Evelina teve que admitir que pingava sarcasmo em seu tom. — De onde você tira... Corrine bateu uma caçarola fumegante sobre o balcão, interrompendo o concurso flagrante das duas mulheres. — Senhora Conti, a comida está pronta. Por favor, deixe seu marido saber. ~ 92 ~


— Sim, — disse Evelina com falsa doçura. — Vá informar o meu pai que sua filha está aqui para cear com ele, Sra. Conti. Bufando baixinho, Courtney saiu da cozinha. Evelina deixou a raiva e a atitude da mulher saltar dela. Não era a primeira vez que as duas trocavam palavras ríspidas uma com a outra e certamente não seria a última. Corrine acenou para Evelina e deu a ela um pedaço de fudge de manteiga de amendoim do pote que continha uma dúzia de diferentes doces. — Aqui, um presente pela sua bravura. Evelina bufou indelicadamente. — Não há nada de bravo sobre honestidade, tia. A cozinheira tinha estado desde sempre próxima das crianças Conti. Por quanto Evelina podia se lembrar, Corrine trabalhava em sua casa. Ela ajudou as crianças com a lição de casa, limpou seus rostos, e às vezes ficava muito tempo depois que o jantar era servido apenas para passar mais tempo com eles. — Meu Deus, você está provocando ela de forma terrível, — disse Corrine com uma risada silenciosa. — Tenha cuidado, ou você irá se encontrar sob a ira de seu pai. Evelina deu de ombros. — Eu não fiz nada. — Infelizmente, isso é verdade. Mas isso não muda o fato de que seu pai só tem olhos para ela e tudo o que ela diz é ouro para ele agora, minha Eve. — Corrine ofereceu a Evelina outro sorriso malicioso quando acrescentou: — E eu sei que Courtney é uma jovem senhora muito... especial, mas ela mantém a atenção do seu pai desviada para ela em vez de nas coisas que você está fazendo. — Você não está realmente a defendendo, está? — perguntou Evelina. Corrine zombou. — Deus, não. Ela é podre em seus dias bons, mas tem um jeito com o temperamento de Riley. Eu gosto de não ter que lidar com isso quando estou trabalhando. Seu irmão não quis vir? — Ele tinha trabalho a fazer. — E quanto a Alessa? Evelina deu uma olhada em Corrine. — O que tem ela? — Sim, não importa. Riley não a trata muito bem, não é? ~ 93 ~


— Isso é colocar o mínimo. Ele a trata como lixo, e ela não vai gastar um segundo perto dele quando Adriano não está presente para colocar o pai em seu lugar. Eu não a culpo. Corrine franziu a testa. — Eu também não. Ela não merece isso, pobre garota. Não, Alessa certamente não merecia. — Talvez ele vá abrandar depois do bebê nascer, — Corrine sugeriu. — Talvez, — Evelina ecoou. — Vamos comer! O grito de Riley ecoou pela casa seguido de um alto riso feminino, e baixas risadas de outro homem. Ninguém disse nada sobre outra pessoa se juntar a eles para o jantar. — Oh, eu me esqueci de mencionar, — disse Corrine. — Sobre o quê? — perguntou Evelina. — Seu pai tem um convidado. — Quem? — Tommas Rossi.

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Evelina ajudou Corrine a carregar a máquina de lavar louça com os pratos da ceia. Seu pai e Tommas tinham desaparecido depois de um jantar tranquilo. Na verdade, foi uma espécie de amabilidade que Riley não tivesse bombardeado Evelina com demandas como sempre fazia. Ele perguntou a ela sobre a faculdade e como Adriano estava naquela semana. Um suspiro alto chamou a atenção de Evelina para a porta de entrada da cozinha. Courtney estava ali com seus braços cruzados enquanto seus scarpins batiam no chão de azulejos. — Eve, você não é obrigada a ajudar a empregada na limpeza. Você pode ir se quiser, uma vez que o jantar acabou e tudo.

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Evelina se endireitou e ficou ereta enquanto Corrine calmamente colocava os últimos copos na parte superior da máquina de lavar louça. — Nunca foi realmente o trabalho de Corrine lidar com a louça após as refeições. — É mesmo? — perguntou Courtney, enrugando o nariz. — Não, — disse Corrine muito suavemente para a tola do outro lado do cômodo ouvir. Evelina a ignorou. — Sim. Nossa mãe costumava nos colocar para ajudar porque queria nos ensinar algum senso de valor e respeito por aqueles que trabalham para nós. Ela também nos ensinou a cuidar de nós mesmos, porque nem todos podem pagar cozinheiros e empregadas domésticas. Courtney era o caso perfeito nesse ponto. Ela não tinha sido muito exceto a amante de Riley Conti em um apartamento alugado antes da morte de Mia. — Bem, sua mãe não está mais aqui e eu estou. Corrine sabe o seu lugar. Seu lugar? Honestamente, porra? — A única razão pela qual você está aqui é porque a minha mãe não está, — disse Evelina, lutando para manter seu nível. — Eve, — Corrine murmurou, colocando uma mão no braço de Evelina suavemente. — Está tudo bem, querida. Não, não estava. Alguém precisava colocar Courtney no lugar dela, na verdade, e Evelina realmente não dava a mínima para o que o pai iria pensar sobre isso. — Oh, deixe que ela tenha as suas palavras, — disse Courtney, rindo e acenando bruscamente uma mão com desdém. — Deus sabe que se eu tiver que sentar através de outro jantar fingindo dar a mínima para a cadela mimada da filha de Riley por mais um minuto, eu vou gritar. Evelina zombou tão alto que ecoou. — Mimada? Mimada? Courtney, você é a definição de uma prostituta bem remunerada. A única coisa que você era digna o suficiente para fazer na vida do meu ~ 95 ~


pai foi dar um passo para o papel de esposa depois que a minha mãe foi morta. Você usa as joias dela, você dorme nos lençóis dela, e você dirige o maldito carro dela. E aquele casaco de vison preto que você adora tanto? Até mesmo ele era dela. Então, sabe o quê? Você é o segundo lugar e é a primeira cadela a sucumbir. Você é segunda escolha de um homem. A esposa barata, Courtney. Você pode usar os anéis da minha mãe, mas você não é absolutamente nada como ela. E você nunca será. Todo mundo sabe disso, até mesmo o meu pai. Você é a única que brinca de casinha aqui, querida. O resto de nós está apenas fazendo bonito para a substituta. Courtney ficou boquiaberta com o que só poderia ser descrito como um peixe fora da água. Evelina não deu à mulher a chance de responder e em vez disso, deu a Corrine um sorriso tenso. — Obrigada pelo jantar, estava maravilhoso. Como de costume. — Eve… Nem mesmo Corrine sabia o que dizer. — Está perfeitamente bem, — sussurrou Evelina, com dor em seu coração. Ela tinha se livrado de um monte de raiva e ressentimento. Uma grande quantidade disso provavelmente deveria ter sido dirigida a seu pai, mas Courtney era um alvo fácil. — Eu deveria ir. Corrine assentiu. Evelina não perdeu tempo em sair da cozinha. Courtney olhou enquanto Evelina passava. Indiferente pela atitude da mulher, Evelina olhou para trás. Às vezes a verdade machuca. Courtney tinha que aprender aquele pequeno fato da vida. Evelina tinha. No armário onde havia deixado suas coisas antes, Evelina parou para recolhê-las. O som de vozes masculinas familiares descendo a escada ecoou dentro do armário. Era uma das grandes esquisitices da antiga casa. Em alguns lugares, as paredes eram muito finas. — Um casamento, — Tommas disse, arrastando a última palavra. Evelina sentiu o sangue gelar nas veias. — É meu último recurso, — Riley respondeu.

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— Bem, eu acho que há mais uma dúzia de maneiras de corrigir os problemas, em vez disso, Chefe. — Talvez, mas isso vai me servir também. Depois de tudo o que Adriano fez com Alessa, as manchas que ele deixou são difíceis de limpar, Tommas. E agora temos uma confusão com Walter Artino acabar morto em sua casa. Você viu as fotos da autópsia? — Eu vi. Ele tinha sido morto um pouco antes de sua esposa chegar em casa de volta de suas férias e o encontrar. Evelina estremeceu. — Outro problema, Tommas. — Você já tem aliados onde precisa. Tenho certeza de que a bagunça DeLuca irá se limpar por conta própria. Isso é como funciona normalmente. — E se isso não acontecer? Tommas suspirou e os passos pararam acima da cabeça de Evelina. — Você considerou que... — Eu não preciso. Isso funciona, Tommas. — Tudo o que vejo é outro problema. Você pode empurrar todos diretamente no limite aqui, Riley. — Um casamento vai resolver isso, — Riley respondeu bruscamente. — E se Joel está disposto e você não, então ele pode assumir o arranjo. — Você está disposto a casar sua filha com Joel Trentini apenas para mantê-lo na linha? — É mais do que isso! Evelina não conseguia respirar. De jeito nenhum. Ela não podia se casar com Joel! Joel? — E eu sei que ele vai aceitar, e em poucos anos, isso irá parecer o melhor para o trono, Tommas. — Tudo bem, — murmurou Tommas pesadamente. ~ 97 ~


— Hmm, o que foi isso? Um pouco mais alto, por favor. — Tudo bem, — Tommas repetiu: — Eu vou aceitar o casamento. — Boa escolha. Evelina sentiu as unhas cortar sua palma. Ela não podia se casar com Tommas Rossi também. Enquanto sua mãe tinha sido adotada por David Rossi e sua esposa quando Mia era apenas uma criança, fazendo a relação entre Tommas e Evelina como primos apenas através de casamento, ela havia crescido o conhecendo como da família. Mas, até mesmo ela poderia ignorar isso. O que ela não poderia ignorar era sua amiga. Abriella... Por que Tommas estava concordando? — Me dê uma semana ou mais para pensar em tudo antes de dizer sim ou não oficialmente, — disse Riley. — Eu pensei que isto era o sim ou não, — respondeu Tommas, rindo. Até mesmo o som de diversão do homem estava tenso e triste. Tommas nunca tinha sossegado com uma mulher porque tinha uma que amava. Evelina sabia disso, sentia seu coração ser esfaqueado quando pensou sobre o que isso poderia significar para ele e para ela. Por que concordar? Evelina não perdeu mais tempo pensando sobre isso. Quando os passos começaram a se mover na escadaria de novo, ela simplesmente pegou o casaco, fechou a porta, e saiu da casa. Qualquer lugar… Ela tinha que ir para qualquer lugar, exceto ficar lá.

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Capítulo sete — Riley está de volta. Theo não olhou para cima da pilha de dinheiro que empurrou para o contador. A máquina cuspiu as notas para fora do outro lado e a tela se iluminou com um número digital na casa dos milhares. Sempre na sexta-feira, todas as semanas, os membros da tripulação de Theo lidavam com o fluxo de caixa, porque em suas mãos se podia confiar para não roubar, deixar pingar o caixa, pegar sua merda, e sair com ela. A parte de Theo era sempre noventa por cento de tudo o que alguém trazia para ele quer se tratasse de negócios, roubo, ou conspirações. Ou inferno, até mesmo todos os três. Theo não era exigente enquanto dinheiro estivesse sendo feito e sua tripulação estivesse sendo produtiva em seus métodos de fazer dinheiro com o tipo de ruas onde todos tinham algo para vender. Mas dos noventa por cento de Theo, setenta daquilo ia para o Chefe. Suspirando, Theo enfiou a parte devida a Riley em um envelope e o deslizou em uma gaveta na antiga escrivaninha castigada pelo tempo. Independentemente de seus sentimentos em relação ao Chefe, ou os problemas que enfrentava com o pessoal dos Trentini, o Chefe da família era o Chefe da família. — Boa pilha, — seu convidado avaliou a partir da porta. — Meus rapazes dão conta do recado, — disse Theo, sorrindo. — Quanto você tem aí, de qualquer forma? — Estes são apenas os primeiros. Os melhores pagamentos entrarão mais tarde. — Não foi isso o que eu perguntei, Theo. — Cento e cinquenta. — Cento e cinquenta? — Mil, — Theo confirmou. ~ 99 ~


Damian assobiou baixo. — Jesus Cristo. Quanto você faz em um mês? Theo olhou por cima da pilha de dinheiro que era dele. — A minha parte é apenas quarenta e cinco mil, D. — Ainda assim... você disse que esse era dos primeiros caras. O que mais você está esperando? — Extorsão no cais e nas empresas de construção vêm em cheques e outros estão nos meus livros de pagamento aos sábados. O trabalho de extorsão, por vezes, acontecia ser uma coisa difícil de obter. Um Capo necessitava encontrar a empresa certa disposta a pagar funcionários na folha de pagamento quando eles realmente nem sequer apareciam para o trabalho. Damian franziu a testa. — A tripulação Rossi mal está chegando a cem por semana. — Talvez a coisa de Capo simplesmente não seja para você, D. — Isso foi o que eu disse para o fodido Tommas. Theo riu. — Ou talvez você não esteja observando as mãos que estão alimentando você de perto o suficiente, cara. Tommas sempre teve uma tripulação de ganho elevado. Ele tinha uma mão em quase tudo. Armas negociadas com algumas gangues aqui, vendendo droga lá... merda, ele até conseguiu obter uma extorsão naquele grupo da estrada quando eles estavam abrindo as novas rodovias. Sete trabalhadores fantasmas foram contratados e nunca perderam um dia, mas, novamente, eles nunca apareceram. Ele tem uma conversa suave e as pessoas caem com isso. O rosto de Damian se tornou ilegível enquanto inspecionava o dinheiro de Theo novamente. — Não é que eu não goste do título e do trabalho, cara. — Então, o que é? — Eu ainda estou me acostumando com os holofotes. Theo cantarolou. — Fantasma, hein? — Bem, eu costumava ser. — Sabe, você tem que dar tempo ao tempo, Damian. Ser um Capo é tedioso e lento. Leva anos para construir um nome decente e

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reputação nas ruas e cinco minutos para perder tudo. Tanto quanto aos DeLucas, esta pilha costumava ser dividida entre Dino, Walter, e eu. Assim como o Bastoni costuma dividir com Adriano, ou Tommas costumava dividir com o pai. Damian arqueou uma sobrancelha. — Eu não tinha pensado nisso dessa forma, apesar deles não matarem seus parceiros. Theo manteve sua expressão em branco. A morte de Walter não estava necessariamente sendo colocada nas costas de Theo, mas as pessoas não o estavam inocentando, tampouco. Ele também não iria estar presente no funeral, seja lá quando fosse. — Eu não tenho ideia do que você está falando, Damian. — Claro que não. — Nós não estamos discutindo o que você quer discutir, D. — Você ouviu o que eu disse logo que cheguei, certo? — perguntou Damian. — Sim. A volta de Riley. Aqui. — Theo abriu a gaveta, pegou o item que tinha colocado lá antes, e jogou o envelope para Damian. O outro Capo pegou facilmente e o dinheiro desapareceu no bolso da jaqueta de Damian. — Leve isso para o bastardo e entregue a ele. Eu não tenho planos para que o meu próximo tributo seja também o último enquanto acompanhado de uma bala na minha cabeça. — Claro, eu vou ter certeza de que chegue a Riley. — Deixe ele saber que outro fará o caminho até ele também. — Tanto faz. — O que você está fazendo aqui nos Heights, de qualquer maneira? — perguntou Theo. — Dando um aviso, velho amigo. Theo zombou. — Sobre o retorno de Riley? Eu sei sobre ele por uma semana. As noticias viajam rápido quando o Chefe está de volta na cidade e toda essa merda interessante. Riley tinha voltado para casa e não tinha enviado uma única palavra sobre Theo. Claro, rumores voaram sobre o que o Chefe teria a dizer, mas muito pouco era provavelmente verdade. O tiroteio que aconteceu quase duas semanas antes tinha praticamente desaparecido

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na obscuridade. Nada tinha acontecido desde que Joel Trentini ainda não tinha feito qualquer coisa que prometeu. Mais uma vez, a boca de Joel era muito maior do que suas ações. Theo não estava preocupado. — Não, não é sobre o Chefe, — disse Damian. — Embora ele tenha muito a ver com isso. Algumas pessoas estão ficando impacientes, isso é tudo. — Sobre o quê? — O fato de que você estar tão calmo. Theo sorriu, incapaz de esconder isso. — Ser calmo é um problema? — É, quando um par de semanas antes você estava confrontando o subchefe em um jantar de família. — Joel pediu por aquilo. Damian jogou as mãos despreocupado. — Talvez ele tenha.

nos

bolsos,

aparentemente

— Então qual o problema? — O problema é que talvez eu gostaria de ter certeza de que você não vai acabar como o seu irmão, Theo, — Damian disse calmamente. — Com Lily grávida e tudo, apenas reforça a crença de que ela deve estar feliz e sua família deve ser feliz. Eu estou cansado de ver a minha esposa sofrer por causa dos homens egoístas em torno dela, porra. A mandíbula de Theo cerrou; sua única demonstração de agitação. — O que isto quer dizer? — Você sabe o que significa. Não banque o estúpido. Lily não precisa que outro irmão acabe morto por causa de sua própria estupidez. — Você está sugerindo que Dino... — Eu não estou sugerindo nada, eu estou afirmando. Theo não gostou do que Damian estava falando. Isso provavelmente queimaria como fogo. Theo tinha suas suspeitas sobre no que Dino tinha estado envolvido antes de seu assassinato, mas nenhuma prova. Cada dedo que Theo apontou para Dino por certas ~ 102 ~


coisas poderia ser apontado para outras pessoas, pelas mesmas razões. De fato, a Outfit culpou a outros por certas coisas. O tiroteio que matou Mia. O tiroteio de um dos negócios Conti. O tiroteio na casa Trentini que matou o tio de Theo e uma das gêmeas Rossi. Dino tinha sido um homem tranquilo, mas nos meses que antecederam a sua morte, Theo notou que seu irmão tinha se tornado mais solitário. Quando Dino chamou Lily de volta de viagem, Theo realmente tomou nota das mudanças em seu irmão. Em seguida, ele descobriu sobre o filho de Dino. Limpando a garganta, Theo bateu a gaveta em sua mesa e saiu para enfrentar Damian. — O que você sabe sobre o meu irmão, hein? — Mais do que eu gostaria, — Damian admitiu. As palavras de Tommas Rossi de quase duas semanas antes sacudiram no fundo da mente de Theo. Você já pensou que talvez o seu irmão seja a razão para tudo isso? Teria as cicatrizes dos irmãos DeLuca crescendo sob o exigente olhar frio do tio finalmente voltado para Dino? Teria ele finalmente sangrado toda essa dor e todos os seus segredos com algumas balas e algum derramamento de sangue? — A vingança é um prato que se serve frio, — disse Damian. — Mas nunca se esqueça, sua mão é a que segura o prato enquanto você a entrega e isso fará você sentir o gelo também. Theo riu, se sentindo mais morto do que nunca por dentro. — Obrigado pelo aviso. — Você nem sequer ouviu uma palavra do que eu disse, não é? — Eu ouço o que eu quero ouvir, — Theo respondeu. — E o que é, cara? — Que você sabe muito mais do que deveria, D. Damian ficou rígido, mas não desviou o olhar de Theo. — Sim. — Então, quanto dessa bagunça tem o seu dedo também? — A parte da bagunça que me mantém respirando, Theo. Lily. Theo deixou o assunto morrer.

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Uma batida na porta do escritório quebrou a competição olhares dos homens. — Sim, está aberta, — disse Theo para quem estava esperando atrás da porta. Um de seus rapazes mais jovens empurrou a porta quando Damian se moveu para fora do caminho. Cole Artino, de dezoito anos olhou para Damian de cima a baixo. Ele provavelmente não reconheceu o assassino que virou Capo, mas qualquer um que entrasse no clube de strip de Theo e que fosse convidado para os escritórios não era apenas um frequentador qualquer. Mas o garoto sabia que não devia fazer perguntas. É por isso que Theo gostava dele para certas coisas. — O quê? — perguntou Theo. — Eu preciso da chave da sala do estoque, — disse Cole. — Por quê? — Negócios de última hora. Theo grunhiu a aprovação e puxou as chaves em questão do bolso antes de jogá-las para o garoto. — Certifique-se de que cada grama esteja marcada e contada, e que todo homem que pegar um tijolo me pague em uma semana e pelo seu ponto. Cole assentiu. — Eu irei. — Eu estarei bem atrás de você para olhar os livros, garoto. — Eu sei, Skip. Com isso, o garoto desapareceu. Damian riu quando a porta se fechou. — É legal ele estar aqui dentro? — Mais ou menos. Tem três meses que ele fez dezoito. Ele não pode beber ou servir bebidas alcoólicas, então eu não deixo. Não há necessidade de ter a polícia aqui ficando louca sobre um menor com uma garrafa de álcool nas mãos. Eles têm o suficiente para me observar, sem acrescentar mais nada à mistura. — No entanto, você o deixa tratar de negócios para você.

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— Alguns, — Theo concordou. — Ele precisa aprender de alguma forma e eu não tenho tempo para ter as mãos em cada pequeno detalhe, então ele está aprendendo o que significa respeito por tentativa e erro. — Soa muito como aprendemos este negócio, Theo. Theo ficou tenso. — Sem todos os espancamentos, com certeza. Damian sabia o que era estar sob o controle de homens como Ben DeLuca, afinal de contas. Theo não precisava adicionar mais nada a sua declaração. — O que o garoto está fazendo para você exatamente? — perguntou Damian. Theo sorriu. — Aqui? Ele é meu homem do meio, D, a quem eu não me importaria de indicar para homem iniciado, mesmo se isso significasse que ele tomaria o meu lugar. Todo bom Capo precisa de um.

***

— Este parece estar bom, Cole, — disse Theo enquanto verificava o livro preto que o garoto havia aberto sobre a mesa de bilhar. — Você está ficando cada vez melhor com os números. Não há nada faltando esta semana. Isso são três semanas seguidas. Cole sorriu, feliz com o elogio. — Eu aprendi minha lição da última vez. — Bom. Ao contrário das aulas de Theo como ele aprendeu o ofício de um Capo, Cole não estava recebendo exatamente o mesmo tratamento. Theo teria recebido uma surra por ter feito merda, mas Cole teve a merda que gostava tirada dele para que pudesse pensar sobre o que fez como uma criança que havia se comportado mal. Simples? Sim, mas eficaz. As lições de Ben DeLuca para seus sobrinhos não tinham sido apenas sobre o negócio, mas também coisas como violência, dormência, ser intocável, e não ter medo. Às vezes, os irmãos nem sabiam que os espancamentos estavam vindo. Dentro desta mesma sala no clube de

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strip, Theo tinha tomado uma surra de Riley Conti. O homem nem sempre tinha sido o Chefe de frente. Uma vez, ele era apenas um Capo. Theo aprendeu rapidamente que lutar de volta quando Ben aplicava uma de suas aulas só iria lhe render um castigo muito pior. Isso finalmente acabou para Theo uma vez que ele tinha começado em seu posto. Theo ainda tinha uma cicatriz que ia logo abaixo do pescoço ao seu peito desde o incidente com Riley. Ele tinha conseguido cobrir com uma tatuagem de coruja tribal com olhos penetrantes e um bico ainda mais acentuado. De volta aos negócios, Theo se lembrou. Deixe essa merda no passado. — Eu vejo que Jonas levou um extra de quatro quilos e meio, — Theo observou. — Sim, mas eu não vi problema, já que ele disse que vendeu antes do meio da semana, e tinha o dinheiro para provar isso. — Se ele esteve insuficiente uma vez, irá vai voltar para o normal de dez sem o extra. — Claro, Chefe. Theo pressionou o falso topo da mesa de sinuca quebrada e a levantou. Os tijolos de cocaína, gravados, marcados e prontos para vender, descansavam lá dentro. Theo jogou o caderno com os tijolos e fechou o topo novamente. Nem um segundo mais tarde, alguém bateu na porta da sala de armazenamento. — Está aberta, — disse Theo. Karver, um segurança do clube e guarda-costas para as strippers, empurrou a porta. — Chefe, há alguém lá na frente pedindo para ver você. — É? — perguntou Theo, que arrumou o paletó quando se virou para encarar o homem. — Sim. Isso não era nada incomum, mas Theo tinha sido terrivelmente cuidadoso para não deixar que o seu paradeiro fosse conhecido pela última semana ou assim. Ele não queria se ver em outra situação de tiroteio ou qualquer outra coisa que pudesse acabar com ele morto. ~ 106 ~


— Quem é? — Não tenho certeza, — respondeu o segurança. — Mas eu acho que essa é a primeira vez que eu vejo um pé feminino neste lugar que não estivesse à procura de um emprego e que ainda não tivesse trabalhado em um pole.

***

Theo viu Evelina no momento em que pisou no andar do clube de strip. Não era como se ela se destacasse no meio da multidão, mas era realmente difícil de não percebê-la em seu vestido preto apertado, saltos prata altíssimos e irradiando uma graça que qualquer mulher teria inveja. Ela não parecia como se o lugar ofendesse sua sensibilidade de classe alta enquanto tomava uma bebida oferecida por um garçom e se virou para ver uma mulher descendo no pole a apenas alguns metros de distância. Que diabos ela estava fazendo aqui? A garganta de Theo apertou quando a língua de Evelina lambeu a borda do copo. A cor avermelhada do líquido lá dentro rodou enquanto ela o girava em sua mão e sorriu para a mulher que trabalhava no pole. Ela gostou de assistir a mulher dançar? Não havia um pingo de desaprovação ou julgamento no rosto bonito de Evelina. Na verdade, seu nariz se enrugou quando ela sorriu e puxou o lábio inferior entre os dentes. Cristo. As calças de Theo ficaram quentes pela visão dela mordendo o lábio. Ele não podia deixar de se perguntar como Evelina pareceria se ele empurrasse outra coisa entre seus lábios enquanto sua mão estivesse sob seu vestido. Evelina levantou uma sobrancelha e inclinou a cabeça para o lado com um olhar de interesse quando a menina deslizou mais baixo no pole, de cabeça para baixo. Bom Deus. Quem era essa garota? De onde ela veio? Ele gostou muito. Muito mais do que estava disposto a admitir. ~ 107 ~


Theo negou esses pensamentos e endureceu sua espinha. Independentemente de sua curiosidade pela princesa Conti, a mulher não poderia estar em seu clube. Inferno, ela não poderia nem mesmo estar em seu território. E ela não disse que havia um GPS em seu maldito carro? Atravessando o clube, Theo ignorou os olhares curiosos dos clientes. Raramente ele saia dos escritórios durante o horário comercial. Ele não estava lá pelas meninas ou os seus movimentos no palco. Aquela não era a sua cena. Mas o negócio todo trazia um bom dinheiro. As meninas sabiam como manter a boca fechada sobre algumas de suas atividades ilegais durante determinados dias da semana, o que era difícil de encontrar em um funcionário. Alguém sempre fala. Ninguém aqui nunca falou. Evelina virou a cabeça apenas o suficiente para avistar Theo. O pequeno sorriso que tinha estado ostentando enquanto observava a mulher dançando se derreteu em algo muito mais sexy. Ela parecia pronta para estar em um clube com a maquiagem escura acentuando seus olhos verdes e os cabelos presos em um coque alto confuso, apresentando clavículas delicadas e as linhas suaves de seu corpo. Nenhuma dúvida sobre isso, Evelina era uma bela jovem. Theo teria de ser estúpido, um idiota cego para não ver. Ela também tinha dez camadas de problemas que ele particularmente não precisava no momento. — Eve, — Theo saudou enquanto parava ao lado dela no bar. — Ela é muito boa, — disse Evelina, acenando para a dançarina. Theo deu de ombros. — Eu suponho. Não sou eu quem testa as dançarinas antes de começarem a trabalhar. Evelina olhou para ele. Ela só era menor do que ele por um par de polegadas em seus saltos, mas era o suficiente para fazê-la precisar olhar para cima através daqueles cílios grossos. — Você não as vê enquanto elas trabalham? — Não. — Por quê?

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— Porque eu estou aqui para trabalhar, Eve, não conseguiria o meu sustento com lap dances e strip teases. Evelina deu um sorriso minúsculo. — Huh, imagino. — O quê? — Eu acho que todos esses rumores sobre você e as mulheres são um monte de porcaria, especialmente se você passa tanto tempo trabalhando em um clube de strip e não pode sequer ser incomodado para provar o produto. Tenho certeza de que elas estariam dispostas. Theo riu profundamente. — Provavelmente. Ele tinha recebido algumas ofertas. Não que tenha aceitado alguma delas. — Desde quando você frequenta clubes de strip? — perguntou Theo, curioso. Evelina piscou. — Uma vez que alguém me disse para ter um pouco de diversão há alguns anos atrás. Puta merda. — E você encontrou em Clubes de strip? Esse não é necessariamente o tipo de lugar onde uma filha da Outfit deve frequentar, Evelina. — Não necessariamente, mas eu aprendi que todo mundo tem um trabalho a fazer, Theo. Este é apenas um deles, e é um salário como qualquer outro trabalho de nove às cinco. — Verdade. — Você vai me mandar embora agora? — perguntou Evelina. Theo a observou de lado, passando pelas curvas de seu corpo debaixo de seu vestido preto e na maneira que as pernas dela pareciam ter um quilômetro naqueles saltos. O olhar recatado que ela usava apenas somava ao fato de que ele se encontrou reagindo a ela apenas por estar perto. O cheiro de qualquer que fosse o perfume que ela usava era uma mistura inebriante e doce, e se infiltrou em seus pulmões instantaneamente. Sim.

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Sim, ele iria mandá-la embora. Porque ela parecia pecado e estava em um lugar destinado para isto. Theo se dava muitíssimo bem com o pecado. — Sim, — Theo murmurou. — Isso é uma vergonha. — Por quê? Evelina mostrou seus dentes brancos em um sorriso pecaminoso. — Porque você nunca me deu a chance de te agradecer, Theo. Sua confusão cresceu. — Pelo quê? — Me salvar de levar um tiro. — Eve, não há nenhuma necessidade de me agradecer por isso. — Eu sei, — disse ela, — mas parece que todo mundo quer culpálo por aquilo e eu queria que você soubesse que eu não te culpo. Eu queria te dizer diretamente, de modo que você pudesse saber, Theo. As pessoas pensam que eu sou surda ou algo assim, ou talvez eles só pensem que não vou repetir o que ouço. Não importa realmente, porque quando você apareceu no jantar, eu descobri o suficiente, de qualquer maneira. Theo piscou os olhos, surpreso. — Como você soube que eu estava aqui esta noite? Evelina levantou um único ombro em resposta, e inclinou a taça até os lábios para tomar um gole. — Eve, — Theo pressionou. — Talvez eu tenha pedido a Alessa para informações de Adriano. Mas quem sabe?

tirar

algumas

Theo riu. — Sim, quem sabe? — Eu não. — Você não deveria estar aqui, Eve, — Theo avisou em voz baixa. — Eu sei. Eu deixei o meu carro a alguns quarteirões, no lado Conti da linha do território e peguei um táxi. Assim, mesmo se alguém

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vier me procurar, eles não vão me encontrar. Graças ao seu aconselhamento sobre o GPS, por sinal. Ele veio a calhar, afinal de contas. Theo engoliu em seco, imaginando que tipo de jogo esta mulher estava tentando fazer com ele. — Você pensou que isso poderia me colocar em um monte de problemas, também? — Talvez, mas eu só precisava fazer algo diferente esta noite. — E você veio até mim. Evelina se deslocou sobre os saltos, ainda olhando para o palco e a dançarina. — Por que não? — Eu tenho uma dúzia de razões, Eve. Ela inclinou a cabeça apenas o suficiente para pegar o olhar dele novamente. Evelina segurou seu olhar, nunca vacilando. Havia algo na expressão dura que ela usava, que lhe disse que algo estava errado. Theo não perguntaria. Ele não poderia se importar. Agora não. — Eles vão me transformar em alguém que eu não quero ser, — disse Evelina calmamente. Ele nem sequer teve que perguntar o que ela queria dizer. Theo sabia. A Outfit. Era sempre sobre a Outfit quando se tratava deles. Alguém fez isso com Theo uma vez, também. — Eu aprendi a gostar das alterações, — Theo murmurou. Evelina suspirou. Saiu ofegante e cansado, mas ainda fez Theo doer. Não, ele não podia negar sua atração por Evelina Conti. Mas o que ele podia fazer era controlar a si mesmo em sua presença. Nunca pense com seu pau ou com o coração. Regra DeLuca número um. Evelina molhou seu lábio inferior e olhou para ele. — Eu acho que descobri algo muito tarde. — Oh? — Sim. Eu não quero ser uma princesa. ~ 111 ~


Theo empurrou longe a banqueta, agarrou a bebida de Evelina de sua mão, e a colocou sobre o balcão sem uma palavra. — Isso é muito ruim, — disse Theo. — É? — Sim. Ele agarrou seu pulso na palma da mão e puxou Evelina para longe do bar sem uma palavra. — O que você está fazendo? — ela perguntou quando ele a arrastou através do clube em direção a porta da frente. — Levando-a de volta para o seu carro. Evelina puxou com força, parando Theo. — Por quê? — Porque você não parece entender, Eve. Você está certa, é muito tarde para tentar mudar a merda agora, maldição. E eu não vou ser o sacrifício para você sangrar em uma tentativa de se sentir melhor. Eu tenho pessoas o suficiente esperando por isso nos bastidores com facas já afiadas. Seu olhar escureceu. — É por isso que você acha que eu vim aqui? — Para fazer algum tipo de rebelião? Sim. — Errado, — ela cuspiu. — Então, o que é? — Eu só queria passar cinco minutos com alguém que eu pensei que poderia me entender. Theo forçou essas palavras para longe. Ele não queria ouvir isso. — Eu sinto muito, Eve, mas eu não posso fazer isso também. Não com você. — Por que não? — perguntou ela. — Porque eu provavelmente gostaria. Theo nunca tinha sido bom em se negar coisas que gostava. Evelina só olhou para ele, sem dizer nada. — Vou levar você para o seu carro, — disse ele novamente. ~ 112 ~


Evelina nĂŁo discutiu.

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Capítulo oito — Onde estão seus seguranças hoje à noite? — perguntou Theo. Evelina se mexeu no banco do passageiro. — Eu disse a Adriano que estava indo para o supermercado e comprar fast food. Eles não me seguiram pela rua. — Sério? — Bem, Adriano disse para eles desgrudarem, às vezes, também. Theo sacudiu a cabeça. — Jesus. Inúteis. Isso é o que eles são. Talvez. Mas Evelina saiu sem que ninguém percebesse. — Eu não vi você na igreja no domingo passado, — disse Evelina. O canto da boca de Theo se levantou perversamente, mas ele não tirava os olhos da estrada. — Você acha seriamente que eu estaria indo à igreja com todo este absurdo acontecendo? — Me deixe corrigir, então. — Por favor, faça isso. — Eu não notei você na igreja desde o funeral do seu irmão. Theo ficou tenso no banco do motorista e as mãos seguraram o volante apertado o suficiente para os nós dos dedos ficarem brancos. — Eu não estou pronto, eu suponho. — Entendi. Um riso entre os dentes foi a resposta. — Não, Eve, eu não acho que você entenda. Eu tenho algumas coisas deixadas inacabadas, e quando voltar, eu gostaria de fazer toda a minha confissão em uma longa e boa sentada em vez de três ou quatro. Além disso, a confissão é destinada para aqueles que não desejam repetir seus pecados. Os meus são do tipo que não irão desaparecer até que outros desapareçam também.

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A testa de Evelina franziu enquanto ela pensava em suas palavras. Ele falou abertamente, como se tivesse pensado sobre isso por um tempo. — Você está falando sobre o meu pai? O olhar de Theo se voltou para ela enquanto ele virava uma esquina acentuadamente. — E se eu estivesse? Evelina deu de ombros. — Procure em outro lugar por alguém que se importe, Theo. — Você se importa. Confie em mim, você se importa. Mesmo as pessoas que odiamos sempre conseguem puxar alguma simpatia de nós, mesmo que seja só um pouquinho. Independentemente de tudo o que você sente que está errado com seu pai, ele ainda é o seu sangue, ele ainda ajudou a colocá-la na terra, e você ainda o ama, Eve. Simples assim. — Ele não se importou muito com minha mãe nos últimos meses. Theo soltou uma respiração lenta. — Você não é Riley. Ele não é você. — É assim que você se sente sobre o seu irmão ou tio? — Hmm? — Seu irmão e tio. Você era próximo de Ben, mas não realmente de Dino. É assim que você se sente sobre eles, como se sua simpatia fosse maior por um, mas ainda está lá de alguma forma para o outro? As mãos de Theo apertaram o volante. — Você faz um monte de perguntas. — Eu sou uma menina curiosa. — Mulher. — O quê? — Você é uma mulher, não uma menina. Você deixou de ser menina anos atrás, Eve. Evelina estremeceu no banco do passageiro. As sombras das luzes da rua que passavam iluminaram as características de Theo. Ela não poderia ter escondido sua reação, mesmo que tentasse. Apenas o modo que sua voz mergulhou em uma cadência mais baixa, e ele lhe

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deu outro olhar silencioso que disse que podia ver que ela era muito mais mulher do que menina foi suficiente para fazer Evelina doer. E deixá-la molhada. — Você fez isso de propósito, — Evelina acusou. Sua voz soou fraca. Ou excitada. Theo levantou uma sobrancelha. — Eu imploro o seu perdão? — Isso... bem ali, — Evelina se esforçou para dizer enquanto acenava para ele. Theo riu baixinho. — Baby, eu não tenho ideia sobre o que você está resmungando, mas tudo bem. O que quer que a faça feliz, eu acho. — Pare. Você fez isso de propósito, Theo. Só para me distrair. Quando sua língua serpenteou para fora para molhar os lábios enquanto suas mãos deslizavam através do volante suavemente para tomar outro rumo, a garganta de Evelina ficou seca. Ele lidava com seu carro facilmente, como se estivesse segurando penas quando, na verdade, o Stingray tinha um motor forte sob o capô. Ela não conseguia impedir os pensamentos batendo nela um após o outro, enquanto o observava dirigir. É assim que ele toca uma mulher? Qual a sensação dessas mãos quando elas agarram com força suficiente para machucar? É assim que ele iria me tocar? Jesus. Evelina fez um barulho baixinho e voltou sua atenção para qualquer lugar, menos Theo DeLuca por um momento. — Eve? — O quê? Evelina fez tudo o que podia para ignorar o calor entre suas pernas e o incômodo em sua voz. Ela se recusou completamente a sequer olhar para Theo novamente até que conseguisse fazer isso sem contemplar como poderia ter as mãos dele sobre ela, enquanto dirigia ao mesmo tempo. Pare com isso agora.

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— Eu meio que fiz isso de propósito, — Theo admitiu. — Eu sabia! Theo riu de maneira escura e adorável, que abalou Evelina diretamente em seu núcleo. — Então você pode aparecer em um clube de strip à procura de um homem, e aproveitar o show o tempo todo, mas não pode passar trinta minutos a sós com ele em um carro sem ficar envergonhada? Isso é um pouco estranho. — Não é, — retrucou Evelina com veemência. — E você está bem ciente de que não é a mesma coisa - nós não somos a mesma coisa. — É mesmo? — Não. Theo puxou o carro para o lado da estrada, o jogou no acostamento, e soltou o cinto de segurança sem qualquer aviso. Em seguida, ele se virou para enfrentar Evelina com uma lentidão e graça que a lembrou de um predador que poderia ter apenas travado uma presa em sua mira. — Então diga, Eve. — O-o quê? Por que sua maldita garganta estava seca de novo? — Me diga o que é tão diferente sobre nós. Eu adoraria saber. O olhar castanho de Theo estava praticamente preto, enquanto a observava sob a luz da lâmpada que brilhava no Stingray. Eles não estavam muito longe de onde ela havia estacionado seu carro, talvez apenas uma ou duas quadras de distância. Seu corte de cabelo curto estilo espetado parecia um pouco mais confuso do que o normal, como talvez ele tivesse corrido os dedos por ele. Ele estava estressado? Por quê? — Você sabe, — Eve disse, em um espesso tom ausente, — Um tempo atrás, eu provavelmente teria te perguntado se alguma garota esteve puxando seu cabelo só porque ele sempre parece como se você estivesse transando com alguém. Os lábios de Theo formaram uma linha fina. — Mmm.

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— Sim, e todo esse charme que você tem é um poderoso desvio para manter a atenção das pessoas aonde você quer que ela esteja. — Evelina se deslocou no banco até que suas costas estavam pressionadas contra a porta e ela podia olhar para ele também. — Nós todos temos paredes para manter as pessoas do lado fora, e eu acho que o seu carisma e distração são as suas. Permite que você mantenha as pessoas por perto, mas apenas tão perto quanto você quer que elas estejam. — Interessante, — disse Theo. — Mas o que isso importa? — Não importa. Não a mais ninguém. Mas talvez eu queira saber por que você está fazendo isso comigo. — Eu não estou. — Mentiroso, — Evelina sussurrou. O olhar de Theo se afastou brevemente antes de ele se sentar ereto em seu banco e ameaçou tirar o carro do acostamento. Evelina não podia deixá-lo fazer isso. Era apenas mais um desvio. Antes que realmente pensasse sobre suas ações, ela se inclinou sobre o assento e agarrou seu pulso quando ele colocou as mãos sobre o volante. — Pare, — pediu ela. Os músculos de seu braço saltaram sob seu toque. Ela agarrou com mais força, apertando o pulso. Foi um piscar de olhos. Apenas um piscar... Evelina se viu empurrada de volta para a porta com força. Não doeu, mas foi chocante. Não havia nada de doce na irritação de Theo, olhar fixo e escuro. Sua mandíbula estava cerrada, dentes à mostra. Uma áspera maldição estava na ponta da língua quando Evelina engasgou. Ela o soltou. Theo engoliu em seco e voltou para o seu banco, esfregando o pulso em círculos com a outra mão. Seu pequeno aperto não poderia ter machucado, mas a dor desfigurou seu rosto do mesmo jeito. — Me... desculpe, — Theo respondeu asperamente. Os olhos de Evelina se arregalaram e seu coração disparou. O que acabou de acontecer? — Está tudo bem, — disse Evelina. ~ 118 ~


— Não me agarre, eu não gosto disso. — Não aí ou não, ponto final? Os ombros de Theo endureceram. Não era a primeira vez que Evelina tinha notado o estranho hábito de Theo de esfregar seu pulso quando ficava tranquilo ou um determinado assunto era trazido a tona. Um assunto como seu irmão e tio. — Theo, — Evelina disse suavemente. Ele fechou os olhos, respirou fundo, e então olhou para fora do para-brisa dianteiro. A raiva se foi, mas foi tudo o mais. Tudo que tinha ficado nas belas feições de Theo era uma expressão vazia e fria quando ele agarrou o volante, e o carro voltou para a estrada. — Theo, só o pulso ou não? — ela perguntou novamente. — Só o pulso. — Ok. — Evelina arquivou essa informação para mais tarde. — Por quê? — Porque eu não gosto, ok? — disse ele asperamente. — Você o esfrega muito, eu notei. Eu perguntei... — E eu disse a você que não está machucado, eu só não gosto. Como um vício, ela percebeu. Ele usava isso como um vício. Ou talvez uma memória. Evelina se perguntou o que Theo estava escondendo. — É por isso, Eve. Evelina o assistiu com cautela. — Por isso o quê? — Que eu não namoro. As palavras poderiam muito bem terem sido cuspidas por entre os dentes. Ele não tirou seu olhar intenso, fixo e ardente da estrada por um segundo. Evelina estava grata porque tinha certeza de que se ele o jogasse sobre ela, ela sairia certamente ferida. Evelina piscou, confusa. — Nada? — Não.

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— ‘Ficar’ é como namoro, — disse Evelina. — Quero dizer, de uma forma. — De certa forma, — ele repetiu. — Só se você continuar procurando e transando com a mesma pessoa. — E você não faz isso. Theo se encolheu. — Eu não me importo de ter uma dúzia de mulheres por perto. Não me importo com a fala doce delas ou deixar as pessoas acreditarem no que quiserem sobre minhas relações com as mulheres. Eu apenas não me importo. Evelina pigarreou, se sentindo mais incerta do que nunca. — Por quê? — Porque então eu não tenho que explicar porque eu não tenho uma namorada ou uma esposa ainda, ou mesmo algumas crianças correndo debaixo dos meus pés quando eu tenho vinte e sete anos de idade. Eu não tenho que explicar porque eu não quero essas coisas. Em vez disso, as pessoas só veem o que querem ver sobre mim e tiram suas próprias conclusões. Estou mais do que bem com deixá-los fazer isso. — Theo... — Por que você veio me procurar esta noite? — perguntou ele bruscamente. — Por quê? — Eu te disse. — Um monte de besteira. — Não é! Theo olhou com raiva para o para-brisa. — Eu acho que é. Eu não sei o que você está procurando quando se trata de mim, mas procure em outro lugar, princesa. Você não vai encontrá-lo aqui. Evelina olhou de volta para ele, mesmo que ele não estivesse olhando para ela. — Você me procurou primeiro, Theo. Lembrase? Várias vezes. — Estupidez, — Theo cuspiu. — Sua ou minha? — Minha, obviamente.

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Evelina suspirou, ao longo de toda a conversa. — Você sabe, eu terminei com isso. — Não há nada a ser terminado. Errado. Ele estava tão errado. — Há alguma coisa, — disse Evelina calmamente, cruzando os braços e assistindo os edifícios passar por eles. — Havia alguma coisa. — Você tem que começar algo para poder terminá-lo, Eve. — Você que começou comigo! A mão de Theo bateu o volante com força. — Você não entende, não é? Eu não estou no lugar ou estado de espírito certo para te dar qualquer coisa e mesmo quando eu pensei que estivesse, eu ainda não podia. Eu estava bancando o estúpido, apenas como o fodido do meu irmão. Escondendo coisas más e mantendo as luzes acesas durante a noite. Eu não vou continuar fazendo isso, Eve. Procure em outros lugares. — Eu não vim em busca de qualquer coisa! — Sim, veio, — disse Theo pesadamente. — Foi por isso que você veio a mim esta noite. Não faça isso. Eu não posso fazer isso, Eve. — Eu não entendo. — Claro que não. Princesa, lembra? — Príncipe DeLuca, não é assim que eles chamam você? Theo riu, e era escuro e odioso. — Sim. E o rei deveria ter me mantido trancado na torre, Eve. Antes que Evelina pudesse responder, Theo xingou baixinho e apagou as luzes do Stingray. O carro parou ao lado da estrada novamente. — Onde é que você disse que deixou sua BMW? — perguntou. Evelina seguiu o olhar de Theo, observando as luzes vermelhas, azuis e brancas piscando que refletiam nos edifícios do quarteirão. Carros de polícia - tinha que ser mais de um com a quantidade de luz não dava para ver a partir de onde ela estava.

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— Eve? — perguntou Theo. — Eu estacionei em um local aberto 24 horas para não ser multada ou rebocado. — E as luzes estão vindo dessa rua. Evelina assentiu. — Sim. — Merda. — Isso é ruim, certo? Theo zombou. — Não, isso é perfeito. Incrível, até. — O sarcasmo fica horrível em você, Theo. — Mentirosa, eu pareço malditamente bem quando estou sendo um idiota arrogante e todo mundo sabe disso. Evelina não se incomodou em negar. Porque ele tinha uma boa aparência quando agia como idiota. Bem, ele tinha uma boa aparência o tempo todo. — Cale a boca, Theo, — Evelina murmurou, não querendo dar a ele a última palavra. Um leve sorriso curvou seus lábios quando ele balançou a cabeça. — Isso é tudo que você tem? — Por agora. Theo colocou o Stingray de volta à estrada em silêncio e acendeu os faróis novamente. — O que você está fazendo? — ela perguntou. — Quieta. — Theo... — Eve, senta aí e fica quieta, maldição. Ele não agia como se alguma coisa estivesse errada quando se dirigiam para mais perto de onde as luzes estavam piscando mais abaixo na rua. Um bloqueio havia sido colocado no final da rua, onde os policiais estavam amontoados em grupos. Algumas pessoas se reuniram ao redor do quarteirão, olhando para a rua.

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Evelina não se conteve; ela se inclinou para frente e olhou para a estrada quando Theo desacelerou o carro. Se seu coração estava acelerado antes, agora parecia que ia saltar para fora da sua garganta. — Oh, meu Deus, — Evelina sussurrou. — É o seu carro? — perguntou Theo. Era. Era o carro dela, ela queria dizer. Agora, parecia metal preto retorcido. Ele ainda estava fumegando. O que aconteceu? Evelina olhou em torno das pessoas na rua, mas não podia discernir os rostos. Não poderia ter sido um ataque aleatório. Não no carro dela. E pela aparência dele, aquilo foi um belo big bang. Quando um policial notou o carro de Theo desacelerando, ele se afastou do grupo de oficiais e se aproximou. Theo bateu no acelerador fazendo Evelina voar de volta para o banco. — Desculpe, — Theo murmurou. — Tudo bem. Não estava. Nada estava bem. — Esse era o meu carro, — disse ela baixinho. — Parece com ele. — Ninguém sabia onde eu estava, Theo. — Sim, você disse. — Onde estamos indo? — Para longe daqui. — Theo esfregou as têmporas. — O seu telefone está ligado? — Não. — Por que não? — GPS, — explicou ela.

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Assim como o GPS que estava em seu carro. Aquele que seu pai gostava de usar para localizá-la. Evelina não conseguia respirar. Será que Riley fez isso? Por que ele faria isso? Ela achou difícil pôr a culpa em outra pessoa quando seu BMW não era exatamente o único na cidade, e ela o estacionou em uma localização decente e tranquila, e seu pai teria sido a única pessoa que poderia tê-la encontrado. Theo observou Evelina do canto do olho, como se pudesse ler os pensamentos dela. — Respire fundo ou algo assim, querida. — Não me chame assim. — Eu meio que gosto disso. Evelina franziu a testa. — Eu também. — Respire, — ele repetiu calmamente. — Você tem certeza que ninguém seguiu você, certo? — Positivo, — disse Evelina, desejando que fosse mentira. A verdade machuca. — O GPS ainda estava no seu carro, sim? — Sim. Theo amaldiçoou lentamente. — Porque alguém faria isso? — ela perguntou. Alguém. Evelina engasgou com a palavra. Theo não respondeu. O último tiroteio, ele tinha tomado toda a culpa. — Será que eles vão culpá-lo por isso, também? — perguntou Evelina. Theo soltou uma respiração áspera. — Provavelmente. — Por quê? — Alguém me quer fora da jogada. — Alguém? — ela perguntou. — Eu pensei que fosse Joel, — Theo admitiu. — Mas eu não sei mais. ~ 124 ~


— Aquele era o meu carro, — disse Evelina. Ela se sentia como um papagaio, repetindo uma coisa e outra, como se pudesse torná-lo realidade. — Sim, era. Evelina olhou pela janela quando Theo fez uma inversão de marcha no meio de uma rua vazia. — Onde estamos indo? — A algum lugar. — Algum lugar, — ela repetiu. Theo lhe deu um olhar, a escuridão tomando conta de suas feições novamente. — Só não diga que eu não avisei, Eve.

***

— Aqui. — Theo jogou um telefone celular para Evelina. Ela deixou cair na cama king size entre eles em vez de pegá-lo. — Eve, ligue para o seu irmão e deixe ele saber que você está bem. Evelina fez um inventário do quarto do hotel. A suíte do Hilton não era nada de zombar com o seu mobiliário de couro, grande tela plana e espaço de entretenimento esportivo, entre muitas coisas, uma mesa de bilhar, além do bar com pia, e um anexo, com deck e uma banheira de hidromassagem aquecida ao ar livre. Treze andares de altura. Evelina sentiu como se estivesse flutuando lá em cima, olhando para baixo. — Eve, — disse Theo novamente. — Ligar para o meu irmão, eu ouvi você. — Tudo certo. Eu vou fumar um cigarro ou algo assim. — É seguro o telefone? — perguntou Evelina. — É um telefone que eu uso para manter contato com alguém que eu não quero que os outros saibam, então, sim, é seguro.

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Evelina queria pressioná-lo para obter mais informações, mas desistiu. Uma vez que Theo saiu para o deck e fechou a porta de vidro, Evelina pegou o telefone e ligou para Adriano. Seu irmão atendeu no segundo toque. — Conti falando. — Adriano, sou eu... Eve, — disse Evelina, colocando distância nos tremores e confusão ainda persistentes em seu tom. Ela não queria que ele se preocupasse ou entrasse em pânico, mas as chances eram que ele já estivesse assim. Quando Adriano ficou quieto do outro lado, ela acrescentou, — Eu estou bem. — Jesus Cristo, — Adriano murmurou. — Eve? — Sim. — Onde você está? — perguntou seu irmão. — Eu vou pegar você. — Não, não. Eu estou bem agora. — Você deveria ter ido até o supermercado! Evelina se encolheu. — Eu sei. — Você sabe? Porque quando você não voltou para o apartamento, eu tive que enviar os caras para procurar por você. Quando eles não puderam encontrá-la, eu tive que ligar Riley para rastrear a porra do seu carro. — Eu vi o carro, — disse ela baixinho. — Antes ou depois de alguém queimá-lo até a última peça? Caramba. Adriano não parecia satisfeito. — Depois, — disse Evelina. — Eu não sei quando isso aconteceu. Alguém o incendiou? Eu pensei que tivesse explodido. — Não, parece que gasolina ou alguma coisa inflamável foi utilizada para queimá-lo. No momento em que os bombeiros chegaram lá, era tarde. Depois que eu peguei sua última localização de Riley, Alessa e eu demos um passeio por lá e encontramos a bagunça. Onde diabos está você, Eve? — Eu só... precisava fugir por uma noite.

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— Por quê? Você percebe quão preocupado eu estava, porra? — Adriano resmungou algo ininteligível e, em seguida, disse: — Olha, eu não sei o que está acontecendo com você, mas não importa quão terrível a merda seja, você não pode simplesmente desaparecer assim. Evelina assentiu mesmo que seu irmão não pudesse vê-la. — Eu sei, mas já está feito, então esqueça. — Alguém incendiou o seu carro. — Sim. — Fique longe por um par de dias, — disse Adriano, com uma tristeza que se agarrava à suas palavras. — Eu vou cobrir você. De alguma forma. Mesmo se eu tiver que mentir sobre isso, que seja. Ela não estava disposta a discutir com isso. — Ok. — Onde você está, Eve? — Com alguém, — ela admitiu. — Quem? — Alguém com quem eu não deveria estar. — Cristo, — Adriano murmurou. — Não me diga. — Eu não vou. Ela nunca faria isso.

***

Evelina esperou por mais de uma hora, mas Theo não voltou para dentro do quarto do hotel. Não, ele só ficou lá fora no deck fechado. Nem uma vez ele acendeu um cigarro, nenhum. Frustrada por ter sido ignorada, ela caminhou através do quarto e abriu a porta de vidro. O calor morno explodiu no espaço batendo em Evelina instantaneamente. A banheira de hidromassagem estava coberta, mas ela podia ouvir o zumbido do aquecedor e dos jatos trabalhando. Com as janelas de vidro com vista para uma parte

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bastante movimentada de Chicago, as luzes treze andares abaixo pareciam quase piscar como espumantes. Altura incomodava Evelina. Ela não deveria ter saído para o deck. — Sim? — Theo perguntou de onde estava encostado em uma das janelas do chão ao teto. — Um... — Vamos lá, você pode fazer melhor do que isso. A irritação de Evelina se sacudiu diante da provocação. — Não faça isso, Theo. Você só diz coisas assim para me tirar do sério. — E funciona. — Theo sorriu, acrescentando: — Vá pedir algo para comer, ou o que quer. Não há nenhuma necessidade de brigarmos um com o outro hoje à noite. O que ele estava tentando provar? Evelina ignorou quão alto sabia que estava, e pisou um pouco mais longe no deck fechado. — Você é um cliché ambulante, não é? Theo arqueou uma sobrancelha. — Eu imploro o seu perdão? — Você é um cliché ambulante. O menino ruim com problemas, talvez você pense que é irreparável ou algo assim, e você tem que avisar todo mundo que chega muito perto. É como o seu mecanismo de defesa. É por isso que você está sempre me cutucando. Porque eu chego perto e você sente que você precisa me empurrar de volta. O que, uma mulher bonita vai aparecer e corrigir todas as peças em Theo DeLuca que não funcionam direito? É isso? Theo olhou para Evelina sem se mover uma polegada. Ele nem sequer piscou. Evelina tinha certeza que ele não respirava, tampouco. — Bem, — ele demorou. Evelina se moveu em seus saltos, baixando as mãos ao lado do corpo. — Bem o quê? — Essa é a primeira vez. Eu nunca ouvi isso antes. — As pessoas não chegam perto o suficiente para te dizer. — Talvez, — ele concordou.

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Ela se sentia quase desconfortável sob seu olhar pesado. — Pare com isso, — Evelina murmurou. — Parar o quê? — De olhar para mim desse jeito; como se eu fosse louca ou algo assim. Theo riu. — Eu não olho para você como se você fosse louca, Eve. Eu olho para você como se eu não soubesse o que vai vir a seguir. Ela deu mais um passo para frente. — Isso é uma coisa ruim? — Sim. Isso tudo é ruim. — Tudo? Theo cantarolou seu acordo. — Eu já te disse isso. — Que nós seríamos uma coisa ruim. — Muito ruim, — Theo disse calmamente. — Volte para dentro. — Eu realmente não quero. — Ruim, — repetiu ele. Evelina se perguntou se ele sequer se preocupava com seus próprios avisos. Adivinhando pela forma como sua mandíbula estava apertada, seu olhar viajou pelo seu vestido preto, e seus punhos fechados no corrimão ligado às janelas de vidro, ela achava que não. Ela tinha certeza de que Theo a queria. O que machucaria. Quem sairia machucado? Evelina avançou até que estava perto o suficiente para erguer a mão e tocar Theo se quisesse. Um calor brilhou em seus olhos. Ele tinha tirado o paletó e jogado sobre uma das cadeiras estofadas no deck. A camisa de seda que ele estava vestindo se esticava em seu peito com cada pequeno movimento. Ele exibia os músculos definidos, e a sugestão de uma tatuagem espreitava para fora em sua pele bronzeada, onde os dois primeiros botões de sua camisa estavam desabotoados. Theo era a própria definição de alto, moreno e lindo.

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— Eu não sou bom em me negar coisas que eu gosto, — disse Theo, seu tom profundamente sexy. — Você deveria ouvir e fazer o que eu digo. — Voltar para dentro, — disse Evelina. — Sim. Eu tenho problemas suficientes sem a adição de uma mulher à lista. Evelina nem sequer se sentiu ofendida por sua declaração. — E eu seria um problema... — Eu acabei de dizer isso. — Porque você gosta de mim, — ela terminou. Theo se virou um pouco, apenas o suficiente para ficar de frente para Evelina. — Eu não sou um clichê, mas foi uma boa tentativa. Eu não acho que estou quebrado, eu só não tenho nenhum interesse em tentar fingir que sou perfeito. Eu não estou procurando ou esperando por uma mulher me corrigir, mas eu também não preciso de uma para me tornar melhor, Eve. Boa tentativa, mas não. — Desvio, — disse ela. — Não mesmo. — Você me avisou. Theo se empurrou para fora da parede de vidro e se endireitou em toda sua estatura. — Eu avisei, — disse ele. — Mas você ainda me trouxe aqui. Você não tinha que fazer isso, Theo. Você poderia ter me levado para qualquer lugar, me largado, e feito uma ligação. Mas você não fez. Viemos parar aqui. — Você está certa. — Então, por quê? — ela perguntou. Theo deu de ombros, uma sugestão de sorriso no canto da boca. Era sexy e pecador, quase brincalhão por natureza. Exceto que ele se moveu para frente novamente, sobre Evelina enquanto seus polegares roçavam ao redor de sua cintura. O toque era leve o suficiente para fazê-la tremer e fazer com que ela ficasse molhada, ao mesmo tempo.

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— Eu já te disse por que, Eve. Ele não era muito bom em se negar coisas que gostava. Eles não seriam uma coisa ruim. Ela não se importava com o que ele tinha dito. Evelina não recebeu um aviso de Theo antes de suas mãos agarrarem sua cintura com força. Seus dedos cravaram nela, a fazendo doer com pressão. Não machucou, nem mesmo um pouquinho. Ele a abraçou tão apertado, que ela tinha certeza de que ele iria imprimir suas impressões digitais na pele dela sob o vestido. — Eu ouvi um rumor outro dia, — Theo murmurou, seu olhar zoneando nos lábios de Evelina quando ela soltou um suspiro trêmulo. — É? — Alguém disse que pode haver um casamento em cima da mesa em breve. Não se falou quem, apenas que pode ter um vindo. Os ombros de Evelina caíram. — Talvez. — Você não deveria ter procurado por mim hoje à noite, não se algo como isso está sendo discutido. — Você não deveria ter me trago aqui, Theo, não, se você ouviu falar sobre isso. Ele não respondeu. Não da maneira que ela pensou que ele faria. Não, ele a beijou em vez disso. Duro, rápido e exigente. Suas mãos agarraram seu vestido e ele a puxou para perto antes de uma viajar até seu cabelo e se enraizar em seu lugar com força suficiente para fazê-la sentir o couro cabeludo. Evelina suspirou, deixando a língua de Theo entrar em seus lábios e encontrar a dela, possuir com o beijo. Seus dentes rasparam sua pele e lábios, tomando mais, e sua barba por fazer deixou uma bela dor para trás. Não houve dar um beijo para Evelina. Theo apenas tomou. Ela não se importava. Mas uma vez, Evelina não conseguia respirar. Quando ela finalmente conseguiu ar, Theo forçou a cabeça dela para trás, seus polegares encontraram as maçãs do rosto enquanto ele olhava para ela.

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Isto não poderia ser ruim quando se sentia inteiramente bom, porra. — Me diga para parar. Evelina balançou a cabeça. Os dedos de Theo em seu rosto e pescoço pressionaram um pouco mais forte. Ele era adorável e perverso. Ela queria mais. Mais de sua aspereza, mais do seu toque. — Me diga para parar. — Você não gostou, porra? — ela perguntou. O olhar de Theo escureceu. — Eve. — Não? — Sim. — Maravilhoso. Não pare.

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Capítulo nove Theo arrastou seus polegares das linhas das maçãs do rosto de Evelina para os cantos de seus lábios pintados de vermelho. Ela pegou a ponta de seu polegar esquerdo com a língua antes de desaparecer de volta em sua boca. Foi o suficiente. O suficiente para ele sentir o calor e a umidade de sua saliva. O suficiente para fazer seu pau doer. — Eu me perguntava: — Evelina cantarolou. — Se perguntava o que, princesa? O sorriso de Evelina era francamente escandaloso. — Como seria seu gosto. Ela estava o empurrando, testando ele. Sua voz era recatada, prometendo sexo. Ela o observou através de cílios grossos baixando os olhos e a paciência que um Deus daria a um santo. Não havia nada inocente sobre Evelina Conti. — E amanhã, hein? — perguntou Theo. — O que tem? — Quando você tiver que voltar, Eve, e esta noite tiver ido embora. Evelina piscou os olhos, seu sorriso desaparecendo ligeiramente. — Você quer dizer quando eu tiver que voltar a agir como uma princesa. — Você quem disse. — Eu acho que não terei que me preocupar com isso por enquanto, já que Adriano me disse para ficar longe mais um pouco. Merda. Theo molhou os lábios, sentindo a suavidade sedosa da pele de Evelina sob as palmas das mãos e dos dedos. Ela pegou o polegar dele com a boca quando ele esfregou o dedo sobre seus lábios. Em vez de

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passar rapidamente a língua como tinha feito antes, ela chupou a ponta entre os lábios e mordeu com força apenas o suficiente para que ele sentisse a picada. — Cristo, — Theo murmurou pesadamente. Evelina sorriu em torno de seu polegar, sua língua rodando no topo de seu dedo. Ela poderia ter estado empurrando-o, mas ele não era nenhum santo. Theo estava tentando dar a ela uma desculpa para fugir. Eles poderiam ambos apenas esquecer que isso quase aconteceu, e ele poderia voltar e fingir que ela não existia. Era mais fácil agir como se Evelina não importasse do que admitir que importava. Porque se ele admitisse que ela importava, ele estaria na merda, porra. Ele não queria dar a alguém a chance de abrir suas cicatrizes de novo, ou que mais poderia ser feito. — Pare de pensar demais, — disse Evelina. Theo não negaria uma mulher que sabia o que queria. Empurrando, Evelina foi para trás até que bateu as portas de vidro deslizantes, Theo se inclinou até que seus narizes se tocaram e ele podia ver o fogo em seus olhos. Quando Evelina se contorceu sob o peso de seu corpo prendendo o dela, Theo pressionou com mais força, pegando seus pulsos na mão direita e os moveu acima de sua cabeça. Seu pau pulsava sob suas calças, o comprimento de sua ereção cavando em na pelve dela. A língua de Evelina apareceu para molhar os lábios, e cautela se estabeleceu em suas feições. Sem aviso, Theo agarrou a bainha do vestido de Evelina e subiu por suas pernas até que ele pudesse olhar para baixo e ver o algodão preto com renda azul marinho na junção das coxas. O olhar de Evelina chamou o dele e seus cílios espanaram suas bochechas quando Theo varreu o polegar sobre sua coxa nua. Com cada movimento, ele chegava um pouco mais perto do algodão que cobria seu sexo. Theo sorriu. — Basta se lembrar de respirar, baby. Evelina engoliu em seco, seus lábios rosados se abriram com um gemido trêmulo quando Theo dirigiu sua mão entre as coxas dela. Ele abriu as pernas dela um pouco mais, e esfregou a palma da mão contra sua buceta. — Respirar?

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— Respire, — disse ele. — Me lembre de vez em quando, Theo. — Vou tentar. Estamos bem? Porque eu estou farto com a coisa de falar agora. Theo acariciou a ponta de seu polegar em todo o tecido macio de sua calcinha bem acima de seu clitóris. Evelina estremeceu. Agora, a linha de algodão da calcinha cobrindo a fenda de seu sexo estava úmida e quente. Theo queria sentir seu sexo molhado, e ouvir todos os seus belos e pequenos sons. Ele apostou que Evelina soaria muito bem quando o nome de um homem estava em sua boca, e ela estava implorando. — Nós estamos bem, — disse ela, e calor coloria seu tom. — Bom, — ele repetiu. — Você gosta de implorar, Eve? — Hmm? Theo deslizou seu polegar sob sua roupa interior e encontrou os lábios de sua buceta molhados ao toque. Ela também tinha a pele suave e trêmula. Ele colocou seu polegar entre os lábios carnudos de seu sexo, untado com os sucos de sua excitação até seu pequeno clitóris, e depois de volta para seu sexo. Evelina congelou sob o peso de Theo. Ele se recusou a deixá-la passar pelas portas de vidro, e tocou seu corpo e aprendeu durante o tempo que demorou. O que ele mais queria era ver a perfeita Evelina Conti perder um pouco de seu controle. Ainda melhor se ela o perdesse por ele. — Você gosta de implorar? — ele repetiu. Evelina não disse uma palavra. — Alguma vez você já pediu por isso, Eve? Nunca encontrou um homem que deixou você molhada pra caralho, deixou o seu sangue quente e os músculos doloridos sem sequer te tocar, que você só quisesse pedir a ele para foder você? Algum homem alguma vez já colocou você de joelhos e fez você pedir por isso? Você já encontrou um homem que fez você querer ficar de joelhos e pedir por isso? Me diga, você teve o prazer de olhar para um homem e pedir por isso, Eve, implorando para chupar seu pau ou ser fodida com força porque você o queria tanto que doía? Me diga.

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— Eu... — É uma pergunta de sim ou não, querida. Os olhos de Evelina escureceram. — Nunca. Theo arqueou uma sobrancelha. — Isso é ruim. — Mas eu acho que eu poderia ter encontrado um agora. Perfeito, porra. Quando o polegar deslizou em seu clitóris novamente, Theo deixou os dedos afundarem no apertado e escorregadio canal de Evelina. Seu sexo abraçou seu polegar em um aperto. Foi apenas um toque - um gosto. Ele poderia ter acrescentado mais, ou fodido seu sexo mais duro com os dedos, mas ele só queria testar seu corpo, ver suas reações, e ouvir seus sons. — Como está isso? — perguntou Theo. A suavidade da excitação dela molhando a sua palma. — Eve? Os dentes de Evelina fincaram em seu lábio inferior quando Theo empurrou seu polegar dentro e fora de seu sexo com uma lentidão calculada. Se inclinando, ela beijou a carne avermelhada e farta de seu lábio e cutucou com uma mordida para liberar sua própria boca. — Não faça isso, — Theo avisou. — Por... por que não? — Porque então, eu não posso fazer isso. Eu tenho a sensação de que você vai gostar quando eu morder seu lábio muito mais do que quando você faz isso. Theo pontuou suas palavras, removendo o polegar de sua buceta apertada e enfiando dois dedos bem rápido. Os joelhos de Evelina se dobraram com a nova sensação, mas Theo não cedeu, mantendo o ritmo mais rápido, mais duro à medida que a forçava a ficar de pé contra a porta. Evelina engasgou, seus quadris empurrando contra a mão de Theo mais e mais. — Não, Eve. Sente isso, babe? Cristo, você está me encharcando agora, porra. — Deus. Theo soltou as mãos de Evelina e agarrou seu queixo. Sua pele corou sob o toque áspero quando ele inclinou sua cabeça para cima e ~ 136 ~


para trás, olhando para ela com as pálpebras pesadas. Evelina não parecia se importar, e ela não se coibia de sua manipulação. — É bom? Evelina choramingou na parte de trás de sua garganta. — Sim. — Você vai gozar? Ela assentiu com a cabeça, apertando os olhos fechados enquanto seu sexo o agarrava mais apertado. — Palavras, Evelina. Use a porra das palavras. — Sim, — ela gemeu baixo, — sim, eu vou gozar, Theo. — Olhos abertos, olhe para mim enquanto você goza, Eve. Sua demanda saiu áspera e gutural. Os olhos de Evelina se abriram instantaneamente para encontrar os dele. No momento seguinte, Theo se inclinou para frente e pressionou seus lábios nos dela, tomando um beijo de sua boca que o queimou todo. Ele nunca perseguiu uma mulher antes, mas ele tinha há muito tempo com Evelina. Ela tinha valido a pena o esforço, mesmo que ele tivesse parado com sua conquista antes de qualquer coisa ter acontecido. Sim, vale a pena. Ela estava belíssima sob seu controle, assim. Sexy. Necessitada. — Nada de princesa, — Theo rosnou contra seus lábios. Evelina riu, mas se derreteu em um gemido sem fôlego quando Theo colocou o polegar para cima para provocar seu clitóris ao mesmo tempo em que os dedos ainda acariciavam sua buceta. Instantaneamente, seus sucos pareceram inundar a mão dele ainda mais. Theo soube o que se seguiria; ele podia sentir a maneira como seu corpo pulsava em torno dele, como os músculos ficaram tensos em seu estômago, e como ela balançou. — Merda... Theo! Theo pegou o lábio inferior de Evelina entre os dentes e mordeu com força. Seu miado foi alto e quebrado quando ela se desfez com tremores que balançaram todo o seu corpo. Ele sempre pensou que o sexo funcionava bem com um pouco de dor. A picada fazia tudo muito melhor. ~ 137 ~


Ele liberou sua mordida no lábio dela, mas manteve seu domínio sobre sua garganta, Theo diminuiu a pressão de seus dedos e voltou para um ritmo provocativo. — Oh meu Deus, — Evelina respirava. — Eu... eu não posso... — Sensível, — Theo disse para ela. — Você está sensível, mas pode. Ele podia sentir a forma que seus quadris se sacudiam toda vez que ele roçava sua buceta, ainda que com o mais leve toque. Theo não cedeu. Ele gostava dela assim. Querendo ele. Inebriada por ele. Assim como agora. — Theo... Theo, só... — as palavras de Evelina pararam com um suspiro trêmulo. Seus quadris rolaram em cada esfregada suave de seus dedos. — Eu queria… — Hmm? — Me deixe, Theo. Seu corpo arqueou para fora da porta de vidro, pressionando o dele. Theo podia sentir a forma que seus músculos do estômago estavam tensos de necessidade de gozar mais uma vez e como seus mamilos tinham endurecido sob o vestido. — Deixá-la o que, Eve? Theo realmente não precisava perguntar, ele sabia. Ela estava perto do orgasmo novamente. Sensível como estava, ele esperava. Mas, em vez de perseguir a sensação de êxtase, ela queria dar algo para ele. Evelina queria implorar por ele. Ela estava quente, tremendo e provavelmente necessitada da cabeça aos dedos dos pés. Theo não precisava ouvi-la dizer nenhuma daquelas coisas porque sabia só de olhar para o desejo nadando em seus olhos. — Eve? — ele perguntou, seu tom de voz baixa e rouca. — Eu... — seu lábio inferior, cheio e vermelho de seus beijos e mordidas encontrou seu caminho entre os dentes novamente. Theo usou a ponta do polegar para libertar a carne macia novamente. — Me diga, Eve. Fique de joelhos e implore por isso.

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Não precisou ser dito novamente. Só assim, Evelina caiu no chão com as pernas trêmulas. A mão de Theo saiu de entre as pernas dela enquanto seus dedos cravavam sobre a linha de sua ereção através de suas calças e em suas coxas. Ela o agarrou com força, suas doces unhas cavando em sua pele através de sua calça. Evelina olhou para ele, seus olhos arregalados, mas escuros, e seus cílios abanando suas pálpebras. A boca de Theo ficou seca. Ele não conseguia se lembrar de uma época em que uma mulher tinha parecia tão bem quanto Evelina quando estava de joelhos. — Faça, — disse ele, com a garganta apertada. Seu pau francamente doía. Evelina estendeu a mão para seu cinto. — Faça, — Theo repetiu. Ela molhou os lábios, ainda o observando silenciosamente. Theo a deixou trabalhar em seu cinto até que ele estivesse solto e seus dedos rápidos foram desfazendo seu botão e zíper. Evelina empurrou suas calças e a boxer para baixo até que seu pau saltou livre. Evelina não disse uma palavra, simplesmente agarrou a base e apertou com pressão suficiente para fazer o sangue de Theo engrossar. — Merda, — ele assobiou quando a unha dela deslizou em seu comprimento. Arrepios de prazer dançaram por sua espinha, perseguindo o aguilhão da sua unha pressionando em seu pau sensível. Theo adorou. Ele queria mais. Ele estava contente que Evelina não tivesse esquecido o que ele disse a ela naquele dia no café. — Você se lembrou, hein? Os lábios de Evelina arquearam pecaminosamente. — Como o café preto, certo? — Áspero, quente, e um pouco de dor, baby. — Você quer que eu implore por ele, Theo? — Claro. Qualquer coisa que vale a pena, vale a pena trabalhar para obter, como diz o ditado. E eu adoraria ouvir o tipo de música que você pode fazer, então se apresse e o tome, Eve. A unha dela deslizou em seu comprimento novamente quando ela acariciou seu pau da ponta a base. — Seja agradável, — ela advertiu. ~ 139 ~


De onde tinha vindo esta menina, de repente? Theo gostou muito. Quando ela abriu a boca para dizer algo de novo, Theo traçou seu lábio inferior com os dedos que tinha usado para fodê-la. Evelina levou os dedos em sua boca sem questionar, a língua acariciando a sua pele e, em seguida, lambendo em toda a volta para limpá-los de seu gosto e gozo. Com a mão livre, ele pegou sua cabeça e agarrou seu cabelo com força. — Me diga o que eu quero ouvir, Eve, e eu vou deixar você provar. Evelina liberou seus dedos com um suave suspiro que saiu necessitado e doce. — Por favor, Theo. — Hmm? Faça melhor. Mais alto. Sua língua serpenteou para fora, acertando a cabeça de seu pau com um calor úmido que o queimou instantaneamente. Theo manteve sua postura firme, se recusando a se mover ou soltar o cabelo dela para que ela pudesse tentar conseguir mais dele em sua boca. Isso esteve perto de matá-lo. Ele queria ver Evelina chupando-o e então queria encontrar a superfície plana mais próxima para dobrá-la e fodê-la com tudo. — Você está me fazendo esperar aqui, Eve, e isso não é uma coisa boa. Evelina encontrou seu olhar de novo, sem vergonha e bonito. — Eu quero te provar, Theo, por favor. Me deixe provar você. Theo sorriu e afrouxou o aperto em seu cabelo. — Mais uma vez, Eve. — Por favor. Era um sussurro que praticamente rastejou sobre cada polegada de pele de Theo. Ofegante, grosso e desesperado. Isso foi como Evelina soou em seus joelhos na frente dele. Nada nunca tinha soado tão bom antes. Com os lábios entreabertos, os olhos enevoados e encapuzados como se ela estivesse bêbada de desejo por ele e nada mais, era perfeito. Perigoso para ele. Ruim porque Theo sabia que iria querer vê-la assim novamente. Mas ainda assim, perfeito.

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— Aqui estamos nós, — disse Theo, puxando seu cabelo e trazendo-a mais para perto de seu pau. O calor de seu hálito quente tomou conta de seu comprimento e ele ansiava por sentir seus lábios macios o tomando. — Me chupa, Eve. Eu não tenho que te dizer como eu gosto, não é? — Não. Eu acho que sei. Quente e duro. Theo sentiu a suavidade de seus lábios sobre a cabeça do seu pau antes de Evelina o tomar em sua boca. Foi apenas uma fração de segundo, seus lábios apertados em seu pau, dentes raspando ao longo de seu eixo, e sua língua passando rapidamente na veia pulsante, mas foi o suficiente para fazê-lo estremecer e gemer. A mão de Evelina continuou apertada ao redor da base enquanto ela chupava com mais força, mantendo o olhar fixo no dele durante todo o tempo. Theo xingou sob sua respiração, tomando a decisão de deixá-la fazer o que quisesse. Ela queria claramente provar dele e ele não se importava. A mão livre de Evelina se arrastou até seu estômago sob sua camisa. Suas unhas marcavam seus músculos abdominais quanto mais duro ela chupava seu pau. Toda vez que ela voltava para a cabeça de seu pau, seus dentes se arrastavam pela ponta. Isso deu a ele apenas o suficiente para enviar faíscas explodindo diretamente em suas bolas, enquanto sua língua recolhia o pré-sêmen vazando de seu pau. Sua respiração se foi. Bem desse jeito. — Jesus fodido Cristo. Evelina piscou para ele e um calor perverso se revirou no estômago de Theo. Inocente? Ok, certo. Quem diabos disse que essa garota era inocente? Estavam errados. Theo a deixou foder e chupar seu pau até que suas bolas estavam apertadas e uma pressão tinha começado a se construir em suas costas. Quando ele gostava de algo, ela parecia tomar conhecimento ~ 141 ~


imediatamente e repetia apenas para ver se podia arrancar outra reação dele. Evelina gostou de chupá-lo. Theo podia ver isso na maneira como sua respiração tinha acelerado e seus lábios curvados, satisfeitos e felizes, em torno de seu pau quanto mais ela chupava e acariciava. Gozar seria muito fácil para Theo se ele não a impedisse, e logo. — Pare. Sua ordem saiu em um rosnado. Evelina o olhou com olhos arregalados e confusos quando soltou seu pau e mordeu seu lábio. Porra. Ela ia mandá-lo direto para o inferno fazendo merdas assim. — O que eu disse sobre isso, hein? — perguntou Theo, tocando o lábio dela com o polegar. Evelina soltou seu lábio. — Não. Eu gosto mais quando você faz isso, de qualquer maneira. — Eu te disse que você gostaria. — Theo podia ver a hesitação e confusão em seus olhos. Ela provavelmente estava se perguntando por que ele a tinha feito parar quando ele claramente estava gostando. Puxando suavemente seu cabelo, e ganhando mais um dos seus belos pequenos suspiros, ele disse, — Para cima, querida. Levante-se, agora. Theo puxou Evelina para seus pés instáveis antes de empurrá-la de volta contra a porta de vidro. — O que... Ele interrompeu a pergunta dela com um beijo digno de criar hematomas conforme puxava seu vestido. Ele o queria fora; ele queria ver como Evelina ficava com nada, a não ser sua pele enquanto estava quente e molhada para ele entre as pernas. Inclinando a cabeça para trás, Evelina suspirou. Theo mordiscou um caminho até o ponto pulsando em seu pescoço, saboreando sexo e sal em sua pele lisa. — Oh, meu Deus, — ela respirou. — Vire-se, — Theo rosnou. Ele continuou puxando seu vestido até que ele tivesse ajuntado em torno de seu estômago. — Agora, Eve.

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Ela o fez, olhando-o por cima do ombro o tempo todo. Quando ele puxou novamente o vestido para cima, Evelina levantou os braços e deixou que ele descartasse a peça de roupa. Ela não usava sutiã por baixo do vestido. Se curvando de joelhos, ele puxou sua calcinha para baixo até que Evelina saiu dela. De pé, Theo murmurou em aprovação à vista da pele de tons de pêssego não marcada de Evelina sob as pontas dos dedos. Ele passou as mãos dos topos de seus ombros todo o caminho até onde sua bunda se fundia com as coxas. Ela estremeceu. Ele fez de novo só para vê-la tremer. — Porra, linda. Evelina fez um barulho suave que fez com que o olhar de Theo encontrasse o dela. — Obrigada. Theo arqueou uma sobrancelha. — Já te disseram como você é linda antes, Evelina? — Ninguém nunca disse e eu gosto bastante que você tenha dito agora. — Isso é uma vergonha. Mais uma vez? Evelina concordou em silêncio. — Linda, — Theo murmurou. Seu sorriso dela era brilhante, uma visão estonteante. Theo colocou as mãos no vidro em ambos os lados de seu corpo e se inclinou para frente até que o peito estivesse pressionado firmemente às costas dela. A posição lhe permitiu beijar e provar os ombros dela com breves e rápidas passadas de sua língua. — Por favor, — ele a ouviu gemer. — Deus, Theo, por favor, me fode. Seu pedido quebrou qualquer determinação que ele tinha para mantê-la esperando mais tempo. Arrastando a porta de vidro, Theo os empurrou através da sala do quarto de hotel. Ele nem sequer se preocupou em fechar a porta enquanto eles tropeçavam no chão de madeira. Evelina girou sobre os saltos para encará-lo, agarrando a camisa dele para puxar os botões com força suficiente para estourar um ou dois para fora do tecido de seda.

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Theo se deleitou com suas ações grosseiras, e a sensação de suas unhas se arrastando sobre a tatuagem de coruja tribal que cobria quase metade do seu lado direito. Quando as pernas dela bateram no encosto do sofá, Theo a forçou a se inclinar sobre ele. Ele passou a mão entre o vale dos seios e diretamente entre as coxas dela. Seus mamilos cor de rosa estavam tensos, os botões pequenos, duros, enquanto seu sexo estava quente e escorregadio sob suas mãos. A ponta do dedo indicador dela traçou o piercing em seu mamilo direito, bem onde o olho da coruja tinha sido tatuado. — Por que uma coruja? — ela perguntou, sem fôlego e balançando em seu toque. Por mais que ele não quisesse parar de brincar com sua bonita buceta, ele parou. O pau de Theo descansava entre seus corpos, e ele acariciou seu membro enquanto ele buscava um preservativo no bolso de sua calça aberta. — Não é importante. — Estou curiosa. — Corujas veem tudo à noite. — Oh? — E elas não têm medo do escuro, Eve. — Suponho que não. — Evelina se acalmou quando Theo encontrou o preservativo, abriu, e cobriu o pênis com látex. Ele voltou a provocá-la com carícias leves com ela suspirando e se movendo contra seus dedos com cada movimento. — Jesus, isso é maravilhoso. — Você sabe que vai ficar melhor. Porra, você está tão molhada. Evelina choramingou baixinho, suas pernas abertas e tremendo enquanto ele acariciava sua fenda mais e mais. — Eu quero gozar de novo. — Muito. Você gozará tão forte que vai ver as fodidas estrelas por trás seus olhos, querida. Theo pontuou sua promessa, a lançando de bruços. O cabelo de Evelina se espalhou ao redor dela quando seu corpo era dobrado sobre as costas do sofá e ela lutava para se posicionar. Ele não deu a ela uma chance de encontrar qualquer coisa para mantê-la estável. Tão rápido quanto a virou, ele puxou sua bunda para o alto até que ela estava na ponta dos pés e posicionou seu pau na fenda de seu sexo brilhante.

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— Oh Deus. — Vamos começar por aí, — disse Theo. Evelina riu, seu desejo escurecendo o tom da voz quando olhou por cima do ombro. — É? — Sim, mas vamos terminar com você gritando apenas o meu nome. — Certifique-se disso. Os dedos de Theo cavaram em seus quadris um segundo antes de ele puxá-la de volta para o seu pau. Ele entrou nela duro e rápido, tomando-a profundamente com o primeiro impulso. Ele sentiu o calor úmido abraçar seu pau e apertá-lo firmemente. Seu grito foi um som quebrado, maravilhoso que ricocheteou nas paredes e aqueceu seu sangue a ponto de ebulição. Porra, não, ela não era virgem. Mas era apertada pra caralho e parecia que estava ficando mais apertada a cada segundo. — Droga, — resmungou Theo. Ele sentiu as vibrações do orgasmo dela ondulando através de seus músculos internos a segunda vez que a puxou de volta, mais forte e ainda mais profundo. Não demoraria muito para Evelina cair desfeita em torno dele. Mais e mais, ele apostava. Theo manteve um ritmo duro e brutal. Pele com pele enquanto seus dedos cavaram mais áspero em seu corpo, deixando suas marcas para trás. Deixando o lado esquerdo de Evelina, ele agarrou seu cabelo e puxou apenas o suficiente para garantir que houvesse um pouco de dor. Quanto mais duro ele fodia com ela e mais apertado ele puxava, mais ela se tremia e mais alto seus gritos soavam. — Eu... — o ar de Evelina ficou preso na garganta, as palavras morreram antes que ela pudesse conseguir colocar outra coisa para fora. — Respire, — Theo pediu. Ela respirou uma vez com dificuldade. — É melhor quando eu não respiro. Sim, ele sabia disso também.

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Seu mel praticamente embebia seu pau quando ela gozou, gritando seu nome no cômodo escuro e silencioso. Theo não cedeu em seu ritmo por um segundo, nem mesmo quando ele sentiu um tremor balançar suas panturrilhas ou o aperto retornar às suas costas, prometendo a sua libertação. Ele podia foder Evelina durante toda a noite se ela continuasse se movendo como fazia e chamando seu nome daquele jeito. Toda. A. Fodida. Noite. — Mais, — implorou Evelina, se agarrando nas almofadas do sofá. Ela apoiou sua bunda bonita e firme no pau dele com cada impulso, tomando tudo o que ele estava dando. — Mais forte, Theo. Mais uma vez, por favor. Ela gostava de uma foda dura, então. Áspero era o que ela gostava. Áspero a deixava fraca e lhe permitia ser livre. Theo poderia fazer isso, era fácil. Ele se perguntou se ir embora seria também. Mas com o jeito que ela parecia debaixo dele, como ela implorava por mais, necessitada e o brilho nos olhos... ele duvidava que seria. Logo em seguida, ele não dava a mínima mais. Theo puxou o cabelo ondulado de Evelina, forçando seu corpo a ficar ereto para que suas costas ficassem pressionadas contra o peito dele e ele tivesse acesso a seus ombros novamente. Mordendo sua pele, ele deixou mais de suas marcas para trás. Ele poderia provar os restos de sua transpiração em sua carne e a maneira como seu corpo tinha se aquecido sob a sua foda. — Pecado, — ele retumbou, segurando-a com força contra seu pau. Assim, com ele, ela tinha gosto de imoralidade e luxúria. — Você tem gosto de pecado. Ele queria mais dela. Evelina havia oferecido. Theo tomou.

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Capítulo dez O grito de Evelina morreu em sua garganta no mesmo segundo em que as balas entraram em seu peito, e sua respiração foi retirada dela. Sangue se derramou nas mãos dela, e depois acabou. Ela se sentou na cama, segurando os lençóis em um aperto de morte enquanto soltava um suspiro trêmulo. Apenas um sonho. O mantra nunca realmente ajudava com os pesadelos, mas ela repetiu para si mesma de qualquer maneira. — Respire, — ela ouviu o murmurar no canto do quarto. O corpo de Evelina se aqueceu imediatamente com o rico e escuro tom de tenor de Theo. De alguma forma, ela conseguiu ficar excitada e completamente envergonhada ao mesmo tempo. Ela nunca teve que se preocupar em compartilhar um espaço pessoal com ninguém, assim como ninguém nunca tinha testemunhado seus pesadelos. Não era que ela costumasse tê-los muito, mas desde que sua mãe morreu, ela tinha tido um quase todas as noites. Se sentindo instável e inquieta, Evelina tentou evitar o homem no canto. Ela podia sentir seu olhar sobre ela, a observando através da escuridão. Ela tinha adormecido quando ele exigiu que ela fosse para a cama, embora seu corpo não se sentisse nem um pouco cansado. — Você pode foder uma mulher, mas não pode dividir a cama com ela? — perguntou Evelina calmamente. Do canto do olho, ela viu Theo erguer uma sobrancelha escura em contemplação. — Isso é o que você quer perguntar agora? Evelina acenou com a cabeça, mantendo o lençol firmemente sobre o peito nu. — Não tem nada a ver com compartilhar uma cama, Eve, — disse Theo. — Eu normalmente não compartilho um espaço com ninguém.

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Curiosa, Evelina observou seu companheiro quando ele começou a desmontar uma arma uma peça de cada vez. Ele tirou um pequeno saco vermelho do bolso interno de sua jaqueta de couro e abriu para expor o que parecia ser um kit de limpeza. — É isso o que você faz à noite, limpar sua arma? — ela perguntou. — Armas e não. O tom cortante de Theo ofereceu nenhum espaço para discussão. — Que horas são? — Três, — disse Theo. Ele esvaziou o clipe de balas, os soltando na mesa de café de vidro com vários clinks. Evelina teve a oportunidade de admirar o fato de que Theo não tinha abotoado sua camisa depois que ela abriu no início da noite. Espreitando sua tatuagem contrastando contra a sua pele levemente bronzeada, a tinta preta lambia toda a definição do corte de seus músculos. Ela não tinha dado muita atenção antes, exceto para tomar nota da peça, mas a arte tribal era bonita e se ajustava a seu corpo. Parecia ser a única tatuagem que ele tinha, na verdade. A memória do sabor picante de metal de quando ela tinha mordido seu piercing no mamilo quando ele a virou de costas e agarrou sua garganta brilharam em sua mente. Ele pareceu gostar do modo como a fodeu mais duro depois que ela deu alguma indicação. — Isso dói? — perguntou Evelina. — Hmm, o que, princesa? Ela deixou o título pra lá. Pela primeira vez, não soava como se Theo a tivesse chamado assim para tirar sarro dela por qualquer motivo. — O piercing. Theo deu um risinho, serpenteando sua língua para fora para molhar o lábio inferior quando começou a polir as peças metálicas da arma. — Por um segundo rápido sim, mas nada pior do que o que eu já tinha tido, eu acho. — A tatuagem, você quer dizer? — Não, não é a coruja.

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A testa de Evelina franziu. — Não há mais nada, certo? Theo não respondeu. — Quando você fez essa tatuagem? — ela perguntou. — Pouco depois do meu vigésimo primeiro aniversário. Dino me levou a um cara que era bom em cobrir cicatrizes. Evelina piscou, tomando suas palavras lentamente. Nada pior do que o que eu já tive... Não é a coruja. Limpando a garganta, Theo girou o pulso direito como se estivesse tentando ajustá-lo ou algo assim. Evelina se perguntou se ele não estivesse segurando a arma em sua mão esquerda, estaria tocando seu pulso direito como ela o tinha visto fazer em outros momentos. Ela mandou seus pensamentos para longe, para outra hora, mas as coisas estavam se somando e ela não gostou do que elas poderiam significar, no entanto. Especialmente não para Theo. Antes que Evelina pudesse dizer alguma coisa, Theo disse: — O piercing do mamilo foi ideia minha. Eu não sabia de todo o póstratamento que veio junto com ele. Eu provavelmente não teria feito se soubesse de antemão. — Eu gosto dele. As palavras escorregaram por entre os lábios de Evelina antes que ela pudesse detê-las. Um sorriso curvou a boca de Theo nos cantos quando ele olhou para ela de lado. Um olhar esquentou o sangue dela em um instante, algo perverso atrás de seus olhos. Ela sabia por um maldito fato, que o homem percebeu. — Você se debate, — Theo observou, pegando outro pedaço de arma desmontada. — O quê? — Quando você tem um pesadelo, você se debate. Pelo menos você não grita, apesar de tudo. As bochechas de Evelina se aqueceram. — Oh.

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— Eu sei muito bem que não se deve acordar alguém que está tendo um pesadelo assim. Geralmente apenas torna pior, ou era com Dino. — Seu irmão tinha pesadelos? — Dormia com a luz acesa todas as noites, — disse Theo como se eles estivessem discutindo o tempo. — Mesmo quando ele já estava bem com seus trinta anos, ele ainda sonhava com a mesma merda. Eu acho que ele achava mais fácil de gerir se trabalhasse muito antes de dormir e mantivesse a luz acesa. Então, sua mente estava muito cansada para se debruçar sobre coisas que aconteceram há muito tempo e com a luz acesa, as lembranças não eram tão ruins. Corujas não têm medo do escuro, Eve. Suas palavras de mais cedo rodaram no fundo da mente de Evelina como um sinal de alerta. Ela as acrescentou à sua pilha crescente de pressupostos e curiosidades. O que era que este homem lutava para manter escondido; era algo que ele tivesse vergonha? Evelina se perguntou se Lily sabia que seu irmão tinha algum tipo de demônio que estava tentando esconder. Theo suspirou, puxando Evelina de seus pensamentos. — Todo mundo tem sua própria maneira de lidar com esse tipo de coisa. — Eu apenas tento não pensar sobre tudo isso. Não é real, por isso não deve me assustar ou qualquer coisa assim. Eu sou uma pessoa adulta, não uma criança. — Você deveria falar sobre isso, Eve, não descartá-lo. Não há nenhuma razão para você fingir que não está acontecendo. Você tem pesadelos que obviamente estão te incomodando. Ela não tentou negar. — Você fala sobre seus pesadelos? — ela perguntou em voz baixa. Os ombros de Theo ficaram brevemente tensos, mas ele voltou ao normal rápido. — Não, eu não falo. Evelina estava chocada por ele até mesmo admitir que tinha pesadelos. — Por que não? — Porque ao contrário dos seus que não são sobre coisas reais, como você disse, os meus são. E algumas coisas, coisas que eu não ~ 150 ~


posso esquecer, é melhor deixar no passado, onde elas já não me incomodam. — Mas se você sonha com elas, isso não significa que eles ainda estão te incomodando? — Eu estou surpreso, — disse Theo com uma risada silenciosa. — Sobre o quê? — Você, Eve. Estou surpreso com você. Quero dizer, você sempre esteve com Lily quando ela estava em casa de volta da escola e sempre que as famílias se reuniam para o que quer que fosse, você estava lá também. Eu só te via e pensava que a aparência era tudo o que havia. Ái. — Isso foi desnecessário, — disse Evelina, escondendo a mágoa que havia sentido com suas palavras. — Eu não sou tão vazia assim, Theo. Eu sou uma pessoa viva, respirando. — Bem, eu estava errado. Eu comecei a pensar em você quando você me pegou discutindo com o meu irmão. Você me deixou curioso, eu acho. O que tornava você assim calma, complacente e doce. Lily é tão teimosa e desafiadora, ou era, e você era o completo oposto. Isso me interessou. Sua confissão a pegou desprevenida. Evelina sabia exatamente o que Theo estava fazendo. — Você está tentando me distrair novamente. Você está me dando outra coisa para me tirar de um tópico que você não quer falar. Theo sorriu para a mesa. — Tá vendo, muito é mais do que eu te dei crédito, Evelina. Outros não iriam nem perceber. — Talvez você me deixe curiosa também. — Qual é o velho ditado sobre o gato? — perguntou Theo, sacudindo a cabeça. — O gato deve ter sido um tolo. Ele tinha nove vidas. — Nós só temos uma, Eve. Apenas uma chance de acertar. — Você não vai me contar sobre seus pesadelos, vai? — Não. — Theo olhou para cima, encontrando o olhar desconfiado de Evelina. — Sobre o que você sonha?

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— Porque eu devo te dizer? — Porque você é o tipo de pessoa que fala. Eu não sou. Não é sobre quem você é, não quem eu sou, Eve. — São apenas sonhos. — Para você, — ele respondeu com a mesma rapidez. — Meus monstros são reais, e eu não vou alimentá-los como meu irmão fez. — Você vai me contar sobre os pesadelos dele? — ela perguntou. — Não. Evelina franziu a testa. — Você não é uma pessoa muito aberta. — Eles não são minhas histórias para contar e como eu disse, é apenas quem eu sou, Eve. Bem, então... Theo estava certo. Evelina não o culpava por seu caráter. — Honestamente? — Eu perguntei, babe. Evelina ignorou o arrepio rastejando pela sua espinha pelo carinho em seu tom. Foder alguém não significa necessariamente que a pessoa se importava com você. Muita gente tinha relações físicas e as emoções nunca estiveram envolvidas. Ela não queria se deixar acreditar que Theo podia realmente ter algum tipo de sentimento por ela. Não levaria a nada de bom. — Eu sonho que estou morrendo, — Evelina confessou. Theo respirou lentamente. — Moribunda. — Geralmente. — Qualquer evento em particular? — Sendo baleada. A maioria de vezes é no peito, por qualquer motivo, mas eu tive alguns onde é no rosto. — Como sua mãe. Seu tom de voz caiu para um volume suave, mais silencioso, que Evelina nunca tinha ouvido antes.

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— Eu tenho tido esses pesadelos muito antes de ela morrer, — Evelina respondeu. — Mas eles estão mais frequentes desde o tiroteio no restaurante. A testa de Theo franziu. — O que incomoda mais você sobre os pesadelos? — A coisa de morrer não é o suficiente? — Depois que você tem o mesmo pesadelo tantas vezes, você sabe o que esperar, Eve. Ela se recusou a olhar para ele de novo, odiando como ele parecia ver através de suas palavras para os problemas que ela realmente sentia. — Eu não gosto de como eu sinto, na maioria das vezes. — Sente? — perguntou. — Como o tiro? — Não, meu sangue. Eu sempre tento contê-lo, como se eu quisesse segurá-lo ou talvez estivesse tentando pará-lo. Mas quando eu faço, eu o sinto. — Quente, — disse ele. — Úmido, também. Não parecia que Theo achou seus pesadelos estranhos, entretanto. De fato, ele pegou o pequeno frasco de plástico de óleo e começou a limpar a arma desmontada sem outra palavra. — Theo? — Sim, Eve? — Você não vai dormir nada? Theo ficou imóvel, com as mãos congeladas. — Provavelmente não. — Não é por causa de... nós, certo? — Não. — Eu? — perguntou ela. — Parcialmente. Como eu disse anteriormente, eu não costumo partilhar um espaço pessoal com ninguém, de qualquer forma.

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Evelina olhou para sua tatuagem novo. Corujas não tinham medo do escuro. Ela tinha certeza de que Theo não gostava do escuro, por um motivo qualquer. Silenciosamente, ela saiu da cama e atravessou o espaço entre eles. Theo voltou a limpar a arma enquanto Evelina ocupava o lugar no sofá ao lado dele. Ela dobrou o lençol em torno de seus ombros e se inclinou para o lado dele. Ele não lhe disse para voltar para a cama. Os sons tranquilos do pano de polimento sobre o metal misturado com respiração ritmada de Theo rapidamente embalou Evelina de volta em um estado de paz. Ela mal notou os olhos ficando sonolentos, e o sono abordando seus sentidos. Theo se recostou no sofá, e mudou a cabeça de Evelina para seu colo. Ela pegou a visão de seu sorriso divertido enquanto ele trabalhava em cima dela para enfiar um cotonete através do cano da arma. O traço de sua mandíbula era tão forte como sempre, mas ele parecia mais relaxado do que costumava estar. O que fez suas belas feições ainda mais lindas. Evelina se perguntou se Theo percebia quão sexy ele era quando ele estava calmo e contente. — Você é repugnantemente bonito. Theo riu baixinho. — Essa é a primeira vez. Eu já ouvi muito sobre minha aparência, mas não acho que alguém já me tenha chamado de repugnante por isso. — Bem, eu sou especial. — Você é. Evelina sorriu, sentindo os dedos dele rolar através das ondas de seu cabelo escuro um segundo depois de o metal clicar no vidro. — Você terminou a limpeza de sua arma? — Não precisa ser feita. — Então o que você estava fazendo? — Me distraindo.

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Evelina franziu a testa. Através das sombras de seus cílios, ela não podia deixar de notar a distância nas características de Theo. — Você pode acender a luz, Theo. Segundos se passaram. Ele não disse nada e ela fez o mesmo. Então, Theo se inclinou e clicou no controle remoto para ligar as luzes. — Eve? — Hmm? — ela perguntou em voz baixa, perto de pegar no sono. — Eu não achei que ia acabar assim esta noite. — Nós dois fazendo sexo? — Não... isso. Conversar e essas merdas. Eu estive pensando em foder você por um tempo. Não culpe um cara por querer isso. Evelina sorriu. — Eu não vou. — Definitivamente valeu a pena esperar. Valeu a pena a dificuldade, de qualquer maneira. Talvez… — Isso é bom, Theo. Eu não espero nada. Ela não estava mentindo. Theo não respondeu a isso. Em vez disso, ele disse, — Eu acho que vou acabar por ser aquele cara. Evelina lutou para saber do que ele estava falando. — O que me usa para conseguir o que quer? — Sim, esse mesmo. — Huh. O que é que você quer? Theo suspirou. — Eu nem tenho certeza ainda.

***

— Ugh, pare de se mover, travesseiro.

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O riso obscuro de Theo balançou Evelina mais. — Desculpe, mas eu tenho que fazer uma ligação. — Deus, que horas são? — Seis. — Para quem diabos você liga às seis da manhã, Theo? — Pessoas. Volte a dormir, Bella. Evelina sentiu a palma da mão dele roçar sobre sua bochecha. — Você acabou de me chamou de linda? — Você sabe falar italiano. — Eu sei. — Então não me pergunte algo que você já sabe. — Idiota. — Às vezes, — Theo concordou. — Me deixe levantar e eu vou estar de volta em poucos minutos para você dormir de novo. — Ok. Combinado. Theo era um travesseiro duro, mas era bom de todos os modos. Evelina tinha acordado um par de vezes mais só para encontrar Theo ainda acordado e perdido em seus próprios pensamentos. Ela não tinha se incomodado, mas simplesmente caiu para trás se sentindo adormecida com suas mãos em sua pele sob o lençol que ela tinha se embrulhado. — Você ainda não está se movendo, Eve. — Affe, você incomoda. Theo riu. — Eu já volto. Evelina resmungou e se obrigou a acordar apenas o suficiente para se mover para Theo sair. Uma vez que ele estava fora do sofá, ela se transformou em nada, a não ser pernas, braços, e um lençol enrolado no sofá. Sem a forma calorosa de Theo para se aconchegar, o frescor do quarto envolveu seu corpo. Evelina não se importava. Ela já estava a meio caminho de cair no sono novamente. Ela nunca tinha sido uma pessoa agradável pela manhã.

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— Sim, ei, — ela ouviu Theo dizer ao fundo. — Desculpe, eu sei que é cedo. Evelina se animou, mas tentou não se mexer. Ela sabia que não devia escutar a conversa de Theo quando sua voz se tornou mais baixa e a porta do banheiro se fechou, mas ela não podia evitar. Havia apenas algumas vezes que Evelina tinha ouvido a voz de Theo se tornar suave como tinha naquele momento. Sempre que ele falava sobre Lily, por exemplo. E antes, quando ela acordou de seu pesadelo. Se sentando no sofá, Evelina se esforçou para ouvir a abafada conversa unilateral. — Não esta semana, — Theo disse, — e provavelmente não na seguinte. Eu sei que disse que eu iria vê-lo, mas... sim, Karen, eu entendo, mas não é inteligente para a minha pessoa estar correndo aí para cima agora. Karen? Algo terrível brotou no intestino de Evelina, a fazendo se sentir doente e terrível. Ela tinha certeza de que Theo não estava envolvido com outra mulher. Tinha dado a impressão de que ele não tinha nenhum relacionamento romântico que fosse sério. Ela não queria pensar que ele havia mentido para ela, mas ela não queria ser essa mulher também. — Escute, há um monte de merda acontecendo agora, e eu não quero chamar a atenção para ele ou você. Eu estarei por perto... sim, eu vou enviar um vídeo para ele assistir ou qualquer coisa assim. Ele gosta disso... ok, mais tarde. Evelina mal caiu de volta no sofá antes que a luz do banheiro filtrasse para o grande quarto de hotel. Ela ouviu o telefone bater na mesa antes das mãos de Theo estarem nela novamente, pedindo que a ela se levantasse do sofá novamente. Evelina fingiu estar semiadormecida e grogue quando ele tomou o seu lugar no sofá e deitou a cabeça dela novamente em seu colo em silêncio. Todas as perguntas estavam subitamente ardendo na parte de trás da língua de Evelina. Ela não podia impedi-las de sair, mesmo se quisesse. — Theo? — Evelina sussurrou. — Durma, Eve. Eu vou pedir o café da manhã para você quando você acordar de novo. ~ 157 ~


Evelina olhou para ele, deixando cair a pretensão de dormir. Ela estava bem acordada agora. Um calor se enrolou em sua cintura quando a palma da mão dele encontrou a curva familiar, e em seguida, se mudou para sua coxa sob o lençol. Ela não disse nada enquanto ele tirava o lençol emaranhado em torno de suas pernas enquanto as pontas de seus dedos percorriam sua pele. Seu olhar escuro viajou sobre os seios antes dela que ele arrumasse o lençol lá também. Ela se sentia hiper consciente, viva pra caralho com este homem. Era estranho e perigoso. — O que, Eve? — perguntou finalmente Theo. Afastando seus nervos, Evelina perguntou: — Quem é Karen? Theo respirou fundo, um aviso escurecendo seus traços. — Alguém que você não precisa se preocupar. — Mas... As palavras de Evelina cortaram quando a mão de Theo encontrou seu queixo. Ele pegou o queixo e lábio inferior dela entre o indicador e o polegar, inclinando a cabeça para trás o suficiente para que tudo o que ela pudesse ver fosse ele se inclinando sobre ela. Ao mesmo tempo, ela sentiu a mão dele serpentear em sua coxa e entre as pernas. Com um pouco de pressão da palma da mão contra a sua pele, ela abriu as pernas para seu pedido silencioso. Dois dedos deslizaram ao longo de seu sexo, provocando e comovendo. Com apenas alguns traços rápidos, ela estava molhada e quente, e sentiu sua respiração superficial. — Você-você está... Evelina não conseguia pronunciar as palavras. Elas foram engolidas por seu gemido quando seus dedos dele deslizaram dentro de sua buceta e se enrolaram, tocando com força em seu ponto G. Seu polegar, ainda pressionando o lábio, empurrou um pouco mais forte. Através dos olhos encapuzados, ela viu seus lábios se torcerem em um sorriso quando suas pernas começaram a tremer. — O que, Eve? — perguntou Théo. — Me distraindo, — ela respirou. Theo assentiu. — Eu estou. Era bom, no entanto.

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Sim, bom pra caralho. Theo parecia saber como brincar com seu corpo sem qualquer resistência. Golpes rápidos e duros dos dedos que a estendiam e pressionavam todos os malditos nervos que ela tinha. Evelina não sabia mais o que fazer a não ser abrir mais as pernas para ele quando ele disse a ela para fazer isso, e ofegar através do primeiro orgasmo. — Oh, meu Deus, Theo. Theo arqueou uma sobrancelha e pressionou o polegar com força em seu clitóris. — Mais uma vez, Eve. Ela não conseguia respirar. Sensibilidade caminhou de mãos dadas com a felicidade e ele não cedeu por um maldito segundo. Ele continuou a fodendo duro com os dedos, enquanto o polegar acariciava seu clitóris mais e mais, ela iria gozar de novo e rápido. — Mais uma vez, Eve, — Theo pediu. — Eu quero o meu nome em sua boca enquanto você está tremendo e gozando em toda a minha mão. — Você está me distraindo, — ela acusou, ainda querendo suas mãos e dedos. Qualquer coisa. Ela aceitaria alguma coisa deste homem. — Ela não é importante, — Eve o ouviu dizer quando o prazer a embalou uma segunda vez. — Eu... — Pare com isso, Eve. Eu te disse. — Não é importante. — Sim. Isso foi o suficiente para Evelina. Sua garganta parecia apertada e seca quando ele a puxou para cima e capturou o seu grito com um beijo que era certo que deixaria mais de suas marcas para trás. — Mais uma vez, — repetiu Theo, rosnando as palavras contra seus lábios. — Me dê de novo, Eve. Me deixe sentir, baby.

~ 159 ~


Tudo o que ele fazia era sentir - não era o que ele tinha dito uma vez? Qualquer controle que ela tivesse recuperado foi perdido. Evelina não se importava.

***

— Você não está pronta ainda? Evelina pulou ao som da voz de seu pai. Ela estava colocando os cachos de volta em torno de seu pescoço para esconder a marca que estava olhando. Era um dos poucos lembretes de seus três dias passados em um hotel com Theo. Ela fingiu que seu pai não a tinha assustado. — Eu estou pronta, — disse Evelina, se virando para deixar seu pai olhar o vestido prata brilhante na altura do joelho que ela tinha escolhido. Como chefe da Outfit, Riley tinha decidido dar uma festa de Natal para as famílias. Talvez fosse alguma tentativa de oferta de paz, ou uma maneira de colocar todos juntos e tentar fazer as pazes. Evelina não tinha certeza que jogos seu pai estava jogando com as pessoas ao seu redor, mas ele convidou a todos, tanto quanto ela sabia. Riley a olhou, suspirando baixinho. — Você parece… — O que, papai? — Crescida. Evelina tentou não deixar o tom sentimental de seu pai assumir seu caminho como erva daninha em suas emoções. Os últimos meses não podiam ser ignorados, e Evelina tinha muito pouca confiança em seu pai, agora. Não depois de tudo o que ele tinha feito, e como agiu depois da morte de sua mãe. — Obrigada. Riley deu mais um passo para frente. — Courtney estará em seu melhor comportamento hoje à noite. Ao menos uma vez, Evelina se impediu de dizer.

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— Ok. — Eu espero que você faça o mesmo, — Riley terminou com firmeza. — Eu irei. Não havia necessidade de irritar seu pai, afinal de contas. Havia limites para o homem, e agir como um tolo na frente de seu povo ultrapassaria todos. — E se acontecer de alguém mencionar o seu pequeno ato de desaparecimento na semana passada, você não dirá nada, — disse Riley. Evelina engoliu o nó que apresentou em sua garganta. — Eu não vou dizer nada. — Eu entendo o raciocínio de seu irmão por ter entrado em pânico e escondê-la, mas ficou terrível para a minha imagem quando eu era incapaz de me responsabilizar por minha filha, Evelina. — Sinto muito. Mas ela não sentia. De modo nenhum. — Tanto quanto a BMW... — O que tem ela? — perguntou ela. — Eu fiz um novo pedido, mas vai demorar alguns dias a mais com os feriados e tudo. Vamos chamá-lo de seu presente de Natal, eu suponho. Evelina não gostava de tudo isso. Nada estava certo sobre o comportamento de seu pai. Tinha sido assim desde que Evelina havia voltado para casa quando ninguém mais sabia sobre seus dias passados com Theo DeLuca. O pai não tinha pressionado sobre seu desaparecimento, furtivamente ter fugido de seus seguranças, ou de que ela mentiu para Adriano na noite em que seu carro foi queimado. Riley tinha sido bom e inclusive tinha mantido a atitude de Courtney na coleira. Era quase como se seu pai estivesse tentando suavizar Evelina por qualquer motivo. Não, ela não gostava disso. Ela não confiava em Riley. ~ 161 ~


— Eu queria ter uma conversa com você antes que os convidados começarem a chegar, e foi por isso que eu te pedi para vir aqui e ficar pronta, — disse Riley. Evelina endureceu na admissão de seu pai. — Sobre o quê? — Depois de bagunça de seu irmão com a garota Trentini... — Alessa, pai. É Alessa. Riley acenou suas palavras. — Tanto faz. Ele me fez um tolo, Eve. E no pior momento possível. Eu tenho que consertar isso. Você sempre entendeu as regras antes; você entende esta vida e como ela funciona. Uma sensação nauseante tomou conta de Evelina. Ele não poderia estar falando sobre o que ela achava que ele estava. Ele não faria isso... certo? — Preparada e entender são duas diferentes, — disse Evelina calmamente.

coisas

completamente

O olhar de Riley se estreitou. — Sim, bem, de qualquer forma, você sabe o que é esperado de você. Ela sabia, infelizmente. — O que é? — Hoje à noite, eu vou anunciar seu noivado. O coração de Evelina parou. — Meu noivado. — Sim. — Com quem? — Tommas Rossi, é claro. Ele tem o nome apropriado e a melhor posição para apoiá-la. Ele vai dar à minha família a aparência de solidariedade com outra família com quem tivemos problemas anteriores, e devemos esperar que isso acalme a agitação que permanece entre nós. O pessoal Rossi sempre foi parcial para o lado dos DeLuca da Outfit. Minha esperança é que o casamento resolva as disputas entre todos. Ninguém quer problemas simplesmente porque eles não gostam do Chefe Conti. Só acrescentaria mais inimigos para sua lista. Simples, mas efetivo.

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Ainda não fazia muito sentido para Evelina. Alguém ainda tinha atirado nela enquanto Theo a acompanhava até o carro. Alguém incendiou seu maldito carro. Pessoas como seu pai e Joel Trentini culparam Theo e sua família por aquelas coisas, mas ela sabia que simplesmente não era possível. Theo tinha estado com ela. Seu pai sabia tão bem quanto ela. Então, se seu pai estava tentando forçar que as tripulações resolvessem pacificamente quaisquer que sejam os problemas que tiveram com outra pessoa, talvez Riley não acreditasse que Theo tenha sido o autor real desses incidentes. — Os DeLuca ou alguma outra pessoa, pai? — perguntou Evelina. Riley sorriu. — Bem, vamos usar o jovem Theo como um substituto. Ele é um bom exemplo para o resto. Eu não me importo com o sacrifício. Um bom exemplo? Sacrifício? Que diabos isso quer dizer? — Alguém está sempre esperando para preencher, como diz o ditado, — acrescentou Riley. — Tommas é meu primo, — disse Evelina duramente. — Só através de casamento. — Riley sorriu friamente. — É bem sabido que sua mãe foi adotada na família através de um amigo próximo quando era bebê. Não há sangue sendo compartilhado entre você e Tommas. Inferno, sua mãe odiava a mãe de Tommas, então mesmo quando as pessoas eram informadas de que elas eram irmãs, a maioria não acreditava. Não há nada que diga que isso não deveria acontecer. Exceto a maneira como Evelina se sentia. — Eu o conheço como meu fracamente. — Os outros também.

primo,

argumentou

ela

— E em breve você vai conhecê-lo como algo diferente. Antes que Evelina pudesse responder, uma batida na porta do quarto chamou sua atenção para o homem que estava lá. Tommas Rossi ofereceu a Riley um sorriso tenso e educado que falava de respeito e um pouco mais. — Chefe, — Tommas o cumprimentou calmamente.

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— Rossi. Eu vou te dar um segundo com ela para discutir o que você quiser. — Riley se virou para Evelina, os lábios apertados e sua expressão severa. Era quase como se ele pudesse ver a luta em seus olhos e como ela queria recusar. — O que eu sempre te disse, Eve? — Seja uma boa menina. Riley assentiu. — Sorria para a multidão, Evelina. Faça seus pais orgulhosos, menina bonita. Você sempre foi tão boa nisso. Não falhe agora. Nunca me envergonhe. A Principessa Conti. Evelina se sentiu fria e com náuseas, mas ela não disse nada quando seu pai saiu. Tommas fechou a porta atrás de Riley e deu alguns passos curtos. — O que você quer? — perguntou Evelina. — Eu conheço o negócio, Tommas. Eu sei como agir. Você não tem que se preocupar se eu vou envergonhá-lo mais tarde ou o qualquer coisa assim. Tommas acenou com a cabeça, sorrindo tristemente. — Felizmente, isso é uma coisa que eu sei sobre você, Eve. O resto é um mistério. Ele parecia cansado e perdido, como se esta fosse a última coisa que ele quisesse fazer também. Ela não ficou surpresa. — Vire-se, — Tommas ordenou: — Eu tenho um presente para você. Confusa, Evelina fez o que lhe foi dito. Ele veio por trás dela, e ela o viu no grande espelho quando ele puxou uma caixa de joias, longa e fina de dentro do paletó. — Você já disse a ela? — Evelina se atreveu a perguntar. Tommas ficou parado, lançando seu olhar para o dela no reflexo. — Eu não tenho nenhuma ideia de quem você está falando. — Sim, você tem. — Eve... — Você disse a ela? — Não, — admitiu Tommas.

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Os ombros de Evelina caíram. — Ela vai me odiar. — Na verdade, eu suspeito que Abriella vá me odiar muito mais do que a você, mesmo que ela não entenda por que eu tenho que fazer isso agora. — Eu não entendo por que você está fazendo isso, por que ela iria? — Porque você não tem que entender, mas ela sabe das coisas. Tommas abriu a caixa de joias e tirou um cordão de cor marfim e pérolas. Varrendo o cabelo de Evelina para o lado, ele colocou o colar em volta do pescoço dela e fechou sem dizer uma palavra. Seus dedos roçaram a parte de trás do pescoço dela, mas isso não fez nada para ela. Suas mãos certamente não produziram quaisquer sentimentos ou desejo. Tommas era um homem bonito, com seus traços fortes, olhos azuis, e sua natureza perigosa, mas ela não era dele. Ele já estava tomado. Ela nunca iria preencher esse lugar para ele. — Abriella deve saber, — Tommas repetiu, — porque tudo que eu faço é por ela, Evelina. — Casar-se com outra mulher é por ela? Eu não acho que Abriella concordará muito com isso, Tommas. — Eu simplesmente preciso da ideia, Eve, e nada mais. Para nós dois. Suas palavras vagas não fizeram nada mais do que confundir Evelina ainda mais. — Existe um anel, também? — Evelina decidiu perguntar. — Eu vou entregá-lo mais tarde, quando anunciar o noivado. — Fantástico. — Só mais uma coisa... — Tommas puxou os cachos de Evelina para o lado um pouco mais, mas manteve seu olhar bloqueado no dela no espelho. — O que é? — ela perguntou. — Quem tocou você? Evelina congelou. — O quê?

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A ponta de seu dedo pressionou a marca em seu pescoço com a mais delicada pressão, quase como se ele pensasse que ela não era dele para tocar. — Alguém deixou sua marca para trás, Evelina, — Tommas murmurou. — Os homens que deixam marcas como essas no corpo de uma mulher tendem a fazer a isso porque querem que sejam encontradas, e porque eles querem que os outros homens saibam que devem ficar longe. Eu gostaria de saber quem deixou sua marca em você. — Eu... — A melhor coisa a fazer neste momento seria não mentir para mim. Se você não quer responder a essa pergunta, eu vou fazer outra. Existe alguma mais que poderia ser notada sem você perceber que alguém a viu? Evelina teve que pensar sobre isso, mas apenas brevemente. As marcas de Theo estavam escondidas sob a roupa, debaixo de sua calcinha e sutiã, onde apenas um amante iria encontrar. Era apenas a do pescoço que ela tinha que estar atenta. — Não, — Evelina finalmente disse. Tommas deu um sorriso lento e arrumou seu cabelo, escondendo a marca. — Ótimo. Evelina não sabia o que pensar. — Ótimo? — Sim. Como eu disse, eu não espero que você entenda isso, Eve. Você não precisa. E você, como Abriella, irá descobrir isso em seu devido tempo. Sua raiva eu posso suportar, eu tenho certeza. Vai me dizer quem fez isso? — Não. — Esteja consciente e não deixe ninguém além de mim encontrar essas marcas. Evelina piscou, tonta e sem palavras. Sem outra palavra, Tommas se virou e saiu do quarto, deixando Evelina para trás. Quem era esse homem?

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Capítulo onze Theo abriu a porta da frente da casa de sua irmã e cunhado apenas a tempo de ver Damian chamar Lily para um abraço rápido e um beijo no topo de sua cabeça. A mão de Damian caiu para o estômago de Lily momentaneamente antes de voltar para dar um puxão em um dos seus cachos. — Melhor? — perguntou Damian. Lily assentiu. — Você faz tudo melhor. — Ótimo, querida. Sem lágrimas no Natal. Theo sentiu como se tivesse de alguma forma se intrometendo em um momento muito particular entre sua irmã e seu marido. Limpando a garganta, Theo abriu a porta um pouco mais e entrou para anunciar a sua chegada e interromper o casal. — Você veio! Theo escondeu sua carranca enquanto sua irmã o envolvia em um abraço mais apertado do que ela normalmente dava. — É claro. Por que eu não viria? Lily deu de ombros e deu um pequeno passo para trás. — Eu não sei. Eu acho que simplesmente há um monte de besteiras acontecendo e talvez eu pensei que você iria... — Ser inteligente e ficar quieto, — interrompeu Damian. Theo ofereceu retornou. — Ei, cara.

seu

velho

amigo

um

aceno

que

Damian

— Boa noite. E Feliz Natal, eu suponho. — Feliz Natal. Lily olhou para o marido sobre seu ombro antes de dizer: — Ele foi convidado para a festa na casa de Riley, não foi? Damian assentiu. — Ele foi.

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— Então qual é o problema, Damian? — Não há problema, — disse Theo. — Riley passou a palavra que tudo foi perdoado. Embora Theo não soubesse o que diabos havia para perdoar. Ele não tinha envolvimento no tiroteio ou na queima do carro de Evelina. Tanto quanto ele sabia, e ele tinha uma certeza danada disso, nenhum de seus homens na tripulação DeLuca tinha provocado essa bagunça também. Theo não confiava inteiramente em Riley e seus motivos, quaisquer que fossem para convidar Theo para a festa de Natal. No entanto, regras eram regras. Theo não recusaria a um Chefe, mesmo que ele desprezasse o próprio ar que o Chefe respirava. — Se não há nenhum problema, — disse Lily, projetando seu punho em seu quadril... — então, por que meu marido continua agindo como se fosse saltar para fora de sua maldita pele a cada cinco minutos? — Isso é apenas Damian. Ele é cheio de tiques. — Porra, — Damian murmurou baixinho. — Basta ser bom hoje à noite, Theo, e não cause qualquer merda. — Quem disse que eu estava planejando alguma coisa assim? — Difícil dizer com você, cara. — Me dê um pouco de crédito. — Theo sorriu. — É Natal, afinal de contas. — Oh! — Lily jogou os braços para o alto e virou rápido em seu calcanhar. Ela desapareceu do foyer em um turbilhão de cabelos loiros e risos felizes. Theo jogou a Damian um olhar interrogativo. — O que é todo esse alarde? — Dia feliz, — disse Damian. — A coisa de hormônio é louca com a gravidez. Hoje é um dia bom. Eu não questiono isso, eu estou simplesmente grato. Theo decidiu aceitar a palavra de seu amigo. Gravidez e bebês não eram algo que Theo podia ver no seu futuro próximo, ele nunca pensou no futuro distante. Só não era seu estilo. Ele não queria ver seus filhos acabar sendo criados do jeito que ele tinha sido criado, ou da maneira ~ 168 ~


como ele observou os outros crescerem. Não haveria abuso à portas fechadas na casa dos outros, e certamente nenhum show para os observadores. Ele não iria dar a alguém a chance de fazer isso com seus filhos. E Theo sabia que se ele tivesse filhos, eles iriam para sempre ser conhecidos como crianças DeLuca. Crianças da máfia. Principes ou Principessas da Máfia. Seu pai seria sempre o gangster - o mafioso da Outfit. Que tipo de herança é essa para se ter que carregar? Não, Theo não faria isso com seu sangue. Crianças não eram nem um pensamento em sua mente. — O rapaz da entrega disse que haveria um grande bônus para o transportador que fizesse a entrega no Natal, — disse Lily enquanto caminhava de volta para o foyer. Em seus braços, ela segurava um pequeno pacote um pouco maior que uma caixa de sapatos. — Nós ainda não abrimos. Ela deixou cair a caixa no aparador. — Mas foi dirigida a você e Lily, — disse Damian. Theo podia ver a quem o pacote estava dirigido, e reconheceu aquele rabisco bagunçado no topo também. De repente, seus pulmões não funcionavam e as unhas estavam fincando em suas palmas. — Veio de Dino, — disse Lily calmamente. — Ele esperava que agora fosse a hora certa para entregar, certo? — perguntou Damian. Theo assentiu com a cabeça, mas ficou quieto. — Então, talvez ele tivesse algo pronto para nós para que pudéssemos ter um presente dele no Natal. — Lily puxou o casaco de Theo, puxando-o para mais perto. — Esta é uma agradável surpresa. Você não está feliz, Theo? Ele estava. Ou ele estava tentando ficar. Mas, enquanto olhava para a caixa, toda a sua raiva e culpa voltou correndo dez vezes. Não havia como escapar da onda de tristeza que correu através de sua corrente sanguínea, e rachou seu coração frio mais uma vez. Theo vinha fazendo bem. Ele empurrou um monte de sua raiva de lado e estava tentando pensar sobre avançar, e não nos erros que tinham sido cometidos contra sua família, a morte de Dino incluída. Ele não tinha esquecido ou perdoado totalmente o que aconteceu, mas não

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tinha muitas opções para corrigir a situação. O pacote era apenas mais um lembrete para Theo de que seu irmão ainda poderia estar vivo, se não um pouco mais confinado do que antes. Ele ainda esperava ver sua família crescer e ter sucesso depois de todo o trabalho e dor que ele tinha passado para dar a alguém dos DeLuca algo para se orgulhar. E seu menino... o filho de Dino... Theo se recusou a ir até lá. — Abra, — disse Theo rispidamente. Seus sentimentos não eram encargos para sua irmã suportar. Lily estava claramente animada sobre a surpresa e Theo entendia o porquê. Ela tinha lidado com a morte de Dino de maneira especialmente difícil. Ela ainda tinha uma grande dose de culpa pelos anos que manteve seus irmãos afastados, e todo o tempo que desperdiçou. Theo não ia estragar seu momento feliz com sua ansiedade. — Abro? — perguntou Lily. — Se você quiser esperar, nós poderíamos fazer isso depois do jantar. — Nah, apenas abra, pequena. Vamos ver o que há aí dentro. Damian cruzou o foyer, puxando uma pequena faca de bolso. Quando Lily tentou pegá-la de seu marido, Damian estalou a língua e em seguida cortou a parte superior da caixa do outro lado da fita. — Eu poderia ter feito isso, — Lily resmungou. Damian riu. — Grávida, não incapacitada. Estou ciente. Você é desajeitada, no entanto. Você provavelmente ia acabar se cortando ou algo assim. E no Natal, nem pensar. — Eu não sou! — Você meio que é, — disse Theo. Lily fez um ruído de desgosto, ignorando os homens quando abriu a tampa e enfiou as mãos na caixa. Ela tirou uma caixa de chocolates que Theo sabia que era o seu favorito, e na outra mão, ela tinha dois envelopes. Ela passou o envelope que tinha o nome de Theo na frente. O dele era muito maior e parecia mais duro do que o de Lily. O dele tinha que ter, pelo menos, vinte e cinco centímetros de comprimento e vinte de largura, enquanto o dela era tamanho padrão. ~ 170 ~


— Você primeiro, — disse Theo, de olho no envelope que Lily segurava com seu próprio nome. — Por que não você primeiro? — Porque eu sou o mais velho entre nós, e eu faço as regras. — Sim, mas é a casa dela, — Damian colocou. Theo acenou com a mão na direção de Damian para silenciá-lo. — Fique quieto, você não é um DeLuca. Você é sem voto aqui. — Nem ela, não no papel, de qualquer maneira. — Oh, calem-se vocês dois. — Lily sorriu e piscou para seu irmão antes de rasgar o lado do envelope. Ela o inclinou e tirou o que parecia ser uma carta e várias fotografias. — É aquele…? — Me deixe ver, — disse Theo, se aproximando. As fotos eram velhas, certamente. Ele reconheceu a si mesmo e seus irmãos nas fotografias quase imediatamente. Dino estava na fase adolescente, enquanto Theo estava apenas começando a chegar lá e Lily ainda era pequena. Lily folheou as fotos em silêncio. Cada uma tinha os irmãos juntos com alguma variação, e uma ou duas era com seus pais. — Devem ter sido tiradas... — Um mês antes de a mãe e o pai serem mortos, — Theo a interrompeu calmamente. Ele se lembrou do dia em que as fotos foram tiradas com detalhes vívidos. Sua mãe tinha estado em êxtase pelo fotógrafo, porque a pessoa era aparentemente o melhor em Chicago no momento. Seu pai tinha pago um monte de dinheiro para isso. Dino e Theo tinha sido os próprios desordeiros habituais enquanto Lily absorveu a atenção como o bebê da família. — E a carta? — perguntou Theo. Lily entregou a carta para Damian sem uma palavra. Theo não perdeu o tremor que balançou os dedos de sua irmã antes que ela voltasse a folhear as fotos mais uma vez. — A faixa dos negativos está dobrada aqui, — disse Damian. — Se você quiser ter de tamanho um pouco maior, poderíamos ir fazer isso, Lily. ~ 171 ~


Lily não disse nada. Theo supôs que sua irmã estivesse em um estado semelhante ao dele. — O que diz a carta? — Theo perguntou novamente. Sua própria carta queimava contra a palma da mão. Ele estava preso entre a vontade de abri-la e querer escondê-la. Damian olhou para o papel que segurava e leu, — Feliz Natal, Lily. Você já me perdoou por Damian? Suponho que o fato de estarmos separados por alguns estados, paredes de cimento e barras irá te dar todo o tempo que você precisa para trabalhar em sua raiva. Eu vou te ver quando você estiver pronta, pequena. Nesse meio tempo, eu estava limpando algumas coisas no depósito, enquanto estava deixando a casa pronta para quando eu estiver preso e encontrei isso. O que você dá a uma mulher que tem tudo, ou tudo o que ela quer, afinal? Você dá suas memórias que ela nem sabia que tinha. Eu escolhi estas fotos e algumas outras coisas como o rosário da mamãe. Tenho certeza que você vai fazer algo incrível com elas, algo melhor do que escondê-las em uma caixa. Com amor, Dino. — Você odiava esse vestido, — disse Theo, apontando para o que sua irmã usava nas fotos. Lily fungou e enxugou os olhos rapidamente. — Será? — Sim, mas a nossa mãe adorava e você amava o jeito que papai te tratava como uma pequena princesa, então você usava por eles. Foi um bom dia e você conseguiu ficar limpa de alguma forma. Normalmente você era mais suja do que o pecado, porque estava sempre correndo atrás de mim naquela época. Damian dobrou a carta e a enfiou no envelope. — Você quer que eu coloque as fotos no escritório por enquanto apenas por segurança? — Em um segundo, — Lily sussurrou. — O que tem no interior do seu, Theo? A tensão se arrastou sobre os ombros de Theo. Ele não sabia que Dino tinha planejado nada parecido com isso. Eles estavam se falando no momento, mal, e sim, Theo sabia sobre o filho de Dino, mas se fosse sobre isso? Ele não sabia o que haveria lá dentro. — Abre e lê para mim? — perguntou Lily calmamente. Theo não podia negar nada a sua irmã quando ela estava animada como estava, então ele abriu seu próprio envelope vindo de

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Dino e tirou o conteúdo apenas o suficiente para obter um vislumbre do que havia lá dentro. Em sua mão, fotos de um menino e seu pai Junior e Dino - olharam para Theo com sorrisos largos e orgulhosos. Lily percebeu as fotos instantaneamente. Theo as empurrou de volta no envelope. Por que seu irmão lhe enviou isto? Por que Dino fez isso sabendo que Lily estaria lá também? O principal objetivo de Dino quando estava vivo era manter seu filho longe da Outfit e dessa bagunça tanto quanto pudesse. Pelo menos era assim que ele explicou a Theo. Dino não queria que o passado de sua família, ou de seu tio, manchasse seu filho. — Theo? — perguntou Lily. — Me deixe ver as fotos. — Elas são as mesmas que as suas, — mentiu Theo. A testa de Damian franziu, mas o homem ficou quieto. — Elas pareciam novas, Theo, — Lily argumentou. — Ele deve ter feito alguns dos negativos. — as mentiras de Theo vieram como água corrente. — Mais tarde, ok? Lily abriu a boca para falar, mas Damian a cortou. — Nós vamos chegar atrasados, querida. — Bem. Eu esqueci minha bolsa na cozinha. Theo podia ver nos lábios franzidos de sua irmã que ela estava chateada, e não acreditava em uma palavra do que ele estava dizendo a ela. Mesmo assim, ela saiu em busca de sua bolsa, e Theo teve a chance de escapar da casa no mesmo momento. Ele havia planejado ir para o jantar com Lily e seu marido. Teria ficado bem para Theo aparecer com o cabeça, o Capo da tripulação Rossi, mesmo que o Capo fosse casado com a irmã de Theo. Teria mostrado que ele estava de acordo com a resolução das contendas. Principalmente, Theo estava cansado de ser culpado por merda que não era causa ou culpa dele. Logo em seguida, ele simplesmente não dava a mínima. — Ei! Theo ainda não tinha tido a chance de fechar a porta do motorista de seu Stingray antes de Damian abrir.

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— Que diabos, cara? — Theo rosnou. Sua raiva estava derramando como lava quente em suas veias. Dino tinha colocado Theo em uma posição terrível com sua irmã. Theo foi o que restou para proteger Junior, não Dino. A última coisa que ele queria era magoar Lily mentindo para ela, ou pior, dizer a ela a verdade e, em seguida, recusar a ela o acesso a seu sobrinho. Theo fez um movimento para lançar o envelope no banco de trás, longe de Damian, mas o homem o agarrou direto da mão de Theo. Damian deu um par de passos rápidos para longe do carro quando Theo saltou para fora, tentando pegá-lo de volta. — Me dá isso, seu imbecil, — Theo praticamente rosnou. — O que... — as palavras de Damian foram cortadas quando ele puxou as fotos para fora. — Jesus Cristo. — Me dê isso agora, porra, D. O olhar de Damian correu entre as fotos e rosto de Theo. Sem dúvida, o homem estava tirando suas próprias conclusões. Damian nunca tinha sido estúpido. — Ele tinha um fodido um garoto? — perguntou Damian. Theo respirou com força, querendo que sua raiva diminuísse. — Não é da sua conta, inferno. — Errado. Qualquer coisa que afete a minha esposa é inteiramente da minha conta, Theo. Sua atitude a incomodou, e eu sabia que você estava tentando esconder algo, mas isso? Isto cara? Ela... oh meu Deus, Theo, ele tinha a porra de uma criança! — Baixe a voz, — Theo estalou antes de pegar os itens da mão estendida de Damian. — Ele teve, tudo bem? Ele tem um filho. Dino pode estar morto, mas o meu sobrinho está muito vivo e eu pretendo que ele fique desse jeito, D. Damian ficou imóvel como pedra. — E você sabia. — Não até poucos meses atrás. — Mas você sabia, Theo! Theo jogou o envelope de volta em seu carro quando sua irmã saiu de casa e começou a trancar a porta. — Mantenha a porra da sua boca fechada sobre isso, D, ou eu juro por Deus.

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— Você jura o que, hein? Eu não vou mentir para a minha esposa. Eu fiz o suficiente disso pelo seu maldito irmão nessa confusão toda, Theo. Lá estava novamente. Alguém mais com seus comentários vagos sobre Dino e a guerra. Theo não sabia o que pensar. — Tommas disse algo assim para mim também. Você tem algo que queira me dizer, Fantasma? — Você não é um homem estúpido. Descubra sozinho. Theo tinha certeza que já tinha descoberto. — Fique fora disso, Damian. — Não me peça para mentir para a minha esposa. — Eu não vou. Mas você não sabe nada sobre essa criança na foto a não ser quem é seu pai. Você não sabe onde ele vive, quem é sua mãe, ou mesmo seu primeiro nome. E se você procurar por ele, eu prometo que você não vai encontrar nenhuma maldita coisa. Então vá em frente e diga a minha irmã a boa notícia; diga que ela tem um sobrinho que ela não pode ver nem passar tempo com ele; diga a ela, D. A mandíbula de Damian cerrou. — Você é um... — Idiota? — Theo zombou. — Descubra algo novo. Todo mundo tem usado essa para mim, Damian. Lily começou a descer os degraus depois de finalmente conseguir trancar a porta da frente. Theo precisava acabar com essa conversa e rápido. — Deixa para lá, D. Não minta, apenas deixe quieto. — Como Lily me disse, a omissão é a mesma coisa. Ela se sente culpada todo maldito tempo sobre Dino, como ele morreu, essa porra de casa, e o tempo que ela passou longe. Eu gostaria de tirar isso dela. Saber que ele tem uma criança para que ela ame e veja crescer ajudaria Lily mais do que eu posso explicar. Dê isto a ela, Theo. — Eu sinto muito, D. Eu não posso. Ainda não. — Ele é apenas um garoto. Ele não é uma parte desta vida ou dessas famílias. Theo apontou para seu peito. — Eu era apenas um garoto. Eu não tinha que ser uma parte disso. Eles me arrastaram chutando e

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gritando para isso, eu querendo ou não. Assim como o meu irmão, assim como a minha irmã, e assim como você, D. Damian engoliu em seco. — Eu sei que quando você era jovem... — Se você disser que eu tive uma iniciação áspera como todo mundo teve, eu vou alimentá-lo com a porra dos seus dentes, cara. E você não deve nunca dizer a Lily sobre essa merda também. Parecia que Damian estava pronto para sufocar Theo ou chutar sua bunda. Não seria a primeira vez que os dois amigos tinham brigado e provavelmente não seria a última. — Damian, você não disse que íamos nos atrasar? — Lily perguntou quando abriu a porta do Porsche azul. — Sim, — Damian respondeu de volta. Nenhum dos dois tirou os olhos um do outro. — Esqueça isso, — Theo murmurou. — Me dê uma garantia se que ela vai saber sobre o menino algum dia. Theo relaxou os nervos que sentia na demanda. — Algum dia, D. Não hoje. — Bom o bastante. Tranque o carro. Você vai parecer melhor aparecendo com um Rossi. — Um Capo, você quer dizer. Damian riu. — Bem, você precisa de toda a fodida ajuda que conseguir. Só assim, os dois homens suavizaram em suas posições. A briga se foi e Theo sentiu sua ansiedade e raiva se distanciando. Era por isso que ele mantinha Damian Rossi perto. O homem podia ser um assassino e um Rossi de coração, mas ele era fodidamente leal às pessoas que mais importavam para ele. — Nós estamos bem? — perguntou Theo. Damian deu de ombros. — Sim. Estamos bem.

***

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— Merda, e eu pensei que eles sussurrariam sobre mim, — disse Adriano com uma risada. Theo jogou virou o restante de seu rum e Coca-Cola. — Você é apenas a mancha na reputação do seu pai, Adriano. — Obrigado por isso. — Mas eu sou a bomba que eles estão esperando ver explodir. O olhar de Adriano varreu a multidão de convidados na festa de jantar e sua noiva do outro lado da sala. Theo não estava surpreso. O garoto estava sempre observando aquela garota e se certificando de que ninguém a estivesse incomodando. Por uma boa razão também. As pessoas poderiam ser idiotas às vezes. — Você nunca me deixou me desculpar por Artino e... — Não é necessário, — Theo o interrompeu rapidamente. — Não é? — Não. Achei que deve ter tido algo a ver com Alessa. — E tinha, — disse Adriano calmamente. — Ele a agrediu pela segunda vez. Eu não pude deixá-lo escapar assim. Seu outro cara só aconteceu de estar no caminho. Eu estava chateado naquela noite. Eu poderia ter feito diferente em outra noite, mas não posso dizer com certeza. — Você fez o que tinha que fazer. Theo cortaria a garganta de qualquer homem e veria o filho da puta se afogar em seu sangue por colocar as mãos sobre uma mulher com quem ele se preocupasse. Ele não culpou Adriano por suas escolhas precipitadas dois meses antes, quando matou Dean Artino e outro dos rapazes de Theo. Francamente, Artino teve o que merecia. — Obrigado, eu acho, — disse Adriano. Theo sorriu. — Oh, eu vou ganhar dinheiro com o pedido de desculpas, um dia, pode ter certeza. Adriano franziu a testa. — Melhor ainda.

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Adriano Conti era um garoto muito bom. Ele era jovem, com certeza, mas era de ouro também. Fiel até o fim. Protetor sobre o que era dele. Inteligente nas ruas. — Quanta merda a tripulação te deu quando você assumiu o posto de Kolin? — perguntou Theo. Adriano riu secamente. — O suficiente. Não tanto quanto eu esperava, mas eu sou apenas um garoto para eles. — Você é um garoto para mim também. — Ninguém mais tem muito a dizer sobre isso, — disse Adriano, encolhendo os ombros. — Pessoas importantes, você sabe. Eu não tenho certeza se é porque meu pai é o Chefe ou o quê. — Não, é porque eles conhecem você, Adriano. — Então, por que as pessoas sentem que têm de soltar sua boca sobre seu título, huh? — Porque eu não era como Dino e todo mundo sabia disso. Faz uma pessoa pensar, isso é tudo. — Bem, com Walter Artino morto, você não tem nada com que se preocupar agora, — disse Adriano. Theo observou Riley Conti dançar com sua jovem esposa no meio da sala. O homem tinha feito um ponto de falar com Theo na frente dos convidados e apertar a mão dele. Ele estava fazendo todos os esforços para que parecesse como se nada estivesse errado. Algo definitivamente estava. Theo não conseguia identificar o que era. — Às vezes a preocupação apenas muda de um lado para o outro, — Theo respondeu simplesmente. Adriano olhou para Theo de lado. — Você não confia em ninguém, não é? — Não. — Theo cantarolou baixinho, acrescentando: — Bem, em um ou dois. — Não no meu pai. — Não, ele não é um deles.

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Adriano ergueu uma sobrancelha e encontrou sua noiva na multidão novamente. — Sim, eu também.

***

— Eu pensei ter visto você entrar com Lily mais cedo. Theo ficou tenso com a presença repentina de Evelina ao seu lado, mas logo relaxou. Ela estava malditamente sexy em um furtivo, cintilante vestido prata que caia acima dos joelhos e exibia as pernas finas em saltos pretos. Theo sempre teve um gosto por mulheres de saltos. Esta noite não era um bom momento para isso. Ele sempre teve uma atração por Evelina, mas alimentá-la e admitir a sensação eram duas coisas completamente diferentes. — Eve, — ele cumprimentou. — Não há seguranças ou contusões, eu vejo. A testa de Evelina franziu quando olhou para ele. — Perdão? — Não há seguranças há três metros da sua bunda ou quaisquer hematomas em seus braços, o que significa que eu posso seguramente assumir que o seu pai levou seu retorno de volta a vida real melhor do que você pensou que seria. — Estranhamente, sim. Theo manteve um olho sobre os convidados e um em Evelina ao seu lado. Com as costas contra a parede enquanto eles ficaram lado a lado, não havia nada sugestivo sobre suas posturas ou conversa. Nada que pudesse ser torcido para algo ruim, afinal. Mesmo assim, estar tão perto de Evelina lembrou Theo de como ela se sentia sob suas mãos e como o seu nome soou saindo de sua boca enquanto ela estava tremendo e necessitada. O vestido colante deu uma dica de suas curvas e do corpo sob o tecido, mas a memória de Theo não iria deixá-lo esquecer de como ela ficava sem nada, entretanto. Esse tipo de atração era tão perigosa.

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— Você não tem uma multidão para deslumbrar por Riley? — perguntou Theo. Evelina bufou baixinho. — Ele tem Courtney para isso agora. — Sortuda. — Além disso, ele vai me exibir mais tarde, — disse ela amargamente. Sabendo que não deveria, mas incapaz de impedir o desejo de acalmar a irritação de Evelina, Theo ergueu a mão entre eles e acariciou sua cintura com o dedo mindinho. Evelina visivelmente estremeceu ao toque e suspirou baixinho. É evidente que ele não era o único a lutar contra a atração que sentia. — Nós seríamos uma coisa ruim, — disse Evelina, engolindo em seco. — Não foi isso o que você me disse, Theo? — Eu disse. — Isso significa que nós não vamos foder de novo? Bastou que a palavra saísse da pequena e linda boca de Evelina, e o pau de Theo estava tão duro como aço sob suas calças. Jesus. — Não faça esse jogo, Eve, — ele alertou. — Eu não faço jogos como essas pessoas fazem. — Evelina assentiu para outro lado da sala, chamando a atenção de Theo para onde Damian estava com Lily ao seu lado e Tommas Rossi, do outro. — Mas eu achei que seria apenas certo que você soubesse que Tommas pediu para você não deixar outra marca em mim que ele possa encontrar. No peito de Theo parecia como se alguém tivesse acabado de bater com uma marreta, mas do lado de fora, ele permaneceu passivo e indiferente. — O que isto quer dizer? Evelina estendeu a mão e escovou seus cachos para o lado. Para qualquer outra pessoa, poderia ter parecido como um gesto normal, mas os olhos de Theo foram imediatamente atraídos para a marca vermelha que ele tinha deixado em seu pescoço. Ele sabia que havia algumas outras mordidas de amor em seu corpo de sua boca também.

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— Merda, — Theo murmurou, não sabendo mais o que dizer. Um peso se estabeleceu em seu intestino. — Seu pai vai te exibir esta noite, porque vai casar você, certo? Theo nem sabia como se sentia sobre isso, exceto pelo fato de que não gostava, de modo algum. Esta era a vida na Outfit, a maneira da máfia, e Evelina era a filha fazendo o que lhe foi dito. Theo ainda sentia como se lava quente tivesse sido injetada diretamente em seu intestino. O que diabos estava errado com ele? — Tommas Rossi, — disse Theo. — Ele vai casar você com Tommas. — No alvo, Theo. Tommas nem mesmo ficou irritado com a marca. Ele basicamente me disse para ter cuidado e nada mais. Nada disso fazia sentido, no entanto. — Por quê? — perguntou Theo. — Por que diabos Tommas diria isso? Evelina encolheu os ombros e ergueu sua taça de vinho para um gole, embora ela não tenha tomado. Isso escondeu sua boca da visão outros quando ela murmurou, — Eu estou querendo saber eu mesma. Eu pensei que talvez você pudesse trabalhar com isso e me deixar saber. Theo zombou humilde. — Agora eu sou a porra de uma doença para essas pessoas. — Você pode me dizer uma coisa? — O que, princesa? — Por que o meu pai te chamou de sacrifício? Parecia que gelo de repente tinha sido derramado nas veias de Theo. Ele não tinha uma pista do que isso poderia significar, mas, em geral, nada de bom pode vir dessa palavra. — Eu não acho que seja uma coisa boa, — Evelina acrescentou rapidamente, — e do jeito que você simplesmente congelou me diz que eu fiz a escolha certa. Theo forçou o aperto na garganta para longe para que pudesse falar. — Que escolha é essa? Evelina sorriu. — Aquela garota, Theo. ~ 181 ~


— Aquela garota? — Aquela garota que diz ao homem para usá-la para o que ele quer por que ela tem coisas que quer também. — E o que é que você quer, Eve? — Theo se atreveu a perguntar. Essa conversa parecia errada de dez maneiras diferentes, e ele sabia que não deveria ceder a o que quer que estivesse acontecendo entre ele e Evelina. O encontro foi um erro grande o suficiente. Os dois dias em uma cama com Evelina que seguiram esse erro foram ainda piores. Exceto que não parecia errado. — Eu já disse a você o que eu quero, — disse Evelina, se empurrando contra a parede. Uma sensação de deja vu passou sobre Theo. Como se talvez eles tivessem feito essa coisa ou algo parecido antes em uma ocasião diferente. — O que é, Eve? Seu dedo assinalou no ar por cima do ombro. — Não ser uma princesa, Theo.

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Capítulo doze — Eve, você poderia avisar o chefe dos garçons que nós estamos ficando com pouco vinho aqui fora? — perguntou Courtney. — Eles parecem gostar mais de você do que de mim. Doce como o açúcar, a madrasta sorriu como a cobra venenosa que era. — Você já se perguntou por que isso? O falso sorriso de Courtney derreteu. — Basta fazer o que eu disse. As palavras de Riley de mais cedo, lembrando Evelina para ficar no seu melhor comportamento quando se tratava da madrasta, tocou alto na parte de trás de sua mente. — Tudo bem. Não querendo passar mais tempo do que o necessário com Courtney, Evelina saiu da sala de jantar. Lançando um olhar por cima do ombro quando ela entrou no corredor que levava até a cozinha, Evelina notou que Theo ainda estava de pé onde ela o havia deixado. Jogos, ele tinha dito. Evelina não estava tentando jogar, mas ela não ia se sentar e aceitar tudo o que essas pessoas jogassem nela. Ela não iria ficar assistindo enquanto eles acabavam com alguém como Theo também. Ele não tinha feito nada de errado. Ao mesmo tempo, Evelina sentia certa conexão com Theo. Ambos estavam sendo usados como peões nos jogos em torno deles sem ter qualquer palavra a dizer sobre nada. Nenhum deles sequer sabia qual jogo era, no entanto, exceto pelo fato de que eles eram peças de alguém para mover. A Outfit era suja assim. Na cozinha, Evelina encontrou mais de uma dúzia de convidados que se juntaram ao redor da mesa de salgadinhos que tinha sido colocada ali mais cedo. Ela rapidamente repassou a mensagem para o

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garçom chefe da empresa de restaurante e, em seguida, se virou para sair. — Eve! — Abriella deu à mão de sua irmã um apertão e saiu do lado de Alessa para se juntar a Evelina. Levou toda a força de vontade que Evelina tinha para lutar contra a onda de culpa repentina inundando suas entranhas. — Como vai você? Evelina mexeu com a pulseira de prata em seu pulso. — Eu estou bem, Ella. Você? — Melhor. Ainda não voltou ao seu dormitório? — Não. Você voltou para seu apartamento? Abriella sorriu e balançou a cabeça. — Não depois de você sabe o que. — Alessa e Adriano? — Joel não confia em seu mindinho esquerdo, agora sem chance de me deixar sozinha. Eu acho que se ele pudesse imaginar uma maneira de fazer isso sem ter meu punho empurrado em sua garganta, ele estaria me forçando a ir a clínica para fazer um teste de gravidez a cada semana. Evelina se encolheu. — Caramba. — Sim. É muito ruim. Sem necessidade de perguntar, Evelina teve a sensação de que isso também significava que Abriella não estava conseguido passar algum tempo com seu namorado de longa data, Tommas Rossi. A culpa pelo noivado que em breve seria anunciado voltou com uma vingança. — Mas você conhece Joel, — disse Abriella, com uma pitada de amargura revestindo seu tom. — Ele fica feliz em usar a infelicidade dos outros para conseguir o que quer. — Como o meu pai. Abriella deu de ombros. — Adriano realizou a façanha. — Mas você é a pessoa que entregou o segredo, — disse Evelina calmamente. — Alessa te disse isso? — Disse.

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— Ela também te disse por que eu fiz isso? Evelina assentiu. — Você fez isso por ela. — Então suavize o julgamento um pouco, Eve. Evelina verificou sua atitude. — Você está certa. Me desculpe. Abriella olhou para suas mãos e disse: — Eu sei que eu agi sobre isso de uma forma de merda, mas eu não queria que a minha irmã sofresse porque encontrou alguém que amava. Eu não achava justo e Adriano é... — Um grande cara, — Evelina terminou pela velha amiga. — Para Alessa, sim. — Bem, meu irmão não é nada como o meu pai. Eu tenho que reconhecer. — Verdade. — suspirando, Abriella sorriu um pouco. — Escute, eu sei que nós estivemos em lados opostos desta coisa toda com as famílias e tudo mais, mas eu não quero ser assim, Eve. Os problemas deles não são nossos problemas. Ok? A garganta de Evelina se fechou ao redor do caroço que se formou lá. Ela não sabia o que dizer para Abriella. Ela queria concordar; ela queria sua velha amiga de volta em sua vida, como era quando elas eram adolescentes. Um problema maior permaneceu. Evelina conhecia alguns dos segredos de Abriella, como Tommas. Como Abriella se sentiria sobre Evelina quando descobrisse que Riley usaria a única coisa que Abriella adorava apenas para manter a paz entre as famílias? — Eve? — perguntou Abriella novamente. Ela abriu a boca, mas as palavras não saíam. Será que ela deveria dizer a Abriella, ou... Uma voz familiar quebrou o tumulto interior de Evelina. Lily Rossi colocou o braço em torno de Evelina e puxou a amiga para perto. — Onde você esteve durante toda a noite, Eve? — Por aí, — respondeu Evelina, dando o que esperava ser um sorriso bastante real. — Eu não vi Damian deixá-la longe dele por mais de cinco minutos. Abriella riu. — Eu aposto que ele está ao virar da esquina.

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Lily lançou um olhar por cima do ombro. — Provavelmente. Dê a ele um tempo. Ele é... — Super protetor? — perguntou Evelina. — Particularmente? — Abriella forneceu. Lily deu um sorriso brilhante. — Comigo. E com todas as outras coisas também. Evelina se juntou com a risada das meninas. Parecia que com a entrada de Lily, Abriella tinha deixado pra lá a conversa anterior. Ela estava grata. — Este é a primeira vez, — disse Abriella. — Hmm, o quê? — perguntou Lily. — Você está em uma reunião da Outfit e pela primeira vez não está bebendo. Evelina tomou nota da água no copo de vinho de Lily. — Uau. E é Natal também. As bochechas de Lily ficaram cor-de-rosa quando ela disse, — Uh, eu vou... encontrar o meu... — Opa, espera aí. — Abriella agarrou o pulso de Lily, impedindo-a de fugir. Ela lhe deu o copo de vinho e Lily sorriu envergonhada outra vez mais. — Você não é o tipo de garota que foge também. Não me diga que você está... — Cale a boca, Ella. — O que eu estou perdendo? — perguntou Evelina. Ela sempre se sentia tão por fora agora. Como se todos ao seu redor soubessem de algum segredo gigante sobre alguém que ela não sabia. Lily acenou com a mão como se descartasse o que Abriella havia dito. — Não é nada. —Você está? — perguntou Abriella calmamente. — Ela está o quê? Abriella revirou os olhos azuis e balbuciou, — Grávida. Por uma fração de segundo, o tempo parou. ~ 186 ~


Então, Evelina encontrou sua voz. — O quê? — Cale a boca, cala a boca, — Lily resmungou, erguendo as mãos para cobrir ambas as bocas de suas amigas. — Calem-se agora... bom Deus. — Então você está? — perguntou Abriella, sua voz abafada. Evelina não podia deixar de rir. Lily levantou uma sobrancelha. — Nem uma maldita palavra. — Mas... — Nem uma acentuadamente.

palavra,

Lily

interrompeu

Evelina

— Parabéns, — Evelina sussurrou. — Ok, isso eu vou aceitar. Evelina riu quando Lily finalmente soltou sua mão. — Quanto tempo... O olhar de Lily cortou instantaneamente. — Não aqui, ok?

para

Abriella,

acalmando-a

— Você não está feliz? — Muito. Damian está nas nuvens também. Mas agora, eu não quero o tipo de atenção que este anúncio pode trazer. Evelina compreendeu imediatamente. — Por causa do meu irmão e Alessa. Os ombros de Abriella caíram com o comunicado. — Oh. — Eu só posso imaginar como eles se sentiriam ao ver alguém sendo elogiado e tudo o mais, enquanto essas mesmas pessoas os envergonham por sua alegria. Isso não é certo para mim. — Lily franziu a testa e acrescentou: — Então, eu só quero dar a eles um pouco mais de tempo. Eu gosto assim, que poucas pessoas não saibam agora, de qualquer maneira. Para nossa família se alegrar em particular antes do resto da Outfit saber também. É assim que deve ser. — Quem sabe? — perguntou Abriella. — Tommas, Theo, e agora vocês duas. Damian e eu não temos um monte de pessoas que somos próximos. Theo descobriu por conta ~ 187 ~


própria quando foi jantar na nossa casa uma noite. Tommas foi a primeira pessoa que Damian ligou depois que eu disse a ele, porque ele teve um momento. Evelina riu. — Um momento? Aparentemente, a declaração de Lily não era para ser engraçada se a forma como a sua expressão escureceu com tristeza fosse qualquer indicação. — Ele nunca teve um pai enquanto crescia. É uma coisa assustadora, você saber que tem que se preocupar em criar uma criança quando você nunca teve alguém para te criar. Ele não tinha ninguém para se espelhar, e precisava de alguém que não fosse eu para lhe dizer que tudo ficaria bem. — Ele vai ser um bom pai, — Evelina assegurou sua amiga. Claro, Damian seria. Porque quando o homem amava, ele amava. Não havia meio-termo. Evelina tinha visto isso bem o suficiente quando seu primo se apaixonou por Lily. — Ele vai, — Lily concordou. — Então, lábios selados. — Selados, — Abriella concordou. Evelina fez o movimento de zíper em seus lábios. — Obrigada. — Lily se virou para Evelina com um brilho curioso iluminando seu olhar. — Ouvi dizer que você desertou na semana passada. Oh droga. — Eu ouvi algo sobre isso também, — disse Abriella. — Eu não podia acreditar. Evelina Conti se livra de seus seguranças e não liga para casa? De jeito nenhum. Evelina descartou sua provocação. — Eu liguei para o meu irmão. Abriella franziu os lábios. — Joel disse que Riley estava dizendo a Adriano para mantê-la longe porque alguém queimou sua BMW. — Essa é a história, — disse Evelina. — Dois incidentes me envolvendo faz uma situação ruim. — Mas não é a verdade, — Lily murmurou. — Nenhuma uma bala atingiu seu carro durante o tiroteio, e você não estava em seu carro

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quando alguém o queimou. Eu ouço coisas como qualquer outra pessoa, Eve. Você não está contando a história toda, não é? — Me parece que alguém está chegando perto o suficiente de você apenas para preocupar seu pai, — Abriella observou calmamente. — E talvez você tenha usado essa chance para pular fora da vida por alguns dias. — Às vezes precisamos ficar longe, — disse Evelina com um encolher de ombros. — Isso é tudo que você vai nos dar? — Sim. — Droga, — Abriella disse, fazendo beicinho. — Você não é divertida. Esta teria sido uma história muito melhor se você tivesse incluído uma coisa interessante. — Foi interessante, — Evelina respondeu antes que pudesse se conter. O olhar de Lily se arregalou. — E por quê? Evelina não estava inteiramente certa de como Lily lidaria com o fato que ela tinha dormido com Theo. Ou que ela tivesse ficado com ele em um quarto de hotel durante vários dias depois e continuou a dormir com ele. Ou que Evelina ainda queria dormir com ele. — Eu me senti livre, — Evelina dizer determinada. — Por alguns dias, ninguém mais importava, a não ser o que eu queria. Eu consegui o que eu queria e, então eu tive que voltar para a vida real. Não era mentira. Lily suspirou. — Era um lugar agradável para estar, não é? — Sim. Quero dizer, não era como você na Europa, mas foi libertador. — Você sabe o que eu aprendi com a Europa? — perguntou Lily. — Eu aprendi que ser livre nem sempre significa não estar confinada. Às vezes, voltar para casa é ser libertada também. Evelina não sabia o que era casa mais. Era a amiga que ela estava prestes a trair quando ficasse noiva do amante de Abriella? Era a amiga que ela feriria por suas mentiras quando Lily descobrisse o que tinha

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acontecido entre Evelina e Theo? Era o pai ganancioso e a nova madrasta? Era a Outfit com suas maneiras sujas e jogos confusos? Onde era casa para Evelina? — Estar em casa é uma coisa libertadora? — Abriella riu baixinho. — Eu não posso dizer que a minha casa se pareça com nada disso agora. — Verdade, — Evelina concordou antes de engolir o último gole de seu vinho. — Não, — Lily disse simplesmente. — Há uma diferença. Casa é o que faz você se sentir livre, e a liberdade é a casa que não limita você. Um homem de olhos castanhos, de voz rica com um toque de magia e demônios em suas costas tinha feito isso por Evelina. Mas ela e Theo ainda estavam em mundos separados, mesmo quando ficavam lado a lado.

***

Evelina ficou perto da parede e por trás dos convidados quando seu pai tomou a atenção da sala. Com um copo de vinho tinto em um lado, e Courtney no outro, Riley parecia que era o rei do mundo. No momento, Evelina supôs que ele era. — Obrigado a todos por terem vindo para celebrar este feriado com a minha família, — disse Riley, sua voz transpirando confiança. — Esta casa sempre parece melhor quando há muitas pessoas enchendo-a, — disse Courtney, rindo após sua declaração. — Parece. — Riley ergueu a taça para os convidados, sorrindo muito. — Nós tivemos uns meses ásperos juntos, esta família. Nós não deveríamos estar brigando um com o outro. Nossas famílias sempre estiveram acima desse tipo de absurdo e hoje à noite, minha família gostaria de cimentar a nossa felicidade e alargar a nossa lealdade para com esta vida e seus caminhos na melhor forma que sabemos. O peito de Evelina se apertou. Ela fez tudo o que podia para não correr para a porta. Tommas Rossi deslizou ao seu lado sem dizer nada. Ela ainda não tinha percebido que ele estava por perto até que ele estava olhando direto para o seu rosto com um sorriso triste. ~ 190 ~


— Pronta? — ele perguntou em voz baixa. Não, ela queria dizer. — Ele está fazendo um show terrível, não é? — Evelina sussurrou. — Ele está fazendo um ponto. — Tommas deu de ombros. — Deixe ele fazer isso, Eve. É a ideia disto que precisamos. Sorria, por favor. — Afinal, o que isso quer dizer? — Sorria. Seus dedos fecharam em torno de seu pulso como se ele soubesse que ela estava prestes a fugir. — Evelina, Tommas? — Riley gritou. As pessoas se viraram, olhando. Evelina praticamente podia sentir os olhos queimando nela e Tommas como seu futuro noivo continuou segurando-a no lugar e observando-a de perto. O movimento a partir do canto do olho atraiu sua atenção. Theo inclinou a cabeça apenas o suficiente para pegar o olhar de Evelina e segurá-lo. Ele ergueu o copo para beber, mas não antes que ela pegasse a visão de seu cenho franzido. Ele estava sozinho. Theo estava sempre sozinho. — Eve. — Tommas apertou o pulso dela. — Sorria para mim, por favor. — Eu... — A ideia, Evelina, é a coisa mais importante que você precisa manter, — Tommas murmurou. — Você sempre foi boa nisso. Não lhes dê qualquer coisa diferente. Uma ideia não era uma garantia. Evelina estava finalmente começando a ler nas entrelinhas. Tommas não precisou dizer a Evelina para sorrir novamente. Ela vestiu seu melhor sorriso quando a mão dele escorregou de seu pulso para a palma da mão. Quando seu pai gritou seus nomes novamente, Tommas se virou e puxou Evelina para frente com ele. Ela foi sem lutar.

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À frente da sala, Evelina permaneceu com o olhar focado em uma pintura na parede oposta. Ela não queria ver a dor que isso iria causar a amiga. Ela não queria saber quem ficaria feliz e quem iria ficar com raiva. — Quando a minha falecida esposa estava viva, — disse Riley, seu tom de voz gotejando com falsa tristeza e desgosto... — as famílias Rossi e Conti tinham estado sempre próximas. Nossa relação familiar nos manteve dessa maneira, e quando Mia foi sepultada, eu acho que ambos os lados sentiram as rachaduras começando a se formar e ampliar o fosso. Tosses ecoaram de um canto da sala. Evelina encontrou a pessoa que fez o ruído - Serena Rossi. Pelo menos ela parecia sóbria esta noite. Essa foi a primeira vez. Tommas endureceu ao lado de Evelina, jogando a sua mãe um olhar frio de onde ele estava. Serena rapidamente se acalmou. — Quando uma família começa a se dividir, os outros seguem, — continuou Riley. — Eu quero começar a reparar essa rachadura e juntar todos novamente. E eu vou começar a fazer isso com outro casamento. — Casamento. — Casamento. — Tommas... — Evelina... Ela ouviu todas as palavras e sussurros rápidos que seguiram as declarações de seu pai, mas Evelina não moveu seu olho da pintura na parte de trás da sala por um segundo. Riley levantou a taça de vinho para seu filho e Alessa no canto. — Em um par de semanas, meu filho vai solidificar o nosso relacionamento com a família Trentini através de seu casamento com Alessa. A família Rossi já é familiarizada com os DeLuca através de seu recente casamento. É o momento para que os que ficaram limpar as arestas que permaneceram, assim todos nós possamos começar de novo. A ideia, Evelina disse a si mesma mais e mais. Ela ficava repetindo essas palavras, mesmo quando Tommas tirou uma caixa de joias do bolso. Como o cavalheiro que ela sabia que ele era, ele ficou de joelhos. Seu sorriso nunca se desfez. Sua voz nunca vacilou. ~ 192 ~


Não foi fácil. Evelina jurou que a mudança na sala foi instantânea. Quando um choque de compreensão havia se estabelecido ao longo dos cerca de trinta convidados em pé congelados na área de refeições e eles estavam finalmente acordando com isso. A onda de movimento ao lado foi a única coisa que quebrou a concentração de Evelina quando Tommas deslizou o anel em seu dedo. O sobrevoo de cabelos escuros e um vestido preto foi tudo o que Evelina viu de Abriella antes que a menina tivesse ido embora. Tirar a atenção da meta importante na mão era a coisa errada a se fazer. Evelina foi rápida para sondar o resto do pessoal e sua reação ao anúncio. No entanto, uma pessoa se destacou para Evelina acima do resto. Joel Trentini. Punhos cerrados. Mandíbula tensa. Ardor nos olhos. A conversa entre Riley e Tommas que Evelina tinha ouvido tocou fortemente no fundo de sua mente. Você está disposto a casar sua filha com Joel Trentini apenas para mantê-lo na linha? O que seu pai tinha feito? Olhando para Riley, ela podia ver que seu pai estava assistindo seu novo subchefe cuidadosamente. Riley não estava perdendo a raiva visível de Joel nem por um segundo. As chances eram grandes se que ele só tivesse dado outra cartada. Só aconteceu de Evelina ser a carta maldita que ele colocou na mesa.

***

— Riley! O silvo agudo de Joel Trentini deu a Evelina a chance que ela precisava para ficar longe de seu pai quando Riley se voltou para Joel com uma carranca. — É Chefe, Joel.

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Ela não esperou para ouvir o que mais poderia ser dito quando Joel e Riley se afastaram para uma seção mais privada da sala onde os convidados eram poucos. Evelina deixou a sala de jantar sem um segundo olhar para trás. Ela precisava respirar. Apenas uma maldita respiração. Nem um minuto depois que Tommas colocou o anel em seu dedo, o homem desapareceu. Riley não parecia se importar com Tommas saindo daquele jeito, mas o fato deixou Evelina instável. Ela não queria enfrentar todas essas pessoas sozinha após o grande anúncio, mas isso era exatamente o que tinha sido deixada para fazer. Com seu pai e sua madrasta, é claro. Ela poderia muito bem ter sido lançada aos malditos lobos. Como um sacrifício. Fazendo o seu melhor para esconder o tremor nas mãos, Evelina escorregou no primeiro corredor que viu. Aconteceu de ser o que levava à seção de baixo da casa Conti, onde quartos extras, alguns banheiros, a lavandaria e sala de entretenimento com uma mesa de sinuca e bar poderiam ser encontrados. Os hóspedes raramente eram autorizados a entrar nessa seção da casa, a menos que fossem diretamente convidados. Evelina percebeu que seria o lugar mais seguro para ir se não quisesse ser encontrada por alguns minutos. Ela estava errada. No momento em que seu pé bateu no degrau que levava ao andar de baixo, ela ouviu vozes ecoando pelo corredor escuro. Eles poderiam muito bem ter estado cuspindo ódio e raiva com apenas seus tons somente. — Você é um fodido covarde, Tommas, — disse Abriella. Ela quase parecia que o estava provocando. Evelina se encolheu e se virou para voltar lá para cima, mas as próximas palavras de Tommas a fizeram parar. — Eu não sou um covarde, Ella. Era eu ou Joel. Porra, você não entende isso, menina? É isso que você quer para a sua amiga? Se casar com alguém como o seu irmão? E por falar nisso, nem mesmo vai acon...

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— Cale a boca, — Abriella assobiou. — Você não poderia nem mesmo ter a decência de me dizer primeiro. Você podia ter me ligado ou, no mínimo, enviado uma mensagem, por mais baixo que pudesse ter sido. Teria sido melhor do que isto. Em qualquer momento dessa noite, você poderia ter me levado para o lado e me dito, Tommy! Por que você não me disse? Tommas não disse nada. — Porque você é um covarde de merda, por isso, Tommy. — Eu não sou. Mas o que eu não poderia fazer era te machucar, Ella. Eu não poderia fazer isso. — Você já fez! — Pare. Você sabe que eu te amo até a morte, Ella. Eu faria qualquer coisa por você, estou fazendo isso agora. — Ao se casar com a minha amiga, — disse Abriella em um escárnio. — Que graça, Tommy. — Você não está entendendo, — Tommas murmurou, e um calor cobria suas palavras. — Há tanta merda em jogo aqui. Mais do que você pode entender, e aqui nesta casa não é o momento para nós entrarmos em detalhes. Eu não tenho sido capaz de dizer muito porque você não estava por perto. Telefones não são seguros, não como nós pensamos. Eu não podia ariscar e dar ao seu irmão a opção de dar um passo maior. — Isso é tudo o que é para você? Quem tem a melhor posição? Você vai se casar com Eve, sua prima - mesmo que seja através de nome e uma das minhas melhores amigas, apenas para obter uma posição maior na Outfit? — Não! — Eu vou ser a sua puta, então, certo? Eu sempre fui sua putinha no quarto, então por que não levar isso pra fora também, hein? Evelina ouviu um baque seguido de um suspiro afiado logo após Abriella terminar seu discurso. Preocupada, ela enfiou a cabeça ao virar da esquina para ver o que tinha acontecido. Tommas tinha Abriella presa à parede com seus dois pulsos presos em uma mão e por cima de sua cabeça. Sua outra estava segurando o queixo dela com força, forçando sua cabeça para que ela tivesse de olhar para ele.

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Se não fosse pela forma que Abriella se torcia mais para perto nas mãos de Tommas, se movendo na direção do homem, Evelina poderia ter entrado. Mas ela não fez. Abriella não parecia querer ajuda com Tommas quando ele a beijou e mordeu Abriella com força em seu lábio inferior. — Porra, — Tommas rosnou sob sua respiração. — Covarde. Tudo que você fez foi me fazer sua puta, Tommy. — Pare com isso. Você nunca mais diga isso sobre si mesma. — Só você, certo? — Cinco minutos, Ella, — Tommas implorou. — Apenas me dê cinco minutos sozinho com você, fora desta casa, e longe destas pessoas para explicar. — Eu não vou te dar nada. Não mais. — Ella... — Eu te odeio, — Abriella sussurrou, com a voz embargada. — Eu odeio você por fazer isso comigo. E você sabe o que fez comigo. Eu deixei você me possuir porque você estava lá para mim, Tommy. É muito mais do que hoje. Você sabe, porra. Eu estou tão arruinada agora. Você fez isso. Espero que você esteja feliz. — Cinco minutos, — suplicou ele. Abriella tinha uma de suas mãos livre e atingiu Tommas com tudo. Evelina pulou ao som da batida. Tommas nem sequer pestanejou. — É assim que você quer fazer isso, então? — Inútil, — Abriella cuspiu. — Pare. — Idiota. Covarde. Eu te odeio, Tommy. Estas quatro palavras balançaram Evelina bem no coração. Ela suspeitava que esta situação iria prejudicar Abriella, mas ela não tinha percebido o quanto afinal. Claramente os dois tiveram um relacionamento que era complicado e delicado de uma maneira que Evelina não poderia entender.

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Tommas empurrou Abriella mais forte contra a parede e a beijou até que ela estava o forçando a se afastar com lágrimas escorrendo pelo rosto. — Você nunca poderia dizer isso, Ella. Vamos lá, baby, só diga para mim uma vez, porra. Abriella olhou. — Não. — Me diga, Ella, diga que você me ama. Nós temos feito isso por quase quatro anos e nem uma vez você disse essas palavras para mim, mesmo quando eu implorei, porra. Você tenta esconder, mas não pode. Não minta para si mesma. Diga que me ama. — Vá para o inferno. Evelina respirou fundo quando Tommas empurrou Abriella para o cômodo mais próximo. Era um dos banheiros no fundo. Ela ouviu outro eco de tapa, e então a batida da porta em seguida. Ela não queria chegar mais perto do casal e sua briga. Ela não queria interrompê-los, mas, ao mesmo tempo, não queria que outra pessoa descobrisse o que estava acontecendo, tampouco. Descendo para o corredor, Evelina foi até a lavanderia aberta que ficava diretamente ao lado do banheiro que Tommas e Abriella tinham entrado. A máquina de lavar de carregamento frontal estava funcionando através do último par de minutos. O zumbido silencioso da máquina estava perto de terminar quando ela viu as toalhas lá dentro girando lentamente para escoar a água restante. Evelina pegou o botão e virou de volta para um ciclo de rotação pesada. O barulho iria bloquear quaisquer sons que viessem do banheiro e do casal. A maior parte. Ela ouviu um grito suave e um baque, seguido da demanda de Abriella por mais. Ela não queria ouvir essas coisas. Evelina finalmente entendeu porque Tommas não tinha dado importância para a marca que encontrou em seu corpo. Ele tinha sua própria para fazer em outra mulher e simplesmente queria a ideia do casamento. Evelina esperava que ele tivesse a chance de explicar a Abriella. Por agora, Evelina manteria o segredo de Tommas. Porque ele manteve o dela. Evelina se virou para apertar o botão do exaustor e congelou onde estava. Theo estava inclinado na soleira da porta, com os olhos escuros

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na parede. Sem uma palavra, ele se inclinou e bateu no interruptor do exaustor. O barulho finalmente afogou o de Tommas e Abriella.

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Capítulo treze — Quem está no cômodo ao lado? A pergunta de Theo foi respondida com o silêncio de Evelina. Quem ela estava tentando proteger? Apesar do barulho do ventilador e do barulho da máquina de lavar roupa, uma vez que vibrava através de um ciclo de centrifugação alta, Theo ainda podia ouvir os sons reveladores do que estava acontecendo ao lado. Batidas repetidas na parede e vozes abafadas. Quem quer que fosse gostava da coisa áspera e dura. O ruído foi silenciado, e ninguém iria ouvir no andar de cima, mas ele conseguia. — Eve? — perguntou Theo novamente. — Você me seguiu até aqui embaixo? — Sim. — Por quê? Theo não tinha certeza de como honestamente. — Você parecia chateada.

responder

a

isso,

— Então você me seguiu? — Eu pensei... — Pensou o que, Theo? — Evelina cortou, seus lábios apertados e seu olhar estreito. — Você me disse para não jogar jogos com você, lembra? — Sim. — Então não faça isso, está bem? É a mesma coisa. Pode me fazer pensar que você dá a mínima para mim e nem um de nós precisa desse absurdo. Volte lá para cima. Theo arqueou uma sobrancelha. — Não. — Não? ~ 199 ~


— Não. — dando um passo para dentro da lavanderia, Theo fechou a porta atrás de si. — Nem trinta minutos atrás você basicamente me perguntou quando iriamos foder novamente. Agora, você está tentando me dar o fora rapidamente porque você não quer que eu saiba quem está nesse quarto, porra, Eve. Não é verdade? Porque alguém está lá, e isso é exatamente o que eles estão fazendo. Negue. Evelina torceu as mãos. — Não. — Quem é? — Tommas. A postura de Theo suavizou instantaneamente. — Tommas? — Isso foi o que eu disse, Theo. Ela tinha acabado de ficar noiva do homem e Tommas não podia esperar cinco minutos antes de colocar seu pau no buraco quente e molhado mais próximo que poderia encontrar? Não que um monte de caras na Outfit fossem fieis às suas esposas, porque não eram. Pessoas na Outfit não se casavam por amor, principalmente. Casavam-se para reforçar as suas famílias e cumprir o seu dever. Os sortudos como Adriano e Alessa eram muito poucos. Theo não estava de acordo com a infidelidade, mas as escolhas de outro homem e mulher não eram da conta dele. Mas inferno, por que aqui e agora? Tommas não tinha nem mesmo um pingo de respeito por Evelina? Jesus. — E quem mais? — Theo perguntou mais baixo. — Não é... — Escute, eu não dou a mínima para sua preciosa pequena moral aqui, Eve. Se você quer agir como a princesa Conti com todo mundo, sinta-se livre. Comigo, você me dá a Evelina que não aceita merda de ninguém. Entende? Evelina fez uma careta. — Não tem nada a ver com ser uma princesa, ok? — Então o quê? — É a minha amiga, Theo. Ele está com a minha amiga e eu já a traí esta noite o suficiente com essa coisa toda. O mínimo que eu posso

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fazer é protegê-la de ser ferida ainda mais ou impedi-la de ser pega, porque ela está sofrendo. Theo correu por uma lista rápida na cabeça das pessoas que Evelina era próxima. Apenas três mulheres e duas que se destacavam já eram comprometidas. — Abriella Trentini. — Sim. — Evelina cruzou os braços e se encostou à máquina de lavar. — Você não sabia? — Não. Obviamente não. Theo tinha ouvido rumores de que Tommas Rossi estava envolvido com uma mulher, mas isso era tudo o que ele sabia. Theo não era o tipo de homem que inquiria sobre merda pessoal e Tommas não oferecia informações. Todo mundo assumia que Tommas não queria uma esposa. Aparentemente, não era uma questão de não querer, mas ser incapaz de ter a que ele queria. — Droga, — Theo murmurou, passando a mão sobre o rosto. — Quanto tempo? — Até onde eu sei, desde que ela fez dezoito anos. Merda. Quase quatro anos. Havia uma diferença de idade de oito anos entre Abriella e Tommas. — Não é uma coisa ocasional, então, não é? — Não, — Evelina sussurrou. — Eles têm um apartamento juntos que se hospedavam muito quando Abriella tinha seu apartamento com a irmã. — Muita gente sabe? — Eu acho que não. Apenas as pessoas que são próximas de Ella e talvez Tommas, também. Eles sempre foram muito cuidadosos e quietos. Theo teve que concordar.

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— Por uma boa razão, — disse ele. — Joel mataria Tommas por isso. Abriella é a única coisa que restou para levar a família Trentini a algum lugar. Ela faria Joel parecer um idiota. — Ele já faz isso sozinho. — Mesmo assim... — Theo realmente não sabia o que dizer. — Me desculpe. — Por que, Theo? — Eu pensei que você estava protegendo ele ou alguma merda assim, porque esse seria o seu lugar, não é? Você conhece as regras, e você sabe como virar o rosto como uma boa esposa da máfia. — Theo deu mais um passo para frente, perto o suficiente para erguer a mão e correr um dedo pelo seu braço nu. — Não tem nada a ver com ser o que eles querem que você seja, não é? — Eu me preocupo com Ella. E com Tommas também. Ele manteve os meus segredos. Eu não vou contar os dele. Evelina compreendia lealdade muito mais do que a maioria dos homens da Outfit. E ela era uma mulher, maldição. Theo não conseguia se livrar da sensação de peso no peito. Gostava que ela fosse esse tipo de mulher. Que mesmo com as ações de Abriella e Tommas colocando Evelina em uma situação ruim, e provavelmente até machucá-la, ela ainda os protegeu da única maneira que sabia. — Ele está destinado a ser o seu marido, — disse Theo. — Você pode ficar zangada sobre isso, Eve. — Eu não acho que ele tenha a intenção de ser nada meu. A testa de Theo franziu. — Por quê? — O ideia de um casamento foi o que ele me pediu. Isso não é uma garantia, Theo. — Uma ideia, — ele repetiu. O que diabos estava acontecendo ao seu redor? Theo se sentiu confuso, com um alvo gigante nas costas que ele nem sequer entendia como tinha chegado lá. — E eu também acho que é por isso que ele não se importou com a marca que encontrou no meu pescoço, — acrescentou Evelina mais

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suave. — Porque ele não tem a intenção de seguir com isso, por isso ele está disposto a me deixar fazer o que eu quiser, desde que eu seja cuidadosa. — Até que ele possa encontrar uma maneira de sair dessa coisa toda, — disse Theo. — Talvez. — Evelina deu de ombros. — Aquele absurdo lá em cima com meu pai parecia como um bom show para a multidão, e nada mais, não é? — Riley não iria colocar a oferta de um compromisso sobre a mesa, Eve, se ele não quisesse que fosse levado adiante até o fim. — Tommas não é Riley. — Você está muito certa sobre isso. — a mente de Theo derivou para a cena que ele tinha visto antes, ele seguiu Evelina até lá embaixo. Joel tinha abordado Riley com os punhos cerrados e palavras sussurrantes antes de os dois homens desaparecerem no andar superior da casa. — Lembra quando eu te perguntei no hotel sobre os rumores de casamento? — O quê? — Seria apenas Tommas? Evelina balançou a cabeça. — Eu ouvi meu pai falando com Tommas alguns dias antes de eu me aproximar de você no clube. Riley tinha conversado com Joel e Tommas sobre a oferta de um compromisso comigo. Tommas aceitou por qualquer motivo. Eu não sei porque. — Ou talvez Riley não tenha dado a Joel a chance de aceitar. — Isso não importa, Theo. Agora não. O barulho do cômodo ao lado tinha morrido para praticamente nada antes de outro baque ressoar contra a parede. Theo olhou para Evelina silenciosamente, observando o modo como ela não parecia muito incomodada com o que estava acontecendo. — Você é muito boa para essas pessoas, — Theo disse a ela. Evelina olhou para ele através de seus cílios escuros, diversão dançando atrás de sua íris verdes. — Na verdade, eu acho que eu sou o tipo perfeito para eles.

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— Oh? — Eu sou uma mentirosa como todo mundo e, aparentemente, eu sou muito leal para o meu próprio bem. Ela era. Theo gostou disso também. — Não exatamente uma mentirosa, — disse Theo. — Às vezes. — Não para mim. Evelina sorriu. — Ainda não, de qualquer forma. Rindo, Theo perguntou: — Você está pensando em mentir para mim em breve? — Não. — Isso é tudo o que importa, babe. — Theo estendeu a mão e pegou o queixo de Evelina entre o indicador e o polegar. Inclinando a cabeça dela para cima, ele viu uma gama variada de emoções piscando sobre suas feições. — E eu ainda acho que você é, Eve. — O quê? — Muito boa para essas pessoas. Evelina mordeu o lábio inferior. — Não diga coisas assim, Theo. — Por que não? É verdade. Eu falo somente a verdade, Evelina. — Mas... — Ei. — Theo deu outro passo mais perto, encostando o corpo de Evelina na máquina de lavar roupas. Sua mão agarrou a fivela de seu cinto e seus olhos se arregalaram. — Não comece com isso, Eve. Não deixe que o que os outros fazem e pensam afete quem você é. — Coisas assim, Theo. — Eu não tenho ideia do que você está falando. A mão de Evelina apertou o cinto quando a mão dele se estabeleceu na curva de sua cintura. Theo sabia que não devia estar mexendo com essa garota, especialmente dentro desta casa. Francamente, mas nesse momento, ele não poderia encontrar forças

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para dar a mínima. Evelina estava chateada e ele não gostou nada disso. — Pare com essa testa franzida, — Theo murmurou. — Seu sorriso é uma visão muito melhor. — Isso, Theo. — Evelina balançou a cabeça e disse: — Isso aí. — O quê? A verdade? Ela não gostava da verdade? — Quando você diz coisas assim... e faz isso, — ela disse, acenando entre eles. — Nós juntos, certo? Isso tudo. Se você continuar fazendo merdas como esta, você vai começar a mexer com a minha cabeça. Nenhum jogo, isso é o que você disse. Não jogue comigo também. Não vá me fazer pensar que você se importa comigo de alguma forma e me colocar nessa loucura. Nós dois sabemos que isso não vai acabar bem. — Ruim, — disse ele calmamente. — Nós seríamos uma coisa ruim. Isso é o que eu disse, Eve. — Exatamente. — Mas eu não disse nada sobre não me importar com você. Nenhuma vez eu disse algo assim. Evelina se acalmou sob seu pesado olhar. — Oh. — Eu me preocupo com as coisas que acontecem com você. Também me incomoda que já por duas vezes você esteve envolvida com um incidente que tem sido atribuído a mim quando nós dois sabemos que eu não fiz nenhuma maldita coisa. Me preocupa completamente que alguém esteja usando você como um meio de se livrar de mim. Ou, pelo menos, é assim que parece. — Então, você não se importa comigo, Theo, você está apenas preocupado com as coisas ao meu redor. — É a mesma coisa, não é? — Eu não penso assim, — ela sussurrou. Theo apertou sua mão em sua cintura para mantê-la no lugar. Evelina não tentou se mover, mas ele não queria dar a ela a

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chance de correr. Ele precisava pensar por um segundo. Ele não poderia fazer isso se tivesse que ir atrás dela novamente. Mais uma vez… Porque ele perseguiu esta garota a seu modo por um longo tempo. — Eu acho que se eu não me importasse, eu teria desistido de tentar saber qualquer coisa sobre você há muito tempo, — disse Theo, rindo. — Quando você tinha dezoito e nunca me deu um telefonema. Ou durante todos aqueles jantares quando você me desconsiderou. E sobre aquele encontro que recusou e outra ligação que você nunca me fez? — Eu... — Eu nunca disse que não estava interessado ou que eu não me importava, Evelina. — Não, — ela admitiu. — Só que nós seríamos uma coisa ruim. — Sim. — Você está interessado? — ela perguntou em voz baixa. Theo molhou os lábios. Evelina olhou para ele com uma vulnerabilidade em seus olhos. — Eu odeio o seu pai. Eu não confio nele, nós tivemos problemas muito antes dele se tornar Chefe, e eu não posso ver os meus problemas com ele mudarem tão cedo. Você está envolvida em um falso noivado com um homem que não consegue manter os olhos sobre a mulher certa pelo tempo suficiente para fazer as pessoas acreditarem no que eles precisam acreditar. Você tem um irmão que criou um grande escândalo com a irmã de um homem que só não é mais estúpido por falta de espaço, e é, provavelmente, pelo menos, uma das pessoas que gostariam de me colocar em uma cova improvisada. — Seu ponto? — Eu tenho problemas suficientes, Eve. Eu tenho tanta merda com que me preocupar e cuidar, que trazer alguém para tudo isso parece realmente egoísta da minha parte. O que você quer com isso, hein? Você quer alguém para levá-la para sair em encontros e te dar algum tipo de felizes para sempre para você? Você quer se casar de branco e ter filhos? Esse não é o meu estilo. Eu não faço esse tipo de bobagem. — Eu não disse qualquer coisa assim, Theo.

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— Não, mas iria levar a isso, eventualmente. Todo mundo chega a esse ponto em algum momento da vida. Então sim, eu acho que seria realmente muito egoísta da minha parte até mesmo tentar começar algo com alguém só para ter que acabar com ela quando eu não puder dar mais do que o que eu tenho agora. Evelina piscou, e seus olhos verdes estavam vidrados de lágrimas. — Quem fez você se sentir assim? Theo pigarreou, surpreso. — Perdão? — Quem fez você se sentir assim, totalmente inútil, Theo? — Ninguém. Mentiras. Mentiras eram muito mais fáceis de dizer do que a verdade. — Alguém fez, — disse Evelina calmamente. — Alguém fez você se sentir como se não valesse mais do que você é agora. Sozinho. Por conta própria. Sobrevivendo. Quem fez isso com você? — Esquece isso. — É por isso que seria ruim, Theo? — Sim, — ele admitiu. Era a única coisa que ele daria a ela. Evelina apontou o dedo em seu peito. — Eu nunca te pedi nada mais do que o que você já me deu. E lembre-se, Theo, você é o único que se aproximou e me deu exatamente o que você quis me dar. Então, se você não quer fazer isso comigo, não faça, porra. — Não fazer, huh? — Não. Não. Porém, — Evelina deixou cair a mão e suspirou, — não me dê sinais mistos, não me faça pensar que você pode se importar, e não se aproxime de mim novamente. É simples assim. Basta parar. Com tudo. Theo abriu a boca para concordar, mas algo o impediu de fazer isso. — O quê? — Evelina exigiu. — O que é agora, Theo? — Você ainda não está pedindo nada, — disse ele.

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— O que eu poderia te pedir? Nada. Ela estendeu a ele lealdade e confiança. Tinha dado noites com ela e, então, não pediu nada quando terminou. Nada mais. Todo mundo sempre queria algo de Theo. — A única coisa que eu quero é que você me deixe em paz, se é isso que você precisa fazer, Theo. Não me faça acreditar que há algo aqui que poderia se transformar em algo mais. Não me leve a crer que me colocar em risco por alguém que não dá a mínima para mim vale a pena. Não faça isso. Não é justo. Theo olhou para longe, ponderando suas palavras e deixando-as se instalarem. — Mas você não está me pedindo mais, certo? — Não. Onde isso poderia ir? — Se eu não a deixasse sozinha, você não me pediria mais, certo? Porque ele não tinha certeza se a deixaria sozinha. Evelina apertou seu cinto novamente. — Não. — Eu não quero ser egoísta, Eve, mas eu estou muito interessado em você e quem você é. — Está tudo bem em se importar, Theo. — Evelina puxou o colarinho, o forçando a olhar para ela. — Você não vai me deixar sozinha, não é? — Você torna mais fácil, mesmo que seja estúpido. — Afinal, o que isso quer dizer? — Quem você é torna fácil de se importar, Eve. — Eu não estou lhe pedindo nada, Theo. Mas pode... algum dia. Evelina cutucou seu peito novamente. — Pare de cismar com isso, tudo bem? — Ok. Sem aviso, Evelina ficou na ponta dos pés e deu um beijo em sua boca. Deveria ter sido rápido e pronto, mas no momento em que seus

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lábios tocaram os dele, ele queria mais. Ele descobriu isso durante a sua estadia no hotel. Um pouco de Evelina Conti não estava nem perto de ser o suficiente para sedar um homem. Ela poderia satisfazê-lo. Ela poderia agradá-lo. Ela poderia foder com ele até secá-lo. Mas Theo queria mais. Como se ele fosse um maldito viciado e alguém tivesse apenas entregado a ele a agulha, ele precisava ter mais dessa mulher. Apenas um pequeno toque deixou o seu pau duro e seu doce beijo era suficiente para deixar seu peito apertado de necessidade. Então, quando ela o beijou, ele não podia simplesmente deixar por isso mesmo. Não, ele a prendeu com mais força contra a máquina de lavar vibrando, enfiou as mãos sob seu vestido para sentir a suavidade de suas coxas contra as palmas das mãos, e se fartou no sabor e no calor de sua boca enquanto sua língua lutava com a dele. — Porra, — Theo gemeu em sua boca. Evelina suspirou quando suas mãos chegaram em torno de seu traseiro e ele a agarrou apertado. A renda da calcinha cobriu as pontas dos dedos quando ele deslizou as mãos sob ela para sentir mais dela. Theo estremeceu quando Evelina levou as mãos sob seu cinto e puxou sua camisa, puxando o material para fora da calça. — Não é o lugar certo, — Theo disse a ela. Ela lançou um olhar por cima do ombro. — Nós não somos os únicos estúpidos, aparentemente. — Eu não gosto de nada rápido, Eve. — E quanto a rápido e duro, Theo? Cristo. Evelina inclinou seus quadris para frente, o que lhe permitiu conduzir sua ereção na pélvis dela. Com o gosto de seu batom ainda nos cantos de sua boca, Theo deu o impulso que exigiu que ele encontrasse mais desse sabor. Beijando Evelina com mais afinco até

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que ela estava implorando por uma respiração, ele a puxou para longe da máquina de lavar e a girou rápido. Antes que qualquer um deles sequer piscasse, ele colocou Evelina sentada no pequeno balcão. Ela abriu as pernas para ele instantaneamente, nem mesmo esperou que ele mandasse. A ação levou seu vestido para cima, exibindo a renda preta sob o vestido prata. — Porra, — Theo rosnou enquanto empurrava seu vestido em torno dos quadris. — Você sempre usa esse tipo de merda delicada e bonita sob suas roupas? — Eu pensei em sexy, não bonito. — Oh, isto é sexy. Muito sexy. Theo esfregou a palma da mão sobre seu sexo antes de levar os dedos sobre o local onde o clitóris estava coberto com renda. O suspiro afiado de Evelina foi engolido pela boca de Theo. Ele aprendeu rapidamente que gostava de seus sons, mas não queria ser interrompido pelo casal ao lado, ou pelas pessoas no andar de cima. — Quieta, — alertou. Evelina assentiu. — Eu irei. — Certifique-se disso. — Você pode parar de falar, Theo? A máquina de lavar tem apenas mais alguns minutos em rotação antes de terminar o clico novamente. — Esperta. Bunda para cima, Eve. Ela fez o que ele exigiu. Theo enfiou os dedos em torno de sua calcinha e puxou facilmente até que o pedaço de tecido caiu no chão. Levou um total de trinta segundos para ele encontrar o maldito preservativo em sua carteira e depois levar as calças para baixo apenas o suficiente para ter seu pau liberado de suas cuecas boxer. Evelina estendeu a mão e acariciou a cabeça de seu pau com a ponta dos dedos. Então, ela deixou as unhas correrem para a lateral de seu eixo. Foi o suficiente para enviar uma cascata de choques até sua coluna vertebral. — Posso? — ela perguntou, pegando o preservativo.

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Theo hesitou. — Eu costumo fazer isso, Eve. — Por quê? Ela sempre lhe deu a verdade. — Porque eu não confio em ninguém. Especialmente nas mulheres, que podem ter segundas intenções. Mas ele entregou o preservativo para Evelina sem nenhuma preocupação. Ela rasgou o pacote e deslizou o látex em seu comprimento com uma lentidão que poderia tê-lo matado. Ela tomou seu tempo para apertar a base de seu pau duro enquanto a outra mão deslizava sob suas calças para encontrar suas bolas. — Jesus, Eve, eu pensei que você queria rápido. — Eu quero. — Então pare com isso. Evelina sorriu. — Você gosta disso. — Sim, mas então eu irei colocá-la de joelhos, fazer você chupar o meu pau, e você não vai conseguir o que quer de presente quando sair desta sala com a minha porra descendo em sua garganta, e nada mais. Evelina deixou suas bolas, agarrou a parte inferior de sua camisa e o puxou para mais perto. — Não seja um idiota, Theo. — Então cale-se e me deixe foder você, Eve. Sua mão bateu forte no peito dele. O olhar dela se estreitou com os lábios franzidos. Theo fez tudo o que podia fazer para se impedir de puxá-la para fora da mesa e faze-la ficar de joelhos para que ele pudesse foder sua boca. Ele tinha certeza de que assistir Evelina chupando-o enquanto ela estivesse nesse estado de espírito seria uma bela vista. Em vez disso, ele provocou sua buceta com dois dedos, acariciando sua fenda mais e mais até que sua umidade estava escorrendo em todos os dedos dele e ela estava tremendo. Evelina parecia muito gostosa quando estava tremendo toda também. — Deus, Theo. Theo riu baixinho. — Você sabe o quão sexy você fica quando você está chateada, babe? Isso me faz querer por o meu pau em sua boca e te dar algo para ficar realmente chateada. Você quer saber por ~ 211 ~


que eu te provoco te chamando de princesa? É por isso, Eve. Nada é mais quente, porra. Evelina respirou áspero. — Jesus. Sua boca, eu juro. — Você gosta disso. — Eu gosto, — ela murmurou quando ele acariciou sua fenda novamente. — Nós simplesmente não temos tempo. — Não. As mãos de Evelina encontraram os ombros de Theo enquanto ele puxava sua bunda para a beira do balcão. A cabeça de seu pau pressionou em sua fenda, e o desejo de meter tão profundo e tão duro quanto pudesse em suas profundezas tamborilou quente e rápido em sua corrente sanguínea. — Não faça nenhum som, Eve. — Então me mantenha quieta, Theo. Seus dedos cavaram mais fundo em sua coxa, dando a ela um choque de dor quando ele se chocou contra seu sexo. Os primeiros segundos depois de entrar em Evelina eram de puro êxtase para Theo. Mesmo com o preservativo embotando algo da sensação, ele ainda podia sentir o calor de sua buceta em torno de seu pau quando suas paredes internas abraçaram cada polegada dele bem apertado. A boca de Evelina se abriu, com um grito na ponta da língua. Antes que ela pudesse soltá-lo, Theo estendeu a mão e cobriu a boca dela com a palma. Ele sentiu o sopro do fôlego contra sua mão quando a língua dela se estendeu para provar sua pele. — Porra, — Theo assobiou, puxando para fora até que apenas a ponta do seu pau estivesse dentro de seu sexo. Evelina mordeu sua mão com força suficiente para que doesse. Theo não mexeu a mão de sua boca. Mas ele observou o desejo escurecer os olhos dela, e a forma como suas bochechas se curvaram, com um sorriso sob sua mão. — Você está bem? — ele perguntou. Ela lhe deu um único aceno de cabeça. Isso era tudo o que Theo precisava. ~ 212 ~


Ele a empurrou para trás até que sua cabeça estava descansando contra a parede e ele pudesse enterrar o rosto em seu pescoço. Estocadas rápidas e duras os levava em direção a parede, mas a mão dela em seus ombros os manteve de fazer qualquer barulho. Theo estremeceu quando os dedos de Evelina marcaram a parte de trás do seu pescoço, enquanto a outra mão agarrada em seu cabelo puxava com força. Curtas e duras respirações responderam a cada um de seus impulsos. Os sons de pele contra pele enquanto o quadril dela encontrava o dele foi abafado pelo barulho da máquina de lavar começando a terminar o seu ciclo de centrifugação. As pontas dos saltos agulha de Evelina pressionavam as costas de Theo, o instando. Ele queria gozar. Ele podia sentir a forma como o ritmo rápido e as mãos errantes estavam o levando a um rápido final. Mas, principalmente, ela precisava conseguir o que queria dele nisso. — Vamos lá, — disse Theo em seu ouvido. — Trema para mim. Me deixe molhado com você. Persiga isso, Eve, e o busque para mim. Você é malditamente gostosa quando está chateada, mas você fica ainda melhor quando está sendo pressionada e fodida, baby. Evelina gemeu um som doce sob sua mão, suas coxas começando com os tremores indicadores. Ela estava perto, e quanto mais duro suas estocadas se tornavam, mais ela se balançava em seu ritmo, ele correspondia a cada passo do caminho. — Deus, você ama isto, porra, — disse Theo, agarrando o rosto dela mais apertado até que sua pele doeu sob as pontas dos dedos dele. — Goze para mim. Ordenhe a porra do meu leite, babe. Seu tom tinha se tornado áspero e rouco. Não havia nada como foder para fazer Theo se sentir vivo. Era a única coisa que realmente fazia isso por ele agora. E estranhamente, Evelina tinha sido a única mulher em muito tempo que fez Theo querer foder mesmo com tudo. Evelina mordeu a mão dele quando a tensão em seu corpo explodiu e ela lançou seu grito de prazer que foi abafado suficiente para que ninguém ouvisse. Theo assobiou, a dor de seus dentes cortando sua pele era muito mais acentuada do que antes. Era mais do que o suficiente para mandá-lo para o limite com ela. Com ela sob seu controle, a sensação de seu corpo se desfazendo em torno de seu pau, e a ideia de alguém pegá-los juntos, Theo não conseguiu se conter. Ele deixou os músculos apertados da buceta de

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Evelina levá-lo até o fim. Ele gozou com tudo, muito mais forte do que nunca. Isto ainda estava formigando em seu organismo. A intensidade da sensação correndo em seu eixo e em suas bolas foi suficiente para mandá-lo de joelhos. Theo se segurou firme em Evelina para mantê-lo na posição vertical, deixando cair a mão da boca dela para agarrar seus quadris com ambas as mãos. Jesus. Ele não podia respirar, porra. Evelina tocou o queixo dele com uma terna carícia de seus dedos. Foi terno demais. Muito doce. Mas ela não lhe pediu nada, então Theo a deixou tocá-lo até que seus próprios tremores cessassem e ele pudesse se afastar dela sem sentir como se ele fosse tombar. Ela não pediu para ele abraçá-la ou nem mesmo ter uma conversa doce depois que tinham terminado. Ela simplesmente o tocou com carícias delicadas até que ambos estavam contentes e calmos. Theo não sabia que precisava do que ela fez até que Evelina deu a ele. Rapidamente, ele enfiou o pau semiduro ainda coberto de látex em suas calças e ajeitou sua calça e cinto. Ele encontrou a calcinha de Evelina no chão e ajudou a colocá-la novamente antes de suavizar seu vestido e seus cabelos. Evelina ainda parecia que tinha acabado de ser manuseada por alguém. Theo era todo por essa garota. Droga. Por que ele gostava tanto do que via deste maldito modo? — Deus, você parece... Evelina molhou os lábios, seu olhar caindo. — O quê? — Como se você estivesse tentando me matar. Desça daí, — disse Theo, oferecendo a Evelina sua mão. Ela pulou, seus saltos clicando suavemente no chão de azulejos. — Você vai ter cuidado? — perguntou Evelina. — Com o quê? — Meu pai. Tommas, talvez. Todo mundo, Theo.

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— Eu ainda não entendi o que diabos está acontecendo o suficiente para saber com quem ou o com que eu deveria ter cuidado, Eve, — ele disse honestamente. Evelina franziu a testa. — Eu sei. — Mas eu vou trabalhar para descobrir. — Ótimo. Theo congelou quando o som de uma porta se abrindo ressoou no corredor. Ele fechou a porta da lavanderia, felizmente, mas ainda estava em uma situação muito comprometedora com Evelina por apenas estar sozinho com ela. — Porra, Tommy, — Abriella vaiou no corredor. — Ella, espere... — Você não Tommy. Acabou.

pode

consertar

isso. Você

entende? Acabou,

Theo pegou a visão de vacilo de Evelina, mas ficou quieto. — Ella... porra! Theo se encolheu ao som de Tommas batendo na parede com alguma coisa. Provavelmente seu punho. O som de água corrente ecoou do banheiro antes que a porta se fechasse novamente. Então, antes que Theo pudesse tentar reagir e se esconder, não que houvesse qualquer lugar que ele pudesse fazer isso na lavanderia, a porta foi aberta. Evelina se transformou em pedra atrás de Theo enquanto Tommas estava do outro lado com uma toalha de rosto branca pressionada no canto da boca. Tommas olhou o cômodo e Theo e rapidamente encontrou Evelina atrás dele. Não havia como esconder o que parecia. O maldito cômodo cheirava a sexo, e Theo ainda tinha manchas do batom vermelho de Evelina em sua boca e queixo. Não, era óbvio. Tommas não pareceu dar a mínima. — Bem, — disse Tommas, deixando cair a toalha de rosto ao lado do corpo. — Você não era quem eu esperava encontrar brincando com Eve, Theo.

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Um arranhão desagradável sangrava no canto da boca Tommas. — Você pode querer fazer algo sobre isso antes de voltar lá para cima, — disse Theo, apontando para a ferida. Tommas assentiu. — Estou trabalhando nisso. Eu estava procurando por outra toalha, na verdade. Eu sabia que aqui era a lavanderia. — Tommas, — Evelina começou a dizer. — Dê a Abriella algum tempo, — Tommas interrompeu calmamente. — Ela vai precisar de um período de arrefecimento antes que dê a alguém a chance de falar, Eve. Theo sentiu como se alguém apenas o tivesse sequestrado e deixado na Twilight Zone. — Ok, — disse Evelina rapidamente. Tommas olhou para Theo outra vez. — Isso muda as coisas. — Muda o quê? — Theo se atreveu a perguntar. O homem não lhe respondeu. Em vez disso, Tommas estendeu a mão para Evelina. — Venha, você vai voltar lá para cima comigo, Eve. Vai ficar melhor. Theo pode voltar daqui a pouco quando algum tempo já tiver passado. — Obrigado, — disse Theo. Evelina contornou Theo e pegou a mão Tommas. — A ideia, certo? — Certo, — Tommas ecoou. — Theo, tenha uma boa noite. Que jogo este homem estava jogando? Theo não gostou de como parecia que Tommas estivesse usando Evelina para alguma coisa. Segredos não eram seguros nesta vida, já que eles raramente permaneciam assim por muito tempo. O quanto Theo podia confiar em Tommas para manter seus segredos? — Você está bem? — perguntou Tommas a Theo. — Eu não sei, cara. Estou? — Contanto que você dance conforme a música. Bem, e que música estão tocando todos eles?

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— O gato comeu sua língua, Theo? — Tommas perguntou quando Theo ficou quieto. — Eu estou surpreso; isso é tudo. — Não fique. Você sabe muito pouco sobre mim. — Eu sei o suficiente agora, — disse Theo. — Theo, Tommas, — disse Evelina acentuadamente. — Parem. — Exatamente. Você sabe o suficiente para causar danos, Theo. — Tommas acenou um dedo sobre a cabeça de Evelina. — Assim como eu. — Nós vamos ter que sentar e conversar sobre isso em breve, cara. Theo queria algumas respostas. Nada disso fazia sentido. Tommas deu de ombros. — Não essa noite.

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Capítulo catorze — Pare um segundo, — disse Tommas. Sua mão na cintura de Evelina apertou, impedindo-a de continuar os últimos passos. As vozes suaves dos convidados ainda ecoavam pelo corredor, a levando a acreditar que ninguém tinha se dado conta de sua ausência. Graças a Deus. — O quê? — perguntou Evelina. — Me deixe vê-la por um momento antes de enfrentarmos todo mundo de novo. Por que isso importa? Tommas pediu a ela para se virar e com seu olhar azul-aço que era geralmente sem emoção e imparcial, ele olhou para o rosto dela de novo. Silenciosamente, ele tirou o lenço do bolso do terno e limpou a boca de Evelina. O calor corou suas bochechas. Tommas riu. — Não tenha vergonha, Eve. Eram apenas manchas de seu batom vermelho, eu acho. Nada muito perceptível. — Você notou. — Sim, bem, eu sabia o que você estava fazendo. Eu tirei uma conclusão. O resto do seu rosto está bem, por sinal. Theo unicamente sujou um pouco a sua linda boca. Tenho certeza que você não percebeu. Evelina baixou o olhar. — Eu não deveria ter feito aquilo, no entanto. — Nesta casa? — Tommas riu alto. — Provavelmente não, Eve. Nem eu deveria, realmente. Estamos no mesmo barco, você e eu anexados a pessoas que não podemos ter. — Eu não estou...

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Tommas levantou uma sobrancelha, acalmando Evelina instantaneamente. — Você vai negar o que estava fazendo quando sabe exatamente o que eu estava fazendo num local muito próximo? — Não. — Então o que você ia dizer, hmm? — Que eu não sou muito ligada a Theo. Nós não temos algo ou o que quer que seja. Não como você e Abriella. Tommas zombou. — Eu peço desculpas, mas não concordo. Talvez não seja a mesma coisa, mas nenhuma mulher com seu nome ou seu status se arriscaria da maneira que você fez há alguns minutos com um homem como Theo DeLuca a menos que você esteja procurando algo, Eve. Isso não tem que ser amor... — Não é. Disso Evelina estava muito certa. — Mas é alguma coisa, — Tommas terminou mais tranquilo. — Qual é o seu ponto, Tommas? — As coisas têm uma maneira de se tornar algo maior, Eve. Esteja consciente para não acabar na minha situação. — Eu nem tenho certeza de qual é a sua situação. — Difícil. — Tommas ofereceu a ele um sorriso fácil. — Mas isso não é para você se preocupar. Eu queria perguntar, porém, se você me seguiu até lá embaixo? — Não. Eu queria uma pausa. — Bom. Eu não quis que você passasse por... isso. Evelina franziu a testa. — Eu sabia que ela ficaria louca. — Isso não é o que eu quero dizer. Ela sabia o que ele queria dizer. — Você não é meu, Tommas, — disse Evelina simplesmente. O sorriso de Tommas desvaneceu ligeiramente. — Eu não sou. Você está certa. — E eu não espero que você seja.

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— Bem, obrigado por não fazer uma cena e por ligar a máquina de lavar. Eu suspeito que isso tenha sido obra sua, foi? Evelina assentiu. — Foi. — Quanto a Theo... Merda. — O que tem ele? — Foi com ele que você desapareceu na semana passada? — perguntou Tommas. — Por favor, não minta. Isso não vai fazer as minhas escolhas mais fáceis. — Que escolhas? — Basta responder a minha pergunta. Evelina soltou uma bufada tranquila. — Sim. — E a marca que eu encontrei. É dele também? — Sim. — E não há outro homem com quem você esteja envolvida? — Não! Os olhos de Tommas se arregalaram com sua explosão. — Eu só queria ter certeza. — Eu não sou uma prostituta, Tommas. Eu não saio com todo homem que encontro. — Eu não insinuei isso. Mas, mesmo que você o fizesse, eu ainda não usaria essa palavra para descrever suas escolhas. Não é o meu lugar julgar, Eve. — Engraçado, todos os outros homens na minha vida não diriam a mesma coisa. Tommas deu de ombros e colocou o lenço de volta no bolso. — Eles não são eu. Algo incomodava os pensamentos de Evelina. As palavras que ela ouviu Abriella cuspir para Tommas se repetiam fortemente no fundo de sua mente. — Abriella disse...

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— Nada, — Tommas interrompeu bruscamente, raiva nublando suas feições. — Ela não disse nada. A espinha de Evelina se endireitou. — Me desculpe. Era uma conversa privada, e eu não tinha o direito de tocar no assunto. Tommas suavizou sua postura, mas pouco. — Ela estava com raiva e magoada. Nós sempre tivemos uma relação diferente a portas fechadas do que a maioria das pessoas tem. O que você ouviu é apenas uma pequena parte. — Oh. Eu não entendo. — Eu não esperava que você entendesse. No entanto, esta noite fez Abriella sentir que eu trouxe esse lado privado de nós para um fórum muito público, mesmo que ninguém saiba o que nós somos. E quando essa palavra, ou outras semelhantes, vêm pra fora - prostituta, vagabunda, ou o que quer que seja - eu fico na defensiva e ela também. Como você disse, você não entende. Não é algo que possa ser explicado. — Eu não vou tocar no assunto novamente. — Obrigado, — disse Tommas, suspirando. — Agora, o seu rosto está limpo e nós temos algumas coisas para por em ordem. Eles tinham? — Acho que sim, — respondeu Evelina. — Bem, eu tenho algumas coisas para descobrir. Sorria bonito, Eve, e coloque suas preocupações à distância por esta noite. — É meio difícil de fazer, não é? — Por quê? — Eu raramente me sinto segura com essas pessoas. Após o tiroteio, este absurdo com o meu pai, e agora o meu carro sendo queimado na semana passada? Pessoas como o meu pai e Joel Trentini estão usando Theo como bode expiatório para o que aconteceu nas últimas semanas, enquanto eu sou a única pessoa que sabe a verdade, que não poderia ter sido ele. O rosto Tommas permaneceu impassível. — Eu estou ciente disso agora. — Está começando a ficar pessoal, Tommas.

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Inferno, isso ficou pessoal no momento em que sua mãe foi baleada na cabeça. Tommas sorriu. — Comigo, Eve, você não terá nada com que se preocupar. — Me desculpe, mas eu duvido. — Não duvide. Por que ela sentia que ele estava dizendo a verdade? — Você não pode me prometer isso, Tommas. — Eu já prometi.

***

— Fique, — Riley disse a Adriano. — Por essa noite, pelo menos. Seu antigo quarto está aberto, filho. Tem sido uma longa noite, não há necessidade de atravessar a cidade se você pode ficar aqui. Indecisão vacilou na cara de Adriano quando ele passou um olhar por Alessa. Ela não disse nada, mas Evelina não ficou surpresa. Alessa raramente falava na frente de Riley. O homem a deixava tão desconfortável quanto fazia com todos os outros. — Lissa? — perguntou Adriano. Riley acenou com a mão. — Oh, eu tenho certeza que ela não se importa. — Podemos ficar, — disse Alessa. — Mas nós temos café da manhã com os meus pais na parte da manhã. Eu não quero perder, Adriano. — Nós não vamos. — Ótimo. — Riley bateu palmas e sorriu. — Todos os meus filhos sob nosso teto para o Natal. Isso é bom. A alegria genuína de Riley parecia totalmente errada para Evelina. Ultimamente, seu pai não tinha mostrado muita compaixão ou cuidado com seus filhos ou a sua felicidade. A festa tinha ido muito bem, com certeza, e o anúncio de Riley sobre Tommas e Evelina tinha

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sido bem recebido. Certamente isso não foi suficiente para fazer parecer como se seu pai tivesse tomado algumas pílulas da felicidade. De onde veio este homem? — Eu tenho um convidado no andar de cima para atender, — disse Riley, — mas se sintam em casa essa noite. Talvez Courtney e eu venhamos acompanhá-los mais tarde. — Na verdade, eu acho que vou apenas ir direto para o chuveiro e cama, se vamos ficar, — disse Evelina. Ela não tinha a intenção de passar tempo com Courtney. As duas mulheres nunca seriam amigas. Riley franziu a testa. — Eve, você poderia pelo menos tentar com a minha nova esposa. — Não, pai, eu não posso. Até mesmo Adriano tossiu uma risada com isso, mas conseguiu escondê-la rapidamente com a palma da sua mão. — Você é honesta, eu acho, — disse Riley pesadamente. — Eu gosto disso sobre você, Eve. — Boa noite, — Evelina respondeu, não querendo manter a conversa. Riley a deixou ir. Lá em cima, em seu antigo quarto, Evelina escorregou para fora do vestido que havia escolhido para a festa de Natal e chutou seus saltos. Em pé na frente do espelho de corpo inteiro, ela não podia deixar de correr as pontas de seus dedos sobre sua cintura e quadris, onde Theo a tinha agarrado. Não havia nada para ver lá. Ele não havia deixado nenhuma marca para trás que não fosse a pequena mordida em seu pescoço, uma em seu seio direito que estava escondida por seu sutiã, e aquela em seu osso púbico que estava coberta pela calcinha de renda. Mas ela ainda sentia ele. Uma dor mal resolvida entre as coxas. Adorável. Inebriante. Profunda. Ela não precisava vê-lo para senti-lo. Rapidamente, Evelina agarrou o velho roupão pendurado na parte de trás do espelho e fez o caminho para fora do quarto para o banheiro ~ 223 ~


no corredor. Após o banho, voltou para seu quarto e vestiu algo adequado para dormir, e então teve um desejo de chá ou algo quente para beber antes de dormir. Saindo do seu antigo quarto, murmúrios tranquilos no corredor a atraíram naquela direção, em vez de para o caminho oposto que a levaria para baixo. — Ela não atende as minhas chamadas, — disse Alessa, com tristeza cobrindo cada palavra. — Dê a ela uma noite, querida. Talvez ela só... esteja esfriando a cabeça. — O período para esfriar de Abriella nunca acaba bem, Adriano. — Ela é uma menina grande, Lissa. — Eu sei disso, — Alessa estalou. — Ei. Não se chateie comigo. Eu não fiz nada de errado aqui. — Desculpe, eu sei. Eu apenas... não queria estar aqui agora, Adriano. — Venha aqui. — sossegada, ela seguiu a ordem de Adriano antes que ele dissesse: — Eu acho que ninguém sabia, Alessa. Não até o último minuto, de qualquer maneira. Você sabe como é Riley. Ele gosta do fator choque, e ele certamente teve isso esta noite. — Sua irmã deve ter sabido. Evelina se encolheu com a raiva na voz de Alessa. — Eu perguntei a Riley. Ele disse que ela não sabia de nada até um pouco antes da festa. — Oh, — Alessa murmurou. — Evelina é boa nestes absurdos, Lissa. Ela é boa em atuar para a multidão. Isso é exatamente o que vimos esta noite. Mas posso apostar que ela não está feliz. De modo nenhum. — Essa coisa toda parece com uma motivação para você? — O casamento? — perguntou Adriano. — Sim.

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— Sim. Tem que ser. Eu não acho que Riley estava dizendo toda a verdade quando anunciou o noivado. Nem todo mundo ficou feliz. — Meu irmão não ficou, certamente, — disse Alessa. Evelina não era a única pessoa que percebeu a ira de Joel sobre o casamento proposto, então. Isso era tudo o que ela precisava ouvir. Se afastando, ela deixou o casal em paz e desceu as escadas para fazer o chá. Infelizmente, ela encontrou Courtney sentada na ilha de cozinha com uma xícara de café na mão. Porcaria. Antes que ela pudesse voltar para o andar de cima, Courtney percebeu a presença de Evelina. — Oi, — a jovem mulher disse suavemente. Evelina se forçou a sorrir. — Oi. — Seu pai está ocupado. Nem mesmo eu consegui tirá-lo daquele escritório. A última vez que eu tentei esta noite, ele gritou comigo. Eu tive o suficiente. Courtney não parecia muito satisfeita com isso. — Riley faz isso às vezes, — explicou Evelina, dando a nova madrasta um ramo de oliveira. Ela não iria oferecer a mulher muito mais. Ela não poderia fazer isso sem sentir como se estivesse traindo sua mãe morta. — Eu o vi ficar lá por cinco dias antes de voltar ao mundo real. — Ele tem um banheiro em anexo, eu suponho. — A cozinheira deixa um prato de comida do lado de fora da porta. Courtney franziu a testa. — Eu não sabia que ele era tão intenso. — Exigente. Controlador. Obsessivo. Introvertido. Esse intenso?

tipo

de

— Eu... — Você não tem que arrumar nenhuma desculpa para ele, — Evelina interveio rapidamente. — Eu sei como o meu pai é, Courtney. Eu cresci assistindo a minha mãe ao seu lado durante vinte e dois anos antes de morrer e ficar livre dele.

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— Mas ela o amava, não é? Sim. — Eve? — Courtney perguntou quando Evelina ficou quieta. — Eu acho que ela o amava o suficiente. — O suficiente? — O suficiente para lidar com sua loucura. Courtney riu. — Bem, isso é a coisa, não é? Nós simplesmente temos de amá-los o suficiente. — Eu prefiro amar um homem inteiramente. Monstros escondidos, cicatrizes, segredos e tudo. O suficiente não é bom o suficiente para mim. Todo o ponto de dar seu coração a alguém está em ficar com o dele em troca. Eu não quero um pedaço do coração de um homem. Eu quero todo o seu coração, mesmo que isso signifique prender as partes dele junto. Evelina quase desejava que pudesse ter se impedido de deixar escapar esses pensamentos, mas ela não poderia encontrar força de vontade dentro de si para lamentar o comunicado. Era verdade. Courtney limpou a garganta e desviou o olhar. — Isso é... uma forma muito madura de olhar as coisas, Eve. — Essa é uma maneira de colocar. — Eu sei que você não me aprova. — Eu realmente não te conheço. — Evelina suspirou. — E você não me deu muitas razões para tentar, Courtney. — Não, acho que eu não dei. — Se é para sermos honestas aqui, eu não gosto de onde você veio ou como tudo isso começou entre você e o meu pai, de qualquer forma. As bochechas de Courtney picaram com a flagrante declaração de Evelina. — Eu ouço os sussurros sobre mim tão bem quanto você, Eve. E a parte mais triste de tudo isso é que eu não posso negar qualquer uma delas. Eu amo o seu pai. — Espero que sim. Porque, caso contrário, você está em perigo de se afogar com ele.

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— Eu ainda estou me afogando não importa o modo como olhamos para isso. — Courtney se levantou do banquinho e empurrou sua xícara de lado. — Minha intenção não é substituir o buraco deixado por sua mãe. Eu não poderia fazer isso de qualquer maneira. Mia era uma mulher incrível. Cólera escorreu pela espinha de Evelina em gotas quentes. — Você não conhecia a minha mãe. Não muito bem, de qualquer maneira. — Na verdade, eu conhecia. Riley é um bastardo, com toda a certeza, mas ele sempre foi aberto sobre o tipo de bastardo que poderia ser. Sua mãe sabia muito bem quem eu era e o que eu estava fazendo com o marido dela. Evelina só podia olhar silenciosamente para Courtney. — Você está falando sério. — Eu não tenho nenhum motivo para mentir, Eve. Mas sua mãe? Ela nunca me tratou como algo diferente de uma jovem mulher que merecia uma mão amável e respeito. Então, sim, eu sei exatamente o tipo de mulher que era a sua mãe, e eu também sei que não há nenhuma maneira que eu possa ser como ela era. Eu não planejo tentar também. — Huh. — Esta é uma informação nova para você, eu percebo? — Muito nova. Courtney deu de ombros. — Ela ensinou você e seu irmão também. Hoje foi o exemplo perfeito disso. Você nem sequer piscou um olho com o noivado. — Eu conheço o meu lugar, — disse Evelina honestamente. — Mas você queria, — Courtney respondeu rápido. — Porque, como você disse, você quer todo o coração de um homem. Você não pode tê-lo quando ele é alguém que você é condenada a se casar, certo? — Algo assim. Courtney sorriu maliciosamente. — Você e eu somos iguais em muitas maneiras, Eve. Nós não somos particularmente simpáticas uma com a outra, mas nós não temos um monte de aliados fora das nossas casas, também. Nesta vida, as mulheres têm que ficar juntas ou ficarão presas em função dos homens em torno delas, para fazer tudo por eles.

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Ela tinha um ponto. — O que você está querendo de mim? — perguntou Evelina. — Nada mais do que outra aliada, Eve. Alguém que não sussurre nas minhas costas e que me dá o respeito quando eu peço. Você não tem que gostar de mim, eu só estou pedindo para você aceitar o meu lugar aqui. — Você não se preocupa que você seja apenas um lugar para encher até que ele encontre outro buraco disposto? — Ele já encontrou, — disse Courtney calmamente. — E ela é um ano mais nova do que eu. Chloe Belli estava aqui esta noite com o seu pai, na verdade. — Oh. — Riley não esconde o tipo de bastardo que é de suas mulheres. — Só de todo mundo, hein? — perguntou Evelina. — As pessoas veem o que querem ver. — Courtney empurrou o banquinho de volta. — O que você gostaria de mim, Eve? — Eu acho que eu não preciso de nada de você. — Todos nós precisamos de alguma coisa. Evelina cruzou os braços, considerando as palavras da mulher. — Eu não confio no meu pai e uma vez que você está próxima dele, eu não confio em você também. — Você é mais parecida com seu pai do que pensa, Eve. Ele também não confia em ninguém. Na verdade, ele está tão paranoico com as pessoas ao redor dele agora que tem seus homens mais próximos lutando entre si por um prêmio que Riley nem sequer pretende dar a eles. — Perdão? Courtney abriu um sorriso. — Tommas e Joel. Riley tem algo que ambos desejam, mas ele não tem intenção de dar isso a eles. Evelina levou um momento antes de falar novamente. — A única coisa que meu pai tem que esses homens não têm é o assento do Chefe. — Assim parece.

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— Ele confia tão pouco neles que está disposto a colocá-los um contra o outro apenas para impedi-los de tomar o seu lugar? — Eles são mais propensos a matar uns aos outros do que ele, — explicou Courtney. Uma pesada compreensão se estabeleceu no intestino de Evelina. O tiroteio... Alguém incendiando seu carro... Falar sobre um compromisso de noivado com mais de um homem... Riley tinha feito tudo isso, inclusive colocado em risco a sua filha, apenas para manter o seu direito e deixar os homens em sua mão na linha? E se ele estivesse disposto a deixar que outra pessoa, - alguém como Theo - levasse a culpa por essas coisas na esperança de que Tommas ou Joel perdesse a vida em outra guerra de rua entre as famílias? Por quê? Não fazia sentido inteiramente. Não se Riley pretendia que Evelina se casasse com Tommas. Esta noite foi o jeito de Riley mostrar qual homem ele está mais propenso a proteger entre Joel e Tommas? Nada parecia certo ou verdadeiro para Evelina. — Qualquer um é apenas um sacrifício, — disse Evelina calmamente. Courtney deu um tapinha no braço de Evelina quando passou por em direção a porta. Evelina se virou rápido. — Espere. — O quê? — perguntou Courtney. — Porque você está me dizendo isto? Nós não somos... nós não temos sido exatamente amigas, Courtney. — Porque, Eve, pode haver sempre um dia em que eu precise de um aliado, e espero encontrar um em você.

***

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A semana seguinte à festa de Natal e anúncio do noivado passou para Evelina em um borrão. — Está pronta? Evelina olhou para cima a partir do ponto no chão que estava olhando pela última hora para ver seu o irmão se inclinar na porta de entrada da sala de estar do apartamento. — Uh... Adriano levantou uma sobrancelha. — Você está bem? Você parece fora do ar esta semana. — Estou bem. A última coisa que ela queria era seu irmão se preocupando com ela. — Tem certeza? — perguntou Adriano. — Porque desde a festa, eu não acho que você disse mais de dez palavras para mim ou Alessa. — Eu não sei se Alessa quer que eu fale, honestamente. Adriano franziu a testa. — Por causa de Abriella e Tommas. — Existe algum outro motivo? — Não. Ouça, você não tem escolha sobre o que o nosso pai quer. Alessa sabe disso. Inferno, ela estava nessa mesma posição apenas um par de meses atrás. — E agora ela vai se casar com você, Adriano. Não é exatamente a mesma coisa. — Sim, mas... — Não é nada, Adriano, — Evelina o cortou rapidamente. — Mas há algo que eu queria falar com você. — O que é? — Eu vou me mudar. Adriano abriu a boca, com uma recusa na ponta da língua. — Antes de começar a me dizer não, — disse Evelina antes que seu irmão pudesse ter uma palavra, — Pense sobre isso, Adriano. Você

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vai se casar na próxima semana. Vocês terão um bebê em maio. É hora de você começar a sua vida com Alessa e eu estando aqui, só está segurando vocês dois de avançar. Você não precisa se preocupar comigo ou cuidar de mim, tudo bem? Eu sou uma menina crescida. Além disso, não é trabalho de Tommas manter um olho em mim agora que estamos noivos? — Eu não tenho uma escolha a não ser cuidar de você, Eve. Você é minha irmã. Eu vou ficar de olho em você, independentemente se você tem vinte e dois ou oitenta e oito. Isso é o que a família faz. O coração de Evelina derreteu um pouco. — Certo. Mas eu ainda acho que é hora de eu sair do seu caminho. — E o que, voltar para casa do papai? — Eu não acho que Courtney queira compartilhar sua casa. Eu não a culpo. Além disso, o nosso pai sabe que você está comprando uma casa, então ele está provavelmente esperando que eu diga que estou pronta para ir. Ele pode até ter algo em vista para mim. Adriano fez uma careta. — Ou ele vai enviá-la para viver com Tommas. Evelina deu de ombros. — Não se preocupe comigo. — Eu já te disse. — Sim, sim. Você não pode evitar. Adriano suspirou profundamente. — É realmente o que você quer? — Sim. Eu vou ficar com vocês por uma semana ou algo assim depois de trazerem o bebê para casa. Deus sabe que vocês dois vão precisar de toda a ajuda que poderão obter. Especialmente se o bebê for qualquer coisa como você, Adriano. Um riso baixo ecoou no corredor. Aparentemente, Alessa tinha estado escutando. E a futura cunhada de Evelina enfiou a cabeça na porta. — Obrigada, — disse Alessa com um sorriso. — Sim, — Adriano resmungou. — Eu sou o alvo fácil. Eu vejo como isso funciona. — Contanto que você saiba, irmão mais novo.

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Evelina se levantou do sofá e alisou a saia de seu tubinho. — Estou pronta. — Deve ser uma noite divertida, — disse Alessa. Deve sendo a palavra-chave. — Tommas sempre soube como dar uma boa festa de Ano Novo, — Evelina concordou. Adriano zombou. — Enquanto ninguém mate ninguém, é isso aí. Bem, havia esse pequeno problema também.

***

— Parece que você não vai com a gente? — disse Adriano. Evelina ergueu os olhos da tela de seu telefone celular. Tommas Rossi estava do lado de fora da entrada principal do edifício de apartamentos. Inclinado contra a lateral do Jaguar de dois lugares, o homem era um pilar de frieza, calma e controle. Não era de admirar que Abriella se visse tão atraída por Tommas. Evelina simplesmente não conseguia ver o homem da mesma maneira. — Eu me pergunto o que ele está fazendo aqui, — disse Evelina. — É sua festa. Ele não deveria estar lá no clube? Alessa tossiu e disse: — Seu noivo, Eve. — Perdão? — Ele é seu noivo. Você deve aparecer com ele. Oh. Obviamente Tommas estava disposto a desempenhar o papel que todos queriam ver entre os dois só para o noivado parecer mais real. Evelina não gostou de nada disso, honestamente. Ela não podia deixar de se perguntar se aparecer com Tommas seria apenas mais um prego no caixão da amizade entre ela e Abriella. — Nós vamos nos atrasar, — disse Adriano, verificando o seu relógio. — Você está bem, Eve? ~ 232 ~


— Perfeita, — ela mentiu. — Vejo vocês no clube. — Claro, no clube. Adriano deu um aperto mão a sua irmã e um beijo em sua bochecha. Com um aceno de cabeça em silêncio para Tommas e nada mais, o braço de Adriano deslizou ao redor da cintura de Alessa para que ele pudesse colocar a mão na ligeira redondez de sua barriga e ele os levou para a garagem do apartamento. Evelina enfrentou um Tommas sorridente. — Boa noite, Eve, — ele disse. — Eu espero que você não se importe de ir para o clube comigo. — Você poderia ter ligado antes. — Eu poderia, mas não liguei. Evelina arqueou uma sobrancelha. — Então, mesmo que você não tenha nenhuma intenção de realmente me tornar sua esposa, você ainda espera que eu salte sempre que você disser ‘pule’? Tommas sorriu. — Eu não disse isso, Eve. Você se opõe a aparecer no clube em um belo carro com um homem bonito? — Eu me oponho a deixar a minha ex-amiga mais desconfortável do que ela já está. Seu sorriso caiu rapidamente. — Ponto tomado, — disse Tommas calmamente. — Mas desde que seu pai exigiu que eu tirasse Joel da lista de convidados, eu nem tenho certeza se Abriella vai aparecer hoje à noite. — Mas ela pode. — Eu suspeito que ela e Joel irão ambos aparecer, na verdade. Ele tem um problema em seguir as regras. — E ela? — perguntou Evelina. Tommas riu. — minhas regras.

Abriella tem um problema em seguir as

— Interessante maneira de colocar. — No entanto, eu não posso dizer com certeza se eles vão aparecer, como eu disse. Abriella não respondeu a uma única chamada

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minha desde a noite de Natal. Eu não acho que ela sequer responderia a um maldito sinal de fumaça se eu enviasse um até ela. Evelina riu, mas saiu triste e tenso. — Eu sinto muito. — Não. Eu fiz esta cama. Agora, podemos ir? A festa estará começando em vinte minutos e o anfitrião deve estar lá para cumprimentar os convidados. — Com sua noiva, huh? Tommas levantou um único ombro como se isso não importasse. — Aparecer será o suficiente. Além disso, eu ouvi que seu amigo foi colocado de volta na lista de convidados, então talvez você possa ter algum tempo com ele hoje à noite. A testa de Evelina franziu. — Meu amigo? — Theo. Oh. Um nódulo ficou preso na garganta dela e um calor se espalhou diretamente até seu sexo, onde uma dor maravilhosa começou a pulsar. Só de pensar em Theo já fazia isso com Evelina. E era louco e maravilhoso ao mesmo tempo. Ela não sabia muito sobre ele, exceto pelo fato de que ele poderia transar com ela como ninguém, que tinha algum tipo de monstro escondido, e que era o bode expiatório fácil... E que se preocupava com ela. — Hoje à noite não seria exatamente o momento certo para isso, Tommas. Tommas sorriu. — Nunca é, mas conversar não irá colocá-la em nenhum problema, tenho certeza. Então algo incomodou Evelina. — Por que Theo foi colocado de volta na lista de convidados enquanto Joel foi removido? — Pergunte ao seu pai, — disse Tommas. — Seu palpite é tão bom quanto o meu. — Porque ele quer incomodar Joel, — disse Evelina, expressando seus pensamentos interiores. — E colocar alguém com quem Joel teve problemas de volta nas boas graças de Riley é uma maneira decente de irritá-lo. ~ 234 ~


Tommas se virou e abriu a porta do passageiro para Evelina. — Bom palpite. — Por que você o deixa fazer isso com Theo, usá-lo para irritar Joel, quando você sabe que Theo não fez nada para merecer servir de bode expiatório de alguém? — Eve, eu não estou deixando o seu pai fazer nenhuma maldita coisa. Esse é o ponto. — Eu não entendo. Esse parecia ser seu mantra recentemente. Tommas acenou entender. Entre.

para

o

carro. —

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Você

não

tem

que


Capítulo quinze — Você vai vir hoje à noite, não é? — perguntou Tommas na outra extremidade do telefonema. — Sim, — confirmou Theo. — Minha irmã não quer calar a boca sobre isso. — Eu dou festas malditamente boas e todo mundo sabe disso. Theo riu. — Talvez. Agradeço o convite, Tommas. Eu estarei lá. — Bom. — Tommas riu, acrescentando: — Riley exigiu, então eu tinha que ter certeza. — Riley exigiu que eu esteja lá esta noite? — Aparentemente. Ele está disposto a fazer as pazes de uma forma mais pública do que simplesmente um convite para sua festa de Natal. — Como com bebidas, — Theo disse, suspirando. Ele não tinha nenhuma reparação a fazer havia nada para se desculpar ou perdoar. Não coisas. Ele não tinha feito nada para Riley, mas tinha feito algumas coisas para Theo ao longo dos

com Riley Conti. Não do lado de Theo das Deus sabia que Riley anos.

— Com bebidas, — Tommas concordou. — E ainda há a pequena questão sobre Artino, você sabe. Você ainda não se sentou com o Chefe e teve uma discussão decente sobre o que aconteceu, Theo. — O que há para falar, Tommas? O filho dele matou Artino e outro dos meus rapazes, que passou a ser pego no fogo cruzado. Algumas brigas aconteceram entre as tripulações. Eu conversei com a única pessoa que importava sobre essa merda. Adriano. Nós já trabalhamos nisso. — Não Walter. Não Dean. Os ombros de Theo ficaram tensos. — Eu não sei de que porra você está falando.

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— Claro que não. — Artino estava trabalhando para Joel, Tommas. Ele não tinha nenhuma lealdade para com Riley. Que diferença faz se o tolo está morto e enterrado, agora, huh? — Exatamente. O que era algo que Riley estava bem ciente. E talvez se você trouxer isso à tona, todos esses pequenos problemas que seus homens causaram na rua com os homens de Adriano possam ser negligenciados. — Artino fez aquilo também, — disse Theo. Foi a primeira vez que ele realmente tinha admitido a alguém. Ele não se importava que a culpa caísse sobre ele antes, mas agora que ele estava sendo usado como bode expiatório em problemas muito maiores, Theo estava fazendo a limpeza da sujeira de outras pessoas. — Será? — Sim, Tommas. Eu não tive a minha mão nisso. — Não é o que parecia, Theo, e você nunca negou. — Isso tudo parou uma vez que Artino foi morto, não é? — Sim, — disse Tommas. — De qualquer forma, o Chefe falou. Apareça hoje à noite ou não. Mas se você não aparecer, então todas as mãos que Riley tem oferecido a você serão puxadas de volta em definitivo. Não haverá segunda chance depois desta noite, Theo. Theo cerrou os dentes. — Bancando o bonzinho na frente do Chefe e se certificando de fazer Riley feliz, então? — O que isso quer dizer, Theo? — Isso significa que você tem duas caras, Tommas. — Ei... — E eu não acho que qualquer um de vocês tenha boas intenções. Theo desligou o telefone sem se despedir. Isso provavelmente só irritou Tommas, mas Theo estava se fodendo para o homem no momento. Só porque ele era forçado a confiar em Tommas em algumas coisas não significava que iria confiar no homem. Também não queria dizer que ele queria confiar em Tommas. — Ei, Skip?

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— Sim? — perguntou Theo, olhando para Cole sobre a parte superior de seu laptop. O jovem soldado se inclinou na porta com seu casaco pendurado no braço. — Pessoas estiveram aqui na noite passada. Theo terminou de desligar o laptop e o empurrou em sua bolsa de couro. — E o que tem isso? — Eles estavam fazendo perguntas. Isso chamou a atenção de Theo. Pessoas iam e vinham em seu clube de strip o tempo todo. Algumas dessas pessoas o conheciam pelo primeiro nome, alguns por sobrenome apenas, outros por Skip, e ainda mais através de um amigo de um amigo. Não era incomum as pessoas fazerem perguntas sobre Theo, seu paradeiro, ou algo sobre o clube e negócios. O que era incomum, era Cole trazer isso a frente. O garoto estava habituado a ouvir perguntas sobre o seu Capo, e saber como respondê-las. — Mais uma vez, — Theo falou lentamente, — o que tem isso, Cole? — Não sei, era meio estranho. Theo pegou seu telefone celular de cima da mesa e o empurrou no bolso de suas calças. — Como assim? — O cara queria saber quem tinha estado por aqui e com quem você tem falado. As pessoas não costumam perguntar esse tipo de coisa. Não, não costumam. — Como ele era? As duas câmeras da segurança que Theo tinha no clube não lhe seriam de nenhuma ajuda. Uma era para seu escritório e a outra era para o bar diretamente sobre a caixa registradora. Cole levantou a mão alguns centímetros acima de sua cabeça. — Desta altura, mais ou menos e olhos verdes. Theo correu pela lista de pessoas que se encaixavam na descrição. Ninguém que ele conhecia tinha qualquer razão para estar em seu clube questionando um dos seus rapazes sobre com quem o Capo está andando.

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— Ele esteve aqui antes? — perguntou Theo. — Não, — respondeu Cole. — O que o cara estava dirigindo? — Eu não vi, Skip. Merda. — Qualquer outra coisa que eu deveria saber? — Theo perguntou enquanto pegava sua mochila do chão. — O cara o chamou de DeLuca. Não Skip. Não Theo. DeLuca. — E você não o reconheceu, entretanto? — perguntou Theo. — Não. Droga. Não era culpa de Cole que alguém tinha estado no clube e conversando com funcionários de Theo e, provavelmente, alguns dos clientes também. Theo tinha estado ocupado desde o Natal tentando recuperar o atraso em alguns de seus empreendimentos como um centro de apostas, e então ele tinha corrido até o outro lado do Chicago para passar um dia com J e Karen. Karen gostou das fotos de Dino. Isso fez a ansiedade da viagem valer a pena, pelo menos. — Eu disse que você estaria aqui nesta noite, no entanto, se ele quisesse voltar, — disse Cole. Theo não viu problema nisso. — Está tudo bem, garoto. — A não ser que você esteja saindo fora, não é? — Sim, eu estou. Eu tenho uma festa para ir e já estou atrasado. — Theo fechou os três botões do seu colete de seda e reajustou a gravata. Ele não teria tido tempo de correr de volta para a casa e se trocar, fazer negócios no clube, e, em seguida, se arrumar para a festa, então ele simplesmente se vestiu para o clube de Tommas antes do tempo. — É assim que você vai? Cole olhou para a camiseta e jeans escuros. — Uh... ~ 239 ~


— Você está vindo comigo, certo? — Hum. — Você não tem que vir se não quiser, Cole. Seria bom para você conhecer mais algumas pessoas e aprender alguns nomes. Especialmente depois deste incidente de perguntas. Além disso, era hora de Cole ganhar alguma atenção por seu papel como homem do meio de Theo para a tripulação DeLuca. Quanto mais pessoas e negócios o garoto conhecesse, melhor. — Não, eu vou, — Cole disse em voz baixa. — Então o que é essa porra de beicinho que você está fazendo? Cole acenou entre eles. — Algumas dessas pessoas não se vestem assim. — Você está vestido como qualquer outra pessoa que iria para um clube. — Então por que você está vestido desse jeito? O garoto era astuto. Theo tinha que admitir. — Porque é uma recepção da Outfit, e você tem que aparentar como se fizesse parte, Cole. — Eu não estou. Theo jogou seu blazer azul marinho Armani através da sala. Cole pegou facilmente. — Coloque isso, — ele exigiu. Cole passou o casaco pelos ombros. Coube bem. O garoto começou a fechar os botões na frente do blazer. — Deixe desabotoado, — disse Theo, sorrindo. — Fica melhor assim. Dá algo para s mulheres admirarem. Os homens são todos sobre a bunda, peitos e pernas quando se trata de admirar uma bela mulher. As mulheres são tudo sobre o peito, ombros, e bunda quando se trata de admirar um homem de boa aparência. As mulheres têm que usar o tipo certo de vestido, algo sob ele, e os saltos certos para mostrar todos os seus ativos e torná-los com bom aspecto. Um homem só precisa do blazer certo e uma camiseta por baixo. — Huh.

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— É chamado de confiança, Cole. Arrume alguma. — Você está sem um casaco agora. — Sim. Esse é o meu favorito sobressalente. Não o arruíne, porra.

e

eu

não

carrego

um

Cole se mudou em seus pés. — Eu não vou. — Certifique-se disso.

***

Theo se encolheu com a visão do nome de sua irmã piscando na tela de seu telefone. Conhecendo Lily, ela não iria parar de ligar até que ele atendesse. Ignorá-la nunca funcionou bem para Theo. Atendendo a ligação, ele disse: — Sim, Lily. — Onde você está? — perguntou a irmã. Theo tirou a maleta de couro e entregou a Cole. Então, ele deu as chaves do seu Stingray vermelho cereja ao garoto também. — Vai aquecer o carro e coloque minha maleta no banco da frente. Eu chego lá em um segundo. Cole assentiu. — Claro, Skip. — Theo? ignorando?

perguntou Lily novamente. —

Você está me

— Estou aqui, mulher sensível. — Você ficou quieto. Eu pensei que a chamada tinha caído ou algo assim. Você não deveria estar no clube? Nós estamos aqui e você está longe de ser encontrado. — Eu estou indo, Lily. Jesus. Theo jurou que sua irmã havia se tornado sua babá autonomeada. Ele tinha certeza de que era apenas sua gravidez fazendo suas tendências habituais de sufocamento ainda mais evidentes. — Eu estou indo, — disse Theo novamente. — Eu tinha algumas coisas para terminar no clube primeiro.

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— Bom. Eu quero você aqui quando dissermos a todos sobre a gravidez. Você deve estar aqui, Theo. — Eu estarei. Pare de se preocupar. Nada da atitude despreocupada de Damian passou para você desde que você dois se casaram? Cristo, eu esperava que tivesse. — Cale-se. — Hormônios, — Theo brincou. — Nós podemos pôr a culpa neles se você quiser. Theo riu. — Eu estarei aí em menos de trinta minutos. Dê a minha sobrinha ou sobrinho alguma comida gordurosa enquanto você espera por mim. — Onde você está agora? — Do lado de fora do meu clube. — O que você vai fazer, voar até aqui? Não seja parado por excesso de velocidade, Theo. Essa é a última coisa que você precisa. Theo revirou os olhos e gemeu. — Você será a... — O que, Theo? — A melhor mãe, Lily. Ele praticamente podia sentir o sorriso de sua irmã do outro lado da cidade. — Você acha? — ela perguntou em voz baixa. — Todas as boas mães importunam, você sabe. — Idiota. — Não se esqueça. Como eu disse, eu estarei aí em trinta minutos, Lily. Eu prometo. — Tudo certo... — Ei! É Theo, certo? Theo olhou para trás ao som de uma voz desconhecida chamando seu nome. Quem quer que fosse não estava falando com ele, mas em vez disso, o homem alto com roupa escura e rosto escondido por um boné havia dirigido sua pergunta para Cole.

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O jovem soldado estava apenas começando a destravar o carro de Theo com a bolsa de couro a tiracolo quando se virou ligeiramente para enfrentar o homem. Theo abriu a boca para gritar e corrigir o tolo, mas ele não teve a chance. Uma arma foi retirada de dentro da jaqueta do homem desconhecido e apontada diretamente para as costas de Cole. A arma resplandeceu com a luz de cada tiro, mas ela só fez um som suave por causa do silenciador acoplado. Pop. Pop. Pop. Três tiros, um após o outro, entraram nas costas de Cole antes que o garoto pudesse sequer dizer uma palavra. O corpo de Cole caiu ao lado do Stingray de Theo, a bolsa caiu no chão. A garganta de Theo contraiu em torno da mensagem que queria sair. Nada além do vapor de uma respiração muda no ar na frente de seu rosto enquanto uma dolorosa rachadura se espalhava como teia aranha ao longo de sua alma. — Cole, — Theo respondeu asperamente. Deus, não. Por uma fração de segundo, o tempo congelou. Theo ficou imóvel como uma rocha, fechando o telefone na mão e observando a cena se desenrolar a apenas dez metros de distância que ele não podia sequer entender. Theo sentiu seu corpo se arremessar para frente, se movendo para o jovem no chão do estacionamento escuro, mas tropeçou em seus próprios pés. Seu corpo estava lá. Sua mente não estava. Demorou muito tempo para Theo reunir os dois no tempo presente. Até o momento, o homem que atirou no jovem soldado de Theo já tinha ido, desapareceu pela lateral de outro estabelecimento. As vielas em torno dos estabelecimentos eram tão densas e confusas que as chances se foram, Theo não seria capaz de pegar o cara, mesmo se tentasse.

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Neste momento, Cole era a sua primeira e única preocupação. Foda-se o outro cara. Theo iria descobrir quem era em outra maldita hora. Alguém iria falar. Eventualmente. — Cole, — Theo disse mais alto. Ele finalmente recuperou seus pés e se moveu mais rápido através do terreno. Uma fina camada de lama fez com que ele escorregasse enquanto chegava mais perto do Stingray, fazendo seu joelho bater no chão duro. Theo quase não registrou a dor florescente em sua perna quando se endireitou ao lado de Cole. — Porra, — Theo assobiou, jogando seu telefone de lado. Cole estava de bruços na calçada com os braços dobrados em baixo de seu corpo. Os três disparos nas costas do garoto sangravam muito. O terreno já estava manchado de vermelho e as calças de Theo absorveram o líquido espesso ainda mais quando ele se aproximou do corpo sangrando de Cole. Muito sangue. Não havia muito que Theo pudesse fazer para ajudar o garoto. Nem mesmo pedir ajuda iria salvá-lo. Levaria muito tempo para a ambulância chegar lá. Nada ajudaria Cole. Theo desprezava a si mesmo por ser capaz de perceber esses fatos. — T-Theo, — Cole engasgou. Forçando para controlar a ansiedade, Theo ajudou Cole rolar em suas costas. Com olhos vidrados e tossindo bolhas de saliva vermelha, Cole piscou para Theo. O pânico tomou conta rosto do jovem instantaneamente e as lágrimas brotaram antes de descerem em linhas pelo rosto de Cole. Não era bom. Era uma coisa terrível saber que você ia morrer. — Ei, ei, — disse Theo, enxugando o rosto do garoto com as mãos sujas. — Nada dessa merda, hein? Respire para mim, Cole. Cole tentou, mas se esforçou para isso. Merda. Outro acesso de tosse veio e mais sangue se espalhou pelas bochechas do garoto. Um tom de cinza cobriu o rosto de Cole enquanto o rosa de seus lábios desaparecia lentamente.

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— Dói, — Cole sussurrou. Por puro instinto apenas, Theo puxou a forma tremendo de Cole mais perto de seu corpo. Ele segurou firme, sentindo as mãos de Cole em punho no lado da camisa de Theo como se ele não o quisesse deixar ir. Porque o garoto era apenas um jovem. Porque ele era um menino, não um homem. Porque ninguém merecia morrer assustado e sozinho. — Sinto muito, — Cole murmurou. — Por quê? — perguntou Theo. Se o garoto queria falar, Theo iria deixá-lo divagar. — Seu casaco. Theo riu, mas saiu tenso e dolorido. — É apenas um casaco, Cole. — Seu favorito, Skip. — Apenas um maldito casaco. A respiração de Cole saiu mais forte, mais nítida. Como se não pudesse tomar o ar necessário e seus pulmões estivessem lutando para se manter. — Você conhecia o cara? — perguntou Theo calmamente. Cole balançou a cabeça lentamente, seu olhar mais atordoado do que antes. — Quem, Cole? — Bell. Nós o chamamos de Bell. Bell. Theo vasculhou seu cérebro para conectar esse nome a alguém que ele conhecesse. Ele não podia. — Apenas Bell? — Bell, — Cole repetiu fracamente. — Como você o conhecia, mas ele não conhecia você? — Não brinque com serpentes, Skip. Isso é o que você sempre me disse.

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Vinte segundos depois, Cole parou de se mover. Theo o segurou todo o tempo.

***

Theo não tinha certeza de quanto tempo permaneceu sentado ali no estacionamento de trás de seu clube, descansando contra seu Stingray com o corpo imóvel de Cole em suas mãos. Cinco minutos, talvez. Poderia ter sido dez. A dureza fria do ar batia em Theo, mas ele estava dormente. O estacionamento de trás do clube só era utilizado para empregados, o veículo de Theo e fornecedores, de modo que ninguém sequer entrou no terreno para ver o que aconteceu. Ninguém sabia nem uma maldita coisa. Theo não conseguia respirar. Essas balas tinham sido claramente direcionadas a ele. Não brinque com serpentes, Skip. A cabeça de Theo caiu para trás para bater na porta do motorista. — Serpentes. Serpentes. Serpentes. Evelina brilhou na memória de Theo. O dia de sua festa de dezoito anos. A discussão que ele tinha tido com Dino quando Evelina entrou. A voz de Dino estava muito mais alta, mas um Theo de vinte e um anos de idade não estava ouvindo seu irmão mais velho. No momento em que Theo tinha começado a ouvir Dino, já era tarde demais. Ele deixou a cobra entrar. Serpentes como Joel Trentini só irão mordê-lo quando você não estiver olhando. Porque um homem não podia esperar encantar uma cobra sem sentir as presas também. Cole sabia quem eram as cobras. Um menino de rua como Cole, apesar de ser um Artino, tinha acesso limitado a outras famílias e seus negócios. Mas Cole sabia, contudo, com quem ele devia e não devia ~ 246 ~


andar nas ruas porque Theo não deixaria seu negócio se misturar com o de outras famílias. Joel. O zumbido de toque do celular tirou Theo de seu torpor. Ele tinha estado vibrando por um tempo, mas havia ignorado quem estava ligando para que ele pudesse colocar seus pensamentos em ordem. Alguém queria matá-lo. Alguém estava querendo matá-lo há algum tempo. Esse alguém era Joel, Theo não estava surpreso. Theo estava esperando Joel fazer a sua jogada, mas ele baixou a guarda ao longo do último par de semanas. O telefone tocou novamente. Ele pegou o telefone e pressionou o dispositivo molhado em seu ouvido. — Sim? — perguntou Theo, sentindo a garganta dolorida. — Oh, meu Deus, Theo! O frenético grito de Lily atravessou o corpo de Theo. Ele não tinha desligado seu telefonema. Era provável que ela tivesse ouvido tudo. Quanto tempo sua irmã esteve lá ouvindo, se perguntando se seu irmão estava morto ou não? — Eu estou bem, — disse Theo calmamente. — Que bom, — veio uma voz muito mais sombria e áspera do que a de sua irmã. — Damian? — perguntou Theo. — Sim, Theo. — Damian latia algo do outro lado da linha, antes de voltar para a chamada. — O que aconteceu? Theo precisava de ajuda. Ele não tinha um monte de gente em quem confiava para pedir por isso. — Theo? — perguntou Damian novamente. — Família em primeiro lugar, certo, D? Damian soprou uma respiração dura no telefone. — Você sabe disso, porra. Quanto tempo vai levar para você descobrir que você sempre foi família para mim, Theo? — Joel matou Dino.

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— Eu sei, — Damian murmurou. Theo não estava nem mesmo surpreso que o Fantasma soubesse antes dele. — Eu acho, não, eu sei que ele acaba de mandar alguém para me abater também. Ele matou o meu rapaz em vez disso, pensando que era eu. Eu acho que o cara nem percebeu a diferença. — Onde você está? — Damian exigiu. — Do lado de fora, atrás do clube. — Estou chegando. Não se mova. — Não traga a minha irmã, — disse Theo. — Eu não vou. Saia da porra do frio. Theo engoliu sua raiva e nervos. — Joel me quer morto, D. — Correção, se ele mandou alguém atrás de você hoje à noite, ele pensa que você já está morto. — E daí? — Família em primeiro lugar, Theo. — Sim, eu entendo isso. — Theo ouviu o som da porta do carro bater antes de um motor ser ligado. — E o que isso tem a ver com Joel, D? — Vamos deixar que ele pense assim. E eu vou fazer isso acontecer. Theo piscou para o céu escuro, confuso. — Os DeLucas não se escondem. — Tirar umas férias não é se esconder, Theo. Deus sabe que você poderia desfrutar de umas.

***

— Desculpe sobre seu carro e tudo, — disse Damian. Theo fez uma careta para o para-brisa. — Eu tive essa porra desde que eu tinha vinte anos, cara. ~ 248 ~


— É apenas um carro. Theo passou a ponta da unha ao longo da cobertura de couro do painel do Porsche de Damian. Deixando um arranhão de uma polegada para trás. — Pare com isso, — resmungou Damian. — É apenas um carro, cara. Ponto feito. — Sim, mas o seu precisou arder, Theo. Eu ainda quero dirigir o meu. — Eu ainda queria dirigir o meu também. Mas agora o Stingray era uma pilha fumegante de metal com um corpo que seria suspeito como sendo de Theo lá dentro. — Eu te dei a escolha sobre a forma de destruí-lo, — disse Damian, sem um pingo de emoção em seu rosto. — Queimar foi a melhor escolha. O carro de Evelina foi incendiado. Talvez as pessoas parem de me culpar por essa merda se o meu acabar queimado também. — Como eu disse, você escolheu. Falando de Evelina... — Eu não confio no seu primo, — disse Theo. Damian olhou para Theo a partir do assento do motorista. — Tommas, você quer dizer. — Eu não confio nele. — E por que isto? — Ele tem motivos e ele não é aberto com eles. Eu não confio nesse disparate vindo de qualquer homem. — Nós todos temos motivos, Theo. — E você? — perguntou Theo. Damian se endireitou em seu assento. — Escute, nós estamos falando sobre Tommas, não sobre mim. — Você é primo dele. Leal a ele como ninguém. ~ 249 ~


— Errado. Dino veio primeiro, em seguida, Tommas, e então você. Mas, realmente, eu era leal a qualquer um de vocês, dependendo de quem mais precisava de mim na época. Poucos meses atrás, era Dino. Ultimamente, tem sido Tommas. Hoje à noite, é você. O olhar de Theo se estreitou. — Você disse alguma coisa a seu primo antes de deixar o clube? — Nenhuma palavra. — Pela vida da minha irmã, D, jure. — O que, você tem a porra de cinco anos outra vez? — Diga, — Theo rosnou. — Pela vida de Lily, cara, eu não disse nada. O que é toda essa bobagem com Tommas? Theo ignorou a pergunta e fez sua própria pergunta. — Dino começou toda essa merda, não é? Damian deu uma volta e respondeu: — Sim. — Por causa de Ben. — Em parte, eu acho. Eu não sei. — Principalmente porque ele queria se sentir melhor. Damian ficou quieto por um longo tempo antes de perguntar: — Por causa de toda a merda que aconteceu com Ben e vocês irmãos quando éramos crianças, certo? — Provavelmente. — Explica um monte de outras merdas, então. — Como o quê? — perguntou Theo. — Como ele me manipulou para matar o Chefe. Terrance sabia como Ben era com você e Dino e ele nunca fez nem uma maldita coisa. — Foi você, huh? — E a morte de Ben também, — Damian disse calmamente. — Dino puxou as cordas. Eu deixei porque estava sendo estúpido. — E leal. — Theo esfregou a dor súbita em seu pulso com as lembranças do abuso que ele e seu irmão tinham sofrido por parte de

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seu tio e os homens que viraram o rosto para isso há anos. — Riley sabia também. O rosto de Damian se contraiu. — Riley mais do que apenas sabia, não é? — Quase me matou uma vez. — Sinto muito, cara. Theo descartou o pedido de desculpas. — Não sinta. Eu estou aqui. A maioria deles não está. — Nem Dino está. — Não se torne meu terapeuta. Damian arqueou uma sobrancelha. — Boa tentativa, apesar de tudo. — O quê? — Me desviar. O que é que tem Tommas que está enervando você? — O que você sabe sobre Tommas, D? — Eu sei que ele tem algo que quer muito e não pode ter agora. Isso às vezes pode tornar um homem perigoso e disposto a fazer tudo o que puder para conseguir o que é dele. — Será que essa coisa acontece de ser uma mulher com quem ele não deveria estar brincando? Damian riu alto. — Você sabe sobre Abriella, hein? — Não faz muito tempo que eu sei. — Eu sim, — Damian admitiu baixinho. — Você não respondeu minha pergunta, Theo. Respirando para acalmar sua inquietação, Theo derramou suas malditas entranhas porque precisava. Ele tinha que contar a alguém sobre a merda que sabia e coisas que não sabia. Sim, isso significava expor seu caso com Evelina, e todos os problemas que vieram junto com ele, mas Theo calculou que talvez ele finalmente pudesse obter algumas respostas.

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Theo começou com o dia em que visitou Karen e o carro de Evelina foi alvejado, e terminou sua história com a semana anterior na festa de Natal Conti. Ele não deixou de fora o fato de que tinha sido chamado de sacrifício para o Chefe ou como Tommas parecia próximo de Riley por causa do que Theo soube de Evelina. Nada estava fora dos limites. Damian ficou quieto e deixou Theo falar. — Eve? — Damian perguntou quando Theo terminou. — Isso é tudo o que você ouviu do que eu acabei de falar? — Apenas não achava que a menina era o seu tipo. — O que diabos isso quer dizer, Damian? — Ela é amiga de Lily, ok? Jesus. Você não está... mexendo com a cabeça da menina, certo? — Não, — disse Theo. — Nós não temos nada importante. — Sim, vocês têm. Você é como Tommas, Theo. Você gosta de fingir porque se não rotular algo, isso não existe. Isso existe, cara. — Você está perdendo o ponto. — Não, eu não estou. — Damian suspirou e esfregou seu rosto com uma mão, sem tirar os olhos da estrada. — Tommas não é estúpido, Theo. Ele sabe que Riley está fodendo ele a torto e a direito com Joel, na medida do que se passa. Só o fato de Tommas abertamente dizer a Evelina que seu casamento não vai acontecer, e que só quer a ideia de um compromisso sendo importante, diz um inferno inteiro. Eu não sabia de nada dessa merda. Então, meu primo está trabalhando seus próprios ângulos? Provavelmente. Eu não sei o que é e eu não gosto que você possa estar servindo como bode expiatório de alguém para os jogos que esses três homens estão jogando. — Pelo menos alguém vê. Raiva dançou sobre as feições de Damian, mas o homem nunca admitia sua raiva. Não em voz alta, de qualquer maneira. — Mas qual é, Theo? Qual deles está usando você, hein? Theo deu de ombros. — Joel parece ser a escolha óbvia depois de hoje à noite, não é?

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— Sim. — Você não soa como se acreditasse, Damian. — Porque a escolha óbvia é geralmente a pessoa errada, Theo. Sim. Isso é. — E isso me deixa com Tommas ou Riley, — Damian adicionou mais tranquilo. — Eu não estou pedindo que você... — Cale a boca, cara. Você não tem que pedir. Você não entendeu, Theo. Não se trata de pedir ou qualquer coisa. Trata-se de Lily, tudo bem? Dói e ela se preocupa. Eu não posso deixá-la continuar fazendo isso. Theo ficou em silêncio no banco do passageiro. Damian não disse nada pelos próximos trinta minutos até que estacionou o Porsche em um terminal de aeroporto. — Você tem dinheiro para se manter por um tempo? — perguntou Damian. — Cartões. — Isso não vai funcionar. Eu não quero nenhum rastro em volta do seu nome, exceto a sua identidade. As pessoas não vão procurar por isso por um tempo. — Damian se inclinou e abriu o porta-luvas. Ele tirou um cartão de crédito preto com letras e números dourados. — Aqui. Não requer identidade. Não há limite. — Eu... — Pegue o cartão ou eu vou quebrar sua cara. Isto não é uma porra de democracia aqui, Theo. Você não tem um maldito voto. Theo pegou o cartão. — Obrigado. — Não use um número regular de celular também. — Eu tenho um seguro. — Envie uma mensagem para mim com ele, — disse Damian. — Certo. — Isso não é uma fuga, Theo, mas você não pode ficar aqui agora. Algo não está certo aqui. Isso é mais do que Joel. Eu preciso ~ 253 ~


saber o que é, cara. Lily não pode enterrar outro irmão. Não a faça fazer isso. Theo forçou a dor que se estabeleceu em seu peito para trás. — Eu vou ficar longe. Damian assentiu. — Então... Eve, hein? — Ela não sabe nada sobre mim, D. — Mas será que ela quer saber? — Eu sou um filho da puta egoísta. — Por quê? — perguntou Damian. — Porque eu acho que ela não se importaria se soubesse de tudo, D. E isso me faz querer dizer a ela. — Você vai descobrir se está ou não disposto a chegar lá com ela, Theo. Theo zombou. — Eu acho que eu tenho tempo para pensar sobre tudo agora, hein? — Acho que sim. — A propósito, — Theo acrescentou quando abriu a porta do passageiro. — O que, cara? — O nome Bell significa algo para você? As mãos de Damian se apertaram em torno do volante. — Como a família Belli? Belli. Jesus Fodido Cristo. Por que Theo não tinha pensado nisso? — Pelo olhar em seu rosto, eu diria que isso significa alguma coisa para você agora. — Damian olhou para Theo. — O que eu preciso saber sobre o nome, Theo? — No restaurante quando Laurent tentou atirar no Chefe e Abriella acabou levando um tiro nas costas, não foi Riley que disse que Joel estava brincando com Chloe Belli?

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Damian assentiu. — Ele disse. — Seu pai é um dos pequenos ratos de Joel, não é? — Uma serpente seria mais apropriado. — Cole reconheceu o cara que atirou nele. Ele disse que o nome do homem era Bell. Damian fez uma careta. — Merda. — O que estou perdendo? — perguntou Theo. — Chloe tem um irmão mais velho em torno da idade de Joel. Ele faz um monte de trabalho sujo quando Joel não quer que as pessoas saibam. Nate é o nome do cara, mas ele se mantém discreto. Como se não quisesse obter sua entrada para a Outfit ou algo assim, mas ele não se importa de fazer negócios e tudo mais. — E aí? — Eu tenho certeza que ele atende por Bell, Theo.

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Capítulo dezesseis Alguma coisa estava errada. Evelina soube no momento em que Damian tinha pulado para fora do clube, sem uma única palavra a ninguém, a não ser sua esposa. Não ajudou com as preocupações de Evelina quando Lily continuou sentada com o polegar entre os dentes, e um telefone nas mãos. — Lá está seu pai, — disse Tommas calmamente. Riley entrou no clube com dois homens em ternos elegantes vindo atrás dele. Courtney pendurada no braço de Riley com seu habitual sorriso estampado no rosto. — Eu vou cumprimentá-lo. — Tommas se afastou do lado Evelina. — Por que você não vai falar com Lily? Ela parece terrivelmente sozinha sem Damian. Eu nem sequer o vi sair. — Ele deve ter ido ao banheiro, — Evelina mentiu. — Talvez. E eu deveria ir ver a minha mãe. Deus sabe que Serena e um clube nunca se misturam bem. Tommas deixou Evelina sozinha, e ela não se importou. Até agora, a sua noite tinha consistido em saudar as pessoas e ser educada conforme o álcool começava a fluir. Evelina nunca tinha se dado muito bem com pessoas bêbadas, a menos que ela fosse uma delas também. — Ei, — disse Evelina para Lily. Lily olhou para cima de seu telefone, a preocupação iluminando suas feições. — Ei, Eve. — Onde o seu marido foi? Eu não acho que já o vi deixá-la sozinha por mais de cinco minutos. — Uh... ele só teve que correr para pegar algo que eu esqueci. Antes que Evelina pudesse questionar sua amiga sobre a mentira, o telefone de Lily tocou. Lily pulou e rapidamente atendeu a ligação.

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— Bem? — Lily perguntou. Evelina manteve um olho em sua amiga e outro nos convidados da festa de Ano Novo atrás dela. — Bom. Então, ele está bem. — Lily suspirou alto. — Hum... Tommas, Riley. Seu grupo, na sua maioria... não, não Joel. Ainda não. Lily disse um adeus rápido e mais alguma coisa que parecia um eu te amo. Havia apenas um homem para quem Lily diria essas palavras. Damian. Virando-se para a amiga, Evelina perguntou: — Ele só teve que correr para pegar algo que você esqueceu, não é? Lily olhou para as pessoas atrás Evelina. — Algo aconteceu. O coração de Evelina caiu. — Algo ruim? — Sim, mais ou menos. Quero dizer, ele está bem, mas ainda é ruim. — O que foi? — Theo... Alguém agarrou o braço de Evelina e puxou, interrompendo a conversa com Lily. Theo, o quê? Theo, o quê? Era tudo o que Evelina podia pensar quando se virou para encontrar a expressão grave de Tommas. — Eve, temos convidados. Seja educada. Mesmo se eles se tornem difíceis. As palavras escuras de Tommas no ouvido de Evelina não a deixaram esperançosa. Um arrepio subiu pela espinha dela quando ela girou nos calcanhares para ver Joel entrando com Abriella ao seu lado, e Chloe Belli, do outro. Ótimo. Tudo o que Evelina realmente queria fazer era questionar Lily até que ela conseguisse informações sobre Theo. Ele não foi convidado para a festa? Ela tinha um número de telefone celular que ele lhe tinha dado

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para mandar mensagens ou ligar se ela precisasse de alguma coisa, mas seu telefone estava no escritório de Tommas com sua bolsa de mão e casaco. — Vamos dizer oi, — disse Tommas, puxando Evelina ao longo do clube. — Parece que o seu pai está fazendo isso também. — Todo mundo foi revistado na porta, certo? — perguntou Evelina. Ela estava meio que brincando. Tommas deu de ombros. — Nesta vida, a fidelidade das pessoas só vai tão longe quanto seus bolsos são profundos. Até mesmo no meu povo. — Ótimo. — Não se preocupe. Eu não acho que Joel apareceu por qualquer outra razão do que para desafiar Riley. Apenas sua presença é suficiente para irritar o Chefe. — Eu nunca entendi por que Riley lhe deu uma posição elevada. Ele odeia Joel. — Porque Riley não queria mais brigar e o seu irmão engravidou a irmã de Joel, — disse Tommas simplesmente. — Foi uma pena de qualquer forma. O derramamento de sangue seria uma garantia se Riley não fizesse alguma coisa para resolver as demandas de Joel. Esta foi a melhor escolha até que ele possa lidar melhor com isso. Evelina parou de andar, e empurrou seu cotovelo fora do alcance de Tommas. — O que diabos isso significa? Tommas piscou para ela. — Perdão? — O que Riley vai fazer para lidar com Joel? — Eu... — Não diga que você não sabe, Tommas. Todas as suspeitas de Evelina sobre seu pai vieram borbulhando de volta com uma vingança. O tiroteio e seu carro, o casamento com Tommas e agora, ter Joel fora da lista de convidados para a festa apenas para irritar o homem. Evelina enquadrou os ombros, determinada a obter algumas respostas de uma vez por todas. — Será que o meu pai está ~ 258 ~


propositadamente causando problemas na possibilidade de que Joel seja culpado, e ele possa se livrar do homem sem ninguém fazer barulho? E, por sua vez, percebeu Evelina, Theo era o homem que estava levando toda a culpa em vez de Joel. Era isso que tinha acontecido? Evelina empurrou seu dedo no peito Tommas. — Meu pai está tentando arrumar uma razão para matar Joel, ou ele está fazendo coisas que fariam com que Joel se coloque em uma posição de ser morto? Theo é o sacrifício que pessoas como você e o meu pai estavam dispostos a fazer, seja por Joel indo atrás dele, ou Theo se tornando outra vítima para culpá-lo, apenas para conseguir o que querem no final? A mandíbula inteiramente.

de

Tommas

ficou

brevemente

tensa. —

Não

— Isso não faz qualquer sentido. Ele é ou não é, Tommas. — Sim, faz sentido. E alguns de nós têm tentado corrigir os subprodutos da bagunça, Eve, mas Riley torna terrivelmente difícil de fazer isso quando ele tem a sua própria agenda. Infelizmente, sua agenda não é o que ele está dizendo a todo mundo. Ou pelo menos não a mim. Eu estou tentando. Isso é tudo que eu posso dizer. Estou tentando. — Tentando fazer o quê? — ela perguntou em voz baixa. — Tentando impedir que algumas pessoas sejam um maldito sacrifício. Theo. — Agora, — Tommas acrescentou asperamente, — sorria para essas pessoas e faça o que você é boa, Evelina. Evelina se forçou a não bater em Tommas. — Vá para o inferno. — Surpresa, querida. Eu estive lá por um tempo. Mulheres como você não tornam mais fácil, porra. — Eu suponho que você tem suas próprias razões para querer Joel fora da jogada, não é? — Evelina perguntou quando jogou um olhar aguçado na direção de Abriella Trentini.

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— Eu tenho, — disse Tommas. — Agora, vamos. Mais irritada e mais confusa do que nunca, Evelina deixou Tommas conduzi-la o resto do caminho pelo clube até onde poderiam saudar os recém-chegados não desejados. Riley tinha cumprimentado Joel e Abriella alguns segundos antes de Tommas e Evelina. — Joel, — Riley disse, sorrindo falsamente. — Estou surpreso de ver você aqui. Tenho certeza de que Tommas foi orientado a remover o seu nome da lista de convidados para esta festa após os acontecimentos recentes. A última coisa que precisamos é de outra birra Trentini. — Eu não recebi o memorando até que eu estivesse a caminho daqui, Chefe, — respondeu Joel. — Eu pensei que, já que a minha irmã e eu já estávamos vestidos e vindo, por que não aproveitar a noite com o resto de vocês? Tenho certeza de que podemos pôr de lado as questões por uma noite, não podemos? Evelina jogou a Abriella um olhar cauteloso. Abriella nem sequer agiu como se Evelina existisse. Ela também não deu a Tommas um olhar de passagem sequer. Isso, no entanto, não era nada novo. — Tommas? — perguntou Riley. — Eu fiz o que você queria, — disse Tommas. — O que eu queria... — Eu passei a informação adiante, Riley. O olhar de Riley se estreitou na direção de Tommas. — Tarde, eu vejo. O que Evelina tinha perdido? Tommas assentiu educadamente para Joel. — Aproveite a noite, como você disse. Se houver algum problema, eu vou mandar você ser removido. Parece bom para você? Joel jogou seu a velho amigo um olhar de desprezo. — Soa bem. — Bom. Joel acenou para Abriella, e os dois passaram pela multidão sem olhar para trás. Não se passaram mais de cinco segundos antes de Riley se virar para Tommas. — Que diabos foi isso? — Riley latiu.

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— Eu não sei do que você está falando, — Tommas murmurou. Evelina se afastou alguns centímetros de Tommas. Ela não gostou da forma como seu pai olhava para ele neste momento. Como se estivesse pronto para explodir a qualquer fodido segundo. Ela tinha visto esse olhar nele muitas vezes e tinha estado a par da confusão que poderia criar. — DeLuca foi colocado de volta na lista como eu exigi? — perguntou Riley. — Sim, — respondeu Tommas. — E Joel só ficou ciente disso em seu caminho até aqui? Tommas deu de ombros. — Eu não posso dizer com certeza. Tudo o que sei é que a minha mensagem sobre a remoção de Joel foi repassada. O resto é sua bagunça para lidar, Chefe. Não minha. — A questão toda foi por culpa... — Seu ponto. O meu não é o mesmo. Os dentes de Riley cerraram. — Entendo. Que jogo Tommas estava jogando?

***

— Você! O sibilar enraivecido foi tudo o que Evelina ouviu antes que Tommas fosse empurrado grosseiramente para seu lado. Ela mal conteve o grito de surpresa em sua garganta antes que ele escapasse. Damian pegou Tommas pela gola do casaco e praticamente arrastou o homem para o corredor escuro. Em seu caminho, Damian apontou um dedo para Evelina e rosnou, — Você fique fora daqui, porra. Evelina acenou com a cabeça, mas não podia prometer nada. Poucos segundos depois, ela ouviu um baque duro como se um corpo houvesse atingido uma parede. Evelina enfiou a cabeça no

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corredor apenas para descobrir Tommas preso contra a parede e Damian olhando para seu primo. — Onde você estava? — perguntou Tommas. — Levando Theo para fora da cidade antes que alguém tentasse atirar nele outra vez. Toda a luta pareceu ter comunicado. — Ele foi atrás de Theo.

deixado

Tommas

com

esse

— Que porra você fez? — perguntou Damian. — Você está tão louco sobre aquela garota que está fazendo merda, não está? Tommas passou a mão sobre o rosto e suspirou. — Damian... Damian empurrou Tommas contra a parede novamente. — Respostas ou nada, cara. Eu vou encontrá-las lá fora de qualquer maneira. Você sabe que é a maldita verdade. — Eu confiei na pessoa errada. Por um breve momento, Damian pareceu relaxar. — Eu conheço o sentimento. — Eu tentei corrigir, D. — Tentou? — Hoje à noite eu tentei. Mas, principalmente, eu não sabia o que diabos Riley tinha planejado. Eu pensei que ele faria algo aqui e eu pudesse ficar de olho e impedi-lo. Toda a dança das cadeiras na lista de convidados era suposto parecer como uma coisa de favoritismo para Riley entre Theo e Joel. — Bell, — Damian cuspiu. A sobrancelha de Tommas franziu. — Quem? — Belli-Bell. Significa algo para você agora? — Como a família Belli? — Sim, imbecil. Eles. — Chloe é a menina de Joel. Quero dizer, se você quiser chamá-la assim, — disse Tommas. — Mas, principalmente, ele só a usa para foder quando sente a necessidade. E você sabe… — Não, me ilumine. ~ 262 ~


— Eu a vi em torno de Riley no último par de meses também. O coração de Evelina estava pulando em sua garganta enquanto ela assimilava todas essas informações. Suas suspeitas sobre seu pai estavam sendo confirmadas diante de seus olhos. O que ela ia fazer agora? — Eu estava fazendo o que Riley queria, — disse Tommas calmamente. — Eu estava deixando-o pensar que ele estava me usando de toda forma para causar algo entre Joel e eu. Eu não me importava, D. — Porque você sabia que entre vocês dois seria você que sairia por cima. — Sim. — E então você ficaria com Abriella. Tommas caiu contra a parede. — Eu não podia deixar Theo assumir a culpa por isso, não depois que eu descobri sobre... — Tommas parou com um estremecimento. — De qualquer forma, eu não podia deixá-lo ser bode expiatório apenas na esperança de que Riley conseguisse o que queria. Eu pensei que se Riley quisesse Joel fora o suficiente, que iria encontrar uma maneira de fazer funcionar. — Mas a culpa ainda continuava sendo colocada em Theo. Tommas assentiu. — Sim. — Quem incendiou o carro? — perguntou Damian. — Riley. — Quem tentou alvejá-lo no dia em que Theo estava com Eve? — Eu, — disse Tommas tão baixinho que Evelina se esforçou para ouvir. Evelina se sentiu mal do estômago. Havia muito mais envolvido do que ela tinha percebido. Ela não confiava em ninguém, exceto no homem que, aparentemente, não estava nem mesmo na cidade mais, se as palavras de Damian sobre levar Theo para fora tinham alguma verdade. — Riley o levou a fazer o trabalho do tiroteio? — perguntou Damian. ~ 263 ~


— Não. Isso foi coisa minha. Riley já tinha a semente plantada em sua mente para se livrar de Joel. Eu simplesmente pensei que brincar com sua família iria fazer Riley agir mais cedo. Em vez disso, Theo foi responsabilizado e tudo virou uma bola de neve desde então. — Theo pensa que foi Joel quem foi atrás dele hoje à noite, — disse Damian. — Riley provavelmente quer que todos pensem assim. Eu sei que ele foi até o território de Theo ontem com alguém. Poderia ter sido Bell. Sinto muito, cara, — disse Tommas. — Meu objetivo não tinha nada a ver com Theo, mas toda a merda acontecendo nas ruas com os rapazes de Theo só permitiram que a culpa fosse direto para ele antes de qualquer outra pessoa. Joel se agarrou a isso. Eu não sei por que, mas ele sustentou que estava tentando encontrar uma razão para ir para cima Theo. Damian pigarreou. — Você sabe porque. Eu te disse o porquê. — Joel matou Dino. — Theo sabe que foi Joel, — disse Damian. — E, dada a afirmação muito pública que Theo fez no jantar onde disse a Joel que, ao contrário de Dino, ele iria ver Joel vir, me diz que talvez Joel não queria colocar a cara a tapa. Faz sentido Joel tentar encontrar uma razão para se livrar de um inimigo. Mas Riley, é onde eu estou perdido. — Não fique, — Tommas murmurou pesadamente. — Theo foi o alvo fácil. Quando a culpa veio sobre Theo do lado de Joel das coisas, Riley não se importou de alimentar isso. Era a maneira mais simples e mais rápida para Riley começar algo que tiraria Joel da jogada. — Mas Theo... — É a vítima que Riley não se importa de perder em tudo isso. Você se lembra do quão próximo Ben era de Riley, D. Theo e Riley tiveram sangue ruim por todo esse tempo desde quando Theo era criança. Damian se enrijeceu. — Eu não tinha pensado nisso. — Você deveria ter. Você sabia que Ben batia até não querer mais em Theo e Dino sempre que ele tinha uma fodida chance de merda, e Riley era apenas um dos homens que ajudava às vezes. Riley quase matou Theo uma vez com uma cadeira de metal e Ben apenas ficou para trás e deixou o homem fazer isso. Ruim, muito sangue ruim, Damian. ~ 264 ~


Evelina desapareceu no canto. Suas costas bateram forte na parede e ela afundou em seu traseiro. Abuso. Theo tinha sido espancado. Por seu tio. Provavelmente pelo pai de Evelina. Quanto mais ela pensava sobre as questões de Theo com o escuro, os pesadelos que ele falou, e suas peculiaridades estranhas, mais fazia sentido. Ela não conseguia respirar e uma dor começou a se espalhar em seu coração. Agora, mais do que nunca, ela desejou que pudesse falar com Theo. Poucos minutos depois, Damian e Tommas saíram do corredor. Nenhum dos homens parecia estar desgastado após a sua conversa. Evelina já estava novamente em pé e esperando por Tommas. — Eve, — disse ele. Tommas ofereceu sua mão. Evelina se recusou a tomá-la. Damian riu. — Você passou muito tempo com Theo e se esqueceu o seu lugar, Eve. Seu olhar cortou para Damian. — Como foi? — Theo é o que quebra as regra, certo? — Damian mostrou seus dentes brancos num sorriso. — Você tem que estar muito próximo de alguém para que seus hábitos comecem a contagiar você. Evelina finalmente entendeu o que ele estava dizendo. Damian sabia sobre ela e Theo. — Ele está bem, — disse Damian. — Theo, eu quero dizer. Ele está seguro. — Obrigada. Evelina precisava ouvir isso mais do que Damian poderia entender. Tommas deu a Damian um olhar que Evelina não conseguia decifrar. — O quê? — ela perguntou.

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— Em cinco minutos, — Tommas disse, — vamos todos fingir que Theo não está bem. — Por quê? Damian enfiou as mãos no bolso. — Alguém o queria morto esta noite. Queremos que a pessoa acredite que Theo está realmente morto. — Meu pai, você quer dizer. Tommas riu. — Você ouviu tudo, não é? — Sim, — Evelina admitiu. — Eu sinto muito, Eve, — disse Tommas. — Sobre o tiroteio e o que se seguiu. Me desculpe. — Não, eu não acho que você sinta. Cinco minutos mais tarde, Evelina observou a multidão de convidados no clube começando a sussurrar sobre um acidente e um tiroteio envolvendo Theo DeLuca, a notícia começou a circular ao redor. Ninguém parecia saber de toda a história. Ninguém sabia quaisquer fatos reais. Uma coisa era a mesma em todas as rodas. Theo estava morto.

***

— Por que eu não posso ir para casa com o meu irmão? — perguntou Evelina. Tommas colocou seu carro no estacionamento e desligou o motor. Ele observou Damian estacionar o seu próprio veículo e, em seguida, ajudar sua esposa a sair do carro. — Pode haver problemas após esta noite, Eve. Foi o objetivo principal de seu pai nessa coisa toda. Eu quero que você esteja um lugar seguro. Apesar do que você possa pensar sobre mim e o que eu fiz, havia uma razão para que nem uma única bala minha tenha acertado você ou Theo. Evelina se recusou a agraciar isso com uma resposta. — Damian e Lily têm uma casa segura no território DeLuca, — disse Tommas.

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— O casamento do meu irmão é em poucos dias. — Você vai assistir com Damian e Lily. — Eu realmente não gosto de você agora, — disse Evelina calmamente. — Você não tem que gostar. Você simplesmente tem que confiar em mim para corrigir isso tudo. — Pelo que eu entendo, você quase conseguiu que Theo fosse morto esta noite. — Seu pai, não eu, — respondeu Tommas rápido. — Damian está esperando. Eu vou fazer com que uma mala seja trazida a você amanhã. Tenho certeza de que Alessa sabe onde suas coisas estão para o casamento. A Evelina não precisava ouvir novamente. Ela saiu do carro e bateu a porta com muito mais força do que o necessário. Ela ainda não tinha subido o degrau da frente e Tommas já estava se retirando dos portões. — Lily já entrou, — Damian informou. — Ela está cansada. — E preocupada, — disse Evelina. Porque ela estava. Terrivelmente. Um vazio se instalara em seu coração e ela não esperava nada disso. Ela ainda não tinha percebido até que Theo tinha ido embora, mas desejou que ele tivesse ido. Não era seguro para ele estar lá agora. — Sim, eu imagino que você esteja também, — Damian murmurou. Evelina não encontrou o olhar do homem. — Como você sabe disso? — Theo me disse. Tudo bem então… — Você deveria saber, — Damian adicionou, dando a Evelina um pequeno sorriso, — que eu acho que ele se preocupa muito com você, mesmo que não queira admitir.

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— Por quê? — Porque Theo não se envolve com coisas que possam trazer problemas para ele, apesar do que ele faz com que pareça. Ele é um homem inteligente. Muito esperto. — Sair comigo não é inteligente, entretanto. — Não, — Damian concordou. — E se ele está disposto a correr esse risco, o meu palpite é que ele está se perguntando o que poderia vir disso. Você quer saber? — Com meu pai vivo, de jeito nenhum. Damian franziu a testa. — E se ele não estivesse vivo? — Ele está, então a sua pergunta não importa. — A minha pergunta é hipotética, Eve. — Eu não trato com ilusões, — disse ela, passando por ele para entrar. Em seu coração, a verdade estava gritando muito mais alto que suas palavras. Ela se perguntava o tempo todo agora.

***

— Ei, — Damian disse, colocando a cabeça na sala de estar. Lily olhou a partir do livro que estava lendo. — Sim? — Theo acabou de ligar. Ele está instalado e seguro. Evelina sentiu a tensão deixar seu corpo enquanto Lily afundava no sofá. Eram duas da manhã. Lily se recusou a dormir até que Damian dissesse uma palavra sobre Theo. Evelina não estava em muito melhor estado. — Está? — perguntou Lily. — Sim. Você vai ir dormir agora, querida? Lily riu. — Vou pensar sobre isso.

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— Vou levar você lá para cima, Lily, — Damian advertiu. Ela descartou seu marido. — Me dê mais alguns minutos. — Tudo bem. Uma vez que Damian tinha ido embora, Lily voltou para seu livro. Então, muito calmamente, Lily perguntou: — Quando é que você vai me dizer, Eve? Evelina desviou o olhar do seriado passando na televisão. — Sobre o quê? — Sobre você e meu irmão. Nenhuma palavra foi dita. Evelina tentou, por Deus, ela tentou, mas nada veio. — Você não está nem negando, — Lily observou, nenhuma vez tirando os olhos de seu livro. — Eu não mentiria para você. Você é a minha melhor amiga, Lily. Finalmente, Lily olhou para cima e encontrou o olhar de Evelina. — Você sabe, você está sentada nesse lugar por horas e mal se moveu. Você não falou muito comigo desde que chegamos aqui. Você olhava para o seu telefone como se estivesse à espera de uma chamada. Você não tem nenhum interesse romântico em Tommas, e qualquer um com duas células cerebrais pode ver isso. Você está preocupada, você está instável, e inquieta. Por causa de alguém. Assim como eu. A única pessoa que merece isso no momento é Theo . Evelina engoliu o nó na garganta. — É ele, você está certa. — Quando você ia me dizer? — Não é como se tivéssemos algo. Não havia muito a dizer. — Vocês têm alguma coisa, — disse Lily. — Eu conheço Theo. Você significa algo, Eve. Quanto tempo? Evelina teve que pensar sobre isso. — Isso é difícil de responder, Lily. — Me teste. — Desde que eu fiz dezoito anos, Theo tem estado como pano de fundo na minha vida, de uma forma ou de outra. Flertando, ~ 269 ~


empurrando os meus limites, me provocando, coisas como essas. Ele me convidou para sair e eu recusei. Ele se aproximou de mim e eu o afastei. Eu até mesmo cheguei a não ir a um par de encontros quando eu tinha concordado em sair com ele. Então, sim, é difícil responder a isso porque tem sido ao longo de anos. Pelo menos do lado dele das coisas. — Eu acho que do seu lado, também, obviamente. Evelina olhou para suas mãos. — Eu queria dizer sim a ele a cada vez. Eu queria que ele me levasse para sair e ver o que iria acontecer. Mas eu tenho estado presa usando a tiara da princesa, embora eu nunca tenha querido. Theo não era o tipo certo de príncipe e eu não estava pronta para tirar a tiara. Quando eu estava, já era tarde demais. Lily respirou fundo e jogou o livro de lado antes de descansar a mão em sua barriga ainda plana. — Então, quando as coisas mudaram? — Pouco antes da minha mãe morrer, Theo me convidou para ir ao balé e eu concordei. — Giselle? — Sim. Você conseguiu os ingressos porque eu desisti do convite para ir ao jantar onde minha a mãe foi morta. E, em seguida, no mês passado... no mês passado eu acabei em um hotel com Theo por dias. Lily limpou a garganta, perguntando: — E? — E foram os três melhores dias da minha vida. — Ok, então. Lily pegou o livro e abriu de volta. — Só isso? Ok? — perguntou Evelina. — Só isso, — Lily ecoou suavemente. — Eu aprendi com Damian que, às vezes, nós apenas não podemos escolher a quem damos essa parte de nós, Eve. — Que parte? — Nossos corações. Evelina se endireitou no sofá. — Eu não estou... apaixonada por Theo. ~ 270 ~


Estava? Ela se preocupava com ele, mas não estava apaixonada por ele. — Às vezes, você leva um tempo para descobrir, — disse Lily como se soubesse exatamente o que estava passando pela cabeça de Evelina. — Isso não faz tudo menos real, Eve. — Amor é uma palavra perigosa e eu não a usaria neste momento. — Me deixe saber quando isso mudar.

***

Evelina retirou uma mancha de delineador diante do espelho decorativo. O quarto privativo tinha sido designado para a parte da noiva ficar pronta, mas Evelina estava sozinha no quarto. Abriella tinha aparentemente decidido se arrumar em outro lugar. Não que Evelina culpasse a garota. Uma batida na porta foi o único aviso que Evelina teve antes de Lily colocar sua cabeça por ela. — Ei, — disse a amiga. Evelina se virou e acenou com os braços. — Como estou? — Linda. — Lily sorriu, estendendo um telefone celular, e disse: — Aqui, tome isso. Chame de presente de Natal atrasado ou o que você quiser. Evelina pegou o telefone. — Para quê? — Ele vai ligar de volta em um minuto. Cinco minutos até que nos encontremos na porta, ok? Ainda confusa, Evelina concordou. Lily fechou a porta, deixando Evelina sozinha mais uma vez. Felizmente, o dia tinha ido pela maior parte sem problemas. O pai a tinha deixado em paz e Tommas manteve uma distância segura. Abriella não disse duas palavras para ela, e Alessa estava apenas esperando por um dia calmo de casamento.

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Curiosamente, Joel não tinha aparecido ainda para o casamento de sua irmã. Evelina não estava surpresa. Riley estava provavelmente absorvendo isso. Voltando ao espelho, Evelina ajeitou um cacho rebelde. O celular vibrou em sua mão, quase fazendo-a saltar de seus saltos. Sem olhar para o identificador de chamadas, Evelina atendeu a chamada. — Alô? — Princesa, — ela foi saudada com uma voz familiar e rica como mel. Evelina se apoiou no espelho com um suspiro. — Theo. — Quem mais, baby? Ela sabia que ele estava bem e seguro. Ela sabia que as reportagens sobre o corpo queimado encontrado no arruinado Stingray de Theo tinha sido uma mentira para distrair Riley. Ela sabia todas essas coisas. Mas foi apenas ao ouvir a voz de Theo que Evelina finalmente acreditou. — Eve? — perguntou Theo. Ela saiu de seu torpor rapidamente. — Onde está você? — A um voo de distância. O casamento é hoje, certo? — Sim. — Desculpe por perder você em seu vestido. Eu aposto que você está linda. Evelina riu. — Eu tenho certeza que você teria vindo só por mim. — Bem, você teria sido a melhor vista, mas eu também teria ido pelo vinho e pelo bolo. — Você é horrível. — Eu sei, — disse Theo, rindo. — Eu sinto muito, Eve, eu deveria ter ligado antes. Lily me fez saber que você estava preocupada. — Eu estava. — Você disse para a minha irmã, huh?

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— Ela percebeu. — Sim, Lily é inteligente, — disse Theo calmamente. — Como está todo o resto? — A Outfit? — Sim. — Perigosa, — Evelina respondeu. — Está perigosa e eu não confio em ninguém. — Ótimo. Você não deve. — Eu confio em você. Theo ficou em silêncio por um momento antes de dizer: — Bem, quem mais irá te salvar, princesa? — Exatamente. — Evelina manteve um olho na porta quando perguntou: — Você já falou com Damian? — Sim. — Então você sabe... — Tudo, — Theo interrompeu rapidamente. — Eu estou tentando descobrir o que quero fazer com tudo isso agora. Eu tinha certeza de que era coisa de Joel. Fazia sentido que fosse ele. Mas eu não estou surpreso que seja Riley, e, infelizmente, eu não estou chocado que Tommas tenha tido uma mão em certas coisas. Ainda é uma responsabilidade muito grande. — Foi para mim também. Então, no fundo da chamada de Theo, Evelina ouviu o som do riso de uma mulher. Uma porta foi fechada e ele parou. Instantaneamente, como um tiro de lava quente direto em sua corrente sanguínea, o ciúme travou uma guerra dentro do corpo de Evelina. — O que foi isso? — ela perguntou. Theo tentou esquivar. — Hmm, o quê? — Eu ouvi uma mulher, Theo. Quem é ela? — Uma amiga.

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Evelina engasgou com sua resposta, ferida. — Uma amiga? Eu não sabia que você tinha amigos que eram mulheres com quem ficar, Theo. De repente, Theo soltou uma gargalhada. — Espere, espere... você está com ciúmes? — Não, — disse Evelina. — Mentirosa, você está. Você está com ciúmes. Isso é novo. — Bem… — Vamos lá, Eve, você pode fazer melhor do que isso, — Theo incitou. — Vá para o inferno, Theo. — Ei, escute por um segundo. Você não tem nenhuma razão para ter ciúmes, Eve. O que foi que eu disse na noite da festa de Natal, hein? Evelina focou em suas unhas e usou o ombro para segurar o telefone. — Que você se importava. — E que eu estava interessado em você, — Theo acrescentou, parecendo muito satisfeito consigo mesmo para seu próprio bem. — Eu não estou procurando em outro lugar, Eve. Foda-se os títulos agora porque isso não é importante, mas eu não estou querendo ninguém, além de você agora. — Quem é ela? — A esposa de um amigo. Kim é o nome dela. Casada. A mulher era casada. O pequeno monstro verde de Evelina saiu de cima dela novamente. — Oh. — E Gio me mataria se eu sequer olhasse em direção à esposa dele, confie em mim, — disse Theo sem um pingo de humor em seu tom. — Ele soa como um homem interessante. — Todos os Marcello são. — Você está em Nova York, — disse ela. ~ 274 ~


— Sim. Eve? — Hmm? — Eu gosto quando você fica com ciúmes. A voz de Theo parecia totalmente má e parecia que o sexo tinha acabado de tomar conta dos sentidos de Evelina. Evelina molhou os lábios e perguntou. — Você gosta? — Sim, mas você não precisa ficar. — Só olhando para mim, certo? — Certo, — Theo concordou. — Theo? — Sim? — Por que você não me contou sobre o seu tio e o meu pai? Theo tossiu. — Contar o quê? — Sobre o espancamento e as outras coisas. Por que você não... — Eu tenho que ir, — disse Theo rapidamente. — Não, espere um minuto. Não desligue só porque você não quer falar sobre algo, Theo. Isso é importante. Você poderia ter me dito. Theo suspirou profundamente. — Eu teria, eventualmente. Eu ainda vou algum dia. — Hoje não? — Hoje não, — repetiu ele. — Mais uma coisa. — Atire. — Se mantenha a salvo. A ansiedade de Evelina estava de volta em um piscar de olhos. — Estou tentando. — Bom, porque está me matando saber que você não tem ninguém protegendo suas costas agora, caralho. — Você, — ela sussurrou. — Mas eu não estou aí, Eve. ~ 275 ~


— Você irá voltar. Theo fez um barulho escuro. — Você se lembra o que eu disse no carro dirigindo para o hotel? Sobre o rei e o príncipe? Evelina nem sequer teve que pensar sobre isso. Cada palavra, cada toque, e cada segundo que passara com Theo tinha de alguma forma sido impresso em suas memórias. E não a deixaria. — Sim, — disse ela. — O que foi, Eve? — Que o rei deveria ter deixado você trancado na torre. — Ele realmente vai se arrepender de ter me deixado sair quando eu voltar, — disse Theo. O pai de Evelina era o rei usando a coroa roubada, afinal de contas. — Não se esqueça da princesa, Theo, — disse Evelina. — Eu pensei que você não queria ser a princesa mais? — Eu estou apenas esperando tirar a tiara. — E queimá-la, — Theo murmurou. — Eu vou deixar você acender o fogo. — Eve, você já deixou. Ele estava certo.

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Capítulo dezessete — Me conte algo que ninguém sabe sobre você, Theo. Theo piscou e, de repente, Evelina estava do outro lado da sala, olhando-o com aqueles olhos verdes expressivos. A cena parecia familiar a ele, e, ao mesmo tempo, de alguma forma nova. Mas, no fundo de sua mente, ele sabia que tinha feito isso com Evelina antes. Um sonho, talvez? Ela estava sentada em uma cama elegante, com as costas contra uma cabeceira estofada, e seus joelhos dobrados junto ao peito. Vestindo apenas sua camisa, suas pernas estavam em exibição para que ele admirasse. — Você tem pernas bonitas, — disse Theo. Evelina se deslocou na cama, deixando a camisa subir um pouco mais. O movimento permitiu que Theo visse um flash de seu sexo nu entre suas coxas e a forma arredondada de sua bunda. Evelina correu os dedos pelas mechas úmidas de seu cabelo, bagunçando as ondas ainda mais com os cílios grossos abanando seu rosto. Bonita. A menina era malditamente bonita e cada parte de Theo sabia disso. Havia mais de Evelina que Theo tinha que ver, saborear, e ter, ele queria mais. Ele estava começando a se perguntar quanto mais esta menina daria. Ele pegaria que quer que fosse. Dois dias… Eles estavam no hotel juntos por dois dias. Amanhã à noite, ele teria que deixar Evelina voltar para casa. Pelo menos, isso é o que ela disse depois de um telefonema para seu irmão. Theo não tinha certeza se ele estava pronto para deixá-la ir. Era fácil esquecer o mundo lá fora quando não havia nada, a não ser ele, ela, sexo, um quarto de hotel, e paz. Os monstros não viviam aqui. Ele gostava muito.

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— Eu pedi um segredo sobre você, — disse Evelina, sorrindo. — Mas muito obrigada. — Sobre mim, hein? — Algo bonito ou engraçado. Theo riu. — Certo. Meu primeiro beijo foi roubado de uma menina que era dois anos mais velha que eu, quando eu tinha doze anos. Ninguém sabe disso. O nariz de Evelina se enrugou. — Isso é meio que bonito. — Ela também foi a garota com quem eu perdi minha virgindade quando tinha quinze anos. — Theo! — Ei, ela veio atrás de mais, — disse Theo, sorrindo. — Eu não tenho culpa pelo meu talento, Eve. Sua vez. O sorriso de Evelina se desfez. — O que, um segredo? — Você não tem nenhum? — Eu acho que não. Nada que seja muito... digno de contar. Theo não acreditou nisso, mas ele não quis empurrá-la. — Cor preferida então? — Amarelo. É quentinho. — E brilhante, — disse Theo. Evelina deu de ombros. — Algumas coisas são destinadas a se destacar mais do que outras. — Eu suponho que você se encaixa muito bem, então, não é? Seus lábios se curvaram com um sorriso sensual, mas ela não respondeu à sua declaração. — E a sua memória mais querida? — perguntou Theo. — Sério? — Sim, me dê isso. Evelina olhou para o teto antes de dizer: — Quando eu tinha seis anos, Riley levou todos nós para Bora Bora. Eu sempre lembrarei, já que essa foi uma das poucas férias que tivemos. ~ 278 ~


— Por que é a sua memória favorita? — Porque por uma semana, não havia nada além de nós. Nós éramos apenas uma família. Não me lembro de ter visto a minha mãe mais feliz, e essa foi a única vez que eu acho que o meu pai agiu como um pai e nada mais. — E então você voltou para casa. — Sim, — disse Evelina, deixando a palavra estourar de sua boca. — O que há com todas essas perguntas, Theo? — Curioso, talvez. — É mesmo? — Ou talvez eu esteja tentando saber mais sobre essa mulher sentada à minha frente, — Theo admitiu. Evelina mordeu o lábio antes de se empurrar para frente até que estava em suas mãos e joelhos. Então, calmamente com seu olhar nivelado com o dele, ela se arrastou até a borda da cama. A forma firme de sua bunda balançava enquanto ela se movia e suas clavículas delicadas espiavam debaixo de sua camisa. O pau de Theo endureceu. — Eu não posso dizer que já existiu uma mulher que parecesse tão boa quanto você em suas mãos e joelhos, Eve. — Não? — Não. — Theo tomou seu tempo para admirar a abertura da camisa onde Evelina tinha deixado os três primeiros botões desabotoados. A curva de seus seios espreitava com os seus movimentos. Ele tinha memorizado a pele macia como pêssego e as ondas escuras do cabelo dela. — Sua comida favorita? — Poutine, mas tem que ser autêntico, não uma adaptação. — Não é batata frita, molho, queijo e tudo desarrumado em um prato? — Essencialmente, — disse Evelina. — Soa como um ataque cardíaco esperando para acontecer. — Ou arte para a boca. — Evelina sorriu para ele. — Talvez eu vá cozinhar para você algum dia. Vamos, Theo. Você pode fazer melhor do que isso. ~ 279 ~


Theo se empurrou da cadeira e puxou para fora a camiseta que usava sem nenhuma palavra. Ele sempre mantinha uma pequena bolsa para pernoite no porta-malas de seu Stingray apenas no caso. Isso finalmente veio a calhar quando ele precisou de uma muda de roupa. Ele não se importava de deixar Evelina usar suas outras coisas. Jogando a camiseta no sofá atrás dele, Theo perguntou, — maior arrependimento? Evelina se acalmou na cama. — Eu nunca tinha encarado uma série de riscos que me deixou sentindo culpada ou envergonhada, Theo. — Isso não é uma resposta, Eve. — Você está certo. — Qual é o seu maior arrependimento? Evelina se empurrou de volta na cama para se sentar enquanto Theo se aproximava para ficar no final da cama. — Você. Isso não era o que ele esperava ouvir. — Eu? — ele perguntou. — Bem, nunca ter feito aquela ligação quando eu tinha dezoito anos. Eu sempre me perguntei o que poderia ter vindo disso, Theo. Então, sim, esse é provavelmente o meu maior arrependimento. Theo se inclinou e colocou as mãos no final da cama. Assim, ele estava cara a cara com Evelina e foi capaz de ver cada pequena emoção cintilando em seus olhos. — Não se preocupe em lamentar mais, babe. — Isso nunca aconteceu, Theo. Claro que eu vou me perguntar. — Não faça isso. Você viu o que poderia ter vindo disso. Estamos aqui, não estamos? Evelina piscou. — Eu não tinha pensado nisso dessa forma. — Você costuma pensar demais nas coisas? — ele perguntou. — Sim. Theo avançou ainda mais até que suas mãos estavam sobre as coxas de Evelina, seus joelhos estavam descansando na beira do colchão, e ele estava forçando-a a se inclinar para trás. — Você quer apenas sentir por um tempo em vez disso?

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— Algumas vezes eu penso demais sobre sexo. Sua risada saiu escura, inebriante, e profunda. — Não faça isso. Sexo é sobre sentir e satisfazer a necessidade, Eve. — Nem sempre, — ela sussurrou. — Agora é. — Theo arqueou uma sobrancelha. — Você quer que eu te foda até que a única coisa que você possa fazer é sentir? Sentir apenas a mim, minhas mãos em você, esta cama debaixo de você, meu pau dentro de você, minha boca em seu corpo, e nada mais? É isso o que você quer? Evelina estremeceu. — Você acha que isso é possível? — Eu sei que é. É apenas uma questão fazer você perder a cabeça. — Me teste. Theo umedeceu os lábios com a língua. — Eu estou sem preservativos, Eve. Se você quiser esperar que o carregador nos traga um pacote eu vou chamar a recepção e pedir alguns. Evelina balançou a cabeça. — Eu estou segura. Essa foi a única permissão que Theo necessitou. Ele investiu contra Evelina e não lhe deu qualquer aviso. Seu alto grito foi abafado por sua boca esmagando a dela enquanto ele a levou para os lençóis. Theo enrolou uma mão em seu cabelo e os fios foram agrupados em um punho apertado, mantendo a cabeça dela no travesseiro enquanto ele possuía sua boca com a dele. Ela abriu as pernas para o seu corpo se encaixar entre elas enquanto sua língua dançava com a dela. Era uma batalha que ela não parecia se importar em perder. Gemidos tranquilos deixaram seus lábios enquanto Evelina pressionava seu sexo contra o cume duro da ereção de Theo através de suas calças. Ela estava nua, sem calcinha, e ele tinha certeza que ela estava gostando da sensação de se esfregar contra seu pau. Theo mordeu o lábio inferior de Evelina com força quando ela tentou se afastar de seu beijo para respirar. Sua lamentação foi respondida com outro de seus beijos duros. Ele arrastou as pontas dos

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dedos em seu peito e sobre os botões de sua camisa. Com um puxão forte, os botões estalaram através das casas e ele a tinha nua. Mais de sua carne para sentir sob suas palmas. Mais de seu gosto. Theo a deixou desfazer o zíper e botão de suas calças antes dele as chutar para fora. Sua boxer seguiu o mesmo caminho. Nu contra ela, a dureza de seu corpo contra a pele macia dela, era como se uma corrente elétrica passasse sobre cada um de seus nervos. Fios vivos. — Você está encharcada, — Theo disse a ela. — Você molhou as minhas calças esfregando em mim assim. A mão de Evelina envolveu seu pau e apertou. Em seguida, ela enganchou suas pernas em torno da sua parte inferior das costas e apertou, o fazendo cair contra seu corpo novamente. A umidade sedosa de sua excitação escorreu por seu pau nu enquanto ela se balançava contra ele novamente. Com cada movimento de seus quadris, seu comprimento deslizava por suas dobras escorregadias. Faíscas de calor dançaram pela espinha de Theo. Quanto mais as unhas o raspavam e ela se balançava em seu pau, mais sua boca encontrava lugares para chupar, beijar, e saborear, era mais que bom. Melhor que tudo. — Jesus, — Evelina respirou, se arqueando para fora da cama. Theo a empurrou com força na cama. — Esta merda de cama sob você, Eve. Ela gemeu. Ele sofria com seus sons. Seus dedos beliscaram seus mamilos até que eles estavam duros em pequenos picos e ela estava mordendo o lábio com tanta força que eles eram um vermelho rosado. As pontas dos dedos pressionando em sua pele deslizaram no caminho tonificado de seu estômago até que ele estava roçando o ponto abaixo do seu umbigo. Todo o caminho, Evelina tremeu. — Minhas mãos sobre você, — Theo rosnou.

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Evelina inclinou a cabeça para trás, dando a ele acesso a sua garganta. Theo a tomou, segurando sob sua mandíbula com uma mão enquanto ele beliscava e lambia um caminho sobre sua clavícula. Podia senti-la engolir todos os seus belos pequenos ruídos sob suas mãos. — Sua boca em mim, — disse ela, quase um sussurro. Com outro elevar de seus quadris, Theo sentiu a ponta do seu pau deslizar ao longo de sua entrada. Ele flexionou os quadris e foi quando seu pau a encheu instantaneamente. Os olhos de Evelina se abriram largamente e os lábios também. O grito que escapou de sua garganta começou em algum lugar em seu peito e arranhou seu caminho para fora. Cru. Ela era tão crua, assim. Não intocada. Não pura. A beleza sempre foi um pouco suja. Evelina deslocou seus quadris e abriu mais as pernas para ele. Seus dedos se enrolaram nos lençóis brancos enquanto ela se curvava para fora da cama. — Qual é a sensação para você, Eve? — perguntou Theo, segurando seu corpo com a mão enquanto ele pairava sobre ela. — Eu tenho você tão cheia. Você está me encharcando todo. Foder você é um sonho. Evelina não disse uma palavra. Era como se ela não pudesse falar. Seus ruídos eram mais do que suficiente, e Theo podia sentir o modo como a buceta dela estremecia ao redor de seu pau com cada empurrão de seus corpos. Outra estocada e ele estava se retirando. Evelina gemeu sob ele. — Respire, — Theo murmurou. O olhar de Evelina encontrou o dele, chocado e pasmo. Ela ainda não tinha tomado o ar como ele exigiu. — Respire, Eve. Ele soltou seu domínio sobre seu corpo e afastou suas coxas ainda mais, até que ele tinha certeza que ela podia sentir isso queimando em que seus músculos. Então, ele estava batendo de volta

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dentro dela, duro o suficiente para que ele sentisse em seus ossos malditos. Evelina respirou forte. — Oh. Seu ritmo era brutal, tão cruel. Evelina não ficou, ou parecia não poder ficar parada. Ela encontrou cada investida dura de seu corpo com o seu próprio e ele sentiu seu pau batendo nela ainda mais fundo por causa disso. Seus dentes encontraram a parte inferior da mandíbula dele enquanto seus dedos cavaram em seus ombros. — Em você, — ele murmurou em seu cabelo. Evelina estremeceu. Theo podia sentir as palavras se formando em seus lábios, mas saiu como um sussurro nada mais do que o ar sobre sua pele. — Todo em cima de mim, — Evelina engasgou. — Você está me arruinando com isso. — Eu estou? — ele perguntou. Forçando a cabeça dela para trás novamente para que ele pudesse vê-la enquanto a fodia, Theo viu uma pequena lágrima rolar do canto do olho dela. — Como eu vou me sentir assim de novo? — perguntou ela. Theo não sabia. Ele não tinha essas respostas. — O que mais há aí agora? — perguntou. — Nada... — os músculos de Evelina estavam tensos, sua libertação vindo rápido e forte. — Apenas isto. Não pare, Theo. Ele correu o polegar sobre a lágrima e, em seguida, até seus lábios. Evelina beijou o dedo dele e no momento em que sua boca se abriu, ela tomou o polegar dele e chupou. Quando ela fez isso, ambos voaram. Nada, exceto eles...

***

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— Acorde, Theo. Os olhos de Theo se abriram para um quarto estranho iluminado por grandes janelas. — Theo! Mais três estrondos bateram forte na porta. Um peso se estabeleceu em seu estômago quando ele percebeu que seu pau estava muito duro sob as calças de pijama que ele usava, seu corpo doía como se ele tivesse acabado de foder uma mulher por horas, e sua mente estava correndo a um milhão de milhas por minuto. Molhado de suor e sem fôlego, Theo olhou para o teto, confuso. Quando Theo sonhava, eram sempre pesadelos de seu passado e as pessoas que tinham o machucado. Ele nunca tinha sonhado com uma mulher. Ele nunca tinha revivido uma noite inteira que passou com uma mulher através de seus sonhos. Evelina. Não apenas qualquer mulher. Eve. Claro, ele tinha pensado muito sobre suas noites no hotel, mas desde que tinha estado em Nova Iorque, ele sonhava com isso todas as noites em detalhes vívidos. A garganta de Theo estava apertada e sua boca estava seca. Ele se preocupava com Evelina. Negar era inútil. Mas agora... o que diabos isso significava? Outro estrondo bateu na porta do quarto. — Você está me ouvindo? — Eu estou, — disse Theo com a voz rouca. — São sete, — disse seu amigo do lado de fora do quarto. — E daí? — É domingo. — Vamos, Gio, pare de ser idiota. — Missa, — disse Gio. — Você está aqui há três semanas e nem uma vez você foi. Antony descobriu que você está hospedado comigo e Kim quando Lucian teve um ataque a alguns dias atrás. Antony está

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exigindo que você venha para a igreja e mostre a cara. Dante fez a chamada final. Você vem. Tire sua bunda da cama. Theo gemeu e caiu para trás sobre o travesseiro. — O ponto de tudo isso é para eu ficar longe dos malditos holofotes. A família Marcello poderia muito bem ter tido direitos em Nova Iorque. Eles não eram nada discretos na cidade. — É só uma missa, cara, — disse Gio levianamente. Frustrado, Theo jogou para longe os lençóis e cobertores, bateu nos pisos de madeira fria em um movimento fluido, e caminhou até a porta. Abriu apenas o suficiente para que ele pudesse encarar seu velho amigo e Theo encontrou Giovanni sorrindo do outro lado. Cochilando sobre o ombro do homem estava seu filho de sete meses e meio, Andino. O bebê tinha um polegar na boca e punho cheio de cabelo na nuca de Gio. — Eu poderia simplesmente me levantar e ir para um hotel, você sabe, — disse Theo. — Me poupa o trabalho de bancar o agradável com o seu pai. — Ou... — Gio demorou, — Meu pai virá atrás de você. — Ele não é nem mesmo o Don mais. Dante assumiu, certo? — Antony ainda tem a sua maneira sempre que ele quer. — Gio se encostou na parede e disse: — É só uma missa, como eu disse. Jantar depois com a família. Geralmente fazemos um grande jantar para todos, mas Ma concordou em fazê-lo com apenas nós irmãos, esposas, e as crianças esta semana para o seu benefício. — E o seu irmão vai olhar para mim do outro lado da mesa o dia todo? — Lucian sabe ser respeitoso. — O homem me odeia, — disse Theo francamente. Theo tinha sido amigo de Giovanni Marcello durante uma década. Ele tinha feito uma viagem para Nova Iorque com seu tio quando era um adolescente para fazer negócios com a família Marcello e aprender quem era quem na cidade. Os Marcellos tinham fodidamente tudo. Theo havia aprendido esse fato rápido. ~ 286 ~


Mas Lucian, o mais velho dos irmãos, teve problemas com a Outfit. Resultou de algum problema que Joel tinha causado com caras de Lucian quando eles deveriam estar trabalhando juntos no cais para um embarque. No entanto, todo o amor se perdeu depois disso. — Lucian tem alguns problemas de confiança, — disse Gio, encolhendo os ombros. — É o que é. Ele é quem é. Ele vai ser bom hoje para o benefício de Ma. — Não para o meu? — perguntou Theo, rindo. — Você só pode pedir a um Marcello certo tanto antes de começar a tomar a merda de volta, cara. Theo esfregou sua testa. — Tanto faz. Você conseguiu aquele terno lavado a seco para mim? — Sim, Kim o pendurou no banheiro. Ele pegou apenas o essencial que precisava para sua estadia em Nova Iorque, mas nada grande. O que ele pensou que seria uma curta estadia se transformou em três semanas. Ele não deveria ter deixado Chicago. Pessoas precisavam dele lá. Sua família precisava dele. Por dentro, ele se sentia como um idiota por ter saído. Como se ele tivesse dado aos bastardos, Riley e Joel, exatamente o que eles queriam. Só que ele ainda não estava morto. Os olhos do pequeno Andino se abriram um segundo antes dele puxar com força o cabelo de seu pai. — Ai, Andino, Jesus, — Gio reclamou. — Ba, — Andino murmurou, puxando o cabelo de seu pai um pouco mais. — Baba, papá. — Eu vou pegar um pouco de leite em um minuto. Theo não podia deixar de sorrir quando Gio lutou para tirar o seu cabelo da mão de seu filho. — Kim está certa. Eu preciso de um maldito corte de cabelo. — E uma barra de sabão para a boca, — disse Theo. Gio bufou. — Quem é você pra falar? — Eu não xingo na frente do seu filho.

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— Por enquanto, — Gio murmurou. Theo ia fechar a porta, mas Gio agarrou com a mesma rapidez para detê-lo. — Espere um segundo, — disse Gio. O pequeno Andino foi colocado no chão e imediatamente o bebê começou a fugir pelo corredor, alguns centímetros de cada vez. — O quê? — perguntou Theo. — Quem é ela? As costas de Theo se endireitaram como se alguém tivesse empurrado uma estaca através de sua coluna vertebral. — Eu não sei do que você está falando. — Certo, — disse Gio como se estivesse falando com uma criança pequena. — Kim estava me perguntando sobre você na noite passada, e ela mencionou alguma merda que eu não tinha tomado conhecimento. Mas você está diferente, Theo, e não é apenas sobre o absurdo acontecendo em Chicago. Você faz ligações privadas por trás de portas fechadas, você não menciona nomes de ninguém, até a família, e você está privado como o inferno. — Isso é um problema? — perguntou Theo. — Porque eu sempre fui privado, cara. — Não, não foi. Mas eu posso ver em seu rosto, como se você não estivesse aqui a maior parte do tempo. Isso me faz pensar que você queira estar em outro lugar, mesmo que aqui seja o lugar mais seguro para você. Talvez você queira estar com alguém. Você deixou alguém para trás? É isso? — Cuide do seu negócio, Gio. Gio riu. — Qual o nome dela? — Não há ninguém. Mentiroso. Theo manteve uma expressão passiva, mas sua mente zombava dele. Mentiroso. — Você é um tolo, então, — disse Gio, — porque eu conheço o olhar que você está ostentando, Theo. Lucian caminhou ao redor por semanas antes que ele finalmente tivesse se recomposto. ~ 288 ~


— Eu não entendo. Gio sorriu. — Sim, nem Lucian entendia até que ele conheceu o nome de Jordyn. — Eu ainda não sei do que você está falando. — Sim, você sabe. Qual o nome dela, Theo? O agarre de Theo na porta apertou até que ele tinha certeza que ele iria deixar impressões digitais na madeira. — O que isso importa? — Acho que sempre ajuda a um homem quando ele tem alguém para confessar. Por alguma razão, você sabe. — Eve, — Theo murmurou. — O nome dela é Eve. Gio assentiu. — E ela é de Chicago? — Sim. — De uma família da Outfit em Chicago, — Gio pressionou. — Sim. — Há apenas uma filha em Chicago que eu conheço com esse nome. Theo baixou a cabeça um pouco, apenas o suficiente para manter Gio de olhar para seus olhos. — O que tem? — Você está tão fodido, Theo. — Não me diga. Missa? — Sim. Eu acho que você precisa.

***

Theo se levantou quando a congregação foi abençoada uma última vez. Assim que os paroquianos começaram a sair, ele se virou para sair ao lado da família com quem ele tinha comparecido. Antony e Dante Marcello bloquearam seu caminho. — Sente-se, — Antony disse calmamente.

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Theo lançou um olhar sobre o ombro do homem mais velho e observou Gio com seu irmão, as esposas, seu punhado de filhos, e a matriarca da família, Cecelia. — Esta uma daquelas coisas onde você vai ser gentil, mas me dizer para dar o fora da sua cidade? — perguntou Theo. Dante riu, o som ecoando na grande igreja acima das vozes e passos. — Não. Nós apenas queremos conversar, Theo. Vendo como você esteve três semanas em segredo na casa de Gio, nós gostaríamos de descobrir o que e exatamente está acontecendo em Chicago. Obviamente, você precisava de um tempo fora de tudo, e este é o lugar para onde você veio. — O que o meu filho está dizendo, — disse Antony com o movimento de seu polegar em direção a Dante, — É que você nos deve uma explicação. Nada mais, Theo. Theo se sentou no banco da igreja. — Eu não vinha à igreja em meses. Antony se sentou ao lado de Theo enquanto Dante se sentou ao lado do pai. — Por que isso? — perguntou Antony. — Meu irmão. Antony levantou uma única sobrancelha e assentiu. — Ah, Dino. Eu ouvi sobre sua morte. Bombardeado na frente da igreja de sua família, certo? — As reportagens foram todas sobre isso, — disse Theo. — É assim que nós estávamos nos mantendo a par para a maior parte, — Dante respondeu do outro extremo. — Às vezes a gente fez uma chamada ou duas apenas para garantir que a guerra não faça o caminho até aqui. Theo sacudiu a cabeça. — Ela não vai. Não tem nada a ver com Nova Iorque. — Não, é inteiramente sobre a Outfit. — Antony passou a Theo um olhar e perguntou: — Estou correto? — Basicamente. Homens gananciosos que não podem obter o suficiente e nunca estão satisfeitos. Uma situação ruim que rapidamente ficou pior. ~ 290 ~


— O que começou isso? — perguntou Antony. — Alguém foi morto. E virou uma bola de neve a partir daí, — explicou Theo. — Eu acho que você está deixando um monte de fora, — Dante murmurou. — Eu não queria ser uma parte disso. Antony se recostou no banco da igreja. — No entanto, aqui está você em Nova Iorque. Se escondendo. A culpa de Theo cresceu mais ainda. — Me foi dito para não chamar isso de ‘esconder’. Me foi dito que eram umas férias muito necessárias. — Uma vez que eu ouvi falar de você estar em Nova Iorque, eu fiz uma pequena verificação, — disse Dante, se inclinando para que pudesse ver Theo. — E você sabe o que eu encontrei? — Me esclareça, — disse Theo devidamente. Antony sorriu. — Nós descobrimos que você deveria estar morto. — Aparentemente não. Aqui estou. — Quem eles pensam que foi? — perguntou Dante. — Um tiro e, em seguida, seu carro foi queimado, correto? — Bem, alguém queimou o carro e eu ajudei. O tiroteio foi uma confusão de identidade entre o tolo com a arma e o meu homem do lado de fora do meu clube. Eu tive sorte, só isso. — Droga, — Antony disse calmamente. Em seguida, o homem fez o sinal da cruz e olhou para o teto abobadado. Xingar na igreja nunca era bom, afinal de contas. — Damian Rossi casou com a sua irmã, não foi? — Dante perguntou, parecendo muito casual. — Casou. — Eu gosto dele. Damian, eu quero dizer. Bom homem. Theo pegou o olhar de Dante de lado. — Ele é. — Por acaso, foi ele quem te mandou sair de Chicago? — perguntou Antony. ~ 291 ~


Theo mordeu a bochecha, mas respondeu honestamente. — Sim. — A família não está tão morta lá como nós pensamos, — Dante disse a seu pai. — Talvez os senhores estejam apenas esperando para se mostrar, hein? — Tudo é possível, — Antony concordou. Theo observou os homens, confuso como o inferno. — Eu já não estou entendendo nada. — Esta guerra... — Dante parou com um som de desgosto. — É ruim para la famiglia como um todo, — explicou Antony para seu filho. — Eles estão matando quem fica no caminho sem um pensamento por causa da ganância e da lealdade equivocada. Dante, como o Chefe que é, se perguntava se era a hora de os Marcellos puxar alguma influência e colocar um fim a isso. — Mas talvez devêssemos esperar para ver quem sai por cima, — disse Dante, caindo de volta contra o banco novamente. — Eles ainda poderiam sair disso, filho. Melhor do que antes. Bem melhor. Tudo que se precisa é o Chefe e os homens certos sob ele, Dante. Você sabe disso. Eu te ensinei isto. As palavras de Antony eram exatamente por que os Marcellos eram tão formidáveis quando se tratava de uma família do crime. Eles não toleravam besteiras e eram impiedosos. As questões não eram uma preocupação, porque eles não deixavam ninguém sussurrar antes que eles tivessem abatido o problema. — Quanto a você, Theo, — disse Antony, se empurrando para cima a partir do banco para ficar de pé. Theo olhou para o homem. — Quanto a mim? — Você de alguma maneira se tornou um alvo. Me faz perguntar onde suas lealdades estão. Theo teve que pensar sobre isso por um segundo. A resposta óbvia era que suas lealdades eram para si mesmo, para proteger o seu território e sua tripulação de se tornar mais uma vítima na guerra de Chicago. Mas uma resposta diferente veio em seu lugar. — Minha irmã, a família que ela está tentando formar, e seu marido, — disse Theo calmamente. — Porque eles são a minha família, e eu me importo com eles. Não é sobre ter mais poder para mim, ou o ~ 292 ~


melhor assento na família. Eu nunca quis isso. Eu simplesmente queria manter minha família segura e feliz na vida que eu escolhi. Evelina também. Theo se importava com ela. — Então, qual é o problema? — perguntou Antony. — Porque você fala como se houvesse mais. — Eu acho que eu esqueci o que a família deveria ser por um tempo. Apenas agora eu estou sendo lembrado. Dante olhou para Theo de lado. — Você parece um homem culpado. — Isso é óbvio? — Deixou assuntos inacabados para trás? — perguntou Antony. — Alguém tentou me matar, — Theo declarou simplesmente. — Isso não é o suficiente inacabado? — Mas por que eles fizeram isso? Theo já sabia a resposta. Não era boa. Ele havia conversado bastante com Damian e tinha todas as informações que precisava sobre Riley, Tommas e Joel. — De uma forma indireta, uma cobra pensou que eu seria uma maneira mais fácil de se livrar de outra cobra. Antony suspirou. — Bons homens fazem o seu próprio trabalho, Theo. Theo sempre pensou assim. — Você é bem vindo para ficar em Nova Iorque durante o tempo que precisar, — disse Dante, levantando do banco também. — Mas eu vou te dar um conselho amigável, Theo. A partir de um Marcello, isso significa um pouco mais do que quando se trata de outros. — Sim, — Antony acrescentou, rindo baixinho, — Eu acho que ele poderia usufruir de alguns conselhos da marca Marcello. — O quê? — perguntou Theo. — Qualquer coisa é melhor do que nada, eu suponho.

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— É, — Dante concordou. — Nesta vida, a família é a coisa mais importante, eu acho que você já sabe. Mas o que você pode não perceber é que família também são as pessoas que compõem a vida que você escolheu. Correr dessas pessoas quando elas não têm ninguém quem vá lutar por elas significa que você as está deixando para trás, e com isso vai também qualquer honra que lhe resta. Se você sente que as pessoas que deveriam cuidar de la famiglia estão apenas ferindoas... — ...Então corrija o problema, — Antony terminou por seu filho, — antes que alguém corrija permanentemente o problema que eles acreditam que você é. — Isso é mais fácil dizer do que fazer, — respondeu Theo. — Talvez, mas como você disse, você escolheu esta vida, — disse Dante francamente. — Então? Antony acenou os braços e sorriu. — Isso faz com que seja seu, Theo. Mantenha-o dessa maneira. — Eu sou um Capo, não um... — La famiglia nunca foi sobre o homem que detém o maior banco, — interrompeu Dante. — É sobre cada homem, não apenas um. É seu. Você queria. Lute por isso. Theo viu como o sol de final de janeiro filtrava através das janelas com vitrais da igreja, enviando espirais de cores por todo o piso e bancos. Aqui não era casa, e ele tinha estado incomodado sobre ter partido desde o momento em que o avião decolou da pista. Chicago estava chamando seu nome. Assim como alguém mais. Theo percebeu que era hora de responder.

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Capítulo dezoito — Como está o peixe? — perguntou Tommas. Evelina engoliu o pedaço de comida em sua boca antes de dizer: — Está bom. Melhor do que eu pensava. Eu não sou fã de coisas com escamas e barbatanas principalmente. Tommas riu. — Quando você coloca dessa maneira, eu entendo. Deixando cair o guardanapo no colo, Evelina sacudiu o sentimento inquieto pesando nela. Ela vinha se sentindo assim durante semanas, sem fim à vista. — Riley deve te perdoado pela confusão com a lista de convidados, huh? Tommas esboçou um breve sorriso. — Você tem razão. — Como você diria isso? — Você sabe como seu pai é, Eve. Você precisa que eu soletre? — Ele é paranoico e desconfiado, — disse ela calmamente. — E Joel está em outra de suas loucuras agora que percebeu algumas coisas que Riley estava fazendo, — Tommas acrescentou, encolhendo os ombros. — A melhor aposta do seu pai é manter um homem que ele acredita que irá ajudá-lo mais perto dele. Esse, infelizmente, acontece de ser eu. Mesmo que eu não esteja indo muito longe com Riley no momento. — Bem, o noivado ainda está de pé, — Evelina respondeu amargamente. — Nós nunca vamos levá-lo ao altar, Eve. — Tommas cortou outro pedaço de seu salmão e enfiou um garfo na carne enquanto falava, — E com a crença de que Theo está morto, Riley está recebendo o que quer. — A culpa foi colocada sobre Joel. — Exatamente, mas isso não significa que ele não esteja chateado comigo por ir contra as suas exigências. Por agora, o seu pai está sob a

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crença de que o local mais seguro para você estar é em um território não-hostil. Com Theo dado como morto, seu irmão tem o controle dessa parte de Chicago. Ele não tem nenhum problema com Damian e Lily ter sua casa lá e você vai ficar com eles. Melhor para você estarem fora da zona de perigo. Evelina zombou rudemente. — Meu pai nunca deu a mínima para a minha segurança antes. A expressão de Tommas permaneceu passiva. — Você é a última esperança dele no momento, Eve. — Eu não entendo. — Adriano é casado com uma Trentini. Riley sabe que não importa o que ele diga a seu filho, Adriano não vai fazer algo que possa ferir sua esposa ou a família dela, independentemente de quanto ele despreze Joel. — E daí? — perguntou Evelina. — E daí que eu me certifiquei de que Riley estivesse sob a impressão de que se terminar o noivado entre você e eu, ele iria perder toda e qualquer lealdade que tem comigo e com a minha tripulação. Ele não percebeu de quanto poder estava desistindo quando começou a jogar esses jogos comigo, Eve. Evelina sentiu frio em toda a parte. — Mas você não quer se casar comigo. — Eu não quero. — Eu não entendo. Por que parecia que essa era a história de sua maldita vida agora? — Eu estou corrigindo os meus erros, — disse Tommas calmamente. — Há poucas maneiras de eu fazer isso e garantir que todos nós saiamos ilesos. Evelina não precisava que Tommas explicasse. — Matando meu pai, — ela sussurrou. Tommas voltou para o seu salmão como se Evelina não tivesse dito nada. Ele não confirmou ou negou suas suspeitas. Sem saber o que dizer ou fazer, Evelina comeu outra porção de seu próprio peixe.

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Riley era seu pai, pelo amor de Cristo. Por que ela não sentia nada sobre isso por ele? Em sua alma, ela sabia a verdade. Ela cresceu com uma mãe que amava seus filhos e um pai que era bom em manter as aparências. Evelina sempre tinha sido um dos peões de seu pai e nada mais. Ela era simplesmente uma vantagem para Riley partir do dia em que nasceu até o momento em que tinha idade o suficiente para que ele pudesse usá-la para fazer uma jogada. Evelina era uma boneca. Riley a moveria como ele bem entendesse. — Ele poderia ter sido um Chefe muito bom, — Tommas murmurou, limpando a boca com um guardanapo. — Ele foi bom por um tempo, mas se perdeu no caminho. — Quem seria o ajuste certo para o título depois que ele for embora? As mãos Tommas congelaram quando ele estava prestes a cortar o peixe novamente. — Quem quer que seja suficientemente mau, eu suponho. — Parece ser um trabalho perigoso, dado o tempo de vida de um Chefe recentemente. — Qualquer coisa que valha a pena manter, vale o risco e o esforço necessário para tê-lo. — Você está falando de ser o Chefe ou de ter Abriella? Tommas riu. — Você é uma garota inteligente, Eve. O que você acha? — Você não tem que ter um para ter o outro? — Sim, — Tommas disse: — Eu gostaria. — Você já falou com Abriella? — Não. — Tommas jogou o guardanapo à mesa com um pouco mais de força do que tinha durante todo o jantar. — Você? — Não. Ela não atende as minhas ligações. Lily tentou também. E nada. — Bem, eu a vi, mas nós não nos falamos.

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A testa de Evelina se enrugou com o tom sugestivo que Tommas assumiu. — Como é? Você acabou de dizer... — Eu disse que não conversei com Abriella. Eu nunca disse que eu não a tinha visto. Ela apareceu no meu clube no último sábado, logo após o encerramento. Ela sempre soube a que horas o lugar era limpo. — Tommas olhou para cima, encontrando o olhar de frente de Evelina e sem vergonha. — Das pessoas que iriam reconhecê-la e relatar de volta, quero dizer. Evelina se mexeu em sua cadeira. — E? — Ela não falou. Ela não quis ouvir quando eu tentei me explicar mais uma vez. A noite terminou da maneira que normalmente termina entre nós. — Vocês fizeram sexo. — Sim. Só que não é o mesmo quando a pessoa que você ama te fode como se te desprezasse. Evelina olhou nos olhos de Tommas. — Oh. — Sim, oh. Mas ela me procurou quando poderia ter ido atrás de qualquer outro, se tudo o que ela queria era foder um pouco da raiva, significa que Abriella ou não quer ou não pode ficar longe de mim. — Isso é bom ou ruim? Tommas riu sombriamente. — Ambos. Com a gente, sempre foi ambos.

***

— Você não vai me convidar para entrar, eu acho? Damian se inclinou no carro de Tommas. — Não essa noite. Lily teve um longo dia. Eu quero que ela descanse. Evelina deixou os primos conversarem e saiu do carro de Tommas. O homem não disse adeus para ela, mas ela não se importava exatamente. — É isso, — Tommas demorou, — ou você ainda está chateado comigo, D.

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Damian riu e bateu no teto do carro com a mão. — Eu não estou bravo com você, não mais. — De modo nenhum? — Eu entendo, só não aprovo, — disse Damian. — Há uma diferença. — Bom saber. Evelina apertou o casaco em torno de seu corpo, ignorando a mordida do vento frio de final de janeiro, enquanto esperava a conversa dos homens. — Como está a situação com Joel? — perguntou Damian. — Você sabe como é Joel. Ele espera e planeja para o que acredita ser o momento certo. Evelina passou a Tommas um olhar, sabendo a verdade. Tommas estava mais preocupado sobre como lidar com Riley do que com Joel. Por que ele não estava dizendo isso a Damian? — Joel vai encontrar o seu caminho para a sepultura, eventualmente, — disse Damian. — Tenho certeza. E Theo, o que acontece com ele? Damian deu de ombros. — O que tem ele? — Nada. Me liga, tudo bem? — Eu vou, Tommas. Depois que o carro de Tommas desapareceu além do portão, Damian se virou para Evelina. — Nós temos um convidado, — disse ele com um sorriso. — Você não acabou de dizer para Tommas... — Sim, eu menti sobre o porquê dele não poder entrar. De qualquer forma, o nosso convidado está cansado, mas não quis relaxar até que você voltasse. Ele teve um longo voo. Voo? O coração de Evelina praticamente pulou para fora do peito. — Theo?

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— Theo, — Damian confirmou. Ela já estava a meio caminho em direção à casa antes de Damian começar seguir atrás dela. Além da porta vermelha escura, Evelina tirou os saltos e deixou cair a bolsa no chão. Ela sacudiu os ombros do casaco e o deixou pendurado sobre uma mesa lateral. Seguindo os sons da risada de Lily e outra voz mais profunda, mais rica, Evelina se encontrou de pé na porta de entrada da grande sala de estar. Theo estava apenas a um metro e meio de distância de costas para ela. — Theo, — Evelina disse calmamente. Ele se virou um pouco, apenas o suficiente para atirar a ele um olhar por cima do ombro. Seu olhar castanho caiu sobre ela e um sorriso sexy floresceu em seu rosto, deixando as linhas nítidas de seu rosto ainda mais bonitas. — Ei, — disse Theo. Só assim, o nó de ansiedade que tinha estado assolando Evelina por três semanas se desfez. Ela sabia que ele estava bem, e que estava mais seguro estando fora da cidade. Não tinha ajudado muito, porque ela ainda se preocupava. Evelina não tinha percebido o quanto se importava com Theo até que ele partiu. Vestido com calça jeans de lavagem escura pendurada baixo em torno de seus quadris e uma camiseta cinza, ele parecia relaxado e contente. A última vez que ela o viu, a tensão tinha praticamente irradiado dele por causa do que estava acontecendo ao seu redor. Agora, Theo parecia ter voltado para sua atitude calma e indiferença. Por alguma razão, Evelina não podia se mover ou desviar o olhar quando Theo deu alguns passos para frente. Ela se sentiu congelada no chão quando ele parou na frente dela com seu sorriso arrogante habitual. — Eu não sabia que você estava voltando hoje, — disse Evelina. — Nenhum de nós sabia, — Lily interrompeu do sofá. — Ele nos surpreendeu enquanto você estava fora. — O que mudou? — Evelina perguntou Theo.

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Damian passou pelo casal para se juntar a sua esposa. — Isso é o que eu gostaria de saber também. Tínhamos um acordo, Theo. Você deveria ficar longe até que nós soubéssemos que era seguro para você voltar. Ainda não é seguro. As coisas estão complicadas entre Riley, Joel, e Tommas. Theo não tirou os olhos de cima de Evelina por um segundo. — Alguém me deu um pouco de conselho que eu precisava ouvir. Voltar pra casa é apenas uma parte disso. As preocupações de Evelina não podiam ser ignoradas. E se Riley descobrisse que Theo tinha voltado e fosse atrás dele de novo? Theo olhou por sobre o ombro para Damian. — Dante manda lembranças, a propósito. A expressão de Damian permaneceu passiva. — Obrigado por passar o memorando. — Theo, — disse Evelina, querendo sua atenção de volta para ela. Ela tinha sentido falta de Theo. Ele era a única pessoa que parecia compreendê-la. Ele não a julgava e a desafiava. Mais importante ainda, ele a afetava. Muito mais do que qualquer outra pessoa. Mas, tanto quanto sentia falta dele, ela preferia que ele ficasse longe até que tudo estivesse bem e calmo de novo, então ele poderia voltar sem medo de ser alvo de alguém. O olhar de Theo cortou para Evelina. A intensidade do olhar a atingiu no peito como uma bala atingindo o vidro. Por um momento, se sentiu como a coisa mais importante ao redor dele. Como ele fazia isso, ela não entendia. — Sim, Eve? — O que há tão importante aqui para você arriscar sua vida novamente para voltar antes ser seguro? Theo nem sequer piscou. — Tudo o que vale a pena.

***

Cuidadosamente, Evelina desatou o fecho do colar de diamantes que tinha pedido emprestado de Lily para o seu jantar com ~ 301 ~


Tommas. Ela colocou a corda delicada de diamantes na caixa de veludo sobre a cômoda antes de fazer o mesmo com os brincos em suas orelhas. Em seguida, ela começou a puxar, ou tentar puxar, a maioria dos grampos que prendiam seu cabelo. — Você estava quieta mais cedo, — disse Theo, da porta. Evelina quase saltou fora de sua pele. — Cristo, Theo. Theo entrou no quarto com os braços cruzados e sorrindo. — O quê? Ela colocou os braços ao redor de seu corpo, apertando o robe fino que usava. A porta do quarto tinha sido fechada. Ela tinha certeza disso. — Quanto tempo você está aí de pé? Theo levantou um único ombro. — Um minuto ou algo assim. — Você poderia ter batido. — Eu não acho que você percebe quão interessante você é quando você está fazendo coisas simples, Eve. Eu gosto de ver você fazer isso. Evelina olhou para o chão. — Sério? — Sim. Especialmente quando você pensa que está sozinha. — Vou me lembrar disso na próxima vez. — Faça isso. O que estava acontecendo com você mais cedo? — perguntou. — Nada. Você me surpreendeu por estar aqui. Isso é tudo. — E talvez porque outras pessoas estivessem assistindo, — ele sugeriu. Evelina riu e acenou com a cabeça. — Isso também. Theo mostrou seus dentes brancos com um de seus sorrisos de marca registrada. — Ninguém está assistindo agora. — Estamos na casa da sua irmã. — Eu não me importo, Eve. Theo não lhe deu a chance de discutir. Ela ainda não tinha tomado uma respiração e ele já estava em cima dela. Evelina gemeu no

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momento em as mãos dele afastaram seu robe, seus lábios caíram sobre os dela, e ele a puxou para o seu peito quente. No segundo em que sua língua tocou o lábio inferior dela, Evelina abriu a boca para permitir que ele entrasse. Theo tomou a oferta que ela lhe deu, sem dúvida, aprofundando o beijo até que sua respiração começou a falhar e suas pernas estavam fracas. Ele não a soltou. Quando finalmente se afastou, Theo encostou a testa na dela e a observou em silêncio. Evelina não se importava com a atenção. Nunca pareceu que ele estava procurando por algo, mas sim, como se já houvesse encontrado. Ao seu lado, Evelina sentiu a mão de Theo deslizar por ela. Foi apenas uma breve pausa antes de seu dedo mindinho se curvar em torno do dela sem ele dizer nada. Íntimo. Isto pareceu tão íntimo para Evelina e ela não sabia porque. — O que você está fazendo? — ela perguntou. — Tentando algo, — Theo respondeu com a mesma tranquilidade. — Me deixe a par do segredo, tudo bem? — Eu percebi quando estava fora que senti sua falta. E quanto mais eu pensava nisso tudo, mais eu sentia sua falta. Isso me incomodou, porque eu me perguntava se eu tinha de alguma forma me ligado a uma pessoa que eu não poderia ter. — E? — E eu queria ver se isso é o que era, Eve. Ela forçou para trás o aperto na garganta que ameaçava mantê-la calada. — E é? — É o mais próximo que eu já estive disso. Eu não me importo. Mas ele se importava antes. Ela se lembrou de suas preocupações sobre ser egoísta, e querendo manter uma distância segura. — Eu ainda não estou te pedindo nada, Theo, — ela sussurrou. — Não, você não está.

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— Não sinta como se você tivesse que me dar alguma coisa. — Eu não me sinto assim, — ele admitiu. — Eu me sinto como se eu quisesse voltar, corrigir os problemas que quase me arruinaram, e, em seguida, tentar tirar algo de você em vez disso. Se você estiver disposta, eu quero dizer. Evelina molhou os lábios, assimilando suas palavras. Muito rápido, Theo levantou a mão e roçou o polegar sobre a boca dela com o toque mais suave. — Você está disposta a tentar? — ele perguntou. — Você já sabe, não? — Eu sei que você se importa. — Assim como você, — disse ela baixinho. — Eu quero tentar sermos alguma coisa, Eve. — Nós podemos fazer isso. O mindinho de Theo se apertou ao redor do dela. — O resto da merda acontecendo no momento... — Pare, — Evelina ordenou com firmeza. — Ok. — Você não sabe? — Me diga, — disse ele. — Eu daria tudo por uma chance disso, Theo. Para ser livre, ter alguém que se importe comigo, e de ter uma vida própria. Eu não pedi nada para você, mas eu já tenho tudo o que você me deu. — Não foi muito. — Foi o suficiente. Theo assentiu. — Foi, hein? — Sim. — Você jantou com Tommas mais cedo, — disse Theo. Não era nem mesmo uma pergunta. — Manter a ideia, Theo.

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O rosto de Theo mudou. — Eu não gosto disso. Evelina deu um beijo rápido em sua boca. — Não fique com ciúmes. — De que eu não posso te levar para jantar e ser visto com você como um homem normal faria? Ái. — Eu não quis dizer isso assim, Theo. — Foi o que eu quis dizer. Evelina franziu os lábios. — Então me leve para sair. — Hã? — Sim. Eu quero um encontro com você. Em breve. — Eu vou ver o que posso fazer, — ele murmurou. — Você está se preparando para dormir, eu vejo. — Eu estava prestes a ir para o chuveiro, na verdade. Theo a soltou. Evelina queria as mãos dele de volta sobre ela no momento em que ele as tirou. — Vá. Eu tenho que conversar com Damian um pouco mais. Evelina pegou seu lábio entre os dentes antes de perguntar: — Você vai voltar, certo? — Eu vou voltar, — disse ele com uma risada.

***

Evelina deixou o jato quente do chuveiro cair em sua pele e levar as preocupações. Tirou o último vestígio de condicionador do cabelo, virou-se para alcançar a torneira para fechar a água, e congelou a meio caminho. Theo estava encostado na porta do banheiro fechada, olhando para ela. Ao contrário de antes, ele não a assustou neste momento. Theo lhe chamou a atenção e, em seguida, seus lábios se dividiram com um sorriso perverso.

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— Você não terminou, terminou? — ela o ouviu perguntar. Atrás do vidro, sua voz estava ligeiramente abafada. — Eu terminei, — disse Evelina. Theo sacudiu a cabeça. — Não, você não terminou. Ainda não. — O que... Erguendo uma sobrancelha, Theo abriu o botão da calça jeans e rapidamente puxou o zíper para baixo. Como uma maldita estátua, Evelina ficou olhando para o homem quando ele levantou a camiseta um pouco como se para dar a ela uma melhor visão, e, em seguida, ele libertou seu pau de suas cuecas boxer para a palma da mão. Silenciosamente, Theo acariciou seu comprimento duro da ponta até a base com movimentos firmes e seguros. Nunca nenhuma vez ele tirou o olhar do corpo de Evelina. A água continuou a bater nela como uma torrente de chuva pesada e quente. Uma dor pulsou entre suas coxas. O ar em seu peito ficou dolorosamente pesado. A visão de Theo o manuseando seu pau enquanto a observava era inebriante. — Você vai ficar só me assistindo... — Enquanto eu me masturbo, sim, — Theo interrompeu calmamente. — Olhe o quão duro você me deixou apenas por estar aí, Eve. Isso dói, olhe quão duro eu estou, maldição. Como aço. Mas uma vez que você está dando um bom show e eu não quero forçá-la a sair. Evelina lambeu os lábios. — Eu poderia cuidar disso, você sabe. Theo continuou acariciando seu pau. — Você vai, babe. Confie em mim. Atordoada, Evelina apenas acenou. — Continue, — Theo ordenou. A ordem tomou conta de seus sentidos com uma intenção promissora seguindo logo atrás. Evelina se mudou de volta para o pulverizador do chuveiro, mantendo a cabeça voltada apenas o suficiente para que ela pudesse apreciar a vista de Theo através do vidro. Ele pode ter pensado que ela estava dando um bom show, mas nada poderia ser melhor do que ele acariciando seu pau enquanto descia sobre ela.

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Seu corpo estava todo quente e ficando mais quente. — O hotel, — disse Theo. Áspero, profundo e escuro. Seu tom era gutural e a excitou como nada mais. — Humm? — Olhos aqui em baixo, Eve. O olhar de Evelina voou imediatamente na mão de Theo e seu pau. Nem uma vez ele tinha abrandado ou atenuado os movimentos em seu membro enquanto acariciava a si mesmo. Ela se perguntava quanto controle o homem teria antes que o perdesse e pintasse os azulejos com sua porra. — O que tem o hotel? — ela perguntou, sem fôlego e girou. — Eu sonhava com isso enquanto estava fora. Você, eu, e a cama. Fodendo você, estar dentro de você, e só sentindo você, Eve. Uma vez que os sonhos começaram, eu não podia forçá-los a parar. Isso foi… — Sim? — Perturbador e incrível, — ele terminou mais tranquilo. — Mais de uma vez? — Noite após noite, Eve. — as palavras de Theo a derreteram em um gemido baixo quando Evelina se virou para enfrentá-lo novamente. — Me deixe ver sua buceta, Eve. Eu quero ver você tocála. Eu quero que você me diga se está molhada e quente lá para mim. Eu quero seus dedos deslizando através de seus lábios e suas pernas abertas. Agora. As costas de Evelina bateram na parede de azulejos do chuveiro com um baque. Afastando suas pernas e levantando seu pé para descansar na borda da banheira, ela dirigiu a mão sobre a barriga que seus dedos dançavam sobre seu clitóris. Apenas o mais leve toque fez seu corpo se sacudir e os ombros estremecerem. Seus dedos deslizaram através dos lábios de sua buceta lentamente, levando a umidade sedosa que encontrou lá e espalhando até seu clitóris. Com círculos suaves, ela revirou as pontas de seus dedos sobre seu cerne latejante até que suas coxas estavam tremendo e ela não conseguia recuperar o fôlego.

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— Me diga o que eu perguntei, — disse Theo sombriamente. — Eu estou… — Mmm? — Molhada, — disse ela em um gemido. — Tão, molhada, Theo, e quente. Meu Deus. — Dentro. Eu quero ver seus dedos dentro da sua buceta, Eve. Faça isso por mim, princesa. Me mostre como você fode a si mesma enquanto deseja que eu esteja em seu lugar. Evelina engoliu em seco, deixando seus dedos deslizarem na entrada de seu sexo. Enquanto empurrava dois dedos em sua buceta apertada, ela assistiu os movimentos de Theo começando a pegar o ritmo, e seu agarre ficar mais apertado em seu comprimento. Ela sentia o corpo muito sensível, como se estivesse a beira de um orgasmo que iria quebrá-la totalmente. As pressões dos dedos se tornaram mais duras e profundas a cada vez. Ela queria esse êxtase, e que o calor em seu corpo queimasse mais. — Theo, — Evelina respirou, — Eu vou gozar. — Porra, isso é quente, — disse Theo, a satisfação revestindo cada palavra sua. — Me deixe ver você gozar, Eve, e então, porra... eu vou enchê-la todinha de mim e fazer você gozar tudo de novo. Ele a quebrou. Só assim, seu controle foi embora e um orgasmo furioso apareceu. Seu grito ricocheteou nas paredes de azulejos e ecoou de volta. Deixando-a em uma bagunça vacilante, tremendo sob o jato do chuveiro enquanto choques de prazer e calor esfaqueavam seu corpo sem um fim à vista. Evelina não tinha certeza de quanto tempo ficou assim, mas ela sentiu o chuveiro ser desligado, e o ar frio envolver seu corpo sensível um segundo antes de uma toalha cobri-la. Então, braços fortes estavam puxando-a para fora do lugar para seu abraço. Atordoada e em êxtase, Evelina fechou os olhos e de boa vontade derivou em seus pensamentos quando Theo a levou do banheiro. Ele não disse nada quando ele se sentou com ela em algo macio e resistente. Evelina ainda estava voando alto em sua euforia, enquanto uma toalha passeava por seu corpo até que ela estava seca e quente mais uma vez.

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Abrindo os olhos, Evelina avistou Theo jogando a toalha no chão antes de puxar sua calça jeans e uma cueca boxer e tirar a camiseta. Só então Evelina percebeu que Theo a tinha colocado no banco da janela. Era alto o suficiente para que ele não tivesse que se abaixar para transar com ela, ela compreendeu. Ele só tinha que abrir as pernas dela e... Jesus. A cabeça de Evelina caiu para trás e bateu no vidro coberto com cortinas com um baque suave. — Olhe para mim, — ela ouviu Theo ordenar. Evelina fez o que ele pediu. — Você me prometeu uma coisa, Theo. — Eu estou trabalhando nisso. Me mostre sua buceta. Abra essas suas pernas e me deixe ver o que pertence a mim, baby. Seus calcanhares descansaram na beira do banco e as pernas dela se abriram para ele. Nua e sem fôlego, com seu cabelo despenteado e encharcado, ela tinha certeza de que parecia uma bagunça danada. Theo olhava para ela como se ela estivesse fodidamente linda. — Quanto tempo você vai olhar para mim, Theo? — A um homem é suposto apreciar suas coisas bonitas. Sua. A palavra bateu direto no coração, a tirando do ar. — Você quer que eu te foda? — perguntou Theo. — Sim. Theo arqueou uma sobrancelha. — Como? Evelina sorriu maliciosamente. — Por favor, Theo. — Um homem quer o que quer, Eve. — Então, por favor, me coma antes de eu mudar para o modo manual novamente. — Não. Se. Atreva. Caralho. Cada palavra tinha sido um rosnado. Theo as pontuou com passos rápidos, confiantes até que estava pressionado entre as coxas dela, e seu pau duro como rocha descansava contra seu ~ 309 ~


estômago. Evelina tremeu quando os dedos dele beliscaram a parte interna de suas coxas e seu pau estremeceu. — Não ouse, porra, — ele repetiu em um estrondo. Sua mão livre embrulhada no cabelo dela puxou, forçando a cabeça dela para trás para que ele pudesse olhá-la. — Eu tenho pensado sobre estar entre as suas pernas todos os dias durante as últimas três semanas. Deus. Evelina doía por este homem. — Todo dia? — Jesus, sim, — Theo sussurrou. A suavidade de sua voz a pegou desprevenida. Evelina piscou para ele, sentindo os dedos soltarem seu cabelo. — Theo? — Tão minha. Seu dedo se arrastou ao longo da maçã do rosto até o queixo dela e depois sob sua garganta. Ela sentiu a mão dele agarrá-la lá com uma pressão bem leve, inclinando a cabeça dela para trás ainda mais. Evelina suspirou com a promessa do sexo áspero, amando como este homem nunca a tinha tratado como uma boneca de porcelana ou a princesa adequada como todo mundo parecia fazer. Ele lidava com ela como se ela fosse preciosa, como um diamante raro, mas não a tocava como se ela fosse quebrável. Evelina não queria ser a princesa de ninguém. Mas ela seria qualquer coisa por este homem. O peso da compreensão cortou através de sua alma em um só golpe. — Me peça por isso, Eve. — Me fode, Theo. — Só eu, — Theo murmurou. — Sempre você. Ele não poderia saber como verdadeiras aquelas palavras eram. Evelina sentiu a mão dele afastar suas coxas ainda mais, a picada de seus dedos cavando em sua carne, e, em seguida, seu pau a encheu em uma rápida e dura flexão de seus quadris. A tensão saiu de seu corpo em ondas quando ar saiu apressado de seus pulmões em um

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longo gemido. Tão rápido, ele estava puxando para fora antes de meter de volta. Não houve pausa para Evelina entre as estocadas de Theo. Ela mal conseguiu obter controle com as mãos sobre a borda do banco enquanto ele abria as pernas dela ainda mais, até suas que malditas coxas doíam. Seus músculos se apertaram e estremeceram enquanto ele a fodia. Os dentes cerrados e ardentes olhos escuros assistindo-a quando sua boca chegou perto o suficiente para que os lábios dela roçassem com cada exalação. Ele foi brutal, tão implacável. O ritmo áspero com a mão na garganta e sua boca na dela enquanto ele a fodia cruamente no banco a fez delirar. Ela não conseguia respirar. Seus sentidos estavam exauridos. Mas maldição, era tão bom. Muito, muito bom.

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Capítulo dezenove Theo sorriu ao ouvir o som satisfeito, mas cansado de Evelina. Parecia inteiramente com felicidade e contentamento. Ele não sabia que era possível fazer isso para outra pessoa. Caída sobre seu corpo na cama, Evelina descansou sua bochecha no local sobre o seu coração, e não se mexeu. Ela não tinha se mexido pela última hora, de qualquer maneira. Traçando caminhos suavemente sobre seu ombro com a ponta do dedo, Theo sentiu arrepios rolarem pelo corpo de Evelina. — Você deveria dormir, — disse ele. Evelina deu de ombros. — Eu deveria, mas isso é bom também. Ele teve que concordar. Se inclinando, Evelina estendeu a mão, fazendo-a mexer o corpo ao longo de Theo da melhor maneira, e acendeu a lâmpada de cabeceira. — Assim é melhor, — disse ela baixinho. — Certo? — Eu realmente não tinha notado, mas eu prefiro a luz. — Lily lhe deu outro quarto, não foi? Theo assentiu. — Eu vou ficar aqui. Este costumava ser o quarto de Dino. — Mas você não gosta de compartilhar... — Eu gosto disso, — disse Theo incisivamente, passando a mão de suas costas para seu traseiro. — Eu gosto muito disso, Eve. Ela afundou de volta em seu abraço. — Ok. O que você vai fazer sobre o meu pai? — Algo. Ou talvez alguém vá fazê-lo. — Você não gosta dele, não é?

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— Não, — confessou Theo, — e eu não gosto dele faz um longo tempo. — Porque ele te tratou como seu tio fazia. Theo ficou rígido ante a simples menção de sua infância e anos adolescentes de abuso. — Uma ou duas vezes eu tive incidentes com Riley. — Um que quase te deixou morto, — ela sussurrou. — Eu prefiro deixar as coisas no passado, Eve. — Mas eu não acho que elas estejam, Theo. Eu não acho que isso é algo que você possa deixar para trás. — É melhor do que alimentar os monstros, — ele respondeu. — Eu me pergunto... — Sobre o quê? — Seu pulso, — disse ela simplesmente. — Ben o quebrou uma vez com uma barra de metal. Então eu passei um par de dias no porta-malas de um carro como castigo por tentar ajudar Dino quando Ben estava batendo nele. — Theo limpou a garganta, desconfortável com a forma como Evelina tinha ficado completamente silenciosa. — No momento em que Ben imaginou que deveria me levar para o hospital, meu pulso estava o dobro do tamanho normal e os ossos já estavam tentando se juntar novamente em alguns pontos. Eles tiveram que quebrá-lo novamente e arrumá-los na posição correta. O médico se ofereceu para me sedar, porque eu era apenas um garoto de quatorze anos. — Eles o colocaram para dormir enquanto faziam? — Não, Ben não assinou a autorização para a anestesia. Evelina franziu a testa, mas rapidamente o escondeu de sua vista. — Eu sinto muito. — Não sinta. Não foi culpa sua. Era o que era. — Mas as pessoas sabiam, Theo. Não é? — Muitos sabiam, — disse ele. — Ninguém interferiu ou fez qualquer coisa para ajudá-lo.

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— Dino fez, Eve. — Ele não estava sendo tratado da mesma maneira? — Até que tinha controle suficiente de si próprio para sair de debaixo das asas de Ben, sim, a ele foi dado o mesmo tratamento que a mim, — explicou Theo. — Mas por um longo tempo, Dino manteve a atenção de Ben sobre ele e suas falhas em vez de em mim e nas minhas falhas. Mas era inevitável que ele iria me ligar a Dino quanto mais desafiador e rebelde ele se tornou como adulto em sua própria vida. Eu culpava o meu irmão. Eu o odiava. Eu não percebi como estava errado sobre meu irmão, até que fosse tarde demais. — Errado sobre o quê? — ela perguntou. — Eu pensei que ele era fraco. Ele era muito mais forte do que eu lhe dei crédito. Evelina colocou o braço em torno da cintura dele. — Obrigada por me contar um pouco. — Há mais uma coisa, — disse Theo, sabendo que ela merecia saber. — Hmm? — Olhe para mim. Evelina se mudou em seu peito para poder descansar o queixo na palma da mão. — O que, Theo? Ele tinha falado com Damian novamente. Ele sabia o que Dino tinha feito, como ele tinha começado esta guerra entre as famílias, e como ela se desenrolou rápido demais para qualquer um corrigir. — Eu sei quem matou a sua mãe, — disse Theo. Evelina se encolheu para longe dele. Ele praticamente podia sentir a dor que irradiava dela em ondas. Feridas como aquelas nunca cicatrizavam, não completamente. Elas eram sempre doloridas ao toque e cru por dentro. — Eu não quero saber, — disse Evelina rapidamente. — Eu preciso que você saiba, Eve. — Mas... — Por favor, — Theo murmurou, — Me ouça.

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Evelina capturou seu lábio inferior entre seus dentes. — Ok. — Em seu esforço para proteger sua família quando sabia que não seria capaz de fazer mais, Dino foi atrás das pessoas que ele pensou que poderiam ferir aqueles com quem ele se preocupava. Pessoas como Ben e Terrance. — E o meu pai. Theo assentiu com a cabeça uma vez. — Eu imagino que ele teria ido atrás de Riley se tivesse tido oportunidade. Evelina produziu um som de coração partido que o cortou no núcleo. Lágrimas brotaram nos olhos dela e ameaçaram cair. Theo varreu seus polegares sob seus cílios para enxugar a umidade.— Minha mãe, no entanto? Por que a minha mãe? — Tudo o que sei é que foi um erro. Ele não tinha a intenção de pegar Mia no fogo cruzado. Ele não tinha nem mesmo a intensão que alguém se machucasse quando atirou no restaurante. Destinava-se a agitar algumas questões, e nada mais. Eu não sabia a extensão de tudo até recentemente. Foi um erro. — Um erro que me custou minha mãe, Theo. — Eu sei. Sinto muito, Eve. Ele esperava que ela pedisse a ele para sair. Ele pensou que talvez ela fosse quebrar a proximidade íntima que compartilhavam. Ela o surpreendeu. Evelina normalmente o fazia, quando se tratava dele. — Obrigada por me dizer a verdade. — Eu não quero mentir para você, Eve. — Podemos dormir agora? — perguntou ela. Ele daria o que ela queria. Ou tentaria, de qualquer maneira. Theo voltou a traçar caminhos em seu ombro nu. — Durma, baby.

***

— Eu não gosto disso, — Theo murmurou.

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Dois dias em casa, em Chicago, e Theo ainda não tinha ideia do que ia fazer sobre os seus problemas. Damian olhou por cima dos papéis em sua mesa. O homem parecia nunca parar de trabalhar. Como ele encontrava tempo para manter um olho em sua esposa, gerenciar sua tripulação, e lidar com todos os seus outros negócios, Theo não sabia. — Do que você está falando? — perguntou o amigo. — Eve. Eu não gosto disso. Damian arqueou uma sobrancelha. — Ela tem que manter as aparências, Theo. Isso significa ir com Tommas a jantares quando seu pai exige a sua presença. Especialmente agora que Riley está tentando reforçar a aliança que tem com Tommas enquanto planeja tirar Joel da jogada. E só o fato de que todos nós sabemos que ele está chateado e não confia em Tommas, mas está disposto a tentar jogar bonito com ele mostra quão desesperado Riley realmente está. Então, há a pequena questão sobre você também. Theo revirou os olhos. — Eu sei, eu deveria estar morto. — Isso não vai durar para sempre. O instituto legal está olhando para o outro lado por enquanto e seu corpo ainda está refrigerando em algum lugar. — Oh? — Sim, mas no momento em que eles tentarem fazer uma identificação positiva com registros dentários, não irá funcionar. — Três semanas parece um tempo um pouco longo para eles ainda estarem à espera de fazer isso, D. Damian sorriu. — Tommas pediu um favor ou dois. Theo arqueou uma sobrancelha. — Sério? — Você ficaria surpreso com quem Tommas tem contato. Eu sei que você não confia nele agora, mas dê a ele algum crédito. Ele está nos ajudando no que pode. — Você está certo, eu não confio nele. — Eu entendo, — disse Damian. — E eu não gosto de Evelina ter que sair com ele.

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— O monstro verde em seu ombro está rugindo, Theo. Theo olhou para o amigo. — Vá para o inferno. — Ele não tem interesse em Eve. — Estou ciente de onde os ‘interesses’ de Tommas estão, imbecil, — Theo brigou. Damian suspirou profundamente. — Qual é a porra do seu problema? — Não é ele, D. É o pai dela e o fato de nós dois sabermos que Riley é instável em seus melhores dias. Ele esconde bem, mas o homem é louco quando empurrado do modo certo. Eu não gosto dela ter que ficar perto dele agora. — Tommas estará atento a Eve. Ele quer que ela tenha tudo o que vá fazê-la feliz. Ele decidiu ajudar no momento em que soube que você se importava com ela, Theo. Dê ao homem uma chance. Theo desviou o olhar. — Você está pedindo muito. — Eu sei. Damian voltou aos seus papéis sem outra palavra. Theo foi até a janela que dava para a entrada de automóveis, que ia até os portões. — É estranha a sensação de viver aqui para você? — perguntou Theo. A cadeira chiou no chão da sala, deixando Theo saber que seu velho amigo estava olhando para ele. — Não, — disse Damian. — Apesar de como o coração de Lily estava partido no início, ela realmente veio a adorar esta casa. Ela quer mudar algumas coisas, e já está redecorando alguns cômodos ao seu próprio gosto. Ela fez dessa casa um lar para nós, o que me impede de pensar nela como a casa de Dino. — Eu suponho. — O que, Theo? — Dino comprou esta casa há três anos. Eu me lembro de quando ele comprou porque na época parecia uma despesa ridícula para ele dispor e comprar uma casa desse tamanho com toda a extensão do terreno e tudo.

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— É, se você considerar que ele era solteiro, sem família. Theo franziu a testa para seu reflexo no vidro. — Mas não era. E se eu pensar nas datas em que ele comprou esta casa, foi em torno da época que seu filho nasceu. Talvez ele quisesse criar esse menino, mas alguém o impediu de ser um pai por inteiro. Alguém como Ben. Dino teria sido um bom pai, eu acho. — Ele teria, — Damian concordou. — Em outro tópico, Riley dará uma festa em seu bar para Courtney em uma semana. — Oh? — Quando Tommas esteve aqui mais cedo, ele mencionou que talvez esteja na hora de começar a alimentar as cobras. Theo ruminou sobre essas palavras. — Como assim? — Talvez devêssemos deixar a notícia correr sobre a identificação de que não era você naquele carro. Deixar Riley nervoso e ver como ele age. Além disso, Lily ficaria realmente grata se pudesse parar de agir como se estivesse sofrendo por você. Ela teve de planejar um funeral falso, ou fazer o melhor que pode, e isso não é bom para ela, não agora. — Eu entendo isso, — disse Theo. — O que isso tem a ver com esta festa para a esposa dele? — Pela primeira vez, talvez eu não tenha que ser o Fantasma, e sim você. Theo riu secamente. — O que, como ressuscitar dos mortos porra? — Seria certamente um choque. E outra coisa, não é interessante pensar que talvez Joel tenha plantado Chloe Belli na cama de Riley como forma de obter informações? — Eu considerei isso. — Você já considerou que a nova esposa de Riley costumava ser uma boa amiga de Chloe? — perguntou Damian calmamente. Theo se virou rápido nos calcanhares. — Ela era? — Elas eram. Mulheres como aquelas tendem a ficar juntas. Do que eu recolhi, Courtney atua bem, mas ela não é confiável, entretanto. Ela não é tão inocente quanto parece.

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— Você está dizendo que a esposa está brincando com ele também? — perguntou Theo. Damian deu de ombros. — Acho que devemos ter cuidado quando se trata de Courtney se ela é próxima de alguém que é próximo a Joel. — Mas o irmão de Chloe e Riley... Tommas disse que Riley estava indo atrás de mim naquela noite. — Ele estava. Talvez Chloe tenha conseguido colocar seu irmão próximo a Riley para manter seu lugar parecendo menos suspeito. Quem sabe? Isso não é importante. Damian estava certo. Theo deixou pra lá. Voltando-se para a janela, o olho de Theo pegou o Porsche azul de Damian. As janelas tinham películas tão escuras que era impossível ver dentro mesmo através do para-brisa dianteiro. — Seu carro é ilegal com essa película. — Eu sei, — disse Damian com um sorriso na voz. — E seguro para eu dirigir. Eu quero o seu carro emprestado. — Por quê? — Eu devo a Eve um encontro.

***

Theo se encostou no capô do Porsche quando Evelina era empurrada para fora da porta por Lily. Muito rápido, a porta da frente bateu. Ele não podia evitar o sorriso quando assistiu Evelina bater o pé com o salto alto como se estivesse irritada. Ele sempre teve uma queda por saltos. Evelina usava bem essa aparência.

mulheres

irritadas

em

— O que... — as palavras de Evelina sumiram no momento em que seu olhar pousou em Theo. — Oh. Ajeitando o casaco do terno que usava, Theo perguntou: — Oh, é tudo que você tem para mim? — Bem… ~ 319 ~


— Hmm? Evelina sorriu. — Lily não me disse por que eu tinha que usar isso, — disse Evelina, acenando para o vestido apertado e preto sob seu casaco bege. — Ela não me disse onde você estava ou o que estava acontecendo. O que está acontecendo, Theo? — Um encontro. Não era isso que você queria? — Sim. Theo se empurrou do carro. — Você precisa do vestido porque vamos assistir a um show dentro de um local que tem uma política de terno e vestido para seus clientes. Evelina sorriu. — Isso parece bom. — E, depois, há um lugar na Lincoln Avenue, em Lincoln Park que eu acho que você pode gostar. Eu vou lá há anos, mas nunca com alguém. É um local favorito para mim. Ela deu os passos com cuidado e devagar em seus saltos. A neve lamacenta e escorregadia podia ser perigosa com as botas que ela estava usando. — E está tudo bem para você estar na cidade hoje à noite? — perguntou Evelina. Theo estendeu a mão e ela aceitou imediatamente. — Nós vamos ter cuidado. — Você não sabe como ser cuidadoso, Theo. — Eu sei, obrigado, — disse ele com uma piscadela. — Mas esta noite não é para mim, de qualquer maneira. É para você, Eve. Pare de se preocupar e se divirta um pouco comigo. — Que tipo de show? — perguntou Evelina. Theo a puxou para seu lado. — Esse é, na verdade, para mim, mais ou menos. — E então? — Um camarote privado, balé, no escuro, e você? Ah, sim, isso é tudo para mim. Evelina levantou uma sobrancelha e o cutucou no peito. — Não é o encontro com você que eu cancelei meses atrás?

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— Balé novo, — disse ele. — O Lago dos Cisnes está sendo apresentado este mês. Ouvi dizer que é uma produção considerável. — Eu nunca assisti. — Eu sim e foi incrível. Evelina o olhou com curiosidade. — Você tem uma coisa com balé? — E ópera, — Theo admitiu. — Eu não pensaria que seria seu tipo. — O que, culto e gentil? Principalmente, eu só quero ter você em uma cabine privada, embebedá-la com cocktails. Vamos ver até onde vai a partir daí. — Você é horrível. Theo riu quando puxou Evelina para o lado do passageiro do carro. — Estou ciente.

***

— Eu já vi esse lugar antes, apenas passando, — disse Evelina. — É um bar, certo? — Isso é mais do que apenas um bar, é uma experiência, Eve. Sua risada o revestiu como mel. — Me mostre, então. — Com prazer. Theo entrelaçou seus dedos enquanto abria as portas da frente do Barrel House Flat. Instantaneamente, a atmosfera do bar e restaurante cercou Theo de conforto. O lugar tinha uma sensação antiquada com um sentimento moderno persistente ao redor. Cadeiras de couro cobriam as paredes com pequenas mesas entre elas. A posição forçava os clientes a estarem próximos ao se sentar e beber, ou se inclinar quando as pessoas queriam falar. Obras de arte cobriam as paredes e mesas de bilhar com lindos trabalhos em madeira descansavam ao longo da ala direita do lugar.

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— Escolha um lugar, — disse Theo a Evelina. — O que você quer beber? — Surpreenda-me. Theo poderia ter esperado um garçom chegar a eles, mas ele foi direto para o bar. Uma vez que os seus pedidos de bebida foram entregues, ele encontrou Evelina no canto mais distante, sentada em uma das cadeiras de couro cor de castanha. Ela pendurou o casaco ao redor do braço da cadeira e ele teve que admitir, ela parecia em casa e confortável no lugar. Pernas cruzadas, um sorriso brincando em seus lábios, e com olhos curiosos observando-o quando ele entregou sua bebida, Evelina parecia feliz. Não era muito. Não era grande coisa. Theo tinha a necessidade de ser terrivelmente cuidadoso sobre onde eles iam e o que faziam nesta noite fora. Ele odiava que não podia levá-la para uma dúzia de outros lugares que teria mostrado mais a ela, ou que não podia levá-la para sair e deixá-la dançar, mas isto era bom. Particular. Íntimo. Sexy, dada à forma como Evelina parecia em seu vestido preto e botas de cano alto. O flash de suas coxas enquanto ela ajeitava as pernas cruzadas fez sua boca ficar seca. Evelina tomou um gole da bebida, a curiosidade iluminando seus olhos verdes. — O que é isto? — A loucura mais discreta, — disse Theo. — É diferente. — Isto é. Evelina tomou outro gole. — Eu gosto disso. — Eu achei que iria. — E o nome, — ela acrescentou com uma piscadela. — Eu gosto disso também.

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Theo riu e ergueu sua taça. — Eu sempre pensei que o nome de uma bebida poderia resumir alguém muito mais do que qualquer outra coisa jamais poderia. Evelina se inclinou em sua cadeira e estendeu a mão para ligar um dedo no colarinho da camisa de Theo. Ela puxou levemente, silenciosamente pedindo que ele se aproximasse. Quando o fez, ela apertou os lábios pintados de vermelho nos seus em um beijo suave. A lentidão de seus lábios se movendo juntos acalmou Theo enquanto o polegar dela varria seu queixo. — Você está chamando atenção, — Theo murmurou contra seus lábios. — E? — Por favor, continue. Eu não me importo que as pessoas saibam que você está feliz exatamente onde está... comigo. — Obrigada por me trazer aqui, — disse Evelina suavemente. — Você merece algum tempo calmo e sossegado, baby. — A calma antes da tempestade, huh? Theo forçou o cenho. — Algo como isso. Evelina olhou para as mesas de sinuca. — Você vai me ensinar a jogar? — Eu não tenho certeza de que você quer aprender com um traficante, Eve. Eu posso saber como jogar o jogo, mas isso não significa que eu vá te ensinar qualquer coisa que valha a pena aprender a não ser como ser um maldito tubarão. — Eu estou bem com isso. Theo riu. — Claro que você está. Ele inclinou a bebida para tomar um gole de sua bebida. — Como isso se chama? — perguntou ela. Theo estendeu o copo. — Tome um gole. Evelina esticou o braço e mergulhou a ponta do seu dedo mindinho na bebida dele antes levá-lo em sua boca. Theo tinha certeza que ela fez isso de propósito, porque ele gostava de vê-la chupar coisas,

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especialmente seu pau. Mas o jeito que seu rosto franziu disse que ela não gostou do sabor. — Meh, — Evelina murmurou antes de ela levantasse seu copo e bebesse um bom gole. — É amargo. — Eu gosto disso. — O que é? — ela perguntou novamente. Theo sorriu. — Um ‘Matador do Rei’.

***

A próxima semana passou lentamente para Theo. Não era de admirar, considerando que ele não podia fazer uma maldita coisa sem correr o risco de alguém vê-lo. A última coisa que ele queria fazer era trazer qualquer atenção ou perigo para sua irmã e Damian. Ter Evelina na casa DeLuca para manter a atenção de Theo ocupada ajudou muito. Inclinando-se de costas contra a parede de tijolo frio, Theo ignorou o frio do início de fevereiro. O chão, coberto por uma leve camada de neve dura, rangeu sob seus sapatos de couro quando ele mudou para uma posição mais confortável. Ele estava esperando por uma chamada há uma hora. Theo estava começando a pensar que Damian, ou tinha esquecido que ele estava de volta, ou o Fantasma decidiu desistir de seus planos antes que pudessem sequer começar. Tomando uma longa tragada de seu cigarro para terminá-lo, Theo exalou a espessa nuvem de fumaça, e, em seguida, o jogou ao chão antes de apagar. Ele devia estar nervoso sobre o que ia fazer, mas ele realmente não sentia nada. Nada. Theo imaginou que, de certa forma, ele estava terminando o negócio que Dino não tinha sido capaz de fazer por si mesmo. Limpando as cobras. Isso era um pouco mais para Theo também. Evelina, por exemplo. Mas ele decidiu manter esses pensamentos e sentimentos para si mesmo até que fosse mais seguro e ela estivesse livre para fazer

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o que quisesse, com quem quisesse. A única maneira de fazer isso acontecer era remover o homem que a impedia de ser feliz. Riley. Vingança era suposto sentir fria e baixa. Theo só se sentiu em êxtase. O clique da porta de saída a menos de meio metro de distância fez Theo se mover rapidamente. Ele estava quase virando para o lado do edifício, quando uma voz suave e doce o deteve. — Damian disse que eu iria encontrá-lo aqui fora, — disse Evelina. Theo olhou por cima do ombro, encontrando sua amante a espreita com a cabeça para fora da porta dos fundos. — Ele deveria me ligar. — Ele não pode, eu acho. Há muitas pessoas lá e ele não quer correr o risco de alguém ouvir a conversa. Então, ele disse a Lily para repassar uma mensagem para mim. Eu pedi licença para ir ao toilet e aqui estou para te deixar entrar. Fazia sentido, pensou Theo. Ele girou sobre os calcanhares para enfrentar Evelina. Ela saiu, mas segurou a porta para não bloqueá-los para fora. — Você sabe por que estou aqui, certo? Theo havia tentado não esconder seus planos de Evelina, mas ele não entrou em grandes detalhes. No entanto, ele imaginou que o resultado da noite seria evidente. — Você está aqui para terminar alguns negócios inacabados, — Evelina respondeu calmamente. — É isso que você quer chamar? — A Outfit está cheia de cicatrizes e segredos, Theo. — Está, — ele concordou. — Estou começando a me perguntar o quanto disso é obra do meu pai. — antes que Theo pudesse dizer qualquer coisa, Evelina acrescentou: — Não só com esta guerra entre as famílias, mas mesmo antes disso. Para a minha mãe, aos seus próprios filhos, para você... as vezes um rei só tem que cair. ~ 325 ~


— Ele ainda é seu pai. — Eu preferiria ter a memória de um homem bom do que a ilusão de um homem vivo. — Eu não esperava que você dissesse algo assim, — disse Theo. — Você é aquele cara e eu sou aquela garota, lembra? Theo se lembrava. Ele era o cara que a usou para conseguir o que queria. Ela era a garota que o deixou fazer isso para conseguir o que ela queria. Eram uma espécie de par perfeito, realmente. Uma vez que tudo isto estivesse acabado, Theo tinha uma condenada certeza de que seria o cara que daria àquela garota o que ela quisesse pelo resto de sua vida, desde que pudesse ver o seu sorriso. Ela tinha um sorriso lindo. — Courtney está tendo uma boa festa de aniversário? — perguntou. Evelina sorriu. — Absorvendo a atenção, como de costume. — E seu pai? — Ele parece ausente. — Ele deve estar fora do seu jogo. Você não ouviu? — Theo piscou. — O príncipe DeLuca não está morto e queimado segundo o relatório do reconhecimento do corpo encontrado no Stingray, ou assim as notícias dizem. Ninguém sabe onde ele está, entretanto. — Eu sei. Evelina abriu a porta dos fundos para Theo entrar. Ele a beijou ao longo do caminho. A arma em suas costas, descansando no cós da calça, não iria deixá-lo esquecer o que havia para fazer. A porta se fechou atrás deles, envolvendo o casal na escuridão do corredor dos fundos. — Você foi revistada na porta por armas? — perguntou Theo. — Riley verificou a todos, exceto ele e Courtney. — Ele tem uma arma com ele? — Ele não tem casaco e eu não vi uma quando falei com ele. ~ 326 ~


— E quanto a seus seguranças? — ele perguntou. Evelina franziu a testa. — Eu não sei. Era um risco que Theo teria que correr. — Há algo mais que Damian queria que você soubesse, — acrescentou Evelina. — O quê? — Joel apareceu. Abriella veio também. Até mesmo a família Trentini apareceu. Peter e Sara, eu quero dizer. Theo amaldiçoou. — Riley não os deixou de fora? — Aparentemente ele os convidou de última hora. — Por quê? — Por que outra razão, Theo? Meu pai é louco, e ele ainda acha que ele é quem controla os jogos. Isso inclui Joel. — Acho que a melhor pergunta é por que Joel aceitou o convite sabendo como Riley se sente sobre ele? Evelina não tinha uma resposta. Nem Theo.

***

Theo ficou escondido nas sombras do corredor na parte de trás do grande bar. Até onde ele podia ver o corredor escuro não era usado para qualquer coisa, exceto uma saída dos fundos. Ninguém tinha sequer chegado perto do lugar onde ele estava escondido. Ele tinha a visão perfeita de todos os outros, no entanto. Quase o matou por dentro deixar Evelina caminhar de volta para a pista e se juntar às outras pessoas. Alguma coisa o estava incomodando, fazendo-o querer mantê-la segura e escondida no corredor enquanto ele fazia o que precisava ser feito. Sacudindo a sensação enervante, Theo encontrou as pessoas mais importantes na multidão de convidados. Ele queria ter certeza de

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que sabia onde todo mundo estava, para mantê-los constantemente a vista de modo que não houvesse erros. Damian e Lily estavam sentados em uma mesa na extremidade do bar. Com o braço pendurado no ombro de Lily, Damian conversava com seu primo, Tommas, ao lado dele. Evelina estava ao lado da mesa, mas ela estava olhando por cima do ombro na direção de Theo. A algumas mesas de distância, Theo encontrou Adriano sentado com sua esposa. A mão de Alessa descansava em sua barriga arredondada, enquanto observava sua irmã do outro lado do bar. Seguindo o olhar de Alessa, Theo encontrou Abriella e Joel. Um observava um homem em um lado do bar, enquanto o outro observava outro homem. Riley conversava com o barman no balcão, enquanto sua esposa permanecia bonita e tranquila ao seu lado. O bar acomodava pelo menos sessenta a setenta convidados. Quanto mais as pessoas se moviam, dançavam e conversavam, mais preocupado Theo ficava. Era difícil manter o controle de onde todo mundo ia quando parecia que o chão era um mar de corpos bem vestidos se movendo e ficando mais doidos a cada segundo. Quando as luzes diminuíram mais do que já estavam e o volume da música desceu um pouco, Theo deu um passo mais para trás para o corredor. Estrelinhas foram entregues aos convidados pelos garçons quando Riley levou sua jovem esposa para o meio da pista. Acenando com a mão, Riley disse: — Hoje à noite, deixamos de lado nossas diferenças para celebrar a vida de uma mulher bonita. Feliz aniversário, minha querida. As pessoas começaram a acender suas estrelinhas. Era perturbador e brilhante, mas Theo manteve seu olhar treinado sobre o homem no meio da sala. Quando Riley puxou sua esposa para um beijo, as luzes se apagaram e tudo o que podia ser visto eram as formas das pessoas e as faíscas das estrelinhas iluminando o teto conforme as pessoas os elevavam. Os aplausos trovejaram no bar, fazendo o ruído vulcão. Feliz aniversário soou em várias vozes quando as começaram a cantar para Courtney. Theo não tinha tirado os onde deveria, ou melhor, de onde Riley tinha parado para ficar esposa.

de um pessoas olhos de com sua

Theo saiu da segurança que o corredor escuro havia fornecido a ele e avançou tão silenciosamente e mais rápido que podia. Ele

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costurou por entre as pessoas que cantavam com suas estrelinhas erguidas. Ninguém pareceu nem notar alguém se empurrando através deles. Logo, Theo podia ouvir a voz de Riley sobre todas as outras. — Feliz aniversário, querida, — disse Riley. A risada de Courtney soava a poucos centímetros a frente de Theo. Outro par de passos... Ele puxou a arma, destravou, e levantou. Puxando o longo silenciador de oito polegadas do bolso, Theo acoplou o dispositivo no cano da arma. Ele queria fazer isso rápido e as trevas lhe permitiram fazer uma fuga fácil sem ser visto. Era sujo pra caralho, mas seria limpo. — É tão bonito, — disse Courtney. — Eles estão quase apagando, eu acho, — Riley respondeu. Theo estava atrás do homem em um segundo. Quase parecia que a multidão estava esmagando-os, se apertando em torno dele. Manobrando em torno de outra pessoa, Theo se viu diretamente atrás de Riley e Courtney. — Riley, — disse Theo. Foi apenas alto o suficiente para o Chefe ouvir. Riley se virou rápido nos calcanhares. Sem dúvida, ele reconheceu a voz de Theo. Ele provavelmente estava esperando que Theo aparecesse, mas não assim. Não esta noite. Alguém agarrou o braço de Courtney e a puxou para a multidão e longe de seu marido. Theo não sabia quem. Mesmo na escuridão, Theo podia ver o olhar de Riley se ampliar com medo. — Não brinque com serpentes, — disse Theo. — Você sempre acaba sendo picado. A arma de Theo encontrou a testa de Riley e ele puxou o gatilho. Acima das palmas e da música, o tiro mal fez som. Riley estava morto antes mesmo de bater no chão. Theo já estava a meio caminho de volta em direção ao corredor quando os gritos começaram. ~ 329 ~


Ele ouviu os pés baterem no chão duro enquanto as pessoas se moviam apressadas. Luzes se acenderam e os gritos desesperados ficaram altos. Por meio do mar de gente, ninguém parecia tomar conhecimento dele. Pessoas se empurravam e gritavam, tentando chegar às portas. Vários apressados passaram direto por Theo, com a intenção de tomar a porta dos fundos. Ninguém olhou para o rosto dele para compreender por quem eles estavam passando. De repente, uma presença estava ao seu lado. Uma presença familiar. — Aí está você, — disse Damian. — Me dê isso e eu vou levá-la para fora daqui. Theo soube o que seu velho amigo estava pedindo. Ele entregou a arma. Damian tinha luvas pretas e um pano em sua outra mão. O homem limpou a arma rapidamente antes de segurá-la às costas. Confuso, Theo observou como Tommas Rossi passou por Damian com outra onda de convidados, pegou a arma, e continuou caminhando sem sequer olhar para trás. — Onde está Evelina? — perguntou Theo. Damian apontou o polegar em direção ao canto onde estava sentado. — Com Lily. Eu disse a elas para ficarem paradas quando as luzes se apagassem, não importa o quê, e saí da mesa. Theo olhou. Evelina não estava ao lado de uma Lily assustada. Ele não conseguia encontrar Evelina. Quanto mais procurava, mais pesado seu estômago se sentia. — Merda, — resmungou Damian, percebendo a mesma coisa que Theo. Ele apontou em duas direções diferentes. — Você vai por esse caminho, eu vou por aqui. Theo não podia sair do maldito bar até que ele soubesse onde estava Evelina. Ele empurrou o seu caminho de volta para a debandada de pessoas e fez um caminho mais curto para a direção que sabia que Evelina tinha estado antes que as luzes se apagassem. — Foi ele! — Você me pediu uma aliada, — gritou Evelina. Seu grito ecoou de algum lugar à sua esquerda. Theo se virou naquela direção e viu Evelina apoiada em um canto. Courtney estava a

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meio metro de distância com uma arma em sua mão apontada diretamente para Evelina. O coração de Theo parou. — Você me pediu uma aliada, — Evelina repetiu. — Isso é tudo o que eu estava tentando fazer, é por isso que eu puxei você para longe, Courtney. — Você sabia, — Courtney assobiou. — Você sabia o que ia acontecer hoje à noite! O olhar de Evelina correu em volta, e pousou em Theo. Ele podia ver o terror e o apelo que estava bem na ponta da língua dela. E ele não tinha a porra da arma. — Eu apenas pensei... eu pensei... — Que eu gostaria de voltar para o que eu era antes? — perguntou Courtney, cuspindo as palavras. — A ser uma prostituta e nada mais? Passar para o próximo homem que vai me sustentar? Foi isso? — Não, — disse Evelina, sacudindo a cabeça. Theo havia se movido alguns passos e chegado mais perto. Outros poucos e ele poderia bater na cadela por trás. Evelina olhou por cima do ombro de Courtney outra vez para ele. Movimento errado. Theo soube instantaneamente. Courtney girou nos calcanhares para enfrentar Theo, sua arma caindo ligeiramente para o lado. — Corra, Eve! — Theo gritou. Evelina se esquivou para o lado e Theo fez a finta em direção a Courtney. A cadela mal saiu de seu caminho. Ele estava a menos de um metro na frente de Courtney, mas ela se virou para o lado. Dando a ela a mira perfeita para atirar em Evelina. Com o canto do olho, ele viu duas coisas. Evelina lançando um olhar fugaz sobre o ombro para ele, e Courtney apontando a arma para Evelina. Theo se moveu mais rápido do que pensava que era possível. Tiros ecoaram um após o outro. Ele sentiu as três balas quando atingiram suas costas. A dor atravessou seu sistema

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nervoso. Theo se virou ligeiramente com a força das balas entrando em seu corpo, fazendo-o bater de lado quando caiu no chão. Theo se engasgou com algo de gosto enferrujado, incapaz de obter uma respiração adequada. Suas mãos deslizaram no chão quando tentou se endireitar. Ele olhou ao redor, tentando encontrar Evelina novamente. Em vez disso, viu que alguém soltou um grito lutando com Courtney, a desarmou e a puxou para longe. Mãos macias e familiares tremularam sobre o cabelo de Theo, pelo seu rosto, e sua mandíbula. — Oh, meu Deus, — murmurou Evelina. Theo não conseguia falar. Ele tentou, mas o gosto enferrujado, metálico só piorou. Evelina gritou acima dele. Não faça isso, ele queria dizer a ela. Ele ficaria bem. Ele só precisava respirar.

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Capítulo vinte — Mova-se, — Evelina ouviu rosnarem para ela. Um forte empurrão a jogou para trás de Theo. Ela lutou para voltar. Ela lutou muito. Ela queria abraçá-lo, fazer parar. O sangue continuou escorrendo. Seu vestido branco estava manchado de carmesim mórbido e embebendo através de sua pele. Evelina não se importava. Ela só queria abraçá-lo. — Me deixe ir! — ela gritou. — Eve, pare com isso, — Adriano sussurrou em seu ouvido. O instinto a levou para mais perto. Isso a fez chutar seu irmão e acertá-lo com o punho. O desejo de estar mais perto do homem no chão, aquele que estava morrendo por ela, se espalhou duro e rápido em sua corrente sanguínea. As lágrimas riscavam seu rosto. Ela não podia enxugá-las com rapidez suficiente. O gosto de cobre do sangue de Theo em seus lábios fez mal ao estômago, mas ela ignorou o desejo de enxugar o sangue. Adriano segurou apertado em torno da cintura de Evelina. — Pare de lutar contra mim. Por que ele continuava puxando-a para longe? O rosto de Theo estava cinza, seus lábios estavam frouxos. Seus olhos estavam abertos, mas vazios. Tão vazios, porra. Theo não deu nenhuma resposta. Ele parou de tentar falar, mas ainda escorria sangue de sua boca. Enquanto Damian trabalhava em Theo, Evelina tentou compreender quanto tempo havia passado. Um minuto, talvez um pouco mais. Ele não podia estar morto. Alguém tinha chamado a ambulância alguns minutos mais cedo para Riley. Ela se perguntou se eles chegariam aqui em tempo para a pessoa que realmente precisava. ~ 333 ~


Ela mal tomou conhecimento do corpo de seu pai a alguns centímetros de distância ou do movimento de pessoas correndo enquanto fugiam do clube. Ela não sabia onde Courtney tinha ido, exceto que Joel tinha arrastado a mulher embora. Evelina estava muito focada em Theo. Tommas se juntou a seu primo no chão, e ele e Damian trabalharam em Theo. Um homem bombeou o peito de Theo enquanto o outro forçou sua cabeça para trás e empurrou o ar em seus pulmões. — Porra, vamos Theo, — resmungou Damian. — Por favor, não faça isso comigo, cara. Não faça isso com Lily. Por favor, não faça isso com ela. Evelina não conseguia respirar. Aparentemente, nem Theo. — Por que ele não está respirando? — Evelina exigiu. — Faça ele respirar! — Leve ela daqui! — Damian rugiu. Foi só então que o ruído de fundo começou a sangrar através dos sentidos chocados de Evelina. Gritos de Lily, desolados e aterrorizados, ecoaram acima da catacumba de ruído de todos os outros no clube. Havia sangue no chão. Os pés de Evelina avançaram conforme Adriano a arrastou mais perto da porta da frente. Foi difícil sair com todas as pessoas. Evelina se sentia lenta e congelada. Seu coração doía. O vento frio de fevereiro bateu nela. Seu casaco e bolsa estavam em algum lugar lá dentro. Ela não se importava. A temperatura mal foi registrada. Luzes vermelhas e brancas pulsavam em torno de Evelina. Sirenes soaram. — Você não pode sair, — disse um homem de trás deles. Os policiais haviam chegado. Como já tinham chegado lá? Adriano não se virou. — Porra. — Você não pode deixar o local até que você tenha sido questionada! Evelina ia vomitar. — Adriano...

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Branco. Vertigem. Quase lá. Evelina não conseguia sentir nada, a não ser a sensação de seu estômago rolando, e os dedos de seu irmão agarrados em seu braço para mantê-la na posição vertical. — Theo, — disse Evelina para Adriano. — Fique quieta, Eve, — Adriano murmurou enquanto um homem parava na frente deles com um item estendido. Um distintivo. Um policial. De onde o homem tinha vindo? Quanto tempo ela tinha levado para sair do clube? Ela só queria ajudar Courtney. Ela pensou que a garota iria apreciar estar longe da bagunça que estava prestes a acontecer ao marido. Por que ela se virou assim contra Evelina? Evelina piscou sua visão turva. O policial falou com Adriano. Evelina não ouviu nada. Ela viu os lábios em movimento do homem, mas suas palavras foram perdidas para ela. — Ela está coberta de sangue, — o homem retrucou. — Ela não viu nada! — Adriano latiu de volta. — Senhorita... Reação automática forçou Evelina a falar. Nada mais. — Eu não vi nada, — Evelina sussurrou. — Eu escorreguei tentando sair. Isso é tudo. O policial continuou discutindo. Evelina o desligou. Ela estava muito ocupada observando o homem sendo levado para fora na maca. Um paramédico estava em cima dele, com as mãos

~ 335 ~


batendo com força em seu peito. Outro paramédico ajudou a empurrar a maca. Theo. Theo... Theo... Theo. Pessoas inundavam o lado de fora do clube novamente, fazendo Evelina perder Theo e os para médicos de vista. A multidão estava aumentando. Evelina vacilou. Ela balançou em seus pés. — Eu não consigo sentir, — ela ouviu as palavras do paramédico. — Eu não consigo pegar o batimento. O sangramento não quer estancar. Coloque o oxigênio, ele não está respirando! Evelina nem sequer sentiu o chão quando caiu. Mas cada pedaço de seu coração sentiu.

***

— Eu tenho novidades. Evelina olhou para cima de suas mãos ainda manchadas de vermelho. Alessa tinha tentado ajudá-la a limpá-las. Adriano tentou ajudar. O muito que Evelina conseguiu fazer foi tirar seu vestido ensanguentado e colocar algo adequado. Até mesmo respirar parecia errado. — O quê? — perguntou Evelina, sua voz rouca. Quanto tempo fazia desde que ela tinha falado? Horas. Tantas horas. — Ele está em estado crítico, mas está vivo, — disse Adriano. Evelina sentiu a mão de Alessa esfregar suas costas suavemente. Isso fez muito pouco para ajudar a acalmar a torrente de dor batendo no coração e alma de Evelina. — Vivo. ~ 336 ~


— Theo conseguiu passar da primeira cirurgia, Eve, — explicou Adriano. — A primeira? — Ele estava muito instável para começarem a segunda esta manhã. Manhã? Evelina olhou pela janela, observando a luz do amanhecer. — Oh. — Eles encontraram uma bala em seu coração e ele tinha duas alojadas no pulmão e isso está complicando as coisas. — Mas ele está vivo. Adriano acenou com a cabeça. Suas palavras não ditas foram altas: quase morto. — Posso ir para o hospital? — perguntou Evelina. — Eu quero ir. — Você precisa ficar longe. Só até isto se acalmar. Até nós enterrarmos o pai, talvez. Riley... — Eu não me importo com Riley, — Evelina cuspiu. — Eu também não, Eve. Mas nós ainda temos que desempenhar um papel. O peito de Evelina doía. Ela esfregou o ponto sobre o coração. — Eu quero ir até Theo. — Logo, — seu irmão prometeu. — Você poderia ter me dito sobre você e Theo. — Você me disse para não contar. A expressão de Adriano não se alterou. — Eu não queria te recusar algo e te machucar. — Papai fez o suficiente. — Sim. — Adriano suspirou profundamente. — O que você precisa, Eve? — Theo.

~ 337 ~


— Eu... — Não é possível, — Evelina interrompeu antes que seu irmão pudesse dizer outra palavra. — Isso é tudo o que eu ouvi durante toda a minha vida. Eu não posso. Você não vai. Não, Eve. Não, Eve. Me dê algo. Eu quero a minha própria vida, Adriano . Adriano deu a sua esposa tranquila um olhar indecifrável. Alessa só ficava esfregando as costas de Evelina, silenciosa e forte. Alessa tinha sido sempre assim. Evelina apreciava isso mais do que podia explicar. — Eu vou, — disse Adriano finalmente. — Mas eu preciso que você coloque sua máscara uma última vez e enterre o pai comigo, Eve. Faça isso por mim e eu vou te dar o que você quiser depois disso. Para os oficiais, temos que ser os inocentes, os parentes de luto. Faça isso por mim, e eu vou fazer qualquer coisa por você. Evelina engasgou em acordo. Ela não queria ser a princesa Conti uma vez mais. Ela deixou as palavras saírem de qualquer maneira. — Ok. Mas eu vou ver Theo logo em seguida. Logo depois, Adriano. A fachada de Adriano rachou enquanto seus olhos vidravam. — Ok, Eve. Eu tinha outra notícia, também, mas eu não sei se você se importaria. — O quê? — Joel vazou a notícia que Courtney está morta. Nada mais. — Você acredita nele ou acha que ele está mentindo? Courtney tinha sido amiga de Chloe, depois de tudo. — Eu diria que é a verdade, — disse Adriano. — Por quê? — Porque ele deixou seu corpo em frente às escadas do papai. Evelina se sentiu mal novamente.

***

~ 338 ~


— Há alguém guardando o quarto dele, — disse Adriano. A inquietação de Evelina não queria se acomodar. Era o peso desconfortável em seu estômago e o vazio em seu coração. Ela mexia com qualquer coisa que pudesse segurar em suas mãos apenas para manter sua mente afastada. Mesmo ao ouvir seu irmão, ela ainda sentia como se tivesse de se levantar de ir fisicamente para outro lugar. Ou melhor, ir para outra pessoa. Theo. — Será que vão me deixar entrar? — perguntou Evelina. — Sim, provavelmente. Apenas diga… — O que, Adriano? Seu irmão não iria encontrar o seu olhar. — Que você é a noiva dele ou algo assim. — Mas eu não sou. — Eles não sabem, Eve. — O guarda vai saber. — O guarda conhece Theo. Isso foi tudo que Adriano disse antes que apertasse o botão vermelho na parede para tocar através da Unidade de Terapia Intensiva, onde Theo tinha sido colocado. — Espere, você não virá comigo? — perguntou Evelina quando seu irmão se virou para sair. Adriano sorriu. — Você não precisa de mim para fazer isso. — Mas... — E papai está morto, Eve. Sem babás, sem regras, sem princesa, hein? Apenas... você não precisa de mim para isso. — Obrigada. Adriano deu de ombros. — Me ligue quando você quiser que eu envie um motorista para levá-la para casa. — Ok.

~ 339 ~


— Recepção, UTI, — veio uma voz grave através intercomunicador na parede. — Número de identificação, por favor.

do

— Eu não sou uma funcionária do hospital, — disse Evelina. — Visitante? — Sim. — Qual é o quarto e paciente que você está aqui para visitar? Evelina xingou em silêncio, sem saber o número do quarto de Theo. — Uh, é DeLuca. — Oh. — mais crepitar se ouviu no alto-falante. — Theo DeLuca? — Sim. — Só a família pode entrar... — Eu sou sua noiva, — Evelina interrompeu sem hesitar. — Eu posso ligar para a irmã dele e ela me colocaria em qualquer lista, se você quiser. — É unidade seis no final, em frente à estação de UTI. Por favor, se apresente antes de sair da unidade. — Obrigada. A porta tocou para desbloquear e abrir cinco segundos depois. Evelina entrou no cheiro estéril da UTI calma e tentou não deixar a triste atmosfera do lugar se agarrar a suas emoções. Mas quanto mais perto ela chegava de onde sabia que o quarto de Theo estava, melhor ela se sentia. Muito melhor do que esteve em dias, na verdade. Esta era a primeira vez que ela tinha sido autorizada a ir ao hospital. Adriano a fez esperar até que tivessem enterrado Riley, e o choque de toda a situação tivesse se acalmado. Seu irmão falou pouco sobre Theo, mas Evelina recebia atualizações de Lily quando podia. Não ajudou. Nada preparou Evelina. Não para vê-lo assim.

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Evelina ficou a apenas alguns passos de distância do quarto de UTI, e não poderia forçar as pernas a se mover. Seu coração estava quebrando. Tubos de respiração anexados ao rosto de Theo mantinham suas feições fortes encobertas enquanto fios presos a seu peito, testa, abdômen levavam informações refletidas sobre quatro diferentes telas penduradas nas paredes. Um rígido cobertor de hospital de aparência áspera estava dobrado em torno da forma deitada de Theo enquanto um monitor de oxigênio parecendo de borracha cobria seu dedo indicador direito. O oxigênio fazia ruído no quarto mal iluminado. — É um choque no começo, — ela ouviu de uma voz calma. Evelina quase pulou para fora de seus malditos saltos. — Oh, meu Deus, Damian. Damian Rossi olhou para Evelina de sua posição no chão. O homem descansava na porta com o pé apoiado ao batente, e suas costas pressionadas ao outro lado. Um café descansava em sua mão, enquanto um jornal havia sido colocado no chão ao lado dele. Evelina ainda não tinha notado Damian quando se aproximou. Ela não estava surpresa que ele fosse o guarda de Theo. Os dois homens tinham sido sempre próximos. — Eu... é um choque, — Evelina se limitou a dizer. — As boas notícias são que as balas não atingiram sua espinha, — disse Damian, olhando para trás, para Theo ainda na cama. — Nenhum dano da medula espinhal foi o melhor resultado possível, considerando as três que ele levou nas costas assim. — Qual é a má notícia? — A má notícia é que ele perdeu quase sessenta por cento de seu sangue durante a primeira operação para remover a bala que entrou no lado esquerdo de seu coração. Foi apenas sorte que as balas não atingiram seus órgãos, mas elas ricochetearam nos ossos. Duas vezes eles o perderam sobre a mesa e duas vezes o trouxeram de volta. — Damian apontou para um monitor na parede oposta e disse: — Essa é a sua função cerebral. Linhas amarelas rabiscavam em toda a tela. O alívio de Eve era palpável. — Ele tem função cerebral.

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— Função perfeitamente normal do cérebro, aparentemente. — Mas ele não acordou ainda, — Evelina sussurrou. Seu coração se apertou e quebrou tudo de novo. Ela não conseguia respirar. Sua própria dor era sufocante. Por que Theo não acordava? — Algumas pessoas não acordam, — disse Damian calmamente. — Algumas pessoas entram em coma e simplesmente não saem mais, Eve. A privação de oxigênio que Theo sofreu foi a causa de seu coma, e se ele acordar, nós teremos que nos preocupar com danos cerebrais. — Mas ele precisa acordar. Ok? Ele precisa. O resto ela poderia lidar se ele somente acordasse. Theo a salvou novamente. Evelina precisava agradecê-lo, abraçá-lo e amá-lo. Devido ao vê-lo deitado daquele jeito na cama, ela só sabia o quanto ela precisava que o homem acordasse. E ela soube então. Naquele momento… Theo era dela. Ele tinha sido dela desde que a chamou de princesa, e a atreveu a quebrar as regras. Ele era dela quando não conseguia ficar de fora, e quando ele admitiu que se importava. Eles não tinham que ser algo para ser um do outro. Eles só eram, porra. Ela precisava que ele acordasse. — Ele vai acordar, certo? — perguntou Evelina. Damian não encontrou os olhos de Evelina quando respondeu: — Já passaram alguns dias. Não houve nenhuma melhora. — Mas não houve nenhum passo para trás, também, certo? — Não. — Ele vai acordar, — disse Evelina. — Ele tem que acordar. — Mmm. — Damian se empurrou do chão, pegando o jornal com ele enquanto saía. — Você vai ficar por um tempo? — Eu não posso sair.

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Agora não. Não até que Theo abrisse os olhos. — As enfermeiras são meio cadelas, — Damian advertiu. — Está bem. — Lily vem, muitas vezes. — Ela vai me dar a alguém para conversar. Damian riu. — O que é tão engraçado? — perguntou Evelina, irritada. — Eu estava pensando sobre o que os médicos disseram. Muitos deles estão convencidos de que, porque a função cerebral de Theo mostra atividade normal, ele provavelmente pode nos ouvir se estiver em algum tipo de estado de consciência mental. Mesmo que seja um estado entre a inconsciência e consciência, ele pode não entender, mas seu cérebro sabe. — E daí? — E daí que ele provavelmente vai ficar feliz ao ouvir alguém. Ou você, eu acho. O coração de Evelina se aqueceu instantaneamente. — Oh. — Lily resmunga com ele mesmo assim. Pedindo a ele para acordar e continua falando quando o monitor emite até mesmo um pequeno sinal sonoro. Eu deixo porque faz ela se sentir melhor, mas isso não está fazendo nem uma maldita coisa por Theo. — Ela se preocupa e o ama. — Eu sei, — Damian murmurou. — Esteja atenta aos tubos de respiração. Ele poderia ficar sem eles, mas a bala que ele tomou no pulmão direito fez um estrago e o respirador ajuda a mantê-lo estável. É o único suporte de vida necessário atualmente. Seus rins estão bem, como o seu coração, mesmo com a cirurgia. Evelina assentiu. — Eu irei. Dando outra olhada para Theo, ela percebeu que a maior parte de seu choque com a visão dele, de como ele estava, havia desaparecido. Seu peito estava envolto em gaze, e seu rosto parecia quase pacífico, como talvez se ele estivesse apenas dormindo.

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— Ele não gosta do escuro, — disse Evelina, mais para si mesma. O quarto estava escuro demais. Theo não gostaria se acordasse com o quarto assim. — Você está certa, — Damian respondeu, — e é por isso que eu estava aqui. — Hmm, por quê? Damian não era o guarda sobre o qual Adriano falou? — Eu não fiz um bom trabalho de cuidar dele quando éramos adolescentes, então eu acho que eu deveria estar aqui agora como deveria ter estado lá com ele naquela época. — Seu tio, — disse Evelina. — Sim. Alguém tem que manter seus monstros a distância.

***

Três dias depois, Evelina observou o médico remover o tubo de respiração da garganta de Theo. Theo ainda não tinha acordado. Quatro dias depois, Tommas Rossi o visitou com Damian do lado de fora do quarto. Evelina entregou ao homem seu anel de noivado sem uma palavra. Cinco dias depois, um especialista que tratava de pacientes depois que acordam do coma veio falar com a família de Theo. Ele pode não ser o mesmo. Seus temperamentos podem mudar. Algumas memórias podem ser perdidas. Alguns comportamentos podem se desenvolver ao longo do tempo. Evelina expôs a mulher forte. O tempo sangrou para ela. Ela só deixava o quarto tempo suficiente para comer, para se trocar com roupas limpas que Lily trazia para ela, ou para tomar um banho quando os enfermeiros da UTI conseguiam um banheiro livre para ela usar. Ela não podia sair. Ela precisava estar lá quando Theo acordasse. Evelina apoiou o cotovelo no lado da cama de Theo e observou os olhos dele se moverem por trás de suas pálpebras fechadas. Supunha– se ser um bom sinal de acordo com os médicos. Era um estado semelhante a alguém estar no meio de um sonho vívido, e seu corpo reagia. Ela esperava por Theo, que o quer que ele estivesse vendo não fosse um pesadelo. ~ 344 ~


Estendo a mão, Evelina traçou a linha nítida da maçã do rosto de Theo com a ponta do seu dedo. Calor seguiu o caminho que ela fez e ela continuou através de sua mandíbula e sobre os lábios. Então, ela simplesmente pousou a mão sobre o peito dele. Seu coração batia. Isso era tudo o que importava. Seu coração ainda estava batendo. — Ei. Evelina se virou para o cumprimento tranquilo de Lily. — Ei. — Nada hoje? — perguntou Lily. — Ainda não. Lily sorriu. — Ainda. Eu gosto disso. Ser esperançosa era melhor do que ser resignada. — Theo é teimoso. Eu acho que ele está apenas sendo egoísta. — Oh, por quê? — Tomando algum tempo para ele, você sabe. E isso é bom. Ele precisa disso. Lily ergueu uma sobrancelha como se estivesse considerando a declaração de Evelina. — Provavelmente. Isso soa como algo que meu irmão faria. Como você está, Eve? — Essa é a primeira vez que você me pergunta isso desde que eu vim para o hospital seis dias atrás. — Eu ficava me perguntando se você iria embora. Evelina não deixou que isso a ofendesse. — Eu não vou, Lily. — Ótimo. Porque ele precisa disso. Ele vai precisar mais ainda quando acordar. — Eu o am... — Não, — disse Lily rapidamente, rindo. — Eu sei o que você vai dizer e, por favor, não. Ele primeiro e depois o mundo, Eve. Mas primeiro para ele. Ele nunca teve isso, eu acho. Alguém deveria dar isso a ele, e eu estou feliz que seja alguém como você.

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— Ok. Para ele primeiro. — Você está com fome? — Um pouco, — admitiu Evelina. — Onde está Damian? Ela ainda não tinha notado que o homem saiu cedo. — Por aí. Esticando as pernas. A testa de Evelina franziu. — Tudo o que ele faz é andar. Lily não olhou Evelina no olho. — Sim, bem, ele é inquieto e está preocupado... — O que é? — Ele só achou que talvez você quisesse algum tempo sozinha com Theo. Damian está sempre aqui também. Isso é tudo. Oh. — Eu vou pegar algo para comer, — disse Evelina. Uma hesitação vacilou sua voz. Uma ainda maior a segurou de sair do lado de Theo. Lily não perdeu isso por um segundo. Lily acenou um telefone celular. — Eu vou ligar no mesmo segundo em que algo mudar. — Obrigada. — Você sabe, você poderia ter me dito meses atrás, — disse Lily suavemente. — Lá atrás quando vocês dois começaram e não tão tarde como vocês fizeram. — Eu já te disse, não havia nada a dizer. Lily deu de ombros. — Qualquer coisa é alguma coisa. Eu provavelmente teria aplaudido você. Eu ficava incomodando Theo sobre encontrar alguém. — Ele realmente não me encontrou. Ele só esteve sempre lá. — Eu disse a ele que seria quando ele menos esperasse. Eu esperava que isso batesse em seu traseiro arrogante com um chute ou dois.

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Evelina sorriu, mas rapidamente desapareceu. — Eu realmente não sei se é o mesmo para ele. Você sabe o que eu quero dizer? Não vai mudar nada sobre o que eu sinto, se for diferente para ele. Lily zombou. — Ei, ele levou três tiros por você. É a mesma coisa, Eve. Confie em mim. — Eu vou tentar. Com um adeus silencioso para o homem ainda na cama de hospital, Evelina saiu em busca da lanchonete do hospital. Ela fez check-out na recepção da UTI antes de deixar a unidade. A algumas portas a baixo, vozes familiares conversavam e riam. Quanto mais perto Evelina chegava da sala mais confusa ela se tornava. As pessoas dentro da sala não a notaram de pé na soleira da porta. Tommas, Adriano, Alessa, e pelo menos uma dúzia mais de pessoas que Evelina reconheceu, e alguns que não conhecia, tinham se estabelecido na sala de espera da família. Pelos laptops que estavam ligados, as bolsas com roupas, e as latas de lixo cheias de recipientes para viagem, diziam que eles tinham estado lá há algum tempo. Quão fora de tudo ela tinha estado desde que chegou para ficar com Theo no hospital? Ela não sabia que essas pessoas estavam aqui. Ninguém mencionou isso. Esses pensamentos rapidamente se afastaram enquanto um calor se espalhou pelo corpo de Evelina. Essas pessoas se importavam. Eles não estariam aqui de outra forma. Nem tudo era sobre aparência quando se tratava da Outfit e as famílias. Às vezes, como agora, eles simplesmente se reuniam em apoio e pela necessidade comum. — Ei, — disse Adriano, sorrindo para a irmã da cadeira em que estava sentado. Todas as cabeças se viraram na direção de Evelina. Nenhum a olhou julgando. Ela tinha medo de que seu relacionamento com Theo e o falso noivado com Tommas seria o foco das pessoas em vez da situação médica de Theo. Afinal, veja como as pessoas trataram seu irmão e Alessa por suas escolhas. — Ei, — Evelina os cumprimentou. — Lily estava aqui agora mesmo, — disse Alessa, segurando um copo. — Ela trouxe café para eles e chocolate quente para mim.

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Adriano se empurrou de sua cadeira e veio para ficar ao lado de sua irmã. — Você está bem? — Sim, Adriano. — Nenhuma mudança? — Ainda não. Um homem que Evelina não reconheceu ergueu uma sacola com embalagens de comida para viagem para Evelina ver. — Está com fome, menina? — perguntou o homem. O cara parecia vagamente familiar, mas Evelina não poderia dizer de onde o conhecia. Adriano pareceu pegar a pergunta silenciosa de Evelina. — Um dos caras de Theo. Seu filho trabalhou para Theo no clube. Artino. Cole. Lembra alguma coisa? Mal. — Cole foi o homem morto na noite em que Theo partiu para Nova Iorque, — acrescentou Adriano. — O irmão de Chloe o confundiu com Theo. — O mesmo. — Comida? — perguntou o homem novamente. Evelina assentiu com a cabeça e deu mais um passo para dentro da sala. — Claro. Pela primeira vez, ela não se sentiu como se tivesse que colocar uma máscara para a multidão. Essas pessoas sabiam de sua angústia, eles tinham que saber de suas preocupações e dor. Não era sobre ser perfeita, ou a bonequinha sem emoção que seu pai gostava de tirar da prateleira sempre que era conveniente. Ela não era essa boneca mais. Sentia-se como se estivesse voltando para a casa. Assim como a liberdade. Agora, ela só precisava que Theo acordasse também.

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***

— Eve? Evelina se sentou, acordada na cadeira do hospital desconfortável. Pânico encheu sua garganta, agarrando apertado e ameaçando silenciá-la. Damian a observou em pé sobre ela com uma expressão curiosa e uma sobrancelha erguida. Perguntou o homem — Sonho ruim? — Não, — Evelina resmungou, ainda meio adormecida. — Eles pararam no dia em que Theo foi baleado. — Você sonhava com Theo sendo baleado? — Eu, não ele. Não fez o evento real melhor, Damian. — Eu acho que não. Ela supôs que seu pior pesadelo tinha finalmente se tornado realidade. Infelizmente, não foi ela quem tomou as balas, mas alguém que ela adorava e amava, o pesadelo tornado realidade. Ela ainda sentia o sangue em suas mãos como se estivesse em seus sonhos. Morno. Molhado. Vermelho. Deslizando através de seus dedos sem fim à vista. Evelina estremeceu. — Podemos parar de falar sobre isso? — Claro. — Damian apontou o polegar por cima do ombro. — Eu te acordei porque você tem uma visitante. — Oh? — Ela está esperando no café lá embaixo. Evelina ergueu uma sobrancelha. — Ela? — Você faz um monte de perguntas. — Você poderia respondê-las.

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Damian deu de ombros. — Ela pediu para sua visita ser mantida em discrição. Ainda grogue, Evelina deu à mão de Theo um aperto antes de passar por Damian e deixar a UTI. Depois de uma viagem rápida de elevador para o segundo andar, onde a lanchonete e o café estavam localizados, Evelina encontrou sua visitante. Abriella estava sentada em uma mesa de canto com um café entre suas mãos e a cabeça baixa. Os grandes óculos de sol tinham sido empurrados para o alto da cabeça de Abriella onde seu cabelo tinha sido rapidamente empilhado em um coque. Seu capuz e calça jeans não eram os classificados como o estilo usual de Abriella Trentini. A menina parecia desgastada. Evelina ficou chocada ao ver até sua ex-amiga sentada ali. Abriella não tinha dito uma única palavra para Evelina desde a noite do falso noivado. Quaisquer tentativas de contato foram ignoradas. Tanto quanto sabia Evelina, Abriella ignorou todas as tentativas de Tommas também. — Ei, — disse Evelina quando deslizou para o banco em frente à Abriella. Abriella tentou sorrir, mas passou muito rápido. — Ei. — Você poderia ter ido até a sala de espera da família. — Há um monte de gente lá. Ouvi dizer que é como uma porta giratória com visitantes para Theo entrando e saindo. — Pessoas como Tommas? — perguntou Evelina. Abriella se endireitou na cadeira. — Eu sei que era tudo encenação. O noivado, eu quero dizer. Eu sei que ele nunca quis seguir com isso. — Sim, foi encenação. — Ele poderia ter me dito, Eve, não me deixado saber como ele fez. — Ella... — Você não pode entender o que isso fez comigo. Por favor, não justifique suas escolhas. Ele as fez. — Eu fiz também. Eu poderia ter dito a você.

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Abriella respirou fundo. — Você está certa. Você devia ter dito. — Tommas te ama, Ella. Ele fez isso por você. Ele estava tentando forçar a mão de Joel e Riley ao mesmo tempo, isso só terminou muito mal. — Terrivelmente, terrivelmente. Theo...

Abriella

murmurou. —

Terminou

— Vai ficar bem. — Ainda assim, eu sinto muito pelo que Tommas fez com Theo, mesmo que tenha tentado corrigir, — disse Abriella. — Não era apenas Tommas. Ambos, Riley e Joel tiveram sua mão nas coisas e agitaram o pote. Aconteceu. Agora, eu só quero focar em Theo e tirá-lo daqui. Abriella franziu a testa. — Alessa me manteve atualizada. Para Evelina, era traduzido como nenhuma mudança. — Você sabe, eu fiquei meio chocada ao descobrir que você e Theo... — Abriella parou com um olhar de soslaio. Evelina riu. — Pare. — Bem! — Você só está desviando de porque está realmente aqui, Ella. O que você quer? Abriella desviou o olhar, seus dedos apertando ao redor da xícara. — Eu não sei se posso confiar em Tommas agora. — E você veio até mim? — Você parecia ser a melhor escolha. Minha irmã está grávida e eu não quero preocupá-la. Lily é a mesma coisa, mas Damian está forçando-a a manter distância agora por causa de Joel. Tão longe quanto você e eu... nós temos sido melhores amigas desde que éramos crianças, certo? Pessoas como nós sempre voltam a ficar juntas no final, Eve. Eu preciso de alguém agora. Por favor, seja essa pessoa para mim. Algumas amizades eram feitas de palha e barro. A menor goteira poderia arruinar tudo. Outras amizades eram feitas de aço e ferro. Inquebráveis mesmo através dos tempos mais difíceis.

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— Você não respondeu às minhas chamadas, — disse Evelina. — Eu queria explicar. — Eu precisava de um tempo. Eu teria sido terrível com você se eu tivesse atendido. Justo. — Eu confio em Tommas, — disse Evelina depois de um momento. — Mesmo depois do que ele fez? — Sim. — Joel está... — O quê? Abriella se encolheu. — Indo atrás dele. Bem, qualquer um que ele possa machucar, talvez. Tommas com certeza. — Algumas pessoas iriam escolher o menor de dois males, Ella. — Qual é esse? — perguntou Abriella. — O homem que me matou, mesmo sem dizer uma palavra ou o homem que iria me matar num piscar de olhos se isso lhe desse o que ele queria? — Você sabe, eu não acho que eu possa dizer a diferença entre qual homem é para você. Tommas apenas mataria a si mesmo e a você, tão logo isso significasse que ele teria você na próxima vida. Ele queimaria esta cidade até o chão por você, Ella. — Talvez Tommas precise aprender que nem sempre conseguimos o que queremos. — Você consegue se você quer o suficiente, — disse Evelina calmamente. — Eu tenho uma versão diferente, Eve. — De quê? — Meus dois males. Uma é a escolha de magoar a pessoa que eu mais me importo para dar o que ele deve ter ou deixá-lo ferir todos os outros para que eu possa conseguir o que eu deveria ter. Evelina suspirou. — Dê a Tommas uma chance de ter você para que você possa ter o que você quer.

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Abriella se levantou da mesa e pegou seu casaco das costas da cadeira. — Eu poderia, mas fazer isso significa que essa coisa toda continua. — A guerra? — A guerra, — sua amiga ecoou. — Porque o meu irmão é frio e Tommas é a gasolina para o meu fogo. Isso nunca vai funcionar sem algo ser destruído. Nenhum de nós está trabalhando pela mesma coisa. — Você não o ama, embora? — Essa é uma palavra que eu tento não usar para Tommas. A testa de Evelina franziu. — Mas... — Ele tem todo o controle entre nós e é a única coisa que eu posso manter. Evelina não entendia. Ela se encontrou dizendo isso um monte quando Abriella e Tommas estavam em pauta. Isso, no entanto, era algo completamente diferente. Evelina tinha conhecimento de primeira mão quanto poder Abriella tinha sobre Tommas Rossi. — Eu acho que você está errada, — disse Evelina suavemente. A cabeça de Abriella subiu até encontrar o olhar de Evelina. — Perdão? — O que você disse sobre o controle. Eu acho que você está errada, Ella. Eu não acho que Tommas tenha qualquer controle quando você está em pauta. — Eu deveria ir. — Dê a ele uma chance. Nenhuma resposta. Abriella nem sequer piscou. — Espero que Theo acorde para você, Eve, — Abriella disse ao invés disso. — Ele vai.

***

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Evelina esticou as pernas com uma caminhada do terceiro andar do lado de fora da UTI. As enfermeiras da unidade eram um pouco cadelas sempre que alguém estava vagando sem rumo dentro da UTI, então Evelina levou sua inquietação para fora de suas vistas. Ela não precisava de seus olhares. Ela também não gostava de sair do lado de Theo, se pudesse evitar, mas Lily tinha praticamente forçado Evelina para fora do quarto. As enfermeiras tinham que cuidar das necessidades médicas de Theo, coisas que Evelina sabia que seu amante não gostaria que ela visse, então ela tinha saído quando Lily exigiu. Agora, ela só estava ansiosa para voltar. Se apoiando contra a parede de frente para grandes janelas que davam para uma seção do último piso do andar de baixo, Evelina observou as luzes das estrelas cintilando lá em cima. Ela sabia o que ia acontecer. Se Theo não começasse a mostrar sinais de melhora, os médicos começariam empurrar as opções para Lily. Falou-se de tentar forçar Theo para fora do coma com drogas, mas era perigoso e os efeitos colaterais podiam ser permanentemente prejudiciais. E então havia simplesmente nada a fazer. Theo não tinha nenhum tipo de suporte de vida o mantendo vivo. Seu coração batia por si próprio, mesmo depois de tomar uma bala nele. Seus pulmões respiravam sem ajuda. Ele só tinha que acordar. — Eve! Evelina girou nos calcanhares com o grito abafado de seu nome. Lily olhava através das portas que ligavam uma seção do hospital para aquela que Evelina tinha estado passeando. — Saltou, — Lily disse, sem fôlego e com os olhos marejados. — E se manteve. Se manteve. Ela não precisava de Lily para confirmar o que estava dizendo, mas de qualquer maneira ela perguntou. — Sua função cerebral? Lily assentiu. — Sim.

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A função cerebral de Theo tinha estado estagnada. Segundo os médicos, ela refletia uma pessoa em um sono profundo com saltos e movimentos ocasionais que vinham junto com o estado de inconsciência. O que Theo não tinha começado a mostrar até agora, eram sinais de seu cérebro voltando a um estado mais consciente. — Sério? — perguntou Evelina, se afastando das janelas. — Sim. Ele está tentando acordar, Eve. Porque Theo estava pronto, Evelina sabia. Ela não iria dizer a Lily, entretanto. — Vamos lá, — disse Lily, se virando para as portas. Evelina seguiu sua amiga, sem dúvida. Demorou uns bons cinco minutos para voltar para a UTI e entrar no quarto de Theo. Enfermeiros circulavam, observando os monitores enquanto outra conversava ao telefone pedindo para que alguém fosse lá embaixo. Pelos sons da conversa, a enfermeira estava pedindo o principal médico no prontuário do Theo. Damian se inclinou contra a parede distante, o olhar treinado no monitor em cima da cama de Theo. Ele não agia como se tivesse notado Lily chegar de volta no quarto com Evelina, mas o homem estendeu a mão para sua esposa. Lily pegou e se enfiou firmemente ao seu lado. — A atividade se mantém ao mínimo, — uma enfermeira latiu. — Tranquila e firme, — disse outra. A enfermeira no telefone desligou a chamada. — Uma pessoa da família apenas no quarto, por favor. Escolha quem que vai ser agora, antes que o Dr. Michaud chegue aqui, ou ele decide. Evelina olhou para Lily. — Você fica, — disse Lily suavemente. Evelina balançou a cabeça. Lily devia ser a única a esperar Theo acordar. Ela era sua família, sua irmã mais nova. Ele adorava Lily. Sua amiga não concordou. — Você, Eve.

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Com isso, Lily puxou um Damian ainda tranquilo para fora do quarto. Cortinas foram puxadas. Luzes se apagaram. Os monitores foram silenciados, tanto quanto possível. Evelina se encontrou ao lado da cama de Theo, sua mão segurando a dele. Ela ergueu a palma da mão dele e encostou em seu rosto. Calor. Suavidade. Lar. Os enfermeiros verificaram os sinais vitais e abriram as pálpebras de Theo para a luz e verificar reações. Normal, disseram. Tudo estava perfeitamente normal. — Acorde, Theo. Por favor, acorde. A voz de Evelina era um sussurro; seu apelo saindo tão suave que ela tinha certeza de que o homem nem sequer ouviu. Ela não poderia fazê-lo sair mais alto. Theo não se mexeu. Mas o dedo... Seu dedo indicador acariciou sua bochecha. O controle que Evelina pensou que ela tinha foi perdido naquele momento. Suas lágrimas caíram mais uma vez. As rachaduras no seu coração começaram a selar. Por favor, acorde. Eu preciso de você aqui. Evelina escondeu o rosto na palma de Theo e esperou.

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Capítulo vinte e um Theo se virou na rua escura, vendo as luzes piscando no caminho. Vermelho, branco e azul. Algo o fez andar para frente. Memórias, talvez. Instinto, provavelmente. Ele tinha feito isso antes. Ele andou nesta rua antes. Ele tinha visto aquelas luzes antes. Algo puxou sua mão, e ele olhou para baixo para ver Lily parada ao lado dele. Ele não teve que olhar muito para baixo, porque ele não estava tão alto acima do chão. Não como ele normalmente estava. Lily com cinco anos de idade olhou para seu irmão com olhos assustados. Theo pegou as mudanças em sua irmã. A última vez que ele olhara para ela, ela era uma mulher adulta. Agora, ela era praticamente um bebê novamente. Ele tinha feito isso antes... — Theo? — Lily sussurrou. — Algo não está certo, — disse uma voz atrás deles. Damian passando por Theo, sua mão despenteando o cabelo da pequena Lily quando passou. — Espere, Fantasma, — Theo chamou. Damian não se virou. — Damian vai passar a noite com você? — perguntou Lily. — Eu não sei o que está Damian está fazendo, pequena, — disse Theo. Damian vinha e ia muitas vezes. Às vezes ele ficava para brincar, e às vezes um carro escuro iria buscá-lo e ia embora. Theo nem sabia onde seu amigo vivia. ~ 357 ~


Ainda a alguns passos à frente de Theo e sua irmã, Damian não abrandou quando Theo gritou para ele. Ele desejou que seu amigo esperasse. Quanto mais se aproximavam das luzes, pior Theo se sentia. Os carros e as pessoas estavam bem na frente de sua casa. A bela passarela colorida que sua mãe tinha decorado estava pisoteada e cheia de gente. Theo parou de andar, e puxou sua irmã de volta para seu lado quando ela tentou continuar. — Pare, Lily, — Theo ordenou. O agarre de Lily sobre Theo apertou. — É a polícia. Eles não deveriam falar com os policiais. — É a nossa casa, — disse Lily. Theo assistiu Damian passear na multidão de pessoas e desaparecer. Theo puxou Lily atrás de um carro, quando um homem se virou para olhar na direção deles. Algo estava errado. — Onde está a mamãe? — perguntou Lily. — Cale a boca, Lily, — Theo disse a ela. — A esposa estava na casa com ele, — Theo ouviu alguém dizer enquanto duas figuras passaram por seu esconderijo. — Eles têm crianças, mas ninguém sabe onde os menores estão. — O mais velho apareceu há cinco minutos. Dino? — Ele ainda é uma criança, — disse o primeiro cara. — Quase dezessete anos, mas ainda é uma criança. — Theo, — Lily murmurou, puxando sua camisa. — Quieta, Lily. Theo colocou a cabeça por cima do capô do carro e olhou através das pessoas. A multidão começou a diminuir, mas a fita da polícia estava sendo colocada. — Aí está você! Theo se virou para ver um homem desconhecido agarrando Lily ao redor da cintura e afastando-a do lado de seu irmão. Lily respirou ~ 358 ~


fundo e gritou por tudo o que valia a pena. Seus pequenos braços e pernas voaram e chutaram contra o policial que a abraçou com força. — Me solta! Theo! Theo saiu correndo do carro quando outra pessoa veio por trás e tentou agarrá-lo. — Devolva a minha irmã! — Ei, garoto, se acalme, porra. Estamos só... Theo pegou uma pedra e atirou no homem. Ela bateu direto na testa do cara. Xingando em voz alta, o homem soltou Lily, que ainda estava lutando no chão. Ela bateu no chão com os joelhos e as mãos, gritando. Theo agarrou a mão de Lily e a puxou do chão. Ele a puxou de volta para o labirinto de carros na rua, à procura de uma saída. Onde tinha ido Damian? Onde estava Dino? Os pais dele? Lily continuou fungando atrás de Theo, mas ela não disse uma palavra. Ele olhou para trás para ver que os joelhos de sua irmã estavam sangrando e ela tinha ralado a mão. O vestido amarelo que ela usava estava rasgado também. Policiais estúpidos. Ele esperava que a pedra tivesse machucado. Então, com o canto do olho, Theo viu uma forma familiar sendo empurrado para longe dos policiais e das luzes. Dino saia de volta para a passarela novamente, gritando com raiva. — Os meus pais, — Dino rosnou. — São meus... Theo congelou quando seu irmão o viu. Dino piscou como se não acreditasse no que estava vendo. Theo deu um par de passos hesitantes em direção a seu irmão. Dino tropeçou para frente. — Theo, Lily... Foi apenas um piscar de olhos e Dino estava na frente de Theo. Seu irmão mais velho caiu de joelhos e abraçou Theo duro o

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suficiente para que doesse. Lily ficou presa no abraço, mas ela parecia gostar mais do que Theo. — Oh, meu Deus, — disse Dino, engasgado e grosso. — Eles não me disseram, Theo. Eles não queriam me dizer se você... sinto muito, Theo. — Onde está o papai? — perguntou Theo calmamente. Dino se esticou todo. — Nós estamos indo para outro lugar por um par de noites, ok? — Para a sua casa? — Lily perguntou quando seu irmão mais velho limpou o rosto dela de lágrimas e ranho. Theo não entendia por que seu irmão mais velho tinha que viver fora de sua casa. Seu pai disse que era porque Dino tinha suas próprias coisas para lidar. — Meu apartamento, — disse Dino. — Não é muito grande, mas... — Onde está o papai? — perguntou Theo novamente. — A mamãe está na Dickies, certo? Sua mãe sempre ia para a Dickies às sextas-feiras porque gostava da música. — Theo, mais tarde, — Dino disse calmamente. — Neste momento, eu preciso tirar vocês dois fora daqui antes... — Bem aqui, Sr. DeLuca, — disse alguém. Dino ficou rígido. Com uma lentidão que Theo nunca tinha visto em seu irmão antes, Dino se levantou da estrada com uma mão em seu irmão e outra na irmã, e se virou para enfrentar um homem familiar. Seu tio Ben não parecia nada como Dino. Dino estava triste, ele parecia magoado, mas Ben parecia quase... feliz. Theo agarrou a mão de Dino apertado. — Ben, — Dino disse calmamente enquanto seu tio era conduzido pela polícia. — Dino. — Ben sorriu firmemente. — Que infelicidade que você chegou antes de mim. Dino olhou para ele. — Tenho certeza.

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Theo observou, confuso e cansado quando a polícia manteve um amplo espaço ao redor dos irmãos DeLuca e seu tio. — Eu vou levá-los comigo, é claro, — disse Ben. — Eles são apenas crianças. Melhor comigo do que com o sistema. Dino agarrou a mão de Theo tão duro que doía. — Melhor com você? Você fez isso, Ben! — Tenha cuidado, Dino, ou eu vou puxar o sistema para você também. Você tem mais um ano e um par de meses antes de se tornar maior de idade. — Mas eu... — Aos dezesseis anos, você não acredita honestamente que vai ter qualquer controle sobre seu irmão e irmã, não é? Theo não entendia o que estava acontecendo. Ele não sabia por que havia policiais na frente de sua casa, ou por que seu irmão parecia tão desconfiado e irritado com o seu tio. Mas ele sempre ouviu o que Dino lhe disse. Sempre. — Eu quero ir com Dino, — disse Theo. Ben sacudiu Theo com um olhar frio. — Não é sua escolha, meu menino. Com um estalar de dedos de Ben, Theo se viu arrancado de Dino antes mesmo que pudesse gritar. Lily estava na mesma situação. Uma mão cobriu a boca de Theo, obrigando-o a ficar quieto. Um grande braço em volta do seu corpo, mantendo-o quieto. Theo ainda lutava com seu captor, mas foi empurrado para o banco traseiro de um Cadillac familiar. Ele pertencia a seu tio e tia. Nem dois segundos depois, uma Lily chorando foi jogada dentro sobre seu irmão. O homem que tinha agarrado Theo chegou no carro, bateu em Theo com tudo no rosto com a palma da mão aberta, e então apontou para ele como se para dizer para calar a boca. Nunca nem uma vez alguém tinha batido em Theo. Não um adulto. Congelado, Theo olhou para o homem.

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— Pare de gritar e se mover, — o homem retrucou: — ou você vai ter mais um desses, garoto. — O... ok, — Theo gaguejou. — Cuide da sua irmã também, ou ela vai ser a próxima a levar uma boa palmada. De jeito nenhum. O rosto de Theo ainda doía e ele tinha certeza de que seu lábio estava inchado agora. Ele agarrou sua irmã e abraçou-a. Lily ficou em silêncio, a não ser por suas fungadas. O homem abriu as janelas alguns centímetros, trancou as portas, e o carro. Theo se virou no banco apenas a tempo suficiente para assistir a seu tio Ben e Dino se movendo com a discussão e o brilho das luzes e observadores. Então Ben estalou os dedos novamente. Dino foi levado rápido para o chão. Punhos voaram batendo na carne. Dino não conseguia se afastar dos três homens agredindo-o a socos na calçada. Theo podia ver seu irmão implorando claramente para os homens pararem, mas ninguém ouviu. Como antes de tudo, os policiais pareciam ter virado o rosto para o que acontecia com as crianças DeLuca uma vez que seu tio apareceu na cena. A sensação de mal estar fez Theo querer vomitar. Ele tomou uma respiração dura e segurou Lily mais perto. Um toque em seu ombro fez Theo saltar quase até o teto do carro. — Ei, — veio um sussurro. Theo encontrou o olhar de Damian do lado de fora do Cadillac. — Ei, — disse Theo. — Você está bem? Theo sacudiu a cabeça. Damian franziu a testa. — Eu também não. Sinto muito. — Sobre o quê? — Sua mãe e seu pai. Os olhos de Theo picaram de lágrimas.

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— Alguém bateu em você? — perguntou Damian. — Sim. Damian olhou para Lily. Ela tinha o rosto escondido no lado de Theo, e tapou os ouvidos com as mãos. — Não bata de volta, Theo. — Por quê? — Só torna pior. — Oh, — Theo murmurou. — Eu te vejo mais tarde, ok? — Ok, Fantasma. Damian olhou por cima do carro. — E eu sinto muito sobre o seu irmão, também. Theo piscou as lágrimas. DeLucas não choram. — Fique de olho em Lily, — disse Damian. — Ninguém mais fica, — Theo respondeu. — Eu fico às vezes. Era verdade. — Acorde, Theo. Theo olhou em volta para o sussurro. A voz era familiar... a voz dela. Por que ela soava assim? Assustada. Cansada. Triste. Ela não devia soar assim. — Acorde, Theo, por favor. Um calor se espalhou na palma da sua mão, correndo por seu braço e diretamente até seu peito. Ele jurou que podia sentir algo macio e suave acariciando contra ele também. Theo tocou algo invisível de volta. — Acorde.

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Theo segurou Lily mais apertado. Ele não podia ir ainda. Ele ainda era necessário aqui. — Por favor, acorde. — Eu vou.

***

— Oh, Theo, tire essa maldita caneta de sua boca, — Carmela o repreendeu. Theo soltou a caneta na mesa e tentou não olhar fixamente para sua tia. Se ele fizesse, e ela visse, ele só iria ganhar um bom tapa no lado da cabeça. Carmela DeLuca tinha pouca ou nenhuma paciência com crianças. Graças a Deus ela nunca teve nenhuma. — E se sente reto na cadeira. Meu Deus, você é desleixado demais. Theo forçou seus ombros retos. — Melhor? — Você está chegando lá. Leia a seção de novo para mim, agora. Arriscando um olhar para o relógio digital no fogão, Theo observou que era bem depois das dez da noite. Cansado e com olhos sonolentos, ele recitou a seção de seu livro de história que sua tia pediu para ler. — Perfeito, — elogiou Carmela. Seu reconhecimento não fez nada para ele. Nunca fazia. Quanto mais Theo fazia certo para Carmela, mais coisas ela encontrava de errado para criticá-lo. Isso nunca tinha fim. — Posso ir me lavar para ir dormir? Eu terminei tudo. Carmela olhou para a lição de casa de um Theo com quatorze anos de idade, com um olho afiado e uma expressão severa. — Sim, — ela finalmente falou lentamente. — Obrigado. Principalmente, Theo era apenas ciumento como o inferno que sua irmã de nove anos de idade tinha que viver longe no internato ~ 364 ~


durante dez meses do ano, enquanto ele estava preso aqui. Ele estava contente que Lily nunca teve de lidar com Carmela ou Ben, no entanto. A pequena Lily não precisava de sua marca especial de amor. Theo teve que passar a porta que dava para a garagem para chegar à escada que levava ao andar superior da casa DeLuca. Seu tio sempre foi claro sobre Theo ficar longe da garagem quando a noite caia, porque às vezes Ben fazia negócios lá. Negócios da Outfit. — Já teve o bastante? A pergunta fez Theo parar. Ele notou que a porta da garagem estava aberta apenas uma ou duas polegadas. Não era como se Ben tivesse deixado aberta para alguém entrar. Normalmente estaria trancada e as sombras desenhadas na porta. Sabendo que não devia, mas incapaz de parar, Theo empurrou a porta um pouco mais. — Então, Dino? — perguntou Ben. — Você teve? Parecia que alguém tinha amarrado uma corda em torno da garganta de Theo e puxado tão apertado quanto podia. Dino se esforçou para levantar do chão de cimento da garagem com a boca sangrando, os olhos enegrecidos, e um rosto inchado. Pela aparência, o tornozelo de Dino estava torcido sob o seu peso, ele provavelmente estava quebrado. Theo agarrou a maçaneta da porta com tanta força que tinha certeza que ele iria esmagá-la. — Que porra eu tenho dito pra você, hein? — Ben resmungou. — Não brinque com serpentes, — Dino respondeu asperamente. — E lá vai você, dormindo com uma, porra. — Eu... — Oh, desista, Dino. Eu te disse para ficar longe dessa família. Eu não me importo sobre os seus sentimentos. Eles não fazem uma diferença maldita para mim. Se você não pode seguir as minhas muito simples fodidas regras, então eu vou enfiá-las em você. O coração de Theo martelou forte quando Ben levantou seu pulso mostrando com o que ele estava batendo em Dino. Uma barra fina de metal brilhou sob a luz.

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— Não brinca com as filhas, Dino, — Ben disse. Dino cuspiu um bocado de saliva sangrenta no chão. — Eu sei. — Bem, você certamente irá saber depois desta noite. Quanto à pequena prostituta com quem você estava correndo por aí, eu vou ter esse problema corrigido antes da manhã também. — Não, Ben. Eu vou deixá-la em paz. Ela não fez nada. Ela é apenas uma garota. — Tarde demais, — Ben murmurou. — Julia Trentini não vai chegar em casa de seu treino hoje à noite antes dos freios de seu carro falharem. Um terrível, terrível acidente, que é certo que vai quebrar o coração de Terrance. Ele adora sua filha. Tenho certeza que você vai entender, Dino, com o tempo. Como se um relâmpago estivesse sob os pés de Dino com a declaração de Ben, Dino foi para cima e se lançou sobre o seu tio. — Você é um filho da puta, Ben! Sem sequer hesitar, Ben balançou a barra de metal. Ele pegou Dino direto sob o queixo, derrubando o rapaz de vinte anos de idade de volta ao chão com um estalo forte. Theo congelou. Só por um segundo. E então ele estava correndo para a garagem diretamente para as costas de seu tio também. Theo nem sequer teve a chance de chegar até Ben antes da barra de metal atingi-lo de lado. Ben tinha sido sempre rápido para bater. Theo deveria ter sabido que não deveria pensar que podia pegar seu tio desprevenido. — Garoto estúpido, — Ben sussurrou quando a barra estalou contra o pulso de Theo. Um uivo se formou na parte de trás da garganta de Theo. Algo horrível floresceu em seu pulso, e ele abraçou seu braço contra o peito enquanto rolava de bruços no chão. Era a melhor posição para salvar o corpo do pior de uma surra. Suas costas eram resistente, mas seus órgãos não. — Estúpida, criança estúpida, — Ben continuou, e a ponta do sapato acertou Theo na bochecha. Lágrimas brotaram enquanto os soluços sufocavam Theo mais e mais. — Me desculpe… ~ 366 ~


— Não o toque, Ben. Não machuque o meu irmão. — a respiração de Dino era trabalhosa conforme ele rolou sobre suas mãos e joelhos, enchendo de água os olhos e as lágrimas escorrendo pelo seu rosto machucado. — Não... — Cale a boca! Theo tentou rolar para longe de seu tio, mas cada vez que ele se movia, a dor em seu pulso aumentava até que ele estava amordaçado na bile derramando em sua língua. Então, Ben puxou Theo de volta, agarrando a parte de trás de sua camisa. Atirou Theo para o chão de cimento. O instinto fez Theo jogar os braços para se apoiar e algo estalou em seu pulso. A dor aumentou a um ponto insuportável. Tudo o que Theo podia fazer era assistir o balanço da barra da mão de seu tio, na esperança de que não o acertasse novamente. Ben foi por uma rota diferente. Ele deve ter notado que Theo estava segurando o pulso, porque seu tio sorriu cruelmente antes de pegar a mão ferida de Theo e arrastá-lo para o outro lado da garagem. O ar de Theo deixou seus pulmões e ele se sentiu congelar no chão enquanto seu tio abria o porta-malas na parte traseira de um Mercedes preto. Theo lutou. Ele lutou tão fodidamente duro que seu pulso pulsava e seu tornozelo doía. Ele lutou com força suficiente para fazer o rosto de seu tio sangrar e para quebrar as unhas que tentavam manter Ben de empurrá-lo para o espaço pequeno e escuro. Não seria a primeira vez que Ben tinha feito isso. Geralmente, o homem favorecia os armários. — Ben! — gritou Dino. — Deixe-o! Theo sabia que Dino estava ferido, mas ele ainda odiava seu irmão por não ajudá-lo. Ben usou a barra para empurrar contra o estômago de Theo quando agarrou a porta e começou a fechá-la. — Agradeça a seu irmão por isso, Theo, — Ben disse calmamente. — Três dias aí vão fazer muito bem a você, eu tenho certeza. Theo abriu a boca para falar, mas a porta se fechou sobre ele muito rápido. Ele chutou e bateu contra seus limites, mas nada ajudou.

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O que era pior... o pior eram os sons de seu irmão apanhando de novo. Os gritos de Dino implorando foram suficientes para fazer Theo vomitar sobre si mesmo. O som de metal batendo contra carne e osso era muito pior. Abraçando os joelhos contra o peito, Theo ficou enrolado em sua bola de segurança. — Eu estou aqui, você sabe, — veio uma voz suave. Sua mão estava tão quente. Suavidade tocou a palma da mão dele mais e mais. Levou a dor do pulso quebrado para longe. — Tudo que você tem a fazer é acordar para mim, Theo. Theo deixar a voz familiar afogar as lembranças que ele não queria reviver. Os monstros que se escondiam no escuro. O inferno à sua volta. Ele tinha ido embora quando ela falou. — Eu tenho algo para te dizer. Theo estremeceu. Grunhidos da dor de Dino ficaram mais altos. Metal retiniu no cimento. — Morra aí por tudo o que me importa, — Ben cuspiu de algum lugar do lado de fora do porta malas. — Por favor, acorde para mim. — Eu quero, Eve.

***

— Faça o que quiser, — disse Ben, batendo seu punho na direção de Theo. Dispensado. Só assim, esquecido. — Mas eu não fiz nada de errado, — disse Theo. — Não de propósito. Foi um erro honesto, Ben. Eu pedi desculpas para o cara. Eu vou ficar longe da garota, porra. Não é minha culpa se ela abre as

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pernas para qualquer homem de boa aparência. Talvez se o bastardo a tratasse melhor, ela ficasse em casa, onde ela pertence. Riley zombou. — As mulheres são boas apenas para algumas coisas, garoto. Se tudo o que você está procurando obter é o seu pinto molhado, Theo, encontre uma mulher que se destine apenas para isso. Ela é chamada de prostituta. Há uma dúzia delas em todos os lugares que você olhar. — Eu não fiz nada de errado! Ben sacudiu a cabeça. — Você começou um problema com o homem de Riley quando dormiu com a mulher do cara, Theo. — Eu não sabia que ela tinha um namorado de merda! — Oh, bem, — Ben murmurou quando abriu a porta e saiu para o corredor. Música do piso do clube de strip bombou até a sala. — Eu tenho certeza que você e Riley vão descobrir uma maneira de resolver este pequeno problema, Theo. Preso, olhando para seu tio enquanto Ben fechava a porta, Theo nem sequer viu a cadeira de metal vindo. Ela acertou suas costas e tirou o ar de seus pulmões. Seus joelhos bateram no chão enquanto um grito ricocheteou do seu peito. — Porra, — Theo rosnou. — Atacar pelas costas é para covardes, Riley. — Só te ensinando uma lição que você já devia ter aprendido, DeLuca. O pior erro de Theo foi rolar para se defender. Riley trouxe a cadeira para cima dele novamente. A ponta afiada da perna cortou através de sua camisa e músculos, cortando umas boas cinco polegadas de comprimento e profundidade, se a quantidade de sangue era qualquer indicação. Apenas mal conseguindo sair do caminho da cadeira quando Riley a balançou para baixo de novo, Theo se esforçou para encontrar algo com que lutar. Seus punhos eram uma coisa, mas considerando que Riley estava vindo para ele com uma cadeira, não parecia que iria ajudá-lo muito. — Ah, aí estão eles, — disse Riley, olhando por cima do ombro de Theo e sorrindo friamente.

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Theo cometeu o erro de olhar para trás. Dois homens entraram na sala e se lançaram sobre ele. Não havia como escapar neste momento, não havia saída. Theo se encontrou no chão, quando a bota de Riley pousava em uma de suas costelas com força suficiente para quebrá-las. Braços o prenderam. Punhos, pés e uma cadeira o agrediram, o deixando sangrando e inconsciente no chão. Pelo menos, assim ele não sentia. Theo não tinha certeza de quanto tempo ficou assim, mas ele vagamente se lembrava de períodos de consciência e dor. Horas, talvez. Dias era mais provável. Havia tanta dor em um lado de seu corpo que ele mal podia respirar. Quanto mais ar ele tentava inspirar, pior era a dor e menos seus pulmões trabalhavam. Ele tinha certeza que tinha perdido muito sangue porque estava muito fraco para ficar de pé, mas ele não podia ter certeza, porque não havia luz. Mas o chão ao redor dele estava pegajoso com manchas e duro em outros lugares. A escuridão do quarto e a frieza do chão eram inquietantes. Não importou quantas vezes ele gritou, ninguém lhe respondeu. — Ele está aí? Theo ouviu uma voz familiar gritar em algum lugar atrás dele. Algo duro aterrissou contra algo sólido. — Ele está? — perguntou a voz novamente. — Ben disse para deixá-lo. — Porra. Saia do meu caminho ou eu vou te dar um gosto de metal quando eu explodir sua garganta com balas. Luz filtrou para dentro da sala. Theo olhou para o teto, se lembrando onde estava e como tinha chegado lá novamente. A dor da luz não era insuportável, mas não era confortável também. — Cristo... Theo... Dino se inclinou sobre ele, suas mãos tocaram e forma suave o rosto de Theo. — Algo está errado, — Theo disse a seu irmão. — Sim, cara. Quantos dedos? — Seis?

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— Não, — disse Dino humilde. — Há apenas cinco dedos em uma mão, Theo. O que ele fez? — Riley, — Theo tentou explicar. Quanto mais ele falava, pior seu rosto sentia. — Eu vou tirar você daqui. Eu acho que você tem algum tipo de problema interno. As palavras de Dino derivaram direto por Theo. A luz estava ficando mais brilhante em vez disso. Estava realmente começando a doer. — Acorde, Theo. A luz brilhou como um feixe direto em seu olho. Alguém estava segurando seus braços para baixo. Uma mão estava tocando seu rosto. — Pare, — Theo murmurou. — Está tudo bem, — disse Dino calmamente. — Você vai ficar bem, cara. — A resposta da pupila está aí, — disse alguém. — Você pode piscar para mim, Theo? Theo fez o que disseram para ele. — Me solte, — resmungou Theo. — Ele está tentando falar, — a voz familiar sussurrou. — Por favor, solte ele. — Ele vai se machucar! — Parem de segurá-lo! Evelina. Eve. Sua. Toda a sua.

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Theo chupou uma golfada de ar e lutou novamente. A escuridão tinha desaparecido finalmente. O quarto estava claro e sua cabeça doía. Com a garganta em carne viva e dores nos braços e pernas, Theo continuou lutando. — Pare de se mover, Sr. DeLuca, por favor. — Eles geralmente não acordam com tanta força, — um homem murmurou. — Pare de segurá-lo! — gritou Evelina. — Ele sofre de... — Calma, menina. Você não está fazendo nada melhor. Theo não reconheceu o quarto. Ele não sabia por que havia monitores na parede ou por que havia fios e tubos ligados a ele. Ele agarrou os fios e a intravenosa e puxou. Ele queria aquelas coisas do caralho fora dele. Mas, no meio do caos, ele encontrou a coisa mais familiar no quarto; a única coisa que se instalou e o acalmou. Evelina... Lágrimas riscavam as bochechas de Evelina, e ela estava mordendo o dedo com força suficiente para romper a pele. Uma mulher vestida de branco estava empurrando Evelina para o canto, se recusando a deixar que ela se aproximasse. — Eve, — Theo respondeu asperamente. O corpo dele caiu em algo macio. — Por favor, — Evelina sussurrou. — Pare. O que aconteceu? Ela estava viva. Evelina estava viva. — Apenas um sedativo, — disse o homem. — O suficiente para acalmá-lo e fazê-lo dormir por um par de horas. Às vezes isso acontece, mas não é geralmente violento assim. Você pode contar para mim, Theo? Conte até dez. Vá se foder. — Isso não é muito amável, — repreendeu uma enfermeira. Será que ele tinha dito isso em voz alta?

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Uma agulha picou seu braço. Bastardos. Ele só queria Evelina.

***

— Posso vê-la agora? — perguntou Theo. — Logo, — a enfermeira respondeu. Uma enfermeira antipática. A mulher era desagradável como o inferno e Theo estava a dois segundos de dizer à mulher exatamente isso. — Escute, eu estou me movendo, falando, você mesma tirou o maldito cateter e dei um mijada. Tudo está bem, certo? Eu estou acordado por mais de vinte e quatro horas. O fisioterapeuta chegou e me checou. Meus reflexos estão bons. O médico fez todos os seus testes. A mulher do cérebro entrou e olhou os monitores. O psiquiatra veio e me importunou como uma merda. Então, se você já teve o bastante de tentar apalpar as minhas partes, eu realmente gostaria de ver a minha menina. Agora. A enfermeira ficou boquiaberta como um peixe. Não era como se Theo estivesse mentindo. A mulher tinha agarrado seu pau mais na última hora do que ele estava confortável. Ele tinha certeza de que ela provavelmente tinha conseguido um punhado ou dois quando ele estava inconsciente também. A própria ideia de estar deitado em uma cama, incapaz de ajudar a si mesmo ou cuidar de suas necessidades humanas básicas do caralho, o deixava enojado. As primeiras vinte e quatro horas depois de acordar do coma tinham sido um inferno. Testes sem parar dos médicos que queriam ter certeza que ele não sofreu nenhum dano cerebral. Theo se sentiu tonto, confuso e atordoado por horas. Sua visão não tinha sido capaz de se concentrar até que se aproximou da marca de 24 horas. Às vezes, ele ficava com o olhar no espaço no meio de uma conversa. Ele tinha falado com sua irmã, felizmente, mas foi isso. Ninguém mais tinha sido autorizado a entrar em seu quarto. ~ 373 ~


Theo queria ver Evelina. Ele estava desesperado por ela. — E quando eu posso comer? — perguntou Theo. — Estou faminto. Silenciosamente, a enfermeira disse: — O médico gostaria de esperar por um determinado tempo. Às vezes, quando pacientes em coma acordam, seus estômagos são sensíveis. Mais do que o habitual. — Ótimo. — Você está muito temperamental. — Ele sempre foi, — veio uma voz da porta. — Não é algo novo. Theo relaxou na cama. — Eve. Evelina ergueu a mão e acenou dois dedos. — Ei. A enfermeira fez uma careta por cima do ombro. — Ele não foi aprovado para ter visitantes depois de seu episódio de quando acordou. — Na verdade, ele foi, — Evelina respondeu docemente. — Acabei de falar com o médico após o homem finalmente ter tempo para se sentar comigo. Tivemos uma boa conversa sobre o porquê de Theo reagir da maneira que reagiu, como o fato de que ele teve um passado difícil e forjado por... — Eve, — Theo disse calmamente. — ...maus tratos, — Terminou a sua amante, ignorando o aviso. A enfermeira ficou tensa. — Oh. — Sim. — Evelina suspirou, acrescentando: — Portanto, quando um paciente pede para que você o solte, e os amigos do paciente e família te pedem a mesma coisa, talvez você devesse ouvir na próxima vez. A garganta de Theo sentiu um maldito aperto, mas seu respeito por Evelina era maior. Ele não sabia quanto maior poderia ser do que já era. — Talvez você devesse ter nos dito de antemão. — Eu tentei quando ele estava acordando. Nenhum de vocês ouviu.

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As mãos da enfermeira tremeram. — Bem, eu vou deixar vocês dois por um segundo. Evelina sorriu firmemente. — Obrigada. Uma vez que a enfermeira tinha ido embora, Theo finalmente encontrou sua voz novamente. — Alguém não gosta das enfermeiras. — Eu realmente não gosto, — admitiu Evelina. Theo sorriu. — Eu também. — Sim, bem, você dormiu durante a maior parte disso. — Sono, coma, a mesma coisa. — Lily te trouxe algumas roupas confortáveis. Ela vai trazê-las quando você estiver pronto. — Bom. Não há nada viril sobre essa coisa, — disse Theo, agarrando a peça frágil de porcaria que ele usava. — Esses vestidos de hospital são indecentes pra caralho. Evelina o olhou de soslaio. — Levante-se, vire-se e me mostre o quanto. Maldição. — Sério? Piada? — Um de nós tem que fazer. — Evelina olhou para o chão. — Você realmente me assustou. Theo sabia o que ela queria dizer. O tiroteio, as balas, seu coma. Tudo. — Alguém tinha que salvar você, princesa. — Você soa como se precisasse de um pouco de água. Theo deu de ombros. — Minha garganta se sente assim também. — Eu vou te servir um pouco. Eles me disseram para não te dar qualquer coisa, mas... Forte e alto, mesmo que doesse como o inferno, Theo riu. — Eu sou uma influência de merda para você, — disse ele quando suas risadas se acalmaram. ~ 375 ~


— Ruim. Nós seríamos uma coisa ruim. — Eu não sei. Acho que estamos muito bem, Eve. Evelina deu mais um passo para frente e disse: — Você ainda me assustou. — Eu faria isso de novo. — Eu sei. — Evelina mordeu o lábio inferior e, em seguida, liberou rápido. — Como você está se sentindo? — Como se alguém tivesse me atropelado com um veículo com dezoito rodas. A enfermeira teve a gentileza de me mostrar a bagunça das cirurgias. Eu preciso de um maldito corte de cabelo. Eles não me dão uma escova de dentes. E tive uma enfermeira perguntando se eu gostaria de tentar urinar para perceber que havia um tubo enfiado no meu pau. Que já se foi, de qualquer maneira. Felizmente, ele ainda está em condições de funcionamento. Evelina tossiu uma risada silenciosa. — Então, não tão bem, hein? — Maravilhoso. Eu estou maravilhoso, porque você está olhando para mim, Eve. — Theo... — Hmm? — Eu te amo. O olhar de Theo cortou para a forma inquieta de Evelina. — Eu sei. Ele sabia no momento em que acordou e a viu chorar por ele. Talvez ele tivesse mesmo sabido por mais tempo do que isso. — Tudo bem, — disse Evelina em um sussurro. — Eu só queria... — Não faça isso. Não fique nervosa. Não torça as mãos e evite olhar para mim como se algo de ruim fosse acontecer agora. — Mas... — Nada. Mas nada, princesa. Evelina lançou um suspiro trêmulo. — Ok. Theo amava essa garota também. ~ 376 ~


— Você é minha há um tempo, Eve. Você foi minha anos atrás, quando eu te disse para quebrar as regras e você fez isso. Você era minha quando confiou em mim e ninguém mais o faria. Você era minha quando eu te disse para ficar de joelhos, e você nem sequer hesitou em fazer isso. Você era minha quando não me pediu nada. Você era minha quando disse que iria desistir de tudo por uma chance. E você era minha quando eu tomei três tiros que eram para você. Você é minha, Evelina. — Sua. — Cada parte de você. Evelina sorriu e aquilo era uma doce visão. — Tudo bem. — E você ainda não está me pedindo nada, Eve. — O que eu poderia te pedir que você não tenha me dado, Theo? — Três palavras. Uma resposta adequada. A única que a pessoa geralmente dá de volta quando alguém diz que ama outra pessoa. — Você acabou de fazer, — disse ela, — mas foi ainda melhor porque essas três palavras não significam nada se você não sabe porque, Theo. — Eu ainda assim vou dizê-las. — Você não precisa. Sim, ele precisava. — Eu amo você, Eve. — Theo engoliu em seco, desejando que sua voz não estivesse tão fraca e sua garganta não se sentisse como se ácido tivesse sido derramado por ela. — Você vai me dar água agora? Ela riu levemente. — O que você quiser, Theo. — Água. Você. Algo decente para vestir. — Nessa ordem? — Você primeiro, — disse ele. Evelina fez o que ele pediu. Theo se esqueceu da água, uma vez que ela estava debaixo de seus lençóis e em seus braços. Ele esqueceu sobre as roupas decentes no segundo em que ela beijou o lado de sua mandíbula.

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— Obrigada, — disse Evelina contra sua pele. — Por quê? — Por acordar para mim. — Eu gostaria de agradecer a você, — disse Theo. — Deus, por quê? — Por me pedir para acordar.

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Capítulo vinte e dois — Você parece... melhor, — disse Damian sem convicção. Evelina deu ao homem geralmente tranquilo uma olhada. — Obrigada? Eu não sabia que estava horrível antes. Damian riu. — Você parecia como a minha esposa estava, eu suponho. Ah. Ela entendeu. — Cansada e preocupada. — Sim, — disse Damian. — Uma noite em uma cama de verdade faz maravilhas a uma pessoa. — Theo realmente não me deu uma escolha no assunto. Ele ameaçou me tirar da lista de visitantes permitidos em seu quarto se eu não fosse para casa e descansasse um pouco. — Estou ciente. Bom homem. — Algo parecido com isso, — Evelina murmurou. Theo tinha estado especialmente difícil nos últimos três dias desde que acordou. Evelina estava tentando entender sua atitude repentina e ranzinza, mas nem sempre fazia sentido. Ontem à noite, quando ele exigiu que Evelina fosse para a casa de Lily, descansar um pouco e parasse de se preocupar com ele, ela foi porque não conseguia encontrar forças para discutir com Theo. Damian jogou o jornal que estava lendo em seu colo. — Ele sabe que você esteve aqui todos os dias, Eve. Ele sabe que você esperou por ele e que você não saiu de beira da cama dele. Essa é a coisa mais importante. Theo só vai ficar melhor a partir daqui, tudo bem? — O que você está dizendo? — Dê a ele uma folga e deixe ele fazer algumas regras. Ele vai se sentir como se tivesse algo a dizer. Deve ser duro para uma pessoa

~ 379 ~


como Theo estar preso e imóvel em uma cama por mais de uma semana, apenas para acordar e descobrir que estava assim. — Ele é independente, e acabou de saber que todo o seu controle foi tirado dele. Damian balançou a cabeça lentamente. — Essencialmente. Ele está tentando conseguir um pouco de volta. Você devia tê-lo ouvido com as enfermeiras quando elas tentaram verificar seus pontos da cirurgia esta manhã. Acho que ele estava ficando irritado principalmente porque elas ficavam tocando-o, e Theo... bem, você sabe. — Theo não gosta de ser tocado. — Evelina ocupou o local de Damian fora do quarto de Theo. — É por isso que estamos aqui em uma cadeira? — Parcialmente. — Qual é a outra razão? — Minha esposa está tendo uma discussão atrasada com o irmão. Eu não ajo bem em situações em que Lily é susceptível de acabar chorando. Eu tento encontrar uma maneira de corrigi-las. Ela não vai gostar se eu socar seu irmão ferido e hospitalizado por ser um idiota, e por esconder seus segredos da família. — Os maus tratos de Ben. — Sim, — Damian disse calmamente. — Como ela descobriu? — Eu disse a ela logo depois que ela começou a questionar por que as enfermeiras estavam tão ariscas em torno de Theo depois que ele acordou. Evelina levantou uma sobrancelha, surpresa. — Por quê? — Porque eu não minto para a minha esposa. Ela me pediu para não fazer isso. E francamente, ela merece saber a verdade sobre seus irmãos. Tanto os vivos como os mortos. Lily é da forma que ela é, e a ela foi dada a liberdade que tinha por causa das coisas que eles sofreram para que ela não tivesse que sofrer. — Eu acho que ele precisa falar sobre isso pela primeira vez. Honesta e abertamente. Quando eu percebi e tentei perguntar, ele me cortou. Eu entendo o porquê, mas ele não deveria fazer isso.

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Damian suspirou. — Monstros só podem prejudicá-lo se você os mantiver escondidos, Eve. — Bem, o meu está morto agora. Seu pai se foi, afinal de contas. Seus modos controladores e metas ao longo da vida para adestrar seus filhos como perfeitos animais de estimação da Outfit tinham falhado. Ela era dona de sua própria vida e era capaz de fazer suas próprias escolhas. — Sorte sua. — Damian olhou para ela com uma curiosidade queimando brilhantemente. — Qual é a sensação? — De liberdade, — ela respondeu instantaneamente. — A sensação é de liberdade.

***

— Oh, ele está olhando para ela nesta aí, — disse Lily, com um sorriso. Theo sorriu largamente. — Eu repreendendo por xingar ou algo assim.

acho

que

ela

estava

o

Lily riu e Theo a seguiu. Evelina sentia a felicidade dos irmãos de seu lugar na cadeira no canto onde estava fingindo ler em seu ereader. Lily havia deixado o hospital no início do dia e voltou com a comida favorita de Theo, e um álbum de fotos. Aparentemente, Dino tinha enviado a família algumas fotos para ser entregues no Natal para eles antes de ser morto. Lily tinha feito algum tipo de álbum de família, e ela queria que Theo olhasse e visse se ele se lembrava de algo sobre o dia. — Dino, quase parece que seu foco estava em outro lugar, não é? — perguntou Lily. Evelina espiou por cima de seu e-reader e pegou a visão do cenho franzido de Theo. — Talvez ele estivesse um pouco desfocado. Eu acho que ele tinha muita coisa acontecendo na época. Ele tinha acabado de se mudar para fora de casa pouco antes disso. — Aos dezesseis anos? ~ 381 ~


— Papai não gostava dele estar envolvido na Outfit tanto quanto estava. — Oh, — Lily disse suavemente. — Sim, então ele saiu por conta própria para fazer as suas coisas. Papai não teve nada a dizer depois disso. Lily se mudou na cama para se deitar ao lado de Theo. A pequenina cama de hospital não foi feita para duas pessoas, mas os irmãos de alguma forma fizeram o trabalho com o álbum de fotos preso entre eles. Evelina provavelmente estaria ciumenta como o inferno se fosse qualquer outra mulher e não sua irmã em uma estreita proximidade com Theo, mas a doçura entre os dois não a permitia sentir nada, a não ser felicidade. Por mais que Lily tivesse se separado de sua família ao longo dos anos, ela sentia falta deles também. Theo especialmente, Evelina sabia. Os dois tinham sido próximos quando eram crianças, mesmo com a diferença de idade de cinco anos. — Você lembra se Dino tinha alguma namorada na época? — perguntou Lily. — Não, — disse Theo instantaneamente. — Você respondeu um pouco rápido demais, Theo. Theo passou um olhar suplicante para Evelina. Ela fingiu que não viu. Lily virou mais algumas páginas. — Eu não acho que ele estivesse envolvido com alguém publicamente naquela época, — disse Theo finalmente depois de um longo tempo. — Em privado? — Você se lembra de Julia Trentini? A testa de Lily franziu. — Não, mas eu vi as fotos dela na mansão Trentini. Ela era a única filha de Terrance de seu casamento, certo? — Sim. Ela tinha a mesma idade que Dino. — Essa é que ele... — Lily parou de falar com um abanar de sobrancelhas.

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Theo riu profundamente, mas isso desapareceu rapidamente. — Algo assim. Eu acho que Dino se importava muito com ela, mas não durou muito tempo, uma vez Ben descobriu sobre o relacionamento. Ele bateu em Dino, e depois em mim quando eu tentei entrar em cena. Na mesma noite ele matou Julia e fez com que parecesse um acidente. O rosto de Lily amassou instantaneamente. — Mas Terrance era amigo de Ben. — Não era sobre Terrance. Era sobre Dino. — Eu não entendo, — Lily murmurou tristemente. Evelina tinha ouvido sua amiga dizer essa sentença mais vezes do que poderia contar desde o dia anterior. Lily estava confusa e ferida sobre o passado que seus irmãos haviam compartilhado sob o teto abusivo do seu tio. Theo virou uma página no álbum quando disse, — Dino não poderia ter o que Ben não lhe dava. Julia era apenas uma dessas coisas. — Eu pensei que mulheres e crianças eram intocáveis, Theo. — Alguma coisa sobre aquela geração de homens grita honrosa para você? — ele perguntou. — Não, — Lily admitiu. — Aí está sua resposta, pequena. — Theo deu de ombros, acrescentando: — A única forma de Dino controlar o que acontecia com você e eu era aceitando Ben, e tudo o que o homem exigia dele. Isso significava aderir às regras e expectativas que Ben estabelecia para todos nós. Mais frequentemente do que não, Dino falhou quando tentou pisar fora por conta própria. Ben tomou todo o prazer que poderia a partir de Dino, eu acho. O silêncio caiu sobre os irmãos por um longo tempo. Evelina assistiu aos dois, enquanto Theo e Lily continuaram a folhear o álbum de fotos sem dizer outra coisa. Finalmente, Lily fechou o álbum e jogou para o lado. — Por quê? — ela perguntou em voz baixa. — Porque o quê? — Por que você odiava Dino tanto se você sabia, Theo? Por que você esteve tão distante dele por todo esse tempo? ~ 383 ~


Theo pigarreou. — Porque eu o culpava. Por ser fraco. Por não me ajudar. Por não ser forte o suficiente e por não ter controle. Até o momento em que eu percebi que a minha raiva e ressentimento para com o meu irmão era apenas mais um dos jogos do meu tio, já era tarde demais. Nós tínhamos ido longe demais. Tínhamos cortado muitas cicatrizes um do outro. Nos odiamos e nos amamos, mas nós não poderíamos fazer algo forte o suficiente para suportar o que tinha acontecido no passado. — Mas vocês estavam chegando lá, — Lily pressionou, — antes de Dino ser morto. — Nós estávamos. — Por quê? — Eu soube de algumas coisas que me fizeram lembrar da merda que meu irmão tinha passado com o Ben separado da merda que ele me fez passar. Como Julia e outras coisas. — Anos mais tarde, Dino ainda ansiava por ela? — perguntou Lily. — Não, — disse Theo. — Eve, que horas são? Atordoada que Theo tenha se lembrado que ela estava no quarto desde que tinha estado tão quieta, Evelina disse, — Nove. — O horário de visitas tem mais trinta minutos, certo? — Sim. — Evelina encontrou o olhar de Theo. — Por quê? — Quem está na sala de espera hoje? — perguntou ele, em vez de responder. — Eles se foram depois que você saiu e se sentou com eles durante o jantar, — Lily disse a seu irmão. — O que há com você? — Não era sobre Julia, — disse Theo, se empurrando para cima na cama. Todo o movimento que ele fazia era lento e provavelmente doloroso. Ele mal mostrou um pingo de seu desconforto quando se levantou da cama. — Mas eu posso te mostrar melhor do que posso explicar, Lily. Preciso de um telefone. Um seguro. De repente, Damian estava encostado na porta. Evelina desejou que pudesse se surpreender que o homem tivesse estado lá e ouvindo. Ele ainda a chocava a cada vez.

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— Eu poderia ajudar com isso, — disse Damian, acenando com um celular. Theo se virou para Lily. — Você não pode ficar com raiva, tudo bem? Lily franziu a testa. — Sobre o quê? — Alguém. Duas pessoas, na verdade. Você não pode ficar com raiva que ele os tenha mantido longe e seguros. — Theo... — Lily, isso é importante. Evelina estava tão confusa que não era nem mesmo engraçado. Ela não tinha ideia do que Theo estava divagando, ou por que ele parecia tão completamente frustrado e nervoso ao mesmo tempo. Mesmo com suas mudanças de humor ultimamente, esta inquietação era nova. — Eu não vou ficar com raiva, — Lily sussurrou. — Eles não são parte disso, — disse Theo, seu tom não deixou espaço para discussão. — Eles nunca podem ser uma parte disto, Lily. Você tem que entender que a coisa mais importante é ter certeza que eles não se tornem integrados nisto como nós somos. Dino não queria que isso acontecesse. — A Outfit? — Isso, e nós. Lily olhou para Damian. — Porque nós somos a Outfit. Theo assentiu. — Nós somos. Eles não são.

***

— O horário de visitas terminou, — disse uma enfermeira no corredor. — O quarto de Theo tem circunstâncias especiais no que diz respeito aos visitantes desde sua chegada a este hospital. É por isso que o hospital está sendo pago duplamente pelo quarto sobre o custo

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real. Seus visitantes não irão perturbar o resto da ala depois do horário, eu prometo, mas são incapazes de chegar durante o horário normal. Agora, se você tiver terminado de falar alto, enquanto as pessoas doentes estão tentando dormir, eu gostaria de passar. A enfermeira bufou alto para a refutação de Damian. Antes que Evelina até mesmo tivesse a chance de olhar para o corredor para ver quem ele tinha ido lá embaixo para encontrar, um menino com cachos loiros selvagens e grandes olhos castanhos disparou diretamente para dentro do quarto. A criança parecia ter talvez três ou quatro anos de idade, se muito. Sua bonita calça jeans Wrangler e casaco acolchoado praticamente engoliam inteiro seu pequeno corpo enquanto ele tentava puxar suas luvas e gorro. Era absolutamente impossível ignorar o fato de que o menino compartilhava características semelhantes a Theo. Como seus olhos castanhos, cabelos claros e um sorriso torto. Pequenos tênis Nike guincharam no chão de ladrilhos quando a criança procurou pelo quarto. Em seguida, o olhar do menino caiu sobre Theo, que estava sentado no lado da cama. — Ei, homenzinho, — disse Theo. Os olhos do menino se arregalaram de felicidade. — Tio Theo! — Quieto, Junior, — veio uma voz da porta. — Há pessoas doentes que precisam dormir nos outros quartos. Você tem que ser um bom menino ou nós vamos ter que sair. Evelina girou nos calcanhares para a outra pessoa só para ficar cara a cara com uma bela mulher. Por um breve segundo, o coração dela afundou. Quem era esta mulher? Por que ela tinha uma criança com ela que parecia Theo em uma série de maneiras, mesmo que o menino tenha chamado Theo de tio? Damian se destacou no corredor atrás da mulher. — Sim, mamãe, — disse Junior. O menino não parecia que tinha realmente ouvido nada do que sua mãe disse quando praticamente voou para os braços de Theo. — Eu senti sua falta, — disse Junior, com a voz abafada no peito de Theo.

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— Sim, eu também, J. — Theo afastou o menino dele e passou a mão pelo cabelo da criança. — Eu pensei ter dito a sua mãe para te dar um corte de cabelo digno. Júnior sorriu. — As meninas no parque gostam do meu cabelo. — Dane-se o corte de cabelo, — disse Theo, rindo. Lily tinha vindo ficar ao lado Evelina. Ela ficou em silêncio enquanto observavam a troca. — Obrigado por ter vindo, Karen, — disse Theo, atirando à mulher na porta um sorriso. — Eu sei que foi no último minuto, e já é tarde. Karen. Evelina se lembrou de Theo dizendo a ela que a mulher não era importante para ele, e não de uma forma romântica. O pânico que se apoderou de seu coração em um aperto sufocante lentamente começou a diminuir. Junior se virou e olhou para Lily com a curiosidade que apenas uma criança poderia ter. — Você tem olhos castanhos como eu. Lily assentiu em silêncio. — Eu tenho. — E você parece com o papai. A mão de Evelina doeu quando Lily agarrou com a sua própria e apertou com tudo o que ela tinha. — Isso é porque ela é irmã do papai, — disse Theo calmamente. As sobrancelhas de Junior se uniram quando ele olhou para Theo. — Como você tem os olhos castanhos como os meus, porque você é irmão dele? — Isso mesmo. — Oh, — disse a criança. Esta criança pertencia a Dino. Karen entrou no quarto e se sentou no canto. Evelina não tinha nenhuma animosidade com a mulher quando percebeu que o relacionamento de Karen tinha sido com outra pessoa, não com Theo.

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— Então, isso faz com que ela seja minha tia, certo? — perguntou Junior. — Sim, — disse Karen a seu filho. — Tio. — Tia, — Theo corrigiu. — ‘O’ no final é quando se trata de um menino, J. — Tia, — a criança imitou. — Tia Lily. Junior esboçou um sorriso brilhante. — Eu gosto desse nome. Lily apertou a mão de Evelina ainda mais forte. Evelina a deixou.

***

— Sr. DeLuca... — Eu sou perfeitamente capaz de tomar uma chuveirada de merda sem uma babá, — Theo a interrompeu bruscamente. — Eu venho fazendo isso há mais de vinte anos sem problemas. Evelina entrou no quarto privado de Theo só para encontrar seu amante em um concurso de encarar intenso com uma enfermeira. Poucos dias depois de acordar do coma, Theo finalmente tinha sido movido para fora da UTI e em uma seção mais privada do hospital com quartos individuais que pareciam mais um hotel do que uma unidade de saúde. Ele tinha estado em seu novo ambiente durante um par de dias. Isso fez com que duas semanas no hospital se completassem. Theo não aguentava mais. Ele estava farto de hospital, ser apertado e cutucado, das enfermeiras, suas demandas e verificação constante. Ele tinha começado a recusar os testes e solicitar a sua liberação. Sim, Theo estava pronto para parar com o que ele chamava de loucura e voltar para sua vida. Evelina estava preocupada que ele não estivesse pronto. Os tubos da intravenosa tinham sido removidos. Theo não precisava mais usar

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sonda para acompanhar seus sinais vitais, e ele estava frequentando a fisioterapia uma vez por dia para manter a sua força e energia. Os médicos e especialistas haviam estado atordoados com a rapidez com que Theo se recuperou depois de acordar do coma. Em todos os aspectos, ele estava saudável e perfeitamente bem. Até mesmo os médicos pensavam assim. Ao mesmo tempo, Theo tinha aberto seus pontos cirúrgicos duas vezes em seu peito quando tentou fazer mais do que devia. Ele admitiu se sentir tonto quando ficava de pé por muito tempo. Os ferimentos à bala nas costas muitas vezes doíam, e ele ainda estava em uma forte dose de antibióticos para combater qualquer infecção. Mesmo enquanto estava indo bem, ele também estagnado. Theo não dava a mínima. Ele queria ir para casa.

estava

— Eu posso ficar do lado de fora do banheiro, se você ficar mais confortável, mas por mais alguns dias, você tem que ser monitorado. Você tem mostrado sinais de tontura entre outras coisas, Sr. DeLuca. Se, por acaso, você levar um tombo quando estiver sozinho, nós somos responsáveis. Theo olhou para a mulher. A enfermeira jovem e bonita colocou as mãos nos quadris e olhou diretamente para ele. Algo duro e quente se retorceu no intestino de Evelina. Não era algo que ela sentia muitas vezes, mas sempre aparecia quando Theo tinha que ter um procedimento feito, as enfermeiras mais jovens e bonitas aproveitaram a chance de fazer isso. Não era como se Evelina as culpasse. O homem era sexy pra caralho. Ele derretia uma calcinha com um sorriso. Theo poderia deixar uma mulher quente com uma única palavra. Ele era dela, também. — Com licença, — disse Evelina, forçando para manter seu tom. O olhar ameaçador de Theo se derreteu e seu sorriso cresceu com a visão de Evelina na porta. — Ei, baby. — Ei. A enfermeira suspirou. — Graças a Deus. Evelina levantou uma sobrancelha. — Perdão? ~ 389 ~


— Você, — disse a mulher, apontando para Eve. — Você pode lidar com ele, sim? — Eu costumo lidar. Um pouco dos ciúmes de Evelina começou a se afastar. A enfermeira parecia que estava inteiramente esgotada com a conversa que tinha tido com Theo. — Bom. — acenando uma mão para Theo, a enfermeira disse: — Ele quer tomar banho. Ele precisa de um acompanhante. Sua atitude é insuportável. — Não é, — Theo rosnou. — Chega Theo, — disse Evelina. Theo fechou a boca, mas ele não parecia feliz com isso. — Você está bem em lidar com ele? — perguntou a enfermeira. — Perfeita, — Evelina assegurada. — Existe uma campainha no banheiro se ele tiver tontura. Theo soltou um suspiro pesado. — Eu não vou tomar a porra de um tombo. Evelina ignorou o discurso de seu amante. — Nós vamos ficar bem, eu tenho certeza. Obrigada. Uma vez que a enfermeira estava fora de vista, Evelina se virou para seu amante. — Você, — ela disse em um silvo. O sorriso de Theo se derreteu. — O quê? — Você está agindo como uma criança mimada que teve o seu brinquedo favorito tirado, Theo, e eu já tive o suficiente. Essas enfermeiras e médicos estão apenas tentando ajudá-lo o suficiente para que você possa deixar este maldito lugar. Não você entendeu isso? — Eu posso tomar banho sozinho, Eve. — Talvez sim, mas eles têm políticas que têm de seguir. Só porque você quer algo diferente não significa que eles irão concordar, Theo. Jesus Cristo.

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Theo arqueou uma sobrancelha, diversão dançando em seu olhar. — Alguém está sensível hoje. — Olha quem fala. Você não pode calar a boca e seguir as regras por um dia apenas para que possa obter o papel da liberação. — Entendi. — Eles estão apenas tentando ajudar, — disse Evelina. Theo assentiu. — Eu sei, mas eu não achei que você iria apreciar muito me encontrar ensaboando meu pau com uma enfermeira a apenas meio metro de distância. Quer dizer, a menos que você goste desse tipo de coisa. A boca de Evelina se abriu. — Eu... — Porque nós podemos tentar, Eve. — Não! Theo riu profundamente. O som afetou Evelina bem lá, em seu sexo, a deixando úmida e quente ao mesmo tempo. Fazia muito tempo desde que teve este homem, mas podia esperar um pouco mais. Mesmo que essa porra a matasse. — Pare com isso, — disse Evelina, se sentindo sem fôlego. — Eu sei o que você está fazendo, Theo. — Te distraindo. — Sim. Então enfermeiras.

eu

vou parar

de

te

importunar

sobre

as

— Eu vou tentar... não ser tão difícil. — Todos nós apreciaremos isso. Theo cruzou os braços. — Eu quero ir para casa. — Você irá. Em breve. — E eu não sou uma fodida criança mimada. — Em um hospital, aparentemente, você é. Theo fez uma careta. — O médico esteve aqui mais cedo, antes de Lily sair. — E?

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— Eu vou estar fora daqui no fim de semana. Isso estava a apenas quatro dias de distância. A compreensão caiu sobre Evelina. — Você estava dizendo a verdade. — Sobre não querer fazer você se sentir desconfortável com a enfermeira? Sim. — Theo deu de ombros e acrescentou: — Porque ei, se fosse você e eu entrasse e visse, eu ia esfolar o cara vivo. Jesus. Duas pessoas poderiam jogar esse jogo. Evelina calculou que se Theo estava se sentindo em sua habitual arrogância, se estava tranquilo e sexy, então, ele estava muito melhor do que as pessoas pensavam. — E se fosse uma mulher lá comigo? O rosto de Theo se contraiu. — Eu preciso de um banho. — Frio? — Pare com isso, Eve. O médico disse que nada de sexo por mais duas semanas. — Você perguntou? — Duas vezes. — Eu não estou nem mesmo surpresa. — Evelina riu. — Eu acho que eu estou me juntando a você para essa festa, hein? — Injusto, Eve. Realmente, realmente in-justo. Se juntar e assistir não são a mesma coisa. — Tão bom quanto eu entendo. — Ainda bem. — Theo acenou para o banheiro privativo em anexo. Evelina o seguiu. Quando a porta fechou, ele pousou a mão na parte inferior das costas dela e disse: — Ele não disse que eu não poderia ter um pouco de diversão quando chegasse em casa. Maldição. Sua mão deslizou na bunda dela pelo jeans skinny que ela usava. Evelina bateu na mão dele antes que as coisas saíssem de controle. Com Theo, não demorava nada para Evelina perder todo o pensamento racional. ~ 392 ~


— Pare com isso, Theo. — Você gosta disso. Tem enfermeiras demais aqui, no entanto. O ok foi para quando eu estiver em casa, para não macular o hospital de cada maneira que eu puder. Eu só tenho que manter a frequência cardíaca baixa. Nada muito extenuante. Ele não disse que eu não poderia ter um pouco de diversão fácil. Evelina se forçou a respirar enquanto Theo começava a se despir. — Eu aposto que ele disse. Theo não quebrou o contato visual por um segundo. — Eu aposto que ele não disse.

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Capítulo vinte e três — Eu ouvi dizer que você vai sair hoje. Theo atirou a Tommas um sorriso por cima do ombro. — Conveniente que você coloque desse modo, vendo como neste lugar eu me senti como em uma prisão por três semanas. — Você levou três balas nas costas e passou uma semana em coma, Theo. Você tem sorte que não foi mais. — Nós DeLucas nos curamos rapidamente. Tommas deu de ombros. — Ou você incomodou a todos o suficiente até que o deixaram ir. — Atestado de saúde verdadeiro, — disse Theo, ignorando a dor em seu peito e costas. Tommas deu mais um passo para dentro do quarto e examinou a mala que Theo estava arrumando. — Como é que foram os seus depoimentos com os detetives que trabalham no tiroteio? — Eu fui baleado e não tinha nenhuma arma comigo. — Estou ciente. — Eles têm que me tratar como a vítima em tudo isso, Tommas. A vítima que teve que explicar por que um de seus empregados foi encontrado morto em seu carro, queimado e irreconhecível. — E? — Eles realmente odeiam tratar um DeLuca como vítima. Tanto quanto a morte de Cole, eles estão investigando, mas eu tenho passagens de avião mostrando que deixei a cidade naquela noite. Damian foi capaz de me dar um álibi viável. Meu palpite é que eles pensam que eu fiz isso, mas eles não têm nenhuma prova real. — Bom. Theo acenou com desinteresse. — É o que é, cara. Eu nunca joguei bem com a polícia. Eles tinham que saber o que estavam

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procurando quando vieram aqui me questionar. Eu fingi que não me lembro de nada a partir do momento em que entrei no bar. Relatórios médicos irão me apoiar, com o coma e tudo. Um rangido no chão fez Theo se virar para enfrentar Tommas. — Você se lembra? — perguntou Tommas. — Cada último segundo. — Bom saber. Theo olhou para Tommas, observando que o olhar do homem parecia mais cansado do que o habitual, e ele não estava bem-vestido como normalmente estaria. Em vez do terno e gravata - vestuário usual pelo qual Tommas era conhecido, o homem usava um par de jeans de lavagem escura, uma camisa branca e uma jaqueta de couro. — Falando nisso, o carro e Cole, quero dizer... — O que tem ele? — perguntou Tommas. — Eu vou dar ao pai de Cole o ok para ir atrás de Belli. É seu direito depois do que aconteceu. — Tenho certeza que ninguém vai discordar disso. Tommas parecia irreverente demais para o gosto de Theo. — O que você quer, Tommas? — perguntou Theo. — Não muito, Theo. Falar, talvez. — Então fale. — Quem tem tratado suas ruas? — perguntou Tommas. — Adriano. Seu território faz fronteira com o meu. Os caras o conhecem. Eu suspeito que a noticia sobre Evelina estar comigo, ou os rumores sobre isso, se espalharam o suficiente para que possa ser considerado Adriano bom o suficiente para ser da família. Isso dá ao garoto um pouco mais de influência. Eu não me importei quando ele mencionou isso para mim. Tomei isso como uma oferta de paz. — Ele é um bom Capo. Jovem, mas... — Ser jovem não tem uma única maldita coisa a ver com isso. Adriano é bom em seu trabalho. Deixe ele ser bom no que faz e esqueça de julgá-lo pela sua idade. Ele merece isso, Tommas.

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Tommas riu. — Você está certo. Minha cabeça não está no lugar certo, ultimamente, eu acho. — As mulheres fazem isso com você. O homem não respondeu a isso. Theo não precisava. Ele sabia o suficiente sobre Tommas agora para suspeitar que Abriella Trentini tivesse muito a ver com tudo o que Tommas Rossi fez. — Quanto tempo antes que Joel descubra que você estava fodendo a irmã dele durante anos e ficar insano? — perguntou Theo. Tommas levantou um único ombro como se ele não desse a mínima. — Eu não ficaria surpreso se o homem já souber e estiver tentando descobrir uma maneira de usar o fato. — Sério? — Com certeza. Eu não acredito que ele saiba, mas tudo é possível. Sou terrivelmente cuidadoso com Abriella por causa dela, não por mim. Joel não me assusta. Não importa. A partir de agora, Joel não está vindo para cima mim por causa de Abriella. Ele está vindo para cima mim pelo o que eu tenho feito ultimamente. E ele quer o assento, você sabe. — Você quer, também? Tommas nem sequer piscou. — Eu quero o que é meu. O que não respondia nada. — O que mais fez você vir aqui hoje? — perguntou Theo. — Você sempre foi um filho da puta perceptivo. No entanto, eu vim para nada mais do que você está disposto a me dar, Theo. Eu acho que fiz o bastante para que você esteja preocupado. — Eu diria que sim. — Mas você entende, não é? — Isso permitiu que você colocasse a culpa em mim, mesmo que você estivesse realmente querendo que recaísse sobre Joel na chance de que Riley pudesse tirar o homem do caminho de uma vez por todas? Ou o fato de que em vez de ver Riley pelo que ele realmente era, você deu ao homem fé cega o suficiente e ignorou completamente o fato de que ele estava fodendo com você e Joel também? E quando você decidiu dar a mínima, era tarde demais.

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Tommas pigarreou, parecendo totalmente desconfortável. — Foi um pouco mais complicado do que isso. — Sim, bem, eu simplifiquei a merda um pouco. — Theo suspirou e esfregou a testa. — Escute, eu entendo o que você estava fazendo. Eu poderia ter manipulado, e na verdade, eu fiz isso várias vezes. Compreendo que uma vez que você soube que podia ter havido alguma coisa acontecendo entre Evelina e eu, você tentou corrigir a merda, e não podia deixar que tudo saísse pela culatra. Eu sei que seus planos tinham pouco a ver comigo, e tudo a ver com Joel. Eu entendi, Tommas, honestamente. — Mas? Eu posso ouvir isso em algum lugar. — Mas, uma vez mordido, duas vezes tímido. — Theo ofereceu a Tommas um sorriso. — Nós não vamos fazer isso de novo, isso é tudo. Eu me recuso a ser peão de alguém nesta guerra, tudo bem? Eu trabalhei a minha vida toda para deixar para trás o tipo de homem que eu não quero ser. Tenho coisas mais importantes para me preocupar e manter seguras do que famílias que não dão a mínima para mim, Tommas. — Eu não posso dizer que culpo você. — Sim. Então, ei, se você está aqui à procura de um aliado contra Joel quando eu sair daqui, procure em outro lugar. Os lábios Tommas se apertaram em uma linha fina. — Mas você não irá ficar do lado de Joel das coisas também. — Não, eu estou trabalhando para mim. Eu tenho todo um território para manter seguro e uma tripulação para gerenciar. Eu tenho um homem para enterrar e pedir desculpas a seu pai. Eu tenho uma mulher com amigos e família do seu lado das coisas e do de Joel. La famiglia não é guerra, Tommas. Me recuso a me colocar no meio disso. Estou fora. — Fora. — Feito. Farto. Fora. — Não é assim que funciona, Theo. Não há fora. Theo assentiu com a cabeça, sabendo de tudo muito bem. — Você está certo, não há. Mas eu estou fora. Eu ainda sou um homem feito. Eu ainda sou da máfia e DeLuca nascido e criado, mas não vou alimentar a violência e o ódio mais do que já tem sido por todos os

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outros. Por que eu deveria fazer isso, huh? Eu não tenho parte nisso, e nada a ganhar. Eu não vou trabalhar para o benefício da agenda de outro homem, e colocar a minha família, a minha mulher e eu em risco como fiz antes. Eu não tenho fichas neste jogo, Tommas. Você esta por sua conta. — Você pode se surpreender, Theo, mas estar sozinho não me incomoda muito, contudo. Eu tenho estado assim por um longo tempo. — Os homens só são os perigosos. — Podem ser, — concordou Tommas. — Especialmente quando estão cansados de ficar sozinhos. Theo embalou a última peça de roupa e passou os itens que tinha para a pequena mochila. Evelina tinha descido mais cedo com Lily para aquecer o carro. Depois de assinar uma dúzia de papéis, Theo teria permissão para sair do hospital livre e limpo. Ele estava louco para ir. Em breve. — Onde você está indo, para a sua casa ou para outro lugar? — perguntou Tommas. — Tentando descobrir se eu planejo morar com Eve? — Curioso. Ela ainda tem um homem dirigindo sua casa, mesmo com o pai morto. Ela tem. Adriano. Theo imaginou que o homem não se importava. Adriano teria dito alguma coisa até agora. — Cuide da sua casa, Tommas, e eu cuido da minha. — Theo pegou a mochila e a atirou em torno de seu ombro. Ele ignorou a pontada de dor nas costas quando a mochila bateu nos pontos. — Mas sim, eu estou indo para casa. Eve estará indo comigo, independentemente da opinião de qualquer outra pessoa. Era isso, ou minha irmã cortar as minhas bolas, porque eu me recusei a ir viver com ela por um mês para que ela possa pairar sobre mim mais do que ela já tem. Evelina foi o compromisso que eu não me importei de fazer. — Eu suponho que você não se importou, né? — Não. Ela pertence a mim, de qualquer maneira.

~ 398 ~


Tommas deu um pequeno sorriso. — Você está certo. E uma vez que isto está terminado... — O que sobre isto? — Eu espero pelas suas cotas quando eu tomar o assento, Theo. Theo ficou rígido ante essas palavras. — Elas vão estar à espera do Chefe, Tommas. Eu só não vou intervir para ajudar qualquer homem a chegar lá. — Eu não esperava que você fosse. — Mas eu vou te desejar sorte no caminho para o topo.

***

Theo sentiu o olhar de Evelina queimar em suas costas no momento em que abriu a porta do apartamento. Ele a ignorou - os braços cruzados e cenho tenso quando tirou seus sapatos, e encolheu os ombros de seu paletó. Ele tinha estado de volta em seu apartamento e fora do hospital por quatro dias. Theo não conseguia sossegar. Ele estava inquieto como o inferno, com a necessidade de estar em movimento, e o sentimento não ia embora. Ele não tinha ideia do que fazer para corrigir o problema. Parecia que o nó permanente de tensão em seu estômago estava ficando cada vez mais apertado. — Coloque para fora antes de explodir, — disse Theo, se virando para Evelina. — Você é… — O que, Eve? — Inacreditável Theo. Theo acenou com a mão para o alto. — Nada que eu não tenha ouvido antes. — Você conhece as regras. Você foi liberado logo mediante o acordo de que iria pegar leve, e fazer bastante repouso, e ficar longe de coisas estressantes, Theo.

~ 399 ~


— Eu tenho trabalho nisso, — disse Theo. Evelina fez uma careta para ele. — O médico disse... — Ficar em casa me perguntando sobre todos os problemas em que minha tripulação está se metendo quando eu não estou olhando por cima dos ombros é muito estressante para mim, Eve. E meus negócios? Sim, eu os conduzo pessoalmente também. Ela manteve a boca fechada com um estalo audível. Culpa corroeu Theo. Ele não estava acostumado a viver com alguém, ou com a necessidade de informar cada passo que dava como ele tinha agora com Evelina. Ela não pedia para que ele o fizesse, mas ele sabia que ela se preocupava com ele. — Eu sabia que você ia ficar chateada, — disse ele calmamente. — Que você se levantou às cinco da manhã e saiu furtivamente do apartamento sem me dizer? — Sim, sobre isso. Desculpa? — Você está certo. Eu estou chateada, — disse ela. Theo suspirou. — Eu tenho trabalho a fazer. — Eu sei, mas você tem que ter calma, Theo. — Eu tenho. Eu tinha algo para lidar hoje. — Como sobrancelha.

o

quê?

perguntou

Evelina,

erguendo

uma

Merda. Theo decidiu dar a ela a verdade uma vez que ele imaginou que mentir só o colocaria na casinha de cachorro. Agora que ele estava vivendo com Evelina, e eles iriam colocar um título no seu relacionamento, mentir era uma espécie de rebaixamento. Os homens de verdade não mentiam, não às mulheres que amavam. — Eu tive um apostador que Adriano pegou roubando, — explicou Theo. — Tinha que ser resolvido. Ladrões têm uma doença que tende a se espalhar quando não são abatidos rapidamente. Os punhos de Evelina encontraram seus quadris. — Theo! — Eu deixei Adriano trabalho. Sem estresse.

lidar

~ 400 ~

com

isso. Eu

assisti. Menos


— Meu Deus. Frustração estava escrita em linhas pesadas sobre a testa de Evelina. A culpa de Theo aumentou dez vezes. Cruzando o espaço entre eles na porta de entrada do apartamento, ele agarrou os pulsos de Evelina e a puxou contra o seu peito antes que ela pudesse recusar. — Sinto muito, — ele murmurou em seu cabelo. — Eu não tive a intenção de te preocupar. Eu não quero brigar sobre isso, Eve, mas eu tenho trabalho a fazer. Eu não posso parar simplesmente porque você se preocupa. A tensão de Evelina se esvaiu quando seu corpo afundou contra o dele. — Eu tive que mentir para Lily quando ela ligou mais cedo. — O que você disse? — Que você estava cochilando. Theo zombou. — Eu não cochilo. — Ela acreditou. Ótimo. Lily era outra que pairava e se preocupada demais. — Ela vai se preocupar com o bebezinho dela quando o tiver, — disse Theo. Evelina riu. — Não diga isso. — Bem, é uma preocupação genuína. Damian vai me culpar, eu sei disso. — Talvez você devesse acabar com um pouco do seu estresse, seguindo as regras, Theo. Theo colocou dois dedos sob o queixo de Evelina, e a forçou a olhar para ele. Rapidamente, ele deu um beijo em sua boca para mantêla quieta, e tirar quaisquer preocupações que lhe restassem. — Eu estou bem, Eve. — Você está? — Sim. Sem dor. Sem incômodos. Sem tonturas. Eu estou bem. Evelina fez beicinho. — Você poderia ter me ligado. — Você poderia ter gritado comigo. ~ 401 ~


— Talvez eu tivesse. — Olha só, — ele murmurou. — Um pouco. Porque eu amo você. Theo sorriu. — Bom saber. Agora… — Hmm, o quê? Antes de Evelina piscasse, Theo a girou para o lado e a prendeu contra a parede mais próxima. Só aconteceu de ser a porta do armário de casacos. A madeira estremeceu sob o impacto. Os olhos grandes e verdes de Evelina olharam para Theo com uma mistura de choque e luxúria. Seu sorriso se aprofundou no momento em que ele deu um beijo na ponta do nariz dela. — Agora isso, — disse Theo, se encaixando entre suas pernas abertas. — Não passaram as duas semanas ainda, — disse Evelina, todo o ar em sua voz desaparecido. Ela nem estava lutando contra ele. Ela não moveu suas mãos quando ele começou a puxar seu vestido de lã para cima. Ela não evitou o beijo quando ele tomou sua boca com ataques duros de sua língua e arranhões de seus dentes. Ela não disse a ele para parar quando ele esfregou a dura longitude de sua ereção em sua pélvis. Dolorido. Faminto. Necessitado. Theo sentia todas essas coisas por Evelina. — Não, ele disse para manter minha frequência cardíaca baixa e não fazer nada muito cansativo, — disse Theo antes de morder o lábio inferior de Evelina. Ela choramingou, e o som se derreteu no gemido mais sexy quando a mão de Theo deslizou entre suas pernas para espalmar seu sexo quente através da calcinha. Ele adorava como esta mulher sempre respondia no ato para ele. Ela inclinou os quadris contra sua mão, combinando seus golpes até que ele tinha certeza que ela estava molhada e porra, querendo ele muito.

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— Me foder contra uma parede não é extenuante para você? — Evelina perguntou docemente. Theo caiu de joelhos com uma sobrancelha erguida. — Quem falou em fodê-la contra uma parede, Eve? Evelina mordeu o lábio inferior quando Theo empurrou a saia em torno de seus quadris com uma mão, e puxou sua calcinha até os tornozelos com a outra. — Você não me respondeu, — disse Theo. — Seu coração... — Quieta. Meu coração está bem. — Mas... — Silêncio. Você sabe que quer isso, Eve. Você sabe que quer que eu te foda com a minha boca até que você esteja implorando, suando, e gozando por toda a minha língua. Você não quer a minha língua e os dedos em você, babe? Você fica tão gostosa quando me deixa comê-la. Theo puxou de vez a calcinha de Evelina e a jogou para o lado. Evelina lançou uma respiração instável. Suas pernas se apertaram ao redor de sua mão quando ele deslizou dois dedos ao longo da entrada de seu sexo molhado. Seu clitóris pulsava sob a ponta de seu dedo enquanto ele circulava o cerne duro mais e mais. — Jesus, Theo. — Sinta, princesa. Está molhada como o inferno. Você quer isso pra caralho. Negue. — Eu quero. — Hmm? Mais alto. — Eu quero a sua boca na minha buceta, Theo. Agora. — Lá vai você, babe. — Theo sorriu para ela. — Ainda assim não é suposto você estar fazendo isso, Theo. — Nós vamos fazer isso assim, heim? — ele perguntou. — Assim como? — Do jeito que você gosta. Com a minha boca suja e suas sensibilidades facilmente ofendidas. Veja, essa nossa relação é tudo ~ 403 ~


sobre dar um ao outro o que ele precisa. E eu acho que você precisa terrivelmente disto, Eve. — Oh? — Sim. Então, a menos que as próximas palavras da sua boca sejam ou me foda, Theo ou mais, Theo... eu não quero ouvir nada. Eu sou um doador quando se trata de você. Cale-se e aceite. Evelina engoliu em seco. — Deus, isso é terrível. — Você ama isso. Assim como você ama quando eu te fodo. Fique quieta, ou me implore e ame, Eve. — Eu... — Implore e ame, Eve. Ela choramingou quando ele provocou a fenda de seu sexo, com toques suaves. — Por favor, Theo. Por favor. — E? — Deus, você sabe que eu vou amar, porra. Ele sabia. Atirando a ela um sorriso, Theo empurrou dois dedos em seu sexo apertado e os enrolou nas paredes molhadas dela. Evelina gritou em alta voz, afundando contra a parede. Theo não lhe deu qualquer tempo para se ajustar. Ele se inclinou para frente e cobriu seu clitóris com sua boca e chupou com tudo. — Puta merda, — Evelina respirou. Theo sentiu os dedos dela se agarrarem ao seu cabelo. Ela puxou os fios apenas o suficiente para que doesse. Ele não se importou nem um pouco, maldição. Observando-a lá em cima, ele atacou seu clitóris com movimentos rápidos de sua língua. De novo e de novo. Implacável do caralho. Sua ácida e doce excitação inundou a língua dele, o sabor o fazendo gemer. Espesso e profundo, o som começou a partir de algum

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lugar em seu peito e vibrou contra o clitóris de Evelina. Isso só fez seus belos sons se tornarem um pouco mais sem fôlego para ele. Quase... Theo sabia disso. Ela estava quase lá. — Oh, Deus, — Evelina murmurou. Theo beijou seu clitóris e manteve o ritmo de seus dedos quando encontrou seu olhar. — Tão perto, princesa. Você está desejando isso, babe. Está quase lá, huh — Pare de me provocar, Theo. Porra. Ele curvou os dedos com força novamente, sabendo que estava batendo no ponto que com certeza iria fazê-la tremer ainda mais. — Não, Eve. Você está quase lá. Porra, eu senti falta disso com você. Provar você. Sentir você. Os cílios de Evelina se fecharam. — Você está me matando. — Nem mesmo perto. Me observe, Eve, ou isto pára. Seus olhos se abriram de imediato. Theo riu. — Boa menina. Pronta? — Muito pronta. A boca de Theo estava de volta ao clitóris de Evelina com ataques ásperos e rápidos em um piscar de olhos. Os gritos de Evelina ficaram mais altos quando seus dedos corresponderam ao ritmo de sua língua. Os sons de sua carne molhada os pegaram quando as coxas dela começaram a tremer e era fodidamente perfeito. Evelina parecia sexo sobre pernas acima dele, montando o rosto e os dedos dele, perseguindo seu orgasmo. O agarre de Evelina no cabelo de Theo apertou. Ele praticamente sentiu toda a tensão de sua liberação no corpo quando ela gozou. Obrigando-a a ficar no lugar para que ele pudesse aproveitar cada gota de sua excitação, Theo empurrou a palma da mão no estômago de Evelina e a manteve presa à parede. — Theo!

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— Mmm, — Theo cantarolou, beijando a coxa de Evelina, que tremia. — Perfeito. Evelina tomou uma respiração profunda quando levantou. — Você estava certo.

Theo se

— Eu sempre estou. — Espertinho. Theo sorriu. — Muito. Me diga sobre o que eu estava certo, no entanto. — Eu senti falta disso. — Eu sabia que você sentia. — Ainda não... Theo não deixou Evelina começar novamente com suas preocupações sobre o seu coração. De novo não. Ela tinha dito o suficiente. Ele estava perfeitamente bem, caralho. Puxando-a para longe da parede, Theo puxou o vestido de Evelina, até que passou por cima da cabeça e atirou no chão. — Theo, espere, — disse Evelina, soando divertida e irritada ao mesmo tempo. — Não. Theo a puxou para um beijo que a queimou de dentro para fora. Ele levou o seu tempo possuindo a boca dela mais uma vez enquanto Evelina agarrou sua camisa e o puxou para mais perto. Quando ele finalmente se afastou, sentiu como se não pudesse respirar novamente, caralho. Ele estava tão apaixonado por esta mulher. Porque ela não dava a mínima para seus monstros, e ela não estava lá para afastá-los. Ela não achava que ele estava quebrado. Ela não tentou consertá-lo como alguém poderia tentar. Ela se preocupava malditamente com ele. Ele gostava de acordar em lençóis que cheiravam a qualquer perfume que ela usasse. As roupas extras em seu guarda-roupa e as merdas com babados no banheiro nem sequer pareciam fora de lugar. Evelina não tinha feito um lugar em sua vida. Ela simplesmente pegou o local aberto que Theo não sabia que estava esperando por alguém, até que estivesse preenchido.

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Era só dela. Sua inteiramente. Theo adorava isso. — Maldição, Eve, você é... Parecendo atordoada e malditamente linda em nada, exceto o sutiã, Evelina observou Theo cautelosamente. — O que, Theo? — Você me liquidou. Você sabe disso? A testa de Evelina se enrugou. — Liquidei você? — Eu me sinto tão inquieto, e então eu te toco e fico bem de novo. — Oh. — Isso tudo o que você tem a dizer? — Eu não sabia que fazia isso por você. — Você faz, — ele murmurou. — Tire isso, Eve. O resto precisa ir. — Mas... Theo deu a ela um olhar que calou Evelina instantaneamente. — Tire. Silenciosamente, Evelina enganchou seus polegares em torno das suas alças do sutiã e puxou para baixo até que seus seios ficassem livres. Quando ela desabotoou o sutiã, na parte de trás Theo cobriu seus seios com mãos e revirou os polegares sobre os picos de seus mamilos. Evelina estremeceu. — Isso é tão bom. — O que eu sempre digo, hmm? — Que vai ficar muito melhor. — No alvo, baby. Então, Evelina se inclinou para frente e pressionou seus lábios nos dele. Foi um beijo muito mais suave, mais doce do que ele tinha dado nela. Este não se pareceu menos poderoso, no entanto. Isso ainda

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aqueceu seu sangue, fez seu pau pulsar, e Theo ainda queria ficar de joelhos por essa mulher. Qualquer coisa. Ele faria qualquer coisa por ela. — Me deixe, — Evelina sussurrou. — O que, Eve? — Despi-lo. Theo sorriu maliciosamente. — Vá em frente. Evelina devolveu o sorriso e começou a desabotoar a camisa que ele usava. Ela tomou seu tempo puxando a camisa e, em seguida, puxando suas calças até que ele ficou em nada, exceto uma boxer. Theo esperou sua amante surpreendê-lo com alguma coisa, e ela não decepcionou. Sua boca quente pousou em sua pele mais e mais, enquanto as pontas de seus dedos percorriam seu corpo. Sem dizer uma palavra, Evelina tocou e beijou todos os pontos e marcas que o corpo de Theo possuía. As mais antigas e as mais recentes se tornaram dela com um único toque de seus dedos nas cicatrizes. Ele tinha muitas. Sua vida tinha feito mais cicatrizes em seu corpo do que ele gostaria de contar. Evelina ainda assim aceitou todas. Então, a mão dela escorregou debaixo de sua cueca boxer e se enrolou em seu pau em um agarre apertado. Doce Jesus. — Sofá, — Theo ordenou. Evelina piscou. Theo se adiantou e a fez andar para trás até que a parte de trás de suas pernas bateu no sofá. Rápido como um raio, Theo agarrou Evelina pela cintura e a girou para que ela pudesse subir. Ansiedade em seu coração e fogo em seu sangue, ele libertou seu pau de sua boxer e deixou Evelina se posicionar do jeito que ela quisesse. No segundo em que ela afundou em seu comprimento, Theo tinha ido embora. Suas mãos encontraram a cintura dela para mantê-la imóvel para que ele pudesse apenas se sentir daquele jeito por um momento. Flexionando em torno dele, nua, e o embebendo da melhor maneira possível.

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Se inclinando para frente, Evelina tocou o nariz de Theo como seu. Seu cabelo criou uma barreira como cortina, de repente eram apenas eles. Nada mais importava. Nada existia, exceto os olhos verdes o observando e o calor de êxtase e de prazer lambendo-lhe a espinha. Ele nunca tinha amado antes. Ele fodeu. Nunca amou. Quando Evelina começou a montá-lo lentamente, com os cabelos ainda os barricando dentro de seu próprio mundo privado, ele finalmente descobriu qual era a diferença entre foder e amar. Era melhor; mais cru. A hesitação cintilou no olhar de Evelina. Theo conhecia suas expressasse. — Sinta, Eve.

preocupações

antes

que

ela

as

A palma da mão dela se ergueu de seu estômago para pressionar sobre o coração dele. Suaves batidas gentis, responderam ao seu toque. Um ritmo constante e natural que não era muito rápido e parecia apenas certo. Eles seriam uma coisa ruim. Era o que ele sempre disse. Mas eles eram uma coisa terrivelmente boa também. — Você me acalma, Eve. — Eu amo você, Theo. — Amo você, — ele repetiu.

***

— Eu estou pronto para ganhar dinheiro com aquele pedido de desculpas. Adriano olhou para cima dos papéis em sua mesa. Theo sorriu de seu lugar na porta do escritório do restaurante. — O quê? — perguntou Adriano.

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— O pedido de desculpas que você me deve. Eu estou pronto para ganhar dinheiro com isso. Adriano limpou a garganta e afastou os papéis. — É mesmo? — Eu acho que nós já temos isso resolvido e tudo, mas ficaria melhor para você e Eve se eu fizesse da maneira correta. E eu sou tudo sobre o que é melhor para Eve, você sabe. — Minha irmã. — Foi o que eu disse: — Theo respondeu, rindo. — Você me preocupou por um segundo. — Eve é minha, Adriano. O jovem não deu uma única pista quando disse, — Eu estou ciente. — E você é o irmão dela, de modo que isso faz de você família. Eu não estou aqui fora para ferir a família. Muitos fariam bem ao saber isso também. — Eu concordo. — Adriano empurrou para fora a cadeira e se levantou da mesa. — Onde está minha irmã hoje? — Ela foi fazer compras com Lily. — O Fantasma se arrastando atrás? — Provavelmente, — disse Theo. — É por isso que eu a deixei ir. Era uma coisa perigosa para Evelina ser vista passeando em território Rossi e Trentini. Pouco ou nada havia sido resolvido entre Tommas e Joel. Mas Theo confiava em Damian para cuidar de sua namorada e de sua irmã. Simples assim. — Como você está se sentindo ultimamente? — perguntou Adriano. — Bem. Duas semanas fora do hospital e nenhum problema. Eu não vou desmaiar e morrer, garoto. Adriano riu. — Acho que não. — Sua irmã e a minha irmã se preocupam o suficiente com a minha saúde. Não vamos adicionar a nossa.

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— Tudo certo. Então, o que você tem que ganhar dinheiro, por assim dizer? — Apenas uma garantia, Adriano. — De? — O status de Evelina. Ela é livre para fazer o que quiser. Não mais dos negócios Conti. Não mais principessa. Nada disso. Ela não estará nestes jogos nunca mais. Ela é livre para fazer o que quiser, com quem desejar. Me dê essa garantia, e nós estamos bem. — Eu já dei à minha irmã quando você estava em coma, Theo. — É diferente. — Como assim? — Você sabe como. Você e eu, nós não somos os mesmos. Nós seguimos regras diferentes. Me dê a garantia. — Eu não estou... tomando partido. Agora não. Tenho coisas mais importantes para me preocupar, como a minha esposa, se é isso que você está pensando, Theo. — Na verdade, eu não estava. Adriano suspirou profundamente. — Uma condição. — Qual? — Eu quero que a minha irmã esteja segura, o que significa que eu não quero que ninguém questione seu status ou posição com a família. Eu não quero sequer oferecer a alguém a chance de usar de alguma forma a minha irmã no futuro. Theo sentiu uma linha de tensão rastejar até sua espinha. — Eu também. — Ótimo. Então você vai se casar com ela. Em breve. — Eu... — Você a ama, não? — Muito, — Theo admitiu. — Então qual é o maldito problema?

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— Eu me pergunto se isso vai parecer como amarrá-la. Para ela, não para mim. Ela passou toda a sua vida sob demandas e ditados de alguém. Eu não quero me casar com Eve e fazê-la se sentir assim novamente. — Eu acho que você não vai saber até que peça, Theo. Minha garantia está dada, mas você se casa com ela. Justo. — Logo, — Theo disse, — mas nos termos dela. — Funciona para mim.

***

— Você está bem? — perguntou Evelina. Theo assentiu com a cabeça, mas por dentro, ele estava em uma guerra feroz e fora de controle. — Sim, — ele finalmente disse. — Você pode esperar um pouco, se quiser. — Hoje é bom, Eve. Caso contrário, eu só vou continuar protelando. — Ok. Com um aperto de mão na dela, Theo desapareceu na sala de confessionário. A igreja deles não tinha o confessionário tradicional como muitas das antigas igrejas católicas tinham. Felizmente, sua igreja tinha acompanhado o tempo e oferecia uma sala cheia de arte bonita, coloridas tapeçarias e cadeiras ornamentadas para o paroquiano e o sacerdote se sentarem. Padre Garner estava esperando lá dentro. — Theo, — o homem cumprimentou com um pequeno sorriso. — Padre. — Sente-se, Theo. Theo trocou o peso de um pé para o outro. — Posso ficar em pé?

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— Você nunca fez isso antes. — Desta vez é diferente, — explicou Theo sem convicção. Padre Garner descansava em sua cadeira com graça e anos de paciência aprendida. — E por quê? — Será possível confessar por homens que já não podem pedir perdão por seus pecados? — Os pecados deles o deixam com fardos? — Todos os dias, — disse Theo. — Então, sim, você pode, absolutamente. E se os pecados deles foram erros feitos a você, então é o seu perdão que você está dando, Theo. Pode não ser algo que você precise de mim aqui a menos que você queira fazer sua própria confissão também. — Eu gostaria de você aqui para isso. — Então eu vou ficar. — Padre Garner acenou para Theo. — Você pode começar quando quiser. Theo respirou fundo e isso se sentiu quase libertador. — Perdoe-me, padre... As palavras surgiram facilmente. Muito mais fácil do que jamais tiveram antes. Theo confessou pelo o pai, quem tinha perdido toda a lealdade para com a sua família e deixou seus filhos órfãos. Ele confessou pela mãe, que tinha sido nada, a não ser uma espectadora inocente em jogos ela nunca quis jogar. Ele confessou pela tia e pelo tio, que tinham abusado daqueles, a quem deveriam amar. Ele confessou pelo irmão, que morreu tentando corrigir todos os erros em torno deles. Ele confessou por sua irmã. Por ele. E mesmo por Eve. Porque ele precisava ser livre. Completamente. Vinte minutos mais tarde, Theo saiu da sala de confessionário para encontrar Evelina ainda encostada na parede onde ele a havia deixado. Ela lançou a ele um sorriso brilhante.

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— Ei, — disse ela. — Ei. Pronta para um pouco de comida? — Contanto que nós a levemos para comer no clube. Eu ouvi que as dançarinas têm uma reunião mais cedo esta noite ou algo assim. Theo riu profundamente. — Você gosta de assisti-las dançar. — Bem, você não. Pelo menos um de nós deve apreciar o show. — Contanto que você me dê um em casa. — Talvez, — disse Evelina, piscando. Theo agarrou a mão que ela ofereceu. Foi apenas um pedaço de algo bonito, uma única parte dela. Era precioso demais para ser ignorado. Mas ela tinha oferecido a ele, e só a ele. E na sua própria mão, parecia sagrado. Theo tinha esquecido o que essas coisas eram para ele. Evelina era todas elas. Enquanto caminhavam para fora do piso principal da igreja, Theo conduziu Evelina pelo corredor entre as fileiras de bancos. Silenciosa, a igreja estava inundada com a luz do inverno lançada através das janelas com vitrais. — Eve? — Hmm? — ela perguntou em voz baixa. — O que você quer para o futuro? — Você. Theo sorriu. — Isso é uma resposta simples. — É uma resposta honesta. Ele puxou sua mão para parar Evelina. — Lembra quando eu te disse que havia certas coisas que eu não poderia dar a você, porque não era algo que eu queria. — Eu acho que suas palavras eram ‘um felizes para sempre, um casamento de branco e crianças’. — Sim... essas coisas.

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— Eu não estou pedindo por elas, — disse Evelina, estendendo a mão para acariciar sua mandíbula. — Você está, e então, eu estou agora. As coisas mudam, você sabe. Evelina riu. — Elas mudam. — Nós estaremos indo por esse caminho em breve. — Qual caminho? — Isso de felizes para sempre, talvez o casamento, quando você estiver pronta, — disse Theo, segurando a mão dela apertada na sua. — Você só tem que dizer uma palavra e eu vou dar a você. Evelina olhou para o altar. — Sim? — No mesmo segundo em que você me disser, baby. — Mas… — O quê? — ele perguntou. — Eu não acho que quero todos os outros felizes para sempre. Eu não quero repetir a minha história. Theo assentiu. — Eu também não. — Não é egoísta ser feliz do seu próprio jeito, não é? — Não, — ele respondeu honestamente. — Apenas um com o outro, — ela pressionou. Theo entendia suas palavras não ditas. Como ele, ela tinha muito pouco interesse em ter filhos. Ele não se importava. Seus sentimentos sobre o tema não eram suscetíveis de mudar tão cedo. — Vamos, — Theo murmurou, puxando Evelina ao longo do corredor novamente. Eles andaram de mãos dadas para a frente da igreja. Theo empurrou as portas abertas para a enxurrada de neve e luz. Flocos de neve caíram em espirais nos degraus. — Theo, você não me respondeu, — disse Evelina calmamente. — Eu irei para qualquer direção que você quiser ir, Eve. — Eu só tenho que dizer uma palavra, certo? ~ 415 ~


— Isso é tudo, Eve. Basta dizer uma palavra. Ela saiu da igreja e para os flocos de neve caindo. Aureolada à luz, ela se parecia com o anjo que ele sabia que ela era. Theo a seguiu.

~ 416 ~


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