CCOL - O Lago para todos (Complexo Cultural Orla Livre)

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COMPLEXO CULTURAL ORLA LIVRE




Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Projeto, Expressão e Representação Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo Karoline de Sousa Cunha | 130118672 Orientador: Oscar Luís Ferreira Colaborador/Consultor: Lucas Brasil Banca Examinadora: Claudio Queiroz Ricardo Trevisan Professora convidada: Mônica Fiuza Godim


COMPLEXO CULTURAL ORLA LIVRE O LAGO PARA TODOS

por Karoline Cunha

1° | 2019



. agradecimentos

“A verdadeira motivação vem de realização, desenvolvimento pessoal, satisfação no trabalho e reconhecimento.” Frederick Herzberg E com o coração cheio de alegria e o sentimento reconfortante de realização que encerro essa etapa e me abro para as novas possibilidades da vida. Gostaria de agradecer aos meus pais que sempre me incentivaram e nunca me deixaram cair. À minha amada irmã que por várias noites me ouviu e aconselhou nos momentos de incertezas. Ao meu orientador, e amigo, Oscar que além da arquitetura me ensinou também sobre a vida. Ao meu querido amigo Lucas Brasil, pelas consultorias, conselhos, conversas e amparo mesmo a distância. E por fim, gostaria de agradecer aos meus amigos e Faumigos que me acompanharam nesta longa caminhada, e compartilharam comigo dos sofrimentos e conquistas da vida no mundo da arquitetura.


. sumário

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.prefácio

.objeto de estudo

.estudos de caso

.localização

.terreno

73 .programa e diretrizes gerais


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101

139

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.escala urbana

.complexo

.arquitetura

.detalhes

.bibliografia



. prefรกcio



a. objetivo e objeto de estudo

O propósito do presente trabalho consiste no encerramento da disciplina de Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, desenvolvido na Universidade de Brasília. Para isso pretende-se explicar o tema e a justificativa, bem como expor a pesquisa realizada para a elaboração do projeto, e o desenvolvimento do mesmo.

apresentação

Em síntese a proposta deste projeto parte da demanda por espaços para a realização de atividades culturais, e também, por pontos de atratividade e acessibilidade ao uso do lago pela população, principalmente de baixa renda e moradia relativamente próxima à orla. Portanto, em suma o trabalho compreenderá o desenvolvimento de um Complexo Cultural na Orla do Lago Paranoá em Brasília-DF, denominado previamente de pela sigla CCOL. O terreno escolhido está localizado no Lago Norte ao lado do Parque das Garças, em uma área pública integrante do Projeto Orla Livre retomado pelo Governo do Distrito Federal, em 2015. Devido a esse contexto e localização, o projeto instiga questionamentos acerca da democratização da orla do Lago, do mesmo modo a propor a integração urbana em diferentes escalas da metrópole e a diversidade de ocupação socioespacial, viabilizando o acesso de toda a população do Distrito Federal a partir da mobilidade urbana, por meio do transporte público e da proposta de inserção do transporte lacustre em Brasília.

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b. tema e contextualização

“Por que as pessoas vão à praia e não vão ao lago?” 10

Por que as pessoas vão à praia e não vão ao lago? Essa é uma pergunta pertinente quando se voltam os olhares para Brasília e percebe-se que o Lago Paranoá não apresenta um raio de influência tão abrangente quanto deveria na sua relação com a população. O Brasil possui um extenso litoral com uma grande oferta de praias que configuram o espaço público mais democrático das cidades litorâneas, onde é possível encontrar diversos serviços a preços que se adequam a qualquer orçamento. No entanto, apesar de ser um patrimônio da cidade, o uso Lago Paranoá ainda é visto como algo para poucos. A maioria dos pontos de acesso que oferecem alguma infraestrutura voltaram-se para um público mais refinado, buscando suprir as necessidades culturais e de lazer da elite brasiliense. Esse processo acabou inibindo a procura para realização de atividades no lago por pessoas de renda mais baixa e moradia mais afastada, partindo do princípio que não há muitas ofertas de atividades culturais ou de lazer de baixo custo e também pela falta de mobilidade urbana que dificulta os deslocamentos e acessos ao lago. A partir desse questionamento o objetivo pretendido para este trabalho final de graduação é desenvolver o projeto de um complexo cultural, tomando-se como modelo a estrutura organizacional e física do SESC, na orla do lago Paranoá.

A área de projeto está localizada na ponta

da península norte, no final do Lago norte, em Brasília. A região configura um bairro nobre de caráter predominantemente residencial que retém parte da orla do Lago Paranoá e dispõe de várias áreas livres que carecem de planejamento e infraestrutura para possibilitar o uso da população, conforme evidenciado no Termo de Referência Masterplan Concurso Orla Livre. A escolha deste local também se deve a proximidade com as cidades satélites mais ao norte que estão localizadas dentro de um raio de 10km, em relação ao terreno, mas que por falta de mobilidade, acessibilidade e atratividade não usufruem do espaço público que a orla pode oferecer. O projeto anseia tratar tanto da escala urbana como da escala arquitetônica, pensando do macro para o micro, com ênfase no projeto de arquitetura. Ou seja, além do edifício pretende-se desenvolver em seu entorno imediato um espaço público de permanência e lazer de acesso independente ao prédio principal, sempre aberto a sociedade e que estabeleça uma conexão direta com o Parque das Garças, localizado ao lado do terreno. O parque será abordado como parâmetro ambiental para a ocupação proposta, levantando questões de vegetação, fauna, acessos e continuidade de percursos tanto de pedestres como de ciclistas. A fim de propor a articulação dos dois espaços foram traçadas diretrizes baseadas nas atuais legislações vigentes sobre a área do parque, para que haja uma harmonia entre as ocupações, com um plano de metas que deverá ser regido pelo Governo do Distrito Federal.


Lago Norte

Plano Piloto

N

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complexo cultural orla livre 12

Com o objetivo de garantir que o espaço proposto não fique ocioso, ou até mesmo passe por um processo de gentrificação e torne-se elitizado, será apresentado um programa de necessidades para a implantação do edifício nos moldes da rede SESC, instituição que beneficia a classe comerciária que compõe mais de 27% da população que exerce atividade remunerada no Distrito Federal, e também incluirá a oferta de atividades náuticas, para que haja demanda com diversidade social para a utilização do lugar e do lago, e também para assegurar a manutenção do entorno imediato, e das atividades propostas pela própria instituição. Devido às questões de acessibilidade e mobilidade que serão levantadas neste trabalho, fez-se necessário a elaboração de pequenos projetos na escala urbana que em conjunto com a proposta do eixo rodoviário da Nova Saída Norte e a construção da 4ª Ponte entre a Asa Norte e o Lago Norte presente no Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade do Distrito Federal – PDTU/DF, a ser estudada mais a frente, viabilizarão o deslocamento para o terreno de forma mais fácil e rápida.


c. justificativa

sesc na orla?

A partir da determinação judicial Ação Civil Pública nº 2005.01.1.090580-7, em 2015 foi iniciada a desocupação da faixa pública de 30 metros até a água, correspondendo a sua Área de Preservação Permanente - APP. Esse processo de desobstrução do acesso foi efetivamente o primeiro passo para recuperar a orla e aumentar a vivência no lago. Como desde o plano de Lucio Costa até os dias atuais não havia um plano de uso e ocupação estruturado para a orla do Lago, em 2018 foi lançado por meio de concurso público o “Masterplan Orla Livre” pela Secretaria de Estado e Gestão do Território e Habitação do Distrito Federal (SEGETH), com o objetivo de propor a forma de ocupação e a configuração da paisagem da orla, além de apontar possibilidades de utilização do espelho d’água.¹ A ideia para este projeto surgiu não apenas pela popularidade do tema atualmente, mas pela necessidade de retomada da orla do Lago Paranoá como espaço público democrático, resgatando de certa maneira os anseios de Lucio Costa no plano original para Brasília; de uma orla do lago de livre acesso para todos. O terreno escolhido é uma área destinada a receber um tratamento de oferta de prestação de serviços e lazer, porém o único projeto já desenvolvido infere a uma ocupação e proposta de serviços mais elitizados, favorecendo uma parcela pequena da população. O que vai contra ao discurso de democratização da orla, já que não abrange a atrativi-

dade de usos por diferentes classes sociais. Com o objetivo de trazer vivência e uma diversidade sociocultural para o espaço, escolheu-se a instituição SESC como modelo para o desenvolvimento da proposta. Visto que é uma das maiores instituições de educação e lazer social do Brasil, oferece uma gama de atividades e prestação de serviços, primeiramente destinados a gleba que exerce atividades comerciais, que como já dito compreende uma parte significativa da população do Distrito Federal, e também possui vários engajamentos e programas sociais, que contribuem para o bem-estar da sociedade. Além de diversificar socialmente os usos do complexo cultural, a instituição ficará encarregada de gerir o espaço público ao redor do edifício, garantindo a vida útil das instalações. Projetar um espaço que abrigue todas essas funções e que ao mesmo tempo transforme seu entorno imediato em um espaço de permanência público configuram a complexidade programática que justifica o tema, assim como também a reflexão sobre a relação do papel do arquiteto e urbanista com a cidade e com a sociedade.

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. objeto de estudo



a. a escala bucólica de brasília

[...] entre dois chapadões, conhecidos na localidade por Gama e Paranoá, existe imensa Planície, em parte a ser coberta pelas águas da estação chuvosa, acabou, com o carrear dos saibros e mesmo de pedras grossas, por abrir nesse ponto uma brecha funda, de paredes quase verticais pela qual se precipitam hoje todas as águas dessas alturas. É fácil compreender que fechando essa brecha com uma obra de arte, forçosamente a água tornará ao seu lugar primitivo e formará um lago navegável em todos os sentidos. Além da utilidade da navegação, o cunho de aformoseamento que essas belas águas correntes haviam de dar à nova capital, despertariam certamente a admiração de todas as nações (Glaziou)¹

Nos estudos desenvolvidos pela Missão Cruls em 1893 e complementados pelo Relatório Belcher em 1955, descreveram o Planalto Central e o caracterizaram com os atributos ideais para a implantação da nova capital do país. A possibilidade da existência de um lago artificial na Bacia do Rio Paranoá foi levantada pela primeira vez pelo botânico Auguste Glaziou, integrante da equipe da Missão Cruls. De fato somente em 1955, que a ideia de criação do lago materializou-se após os estudos realizados pela Comissão de Localização da Nova Capital do Brasil, que propuseram sua implantação em volta da cidade através da construção da Barragem do Rio Paranoá. Desta forma, ele supriria as necessidades da futura capital quanto às questões de abastecimento de água, navegação, pesca e lazer. Em 1956, o lago já era elemento a ser considerado no concurso para a escolha do Plano Piloto de Brasília, definindo o contorno urbano da capital. Em 1957, a proposta do concurso para a nova capital do Brasil ansiava pela demonstração da ascensão política e econômica pela qual passava o país no final dos anos 1950. Brasília, projetada inicialmente para uma população base de 500 mil habitantes, concretizou-se em um exemplo icônico do urbanismo moderno do século XX, com um traçado gentilmente esboçado na topografia quase plana do terreno. As decisões do projeto vencedor, proposto pelo arqui-

teto e urbanista Lucio Costa, remetem às funções chaves presentes na Carta de Atenas de 1933: habitar, trabalhar e recrear. Dentro desse contexto, a setorização foi um viés determinante para o Plano Piloto, predominando alguns usos e concentrando-os para evitar conflitos, e ao mesmo tempo mantendo-os inseridos em extensas áreas de vegetação, caracterizando a cidade-parque. Costa descreve (1991)² : “Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz”.

ANAPOLIS

. PARROCINIO

Esboços de Lucio Costa

¹ FONSECA, Fernando Oliveira. Olhares sobre o Lago Paranoá. 2001. p.27. ² Costa, L. Brasília, cidade que inventei. Relatório do Plano Piloto de Brasília, item 1. Brasília, GDF, 1991.

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A preocupação com a preservação da paisagem e integração do lago ao projeto também foi descrita por Lucio Costa: Evitou-se a localização dos bairros residenciais na orla da lagoa, a fim de preservá-la intata, tratada com bosques e campos de feição naturalista e rústica para os passeios e amenidades bucólicas de toda a população urbana. Apenas os clubes esportivos, os restaurantes, os lugares de recreio, os balneários e núcleos de pesca poderão chegar à beira d’água. (Costa, 1991)³

O Plano-piloto refuga a imagem tradicional no Brasil da barreira edificada ao longo da água; a orla do lago se pretendeu de livre acesso a todos, apenas privatizada no caso dos clubes. É onde prevalece a escala bucólica. (Costa) ⁴ 18

³ Idem nota 7, item 20. ⁴ COSTA, Lucio. Brasília revisitada 1985/1987. Brasília: Revista Projeto de Jun. 1987. p.4. ⁵ Tamanini, Lourenço Fernando. Brasília memória da construção: a surpreendente história do Lago Sul e outras histórias exemplares, p. 20 e 21. ⁶ Costa, L. Brasília, cidade que inventei. Relatório do Plano Piloto de Brasília, item 20. Brasília, GDF, 1991.

No ano de 1959, foram iniciadas as obras de fechamento barragem, que possibilitaram que as nascentes favoráveis para o abastecimento do lago corressem pelas corredeiras do próprio Rio Paranoá e elevasse o nível da água para permitir a formação do Lago na cota altimétrica de 1000 metros acima do nível do mar. O Lago Paranoá foi concebido antes mesmo de Brasília, e já abrigava as funções principais de lazer e configuração da paisagem. Ainda em seu relatório, Costa chama a atenção da vocação do seu caráter bucólico, integrando a área em seu projeto, sem prever um adensamento populacional das margens. Caracterizando seus usos em torno de restaurantes, clubes e áreas de lazer onde a população pudesse usufruir.

A capital foi oficialmente inaugurada em 1960. Mesmo ainda em construção, simbolizava a monumentalidade do seu plano aproveitando a disposição do próprio sítio. Em 1987, Lucio Costa faz uma reavaliação do projeto e traz em seu texto “Brasília Revisitada” a caracterização das quatro escalas que foram concebidas a partir do desenho urbano da cidade: a monumental, a residencial, a gregária e a bucólica. Embora bem definidas em função da setorização, as três escalas encontram-se abraçadas pela presença da escala bucólica, compostas pelas extensas áreas verdes e por vezes arborizadas que acolhem a cidade e harmonizam os espaços urbanos. Nesta escala cabe destacar a importância do Lago Paranoá como elemento singular na paisagem, onde Costa ansiava pelo livre acesso a todos na orla, exceto pelos pontos privatizados e ocupados pelos clubes, que consequentemente seriam provedores de áreas e atividade de lazer integrando o lago. O plano original para a capital sofreu diversas modificações, dentre elas a ocupação das penínsulas, que não estavam inclusas no plano, e foram rapidamente ocupadas por residências configurando o atual Setor de Habitações Individuais Sul. Segundo a Comissão Julgadora essas áreas não tiveram um tratamento tão privilegiado por Costa e precisavam de uma integração maior com cidade. Em 1957 a Novacap construiu as primeiras casas no Lago Sul


destinadas aos engenheiros que trabalhavam na construção de Brasília: [...] em fins de 1957 decidiu a Novacap construir as primeiras casas no Lago Sul. Na quadra que era então a QL-a, nos seus conjuntos 5, 6 e 7, foram elas edificadas, não em lotes vizinhos, mas salteados, para assim estimular o interesse de outros em construir e morar também no lago, junto aos que ali já se haviam transferido...Quinze casas foram erguidas, cinco em cada conjunto, sempre nos lotes 1,9 e 15 no lado esquerdo da rua, 2 e 16 no lado direto.(Tamanini, 1997)⁵

[...]setores ilhados, cercados de arvoredo e de campo, destinados a loteamento para casas individuais, sugerindo-se uma disposição dentada em cremalheira, para que as casas construídas nos lotes de topo se destaquem na paisagem, afastadas umas das outras, disposição que ainda permite acesso autônomo de serviço para todos os lotes. (Costa, 1991)⁶ ⁵ Tamanini, Lourenço Fernando. Brasília memória da construção: a surpreendente história do Lago Sul e outras histórias exemplares, p. 20 e 21. ⁶ Costa, L. Brasília, cidade que inventei. Relatório do Plano Piloto de Brasília, item 20. Brasília, GDF, 1991.

Após os comentários da banca avaliadora do concurso para o Plano Piloto, Lucio Costa descreve brevemente a ocupação da margem contrária do lago por construções residenciais, e chega a detalhar também com seus esboços como seria a implantação das quadras próximas à água, modelo de desenho que foi seguido tanto na península sul como na península norte.

Plano Piloto de Lucio Costa Fonte: Acervo Técnico da Segeth

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A margem norte só passou a ser ocupada a partir dos anos 1960, também por construções majoritariamente residenciais. Em 1963, foi registrado em cartório o Setor de Habitações Individuais Norte, estabelecendo a ocupação privada das margens do lago norte. O Decreto nº10.829/87 foi umas das primeiras legislações específicas que diz respeito a conservação da concepção urbanística de Brasília. Ele reconhece o Plano Piloto como um bem cultural a ser protegido assim como foi apresentado pelo projeto do Arquiteto Lucio Costa. No capítulo V do decreto, o qual se refere à escala bucólica vale destacar o artigo 11, que diz: “Será mantido o acesso público à orla do Lago em todo o seu perímetro, à exceção dos terrenos, inscritos em Cartório de Registro de Imóveis, com acesso privativo à água.”

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Conjunto urbanístico de Brasília

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Em 2016, foi publicada a Portaria nº166, IPHAN, que trata sobre o tombamento do Conjunto Urbanístico de Brasília-CUB, complementando e atualizando a primeira portaria nº314 de 1992. O reconhecimento da capital como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, conferiu ao IPHAN a responsabilidade da garantia de preservação não só da arquitetura, como também da natureza urbana e paisagística do CUB. A escala bucólica considerada nas duas portarias, passa a compreender não só as áreas livres, mas também as áreas previstas para

edificações institucionais e destinadas à preservação paisagística, ao lazer e contemplação. A poligonal de tombamento estabelecida é delimitada pela via Estrada Parque Indústria e Abastecimento (EPIA) e pelas margens do Lago Paranoá, compreendendo as quatros escalas e estabelecendo os critérios para a preservação e fiscalização do conjunto. Não é ao acaso que a poligonal de tombamento coincida com os limites da Bacia Hidrográfica do Lago Paranoá, pois assim determina onde está localizada a mancha urbana planejada, protegendo não só o Plano Piloto como o lago também. Ainda que o tombamento não inclua a margem contrária do lago, a mesma preocupação e respeito a paisagem teria que atravessar até o outro lado. Visto que ao incorporar o Lago Paranoá como patrimônio ambiental da escala bucólica de Brasília, conferiu-lhe a função não só de contemplação, mas como também recreação, lazer, esporte, turismo, geração de energia, e composição da paisagem da cidade. O Lago é o espelho d’água que reflete Brasília e é a partir dessa premissa que pensou-se em harmonizar os parâmetros urbanísticos da margem interna para margem externa.


b. projeto orla livre Para proporcionar a vivência e recuperar os espaços públicos juntos a orla, incentivando o uso pela população de forma equilibrada, respeitando o ecossistema, por meio de uma ocupação sustentável, foram desenvolvidos projetos governamentais que regiam sobre a ocupação e usos na orla do Lago Paranoá. O Plano de Ordenamento e Estruturação Turística, também denominado Projeto Orla, teve sua primeira versão escrita em 1992 pela TCI Planejamento, Projeto e Consultoria Internacional Ltda. e contratado pelo GDF/DETUR e EMBRATUR.

[...] a definição de polos de atividades voltadas para a animação urbana, junto à orla do Lago Paranoá, resgatando-o à população de Brasília e ao turista em geral, promovendo o desenvolvimento social e econômico da cidade, juntamente com a recuperação e a preservação do meio ambiente. A proposta foi desenvolvida tendo como meta permitir que a iniciativa privada sinta-se motivada para assumir a responsabilidade pelos principais investimentos que viabilizem sua implantação. (Segeth, 2017)⁷

Foi de fato a tentativa de reaproximar a cidade do lago e devolver a ela o caráter de cidade-viva.⁸ O Projeto Orla previa a implantação de 10 polos de atividades, somando uma área construída de aproximadamente 780.000m², gerando milhares de empregos e movimentando a economia da capital, propondo usos culturais, comerciais, de hospedagem e de lazer.

propôs ocupações com programas diferenciados e complementares entre si. Parte desse projeto foi implantado, porém com o passar dos anos foi adquirindo novos usos e ocupações não tão distantes das planejadas. Para exemplificar é possível analisar o Polo 3 onde encontra-se a Concha Acústica, e observar o parcelamento e desenvolvimento da infraestrutura de passeios e áreas de recreação que foram edificadas. O Polo 11 é outro exemplo de sucesso do projeto, pois dispõe de tratamento paisagístico, bares, restaurantes, atracadouros e acesso público, porém pelos preços elevados dos serviços propostos os principais frequentadores fazem parte desde a classe média até a classe alta do DF.

Em 1995 o plano do Projeto Orla livre foi revisto e acrescentado o Polo 11, que corresponde a área do Pontão do Lago Sul. A ocupação se daria por bares, restaurantes e pequenos comércios, como feiras de antiquários e artesanatos, e também infraestrutura para barcos conseguirem atracar. O projeto Orla de 1992, almejava incentivar o desenvolvimento dos polos a partir da iniciativa privada, e por isso

⁷ SEGETH,Termo de Referência Masterplan Concurso Orla Livre, 2017. p.13. ⁸ Idem nota 7. p.13.

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marina pública, escola de vela, pequenos centros comerciais e áreas para cultura, esporte, lazer e recreação infantil.

Polo 1

Polo 2

Polo 3

Polo 4

Polo 5

Polo 7

Polo 10

Polo 8 Polo 9 Polo 6

Polo 11

N 22

Projeto Orla 1992-1995

A área em questão do projeto deste trabalho está localizada ao lado do Polo 1 - Pontão do Lago Norte, onde atualmente é o Parque das Garças. No projeto foi previsto a locação de uma marina pública, uma escola de vela, pequenos centros comerciais e áreas para cultura, esporte, lazer e recreação infantil. Todas essas atividades foram apresentadas no projeto urbanístico presente na URB 142/96. O projeto para o Polo 1, só previa a ocupação da região do Parque das Garças, e pretendia com esse programa suprir as necessidade de cultura e lazer da população do Lago Norte, na época estimada de 15.000 habitantes. O projeto Orla Livre foi instituído para responder a decisão judicial de 2005 (Ação Civil Pública nº2005.01.1.090580-7), que decidiu que o Governo do Distrito Federal não autorizasse mais construções no espaço de 30 metros da APP do Lago Paranoá. Esse processo prolongou-se até 2011, quando foi decidido que o GDF teria que realizar: (i) o Plano de Fiscalização e Remoção de Construções na área de preservação permanente - APP do Lago do Paranoá; (ii) o Plano de Recuperação das Áreas Degradadas na APP; (iii) o Projeto de Zoneamento e Plano de Manejo da APA do Lago Paranoá; e (iv) o Plano Diretor Local para os Lagos Sul e Norte. Somente no ano de 2015 iniciou-se a fases de desobstrução da orla, sendo seguido do lançamento do Concurso Masterplan,

o qual disponibilizou um Plano de Uso e Ocupação da Orla, apresentado no Termo de Referência Masterplan Concurso Orla Livre. Documento a ser usado como embasamento para a realização deste trabalho.


perím

quadra

quadra

quadra

quadra

etro

perímetro

estacionamento

lote 01

bosque centro náutico estacionamento

estacionamento

área verde

praça das feiras

lote 02 área verde

centro de comércio e lazer área verde

área verde

N

Projeto Polo 1 - Pontão do Lago Norte - URB 142/96 Sem escala 23


c. o lago para cidade

lago paranoá

O lago é um exemplo muito claro da relação entre um elemento natural e as manifestações socioculturais da cidade. O uso do lago por atividades esportivas, culturais, religiosas e comerciais fortalecem a integração com o meio urbano e sua importância na construção da identidade de Brasília. A valorização das potencialidades do lago estimula seus usos, e ao democratizá-lo inspira à população a conscientização do uso sustentável e da sua preservação. Os usos no lago resumem-se às manifestações socioculturais: procissões e festas religiosas, como por exemplo na Ermida Dom Bosco e na Praça dos Orixás; manifestações esportivas: práticas esportivas de diversas naturezas náuticas; manifestações econômicas: pesca, passeios de barco, hotéis, bares e restaurantes; e por fim manifestações de lazer e contemplação: pequenos eventos como casamentos, aniversários, piqueniques e outras atividades do gênero. E, por fim, também é importante citar os clubes, bares e restaurantes localizados na orla que voltaram-se para iniciativa privada. Percebe-se que o lago tornou-se cenário das movimentações culturais candangas, estando sempre presente na cidade e para a cidade. Suas maiores potencialidades concentram-se na prática de esportes, lazer, recreação e turismo devido sua beleza e paisagem.⁹ ⁹ FONSECA, Fernando Oliveira. Olhares sobre o Lago Paranoá, 2001. p.160.

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Apesar de todo esse caráter contemplativo, o olhar para o Lago como espaço apenas de admiração foi modificado ao longo dos anos. Essa mudança de pensamento deve-se às novas tendências urbanísticas de requalificação das orlas como espaços públicos urbanos. Em uma escala mundial, essa transformação dos espaços está resgatando as áreas e transformando-as em espaços públicos transitáveis e culturalmente ativos, atraindo várias pessoas inclusive investidores, movimentando assim a economia e, em muitos casos, conscientizando também a população sobre uso sustentável do meio e sua preservação. Atualmente as ofertas com melhores infraestruturas para o uso do lago como espaço de recreação concentram-se na iniciativa privada com bares e restaurantes como no Pontão do Lago Sul. Contudo os custos dos bens e serviços prestados são bem elevados e restritos. No caso do Pontão, apesar de ser um espaço público com uma ótima infraestrutura, não é permitido a permanência para consumo de alimentos de origem própria, nem a realização de atividades simples como um piquenique. Inibindo o uso por pessoas de renda mais baixa que não possui poder aquisitivo suficiente para usufruir dos serviços oferecidos. Outro exemplo de oferta de uso que está ganhando espaço em Brasília, é a ocupação tempo-


rária do terreno “vazio” na concha acústica (Polo 3) para a realização no evento “Na Praia”. O complexo é montado na orla do Lago Paranoá, e por dois meses oferece infraestrutura para a prática de esportes, lazer, alimentação, cultura, shows e até serviços de hospedagem. O evento oferece as atividades de quinta à domingo, com entrada mediante a venda de ingressos que variam desde R$ 23,00 à R$ 500,00 reais, ou passaportes para o uso em todos os dias custando mais de R$ 1.500,00. Por ser fruto de uma iniciativa privada todos os usos e opções de alimentação são condicionadas à organização do evento, selecionando mais uma vez o público para o uso do espaço. Os usos informais e os que não estão relacionados à iniciativa privada ou comercial concentram-se principalmente nas margem do Setor de Habitações Individuais Sul (Lago Sul), Setor de Clubes Esportivos Sul, Setor de Clubes Norte e em alguns pontos das quadras ML do Setor de Habitações Individuais Norte. Dentre esses usos que são abertos ao uso da população sem custos, cabe pontuar o calçadão da L4 sul utilizado pela população especialmente para pescaria, onde foi implantado em 2018 um projeto com infraestrutura de recreação e lazer para população, chamado Deck Sul. A estrutura é bastante semelhante à presente no Deck Norte, na L4 norte e oferecem condições mínimas para o uso do Lago pelo público. A revitalização do Parque Asa Delta

faz parte da primeira etapa do Projeto Orla Livre, no qual também já foram elaborados os projetos paisagísticos e de infraestrutura da Praça dos Orixás, da Península dos Ministros e da prainha do Lago Norte. A prainha do Lago Norte, popularmente conhecida como “Piscinão”, é uma área localizada entre as ML 5 e 6, e apesar de não apresentar nenhuma infraestrutura tem bastante uso pela população do Itapoã e Sobradinho, como opção de lazer e uso do lago. É importante ressaltar sobre essa área, que seu uso se deve principalmente pela a proximidade com a via, tornando o acesso fácil pelas pessoas e também por ser mais afastado das residências. Alguns pontos do lago também são usados informalmente para piqueniques, churrascos, passeios, prática de esportes, dentre outras atividades, e concentram-se onde o acesso é possível diante da atual mobilidade urbana do DF. Exemplos como estes esclarecem mais uma vez o quão é importante democratizar a orla do lago, pois o uso do mesmo como espaço público já uma necessidade explícita nos cidadãos brasilienses. Por esta razão que é necessário dispor de espaços onde as pessoas possam ter infraestrutura para lazer e cultura no Lago, sem pesar no bolso.

objetivo de transformar orlas em espaços públicos, que pretende-se elaborar o presente trabalho, a fim de requalificar determinado ponto da orla do Lago Paranoá. Acredita-se que com a implantação de um edifício que ofereça um programa que atenda as necessidades da população quando ao lazer, educação, esporte e cultura, torne-se um ponto de atratividade que movimente a relação do lago com o Distrito Federal. Com o objetivo de entender melhor o perfil da população que será contemplada com a proposta deste projeto, o capítulo a seguir faz uma análise do que realmente seria um lago democrático, estudando os dados socioeconômicos das regiões administrativas mais próximas à orla, que caracterizam o público alvo imediato para alcance do projeto.

Por meio da vertente urbanística que tem o

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Na Praia

Fonte: Tony Garrido

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Pontão do Lago Sul

Fonte: www.pontão.com.br

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Deck Norte | Deck Sul

Fonte: http://canaldoservidor.transportes.gov.br/not%C3%ADcias/4817-complexo-recreativo-deck-sul-%C3%A9-inaugurado-em-bras%C3%ADlia.html

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Prainha do Lago Norte

Fonte: Sergio Almeida Fotografias; http://pe.uai.com.br/ceudebrasilia/ listartodos?pg=35

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d. o lago para todos Devido a sua localização central em relação ao Plano Piloto e ao Distrito Federal, a orla deveria ser um espaço de lazer público e de livre acesso por todos. Como citado no Termo de Referência Masterplan Concurso Orla Livre, sua relação com a população ainda carece de ser estimulada e bem orientada. Ao avaliar brevemente a relação entre o Lago e os cidadãos do DF, rapidamente pode-se constatar que o pouco uso do Lago como espaço público se deve a existências de barreiras que dificultam a aproximação com a margem. Essas barreiras podem ser classificadas como barreiras físicas e sociais

[...] e admitiu-se igualmente a construção eventual de casas avulsas isoladas de alto padrão arquitetônico — o que não implica tamanho — estabelecendo-se, porém como regra, nestes casos, o afastamento mínimo de um quilômetro de casa a casa, o que acentuará o caráter excepcional de tais concessões.¹⁰ ¹⁰ Costa, L. Brasília, cidade que inventei. Relatório do Plano Piloto de Brasília. Brasília, GDF, 1991.

30

A barreira física é constituída pelos clubes, edifícios institucionais, áreas de segurança, hotéis e condomínios residenciais situados ao longo da orla que impossibilita até mesmo o olhar para o horizonte com o Lago Paranoá como paisagem. Dentro dessa categoria de barreira podem ser incluídas também as ocupações irregulares de área pública, como por exemplo as quadras QL do Lago Sul e Norte. Isso se deve principalmente pelo fato de não existir uma via de contorno na extensão da orla, criando um vazio entre os limites dos lotes e o lago. Desta maneira a faixa residencial lindeira à margem avançou sobre a área pública - a orla - cercando e privatizando os acessos à paisagem e à água. Devida à essas ocupações irregulares, a permeabilidade e a relação do lago com a cidade ficou bloqueada, evidenciando a

dificuldade que a população, em especial a população das cidades periféricas do Distrito Federal, enfrentam para usufruir do patrimônio da cidade. Do mesmo modo as barreiras sociais são constatadas através da segregação socioeconômica, uma vez que as residências próximas à orla possuem uma valorização muito maior em relação às moradias mais afastadas. Os comércios e clubes estabelecidos circundando a orla possuem um acesso restritivo seja pela seleção através de associação de usuários ou pela triagem implícita de poder aquisitivo, devido aos valores elevados dos serviços prestados. Esta última proposição pode ser comprovada quando avalia-se o valor cobrado pelo bem de consumo ou serviço prestado próximo ao lago, e em locais mais afastados, revelando a discrepância de preços até em estabelecimentos da mesma rede. Percebe-se que essas barreiras afetam diretamente a população de classe mais baixa incitando o sentimento de não-pertencimento ao lugar e logo o desinteresse também pela falta de estímulos atrativos. Enquanto a gleba formada pelas classes sociais situadas na parte superior da pirâmide socioeconômica do DF, ultrapassam esses obstáculos sem dificuldades.


Ocupações irregulares QL 24 e 28 Sul | QL 6 e 12 norte Fonte: Geoportal

31


Setores próximos à orla

1000

500

5000

Legenda:

32

SHIS - Setor de Habitações Individuais Sul

SHIN - Setor de Habitações Individuais Norte

SCES - Setor de Clubes Esportivos Sul

Varjão

SPP - Setor Palácio Presidencial

Itapoã

SHTN - Setor de Hotéis e Turismo Norte

Paranoá

SCEN- Setor de Clubes Esportivos Norte

Setor Ermida Dom Bosco

SMI - Setor de Mansões Isoladas

Setor Habitacional Ermida Dom Bosco

SAIN - Setor de Áreas Isoladas Norte

Setor Habitacional Taquari Trecho 1

UNB - Universidade de Brasília

Setor de Postos e Motéis Norte

permeabilidade urbana

0

N

Ademais dos problemas de permeabilidade e porosidade da malha urbana, o acesso ao lago também é dificultado principalmente por conta da mobilidade urbana. Os setores que estão localizados mais próximos à orla, são também os que apresentam baixas rotas de transporte público e números de linhas disponíveis, dificultando o deslocamento de pessoas e priorizando o uso do veículo individual. A ciclovias e calçadas também retratam os problemas para o deslocamento de pedestres, por apresentarem descontinuidade e, por vezes incoerências em seus caminhos, ou até mesmo a ausência das mesmas. A baixa mobilidade urbana também é perceptível quando visualiza-se o mapa viário do Distrito Federal. As áreas mais próximas ao lago são menos irrigadas reduzindo os acessos e as rotas de conexão. As vias principais, onde costuma circular o transporte coletivo, são bem afastadas da margem, configurando deslocamentos à pé de 500m a 1500m para o pedestre que utiliza esse modal como meio de acesso a orla. Ainda com base nessa análise é possível constatar que vários dos lugares de acesso ao lago possuem trajeto dificultado até mesmo para quem possui veículo particular.


0km

5km

10km

15km

20km

25km

30km

35km

40km

45km

5km

10km

15km

20km

N 25km

Mapa Viรกrio Distrito Federal 33


Projeto Nova Saída Norte Fonte: Geoportal

34

mobilidade urbana

N

Com atenção especial ao vetor norte de crescimento urbano do DF (foco de interesse deste trabalho), conclui-se que a mobilidade é prejudicada pela falta de conexão entre o Plano Piloto, o Lago Norte e as demais Regiões Administrativas como Itapoã, Varjão, Paranoá, Taquari e Sobradinho. A fim de integrar mais a malha urbana e aliviar o tráfego do eixo Rodoviário Norte e das vias L2 e L4 norte, principais vias de ligação entre as regiões citadas, em 2011 foi regulamentado um novo eixo viário intitulado de “Nova Saída Norte”, previsto no Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade do Distrito Federal – PDTU/DF, Lei Distrital nº 4.566/11. De acordo com o PDTU, o projeto consiste em conectar a região de Sobradinho com o Plano Piloto por meio da 4ª ponte sobre o Lago Paranoá. O eixo terá início na Via L2 Norte atravessando a Universidade de Brasília e a L4 Norte, seguindo pelo primeiro trecho da ponte até o Lago Norte entre as QLs 8 e 10, cruzando a cidade e seguindo o alinhamento do segundo trecho da ponte, começando na QL 7 até o setor de Mansões, próximo à ML 3. A via desembocará na DF-005 (EPPR), passando pelo Setor Habitacional Taquari até a BR-020 em Sobradinho. O novo eixo reduzirá o percurso, além de dispor de faixas centrais reservadas para o BRT priorizando o uso do transporte público coletivo de massa, faixas de ciclovias nas laterais e 3 faixas de rolamen-

to em cada sentido, diminuindo o congestionamento e o volume de tráfego da Ponte do Bragueto. Apesar de todos os benefícios citados, a notícia do projeto da ponte levantou discussões entre os moradores do Lago Norte. A maioria da população concorda com a construção do primeiro trecho entre a L4 norte e o Lago Norte, pois afirmam que a atual situação do trânsito está complicada, mas em relação ao segundo trecho até o Paranoá apresentam resistência, pois alegam a que segunda parte da ponte diminuiria a segurança da cidade e acabaria com a tranquilidade local. Ou seja, o sentimento de insegurança dos moradores da RA, por conta do aumento do fluxo de pessoas e criação de novas saídas, transforma-se em barreira social, que impede o desenvolvimento do setor norte da cidade. A única ponte do Lago Norte, a Ponte do Bragueto, atualmente já não atende à população local, bastante aumentada em razão da criação do Centro de Atividades - CA. A nova ponte foi desenhada pela primeira vez por Oscar Niemeyer em 1976, e essa proposta será mantida com margem as pequenas adequações do sítio e as atuais demandas. O projeto ainda não foi executado devido a atual situação financeira do GDF, mas foi aprovado e há a possibilidade de uma parceria público-privada para a execução. Por esta razão será considerada neste trabalho como princi-


à pé

outros

95,08

motocicleta

100

Nível de escolaridade segundo o meio de transporte

4,35%

6,94%

8,71%

20 15 10 5

0,68% 0,13%

20,56 Comércio 7,08 Empresa Pública Federal 1,63 Empresa Pública Distrital

Ensino Superior

3,94 Construção Civil 0,27 Indústria

28,26

Ensino Médio compelto

25

Agropecuária

Ensino Fundamental incompelto

0,00 0,57 2,65 0,76

0

0,95

20

5,97

40

1,49 0,00

60

47,76

80

16,74 Administração Pública Federal 8,57 Administração Pública Distrital 0,82 Transporte e armazenagem 10,07 Comunicação e informação 4,22 Educação 5,85 Saúde 5,17 Serviços domésticos 3,94 Serviços pessoais 2,58 Serviços creditícios e financeiros 0,95 Serviços imobiliários 5,17 Serviços gerais 0,13 Administração Pública de Goiás

utilitário

2,31

Na RA do Lago Norte, segundo os dados da PDAD – Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios realizada em 2016, que compreendeu também os dados do aglomerado urbano Taquari, Setor de Mansões e os núcleos rurais; a população está estimada em 37.455 moradores. O valor da renda per capita é em torno de R$ 4.736,75 sendo que apenas 1,77% da população são assalariados sem carteira assinada. Quanto a escolaridade, mais de 50% da população com mais de 25 anos possui ensino superior completo, sendo dentre esses 95,08% usuários do automóvel como principal meio de transporte.

automóvel

16,42

Além da mobilidade urbana, a democratização da orla também possui um viés social, o que implica na questão de proporcionar o uso do espaço por pessoas de diferentes classe sociais. Devido a localização do terreno, fez-se um breve estudo socioeconômico, com foco no potencial público das regiões administrativas próximas ao SHIN, como por exemplo o Taquari, Paranoá, Varjão e Itapoã que possuem uma relação precária com o Lago Paranoá, e incluiu-se também o Lago Norte que será influenciado diretamente pelo projeto.

ônibus

24,66 17,81 0,00 1,37 30,14 26,03

pal modal que viabilizará o acesso da população das cidades satélites mais ao norte até a área do projeto, o CCOL.

0 População ocupada segundo o setor de atividade remunerada 79,19%

População ocupada segundo meio de transporte para o trabalho

35


Ensino Superior

Nível de escolaridade segundo o meio de transporte

30 25 20 15 10

23,23%

5 0

55,67%

0,28% 2,55% 1,84% 14,73%

36

1,70% População ocupada segundo meio de transporte para o trabalho

0,95 Serviços imobiliários 16,57 Serviços gerais 0,28 Administração Pública de Goiás

0,00

14,81

13,64

47,76 Ensino Médio compelto

35

38,23 Comércio 1,13 Empresa Pública Federal 1,70 Empresa Pública Distrital 3,54 Administração Pública Federal 2,98 Administração Pública Distrital 2,41 Transporte e armazenagem 1,42 Comunicação e informação 2,55 Educação 2,55 Saúde 10,05 Serviços domésticos 5,24 Serviços pessoais 0,43 Serviços creditícios e financeiros

Ensino Fundamental incompelto

40

0,00 0,00 1,85 0,00

0

1,36

10

0,00 0,00 1,82 0,91

20

15,54 0,80 0,00 3,19 3,59 16,33 3,19

30

27,78

50 40

O Paranoá, ou Vila Paranoá, cidade que teve origem no acampamento dos pioneiros que trabalhavam na construção da Barragem do Lago Paranoá, apresenta uma população estimada em 48.020 habitantes com renda per capita de R$ 868,48. Quase 44% população possui ensino fundamental incompleto, e segundo os gráficos, o meio de transporte mais utilizado é o transporte público.

bicicleta

outros

à pé

57,73

57,36

motocicleta

60

metrô

utilitário

2,31 Agropecuária 9,92 Construção Civil 0,43 Indústria

automóvel

55,56

ônibus

População ocupada segundo o setor de atividade remunerada


outros

40 30 20 10 0

Ensino Fundamental incompelto

56,85

Ensino Médio compelto

2,54 1,52 9,14 2,54

50

26,90

60

motocicleta

Ensino Superior

Nível de escolaridade segundo o meio de transporte

35 30 25 20 15 10

23,00%

5 0

59,01%

0,26% 1,84% 1,97%

uária 0,13 Agropec 14,59 Construção Civil 0,66 Indústria 31,65 Comércio 1,18 Empresa Pública Federal 1,45 Empresa Pública Distrital 4,60 Administração Pública Federal 2,37 Administração Pública Distrital 2,63 Transporte e armazenagem 0,79 Comunicação e informação 2,23 Educação 3,42 Saúde 10,38 Serviços domésticos 2,50 Serviços pessoais 0,26 Serviços creditícios e financeiros 0,40 Serviços imobiliários 20,76 Serviços gerais 0,00 Administração Pública de Goiás

à pé

bicicleta

2,54 1,52 9,14 2,54

70

metrô

56,85

80

utilitário

26,90

automóvel

65,07

ônibus

14,93 2,09 2,09 13,73 2,09

A RA do Itapoã, região próxima ao Paranoá, apresenta valores mais similares aos apresentados acima. Em 2015 estimava-se cerca de 68.587 habitantes, com renda per capita de R$ 702,00, ou seja, menor que 1 salário mínimo. A principal ocupação de atividade remunerada da população também é o comércio.

População ocupada segundo o setor de atividade remunerada

11,82% 2,10% População ocupada segundo meio de transporte para o trabalho

37


automóvel

bicicleta

outros 56,67

à pé

53,04

58,15

motocicleta

60

metrô

utilitário

27,78

18,62

0,00 3,33 6,67 3,33 0,00

19,66

Ensino Fundamental incompelto

35

1,36

0

0,00 2,02 0,81

10

2,25

20

0,00 1,12 2,25

30

16,57

40

24,70

50

Ensino Médio compelto

Ensino Superior

Nível de escolaridade segundo o meio de transporte 19,97%

1,93% 1,69%

55,96%

18,64% 1,69% 38

População ocupada segundo meio de transporte para o trabalho

30 25 20 15 10 5 0

0,24 Agropecuária 14,29 Construção Civil 0,48 Indústria 33,82 Comércio 0,48 Empresa Pública Federal 0,73 Empresa Pública Distrital 1,57 Administração Pública Federal 0,85 Administração Pública Distrital 2,30 Transporte e armazenagem 1,21 Comunicação e informação 1,81 Educação 1,57 Saúde 16,82 Serviços domésticos 4,71 Serviços pessoais 0,36 Serviços creditícios e financeiros 0,12 Serviços imobiliários 0,28 18,64 Serviços gerais

ônibus

População ocupada segundo o setor de atividade remunerada

E por fim a RA do Varjão, que possui uma população de 9.215 habitantes e renda per capita de R$ 627,81. A maior parte dos habitantes possui ensino fundamental incompleto, utilizando o transporte público como principal meio para os deslocamentos diários.


“Segundo os dados da PDAD DF 2015 cerca de 27,6% da população do Distrito Federal atua no setor de atividade remunerada comercial.”

Segundo os dados apresentados é possível constatar a desigualdade social entre os moradores do Lago Norte e os das demais RAs estudadas. Essa diferença também é perceptível no nível de escolaridade e o uso do automóvel e transporte público, quanto maior a renda per capita maior o uso do automóvel particular. No entanto quanto à economia, todas essas cidades apresentam em comum a maior concentração de atividades remuneradas no setor comercial. Esse dado é muito importante pois evidencia abrangência do possível público usuário do CCOL a ser proposto neste trabalho, uma vez que será gerido pela instituição SESC, beneficiará toda essa classe comerciária proporcionando heterogeneidade social dos usos e da orla.

39


e. a rede sesc A Carta da Paz Social, assinada em 1945, é o documento base do conceito da rede SESC, trazendo valores sobre democracia e harmonia entre trabalhadores e empregadores: o capital não deve ser considerado apenas instrumento produtor de lucros, mas, principalmente, meio de expansão econômica e bem-estar coletivo. (Monolito, 2016)¹¹ O prédio da Associação Comercial de São Paulo foi onde se localizou a primeira unidade da rede, oferecendo assessoria médicas e religiosas, com enfoque na saúde. Anos depois, o leque de serviços cresceu e foram adicionadas itens como ações de ensino, esporte, cultura, grupos de teatro amador, restaurantes e colônias de férias com custos subsidiados, mas ainda priorizando a saúde, dispondo também de consultórios médicos, odontológicos e salas de raios-x em suas instalações. O SESC-Serviço Social do Comércio, é uma entidade privada mantida pelos empresários do comércio de bens, turismo e serviço, com o objetivo de promover o bem-estar e a qualidade de vida dos trabalhadores desse setor e de suas famílias. A primeira unidade SESC foi criada em 13 de setembro de 1946, sem fins lucrativos. A rede era formada por comerciantes que queriam o bem-estar da classe comerciária, revelando a preocupação dos empresários para garantir o equilíbrio no crescimento econômico. 40

Atualmente as atividades desenvolvidas pelo SESC englobam educação, cultura, saúde, lazer e assistência. Ainda que o público alvo seja os comerciários, essa instituição possui um diálogo feliz com a sociedade e principalmente com a comunidade imediata ao local no qual está inserido. Dispondo de instalações culturais e esportivas que podem servir a toda a população. Somam-se 738 unidades em todo o país, beneficiando aproximadamente 4,6 milhões de pesso-

as. No Distrito Federal estão localizadas 11 unidades fixas, mais o SESC Ações Móveis, que oferecem serviços de educação, alimentação, cultura, esporte e lazer, saúde, turismo, e projetos e ações sociais destinado não só a população comerciária como também as comunidades em estado de vulnerabilidade social. Segundo os dados da PDAD DF 2015 cerca de 27,6% da população do Distrito Federal atua no setor de atividade remunerada comercial. É a ocupação com maior concentração de trabalhadores, justificando assim a demanda pela instalação de uma nova unidade beira lago, que devido a sua potencialidade atenderá não só as cidades próximas, como já citado, mas também todo o Distrito Federal. A escolha da rede SESC como base para o desenvolvimento do presente trabalho deve-se a ideia de promover a vivência cotidiana do espaço, oferecer atividades de lazer, esporte e cultura ao público e gerir e promover a manutenção do todo o espaço do complexo CCOL. Pretende-se elaborar um programa de necessidades com as funcionalidades semelhantes às que existem nas unidades SESC, com foco nas unidades de São Paulo.


s

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00

3

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es

6

+5

te en

cli

1. Centro de atividades Sesc Gama 2. Sesc Ler - Samambaia 3. Sesc Ceilândia 4.Módulo de Educação e Cultura de Taguatinga Norte 5. Sesc Taguatinga Norte 6.Sesc Taguatinga Sul 7. Sesc Guará 8. Sesc Setor de industrias SIA 9. Sesc 913 Sul 10.Sesc estação 504 Sul 11. Sesc Presidente Dutra

-3

s

N

00

1

te en

cli

35

Mapa do raio de alcance da rede Sesc no DF

41



. estudos de caso



A escolha das referências arquitetônicas partiu do princípio de estudar soluções contemporâneas com enfoque na estrutura, tecnologia e sustentabilidade, além de selecionar projetos de praças e espaços públicos para se articularem com o edifício. Ainda que os projetos escolhidos não sejam da mesma tipologia do presente plano proposto, pretende-se criar uma base projetual, quanto a questões materiais, técnicas construtivas, sustentabilidade, implantação e a relação entre a edificação e o meio na qual ela se insere. Desta maneira serão listadas a edificações eleitas e uma justificativa sucinta sobre a escolha da referência.

45


Sesc Limeira | Gru.a

Proposta premiada com menção honrosa no concurso para o Sesc Limeira, São Paulo, em 2017. Os dois blocos abrigam os núcleos socioculturais e esportivos do programa de necessidades do Sesc, e configuram também a “praça do Sesc” configurando um conjunto de 20.000m² construídos. A implantação no terreno com o objetivo de criar a praça como um espaço de contemplação do horizonte, e a disposição dos espaços nos dois blocos, são muito importantes neste projeto. O que chama atenção neste projeto é a forma como foi organizado o programa de necessidades extenso da rede Sesc nos dois volumes, e também como eles estabeleceram uma conexão através de um patamar no centro do terreno que configura a esplanada e espaço de ócio do projeto, onde se desenvolve a vivência do espaço e também as visuais, já que a praça implantada paralela as curvas de nível, se abre ao sol poente.

programa + conexão entre os blocos 46


bloco sociocultural

via de acesso elevada em relação ao terreno

restaurante e ofcicinas culturais

praça sesc

bloco esportivo

parque aquático descoberto

bloco sociocultural

marquise com cobertura vegetal

teatro com pé direito triplo

praça

Fonte: http://www.grua.arq.br/projetos/sesc-limeira

piscinas cobertas

praça sesc

bloco esportivo

parque lúdico

47


Vistula Boulevards| Rs Architektura Krajobrazu

O projeto é vencedor do concurso ‘Urban and architectural competition for the designing of the Vistula west facing riverfront’ em 2013, e está localizado no centro de Varsóvia, estendendo-se entre as áreas urbanas históricas e as novas. A intervenção criou espaços públicos de uso misto e de lazer que retomaram o uso do rio, e o inseriram novamente na cidade como elemento da paisagem em um percurso linear de 8,5 hectares. Os espaços públicos são totalmente acessíveis e oferecem serviços recreativos e funções sociais que atraem visitantes durante todo o ano. A ciclovia foi usada como estratégia de definição da área de circulação e do uso do espaço. O mobiliário urbano, os elementos lúdicos e a disposição deles no espaço são de fato, os pontos pertinentes para esse estudo.

mobiliário urbano 48

A avenida pode ser dividida em três áreas oferecendo diferentes programas: a área em frente ao centro histórico, contempla o cenário histórico e possui um layout clássico, que inclui passagem com deque de encaixe, zona verde e centro de relaxamento com cafés flutuantes. Outra faixa está localizada perto de desenvolvimento comercial oferece serviços de catering a partir da sequência de pavilhões “flutuantes” que são projetados para lidar com inundações ocasionais. A última faixa , a recreativa, consiste no parque com pódios, praia com pavilhões, gramados, zona educacional e pavilhões de exposições.


รกrea recreativa

Fonte: http://www.landezine.com/index.php/2018/02/vistula-boulevards-by-rs-architektura_krajo_brazu/

รกrea de serviรงos

รกrea histรณrica

49


Divisão de Ciências Fundamentais do ITA | METRO Arquitetos

O projeto consiste no desenvolvimento de novas instalações para o campus do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em São José dos Campos, São Paulo. O projeto de 2013, busca articular os novos edifícios com os existentes no campus, que carregam os traços de Oscar Niemeyer. O grande bloco horizontal orienta e articula com as demais edificações e por ser modular , facilitou o processo de execução, utilizando de estruturas metálicas e painéis pré moldados em concreto.

horizontalidade 50


Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/889456/divisao-de-ciencias-fundamentais-do-ita-metro-arquitetos?ad_medium=gallery

51



.localização


54


Por que no Lago Norte?

a. a importância sociocultural de um centro de atividades culturais no Lago Norte

Dentro do âmbito de uma intervenção arquitetônica, o projeto para o CCOL busca criar uma relação urbana entre o Distrito Federal e o Lago. A escolha da sua localização na margem norte tem como objetivo principal atrair a população das cidades mais próximas que pertinentemente, também configura uma população de renda mais baixa que não costuma ver nem usufruir do Lago Paranoá como espaço público. Essa decisão projetual possui a intenção de quebrar o paradigma da elitização da orla, uma vez que o terreno está situado em um bairro nobre e o programa do edifício está direcionado à um público alvo que ultrapassa os limites da RA, e pretende preservar o direito de todos os cidadãos à cidade. A península do Lago Norte possui uso predominantemente residencial, e apresenta carência de espaços de cultura e lazer apesar dos grandes terrenos institucionais. As cidades satélites como por exemplo Paranoá, Itapoã, Varjão e Setor Habitacional Taquari também possuem déficit de espaços como estes. O usos também são predominantemente residenciais com alguns lotes institucionais de programas voltados principalmente para escolas e templos. Essas cidades estão localizadas próximas ao lago porém não possuem oferta de acesso pelas margens norte, por falta de infraestrutura e pontos de atratividade de vivência e ocupação.

55


Setor Habitacional Taquari Varjão

SHIN - Setor de Habitações Individuais Norte

Itapoã

Paranoá

N

56

0

Mapa de público alvo

1000

500

5000

uso residencial uso misto uso comercial uso institucional uso não definido Mapa de uso e ocupação do solo

0

1000

500

5000


espaço público

Parte-se do princípio que ao dispor de infraestrutura básica e espaços onde possam ser realizadas atividades de cultura, esportes e lazer, a atratividade e procura da população para exercer esse uso terão um aumento significativo. A fim de propor o uso democrático, no qual não haja a necessidade de cobrar valores elevados para usufruir, e também com o objetivo de trazer a população das RAs que estão próximas do lago, mas não o acessa (por motivos que permeiam desde a mobilidade urbana, até a discriminação social pelo sentimento de não pertencimento ao espaço), estudou-se possibilidades de instituições e programas que pudessem oferecer esses serviços, criando uma relação de maior integração entre a cidade e a sociedade.

deve ser visualizado como um espaço público, que permita que as pessoas estabeleçam vínculos sociais, e traga vivência à orla. Ainda que as edificações do complexo cultural estejam fora do expediente das atividades, o espaço deve permanecer público e utilizável pela população.

Dentro do estudo realizado optou-se pela a escolha da rede Sesc, pela complexidade do seu programa de necessidade, pelo público alvo, visto que a classe comerciária é bastante heterogênea, e também por sua relação com a população e com as classes de renda mais baixa. Acredita-se que com a implantação de um centro cultural do porte do SESC, e principalmente no ponto final da península do Lago Norte, essa instituição seja de fato o catalisador de um público de diferentes tipos de classes, instigando a movimentação do cidadão do DF pela cidade e pelo uso da orla.

Quanto ao espaço ao redor da edificação,

57



.terreno



O terreno escolhido para abrigar a proposta do projeto a ser desenvolvido, está localizado na Região Administrativa do Lago Norte. A área está locada entre o Clube do Congresso e o Parque Ecológico das Garças. Após o processo de desocupação da orla do Lago Paranoá, as cercas do Clube do Congresso que demarcavam o uso privado irregular da área foram recuadas deixando o terreno livre, porém ainda restam construções residuais da antiga ocupação, como por exemplo o campo de futebol e a quadra de esportes que devido a sua localização aleatória não serão consideradas para a concepção do projeto.

península norte área do projeto

Lago Norte

A urbanização existente é oriunda também da ocupação anterior, sendo possível identificar algumas áreas de passeio e estacionamentos. Atualmente o terreno não possui uma divisão em relação ao parque, configurando um espaço contínuo, porém em ambos não são encontrados infraestrutura básica que permita o uso confortável da região.

Clube do Congresso

Plano Piloto

Terreno de intervenção

N

Parque Ecológico das Garças

61


1975

Evolução de ocupação urbana no terreno

Fonte: Geoportal

62

1980

1997

2009


2013

2014

2015

2016

63


a. topografia, vegetação, infraestrutura e hidrografia

O terreno possui inclinações menores que 5%, com caimento em duas direções, situado na cota 1005 no nível da via de acesso e decai até a cota 1000, no nível do lago. A vegetação existente é composta por uma massa arbórea considerável no terreno, onde é possível encontrar algumas espécies nativas do cerrado. O solo na extremidade oeste do terreno apresenta características arenosas, configurando uma espécie de praia natural, com areia branca e conchas. Segundo o Geoportal Orla Livre, a margem que faceia o Parque das Garças possui alta balneabilidade, caracterizando o local propício para banho, com uma faixa de profundidade de 0 a 5 metros. De acordo com os dados da Caesb a região está localizada distante do pontos de lançamentos de água pluvial e de esgoto, e segundo as medições periódicas dos índices bacteriológicos, essa margem é enquadrada como excelente, nível mais altos do parâmetros considerados na medição de balneabilidade do Lago Paranoá.

64


188m

i=1,85%

i=2,65%

0 5 10

25m

0 5 10

25m

270m

Corte longitudinal

N

0

10 5

50m

Corte transversal

25

Topografia e vegetação da área de projeto praia área propícia para banho

65


b. insolação, ventilação, chuvas e umidade

Brasília possui um clima ameno e tropical. A estação chuvosa começa em outubro e se estende até janeiro, no qual o mês de dezembro é o que apresenta maior volume de precipitações. A estação de seca costuma ir de maio até setembro, com poucas chuvas. A temperatura em média varia de 18° a 22°C, considerando que setembro e outubro são os meses mais quentes, e julho o mês mais frio, com temperaturas que costumam variar de 16° a 18°C. No início da seca a umidade relativa do ar sofre variações caindo de 70% para menos de 20%. Nos meses de agosto e setembro, os índices podem chegar a apresentar 12% de umidade, os mesmos apresentados em climas típicos de deserto. Durante a estação chuvosa, os ventos possuem predominância da direção noroeste. A partir do mês de março predominam os ventos de direção leste. As fachadas que possuem maior visual para o Lago estão no oeste e noroeste, e consequentemente são as fachadas que recebem maior incidência solar, necessitando de elemento que regulem e filtrem a entrada de luz e calor no interior do edifício.

O S 66

N L

fachadas com maior incidência solar


c. acessos, fluxos e conexões

Localizado no ponto final, o terreno possui acesso direto com a via principal de circulação do Lago Norte. De um lado está o Clube do Congresso, de acesso privativo, e do outro está o Parque Ecológico das Garças com livre circulação entre a área do projeto. O ponto de ônibus existente será adotado como nodal de conexão urbana recebendo o transporte público coletivo. Via local

Via secundária

Via Principal circulação de transporte público

0

10 5

50m 25

A iluminação pública existente só compreende até a via principal. Toda a área do terreno e do parque não possuem iluminação atualmente, favorecendo o sentimento de insegurança nos usuários do espaço, após as 18h.

Caminhos realizados por pedestres

Eixo principal de circulação

N

Ponto final. Parada de ônibus

Os resquícios da antiga ocupação, como as quadras e estacionamentos não serão considerados para elaboração deste projeto. Em contrapartida, os caminhos realizados pelos pedestres, serão analisados como fluxos existentes e virão a ser integrados ao projeto, assim como também os locais com maior permanência de pessoas.

67


d. visuais

1

1 2 3 4

68

2

3

4


5

6

7

8

5 6 7 8 69


e. legislações e normas

Lançamento de águas pluviais Preferencial motonáutica Preferencial para banho Zona de restrição ambiental Parque Lago Pier- Atracadouro Terminal - Marina - Pier - Atracadouro Terminal - Pier - Atracadouro Marina - Pier - Atracadouro

70

De acordo com o Termo de Referência Masterplan Orla Livre, o terreno foi incorporado ao Projeto Orla Livre delimitando a área livre para intervenção. Nos mapas relacionados no termo, a área está denominada como Área tipo 18(b), que compreende o Parque Ecológico das Garças (PE6) com aproximadamente 10 hectares de área livre, nas quais as diretrizes determinam a instalação de píer ou atracadouro e, área para prática de kite surf e banho, deck e instalações de apoio. Para a área vizinha, ou seja o terreno de interesse para o desenvolvimento deste projeto, está prevista a criação de 5 lotes de 1260m² cada, destinados ao uso comercial e prestação de serviços.

Diretrizes IBRAM Trilha, mobiliário, iluminação, vegetação, atividades de lazer e comercial

A implantação desse lotes previstos está determinada conforme a URB 058/09, configurando as áreas especiais AE 1, 2, 3, 4, e 5 no SHIN 16. Esta URB (Projeto Urbanístico) não chegou a ser registrada tratando-se de uma suposição de ocupação da área. Desta maneira o termo de referência cita o projeto da URB 058/09 como uma sugestão de diretriz de ocupação, definindo que seja feita uma nova proposta de parcelamento, respeitando a área total para os lotes de 6300m².

PE6 - Parque Ecológico das Garças Praia Corredor de segurança para dispositivos flutuantes

Após consultas à Segeth (Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação) e à Terracap (Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal), o terreno é considerado área pública, e sem projetos devidamente registrados até o momento. Portanto não dispõe de normas de uso e gabarito, nem está

incluído no plano de diretrizes da LUOS (Lei de Uso e Ocupação do Solo). Logo para a realização deste trabalho foram ponderadas as diretrizes de ocupação da URB 058/09, mencionada no termo de referência, propondo uma nova implantação, respeitando a área de ocupação por lotes de 6300m², calculando uma área total de 18.900m², sem computar a área de subsolo. Devido a ação civil já descrita neste estudo, a ocupação no terreno também deverá obedecer os limites definidos, e não se deve locar nenhuma construção na faixa dos 30 metros de APP do Lago Paranoá. Nesta faixa poderão ser propostos diferentes tipos de pavimentação ou decks que não prejudiquem ambientalmente a orla. Em consulta ao mapa de alturas permitidas, presente no documento de Caracterização da Orla do Lago Paranoá e seu Modelo de Desenvolvimento, realizado em 2003, constatou-se a predominância de edificações beira lago na área tombada com altura máxima de 9 metros. O projeto proposto para a ocupação do Parque das Garças, supracitado no item 4.2, também define uma altura máxima de 9 e 12 metros para as edificações. Com base nessas análises será adotado como parâmetro de projeto a altura máxima também de 9 metros, para manter o skyline e a horizontalidade, sem obstruir as visuais do lago e da paisagem.


faixa non aedificandi

simulação de 3 pavimentos com ocupação máxima de 18900m²

N

URB 058/09

Resumo da legislação

71



.programa e diretrizes gerais



Com bases nesses estudos foi elaborado então, o seguinte programa de necessidades para o projeto do CCOL adaptando às suas reais demandas:

Ambiente

m² unit.

m² total

Quant.

Ambiente

m² unit.

m² total

01

área de convivência

300

300

01

sala da gerência

46

46

01

central de atendimento

40

40

02

sala de reuniões

28

56

03

salas para oficinas culturais

45

135

01

salão de uso comum

102

102

01

exposições

690

690

01

sala da tesouraria

16

16

02

salas de uso educativo flexível

80

161

01

sala para informática

16

16

01

teatro | música| artes cênicas e cinema

1700

1700

01

copa + estar dos funcionários

44

44

01

biblioteca | midiateca (acervo + área de leitura)

130

130

01

sala para manutenção predial e paisagismo

58

58

01

área infantil

78

78

02

sala de apoio limpeza - DML

16,5

33

02

sala específica para ginástica funcional

87

174

01

sala de apoio RH

16

16

01

sala de CFTV

16

16

04

salas para atividade física

62,5

250

01

almoxarifado geral

105

105

01

ginásio poliesportivo com uma quadra e vestiários

900

900

01

depósito de bens patrimoniais

84

84

01

conjunto aquático com piscina semiolímpica, piscina infantil e tanque para hidroginástica

1000

1000

01

espaço estar

60

60

02

40

80

01

setor técnico esportivo

40

40

vestiários para funcionários (feminino e masculino)

01

hangar

400

400

01

loja Sesc

31

31

03

salas multiuso

90

270

01

cafeteria

12

12

01

enfermaria

52

52

01

restaurante

569

569

administração e setor de apoio operacional 732m²

Quant.

público 612m²

A fim de obter um melhor dimensionamento dos espaços, foi consultado também as áreas das atividades propostas de acordo com o programa apresentado no edital do concurso Sesc Limeira, em 2017. Para oferecer as atividades de esportes náuticos foi consultado a Confederação Brasileira de Canoagem para entender as necessidades espaciais e as dimensões que abrigariam os equipamentos das atividades no Lago, como por exemplo: canoas, pranchas, armários, armário kit salvamento, bolinas, remos, coletes, quadriciclo e equipamentos molhados, conformando um hangar .

atividades físico-desportivas 3086m²

O programa de necessidades para o CCOL (Complexo Cultural Orla Livre), baseou-se no estudo dos programas presentes em dois Sesc escolhidos como estudo de caso: Sesc Santos e Sesc Ipiranga, ambos construídos no estado de São Paulo. Esses edifícios foram estudados devido a sua implantação, programa e arquitetura.

atividades socioculturais 3234m²

a. programa de necessidades

Total = 7.664m² sem a inclusão das áreas externas , circulação, estacionamento e sanitários. 75


b. diretrizes gerais de projeto

De acordo com a análise do tema, do terreno e de seu entorno foram determinados diretrizes projetuais e conceitos para nortear o processo de projeto: Conexão urbana: opções de transporte público, transporte lacustre, e deslocamentos viáveis à pedestres e ciclistas para integrar o espaço à cidade. Respeito a conservação do cerrado: uso de vegetação do cerrado no paisagismo e entorno do projeto. Preocupação em manter as árvores saudáveis existentes, e propor uma conexão com o Parque das Garças para promover sua preservação e manutenção. Crítica a implantação com supervalorização do veículo: atentar-se às formas de ocupação do terreno de modo a favorecer o deslocamento de pedestre dentro do complexo mantendo a permeabilidade e externar as circulações viárias necessárias. Integração com a paisagem: trabalhar com transparências nas fachadas e com a topografia de forma que a implantação favoreça a mimetização do edifício com a paisagem.

76

Térreo livre: o edifício deve possuir um sistema de controle interno de acesso, de forma que não abstrua o acesso e uso do complexo mesmo em horários contrários ao funcionamento da instituição. Visuais para o lago: abrir olhos para o lago, trabalhar as visuais do terreno para que a arquitetura valorize e enquadre a paisagem. Flexibilidade funcional: permitir mudanças de layout com facilidade dentro do edifício. Praia para todos: manter o caráter democrático que permeia a proposta de projeto, além de considerar as vocações e usos pertinentes do terreno.


77



. escala urbana



a. transporte público coletivo

Considerando todas as condicionantes expostas nesse estudo, entende-se que o desenvolvimento de trabalhos como este convida o arquiteto e urbanista a pensar em diferentes escalas, tratando a arquitetura e o urbanismo como complementares. Atualmente o DF possui um problema de conexão entre as cidades localizadas mais ao norte e o Plano Piloto. Mesmo considerando a construção da 4ª ponte, fez necessário pensar com mais propriedade sobre como as pessoas chegariam ao Lago Norte (bairro onde está situado o terreno do projeto) com mais facilidade, principalmente por meios desvinculados do uso de veículos particulares. Frente a isso, foram previstos pequenos planos urbanos de melhorias exequíveis, em questão de mobilidade urbana para auxiliar o deslocamento e acesso ao projeto permitindo o Lago para todos.

0

1000 500

via principal e de tráfego de transporte público, e ônibus gratuito CCOL (com ponto de partida na rodoviária do Plano Piloto) via secundária e proposta da circulação de vizinhança via local

5000

Na RA do Lago Norte circulam atualmente 12 linhas de ônibus, porém somente 3 linhas possuem origem de embarque no Plano Piloto (ponto central do DF). Com o objetivo de ampliar as opções por meio do transporte público, visto que circulam poucas linhas de ônibus na região, propõe-se a inserção de uma nova rota de transporte coletivo, que também faria parte do sistema de integração tarifária, oferecendo desconto na tarifa aos usuário que utilizem um ou mais modais de transporte (ônibus, metrô). Esta seria uma linha de circular, na qual o

micro-ônibus circularia por uma via secundária, mais próxima das residências do Lago Norte. Com o ponto de origem na Rodoviária de Brasília e ponto final, em frente ao Clube do Congresso, ponto de ônibus que também marcará o principal acesso por meio de transporte público do projeto. A caixa viária dessa via de circulação de vizinhança possui cerca de 7 metros, com uma faixa de rolamento por sentido. Segundo as diretrizes da norma técnica Nº 02/2015 DAUrb/SUAT, as atuais dimensões permitiriam a circulação de um micro-ônibus confortavelmente e mantendo a estrutura existente com calçadas dos dois lados, não sendo necessárias modificações no meio. A implantação de novos pontos de ônibus também fazem parte da proposta, com a sugestão de paradas a cada 500m, ou seja uma distância confortável para um pedestre caminhar de um ponto a outro, e facilitar o acesso a orla do lago norte pelos pontos de porosidade da malha urbana. Outra estratégia de mobilidade urbana é a disponibilização de um ônibus gratuito, pela rede CCOL, que sairia em horários determinados com uma rota direta pelas vias principais a partir da Rodoviária do Plano Piloto até o complexo e outras rotas, também diretas, partindo do ponto terminal dos bairros Itapoã, Paranoá e Varjão.

pontos de ônibus existentes N

novos pontos de ônibus propostos a cada 500m rodoviária do Plano Piloto

81


b. ciclovias + calçadas

No Lago Norte as ciclofaixas estão localizadas nas vias principais e seguem a mesma lógica de circulação do atual transporte público coletivo. Há também a existência de ciclovias circundando a orla norte do Lago, porém não possuem continuidade e só estão pavimentadas até a altura da quadra QL 4/1. A opção para esta situação seria a proposta do circuito orla livre. No qual consiste em manter a continuidade dessa ciclovia pela orla onde for possível, com a pequenos desvios em áreas privadas como o Clube do Congresso e o lote da Rede Sarah, e também conectar com a ciclofaixa existente. Em conjunto a essa ciclovia propõe-se um passeio para que pedestres e ciclistas possam conviver juntos e desfrutar de um percurso nas margens do Lago Paranoá. Os dois trajetos estariam localizados dentro da faixa de 30 metros até a margem e integrariam a área de projeto tanto pelas vias principais onde estão localizadas as ciclofaixas, como pela própria orla.

0

N

ciclofaixa ciclovia existente

82

1000 500

ciclovia + passeios propostos

5000


c. transporte hidroviário

Outra proposição para integração da área de projeto com a cidade seria por meio do transporte lacustre. O Termo de Referência Masterplan Orla Livre traz o estudo dos chamados corredores de segurança para dispositivos flutuantes que seria possíveis rotas de conexão por meio de barcos e outros meios aquáticos. Com base nesses estudos percebe-se que há uma rota de conexão localizada próxima à área de projeto, o que pressupõe a instalação de um atracadouro na região. A batimetria do lago feita em 2001, também aponta possibilidades para a circulação de modais aquáticos. Essa análise instiga pensamentos acerca de uma futura ligação pelo lago e deslocamentos coletivos em massa de pessoas pela água, por meio de barcos, balsas, etc, que não será detalhada neste projeto mas, que será considerada como mais uma proposta para a melhoria na mobilidade e acessibilidade do terreno.

0

1000 500

N corredores de segurança para dispositivos flutuantes

5000

83



. complexo



a. storyboard

1

2

3

4

5

6

7

8 87


b. memorial de projeto Os conceitos de integração, permeabilidade e visuais foram extremamente importantes para o desenvolvimento do Complexo Cultural Orla Livre. Em um primeiro momento, foram marcadas as limitações de ocupação do terreno e a declividade. 1 Em seguida, mapeou-se os pontos com visuais privilegiadas, as quais deveriam ser preservadas e valorizadas. 2 Os eixos de circulação e articulação com o Parque das Garças determinaram o traçado de ocupação do terreno. Através de uma extensão do eixo viário existente, o mesmo desenho estruturou um novo eixo secundário definido por uma grande marquise, seguida de um deck, que além de criar uma relação entre o terreno e o parque, é um mirante que aponta em direção ao Lago Paranoá. 3 Devido ao extenso programa, optou-se por dividir as atividades em blocos, a fim de setorizar e concentrar as funções em 3 núcleos: bloco A - sociocultural, bloco B - esportivo e bloco C - teatro. A partir disso foi inserido uma malha 5x5m sobre o terreno a fim geometrizar e racionalizar a disposição dos edifícios.

88

Com o propósito de minimizar o impacto das construções no skyline e aproveitar o desnível de 5 metros da topografia, os edifícios ficaram implanta-

dos mais ao nordeste do terreno, onde a cota é 1005, o que possibilitaria enterrar um pavimento para diminuir a cota de coroamento das edificações. 4 Desta maneira, criou-se uma praça central rebaixada para manter a integração com as áreas de praia existentes. Para amarrar a composição, criou-se um outro eixo de circulação no terreno dado por um segundo deck, que articula diretamente com as edificações, e concebe novos pontos de contemplação da paisagem. O deck também é um elemento de setorização das áreas de praia, categorizando de acordo com seus atuais usos: praia marina ,com um pier; praia família, entre as limitações internas do deck; e praia esportes, mais próxima ao parque, onde já há um projeto de práticas esportivas.5 Quanto as edificações, o bloco esportivo ficou semienterrado, com a fachada principal para a praça e mantendo a circulação por sua cobertura, criando outro mirante para contemplação da paisagem de acesso no mesmo nível da marquise e do Parque das Garças. Intencionalmente todos os edifícios se abriram tanto para a praça central e o lago Paranoá, como para o parque, criando uma relação de integração entre eles. 6 O bloco A foi elevado para manter a permeabilidade, com o acesso principal também a nível do parque, e criando um acesso secundário pelo centro do edifício no térreo inferior, onde estão locadas as colunas de circulação vertical e uma grande distribuição de fluxos que também dá acesso a praça e ao bloco B esportivo.

A movimentação nas curvas de nível para uniformizar os níveis de acesso dos edifícios com o parque, permitiu o encaixe do bloco A e B na topografia. Parte do edifício parece apoiar no solo, e apesar do caimento do terreno, o pé direito é mantido, elevando a outra parte do edifício por pilotis , preservando a permeabilidade. 7 Do mesmo modo a topografia permitiu também a inserção do teatro, com a arquibancada projetada para o lago e o palco reversível, viabilizando sua abertura completa para a praça e para o lago. A caixa d’água conformou um marco visual de todo o complexo, que faz contraponto com o farol locado na outra extremidade do terreno. 8 Os estacionamentos foram locados nas extremidades para evitar a circulação de veículos no centro do complexo e priorizar o fluxo de transeuntes. Tanto o bloco A como o bloco C possuem a cota de coroamento de 6 metros. O conceito de abrir visuais para o lago também foi aplicada as fachadas com brises em chapa metálica perfurada, fazendo com que quem está dentro do edifício consiga ver fora e quem está fora, consiga ver dentro. Além da possibilidade de abertura dos brises, aumentando o campo de visão para o exterior. O mobiliário urbano, conformou-se ao redor de árvores existentes mantidas no projeto.


caixa d’água marquise

parque das garças

parque lúdico infantil

bloco B (esportivo) bloco C (teatro)

quadras de areia

pier estacionamento norte

bloco A (sociocultural)

deck

praia marina

praça

praia esportes praia família

deck

Isométrica implantação sem escala

estacionamento sul

farol

89


90

Perspectiva da implantação


91


N

Implantação | Cobertura 1. Bloco A 2. Bloco B 3. Bloco C

92

0

50

10 5

25


93 3 2 X

1 X

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N Planta de piso

94

0

10 5

50 25


X X X X X

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ponto de ônibus

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acesso ao complexo

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vista A estacionamento norte

marquise

embarque e desembarque

-3,00 0,00

calçadas

acesso bloco B

acesso bloco A

bicicletário coberto

-3,00

marcação de piso colorida

acesso bloco B

0,00

embarque e desembarque

vista D

vista B

acesso bloco C

mobiliário urbano

0,00

passagem de pedestres elevada

piso em concreto permeável

embarque e desembarque

deck -3,00

0,00

carga e descarga continuidade da ciclovia pelo parque estacionamento sul ciclovia

vista C

95


N Planta de paisagismo 96

0

10 5

50 25


1002 1001 1003

vegetação do cerrado

97

1004 1002 1000

vegetação do cerrado vegetação existente 1003

vegetação do cerrado 1004 1005 X

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X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X X X X

X

1003

X

X

X

X

X

1001

1002

1004

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X


N

98

0

Vista A Vista B Vista C Vista D

10 5

50 25


99



.arquitetura



a. bloco A - sociocultural bloco B - esportivo

Cobertura Bloco A nível +6,00m

Térreo superior Bloco A nível 0,00m

Cobertura Bloco B nível 0,00m

Bloco B nível -3,00m

Térreo inferior Bloco A nível -3,00m

Piscina semiolímpica externa nível -3,00m

103


A

B 4.90

D

C 10.40

10.40

E 10.40

F 10.40

G

B

10.40

C

H 10.40

1 ACESSO ESTACIONAMENTO S

1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 2 3 4 5 6 7 8 9 18 17 16 15 14 13 12 11 10

4.80 4.80

SALA MULTIUSO 90m²

18 17 16 15 14 13 12 11 10

ACESSO COZINHA

2

3

ACESS ESTACIONA

S

SANITÁRIO PÚBLICO FEMININO 35m²

SANITÁRIO PÚBLICO MASCULINO 35m²

HALL ESCADA E ELEVADORES

5.60

BICICLETÁRIO COBERTO

ACESSO CONTROLADO BLOCO A

CIRCULAÇÃO

4.80

4

HANGAR

CIRCULAÇÃO

A 5

5.60

HALL ESCADA E ELEVADORES

SALA MULTIUSO 90m²

SALA MULTIUSO 95m²

ACESSO PRAÇA

S

7

9 8 7 6 5 4 3 2 1

4.80

18 17 16 15 14 13 12 11 10

6

B

C

104

4.80

8

ACESSO P


H

I

10.40

K

J 10.48

10.40

M 10.40

N 5.70

JARDIM

1 2 3 4 5 6 7 8 9

S

ACESSO ESTACIONAMENTO

10.40

L

D

18 17 16 15 14 13 12 11 10

VEST. FEM. 42m²

12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

SALA ESPECÍFICA PARA GINÁSTICA FUNCIONAL 87m²

s

SHAFT

SCADA E ELEVADORES

ESSO CONTROLADO BLOCO A

ACESSO SECUNDÁRIO CONTROLADO BLOCO B

QUADRA POLIESPORTIVA

CIRCULAÇÃO

A

SHAFT

JARDIM

12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

s

SCADA E ELEVADORES SALA ESPECÍFICA PARA GINÁSTICA FUNCIONAL 87m²

18 17 16 15 14 13 12 11 10

VEST. MASC. 42m²

9 8 7 6 5 4 3 2 1

S ACESSO PRAÇA JARDIM INTERNO

ACESSO GINÁSIO ACESSO PRINCIPAL

i= 8,33% i= 8,33% i= 8,33%

s

12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

s

s

s

ENFERMARIA 52m²

105


N 106

Planta baixa tĂŠrreo inferior Bloco A Bloco B Escala 1/250


B

C

JARDIM INTERNO

8

i= 8,33% i= 8,33% i= 8,33%

s

12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

s

s

s

ENFERMARIA 52m²

ACESSO GINÁSIO

4.80

ACESSO PRINCIPAL BLOCO B

5.60

9

PISCINA SEMIOLÍMPICA

SETOR TÉCNICO ESPORTIVO 40m²

10

SALA PARA ATIVIDADES FÍSICAS 71m²

SALA PARA ATIVIDADES FÍSICAS 71m²

4.80

HALL ENTRADA

5.60

11

PROJEÇÃO DA COBERTURA PISCINA INFATIL SALA PARA ATIVIDADES FÍSICAS 54m²

4.80

12

ACESSO PRINCIPAL BLOCO B VESTIÁRIO INFANTIL 13m²

VEST. PNE 9,2m²

5.60

13

PISCINA MULTIUSO HIDROGINÁSTICA

4.80

14

VESTIÁRIO FEMININO 39m²

SALA PARA ATIVIDADES FÍSICAS 54m²

VESTIÁRIO MASCULINO 39m²

4,80

15

JARDIM INTERNO

16 PROJEÇÃO DA RAMPA CASA DE MÁQUINAS 45m²

D

s

1 2 3 4 5 6

107


A

B 4.90

D

C 10.40

E

10.40

F

10.40

10.40

B

10.40

G

C

H 10.40

1

1 2 3 4 5 6 7 8 9

18 17 16 15 14 13 12 11 10

D

4.80

1 2 3 4 5 6 7 8 9

SANITÁRIO FEMININO 35m²

4.80

SALA PARA OFICINA 45m²

SALA PARA OFICINA 45m²

SALA PARA OFICINA 45m²

18 17 16 15 14 13 12 11 10

D

SAN. PNE

2

SAN. PNE SANITÁRIO MASCULINO 35m²

COZINHA 80m²

HALL ESCADA E ELEVADORES

5.60

3

WC FM RESTAURANTE 489m²

BIBLIOTECA 130m²

WC PNE

4

LOJA SESC 31m²

EXPOSIÇÕES 690m²

4.80

WC MS

A 5

5.60

HALL ESCADA E ELEVADORES

BRINQUEDOTECA 78m²

SALA PARA USO EDUCATIVO FLEXÍVEL 65m²

SALA PARA USO EDUCATIVO FLEXÍVEL 96m²

18 17 16 15 14 13 12 11 10

6

9 8 7 6 5 4 3 2 1

4.40

D

7

108

B

C


H

I

J

10.40

K

10.40

10.40

1 2 3 4 5 6 7 8 9

DML 15m²

18 17 16 15 14 13 12 11 10

D VEST. FEMININO 40m²

10.40

D

L

M 10.40

N 5.70

ESTAR FUNCIONÁRIOS 44m²

VEST. MASCULINO 40m² ALMOXARIFADO GERAL 105m²

DEPÓSITO DE BENS PATRIMONIAIS 84m²

SALA LIMPEZA 18m²

ESCADA E ELEVADORES

EXPOSIÇÕES 690m²

SALA DE TECNOLOGIA E INTERNET 50m²

SALA DE TECNOLOGIA E INTERNET 50m²

INFORMÁTICA 16m²

CFTV 16m²

RECEPÇÃO/HALL ENTRADA APOIO RH 16m²

TESOURARIA 16m²

ACESSO PRINCIPAL BLOCO A

A

SANITÁRIO MASCULINO 37m²

ESCADA E ELEVADORES

18 17 16 15 14 13 12 11 10

SAN. PNE

SAN. PNE

D 9 8 7 6 5 4 3 2 1

SANITÁRIO FEMININO 37m²

SALA PARA MANUTENÇÃO PREDIAL E PAISAGISMO 58m²

SALA DE REUNIÕES 28m² SALA DA GERÊNCIA 46m²

SALÃO MULTIUSO 102m² SALA DE REUNIÕES 28m²

N

D

Planta baixa térreo superior Bloco A Escala 1/250 109


COBERTURA ECOLÓGICA

ÁREA PREVISTA PARA PLACAS FOTOVOLTAICAS

I=3%

I=3%

110

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%


I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

N COBERTURA ECOLÓGICA

Planta de cobertura Bloco A Escala 1/250 111


A

112

B

C

D

E

F

G

H


H

I

J

K

L

M

N

+6,00 +4,80

0,00 -2,70

-3,00

-5,00

Corte AA Escala 1/250 113


7

6

5

4

3

2

1

+6,00 +4,80

0,00 -2,70

-3,00

Corte BB Escala 1/250 114


1

5

4

3

2

6 +6,00 +4,80

0,00 -2,70

-3,00

Corte CC Escala 1/250

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16 +6,00 +4,80

0,00 -2,70

-3,00 -4,00

Corte DD Escala 1/250 115


O bloca A e o bloco B compartilham a mesma estrutura, fazendo com que a laje do térreo inferior do bloco A prolongue-se para atender também o bloco B conformando um desenho em L. A estrutura principal é em concreto armado remetendo as construções icônicas existentes em Brasília. As lajes serão nervuradas 80x80cm e h=30cm, apresentando maior resistência mecânica e associada as vigas faixa, permitem vencer maiores vãos, diminuindo assim o número de pilares e mantendo o nivelamento entre viga e laje. A escolha desse sistema estrutural também deve-se ao fato da laje permitir rasgos entres as vigotas das nervuras sem comprometimento estrutural, possibilitando as claraboias e os rasgos de ventilação do bloco B semienterrado.

claraboias

cobertura ecológica

brises fixos em chapa metálica perfurada, fachada ventilada

divisória articulada

laje nervurada + viga faixa

brise deslizante em chapa metálica perfuradas

116

Isométrica sem escala

esquadria modulada

paredes em drywall

abertura para ventilação natural do bloco B

parede de contenção em concreto armado

sistema estrutural

brises móveis em chapa metálica perfurada

A cobertura possui um sistema de cobertura ecológica, com área reservada para instalações de placa fotovoltaicas, o que facilita a captação de águas pluviais e ajuda a manter a temperatura interna do edifício mais agradável. Para dar mais leveza a edificação, os pilares serão redondos, seção circular Ø50cm , dispostos na mesma modulação ao longo de todos os blocos. Com exceção das colunas estruturais (sanitários e circulação vertical) as divisões internas serão feitas com paredes em drywall e divisórias articuladas , que permitem à ampliação de ambientes com facilidade de acordo com a demanda. As salas de aula e de reuniões podem ser ampliadas apenas com o deslocamento dos painéis. As vedações são esquadrias moduladas, com folhas de correr, viabilizando maior ventilação natural cruzada. Por fim foram usados brises em chapa metálica perfurada, como dispositivos de proteção solar.


As claraboias instaladas na cobertura do bloco A, proporcionarão maior iluminação natural, e foram locadas de forma a iluminar a circulação longitudinal do prédio e a área central do salão de exposições. O mesmo espaço também é onde estarão as colunas de acesso vertical, e por isso os mesmo rasgos foram repetidos no piso, para a luz transpassar até o térreo inferior. Neste caso seriam usados blocos de vidro para vedação.

Isométrica sem escala

117


grelha metálica trecho de laje impermeabilizada para transito de pessoas

parede de contenção em concreto armado

jardim interno

Isométrica sem escala 118

Pelo fato do bloco B ser semienterrado, os ambientes mais distantes da fachada principal ficaram sem ventilação e iluminação natural. Para solucionar esse problema, foi criado um jardim interno, em frente as salas de atividade física. Os rasgos na laje para ventilação foram vedados com grelha metálica, a fim de não obstruir o fluxo de transeuntes na parte de cima.


perspectivas internas Vista interna bloco A: restaurante

119


120

Vista interna entrada bloco B pela praรงa


Vista interna bloco B: quadra poliesportiva e jardim interno

121


122


b. bloco C - teatro Cobertura nível +6,00m

Térreo nível 0,00m

Subsolo nível -3,00m Palco reversível 123


N 124

Planta baixa tĂŠrreo Bloco C Escala 1/250


PROJEÇÃO DA RAMPA

A

B

C

10.00

10.00

D 10.00

F

F 5.00

VARANDA 75m²

D

COXIAS

12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

5.00

11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

1

E 10.00

2

BILHETERIA 11m²

10.00

HALL ACESSO ESCADA E ELEVADORES

E

PALCO EXTERNO REVERSÍVEL 204m²

CABINE TÉCNICA 15m²

PALCO INTERNO 154m²

E

FOYER

10.00

3

CAFETERIA 12m²

5.00

4

COXIAS

SAN. MASC. 14m²

VARANDA 75m²

SAN. FEM. 14m² SAN. PNE. 3,4m²

5

F

125


N 126

Planta baixa subsolo Bloco C Escala 1/250


PROJEÇÃO DA RAMPA

A

B

C

10.00

10.00

D 10.00

F

F

5.00

11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

1

E 10.00

CAMARIM 15,4m²

DEPÓSITO 12m²

22

12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

5.00

DML 10,4m²

S

S

CAMARIM 15,4m²

COXIAS 1 2 3 4 5 6

S CENTRAL DE AR CONDICIONADO 10m²

10.00

2

VEST. FEMININO 41m²

E

E PALCO EXTERNO REVERSÍVEL 204m²

3

PALCO INTERNO 154m²

10.00

VEST. MASCULINO 41m²

4 S SALA DE ENSAIO 82m²

5.00

1 2 3 4 5 6

COXIAS

CAMARIM 15,4m²

CAMARIM 15,4m²

SALA DE ENSAIO 23m²

S 1 2 3 4 5 6

5

F

127


N 128

Planta de cobertura Bloco C Escala 1/250


PROJEÇÃO DA RAMPA

RUFO

RUFO

RUFO

I=3%

CALHA

I=3%

CALHA

I=3%

CALHA

CALHA

CALHA

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=3%

I=1%

I=3%

CALHA

I=3% RUFO

CALHA

CALHA

I=3%

CALHA

CALHA

I=3% RUFO

RUFO

129


A

B

C

D

E

F +6,00

+4,00

0,00

-2,00 -3,00 -4,00

Corte EE Escala 1/250 130


5

4

3

2

1 +6,00

+4,30

0,00

-4,00

Corte FF Escala 1/250 131


telha metálica térmica sanduíche com lã mineral

treliça plana h=80cm

marquise metálica sustentada por cabos de aço

arquibancada em concreto armado

painel acústico

esquadrias articuladas painéis opacos articulados

132

palco reversível

sistema estrutural

forro acústico linear em madeira

refletores

Como o bloco C possui dimensões menores, optou-se por um sistema estrutural mais econômico e de fácil e rápida execução. A cobertura será em telha sanduíche, composta por duas telhas metálicas trapezoidais e lã mineral entre elas. As treliças planas são apoiadas em pilares de concreto armado, seção circular Ø40cm. O forro acústico linear em madeira é modulado e removível, e por ser colocado escalonado, permitiu a instalação de refletores que iluminam o teatro e o palco, mesmo quando se abre para a praça. Nas laterais da arquibancada e aproveitando o desnível, foi estabelecido o subsolo, com instalações de salas de ensaio, camarins, e vestiários. A esquadria e o painel externo do teatro são articulados , podendo ser recolhidos para a total abertura do palco para o externo.


perspectivas internas Vista interna bloco C: Palco

133


c. perspectivas externas

134

Vista externa a partir da cobertura do bloco B


Vista externa a partir do deque, prรณximo ao farol

135


136

Vista externa da entrada do bloco B e da praรงa


Vista externa com o bloco C com esquadrias e painĂŠis abertos do palco reversĂ­vel em noites de eventos

137



.detalhes



a. chapa metálica perfurada 2,00m

1,00m

1,08m

2,00m

Brise deslizante Bloco B fachada oeste incidência solar alta 40% de abertura

6,30m

1,08m

mapa chave

fachada norte bloco A fachada sul bloco A fachada oeste bloco B

1,08m

2,70m

1,08m

N

Optou-se pelo uso de chapas metálicas perfuradas nos brises, pela possibilidade de perfurações variadas que permitem compor esteticamente um desenho de fachada. Por serem usadas na envoltória do edifício, auxiliam no controle da entrada de luz natural, reduzindo a radiação solar direta e difusa e melhorando o conforto térmico dos ambientes internos; aproveita a iluminação e ventilação natural, e favorece a integração visual do ambiente interno com o externo. Por serem associadas aos brises, funcionam hora como fachada ventilada (no caso os brises fixos do bloco A, hora como dispositivos móveis de proteção solar que podem ser ativados por automação (como é caso dos brises móveis do bloco A, e os brises deslizantes do bloco B). Com a intenção de proporcionar maior conforto térmico e aumentar a área de sombreamento nas fachadas que mais recebem insolação solar, foi feito um estudo de proporção de abertura dos furos na chapa para garantir maior eficiência do dispositivo, utilizando furos quadrados de 4mm, que além de darem dinamismo, reduzem a transmitância solar em determinados horários do dia devido a espessura da chapa. As chapas serão pintadas na cor cinza claro, para neutralizar as composições com as fachadas.

Brise móvel Bloco A fachada sul, maior incidência solar no período da tarde 40% de abertura

Brise fixo Bloco A fachada norte, menor insolação 70% de abertura

141


b. brise móvel bloco A

trilho

eixos deslizantes

Como visto anteriormente a fachada sul do bloco A recebe insolação solar com mais intensidade no período da tarde, quando o sol começa abaixar. A fim de manter os olhos abertos para o lago, optou-se por um sistema de brise articulado, que funciona como as esquadrias Bi-fold. Essa estrutura permite uma abertura mais ampla para o exterior, que em conjunto com as esquadrias de piso ao teto, liberam as visuais de dentro do edifício para a paisagem.

.50

1.08

.13

1.20

.10 .30 .10

corre

.30

.23

1.08

corre

1.08

4.50

1.08

A movimentação dos brises é feita a partir de uma sistema de automação que pode ser programado para diferentes ângulos de abertura, dependendo da demanda de entrada de luz no ambiente. As chapas perfuradas são fixadas em módulos 2,06m de largura, com trilhos nas laterais, pelos os quais os 3 eixos podem deslizar subir as chapas através de uma estrutura interna de contrapeso. O movimento das chapas é definido por 4 posições transitórias: 1. brises fechados 2. brises com inclinação de 15° 3.brises com inclinação de 30° 4.brises abertos com inclinação de 75°

1 142

Detalhes brises móveis Escala 1:75 (medidas em m)

2

3

4

Cada módulo possui uma estrutura independente, viabilizando a movimentação diferenciada dos brises e garantindo o dinamismo da fachada.


c. cobertura ecológica - bloco A

Por possuir uma grande área de cobertura, o bloco A apresenta a cobertura ecológica por toda sua extensão, e em conjunto possui uma área prevista para a instalação de placas fotovoltaicas que podem reter energia para as atividades do edifício.

6.0 7.1

13.1

vegetação de crescimento reduzido, resistentes ao vento e à geada.

substrato

Optou-se pela cobertura ecológica extensiva, pelas inúmeras vantagens que incluem a drenagem da água pluvial e o resfriamento da temperatura interna da construção. Outro ponto determinante da escolha, foi a baixa manutenção do sistema, com revisões mínimas de 1 a 2 vezes no ano, uso de vegetações pouco exigentes e tolerantes a seca, e pelo pouco peso e espessura que viabiliza a instalação em lajes de concreto com pouca inclinação.

folha de Filtro SF elemento de drenagem manta de proteção SSM construção de telhado com impermeabilização resistente à raiz

laje nervurada

Detalhe da cobertura ecológica Escala 1:5 (medidas em cm)

143


d. esquadria e painel opaco - bloco C

painel esquadria

1.

1. Simulação painéis opacos fechados

trilhos superiores

pivota

corre corre

3. Simulação painéis opacos e esquadrias abertos 144

Para estreitar essa relação com o exterior pensou-se em um palco reversível que permite que as apresentações vão além dos limites das paredes do teatro e estendam-se para a praça. Para permitir a abertura completa da fachada, optou-se por uma esquadria articulada, que pivota em um eixo mais a esquerda conectando sua outra extremidade a um trilho embutido no piso e outro trilho superior aparente, que permite que as folhas deslizem para as laterais, abrindo o edifício. Os painéis externos realizam o mesmo movimento, porém pivotam no próprio eixo.

2.

2. Simulação painéis opacos semiabertos

O palco do teatro está voltado para a praça e tem como fundo a paisagem do lago Paranoá. A esquadria que faz a vedação também enquadra e juntamente com a estrutura emolduram a paisagem, criando um ponto de visual para exterior de dentro do edifício.

3. Esquema de abertura das esquadrias e painéis

A fachada possui 3 movimentos: 1. painéis e esquadrias fechadas 2. painéis semiabertos e esquadrias fechadas 3. painéis e esquadrias abertas Os painéis são opacos para realizar o total fechamento do teatro quando necessário, além de vedar acusticamente o interior. A cor vermelha foi escolhida de forma a criar uma identidade visual para a edificação e ser um marco, ainda que mimético com a paisagem, para que possa ser visto de outros pontos da orla do lago Paranoá.


e. praça O piso da praça é formado por blocos de concreto drenante, que por ser mais poroso facilita o escoamento da água.

Dentro da modulação 5x5m, feita no inicio da ocupação do terreno, foram mapeadas algumas árvores que poderiam ser mantidas no projeto.

Por ser um material moldado in loco, possibilitou composição do desenho curvilíneo do piso que teve partido do desenho das curvas de níveis do terreno. No sentido longitudinal entre uma faixa e outra de concreto há uma faixa de grama, potencializando a absorção da pavimentação.

Logo foram criado núcleos de 5x5m em torno dessas árvores com um mobiliário urbano em L (bancos e mesas) para que as pessoas pudessem sentar sob a sombra e desfrutar do espaço e da paisagem.

banco em concreto

estrutura metálica para acabamento do assento

Isométrica mobiliário urbano sem escala

0,75

mesa em concreto

0,45

piso

A ciclovia é pavimentada em concreto liso e contínuo, com tonalidade semelhante ao piso drenante. A separação de fluxos é dada por uma linha de balizadores, que além de iluminar delimitam a área de tráfego de bicicletas e pedestres.

assento em madeira

mobiliário urbano

Na seção transversal do terreno foram colocadas marcações de piso na cor azul, que estão inseridas dentro da malha 5x5m, originária da implantação do complexo. Também são elementos sinalizadores que apontam em direção ao lago e fazem alusão a água.

Corte mobiliário urbano Escala 1:50 (medidas em m)

145


146

Perspectiva da praรงa


.referências bibliográficas

COSTA, Lucio. Brasília, cidade que inventei: Relatório do Plano Piloto de Brasília. Brasília: Arpdf, Codeplan, Depha, 1991.

FONSECA, Fernando Oliveira. Olhares sobre o Lago Paranoá. Brasília, DF: Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2001.

COSTA, Lucio. Brasília revisitada 1985/1987. Brasília: Revista Projeto de Jun. 1987. P. 115-122, 1986.

PLANEJAMENTO, ATP - Assessoria Técnica e de. Termo de referências para processo seletivo de estudo preliminar arquitetônico para equipamento de lazer sociocultural e desportivo. São Paulo: Concurso Sesc Limeira, 2017.

IPHAN. Portaria n° 314, de 08 de outubro de 1992. Brasília, 1992 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA e INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Portaria n° 166, de 11 de maio de 2016. Brasília: DOU n°91, de 13 de maio de 2016, seção 1. p. 31

Decreto n°10.829/87, de 14 de Outubro de 1987.

SEGETH. Termo de Referência para o Concurso para Masterplan da ORLA do LAGO PARANOÁ : Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação do Distrito Federal - Segeth, 2017

Lei n° 2.105/1998 – Código de Edificações do Distrito Federal, atualizado em 2015.

ABNT NBR 9050:2015 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.

Normas Técnicas do CBMDF.

MONOLITO: Sesc SP: arquitetura. São Paulo: Editora Monolito, Coleção Monolito n° 33, 2016 DIPRE/SUDUR/SEDUH. Caracterização da Orla do Lago Paranoá e seu Modelo de Desenvolvimento: perímetro tombado. Brasília, 2003. MEDEIROS, A. E. e FERREIRA, O. L.. Brasília and the Orla Project (from 1992 to 2017) an insight from the point of view of the cultural landscape and the cultural tourism: The Concha Acústica Cultural Pole. Brasília, 2017.

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