TFG - Projeto para a ampliação da sede de um grupo escoteiro

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Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Junho.2012

PROJETO PARA A AMPLIAÇÃO DA SEDE DE UM GRUPO ESCOTEIRO

Trabalho Final de Graduação Kathleen Martini Chiang Orientação: Fábio Mariz Gonçalves



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“O melhor meio de alcançar a felicidade é proporcionar aos outros a felicidade” Baden-Powell, fundador do Escotismo

“A arte da arquitetura não consiste apenas em fazer coisas belas - nem fazer coisas úteis, mas em fazer ambas ao mesmo tempo - como um alfaiate que faz roupas bonitas e que servem. E, se possível, roupas que todos possam usar, não apenas o Imperador.” Herman Hertzberger, arquiteto


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

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JUSTIFICATIVA

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O PROCESSO PARTICIPATIVO

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SOBRE O MOVIMENTO ESCOTEIRO

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SOBRE O GRUPO ESCOTEIRO CARAMURU

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ELABORAÇÃO E REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES PARTICIPATIVAS Atividade participativa com as Alcatéias Atividade participativa com as Tropas Escoteiras Atividade participativa com a Tropa Sênior Atividade participativa com o Clã Pioneiro

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O PROJETO PARA A AMPLIAÇÃO DA SEDE DO CARAMURU A situação atual O programa O partido O projeto Detalhes do projeto Plano diretor

49 50 60 61 63 108 116

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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AGRADECIMENTOS

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BIBLIOGRAFIA

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INTRODUÇÃO

Este trabalho é fruto de um tema de interesse pessoal: o Movimento Escoteiro. Colocando de uma maneira simples, a escolha desse tema veio da vontade de fazer algo que importasse para mim. De realizar uma escolha e acatar com todas as responsabilidades. Não demorou muito para perceber que realizar um trabalho sobre o lugar que me acolheu (e ainda acolhe) por dezessete anos fazia todo o sentido. A escolha do tema está diretamente vinculada ao meu papel como futura arquiteta, que é o de prover para a sociedade aquilo que a faculdade me ensinou nesses últimos anos. Juntamente com a minha formação acadêmica, a minha formação escoteira me ensinou a fazer o meu máximo para transformar onde vivemos num lugar melhor. Desde 1995, faço parte do Grupo Escoteiro Caramuru, onde cresci através de todas as fases escoteiras: fui lobinha, escoteira, guia e pioneira. Aos 21 anos, ingressei na chefia da tropa de escoteiros, onde programamos as atividades e os acampamentos para os jovens de hoje. Mesmo estando do “outro lado”, na posição de chefe, percebo que ainda tenho muito a aprender, não apenas pelos mais velhos que eu, mas principalmente pelos próprios escoteiros, que me surpreendem e ensinam a cada encontro. Fez muito sentido tomar o Caramuru como o tema do meu projeto, pois acredito que seja uma ótima maneira de começar a retribuir todo esse acolhimento para aqueles que só fizeram me incentivar por todos esses anos.

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JUSTIFICATIVA

No início do TFG I, pretendia realizar um projeto através da participação de todas as pessoas envolvidas no grupo escoteiro. Eu queria tratar com as pessoas e realizar um trabalho mais próximo da realidade – e da minha realidade. Um trabalho que proporcionasse a discussão, a evolução do projeto juntamente aos usuários. Para isso, no primeiro semestre, o trabalho se resumiu, basicamente, em buscar referências teóricas e entendê-las, de forma a aplicá-las dentro das atividades escoteiras. Houve um cuidado extremo em não interferir no dia-a-dia do grupo e não invadir suas dinâmicas, daí o esforço em traduzir o processo participativo para uma “linguagem escoteira”. É possível perceber que, apesar de ter abandonado esse processo participativo durante o desenvolvimento do projeto, ele foi fundamental para o reconhecimento do lugar e dos seus usuários, além de suas necessidades, o que gerou a base para o projeto. Sem esse primeiro estudo, não seria possível alcançar o resultado final. O motivo pelo qual essa metodologia não se consolidou se deu pelo fato de que este ainda é um trabalho acadêmico. Por mais que eu quisesse me aproximar da realidade e transformar a sede do grupo escoteiro, através de um projeto coletivo, não seria cabível envolver todas as pessoas e demandar um esforço que, a priori, só teria benefício direto para mim, visto que em momento algum o trabalho pretendeu sair do papel. Além disso, o meu interesse sempre foi em chegar no projeto final, no desenho e nos detalhes. De certa forma, o afastamento do grupo escoteiro foi positivo, pois eu consegui assumir a posição do arquiteto, e não apenas do usuário. Este distanciamento permitiu uma maior fluidez do trabalho.

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O PROCESSO PARTICIPATIVO Como dito, foi realizada uma pesquisa sobre os métodos de processo participativo, de forma a aplicá-los dentro do grupo escoteiro. Entendendo que o significado de “participar” é “fazer parte de”, o objetivo do chamado processo participativo é transformar não apenas o espaço em questão, mas os seus usuários, fazendo com que eles contribuam ativamente nas diversas etapas de projeto, inclusive após o seu término. Antes de entrar na questão do processo participativo, é importante compreender o conceito de participação e a sua importância nas dinâmicas na sociedade como um todo. 10

É possível dividir os usuários em dois grupos: os que participam passivamente e os que participam ativamente na sociedade. No primeiro caso, são aqueles inertes à tomada de decisões, não se envolvem nas questões que lhe dizem respeito e, de maneira geral, apenas acabam acatando à decisão final. No segundo caso, o cidadão é aquele que chamamos de “engajado”, aquele que opina, conversa, manifesta-se de forma a trazer sua vontade (ou a de um grupo menor) às considerações de cada questão. É natural do ser humano tomar decisões coletivamente, mesmo que suas necessidades sejam individuais. No que diz respeito ao grupo dos cidadãos ativos, é possível observar sua atuação em diversas escalas, por exemplo, nas decisões familiares, na associação de moradores do bairro, em sindicatos, no trabalho, na igreja e em partidos políticos.


O sociólogo Albert Meister classifica as diversas escalas de atuação em dois grandes grupos. A microparticipação envolve qualquer tipo de associação de duas ou mais pessoas em alguma atividade cujo propósito é comum a todos. Pode- se dizer que todo ser humano está incluso nesse grupo. Já a macroparticipação requer o envolvimento com uma visão mais abrangente, no que acerca a sociedade, isto é, atuar nas decisões e nos processos que, de fato, modificam a estrutura, as relações e as responsabilidades sociais. Nesse sentido, a macroparticipação implica num maior envolvimento, tanto quantitativo como qualitativo. Assim, a classificação de Meister está diretamente relacionada com a “participação” conceituada por Sátira Bezerra Ammann, onde a “participação social é o processo mediante o qual as diversas camadas sociais têm parte na produção, na gestão e no usufruto dos bens de uma sociedade historicamente determinada”. Para um melhor entendimento do processo participativo e suas diversas escalas de atuação, podemos citar a classificação de Bordenave para o envolvimento dos membros com relação aos dirigente de uma organização.

Gráfico ilustrativo da relação entre membros e dirigentes numa organização.

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1. Informação: existe apenas a passagem de informação pelos dirigentes para os membros sobre às decisões já tomadas; 2. Consulta: os dirigentes fazem uma consulta aos membros pedindo sugestões, críticas e informações para resolver determinada questão; 3. Elaboração: os membros têm a possibilidade de desenvolver algumas propostas e levá-las para a análise dos dirigentes; 4.

Cogestão: os membros e os dirigentes compartilham as informações e as decisões do grupo;

5. Delegação: os membros têm maior controle na organização porém, os dirigentes ainda possuem autonomia para tomar decisões em determinados casos; 6. Autogestão: os membros têm completa liberdade para determinar seus objetivos e determinar seus métodos de ação. A participação atinge o maior nível, pois não há dirigentes no papel da autoridade. 12

Com isso, a relação entre o(s) usuário(s) durante a elaboração do projeto pode existir em diversos níveis. Cabem a eles decidirem o quanto querem se envolver no processo. A meu ver, quanto maior essa interação, melhor o resultado final, sem contar com todo o aprendizado gerado no decorrer do trabalho. Embora a participação seja percebida como “poder cidadão” (ALINSKY, 1967), atualmente ela não é apenas isto, mas também é vista como troca de informações, resolução de conflitos, contribuição com o projeto e com o planejamento. A participação reduz o sentimento de anonimato, ao mesmo tempo que transmite para o indivíduo um maior nível de envolvimento com o projeto (SANOFF, 1999). Através do conhecimento aprofundado do problema, o indivíduo é encorajado a aprender a partir da percepção de novos ambientes e situações. É claro que a atuação na comunidade pode (e vai) ter um significado diferente para cada indivíduo: cabe a cada um decidir quando, como e onde ele quer participar. Ainda assim, do ponto de vista social, a participação social promove um maior encontro de necessidades e um uso efetivo dos recursos disponíveis na comunidade. Para o indivíduo, ela colabora com o sentimento de ter influenciado na tomada de decisões e também com a percepção de


suas consequências, desenvolvendo uma postura crítica e de aquisição de poder. Para a comunidade, proporciona na procura e na atuação mais eficiente dos objetivos comuns, nos maior diálogo e no crescimento do coletivismo. Logo, é evidente que a participação justifica-se por si mesma e não apenas por seus resultados. Nesse universo, o papel do arquiteto se expande de forma a ser o mediador entre os usuários, a discussão e a elaboração do projeto. O profissional deve estimular a confiança e o diálogo. Entendese como diálogo não apenas a conversa informal, mas também tentar compreender e respeitar a opinião dos outros, além de compartilhar as informações e as experiências já vividas. A variedade de indivíduos e suas diversas personalidades agregam algo para o grupo. No caso do processo participativo, é equivocado pensar que uma pessoa extremamente criativa pode substituir algumas pessoas mais ou menos criativas (SANOFF, 1990). Aqui, o importante é o fluxo de informações e a ação conjunta de todos os membros do grupo. A qualidade da “opinião profissional” consiste no conhecimento especial de um determinado assunto, que permite uma sensibilização individual, ou seja, a visão além do óbvio. Cabe ao arquiteto direcionar as qualidades de cada um para atividades específicas. No decorrer da participação da comunidade em determinado projeto é essencial o arquiteto fazer o papel de “tradutor” ou seja, captar as informações e traduzi-las para o desenho. Além disso, ele deve se fazer entender, explicando da maneira mais clara possível o que ele está propondo. As experiências de envolver os usuários no processo projetual indicam que a maior fonte de satisfação não é tanto o quanto as necessidades individuais foram atendidas, mas sim o sentimento de que as suas opiniões tiveram influência no resultado final. Infelizmente, em alguns casos o profissional se utiliza desse sentimento para criar uma ilusão de que as opiniões do cliente foram realmente consideradas. É fundamental entender que o processo participativo só é possível de ele for, de fato, consolidado. E isso também é função do arquiteto. Como foi previamente citado, intenção de realizar o processo participativo do início ao fim não foi concretizada. No entanto, esse estudo e os primeiros exercícios foram extremamente importantes para a coleta de dados (através das atividades escoteiras) e para a elaboração de um programa de necessidades do projeto. Antes de expor quais foram as atividades ministradas dentro do grupo escoteiro, vejo que é necessária uma apresentação do que é o Movimento Escoteiro e também o que é o objeto de estudo, o Grupo Escoteiro Caramuru.

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SOBRE O MOVIMENTO ESCOTEIRO Para melhor compreender o funcionamento, as dinâmicas e alguns conceitos utilizados no Movimento Escoteiro, faz-se necessária uma breve explicação de sua história e seus valores. Inclusive porque as atividades aplicadas no G.E. Caramuru – que serão abordadas mais adiante – foram adaptadas para fazerem parte de uma atividade escoteira.

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O escotismo, fundado em 1907 por Lorde Robert Stephenson Smyth Baden-Powell – ou B.P. apenas – é um movimento mundial, educacional, voluntariado, apartidário e sem fins lucrativos. A sua proposta é o desenvolvimento do jovem através de um sistema de valores que prioriza a honra, baseado na Promessa e na Lei Escoteira, e através da prática do trabalho em equipe e da vida ao ar livre, fazer com que o jovem assuma seu próprio crescimento, valorizando a sua participação construtiva na sociedade, além de aprender na prática os conceitos de fraternidade, lealdade, altruísmo, responsabilidade, respeito e disciplina. Na prática, o escotismo se baseia no Método Escoteiro, que é um sistema de progressão cuja intenção é “estimular o desenvolvimento dos interesses e capacidades de cada jovem. Ele faz isso colocando desafios a serem superados, aventuras, incentivando a explorar, a descobrir, a experimentar, a inventar e a criar a capacidade de achar soluções; mas sempre respeitando-os individualmente e suas barreiras”. O Método Escoteiro possui cinco pilares:


1. Aceitação da Lei e da Promessa Escoteira: é assumir voluntariamente um compromisso, um código de comportamento e vida; 2. Aprender Fazendo: é o aprendizado através da prática, que valoriza a autonomia, a autoconfiança e a atitude individual; 3. Vida em Equipe: é o chamado “Sistema de Patrulhas”, a integração entre os escoteiros, que incentiva o trabalho coletivo, além de desenvolver as capacidades de liderança e cooperação; 4. Atividades Progressivas, Atraentes e Variadas: são as atividades em que os valores e ensinamentos do escotismo são postos em prática, de uma forma que os jovens entendam e sejam estimulados; 5. Desenvolvimento Pessoal com Orientação Individual: é o acompanhamento pelo chefe escoteiro de cada jovem, identificando suas qualidades e deficiências, para que haja um bom direcionamento das potencialidades de cada um, além de incentivar a superação dos seus desafios; O Escotismo está dividido em dois momentos, entre “membro juvenil” e “adulto”, de acordo com a faixa etária e a própria evolução do indivíduo dentro do Movimento.


Quando se é um membro juvenil, há uma subdivisão em quatro Ramos: 1.

O Ramo Lobo

É composto por crianças entre os sete e dez anos de idade e caracteriza-se pela temática da fantasia, que serve para desenvolver a proposta do Movimento Escoteiro de forma compreensível para as crianças nessa faixa etária, através de imagens, de personagens, da imaginação, de histórias infantis, etc.

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O Ramo Lobo se baseia na obra de Rudyard Kipling, “O Livro da Jângal”, mais precisamente nas aventuras de Mowgli, o “menino-lobo”, que vive na floresta, junto aos animais. São dessas histórias que se mostram os valores e modelos a imitar ou a rejeitar, relacionando a ficção com situações reais. No geral, é formada uma Alcateia, composta por 24 lobinhos(as) que são divididos entre matilhas (cada matilha possui uma cor específica). As matilhas proporcionam o melhor diálogo entre as crianças, além de criar uma hierarquia interna que exercita a liderança e a responsabilidade, visto que sempre há um líder (o “primo” ou “prima”, os mais velhos da matilha) e um ajudante (o segundo-primo” ou “segunda-prima”). No Caramuru, existem quatro Alcateias, duas masculinas e duas femininas. O lema do Ramo Lobo é “Melhor Possível”.


2.

O Ramo Escoteiro

É composto por jovens de 11 a 14 anos e é desenvolvido através da temática da aventura. Aqui, três pontos principais da vida de um jovem são traduzidos na forma de organização e programação do Ramo: o gosto por explorar, o interesse em conquistar um espaço próprio e a satisfação de pertencer a um grupo de amigos. Baseado no Sistema de Progressão Pessoal, os escoteiros se desenvolvem em seis aspectos gerais: físico, afetivo, do caráter, intelectual, espiritual e social. Essas seis áreas são expostas através de atividades que incentivam o crescimento do jovem e permitem a auto-avaliação de cada um. O Ramo Escoteiro é organizado através, de tropas, compostas por 32 escoteiros(as) divididos em patrulhas, que levam nomes de animais, estrelas ou constelações. Cada patrulha possui um líder (o “monitor” ou “monitora”), eleito por votação interna da patrulha e um ajudante (o “submonitor” ou “submonitora”). Dentro das patrulhas, cada elemento possui uma função, de forma a, desde o início, desenvolver a responsabilidade e a liderança do jovem. No Caramuru, são quatro tropas, duas masculinas e duas femininas. Todas as patrulhas possuem nomes de animais. O lema do Ramo Escoteiro é “Sempre Alerta”.

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3.

O Ramo Sênior

É formado por jovens de 15 a 17 anos e é desenvolvido através da temática do desafio. Nessa faixa etária, intensifica-se o processo de formação da identidade pessoal, por isso o jovem testa os seus limites, aprimora suas características e prepara-se para o mundo.

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Assim como o Ramo Escoteiro, o Ramo Sênior também se baseia no Sistema de Progressão Pessoal, no entanto as áreas de desenvolvimento são trabalhadas em atividades que refletem o interesse do jovem de 15 a 17 anos. Da mesma forma, a organização se dá por tropas compostas por 24 sêniores (rapazes) ou guias (moças), divididos em patrulhas que levam o nome de acidentes geográficos ou de tribos indígenas nacionais. O monitor ou monitora é eleito(a) pela patrulha e é ele quem escolhe o seu submonitor. No Caramuru, há uma tropa de sêniores (cujas patrulhas tem nomes de picos montanhosos) e uma tropa de guias (cujas patrulhas tem nomes de tribos indígenas). O lema do Ramo Sênior é “Sempre Alerta”.


4.

O Ramo Pioneiro

É formado por jovens de 18 a 21 anos e é desenvolvido através da temática do serviço. Nos dias de hoje, percebe-se que o jovem assume o papel de adulto tardiamente, principalmente por causa do prolongamento da educação. Assim, ele possui características do que é chamada a “adolescência tardia”, tais como: a contínua exploração para a construção da identidade pessoal, a transição entre jovem e adulto, a expectativa e esperança por novas possibilidades, o desenvolvimento do diálogo e da reflexão, o pensamento crítico, a melhora da autoestima, a importância do trabalho, da cultura e dos meios de comunicação e o fortalecimento das relações interpessoais. Assim, no Ramo Pioneiro é desenvolvido o serviço para com a comunidade, através da progressão pessoal do pioneiro, da definição do propósito de cada indivíduo inserido no contexto de sua sociedade. O Ramo Pioneiro possui um diferencial pois nele não há uma divisão interna, como acontece nas tropas e Alcateias. Aqui existe um Clã Pioneiro, que é coordenado por uma comissão (formada pelos próprios jovens), mas onde todos são iguais. O que acontece é a formação de “equipes de interesse” que funcionam de acordo com determinada pesquisa ou projeto. A existência de tais projetos é necessária para o bom funcionamento do Clã, uma vez que a sua vitalidade depende da atitude e vontade pessoal do pioneiro, realizadas pela coletividade. Outra grande diferença no Ramo é a existência de um “Mestre” e não um “chefe” (que atua nos outros Ramos). O Mestre é um guia, um conselheiro e não um chefe que vai organizar as atividades do Clã. Quem possui esse papel são os próprios pioneiros. Pela sua organização diferenciada, há apenas um Clã Pioneiro no grupo. No Caramuru, ele se chama Carpe Diem. O lema do pioneiro é “Servir”.

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Quando o jovem completa 21 anos, se tiver vontade, ele pode se tornar um “membro adulto”, porém estes não necessariamente são antigos membros juvenis. O adulto pode ser: - Escotista: aquele que, capacitado por cursos de formação, possui um cargo ou função cujos beneficiários diretos são os membros juvenis. Os escotistas podem ser os chefes de seção (tropa ou Alcateia), assistentes de chefia, mestres pioneiros, instrutores e auxiliares.

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- Dirigente: aquele que possui cursos de formação destinados a cargos burocráticos, tais como Diretoria, Comissão Fiscal e Assembléia, todas em nível local, regional e nacional.


SOBRE O GRUPO ESCOTEIRO CARAMURU O Grupo Escoteiro Caramuru foi fundado em 1953 e contava com 14 escoteiros e 5 chefes, que encontraram nos ideais do Escotismo uma maneira de integrar a comunidade nipo-brasileira. Com o passar do tempo, o grupo foi crescendo e atualmente conta com mais de 350 membros, entre jovens, escotistas e dirigentes. As reuniões do grupo são realizadas uma vez por semana (aos sábados) na sede, situada no bairro da Aclimação. Até a aquisição da sede atual, o Caramuru passou por cinco locais diferentes, sendo que todos eles eram alugados ou cedidos por outras entidades. Em 1978, a instabilidade pela constante mudança de endereço e o crescimento gradativo do grupo trouxeram à tona a vontade de adquirir uma sede própria. Para isso, foi fundamental a presença da AAEEC – Associação dos 21 Antigos Escoteiros e Escotistas Caramuru – que viabilizou a compra de dois terrenos de 6m x 50m, na rua José do Patrocínio, atual endereço do grupo.

Fotos das antigas sedes do Grupo: na rua São Joaquim, na rua Frederico Alvarenga e na rua Muniz de Souza, respectivamente.


A construção da nova sede contou com a participação de todos os membros do grupo escoteiro, de diversas formas: na elaboração do projeto arquitetônico, na demolição das construções existentes, na limpeza do terreno para o início das obras e na arrecadação de fundos (através de rifas, eventos, doações, etc. A construção foi realizada em duas etapas, de acordo com a quantidade de recursos efetivos. Em novembro de 1981, foi inaugurada a sede do Caramuru. 22

Devido às dimensões do terreno e à quantidade de pessoas, fez-se necessária a verticalização. Totalizando 650m2 de área construída, o resultado final foi um prédio de três pavimentos, com o térreo livre e pé-direito generoso. Nos fundos do terreno, foi feita uma edícula. Em 1985, o grupo comprou o terreno adjacente, onde havia um cortiço. Após a demolição das edificações existentes, o terreno tornou-se parte da sede, onde foi montada apenas uma estrutura de galpão (para o caso de chuvas), ampliando a área livre disponível no térreo.


Membro Juvenil Ramo Lobo

Escoteiro

Sênior Pioneiro

Seção I Alcateia II Alcateia IV Alcateia V Alcateia Tropa I Tropa II Tropa III Tropa IV Tropa Guia

descrição Branca, Castanha, Preta, Vermelha Branca, Cinza, Preta, Vermelha Branca, Cinza, Preta, Vermelha Branca, Cinza, Preta, Vermelha Guará, Puma, Touro, Urso Tigre, Leão, Cão, Pantera Acará, Ariranha, Raposa, Tucano Águia, Biguatinha, Esquilo, Lobo Apiaká, Karajá, Juruna, Waimiri

Tropa Sênior Clã

K2, Everest, Mowdok, Kilimanjaro Carpe Diem

elementos ativos 24 33 35 40 42 31 33 25 33 33 42

Membro Adulto Escotistas e dirigentes Tabela com os membros ativos do GE Caramuru, no primeiro semestre de 2012. Não há registro de contagem de membros das associações dentro do Grupo, tais como AAEEC, Comissão de Mães e Artesanato. obs: antigamente, havia a III Alcateia. Porém, ela foi desligada por falta de elementos e chefia.

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DIAGNÓSTICO DA SEDE

Através da própria organização do Escotismo, é possível dividir os espaços da sede em dois grandes conjuntos: os de uso coletivo e os de uso “pessoal”. Os espaços coletivos são aqueles ocupados por quaisquer membros, muitas vezes ao mesmo tempo. Atualmente, são três lugares que possuem essa característica: o térreo, o salão de reuniões no segundo andar e a área livre no terceiro andar.


Enquanto isso, os espaços “pessoais” seriam aqueles destinados para o uso exclusivo dos diversos subgrupos dentro do grupo escoteiro. São eles: - o canto das quatro Alcateias: fica no terceiro pavimento do edifício. Lá fica armazenado todo o material utilizado pelo Ramo, além de possuir um espaço (apesar de muito pequeno) que permite a realização de atividades mais tranquilas. Como estão isolados no último andar, as Alcateias fazem suas atividades lá mesmo, dentro do canto e na área exterior à ele. - os cantos das patrulhas escoteiras: devido à própria característica da Tropa Escoteira, fazse necessária a divisão das patrulhas entre seus cantos. Localizado no primeiro pavimento do prédio, o canto de cada patrulha reflete sua identidade, através das cores, das lembranças e troféus nas paredes. É um ponto de encontro e refúgio dos escoteiros, além de ser o local onde eles armazenam o seu material de acampamento.


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- o canto das Tropas Sênior e Guia: apesar da estrutura similar à Tropa Escoteira, no Caramuru os sêniores e as guias dividem o segundo andar da edícula, não havendo a divisão do espaço por patrulhas, apenas por tropa. No entanto, o compartilhamento da sala é benéfico, visto que as duas tropas muitas vezes fazem atividades em conjunto. São ambos que coordenam e organizam a Festa Junina do grupo. - a caverna do Clã Pioneiro: localiza-se no primeiro andar da edícula e é um lugar muito importante para eles, já que é ali onde os pioneiros realizam a maioria de suas atividades. Entretanto, a quantidade de material que o Clã possui, somado à pequena área disponível, acaba limitando os seus tipos de uso.


- a sala do Radioamador: localizado ao lado do canto das Alcateias, a sala é extremamente pequena para as áreas de trabalho e para os equipamentos do radioamadorismo (ou radioescotismo). Por ser uma área de interesse para alguns escoteiros, a quantidade de pessoas que utiliza a sala varia da acordo com a procura. - a sala da secretaria e diretoria: no segundo pavimento do prédio, é na secretaria onde se encontram todos os documentos referentes ao grupo, além de alguns computadores para o uso de todos. Também possui uma pequena sala para reuniões. Sua atual localização é desfavorável, pois o único acesso é por escadas e próximo à sala não há espaço suficiente para a circulação e espera de pessoas. - a sala da AAEEC: durante a semana, um responsável da Associação trabalha na sala e, eventualmente aos sábados, realizam-se reuniões no espaço. Neste último caso, há um conflito com o Clã Pioneiro, pois ele divide o mesmo andar da edícula, sem barreiras físicas que delimitam o espaço de cada um.

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- a sala do Artesanato: o Artesanato é composto por um grupo de mães de escoteiros que se encontram aos sábados e fazem diversos trabalhos ao longo do ano que são vendidos no Bazar Beneficente do grupo. A sala localiza-se no térreo, numa construção irregular (não respeita o recuo frontal do terreno) e, apesar de possuir aberturas, é muito escuro, o que acaba exigindo o uso intermitente de iluminação artificial.

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- a sala da Comissão de Mães: outro grupo de mães (e alguns pais) que se reúne aos sábados e possui uma programação variada: desde atividades culinárias até palestras de diversos temas. Juntamente com os pioneiros, a Comissão coordena anualmente o Bazar Beneficente Caramuru. Localizada no térreo, ao lado da cantina, muitas vezes acaba utilizando o espaço exterior à sala, pois esta não comporta a quantidade de pais envolvidos e nem a dinâmica das atividades. Isso acaba gerando uma obstrução no fluxo da área livre do térreo. - a cantina: gerenciada através de um rodízio de pais, a cantina fica no térreo e funciona aos sábados, durante o período de reunião dos Ramos. Apesar de ficar em frente à uma área livre, não chega a incomodar o fluxo de pessoas e as atividades, pois seus picos de funcionamento coincidem justamente com os intervalos entre as reuniões.


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ELABORAÇÃO E REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES PARTICIPATIVAS

Durante o TFG I, foram realizadas atividades dentro do grupo escoteiro que possibilitassem a identificação das necessidades dos seus usuários. A metodologia utilizada para programá-las baseouse na leitura sobre a teoria do processo participativo apresentadas anteriormente – principalmente nas publicações de Henry Sanoff, experiente arquiteto engajado na participação comunitária – e no conhecimento sobre as dinâmicas do Movimento Escoteiro. Após a aprovação da Diretoria do grupo, foi apresentada para todos os Ramos atividades próprias para cada um. A seguir, estão as propostas dessas atividades e seus respectivos relatórios.

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ATIVIDADE PARTICIPATIVA COM AS ALCATÉIAS

Proposta enviada para a chefia, no dia 03.maio.2011

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“ENFOQUE: Tendo em vista a idade dos(as) lobinhos(as), acredito que a atividade deve ser a mais dinâmica e simples possível. A intenção é abordar a percepção que os elementos têm da sede. Para isso, é necessário que os(as) lobos(as) mostrem, a partir de desenhos e/ou modelos volumétricos, como eles(as) enxergam o Caramuru. A partir dessa proposta, será pedido que eles(as) identifiquem os lugares: - de brincar (atividades mais dinâmicas) - de estar (atividades mais “calmas”) - para ficar com os amigos - para ficar sozinho/se esconder - preferidos e por quê - que não gostam e por quê - etc. Depois disso, cada um deverá explicar, com suas palavras, o seu desenho.


ORGANIZAÇÃO: A meu ver, existem duas maneiras de executar a atividade: 1. individualmente, por matilhas: nesse caso, cada elemento faria seu próprio desenho (não haverá a possibilidade de fazer a maquete, pela questão do tempo) e depois faria a apresentação para a sua matilha. 2. por matilhas: cada matilha faria um desenho ou uma maquete apenas e depois apresentaria para toda a Alcateia. Apesar desta maneira ser mais rápida, existe a possibilidade de apenas alguns elementos das matilhas trabalharem e opinarem, enquanto outros não o fariam, por vergonha, preguiça, etc. Sobre o desenvolvimento e a apresentação, o ideal era que houvesse um chefe para cada matilha (caso não haja, acho que podemos pedir ajuda aos Pioneiros), observando todo o processo, fazendo anotações (caso seja feito por matilhas, a discussão dos elementos durante a execução é tão importante quanto o produto final) e vendo da apresentação (caso seja feita individualmente). Material necessário: lápis de cor, giz de cera, canetinhas, cartolinas, massinha, lego, tesoura, fita adesiva, etc. Tempo: 10 minutos para a explicação da atividade; 20 minutos para o desenvolvimento; e 20 para a finalização.”

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Relatório das atividades realizadas nos dias 07 e 14.maio.2011 A atividade foi feita apenas com a IV e V Alcateias, nos dias 07 e 14 de maio de 2011, respectivamente.

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Percebi que as lobinhas mais novas são muito influenciadas pelas mais velhas, umas vez que estas têm mais iniciativa, menos vergonha e acabam falando mais. Por exemplo, quando o chefe da V Alcateia explicava a atividade (pedindo para que elas desenhassem o lugar que mais gostavam e que menos gostavam), uma das lobinhas gritou “cantina” e “banheiro”. Todas caíram na risada e isso refletiu no resultado dos desenhos. Foi decidido que os desenhos seriam feitos por matilha, e não individualmente, pelo fato de essa ser a sua própria organização. Das oito matilhas, seis elegeram a cantina o lugar mais legal da sede. As duas restantes mostraram a entrada e o pátio da Alcateia (o que elas chamam da área livre no terceiro andar) como seus favoritos. A matilha Preta-IV explicou que a entrada possui um espaço onde é possível brincar e, depois da atividade, dá para sentar nas muretas e nas escadas enquanto comem um lanche e esperam seus pais buscá-las.


Já a matilha Preta-V disse que o pátio da Alcateia é um lugar importante pois só as lobinhas e lobinhos o utilizam, sendo possível brincar à vontade, sem precisar competir com os escoteiros pelos espaços do térreo. Aqui, observa-se que mesmo sem querer, os mais velhos (e maiores) acabam dominando o térreo e os menores acabam se “refugiando” no terceiro andar, que não comporta a dinâmica das quatro Alcateias. Ao desenhar o lugar que elas menos gostavam, o vencedor foi a escada. As matilhas justificaram que é muito cansativo subir todos os andares e que, durante o processo, as pessoas acabavam se machucando. Tendo em vista o perfil dessa faixa etária, é evidente que as crianças se machucam mais, pois estão sempre correndo e pulando, mesmo em lugares mais críticos, como a escada. Talvez o último andar não seja a melhor escolha para alocar o canto das Alcateias. Apesar da forte influência que as lobas mais velhas exercem nas mais novas, isso acaba sendo inevitável e de certa forma natural, mesmo no decorrer de outras atividades. Acredito que o resultado final foi positivo, pois nas apresentações as matilhas se organizaram para que todas falassem, então todas participaram. Além disso, muitas fizeram comentários pertinentes sobre a sede, principalmente durante o tempo em que estavam desenhando. A organização por matilha criou um ambiente mais confortável para que todas dessem sua opinião.

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ATIVIDADE PARTICIPATIVA COM AS TROPAS ESCOTEIRAS

Proposta enviada para a chefia, no dia 02.junho.2011

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“ENFOQUE: O objetivo é abordar a percepção que os elementos têm da sede. Para isso, é necessário que os(as) elementos(as) definam, por patrulha, a maneira como eles(as) enxergam o Caramuru. A partir dessa proposta, será pedido que eles(as) identifiquem: - um lugar importante - um lugar convidativo/acolhedor/bonito - um lugar repulsivo/feio - um lugar legal - um lugar chato - um lugar cheio - um lugar vazio Por patrulha, eles devem discutir e encontrar um lugar para cada item acima, de maneira que não haja lugares repetidos. É essencial também que eles expliquem, com suas próprias palavras, porque escolheram tais lugares.


Depois dessa parte, será pedido para que eles elaborem um pequeno caça ao tesouro com os lugares que eles determinaram. Cada jogo do caça será distribuído entre as patrulhas, de forma que uma patrulha fará o caça da outra. ORGANIZAÇÃO: A atividade deve ser sempre feita por patrulha, de maneira que todos colaborem durante a discussão e a elaboração das pistas. A primeira parte será feita por tropa, sendo que as “respostas” e as pistas sejam entregues para a chefia. No sábado seguinte, faremos a atividade conjunta, entre Tropas 1 e 2 e entre as Tropas 3 e 4.”

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Modelo da primeira “carta prego” entregue para as patrulhas na atividade “Olá, escoteiros! A sede do nosso grupo é muito importante para nós, pois é aqui que nos reunimos toda semana para fazer atividades, aprender coisas novas, encontrar os amigos, enfim, tudo o que o Escotismo nos ensina para que possamos ser pessoas melhores! É na sede também que guardamos todo o material de acampamento e realizamos festas e eventos, como o Bazar e a Festa Junina. De certa forma, podemos dizer que a sede do Caramuru é como a extensão da nossa casa. No entanto, precisamos sempre cuidar da sede para que ela seja sempre um lugar agradável, bonito e acolhedor, ou seja, para que a sede seja realmente um lugar onde a gente se sinta em casa! Por isso, preciso da ajuda de vocês, escoteiros! Preciso que vocês me ajudem a listar alguns lugares do Caramuru, de acordo com as características abaixo. 38

- um lugar importante - um lugar convidativo/acolhedor/bonito - um lugar repulsivo/feio - um lugar legal - um lugar chato - um lugar cheio - um lugar vazio Através do Sistema de Patrulha, conversem entre si e definam um lugar para cada item da lista. A idéia é que haja um lugar para cada item, ou seja, não é permitido repetir o mesmo local em itens diferentes! É importante que a Patrulha discuta e decida coletivamente quais são os lugares e explique, com suas próprias palavras, o porquê de os ter escolhido! Quando terminarem essa lista, procurem a chefia, que estará com a próxima tarefa para ser feita! Sempre Alerta!”


Modelo da segunda “carta prego” entregue para as patrulhas na atividade “Olá, escoteiros! Agora que vocês já escolheram quais os lugares, na opinião da Patrulha, têm as características da lista, podemos partir para a próxima etapa! Com esses lugares que a Patrulha elegeu, vocês terão que elaborar um pequeno Caça ao Tesouro.A chefia dará total liberdade para a Patrulha elaborar as pistas e decidir a ordem do Caça. Para ajudá-los, segue um exemplo. Se fosse na minha casa, suponha que os lugares escolhidos sejam: - sala de estar - meu quarto - quarto dos meus pais - cozinha - lavanderia - banheiro - sala de jantar Depois de fazer uma pista para cada um desses cômodos, eu tenho que determinar a ordem do caça, que poderia ser essa: 1. banheiro 2. sala de estar 3. lavanderia 4. cozinha 5. meu quarto 6. sala de jantar 7. quarto dos meus pais Ou seja, a pista que eu fizer para a “sala de estar” tem que estar escondida no “banheiro”, a da “lavanderia” na “sala de estar” e assim por diante. Depois que a Patrulha terminar de fazer o Caça, vocês devem entregar as pistas para a Chefia, já na ordem e indicando onde as pistas devem ficar. Aguardem a próxima tarefa! Sempre Alerta!”

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Relatório das atividades realizadas nos dias 11 e 18.junho.2011 No dia 11 de junho de 2011 foi realizada a atividade com as tropas escoteiras, cada uma durante seu horário normal de reunião: pela manhã com as Tropas III e IV e à tarde com as Tropas I e II.

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Devido à própria organização do Ramo, houve um afastamento por parte dos chefes durante a execução da atividade. Isso porque a passagem de informação se dá de chefe para monitores e dos monitores para o restante da patrulha ( é o que chamamos de Sistema De Patrulha). Assim, o monitor assume a posição de líder e detentor da informação, é ele quem vai explicar a atividade e quem vai distribuir as tarefas. No caso desta atividade, o objetivo primeiro era gerar uma folha de respostas a partir da discussão de cada patrulha sobre o tema. Logo após, as patrulhas deveriam montar um jogo de caça ao tesouro, que seria realizado por outra patrulha. Foi necessário criar um objetivo final para a atividade, além da própria discussão. Apesar de ser ela o meu objeto de interesse, para eles isso era só uma das etapas, onde mais tarde eles descobririam que suas respostas seriam base para a elaboração das pistas.

Exemplos das pistas do Caça ao Tesouro elaborado pela patrulha Pantera.


No sábado seguinte, dia 18 de junho, as patrulhas fizeram o caça ao tesouro que a outra havia planejado. Percebi que o nível de satisfação de cada patrulha variou de acordo com a execução do jogo que lhes foi dado, isto é, se o caça estava muito fácil ou muito difícil e isso dependeu do perfil, da iniciativa e da disposição das patrulhas. Com relação à primeira etapa da atividade, as respostas foram variadas, porém mostram um padrão. Por exemplo, na questão do lugar mais importante, a grande maioria elegeu o canto de sua respectiva patrulha. Também foi citada a área livre do térreo, na qual ninguém se mostrou descontente pela quantidade de espaço (o que vai de acordo com as respostas dadas pelas lobinhas). Ao mesmo tempo, duas patrulhas indicaram o terceiro andar como um lugar chato de ficar, já que lá o espaço é bastante restrito, mesmo para as Alcateias. Muitas patrulhas citaram o almoxarifado – depósito de materiais que fica no mezanino da cantina e da Comissão de Mães – como um lugar sujo, pois lá há muita bagunça. No entanto, não foi explicado o motivo da falta de organização.

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ATIVIDADE PARTICIPATIVA COM A TROPA SÊNIOR

Proposta enviada para a chefia, no dia 03.maio.2011

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“ENFOQUE: A intenção é abordar a percepção que os elementos têm da sede. Para isso, a é necessário que os sêniores definam e caracterizem os diversos espaços da sede do Caramuru. A partir dessa proposta, serão fornecidas fotos dos espaços da sede. Paralelamente, haverá uma lista com diversos conceitos para caracterizar esses lugares, tais como: - ativo/passivo - tamanho apropriado/tamanho inapropriado - atraente/feio - sujo/limpo - tranquilo/caótico - boa acústica/má acústica - boa iluminação/má iluminação - boa ventilação/má ventilação - fedido/cheiroso/sem cheiro - com função definida/sem função definida - pequeno/grande - aberto/fechado - organizado/desorganizado - agradável/desagradável


- silencioso/barulhento - importante/irrelevante - alegre/triste - divertido/sério - etc. Não é necessário escolher apenas um conceito por espaço. Depois desta primeira parte, eles deverão escolher 5 espaços e propor algum tipo de mudança que melhore o “status” atual, que eles mesmos determinaram. Finalmente, haverá uma apresentação das propostas para todos. ORGANIZAÇÃO: Acredito que podemos manter a organização por patrulha, assim a atividade fica mais dinâmica e gera a discussão entre os elementos. Apenas a apresentação seria feita para a tropa toda. Sobre o desenvolvimento e a apresentação, o ideal seria que houvesse um chefe para cada patrulha, observando todo o processo, fazendo anotações, mas sem direcionar a discussão ou impor suas opiniões. Como dispomos de poucos chefes, pode ser feito um rodízio entre as patrulhas. Material necessário (disponibilizado por mim): fotos reveladas, papel, lápis e canetas. Tempo: 10 minutos para a explicação da atividade; 20 minutos para o desenvolvimento; e 20 para a finalização.”

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Relatório da atividade realizada no dia 07.maio.2011 A atividade com os sêniores foi feita no dia 07 de maio de 2011 e seguiu os mesmo moldes de organização da Tropa Escoteira, através do Sistema de Patrulha. Porém, a abordagem foi diferente, uma vez que foi solicitado que eles refletissem sobre os diversos espaços da sede preestabelecidos. Fotos desses lugares foram distribuídas entre as patrulhas, direcionando a discussão.

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Consegui observar duas coisas interessantes. A primeira foi o fato de que, em alguns casos, as patrulhas não conseguiram identificar os ambientes das fotos, não porque não os conheciam, mas porque não os frequentavam. É o caso do almoxarifado, do terceiro andar e da AAEEC. O segundo ponto é que todos perceberam, pelas fotografias, a falta de organização da sede no geral. A partir daí, durante a conversa entre a tropa inteira, foi concluído que a bagunça era fruto do nosso próprio descuido e que isso deveria ser melhorado.


Os sêniores avaliaram a atividade como “interessante” e “diferente”, porém “parada” e “cansativa”. É verdade que foi uma atividade fora do padrão do Ramo Sênior, mas em nenhum momento eles deixaram de participar ou a fizeram de má vontade, pelo contrário, se mostraram ativos e abertos à discussão. Talvez uma outra maneira de realizá-la seria simular uma visita guiada, onde cada patrulha mostrasse aos “visitantes” os diversos locais da sede, caracterizando-os.

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ATIVIDADE PARTICIPATIVA COM O CLÃ PIONEIRO Relatório da atividade realizada no dia 21.maio.2011 A atividade com o Clã Pioneiro foi executada no dia 21 de maio de 2011 e foi bastante diferente das aplicadas nos outros Ramos. A dinâmica se deu através de dois momentos: o primeiro foi uma conversa informal onde os pioneiros apontavam suas percepções dos espaços da sede, citando suas características, pontos positivos e negativos.

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Num segundo momento, os pioneiros dividiram-se três grupos, em que lhes foi pedido que elegessem um lugar ou situação problemática da sede e encontrassem uma solução para tal. No processo de brainstorm, os grupos desenvolveram suas ideias e chegaram às conclusões. Foi incrível que, nos três casos, apontaram questões que já haviam sido ilustradas nos outros Ramos e, mesmo com três respostas diferentes, todas podiam ser relacionadas ou complementadas umas com as outras.


Todos perceberam que o grande problema da sede não é a falta de espaço, mas sim o mau uso dele. Por exemplo, a desorganização acaba diminuindo a área útil da sede. Mais uma vez, foi dito que essa situação é de responsabilidade dos próprios usuários. Os pioneiros também apontaram a necessidade de um canto maior para as Alcateias e para o próprio Clã. Foi falado também que não seria de todo mal aumentar as áreas livres, em especial as áreas verdes. Uma das equipes sugeriu que se plantassem uma árvore na sede. Acredito que essa atividade foi bem sucedida, pois o diálogo com os pioneiros é facilitado principalmente por causa da faixa etária em questão. Os membros do Clã possuem uma postura mais crítica e tendem à gostar da discussão, de criar projetos. No final, estavam todos animados com a possibilidade de mudança e a perspectiva de uma postura mais proativa não só deles, mas do grupo como um todo.

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O PROJETO PARA A AMPLIAÇÃO DA SEDE DO CARAMURU

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A SITUAÇÃO ATUAL Praça Rosa Alves da Silva

50

EMEI Dona Ana Rosa de Araújo

sede do GE Caramuru: Rua José do Patrocínio, 550

Metrô Ana Rosa

Terminal Rodoviário Ana Rosa

0

50

100

200

300

400

500


Para a realização do projeto é fundamental o entendimento da legislação vigente. Segue abaixo a tabela com as implicações da região aonde se encontra o Caramuru. coeficiente de aproveitamento características da zona de uso

ZM - ALTA DENSIDADE

características de dimensionamentos e ocupação dos lotes

recuos mínimos (m) fundos e laterais

zona de uso mínimo básico máximo

ZM-3a/09 Chácara do Castelo

0,20

1,00

2,00

taxa de ocupação máxima

0,50

taxa de permeabilidade mínima

lote mínimo (m2)

0,15

125,00

frente mínima (m)

5,00

gabarito de altura máximo (m)

frente

sem limite

5,00

Tabela retirada do Quadro 04 do Livro XII - Anexo à Lei nº 13.885, de 25 de agosto de 2004

A sede do Caramuru está no bairro da Aclimação e seu terreno possui 30 metros de frente por 50 metros de fundo. A partir do levantamento da sede, foi possível identificar algumas irregularidades nos espaços, basicamente casos que não respeitam os recuos exigidos pela legislação.

altura da edificação menor ou igual a 6,00m

altura da edificação superior a 6,00m

-

3,00

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8 6

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5

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10 12

11

2

9

11


Planta baixa_térreo 1. Entrada principal 2. Palco 3. Depósito 4. Cantina 5. Sala da Comissão de Mães 6. Sanitários 7. Térreo livre coberto (cota 0,00m) 8. Térreo livre descoberto (cota 0,00m)

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9. Galpão (cota 0,55m) 10. Área com churrasqueira e forno de pizza 11. Área gramada 12. Sala do Artesanato Áreas regularizadas Áreas não-regularizadas

0

1

2

3

4

5

10

15


4

1

2

3

5


Planta baixa_1o pavimento 1. Cantos das patrulhas escoteiras 2. Sanitário masculino 3. Sanitário feminino 4. Caverna do Clã Pioneiro 5. AAEEC

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Áreas regularizadas Áreas não-regularizadas

0

1

2

3

4

5

10

15


5

6 7

4 1

2

3


Planta baixa_2o pavimento 1. Cozinha 2. Sanitário masculino 3. Sanitário feminino 4. Sala de reunião 5. Secretaria/Diretoria 6. Sala de reunião 7. Canto das Tropas Sênior e Guia 57

Áreas regularizadas Áreas não-regularizadas

0

1

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3

4

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10

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5

3 1

2

4


Planta baixa_3o pavimento 1. Depósito 2. Sanitário 3.Canto das Alcatéias 4. Sala do Radioamador 5. Pátio coberto do terceiro andar

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Áreas regularizadas Áreas não-regularizadas

0

1

2

3

4

5

10

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O PROGRAMA

Coletando todas as informações provenientes das atividades realizadas, do levantamento da sede e de percepções pessoais, foi possível montar um programa básico de necessidades que embasaram a elaboração do projeto. O programa conta com:

descrição Canto para as quatro Alcateias Canto para a patrulha escoteira Canto para as tropas Sênior e Guia Caverna para o Clã Pioneiro Sala de operação para o Radioamador Sala para a Comissão de Mães Sala para o Artesanato Sala da secretaria/diretoria Sala para a AAEEC Sala para os escotistas Salão para reuniões Cantina Depósito de materiais Sanitário feminino Sanitário masculino Área livre

quantidade área (m2) 1 16 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 4 -

50-60 5 50 30-40 15-20 25 25 25 20 20 80 20 50 >1500


O PARTIDO A elaboração do projeto contou com alguns conceitos essenciais que direcionaram o processo projetual ao resultado desejado. Primeiramente, fica esclarecido que o projeto é uma ampliação do edifício existente. Assim, houve a intenção de diferenciar a construção antiga da nova, criando um entre os dois momentos. Observando a sede no seu estado atual, a percepção que se obtém é de um espaço fluido no térreo, porém extremamente fechado dentro do edifício, sendo impossível identificar as atividades que se passam lá dentro. Em alguns casos, esse isolamento é almejado, em outros, seria interessante que o edifício possuísse diversas , para que os usuários enxerguem uns aos outros e, de certa forma, estejam conectados entre si. Dessa maneira, foram utilizados diferentes materiais e criadas situações que trouxessem uma entre os espaços.

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Além disso, o projeto trata da sede de um grupo escoteiro. Portanto, é essencial a presença dos ideais e da própria estrutura do no desenho da construção. 62

Acima de tudo, foi importante perceber o caráter do espaço e de seus usuários. A constante , não apenas qualitativa, mas também quantitativa dos usuários reflete no espaço. O projeto não deve (e nem pode) ser imutável, já que quem o usa não é. O principal desafio foi entender as necessidades dos escoteiros de hoje e traduzi-las num desenho com , além de permitir que no futuro, a mudança seja bem vinda.


O PROJETO Com base nos conceitos citados anteriormente, na legislação e nas normas técnicas deu-se início ao projeto arquitetônico. Tendo em vista a relação entre quantidade de pessoas e quantidade de espaço, foi mantida a verticalização da sede. Conservou-se o gabarito original, porém a edificação foi estendida para a área onde é atualmente o galpão. Chamaremos essa extensão de anexo. Obedecendo as regras de acessibilidade universal, foi necessário reformular a circulação vertical. Para isso, uma parte do edifício existente foi removida e, em seu lugar, foi implantado um bloco de circulação e serviços: escada de acesso, escada protegida de incêndio, elevador, cantina e sanitários (feminino, masculino e acessível, nos três pavimentos). Estruturado em concreto armado, esse bloco localiza-se entre o antigo prédio e o anexo, ligando as duas partes através da circulação horizontal que a circunda.

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edifício existente

edifício existente

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parte do edifício existente a ser removida

edifício existente

bloco de circulação e serviços

edifício anexo

Também foram removidos os andares superiores da edícula, mantendo-se apenas o térreo que comporta os sanitários. Com a intenção de concentrar todos os usos no mesmo edifício (aproximando o Grupo como um todo), A edícula tornou-se obsoleta, o que gerou a sua demolição. O edifício anexo possui vigas e pilares em estrutura metálica e laje em steeldeck, tecnologia que combina uma fôrma de aço e uma camada de concreto. Sua vedação externa é formada por uma fachada ventilada e, internamente composta por paredes em drywall. Este edifício é dividido em dois blocos, conectados por passarelas de grelha metálica (esse mesmo tipo de passarela faz a ligação entre o edifício existente e o anexo) e com varandas viradas para o seu interior. Dessa forma, cria-se um vão entre as duas partes que possibilita ao usuário observar o que acontece nos diferentes espaços da sede.


Seguindo a estrutura do Movimento Escoteiro, a organização dos espaços foi feita de forma a transcrever a evolução do indivíduo no decorrer de sua vida escoteira: ser lobinho, escoteiro, sênior e, por último, pioneiro. Ao percorrer o interior do prédio, inicia-se no canto das Alcateias, no primeiro andar do anexo; seguindo em direção ao edifício existente, observa-se os cantos das patrulhas escoteiras; voltando para o anexo, desta vez do outro lado, está o Ramo Sênior; subindo para o terceiro andar do anexo, chega-se ao Clã Pioneiro. Respeitando essa organização, a Diretoria ficaria acima de todos. No entanto, foi intencional o seu posicionamento no segundo andar, bem no meio de todos, uma vez que é necessária uma maior aproximação da diretoria com o restante do Grupo. A sua localização incentiva o contato com o “dia-a-dia” dos escoteiros, já que possui uma visão privilegiada da sede como um todo. 65

No térreo privilegiam-se as áreas livres, permeáveis ou não. Atualmente, na parte do galpão, existe um palco que toma a frente do lote. É um lugar sem uso (com exceção de eventos pontuais, como o Bazar, a Festa Junina e o Fogo de Conselho) e muito bagunçado, pois lá também são armazenados os materiais do Grupo, sendo um segundo almoxarifado. No projeto, o palco foi reformulado: os degraus, mais generosos (em forma de arquibancada), convidam ao uso desse espaço elevado. Respeitando o limite do recuo frontal, a parte posterior do palco é composta por uma faixa gramada. Tratando-se de uma área mais reservada, ela poderia ser utilizada, por exemplo, como horta. Além das áreas livres no térreo, foram criadas outras duas, no terceiro andar. Abaixo do palco foi criado um depósito que substitui o que hoje existe acima dele e também o almoxarifado (que foi removido), concentrando todo o material do Grupo num só lugar.


Planta baixa_térreo 1. Entrada principal 2. Acesso aos pavimentos superiores 3. Cantina 4. Elevador 5. Escada protegida de emergência 6. Sanitários 66

7. Térreo livre coberto (cota 0,00m) 8. Térreo livre descoberto (cota 0,00m) 9. Térreo livre coberto (cota 0,65m) 10. Palco 11. Área gramada 12. Área com churrasqueira e forno de pizza

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Planta baixa_1o pavimento 1. Sanitário acessível 2. Sanitário masculino 3. Sanitário feminino 4. Elevador 5. Escada protegida de emergência 6. Cantos da Tropa I 68

7. Cantos da Tropa II 8. Cantos da Tropa III 9. Cantos da tropa IV 10. Canto das Alcateias 11. Canto das Tropas Sênior Guia

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Planta baixa_2o pavimento 1. Sanitário acessível 2. Sanitário masculino 3. Sanitário feminino 4. Elevador 5. Escada protegida de emergência 6. Sala da chefia 70

7. Sala de reunião 8. Sala de reunião 9. Sala da Comissão de Mães 10. Sala do Artesanato 11. AAEEC 12. Secretaria/Diretoria

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Planta baixa_3o pavimento 1. Sanitário acessível 2. Sanitário masculino 3. Sanitário feminino 4. Elevador 5. Escada protegida de emergência 6. Pátio coberto do edifício existente 72

7. Pátio coberto do edifício anexo 8. Caverna do Clã Pioneiro 9. Sala do Radioamador

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Planta_cobertura

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Corte geral_AA 1. Térreo livre (cota 0,00) 2. Cantos das patrulhas escoteiras 3. Sala da chefia 4. Sala de reunião 5. Sala de reunião 6. Pátio coberto do edifício existente 76

7. Sanitários

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Corte geral_BB 1. Térreo livre (cota 0,00) 2. Escadas de acesso ao edifício 3. Cantina 4. Escada protegida de emergência 5. Sanitário acessível 6. Sanitário masculino 78

7. Sanitário feminino 8. Sanitários

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Corte geral_CC 1. Térreo livre coberto (cota 0,65m) 2. Área gramada (cota 0,65m) 3. Área com churrasqueira e forno de pizza 4. Passarela de conexão entre o edifício existente e o anexo 5. Chapa metálica perfurada amarela

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Corte geral_DD 1. Depósito de materiais 2. Palco (cota 1,67m) 3. Térreo livre coberto (cota 0,65m) 4. Área gramada (cota 0,65m) 5. Área com churrasqueira e forno de pizza 6. Canto das Alcaterias 82

7. Canto da Tropa Sênior e Guia 8. Sala da Comissão de Mães 9. AAEEC 10. Caverna do Clã Pioneiro 11. Pátio coberto do edifício anexo 12. Passarela de acesso do edifício anexo

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Corte geral_EE 1. Depósito de materiais 2. Palco (cota 1,67m) 3. Térreo livre coberto (cota 0,65m) 4. Área gramada (cota 0,65m) 5. Área com churrasqueira e forno de pizza

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Corte geral_FF 1. Sanitários 2. Área gramada (cota 0,65m) 3. Térreo livre descoberto (cota 0,00m) 4. Térreo livre coberto (cota 0,00m) 5. Entrada principal

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Corte geral_GG 1. Sanitários 2. Área gramada (cota 0,65m) 3. Térreo livre descoberto (cota 0,00m) 4. Térreo livre coberto (cota 0,00m) 5. Cantina 6. Entrada principal 88

7. Escada protegida de emergência 8. Elevador 9. Divisória em tela metálica

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Corte geral_HH 1. Área com churrasqueira e forno de pizza 2. Área gramada (cota 0,65m) 3. Rampas de acesso à cota 0,65m 4. Térreo livre coberto (cota 0,65m) 5. Canto das Tropas Sênior e Guia 6. Canto das Alcateias 90

7. AAEEC 8. Sala da Comissão de Mães 9. Pátio coberto do edifício anexo 10. Caverna do Clã Pioneiro 11. Passarelas de acesso

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Corte geral_II 1. Área com churrasqueira e forno de pizza 2. Área gramada (cota 0,65m) 3. Térreo livre coberto (cota 0,65m) 4. Palco 5. Depósito de materiais 6. Canto das Tropas Sênior e Guia 92

7. Canto das Alcateias 8. Secretaria/Diretoria 9. Sala do Artesanato 10. Pátio coberto do edifício anexo 11. Radioamador

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Corte geral_JJ 1. Área com mobiliário de concreto 2. Térreo livre coberto (cota 0,00m) 3. Térreo livre coberto (cota 0,65m) 4. Área gramada (cota 1,67m)

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Corte geral_KK 1. Área com mobiliário de concreto 2. Térreo livre coberto (cota 0,00m) 3. Cantina 4. Térreo livre coberto (cota 0,65m) 5. Cantos das patrulhas escoteiras 6. Sanitário feminino 96

7. Canto das Tropas Sênior e Guia 8. Sala de reunião 9. AAEEC 10. Pátio coberto do edifício existente 11. Passarela de conexão entre o edifício existente e o anexo 12. Pátio coberto do edifício anexo

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Corte geral_LL 1. Palco 2. Térreo livre coberto (cota 0,65m) 3. Cantina 4. Térreo livre coberto (cota 0,00m) 5. Área com mobiliário de concreto 6. Sanitário masculino 98

7. Sanitário masculino 8. Cantos das patrulhas escoteiras 9. Sala do Artesanato / Sala da Comissão de Mães 10. Sala de reunião 11. Caverna do Clã Pioneiro 12. Pátio coberto do edifício existente

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Corte geral_MM 1. Térreo livre coberto (cota 0,65m) 2. Rampas de acesso à cota 0,65m 3. Térreo livre coberto (cota 0,00m) 4. Área com mobiliário de concreto

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DETALHES DO PROJETO A fachada: O trabalho de criação da fachada consistiu na junção de dois sistemas: a fachada ventilada e o drywall. Adotando a característica da modulação dos painéis de gesso do drywall, foram criados oito tipos de painéis que diferenciam-se pela quantidade e localização das aberturas. Tais aberturas seguem a medida de 40cm X 40cm, largura que é a distância entre os montantes da parede. Assim, cada módulo possui 1,20m X 2,80m. Externamente, instalou-se o sistema de fachada ventilada, que é composto por perfis metálicos fixados na parede (no caso, o drywall). Que servem de ancoragem para as placas cerâmicas dispostas como revestimento externo. A distância entre a parede e a cerâmica cria um vão que contribui para o desempenho térmico e acústico do edifício. A combinação da cerâmica em três tons de cinza também foi organizada de acordo com cada módulo. placa cerâmica

parede ancoragem

ancoragem

placa cerâmica

Planta e perspecitva ilustrando o sistema de fachada ventilada utilizado no projeto. Sem escala.


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Criação de oito módulos que variam de acorco com o número e posicionamento de aberturas e a combinação entre as placas cerâmicas nos três tons de cinza. Desenho sem escala.


A cobertura: A proposta da cobertura veio da intenção de proteger o espaço das chuvas, mas não privar completamente a entrada do sol. Dessa forma, foi criado um perfil metálico que se repete por toda a extensão da cobertura e suas características cumprem as duas necessidades citadas. Sua forma inclinada gera um distanciamento entre os perfis que possibilita a entrada de iluminação natural. Ao mesmo tempo, cada base do perfil possui o desenho de uma calha, captando as águas pluviais, que podem ser reutilizadas dentro da sede, posteriormente. 110

calha: captação das águas pluviais

Corte esquemático das chapas metálicas que compõem a corbetura. Sem escala.

chapa inclinada: protege da chuva e permite a entrada do sol


Diferenciação dos espaços através da cota de nível: Devido à própria topografia, o terreno possui duas cotas de níveis principais com 65cm de diferença entre elas. Em linhas gerais, a “cota zero” ocupa o terreno original da sede, adquirido em 1978. Já a “cota 65”, é toda a área do terreno que foi comprado em 1985. A diferença de nível divide o terreno em duas partes, facilitando a distribuição dos espaços durante as atividades. É importante ressaltar que, da rua, é possível acessar as duas cotas, de acordo com cada entrada. A comunicação dos dois patamares dentro do terreno se dá através de escadas e rampas de acesso. Além disso, o palco possui uma terceira cota, de 1,67m, trazendo mais uma divisão do espaço.

Diferenciação dos espaços através do tipo de piso e paginação: Fora a diferença de nível, outro item que contribui para a determinação dos espaços é o tipo de piso. No projeto, são áreas permeáveis (grama) e impermeáveis (concreto). Ao contrário do que acontece hoje, o projeto propõe uma maior definição dessas áreas, concentrando-as em grandes grupos, ao invés de distribuí-las ao longo da sede. No térreo abaixo do anexo, foi feita a paginação do piso através da pigmentação do concreto. A combinação de módulos de 3m X 3m nas cores cinza (natural), marrom e amarelo (estas duas últimas remetendo às cores do Grupo), criam um jogo que expande as possíveis formas de utilizar o térreo.

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Uso do mobiliário de concreto: Também no térreo, foram produzidas duas instalações de concreto que marcam o lugar onde estão. Ao longo do muro esquerdo da sede, em frente à cantina, fica o mobiliário de concreto em duas alturas: de banco e de bancada. Nessas bancadas foram colocadas pias para o uso geral. Atualmente, a localização entre o muro e as colunas de concreto cria um corredor sem uso, uma vez que as pias acabam obstruindo a circulação. A instalação desse mobiliário formaliza o caráter da área, sem rejeitar outros tipos de uso. Muito pelo contrário, incentiva-os. 112

No fundo do terreno foi instalada uma área de churrasqueira e forno de pizza (mais uma vez, que já existia, porém em outro lugar) com a mesma linguagem do mobiliário de concreto.


Permeabilidade da circulação vertical: Tendo em vista que o principal acesso vertical do edifício é pela escada - e considerando que esta foi apontada pelos lobinhos um dos pontos mais críticos dentre os espaços da Sede -, dois elementos são utilizados na sua vedação de forma a tornar o ato de subir as escadas mais agradável. De um dos lados, uma chapa perfurada amarela foi dobrada em ziguezague, tornando a paisagem externa diferente, de acordo com o ângulo do observador. Do outro lado, instalou-se uma tela metálica que traz essa permeabilidade de outra maneira. A mesma tela foi utilizada para dividir os lances das escadas e servir de guarda-corpo.

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Varandas: Em todos os andares do edifício anexo foram propostas varandas com bancos que convidam as pessoas a permanecerem ali e não se isolarem em seus espaços particulares. A área de varanda varia de acordo com cada uso das salas próximas, mas sempre incentivando o espaço de convivência.

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PLANO DIRETOR Pensando na possibilidade de execução do projeto, propõe-se um plano diretor que divida o projeto em etapas de construção. O planejamento deve levar em consideração os recursos limitados do Grupo Escoteiro e o seu cronograma de atividades ao longo do ano. A sugestão proposta consiste em duas grandes etapas que podem ser fragmentadas em outros subgrupos. 1a etapa 2a etapa

demolição de parte do edifício existente (instalação de circulação vertical temporária) construção do bloco de circulação e serviços remoção da estrutura de galpão nivelamento da cota 0,65m e construção do depósito sob o palco construção da estrutura (vigas, pilares e lajes) do edifício anexo instalação das fachadas externas (painéis modulados e fachada ventilada) instalação das passarelas instalação das paredes internas e caixilhos instalação da cobertura metálica execução de acabamentos


CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho do TFG propôs incentivar e estabelecer a relação entre o desenho da arquitetura e seus usuários, tentando engajá-los através do processo participativo. Ao longo do seu desenvolvimento, o trabalho tomou outros rumos – coisa que é natural – e acabou se tornando um grande exercício para mim. O processo participativo, apesar de mínimo, aconteceu e permitiu o desenvolvimento de conceitos essenciais para a realização do projeto. Foi surpreendente o quanto me envolvi e ao mesmo tempo me contive para não me envolver tanto. O trabalho de me posicionar como arquiteta que também faz parte do objeto de estudo foi intenso, porém gratificante. Acima de tudo, houve a preocupação de cumprir com as necessidades de todos que fazem parte do Grupo Escoteiro, produzindo um ambiente que seja agradável, funcional e inspirador para aqueles que o frequentam. O trabalho foi o primeiro passo para a criação desse espaço desejado, no entanto, é essencial o comprometimento, desde já, de seus usuários para que ele alcance o seu potencial. Devemos sempre, como dizia B.P., “fazer o possível para deixar este mundo um pouco melhor do que o encontramos”.

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AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Fábio Mariz Gonçalves, por toda sua dedicação, paciência e incentivo. À minha família que me aguenta sem reclamar, especialmente à Audrey e Brian, irmãos e amigos imprescindíveis na minha vida. À minha segunda família, à família Caramuru, onde aprendi muito além do Escotismo e fiz sólidas amizades: Bruno Shiguemichi, Jhoji Otsuka, Luis Shiguemichi, Fabian Millan, Karen Handa, Lissa Sakajiri, Maya Komatsu, Renato Hosoume, Eric Takiy, César Yamamoto, Henry Fucasse, Hissanori Mizumoto, Nicholas Sato. Àqueles também que foram meus chefes, aos meus atuais companheiros de chefia, à Tropa I e à turma dos Feiosos. Aos meus amigos da FAU que estiveram intensamente comigo nos últimos anos: Houlis, Crou, Marcon, Juju, Dani-la, Mari, Gabis, Ana, Rafa, Pomba, Ju Allonso, Fernandão, Vic, Sol, Carol, Isaac, Ale Sato, Ivan, Leo Pai e Vivi. Aos meus chefes Fernão, Gui, Guto e Samira pela oportunidade, amizade, ensino e inspiração. E a todos aqueles que me acompanharam nessa jornada. Obrigada por tudo.


ANTUNES, Maria Cristina Almeida. O papel do arquiteto no processo participativo de organização do espaço urbano e da moradia. 1993. Tese (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. DIAZ BORDENAVE, Juan E. O que é participação São Paulo: Brasiliense, 1994. (Coleção Primeiros Passos; 95).

BIBLIOGRAFIA

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