I Zine Sarau Não Cale a Arte: Extremo-sul em movimento

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Nº 1/2021

Apoio financeiro:


Extremo-Sul em movimento O Sarau Não Cale a Arte é um projeto cultural desenvolvido por Katiane Martins e Josiane Santos desde 2017, na cidade de Teixeira de Freitas, Bahia. Tem como proposta promover encontros socioculturais, além de disseminar e divulgar os trabalhos dos artistas locais.

@naocaleaarte


APRESENTAÇÃO A primeira Zine do Não Cale a Arte apresenta os artistas que subiram ao palco virtual da V edição do Sarau Não Cale a Arte: Extremo-sul em movimento, que aconteceu do dia 2 de fevereiro até o dia 5 de março de 2021, por meio de posts de vídeos de poesia, música, arte plástica, fotografia, dança e performance. A V edição do Sarau Não Cale a Arte aconteceu esse ano virtualmente com o mesmo desejo e sentimento poético. Nos encontramos a partir das telas, mas nos emocionamos igual ou mais, com as participações dos artistas locais, que cada um à sua maneira, apresentou a sua vivitude. Dizendo em alto e bom som: Extremo-sul em movimento. As apresentações em vídeo podem ser vistas no perfil do Instagram do projeto: @naocaleaarte. Atualmente, o projeto Sarau Não Cale a Arte tem apoio financeiro do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionado pelo Governo Federal. Josiane Santos Katiane Martis Produção e curadoria.

Apoio financeiro:


FICHA TÉCNICA I Zine do Sarau Não Cale a Arte EDIÇÃO Josiane Santos Katiane Martins DESIGNER GRÁFICO Josiane Santos

ARTISTAS SELECIONADES ALICE KIEFER artes plásticas

ALMI JUNIOR poesia

ANDRÉ MEDINA fotografia

CACAU break

CARLA GALDINO performance

CAROLINA NASCIMENTO artes plásticos

DANIEL SOUSA fotografia

ELIZA METZKER poesia

EMANUELLE BRIZON artes plásticas

EMY OLIVEIRA dança

ESTER DE OXUM artes plásticasperformance

HANA SOARES dança

JÉSSICA SILVA poesia

JOAB3 rap

JOSI SANTOS poesia

KATHA MAATHAI performance / música KATI MARTINS poesia LUIZ BRANDÃO poesia MARCELO PEREIRA performance/poesia MATEUS OLIVEIRA poesia MAZINHO LIMA artes plásticas NETTO GALDINO música NICOLLE AFONSO artes plásticas NILCÉLIA ROSÁRIO poesia O TOCADOR SILVA música RÊ FREITAS música SEU GILSON música SOLHANNA música STHELÔ músic VELHO SUKA artes plásticas


ÍNDICE

Artes plásticas

uma tela em branco é um céu de possibilidades

ALICE KIEFER Moldura de Inúmeros quadros

11

CAROLINA NASCIMENTO Fé

12

EMANUELLE BRIZON Cultivar

14

ESTER DE OXUM A senhora das possibilidades, Yewa

15

MAZINHO LIMA Mulher negra (cor invertida)

16

NICOLLE AFONSO Suspiro

17

VELHO SUKA Sem título

18

Fotografia

o nó registra o novelo

ANDRÉ MEDINA Oxum

20

DANIEL SOUSA Ancestralidade

22

Música

deixe o som fazer festa em nossos ouvidos

JOAB3 rap

25

NETTO GALDINO Refrão chiclete

27

O TOCADOR SILVA música

28

RÊ FREITAS música

30

SEU GILSON Pequena canção

31

SOLHANNA Teoria da imaginação

32

STHELÔ Tua

34


Performance

o movimento do corpo diz muito sobre a vida

CACAU break

37

CARLA GALDINO Cantos e Encantos do Mar

38

EMY OLIVEIRA & HANA SOARES dança

39

ESTER DE OXUM Negra de ganho: corpo que vai

40

KATHA MAATHAI Acaba aqui

42

MARCELO PEREIRA Instransponível

43

Poesia

os versos dizem, susurram e gritam

ALMI JUNIOR Alguns poemas

46

ELIZA METZKER Metamorfose

48

JÉSSICA SILVA Corpo-movimento

50

JOSI SANTOS Gosto de poemas

52

KATI MARTINS Literaginga

54

LUIZ BRANDÃO Pensamentos e Delírios

56

MATEUS OLIVEIRA poesia

58

NILCÉLIA ROSÁRIO Quase

60


Sarau é antes de tudo encontro da arte de ser gente que gosta de gente Sarau é antes de tudo o desejo vivo que não morre de ver gente feliz de juntar gente fazendo gente feliz

Sarau é gente de encontros ao se encontrar

O Não Cale a Arte é um grito de cada artista do Extremo-sul um grito junto de existência e resistência

O Sarau Não Cale a Arte somos nós nos movimentando Josi santos (2021) Curadora do Sarau Não Cale a Arte


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Extremo-sul em movimento há uma linha infinita que me atravessa o peito invisível e tênue ela nos diz sobre passos e andanças de onde vim

há uma linha infinita que me atravessa o peito ela nos tira o sono quando a tarde cai e nos sopra no ouvido o segredo guardado na bainha do facão na terra fértil nas matas escuras no mar salgado nos rios calmos das encostas na cor preta quilombola no sangue pataxó há uma linha infinita que me atravessa o peito tudo começou aqui na nossa terra extremo sul extremo sul

Curadoria do Sarau Não Cale a Arte

Abertura


ARTES PLÁSTICAS Apoio financeiro:


e c i l a Kiefer O viva apertou o coração do menino. Olhou para o trapiche. Não era como um quadro sem moldura. Era como a moldura de inúmeros quadros. Como quadros de uma fita de cinema. Vidas de luta e de coragem. De miséria também. Uma vontade de ficar. Mas que adiantava ficar? Se fosse, poderia ser de melhor ajuda. Mostraria aquelas vidas...

Alice Kiefe é artista plástica, nascida em Vitória-ES, mas desde que se entende por gente, mora em Teixeira de Freitas-BA. Local onde se conectou com a arte, inicialmente em 2012 a partir do teatro, trilhando um breve e intenso caminho de 4 anos. Teve seu período de "fuga", mas diz que: "É inevitável fugir de quem somos." Em 2018, começou a se aventurar no mundo da colagem. A partir de 2020, passou a disseminar a sua arte, a partir do lambe lambe, técnica realizado com papel que agrega na arte urbana.

Mas tinha confiança no Professor, nos quadros que ele faria na marca do ódio que ele levava no coração, na marca de amor à justiça e à liberdade que ele levava dentro de si. Não se vive inutilmente uma infância entre os Capitães da Areia. Mesmo quando depois se vai se um artista e não um ladrão, assassino ou malandro.

AMADO, Jorge (1937)

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Moldura de inúmeros quadros (2021)


m

d r ae

I havea

Carolina Nascimento, artista alcobacense de 22 anos. Retrata vidas - em especial, vidas negras - a partir das artes plásticas. Trabalha com pintura de figuras humanas em telas, painéis, papéis. Realiza ilustrações em aquarelas e acrílica. Seu trabalho autoral tem forte ligação com sua identidade pessoal, com as suas referências cotidianas e sua história de reconhecimento enquanto negra: "Um dia eu percebi que eu era mais bela do que pensava, quando eu me vi semelhante a mulheres admiráveis. Começou da raiz do cabelo. Foi quando comecei a pintar e resolvi falar disso através da minha arte. Muita coisa mudou a partir desse momento. Ainda hoje quando vejo alguém que se parece comigo, e eu acho beleza ali, uma empolgação pouco explicável nasce. Creio que olhar algo em que você consiga se enxergar gera autovalorização... Por isso eu pinto vidas da forma mais bela possível, para que as pessoas que se percebam na minha arte encontrem a beleza oculta que existe dentro de si".

Caroli n a nascimento Você tem um sonho? Já tentaram sucatea-lo milhares de vezes, não é? E você, cedeu? À mim, eu repeti até que minha alma não pudesse mais fugir. Eu tenho um sonho. E como King eu arrastaria uma multidão pela minha fé nos sonhos. Porque eu tenho um sonho eu persigo ele agarrada com unhas e dentes. Eu tenho um sonho que ultrapassa as estatísticas. Eu já não faço parte mais delas, por ter essa visão. Eu acordo todos os dias. E não é porque eu sonho que não tenho os pés no chão.


Minha fé em Deus é minha revolução. Em meio a todo descrença em sonhos, em construções e pessoas. São excessos de razão. Que não alimentam os sonhos. Você tem um sonho? Você já repetiu pra si mesmo: Eu tenho um sonho, eu tenho um sonho, até que sua alma o ouvisse. Não haveria mais espaço para a desesperança.

Fé (2021)

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emanuelle brizon

Emanuelle Brizon, 21 anos, artista visual e ilustradora baiana, nascida em Teixeira de Freitas-BA e residente da cidade de Alcobaça-BA. Desenvolve trabalhos que buscam representar mulheres negras e as diferentes formas de corpos femininos. Com potencial poético, afetivo e revolucionário, com a presença de elementos botânicos e astronômicos que em seu olhar são mágicos e sagrados, através de reflexões sobre si mesma, seus sentimentos e angústias. A técnica de aquarela é a mais usada em seus trabalhos, mas sempre está experimentando as tantas possibilidades de técnicas que a arte proporciona.

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cultivar(2021)


Brinca que desde que foi iniciada de Oxum no terreiro Aramefá Odé Ilê em Teixeira de Freitas-BA, seu trabalho se iniciou com ela. "Usando principalmente aquarela como técnica, pela fluidez do correr do pincel, vou as beiras, me lançando feito um kamikaze."

ester de oxum


A se nh or a da s po ss ib ili da de s, Y ew a( 20 21)

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malziminaho

Mazinho Lima é Artista Plástico e grafiteiro. Teixeirense radicado em São Caetano doSul/SP, em 2012 se manteve 4º no ranking mundial de melhores desenhistas na categoria realismo, desde então, passou a praticar outras vertentes das artes plásticas. Já expôs suas obras na Europa e nos Estados Unidos, com participação em bienais. Vencedor de diversos prêmios. Hoje, o artista viaja o Brasil ministrando palestras, encontros culturais e oficinas de graffite, para jovens e adolescentes moradores de zonas de risco social, promovendo ações que objetivam principalmente reconhecer, valorizar, produzir e expor obras de outros artistas da nossa região, tendo sempre como prioridade o contato desses artistas e de sua arte com a população do nosso território, mostrando novas perspectivas de vida e despertando o gosto pela arte e cultura. Estando à frente do Coletivo Candeeiro Urbano, foi coprodutor de ações autênticas como o Circuito Cultural, na cidade de Teixeira de Freitas-BA. Evento que reuniu artistas regionais independentes, em quatro dias de música, danças urbanas, apresentações de danças de salão, teatro, palestras e exposições; Também, no Projeto Pérola Negra, Batalha dos Bairros (batalha de rima), São João Popular, Dia da Favela, AfroGraff, Engenharia Cultural, entre outros.

Olhar africano (2021)

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niafonso colle

Nicolle Vieira Afonso é artista inconvicta e baiana teixeirense. A síntese de sua vida é basicamente estar dispersa e em pé de guerra com a sua arte. Diz que: "Ela me coloca em perigo e me salva diariamente. A todo momento meu corpo filtra e se impregna dela, numa intensidade que não sei como arrancar de mim pra você. E de alguma forma, ela sai rasgando tudo, intuitiva, quando e como quer. Faz Arquitetura, canta, escreve, pinta e performa "umas maluquices que vou te ser sincera, não faço ideia. Por necessidade, por desespero e porque sem isso eu vou e não volto mais. Posso dizer que minha maior arte é ser mais forte que eu, levantar, e viver convicta."

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Suspiro(2021)

Apoio financeiro:


Velho suka

Higor Rocha começou a pintar em 2018. O seu nome artístico Velho Suka, vem de um apelido da infância "sukito", nome que foi criado para brincadeiras na internet. Antes de fazer arte, era empresário no ramo de confecções, "em 2018 estava no estado de São Paulo, vi uma grafite do artista Danruts, foi nesse dia que a arte de pintar se despertou."

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Flor de mandacaru (2021)


FOTOGRAFIA Apoio financeiro:


André Medina, tem 24 anos, mora em Teixeira de FreitasBA, aquariano apaixonado por fotografia. Começou a gostar de fotos há uns 5 anos atrás e essa paixão o salvou de um dos momentos mais difíceis da sua vida. "Cada vez mais próximo de uma depressão e com crises de ansiedade diárias, tirar fotos me libertava de certa forma." Depois desse momento, não parou mais e por ser um "menino gay preto", busca em suas fotos mostrar toda a beleza, o poder de pessoas pretas como forma de empoderamento. Sua melhor amiga uma vez lhe disse: "Siga sua vida e nunca se esqueça de honrar os que vieram antes de nós." Assim, encontrou na fotografia uma forma de fazer isso. Também é apaixonado por música e sente que ela e as fotos se dão bem juntas, por isso dá as suas produções nome de músicas que gosta.

andré medina

Oxum (2021)



DANIEL SOUSA

Daniel Sousa tem 26 anos. Reside em Teixeira de Freitas há cerca de sete anos. Gosta bastante de arte. É viciado em filmes, músicas e vê na fotografia um espaço de criação, subjetividade e liberdade. "Contudo, um aspecto antagônico, uma vez que, a mesma é historicamente excludente, com forte base eurocêntrica e com isso, racista e pouco acessível pelo seu caráter financeiro." Todavia, acredita que enquanto criador de imagens e com isso de referencial social e cultural, é preciso ser também propositivo e crítico. Traz em suas fotografias o que tem a sua volta, de coisas simples, e pensa muito em uma fotografia mais subjetiva, carregada de signos e simbologia que o constitui, de lembrança, daquilo que tem contato ou a ressignificação desses aspectos. Acredita que produz aquilo que sente, ou o que vem de forma intuitiva.

Ancestralidade(2021)



MÚSICA Apoio financeiro:


joab3

Joab3 é compositor e cantor, natural de Teixeira de Freitas-BA. Músico envolvido com a cultura hip hop, participa dos mais variados eventos da cidade, sendo alguns organizados por ele. Em 2017, liberou o Ep Prólogo. O seu trabalho mais recente foi lançado em novembro de 2020. É citado em várias listas entre os melhores rappers do Brasil. É delegado regional de poesia Slam da região Extremo Sul.

Quando se transpira medo Transpassa insegurança Com o tempo cansa Vira homem cedo Mata os sonhos de criança Se é a última que morre Deve tá a cem mil A esperança De quem só teve ausência Como herança Avança A idade chega a cobrança Entre a realidade e sonho Fica a balança O corpo até dorme Só que a mente não descansa Sinceridade é espelho Fingimento a pedra Anjos e demônios Há dez mil pés sem paraquedas

Tem quem nega Nega Andando certo Pelo certo Fazendo a coisa certa Só você sabe Onde o cinto aperta Peguei a reta Sou Malcom No mundo branco Indo em busca de meca Corri de sombras por ruas desertas E acordei de mal com o mundo Indo em busca da meta


A caminhada é GP de Mônaco Muito cuidado nas curvas Quando a gravidade pesa, Até mais arrogante cê se curva Cheiro dela na blusa, ruas sujas Observo o discurso de renovação de quem não muda Cheio de dúvidas Cheiro da chuva A pista é ring Então calço as luvas, pura As lembranças de quando senti, os pés, A terra molhada, amava Te acompanha nas faxinas, Te olhava Todo bobo, sentado na escada E a cada surra para que eu aprendesse, a atendesse, e percebesse o mundo como é Acordava no meio da noite, dormia no pé da tua cama, ama Olhar nossas fotos de infância Quando a recordação avança A lida cansa E o mar alcança Os olhos, me molho

Sempre quis só Quando o céu cai Jovem samurai De frente pra janela pois, Acompanhei tua luta Conheço cada parte dela E nela, vi milagre Como criarão seis Com grana que mal dava pros dois

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netto galdino O teu sorriso me encontrei Antigos carnavais Eu nem falo demais Sou telepático, talvez Eu vá te encontrar Ideias pra falar Sonhos lunáticos

O é que tem refrão chiclete E raramente A gente não esquece E não é só fogo de palha Palhaçada Ameaça prazer E sai sem fazer Quase nada 3x

2x

Refrão chiclete(2021)

Eu vou te levar Pra dar uma volta Nos meus discos de vinil Caetanizar minhas ideias Em um tv pop brasil

Nascido na cidade Caravelas (BA), Netto Galdino é cantor, intérprete, compositor, beatmaker e produtor musical. Oriundo de projetos sociais, em sua extensa trajetória artística, vivenciou experiências em meio a diversos gêneros musicais, tais como: MPB, Forró, Axé Music, Reggae, entre outros estilos, além de produzir o seu trabalho autoral e o de vários MCs em seu Home Studio, transitando pelo reggaeton, trap, funk e pagodão baiano urbano. O artista ainda reside em Caravelas e vive apenas de música, realizando shows em eventos, produzindo fonogramas e gravações de músicos locais e outros pelas Internet. Seus trabalhos com pegadas futurísticas, são nos estilos RnB, Forró, Axé Music, TrapSoul, Neo Soul, Funk, Pagodão Baiano e Rap/HipHop.

Eu não vou ficar na mão O é que tem refrão Na sua mão, não chiclete Eu não vou me apegar Tem refrão chiclete Nem me contentar e raramente Com tão poucas sensações, A gente não esquece Ilusões E não é só fogo de palha Palhaçada ASSISTA O VÍDEO Ameaça prazer E sai sem fazer Quase nada 3x


O Tocador Silva é cantor, compositor e poeta. Desenvolve trabalhos com a arte desde 2014. Em suas composições, fala sobre temas diversos e as diversas nuances do amor. Fundador e ex-produtor do projeto Casa 5.Lab (@casa5.lab), curador e produtor audiovisual da V edição do Sarau Não Cale a Arte (@nãocaleaarte).

O Tocador silva

Pé na estrada E o coração voando alto Dia, noite, madrugada É clara escuridão Olho a vegetação Em fogo alto Assando identidades Sem razão

Assopro em cada trago Sinais de fumaça Pra avisar Que o caos impera Guerras profanas

2x


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Santas orixás Valei-me santos orixás Fecha nosso corpo Atende, minha louvação Mesmo a tristeza da situação Não abalará Facas e correntes Meu corpo Não alcançará Livres como pássaros, Voaremos todos juntos Rumo ao mar, o sol e a mata Cantamos num coral Cantamos num coraaaal

Assopro em cada trago Sinais de fumaça Pra avisar Que o caos impera Guerras profanas Santas orixás Valei-me santos orixás Fecha nosso corpo Atende, minha louvação

Mesmo a tristeza da situação Não abalará Facas e correntes Meu corpo Não alcançará Livres como Pássaros, voaremos Todos juntos Rumo ao mar, o sol e a mata Cantaremos num coral Cantamos num coral


RÊ FREITAS ASSISTA O VÍDEO

Chega aqui, pode entrar e faz o tempo que eu perdi horas passam da memória tu não sai fica pra ouvir o que eu escrevi de nós o que eu sinto quando estamos a sós luzes, fogos, terremoto e o som que acalma a tua voz vemmm me fala o que eu quero ouvir que eu já nem consigo dormir pensando se eu ligo, não ligo e a falta que eu sinto de você aqui me diz se aí dentro mudou e que lembra do nosso amor revira o tempo desata essa nó mostra o tanto que ainda ficou

Rê Freitas é de Camacan, Sul da Bahia. Indígena Pataxó Hã Hã Hãe, reside atualmente em Teixeira de Freitas-BA. É cantora, compositora, multi-instrumentista, licencianda em História pela Universidade Estadual da Bahia - UNEB, produtora musical e está à frente do projeto @casa5.lab. "A arte me escolhe desde que me entendo por gente. As minhas primeiras lembranças são aos 4 anos fazendo das panelas da cozinha de minha mãe, instrumentos de percussão. É através da arte e da música que falo, que me entendo e entendo o mundo. É a partir dela que me resgato e me salvo de mim mesma todos os dias e, com certeza, é de onde tiro a coragem pra romper com esteriótipos e imposições dessa sociedade. É onde eu tenho e dou voz. Que a arte continue me atravessando SEMPRE!".


Seu Gilson é músico, intérprete e compositor. Estudante do BI de Artes na UFSB. Teixeirense, com mais de 20 anos de estrada.

seu gilson

Pequena canção(2021) ASSISTA O VÍDEO

Bom dia Amanheceu Passarinho canta, e é o nome teu Bom dia Amanheceu Passarinho canta e é o nome teu Clarear, depois do breu Dan Dança na chuva, botão floresceu Clarear, depois do breu Dan Dança na chuva, botão floresceu Agora, Júlia nasceu Prova que o milagre aconteceu Agora, Júlia nasceu Prova que o milagre aconteceu


Hanna Machado é conhecida artisticamente como SolHanna. Tem 18 anos, mora em Posto da Mata-BA. É cantora, compositora, universitária e empresária. Canta vários estilos musicais diferentes.

Facção carinhosa Perde seu tempo Falando das drogas Que pede esmola Que para o tempo Quem é você pra falar desse sentimento Tem ligação perdida Nem da pra retornar O tempo não existe Mas não tem Quem falar Eu quero que você me Mostre seu DNA Desculpe, é que não sei Em quem confiar

Teoria da imaginação(2021)

solhanna

Minha cabeça me leva Em altos lugar Mas sempre to andando No mesmo lugar Geração evoluindo Vocês não quer conformar Tipo aceitar a morte Mas ninguém quer aceitar Toda vez fico perdida Nesse caos Mundo girando Cês tão passando mal


Ela diz que ouvir minha voz é surreal Fumo calmante Pra tudo ficar UAU Bebê conversa comigo Pra falar D'ocê Se querer Não posso obrigar Você me ter Bebê conversa comigo Pra falar D'ocê Se querer Não posso obrigar Você me ter Acostumei com essa rotina Vida bagunçada É minha Não tenho ninguém Pra jogar Essas fita na minha face Todas linhas Minhas rimas E você escuta todas

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Vejo que entramos Na mesma situação Gosto quando o Fim é na esquina Quando nada Faz sentido Porque é tudo Teoria da conspiração Gosto quando o Fim é na esquina Quando nada Faz sentido Porque é tudo Teoria da imaginação


Sthelô compõe e interpreta canções que transitam principalmente pelo samba e MPB. Narrando suas experiências com o mundo e a própria corporeidade, a partir de uma perspectiva sensível, lésbica e negra. Em 2018, lançou o seu primeiro single com clipe, “Atemporais”, disponibilizado em todas as plataformas digitais e atualmente soma mais de 11 mil visualizações no youtube.

Eu coleciono clichês Sobre tu Sobre nós O nosso amor feroz Sua palheta de cores Seu gosto pra cantores E a forma que sorri pra mim Se tu vens

Pode vir Eu me entrego Eu me rendo Tudo bem Pode ir Tu me tens Me prontifico pra ser tua

Tua Só tua Tão tua Sou tua

Tua(2021)

STHELÔ


Eu vivo pra reviver Teu sorriso Paraíso Em forma de pessoa Contigo eu rodo por toda Bahia Noite e dia Seguindo o teu caminhar Se tu vens Pode vir Eu me entrego Eu me rendo Tudo bem Pode ir

Tu me tens Me prontifico pra ser tua

Tua Só tua Tão tua Sou tua

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PERFORMANCE Apoio financeiro:


cacau

Claudinéia Muniz (Bgirlcacau) é de Prado-BA. Sua primeira conexão com o Hip Hop foi em 2010. Aos 12 anos de idade, se descobre como dançarina de Hip Hop dance, mais tarde, se compreende no Breaking Dance por meio da G.O (Game over crew). Já foi jurada em alguns eventos popularmente conhecido tais como: Origraffes ES (2018), Manas in the battle ES, Encontro Hip Hop ES. Participou de campeonatos estaduais, tais como, (Nossa quebrada, Batalha do poste, Batalha da central e Extremo Sul Battle e LBBB). Também dos interestaduais (Origraffes, Game over, Diálogo do corpo negro, Break SP, Street roots, Quando as ruas chamar, etc.). Foi consagrada na LBBB (liga baiana de Boys e BGirls), em batalha feminina de Bgirls, em 2018, ocasião em que representava o Estado da Bahia.

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carla galdino

Carla Galdino, nasceu no Rio de Janeiro e com cinco anos se mudou para Caravelas-BA. Na Bahia, se encontrou como artista. Faz parte do Umbandaum, desde os seis anos. Nesses anos, participou de vários espetáculos, como Águas Mães, Mulheres, Queima de Arquivo, entre outros. A performance: "Cantos e encantos do mar" é uma homenagem a um dos espetáculos que mais se emociona e é seu objeto de estudo na Universidade (UNEB).

Cantos e encantos do mar(2021) ASSISTA O VÍDEO


Emy Oliveira

É natural de Teixeira de Freitas-BA, dançarina, coreógrafa e professora com formação em Danças Urbanas, atua como produtora artística, tendo desenvolvido trabalhos em diversas linguagens de dança. Licenciada em Educação Física pela UNEB. Fundadora e diretora do grupo Extreme Company. Atua com dança em Teixeira de Freitas há 13 anos. Participou de cursos e eventos regionais, nacionais e internacionais, foi selecionada para o Work in Progress no Festival de Dança de Joinville por duas vezes consecutivas.

Yohana Soares

Sua primeira experiência com a dança foi aos 10 anos de idade, praticou Ginástica rítmica até os 12 anos. Participou de apresentações e competições na modalidade. Em 2017, voltou a praticar danças regionais, como (Axé, Funk, Pagode baiano). Em 2018, teve seu primeiro contato com as danças urbanas, desde então, se dedica a ela. Participa de eventos dentro e fora da Bahia (Rio H2K, Carioxaba, competições de dança em Teixeira e região, apresentações em escolas e faculdades.

emy

e hana

Dance(2021)

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“Negra de Ganho: corpo que vai”, que é uma performance muito de mim. Eu, ganhadeira numa perspectiva contemporânea, faço da minha alma tabuleiro no sempre de devir.

Negra de ganho: corpo que vai(2021)

ester de oxum

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Katha Maathai é Drag Queen, cantora e compositora há 2 anos. Ganhou o concurso Top Drag em 2019. Recentemente, lançou o single "Acaba aqui" com clipe.

KATHA MAaTHAI

Me dê sua mão quando acabar e vamos ser bem mais felizes eu vou dizer, só pra você e o meu desejo vai fluir que o universo ouça e tudo isso mude parece ruim agora mas meu bem seja paciente que o universo ouça e tudo isso mude sem dor, insano medo que esse vírus acabe acabe aqui quero sair acabe aqui quero te ver sorrir

É tá difícil com a nossa vida do avesso não sei vocês mas eu quase enlouqueço sem dinheiro, distanciamento e contas a pagar e a pressão que eu ponho em mim pra poder me movimentar eu tô desregulado eu perdi o meu ânimo eu tinha planos todos foram água baixo mas me ergo, como sempre pois aprendi que: tudo bem logo, logo vai passar me ergo como sempre pois aprendi que isso é só uma fase tudo bem logo, logo vai passar


mê de sua mão quando acabar e vamos ser bem mais felizes

Acaba aqui(2021)

eu quero ver os meus amigos e não correr nenhum perigo seguir meus sonhos como você tem os seus que o futuro seja melhor e assim vivermos sem distinção depois deste caos vem nossa lição acabe aqui quero sair acabe aqui quero te ver sorrir

mê de sua mão quando acabar e vamos ser bem mais felizes

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Marcelo Pereira

Marcelo Pereira é nascido e criado no morro do Peri Alto-SP, e recriado na Bahia. Mora em Teixeira de Freitas-BA. É devir. Poeta, músico, professor e Artista/pesquisador. Bacharelando/ Licenciando em Artes pela UFSB. Marcelo traça suas rotas em afeto e saber.

Intransponível(2021) Intransponível, Exu transita. De cá o movimento. De lá a sensação. Cada som, soma-se a um movimento orgástico. Diálogo das cochas. Exu é movimento. Movimento circular. Sem início e sem fim. Intransponível, Exu é sensação. Não se permite nada, sem alimentar ele. Bará. Alimentar o corpo. Corpo orgástico, corpo fala. Diálogo das cochas. A cada sensação conjunta degustada, barás se alimentam na junção dos prazeres. É festa no corpo. Corpo cá e corpo acolá. Sem sentido. Em todos os sentidos. De dentro e de fora. Dentro e fora. Pra dentro e para fora. Devir mo juba. Saliva, na boca. Na cabeça. Orí. Ogó. Exu é satisfação, de si, dele e de mim que tenho ele. Bará. Que trama, veste, sana, sara e gira. Corre. Percorre minha epiderme. Derme. Hipoderme.


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Cada vez mais profundo. E me tece, de tesão e ternura. Dendê e mel. Océ interno de mim. Expurgo. liquido gênese da criação e modelação do grande modelador de cabeças. Geracional e seminal. Seguindo fluxo interno dos prazeres compartilhados. Na boca, nos olhos, no tapa. No interno, no sagrado e no profano. De dia e de noite. Exu caminha, mas também corre. É lento quando quer. Rápido quando quer. Tudo ele quer. É a boca do mundo. Gira mundo. E se alimenta. Aqui e acolá. Comigo e com seu par. Para quando quer. E se quiser continuar, é força motriz pra impulsionar.

Expressão do sorriso. Riso e festa. dança. E baila interna. No choro e na gana. De ser o que se é. E aceitar a luz e sombra. Exu dá. Mas cobra. Cobra que tenha em mim, o prazer contido nele. Bará. Exu não é diabo. Mas se for, é um dos mais desejados, seres subversivos de toda existência. Ele é malino, matuto, sutil e varonil. Batidas de quadril. Fluxo orgástico se propaga, aqui e acolá. Sonoras vibrações gestuais de satisfação. Sem exu não há inicio. Sem exu não há criação. Gestacional. Sem exu não dá pra correr. Sem exu não há prazer. Energético. Passa que ninguém ver, só se ele quiser.

Ardente como dedo de moça. Moça. Pombo n'gila. Caloroso tal qual epo pupá. É ele que transita cá e acolá.

Laróyè


poesia Apoio financeiro:


POESIA

Almi Junior é poeta, professor, ilustrador e pesquisador. É mestre em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz e faz doutorado na mesma área, estudando as relações entre poesia e artes visuais. É um dos autores que compõem o Mapa da Palavra da Bahia, projeto organizado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia. Seu primeiro livro de poemas está previsto para breve.

Almi junior Despertar desse assombro para enfim dormir ao lado dos tigres, nesse fim de tarde. Apreciar o rochedo descer devagar, nos lábios Deixar de lado essa mala preta de homem Aceitar o destino como deve ser escrever uma carta, um milhão delas e depois queimar todas num ritual que afinal de contas não quer dizer nada afinal de contas não quer dizer nada

Antes que venha os turbilhões, a noite afunda Antes que se apague a imagem dela, quando se aproxima, de maneira que seja possível vê-la, metade dentro dos óculos metade fora dos óculos como a imagem dela: metade dentro do copo d'agua metade fora do copo d'agua A câmera bem posicionada para registrar esse momento e os olhos fecham


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Experimentar meus olhos nas suas mãos e farejar o caminho de casa na extensão dos seus dedos ainda me sinto frágil como um mapa enxarcado de álcool mas o gosto de fogo é o que me mantém vivo

Voltar para casa os dentes da noite a repousarem sobre os nossos ossos e eu ainda te amo Guarda esse amor em tuas mãos Oh mestre! Fazei com que eu procure mais consolar do que ser consolado cosmeincluis

Amanhã vou dormir mais anotar o nome de possíveis crianças que possamos ter um dia viver e imaginar como é voltar sempre pro mesmo sonho estamos pareados por esse amor

Alguns poemas(2021)

O teu ouvido é como adentrar o oceano as folhas recostam o solo os carros passam teus olhos dentro do meu quarto Os barcos não vem Os incêndios são exatamente como nos filmes Voltar pra casa o papel vazio convoca a vossa presença em cinco minutos


POESIA

Eliza Metzker, natural de Caravelas - BA, nasceu em 13 de julho de 1999. Mulher, negra, baiana, poeta. Tudo isso a atravessa, na maioria das vezes de forma cruel. Mas também representa fortaleza. Autora dos livros "A Vida por trás do caos" (não publicado) e "Sobre(Vivências)" em processo de feitura, escreve desde que se entende por gente. Seus textos são postados frequentemente em seu perfil pessoal no Instagram: @liz_metzker. Se reconstruiu quando ao seu redor havia ruínas. De vez em quando continua tentando. Uma luta diária. Pôde abraçar o sentimento de pertencimento, o fazer parte de algo maior. Continua se lembrando do que lhe faz sentir. Dessa forma, materializa um sonho. Torna-se real grande parte do que é, por meio da arte. O que sempre escondeu por medo do não acolhimento ou por repressão. Suas palavras são refúgio para a alma, salvando-a de sucumbir. Manifesta através destas, o sentimento mais puro e que não sairia de outra forma que não fosse o protesto.

ELIZA Metzker

Sim, Dandara Eu sinto ânsia pela liberdade Meus poros suplicam pelo fim da hipocrisia ao meu redor Por vezes é difícil respirar E tudo se torna um fardo, Tudo O peso O peso que eu estou ciente que não mereço carregar Ainda não sou eu Ainda não sou eu Ainda não cheguei lá Insistem Insistem em me colocar em caixas Insistem em me ter nas mãos Ainda não sou eu Ainda não cheguei lá


Eu sinto ânsia pela liberdade Já lhes disse em um outro poema Que eu não fui O que eles queriam E sinceramente, Continuo não sendo Estou feliz assim Quero a cada dia que passa Sentir cada vez mais Orgulho disso Na jornada entre espinhos e pedras Sentir afeto e ser afetada Eu quero sobreviver Longe do casulo Que por muito tempo serviu de abrigo Hoje, agora, eu digo: Não mais! Antigo Quero fechar os olhos Quero mentalizar coisas boas Sim, Minha resistência é voz Minha voz pulsa em cada veia Em cada parte do meu corpo E me lembra a cada dia: Estou viva Estou aqui, sigo aqui

Mas agora sem medo Ainda não cheguei lá Mas estou mais perto do que longe E quando eu chegar Assim Nunca mais irei voltar

Metamorfose(2021)

Ainda não sou eu Ainda não cheguei lá Não preciso de pseudônimos Me apresento assim, Nua, não mais tão crua Exposta, com feridas, Com cicatrizes Vivências, Experiências, Escrevivências

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POESIA

Jéssica Silva é graduada em História (UNEB). Mestra em Ensino e Relações Étnicoraciais (UFSB). Doutoranda em História (UNIRIO). Diretora e roteirista do documentário "Costurando a vida com fios de ferro". Baiana, nordestina, cria de Teixeira de Freitas-BA.

Jéssica silva Eu tenho sonhos confessos e omissos Amores guardados, doados, descartados e em construção Eu tenho expectativas como qualquer ser humano

Tive frustrações Mas gosto do jeito que encaro meus demônios Chamo pra dançar E confesso os mais ardilosos desejos

Que sai das minhas entranhas Melando Lambuzando E tudo isso acusa Que estou viva Gestando, parindo, criando Em movimento


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Meu corpo não está petrificado Todos os dias morro E renasço Respiro Sinto minha presença

E se quiseres andar ao meu lado Esteja presente Pois no primeiro instante que se fazer ausente Nem vou perceber que esteve aqui ou ali Pra está ao meu lado?

Não vou me matar mais uma vez Não vou petrificar Aprendi sobre a vida Sou vida Cíclica Densa complexa Expressa Ao aprender sobre a vida Aprendi sobre mim

Corpo-movimento(2021)

É em movimento Corpo-movimento Corpo-ação


josi santos

gosto de poemas que escondam um poeta tímido e sagaz um poema que se agarre em metáforas para esconder intenções, desejos e medos gosto de poemas que não digam nada de novo mas que mudem o novo de novo e de novo toda vez que são lidos gosto de poemas que não conseguem serem declamados para uma plateia mas que moram em muros, toques e respirações ofegantes os poemas que gosto falam de desejo são molhados por si só abrigam experiências e compartilham no pé do ouvido: gemidos

Gosto de poemas(2021)

gosto de poemas que são escritos de forma rápida e que não são revisados mas são como gozo não premeditado

Josi Santos é criada no interior da Bahia. Busca a partir da sua vivência, rememorar os passos de seus ancestrais. Escreve há algum tempo. Os seus poemas tratam sobre amor, desejo e vivência em um corpo preto e sapatão. Graduanda em Licenciatura em Letras de Língua Portuguesa e literaturas pela UNEB. Estuda a literatura contemporânea. É curadora do Sarau Não Cale a Arte, desde 2017.


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gosto de poemas que impressionam aquele senhor, aquela senhora que eu chamo de dona Ana quando ela passa e ela me responde assim: Oi minha fia! e a gente conversa sobre o tempo, sobre a coleta de lixo que está atrasada a quinze dias em nosso bairro, e sobre os gatos que estão desaparecendo

os poemas que gosto tem cheiro são quentes como a minha mulher que insiste em me abraçar quando nos deitamos

os poemas que gosto causam a mesma estranheza de mundo cru em mim quando eu lhe pergunto encabulada a noite: Quantas vidas nós vivemos juntas? e ela me responde que perdeu a conta, mas que o céu está laranja e que eu devo parar de não gostar das pessoas que eu ainda não conheça

gosto de poemas que me tirem de casa e me levem para as estradas que os meus avós passaram muitas e muitas vezes gosto de saber que andei por essas mesmas terras e que o meu passo, é ao mesmo tempo passadas deles

gosto de poemas que procurem em mim os meus poemas ora curtos e não revisados outra hora uma prosa gosto de poemas


literaginga

KATI MARTINS

Kati Martins é professora, poeta e capoeirista. Ama as palavras e os movimentos que elas causam. Percebe o mundo como um grande jogo de perguntas e respostas, das quais nem sempre se encontram as respostas, mas com um pouco de mandinga tudo se resolve. Criou o conceito Literaginga pela necessidade de se expressar.

Capoeira Ritual ancestral de corpos que conversam entre si, Criando floreios de diálogos corporais É o corpo que responde aos comandos do outro Jogo de perguntas e respostas

Literaginga(2021) Volta ao mundo para perceber O aço do berimbau, A palavra escrita A madeira envergada O registo das coisas A cabaça criando mundos Começo e fim.


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O berimbau é a ponte que liga diferentes espaços, Ele é a alma da melodia nas rodas de capoeira, É a partir dele que se inicia o jogo, E é com ele que é determinado o fim da roda. Som marcante Capaz de ecoar vozes diversas

A literatura é o caminho de registros Com seus códigos decodifica o mundo Meu mundo, De gingas e letras

Duas manifestações; Duas forças; Capoeira e a literatura. lado a lado Literatura e ginga, Que se fundem Criando conceito epistemológico de mim E que eu chamo Literaginga.


Luiz Carlos Nascimento Brandão é Poeta, autor do livro "Universo Particular", do Hino do Arraiá de Água Fria e do Hino municipal de Medeiros Neto. Artesão, no seguimento de entalhe em madeira.

luiz brandão Você não faz ideia De onde já foi comigo! Em um dos nossos passeios, Deu-me sua mão E, de dedos entrelaçados, Caminhamos a beira-mar Em um entardecer cor de ouro. Em elos dourados, Ofereci-lhe uma margarida Que pôs em seus cachos E mais bela você ficou, E sorriu agradecida. Pensamos... Quem os pode impedir? Ao se pôr o sol, Uma passarela prata Estendida pela lua clara, Convidando-nos a passear Nos degraus formados Pelas sucessivas ondas arrebentadas... Seguimos até o portal, na linha no horizonte, Onde o caminho afunilava. Pensamentos... Quem os pode impedir?

Pensamentos(2021)

Sempre quis lhe falar Até onde poderíamos ir, Em meus pensamentos. Pensei em convidar-te, E na realidade Não sei se aceitaria, Ir-se-ia aos mesmos lugares...


Mas antes, acendemos uma fogueira, E, estatelados, ouvimos estalos... Enquanto queimava a madeira, Assistimos o amor ardente na lavareda, Película do filme nosso E ficamos à beira Do mar, Da loucura, Da fogueira, Do amar... Pensamentos... Quem os pode impedir?

Olhei em teus olhos Ousei abraçar-te e fui feliz. Meus anseios amparados Na redoma de teus braços, em teus seios. Em meus pés subiste

E, de olhos fechados, Conduzi-te numa dança E só despertamos na manhã seguinte, Depois de todos os desejos saciados. Pensamentos...Quem os pode impedir?

E ao voltar à real, Sigo com a esperança De que também pense em mim. Que o sol e a lua brilhem de verdade, Fazendo parte da nossa realidade... Pensamentos...Quem os pode impedir?

Soava seu sussurro, Como quem de amor se sufoca. Suava sua pele suave, Terreno quente, fértil para o plantio da Semente do amor. Falava tua boca, o que teus olhos não liam, Delírios...

Delírios(2021)

Seu sussurro soava, Sua pele suava, Sua boca falava.

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Mateus oliveira Lembro-me das notas Tocadas e encenadas por ti Cada som ecoava pelo ambiente E se hospedava em minha memória Tua voz rouca e sem aquecimento Ia de encontro aos meus ouvidos Com aprazíveis e ternas inquietações Talvez eu tenha uma turva recordação A lembrança pode estar enfeitada Com um leve toque apaixonado Nós somos mais como: Cordas frouxas de um violão E precisamos nos afinar todos os dias

Mateus Oliveira é de Teixeira de Freitas-BA. Desde muito pequeno sempre se encantou com o mundo das letras e da musicalidade. Passou bastante tempo tentando aprender alguns instrumentos musicais e começou a escrever poesia no final do ensino médio, através de influência de vários projetos estruturantes que aconteciam na escola, entre os projetos, o canto em coral foi o que mais o aproximou das artes, então segue neste caminho, e não pretende deixá-lo jamais.


Instrumento me é teu corpo Música me é tocar-te Cada acorde resplandece em lasciva sinfonia Adentrando no mais complacente dos ritmos.

Quero dançar... Quem sabe dois pra lá e dois pra cá Venha comigo outra vez Por favor, deixe-me guiar

Assim, estaremos juntos nesta dança Os passos se movendo na mesma direção O beijo tímido quase em semínima Para conotar o fim da nossa recente composição.

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Nilcélia rosário

Nilcélia Silva é professora de língua portuguesa por formação e amiga das palavras por natureza. Poeta primeiro, escritora depois. Baiana e apaixonada pelo verão, nasceu no fim da primavera à beira mar na cidade de Alcobaça-BA. Acredita que todo verso, linha e sílaba, está passível a interpretação. Põe tudo que escreve à disposição de quem tiver qualquer “pitaco” a dar. Acredita tanto em histórias fantásticas que dá vida às suas.

Eu gostaria de não observar As árvores Enquanto o mundo padece Gostaria de estar mais condizente Com as discussões sociais, históricas Da minha era Gostaria ainda de acompanhar Diversos noticiários E responder os mais vis comentários das redes sociais Mas não estou assim Sigo tratando a minha irritabilidade Crônica A minha forma de amar Daltônica Que insiste em apontar em tudo Arco-íris

Sigo planejando fugas morais E me traindo, como sempre Por baixos ideais Eu gostaria de estar planejando A morte dos parlamentares Ao invés de ficar sonhando Com os meus platônicos pares Todos as noites Antes de dormir


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Eu deveria estar ouvindo Belchior Ao invés de assistir séries antipatriotas Ser artista de agora Não de outrora Me lembrar Que já não tenho tanto tempo Pra inventar de sofrer

Quase(2021)

Eu gostaria de estar imune A ansiedade Que assola essa geração quebrada Ao fardo de ser uma poeta previsivel E uma romancista invisivel Que não publica nada Eu gostaria de criar projetos que não Justificassem platão E Por fim, gostaria de não morrer em vão Balbuciando um jargão Mas não acredito em promessas E já não há mais quem possa me deter


FICHA TÉCNICA V edição do Sarau Não Cale a Arte: Extremo-sul em movimento

ACURADORIA / PRODUÇÃO Josiane Santos Katiane Martins

DESIGNER GRÁFICO Josiane Santos Victor Silva

PRODUÇÃO AUDIOVISUAL

André Medina "Negra de ganho: corpo que vai" Rê Freitas "Corpo-movimento" O tocador Silva

Emy Oliveira Emy e Hanna

Naum Galdino Cantos e Encantos do mar Netto Galdino

Victor Silva

Alice Kiefer Almi Junior Cacau Carolina Nascimento Eliza Metzker Emanuelle Brizon Joab3 Josi Santos Katha Maathai Kati Martins Luiz Brandão Marcelo Pereira Mateus Oliveira Mazinho Nilcélia Rosário Nicolle Afonso Seu Gilson Solhanna Sthelô Velho Suka

PRODUÇÃO SONORA Rafael Leite Henrique Paoli Rê Freitas Apoio financeiro:


Edições anteriores: I Sarau Não Cale a Arte: Poesia e Transgressão (2017) II Sarau Não Cale a Arte: Mulheres (2018) III Sarau Não Cale a Arte: Manifeste-se (2018) IV Sarau Não Cale a Arte: Sarau na praça (2019) V Sarau Não Cale a arte: Extremo-sul em movimento (2021)

Saiba mais sobre o Projeto cultural Sarau Não Cale a Arte:

@naocaleaarte naocaleaarte@gmail.com www.naocaleaarte.com.br Josi santos Katiane Martins Organização e Produção Apoio financeiro:


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