TCC - A CIDADE E AS LETRAS

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Em primeiro lugar queria agradecer os meus pais e familia, que sem o apoio eu não teria conseguido chegar aqui . Em segundo , agradecer aos meus professores, e principalmente, minha orientadora Rita Fantini, que possuem a dádiva de compartilhar seus conhecimentos e experiencias , e com humildade , nos guiar por esse novo caminho. E a todas as pessoas maravilhosas que conheci por esses 5 anos de graduação , os meus amigos de sala , os funcionários da universidade , que me tornaram uma pessoa melhor, um enorme MUITO OBRIGADO !

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“SE A EDUCAÇÃO SOZINHA NÃO PODE TRANSFORMAR A SOCIEDADE, TAMPOUCO SEM ELA A SOCIEDADE MUDA “ PAULO FREIRE

HOMENAGEM AO PROFESSOR FRANCISCO GIMENES Desenho de sua autoria 3

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APRESENTAÇÃO.......................6-9 O QUE É ?........................10-17 CONTEXTO HISTÓRICO ..............18-21 A ESCOLA ........................22-29 A ESCOLA E SEU ENTORNO ..........30-37 O QUE FAZER ?....................38-39 O PROJETO ......................40-57

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1 - APRESENTAÇÃO

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O cenário das escolas públicas no Brasil já apresentou uma situação diferente da atual, com qualidades e investimentos por parte do estado, não apresentado nos dias de hoje. “o Brasil tem uma longa história de arquitetura escolar. Houve épocas em que ela foi monumento das cidades. Os prédios tinham um alto investimento do estado e do município” (KOWALTOWSKI, 2011, p.15).

Kowaltowski (2011) contextualiza que, com o crescimento urbano e a rápida exigência por maior número de vagas, forçou o estado e municípios a produzir projetos mais racionais, que muitas vezes não atendem a individualidade de cada unidade e os torna homogêneos e falhos; Neste cenário é importante verificar que a avaliação pós ocupação (APOs) realizadas em edifícios de escolas no Brasil, em geral, mostram que os edifícios possuem uma série de problemas relacionados ao conforto ambiental e à funcionalidade o que permite considerar que os parâmetros atuais de projeto necessitam de uma revisão criteriosa. (KOWALTOWSKI, 2011, p.1).

Conhecendo o cenário atual das escolas refletimos sobre a importância da arquitetura dentro do ambiente de ensino, tendo nesta um importante papel através de seu domínio sobre a concepção do espaço , e que pode influenciar o modo como este espaço será visto e usufruído pelos profissionais , alunos e a comunidade , promovendo assim a identificação emocional com o espaço e estimulando estes a manter e prover a instituição .“[...] estudos mostram que o ambiente escolar pode ter um impacto significativo sobre o aprendizado e o comportamento de alunos. [...] Os funcionários de uma escola podem se sentir valorizados em edifícios bem projetados” (LACKNEY, 2000 apud. CABE, 2007, p.23), A autora também destaca a complexidade enfrentada além das salas de aula:

[...]em regiões urbanas periféricas com estrutura muitas vezes caótica e em lotes com dimensões insuficientes e formatos nem sempre ideais para acomodarem o programa arquitetônico de uma nova escola. Os órgãos administrativos das escolas públicas enfrentam outra complexidade em função do grande número de edificações sob sua responsabilidade, que necessita de manutenção e reformas. (KOWALTOWSKI, 2012, p.1).

O projeto de novas escolas, além de atender a requisitos normativos de um programa de necessidades básicas, precisa lidar com intensos usos, problemas na implantação, ter flexibilidade, e sólido o suficiente para sobreviver a negligência com relação a manutenção, sofrida por parte dos órgãos competentes, sobrecarregados: Em um breve contraste com escolas de meados do século XX percebese que existem novas demandas também sobre o uso de equipamentos de apoio ao ensino . É cada vez mais comum o uso de computadores , projetores multimídias e sistemas tecnológicos nas salas de aula . O edifício escolar deve ser projetado para atender as necessidades imediatas da sociedade contemporânea, mas também deve se adequar a alterações futuras, difíceis de prever. (DUDEK apud. KOWALTOWSKI, p.210).

Além das problemáticas citadas anteriormente, um projeto de arquitetura escolar deve desenvolver espaços que influenciem a aprendizagem e estimule a vivência social dentro da escola. Uma sala de aula atrativa, um espaço que permita a fuga do exaustante tradicional modo de ensinar, um ambiente aberto e atrativo para a comunidade , promoção da segurança interna sem comprometer a liberdade dos que usufruem são algumas das diretrizes levadas em consideração para o desenvolvimento do projeto de arquitetura afim de contribuir para a renovação de um ambiente tão desgastado como dito anteriormente .

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“buscam-se processos de projeto comprometidos com a qualidade arquitetônica final, e que aplicam metodologias que incluem a definição e checagem de metas que abordem os elementos do ensino de qualidade” (KOWALTOWSKI, 2012, p.7).

Kowaltowski (2012, p.8) ainda nos apresenta 2 tópicos que devem ser considerados no início do processo de projeto da unidade de ensino: • Como criar espaços que facilitam a aprendizagem ? • Como lidar com conteúdo diversificados e conteúdos mínimos que se modificam com a evolução da sociedade? A arquitetura escolar necessita de reflexão a partir da complexidade de suas variáveis, ela precisa ser especial e correta, estética e um abrigo positivo dando suporte ao ensino de qualidade para a sociedade de agora e do futuro. Objetiva-se assim com este trabalho levar está qualidade discutida a um ambiente já estabelecido , tomando como objeto de estudo a escola Capitão Virgilio Garcia na cidade de São Simão . Esta uma unidade escolar com real importância para comunidade devido a sua ação atual e a passada , onde serviu grande parte da população de São Simão desde sua inauguração em 1958 , sendo assim uma instituição de forte apelo cultural e histórico para a cidade e para a história pessoal de cada um que passou por esta instituição, atualmente o edificio vem sofrendo problemas em relação a segurança e qualidade de ensino decorrentes da sua infraestrutura não condizentes com a realidade atual. A violência , antes um problema que permanecia do lado de fora dos portões das escolas , hoje faz parte do cotidiano de professores e alunos , que tem de lidar diariamente com tráfico de drogas e delinquência juvenil. As notícias mais recentes desse quadro foram os vandalismos cometidos ao edifício pelos alunos, como indicados pelos portais G1, Folha de São Paulo e A Cidade, degradando fisicamente a instituição, fazendo necessária

sua requalificação. Sob um olhar superficial também cabe se destacar como agravantes da problemática educacional, a falta de investimentos do setor público e a desvalorização da figura do professor, implicando diretamente na desatualização da estrutura escolar quanto a estrutura pedagógica. Neste cenário, a escola como modo de defesa se fecha atrás de muros e grades, tornando assim um ambiente hostil, se assemelhando a figura carcerária, onde os alunos se sentem prisioneiros da instituição , como afirma a autora Melatti (2004). A própria comunidade ao redor passa a ver a escola com hostilidade, contrapondo o sentimento de orgulho que deveria ter pela figura da escola. A comunidade e os alunos deixam de contribuir para a preservação e promoção da unidade escolar . A escola com obras iniciadas em 1957 e inaugurada em 1958 , durante o mandato do Prefeito Benedito Mielle, está localizada próxima aos bairros mais carentes da cidade de São Simão - Jardim João Furtado, Conjunto Evangelina e Jardim Vale da Saúde – atendendo, em grande parte, famílias carentes residentes destes bairros, como já observado na edição comemorativa dos 164 anos de São Simão, no ano de 1988: “Das escolas estaduais da cidade, destaca-se a EEPSG Capitão Virgílio Garcia, por receber os alunos das famílias mais carentes do município”. Seu papel para a comunidade é, e sempre foi de grande relevância por sua capacidade, que mesmo estando subdimensionada a torna a principal escola da rede pública da cidade com demanda, porém com falta de estrutura para beneficiar uma maior parcela da cidade, mostrando que uma atualização em sua estrutura física é de grande necessidade e a torna um objeto ideal para o estudo sobre Arquitetura Escolar .

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2- O QUE É ?

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A fundamentação teórica deste trabalho está embasada em assuntos relevantes para a compreenção do tema proposto, oferecendo base para o desenvolvimento de um projeto de arquitetura escolar que atenda os objetivos apresentados por este trabalho. Será embasado em uma pesquisa bibliográfica seguindo a dissertação de Sheila Melatti, A Arquitetura Escolar e a Prática Pedagógica, no livro Política e Educação com autoria de Paulo Freire, e o livro Arquitetura e Educação, com autoria de Mayumi Souza Lima. Inicialmente será analisado o universo das penitenciárias, cujo sistema e ambientes se assemelham ao ambiente apresentado nas escolas e a imagem que os alunos e professores possuem sobre esta: “isso mostra a responsabilidade do arquiteto em projetar, seja qual for a construção, e o quanto se pode mexer com o aspecto psicológico das pessoas mesmo que indiretamente” (Melatti, 2004, p.42). A autora ainda apresenta em seu texto a caracterização das escolas, desde os anos 80, com muros para que os alunos não fugissem. A edificação era pensada para que os alunos sempre ficassem em observação, prioritariamente, por um pátio central e uma diretoria envidraçada a qual permitisse uma visão ampla, de todas as salas, como em uma guarita de vigilância. Nos pátios ficavam os vigias controlando todos os movimentos dos alunos, assim como estavam presentes também as bandeiras para as manhãs cívicas e comemorações. No entanto o pátio para os alunos pode ser um elemento qualificador, como vimos no projeto da escola EEPSG Conselheiro Crispiniano em Guarulhos, onde o pátio no centro da escola em meio nivel rebaixado é um local de integração e diversão para os alunos. “A grande vantagem desses pátios é o convívio entre os alunos e a possibilidade de serem usados para aulas diferenciadas (ao ar

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livre)” (Melatti , 2004, p.42). “[...] algumas escolas vem tentando mudar essa teoria de muros altos, para que os próprios alunos não se sintam prisioneiros do aprender”, (Melatti, 2004, p.43)

e por esse sentimento de encarceramento, muitos tentam burlar essas barreiras e se revoltam, o que pode acarretar na expulsão destes alunos. Mas fica a pergunta de quem é a culpa? Mas será que o principal culpado é o aluno? ou são os arquitetos e administradores que os induzem a tais atitudes? afinal, o impacto negativo dos muros pode ser suavizado com a colocação de painéis , fazendo com que o aluno não perceba tão diretamente esses elementos de segurança (MELATTI , 2004, p.43 ).

A estrutura de panóptico da unidade se assemelha ao sistema utilizado por penitenciárias, estabelecido pelo pátio central com vigia e as salas de aula ao redor, de forma que os alunos permanecem constantemente com uma sensação de monitoramento, o que reforça o desconforto destes, ”entretanto, nesse tipo de arquitetura se pode criar diversas formas de separação de ambientes e transformar o pátio central de vigilância em espaço de convivência e diversão” (Melatti, 2004, p.43).

ESQUEMA DO SISTEMA PANÓPTICO - FONTE : WIKIPÉDIA ( DESENHO DO ARQUITETO INGLÊS WILLEY REVELEY )

“O sistema de colocação das carteiras em fila, uma atrás da outra, para que o professor possa controlar a classe pelo alinhamento físico e, assim, não deixar o aluno sequer olhar para o lado ou conversar. Aqui a referência do panóptico é clara” (Melatti, 2004, p.44).

Ainda pode ser observado a falta de correlação entre aluno e professor por meio de elementos físicos: “um degrau para o professor ficar mais alto do que os alunos, uma forma ainda de demonstrar o controle perante a plateia, como nas escolas militares” (Melatti, 2004, p.43).

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As escolas mais modernas vem construindo salas de aula sem esse degrau, para que o professor tenha um contato direto com o aluno, cuja importância no desenvolvimento escolar é comprovada por psicólogos e pedagogos. O aluno deixa de pensar no professor como alguém muito além do seu alcance e passa a ser mais próximo, podendo evoluir melhor no seu aprendizado. (MELATTI, 2004, p.44).

A disposição das portas no sistema sala-corredorsala também deve passar por uma adequação, pois educadores acreditam que a organização com elas frente à frente compromete a concentração dos alunos que podem ver no interior das outras salas e assim desviam facilmente a atenção. A autora propõe uma disposição cruzadas destas, dando mais privacidade as salas. Contudo é importante ressaltar que, do ponto de vista arquitetônico, a importância de uma porta ficar de frente a outra deve-se à melhor ventilação. Mas o ideal é que as salas de aula dessem para grandes pátios internos e externo, o que além da ventilação, favorece a absorção da claridade. (MELATTI, 2004, p.45).

Também de igual relevância, as janelas presentes na sala de aula encontram-se em posições inadequadas, desde posteriores, o que compromete a iluminação, e laterais, que promovem uma distribuição melhor da luz. A própria altura das janelas é fator de opressão. Foram registradas janelas excessivamente altas, onde o aluno perde a visão externa, fazendo com que se sinta em uma verdadeira prisão. Já em outras instituições, as janelas eram amplas proporcionando uma visão melhor da área externa, o que lembra a concepção do panóptico, pois, com aberturas amplas e abertas para o pátio, os alunos se autovigiam. Também foi observado um sistema eficiente e aprovando por Neufert, que é o de janelas cruzadas em ambas as paredes, benéfico à ventilação (MELATTI, 2004, p.45).

Ainda referente a luminação nas escolas encontram-se uma diversidade de padrões e disposições de iluminarias, 13

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porém muitas vezes ineficientes, deixando sombras. Usar iluminação mista nos dois sentidos na mesma sala pode aumenta a visibilidade pela ausência de sombras como aponta a autora. A acústica desfavorável observada dentro das salas, ocasionadas ou por mal dimensionamento ou uso errado de materiais comprometem a inteligibilidade e a concentração dos alunos com os excessos de ecos e ruídos, além de causar sérios danos na voz dos professores; Em muitas salas nos Estados Unidos, a inteligibilidade da fala é de 75% ou menos. Isso significa que em testes de inteligibilidade da fala, ouvintes com audição normal podem ouvir apenas 75% das palavras lidas de uma lista. Imagine ler um livro faltando a quarta palavra, sendo esperado que se entenda o material nele obtido. Parece ridículo? (SEEP, 2002 apud. MELATTI, 2004, p.46).

As escolas brasileiras ainda, devido ao subdimensionamento, deixam a desejar nos serviços prestados ao aluno, como no objeto de estudo deste trabalho , onde só encontramos um laboratório de ciencias , nenhum laboratório de informatica , poucas áreas apropriadas ao lazer e que possam derivar em aulas ao ar livre. As escolas brasileiras tem um número imenso de alunos, fazendo com que as edificações (sala de aula, laboratórios, etc.) cresçam cada vez mais, restando pouco espaço para áreas de lazer, jogos fontes, bosques, onde poderia haver aulas ao ar livre por ocasião daquelas disciplinas que lidam com elementos da natureza, como biologia, física e química. (MELATTI, 2004, p.48).

Este comprometimento da instituição acontece devido ao baixo investimento e preparação do setor público em adequar a infraestutura em áreas com rápido crescimento populacional, como em bairros carentes onde; Os programas de expansão dos serviços educativos da rede pública

que se manifestam através do aumento do número de matriculas nas diversas modalidades só puderam ocorrer mediante dois caminhos, ambos envolvendo o prédio escolar ou permaneciam as condições existentes, optando-se pelo rebaixamento da qualidade do atendimento , através da superlotação das instalações, quer por ampliação das existentes quer por expansão da rede através de novas unidades .(LIMA, 1995, p.75).

Isto decorreu no comprometimento da qualidade das instalações onde ambientes de importância “secundária” foram transformados em mais salas de aulas para suprir a demanda por vagas, ocorrido , tomando por exemplo , na escola EEPG Prof . Jon Teodoresco em Itanhaém , com autória de Villanova Artigas onde ambientes destinados aos alunos e integração com o espaço publico foram transformados , precáriamente , em salas de aulas , descaracterizando fortemente a proposta de Artigas . Nesse processo de ocupação , considerados pelas autoridades como sacrificáveis, a biblioteca e as salas especiais – de artes e de ciências, por exemplo – ocuparam os primeiros lugares, desaparecendo em seguida da relação de ambientes necessários (LIMA, 1995, p.76).

Mas por que os recursos não são aplicados de modo correto? Por que os investimentos só acontecem após a demanda por vagas chegar ao um limite em que a população exija seus direitos básicos, comprometendo a permanência da gerência política no poder que trabalhará para satisfazer dentro do limite mínimo possível essa carência. “[…]o estado só tomava providências sobre as necessidades educativas dessa população quando oprimido pelas pressões populares” (LIMA, 1995, p.75 ).

Abordar a temática educacional no setor público exige melhor reflexão sobre o sistema vigente. Freire (1993, p.47) questiona se “é possível fazer educação popular

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na rede pública? ou, pelo contrário, já afirmando: a educação popular se pode realizar apenas no espaço da informalidade, na prática político-pedagógica fora da escola”. O autor reflete sobre a diferenciação entre a educação pública e popular, termos geralmente confundidos pela sociedade: A educação popular cuja posta em prática, em termos amplos, profundos e radicais, numa sociedade de classe, se constitui como um nadar contra a correnteza é exatamente a que, substantivamente democrática, jamais separa do ensino dos conteúdos desvelamento da realidade. É a que estimula a presença organizada das classes sociais populares na luta em favor da transformação democrática da sociedade, no sentido da superação das injustiças sociais. É a que respeita os educandos, não importa qual seja sua posição de classe e, por isso mesmo, leva em consideração, seriamente, o seu saber de experiência feito, a partir do qual trabalha o conhecimento com rigor de aproximação aos objetos. É o que trabalha, incansavelmente, a boa qualidade do ensino, a que se esforça em identificar os índices de aprovação através do rigoroso trabalho docente e não com frouxidão assistencialista. (FREIRE, 1993, p.49).

Segundo Freire, não há como negar a importância da comu nidade nas escolas, isso engloba os movimentos sociais e os país, pois os aproxima para aprender e ensinar: “é a que entende a escola como um centro aberto a comunidade e não como um espaço fechado, trancado a sete chaves, objeto de possesivíssimo da diretora ou do diretor”. (FREIRE , 1993, p.47).

Artigas em seus projetos trabalhou fortemente a integração da escola com ambiente publico do entorno em seus projetos para Itanhaém e Guarulhos , a possição em relação ao limite dos lotes , a auxencia de fechamentos , que algumas vezes deixa ambiguo a relação exterior e interior , são fatores a forma de ver o espaço escolar em 15

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relação ao espaço urbano . no projeto de Itanhaém todo o ambiente da a sensção de uma grande praça , que estimula as relações sociais .

A educação popular a que me refiro é a que reconhece a presença das classes populares como um sine qua para a prática realmente democrática da escola pública progressista na medida em que possibilita o necessário aprendizado daquela prática. [...] As escolas e a prática educativa que nelas se dá não poderiam estar imunes ao que se passa nas ruas do mundo (FREIRE, 1993, p.49).

Uma escola aberta a comunidade, que entende suas necessidade, é um espaço que será acolhido por esta, garantindo sua manutenção e sua qualidade , como a escola Antonio Derka em Medellin , onde não à uma froteira entre o espaço publico e o ambiente escolar , este gerando espaços de convivio voltados para uma comunidade que não possuia um ambiente de convivio dos moradores . As pessoas circulam o tempo todo sobre a escola e assim ajudam a tomar conta da instituição. Um espaço com projeto qualificado, para o bem-estar de alunos e professores, promove uma melhora no aprendizado dos alunos. Sendo estas as principais diretrizes para a implantação de um projeto de arquitetura que visa a qualificação de uma instituição educacional .

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ESCOLA ANTÓNIO DERKA PROJETO CARLOS PARDO MEDELLIN - COLOMBIA

A relação com o entorno na Escola Antonio Derka, de Carlos pardo, se mantem extremamente neutra com grande permeabilidade visual de todo o ambiente . A presença de uma praça na cobertura faz com que o acesso a escola seja o mais natural e convidativo o possivel, incentivando a comunidade a participar deste espaço, que influencia não apenas na conservação da instituição escolar , como promove um espaço de desenvolvimento para a comunidade em geral. FONTE DAS IMAGENS : ARCHDAILY.COM.BR

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3- CONTEXTO HISTÓRICO As escolas do período de 1936 impulsionaram um frescor moderno aos projetos ,consequentes da mudança na politica nacional a partir de 1930 , quando foi criado o Ministério da Educação e Saúde , cuja nova sede, impulsionado pelo ministro Capanema iniciada em 1936 , fora idealizado como um projeto moderno para ser um norte na discussão da Arquitetura Moderna no pais . Em São Paulo no mesmo período, cria-se a diretoria de ensino que digna uma comissão permanente para a elaboração de projeto escolares com o intuito de suprir o déficit educacional no estado, neste período. Ponto marcante deste período para a Arquitetura Escolar são os estudos de critérios e diretrizes para os novos edifícios , que servirião de base para futuros projetos , um grande avanço frente ao modo como eram desenvolvidos até aquele período . Este estudo levava em consideração questões como higiene dos alunos ,e a educação sobre esta , a orientação solar das salas de aula , a espacialização do programa da escola e novas tecnologias construtivas , aplicando as ideias do movimento moderno . Uma característica que ficou marcante desta transição foi a eliminação do porão , ate então sempre constantes nas edificações e que pelos avanços nas técnicas de impermeabilização foi possível trazer a escola para o nível do solo .O uso do concreto armado se estendeu no projeto , antes utilizado apenas em áreas molhadas , agora permite o uso de janelas maiores , marquises , lajes nos pavimentos . Porem seu uso ainda era restrito frente ao que se tinha vontade , esta ainda era uma técnica cara e de difícil mão de obra , o que deixava espaço para o uso de alvenarias portantes e telhados em madeira e telhas cerâmicas escondidas por um platibandas. As formas são puras , e os poucos ornamentos na fachada exaltavam a horizontalidade. As obras encontradas no interior do estado , em termos de evolução tecnica e visual não recebeu a mesma atenção das unidades da capital , em especial devido a falta de mão de 18

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obra , evidenciando a principal limitação que existia ainda neste periodo . O “convenio escolar “, assim chamado o acordo firmado entre prefeitura municipal e estado em 1949 para o desenvolvimento educacional, dá origem a Comissão Executiva do Convênio Escolar , que contrata o arquiteto carioca Hélio Duarte para desenvolver um extenso trabalho de levantamento das unidades afim de estabelecer deficiências e sugestões de melhorias indispensáveis , tendo a criança como referencia central . Esses profissionais foram responsáveis pelas primeiras manifestações da arquitetura moderna em edificios públicos paulistas. Até este momento as escolas possuíam a discução dos termos moderno porem , por limitações , se voltavam ao estilo colonial ou art decor . A produção do “convenio escolar “ no período da decada de 50 é enorme sem recorrer a padronização de projetos , salvo elementos como um bloco recreativo de cobertura abobadado executado em arco de concreto pré fabricado , que está como uma das primeiras aparições da pré fabricação na arquitetura escolar paulista. Imagem 2 referente a escola EE Pandiá Calógeras, autoria de Hélio Duarte . reproduzida do livro Arquitetura Escolar Paulista Anos 50 e 60, produzido pelo FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação Em comparação com os edificios do período antes comentado , estes projetos lançam mão de grande uso de técnicas modernas como estrutura de concreto independente dos fechamento , lajes de coberturas em concreto com proteção em telhas de fibrocimento , escolhida pela sua pequena inclinação e possibilidade de ser escondida por pequenas platibandas , principalmente o aproveitamento do terreno com elegantes volumes sobre pilotis , que passou a receber o uso recreativo , antes separados em antigos galpões .

Devido a grande produtividade e consequente falta de tempo para grandes detalhamentos de acabamentos , os projetistas passaram a padronizar elementos de acabamentos como piso em tacos de madeira nas salas de aula , mosaico cerâmico nas circulações e granilite nas escadas e outros ambientes imagem 3 e 4. Outros elementos padronizados foram os brises para proteção solar , assim como elementos vazados de concreto denominados janelcrets e tubos de ferros montados como pilares ou com grande proximidade formando uma esbelta cortina vertical que controlava a permeabilidade visual de alguns espaço. imagem 5 O objeto de estudo deste trabalho , a Escola Capitão Virgilio Garcia , tem projeto datado de 1957 com conclusão das obras em 1958 , periodo abrangido pelo “convenio escolar” de Hélio Duarte . Ao analisar esta , provavelmente devido a sua localização no interior de São Paulo , mais precisamente na pequena cidade de São Simão , observamos uma incompatibilização de seu projeto com as descrições do período , se mostrando muito mais coerente se analisar como um projeto tardio do período arquitetonico descrito iniciado em 1936 . Seu programa é organizado dentro de um único volume de 2 pavimentos , onde administração e sala de aulas estão no primeiro pavimento e apenas salas de aula no segundo . Sua fachada com poucos elementos é marcada pela horizontalidade e grandes aberturas , mas ainda se observa traços estilo colonial , em grande parque pela cobertura de telhas ceramicas à mostra seu sistema construtivo de concreto armado com lajes e vigas maiores, que permitem grandes aberturas , mas ainda está presente a alvenaria autoportante . Assim como as escolas do periodo de 1936 , esta possue um galpão separado do edificio central, ligado por uma passagem coberta, onde estão presentes os sanitários

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Imagem ao ladoreferente a escola EE Pandiá Calógeras, autoria de Hélio Duarte . reproduzida do livro Arquitetura Escolar Paulista Anos 50 e 60, produzido pelo FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação.

Imagem abaixo referente a escola EEPG Silva Jardim . reproduzida do livro Arquitetura Escolar Paulista Restauro , produzido pelo FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação.

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imagem abaixo, reproduzida do livro Arquitetura Escolar Paulista Anos 50 e 60, produzido pelo FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação.

para alunos e o espaço de recreação . Porém, divergindo destes pontos encontramos elementos próprios da época em que foi construída, a década de 50, com uma orientação solar que prioriza a posição das salas a nordeste, onde julgava-se melhor orientação pela iluminação natural privilegiada, também os acabamentos presentes, a mudança nas esquadrias da área administrativa com relação as usadas nas salas de aula, com brises e elementos vazados de concreto, janelcrets , entre outros elemntos . Podemos então afirmar que dentro do contexto histórico, esta unidade está deslocada como uma transição entre ambos os períodos, apesar da data de construção ser tão tardia, possuindo a estrutura geral própria do periodo de “1936”, mas com elementos de diretrizes de projeto e padrões de acabamento próprios do “convênio escolar “ , o que deixa claro uma falta de “carinho” na produção dos projetos do inteior paulista frente a vanguarda a nivel de produção européia concretizada na capital.

imagem ao lado, reproduzida do livro Arquitetura Escolar Paulista Anos 50 e 60, produzido pelo FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação.

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4- A ESCOLA A Escola Capitão Virgilio Garcia , inaugurada no ano de 1958 , com projeto do Governo do Estado de São Paulo, é até os dias de hoje, uma das principais escola públicas da cidade de São Simão. Seu ensino engloba as series do “ciclo II “, do 5º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, nos períodos diurno, matutino e noturno. Em sua inaguração em 1958 , ela era constituída por apenas 2 blocos edificados; o primeiro sendo de 2 pavimentos, para as salas de aula, coordenadoria, banheiros e outros equipamentos; o Segundo bloco destinado a recreação, um galpão aberto com um palco e cantina. Em 1967 teve sua primeira intervenção, com a construção da quadra poliesportiva e logo depois no ano 1969 recebeu as arquibancadas, junto com a construção de um anexo com mais salas de aula, gabinete dentário e salas auxiliares . Em 1977 este anexo recebeu ampliações, passando a ter banheiros, cozinha e refeitório. Na decada de 80, os blocos principais da escola receberam novos banheiros, localizados dentro do galpão, 2 salas externas, e o projeto em 1987 de uma quadra adcional, logo atrás da quadra já existente, mas não chegou a ser construida .

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O programa da escola, segue sem grandes alterações desde a construção do anexo de salas, porém, em seus primeiros anos ela atendia desde o ensino primário ao ensino médio, e com o aumento da demanda de alunos e falta de espaço, a escola está se restringindo ao ciclo II, comentado anteriormente. Suas instalações contam com 13 salas de aula , 1 laboratório de ciências, 1 biblioteca, 1 sala especial, 1 refeitório com cozinha e 1 pátio com palco . Suas características de acabamento se mantiveram muito próximas das originais, com pisos de madeira em taco nas salas de aula, muito desgastados e com peças faltantes, substituídos por uma massa de cimento, pastilhas cerâmicas nos corredores nas cores branca e azul em bom estado, granilie em alguns pontos como na escada, pintura no teto e paredes com tinta branca e barra de óleo na cor bege e detalhes em azul. As luminárias e lousas também continuam as mesmas, porém receberam uma manutenção recente. Recentemente foi adotado um sistema de câmeras no interior da escola, com proteção de grades metálicas nas janelas e portas de vidro, como consequência do alto índice de vandalismo e furtos que a instituição vem sofrendo.

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Imagens que mostram os 2 blocos construidos em 1958. Abaixo imagens de uma sala de aula e o corredor no pavimento inferior e a escada em granilite original da construção. IMAGENS ACERVO PRÓPRIO

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Após o galpão, inaugurado junto ao edificio principal e utilizado como área de lazer dos alunos , está o edificio em anexo nos fundos do terreno, construídos uma decáda após a inauguração da escola para abrigar novas salas devido a maior demanda da escola, e que na época era ocupado pelo ciclo I (1ºano ao 5º ano do ensino fundamental) e hoje é ocupado totalmente pelo ciclo II (6ºano do ensino fundamental ao 3ºano do ensino médio), devido a falta de espaço da escola para o Ciclo I. além de serem as únicas salas presentes na escola com possível acessibilidade a alunos portadores de deficiencia fisíca-motora. Junto as salas de aula foi inserido um gabinete dentário, depósitos esportivo, depósitos de livros, sala para ensino especial e banheiros. . Em 1977 este anexo recebeu um refeitório já prevísto mas não construído, que foi utilizado muitos anos como sala de educação infantil e atualmente é subdimensionado e sem estrutura suficiente para atender toda a escola, impendindo assim que a escola ofereça refeições para os alunos, requisito obrigatório para uma possível implatação de ensino em período integral. A quadra poliesportiva construída junto do edifício anexo é o principal local de lazer para os alunos, onde sua arquibancada construida aproveitando o talude gerado pela topografia cortada para acomodar a escola sem desniveis , é utilizada como ponto de encontro dos alunos durante o intervalo. É também um equipamento muito utilizado pela população do entorno para jogos no período de funcionamento da Escola da família, que convida a comunidade a utilizar o interior da escola.

Imagens da quadra presente atualmente na escola - ACERVO PRÓPRIO

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Imagens do bloco anexo construido em 1969 em que é possivel ver patologias nas paredes da sala e o pequeno refeitório incapaz de atender toda a escola. IMAGENS ACERVO PRÓPRIO

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As imagens à cima mostram a entra da escola no pavimento inferior , com a escada de granilite, o laboratório de ciencias gerais e a porta de acesso ao pátio. junto uma imagem do corredor no pavimento superior. As imagens à esquerda mostram duas salas de aula , a primeira no pavimento superior e a segunda no inferior. IMAGENS DE ACERVO PRÓPRIO

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As imagens ao lado mostram o pátio em um dia no qual estava acontecendo uma aula do programa escola da familia. Junto imagem da conecção da escola com o pátio e dos banheiros , unicos disponibilisados para os alunos em toda a escola. IMAGENS DE ACERVO PRÓPRIO

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5- A ESCOLA E SEU ENTORNO O objeto de estudo fica localizado na extremidade do bairro centro , com divisa para os bairros João Furtado, Evangelina e Vale da Saúde. Está região está caracterizada como a região de menor nível sócio-económico da cidade. O maior índice de criminalidade desta região influencia diretamente na atividade da escola, que enventualmente sofre com depredações, assaltos e até mesmo presença do tráfico de intorpecentes no interior da escola . Outra caracteristica da escola é a dificultadade de acesso dos estudantes a esta, gerado pela separação fisica da escola com os bairros por uma estrada férrea, que possui uma cota elevada, obrigando os alunos a vencer este aclive e ainda se sujeitar ao perigo da travessia. A estrada de ferro, é o principal problema físico do entorno a ser resolvido, junto com a falta de atrátivos sociais, que acarreta uma ausência de fluxo no entorno da instituição que contribui para a violência da região, produzindo um cenário facilitado para o vandálismo contra a escola. A escola ocupa toda a área de um quarteirão, contornado pelas ruas Alfredo Teixeira Machado, Santa Rita e Vinte e Dois de Agosto. Seu entorno imediato é constituído predominantemente por residências unifamiliares térrea, sendo a escola o edifício de maior gabarito do entorno. O único uso que difere de habitação é o Asilo São Vicente de Paula, vizinho à escola .

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Rua: Alfredo Teixeira Machado Nesta rua notamos a presença do Asilo São Vicente de Paula, que ocupa toda a extensão da face ao lado da escola. Nesta rua também é feita a travessia para os bairros atrás da linha férrea pois não possui muro em seu final . O cenário desta rua é desértico sem qualquer movimentação, coincidentemente é a face da escola quem mais sofre com vandalismos, nota-se que a fachada da escola para esta rua é fechada por muros cegos que bloqueiam qualquer contato da escola com o ambiente externo, isolando-a totalmente, porém não impede o vandalismo .

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Rua: Santa Rita A Rua Santa Rita, onde esta localizada a fachada principal da escola, bem arborizada por sinal, em frente a escola existe um ponto de ônibus utilizado no transporte dos alunos. Notá-se que a fachada principal permaneceu em contato com o entorno e recuo com jardim originais, sem ser isolada por altos muros como o restante do seu entorno. Nota-se que o entorno é predominantemente residencial e térreo, com fluxo de carro apenas de acesso local. O asilo, vizinho a escola, é o único edifício com uso não residencial unifamiliar.

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Rua: Vinte e Dois de Abril A Rua Vinte e Dois de Abril, por possuir um murro que a separa da linha férrea, não faz conexão com os bairros Evangelina, João Furtado e Vale Da Saúde, possui um nível de fluxo local maior que a Rua Alfredo Texeira Machado, por conter muitas residências no lado oposto a escola, e assim como na outra rua sua fachada é totamente fechada por altos muros.

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6- O QUE FAZER ? A crescente taxa de criminalidade do entorno e o nível de vandalismo sofrido pela escola, junto com a constante queda na qualidade de ensino mostraram a necessidade da requalificação proposta, é importante trabalhar a relação direta da escola com o aluno e a comunidade que a abraça . Como resposta dessa necessidade encontramos no ensino integral a possibilidade de melhorar a qualidade de ensino , incentivar a busca de novas práticas que contribua para o futuro dos aluno , e uma forma de trazer a comunidade para dentro através da abertura do programa da escola para alem da necessidade pedagógica . Esse envolvimento mútuo com a comunidade , que busca enriquecer o afeto que esta possui pela instituição , exigirá mudanças fisicas , como eliminar a barreira imposta pelos altos muros e disponibilizar espaços versáteis que contribuam tanto para a prática educativa quanto para o uso da comunidade. Para a implantação de novos edifícios, a organização interna do lote segue preferencialmente como base as características do entorno e da implantação já existente . Sendo assim , para a implantação de novos espaços, como salas de aula, refeitório e biblioteca, optou-se por uma organização paralela aos edifícios existentes, com a área desportiva intercalando os blocos. Por possuir o maior gabarito do entorno , com altura total semelhante a cota da linha férrea , é interessante que os novos anexos se mantenham com gabarito semelhante , deste modo a nova edificação não será um elemento chamativo na paisagem , respeitando a implantação já existente . Ao contrário do edifio existente , cujo espaço define claramente o dentro e o fora , nos novos edificios propoem-se uma diluição da relação entre espaços internos e externos , criando permeabilidade visual e fisica . A linha férrea na face posterior da escola aparece como o primeiro elemento do entorno a gerar impacto sobre o projeto , devido a dificuldade de transposição em segurança pelos 38

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moradores, constituindo uma barreira fisica a muitos alunos que residem em bairros situados do outro lado . Para resolver esse problema propos-se uma passagem sob a linha férrea na cota mais baixa e a criação de uma nova entrada lateral que completaria as melhorias no acesso à escola . Outra problemática do entorno é a falta de atrativos sociais , que gera uma ausência de fluxo mesmo durante o dia , junto a uma tendencia maior da região a violência, acarreta em uma ação facilitada de vandalos contra a escola . Sobre esse fato , entende-se que o ambiente urbano no entorno deve ser trabalhado para ganhar qualidades que impeça a a ação violenta contra a escola e promova uma relação social mais rica e de contato com a instituição escolar . Nesse cenário , o terreno sem uso ao lado do asilo São Vicente de Paula , em uma das laterais da escola , mostra-se um ambiente com potencial para qualificar a região com uma área de desenvolvimento social e integração com a escola , mostrando-se uma terceira diretriz a ser desenvolvida.

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7- O PROJETO o novo projeto alterou o quadro do programa visando apenas a transformação da instituição em uma escola de ensino integral , assim manteve-se a mesma expectativa de 700 alunos já existentes, organizado seguindo o fluxo grama esquematizado e disponibilizado pelo FDE. O programa : Programa na edificação existente: • 7 salas de aula - 54 m2 • 2 salas de aula -33 m2 • secretária – 31m2 • sanitários administração – • sala dos professores – 31m2 • diretoria – 12,2 m2 • banheiros externos programa modificado na edificação existente: • 1 biblioteca - 31 m2 – modificada para sanitários destinados aos alunos • 1 laboratório - 54 m2 – modificado para sala do grÊmio • pátio – transformado em refeitório programa em uma nova edificação: • 1 sala de leitura – 80m2 • 6 salas de aula – 51,8m2 • 1 lab. Mat/fÍsica – 51,8m2 • 1 lab. Bio/quÍmica – 51,8 m2 • 1 lab. RobÓtica – 51,8m2 • 2 salas de informÁtica – 51,8 m2 • 1 sala multiuso – 51,8 m2 • 1 Quadra poliesportiva + vestiÁrios – 680m2 • banheiros – 25m2 • 1 cozinha + dispensa -51,8 m2 • 1 biblioteca – 80 m2 • pátio – 129,90 m2 • àrea de funcionÁrios – 18m2 40

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A intervenção na pré existencia incluirá a permanencia e recuperação dos acabamentos originais , como tacos , ceramicas e granilites, já descritos anteriormente . Junto a passarela que corta a cobertra do refeitorio, foi implantado um elevador que promove a acessibilidade tanto para o novo bloco de edificios quanto para a pré existencia. PLANTA DETALHE EM ESCALA 1:300

Algumas modificações na pré existencia foram feitas para adequar as instalações , como transformar o galpão ( pátio ) em refeitório , exigindo assim a eliminação do palco existente nele . Adoção de uma cozinha e área de funcionarios junto a este, circulados de vermelho na planta. No bloco principal , devido a transferencia da biblioteca para um espaço maior no novo edifício , o espaço é convertido em sanitários , suprindo a falta destes no interior do edifício , e a transformação do labotatório de ciências gerais em sala dedicada a organização estudantil, circulado em azul. 41

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Esquema de massa do escritorio Herzog E De Meuron para o projeto do Centro Cultural da Luz - em SĂŁo Paulo .

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Croquis equacionando o programa dentro das laminas sobrepostas

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Fluxos de Circulação

Novo Edifício

Área desportiva

A concepção arquitetônica partiu de uma distribuição do programa por sobreposição de camadas, “como uma lasanha”, adotado por Herzog E De Meuron no projeto do Centro Cultural da Luz em São Paulo. Este esquema se articulou na espacialidade do terreno de forma perpendiculares usando lâminas paralelas a pré existência para o programa e perpendiculares para a circulação. Este esquema também apropriou-se mais da relação do edifício com a topografia, se projetando para próximo da encosta da linha férrea. Para a estética buscou-se manter as linhas limpas, sem excessos de maneira a formar um espaço limpo, arejado e claro em que as pessoas tenham facilidade de se adaptar e permanecer longos períodos confortavelmente, E pensando nesses longos períodos de permanência o espaço foi idealizado para dar a sensação de liberdade, evitando assim que o aluno se sinta preso, mas que ele se sinta parte de um todo em funcionamento. Como foi analisado no início do projeto, o programa foi separado pelos setores de maior conveniência, assim, os equipamentos necessários para transformar o programa da instituição em integral ficaram localizados nos pavimentos superiores, que estão diretamente ligados pela passarela. Já as salas de aula se concentram nos pavimentos térreos, onde se consegue maior proteção sonora dos ruídos da linha férrea, facilidade de acesso dos alunos que chegam a escola e a permanência destes no pátio.

Algumas imagens de leituras projetuais feitas que colaborou com a formulação da proposta . No quadro ao lado vemos a Apple Store de Chicago assinada pelo escritorio Foster and Partners ; O projeto do Centro Cultural Da Luz , assinado pelo escritorio Herzog E De Meuron, que não chegou a ser executado, mas foi de extrema importancia para nortear o projeto de intervenção. E os revestimentos de policarbonato translucido do Nelson-Atkins Museum Of Art, assinado por Steven Holl, inspiração para os fechamentos translucidos das salas .

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A àrea desocupada, ao lado da futura implantação da escola e posicionado atrás do asilo municipal, faz parte do total de àrea doada pela prefeitura ao asilo, porem, que manteve sem função este trecho analisado, que mostra-se uma ótima potencialidade para expansão do programa da escola, Assim como casar o uso do asilo com a instituição escola, trazendo beneficios mútuos junto a um parque urbano, proporcionando aos moradores dos bairros do entorno e dos bairros mais carentes conectados pela nova passagem sob a linha ferrea, um ambiente de lazer e convivio social . A nova entrada foi pensada para compor uma nova circulação composta pela passagem sob a linha ferrea na rua Alfredo Teixeira Machado, analisada nas paginas 32 e 33, que irá integrar os bairros isolados na face oposta a linha, que atualmente ja utilizam esta rua para acessar e atravessar a linha ferrea em direção a escola e ao bairro centro. devido a ausencia de residencias presentes nesta rua, ocupada apenas pela escola , asilo e o terreno desocupado, não encontramos motivos para manter o leito carroçavel até o seu final , finalizando este com um cul-de-sac no final do lote do asilo. E assim liberando o passeio apenas para pedestres que encontraram ambiente agradavel com a possivell implantação de um parque urbano no local.

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IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA

PASSAGEM SOB A LINHA FÉRREA

centro civico teatro de arena

asilo

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PLANTA INFERIOR NA ESCALA 1:500

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SHAFT HIDRÁULICO

SALA DE AULA

LABORATÓRIO

BANHEIROS

COZ/SALA DOS FUNCIONARIO

BIBLIOTECA

REFEITORIO

CIRCULAÇÃO

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Seguindo as análises feitas, o novo projeto se estruturou em um bloco novo, de 2 edifícios, ambos com 2 pavimentos apenas para que seu gabarito não sobreponha ao da pré existência. Os novos edifícios foram posicionados de forma paralela à pré existencia de modo a favorecer a boa iluminação e ventilação, e garantir uma melhor distribuição dos volumes no lote e circulação. Para este ultimo fator foi idealizado uma passarela suspensa que conecta o primeiro bloco, construído em 1958, cruza a cobertura do bloco do refeitório e os 2 edifícios do novo bloco, finalizando na escadaria implantada na encosta da linha férrea, criando um eixo de fluxo que se coloca perpendicular ao novo eixo de entrada da instituição, posicionado na lateral da rua Alfredo Teixeira Machado. A secção bruta criada na cobertura do bloco do refeitório para a passagem da passarela, foi pensado para que ficasse clara a intervenção no edifício já existente, de modo a deixar um aspecto reversível à modificação. A passarela está estruturada de modo a não apoiar ou engastar na estrutura dos edifícios pré existentes, possuindo pilares externos, e uma estrutura de ferro auxiliada pela torre do elevador no ponto de encontro com o edifício antigo. Esta passarela suspensa recebeu uma rampa de acessibilidade e um elevador próximo ao 1º bloco para realizar a acessibilidade de ambos. Todo o novo projeto é conectado por rampas para garantir a acessibilidade de todos. Assim como Herman Hertzberger sugere no livro Lições de Arquitetura, a ligação dos espaços “públicos”e “privados” através do vazio pode transformar a relação e percepção do indivíduo frente a edificação, assim a área desportiva foi posicionada separando a preexistência do novo projeto e criando um vazio central que integra e convida pelo uso a comunidade do entorno, e permitindo que 48

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os usuários da instituição tenha visão plena dos espaços, integrando e dando liberdade à vivencia destes. O próprio fechamento da escola contribui para este, substituindo os altos muros por alambrados de tela que não impede a visão e cria a contenção física necessária em algumas áreas. A quadra poliesportiva foi rebaixada 1,2 metros, criando neste desnível os degraus da arquibancada, para que esta não seja um obstáculo na visão do espaço, mas sim um potencializador da idéia de vazio que integra os espaços, além de criar um obstáculo que obstrui e desvia o ruido produzido na quadra para as salas de aula. A organização das salas e laboratórios nas lâminas criam espaçamentos que permitem a livre permeabilidade da visão dos usuários dos edifícios. São vazios que integram os ambientes, auxiliam na ventilação e servem para livre permanecia e fluxo dos alunos, com alguns mobiliários

organizados em círculos que podem ser utilizados desde encontros descontraídos à aulas e reuniões externas. Estes espaços também permitem expansões ocasionais do programa da escola sem comprometer a qualidade da arquitetura desta.

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PLANTA SUPERIOR NA ESCALA 1:500

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LABORATÓRIO

BIBLIOTECA

BANHEIROS

SALA DOS ALUNOS

CIRCULAÇÃO

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As lâminas foram idealizadas para serem lajes cogumelos de concreto de tonalidade clara, armado com espessura de 30 cm e acabamento com camada de resina hidrofurgante incolor para garantir o aspecto cru ao material, e pilares de 30 cm de diâmetro com espaçamento em sua maior parte de 6 metros, gerando uma estrutura independente dos fechamentos e com aspecto limpo em que a estética arquitetônica está resolvida. Uma barra em H de aço com altura de 1 metro que cruza boa parte do edifício e estrutura a cobertura da quadra. O revestimento dos pisos com resina epóxi auto niveladora foi escolhido pela facilidade de aplicação, acabamento limpo sem emendas e alta durabilidade para fluxo intenso. O calçamento do entorno com lajota de concreto permeável manteve o ideal por acabamento simples, funcionais e de alta durabilidade, assim como as cerâmicas dos banheiros, 20cm x 20cm , brancas esmaltadas. As placas de policarbonato 40mm de espessura, translucidas foscas foram escolhidas para compor o fechamento de 3 paredes das salas de aula e laboratórios, visando criar uma continuidade entre o espaço interno e o externo sem que isso produza uma desconcentração nos alunos durante as aulas pelo excesso de transparência. Este material foi escolhido ao invés do vidro autoportante por ter um índice de transferência térmica para o interior da sala menor do que o comparado à uma parede de bloco cerâmico de 15 cm de espessura, sendo assim a estética agregada a escolha não comprometeria a funcionalidade das salas de aula. Uma das paredes será de alvenaria opaca para receber o quadro negro e será revestida com uma camada de cimento queimado de mesma tonalidade do concreto usado nas estruturas. O fechamento destas com esquadrias teto-ao-chão e finas de 5cm de espessura, produzidas em alumínio e vidro, foram idealizadas devido as limitações impostas 52

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pelo policarbonato, que devem ser finas, leves e diretas com relação ao pé direito. A sala dos alunos receberá elementos vazados de metal junto a uma camada de vidro para compor as paredes de fechamento. Forros luminosos que cobrem quase totalmente o teto das salas, foram idealizados para formar uma iluminação direta e difusa por todo o ambiente, evitando a formação de sombras e áreas sobre iluminadas e permitindo um efeito homogêneo para o ambiente. O guarda corpo projetado seguindo as normas da NBR em que exige altura final de 1 metro, espessura de 4 a 6 cm na barra de apoio e ao menos 1 travessa horizontal dividindo o vão deste. O utilizado no projeto é em aço inox pela durabilidade do material e ausência de manutenção.

Uma escadaria foi implantada na encosta da linha férrea para ampliar a área de lazer e permanencia dos alunos, além de permitir o uso de uma área que possivelmente seria desprezada no projeto. No pavimento inferior, sob esta se encontra uma sala de máquinas que abriga a infra-estrutura de elétrica e hidráulica, que utiliza bombas elétricas sob demanda para distribuir água pela edificação

Imagens ilustrativas dos materiais e tecnicas utilizadas no projeto , como a vedação de policarbonato e o forro luminoso produzido com placas de acetato leitoso e fitas de leds. Imagens projeto sesc e instalação na Casa Cor por Dress All.

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CORTE AA NA ESCALA 1:500

DETALHE ZOOM - CORTE AA NA ESCALA 1:200

CORTE BB NA ESCALA 1:200

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CORTE DD NA ESCALA 1:200

CORTE CC NA ESCALA 1:500

DETALHE ZOOM - CORTE CC NA ESCALA 1:200

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REFERÊNCIAS ALBERTO, Klaus Chaves; SINDER , Marcela Barros. Espaço Escolar, Juiz de Fora, MG, 2004.

A Flexibilidade no

CABE. Building Schools For The Future. A Guide For Clients. London, UK: Comission for Architecture and the Built Environment, 2007. FREIRE, Paulo. Política e Educação. São Paulo: Cortez Editora, 1993. KOWALTOWSKI, Doris. O Programa Arquitetônico no Processo de Projeto: Discutindo a Arquitetura Escolar, Respeitando o Olhar do Usuário, São Paulo, 2012. KOWALTOWSKI, Doris. Arquitetura Escolar: O Projeto Do Ambiente De Ensino. 1 ed. São Paulo, SP, 2011. LIMA, Mayumi Souza. Arquitetura e Educação. São Paulo: Nobel, 1995. MELATTI, Sheila. A Arquitetura Escolar e a Prática Pedagógica. Joinville, SC, 2004. Tese de Doutorado. FERREIRA, Avany ; CORRÊA, Maria ; MELLO, Mirela. Arquitetura Escolar Paulista Restauro. São Paulo. Produzido por FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação . HERTZBERGER, Heman. Lições de Arquitetura . São Paulo, SP 2015. Editora Martins Fontes.

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