O Renascimento

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O RENASCIMENTO: um estudo sobre os Mestres Italianos

O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci O redescobrimento das proporções matemáticas do corpo humano, no século XV, é considerada uma das grandes realizações que marcam o início do Renascimento.


O Renascimento é uma época em que ocorreram numerosas transformações nos domínios das artes, das ciências, da filosofia, e da organização da sociedade. Teve início no começo do século XV, na Itália, devido ao enriquecimento das cidades da península desde o momento em que por ali passaram as rotas dos cruzados, promovendo o crescimento de cidades como Gênova, Veneza, Amalfi e Pisa, fazendo renascer o comércio antes lá do que em qualquer outra localidade da Europa.

As ideias do Renascimento se propagarão por inúmeros países da Europa, sobretudo a partir do século XVI, quando o renascimento comercial e a eficiência das trocas se consolida nos demais territórios europeus.

A cidade de Veneza.


O termo Renascimento foi utilizado por Giorgio Vasari, no século XVI, para designar a modificação da arte e dos modos de pensar ao longo dos séculos XV e XVI na Itália. A Itália, neste período, rejeita a Idade Média e toma por modelo a Antiguidade.

"O nascimento de Vênus". Sandro Botticelli Enquanto na Idade Média a criação artística era essencialmente voltada para a religião cristã, o Renascimento artístico utiliza os temas humanistas (tolerância, liberdade de pensamento, paz, educação visando a satisfação do indivíduo, etc), e a mitologia greco-romana.

Ticiano. "A Sagrada Família e o Doador"


A renovação da reflexão filosófica fornece aos artistas novas ideias: o homem passa a ser o centro do Universo.

Michelangelo Buonarroti. "Jacopino del Conte" Os pintores e os escultores não hesitam mais em representar a beleza do corpo humano desnudo. O pensamento se liberta progressivamente das restrições religiosas e se volta para as aspirações à felicidade, à paz e ao progresso.

Rafael Sanzio. "As três Graças"


Os escritores e os filósofos se interessam por todos os domínios do conhecimento - eles recopiam e traduzem manuscritos e procuram por novos textos.

Um exemplar da Bíblia de Guttenberg

Essa renovação de ideias se difundem pelo continente europeu graças à invenção da imprensa, por Johannes Guttenberg, no século XV, e às viagens dos humanistas. Definição A palavra Renascimento surge na Itália, onde falava-se da Rinascita das letras e das artes desde o fim do século XIV. O que caracteriza o Renascimento é: - a renovação das trocas comerciais; - as transformações da representação do mundo; - o surgimento de novos modos de difusão da informação; - a leitura científica de textos considerados fundamentais; - homenagear a cultura da Antiguidade (literatura, artes, técnicas).


Um contexto favorável O século XIV e a primeira metade do século XV viram a população europeia morrer em massa em decorrência de inúmeras epidemias de peste negra e de fomes regulares.

Ainda que as epidemias tenham sido frequentes na Europa até o século XVIII, a grande peste negra recuou. As fomes passaram a ser mais esparsas. A densidade populacional que se encontrava em Flandres, Gênova e Veneza, eram favoráveis a uma intensificação do trabalho. A guerra dos Cem Anos acaba em 1453 e os castelos-fortalezas vão dar progressivamente lugar aos palácios. Entre 1500 e 1580, o clima parecia mais ameno. Com a chegada dos europeus à América, em 1492, o ouro e a prata afluem à Europa, e favorecem a retomada do crescimento econômico. As grandes viagens e o comércio marítimos permitem o crescimento das cidades e o seu embelezamento.


Nascimento de uma identidade europeia Os letrados da Idade Média tinham consciência que viviam num continente chamado Europa pelos geógrafos, para os distinguir da Ásia e da África. Por outro lado, a grande massa dos habitantes da Europa não tinham jamais ouvido falar desse termo: dificilmente liam, e "o clero lhes chamava de cristão que pertenciam a um continente escolhido por Deus para ser o local da verdadeira fé". (John Hale). Em resumo, os europeus não tinham plenamente consciência de sua identidade cultural. Difusão da Informação pela Imprensa Uma das descobertas que teve mais impactos sobre os homens do Renascimento foi a descoberta da Imprensa. Antes da invenção feita por Gutenberg, em cerca de 1450, a escrita dos livros era feita à mão, pelos membros do clero, que eram os únicos capazes de dominar as técnicas da escrita: nos século XI e XII, os manuscritos eram transcritos pelos monges copistas. Esta era uma das principais tarefas dos monges na época; eles embelezavam as cópias com as iluminuras, e a língua empregada nos manuscritos era o latim.


A imprensa permitiu o acesso ao conhecimento para outros grupos sociais. Passou a ser possível, pela edição de livros a partir de metade do século XV, melhor compreender os fatos que ocorriam. Por exemplo, o Imago Mundi, de Pierre d'Ailly, foi escrito em 1410, e impresso em 1478. Ele foi um dos fundamentos do conhecimento geográfico utilizado por Cristóvão Colombo e outros navegadores durante as grandes descobertas.

Os textos impressos transformaram a hierarquia de valores até então existentes, e a partir do início do século XVI, a impressão de textos não religiosos começou a ganhar espaço, o que explica a transformação das ideias neste período. Releitura da Antiguidade É frequente ouvir dizer que durante o Renascimento houve um interesse pela Antiguidade Grega e Romana, o que acompanha o movimento intelectual do humanismo. No entanto, a Antiguidade não era desconhecida na Idade Média. O que ocorreu, é que esta cultura estava reservada a uma elite composta essencialmente de membros do clero, nos monastérios, e depois, a partir do século XII, nas escolas urbanas, ou seja nas primeiras universidades europeias.


Progressivamente a Igreja deixa de ter o domínio sobre o conhecimento da Antiguidade: •

O humanista Flavio Biondo descobre novas obras de autores romanos e dá início à escavação arqueológica do Fórum Romano (cerca de 1430);

A arqueologia permite redescobrir a arte antiga: escultura, artes decorativas, entre outras;

O conhecimento da cultura antiga se expande e se espalha pela Italia, e depois pela Europa. Esta cultura impregna uma nova rede de humanistas que constituirão uma nova elite.

Ticiano. "Trabalhos de Vênus".

Leonardo da Vinci. "Estudos sobre os embriões".


Os mecenas permitiram aos artistas exercer o seu ofício As cortes dos reis são os lugares privilegiados para usufruir da cultura renascentista. No domínio artístico, numeroso mecenas, homens que financiavam os artistas, constituíram importantes coleções. Eles pertenciam à aristocracia do poder (príncipes, duques, reis, e papas), e da economia (grandes comerciantes que investiam o seu dinheiro na produção artística). Um grande exemplo é a família aristocrática de Florença, chamada Médici. Foram eles que encomendaram a obra "O Nascimento de Vênus", de Sandro Botticelli (1444-1510). O quadro foi revolucionário em sua época, por ser a primeira pintura renascentista com tema exclusivamente mitológico, deixando transparecer a sua admiração pelas antigas sociedades grega e romana. O nascimento de Vênus pode nos levar para um mundo de sonho e poesia. Vênus, no centro da imagem, tem à sua direita o Vento Oeste e por uma Hora que está em seu colo.


A ESCOLA DE ATENAS, DE RAFAEL SANZIO (1483-1520) A Escola de Atenas foi um afresco pintado por Sanzio para decorar o salão que era usado como biblioteca no Vaticano, em Roma. Em seu painel há quatro temas: filosofia, teologia, poesia e direito. No painel da filosofia (abaixo) estão retratados grandes filósofos da Antiguidade, como Epicuro, filósofo grego que viveu entre 341 e 270 aC, e que ensinava que a felicidade está em buscar os prazeres da mente. Platão e Aristóteles, Alexandre, o Grande e Sócrates, o matemático Pitágoras, entre outros.


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