Monografia kenia yariwake

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Universidade Federal do Pará Instituto de Tecnologia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Kenia Yariwake Alcântara

Parque Urbano: Proposta de implantação de um parque urbano no Conjunto Júlia Seffer

Belém (PA) 2016


Kenia Yariwake Alcântara

Parque Urbano: Proposta de implantação de um parque urbano no Conjunto Júlia Seffer

Trabalho apresentado à disciplina TCC II, do curso de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Pará como requisito para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista. Orientadora: Prof. Msc. Fabio Mello

Belém (PA) 2016


Kenia Yariwake Alcântara

Parque Urbano: Proposta de implantação de um parque urbano no Conjunto Júlia Seffer

Trabalho apresentado à disciplina TCC II, do curso de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Pará como requisito para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista. Orientadora: Prof. Msc. Fabio Mello

Data de aprovação: ___/05/2016 Banca Examinadora

_______________________________________ (Orientador) Prof. Msc. Fabio Mello Universidade Federal do Pará

_______________________________________ Prof. Dr.Fabiano Homobono Universidade Federal do Pará

_______________________________________ Prof. Dr. Ronaldo Marques Universidade Federal do Pará


DEDICATÓRIA

À minha querida e amada mãe Simone Nazaré Yariwake Alcântara, que sempre confiou em mim e me deu todo o amor e apoio necessários.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pela força e pela companhia em todo esse tempo de graduação e em minha vida como um todo. Agradeço imensamente a minha mãe que lutou incansável ao meu lado por este sonho, me apoiando em todas as horas, principalmente nas difíceis. Agradeço também a meu pai por toda a confiança e paciência, mas especialmente pela educação e amor que deu a mim e minha irmã.

Aos queridos amigos André Assunção, Bruno Ribeiro, Mario Júnior, Renata Durans, William Marques, Zaine Freire e minha irmã Karen Yariwake, pela ajuda nos momentos mais complicados da graduação e especialmente pela amizade e carinho.

Agradeço ao meu orientador, Professor Fábio Mello e ao Professor Fabiano Homobono pela confiança, paciência e assistência nos mais diferentes momentos deste trabalho.

Agradeço às chefonas Andréa Riccio e Ana Cláudia Peres pelo tempo cedido no escritório para a execução deste trabalho, mas principalmente pelos ensinamentos, oportunidades, atenção e carinho que sempre me foram dados no ambiente de trabalho.

Especialmente ao meu companheiro e melhor amigo João, que sempre esteve ao meu lado, em todos os momentos, me incentivando e me ensinando todos os dias, sempre carinhoso, paciente e amoroso.

Por fim, agradeço à FAU, por tudo que foi vivido, aprendido e compartilhado por lá!


“O sonho é meu e eu sonho que Deve ter alamedas verdes À cidade dos meus amores E, quem dera os moradores E o prefeito e os varredores Fossem somente crianças.”

Chico Buarque


RESUMO

Este trabalho tem como objetivo pesquisar práticas e teorias que subsidiem o desenvolvimento de um projeto de intervenção urbana na cidade de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, visando à implantação de um Parque Urbano no Conjunto Júlia Seffer. São tratados temas e definições que englobam seu conceito, um aparato geral sobre a importância das áreas verdes para o meio urbano e um breve panorama histórico onde traz o surgimento do parque e toda a sua evolução em relação às necessidades do ser humano, passando pela realidade do Brasil, onde foram investigadas algumas referências projetuais, até chegar à realidade local. Através de fotos aéreas, plantas e visitas in loco a área escolhida para a elaboração do projeto do parque, aponta vários problemas e desafios, servindo como justificativa para a intervenção da mesma. A partir de investigações feitas no parque Madureira-RJ e no parque da Juventude-SP, obtêm-se informações importantes para iniciar a metodologia de trabalho, que conta com a caracterização da área de intervenção, programa de necessidades, estudo preliminar e anteprojeto, guiando as diretrizes projetuais que iniciam o estudo do parque urbano em Ananindeua, Pará, a partir de croquis de setorização para a área, definindo a forma e o uso para cada setor. Palavras-chave: RMB, Ananindeua, parque urbano, áreas verdes, áreas de lazer, paisagismo.


ABSTRACT

This paper aims to research practices and theories that support the development of an urban intervention project in the city of Anantapur, metropolitan region of BelĂŠm, aiming at the implementation of an Urban Park in Julia set Seffer. Are treated themes and settings that include concept, a general apparatus of the importance of green areas to the urban environment and a brief historical overview which brings the appearance of the park and all its evolution in relation to human needs, through reality Brazil, which were investigated some projective references, until the local reality. Through aerial photos, plants and site visits in the area chosen for the development of the park project, points out several problems and challenges, serving as justification for the intervention of the same. From inquiries made in Madureira-RJ Park and Park Youth-SP, is obtained important information to start working methodology, which has to characterize the intervention area, needs program, preliminary study and draft guiding the projective guidelines to begin the study of urban park in Ananindeua, ParĂĄ, from sketches of compartmentalization to the area, defining the form and use for each sector.

Keywords: BelĂŠm, urban park, green areas, recreational areas, landscaping.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Layout do Hyde Park Figura 02: Layout do Central Park Figura 03: Layout e imagem do Campo de Santana Figura 04: Imagens do passeio público do Rio de Janeiro Figura 05: Layout e imagens do Bosque Rodrigues Alves Figura 06: Layout e imagem do Parque Piqueri Figura 07: Layout e imagem do Parque da Residência Figura 08: Visão parcial do parque High Line Figura 09: Visão parcial do parque High Line Figura 10: Secções do parque High Line Figura 11: Layout parcial do parque High Line Figura 12: Visão geral do parque Mangal das Garças Figura 13: Planta geral do parque Mangal das Garças Figura 14: Mapa RMB Figura 15: Tabela de distribuição da População por Bairros Figura 16: Tabela de Faixas de Idade da População Figura 17: Mapa da Evolução Urbana de Ananindeua Figura 18: Mapa de Distribuição das Praças Figura 19: Mapa de Distribuição das Áreas de Lazer Figura 20: Planta Baixa do Parque Fengming Mountain Figura 21: Vista da Entrada do Parque Fengming Mountain Figura 22: Vista Interior do Parque Fengming Montain Figura 23: Foto Noturna do Parque Fengming Mountain


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Figura 24: Corte do Parque Fengming Mountain Figura 25: Vista Interior do Parque Fengming Mountain Figura 26: Foto Noturna do Parque Fengming Mountain Figura 27: Layout do Parque Granite Web Design Figura 28: Vista do Parque Granite Web Design Figura 29: Representação Noturna do Parque Granite Web Design Figura 30: Espaço entre Forum, The Groove e Learning Garden Figura 31: Vista Aproximada do Forum Figura 32: Vista do Parque Paprocany Lake Shore Figura 33: Banco com Vista para o Lago Figura 34: Redes para Descanso e Apreciação Figura 35: Vista do Parque com Detalhe do Deck em Madeira Figura 36: Vista do Parque ao Anoitecer Figura 37: Layout do Parque da Juventude Figura 38: Atividades do Parque da Juventude Figura 39: Setor Esportivo Figura 40: Setor Central Figura 41: Setor Institucional Figura 42: Localização do Sítio no Contexto Local Figura 43: Vista 1 do Sítio Figura 44: Vista 2 do Sítio Figura 45: Vista 3 do Sítio Figura 46: Vista 4 do Sítio Figura 47: Vista 5 do Sítio Figura 48: Localização do Sítio no Contexto Municipal de Ananindeua


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Figura 49: Localização do Sítio no Contexto do Bairro Figura 50: Zoneamento Espacial do Parque Figura 51: Pré- dimensionamento Figura 52: Espécies Vegetais Figura 53: Tabela de espécies Vegetais Figura 54: Planta Geral do Parque


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACHAJUS - Associação do Conjunto Habitacional Júlia Seffer CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente COHAB - Companhia de Habitação IMAZON - Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia PDA - Plano Diretor de Ananindeua PNE - Portador de Necessidades Especiais RMB - Região Metropolitana de Belém UFPA - Universidade Federal do Pará ZEIS - Zona Especial de Interesse Social ZAU - Zona de Ambiente Urbano.


SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................14 CAPÍTULO 1: PARQUES URBANOS 1.1. Histórico......................................................................................................16 1.2. Contexto nacional.......................................................................................20 1.3. Funções e Conceito....................................................................................26 1.4. Exemplos relevantes...................................................................................29 CAPÍTULO 2 DADOS E OBSERVAÇÕESACERCADO MUNICÍPIO 2.1. Contextualização de Ananindeua...............................................................35 2.2. Desenvolvimento urbano e crescimento da cidade....................................37 2.3. Ananindeua e suas áreas públicas de lazer...............................................39 CAPÍTULO 3 EXERCÍCIO PROJETUAL 3.1. Metodologia projetual..................................................................................42 3.2. Parque Fengming Mountain........................................................................42 3.3. Parque Granite Web Design.......................................................................46 3.4. Paprocany Lake Shore...............................................................................49 3.5. Parque da Juventude..................................................................................52 CAPÍTULO 4: PROPOSTA DE PROJETO 4.1. Localização do terreno e parâmetros de legislação...................................56 4.2. Programa de necessidades........................................................................61 4.3. Zoneamento espacial e Estudo Preliminar.................................................62 4.4. Anteprojeto e Pré-executivo........................................................................63 4.5. Projeto de Cobertura Vegetal.....................................................................65 4.6. Projeto Executivo........................................................................................67 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................70


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INTRODUÇÃO O processo de urbanização, baseado na industrialização e no êxodo rural, fez com que a maioria das cidades crescesse de maneira desordenada, sem planejamento adequado, provocando vários problemas que interferem diretamente na qualidade de vida dos seus habitantes. São muitos também os problemas relacionados à ocupação do espaço, que vão desde áreas degradadas e subutilizadas à poluição visual e sonora, da falta de áreas públicas de lazer ao déficit habitacional, inúmeros desafios a serem vencidos. Nesse contexto as áreas verdes desempenham um papel muito importante nos grandes centros urbanos, visto que são essenciais à manutenção da saúde física e mental da população, que sentem a necessidade de mais espaços para relaxar, curtir, descansar, ler, contemplar a paisagem, praticar esportes, dançar, namorar, passear e divertir-se, ou seja, mais lugares que ofereçam entretenimento, cultura e lazer. Com poucas áreas públicas que atendam tais necessidades, o Conjunto Júlia Seffer e a Região Metropolitana de Belém como um todo padece com um grande número de lotes subutilizados e com o excesso de espaços privados de lazer como shoppings centers, supermercados e áreas comerciais em geral, onde basicamente diversão é sinônimo de consumo. Intentando promover a integração social e melhorar a qualidade de vida dos habitantes, contribuindo para a estética da cidade e para a valorização do meio urbano, com espaços destinados a eventos culturais, prática de esportes, recreação, relaxamento e contemplação, melhorando também as condições ambientais da região, o presente trabalho, pesquisa práticas e teorias que subsidiem o desenvolvimento de uma proposta de intervenção urbana para o Conjunto Júlia Seffer, RBM, visando à implantação de um Parque Urbano no mesmo. Dividido em duas etapas, as quais são descritas como metodologia de pesquisa, o trabalho fora feito a partir de levantamento de dados bibliográficos


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referentes ao tema, tais como informações sobre parques urbanos, o histórico dessa tipologia, seu contexto nacional e local. Na segunda etapa foram obtidos dados in loco, na visita à área de intervenção, como fotos, medições, reconhecimento do entorno, investigação das condições gerais do sítio, a fim de compreender melhor o panorama local. A monografia está organizada em quatro capítulos, onde o primeiro capítulo relata o surgimento dos parques no mundo e, especificamente no Brasil. A partir de uma contextualização da importância dos parques e dos seus principais conceitos, busca-se compreender os objetivos, as funções e os usos dos mesmos através de exemplos relevantes no panorama internacional e nacional. O

segundo

capítulo

em

um

primeiro

momento

contextualiza

geograficamente o município de Ananindeua. Busca-se justificar o porquê da escolha de determinado local para definição da área de estudo, a partir do levantamento de questões relativas à importância do parque e da sua relevância ao local onde será inserido. O terceiro capítulo analisa através de metodologia projetual específica dois parques urbanos, o Parque Madureira que fica localizado no estado do Rio de Janeiro e o Parque da Juventude localizado no estado de São Paulo, através do estudo de cinco critérios: localização; equipamentos; parâmetros paisagísticos; formas e usos, servindo de referência projetual para o estudo. O quarto capítulo descreve a proposta projetual desenvolvida para o Parque Urbano do Júlia Seffer e seus condicionantes. Desde a localização do terreno e seus parâmetros de legislação, passando pelo programa de necessidades, setorização, estudo preliminar, anteprojeto, pré-executivo e projeto de plantio, até chegar ao memorial descritivo e justificativo.


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CAPÍTULO 1: PARQUES URBANOS 1.1. Histórico É consenso entre os principais autores da área, que os parques urbanos surgiram da necessidade de dotar as cidades de espaços adequados para atender à demanda social pelo lazer e para contrapor-se ao ambiente urbano. Os primeiros parques datam do final do século XVIII, coincidindo com o momento de consolidação das cidades e da sociedade industrial. Não por coincidência, o lazer surge como campo de estudo exatamente na mesma época, onde as primeiras conquistas trabalhistas garantiam a população mais tempo livre, tempo esse ocupado na sua quase totalidade como tempo de lazer. ‘’ No final do século XVIII, na Inglaterra o parque surge como um fato urbano relevante e tem seu pleno desenvolvimento no século seguinte, com ênfase maior na reformulação de Haussmann em Paris, e o movimento dos Parques Americanos por Frederick Law Olmsted e seus trabalhos em New York, Chicago e Boston. ’’ (SCALISE, 2002)

O distanciamento do campo foi gerando aos poucos um anseio pelo contato ou mesmo de retorno à natureza, que a vida na cidade não permitia mais. Mesmo que de forma secundária, isso parece ter motivado a abertura dos parques urbanos. Porém, os mesmos não nasceram movidos apenas pelas necessidades de lazer da população, mas também pelos novos ideais de higiene, denominados de movimento higienista, que baseado nas descobertas de Louis Pasteur sobre o papel das bactérias e micróbios na contaminação humana e doenças daí derivadas, aumentam os cuidados com o corpo e com a alimentação, com iniciativas ligadas ao saneamento e a purificação do ar. Pode-se dizer então, que era uma dupla motivação: o higienismo e o lazer.


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Os espaços antes exclusivos a família real ou famílias de melhor poder aquisitivo foram abertos ao público para amenizar os problemas sofridos pela classe operária inglesa. Em 1840 em Londres já existiam vários parques urbanos, dentre eles o Hyde Park, o Saint James Park e o Green Park. Nesse contexto o parque urbano se torna um produto desse novo modo de viver, gerado pelo crescimento das cidades e para atender a uma nova demanda social.

Figura 1: Layout do Hyde Park Fonte: http://en.wikipedia.org

‘’ Aquele espaço urbano usado pelas classes abastadas para realizar o rito social de encontrar-se e exibir-se, lugar prazeroso onde a vegetação tem a função cenográfica de refinar e refrescar o lugar adquire na Inglaterra um caráter utilitarista; ao ambiente natural da cidade é atribuída a função de prover e restaurar a função psíquica do trabalhador, colocada numa profunda crise pelas modalidades de vida e trabalho na cidade da Revolução Industrial. ’’ (Panzini, 1993, P 149)

A Nova York de 1850, a exemplo das grandes cidades industriais da época, como Paris e Londres, era suja, barulhenta e congestionada, com péssimas condições de moradia, trabalho e salubridade, passando por grandes


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epidemias, que foram am decisivas na aquisição de uma grande área para a construção de um parque no intuito de amenizar os graves problemas urbanos da cidade. Alguns anos depois surgia o Central Park, primeiro parque americano a ser projetado e implantado, considerando as perspectivas perspectivas do lazer e do higienismo. Olmsted, idealizador do parque, defendia a utilização econômica dos parques, com espaços para recreação e preservação de recursos naturais, criando espaços agradáveis para passear e morar, constituindo um ponto de encontro o para todos os cidadãos. Desempenhando importante papel social, ao ampliar o olhar de seus visitantes, evocar ideias de amplitude e liberdade, associadas a uma memória pessoal e coletiva do espaço rural, repleta de afetividade.

Figura 2: Layout do Central Park Fonte: http://en.wikipedia.org

Os grandes parques públicos passam a ser a resposta lógica as condições degradantes das cidades industriais, tornando-se tornando se componente indispensável no planejamento das cidades do século século XIX e XX. Pois representavam novos espaços verdes que expressavam o uso coletivo, recriando as condições naturais que a vida urbana negava, com locais de sociabilidade onde o povo encontrava suas origens no contato físico e ativo com a natureza, através és de jogos, brincadeiras e ginástica.


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A partir dos anos 30 novos conceitos são introduzidos ao modo de projetar o ambiente urbano, especialmente os parques, que para atender as novas demandas da sociedade ganham um caráter mais funcionalista, criando um território de recreação na natureza, unindo os âmbitos rurais e urbanos. O principal documento a consolidar o pensamento urbanístico vigente nessa época foi a Carta de Atenas, de 1933, com considerações sobre habitação, lazer, circulação e patrimônio histórico, pregava a separação das áreas residenciais, de lazer e de trabalho, através da setorização das áreas e do planejamento do uso do solo. A melhoria da qualidade de vida destaca-se como item de grande importância; cada moradia deve receber insolação mínima, por direito; devem afastar-se do alinhamento das vias de modo a distanciarem-se da poeira, gases tóxicos e ruídos e que as construções mais elevadas distem uma das outras, liberando o solo para áreas verdes. Os locais de trabalho e moradia devem ficar próximos e as indústrias devem se concentrar em vias lineares de modo que os setores industriais e habitacionais sejam separados por zonas verdes. Segundo a Carta, o estatuto do solo deve assegurar superfícies verdes satisfatórias à organização de cada região. As periferias da cidade devem ser organizadas como áreas de lazer semanais de fácil acesso, oferecendo atividades diversas e saudáveis de entretenimento e novas áreas verdes devem servir ao embelezamento e ao mesmo tempo abrigar instalações coletivas. No decorrer do século XX, a busca por uma forma de gestão sustentável com a incorporação da participação popular ampliou o conceito de preservação para uma visão mais integradora, sendo necessário ir além da compreensão das funções ecológicas do parque, incluindo, nas tomadas de decisões, as questões de seu entorno, entre elas os

problemas

socioambientais

relacionados com a igualdade social, demográfica, ordenamento territorial e democracia, deixando de lado o modelo de parque do século anterior, idealizado em bairros burgueses, para a exibição social das elites.


P á g i n a | 20 ‘’ Com o emergir do movimento ecológico, reivindicações concretas se fazem sentir quanto à qualidade do ambiente urbano. Em Amsterdã, o Thyssepark – primeiro parque público ecológico. Na recuperação de áreas degradadas, busca-se uma requalificação das cidades industriais, o movimento da renaturiering – renaturalização da cidade, reforçando a ligação de áreas verdes num sistema independente, com percursos para pedestres e ciclismo. ’’ (SCALISE, 2002)

A partir dos anos 80 surge como exigência popular a melhoria da qualidade dos bairros degradados e a cultura paisagística, preocupada com o jardim público, pesquisa categorias funcionais, valores estéticos, significados simbólicos. Como na arquitetura pós-moderna, o abandono dos estilos decretados pela cultura moderna utiliza-se de composição eclética que vincula o jardim a tradição clássica.

1.2. Contexto nacional Diferentemente da Europa, o parque brasileiro surge no início do século XIX para compor o cenário de uma elite emergente que procurava construir uma cidade compatível com o cenário de cidades inglesas e francesas, e não para atender uma demanda social ou como solução para problemas da cidade. Nessa época o país não possuía cidades do porte das europeias e sua urbanização ainda estava iniciando. Com a vinda da família real portuguesa em 1808, as principais cidades do país como São Paulo, Porto Alegre, Belém, Salvador e principalmente Rio de Janeiro passam por um grande processo de modernização em suas áreas centrais, sendo adequadas para desenvolver novas e sofisticadas funções administrativas. Em 1822 o Rio de Janeiro torna-se a nova capital Portuguesa, e para abrigar todas as funções exercidas anteriormente por Lisboa, a cidade passa por grandes e rápidas transformações urbanas, com instalação de telégrafos, bulevares, palacetes, correios, embaixadas, ministérios, serviços bancários e sedes de novas corporações, recebendo investimentos do país inteiro e tornando-se a cidade referência no processo de urbanização do país durante todo o século XIX.


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Nesse contexto surgem os três primeiros parques públicos do Brasil, o Jardim Botânico, o Campo de Santana e o passeio público do Rio de Janeiro, que é oficialmente o parque mais antigo do Brasil (fundado em 1783), com seu traçado geométrico e vários elementos inspirados nos desenhos dos jardins clássicos da França. No início do século XIX, já no segundo império, esses espaços passam por uma grande transformação em sua estrutura paisagística, sendo ajardinados para receber ‘’decentemente’’ as novas elites (barões do império, funcionários públicos e europeus), que voltam a ocupar essas áreas centrais da cidade, utilizando, por exemplo, o Campo de Santana que foi o primeiro parque público do segundo império, construído com as mais modernas tendências francesas de teor nitidamente romântico, característica frequente nos parques e jardins modernos de Paris.

Figura 3: Layout e imagem do Campo de Santana. Fonte: Macedo e Sakata

Totalmente reformado em 1875, por Auguste Glaziou, o passeio público do Rio de Janeiro perde suas características neoclássicas e seus traços geométricos dando lugar a um projeto moderno para a época, tornando-se um parque mais contemplativo, com caminhos orgânicos conectados entre si,plantas nativas misturadas com espécies europeias, asiáticas e africanas.


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Figura 4: Imagens do passeio público do Rio de Janeiro. Fonte: http://ashistoriasdosmonumentosdorio.blogspot.com.br

Concebidos seguindo uma linha projetual denominada eclética, que abarca todo o conjunto de obras dos séculos XIX e XX, tanto românticos quanto clássico (já que nenhum padrão de concepção foi transportado em sua essência para o país), o parque não passa de um grande cenário armado para o desfile das elites da época. Um elemento urbano totalmente alheio às necessidades sociais da massa urbana, sendo considerado equipamento desnecessário de lazer mediato e cotidiano da população. Essa linha eclética tem como principais características: configurações morfológicas estruturadas em grandes maciços arbóreos, extensos relvados e águas sinuosas, espaços contemplativos, redes de caminhos que se cruzam, criando nós de circulação e alamedas, pontos focais que abrigam elementos como quiosques, grutas, roseiras, ilhas, monumentos, pérgulas, coretos, fontes, chafarizes, estátuas ou templos, viveiros de plantas e pequenos zoológicos. Tais parâmetros foram tão disseminados e incorporados à cultura nacional que permanecem sendo parte integrante do repertorio projetual paisagístico até os dias atuais. Representando tal linha projetual, exemplar do paisagismo da Belle Époque na cidade de Belém, o Bosque Rodrigues Alves que foi idealizado pelo geógrafo José Coelho Rodrigues Alves e fundado em 1883, conta com uma


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área de 150.000m² rica em equipamentos e atividades característicos da linha Eclética.

Figura 5: Layout e imagens do Bosque Rodrigues Alves Fonte: Macedo e Sakata

Entre as décadas de 30 e 40 esse modo de projetar foi sendo adaptado às mudanças da sociedade, que passa a valorizar atividades recreativas ao ar livre incentivando o aparecimento de equipamentos de lazer como quadras esportivas e playgrounds. A população de classe média passa a ocupar mais densamente os centros urbanos, devido ao crescimento das bases econômicas do país, e começam a desenvolver novos hábitos, refletindo imediatamente no programa de necessidades dos parques públicos. ‘’ Investimentos pesados foram feitos pelo estado e pela iniciativa privada, visando à transformação do país e a reestruturação das urbes, notadamente as de médio e grande porte, a fim de dotá-las de infra-instrutura de funcionamento compatível com as novas formas de estruturação econômica. O novo modelo urbano é calcado nos princípios modernistas da Carta de Atenas, no consumo e lazer de massas e num vasto processo de investimento imobiliário, que produziram alterações radicais na configuração urbana das áreas mais antigas e nos centros expandidos e mais precários nas suas periferias’’ (MACEDO E SAKATA, 2010, P 62).


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Surge então uma nova linha projetual, o movimento moderno, que representou uma grande ruptura com os cânones ecléticos e toda a produção paisagística anterior.

Nesse contexto a estrutura morfológica do parque é

radicalmente simplificada, dando ênfase a espaços para o esporte e para o lazer com áreas para piqueniques, quadras esportivas, playgrounds, teatros ao ar livre, edificações de apoio como lanchonetes e sanitários, arquibancadas, anfiteatros, mesas de jogos, bancos e fontes. ‘’ Esta linha projetual trouxe significativas mudanças conceituais para a produção dos espaços de lazer, alterando a concepção da própria paisagem. O ideal de cenário bucólico-contemplativo persiste durante esse período, porém novas perspectivas se abrem para um uso mais diversificado do parque, o que faz dele um local de lazer para todas as faixas etárias e sociais, proporcionando além do lazer contemplativo, o esportivo, cultural e educativo. ’’ (MACEDO E SAKATA, 2010, P 66).

Dos anos 70 e 80, com sua consolidada configuração mista, contemplativa e recreativa o parque passa a adotar procedimentos ecológicos como nova postura projetual, utilizando a mata original e o plantio de espécies nativas como elementos de projeto, buscando uma melhor qualidade de vida. Porém, tais preocupações já estavam presentes em obras bem mais antigas como as de Burle Marx, Rosa Kliass e muitos outros que utilizavam a vegetação nativa como elemento chave de seus projetos de plantio.

Figura 6: Layout e imagem do Parque Piqueri Fonte: Macedo e Sakata


P á g i n a | 25 ‘’ Em São Paulo, os anos 70 marcam um aumento significativo do número de parques, a maioria em bairros populares. O Parque Piqueri, uma antiga chácara reciclada, possui uma estrutura simples, mas diversidade de equipamentos e de possibilidades de lazer, assim como o parque do Carmo e o parque Anhanguera, produtos da política pública dessa década. ’’ (MACEDO E SAKATA, 2010, P 37).

A partir dos anos 90 a concepção projetual dos parques ganha uma releitura e seu programa de necessidades passa por novas alterações. Com grande liberdade projetual, por conta da ausência de uma escola paisagística no país, pela falta de bibliografia de referência e também pelas grandes distâncias entre as cidades brasileiras, os parques contemporâneos passam a adotar algumas soluções inéditas, adaptados e adequados ao meio em que se inserem e a seus usuários. ‘’ Em todas as cidades de porte de país, novos projetos são executados, a maioria deles desenvolvido de modo bem simples, muitos constituindo apenas adaptações muito modestas de áreas antes abandonadas. Velhas chácaras, restos de capoeira, margens de riachos e antigos parques particulares são adaptados para uso coletivo, privilegiando-se, na maioria dos casos, os resultados formais imediatos e o baixo custo. ’’ (MACEDO E SAKATA, 2010, P 48).

O parque contemporâneo inspira-se em valores difundidos tanto na linha projetual eclética quanto na moderna, misturando e experimentando novas formas de uso, sem padrões rígidos. Tendo como principais características um programa

funcional,

com

diversificação

de

equipamentos

esportivos,

preservação de ecossistemas naturais, com realização de atividades relacionadas à educação ambiental, novas tecnologias e materiais empregados em traços projetuais antigos, tendo como método a experimentação. Como caso tem-se o projeto paisagístico do Parque da residência, localizado em um dos principais eixos de acesso ao centro da cidade de Belém, que desenvolvido por Rosa Kliass a pedido do Governo do Pará e inaugurado em1998buscou manter as áreas circundantes a casa, unindo as áreas já existentes do sítio, como o palacete, o coreto, o orquidário, o


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restaurante, o auditório além dos espaços de estar incorporadas ao passeio contemplativo.

Figura 7: Layout e imagem do Parque da Residência. Fonte: Macedo e Sakata

Feita a contextualização histórico evolutiva dos parques urbanos no Brasil e no mundo, cabe ao próximo capítulo defini-los com mais precisão para efeito de entendimento deste trabalho, assim como destacar que, ao contrário do que se pode imaginar, existem inúmeras configurações de parques urbanos, com diferentes funções, conceitos, formas e usos.

1.3. Funções e Conceito ‘’ A primeira imagem que nos vem de um parque é aquela relacionada com um bucólico e extenso relvado cortado por sinuoso e insinuante lago, transposto por uma romântica ponte, plantado com chorões debruçados sobre águas e emoldurado por bosques frondosos [...] Por trás dessa visão estereotipada, característica de muitos parques pelo mundo afora, está o papel real do parque como um espaço livre público estruturado por vegetação e dedicado ao lazer da massa urbana. O parque público, como conhecemos hoje, é um elemento típico da grande cidade moderna, estando em constante processo de recodificação’’ (MACEDO E SAKATA, 2010, P 13).


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A cada década aconteceram mudanças nas tendências e funções dos parques urbanos e atualmente, eles surgem com novos contornos, desenhando o perfil, entorno e as identidades de cada sociedade, devendo ser encarado nos seus diferentes tempos, funções e usos. Devido a essas mudanças e aos vários usos adotados atualmente, o conceito e definição do termo parque divergem bastante entre os estudiosos da área. Para Scalise (2002), o parque é um equipamento público urbano difundido a partir de experiências inglesas, francesas e americanas e surge de ações concretas, em situações geográficas e historicamente especificas. Sua provisão é função do município, e ocorre a partir da necessidade de existência de tais equipamentos. Já suas funções não se submetem a um padrão, pois, alguns estão vinculados à proteção ambiental, apresentando uso restrito e outros atraem multidões. Quanto às formas de tratamento, compreendem desde a linguagem formal até a ambiência naturalista. Com relação aos equipamentos, variam dos que tem seu ponto alto nos equipamentos culturais, esportivos e recreativos aos que possuem como atração principal os caminhos e as áreas de estar sob densa arborização. Essa diversidade é reflexo das necessidades, do pensamento e do gosto de um grupo, de uma época. Segundo Lira Filho, a diferença entre as tipologias de áreas verdes está no tamanho do local, se possui área impermeabilizada considerável, sua inserção na estrutura viária e na sua função social. Discernindo a praça de um parque por possuir menor dimensão, maior área impermeabilizada, além de estar inserida diretamente no sistema viário. Gomes (2013) diz que parque são elementos da paisagem urbana que se inscrevem no espaço construído. Ocupam área especifica, demarcada no espaço, sobre a qual se realiza trabalho, obras que permitem seu uso efetivo e também são públicos pelo fato de, em geral, terem sido delimitados em terras de propriedade municipal, estadual ou federal. Já Mascaró (2008) classifica as áreas verdes urbanas em dois grandes grupos: Área verde principal, como os parques, clubes, hortas e floriculturas; e Áreas verdes secundárias, com as praças, lagos e ruas arborizadas. Para o autor os parques urbanos são áreas de médio porte, que tem entre 10 e 50


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hectares e devem estar envolvidos pelo tecido urbano, com uma boa ligação ao sistema de transporte público e privado da cidade. Com funções ecológicas, estéticas, culturais e sociais, os parques urbanos exercem, em função do seu volume, densidade e tamanho, inúmeros benefícios ao seu entorno, proporcionando a melhoria da qualidade de vida, garantindo áreas destinadas ao lazer, paisagismo e preservação ambiental, benefícios estes que acabaram se tornando indissociáveis no processo de planejamento dos mesmos, tais como: •

Redução da poluição por meio de processos de oxigenação;

Proteção de fauna e flora, mesmo que não nativa;

Redução das chamadas “ilhas de calor” e contribuição para amenizar o clima urbano, normalmente mais quente que o do espaço rural;

Promoção de uma melhor ocupação de determinada área, implantando estruturas que servem não apenas aos frequentadores do parque, mas também a quem circula nos seus arredores, com equipamentos destinados ao esporte, lazer, cultura, eventos, a socialização de maneira geral;

Valorização de bairros e distritos, que infelizmente pode redundar na especulação imobiliária e no aumento abusivo dos preços dos imóveis e terrenos.

Amortecimento dos ruídos de fundo sonoro contínuo e descontínuo de caráter estridente, ocorrente nas grandes cidades.

Transmite bem estar psicológico, em calçadas e passeios;

Quebra da monotonia da paisagem das cidades, causada pelos grandes complexos de edificações;

Valorização visual e ornamental do espaço urbano; Tais definições nos permitem ver que o papel do parque urbano é

abrangente, e nem sempre é preciso, porém, para efeito deste trabalho o conceito que melhor definiu tal intervenção foi o de Rosa Kliass, onde de maneira abrangente o parque é definido como um espaço público com


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dimensões significativas e predominância de elementos naturais, destinados ao lazer e à recreação.

1.4. Exemplos relevantes Após contextualização da origem, função e uso do parque urbano, destacam-se algumas das experiências modernas e contemporâneas mais relevantes de projetos nessa área. No âmbito internacional, o projeto do parque linear High Line em Nova York e no âmbito nacional o Parque Naturalístico Mangal das Garças em Belém do Pará. Os dois projetos são caracterizados pelo uso de técnicas projetuais e construtivas bastante aprimoradas e inovadoras e pela bem sucedida estratégia de renovação de áreas degradadas, servindo de inspiração e referência no que se refere à arquitetura paisagística.

HIGH LINE - NOVA YORK, EUA.

O High Line, parque urbano inaugurado em 2008, na cidade de Nova Iorque, foi implantado sobre uma linha férrea elevada de 2,3 km construída em 1930 e posteriormente desativada. A linha foi por muitos anos um incômodo na paisagem urbana local, mas hoje é definitivamente um dos espaços públicos mais inspiradores dos últimos tempos e tem se tornado uma referência mundial pela qualidade do desenho urbano e pelo sucesso como estratégia de renovação de áreas degradadas, mostrando como o reaproveitamento de um espaço abandonado pode gerar um excelente espaço de utilidade pública. Iniciativas públicas e privadas arrecadaram 44 milhões de dólares para reformar e transformar a linha férrea em um espaço com novo uso. O resto dos 152 milhões de dólares foram levantados pela prefeitura e por mais de 30 projetos em construção ao redor do parque, como o de Renzo Piano para a nova sede do Whitney Museum. Em 2002, um grupo denominado Amigos do High Line provaram para a prefeitura que os impostos gerados pelo parque seriam maiores que os custos de construção e reforma. Assim no ano seguinte eles abriram concurso arquitetônico e paisagístico que teve como vencedor o estúdio de paisagismo


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James Corner Field Operations e o escritório de arquitetura Diller Scofidio + Renfro. Dois anos mais tarde começou a construção, realizada em três fases.

Figura 8: Visão parcial do parque High Line. Fonte: concursosdeprojeto.org

Figura 9: Visão parcial do parque High Line. Fonte: concursosdeprojeto.org

Todo o material que estava apoiado na estrutura foi removido e mapeado, incluindo os trilhos de ferro, o cascalho, a terra e uma camada de concreto. Construiu-se um sistema de drenagem e a segunda camada de concreto, que faz parte da estrutura do elevado, passou por restauro e impermeabilização. As partes que estavam quebradas foram restauradas e o que estava faltando foi refabricado para se aproximar do desenho original. A partir daí, a primeira seção do parque propriamente dito pôde ser construída. Essa fase incluiu a instalação de 3,5 mil placas pré-fabricadas de concreto para laje, 60 assentos de ipê brasileiro e peruano, dois elevadores, duas escadas rolantes e o plantio de mil árvores e 50 mil mudas de diferentes tipos de vegetação. Luminárias LED de alta eficiência foram integradas aos trilhos e iluminam o caminho do visitante à noite. As luzes ficam abaixo do nível dos olhos, o que permite que a vista se ajuste à luz ambiente. Outras lâmpadas também foram instaladas debaixo do High Line para iluminar a rua.


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O paisagismo foi inspirado nas espécies vegetais que cresceram na ferrovia durante os anos de abandono. Ao todo foram 210 espécies, entre arbustos e forrações de diversas texturas, cores e tamanhos.

Figura 10:Secções do parque High Line. Fonte: concursosdeprojeto.org

A primeira seção vai da Rua Gansevoort até a Rua 20. A segunda seção vai da Rua 20 a 30, totalizando 2,33 km de extensão. A linha férrea original chegava até o Soho, mas a parte sul foi demolida nos anos 60.

Figura 11: Layout parcial do parque High Line. Fonte: concursosdeprojeto.org


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A comunicação intra-urbana que o parque estabeleceu com a cidade e a sua linearidade, compõe exatamente o conceito de conexão urbana paisagística, social e econômica, o que o torna referência com sua bem sucedida estratégia de renovação. •

MANGAL DAS GARÇAS- BELÉM, PA. Idealizado pelo arquiteto Paulo Chaves e projetado pela arquiteta

paisagista Rosa Kliass, o Parque surgiu com a finalidade de desenvolver o turismo e resgatar a morfologia vegetal da cidade. Circundado pelo centro histórico de Belém e por bairros periféricos, as margens do rio Guamá, o parque de aproximadamente 46.000 m², que foi inaugurado em 2005, era um aterro abandonado e passou a ser uma ótima opção de lazer, com equipamentos voltados a contemplação e principalmente a conservação ambiental, uma proposta de resgate e valorização da paisagem amazônica. Sempre preocupada com a preservação da vegetação, Kliass soube integrar perfeitamente homem e natureza em seu projeto, onde ambos conseguem conviver harmonicamente, com espaços como aviário, borboletário, orquidário, fontes, pontes, lagos, mirante e até um farol.

Figura 12: Visão Geral do Parque Mangal das Garças. Fonte: www.mangaldasgarcas.com.br


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O projeto do Mangal representou um avanço no que tange o planejamento de parques, ao inserir na equipe de projeto, profissionais ligados a outras áreas de conhecimento, como biólogos, programadores visuais, consultores da fauna e de museus. De acordo com Mergulhão, a divisão setorial dos equipamentos agrupada em dois setores, a de apoio operacional e a naturalista, permitiu uma melhor leitura do parque e de suas funções, graças ao papel do arquiteto paisagista, que é de, “articular o espaço por meio da ligação de fragmentos através de uma estrutura que assegure a comunicação simbólica, para além das outras funções ecológicas, econômicas e sociais” (MAGALHÃES, 2001, p. 42). ‘’O programa do Mangal assemelha-se aos de uma categoria de espaços públicos livres existentes na cidade de Belém desde os séculos XIX e XX, representada pelo Bosque Rodrigues Alves e pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, que se caracterizam como espaços públicos densamente arborizados por mata nativa ou plantada, abertos à visitação pública para a contemplação da fauna e da flora amazônica, além de abrigarem exposições culturais ou científicas sobre temáticas regionais. ’’ (MERGULHÃO, 2009, P 110).

Na concepção pós-moderna, que alia o modelo paisagista inglês ao traçado contemporâneo, o projeto propôs o uso predominante de espécies vegetais nativas da Amazônia, assim como o uso de elementos construtivos e artísticos que permitem associar o parque à região, possibilitando o acesso visual ao rio e a floresta, o que vem ao longo dos anos sendo negado à população, proporcionando ao visitante a contemplação da natureza. Assim o parque contribui para o equilíbrio ecológico da cidade e também para sua composição de paisagem cultural, pois promoveu a regeneração de espécies nativas desaparecidas, ofereceu condições ambientais para o retorno da fauna nativa das margens do rio Guamá, e criou um espaço alternativo de lazer e cultura para a população, podendo assim ser considerado um exemplo de espaço livre paisagístico bem sucedido.


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Figura 13: Planta Geral do Parque Mangal das Garรงas. Fonte: www.piniweb.com


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CAPÍTULO 2: DADOS E OBSERVAÇÕES ACERCA DO MUNICÍPIO Para uma adequada elaboração, tanto do programa de necessidades quanto do traçado e setorização do parque, é de suma importância o estudo das características do município e da sua população, no que diz respeito à relevância para o tema deste trabalho, ressaltando-se os aspectos geográficos e climáticos da região, além do seu desenvolvimento urbano e o quadro de suas áreas de lazer.

2.1. Contextualização de Ananindeua O Município de Ananindeua está localizado na Região Metropolitana de Belém, no nordeste do Estado do Pará, Norte do Brasil, possuindo como limites ao norte, ao sul e a oeste o município de Belém, e a leste os Municípios de Marituba e Benevides, correspondendo a 10,11% da área total da Região Metropolitana de Belém, da qual participa, juntamente com os Municípios de Belém, Benevides, Marituba e Santa Bárbara do Pará. Com área total de 185, 057 km², Ananindeua é composta por uma área continental, ao sul,e outra insular, ao norte. A área continental (67% da área total) está situada entre o rio Guamá e o furo do Cotovelo e concentra a maior densidade populacional do município, com 26 hab./ha. O clima da cidade é tropical quente e úmido, com temperatura média de 26° C, registrando chuvas abundantes durante quase todo o ano, com uma pluviosidade média em torno de 3.158,20 mm, sendo que nos meses de dezembro a abril são registrados períodos de maior índice pluviométrico e no período que compreende os meses de agosto a outubro são registrados os menores índices.


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Figura 14: Mapa RMB Fonte: PDA

A umidade relativa do ar registra a variação de 91,6% em fevereiro e a mais baixa em outubro, com 81,3%. Os ventos predominantes são os do quadrante NE, sendo que nos meses de maio a junho, sopram para SE, sendo registrada uma velocidade média de 4,82 m/s e os mais fortes ocorrendo predominantemente no verão mais do que no inverno. De acordo com o IBGE, a população de Ananindeua totaliza 393.569 habitantes, sendo constituída de 190.307 mulheres, correspondendo a 48,4 % e de 203.262 homens. Quanto à faixa etária, crianças e adolescente de até 14 anos de idade representavam 32,3% da população, adolescentes e adultos entre 15 e 59 anos de idade somavam 249.349 habitantes, ou seja, 63,4% e as pessoas com a idade de 60 anos ou mais chegavam a 4,3%.


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Figura 15: Tabela de Distribuição da População por Bairros Fonte: Censo 2000

Figura 16: Tabela de Faixas de Idade da População Fonte: Censo 2000

2.2. Desenvolvimento urbano e crescimento da cidade

Em meados do século XIX, a intensa produção da borracha deu um grande impulso no processo de urbanização da Capital paraense. É neste período, precisamente em 1870, que é inaugurado o serviço de trens a vapor, com a estrada de ferro Belém – Bragança, que leva à constituição do povoado de Ananindeua as margens da estação desta ferrovia. Por conta da forte atividade extrativista baseada na exploração de argila, da areia, da pedra e da extração de madeira, Ananindeua é emancipada do


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município de Belém, através do Decreto Estadual n° 4.505, de 30 de dezembro de 1943, embora sua sede só tenha sido reconhecida como cidade em 1947. Segundo o relatório diagnóstico do PDA, na década de 1970, com a construção da rodovia estadual PA-391 ligando Belém à Ilha de Mosqueiro, houve um significativo incremento na utilização da BR-316 com a qual se interliga a rodovia estadual. O processo de conurbação dos núcleos de Ananindeua, então com 22.527 habitantes, e de Belém já estava evidente. Somando-se a isso, o acelerado processo de crescimento econômico com a exploração de ouro em Serra Pelada e de ferro em Carajás, fez com que houvesse em Belém um crescimento populacional de 4.29%, o que significou a ocupação da totalidade das suas áreas habitáveis, agravando os problemas habitacionais e de transportes da cidade, delegando à Ananindeua a função de suprir as necessidades por habitação.

Figura 17: Mapa da Evolução Urbana de Ananindeua Fonte: Censo 2000

A partir daí o município passa a apresentar um vigoroso processo de urbanização. Em decorrência da implantação das 600 casas iniciais do


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Conjunto Habitacional Cidade Nova I(constitui-se naquela região um núcleo que tenderia a se consolidar e se expandir com a implantação das novas glebas deste empreendimento habitacional) e com a ocupação de áreas ao longo da BR-316, em ambos os lados da rodovia, penetrando na região de Águas Lindas e conectando-se ao Conjunto Habitacional Júlia Seffer. Atualmente a extensa área urbana do Município configura-se como uma urbe com grandes vazios e baixa densidade demográfica, com extensas áreas de terra entrecortadas por sistemas de vias predominantemente ortogonais, característicos do parcelamento adotado pelos conjuntos habitacionais da COHAB-PA e dos loteamentos formais e informais.

2.3. Ananindeua e suas áreas públicas de lazer A Cidade de Ananindeua cresceu e funcionou como uma cidade dormitório de Belém. Assim em função das necessidades de abrigar um contingente populacional cujo mercado habitacional de Belém não podia atender, coube a Ananindeua, suprir estas necessidades. Como nos mostra sua evolução urbana, as sucessivas invasões e os conjuntos executados para atender a esta população geraram diversas malhas urbanas completamente desarticuladas. A Cidade se configura hoje como uma colcha de retalhos, com vários tipos de traçados, regulares e irregulares havendo umas poucas vias arteriais que servem para interligar estes traçados e que desembocam no grande tronco representado pela BR-316, ou seja, o grande eixo de ligação da cidade. Com isso, a porcentagem de área de praça e de lazer por habitante é muito pequena, 30 cm²/hab., pois a implantação de praças não foi um requisito dos respectivos projetos de loteamentos ou conjuntos. (PDA, 2006). De acordo com o relatório diagnóstico do PDA o uso do solo para fins recreacionais em Ananindeua é inexpressivo, apesar das grandes manchas verdes observadas no município este possui poucas áreas de lazer. Poucas são as praças que permitem o uso recreacional público. Enquanto distribuição espacial, estas poucas áreas estão bem compartimentadas e espalhadas na malha urbana, havendo apenas uma concentração sequencial ao longo da Avenida Três Corações e um pouco na Avenida Arterial 18. Nos bairros


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situados na zona sul, abaixo da BR-316, como é o caso do Júlia Seffer, inexistem áreas recreacionais públicas, como podemos ver nos mapas abaixo:

Figura 18: Mapa de Distribuição das Praças Fonte: SEDUR


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Figura 19: Mapa de Distribuição das Áreas de Lazer Fonte: SEDUR


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CAPÍTULO 3: EXERCÍCIO PROJETUAL 3.1. Metodologia projetual A partir da captação de informações e do estudo de todos os condicionantes da área, sintetiza-se o contexto em um programa de necessidades que norteará o processo projetual, a elaboração de um partido e a resolução dos requisitos espaciais exigidos pelos usuários. Não menos importante, o embasamento em projetos análogos, de mesma função e tipologia, também norteará o projeto. Dentre vários projetos paisagísticos de igual função observados para captação de soluções espaciais, cinco serão destacados mais adiante em uma avaliação que teve como critério o levantamento dos pontos mais pertinentes para a tipologia pretendida desde o início, que levou em consideração três características gerais para a elaboração do projeto: o programa de necessidades, os equipamentos existentes e o traçado, definido por composições planas e volumétricas. Levando em consideração tais características, partiu-se para a verificação das referências a partir dos quesitos compositivos explanados a seguir, tomando como base as informações compiladas por Benedito Abbud, em Criando Paisagens, Guia de Trabalho em Arquitetura Paisagística (2006), e levando em consideração aspectos de plasticidade e organização do espaço.

3.2. Parque Fengming Mountain O Parque Fengming Mountain, com seus 16.000m², está localizado no crescente distrito de Shapingba, em Chongqing na China, e foi projetado pelo estúdio Martha Schwartz visando atrair atenção ao centro de vendas Vanke Golden City através de um desenho interessante e dinâmico que cria uma forte conexão entre a configuração do terreno e o contexto do entorno, através de pavilhões em forma de montanha, com padrões em zigzag e o uso de cores fortes.


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Figura 20: Planta Baixa do Parque Fengming Mountain. Fonte: http://www.landezine.com/

Inaugurado em 2013, o projeto expressa uma identidade única através de estruturas metálicas que marcam e guiam um percurso, a partir da chegada, por um caminho de águas através do parque, para então chegar ao destino final, o Centro de Vendas.

Figura 21: Vista da Entrada do Parque Fengming Mountain. Fonte: http://www.landezine.com/


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Figura 22: Vista Interior do Parque Fengming Mountain. Fonte: http://www.landezine.com/

A topografia externa cria condições para o fácil movimento de pedestres e veículos do estacionamento superior até o centro de vendas, o ponto mais baixo. Os pavilhões proporcionam sombra durante o dia e pela noite, são acesos para criar um efeito de lanterna com brilho intenso.

Figura 23: Foto noturna do Parque Fengming Mountain. Fonte: http://www.landezine.com/

Um caminho sinuoso garante que a mudança de nível seja acessível para todos, pois se converte também numa linguagem de padrão geológico, como se fosse uma caminhada por uma trilha sinuosa em uma montanha. Em cada mudança de direção, uma plataforma proporciona um lugar para sentar e desfrutar da vista ou fazer uma pausa da subida.


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Figura 24: Corte do Parque Fengming Mountain. Fonte: http://www.landezine.com/

O caminho em zigzag está alinhado com paredes construídas a partir de grandes peças de concreto com textura escura, criando uma silhueta rochosa. Os vales e fendas que são criados pelas paredes tornam-se fontes de córregos que atravessam o projeto.

Figura 25: Vista Interior do Parque Fengming Mountain. Fonte: http://www.landezine.com/

Figura 26: Foto Noturna do Parque Fengming Mountain. Fonte: http://www.landezine.com/


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3.3. Parque Granite Web Design Com o objetivo de selecionar a melhor proposta de intervenção para a área central da cidade de Aberdeen na Escócia, que incluísse jardins e parques acessíveis em diferentes níveis, espaços públicos para atividades culturais e de lazer, recuperação do patrimônio histórico e reorganização dos acessos, os idealizadores do concurso tiveram como base principal a idéia de que a intervenção seria o motor de transformação de toda a área central, contribuindo para o desenvolvimento e a prosperidade da cidade. O projeto vencedor, elaborado pelo escritório Diller Scofidio + Renfro, celebra aspectos tridimensionais da cidade, reinterpretando a topografia da paisagem circundante, criando estruturas e espaços graciosos, que contribuem para um desenho contemporâneo ao mesmo tempo emocionante e memorável. Destacando-se ainda no que se refere à criação de novos espaços, ao custo e à viabilidade construtiva, à manutenção futura, assim como questões de sustentabilidade ambiental e eficiência energética.

Figura 27: Layout do Parque Granite Web Design. Fonte: http://www.landezine.com/

Com a proposta de revitalizar uma grande área verde urbana remanescente do século XIX pouco atrativa, criou-se um protótipo de múltiplos espaços comunitários conectados com pontos importantes da cidade, resultando em uma proposta de malha diferenciada.


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Figura 28: Vista do Granite Web Design. Fonte: http://www.landezine.com/

Foram propostas as seguintes setorizações e usos:

Belmont Plaza: praça seca, com cafés, restaurantes e bares.

Lawn: Gramado extenso para estimular o convívio em família e atividades recreativas ao ar livre.

Grand Plaza: Entrada principal do parque, uma praça seca que engloba a estátua de Edward VII, lugar ideal para encontros e performances artísticas.

Figura 29: Representação Noturna do Parque Granite Web Design. Fonte: http://www.landezine.com/


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Bosque: Área que mescla árvores de porte médio com um piso pavimentado, oferecendo luz e sombra.

Flower Garden: Tradição escocesa, as flores são um elemento tradicional do paisagismo da cidade, para contemplação e estímulo dos sentidos.

Cultural Centre: O centro cultural abrange um teatro de 500 lugares, um anfiteatro com capacidade de 5 mil pessoas, salões de exposição, hall, estacionamento, áreas de serviços complementares no subsolo, além da cobertura ser convertida em terraços gramados, com vários acessos.

Learning Garden: Uma horta coletiva destinada à educação ambiental e ao plantio de hortaliças e ervas.

Figura 30: Espaço entre Forum, The Grove e Learning Garden. Fonte: http://www.landezine.com/

Grove: Bosque de vegetação densa, com áreas de caminhada.

Rosemount Terrace: Localizada no cruzamento do viaduto esta praça tem a intenção de ser uma conexão segura para os pedestres entre grandes avenidas movimentadas.

Forum: Área de apresentações e convívio, um anfiteatro para 5 mil lugares, que pode se converter em um espaço para prática de patinação no gelo durante o inverno e pista de skate no verão.


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Figura 31: Vista Aproximada do Forum. Fonte: http://www.landezine.com/

3.4. Paprocany Lake Shore O parque é um conhecido lugar onde os habitantes de Tychy, que fica na Polônia, passam seu tempo livre. Com grandes áreas de recreação, esporte e lazer, o parque tem rico paisagismo que expande a oferta de lazer aos moradores da cidade.

Figura 32: Vista do Parque Paprocany Lake Shore. Fonte: http://www.landezine.com/

O deck em madeira, que se estende ao longo da margem do lago, permite a percepção de todo o espaço do parque a partir de vários pontos do percurso. Em um dos passeios há uma abertura com uma rede esticada, que serve para descanso e


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apreciação da paisagem, e bancos especialmente desenhados, que podem servir de arquibancada para futuras competições esportivas no lago.

Figura 33: Banco com Vista para o Lago. Fonte: http://www.landezine.com/

Figura 34: Redes para Descanso e Apreciação. Fonte: http://www.landezine.com/

Antes da reforma, o lugar era apenas um gramado à beira da estrada, apesar da bela paisagem, era utilizado somente por pescadores. Nas primeiras semanas após a abertura, apesar do clima desfavorável, o parque se tornou


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um local frequentemente visitado. Durante o dia, um passeio para famílias inteiras e à noite um espaço para encontros e contemplação.

Figura 35: Vista do Parque com Detalhe do Deck em Madeira. Fonte: http://www.landezine.com/

Figura 36: Vista do Parque ao Anoitecer. Fonte: http://www.landezine.com/


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3.5. Parque da Juventude Avaliado como o segundo melhor parque de São Paulo, o parque da Juventude, que fica na zona norte da capital paulistana, foi criado para disponibilizar serviços ligados ao lazer, esporte, educação, cultura, turismo e saúde para a população local.

Figura 37: Layout do Parque da Juventude. Fonte: Macedo e Sakata, 2011.

Construído em três etapas (2003: instalações esportivas; 2004: Parque Central e 2006: prédios institucionais) e com uma área de 240 mil m², projeto arquitetônico de Aflalo & Gasperini, paisagismo de Rosa Grena Kliass e José Luiz Brenna, o parque presta consideráveis serviços à população. Suas instalações constituem-se de área esportiva com pistas, quadras para a prática dos mais diversos esportes; área arborífera com alamedas, jardins, bosques, playground; área institucional, com prédios destinados à escola técnica, biblioteca, sala de informática com acesso gratuito à internet, área de shows, além de outras atividades em todo o complexo. Como já foi dito, o projeto foi dividido em três etapas, a primeira que é o parque esportivo, a segunda, o parque central, para a contemplação e por fim, a terceira, o parque institucional, de caráter cultural, onde ficam as escolas técnicas.


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Figura 38: Atividades do Parque da Juventude. Fonte: http://arqpb.blogspot.com.br

O parque esportivo tem aproximados 35.000 m² e conta com os seguintes equipamentos: 01 pista de skate, 10 quadras poliesportivas, lanchonete com bancos e mesas, banheiros masculino e feminino com acesso a pessoas com deficiência e 06 pares de bebedouros.

Figura 39: Setor Esportivo. Fonte: http://www.vitruvius.com.br


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Já o parque central tem 95.000 m² e conta com as seguintes áreas: espaço de contemplação recreativa, alamedas, jardins, bosques, árvores ornamentais e frutíferas e uma área de Mata Atlântica de 16 mil m², onde existem trilhas para caminhadas.

Figura 40: Setor Central. Fonte: http://www.vitruvius.com.br

Por fim o parque institucional que tem 96.000 m² formados por: dois prédios adaptados ao uso de escola técnica, restaurante, biblioteca e teatro.


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Figura 41: Setor Institucional. Fonte: http://www.vitruvius.com.br

O parque é um importante objeto de estudo para a implantação das diretrizes desse trabalho, no que diz respeito à segmentação de áreas específicas e setorizadas, o que facilita a leitura da área pelo usuário que facilmente pode se localizar ao longo de todo o parque, e também pela utilização de elementos de conexão como pontes e passarelas.


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CAPÍTULO 4: PROPOSTA DE PROJETO O presente capítulo focaliza todos os passos que envolvem a execução do projeto, apresentado as etapas em ordem sequencial.

4.1. Localização do terreno e parâmetros de legislação Possuindo 5,1 hectares,a área escolhida para intervenção está localizada no município de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém,precisamente na Rua da COHASPA,entre as ruas 5 e 6 do Conjunto Habitacional Júlia Seffer. A implementação desse projeto abrange vários fatores, que vão desde as necessidades e anseios da população, a carência de áreas de lazer na Cidade e no Conjunto, a localização geográfica, os condicionantes físicos e a dimensão do terreno, assim como seu entorno e os aspectos legais determinados por normas e leis acerca do uso e ocupação do solo,além da possibilidade de implantar um marco visual para caracterização do Conjunto.

Figura 42: Localização do Sítio no Contexto Local. Fonte: GoogleEarth


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Figura 43: Vista 1 do Sítio Fonte: Autor

Figura 44: Vista 2 do Sítio Fonte: Autor

Figura 45: Vista 3 do Sítio Fonte: Autor

Figura 46: Vista 4 do Sítio Fonte: Autor

Figura 47: Vista 5 do Sítio Fonte: Autor


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Foram observados requisitos impostos pela lei, tanto pelo Plano Diretor de Ananindeua quanto pela Lei de uso do solo e de acordo com esses parâmetros: O

terreno está

inserido

na unidade de

planejamento BR-SUL,

microrregião 16, bairro Júlia Seffer, que de acordo com o PDA, caracteriza-se por possuir infra-estrutura consolidada e estar em processo de renovação urbana, com uso predominantemente residencial, pequena incidência de atividades econômicas, baixo número de terrenos ocupados com verticalização e remembramento de lotes. Tendo como objetivos: •

Proteger o meio ambiente natural e cultural;

Orientar e controlar o parcelamento, o uso e a ocupação do solo urbano;

Estruturar a mobilidade sustentável e o sistema de transporte;

Orientar e assegurar o desenvolvimento socioeconômico local;

Promover o ecoturismo;

Como Diretrizes: •

Controlar o processo de adensamento construtivo;

Investir na melhoria da mobilidade e acessibilidade;

Investir na recuperação e manutenção dos espaços públicos de uso coletivo;

Permitir a construção de edificação vertical mediante outorga onerosa;

Melhorar a infra-estrutura, potencializando atividades de turismo e de negócios afins;

Promover atividades de cultura e lazer nas áreas de uso coletivo.

Considerando 3,2km como raio de influência que um parque desse porte pode exerce na região em que é inserido, o parque Júlia Seffer influencia diretamente o bairro do Júlia Seffer e Águas Lindas, alcançando também os Bairros do Aurá e Águas Brancas.


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Figura 48: Localização do Sítio no Contexto Municipal de Ananindeua Fonte: GoogleEarth

De acordo com o capítulo V das políticas públicas setoriais do PDA, da política de esportes e lazer, é dever do poder público municipal garantir a promoção, o estímulo, a orientação, o apoio, a prática e a difusão da educação física e do desporto formal e não formal, do lazer e do turismo. Incentivando as manifestações esportivas e de lazer; reservando espaços livres, em forma de parques, bosques, jardins e assemelhados como base física da recreação urbana; aproveitando e adaptando rios, fontes, lagos, matas e outros recursos naturais, como locais de passeio e diversão e incentivando a prática de


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atividades esportivas em áreas públicas. Desse modo subentende-se que é de suma importância para a cidade à execução deste projeto, visto que o parque urbano do Júlia Seffer proporcionaria a manutenção quase que total dos objetivos e diretrizes do Plano Diretor de Ananindeua.

Figura 49: Localização do Sítio no Contexto do Bairro. Fonte: Google maps


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4.2. Programa de necessidades De acordo com Abbud o elenco de aspirações e necessidades varia de acordo com o tipo de usuário e se traduz na montagem do programa de necessidades. Não bastando apenas anotar mecanicamente os itens desejados, como quiosques, quadras e áreas de recreação infantil, mas também discutindo o tipo e o caráter mais ou menos formal dos espaços. É preciso saber do interesse por lugares aconchegantes, sombreados ou jardins mais ou menos densos, em resumo, deve-se estar atento aos valores desse usuário, de modo que o projeto bem os atenda. A partir dessas informações e de informações obtidas no estudo de repertório, pesquisas bibliográficas e através de observações pessoais, o procedimento seguinte foi a elaboração de um programa de necessidades, com a listagem dos ambientes necessários. Antes, foi feita uma separação básica das áreas do parque em três setores distintos, o setor lazer/cultura, o setor serviço e o setor esportivo. Cada setor concentra os seguintes ambientes: Setor Lazer/Cultura: •

Área de eventos: Espaço destinado a shows, espetáculos eventos e feiras com aproximadamente 1805m²;

Praça piquenique: Área planejada para descanso, contemplação da paisagem e piqueniques com aproximados 1435m²;

Playground: Espaço sombreado para uso recreacional infantil com cerca de 3500m²;

Área de convivência: Área ajardinada com 2750m² para passeios e descanso contemplativo.

Setor Esportivo: •

Academia ao ar livre: Espaço de 1000m² de área sombreada destinado a exercícios físicos ao ar livre;

Quadra poliesportiva e basquete de rua: 3270m² destinados a duas quadras poliesportivas e duas quadras de basquete de rua.

Pista de Skate/Patins: A pista de skate ocupa uma área de 3370m² do parque e conta com circuito Street e vertical integrados.


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Bosque com trilha: Área sombreada destinada a corridas e caminhadas ao ar livre com 5387m².

Setor Serviço: •

Estacionamento: Bolsão de estacionamento com 2800m² que comporta 130 vagas, sendo seis vagas para PNE.

Banheiros: Distribuídos em dois blocos de 42m² cada, os banheiros estão divididos em masculino, feminino, PNE masculino e PNE feminino;

Lanchonetes: Ao todo são 1620m² que estão divididos em 21 lanchonetes que estão distribuídas por todo o parque.

Banca de jornal: O parque conta com quatro bancas de revista, duas na extremidade oeste do parque e duas na extremidade leste. Elas ocupam uma área de 60m², cada uma com 15m².

4.3. Zoneamento Espacial e Estudo Preliminar Com o programa em mãos partiu-se para o desenho de zoneamento, no qual se estuda a distribuição geral dos elementos, não apenas dos construídos, mas também da vegetação sobre a morfologia do terreno, pensando nos espaços por ela criados. Geralmente esses espaços são definidos através do desenho de zoneamento, que contém aproximadamente as dimensões dos equipamentos, espaços e grupos vegetais.

Figura 50: Zoneamento Espacial do Parque. Fonte: Autor


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4.4. Anteprojeto e Pré-executivo Após a definição dos ambientes por setores foi preciso fazer o devido prédimensionamento destes espaços. O procedimento serviu para se ter uma base aproximada da área mais adequada para que um determinado ambiente permita aos seus usuários fazerem um uso mais funcional e confortável. Com medidas verificadas através dos estudos variados de layout durante o exercício do projeto, conseguiu-se testar várias soluções de organização espacial, testar opções de flexibilidade que se traduziram no uso de tecnologias construtivas ou mesmo com a utilização de mobiliários mais versáteis. De todo modo, segundo Abbud é praxe utilizar nos estudos de layout móveis de uso comum, e caso haja maiores dificuldades na plena adequação do espaço através de estudos triviais, tende-se a testar outras opções ou rever a necessidade de certos itens.

Figura 51: Pré-dimensionamento Fonte: Autor

4.5. Projeto Cobertura Vegetal O paisagismo busca trazer o conceito de um jardim cheio de cores. Foram escolhidas as cores verde, rosa, roxo, amarelo, azul e laranja, utilizando espécies como a bromélia, o carrapichinho, alho social, pingo de ouro, buxinho, bulbine, periquito e trapoeraba. Outra característica relevante são os espaços com maciços e bordas com forração diferenciando as cores de suas folhagens. No bosque e ao longo do parque a arborização utilizada foi feita com espécies como o Ipê Amarelo, a Imbaúba, a Saboneteira, a Pata de vaca, o Jasmin Manga, a Palmeira imperial, a Lanterneira e o Tento Vermelho.


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Figura 52: Espécies Vegetais Fonte: Autor

Figura 53: Tabela de espécies Vegetais Fonte: Autor


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4.6. Projeto Executivo O Parque contará com a infra-estrutura de calçamentos urbanos e diferentes tipos de passeio; rica arborização e vegetação paisagística; estacionamento; pista de skate; escadas e rampas de acesso; quadras poliesportivas; playground; lanchonetes e sanitários; mobiliário urbano; área para piquenique e bosque com trilha.

Figura 54: Planta geral do Parque Fonte: Autor


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dimensão que a produção de parques urbanos pode alcançar deve ir além da imagem que é difundida normalmente. Sua associação com outras carências estruturais e socioculturais do país deve ser encarada como prioridade. No desenrolar desta pesquisa foi possível entender algumas variáveis relacionadas à ausência desses equipamentos em nosso país, quantidade incipiente se comparados à população que carece de áreas de recreação, cultura e lazer. Estas disparidades entre oferta e demanda afeta os mais diversos setores da sociedade, visto que as recentes políticas públicas para este setor estão a “privatizar” estas áreas de lazer, onde a população de baixa renda não tem como usufruir de tais serviços. Durante a pesquisa, além da construção de um repertório histórico em torno do tema, foi feita a assimilação do conceito de “usuário” a partir das entrevistas e verificação de estudos similares e assim passou-se a compreender no decorrer do processo que os fatores sociais, especialmente aqueles ligados ao comportamento humano em coletividade são vitais na definição de um programa de necessidades coerente. Mais importantes até que os aspectos tecnológicos, ambientais e estéticos, pois estes são empregados de uma maneira ou no decorrer do projeto, mas a ausência da análise do fator humano torna todas as demais variáveis inócuas. A criação de áreas de lazer para a população da Região Metropolitana de Belém serve como estímulo ao crescimento regional e redução dos índices de criminalidade, estresse e insatisfação da população. É preciso assim considerar as perspectivas positivas desses equipamentos no sentido em que eles representam uma ampliação no bem estar sócio cultural dos moradores da região.


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