PALACETE ALBINO DE CAMARGO NETO
ARQUITETURA E URBANISMO - ESTÁCIO Disciplina: Técnicas Retrospectivas Docente: Oscar Eustachio Aluna: Kethlyn Cardozo Antunes 2022
_resgatando MEMÓRIA
CONTEXTO HISTÓRICO O Palacete foi construído entre 1902 e 1913, sendo um dos principais representantes da arquitetura do período de expansão pela economia cafeeira. Trata-se de uma edificação residencial assobradada eclética, passou por uma reforma posteriormente. Apesar do completo estado de abandono e deterioração pelo tempo, ainda preserva características originais da construção. O imóvel pertenceu a Albino de Camargo Neto, ex prefeito da cidade, advogado e professor universitário e está implantado dentro da área de abrangência protegido pelo CONDEPHAAT, chamado de Quarteirão Paulista. Segundo o memorial do casarão, a construção original é feita em alvenaria, com vigas de madeira, pisos em tacos e estrutura de madeira e ladrilhos hidráulicos com cobertura do telhado em telhas cerâmicas assentes sobre a estrutura de madeira e forro em estuque. Foi feita uma ampliação com vigas e pilares de concreto armado, piso cerâmico e cobertura de telha cerâmica sem forro. Composta por uma mistura de estilos distribuídos através de elementos como: - Arco pleno com colunas estilo jônica com características Neoclássico; - afrescos florais do estilo Art Nouveau; - vitrais estilo francês e; - gradis de ferro fundido com elementos geométricos e florais, inclusive óculo de característica Barroca. Em 2004, fez-se a solicitação de abertura do Processo de Tombamento ao Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto - COMPPAC, através do promotor de Justiça do Meio Ambiente, Dr. Marcelo Goulart.
Casarão construído em 1923 pelo Dr. Albino Camargo Neto na Rua Visconde de Inhaúma, 241 em Ribeirão Preto, São Paulo Fonte: Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto
Durante o período dos processos, em 2008 a proprietária atual, Maria Lucia de Camargo Junqueira, neta do Dr. Albino Camargo Neto, realizou um pedido de demoliçãoem e posteriormente, em março de 2011 apresentou uma nova proposta de uso. A proposta é a construção de um mural azulejado com a foto da fachada da residência. O muro de alvenaria medindo 12m de comprimento por 4,50 de altura sobre a base da parede frontal do imóvel, afastando-se da calçada e aproveitando-se os degraus do terraço e a mureta de pedras. Esse tipo de trabalho é costumeiramente utilizado na Europa. Segundo o memorial do casarão, a vantagem do uso parietal dos azulejos tem a ver com a durabilidade, facilidade de limpeza, beleza e originalidade dos detalhes. Seria trabalhado paisagismo e holofotes dirigidos para o muro e construído também um pedestal para a fixação de um busto do Dr. Albino Camargo Neto. E o restante do terreno seria utilizado pelo proprietário com projeto futuro.
Perspectivada proposta Fonte: Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto
Desenho da proposta de manutenção feito pela proprietária Fonte: Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto
Em 2012, apresentou-se uma nova proposta, com objetivo de reforçar e conservar o remanescente da alvenaria das fachadas, adequando isso em um projeto arquitetônico contemporâneo, resgatando o que retou do perfil histórico do imóvel. O projeto constituiria da composição da fachada frontal com peças metálicas e da construção de um galpão de estrutura metálica, podendo fazer uso ou alugá-lo para terceiros. Então se solicitou para que o processo de tombamento passasse a ser parcial envolvendo apenas a fachada.
DIAGNÓSTICO SITUAÇÃO ATUAL DO IMÓVEL O imóvel encontra-se com alto grau de deterioramento, com riscos de desmoronamento em algumas áreas da residência. Devido ao completo abandono, o imóvel foi tomado por moradores de rua que construíram um pequeno barraco do lado. Moradores e vendedores do entorno se queixam de aumento de assaltos e o mal cheiro que exala do imóvel por conta de entulhos e a grande quantidade de lixo no terreno. Devido aos incêndios ocorridos, o telhado e o piso foram destruídos. Paredes apresentam trincas estruturais demostrando problemas de fundação e alicerce.
Desenhos da proposta de manutenção Fonte: Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto
Parte da fundação do imóvel Fonte: Autoral
Detalhe oráculos de ferro fundido, implantado para ventilação e iluminação do interior do cômodo; Paredes mostram as marcas de incêndio que ocorreu. Fonte: Autoral
Detalhe arco pleno que dava acesso ao hall de entrada; Fonte: Autoral
A edificação ainda apresenta alguns vestígios de pinturas nas paredes, azulejo no piso superior ainda com cores originais, colunas em estilo jônica, esquadrias metálicas e pequenos fragmentos de uns dos vitrais.
AUSÊNCIA DE LAJE E TELHAMENTO
VEGETAÇÕES
MARCAS DE VANDALISMO E INCÊDIO
ESTRUTURA VUNERÁVEL DESGASTE
VEGETAÇÕES DANINHAS MARCAS DE VANDALISMO E INCÊDIO INFILTRAÇÃO
AUSÊNCIA DE PISO ENTULHOS E LIXOS Fonte imagens: Autoral
LEVANTAMENTO Localizado na rua Visconde de Inhaúma,no Quadrilátero Central de Ribeirão Preto
Planta de situação antes da ampliação
Área do terreno original: 915,30 m² Área original ocupada: 157,52 m² Área de Construção original: 305,17 m²
O imóvel está localizado em Zona de Uso Misto II- ZUM II de acordo com a Lei Municipal 8681/2000, onde se determina que são permitidas atividades com índice de risco ambiental 1,0 descritas no anexo 3 da lei. O entorno possui edificações altas em relação ao edificio e o uso do solos é misto com predominância comercial e prestações de serviços, como estacionamentos e agência bancária.
Planta baixa Original - Térreo Sem escala
Planta baixa Original - Pavimento Superior Sem escala
Corte 1 Sem escala Fonte: retirado do TFG Palacete Albino de Camargo Neto- Retomada de sua memória e espaço - Natália Hetem
Corte 2 Sem escala Fonte: retirado do TFG Palacete Albino de Camargo Neto- Retomada de sua memória e espaço - Natália Hetem
Elevação Frontal Sem escala Fonte: retirado do TFG A ruina como objeto de remomeração da cidade - Beatriz Duarte
_REFERÊNCIA PROJETUAL
Parque das Ruínas Rio de Janeiro Arquitetos Responsáveis: Ernani Freire e Sônia Lopes Projeto executado: 1996 Principais conceitos: a exploração da estrutura como ruína; e o estabelecimento entre o Parque e o Museu da Chácara do Céu. Localizado em uma das ladeiras do bairro de Santa Teresa, o espaço é dedicado a várias expressões artísticas, como as artes visuais e cênicas, a música, a dança e o cinema. O Parque das Ruínas foi criado como anexo do Museu da Chácara do Céu. Localizado na Rua Murtinho Nobre, o local possui uma edificação datada do século 19. Por meio desses conceitos, os arquitetos dividiram o projeto em duas escalas. Uma delas foi a escala da arquitetura, implantando um programa para atender as necessidades de ampliação e a complementação das atividades existentes no museu, e, a outra, foi a escala urbana, trabalhando com o entorno das edificações e incorporando um terceiro terreno para atividades ao ar livre. Sem a intenção de restaurar a arquitetura original, os arquitetos buscaram preservar, na ruína, a atmosfera de mistério e criar um lugar de passagem, através de escadas e passarelas metálicas, de forma a propiciar ao usuário, em todos os vãos, a percepção de quadros com imagens do Rio de Janeiro. Os únicos fechamentos realizados nessa obra foram feitos com vidro, para que não fosse alterada a iluminação natural existente. Por esse mesmo motivo, a cobertura também foi recuperada com estrutura metálica e vidro.
_REFERÊNCIA PROJETUAL
Pinacoteca São Paulo Arquitetos: Eduardo Colonelli, Paulo Mendes da Rocha, Weliton Ricoy Torres Área: 10815 m² Ano: 1998 Construído na última década do século 19 para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios nunca foi totalmente concluído. Em 1905 foram executadas as primeiras obras de adaptação, ainda sob o plano e direção do arquiteto Ramos de Azevedo, para receber a primeira coleção de quadros pertencentes ao Estado e que passaram a constituir a Pinacoteca. Desde então o edifício passou a receber diversos tipos de ocupação. O prédio em si sofreu estragos, consequência das águas, do estado dos telhados, goteiras e entupimentos das prumadas de águas pluviais, principalmente. Então houve a adequação do edifício às necessidades técnicas e funcionais para receber definitivamente a Pinacoteca do Estado. Os vazios internos foram cobertos por claraboias planas, confeccionadas em perfis de aço e vidros laminados, evitando assim a entrada de chuva e garantiu-se, através da ventilação, a reprodução das condições originais de respiração do conjunto dos salões internos. saguão monumental que articula, em conjunto com as passarelas, praticamente sem barreiras, através dos eixos longitudinal e transversal do edifício, todos os seus espaços. Em um pátio lateral foi instalado um grande elevador para o público e montagens. A construção original foi essencialmente mantida como encontrada, conservadas. Todas as intervenções propostas pelo projeto foram justapostas e tornadas evidentes.
PROJETO O objetivo da intervenção criada é oferecer espaço agradável para a cultura, exposições de artes, danças,musicas e também para lazer e contemplação de crianças e adultos. Com intervenção mínima, sem alterar a construção original da edificação, foi feito adequação do edifício às necessidades técnicas e funcionais. Foi criada uma área externa com passeio por expositores, podendo haver exposições de artistas da cidade ou da época. Pelo caminho também há espaços com pontos de descanso e contemplação sombreados por árvores como ipê, e o caminho é acompanhado por um espelho d’água que contorna toda a casa para um melhor conforto térmico para quem ali caminhar, e também esferas hídricas para a recreação de crianças.
Planta baixa - Térreo Sem escala
A casa terá suas ruinas aproveitadas em composição com novas estruturas metálicas, inserindo caminhos e escadas para que se possa caminhar no interior do casarão, podendo chegar até o pavimento superior e admirar o entorno do edifício. Foi incluído também um elevador, com uma estrutura externa para que seja acessível a todos o passeio na parte superior.
Planta baixa - Pavimento Superior Sem escala
1
1 2 3 Planta baixa - Térreo Sem escala
2
3 1 2 3 Planta baixa - Térreo Sem escala
4
4 5
Planta baixa - Pavimento Superior Sem escala
5
DETALHAMENTO PISO E ILUMINAÇÃO
DETALHAMENTO PAISAGISMO E ILUMINAÇÃO EXTERNA Painéis digitais pelo percurso e nas passarelas onde conterão historias da cidades e casarões antigos de Ribeirão Preto, esses paineis serão montados no formato de LCD e sua dimensão é de60x90cm.
Muro Verde
Espelho d’água acompanha todo o caminho na parte externa pelo muro, trazendo mais conforto térmico aos usúarios e atrativos para as crianças que ali chegar. Palmeira imperial existente
Espelho d’água acompanha todo o caminho na parte externa
Esferas de concreto A água é um elemento importante em espaços infantis, por este motivos espalhamos algumas na parte externa
REFERÊNCIAS: Requalificação do Patrimônio Histórico de Ribeirão Preto – Palacete Albino de Camargo Neto by Aline Feiches - Issuu. Disponível em: <https://issuu.com/alinefeiches/docs/tfg_-_aline_feiches>. Palacete Albino de Camargo Neto: Retomada de sua memória e espaço by Natália Hetem - Issuu. Disponível em: <https://issuu.com/natalia_hetem/docs/caderno_nat_lia_hetem_final/1>. A ruína como objeto de rememoração da cidade by Beatriz Duarte - Issuu. Disponível em: <https://issuu.com/anabeatrizduarte_/docs/ruina>. Acesso em: 13 jun. 2022. arquiteturismo 156.03 paisagem construída: A experiência do Parque das Ruínas | vitruvius. Disponível em: <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/14.156/7693>. Pinacoteca do Estado de São Paulo / Paulo Mendes da Rocha + Eduardo Colonelli + Weliton Ricoy Torres. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/787997/pinacoteca-do-estado-de-sao-paulo-paulo-mendes-da-rocha>. RIBEIRÃO PRETO, BRASIL. Prefeitura de Ribeirão Preto - Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Disponível em: <https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/arquivo-publico-historico/palacete-albino-camargo-neto>.