Empenas | Blind Walls | X Bienal de Arquitetura de São Paulo, Exposição Cidade Gráfica, São Paulo, Brasil | 2014 | vistas e silhuetas
KETLIN SIQUEIRA CAVALCANTI
ARQUITETURA MUTUALISTA NO MINHOCÃO: EMPENAS CEGAS COMO SUPORTE PARA A ARTE E ARQUITETURA
Trabalho Final de Graduação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.
Orientador: Prof. Ms. Jair A. de Oliveira Júnior
Capa: Autoria de Andrés Sandoval
São Paulo 2022
AGRADECIMENTOS Agradeço aos orientadores pelo incentivo, compreensão e contribuição. Agradeço a todos os amigos, familiares e conhecidos que me ajudaram durante todos os anos de curso. Agradeço as amizades que tornaram essa jornada menos solitária e mais divertida. Agradeço a minha Família pelo apoio e incentivo. Agradeço, acima de tudo, a Deus, pois sem sua ajuda não teria sido capaz de finalizar este trabalho.
RESUMO
ABSTRACT
A arquitetura mutualista tem como proposta ocupar os espaços intersticiais das cidades e questionar os sistemas urbanos vigentes. Este trabalho teve como objetivo compreender melhor esta arquitetura e propôs como exercício projetual uma intervenção artística e arquitetônica em uma empena cega nas proximidades do Parque Minhocão, trazendo como reflexão a situação dos sem-teto. Através de revisão bibliográfica e estudos de caso foi possível alcançar o objetivo pretendido e concluiu-se que a arquitetura mutualista pode ser uma importante ferramenta de intervenção urbana e trazer a tona questões sociais de relevância.
Mutualist architecture aims to occupy the interstitial spaces of cities and question existing urban systems.This work aimed to better understand this architecture and proposed as a design exercise an artistic and architectural intervention in a blind gable near Parque Minhocão, bringing as a reflection the situation of the homeless. Through literature review and case studies it was possible to achieve the intended objective, and it was concluded that mutualist architecture can be an important tool for urban intervention and bring up relevant social issues.
Palavras-chave: Arquitetura Mutualista. Sem-teto. Empenas Cegas
Keywords: Mutualist Architecture. Homeless. Blind Gables
CAPÍTULO
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CAPÍTULO
CAPÍTULO
CAPÍTULO
SUMÁRIO
123456 Panorama: definições e origens
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1.1 Histórico
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1.2 Analogias biológicas e Tipologias
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1.3 Arquitetura Mutualista
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1.4 Arquitetura Mutualista como Arte Urbana
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Objetivos e Justificativas
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Estudos de caso
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2.1 Empenas Cegas e a Legislação
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3.1 A-KAMP47 - Stéphane Malka
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2.2 Formas de apropriação 66 das empenas cegas
3.2 Homes for the homeless - James Furzer
2.3 Parque Minhocão: galeria a céu aberto
3.3 Shelter with DignityAndreas Tjeldflaat
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2.4 Dados e estatísticas: os 72 sem-teto
88 94
3.4 Urban Camping - Pedro 102 Évora
Inserção urbana
110
O projeto
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Considerações finais
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4.1 Localização
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5.1 Sítio
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6.1 Referências Bibliográficas
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5.2 Fotos do Terreno e do 129 Entorno
6.2 Lista de ilustrações
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4.2 História do Parque Minhocão
5.3 Programa de necessidades
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5.4 Partido arquitetônico
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5.5 Estudos, concepção e diagnóstico
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5.6 Proposta de intervenção
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5.7 Plantas, cortes, elevações e perspectivas
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5.8 Detalhes técnicos
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INTRODUÇÃO O trabalho tem como objetivo compreender melhor a arquitetura mutualista. Como exercício projetual propôs-se uma intervenção artística em uma das empenas cegas nas proximidades do Parque Minhocão (Elevado Presidente João Goulart), com propósito de gerar reflexão sobre a urgência de políticas públicas para os sem-teto.
(Elevado Presidente João Goulart), sua localização e histórico. No capítulo quinto o projeto elaborado, desde a concepção inicial e experimentações, até detalhes técnicos e conformação final. E por fim, no capítulo sexto as considerações finais.
A arquitetura mutualista, se define como estruturas que se aproveitam de outras para existirem. Na arquitetura isso tem uma série de implicações, primeiramente o termo mutualista deriva dos diferentes tipos de associação entre seres vivos na biologia, isto incide uma serie de classificações de tipologias dadas por autores diferentes (endoparasita, ectoparasita, mutualismo, simbiose, etc.). Outro aspecto da arquitetura mutualista é a quantidade de interfaces que ela possui; patrimônio, sistemas urbanos, arte urbana, analogias biológicas. No trabalho o foco é na arquitetura mutualista como arte urbana. A importância do tema se deve a sua inovação e também capacidade de promover um novo olhar para questões da arquitetura, através da teoria mutualista. Ademais, através da arquitetura mutualista podemos levantar importantes questionamentos sociais, neste caso, sobre a questão dos sem-teto. O trabalho se divide em seis capítulos. No capítulo primeiro ocorre aprofundamento do tema e revisão bibliográfica, compreendendo o estudo da arquitetura mutualista, seu histórico e conceitos. No segundo capítulo, as justificativas das escolhas do local de intervenção e do tema escolhido. O capítulo terceiro compreende quatro estudos de caso e suas análises. No capítulo quarto, o estudo do Parque Minhocão
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1.1 Histórico Na cidade medieval a arquitetura parasita surge como solução diante da limitação que as muralhas causavam na expansão das cidades, ao mesmo tempo que a protegiam. Com o contorno dado pela muralha, o parasitismo e ocupação de espaços intersticiais rapidamente se tornou uma prática: “A resposta a este impulso de necessidade, aplicada no desenvolvimento de assentamentos (sejam eles cidades, aldeias ou subúrbios), levou à estratégia de reciclagem e parasitismo” (MINERO, 2012, tradução nossa). Nas imagens abaixo podemos ver como se deu esse processo, culminando na densificação da cidade medieval até a saturação completa.
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Panorama: definições e origens
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Dentro desse contexto, o autor cita formas de ocupação que já tinham um princípio parasita. Duas das construções citadas são a Ponte Vecchio e o Anfiteatro Lucca.
2. Ponte Vecchio. Fonte: https://archtrends.com/blog/corredor-vasariano-umpouco-da-sua-historia-e-as-reformas-para-o-futuro/
1. Diagramas elaborados por MINERO, 2012. Fonte: Architettura Parassita. passato presente futuro, pag 26.
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A ocupação da Ponte Vecchio ocorreu em diferentes períodos, o que Minero (2012) qualifica como um processo de estratificação que durou séculos. A ponte foi construída em 1345, sua primeira intervenção foi em 1442, com a criação dos primeiros balcões nas extremidades, esse processo se intensificou em 1500 e em 1565 foi construído o Corredor Vasariano, saturando totalmente sua ocupação. Tanto o Corredor Vasariano como os balcões são ocupações parasitas, do ponto de vista de se apropriarem de estruturas preexistentes. O anfiteatro Lucca foi construído entre os séculos I e II d.C., e foi ocupado gradativamente com a expansão da cidade medieval, até que em 1830, o arquiteto Lorenzo Nottolini projetou a configuração que possui hoje, remodelando o espaço interno como praça e mantendo o contorno original do antigo anfiteatro. É possível ver as ruínas e as edificações parasitas se mesclando em diversos trechos. Atualmente é um centro comercial importante para a cidade.
3. Anfiteatro Lucca. Fonte: https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Reviewg187898-d195712-Reviews-Piazza_Anfiteatro-Lucca_Province_of_Lucca_ Tuscany.html
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A partir dessas construções vemos que as questões de patrimônio estão presentes na arquitetura parasita, porém o enfoque do trabalho é no papel da arquitetura parasita na ocupação dos vazios da cidade contemporânea e como arte urbana, dessa forma o trabalho não se estende a questões de patrimônio, apenas reconhece essa interface. “Ao analisar esses exemplos, é interessante notar como estratificação e parasitismo não devem ser procurados só na pobreza, ou nas classes mais pobres, mas reciclando tem sido uma prática utilizada ao longo dos tempos e em todos os níveis. Os mais famosos e majestosos exemplos de arquitetura do passado representam apenas uma pequena parte - a que sobreviveu ao parasitismo – do patrimônio arquitetônico, que sofreu nos séculos seguintes estratificações e modificações.” (MINERO, 2012, tradução nossa)
4. Anfiteatro Lucca, atual Piazza dell’Anfiteatro. Fonte: https://passeiosnatoscana. com/o-anfiteatro-de-lucca-e-sua-origem-romana/
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Já nas décadas de 1950 e 1960, a ideia de arquitetura parasita surge novamente, no horizonte da arquitetura prospectiva. O termo arquitetura prospectiva surge com o grupo GIAP (Groupement International d’Architecture Prospectiva), em 1965, o grupo tinha como objetivo pensar projetos utópicos e futurísticos das cidades. ““Paris sur Paris” é um dos projetos mais famosos do GIAP reunindo uma série de propostas que celebram o urbanismo planejamento espacial e prospectivo na cidade. Isso deu nascimento de conceitos como a cidade espacial e a arquitetura mobile de Yona Friedman, bem como a proposta do celular parasitas por JeanLouis Chanéac. Esse movimento se materializa de maneiras muito diferentes, mas certas doutrinas expressas por seus membros representam os primórdios de uma teorização da arquitetura parasitária. Para primeira vez, em vez de espalhar uma cidade horizontalmente, os arquitetos propõem uma estratificação vertical da cidade onde a arquitetura parasitária encontra suas raízes. ” (MAJIDI, 2016, tradução nossa).
Os principais pontos do manifesto são as constantes mudanças da cidade e o advento das tecnologias. Para Friedman(2020) o papel do arquiteto é pensando apenas como um planejador das principais infraestruturas da cidade, de forma a permitir que o habitante tenha liberdade para escolher e (re)escolher a distribuição dos espaços arquitetônicos. Ele previa, na primeira publicação do manifesto em 1958, a desintegração do papel do arquiteto, que seria substituído pelo design industrial (elementos industriais dos edifícios) e pelos servidores públicos que atenderiam a demanda de estruturas da cidade (esgoto, energia, transportes). Friedman (2020) vê os arquitetos como servidores públicos e o habitante como especialista do seu morar e ocupar a cidade. A solução levantada por Friedman, e ideia que permeou toda sua produção intelectual, é a atuação dos arquitetos na criação dessas infraestruturas que devem suportar a mobilidade da arquitetura e modificações da cidade, sem grandes esforços econômicos ou demolições. Essa ideia é expressa nos projetos Ville Spatiale I e II.
Como citado, os projetos Cellules parasites e cidade espacial (Ville Spatiale) e o manifesto da arquitetura móvel de Yona Friedman, são importantes para a teorização do que se trata a arquitetura parasita. A começar pelo Manifesto da arquitetura móvel de Friedman, este foi apresentado por Friedman no CIAM X em 1956, antes de fazer parte do GIAP. As ideias do manifesto são expressas na série de projetos propostas por Friedman, sendo Ville Spatiale I e II. O manifesto se opõe aos princípios da arquitetura moderna e defende a participação dos habitantes na produção da arquitetura.
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Os projetos Ville Spatiale foram propostas para diversas cidades, como Paris, Milão, Veneza, Berlim, entre outras. Friedman produziu uma série de fachadas, dado a natureza móvel dessa arquitetura e as possibilidades de ocupar qualquer espaço, as imagens representativas dessa arquitetura também não eram estáticas. Toda a estrutura era planejada a um nível de 35 metros do solo, as paredes, pisos e outros elementos são fornecidos pré-fabricados, ou mesmo os módulos habitacionais completos, de diversas formas e materiais para montagem a escolha dos usuários. Na concepção dos projetos Ville Spatiale há uma aproximação do conceito de parasita através da mobilidade e flexibilidade, a cidade adquire um caráter orgânico, se desenvolvendo de maneira semelhante a um organismo celular. Segundo Befve (2011): “Uma verdadeira arquitetura celular deve permitir, como em um organismo vivo, crescimento e evolução pelo fácil desmontagem e movimentação de células (tradução nossa).”
5. Perspectiva Ville Spatiale, proposta para a cidade de Paris. Fonte: https://www.archdaily.com/781065/ interview-with-yona-friedman-imagine-having-improvised-volumes-floating-in-space-like-balloons
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Alguns dos elementos presentes nos projetos Ville Spatiale também estão presentes no projeto Cellules parasites (1968) de autoria de Jean-Louis Chanéac, como a utilização de elementos industrializados e a participação do habitante nas escolhas projetuais, porém Cellules Parasites traz novas questões para a arquitetura parasita. O desenvolvimento do projeto inicialmente não possuía local específico, em 1971 Chanéac conseguiu produzir e inserir num edificio HLM13 em Genebra, apenas uma célula parasita, na unidade habitacional (imagem 7) de um dos seus discípulos, Marcel L’achat. Mas chegou a elaborar o projeto como um todo, prevendo uma diversidade de cores e ocupação do edifício tanto nas laterais como cobertura e térreo (imagem 6). As “células parasitas” seriam produzidas industrialmente variando cor e material a escolha do usuário.
6. Cellules parasites Jean-Louis Chanéac. Fonte: http://hiddenarchitecture.net/cellules-parasites/
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“Células parasitas são elementos volumétricos habitáveis produzidos em massa pela indústria ou construídos espontaneamente por indivíduos. Eles podem ser estabelecidos em poucas horas nos terraços de habitações para criar espaços de vida adicionais” (CHANEÁC, 2005 apud MAJIDI, 2016, tradução nossa). Ainda, segundo Madiji (2016), as células parasitas de Chaneác possuem um aspecto provocativo quando a habitação moderna denunciando sua falta de flexibilidade e possui também como proposta, uma relação de integração entre o existente e o novo. Para a arquitetura parasita o projeto traz importantes contribuições do ponto de vista de evocar o aspecto provocativo dessa arquitetura em relação à forma como pensamos as habitações.
7. Cellules parasites Jean-Louis Chanéac. Foto do projeto executado. Fonte: http://hiddenarchitecture. net/cellules-parasites/
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Outro arquiteto que teve influência na arquitetura parasitária foi Oswald Mathias Ungers. Foi professor na Universidade de Cornell e participou ativamente no desenvolvimento de novas leituras para a cidade. Segundo Bronstein (2017) Ungers estabelece um contraponto as ideias de Colin Rowe e Aldo Rossi. No seu artigo Grossformen im Wohnungsbau (a grande forma na construção de habitações), de 1966, Ungers argumenta que deve haver na cidade o espaço para o impensado, o parasita. De certa forma, que o pensamento sobre a cidade deve sair de uma constante sistematização, que devemos apenas permitir um espaço para o não planejado, imprevisível: “Por que forma grande? . . . A resposta: a grande forma cria a estrutura, a ordem e o espaço planejado para um processo vivo imprevisível, para uma arquitetura parasitária. Sem esse componente, todo planejamento permanece rígido e sem vida.’ (UNGERS, 1966 apud SCHRIVER, 2021, tradução nossa) Isso introduz a condição que será exacerbada na noção de cidade dentro da cidade: a liberdade máxima para que os elementos individuais sejam definidos de forma única dentro de um esquema maior que mantém esses elementos individuais no lugar.” (SCHRIVER, 2021, tradução nossa) Em relação à arquitetura parasita, essa noção do imprevisível na cidade é um elemento importante, pois prevê uma relação entre o planejado e o não planejado na cidade se complementando.
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Após esse período a arquitetura parasita veio a ressurgir com mais conceitos dentro de galerias de arte e exposições. Esse processo começou com a amostra de arte PARA-SITE de Diller & Scofidio que é uma interpretação da obra de Michel Serres, Le parasite (1982), para a arquitetura. Serres (1982) na sua obra desenvolve que a condição parasitária é própria das relações humanas e sociais: “Serres desenvolve sua teoria das relações humanas, a teoria do parasite – seja ruído, hóspede, sanguessuga, ou todos os três - com o apoio de uma série de textos, incluindo La Fontaine, Rousseau, Molière e os Atos dos Apóstolos. Para Serres, o parasita é a relação primordial, de mão única e irreversível que é a base das instituições e disciplinas humanas: sociedade, economia e trabalho; ciências humanas e ciências duras; religião e história. Todos estes têm a relação parasitária como componente básico e fundamental.”(SERRES, 1982, tradução nossa) No projeto PARA-SITE, temos uma interpretação onde os conceitos de Michel Serres tomam forma em sistemas e estruturas da arquitetura. A instalação é modelada nas três definições de parasita de Michel Serres: assim como o parasita biológico é fisicamente oportunista e se alimenta de seu organismo hospedeiro, a instalação rouba seu sustento estrutural e elétrico de seu local hospedeiro; assim como o parasita social diverte seu anfitrião para ser bem-vindo à mesa de jantar, a instalação oferece o valor de entretenimento do voyeurismo a um público involuntariamente atraído por uma interrogação da visão; assim como o parasita tecnológico cria interferência em uma rede de informação, a instalação interrompe os sistemas do museu para interrogá-la.A instalação conecta
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eletronicamente a Sala de Projetos com três locais remotos de circulação no museu, conectando espectadores auto conscientes e desavisados em uma reflexão sobre o olhar – a atividade principal do museu. (PARA-SITE..., s.d, tradução nossa) A partir do trabalho de serres a definição de parasita se estende largamente se tornando muito mais complexa e tendo uma delimitação em relação a uma série de temas: biologia, sociologia, tecnologia. Isso repercute nessas arquiteturas que se denominam parasitas. O parasita é contextualizado para Serres (1982) e também revisto dentro do conceito de arquitetura como algo que vem para trazer uma nova ordem, provocador de mudanças: “O Parasita” para definir melhor essa palavra. “Ele não era, antes, um parasita? Quem, no final, tem a última palavra. Quem semeia desordem, que semeia uma ordem diferente.” (SERRES, 1982, tradução nossa) Outro trabalho, desenvolvido em 1998, traz uma provocação quanto a falta de moradias, dessa vez voltada para os moradores de rua, um problema urbano que atinge todas as cidades em algum grau.
8. PARA-SITE de Diller & Scofidio. Fonte: https://dsrny.com/project/para-site
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O para-SITE utiliza o sistema de aquecimento do seu hospedeiro. A iniciativa se deve ao frio intenso que faz em alguns países, dessa forma, com o ar que sai dos dutos de aquecimento a membrana é preenchida isolando termicamente que estiver dentro dela. Algo interessante no projeto é que ele possui um manual público totalmente acessível, disponível em seu site oficial para que qualquer pessoa com poucos materiais possa executar.
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9. para-SITE de Michael Rakowitz. Fonte: https://www.moma.org/learn/moma_ learning/michael-rakowitz-parasite-homeless-shelter-1997/ 10. Manual de instruções. Fonte: http://www.michaelrakowitz.com/parasite
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Uma arquitetura parasita muito emblemática até hoje, que vemos como primeiras referencias é o Parasita de Las Palmas. Ele foi desenvolvido durante uma serie de exposições intituladas p.a.r.a.s.i.t.e. (Prototypes for Advanced Ready-made Amphibious Small Scale) no ano de 2001, no evento Rotterdam Parasite. O objetivo do evento era a proposta de protótipos capazes de transformar e reciclar a cidade contemporânea se apropriando de espaços subutilizados. Os autores do projeto são Korteknie e StuhImacher, e o parasita de Las palmas é a evolução de uma experiencia expositiva anterior, dessa vez em escala real. Foi construído no telhado do armazém Las Palmas com material pré-fabricado e auto portante. Inicialmente deveria permanecer por 6 meses, porém continuou sendo utilizado como residência e ateliê por alguns anos. Após essa exposição, outras duas podemos destacar, que surgiram em 2006. a Bienal de Veneza e a Less (Estratégias alternativas de viver no PAC em Milão), as duas abordavam questões da arquitetura, cidade e seus habitantes com foco na transformação do existente. “A relação entre o existente e o novo torna-se objeto de reflexão, pois a arquitetura não é mais concebido como um objeto único e isolado, mas, ao contrário, como um enxerto e conexão entre várias realidades, seguindo uma lógica de adição que explora todas elas locais de resíduos e resíduos presentes no tecido urbano.” (AMBROSIO;BENELLI, 2014, tradução nossa)
11. Parasita de Las Palmas. Fonte: https://senseware.wordpress.com/2009/10/17/ sustentabilidade-p-i-r-a-s-i-t-e-project/
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13. Exposição Less (Estratégias alternativas de viver no PAC em Milão). Fonte: http://www.pacmilano.it/exhibitions/less-strategie-alternative-dellabitare/
12. Bienal de Veneza, Cidade conversível. Fonte: http://www.convertiblecity.de/ CONVERTIBLE%20CITY_english.pdf
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14. Exposição Less (Estratégias alternativas de viver no PAC em Milão). Fonte: http://www.pacmilano.it/exhibitions/less-strategie-alternative-dellabitare/
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1.2 Analogias biológicas e Tipologias Nesse capítulo a ideia é explorar as definições e classificações dadas as arquiteturas parasitas. Cada uma dessas arquiteturas podem ter uma serie de categorizações, sendo permanentes ou fixas. Além de terem utilidades e concepções diversas: emergenciais, autoconstrução, intervenção artística, intervenção em patrimônio, entre outros. Podem variar de materialidade e abordagem projetual. Porém, a principal questão levada em consideração para categorizar uma arquitetura parasita é a relação entre parasita e hospedeiro.
Endoparasita “Vive no interior do seu hospedeiro, muitas vezes sem deixar vestígios externos, para que isso seja possível esse parasita precisa ter conhecimento sobre o seu hospedeiro. O endoparasita é protegido externamente por seu hospedeiro.” (MINERO, 2012, tradução nossa) Exemplo: S(CH)AUSTALL - FNP Architekten - Rheinland-Pfalz, Germania – 2005
A começar por Minero(2012) e Ambrosio;Benelli(2014), têm-se um início de categorização com base na biologia, mas é muito mais presente uma característica de relação espacial, por exemplo; endoparasita (interno) e ectoparasita (externo). Outros dois autores, como Majidi(2016) e Vietiemy;Scapinelli(2012) trazem analogias mais complexas com a biologia, como: comensalismo, mutualismo, predação, entre outros. Vietiemy:Scapinelli(2012) expandem essa compreensão para mais classificações, como: Mutação, competição e evolução, além de trazer como possibilidade que um projeto tenha mais de uma categoria associada. Nesses dois últimos autores há uma visão mais complexa do ponto de vista da relação entre parasita e hospedeiros a partir de sistemas que são reutilizados (energia, estrutura, etc), e de benefícios gerados em termos de programa e acessos, tanto na relação com a cidade como na relação entre os dois edifícios. As classificações a seguir foram encontradas em outros trabalhos e não são uma elaboração pessoal, apesar disso, foram suprimidas categorias semelhantes de autores diferentes e categorias que não citavam exemplos, sendo que existem mais tipologias de parasitas teorizadas. 15. S(CH)AUSTALL. Fonte: https://seed-s.tumblr.com/post/2923181896/unserschaustall-by-fnp-architekten-germany
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Ectoparasita
Parasitoide
“Vive no exterior do seu hospedeiro, as estruturas se relacionam em alguns pontos vitais de reutilização do hospede pelo hospedeiro, porém eles possuem independência para se desenvolverem de forma independente em outras áreas.” (MINERO, 2012, tradução nossa)
“O parasitoide na biologia extingue seu hospedeiro, mas na arquitetura ele é traduzido como uma intervenção de muda completamente a lógica anterior estabelecida, sem grande respeito as premissas de seu hospedeiro o subvertendo de maneira ilimitada.” (MINERO, 2012, tradução nossa)
Exemplo: RUCKSACK House - Stefan Ebestadt - Lipsia/Colonia/Essen, Germania – 2004
Exemplo: SHARP CENTRE for DESIGN - Alsop Architects- Toronto, Canada 2004
16. RUCKSACK House. Fonte: https://inhabitat.com/stefan-eberstadts-rucksakhouse-provides-instant-space-light-for-a-cramped-apartment/
17. SHARP CENTRE for DESIGN. Fonte: https://vitruvius.com.br/revistas/read/ projetos/17.193/6399
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Comensalismo
Mutualismo
“O enxerto arquitetônico se beneficia do edifício hospedeiro e proporciona seu entorno por sua função, sua produção de energia e sua forma identificável. O sentido arquitetônico do comensalismo expõe a relação parasita básico que pode tecer o hospedeiro e o enxerto onde se benefícios sem prejudicar o outro.” (MADIJI, 2016, tradução nossa)
“O mutualismo é definido como uma interação entre dois organismos que se beneficiam uns dos outros. Na arquitetura, essa noção é interpretada quando o edifício de acolhimento é também beneficiário da relação parasitária... Uma ou mais necessidades podem estar entrelaçadas entre os dois edifícios. O mutualismo arquitetônico garante que ambos os edifícios obtêm lucros igualmente.”(MAJIDI, 2016, tradução nossa)
Exemplo: Studio East Dining Exemplo: PARASITE Las Palmas
18. Studio East Dining. Fonte: https://www.carmodygroarke.com/studio-eastdining/
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19. PARASITE Las Palmas. Fonte: https://www.ksa.nl/en/projects/parasite-laspalmas/
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Simbiose
Neutralismo
“A simbiose é uma relação em que o hospedeiro e o parasita dependem inteiramente um do outro. Se um deles for demolido, o outro não pode mais sobreviver....Isso pode ser alcançado em um sentido arquitetônico de várias maneiras....o parasita e o hospedeiro são estruturalmente conectados. Eles precisam um do outro para aguentar. ” (MAJIDI, 2016, tradução nossa)
“Estruturas com contato físico sem qualquer resultado desse contato” (VETYEMY;SCAPINELLI,2012, tradução nossa) Exemplo: bmw Guggenheim lab
Exemplo: Bâtiment d’Accueil Préfecture de Police de Paris.
20. Bâtiment d’Accueil Préfecture de Police de Paris. Fonte: http://fabiennebulle. com/batiment-daccueil-de-la-prefecture-de-police-de-paris/
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21. bmw Guggenheim lab. Fonte: https://www.dezeen.com/2011/08/04/bmwguggenheim-lab-by-atelier-bow-wow/
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Competição
Evolução
“Duas estruturas competem por espaço, sol, vista ou qualquer recurso físico prejudicando um ao outro” (VETYEMY;SCAPINELLI,2012, tradução nossa)
“Expansão física; Mudança da forma e aspecto físico, respondendo ou não a uma mudança programática” (VETYEMY;SCAPINELLI,2012, tradução nossa)
Exemplo: favelas
Exemplo: kaster & Ohler The Roof as Generator, Graz
22. Favelas. Fonte: https://www.anf.org.br/as-favelas-sao-o-retrato-da-nossasociedade/
23. kaster & Ohler The Roof as Generator, Graz. Fonte: https://arquitecturaviva. com/works/kastner-ohler-la-cubierta-como-generador-0
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1.3 Arquitetura Mutualista Organismo composto “Estruturas existentes e novas compartilham o mesmo programa e se comportam como um único edifício. A estrutura hospedeira experimenta uma mudança de morfologia devido à intervenção.” (VETYEMY;SCAPINELLI,2012, tradução nossa) Exemplo: CaixaForum
Esse termo é elaborado por Merel Pit, Karel Steller, Gerjan Streng em seu artigo Parasitic Architecture, publicado em 2007. O artigo retorna as ideias de Ungers já nos primeiros parágrafos e trazem o que que conceituam como relação mutualista na escala da cidade, entre as iniciativas formais e informais e não apenas entre dois edifícios denominados hospedeiro e parasita. “A arquitetura formal e a adaptação imprevisível não podem viver uma sem a outra. De fato, sua coexistência é mais um mutualismo do que uma relação parasitária.”(PIT et al, 2007, tradução nossa) Em um segundo momento os autores diferenciam o parasita de outras intervenções semelhantes na cidade do que seria de fato arquitetura parasita. Eles elencam como critério de diferenciação a reflexão social produzida pelo parasita quanto aos sistemas urbanos: “Este ‘paraíso parasita’ consiste num conjunto de reaproveitamento e acréscimo de construções existentes. Esses parasitas vivem literalmente da energia que foi coletada nesses edifícios ao longo dos anos. Mas não fazem mais do que isso: não têm significado social nem usam seu caráter parasitário para transformar os sistemas urbanos. Além disso, existem os chamados ‘parasitas do design’ com sua escala entre o mobiliário urbano e os edifícios. Eles são capazes de pousar em muitos lugares, sem realmente se aproximar criticamente desses locais. Sua natureza móvel lhes dá falta de engajamento. Sua aparência surpreendente não é acompanhada por uma opinião igualmente interessante sobre temas urbanos ou arquitetônicos.”(PIT et al, 2007, tradução nossa)
24. CaixaForum. Fonte: https://www.hometeka.com.br/f5/caixaforum-madrid/
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Eles retomam a ideia de troca de energia entre sistemas, onde o parasita causa uma quebra de equilíbrio / ordem que depois será estabilizada, semelhante a teoria de Michel Serres.
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“O parasita tem a capacidade de transferir energia de um sistema para outro, novo sistema.”(PIT et al, 2007, tradução nossa)
O hospedeiro é a cidade e esse hospedeiro é definido principalmente por ser estático, tendo até mesmo um papel tranquilizador dos conflitos, porém da mesma forma não podem ser expressão do que é novo, devido sua própria natureza, permanente e que exige um longo período de tempo entre idealização e execução, portanto esse terreno, segundo os autores, deve ser explorado pela arquitetura parasita.
Em Terminologia, no segundo capítulo, fazem uma breve explanação quanto a origem do termo parasita e partem para uma leitura mais urbana, não ficando somente na relação entre o edifício hospedeiro e o parasita, mas usando a cidade como hospedeiro.
A partir disso passa-se a conceituar esse hospedeiro, essa cidade. É feita divisão entre os sistemas físicos e mentais da cidade. Os sistemas físicos se referem a infraestrutura e construções existentes. Já o sistema mental é mais complexo, se refere as expectativas sobre a cidade, como as leis, a política e as regras sociais.
“Tal relação entre parasita e hospedeiro, em que o primeiro se beneficia do segundo, também é imaginável na arquitetura. No entanto, isso não pode levar à destruição do hospedeiro, pois isso também significaria o fim do parasita. Na biologia, uma relação na qual um organismo mata seu hospedeiro é definida como parasitoide. Isso é impossível na arquitetura, pois sua consequência é a destruição em vez da criação. A analogia entre parasitas biológicos e arquitetônicos é limitada: a arquitetura é criativa, sempre produzirá algo e, portanto, não pode ser apenas à custa de um hospedeiro. As intenções da arquitetura são simpáticas para seus usuários. A questão sobre parasita e hospedeiro permanece: qual é o hospedeiro para essa entidade parasita de arquitetura e usuário? O hospedeiro biológico é, literal e metaforicamente, o portador do parasita. Portadores comparáveis também existem na arquitetura, ou seja, os sistemas da cidade.”(PIT et al, 2007, tradução nossa)
Nesse contexto, o parasita é dado como mediador, ele pode iniciar processos de mudanças. Independente do parasita se realizar, apenas sua possibilidade gera na sociedade um debate, superando a indiferença: “É a ideia de que um edifício – uma obra de arquitetura – poderia catalisar diretamente uma transformação, de modo que a sociedade que “termina de construir algo não seja a mesma sociedade que se propôs a construí-lo em primeiro lugar. O edifício os transforma.” (BLDGBLOG, 2007, apud PIT et al, 2007, tradução nossa) Outro elemento nessa conceituação é o sistema imunológico das cidades, aqui eles são definidos como sistema imunológico aleatório e sistema imunológico como reação a provocação.
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O sistema imunológico aleatório é o sistema primitivo de defesa da cidade, é um sistema de defesa contra o vandalismo, ocorre de uma forma mais rápida e menos planejada, sendo que os conflitos não chegam a se explicitar. Já o sistema imunológico de reação a provocação é acionado em casos que o parasita é detectado de maneira explícita e a reação pode variar a depender da escala e grupo de envolvidos: Assim, o parasita pode utilizar estratégias para escapar do sistema imunológico. Pode se camuflar, se misturando a outros sistemas urbanos sem se diferenciar deles ou causar choque. Outra opção é se aproveitar de regiões onde existem inúmeras outras “ameaças” como em área degradadas da cidade, onde a presença do parasita demorará mais a ser notada e, portanto, combatida. Mais uma possibilidade é dificultar sua destruição, buscar inviolabilidade, seja através de materiais muito rígidos, ao ser construído em lugares de difícil acesso ou mesmo ser cercado com gradis de proteção. Uma forma interessante de adquirir inviolabilidade é ter apoio legislativo, assim mesmo que a população deseje destruir esse parasita ele pode ser defendido pelo estado. Apesar dessa possibilidade, os autores reconhecem que em geral a legislação defende a cidade estática e não o parasita, porém a partir da presença física do parasita ele pode solicitar essa legislação para defende-lo¹. Por último, o parasita pode solicitar o apoio de uma camada ou grupo da sociedade, que faça campanha em sua defesa.
“O parasita funciona como um meio utilizado por um grupo de pessoas para negociar com os sistemas existentes e propor certas mudanças nesses sistemas. Assim, o parasita é um meio político.”(PIT et al, 2007, tradução nossa) Sabendo que o parasita ativa uma batalha para sua sobrevivência, Pit, Steller e Streng trazem como discussão o curso de vida dessa intervenção. O ciclo de vida acontece durante essa disputa entre os anticorpos e o parasita, que pode envolver os mecanismos citados anteriormente, como as leis e sociedade. Se o parasita permanece conseguiu transformar um desejo em um sistema físico na cidade. Mesmo permanecendo o parasita pode sofrer maior ou menor grau de aceitação. Caso o parasita não permaneça é preciso avaliar o quanto ele obteve valor simbólico, para determinar seu êxito ou fracasso em levantar as questões que se propôs. “Para nós, o parasita é um meio político para oferecer ou propor uma transformação que atualmente não tem lugar nos sistemas existentes. É capaz de reagir rapidamente às mudanças em nossa sociedade. O processo atual (a burocracia) é incapaz de admitir essas mudanças. Portanto, a arquitetura parasitária sempre tem um elemento ilegalmente a isso. Retira-se do sistema legislativo existente. Ele está procurando os limites entre possibilidades e admissibilidades. A arquitetura parasitária é, portanto, um meio eficaz para o arquiteto para criar os desejos da sociedade em rápida mudança em formas urbanas.”(PIT et al, 2007, tradução nossa)
1. Algumas cidades possuem legislações que permitem a possibilidade de uma construção parasita. Na Holanda, por exemplo, a uma lei permite que uma estrutura provisória (irregular) exista por até 5 anos antes de ser demolida, isso não é pensado especificamente para o parasita, mas pode ser utilizado por ele. Na Itália o Plano da Casa também permitia estruturas parasitas, dito que foi uma lei que incentivava a expansão de edifícios antigos.
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1.4 Arquitetura Mutualista como Arte Urbana Este capítulo tem como objetivo mostrar algumas arquiteturas mutualistas que são também obras de arte urbanas. Madiji(2016) define arquitetura parasita como uma arte de apropriação, que é uma forma de arte contemporânea. Mas faz uma importante diferenciação entre o caráter da arte como propriedade privada e da cidade como bem comum: “As obras de arte são propriedade privada, por outro lado, a obra arquitetônica pertence, por seu envelope externo, ao domínio público. Propriedade simbólica, que não pressupõe qualquer transferência de propriedade de um bem, é uma ferramenta constituinte das práticas culturais.” (MADIJI, 2016, tradução nossa) O principal aspecto citado é a recontextualização. Esta arte se apropria do existente mas também o ressignifica. Na arquitetura e na arte urbana esse aspecto adquire ainda o caráter do espaço público da cidade e como podemos usa-lo para nos expressarmos: “A institucionalização da arquitetura parasitária passa em parte por essa aceitação artística de suas formas. O público não se acostuma à ideia de que a cidade, os edifícios, o espaço público são meios de expressão.” (BEFVE, 2011, tradução nossa) Portanto, uma das características dessa arquitetura parasitária perpassa pela expressão que ela tem ao se apropriar dos espaços intersticiais e públicos das cidades e também ao se colocar na paisagem urbana.
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Paracaidista, Av. Revolucion 1608 Bis - Héctor Zamora Cidade do México, México - 2004 A construção é inspirada em técnicas de autoconstrução da população suburbana do México, outras fontes de inspiração também são colocadas pelo artista, como cabanas de alpinistas e a capacidade da natureza de persistir diante do concreto da cidade, em analogia sobrevivência. O projeto tem cerca e 74 m² e foi fixado na cobertura do Museu de Arte Carrillo Gil. Para que isso fosse possível, foram mescladas as técnicas de construção tradicional, com sistema desenvolvido pelo artista, soldado em aço e fixado no edifício hospedeiro. 25. Paracaidista foto. Fonte: https://www.pipaprize.com/pag/artists/hector-zamora/ Seu título, em tradução, significa paraquedista. Além disso, o endereço é uma referência ao sistema de endereçamento do México, onde se utiliza o termo “BIS” para caracterizar mais de um endereço no mesmo número. A obra foi habitada pelo artista por três meses, dentre esse período foi visitada por alguns pedestres e por conhecidos do artista. Em vídeo no site oficial é possível ver as múltiplas reações que a obra causou nas pessoas da cidade: surpresa, curiosidade, espanto, riso, etc.
26. Paracaidista Maquete. Fonte: https://lsd.com.mx/artwork/paracaidista-avrevolucion-1608-bis/
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Manifest Destiny à San Francisco - Marco A. Reigelman São Francisco, Califórnia, EUA - 2011 O projeto faz uma homenagem ao espírito romântico do mito ocidental e uma reflexão sobre a expansão americana para o Oeste. Também, segundo artista, reafirma os direitos do explorador urbano ao encontrar espaços desocupados na cidade e construir nestes a sua casa. A construção utiliza o estilo arquitetônico do século XIX, com materiais vintage, semelhante a uma cabana rústica típica deste período, na américa do norte. “A cabine tem aproximadamente 7’ de largura x 8’ de profundidade x 11’ de altura e fica aproximadamente 40’ no ar. A estrutura da cabine é feita de alumínio soldado, enquanto o exterior é acabado com tábuas de celeiro recuperadas de 100 anos de Ohio. O teto traseiro tem um painel solar de 3’x4’ que carrega durante o dia e ilumina o interior da cabine à noite. A cabine pesa mais de 1.000 libras.”(FREARSON,2012, tradução nossa)
27. Manifest Destiny à San Francisco, foto. Fonte https://www.dezeen. com/2012/02/16/manifest-destiny-bymark-reigelman/
A obra foi encomendada Southern Exposure com financiamento da Graue Family Foundation, e ficou em exposição até outubro de 2012. Outros colaboradores foram a Arquiteta Jenny Chapman e o engenheiro Paul Endres. “O espaço interior da pequena casa pode ser visto dia e noite através das janelas com cortinas, um farol solitário na densa paisagem da cidade e uma visão incongruente e assustadora de baixo.” (FREARSON,2012, tradução nossa) A obra não é habitável.
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28. Manifest Destiny à San Francisco, foto. Fonte https://www.dezeen. com/2012/02/16/manifest-destiny-by-mark-reigelman/
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Homeless Vehicle - Krzysztof Wodiczko Nova York, EUA - 1988 - 1989 O contexto em que a obra foi pensada foi um período de redução dos programas de serviços sociais nos Estados Unidos, suspensão dos programas de moradia populares e fechamento de instituições de saúde mental. Isto acarretou um grande número de despejos, das pessoas pobres, doentes e suas famílias, que passaram a morar nas ruas. Diante deste cenário,Wodiczko passou a entrevistar esses moradores e questionalos sobre as suas estratégias de sobrevivência nessa situação. O objetivo da obra não é de fato fornecer o veículo como solução a essas pessoas, conformandose com as suas formas de viver, mas expor o absurdo dessa condição que vinha sendo ignorada e negligenciada. Wodiczko chamou o método de desenvolvimento da obra de “design interrogativo” e “funcionalismo escandalizante” isto porque o fato de esse projeto precisar existir para ele constitui um escândalo ético.
29. Homeless Vehicle, foto. Fonte: https://culture.pl/en/work/homeless-vehiclekrzysztof-wodiczko
“Este veículo não é uma solução para a crise dos sem-teto. É uma ferramenta de emergência para pessoas que não têm opções e uma ferramenta intelectual, pois articula a complexa situação dos sem-teto. Não os representa como vagabundos coletores de lixo, mas como pessoas que usam um aparelho destinado a fins específicos – o que não deveria existir em um mundo civilizado. Esse veículo tem uma função salva-vidas e didática, encontra uma forma para aquilo que ninguém quer saber e ver”(WODICZKO, 2016, tradução nossa) 30. Homeless Vehicle, vista da instalação na FACT em Liverpool, 2016. Fonte: https://culture.pl/en/work/homeless-vehicle-krzysztof-wodiczko
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2.1 Empenas Cegas e a Legislação Quando falamos de vazios urbanos, temos uma série de vazios e por diferentes motivos. Áreas degradadas, centros industriais desativados, empenas cegas, lotes subutilizados, entre outros. A arquitetura mutualista tem como proposta ocupar esses vazios da cidade, proporcionando novos usos para os mesmos. Destes vazios, um chama a atenção pelo impacto que causa na paisagem urbana, as empenas cegas. A cidade de São Paulo possuí grande quantidade de empenas cegas na sua paisagem, Segundo Laterza (2020) a origem dessas empenas está nas legislações de 1920 a 1960.
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A primeira Lei nº2.332/20 - Padrão Municipal, foi criada ainda no início da verticalização de são Paulo, quando os edifícios em altura eram raros na cidade. De 1920 a 1930 as edificações passaram a se verticalizar mais, porém o padrão dos lotes e de ocupação geravam empenas cegas inevitavelmente. “Deste modo foram construídos edifícios cujas testadas voltadas para lotes vizinhos formaram paredões verticais, livres de aberturas, considerando que as construções ao lado pudessem seguir o mesmo modelo de ocupação e adensamento.”(LATERZA,2020) Em 1929, com o Código de Obras (intitulado Arthur Saboya), uma contradição na lei fez com que as empenas se multiplicassem ainda mais na paisagem urbana, por não prever uma regulamentação as fachadas laterais dos edifícios.
Objetivos e Justificativas
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Em 1941, passou-se a exigir recuo lateral das edificações com mais de 40 metros de altura, e apenas em 1972 foram exigidos recuos laterais obrigatórios para as edificações. Esta última lei, apesar de extinguir as empenas como resultado da ocupação dos lotes, acabou por tornar as empenas preexistentes permanentes na paisagem urbana: “Evidentemente, só é possível identificar as empenas no cenário urbano porque não foram cobertas pelo volume das edificações ao lado, no lote vizinho.”(LATERZA,2020) Sendo um vazio tão presente na cidade e também resultado do processo de verticalização de São Paulo, justifica-se refletir como se apropriar desses vazios remanescentes na cidade atual.
31. Parque Minhocão aos fins de semana. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/769604/arte-earquitetura-empena-viva-por-nitsche-projetos-visuais
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2.2 Formas de apropriação das Empenas Cegas Muitas iniciativas para ocupar e se apropriar das empenas surgiram. Dentre elas, destacam-se: publicidades, jardins verticais e painéis artísticos. Com advento da Lei Cidade Limpa (2006) a publicidade não é mais utilizada em paredões e empenas cegas em São Paulo. Os jardins verticais ainda são utilizados, principalmente devido o Decreto nº 55.994/15, que permite a criação de jardins verticais para compensação do TCA (termo de compromisso ambiental).
Como visto no capítulo 1, a arquitetura mutualista é capaz de proporcionar reflexão sobre a cidade, sendo que muitas obras de arquitetura mutualistas se enquadram também como obras de arte urbanas. Assim, o trabalho também traz como reflexão o potencial da arquitetura como arte urbana, sendo que existe um limiar entre a arte e a arquitetura a ser explorado.
A arte nas empenas não é somente uma forma de ocupar esses vazios, ou mero embelezamento da cidade, mas tem servido como expressão ativa dos moradores da mesma, com caráter social e efêmero: “A arte urbana não se faz mais representar somente por monumentos enaltecedores da classe dominante nem, tampouco, por objetos com intenção única de “enfeitar” partes da cidade. A arte foi às ruas não somente para tirar da crise os espaços públicos e assinalar o descaso com a cidade contemporânea, mas para contribuir na redefinição e apropriação do espaço público. Nesse contexto o grafite tem presença marcante por modificar constantemente a paisagem urbana, não só por seu caráter efêmero, mas principalmente pelo cunho social com que impregna as superfícies urbanas que lhe servem como suporte.” (TELLES, 2011 apud LATERZA, 2020) Como transcrito, a arte assume uma ressignificação desses vazios e até mesmo do espaço público. 32. Mural Etnias, no Rio de Janeiro. Fonte: https://www.thecityfixbrasil. org/2017/01/27/muros-carrancudos-empenas-tristes-fachadas-desfalecidas/
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2.3 Parque Minhocão: galeria a céu aberto Dentre os locais da cidade, um com destaque devido as empenas cegas e também foco em arte é o Parque Minhocão (Elevado Presidente João Goulart). Atualmente o minhocão é ocupado por obras de arte urbanas (grafites), tanto nas pilastras do elevado como nas empenas cegas do seu entorno. “Seus espaços vazios são utilizados não para reprodução da cidade do poder, mas de suporte de ideias alternativas, de representações de arte que promovem o diálogo, reflexão a qualquer indivíduo gratuitamente, comprovando que espaços vazios e, portanto, expectantes, ao se transformarem em suporte de manifestações de arte levam-nos a repensar a cidade.” (TELLES, 2011) As obras mudam através do tempo, ficando apenas o registro fotográfico, porém ao andar pelo elevado, seja de carro ou a pé é possível ver essa grande galeria a céu aberto, com cerca de 42 obras de arte. Muitos grafiteiros famosos já produziram artes no minhocão, como Kobra, Tek, Sapatintas, Bugre e osgêmeos. Diante dessas manifestações artísticas e de outras na cidade de são Paulo, chegouse a criar um projeto de lei reconhecendo a mesma como uma galeria de arte a céu aberto, que inclui, obviamente o perímetro do minhocão: “A ausência de uma legislação específica para arte urbana na capital paulista pode agora ser suprida pelo Projeto de Lei 379/2020, recentemente apresentado na Câmara Municipal de São Paulo para reconhecer aproximadamente 30 espaços da cidade como “Galeria de Arte a Céu Aberto, polo artístico, cultural, turístico, histórico e de economia criativa da Cidade de São Paulo”, título que reafirma o 33. Coexistência – Memorial da Fé por todas as vítimas do Covid-19. Fonte: https://cultura.uol.com.br/ turismo/noticias/2021/07/22/1_oito-murais-do-kobra-por-sao-paulo.html
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conjunto de arte urbana da capital (mundialmente conhecido e atrativo), sobretudo pela presença marcante dos grafites – motivo que batiza a ação de lei Alex Vallauri, em homenagem ao pioneiro do grafite na cidade. O projeto prevê o reconhecimento de diversos pontos na cidade, desde a região central (com destaque para Aquário Urbano, nas ruas Major Sertório e Bento Freitas; Beco do Batman; Parque Minhocão; Point do Graffiti; Consolação; Parque Augusta; Praça Roosevelt), até em localizações mais periféricas, como a Favela Galeria, situada na Cidade São Mateus, e outras.” (SÃO PAULO...2020) As apropriações artísticas do minhocão denotam seu potencial como foco de arte urbana da cidade de São Paulo. A presença de um grande número de empenas cegas, a arte e a vista privilegiada das empenas proporcionada pelo Parque Minhocão, fazem dele o local propício para a intervenção mutualista.
34. Grafite em empena cega no Parque Minhocão. Fonte: https://saopaulosecreto.com/os-grafitesfamosos-do-minhocao/
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2.4 Dados e estatísticas: os sem-teto Tendo minhocão como objeto projetual, outro ponto que se destaca no seu perímetro tanto quanto as artes, são os sem-teto. A situação evidencia uma crise humanitária. Apesar da urgência da situação o IBGE não possui um censo unificado sobre a população de rua. “O recurso a avaliações especulativas, com base na visualização do ambiente urbano e margens de rodovias, decorre do fato de que o IBGE não tem um programa de contagem e classificação dos popularmente chamados moradores de rua. Os levantamentos estatísticos desse problema são esporádicos, localizados e obedecem a metodologias distintas entre si, além de pouco consolidadas.” (SASSE;OLIVEIRA, 2019)
35. Gráfico de nacionalidade. Fonte: https://www.prefeitura. sp.gov.br/cidade/secretarias/ upload/Produtos/Produto%209_ SMADS_SP.pdf 72
36. Grafico de nascimento. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov. br/cidade/secretarias/upload/ Produtos/Produto%209_SMADS_ SP.pdf
No estado de São Paulo foi feito levantamento pela prefeitura para mapeamento da população de rua, durante o ano de 2019 e 2021. Segundo relatório de 2019, 24 mil pessoas vivem nas ruas, em São Paulo, destas 96,7% é de nacionalidade Brasileira. Da porcentagem de estrangeiros nas ruas a maioria tem como pais de origem a Venezuela. Segundo Censo, mais da metade desses sem-teto são naturais do estado de São Paulo, sendo 30% nascidos na capital. Também no senso de 2019, o perfil traçado é de maioria masculina, com a faixa etária predominante entre 31 e 49 anos e predominantemente preta e parda (68,6%), heterossexual (87,7%) e cisgênero (95,8%). Quanto a escolaridade mais de 90% sabe ler e também frequentou a escola de forma regular, porem somente 20,7% concluiu o ensino médio.
37. Gráfico alfabetização. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/upload/Produtos/ Produto%209_SMADS_SP.pdf
38. Gráfico Escolaridade. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov. br/cidade/secretarias/upload/ Produtos/Produto%209_SMADS_ SP.pdf 73
Cerca
de
70%
possuíam
documentação
civil,
sendo
estas:
“Carteira de identidade, 85,3% Cadastro de Pessoa Física (CPF), 70,6% Cartão do SUS e 67,2% Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)”(QUALITEST, 2019) As principais causas encontradas por estarem em situação de rua, foram, conflitos familiares, desemprego e dependência de drogas ou álcool.
39. Gráfico, motivos para morar nas ruas. Fonte: https://www. prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Produtos/ Produto%209_SMADS_SP.pdf
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Quanto a permanência nas ruas a pesquisa levantou que a maioria (26,6%) estava nas ruas a menos de 1 ano, porém é interessante observar a curva do gráfico, já que a partir de 3 a 5 anos de moradia nas ruas o número tende a aumentar, provavelmente devido à dificuldade de reinserção social gerada por muitos anos nessa situação. “Quanto mais tempo a pessoa passa na rua, menores são as chances de conseguir recuperar a autonomia. Precisamos agir rápido para quebrar essa trajetória triste que começou na pandemia”(BEZERRA,2022)
40. Gráfico, tempo de moradia nas ruas. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP.pdf
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Quanto a renda, cerca de 44% estavam desempregados. Sendo a principal fonte de renda, o trabalho com reciclagem. Mais da metade recebe algum tipo de benefício do governo.
atividades artísticas, 1,4% eram profissionais do sexo, 1,0% vigilantes, 0,3% vendiam drogas e 0,1% roubavam, assaltavam ou furtavam.”(QUALITEST, 2019)
“Quando perguntados o que faziam para ganhar dinheiro, os(as) entrevistados(as) apresentaram as seguintes respostas, 19,9% eram catadores de recicláveis, 13,3% trabalhavam no comércio ambulante, 10,1% eram ajudantes gerais, 8,8% pediam esmolas, 7,1% trabalhavam com carga e descarga de materiais, 6,8% distribuíam panfletos, 6,7% trabalham na construção civil, 4,4% trabalhavam com veículos (lavadores e guardadores), 4,1% eram ajudantes em eventos, 4,0% trabalhavam com serviços de limpeza ou com faxinas, 2,0% faziam
O senso de 2021, evidenciou um aumento de 31% dessa população, que atinge agora cerca de 32 mil pessoas. Além do aumento, houve uma mudança no perfil dos moradores de rua.
41. Gráfico de empregabilidade. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP.pdf
42. Gráfico, benefícios do governo. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP.pdf
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“O levantamento, feito entre outubro e dezembro de 2021, ainda indica uma mudança do perfil daqueles que não têm um lar. O número de famílias que foram morar nas ruas quase dobrou durante a pandemia.” (PALHARES;ZYLBERKAN,2022) Estas mudanças estão relacionadas a pandemia da Covid-19 e a crise econômica gerada pela mesma. “Desde o início da pandemia, a gente já observava não só um aumento da população de rua, mas também essa mudança de perfil. Já era possível identificar que grupos mais vulneráveis, como mulheres, famílias e idosos, que tiveram que ir morar nas ruas”, (REIMBERG,2022) Diante desse cenário de vulnerabilidade, agravado pela pandemia, fica evidente a necessidade de refletirmos sobre as pessoas em situação de rua, sendo inclusive o direito à moradia garantido na constituição brasileira: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”(BRASIL,1988, Art 6) Dessa forma, o projeto pretenderá promover a reflexão sobre a necessidade de políticas públicas de moradia para os sem-teto.
43. Morador de rua cria ‘casa’ embaixo do Minhocão. Fonte: https://catracalivre. com.br/cidadania/morador-de-rua-cria-casa-embaixo-de-viaduto-com-objetosachados/
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3.1 A-KAMP47 - Stéphane Malka Arquiteto: Sthéfanie Malka Ano: 2013 Localização: Marselha, França
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Estudos de Caso 44. A-KAMP47, foto. Fonte: https://www.stephanemalka.com/portfolio/a-kamp47i-inhabit-the-wall-i-marseille-2013/
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O projeto inicialmente foi idealizado por Malka no seu livro Le Petit Paris, onde apresenta cerca de 14 projetos, explorando uma arquitetura parasitária e de ocupação dos interstícios da cidade. Em 2013 devido a uma brecha legislativa, Malka conseguiu realizar o projeto efetivamente em um viaduto ferroviário na cidade de Marselha (estação de trem Marselha-Saint-Charles), ao lado do complexo cultural Friche Belle de Mai. Este é um dos primeiros pontos importantes do projeto como arquitetura mutualista, pois ele usa a legislação como forma de superar “os anticorpos” que poderiam destruir este “parasita”. Malka cita a constituição francesa de 1982, que promete moradia a todos os cidadãos e residentes franceses, outro questionamento legislativo é se as superfícies verticais pertencem ao espaço público ou privado: “Esses espaços, no entanto, estão na verdade em ambiguidade jurídica, balançandose na lei entre a propriedade privada e a propriedade pública. Ao nos apropriarmos de paredes cegas, na realidade não estamos nem dentro nem fora. É esse espaço intersticial que foi tomado e engrossado em sua verticalidade, como um corredor esculpido no meio.” (MALKA,2013, tradução nossa) Por fim, a lei que permitiu a construção do projeto sem que o poder público pudesse demoli-lo, foi a lei que proíbe a expulsão de inquilinos de suas casas durante todo o inverno, que entrou em vigor em 1 de junho de 2012, na França. Dessa forma, o projeto ocupa a empena de um viaduto ferroviário. Sua conformação espacial se define em 23 barracas (tendas de vinil), com forro 45. A-KAMP47, corte. Fonte: https://www.stephanemalka.com/portfolio/akamp47-i-inhabit-the-wall-i-marseille-2013/
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isolante e cobertores térmicos no seu interior, além de uma malha elástica de poliéster para reforço da segurança dos usuários. Cada barraca, exceto uma, cabe cerca de duas pessoas no seu interior. Também possuem espaço para armazenamento de pertences. Durante a noite, todo o local fica iluminado, para garantir mais segurança aos usuários, além de se tornar parte da expressão da obra. O agrupamento dessas barracas é outro elemento importante dado que confere mais segurança e proteção térmica. “Uma evolução lógica dos abrigos leves, a tenda tem a capacidade de ser muito móvel. Mas o problema é que as barracas isoladas ficam mais expostas; expostos ao frio, e também a roubos e batidas policiais”(MALKA,2013, tradução nossa) Todo o acesso as barracas é feito através de andaimes, e a circulação vertical também é tradicional do sistema construtivo de andaimes, escadas marinheiro para andaimes, que são alocadas nos corredores sem grandes impactos visuais e espaciais. Em alguns trechos vazios o projeto utiliza as próprias travessas horizontais do andaime fixadas nas rosetas / cruz do mesmo para gerar um guarda corpo. O aspecto visual do projeto tem um caráter combativo, de ocupação da cidade pelos mais marginalizados, a camuflagem utilizada e a visibilidade que o projeto assume ocupando verticalmente a empena do viaduto ferroviário, fazem um protesto a essa situação de marginalização e denotam resistência. Considerado um abrigo rápido para viajantes ou habitação vertical furtiva, para Malka o projeto é um “Filho ilegítimo da “unité d’habitation” mínima de Le 46. A-KAMP47, foto interna. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-181484/akamp47-slash-stephane-malka
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Corbusier e do “ambiente de habitação oblíquo” de Claude Parent”: “De acordo com Malka, a forma do campo baseia-se na Unite d’habitation de Le Corbusier - agora um marco de Marselha e bastião da elite do design - e nas ideias de Claude Parent para habitação oblíqua. O primeiro ultrapassou os limites do espaço doméstico minimizando radicalmente suas dimensões, enquanto o apelo de Parent por paredes e superfícies inclinadas informa como cada uma das 23 tendas é habitada.”(MEDINA,2013, tradução nossa) O aspecto prático e rápido da construção são elementos importantes no projeto, sendo que o mesmo foi erguido em apenas 12 horas. Dessa forma, o projeto faz o seu protesto na cidade, sem limitações financeiras e de espera quanto a políticas públicas, apesar de fazer um apelo as mesmas. O projeto protesta quanto a situação de marginalização e falta de acesso as habitações nas cidades. “Neste projeto, os abrigos furtivos respondem às restrições imediatas de sistemas sociais e intelectuais precários. A proximidade da situação permite uma resposta coletiva que pode ser ouvida. Os marginalizados, os clandestinos, os posseiros e os sem-teto são abrigados. As paredes cegas agora têm olhos e estão nos observando.”(MALKA,2013, tradução nossa) Apesar do conceito do trabalho e de ter sido construído, ele não é utilizado por moradores de rua ou sem-teto, na verdade jovens viajantes têm utilizado o projeto para se hospedar. Mesmo assim Malka espera que o projeto traga uma importante reflexão para o tema da moradia. 47. A-KAMP47, foto ao anoitecer. Fonte: https:// www.archdaily.com.br/br/01-181484/a-kamp47slash-stephane-malka
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48. A-KAMP47, foto. Fonte: https://www. archdaily.com.br/br/01-181484/a-kamp47-slashstephane-malka
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3.2 Homes for the homeless - James Furzer Arquiteto: James Furzer Ano: 2015 Localização: Londres, Reino Unido
O projeto foi vencedor do sexto concurso anual “Space for New Visions” promovido pela empresa FAKRO, que é uma fabricante de coberturas e escadas, e também pela A10 Magazine for European Architecture. A ideia do concurso era utilizar os materiais da empresa FARKO no projeto, de tema livre. James Furzer é assistente de arquitetura da Spatial Design Architects e também um arquiteto premiado, que tem como um dos focos do seu trabalho projetos para sem-teto. Neste projeto sua proposta foi a criação de casulos parasitas para servirem de abrigo seguro para os sem-teto, principalmente devido as condições climáticas da Grã-Bretanha, que são severas no inverno. A disposição desses elementos parasitas pode variar desde uma unidade a um conjunto de casulos que sirvam de abrigo. Segundo levantamentos de Furzer, cerca de 6.500 pessoas dormem nas ruas de Londres todos os anos e o número de moradores de rua teve um aumento de 77% desde 2010. Assim ele justifica sua intervenção. Quanto as questões práticas de uso dessa estrutura, James especifica algumas considerações de uso que tornam a proposta efetiva. Primeiramente sua materialidade tem um custo reduzido, pois a intenção é que o projeto seja financiado e mantido por instituições de caridade. Outras são quanto a uso, horários e organização: “Regras para uso apropriado e até mesmo tempos de uso podem ser postas em prática, para garantir que as cápsulas não causem perigo aos pedestres. Seria
49. Homes for the homeless, render. Fonte: https://aasarchitecture.com/2015/10/ homes-for-the-homeless-by-james-furzer/
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importante, por exemplo, que as escadas de acesso pudessem ser arrumadas com segurança e nenhum objeto pudesse cair das cápsulas. Se as cápsulas só puderem ser usadas à noite, isso eliminará quaisquer riscos de caminhada pública sob elas durante o dia. Os pods podem ser instalados em um beco que pode ser protegido em ambas as extremidades por portões, o que significa que, quando em uso, os portões podem ser protegidos/fechados, eliminando os pedestres andando por baixo durante o uso.”(RINALDI,2015,tradução nossa) Assim, a ideia é que o projeto tenha fácil aplicação e baixo custo, aproveitando-se dos interstícios das cidades e empenas cegas de edifícios preexistentes. A intervenção não prevê grande verticalização não interferindo radicalmente paisagem urbana da cidade. Os materiais também podem variar em revestimentos e cores, pois pretende-se que a estrutura se mescle ao “hospedeiro” e não cause contraste com a fachada anterior a aplicação da cápsula. Quanto a construção do projeto, os elementos estruturais importantes são as seções de estrutura de aço das laterais, que fixam o projeto a empena e servem de apoio para pisos, paredes e revestimentos. A entrada se dá por escada dobrável da FARKO, com acesso pelo alçapão no piso, e que pode ser fechado durante o uso. São utilizadas modelos de janelas de sótão da FARKO, que podem ser abertas manualmente para garantir iluminação e ventilação apropriadas, além de permitir a vista dos arredores, há também persianas para 50. Homes for the homeless, prancha para concurso FARKO. Fonte: https://www.fakrousa.com/ architects/international-design-competition/inspires-space-for-new-visions/
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maior privacidade do usuário. O teto possui uma janela plana que fornece uma vista do céu ao anoitecer e serve como rota de incêndio. O piso e paredes são em compensado de madeira leve e isolante térmico, além de totalmente substituíveis caso sofram algum dano durante o uso. O projeto não prevê eletricidade pois o objetivo é que seja utilizado apenas para dormir, porém permite que futuramente as cápsulas utilizem energia solar para gerar sua própria eletricidade. O ambiente interno é bastante simples e sem revestimento, com enfoque nas nas características básicas e elementares que o projeto proporciona: calor, abrigo e conforto, sem prevêr nenhum tipo de luxo, apenas o básico. Algumas prateleiras dobráveis permitem o uso para socializar ou comer, mas por serem móveis, não causam impacto na amplitude do ambiente, pois podem ser fechadas a escolha do usuário. Abaixo da prateleira com colchão que será utilizada como cama, o usuário pode armazenar seus pertences mais importantes. Atualmente o projeto está angariando fundos para ser construído.
51.Homes for the homeless, isométrica explodida. Fonte: https://aasarchitecture.com/2015/10/homesfor-the-homeless-by-james-furzer/
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3.3 Shelter with Dignity- Andreas Tjeldflaat Arquiteto: Andreas Tjeldflaat Ano: 2017 Localização: Nova York e Oslo
O projeto foi pensado para ser instalado nas empenas dos edifícios sede da agência de publicidade Framlab. A agência foi fundada por Andreas Tjeldflaat, que é também o autor do projeto. O trabalho de Andreas e da agencia utiliza a metodologia de design de produtos, arquitetura e design de sistemas. A proposta é uma solução para a crescente população de sem-teto de Nova York, porém reconhece que somente essa iniciativa não é capaz de solucionar todo o problema, exigindo uma postura a nível de políticas públicas. A questão em si é o enfoque do arquiteto nessa situação, participando desse processo. O raciocínio inicial se deve a mudança dos vazios na cidade. Durante seu desenvolvimento os vazios horizontais são mais proeminentes, mas após a verticalização estes vazios se convertem em vazios verticais, empenas cegas. (imagem 53) Segundo a Framlab, uma parede de aproximadamente 15 x 21 metros, pode abrigar cerca de 95 unidades hexagonais como as projetadas. Assim ocupando esses vazios e atendendo a demanda de moradia. A estrutura requerida para inserção do projeto é de andaimes com circulação vertical acoplada e uma estrutura para instalação dos módulos, montada na cobertura do edifício hospedeiro. Assim os módulos podem ser acoplados com rapidez, gerando uma implantação de comunidades residenciais de fácil expansão e realocação.(imagem 54)
52. Shelter with Dignity, render. Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/ urbanismo/colmeia-gigante-pode-virar-casa-para-moradores-de-rua-em-novayork/
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53. Mudança dos vazios nas cidades, imagem elaborada pela agencia Framlab. Fonte: https://www.designboom.com/architecture/3dprinted-micro-neighbourhoods-homeless-framlab-11-16-2017/
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54. Estruturas necessárias para instalação das unidades, imagem elaborada pela agência Framlab. Fonte: https://www.designboom.com/architecture/3d-printedmicro-neighbourhoods-homeless-framlab-11-16-2017/
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Na imagem 55 podemos ver toda a logística do projeto em diagrama e isométrica. As cápsulas são impressas com tecnologia 3D em material de bioplástico reciclado, além de sustentável, a solução é leve e de fácil transporte. Cada módulo foi pensado para atender uma demanda residencial, e de acordo com os esforços exigidos na sua volumetria hexagonal, dessa forma os móveis são integrados a estrutura, fornecendo um ambiente minimalista e eficiente.
55. Logística das unidades, imagêm elaborada pela agência Framlab. Fonte: https:// www.designboom.com/architecture/3d-printed-micro-neighbourhoods-homelessframlab-11-16-2017/
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As unidades são generosas quanto a conforto e tecnologias, com eletricidade, sistema de luz inteligente, som, ventilação, e até mesmo monitoramento cardíaco dos usuários (imagem 56). Esses módulos podem ser combinados gerando diferentes unidades, com uma mescla de funções. Por exemplo, os módulos WE-11 e WE-21 (imagem 57), geram um espaço para dormir e estudar. Os mesmos módulos, podem ser utilizados para banho e vestiário (imagem 58) ou socialização (imagem 59). Nestes casos a forma da estrutura é idêntica, apenas as superfícies admitem outros usos. As unidades RE-09 e RE-11, já são diferentes, com um espaço de loft, para mais de uma pessoa (imagem 60).
56. Unidade de habitação, imagem elaborada pela agência Framlab. Fonte: https://www.designboom.com/architecture/3dprinted-micro-neighbourhoods-homeless-framlab-11-16-2017/
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A composição final desses módulos e unidades dispostos na fachada, geram um mosaico hexagonal na empena, o que tem um impacto na paisagem urbana, como uma obra de arte urbana na cidade. Ao anoitecer a estrutura utilizaria os painéis/janelas para expor obras de arte digitais, informações públicas ou anúncios comerciais. Trazendo mais uma utilidade para a empena, antes vazia. Atualmente o projeto ainda não foi construído.
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57. Módulos WE-11 e WE-21, estudos e dormitórios. Fonte: https://www. designboom.com/architecture/3dprinted-micro-neighbourhoods-homelessframlab-11-16-2017/
59. Módulos WE-11 e WE-21, socialização. Fonte: https://www.designboom.com/architecture/3dprinted-micro-neighbourhoods-homelessframlab-11-16-2017/
58. Módulos WE-11 e WE-21, banho e vestiário. Fonte: https://www. designboom.com/architecture/3dprinted-micro-neighbourhoods-homelessframlab-11-16-2017/
60. Módulos RE-09 e RE-11, loft coletivo. Fonte: https://www.designboom.com/architecture/3dprinted-micro-neighbourhoods-homelessframlab-11-16-2017/
61. Shelter with Dignity, render noturno. Fonte: https://www.designboom.com/ architecture/3d-printed-micro-neighbourhoods-homeless-framlab-11-16-2017/
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3.4 Urban Camping - Pedro Évora Arquiteto: Pedro Évora Ano: 2003 Localização: Móvel
O projeto foi premiado com menção honrosa pelo Instituto de Arquitetos do Brasil no ano de 2003. É um edifício temporário, completamente desmontável. Seu térreo é destinado para mercado popular e uso multiúso e os outros quatro andares são ocupados com abrigos individuais, que são tendas com lona vinílica de PVC e malha de poliéster. Cada tenda tem capacidade para duas pessoas e são aproximadamente 25 tendas em cada pavimento. A circulação vertical se concentra nas duas extremidades do edifício, com escadas e elevadores. O espaço de armazenamento, são armários em metal, semelhante a lockers. O projeto conta também com um telão para exibição próxima ao espaço público. Toda a parte de apoio (sanitários, depósitos e elevadores) do edifício está em containers. O caráter móvel do edifício parece ser pensado para algum tipo de evento artístico itinerante na cidade (imagem 63). Todo o edifício é coberto com lona publicitária, assim conferindo maior privacidade e também se camuflando, inclusive com obras de arte urbana urbanas. No render (imagem 64) temos como exemplo a obra dos irmãos, osgêmeos. Como parte do seu conceito as imagens mostram sua instalação em diferentes contextos, é interessante observar sua capacidade de modificar o ambiente em que é inserido.
62. Urban Camping, isométrica. Fonte: http://www.rualab.com/portfolio/60,84
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63. Urban Camping, render interno. Fonte: http://www.rualab.com/portfolio/60,84
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64. Urban Camping, render externo. Fonte: http://www.rualab.com/ portfolio/60,84
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65. Urban Camping, imagem de exemplo como possibilidade móvel. Fonte: http:// www.rualab.com/portfolio/60,84
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66. Urban Camping, render de exemplo como possibilidade móvel. Fonte: http:// www.rualab.com/portfolio/60,84
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Sua estrutura é em andaime e o piso em madeira. Utiliza juntamente com os andaimes treliças para gerar um pequeno balanço que podemos ver no corte (imagem 67). O guarda-corpo é feito com as travessas de andaime e o contraventamento no mesmo sentido que as barracas, sem obstruir a circulação nos corredores do edifício.
Apesar desse projeto não ser especificamente para sem-teto, ele é uma referência importante por ser nacional e também pela sua solução construtiva. Ele tem um caráter móvel, mas não deixa de ser um parasita durante o período que estaria instalado junto à empena cega de outro edifício. O projeto não foi construído.
67. Urban Camping, cortes. Fonte: http://www.rualab.com/portfolio/60,84
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4.1 Localização O Parque Minhocão (Elevado Presidente João Goulart) é uma via expressa que corta o centro de São Paulo, com cerca de 3,4 km de extensão, fazendo a ligação entre a praça Roosevelt e o largo padre Péricles, na barra funda, portanto cortando a cidade no sentido centro-oeste. Sua conformação corta importantes bairros do centro, e acaba por fazer uma divisa entre os bairros Higienópolis e Campos Elíseos.
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Inserção Urbana 68. Mapa de localização e limites administrativos. Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/ uploads/2019/05/PIU_minhocao_apresentacao_cmtt.pdf
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Foi concebido como solução para desafogar o tráfego na região central da cidade, sem que fosse necessário ampliação das vias preexistentes. Além das praças citadas o elevado passa também pela praça Marechal Deodoro, pela rua Amaral Gurgel, e as avenidas Francisco Matarazzo, General Olímpio da Silveira e São João. Localizado entre as Subprefeituras Sé e Lapa, ultrapassa os distritos de Santa Cecília, República, Consolação e Barra Funda.
Seu perímetro, além de via expressa de tráfego intenso durante a semana, possui proximidade a linhas de metrô, tendo duas estações no seu percurso imediato, Marechal Deodoro e Santa Cecília. Conecta-se também com o terminal de ônibus Amaral Gurgel. Sendo seu percurso ininterrupto e ligando duas áreas da cidade o Parque Minhocão tem no seu baixio ciclovias e é uma rota importante de ônibus municipais.
69. Mapa, sistemas de transportes públicos, Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/ uploads/2019/05/PIU_minhocao_apresentacao_cmtt.pdf
70. Mapa, sistema viário estrutural. Fonte: https:// gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/ uploads/2019/05/PIU_minhocao_apresentacao_cmtt.pdf
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Devido sua localização e extensão o Parque Minhocão possui relevância urbana na cidade de São Paulo, já que sua conformação abarca uma série de rotas de transportes, e afeta o valor imobiliário de bairros das zonas centrais da cidade.
71. Mapa, sistema cicloviário. Fonte: https://gestaourbana. prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2019/05/PIU_ minhocao_apresentacao_cmtt.pdf
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72. Foto, Elevado João Goulart. Fonte: https://www.mobilize.org.br/noticias/12301/plebiscito-paradefinir-futuro-do-elevado-minhocao-sp-e-aprovado.html 73
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4.2 História do Parque Minhocão No contexto da sua construção o país passava por mudanças políticas com o Golpe de 1964 e o estado buscava modernizar as cidades. Outro fator impulsionador foi o grande crescimento da cidade de São Paulo entre as décadas de 1960 e 1970, com um boom populacional de mais de 100% nesses 10 anos, sendo que pela primeira vez a população se tornou majoritariamente urbana, a cidade se expandiu e necessitava de infraestruturas urbanas. Esse contexto de autoritarismo do Estado, busca por modernização e execução de grandes obras urbanas, possibilitou que a construção do Elevado fosse levada adiante sem participação da população, o que mais tarde gerou grande rejeição devido suas implicações urbanas negativas. Foi projetado e idealizado por Luiz Carlos Gomes Cardim Sangirdadi, na época arquiteto do Departamento de Urbanismo da Prefeitura de São Paulo, no ano de 1968. Inicialmente apresentado ao prefeito Brigadeiro José Vicente de Faria Lima, foi recusado pois o mesmo o considerou muito radical. O projeto foi retomado por Paulo Maluf em 1970, e foi construído em tempo recorde de apenas 11 meses, sendo inaugurado no aniversário de cidade de são Paulo, dia 25 de janeiro de 1971, e nomeado como Elevado Presidente Costa e Silva, em homenagem ao General presidente Arthur da Costa e Silva, responsável por decretar o Al-5 e também pela nomeação de Maluf a prefeitura de São Paulo. Sua construção foi muito onerosa aos cofres públicos e causou rejeição imediata da população pois desvalorizou e degradou a área do seu trajeto, com isto, as classes altas se afastaram da sua região, que passou a ser utilizada para prostituição
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e drogas. Apesar de avaliada a demolição da estrutura, seu custo fez com que a ideia fosse abandonada. Por outro lado, a desvalorização permitiu que uma população de classe mais baixa ocupasse áreas centrais de São Paulo, até hoje a questão é discutida pois apesar da vontade de resolver o problema gerado pelo Elevado, têm-se a preocupação com a gentrificação dessa população, que pode ocorrer se a área for muito valorizada. Em 1976 o Elevado passou a ser fechado das 00h às 5h da manhã, devido ao barulho e ocorrência de acidentes. Em 1989 a restrição de uso por automóveis passou a ser das 21: 30h às 6: 30h da manhã. A discussão sobre o minhocão voltou ao debate em 1990, mas a população mais pobre que já havia se apropriado do local foi contra sua demolição. Somente em 1996 passou a ser fechado nos domingos e feriados e passou a ser utilizado para lazer. Durante um período, muitos debates foram levantados em diversos governos e a população foi se apropriando do Elevado como área de lazer, até que em 2014, como o plano diretor da cidade de São Paulo, foi determinado que o Minhocão seria demolido ou transformado em parque / jardim. No ano de 2015, o horário de funcionamento para tráfego foi alterado novamente, estando aberto aos pedestres das 15h dos sábados às 6: 30h das segundas-feiras. Em 2016 foi sancionado o Projeto de Lei 22/2015 denominando que durante os períodos de fechamento da via para tráfegos, o elevado será caracterizado como
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Parque Minhocão, isso possibilitou a criação de uma gestão e zeladoria do local. Também em 2016 seu nome foi alterado para Elevado Presidente João Goulart em homenagem ao ex-presidente, anterior ao golpe de 1964. A partir do ano de 2018, foi sancionado por João Doria, dia 8 de fevereiro a Lei Municipal 16.833, que fecha permanentemente o Parque Minhocão para veículos durante os fins de semana e feriados e reduz o funcionamento durante a semana, das 7h às 20h. Por fim, em 2019 foi anunciado pela prefeitura de São Paulo o planejamento para a desativação e transformação do Elevado em parque.
73. Construção do Minhocão em 1970. Fonte: https://spinfoco.wordpress. com/2013/08/04/elevado-costa-e-silva-a-historia-e-construcao-do-minhocao/
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74. Construção do Minhocão na década de 70. Fonte: https://spinfoco.wordpress.com/2013/08/04/elevadocosta-e-silva-a-historia-e-construcao-do-minhocao/
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5 120
O Projeto 75. Render do projeto final.
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5.1 Sítio Para aproximação do sítio de implantação, foi feita uma primeira visita percorrendo todo o perímetro do Parque Minhocão, durante o fim de semana, quando é aberto ao público. Ao percorrer os 3,4km de extensão do Elevado, começando na Praça Roosevelt e indo até a Avenida Matarazzo. Foi possível observar todas as empenas e vazios remanescentes do corte urbano produzido pela estrutura do Minhocão. A experiência também trouxe mais sensibilidade e noção da escala do entorno e da sensação do caminhar naquele local da cidade com as variações de elevação do próprio Elevado e de verticalização do entorno. Também foi possível perceber os espaços de maior aglomeração de pessoas. Foi feito levantamento fotográfico das empenas cegas, tanto vazias como as que possuíam grafites ou jardins verticais, alguns terrenos vazios que chamaram a atenção também foram registrados. Posteriormente, através de informações dos sites Geosampa e Google Earth foi possível finalizar o levantamento das empenas as classificando conforme suas alturas aproximadas, de acordo com o número de pavimentos dos edifícios. Exercícios desenvolvidos como experimentação e fundamentação no TFG 1. Com este levantamento em mãos três áreas de interesse foram colocadas em pauta para escolha do terreno:
76. Atividade de fundamentação, TFG 1.
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1- Av. Gen. Olímpio da Silveira, 321; 2- Praça Marechal Deodoro n°188; 3- Rua General Júlio Marcondes Salgado, n°4.
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Empena escolhida
Mais de 15 pavimentos Até 10 a 15 pavimentos Até 10 pavimentos 77. Atividade de experimentação TFG 1.
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A primeira área chamou atenção por possuir mais de uma empena visível a partir do Elevado. Também possuía um grande vazio no térreo com lotes subutilizados.
78. Av. Gen. Olímpio da Silveira, 321.Vista do Minhocão. Fonte: Acervo Pessoal.
80. Praça Marechal Deodoro n°188.Vista do Minhocão. Fonte: Acervo Pessoal.
79. Av. Gen. Olímpio da Silveira, 32. Imagem aérea. Fonte: Elaboração pessoal a partir do site Google Earth. 126
A segunda área seria onde atualmente é um estacionamento, o vazio no térreo e a presença de edificações históricas ao lado esquerdo do lote eram os potenciais.
81. Praça Marechal Deodoro n°188.Vista aérea. Fonte: Elaboração pessoal a partir do site Google Earth. 127
5.2 Fotos do Terreno e do Entorno Optou-se pela escolha do último terreno devido o lote público que está ao lado da empena cega, proximidade com a Estação Santa Cecília e Estação Rodoviária Amaral Gurgel. Neste endereço está localizado o Edifício Bonfim, escolhido como hospedeiro da intervenção.
82.Rua General Júlio Marcondes Salgado, n°4.Vista do Minhocão. Fonte: acervo pessoal. A última área analisada tinha uma das maiores empenas de todo o perímetro e no seu térreo um lote público.
83. Rua General Júlio Marcondes Salgado, n°4.Vista aérea. Fonte: Elaboraqção pessoal a partir do site Google Earth.
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84. Mapa do entorno. Fonte: elaboração pessoal a partir do site Google Maps.
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85. Estação Rodoviária Amaral Gurgel. Fonte: Acervo pessoal.
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86.Vista para o minhocão. Fonte: acervo pessoal.
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87. Paróquia Santa Cecília. Fonte: acervo pessoal.
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88. Foto do Terreno escolhido.Vista do Baixio do Minhocão. Fonte: Acervo pessoal.
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90.Vista dos pilares no terreno. Fonte: acervo pessoal.
89. Cadastro público do lote escolhido. Fonte: Geosampa.
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Em uma segunda visita, desta vez diretamente ao lote escolhido, outras informações importantes foram colhidas, como os pilares que estavam nesse terreno, sendo parte da estrutura do próprio Elevado e entrando em contato com moradores e síndico foi possível obter a planta do edifício.
91. Cortes do edifício Bonfim. Fonte: acervo pessoal.
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94. Térreo Edifício Bonfim. Fonte: acervo pessoal.
92. Plantas do Edifício Bonfim. Fonte: acervo pessoal.
93. Fachada do Edifício Bonfim. Fonte: acervo pessoal. 95. Entrada Edifício Bonfim. Fonte: acervo pessoal.
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5.3 Programa de necessidades
5.4 Partido arquitetônico
O programa escolhido teve como foco o perfil dos moradores de rua, tanto típico, como após a pandemia, e suas necessidades. Devido a natureza da situação, o foco ficou em fornecer uma série de serviços e suportes básicos a vida humana.
Materialidade: Aço galvanizado (andaime), Plástico inflável com membrana de PVC / Estrutura tencionada.
Com isto, o projeto foi pensado para proporcionar abrigo que protegesse da chuva ou sol intensos. Fornecer sanitários e vestiários públicos e lockers para os pertences dos sem-teto.
Partido: Uso de arquitetura modular, materiais leves para não comprometer a estrutura existente, eixo de circulação vertical.
Algumas outras questões também passaram a fazer parte do projeto como, a conexão com o Parque Minhocão e com o lote no térreo, e a relação como o edifício hospedeiro.
96. Croqui do partido arquitetônico.
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5.5 Estudos, concepção e diagnóstico A partir de escolha do terreno e partido projetual conforme as referências estudas no capítulo 3, o projeto seguiu seu desenvolvimento, uma das parte importantes foi a resolução da fachada, já que pretendia-se ser um marco na paisagem urbana daquele local.
99. Croqui após visita ao terreno escolhido.
Os primeiros estudos foram propondo cápsulas que seriam encaixadas na estrutura de andaime existente.
A ida ao terreno também forneceu informações importantes, fechar aquela área do térreo foi uma ideia logo descartada, pois terminaria de obstruir o que ainda resta de iluminação e ventilação abaixo do Elevado.
97. Maquete de experimentação desenvolvida na atividade de projeto do TFG 1.
Com a escolha da materialidade, foram feitos estudos para projetar uma estrutura com materiais de mercado e que pudessem ser utilizadas em conjunto, com modificações simples.
98. Render eleborado na primeira etapa do TFG. 140
100. Croqui. Estudos de materialidade e construção. 141
5.6 Proposta de intervenção Foram escolhidos materiais como telha sanduiche e painel Mad Wall, mas posteriormente descartados devido a complexidade construtiva. Foram feitos estudos de fachada com esses elementos. Outra mudança é que parte do parasita não seria construída por não ter onde apoiar os andaimes.
Após estudos o projeto chegou a sua conformação final. Alguns pontos importantes foram definidos. O primeiro aspecto é que o projeto não pretende ser uma solução para os semteto, mas uma forma de explicitar essa situação, pois é necessários pensarmos estratégias para essa população. O projeto é uma intervenção artística na cidade. A ideia é que seja ocupado, sendo uma arte urbana interativa, no limiar entre a arte e arquitetura. O projeto não é uma solução urbana, é uma provocação na cidade que faz uma reflexão sobre a questão da falta de moradia e também sobre os sistemas urbanos atuais, porém ele está no lugar de arte e não é uma estratégia urbana. O questionamento que faz como parasita e como arte urbana é: porque existem espaços vazios nas cidades e, ao mesmo tempo, pessoas sem ter onde morar?
101. Isométrica, proposta intermediária do projeto.
Utilizando a empena é possível trazer visibilidade para essas questões e ocupar um vazio vertical das cidades. Ao ocupar a empena, os sem-teto que antes estavam no baixio do Minhocão estão agora a vista de todos. Como parasita, a intervenção invade e questiona o edifício hospedeiro, utilizando sua circulação e recursos de energia e água. Na cidade, esse parasita questiona a imobilidade dos sistemas e estruturas urbanas conectando o Minhocão em dois níveis e ao hospedeiro, e utilizando um espaço improvável para existir.
102. Croqui. Estudos de Fachada e materialidade. 142
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5.7 Plantas, cortes, elevações e perspectivas
103. Render, praça de entrada para o parasita.
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104. Render, vista da praça para o parasita.
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vazio
Foi previsto o mínimo de modificações na preexistência. No térreo é onde ocorrem mais mudanças. Para acrescentar sanitários prevê-se a subida do piso e também um forro para ventilação mecânica, isto é possível pois a edificação existente tem o pé direito de 4 metros neste andar.
No primeiro pavimento é onde ocorre a conexão com o Parque Minhocão. vazio
dorm.
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b.w.c
sala
sala
coz.
coz.
lav.
lav.
w.c.
w.c.
circ.
A praça faz conexão com o baixio do Elevado. Um andar intermediário entre o térreo e primeiro pavimento é acessado exclusivamente por escadas.
b.w.c
Um espaço de administração do abrigo é gerado provisoriamente nos fundos desse térreo, único local com janelas nessa grande loja projetada para o Edifício Bonfim na década de 60. 105. Planta Térreo térreo, escala 1:500.
w.c. Abaixo
lav.
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coz. sala
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dorm.
b.w.c
dorm.
dorm.
dorm.
Foi pensado um pequeno espaço de respiro dentro do próprio edifício hospedeiro, acima da laje do térreo, que pudesse ser acessado pelas pessoas que estivessem no Parque Minhocão, durante o fim de semana. Para descansar, ter uma sombra, e até mesmo utilizar os sanitários e vestiários previsto no projeto.
106. Planta Primeiro Pavimento, escala 1:500
1:50
1° Pavimento 1:50
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vazio
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dorm.
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sala
sala
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dorm.
dorm.
107. Planta Pavimento Tipo, escala 1:500.
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vazio
w.c.
lav.
coz. sala
b.w.c
Pavimento Tipo 1:50
Com acesso a cobertura, este será um andar de “lazer” que o edifício originalmente não possuia.
sala
b.w.c
dorm.
No nono pavimento uma área é destinada ao hospedeiro exclusivamente.
coz.
coz. sala
dorm.
Os andares tipo preveem a mínima modificação. Apenas a retirada de uma parede e adição de uma porta na empena, para acesso. Esta questão foi central no desenvolvimento do projeto, pois o uso da circulação vertical do hospedeiro é o que permite o parasita existir. Este parasita precisa utilizar todo o conhecimento sobre o hospedeiro para ter sucesso. Um sanitário por andar (ao lado do elevador) também será apropriado pelos sem-teto.
sala
b.w.c
dorm.
b.w.c
dorm.
dorm.
É uma modificação bastante facilitada e que confere mais espaços de convívio com pequenas modificações, duas portas acrescentadas e uma parede removida...
dorm.
108. Planta, nono pavimento, cobertura destinada ao hospedeiro. Escala 1:500. 9° Pavimento 1:50
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109. Render externo
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110. Render Interno.
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111. 1:50 Corte 1. Escala 1:500. Corte 1
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No corte podemos ver a arquibancada do térreo conectando o hospedeiro, que faz um meio nível, com a rua. Na altura do 1° pavimento a conexão com o Elevado Presidente João Goulart. E no nono pavimento a área do hospedeiro com a cobertura, antes subutilizada.
No corte 2 podemos ver a intima conexão gerada entre parasita e hospedeiro. A partir das medidas de mercado estipuladas para o andaime, o parasita alinha seus níveis ao hospedeiro para acessa-lo e sugar dele seus suprimentos (energia, água, acessos, circulação).
Isto reflete a inteligência da arquitetura mutualista de se apropriar de espaços vagos na cidade, sejam eles internos ou externos. Mais do que isso, gera conexões e usos.
Os andaimes são ancorados na viga de cada andar, que são os elementos estruturais. Neste caso uma materialidade mais leve favorece essa possibilidade. 112. Corte 2. Escala 1:500. Corte 2 1:50
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113.Vista do Minhocão para o Parasita, render.
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A fachada no lado da empena, antes cega e inexpressiva, agora é dinâmica e funcional. Este edifício da década de 60 que nega a cidade, agora pode se abrir a ela. O parasita o modifica nesse sentido. Se as leis levaram a existência da empena cega , esta intervenção ousada propõe uma solução mais simples e rápida para os resquícios negativos das concepções urbanas e suas sobreposições.
O parasita estabelece uma nova ordem para o hospedeiro, modifica seus espaços públicos e privados, direciona novos usos, programas a e acessos, portanto novas interações, novas possibilidades, reflexões.
114. Isométrica.
115. Corte perspectivado.
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116.Vista do Minhocão para o projeto, render.
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117. Isométrica hospedeiro e parasita.
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118. Perspectiva aérea.
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119.Vista interna nono pavimento
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120.Vista interna nono pavimento.
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121.Vista para a praça e baixio do minhocão.
164
122.Vista da entrada a partir da praça.
165
166
123.Vista da passarela de acesso do Minhocão para o projeto.
167
5.8 Detalhes técnicos
124. Isométrica com detalhes construtivos de cada pavimento.
O projeto utiliza medidas de mercado, andaimes da empresa Mills Lock. O piso em painel Mad Wall, e as barracas com as medidas de 2,40m x 1,30m, é uma medida bastante tradicional para barracas de Camping coletivas.
A estrutura do telhado utiliza o sistema de escoramento próprio de andaimes para apoiar as vigas que sustentaram as terças. A calha centralizada garante que não ocorra umidade e escoamento de águas na parede entre o hospedeiro e parasita.
A estrutura das barracas pode ser amarrada ao andaime na base do piso com cabo de aço de pequena espessura. O encaixe entre o piso e o andaime é protegido com canoplas.
125. Isométrica e corte perspectivado da conexão das barracas com a estrutura de andaimes.
168
126. Isométrica explodida do sistema construtivo do telhado.
169
127. Detalhes técnicos em 3D dos encaixes do andaíme,
O sistema multidirecional de andaime, com uso de rosetas, permite até 8 conexões entre os elementos construtivos ( t r a v e s s a s horizontais, ortogonais e diagonais e contraventamentos) com os postes.
Os próprios elementos do andaime improvisam um guarda-corpo com as travessas e rodapés. Nas áreas sem a presença de barracas toldos retráteis podem garantir maior controle da iluminação e ventos. Com a estrutura de andaimes, leve e pré-fabricada, em conjunto com estruturas tencionadas (barracas) e lonas (toldos), cria-se um local para abrigar-se da chuva e do sol em situações de necessidade extrema.
Toda estrutura precisa ser bem travada para não ceder ao vento.
128. Isométrica do sistema construtivo. Os postes estão em vermelho, as travessas horizontais ortogonais em azul, as travessas horizontais diagonais em preto e os contraventamentos em verde.
170
129. Isométricas exemplificando possibilidades de uso dos toldos instalados no projeto para conforto térmico.
171
O tema da arquitetura mutualista se mostrou bastante complexo e amplo, além de inovador. O trabalho pretendeu fazer uma primeira aproximação com o tema compreendendo seu histórico na arquitetura e abordando os principais conceitos e projetos. Como exercício projetual foi proposto uma intervenção artística em uma empena cega nas proximidades do Parque Minhocão (Elevado Presidente João Goulart). O projeto pretendeu trazer como reflexão a necessidade de estratégias para sanar a falta de moradia nas cidades e a situação dos sem-teto.
6 172
Acredita-se que o tema é muito relevante, principalmente após a pandemia, que aumentou o número de pessoas morando nas ruas. Acredita-se também que o projeto cumpriu como o objetivo pensado e pode levantar questionamentos importantes para a arquitetura e sociedade de forma geral.
Considerações finais
173
6.1 Referências Bibliográficas AMBROSIO, S.; BENELLI, G. IL PARASSITISMO COME METAFORA PER LA RIGENERAZIONE URBANA. Dalla definizione biologica al fenomeno architettonico. 2014. 183 p. Dissertação (Bachelor in Architecture) - School of Architecture and Society, Politecnico di Milano, Itália, 2014. Disponível em: <https:// issuu.com/sharonambrosio/docs/finale>. Acesso em: 3 jun. 2022. BEFVE, L. Architecture parasite, Un Outil De Renouvellement Urbain? França. 2011. 57 p. Dissertação (Master en Architecture) - École Nationale Supérieure d’Architecture Paris-Val de Seine, ENSA Paris-Val de Seine - Université Paris Cité (ENSAPVS), 2011. Disponível em: <https://issuu.com/louis.befve/docs/ architecture_parasite>. Acesso em: 3 jun. 2022. BEZERRA, C. , 2022. População de moradores de rua cresce 31% em São Paulo na pandemia. Folha de São Paulo, São Paulo. 23 jan. 2022. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/01/na-pandemia-quase-dobrao-numero-de-familias-que-vivem-nas-ruas-de-sao-paulo.shtml#:~:text=O%20 n%C3%BAmero%20de%20pessoas%20que,quando%20eram%2024.344%20 nessa%20situa%C3%A7%C3%A3o> Acesso em: 3 jun. 2022. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 2016. 496 p. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 3 jun. 2022. BRONSTEIN, L. Teoria e prática na obra de Oswald Mathias Ungers. 7° fórum de pesquisa FAU - Mackenzie, pesquisa em Arquitetura Urbanismo
174
Design, Transdisciplinaridades. Disponível em: <https://www.researchgate.net/ publication/321757617_Teoria_e_pratica_na_obra_de_Oswald_Mathias_ Ungers>. Acesso em: 3 jun. 2022. TELLES, Luiz Benedito de Castro. Grafite como expressão de arte na paisagem urbana contemporânea : manifestações na cidade de São Paulo. 2011. 278 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2011. Disponível em: <https://dspace.mackenzie. br/handle/10899/25805>. Acesso em: 3 jun. 2022. DE VETYEMY, I.; SCAPINELLI, V. Mutualistic Architecture: Innovative approach towards a preservative densification. 2012. 204 p. Dissertação (Master of Science in Architecture Urbanism and Building Sciences ) - Explore Lab, TU Delft faculty of Architecture, Holanda, 2012. Disponível em: <https://www. semanticscholar.org/paper/Mutualistic-Architecture%3A-Innovative-approacha-Vetyemy-Scapinelli/58eeb8cfa77980b5f3782cc487c929d81f5d5670#paperheader>. Acesso em: 3 jun. 2022. FREARSON, A. Manifest Destiny! by Mark Reigelman and Jenny Chapman. Dezeen,[S.l.], 16 fev. 2012. Disponível em: <https://www.dezeen.com/2012/02/16/ manifest-destiny-by-mark-reigelman/>. Acesso em: 3 jun. 2022. FRIEDMAN, Y. L’architecture mobile: vers une cité conçue par ses habitants (1958-2020). Paris: L’éclat/poche, 2020. E-book. 344 p. ISBN: 978-2-84162-468-3. Disponível em:<http://www.lyber-eclat.net/livres/larchitecture-mobile-poche43/>.
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Acesso em: 3 jun. 2022. LATERZA, P. Empenas Cegas: Vazios verticais na paisagem urbana do centro de São Paulo. 2020. 62 p. Dissertação (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2020. MAJIDI, S. Architecture parasitaire. 2016. 243 p. Dissertação (Tpfe Pour L’obtention De Diplôme D’architecture) - Ecole D’architecture De Casablanca, Honoris United Universities, Marrocos, 2016. Disponível em:< https://issuu.com/ salmamajidi/docs/architecture_parasitaire_>. Acesso em: 3 jun. 2022. MALKA, S. A-KAMP47: Stealth Shelters. In: Stéphane Malka. Malka Architecture. [S.l.], [S.d.].Disponível em: <https://www.stephanemalka.com/portfolio/a-kamp47i-inhabit-the-wall-i-marseille-2013/>. Acesso em: 3 jun. 2022. MEDINA, S. Hiding in Plain Sight: ‘Stealth Shelters’ for the Homeless Rise in Marseille. Metropolis, [S.l.], 12 dez. 2013. Disponível em: <https://metropolismag. com/projects/hiding-in-plain-sight-stealth-shelters-rise-in-marseille/>. Acesso em: 3 jun. 2022. MINERO, A. Architettura Parassita. passato presente futuro. 2012. 168 p. Dissertação (Tesi di Laurea Specialistica) - Facoltà di Architettura I Architettura (costruzione) - Politecnico di Torino, Torino, 2012. Disponível em:< https://issuu. com/albertominero/docs/architetturaparassita>. Acesso em: 3 jun. 2022.
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PALHARES, I.; ZYLBERKAN, M. População de moradores de rua cresce 31% em São Paulo na pandemia. Folha de São Paulo, 23 jan. 2022. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/01/na-pandemia-quase-dobrao-numero-de-familias-que-vivem-nas-ruas-de-sao-paulo.shtml#:~:text=O%20 n%C3%BAmero%20de%20pessoas%20que,quando%20eram%2024.344%20 nessa%20situa%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 3 jun. 2022. PARA-SITE - Moma, Nova York, NY. In: DillerScofidio+Renfro. DillerScofidio+Renfro index. [S.l.], [S.d.]. Disponível em: <https://dsrny.com/ project/para-site>. Acesso em: 3 jun. 2022. PIT, M.; STELLER, K.; STRENG, G. Parasitic Architecture, [S.l.: s.n.] [2007?]. Disponível em: <https://www.yumpu.com/en/document/view/11368808/parasiticarchitecture-gerjanstrengeu>. Acesso em: 3 jun. 2022. QUALITEST.(org.) Pesquisa Censitária Da População Em Situação De Rua, Caracterização Socioeconômica Da População Em Situação De Rua E Relatório Temático De Identificação Das Necessidades Desta População Na Cidade De São Paulo. São Paulo: SMADS, 2019. 108 p. SMADS - Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social. Disponível em: <https://www.prefeitura. sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Produtos/Produto 9_SMADS_SP.pdf>. Acesso: 3 jun. 2022. REIMBERG, J. População de moradores de rua cresce 31% em São Paulo na pandemia. Folha de São Paulo, 23 jan. 2022. CEM (Centro de Estudos da Metrópole)
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SERRES, M. Le parasite. Tradução: Lawrence R. Schehr. 1. ed. Baltimore, MD, USA: Johns Hopkins University Press, 1982. 269 p. WODICZKO, K. Homeless Vehicle – Krzysztof Wodiczko. In: Culture.pl. Culture. pl. Polônia, 30 set. 2016. Entrevista concedida a Agnieszka Sural. Disponível em: <https://culture.pl/en/work/homeless-vehicle-krzysztof-wodiczko>. Acesso em: 3 jun. 2022.
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178
179
6.2 Lista de ilustrações 1. Diagramas elaborados por MINERO, 2012. Fonte: Architettura Parassita. passato presente futuro, pag 26.
9. para-SITE de Michael Rakowitz. Fonte: https://www.moma.org/learn/moma_ learning/michael-rakowitz-parasite-homeless-shelter-1997/
2. Ponte Vecchio. Fonte: https://archtrends.com/blog/corredor-vasariano-umpouco-da-sua-historia-e-as-reformas-para-o-futuro/
10. Manual de instruções. Fonte: http://www.michaelrakowitz.com/parasite
3. Anfiteatro Lucca. Fonte: https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Reviewg187898-d195712-Reviews-Piazza_Anfiteatro-Lucca_Province_of_Lucca_ Tuscany.html 4. Anfiteatro Lucca, atual Piazza dell’Anfiteatro. Fonte: https://passeiosnatoscana. com/o-anfiteatro-de-lucca-e-sua-origem-romana/
180
11. Parasita de Las Palmas. Fonte: https://senseware.wordpress.com/2009/10/17/ sustentabilidade-p-i-r-a-s-i-t-e-project/ 12. Bienal de Veneza, Cidade conversível. Fonte: http://www.convertiblecity.de/ CONVERTIBLE%20CITY_english.pdf 13. Exposição Less (Estratégias alternativas de viver no PAC em Milão). Fonte: http://www.pacmilano.it/exhibitions/less-strategie-alternative-dellabitare/
5. Perspectiva Ville Spatiale, proposta para a cidade de Paris. Fonte: https://www. archdaily.com/781065/interview-with-yona-friedman-imagine-having-improvisedvolumes-floating-in-space-like-balloons
14. Exposição Less (Estratégias alternativas de viver no PAC em Milão). Fonte: http://www.pacmilano.it/exhibitions/less-strategie-alternative-dellabitare/
6. Cellules parasites Jean-Louis Chanéac. Fonte: http://hiddenarchitecture.net/ cellules-parasites/
15. S(CH)AUSTALL. Fonte: https://seed-s.tumblr.com/post/2923181896/unserschaustall-by-fnp-architekten-germany
7. Cellules parasites Jean-Louis Chanéac. Foto do projeto executado. Fonte: http:// hiddenarchitecture.net/cellules-parasites/
16. RUCKSACK House. Fonte: https://inhabitat.com/stefan-eberstadts-rucksakhouse-provides-instant-space-light-for-a-cramped-apartment/
8. PARA-SITE de Diller & Scofidio. Fonte: https://dsrny.com/project/para-site
17. SHARP CENTRE for DESIGN. Fonte: https://vitruvius.com.br/revistas/read/ projetos/17.193/6399
181
182
18. Studio East Dining. Fonte: https://www.carmodygroarke.com/studio-east-dining/
27. Manifest Destiny à San Francisco, foto. Fonte https://www.dezeen. com/2012/02/16/manifest-destiny-by-mark-reigelman/
19. PARASITE Las Palmas. Fonte: https://www.ksa.nl/en/projects/parasite-laspalmas/
28. Manifest Destiny à San Francisco, foto. Fonte https://www.dezeen. com/2012/02/16/manifest-destiny-by-mark-reigelman/
20. Bâtiment d’Accueil Préfecture de Police de Paris. Fonte: http://fabiennebulle. com/batiment-daccueil-de-la-prefecture-de-police-de-paris/
29. Homeless Vehicle, foto. Fonte: https://culture.pl/en/work/homeless-vehiclekrzysztof-wodiczko
21. bmw Guggenheim lab. Fonte: https://www.dezeen.com/2011/08/04/bmwguggenheim-lab-by-atelier-bow-wow/
30. Homeless Vehicle, vista da instalação na FACT em Liverpool, 2016. Fonte: https:// culture.pl/en/work/homeless-vehicle-krzysztof-wodiczko
22. Favelas. sociedade/
https://www.anf.org.br/as-favelas-sao-o-retrato-da-nossa-
31. Parque Minhocão aos fins de semana. Fonte: https://www.archdaily.com.br/ br/769604/arte-e-arquitetura-empena-viva-por-nitsche-projetos-visuais
23. kaster & Ohler The Roof as Generator, Graz. Fonte: https://arquitecturaviva. com/works/kastner-ohler-la-cubierta-como-generador-0
32. Mural Etnias, no Rio de Janeiro. Fonte: https://www.thecityfixbrasil. org/2017/01/27/muros-carrancudos-empenas-tristes-fachadas-desfalecidas/
24. CaixaForum. Fonte: https://www.hometeka.com.br/f5/caixaforum-madrid/ 25. Paracaidista foto. Fonte: https://www.pipaprize.com/pag/artists/hector-zamora/
33. Coexistência – Memorial da Fé por todas as vítimas do Covid-19. Fonte: https:// cultura.uol.com.br/turismo/noticias/2021/07/22/1_oito-murais-do-kobra-por-saopaulo.html
26. Paracaidista Maquete. Fonte: https://lsd.com.mx/artwork/paracaidista-avrevolucion-1608-bis/
34. Grafite em empena cega no Parque Minhocão. Fonte: https://saopaulosecreto. com/os-grafites-famosos-do-minhocao/
Fonte:
183
35. Gráfico de nacionalidade. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP.pdf
com.br/cidadania/morador-de-rua-cria-casa-embaixo-de-viaduto-com-objetosachados/
36. Grafico de nascimento. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP.pdf
44. A-KAMP47, foto. Fonte: https://www.stephanemalka.com/portfolio/a-kamp47-iinhabit-the-wall-i-marseille-2013/
37. Gráfico alfabetização. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP.pdf
45. A-KAMP47, corte. Fonte: https://www.stephanemalka.com/portfolio/a-kamp47i-inhabit-the-wall-i-marseille-2013/
38. Gráfico Escolaridade. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP.pdf
46. A-KAMP47, foto interna. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-181484/akamp47-slash-stephane-malka
39. Gráfico, motivos para morar nas ruas. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP.pdf
47. A-KAMP47, foto ao anoitecer. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01181484/a-kamp47-slash-stephane-malka
40. Gráfico, tempo de moradia nas ruas. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP.pdf
48. A-KAMP47, foto. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-181484/a-kamp47slash-stephane-malka
41. Gráfico de empregabilidade. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP.pdf
49. Homes for the homeless, render. Fonte: https://aasarchitecture.com/2015/10/ homes-for-the-homeless-by-james-furzer/
42. Gráfico, benefícios do governo. Fonte: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/upload/Produtos/Produto%209_SMADS_SP.pdf
50. Homes for the homeless, prancha para concurso FARKO. Fonte: https://www. fakrousa.com/architects/international-design-competition/inspires-space-for-newvisions/
43. Morador de rua cria ‘casa’ embaixo do Minhocão. Fonte: https://catracalivre.
184
185
51.Homes for the homeless, isométrica explodida. Fonte: https://aasarchitecture. com/2015/10/homes-for-the-homeless-by-james-furzer/ 52. Shelter with Dignity, render. Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/haus/ urbanismo/colmeia-gigante-pode-virar-casa-para-moradores-de-rua-em-novayork/ 53. Mudança dos vazios nas cidades, imagem elaborada pela agencia Framlab. Fonte: https://www.designboom.com/architecture/3d-printed-micro-neighbourhoodshomeless-framlab-11-16-2017/ 54. Estruturas necessárias para instalação das unidades, imagem elaborada pela agência Framlab. Fonte: https://www.designboom.com/architecture/3d-printedmicro-neighbourhoods-homeless-framlab-11-16-2017/
framlab-11-16-2017/ 58.MódulosWE-11 eWE-21,banho e vestiário.Fonte:https://www.designboom.com/ architecture/3d-printed-micro-neighbourhoods-homeless-framlab-11-16-2017/ 59. Módulos WE-11 e WE-21, socialização. Fonte: https://www.designboom.com/ architecture/3d-printed-micro-neighbourhoods-homeless-framlab-11-16-2017/ 60. Módulos RE-09 e RE-11, loft coletivo. Fonte: https://www.designboom.com/ architecture/3d-printed-micro-neighbourhoods-homeless-framlab-11-16-2017/ 61. Shelter with Dignity, render noturno. Fonte: https://www.designboom.com/ architecture/3d-printed-micro-neighbourhoods-homeless-framlab-11-16-2017/ 62. Urban Camping, isométrica. Fonte: http://www.rualab.com/portfolio/60,84
55. Logística das unidades, imagêm elaborada pela agência Framlab. Fonte: https:// www.designboom.com/architecture/3d-printed-micro-neighbourhoods-homelessframlab-11-16-2017/
63. Urban Camping, render interno. Fonte: http://www.rualab.com/portfolio/60,84 64. Urban Camping, render externo. Fonte: http://www.rualab.com/portfolio/60,84
186
56. Unidade de habitação, imagem elaborada pela agência Framlab. Fonte: https:// www.designboom.com/architecture/3d-printed-micro-neighbourhoods-homelessframlab-11-16-2017/
65. Urban Camping, imagem de exemplo como possibilidade móvel. Fonte: http:// www.rualab.com/portfolio/60,84
57. Módulos WE-11 e WE-21, estudos e dormitórios. Fonte: https://www. designboom.com/architecture/3d-printed-micro-neighbourhoods-homeless-
66. Urban Camping, render de exemplo como possibilidade móvel. Fonte: http:// www.rualab.com/portfolio/60,84
187
75. Render do projeto final. 67. Urban Camping, cortes. Fonte: http://www.rualab.com/portfolio/60,84 76. Atividade de fundamentação, TFG 1. 68. Mapa de localização e limites administrativos. Fonte: https://gestaourbana. prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2019/05/PIU_minhocao_apresentacao_ cmtt.pdf
77. Atividade de experimentação TFG 1. 78. Av. Gen. Olímpio da Silveira, 321.Vista do Minhocão. Fonte: Acervo Pessoal.
69. Mapa, sistemas de transportes públicos, Fonte: https://gestaourbana.prefeitura. sp.gov.br/wp-content/uploads/2019/05/PIU_minhocao_apresentacao_cmtt.pdf
79. Av. Gen. Olímpio da Silveira, 32. Imagem aérea. Fonte: Elaboração pessoal a partir do site Google Earth.
70. Mapa, sistema viário estrutural. Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/ wp-content/uploads/2019/05/PIU_minhocao_apresentacao_cmtt.pdf
80. Praça Marechal Deodoro n°188.Vista do Minhocão. Fonte: Acervo Pessoal.
71. Mapa, sistema cicloviário. Fonte: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wpcontent/uploads/2019/05/PIU_minhocao_apresentacao_cmtt.pdf
81. Praça Marechal Deodoro n°188. Vista aérea. Fonte: Elaboração pessoal a partir do site Google Earth.
72. Foto, Elevado João Goulard. Fonte: https://www.mobilize.org.br/noticias/12301/ plebiscito-para-definir-futuro-do-elevado-minhocao-sp-e-aprovado.html 73
82.Rua General Júlio Marcondes Salgado, n°4. Vista do Minhocão. Fonte: acervo pessoal.
73. Construção do Minhocão em 1970. Fonte: https://spinfoco.wordpress. com/2013/08/04/elevado-costa-e-silva-a-historia-e-construcao-do-minhocao/
83. Rua General Júlio Marcondes Salgado, n°4. Vista aérea. Fonte: Elaboraqção pessoal a partir do site Google Earth.
74. Construção do Minhocão na década de 70. Fonte: https://spinfoco.wordpress. com/2013/08/04/elevado-costa-e-silva-a-historia-e-construcao-do-minhocao/
84. Mapa do entorno. Fonte: elaboração pessoal a partir do site Google Maps. 85. Estação Rodoviária Amaral Gurgel. Fonte: Acervo pessoal.
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98. Render eleborado na primeira etapa do TFG. 86.Vista para o minhocão. Fonte: acervo pessoal. 99. Croqui após visita ao terreno escolhido. 87. Paróquia Santa Cecília. Fonte: acervo pessoal. 100. Croqui. Estudos de materialidade e construção. 88. Foto do Terreno escolhido.Vista do Baixio do Minhocão. Fonte: Acervo pessoal. 101. Isométrica, proposta intermediária do projeto. 89. Cadastro público do lote escolhido. Fonte: Geosampa. 102. Croqui. Estudos de Fachada e materialidade. 90.Vista dos pilares no terreno. Fonte: acervo pessoal. 103. Render, praça de entrada para o parasita. 91. Cortes do edifício Bonfim. Fonte: acervo pessoal. 104. Render, vista da praça para o parasita. 92. Plantas do Edifício Bonfim. Fonte: acervo pessoal. 105. Planta térreo, escala 1:500. 93. Fachada do Edifício Bonfim. Fonte: acervo pessoal. 106. Planta Primeiro Pavimento, escala 1:500 94. Térreo Edifício Bonfim. Fonte: acervo pessoal. 107. Planta Pavimento Tipo, escala 1:500. 95. Entrada Edifício Bonfim. Fonte: acervo pessoal. 108. Planta, nono pavimento, cobertura destinada ao hospedeiro. Escala 1:500. 96. Croqui do partido arquitetônico. 109. Render externo 97. Maquete de experimentação desenvolvida na atividade de projeto do TFG 1. 110. Render Interno.
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123.Vista da passarela de acesso do Minhocão para o projeto. 111. Corte 1. Escala 1:500. 124. Isométrica com detalhes construtivos de cada pavimento. 112. Corte 2. Escala 1:500. 113.Vista do Minhocão para o Parasita, render.
125. Isométrica e corte perspectivado da conexão das barracas com a estrutura de andaimes.
114. Isométrica.
126. Isométrica explodida do sistema construtivo do telhado.
115. Corte perspectivado.
127. Detalhes técnicos em 3D dos encaixes do andaime,
116.Vista do Minhocão para o projeto, render.
128. Isométrica do sistema construtivo.
117. Isométrica hospedeiro e parasita.
129. Isométricas exemplificando possibilidades de uso dos toldos instalados no projeto para conforto térmico.
118. Perspectiva aérea. 119.Vista interna nono pavimento 120.Vista interna nono pavimento. 121.Vista para a praça e baixio do minhocão. 122.Vista da entrada a partir da praça.
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