Chafariz das MUSAS - Caderno de Estudos. Volume 1

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das MUSAS Caderno de Estudos sobre a Fonte de Ferro da Praรงa Dom Pedro II

Manaus -Amazonas



CroquĂ­s de Moacir de Andrade, de 1971.



SUMÁRIO BREVE HISTÓRICO EXEMPLO DE CATÁLOGOS APRESENTAÇÃO PESQUISA HISTÓRICA POSTAIS JARDIM BOTÂNICO REFERENCIAL ICONOGRÁFICO ESTADO DE CONSERVAÇÃO INVENTÁRIO LEVANTAMENTO FÍSICO PLANTA DE LOCAÇÃO PLANTA BAIXA ELEVAÇÃO ANÁLISE FORMAL ESTRUTURA VISUAL DA FONTE COMPOSIÇÃO FORMAL A COMPOSIÇÃO O CONE ICONOGRAFIA MOVIMENTO DAS ÁGUAS JORRO DAS ÁGUAS ELEMENTOS DA COMPOSIÇÃO SISTEMA HIDRÁULICO TESTE DO SISTEMA HIDRÁLICO FOTOGRÁFIAS BIBLIOGRÁFIAS



Fotograiia - Praรงa Dom Pedro II. In ร lbum do Amazonas - Manaus - 1901-1902.



APRESENTAÇÃO

O trabalho aqui apresentado tem por finalidade, neste primeiro momento, o LEVANTAMENTO CADASTRAL DA FONTE DE FERRO DA PRAÇA DOM PEDRO II, monumento instalado como elemento urbano central da praça Dom Pedro II durante uma reforma empreendida no governo de Eduardo Ribeiro no final do século XIX, ali permanecendo desde então. O levantamento cadastral é um reflexo da necessidade de restaurar o antigo chafariz da Praça D.Pedro II, como resultado de um conjunto de ações adotado pela Prefeitura de Manaus com vistas à regeneração do centro mais antigo da cidade. Essa atitude reflete o compromisso público municipal com a preservação de um dos marcos culturais do povo manauara. A restauração do Chafariz é um processo de reconstituição mais próxima possível do existente no passado, aliviando-o dos danos que o tempo impôs à sua composição origianl. Além dos objetivos já citados anteriormente, a iniciativa da Prefeitura na realização deste projeto vai além da restauração de um monumento de extraordinária concepção artística. É um registro no tempo; da memória de um povo; da importância de documentar um processo autêntico de restauro em toda sua plenitude. Enfim, uma referência ao carinho do manauara pela paisagem pública desta bela cidade reconhecida em todo o país pela exuberância natural e cultural.


Fotografia - Praรงa Dom Pedro II. In ร lbum do Amazonas - Manaus - 1901-1902.


BREVE HISTÓRICO

Tendo a praça Dom Pedro II seus registros datados de 1873, com início efetivo de sua construção em 1874, com previsão de término em 8 anos, é importante salientar que trata-se de um iniciativa anterior ao grande esforço de reestruturação e embelezamento da cidade, realizado na virada do século XIX para XX, imprimindo-lhe, desde então, um caráter histórico ainda mais importante. Seguindo um estrutura típica, a fonte, fabricado pela firma SUN FOUNDRY, em Glasgow1 - Inglaterra, feita em ferro fundido, apresenta ornamentação de caráter mitológico, onde se pode identificar a existência de vários dos componentes clássicos da época: as musas, os delfins, netuno, conchas e gágulas. As musas, que apresentam características distintas, carregam nas mãos respectivamente: uma harpa, um cetro, um tridente e a última, um livro com a imagem de Dante em relevo. Daí pode-se supor que são igualmente representações da arte e do poder. Neste contexto, ochafariz da praça está inserido como um registro de nosso passado que precisa ser conservado, não só por sua beleza intrínseca, mas porque, fruto de uma asépoca de mudanças, simboliza em sua passividade ante o tempo devodaror de tudo o que existe, os valores imutáveis que constroem a sociedade e a mantêm coesa.

Notas e Referências Bibliográficas Resenha de Carlos Frederico M. Bandeira. 1. Silva, Geraldo Gomes da. ARQUITETURA DE FERRO NO BRASIL. São Paulo, Nobel, 1986.


EXEMPLO DE CATÁLOGO DE PEÇAS ORNAMENTAIS Os ornamentos ou peças ornamentais que compõem boa parte dos espaços públicos históricos das cidades eram adquiridos através de catálogos promocionais de empresas fabricantes de arte em ferro fundido, ferro batido ou ferro forjado, como chafarizes, coretos e postes de iluminação.



RIO DE JANEIRO


Chafariz do Jardim Bot창nico - Rio de Janeiro.



PESQUISA HISTÓRICA Em uma pesquisa realizada no site do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, foram encontradas imagens de um chafariz de ferro, instalado na alameda central das palmeiras imperiais, identico ao de Manaus. O CHAFARIZ CENTRAL, como é chamado no Jardim Botânico , apresenta em sua composição formal, as mesmas características do Chafariz da Praça Dom Pedro II, em Manaus. Quanto a sua composição ornamental, diferenciam-se nos seguintes pontos: . No plano circular superior, nas bordas, no chafariz do Rio de Janeiro apresenta uma moldura mais ornamentada; já a fonte em Manaus, a borda é simples. . No plano circular inferior, na bacia maior, no Rio de Janeiro, a fonte é implantada no centro de um lago artificial, com suas dimensões bem maior que a bacia inferior da fonte em Manaus, que já apresenta dimensões menores, mais proporcionais a altura do monumento.

Bordas da bacia do plano superior da fonte do Jardim Botânico.² Referências: 1. TEIXEIRA, PAULO AFONSO A. A alma carioca, uma página de amor ao Rio de Janeiro. http://www.jbrj.gov.br/arboreto/chafariz.htm. Acesso em 20 nov 2002. 2. SANDRA CARNEIROrestauradora, fotografias tiradas da alameda central do Jardim Botânico, Outubro de 2002.


O chafariz Central foi trazido em 1895 por Barbosa Rodrigues. Fabricado na Inglaterra no século XIX, essa fonte é feita de ferro fundido e tem várias alegorias. Entre elas quatro figuras que representam a poesia, a música, a 1 ciência e a arte.

Essas fotos tiradas pela Sandra Carneiro, restauradora de bens culturaisdo no Rio de Janeiro, mostra a semelhança que a fonte do Jardim Botânico apresenta e o estado de conservação em que ela se encontra. Em 2003 o Instituto desenvolve projetos para o restauro da fonte, recuperando uma identidade cultural da cidade.

1 Referências: 1.SANDRA CARNEIROrestauradora, fotografias tiradas da alameda central do Jardim Botânico, Outubro de 2002. INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO. http://www.jbrj.gov.br/arboreto/chafariz.html. Acesso em 11 nov 2002.


1



POSTAIS JARDIM BOTÂNICO - RJ


MANAUS


Chafariz de ferro, localizado na Praça Dom Pedro II, Manaus - Am

Foto 01 - Planta de Manaus. Confeccionada durante a administração de Eduardo Ribeiro. B. N. (1895).


Foto 04 - Fonte: Revista Álbum,

OCUPAÇÃO DO AMAZONAS - MANAUS, ZONA FRANCA. Vitória Régia Editora Publicitária LTDA, página 30.


Foto 05 - Fonte: Revista Álbum,

OCUPAÇÃO DO AMAZONAS - MANAUS, ZONA FRANCA. Vitória Régia Editora Publicitária LTDA, página 32.


ESTADO DE CONSERVAÇÃO Após análise minuciosa da peça, constatou-se os seguintes danos: w Pontos de oxidação generalizados; w Perdas da camada pictórica; w Ausências parciais de partes que compõem o conjunto, acarretando a descaracterização do monumento; w Instalações do sistema de bombeamento irregular; w Perda de conexões e oxidação das tubulações do sistema hidráulico.

INVENTÁRIO CADASTRO DE BENS CULTURAIS IMÓVEIS E INTEGRADOS ENDEREÇO - UNIDADE 166 PRAÇA DOM PEDRO II EQUIPAMENTO / MOBILIÁRIO DATA DE CONST. CHAFARIZ MATERIAIS 1. BACIA INFERIOR EM ALVENARIA COM O DETALHES EM FERRO FUNDIDO. 2. CORPO EM FERRO FUNDIDO COM ELEMENTOS DECORATIVOS EM BRONZE. HISTÓRICO - 1893O CHAFARIZ É INSTALADO COMO ELEMENTO CENTRAL DA PRAÇA DOM PEDRO II DURANTE UMA REFORMA EMPREENDIDA NO GOVERNO DE EDUARDO RIBEIRO, NO SÉCULO XX. PERMANECENDO AÍ DESDE ENTÃO. ESTADO DE PRESERVAÇÃO 1. BOM ESTADO DE PRESERVAÇÃO.

Fonte: Cadastro de Bens Culturais, Imóveis e Integrados, março/agosto 87, ficha 90. Monumenta BID - Cultura, UEP- Unidade Executora do Projeto - Manaus.



LEVANTAMENTO FÍSICO


PLANTA DE LOCALIZAÇÃO

RUA HENRIQUE ANTONY

ADOR VITÓR RUA GOVERN

SALGADO RUA GABRIEL

PAÇO DA LIBERDADE

IO

Chafariz

Coreto

AV. SETE DE SETEMBRO

INSS

ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA


PLANTA BAIXA BACIA 1

BACIA 2 BACIA EM ALVENARIA.

BACIA EM FERRO FUNDIDO. BACIA 3 PROJEÇÃO DOS CONTRA-FORTES DA COLUNA INFERIOR.

0. 50 0. 91

1. 65


0,35m

1,44m 5,30m

2,55m

1,00m

ELEVAÇÃO


ANÁLISE FORMAL

A análise da forma tem por finalidade estabelecer uma leitura de ligação entre a estrutura física e a expressão artística dafonte.


ESTRUTURA VISUAL DA FONTE A fonte é composta de um eixo vertical apoiado no centro de uma base circular e cortada por dois outros círculos horizontais (médio e superior), criando três regiões de espaço: superior, intermediária e inferior. Os círculos têm diâmetros decrescentes na maneira em que se elevam, de modo que o conjunto torna-se cônico. Os volumes dentro do cone relacionam-se com os planos e os eixos radiais a partir do centro dos círculos ora envolvendo o eixo vertical, ora somando-se aos planos circulares. Este conjunto de relações formais determina alguns vetores dominantes na composição geral dos volumes: 1. Vetores que apontam para o vértice do cone seja pelo eixo central, seja pelas suas geratrizes; 2.Vetores que fogem d centro dos planos circulares em eixos radiais; 3.Vetores que giram em torno do eixo vertical atuando principalmente nas circunferências dos planos circulares. Vale destacar que o eixo vertical tem força ascendente, mas ao atravessar os diversos planos é pr ele atraído, o que provoca o aparecimento de vetores descendentes e de menos intensidade. Referência: 1. BNB - Banco do Nordeste do Brasil S.A. Do Passado ao Futuro:Fortaleza - CE, 1984. p.23.


COMPOSIÇÃO FORMAL Dois universos formais participam da composição da fonte: as formas geométricas geradas pr revolução em torno de um eixo e a de apresentação naturalista inspiradas em figuras mitológicas e elementos decorativos clássicos. Os dois grupos apresentam tratamentos plásticos diferentes: no primeiro grupo predominam as formas regulares com superfícies contínuas. No segundo as formas irregulares com superfície marcada por diferentes relevos e texturas.

Os universos geométricos e naturalistas estão harmonizados na composição. Todas as formas geométricas são geradas a partir de único eixo enquanto que as formas naturalistas repetem-se ordenadamente pr rotação em torno do mesmo eixo. Referência: 1. BNB - Banco do Nordeste do Brasil S.A. Do Passado ao Futuro: Fortaleza - CE, 1984.p 24.


A COMPOSIÇÃO Qualidades formais próprias (regularidade ou irregularidade) e posição ocupada no cone com relação aos vetores de força determinam a expressão do conjunto e de sues elementos.

O CONE

Vértice

O cone quando apoiado no plano por sua base circular é símbolo de estabilidade.

Geratriz Eixo Central do Cone Raio do Circulo Circunferência da Base Centro do Circulo

Circulo Base

Esta estabilidade é física e visual (um observador que gira em orno dele registra sempre a mesma imagem). Seus elementos adquirem significados específicos. O Vértice é símbolo de continuidade. É a constante visual da apar6encia de um cone. O Circulo Base é território de ocupação do vértice no território. O Eixo Central do Cone é símbolo de estabilidade interna e comunicação do vértice com o centro dos territórios circulares. Os Raios do Círculo Base representam a irradiação da projeção do vértice no território. A Circunferência da Base representa os limites do território. As Geratrizes representam o limite de irradiação do vértice.

Referência: 1. BNB - Banco do Nordeste do Brasil S.A. Do Passado ao Futuro: Fortaleza - CE, 1984. p. 27.


ICONOGRAFIA

água

ar

terra

mar

Manifestação filiada ao espírito romântico do final do século passado, a Fonte tem sua composição escultórica inspirada na mitologia clássica, utilizando entidades diretamente ligadas aos segredos da água. As três regiões pelas quais está formada acham-se assim identificadas: o mar representado na região inferior por entidades marinhas ligadas à figura de Netuno que são os meninos servos de Netuno; a terra, representada na região intermediária pelas Musas habitantes das ilhas; e o ar representado, na região superior, por delfins, dispostos em torno de volume esférico a sugerir, por sua conformação, a idéia da nuvem1.

Referência: 1. MEYER, F.S. Manual de Ornamentación. 5ª Edição Barcelona:Editorial Gustavo Gili, 1976.


As entidades mitológicas que fazem parte da simbologia da fonte estão identificadas iconograficamente como: POSEIDON OU NETUNO "Poseidon era filho de Cronos e de Réia, irmão de Zeus e de Hades. Na partilha do universo ele teve por lote as águas, ficando-lhe subordinados todos os deuses primitivos. De um palácio esplêndido, que ele habita no fundo do mar, governa Poseidon seu império com uma calma imperturbável. Para ter conhecimento do que se passa à superfície das ondas, ele a percorre num carro puxado por cavalos de pés de bronze e escoltado por monstros marinhos: imagem das vagas que o vento levanta e cuja franja de espuma os gregos comparavam às crinas dos cavalos. Muitas vezes Poseidon se mostra irado e sua cólera não se manifesta somente no mar; não só ele envia à terra monstros temerosos, arrancados às profundezas do mar, como, munido do tridente, seu atributo consagrado, agita a terra, levantando e arrancando enormes rochedos. Outras vezes, porém, com nobre serenidade ele faz com que as águas tempestuosas voltem ao seu leito, com que os ventos desencadeados regressem para o seu abrigo na caverna de Eólo, restabelece, em suma, a ordem no seu vasto império. O poder de Poseidon se estende até às águas doces, pois foi com um golpe de seu tridente que ele fez jorrar a inesgotável fonte de Lerna, na Argólida. Poseidon é geralmente representado nu, com uma longa barba, tendo à mão o tridente, e ora sentado, ora em pé sobre as ondas do mar, ou em um carro puxado por cavalos comuns ou marinhos; a sua figura é a de um homem robusto e de aspecto majestoso, mas não possui a calma olímpica de Zeus; as rugas de sua fronte, a desordem de sua barba e de sua cabeleira simboliza a freqüente agitação das ondas.¹ Referência: 1. Transcrição dos textos do site: http://www.mundodosfilosofos.com.br/divindades.htm. Acesso em 15 jan 2003.


MENINOS São entidades aquáticas ligadas aos interesses de Netuno. Geralmente estão próximos aos riachos e rios .

Figura de meninos graciosos, que estão localizados em quatro bases na bacia inferior da fonte. Estes meninos seguram ânforas que jorram água para o mar.

CONCHAS

Concha que serve de bacia para o desaguem das águas que são lançadas pelo meninos segurando tridente.

Entre os moluscos figuram o nautilus (nautilus pompilius), chamado também de concha irisada, e diferentes espécies de caracois, principalmente da afamilia dos trochoideos (carfacoes trompos), o qual, colocados sobre pés e engastados suntuosamente em metal, servem como vasilha de luxo. Para adornar os remates superficiais dos nichos cilíndricos, como pilar em fontes monumentais, como fundo decorativo detrás de vasos e bustos, etc., constitue a concha um motivo de grande aceitação, que na Segunda época do Renascimento, 1. sobre tudo, chegou a ser profundamente utilizado

Figura de uma concha, muitas vezes utilizada na decoração barroca. Referência: 1. MEYER, F.S. Manual de Ornamentación. 5ª Edição Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1976.


DELFINS Os delfins tem merecido uma atenção singular. Este mamífero, incluído muitas vezes de maneira errada entre os peixes, povoa os mares do emisfério setentrional, nada em bandos e gosta de brincar. O delfin existiu na antiguidade, e existe ainda em algumas regiões, com uma certa veneração, que ampra contra sues perseguidores. Aplicado como ornatos em moedas clássicas, em terracotas greco-italianas, em pinturas de murais pompeanas, em móveis e utensilios, assim como na arquitetura 1 dos romanos e gregos. Cabeças de delfins, localizados na bacia do plano circular médio. Servindo de escoamento das águas que saem do rio para o mar.

Netuno , o senhor dos mares, numa manhã de muito sol, percorre as ilhas de Naxos, no seu coche, quando avista uma cena, que o faz parar os cavalos: nas areias da praia, dançam despreocupadas as ninfas Nereidas, filhas de Nereu. Mas a atenção de deus foi prontamente voltada para a mais formosa de todas, Anfitrite, que se destacava entre as irmãs por sua beleza e sorriso. Netuno se aproxima do grupo e tenta tomar Afitrite, mas ela, com excessivo pudor, se esquiva graciosamente e salta no mar. O deus nada atrás da ninfa, mas não consegur encontra-la, tendo ela se refugiado nos domínios do pai, o velho do mar. Assim, Netuno envia um delfim para encontra-la. O ágio animal rapidamente encontra a nereida e a convence a seguí-lo e aceitar a proposta de casamento do deus e tornar-se rainha dos mares.

Estes delfins que se localizam na região superior da fonte, representam a constelação de Peixes.

No palácio de ouro, Anfitrite se casa com Poseidon. Em agradecimento e celebração do ato, o delfim que levou a ninfa ao deus foi catasterizado na constelação de peixes. (http://www.portodoceu.terra.com.br/artesimbolismo/mitos12.asp.Acesso em 24 fev 2003).

FLORES

Motivo floral também localizado na região superior, deste saem jorro de água que desaguam na bacia inferior.

A aplicação preferencial na arte decorativa das flores, seguem de muitos tempos, são criações das mais belas do reino vegetal. Assim o ornamento aparece nas formas mais variadas, como: ramalhetes, guirnaldas, coroas, etc. Os motivos imediatos para a formação de rosetas (roseta = rosa pequena) são as flores, com seu desenho mais natural.1

Referência: 1. MEYER, F.S. Manual de Ornamentación. 5ª Edição Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1976.


AS MUSAS As musas eram nove deusas das artes e ciências na mitologia grega. Eram filhas de Zeus, o rei dos deuses, e de Mnemosine, a deusa da memória. Cada musa protegia uma certa arte ou ciência. Viviam no Monte Olimpo com seu líder, o deus Apolo. Com ele permaneciam jovens e belas eternamente, e com ele aprederam a cantar. Podiam ver o futuro, o que poucos deuses podiam fazer, tinham também o dom de banir toda tristeza e dor. As musas tinham vozes agradáveis e melódicas e freqüentimente cantavam em coro. Os primeiros escritores e artistas gregos pediam inspiração ás musas antes de começar a trabalhar. Qualquer uma delas podia ser invocada, apesar de cada uma proteger uma arte ou ciência especial. Musa é uma palavra que vem do grego “mousa”, dela derivam museu que, originalmente significa “templo das musas”, e música que significa “arte das musas” .1

Referência: 1. Transcrição dos textos do site: http://www.edukbr.com.br/atemanhas/mit_grega.asp. Acesso em 11 nov 2002.


Calíope

Erato

Clio

Thalia

Calíope Considerada a chefe das musas, á a deusa da poesia épica. Algumas vezes é retratada carregando uma tábua de escrever. Calíope sabia tocar qualquer instrumento. Erato Deusa da peosia de amor; seu instrumento é a lira. Clio Deusa da história, seu símbolo é um rolo e pergaminho e sempre carrega uma cesta com livros. É creditada a ela a introdução do alfabeto fenício na Grécia. Thalia Deusa da comédia, seu símbolo é uma mascara cômica e cora de hera ou um bastão. Referência: 1. MEYER, F.S. Manual de Ornamentación. 5ª Edição Barcelona:Editorial Gustavo Gili, 1976.



MOVIMENTO DAS ÁGUAS


JORRO DAS ÁGUAS O movimento das águas na Fonte como símbolo do ciclo da água começa a partir da região superior (a atmosfera celeste). Através de quatro saídas que jorram água sobre o plano circular superior, que serve de elemento de transição formador da “chuva” (cortina que envolve as musas). Na terra (região intermediária), a água vai acumular-se sobre o plano circular médio onde forma os mananciais guardados pelas cabeças de delfins. Estes, como gárgulas, fazem a passagem da água para região inferior (os rios que vão ao encontro do mar). Dentro do aspecto funcional da Fonte este movimento é reforçado pela conformação do plano circular superior e médio, ambos com caráter de reservatório. No primeiro, vem somar-se ainda a esta característica o papel das nervuras com divisores da água que se acumula até o transbordamento.

Esquema gráfico do sistem de jorro de águas da Fonte .

Referência: 1. .BNB - Banco do Nordeste do Brasil S.A. Do Passado ao Futuro:Fortaleza - CE, 1984. P32 -33.


ELEMENTOS DE COMPOSIÇÃO 1. ELEMENTOS DOMINANTES São elementos de destaque das regiões. Possuem tratamento formal naturalista. Representam entidades do mundo aquático e contêm em geral as nascentes da fonte. Nas regiões, ocupam o setor central sendo orientados quer pelo eixo vertical quer pelos eixos radiais. 2. ELEMENTOS DE TRANSIÇÃO Possuem tratamento naturalista ou geométrico. Situam-se ou nos extremos superiores e inferiores das regiões ou sobre os planos circulares possibilitando a continuidade formal entre plano e região ou entre duas regiões. 3. ELEMENTOS DE MARCAÇÃO Possuem formas naturalistas ou geométricas. Integram o eixo ou os planos, reforçando suas 1. presenças

Referência: 1. .BNB - Banco do Nordeste do Brasil S.A. Do Passado ao Futuro:Fortaleza - CE, 1984. p34-35.


elemento dominante REGIÃO SUPERIOR elemento de marcação vertical Plano Circular Superior

elemento de transição do plano para a região elemento de marcação vertical

elemento dominante REGIÃO INTERMEDIÁRIA elemento de transição elemento dominante

elemento de transição

Plano Circular Médio

elemento de transição de região a região elemento de transição do plano para a região elemento de marcação vertical

REGIÃO INFERIOR

elemento dominante elemento de transição

Plano Circular Inferior

Referência: 1. .BNB - Banco do Nordeste do Brasil S.A. Do Passado ao Futuro:Fortaleza - CE, 1984. p34-35.


SISTEMA HIDRÁULICO Esse subsistema tem o objetivo de abastecer o chafariz, possibilitando a recirculação da água e, será constituída pelos seguintes elementos: Poço de sucção; Casa de bombas; Instalação elevatória e Monumento chafariz.. Na concepção desses elementos buscou-se, sempre que possível, manter as condições originais da instalação elevatória já existente, propondo sua recuperação, tornando como referência 1. alguns levantamentos in loco, conforme as imagens que seguem nas próximas páginas

Esquema geral de distribuição de água

Q= 15,3m³ /h Hman = 23,5m

RG PVC 1 1/2”

PVC 2” Casa de Bomba

Perfil do chafariz com distribuição das instalações hidráulicas

Poço de Sucção

Referência: 1. ANDRADE, Ellen Barbosa de. Memorial de Instalação Hidráulica da Obra de Reforma da Praça Dom Pedro II, abril 2002.


TESTES PARA OBSERVAR O SISTEMA HIDRÁULICO

Foto 06 - Visita de técnicos ao chafariz para análise do sistema hidráulico.

Foto 07 - Destaque do ralo de drenagem do plano inferior. E mais à direita na foto, uma tubulação para o controle de nível da água.


Foto 08 - Detalhe da estrutura interna que mostra a distribuição das tubulações. Destacando o grande nível de corrosão em toda a estrutura interna.

Foto 09 - Abertura do único acesso à parte interna do monumento.


Foto 10 - Detalhe da distribuição hidráulica, destaque para a instalação das tubulações.

Foto 11 - Detalhe da tubulação central. Destaque para a estrutura que faz a distribuição da tubulação para os elementos dominantes, da região intermediária. Ponto de indicação: Tritões.


Foto 12 - Tubulação principal instalada na região inferior, que distribui água para a região intermediária. Destacando o ponto de distribuição, com a tubulação em PVC, fixada com material tipo DUREPOX.

Foto 13 - Inspeção de dois técnicos, ao acesso principal da fonte.


Foto 14 - Vista geral do monumento com o teste da ligação da rede hidráulica.

Foto 15 - Teste de ligação hidráulica. Destaque para os pontos que jorram água.


Foto 16 - Momento em que as bacias se enchem de รกgua.

Foto 17 - Vista dos pontos de jorro de รกgua da regiรฃo superior da fonte.


FOTOGRAFIAS


Detalhe do plano circular inferior, revestido em pastilhas de cer창micas. Hoje n찾o existe mais, apenas um tratamento em pintura foi realizado na reforma.


Pastilhas em cerâmica, detalhe dos pontos que marcavam o jorro de åguas.



Imagem atual da pra莽a e seu contexto arquitet么nico.


Imagem da praça e seu contexto paisagístico. A falta de um plano ousado par ao embelezamento paisagístico, empobrece o valor histórico e cultural da área.




Imagem das escavações arqueológicas, em 2003.



BIBLIOGRÁFIAS . MESQUITA, Otoni Moreira de. Manaus: História e Arquitetura (1852-1910). Manaus. Editora Valer, 1999. .BNB - Banco do Nordeste do Brasil S.A. Do Passado ao Futuro: Fortaleza - CE, 1984. . SILVA, Geraldo Gomes da. Arquitetura de Ferro no Brasil. São Paulo, Nobel, 1986. . COSTA, Hideraldo Lima da. História do Paço Minicipal e Praça Dom Pedro II -Pesquisa Histórica, Manaus - 2002. . AUBRETON, Thérèse. Caminhando por Manaus (cinco roteiros históricos da cidade). Manaus. FUMTUR-Fundação Municipal de Turismo. Ideográfica-Gráfica e Editora LTDA. COSTA, Cacilda Teixeira da. O Sonho e a Técnica: A Arquitetura de Ferro no Brasil. 2. Ed. - São Paulo: Editora da Universaidade de São Paulo, 2001. DEREJI, Jussara da Silveira. Arquitetura Nortista: a presença italiana no início do século XX. - Manaus: SEC, 1998.

MEYER, F.S. Manual de Ornamentación. 5ª Edição Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1976. MONTEIRO, Mário Ypiranga. Fundação de Manaus. Guanabara: Conquista, s/d. SITTE, Camillo. A Construção das Cidades Segundo Seus Princípios Artísticos. São Paulo: Ática, 1992. ARGAN, Giulio Carlo. História da Arte com História da Cidade. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995. BENEVOLO, Leonardo. História da Arquitetura Moderna. São Paulo: Perspectiva, 1998.



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