VILA MINUANO Cohousing para idosos
vila minuano | cohousing para idosos Kimberly Pinheiro http://issuu.com/kimberlypinheiro
cohousing para idosos Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Kimberly da Silva Pinheiro | 11200431 Orientadora: Profª Natalia Naoumova Pelotas Julho de 2018
resumo
Com o crescimento acelerado da população mundial na terceira idade, preocupações quanto a qualidade de vida e autonomia tornam-se emergentes pautas sociais. Apesar de normativas já estabelecidas para assegurar a independência e visibilidade social do idoso, o crescimento descontrolado das cidades e o desinteresse da população perpetuam um longo e moroso processo para aqueles que buscam a devida inserção social. Sendo assim, urge a necessidade de romper com o paradigma posto, deslegitimando a construção do idoso como aquele que já viveu, um ser que não possui novas ambições ou metas. É portanto, imprescindível o estudo de novas alternativas habitacionais coletivas que auxiliem na longevidade e na prossecução da independência humana, utilizando da arquitetura sensorial, da coletividade, e da preservação da autonomia.
Palavras chave:
ARQUITETURA SENSORIAL | CO-LARES | DESENHO UNIVERSAL | HABITAÇÃO SOCIAL | IDOSO
With the rapid growth of the world's elderly population, concerns about quality of life and
autonomy become emerging social patterns. Despite regulations already established to ensure the independence and social visibility of the elderly, the uncontrolled growth of cities and the lack of interest of the population perpetuate a long and time-consuming process for those who seek proper social insertion. Thus, it is urgent to break with the paradigm put, delegitimizing the construction of the elderly as the one who has lived, a being that has no new ambitions or goals. It is therefore essential to study new collective housing alternatives that will help in the longevity and the pursuit of human independence, using sensorial architecture, collectivity, and the preservation of autonomy.
Keywords: COHOUSING | ELDERLY | SENSORY ARCHITECTURE | SOCIAL HOUSING | UNIVERSAL DESIGN
abstract
sumário
1
apresentação
Tema Justificativa Objetivos
14 15 16
2
caracterização
Idosos Envelhecimento ativo Cohousing Arquitetura sensorial
18 19 20 22
3
referencial teórico
Referencial Teórico Estudos Específicos
28 32
4
estudos de caso
Vila dos idosos Sous la peau Life
36 40 44
5 6 7
o Município
o local
Processos projetuais
Histórico Localização Macro análise Fluxos
52 53 54 56
Levantamento fotográfico Perfis viários Uso do solo Gabarito de alturas Hierarquia viária e transporte público Apresentação do sítio Fatores ambientais Plano diretor de Rio Grande
60 62 64 65 66 68 68 70
Conceito Programa de necessidades Fluxograma Pré-estudos Volumetria Setorização Fluxos e acessos
74 76 78 79 82 84 85
9
detalhes construtivos
Implantação Vistas
86 88
Detalhes Construtivos Materiais e revestimentos utilizados
92 93
Considerações finais Referências Bibliográficas
95 97
1
apresentação
//TEMA O tema deste trabalho final de graduação é a criação de uma habitação social multifamiliar, voltada à terceira idade, desenvolvendo um ambiente de estímulo ao convívio social nos moldes de cohousings, teoria dinamarquesa que consiste em moradias projetadas coletivamente para um grupo com interesses em comum. O coletivo no estudo em questão, são os idosos, parcela da população com mais de 60 anos que, segundo dados do IBGE, possui expectativa de vida de 75,6 anos. Em adição, a faixa etária ainda ultrapassa os 18% da população brasileira, crescendo exponencialmente a cada ano. Visto que o país ainda não atende por completo às demandas sociais para a terceira idade, surge a necessidade de pensar em formas e revestimentos que modelem espaços projetados para exercício de todos os sentidos e da saúde mental, retardando doenças mentais características da idade e fortalecendo a sociabilidade entre familiares, vizinhos e comunidade.
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VIDA ATIVA AUTONOMIA SOCIALIZAÇÃO
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//JUSTIFICATIVA Com aproximadamente 38.000 idosos no ano de 2017, equivalente a 18% de seus habitantes, o município de Rio Grande não possui suporte, adequações voltadas à terceira idade, parcela populacional relevante para a cidade. Os idosos, em sua maioria, sustentam-se com salário de aposentadoria, que muitas vezes é insuficiente para arcar com despesas pessoais e de moradia, visto a debilidade da saúde que decai em razão da própria idade. Logo, surge a ideia de criar um espaço que possua custo relativamente baixo, onde possa reunir este grupo, agregando suas necessidades para que perceba-se como um coletivo, com identidade própria. Agrupando pessoas que possuam devido à idade avançada, mas que sejam autônomas e independentes, sem que haja a necessidade de internações em instituições de longa permanência. Vivendo em conjunto, desenvolvendo o convívio social de modo que doenças mentais por ócio e depressão, como o Alzheimer, possam ser evitadas ou remoradas.
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//OBJETIVOS Tem como objetivo a elaboração de estudo de viabilidade e estudo preliminar de uma vila residencial para idosos autônomos (modalidade M1, pela classificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa) de baixa renda. Como objetivos específicos, parte-se da utilização dos princípios da arquitetura sensorial, potencializando as experiências nos ambientes, através de revestimentos, formas, materiais e demais objetos que permitam ao usuário sentir o espaço não só através da visão. Também através de uma arquitetura inclusiva, com foco em conceitos que garantam o conforto em diversos âmbitos como: acústico, térmico - insolação adequada e controle dos ventos -, mobilidade inclusiva e design universal. Todos estes fatores devem auxiliar no processo de projeto como casas colaborativas, considerando os usuários um grande coletivo, como as cohousings. Por fim, principalmente garantir a reintegração do idoso na comunidade, em suas várias escalas: na vizinhança, no bairro, e na cidade.
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5
2
caracterização
//idosos
Segundo o guia da Organização Mundial da Saú-
que tange à terceira idade.
de (2009) Cidade amiga do Idoso, a previsão é que no
ano de 2050, 22% da população do mundo tenha 60
meira é a transformação de ambientes públicos ou pri-
anos de idade ou mais. Em paralelo, estudos do Ins-
vados, abertos ou fechados, em ambientes proveitosos
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), re-
para a terceira idade; a segunda resolução consiste na
ferentes ao censo demográfico para o ano de 2017, a
participação social dos idosos e da população para com
expectativa de vida do brasileiro aumentou considera-
eles; e por fim, a qualificação de serviços institucionais
velmente. No mesmo ano, os idosos corresponderam
que prolonguem a saúde mental e física.
a 18% da população brasileira, sendo 85% deste valor
pessoas residentes na zona urbana.
quitetônico e urbanístico, que seja confortável aos ido-
Estes dados sobre o envelhecimento populacio-
sos e que permitam viver com dignidade. Como men-
nal e a urbanização demonstram o nível de desenvolvi-
ciona a Declaração de Brasília sobre o Envelhecimento
mento humano que vêm sendo significativo, mas repre-
(1996): "Os idosos saudáveis são um recurso para suas
sentam também os futuros desafios para as cidades no
famílias, suas comunidades e a economia".
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A OMS preconiza três resoluções principais: a pri-
Garantir uma cidade amigável, nos âmbitos ar-
//envelhecimento ativo
Envelhecimento ativo é um termo empregado pela
O equilíbrio entre aspectos sociais, psicológicos e
OMS para uma política designada desde 2005, que busca,
emocionais surge ao integrar o indivíduo em um ambiente
entre outras coisas, a autonomia e a garantia da dignida-
social adaptado, organizado para amplificar sua capacida-
de da pessoa humana em consonância com a Constituição Federal.
De acordo com a OMS:
O envelhecimento ativo é um processo que ressalta a independência, permitindo que o indivíduo perceba seu potencial físico, social e mental, além de garantir que ele tenha participação na sociedade, respeitando suas necessidades, capacidades e desejos enquanto desfruta de segurança,
de de autonomia e destaca as potencialidades individuais de cada morador. Cabe destacar, que o envelhecimento ativo não é necessariamente relacionado com atividades físicas, mas com qualquer atividade ocupacional que mantenha o idoso interessado, curioso e acima de tudo, que instigue sua funcionalidade de forma passional.
Portanto, urge a necessidade de existirem lares
proteção e cuidados apropriados (OMS, 2005).
projetados para as mais diferentes faixas etárias e inte-
Desta forma, a OMS busca propiciar as oportunida-
resses ocupacionais, visto que geram uma maior garantia
des de uma vida participativa, saudável, visando um au-
de qualidade de vida, independência, funcionalidade, inte-
mento da qualidade de vida durante a terceira idade.
ração social e apropriação do meio pelo idoso.
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//cohousing Semelhante a uma república, porém com espaços privativos, o cohousing é uma abreviação de collaborative housing, do inglês, casa colaborativa. O conceito surgiu na década de 70 na Dinamarca, pelos arquitetos Kathryn McCamant e Charles Durett, e é baseado no comportamento das tribos antigas: sua troca de experiências pessoais e a cooperatividade no coletivo. A ideia é reunir pessoas que possuam os mesmos interesses e valores para criarem, juntas, um espaço para morar. Compartilhando espaços comuns e cuidando uns dos outros, mas respeitando a autonomia e privacidade de cada unidade. O cohousing possui seis componentes norteado-
participativo - onde todos futuros moradores projetam juntos, e são responsáveis pelas decisões finais; projeto deliberado de vizinhança - encorajando o senso de comunidade; amplas áreas comuns - desde jardins até salas de tv, são projetadas para uso diário e complementação das áreas privativas de estar; gestão residente completa - os usuários são os próprios administradores tomando decisões juntos nas reuniões do coletivo; estrutura não-hierárquica - não há líder na comunidade, todas escolhas são responsabilidade de toda comunidade; e fontes de renda individuais - onde cada um deve possuir sua própria fonte de renda. No Brasil, o tema vem sendo estudado e dissemi-
res que garantem seu bom funcionamento: o processo
nado pela arquiteta Lillian Lubochinski desde a década de
Baby Boomers1: é a geração nascida entre 1946 e 1964 - após Segunda Guerra Mundial - nos Estados Unidos, Canadá, Europa e Austrália. Recebe este nome após um aumento repentino de natalidade, conhecido como "baby boom"
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“Vizinhos a gente já tem. O desafio dos co-lares para idosos não é colocar um monte de velho morando um do lado do outro. As pessoas querem viver perto de quem elas tem vínculo afetivo.”
-Lilian Lubochinski, arquiteta especialista em cohousing 80, onde já encontram-se alguns exemplos, como a Vila dos Idosos: uma cohousing construída em forma de conjunto habitacional vertical, na região de São Paulo, um dos referenciais do presente trabalho. "They value living in a senior community that has been designed around their unique needs and aspirations for company, for quiet, etc." (DURRETT, 2009)
O modo de habitar especificado na citação - especialmente para idosos - é escolha pessoal de seus futuros residentes, assim como os co-lares multigeracionais, que são feitos para famílias inteiras. O diferencial dos senior cohousings, é que são idealizados especificamente para este grupo e assim, permite aos usuários maior utilização de todo espaço.
"Babyboomers - Danish and American alike are not content with what institutions have to offer. They are used to taking charge of their own lives." (DURRETT, 2009)
Este senso de autonomia é uma das razões sociológicas do cohousing, principalmente pelos Baby Boomers¹, que estão na terceira idade atualmente, e que são caracterizados pela independência desde sua juventude. De mesma forma, o conceito acaba por estimular também a coletividade, auxiliando na saúde da terceira idade, diminuindo chances de depressão e doenças mentais, e o número de residentes em instituições de longa permanência que consequentemente refletem na utilização inadequada de serviços de saúde agudos.
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//arquitetura sensorial Situada no campo do design emocional, a arquitetura sensorial consiste no estímulo de todos os sentidos humanos quando experienciando a arquitetura de um modo mais amplo, permitindo a vivência do espaço em sua totalidade. É muito utilizada para locais públicos de contemplação, como por exemplo, jardins botânicos, locais para crianças, pelas interferências que acabam por serem lúdicas, e locais que incluam ou sejam direcionados para portadores de deficiência. Para tanto, serão utilizados os sentidos classificados conforme J.J. Gibson¹, referentes à sua teoria da percepção ecológica, a qual afirma que a percepção não envol-
J. J. Gibson1: psicólogo, autor de livros sobre e criador da teoria de percepção do meio.
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ve qualquer forma de processamento sensorial, ela é uma consequência direta das propriedades do meio. O meio, descrito pelo psicólogo, é definido por fontes (topografia, a vegetação e o clima do local), que funcionam como "pistas", auxiliando a percepção. Estas fontes possuem variantes, como luz e sombra, simetrias, texturas e simetria, determinando o que é percebido. "Sempre se assumiu que os sentidos fossem ca-
nais de sensação. Considerá-los sistemas de percepção (...) pode soar estranho. Mas o fato é que existem dois diferentes significados para o verbo sentir. Primeiro, sentir é detectar alguma coisa, e segundo, é ter uma sensação. Quando os sentidos são considerados sistemas perceptivos, o primeiro significado do termo está sendo utilizado." (GIBSON, 1966)
Então, os sentidos aristotélicos conhecidos hoje como: visão, audição, tato, olfato e paladar, são substituídos por Gibson: paladar, olfato, háptico, básico de orientação, auditivo e visual. Como diz Juhani Pallasmaa em Os olhos da pele: “A arquitetura reflete, materializa e torna eternas as ideias e imagens da vida ideal. As edificações e cidades nos permitem estruturar, entender e lembrar o fluxo amorfo da realidade e, em última análise, reconhecer e nos lembrar quem somos.” Tornando clara a ideia de que a arquitetura é muito mais do que se pode ver. Ela implica no valor estético que nossas memórias prévias nos recordam ao interagir com a edificação sensorial.
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3 referencial teรณrico
introdução ao referencial teórico O estudo de referencial teórico deste trabalho propõe a análise de legislações e normativas, nacionais e internacionais, orientadas à terceira idade - não só no contexto da habitação, mas também em aspectos de saúde e social -. São demonstradas bibliografias pertinentes, que serão diretrizes para o futuro projeto, e dentre elas, estão as normativas de acessibilidade e desenho universal que auxiliam a utilização dos espaços, independentemente de quaisquer deficiências. Por fim, considera-se um estudo específico de tipologias baseadas nos princípios de inclusão, trabalhando quesitos de ergonomia e acessibilidade, criando repertório para aplicação futura neste projeto. VILA MINUANO // 27
//a arte de projetar em arquitetura
//Portaria SEAS nº73/2001
O livro, homônimo ao título desta seção, escrito por Ernst Neufert, possui um capítulo referente à Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), onde define alguns critérios para o projeto especificamente de apartamentos para idosos, especificados aqui: - Apartamentos para 1 pessoa: 25 - 35m²
A portaria da Secretaria de Assistência Social de São Paulo prevê critérios para locais de atendimento à idosos, sendo ressaltado neste estudo o item República, que é o conceito mais semelhante com o proposto neste trabalho. A república de idosos é alternativa de residência para os idosos
- Apartamentos para 2 pessoas: 45 - 55m² - Balcões protegidos ≥ 3m² (profundidade mínima de 1,40m)
independentes, organizada em grupos, conforme o número de usuários,
Para conjuntos residenciais, a bibliografia prevê:
- O tamanho destes complexos fica em torno de 120 unidades; -Equipamentos em geral: degraus de escadas 16cm de espelho e 30cm de base, com espelho vazado; elevadores para idosos transportados em camas; escadas e corredores com corrimãos e cozinhas com peitoris livres nas janelas; - Localização: próxima de infraestrutura de urbana ou de localidades de pequeno porte, servida de meios de transporte público;
- Observar as normas (DIN18025) de acessibilidade.
Todas estas recomendações são válidas, exceto a aplicação da norma alemã, visto que as dimensões necessárias para deficientes físicos são díspares em relação à NBR 9050.
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e cofinanciada com recursos da aposentadoria, benefício de prestação continuada, renda mensal vitalícia e outras. Em alguns casos, a República pode ser viabilizada em sistema de auto-gestão.
Embora a portaria possua este parágrafo, tornando similar a ideia de república e cohousing, a mesma define como república, uma moradia composta por oito moradores, divididos em três dormitório;, diferentemente da proposta a ser apresentada, em que cada unidade familiar possui, no máximo, dois moradores, de maneira a preservar sua privacidade.
//anvisa rdc Nº283
//lei 8.842/1994:
A resolução de diretoria colegiada da agência de vigilância sanitária estabelece 3 categorias de idosos, conforme suas atividades de vida diária. As AVDs são a medida de avaliação do nível de dependência na terceira idade, considerando ações como alimentação, deslocamento, higiene e desempenho cognitivo. 3.4 – Grau de Dependência do Idoso
A presente pesquisa tem como meta atender à Lei 8.842/1994, que cria a Política Nacional do Idoso e estabelece os seguintes critérios, que serão obedecidos:
V - na área de habitação e urbanismo:
b) incluir nos programas de assistência ao ido-
a) Grau de Dependência I – idosos independentes, mesmo que requeiram
uso de equipamentos de auto-ajuda;
so formas de melhoria de condições de habitabilidade
e adaptação de moradia, considerando seu estado físi-
b) Grau de Dependência II - idosos com dependência em até três ativi-
dades de autocuidado para a vida diária tais como: alimentação, mobilidade,
co e sua independência de locomoção;
higiene; sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva controlada;
pessoa idosa à habitação popular;
c) Grau de Dependência III - idosos com dependência que requeiram as-
sistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com
c) elaborar critérios que garantam o acesso da d) diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas
comprometimento cognitivo.
3.5 – Indivíduo autônomo – é aquele que detém poder decisório e controle
sobre a sua vida
Para este cohousing, serão contemplados os idosos em grau de dependência I, como medida preventiva de evolução destas incapacidades diárias.
A lei não descreve tratamento arquitetônico e urbano exato, podendo ser considerada de característica atemporal, adaptando-se à norma brasileira e diretrizes que venham a ser mais atuais.
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//guia oms Criado em 2008, o Guia da Organização Mundial de Saúde - Cidade Amiga do Idoso, decorre de uma série de diálogos com o idoso e com especialistas em 33 cidades do mundo. Neste documento, é concluído que o envelhecimento populacional e a urbanização representam o ápice do êxito do desenvolvimento humano, e consequentemente, um dos principais desafios deste século. Apresentam-se, então, os principais tópicos descritos para a estruturação de uma cidade adequada ao idoso: Urbanização adequada: - Calçadas largas, e niveladas, com meio fio baixo, sem congestionamento ou obstáculos. - Faixa de pedestres elevada e sinalização com contagem regressiva visível. - Ciclovia em nível díspar ao passeio; Prédios amigáveis: - Circulações verticais e horizontais adaptadas; - Portas e corredores amplos; - Piso antiderrapante; - Sinalização adequada; - Banheiros públicos com acesso a PNE.
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Estas diretrizes serão aplicadas neste projeto, bem como os tópicos sobre moradia, em específico:
- Viabilidade financeira (moradias de baixo custo para idosos); - Serviços essenciais (água, luz, gás e telefone); - Planejamento: - materiais adequados e superfícies regulares; - circulações com elevador e corrimãos; - banheiros e cozinhas adaptados; - espaços grandes o suficiente para locomoção; - espaço de armazenamento adequado; - interruptores mais baixos; - designações que garantam o conforto térmico. - Acesso à serviços; - Conexões comunitárias e familiares; - Ambiente em que se mora: garantir que os idosos tenham espaço e privacidade em sua casa.
Portanto, estas características básicas e factuais sãoessenciais, baseadas em entrevistas com idosos de diversas partes do mundo; contando com diversos demarcadores como economia, geografia e comportamento.
//nbr 9050/2004 A norma não prevê tratamento direcionado especificamente para os idosos, porém as diretrizes impostas no documento são suficientes para a aplicabilidade neste projeto habitacional, como descrito abaixo:
1.3.3 - As edificações residenciais multifamiliares, condo-
mas de circulação tenham espaço para cadeira de rodas, a qual demanda mais espaço de movimento dentre as deficiências. As figuras de 1 a 4 são as dimensões da cadeira bem como seu raio de giração em 90º, 180º e 360º, respectivamente, e as figuras 5 e 6 são exemplos de espaços de circulação.
mínios e conjuntos habitacionais devem ser acessíveis em suas áreas de uso comum, sendo facultativa a aplicação do disposto nesta Norma em edificações unifamiliares. As unidades autônomas acessíveis devem ser localizadas em rota acessível.
Logo, é sugerido que as unidades possuam design universal, bem como os espaços comuns, permitindo que todos locais possam ser acessados e utilizados por qualquer usuário, independente de suas condições. As medidas de acessibilidade a serem adotadas devem suprir a necessidade de baixa visibilidade, baixa locomoção ou ausência desta - pessoas com cadeira de rodas. Portanto, deve ser garantido que as dimensões míni-
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//estudos específicos Como referência para as análises de tipologias adaptadas, foram utilizadas tipologias de estúdio e apartamento de um dormitório, do mesmo modo que pretende se aplicar ao longo deste trabalho, sendo ambas existentes. As medidas de circulação e raios de giração foram definidos com base na NBR 9050, e explicitados nos referencias teóricos anteriores. Condomínio Mix Park Sul - Brasília
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Tipologia Original - Sem adaptações escala: 1/100
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Tipologia Modificada escala: 1/75
Primeiramente, foi analisado seu funcionamento conforme acessos e fluxos, verificando que este trabalha de forma compacta. Logo após, estes mesmos fluxos foram modificados conforme a unidade de passagem de PCD, admitindo o pior caso para o usuário, e garantindo o raio de giração nos vértices dos fluxos. O banheiro adaptado foi aumentado de forma a tornar a área regular, e alocando o chuveiro e o banco de banho. O projeto foi aumentado em 9,66%, completando 37,13m² de área e aproxima-se da determinação de Neufert (2013), que dá a seguinte informação sobre apartamentos para idosos: // Apartamento para 1 pessoa: 25 - 35m² // Apartamento para 2 pessoas: 45 - 55m² Por fim, conclui-se que o apartamento possui uma boa área, com possibilidade de múltiplos layouts e conforto para o habitante, caso este seja portador de deficiência física.
Ao contrario da análise anterior, esta parte de um estudo sobre tipologia já adaptada, que é o caso deste apartamento de um dormitório. Nele há alguns quesitos importantes que podem ser melhorados como a largura da área de geladeira não tem possibilidade de troca para uma de maior capacidade, bem como o guarda-roupa que sendo embutido, deve ser de tamanho exato e também acaba por não permitir a mudança de leiaute do ambiente. E a lavanderia,
Residencial Olarias - São Paulo
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Tipologia Original - Adaptada escala: 1/75
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Tipologia modificada escala: 1/75
que fica exposta para a área social. A sala não permite que a mesa possua mais cadeiras, sem que isto atrapalhe a unidade de passagem. As mudanças feitas exigiram um aumento do espaço, porém garantem o uso do apartamento com conforto, pela adição de divisórias na área de serviço, que juntamente com o sofá delimitam a entrada como um hall, e a inserção de armários na parede da circulação, também, aumenta-se a mesa, como demonstração do resultado da ampliação.
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análise sobre referencial teórico As diretrizes brasileiras referentes à terceira idade possuem pouca informação projetual, sendo uma exceção a portaria nº273, que prevê condições mínimas para as instituições de longa permanência - neste caso, generalizadas pelo termo -. Entretanto, não estabelece regulamento para a criação de conjuntos habitacionais direcionados à idosos, tampouco para habitações em estilo cohousing, justificado pela propagação recente do mesmo. Optou-se então, pela utilização referente à seção "repúblicas", que propõe sistema de auto-gestão pelos habitantes, e teoricamente, potencializa o uso dos espaços comuns em semelhança aos co-lares. Também percebe-se a deficiência da NBR 9050 em relação à terceira idade: são descritas normativas para pessoas com deficiência e gestantes; entretanto, os requisitos são supridos com folga quando condicionados aos idosos, mesmo que não sejam público alvo do documento. A Política Nacional para o Idoso apresenta pouca informação sobre habitação, e de forma subjetiva, repete o que a portaria especifica, porém de forma mais direta.
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4 estudos de caso
vila dos idosos
Local: Pari - São Paulo Escritório: Vigliecca & Associados Projeto: 2003
Conclusão da obra: 2007 Área do terreno: 7.270m² Área construída: 8.290m²
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//Contexto: A edificação se inse-
re nos limites do terreno, no meio urbano, e possui vantagem pela morfologia plana do mesmo. Há pouca vegetação, que é praticamente ausente no pátio central que se dispõe entre o conjunto e a biblioteca municipal do mesmo lote; já as edificações do entorno são distanciadas pelas vias largas, que dão um aspecto de monumentalidade à 18
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Vila dos Idosos e a biblioteca.
//Massa e composição da forma: Com formato prismático e em alturas iguais, a edificação parte da operação de adição destes volumes, que em conjunto à edificação institucional, resumem a Vila a um volume único, com dois pátios distintos. Na parte interna da construção, o ritmo das fachadas [e dado pelos pilares cilíndricos e sua modulação situada na circulação aberta. Para proteção destes fluxos e das janelas, a laje de cobertura forma uma marquise, ligeiramente avançada. A horizontalidade é representada pela disposição das aberturas idênticas e sem a diferenciação de peitoril, com faixas de pintura em tom escuro entre estes intervalos, que fazem contraste com a coloração branca do restante. Destaca-se também, a linearidade do partido de forma continua, sem permeabilidade de seu pátio para o entorno. Por fim, os acessos ao prédio funcionam como subtração de volume e a demarcação dos acessos verticais - as escadas - por materiais que trazem a ideia de peso para a construção.
Massas principais
//Materialidade: A intenção do arquiteto neste projeto foi reduzir gastos visto a designação da edificação para baixa renda, e assim, foram retiradas do planejamento as preocupações com revestimentos. Trabalhou-se então, com pintura das paredes na cor branca, aberturas em tons mais escuros, bem como as aberturas; os pilares de concreto, e os pisos possuem apenas a camada de contrapiso. Estas qualidades acabam por conferir minimalismo ao projeto modernista, e também pela utilização do concreto puro.
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//Luz natural e ventilação: Projetada para garantir conforto térmico aos usuários, a Vila dos Idosos trabalha conceitos de sustentabilidade em suas estratégias. O acesso das unidades possui bandeira em toda sua face que, paralela às aberturas dos dormitórios garante a ventilação cruzada, bem como a abertura zenital na cozinha para o estar. A incidência solar ocorre na face oposta à circulação que dá acesso aos apartamentos, de modo que seja mais iluminado justamente onde se concentram os quartos. Para controle térmico e de iluminação, foram posicionados cobogós - elementos cerâmicos vazados, que permitem a passagem de ar e luz.
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//Estrutura: O edifício é sustentado por alvenaria estrutural, com as circulações apoiadas em colunas de concreto armado. Para a cobertura foi utilizado sistema de telha metálica apoiada sobre laje com auxílio de perfis metálicos, a qual mantêm-se oculta por platibanda. Graças à alvenaria portante, possui baixa flexibilidade de tipologias, sendo basicamente "parede sobre parede", Salvo o térreo, que possui as unidades destinadas à portadores de deficiência física.
1. Salão comunitário 2. Hall/ Elevadores 3. Escadas 4. Biblioteca
Áreas comunitárias Elevadores Quitinetes
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Apartamentos
5. Espelho d'água 6. Módulos de serviço 7. Horta comunitária 8. Cancha de bocha
9. Quitinetes 10. Apartamentos 11. Estar comunitário
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//Organização funcional: Acessado por 4 entradas, o conjunto habitacional possui seus acessos verticais (escadas e elevadores) distantes entre si - os elevadores se localizam nos vértices, enquanto as escadas são centralizadas nos maiores trechos -, e distantes dos acessos realmente ditos que possibilitam a entrada na Vila. Sua setorização se dá por unidades habitacionais de modo centralizado, com as áreas comunitárias em extremos, como uma união entre as dependências. No segundo, terceiro e quarto pavimento, as
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funções permanecem organizadas de mesma forma, salvo que a mancha residencial agora não é constituída de apartamentos adaptados para PNEs, diferentemente do térreo. A área destinada a estacionamentos é apenas a parcela da edificação que recua do alinhamento, não sendo relativa portanto, ao numero de apartamentos e quitinetes da construção. As circulações extensas são quebradas pela presença dos acessos verticais que permitem o deslocamento mais próximo do ponto de entrada de cada unidade.
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sous la peau
Local: Aigues-Mortes, Franca Escritório: Thomas Landemaine Architectes Conclusão da obra: 2015
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//Contexto: Inserida no subúrbio de Aigues-Mortes, a edificação esta contida no lote de forma a ter três de seus lados com acesso a via. Sua quarta face entretanto, fica direcionada a um tipo de pátio aberto. Não há trabalhos em seu paisagismo, e há uma parcela de vegetação em seu entorno, que parece pertencer as edificações perpendiculares. Sous la peau harmoniza com os edifícios ao seu redor em escala e uso: em seu entorno há somente edificações multifamiliares de 3 pavimentos, e algumas residências unifamiliares; entretanto, se destaca pela sua forma desconstruída, que será analisada também neste trabalho.
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Massa principal Sólido envolvente
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//Massa e composição da forma: Com formato prismático e desconstruído, a edificação parte da operação de subtração de porções centrais e das quinas a partir do segundo pavimento, lugares em que são posicionados os balcões posteriormente. A construção acaba então, por apresentar caráter de forma compacta, demonstrado pelo desenho ao lado em que há apenas uma massa principal, percebida como um sólido com peso; entretanto, as subtrações e a diferenciação de corpo e base tornam a leitura mais agradável, e uma maneira de transição entre as casas
//Materialidade: O principal material utilizado neste projeto é a madeira: a pintura do edifício em cor branca, os perfis metálicos, e os gabiões na base apenas completam a visual das fachadas. A escolha dos materiais influi diretamente na ideia do desenvolvimento da massa que é trazer a leveza para o conjunto, e na preexistência dos mesmos na
térreas e as edificações de três pavimentos do entorno.
vizinhança.
//Luz natural e ventilação: Filtrada, a luz entra nos balcões pelo fechamento em madeira, causando texturas projetadas nas paredes, que mudam conforme o caminho do sol. Na fachada principal, mais precisamente no térreo, a luz é indireta, pela moldura que trabalha como brise-soleil.
VILA MINUANO // 41
Íntimo
1. Quartos
Estar
2. Sala de Estar
Serviço
3. Cozinha
Circulação 4. Lavanderia Hall
2 1
1
1
5 4
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5
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2
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5
5 5
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1
1
4
4
Balcão
3
1
3
3
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1
42 // VILA MINUANO
1
1
5. Banheiro
1
1
//Organização funcional: Os acessos a edificação são duas entradas em paralelo, pela configuração compacta, são o próprio acesso à circulação vertical, onde se localiza a escada. Possui um pavimento tipo que é replicado em seus três pavimentos, mantendo o térreo como uso não-residencial - um centro de impostos e uma estação de polícia. Nestes andares, a configuração dos apartamentos não possui um padrão, visto que todos possuem três faces com aberturas - exceto o apartamento central, que possui insolação incidente em uma face apenas, mas que lhe é suficiente dadas as suas dimensões.
30
31
32
33
VILA MINUANO // 43
life
Local: Bréscia, Itália Escritório: 5+1AA Área do terreno: 41.000m²
Área da edificação: 12.000m² Conclusão da obra: 2015 Ano do projeto: 2010
34
//Contexto: Parte da área periférica do centro his-
tórico de Bréscia, o conjunto habitacional esta inserido em uma zona residencial (antiga zona industrial), com predominância de edificações multifamiliares. Embora as alturas sejam semelhantes, Life contrasta com as restantes por meio da sua mistura de revestimentos e cores, disposição no terreno e escala, que serão demonstrados mais adiante.
A região não apresenta terreno acidentado, e situ-
a-se com quantidade significativa de vegetação ao seu redor, com uma das faces voltada para um parque linear, que 35
44 // VILA MINUANO
se integra com seu parque central.
36
39
//Massa e composição da forma: Dividido em duas unidades, ambas são divididas em várias formas interseccionadas com profundidades distintas, todas sobre uma base recuada, que dá uma sensação de flutuação. O bloco em "L", resultado da adição de dois prismas retangulares, em conjunto com um bloco simples - também retangular -, delimitam três das quatro faces dos pátios internos, os quais são
37
38
40
41
//Materialidade: O conjunto habitacional possui diversos materiais contrastantes que, em conjunto tornam a edificação dinâmica e arrojada. As superfícies que foram aplicadas tinta trabalham com tons de azul e branco, enquanto a base, algumas faces e cercas possuem ripas de madeira na vertical. Ainda há a utilização de revestimento cerâmico, que reflete conforme a luz natural, criando várias nuances durante o dia.
divididos em três: parque aquático, infantil e arborizado.
VILA MINUANO // 45
1
1
5
5
3
3
2
2
3
5 1 2
1
2
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1
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3 2
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2
3
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3
1
5
5
2
2
5
1
3
3
1
1
3
1
//Organização funcional: Os acessos aos blocos são separados a cada duas unidades habitacionais, descartando a necessidade de circulação horizontal, que possa vir a tirar a privacidade dos dormitórios, que ficam nas duas fachadas. Estes mesmos acessos são compostos de escada e elevador para deficientes físicos, porém não foi possível avaliar a acessibilidade nas variações tipológicas.
3 2 3
3
2
1 5
1
5
5 3
2
3
2
5
1
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1
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2
2
1 1
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1 5
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2 3
5
1 1
Íntimo
1. Quartos
Estar
2. Sala de Estar
Serviço
3. Cozinha
Circulação 4. Lavanderia Hall Balcão
46 // VILA MINUANO
5. Banheiro
1
1
2
2
1
3
1
1
5
1
5
1
1
1
//Organização funcional: O acesso ao bloco mais simples é pelo saguão, localizado no centro da edificação e onde estão situados os dois tipos de circulação vertical (as escadas e o elevador para portadores de deficiência). Localizam-se então, os quatro apartamentos de forma simétrica, embora sejam diferenciadas entre pavimento tipo (acima) e térreo (abaixo). As organizações de tipologia são semelhantes, predominando as áreas sociais à sul, e dormitórios
1
1
2
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5
1
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4
2
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2 4 3
5
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4
4
1 5
2
3
3
à norte. Os balcões e sacadas são inseridos em dormitórios ou salas de estar, em formas que se adequem à tipologia.
Íntimo
1. Quartos
Estar
2. Sala de Estar
Serviço
3. Cozinha
Circulação 4. Lavanderia Hall
5. Banheiro
Balcão
VILA MINUANO // 47
48 // VILA MINUANO
Análise sobre projetos referenciais Embora não necessariamente sejam projetos de mesmo tema que este trabalho, todos os três casos possuem pontos positivos, o quais são passíveis de aplicação neste caso. A Vila dos Idosos é o caso mais similar, apresenta áreas sociais fechadas, que serão utilizadas como referencial, bem como a aplicabilidade de materiais de baixo custo, visto que ambos estão no âmbito da habitação social, também trabalha as áreas sociais em circulações que permitem o encontro em menores distâncias, e que, recuadas, permitem menor influência climática. Sous la peau, embora compacto e multigeracional, faz uso de madeira como material transformador da fachada conforme a luz do sol, trabalha também com balcões desencaixados que parecem dar movimento. Por ultimo, Life trabalha os revestimentos de forma a transformar o entorno, que não possui identidade. Os revestimentos em 3d estimulam o toque e as aberturas altas possuem guarda corpo, de modo a permitir a abertura sem riscos e, consequentemente, que haja ventilação cruzada.
42
43
44
45
46
47
VILA MINUANO // 49
5 o municĂpio
//histórico
A Colônia de Rio Grande de São Pe-
dro, como era originalmente conhecida, teve sua fundação no dia 19 de fevereiro de 1737, pelo Brigadeiro José da Silva Paes, que veio numa expedição militar portuguesa garantir terras ao sul do país, para ganhar vantagem contra os espanhóis.
Em 19 de fevereiro, Silva Paes funda
o Forte Jesus, Maria, José, uma colônia militar na desembocadura do Rio São Pedro, que liga a Lagoa dos Patos ao Oceano Atlântico. Este presídio, que constituiu o núcleo da colônia de "Rio Grande de São Pedro", fundada oficialmente em maio do mesmo ano. O termo "Rio Grande" é uma alusão à desembocadura da Lagoa dos Patos no Oceano Atlântico, e a origem do nome do próprio estado.
Mais tarde, foi elevada à condição de
cidade em 27 de junho de 1751, tornando-se o município mais antigo do estado.
52 // VILA MINUANO
48 Praça Xavier Ferreira
//localização Rio Grande possui área total de 2.709,522m² e está a 317km da capital Porto Alegre. Divide-se em cinco distritos: 1º Rio Grande (com subdistritos: Cidade do Rio Grande e Balneário Cassino) 2º Ilha dos Marinheiros 3º Povo Novo 4º Taim 5º Vila da Quinta É uma cidade litorânea e está situada no extremo sul do Rio Grande do Sul, fazendo divisa à oeste com Capão do Leão e Arroio Grande, à norte com Pelotas pela BR-392, à sul com Santa Vitória do Palmar pela BR-471 e à leste com a Lagoa Mirim e a Lagoa dos Patos, ainda tem conexão do centro da cidade aos Molhes da Barra pela BR734. Possui linha ferroviária ativa, a Sul-Atlântico, operada pela ALL, a América Latina Logística, e acessa os municípios de Bagé e Cacequi. Está à uma altitude média de 5 metros, e toda sua área de município se situa em baixa altitude, no máximo a 11 metros acima do nível do mar.
VILA MINUANO // 53
1
//macro análise
PELOTAS
C
A partir desta análise, percebe-se o crescimento irregular de Rio Grande, com início no seu centro histórico, e que vem permeando a costa com edificações mais recentes. Além disso, o número de áreas verdes e os vazios urbanos são escassos, demonstrando a carência de áreas abertas para lazer. Atualmente, um dos pontos de interesse mais fortes vem sendo o Asylo (A), com programações culturais em todos os finais de semana, reunindo a comunidade em atividades com a terceira idade. Destaca-se também, que esta é a única Instituição de Longa Permanência para idosos que conta com uma divisão gratuita para pessoas de baixa renda. Todas as outras instituições da cidade são particulares.
B
BALNEÁRIO CASSINO
DISTRITO INDUSTRIAL
N
15 12 13 2
11 D
4
Universidade Federal do Rio Grande - FURG
14
7
--
A
A// B// C// D// E//
E
8
--
1// 2// 3// 4// 5// 6// 7// 8// 9// 10// 11// 12// 13// 14// 15//
DISTRITO INDUSTRIAL
Aeroporto de Rio Grande Gustavo Cramer
10 9
5
Áreas Verdes
Área de Intervenção
3
6
Vazios Urbanos
0
100 250
500
49
Instituições de Longa Permanência Asylo das Flores Casa de Idosos Bem Viver Pensionato de Idosos Novo Lar Ebenézer Lar de Idosos Casa de Idosos Vó Dorli
Pontos de interesse: Estação Rodoviária de Rio Grande Rio Grande Praça Shopping Ginásio Farydo Salomão e Praça Saraiva Theatro Municipal Sport Club São Paulo Hospital de Cardiologia e Oncologia - A.C. Santa Casa Cemitério Católico e Cemitério Ecumênico Estação Ferroviária e Centro de Eventos Quartel do 6º GAC e Praça das Forças Armadas Praça Tamandaré e Terminal de Ônibus A.C. Santa Casa de Rio Grande Hospital Universitário da FURG Centro de Ciências do Mar e Rincão da Cebola Centro Histórico¹ Museu Oceanográfico Elieser de Carvalho Rios
¹O Centro Histórico de Rio Grande abrange a Igreja Matriz (Catedral de São Pedro), a Alfândega, a Prefeitura Municipal, o antigo Quartel General (atualmente Secretaria de Coordenação e Planejamento Urbano), a Biblioteca Municipal, e o Mercado Público, todas edificações em torno da Praça Xavier Ferreira.
VILA MINUANO // 55
//fluxos
tá lia
PELOTAS
põem o terminal que contorna a área verde. Outra rota bastante utilizada é a Av. Portugal, pela orla da Avenida Henrique Pancada, que leva ao shopping Praça e que conecta-se pela Avenida Saturnino de Brito, à Avenida Itália, fechando uma poligonal de principais fluxos. Destaca-se também, as duas ciclovias da cidade de maior fluxo da cidade, na Rua Dom Bosco, no sentido de entrada, e na Av. Pelotas, no sentido de saída. As saídas da cidade se dão pelas vias BR-392 e a RS-734, que formam o viaduto conhecido localmente por "Trevo", o qual perfaz as rotas de saída da cidade. BALNEÁRIO CASSINO
56 // VILA MINUANO
Roberto
Av .I
Considerando-se o formato peninsular do município e o fato de que foi inicialmente consolidado no seu extremo noroeste, Rio Grande vive um estrangulamento de fluxos no bairro Junção, onde também se localiza a nova estação rodoviária. Além disso, o centro comercial também se localiza próximo às edificações históricas, fazendo com que a circulação de veículos seja sempre em um único fluxo: pela Avenida Itália, que torna-se Avenida Presidente Vargas, e seguindo pela Rua 24 de maio. Para saída do centro histórico, contornando a Praça Tamandaré, há a Rua General Neto, paralela à Rua 24 de maio que com-
Estrada
DISTRITO INDUSTRIAL
Soc
Rua Cristรณvรฃo Colombo
Av. Presidente Vargas
DISTRITO INDUSTRIAL
io
Ne to
Ma
en .
de
aG
s
Rua 2 de Novembro
0
Rua Salgado Fil
ho
Ru
aV al
100 250
Po
rto
500
Barr oso
Maio
ilv aP ae
Rua
Av. 1ยบ de
Av .S
Ru
Av. Buarque de Macedo
24
Rua Dom Bosco
Ru a
Av. Pelotas
Av. Major Carlos Pinto
Av. Portugal
Av. Henrique Pancada Av. Argentina
Rua Saturnino de Brito
coowski
N
50
VILA MINUANO // 57
6 o local
1
2
3
4
1 2 5
3
4
5
Fotografias sobre a Estação Minuano. Acervo Pessoal, 2018.
60 // VILA MINUANO
//levantamento fotográfico Rua Conde Augusto Celso
Rua Ceará
Rua Gonçalves Dias
Avenida Buarque de Macedo
Fotografias sobre o entorno da Estação Minuano. Acervo Pessoal, 2018.
VILA MINUANO // 61
Rua Cearรก
u
e ond
aC
Ru
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Cel
รก ear
aC
Ru
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D es
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Bu Av.
o
ced
Ma
e ed
Rua Gonรงalves Dias
62 // VILA MINUANO
Rua Conde Afonso Celso
//perfis viรกrios
Av. Buarque de Macedo
VILA MINUANO // 63
N
//uso do solo O bairro possui comportamento irregular, por ter sido criado a partir de posses, não respeitando assim o plano diretor do município. A maioria dos terrenos são residenciais, e aqueles categorizados como mistos são constituídos de pequenos comércios - padarias, mini mercados e pequenos bazares - que satisfazem à região. Apenas a quadra à sudeste possui área não construída, porém de caráter privado. À norte, há uma praça e à oeste, uma estação para lixo diferenciado, de controle da administração municipal.
51 64 // VILA MINUANO
0
50
100
N
//gabarito de alturas O entorno possui majoritariamente edificações térreas, justificado com a premissa de muitos dos lotes terem sido ocupados como posse em situação precária. Outra motivação é o tamanho suficiente dos terrenos para atender aos programas dos núcleos familiares em apenas um pavimento.
52
0
50
100
VILA MINUANO // 65
//hierarquia viária e transporte público A lei Nº 2560 de 1971, que institui o Plano de Diretrizes Urbanas de Rio Grande, inserida no Plano Diretor, prevê a classificação viária em quatro tipos: Avenidas Estruturais, Avenidas Coletoras, Vias Principais e Vias Locais. O terreno está bem inserido em relação à seus acessos, tratando-se da Av. Buarque de Macedo como Avenida Estrutural, bem como localização de pontos de ônibus, possuindo pontos de ida e volta na direção centro suficientemente próximos. A caracterização do seu entorno com predominância em vias locais dá o perfil de bairro residencial/ misto. Com a Av. 1º de maio como via estrutural mais abaixo, possui conexão com a principal via de acesso da cidade, a Avenida Presidente Vargas.
66 // VILA MINUANO
53
N
Avenida Estrutural Avenida Coletora Via Principal Via Local 0
50
100
VILA MINUANO // 67
//Apresentação Do sítio Localizado no bairro Hidráulica, o lote está circundado pelas ruas Gonçalves Dias, Ceará, Conde Afonso Celso e Avenida Buarque de Macedo, sendo esta ultima sua via de acesso. Possui 8.100,42m2 de área e as seguintes medidas: 99,69m à noroeste, 79,10m à nordeste, 99,62m à sudoeste e 83,32m à sudeste. Entretanto, estas medidas serão alteradas para aumento do passeio, de forma a atender dimensões mínimas conforme o programa Calçada Legal, da Prefeitura de Rio Grande. Atualmente neste local está inserida a antena da Rádio AM Minuano, homônima à este projeto como forma de homenagem, sendo uma das rádios locais mais ouvidas pelas transmissões de jogos de futebol dos times da cidade. De maneira geral, o terreno possui excelente orientação solar e localização, próximo à serviços e infraestrutura urbana, com vias pavimentadas e sem presença de ruídos externos.
//Fatores ambientais O clima no município de Rio Grande é temperado subtropical, e conforme a classificação de Köppen, mesotérmico úmido. Com forte influência do oceano Atlântico, possui temperatura média de 18ºC, com máximas em janeiro de 22,6ºC e mínimas em julho de 14,7ºC, resultando em verões muito quentes e invernos rigorosos. A umidade relativa do ar é de 82,1%, e junto com a intensa incidência de ventos na cidade, acabam por reduzir a sensação térmica consideravelmente.
54 68 // VILA MINUANO
N
69 99,
m
10 79, m
32
83, m
,62 99
m
Percurso do sol Ventos de inverno Ventos de verĂŁo 0
50
100
VILA MINUANO // 69
//plano diretor de rio grande
O plano diretor de Rio Grande prevê para a área do ter-
conservação - oficinas, pessoais, de diversões, profissionais e
reno em questão, a denominação de Unidade Mista 1, confor-
técnicos, de comunicação e públicos; destaca-se o uso resi-
me o Mapa 06, anexo ao documento - onde verifica-se tam-
dencial, que permite habitações unifamiliares e coletivas.
bém que o lote não está inserido em uma área de proteção
ambiental, ou em uma área especial de interesse social.
de áreas úteis do projeto dividido pela área do terreno, é re-
Em relação à características construtivas, as edifica-
presentado pelo código 74, que perfaz o índice máximo de 2,8
ções inseridas nesta zona compreendem o artigo X/ anexo
para residências, comércios ou serviços. podendo ser adquiri-
X, que define critérios como: densidade habitacional, usos
do um índice adicional de 0,8, totalizando 3,6.
permitidos, taxa de ocupação, recuos, volumetria e índice de
aproveitamento.
truída do pavimento térreo dividida pela área do terreno, pos-
Para densidade, o valor é de 300 habitantes por hecta-
sui código 09 e significa que 2/3 do terreno, equivalente à
re, e aplicado ao lote em estudo, é convertido para 240 habi-
66% do mesmo pode ser construído, caso o térreo possua uso
tantes na área de 8.000m².
não-residencial, este valor sobe para 75%, ou 3/4 do lote.
Sobre os usos, a UM11 possui código 09, o qual permi-
O índice de aproveitamento calculado pelo somatório
O total de ocupação, que é o percentual da área cons-
A volumetria está inscrita no código 15, e apresenta
te serviços: profissionais vinculados à habitação, domiciliares,
isenção de recuo até 7,50m de altura, em todas as direções;
auxiliares, de transporte, comércio varejista, de reparação e
até 10,60m possui isenção de recuo frontal, e exige 3,00m de
70 // VILA MINUANO
recuos de fundo e laterais. Caso a edifica-
DIRETRIZES PARA A UM-11
ção possua mais de 13,70m, o recuo frontal deve ser de um metro adicional acima
DENSIDADE
300 Habitantes por Hectare
do 4º pavimento, e os recuos laterais e de
USOS PERMITIDOS
Serviços diversos, institucional, habitações unifamiliares e coletivas
fundo devem possuir 3,00m + 1,00m por
ÍNDICE DE APROVEITAMENTO
Inicial 2,8
TAXA DE OCUPAÇÃO
Residencial 66% (2/3 do terreno)
RECUO
Isento
VOLUMETRIA
Alturas
Recuo frontal
Recuo lateral
Recuo de fundos
até 7,50m 10,60m
isento isento
isento desde o térreo 3,00m
isento a partir do 3º pav, inclusive, 3,00m
13,70m
isento
desde o térreo 3,00m
a partir do 3º pav, 3,00m
mais de 13,70m
1,00m por pav. adicional acima do 4º
3,00 + 1,00m por pav. adicional acima do 4º
3,00 + 1,00m por pav. adicional acima do 4º
pavimento adicional acima do 4º.
Os recuos de ajardinamento são
desconsiderados e portanto, não são obrigatoriedade, valendo os dados dimensionados no item Volumetria, descrito acima.
Por fim, as garagens e estaciona-
mentos possuem legislação única, a qual ordena para garagens em edificações de habitação multifamiliar a quantidade de 1 vaga a cada 100m² de área computável no índice de aproveitamento.
55
Adicional 0,8
Total 3,6 Residencial com térreo comercial 75% (3/4 do terreno)
VILA MINUANO // 71
7 processos projetuais
//Conceito O cohousing para idosos tem como conceito norteador a conexão, física e visual, em micro e macro escala. Gerando diversos meios de vivência da coletividade em um só local. O conceito também objetiva o espaço com núcleos privativos, que convenham às necessidades pessoais de cada morador, mas de modo que estes usuários também tenham a possibilidade de utilizar-se das áreas sociais com o grupo, ao invés de individualmente. Como partido, utiliza-se a forma de pátio central, como modo de acolhimento do usuário. As rampas fazem a articulação deste pátio com as unidades residenciais que não estão presentes no térreo, e também trabalham com o aspecto de monumentalidade. No bloco referente à fachada principal, serão concentrados comerciais para reforço de segurança e praticidade
74 // VILA MINUANO
dos moradores; e ao fundo, concentram-se o estacionamento, e o salão de festas, afastados da zona residencial para evitar possíveis ruídos. É proposta uma implantação linear, de três pavimentos por toda sua extensão, adequando-se de modo a proteger os espaços abertos dos ventos de inverno, e abri-lo para os ventos do verão; também permitindo maior interação com o entorno pelas visuais; a tomada de decisão relativa ao bloco contínuo se justifica pela capacidade de conexões entre os vizinhos, como fortalecimento de vínculos. Por fim, as áreas abertas foram propostas com espaços de estar e circulação, de movimento e sossego, que possam satisfazer hobbies dos moradores, bem como estimular funções cognitivas e motoras.
VILA MINUANO // 75
COMÉRCIO
AMBIENTE
ÁREA (m²)
CAPACIDADE
UNIDADES
AMBIENTE
ÁREA (m²)
CAPACIDADE
UNIDADES
Estúdio
35,00
1 habitante
17
Churrasqueiras
20,00
42 pessoas
7
Apartamento
54,00
2 habitantes
1
151,53
120 pessoas
1
Sala de leitura
48,33
48 habitantes 2
Salão de festas
Sala de estar/ tv
57,93
58 habitantes 2
Horta Comunitária
30,00
-
1
Redário
15,00
12 pessoas
1
Academia ao ar livre
15,00
170 pessoas
1
Espaços de estar*
-
-
-
Mesas de damas e xadrez
170,00
170 pessoas
1
Cancha de bocha 96,00
-
1
Salas de uso múltiplo
30 pessoas
2
AMBIENTE
ÁREA (m²)
CAPACIDADE
UNIDADES
Padaria
36,60
-
1
Café
36,60
-
1
Mercearia
36,60
-
1
Cabeleireiro
36,60
-
1
Lavanderia
36,60
-
1
Banca de jornais/ 36,60 Revistaria
-
Farmácia
36,60
-
1
Lavanderia
36,60
-
1
76 // VILA MINUANO
1
ÁREAS SOCIAIS
RESIDENCIAL
//programa de necessidades e pré-dimensionamento
37,50
*Espaços de estar: entende-se que seja todo e qualquer ambiente que possua infraestrutura de descanso e área de contemplação, não sendo possível mensurar suas dimensões exatas.
APOIO
AMBIENTE
ÁREA (m²)
CAPACIDADE
UNIDADES
Administração
6,93
3
1
Almoxarifado
15,00
-
1
Estar apoio
14,70
8
1
Copa apoio
4,86
2
1
WC apoio
6,69
1
1
Estacionamento
1354,11
-
43
Guarita de segurança
19,28
1 funcionário 1
Portaria
9,90
1 funcionário 1
O programa de necessidades está dividido em 4 blocos principais: permanência, apoio, comércio e coletivo. Estes blocos estarão incorporados ao terreno de modo a estimular o uso de todos ambientes por qualquer tipo de usuário. A zona residencial possui as unidades habitacionais pro-
monoambientes, os quais assim como os espaços coletivos e as circulações, serão providos de desenho universal. Para os acessos às unidades, estão propostas pequenas áreas de estar. O apoio compreende a guarita de controle de acesso ao conjunto, o almoxarifado, área de descarte de lixo, o estacionamento com vagas para aproximadamente, 65% dos habitantes. O bloco designado para o comércio é voltado para a via, sem aberturas para o interior da Vila. Contém pequenos serviços que facilitam a vida dos moradores, e conforme dito anteriormente, reforçam a ideia de segurança pelo uso também da comunidade. Por fim, o coletivo possui áreas abertas, como praças para contemplação, áreas de práticas físicas, como a academia e a cancha de bocha, churrasqueiras, redário, horta comunitária, jardins e áreas de estar; também espaços sociais fechados como salas multiuso, salas de tv, salas de leitura que ressaltam o estilo de comunidade em que o cohousing é fundamentado.
postas em 2 tipos: apartamentos de um dormitório e estúdios, ou
VILA MINUANO // 77
//fluxograma Padaria
Mercearia
Circulação vertical
Sala de leitura
Farmácia
Portaria
Cabeleireiro
Banca de jornais
Lavanderia
Administração
Almoxarifado
Estar apoio
Apartamentos
Pontos de estar
Apartamentos Sala de tv/ Sala de Estar
Espaços de estar
Academia ao ar livre Estacionamento
Mesas de Damas/ Xadrez Redário Horta Comunitária Salão de Festas
78 // VILA MINUANO
Copa apoio WC apoio
Cancha de Bocha
Guarita de Segurança
Salas de uso múltiplo
Churrasqueiras
//pré-estudos
1
O partido escalonado possui uma progressão crescente em direção ao centro do terreno, permitindo melhor comunicação da edificação com o entorno. Conta com o térreo da fachada frontal para pequenos comércios, de uso dos habitantes e da comunidade. O estacionamento fica ao fundo, com fluxo pela Rua Gonçalves Dias, e em paralelo ao Salão de Festas, que possui uma margem de espaçamento em relação às unidades, evitando ruídos. O pátio central fica dividido em dois, graças à seção elevada que funciona também como marquise, comunicando os blocos principais.
Perspectiva Isométrica
Número de habitantes: 111
Salão de festas: 170m²
Unidades habitacionais: 70
Vagas de estacionamento: 62
Estúdios: 29
Total de ocupação: 55%
Apartamentos (1d): 41
Índice de aproveitamento: 0,98
Prós: Entrada coberta, térreo como zona comercial, boa relação base x altura, estacionamento isolado de espaços de convivência. Contras: Bloco de 4 pavimentos desproporcional ao entorno, muitas faces da edificação viradas à sul, estacionamento distante de unidades localizadas à frente do lote.
Implantação VILA MINUANO // 79
2
O partido foi desenhado como dois prismas compostos em duas partes por adição, formando um "L". Estas formas definem, então, dois pátios centrais, demarcados por uma passarela com subtração do centro, que funciona a partir do 2º andar, unindo os dois sólidos. Possui as circulações sempre voltadas à pior orientação solar, de modo a controlar as tipologias, situando as áreas sociais nestes opostos. O estacionamento fica ao fundo do lote, e o salão de festas fica na fachada principal, isolado em relação às unidades habitacionais.
Perspectiva Isométrica 80 // VILA MINUANO
Número de habitantes: 107
Salão de festas: 170m²
Unidades habitacionais: 68
Vagas de estacionamento: 68
Estúdios: 25
Total de ocupação: 54%
Apartamentos (1d): 43
Índice de aproveitamento: 1,38
Prós: Entrada coberta, salão de festas com possibilidade de entrada própria, térreo como zona comercial, blocos proporcionais ao entorno. Contras: Espaço residual próximo ao estacionamento, pouca densidade habitacional, estacionamento distante de unidades localizadas à frente do lote.
Implantação
3
O partido possui uma forma de prisma contínuo, com chanfro nas quinas. É a proposta mais orgânica: com três pavimentos e a troca de direção dos sólidos, que acabam por demarcar três pátios. Todas suas circulações ficam à sul, aproveitando para localizar as áreas de entrada e serviço, deixando a incidência solar mais intensa nas áreas sociais e íntimas. Por fim, ao fundo do lote situam-se o salão de festas, com espaço aberto em seu entorno para uso exclusivo, e o estacionamento, com as vagas dispostas em duas linhas.
Perspectiva Isométrica
Número de habitantes: 91
Salão de festas: 170m²
Unidades habitacionais: 57
Vagas de estacionamento: 62
Estúdios: 23
Total de ocupação: 54%
Apartamentos (1d): 68
Índice de aproveitamento: 1,00
Prós: Bloco único, térreo como zona comercial, estacionamento isolado de espaços de convivência. Contras: Pátio com relação ruim de base x altura, entrada sem proteção contra intempéries, baixa densidade populacional, orientação solar ruim (blocos com face à sul).
Implantação VILA MINUANO // 81
//volumetria Com 3 pavimentos de forma a adequar-se ao entorno, o partido é baseado no conceito de pátio central, onde se encontrarão a maioria das atividades ao ar livre. As tipologias utilizadas formam diversos tipos de adição na fachada, dando a sensação de movimento. Os acessos são voltados para a pior orientação solar, de forma a estabelecer as áreas íntimas na face de maior incidência solar. Para acesso aos blocos, foram pensadas rampas, que além de uma forma de exercício físico, serve também como contemplação, já que o desnível faz com que o per-
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curso seja mais lento. Ao fundo do terreno foram dispostas as churrasqueiras, com um banheiro acessível próximo, o estacionamento compacto, que possui fechamento em relação ao conjunto, o salão de festas que possui conexão com as salas de uso coletivo, e adjacente à este, os reservatórios de água inferiores, contidos na volumetria. À frente do terreno, localizam-se as sete unidades comerciais, e já no interior do pátio, as duas salas de uso múltiplo, sendo de fácil acesso tanto para moradores quanto para comunidade.
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//setorização A setorização foi dividida conforme suas categorias na tabela de pré-dimensionamento: apoio, residencial, comercial e áreas sociais. A divisão das unidades foi de 2/3 para apartamentos de 1 dormitório e 1/3 para estúdios, ou monoambientes. As áreas sociais se concentram predominantemente ao centro do terreno, para que seja de fácil acesso a todos.
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Acesso comércio
Áreas de circulação
Rotas veículos
Passarelas
Acesso veículos
Acesso pedestres
Rotas pedestres
Rampas
Rua Conde Afonso Celso
Rua Gonçalves Dias
Av. Buarque de Macedo
Rua Ceará
//fluxos e acessos A proposta possui dois acessos ao conjunto, sendo a entrada de pedestres pela Avenida Buarque de Macedo, bem como situações emergenciais, como ambulâncias e bombeiros. O segundo acesso se localiza na Rua Gonçalves Dias e foi designado especialmente para veículos, possuindo mão dupla. Os acessos terciários não possuem conexão com o lote e são referentes à área comercial. Dentro do perímetro da edificação, os acessos aos apartamentos são alcançados por uma passarela que, recuada em relação à face das unidades, permite maior privacidade. Estas passarelas são unidas verticalmente pelas rampas, que fazem a circulação horizontal e possibilitam múltiplas visuais dentre o caminho. Entre elas, fica o acesso secundário, que une o pátio do salão de festas; e este por sua vez, conecta o pátio lateral, com a cancha de bocha, e a área de churrasqueiras com o restante.
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Comércio
Apartamentos para 2 pessoas Jardim sensorial Redário
Apartamentos para 1 pessoa
Estacionamento
//implantação 86 // VILA MINUANO
Academia ao ar livre
Salas de uso múltiplo
Espaços de estar
Espaços de estar Cancha de bocha
Mesa de damas e xadrez
Sala de estar comunitário Churrasqueiras
Salão de festas e apoio
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//vistas
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detalhes construtivos
//sistema construtivo
Os sistemas construtivos propostos são justificados pela proximidade de transporte, preço e regionalidade. Para tanto, serão utilizados tijolos cerâmicos, e em estrutura de pilares e vigas em concreto armado, de modo a aguentar o carregamento em balanço dos balcões e vãos livres. A ideia é trabalhar estes balcões em material metálico, de modo a não pesar nas visuais e ter mais possibilidades de forma, serão utilizados também em guarda-corpos e corrimãos.
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//materiais e revestimentos
Serão trabalhados os materiais como composição na paleta de cores, tendo o sistema construtivo como tons iniciais de uma proposta, juntamente com tons neutros. Para finalizar a composição, serão utilizados tons de madeira, a serem estudados posteriormente.
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Considerações Finais 94 // VILA MINUANO
Ao longo do trabalho pode-se perceber que a preocupação com a qualidade do envelhecimento e a forma como isso afeta o núcleo familiar vem sendo cada vez mais frequente. No que tange ao envelhecimento, foi há uma carência de legislações e diretrizes na área de habitação, as quais possam ser cumpridas em definições projetuais. O estudo de normativas, tipologias e referenciais de projeto - que existem e portanto se mostraram possíveis -, foram de grande auxílio na construção da ideia de uma habitação social coletiva para idosos, atendendo suas demandas que primam a saúde e o bem-estar. Para alcançar tal objetivo, foi essencial um estudo de tecnologias e materiais que possibilitem conforto térmico na busca por uma ambiência agradável, utilizando como diretriz a própria implantação no terreno, como aproveitamento das condicionantes locais, e que também não fossem somente dotados de valor estético, mas que estimulassem os outros sentidos. A proposta então acaba por aproveitar estes recursos e entende-se que apresente potencial como produto inicial, e que deve-se portanto dar continuidade ao mesmo.
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KIMBERLY PINHEIRO // 2018