Revista virtual Nosso Clínico 91 - Assinante

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Indexação Qualis ISSN 1808-7191 ANO 16 - Nº 91 - JAN/FEV 2013

Extração dentária: dentes unirradiculares pela via alveolar Bloqueio atrioventricular total em cão (ralato de caso) • Reparação cirúrgica de ruptura de uretra intra-pélvica com recuperação funcional em cão (relato de caso) • A utilização da terapia fotodinâmica (TFD) no tratamento da inflamação e infecção dos sacos anais em felinos • Astenia cutânea em gatos (relato de caso) • Intraóssea em animais silvestres: uma opção viável • Ocorrência de piometra em suçuarana (relato de caso)

ENCARTE: Clinica de Marketing COLUNAS: • Dicas do Laboratório • Leishmaniose • Nutrição Animal • Gestão Empresarial • Endocrinologia • Bem-Estar Animal • Fisioterapia Nosso Clínico • 1

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EDITORIAL

Resgate da Sabedoria “Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento? Onde está o conhecimento que perdemos na informação?” (Thomas Elliot, no poema “O ROCHEDO”, 1934)

Houve um tempo em que sábios mestres detinham a sabedoria. Seus discípulos ouviam respeitosamente seus ensinamentos e desta forma obtinham as informações necessárias para o crescimento pessoal e profissional. Não havia outra forma para obtenção do conhecimento. O tempo passou, as informações se multiplicaram e os mestres deixaram de ser detentores exclusivos do conhecimento. Hoje a informação está disseminada em nuvens que se conectam aos mais diversos aparelhos eletrônicos. Aparentemente não há necessidade em buscar sábios mestres, a informação está logo ali, ao alcance de computadores e tablets a cada dia mais velozes. Mas há ilusão nesta farta e acessível quantidade de dados. É crescente a confusão de informações, relevantes e úteis, com os diversos tipos de ruídos. Raros são os casos de discernimento para extrair apenas a boa informação. Esta confusão entre boa e má informação leva a conexões esdrúxulas que conduzem a um imperfeito e incompleto conhecimento. E sem conhecimento pleno, perde-se a sabedoria. Compete às publicações, como a NOSSO CLÍNICO, realizar a primeira etapa do processo, filtrando artigos de modo a apresentar conteúdo consistente e de valor, de forma independente. Ao leitor, com base nas selecionadas informações, construir continuamente o conhecimento que o diferenciará daqueles que nada absorvem ou absorvem em excesso, sem desconsiderar os ruídos existentes. Desta união de esforços, o resultado é previsível: ressurgimento da abandonada sabedoria. O momento é adequado para realizarmos o caminho inverso dos versos apresentados de T.S. Elliot: coletarmos as boas informações de modo que conduzam aos avanços no conhecimento, que permitirão a reconstrução da sabedoria perdida. Roberto Arruda de Souza Lima Professor da ESALQ/USP raslima@usp.br www.arruda.pro.br

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MEDICINA VETERINÁRIA PARA ANIMAIS DE COMPANHIA

SUMÁRIO

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ARQUIVO PESSOAL

cirúrgica de ruptura de uretra intra-pélvica com 18 Reparação recuperação funcional em cão (relato de caso)

dentária 8 Extração (parte I): Dentes

unirradiculares pela via alveolar ........................................ FOTO CAPA: ODONTOVET FOTO DESTAQUE: ARQUIVO PROVET (2010)

“NÓS APOIAMOS A CAUSA DOS ANIMAIS” Para mais informações visite:

em animais silvestres: 30 Intraóssea uma opção viável

ARQUIVO PESSOAL

da Terapia Fotodinâmica (TFD) no tratamento 24 Adautilização inflamação e infecção dos sacos anais em felinos 24 40

40 Astenia cutânea em gatos (relato de caso) 44 Ocorrência de Piometra em suçuarana (relato de caso) 30

LEANDRO CRIVELLENTI

44

E MAIS: • Clínica de Marketing (encarte) • Colunas (pág. 46)

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Nosso Clínico. - - vol. 1, n.1 (1998) - . -- São Paulo : Editora Troféu, 1998 il. : 21 cm Bimestral. Resumos em inglês, espanhol e português. ISSN 1808-7191. 1998 - 2008, 1-11 2013, 16 (n.91 - jan/fev 2013) 1. Veterinária. 2. Clínica de pequenos animais. 3. Animais silvestres. 4. Animais selvagens. Normas para Publicação de Artigos na Revista Nosso Clínico A revista Nosso Clínico tem sua publicação bimestral, com trabalhos de pesquisa, artigos clínicos e revisão de literatura destinados aos Médicos Veterinários, estudantes e profissionais de áreas afins. Além de atualizações, notas e informações, cartas ao editor e editoriais. Todos os trabalhos devem ser inéditos e não podem ser submetidos simultaneamente para avaliação em outros periódicos, sendo que nenhum dos autores será remunerado. Os artigos terão seus direitos autorais resguardados a Editora que em qualquer situação, agirá como detentora dos mesmos, inclusive os de tradução em todos os países signatários da Convenção Pan-americana e da Convenção Internacional sobre os Direitos Autorais. Os trabalhos não aceitos, bem como seus anexos, não serão devolvidos aos autores. Artigos científicos inéditos, revisões de literatura e relatos de caso enviados à redação serão avaliados pela equipe editorial. Em face do parecer inicial, o material é encaminhado aos consultores científicos. A equipe decidirá sobre a conveniência da publicação, de forma integral ou parcial, encaminhando ao autor, sugestões e possíveis correções.

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Para esta primeira avaliação, devem ser enviados pela internet (nossoclinico@nossoclinico.com.br) arquivo de texto no formato .doc ou .rtf com o trabalho e imagens digitalizadas no formato .jpg. No caso dos autores não possuírem imagens digitalizadas, cópias das imagens acompanhadas da identificação de propriedade e autor, deverão ser enviadas via correio ao departamento de redação. Os autores devem enviar também a identificação de todos o autores do trabalho com endereço, telefone e e-mail. Os artigos de todas as categorias devem ser acompanhados de versão em língua inglêsa e espanhola de: título, resumo (com 600 a 800 caracteres) e unitermos (de 3 a 6). No caso do material ser totalmente enviado pelo correio devem ser necessariamente enviados, além da apresentação impressa, uma cópia em disquete de 3,5’’ ou CD-rom. Imagens, tabelas, gráficos e ilustrações não podem em hipótese alguma ser proveniente de literatura, mesmo que indicado a fonte. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo; e quando cedida por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para a publicação. As referências bibliográficas serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao final da citação, que corres-

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DANIELE RODRIGUES

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CLÁUDIO KANAYAMA

16 Bloqueio Atrioventricular Total em cão (relato de cso)

PROVET (2010)

ANO 16 - N° 91 - JANEIRO / FEVEREIRO 2013


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Extração dentária (Parte I): Dentes unirradiculares pela via alveolar “Dental extraction (Part I): Single-rooted teeth via alveolar”

ODONTOVET

“Extracción de dientes (Parte I): Dientes unirradiculares através de la via alveolar”

M.V. e C.D. Michèle A.F.A. Venturini Equipe Odontovet Mestre em Cirurgia pela FMVZ-USP michele@odontovet.com M.V. Daniel G. Ferro* Doutor pela FMVZ-USP Equipe Odontovet Unidade OdontovetProvet Anália Franco ferro@odontovet.com M.V. Herbert Lima Correa Equipe Odontovet Mestre em Cirurgia pela FMVZ-USP herbert@odontovet.com M.V. Bruna Carboni Equipe Odontovet – Unidades Butantã Especializada em odontologia veterinária pela FMVZ-USP bruna@odontovet.com M.V. Jonathan Ferreira Equipe Odontovet – Unidades Butantã e Anália Franco Mestre em cirurgia pela FMVZ-USP jonathan@odontovet.com * Autor para correpondência

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“Neste artigo será abordada a extração simples de dentes uni-radiculares por via alveolar sem descrição de técnicas avançadas para extração de dentes bi ou tri-radiculares. As mesmas serão abordadas em um próximo artigo.” RESUMO: A exodontia é classificada como cirurgia menor. É a mais frequente na rotina do atendimento odontológico. Várias afecções em cavidade oral dos cães e gatos podem levar à necessidade de extração de um dente. As principais são a doença periodontal e a lesão reabsortiva dos felinos, seguidas pela persistência dos dentes decíduos, fratura dental com exposição de polpa quando o tratamento endodôntico não é possível, dente incluso, dente supranumerário, mal posicionamento dental com trauma oclusal e dente em foco de fratura mandibular ou maxilar. Para sua correta realização é necessário conhecer a anatomia do dente que deverá ser extraído e de suas estruturas adjacentes e quais os instrumentais necessários e adequados para cada passo da técnica. Os princípios básicos da extração simples via alveolar são sindesmotomia, luxação e avulsão do dente, curetagem do alvéolo e sutura. O conhecimento destas informações torna o procedimento menos traumático para o paciente e para o cirurgião, mais rápido e com melhor pós-operatório. Unitermos: extração dentária, cirurgia bucal, cães, gatos ABSTRACT: Extraction is considered as a minor surgery. Is the most frequent procedure done in the routine of a dental clinic. Some diseases in oral cavity of dogs and cats can lead to extraction of a tooth. The main one are periodontal disease and dental resorption in cats, followed by deciduous teeth persistence, impacted tooth, dental fracture with pulp exposition when endodontic treatment is not possible, supernumerary tooth, tooth badly positioned with oclusal trauma and tooth in fracture focus. For its correct accomplishment it is necessary to know the anatomy of the tooth to be extracted and it’s adjacent structures and which instruments are necessary and adequate for each step of the technique. The basics principles of the simple alveolar extraction are sindesmotomy, tooth luxation and avulsion, alveolus curettage and suture. The knowledge of these informations will promote a less traumatic, for the patient and the surgeon, and faster procedure, promoting a better post-operative. Keywords: dental extraction, oral surgery, dogs, cats RESUMEN: El exodontia es considerada una cirugía menor. Es la más frecuente en la rutina del atención odontológico. Algunas afecciones en el cavidad órale de los perros y los gatos pueden conducir a la necesidad del extracción de un diente. Las principales son la enfermedad periodontal y la lesión reabsortiva de los delinos, seguidas de la persistencia de los dientes caducas, la fractura dental con la exposición de la pulpa cuando el tratamiento endodôntico no es posible, diente incluso, dientes supranumerarios, mal posición dental con trauma oclusa y diente en foco de fractura de mandíbula e maxila. Para su correcta realización es necesario conocer la anatomía del diente que tendrá ser extraído y sus estructuras adyacentes e los instrumentales necesarios e ajustados para cada paso de la técnica. Los principios básicos de extracción simples por vía alveolar son sindesmotomia, luxación e avulsión del diente, curetaje del alvéolo y sutura. El conocimiento de estas informaciones convierte lo procedimiento menos traumático, para el paciente e el cirujano, e mas rápido, promoviendo un postoperatorio mejor. Palabras clave: extracción dental, cirugía oral, perros, gatos

Revisão de literatura Apesar dos avanços das técnicas na odontologia veterinária dos últimos anos, a extração dentária ainda é o procedimento cirúrgico mais frequente na prática odontológica de cães e gatos. Mesmo sendo muito comuns e consideradas cirurgias menores, devem ser realizadas com o mesmo preparo e conhecimento que qualquer outro procedimento cirúrgico pois podem ter complicações. É importante ressaltar que antes de indicar a extração, é necessário avaliar as possibilidades de tratamentos mais conservadores1,22. A exodontia é a remoção do dente de seu alvéolo através de uma dilatação deste e com o rompimento

das fibras periodontais que ligam o dente ao tecido ósseo3,4. As extrações podem ser divididas em simples, também chamadas de não cirúrgicas ou por via alveolar, ou complicadas, também conhecidas por cirúrgicas ou por via extra-alveolar5,6,7. As extrações simples não necessitam de incisão em gengiva ou mucosa, apenas no sulco gengival, ou secção do dente (odontossecção) e normalmente são realizadas em dentes unirradiculares. As extrações cirúrgicas requerem incisão de gengiva e mucosa para realização de retalho, e/ ou odontossecção, quando o dente for bi ou trirradiculado, e/ou remoção de osso alveolar6. Uma exodontia


Passo 1: obtenção do consentimento do proprietário É importante obter, preferencialmente por escrito, o consentimento prévio do proprietário para a realização da extração. Se a necessidade de exodontia for percebida durante o tratamento, é importante ter um número de telefone para poder conversar com o proprietário, explicar-lhe a necessidade do procedimento e obter o seu consentimento. Se isso não for possível, o ideal é documentar a alteração com fotografias e radiografias intra-orais e agendar uma nova data para a realização do tratamento necessário1.

Passo 3: obtenção de boa visibilidade e acesso ao campo cirúrgico O paciente deve ser posicionado de forma a permitir o máximo de visibilidade da região a ser abordada e promover conforto ao cirurgião. Muitas vezes durante o procedimento, o posicionamento do paciente deve ser ajustado, assim como o do medico-veterinário. A iluminação deve ser forte e focada na área da cirurgia. Abridores de boca podem ser usados para facilitar o acesso e a visão do dente a ser extraído. Lupa cirúrgica pode ser de grande auxílio para aproximação da região da furca por exemplo ou de um fragmento de raiz no alvéolo1,7,12. Passo 4: controle de dor A dor pode ser fisiológica (de proteção) ou patológica (lesão do tecido ou do nervo). O objetivo do controle da dor associada a extração dental é diminuir a dor patológica associada à afecção dental e diminuir ou eliminar a dor aguda após a exodontia7. As extrações são procedimentos cirúrgicos de dor moderada a severa para o paciente. Dependendo da saúde do paciente, pode-se usar associação de várias modalidades de analgesia: combinação de opioides, anti-inflamatórios não esteroidais, anestesia local (ver edição 78 2010 de NOSSO CLÍNICO) e drogas dissiociativas1. Passo 5: sindesmotomia A sindesmotomia representa o descolamento do ligamento periodontal. O objetivo da sindesmotomia é liberar a gengiva do dente para permitir melhor acesso ao osso alveolar e ligamento periodontal, além de proteger a gengiva de eventuais traumas durante o procedimento. Pode ser realizada com o auxílio de uma lâmina de bisturi n.11 ou 15, um elevador periostala

(figura 1) ou um sindesmótomo. O instrumental escolhido é introduzido no sulco gengival com sua ponta angulada voltada para o dente evitando trauma na gengiva (figura 2). Uma vez que o ligamento do sulco gengival seja seccionado ou rompido, o instrumental deve ser avançado apicalmente até o osso alveolar Esta manobra deve ser realizada ao redor de toda a circunferência dental1,6,7.

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Passo 2: realização de radiografias intra-orais Com o paciente sob anestesia geral, radiografias intra-orais com filme convencional número 2 ou 4 ou radiografias digitais devem ser realizadas antes da extração do dente. Permitem avaliar a severidade da afecção, alterações radiculares e presença de anquilose: informações importantes para o planejamento da extração, além de documentarem o caso. Após a extração do dente, uma nova radiografia pode ser realizada para comprovar a ausência de raízes remanescentes1,7.

Figura 1: Visão frontal e lateral de ponta ativa do Descolador de Freer

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simples pode evoluir para extração complicada quando ocorre fratura radicular durante o procedimento. O conhecimento da técnica e o uso de instrumentais adequados é de suma importância para o sucesso do procedimento5. A remoção de um ou vários dentes no cão e no gato pode ser indicada por vários motivos. Os mais frequentes são a doença periodontal que pode acometer 85% dos cães e gatos em idade adulta5 e a lesão reabsortiva nos felinos que pode ser vista em até dois terços dos gatos domésticos e cuja prevalência aumenta com a idade do paciente8,9. A periodontite pode resultar em grande perda óssea e as extrações normalmente são facilitadas e não requerem retalho ou remoção óssea7. Nos quadros de lesão reabosrtiva, devido à fragilidade dental e à anquilose progressiva do dente no alvéolo, a exodontia pode se tornar difícil1010. As fraturas dentais com exposição pulpar podem ser uma indicação de extração dentária quando o tratamento endodôntico não é indicado ou possível de ser realizado. Dentes decíduos fraturados ou persistentes, dentes supranumerários, dentes inclusos, dentes em foco de fratura de mandíbula ou maxila, dentes mal posicionados causando trauma oclusal ou dentes com falha no tratamento endodôntico, também têm indicação de exodontia2,6,11. É importante ressaltar que, como em qualquer procedimento cirúrgico, a utilização de instrumentais adequados e o conhecimento da técnica permitirão intervenções eficientes minimizando o trauma e desconforto do paciente e permitindo rápida recuperação1,2,4,5,1212. Neste artigo, serão abordados os passos para a realização da extração simples, por via alveolar que representam os princípios básicos para qualquer tipo de exodontia.

Figura 2: Imagem de cavidade oral de cão evidenciando ponta ativa de Descolador de Freer sendo introduzido no sulco gengival para iniciar sindesmotomia. Notar empunhadura e apoio dos dedos sobre os dentes adjacentes ..................................................................................

Passo 6: luxação do dente A luxação do dente consiste em soltar o dente do alvéolo dentário rompendo o ligamento periodontal com o auxílio de alavancas ou elevadores de raiz1,2,3,5,6,7,11,12. Descolador de Freer ou Descolador de micro-Freer

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A ponta do instrumental é inicialmente introduzida no espaço periodontal, entre o osso alveolar e a raiz dental (figura 3a e 3b) de maneira delicada porém firme. Com a alavanca ou elevador de raiz em posição, aplica-se força leve no sentido apical ao mesmo tempo que se rotaciona o instrumento levemente mantendo-o nesta posição por 10 a 30 segundos. É importante lembrar que o ligamento periodontal é resistente à forças intensas e de curta duração. Porém, forças de menor intensidade e maior duração (10 a 30 segundos) causam fadiga e hemorragia entre suas fibras. O procedimento é então repetido ao redor de todo o dente sendo que, a cada novo posicionamento, faz-se novo intento de inserção mais apical. Dependendo do grau de comprometimento do dente e do

seu tamanho, a técnica deve ser repetida várias vezes1,2,5,6,7. A luxação dental é a etapa mais delicada da exodontia. É importante a correta empunhadura da alavanca para que não ocorram traumas em estruturas adjacentes (mucosa, glândula salivar, passagem nasal, olho) se porventura o instrumental escapar ou escorregar do espaço periodontal. O instrumental deve ser posicionado na palma da mão e o dedo indicador próximo à ponta ativa do instrumental (figura 4)1,2,5,6,7. A força aplicada não deve ser excessiva para não causar a fratura do dente ou do osso alveolar1,5. Nesta fase, a mão que não segura a alavanca deve dar apoio externo, ou na maxila se a extração for de um dente superior ou na mandíbula se for um dente inferior,

para dar suporte quando a força é exercida. Este apoio é mais importante na mandíbula que pode fraturar dependendo da força exercida1,2,5. O segredo do sucesso da avulsão é controle da força e paciência. Apenas a luxação lenta e consistente permitirá liberar o dente sem fraturá-lo1,12.

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Figura 3a: Imagem de crânio de felino evidenciando ponta ativa de alavanca penetrando espaço do ligamento periodontal com finalidade de luxação do dente

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Figura 4: Imagem ilustrando correta empunhadura da alavanca apoiando seu cabo na palma da mão e com dedo indicador próximo à ponta ativa ..................................................................................

Figura 3b: Imagem de cavidade oral de felino mostrando posicionamento da ponta ativa da alavanca em região do espaço periodontal para realização da luxação. Notar empunhadura do instrumental com limitação da ponta ativa pelo dedo indicador e apoio da região da mandíbula com a outra mão 10 • Nosso Clínico

Passo 7: avulsão do dente A avulsão do dente representa sua remoção do alvéolo e é realizada quando o dente já está luxado completamente. Normalmente é realizada com um fórcepsb. A ponta do instrumento está adaptada para segurar o dente na junção amelo-cementária (colo do dente) (figuras 5 e 6) e não é indicada para segurar sua coroa. É importante sempre posicionar o fórceps nesta região ou mais apicalmente na raiz para tracionar o dente e puxá-lo do alvéolo6,7. Aplicar força com o fórceps pode levar à fratura da raiz do dente. Em alguns casos, como nos dentes pré-molares, as raízes são cilíndricas permitindo a aplicação de força de rotação sobre o longo eixo do dente ao mesmo tempo que é tracionado. Isso não deve ser realizado no caso de anormalidades da raiz (dilaceração ou reabsorção) visualizadas na radiografia inicial1. Pensar que o fórceps é a extensão dos dedos ajuda no controle da força. Empurrar o dente no sentido apical, antes de tracioná-lo, pode ajudar a romper algumas fibras que ainda estejam presas ao dente4. b

Fórceps universal para odontopediatria


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também ajudará na cicatrização do alvéolo e na manutenção da crista alveolar1,3,5,.

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Figura 5: Imagem ilustrando fórceps sendo posicionado na região amelocementária do dente para realizar a avulsão

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Figura 6: Imagem de cavidade oral de felino mostrando posicionamento do fórceps em região abaixo da linha amelocementária para realização da avulsão do dente

Se o dente não pode ser tracionado facilmente, deve-se realizar nova luxação até que o desprenda-se completamente do alvéolo1. Passo 8: alveoloplastia É realizada para regularizar o rebordo ósseo permitindo cicatrização mais rápida dos tecidos moles e conforto para o paciente. Utiliza-se broca esférica ou, preferencialmente, ponta diamantada esférica montada em caneta da alta rotação com refrigeração1,7. 12 • Nosso Clínico

Quando não é possível utilizar a caneta de alta rotação, a alternativa são as limas ósseas para realizar a alveoloplastia1. Após esta manobra, o alvéolo deve ser limpo com um turbilhonamento de solução de clorexidine ou com o auxílio de uma curetac para remover eventuais resíduos de cálculo, osso ou dente e promover a formação do coágulo que será essencial na reparação óssea no local1,2,3. O alvéolo pode ser preenchido com material osteoindutor que c

Cureta de Lucas 85

Passo 9: sutura do sitio de extração Este passo é controverso entre os dentistas veterinários. Alguns textos indicam a sutura apenas nos casos de várias extrações e outros recomendam sempre suturar1,3,6. Segundo Harvey2, a sutura é somente necessária quando toda a gengiva aderida do dente tiver sido afastada intencional ou acidentalmente. A sutura tem por objetivos promover hemostasia, manter o coágulo em posição dentro do alvéolo, obter a cicatrização por primeira intenção dando maior conforto e estética ao paciente1,3,6. Indica-se o uso de fio absorvível natural, catgute cromado, ou sintético, ácido poliglicólico ou poliglecaprone, 3-0 a 5-0, dependendo do tamanho do paciente1,7. A sutura é realizada com pontos simples separados distantes de 2 a 3 milímetros. É importante lembrar que para o sucesso da cicatrização não deve haver tensão para a aproximação das bordas da ferida1. É importante controlar a dor do paciente no pós-operatório. A analgesia pósoperatória pode ser obtida com anti-inflamatórios não esteroidais, narcóticos não ópiodes como o tramadol ou a combinação de ambos que pode promover melhores resultados6,7. Discussão e Conclusão Efetivamente as extrações dentárias são muito frequentes na rotina de do atendimento odontológico principalmente devido à doença periodontal e à lesão reabsortiva1,2,3,5,8,9. Quando um paciente é atendido por um médico-veterinário especializado, é esperado que o proprietário anseie por abordagem conservadora. Porém, a manutenção de um dente em cavidade oral depende de vários fatores como gravidade da afecção que o está comprometendo, idade e estado de saúde do paciente, tempo e número de anestesias a que o paciente poderá ser submetido para o tratamento, disponibilidade do proprietário para realizar cuidados necessários em casa após o tratamento e índole do paciente. A apresentação e a discussão destes fatores permitirá ao proprietário entender e aceitar a extração de um ou de vários dentes, consentindo com o procedimento indicado1. As radiografias intra-orais e fotografias, antes e após a extração, servem para o planejamento cirúrgico mas também como documentação e comprovação da


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necessidade da exodontia1,5. Mostrar a gravidade da afecção através das radiografias e fotografias ajuda o médico-veterinário a explicar ao proprietário a indicação do procedimento. A compreensão e o consentimento da extração minimizarão o descontentamento por parte do proprietário e reduzirão a possibilidade de desacordos comerciais. A realização da sequência completa para exodontia é de suma importância para minimizar os danos ao paciente e facilitar a remoção do dente. A boa visibilidade do dente a ser extraído e o bom posicionamento do cirurgião1,5,12 facilitarão o uso dos instrumentais (sindesmotomo, elevador periostal e alavancas) necessários minimizando os riscos de iatrogenias no paciente. É importante lembrar que o médicoveterinário com rotina intensa de atendimentos odontológicos, poderá desenvolver ao longo dos anos, lesões posturais importantes por falta de atenção às normas de ergonomia. A sindesmotomia permite a melhor visibilidade da região que será manipulada no momento da luxação e pode ser realizada com lâmina de bisturi n.11 ou 15, sindesmótomo ou elevador periostal1,6,7. A lâmina de bisturi, cortante, e o sindesmótomo (ponta ativa aguda) devem ser utilizados com cautela pois podem facilmente lesar a gengiva ou tecidos adjacentes. Para iniciantes, aconselha-se o uso do elevador periostal que, por ter a ponta ativa romba, minimiza os riscos de traumas indesejados. Estes instrumentais devem ser empunhados como uma caneta e o movimento de força para descolamento da gengiva deve ser realizado apenas com a movimentação dos dedos. A fase de luxação pode ser considerada a mais critica e a que requer maior paciência por parte do cirurgião. A escolha adequada do instrumental bem como sua empunhadura são determinantes para a realização adequada da manobra1,2,5,6,7. O mercado nacional apresenta poucas opções de alavancas modificadas para o uso veterinário, o que faz com que o médico-veterinário opte por usar alavancas de uso humano que não são adaptadas para a anatomia dos dentes de cães e gatos, principalmente. Os instrumentais de uso humano podem ter dimensões grandes, sendo de difícil sua introdução no espaço periodontal, dificultando a luxação e podendo causar maior dano aos tecidos adjacentes, principalmente ao osso alveolar1,5. A empunhadura indicada pelos autores 1,2,5,6,7 permitirá exercer a força, tanto em sentido apical quando de rotação sobre o longo 14 • Nosso Clínico

eixo do instrumental, adequada para o rompimento das fibras do ligamento periodontal. A indicação de manter o instrumento em posição por 10 a 30 segundos deve ser seguida pois é desta forma que se obtém completa passagem do módulo de elasticidade do ligamento para o módulo de plasticidade, gerando fadiga e ruptura. O complexo formado pelos ligamento alveolares é formado e age sob constante impacto da mastigação e de mordedura. Estes fenômenos provocam processos de tensão e tração que, fisiologicamente, mantêm seu módulo de elasticidade inalterado. Em suma, os dentes são preparados para sofrer movimentos intensos e de curta duração. Aconselha-se o cirurgião a efetivamente contar ou acompanhar com um relógio este tempo que, apesar de curto, pode parecer longo se não monitorado. Mesmo o procedimento sendo realizado ao redor de todo o dente como descrito pelos autores1,2,5,6,7 pode acontecer do dente não se apresentar luxado o que normalmente causa desânimo e irritação. Neste momento é importante o cirurgião parar de trabalhar neste dente e realizar outro procedimento, como profilaxia por exemplo, para depois retornar ao trabalho. Perder a paciência no momento da luxação é caminhar para o insucesso1,12. A anatomia dental em humanos permite a utilização do fórceps para a luxação do dente. Em animais, o uso do fórceps para romper o ligamento periodontal acarreta fratura radicular porque as fibras ligadas às raízes prendem firmemente a porção apical ao osso alveolar. Raízes longas, então, ao serem tracionadas em movimento circular não suportam a tensão e fraturam. E de suma importância, portanto, que o dente esteja completamente luxado antes de se tentar removê-lo do alvéolo6,7. Muitas vezes, se a luxação tiver sido bem realizada, não é preciso utilizar o fórceps para tracionar o dente. O fórceps deve agir tão somente como pinça para remover o dente do alvéolo. Quando o dente é retirado do alvéolo, a crista óssea está irregular. Realizar a alveoloplastia com brocas esféricas ou diamantadas montadas em canetas de alta rotação1,7 otimiza o trabalho frente a limas ósseas. Porém, se o cirurgião não estiver habituado ao manuseio deste equipamento, pode facilmente causar lesão em tecidos moles adjacentes. Aconselha-se para o médico-veterinário iniciante a utilização das limas ósseas. A alveoloplastia permitirá obter rebordo alveolar regular e plano

e, quando a gengiva for reposicionada para a sutura, terá contato com rebordo suave e pouco angulado, conferindo maior conforto ao paciente após a cirurgia. A necessidade de sutura da gengiva é controversa1,2,6. Concorda-se com alguns autores1,7 que deva ser realizada sempre que possível para o conforto do paciente utilizando fio absorvível em pontos simples separados. A utilização deste fio evitará anestesias subsequentes para a remoção dos pontos. A analgesia pós-operatória6,7 é importante é deve ser praticada para que o paciente sinta conforto e volte a se alimentar normalmente. A literatura norte-americana não mencionara o uso da dipirona pois a mesma não é permitida nos EUA. No Brasil, ela é amplamente indicada como analgésico pós operatório nos casos de extrações de dentes unirradiculares não sendo necessária a prescrição de cloridrato de tramadol como sugerido pelos autores. A extração por via alveolar pode ser um procedimento simples desde que realizado da forma adequada. Se não tratadas com respeito, podem e irão levar a complicações como fraturas de raízes e/ou iatrogenias importantes. Referências 1 - NIEMIC, B.A. Extraction techniques. Topics in Companion Animal Medicine, v.23(2), p.97-105, 2008. 2 - HARVEY, C.E.; EMILY, P.P. Small Animal Dentistry. Mosby, 1993, 413p. 3 - GIOSO, M.A. Odontologia Veterinária para o clínico de pequenos animais - 2a edição, Manole, 2007, 145p. 4 - DYM, H.; WEISS, A. Exodontia: tips and tecniques for better outcomes. Dental Clinics of North America, v.56, p.245-266, 2012. 5 - WIGGS, R.B.; LOBPRISE, H.B. Veterinary dentistry - Principles and practice. Philadelphia, Lippincot-Raven, 1997, 748p. 6 - VERSTRAETE, F.J.M.; LOMMER, M.J. Oral and maxillofacial surgery in dogs and cats. Saunders Elsevier, p.97-114, 2012. 7 - DeBOWES, L.J. Simple and surgical exodontia. Veterinary Clinics of North America - Small Animal Practice, v.35, p.963-984, 2005. 8 - INGHAM, K.E.; GORREL, C.; BLACKBURN, J. et al. Prevalence of odontoclastic resorptive lesion in a population of clinically healthy cats. Journal of Small Animal Practice, v.42, p.439-443, 2001. 9 - LUND, E.M.; BOHACEK, L.K.; DALKE, J.L. et al. Prevalence and risk factors for dontoclastic resorptive lesion in cats. Journal of American Veterinary Medicine Association, v.212, p.392-395, 1998. 10 - EICKHOFF, M. Odontologia em gatos – prevenção, diagnóstico e tratamento. Revinter, p.103, 2011. 11 - LEGENDRE, L.F. Dentistry on decíduous teeth: what, when and how. Canadian Veterinarian Journal, v.35, p.793794, 1994. 12 - SHEELS, J.L.; HOWARD, P.E. Principles of dental extraction. Seminars in veterinary and medicine surgery (small animal), v.8, n.3, p.146-154, 1993.


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Bloqueio Atrioventricular Total em cão (relato de caso) “Total Atrioventricular Block in a dog (a case report)” “Bloqueo Auriculoventricular Completo en perro (caso clínico)” Juliana Finkensieper Couto* (julianacouto22@yahoo.com.br) Médica-Veterinária; Pós-graduada em Cardiologia Veterinária pela ANCLIVEPA-SP; Eletrocardiografista do Provet Medicina Veterinária Diagnóstica Flávia Regina Ruppert Mazzo Médica-Veterinária; Mestre em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Responsável pelo Setor de Eletrocardiografia do Provet Medicina Veterinária Diagnóstica Iaskara Regina Saldanha Médica-Veterinária; Eletrocardiografista do Provet Medicina Veterinária Diagnóstica; Ecocardiografista e Eletrocardiografista do Badiglian Fernanda Fontalva Cordeiro Médica-Veterinária; Mestre em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual Paulista - UNESP Botucatu; Responsável pelo Setor de Cardiologia do Spécialité Diagnóstico Veterinário; Ecocardiografista do Provet Medicina Veterinária Diagnóstica Thalita Marçal Vieira Médica-Veterinária; Ecocardiografista do Provet Medicina Veterinária Diagnóstica; Ecocardiografista e Eletrocardiografista do IVI - Instituto Veterinário de Imagem * Autora para correspondência

RESUMO: O marca-passo artificial é um dispositivo capaz de provocar estímulos elétricos no coração quando o marca-passo cardíaco falha ou pára. Sua implantação é indicada nos casos de bradiarritmias, onde a baixa frequência cardíaca causa sinais de baixo débito, como no bloqueio atrioventricular total (BAVT). Os sinais clínicos do BAVT variam desde inexistentes, insuficiência cardíaca, síncopes, até morte súbita. A indicação de tratamento pela literatura é a implantação de marca-passo artificial. Este trabalho objetiva relatar o caso de uma paciente com BAVT que foi submetida à colocação de marca-passo artificial. Unitermos: marca-passo artificial, bradiarritmia, bloqueio atrioventricular, cardiologia, cães ABSTRACT: The pacemaker is a device capable of causing electrical stimuli in the heart when the cardiac pacemaker failure. It is used in cases of bradyarrhythmias, where a slow heart rate causes low output signals, as in total atrioventricular block (TAVB). The clinical signs range from asymptomatic arrhythmias, syncope and sudden death, even heart failure. Treatment indicated in the literature for TAVB is the implantation of artificial pacemaker. This paper aims to report the case of a patient with TAVB who underwent placement of an artificial pacemaker. Keywords: artificial pacemaker, bradyarrhythmia, atrioventricular block, cardiology, dogs RESUMEN: El marcapasos artificial es un dispositivo capaz de causar la estimulación eléctrica em corazón cuando el marcapasos cardíaco presenta um fallo. Su aplicación está indicada en casos de bradiarritmias, donde la frecuencia cardiaca baja hace que las señales de salida de bajos, como en el nódulo auriculoventricular (AV). Los signos clínicos de bloqueo auriculoventricular completo van desde inexistentes a insuficiencia cardíaca, ae síncope incluso la muerte súbita. El tratamiento sugerido por la literatura es la implantación de un marcapasos artificial. Este estúdio objetivamente presenta el caso de un paciente com bloqueo auriculoventricular completo que se sometieron a la colocación de un marcapasos artificial. Palabras claves: marcapasos artificial, bradiarritmias, bloqueo auriculoventricular, cardiologia, perros

Relato de Caso Um bulldog, fêmea de dois anos compareceu a um centro de diagnósticos para realização de exames após relato de síncopes, prostração e cansaço excessivo há dois meses. As alterações encontradas foram: mucosas congestas, respiração taquipneica, pulso irregular e frequência cardíaca de 32 bpm. No eletrocardiograma o animal apresentou BAVT, com ondas P bloqueadas e escapes de origem ventricular. As radiografias de tórax em duas projeções não demonstraram alterações em silhueta cardíaca e grandes vasos. 16 • Nosso Clínico

O ecodopplercardiograma demonstrou hipercinesia de septo e parede ventriculares e aumento moderado do átrio esquerdo. No mapeamento do fluxo em cores evidenciou-se insuficiência mitral de grau discreto. Resultados Após a implantação do marca-passo artificial a paciente retornou para repetir o eletrocardiograma que apresentou frequência ventricular de 75 bpm, com persistência da dissociação atrioventricular, pois o tipo de marcapasso utilizado para correção do BAVT foi de única câmara,


FONTE: PROVET, 2010 FONTE: PROVET, 2010

Figura 1: Traçado eletrocardiográfico da paciente demonstrando bradicardia ( FC= 32 bpm) em decorrência do BAVT em velocidade: 50 mm/s e sensibilidade N= 1 cm

Figura 2 : Traçado eletrocardiográfico da paciente demonstrando normalização da frequência cardíaca ( FC= 75 bpm) após a implantação do marcapasso artificial em velocidade: 50 mm/s e sensibilidade N= 1 cm

Conclusão Após a implantação do marca-passo artificial houve remissão total dos sinais clínicos, o que mostra que o tratamento foi efetivo para manter a frequência cardíaca e débito cardíaco compatíveis com uma sobrevida normal da paciente.

FONTE: PROVET, 2010

Referências

Figura 3: Imagem radiográfica do dispositivo de marcapasso após implantação do eletrodo em ventrículo direito

2 - BRAUNWALD, E.; ZIPES, D.P.; LIBBY, P. Cap. Arritmias Específicas: Diagnóstico e Tratamento. In: OLGIN, J.E.; ZIPES, D.P. Tratado de Med. Cardiovascular. 6.ed., Massachussetts. Roca, 2003, p.888892. 3 - BUCHANAN, J.W.; DEAR, M.G. e PYLE, R.L. Medical and Pacemaker Therapy of Complete Heart Block and Congestive Heart Failure in a Dog. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.152, n.8, april 15, p.1099-1109, 1968. 4 - ETTINGER, S.J. Cap: Arritmias Cardíacas - Seção VIII: O Sistema Cardiovascular. In: ETTINGER, S.J. Tratado de Medicina Interna Veterinária, 3.ed., Califórnia: Manole, 1992, v.4. n.2, p.1104-9; 1143-50.

FONTE: PROVET, 2010

Figura 4: Imagem ecocardiográfica demonstrando a presença de eletrodo do marcapasso no interior do ventrículo direito

que provoca estímulo ventricular apenas e não causa supressão do nó sinusal. Na radiografia de tórax e ecodoppler-

1 - ALLEN, P.; ROBERTSON, R.; TRAPP, W. Indications for Treatment of Complete Atrioventricular Dissociation. Canad. Med. Ass. J., v.91, n.5, sept, p.547552, 1964.

cardiograma observou-se o dispositivo do marca-passo com eletrodo no ventrículo direito.

5 - HILDEBRANDT, N.; STERTMANN, W.A.; WEHNER, M.; SCHNEIDER, I.; NEU, H. e SCHNEIDER, M. Dual Chamber Pacemaker Implantation in Dogs with Atrioventricular Block. Journal of Veterinary Internal Medicine, v.23, n.1, p.31-8, 2009. 6 - TILLEY, L.P.; GOODWIN, J.K. Cap.18. Tratamento de Arritmias Cardíacas e Distúrbios de Condução. In: CARR, A.P.; TILLEY, L.P.; MILLER, M.S. Manual de Cardiologia para Cães e Gatos. 3.ed., São Paulo. Roca, 2002, p.364-366 Nosso Clínico • 17


Reparação cirúrgica de ruptura de com recuperação funcional em cão - relato de caso “Surgical repair of ruptured intra-pelvic urethra with functional recovery in a dog - case report” “La reparación quirúrgica de la rotura intra-pélvica uretra con la recuperación funcional en un informe perro reporte de um caso” Tiago Barbalho Lima* (barbalho.tiago@gmail.com), Leonardo Martins Leal (leonardo.vet@hotmail.com), Josiane Morais Pazzini (josipazzini@hotmail.com): Mestrandos do programa de pósgraduação em Cirurgia Veterinária FCAV/UNESP - Jaboticabal, SP Vera Márcia Mucsi Cipólli (vmarcia@hotmail.com) Médica-Veterinária anestesista da Ufape - Vet Intenzív Paulo Vinícius Tertuliano Marinho (paulo_veter@hotmail.com) Residente de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais - FCAV/UNESP Jaboticabal, SP Sonia Niara Sales Santana (niara_sales@hotmail.com) Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária - FCAV/UNESP Jaboticabal, SP * Autor para correspondência

RESUMO: As rupturas de uretra intra-pélvica são incomuns, e geralmente, causadas por acidentes automobilísticos associado a fraturas de pelve. O tratamento é cirúrgico e não deve ser prolongado, evitando-se complicações pelo acúmulo de urina na cavidade pélvica ou abdominal. Objetiva-se relatar o caso de um cão diagnosticado com avulsão da junção uretro-prostática causada por trauma automobilístico submetido a anastomose dos segmentos rompidos associado a omentalização da lesão. As complicações das técnicas foram evitadas com o uso de sonda uretral no pós-operatório. Conclui-se que a técnica cirúrgica aplicada associada ao uso de sonda uretral foram boas alternativas de tratamento contribuindo para cicatrização da uretra. Unitermos: cirurgia, uretra, trauma, canino ABSTRACT: The lesion of the urinary tract that affects more dogs and cats is the rupture of the urethra occasionally from automobile injuries can be associated with pelvic fractures and bone penis. Clinical signs include dysuria, anuria, hematuria, pain, swelling and displacement of the perineum, but vary depending on the extent and location of the lesion. The diagnosis is confirmed by examining cystourethrography positive contrast. The most effective treatment consists of surgical maneuvers as urethroplasty associated omentopexy. This study aims to report a case of surgical repair of rupture at the junction of the prostatic urethra and intra-pelvic posttraumatic highlighting a dog in the surgical techniques for correction Keywords: surgery, urethra, injuries, canine RESUMEN: La interrupción del comercio intra-pélvica uretra son poco frecuentes y generalmente es causada por los accidentes de tráfico asociados a las fracturas de la pelvis. El tratamiento es quirúrgico y no debe ser extendida, evitando complicaciones por la acumulación de orina en la cavidad abdominal o pélvica. Su objetivo es presentar un caso de un perro diagnosticado con avulsión del trauma uretral unión-prostática causada por coche sufrió anastomosis de los segmentos roto omentalização asociado con la lesión. Las complicaciones de las técnicas se han evitado con el uso de la sonda uretral después de la operación. Se concluye que la técnica quirúrgica asociado con el uso de la sonda uretral eran un buen tratamiento alternativo contribuye a la cicatrización de la uretra. Palabras clave: la cirugía, la uretra, lesiones, canino

Introdução A uretra canina no macho é dividida em porções prostática, membranosa (intra-pélvica) e cavernosa2. Lesões uretrais em animais podem ocorrer como resultado de trauma de biópsias cirúrgicas, ressecções de patologias uretrais, prostatectomias ou acidentes automobilísticos1,2. Este último é a causa mais comum de lesão uretral intrapélvica levando à avulsão ou lacerações². Os sinais clínicos dependem da extensão e da localização da lesão da uretra. Eles variam de acordo com a gravidade da lesão, podendo ocorrer de forma usual, apresentando disúria, anúria, hematúria, dor e inchaço³. Os animais só apresentam anúria quando ocorre avulsão uretral, sendo esta de baixa incidência4. Quando a ruptura ocorre próxima à junção uretrovesical ou na uretra intrapélvica, a urina extravasa para a cavidade peritoneal ou pélvica, respectivamente e os sintomas se tornam mais nítidos e se assemelham à ruptura da vesícula urinária, uroabdomen, distensão abdominal, vômito, desidratação e anorexia5. O diagnóstico é firmado a partir da suspeita clínica 18 • Nosso Clínico

baseada em evidências (traumatismo abdominal ou pélvico) juntamente com o auxílio de uretrocistografia de contraste positivo². O tratamento do traumatismo uretral é beneficiada pela capacidade regenerativa desta, porém depende da extensão da lesão. Lesões pequenas podem cicatrizar espontaneamente, porém a maioria requer correção cirúrgica4,5. Alguns trabalhos foram realizados para se determinar o método mais efetivo de reparo uretral e o que resulta em menos complicações¹,6. Um extravasamento urinário atrasa a cicatrização do ferimento e promove fibrose7 e as constrições uretrais formadas são sequelas clínicas reconhecidas em cães, mas de incidência desconhecida8,9. A presença de fístula também pode acontecer como consequência do trauma inicial e do acúmulo de urina que leva a necrose dos tecidos7. O presente estudo objetiva relatar um caso de reparação cirúrgica de ruptura na junção da uretra prostática e a intra-pélvica pós-traumática em um cão.


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Relato do caso Um cão da raça Dachshund, macho, sete anos de idade foi atendido em uma clínica particular na cidade de Jaboticabal-SP após trauma por atropelamento havia 30 minutos. O mesmo apresentava-se com dificuldade para permanecer em estação, arrastando os membros pélvicos durante a locomoção, estava levemente ofegante, embora sua auscultação pulmonar e cardíaca estivessem normais, assim como sua temperatura. A mucosa ocular e gengival apresentavam-se levemente pálidas, não havendo outros sinais de desidratação ou choque. Sonda uretral foi posicionada, verificando-se pequeno volume urinário de aspecto sanguinolento. O paciente foi submetido à fluidoterapia de manutenção e eletrocardiografia. Verificou-se à palpação dor e creptação em região de ossos pélvicos (íleo e púbis), os ossos longos pareciam íntegros. Foi realizado analgesia com 25 mg/kg de dipirona sódica por via IM. O paciente foi encami-

nhado para realização de radiografia pélvica em posições latero-lateral e ventrodorsal, evidenciando fratura bilateral de íleo e púbis (Figura 1). Posteriormente, realizou-se radiografia contrastada de bexiga, o que revelou extravazamento do contraste para a cavidade abdominal (Figura 2). Não foi possível estabelecer o ponto de ruptura devido à sobreposição do líquido de contraste extravasado. Radiografias torácicas e observação do eletrocardiograma não evidenciaram lesões concorrentes e o mesmo foi submetido à Celiotomia exploratória e correção da ruptura. O paciente foi submetido a protocolo com medicação pré-anestésica e induzido com propofol na dose de 5 mg/kg e a manutenção foi realizada com isofluorano. O mesmo foi preparado rotineiramente (assepssia com clorexidine 2% e álcool à 70%) para celiotomia em linha média. Ao acessar a cavidade abdominal e pélvica, verificou-se acúmulo de urina de aspecto sanguinolento, identificou-se a vesícula

urinária e com o avanço da sonda uretral, notou-se seu posicionamento exteriormente a bexiga e uretra proximal. A exploração caudal, facilitada pela fratura de púbis, evidenciou ruptura completa da uretra intra-pélvica, imediatamente caudal a próstata. A sonda uretral foi posicionada no espaço intraluminal do segmento cranial da uretra e procedeu-se anastomose com suturas simples interrompidas não penetrantes-total com fio monofilamentar absorvível (poliglecaprone 25) (Figura 3). Foi realizada a técnica de omentalização sobre a lesão. Não havendo lesões concorrentes, procedeu-se o fechamento da cavidade como de rotina. Foi realizado repouso, antibioticoterapia com cefalexina (30 mg/kg BID por 10 dias), meloxicam (0,1 mg/kg SID por três dias), analgesia com dipirona (25 mg/kg por sete dias) e cloridrato de tramadol (3 mg/kg BID por cinco dias). No pós-operatório, o paciente foi mantido sondado por duas semanas, quando foi realizado nova radiografia

Figura 1: Imagem radiográfica de pelve de um cão da raça Dachshund, macho, sete anos com ruptura de uretra intra-pélvica. Em (A), observa-se fratura de íleo direito e desalinhamento de ossos pélvicos. Em (B), nota-se incongruência do canal pélvico devido a fratura de íleo e disjunção sacro-ilíaca esquerda 20 • Nosso Clínico

B Figura 2: Imagem radiográfica de pelve de um cão da raça Dachshund, macho, sete anos com ruptura de uretra intra-pélvica. Em (A), observa-se extravasamento do contraste em posição latero-lateral e em (B), em posição ventro-dorsal

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contrastada, evidenciando integridade da parede uretral e da bexiga (Figura 4). A sonda foi removida e boa recuperação e adaptação foram observadas através de uma micção normal. Não foi necessária intervenção cirúrgica para a fratura de pelve, sendo verificada boa recuperação funcional em membros pélvicos durante o pósoperatório. Resultados e Discussão Os machos são mais afetados que fêmeas e a característica anatômica e o temperamento destes contribuem para essa predominância². Dentre as lesões que acometem o trato urinário em cães, sabe-se que 5% destas ocorrem em uretra, ocasionalmente provenientes de traumatismos automobilísticos. Geralmente a ruptura de uretra intra-pélvica ocorre associada com fraturas pélvicas10. No traumatismo ure22 • Nosso Clínico

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Figura 4: Imagem radiográfica laterolateral de pelve de um cão da raça Dachshund, macho, sete anos após 21 dias da cirurgia de correção de ruptura de uretra intra-pélvica. Notar retenção do contraste no interior da vesícula urinária e uretra

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tral intra-pélvico os sinais clínicos podem ser sutis, uma vez que o vazamento progressivo da urina ocorre intracavitário, todavia, existem achados clínicos que incluem disúria, anúria, hematúria, dor, edema local e descolamento do períneo11. A hematúria associada à fratura de pelve foi a principal evidência para o diagnóstico diferencial de lesões de uretra ou vesícula urinária, embora sua localização ainda não pudesse ser identificada. A confirmação diagnóstica de ruptura se deu através de radiografia simples seguida de uretrocistografia de contraste positivo. A realização de radiografia simples raramente é diagnóstica para a ruptura uretral intrapélvica¹¹, e a uretrocistografia de contraste positivo se torna imperativa quando há suspeita de traumas uretrais. Com a sobreposição de líquido de contraste sobre estruturas pélvicas e abdominais, ficou indicada a realização de cirurgia exploratória para identificação exata do local da lesão. Para permitir melhor manuseio do trato urogenital, usualmente realiza-se a osteotomia isquiopúbica bilateral¹², no entanto, não houve a necessidade da sua realização devido ao acesso facilitado pela fratura do púbis. Trata-se de uma técnica viável e permissiva a intervenções cirúrgicas do trato urogenital, entretanto, a mes-

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Figura 3: Imagens fotográficas ilustrando o transoperatório de um cão da raça Dachshund, macho, sete anos com ruptura de uretra intrapélvica. Em (A), observase a sonda uretral (asterísco) introduzida na uretra prostática para identificação do orifício de entrada (seta). Em (B), observa-se a uretra em posição original após a anastomose (setas). Próstata (estrela).

ma pode apresentar retardo na cura¹². Com fraturas pélvicas, a maioria das lesões estão nas porções prostáticas ou membranosas da uretra². Verificou-se avulsão na junção das porções prostática e membranosa e o tratamento é semelhante às lesões de localização mais caudal e consiste em aproximação das mucosas através de anastomose dos segmentos, no caso, realizou-se a sutura incorporando a parede capsular da próstata. A manobra de sutura sobre sonda facilita o procedimento, considerando que estudos demonstram que anastomose suturada sobre um cateter uretral resultou em menos estenose6. É imprescindível a dissecção para liberar a uretra e evitar a tensão entre as extremidades rompidas, o que pode resultar em constrição¹0. A ruptura de uretra deve ser tratada para permitir a eliminação da urina, logo pode-se realizar o procedimento, a curto ou longo prazo, de introdução de uma sonda no canal uretral até a bexiga, no intuito de compensar a perda da função. Entretanto, se as anormalidades uretrais não puderem ser reparadas, deve-se intervir com um debridamento e drenagem dos tecidos, e cirurgicamente, com uma uretrostomia proximal ao local da lesão10, no caso uma uretrostomia pré-púbica. O sucesso do procedimento depende do tempo transcorrido entre o trauma e o tratamento apropriado8. O tempo precoce do atendimento pode ter contribuído para o bom resultado no pós-operatório, evitando que as consequências do traumatismo se perpetuassem. Minimizar o contato da urina parece favorecer a reparação da uretra por diminuir a incidência de estenose e a fibrose periuretral¹³. Foi verificado que a presença de sonda uretral mantém melhor o diâmetro uretral quando comparado a anastomose sem uso de sonda6. Optou-se pelo uso de sonda urinária durante duas semanas, objetivando o desvio urinário no pósoperatório. Outra opção para o desvio urinário é o tubo de cistotomia, uma vez que foram obtidos resultados semelhantes a sondas uretrais em rupturas de uretra². Estudos prévios demonstraram que a mucosa uretral pode cobrir o defeito dentro de três a 21 dias quando a urina é desviada do local da lesão8,13. Politraumatismo foi associado com resultado desfavorável². Muitos fatores tem sido incriminados na formação de estenoses uretrais que incluem falha na acurácia da aproximação das mucosas durante a anastomose,como tensão excessiva no local da lesão,


espessura de sonda uretral imprópria, composição da sutura e desvio incompleto da urina do sítio da lesão6. Entretanto, sondas uretrais também tem seu efeito deletério na reparação uretral, notadamente em sondas de maior diâmetro maior distensão do lúmen uretral8. Inflamação e aumento do risco de infecção ascendente também são consideradas desvantagens8. Complicações relatadas depois da cirurgia consistem em hemorragia através do tecido erétil, deiscência da sutura, cistite ou infecção ascendente do trato urinário, estenoses uretrais, incontinência urinária ou fecal, hérnia perineal e fístula retro-uretral14. O paciente do presente relato foi avaliado por um ano após a intervenção cirúrgica e nenhuma complicação quanto à estenose de uretra foi evidenciada. Conclusões O atendimento precoce do paciente e a intervenção cirúrgica na junção da porção prostática e membranosa da uretra foram eficazes na recuperação do paciente. O uso de sonda uretral para desvio urinário do local da lesão parece ter contribuído para o manejo pós-operatório e cicatrização da uretra.

Referências 1 - COOLEY, A.J.; WALDRON, D.R.; SMITH, M.M.; SAUNDERS, G.K.; TROY, G.C.; BARBER, D.L. The Effects of Indwelling Transurethral Catheterization and Tube Cystostomy on Urethral Anastomoses in Dogs. Journal American Animal Hospital Association, 1999, 35:341-7 2 - ANDERSON, R.B.; ARONSON, L.R.; DROBATZ, K.J.; ATILLA, A. Prognostic Factors for Successful Outcome Following Urethral Rupture in Dogs and Cats. Journal American Animal Hospital Association, 2006, 42:136146. 3 - HARARI, J. Small animal surgery - EUA, 1995. 4 - CHEW, D.J. Emergências Urogenitais. In: SHERDING, R.G. Emergências Clínicas em Veterinária. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1985, p.113130. 5 - ANSON, L.W. Emergency Medicine in Small Animal Practice. USA: Veterinary Learning Systems, 1997. 6 - LAYTON, C.E.; FERGUSON, H.R.; COOK, J.E.; GUFFY, M.M. Intrapelvic urethral anastomosis: A comparison of three techniques. Veterinary Surgery, v.16, p.175-182, 1987. 7 - FOSSUM, T.W.; HEDLUND, C.S.; HULSE, D.A. et al. Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Editora Roca, 2002, p.533-70. 8 - ANSON, L.W. Urethral trauma and principles of urethral surgery. Compendium on Continue Education for the Practicing of Veterinary, 1987; 9:981988. 9 - KEALY, J.K.; MCALLISTER, H. Diagnostic Radiology and Ultrasonography of the Dog and Cat. St. Louis: Elsevier Inc, 2005, p.108-147. 10 - BJORLING, D.E. Uretra In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3.ed., p.1638-1650, 2007. 11 - VILARINHO, R.C.; COLOMÉ, L.M.; BRUN, M.V.B., LOSS, F.R. Ruptura de uretra pélvica em um canino em consequência de politraumatismo por acidente automobilístico, Universidade de Passo Fundo - UPF, Passo Fundo RS, 2008. 12 - FILGUEIRAS, R.R.; DEL CARLO, R.J.; VITORIA, M.I.V. et al, Osteotomia isquiopúbica bilateral em cadelas, ARS VETERINARIA, Jaboticabal, SP, v.19, n.3, p.260-266, 2003. 13 - BELLAH, J.R. Problem Veterinary Medicine., 1(1): 17-35, jan-mar.1989. 14 - SANTOS, C.P.M. Clínica e cirurgia de animais de companhia, Relatório final de estágio - Mestrado integrado em med. veterinária, Univ. do Porto, Porto, 2011.

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A utilização da no tratamento da inflamação e infecção dos sacos anais em felinos “The use of photodynamic therapy (PDT) for treatment of inflammation and infection of feline anal sac” “El uso de la terapia fotodinámica (TFD) en el tratamiento de la inflamación y la infección en lo saco anal de los felinos”

1. INTRODUÇÃO A inflamação dos sacos anais é comum na clínica de pequenos animais. Ocorre principalmente em cães e raramente em gatos, sendo o seu tratamento teoricamente fácil de ser realizado2,3,12,15. A terapia fotodinâmica (TFD) é uma técnica de tratamento onde se faz uso de substâncias fotossensibilizantes que posteriormente são ativadas com luz de comprimento de onda específico, esta técnica tem como finalidade causar a destruição celular e morte microbiana através da ação de produtos citotóxicos fotoativados1,4,5,6,9,10,11,13,16,17. Este trabalho tem por objetivo relatar o tratamento de dois felinos diagnosticados com inflamação e infecção dos sacos anais utilizando apenas a terapia fotodinâmica com laser vermelho e azul de metileno 0,01%. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Afecções dos sacos anais 2.1.1 Fisiopatologia As afecções dos sacos anais ocorrem com mais frequência nos cães e são menos comuns nos gatos3. Elas consistem em impactações, infecções, abscedações e neoplasias2,3,12,15. Os sacos anais são estruturas cutâneas anexas modificadas 3. Eles estão pareados, situando-se entre as fibras do esfíncter anal, e são revestidos por epitélio escamoso, com glândulas sebáceas e apócrinas modificadas; neles são reservadas secreções dessas glândulas, que são expulsas por meio de ductos durante a defecação normal e excitação extrema3,15. A saculite anal é comum e sua causa geralmente se deve a uma infecção ou obstrução do ducto3. A obstrução ductal leva a um super crescimento bacteriano, infecção e inflamação3. A inflamação potencializa as secreções, que vão servir como meio para o crescimento de bactérias3. Se a infecção ou a obstrução do ducto persis24 • Nosso Clínico

Luiz Fernando Lucas Ferreira (lfvet@hotmail.com) MV. MSc. Professor de Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais PUC / MINAS, Betim - Clínica Veterinária “Professor Israel” ................................................................................. RESUMO: Este trabalho tem por objetivo relatar o tratamento de dois felinos diagnosticados com inflamação e infecção dos sacos anais utilizando-se apenas a terapia fotodinâmica (TFD) com laser vermelho e azul de metileno 0,01%. Após cinco sessões de TFD com intervalo entre elas de 48 horas os animais apresentaram melhora do quadro clínico não sendo necessário fazer uso de métodos convencionais de terapêutica. A terapia fotodinâmica mostrou-se eficaz para o tratamento clínico de inflamação e infecção dos sacos anais. Unitermos: afecções dos sacos anais, terapia fotodinâmica, laser ABSTRACT: This present article aims to describe the treatment of feline anal sac inflammation and infection, by Photodynamictherapy (PDT). PDT was donne using a dye, blue metilen 0,01% and a red laser. After five treatments, on every 48 hours, the animals presented complete recovery from anal sac illness, without any other conventional drug administration. PDT showed to be efficient in treat anal sac inflammation and infection. Keywords: anal sac infection, photodynamic-therapy, laser RESUMEN: Este estudio tiene como objetivo relatar el tratamiento de dos gatos con diagnóstico de inflamación e infección de los sacos anales utilizando sólo la terapia fotodinámica (TFD) con láser rojo y el 0,01% de azul de metileno. Después de cinco sesiones de la TFD con intervalo de 48 horas, los animales mostraron una mejora clínica de los síntomas no es necesario utilizar métodos convencionales de terapia. La terapia fotodinámica es efectiva para el tratamiento de la inflamación clínica y saco anal infección. Palabras clave: enfermedades de los sacos anales, terapia fotodinámica, láser

tir poderá ocorrer uma fistulação, podendo esta tornar-se crônica3. Saculite anal também ocorre sem que haja obstrução do ducto, pela hipersecreção o que causa a compressão do saco3. A hipersecreção pode ser causada por mecanismos infecciosos, endócrinos, alérgicos, comportamentais e idiopáticos3. Disfunção no mecanismo esfinctérico anal secundário a uma diarreia crônica, frouxidão anal, constipação e obesidade também podem contribuir para a retenção de secreções do saco anal e o desenvolvimento de saculite anal3,15. A função dos sacos anais ainda é desconhecida12. 2.1.2 Sinais predisponentes A saculite anal pode ocorrer em qualquer idade, raça ou sexo; no entanto, ela é mais comum em cães de pequeno porte e toy (Poodle, Chihuahuas, Cockers e Springer Spaniels Ingleses) e é rara em gatos3,12,15. São menos comuns em Pastores Alemães e raças gigantes12. Em alguns animais ela pode estar associada a uma dermatite seborreica ou a outras dermatoses3. Muitos animais apresentam histórico de diarreia ou fezes moles ou estro recente (1 a 3 semanas)3. Eles evidenciam, geralmente, irritação anal; outras queixas incluem perseguição de cauda, descarga perianal fétida, dor ou sensibilidade e alteração comportamental3. Ocasionalmente ocorrem tenesmo, disquezia, constipação e hematoquezia3,15. 2.1.3 Achados do exame clínico O exame físico das estruturas perianais mostra se a afecção do saco anal é unilateral ou bilateral2. Eritema, tumefação, dor e subsequente ruptura e drenagem do saco agudamente infectado podem ocorrer 1 a 2 cm lateralmente ao ânus12. A palpação do tecido perianal durante exame retal pode identificar o saco anal aumentado, firme e, algumas vezes, dolorido3. Abscessos


ou impactações podem fazer com que ele se rompa e crie uma lesão drenante3. A compressão digital da região pode expelir secreções normais (serosas, ligeiramente viscosas e granulares e amarelo-pálidas) ou anormais (cinza esbranquiçada, marrons, amarelas ou verdes, sanguinolentas, purulentas, arenosas, turvas, opacas)2,3,15. Diagnostica-se impactação quando o saco fica distendido e levemente dolorido, não é comprimido facilmente3. As impactações tendem a se recidivar12. Já na inflamação do saco anal o animal apresenta dor moderada a severa durante a palpação, as secreções são líquidas, amareladas, tingidas de sangue ou purulentas3. Os abscessos geralmente são unilaterais e o curso é curto12. As impactações e as infecções crônicas podem apresentar um curso prolongado12. Apenas a história clínica e o exame físico são comumente suficientes para se dar o diagnóstico de afecção do saco anal2. 2.1.4 Achados Laboratoriais As alterações hematológicas e bioquímicas séricas são inespecíficas3. Em caso de abscessos do saco anal, pode-se observar leucocitose com desvio à esquerda3. A citologia das secreções do saco anal revela resíduos celulares, grande número de leucócitos e muitas bactérias3. Recomenda-se fazer cultura e antibiograma do saco anal3. A flora bacteriana normal do saco anal inclui pequeno número de micrococos, Escherichia coli, Streotococcus faecalis, e Staphylococcus spp.2,3,15. Já as bactérias encontradas nos sacos anais afetados incluem: S. faecalis, Clostidium perfringens, E. Coli, Proteus spp., Staphylococcus spp., micrococos e diftéroides2,3,12,15. A Malassezia pachydermatis é frequentemente isolada dos sacos anais normais e anormais12. 2.1.5 Diagnóstico Diferencial O diagnóstico diferencial para saculite anal são alergia por pulgas (decorrente de lambedura e mordedura), tumores perianais (causados por inchaço e ulceração), fístulas perianais, ou piodermatite da dobra caudal (resultado de abscedação e tratos drenantes)3. O diferencial quanto a irritações anais ou perianais incluem saculite, dermatite, endoparasitas, fístulas perianais ou tumores3. Diagnósticos diferenciais quanto a inchaço perianal incluem hérnia perianal, neoplasias perianais, atresia anal, pitiose retal e tumores vaginais3. 2.1.6 Tratamento clínico O tratamento depende do estágio da

afecção3. A maioria dos problemas em saco anal podem ser tratados clinicamente por meio de compressão manual, lavagem, antibióticos e alteração dietética3. Saculite ou impactação leve deve ser tratada por meio de compressão, lavagem, e infusão de preparado de antibiótico-corticosteróide dentro das glândulas2,3,12,15. Isso pode ser repetido de 5 a 7 dias12. Se os sacos anais se infectarem, pode-se acrescentar clorexina a 0,5% ou iodo-povidina a 10% em lavagens com jatos de solução salina2,3,12. Os antibióticos de escolha são as penicilinas, aminoglicosídeos e cloranfenicol2. Em casos crônicos, deve-se escolher antibióticos orais com base em resultados de antibiograma3. Os abscessos de saco anal devem ser lancetados, drenados e lavados com jato, juntamente com a administração de antibióticos orais apropriados2,3,15. Se leveduras estiverem envolvidas a irrigação com nistatina pode ser utilizada12. Não é recomendável a cauterização excessiva dos sacos anais com agentes cáusticos como o nitrato de prata, tintura de iodo, e soluções contendo formalina15. A cauterização pode resultar numa necrose celular extensa, formação de pseudomembrana, encarceramento de microorganismos infecciosos subjacentemente a pseudo membrana, e formação de trajetos fistulosos com origem na parede do saco anal residual15. 2.1.7 Tratamento cirúrgico Episódios recidivantes de compactação grave, saculite anal, abscessos, e adenocarcinomas do saco anal são indicações para a saculectomia anal12,15. Falha na terapia clínica e suspeita de neoplasia são indicações para saculectomia anal3. Se persistir trato drenante após ruptura no saco anal, dever-se-á retardar a cirurgia até que se controle a inflamação3. Deve-se remover ambos os sacos anais mesmo se somente um esteja acometido, para evitar uma segunda cirurgia3. 2.2 Terapia Fotodinâmica O termo fotodinâmica surgiu em 1904 quando Von Tappeiner descreveu reações químicas com consumo de oxigênio após fotossensibilização em biologia1. A terapia fotodinâmica (TFD) é uma técnica de tratamento onde se faz uso de substâncias fotossensibilizantes que posteriormente são ativadas com luz de comprimento de onda específico, esta técnica tem como finalidade causar a destruição celular e morte microbiana através da ação

de produtos citotóxicos fotoativados1,4,5,6,9,10,11,13,16,17. A luz ou a substância sozinhas terão pouco ou nenhum efeito11. Os egípcios deram início a essa terapia, há mais de 4 mil anos, através da ingestão de plantas e luz solar para tratar doenças como o vitiligo14. Mas essa técnica só começou a ser usada com sistemática científica a pouco tempo14. A base da terapia fotodinâmica é a combinação de uma droga mais luz14. Uma substância fotossensível é introduzida no paciente e se acumula nas células que se reproduzem rapidamente, então essas são irradiadas via laser14. A luz ativa a substância gerando formas de oxigênio tóxicas que causam necrose ou afetam diretamente o tumor, levando a cura do paciente14. A morte microbiana ocorre quando o corante (substância fotossensibilizante) absorve a energia luminosa, provocando a produção de substancias altamente reativas, que vão causar danos ao microorganismo ou célula alvo17. A TFD é usada no tratamento de vários tipos de doenças, mas é mais usada no combate ao câncer4,8,10. Ela é muito eficiente na redução bacteriana, fúngica e na desativação de vírus principalmente em lesões localizadas, de pouca profundidade e com agente conhecido6,17. É um tratamento de baixo custo, com poucos efeitos colaterais e não há efeitos sistêmicos além de não haver resistência bacteriana17. Embora a TFD tenha sido originalmente desenvolvida visando a terapia do câncer em suas diversas formas, tem ficado claro seu potencial no que concerne outras moléstias, como psoríase, degeneração macular da retina, condições autoimunes, arteriosclerose, remoção de verrugas na laringe, tratamento de moléstias fúngicas e destruição de infestações resistentes a tratamentos tradicionais à base de antibióticos6. Nenhum efeito mutagênico sobre as células sadias tem sido reportado até o momento, o que amplia a segurança de aplicação dessa modalidade terapêutica, permitindo ainda repetição do tratamento no caso de recorrência ou mesmo de grandes lesões6. O emprego da TFD em lesões primárias envolvendo a pele tem-se reportado um alto índice de casos bem sucedidos, combinadas a excelentes resultados cosméticos6. 2.2.1 Substâncias Fotossensibilizantes A primeira geração de drogas usadas na TFD, a base de derivados hematoporfirínicos, teve início com Schwartz na Nosso Clínico • 25


década de 5014. Na década de 60 Lipson investigou o acúmulo preferencial deles em tumores, implantados em camundongos e ratos observando assim que a incidência de luz levava a regressão da doença14. Após esses estudos Lipson obteve sucesso no tratamento do câncer de mama em uma mulher usando a mesma técnica empregada nos camundongos, marcando assim o inicio do uso da TFD no tratamento de câncer14. A partir da década de 70 iniciaramse vários estudos com derivados porfirínicos para uso em TFD14. A primeira geração de drogas usadas na TFD, baseada em misturas de derivado porfirínicos, tem se mostrado bastante eficiente no tratamento de tumores de diversas origens sejam eles malignos ou não6. As substâncias fotossensibilizadoras utilizadas possuem estrutura similar à clorofila e à hemoglobina sendo então moléculas com um anel heterocíclico17. Tais substâncias absorvem luz com elevada eficiência, em alguma região do espectro visível, sendo por isso que alguns desses compostos conseguem induzir ou participar de reações fotoquímicas6. Portanto, tais substâncias devem ser absorvidas numa região próxima ao local onde se aplicará infravermelho14. Certas substâncias têm sido empregadas como agentes terapêuticos, como é o caso do azul de metileno e da violeta de genciana (cristal violeta), dentre muitos outros6. As substâncias fotossensibilizadoras devem ter as seguintes propriedades: • Características foto físicas favoráveis; • Baixa toxicidade no escuro (baixa citotoxicidade); • Fotossensibilidade não prolongada; • Simplicidade na formulação, reprodutibilidade e alta estabilidade do formulado, que em geral é mantido seco, sendo necessário que o médico adicione aqua ou soro fisiológico; • Farmacocinética favorável; • Facilidade no manuseio sintético que permita efetuar modificações para melhorar as propriedades desejadas; • Facilidade de obtenção em escala industrial a baixo custo e com boa reprodutibilidade; • Facilidade de análise total dos componentes da fórmula; • Alta afinidade e penetração no tecido doente e pouca no tecido saudável6,14,17. É importante que o medicamento atenda a todas essas propriedades gerais para que seja considerado uma droga viável e eficaz na sua ação terapêutica14. 26 • Nosso Clínico

Um outro processo que a substância fotossensibilizadora sofre é o de foto-branqueamento, que é causado por modificações na estrutura da molécula devido a reações paralelas14. O foto-branqueamento significa que a molécula sofrera uma reação e seu produto não absorvera mais luz no comprimento de onda de incidência, deixando então de exercer seu papel terapêutico14. As primeiras propriedades fotofísicas in vitro observadas em uma molécula candidata a ser usada na TFD são: • Forte absorção de luz na região acima de 650 nm, onde a luz apresenta maior penetração no tecido; • Alto rendimento quântico de estado tripleto; • Alto rendimento quântico de oxigênio singleto; • Baixo rendimento de reação de foto-branqueamento do cromóforo14. 2.2.2 Mecanismo de Ação Aplica-se ao paciente uma determinada dose da substância fotossensibilizadora que vai se acumular no local desejado, logo em seguida irradia-se o tecido com luz visível9. O agente fotossensibilizante então absorve o fóton que vem da fonte de luz e seus elétrons passam para um estado de excitação5,10,1. Com a presença do oxigênio, o agente fotossensibilizador ao voltar ao seu estado natural transfere para o mesmo energia, formando assim espécies reativas de oxigênio (EROs) que podem causar danos em microrganismos via oxidação irreversível de componentes celulares5,9,10,17. A geração de EROs pode ocorrer através de dois mecanismos conhecidos como tipo I e tipo II9. No tipo I, a substância fotossensibilizadora transfere seus elétrons para o oxigênio no seu estado fundamental gerando assim um radical superoxido4,6,9,10. Esse radical por sua vez, pode reagir com o peróxido de hidrogênio, presente no meio celular, gerando assim o radical hidroxila que é um potente agente oxidante4,6,9,10. Já no mecanismo tipo II, a substancia transfere energia para o oxigênio no estado fundamental e gera uma espécie extremamente reativa que é o oxigênio singleto4,6,9,10. O oxigênio singleto é como são conhecidos os três estados eletronicamente excitados imediatamente superiores ao oxigênio molecular no estado fundamental4,6,10. Segundo a Teoria do Orbital Molecular, o oxigênio no estado fundamental possui na sua configuração eletrônica dois elétrons desemparelhados

nos orbitais moleculares degenerados6. Tais elétrons tendem a ter o mesmo spin de forma a produzir multiplicidade máxima e com isso um estado de mais baixa energia6. E é essa a razão de o oxigênio molecular em seu estado fundamental ser um tripleto6. O oxigênio singleto pode efetuar varias reações com substratos biológicos podendo levar a interrupção de processos biológicos14. 2.2.3 Fonte de Luz A melhor fonte de radiação tem sido aquela que por um baixo custo forneça a maior quantidade de luz possível no máximo de absorção da substância fotossensibilizante, sem efeitos térmicos significativos6. As primeiras fontes de luz usadas foram lâmpadas convencionais, acoplava-se um filtro colorido para que se pudesse selecionar determinados comprimentos de onda17. A fotoativação, a princípio, pode ser feita por qualquer fonte de luz visível, desde que esta possua características espectrais específicas, alta potência de saída e máxima absorção pela substância fotossensibilizante1. A maioria das fontes de radiação empregadas são lasers6. Na medicina humana os laseres têm sido usados como adjuvante nos tratamentos convencionais, devido aos seus efeitos destrutivos contra microrganismos17. A vantagem é que sua luz pode ser direcionada por cabos de fibra óptica11. Permitindo que se direcione a luz para o tecido afetado sem expor o saudável11. A dose de luz é medida em joules por centímetro quadrado sendo esse o produto da intensidade da luz pelo tempo11. Os lasers de baixa intensidade não levam ao aumento de temperatura das estruturas afetadas e quando são associados a um corante (substância fotossensibilisadora), geralmente exógeno, podem levar a morte microbiana17. Além da facilidade em fazer sua associação com uma substância fotossensível17. 2.2.4 Terapia fotodinâmica na veterinária Um dos primeiros relatos da TFD em medicina veterinária descreveu o uso da hematoporfirina no tratamento de oito variados tumores em cães e três em gatos5. Os animais receberam 5 mg/kg endovenoso 48 horas antes do tratamento luminoso, o tempo de exposição variava de 20 a 30 minutos5. Os tumores tratados eram osteossarcoma, carcinoma de células escamosas, melanoma, fibrosarcoma, tumor


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de glândula sebácea e metástase de carcinoma prostático5. 86% das lesões foram responsivas, contudo os osteossarcomas foram o menos responsivos5. Os efeitos adversos foram fotossensibilização cutânea e eritema5. O uso da TFD também é relatado em gatos com FeLV5.

O tempo de exposição foi de 80 segundos, o que corresponde para este aparelho, uma fluência de 8J/cm2 Foram realizadas cinco sessões a cada 48 horas, culminando em cura do processo infeccioso e cicatrização total da ferida (figura 2 e 3)

3. MATERIAL E MÉTODOS Um gato e uma gata da raça Persa, com sete e oito anos de idade respectivamente, foram atendidos na Clínica Veterinária Professor Israel com sintomatologia de lambedura e mordedura na região da cauda, relutância em sentar-se e fricção do ânus no chão. O histórico clínico de ambos pacientes era de episódios anteriores de afecção dos sacos anais. O tratamento instituído anteriormente para os dois pacientes, constituiu em, limpeza da ferida com solução salina 0,9% associado a terapia antimicrobiana: Metronidazol e espiramincina (Stormogyl ®)b posologia de acordo com a bula associado a Prednisona (Meticorten®)a na dose anti-inflamatória 1 mg/kg, ambos uma vez ao dia durante sete dias. Ao exame clínico os animais apresentavam estado geral bom, mucosas1 normocrômicas e linfonodos sem alterações. A região perianal estava inflamada, edemaciada. A região direita ao orifício anal apresentava solução de continuidade, correspondente a área anatômica da glândula para anal (Figura 1).

No mesmo dia foi realizada tricotomia da região afetada, drenagem, limpeza com salina 0,9% e realização da Terapia Fotodinâmica, que consistiu na utilização de azul de metileno 0,01% (quimiolux) depositado na região. Como fonte de luz, utilizou-se um aparelho de Laser, (therapy DMC) o qual emite luz vermelha com comprimento de onda de 660 nanômetros. a b

Meticorten® - Shering-Plough Stomorgyl® - Merial

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5. CONCLUSÃO A terapia fotodinâmica mostrou-se eficaz para o tratamento clínico de inflamação do saco anal em gatos.

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Referências 1 - BAKOS, R.M. et al. Terapêutica fotodinâmica com ácido delta-aminolevulínico em neoplasias queratinocíticas superficiais. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v.78, n.2, 2003. 2 - ETTINGER, S.J. Tratado de medicina interna veterinária: moléstias do cão e do gato. 5.ed., Ed.Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2004, v.2, p.1335-1336. 3 - FOSSUM, T.W. Cirurgia de Pequenos Animais. 1ªed. Ed. Roca Ltda., São Paulo, 2002, p.381-389. 4 - LUCENA, E.G., et al. Terapia fotodinâmica de neovascularização de coróide por degeneração macular relacionada à idade com benzoporfirina (verteporfirina). Arq. Bras. Oftalmol., São Paulo, v.63, n.6, 2000.

Figura 2: lesão após segunda sessão de TFD - paciente felino fêmea

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5 - LUCROY, M.D.; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS. Departamento de Medicina Veterinária. Veterinary photodynamic therapy. Journal Of The American Veterinary Medical Association, v.216, n.11, p.1745-1751, jun. 2000.

Figura 3: Paciente felina fêmea após 21 dias do início do tratamento ..................................................................................

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Figura 1: lesão do saco anal – pré-tratamento – felino persa macho .................................................................................

microbiano e não causa danos aos tecidos saudáveis.

4. RESULTADO Apesar da literatura citar como rara a ocorrência de moléstias do saco anal em felinos observou-se dois casos de infecção recorrente unilateral do saco anal. A utilização do corante de azul de metileno, como agente fotossensibilizador, associado ao laser vermelho mostrou-se eficaz para o tratamento de inflamação e infecção dos sacos anais. Ambos os pacientes após a segunda sessão de TFD já não apresentavam desconforto, nem alteração de comportamento, a região não estava edemaciada, nem dolorida. Os proprietários mostram-se satisfeitos já com este resultado prévio da segunda sessão uma vez que os animais já não esfregavam o posterior no chão e nem objetos da casa e demonstravam comportamento normal em seu ambiente. A Terapia fotodinâmica é uma alternativa de tratamento para afecções recidivantes tratadas anteriormente com medicamentos convencionais, é comprovadamente eficaz para obtenção de efeito anti-

6 - MACHADO, A.E.H. Terapia Fotodinâmica: princípios, potencial de aplicação e perspectivas. Quím. Nova., São Paulo, v.23, n.2, 2000. 7- MAIA, H.S. et al. Terapia fotodinâmica com verteporfirina em neovascularização coroidiana subfoveal secundária a coriorretinopatia serosa central: relato de caso. Arq. Bras. Oftalmol., São Paulo, v.68, n.4, 2005. 8 - NICOLAI, R.A.; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS. Departamento de Medicina Veterinária. Estudo preliminar da absorção do 5-ala tópico em mucosa vaginal de cadela. Revista da Faculdade de Medicina Veterinária de Valença, Valença, v.1, n.2, p.10-14, jan. 2000. 9 - RIBEIRO, J.N. et al. Determinação do mecanismo de destruição de células mediado por meso-tetramesitylporfirina, octaetilporfirina, octaetilporfirina de vanadil e luz visível. Eclet. Quím., São Paulo, v.30, n.1, 2005. 10 - RIBEIRO, J.N. et al. Envolvimento da mitocôndria em apoptose de células cancerígenas induzida por terapia fotodinâmica. J. Bras. Patol. Med. Lab., Rio de Janeiro, v.40, n.6, 2004. 11 - ROSENTHAL, R.C. Segredos em oncologia veterinaria: Respostas necessarias ao dia-a-dia em rounds, na clinica, em exames orais e escritos. São Paulo: Artmed, p.127129, 2001. 12 - SCOTT, D.W. Muller & Kirk - Dermatologia de Pequenos Animais. 5ªed. Ed. Interlivros Edições Ltda. Rio de Janeiro, RJ, 1995, p.906-907. 13 - SIBATA, C.H. et al. Photodynamic therapy: a new concept in medical treatment. Braz J Med Biol Res., Ribeirão Preto, v.33, n.8, 2000. 14 - SIMPLICIO, F.I., et al. Terapia fotodinâmica: aspectos farmacológicos, aplicações e avanços recentes no desenvolvimento de medicamentos. Quím. Nova., São Paulo, v.25, n.5, 2002. 15 - SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 2.ed., Ed. Manole Ltda. São Paulo, SP, 1998, p.774-779. 16 - VERGNON, J.M., et al. Place of cryotherapy, brachytherapy and photodynamic therapy in therapeutic bronchoscopy of lung cancers. The European Respiratory Journal, Sheffield, Inglaterra, GB, v.28, n.1, p.200-218, jul.2006. 17 - YAMADA JÚNIOR, A.M., et al. O emprego da terapia fotodinâmica (PDT) na redução bacteriana em periodontia e implantodontia. Rgo, Porto Alegre, v.52, n.3, p. 207-210, jul/ ago/set. 2004.


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Maria Augusta Adami Pereira dos Santos (guta.adami@gmail.com) Médica Veterinária autônoma Leandro Zuccolotto Crivellenti Médico Veterinário pós-graduando Universidade Estadual Paulista (UNESP), Jaboticabal

Intraosseous in wild animals: a viable option

LEANDRO ZUCCOLOTTO CRIVELLENTI

Intra-ósea en animales salvajes: una opción viable

em animais silvestres: uma opção viável RESUMO: A cateterização intraóssea é um procedimento rápido e útil em animais silvestres, principalmente quando o acesso venoso não é possível. Pode ser utilizada como alternativa em casos de colapso cardiovascular e vasoconstricção periférica. A técnica deve ser realizada assepticamente e o local de cateterização varia com a espécie e o tamanho do paciente. A administração de fluidos e medicamentos pode ser realizada por essa via, que possui muitas vantagens. O desconhecimento da técnica por parte de muitos veterinários, além do procedimento ser considerado erroneamente perigoso e complicado, faz com que esta não seja muito utilizada. Entretanto, deve-se lembrar de que é uma opção, principalmente naqueles pacientes mais debilitados e submetidos à terapia intensiva. Unitermos: Emergência, pets silvestres, cateterização intraóssea ABSTRACT: The intraosseous catheterization is a useful and rapid procedure in wild animals, particularly when venous access is not possible. It can be used as an alternative in cases of cardiovascular collapse and peripheral vasoconstriction. The technique must be performed aseptically and the insertion site varies according to species and size of the patient. The administration of fluids and medications can be accomplished by this route, which has many advantages. The unfamiliarity of the technique by many veterinarians, and also the fact of the procedure being erroneously considered dangerous and complicated makes this technique not widely used. However, one should remember that it is an option, mainly in those patients most debilitated and undergoing intensive therapy. Keywords: Emergency, wild animals, intraosseuos catheterization RESUMEN: El cateterismo intra-óseo es un procedimiento útil y rápido en los animales salvajes, especialmente cuando el acceso venoso no es posible. Puede ser utilizado como una alternativa en los casos de colapso cardiovascular y vasoconstricción periférica. La técnica de cateterismo debe ser realizada asépticamente y varía con la especie y el tamaño del paciente. La administración de líquidos y medicamento se puede realizar de esta manera, que tiene muchas ventajas. El desconocimiento de la técnica por muchos veterinarios y el ser un procedimiento considerado erróneamente peligroso y difícil, hace que este no sea ampliamente utilizado. Sin embargo, hay que recordar que se trata de una opción, especialmente en aquellos pacientes más débiles y sometidos a cuidados intensivos. Palabras clave: emergencia, animales salvajes, cateterismo intra-óseo

Introdução A via IO é especialmente importante em animais silvestres e pacientes pediátricos por possuírem pequena vasculatura17, e também em casos de colapso vascular associado ao choque, traumatismo na pele, queimaduras, edema, trombose vascular, variações anatômicas29, flebite, distúrbios da coagulação e também inabili30 • Nosso Clínico

dade na administração de fluidos após longos períodos de hospitalização14. Acesso importante na terapia intensiva imediata27, a via IO, ainda encontra no Brasil relativa resistência dos veterinários em função do desconhecimento de sua praticidade e eficiência5,21, sendo muitas vezes pouco usada devido ser considerada erroneamente perigosa e complicada14.

Figura 1: Mensurando diâmetro da agulha a ser introduzida em um Bugio (Alouatta guariba) para um procedimento emergencial .......................................................................

Dessa forma a conscientização e capacitação do médico-veterinário é extremamente importante, tanto no reconhecimento da emergência, quanto no domínio da técnica para proceder com sua realização de forma correta e segura5. A técnica utilizada de colocação de um cateter intraósseo no interior do canal medular é semelhante a qual é realizada em cães e gatos12. É um método alternativo de acesso ao sistema vascular que permite a infusão de fluidos e medicamentos, estes sendo rapidamente absorvidos na circulação sistêmica15,30. Se o paciente estiver alerta e ativo, é recomendado sedar ou até mesmo anestesiar os animais devido aos problemas causados pela contenção física. Deve-se realizar tricotomia (no caso de mamíferos e aves) para a inserção da agulha. O local deve ser preparado assepticamente com clorexidine 0,2% e ser utilizada técnica estéril.


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Quanto aos equipamentos necessários, devem ser empregadas agulhas tipo trocater, providas de mandril interno removível (agulhas espinhais). Seu diâmetro deve ser entre 33 e 67% do diâmetro da cavidade medular, assim como seu comprimento. Pode-se também empregar agulhas hipodérmicas comuns2,25. Entretanto, tais agulhas frequentemente entopem com fragmentos ósseos no momento da introdução. Esse fato pode ser corrigido pela substituição desta agulha por outra, utilizando o mesmo orifício ósseo, ou tentar empurrar o fragmento ósseo para o interior da cavidade medular com auxilio de outra agulha hipodérmica mais longa e fina1 (Figura 1). Um botão de lidocaína (2%) pode ser injetado na área regional para minimizar a dor no periósteo e estruturas adjacentes. É de extrema importância manter a agulha firmemente reta, e promover giros no mesmo sentido e leve pressão enquanto se perfura o córtex ósseo, pois movimentações podem aumentar o diâmetro do orifício, e propiciar extravasamentos1. Ademais, ao atravessar o córtex em sentido ao canal medular uma súbita perda de resistência geralmente é observada. Se a agulha estiver corretamente localizada, o canhão da agulha fica firme no local e uma pequena quantidade de medula pode ser aspirada dentro do canhão da agulha, uma vez que este se encontra na cavidade medular8,10,12,22.

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Figura 2: Raio-x de um bugio (Alouatta guariba) evidenciando o cateter corretamente implantado 32 • Nosso Clínico

Caso ainda exista alguma dúvida, a colocação do cateter pode ser facilmente confirmada radiograficamente (figura 2), e este pode permanecer no local por 72 horas6. Para manter a viabilidade do cateter é importante o preenchimento com solução salina heparinizada após administração de fármacos e fluidos26. Sua fixação pode ser realizada com bandagem grossa, acolchoada e não compressiva (figura 3) ou até mesmo o cateter ser suturado ao local de inserção20. Assim como as demais vias, a IO também apresenta complicações e limitações. As principais desvantagens associadas aos cateteres intraósseos são que a taxa de fluxo de fluido é limitada devido ao pequeno espaço ósseo, e caso aumente muito a velocidade de infusão pode causar dor durante a administração ou extravasamento. Além da possibilidade do metal da agulha espinhal quebrar em animais que são muito inquietos e relutantes31. Seu uso é contraindicado nos casos de osteogênese imperfeita, osteoporose, osteomielite, fratura em extremidades ósseas, sepse15, e em casos de infecção na pele no local de colocação do cateter29. Também se contraindica a via IO para administração de drogas mielo-supressoras, e drogas hipertônicas ou muito alcalinas devem ser diluídas anteriormente15,21,26. Répteis Em quelônios severamente comprometidos, a via intraóssea para administração de fluidos possibilita uma rápida reidratação e terapia de emergência. Entretanto, a colocação e manutenção do cateter nesses

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Figura 3: Administração de fluidos e medicamentos por bomba de infusão contínua pela via intraóssea durante emergência de um sagui do tufo preto (Callithrix penicillata) Observar também a bandagem no fêmur

locais podem ser tecnicamente difíceis, especialmente em quelônios aquáticos, e pode ser restrito à pacientes inconscientes ou minimamente responsivos4. O melhor acesso nesses pacientes é na ponte do plastrão carapacial18,32, mas deve-se tomar cuidado para não penetrar no celoma11. Já em répteis como lagartos e iguanas as melhores opções são na porção distal do úmero e fêmur18,32, e em pequenos crocodilianos no interior da cavidade medular tibial11. O tamanho das agulhas utilizadas pode variar de 20, 22, e 25 gauge, conforme o tamanho do animal11. Aves Aves muito pequenas (menores que 60g), nas quais a colocação de um cateter intravenoso pode ser difícil, a primeira opção é a utilização da via intraóssea3, já que uma vez colocados, os cateteres são mais seguros e geralmente bem tolerados6,9,15. O acesso é uma eficiente alternativa para fluidoterapia e anestesia em aves23. Em pombos, por exemplo, a anestesia intraóssea utilizando quetamina apresenta superioridade quanto ao tempo de indução e recuperação quando comparada a via intramuscular13. O local de escolha para inserção da agulha é a porção distal da ulna em que deve ser posicionada ventralmente ao côndilo distal26, entretanto sua porção proximal e a região tibiotársica também podem ser utilizadas7,9,28,30. Deve-se lembrar que porções do úmero na maioria aves são pneumáticas, ou seja, conectadas com os sacos aéreos e fluidos injetados nesses


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ossos podem causar aerosaculite, pneumonia e/ou asfixia19. Geralmente, uma agulha espinhal 20 a 25 gauge é suficiente22 (figura 4).

são foi demonstrar a técnica de cateterização intraóssea nas mais variadas espécies de pets silvestres, e evidenciar os bons resultados nos procedimentos emergenciais na clínica de animais silvestres.

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Referências

Figura 4: Procedimento emergencial em um Tucano (Ramphastos toco). Deve-se retirar as penas e realizar a assepsia do local, sendo um procedimento rápido ................................................................................

Pequenos mamíferos Em ferrets a cateterização intraóssea é uma opção ao uso da intravascular. A agulha pode ser alojada no úmero, fêmur ou tíbia utilizando uma agulha espinhal 20 ou 22G (1,5 polegadas)16. Para a colocação de um cateter intraósseo na porção proximal do úmero, deve-se flexionar o ombro e transpor a agulha espinhal através do trocanter maior. Para o fêmur proximal é necessária sua adução e a agulha espinhal é transposta através do final proximal dentro da fossa trocantérica. Para acessar a tíbia, o membro é flexionado e a agulha espinhal é introduzida através da crista tibial10. Em coelhos os cateteres intraósseos podem ser colocados nos mesmos locais descritos nos ferrets. De acordo com o tamanho do coelho podem ser utilizadas agulhas espinhais 18 a 23G (1 a 1,5 polegadas)6 e realizado uma bandagem em oito ao redor do joelho24. Em pequenos roedores os cateteres intraósseos podem ser colocados na porção proximal do fêmur (através da fossa trocantérica) ou porção proximal da tíbia (através da crista tibial) utilizando uma agulha espinhal 18 a 22G10,16. Consideraçõees finais A via intraóssea tem se mostrado uma alternativa útil e eficaz para administração de fluidos e medicamentos em animais silvestres. Essa técnica deve ser considerada pelos clínicos, principalmente em pacientes pequenos e muito debilitados, em que a cateterização intravenosa possa ser difícil e demorada. O objetivo dessa revi34 • Nosso Clínico

1 - ANDERSON, N.L. Intraosseous fluid therapy in small exotic animals. In: BONAGURA, J. D. Kirk’s Current Veterinary Therapy - small animal practice. 12.ed., Philadelphia: W.B Saunders Company, 1995, p.1331-1335. 2 - BISTNER, S.I.; FORD, R.B.; RAFFE, M.R. Manual de procedimentos veterinários & tratamento emergencial. 7 ed. São Paulo: Roca ltda, 2002, p.531532. 3 - BOND, M.W.; DOWNS, D.; WOLF, S. Intravenous catheter therapy. Proceedings of the Association of Avian Veterinarians. Nashville, TN, 1993, p.814. 4 - BONNER, B.B. Chelonian therapeutics. Veterinary Clinics of North American Exotic Animal Practice, v.3, p.257-332, 2000. 5 - BORIN, S.; CRIVELLENTI, L.Z.; PEIXOTO, D.P.; FERNANDES, S.L.M. Desmistificando a via intra-óssea. Clínica Veterinária, São Paulo - SP, n.75, v.13, p. 38-40, 2008. 6 - BRISCOE, J.A.; SYRING, R. Techniques for emergency airway and vascular acess in special species. Seminars in Avian and Exotic Pet Medicine, n.3 (July), v.15, p.193-200, 2006. 7 - MATOS, R.; MORRISEY, J.K. Emergency and critical care of small psittacines and passerines. Seminary of Avian Exotic Pet Medicine, n.14, p.90-105, 2005. 8 - GELENS, H. Intraosseous fluid therapy. Proceedings Western Veterinary Conference, 2003. 9 - HARRIS, D. Therapeutic avian techniques. Seminary of Avian Exotic Pet Medicine, n.6, p.55-62, 1997. 10 - HEARD, D. Perioperative supportive care and monitoring. In: BENNET, R.A. Veterinary Clinics of North America (Soft Tissue Surgery), n.3, v.3, p.587615, 2000. 11 - JENKINS, J.R. Diagnostic and clinical techniques. In: MADER, D.R. Reptile Medicine and surgery. Philadelphia, PA: Saunders, 1996, p.264-276. 12 - JENKINS, J.R. Hospital techniques and supportive care. In: ALTMAN, R.B.; CLUBB, S.L.; DORRESTEIN, G.M. et al. Avian Medicine and Surgery. Philadelphia, PA: Saunders, 1997, p.232-252. 13 - KAMILOGLU, A.; ATALAN, G.; KAMILOGLU, N.N. Comparison of intraosseous and intramuscular drug administration for induction of anaesthesia in domestic pigeons. Research in Veterinary Science, n.85, p.171-175, 2008.

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32 - WHITAKER, B.R.; KRUM, H. Medical management of sea turtles in aquaria. In: FOWLER, M.E.; MILLER, R.E. Zoo & Wild Animal Medicine, 4ªed, Philadelphia, PA: WB Saunders, 1999, p.217-231.


CLÍNICA DE MARKETING COLECIONE - ASSIMILE - PRATIQUE UMA RECEITA DE SUCESSO PARA SUA CLÍNICA ANO XVI - Nº 91

O DESEMPENHO DAS PESSOAS TRABALHANDO NA CLÍNICA VETERINÁRIA OU NO HOSPITAL CONSTITUI-SE EM IMPORTANTÍSSIMO DIFERENCIAL COMPETITIVO.

“Diferenciação é o ato de projetar um conjunto de diferenças significativas para distinguir a oferta da empresa das ofertas dos concorrentes.”

Philip K. Kotler

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A PERFORMANCE DAS PESSOAS INFLUENCIA A REPUTAÇÃO DA CLÍNICA Na tarefa cotidiana de conquistar e reter clientes o desempenho das pessoas assume importância estratégica para o sucesso da clínica ou hospital. O bom desempenho conduz invariavelmente ao sucesso, sendo o mais importante fator de diferenciação frente aos concorrentes. O mau desempenho, ao contrário, vai minando a reputação da clínica e, mais dia menos dia, os sintomas do fracasso começam a ser notados. O diagnóstico é fácil, percebe-se a ausência de clientes que será potencializada (a ausência) se nas imediações houver outra(s) clínica(s) com bom desempenho. O tratamento será difícil. A recuperação do negócio, quase impossível. CLIENTES PERCEBEM A DIFERENÇA E DECIDEM ELEGER “A SUA (DELE) CLÍNICA” COM BASE NAS PERCEPÇÕES Não existe essa coisa chamada “mesmo serviço profissional”. Uma clínica veterinária não é igual à outra. Os clientes, em princípio, acham todas iguais (são médicos veterinários) mas, ao frequentar a clínica/hospital, logo percebem que há diferenças, percepção que começa pelo relacionamento com as pessoas, funcionários e profissionais. Percepção do cliente: É o processo pelo qual o cliente faz seus julgamentos de qualidade. No caso dos serviços (como os serviços veterinários), são mais subjetivos do que um processo de controle de qualidade

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de um produto. As percepções do cliente, não importando sua subjetividade, são a realidade do mercado com as quais a clínica deve lidar. A percepção do cliente é tudo que existe e que deve nortear a estratégia de relacionamento. Como relacionamento interpessoal entendesse “a habilidade no trato com as pessoas influenciando positivamente e demonstrando respeito à individualidade, compreensão, convivência harmoniosa e ausência de atritos interpessoais.” A PERFORMANCE DAS PESSOAS INFLUENCIA A REPUTAÇÃO DA CLÍNICA (PERFORMANCE = ATUAÇÃO, DESEMPENHO) Reputação: Conceito de que alguém ou algo goza. Renome, reconhecimento, fama. A reputação é uma qualidade que se pode sempre ganhar ou perder. E perde-se mais rápido do que se ganha. Uma vez conquistada (a reputação) jamais se torna permanente. A reputação está atrelada ao boca a boca, quando um cliente fala para outro o que percebe em relação à clínica. O desempenho das pessoas e o resultado proporcionado no tratamento do paciente (competência profissional) associado ao relacionamento interpessoal (competência relacional) é que vai construir e manter uma boa reputação. Reputação que ajuda na construção de um relacionamento de confiança entre clínica e cliente, contribuindo fortemente para

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a fidelização de clientes. Ao contrário, a má reputação pode contribuir para inviabilizar o negócio. Estimula o boca a boca negativo. Cuide da reputação da clínica/hospital. Faça com que todas as pessoas envolvidas no atendimento ao cliente/paciente estejam comprometidas com a qualidade (do atendimento) e a reputação. O cliente deve perceber a dedicação ao animal, assim como os procedimentos clínicos, de diagnóstico e cirúrgicos (quando pertinentes). Envolva-o, todo o tempo, prestando informações para que possa avaliar e valorizar os serviços veterinários. Reflita sobre o que ensinou Kung Fu tsé - Confúcio (551 a 479 a.C.) “Conte-me e eu vou esquecer. Mostre-me e eu vou lembrar. Envolva-me e eu vou entender”. Atue para que sua clínica/hospital seja percebida como um centro de excelência em medicina veterinária e relacionamento interpessoal, diferente de outra (clínica/hospital) que o cliente conhece ou venha a conhecer (ele fará a comparação) e estará dando passos importantes para a fidelização de clientes, com aumento da frequência de compra de serviços e produtos veterinários, além de incrementar a atração de novos clientes. SERVIÇOS VETERINÁRIOS SÃO HETEROGÊNEOS. EM GERAL, ESTÃO LIGADOS À PESSOA DO PRESTADOR (DO SERVIÇO), O MÉDICO-VETERINÁRIO.

Embora os procedimentos (protocolos) possam ser semelhantes o atendimento pro-

porcionado ao paciente (perceptível pelo cliente) de uma clínica/hospital pode apresentar características distintas comparativamente a outra(o). As pessoas que fazem o atendimento numa clínica podem ser diferentes (treinadas) e proporcionar qualidade (do relacionamento) que em outra o cliente não vai encontrar. Diferenciar-se pela qualidade do atendimento será condição desejável para a conquista e retenção de bons clientes. Cobre o preço justo, compatível com a qualidade. Lembro o lema da família Gucci “a qualidade é lembrada por muito tempo depois que o preço é esquecido”. A DIFERENCIAÇÃO PODE ACONTECER DE VÁRIAS MANEIRAS • Pela atuação da equipe médica ou do médico-veterinário individualmente. O cliente percebe que o problema (do paciente) foi satisfatoriamente resolvido; • Através da qualidade do relacionamento dos funcionários e profissionais com os clientes. Todos devem estar imbuídos do objetivo de surpreender e encantar os clientes. O relacionamento interpessoal antes, durante e depois da visita do cliente à clínica/hospital poderá ser percebido, admirado e valorizado; • Através da imagem institucional. A reputação será decisiva quando cliente for decidir onde levar seu animal; • Pelo atendimento às conveniências dos clientes e pelo ambiente da clínica, sua decoração, limpeza, conforto, etc...;

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CLÍNICA DE MARKETING

• Pela disponibilidade de produtos, tais como, medicamentos, alimentos e pet shop; • Disponibilidade de serviços, tais como, diagnóstica, análises clínicas, banco de sangue, entrega de rações em domicílio, banho e tosa (ênfase na tosa higiênica), estacionamento, segurança privada, unidade de controle de pulgas, imunizações, etc...; • Pela comunicação com os clientes que deve ser informativa e educativa. Também deve ser frequente, por e-mail, telefone e mala-direta; não esqueça o cliente e não deixe o cliente esquecer-se de você. O RETORNO DO CLIENTE À CLÍNICA (GRÁTIS) APÓS UM ATENDIMENTO DE ROTINA OU DE EMERGÊNCIA EVIDENCIA A PREOCUPAÇÃO COM A SAÚDE E O BEM-ESTAR DO PACIENTE O retorno, além de assegurar que o tratamento segue produzindo o efeito esperado possibilita alguma mudança, se necessária. Lembre-se que a qualidade do serviço veterinário é importante diferencial competitivo. O retorno agrega valor aos serviços da clínica/hospital e dá (ao cliente) a sensação de que o pagamento foi menor do que o esperado ou menor do que o previsto (orçado). O retorno é uma ação de pós-venda que vai aumentar a satisfação do cliente contribuindo para fortalecer a imagem (reputação). AS PESSOAS DESEMPENHAM PAPEL FUNDAMENTAL Como mencionamos, uma clínica/hos-

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pital de animais de companhia tem nas pessoas o mais importante diferencial competitivo. Médicos veterinários e demais funcionários devem estar treinados, comprometidos mesmo, com o relacionamento interpessoal. Cada visita do cliente à clínica deve ser uma experiência de compra agradável, satisfatória (do ponto de vista do resultado) e emocionante até. Todos, funcionários e médicos-veterinários, devem estar treinados e possuírem o melhor conhecimento e experiência exigidos para o desempenho de suas funções. Cuide para que as pessoas que entram em contato direto com os clientes na recepção, no atendimento telefônico, no banho e tosa, no pet shop, nas demais unidades de serviços aos clientes e no auxílio direto ao veterinário (contato com animais), além da aptidão para o exercício da atividade tenham comportamento amigável, sejam educados, atenciosos e transmita segurança e competência. Não deixar perguntas sem a adequada resposta. A competência é o que se avalia no atendimento aos pacientes e clientes, juntamente com a cortesia e a empatia no relacionamento interpessoal.

Milson da Silva Pereira (Administrador CRA nº 41787) Especialista em marketing é responsável por este caderno; autor do livro “Marketing Aplicado à Clínica Veterinária de Animais de Estimação” e-mail: milson.pereira@hotmail.com

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em gatos (relato de caso) “Cutaneous asthenia in cat - case report” “Astenia cutánea en los gatos - reporte de un caso” Thais Daniele Antonussi* (thais_med.veterinaria@hotmail.com) Aluna do 4º período de Medicina Veterinária, Centro Univ. de São José do Rio Preto - UNIRP Roselene Nunes da Silveira Mestrado e Doutorado em Zootecnia - Produção Animal, atualmente docente de Fisiologia Animal e Nutrição Animal e Coordenadora do curso de Medicina Veterinária - UNIRP * Autora para correspondência

RESUMO: Astenia cutânea, dermatosparaxia, síndrome da fragilidade cutânea ou também denominada síndrome de Ehlers-Danlos em humanos, é um grupo de distúrbios hereditários em que alterações na síntese de colágeno ou na formação de fibras resultam em perda da elasticidade e fragilidade da pele. Ao atendimento clínico do gato relatado no caso observaram-se os principais sinais clínicos: hiperextensibilidade da pele e ferimentos constantes, devido as rupturas da pele. Ainda não existe tratamento para doença, porém o proprietário foi alertado de que o animal pode viver “normalmente” desde que o proprietário tome os cuidados necessários devido à fragilidade da pele do animal. Unitermos: astenia cutânea, hiperextensibilidade, rupturas ABSTRACT: Cutaneous asthenia, dermatosparaxia, skin fragility syndrome or also known as Ehlers-Danlos syndrome in humans, is a group of inherited disorders where changes in the synthesis of collagen fiber formation or result in loss or in elasticity and skin fragility. In clinical care Cat reported if there were the main clinical signs: hyperextensible skin and injuries constant, due to skin rupture. Although there is no treatment for the disease, but the owner was alerted that the animal can live “normally” as long as the owner takes the necessary care due to the fragility of the skin of the animal. Keywords: cutaneous asthenia, hyperextensible, ruptures RESUMEN: Cutánea astenia, dermatosparaxia, el síndrome de la fragilidad cutánea o también conocida como el síndrome de Ehlers-Danlos, en los seres humanos, es un grupo de enfermedades hereditarias en que los cambios en la síntesis o formación de fibras de colágeno provocar la pérdida de la elasticidad y fragilidad de la piel. En atención clínica de lo gato se informó los principales signos clínicos: hiperextensible piel y lesiones constantes debido a la piel rota. Aunque no existe un tratamiento para la enfermedad, pero el dueño fue alertado de que el animal puede vivir “normalmente” siempre y cuando el propietario tiene el cuidado necesario debido a la fragilidad de la piel del animal. Palabras clave: cutánea astenia, hiperextensible, rupturas

Introdução Astenia cutânea, dermatosparaxia, síndrome da fragilidade cutânea ou também denominada síndrome de Ehlers-Danlos em humanos, é um grupo de distúrbios hereditários em que alterações na síntese de colágeno ou na formação de fibras resultam em perda da elasticidade e fragilidade da pele e é caracterizada como uma doença rara em cães e gatos5. Em pessoas existem mais de dez diferentes subtipos da síndrome de Ehlers-Danlos. Nos animais os subtipos da síndrome ainda não foram classificados. Dos casos veterinários reportados, a dermatosparaxis foi identificada como uma característica recessiva autossomal no gado bovino e no rebanho de ovelhas, antes que a pesquisa humana classificasse os subtipos da síndrome de Ehlers-Danlos. A forma como se dá a hereditariedade foi reportada como autossomal dominante em martas, gatos, cachorros, cavalos e coelhos. A astenia cutânea em animais se parece com a síndrome de Ehlers-Danlos VII tipo C (fibrilas de colágeno hieróglifas) em seres humanos. As pessoas afetadas são heterozigotos, pois a homozigosidade nesta mutação é letal9. As fibras do tecido conjuntivo são de três tipos principais: colágenas, reticulares e elásticas4. Os tipos de fibras constituintes são responsáveis pelas ca40 • Nosso Clínico

racterísticas do tecido; por exemplo, o tecido elástico (um dos tipos de tecido conjuntivo) possui grande elasticidade por predominarem as fibras elásticas. No caso das fibras colágenas e das reticulares, onde predominam proteínas da família dos colágenos, existem dois sistemas de fibras: o sistema colágeno e o sistema elástico4. O colágeno constitui uma família de proteínas produzidas por diversos tipos celulares, as quais se diferenciam bioquímica e morfologicamente, podendo ser classificado em grupos, de acordo com sua estrutura e função4. Como o processo de síntese e formação dessas fibras apresenta muitas etapas, aumentam as possibilidades de ocorrência de defeitos, seja por falha enzimática seja por processos patológicos. Existem diversos quadros clínicos associados à síndrome de astenia cutânea,sendo mais comum a ocorrência de determinado tipo associado a um determinado sinal ou a uma apresentação clínica específica4. De acordo com a forma estudada, o defeito pode ser resultado da deficiência da síntese do colágeno tipo III, de mutações na estrutura helicoidal do colágeno tipo III, de conversão anormal do procolágeno tipo I em colágeno, ou de diversas anormalidades enzimáticas, como por exemplo, a falha no processo de formação do procolágeno, com diminuição da atividade


DANIELE RIBEIRO RODRIGUES (2012) DANIELE RIBEIRO RODRIGUES (2012)

DANIELE RIBEIRO RODRIGUES (2012)

Figura 1: Felino Léo, após realizada a tricotomia e a retirada da amostra de pele para a realização de biópsia

Figuras 2: Imagem mostrando a hiperextensibilidade da pele na região dorsal e lateral do felino

DANIELE RIBEIRO RODRIGUES (2012)

da enzima procolágeno-peptidase, levando a acúmulos no processamento do procolágeno tipo I8. O arranjo ou disposição das fibras colágenas nessas condições ficam severamente comprometidos, deixando de formar fardos paralelos e uniformes constituídos por fibrilas cilíndricas de diâmetro uniforme, que seria o arranjo normal, e passando a se constituir uma estrutura completamente desorganizada, e com fibras de tamanhos diferentes8. Os sinais cutâneos caracterizam-se por distensão cutânea exagerada, pele fina e frágil que se rompe facilmente por traumas mínimos5,8. Assim um rápido diagnóstico da doença é a observação de rupturas e vários ferimentos na pele do animal. A pele adere-se frouxamente aos tecidos adjacentes, podendo ser esticada a comprimentos extremos e formar dobras, especialmente nos membros, cotovelos e região ventral do pescoço, principalmente em cães1,7,10. As lesões são conhecidas como “feridas em boca de peixe”, devendo ser prontamente cuidadas. As cicatrizes se formam num prazo satisfatório e têm aspecto mencionado como de “papel de cigarro”3. Em cães, ao contrário dos gatos, verificase o tecido cicatricial curado com resistência aumentada em relação ao tecido adjacente. Os estudos indicam duas causas para o aumento de resistência tensional das cicatrizes dos cães: aumento das interligações cruzadas intra e intermolecular das fibrilas de colágeno tipo I nas cicatrizes, colagenólise reduzida, ou maior grau de interação da substância fundamental colagenosa na cicatriz3. Outra forma da doença caracteriza-se por afrouxamento articular com luxações de patela, luxações coxo-femorais e/ou também rádio-cárpicas, agravadas por perda total da relação articular entre os ossos dessas regiões2,4. Quando se suspeita da síndrome de Ehlers-Danlos, deve-se medir o índice de extensibilidade do paciente através da fórmula: altura vertical da prega da pele divida pelo comprimento do corpo e multiplicar por cem. Onde a detecção de astenia cutânea na relação a/b é superior a 14,5% em cães e 19,0% em gatos6. O diagnóstico definitivo desta doença requer um exame ao microscópio eletrônico, da amostra de pele para biópsia do animal afetado e de uma espécie idêntico clinicamente normal para comparação. Devido à natureza da síndrome, muitos animais acabam por ser submetidos à eutanásia. Caso o proprietário decida man-

Figura 3: Alta hiperextensibilidade da pele da face do felino ................................................................................

ter o animal, deverá ser informado sobre a natureza hereditária da doença, sendo proibida a reprodução dos portadores. Deverá também adequar seu estilo de vida e o ambiente às necessidades do animal, avisando a todos os visitantes sobre sua fragilidade cutânea, adaptando o espaço físico e utensílios, de modo que não possuam

cantos vivos ou áreas pontiagudas, pois o animal pode lacerar facilmente a pele. Cortes ou lacerações na pele deverão ser cuidados prontamente, com suturas e curativos. Não existe cura para a síndrome de Ehlers-Danlos. Alguns dos animais infectados exibem apenas hiperextensibilidade de pele, sem ruptura, hematomas ou higromas. O tratamento pode ser desafiador e basicamemte envolve a prevenção de machucados traumáticos. Qualquer laceração deve receber atenção de imediato para rápido fechamento da ferida e ótima recuperação. Um suplemento de vitamina C (até 1g/dia) resultou em uma melhoria para alguns cães9,5. Como a vitamina C é um componente necessário no processo da síntese de colágeno e não tem um custo proibitivo, uma tentativa terapêutica de longo prazo de vitamina C deve ser feita9,5. Também deve ser usada a vitamina E, que possui propriedades anti-inflamatórias e interage com várias outras vitaminas e minerais9,5. Devido à sua condição genética, os animais afetados devem ser esterelizados (o campo cirúrgico cicatriza bem)9,5. Se o dono for um criador, deve ser informado que a síndrome de Ehlers-Danlos faz-se presente na linhagem hereditária9,5. Material e métodos Léo, gato, macho, sem raça e idade definida, não castrado, retirado das ruas pelo seu atual proprietário, foi atendido no dia 04/09/2102 na clínica veterinária Central Pet, Catanduva/SP, da médica-veterinária e pós-graduada em Dermatologia veterinária - Daniele Ribeiro Rodrigues, apresentando pele fina e bastante frágil, com presença de úlceras. Tratado por outros colegas com antibióticos, acaricidas e sutura das lesões, sem melhora. No exame físico, foi diagnosticado que os ferimentos eram na verdade rupturas da pele. Não se observaram alterações à palpação abdominal, e temperatura e frequências cardíaca e respiratória se encontravam dentro dos limites da normalidade. As mucosas se encontravam normocoradas, e os linfonodos, normais. Na avaliação da hidratação, por meio do teste de turgor cutâneo, observou-se uma distensão cutânea anormal, assim foi constatado uma hiperextensibilidade da pele e fragilidade cutânea principalmente em regiões da cabeça, dorso e pescoço. O caso então foi suspeitado de astenia cutânea e informado ao proprietário sobre a gravidade da doença e das medidas de proteção em relação ao animal. Nosso Clínico • 41


Para um melhor diagnóstico foi colhido uma amostra de pele da região lateral, abaixo do membro torácico do gato para biópsia. O teste de extensibilidade da pele através da fórmula não pode ser feito, pelo fato de que, ao esticarmos a pele para extrairmos a medida da prega, foi notado que o animal sentia um expressivo incômodo, então para evitar o sofrimento do animal, optamos por não realizar este procedimento. Resultados e Discussão Através da microscopia, obtida pela biópsia foi possível observar que a epiderme exibe extensa área de ulceração abrupta (trauma) com deposição de fibrina e infiltração de neutrófilos. Toda a derme e parte do panículo adiposo sob a úlcera apresentam proliferação de tecido de granulação maduro, edema e infiltrado inflamatório rico em neutrófilos e com linfócitos, macrófagos e plasmócitos; resultado dos ferimentos que ocorriam devido a própria ruptura da pele. Na derme presente na periferia deste processo proliferativo cicatricial, chamou atenção a variação de tamanho entre as fibras de colágenos, além de presença de fibras de colágeno bastante espessas e irregulares; caso confirmado de astenia cutânea.

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Conclusão A astenia cutânea é uma doença rara e dificilmente documentada na medicina veterinária. Principalmente pela escassez de informações sobre como ocorre especificamente a doença e as formas de tratamento que possam torná-la reversível. A importância do relato está no fato de poder fornecer mais subsídios para o entendimento dessa doença, diante de achados clínicos bastante sugestivos e diagnóstico histopatológico; e despertar no leitor a curiosidade e à procura por maior conhecimento sobre o caso, para um dia quem sabe, conseguirem identificar formas para reverter o quadro da doença. A respeito do caso, o proprietário foi informado sobre a confirmação da astenia cutânea em seu animal, e os cuidados necessários a fim de evitar complicações nos ferimentos devido às rupturas; e se disponibilizou a ficar com o animal. Afinal a astenia cutânea por apresentar tal complexidade, ainda não foi possível encontrar o tratamento, mas a doença não impede que o animal viva normalmente; apenas devese ficar atento com os sinais secundários da astenia cutânea, tais como os ferimentos e rupturas da pele.

Referências 1 - ANDERSON & BROWN. Cutaneous asthenia in a dog. Journal of American Veterinary Medical Association, v.173, n.6, p.742-743, 1985. 2 - BARRERA, R.; MAÑE, C.; DURAN, E.; VIVES, M.A.; ZARAGOZA, C., 2004. 3 - BOJRAB, M.J. Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais, 3.ed, São Paulo: Roca, p.375-8, 1996. 4 - JUNQUEIRA, L.C.U.; CARNEIRO, J. 2004. Histologia básica,10.ed., Rio de Janeiro, 2004. 5 - MEDLEAU, L. M.; HNILICA, K.A. Dermatologia de pequenos animais: atlas colorido e guia terapêutico, 1.ed., São Paulo: Roca, 2003. 6 - PATTERSON, D.F.; MINOR, R.R. Hereditary fragility and hyperextensibility of the skin of cats. Laboratory Investigation, v.37, p.170-179,1977. 7 - POULSEN, P.H.; THOMSEN, M.K.; KRISTENSEN, F. Cutaneous asthenia in the dog. A report of two cases. Nordic Veterinary Medicine, v.37, n.5, p.291 -297, 1985. 8 - SCOTT, D.W.; MILLER, W.H.; GRIFFIN, C.E. Muller & Kirk: dermatologia de pequenos animais, 5.ed., Rio de Janeiro: Interlivros,1996. 9 - Timothy Krone; Kimberly Lower 10 - WARD, G.W. Cutaneous asthenia (cutis hyperelastica) of dogs. Australian Veterinary Journal, v.46, n.3, p.115, 1970.


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Ocorrência de

“Ocurrence of pyometra in a cougar - case report” “Aparición de piometra en cougar - informe de caso”

Figura 1: Suçuarana (Puma concolor), anestesiado com dardo

RESUMO: Piometra é uma importante afecção reprodutiva em cadelas íntegras e incomum em gatas domésticas, podendo ocorrer em grandes felinos selvagens. Este relato descreve um caso de piometra em uma suçuarana (Puma concolor), com 16 anos de idade. O animal foi encaminhado ao Hospital Veterinário de Uberaba (HVU) pelo Zoológico Municipal de Uberaba, Parque Jacarandá, com histórico de hematúria. Sob contenção farmacológica, foram realizados exame físco e exames complementares: hemograma completo, bioquímica sérica, urinálise, radiografia e ultrassonografia abdominal. Os resultados dos exames acusaram um quadro septicemico. No dia seguinte o animal veio a óbito. Durante necropsia, foi diagnosticada ruptura uterina, com consequente extravasamento de conteúdo mucohemorrágico pela cavidade abdominal, levando o mesmo a um estado fatal de peritonite e toxemia. Unitermos: onça, Puma concolor, piometra, reprodução, patologia ABSTRACT: Pyometra is an important reproduction disease of intact bitches and incommum in domestics cats, can also occur in large wild felids. The present study describes a case of pyometra in a 16 years old cougar (Puma concolor). The animal was referred to the Uberaba’s Veterinary Hospital (HVU) by the Uberaba’s Municipal Zoological, Jaracandá Park, with historic of hematuria. Under pharmacology restrain, the animal was submitted to physical examination and complementary exams: hematology, biochemical profile, urinalysis, radiography and abdominal ultrasonography. The exams showed septicemia. The next day, the animal died. During necropsy, was diagnosed uterine rupture, with consequent leakage of mucus-hemorrhagic contents in the abdominal cavity, leading the animal to a fatal state of peritonitis and toxemia. Keywords: cougar, Puma concolor, pyometra, reproduction, pathology RESUMEN: Piometra es una importante enfermedad reproductivo en la perros y poco frecuente en gatos domésticos, puede también ocurrir en los grandes gatos salvajes. Este informe describe un caso de piometra en un puma (Puma concolor), con 16 años de edad. El animal fue llevado al Hospital Veterinario de Uberaba (HVU) por el Zoo Municipal de Uberaba, Parque Jacarandá, con una historia de hematuria. Bajo la restricción farmacológica, se realizaron exámenes físicos y pruebas de laboratorio: hemograma, bioquímica, análisis de orina, radiografías y ultrasonido abdominal. Los resultados de la prueba mostraron un marco septicémica. Al día siguiente, el animal murió. Durante la necropsia, se le diagnosticó rotura uterina, con consiguiente extravasación de contenido mucohemorrágico en la cavidad abdominal, lo que lleva a un estado de peritonitis fatal y toxemia. Palabras clave: Jaguar, Puma concolor, piometra, reproducción, patología

Introdução O complexo hiperplasia endometrial cística – piometra é a mais frequente e importante afecção endometrial em cadelas íntegras, sendo relativamente incomum em gatos domésticos6,11. Há indícios de grande frequência de casos em grandes felinos silvestres, tendo sido descrita em leopardos (Panthera pardus), leões (Panthera leo) e tigres (Panthera tigris)2,8,9,10. Nos felinos a ovocitação é induzida, o que leva a exposição do útero à progesterona apenas após a cópula ou estimulação artificial, reduzindo, assim, o risco de desenvolvimento de hiperplasia endometrial cística e, subsequentemente, piometra. No entanto, sua patogênese ainda não foi totalmente elucidada6. Estudos relacio44 • Nosso Clínico

nados a ocorrência de piometra em felinos silvestres e exóticos no Brasil são escassos, tendo sido descritos casos em leoa (Panthera leo)2 e onça pintada (Panthera onca)9,13. O desenvolvimento de piometra em carnívoros domésticos está associado ao complexo hiperplasia endometrial cística, o que parece também ocorrer em grandes felinos, sendo a incidência diretamente proporcional ao avanço da idade, ou que pode se desenvolver, também, de maneira independente7,12. Todas as cadelas desenvolvem hiperplasia endometrial cística e, apenas algumas, desenvolvem piometra, podendo ainda ocorrer piometra sem o desenvolvimento prévio de hiperplasia endometrial cística em animais jovens6.

Cláudio Yudi Kanayama*; (claudio.kanayama@uniube.br) Humberto Eustáquio Coelho; (coelhoheust@yahoo.com) Flávia Maria E. Machado: (festeves@mednet.com.br) Docentes do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Univ. de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ ABCZ) - Uberaba, MG Guilherme Dias Araujo (guilherme.d.a@bol.com.br) Médico-Veterinário pela Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG Karina Barbosa Souza (karina_b_souza@yahoo.com.br) Medica-Veterinária Residente em Clínica Cirúrgica, Hospital Veterinário de Uberaba - HVU, Uberaba, MG Hélio Alberto (ebanohalberto@yahoo.com.br) Colaborador Técnico do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Univ. de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ ABCZ), Uberaba, MG Cláudio Henrique G. Barbosa (claudiohgb.vet@gmail.com) Medico-Veterinário Residente em Patologia Animal, Hospital Veterinário de Uberaba - HVU, Uberaba, MG Tatiane Furtado de Carvalho (carvalhotativet@hotmail.com) Medica-Veterinária Mestranda em Patologia, Universidade Federal de Minas Gerais UFMG, Belo Horizonte, MG * Autor para correspondência

FONTE: CLÁUDIO YUDI KANAYAMA (2011)

em Suçuarana (relato de caso)


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A piometra é caracterizada pelo acúmulo de exsudato purulento no lúmen uterino, ocorrendo na fase de diestro do ciclo estral6,12. O complexo hiperplasia endometrial cística é uma alteração endometrial hormonio-dependente que se desenvolve após repetidos ciclos estrais6,12 , tornando o endometrio espesso e recoberto por cistos11 que variam em tamanho, número, distribuição, morfologia e relevância clínica. Pode ser, também, acompanhado de líquido estéril no lúmen uterino, definido como mucometra ou hidrometra6. Está correlacionado a altos níveis de estrógeno e exposição prolongada do endometrio à progesterona, seja exógeno ou endógeno, na fase lútea do ciclo estral4,6. A progesterona estimula a proliferação das glândulas endometriais e aumento da atividade secretória, resultando no acúmulo de líquido intra-uterino, supressão da resposta imune local, redução da contratilidade do miométrio e oclusão da cérvix, favorecendo a retenção de líquido e criando um ambiente favorável para o desenvolvimento bacteriano6,12. Além disso, há predisposição do endométrio para desenvolvimento de infecção bacteriana secundária, que infecta o útero durante o proestro e estro, proveniente da microbiota vaginal normal através da migração via ascendente7. O estabelecimento da piometra é o resultado de complexos fatores etiológicos, como por exemplo, a influência hormonal no útero, a virulência das infecções bacterianas e a capacidade individual de combater as infecções4,6. Os sinais clínicos mais frequentes em felinos são anorexia, letargia e descarga vulvar purulenta em piometra com cérvix aberta. Polidpsia, poliúria, êmese, diarreia e dor abdominal são pouco relatados em felinos, sendo frequentemente observados em cães7. Desidratação pode ocorrer em ambas as espécies6. Clinicamente, a piometra pode se apresentar com a cérvix fechada e sinais clínicos agudos e graves. Em casos nos quais, a cérvix está aberta, os sinais clinicos tendem a ter menor gravidade12. Cistite é o diagnostico diferencial para piometra em grandes felinos7. Usualmente é diagnosticada oito semanas após o estro ou indução da ovulação. O diagnóstico é feito com base na anamnese (histórico de animal idoso íntegro na fase de diestro), exame físico e exames complementares como radiografia, ultrassonografia (preferencialmente), hemograma completo e perfil bioquímico. Leucocitose caracterizada por neutrofilia com 46 • Nosso Clínico

desvio à esquerda; hipoalbuminemia e hiperproteinemia são achados mais frequentes em carnívoros domésticos e grandes felinos acometidos por piometra6,7,12. A hipoalbuminemia e hiperproteinemia se referem a perda renal de albumina e um aumento da produção de proteínas de fase aguda e gama-globulinas causada pela crônica estimulação antigênica6. A função renal deve ser avaliada, pois disfunção renal é uma complicação frequente em quadros de piometra ocorrendo azotemia prérenal e renal tanto em animais domésticos, quanto em grandes felinos6,7,12. O tratamento para piometra deve ser instituído de maneira rápida e agressiva, existindo as opções de tratamento cirúrgico, com ovariosalpingohisterectomia, ou clínico, realizado em animais destinados à reprodução, com objetivo de promover a diminuição das concentrações de progesterona, eliminação das bacterias e abertura da cérvix através da administração de prostaglandina podendo ser associada a agonistas da dopamina tais como como cabergolina e bromocriptina ou antagonistas dos receptores de progesterona como mefepristone e aglepristone6,12. Independente da espécie animal, na grande maioria dos casos a ovariosalpingohisterectomia é o tratamento de eleição6,7,12. Em casos de piometra com cérvix fechada o tratamento cirúrgico deve ser instituído6,12. Sendo uma ocorrência pouco relatada na literatura científica, o presente trabalho tem o objetivo de reportar a ocorrência de piometra em suçuarana (Puma concolor). Relato de Caso Uma suçuarana (Puma concolor), fêmea, com 16 anos de idade, proveniente do Zoológico Municipal Parque Jacarandá, do município de Uberaba, Minas Gerais, foi encaminhada ao Hospital Veterinário de Uberaba (HVU) com histórico de hematúria. O animal foi manipulado após contenção farmacológica (anestesia dissociativa) com administração da associação de cloridrato de xilazina (0,5 mg/kg), midazolam (0,5 mg/kg) e cloridrato de cetamina (10 mg/kg), por via intramuscular, por meio de dardo anestésico (Figura 1). Ao exame clínico geral não foi encontrada nenhuma alteração digna de nota. Durante o exame físico especial, não se caracterizou alterações à palpação dos rins e bexiga, além de não ter sido possível a percepção à palpação de cornos uterinos. Como exames complementares foram realizados: exame radiográfico e ultrassono-

gráfico exploratório do abdomen, hemograma completo, urinálise, perfil bioquímico renal e perfil bioquímico hepático. O exame radiográfico do abdomen foi executado na projeção látero-lateral, enquanto que o exame ultrassonográfico exploratório do abdomen foi realizado com o animal em decúbitos dorsal, lateral direito e lateral esquerdo. O hemograma completo e análises bioquímicas foram realizados com amostras de sangue obtidas por venopunção da jugular, armazenadas em tubos com anticoagulante EDTA e sem anticoagulante, respectivamente. A amostra de urina para urinálise foi obtida através de cateterismo vesical. Em seguida o animal foi liberado para o recinto, permanecendo sob observação até a completa recuperação anestésica. No dia seguinte o animal veio a óbito, sendo encaminhado para o setor de Patologia do Hospital Veterinário de Uberaba (HVU) para necropsia. Resultados e Discussões Embora a ocorrência de piometra em grandes felinos selvagens ocorra com maior frequência em relação aos gatos domésticos, não foi relatado a ocorrência dessa enfermidade em suçuarana (Puma concolor)7. O animal do presente estudo se encontra dentro da faixa etária de maior prevalência da doença conforme cita a literatura, considerando que os animais desta espécie possuam longevidade de até 20 anos10, este animal se tratava de um paciente geriatrico7,12. Levando em consideração os sinais clínicos, pode se concluir que o animal apresentava piometra com cérvix oclusa caracterizada pela ausência de secreção vulvar com rápida evolução para septicemia. Interpretando os resultados do hemograma com os valores de referência preconizados para a espécie, foi possível concluir que o animal apresentava policitemia (hemácias 9,3 milhões/mm3; hemoglobina 14,3%, hematócrito 44%); trombocitose (443.000/mm 3 ), leucopenia (5900/ mm3), neutropenia (3776/mm3) e monocitose (118mm3). Nos exames bioquímicos, a ureia encontrava-se em normalidade (74,6mg/dl) e creatinina levemente aumentada (2,50mg/dl); alanino aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST) estavam consideravelmente aumentadas (218U/L e 274U/L respectivamente); além disso, o animal também apresentava uma hiperglicemia (254mg/dl)10. Na urinálise, notou-se densidade levemente aumentada, hematúria, proteinúria, piúria e muco, com microbiota normal.


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dimentos hiperecogênicos em suspensão (pós-balotamento) não formadores de sombra acústica adjacente. A impressão diagnóstica sugeria cistite polipoide. O baço apresentou-se com dimensões acima do habitual, limites pouco definidos e ecogenicidade acima do habitual, com impressão diagnóstica sugestiva de processo inflamatório/infeccioso. Já os rins, apresentaramse com pelve dilatada, com impressão diagnóstica sugestiva de obstrução do fluxo urinário; os cornos uterinos não foram visualizados durante o exame. Na necropsia do animal, foi possível observar os seguintes achados macroscópicos: cistite mucopurulenta aguda, metrite mucohemorrágica aguda (Figuras 2 e 3), hemorragia pleural, pneumonia aguda, salpingite mucopurulenta, rins hiperêmicos, hemopericárdio, hiperemia passiva no fígado e no baço, gastrite mucohemorrágica aguda e enterite mucohemorrágica. Como diagnóstico final, concluiu-se que o animal apresentou um quadro de ruptura uterina causando extravasamento de conteúdo muco hemorrágico pela cavidade abdominal, levando o animal a um estado fatal de endotoxemia.

Neste caso, o diagnóstico foi confirmado por meio de necropsia. O histórico associado aos sinais clínicos e exames complementares não possibilitaram o diagnóstico ante mortem, demonstrando dados inespecíficos e inconclusivos. Apesar da literatura apontar o exame ultrassonográfico como um método diagnóstico de eleição para diagnótico de piometra em animais domésticos e grandes felinos, demonstrando o útero repleto de fluído representado por uma estrutura tubular com conteúdo anecóico ou hipoecóico este não foi conclusivo, demonstrando apenas lesões em diversos orgãos como consequencia sistêmica da doença1,6,7,12. Em um trabalho pesquisado, o exame ultrassonográfico foi incapaz de detectar anormalidades uterinas em uma leoa (Panthera leo) com piometra com cervix aberta2. Raramente, peritonite secundária séptica pode ocorrer devido a contaminação bacteriana da cavidade peritonial decorrente de ruptura de útero com piometra, podendo evoluir para sindrome de resposta inflamatória sistêmica5. A ruptura uterina pode ocorrer em piometra com cérvix fechada devido a impossibilidade de ocorrer

FONTE: CLÁUDIO YUDI KANAYAMA (2011)

Figura 2: Útero. Observar o aumento de volume do corno uterino

FONTE: CLÁUDIO YUDI KANAYAMA (2011)

A proteinúria sem piúria e a hematúria podem ser vistas na piometra, sendo que isto ocorre devido à glomerulonefrite por deposição de imunocomplexos no capilar glomerular1. Densidade urinária aumentada indica indícios de fatores pré-renais envolvidos e os túbulos renais estão concentrando urina15. No entanto, a presença de proteinúria associada a hemáceas e leucócitos indica a presença de lesão inflamatória, a qual poderia estar localizada em qualquer lugar no trato genitourinário, ou ainda, como resultado da contaminação urinária por exsudato inflamatório do sistema genital. Para minimizar o erro deve-se colher a urina por cistocentese, o que no caso de piometra é desaconselhado devido ao risco de se puncionar o útero e provocar uma peritonite5. Animais com piometra comumente apresentam anemia arregenerativa do tipo normocítica normocrômica como reflexo da natureza crônica e inflamatória da afecção, que causa supressão tóxica da medula óssea14. Porém a anemia pode ser marcarada pela desidratação. Neutropenia é incomum e pode ocorrer em casos de lesões inflamatória graves, agudas, com consumo rápido de neutrofilos, acima da capacidade de liberação de neutrofilos da medula óssea para o sangue15. Trombocitopenia, neutropenia e linfopenia, ocorrem principalmente em quadro septicêmico, e monocitose são comuns em cadelas com piometra. As enzimas hepáticas podem estar elevadas como resultado de dano hepatocelular causado por septicemia ou hipóxia (diminuição da circulação hepática pela desidratação). Ureia e creatinina séricas podem estar elevadas em azotemia pré-renal como consequencia da desidratação3,14. A interpretação dos exames laboratoriais permitiram concluir que o animal apresentava um quadro de septicemia, com desidratação, hepatopatia. O exame radiográfico foi inconclusivo, contradizendo alguns trabalhos que afirmam que radiografia abdominal lateral possa identificar o útero como um órgão tubular repleto de fluído localizado entre o cólon descendente e a bexiga urinária no caso de piometra11. Na ultrassonografia evidenciou-se: fígado com ecogenicidade aumentada, padrão micronodular, ecotextura heterogênea, dimensões acima do habitual e margens regulares, com impressão diagnóstica de degeneração gordurosa. A bexiga encontrou-se pouco repleta durante o exame, com espessura de parede igual a nove milímetros, irregular e com presença de se-

Figura 3: Útero. Observar a mucosa endometrial espessa


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drenagem do conteúdo intraluminal, assim como ocorrido no presente relato. O prognóstico em caso de piometra em grandes felinos com ruptura uterina é reservado7. Um quadro de piometra, na espécie em questão, pode evoluir para um quadro de septicemia, como exposto no presente relato de caso10. Conclusão Este presente relato constitui um alerta ao medico-veterinário de animais selvagens, que deve suspeitar de piometra em grandes felinos com idade senis, mesmo com ausência de descarga vulvar, devendo acompanhar o desempenho reprodutivo destes animais, para um diagnóstico precoce e rápida intervenção cirúrgica. Referências 1 - FELDMAN, E.C.; NELSON, R.W. Canine and Feline Endocrinology and Reproduction. 2.ed., Philadelphia: WB Saunders Company, 1996. 2 - FORNAZARI, F.; TEIXEIRA, C.R.; RAHAL, C.S.; FACCIOLI, P.Y.; ALMEIDA, P.H.N.; LANGONI, H. Piometra em uma Leoa (Panthera Leo): Relato de Caso. Veterinária e Zootecnia, v.18, n.3, p.371-373, 2011. Disponível em: http://www.fmvz.unesp.br/rvz. Acesso em: 18 ago 2012.

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3 - GUTIERREZ, R.R. Exames Laboratoriais Importantes no Diagnóstico de Piometra Canina. 2009, 20 f. Monografia (bacharelado) Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu da Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2009. Disponível em: http://www.athena.biblioteca.unesp.br. Acesso em: 20/08/2012. 4 - HAGMAN, R. New Aspects of Canine Pyometra - Studies on Epidemiology and Pathogenesis. 55f. Uppsala, Suécia. Tese (Doutorado em Clínica de Pequenos Animais). Programa de Pós-graduação do Department of Small Animal Clinical Sciences, Swedish University of Agricultural Sciences, 2004. Disponível em: http://pub.epsilon.slu.se. Acesso em: 20/08/2012. 5 - KIRBY, B.M. Peritônio e cavidade peritonial. In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3.ed., Barueri: Manole, 2007, p.414-445. 6 - MATEUS, L.; EILTS, B.E. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Textbook of Veterinary Internal Medicine: Diseases of the Dog and the Cat. 7.ed., Canada: Elsevier, 2010, p.1668-1688. 7 - MCCAIN, S.; RAMSAY, E. Pyometra in Large Felids. In: FOWLER, M.; MILLER, E. Zoo and Wild Animal Medicine. 7.ed., St. Louis: Elsevier Saunders, 2012, p.477-479. 8 - MCCAIN, S.; RAMSAY, E.; ALLENDER, M.C.; SOUZA, C.; SCHUMACHER, J. Pyometra in Captive Large Felids: A Review of Eleven Cases. Journal of Zoo and Wildlife Medicine, v.40, n.1, p.147-151, 2009. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ pubmed. Acesso em: 17 ago 2012. 9 - RIBEIRO, F.P.; BAHIENSE, C.R.; SPADETTI, A.; BALTHAZAR, D.A.; FEDULLO, L.P.L. Piometra em

onça pintada (Panthera onca) - Relato de caso. Revista Universidade Rural - Série Ciências da Vida, v.27, suplemento, 2007, p.75-77. Disponível em: http:// www.editora.ufrrj.br. Acesso em: 17 ago 2012. 10 - SILVA, J.C.R.; ADANIA, C.H. Carnivora - Felidae (Onça, Suçuarana, Jaguatirica, Gato-do-mato). In: CUBAS, Z.S.; SILVA, J.C.R.; CATÃO-DIAS, J.L. Tratado de Animais Selvagens. São Paulo: Roca, 2006, p.505-546. 11 - SMITH, F.O. Pyometra canine. Theriogenology, v.66, [s.n.], 2006, p.610-612. Disponível em: http:// www.vetrepro.cl. Acesso em: 18 ago 2012. 12 - STONE, E.A. Sistema reprodutivo. In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3.ed., Barueri: Manole. 2007, p.1487-1501. 13 - TONIOLLO, G.H.; FARIA JR., D.; LEGA, E.; BATISTA, C.M.; NUNES, N. Piometra na Espécie Felina - Relato de um Caso em Panthera onca. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Scence, v.37, n.2, [s.p.], 2000. Disponível em: http:// www.scielo.br. Acesso em: 19 ago 2012. 14 - VERSTEGEN, J.; DHALIWAL, G.; VERSTEGEN-ONCLIN, K. Mucometra, Cystic Endometrial Hyperplasia, and Pyometra in the Bitch: Advances in Treatment and Assessment of Future Reproductive Success. Theriogenology. v.70, n.3, p.364-374, 2008. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed. Acesso em: 19 ago 2012. 15 - WEISER, G. Interpretação da resposta leucocitária nas doenças. In: THRALL, M.A. Hematologia e Bioquímica Veterinária. São Paulo: Roca, 2007, p. 127-140.


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INFORMA TIV O INFORMATIV TIVO

ABRAVAS Finalizando o exercício de 2012, durante os dias 24, 25 e 26 de novembro de 2012 a ABRAVAS realizou o I Simpósio de Medicina de Animais Selvagens com o módulo de Megavertebrados e Aves Selvagens na Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte (FZB-BH). Estiveram presentes veterinários e estudantes de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e Maranhão. Foram discutidos temas relacionados aos megavertebrados terrestres como os principais problemas em zoológicos, contenção física e farmacológica, nutrição, condicionamento/bem-estar e odontologia. No módulo de “Aves Selvagens”, foram apresentados os conceitos sobre os diversos tipos de feridas, fraturas, luxações e seus tratamentos conservativos e cirúrgicos, além dos aspectos patológicos das principais doenças bacterianas, virais, fúngicas e não-infecciosas das aves. Os participantes puderam ver na prática a rotina clínica dos megavertebrados na FZB-BH com visitas técnicas aos recintos dos elefantes, girafas, hipopótamos e rinocerontes. Ao término desta atividade foi feita uma demonstração de técnicas e de coleta de material durante o exame necroscópico de uma harpia no Hospital Veterinário da FZB-BH. O ano de 2013 começa e a ABRAVAS está trabalhando forte para oferecer cursos, sobre os mais diversos temas, em diferentes regiões do país. Em fevereiro, entre os dias 22 e 24, será realizada a “1ª Conferência Internacional em Emergência e Cuidados Intensivos em Pets Exóticos, Animais Selvagens e de Zoológico”, organizada em conjunto por ABRAVAS, Fundação Parque Zoológico de São Paulo e a Associação Latinoamericana de Medicina Veterinária de Emergência e Cuidados Intensivos (LAVECCS). Serão abordados temas como monitoração, estabilização, fluidoterapia, anestesia e analgesia, entre outros, em espécies não-convencionais. As inscrições já estão abertas no site do Zoo de São Paulo (www.zoologico.com.br). Ainda no primeiro semestre, há planos adiantados de um curso sobre conservação de xenartros e outro sobre conservação e pesquisa de animais marinhos, além de um curso voltado para clínica de pets não-convencionais. No segundo semestre, de 6 a 11 de outubro, será realizado o XXII Encontro e XVI Congresso da ABRAVAS, na cidade de Salvador - BA, com o tema “Medicina Veterinária de Animais Selvagens: Protegendo a Biodiversidade”, com a presença de renomados palestrantes nacionais e internacionais. Também durante o evento, será realizada a eleição da diretoria para o biênio 2013-2015. Em breve divulgaremos a programação e abriremos as inscrições. Já é possível renovar sua anuidade para o exercício de 2013! Os associados já receberam o boleto em seus e-mails, caso haja qualquer dúvida sobre este assunto, por favor mandem e-mail para tesouraria@abravas.org.br. Quanto antes você se associar ou renovar sua anuidade, mais rápido poderá usufruir dos benefícios de associados. Acesse www.abravas.org.br e nossa página no Facebook (www.facebook.com/Abravas) e fique por dentro de todas as novidades. Ótimo 2013 para todos. Diretoria da ABRAVAS (Gestão 2011-2013)

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INFORME PUBLICITÁRIO

Perto de completar dois anos de funcionamento no país, a Ressonância Magnética (RM) está se desenvolvendo a passos largos, fechando diagnósticos e proporcionando aos colegas veterinários novos horizontes de prognósticos e decisões de tratamento. Além disso, tem mostrado novas doenças, antes apenas vistas em exames necroscópicos. Diagnosticar com precisão é mais fácil quando se consegue enxergar bem a estrutura avaliada. Se antes as melhores imagens do sistema nervoso central eram obtidas através da tomografia computadorizada, hoje somos capazes de enxergar a anatomia macroscópica com grande riqueza de detalhe e um contraste ímpar entre estruturas. Isso permite localizar e delimitar melhor lesões e abre novas opções de tratamento. Em breve, cirurgias para retiradas de tumores intracranianos, por exemplo, devem se tornar mais frequentes, graças ao ótimo reconhecimento que a RM proporciona do sistema nervoso central. Nenhum outro método de imagem consegue individualizar tão bem o cérebro, cerebelo, tronco encefálico, medula e nervos cranianos. Lesões intracranianas como neoformações, metástases, processos inflamatórios como as meningoencefalites, doenças vestibulares, alterações congênitas como malformações chiari-like, processos degenerativos, acidentes vasculares isquêmicos ou hemorrágicos e traumatismo crânio-encefálico são as principais indicações da RM de crânio. As imagens conseguem determinar o tamanho da lesão, sua localização, se há efeito de massa e o que está sendo deslocado, alterações na proporção da substância branca e cinzenta, alterações de fluxo liquorico, entre outras coisas. Alterações nas partes moles do crânio como cavidade nasal e oral, bulas timpânicas e globos oculares também podem se beneficiar da RM. Saindo do crânio, a RM também é muito utilizada em animais paralisados, após episódio traumático, por suspeita de neoformação intramedular ou discopatia. A RM é capaz de evidenciar o local da lesão e o grau de compres-

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são que a medula está sendo submetida, além de avaliar o quanto o disco intervertebral está degenerado e se há fraturas e desvios ósseos no local, respondendo a questão da integridade medular e possibilitando uma melhor decisão cirúrgica e maior acuidade no prognóstico. Fora do sistema nervoso central a RM tem aplicações bastante promissoras nas articulações, sendo possível avaliar lesões em ligamentos, meniscos, cápsula articular e mudança no sinal dos ossos e músculos. Exames do sistema musculoesquelético podem fazer a diferença nos animais que claudicam e que não apresentaram alterações radiográficas ou nos animais que não apóiam o membro após uma cirurgia. Eles podem ser diagnosticados com alterações musculares, tendinites, tenosinovites ou rupturas de ligamentos, como o cruzado cranial. Além disso, as alterações inflamatórias e degenerativas decorrentes dessas lesões também são visualizadas. Além de todas essas indicações, como tudo que é novo, esse método também está em desenvolvimento constante. A cada dia novos trabalhos e estudos propõem novas aplicações para a RM. Hoje já somos capazes de diagnosticar doenças antes vistas apenas na necropsia, como síndrome da sela vazia (uma alteração na glândula hipofisária) e o fibroembolismo cartilaginoso (causa de isquemia na medula espinhal, com sinais semelhantes a uma discopatia). Conforme novos estudos vão sendo concluídos, novas técnicas, aparelhos, bobinas e sequências são criadas, aumentando o escopo de aplicações clínicas da RM, permitindo que nossos pacientes tenham cada vez mais qualidade nos diagnósticos e nós mais informações para basear nossas decisões clínicas e cirúrgicas, além de garantir um prognóstico mais preciso. M.V. Felipe Suárez Abreu Médico-Veterinário responsável pelo serviço de Ressonância Magnética do Provet M.V. Edgar Sommer Diretor Provet


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INFORME PUBLICITÁRIO

Nutrição balanceada para peles sensíveis M.V. Raúl García Barros Gerente de assuntos veterinários América Latina Hill’s Pet Nutrition raul_garcia_barros@colpal.com M.V. Taís L.S. Novaes Equipe técnica - São Paulo Hill’s Pet Nutrition tais_novaes@colpal.com

Os problemas de pele são a razão mais comum para cães visitarem seus veterinários, cerca de 40% das consultas referem-se a essa especialidade. Dentre as alterações dermatológicas mais prevalentes, pode-se citar: Dermatite alérgica por picada de pulga (DAPP) ou outras dermatites alérgicas, pele seca e descamativa, piodermites, seborreia e tumores cutâneos. Costuma-se recomendar dietas caseiras ou dietas formuladas com proteína hidrolisada quando um cão apresenta ressecamento, descamação e prurido e este quadro não resulta de nenhuma patologia diagnosticada. A nutrição escolhida deve fornecer altos teores de ácidos graxos, proteínas de alta qualidade e altos teores de antioxidantes, o que nem sempre consegue-se atingir com os tipos de dietas acima citados. Alimentos ricos em ácidos graxos Ômega 3 e Ômega 6 são benéficos em patologias cutâneas por apresentarem propriedades anti-inflamatórias e imunomodeladoras. Os ácidos graxos poli-insaturados (EPA) que compõe o Ômega 3, competem com o ácido araquidônico para a ligação na membrana celular, a suplementação regular e contínua do EPA (ácido ecosapentaenóico) diminui a formação de ecosanóides pró-inflamatório na pele (Prostaglandina e Leucotrienos) o que ajuda a melhorar as condições de pelo e pelagem. A Hill’s Science Diet™ Pele Sensível para cães adultos fornece todos os benefícios dos ácidos graxos que podem fazer uma grande diferença no suporte nutricional e na melhoria da saúde da pele e do pelo, bem como, proteínas de alta qualidade oriundas do ovo, que fornecem importantes aminoácidos e o Superior Antioxidant Formula com altos teores de vitamina C e E para proteger contra os danos celulares e manter um sistema imune saudável.

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DICAS DO LABORATÓRIO

DR. LUIZ EDUARDO RISTOW tecsa@tecsa.com.br MV, Mestre em Medicina Veterinária UFMG CRMV-SP 5540 V CRMV-MG 3708

Pancreatite Felina - Diagnóstico Laboratorial A DOENÇA A pancreatite (inflamação do pâncreas) é um distúrbio gastrointestinal comum em cães e gatos. Antigamente, pensava-se que a incidência de pancreatite em gatos era baixa, porém estudos recentes sugerem o contrário. A verdadeira incidência da doença ainda é desconhecida, no entanto, como muitos cães e gatos apresentam uma forma branda ou subclínica, acabam não sendo encaminhados ao consultório veterinário. Infelizmente, muitos casos de pancreatite em gatos não são diagnosticados devido aos sintomas inespecíficos e vagos, além da falta de um teste altamente sensível e específico de diagnóstico. No entanto, um teste inovador tornou-se recentemente disponível, melhorando a nossa capacidade de alcançar um diagnóstico mais preciso desta doença em gatos. O pâncreas tem um papel duplo em animais. É um órgão “endócrino” que produz principalmente insulina, sendo também um órgão “exócrino” - que produz enzimas que estão envolvidas na digestão de alimentos (principalmente amilase e lipase). Muitas falhas na função deste órgão podem ocorrer: a porção endócrina pode funcionar mal em termos de produção de hormônios (exemplo de diabetes, em que o pâncreas produz quantidades insuficientes de insulina) ou mesmo haver distúrbios envolvendo a porção exócrina no qual deixa de produzir enzimas digestivas suficientes, causando uma condição chamada de insuficiência pancreática exócrina. A inflamação do pâncreas resulta a partir da liberação de enzimas digestivas para si mesmo ao invés de lançálas apenas no trato intestinal, uma condição que geralmente determina a prazo o quadro de pancreatite. A etiologia da pancreatite em gatos ainda é incerta. Traumas, infecções, parasitismo e reações idiossincráticas a certas drogas são causas potenciais, no entanto, a grande maioria dos casos (> 90%) não pode ser ligada a qualquer 58 • Nosso Clínico

uma causa específica. Gatos siameses parecem estar em maior risco do que outros gatos, o que sugere um possível componente genético para o distúrbio. SINAIS Os sinais clínicos de pancreatite felina são bastante variáveis, e normalmente diferem dos sinais observados em cães. Cães muitas vezes fazem êmese e tem sinais de dor abdominal. Gatos, no entanto, podem apresentar inapetência, letargia, perda de peso, desidratação e diarreia. Vômitos e dor abdominal não são achados clínicos comuns em gatos afetados com pancreatite, apenas cerca de 1/3 dos gatos com pancreatite vai vomitar, e apenas 1/4 demonstram a dor abdominal. Infelizmente para os gatos, pancreatite geralmente não é um acontecimento único, ela tende a ser um problema crônico intermitente e pode estar associada a outras condições. Cães, por comparação, são mais propensos a ter a pancreatite aguda, uma condição de curto prazo inflamatória que pode ser completamente reversível após a causa incial ser eliminada. Em alguns casos de pancreatite felina, o curso pode ser bem complicado e a doença

pode provocar danos a outras áreas do corpo, levando à insuficiência respiratória, esteatite (inflamação dolorosa de tecido adiposo) e outros danos, muitas vezes com consequências graves. DIAGNÓSTICO A doença não pode ser diagnosticada somente com base no histórico ou sinais clínicos, uma vez que tais sinais (letargia, inapetência, perda de peso, vômitos, diarreia) podem imitar muitas outras doenças em gatos, não sendo específicos para pancreatite. Para complicar ainda mais, a pancreatite em gatos frequentemente se desenvolve simultaneamente com outras doenças, tais como a esteatose hepática, colangiohepatite (inflamação do fígado e das vias biliares) e doença inflamatória intestinal. Tal ocorrência simultânea destas afecções é denominada Triadite ou Doença Tríade Felina. Laboratorialmente sugere-se a dosagem de duas enzimas encontradas no soro, amilase e lipase, que se constituem bons indicadores de inflamação pancreática quando se demonstram em elevadas concentrações. Recentemente um estudo demonstrou que quase

Figura 1: Aparência microscópica de um pâncreas de um gato com pancreatite aguda (Fonte: Current Concepts in Feline Pancreatitis. Panagiotis G. Xenolius e Jorg M. Steiner; Texas A&M University)


50% dos cães com amilase sérica elevada ou níveis de lipase elevados não têm pancreatite. Em gatos, a situação é um pouco mais complexa. A amilase e lipase séricas são utilizadas para triagem. Isto se deve principalmente ao fato de outros órgãos produzirem estas enzimas (estômago e intestino delgado). Estas enzimas são excretadas por via renal, além disso, a presença de doença renal concomitante (o que é bastante comum em gatos) pode elevar falsamente a amilase no soro e níveis de lipase. Ocasionalmente, uma elevada contagem de células brancas do sangue e aumento das enzimas hepáticas podem estar presentes, mas estas descobertas não são também específicas para doença pancreática, por si só. Um novo teste, mais rápido e preciso, para determinar no soro (semiquantitativamente) a lipase pancreática específica (por imunorreatividade) tornou-se validado para cães e gatos, demonstrando maior sensibilidade e especificidade para o diagnóstico: Lipase Imunorreativa Felina (FpLI). Tal teste, conjugado com anticorpos espécie-específicos tem

Sinais clínicos apresentados por pacientes gravemente afetados e sua porcentagem de ocorrência

Letargia............................................................100% Falta de apetite................................................. 97% Desidratação.................................................... 92% Taquipneia........................................................ 74% Hipotermia........................................................ 68% Icterícia............................................................. 64% Taquicardia....................................................... 48% Vômitos............................................................ 35% Dor abdominal.................................................. 25% Massa abdominal sentida no exame físico...... 23% Dificuldade para respirar................................... 20% Diarreia..............................................................15% Incoordenação.................................................. 15% Febre................................................................. 07%

se mostrado em alguns estudos com sensibilidade até mesmo superior a mensuração de fTLI (Imunorreatividade de fator semelhante a Tripsina), teste ainda pouco acessível em nosso meio. Outro recurso diagnóstico, porém casuisticamente aplicado em conjunto com o diagnóstico post-mortem (necrospia) é o exame histopatológico.

Bibliografia: Texto adaptado do site Manhattancats.com - “Pancreatite, doença misteriosa e complicada de diagnosticar”, por Arnold Plotnick em fevereiro de 2006.

Exames TECSA Laboratórios para triagem e confirmação do diagnóstico de pancreatite EXAMES Hemograma Completo

CÓD

PRAZO

039

1 dia

Check Up Global de Funções

570

1 dia

Perfil Hepático

333

1 dia

Lipase Imunorreativa Felina ELISA - Espécie específica

764

1 dia

Histopatológico com coloração de rotina HE

086

4 dias

Amilase

094

1 dia

Lipase

106

1 dia

Lipase Imunorreativa Canina ELISA - Espécie específica

627

1 dia

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FISIOTERAPIA E REABILITAÇÃO M.V. Maira Rezende Formenton Fisioanimal / Hovet Pompéia maira@fisioanimal.com

Massoterapia Massoterapia é o termo utilizado para designar certas manipulações dos tecidos moles do corpo. São efetuadas com maior eficiência com as mãos e são realizadas com a finalidade de produzir efeitos sobre os sistemas nervoso, muscular e respiratório. Promovem a ativação da circulação sanguínea e linfática, tendo efeitos localizados e sistêmicos. (Gertrude Beard, 1952). Os primeiros registros de técnicas de massoterapia datam de 2598 a.C., na China. Porém há também descritos indianos e gregos, inclusive Hippocrates descrevia a massagem como uma terapia efetiva para tratar injúrias de esporte ou de guerra. A massoterapia teve um grande declínio na Idade Média, porém na era moderna foi retomada a partir de 1863, quando foi publicado o primeiro trabalho que classificava as técnicas. Desde então vem se desenvolvendo e se firmando novamente como uma terapia efetiva, inclusive com diversos artigos científicos sobre o tema.

e ocitocina. Se realizado de forma rápida e suave tem um efeito revigorante e de aquecimento muscular, com efeito estimulante nas terminações nervosas sensitivas. O alisamento profundo pode causar também vasodilatação de arteríolas em tecidos profundos e superficiais. • Kneading: técnicas de amassamento consistem em uma manipulação onde os músculos e pele são comprimidos e liberados, exercendo-se certa pressão. Durante o amassamento, a mão e a pele se movem conjuntamente com estruturas mais profundas.

TÉCNICAS Há diversos autores que descrevem as técnicas e, muitas vezes, as descrevem de formas diferentes, porém o objetivo é o mesmo. • Effleurage: deslizamento, alisamento rítmico e lento sobre a pele. É frequentemente utilizado no início e ao final da sessão e pode ser utilizado de forma superficial ou profunda. Dependendo da forma com que a técnica é empregada tem um grande efeito sedativo, com alívio da dor e do espasmo muscular pela liberação de endorfinas

Os amassamentos aumentam o fluxo de sangue nas arteríolas e capilares, incrementam o fluxo de linfa, aumentando a irrigação sanguínea e promovem a drenagem de catabólitos, reduzindo o acúmulo de substâncias inflamatórias. Desta maneira, promove a redução da dor e o relaxamento muscular. Há também um incremento da elasticidade da pele e pode causar aumento da temperatura local com hiperemia. • Petrissage: aplicação de pressão sobre os tecidos. Muitas das descrições destas técnicas são similares as de amassamentos. Estas técnicas podem ser efetuadas com toda a mão ou com os dedos. • Frictions (Fricção): constitui movimentos breves, profundamente penetrantes aplicados em forma de pressão em pontos específicos. Há diversos autores que a descrevem aplicada de forma circular ou tranversal às estruturas. A fricção profunda causa uma lesão local no tecido, que leva à liberação local de uma substância similar à

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histamina (substância H) e outros metabólitos, atuando em capilares e arteríolas causando vasodilatação local. Além disso, atua no relaxamento muscular por efeito de reflexo miotático inverso, sendo indicado em contraturas e aumento de tensão. Apesar de inicialmente dolorosa, produz uma resposta eficaz, que depende da profundidade, duração e quantidade de pressão aplicados. • Tapotamento: nome comumente dado a técnicas percurssivas de massagem. Pode promover reflexos cutâneos e vasodilatação local. Além disso, pode ser utilizada para liberação de secreções pulmonares quando aplicada corretamente no tórax. A massoterapia pode ser indicada para alívio da dor, redução da inflamação local, liberação muscular, alívio de contraturas e espasmos musculares, aumento da amplitude de movimento em articulações, além do relaxamento e sedação geral. Pode ser aplicada também para aumentar a eficiência muscular, sendo de grande utilização no esporte e na reabilitação. Deve ser realizada com cautela em casos de tumores, problemas circulatórios como trombos, cardíacos avançados, e muitas vezes contra-indicada em lesões de pele, além de infecções na área a ser tratada ou sistêmicas. Nos animais, o uso de cremes ou óleos pode ser dispensado, porém o mais importante é que deve ser realizada por um profissional capacitado em massagem, sendo ele médico veterinário, por seu conhecimento das patologias, anatomia e possíveis disfunções presentes.


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LEISHMANIOSE

Você Sabia ?

Patogenia da Leishmaniose Visceral no cão A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa de transmissão vetorial causada pelo protozoário Leishmania infantum, parasito intracelular obrigatório, encontrado principalmente em macrófagos. O vetor infectado, Lutzomyia longipalpis, durante o repasto sanguíneo, pode infectar vários mamíferos como o homem, cão, gato, rato, gambá, raposa entre outros. A apresentação clínica da doença no cão é bastante variada. Os cães infectados podem ser assintomáticos (cerca de 60%) ou sintomáticos. É necessária avaliação mais profunda e correlação destes sinais com as alterações laboratoriais e patológicas, pois a leishmaniose visceral é uma doença com sinais inespecíficos e multissistêmicos, o que dificulta, confunde e amplia o espectro de diagnósticos diferenciais. A evolução da doença em cães infectados é consequência da interação parasito hospedeiro, onde se acredita que a programação genética do paciente dirija a resposta imunitária, tornando-o mais susceptível ou resistente à doença. Outros aspectos também influenciam a polarização dos sinais clínicos como fatores nutricionais, doenças concomitantes, imunossupressão, carga e cepa parasitária inoculada e resposta imunitária local. Algumas raças, como Cocker Spainel, Boxer, Rottweiller, parecem mais susceptíveis a doença, enquanto que outras raças, como o Ibizian Hound, raramente apresentam sinais. A idade parece ser outro fator importante. A apresentação da doença ocorre principalmente em animais com menos de 3 anos e mais de 8 anos. A influência do sexo ainda não está bem definida. A resposta imunitária do indivíduo tem papel central na apresentação clínica. A resposta imunitária protetora é mediada pelos linfócitos auxiliares do tipo 1 (LTA1), enquanto que os animais susceptíveis apresentam resposta preColaboração:

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Cão com sinais clínicos de leishmaniose visceral ...............................................................................

dominantemente mediada pelos linfócitos auxiliares do tipo 2 (LTA2). Esta dicotomia não é tão clara e definida quanto a que ocorre no modelo experimental para L. major. A infecção no cão induz resposta mediada tanto por LTA1 quanto por LTA2, e o equilíbrio destas duas respostas define a replicação parasitária, a progressão da doença ou a cura do indivíduo. Os sinais clínicos são relacionados aos mecanismos imunopatogênicos como a deposição de imunocomlexos, autoimunidade, hiperrreatividade de linfócitos B e imunossupressão. Os sinais clínicos mais comuns são lesões de pele, linfadenomegalia, emagrecimento, atrofia muscular, onicogrifose, oftalmopatias, anemia e glomerulopatias. Os sinais dermatológicos estão presentes em cerca de 81-89% dos casos. Os cães podem apresentar lesões alopécicas, descamativas, não pruriginosas, localizadas ou generalizadas, decorrentes de dermatite esfoliativa, ulcerativa, papular, nodular ou pustular. As manifestações oculares mais comuns são as blefarites (esfoliativa, nodular e ulcerativa), conjuntivite, ceratoconjuntivite seca e uveíte anterior. A doença renal é a principal causa de morte nos cães com leishmaniose visceral. Seu diagnóstico e manejo representam um desafio constante para os clínicos, pois, muitas vezes, cursa de

forma silenciosa e subclínica. Distúrbios hemorrágicos, como epistaxe, hematúria e diarreia hemorrágica estão associados à alteração da hemostasia primária, trombocitopatia e trombocitopenia, e da hemostasia secundária, como diminuição dos fatores de coagulação e fibrinólise, apesar de ainda não completamente elucidados os mecanismos patogênicos que levam a estes sinais. Distúrbios na locomoção podem ser causados quando os sistemas ósseo, nervoso ou muscular são afetados. A poliartrite, polimiosite e lesões ósseas, proliferativas ou líticas, são as causas dos sinais clínicos mais comuns que levam à dificuldade de locomoção, como claudicação, atrofia muscular e aumento, dor ou crepitação articular. Alterações cardiopulmonares e neurológicas são menos frequentes. Outras alterações laboratoriais consistem em leucocitose ou leucopenia, trombocitopenia, aumento da atividade das enzimas hepáticas, proteinúria (relação creatinina/proteína urinária > 0,5), azotemia renal (IRIS estágios II, III ou IV), hipoalbuminemia, hiperproteinemia por aumento policlonal das globulinas (frações gama e beta) e diminuição da taxa albumina/globulina. A leishmaniose é uma doença inflamatória, sistêmica e crônica, que pode envolver qualquer órgão, tecido ou fluido corporal. Sua apresentação clínica é bem variada, inespecífica e mimetiza qualquer outra doença. Conhecer a resposta imunitária e a apresentação clínica é o primeiro passo para o diagnóstico preciso e condução do paciente. Dr. Paulo Tabanez (pctabanez@uol.com.br) M.V., graduado pela Univ. Est. de Londrina (UEL), Diretor do Hospital Vet. Prontovet (DF), Coord. Depto. de Infectologia e Oncologia, Membro fundador de BRASILEISH


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NUTRIÇÃO ANIMAL foto

M.V, Keila Regina de Godoy Gerente Depto. de Desenvolvimento e Capacitação Técnica (PremieR pet) keila@premierpet.com.br

Pets precisam de cuidados especiais A estação mais quente do ano se aproxima e pede cautela com a alimentação dos pets. As altas temperaturas, umidade elevada e mudanças na rotina favorecem a proliferação de pragas e parasitas. Estes são apenas alguns exemplos de fatores climáticos que podem contribuir negativamente para a saúde e bemestar dos animais de estimação. A alimentação merece cuidados extras, pois no verão é comum ocorrer uma alteração no padrão alimentar devido à diminuição do consumo pelo calor. Pode-se evitar isso oferecendo o alimento nos horários e locais mais frescos do dia, sempre à sombra. Este manejo é particularmente importante para os animais com problemas cardíacos ou respiratórios e, ainda, os obesos, pois as altas temperaturas aumentam o desconforto respiratório e costumam levar à perda de apetite. Vale lembrar que o mais apropriado é sempre manter, nos casos de viagens ou hospedagens, o alimento habitual que o cão ou gato consomem, pois mudanças bruscas na alimentação podem promover alterações gastrointestinais. O verão favorece a proliferação de pragas como insetos e roedores, bem como a presença de aves nos locais de refeição e armazenamento das rações. Isso expõe o alimento à contaminação e o animal a doenças, algumas graves como a Leptospirose, causada pelo contato com a urina que os ratos liberam nos locais onde se alimentam. As aves também podem veicular doenças por meio de suas fezes, e por isso é melhor mantê-las afastadas. Assim, torna-se fundamental adotar cuidados rígidos tanto com o alimento exposto quanto com o armazenado. No caso do armazenado, nunca se deve deixá-lo em exposição direta à alta umidade, ao sol ou calor excessivo, pois estes fatores podem alterar a qualidade do alimento. Assim, seja em casa ou no revendedor, todo alimento deve ser armazenado em local fres-

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co, seco, sem incidência direta da luz solar e sem contato direto com parede e chão. Após a abertura da embalagem, o produto deve ser mantido, preferencialmente, em sua embalagem original. Caso seja guardado em latas ou caixas plásticas, estas devem ter boa vedação e barreira contra a luz. Estes cuidados são fundamentais para correta conservação do produto, prevenindo a rancificação da gordura, a oxidação de vitaminas e evitando o desenvolvimento de microorganismos contaminantes como fungos e bactérias. Já os que estão expostos para consumo, em especial os alimentos secos e industrializados, quando umedecidos por água e/ou saliva e expostos às altas temperaturas do ambiente, sofrem um processo de fermentação se não for imediatamente consumido. É fundamental que todas as sobras sejam sempre descartadas e que a cada refeição os comedouros sejam lavados com esponja, água e sabão para remoção completa de resíduos. Não deixar a ração exposta na vasilha por mais de 30 minutos no caso dos cães e, no caso dos gatos, que costumam ter o alimento ofertado para o dia todo, procurar sempre manter em local dentro de casa e, se possível, deixar menor quantidade e repor mais vezes ao dia. Sempre recolher os grãos de ração que caiam ao redor, mantendo o local das refeições constantemente limpo. Comedouros anti-formiga podem ajudar contra esta praga comum nas residências, sendo facilmente encontrados nas versões para cães e gatos nas lojas especializadas. Com imenso prazer e dedicação, a partir dessa edição escreverei esta coluna e poderei contribuir com informações e esclarecimento de dúvidas dos leitores. É muito importante a atenção com as necessidades e cuidados do universo pet. Sintam-se à vontade para sugerir temas, pois a colaboração de todos torna o espaço ainda mais importante, com temas pontuais e atrativos.


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BEM-ESTAR ANIMAL

Nossos Idosos Há alguns anos ter um cão ou gato que alcançasse os 15 anos de idade era algo muito raro. Os cães de pequeno porte tinham uma expectativa de vida que beirava os 14 anos, enquanto que os de médio para grande porte, como os Pastores Alemães, muito populares há 20 anos, costumavam viver menos de 12 anos. Hoje temos uma realidade muito diferente. Com os avanços da Medicina Veterinária nos últimos anos, a divisão da mesma em especialidades e a maior consciência dos proprietários quanto às suas responsabilidades para com seu animal de estimação, houve um avanço significativo na média de vida de nossos amigos. Vamos pegar o Pastor Alemão como exemplo, já que essa raça continua muito popular no Brasil. Aquele mesmo animal que vivia apenas 12 anos, com uma baixa qualidade de vida, hoje pode chegar aos 16 anos, com algumas exceções alcançando os 18 e, o mais importante, com uma boa qualidade de vida. Entre os avanços da Medicina Veterinária que podemos citar para justificar essa maior expectativa de vida, estão as especialidades como o intensivismo, a acupuntura, a fisioterapia veterinária, a endocrinologia, entre outras. Também devemos lembrar que os hospitais veterinários estão muito mais bem equipados, sendo que alguns contam com aparelhos muito avançados utilizados em hospitais humanos de ponta, como a ressonância magnética, aparelhos de hemodiálise etc. Nessa mesma linha de raciocínio, não podemos nos esquecer da alimentação de nossos amigos. Quem não se lembra do “bofe com fubá”? Pois é, a alimentação de nossos animais de companhia era muito ruim. A maioria deles se alimentava com restos do almoço ou da janta e, invariavelmente, por estarmos no Brasil, esses restos continham feijão, muito condimento e cebola. Uma combinação explosiva, principalmente para os cães. Os gatos também não ficavam livres dessa alimentação desbalanceada, tendo como principal componente

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a sardinha, às vezes um punhado de arroz ou mesmo, como eu presenciei no início da minha prática clínica, esses gatos tinham que caçar passarinhos para sobreviverem. Hoje esses mesmos animais contam com uma alimentação muito bem balanceada, com todos os componentes necessários, na quantidade certa e, não raras vezes, com acompanhamento profissional nutricional. Porém, o fato desses animais viverem por mais tempo cobra deles um preço na qualidade de vida. Muitos apresentam dores crônicas provocadas por tendinites, artroses, discopatias e até mesmo contraturas musculares. É nesse momento que a reabilitação veterinária é muito importante. A fisioterapia veterinária poderá proporcionar uma boa qualidade de vida durante todo o período geriátrico desses animais através de orientações do ambiente em que esse animal vive, exercícios controlados, alongamentos, aquecimentos musculares e tratamentos de patologias já instaladas. Outras especialidades entre as quais podemos citar a endocrinologia e a medicina tradicional chinesa, na qual se engloba a acupuntura, poderão auxiliar muito bem na manutenção de uma boa qualidade de vida para os nossos idosos. Cabe a nós, Médicos-Veterinários, orientarmos os proprietários da existência dessa gama tão grande de tratamentos que poderão modificar a vidas dos animais domésticos.

Sidney Piesco de Oliveira

sidney@ibravet.com.br Diretor Científico do Instituto Brasileiro de Reabilitação Animal - IBRA Graduado pela FMVZ- USP Mestre em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais - FMVZ- Unesp - Botucatu Pós-Graduado Lato Sensu em Fisioterapia Veterinária - UNIP Pós-Graduado Lato Sensu em Acupuntura Veterinária - FACIS - IBEHE Membro da Comissão Especial de Fisioterapia Veterinária - CRMV-SP Membro Fundador da ANFIVET


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COMPORTAMENTO EMPRESARIAL Marco Antonio Gioso Professor da FMVZ-USP MBA em Marketing pela FIA Fundação Instituto de Administração www.gioso.com.br

Pirâmide de Habermas Nesta edição começamos uma coluna chamada Comportamento Empresarial. Se você é dono de empresa, de qualquer porte, ou trabalha numa, como colaborador, sugiro ler os artigos e discuti-los entre seus pares, nas reuniões semanais ou quinzenais, quiçá ao menos mensais! Não fazem reunião? Leve este artigo a seu chefe! Levou o artigo, ele leu e meteu bronca em mim ou em reuniões? Que isto não leva a nada? Que o que importa é dedicação de cada um, ter clientes satisfeitos, chegar na hora, ter fluxo de caixa, etc, etc? Pois é...é deste tipo de comportamento que falaremos aqui nesta coluna! Muitos empresários não tem a mínima idéia do que move seus comportamentos. Não de forma externa, porque alguém provocou, xingou, foi mal educado. Isto são fatores desencadeantes, mas a origem da reação violenta ou não ter reagido, está na sua personalidade. Por que alguns reagem, outros se calam, outros batem, outros fogem? Você consegue entender a origem de suas reações? Da sua falta de controle? Ou do seu perfeito controle sobre si mesmo? Sabe por que o sangue sobe? Nesta coluna vamos entender estas reações, e o porque delas. Entendendo porque reagimos da maneira como reagimos, começamos a controlar nossas ações, e o mais legal, começamos a colher melhores resultados! Nesta primeira coluna vamos falar de Jürgen Habermas, grande filósofo. Entre tantas coisas que ele propagou pelo mundo, está a Pirâmide de Habermas. O ser humano competente somente assim será quando dominar esta pirâmide. A sua base é o domínio sobre si mesmo. A segunda parte da pirâmide é o domínio sobre os relacionamentos, e a terceira parte , no topo da pirâmide, está o domínio sobre as técnicas, a profissão. A maioria dos profissionais baseia-se no último degrau, das técnicas de vendas, de atendimento, de cirurgia, diagnóstico. Como não dominam o primeiro degrau, nem o segundo, sempre têm uma pirâmide capenga. Buscam cursos, MBAs, planilhas de Harvard, softwares de gestão e CRM, e não progridem. Pois esqueceram-se de que o primordial é dominar a si mesmo. Durante o ano, vamos abordar exemplos cotidianos onde se usa a pirâmide em seu grau máximo. Para começar, vamos dizer que para dominar o primeiro degrau você precisa se conhecer. Para tal, você precisa começar a se auto-observar, diariamente. Isto exige esforço, e se possível, ter um coach dentro da empresa (outro colega), alguém que vai apontar a você seus comportamentos. Ajudando-o no início a descobrir-se. Algumas pessoas têm habilidades maiores de se auto-observar, outros odeiam. Os que odeiam são os mais complicados de se lidar, pois não aceitam feedback, odeiam quando falam deles, e não melhoraram nunca. Se fecham, não ascendem na pirâmide, e assim, causam desconforto na empresa, podendo ser tóxicos, contaminar a todos. Os donos de empresas às vezes não querem enxergar este tipo, pois eles podem dar lucro a empresa, e o dono fica com medo de acreditar que ele seja tóxico! E ele continua a contaminação na empresa. É deste tipo de comportamento empresarial que falaremos nesta coluna! Fique de olho, e copiando meu mestre Prof. Marins: pense nisto, sucesso! 68 • Nosso Clínico


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ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA MV. MsC. Alessandra Martins Vargas www.endocrinovet.com.br

A Endocrinologia na Medicina Veterinária Nos últimos anos, presenciamos o crescimento considerável do mercado veterinário: modernos tratamentos (tanto cirúrgico quanto medicamentoso), laboratórios de dosagens hormonais, tomografia computadorizada, ressonância magnética, U.T.I. veterinária. Este cenário exige uma especialização contínua, à semelhança do que ocorre na Medicina. Atualmente, podemos contar com médicos veterinários especializados que se dedicam a áreas específicas. Endocrinologia veterinária é a especialidade responsável pelo diagnóstico e tratamento de doenças que afetam as glândulas produtoras de hormônios (glândulas endócrinas). Os hormônios são substâncias químicas que controlam o metabolismo, o crescimento, o desenvolvimento e a reprodução, além de atuarem na adaptação dos animais ao meio ambiente. As glândulas endócrinas situam-se em diferentes partes do corpo e podem desenvolver problemas no seu funcionamento de forma a produzir hormônios em quantidade insuficiente ou em excesso. Poliúria, polidipsia, polifagia, ganho ou perda de peso, são manifestações clínicas possivelmente relacionadas a endocrinopatias. • Diabetes mellitus: caracteriza-se por alterações no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas, resultantes da deficiência absoluta ou relativa de insulina e subsequente hiperglicemia e glicosúria persistentes. É um distúrbio endócrino de causa multifatorial: hereditariedade, infecções virais, autoimunidade, pancreatite, obesidade, hipersecreção ou exposição prolongada aos hormônios diabetogênicos (epinefrina, GH, glicocorticoides e glucagon), administrações exógenas de glicocorticóides ou progestágenos foram identificados como fatores predisponentes. • Hiperadrenocorticismo (HAC) ou Síndrome de Cushing: endocrinopatia decorrente da produção (HAC espontâneo) ou administração excessiva de glicocorticoides (HAC iatrogênico). O HAC de ocorrência espontânea pode ser proveniente da secreção excessiva de ACTH pela hipófise (HAC ACTH-dependente) ou da alteração primária da adrenal (HAC ACTH-independente). • Hipoadrenocorticismo ou Síndrome de Addison: endocrinopatia pouco frequente em cães, e ainda mais incomum em gatos, pode ser classificada de acordo com a origem em hipoadrenocorticismo primário e secundário. O hipoadrenocorticismo primário caracteriza-se pela deficiência na secreção de glicocorticoide (cortisol) e mineralocorticóide (aldosterona) pelo córtex adrenal, causada geralmente por destruição imunomediada desta glândula. No hipoadrenocorticismo secundário (menos frequen-

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te) tem-se secreção deficiente de glicocorticoides em consequência ao déficit na produção de ACTH. • Hipertireoidismo: distúrbio metabólico sistêmico resultante da produção excessiva de hormônios tireoidianos, frequente em gatos de meia idade a idosos e raro em cães. Geralmente a produção excessiva de hormônios tireoidianos é decorrente de neoplasias benignas que podem ser uni ou bilaterais. As neoplasias malignas correspondem a apenas 5% dos casos. • Hipotireoidismo: endocrinopatia que resulta em concentrações séricas inadequadas de hormônios da tireoide. Em cães, geralmente decorre de lesões primárias na tireoide, especialmente a atrofia idiopática e a tireoidite linfocítica. O hipotireoidismo secundário é resultante de lesões hipofisárias decorrentes de neoplasias ou anormalidades congênitas, com consequente deficiência na síntese de TSH, enquanto que o hipotireoidismo terciário é devido a uma deficiência de TRH. Nota-se que os dois últimos não são frequentes. A endocrinologia, além de ser uma especialidade que estuda os desequilíbrios hormonais, também se dedica a problemas relacionados ao metabolismo, como por exemplo a obesidade: doença que decorre da alteração no balanço energético, na qual a ingestão é maior que o consumo calórico, o que leva ao acúmulo excessivo de gordura. Sua incidência tem sido crescente entre cães e gatos, os predispondo a outras afecções como artropatias e doenças respiratórias, com a consequente diminuição na qualidade de vida. O excesso de peso também reduz a expectativa de vida: cães obesos vivem em média dois anos a menos quando comparados aos cães com peso ideal. Outra desordem metabólica que merece destaque é a hiperlipidemia: aumento dos níveis séricos de colesterol e/ou de triglicérides. Os pacientes com essa alteração podem apresentar dor abdominal, êmese, diarreia, problemas oculares e convulsões. Para se estabelecer o diagnóstico de uma endocrinopatia ou desordem metabólica é necessário uma avaliação completa do paciente, a qual deve incluir a história clínica, um minucioso exame físico, exames complementares, dosagens hormonais e testes funcionais. Estabelecido o diagnóstico, o tratamento a ser instituído deve levar em consideração o quadro clínico do paciente e a etiopatogenia da doença. O ideal é que o paciente seja acompanhado periodicamente durante o tratamento pelo médico-veterinário especializado em endocrinologia e metabologia veterinária e pelo médico-veterinário clínico geral.


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BRAZILIAN PET FOODS TRAZ NOVA TECNOLOGIA PARA CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS ARTICULARES A nova tecnologia é o Colágeno Bioativo, que chega de maneira pioneira no Brasil nos alimentos da linha BR4Dogs da Brazilian Pet Foods. O Colágeno Bioativo é a última geração no auxílio aos tratamentos relacionados aos problemas articulares. Auxilia na flexibilidade, redução da dor e reconstrução dos tecidos das articulações. Este efeito do colágeno Bioativo foi comprovado em inúmeros estudos internacionais préclínicos e clínicos realizados por institutos de investigação independentes e reconhecidos como o Instituto de Pesquisa sobre colágeno (Collagen Research Institute, CRI) de Kiel, Alemanha. Alguns dos melhores alimentos no mundo com esta finalidade utilizam em sua formulação este componente. Além disso a nova tecnologia substitui a famosa dupla condroitina + glucosamina, que agia somente na redução das dores articulares, no caso do colágeno o efeito é bem melhor. O Colágeno bioativo disponibiliza nutrientes precursores da síntese de mucopolissacarídeos e das estruturas que compoem naturalmente as articulações dos animais. Uma substância natural que trabalha sinergicamente protegendo a estrutura e os tecidos articulares, além de auxiliarem nos processos de recuperação dos mesmos. Mais informações no site www.brazilianpetfoods.com.br

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CIPO E ORTOVET, EXCELÊNCIA EM FORMAÇÃO PRÁTICA CONTINUADA Desde fevereiro de 1997, o CIPO, curso intensivo prático de ortopedia, traz ao médico-veterinário a oportunidade de aprender, na prática, desde técnicas mais simples as mais complexas na área ortopédica. Devido a grande procura pelos cursos de cirurgia, seus idealizadores, Prof. Dr. José de Alvarenga, professor titular aposentado da Univ. de São Paulo e Ms. Kátia Stracieri D’ Oliveira, professora de cirurgia e coordenadora acadêmica da Universidade de Santo Amaro, resolveram ampliar o leque de cursos oferecendo também cursos em tecidos moles: Miscelâneas toraco-abdomi○ ○e○cirurgias ○ ○ ○ ○ em ○ ○ cabeça ○ ○ ○ ○ e○pescoço. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ nais Com apoio da Ortovet, o CIPO já possui mais de mil veterinários que já frequentaram estes cursos em busca de formação prática continuada.


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ROYAL CANIN LANÇA SATIETY SUPPORT CANINE E TRAZ INOVAÇÃO PARA CONTROLE DE PESO DOS CÃES A obesidade canina é cada vez mais comum no Brasil. Pensando nisso, a Royal Canin, empresa especialista na alimentação de cães e gatos e comprometida com a saúde animal há mais de 40 anos, lança Satiety Support Canine. O alimento traz alta quantidade de fibras e proteínas, que garantem um maior nível de saciedade do cão, reduzindo as calorias sem diminuir a quantidade ingerida. O produto estará disponível em mais de 15 mil pontos de vendas (clínicas veterinárias e pet shops). “A grande maioria dos cães obesos tem o comportamento de frequentemente pedir por comida, ou seja, são glutões. Quando entram em um programa de emagrecimento, a quantidade de alimento é diminuida. Embora estejam adequadamente nutridos, cães glutões continuam pedindo por comida e, naturalmente, seu dono fica preocupado, pois acredita que eles demonstram sinais de fome. Satiety Support Canine representa uma importante inovação para o mercado de alimento para pets, já que sua fórmula busca a saciedade do animal. O produto é o único para uma dieta sem sinais de fome, pois possui 12,5% a mais de volume para a mesma quantidade de energia consumida quando comparado ao produto Obesity Canine”, explica Cíntia Fuscaldi, Gerente de Produto das Linhas Veterinárias da Royal Canin do Brasil. Além de Satiety Support Canine, a marca também possui os produtos Obesity Canine, alimento de alta proteína para perda de peso, e Weight Control Canine, alimento para manutenção do peso na sequência de um programa de emagrecimento. Todos os produtos da Royal Canin para controle da obesidade devem ser prescritos por um médico-veterinário antes do consumo. Satiety Support Canine: disponível em embalagens de 1,5 kg e 10,1 kg Conheça mais em www.royalcanin.com.br. ou ligue SAC: 0800 703 5588

A HILL’S NO FACEBOOK A Hill’s Pet Nutrition Brasil, que já possui um site contendo as mais diversas informações sobre seus produtos, inaugurou em setembro último, sua página oficial no Facebook. Essa fanpage, que já está no ar, é constantemente atualizada com informações e curiosidades sobre os produtos Hill’s e outros temas do mundo pet. Curtam e acompanhem as novidades: www.facebook.com/HillsPetBrasil ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

VIRBAC DO BRASIL - 25 ANOS A Virbac do Brasil comemorou seus 25 anos de história com uma grande festa na Casa Petra, em São Paulo, no dia 28 de novembro. Estiveram presentes 320 convidados, dentre colaboradores, distribuidores e parceiros. A Virbac é uma multinacional francesa fundada há 44 anos por um médico-veterinário e este ano completa 25 anos de atuação no Brasil. A empresa, que é dedicada exclusivamente à saúde animal, se destacou no mercado de pequenos animais por seus produtos diferenciados, de qualidade e tecnologias inovadoras. Agora volta sua atenção também para o mercado de animais de produção, um mercado de suma importância para o desenvolvimento nacional. Entender as necessidades do mercado e compreendê-lo é parte do desafio, mas pelo plano arrojado que a empresa apresenta, pelos investimentos que estão sendo feitos nestas áreas e com os resultados já obtidos, podemos vislumbrar um ano de 2013 com ainda mais sucesso e ótimos negócios. Durante todos estes anos, o foco na valorização das pessoas, inovação e paixão pela saúde animal foi um importante alicerce para traçarmos objetivos ambiciosos e um futuro cada vez mais promissor! A alegria e a energia positiva de todos contribuíram para uma noite maravilhosa! ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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AÇÃO SOCIAL BRAZILIAN PET FOODS LICENSEE MARKETING SOCIAL Muitos temas estão envolvidos hoje na hora da produção. A indústria tem se preocupado não só com a idéia de vender, mas também de agir de uma maneira socialmente responsável, este é um desafio das empresas e das marcas A experiência da marca com a mídia sempre foi positiva, mas não tanto como a última decisão institucional adotada pela empresa. Em outubro do ano passado a Brazilian Pet Foods – durante a maior feira do segmento no Brasil, a Pet South America – decidiu apresentar seu mais novo projeto, ser a patrocinadora oficial do Projeto Cão Guia Brasil. O projeto que treina cães para guiar pessoas com deficiência visual ou com baixa visão vinha trabalhando com uma imensa dificuldade financeira, e diante de um quadro estarrecedor das necessidades da população. Hoje tem mais de 5 milhões de pessoas nessas condições, cegas ou com baixa visão, e pelo menos 2 mil delas esperando na fila para obter um cão guia. Eles são a esperança de independência dessas pessoas que tem suas atividades limitadas ou impossibilitadas. Primeiro ficou decidido que seria uma ação particular do dono da empresa, sensibilizado com a necessidade do projeto. Mas a noticia se espalhou rapidamente pela indústria e o projeto acabou adotado pelos funcionários antes mesmo da primeira ajuda financeira. Tudo isso só aconteceu, por um movimento do marketing, que atuou diretamente na comunicação interna envolvendo os funcionários, e depois expandindo a idéia para a comunidade. A gerente de Comunicação e Marketing, Laurita Fila Bortoletto, está há dois anos na empresa e não tinha experimentado ainda o marketing social como ação. O interesse pelo projeto nasceu depois de conhecer o trabalho de George Thomaz Harrison, Diretor Presidente do Instituto Cão Guia Brasil. “O que se transformou neste momento em trabalho, passou primeiro pela emoção. Fiquei sensibilizada e muito envolvida com essa realidade que passava despercebida da maioria das pessoas. E se é o cão que ajuda o homem neste momento, por que não incluir o pet, que hoje é inserido como membro da família, em uma ação tão importante de inclusão social ?” diz. O repasse em um primeiro momento foi em cotas mensais, para treinar um cão. Treinamento que dura até 18 meses, e prepara o animal para a personalidade de seu novo dono, e isso tudo sem nenhum custo para quem precisa do cão guia. Com o sucesso da campanha, começou uma segunda fase, que pretende ampliar a ajuda e envolver diretamente o consumidor na ação. A cada alimento vendido gera uma verba para o Projeto Cão Guia Brasil. O que significa mais dinheiro para o projeto, e melhores resultados para quem precisa. Além de aumentar o número de cães treinados, existe um outro esforço para direcionar verba para preparar os futuros treinadores de cães guia, que hoje são muito poucos no Brasil. Site: www.brazilianpetfoods.com.br

LANÇAMENTO: VETMAX PLUS SOLUÇÃO ORAL É IDEAL PARA AUXILIAR NO COMBATE DE VERMES

A Vetnil, um dos principais laboratórios de produtos veterinários do Brasil, acaba de disponibilizar para o mercado pet, o Vetmax Plus Solução Oral, suplemento inovador destinado a cães e gatos. Antes, disponível apenas em comprimidos, o produto chega ao mercado na versão oral. O Vetmax Plus é um vermífugo de amplo espectro indicado no combate às infestações por nematódeos (vermes redondos) e cestódeos (vermes chatos) gastrintestinais de cães e gatos. Sua nova apresentação, em exclusivo frasco de 30 ml com seringa dosadora, torna a administração do produto muito mais fácil e eficaz. Para auxiliar no combate aos vermes, o Vetmax Plus é indicado pelos principais veterinários do Brasil. Um produto exclusivo da Vetnil que pode ser adquirido nos mais importantes pet shops do Brasil. Mais informações pelo SAC 0800 109 197 ou site www.vetnil.com.br ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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CONHEÇA O PROGRAMA MAX EM AÇÃO, QUE JÁ CONTA COM MAIS DE 65 ONGS PARCEIRAS EM VÁRIOS ESTADOS BRASILEIROS Você compra uma boa ração para seu amigo peludo e, ao mesmo tempo, tem a chance de ajudar os cães e gatos que mais precisam. Assim funciona o Programa Max em Ação, lançado pela Total Alimentos no mês de setembro. Comprando uma embalagem de Max Cães ou Gatos, a pessoa deve observar o selo do Programa Max em Ação na frente da embalagem e atrás haverá um valeração que poderá ser doada para uma das ONGs de proteção animal cadastradas no programa. O vale pode ser recortado e depositado em uma urna, a qual ficará no próprio pet shop onde a ração foi adquirida. A urna será de uma ONG de proteção animal parceira do programa e a pessoa receberá um login e uma senha por email, para poder acompanhar sua doação pela internet, no site do programa. Os vales-ração também podem ser entregues diretamente às ONGs ou protetores de escolha do cliente, contanto que estejam também cadastrados no programa. Desta maneira, o Programa Max em Ação fomenta a consciência sobre guarda responsável de animais, pois envolve os consumidores de Max com as ONGs de proteção animal e as causas defendidas por elas. O já conhecido programa de identificação de cães e gatos, Max Identidade, assim como o Programa Max nas Escolas (que leva os conceitos de guarda responsável de animais para escolas de ensino infantil e fundamental), fazem parte deste guarda-chuva que engloba as ações sociais da Total Alimentos – o Programa Max em Ação. Ana Corina (Mães de Cachorro), Fowler Braga Filho (Focinhos Gelados - SP) e Erika Schloemp (Cachorreiros de Manaus) foram alguns dos participantes do lançamento do Programa “Max em Ação”

VERMIVET APOIA “LIKES DO BEM” PARA VERMIFUGAR ANIMAIS DO CLUBE DOS VIRA-LATAS Garantir a vermifugação de 1.500 animais, sem custos para seus responsáveis. A contrapartida: conquistar 30 mil cliques para o link “curtir” da campanha “Likes do Bem”, cuja principal mídia está baseada no site de relacionamento Facebook, no endereço on-line: bit.ly/vermifugue A ação reúne uma série de “conexões” on-line e off-line das marcas Vermivet, Petplan, Minuto Seguros e Clube dos Vira-latas. E também conta com a adesão dos veículos de comunicação voltados ao setor Pet. Para atingir as metas planejadas, a campanha “Likes do Bem” tem como público alvo 1,7 milhão de pessoas que já fazem parte da sua rede social. Participe!

LABORATÓRIO MUNDO ANIMAL APRESENTA NOVA LOÇÃO ANTICALOS PARA CÃES Não são apenas os seres humanos que sofrem com o incômodo dos calos. Principalmente cães de médio e grande porte também costumam passar pelo mesmo problema devido ao contato da pele com o chão. Segundo a veterinária Vanessa da Silva Lopes, responsável técnica do Laboratório Mundo Animal, os calos são resultado do excesso de atrito da pele sensível dos animais com superfícies ásperas, frias ou mais duras, como azulejos e pisos. O Laboratório Mundo Animal apresenta uma solução para suavizar o problema. A nova Loção para Calos da Linha Good Care é 100% natural e é composta por óleo de macadâmia e Aloe Vera, que promovem hidratação e proteção à pele calejada. O sabor amargo das ervas Aloe Vera também impede que o cão retire o produto por meio das lambidas, aumentando a durabilidade da loção. Segundo a Dra. Vanessa, o produto é isento de corantes, além de ser elaborado com o exclusivo ativo natural Phytolan. A substância forma uma película duradoura e acetinada que protege a pele do alto impacto. A loção tem hidratação 24 horas e combate o ressecamento da pele, e tem como diferencial uma aplicação prática, já que contém um bico aplicador. Problema mais comum em locais onde há pouco depósito de gordura, como os cotovelos dos cães, os calos podem gerar ainda dores e incômodos. “Apesar de não ser um medicamento, recomendamos que o proprietário leve o animal até o veterinário para que receba as orientações corretas para o seu uso”, finaliza. Maiores informaçõers pelo SAC: 0800 772 25 23 ou acesse o site: www.mundoanimal.vet.br ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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DICAS PARA ACERTAR NA ESCOLHA DO MELHOR LOCAL PARA DEIXAR SEU PET NAS FÉRIAS Férias marcadas, viagem planejada, família toda empolgada. Mas e o pet? O que fazer com ele quando não dá para levar no passeio? Deixar em casa sozinho, com algum conhecido ou optar por um hotel para animais? Confira as vantagens de cada uma das opções e o que você deve levar em conta na hora de escolher o destino do seu animalzinho durante as suas férias. Eu vou e ele fica em casa Você vai viajar e o pet vai ficar em casa sozinho? 1. Apenas para passeios rápidos: A opção só é válida para passeios extremamente curtos, ou o animal poderá sentir demais a falta do dono, podendo inclusive adoecer. 2. Deixe comida suficiente: Se esta for a opção, certifiquese de que você deixará ração e água suficiente para a nutrição do pet durante o tempo que você estiver fora. 3. Encontre companhia para o pet: É possível também pedir para algum amigo ou conhecido passar diariamente na casa para alimentar, cuidar da higiene do animal e verificar se está tudo bem com ele. 4. Vantagens e desvantagens: A vantagem de o bichinho ficar em casa é que não haverá problema relacionado ao estranhamento do local; a desvantagem, por outro lado, é que o pet pode sentir ainda mais a falta do dono. Eu vou e ele fica na casa de um amigo Pode ser na casa de um amigo, de alguém da família ou até mesmo do vizinho. 1. O pet pode estranhar o local: O animal pode estranhar o local diferente. Uma boa forma para contornar o problema é levar alguns pertences do pet para esse abrigo temporário. 2. Informe o responsável sobre os hábitos do seu pet: Informar a pessoa que cuidará do animal sobre as rotinas dele também é fundamental. Quantidade de ração consumida diariamente, hábitos de higiene e o contato do veterinário são alguns tópicos que devem ser informados. 3. Verifique se há mais animais na casa: Caso haja mais animais na casa, certifique-se se os eles estão com as vacinas em dia e cuide da vacinação do seu bichinho de estimação. Avalie se o seu pet poderá ter algum problema de convívio com os outros bichos. Uma opção é levar o bichinho uns dias antes para ir acostumando os animais uns com os outros. 4. Disponibilidade: É importante verificar se a pessoa que se responsabilizará pelos cuidados com o pet terá tempo para tal. Eu vou e ele fica hospedado em um hotel para animais Esta pode ser uma boa opção, mas requer cuidados especiais na hora de escolher o estabelecimento em que o animal de estimação vai ficar hospedado. 1. Visite pessoalmente o local: De acordo com Isabela Vincoletto, médica-veterinária da Vetnil, é imprescindível uma visita presencial para conhecer o hotel. “Pela internet tudo

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parece lindo, mas é de extrema importância os proprietários conhecerem pessoalmente o hotel para se certificar das condições do local, conhecer o ambiente em que o pet irá ficar, qual ração que é fornecida, as atividades praticadas, a segurança do hotel, e se existe um veterinário responsável ou uma clínica que possa prestar algum tipo de suporte, caso necessário”. 2. Observe a infraestrutura: Na visita, a veterinária sugere que sejam observados detalhes referentes à infraestrutura do local, como se o espaço onde os pets dormem e se alimentam é coberto ou não e se os animais são alojados em locais fechados e qual o tamanho. 3. Atente para a limpeza e demais hábitos do hotel: Também é preciso reparar na limpeza, no horário das refeições, em como os animais são separados e que tipos de pets são hospedados no estabelecimento: se são aceitos pets agressivos ou anti-sociais. 4. Tome algumas precauções em prol da saúde do seu pet: Além de todos esses cuidados, é também preciso tomar algumas precauções antes de deixar seu pet em um hotel, explica Vincoletto. “Como um tratamento preventivo, é importante aplicar um ectoparasiticida no animal, impedindo a infestação com pulgas e carrapatos”. Vale também conferir se a carteirinha de vacinação e vermifugação do pet está em dia e passar informações básicas sobre o animal para a pessoa que ficará responsável por ele, tais como detalhes sobre a rotina diária e se ele costuma tomar algum medicamento ou não. 5. Avise o veterinário: É importante informar o veterinário do animal que ele ficará em um hotel, além de passar para o estabelecimento o contato do profissional. E a saudade do bichinho? Não é só o animal que sente falta do seu dono, o contrário também acontece e bastante. Para quem não consegue ficar sem ver a carinha do seu bichinho de estimação, a internet está aí para ajudar. Já existem hotéis para animais que disponibilizam o serviço de webcam, no qual é possível assistir pelo site do estabelecimento como o seu animal está se comportando por ali. E ao vivo! O reencontro é um momento de alegria e de atenção Na hora de buscar o pet, além de matar a saudade, é preciso verificar se ele se encontra nas mesmas condições em que foi deixado no estabelecimento. “É importante o proprietário fazer uma observação pelo corpo do animal antes de sair do local, pois caso haja algo diferente o hotel terá que prestar suporte por meio do veterinário responsável pelo estabelecimento”, alerta Vincoletto. No geral, para evitar complicações, é imprescindível ler de forma cautelosa o termo de compromisso do estabelecimento. E depois de escolhido o local em que o pet ficará, é só preparar as malas e boas férias! Mais informações pelo SAC 0800 109 197 ou no site www.vetnil.com.br


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Local: Natal, RN secretaria@anclivepa2013.com.br WORLD LEISHMANIASIS (WL) CONGRESS 13 a 17 de maio de 2013 Local: Porto de Galinhas, PE www.worldleish5.org I CURSO INTERNACIONAL DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAIS 17 a 19 de maio de 2013 Local: Jaboticabal, SP eventos@funep.org.br III SIMPÓSIO DE NEONATOLOGIA VETERINÁRIA 17 a 19 de maio de 2013 Local: Botucatu, SP Tel: (14) 3880-2148 neonatologiaunesp@yahoo.com.br CONGRESSO MEDVEP DE ESPECIALIDADES VETERINÁRIAS 24 a 27 de julho de 2013 Local: Bento Gonçalves, RS Tel.: +55 (41) 3039-2867 medvep@medvep.com.br www.congressomedvep2013.com.br PET RIO VET 2013 20 a 22 de agosto de 2013 Local: Rio de Janeiro, RJ Tel.: (11) 3205-5000 petriovet@nm-brasil.com.br

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