03 série alpha livro omega

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Pégasus Apresenta


Equipe Pégasus Lançamentos Envio: Soryu Tradução: Cartaxo Revisão Inicial: Chayra Moom Revisão e Leitura Final: Carla C. Dias Formatação: Cartaxo


Sinopse: Quando você faz como inimigo um homem como Vitaly Karahalios, não há como escapar de sua ira. Ele o encontrará. Ele me encontrou, ele encontrou Roth. Ele encontrou Layla. Ele nos encontrou e agora o impensável aconteceu. Alguém que amo foi raptado. Mais uma vez. Este não é um conto de fadas. Nem todo mundo terá um felizes para sempre. Às vezes não podemos simplesmente escapar do passado. O amor nem sempre pode salvar o dia. A besta nem sempre vai ter a sua beleza. Mas talvez, apenas talvez, começaremos o nosso final feliz.




PARTE 1 – Kyrie

Capítulo Um NO FIM DO MUNDO

— Então, onde estamos novamente? — Perguntou Layla, na ponta dos pés, inclinando-se de maneira insegura na proa do Eliza, um enorme iate de luxo, registrado nas Bahamas, que pertence a mim e Valentine Roth. — Eu me perdi há dois meses. — Ushuaia — Harris respondeu, brusca e repentinamente, mas com um traço de diversão, que a maioria das pessoas não seria capaz de detectar, a menos que o conhecesse bem. — É a capital da Tierra del Fuego. Também conhecida como O Fim do Mundo. — E por que estamos aqui novamente? — perguntou Layla. Os quilos extras que adquiriu não a deixavam ver a cidade se aproximando claramente. Realmente, se ela quisesse dar uma boa olhada, deveria subir na ponte. Eu estava reclinada em uma espreguiçadeira de teca, com chapéu de aba larga protegendo os olhos do sol, um copo de vinho tinto na mão, segurando meu cardigan fechado com a outra. A temperatura estava muito baixa aqui no fim do mundo, nem dez graus Celsius e era o meio de maio. — Porque é um lugar para se estar — respondi por Harris. — E porque é extremamente remoto.


Layla virou para mim com um olhar severo. — Remoto? Estamos quase na Antártica. Você já viu aqueles icebergs? Eu apenas dei de ombros e sorri. Layla estava sendo Layla, mas era muito bom finalmente tê-la comigo, novamente. — Roth mencionou que poderíamos fazer um cruzeiro até lá para dar uma boa olhada neles. Amanhã, na verdade. Acho que estão lá o tempo todo. É como uma indústria turística aqui ou algo assim. Harris bufou. — Contrataremos um tour privado, obviamente. Layla revirou os olhos. — Obviamente. — Ela cruzou o convés para sentar-se aos pés da minha cadeira, pegando o meu vinho. — Porém, estou desenvolvendo um caso grave de febre de cabine. Tanto quanto amo estar aqui com você, oito semanas é muito tempo para ficar presa em qualquer lugar. Eu preciso sair deste maldito barco. Mesmo que seja agradável e mesmo quanto te ame, baby, eu preciso da terra firme sob meus pés. Preciso ficar nua e bêbada com desconhecidos e fingir que não estou no Fim do Mundo, fazendo nada da vida. Harris soltou um suspiro e trocamos olhares divertidos pelas costas de Layla. — Layla... só você reclamaria de estar em uma turnê mundial, em um super iate, com cada necessidade e cada desejo atendido — disse. — Eu não estou reclamando. Muito. Eu só... Eu trabalhei toda a minha vida, Key. Desde que tinha quatorze anos, eu trabalhei seis ou sete dias por semana, em dois ou três empregos ao mesmo tempo. De repente, estar desempregada... isso não parece bem. Estou ficando louca. — Demora algum tempo para acostumar — admiti. — Além disso... — aproximou-se de mim, sussurrando. — Estou morrendo de tesão. O dedo médio já não resolve mais. Harris me tirou dos Estados tão rápido que nem tive tempo de arrumar minha coleção de vibradores. Eu encostei minha cabeça na cadeira e ri. — Jesus, Layla. Informação demais. — Eu olhei para Harris, que examinava a baía se aproximando com um binóculos de alta potência e baixei minha voz. — E o nosso menino Harris, ali? Layla sequer olhou para ele. — Hum. Não. Não, obrigada. Eu não estou tão desesperada. — Não? Apenas isso? Ela se levantou abruptamente. — Estou com frio. Preciso de um suéter. —passou apressada por mim e saiu do deck Lido dentro da


superestrutura da nossa casa longe de casa, um mordomo segurou a porta para ela, que passou por ele voando. Quando ela se foi, Harris olhou para mim. — Você sabe que tenho uma audição excelente, certo Kyrie? Dei de ombros inocentemente. — Eu não tenho ideia do que está falando. Ele estreitou os olhos, franzindo a testa. — Casamenteira não é um papel que lhe convém. — Ele colocou o binóculo em seu estojo de proteção e desapareceu também, deixando-me sozinha. Fechei os olhos, absorvendo a luz solar e desejando que fosse, pelo menos, um pouco mais quente. Nós estávamos no Atlântico já há algum tempo e a temperatura não subiu acima de dez graus nesse tempo todo. Estávamos bem no Hemisfério Sul e com o vento sempre presente, estava sempre com frio. Mesmo com os olhos fechados, eu podia sentir Roth se aproximando. Ele era sempre silencioso, movendo-se feito um gato, mas no entando eu podia senti-lo. Ele não disse uma palavra, apenas passou um braço sob minhas pernas, outro em torno de minhas costas e levantou-me, sentando em minha cadeira e me colocando em seu colo. — Onde estão os outros? — perguntou. Eu dei de ombros. — Não sei. Entraram depois que fiz uma sugestão inocente. Ambos fugiram de mim. — Que sugestão? — Layla reclamou sobre a falta de oportunidade para... certas atividades. — Ela está com tesão, você quer dizer? — Exatamente. Simplesmente observei que Harris era uma possibilidade, e ela apenas... fugiu. Foi embora. E, aparentemente, Harris ouviu e não gostou muito da ideia também. Roth riu. — Harris é... extremamente discreto. — O que isso significa? Ele levantou seu ombro. — Apenas que ele mantém sua vida pessoal privada. Ele é muito reservado. — Mas ele não é... casado ou algo do tipo?


Isto provocou outra risada, desta vez sarcástica. — Deus, não, querida. Eu não acho que seja o seu estilo. — O que, o casamento? — Não, a monogamia. Compromisso. Relacionamentos de longo prazo com as mulheres. Esse tipo de coisa. — Roth passou a mão em meu cabelo, acariciando meu cabelo ainda curto, com um tipo especial de ternura. — Eu sempre assumi que apenas... pega o que precisa, quando precisa, onde quer que esteja. — Mas você não sabe? — Com certeza? Não. Quer dizer, ele nunca me apresentou a ninguém. Mas quando estamos em terra firme ou quando estamos reabastecendo em alguma cidade ou outra, ele volta depois de algumas horas longe com um humor melhor. O que ele faz e com quem, eu não sei nada a respeito. Além disso, não é da minha conta. — Ele fez uma pausa. — De qualquer forma, na medida em que Layla está em causa, Harris a veria como uma cliente, essencialmente e ele tem regras muito rígidas sobre confraternizar com os clientes. Regras que vêm da experiência, eu acho, mas isso é apenas um palpite. — Bem, eu disse mais como uma piada do que uma sugestão séria. Mas acho que julguei mal a ambos. Nenhum deles parece ter muito senso de humor. — olhei para ele. — Então, quais são os nossos planos? Houve uma longa pausa antes da resposta, eu sabia que isso significava apenas uma coisa: ele avaliava o quanto me contar. Roth não me conta tudo e gosto desse jeito. Gosto de deixá-lo lidar com as coisas. Depois de me envolver, involuntariamente, em algumas coisas seriamente perigosas e assustadoras — quase perdendo a minha vida no processo — estou muito feliz para me concentrar nos aspectos mais simples de seu negócio. Quando se trata de para onde ir, por que e quando, deixo para ele. Gosto de ver o mundo, passar o dia todo, todos os dias com ele. Eu não preciso dos detalhes. — Nós voltaremos para os Estados Unidos depois de mais alguns dias por aqui. Existem algumas coisas que realmente exigem a minha presença física. Eu gostaria de saber se essas coisas incluíam um casamento, mas não perguntei. Estávamos tecnicamente noivos, mas não discutimos os planos de casamento. Isso aconteceria. Quando Roth estivesse pronto. Sim, admito que sou desligada e queme sinto feliz vivendo nessa pequena bolha protetora. Eu gosto de fingir que está tudo bem, que não


estamos fugindo de ninguém, de que somos apenas pessoas ricas ociosas, viajando pelo mundo, apenas por divertimento. Mas sabia que a realidade de nossa situação era quase macabra e muito assustadora para se pensar. Apenas recentemente deixei de ter pesadelos, depois de tudo. — Eu posso sentir você pensando. — Sua voz era como um zumbido no meu ouvido. Eu nem sequer dei de ombros. Eu apenas descansei minha bochecha em seu peito e me aninhei mais perto. Inalando o seu cheiro, disse: — Não é nada. — Mentirosa. — OK. Então, deixe-me fugiremos, Valentine?

perguntar... quanto tempo

ainda

— Eu não posso dizer-lhe diretamente, Kyrie. Apenas... não temos os recursos. Ainda. A resposta curta é que não sei. Ok? E essa é a resposta verdadeira. Eu apenas não sei. — Ele me olhou nos olhos e acrescentou: — Eu sei que essa não é a vida que tinha em mente e eu sinto muito... Eu o interrompi, com os dedos sobre os lábios. — Você está cuidando de mim e Layla. Eu entendo isso. Eu entendo. E o amo por isso. Eu só... Eu não sei, Valentine. Eu não sei o que quero dizer. — Você quer algo que se aproxime da normalidade. Estou trabalhando nisso, ok? Posso dizer-lhe que muito. Tudo bem? — Tudo bem. — Tentando criar uma normalidade para nós. Racionalização, downsizing1, olhando para novos empreendimentos de negócios que podemos prosseguir a partir de onde quer que estejamos. — Ele riu. — Pode não ser normal, mas é normal para nós. Isso é no que trabalho. — Suponho que normal para nós não incluirá uma história de uma casa colonial nos subúrbios? Um Corgi2, dois filhos e uma minivan? Roth riu com gosto. — Uma minivan? Eu, em uma minivan? Sonhe, amor. 1 O Downsizing, que em português significa “achatamento”, é uma técnica conhecida

em todo o mundo e que visa a eliminação de processos desnecessários que engessam a empresa e atrapalham a tomada de decisão, com o objetivo de criar uma organização mais eficiente e enxuta possível. 2 Raça de cachorro.


— Mas a casa colonial, o Corgi e as crianças tudo bem? — Corgis tudo bem. Mas não tenho certeza sobre a casa colonial. Estou pensando que talvez eu possa fazer um pouco melhor do que uma casa de dois andares. Notei que ele estava deixando alguma coisa, e eu não queria empurrá-lo. Agora eu não sei por que mesmo comecei esta conversa. — Sim, você está certo. Uma mansão nos Hamptons é mais nosso estilo, eu acho. — Nos Hamptons? Acho que não, querida. Muito clichê, muito superpovoado. Algo no Caribe, talvez. Eu já tenho uma propriedade lá e ainda existem algumas ilhas a venda. Elas poderiam ser compradas com bastante facilidade. O que acha disso? é?

Eu ri. — Este é o meu Valentine. Você não faz nada pequeno, não

— Nunca. Além disso, você sabe como seria impossível fornecer a segurança adequada para um desses barracos nos Hamptons? Seria muito difícil. 'Logisticamente impossível', acho que Harris diria. Uma ilha pode ser muito mais facilmente protegida. Além disso, se temos uma ilha inteira para nós, posso fazer você gritar tão alto quanto quiser, sem perturbar os vizinhos. — ele disse esta última parte sotto voce, na minha orelha, passando os dedos em minhas costelas para, em seguida, deslizá-las para cima e para baixo em minha coxa. — Não queremos perturbar os vizinhos, não é? — Mantê-la calma nestes últimos meses tem sido... um desafio divertido. Deixe-me apenas colocar desta forma. Estou pronto para um pouco de privacidade. — Eu estive tranquila! — protestei. — Claro. Se a minha mão estivesse sobre a sua boca, talvez. Talvez devesse arranjar uma mordaça para você. Me virei para encará-lo. — Você não ousaria. — Eu gostaria. Absolutamente eu o faria. Você aproveitaria também, eu acho. Com algemas e uma mordaça eu brincaria com você por horas e Layla e Harris nunca saberiam. — Você gosta quando grito e sabe disso. — Eu já estava quente e úmida com esta conversa. — Eu gosto. Mas seus gritos são apenas para mim. — E então, abriu o zíper do meu jeans e mergulhou os seus dedos sob o elástico da


minha calcinha procurando e encontrando minha fenda e colocando o dedo médio em mim. — Você está encharcada para mim, Kyrie. — Quer que eu grite aqui no convés? — Uh-huh. Está funcionando? — Ele me ajustou e agora minha boca estava colada na sua. — Não. Ainda não. Ele colocou dois dedos em mim. Eu me contorcia, impotente. Ele abriu seus dedos dentro de mim como tesoura e então gemeu em minha garganta, enquanto pressionava seu polegar áspero em meu clitóris. Circulando, circulando. Em seguida, tirou os dedos e esfregou a minha umidade sobre o meu clitóris, seu polegar retomou seus círculos preguiçosos e eu era uma bagunça, mordendo meu lábio, minha testa pressionada na sua, meu peito arfando. E então, de repente, se levantou, me colocando de pé. Abotoando o meu jeans, me deu um toque e me conduziu em direção às escadas que levavam aos nossos aposentos. — Vá, fique nua, meu amor. Espere por mim. Eu só ficarei por um momento. Minhas coxas rasparam quando voltei para o nosso quarto, o jeans enviando deliciosas vibrações em meu núcleo. Eu estava no limite, meros momentos e gozaria. Frustrada, corri até as escadas o mais rápido que pude. Despojando-me das roupas em tempo recorde, tirei o suéter e a camisa, desabotoei meu sutiã, joguei as roupas de lado, e então, tirei o jeans. Ainda não conseguia apoiar todo o meu peso no joelho por muito tempo, mas isso não me impediu de me alongar na cama, só de calcinha. Ele disse para ficar nua, mas é divertido desobedecê-lo. Cumprindo sua palavra, escutei seus passos na escada um minuto mais tarde. Ele já estava sem a sua camiseta preta, segurando-a em seu punho e atirando-a de lado, em seguida, tirou sua calça cáqui, enquanto descia o degrau. Ele atravessou a sala apenas com sua roupa de baixo, uma cueca Polo preta apertada, que mostrava o seu pau enorme e as suas nádegas. — Eu disse nua, querida. — Você não está — apontei. Ele tirou sua cueca e caminhou até mim, subindo na cama e se arrastando em minha direção engatinhando. — Agora estou, mas você ainda não está nua. — O que fará sobre isso, Valentine?


Ele segurou meus tornozelos e me arrastou até ele. Eu o deixei me puxar, e apertei as minhas coxas ao redor da sua cintura e juntei meus tornozelos atrás das suas costas, alcançando-o ao mesmo tempo. Mas ao invés de segurar minhas mãos nas suas, como pensei que faria, ele segurou meus dois pulsos em uma mão, usando a outra em meu quadril para me virar. Com uma mão ainda segurando meus pulsos, me colocou de joelhos, com a bunda no ar. lá.

Ele abaixou minha calcinha até as minhas coxas, mas a deixou De repente, não conseguia respirar. Sua mão alisou a minha nádega esquerda e depois, a direita.

SMACK! Sua mão bateu em minha nádega, fazendo-a tremer e arder. Lutei para não vacilar ou gritar. SMACK! No lado direito agora. Oh, Deus. Oh, Deus. Eu o senti chegar atrás de mim e abrir uma gaveta no criado mudo. Então vi quando pegou um preservativo. Ele rasgou-o e colocou em seu pau. Alcançando a gaveta uma segunda vez, encontrou o que queria: uma garrafa de lubrificante e um vibrador rosa grosso. Ele jogou tudo sobre a cama. — Kyrie? — Sim, Roth? — Diga-me o que quer. Engoli em seco. — Você. — Eu, como? — Seu pênis. Senti sua mão alisando minha bunda, acariciando as nádegas e então pressionou seu dedo em mim, lá atrás. Engasguei quando colocou um dedo em mim. Eu não lutei contra isso, mas relaxei e deixei-o entrar. Sufoquei um gemido quando retirou o dedo e acrescentou um segundo. E depois um terceiro. Ele vinha me preparando para isso, por meses. Provocando-me com isso. Dizendo-me como seria bom sentir, o quão forte eu gozaria. Mas, até agora, tudo o que fazia era usar os dedos, me esticando, me deixando acostumar com a sensação. Usando o vibrador algumas vezes. Eu queria isso.


Deus, queria que ele fizesse isso. Muito mesmo. Ele aplicou um pouco de lubrificante e colocou os dedos em mim, lá atrás, então encheu minha boceta com seu pau, e nos movemos juntos, o mundo parou quando gozei, forte e rápido, imediata e poderosamente, em uma onda de felicidade orgástica. Ele me provocou com a ponta do seu pau, colocando a ampla cabeça em meu clitóris, e, em seguida, empurrou-o em minha boceta novamente, me esticando, e não pude deixar de gemer, em voz alta. — Shhh, baby. Fique quieta. — Não consigo evitar. — Você não me respondeu, Kyrie. — Ele mergulhou profundamente em mim, enchendo-me até que engasguei com a plenitude. Seus dedos estavam profundamente dentro de mim também. — Onde você quer o meu pau? Aqui.

Eu levantei a minha bunda, contorcendo-me em seus dedos. — — Me diga, querida. — Em minha bunda. — Diga-me o que quer, amor. Quero ouvir. — Foda-me na bunda — sussurrei.

Ele gemeu, desta vez, dirigindo profundamente em minha boceta e gozei, forte e em silêncio, ficando tensa, com a boca aberta e tremendo. No momento do meu orgasmo, ele saiu da minha fenda e retirou os dedos da minha bunda. Então ele colocou mais lubrificante em si mesmo e em mim, e então encaixou a ponta do seu pênis na abertura de meu ânus, empurrando suavemente e gradualmente, em intervalos fracionados. — Assim, amor? É isso que quer? — Mais. — Era tudo que podia dizer. Com um empurrão, a cabeça do seu pênis estava dentro de mim, me esticando, ardendo. Uma dor. Mas eu ainda estava gozando e isso superou a dor. Roth colocou os dedos ao meu clitóris e circulou. Gemi quando o orgasmo me agitou e esticou, então, a outra palma bateu forte em minha bunda e gritei, a ardência me assustando. Outra. E outra. Forte o suficiente para que gritasse no colchão, mas então... então percebi que ele estava mais profundo do que nunca em mim. Tão profundo.


— Como se sente, Kyrie? — Jesus, Roth. Isso é bom. Bom demais. — Dói? — Um pouco — admiti. — Mas não pare. — Você pode aguentar, amor? Eu me toquei, com os dedos circulando meu clitóris, levando-me mais perto, mas, então Roth me parou, com o vibrador zumbindo, tocando-me com ele. Eu o tirei dele, pressionei a ponta do vibrador emo meu clitóris e senti estrelas detonarem dentro de mim. Roth estava completamente imóvel, meio empalado dentro de mim, mas o sentia tremer. Precisando. Esperando. Eu arqueei minhas costas e coloquei o vibrador em minha vagina e agora estava tão cheia, cheia ao ponto de doer. Eu podia sentir seu pênis encostando-se ao vibrador, um fino véu de pele separando-os e eu gozava com tanta força que doía, que comecei a chorar, incapaz de fazer qualquer outra coisa, somente deslizar o dispositivo dentro e fora de mim, deixando a parte secundária menor do vibrador bater em meu clitóris só assim, apenas lá. Mais uma vez. E outra. E então senti Roth me bater e quando gritei, ele me encheu ainda mais, empurrando-se mais profundamente em meu ânus lentamente, seus quadris agora tocavam a carne de minhas nádegas. — Você consegue aguentar, Kyrie? — Sua voz era gutural, frenética, à beira do controle. — Foda-me, Valentine — murmurei, empurrando nele. Oh, Deus. Era uma dor tão boa. Tão profundo. Muito. Tão cheia. E então... ele se retirou. Muito lentamente. Apenas uma fração, mas que me deixou rangendo os dentes e gritando na cama, segurando os lençóis nos punhos... isso não era um orgasmo, isso era o prazer cru, com um fio de dor para torná-lo potente, uma plenitude que não poderia ser devidamente descrita, era muito dele, tudo do meu Valentine vibrava dentro de mim. — Jesus, Kyrie, você é tão apertada que quase dói. Tão perfeita. — Ele empurrou de volta. — Deus... amor... seu cu é tão perfeito. Como você se sente? Eu não conseguia nem falar. Baixei a cabeça e mordi o lençol de seda e resmunguei, arqueando as costas e me contorcendo mais, eu dizia a ele, gritando, gritando, mas não verbalmente. — Você gosta disso?


— Deus... porra, sim! — Eu consegui responder, minha voz estava rouca, necessitando gritar como um demônio, mas me segurando. E, em seguida, ele se moveu novamente. Um deslizamento lento e eu podia sentir a largura de seu pênis raspando no músculo tenso do meu ânus, cada deslize de carne contra carne me fazendo tremer e suspirar. Oh! Porra. Ele estava empurrando, lentamente. Então, lentamente. Estocadas glaciais, mas agora sem parar, tirando... em seguida, colocando novamente... me fodendo lentamente. Fodendo minha bunda com toda a gentileza que possuía, mas suas mãos agarraram meus quadris com força, deixando hematomas. Como se o aperto de seus dedos nos meus quadris era tudo que o impedia de me foder com tanta força que quebraria. — Porra, Kyrie. Eu não posso agüentar, amor. Eu preciso foder. Eu preciso me mover. — Valentine... — não sabia o que dizer. Eu queria isso. Mas não achava que pudesse agüentá-lo. Não porque tivesse medo de que me machucasse. Não, isso era tão bom, tão perfeito, meses de jogo anal, gradualmente me esticando até que estivesse preparada para tomar tudo dele, assim. Eu estava com medo de que se me fodesse como tão claramente necessitava para que gozasse, só me destruiria, me arruinaria, me quebraria além do reparo. Retirou lentamente mais uma vez e deu um impulso ainda mais lento de volta. Então o senti entrar, senti-me esticada ainda mais, seu enorme pau me enchendo. E então debruçou sobre mim, com o peito pressionando em minhas costas, as mãos deslizando em meus seios e ofegava e arfava em seu peito. — Roth — engasguei. — Estou bem aqui, Kyrie. Eu não posso... preciso ir devagar. — parecia como se o seu controle estivesse sendo duramente testado, mais do que havia sido antes. De todo o sexo que fizemos até agora — e não foi pouco! — nunca o escutei falar de forma tão clara, audível, abalado pela potência de tudo. Eu fiz amor com ele quando era um desastre emocional, depois do que a Gina fez com ele. Mas isso era diferente. Este era o meu Valentine, com desejo de foder, ainda se controlando por mim, segurando o que desejava, o que era totalmente diferente dele. Ele tomava o que queria, de mim e da vida, nunca abrandava ou se retinha. Mas isso era diferente. — Foda-me, Roth. — estendi a mão e agarrei um travesseiro, enfiando-o debaixo do meu estômago, puxei meus joelhos mais para frente, empurrando-me nele, deixando-o mais profundo no processo. —


Apenas me foda. Eu preciso disso. Eu posso aguentar. Apenas — Jesus, Deus — apenas me foda. Ele se ajeitou atrás de mim e parou. Eu o senti respirar. Senti suas mãos em minhas costas, alisando minha espinha, acariciando minhas nádegas, as separando e gemendo quando empurrou mais profundo. Eu só conseguia respirar, gemer e agarrar a roupa de cama. E então, oh Deus. Ele retirou-se. Quase por completo. Esguichou ainda mais lubrificante no seu pênis e entrou, saiu, aplicou mais ainda, e agora empurrava e tirava em pequenas vibrações, pequenas estocadas, e fui levada à loucura. Eu tinha me esquecido do vibrador e me concentrado em Valentine. Agora procurei por ele e o achei no colchão sob o travesseiro, peguei-o, ele estava vibrando em alta, coloquei-o no meu clitóris, gritei no travesseiro, deslizei para fora, ofegante, dando um grito, um som ofegante. Roth me fodia, agora um pouco mais forte. Um pouco mais rápido. Toquei meu clitóris novamente e tremia. Mas, ainda assim, isso não era um orgasmo. Na verdade, não. Eu tive um vibrador na bunda antes — que era bem menor do que Roth. Enquanto ele me fodia, lentamente, a princípio, mas depois mais e mais rápido, eu ofegava, me arqueava e me contorcia para ele, deixando o zumbido estimular o meu clitoris. Roth não conseguia se segurar agora, e estava se movendo sério, movendo dentro e fora de mim, e era tanto, tão bom, tão incrível que eu não queria que isso parasse nunca. Eu queria que ele me fodesse assim para sempre. Ele colocou as suas mãos em meus quadris novamente, puxandome e agora deslizando uma delas para a base da minha espinha. Ele pressionou a palma da mão no meu cóccix e agarrou o vinco do meu quadril no outro lado e senti seus quadris em minhas nádegas, suas coxas encostarem nas costas das minhas e seu pau bater profundamente. Ele empurrava e tirava, empurrava e puxava com as mãos, grunhindo, construindo seu próprio orgasmo. Eu o senti engrossar dentro de mim. Senti-o acelerar. Correspondi ao ritmo, agora implacável, de seu pênis em minha bunda com o vibrador em minha boceta. Eu estava tão cheia e completamente fodida, cada vez mais forte agora, que era quase impossível de ser capaz até mesmo de respirar. — Kyrie... — Porra... — engasguei.


— Merda, Kyrie. Eu estou quase lá, amor, estou... oh, ohhhhh... porra... E ele gozou, antes mesmo que pudesse formular as palavras. Eu o senti, o senti jorrar dentro da camisinha, o senti engrossar ainda mais. Eu gemia e me movia com ele, conforme me fodia, movendo o vibrador em sincronia com o ritmo. Então, tudo parou quando ele gozou. Meu sangue fervia, todos os meus músculos — todos os 640 — contraíam e pulsavam e minha boceta apertou, meu ânus contraíu e me contorci como uma louca, mordi os lençóis e gritei quando um orgasmo diferente de tudo que já havia experimentado em minha vida rasgou-me, e Roth se manteve fodendo, fodendo, fodendo, me empurrando para o clímax até que tremia, gemia e chorava. E então gozei mais uma vez e mais outra, em um ciclo interminável. Eu mal sabia o acontecia, com uma onda de clímax após a outra, explodindo através de mim e em mim. Quando os tremores me atingiram como terremotos, cada um, um orgasmo atravessou-me, senti Roth sair de mim tão lenta e cuidadosamente como ele empurrara, de forma gradativa, com ternura. Quando ele estava fora de mim, desabei de lado, com lágrimas deslizando pelo meu rosto. Senti-o levantar-se, ouvi-o descartar o preservativo e então ele estava na cama comigo, me abraçando em seu peito largo e quente. forte.

— Jesus, Kyrie. Ainda não consigo respirar direito, eu gozei tão

Eu me enrolei nele. Agarrei a parte de trás do seu pescoço, caindo completamente em cima dele, pressionando meus lábios em sua garganta. —Valentine, eu não... nem tenho palavras para descrever o que foi. — Mas você está bem, certo? Eu levantei o suficiente para que pudesse ver meus olhos e ver que falava a verdade. — Muito bem. Eu adorei, adorei tudo mesmo, mas não acho que podemos fazer isso muito frequentemente. Foi apenas... absurdamente intenso, que não acho que poderia lidar com isso o tempo todo. — Foi incrível. Mas sim, não o tempo todo. Ficamos em silêncio por um tempo, no lugar especial onde palavras não são necessárias. Nós não dormíamos, apenas mantínhamos nosso ritmo e batimentos cardíacos em sincronia. Então senti seu pênis sob a minha barriga, endurecendo.


Ainda não precisávamos de palavras. Eu coloquei a mão entre nós e acariciei-o, deslizei-o em minha fenda, alimentei minha boceta, centímetro por centímetro. Eu pressionei meus lábios em sua garganta, esmagando meus quadris nos seus, colocando-me em cima dele, minhas coxas segurando suas laterais. Eu tomei seu rosto em minhas mãos e segurei-o para beijá-lo sem fôlego, foder sem sentido, montandoo até que estivesse enlouquecido e eu ofegante e suada, beijando-o durante todo o tempo, até que nos contorcessemos em sincronia absoluta, direto para ao clímax. Então momentos antes de gozarmos, fiquei imóvel. Apertei-o na cama, parando-o. Segurei-o para baixo, minhas mãos em seus ombros. Sentei-me na posição vertical e olhei para ele. — Olhe para mim, Valentine — disse. Ele descansou suas mãos nas minhas coxas e seus olhos foram para os meus. — Não se mova. Eu estava sentada ereta, seu pênis enchendo-me, seus belos olhos azuis nos meus, eu rodava lentamente sobre Valentine, balançando nele, roçndo nele, preparando-me com as palmas das mãos no V das minhas coxas. Revirei os quadris largamente, em amplos círculos, levantando até que ele estivesse quase fora, depois sentando sobre ele totalmente, esticando-o para longe de seu corpo, montando, montando, montando. O suor cobriu gloriosamente o seu corpo musculoso com um brilho e ele lutou para permanecer. Eu o senti se aproximando do clímax e diminui. Esperei, segurando-me estendida para que ele não pudesse liberar. Esperei um pouco mais até que ele ficou tenso, até que tremesse com desejo. Toquei meu clitóris com um dedo enquanto ele observava, mantendo-nos ainda, vibrando para que ele não se perdesse na borda deste quase orgasmo. Eu me toquei com meus dedos... E então gozei, inclinando-me, jogando meus braços ao redor do seu pescoço e me contorcendo enquanto ele jorrava a sua semente em mim, me inundando com seu calor e gemíamos, nossas bocas se buscando e beijando, até que o orgasmo nos inundou, simultaneamente. Quando, finalmente, as ondas e tremores cessaram, Roth saiu de mim. Ele se levantou e caminhou até o banheiro para pegar uma toalha, voltou e me virou de costas, abriu as minhas dobras com os dedos suaves e limpou-me com a toalha e então voltou ao meu lado na cama. Outro longo, sonolento e preguiçoso silêncio passou, ambos totalmente exaustos. Minha mente vagou e me perguntei vagamente se ainda iríamos ao porto, mas decidi que não me importava.


Sua voz retumbou, com meu ouvido no seu peito. — Eu iria lhe fazer uma surpresa, mas resolvi lhe contar. — Uma surpresa? — perguntei. — A razão pela qual estamos voltando para os Estados Unidos. — Qual é? Uma pausa. — Bem, o negócio de lado... é para nós. — Em primeiro lugar, qual é o aspecto do negócio da viagem? — Estou vendendo um monte de participações e propriedades. Incluindo a torre em Manhattan. Liquidando um grupo de ativos e preciso estar lá para finalizar as vendas. — Você está vendendo a torre? Ele assentiu. — Sim. Está na hora. Quero construir um lugar para você e eu. Em algum lugar, que seja nosso. — Ele deu um suspiro. — Além disso, precisaremos de um fluxo de dinheiro pronto para... preparativos, acho que você poderia dizer. — Seja claro, Roth. Explique o que quer dizer com preparativos. — Ficar fora da rede de forma adequada e eficaz é uma coisa difícil de fazer. Ainda mais quando você é tão rico como sou. Veja, a maior parte do meu capital é... imaginário, essencialmente. É real, no sentido do negócio e no mundo dos negócios, onde tenho contatos em todos os bancos, em todo o mundo. Mas se quer ficar fora da rede, propriedades de investimento e patrimônio líquido são sem sentido. O dinheiro é rei, aqui fora. E estar no valor de dezenas de bilhões de dólares não é bom, se posso convertê-lo em dinheiro ou torná-lo prontamente disponível em dinheiro. Mas, especialmente na quantidade que precisarei, é difícil de fazer. Quanto ao motivo... — Roth fez uma pausa, a mão preguiçosamente acariciando a lateral do meu corpo. — Honestamente, Vitaly ainda é uma ameaça muito real para mim, para nós. Ele está lá fora, em algum lugar, esperando, esperando o momento propício. Ele é uma grande aranha venenosa com uma rede muito elaborada, apenas esperando por nós, para definir uma das suas vertentes. Eu preciso encontrar uma maneira de desaparecer completamente ou terei que tirá-lo. Nenhuma proposição é fácil. — Qual abordagem você está mais propício? — perguntei. — Para ser honesto, desaparecer. Não porque quero correr para longe dele, mas porque sou inteligente o suficiente e o conheço bem o suficiente, para saber que não estou totalmente disposto a começar uma guerra. E isso é o que seria necessário. Agora que Gina está morta e ele percebeu que seu santuário pode ser assaltado, ele estará em


alerta máximo. E ele tem acesso a muito, mas muito mais homens e armas do que eu. Eu valho mais, financeiramente, mas ele é uma raposa velha e astuta, com uma rede como ninguém no mundo. Para ir atrás dele, tentar matá-lo... seria necessário um estado geral de guerra. — Ele tocou meu queixo e estiquei o pescoço para olhá-lo. — Já houve sangue o suficiente derramado. Balancei a cabeça. — Sim, houve. Eu irei para onde você for e o apoiarei no que decidir fazer. Eu só... não quero passar a minha vida com medo, também. — Então, você iria atrás dele? — Roth pareceu surpreso. Eu levei um momento para pensar. — Eu quase morri. O pensamento de passar por algo assim novamente me deixa doente. Ver você, Layla ou Harris se machucar... não tenho certeza se poderia lidar com isso. Mas, ao mesmo tempo, não estou disposta a fugir dele pelo resto da minha vida. Eu prefiro tomar uma posição, ou mesmo ir atrás dele. Eu o matarei eu mesma, se for preciso. Já fiz isso uma vez, posso fazer novamente. — Bem, espero que não cheguemos a esse ponto. Eu tenho algumas ideias, e é por isso que vamos para os Estados Unidos. Eu descansei meu queixo em seu peito, olhei nos seus penetrantes olhos azuis. — Você disse que havia outra razão para voltarmos aos Estados Unidos, que tem a ver com a gente. Ele pegou minha mão na sua, minha mão esquerda, aquela com o anel de noivado de diamante de dois quilates, seu polegar tocando o anel de um lado para o outro no meu dedo. — Já se passaram seis meses desde que propus. Acho que é hora de fazer algo sobre isso, não é? — Fazer algo sobre isso? — Senti-me sem fôlego. — Como o quê? — Como casar. Eu só olhava para ele, piscando, tentando processar a sua sugestão. — Porque agora? Roth franziu a testa. — Por que não agora? Eu te amo mais do que a minha própria vida. Eu quero que seja minha para sempre. Eu quero que se torne Kyrie Roth. — Sim, já se passaram seis meses, mas Vitaly ainda está lá fora. Eu não sei se poderia realmente relaxar sabendo que ainda está atrás de nós. Temos Layla aqui para sua própria segurança e temos Harris e sua equipe em alerta máximo em nosso nome. Eu quero me casar, realmente quero, mas estarei com você, não importa o quê. Mudarei meu nome, se é isso que quer.


Ele soltou um suspiro, frustrado, confuso. — Eu não entendo, Kyrie. Apenas um pouco antes, no convés, você sugeriu uma casa nos subúrbios e crianças. Agora você diz que não quer se casar? Sentei, me encostei na cabeceira da cama e afastei meu cabelo do rosto — Roth, não estou dizendo que não quero. Eu só quero saber por que agora. É o que você quer ou porque acha que é o que quero? — Ambos, na verdade. Será que realmente importa o motivo, então? — Sim! Isso realmente não importa. É um casamento, Roth. Não é algo para se tomar de ânimo leve. Ele não respondeu de imediato. — Eu acho que talvez veja isso de forma diferente. Qualquer pessoa pode se casar. Isso não tem que ser um grande negócio. É apenas uma cerimônia, um pedaço de documento legal. A menos que você o torne significativo, isso é tudo o que é. Eu ri, mas não estava totalmente alegre. — Você não faz qualquer sentido. Por que você quer se casar, se não significa nada? Parece que você tem seus argumentos confusos. Ele se levantou, caminhou até a janela, nu. Mesmo no meio do que preparava ser um argumento muito sério, não podia deixar de apreciar a sua bunda tensa e musculosa, os músculos de suas costas ondulando, os ombros largos, o seu cabelo loiro. — Eu admito que não entendi, Kyrie. Eu achei que ficaria contente com isso. A chance de estar em casa novamente, de seu irmão acompanhá-la até o altar, para mim. — Em primeiro lugar, onde está a casa, agora? Este navio? Nova Iorque? Detroit? Em segundo lugar, adoro Cal, mas não tenho certeza se quero arriscar sua segurança para trazê-lo até nós e nossos problemas. Ele é uma criança inocente. — A casa é onde quer que estejamos, suponho. Aqui no Eliza, na França, Nova York... mas entendo o seu ponto. Quanto a Cal, Harris tem dois de seus homens em Chicago, mantendo o controle sobre ele. Duvido que ele mesmo saiba que estão lá, mas terão certeza de que ninguém mais está farejando ao redor dele. — Estou aliviada ao ouvir isso. — Eu disse que manteria um olho em todos. Eu sei que você manteve distância dele, para sua própria segurança. E sei que é difícil para você. E eu só... Eu odeio que você tenha de fazer isso por causa dos meus problemas, por causa do meu passado.


— É o nosso passado agora e nossos problemas. Não apenas seu. Estamos nisso juntos. — Eu saí da cama e caminhei até ele, me pressionando contra suas costas. — Eu o amo, Valentine. E sim, quero casar com você. E enquanto você pode me prometer que ele ficará seguro, adoraria a oportunidade de ver Cal. — Eu não posso lhe dar um casamento tradicional, Kyrie. Eu não posso lhe dar um casamento com seus pais em um lado e os meus no outro ou uma pequena igreja branca ou meses e meses de preparativos e listas de convidados. Eu beijei seu ombro. — Eu não me importo. Eu não sou do tipo de garota que passou toda a sua vida imaginando seu casamento. Quero dizer, talvez quando era uma garotinha pensei sobre isso ou o que sonhava, mas depois que meu pai morreu, eu só... Eu não pensei mais sobre isso. Eu só me desliguei. Não era relevante. E agora, com você, eu o amo e estou com você, não importa o que aconteça. Casando ou não, se temos uma casa permanente ou não, é você e eu juntos. Isso é tudo o que importa para mim. Sim, quero estabilidade. Eu adoraria uma casa real, algo nosso. Mas não tenho certeza de que podemos ter isso ainda, não enquanto Vitaly está vivo, tramando sua vingança, enfim... Mas, se quiser planejar um casamento, eu casarei com você num piscar de olhos. Eu ficarei orgulhosa de ser Kyrie Roth. — Vou marcar uma reunião com Harris, hoje, para contar-lhe sobre os nossos planos para o casamento. Trabalharemos os ângulos de segurança e então lhe darei os parâmetros de segurança, de modo que você e Layla comecem a planejar nosso casamento. — Que tal você planejar o casamento e apenas deixar Layla e eu escolhermos os vestidos e as flores? Isso é tudo o que nos preocupamos de qualquer maneira. — Se você diz isso, seria infinitamente mais fácil. Gostariamos de encontrar um bom local, levar quem queremos, providenciar segurança... mas ainda criar um belo evento. — Eu só tenho um pedido — disse. — O que é, amor? — Ele virou no lugar, colocando nossos corpos peito a peito. Ele espalmou minha bunda possessivamente. — Podemos nos casar em algum lugar quente e ensolarado? É interessante e tudo, estar aqui na Tierra del Fuego, mas é um pouco frio. Ele riu. — Claro, querida. Podemos fazer isso. Em algum lugar quente e ensolarado.


CAPÍTULO DOIS DISCUSSÕES

A vida à bordo do navio tinha os seus próprios padrões e rotinas, e todos, desde o Capitão até os marinheiros, empenhavam-se em manter esta embarcação enorme funcionando sem problemas. Layla e eu também tínhamos nossas próprias rotinas. Passamos muito tempo durante o dia no que Roth chamava de ‘o salão de beleza’ ou na sala de estar, assistindo filmes, lendo, ouvindo música, jogando cartas. Mas Layla estava certa, sem um trabalho, o tédio era algo constante da vida a bordo. Especialmente se, como Layla e eu, você estava acostumada a trabalhar o tempo todo ou estudar para as aulas ou apenas viver a vida. Roth tinha organizado para Layla terminar sua graduação através de cursos on-line, usando seu sinal de internet via satélite criptografado, mas que só ocupava parte do tempo. Eu tinha aulas aqui e ali, estudando tudo o que me interessava, mas não estava trabalhando para uma graduação. Quanto a Roth... bem, ele estava sempre ocupado. Ele permanecia em constante comunicação com Robert, seu guru de negócios, em Nova York, para ficar a par das poucas empresas que não foram liquidadas. Ele sempre estava em uma chamada telefônica via satélite criptografado. E quando não estava no telefone, participava do que parecia ser um fluxo interminável de e-mails. E quando não fazia isso, ele e Harris passavam muito tempo trancados. Normalmente, nós quatro jantávamos juntos e, tipicamente, era uma ocasião bastante animada. Tornou-se mais um dos nossos rituais a bordo. Harris saia muitas vezes, durante o dia, usando o helicóptero do navio para chegar à costa, para fazer um ou outro negócio misterioso. Ele nunca dizia e eu nunca perguntava. Mas quase sempre estava a bordo do navio para o jantar. O jantar desta noite foi mais animado; na verdade, foi um pouco estranho. O humor de Layla não melhorou desde que deixou a plataforma no início da tarde. Ela nem olhava para Harris, nem falava comigo. Harris estava tão taciturno quanto de costume, exceto, talvez, mais friamente silencioso. Roth estava perdido em pensamentos, tracando de planos, suponho. Mesmo sob as melhores circunstâncias, não era a melhor pessoa para bater papo e, esta noite, não estava com vontade de conversa. Então, comemos em silêncio.


Assim que terminou de comer, Harris agradeceu ao comissário de bordo, depois pediu licença da mesa e desapareceu da sala de jantar. Roth o seguiu logo depois, deixando Layla e eu sozinhas na mesa. Ela continuou a mover a comida em seu prato e deixei o silêncio entre nós permanecer por talvez três minutos e então precisei quebrá-lo. — Não está com fome, Layla? Ela encolheu os ombros. — Não. Estou bem. Eu bufei. — Por favor, Layla. Nós temos sido amigas por muito tempo para que me diga essa besteira. Ela suspirou e colocou o garfo no prato com um barulho. — Kyrie... eu perdi a noção do tempo. Eu nem sei quanto tempo estamos neste barco. Eu nunca sei onde estamos. Eu não sei quanto tempo isso continuará e, pior de tudo, até mesmo, a verdadeira razão pela qual estou aqui. Eu sei o que você, Roth e Harris me disseram, mas é difícil deixar toda a minha vida de lado só porque outras pessoas dizem ‘Oh, Layla, você está em perigo!’ — Eu não entendo, especialmente quando não tenho nada para me preocupar. — Ela olhou para mim. — Não me entenda mal, eu amo você, Roth é legal e até mesmo Harris é bom. E este barco é absolutamente inacreditável. Mas... só quero ir para casa. — Eu entendo, querida. Eu entendo. — Mudei de meu assento para me sentar ao seu lado. — Eu sequer tenho uma casa para voltar. Esta é a minha casa agora. E por que você está aqui... Não quero que entenda isso. Acredite em mim, não quero que saiba o que pode acontecer, quando menos esperar. Você está aqui neste barco, conosco, para que possamos mantê-la segura. Por favor, confie em mim. Eu tenho seus melhores interesses no coração. Eu sei que é... perturbador. Mas é o melhor. Acredite em mim. Ela assentiu com a cabeça. — Eu te entendo, Key. Mas ouvi-la dizer essas coisas realmente não ajuda. — Layla recostou-se na cadeira, equilibrando-se sobre as pernas traseiras. — Eu sei que pode parecer trivial para você, mas quando disse que estava com tesão, não era uma piada. Eu nunca fiquei tanto tempo totalmente sozinha. Eu não sou boa nisso. — E sentindo tesão? — disse, tentando fazer uma piada. Layla apenas olhou para mim. — Não, sua tola. Eu estou com um grande, um enorme tesão. Eu não me dou bem com o celibato. Eu não preciso de um namorado sério ou qualquer coisa, mas preciso de uma distração, pelo menos. Tenho necessidades. — E essas necessidades não são atendidas no barco.


— Nem um pouco. — Ela apontou um dedo para mim. — E não se atreva a sugerir a Harris novamente. Nós teremos essa conversa mais uma vez. — Por que não? O que há de errado com Harris? — Provavelmente me arrependeria por ignorar a sua advertência, mas algo sobre sua reação à minha linha de questionamento levantou as minhas suspeitas. — Droga, Key. Basta esquecer, ok? — Ela se levantou tão rápido que sua cadeira quase caiu. — Isso não acontecerá. Deixa pra lá. — Jesus, Layla. Você não precisa arrancar minha cabeça. — a segui quando saiu da sala de jantar e caminhou para o deck. — Bem, você continua falando dele e está me irritando. — Parece-me que a senhora protesta demais — citei para ela. Layla riu. — Realmente? Shakespeare? — Se a citação se encaixa. À nossa esquerda, Ushuaia era um crescente de vida urbana contra a majestade selvagem das montanhas cobertas de neve. Layla caiu sobre o parapeito e olhou para as ondas. — Você já teve essa sensação de que algo é uma má idéia? Algo que você não tem uma razão, você não tem nenhuma prova ou qualquer coisa para realmente seguir em frente, você só tem essa sensação de que seria super, super ruim? Olhei para ela em silêncio. — Layla. Eu fui de olhos vendados para a residência particular de um bilionário misterioso a quem eu devia milhares de dólares. — Sim, e olha como isso acabou — brincou. — Hum. Apaixonada? Mais feliz do que jamais imaginei ser possível? Fodida loucamente pelo homem mais incrível do planeta, várias vezes ao dia? — Uau! Muito mais do que precisava saber. — Ela balançou a cabeça em descrença. — E o que dizer sobre todo esse negócio de ser perseguida por um chefão do crime? Fugindo por sua vida? E a parte em que você quase foi estuprada, onde foram fuzilados, agredidos, seqüestrados e precisou ser resgatada por uns malditos mercenários? Eu dei de ombros. — Eu passaria por tudo isso novamente, se significavasse estar com Roth.


Um silêncio longo e cheio. Finalmente, Layla olhou para mim atentamente, com ceticismo. — Realmente? Você passaria? Eu balancei a cabeça lentamente. — Passaria. Essa é a pura verdade. Quer dizer, merda, sim, é difícil. Eu nunca tive tanto medo na minha vida. Eu ainda tenho pesadelos, às vezes. Mais sobre o tiro em Tobias e Gina do que qualquer outra coisa. Não escolheria passar por tudo o que aconteceu comigo novamente, com certeza. Mas fugir disso? Não, se significasse perder Valentine. Eu passaria por tudo isso novamente, faria tudo novamente. — Roth significa muito para você? — Layla perguntou. Eu encontrei o seu olhar. — Mais. — Droga. Queria ter isso. — Outro silêncio, então, Layla virou e fixou os olhos sobre a cidade na distância. — Esta é a primeira vez que você realmente fala sobre o que aconteceu com você. Ela perguntou, é claro, mas não queria sobrecarregá-la com os detalhes. Nem realmente me agrada a ideia de reviver, falando sobre isso. Eu suspirei. —Não foi bonito. Eu não tenho certeza se realmente serei capaz de falar muito sobre o que aconteceu. — Você nunca disse que atirou em ninguém. Eu não poderia responder por um longo momento. — Roth foi raptado por uma ex-namorada. Acordei um dia e ele apenas... tinha sumido e não havia uma nota. Harris e eu fomos atrás dele. O resgatamos. Os detalhes não importam realmente. Foi uma merda, foi horrível. Não saber onde ele estava ou se estava vivo, era terrível. Depois que voltamos, me preocupei se ele seria o mesmo novamente... e essa foi a pior parte. Ela fez algo horrível com ele. Não vou dizer o quê, porque é simplesmente muito... particular e terrível demais para dizer em voz alta. Porém, as consequências disso foram horrívels. Nós pensamos em fugir, mas, em seguida, Gina, a ex, me sequestrou. Me deu um tiro no joelho e enviou uma foto disso para Roth. Só para ferílo. Ela me levou a esta ilha particular no Mediterrâneo e me manteve em cativeiro em um calabouço. — Fiz uma pausa para respirar e então continuei. — Gina tinha esse cara, Tobias. Ele era enorme, desagradável, feio, um monstro vicioso. Eles me amarraram e me amordaçaram e era mantida nua. Sozinha. Estava apavorada. Achei que ela me torturaria ou me mataria apenas para chatear Roth, mas isso não aconteceu. Eles me deixaram lá por... nem sei quanto tempo. Dias, acho. Eventualmente Gina apareceu com Tobias e uma jovem inocente. Gina segurou uma faca em meu pescoço e me forçou a assistir, enquanto seu cachorrinho treinado fazia... coisas desprezíveis com ela. Não há nenhuma maneira de descrever o que ele fez com aquela garota. Eu nunca esquecerei. Foi... vil, repugnante... a coisa mais malvada que


já vi. E isso foi apenas para ferrar com a minha cabeça. Por nenhuma outra razão. — Jesus, Kyrie! — Layla sussurrou. — Sim. — Fiz uma pausa, outro longo momento para respirar. — Eu vomitei nos sapatos de Gina e foi quando ela cortou o meu cabelo. Ela fez isso com um canivete. Cortou-o todo, e, então, raspou meu couro cabeludo, o que foi terrível. De qualquer forma, horas mais tarde... Tobias veio para mim. Não era para ele estar alí, ela disse a ele, especificamente, para me deixar em paz. Ela queria toda a diversão para si mesma, queria ver e Tobias tinha uma tendência a estragar as coisas... ele não ficava duro, a menos que as vítimas estivessem sangrando e, depois que estavam mortas... O rosto de Layla se torceu. — Ele era um necrófílo? Isso é nojento. — Você não tem ideia. Então sim. Ele planejava — honestamente, não quero nem saber o que ele planejava fazer comigo. — Eu tinha um buraco de bala no meu joelho, não comi ou bebi alguma coisa há muito tempo. Tinha sido espancada e precisava fazer xixi. Então o deixei chegar perto e dei uma tesoura em seu pescoço com minhas pernas e mijei em cima dele. No rosto. E então roubei a sua arma e atirei nele. Três vezes. Depois coloquei as suas roupas e esperei Gina aparecer. Eu esperei até que estivesse bem na minha frente e atirei nela também. Sete vezes. — Jesus. Nem sei o que dizer, Key. Apenas... Jesus. — ela virou e olhou para mim. Lágrimas brilhavam em suas bochechas. — Eu não fazia ideia. Eu limpei o rosto dela, empurrei o cabelo preto encaracolado longe de suas bochechas molhadas. — Não chore, Layla. Estou bem agora. — Você atirou sete vezes? Eu balancei a cabeça. — Eu espero que você nunca saiba o que isso é. Esse tipo de ódio.... Isso te consome. E então depois que atirei nela pela primeira vez, eu simplesmente não conseguia mais parar. Foi tão bom vê-la ferida, vê-la sangrar. Vê-la morrer. Essa é a parte que me assusta, que me dá pesadelos. Eu não me sinto mal sobre isso. Eu ainda não sei. Quer dizer, tenho pesadelos sobre isso, porque é difícil esquecer quando você vê alguém sangrar até a morte, porque você atirou nela. Você vê isso mais e mais em sua mente, de novo, de novo e de novo. Mas não me arrependo e não me sinto culpada por isso. — E você faria isso novamente, por Roth?


— Eu o amo muito. Se nunca tocar em uma arma, se nunca vir outro corpo morto enquanto viver, será fantástico. Mas por Roth? Sim, faria tudo novamente. — Como esse tipo de amor te faz sentir? — A voz de Layla estava tão baixa que mal a ouvi. — Indescritível. Amá-lo não é uma escolha. Não é algo que tenha controle. Ser sua, estar com ele... é tudo de mim. Eu não sei, Layla. É... tudo. E vale a pena passar pelo inferno por isso. — Eu não tenho certeza se sou corajosa o suficiente para isso. — Ela seguiu o caminho de uma gaivota grasnando, quando voava através do ar à noite. — Eu não tenho certeza se sou capaz disso. — Você amava Eric — apontei. Ela bufou. — Eric era conveniente e não gosto dele. Mas, em última análise, ele era um perdedor. Ele era meu perdedor, claro, mas ainda era um perdedor. Eu sempre soube disso. Ele era suficientemente bom na cama para que nunca precisasse ir para outro lugar, sabe? Quer dizer, eu o teria despejado se fosse o caso. Eu não sou nenhuma trapaceira, você sabe disso. Mas será que o amo? De jeito nenhum. Nem mesmo perto disso. Estávamos juntos há quase três anos, sim, mas foi mais porque era apenas... fácil ficarmos juntos. Era bom o suficiente para que não terminássemos, mas não bom o suficiente para que ele realmente representasse algo. Amar? Eu não sei o que é isso. — Ela encolheu os ombros, traçou a grade de metal frio com uma curta unha sem pintura. — Eu nunca amei e nunca amarei. Estou feliz por você, mas não é para mim. Não acontecerá comigo. Eu só... não sei como isso jamais aconteceria. — Você acha que esperava isso com Roth? Você acha que sabia o que faziao? Merda, você acha que sei o que faço agora? Se você se fechar para ele, isso não acontecerá. Mas se ele vem junto, você salta para ele e você segura, com sua preciosa vida. Layla revirou os olhos. — Sim, mãe. — O que aconteceu com Eric, de qualquer maneira? — Eu lhe disse que estava me mudando. — Ela encolheu os ombros. —Você ligou e me pediu para vir, para ficar no barco com você, então apenas... disse-lhe que estava de mudança. Não lhe disse onde ou por quê. Ele apenas acendeu um baseado e era como: Bem, sentirei falta de você, de te ver. — Uau. Você está certa, ele é um perdedor.


— Era o quanto eu significava para ele. — Ela acenou com a mão — A única coisa que ele perderia era a minha metade do aluguel e os boquetes. Olhei para ela. — Espere, o quê? Ela olhou para mim. — Mesmo eu, não estou de bom humor o tempo todo. — Então, você poderia sugá-lo? Ela encolheu os ombros. — Certo. Por que não? Levava apenas um minuto ou dois para ele calar a boca e me deixe em paz por um dia ou dois. — Um ou dois minutos? Eu pensei que você disse que era bom na cama? — Ok, não, eu disse que ele era bom o suficiente na cama. Nada demais. E não me importava em usar um vibrador para que pudesse gozar mais rápido. Além disso, ele tinha muito boa aparência para um cara branco e magro. — Mas de volta aos boquetes. Um ou dois minutos? — Bem, se fizer isso direito, sim. Quando não são preliminares, não precisa durar para sempre. Você só... trabalha nele até que ele goze. Essa é a questão. — Eu acho que você precisa de um novo conjunto de normas, baby — murmurei. Ela bateu no meu braço. — Ei, meus padrões sempre me asseguraram sexo quando precisava. Além disso, nem todas temos bilionários e deuses do sexo para nos dar prazer até gritarmos. — Ela arqueou uma sobrancelha. — Para sua informação, você precisa pensar em arranjar uma mordaça ou algo do tipo, porque cadela, vocês gritaram bem alto. Eu ruborizei. — Você pode nos ouvir? — Não, imagina! — Ela começou a gemer alto, simulando um grito de orgasmo, debatendo seu cabelo em todo o lugar, imitando Meg Ryan em When Harry Met Sally 3. — É assim que você soa antes de gozar. Eu não tenho a capacidade pulmonar para realmente imitá-la tendo um orgasmo. Se não soubesse melhor, diria que ele assassinava você... mais e mais e mais... e mais. E fim. — Cala a boca, Layla. 3 Filme americano em que a garota simula um orgasmo em uma lanchonete, diante de

todos os presentes.


—- E mais e mais. A noite toda. Toda noite. Jesus. — Caralho, mulher, você nunca faz uma pausa? Será que ele nunca se cansa ou ele pode apenas foder a noite toda? E você ainda quer saber por que quero sair do maldito navio. É como viver em um set pornô. — Tudo bem, Layla. Eu entendo. — Fingi estar extremamente interessada em minhas cutículas. — Tentarei ser mais silenciosa. Mas Layla não tinha acabado. — Você sabe, não sou uma voyeur ou algo do tipo, mas você grita tão alto e por tanto tempo que fiquei um pouco curiosa para saber o que esse homem faz com você. Quer dizer, hoje cedo ele fez você gritando tão alto que Harris e eu tivemos que descer, na parte inferior do navio e ligar a música para abafar. Deus sabe o que a tripulação escuta. E mesmo assim, juro que vocês dois balançavam o maldito barco. No meio do dia, não menos! — Layla... — Nós navegamos por ondas de 6 metros que não fizeram a porra desse iate porta-aviões sacudir, mas vocês dois fazem, porra? — Ela fingiu ser atirada de um lado para o outro, balançando descontroladamente. — Juro por Deus, pensei que viraríamos ou algo do tipo. — Cale a porra da sua boca, Layla! — gritei. — Você cale a boca! — Ela gritou de volta para mim. — Como uma cadela consegue dormir com você uivando a noite inteira como uma maldita gata no cio? — Estou prestes a jogá-la ao mar — avisei, rindo. — Boa. Nadarei até a praia e encontrarei um pau para me sentar. Eu juro que tenho teias de aranha em minha xoxota. — Xoxota, Layla? Sério? Quem diz xoxota? — Eu dava risada, porém, era o que precisava. — Você é tão vulgar, às vezes, juro por Deus. — Como se você fosse melhor! — Eu nunca usaria o termo xoxota para minhas partes de senhora! É nojento! — Partes de senhora? Quantos anos temos, doze? — Ela bufou e revirou os olhos. — Além disso, como você a chama? Além de partes de senhora — o que, convenhamos, é tão embaraçoso quanto chamá-la de xoxota, se não mais.


— Eu não a chamo de nada, normalmente. Quer dizer, quantas vezes você está em uma situação onde você usa uma palavra real para ela? — Na vida cotidiana, suponho que esteja certa. Mas o que dizer durante o sexo? — Ela se inclinou. — Vocês falam obcenidades? Eu corei novamente. Com Roth era ousada e disposta a falar palavrões. Mas com Layla? Não muito. — Eu não falarei sobre isso com você. — Você fala! — ela riu como uma hiena. — Você fala muitos palavrões, não é? Você apenas evitaria esta pergunta se tivesse alguma coisa para falar! Eu aposto que você a chama de boceta durante o sexo, não é? — Jesus, Layla. Cale a boca, já. — Todos podemos ouví-la enquanto fode e você não parece se importar com isso, mas não pode contar para a sua melhor amiga sobre se você fala coisas obcenas durante o sexo? — Depende do calor do momento, está bem? E não costumamos falar sobre esse tipo de coisa, não é? — Bem, você nunca falou. Eu não dou à mínima. Eu falarei sobre qualquer coisa. — Sério? Então, qual era a posição favorita de Eric? — perguntei. — Estilo cachorrinho — ela respondeu de imediato. — O problema era que ele gostava da posição um pouco demais. Tínhamos que segurar até que estivesse pronto para gozar, senão explodia imediatamente. Ele só não podia segurar. Então, como ele tinha essa minha bunda grande contra ele, ele apenas... bam, pronto. Eu balancei minha cabeça. — Você é uma sem vergonha. — Ei, você perguntou. E, além disso, não estou mais com ele, por isso não é como se fosse vê-lo novamente. — Então... qual é a sua posição favorita? — Você responde primeiro — disse Layla. — Eu não tenho uma. Eu gosto de todas as posições de forma igual. — não pude conter um sorriso. — E sim, nós falamos obcenidades. O que torna isso muito mais quente.


— Tentei com Eric algumas vezes. Ele apenas... não podia dizer as linhas sem nós dois rirmos muito. Sempre acabava por soar como uma piada. Eu não sei. O cara com quem dormi antes de Eric gostava de falar palavrões, no entanto. Deus, ele era bom nisso, também. — Tom, não é? — perguntei. — Sim, Tom. Aquele cara era bom pra caralho. Ele fazia duas coisas muito, muito bem e era basicamente tudo o que precisava, exceto por ser sexy. Ele podia falar obcenidades como ninguém e me deixava molhada e pronta só por falar. E ele podia chupar uma boceta por horas. Aliás, essa era a única maneira que ele me fazia gozar... e Jesus, ainda não gozei mais forte do que quando Tom fazia oral em mim. Mas se não fazia as duas coisas, esqueça. Seu pau era esquecível, na melhor das hipóteses, o que não seria realmente um problema se o cara soubesse usar o que tem, mas Tom não sabia. Ele e eu éramos apenas amigos de foda. Eu não acho que sei o sobrenome dele, preciso pensar sobre isso. — Kurzweil. Tom Kurzweil — completei. — Como você sabe disso? Eu dei de ombros. — Ele me disse, quando se apresentou. Ele era assim... a caricatura de uma pessoa. Ele pavoneava em todos os lugares, e ele colocava a mão na sua e apertava tão forte quanto podia e falava: ‘Tom, Tom Kurzweil. Prazer em conhecê-lo, amigo’. Como, pode isso? Quem realmente diz seu primeiro nome duas vezes quando se apresenta? E Tom chamava todo mundo de amigo. — Como você sabe tudo isso? — Você namorou Tom por seis meses, Layla. Há algo de errado com sua memória? Ela olhou para mim. — Eu não diria que namoramos. Nós transamos, foi isso. — Ok, bem, que seja. Você saia com ele o tempo todo e ele se apresentou para mim, pelo menos, três vezes, da mesma maneira todas as vezes. Ele era um babaca e nunca entendi o que viu nele. — Além de seu tanquinho e daquelas covinhas lindas? — Ele usava mais produtos de cabelo do que eu. Layla riu. — Ele era uma espécie de viado.


— Então, você apenas o manteve por perto porque ele era bom em cunnilingus4? — Sim, basicamente — disse ela encolhendo os ombros. — Vê o que quero dizer? Você precisa de melhores padrões. Não me lembro de alguma vez você estar com um cara que... eu nem sei como explicar... um pacote completo. Ou eram imbecis quentes ou perdedores que não eram exatamente feios. Era como se você escolhesse intencionalmente caras sabia que não havia chance de se apaixonar. O humor foi embora, agora. Layla não olhava para mim, ela não ria mais e não me olhava com uma resposta sarcástica. Tudo que tive dela foi um ligeiro encolher de ombros. — Eu lhe disse. Apaixonar-me por um cara? Isso não é apenas o meu estilo. — E te disse, você precisa de um novo padrão. — Conhece algum outro misterioso, disponível, bilionário deus do sexo? — Ela me olhou com uma expressão afiada. — E não diga Harris. Não voltaremos para o mesmo assunto. nada.

Eu levantei minhas mãos em sinal de rendição. — Eu não falei — Mas pensava nisso, apesar de tudo.

— Ele é um cara bom, Layla. Um grande cara. Ele salvou minha vida mais de uma vez. Ele me ensinou a atirar com uma arma. E sabendo o quanto bem Roth o paga, garanto que você não sofrerá por dinheiro. E tem boa aparência. Quer dizer, amo Roth, mas Harris... bem, vamos apenas dizer que não entendo a sua reticência. O barulho de um sapato ecoou acima de nós e esticamos o pescoço para olhar para cima. Harris estava dois decks para cima, sua expressão era inescrutável, impassível, com os olhos verdes brilhando. Ele olhou para nós por um momento, depois se virou e desapareceu. Layla bateu no meu braço. — Essa é a segunda vez que ele nos ouviu falando sobre ele. Ou melhor, você tentando me jogar pra cima dele. Isso não acontecerá, então, por favor, por amor a mim, pela nossa amizade, por favor, não insista. — No entanto, olhou novamente para cima, para onde Harris estava em pé. Eu levantei minhas mãos novamente. — Bem. Eu juro que não falarei mais nada. — Perfeito. Obrigada. — E assim, ela se foi. 4 Sexo oral praticado na mulher.


Eu estava maluca? Talvez. Eu não sei. Minha amiga não estava só com tesão, ela estava sozinha. Eu poderia dizer que muito. Ela estava comigo, por isso não era a solidão de ser, na verdade, por si mesma, por si só, mas sim o tipo de solidão que decorre de não ter alguém para compartilhar sua vida, alguém para conversar à noite em sussurros compartilhando um travesseiro, alguém para abraçá-la. Apesar de sua descrição um tanto rude de seu relacionamento com Eric, percebi que ela sentia falta dele. Ela podia não tê-lo amado, mas passou três anos com ele, viveu com ele, passou todos os dias em sua companhia, a cada noite em sua cama. Isso significava alguma coisa, não importa o quanto ela alegou o contrário. A maneira como a dexara ir a feriu gravemente, enxergava isso muito bem. Eu fiquei pensando no convés por um tempo e então ouvi um passo tranquilo e assumiu que era Layla voltando. Eu não me virei e falei sem olhar — Ouça, cara de puta, me desculpe. Eu não deveria ter forçado isso. Eu prometo que não falarei de Harris novamente. — Claramente, não sou quem esperava — ouvi Harris dizer atrás de mim. — Merda, Harris. — disse, virando-me assustada. Ele encostou-se na grade ao meu lado, com uma garrafa de cerveja na mão, um cigarro apagado entre o indicador e o dedo médio. — É um assunto que você faria bem em esquecer, Kyrie. Por ela e por mim. Como ela já disse mais de uma vez, isso não acontecerá. Agradeço as suas boas intenções, mas... não. — Sua voz era como a de sempre, baixa, mas não particularmente profunda, fria ou dura. Contudo, porque o conhecia, podia ouvir um certo tom, uma melancolia ou pesar, talvez? Eu não tinha certeza e com Harris, era impossível dizer. — Um homem como eu não é o tipo certo para uma mulher como ela. — Ela não tem um tipo, Harris. Essa é a questão. Os caras com quem namora ou sai... são de todos os tipos. Pretos, brancos, italianos, amarelos, magros, baixos, altos e tudo mais. — Por que você está me contando isso? — perguntou Harris, então inclinou a garrafa aos lábios, engolindo um gole de cerveja. — Eu não sei. Eu só acho que você e Layla... — Nós não somos compatíveis, Kyrie. — Se você me perguntasse há um ano se pensava que seria compatível com um homem como Valentine, eu teria rido de você. E isso foi antes de saber sobre o seu envolvimento na morte do meu pai. Ele suspirou, enfiou a mão no bolso da calça e pegou um isqueiro, acendeu o cigarro. — Você está obcecada com isso, não é?


— Eu não sabia que você fumava — disse. — Há muita coisa que você provavelmente não sabe sobre mim. — ele deu uma longa tragada, deixando a fumaça sair lentamente. — Mas não me considero um fumante porque não fumo muitas vezes ou regularmente. É um vício que me permito de vez em quando. Eu deixei o silêncio pendurar por um tempo, então, tentando mudar de assunto, perguntei: — Então, quando estaremos de volta aos Estados Unidos? Ele ergueu um ombro. — Dependendo do tempo, diria que um mês... Mais ou menos uma semana de qualquer maneira. — Eu preciso de algumas revistas de noivas. Você pode conseguir algumas para mim na próxima vez que você estiver em terra? Ele assentiu. — Claro que sim. — Harris me olhou. — Roth nunca diria isto abertamente, por isso cabe a mim. Este casamento será extremamente pequeno e particular. Não será um casamento tradicional. Não pode ser, não se queremos manter Vitaly longe de nós. Eu não mencionei que Roth disse praticamente a mesma coisa. — Então, Roth quer continuar fugindo — disse. Harris não respondeu de imediato, em vez disso tragou e soprou uma baforada de fumaça, e então ele fez isso novamente. Quando ele falou, escolheu suas palavras com cuidado. — Enfrentar um homem como Vitaly Karahalios não é algo pequeno, Kyrie. Ele está fora de sangue e ele joga um jogo longo. Se fosse só eu, iria atrás dele. Se fosse apenas Roth, iria atrás dele. Mas não é. Não mais. Vitaly deixou claro que está disposto a derramar sangue inocente e isso não é um risco que nenhum de nós está disposto a assumir. Seu irmão, sua mãe, Layla, os pais de Roth, até mesmo Robert. Vitaly está ciente de todos eles e os fará de alvo, se forçar a mão. Ele é completamente capaz de matar todos se formos atrás dele e não conseguirmos pegá-lo na primeira vez. É uma situação complexa, Kyrie, então não necessariamente chamaria isso de fugir. Eu diria que é prudência. Eu chamaria isso de evitar danos colaterais. Eu balancei a cabeça. — Eu entendo o seu ponto. Isso apenas... isso não parece bem para mim. — Para mim também. Mas deixe Roth e eu nos preocuparmos com isso, ok? Mantê-los todos à salvo... esse é meu trabalho. Então você apenas se concentre no planejamento deste casamento. — Obrigado, Harris.


Ele balançou a cabeça, apagou o cigarro do lado de sua garrafa de cerveja agora vazia, em seguida, jogou a guinba dentro. — Claro, Kyrie. Ele começou a se afastar, mas o parei, quando um pensamento me ocorreu. — Harris? — Sim? — Layla... está com um pouco de febre da cabine. Além disso, tudo isto a está afetando. A mudança repentina, a vida em um navio, sem trabalho a fazer... a está incomodando. Então, apenas... mantenha um olho nela, por favor? Eu não quero que ela faça nada precipitado. — Ela é propensa a tomar decisões precipitadas, não é? — Sob as circunstâncias corretas, sim. Quando decide que ela já teve o bastante, é capaz de qualquer coisa. Harris concordou. — Eu vou manter os dois olhos sobre ela, o tempo todo. Nada acontecerá com Layla, você tem a minha palavra. Eu sabia que a palavra de Harris era boa, mas ainda tinha uma sensação estranha, inquietante, miudinha, na boca do estômago.


Capitulo TRÊS ADEUS, MANHATTAN

Sentei-me na parte de trás do carro, uma limusine preta Mercedes-Maybach Pullman. Ela era luxuosa, acolchoada de couro marrom, com calmante música clássica tocando em som surround pelos alto-falantes invisíveis. Havia milhares de outros detalhes que faziam o carro valer mais de meio milhão de dólares. Sentei-me no banco do passageiro, olhando pela janela. O vidro reflexivo colorido disparava em direção ao céu a uma altura vertiginosa e vi o rosto de um arranha-céu de Manhattan que foi palco de uma série de eventos para minha mudança de vida. Lá em cima, nos últimos três andares, era a antiga casa de Roth. Minha antiga casa, realmente. No que pareceu uma vida anterior inteira, estava atrás de caríssimas portas francesas de mogno, com meu coração disparado, à espera de conhecer o homem que essencialmente se apropriou de mim. Eu estava de olhos vendados. Meu coração martelava como um tambor. O medo bombeava em minhas veias no lugar de sangue. No entanto, por tudo isso, havia um elemento de emoção. Sedução, mesmo, que começou desde o primeiro momento ouvi a sua voz, senti sua presença, senti o cheiro picante de sua colônia, o toque de seus dedos em meu ombro. Ele tinha me possuído, financeiramente, mas a partir desse primeiro momento, também possuía o meu corpo, a minha alma, o meu coração. Quando fizemos amor pela primeira, ele tomou posse de todo o meu ser. Eu nunca poderia voltar, agora. Eu nunca poderia ser uma garota normal, namorar caras normais. Mesmo se quisesse — e eu não queria — a experiência com Valentine Roth me arruinou para todos os outros homens. E tudo começou a poucos metros de distância de onde estava sentada. O lugar onde Roth foi agora, tratar pessoalmente da venda de seu prédio. Sua casa, o núcleo de sua empresa. Eu me perguntei se ele andaria pelos corredores, uma vez mais, visitaria o chuveiro, onde fizemos... essas coisas deliciosas um para o outro. O quarto, onde finalmente permitiu-me, de todas as pessoas, vê-lo realmente, conhecêlo, saboreá-lo, senti-lo. Eu pensei sobre a biblioteca, onde Gina Karahalios me deu um tiro no joelho e depois me sequestrou. O corredor perto do hall de entrada, onde encontrei Roth pela primeira vez... onde vi o corpo de


Eliza. Eliza, a governanta, a amiga de Roth e uma das poucas pessoas, além de Robert, Harris e eu, que ele verdadeiramente confiava ou cuidava. Eliza, o homônimo do nosso barco. Eu respirei fundo, então pisquei. Ignorei o olhar curioso de Layla em mim e foquei na respiração, fingindo que era apenas mais um dia. As pessoas passavam na calçada a poucos passos de distância, olhando com curiosidade, mas as janelas eram espelhadas, impedindo que alguém visse dentro. Longos minutos mais tarde, quinze ou talvez uma hora — perdi a noção do tempo, imersa em lembranças — Harris saiu pelas portas giratórias da entrada, seguido de perto por Roth. Deus, Roth. Um metro e noventa e cinco, loiro, olhos azuis gloriosamente lindos, vestido com um terno sob medida preto, camisa branca de botão, sem gravata, com os dois primeiros botões abertos, caminhando confiante em direção à limusine, desabotoando o botão central do paletó quando Harris abriu a porta traseira para ele. Eu sabia, pela sua expressão, que meu Valentine não estava de bom humor. Ele tinha a expressão que chamava de ‘chutando merda’ em seu rosto, sobrancelhas franzidas, lábios apertados em uma linha fina e plana, músculos da mandíbula flexionando, olhos brilhando. Harris tomou o assento do motorista, afivelou o cinto de segurança e checou seus espelhos. — Tudo pronto, senhor? — Ele olhou no espelho retrovisor pela divisória abaixada entre os assentos dianteiros e traseiros. Layla, que estava sentada em um banco virado para trás, olhou de mim para Roth e para trás e então deslizou em direção a porta do passageiro. — Espera aí, Harris, irei para frente. Ela saiu e sentou-se no banco da frente, ao lado de Harris e deu outro olhar para trás, para Roth. Um aceno de Roth, e Harris saiu com o veículo longo e poderoso para o fluxo de tráfego e, em seguida fechou a divisória. Esperei mais alguns minutos em silêncio, enquanto Roth olhava pela janela, pensando. Finalmente estendi a mão e entrelacei meus dedos nos seus. — Baby? Está bem? Ele balançou a cabeça. — Não. Odeio ter que vender aquele edifício. Eu o construí do zero. Eu mesmo montei a empresa de construção civil, escolhi a dedo o capataz, o arquiteto e todos os subcontratados. Cada telha, cada laje de mármore e cada placa de madeira importada, cada maçaneta das portas e puxadores, cada rolo de carpete... eu escolhi tudo sozinho. As impressões das minhas mãos estão na fundação. Eu derramei a primeira carga de concreto. Foi o primeiro lugar, desde que deixei a Inglaterra, como um menino de 18


anos de idade, que realmente me senti como casa, você sabe? É só... é uma merda. — Você não precisa vendê-lo. Ele olhou para mim, finalmente. — Sim, preciso. Número um, precisamos do dinheiro. Número dois, nenhum de nós poderia ir a essa biblioteca nunca mais? Eu não posso. Eu apenas... não consigo. Atravessei os quartos, a cozinha e todos os outros cômodos. Mas a biblioteca... eu simplesmente não pude entrar. Não suportaria ver o lugar onde ela... onde Gina... — Ele balançou a cabeça, bruscamente e depois descansou o queixo em sua outra mão. — Eu não poderia. E, além disso, bem ou mal, estou farto de Nova York. — E agora? — Agora... Robert condensará os negócios que permanecem em uma empresa guarda-chuva5. — Deu um outro olhar para mim, desta vez com um pequeno sorriso. — Nós chamamos a nova estrutura de St. Claire, Incorporated. Você está na placa e tem sua própria quota majoritária. — O quê? — Eu olhei para ele; ele nunca deixava de me surpreender. — Você e eu somos os acionistas controladores, cada um de nós possui um terço das ações, com a terceira divisão restante entre alguns outros. — Então... o que ser um acionista majoritário implica? — perguntei. Ele deu de ombros. — É tanto ou tão pouco como você queira. Você pode se envolver nas operações do dia-a-dia da empresa, se quiser. Posso lhe ensinar qualquer coisa que precise saber que ainda não saiba. Ou, você pode apenas sentar e não fazer nada, apenas recolher os lucros, que irá diretamente para suas contas bancárias pessoais. Ah, sim, as minhas contas bancárias pessoais. Roth as abriu para mim, depois que Harris e eu o resgatamos de Gina. Elas foram o meu seguro, em caso de alguma coisa acontecer com Roth, ou Deus me livre, sair ou me separar de Roth. As contas eram minhas e só minhas. Ele não tinha acesso a elas. Na minha bolsa havia cartões de débito, cheques e um pedaço de papel com uma série de códigos escritos sobre ele, permitindo-me acesso a... seis contas? Sete? Eu não tinha certeza. Havia um monte de contas suíças e fora do país, cada uma em meu nome. Empresa guarda-chuva é responsável pelos grupos sob seus cuidados. É comparada com as franquias e filiais. 5


Elas continham, no total, algo em torno de oitocentos milhões de dólares. De vez em quando, lembro que tenho esse dinheiro e gostaria de tentar imaginar o que isso significava. Oitocentos milhões de dólares. Era um montante astronômico. O suficiente para viver no luxo pelo resto da minha vida e nunca mais precisar trabalhar ou pagar impostos, algo tratado sem que assinasse um único papel. Eu não tinha certeza de como conseguiu isso e honestamente não me importo; ele não era mais um criminoso, então era tudo legal. disse.

— Honestamente, tendo me esquecer dessas contas bancárias —

Roth riu. — Como você se esquece de cerca de quase um bilhão de dólares, Kyrie? Me esforçei para parecer inocente. — Longe dos olhos, longe do coração? Eu não uso o dinheiro desde que você cuidou de tudo para mim. — dei de ombros como se não importasse e realmente não importava. Eu tinha total confiança na capacidade de Roth para cuidar financeiramente de nós. — Então... por que me adicionou ao negócio? Ele sorriu, com uma inclinação bonita e sexy dos seus lábios. — Porque você é metade de mim, querida. E tudo que tenho é seu. Tudo isso não tem sentido, sem você. — Ele virou para mim, finalmente. — Eu nunca fui exatamente pobre, mas posso lhe dizer, sem hesitação, que viveria em pobreza absoluta, contanto que vivesse com você. Eu balancei minha cabeça. — Roth, baby. Você é uma criança mimada. Você não tem idéia do que é a pobreza. Mas... eu acredito em você. viver.

Ele riu. — Eu só disse que poderia viver, não que gostaria de — Você odiaria.

Ele balançou a cabeça seriamente. — Eu tenho certeza que odiaria. Eu tenho um gosto para as melhores coisas da vida. Mas asseguro-lhe, meu amor, se de alguma forma perdêssemos tudo, cada centavo, cada empresa e subsidiária, cada propriedade e parcela do estoque, nós não permaneceríamos pobres por muito tempo. Trabalhar dia e noite até que você vivesse como merece. — Eu sei disso, Valentine. Eu confio plenamente em você. Ele apenas sorriu e apertou minha mão. Depois de mais alguns minutos de silêncio, o veículo parou e começou a costurar pelo tráfego, reconheci que o nosso caminho nos levava para o aeroporto. — Então, onde depois?


— Um aeródromo6 particular a algumas horas da cidade. Franzi minha testa. — Aeródromo particular? Como o seu próprio aeroporto? Ele deu de ombros. — Como isso. Não é nada demais, apenas alguns acres no meio do nada com um hangar e uma pista de pouso. Mas é de propriedade de uma empresa fictícia e foi comprado através de uma complicada série de operações que seriam... muito difíceis de traçar de volta para mim. É uma instalação segura, cercada por arame farpado e protegida por guardas fortemente armados da empresa de segurança de Harris. — Uau. — Roth nunca deixou de me surpreender. — Quando fez tudo isso? — Oh, eu tenho o aeródromo há anos. O comprei quando ainda transportava armas, mas, essencialmente, o vendi para mim mesmo através de um processo longo e complicado para apagar qualquer rastro meu. E então simplesmente fiquei com ele, mantendo-o conservado, apenas isso. Então, há alguns meses atrás o reformei, reparei a pista de pouso, troquei a cerca e Harris colocou um guarda. Eu tive a sensação de que precisaria de um lugar para voar dentro e fora do país, ficando totalmente fora do radar. — E para onde iremos do aeródromo? — É uma surpresa. — Uma surpresa de casamento? Ele sorriu. — Pode ser. — Mas Layla e eu não fizemos qualquer planejamento. — Uma vez que estivermos em nosso destino, vocês duas ficarão loucas. Contanto que sigam as regras de segurança de Harris, vale tudo. — Quais são as regras? — Ele as dirá quando chegarmos lá. — Quando será isso? Roth levantou uma sobrancelha. — Logo. — Ele virou para mim e levantou o braço. — Você não está ansiosa, não é?

6 Aeródromo é toda área (terrestre ou aquática) destinada a pouso, decolagem e

movimentação de aeronaves.


Eu me afastei dele, colocando as costas na porta. — Não — engoli em seco. — De modo algum. Ele estava em cima de mim, com uma mão segurando meu quadril e me puxando horizontalmente, em direção a ele. O movimento fez a minha saia, na altura do joelho, subir até o meio da coxa e depois as mãos de Roth a levantavam, empurrando-a ao redor de meus quadris, me expondo para ele. — Por que, Kyrie... — sussurrou, pressionando os lábios na minha orelha. — ...você não está com calcinha. — Você sabe o que estar em uma limusine faz para mim. — Temos companhia na frente. — Seus dedos se arrastaram pela minha perna, rastreando da panturrilha ao joelho e até a coxa. — Você terá que ficar em silêncio. — Eu posso fazer isso. Roth apenas bufou uma risada no meu ouvido. — Não, você não pode. Você é pode ser muitas coisas, meu amor... mas durante o orgasmo, você não é nem um pouco silenciosa. — Eu não posso fazer nada se você tem um talento especial para me fazer gritar — disse e depois perdi a capacidade de formular sentenças, porque os dedos de Roth estavam dentro de mim, em tesoura, espetando, retirando-se, espalhando meus sucos sobre o meu clitóris e deslizando novamente. Eu gemia e Roth cobriu minha boca com a sua, não me beijando, mas devorando, engolindo meu suspiro, sufocando o meu gemido. Eu deslizei mais abaixo de Roth, arqueei as costas, empurrei meu núcleo em seus dedos. Ansiosa, faminta, pronta. Eu montei os dedos, me contorci contra ele, chupei a sua língua em minha boca e provei-o, mordendo o lábio. Eu cerrei meus dedos em seus cabelos e afastei meu joelho, me abrindo para ele, enganchando meu outro salto na parte traseira do assento. — Você está perto, Kyrie? — Roth sussurrou em meus lábios. — Sim... porra sim. — Aperte meus dedos, querida. Não faça um som. — Ele tinha o seu dedo indicador e médio dentro de mim e agora pressionou o polegar em meu clitóris. Eu cerrei os dentes no ombro de seu paletó, gemendo, contorcendo-me, abafando um grito. — Você está lá, não é? Você quer gozar, não é? — Eu preciso disso, Roth — disse, pelos dentes cerrados.


— Ainda não. — Ele dobrou os dedos mergulhados, enrolou-os dentro de mim para apertar as pontas no local perfeito, o cume no alto da parede superior, circulando meu clitóris latejante com o polegar. Eu estava completamente encharcada, fazendo um som sufocado a cada movimento de sua mão. Ele alternava os momentos agora, circulando com o polegar e pressionando com os dedos, depois mudou, de modo que as pontas dos dedos batiam, raspando e pressionando dentro de mim, enquanto seu polegar tocava o meu clitóris. Sem ritmo, sem previsibilidade. Apenas o suficiente para me deixar louca, precisando cada vez mais dele. Eu sabia o que ele queria. Eu apertei os meus músculos vaginais e ele começou a me foder com os dedos, me dando ritmo agora. Dentro e ondulando, pressionando o polegar em círculos fortes e rápidos. Mais forte. Mais rápido. Eu mordi o lóbulo da sua orelha e gemi o mais baixo que pude...o que não foi muito baixo. — Shhhh, Kyrie, amor. Mantenha o silêncio. — Não posso. — Você pode. Ou pararei. — Ele cumpriu sua ameaça quando gemi de novo e parou a sua mão. Eu choraminguei de frustração, contorcendo-me precisando gozar, precisando urgentemente. — Roth, por favor.

nele,

— Sim? Você não está suplicando, não é querida? — De jeito nenhum. Eu preciso disso, Roth. Deixe-me gozar. Por favor, deixe-me gozar. — Ainda não. Não acho que esteja desesperada o suficiente. — Ele começou a tocar novamente, começando tudo de novo, amassando, circulando, ritmicamente, devagar, irritantemente, até que estava esfregando e mordendo a manga da camisa, tentando desesperadamente não gritar — o maldito dedo da necessidade furiosa dentro de mim, a bola de fogo do desejo girando em um furacão de desespero sexual. — Por favor, Valentine, por favor. Deus, não aguento mais. — sussurrei em seu ouvido, com minha voz mais silenciosa, quase inaudível. Ele empurrou um terceiro dedo dentro de mim, prendendo-os, esfregando no ponto, fodendo e saindo, mais e mais rápido, o único som


agora era a minha respiração irregular e o som molhado da sucção dos dedos. Eu senti o clímax se aproximando, como se corresse para um penhasco, como uma detonação, aumentando, subindo. Cada músculo ficou tenso, minha espinha arqueou fora do couro acolchoado, meus saltos pressionados na porta de frente para me manter no alto e meus dentes cerrados para conter o grito. Eu apertei os seus dedos enquanto eles fodiam dentro e fora, dentro e fora, e então estava além de todo o controle, focando apenas em não gritar. Ele estava no controle agora, seus três dedos e um polegar governando meu universo. Ele apertou os lábios no meu ouvido, e mordiscou minha orelha. — Goze para mim, Kyrie. Goze agora. Eu tive que cerrar os dentes, tão forte que meus molares doíam, enquanto o orgasmo explodia com uma força nuclear. Senti-me jorrar, esguichando em toda a sua mão e punho e ele continuou a me foder com os dedos com uma velocidade implacável, empurrando meu clímax para o zênite7 absoluto, até que estava frenética e contorcendo-me impotente, gozando, gozando e gozando. Quando finalmente desacelerou, retirou os dedos e murmurou sua satisfação em palavras baixas, enquanto desmoronava no banco, ofegando. — Olhe para isso, Kyrie. — forcei meus olhos a abrirem e o vi examinando sua mão. — Você me encharcou, amor. Sua mão pingava, as mangas da sua camisa e casaco estavam molhadas. Mesmo o couro debaixo de minha bunda estava molhado com os meus sucos. Senti-me corar de vergonha. — Eu fiz um pouco de bagunça, hummm? Roth beijou cada bochecha ardente. — De fato, sim. Minha mão cheirará como sua boceta o dia todo agora. Enterrei meu rosto em seu pescoço. — Sinto muito? Ele riu. — Eu não. Sentei ao lado dele e notei um certo problema. — Sua vez. Olhou para mim. — Minha vez?

7 o ponto ou grau mais elevado; apogeu, culminância.


Girei para enfrentá-lo parcialmente, enrolei uma perna para cima da cadeira. — Quer dizer, não posso deixá-lo sofrer, posso? — Certamente que não. — Ele afastou uma mecha de cabelo esvoaçante do meu rosto, com um brilho ansioso em seus olhos. Não houve protesto, de que não precisava. Obviamente não. Já passamos por isso muitas vezes. Eu sabia o que ele queria e como gostava. Ele sabia que não faria isso se não quisesse. Ele apenas ficou lá, esperando, com seus olhos em mim. Dei-lhe um sorriso enquanto soltava o cinto, com cuidado para não deixá-lo sacudir. Eu desabotoei a sua calça e abri o zíper. Ele levantou alguns centímetros do assento e deslizei sua calça e boxers até suas coxas, expondo seu pênis. Ele estava alto e reto, rígido, cheio de veias, rosa e enorme. Implorando por minha boca. Implorando por meu toque. Enrolei minhas mãos nele, deslizei meus dedos para baixo do eixo devagar, observando sua expressão de pálpebras pesadas. Ele inalou profundamente, soltando sua respiração em um suspiro com rajadas lentas. Com a outra mão, peguei o seu saco, massageando-o suavemente, deslizando meu dedo do meio para baixo, para baixo, encontrando sua mácula8. Ele mudou de posição, deixando os joelhos tão afastados quanto a calça permitiria, afastando meu cabelo do meu rosto, com os lábios ondulando de prazer enquanto eu acariciava seu comprimento. Eu me mantive lenta, provocando. Brincando com ele. Bastava tocá-lo. Um polegar do outro lado da ponta, pegando a gota, apertando ao redor da cabeça até que escapou meus dedos, em seguida, mergulhando a minha mão até a raiz. Mais uma vez. E outra. Novamente. Desta vez os seus quadris se flexionaram involuntariamente. Eu apertei com mais força e ele respirou fundo. — Você gosta disso, não é? — perguntei em um sussurro quase inaudível. — Quando aperto o seu pênis? Ele assentiu. — Sim. — Você gosta dele forte e apertado, não é? — mantive meus olhos nos dele enquanto me inclinava sobre ele. — Eu sei por que, também. — Por que, amor? — Sua voz era estável. Mas seus olhos o traíam, mostravam seu desejo, diziam o quanto gostava do que fazia.

8 Espaço entre os testículos e o ânus.


— Porque ele é como o meu ânus e sei o quanto você gosta de me foder lá. — disse isso e depois passei meus lábios ao redor da cabeça do seu pau grosso. — Jesus, Kyrie! — murmurou e encostou a cabeça no assento. Eu o tomei em minha boca, achatando minha língua para provar o sal de sua carne tensa, enquanto deslizava entre os meus largos e estirados lábios. Eu me afastei, liberando-o. — Você não? — Não, eu o quê? Senti uma emoção selvagem de satisfação. Eu sabia que fazia a coisa certa, quando ele perdeu a compostura. Eu apertei tão forte quanto podia, e inclinei-me para sussurrar em seu ouvido. — Você não ama foder-me na bunda? — mergulhei meu punho apertado para baixo da ponta à raiz, apertando, apertando ao redor dele. — Assim? Apertado e quente? Ele fez um som baixo em sua garganta. — Deus sim... exatamente assim. — Ele empurrou seus quadris, com um gemido surdo e profundo no peito. Eu dei um beijo em sua mandíbula e depois em sua garganta, então inclinei-me sobre ele e lambi a ponta de sua glande, degustando o pré-sêmen, acariciei o seu pênis com as mãos, levando-o mais profundo em minha boca, enquanto abaixava o meu punho ao redor de sua circunferência. Ele gemeu novamente e se inclinou para frente, empurrou para cima, e aceitei o impulso de boa vontade, deixando-o foder minha boca, deixando-o foder através do meu punho apertado e entre meus lábios. Mas então recuei e olhei para ele. — Isso é o suficiente, agora, Valentine. Deixe-me fazer você se sentir bem. Não se mova. Seus olhos se estreitaram, Roth assentiu com a cabeça, descansando a cabeça no assento mais uma vez. Ele enfiou os dedos em meu cabelo, colocou a outra mão em minha nuca e deixou escapar um suspiro. Eu esperei um outro momento, puxando-o para fora. Em seguida, mantendo meus olhos nos dele, puxei seu eixo para longe de seu corpo, inclinei a cabeça para o lado, e levei-o em minha boca. Ele respirou profundamente, com as narinas dilatadas, o peito inchaço, enrijecendo e flexionando a mandíbula enquanto observava seu pau deslizar entre meus lábios. Afastei-me e me aproximei, levando-o mais fundo, que quase escorregou para fora... combinei o ritmo com a sua respiração, cada vez mais rápido e mais rápido, até que balançava quase freneticamente.


E então parei e Roth gemeu. Ele nunca aplicou força ou pressão, mas seu aperto no meu cabelo aumentou. Eu deixei o seu membro brilhando de saliva saltar da minha boca e, em seguida, com os olhos nos dele, movendo-me lenta e deliberadamente, o lambi da raiz a ponta, pressionando minha língua em sua carne. Quando alcancei o ápice, levei-o de volta na minha boca e desta vez passei meus dedos ao redor dele apenas debaixo da minha boca e acariciei-o ao mesmo tempo. Levei-o para o fundo da minha garganta e então adicionei a minha outra mão ao redor da base, eu nunca superaria o quanto grande e perfeito era seu pênis, que poderia colocar as duas mãos e minha boca ao redor dele e ainda teria espaço para me mover; eu precisava esticar meus lábios e mandíbula ao redor dele e meus dedos o agarraram em meu punho. Comecei a me mover lentamente, então. Tortuosamente devagar, deslizando para baixo com a minha boca, acariciando com as duas mãos, subindo e deixando apenas a cabeça de seu pênis em minha boca e então comecei a chupar. Meu punho se moveu, deslizando para cima e para baixo mais rápido e mais rápido. Forte, cada vez mais forte. E, em seguida, mais lento. Tirei-o da minha boca, afastei-o, olhei para ele, mantive contato visual enquanto o acariciava, molhando-o com a minha saliva e seu pênis vazando pré-sêmen. Ele gemeu novamente, agarrando meu cabelo ainda mais forte, puxando até a raiz. Ele estava perto, então. Com a ponta do seu pênis em minha boca, beijava, lambia, chupava, raspando cuidadosamente com os dentes e então ele flexionou seus quadris e cerrou os dentes para não fazer muito barulho. — Apenas a sua boca, amor. Dê-me suas mãos. — Sua voz era um estrondo inesperado. Eu levantei e ele segurou minhas mãos nas dele, colocando minhas pequenas mãos nas suas. Descansei minha bochecha em seu estômago, abaixei e me aproximei, deixando seu pênis deslizar em minha boca. Sugando. Balançando. Fiz uma pausa para lamber a ponta e apertar minha língua no buraco, provando a essência. Em seguida, abaixei e tomei tanto quanto podia, definindo sem ritmo. E então ele raspava em sua garganta e seus quadris flexionavam e eu sabia que era hora de parar de brincar e fazê-lo gozar. Eu puxei uma das minhas mãos e apertei seu saco, deslizando meu dedo médio em sua mácula e pressionei. Ele prendeu a respiração e comecei a chupá-lo na minha boca, agora, sem finesse ou técnica, apenas os meus lábios e língua sobre seu pênis latejante, mais e mais rápido.


Eu pressionei mais forte o meu dedo, deslizei-o um pouco mais para trás, ganhando um gemido de surpresa dele. Ele não protestou, porém, assim que empurrei ainda mais longe, até que estava lá, com a ponta do meu dedo médio pressionada em seu ânus e ele lutava para relaxar, mas não permitia a si mesmo. Eu achei o centro do nó de músculos e pressionei, deslizei a ponta do meu dedo, e ele gemeu impotente, com seus músculos ficando moles, mesmo enquanto seus quadris flexionavam e ficavam tensos. Todo o tempo, o chupava; não forte ou rápido, mas com um ritmo consistente. Ele queria mais rápido, queria mais forte. Mas não queria dar isso a ele. Meu objetivo não era fazer-lhe gozar rapidamente, mas intensamente e, para esse fim, deixa-lo no limite, tanto quanto possível era melhor. Mas ele estava perto. Eu podia senti-lo, saboreá-lo. E eu queria. Eu queria sentir o seu gosto. Eu queria senti-lo gozar em minha boca. Roth quando fazia sexo oral era apenas... uma coisa. Não uma coisa má ou uma coisa boa, apenas algo que se faz como parte da rotina do sexo. Eu não me importo de fazer isso, mas não desfruto. Sempre soube que meu parceiro desfrutava, obviamente, porque todos os homens — hetero ou gay — adoram ter o seu pau sugado. Mas isso... com Valentine? Isto não era sobre sexo, realmente. Era uma expressão de amor, mostrando-lhe o quanto o amava, mostrando-lhe o quanto queria fazêlo se sentir bem, mostrando-lhe que o seu prazer era fundamental para mim. Eu adorava seu corpo, cada centímetro dele. Em especial, adorava o seu pênis, todo o comprimento glorioso. Eu nunca pensei que seria possível, mas adorava senti-lo em minha boca, adorava a sensação de acariciar sua dureza com as minhas mãos, saboreando o pré-sêmen em minha língua, sentindo-o apertar e ficar mais duro sob o meu toque. Eu amava sentindo-lo ficar louco, observando-o perder o controle, sabendo que era por minha causa, sabendo que eu o fazia sentir-se tão incrível que não podia segurar. Eu amava a forma como seu pênis latejava e engrossava quando se aproximava do orgasmo... quando estava naquele momento, com o abdômen duro e tenso, como uma pele de tambor, bolas apertadas contra o seu corpo, flexionando os quadris involuntariamente, os olhos bem fechados, a respiração ofegante, selvagem e curta... Sim, ai vinha o gozo, o alivio. Eu amava isso também, quando ele jorrava em minha boca. Senti que empurrava mais profundo em minha boca e apertei meu dedo mais profundo, o senti tenso, flexionar. Ele deu dois puxões em meu cabelo como um sinal de alerta.


Eu diminuí o ritmo. Ele gemeu, resmungou, soando quase selvagem. Eu abrandei ainda mais, me afastando até que quase saltou para fora e, em seguida, mergulhei para baixo, levando-o para o fundo da minha garganta. Ele rosnou de novo, empurrando enquanto se preparava para gozar. Eu cantarolava, movi meu dedo ainda que levemente dentro e fora e lhe dei mais uma chupada longa e lenta da minha boca e então senti o gosto de sal e calor, senti o surto inicial quando recuava. O senti na minha língua, espirrando na minha boca. Engoli em seco, continuei lentamente, até que estava na beira do meu reflexo de vômito. Enrolei minha mão ao redor raiz do seu pênis e acariciei-o lá, também, forte e rápido agora, enquanto movia a minha boca para cima e para baixo lentamente, lentamente. O contraste entre o movimento lento da minha boca contra o movimento forte e rápido da minha mão o deixou louco e ele atirou em outro fluxo de gozo em minha boca. Engoli em seco. Ele gemeu, um estrondo baixo, mas alto e mantive o ritmo contrastante, ordenhando seu orgasmo por mais um jorro, outro menor e, em seguida, uma última gota. Finalmente, acabando de gozar, ele soltou um suspiro. Mas não tinha acabado. Eu usei a minha mão agora, acariciando-o lentamente da raiz a ponta, persuadindo-o por mais semen, lançando um olhar para ele quando o lambi. Mais uma vez. Quando finalmente começou a diminuir e ficar mole eu soltei, ajudando-o a puxar sua cueca e calça ao lugar. E, naquele momento, quando colocava seu pau de volta em sua cueca boxer, o vidro de privacidade zumbiu e baixou. — Ei, pensamos em parar para... oh Jesus!... Sério, vocês dois? — A voz de Layla mudou de informal para desgosto e indignação dentro em uma única respiração. — Você estava, de verdade, chupando-o ali mesmo na parte de trás da limusine? Nós estamos aqui! Eu olhei para Layla enquanto fechava o ziper, prendia e afivelava o cinto em Roth. — É por isso que isso é chamado de vidro da privacidade. — Sim, mas... — Ela fingiu um calafrio dramático. — Sério, não preciso ver isso. — Que bom que não abriu a janela mais cedo — disse, retomando meu lugar e ajeitando meu cabelo.


Layla apenas olhou para mim por um longo momento e então relaxou sua expressão. — Hum. Você tem um pouco... bem em sua boca... oh, Deus. Não tenho certeza se posso olhar para você. Limpei meu rosto e sorri para ela. — Oh, por favor. Como se eu nunca flagrei você antes. Na verdade, acho que eu fiz e você sequer abrandou, se bem me lembro. Você apenas continuou. Layla olhou igualmente envergonhada e com raiva. Roth ficou em silêncio, mas claramente gostando, e Harris? Eu não tinha certeza sobre ele. Ele continuou olhando para frente, com as mãos no volante. — Sim, bem... — Layla começou... mas então riu. — Isso foi extremamente estranho. Estávamos no chuveiro e você precisava usar o banheiro. Mas ele estava lá, então não podia simplesmente parar e você estava prestes a molhar-se. Eu ri ainda mais forte. — Eu fingi que não sabia o que acontecia e você fingiu que eu não estava lá. Só havia uma cortina de chuveiro entre nós, é claro, transparente da cintura para cima. Graças a Deus não era de vidro, mas eu podia ver o topo de sua cabeça se movendo... disso.

— E você não olhou para nenhum de nós por semanas depois

— Sim, bem, ‘amigo’ não teve esse problema. Ele me olhou como se dissesse ‘você quer alguma coisa, também’? — Sério? — perguntou Layla. — Sim. Ele me olhou fixamente o tempo todo, depois disso. Me dava esses olhares, arqueava as sobrancelhas. Merda, ele quase tirou o lixo para fora e ofereceu-me. Harris tossiu, então Layla o olhou e vi sua expressão ir de diversão ao constrangimento e depois raiva. — O quê? — se virou para ele. — Tem algo a dizer, Harry? Ele girou a cabeça levemente. — Não, Srta. Campari. — Oh, por favor. Senhorita Campari é minha bunda. Você sabe a porra do meu nome. — Verdade. — E daí? — Ela inclinou a cabeça e podia perceber pela sua postura que ela procurando briga, o estilo Layla. Pobre Harris. Layla no modo ‘envergonhada’ ou ‘chateada’ era assustador. Ela podia drenar o vermelho de um tijolo apenas com algumas frases bem afiadas. — Você não gosta de ouvir sobre minhas façanhas sexuais... Harry? Têm um problema com isso?


— De modo algum. — Até parece. Aquela pequena tosse soou como uma espécie de julgamento, sabe o que quero dizer? — De modo nenhum. Não é o meu lugar para julgar. — Mas você me julga, não é? Aposto que se perguntou quantos paus eu chupei no chuveiro, não é? — Ela se inclinou, pronunciando cada sílaba muito claramente e com cuidado. — Muitos. Não apenas no chuveiro, mas em qualquer lugar. No carro. Na cama. No sofá. Em banheiros públicos. Atrás das arquibancadas. Em todos os lugares. Eu amo sexo oral, Harry. É a minha especialidade. Harris flexionou seus ombros quando deu um longo suspiro e apertou o volante. — Jogo inteligente de palavras, Srta. Campari. — Meu nome é Layla. — Estou ciente. Ela traçou a orelha de Harris com o dedo. — Aposto que você quer uma amostra da mercadoria, não é? Um pouco de teste? Bem aqui, agora? — Ela se inclinou mais perto. — Você quer um pouco de boquete, Harry? — Meu nome é Harris. E não. Não enquanto dirijo um automóvel de meio milhão de dólares. — Ele não vacilou, não bateu a mão dela, e não olhou para ela. — Pergunte-me mais tarde, porém, e eu poderia ter uma resposta diferente. Não era a resposta que ela esperva, reconheço. Ela bufou e se virou, com um vislumbre de Roth, que mal restringia o riso aberto. — Que bom que acha isso engraçado, Roth — ela retrucou. — Oh, eu acho. Muito. — Roth apontou para Harris, rindo. — Você conseguiu perturbar Harris e isso não é uma tarefa fácil, eu lhe garanto. Harris é tão sereno que poderia ser britânico. Harris balançou a cabeça. — Muito engraçado... senhor. Isso só fez Roth rir ainda mais. — Então, é senhor, agora, não é? Você nunca me chamou de senhor. Eu tinha que parar com isso, de alguma forma. — Eu sinto que fugimos do assunto. Layla, você dizia algo sobre parar em algum lugar? — Ela jogou o cabelo preto grosso e crespo. — Esqueça. Não estou mais com fome.


Ooh. Layla raramente voltava a ser o que ela se referia como jargão da ‘velha Layla’. Ela cresceu em uma área bem difícil, e sua maneira de falar demonstrava isso. Ela trabalhou muito para superar isso e aprendeu sozinha a falar corretamente, mesmo se ainda xingasse como um marinheiro. Mas quando estava realmente chateada ela falava em gíria de rua. — Layla, eu... Ela levantou a janela de privacidade, me cortando. Roth olhou para mim. — Isso foi inesperado. — Ela fica espinhosa quando se sente na defensiva. — Ela ficará bem? Eu dei de ombros. — Eventualmente. Layla é Layla. Você nunca sabe com ela ficará. — Você sabe, eu posso escutá-la, certo? — Layla gritou. Ela abaixou o vidro novamente. — Eu não sou espinhosa, nem imprevisível. Jesus. Eu tive que rir com isso. — Layla, vamos... — Apenas-cale-se, Key. Você só me irritará ainda mais. — Por favor, Kyrie — Harris interrompeu. — Faça o que você fizer, não a irrite mais. Eu tenho que andar com ela aqui na frente. — Oh, cale a porra da sua boca, Sr. Imperturbável. — Você primeiro, Srta. Boquete para todos. — Oh... merda! — murmurei. — Eu não quis dizer... — Layla começou, e, então, fechou a boca tão rápido que seus dentes clicaram. — Você sabe o quê? Eu não lhe devo nenhuma explicação. Não foi isso que quis dizer e você sabe disso. — Foi o que pareceu para mim. — Harris falava com toda a calma de sempre, mas havia algo em sua voz, uma sugestão de ira, uma nota de irritação... algo que nunca ouvi antes. — Eu fazia um ponto. — Sobre o quanto ama boquetes. Ponto feito. Layla assobiou. — Sobre a forma como as minhas decisões são unicamente minhas e não serei julgada por elas!


— Não a estou julgando. Eu não proferi uma única palavra em juízo. Eu não disse uma sílaba que pudesse ser interpretada como negativa para você de alguma maneira, Srta. Campari... Layla, eu quero dizer. — É o jeito que me olha. Ou não olha para mim. — Ela soava petulante, e menos segura de si mesma, de alguma forma. — Então você interpreta a maneira que olho para você. E, honestamente, meu foco tem sido na estrada, não você. — O quê, você não pode dividir sua atenção? Harris soltou um suspiro, uma respiração muito frustrada. — Oh, pelo amor de Deus. Você é impossível. Layla não teve nenhuma reação a isso. Ela simplesmente cruzou os braços e olhou pela janela para a paisagem rural do Estado de Nova Iorque. Troquei olhares com Roth, estávamos surpresos com nossos respectivos amigos. Eu nunca vi Layla interagir com alguém desta forma. Ela dominava a conversa, simplesmente por ser mais alta e falar mais rápido, por estar em seu rosto e sem remorso, ser turbulenta e picante. Ela era bonita, alta, tinha muitas curvas e uma personalidade que, naturalmente, assumia toda a atenção em qualquer sala. Todo cara com quem namorou ou dormiu, ou seja lá como chama, todos eles apenas iam junto com ela, porque tentar reverter sua necessidade de controle e tentar controlá-la, nunca funcionou. Não era para qualquer um. Ela era a epítome da mentalidade ‘não fode’, não porque realmente não se importasse sobre como ia em frente, mas porque se recusava a ser intimidada, dominada ou controlada por ninguém. Mas Harris, com seu silêncio, calma, maneirismo despretensioso, alguma forma a sobrepujava, sem sequer tentar. Ele começou a ficar sob sua pele. Ninguém ficava sob a pele de Layla Campari. Sua pele era tão espessa que era como uma armadura. Essa interação com Harris me fez pensar. Combine isso com a negação excessivamente rápida de que qualquer coisa poderia acontecer entre ela e Harris... A Sra. Protesta Demais, protesta em demasia.


Capitulo QUATRO O SISTEMA

Nós íamos para as Ilhas Turks e Caicos9. População cerca de 33.000 pessoas. Geograficamente, era um arquipélago de quarenta ilhas, governada pelo Reino Unido como um ‘Território britânico ultramarino’. Sua moeda era o dólar. Era um paraíso com água azul-turquesa, praias de areia branca, bares com telhado de palha, nas praias intermináveis. Mal podia esperar para chegar lá. Após a transferência da limusine para um pequeno jato bimotor, Harris levou alguns minutos para repassar os seus planos de voo e fazer os arranjos finais para a viagem. Em poucos minutos estávamos no ar, voando várias horas para o sul, para o Caribe. Layla passou grande parte do voo ignorando Roth e eu, com seus fones de ouvido conectados, música aos berros, lendo um livro em seu Kindle. Em seguida, no meio do voo, sem explicação, ela foi para frente e bateu na porta da cabine. Harris deixou-a entrar. A porta fechou e não a vimos novamente até a hora do desembarque. Quando as ilhas de Turks e Caicos entraram em vista, assisti com interesse nossa descida. Era realmente um tipo especial de paraíso. Sob céus azuis perfeitos, Harris fez a sua abordagem para o Providenciales International Airport e desembarcamos poucos minutos mais tarde, com uma aterrissagem perfeita. Taxiamos até um hangar privado, onde um velho Range Rover branco esperava, com o motor ligado. Depois de transferir a nossa bagagem para o Rover, Harris levou-nos para longe do aeroporto... em completo silêncio. Eu não tinha certeza do que incomodava Layla ou se Harris estava chateado, mas você poderia cortar o silêncio com uma faca. Harris era difícil de ler quando se tratava de expressões faciais, mas era apenas sua maneira, ele gostava de estar tranquilo e inescrutável. Layla era mais fácil de ler. Ela era minha melhor amiga, por muitos anos. Eu a conhecia por dentro e por fora, por isso não demorou muito para descobrir que estava de fato ainda fervendo. Qual era exatamente seu 9 As Ilhas Turks e Caicos são um território britânico ultramarino dependente do Reino

Unido, localizadas ao norte da ilha Hispaniola, no Mar do Caribe.


problema, não tinha certeza. Ela era sem filtro e sua boca petulante a tinha envergonhado, não a mim. Foi uma longa viagem pela Grand Turk Island, para uma marina onde um iate esperava para nós. Durante esse tempo, ela não olhou para mim, não olhou para Roth, não olhou para Harris. Ela apenas ficou em silêncio, olhando pela janela. O silêncio entre Harris e Layla era especialmente gelado e pronunciado, e um pouco estranho. Talvez estivesse imaginando coisas... ou talvez não. Talvez eles tivessem argumentado enquanto estavam sozinhos na cabine. Ou talvez outra coisa aconteceu. Observei Layla atentamente por todo o caminho até a marina. Ela estava encostada na porta, com a testa no vidro, observando a paisagem, sua adorável feiçõão negro-italiana estava neutra. Eu conhecia aquele olhar. Era o olhar que demonstrava que lutava contra uma intensa agitação interna, contra um tsunami emocional. Layla era uma pessoa intensa. Tudo o que fazia era em velocidade máxima, sem amarras. Mas, emocionalmente, costumava ser fechada. Qualquer coisa de verdade, nada pessoal, nada profundo e tudo o que poderia deixá-la vulnerável ela evitado ou reduzido por trás daquelas paredes. Mesmo comigo, ela muito raramente se abria emocionalmente, usando a boca inteligente e seu colorido vocabulário para desviar qualquer coisa que ficava muito pessoal. E se as coisas ficassem muito intensas, ela se fechava completamente, apagando pontos, e recusandose a interagir até que tivesse tudo sob controle. Eu apostaria dinheiro que algo aconteceu naquela cabine. As coisas não melhoraram no passeio de barco também. Harris pilotou o barco grande e antigo para fora da marina e longe da Grand Turk em silêncio, Com óculos Oakleys pretos protegendo os olhos. Sua única concessão ao clima do Caribe era que escolheu usar uma camisa de botão branca de manga curta e calça cáqui, em vez do terno de duas peças que normalmente usava. O barco era longo, baixo, com as laterais abertas, com um toldo para bloquear o sol. Com bancos alinhados dos lados e havia uma sala de estar na proa, duas pequenas cabines nos convés abaixo e na popa a cabine de comando. Logo que saímos da marina, Layla caminhou ao longo da grade externa e ficou o mais à frente, seu cabelo grosso e crespo amarrado, um óculos Ray-Ban barato em seu rosto, parecendo completamente miserável. Estava tentada a tirá-la de sua concha, mas algo me diszia que ela não estava pronta. Deixei Harris sozinho, também. Ele estava ocupado pilotando o navio, navegando ao redor das muitas pequenas ilhas e recifes. Eu o


conhecia bem, o suficiente para saber que não diria uma palavra sobre o que pode ou não ter acontecido entre Layla e ele. Isso deixou Roth e eu na sala de estar, no banco do lado de estibordo, o vento em nosso cabelo, com a água morna e salgada saltando em espetos e sprays enquanto nós rolávamos sobre as ondas rasas. — Ela está bem? — perguntou Roth, apontando para Layla, que estava visível no parapeito da porta, olhando para a água. Eu dei de ombros. — Eu não tenho certeza. Acho que alguma coisa aconteceu entre ela e Harris. — Você deveria falar com ela? Eu balancei minha cabeça. — Ainda não. Não aqui, de qualquer maneira. Eu acho que ela precisa de algum tempo para lidar com tudo o que lhe incomoda. — Mas você acha que é algo com Harris? — Eu não tenho certeza, mas é o meu palpite. Eles tiveram uma conversa do avião até aqui ou algo aconteceu na cabine do avião. Eu não sei. Ela não costuma ser assim. O silêncio de Layla é geralmente um sinal de que algo está muito errado. — É difícil dizer com Harris. Você teria que conhecê-lo muito bem até para saber se algo o está perturbando. — Você acha que algo o está perturbando, também? — Ele é sempre taciturno e ele tende a gostar de sua solidão. Mas tem estado especialmente quieto recentemente. É difícil de dizer. Acho que nossos amigos são bastante difíceis de entender. Eu ri, um pouco tristemente. — Sem brincadeiras. Eu já era a melhor amiga de Layla por dois anos, antes de termos uma conversa séria sobre qualquer coisa pessoal. Ela mantém a sua merda seriamente privada. Roth riu. — Harris tem trabalhado para mim... por quase dez anos. E eu sei muito, muito pouco sobre sua vida pessoal. — Quando velejamos pelo Mediterrâneo para buscá-lo, nós conversamos um pouco. Ele disse que veio de uma família totalmente normal, entrou para o Exército aos dezoito anos, nos Rangers aos vinte. Disse que se juntou ao Exército por puro tédio. E... isso é tudo que eu sei, na verdade.


Roth riu de novo. — Ele não me disse muito mais do que isso. Eu sei que sua aposentadoria dos Rangers foi... difícil para ele. Veio na esteira de uma missão que deu errado, acredito. Não acho que realmente queira saber o que aconteceu, para ser totalmente honesto. Se foi algo traumático o suficiente para fazer um homem como Nicholas Harris encerrar uma carreira que amava, deve ter sido extremamente perturbador. Eu o contratei poucos meses depois que deixou os Rangers e sei que ele valeu-se do pacote médico bastante generoso da minha empresa para que contratasse um terapeuta. — Harris foi a um terapeuta? — Isso era difícil de imaginar. Roth assentiu. — Todas as manhãs de segunda-feira por quatro anos e meio. A única razão que sei disso, é porque ele pediu um tempo fora, especificamente, e fazer com que me dissesse o motivo foi como puxar os dentes. — Eu ainda vou ver o Dr. Mancuso quando posso, na verdade — ouvi Harris dizer atrás de nós. Silencioso como um gato, ele apareceu do nada. Não tinha certeza do que dizer. — Harris. Estávamos só... — Fofocando sobre mim. Eu sei, meus ouvidos queimavam. — Um pequeno sorriso iluminou seu rosto, me dizendo que não estava chateado. Ele cruzou os braços sobre o peito. — Qualquer veterano de combate terá demônios para exorcizar — disse ele, recostando-se na grade. — Eu não sou exceção. Meu pai era um veterano do Vietnã e se recusou a falar com alguém sobre suas experiências ou os efeitos que teve sobre ele. Eu vi em primeira mão o quãoo bem isso funciona, então depois que deixei o Rangers sabia que se não quisesse acabar como o meu pai, teria que ver alguém. Então fiz isso. Puramente por uma motivação, para ser algo próximo do normal, acho. Então, mudando de assunto abruptamente, acrescentou — Mesmo o piloto automático precisa de ajuda. Os vejo mais tarde. — E então se foi, novamentepara a cabine de comando, puxando o acelerador enquanto nos aproximávamos de uma ilha de baixa altitude. A ilha apareceu grande à nossa frente, a água desbotando da cor de jade à turquesa, enquanto a água ficava rasa mais perto da costa. A praia era uma linha branca grossa na orla de uma explosão de verde, com apenas um toque de vidro que refletia a luz solar de entre os ramos. Ainda cerca de cem metros da costa, Harris desligou os motores, deixando o barco deslizar para uma parada e então ele foi do estibordo para frente e soltou uma manivela para baixar a âncora. Ela bateu na água com um respingo enorme. Ele voltou para a popa do barco, com mais barulho e agitação, com guinchos mecânicos ou manivelas, ou algo do tipo e então ele abaixou um barco branco na água.


— Tudo bem — Harris chamou. — Vamos descer para o barco. Roth, você primeiro, por favor. Uma escada de corda foi jogada para o lado, permitindo que Roth descesse. Eu o segui, depois Layla e então Harris usou uma corda grossa e um ponto de amarração para descer a bagagem, que Roth arrumou na proa do bote. Harris desceu por último, desamarrou as cordas que ligavam o bote ao iate e usou um remo para nos afastar do navio. Layla e eu vimos quando Roth e Harris colocavam os longos remos nas fechaduras e começaram a puxar, Roth primeiro alinhou o bote de frente para a costa e então os dois remaram juntos. Pela primeira vez, nas doze horas desde deixamos Manhattan, Layla abriu um sorriso. — Nunca pensei que veria Valentine Roth fazendo trabalho manual — disse ela. Roth desabotoou os três primeiros botões de sua camisa, revelando um V de pele bronzeada em seu peito. Os músculos de seus braços fortes flexionavam enquanto estabeleceu um ritmo de remadas. Seu cabelo loiro era varrido pelo vento e ele tinha um sorriso fácil em seu lindo rosto. Deus, tão gostoso. Eu não acho que me acostumarei com o quão sexy que meu Valentine é, o quão perfeito é. Sua camisa estava tensa em seu peito enquanto remava em sincronia perfeita com Harris. — Dê uma boa olhada — disse para Layla — isso não acontece muitas vezes. E assim terminou a breve troca. O resto da viagem para a ilha ocorreu em silêncio. Quando o casco raspou na areia, Harris puxou seu remo, tirou as meias e sapatos e levantou as pernas da calça até os joelhos. Roth fez o mesmo, e ambos saltaram do barco, um de cada lado, puxando-o, enquanto balançava suavemente, e então, ambos agarraram a alça com as duas mãos e puxaram o bote ainda mais na areia, até que a água lambia a extremidade da popa. E então algo estranho aconteceu. Harris moveu-se para o fim do barco onde Layla se preparava para sair do bote. Estendeu a mão para ela, colocou as mãos na sua cintura, levantou-a facilmente e colocou-a na areia úmida. E ela deixou. Ela ainda estendeu a mão para ele, equilibrando-se com suas mãos em seus ombros. Quando os dedos dos pés bateram na areia, Layla afundou lentamente, com os olhos fixos em Harris, com as mãos em seus ombros, depois para seus bíceps e para os antebraços.


E então, de repente, ela virou, jogou o cabelo e afastou-se, quase com raiva, através da arrebentação. Eu sou incapaz de enfatizar como totalmente estranho foi o comportamento de Layla. Ela é a epítome da mulher independente, não do tipo feminista raivosa. Ela não era uma cadela se um cara abrisse uma porta para ela ou se oferecesse para pagar a conta em um encontro, ela deixava, se gostasse dele. Mas ela é ferozmente independente. Ela nunca pede ajuda. Ela não é o tipo de segurar o braço de um cara ou ser carregada de um bote, não é do tipo de se envolver em qualquer tipo de contato em público. Em casa, perto de mim, quando dividíamos um apartamento, ela me deixava vê-la beijar o namorado atual, mas era só. Ela não é uma garota que demonstra seus sentimentos publicamente. Muito menos um olhar conflitante e emotivo. Mas ainda assim, isso aconteceu. Com Harris. Com o Sr. Alto, Moreno e Bonito, o Sr. Forte e Silencioso, o Sr. Frio como um pepino em qualquer situação, o Sr. Posso matar um homem sem vacilar. Troquei um olhar com Roth como ele me tirou do bote. — O que eu vi? — ele sussurrou. Eu só podia balançar a cabeça. — Nem eu sei, querido.

~*~ A casa era incrível. Roth a organizou, então é claro que era. Mas incrível era pouco. Era apenas um andar, mas grande o suficiente para cobrir mais de 400m², cuidadosamente preparados para aproveitar ao máximo dos pontos de vista, no cimo de uma ligeira subida que dava para o Caribe, cada quarto com vista para a água de um lado e da floresta do outro. A cozinha era a parte central, ocupando toda a largura do edifício, ligada em um piso plano aberto a uma sala de estar e sala de jantar. Todas as quatro paredes exteriores do edifício eram de portas de vidro que poderiam ser abertas de canto a canto, tornando-se totalmente abertas para a brisa com aroma de sal e o som suave das ondas à distância. À esquerda e à direita, haviam passarelas feitas do que pareciam ser troncos recuperados, que serpenteavam ao redor, levando a quartos individuais, todos suítes — banheiros e chuveiros privativos ao ar livre. Havia seis quartos no total, três à esquerda da cozinha e três à direita, dispostos em um semicírculo ao redor da estrutura principal e ligados pelo mesmo caminho de troncos a cozinha, um ao outro, e a outra estrutura oposta a grande cozinha.


O edifício secundário tinha uma sala de cinema, um ginásio, uma adega e uma pequena biblioteca. Cada quarto ocupava um quadrante externo, com outra sala de estar no centro. Cada parede exterior de toda a casa podia ser aberta de canto a canto, mesmo o cinema, que usava um tipo de vidro que era tingido eletronicamente para bloquear a luz, portanto poderíamos assistir a um filme durante o dia. No centro da propriedade havia uma piscina ladeada de um lado por um bar-cabana e cadeiras no outro. O pátio também tinha uma churrasqueira cercada por sofás semicirculares e uma cozinha ao ar livre, com um forno de pizza elétrico na parte superior, e um balcão geladeira na parte de baixo. Roth levou-nos todos em um passeio, apontando todos os vários recursos. Mesmo Layla parecia animada com o lugar. Terminamos a turnê na cozinha, compartilhando uma garrafa de vinho branco. — Todos os quartos são iguais, em termos de tamanho e conforto — disse Roth. — Por isso, não importa qual você escolha. — Quando você disse que tinha um lugar em Turks e Caicos, não esperava isso — disse. — Por que não viemos aqui antes? Roth levantou um ombro. — Isso é novíssimo. O construí sob encomenda. Esta é a primeira vez que venho aqui, também. Inclinei a cabeça. — Mas você disse... — Eu tinha um lugar nas ilhas, mas vendi que há vários meses — explicou. — Por quê? Ele olhou para Layla, e então para Harris. — Vocês podem nos dar licença? Harris colocou a mão — apenas três dedos de sua mão direita na parte inferior das costas de Layla, sutilmente, mas efetivamente guiou-a para fora da sala. Quando ficamos sozinhos, Roth voltou sua atenção para mim e suspirou. — Muitas razões. Primeiro e mais importante, estava no registro como o proprietário. Comprei-a durante um tempo que não ouvi falar de Vitaly em muitos, muitos anos. Eu esperava que tivesse se esquecido de mim. Achei que tinha, então percebi que não era seguro ter uma propriedade em meu próprio nome. Eu a vendi, sabendo que nunca voltaria lá novamente, porque ele poderia facilmente nos encontrar. Quando construí este lugar, comprei a terra e contratei os construtores por meio de uma série de falsas corporações, que dissolvi após a construção ser concluída. É inacessível, exceto pela água, e é de


propriedade de uma empresa que não pode ser traçada de volta para mim. Havia algo que ele não dizia. — Roth. — Meu tom de voz era tudo que precisava. — Minha propriedade anterior nestas ilhas era um refúgio. Não era uma casa, algo como um resort privado. Quando precisava ficar um tempo longe do caos de Manhattan, me refugiava lá. Eu li nas entrelinhas. — Mas você não estava sozinho, é o que você está dizendo? Ele assentiu. — Precisamente. Não sozinho. Eu rodeei o vinho em torno do meu cálice. — Explique. — Por quê? — perguntou — Certamente você entende, sem precisar de uma explicação detalhada. — Você sabe de cada detalhe da minha vida, todos os caras com quem namorei ou dormi, absolutamente tudo. Eu, por outro lado, sei bem pouco ou nada sobre o seu passado, romanticamente falando. Ele balançou a cabeça, deixando escapar um suspiro de aquiescência. — É verdade, suponho. Isso requer mais vinho, no entanto. — Ele estendeu a mão sob a ilha no meio da cozinha, onde havia um refrigerador de vinho e retirou uma garrafa de vinho branco gelado, abriu-a e encheu nossos dois copos. — A primeira coisa que precisa saber é que não tenho um passado romântico. A única mulher que poderia reclamar qualquer tipo de apego romântico seria Gina e você sabe sobre ela. — Mas havia outras mulheres? Ele deu de ombros. — Claro. Muitas. Mas nenhuma delas tinha qualquer significado real. — Ele olhou para mim. — Você se lembra de nossa primeira conversa sobre a diferença entre sexo, fazer amor e foder? Eu balancei a cabeça. — Eu me lembro da conversa, sim. — pensei de volta. — Você disse algo sobre como todas as suas parceiras sexuais anteriores foram... como você colocou? Cuidadosamente escolhidas por sua vontade e discrição? Havia algo sobre um contrato, também, eu creio. Ele balançou a cabeça, tomando um longo gole de vinho. — Correto. Eu não tive namoradas ou amigas de foda ou qualquer coisa assim. Eu escolhia uma mulher, a trazia para o meu escritório, explicava o contrato para ela, a fazia assinar um documento de


confidencialidade, e então, se estivesse de acordo com o arranjo, assinaria o contrato. — Eu tenho tantas perguntas, querido — disse — Como você as encontrava? Como você as escolhia? E qual era o contrato? Roth hesitou. Ou melhor, levou um longo momento para considerar sua resposta. — Elas não eram prostitutas ou acompanhantes, que eu sei, é o que você está pensando. Elas eram em sua maioria funcionárias da corporação ou uma das subsidiárias. Nunca ninguém que trabalhava na própria torre ou alguém que podia acidentalmente entrar em contato comigo em uma base diária. Eu lia o registro da empregada, sendo totalmente honesto. Elas eram escolhidas, principalmente, pela sua aparência. Cada funcionário da VRI Incorporated, como parte do processo de contratação, era obrigado a fazer um teste básico de perfil psicológico, homens e mulheres, sem exceção. Eu tinha um assistente que vasculhava a lista das funcionárias e criava um arquivo de potenciais candidatas, que eu olharia e escolheria com base em um critério de disposição psicológica para participar do acordo que tivesse em mente. Nem todas as mulheres empregadas pela VRI se encaixavam nessa conta. Eu fiz uma careta. — Jesus, Roth. Isso é... muito... Eu não sei mesmo. Lógico. Mecânico. Ele apenas acenou com a cabeça. — Bem, sim. Claro. Essa era a ideia, afinal. Não se tratava de uma ligação, romance ou sedução mesmo. Era uma necessidade física. Então, a moça era encaminhada ao meu escritório e eu apresentava a proposta para ela, que era muito simples, na verdade. Este sistema apenas parecia tão... estranho. Tão calculado, tão frio, tão absolutamente lógico. A escolha de uma parceira sexual não é uma coisa lógica, é uma coisa química. Atração, luxúria, desejo. Não com o perfil psicológico de alguém filtrado. Não numa triagem de uma lista de potenciais candidatas e escolhida como mais adequadas entre elas. Eu estava enojada? Triste que ele fosse tão fechado, que este seu sistema era tudo do que ele era capaz? Contente que se manteve tão distante, porque significava que o teria para mim? Um pouco de tudo o que precede, penso eu. Fiquei quieta por um longo momento, tentando resolver meus sentimentos. — Eu não sei o que pensar, Valentine — disse, eventualmente. — Foi há muito tempo. Quando decidi que tinha que ter você, parei tudo isso. Quando a trouxe para a minha casa, não havia tocado em qualquer outra mulher por... meses. Quase um ano. E você foi a única mulher a entrar na minha casa.


— Então você apenas as utilizava para o sexo e era isso. — Elas me usavam do mesmo modo — ressaltou ele, com um tom de frustração em sua voz. — Isso era parte do perfil psicológico. Eu escolhi as mulheres que pensei que teriam uma abordagem mais pragmática do sexo. Nunca ninguém emocionalmente vulnerável ou dada à penhora. Casual, sexo consensual, esse era o propósito total do acordo e ficava claro desde o início. Então sinto que elas me usaram tanto quanto as usei. Nós usamos um ao outro, por acordo contratual. Cada uma delas tinha a capacidade de dizer não, de voltar atrás. Se uma garota amarelace, uma vez que estavamos lá, sequer a tocaria, não retiraria uma única peça de sua roupa. Se no momento que visse a cama, ela perguntasse se era tarde demais para dizer não, a colocava em um avião dentro de uma hora e a mandava para casa. — É só... eu não gosto disso. — Por quê? Dei de ombros miseravelmente. — Você é meu. — Sim, agora eu sou. — Eu não gosto da ideia de você apenas casualmente... foder outras mulheres. Você não apenas tem um ‘diario de foda’ mas também um pequeno livro preto, Roth, você tinha um maldito sistema. Toda uma lista de funcionárias fodíveis e um ‘foda-resort’ que as levava para... — dei um passo para trás, caminhando até o convés coberto que circulava o edifício. — Deus. Eu estou... Eu não sei. Eu gostaria de não ter perguntado. Ele se moveu para ficar atrás de mim. — Kyrie, meu amor. Eu nunca mentirei para você. É por isso que lhe disse. Essa era a verdade. Essa era a minha vida. Estou orgulhoso dela, agora? Não. Era tudo que era capaz, então. Depois de Gina, eu apenas... desliguei. Eu não queria ter nenhuma conexão emocional. Eu pensei que a amava, mas ela se virou contra mim. Controlando-me, me usando e depois tentou me matar. Tentou me possuir. Eu queria, depois de tudo, ficar longe dela e de seu pai. De todo esse estilo de vida. Eu queria algo que pudesse controlar. Algo fácil, sem amarras, simples. — Eu entendo isso — disse — E eu não... eu acho que não a usaria contra você. Tipo, eu não sou louca. Eu só... Eu não sei. Eu sabia que você teve outras parceiras sexuais. Mas a realidade disso, ouvindo todo o seu sistema... — Eu dei de ombros novamente. — Eu só estou com ciúmes, eu acho. — Elas não eram parceiras, Kyrie. Era apenas sexo. Nada mais, talvez isso só piore as coisas, não sei. Isso não diminui o seu direito de ter ciúme, embora. Ou o meu. — Ele me virou e seus olhos eram intensos, quentes mais uma vez. —Você acha que não tenho ciúmes de


seus ex-namorados? Eu odeio todos eles por você ficar com eles antes de mim. Eu odeio o pensamento de qualquer outra pessoa colocar as mãos em você. Isso faz mal ao meu estômago, apenas pensar sobre isso. Suspirei e pressionei minha testa contra o seu peito. — Não houve muitos deles, no entanto. — Assim? É para tornar isso melhor, de alguma forma? Você é minha. Toda minha. Se foi um homem ou uma centena, eu odeio a ideia de alguém ter qualquer parte de você. — Ele tocou meu queixo e levantou meu rosto. — Mas, ao mesmo tempo, sei que cada uma de nossas respectivas experiências, nos levou a ficarmos juntos. O seu passado fez você quem você é, assim como o meu me fez quem sou. E... é difícil colocar isso em palavras. — Ele fez uma pausa para pensar e depois continuou. — De certa forma, estou feliz por não nos conhecermos como virgens. Eu quero tudo de você, sempre. Mas... se você teve experiência antes de me conhecer... isso significa que você sabia o que queria, o que você gostava, isso significa que você sabia o que fazer comigo. E meu passado significa que poderia fazê-la minha, significa que sei exatamente o que fazer com você, como fazer você gritar, como fazer você precisar de mim. — Eu nunca pensei nisso dessa forma — admiti, descansando minha bochecha em seu peito musculoso. — Independente de ciúme ou de nossos passados, como nos sentimos sobre qualquer coisa... não há nada que possamos fazer sobre isso, não é? Nós estamos aqui e o que aconteceu, aconteceu. Cada um de nós tem direito aos nossos sentimentos, ficarmos chateados, com raiva ou ciúmes. Mas a verdadeira questão é, o que faremos sobre isso? Será que mudará o nosso presente juntos? Nosso futuro? Será que saber como eu escolhia as mulheres com quem tinha relações sexuais antes de lhe conhecer muda a forma como você se sente sobre mim agora? — Ele passou a mão nas minhas costas, alisando e coçando sobre minha camisa. muda.

Eu balancei minha cabeça contra seu peito. — Não, isso não

— Bom. — Ele ficou em silêncio por um momento e depois levantou meu queixo, então tive que olhar para ele. — E, para ser totalmente honesto, vendi o ‘diario de foda’, como você chamou, precisamente porque não queria estar em qualquer lugar com você que já tivesse estado com qualquer outra pessoa. Eu quero que façamos novas memórias juntos, em um lugar totalmente nosso. — Isso me faz sentir um pouco melhor — disse — Eu tenho uma pergunta potencialmente estúpida. — O que é, amor? — Ele parecia resignado e um pouco divertido.


— Você nunca sentiu alguma coisa por qualquer uma delas? Ele ficou quieto por um momento. — Hummm. Isso não é o que pensei que perguntaria. — O que você esperava? Ele hesitou. — Um número. — Não acho que quero saber o número. — Provavelmente não — concordou. Eu não gostei da resposta, era muito vaga. — Não, nunca senti nada por nenhuma delas. Eu não me permiti. Eu não as deixei chegar perto de mim, ver o meu verdadeiro eu e não tentei conhecê-las. Eu não quis. — Alguma vez a proposta lhe saiu pela culatra? A descontração? — Sim. Mais de uma vez. Se fossem pegajosas, começassem a fazer muitas perguntas, coisas que cheirassem a intimidade, se fossem pessoalmente exigentes, as mandava para casa. Isso aconteceu... não frequentemente, mas mais do que gostaria. Suponho que era inevitável. Isso me fará parecer um idiota, mas direi assim mesmo: Se você apresentar as mulheres o inalcançável. Um homem misterioso, porém inacessível; frio ou distante... elas tentam... fisgá-lo. Mudá-lo. Fazê-lo delas. Sempre alguma achava que era diferente. — Havia verdade em suas palavras, do seu prefácio à declaração. — E eu? — perguntei. — Você não tentou, Kyrie. Você não tentou. Você foi você. Você agiu pelas regras e apenas tentou passar por elas com seu próprio coração intacto. Mas... você foi diferente desde o início. Isso sempre foi diferente entre nós. Eu tentei me convencer do contrário, mas foi em vão. — Ele inclinou meu rosto de novo. Me beijou lentamente, com cuidado. — Podemos não ficar remoendo o passado, Kyrie? Por favor? Eu não gosto de pensar nisso, não mais do que você. Não é por isso estamos aqui; estamos aqui para o futuro, nosso futuro juntos. Vamos apenas focar nisso, tudo bem? Eu balancei a cabeça, estendi a mão e agarrei-me ao seu pescoço. — Eu gosto desse plano. — Eu também.


Capitulo 5 LAYLA, A NÃO PEIXE

Encontrei Layla à beira da piscina, deitada em uma espreguiçadeira, vestida com um biquíni laranja neon que caberia em uma caixa de Tic-Tac com espaço de sobra. Deus, a amava, mas ela se vestia como um lixo, às vezes. Ela tinha enormes olhos rodondos, como Audrey Hepburn, em seu rosto e seu cabelo preso em um nó desleixado. Eu tinha um copo de vinho branco doce em cada mão e estendi um para ela quando sentei na espreguiçadeira ao seu lado. Ela aceitou, tomou um gole. — Se você tem que ser exilado de tudo o que conhece... esta é a maneira de fazê-lo. — Né? Roth tem um gosto incrível. — Este lugar é impressionante. Eu poderia ficar aqui por um minuto. — Ela ainda não olhava para mim. — Layla. — Estou desfrutando do sol e esse vinho é realmente saboroso. Eu não quero entrar nisso. — Cara. Ela virou a cabeça no encosto da cadeira. — Nada de ‘cara’ comigo, Key. Está bem. Estou bem. Tudo bem. — Eu sou uma mulher também, Layla. Você não pode me enganar com a besteira de 'tudo bem'. Ela riu. — Ok, bem, então... que seja. Não é bom, mas ainda não quero falar sobre isso. Estamos legal, só preciso de um minuto para esquecer minhas merdas. — Não estamos legal. Não tenho ideia do que está acontecendo com você. — Peguei a garrafa de protetor solar e esguichei um montão em minha mão, espalhando-o em meus braços. — Não podemos esconder as coisas uma da outra querida. Estamos todos juntos, agora. nariz.

— Você tem Roth — disse ela, empurrando os óculos escuros no — E você também. Somos uma família, Layla.


— Foda-se. Você e ele são uma família. Você e eu somos uma família. Mas ele é apenas o seu noivo para mim. Somos uma espécie de amigos, acho, mas nunca estarei perto dele. Não que não goste dele, porque gosto. Ele é ótimo. Ele é super legal. Mas ele não é minha família. — Ela cuspiu a última palavra com algo próximo de ódio real. — Opa, Layla. Que merda? — Não se preocupe. Basta... esquecer isso. — Ela abaixou o copo de vinho e se levantou, puxou a parte inferior do biquíni para baixo e o topo para cima e depois se afastou, em direção à praia. Eu a segui, claro. Ela estava a uns bons metros distância no momento que caminhei da casa até a praia. Ela caminhava com raiva pela arrebentação, pés descalços, deixando pegadas que desapareciam na areia molhada. Corri atrás dela, alcancei-a, agarrei seu braço e a girei. — Layla. O que há de errado com você? O que eu fiz? Ela se afastou. — Você não entenderia. — Eu sou a sua melhor amiga! O que não entendo? Ela recuou, sacudindo a cabeça. — Eu! Por que sou louca! Tudo! Qualquer coisa! Escolha uma, cadela, será tudo verdade. — O termo que usamos uma para outra o tempo todo, de brincadeira, de forma amorosa, pela primeira vez não parecia brincadeira ou amoroso. Lágrimas arderam em meus olhos. — Layla... o quê...? Eu não entendo. — Não brinca! Você está tão presa em você, na porra do Roth, em qualquer que seja a merda pela qual fugimos que não sabe mesmo o que acontece comigo. Somos melhores amigas por tanto tempo, mas, com certeza, você não entende como lidar com a ideia de família é difícil para mim? duro...

Eu balancei minha cabeça. — Eu sei que estar longe de casa é

Ela riu amargamente. — Veja, isso é exatamente o que quero dizer. Casa? Você acha que a porra de um Pontiac é casa? E família? Você pode jogar honestamente essa palavra para mim? — Estou tão perdida, Layla. Fale comigo. Ela virou e caminhou mais profundamente na água, até que estava nos joelhos. Eu fui também e estava ao seu lado.


— O que você sabe sobre a minha família, Kyrie? Minha família real, quero dizer. A que nasci. Eu dei de ombros. — Eu tinha a impressão de que não eram... ruins, só que não eram realmente... eu não sei... cuidadosos. Amorosos. — Eu pisquei, pensando muito. — Eu acho que não sei muito mais do que isso. Ela fungou e percebi que ela lutava contra as lágrimas. — Você acha que é um acidente você não saber mais do que isso? Jesus, Kyrie. Quer dizer, eu a amo como o inferno, garota, mas você é tão ignorante, às vezes. Apenas... sem noção. Você só enxerga o que acontece com você, a maior parte do tempo. Isso me deixou com raiva e eu abri minha boca para dizer alguma coisa em resposta, mas então... pensei sobre isso. E ela estava certa. Eu sabia muito pouco sobre ela porque nunca me preocupei em descobrir. Certo, ela era espinhosa e defensiva e se recusava a falar sobre si mesma ou seu passado, ou quase nada pessoal, mas então... Eu nunca tinha forçado. E Layla... quando sabia que algo acontecendo comigo, era tenaz, recusando-se a recuar, calar-se ou desistir até que contasse tudo. E eu sempre fazia e ela estava sempre lá para mim. — Merda. Layla, eu... — Nós somos amigas há mais de cinco anos, Key. Eu sei muito sobre você. Eu aceito tudo e a amo. E essa merda que passou ao longo dos últimos dois anos, dois anos e meio, desde que o otário do Sr. Edwards assediou você tem sido uma loucura. Totalmente louco. Tudo com Roth e descobrir sobre o seu pai e, em seguida, ser levada pelo Sr. Bilionário Sexy e viver em todo o mundo e, em seguida, Roth se agarrou e tudo o mais... não a culpo por não seguir nem um pouco a velha eu. Eu chorava agora. — Eu sou uma amiga de merda. Ela apenas riu. — Sim, mas você é minha amiga de merda. E você foi feita para isso. Você me trouxe para viver com você no seu... seu arranha-céu aquático. Percebo que é para minha segurança... intelectualmente, entendo. Mas acho que ainda meio que me ressinto de ser arrancada da minha vida, sabe? Mas há muita coisa sobre mim que você não entende. — Então me ajude a entender — disse. — Eu quero entender. Layla apenas balançou a cabeça. — Não é tão fácil. Eu não posso simplesmente... desabafar. Existem camadas e camadas de merda.


— Seja real, Layla. Você não pode jogar isso pra cima de mim desse jeito e não explicar, me dê uma chance para entender o que está acontecendo. Layla saiu da arrebentação e se sentou na areia seca, deixando a água bater em suas pernas e me sentei ao seu dela. Ela olhou para a água por um longo tempo e então começou a falar, sua voz era baixa e suave, hesitante. — Então, posso não ter lhe contado toda a verdade sobre mim. Eu deixei você achar que minha infância foi apenas... meio merda, acho. Tipo, acho que você provavelmente tem a impressão que cresci com ambos os pais e que estavam bem... Eu dei de ombros. — Sim, basicamente. Parece meio merda. Ela balançou a cabeça, o coque frouxo de seu cabelo soltando. — Não era meio merda, Key. Nem mesmo perto. Foi horrível... super, mega, ultra merda. — Como? — De qualquer maneira que poderia ser — disse, com um riso amargo. —Mamãe nunca disse realmente, tão alto e em tantas palavras, mas tenho quase certeza que sou fruto de um estupro. Ela sempre parecia... se ressentir de mim, acho. Ela não me batia ou nada, mas, às vezes, sentia que ela me odiava. Como se não pudesse sequer suportar me olhar. Quer dizer, talvez meu pai fosse apenas um pau colossal e eu a lembrava dele. Pode ser. Deus sabe que não sou nada parecida com ela, isso é claro. Minha mãe é uma pequena, magra e pacata mulher italiana. Ela é uma imigrante, na verdade. Veio quando tinha... doze ou treze anos, acho. Eu sou como ela, nenhuma de nós gosta de falar de si mesma. Então, não sei muito sobre seu passado. Ela veio com os pais dela, acho, mas nunca os conheci, então não sei se morreram ou ela fugiu ou se voltaram para a Itália. Eu apenas não sei. Ela não tinha educação. Falava um inglês muito pobre. Ela era uma trabalhadora dura, no entanto. Tenho que dar isso a ela. Sou como ela, dessa forma também, acho. Ela me teve, não me abortou. Talvez não pudesse dar ao luxo, não sei. Mas ela me manteve e sempre fui alimentada, sempre tive roupas para vestir. Doações e a merda de Value Village10 ou Exército da Salvação, mas não estava nua ou com fome. Tracei um desenho abstrato na areia. — Eu sinto um ‘mas’ chegando. Ela riu novamente. — Você acertou. As coisas não foram muito ruins até que tinha... oito? Nove? Era só eu e minha mãe, fazendo o que tinha que fazer. E então ela conheceu Mario. Sim, legal, seu nome era Mario e ele era um italiano da velha escola de New York, cabelo penteado para trás, sapatos brilhantes e casacos, como um gangster. 10 Loja de roupas de segunda mão.


Eu odiava Mario. Mas ele cuidava de mamãe e acho que a amava, de seu próprio jeito. Eles nunca se casaram, mas ficaram juntos por um longo tempo. Ele a engravidou e, de repente, tinha um pequeno meioirmão que ambos pareciam gostar muito mais do que de mim. E, novamente, tenho que dizer Mario nunca fez nada de ruim para mim. Nunca me bateu ou me molestou. Mas assim que o bebê chegou, foi como se nem existisse. Eles se focaram apenas em Vic. Como se fosse tudo o que importava. Com nove anos de idade, estava basicamente por conta própria. Ia para a escola, tinha que cuidar de meus próprios almoços quando chegava em casa. Eu fazia o jantar e café da manhã normalmente, também, porque mamãe e Mario levavam Vic e saiam, iam para o café da manhã, saiam para jantar, iam para algum lugar com a finalidade de se afastarem de mim. Eles simplesmente não se importavam. Eu cuidei de mim mesmo, não é grande coisa. — Ela cavou seus calcanhares na areia molhada, fazendo uma pausa para respirar. — Aí vem o outro ‘mas’. Apenas, é mais de um ‘e então’... — Merda. Ela assentiu com a cabeça. — Sim. Vic teve leucemia quando tinha dezessete anos. Mamãe e Mario... apenas descobriram. Quando Vic ficou doente, foi... foi tudo muito rápido. Como, um dia ele estava bem e no próximo estava na ala de oncologia pediátrica, careca, com tubos no seu nariz... e depois estava morto. Como, dentro de alguns meses. Ele não teve a menor chance, o merdinha. — Ela fungou. — Ele era um bom garoto. Estranho, lento e irritante, mas doce. Eu gostava dele. Ele vinha ao meu quarto enquanto fazia a lição de casa e apenas me importunava por horas. 'Layla o que é isso’, e ‘por que’, e ‘o que você está fazendo’, e ‘você tem um namorado’... — Ela deu de ombros e vi uma gota de lágrima cair de seu rosto para a areia. — Eu estava confusa quando ele morreu e minha mãe estava... destruída. Isso a arruinou. Mario também. Mamãe começou a beber, Mario saía o tempo, começou a chegar em casa chapado, cheirando como o clube de strip e começaram a brigar. Ele ficou desagradável. O último ano do ensino médio foi um inferno absoluto. Eu estava no meu próprio inferno até então. Eu vinha trabalhando desde que tinha quatorze anos. Tive o meu próprio carro desde que tirei a minha licença. Eu ainda vivia com eles, porque se recusaram a me emancipar. Eu tentei quando tinha dezesseis anos e eles apenas disseram que não. — Layla, Jesus. Ela encolheu os ombros. — Mas não acabou ainda... Então Mario ficou bêbado no clube uma noite e tentou voltar para casa, bate seu Cadillac na extremidade traseira de um veículo, se mata e fere outros dois. Mamãe estava uma bagunça total, é claro, então tive que providenciar o funeral de um padrasto que mal falava comigo, um padrasto que, quando pedi uma carona para ir ao médico, para conseguir o controle da natalidade aos quatorze anos, disse ‘Vá de ônibus, sua putinha’ e continuou bebendo. Foi divertido. De qualquer


forma, algumas semanas depois do funeral, mamãe levou uma garrafa de Ambien com uma garrafa de One-Fifty-One. Caminho mais fácil, acho. Encontrei-a. Eu cheguei em casa da graduação e havia este cheiro horroroso. Então, em seguida, ’Ip-Ip-hurra’! Tive que organizar mais um funeral o terceiro em menos de seis meses, porque cuidei do funeral de Vic quando mamãe e Mario estavam demasiado acabados para fazê-lo — Ela respirou fundo e segurou, deixou-o sair com um estremecimento, balançou a cabeça, como se para limpar as memórias. — Então sim. Ai está. A merda da educação infantil de Layla, versão resumida. — Essa é a versão abreviada? — perguntei. Ela deu uma risada baixa, repleta de humor negro. — Você não se levanta na pior parte de Highland Park como uma menina mestiça, sem entrar em alguma merda, Key. — Caramba, Layla. — senti como se devesse dizer algo compreensivo, de apoio ou compassivo, mas eu... não sabia o que dizer. — Você não quer saber dessa merda e não quero falar sobre isso. Eu fiz isso, e isso é tudo o que conta. Eu saí fora disso. Eu terminei o ensino médio, conseguiu uma bolsa na Wayne State, foder fez algo com a minha vida. Mais ou menos. — Ela olhou para mim. — Nada que realmente tenha a ver com você, no entanto. Só que antes de entrar no grande iate estava a alguns semestres de conseguir meu diploma. Eu tinha um estágio preparado em um escritório de advocacia. Eu ia ser uma paralegal. Eu finalmente daria um fim à toda essa coisa de garota pobre da faculdade. Eu tinha um plano. E então você... você, com um telefonema, fodeu tudo isso. Você me trouxe para o seu barco estúpido e agora não sei o que farei. Você e Roth são tão apaixonados que chega a ser nojento, estamos sempre no meio do nada, a milhares de milhas de qualquer um que fale inglês, e estamos sempre nos escondendo. Por isso não posso até mesmo ir a um bar e encontrar um pau para mim. — Eu sinto muito, Layla. Eu gostaria de saber o que dizer. — Eu estou sozinha, Kyrie. Estou tão solitária que minha boceta tem teias de aranha. Você e Roth são ‘o casal perfeito’, o que só faz com que seja muito mais difícil para mim. Quer dizer, gostaria realmente de superar a fase deprimida por causa de Eric. E então você tem a ousadia de falar comigo sobre família. Falar como você e seu rico, lindo, namorado perfeito são a minha família. Como se a porra do seu mordomo fosse minha família. Deus. Me deixa tão louca e você nem mesmo sabe. Eu não tenho uma família. Eu nunca tive. Sempre fui só. Mas a amo, você é minha irmã para tudo e que não mudará nunca. Eu cuido das suas costas e sempre cuidarei. Sempre, não importa o que aconteça. Você é a coisa mais próxima de família que tenho, mas você tinha ido embora há muito tempo, Key. Você me deixou. Você


desapareceu com seu namorado rico e me deixou, para me virar, para sobreviver. Quando Eric me deixou... — Espere um segundo agora. Você disse que rompeu com ele quando a chamei para vir com a gente. Ela encolheu os ombros. — Sim, bem, eu menti. Ele terminou comigo e me pediu para sair. Disse que não estava realmente ‘com sentimento para mais’. — fez sinal de aspas no ar. — Ele não sentia mais. O que isso quer dizer? Três malditos anos e você apenas parar de sentir isso? Ele me chutou. Voltei do trabalho um dia e ele tinha empacotado todas as minhas roupas, todas as minhas coisas. — Você está brincando comigo? Layla balançou a cabeça, cravando seus calcanhares na areia furiosamente agora, fazendo o buraco maior e maior. — Eu gostaria. Então eu saí. Eu coloquei minhas coisas na parte de trás do meu Silverado 91 e sai. E não tinha para onde ir, Kyrie. Você se foi. Eu estava prestes a quebrar e não sou exatamente do tipo que liga e pede por dinheiro, sabe? — Onde você foi? — perguntei, não querendo saber a resposta. — A nenhum lugar! — gritou. — Eu me tornei sem-teto por um mês e meio! Eu vivi em meu carro e tomando banho no YMCA. Quando você me ligou para ir com você, a tinta no meu contrato novíssimo ainda estava molhada. Se você tivesse ligado literalmente duas semanas antes, um mês antes, as coisas teriam sido diferentes... mas não... você apenas virou minha vida de ponta-cabeça, como um tornado maldito e me levou para Neverland, Oz ou qualquer lugar. E agora você quer que a ajude a planejar um casamento. E para quem? Quem estará lá? Sua mãe? Cal? Quando foi a última vez que falou com Cal? E sobre os pais de Roth? Será que ele ainda tem pais? E o que sei sobre casamentos, Kyrie? Desde quando sou uma mulher melosa, com casamentos, flores e vestidos de madrinhas? Jesus. Eu a amo, mas acorda! Eu não pertenço a sua vida. Não nesta vida. Apenas me deixe voltar para Detroit e viver a minha vida de merda. Vou encontrar um namorado de merda e arrumar um trabalho de merda, eventualmente. Provavelmente terei um filho de merda. Eu estou bem em arriscar as minhas chances com este Vito ou quem quer que seja. Se ele quiser rolar até 'D' e vir atrás de mim, deixe. Eu chutarei a bunda dele. Eu sou de Detroit, filho da puta, eu foderei a merda em cima dele. Você nem sabe. Eu não sabia o que dizer. Como eu conhecia Layla por mais de cinco anos e não sabia nada disso? Ela tinha sido sem-teto enquanto estava viajando ao redor do mundo com Roth? Eu poderia tê-la ajudado. Eu poderia ter feito alguma coisa. Eu poderia ter... Eu rompi em lágrimas.


Layla, é claro, colocou os braços ao meu redor e me puxou contra ela, e nós duas caímos de costas na areia. — Oh, pare de choramingar, você é uma pequena maricas. Eu ficarei para o seu casamento e então pedirei a Harris me levar para casa. Eu aposto que consigo um emprego e um apartamento em poucas semanas. — Layla, você não pode ir. Você não entende. Vitaly não é o tipo de homem que você apenas ‘tem a sua chance’. Você não ‘chuta a bunda dele’. Não será divertido ou algo assim. Alguém pode aparecer em sua casa com uma broca e um pouco de fita adesiva e torturá-la durante semanas apenas para irritar Roth e então matá-la uma vez que tenham se divertido. Que provavelmente incluirá um monte de estupros, só porque são monstros assim. — Então, me diga: o seu doce querido noivo bilionário conhece esses caras... como? — É uma longa história e não é minha. Vamos apenas dizer que sua formação é ainda mais colorida do que a sua. — Entendi. Bem, tudo que sei é que não posso mais viver assim. Eu apenas não posso. Sinto muito. Eu apenas não posso fazer isso por muito mais tempo. — Eu não estou brincando sobre o que eles farão, Layla. Roth e Harris estão trabalhando em um plano para consertar as coisas. Basta ter um pouco mais de paciência... — Kyrie. Estou ficando louca. Você pode pedir a Roth para me comprar uma nova identidade? Bem. Eu me mudaria para Atlanta, Novo México, Tóquio ou algo assim. Bem. Mas preciso ter a minha própria vida, Kyrie. Eu suspirei em derrota. Eu conhecia Layla bem o suficiente para saber que ela não desistiria deste assunto. Posso não ter conhecido os detalhes de seu passado, mas sabia que a conhecia. Eu sabia de seus humores e conhecia a forma de suas paredes e a cor, sabor e textura de sua alma. Eu a conhecia. Ela era minha melhor amiga e uma vida que tinha há muito se tornado normal para mim — viajar constantemente, não fazendo um verdadeiro trabalho — simplesmente não era possível para ela. Ela acabaria ressentindo-se ainda mais do que já estava. Eu poderia pedir-lhe tudo o que quisesse, me recusar a deixá-la ir para casa e ela faria o que queria de qualquer maneira. Quando Layla decidia alguma coisa, nenhuma força na Terra podia influenciá-la. — Eu falarei com Harris e Roth. Nós descobriremos alguma coisa. Conseguir um detalhe de segurança para você ou algo assim. Ela riu ruidosamente com isso. — Você pode até mesmo ouvir a si mesma? Falando de mim recebendo um detalhe de segurança como


se fosse presidente do ou algo assim. Deus, você é engraçada. Você mudou amiga. Ouve um silêncio demorado. Eventualmente, o quebrei. — Eu tenho que perguntar mais uma coisa. Você e Harris, durante o voo... Ela me cortou, levantando-se abruptamente. — Não. Nanananinanão. Não vamos lá. — Ela chupou suas bochechas e fingiu um nado cachorrinho. — Olhe para mim, eu sou uma ‘não-peixe’, nadando em um mar de nãos. Nada aconteceu. Não há nada para falar. Eu não sei sobre você, mas acho que uma garrafa de vinho ou quatro está em ordem, para comemorar estar em terra seca. — E então ela foi embora novamente. Deus, ela era difícil. Eu a deixei ir. Eu senti como desse um passo para frente e dois passos para trás com ela. Eu sabia por que agia de maneira irritada comigo, mas ainda não tinha ideia do negócio entre ela e Harris — e houve um acordo, não importa o que dissesse — especialmente por causa do que disse. E eu também não tinha ideia de como mantê-la segura enquanto a deixava viver sua própria vida. Ela pode ter crescido em Detroit — eu tinha alguma ideia do que uma infância como essa implicava — mas não passei por algo parecido com o que ela passou. Traficantes, cafetões, intimidações, idiotas, prostitutas, gravidez na adolescência... tudo o que era complicado e difícil, tinha certeza, mas não era o mesmo que lidar com criminosos internacionais do mercado negro como Vitaly Karahalios. Era para planejar um casamento. No entanto, depois dessa conversa com Layla, realmente não tenho como fazer compras para vestidos de noiva. Não sem minha melhor amiga ao meu lado. Sentei-me na praia, pensando em como o sol se pondo no horizonte, uma bola vermelha de fogo, parecia muito como Layla.


Capitulo SEIS A COSTUREIRA E O ANJO DA GUARDA

Observei, com fascínio, de um dos assentos traseiros do hidroavião bimotor quando Harris encaminhou Layla através da lista de verificação de decolagem. Ela estava com os fones de ouvido com microfone, e ligava os interruptores quando Harris os apontava, verificando-os na prancheta equilibrada em sua coxa. Eles estavam juntos, ombros encostados, o braço direito de Harris apoiado na parte de trás do seu banco. Então, quando Layla mudou para alcançar um interruptor, Harris pegou a prancheta antes de cair e seus dedos roçaram em sua coxa quando equilibrou em sua perna. Eu vi a linguagem corporal de toda a troca, e ela provocava. Deixando-o ficar fisicamente perto, deixando-o tocá-la. Pequenos toques inocentes, um contato acidental. Mas para Layla, deixá-lo tão perto era um grande negócio. Roth se sentou ao meu lado engajado em seu telefonema, então estava alheio a tudo que acontecia na frente. Mas não perdia uma coisa: eles tinham a minha atenção extasiada. — Tudo bem — Harris disse para Layla. — Estamos em funcionamento. Estamos desatados, já conferimos a lista de verificação e agora estamos prontos para ir. Segure o manche com uma mão, gentilmente — e quero dizer milímetro a milímetro — empurre o acelerador para frente. Puta merda. Harris deixou Layla fazer a decolagem? Não apenas assumir os controles enquanto estávamos no ar, mas na verdade decolar? Harris era um maníaco por controle, tinha certeza absoluta, e isso foi um grande negócio. O hidroavião avançou para frente, com o som dos motores aumentando para um rugido ensurdecedor. Harris falou com ela através dos fones e guiou o avião para longe do cais e para a baía, em direção ao mar aberto. — Agora, gradualmente estrangule, pouco a pouco. Mantenha o manche reto e nivelado, pedais o mesmo. Ótimo, indo muito bem. — Ele tinha as mãos sobre os controles, também, notei, pronto para assumir. Isso me fez sentir um pouco melhor. Mas, depois de ter voado bastante com Harris, por este ponto, eu sabia que Layla ia muito bem. — Ok, agora você sente puxar? Ela quer levantar, então tudo que você faz realmente a deixa fazer o que quer. Ajude-a um pouco, puxe para trás.


Sem pedal, sem inclinação. Basta puxar. Agradável e fácil, sem movimentos bruscos. E... estamos no ar! Isso foi incrível, Layla. Muito suave. Layla olhou para mim e então tinha um enorme sorriso no rosto. — Você viu, vadia? Eu fiz isso! Eu! Estou pilotando um avião! — Sim e você precisa se concentrar ou não iremos longe — disse Harris. —Segure o nosso ângulo de subida aqui mesmo e quando chegarmos a 610 metros, nivele e nos traga ao redor de uma posição sudoeste. Depois disso, foi um vôo bastante monótono. Layla estava nos controles durante todo o caminho, Harris conversava, explicando o tempo todo, apontando mostradores e explicando sua finalidade, interrogando-a sobre as coisas que já tinha explicado. Íamos para St. Thomas, quando Roth afirmou que o shopping em St. Thomas era melhor do que em Grand Turk. Quando estávamos cerca de uma milha náutica11 de St. Thomas, Harris assumiu, anunciando em nossa chegada no rádio, e então falando com Layla através do pouso, explicando o que fazia, como e porquê. Ela estava extasiada, absorvendo tudo, focada em cada palavra. Nada acontecendo, até parece.

~*~ Roth e Harris se arrastavam atrás de Layla e eu, enquanto íamos de loja em loja, experimentando roupas, jóias, chapéus e bugigangas. Ninguém comprou nada, no entanto. Eu estava muito irritada com Roth para focar nas compras; ele ficou no telefone o tempo todo, fisicamente presente, mas mentalmente ausente. Finalmente, após uma hora e meia de viagem, enfiou o telefone no bolso, olhou ao redor, olhou para o relógio, então partiu em um ritmo rápido, agarrando minha mão e me puxando atrás dele sem dizer uma palavra. — Roth! Onde vamos? — Temos um compromisso — foi tudo o que disse. Ele me puxou para uma loja, me levando para a parte de trás e para o vão estreito de antigas e raquíticas escadas. Havia uma porta branca com a pintura descascando na parte superior e uma maçaneta

Unidade de medida de comprimento ou distância, equivalente a 1 852 metros, utilizada exclusivamente em navegação marítima e aérea e na medição de distâncias marítimas. 11


de latão. Roth bateu três vezes, e em seguida, entrou sem esperar por uma resposta. Segui-o, curiosa. A sala além da porta tinha um teto alto, três ventiladores de teto, com as lâminas girando preguiçosamente, agitando o ar, os três ventiladores ligados uns aos outros através de um longo tubo, um ventilador para transformar os outros dois. As paredes uma vez tiveram um papel de parede em listras brancas e rosa, mas o papel era tão antigo e desbotado que estava quase invisível. O chão estava desbotado, bem como, liso e brilhante em lugares de longo desgaste. Havia vários manequins de costureira ao redor da sala, dois bancos, rolos e rolos de tecido empilhados no chão, encostado nas paredes e pendurado em prateleiras de arame caseiro que foram parafusadas nas paredes. Havia caixas claras de pinos no peitoril da janela, e pelo menos um par de tesouras que podia ver e metros de fitas em todos os lugares. — Ella! — Roth chamou. — Estamos aqui. A porta abriu-se em algum lugar, em seguida, fechou, e uma mulher apareceu. Ela foi baixa e magra com cabelo preto e prata nas têmporas, e um par de óculos pendurado em uma corda em volta do pescoço. Ela tinha uma fita de medição em uma das mãos, a boca cheia de alfinetes, e um comprimento de tecido atrás dela. — Ah. Sr. Valentine. Você veio, bom, bom. Portanto, fico feliz de ver você, querida. — Ela envolveu os braços ao redor de Roth e o abraçou com força. — Eu não o vejo há muito tempo. Como vai? — Oh, eu estive ocupado, Ella. Você sabe como eu sou. — Ele beijou ambas as bochechas, segurou-a pelos braços. — Como tem passado? Ella encolheu os ombros. — Estou bem o suficiente. Alguns dias ainda estou triste, claro, mas o que se pode fazer, hein? — Ela se virou para mim. — E esta deve ser sua noiva, sim? Oh... ela é linda, Sr. Valentine. Tão bonita. Você diz que ela é adorável, mas você não disse quão adorável. Eu Corei. — Oi, Ella, sou Kyrie. — estendi a mão para ela, mas Ella me puxou para um abraço caloroso, forte. — Kyrie, é tão maravilhoso conhecê-la. Roth pegou minha mão, uma vez que Ella me liberou. — Kyrie, Ella é a irmã de Eliza. — Você conheceu Eliza? — Ella perguntou, seus olhos castanhos cheios de lágrimas. — Eu sinto falta dela todos os dias. Todos os dias. — Eu conheci Eliza, sim. Não o suficiente, mas... ela era incrível. — precisei conter as lágrimas.


— Todos os dias, depois que terminava de trabalhar para o Sr. Valentine, Eliza me ligava. Só para dizer olá e dizer que me amava. Éramos muito próximas, mesmo que não vivêssemos perto, por grande parte da nossa vida. Eu estou aqui, vivendo e trabalhando aqui e ela estava na Inglaterra, trabalhando para o idoso Sr. Roth, e então se mudou para os Estados Unidos com o Sr. Valentine, mas a cada verão o Sr. Valentine, lhe dava três meses de folga para vir me ver, para ficar comigo. — Ella deixou escapar um longo suspiro trêmulo. — E agora ela se foi. Roth pigarreou aproximando-se. — Eu nunca serei capaz de lhe dizer o quanto estou triste, Ella. Eu nunca me perdoarei... pelo que aconteceu. Ella se afastou de mim, colocando a palma da mão na sua bochecha. — Eu o perdoo, Sr. Valentine. Eu já lhe disso isto. Eu perdoo você. E Eliza, no céu, o perdoa também. Eu sei que ela perdoa. Ela conhecia você desde menino. Você era sua família, Sr. Valentine. Eu o perdoo, ela o perdoa, agora você deve perdoar-se. — Ela sorriu, acariciou seu rosto e, em seguida, virou-se para mim. — Mas não estamos aqui para uma conversa de uma mulher velha boba, não é? Ela me agarrou pelos ombros, me empurrou até um banquinho, foi para ele e levantou meus braços e começou a tirar minhas medidas. Olhei para Roth. — O que está acontecendo, baby? — Ella é uma costureira. — Ele sorriu para mim. — Você realmente acha que permitiria que você usasse algo fora do rack? Eu ri. — Suponho que não. Ella falou ao medir e anotar os números em uma almofada que tinha produzido de algum lugar. — Eu não sou uma designer famosa, mas posso lhe fazer um lindo vestido para se casar com o Sr. Valentine. Eu acho, porque estas são as ilhas, você tem algo sem alças, algo que o vento pode jogar. Vai ser na praia, sim? Eu dei de ombros. — Eu suponho. Eu casaria com ele em uma cozinha, se precisasse. Ella fez uma pausa e olhou para mim. — Uma cozinha? Não é tão romântico, se me perguntar. Acho que ele pode fazer melhor do que isso, provavelmente. — Ela se endireitou, envolveu a fita métrica ao redor do pescoço e colocou o bloco de notas em um bolso, o toco de lápis atrás da orelha. — Eu tenho um vestido todo feito para você, em minha mente. Diga... dois dias? Talvez menos, mas venha aqui novamente em dois dias, terei o vestido mais bonito para você se casar com o Sr. Valentine.


Estávamos na porta quando Ella parou Roth com uma mão em seu braço. —Você não deveria ter feito isso, você sabe. Roth manteve uma expressão vazia. — Feito o quê, Ella? — Pagar as minhas dívidas. Eu sou uma mulher orgulhosa. Eu não preciso de nenhuma ajuda. — Ela parecia quase irritada. Roth suspirou. — Isso não trará a sua irmã de volta. Isso não tira a dor. Mas... é a única coisa que eu poderia fazer. O rosto de Ella suavizou. — Bem, obrigada. Eu sei bem o que quer dizer. — Veremos você na sexta-feira — disse Roth e inclinou-se para beijar sua bochecha.

~*~ Eu observei quando Layla puxou a bainha de um vestido um pouco mais, de modo que apenas mal roçava o topo de seus joelhos. Era curto, apertado, decotado e tudo que Layla amava em um vestido. Tão sexy que era apenas este lado da sacanagem, enfatizando totalmente seus ativos notáveis. Com 1.79 cm Layla era pouco centímetros mais alta que eu e também era um pouco mais pesada do que eu, tudo isso cheia de suas curvas. Cabelo preto longo, grosso, crespo, feito em um coque desleixado, pele caramelo impecável, exótica, feições de rara beleza, peitos e bunda de parar o trânsito... minha melhor amiga era impressionante. Quando colocada ao lado de Layla eu era a amiga feia. Eu limpei minha garganta quando Layla virou de um lado para o outro, alisando as palmas das mãos sobre a curva de seus quadris. — Layla, querida. É um casamento, não uma noite no clube. Podemos escolher algo um pouco mais... ‘casamento na praia’ e um pouco menos ‘foda-me em uma limusine’? Layla me deu um olhar. — É fofo. E faz grandes coisas para minha bunda. — Sua bunda faz ‘grandes coisas’ para sua bunda, querida. Você poderia usar um saco de serapilheira12. Layla balançou a cabeça. — Você está apenas arruinando minha diversão. — Tudo o que digo é que você pode experimentar algo que é passado do joelho e que você possa realmente andar?

12 manta ou tecido grosseiro


Ela soltou um suspiro gemido. — Ta bom. Você escolhe alguma coisa, então. Fui até a prateleira e procurei até que encontrei algo. Eu verifiquei o tamanho e, em seguida, entregei-o a ela. — Tente este. Layla ergueu-o e examinou-o desconfiada. — Ok, mas vou odiá-lo. Era totalmente diferente do estilo habitual de Layla. Comprido, até o chão, amarelo brilhante, cortado em linha reta no peito, situado na altura da cintura e solto a partir dos quadris. Bom gosto, mas ainda sexy, especialmente se a saia fosse tão pura quanto parecia. Layla foi para o provador, jogou o vestido que havia escolhido por cima da porta e puxou a minha escolha para baixo sobre sua cabeça. Ouvi-a prender a respiração quando viu a si mesma. — Eu odeio você — murmurou, abrindo a porta. — Oh meu Deus. Layla, você parece... — Classuda? Eu balancei minha cabeça. — Linda. Vadia, você roubará a cena. Ela realmente parecia incrível. A saia era quase pura da cintura para baixo, dando vislumbres tentadores de suas longas pernas, abraçando apertado até a cintura e busto. Não era um corpete decotado, mas com o corpo de Layla, não precisava ter decote. O amarelo brilhante do tecido destacou a sombra caramelo de sua pele, fazendo-a parecer muito mais exótica. Eu subi e libertei os seus cabelos do elástico do rabo de cavalo, sacudi meus dedos pelos cachos, espalhando os cabelos ao redor de seus ombros nus. —Lá. Algumas flores em seu cabelo e ficará perfeito. — Eu odeio isso — ela declarou, mas a sua voz dizia que estava mentindo. — Eu sou tão boa que lhe compro um vestido de dama de honra que você pode e usará novamente — disse. risada.

— Dama de honra de honra? — Layla perguntou com uma — Sim, você está acumulando o duplo dever.

— Você acha... -— Layla começou, mas, então cortou-se com um aceno de cabeça. — O quê? Eu acho que o quê? Ela balançou a cabeça novamente. — Nada. Eu sou uma idiota.


Era muito difícil dizer com sua pele escura, mas tinha certeza que ela estava corando. Eu apostaria dinheiro que suas bochechas estariam vermelhas como maçãs se tivesse a minha pele clara. — Layla, diga antes que eu te chute. Layla sacudiu a cabeça novamente, girando para obter um olhar para si mesmo na parte de trás. — Puta, se me bater, você se casará em tração. — Layla. Ela revirou os olhos e voltou-se para olhar o espelho, ajustando seus seios e, então, afofando seus cachos para que eles se sentassem em seus ombros, exatamente assim. — Você realmente é uma cadela, você sabe disso? Ia perguntar se você acha... — Ela parou de falar e então murmurou o resto rapidamente —...que Harris gostaria disso. — A-há — ri e gritei. — Eu sabia! — Não faça me arrepender de dizer qualquer coisa, Kyrie. Juro por Deus que nunca falarei com você novamente, se tirar sarro de mim. — Você usou o meu nome real, o que significa que você deve falar muito sério. — Sério como impostos, querida. Eu dei um passo atrás dela, abracei-a com força. — Layla, nunca tiro sarro de você. Não de verdade. Você está absolutamente linda e acho que Harris terá dificuldade para respirar quando der uma olhada em você. Eu quero que você seja feliz. Eu não sei se Harris é o homem para esse trabalho específico, mas, tanto quanto estou preocupada, você tem a minha bênção a tentar. Ele é um homem incrível, ele é apenas... duro como diamantes, frio como gelo e um completo mistério. — Quando você diz que ele é frio como gelo, o que isso significa, exatamente? Eu nunca realmente lhe disse muito sobre a minha missão desesperada de resgatar Roth das garras de Gina. Harris foi o único a fazê-lo. Eu tinha visto um lado do guarda-costas, piloto, motorista, assistente pessoal de Roth e suspeitava, que seu melhor e único amigo — que suspeito que poucos já viram em ação, sendo um ex-ranger do exército — era letal, astuto, capaz, sem dúvida e sem piedade. Eu vi como calmamente seguiu um homem que me perseguia, tentando me matar e vi Harris colocar duas balas no crânio do homem à queimaroupa. Harris limpou o sangue de seu rosto sem expressão e dirigiu para longe.


Eu o vi matar uma e outra vez, no processo de resgatar Roth e, a cada vez, fez isso friamente, com confiança, rapidamente, sem nenhum sinal de remorso. É claro que todo homem que matou era um criminoso cruel que provavelmente tinha feito mais do que seu quinhão do mal, sabendo o tipo de pessoas empregadas por Vitaly. Observando as pessoas caírem, sem sequer pestanejar... isso faz você se perguntar o que se passa na sua cabeça e então você acha que talvez você realmente não gostaria saber. Eu queria dizer isso para Layla? Eu não tinha tanta certeza. Eu dei de ombros. — Eu só quero dizer que Harris é o tipo de homem que fará o que for preciso para fazer o trabalho. Eu estaria morta se não fosse por ele e Roth ainda seria um prisioneiro nessa ilha. — Você nunca me dirá o que realmente aconteceu, não é? — perguntou Layla. Eu balancei minha cabeça. — Não. Algumas histórias são melhores não serem contadas. Você disse que você cresceu forte, mas... as coisas que vi, as coisas que fiz... — Eu tive que sufocar um nó na garganta. — Não foi bonito. Eu não gostaria nada disso para ninguém. E faria tudo novamente para salvar Valentine, você pensa, mas... a merda ficou feia, Layla. — E Harris? Eu dei de ombros. — Harris foi meu rochedo por tudo isso. Me manteve sã, me protegeue. Ele nunca vacilou e nunca hesitou. — Eu deixei escapar um suspiro. — Eu não sei muito sobre ele. Eu não acho que ninguém saiba. Apenas... se decidir que quer ver onde as coisas caminharão com ele, basta ter cuidado, ok? Ela deve ter ouvido alguma coisa na minha voz, algo que falava mais alto que minhas palavras reais. — Eu não sei o que acontece entre nós. Ele não é fácil de se aproximar, sabe? Faze-lo dizer mais do que uma única frase em um momento é como ter um canal radicular sem Novocaina. Estou intrigada, porque ele é algo totalmente diferente do que costumo ter. Mas não vou tirá-lo de seu escudo. Ele terá que sair para me encontrar, uma vez que tenho um escudo particular também. — Ele é diferente com você, pelo que notei. Ele é normalmente todo negócio, abotoado, silencioso, o Sr. Cara de Pedra, sabe? E com você, ele é... humano. — Eu sou suspeita de falar sobre isso — disse Layla, passando por mim e para o provador. — Ele não irá a lugar nenhum, além disso, você se casará e então voltarei para Detroit. Então, por agora, vamos apenas focar em torna-la a Sra. Kyrie Roth.


Eu sorri. — Eu gosto do som disso. Kyrie Roth. — Isso soa bem — disse Layla do outro lado da porta. — Eu ainda não consigo acreditar que realmente se casará. Eu nunca pensei que qualquer uma de nós gostaria, para ser honesta. Eu estava pronta para ser solteirona junto com você e então você tinha que foder com todos os meus planos. — Oh, vamos lá, Layla. — O quê? Até conhecer Roth, você não tinha o menor gosto para homens. — Meu gosto por homens estava bem. Eu simplesmente não tinha tempo para nada sério. — Lembra-se de Steven? Aquele cara era assustador. Eu nunca disse a Layla sobre algumas das coisas que Roth me revelou, quando nos conhecemos. Eu saí com um homem chamado Steven, que tinha algumas práticas sexuais muito insalubres. Tais como tortura e — Roth suspeitava, assassinato. Eu tremi com a lembrança de que a vigilãncia de Roth por mim, me salvou. — Foi uma exceção — disse com a voz plana. Layla saiu do provador, vestida mais uma vez com uma regata laranja apertada e bermudas cáqui, que mal cobriam o seu corpo. Ela me deu um olhar interrogativo. — O que não está contanto? Eu suspirei, levei o vestido que tinha escolhido para Layla, trouxe-o para o registo e paguei por isso. Harris estava em pé do lado de fora da porta da loja, recostado à parede, com um calcanhar sobre uma perna, braços cruzados sobre o peito, olhos escondidos atrás de óculos de sol. Ele se afastou da parede e caiu em passo atrás de nós. Olhei para ele. — Harris sabe o que não digo. Harris permaneceu inexpressivo. — Eu não escuto conversas particulares — disse ele. — Layla colocou em causa o meu gosto por homens, antes de conhecer Roth. Especificamente, mencionou Steven. Harris ficou em silêncio por um longo momento antes de responder. — Acho que você não disse a ela. — Dizer-me o quê? — Layla exigiu. — Harris? — solicitei.


— Esta é a sua história para você contar, Senhora St. Claire, — Harris disse e sabia que não receberia qualquer outra coisa dele. Eu suspirei e pensei sobre onde começar. — Ok, então eu disse a você sobre o envolvimento de Roth com os negócios do meu pai e toda essa confusão. Bem, depois que meu pai morreu, depois de... Roth começou a me vigiar. De... longe, você poderia dizer. Não uma espécie assustadora de perseguidor, apenas para garantir que tudo estava ok. — Ele vigiava você, é isso? — Disse Layla, olhando para Harris. — Significa que Harry seguiu você? Harris não corrigiu a má utilização do seu nome, o que foi bastante chocante. — Correto. — E o que isso tem a ver com aquele filho da puta assustador, Steven? — Lembra-se do que aconteceu? — perguntei. Ela assentiu com a cabeça. — Ele simplesmente desapareceu, de um dia para outro. — O seu radar é bastante preciso — disse. — Harris não gostou dos olhares de Steven mais do que você e fez alguma investigação. Acontece que Steven era um BDSM. — Puta merda! — Disse Layla. — Eu sabia! — Na verdade, não é totalmente preciso. Conheço algumas pessoas são BDSM — disse Harris — e Steven não era um BDSM. As funções de um BDSM real — servidão, dominação, sadomasoquismo seguem três princípios básicos: são, seguro e consensual. O que Steven gostava era apenas... doente. As fotos que encontrei nesse arquivo eram apenas a ponta do iceberg e os mais palatáveis para isso. Quando terminava com uma mulher, ela nunca mais seria a mesma. A maioria ficava muito traumatizada e danificada, permanentemente, para ser capaz de fazer acusações criminais. E ele também era bom em desaparecer do radar quando terminava, por isso era muito difícil encontrá-lo. E como não havia ninguém levantando acusações contra ele, não havia ninguém procurando. — Jesus — Layla respirava. — No que ele estava metido? — Tortura — Harris respondeu. — Não era sexo, servidão ou algo do tipo. Era sobre infligir dor. E confiem em mim, nunca foi consensual. Talvez tenha começado como sexo consensual, mas quando suas vítimas perceberam o que ele realmente queria, ele as amarrava e as deixava indefesas. Ele era doente e nunca gostei tanto de livrar o mundo de tamanha sujeira como quando acabei com aquele bastardo.


Layla cambaleou. — Você o quê? Fechei os olhos por alguns instantes. — Você o matou, então? — perguntei. — Eu nunca tive certeza. Roth não quis me dizer. — Tivemos um pouco... de conversa... antes — Harris disse e o tom de sua voz era aterrorizante. — Ele admitiu seus planos para você. Vamos apenas dizer que você receberia um tratamento especial. Ele tinha alguma merda extra e doente prevista para você. Não repetirei nada disso. Gina poderia ter aprendido algumas coisas com ele, vamos colocar dessa maneira. Layla estava visivelmente calma. — Então você o torturou e depois o matou? — Isso vai embrulhar o seu estômago, Srta. Campari? Ele era um predador e planejava o estupro e tortura de sua melhor amiga. Estupro e tortura, de fato, não são as palavras mais precisas para o que ele tinha em mente. Ele sabia sobre você também, na verdade. Ele tinha fotos suas. — A voz de Harris era tranquila, baixa. — Tinha? — Quando acabasse com Kyrie, ele planejava raptar você e se divertir. Você não tinha ninguém que fosse sentir a sua ausência e ele planejava tirar proveito desse fato. isso.

Eu parei e enfrentei Harris. — Você e Roth nunca me disseram

— Não havia razão para isso. Ele foi cuidado. Não precisa se preocupar com algo que não acontecerá. — Eu só... -— Layla parou, como se não soubesse o que planejava dizer. —suponho que lhe devo um agradecimento, então. — Essa não foi a única vez que Harris salvou as nossas bundas sem o nosso conhecimento — disse. — Lembra-se daquela noite na faculdade quando bebemos após as finais? Layla riu. — Depois do semestre? — Exatamente. Bem, neste caso particular, você estava tão bêbada que tive que basicamente levá-la para casa. Layla assentiu. — Ah, essa vez. — Bem, aparentemente, tivemos um pouco de companhia. — Companhia? — Layla franziu a testa. — O que isso significa?


— Isso significa que se não fosse por Harris, nós duas seríamos mortas —disse. — Como? Eu não entendi. — Você estava colossalmente bêbada, então você pode não se lembrar, mas a poucos quarteirões do bar, havia três caras em uma esquina, gritando para nós em espanhol. Eu acho que nos seguiam. De acordo com Harris, eles planejavam invadir nosso apartamento e... bem, tenho certeza que você pode adivinhar. — Puta merda, realmente? — Layla olhou de Harris para mim e para trás. — E você os parou? — Cuidei do problema, sim. Descobri mais tarde que esses três jovens eram procurados por várias outras agressões sexuais violentas e pelo menos um assassinato. Eram provavelmente culpados de mais de dois, no entanto. — Droga. Então você foi o nosso anjo da guarda, hein? — perguntou Layla. — Algo assim — disse Harris. disse.

— Harris é modesto. Não é ‘algo assim’, mas exatamente isso —

Nenhum de nós tinha muito a dizer depois disso, mas notei Layla olhando Harris de maneira especulativa. Ou eu a afastei de vez de Harris ou a intriguei ainda mais. Eu não tinha certeza de qual.


Capitulo SETE PERÍMETRO DE VIOLAÇÃO; A FOGUEIRA

— Eu tenho uma surpresa para você — disse Roth, após o jantar na noite seguinte. Olhei para ele. — O que é, querido? Ele olhou para o relógio e, como se isso fosse uma sugestão, ouvi o zumbido distante de um avião se aproximando. — Aqui estão eles. — Eles? — Eu perguntei. — Harris e Layla... e a surpresa. Harris e Layla haviam saido juntos no hidroavião na noite anterior e eu não sabia de por que. Imaginei, num primeiro momento, que talvez fosse apenas uma viagem rápida, uma chance para Layla praticar seu novo amor por voar. Mas então, quando não voltaram à noite ou no dia seguinte, percebi que não tinha sido apenas uma viagem rápida. Eu perguntei a Roth, mas ele tinha dado de ombros e mudado de assunto, através do método eficaz, mas injusto do cunnilingus. E agora aqui estavam eles, quase 24 horas mais tarde, com uma ‘surpresa’ para mim. Eu não imaginava o que Roth havia planejado; ele era muito hábil em me surpreender. Eu fui para a praia, segurando a mão de Roth, observando o brilho do sol dourado nas asas do hidroavião que se aproximava. As asas vacilaram de um lado para o outro e o avião reduziu para a água com algo menos do que o habitual perfeito movimento de Harris, me fazendo perguntar se, de fato, foi Layla que tentou uma aterragem. Metro por metro, o hidroavião azul claro de dupla hélice foi reduzindo a velocidade na água e pulverizava o pôr do sol com gotículas de ouro líquido. Com um salto fora da água, uma oscilação das asas, depois outro salto, então tocou a água mais uma vez e desta vez por fim, com o envio de água despejando em arcos de ambos os lados. Em seguida, o barulho e as hélices reduziam a velocidade e o nariz estava caindo para frente e o avião estava deslizando em toda a superfície da água em nossa direção, cortando para o lado no último minuto. A


manobra em direção à doca foi afiada e eficiente, o que significava que era provável que Harris o trouxe pelo resto do caminho. — Isso foi um pouso feio — Roth murmurou. — Eu acho que foi Layla — disse. — Oh. Eu não sabia que ela voava. — Ela não voa. Harris a está ensinando. Roth olhou para mim em choque. — Puta merda. Realmente? — Realmente. Ela decolou quando todos nós fomos para St. Thomas. Você não percebeu? Ele fez uma careta. — Não, eu não percebi. Eu seguia um leilão de uma das minhas empresas. Robert enviava-me as atualizações por email. — Eu achei que parecia preocupado. Ele beijou minha têmpora. — Eu estava, não é? Sinto muito. A desmontagem de uma corporação internacional de vários bilhões de dólares com dezenas de subsidiárias não é exatamente um processo rápido, nem fácil. Eu deveria estar lá, pessoalmente, lidando com tudo isso. Mas não podia, então... — Ele deu de ombros. — Eu faço o que posso. O processo está quase pronto, no entanto. A nova corporação está no lugar e estamos ajeitando as últimas probabilidades e extremidades. Esperemos que desta vez, na próxima semana, a VRI seja história e a St. Claire, Incorporated estará instalada e funcionando. — Eu gostaria que estivesse lá, também — disse a ele. — Esta é uma boa prática, — disse ele, quando se moveu em direção ao cais, onde o hidroavião parava. — A nova configuração me permite operar remotamente 100% do tempo. Isso coloca um monte no prato de Robert, mas então, dei-lhe um enorme aumento para compensar. E ele é mais do que capaz. Ele é a única pessoa, além de Harris e você, que confio implicitamente. — Será que Harris tem segurança sobre ele? — perguntei. Roth riu. — Tanto que ele está dirigindo Robert Batty. Harris tem mais segurança sobre ele do que o presidente, tenho certeza. — No entanto, temos apenas Harris? — Apenas Harris? — Roth disse, com as levantadas. —Estamos falando sobre o mesmo cara? — Sim, mas...

sobrancelhas


— E não, não é apenas Harris. Ele têm homens lá fora, agora, protegendo-nos. Você simplesmente não pode vê-los. E espero que nunca precise, que é o ponto inteiro. Olhei em volta, mas tudo que podia ver era a floresta, a casa na colina atrás de nós, o mar e, ancorado na baía, o Eliza. — Onde eles estão? Roth deu de ombros. — Não sei ao certo. Existem algumas dependências escondidas na vegetação ao redor da casa, há alguns homens lá fora. Há um franco atirador no Eliza. Alexei fica na propriedade por aqui, em algum lugar, rondando. Temos meia dúzia de pares de olhos sobre nós em todos os momentos. Eu lhe asseguro. — O tempo todo? — perguntei, um pouco desconcertada com o pensamento de olhos observando-nos em... certos momentos íntimos. Roth apenas riu novamente. — Eles são discretos, prometo. Se estamos... íntimos, digamos assim, eles mantêm seus olhos sobre a nossa localização, mas não em nós diretamente e qualquer entrada de áudio é silenciada. Protocolo padrão, disse. — Então Harris é... — A ponta da lança, você poderia dizer. A parte visível do iceberg, com o volume real escondido abaixo da água. Se você acha que Harris é assustadoramente eficiente, o resto de seus homens o fazem parecer como um gatinho inofensivo. Ele é de longe o mais agradável... especialista em segurança que já conheci. — Harris é... agradável? — Comparado com os vilões mal-reformados a seu serviço? Sim. Eu conheci um monte de seus homens ao longo dos últimos meses. Ele escolhe bem. Digamos apenas que você não contrata pessoal de segurança privada com base em suas personalidades brilhantes. — Eu não tenho certeza se quero saber o que isso significa. — Não. — Eles são como os homens de Vitaly? — De jeito nenhum. Vitaly emprega assassinos e bandidos. Seus homens são pouco mais que bárbaros. Os homens mais próximos a ele, sua força de segurança pessoal, esses homens são um pouco mais humanos, mas o resto são monstros largados no mundo. Os homens de Harris são competentes, eficientes, bem treinados e acima de tudo... possuem, pelo menos, um mínimo de humanidade. Uma faísca da moralidade, suponho que você poderia dizer. Eles são ainda


mercenários que lutam pelo maior lance, mas nenhum deles tolerará o tipo de mal que Vitaly propaga. — E Alexei? — perguntei. Eu conheci Alexei no meio da coisa toda com Gina e Vitaly. Ele parecia bom o suficiente, mesmo que seus olhos fossem um pouco duros e distantes. Com boa aparência de uma forma rústica, também era um músico, tendo tocado guitarra e cantado lindamente no jantar em que Roth tinha proposto para mim. — Alexei foi designado para interagir diretamente com a gente, especificamente porque ele pode realmente se comportar. Mas ele ainda não é um homem que eu gostaria de encontrar em um beco escuro. Por esta altura, as hélices tinham parado e a porta se abria, despejando uma Layla exuberante. — Você viu aquilo? Puta merda! Eu aterrissei um avião, cadela! Harris foi o próximo, com um leve sorriso divertido no rosto. — Um avião que precisa ser amarrado para que ele não flutue, Srta. Campari. — Sim, Senhor, prontamente, Senhor! — Layla disse, com uma acentuada saudação dramática. — E por que sempre que estamos perto de outras pessoas você me chama de 'Srta. Campari', mas quando estamos sozinhos você me chama pelo primeiro nome? Não entendo. O rosto de Harris imediatamente limpou-se de expressão. — Eu pegarei as malas. — E então ele estava de volta na fuselagem, fora da vista. Layla terminou de amarrar a corda ao redor do poste da doca com um nó que, obviamente, Harris tinha lhe ensinado, então, endireitou-se e olhou para Harris. — Ele é um merdinha melindroso, não é? — Espere, essa não foi a sua primeira aterrissagem, foi Layla? — Veio uma voz familiar. Uma voz que não ouvia há muito, muito tempo. — Cal? — Minha voz falhou. — Sim, foi o meu primeiro pouso, Calvin, — respondeu Layla, com a voz um pouco demasiado formal. — Por que pergunta? Ele saiu do avião, todo os 1.92 cm dele, cabelo loiro curto e arrepiado, óculos espelhado no rosto, uma regata revelando braços musculosos, bermuda floral rosa brilhante. Deus, meu irmão mais novo tinha crescido.


Cal recebeu um olhar de Layla e pensou melhor no que estava prestes a dizer. — Apenas... que foi ótimo. Bom trabalho. Estou contente que essas aulas estão valendo a pena. Impressionante. Ela sorriu para ele. — Lições? Oh, não tenho tomado quaisquer aulas reais. Harris está me ensinando. — Então... você realmente não tem uma licença de piloto? — perguntou Cal, parecendo um pouco verde. — Licença de piloto? — Layla riu. — Companheiro, quase não tenho minha carteira de motorista. Harris surgiu com uma mala em cada mão. — Não se preocupe, Sr. St. Claire. Eu estava no controle em todos os momentos. A Srta. Campari é uma piloto natural e muito cuidadosa. Eu não teria lhe permitido tocar nos controles da minha aeronave se confiasse nela. Ela só gosta de provocá-lo, ao que parece. — Sim, bem, Layla vem me provocando desde que tinha quinze anos. Você imaginaria que estivesse acostumado com isso agora. — ele se virou para mim, e sua expressão se iluminou. Ele correu, me envolveu em um abraço de urso, levantando-me da doca. — Jesus, Kyrie. É tão bom ver você. Eu senti sua falta. Eu pensei que talvez você tivesse desaparecido da face da terra desta vez. — Eu desapareci, para todos os efeitos. — Dei um tapa no seu ombro. —Agora me coloque no chão, seu ogro. Ele me abaixou, mas manteve um controle sobre meus ombros. — Você me deve um monte de explicações. Engoli em seco. — Eu sei. — Quer dizer, não vejo você por... dois anos? Você costumava me ligar de vez em quando, pelo menos, mas, depois tudo parou. Quer dizer, entendo que você está ocupada e que sou apenas seu irmão mais novo, mas... — Cal — bati. — eu disse que eu sei. Ele me olhou e vi que por trás dos sorrisos e abraços, ele estava chateado comigo. Eu realmente devo a ele um monte de explicações. — Desculpe. Eu apenas... acordei esta manhã e Layla estava no meu quarto, vasculhando minhas revistas. Tem sido um dia estranho, não é preciso dizer. — Seu pornô, você quer dizer? — Disse Layla, com forte ênfase no “pornô”. Ela levantou uma sobrancelha para ele. — Quer dizer, de


verdade. Quem realmente ainda compra Juggs13? E onde você compra essa merda? — Um olhar sobre mim. — Você sabia que seu irmão tem centenas de revistas pornôs? Não apenas Juggs, mas praticamente todas as outras revistas pornôs que existem. Centenas delas. Eu não estou brincando. Eu balancei minha cabeça. — Jesus, Layla. Eu não preciso saber isso sobre meu irmão. Cal coçou a testa com o dedo médio. — É uma coleção e não é toda minha. Meu companheiro de quarto e eu temos colecionado por tanto anos. — Uau, para que vocês dois colecionam revistas de mulher peladas? — Layla imitou a masturbação masculina. — Vocês batem punheta juntos também? — JESUS, LAYLA! — Cal e eu gritamos, simultaneamente. Ela deu de ombros e se esforçou para parecer inocente. —É uma pergunta honesta. Virei-me para ele. —De verdade, no entanto. Por que você coleciona pornô? Ele passou por mim. —Eu não estou tendo essa conversa com você, com qualquer uma de vocês. Isso não está acontecendo. — Ele fez uma pausa quando passou por Valentine. —Sr. Roth. Prazer em conhecê-lo. Eu sou Cal. —Prazer em conhecê-lo, Cal. Apenas me chame de Roth. — Ele apertou a mão de Cal. —Seja bem vindo. O seu quarto é o segundo a direita, depois de passar pela cozinha. Fique à vontade; pegue uma cerveja na geladeira em seu caminho. Eu sei que você tem um monte de perguntas, e eu prometo que nós vamos responder como pudermos, sem arriscar sua segurança. Enquanto isso, por que você não recolhe as malas de Harris? Ele não é um mordomo, então ele não vai carregar suas malas para você. Cal andou de volta para Harris e pegou suas malas. —Obrigado pelo vôo, Harris. — Foi um prazer, Sr. St. Claire. Apesar de, no interesse da divulgação, a maior parte do tempo era Layla. — Mesmo no jato? Harris concordou. — Eu fiz a decolagem e pouso, mas Layla fez o nível de vôo. 13 Peitos realmente grandes.


— Bem... maldição. Eu nunca percebi. — Ele olhou para Layla. — Você não nos matou, então foi um bom vôo, eu acho. Ela empurrou seu ombro. — Vá pegar uma cerveja descomprimir, idiota. Você não estaria aqui se não o amasse.

e

— Eu sei. Como disse, tem sido um dia estranho. Layla riu. — Cara, você não tem ideia do que é um dia estranho. Acorde em um barco no Mar da China Meridional e vá para a cama no Oceano Índico, e depois conversamos. Ele apenas balançou a cabeça e caminhou até a casa. Eu ouvi um distante ‘puta merda’, quando ele fez o seu caminho através da cozinha e viu o pátio além. — Você não deveria pressionar, Layla — disse. Ela apenas me olhou. — Você me conhece? Isto é o que eu faço. Os botões são feitos para serem pressionados e é tão fácil, com ele. Sério, Kyrie. Você deveria ter visto todo o pornô. Era uma coleção verdadeiramente inspiradora, vou dizer que muito. — Juggs? Sério? — perguntei. — Juggs. De verdade. E Penthouse, Hustler, Playboy... se tiverem mulheres nuas nele, ele tinha uma cópia de cada. Eu balancei minha cabeça. — Eu não sei, Layla. Ele é um cara. Caras fazem coisas estranhas. Layla virou para Harris. — Você coleciona pornô? Ele apenas olhou para ela por trás de seus óculos de sol. — A única coisa que já colecionei foram cicatrizes, Srta. Campari. E as memórias que vêm com elas. — Bem merda, Harris, — disse Layla, — uma ótima maneira de acabar com a diversão. Além disso, esse foi o retorno mais durão que eu já ouvi. — Eu pretendo agradar, Srta. Campari. Ela olhou para ele. — Eu juro por Deus, você me chama assim só porque você sabe que me irrita. — Os botões são feitos para serem empurrados — Harris disse. Harry.

— Eu sinto que talvez você me entenda em um nível espiritual,


— E eu sinto que talvez tenha ouvido uma ligeira vibração em um dos motores e se você quer voar aviões a hélice, você deve ter uma compreensão básica de como corrigi-los. — É melhor não ter graxa sob minhas unhas. — Você não ouviu? Graxa de motor é a mais nova onda nos cuidados de beleza. — Espere. Isso foi uma piada? — Layla riu. — É melhor você ter cuidado, Harry ou começaria a pensar que você é um ser humano, depois de tudo. — Ao contrário do que, exatamente? — Hum. Um exterminador? Harris realmente riu, um sorriso rachou as suas feições. E mesmo com os Oakleys preto escondendo seus olhos, suas feições foram transformadas pelo sorriso. — Você não encontrou Thresh, ainda. Ele é um exterminador da vida real. E então, para minha grande surpresa, Harris ajudou Layla a subir na asa, mostrou-lhe como abrir o capô sobre o motor e apontou para várias partes do motor com uma chave, explicando, enquanto Layla observava e ouvia atentamente, fazendo perguntas de vez em quando. Layla, trabalhando em um motor de avião? Será que nunca deixo de me maravilhar?

~*~ Já era bem depois da meia-noite. Fizemos uma fogueira na praia, iluminando um círculo de areia e escurecendo algumas das estrelas diretamente acima. Além da luz do fogo, no entanto, a noite era enorme e escura, a lua nova, um círculo preto visível somente por sua ausência, sobrecarregava as estrelas espalhadas em incontáveis milhões, um brilho, piscando, piscando, uma queda de luz prata cintilante em um arco de horizonte a horizonte e para baixo para a extremidade do mar. Eu estava bêbada. Valentine também estava bêbado e eu estava em seu colo, embrulhada em seus braços. Harris estava... bem, não bêbado, mas solto. Contando histórias, rindo de piadas, sem os óculos de sol, vestindo calções pretos e uma camisa branca de botão de manga curta, desabotoada, para mostrar um duro e magro torso musculoso com uma dispersão de cabelo escuro. Ele


tinha uma cerveja em uma mão e uma vara longa na outra com a qual incessantemente cutucava o fogo, mexendo-a, movendo as toras ao redor, transformando-as, estimulando as brasas. Cal estava na areia ao lado de Valentine e eu e também estava bêbado, e Deus, estava histérico. Ele era, honestamente, a vida de nosso pequeno grupo, fazendo-nos rir com histórias de seus amigos, ridículas palhaçadas de garotos universitários selvagens soltos na desavisada Chicago. Pareceu-me que sabia pouco sobre Cal, sobre o homem de vinte e um anos de idade que era agora. Ele era tão jovem quando meu pai foi morto e eu tinha sido responsável por ele. Eu cuidava dele, fazia seus almoços e saía para a escola, fazia com que ele fizesse a sua lição de casa, fazia o jantar quando chegava em casa, fazia com que tivesse roupas limpas. Dava-lhe dinheiro quando tinha algum de sobra. Deixava-o no shopping com os amigos, cheirava a sua respiração em busca de álcool quando chegava em casa. Mas então ele se formou aos dezessete anos e conseguiu uma bolsa na Columbia College e tive a certeza de manter o controle sobre ele. Eu pagava as mensalidades que a sua bolsa de estudos não cobria e ficamos juntos para o Natal e Ação de Graças e visitávamos a mãe juntos. Pelo menos até que tudo acontecesse com Valentine. E então eu meio que, como Cal tinha insinuado, desaparecido sobre a face da terra. Valentine teve a certeza de que, tanto Cal e mamãe, fossem cuidados financeiramente e eu enviei um e-mail para Cal explicando que estava namorando um cara que estava ‘bem de vida’. Só para deixá-lo tranquilo, eu acho. Quer dizer, como você define um homem como Valentine Roth para um garoto de dezenove anos de idade? E, desde então, ligava para Cal de vez em quando. Mamãe? Não muito. Mamãe não fala ao telefone. Não envia ou recebe cartas ou e-mail. Não tenho certeza se mamãe sequer notou que parei de visitá-la. Ainda me sentia culpada, no entanto. Mas... não podia exatamente visitá-la, para seu próprio bem. Se aparecesse em seu hospício, seria comunicado para Vitaly e seria um alvo a atingir. Harris tinha pessoas checando-a, certificando-se de que ninguém a incomodasse. Mas isso era tudo que podia fazer. Eu desliguei-me, voltando para a história que Cal contava, que envolvia o seu companheiro de quarto e um porco de duzentas libras, no último dia de aulas na Columbia, no ano passado. — ...e eu juro por Deus, que o porco era mais rápido do que uma maldita chita! Você deveria ter visto o guarda de segurança tentando pegá-lo! A coisa mais engraçada que eu já vi. Layla era, eu não tinha certeza do que ela era. Ela estava bebendo, mas lentamente, e eu acho que ela cuidou de uma bebida a noite toda. Ela ria das histórias, mas havia algo suave sobre ela. Mas, uma coisa que notei foi que ela observava cada passo de Harris. Atenta


a cada palavra sua. Era estranho. Além estranho. Ela tinha muito pouco a dizer, ocasionalmente oferecendo um comentário ou contando uma piada, mas estava principalmente tranquila, o que era totalmente diferente dela. Em qualquer festa, qualquer reunião de pessoas onde havia álcool envolvido, Layla era, geralmente, o centro. Dirigindo a energia e normalmente recebendo, como ela diz. Eu tentei me concentrar na história de Cal, que mudou de alguma coisa sobre a brincadeira com o porco, para uma aventura que ele e seu companheiro de quarto experimentaram, envolvendo um saco de maconha e um agente anti-droga disfarçado. Parecia o tipo de história que era engraçada agora, mas não foi engraçada quando acontecia. Ok, talvez estivesse cochilando. Eu sintonizei em cada quinta palavra, sorrindo preguiçosamente no peito de Roth. Layla estava sentada na areia ao lado direito Harris; os dois estavam de costas, nas sombras, longe do fogo. Apenas seus rostos eram visíveis, virados um para o outro. Harris dizia algo que não podia ouvir e Layla balançava a cabeça e sorrindo. E merda, esse sorriso? Era... Eu tive que procurar uma palavra. Íntimo. Privado. Meu coração derreteu. Deus, se Layla e Harris acabassem juntos, as coisas seriam quase perfeitas. Mas então algo realmente estranho aconteceu. Uma sombra perto da linha de água se destacou, o brilho deslocando para o mar e o brilho da luz das estrelas e da escuridão da noite, mostrou a forma de um homem. Alexei. Alto e largo. Forte e magro. Com uma medonha cicatriz retorcida escorrendo pelo rosto, da testa ao queixo. Ele estava vestido em tons de cinza e preto: calça BDU14 enfiada nas botas de combate de cano alto, uma camisa cinza de manga curta com um colete à prova de balas preto, um boné cinza na cabeça, decorado com uma mancha negra que tinha ‘A1S’ bordado em letras vermelhas. Ele tinha um rifle compacto pendurado sobre o peito, a correia cortada para seu colete em vez de pendurar ao ombro. Ele tinha uma pistola ao seu lado, um cabo da faca em uma bainha em seu colete, e vários outros apetrechos em seu cinto, que não consegui identificar. Ele parou nas sombras bem fora do círculo de luz da fogueira, agachado perto de Harris e murmurou em voz baixa, no que parecia e poderia ser russo. Harris concordou com a cabeça duas vezes, murmurou algo de volta e então se levantou, colocando a garrafa de cerveja meio consumida na areia. — Harris. — Foi a declaração de Roth, baixo, um comando.

14 Battle Dress Uniform (BDU) – Uniforme camuflado.


— Eventual violação do perímetro — disse Harris quando desapareceu nas sombras, botando a mão nas costas e pegando um revólver preto, verificando o clipe, e devolveu-o. — Provavelmente nada, mas verificarei de qualquer maneira. — Devemos ficar aqui? — Perguntou Roth. — Não. Alexei irá acompanhá-lo para seus quartos. — Harris olhou para Layla. — Não há nada para se preocupar. Basta ser cautelosa. — Confiarei em você sobre isso, Harris — disse Roth. — Não preciso dizer que quero que você ou Alexei me informe no momento em que descobrirem a natureza exata da violação. Em seguida, Roth levantou-se sem largar de mim, um braço sob minhas pernas e a outra ao redor dos meus ombros, tomando a liderança, atrás de Alexei, que se moveu em uma rápida espreita silenciosa pela areia em direção à escadaria que levava até a casa. Sua arma foi colocada baixa, o cano ainda baixo, mas sua cabeça girava constantemente de um lado para o outro, verificando nossa retaguarda e para manter todos nós juntos. Paramos no quarto de Cal primeiro e Alexei entrou no quarto sozinho, garantindo que estivesse seguro. Quando ficou satisfeito, permitiu que Cal entrasse, com instruções para não sair, informando-o que um grupo de segurança patrulharia a área. Em seguida, parou no quarto de Layla e Alexei repetiu o protocolo, desta vez tendo tempo para garantir que Layla tivesse tudo o que precisava. Quando estava prestes a fechar a porta de seu quarto, Layla olhou para mim interrogativamente, sem dizer uma palavra. Eu poderia dizer que estava um pouco nervosa. Vendo a expressão em seu rosto, Roth disse, — Layla, por favor, não se preocupe. É melhor estar segura do que arriscar. Harris nos cobriu. Haverá uma equipe de segurança à sua porta. Layla apenas balançou a cabeça, sem parecer convencida e continuamos pela casa. Alexei precedia Roth e eu em nosso quarto, varrendo o quarto e o banheiro antes de sair. Meu coração estava disparando. — Você acha que há alguém lá fora? — perguntei. — De verdade? Roth balançou a cabeça. — Não. Se Alexei pensasse que havia um perigo real, teríamos sido levados para o navio, ao invés de para a casa. Há um Zodiac em terra em todos os momentos, pronto para nos


levar para o Eliza em caso de uma emergência. Como Harris disse, eles estavam apenas sendo cautelosos. — O que Harris quis dizer com violação do perímetro? — Há detectores de movimento escondidos ao redor do perímetro da propriedade, inclusive ao longo da linha de água. Há também bóias na água por cerca de 500m, com lasers na linha de visão, conectandoas a praia, por isso, se alguém se aproximar do mar, seremos alertados. A tripulação do Eliza tem o radar ativo em todos os momentos. Além disso, há outro perímetro com sensor de movimentos, imediatamente ao redor da própria casa. Assim, para responder a sua pergunta, uma violação perímetro poderia ser um barco de pesca que apareceu em nossas águas. A tripulação do lado do oceano os saudaria e os enviaria em seu caminho. Ou poderia ser algum animal na floresta que desencadeou os detectores de movimento. Não há nada para se preocupar, querida. — Eu não tinha ideia que houvesse tantos recursos de segurança diferentes no lugar. Roth riu. — Você acha que a traria para a terra, em qualquer lugar do planeta, sem me certificar de que fosse tão seguro quanto humanamente possível? Quando fomos a terra em St. Thomas, os homens de Harris estavam lá uma hora antes de nós, varrendo tudo. Eles cutucaram em cada prédio, cada cobertura, cada banheiro e aluguel de balcão. Eles estavam lá quando desembarcamos, varrendo à nossa frente e seguiram atrás de nós. Havia um franco atirador no lugar, seguindo cada movimento nosso também. Em cima de um telhado em algum lugar, eu acho. — Um franco atirador? Roth assentiu. — Andrei, acho que é o nome dele. O primo de Alexei. Havia Sasha lá fora em algum lugar também, que é irmão de Alexei. Eu acho que quando Harris e companhia invadiram a ilha para resgatá-la, o irmão de Andrei — primo de Alexei — foi morto. Então os três assinaram com Harris, por uma chance de acertar as contas com o clã Karahalios. São homens bons de ter ao nosso lado, mas realmente, uns filhos da puta assustadores. Homens que não gostaria de ter como inimigos. Ex-Spetsnaz, eu acho. — Spetz... o quê? — perguntei. Eu tinha ouvido falar dele, mas estava confusa o suficiente para não ser capaz de me lembrar. — Forças especiais russas. Como os SEALs da Marinha. — Estou feliz que eles estão lá fora, então.


— Eu também. — ele passou um polegar em minha bochecha. — Você deveria dormir. Ella trará o seu vestido, amanhã será a prova final. — Eu não fiz nenhum plano — disse, inclinando-me contra seu peito. — Eu sei. Eu fiz, no entanto. Olhei para ele, sorrindo, surpreendida. — Você fez? Ele parecia muito satisfeito consigo mesmo. — Eu fiz. Alguns planos muito especiais. É por isso que é melhor você dormir um pouco, porque amanhã será um longo dia. Muito a fazer. — Como aquele outro? Ele levantou uma sobrancelha. — Se você for boa. Eu tentei olhar inocente, piscando com olhos arregalados. — E se eu for ruim? — Não me tente, Kyrie. Você é muito bonita para lidar com isso quando está bêbada. — Eu não estou tão bêbada — protestei. Ele me soltou e prontamente tropecei. — Ah, não? — ele me virou e fui em direção à cama. — Aposto que você não pode ir para a cama sem cair. — Se conseguir, o terei amarrado com uma gravata e e farei o que quiser com você. Eu nunca tive uma noite como aquela em Vancouver, se você se lembra. Seus olhos estavam famintos. — Ah, Vancouver. Uma noite agradável. Eu acho que ainda tenho as marcas nas costas de suas unhas. — Ele mordeu minha orelha, sussurrando. — Se você caminhar até a cama sem tropeçar nem mesmo uma vez, eu permitirei que você me amarre e faça o que quiser. — Eu terei você amarrado por horas. — Eu virei para olhar para ele, e de alguma forma acabei de lado, com suas mãos segurando-me na posição vertical. — Eu vou deixá-lo no limite do orgasmo por tanto tempo você me implorará para deixá-lo gozar. — Você não precisa me amarrar para me fazer implorar por você, Kyrie. — Ele abriu meus shorts, deixando-o cair no chão. Ele tirou minha camiseta, tirou o meu sutiã e jogou tudo de lado. — Tudo que você tem que fazer é ficar nua e estarei pronto para mendigar.


Vestida apenas com a minha calcinha, me forcei na posição vertical, me voltado para a cama, que de repente parecia ter crescido em mais de uma cama. Estúpido colchão Tempur-Pedic. Concentre-se. Concentre-se. Eu levantei meus braços como uma equilibrista, para grande diversão de Roth. E então dei um passo. Um único passo, muito vacilante. E depois outro. Meus braços como moinho de vento, e o mundo inclinou para o lado, mas permaneci em pé e dei mais um passo. Eu realmente queria amarrar Roth. Querido Jesus, para tê-lo de braços abertos na cama, mãos amarradas, pés atados, o grande pau suculento exposto e implorando para brincar com... Eu estava toda molhada só de pensar em todas as várias maneiras que poderia torturálo. Quanto mais focava no que poderia fazer com Roth, mais perto ficava da cama sem tropeçar. Mas merda, quando este quarto ficou tão grande? Eu poderia chupá-lo até que estivesse pronto para gozar e depois parar. E então poderia beijá-lo por toda parte, em todos os lugares, exceto seu pênis, até que começasse a perder sua ereção e então o lamberia como uma casquinha de sorvete, mas nunca realmente colocando minha boca sobre ele. Oh Deus, eu o deixaria absolutamente louco. Veja o que eu fiz lá? Ele ficaria... louco? Eu sou tão engraçada. E então estava na cama, triunfante, virando para me vangloriar, o que, foi a minha ruína. Literalmente. Eu cai de lado na cama. — Isso conta! Eu consegui! — gritei. Roth estava lá, de pé ao meu lado, levantando-me na posição vertical. —Você caiu, querida. Isso não conta. — Eu consegui, cheguei à cama primeiro! Ele apertou meu mamilo entre o polegar e o dedo indicador até que engasguei. — Você caiu sem tocar na cama primeiro. Isso não conta. Eu fiz beicinho. — Mas eu quero amarrar você. — Por quê? — ele beliscou o outro mamilo e depois inclinou-se para levá-lo em sua boca, sugando até que meus mamilos estavam rígidos e hipersensíveis. — Porque eu quero. — Mas por que você quer, Kyrie? Você sabe da minha história sobre estar preso. Eu inclinei minha cabeça para trás enquanto ele caia de joelhos, chupando forte um mamilo e depois o outro, abaixando minha calcinha


enquanto caía. Engoli em seco quando sua língua tocou meu clitóris, momentaneamente perdida na minha linha de pensamento. — Eu... Por que... Olhei para ele, para sua cabeça, seus cabelos estavam mais loiros do que nunca, enrolando em volta da gola, acariciando sua testa. Sua barba estava crescida, também e realmente gostava. Isso fazia cócegas, mas era suave, agora. No inicio arranhava — o que levou algumas semanas de uma dieta sem boceta para Valentine, mas quando insistiu que estava crescida suficiente para ser suave, eu o deixei fazer oral novamente e Jesus, era incrível. As cócegas tornavam tudo o mais intenso, porque era um contraponto ao êxtase de sua língua talentosa. Então, agora ele estava de cabelos compridos e barba. E gostei. Eu não costumo gostar de um visual robusto, mas com Roth, tudo era sexy demais. Mas olhando para ele, tive uma lembrança dele no velho barco, em algum lugar do Mediterrâneo, algemado à cama, nu, enlouquecido, machucado, sangrando, selvagem. E lembrei-me. — Porque você é meu — rosnei. — E não deixarei que ela tenha qualquer parte de você. Eu quero amarrar você para que possa afastar essa experiência. Eu estava no ar, torcida e saltei para baixo na cama, em uma posição sentada. Ele desfez seu short cáqui com uma mão e o ajudei com sua roupa de baixo, enquanto ele tirava a sua camisa. Eu gemi com a visão de seu pênis, esperando por mim. Rígido, grosso, bolas pesadas e tensas querendo gozar, barriga lisa e abdômen firme. Ele agarrou meus quadris e me puxou para perto dele; envolvi minhas pernas ao redor de sua cintura e olhei para ele enquanto entrava em mim. Nenhum aviso, nenhuma gentileza. Apenas um impulso forte e estava até as bolas, profundamente em mim, com vívidos e penetrantes olhos azuis, quentes como uma chama azul. Meus seios balançaram quando ele me fodeu, sem palavras. Ele estava selvagem, de repente. Feral. Primal. Eu sabia que tinha dito a coisa certa. — Você é meu, caramba — assobiei. — Irei amarrá-lo e provocálo até que você me implore. E depois... — O quê? — perguntou, saindo de mim, me agarrando pela cintura e me virando, empurrando-me com uma deliciosa brusquidão na cama, empurrando-me para inclinar para frente, espalhando minhas coxas e conduzindo em minha boceta por trás. — O que você fará comigo, então, Kyrie, meu amor? — Quando estiver desesperado por gozar, montarei você como um garanhão selvagem, até encher minha boceta molhada e apertada com seu gozo. E vou deixá-lo amarrado, fazê-lo ficar duro novamente, e


montarei você, de novo e novamente. Eu lhe foderei cruamente, Valentine. Não deixarei você me tocar sequer uma vez. Porque provarei para você mais uma vez que pertence a mim, tanto quanto pertenço a você. — Você já provou isso, meu amor. — Ele estava se movendo lentamente agora. Fazendo amor comigo com dor, com suave gentileza. Eu amei a justaposição. Geralmente, por atrás, ele ficava enlouquecido e primal, diferente do lento e suave do cara a cara. Mas desta vez cariciava minha coluna, meus ombros, tirando meus cabelos loiros do caminho, segurando meus quadris, seu pênis deslizando dentro e fora de mim lentamente. Oh merda, estava perto. Ele também estava. Estiquei-me e empurrei-me para suas estocadas. O senti tomar meus quadris, me puxar para ele, esmagando a minha bunda nele, proporcionando uma almofada grossa e saltitante. Deus, sim. Sim. Eu sabia que era barulhenta e enterrei meu rosto no colchão e deixei-me gritar no edredom enquanto fez amor lento e doce até que gozei. E Deus, eu gozei. Mas ele estendeu. Ele esperou até que estivesse ofegante e tremendo, antes de se retirar. Virei no lugar e deitei-me na cama, envolvendo minhas pernas ao redor dele. Alcançando-o entre nós, guiei-o de volta em mim, pois sabia de suas necessidades, seus ritmos; ele precisava olhar para mim quando gozasse, sabia que era que precisava também. Estava quase pendurada fora da cama, apenas a minha parte superior da coluna e ombros ainda apoiadas no colchão, o resto do meu peso era sustentado por Valentine. Ele entrou em mim, agora com estocadas rígidas e lentas, seus olhos nos meus. Senti que engrossava com cada impulso ao se aproximar mais e mais do orgasmo e, quando soube que estava ali, estendi a mão, agarrei-o pelo pescoço e puxei-o para mim, esmagando meus lábios nos dele e beijando-o com tudo o que tinha. Ele se perdeu, então. Ele gemeu no beijo, quebrou o beijo para descansar sua testa entre os meus seios e empurrou em mim descontroladamente. — Eu amo você — sussurrei enquanto entrava e saía de mim de novo e novamente. Fiz um canto, agarrando a sua cabeça e me contorcendo nele. — Te amo, te amo, te amo... Então ele se esvaziava em mim como uma mensagem em minha pele, o suor deslizando em sua carne dura, sua semente quente


jorrando dentro de mim, em onda após onda, impulso após impulso. Quando finalmente acabou, se deitou sobre mim por um longo momento, ofegando. Eu amei o seu peso sobre mim. Eu acariciava seu couro cabeludo, pescoço, ombros, braços, escorregando meus dedos pelos seus cabelos e o ouvia respirar. — Estou sóbria, agora — disse, quando levantou-se para olhar para mim. — Como é que você sempre sabe exatamente o que preciso ouvir, Kyrie? — sussurrou, retirando uma mecha de cabelo do meu rosto. — Porque somos uma pessoa dividida em dois corpos, Valentine. Eu sei o que você precisa ouvir, porque isso é o que preciso para fazer você entender, o que eu preciso lhe dizer. — Eu a amo mais do que eu sei como expressar, Kyrie. — Você deveria se casar comigo — disse com um sorriso. — Isso expressará muito, muito bem. — Então é melhor você dormir um pouco — disse ele, com expressão séria. — Porque isso acontecerá amanhã. — Amanhã? Ele balançou a cabeça, então se inclinou e me beijou. — Amanhã. Estendi a mão e agarrei-me ao seu pescoço, gritando de felicidade. — Eu mal posso esperar para ser a Sra. Kyrie Roth. — Você quer tomar o meu nome? — perguntou, parecendo satisfeito. — Bem, sim. Claro que quero. Eu quero ser sua em todos os sentidos que existe. — Eu sei que este é um momento estranho para perguntar, provavelmente, mas... e crianças? Quando isso tudo for resolvido, quando pudermos relaxar e estar em algum lugar permanente, você consideraria ter filhos comigo? Eu tive que engolir em seco o nó quente de emoção em minha garganta. Ele queria ter filhos? Roth? Meu Valentine, meu sexy, recluso, noivo bilionário queria ter filhos comigo? — Quando pudermos estar em algum lugar seguro e permanecer, quando não houver nenhuma ameaça — disse, com lágrimas em meus olhos — então sim, Valentine, terei os seus filhos.


— Então, eu, mais do que nunca, tenho uma razão para resolver isso. — Ele me pegou e me colocou na cabeceira da cama com um beijo. Ele pegou uma toalha e limpou sua semente com movimentos suaves e amorosos e depois deitou ao meu lado, envolvendo-me em seus braços. — Kyrie Abigail Roth. — Sou eu — murmurei sonolenta, percebendo que não estava tão sóbria como pensava. — Amanhã você se tornará minha esposa. — Ele soou como se não pudesse acreditar. Eu me senti da mesma maneira, mas estava muito perto de dormir para formar palavras. — Mmmm-hmmm — foi tudo o que consegui. Sua respiração combinava com a minha e então dormimos.


Capitulo oito CURTO CIRCUITO

Quatro batidas afiadas e curtas sobre a porta sacudiu-me e acordei. Olhei pela janela e vi que era provavelmente uma ou duas horas antes do amanhecer, o céu ainda estava preto, mas com tons suaves de cinza no horizonte, onde se encontrava com o mar brilhante. — Sr. Roth. — era Alexei. — Sua presença é necessária, Senhor. Imediatamente se possível, por favor. Eu ainda piscava para acordar quando Roth saiu da cama e colocou seus calções, sem se preocupar com a cueca, camisa ou sapatos. — Fique aqui — ordenou, olhando rapidamente para mim. — Foda-se. Eu preciso saber o que está acontecendo. — Eu estava fora da cama também, colocando um vestido de algodão de verão, comprido até o tornozelo, sem me preocupar com quaisquer roupas íntimas também. — Eu disse para ficar, Kyrie. Eu empurrei a porta atrás dele. — Eu não sou um cachorrinho, Valentine. Alexei esperava do lado de fora da porta, vestido exatamente como na última vez que o vi, mas agora sua mandíbula estava escura com o crescimento da barba e seus olhos tinham círculos sob eles, embora seu olhar fosse tão alerta e afiado como sempre. Percebi que ele mantinha o dedo no gatilho de sua arma, ao invés de apenas casualmente segurando a alça. O cinto em sua armadura agora tinha três guarnições de munições, bem como dois objetos como granadas — que imaginei que eram granadas de impacto. Algo significativo tinha acontecido, percebi. Algo ruim. Outro homem vestido e equipado de forma idêntica a Alexei estava na porta de trás da cozinha, segurando o rifle com ambas as mãos, o dedo bem acomodado no gatilho, com a coronha do rifle escondida em seu ombro. Olhei para a escuridão da floresta além do pátio e vi um movimento na escuridão, um cano de arma brilhando a


luz das estrelas. Outra figura surgiu, este homem usava de óculos de visão noturna em seu rosto, que ele ergueu quando ele se aproximou de nós, inclinando-se perto de Alexei, ele murmurou algo em seu ouvido. Alexei ligou o microfone e falou em russo. Olhando de Roth para mim, Alexei simplesmente disse — Sigame. Ele sacudiu a cabeça em direção à densa floresta e partiu em direção a ela em uma rápida caminhada. Ele tinha o seu rifle escondido em seu ombro, preparado, movendo-se agachado e varrendo o lugar de lado a lado. O homem com os óculos de visão noturna vinha atrás de Roth e eu. — O que está acontecendo, Valentine? Onde estão Layla e Cal? — perguntei. Ele balançou a cabeça. — Eu sei tanto quanto você, mas estou certo de que Harris tem Layla e Cal sob proteção. Não havia nenhum caminho claro que pudesse ver, mas mesmo assim Alexei levou-nos infalivelmente entre as árvores através da escuridão quase completa, para um longo prédio baixo. Ele abriu e segurou uma grossa porta de aço e nos fez entrar. Olhei para trás, para o caminho por onde viemos e percebi que nunca seria capaz de encontrar a casa sozinha; alguns metros pelo mato e tudo parecia diferente. Mais selvagem, menos domesticado. E este lugar era bem escondido, rastreado pela vegetação. O edifício foi cercado por uns bons 20 metros de clareira — para linhas de visão, percebi — mas até que estivesse perto, na clareira, você nunca o veria. O edifício não tinha janelas, iluminado apenas por lâmpadas fluorescentes. Uma parede inteira era tomada por uma bancada de monitores, cada tela mostrava uma peça na casa principal. A maioria das peças, incluindo a praia em si, era mostrada por dois ângulos diferentes. Havia até mesmo câmeras posicionadas na floresta. Em frente à bancada de monitores havia um conjunto de suportes do chão ao teto contendo um arsenal: fuzis, como os que já tinha visto, bem como uma enorme variedade de pistolas, espingardas, rifles, facões, granadas reais e granadas de efeito, armaduras, óculos de visão noturna e até mesmo algo enorme e terrível que pensei que poderia ser um lançador de granadas. Harris estava sentado em uma mesa de metal, com um mapa espalhado na frente dele, uma caneta vermelha em uma mão e uma régua na outra, marcando linhas e Xs no mapa. Ele estava vestido como o resto de sua força de segurança — BDUs cinzentos, armadura preta,


‘A1S’15 preta com tampão de bola, arma, faca e um rifle pendurado por sua alça no canto de sua cadeira. Ele também tinha carregadores extras na teia de sua armadura corporal. Harris não só tem uma empresa de segurança; tinha um pequeno exército de mercenários, cada um armado até os dentes. Então, por que eles estavam em estado de alerta? Eu estava prestes a perguntar quando a porta abriu e outro membro da equipe de segurança entrou com Cal atrás dele. Cal parecia oprimido e confuso, e nem um pouco surpreso. — Puta merda, Key — disse ele. — Esse seu povo não fode, não é? O que está acontecendo, você tem alguma ideia? O Ivan aqui não vai me dizer. — O nome é Sasha, Sr. St. Claire — a escolta de Cal disse, com sua voz grossa e com um sotaque russo. — Não, Cal, meu povo não fode — disse — e não, não sei o que está acontecendo. Acho que estamos prestes a descobrir, no entanto. Cal foi até a prateleira de armas. — Puta merda, cara! Isso é uma M-203? — Toque nisso e quebrarei os seus dedos, garoto — disse Harris, não olhando para cima. Ele marcou mais um X em seu mapa e então girou em sua cadeira. — Tudo bem, agora que estamos todos aqui... — Espere — protestei. — Nós não estamos todos aqui. Onde está Layla? A expressão de Harris endureceu, com fúria escurecendo seu rosto. — É por isso que estamos aqui. Eu não farei rodeios, Kyrie: Vitaly a levou. Pegou-a debaixo do meu nariz. — Como isso é possível, Harris? — disse Roth, rosnando. — pensei que este lugar fosse mais seguro do que o Pentágono! — E era! — disse Harris, com a voz um pouco demasiado calma. — Cerca de uma hora atrás, dispararam algum tipo de bomba EMP16 de baixa tecnologia que fritou os nossos circuitos. Ao mesmo tempo, bateram os meus rapazes na praia como uma distração. Lucas e

15 16 Bomba de pulso eletromagnética e teleguiada.


Thresh, os dois, receberam fogo pesado. Lucas foi atingido e Thresh está, bem, tenho certeza que Thresh poderia perder um membro e ainda espalhar a merda, então não estou preocupado com ele. Eles também foram atrás do Eliza, que, juntamente com o disparo da praia, era apenas uma distração. Enquanto isso acontecia, quatro homens se infiltraram no quarto de Layla e a levaram. Dane deu perseguição e atirou em dois deles, mas recebeu uma ferida na garganta no processo. Não tenho certeza se ele ficará bem. Eles tinham uma lancha esperando perto da praia e pelo tempo que levou para restaurar as comunicações e podia coordenar com os outros, eles tinham desaparecido. Este foi um golpe profissional, Roth. Estes não eram os gorilas ‘meia boca’ habituais de Vitaly com AKs. Foi rápido, preciso, coordenado e feito por profissionais sérios. Eu tinha problemas para processar o que ele dizia. — Espere, Harris. Você...você está dizendo que alguém sequestrou Layla? E alguém está morrendo? Por que o tiroteio não nos acordou? Harris levantou a espingarda — Supressores. Em operações como esta você não pode usar metralhadoras e sair no meio da noite ou o governo local estaria todo em nossas bundas. — Pessoas foram mortas? — Vitaly perdeu seis homens e um ficou ferido. Lucas teve um tiro na coxa e estará fora de comissão por alguns meses. Thresh levou dois tiros, um na omoplata e um no bíceps, dois golpes mais diretos sobre sua armadura, mas isso vai deixar nada além de contusões. Dane tomou um único tiro na garganta. Ele está vivo, por enquanto, mas não tem muitas chances. — E... o que dizer de Layla? — minha voz se quebrou quando disse o nome dela. — Antes de perder a consciência Dane foi capaz de dizer que ela não se feriu. — A mandíbula de Harris cerrou, seus molares apertaram. — É bom e ruim que estamos lidando com Vitaly diretamente agora, em vez de sua filha louca. Você fez um favor ao mundo quando você a levou para fora, Kyrie. Vitaly tem uma abordagem diferente da sua filha. Ele não faz as coisas precipitadamente, por paixão. Ele não irá matá-la ou até mesmo machucá-la, a menos que o beneficie. Se quisesse ela ou a todos nós mortos, teria apenas nos atingido com um ataque aéreo ou algo assim. Se sabe onde estamos e não escolheu nos exterminar da face do planeta, ele tem outra coisa em mente. Assim, isso funciona a nosso favor. Ele não irá matá-la, a menos que seja obrigado, porque ele realmente quer vocês dois... — ele apontou para Roth e eu com um movimento do dedo indicador — mas sabemos que ele vai matá-la, que trabalha contra nós. Nós não sabemos onde a levou ou se seu jogo é longo, isso também trabalha contra nós.


Cal pigarreou. — Espere um maldito segundo, pessoal. Tenho tantas perguntas que sequer sei por onde começar. Quem levou Layla e por quê? E quando você disse que Kyrie ‘a levou para fora’, o que isso significa? Quem ela tirou? Kyrie... matou alguém? E... Eu saí do lado de Roth e coloquei o dedo nos lábios de Cal, silenciando-o, embora tivesse que me aproximar para fazê-lo. — Calvin, querido irmão. Faça-me um favor, ok? Cale a boca. — Não me diga para calar a boca, Key. Layla se foi, pessoas estão mortas, e agora escuto que você matou alguém? Como não sei nada sobre isso? Você tem que me dizer o que está acontecendo! — Cal, olhe... Roth adiantou-se e colocou-se entre Cal e eu. — É uma história muito longa, Cal e não temos tempo para informar-lhe. A versão curta é esta: Tenho inimigos que não quer saber a respeito — para seu próprio bem. Meus inimigos são os inimigos de Kyrie agora, que ela descobriu em seu detrimento há vários meses. Ela fez o que tinha que fazer, a fim de se manter viva, cujos detalhes são a sua história, não minha. E porque os meus inimigos se tornaram os inimigos dela também. O que significa que eu, ou melhor, Harris, colocou homens observando você por quase um ano agora. Cada movimento que fez, cada encontro que teve, todas as noites que passou estudando ou em uma festa, eles estiveram lá, fora de vista, vigiando e protegendo. Você nunca soube, porque não precisava saber. Mas agora que Layla foi raptada, você foi forçado a uma situação mais grave. Daqui para frente, você terá informações fornecidas sobre uma base de necessidade. Você ficará aqui neste depósito sob guarda e ficará de boca fechada, porque é para seu próprio bem. Faremos você retornar a Chicago assim que considerarem seguro, o que poderia ser numa questão de dias, semanas ou meses mesmo. Todas as suas necessidades serão supridas. Eu pago por seus estudos, alojamento e alimentação, durante meses e continuarei a fazê-lo no futuro previsível, porque você é importante para a sua irmã, e, assim, você é importante para mim. Mas, por agora, o que preciso de você é que dê um passo atrás e cale a boca. Entendeu? A boca de Cal se fechou e seus olhos brilharam. — Entendi. a ela...

Roth voltou-se para Harris. — Entre em contato com Ella e diga

— Já foi feito. Eu tenho um homem seu como falamos, sentado em sua sala, assistindo as saídas. Eu tenho alguém cuidando de Robert, seus pais e a mãe de Kyrie também e tenho a maior segurança sobre todos eles. A merda foi bloqueada. Roth atravessou a sala para ficar na frente de Harris. Roth tinha duas polegadas mais que ele, e usou-as para um bom efeito, olhando


para ele com raiva em seus olhos. — Jure agora que isto não poderia ter sido evitado, Harris. Harris olhou para trás, levantando o queixo. — Foi um ataque calculado, Sr. Roth. Isso foi cirúrgico. A coisa toda com Layla levou menos de três minutos do primeiro contato para quando Thresh perdeu o visual no Zodíaco. Não havia mais nada que poderíamos ter feito, senhor. Eu tenho dois feridos e um morto ou... quase morto. volta?

Roth deu um passo atrás. — O que faremos para trazê-la de

— Eu rasgarei este planeta para encontrá-la — disse Harris. — Juro pela minha alma que a encontrarei e acabarei com a vida de cada filho da puta envolvido em levá-la. — O olhar vicioso nos olhos de Harris me causou arrepios na espinha. volta.

— Traga-a de volta, Harris — disse. — Por favor, traga-a de

Harris se moveu para ficar na minha frente. — Eu sinto muito, Kyrie. Você tem minha palavra. Eu trouxe Roth de volta, a trouxe de volta e vou trazê-la de volta. Eu prometo. Roth levou-me pelos braços, me virando para encará-lo. — Eu odeio ter que dizer isso, amor, mas acho que temos de adiar... Eu o interrompi. — Você acha que me casaria quando minha melhor amiga está desaparecida? Sério? Eu o amo mais do que a vida, Roth, mas não me casarei sem Layla. Ela é a minha família. Assim, coloque-nos a bordo do Eliza e nos tire daqui. Harris apontou para Alexei. — Alexei, você irá com eles, Sasha, você também. Ficará para manter visual direto em todos os momentos. Gente, sinto muito, mas não haverá privacidade até que isso acabe. Alexei ou Sasha estará na sala com vocês 24 horas por dia. Teremos o navio reabastecido e abastecido, de modo que não estaremos em terra firme tão cedo. — Você irá sozinho atrás de Layla? — perguntei. — De jeito nenhum. Levarei Thresh comigo. Eu prefiro tê-lo ao meu lado do que uma dúzia de outros homens. Thresh é... bem, ele é um de um tipo. Ele faz com que o exterminator pareça um bichinha. Harris virou-se para digitalizar os monitores e, em seguida, ligou o microfone. — Eliza, preparar para receber primário. Partida imediata, perfil de emergência Zulu-Eco-Romeo-Oscar. — Ele se virou para nós. — Vocês caras vão. Cal fica aqui. Mandarei uma atualização quando puder, mas não espere minhas palavras por alguns dias.


Estávamos fora da porta em questão de segundos, Alexei na frente, Sasha atrás. Olhei para trás e vi um homem deitado de bruços no telhado do prédio, segurando um rifle sniper. Harris estava na porta, com o boné virado para trás. — Vou trazê-la de volta. — É melhor. — Era tudo que podia dizer. Eu sequer disse adeus a Cal. Eu vi um vislumbre dele sobre o ombro de Harris e estava pálido, ainda um pouco verde. Sua bravata habitual foi substituída por um silêncio constrangido. Layla. Deus, Layla. Fica firme, vaca. Fique viva. Harris buscará você.


PARTE 2 – LAYLA

Capitulo nove O SEQUESTRO É DIVERTIDO

Porra. Porra, porra, porra. Eu não gosto de ser sequestrada. Eu não recomendo. Eu vi alguma merda muito deformada na minha vida, mas essa cena? Eu terei pesadelos pelo resto da minha vida, isso é claro. Um segundo eu estava dormindo e tendo um sonho agradável com Harris — embora eu negue, mesmo que pressionada — e no outro, a porta explodindo e quatro formas escuras me cercando. Eles colocaram um saco preto sobre a minha cabeça, empurraram meus braços atrás das costas, enrolaram fita adesiva apertada em meus pulsos e me empurraram para frente. Os idiotas sequer me deixaram colocar minhas calças. Isso mesmo, eles me sequestraram vestida apenas com uma camiseta branca na altura da coxa, com um decote em V e minha tanga vermelha favorita. Sem sapatos, sem calças, sem sutiã. Em seguida, me obrigaram a correr, um cara em cada braço, praticamente me levando em frente pelo pátio. Eu não conseguia ver nada, porque era noite e ainda porque colocaram um maldito saco sobre minha cabeça. Este era um sequestro legítimo da máfia do terceiro mundo. Eu ouvi alguma coisa atrás de mim, um poppoppop-


poppop-poppoppop. E então houve uma paulada molhada, um grunhido e as mãos no meu braço esquerdo caíram para longe. Alguém havia sido baleado, percebi. Diferentes mãos agarraram o meu braço livre e me levantaram, me levando em uma corrida plena. Poppoppop-poppop — esta era uma arma diferente, clicando em silêncio semelhante, mas um tom diferente. Os bons rapazes se aproximavam. Meus sequestradores atiravam de volta com tudo o que tinham. Então ouvi um murmúrio por trás. — Dane! Merda! — Uma voz baixa, do sexo masculino, americano. Um gorgolejo molhado, então a voz de alguém chamando o cara que tinha claramente morrido tentando me ajudar... tudo isso era combustível para um pesadelo. Eu senti meus pés tocarem a areia e ouvi as ondas baterem com tranquilidade num barco a motor de popa. Eu fui levantada do chão e uma rajada de vento arrancou, levantando a minha camiseta até desnudar minhas nádegas e uma boa parte dos meus peitos nus. Isto não foi perdido por meus seqüestradores. Eu os ouvi conversando, a julgar pelo tom de suas vozes e os risos lascivos, que eram caras repugnantes — comentários sobre como eu era sexy. Eu não tinha necessidade de falar a linguagem que esses filhos da puta bárbaros falavam para entender o que diziam. Então fiz a única coisa que eu podia. Comecei a me debater e chutar, mordendo a qualquer carne que estivesse mais próximo de mim. — DEIXEM-ME IR SEUS FODIDOS DO CARALHO! — Eu gritei. Eu senti meu pé se conectar com um osso e chutei de novo, tão forte quanto podia. Eu ouvi um grunhido e uma maldição. — Eu chutarei todas as bundas que conseguir. Me coloquem no chão, porra! Algo duro, frio e redondo tocou minha têmpora. — Cale a boca, vadia, ou você morre. Fique quieta ou você morre. — Isso foi em um forte sotaque grego ou italiano ou... com quem brinco? Eu não distinguo um sotaque estrangeiro de outro. Eu fiquei completamente imóvel e os deixei me colocar no barco, frio, duro, de borracha molhada sob as minhas coxas. O cano da arma foi pressionado em minha nuca, apertando forte. Doeu pra caralho quando o barco foi empurrado para a água e então o motor de popa veio à vida e fui jogada para o lado, enquanto o piloto puxava a embarcação acentuadamente. Batemos numa onda e fui jogada no ar, só para cair com um tapa de borracha na minha carne, soltei um palavrão, que só ganhou o riso de escárnio dos meus captores. Eu não tive nenhuma maneira de me preparar para a próxima onda, não era capaz de ver ou agarrar os lados do Zodíaco. Então, fui jogada como uma boneca de pano quando o barco batia onda após onda


e, quanto mais nos afastávamos da costa, mais ondas. Este era um pequeno barco e íamos para o mar bertas. Eu me perguntava quão longe me levavam, por que, onde, para quem e em quanto tempo esperaria ser estuprada, torturada e morta. Obrigado, Kyrie, pelos avisos de terror, como eu poderia esperar que esses loucos se apoderariam de mim. Bom, eles me têm. E agora? A pior parte sobre ser lançada ao redor no pequeno barco estúpido era que a cada batida do fundo do barco na água, spray de sal fresco batia em mim, encharcando minha cara e minha camiseta. Eu mencionei que minha camisa era branca, e que estava nua por baixo dela? Sem sutiã e com um pequeno fio dental. Quer dizer, minha tanga mal cobria minha vagina na frente, e não cobria absolutamente nada atrás. Eu gosto de parecer e me sentir sexy, mas não para o benefício de capangas como estes. Além disso, tinha meio que esperado deixar Harris obter um olho cheio do que eu tinha, mas isso não aconteceu, obviamente. O que posso dizer? Então... bam, deslizamos para baixo em uma onda, fui jogada para cima, no ar - bam... e eu estou mais úmida e mais nua. Mais nua? Eu não sei. Gramática não é o meu forte, na melhor das circunstâncias e, certamente, quando estou sob pressão. Eu quase tenho um diploma universitário, para que eu possa montar uma redação coerente sobre praticamente qualquer assunto, mas é preciso algum esforço para ter certeza que eu editei o gueto fora. Não estava frio, não por um longo tempo. Mas estando quase nua e úmida, num segundo começaria a tremer, independentemente da temperatura. Então, meus dentes começaram a vibrar, minha pele estava coberta de arrepios, e meus mamilos poderiam cortar um vidro. Nada disso foi perdido por em meus captores. Mais do que um par de dedos beliscou meus mamilos, duro o suficiente para que eu apertasse os meus dentes juntos me impedindo de gritar. Eu não estava prestes a deixar que esses filhos da puta vissem que me machucavam. Deixei-os apertar. Deixei-os me ver em uma camiseta branca molhada. Eu tinha um objetivo daqui em diante, e que era permanecer viva. Dignidade, virtude - ah, a quem eu estou enganando? Eu não tenho nada disso de qualquer maneira - privacidade... nada disso importava. Homens tinham morrido. Isto não era um jogo. Não era uma brincadeira ou uma piada. Balas de verdade foram disparadas, e sangue de verdade tinha sido derramado. Alguém chamado Dane tinha levado um tiro por minha causa. Ele provavelmente tinha morrido tentando me proteger.


Eu abri os meus pés para fixa-los contra os lados do barco, inclinando-me para frente quando nós deslizamos para baixo em uma onda, então me senti deixar o banco e bater de volta para baixo. Deus, meus seios doíam do quicar constante. Eu estou empilhada como o inferno, e eu quero dizer empilhada. Não estou dizendo que meus seios são o meu melhor trunfo, porque eu tenho uma bunda bonita também, mas meus seios? Grandes, suculentos e saltitantes. Naturais, é claro. O que significava que, sem o apoio de um sutiã, eles estavam sendo jogandos todo o maldito lugar com cada batida do barco na água. Eu teria matado por um sutiã, ou mesmo para ter minhas mãos livres para mantê-los presos. Todo o tempo, os homens estavam falando de mim. Eu ouvi duas vozes, uma profunda e rouca, como se ele tivesse um misturador de cimento em sua caixa de voz. O outro tinha uma voz suave, mas a sua tinha um tom mais preocupante. Calma e tranquila, mas mesmo que eu não conseguisse entender uma palavra, eu poderia dizer que eles estavam falando de mim. Ele se aproximou de vez em quando e murmurou em meu ouvido. Seus dedos beliscaram os meus mamilos, traçou o meu joelho e até minha coxa. Eu lutei para me manter quieta: ele ainda tinha a arma pressionada na base do meu crânio. Que ele toque. Deixe que ele diga o que quer que seja a imunda besteira que ele estava dizendo. Honestamente, o fato de que não era inglês tornou mais fácil de ignorar. Eu ainda não sabia que merda ele estava falando, porém, porque a merda da conversa soava a mesma coisa em qualquer idioma. E, em seguida, ele cavou a mão entre minhas pernas, sob a barra da minha camisa, e enfiou o dedo contra minha abertura. Que, considerando o quão insignificante a tanga era, significava que ele tinha uns bons dois dedos profundamente em mim, em virtude do pequeno pedaço de tecido sobre minha boceta escorregar de lado para deixar seu dedo entrar. Eu ainda me mantive, não apertei as minhas pernas fechadas como eu queria. Quer dizer, eu poderia ter quebrado o seu pulso se eu quisesse eu sabia alguns movimentos básicos de autodefesa, e um bom bocado de terreno que eu aprendi com um ex amigo de foda que era um lutador de MMA. Ele tinha me mostrado como fazer bloqueios de perna e quebrar punhos, ter quedas e merdas assim, toda a cortesia de sua faixa preta em jiu-jitsu brasileiro. Claro, ele e eu tínhamos praticado nus e sempre acabamos fazendo o desagradável no chão de seu apartamento, mas eu tinha aprendido os movimentos. O ponto é, eu poderia ter envolvido a minha perna em torno de seu braço, torcido no lugar, e quebra-lo como um galho. Mas, com uma arma na minha cabeça? Não. Deixe que ele apanhe um toque.


Mas então algo estranho aconteceu: o cara com voz de betoneira latiu algo afiado em qualquer língua que eles estavam falando, e a mão caiu, mas não sem soar como uma maldição petulante do Groper McDicknuts17. Nós deslizamos para cima de outra onda, com crista, batemos de volta para baixo com um respingo molhado. Até agora minha camisa estava absolutamente encharcada, provavelmente totalmente transparente, grudada na minha pele. Eu não sou tímida, não por qualquer meio. Eu não tenho nenhum problema com a nudez na maioria das circunstâncias. Alimente-me de tequila em uma festa, e eu sou a garota que pode acabar de piscar a sala apenas por diversão. Deixando a minha mais certinha melhor amiga, Kyrie, completamente louca, porque ela acha que eu deveria ter mais, eu não sei... decência? Puritanismo? Preocupação com a minha imagem? Talvez sim, mas isso não é comigo. Eu não dou a mínima. Tetas são tetas; se você viu um par de seios, você já viu todos eles. Mas o que eu não gosto é ter a minha escolha tirada. Se eu quiser piscar uma sala cheia de caras bêbados com tesão, eu vou. Porque, merda, se eu fizer, é provável que vá conseguir uma boa foda, e isso nunca é uma perda. Mas ter a escolha suprimida, irrita-me. Não que eu pudesse fazer nada sobre isso, nessas circunstâncias, mas eu ainda estava chateada com isso. Pelo menos a raiva me deu algo para me concentrar, além do medo e preocupação. O ‘voz suave’ sussurrou algo mais para mim em sua linguagem, que ignorei. E então ele falou em Inglês. — Talvez a gente pare o barco... Ter um pouco de diverção. Yuri, segue as ordens. Eu? Eu acho que o chefe não notará a diferença se pararmos e tivermos uma foda rápida com você. — Algo afiado tocou em meu peito, bem no ápice do V da minha camisa. Ele tinha uma faca em minha pele enquanto estávamos em um barco no meio do oceano, porra? Idiota louco. Eu lutei contra o medo, lutei contra a vontade de gritar, de implorar. Eu não queria ser cortada. Eu não queria ‘ter uma foda rápida’. O ‘voz de betoneira’ disse algo curto e afiado, um comando. A faca escorregou entre meus seios, raspando minha minha pele, cortando e abrindo minha camisa. Para baixo, para baixo. A ponta pegou o interior da minha coxa, e eu vacilei quando ele me picou, causando um fio de sangue. Minha camisa aberta bateu no vento agora, deixando-me nua.

17 Groper = pervertido /Dicknuts = algo parecido como ‘pau-louco’, então Pervertido

Pau-Louco.


Eu ainda fiquei parada. Cerrei os dentes, fechei os olhos dentro do saco preto sobre a minha cabeça. Mordi o gemido quando o spray de sal ardeu onde a faca do idiota feriu a minha coxa. O motor parou, o ‘voz de betoneira’ repetiu o seu comando e desta vez acompanhado com o som característico de uma pistola sendo engatilhada e liberada. Eu conhecia o som. Sim, me juntei com traficantes de drogas também, e ‘gang-bangers’18. Até mesmo um detetive de plantão, uma vez e ele puxou o gatilho de sua arma com o mesmo movimento, exato como os traficantes de drogas. Eu podia ver o movimento: braço estendido em linha reta, a arma inclinada em um ângulo, empurrar a trava e disparar. O ‘voz suave’ disse algo, mas era para aplacar e rebelar-se ao mesmo tempo. Senti-o mover-se ligeiramente, dobrando a faca talvez... eu não tinha certeza. Mas então ele segurou meu seio, agarrou-o com um forte aperto cruel, rindo. Eu ainda fiquei quieta, apertei os meus dentes e prendi a respiração. BAM! Eu estava salpicada com umidade, quente e pegajosa. Algo pesado bateu na borracha aos meus pés e eu cheirei ferro. Eu ainda fiquei quieta. O ‘voz de betoneira’ murmurou para si mesmo, resmungando. Senti o cheiro dele quando passou por mim, cigarros, spray de sal e odor corporal. Eu senti o barco balançar, ouvi o grunhir com esforço, e, em seguida, o barco foi sacudido violentamente, seguido de um splash. Ouvi um velcro rasgando, e, em seguida, algo pesado e arranhando foi puxado sobre a minha cabeça coberta pelo saco e puxado para baixo mais ou menos por cima do meu torso, esmagando os meus seios ao meu peito. Ele não prendeu o colete a sua armadura à prova de balas, eu assumi, e não me desamarrou e deixou-me colocar meus braços completamente. Mas estava coberta. — Obrigada — disse. — Cale a boca. — Ele disse isso com raiva, muito irritado, em Inglês com sotaque. — Ok, então. O motor tossiu para a vida e partimos novamente, para cima e para baixo, para cima e para baixo, por longos minutos, eu não poderia contar. Devíamos ter viajado mais de uma milha, pelo menos, a julgar por quanto tempo havia passado. Eu não tinha nenhuma maneira de

18 Praticantes de sexo grupal.


julgar a nossa velocidade, mas parecia que estávamos viajando muito, muito rápido. E então eu ouvi um estrondo ao longe, o ronco pesado de motores a diesel. O tom do motor de popa diminuiu e nossa velocidade diminuiu. O barulho do diesel aumentou em volume até que estava a pino, e em seguida, o ‘voz de betoneira’ cortou o nosso motor e nós sentimos o costado e paramos com um solavanco contra a embarcação de grande porte. O barco se moveu quando o ‘voz de betoneira’ — Yuri, acho que ele foi chamado como Yuri — se inclinou para mim e pegou o saco da minha cabeça. Jesus, ele era feio para cacete. As sobrancelhas grossas, testa pesada, maçãs do rosto salientes, lábios carnudos, olhos redondos, cicatrizes de varíola que pontilhavam a sua face. Mas ele parou o cara, matando-o e evitando que me estuprasse, então eu lhe devia. Olhei para cima e vi o outro barco. Era um barco de pesca, proa alta, popa baixa, cabine grande o suficiente apenas para uma ou duas pessoas, armas de disparo, redes e linhas penduradas para fora dos lados. Havia uma escada de corda, que foi jogada para o lado, e um número de figuras circulavam no deck, que transportavam várias metralhadoras. Ou talvez eles fossem rifles de assalto. Eu não sabia a diferença, e de verdade, quem diabos se importava? Não eu, era a maldita certeza. Yuri muveu-se para sentar ao meu lado, chegando até a cintura e puxando uma longa faca. Eu fiquei tensa, mas ele se moveu lentamente, me observando. mexa.

— Eu cortar e liberá-la — disse ele em sua voz gutural. — Não se

Inclinei-me e estiquei meus braços para fora atrás de mim, tentei abrir meus pulsos, tanto quanto as amarras permitiam. Houve um aperto momentâneo de pressão, enquanto pressionava com a faca, e, em seguida, o plástico se separou e meus pulsos estavam livres. Eu ainda me mantive, sabendo que meu plano de cooperar era melhor e esperar por uma oportunidade. Principalmente por estar nua em um barco no meio do Caribe, horas antes do amanhecer, cercada por homens com metralhadoras? Não é o melhor momento para ser a lunática e teimosa Layla. Esse tempo chegaria, mas não era agora. Yuri fez um gesto com a faca, apunhalando a ponta na escada de corda. — Escale. Sem gracinhas ou você morre.


Coloquei meus braços nas aberturas do colete e depois deslizei pelo banco para a escada de corda, agarrei um degrau e puxei-me para cima. Posso ter apenas um momento e dizer que esta manobra não é tão fácil como eles fazem parecer na TV? O barco de pesca andava para cima e para baixo nas ondas, assim como o pequeno barco de borracha preto que eu estava, e nem ia para cima ou para baixo ao mesmo tempo. Sem contar que eu tremia de medo e tinha armas apontadas para mim. Além disso, nunca subi em uma escada de corda antes, e elas não eram fáceis de usar também. E eu precisava fazer xixi. Então, sim, foi uma operação difícil, conseguir um bom controle sobre a escada de corda, colocar um pé na escada e não perder o equilíbrio. Se eu caísse, provavelmente acabaria na água sob o barco, o que soava ainda menos divertido do que já era. Mas consegui. E subi, subi, subi, passei uma perna por cima para o convés, e me ajeitei para enfrentar um grupo de homens de aparência rude e fortemente armados, que quase me urinei. De verdade, cada um deles tinha uma metralhadora em seu ombro e a maioria tinha uma pistola também. Vários deles tinham cigarros acesos pendurados nos cantos de suas bocas. Todos olharam para mim como se eu fosse um peixe que havia nascido braços e pernas e que decidiu renunciar a rede e apenas subir a bordo para o matadouro. Um dos homens rosnou algo que não conseguia entender e Yuri — subindo atrás de mim — respondeu algumas palavras em voz baixa. Ele apontou para mim e Yuri acenou para a água, apontou para mim. Explicando o que aconteceu com o outro cara, imaginei. Ele era um homem alto com uma barba preta e um lenço vermelho amarrado em sua cabeça como um pirata real. Caminhou até mim e arrancou o meu colete à prova de balas e depois sorriu quando percebeu que estava essencialmente nua por baixo. Minha camisa foi aberta de cima para baixo, deixando minha frente nua para a sua leitura de lazer. Fingindo uma calma que não sentia, tirei meus braços pela manga e rodei a camisa, fechando as mangas em minhas costas. Pelo menos, estava um pouco menos nua na frente de um bando de criminosos fodidos e grossos. Todos chegaram a um impasse sobre meus bens, de modo que provavelmente, esperavam o Bandana levar os restos de minha camisa para longe. O Bandana segurou o colete e olhou para mim, com os olhos escuros se estreitando. — Não cause nenhum problema, e não deixarei que os homens molestem você. Cause problemas e não serei tão rigoroso com eles, você me entende?


— O que fará comigo? — perguntei. — Levá-la para o chefe. — Serei morta? O Bandana deu de ombros. — Provavelmente, mas não até que ele faça o seu uso de você. — Eu recebo roupas? — Não. Chega de perguntas. — Ele fez um gesto para Yuri e depois com as mãos para a cabine, gritando uma ordem em sua língua. Yuri agarrou-me pelo braço e me puxou em direção à cabine, depois apontou para uma escada que conduzia abaixo do convés. Desci e Yuri me seguiu, abriu uma porta de aço grossa e me empurrou, completamente. O quarto era pequeno, largo o suficiente para me deixar esticar meus braços em qualquer direção. Era frio, escuro, sem traços característicos, e fedia a peixe. Não havia nada nele, nem mesmo uma uma cama de prisão. E eu precisava fazer xixi. Ótimo. O sequestro é divertido!


Capitulo dez SÃO PAULO

Você realmente não sabe o que é tédio, até que gaste incontáveis horas em uma sala dois por dois, no escuro, sem uma porra de cama para se sentar. Eu mencionei que fedia a peixe? Bem, fedia. Fedia muito, fedia muito a peixe. Não tenho certeza se essa merda me fazia feder assim, porque me mantenho limpa. Quer dizer, você não pode deixar um cara fazer oral e não deixar a sua boceta fresca e limpa. Mas estou divagando. EU ESTOU SUPER ENTEDIADA. Esse era o meu mantra durante tanto tempo, que perdi a capacidade de pensar em outra coisa. Não havia espaço para passear, com exceção de talvez um passo em qualquer direção. Era escuro como breu. Era frio. O barco não me lançava ao redor, mas de vez em quando ia num ângulo para cima, me fazendo deslizar para trás e então ia para baixo, me mandando para frente... mais, mais e mais. Não havia nada para me segurar, nada que me mantivesse a favor ou contra. Tentei ficar sentada em cada um dos quatro cantos, mas bastava um arremesso ou uma virada do barco e eu deslizaria em todo o lugar, de qualquer maneira. Eu estava faminta. Com sede. Cansada. E entediada. Eu mencionei entediada? Eu sou uma garota ativa. Estou ocupada das seis da manhã à meia-noite na maioria dos dias, quer dizer, eu costumava estar. Eu trabalhava em dois empregos e ia para a escola o tempo inteiro, eu normalmente encontrava tempo para nadar por uma hora todos os dias, entre as aulas e entre os turnos, nos fins de semana. Esse era o meu pequeno segredo, a hora de nadar, todos os dias. Marquei minha vida ao redor disso, para ser totalmente honesta. Eu comia horrivelmente, comia regularmente bacon, cheeseburgers, milkshakes e pizza, e embriagava-me o mais rápido que podia. Mas, para me impedir de engordar como uma morsa, eu nadava. Forte. Todos os dias, durante uma hora, dava voltas na piscina local, tão forte e o


mais rápido que podia, sem parar. Eu mudava meu estilo de quatro em quatro voltas: crawl, peito, costas, borboleta. Porra, essas quatro voltas borboleta eram as piores. Mas me mantinham relativamente em forma. Quer dizer, nunca seria um tamanho 38, muito menos 36, mas tinha um corpo bastante firme para uma mulher com a minha criação. A genética não me abençoou com algo que se aproxime de magra, o que é bom. Eu sou construída como uma casa de tijolo e uma hora de natação todos os dias significava grande tônus muscular, baixo IMC e um monte de treino de cardio. Simplesmente não era magra. Mais uma vez, discordo. No que pensava? Ah, sim, eu era ocupada. Eu nunca tive tempo para inatividade. Se não estava trabalhando ou na escola, eu estava estudando, bebendo ou fodendo. direito.

E sim, conta muito como um treino, especialmente se fizer isso

Então, fui disso para ficar sentada no barco de Roth durante todo o dia, não fazendo nada? Isso foi um ajuste forte. Felizmente, Roth tinha um ginásio em seu navio de cruzeiro da linha caribe que chamava de ‘iate’, que aproveitei regularmente. Não havia piscina, mas havia uma abundância de equipamentos de exercícios, incluindo uma máquina de remo. Eu evitava qualquer exercício que envolvesse empurrões excessivos. Correr, em particular, era um inferno para mim, então evitava isso. Subir escada, esteiras, mesmo bicicletas eram coisas que ficava longe. Eu podia levantar pesos, remar, nadar, qualquer coisa com baixo ou nulo impacto. Não saltar, significa evitar problemas na parte inferior das costas das garotas. Sem besteira. Deus, estava tão entediada que pensava em exercícios? Que merda é essa? Eventualmente, a porta abriu raspando, cegando-me com a luz súbita. Eu me encolhia no canto e assobiei, protegendo meus olhos, quando uma figura mostrada em silhueta se inclinou, colocou uma bandeja no chão e saiu, fechando a porta mais uma vez. Senti o cheiro de comida. Meu estômago ficou louco, rosnando como um louco, enquanto me mexia pelo chão em direção à bandeja. Senti o cheiro de alho, carne, cebolas... um mexido, talvez? Eu fiz o que podia como uma pessoa cega, tocando tudo com cuidado tentando descobrir o que estava na minha frente. Definitivamente um mexido, além de um saco de batatas fritas e uma lata de algo frio. Sério? Isto era uma prisão ou uma praça de alimentação de Shopping Center? Não que estivesse reclamando.


Eu abri a lata e tomei um gole, saboreando a cola de algum tipo. Diet. — Eca! — Normalmente ficava longe de refrigerante diet porque o aspartame estúpido me dava dores de cabeça e diet cola era geralmente pior para você do que a soda regular. Mas mendigos não podem escolher, e eu estava, definitivamente, em uma espécie de cenário de mendigo, então bebi a diet. O mexido... estava delicioso. Cordeiro assado cortado fino, molho de pepino, algumas cebolas vermelhas crocantes, tomates. Devorei aquela coisa tão rápido que mal provei. As batatas estavam cozidas, também. Uma refeição muito melhor do que esperava como uma sequestrada. Eu esperava, sinceramente, não receber nada ou pão mofado e água malcheirosa. O mexido era igual ao que experimentei no Atenas Coney Island. Acontece que encher-se tão rápido depois de não comer nada, para quem sabe quanto tempo, não foi a melhor ideia. Caiu pesado no meu estômago. Isso caiu como uma maldita bomba no estomago. Além disso, ainda precisava fazer xixi.

~*~ Depois de bater na porta pelo que parecia ser uma hora, ela foi aberta, revelando um muito chateado Yuri. — Que porra você quer? — rosnou. — Eu preciso fazer xixi. Ele apontou para o chão. — Então, faça xixi. Fiz uma careta para ele. — Sério, Yuri? Eu sei que sou uma prisioneira, mas vamos lá. Deixe-me usar um banheiro. Nós estamos na porra de um barco, para onde estou sendo levada? Ele olhou para mim em silêncio. —Tudo bem. — Ele sacudiu a cabeça e o segui ao redor do canto e ao longo de um baixo e estreito corredor, para um minúsculo banheiro. — Porta aberta. Dei de ombros, afastei a minha tanga e levantei a minha camisa, olhando para ele chateada. — Você quer olhar, então olhe. Eu não dou à mínima. Estou avisando, porém, que será longo. Como, você pode precisar de um livro. O canto de sua boca se contorceu ligeiramente e ele grunhiu com irritação. Ele não queria gostar de mim, mas gostava. Merda, ele não


podia fazer nada; eu sou uma garota engraçada. Mas ele fechou a porta, então decidi cuidar de outro negócio, enquanto tinha a oportunidade. Bombas estomacais para longe! E como um bônus, vi uma caneta esferográfica azul Papermate no chão, no canto, debaixo da pia, há muito esquecida. A caneta é mais poderosa que a espada, certo? Quer dizer, vi canetas usadas como armas na TV um monte de vezes. Melhor que nada. Mas, onde escondê-la? Não era exatamente como se tivesse bolsos, então você pode imaginar. E, sim, a lavei primeiro. Você quer falar sobre algo desconfortável? Jesus. Agora tenho um respeito enorme por essas cadelas loucas e drogadas que contrabandeiam sacos de coca dentro de si, isso é certo. Eu andei de maneira engraçada na volta para a minha cela, mas Yuri não percebeu. Ou se percebeu, não disse nada. A parte mais estranha foi que o comprimento da caneta me fez pensar sobre os vários caras com quem estive e quantos deles mediam como o meu novo namorado, o Sr. Papermate. Alguns não mediam muito bem. Outros... bem... Mas então, como sabemos, não é o tamanho do pênis que é importante quando se trata de foder, é o quão bem o usa. A circunferência pode ser muito importante, mas as preliminares superam tudo. O Sr. Papermate realmente não fazia isso por mim, mas pelo menos agora tinha uma arma. Uma vez que retornei para a minha cela, meu primeiro instinto foi de tirá-la, mas então comecei a pensar. Eu sabia que precisaria dela em algum momento, mas não quando isso seria. Provavelmente não no barco — que seria um desperdício. Eu provavelmente precisaria dela quando chegássemos aonde iríamos, onde quer que fosse. Ou talvez quando Harris dissesse que podia ajudá-lo a realizar a minha fuga por esfaquear alguns desses idiotas na garganta com o Sr. Papermate, a caneta de boceta? Que parecia ser um cenário mais provável. Realmente não gostava da ideia de ter um objeto estranho lá por mais tempo do que precisasse, porque apenas imploraria por uma infecção, mas teria a agonia de uma infecção vaginal se fosse estuprada e morta em qualquer dia da semana. Quer dizer, realmente não preferiria ter qualquer um, mas ninguém me perguntou o que eu queria.


E a sensação também me deu algo mais em que pensar e, nesse ponto do meu tédio, algo em que pensar era bemvindo, mesmo que fosse estranho ter uma caneta esferográfica enfiada em minha boceta.

~*~ Eventualmente paramos, mas não tinha ideia de quanto tempo havia passado. Eu não tinha nenhuma maneira de medir isso. Dias? Semanas? Eu fui alimentada em uma programação regular, mas sem ponto de referência, isso poderia ter sido uma vez por dia ou três vezes por dia... Quando você está em um buraco negro, a realidade fica relativa e fodiamente rápida. E por relativo, quero dizer que você lidará com a merda. Pelo menos, eu tentei. Quando Yuri abriu a porta e fez um gesto para eu sair, literalmente me arrastei de quatro, agindo como um personagem de quadrinhos. — Levante-se, estúpida. — Ele agarrou meu braço e me colocou de pé. —Americana louca. Você só esteve aí por três dias. Levantei-me e limpei meus joelhos, inconscientemente mantendoos pressionados. A caneta não estava em perigo de cair, porque convenhamos, eu mantenho minha boceta mais apertada do que um tambor. Kegels19, cadelas. Baixem nos PCs. Eu sou como uma maldita construtora de corpo para o meu músculo pubococcígeo20. Mas, ainda assim, era uma preocupação, nesta situação. Ele me levou de volta para o convés do barco, que agora fervilhava de atividade. Os homens lutavam em todos os lugares, sem camisa, suados e xingando, pois arrastavam caixa após caixa para fora do porão, para uma plataforma suspensa e para uma grua de braço, que em seguida, girou para o outro lado do barco, para um contêiner. Cada caixa tinha ‘VK’ estampado no lado, em letras enormes, pintadas de preto. Todas pareciam pesadas, já que cada uma necessitava de dois homens para levantá-la, embora houvesse um filho da puta realmente enorme, com braços do tamanho de minha cintura, puxando-as, uma em cada mão, como sacos de mantimentos. Quando Yuri levou-me pelo convés, todo o trabalho parou. Os olhos estavam fixos em mim. Lábios enrolaram em sorrisos lascivos. Pulsos enxugaram as sobrancelhas suadas. 19 Exercícios Kegels = exercícios vaginais.

Músculo que se estende desde o osso púbico até o cóccix e que forma o assoalho da cavidade pélvica, apoiando os órgãos pélvicos. 20


Concentrei-me em Yuri, ignorando os olhares e tentei andar o mais normalmente possível. Em outras circunstâncias, teria saboreado a quantidade de atenção masculina que recebia. Eu provavelmente rebolaria um pouco, talvez piscasse e flertasse. Esta não era uma situação típica, e tinha certeza que não desfrutaria o tipo de atenção que esses homens particularmente tinham em mente. Então mantive meus olhos para frente e andei atrás de Yuri. Claro, a camisa era a minha única peça de roupa e estava rasgada, deixando minhas costas nuas do pescoço à bunda e, como já mencionei, a minha escolha nas roupas de baixo, deixavam as minhas nádegas nuas como no dia em que nasci. Então, esses grandes gorilas suados tiveram um show gratuito, de qualquer maneira. Ainda bem que trabalhei duro para manter minha bunda agradável, redonda e firme, hein? Graças a Deus, agora havia uma rampa do convés até o cais. Segui Yuri para fora do barco. Olhando ao redor, percebi que estávamos em um porto muito urbano, mas não tinha ideia de onde. Nós caminhamos, passando contêineres empilhados, de três e quatro metros de altura, formando um labirinto que bloqueava o sol, pois passávamos entre eles. O chão sob os pés era de concreto industrial úmido, com um brilho do arco-íris aqui e ali, pelo vazamento de óleo. Eu ouvi um estrondo de diesel em algum lugar à minha esquerda, gritos, o sinal sonoro de uma máquina de algum tipo e, em seguida, um recipiente no alto, acima de nossas cabeças, deslizou para longe. — Onde estamos? — não podia deixar de perguntar. — Caracas — Yuri resmungou. — Ca... quem... o quê? — Caracas. Venezuela. — O que está nos contêineres? — Negócios do chefão. — Ele encolheu os ombros. — Drogas, você quer dizer? — Não só as drogas. As armas também. Carros. Pessoas. Eu tropecei. — Pessoas? — Prostitutas. Noivas. Escravas. — Para onde isso vai? — Senti-me tonta, doente.


parte.

— O mundo inteiro. Miami, Hanoi, Vancouver, Londres... em toda — Você lida bem com a escravidão?

Yuri girou a cabeça e seu pescoço grosso, com seus pequenos olhos escuros fixos em mim, duros como pedaços de mármore. — Não é o meu trabalho gostar ou não gostar. Meu trabalho é apenas chegar ao patrão. Se gosto ou não gosto, ninguém se importa. Se disser ao chefe que não gosto, sabe o que ele faz? Ele dispara em mim e me mata, como atirei no estúpido do Nico. Fácil. Então, como não quero morrer, guardo as minhas palavras para mim mesmo e permaneço vivo. — Oh. — O que mais havia para dizer? O subtexto era, ele não gostava, mas não podia fazer nada sobre isso. — Eu irei em um desses? — apontei para um container. Yuri balançou a cabeça. — Não. Você é mais valiosa do que eles. Se for em um desses, acabará em um buraco de merda em Naypyidaw, fodida cinquenta vezes por dia, por um punhado de moedas, e ficará lá até que morra. — Napyih...o quê? Na verdade, ele riu com isso. — Naypyidaw. Capital de Myanmar. Que uma vez costumava ser Burma. — Bem, isso não parece divertido. Ele não tinha nada a dizer sobre isso que não fosse um grunhido. Ele me levou por um caminho ao redor e entre pilha após pilha de conteiners, de modo tortuoso, que não poderia refazê-lo novamente, mesmo se prestasse mais atenção. Eventualmente, chegamos à base de um tipo de guindaste utilizado para construir arranha-céus, a própria máquina tinha dezenas de metros de altura, com um braço de centenas de metros de comprimento, uma caixa no topo apenas acessível por elevador. O braço estava em movimento muito acima de nós, girando sobre as nossas cabeças, segurando um conteiner. Abaixei involuntariamente enquanto cruzava por cima de mim, mesmo que balançasse facilmente uma centena de metros sobre minha cabeça. Yuri riu. — Se cair você morre, mesmo se você esquivar. — Ele apontou para um helicóptero esperando. — Esta é a nossa carona. Para uma prisioneira, você tem um carona agradável. Era um pequeno helicóptero, grande o suficiente para talvez quatro pessoas, além do piloto. A porta estava aberta, revelando assentos de couro e pelúcia, cada um vazio. Yuri subiu e estendeu a


mão para me ajudar, mas o ignorei e entrei por mim mesma, e, em seguida, sentei-me. Eu sentei para que pudesse ver a cabine, e observei avidamente como o piloto manipulava os controles com mãos ágeis, habilmente levantando o helicóptero do chão sem uma oscilação. Parecia difícil pra cacete, honestamente, muito mais para controlar e não tão intuitivo como um avião. Eu aprendi com bastante facilidade. Mas, então, isso era muito mais simples; um manche, empurra para descer, puxa para trás para levantar, vire-o para a esquerda para margem esquerda, direita para a margem direita, pedais para girar horizontalmente em qualquer direção. Manter todos os botões, comutadores e mostradores retos era mais complicado, mas não exatamente difícil. Os controles do helicóptero, no entanto, pareciam muito mais envolventes. Tinha que manipular em vários eixos: passo e guinada, bem como banco, além de subida e descida na vertical, tudo combinado com a velocidade. Talvez depois de Harris me resgatar, ele me ensinaria a voar de helicóptero, bem como aeronaves de asa fixa. Esse pensamento me acalmou: eu estava operando no pressuposto de que Harris vinha atrás de mim, não tinha dúvidas disso. Eu sabia que viria. Mas como ele me encontraria? Esses caras tinham me feito desaparecer de forma muito eficaz. Eu tinha ido de uma pequena lancha Zodiac para um barco de pesca e de lá para um helicóptero. Sem testemunhas, sem registros. Do helicóptero, imaginei, provavelmente me levariam a algum lugar ainda mais longe, talvez em um jato particular para o Mediterrâneo ou em algum lugar profundo no coração da América do Sul. De qualquer maneira, como Harris me encontraria? Não sou uma chorona. Nunca fui, nunca serei. Mas o pensamento do que me esperava, tinha me sufocado com lágrimas de medo. Até agora havia sido deixado sozinha, mas algo me dizia que era só porque eu era para o ‘patrão’, Vitaly Karahalios, chefão do crime internacional. Eu não tinha dúvida de que tudo o que ele tinha em mente não seria nada agradável. Estupro, tortura e assassinato eram sugestões do que possivelmente me esperava. Eu tinha que manter a esperança de que Harris, de alguma forma, me encontraria e me resgataria. De preferência, antes que qualquer coisa muito ruim acontecesse comigo. Eu fiz um novo mantra: Harris está chegando. Harris está chegando. Harris está chegando. O helicóptero fez um ângulo para o interior e, depois de uns vinte minutos de vôo, pousou em um campo de grama vazio ao lado de um velho avião bimotor à hélice. Percebi que o campo gramado era uma pista de pouso improvisada, ou seja, Caracas, Venezuela ainda não era


o meu destino final. Os motores do avião de asa fixa giravam e fui arrastada para fora do helicóptero, o leme e os flaps do avião balançaram quando o piloto se preparou para a decolagem. Tentei me distrair do meu medo sempre presente, com imagens mentais de voar, verificando mostradores e empurrando interruptores e atravessando a lista de verificação — toda a merda chata que você tem que fazer para chegar à boa coisa: que sobe através do ar, livre, alto, acima de tudo, uma visão panorâmica do mundo e todos os seus problemas inerentes. Fui empurrada — não muito gentilmente, com um toque persistente na minha bunda — para subir as escadas e entrar no avião. Havia algumas cadeiras de metal aparafusadas no chão, na frente, perto da porta da cabine do piloto, mas o resto da fuselagem estava vazio. Ele tinha sido claramente um avião de passageiros, mas, há muito tempo fora adaptado para servir como um avião de carga, com amarras aparafusadas às paredes e pisos. Yuri me afivelou no banco, pegou uma cadeira ao meu lado, e, em seguida, gritou na sua língua. O avião rolou e então ouvi e senti os motores acelerarem, senti o chão batendo debaixo das rodas, e, em seguida, após a guinada saímos da terra, dobrando de forma agressiva para cima. E depois? Mais tédio. Horas e horas de absolutamente nada, nem mesmo qualquer coisa para ver, pois as pequenas janelas redondas estavam longe demais para me mostrar qualquer coisa, exceto o céu azul e um ocasional pedaço de nuvem. Horas e horas de voo, com Yuri roncando ao meu lado. Eu poderia ter me soltado e pulado, mas não tinha um pára-quedas, não sabia como usar um, e não gostava das minhas chances de sobreviver a uma queda de um avião. E sua arma estava escondida em contra o seu corpo, o que significava que se tentasse pegá-la, ele acordaria e eu estaria em apuros. Nada a fazer, senão esperar. Então suportei o tédio, o melhor que pude. Nós pousamos, eventualmente, e Yuri acordou com um sobressalto quando bateu no chão. Assim que o avião parou, me arrastou para fora do avião e em mais aeronave, este outro helicóptero praticamente idêntico ao primeiro. Eu gemi em voz alta. — Jesus, sério? Mais vôo? Este tem de ser o sequestro mais tedioso na história dos sequestros. Yuri me deu um olhar. — Você gostaria que fosse mais emocionante, então? Eu posso pensar em algumas maneiras. — Bem, quando você coloca dessa forma, talvez chato seja bom. — Em seu lugar, chato é bom.


O helicóptero decolou e fomos para o sul sobre uma vegetação luxuriante. Ninguém disse uma palavra. Contemplei saltar e tomar minhas chances na selva, mas o olhar que Yuri deu para mim regularmente, como se para avaliar a minha inclinação para apenas tal movimento. Ele estava perto o suficiente para que, provavelmente, fosse capaz de me agarrar antes mesmo de eu ter levantado. — Para onde vamos? — perguntei, depois que uma hora aproximadamente havia passado. — São Paulo — Yuri murmurou. — Sem mais perguntas. Estamos quase lá. Harris está chegando. Harris está chegando. Harris está chegando. A cidade entrou em vista, vasta e ampla, a selva dando lugar a muito de repente. Uma paisagem urbana abrigada alguns quilômetros para o interior do mar. Deus, a expansão urbana. Ela era vertiginosa. O helicóptero abaixou, apenas alguns metros acima dos edifícios mais altos, fazendo um caminho mais curto em toda a cidade. Ouvi o piloto falando — brasileiro? Português? Eu tinha certeza que eles falavam Português no Brasil, e São Paulo estava no Brasil. Certo? Deus, era tão ignorante da geografia mundial. De qualquer forma, o escutei falar, e, em seguida, a aeronave diminuiu à medida que se aproximava de um edifício específico, o nosso destino. Um hotel, pelo que parece, um grande, do tipo que tinha pista de aterrissagem de helicóptero no telhado. O pouso foi suave como uma pluma flutuando em uma brisa, o toque mal registrado. Os rotores não pararam ou ficaram lentos quando Yuri soltou-se, abriu a porta e pulou para fora passando por mim. Eu tinha me desafivelado, mas ele se recusou a deixar-me descer por mim mesma, me agarrando pela cintura e me levantando para baixo. As hélices do helicóptero me obrigaram a dobrar, fazendo um ninho emaranhado de meu cabelo já retorcido. Yuri agarrou meu pulso e me arrastou todo o telhado em quase uma corrida, por uma porta e em um elevador, com a inserção de uma chave e torceu-a. Descemos rapidamente, e, em seguida, as portas se abriram. — Ah, Srta. Campari. — A voz era acentuada, no fundo como um canhão, suave como a seda. Tranquila, como um predador. — Bemvinda. Eu vi o homem que possuía a voz. Somente algumas centímetros mais alto que eu, mas amplo e poderosamente construído, tinha cabelo preto ondulado, grosso, penetrantes olhos escuros, uma pele cor de oliva e um queixo quadrado de granito. Ele exalava ameaça e poder. Ele usava calças pretas sob medida e uma camisa pólo cinza-claro por fora da calça. Descalço. Barbeado.


Algo em seus olhos quando me avaliou me fez estremecer. Este homem era aterrorizante... Eu queria me esconder atrás de Yuri, mas ele já estava recuando para dentro do elevador, torcendo a chave e, em seguida, as portas estavam deslizando entre nós, deixando-me sozinha. Fiquei sozinha, de frente para Vitaly Karahalios. Toda nua e completamente apavorada. Ele andou até mim, pegou um cacho ondulado de meu cabelo solto com a ponta dos dedos, circulando em torno de mim como um gato brincando com um rato. Seu dedo traçou a minha espinha onde a camisa estava aberta. Eu tremi e lutei contra o impulso de fugir. Outro toque breve, desta vez no meu ombro. Cutucando a camisa fora do meu ombro; o algodão caiu para meu bíceps de um lado, e, em seguida, ele cutucou a camisa do outro lado, e caiu ainda mais. Ele circulou de volta na minha frente, enganchou seu dedo na gola e puxou. Deixei que ele removesse a camisa, de pé diante dele com nada, apenas a minha tanga. Eu mantive minhas costas retas, os joelhos apertados, meu queixo alto. Desafiadora. Não mostre medo, eu conhecia o seu tipo muito bem. — Eles a trouxeram aqui, vestida assim? — perguntou. — Terei que repreendê-los. Você é uma convidada. — Eu não me sinto como uma convidada — disse. — Talvez não. No entanto, você deveria ter sido tratada melhor. Como foi a sua viagem aqui? Eu olhei para ele. — Eles me jogaram em uma pequena sala em um navio que não tinha janelas e fedia a peixe. O avião e os helicópteros eram ok, entretanto. — Não em uma sala adequada? — perguntou, parecendo genuinamente perplexo. Eu balancei minha cabeça. — Foi pior do que uma cela de prisão. — Idiotas. — retirou um telefone celular do bolso da calça, tocou um número de discagem rápida e colocou o telefone no ouvido. Ele falou brevemente em uma língua estrangeira, sua voz era aguda, mas calma. Depois de colocar o telefone no bolso, abaixou e pegou minha camisa, entregando-me. — Vou arranjar roupa adequada para você em um momento, depois teremos tempo para nos conhecer. Mas, primeiro, preciso falar com Yuri.


Como se na menção, Yuri saiu do elevador. Se fosse qualquer juiz de suas expressões faciais, ele estava cagando de medo. Ele olhou para mim como se estivesse em questão e apenas dei de ombros. — Yuri — disse Vitaly, sua voz era quase um sussurro. — Isso não é o que esperava. Eu temo que não esteja satisfeito com você. — Eu a trouxe aqui, chefe — Yuri murmurou. — Não a machuquei. Ninguém mexeu com ela. Nico tentou e atirei nele. Ele ia parar o barco e você sabe. Mas o parei. — Onde estão suas roupas? — Isto é o que ela usava quando a pegamos. Juro. Vitaly ficou quieto um momento. — E por que sua camisa está cortada? —Nico. Eu disse a você, chefe, ele...ele ia estuprá-la. — E por que você não lhe deu a sua camisa? Ou encontrou outra coisa para ela vestir? — Ele deu um passo mais perto de Yuri, olhando para ele. — E por que ela foi colocada em uma cela? Ela deveria ficar nos aposentos do capitão. Eu disse a você, Yuri. Ela não deveria ser maltratada. — Sinto muito, chefe, eu não pensei... — Não — Vitaly murmurou. — Não, você não pensa. Talvez apenas tenha pensado que vi o movimento. Foi tão rápido, tão ordenado e facilmente feito. Um pequeno ruído seco e uma lâmina pulou para fora de uma bainha que apareceu na palma da mão de Vitaly e depois com um súbito lampejo de seu pulso, a lâmina foi enfiada comodamente entre as costelas de Yuri, em seu lado esquerdo, num ângulo para cima. Vitaly recuou depois de um momento e retirou a lâmina. Yuri ficou por um momento, piscando, confuso, então caiu no chão, um pouco de lado e para trás, ao mesmo tempo. O sangue escureceu a sua camisa, escorreu lentamente para o chão e começou a fazer uma poça vermelho escuro no chão de mármore branco. — Maria! — Disse Vitaly, levantando a sua voz um pouco. Uma mulher apareceu. — Senhor? limpar.

— Chame Gutierrez aqui, diga-lhe que tem uma bagunça para

— Imediatamente. — A mulher desapareceu sem olhar para mim ou para o corpo morto.


Vitaly ajoelhou-se, enxugou a lâmina na camisa de Yuri e então se levantou. Ele se virou para mim. — Minhas desculpas pelo dissabor. Às vezes, esses homens que contrato, não fazem as coisas como deveriam. Agora, onde estávamos? — Ele me olhou, enquanto segurava a camisa em meu peito. — Ah, sim. Siga-me, por favor. Ele virou bruscamente e levou-me a um pequeno corredor que terminava em um conjunto de amplas portas francesas. Ele as abriu, revelando um quarto extravagante com vista para São Paulo. Ele ignorou a cama — graças a Deus — e apontou para a porta que dava para o banheiro. — Um chuveiro, eu acho, pode ser bemvindo? — Isso seria ótimo — disse. — Obrigada. Ele acenou com a cabeça quando entrei no banheiro, então seguiu-me. Eu esperei um momento, e então dois. Vitaly não sorriu ou fez um comentário lascivo, mas quando se inclinou na borda do balcão e cruzou os braços sobre o peito, percebi que não tinha intenção de sair. Deixei escapar um longo suspiro, então me preparei. Nada importava, mas manter-me viva. Harris está chegando. Harris está chegando. Harris está chegando. Eu só precisava ficar viva até que me encontrasse. Larguei a camisa, enganchei os polegares na lateral de minha tanga e a tirei, muito consciente de Vitaly observando cada movimento. Ligando o chuveiro, ajustei a temperatura, verificando se o xampu estava no chuveiro, se tinha uma toalha, e, em seguida, dei um passo sob o chuveiro de vapor de água quente. Eu tomei meu tempo, tentando fingir que Vitaly não estava lá. Eu até me lavei lá embaixo, tentando agir normal, como se não tivesse uma caneta presa onde o sol não brilha. Seus olhos seguiram cada movimento meu, cada agitar, salto e balanço. Quando acabei, desliguei a água, limpei meu rosto e encontrei Vitaly estendendo uma toalha para mim, mantida aberta. Mudei-me para pegá-la dele, mas ele retirou-a, fez um som negativo em sua garganta e então estendeu-me novamente. Merda. Fiquei parada, pingando no chão de mármore.


Suas mãos nunca entraram em contato direto com a minha pele, enquanto ele gentil e cuidadosamente me secava com a toalha, enxugando e esfregando dos meus ombros aos pés, peito e panturrilhas, mas mesmo assim me senti... não exatamente violada, mas ciente das consequências da desobediência e enojada com o que sabia que teria de suportar. Prendi a respiração e tentei não recuar, tentei não lutar com ele. Custou todo o autocontrole que possuía, mas passei por todo o processo sem protesto, verbal ou físico. Minha pele arrepiou, meu estômago se rebelou. Eu queria voltar para o chuveiro e esfregar-me de novo. Seus olhos percorriam meu corpo, e ele ainda pressionou seu nariz na minha carne, no meu quadril e respirou profundamente e depois olhou para mim. Ele secou os meus seios, demorada e lentamente. Elevando e acariciando com a toalha. Oh, Deus. Oh, Deus. Eu suportei em silêncio. Mantive meus olhos abertos, sem expressão, olhando para frente. Ele secou minha bunda por último, mais uma vez fazendo-o lentamente, sem pressa e mais uma vez tive que me concentrar na respiração e manter a calma. Ele negligenciou secar completamente uma pequena parte de mim, para minha sorte. Quando finalmente terminou, tirou um roupão branco do gancho na parte de trás da porta, colocando-o sobre os meus ombros, esperando por mim, para deslizar meus braços nas mangas, e, em seguida, amarrou-o ao meu redor. Vagamente, por isso os meus seios não foram completamente cobertos. Claro. Vitaly afastou-se, de volta para o quarto. — Você tem uma vontade de ferro, Srta. Campari. Você não reagiu em tudo. — Eu sairei dessa, viva ou não. Isso é tudo o que realmente importa. Ele estava no centro da sala, com as mãos nos bolsos. — Você determina o que acontece, Srta. Campari. Eu realmente não tenho qualquer problema com você, pessoalmente. Acho que sabe em quem reside a minha raiva. — Roth.


Vitaly franziu a testa. — Na verdade, não. Isso é com sua amiga, Kyrie St. Claire. Ela matou a minha filha. É ela que deve sofrer. Eu tremi com isso. — Então, o que você quer de mim? — Pequena suficiente. Você é isca, nada mais, nada menos. Ela virá atrás de você. Ela mandará alguém. Esse bárbaro, Nicholas Harris, em primeiro lugar, talvez. Outros, talvez. Eventualmente, ela mesma ficará em frente a mim. Ou seja, quando o sofrimento começar. Engoli em seco. — Ela só agiu em legítima defesa. Ele deu de ombros. — Eu sei. Mas não importa. Ela matou a minha filha. Eu não posso perdoar isso, não importa o motivo. — Ele me olhou. — Até então, tudo o que preciso de você é... cooperação. Você é uma diversão, nada mais. Um desvio. Merda. Eu realmente não gosto do som disso.


Capitulo onze VIAGEM

À medida que os dias passavam, joguei um jogo comigo mesma. Vitaly estava sempre presente, sempre um cavalheiro para mim. Ele jurou nunca, nunca fumar e nunca levantar a voz. Na verdade, nunca levantou a voz com ninguém. Ele sempre foi totalmente normal, calmo, suave como um lago vítreo. Sua ajudante de casa parecia respeitá-lo, mas não parecia ter medo dele. Os homens, entretando — os soldados ou bandidos de nível básico seja lá como queira chamá-los — agora cagavam de medo de Vitaly. E com razão. Matava-os regularmente, pela menor infração. Uma distorção, uma falha de trabalho, um olhar mal-intencionado para mim... e o canivete encontraria suas costelas. Eles nunca viam acontecer. Era como uma impressionante serpente, súbito, vicioso e final. Ele nunca perdeu, nunca hesitou. Direto no coração e simplesmente caíam mortos. E sempre era um homem chamado Gutierrez que levava o corpo. Gutierrez era baixo, magro, careca e sempre usava óculos espelhados, bermudas preta, camiseta preta de gola e sandálias esportivas. Parecia um uniforme. Ele nunca estava armado, pelo menos tenha visto. E era assustadoramente eficiente na eliminação dos corpos. Era como uma cena de Scandal21: ele apareceria com uma enorme lona azul, arrastava o corpo para ela, envolvia o corpo na lona e selava com fita adesiva, levantava o cadáver envolto como uma boneta grande e o levava. Momentos depois, Maria aparecia com uma braçada de toalhas e desinfetantes, e as manchas de sangue desapareciam. Todo o processo levava menos de dez minutos. Então, o jogo que joguei comigo mesmo era bastante simples e relativamente mórbido: acordava cada dia e me perguntava o que estaria disposto a fazer para permanecer viva. Que horror suportaria de bom grado, se isso significasse que o meu coração continuaria a bater? Que barbaridade perpetraria se isso significasse mais um dia mais próximo de Harris me resgatar? Eu cantei meu mantra como se fosse uma “Ave Maria”, mais e mais e mais: Harris está chegando, está chegando Harris, Harris está chegando.

21 Série de televisão.


Até o momento — quatro dias em cativeiro — tinha sido muito bem tratada, e seminua. Vitaly me comprou uma nova calcinha, uma pequena tanga vermelha. Nenhuma camisa, nenhum top de biquíni, nada. Aparentemente, a afirmação de que estaria adequadamente vestida era uma mentira. Eu vivia apenas de tanga e me forcei a agir como se estivesse completamente vestida. Eu suportei os olhos de seus lacaios quando iam e vinham com relatórios, os olhos das empregadas domésticas e do chef quando trazia as refeições, os guarda-costas sempre à espreita ao virar uma esquina. E os olhos de Vitaly, sempre seus olhos. Um toque, agora e depois. Uma palma em minha bunda, uma breve carícia em meu seio. Uma mão no meu quadril, uma inalação no meu cabelo. Eu era forçada a tomar banho com Vitaly me observando uma vez por dia, de manhã, depois do café. Descobri que Vitaly era uma criatura de hábitos. Ele acordava às seis da manhã, saía da cama e se exercitava por trinta minutos. Agachamentos, ataque, dois tipos de flexões, abdominais, oblíquos, pranchas, vinte repetições de cada. No terceiro dia, me obrigou a fazer isso com ele. Idiota. Às seis e meia tomava o cafá da manhã, iogurte com morangos frescos cortados, quatro ovos mexidos com queijo, quatro fatias de torradas levemente com manteiga, três xícaras de café, e um punhado de suplementos vitamínicos. Em seguida, tomava banho, fazia a barba, vestia-se e via-me tomar banho. Pelas oito horas, estava pronto para ir, e, geralmente, deixava a cobertura via helicóptero com dois guarda-costas, e um homem mais velho castigado pelo tempo com o cabelo grisalho a seu lado. O nome do homem mais velho era Cut. Pelo menos, é assim que Vitaly o chamava. Cut nunca olhou para mim, mas senti sua atenção de alguma forma, de qualquer maneira. Não gostava de sua atenção. Ele fazia a minha pele arrepiar, fazia o meu intestino agitar. E, sim, o tempo todo tinha o meu velho amigo, Sr. Papermate — a caneta de boceta — no lugar, pronto para quando precisasse dele. Desconfortável pra caralho. Definitivamente não era interessante ter algo duro lá o tempo todo, muito menos por tanto tempo. Isso começava a doer pra cacete e nunca seria capaz de esquecê-la. Com certeza, acabaria com uma puta infecção. Super divertido. Mas não tinha nenhuma dúvida em minha mente que precisaria do Sr. Papermate em algum momento, nesta pequena aventura. Especialmente com Cut por perto.


Cut me assustava mais que Vitaly. Cut era desconhecido, enquanto que Vitaly, pelo menos sabia que poderia e me mataria sem remorso. Eu sabia que gostava de olhar para mim, gostava de me olhar no chuveiro, gostaria de tatear um pouco. Ele me fazia dormir no chão, ao pé de sua cama, como um cão maldito, o que realmente me irritava, mas lidei com isso sem reclamar, porque gostava de estar viva. Sem cobertor, sem travesseiro. Apenas o tapete, minha bunda de fora, meu braço debaixo da minha cabeça. Vitaly brincava comigo, me testava, me deixava no limite. Tentando provocar uma reação. Infelizmente para ele, estava absolutamente correto em sua avaliação: eu tinha uma vontade de ferro. Se decidisse fazer algo, nenhuma força na Terra poderia me balançar. Normalmente apenas fazia o que queria, se parecesse divertido ou fácil. Mas se tinha algo em minha mente, não havia nenhuma parada para mim, até que fizesse isso. Foi assim que consegui trabalhar em dois empregos em tempo integral, mais de quinze horas de crédito na Wayne State University. Foi como sobrevivi a merda que fiz, crescendo. Eu sobrevivi ao gueto como uma estrangeira, não preta, não branca, não hispânica, mas como uma menina sozinha nas ruas e nas escolas, que muitas vezes eram tão perigosas como as ruas, se não mais. Na escola, poderiam prendê-la no vestiário ou no banheiro. Nas ruas, havia geralmente algum lugar para ser executado. Eu sobrevivi a isso — não necessariamente ilesa, mas sobrevivi. Eu não falava sobre essa merda com ninguém, nem mesmo Kyrie. Mas sobrevivi. Eu afastei qualquer coisa, não importa o quê. Eu fiz isso até agora, consegui sair do gueto, paguei meus estudos, tenho um diploma de bacharel e boas habilidades. Ele queria ver-me tomar banho como um maldito idiota desagradável? Deixei-o assistir. Ele queria me fazer dormir no chão como cachorro? Eu dormiria no chão. Ele queria me estuprar? Não seria a primeira vez. Queria me bater até virar uma pasta de sangue? Não seria a primeira vez. Eu não havia sido torturada, mas sobreviveria a isso também. E, além disso, Harris estava chegando. Assim, todas as manhãs, sem expressão, os olhos negros de Vitaly me observavam no chuveiro e eu vislumbrava um novo cenário infernal e descobriria as minhas melhores opções. Acontece que, um deles se tornou realidade.


~*~ Vitaly tinha ido embora, deixando-me sozinha no apartamento. O elevador estava trancado, sem botão de chamada, apenas uma fechadura. Todos os pontos de saída ou de entrada, ou eram guardados ou bloqueados. Eu tinha uma televisão na língua local, é claro, e revistas, novamente todas na língua local, e a maioria das revistas eram de nudez, de qualquer maneira. Não era minha coisa. O TÉDIO SUGA. Folheei todas as revistas, tentei descobrir palavras e frases, assisti TV. Eu não entendi. Eu fiz um monte de ritmo, e um monte de olhar pela janela. Um monte de assistir as pessoas irem e virem muito abaixo de mim, querendo saber se um deles era Harris. E então aconteceu. O elevador abriu, revelando Cut. Ele estava coberto de sangue da cabeça aos pés, salpicado, pintado de carmesim. Ileso, embora, ao que parecia, o que significava que o sangue era de outra pessoa. Ele pavoneou em minha direção, deixando pegadas de sangue sobre o mármore, gotejando sangue de seus dedos. Ele tinha sangue em seu rosto, no pescoço, nas orelhas. Um sorriso curvou em suas feições, dividindo seu rosto banhado de escarlate, com os dentes brancos. — Todo mundo se foi. Olhei para a porta de onde Maria geralmente vinha. — Oh. Ok. — Me afastei. Ele enfiou a mão no bolso casualmente e se aproximou. — Apenas você e eu. — Onde está Vitaly? — Ele foi chamado a Brasília. Ele não voltará por muitos dias. Engoli em seco. — Oh. Hum. OK. Minha pele arrepiou quando Cut se aproximou o suficiente para que sentisse o cheiro do sangue e da morte sobre ele. Ele tocou o centro do meu peito, deixando uma faixa vermelha na minha pele enquanto arrastava a ponta do dedo para baixo entre meus seios. — Agora você é minha. — Eu... eu não acho que é uma boa idéia, Cut. — Eu me forcei a ficar calma, respirando. — Ele voltará e saberá se fizer alguma coisa comigo. — Ele não saberá.


Eu levantei meu queixo. — Me certificarei que saiba. — o encarei, nariz com nariz. Coloquei toda a minha atitude em meus olhos. Todo o meu desprezo. — Você quer um pedaço de mim, não virá fácil. O que significa que ele saberá. E isso não será bom para você. Ele matou Yuri apenas por não me tratar bem o suficiente no caminho para cá. O que acha que fará se você me machucar? Cut apenas olhou de soslaio. — Eu sou seu amigo mais antigo. Você acha que ele me mataria, como faz com aqueles idiotas irritantes? — Ele cuspiu no mármore. — Ele não vai. Eu quero um pedaço de você eu vou levá-la. E puta, se você tornar difícil, você se arrependerá. Eu prometo-lhe isso. Eu recuei. — Foda-se. Eu nunca vi seu movimento de punho. Apenas BAM! Eu estava no chão, minha bochecha latejando. E então estava debruçado sobre mim, a respiração rançosa em meu rosto. — Resposta errada. — Um tapa na minha bochecha e depois no outro lado. Uma e outra vez, até que estava tonta de dor. Engoli a dor, cerrei os dentes, e mantive a respiração. Quando Cut finalmente se levantou, meu lábio estava rachado e meu rosto com dor ardente. Olhei para ele, sem pestanejar. — Você me atingiu como um maricas. — Você quer mais? — Cut zombou. Ele bateu no meu seio e Jesus, isso dói. Mais uma vez, de novo, de novo. Eu cerrei os dentes e suportei, os olhos ardendo e lacrimejando, mas não fez mais do que me fazer choramingar. E então ele beliscou. E por ‘beliscou’, quero dizer torceu tanta força que pensei que tentava rasgar meu mamilo. Um grito escapou, mas engoli. Eu tinha manchas de sangue em mim, de suas mãos e roupas, e me contorcia em agonia quando finalmente me soltour. Um momento para respirar, e então me afastei, percebendo que tudo isso era apenas preliminares para ele. — Você cooperará agora, vadia? Ou quer que comece realmente a te machucar? Eu deveria apenas cooperar. Fingir que era uma fodida bêbada. Ele era um pouco velho para o meu gosto e não seria agradável, mas se cooperasse, ele acabaria em poucos minutos e ainda estaria viva. Eu pensei sobre isso. Merda, sim, eu pensei. Por cerca de quatro segundos.


— Foda-se. — cuspi as palavras e depois cuspi no chão perto de seus pés. CRACK! Seu punho dividiu meu lábio e soltou um dente. Jogando-me no chão. Doeu, mas já passei por essa merda mais de uma vez, o suficiente para precisar de internação em uma ocasião, de modo que isto não era exatamente um território novo para mim. Claro, ele era um cara grande, que esmurrava as pessoas por mais tempo do que vivia, para que pudesse bater significativamente mais forte do que as gangues de adolescentes que me assaltaram quando estava no colégio. Ele me bateu mais duas vezes e senti a dor aumentando o suficiente para sentir que talvez fosse hora de parar de insultá-lo. Mas então ouvi um barulho e através dos olhos inchados o vi abrindo o zíper de suas calças. Foda-se isso. Foda-se ele. Não sem uma luta, babaca. Sob o pretexto de rolar ao redor e gemer de dor — que eu não exatamente tinha que fingir — virei de lado, longe dele e retirei o Sr. Papermate, a caneta da boceta, tirando-a de mim tão rápido quanto podia. Jesus, ele fedia. Eu me enrolei em uma bola, escondendo-me dele. Tirando a tampa, pisquei com força para limpar a minha visão, segurei na minha mão, apontei para baixo, sim, estava um pouco... escorregadio. Eca. Apenas... eca. Isto serviria seu direito, no entanto. Esperei. Enrolada em uma bola, lutando contra o desejo de gemer de dor. Eu não choraria. De jeito nenhum. Imbecis como ele não me fariam chorar. Nada podia. Ninguém podia. Seu pé bateu em minhas costas, e me mandou rolando pelo chão. Eu quase deixei cair a caneta, mas consegui segurando-a. Eu gemi, enrolada em uma bola de novo, e esperei. Desta vez, ele agarrou meu braço e me rolou para minhas costas, abrangendo meu corpo em decúbito ventral com uma perna de cada lado de mim. Ainda em pé, ele se inclinou sobre mim. Idiota. Eu silenciosamente agradeci a Brad, o lutador de MMA e os nossos seis meses de trepada quente e prática de sexo/jiu-jitsubrasileiro. Eu quase ri da ironia: Eu estava prestes a usar jiu-jitsu brasileiro e estava no Brasil. Ha, ha, ha.


Vamos quebrar alguma merda. Eu coloquei a caneta nos meus dentes — eca — e agarrei a sua mão com ambas as mãos, então torci até que não podia mais, enganchando a perna ao redor de seu braço para a parte de trás do meu joelho apoiar em seu cotovelo. Sorrindo para o seu rosto surpreso, puxei para trás com ambas as mãos, enquanto balançava meu corpo na direção oposta. SNAP. O cotovelo dobrou agora em duas direções. Todo o movimento levou menos de três segundos. Ele gritou. Eu gritei. Foi glorioso. Cut caiu no chão, contorcendo-se e agarrando o braço arruinado. Eu rolei até ele, com minha perna enganchada ao redor de sua garganta e o coloquei em uma boa chave de perna forte; olhando para o pequeno idiota ficar azul. Eu não tinha terminado. Estuprar-me? Filho da puta, de jeito nenhum. Eu peguei a caneta em meu punho, cuspi em seu rosto. Prepareime, com a mandíbula cerrada, sem escrúpulos. Ele o viu gozar. Tenho certeza que gozou. Eu segurei a caneta no alto, com a caneta em punho na minha mão, bati com ela tão forte quanto podia em sua cavidade ocular, colocando todo o meu peso, toda a minha força no movimento. Ela furou o olho como... bem, como uma caneta que passa através de gelatina. Eu bati a resistência e a caneta prendeu. Ele estava se debatendo, borbulhante, contraindo-se. Senti o cheiro de merda. Eu coloquei minha mão até o fim da caneta onde projetava de seu crânio, bati com o punho como um martelo, apertando a caneta mais fundo, em seu cérebro. Ele morreu. Eu vomitei até que não tinha mais nada, apenas bile. Eu soltei minha perna do agarre sobre ele, chutei sua massa inerte de cima de mim. Levantei-me, trêmula, olhando para ele e vomitei novamente. O elevador estava aberto, a chave ainda no buraco. Essa era a minha chance de sair daqui. Eu fiz um rápido trabalho com a camisa encharcada de sangue de Cut, desabotoando-a, tirando-a de seu torso, e, em seguida, vestindo-a, estremecendo com a viscosidade morna e molhada. Deus, totalmente estupido. Mas estava coberta. Desamarrei as botas, tirei-as, calçando meus pés, amarrei-as tão apertadas como podia, e então procurei por uma arma. Encontrei uma faca preta dobrável no seu bolso a lâmina era limpa enquanto o cabo era de gosto


duvidoso e sangrento. Claramente, esta foi a arma utilizada para criar todo o sangue cobrindo-o, e agora a mim. Não importa, estava coberta, calçada e armada. Hora de ir. Eu corri tropeçando, cambaleando no elevador, suas enormes botas soltas e trotando como sapatos de palhaço. Eu parecia ridícula, mas isso não me preocupava. Quer dizer, me preocupava, porque passou pela minha cabeça, no meio de um cenário de vida ou morte que parecia totalmente ridícula, vestindo camisa branca encharcada de sangue de um homem, a borda pendurada a meio da coxa, enormes botas de trabalho com chulé. Mas não estava nua e correria com os pés descalços por São Paulo, então não havia nada em meu favor. Além disso, acabei de matar um homem. Haveria tempo para processar isso mais tarde, espero. Agora, precisava sair daqui. Eu apertei o botão para o estacionamento. Eu esperava. A porta fechou e o elevador deu uma guinada em movimento, descendo rapidamente. Algumas colisões suaves e o elevador parou, a porta abriu e estava com a lâmina da faca aberta, de ponta para cima. Um cara que tinha transado uma vez me ensinou isso; segurar a faca com a lâmina para cima. Ele explicou que, se você precisa cortar alguém realmente rápido, começe de baixo e puxe para cima. Você pode exercer mais força empurrando para cima, faz mais danos. Obrigado, Lil D. Parece que virá a calhar. A garagem não estava vazia. Havia um monte de manobristas fumando maconha, conversando, rindo. Eles estavam tranquilos até que me viram e um deles se aproximou de mim, com um baseado aceso entre os dentes, segurando suas mãos com as palmas para fora, conversando comigo em Português. — Eu não falo essa merda, mano. Habla usted Inglés? — Isso foi o espanhol, não Português, mas era tudo que tinha. coisa.

— Não Inglês. — Ele fez um gesto para a faca, dizendo outra

— Você pode ter a faca sobre o meu cadáver, idiota. — Ele entendeu meu tom de voz, pelo menos, e recuou, segurando as mãos para cima. Corri para ele, agarrei a frente da camisa. — Eu preciso de um carro. — O quê? — Ele pareceu surpreso com minha repentina agressão, mas não particularmente preocupado.


— Um carro. Un auto? Das Auto? Merda, isso é alemão. Um... — Eu fiz mimica dirigindo, fazendo um som zoom-zoom. Os outros guardadores riam como hienas, mas o cara que tinha a minha faca pressionada no pescoço, não ria. Ele suava e acenava para seus amigos, falando em Português. Dê-lhe as malditas chaves, seus idiotas — imaginava. Um deles enfiou a mão no bolso e tirou uma chave ligada a um anel com uma etiqueta em forma de uma bola de futebol. Ele me jogou o anel e fez um gesto para um calhambeque velho e batido, algo pequeno, que uma vez foi verde, agora mais do que a pintura tinha ferrugem. Provavelmente um de mudança manual. Ainda bem que eu tinha aprendido a dirigir um desses também. Como? Você adivinhou - um amigo de foda. Viu? Ser uma puta vem a calhar, enquanto você aprender habilidades valiosas ao longo do caminho. Eu pulei para o banco do motorista, agradecendo a minha estrela da sorte que ele estava do lado esquerdo, o que significava que aqui se dirigia à direita, o que tornaria a minha fuga muito mais fácil. Virei a ignição e o motor pegou com uma tosse e então coloquei em marcha lenta. Eu estava prestes a dar ré e soltar a embreagem, mas um dos manobristas bateu no capô, gritando alguma coisa. Apenas olhei pelo espelho retrovisor, dando de ombros amplamente. Ele bateu no capó novamente, imitando abri-lo. Eu me atrapalhei, encontrei o trinco e abri o porta-malas. Talvez fosse seu carro e ele quisesse receber algo com isso? Eu não acho que haveria perseguição imediata, não até que alguém encontrasse Cut. O manobrista, aquele que me jogou a chave, fechou o porta-malas novamente, embolsando um saquinho que parecia ser um maço de dinheiro e um cachimbo. Sim, era o carro dele. Ele também tinha um shorts, uma camiseta e um par de chinelos na mão. Ele jogou pela janela aberta para o meu colo. — O chefão, lá em cima? Idiota. Eu balancei a cabeça. — Sim. Ele é um idiota, essa é uma palavra para ele. Ele apontou para mim. — Você roubou o meu carro. Eu não vi. Eu sorri para ele. — Viu quem? Ele riu e se afastou, coloquei a primeira marcha, soltei a embreagem e apertei o acelerador. O pequeno e antigo carro deu uma guinada para frente e os manobristas todos saíram do caminho, rindo de mim. Eu cantei os pneus quando troquei a marcha em segunda e subi em direção à luz e para a cidade. Eu quase provoquei um acidente imediatamente ao sair da garagem. Maravilha! Um grande caminhão cheio de frutas desviou do caminho, recebi um grito e o imaginei que fossem gestos rudes. Eu apenas desviei e saí, fechando todos eles e


passando por um cruzamento. Claro, a luz estava vermelha, então causei duas freadas bruscas e uma colisão de frente quando corri pelo cruzamento e acelerei uma vez que passei. Esta porcaria podia se mover, como percebi. Quer dizer, não era uma BMW, mas tinha um pouco para acelerar e ir. O suficiente para que cortasse ao redor dos carros em movimento mais lento e correr através de cruzamentos. Mas, então, um pensamento me ocorreu: eu era uma mulher americana, sem passaporte, sem uma habilitação brasileira e estava vestida apenas com uma camisa ensanguentada, uma faca ensanguentada ainda em minha mão. Talvez não devesse chamar muita atenção para mim mesma. Então eu pisei no freio e emparelhei com o tráfego, obrigando-me a manter a calma e parecer como se não soubesse o que fazia. Eu não sabia. Eu não tinha pensado ao sair do hotel. Então agora estava em uma cidade estranha, sozinha, seminua, sem dinheiro, sem identificação, sem meios de me comunicar com qualquer pessoa. Quer dizer, eu sabia o número do celular de Kyrie de cor, mas não tinha um telefone e não sabia como discar para fora do país. Virei-me ao acaso, sem destino específico em mente, tentando formular um plano. Eu precisava de dinheiro e precisava ligar para Kyrie, para que dissesse a Harris como me encontrar. O primeiro passo, tirar essa camisa ensanguentada. Fui para um beco, coloquei o calhambeque em ponto morto e puxei o freio, deixando o motor ligado. Tirei a camisa ensanguentada e atirei-a pela janela, dentro de uma lixeira nas proximidades. Eu descalcei as botas e joguei-as não muito longe. Eu mudei para a camisa, shorts e chinelos do manobrista. Graças a Deus ele era pequeno e magro; as roupas eram, na verdade, um pouco pequenas. O short azul abraçou minhas coxas e bunda e a camisa marrom mal cobria meus seios. Quando a vesti, era mais apertada do que um maldito sutiã esportivo. As sandálias eram um pouco grandes, mas funcionavam. Meu cabelo estava uma bagunça, então procurei ao redor, no assoalho, na parte do passageiro; esse cara obviamente vivia em seu carro, que era uma área de desastre profana com porcaria aleatória. Encontrei uma faixa de borracha e a usei para amarrar meu cabelo para trás — seria complicado para desembaraçar mais tarde, mas mantinha meu cabelo fora dos meus olhos, por enquanto. Havia até mesmo um par de óculos de sol riscado de um dólar na parte de trás. E bingo! — algumas notas de dólar no porta-luvas. Pesos? Qual moeda se usa no Brasil? Eu desenrolei uma e examinei-a;


elas eram reais, aparentemente. Rosa, com uma imagem de uma escultura na frente, o numero 5 no canto superior direito e canto inferior esquerdo. Contei-as — tinha uma centena de real. Reais? O plural correto não importava. Obrigado Pedro — seria meu apelido para o meu manobrista benfeitor, decidi. Vestida mais como um ser humano normal, em vez de uma vítima de filme de terror, senti como se talvez tivesse uma chance, agora. Uma pequena, mas era algo. É incrível como roupas limpas podem melhorar o humor de uma garota, hein? Saí do beco com cuidado, observando o tráfego próximo de um local claro. Eu saí e fomos embora. Eu dirigi a um ritmo lento, calmo, suando baldes, cortando uma linha direta de uma maneira, em seguida, virei à esquerda e dirigi por vários quilômetros e, então, virei à direita e indo ainda mais longe, apenas tentando fugir da cena do crime. Eu verifiquei meus espelhos regularmente, prestando atenção para sinais de que estava sendo seguida, mas, até agora, nada. Eu encontrei um posto de gasolina com um mercado pequeno, coloquei uma de minhas preciosas notas — estimo que de cinco reais — de gasolina no tanque e entrei na pequena loja. Comprei uma garrafa de água, o que eu esperava que fosse uma barra de proteína e um mapa da área. No balcão, vi telefones celulares e cartões de minutos pré-pagos. Claro, as instruções eram em Português, mas eu uma garota inteligente, esperava que fosse capaz de descobrir isso. Peguei um telefone e um cartão e passei para o caixa. Ele me ligou, passou tudo de volta para mim. E, em seguida, apertando os olhos, falou. — Americana? — Ele era um cara mais velho, com cabelo grisalho e rugas de tempo em sua pele. Você pensaria que com o meu cabelo e cor da pele eu seria capaz de passar por uma local, mas aparentemente não. Eu apenas assenti. — Sim. Americana. Ele mastigou algo em sua boca, e então abriu o telefone, pegou os pacotes de minutos e retirou o cartão SIM, olhou para as instruções e, em seguida, passou alguns minutos pressionando os botões e ouvindo. Eventualmente, fechou o telefone — era antigo, do estilo garra, o mais barato que tinha, que era tudo que eu podia pagar — e entregou para mim. Ele circulou um conjunto de instruções na embalagem do plano de minuto e empurrou-o para mim. — Ligue para casa. Ligue para a América. Fácil.


Ele deve ter suposto que era uma estudante ou turista perdida tentando ligar para casa. Verdade o suficiente e graças a Deus ainda havia pessoas legais no mundo. Eu estava mais perto das lágrimas com sua bondade, do que poderia me lembrar de estar em um longo, longo tempo. — Obrigada! Muito obrigada! Gracias! Ele riu de mim, acenando com a mão. — Não. Não é nada. Eu entrei no carro com as minhas compras e como eu verifiquei meus espelhos, aconteceu de ter uma boa olhada no meu rosto. Bem merda, não é de admirar que o velho teve pena de mim: eu parecia que tinha ido três ou quatro rounds com Manny Pacquiao22, com resultados previsíveis. Meu olho esquerdo estava ficando rapidamente roxo, meus lábios rachados e inchados, eu tinha um corte na minha bochecha direita, e tinha sangrado do nariz em algum momento, embora tivesse parado por conta própria, mas tinha deixado um rastro pegajoso de sangue seco no meu lábio superior. Eu voltei para fora do carro e entrou para o mercado, fazendo um caminho mais curto para o banheiro. Não havia muito que eu pudesse fazer, mas limpar o sangue e lavar o rosto com água fria, mas era melhor do que nada. — Mau namorado — disse o funcionário, quando passei por ele. — O quê? Ele gesticulou para mim. — Namorado ruim. Eu balancei a cabeça, e senti uma compulsão absurda de rir. — Sim, mas você deve ver imaginar como ele está. — Você chutou o seu traseiro? — Seu rosto se iluminou com um sorriso. — Sim amigo, chutei bem o seu traseiro. Ele balançou a cabeça, sua expressão era feroz. — Bater em mulher não é bom. Bater em mulher bonita? Muito ruim. — Eu ri disso. Aparentemente, bater em qualquer garota era ruim, mas bater em uma bonita era especialmente ruim. Ainda bem que sou bonita, então, certo? O velho fez um gesto. — Você vai para Guarujá. Dirija para o mar. Muito bonito. Muito relaxante. — Eu irei. Obrigada. Gracias.

22 Boxiador filipino.


Ele riu novamente, apontou para mim. — Não, Gracias, não. É Espanhol. Em português você diz 'obrigada'. — Obrigada — repeti. — Sim, sim. Obrigada. — Ele acenou para mim de novo e eu saí. Voltei para o meu carro ‘emprestado’, no interior senti que era pelo menos quarenta graus, mesmo com todas as janelas abertas. O Brasil era fodido de quente, cara. Sentei-me no banco do motorista, o motor funcionando, o rádio tocando algum tipo de música local, examinando meu mapa. Rodovia dos Imigrantes parecia a melhor para dirigir para esta Guarujá — que não fingiria que sabia como pronunciar. Agora só precisava descobrir onde estava atualmente e como chegar à Rodovia — o que quer que seja. Mas, primeiro, ao que parecia, tinha que passar por São Vicente e Santos, por uma ponte para ir para o Guarujá. Mas então se queria ir para o oceano, porque não bastava parar em Santos? O velho tinha especificado Guarujá, então ia para lá. Eu encontrei o caminho mais direto de acordo com o mapa, tirei uma caneta do porta-luvas e risquei o caminho que precisaria tomar, memorizando os números das estradas — da 160 para a 101 e para a 248. Portanto, não através de Santos em tudo, agora que verifiquei a rota novamente, contornaria o norte de lá, ficando no continente, ao invés de ir por São Vicente. Tanto faz. Eu só tinha que sair de São Paulo. Procurar um local para me esconder, ligar para Kyrie e esperar por Harris. Esperemos que sem mais ‘super divertidos’ desentendimentos com o exército de idiotas de Vitaly. Então, levei meu mapa novamente para o mercado e mostrei para o funcionário. Ele passou alguns instantes olhando para ele, dedo traçando um caminho ou outro, até encontrar o nosso atual local — que, descobriu-se, era apenas algumas milhas de distância da estrada que precisava. Ele pegou uma caneta no balcão e desenhou um caminho para mim no mapa para que soubesse como chegar à interestadual ou a estrada, ou seja lá como a estrada era chamada. A grande estrada para sair de São Paulo. Rodovia dos Imigrantes, algo do tipo. Deixei o posto de gasolina, segui as instruções do funcionário para a Rodovia dos Imigrantes e cheguei na rodovia. Exceto por um monte de carros cujas marcas e modelos que não reconheci e toda a sinalização estar em Português, a viagem foi muito parecida com qualquer viagem em qualquer lugar dos EUA. Grama verde em ambos os lados, juntamente com algumas palmeiras em uma brisa quente, ônibus e carros de passageiros fechando a frente e para trás. Eu tinha duas preocupações principais: ficar sem gasolina e ficar sem comida e água. Eu tinha míseros cinco reais reservados, a


menos que meu amigo Pedro tivesse mais dinheiro escondido em algum lugar de seu carro. Eu me senti mal por ter roubado o carro do cara e todo o seu dinheiro, mas uma garota tem que fazer o que precisa fazer, certo? Eu estava sozinha em um país estrangeiro, não falava a língua e acabei de matar o braço direito do chefe de um sindicato do crime. Não. Não pense sobre ter colocado uma caneta esferográfica no olho de Cut. Não pense na maneira como ele se contorceu e borbulhou ou o fato de que ele era um merda. Merda. Merda. Merda. Merda. Eu tive que sair da estrada e para o acostamento, para que me inclinasse pela janela aberta e vomitar. Fique firme, Layla — disse a mim mesma. Eu não podia me dar ao luxo de desmoronar. Agora não. Vontade de ferro. Vontade de ferro. Eu firmei a minha respiração, afastei as imagens da morte violenta de Cut em minhas mãos. Afastei toda e qualquer emoção. Não sinto nada. Não havia nada neste momento, nada que fosse necessário para me tirar disso. Enquanto estava parada, segui as instruções para ligar para fora do país e disquei o número de Kyrie de memória, parei o carro saí da rodovia e coloquei o telefone entre o ombro e meu ouvido, já que eu não acho que o telefone celular arcaico tinha a tecnologia de viva-voz. A linha tocou uma, duas, três vezes... quatro, cinco, seis. — Vamos, cadela, — murmurei — atenda o maldito telefone. Ouvi um clique e depois uma voz masculina suave. — Quem é? Engasguei e meus olhos embaçarem. O alívio que senti era imensurável. NÃO, NÃO, NÃO e NÃO. Não estou chorando. — Oi, Harris? É Layla. Uma pausa. — Layla? — Outra pausa. — Sit-rep23? Hum, quero dizer, qual é a sua situação? — Eu sei o que é um sit-rep, Harris, eu assisto TV. Estou bem. Eu fugi. — Onde você está? — Brasil. Eu saí de São Paulo em direção... bem, eu não sei como pronunciá-lo. Uma cidade na costa, a sul de São Paulo. Começa com 'G' e tem um 'A' com acento agudo. Gwar-yooh-jah ou alguma merda parecida. 23 Calão militar Sit-rep = reporte a situaçãoa atual


— Guarujá. — disse isso como Gwar-ooh-zha. — Ótimo. Posso chegar aí em menos de 12 horas. Você está machucada? Eu hesitei. — Estou bem. Eu posso durar 12 horas. — Layla. — disse meu nome... suavemente. Estranhamente flexionado, como com emoção... e merda... fez o meu coração se contorcer e meu estômago saltar. — O que fizeram com você? — Nada realmente. Nada para se preocupar. Eu fugi. Estou viva, não danificada permanentemente e estou em trânsito. — Como conseguiu isso? — Eu roubei o carro de um cara. Ele tinha algum dinheiro nele, então comprei um telefone celular pré-pago. Um cara bom, num posto de gasolina arrumou-o para mim. Eu não sei se terei gasolina suficiente para fazer todo o caminho até lá, mas tenho a minha rota traçada. Eu posso andar, se necessário. — Estou impressionado. — Parecia que queria dizer muito mais, mas guardou para si. — Eu cresci em Detroit, Harris. Esta merda é fácil. — Acha que estão te seguindo? — Não. Ainda não, pelo menos. Quando eles encontrarem... bem, quando Vitaly descobrir o que fiz para fugir, tenho certeza que mandará caras atrás de mim com uma vingança. Mas, por agora, não estou sendo seguida. Vitaly está em Brasília por alguns dias, como disse Cut, por isso, talvez, essa seja hora, pelo menos antes de Vitaly ficar ciente que fugi... Uma pausa repleta de Harris. — Layla... você conheceu Vitaly? — Eu conheci um monte de gente. Mas sim, conheci Vitaly, o próprio. Ele é um filho da puta assustador, Harris. — Tentei manter minha voz calma, mas não conseguia parar um tremor. — O que teve que fazer para fugir? — disse suavemente, no mesmo tom preocupado. — Nada do que esteja disposta a falar pelo telefone. Eu tenho que me focar. Talvez depois que você me salvar eu pensarei sobre isso. Mas, por enquanto, não se preocupe comigo. Estou bem. — Chegue ao Guarujá, Layla. Procure um local para se esconder. Não fale com ninguém. Não pare por nada. Eu estarei lá assim que puder, ok? Você ficará bem. Estou a caminho.


Eu queria dizer tantas coisas. —Harris? —Sim, Layla? — Deus, aquele tom de sua voz. Ninguém nunca tinha falado assim comigo, como se eu fosse mais importante do que qualquer coisa. —Estou bem. Isto é como uma viagem por estrada. Só... no Brasil. — Eu estava tentando me convencer mais do que qualquer coisa. juntos.

—Você está muito bem. Está tudo bem. Estamos em férias

— Vou descansar na praia, colocar meu biquíni e tomar sol. Beber algumas dezenas mai tais24. Isto o fez rir. — Mai tais são mais para o Havaí, baby. Você está no Brasil. Arrume uma piña colada25. Ele me chamou de 'baby'. Tentei não amar isso e falhei totalmente. — Como cerca de tequila em linha reta? — Não é tequila que faz a sua roupa cair? — Eu odeio música country, Harris. Ele riu. — No entanto, você tem a referência. Não deve odiá-la muito. E aposto que tequila faz sua roupa cair. — Sim, quase isso. Mas então... o mesmo acontece com uísque, rum e vinho. — hesitei. — Eu não posso permitir isso muitos minutos, então deveria ir. Guardar para emergências. Ele riu e depois cantou alguns compassos da canção Joe Nichols, sua voz surpreendentemente suave e melódica. — Mantenha os olhos abertos — finalmente disse. — Não confie em ninguém. E... faça o que for preciso. — Basta chegar aqui — disse e então terminei a chamada antes que pudesse ouvir o nó na minha garganta. Eu não chorei. Eu estava suando... pelos meus dutos lacrimais. Eu tive um pouco de fungada. Um verão frio. Nada demais. Harris está chegando. Harris está chegando. Harris está chegando.

24 Coquetel de rum

25 Coquetel doce feito com rum, leite de coco e suco de abacaxi


Capítulo doze ACHADOS E PERDIDOS

Eu caminhei para o oceano. A 248 terminou no meio da cidade, mas encontrei a costa. Andava ao longo de uma estrada cujo nome não conseguia pronunciar — algo ‘da Fonseca’, o mar à minha direita, carros rastejando lentamente pára-choques com para-choques e estacionados em paralelo e buzinando, turistas e moradores locais se movendo com sacolas nas calçadas e o motor engasgou e morreu. Bem no meio da estrada, o motor morreu. Virei a ignição, o motor engasgou mais algumas vezes, ofegou, virou e depois, surpreendentemente, pegou apenas o tempo suficiente para entrar à esquerda na Avenida Puglisi e ir para um local de estacionamento antes de o motor tossir como um asmático fumante e morrer novamente. Eu descansei minha cabeça no volante, o suor pingando do meu nariz e deslizando pela minha espinha, espalhado no meu rosto e meus ombros e... em todos os lugares. O Brasil é quente para caralho. Eu tinha bebido meu último gole de água e comido a minha barra de proteína há muito tempo. Eu tinha apenas cinco reais e um canivete. Mas Harris estava chegando. Tempo para me esconder. Passei alguns minutos vasculhando o carro de Pedro, procurando sob os bancos, no porta-luvas e em todas as fendas, mas só achei uma única nota de um real, amassada. Olhei no porta-malas, mas não tinha nada de valor, apenas lixo. Um saco de plástico vazio, um estepe. Uma lata vermelha vazia de gasolina e alguns saquinhos vazios que tiveram uma vez alguma compra. Encontrei um pedaço de papel e escrevi ‘obrigada’ nele, coloquei-o sobre o assento do motorista com as chaves sob o assento, então parti a pé. Eu caminhei através da relativa frescura proporcionada pela sombra dos edifícios do centro da cidade e para a praia, removendo meus chinelos e colocando-os nos meus bolsos traseiros. A areia seca era mais quente que o inferno, mas trotava através dela para a água, deixando a água chapinhar sobre os meus pés descalços. Não havia


uma nuvem no céu, apenas uma rígida brisa quente constante, de fora da água. Eu apenas andei. Para o norte, tinha certeza, mas isso realmente não importava. A praia estava bastante deserta, apenas alguns casais e indivíduos aqui e ali. Eu tentei parecer à vontade, como se fosse apenas uma turista solitária caminhando na praia. Eu andei para o norte até que a praia terminou em um aglomerado de prédios de um condomínio à direita descendo para a beira do mar, escondendo o que parecia ser um afloramento de rocha coberta pela selva. Eu continuei andando, seguindo pelas ruas estreitas para cima e ao redor do cume que se projetava para fora da encosta e de volta para a praia. Sabe o que fiz, então? Eu andei. E andei. E andei. Teoricamente, poderia provavelmente apenas continuar caminhando até a costa do Brasil, até que não houvesse mais praia. Na realidade, estava cansada de andar. Mas o que mais poderia fazer? Eu não tinha dinheiro para um hotel, ou comida. Eu não poderia apenas sentar-me na praia e esperar pelas próximas dez horas. Eu não queria parar, não me atrevia a parar de andar. Se parasse de me andar, começaria a pensar. Se começasse a pensar, teria um maldito colapso nervoso, porque matei um homem há duas horas. E uma vez que começasse a me deter sobre esse fato pouco feliz, eu choraria como um bebê. Então eu andei. Eu segui a praia e tentei apenas apreciar a luz do sol, o calor, o oceano e a beleza do Brasil e tentei não pensar. Apenas andei. Eventualmente, depois de talvez uns 4 km, a praia terminou em outra montanha crescente de selva, esta muito maior e mais permanente, não o tipo de afloramento que poderia andar por aí. Então peguei a estrada e comecei a segui-la, passando um belo café à direita da água, o tipo de lugar onde gostaria de sentar em uma mesa e ver as pessoas irem e virem, comerem, beberem, discutirem, beijarem. Mas não me atrevia a parar. Então, segui a estrada, para cima, para cima, para cima. Apenas subindo, com semi-acabados arranha-céus à minha esquerda, a selva à minha direita, parando apenas na beira da estrada. Não era uma área agradável, necessariamente, não para turistas. Mas continuei. Imprudentemente, talvez, mas estava comprometida em apenas andar, andar, andar.


A selva deu lugar a um hotel gigantesco e percebi que estava no topo da subida. Ou algo assim. Ok, não, não realmente. Havia ainda uma grande quantidade de colina à esquerda para subir. Um monte de colina. Jesus. Comecei a subir e suava em bicas, sem fôlego e esgotada além de toda a compreensão, mas tinha começado a subir esta colina e por Deus, precisava ir até o topo. Apenas porque sou teimosa pra cacete. Pra cima. Pra cima. Pra cima. Isso, eventualmente, acabou na crista com o mar muito abaixo e ao longe, azul e nebuloso, mas nada mais de um afloramento de rocha coberta de árvores em frente e um punhado de ruínas, edifícios caiados de branco à minha direita. A estrada se transformou em antigas pedras octogonais rachadas, inclinando para a direita em direção a borda do penhasco. Um sinal pintado à mão anunciava um número de telefone, e abaixo do número estavam algumas palavras em português, e uma palavra em Inglês que reconheci: ‘camping’, uma área de camping, então. Perfeito. Um trio de galinhas serpenteou por mim, cacarejando umas com as outras, em busca de sombra debaixo de uma palmeira solitária, apressando um pouco mais rápido quando passei por elas. À beira da estrada estava um edifício de concreto, caiado de branco, com uma laje de zinco ondulada, nada além de um galinheiro à beira do penhasco. Um par de sinais amarelos anunciava uma coisa ou outra, em português, que, obviamente, não li. Mas sabia o suficiente de um restaurante espanhol perto de casa para reconhecer que ‘fritada’ e ‘coco verde’ provavelmente significava comida de algum tipo. Isso, mais a mesa de plástico frágil, cadeiras e guarda-sol rosa brilhante, significavam que, muito provavelmente, era um restaurante de algum tipo. Até aqui, cinco reais só poderia conseguir-me algo para beber e um lugar para sentar-me e não ter de caminhar por algumas horas. Eu entrei. Estava escuro, o teto era baixo, e cheirava maravilhosamente a fritura de alimentos. Era quente, mas mais fresco que do lado de fora, uma janela com um ar condicionado estava ruidosamente em algum lugar, e um grande ventilador agitava o ar preguiçosamente. Então... ‘restaurante’ poderia esticar um pouco as coisas.


Mas era um estabelecimento público e estava deserto, então provavelmente poderia matar o tempo aqui sem atrair atenção. Havia uma mesa perto da porta e me sentei de costas para a parede para que pudesse ver o interior, bem como a porta da rua e além. Ouvi vozes na parte de trás falando em português, mas não estava com pressa. Eu estava apenas feliz por estar sentada e longe do sol. Eventualmente uma pequena e curvada senhora surgiu de algum lugar, me viu e começou a falar animadamente, apressando-se para mim, colocando um cardápio laminado na minha frente. Tinha talvez seis itens, nenhum dos quais reconheci, mas pelo menos os números ao lado dos itens me disseram que provavelmente poderia usar o restante do meu dinheiro roubado para pagar uma refeição e algo para beber. Falei com a animada senhora. — Americana. Falo Inglés. — Oh... não, não. Sem Inglés. — E então ela saiu novamente, batendo muito rápido para mim, para pegar qualquer coisa, mesmo se quisesse falar a menor quantidade de português, que não sei. Exceto ‘obrigada’. Hum. sabia.

— Água? — Isso era espanhol novamente, mas era tudo que

Ela entendeu, apressando-se para longe e voltou com um copo grande de plástico vermelho translúcido, do tipo que você usa no Pizza Hut. Ele estava cheio de água gelada, o peguei e tomei com avidez, oferecendo a minha melhor versão de ‘obrigada’, que a fez sorrir para mim. Eu peguei a única nota de cinco reais amassada do bolso e a coloquei sobre a mesa, fiz um gesto para o menu com um encolher de ombros, e, em seguida, toquei no meu ventre. Que esperava que fosse traduzido como ‘Escolha algo para mim, senhora, porque este é todo o dinheiro que tenho e não sei português.’ Aparentemente, ela entendeu, porque pegou o dinheiro, enfiou-o no bolso do avental e desapareceu. Ela voltou com um copo de água gelada e então desapareceu mais uma vez. Desta vez, ela demorou cerca de 20 minutos, que foram gloriosamente passados em silêncio, exceto pelo crepitar ocasional do gelo no plástico vermelho. Quando ela voltou, estava com um prato com um monte de comida. Haviam pequenas bolas de algo frito, algo grande empanado, parecendo mais crocante e então bastante arroz e feijão, misturado com farinha, bacon e pimentões. O cheiro era divino. Mas era muita comida por uns míseros cinco reais. Enfiei as mãos nos bolsos e virei-os para fora para mostrar que não tinha mais dinheiro e depois dei de ombros amplamente.


A mulher apenas acenou para mim — Coma! Coma! — disse, apontando para o prato. Eu vi esse gesto antes, mas em italiano: ‘Mangia! Mangia!’ Agradeci-lhe outra vez, peguei o garfo e comi uma das bolinhas fritas. Puta merda. Que delícia! Isso tinha algum tipo de queijo derretido cremoso e frango desfiado dentro dele e era divino. A mulher apontou para as bolas fritas quando espetava outra. — Coxinhas. Co-xi-nhas. Delicioso. A coisa empanada estava ao lado. Eu a abri em duas e descobri que continha mais queijo derretido, carne moída, cebola branca salteada, e pimenta. Ela a chamou de pastel. Eu não ligava para o que dizia, enquanto pudesse comer. A mistura de arroz, feijão e farinha era tão incrível como tudo o mais, então no momento que terminei, estava saciada, estufada e feliz. Eu gostaria de ter mais dinheiro para lhe dar, mas não tinha, então parti para efusivos agradecimentos, que a mulher apenas acenou para longe. Eu tomei meu copo de água gelada - meu terceiro - e mudeime para a mesa no pátio, sentada à sombra do guarda-sol, e olhei para o mar. Aos poucos, a minha barriga cheia e minha ansiedade diminuíram, eu decidi descansar a cabeça em meus braços por um momento.

~*~ Um grito me acordou. Não meu, mas de outra pessoa. Uma mulher. Aterrorizada. Em pânico. Eu dei um salto, pegando a faca no meu bolso de trás. O pátio estava vazio, mas havia uma grande SUV preta com o motor em marcha lenta e todas as quatro portas abertas. Definitivamente, o tipo de grande SUV preta que um chefão enviaria seus capangas atrás de uma garota americana. Percebi também que do meu lugar à mesa, com a cabeça abaixada e escondida atrás do guarda sol inclinado, significava que


poderiam não ter me visto. Mas me seguiram até aqui, de alguma forma. Ouvi gritos, um tiro e um grito, o som de uma bala perfurando o telhado de zinco. O que fazer? Só uma coisa a fazer: roubar o SUV. Eu odiava deixar a simpática senhora se machucar por minha causa, mas esperava que os bandidos realmente não a matassem, se realmente não sabe nada sobre mim. Eu estava essencialmente indefesa, de qualquer maneira, então o que poderia fazer para ajudar? Não adiatava levar uma faca para um tiroteio, certo? Amaldiçoando sob a minha respiração, olhei para a porta por uma fração de segundo e em seguida, fugi, saltando a baixa cerca que separava o pátio do estacionamento, deslizei na sujeira, corri ao redor do SUV, fechando as portas no quando me dirigia para o banco do motorista. Eu entrei, sentei e fechei a porta, joguei a marcha à ré, acelerando e rodando. O poderoso veículo derrapou para trás e girou em um círculo sobre o cascalho, espalhando galinhas e seixos em todo o lugar. Eu quase bati em uma cabana nas proximidades, mas me recuperei e puxei a alavanca de mudança na unidade, empurrei o pedal do acelerador para o chão. Ouvi tiros, a janela traseira quebrou e a rodada seguinte enterrou no encosto de cabeça do assento do passageiro. Mais disparos bateram no corpo, painel e parte traseira. Então virei a esquina e fiquei fora do seu campo de visão. Desci a colina a uma velocidade imprudente, indo para a praia e virando para a cidade. Como me encontraram? Meu telefone tocou. Por causa do tráfego, fui forçada a ir devagar, então respondi, observando meus espelhos por sinais de perseguição. — Harris? — Sim, sou eu. Estou em São Paulo agora, descendo para o litoral. — Eu ouvi o ruído da estrada no fundo. — Onde está você? — Ainda no Guarujá, embora esteja com problemas. — Olhei no espelho retrovisor e vi um SUV preto idêntico ao que dirigia costurando o tráfego, passando três carros, acelerando e vindo atrás a mim. — Problemas? — Sim. Eu estava nesse local agradável, um pouco fora do caminho, nesse pequeno restaurante. Eles simplesmente... apareceram.


Eu não sei como me encontraram. Eu andei até lá e não parei para falar com ninguém. Eu não acho que qualquer pessoa me viu. — BAM! Um disparo bateu no rádio. — Merda. Estão atirando em mim. — Você tem uma arma? — Não, mas tenho uma faca. Espere um segundo. — Eu joguei o telefone no assento do passageiro e girei o volante para a direita e pisei no freio. Isto me custou uma derrapagem traseira que me sacudiu para frente e me deu um sórdido caso de chicotada, e os meus perseguidores dispararam atrás de mim, que era o meu objetivo. Eu liguei o motor e parei ao lado deles, cerrei os dentes, e puxei o volante à esquerda, batendo neles. Minha janela quebrou e a porta amassou contra a minha perna, mas o outro SUV não se saiu tão bem. Eu o forcei em um caminhão de carga que se aproximava e se chocou com o SUV preto, demolindo sua extremidade dianteira. Eu pisei fundo no acelerador e me afastei, cortando à esquerda para uma rua de mão única e então, fiz mais um par de voltas ao acaso. — Layla! — ouvi a sua voz distante, metálica e lembrei-me do telefone. — Harris, oi, estou aqui. Desculpe-me por isso. — Você está bem? — Ele parecia em pânico. Bem, talvez não em pânico exatamente, mas em causa, no mínimo. — Sim, estou bem. Eu bati de lado neles, no meio ao tráfego. Acho que os despistei. — Não se engane. Existem sempre mais. — Obrigada pela confiança — disse, inexpressiva. — Eu tenho certeza que apenas causei uma série de lesões e morte. — Você quer que minta para você? — perguntou. — Não — admiti. — Sempre me diga a verdade. — A verdade é que ficará bem. Faça o que for preciso para evitar que coloquem as mãos em você. Não se preocupe com os danos colaterais; apenas finja que você está em um filme de Jerry Bruckheimer, tudo bem? Volte para a 160, o caminho que tomou para o sul, de São Paulo. Siga para o norte e me chame quando você estiver nele. Descobriremos um lugar para nos encontrar. — Entendi. — Tudo certo. Vejo você em breve.


— Promete? — odiava o quão vulnerável soei nessas pequenas sílabas estúpidas. — Eu prometo, Layla. Clique. Desliguei na cara dele, para salvar-lhe da dificuldade de se despedir. E porque se não desligasse, minha fachada de força ruiria. Eu sou uma cadela dura, mas todo mundo tem um ponto de fraqueza e estava chegando ao meu. Consegui encontrar a estrada para o norte, totalmente por acaso. Eu verificava meu espelho retrovisor regularmente, prestando atenção em qualquer SUV preta, mas até agora não tinha visto nada. Eles me encontraram quando estava absolutamente positiva que tinha escapado. E se plantaram um rastreador em mim, como num dos filmes de espionagem de Tom Cruise? Quer dizer, de que outra forma você poderia explicar isso? Quando estava fora da cidade, liguei novamente para Harris, disse que estava na 160 em direção ao norte e desliguei antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. Com duas janelas quebradas, a viagem era barulhenta e ventosa. Minha perna doía onde a porta tinha amassado e tinha certeza que não queria olhar para baixo para avaliar os danos. Meu pescoço estava dolorido e duro, também, do chicote. Além disso, a subida até o morro havia me esgotado. Mas pelo menos não estava com fome. Sempre olhe pelo lado brilhante da vida. Se você cantalorar a música Monty Python então, o amarei para sempre. Trinta minutos depois meu telefone tocou, assustando-me o suficiente para que eu gritasse e puxasse o volante, quase batendo no carro ao meu lado. — Olá? — Sou eu — disse Harris. — Devemos estar perto um do outro. Você já alcançou o ponto onde as pistas norte e sul se fundem? Deixando o Guarujá, as faixas de tráfego Norte e Sul eram muitas vezes distantes, levando a rotas totalmente diferentes pelo terreno montanhoso, apenas se juntar uns 50km ou mais ao norte e oeste. — Não — disse — ainda não.


— Ok. Bom, quando as pistas começarem a fundir, quero que você encoste e se esconda na floresta. Vá tão para o norte quanto puder, então estará bem na beira da floresta, olhando para o norte. Encontrarei você. Você não verá mais ninguém, apenas eu vindo para você... bem, faça o que for preciso. — OK. Entendi. calma.

— Alguma pergunta? — perguntou, com voz firme, brusca e — Apenas uma. — O que é?

fácil?

— Sabendo que você já matou alguém, alguma vez fica mais

Ele não respondeu de imediato. — Sim e não. Como qualquer outra coisa, quanto mais você fizer, mais fácil se torna. Mas isso vem com um preço. — Outra pausa. — Falaremos mais quando estivermos juntos. — Foi feio, Harris. — Por que dizia isso? Eu não queria pensar nisso. Eu tentava não fazer isso. — A morte é feia, Layla. Não existe duas maneiras sobre isso. — Vejo você em breve. — Sim, você verá. — ele que desligou, desta vez. Joguei o telefone no assento do passageiro e foquei na direção, olhando o terreno e prestando atenção na busca. Depois de mais dez minutos, vi a pista de tráfego sentido sul ao longe, à minha esquerda, apenas uma faixa cinza no verde da floresta, com a luz solar brilhando ocasionalmente nos pára-brisas. Quando as pistas estavam a cem metros ou mais de diferença, uma tela fina de árvores apareceu no espaço cada vez menor entre pistas. Mudei-me para a faixa da esquerda e abrandei, recebendo buzinas e gritos irritados quando o tráfego em movimento mais rápido desviava de mim. Mais três minutos e a mediana estreitou ainda mais longe e as árvores diluíram para um ponto. Não havia um acostamento, então tive que sair da estrada e diretamente sobre a grama, batendo e saltando quando freei e parei. Eu desliguei o motor, deixei as chaves na ignição, espalmei o meu telefone em uma mão e minha faca na outra, olhando em ambas as direções. Eu recebi um monte de olhares, mas ninguém parou, ainda. Eu saí correndo para as árvores.


Quando fiz a linha das árvores, ouvi a porta de um carro perto, em algum lugar atrás de mim. Merda. Claro. Era uma grande SUV preta, estacionando logo atrás da minha. Cinco homens se moviam em direção a mim e cada um carregava uma metralhadora. Eles se dirigiam para mim com calma, sem pressa, fazendo diretamente o caminho para a minha posição. Agora, que porra é essa? Eu olhava para trás de mim a cada passo do caminho e podia jurar sobre uma pilha de Bíblias que não tinha sido seguida. No entanto, ali estavam eles, vindo direto para mim. — Porra. Porra. PORRA! — Gritei pela última vez e um dos homens riu. Não era um som agradável. Escondi-me atrás de uma árvore, preparei a minha faca, e disquei para Harris. Ele respondeu antes que tocasse duas vezes. — Layla? — Sim, sou eu. Eu estou onde você me disse para ir, nas árvores sobre a mediana. Eles estão bem atrás de mim, Harris, estão se aproximando. Cinco deles, e estão com grandes metralhadoras. Como me encontraraam, Harris? O que faço? — Eu estou quase lá. Corra para o sul, ok? Fique apenas no interior das árvores, mas corra para o sul, mais perto das pistas no sentido sul. Você saberá o que fazer quando chegar a hora. razão.

— O que isso significa? — soei estridente, mas diria que tinha — Confie em mim, querida. Corra para o sul. Procure por mim. Clique. Ótimo.

Eu virei e olhei ao redor do tronco da árvore. Eles se aproximavam das árvores, agora. Merda, merda, merda. Eu saí correndo para o sul, saltando dos troncos de árvores e ramos. Crack! Crack, crack, crack, crack! A casca de árvore explodiu na minha esquerda, pulverizando o meu rosto com estilhaços. Eu abaixei e virei à direita, depois à esquerda, sem me atrever a olhar para trás. A metralhadora disparou outra vez, e depois outra, à minha esquerda.


Eles não brincavam, obviamente. Não há mais ordens para me trazer de volta viva, claramente. ‘Mate a vadia’ — tinha certeza de que foi dito. Eu disparei em velocidade, correndo o mais rápido que pude, tão forte quanto podia, braços na frente do meu rosto para bater de lado os ramos. Senti algo cortar meu braço direito, seguido de uma fração de segundo depois por um estalido e, em seguida, o barulho da metralhadora. Um zumbido soou à minha esquerda. Eu não tinha certeza bem porque, mas o estalo me assustou mais do que o zumbido. À minha direita, ao longe, um motor rugiu; olhei e vi uma SUV verde com teto branco, saltando a toda velocidade pela grama. É estranho os detalhes que você observa em situações de alta-adrenalina: eu não poderia ter dito a você que tipo de carro SUV roubei, nem o modelo do calhambeque que roubei em São Paulo. Mas de alguma forma, em um piscar de olhos, uma fração de segundo, a mais de 90 metros de distância, eu sabia que era o veículo de Harris, que dirigia um Land Rover Defender, o tipo mais velho que vê ser usado nos safaris Africanos, em documentários narrados pelo falecido, grande Richard Attenborough. Deixei a cobertura das árvores, as metralhadoras ainda latindo atrás de mim e à minha esquerda. Eu corri para fora, agora no espaço aberto, arriscando olhares a cada dois segundos para Harris. Ele não abrandou e quando se aproximou por trás de mim, vi que sua janela estava aberta e dirigia com uma mão e com uma pequena pistola preta na outra. Eu ouvi o barulho de sua pistola, vi o cano prata aparecer na porta do lado do condutor traseiro, dois, três, quatro, evidência de que atiravam de volta. Harris empurrou a enorme SUV para cortar atrás de mim e parou subitamente, a extremidade traseira da caminhonete deslizando e arrancando pedaços de grama e pulverizando lama. Ele se inclinou e abriu a porta e pulei pela abertura, aterrissando com força no banco. Harris não esperou que eu fechasse a porta, apenas ligou o motor, fez uma curva, a mão direita empurrando a alavanca de câmbio manual enquanto seus pés se moviam como um raio, estalando a embreagem e apertando o acelerador. A porta abriu no ápice da sua dobradiça e depois oscilou em minha direção quando a caminhonete se lançou para frente, acertando uma colina na grama e voando. Eu me agarrei no encosto do banco e inclinei-me para fora, enganchado a maçaneta da porta com três dedos, e puxei a porta, que se fechou com um estrondo. De alguma forma, Harris dirigia com uma mão, disparando sua pistola pela janela com a outra e ainda encontrou tempo para empurrar a alavanca da terceira para a quarta marcha quando ganhamos velocidade, ainda sacudindo pela grama violentamente em direção ao sul.


— Eu vou nos balançar ao redor — disse Harris, sem olhar para mim. — Eu quero que você fique abaixada quando passarmos por eles. Ele acompanhou suas palavras com ações, reduzindo a marcha para a segunda e batendo nos freios, transportando a roda em torno de modo que a caminhonete agitou ao redor em um arco, balançando e se equilibrando precariamente. Todos os cinco bandidos estavam alinhados lado a lado, com as armas levantadas nos ombros, apontando para nós. — Layla, desça! — Harris estalou. Houve um tiroteio, todos os cinco atiraram e ouvi vários estrondos metálicos quando os tiros atingiram o corpo do Range Rover. — Porra — rosnei. — Me dê isso. Peguei a pistola dele, segurei-a com as duas mãos e apontei o cano em um dos bandidos. Eu apertei o gatilho, esperando o rugido e o pontapé, mas ainda chocada com isso. Nós passamos por eles tão rápido que não tinha certeza se acertei em algo, mas era o pensamento que contava. — Você sabe atirar? — Harris parecia surpreso. — Eu costumava ficar com um cara que era gerente de um campo de tiro. Ele me mostrou como. deles.

— Bem, foi um bom tiro — disse ele. — Acho que acertou um

Ele pegou a arma de volta quando nós saltamos ao longo, paralelo ao tráfego norte. Segurando o volante e a pistola na mesma mão, ele mudou para a quarta e fomos brevemente pelo ar, e fomos para o asfalto, causando um engavetamento quando um pequeno sedan azul teve que frear e desviar para evitar-nos. Eu ouvi o estrondo atrás de nós, mas não poupei um olhar. — Assim como um filme de Jerry Bruckheimer — disse, ouvindo mais impactos de metal sobre metal. — Você deveria ter se abaixado. Porra, lhe disse para esquivar, porra. — Oooooh, merda. Harris estava chateado. — Sim, bem... Eu nunca faço o que me mandam. Se acostume com isso, amigo. — Você quer viver? É melhor você aprender a ouvir.


— Você realmente vai discutir comigo sobre isso, agora? — perguntei, olhando para ele. — Você ainda não disse olá. Ele olhou para mim, incrédulo. — Olá, Srta. Campari. Como você está? Tendo um bom dia? Gostaria de um pouco de chá? Eu virei-me para ele. — Não seja um idiota, Nicholas. — Eu juro que a atirarei deste carro, porra! — ele rosnou. — Não me chame de Nicholas. Nem mesmo minha mãe me chama assim. — Eu tenho dificuldade em imaginar você sentado em um bangalô no Centro-Oeste, bebendo chá ao sol com sua doce e pequena mãe. Isto resultou em uma risada. — Todo mundo tem mãe, Layla. Até eu. Mas não, ela não vive em um bangalô no Centro-Oeste, ela vive em um condomínio na Flórida. E minha mãe não é doce, nem particularmente pequena. Uma pausa, e então ele sorriu para mim. — Embora, ela beba chá ao sol, engraçado o suficiente. — Como ela o chama, então? Ele não respondeu de imediato. — Não de Nicholas — disse ele, finalmente. Ele fez um gesto atrás de nós. — Veja se estão nos seguindo. Olhe para trás, o comprimento de vários carros. Torci no banco, olhando para o tráfego denso atrás de nós. — Merda. Sim, eles estão de volta. Vários carros para trás, talvez uns 800 metros, mas estão lá. — Os homens de Vitaly não desistem. Eles continuam aparecendo, até que os matemos ou eles nos peguem. — Não brinca. Eles não se atrevem a voltar para Vitaly sem resultados para mostrar a ele — eu disse. Não?

Harris olhou para mim, seu olhar era afiado e sua voz suave. —

Eu balancei minha cabeça enquanto voltei para o meu lugar e apertei o cinto. — Não. Eles não se atrevem. Ele não aceita o fracasso ou desculpas. Você faz o que ele lhe diz para fazer ou você morre tentando. Se você aparecer e não tiver realizado as suas ordens ao pé da letra, ele o matará. E você sequer o verá chegando. — Como é ele os mata? Pisquei forte. — Faca nas costelas. — Bati dois dedos sobre o meu coração. — Ele tem essa lâmina, que mantém no bolso. Ele vai conversar, calmo, como qualquer coisa. Um segundo ele está sorrindo,


de mãos nos bolsos, casual, o quadro da compreensão e simpatia. No próximo? Essa lâmina está entre suas costelas e você está morto. Ele faz isso tão rápido, tão facil. Nem sequer pisca. Eu o vi fazê-lo, pelo menos seis vezes nos quatro dias que fui sua prisioneira. Ele deve pagar realmente bem, para esses caras estejam dispostos a arriscar a vida a qualquer momento quando estão numa sala com ele. — Ele recruta entre pobres e desesperados, paga-lhes bem e eles se meterão com qualquer coisa — observou Harris. Depois de poucos minutos de silêncio, ele olhou para mim novamente. — Layla, quando estava com Vitaly... Eu balancei a cabeça, cortando-o. — Não agora, Harris. Eu não posso pensar nisso agora. — Eu me concentrei em respirar lenta e uniformemente, olhando em frente, recusando-me a piscar, recusandome a abrir os meus dentes. — Leve-me para algum lugar relativamente seguro antes e talvez eu lhe diga o que aconteceu. Harris concordou. — Eu posso fazer isso. — Olhou para o espelho retrovisor. — Então só tenho que pensar em como despistar esses caras. — Faça o que faria se estivesse sozinho. Não se preocupe comigo. — Eu acabei de salvar você, Layla. Não a colocarei em perigo novamente. — Ou seja, você pararia e dispararia contra eles, se fosse apenas você, certo? Ele sacudiu a cabeça de um lado para o outro. — Eu os emboscaria. — Então, vamos emboscá-los. — Sem ofensa, Layla, mas sou um veterano de combate, altamente treinado, e você é... — Eu esfaqueei o globo ocular de um cara com uma caneta que escondi em minha boceta por mais de uma semana. Enfiei-a tão forte no seu maldito cérebro que ele morreu instantaneamente. E isso foi depois que quebrei o seu braço como um galho. Eu fiz isso porque ele tentava me estuprar. Coloquei as suas roupas encharcadas de sangue, suas botas fedorentas, porque Vitaly me manteve nua o tempo todo e roubei um carro, parei para abastecer, fui para a poo Guarujá, caminhei vários quilômetros debaixo do sol, na areia, sem ter qualquer alimento ou água. E então roubei um carro, o carro dos mesmos homens que me caçavam, para fugir. — Eu estava um pouco agitada neste ponto. — E então... então quase fui baleada várias vezes por esses idiotas lá atrás. Então Nicholas, acho que neste momento não há muito


que me importune. Descubra como deseja emboscar esses filhos da puta e eu vou ajudá-lo a matar cada um desses malditos. A mandíbula de Harris abriu e fechou, como se tentasse responder, mas realmente não tinha quaisquer palavras. — Jesus, Layla. — Se você esperava por uma donzela em apuros, você está com a cadela errada. Posso estar em perigo, mas tenho certeza absoluta que não sou uma donzela indefesa, porra. Um longo e tenso momento passou, em que Harris tentou descobrir o que dizer. — Você me chamou de Nicholas novamente. — Sim, chamei e você pode lidar com isso ou empurrar-me para fora do carro. Eu não me importo. Eu resolverei isso, de uma forma ou de outra, com ou sem você. — Você é totalmente impossível, porra — resmungou. Eu ri. — Só agora você descobriu isso? Ele balançou a cabeça. — Não, você atingiu um fator de impossibilidade, um ponto mais alto. — Companheiro, você ainda não viu nada. — Isso é um pensamento assustador — disse Harris. — Eu sou de Detroit. Não brinque comigo. — Cruzei os braços sobre o peito e mantive um olho no espelho do lado do passageiro, observando como o SUV preto fechava a distância. — Eles estão se aproximando. Se eu fosse você e tivesse um plano, colocaria-o em prática. O tráfego ficava mais e mais denso a cada momento. Harris fez um gesto para a água. — Uma vez que passemos essa calçada, bateremos em Batistini. Eu farei a minha jogada lá. — Que merda está em Batistini? — perguntei. — Não é uma merda em Batistini, é apenas o primeiro subúrbio de São Paulo e chegaremos lá. É difícil emboscar alguém num carro na autoestrada. — Eu acho que isso é verdade. Mas nunca embosquei ninguém, então não sei. Estávamos na calçada que se estendia sobre o lago e uma placa ao longo da estrada anunciou as saídas para Batistini. Isso me pareceu engraçado, que apesar do fato de que estava em um país totalmente


diferente e que não sabia falar, ler ou escrever nem o mínimo da língua, as placas eram totalmente compreensíveis de qualquer maneira. Quer dizer, não entendia as palavras, mas com base no layout do sinal, a palavra ‘SAÍDA’ era, provavelmente, equivalente a ‘saída’, e ‘Diadema’ era claro o suficiente, para ‘Diadema’, provavelmente, representar o anel de estradas ao redor da cidade de São Paulo. Harris nos levou à saída para Batistini e, com certeza, o SUV que nos perseguia nos seguiu, permanecendo pelo menos quatro ou cinco carros atrás de nós. Obviamente, não tinham intenção provocar o confronto na estrada também. Um risco muito grande das coisas darem errado a nosso favor, eu acho. Quando atingimos a área residencial — que era degradada, coberta de grafitis — Harris acelerou e se afastou de nossos perseguidores, apertado em uma curva à direita, com os pneus derrapando e cuspindo cascalho, me empurrando para trás em meu assento, com o rugido do motor. Eu ouvi pneus cantando atrás de nós, ainda vários carros atrás. Eu revisei minha estimativa da área como sendo pobre, simplesmente julgando com base no número de carros bem conservados estacionados na rua. Outra longa e brusca curva à esquerda e estávamos em uma estrada de cascalho estreita, paralela à rodovia, com a encosta coberta de matagal que conduzia à autoestrada à nossa esquerda, uma parede de concreto que escondia um ferro velho à direita, cheio de reboques semi-enferrujados, ônibus antigos e pedaços aleatórios de metais. Harris foi para um caminho à nossa esquerda, com um armazém ou fábrica em ruínas à direita. Havia um curto e baixo toldo, ao abrigo do qual Harris estacionou o Land Rover. O exterior do armazém à nossa direita havia sido coberto para criar um alpendre e, sob esta varanda improvisada, estava um grupo de homens de meia-idade, todos rudes e com aparência maltratada, rostos com rugas, suor pontilhando sua fronte, garrafas de vidro marrom de cerveja em suas mãos, cigarros pendurados em suas bocas. Quando Harris e eu saimos do Land Rover — que era mais velho que eu por uma década, pelo menos — os homens na varanda olharam para nós, sem piscar, mudos. Eles nos davam o tipo de olhar que uma menina branca loira receberia se estivesse passeando em Cass Corridor à meia-noite. O tipo de olhar que dizia: — Você está no bairro errado e é melhor seguir se sabe o que é bom para você. Harris circulou a parte de trás do Defender, abriu o porta-malas, e tirou uma enorme mochila preta. Ele pendurou a bolsa no ombro e ela fez um pesado retinir sinistro. Um dos homens na varanda disse algo em português e, pelo tom de voz, não foi educado. Harris virou e apontou a pistola para o homem que havia falado, aproximando-se do patamar de modo rápido, cuidadoso, com movimentos ágeis que só homens treinados em combate parecem usar, mantendo seu tronco girou para o lado. Harris falou em português fluente, sua voz era baixa, suave e uniforme, mas de alguma forma ameaçador. Ele fez um gesto


com a pistola, e todos os homens do grupo se levantaram, agarrando suas cervejas e cigarros, e desapareceram no armazém. — Pode me contar o que disse a eles? — perguntei. — Não — foi tudo o que disse e agarrou-me pela mão e me puxou para o outro lado da estrada, onde uma ruptura na parede foi apressadamente fechada com pedaços de ferro corrugado de dois por quatro. Eu pulei a cerca improvisada e, em seguida, esperei por Harris, que me puxou para fora da vista e usou uma mão para manter-me encostada a parte intacta do muro de blocos de concreto. Ele colocou o saco pesado aos pés e enxugou a testa com a palma da mão, então limpou a palma da mão em suas calças cáqui. — Por favor, ouça-me com muito cuidado agora, Layla, OK? Se tivermos alguma chance de sair dessa vivo, você tem que fazer o que digo. Pisquei o suor dos meus olhos e acenei para ele. — Diga-me o que fazer, Nicholas. assim.

Ele estreitou os olhos para mim. — Primeiro, pare de me chamar — Que tal, Nick?

Ele balançou a cabeça, irritado. — Este não é o momento para esta merda, Layla. Claro, Nick funciona. Agora, você ficará quieta? — Eu não murmurava, na verdade, mas se quiser ver como isso soa, posso... — Jesus, Layla. Cale a boca e me escute, OK? — Ele rosnou. Fechei minha boca com um estalo dos meus dentes e fiz um gesto para ele continuar. —Obrigado. Há cinco deles e nós somos dois. Você não está treinada no uso de fuzis, suponho, me corrija se estiver errado, por que você tem um talento especial para me surpreender. O problema é, isso é o que carregam. O que isso significa para nós é que isto vai ficar deformado. Balas voarão quentes e pesadas. Eu colocarei você em uma posição e você ficará lá, faça chuva ou sol, até que diga o contrário. Você entendeu? Eu balancei a cabeça. — Entendi. — Quer dizer. Você fica lá... não me importo o que você vê ou pensa que vê, você apenas fica lá e mantenha a sua cabeça abaixada. — Um motor rugiu em algum lugar e pneus cantaram. Harris inclinou a cabeça, escutando. — Eles estão perto. Não temos muito tempo.


Ele abriu o zíper da mochila e estava cheio de armas. — Harris, onde conseguiu tudo isso? — Você esquece que trabalho para um ex-revendedor de armas? — ele respondeu, pegando duas semi-automáticas 9mm pretas do saco e entregando-as para mim. — Eu realmente não sabia disso — disse. — Roth era um traficante de armas? Não fode. Ele me olhou, pegando quatro clipes carregadores do saco e entregou-os para mim, também. — Bem, agora você sabe. — Ele apontou para as armas na mão. — Você sabe recarregar essas, não é? Mostrei-lhe que podia, ejetando o clipe, verificando-o e deslizando-o de novamente no lugar, batendo no fundo com a minha palma — suavemente, ao contrário da popular mitologia das telas. — Onde você me quer? Ele puxou uma espingarda compacta da bolsa, desdobrou o estoque, recheando seus bolsos traseiros com munição extra e atirou a arma pela alça sobre o ombro e, em seguida, pegou outra arma, uma prateada no estilo de Dirty Harry. Fechando o saco, ele garantiu suas costas e, em seguida, levou-me a trote através da grama na altura do joelho em direção à linha de reboques enferrujados. Havia aproximadamente meia dúzia de tambores de metal espalhados, deitados na grama, o tipo de coisa que vagabundos usariam para aquecer suas mãos em filmes. Harris rolou um para colocá-lo entre dois reboques estacionados perto, pegou um segundo e endireitou-o, arrastou-o, e então derrubou um terceiro para colocar contra os outros, criando uma barricada improvisada. A parede atrás de mim tinha três metros de altura, então acho que ninguém viria por trás. Coloquei a pistola de reposição em minha cintura, em minhas costas — o que não é tão confortável como a TV mostra — e os clipes em meus bolsos. Deitada de bruços, olhei para Harris. — Bem? Não fique aí parado, idiota. Encontre o seu próprio lugar. Ele balançou a cabeça para mim, com um sorriso curvando o canto da boca. Quando ele foi embora eu fechei meus olhos e me deixei sentir o medo. Eu estava aterrorizada porra, para colocá-lo francamente. Nada disso era normal, mesmo para mim. Eu tinha passado por alguma merda na minha vida, mas à espreita, preparandome para emboscar os homens que estavam tentando me matar? Isso era novo. E não era divertido. Eu não recomendo. Mas aprendi uma coisa importante em passar por todos esses ‘bunda louca’ da vida tentando atirar em mim: se algo pesado está prestes a cair, dê-se um momento para sentir as emoções. Deixe-as ir,


deixe-as sair, deixe-as ferver. E, em seguida, desligue ‘o disco’ e faça o que tem que fazer. Alguns momentos de suar bolas no escaldante calor brasileiro, e então ouvi pneus no cascalho e um motor baixando para marcha lenta, portas abrindo e fechando, homens conversando. Travas de segurança sendo puxadas, passos aproximando-se. Palavras foram trocadas, vozes se levantaram. Uma arma disparou, fazendo-me saltar, e em seguida mais gritos. Silêncio. Eu não podia ver Harris em qualquer lugar. Eu estava na minha barriga, com uma pistola em minhas mãos, apontando-a através da abertura nos barris empilhados na parede, onde os bandidos tinham que vir através. Eu levantei a arma em minhas mãos, para soltar a trava de segurança, era uma Glock, aparentemente, uma vez que não tinha uma segurança. Isso era um pouco factoide, que eu aprendi com Oliver, o cara que tinha um campo de tiro: Glocks não tem seguranças. Puxei o deslize, fiz o mais silenciosamente que pude, e, em seguida, defini-a na grama à minha mão direita, peguei a de reposição na minha cintura, verifiquei, preparei o deslize em que um, e dispus meus clipes extras onde pudesse agarrá-los facilmente. Minhas mãos tremiam. Meus batimentos trovejavam em meus ouvidos. Eu não estava pronta para isso. Matar um cara em legítima defesa era uma coisa. Mas uma emboscada, matar pessoas a sangue frio... era outra perspectiva. Eu não conseguiria fazê-lo. Merda. Merda. No que eu pensava? Uma mão apareceu na quebra de cerca, segurando algum tipo de arma, uma máquina compacta. Harris provavelmente teria um nome adequado para ela, mas não dou a mínima para como era chamada. Era um dispositivo ‘mate-Layla’. Isso era tudo o que importava. O corpo seguiu, um homem baixo, atarracado, com cabelo suado e uma camiseta manchada. Meu dedo no gatilho se contraiu, mas esperei; eu atiraria somente após Harris começar. Eu não queria estragar a emboscada, atirando muito cedo.


Heh. Eu não quero atirar muito cedo; pensei vagamente se Harris tinha esse problema. Provavelmente não. Jesus, Layla. Agora não é o momento de pensar sobre as proezas sexuais de Harris. Sim, era. Sempre era um bom momento para pensar sobre as proezas sexuais de Harris. Ele provavelmente tinha um monte de proezas. Um segundo homem seguiu o primeiro, depois um terceiro e um quarto. E um quinto. Eles foram, cada um armado com uma metralhadora. Todos pareciam extremamente desagradáveis. O primeiro homem deu cerca de dez passos para o campo quando o quinto e último homem estava pisando sobre a área improvisada de cerca. E foi então que Harris atacou. Aconteceu tão rápido que mal registrei. Houve um estrondo alto e o quinto homem desabou, caindo e efetivamente bloqueando a seção aberta da cerca. Isso aconteceu em um piscar de olhos. Outra detonação alta — crack, crack, crack — e o primeiro homem na linha caiu. Os outros se espalharam em três direções diferentes e percebi que era a minha deixa. Eu ajustei meu aperto sobre a pistola, que visei o torso do atacante mais à esquerda, prendi a respiração... apertei o gatilho. BANG! A arma saltou em minhas mãos e meu alvo torceu, tropeçou e um círculo vermelho se espalhou em seu estômago. Merda. Eu teria que atirar novamente. Eu apontei com mais cuidado desta vez, visando o seu rosto. Respirei fundo, mantive... BANG! ... Ele caiu, borbulhando. Eu tinha errado a cabeça, mas o tiro atravessou a sua garganta. Meu estômago embrulhou, meus olhos encheram de lágrimas. Não há tempo para isso, cadela, disse para mim mesma. Eu não tinha ideia de onde Harris se escondia. Eu não vi um flash do cano, e o som tinha reverberado nas paredes, efetivamente disfarçando a sua localização exata. Claramente os dois bandidos restantes não tinham certeza também, porque ambos tinham caído no chão, na grama e disparavam suas armas de forma aleatória, em todas as direções. Um tiro alto atingiu o cano na minha frente, me assustando tanto que gritei. O que, em retrospectiva, foi uma ideia idiota. Um dos bandidos se levantou e veio em direção a mim, agachado, com um sorriso maligno em seu rosto.


CRACK, CRACK! Ele caiu, derrubado como um saco de tijolos, com a cabeça explodindo em uma névoa vermelha. Oh merda, isso foi desagradável. Seu rosto inteiro simplesmente... desapareceu. A bile encheu minha boca e desta vez não consegui sufocá-la. Eu ouvi um grito em português. Cuspi a sordidez da minha boca e, em seguida, olhei para ver Harris se aproximando do último homem deixado vivo. Harris fez um gesto com a arma, e o homem deixou cair a arma, levantou as mãos. — Fique aí, Layla — disse Harris, sem olhar na minha direção. Eu fiquei onde estava. O homem falou e Harris respondeu, sua voz era concisa e dura. O homem disse algo mais e desta vez Harris respondeu com uma mensagem e o homem recuou, ambas as mãos levantadas em um gesto que significava claramente ‘não, não, não atire!’ Harris atirou. CRACK! Uma bala bem entre os olhos. Harris baixou a arma e moveu-se de corpo a corpo, cutucando-os com sua bota. Um deles, o homem que eu havia atirado, gemeu. CRACK! Os gemidos pararam. — Você pode sair agora — disse Harris. Ele vasculhava os bolsos de cada um dos homens mortos, pegando clips, moedas e armas. Ele enfiou tudo o que pegou em sua maleta preta, que fechou e pendurou em seu ombro. Eu caminhava pela grama, com joelhos fracos, estômago cambaleando, coração acelerado. Tentei não olhar para a grama manchada de vermelho, mas não pude evitar. Parei ao lado de Harris e olhei para o homem que atirei. Eu o atingi no estômago e na garganta e Harris o matou com uma bala na testa. Havia sangue por toda parte. A grama estava vermelha e úmida e o fedor era nauseante. — Tudo bem? — Harris perguntou, olhando para mim. Eu balancei a cabeça negativamente. — Estou bem.


Harris deu uma gargalhada. — Bem, isso foi claro como lama. Vou perguntar novamente, Layla. Você está bem? Fechei os olhos e foquei, respirando superficial e uniformemente. — Apenas me tire daqui. Por favor? Ele estendeu a mão e pegou na minha. — Você está bem. Você fez muito bem. Vamos embora, ok? — Senti que ele apertava a minha mão. — Olhe para mim, Layla. Olhe nos meus olhos. — Eu forcei meus olhos a abrirem; seu olhar era calmo e frio, os olhos verdes como grama recém cortada. — Você foi muito bem. — Eu atirei. Duas vezes. — Ele ia matá-la. Eu balancei minha cabeça. — Não, ele não ia. Ele me levaria. Ele é o único que quer me matar, agora. Acho que Cut era importante para ele. Então agora estou em sua lista, assim como Kyrie. Ele não quer nos matar, ele quer que a gente viva para que possa nos torturar e depois nos matar. — Não pense sobre isso — disse Harris, botando seu saco maior no ombro e pegando a minha outra mão. — Eu estou com você, agora. Eu tirarei você daqui. Eu prometo. Ninguém nunca colocará a mão em você ou em Kyrie. Você tem minha palavra. Eu me senti fraca, instável e vulnerável e odiava isso. Eu me odiava por me sentir fraca. Eu me odiava por mostrar a minha fraqueza para Harris. E odiava Harris por ver isso e agir como se não fosse grande coisa. Era grande coisa. Eu não sou fraca. Eu nunca fui fraca. Eu não mostro fraqueza. Eu não preciso de ninguém. Mas eu precisava de Harris naquele momento e ele sabia disso. Ele era totalmente incrível sobre isso e isso me deixa puta. Eu poderia ter lidado com isso se tivesse sido tudo frio e metódico, mas não foi. Ele olhava para mim com essa... suavidade em seus olhos, que não tinha certeza se qualquer ser humano jamais tinha visto antes. Era estranho, desconcertante, desorientador e bizarro, especialmente porque Harris acabou de matar cinco homens em menos de um minuto. Atingiu-me, então, o quão rápido tudo aconteceu. Menos de um minuto. Cinco mortos em sessenta segundos. Bem, se quiser ser exigente quanto a isso, o primeiro de quatro caiu em primeiro lugar e o último cerca de um minuto mais tarde. Assim, tudo, desde o momento em que o primeiro homem morreu até a última bala no crânio, durou, no máximo, dois minutos. — É sempre assim? — perguntei.


— É sempre assim, o quê? Fiz um gesto ao nosso redor. — Combate. Será que isso sempre acontece tão rápido? Ele assentiu. — Sim. Você está sentado lá à espera e o tempo passa tão lento que você sente cada gota de suor, ouve cada um de seus batimentos cardíacos. E então, uma vez que a primeira bala voa... — ele deu de ombros, — tudo acontece em uma fração de segundo. Pisca e você perde isso. Bam, as pessoas estão mortas, você está urinando em si mesmo e não sabe se deve rir, chorar, vomitar ou todos os três juntos. — Eu vomitei depois que atirei nesse cara — admiti. — Não há porque se envergonhar por isso — disse Harris. — Eu, droga, quase urinei em minhas calças na primeira vez que fui para o combate. Se você não tem medo antes, durante ou após o combate, você é um sociopata. — Mesmo depois de ter feito isso milhares de vezes? — perguntei. Ele assentiu. — Estou com medo o tempo todo. Eu sei o que esperar e como lidar com isso, mas ainda estou com medo. Não importa quão bom e cuidadoso você seja, algo sempre pode dar errado. Uma bala perdida não dá uma merda. — Ele me puxou para um passeio, deixando-me ir rapidamente para tirar o homem morto do caminho e então me ajudou ao longo da cerca de ferro. Recusei-me a olhar para baixo quando passei sobre o cadáver. Harris me levou de volta para o Defender, abriu a mala e colocou a sacola lá dentro, ficando apenas com os revólveres. Não me lembrava de fazê-lo, mas, aparentemente, peguei minhas próprias armas e clipes. Harris tirou-as de mim, enfiou-as na bolsa e depois me levou até o banco do passageiro da frente, abriu a porta e me ajudou a entrar. Eu estava em transe, no piloto automático, contente por deixar Harris cuidar das coisas. A adrenalina ainda me dominava, pulsando em meu sangue. Eu não sabia o que fazer comigo mesma, se queria para vibrar como se tivesse uma overdose de cinco horas de energia ou simplesmente adormecer. Também me senti estranhamente... excitada. Quer dizer, não era difícil me excitar na maioria das circunstâncias, mas nesta era esmagadora. Ondas de necessidade explodiram através de mim, desejo pulsando entre as minhas pernas, fazendo meus mamilos duros e os meus seios doerem. Eu não usava sutiã, o que significava que tinha alguns ‘faróis acesos’ aparecendo.


O sentimento era atordoante, meus circuitos estavam sobrecarregados. Eu sentia muitas coisas ao mesmo tempo para ser capaz de lidar com todos eles. Eu queria, como Harris disse, vomitar pelo conhecimento de que atirei em um homem e queria chorar e rir. Eu também queria me tocar. Beliscar meus mamilos e colocar minhas mãos dentro das minhas calças e o dedo no meu clitóris. Eu queria me despir e colocar três dedos dentro de mim. E então, o maior desejo de todos, olhei para Harris quando ligou a ignição e saiu do beco. E Jesus, puta que pariu — eu o queria. Não fazia sentido, mas estava lá. Ele veio atrás de mim, ele tinha me tomado a seu cargo e matou por mim. Se arriscou a morrer por mim. Do ponto de vista de uma alfa, Tipo A, tipo totalmente independente de mulher, um homem que podia assumir o comando era uma espécie sexy para mim. Isso se traduzia em eu ser atraída mais fortemente por homens no poder, por homens que vestiam uniformes. Claro, aqueles homens eram geralmente idiotas, mas eu normalmente não me importava, porque eu estava apenas usando os seus paus. Mas nunca em minha vida senti uma necessidade tão forte. Não assim. Eu precisava. Eu doía. Eu estava hiperconsciente de cada movimento que fazia, como minhas coxas friccionavam, sim, minhas coxas friccionavam; nenhuma lacuna lá, apenas carne e músculo. Também estava hiperconsciente de Harris, de cada movimento que fazia, de suas mãos no volante e na alavanca de câmbio, de como suas mãos eram grandes, tão fortes e calejadas. Como elas seriam sobre a minha pele, áspera, dura e poderosa. Eu estava ciente de seu rosto, a forte mandíbula e as maçãs do rosto altas, o verde de seus olhos, a barba em seu rosto. Ele não era lindo — não como Roth, que era insana e desumanamente bonito. Demasiado bonito para o meu gosto. — Harris era rude, forte e resistente. Ele era bonito, mas, novamente, nesse sentido rude e grosseiro. Um romance fumegante descreveria suas feições como ‘escarpada’. Elegante e clichê, mas é verdade. Ele parecia tão rude e forte, que poderia ter sido lascado do granito, esculpido de algum lugar nas profundezas da crosta da Terra. Ele era magro, afiado como uma navalha, não excessivamente musculoso, mas rápido e ágil. Se Harris tivesse um espírito animal, ele seria um puma. Eu quase ri em voz alta para mim mesma, com a comparação. Mas isso me surpreendeu verdadeiramente. Ele era um predador.


Astuto, capaz de se mover em silêncio absoluto, irradiando ameaça e letalidade, escorrendo graça equilibrada e ferocidade enrolada. Eu o queria. Eu não queria desejá-lo, mas o queria. Deus, eu queria fazer com ele. Era apenas adrenalina, certo? Adrenalina fazia sentir tesão. Eu tinha lido isso em algum lugar ou talvez visto em um filme. Controle-se. Não pule nele. Minhas mãos estavam inquietas e com coceira. Eu queria agarrar a sua camisa e passar minhas mãos por seu abdômen, sentir sua bunda dura e firme em minhas mãos, queria agarrar seu pênis e senti-lo pulsar entre os meus dedos. Eu queria saboreá-lo, tocá-lo, lambê-lo, sugá-lo e foder com ele. Eu roubei um olhar, quando olhava para longe, voltando sua atenção para a estrada. Ele havia olhado para os meus seios. Eu olhei e compreendi totalmente. Quer dizer, eles estavam muito destacados, especialmente porque a excitação os deixaram tão duros que doíam. Eu cruzei os braços sobre o peito, mas isso não ajudou. Meus próprios braços esfregando em meus mamilos sensíveis, me deixavam contorcendo, dolorida. Meu núcleo pulsava e cruzei uma perna sobre a outra, mas isso ficou mil vezes pior. Eu não conseguia respirar, pelo quanto precisava de sexo... Por quanto precisava de Harris. Eu olhei para a esquerda novamente e desta vez o meu olhar chamou o seu. Ele olhou para a estrada brevemente, apenas o tempo suficiente para navegar uma vez e então olhava para mim novamente. Eu segurei seu olhar, levantei meu queixo. Desafiadora. Ousada. Era um fato. Não conseguia respirar, não podia agüentar mais um segundo de desejo insaciável. Puro desejo ardente por Nicholas Harris. Seus olhos pousaram em meu rosto e deslizaram lenta e deliberadamente para meus seios, então recuou. Olhei em seus olhos quando retornaram para os meus. Olhei para baixo e vi seu bojo. Puta


que pariu, merda, ele tinha uma protuberância. Enorme, um enorme bojo. Engoli em seco e entrelaçei os dedos em meu colo, para evitar rasgar as suas calças e fazer uma ‘garganta profunda’ enquanto dirigia. — Não olhe para mim assim, Layla — rosnou. Seus olhos voltaram para a estrada e agarrou o volante com as duas mãos e se deslocou no assento do motorista. — Então não me olhe como quem quer. — Eu virei e tentei concentrar-me na paisagem do lado de fora da janela. ele.

— Eu não estou olhando para você como qualquer coisa — disse

— Nem eu. — Minhas palavras eram pura mentira pela maneira como roubava um olhar para ele, obrigando-o a fazer o mesmo. Silêncio. — É apenas a adrenalina — disse. — Certo. — Suas mãos torciam o couro desvanecido do volante, como se tentando sufocá-lo à submissão. — Isso passará por conta própria. Não significa nada. — Tentei morder meu lábio com força suficiente para causar dor. Não. Isso não ajudará. Eu cruzei e descruzei as pernas tantas vezes que provavelmente parecia que fazia a dança do xixi. Era apenas a dança ‘fingindo que não precisa de sexo’. E Harris fazia uma das suas próprias. Olhei de soslaio e o peguei tentando ajustar-se dolorosamente, quase arrancando o zíper de suas calças cáqui para aliviar a pressão de sua ereção. Merda. Merda. Merda. Merda. Não pense em sua ereção, disse a mim mesma. Não pense em sua enorme e palpitante ereção. Não pense em acariciá-lo. Acariciar seu pau grosso e cheio de nervuras. Não pense em lamber o pré-sêmen de sua ponta ou passar os lábios ao redor da cabeça. Porra. Isso não era bom. Nada bom.


Agora era tudo que conseguia pensar. Dirigimos em completo silêncio durante vários minutos. Nenhum de nós atrevia a olhar um para o outro, nenhum de nós atrevia cruzar a linha invisível traçada entre nós. Ele parecia saber exatamente para onde íamos e não era ao centro de São Paulo. Se minhas direções estivessem certas, íamos para o leste. Eu não me importava, no entanto. Ou melhor, não tinha a capacidade mental para me importar. Tudo o que conseguia pensar era que NECESSITAVA. A tensão sexual no carro estava alta. Alerta. Passamos do alerta de tempestade diretamente para aviso de tornado. Não podia sentar-me ainda e nem ele podia. Nós roubamos olhares, cada um fingindo que nada estava errado. E, em seguida, uma faísca voou. Ele tirou a mão do volante e colocou-a no banco ao seu lado, e fiz exatamente a mesma coisa, ao mesmo tempo. O que significava que minha mão ficou sob a sua. Minha cabeça girou e meu olhar fixou em nossas mãos, a sua sobre a minha e então olhei para ele, para seus olhos, e vi que seu olhar era ousado, desafiador. Você move sua mão primeiro, seus olhos diziam. Eu não. Eu nunca recuo de um desafio. Essa é a regra número um com Layla: nunca se atreva a desafiar-me, porque tenho zero de senso comum. Eu não recuarei. Eu rodei meu pulso, virando a palma da mão para cima sob a sua. Ele estreitou os olhos, olhando de mim para nossas mãos, para a estrada e para trás. E então seus dedos abriram, serpenteando entre os meus. Quando foi isso, na escola secundária? Claramente, porque o meu coração batia acelerado como um tambor tribal, porra, inocente, ridículo, infantil contato de sua mão sobre a minha, seus dedos nos meus. Nós estávamos de mãos dadas. DE MÃOS DADAS. Eu nunca fico de mãos dadas. Eu pulei essa fase inocente, bonita e boba da minha sexualidade. Se você quiser mais detalhes, o primeiro pau que chupei foi na sexta série e fiquei muito experiente na


posição de base missionária até o final do sétima. Pela nona série, eu estava à espreita. Ficar de mãos dadas não era exatamente o itinerário, se entende o que quero dizer. — Para onde vamos? — perguntei. — Mogi das Cruzes — disse — É uma cidade de São Paulo. Thresh tem uma casa segura preparada para nós. — Ele soltou a minha mão e tirou um telefone celular do bolso, discou um número e colocou o telefone no ouvido. —Thresh. Estamos há dez minutos. Não, apenas proteja o perímetro e depois vá para o Rio como combinamos. Afirmativo. — Ele desligou, colocou o telefone de volta no bolso, fazendo aquela coisa exclusivamente masculina, onde levantou seu corpo inteiro do assento para colocar o telefone no bolso. E então estendeu a mão, pegou minha mão na sua, mais uma vez e entrelaçou os dedos. Seus olhos se fixaram nos meus, para avaliar a minha reação; me senti estranhamente desapontada quando soltou a minha mão e tonta quando a segurou novamente. Espero não ter demonstrado nada disso em meu rosto. Ou talvez tenha, porque sua boca formou um pequeno sorriso satisfeito. De alguma forma, ao longo dos próximos dez minutos, a minha posição no banco mudou. Eu não sei como ou por que, mas continuei deslizando mais e mais à esquerda, mais perto de Harris. Então ele soltou a minha mão, mas apenas para descansar a palma da mão no meu joelho. Isso tornou difícil respirar e impossível engolir. Quando seus dedos encontraram a pele macia da minha coxa logo abaixo da bainha da bermuda apertada, tive que me concentrar, forçando cada respiração e cada expiração. Perdi a noção da minha mão esquerda, depois que a coloquei em sua coxa. O que estava acontecendo? Estávamos em uma área residencial, tranquila, ensolarada, montanhosa. A cidade de São Paulo era vista à distância, os edifícios eram mais bem conservados, os carros um pouco mais recentes. Tipo como Clawson ou Livonia no Metro Detroit, não ricos, ou seja, as pessoas não eram exatamente pobres, mas também não eram realmente classe média alta. Harris dirigia com a mão esquerda e a sua direita permaneceu em minha perna. Seus olhos estavam em constante movimento agora. Eu podia sentir a sua atenção e era um laser focalizado em nosso entorno, verificando os espelhos e os telhados e cada porta que passávamos. Ele diminuiu a velocidade, fez uma curva à esquerda e


depois parou do lado de fora de uma pequena casa com revestimento branco e telhas de terracota, uma cerca cinzenta. Uma pausa momentânea e, em seguida, um homem enorme saiu da casa, a sua altura total deveria ser quase 2 metros. O homem era quase tão largo quanto era alto, o que era uma distorção terrível de proporção física. Apesar de seu tamanho gigantesco, o homem movia-se com a mesma graça predatória que Harris possuía. Em movimentos rápidos, destrancou o portão e deslizou para o lado, deixando Harris puxar o Range Rover na garagem. Minha porta foi aberta e saí, me endireitei, e virei-me para enfrentar o gigante. E ele era, realmente, um gigante. — Jesus Cristo — disse — você é a maior pessoa que já vi. — Escuto muito isso — disse. Sua voz era... não tenho certeza se tenho uma palavra definir o quão profunda era. — Layla, este é Thresh — disse Harris, tirando o saco de armas da parte de trás do Defender. — Thresh é o pior pesadelo de Rambo. — Bem. Esse é um pensamento divertido. — Estendi a minha mão. —Prazer em conhecê-lo, Thresh. Thresh pegou minha mão na sua e apertou-a uma vez. Seu aperto foi surpreendentemente suave, como se tivesse que se concentrar conscientemente sobre o ato para não esmagar minha mão como uma vara de pretzel. — Fico feliz em vê-la — retumbou. Ele virou-se, em seguida, e tomou a bolsa de Harris, trouxe-a para dentro da casa, mais uma vez abaixando a cabeça e virando um pouco de lado para passar pela porta. Deixe-me reformular isso para você. A porta era de altura e largura média, mas Thresh era de um tamanho que ele tinha que não só esquivar para caber verticalmente, mas tinha que torcer para os lados para obter seus ombros pela porta. O saco, que Harris tinha carregado com esforço visível, Thresh tratava por enfiar dois dedos através das correias. Ele estava carregando como se fosse um saco de mantimento cheio de pão. Eu assisti seus acres de músculos bronzeados e cabelo loiro desgrenhado desaparecer no interior da casa, e então eu virei para Harris. — Onde você encontrou o Golias? — perguntei. — Eu estava nos Rangers com ele. — E o nome dele é realmente Thresh? Harris deu de ombros. — Você poderia perguntar-lhe o seu verdadeiro nome? Eu sei muito pouco sobre ele, além de suas qualificações, que são bastante evidentes. Quer dizer, exceto o tamanho, ele é um assassino frio, enganosamente rápido e silencioso, o


que deveria ser impossível para um homem de seu tamanho. Eu o vi usar pelo menos quatro tipos diferentes de artes marciais. Ele não erra um tiro com um rifle, proficiente com explosivos, fluente em quatro línguas, bom com computadores, e é, obviamente, a pessoa mais forte que já conheci. — E ele está, sem dúvida, do nosso lado? — Eu confio em Thresh com a minha vida. — Você confia nele com sua vida, mas você não sabe o seu verdadeiro nome? — O nome dele é Thresh. Isso é tudo que preciso saber. Sua vida pessoal não me interessa. Thresh retornou naquele momento, com uma mochila em suas costas. — Perímetro limpo. Os sensores estão no lugar. Vou levar-nos para a América do Sul até chegar ao Rio. — Ele entregou a Harris um molho de chaves. — Este lugar é bom por 70 horas, não mais. Vejo vocês no Rio. Harris destrancou o portão, Thresh passou e trancou-o atrás dele. Olhei para Harris quando colocou as chaves no bolso e quando virei, menos de dois segundos depois, Thresh tinha desaparecido, como se nunca tivesse estado lá. — Onde ele foi? Harris apenas deu de ombros. —Quem sabe? O homem é um fantasma. porra?

— Como pode um gigante de 2m de altura desaparecer no ar,

Ele deu um sorriso. — Viu por que é o único que trouxe comigo para buscá-la? Agora entre na casa. Precisamos manter um perfil baixo. Eu precedi Harris dentro da casa, o ouvi fechar a porta atrás e dar várias voltas na fechadura. O interior era escuro e fresco e notei a sombra de barras nas janelas e na porta da frente. Havia um sofá sob a janela da frente, cortinas marrons grossas, puxadas através do vidro. O sofá era de couro falso verde. Tudo, na verdade, era setenta, eu percebi quando me movi através da pequena casa, da janela para os aparelhos e o papel de parede. Havia uma cozinha minúscula, um único banheiro e um quarto. Ouvi Harris rondando ao redor, olhando pelas janelas, testando fechaduras e janelas. Quando estava satisfeito, tirou o telefone do bolso,


limpou-o para destravar a tela de toque, tocou em um ícone, em seguida, tocou na tela algumas vezes. — O que faz? — perguntei. Ele se moveu para ficar ao meu lado, me mostrando a tela. — Tendo certeza que liguei todas as câmeras e sensores instalados. Olhe. Ele repassou por várias telas, uma na frente da casa, vista do telhado, outra do lado da rua, uma de cada lado, para o lado de fora e duas na parte de trás, uma para fora e uma para a casa, de alguma estrutura alta por trás da casa. Havia também telas em branco com ‘armado’ e ‘claro’ escrito em letras verdes, que assumi eram sensores de movimento. A próxima coisa Harris fez tirar as armas do saco e escondê-las em vários lugares ao redor da casa: em uma caixa em um armário, amarrada a parede atrás do frigorífico e atrás do vaso sanitário, entre o colchão e a caixa de molas no quarto, entre as almofadas do sofá, um enorme rifle estava em seu estoque no armário de vassouras. Ele colocou outro revólver no criado mudo ao lado da cama, com duas peças clips ao lado dele. Eu o observei o tempo todo. Conhecer Thresh, momentaneamente, me distraiu de minha consciência hipersexual de Harris, mas agora, que estávamos sozinhos novamente, voltou correndo para mim como um trem de carga descontrolado. Eu estava ciente da maneira como sua camisa escurecida pelo suor grudava em sua coluna vertebral; a forma como cada movimento que fazia parecia ter um propósito específico, sem movimentos ou energia desperdiçados. Estava ciente da protuberância na parte da frente da calça, diminuiu no momento. Eu estava ciente de seus antebraços com bíceps esculpidos. Eu estava ciente de seu olhar quando se afastou de seu telefone e olhou em meus olhos. Estava ciente da maneira como guardou o telefone novamente no bolso e se aproximou de mim, a protuberância em suas calças ficando maior enquanto se aproximava. Estava ciente de seus olhos em meu peito, enquanto respirava, com intensidade, antecipação e excitação me fazendo ter falta de ar, o que significava que meus seios inchavam com cada respiração. — Onde você conseguiu essas roupas? — perguntou. — Eu roubei o carro do manobrista no hotel de Vitaly. Ele as deu para mim. — Elas não cabem em você. Eu balancei minha cabeça. — Não, não realmente.


Um momento de silêncio, como se isso fosse tudo o que conseguia dizer. Eu vi seu peito expandir-se com uma respiração profunda, que segurou por um momento e, então liberou lentamente. Suas mãos se fecharam em punho e seus olhos se fixaram nos meus, conflituosos e aquecidos. E então, com um grunhido, se moveu para que ele estivesse pressionado em mim, sua ereção dura em minha barriga, rosto abaixado, sua boca a centímetros da minha. — Diga-me não — murmurou. Eu deveria. Eu não pude. — Layla. — era uma exigência, uma urgência. — Nick? Ele pressionou seus dedos em minha camiseta. — Última oportunidade, Layla. Diga-me para parar. Porra. Eu queria isso. Eu não pensava além do momento, porque é assim que funcionava. Eu não pensava em nada além do desejo, exceto a dor entre as minhas coxas, a forma como os meus mamilos pulsavam e meu núcleo ficava úmido e quente. Eu não poderia ter dito a ele, nem mesmo se fosse capaz de convocar as palavras. Que, aliás, não podia. Ele rosnou novamente e desta vez foi um gemido de necessidade. A mandíbula de Harris apertou e senti seus punhos tensos em minha camisa no centro da minha espinha. Ele puxou e ouvi o tecido rasgar. Seus braços ficaram rígidos e o colar da gola desgastada rompeu. Puta merda; ele estava literalmente rasgando as minhas roupas? O tecido marrom caiu no chão e estava nua da cintura para cima. Meus mamilos apertaram e levantei meu queixo, dei um passo para trás, com as mãos abaixadas. O olhar de Harris vagueou sobre mim e fui recompensada por um gemido que escapava pelos seus dentes cerrados, enquanto tocava em meu corpo. —Jesus, Layla. — O quê? — perguntei, embora tivesse certeza que sabia exatamente o que queria dizer. — Você — disse. — Você é a coisa mais sexy que já vi, porra.


De alguma forma, vindo dele, significou mais do que qualquer elogio que já recebi e isso me assustou muito. Eu empurrei aquela caixinha de emoção muito, muito baixo, fechei a tampa, trancou-a e enterrou-o. Não. Não. Não. Não vou lá. Não com ele, não com ninguém. — Olho por olho — disse, passando minhas mãos sobre meus seios. —Minha camisa... pela sua. — cruzei o espaço entre nós e agarrei a borda de sua camisa. Eu arranquei-a com um puxão áspero e Harris tirou a peça de mim, deixando-a cair no chão. Agora estávamos nus da cintura para cima. Corri minhas mãos sobre o seu peito, esfreguei as palmas das mãos em seus mamilos e em seu peito. — Você tem um peito peludo, Nick. — Claro que sim. — A questão estava em seu olhar, não dita. Passei minhas mãos em círculos sobre o peito, dei um beijo em seu ombro, onde não era bastante ombro, não era bem no peito. Outro, sobre seu esterno. — Eu gosto disso. Os homens de verdade têm peito cabeludo. Ele deslizou as mãos para cima da minha barriga e segurou meus seios em suas mãos grandes e ásperas. — Fico feliz que pense assim. — Havia um sorriso em suas palavras, mas estava muito ocupada traçando as ranhuras de seu abdômen, a concavidade das suas laterais, o planalto suave de suas costas largas, para realmente vê-lo. Uma respiração, outro beijo em seu peito, logo acima de seu mamilo, e então ele estava ajoelhado na minha frente, abrindo o botão do calção e abaixando-as pelos meus quadris. Eu saí deles e olhei para Harris, encontrando seu olhar. Ele tinha as duas mãos em minha bunda e seus lábios pressionados ao meu osso ilíaco esquerdo. Logo abaixo do meu umbigo. Então para o meu quadril direito e na minha coxa, alto, logo abaixo da cinta fina da minha minúscula tanga vermelha, a um sopro de distância de onde a seda cobria a minha boceta. Ele olhou para cima quando enfiou os dedos nas laterais da calcinha fio dental, preparando-se para rasgá-la. Peguei a mão dele. — Não. É a única que tenho. — Eu trouxe roupas limpas do Eliza. Elas estão na minha bolsa — disse e então, arrancou o fio dental para longe, de qualquer maneira. Jesus. Você já deve ter lido sobre um homem bruto sexy que rasga as roupas íntimas de uma garota, mas a realidade é um pouco diferente. É algo que dói um pouco, onde a alça do lado oposto escava


em seu quadril com a pressão da tração. E depois há o fato de que tipo cria um pouco de marca dos dedos. Mas, em seguida, você está nua — completamente nua. E foi o que ele fez, apenas arrancou, rasgou minha calcinha. Me deixou sem ar. Sim, é exatamente isso, sexy. E então sua boca estava sobre o meu núcleo, sua língua dentro mim e precisei segurar em seus ombros para me equilibrar. — Puta merda, Nick. Eu fui de excitada ao orgasmo no espaço de um piscar de olhos. Um golpe de sua língua em meu clitóris e estava pronta para gozar, dolorida, latejante, uma intensidade crua me dominando. — Goze, Layla — ele disse. Ele estendeu a mão e torceu o meu mamilo bruscamente e então deslizou três dedos de sua outra mão em minha boceta. No acúmulo, não os adicionando um de cada vez, apenas um impulso áspero, rápido e me rasguei em milhões de pedaços. Ele chupou meu clitóris entre seus dentes, torceu meu mamilo, retirou seus dedos e fodeu-os novamente em mim. — Porra. Jesus, Nick. Porra. — Tentei afastá-lo. — Preciso de um banho, estou fedendo. — Não me importo — murmurou. — Agora... Eu lhe disse para gozar, Layla — rosnou. — Eu estou... oh... puta que pariu, vou gozar, Nick. — Eu senti tudo apertar, senti meus músculos contraírem, senti o calor explodir em mim, um gemido sem palavras escapou dos meus lábios. Eu apertei forte meus músculos , tão forte quantopodia sobre os seus dedos, aprisionando-os dentro de mim. Ele gemeu com a pressão dos dedos, me olhando com um brilho em seus olhos. De repente, ele estava em pé na minha frente e ele estava me beijando, com a minha boceta em sua respiração e sua língua, exigindo a minha, comandando e insistente. Seus dedos cavaram em meu cabelo, tentando tirar a faixa de borracha que o mantinha no lugar. — É uma banda de borracha forte — murmurei, sem fôlego, de seu beijo. — Será difícil soltar. Ele enfiou a mão no bolso e ouvi o barulho de um canivete quando ele puxou minha cabeça para ele. — Fique quieta — ordenou. Ao invés disso, caí de joelhos e começei a tirar suas calças. Senti que ele brincava com o coque em minha cabeça, procurando o melhor local. Eu desabotooei o cós e abaixei as calças; elas caíram no chão aos


seus pés com um baque. Ele estava totalmente focado, e tinha que lhe dar crédito por isso. Mesmo enquanto puxava sua cueca preta e denudei o seu pênis, ele estava concentrado em meu cabelo, cortando a faixa de borracha aos pedaços até que pudesse soltar o meu cabelo totalmente. Só quando o meu cabelo estava ao redor dos meus ombros, ele dobrou a faca e olhou para baixo, para mim. — Ainda estou com sapatos — disse. — Verdade. — Inclinei-me mais perto dele, provocando-o, a boca perto o suficiente de seu pau para que pudesse sentir minha respiração, enquanto desamarrava as botas, uma de cada vez e ajudava a tirá-las de seus pés. Ele tirou as meias com os dedos, chutou a pilha de roupas para longe, e jogou o canivete na pilha. E então esperou. Eu levei um momento para admirar o seu pênis; era um belo órgão, longo e grosso, com uma curva interna muito ligeira, e ele estava encostado na sua barriga. Essa curva, eu não podia esperar para tê-lo dentro de mim, empurrando contra mim apenas para a direita, atingindo esse ponto quando ele empurrasse... Enrolei as duas mãos em torno dele e acariciei-o, e depois me inclinei sobre ele, passei meus lábios em torno da cabeça. Eu dei uma boa chupada e então ele me levantava. — Mais tarde, Layla. Ele me virou no lugar e me guiou até o banheiro, ligou o chuveiro, ajustou a temperatura para que ficasse morna. Normalmente gosto de banhos escaldantes, mas, pela primeira vez, estava demasiadamente quente e suada para ser capaz de tolerar um banho quente. Aqui está uma coisa: sexo no chuveiro não é realmente sexy. É difícil ter um bom sexo de chuveiro sem que ninguém se machuque, e alguém é sempre deixado de fora do fluxo de água ou na água fria, e não há realmente nenhuma boa posição que não envolva proezas de acrobacia ou levantamentos básicos — especialmente se considerar que não sou exatamente delicada. Harris parecia reconhecer tudo isso. Ele empurrou as minhas costas na parede e a água bateu contra a minha frente. Ele tinha uma barra de sabonete na mão, e começou a me esfregar com ela, em toda a parte. Ele começou com o meu rosto, me dizendo num sussurro rouco para fechar os olhos, em seguida, lavou meu rosto e enxaguoou com cuidado. Depois passou para o meu pescoço e ombros, puxou-me para


lavar minhas costas, enquanto me beijava entre os seios. Em seguida, vagou sobre os meus seios com a barra de sabão e Deus, era sexy, íntimo, suave... demais para suportar. Fechei os olhos e deixei que me lavasse. Coxas, núcleo, bunda, tudo, beijando-me e limpando em todos os lugares. Eu estava sem fôlego quando acabou e tentei tirar o sabão dele, mas ele bateu em minhas mãos e me puxou para debaixo da água para lavar meu cabelo. Ele tinha frascos de shampoo e condicionador de cortesia de um hotel e usou-os no meu cabelo preto, lavando-os e massageando meu couro cabeludo. Eu estava finalmente limpa, da cabeça aos pés. Eu inverti as posições com Nick e fiz o mesmo para ele, lavandoo da cabeça aos pés, mas tendo a certeza de evitar suas zonas erógenas em primeiro lugar. Ou seja, lavei o cabelo primeiro e depois passei o sabão sobre seu corpo magro, duro, tonificado, tocando seu pênis apenas no final. A essa altura, sua ereção tinha diminuído, estava semi caído, mas tive pouco trabalho com esta triste realidade. Eu ensaboei minhas mãos e, em seguida, trabalhei-as em seu pau e bolas, massageando suavemente, apenas lavando, no início, e depois que o lavei começei a acariciar-lhe para uma ereção completa. Deus, o homem tinha um belo pau. Sério. Tenho visto e manuseado um monte de paus e o seu era — objetivamente falando — o melhor que já tive em minhas mãos. Quer dizer, não se tratava apenas do tamanho. Eu vi maiores. Mas há realmente alguns demasiado grandes, em minha opinião, pelo menos. É mais sobre a forma geral, para mim. No fator tamanho, claramente, Nick tinha tamanho em espadas. Ele não estava pendurado como um cavalo, em qualquer sentido literal, o que era perfeito para mim. Quando explorei o seu pau com as minhas mãos, sabia que me encheria o suficiente para que me sentisse prazerosamente esticada. Grande, grosso, longo, perfeitamente em forma, principalmente em linha reta, mas com uma ligeira curva, e que curva... Eu tremia só de imaginar quando estivesse dentro de mim, que bateria para a direita e estava ansiosa por isso. Gosto, muito. Eu posso ter sido um pouco levada, acariciando-o no chuveiro. A água esfriou, mas não me importei. Senti-me bem com a água fria em minha pele. Eu tinha ambos os punhos ao redor de seu pênis e o acariciava, não tentando tirá-lo, apenas... brincando com seu comprimento, parando aqui e ali para segurar e massagear suas bolas pesadas, rolando-as em minhas palmas. Nenhuma boca, desta vez, apenas toquei. Aprendendo. Explorando. E ele deixou. Ele observou, com a cabeça encostada no azulejo, com as mãos sobre os meus ombros, polegares circulando em minha pele em um carinho ocioso. E aquele toque ocioso, foi o suficiente para me deixar quase em pânico, porque ele estava inconsciente, era o tipo


de toque que significava muito, mais do que qualquer toque sexual. Era da mesma forma que tinha tocado o polegar em meus lábios. Suave. Carinhoso. Significativo. Quando o deixei respirando com dificuldade e seus quadris vibrando com as carícias suaves e lentas dos meus dedos ao redor dele, Nick me levantou, desligou a água e indicou com um empurrão que me queria fora do chuveiro. Ele nos secou rapidamente e então me levou para o quarto. O ar quente e úmido imediatamente revestiu minha pele. Os olhos de Nick vaguearam pelo meu corpo, e deu um sorriso faminto. — Agora estamos limpos. Sem mais desculpas. — Desculpas? — perguntei. Ele não se incomodou em responder. Ele só me empurrou na cama. Antes que se inclinasse, no entanto, apertou-se contra mim, com a ereção aninhada entre minhas nádegas, me puxou para trás de modo que minha cabeça descansou em seu ombro e me beijou, traçou meus lábios com o polegar. Ele se inclinou na altura dos joelhos, com a mão cobrindo minha garganta, me segurando contra ele, e seu pênis cutucou a minha entrada. — Oh, Deus. Nick... — Você quer isso, não é? Eu balancei a cabeça. — Jesus, sim. — Diga, Layla. foda.

— Eu quero o seu pênis dentro de mim, Nick. Eu quero que me

Ele me beijou mais uma vez, e então seu pênis me encheu com um impulso forte, e gritei. Oh, puta que pariu! Isso era incrível.


Capitulo treze FODENDO Com um impulso curto e duro, seu pênis estava totalmente encaixado dentro de mim, me enchendo, me esticando. Ainda em pé, sua mão segurando gentilmente minha garganta para me manter no lugar, como se estivesse tentando escapar, estava desamparada. Totalmente indefesa. Eu não podia me mover, não conseguia respirar, não conseguia pensar. A única coisa que existia em todo o meu universo era Harris, grande, duro e quente atrás de mim, seu pau dentro de mim, a mão em minha garganta, a outra dedilhando meu mamilo como uma corda de violão. Ele não se moveu. O tempo parou e o único som era dos meus suspiros e sua respiração estável. Seus lábios tocaram minha têmpora, e eu tremia. Que porra ele fazia? Beijar um corpo é sexual, pressionar os lábios no peito, no quadril, pênis, vagina ou na barriga, é sexo. Dar uns amassos, é sexo. Beijar o rosto, a bochecha, a testa, a têmpora, a mandíbula... é íntimo e pessoal. Eu não tinha intimidade. Eu não torno nada pessoal. Para citar certo fenômeno ficcional, ‘Eu fodo. Forte’ — não sabia me conectar com esses caracteres específicos, em qualquer nível, exceto para o fator de intimidade. Mesmo com Eric, meu único namorado sério, o único homem com quem já vivi. O único cara que deixei ter um vislumbre do meu verdadeiro eu interior. Mesmo com ele, realmente não tinha intimidade. Sexo era sexo. Eric e eu fodíamos. Ficávamos desossados. Não me interpretem mal, gostava de Eric. Muito. Eu namorei e vivi com ele por um longo tempo. Mas não tinha intimidade com ele. Não houve conversa de travesseiro. Não houve beijos no rosto — me abraçar depois e dizer-me seus pensamentos mais profundos e partilhar as suas emoções mais ternas. Ele nunca beijou minha têmpora. Harris beijou minha têmpora. Um breve e lento toque, totalmente confuso. Seus lábios ao lado da minha cabeça, e estava perdida.


Não como ‘me apaixonar’ ou me afogar em seu toque, mas perdida no tempo e nas circunstâncias. E então, o mais selvagem de tudo, meu corpo traíu o meu coração. Minha mão se estendeu para sua nuca, minha cabeça girou para o lado, minha boca procurou a sua pele e meu coração disparava, trovejando, rachando, torcendo e minha mente se rebelanva, mas meu corpo estava no controle. Meu corpo sequestrou o restante de mim. Meus lábios procuraram a sua pele e encontrou. Encontrei a sua mandíbula. A maçã do rosto. Agarrei a sua nuca e tremi como uma folha seca em um vento forte. Ainda que não se movesse. Aparentemente, contente por apenas segurar a pose, nós dois em pé de frente para a cama, seu eixo enterrado profundamente dentro da minha fenda, meu corpo sem osso e sem força, inclinando-me com total confiança no peito de Harris. A respiração me deixou, com um suspiro quebrado e afundei, deixando a minha queda pesar um pouco, empurrando-o mais profundo. Não conseguia tirar a imobilidade, não podia assumir a intimidade, a força de sua respiração em minha bochecha, sua posse, sem palavras. Eu não poderia lidar com a memória daquele beijo na minha têmpora. Eu precisava... de mais. — Nick... — murmurei. — Eu sei — disse e me empurrou para frente. De boa vontade, com prazer, me inclinei sobre a cama, espalhei meus pés na largura dos ombros, me preparei com os braços esticados, cotovelos fechados e as mãos sobre o colchão. Esperei. Sem respirar, com antecipação, com a respiração suspensa, com todos os outros clichês que você possa pensar, esperei. E Harris, me deixou esperando. Não me deu o que queria, não fez o que esperava. Em vez de empurrar forte dentro de mim, se inclinou sobre mim e apertou os lábios na minha espinha, no centro das minhas costas, passou as palmas pela lateral do meu corpo. Eu balancei tão forte que cerrei os dentes. Que porra ele fazia? Outra carícia, para baixo desta vez, a partir das axilas, pela lateral, para cobrir meus quadris, em seguida, as palmas das mãos circularam as minhas nádegas. Ele recuou, retirando. Mordi o lábio, esperando a batida áspera... Ele empurrou com cuidado, devagar e caí derrotada e alegre. Tão bom. Bom para caralho. A sensação dele se movendo em mim. O deslize molhado e doce de seu pênis. Empurrando dentro de mim e gemi de prazer.


Ele se inclinou sobre mim, enquanto seus quadris pressionavam contra a minha bunda. Seus lábios tocaram a minha orelha. — Rápido... ou devagar? — Rápido — respondi imediatamente. Ele mordeu a minha orelha. Forte. Eu gritei em surpresa e virei a cabeça para olhar para ele em choque e ele apenas sorriu quando se endireitou atrás de mim, correndo a palma da mão na minha espinha para agarrar um punhado da minha bunda. — Àspero? Eu balancei a cabeça. — Àspero. — Como você quer isso áspero, Layla? — Foda-me forte, Nick. Ele se afastou para que a ponta de seu pênis mal descansasse dentro de mim, acariciou o minha nádega esquerda com a mão esquerda, segurando o vinco do meu quadril direito com a mão direita. Não houve aviso. Ele bateu em mim com tanta força que a respiração me deixou involuntariamente e a mão bateu na minha bunda com um estalo retumbante, doloroso. Eu gritei. Eu não costumo gritar. Eu costumo gemer, suspirar, mais como uma estrela pornô soluçante. Quando gozo, costumo cerrar os dentes e gemer através deles. Eu não grito. Nick me fez gritar. Ele fez uma pausa, totalmente empalado dentro de mim. Em seguida, ele alisou a palma da mão sobre a minha bunda e em seguida, retirou-se, lentamente. Tão lentamente. Então espancou a minha bunda e fodeu novamente, com força. Senti seu pau escorregar em mim e bater fundo, senti suas bolas batendo e a bochecha da minha bunda agitar e arder, pelo tapa. Desta vez, não houve pausa, nem hesitação. Retirou lento, quase suave, e então, imediatamente após tirar, Harris me bateu e entrou novamente. A minha nádega esquerda pegava fogo. Minha boceta latejava e eu lutava para respirar, para ter equilíbrio. Ele mudou, então. A mão direita espancou a nádega direita e, com a mão esquerda, segurou meu osso do quadril esquerdo. Tapa. Tapa.


Tapa. Cada tapa acompanhava um impulso forte. Quatro palmadas de cada lado, quatro impulsos. Em seguida, mudou, e para trás, para trás e para frente. Sem ritmo, sem um padrão. Sempre o lento tirar, uma pausa extremamente pequena, e então a palmada. Perdi a noção do tempo, nunca contei as pressões ou palmadas. Tudo o que sabia era que latejava e doía, que minha bunda queimava e ardia, que cada palmada doía mais, mas que, com cada palmada os impulsos incitavam o fogo dentro do meu núcleo, que cada impulso brutalmente poderoso de seu pau em mim, era muito mais intenso. Eu perdi a capacidade de abafar meus gritos. Ele espancava e empurrava e eu gritava quando ele entrava. Eu não sei como, mas ele soube quando estava perto. Talvez fosse por que quando me aproximava do clímax, comecei a empurrar para trás, enquanto me fodia. Ou talvez fossem os choramingos e gemidos que encheram os espaços entre os gritos. Eu não sei como, mas ele sabia. E bem quando estava no limite, ele tirou completamente de mim, me deixando vazia e pronta para mendigar. Ele agarrou meu quadril esquerdo com a mão direita e me virou, me tirando o equilíbrio, me jogando tão facilmente como se fosse alguma mulherzinha magra do tamanho de nada. Apenas me jogou como eu não pesasse nada. Eu caí na cama, lutando para manter o equilíbrio, lutando para colocar meus pés debaixo de mim. Harris estava lá, agarrando as costas dos meus joelhos e me levantando, com seus quadris se encaixando no V das minhas coxas, e o pau cutucando minha entrada. Eu não estava equilibrada, não tinha controle. Ele tinha me deixado totalmente indefesa, descansando minha parte superior do tronco sobre a cama, a minha metade inferior em seu aperto. — Eu preciso de um preservativo? Eu balancei minha cabeça. — Não, estou protegida e estou limpa. — Você confia em mim? Porra, que pergunta. Será que confio nele? Quer dizer, minha vida estava em suas mãos. Ele se arriscou a morrer por mim, matou por mim, e isso foi apenas nas últimas duas horas. Mas confio nele para me foder sem proteção contra doenças? Será que ele confia em mim para


estar realmente no controle de natalidade, que não ficaria grávida e que realmente estava limpa? Tanta confiança. Tanta tolice. Estúpido, mesmo. Eu sou impulsiva. Imprudente. Eu faço o que quero, quando quero. Eu nem sempre penso sobre as consequências de minhas decisões. Se eu foder, eu lidarei com isso. A única exceção a isso é o sexo. Eu estive no controle de natalidade desde os meus quatorze anos, e nunca, nunca, nunca tive relações sexuais desprotegidas. Com ninguém. Nunca. Nem mesmo quando estava perdida. Se ele não tem um preservativo, ele não me terá. Essa era a única regra inalterável, e inflexível que nunca quebrei, não importa o que. Nem mesmo com Eric, nos quase três anos que estivemos juntos, não fizemos sexo desprotegidos uma vez sequer. Então, por que? Por que levantei meus quadris em um acordo silencioso, justo com Harris? Simples. A mesma resposta de por que fiquei tão afetada por um beijo inocente em minha têmpora: Eu não tenho nenhuma pista. Eu levantei meus quadris, empurrando contra ele, inclinando e levantando, assim seu pênis deslizou para mim. Harris não empurrar, no entanto. — Diga, Layla. Em voz alta. — Seus olhos pareciam fogo, sem piscar, inabalável, intenso, prendendome. — Eu confio em você, Nick. — Jesus, eu parecia ofegante. Sedutora. Vulnerável. Claramente, algum outro espírito havia me possuído, porque esta não era eu. Esta não era Layla. Eu não soltava um gemido assim, de jeito nenhum. Quando Harris finalmente empurrou para dentro de mim, eu choraminguei. Eu sei que disse que não era uma gritadora, mas eu fiz um som bastante típico, quase um som falso de estrela pornô durante o sexo. Na verdade, já fui acusada de fingir apenas por causa de como soava. Mas nunca fingi, era exatamente como me sentia. Mas isso? Quando Harris lenta e deliberadamente empurrou em mim, a maneira que fiz isso... eu nem sei a palavra certa... gemer, choramingar, suspirar — um som que era todos esses três em um, um gemido-choramingo-suspiro. Isso não era eu. Eu nunca soei assim. Não importa quão bem me sentisse.


Mas esse era o problema, não era? Eu nunca, jamais, me senti assim antes. Não do jeito que Harris levou para dentro de mim, não do jeito que ele me encheu. Não do jeito que ele me prendeu completamente, me deixando impotente. Eu me afastei da borda do clímax. Só levou quatro golpes lentos para chegar lá novamente. Ele me olhava, observava meu rosto, minhas expressões. Senti sua atenção, como foco de laser, hiperconsciente. Coloquei minhas pernas ao redor de sua cintura e ele deslizou as mãos em minha bunda, mantendo-me no alto com um aperto firme de cada mão sobre os globos de minha bunda. Seus dedos estavam no vinco das minhas nádegas, ousando, separando as bochechas. Literalmente, ele agarrava a minha bunda, um pouco em cada mão e segurava todo o peso do meu corpo no alto com esse aperto. Senti a pressão de seus dedos em meu ânus, cutucando, mas não empurrando. Ele me queria lá, em algum ponto. Eu deixaria. Merda, provavelmente pediria para ele, se era dessa maneira que me sentiria com ele. Uma vez que teve certeza de seu poder sobre mim, uma vez que teve certeza que estava perto, ele se aproximou, inclinando-se mais profundamente no V das minhas coxas, empurrando seu pênis, tanto quanto poderia ir. E então ele começou a foder. Oh. Oh, Jesus. Oh, Merda. Isso era demais. Ele me deixou sem fôlego, não me deixou termo, não teve misericórdia. Eu pedi para ele ser rude, ele foi áspero. Forte. Ele não perguntou se estava pronta, não facilitou para isso. Apenas... um único murmúrio... um rosnar de apreço pelo meu corpo e começou a foder, me batendo forte, mais, mais e mais, então meu corpo inteiro foi abalado com cada impulso. — Brinque com seus seios, Layla. Belisque seus mamilos. Eu obedeci, colocando os meus grandes seios saltitantes em minhas mãos e manuseei os meus mamilos eretos, depois belisquei-os. — Forte, Layla. Quero ouvi-la gritar. Eu peguei meu mamilo esquerdo entre o polegar e o indicador e belisquei tão forte que gritei; um raio explodiu através de mim,


golpeando meu núcleo quando torci o mamilo e belisquei-o novamente. Apertei a ambos. — Goze para mim, Layla. — O comando foi tranquilo, mas falado com nitidez de navalha, repleto de intensidade. Eu torci e belisquei meus mamilos quando o orgasmo me atravessou. — Ponha o dedo no seu clitóris. Agora mesmo, enquanto está gozando. Eu mantive uma mão no meu peito, torcendo e beliscando e minha mão direita mergulhou em obediência à ordem tranquila de Harris. Coloquei meus dedos, médio e anular, no meu clitóris endurecido e me esfreguei em círculos, tão excitada que não precisava de acúmulo, então tudo que precisva fazer era esfregar o meu clitóris hipersensível, forte e rapidamente. — Porra! — A palavra era um fundamento, saiu de mim quando o orgasmo me atravessou, fora de controle, fazendo com que todo o meu corpo girasse. — Oh Deus, Nick, Nick, Nick! Eu olhei para ele pelas pálpebras entreabertas e vi um pequeno sorriso de agrado em seus lábios, enquanto ele dirigia em mim mais e mais. E percebi que ele ainda não havia gozado. — Sua vez, Nick — disse. O sorriso espalhou, virou feroz. — Minha vez, não é? — Eu preciso sentir você gozar, também. Ele me abaixou, soltou minhas pernas da sua cintura. Fez com que eu tivesse o meu equilíbrio, e então subiu na cama. Descansou a cabeça no travesseiro e apenas olhou para mim. Esperando. — Monte-me — ordenou. Eu levei um momento para simplesmente beber em seu corpo. Tão gostoso. Magro, com músculos duros como ferro. Lupino, primal. Escuro, encaracolado, cabelo masculino espanava o seu peito e estômago, aparado próximo ao redor de sua ninhada. Deus, seu pênis. Brilhando, molhado com a minha essência, dura e grossa, a curva muito ligeira que parecia tão perfeita dentro de mim, me batendo exatamente onde me fazia sentir melhor. Seus olhos seguiram os meus movimentos quando torci no lugar e subi na cama. Meus seios pesados balançavam quando rastejei sobre ele e eu amava o jeito que seus olhos devoravam o meu corpo, a forma como o seu olhar parecia falar milhões de palavras elogiando minha


beleza, tudo em silêncio, um poema num olhar, uma canção num olhar. Ele não precisava dizer uma única palavra, e eu sabia que era linda, para ele. Mas então ele falou, quando montei os seus quadris com as minhas coxas. — Layla, você é... bonita pra caralho. — Obrigada, Nick. Ele estendeu a mão, passou seus dedos em minha bochecha. E então ele apertou um punhado do meu cabelo, enrolou e puxou meu rosto. Ele era um idiota rude, puxando meu rosto até o seu, mas a expressão em seu rosto, de alguma forma, fez o gesto parecer... suave. Eu não tinha certeza de como conseguiu isso, mas foi eficaz. Meu coração pulava em meu peito, batendo dolorosamente forte. Tentando escapar, tentando fugir do que percebia nele. — Não, Layla — disse e mordiscou meu lábio com os dentes. — Eu não acho que perceba. Você é absolutamente perfeita. Eu não tinha nada a dizer sobre isso. Eu não conseguia falar, mesmo se eu tivesse as palavras. Eu estava engasgada, garganta apertada. Este era o pavor me dominando. Perfeita? Deus não. Eu sabia que tinha boa aparência, mais por causa do meu corpo do que pelo meu rosto. Quando você tem dimensões como as minhas, você não precisa ter um rosto bonito. A maioria dos rapazes me disse que eu era quente. Sexy. Que eu tinha um corpo bonito. Que meus seios eram a melhor coisa que já tinham visto. Que tinha uma boceta tão boa, que poderiam foder-me por horas. Mais macia para foder; pernas longas. Eu tinha tomado esses elogios no coração e fiquei em forma de manter-me assim. Mas nenhum homem jamais disse como eu era bela, não sem qualificá-lo em relação ao meu corpo de alguma forma. E você sabe o quê? Esse tipo de dor fica lá no fundo. Sabendo que minha beleza era só por causa do meu corpo? Era o tipo de dor que você não sabe como expressar, mesmo para si mesma. Mas, nesse momento, quando Nick disse que era bonita, que era absolutamente perfeita? Ele falou de uma maneira que poderia finalmente entender. Eu esperei pela qualificação. Ela nunca veio.


E minhas defesas estavam em alerta máximo. Perigo, Will Robinson. Eu deslizei sobre seu corpo, arrastando as pontas dos meus seios em seu peito, roçando o rosto com eles, balançando-os sobre seus lábios, através de seus olhos. — Sim? Você gosta deles, não é? Ele levantou-se e capturou um mamilo na boca. — Sim, gosto. Eu esfreguei minha bunda em seu estômago. — Isso é bom para você, não é? Ele segurou minha bunda na mão, amassando o músculo. — É tão bom. Mas então, meu cabelo ainda estava seguro na sua mão e ele apertou. Então ele tinha o meu cabelo pela raiz, e com firmeza, mas com cuidado, trouxe o meu rosto até ele. — Você tem o corpo mais sexy que eu já vi, Layla. — Obrigada… — comecei, mas ele não me deixou terminar. Ele me cortou com um beijo. — Eu não terminei. Não me interrompa. — Eu fiz uma careta para o comando, mas esperei que continuasse. Ele deu na minha bunda uma palmada bem gentil — não era muito suave, era um tapa alto, mas em comparação com o quão forte me espancou antes, era relativamente suave —fazendo as nádegas redondas tremerem, e, em seguida, alisou a mão nas minhas costas, escovado meu queixo com o polegar. — Mas isso não era o que falava. — Não? — Tentei ser casual. — Não. Eu disse que era absolutamente perfeita. — Ele mordeu meu lábio inferior novamente, a palma da mão espalmada contra o meu rosto. — E eu quis dizer isso. Você toda. Era chorar ou evitar o assunto, de modo que, qual você acha que escolhi? Abaixei-me entre os nossos corpos e passei meus dedos ao redor de seu pênis, coloquei-o na minha entrada, apoiando meu corpo com uma das mãos no colchão ao lado de seu rosto, pairando sobre ele, com os seios balançando sobre o seu peito. Uma pausa momentânea, os nossos olhos ligados, com calor e intensidade crepitante, e faíscas entre nós. E então me sentei em cima dele, forte, espetando-me sobre ele. — Porra, Layla — gemeu — você me faz sentir incrível. Eu apertei seu pênis tão forte quanto podia. — Você gosta disso? Ele empurrou-se para dentro de mim, nossos quadris batendo juntos. —Porra, sim. Faça de novo.


Eu levantei, rodando meus quadris na ampla cabeça de seu pau em círculos, entre meus lábios úmidos, e depois mergulhei para baixo sobre ele, apertando o quanto pude. — Assim? Suas mãos ladearam as minhas costelas, para amassar meus seios, apertando e acariciando. — Bem desse jeito. Continue fazendo isso. Monte-me até que ambos gozemos. Então eu fiz. Eu apertei quando levantei mais uma vez, relaxando no ápice, circulando meus quadris novamente para mover seu eixo ao redor e ao redor, mantendo-o adivinhando a respeito de quando... bateria com força, nossos corpos se uniam com um tapa alto da minha bunda em suas coxas, apertando com os meus músculos da boceta, fazendo pressão. Sentada em cima dele, arfando, tudo dentro de mim pulsando loucamente, eu sabia que tinha de tirá-lo. Quando gozasse novamente, seria forte e quebraria alguma coisa em mim. Eu estava com medo dele. Era inevitável, mas ainda tentei afastá-lo. Eu precisava. Autopreservação. Havia algo real entre Harris e eu e isso me assustava muito. Então, joguei com ele. Tirei-o. Usei todos os truques que conhecia para levá-lo junto. Com seu pênis empalado dentro de mim, rolei meus quadris em círculos largos, esfregando nele. E então levantei, fiz uma pausa e afundei-me, e depois esfreguei forte nele novamente. Repeti isso até que estava tremendo e no limite do orgasmo. Harris suava, respirando com dificuldade, sentindo claramente o que fazia, mas não disse uma palavra, não emitiu nenhum som. Ele manteve seu aperto no meu cabelo e sua outra mão descansava na curva do meu quadril, onde se tornava coxa, escavando, explorando. Deixando-me fazer o que queria. Eu levantei, coloquei as palmas das mãos sobre o seu peito, com estocadas curtas e lentas ao redor dele, deslizando apenas a ponta, apenas centímetros dentro e fora de mim. Mais, mais e mais e nós dois brincamos com os movimentos rasos, nunca deixando mais da metade do seu pau em mim, em qualquer ponto, deslizando para cima, circulando, deslizando para baixo no seu eixo novamente, puxando para trás para esticar seu pênis, para longe de seu corpo e movendo-me em círculos novamente. E o tempo todo, Harris deixou.


Com a mandíbula apertada, ofegante, suor brilhando em seu rosto e corpo. Finalmente, ele rosnou. — Chega, Layla. Ele empurrou-se, empurrou minha cabeça para baixo e capturou minha boca com a sua. Eu estava por cima, mas ele estava no controle. Ele me beijou. Oh merda, ele me beijou. Língua, lábios grudados, exigindo que o beijasse de volta, comandando minha boca. Seu corpo se movia, a palma da mão em minha bunda, puxando para mim, seus quadris empurrando para cima. Eu gemia no beijo e tive que deslizar sobre ele, tive que me mudar. O beijo me queimou, roubou a respiração de meus pulmões e a vontade de minha alma. Foi um beijo que dominou, um beijo que possuía. Pegava. Ele me fodeu. E não podia fazer nada senão montá-lo, não fazer nada, apenas aceitá-lo. Eu estava desamparada em cima dele, meu rosto ficava esmagado contra ele pelo aperto duro e firme de seu punho no meu cabelo, paralisada pelo beijo. Os movimentos de seu corpo, o áspero, selvagem e o vigoroso empurrão — puta merda! — Era cru, primitivo e desenfreado. Tudo o que aconteceu antes disso, a palmada e os impulsos por trás, tudo o que fiz para até aquele momento, era tudo apenas... um precursor. Preliminares. Isto era... algo mais. Não uma foda. Nada tão impessoal ou informal como isso. Este era Nick tomando posse da minha alma. Este era Harris assumindo o comando do meu corpo. Minhas paredes foram demolidas. Minhas defesas erradicadas. Acho que gozei em algum momento, mas estava tão destroçada pelas implicações de como me sentia emocionalmente, que realmente não registrei. Eu gosto de sexo. Eu realmente gosto de sexo. Muito. Mesmo. É minha coisa favorita, juntamente com beber vinho tinto barato nua e comer compulsivamente no Netflix. Mas eu nunca tive relações sexuais como esta. Era... novo. Estranho. Intenso. Emocional. Repleto de significado. Isso... queria dizer alguma coisa. E eu não sabia como lidar. Eu não poderia lidar.


Mas Nick não deixaria ir, não me deixaria fora do gancho. Ele me deu folga suficiente no aperto em meu cabelo, para que pudéssemos pausar o beijo para respirar, mas isso era pior. Sem o beijo, tive que encontrar o seu olhar. E porra, seus olhos... a paixão neles. O desejo. A maneira como ele parecia tão profundamente em meus olhos, a maneira que seu olhar desviou para baixo para onde os nossos corpos estavam unidos. Era tudo muito. Beijei-o, desta vez. Esmaguei minha boca nos seus lábios rígidos, nossos dentes bateram e meu lábio cortou. Harris puxou de volta, lambeu meu lábio onde pulsava e o beijou. E então, com maestria, lenta e suavemente, se apossou de minha boca. Mais uma vez tomando a iniciativa e me controlando de perto. Deus, ele se apropriou de mim. Ele sabia exatamente cada momento e cada situação, exatamente como me tirar o controle e me deixar totalmente dependente dele. Minha escolha era ou ceder o controle para ele por completo ou sair e ir embora. Eu pensei sobre isso, eu realmente pensei. Se gozassemos juntos — e iríamos, tinha certeza — algo mudaria. Mas não podia andar o caminho. Não podia. Eu tentei. Jesus, como tentei. Mas não podia obrigar-me a fazê-lo. Eu estava muito enredada pela maestria de seu beijo, também paralisada pelo pulsar da urgência do êxtase, também perfurada pela intensidade em seus olhos e a urgência crescendo em suas investidas. E posso apenas dizer, puta merda, o homem tinha extrema resistência. Ele me deixou afastar a cabeça, mas não soltou o meu cabelo. Seus dedos estavam em punhos em meus cachos, na minha nuca e ele me deixou subir o suficiente para colocar meus punhos no travesseiro perto do seu rosto. Nossos rostos estavam a centímetros de distância, mas não nos beijávamos agora. Ele empurrava lentamente, deslizando longa e profundamente dentro e fora, com suaves estocadas perfeitas. Eu tirei meus joelhos de debaixo de mim e comecei a empurrar de volta para suas estocadas, com os olhos fixos nele, inabalável. Não olhando para longe. Eu queria.


Eu odiava a intensidade, odiava a vulnerabilidade que sentia em mim mesmo. Ele me viu. Eu não conseguia desviar o olhar. Eu soube o momento exato em que ele perdeu a batalha para o controle sobre o seu próprio corpo; ele rosnou como um lobo e começou a foder a sério, mergulhando selvagem, maníaco. Seu aperto em meu cabelo foi forte até o ponto da dor, mas gostei disso, porque me aterrava. Distraia-me um pouco da paixão clara, do desejo frenético, furioso e cru em seu olhar. Da conexão de ardência derramando entre nós. Eu só podia conseguia me esfregar nele, montá-lo e aceitar o seu pau. Deus, isso parecia perfeito. O êxtase mais celestial que nunca, Harris me fodia enquanto seus olhos prometiam tantas e tantas coisas. Coisas suaves. — Layla — murmurou. Eu não conseguia falar. Só podia gemer sem fôlego. — Aperte. Forte. Então apertei tão forte quanto podia, ainda focada em espremer. — Oh... porra. Layla. Eu estou gozando. — Ele me empurrou para baixo assim que nossas bocas se tocaram, mas não beijou, seus olhos nos meus. — Olhe para mim. Não se atreva a desviar o olhar. — Eu não vou... Eu estou olhando para você — engasguei. Eu senti que ele começava a gozar e meus olhos encheram de lágrimas. Ele segurou meu rosto, passou o polegar sobre meus lábios. — Então goze, Layla. Eu gozei. Puta merda, eu gozei. Muito forte. — Diga meu nome, Layla. Diga a porra do meu nome enquanto você goza em cima de mim. — Nick — respirei. — Nicholas. Estou gozando, Nick. Então, o senti desencadear. Ele mordeu meu lábio, manteve meu rosto pressionado contra o seu e beijou-me. Sua mão deslizou pelo meu corpo e deu um tapa forte em minha bunda uma vez e então, finalmente, gozou. Jorro após jorro de semente quente derramou dentro de mim e não podia fazer nada, mas senti-lo, apertá-lo e me maravilhar com o que nunca senti em minha vida antes, o jorro quente e úmido de


um homem que dentro de mim, me enchendo, gozando em mim e balbuciando em suas investidas enquanto gozava, gozava, gozava, seu beijo tateando quando perdeu todo o controle, a mão na minha bunda, segurando, amassando, puxando-me com mais força contra ele. Eu aterrei em cima dele, apertei-o com os meus músculos internos, e choraminguei quando eu gozei com ele, não gozando novamente, mas ainda gozando, a continuação de um longo clímax perturbador. — Porra — ele respirou, recostando-se. — Puta merda. — desabei sobre ele. Em vez de me tirar de cima dele, tomou o meu peso em seu corpo e passou os braços em volta de mim, me impedindo de escapar. Quase como se ele entendesse o pânico dentro de mim. Uma única lágrima escapou do meu olho, porque eu sabia o que tinha acontecido, ele tinha total e completamente me arruinado. Eu estou tão fodida.


Capitulo quatorze DRAW IT OUT26

Eu acordei sozinha, lenta e desorientada. Deliciosamente dolorida, de todas as melhores maneiras.

Dolorida.

Ouvi uma respiração pesada e constante em algum lugar no quarto. Torcendo e alongando, rolei para a beira da cama na direção do som e vi Harris, completamente nu no chão, fazendo flexões. Isso era a coisa mais quente que já vi. Sua bunda estava tensa e flexionada, dura como granito e o amplo plano de suas costas era um campo acidentado de músculos pulsando quando abaixou-se lentamente. Seus bíceps abaulados brilhavam de suor e ele levantou novamente tão lentamente. Ele respirava cada vez que abaixava o seu corpo e respirava quando levantava. Uma e outra vez, sem pressa, nunca vacilando. Cem vezes, ele fez isso. Eu sei, porque eu assisti cada uma, contando com ele, fascinada e hipnotizada pela visão. Jesus. E então ele virou de costas, tocou as pontas dos dedos na parte de trás de sua cabeça, e fez o tipo de abdominais onde flexionava o seu joelho em direção ao seu rosto, enquanto lançava o seu tronco para frente, tocando o cotovelo direito no joelho esquerdo e vice-versa. Eu sei que ele me viu, mas não parou, apenas continuou. Outra centena. Ooooh, Senhor. Então ele levantou, com os pés ligeiramente separados, mais do que a largura dos ombros e agachou, estendendo os braços enquanto fazia isso, então levantou. Como as flexões e os abdominais, ele fez cada exercício em câmera lenta, deliberado e com controle total. Eu tive que abafar uma risada. Quer dizer, como não poderia? Ele estava totalmente nu, então seu sexo pulava em todo o lugar e era meio engraçado. Mas depois que terminou seu centésimo agachamento e seus olhos encontraram os meus, ele virou, ficou em minha frente e parei de rir. Pós-treino, nu, suado, músculos inchados... Nick Harris era um animal e eu o queria.

26 Uma espécie de mapa do tesouro, uma orientação.


Olhei para ele, encontrando seus olhos e então abaixei lentamente o meu olhar de seu corpo magnífico para seu pênis. Ele estava acordando. Enrijecendo, pendurado para baixo, mas começando a enrolar para o lado conforme a excitação enviava sangue correndo através dele. Foda-se, eu o queria. Eu precisava dele. Eu nunca precisei de ninguém antes e isso me deixava tremendo de medo. Eu odiava ter medo. Ele me deixava com raiva. Então eu fiz a única coisa que conseguia pensar: saí da cama e caí de joelhos na frente dele, olhando para ele. Ele ficou parado, com os braços aos lados do corpo, respirando pesadamente. Talvez se chupasse o seu pau, evitaria a intensidade, a vulnerabilidade, o desejo. Comecei devagar, com a intenção de torná-lo bom. Torná-lo o mais quente boquete que ele já recebeu e que nunca mais terá. Escorreguei as palmas das minhas mãos pelas suas pernas, das suas panturrilhas, passando pelas costas das suas pernas, para a sua bunda, colocando-a, amassando-a, cravando os dedos nos músculos — impressionantes — de ferro duro. Eu olhei para seu pênis, que estava a meio mastro, agora. Eu segurei sua bunda e acariciei sua barriga acima de sua ereção, sentindo, esbarrando meu queixo. Deslizei meus lábios para beijar ao lado da base e, em seguida, coloquei a minha boca em seu saco firme. Ele cheirava a suor, mas era limpo, suor fresco e não me importei. Era um cheiro viril, masculino, despertando. Eu levei o seu saco na boca e senti seu pau endurecer contra a minha bochecha. Um olhar mostrou-me que ele abria e fechava os punhos e conectei meus olhos aos seus. Enlaçada pelo fogo em seus olhos verdes, não conseguia desviar o olhar, imaginando o que pensava. Ele estava com cara de pôquer. Apenas seus olhos davam uma ideia de que sentia algo. Eu sabia que sentia, apesar de tudo. O que, eu não tinha certeza, mas era algo e poderoso. Eu deixei o comprimento de seu pênis deslizar no meu rosto quando afastei o meu rosto de seu corpo e então, finalmente, a ponta do seu pênis quase ereto balançou em meus lábios, endurecendo. Eu lhe dei uma lambida, um movimento rápido da minha língua na cabeça e Harris prendeu a respiração bruscamente. Eu mantive meu olhar sobre o seu, abri a minha boca e levei-o entre meus lábios, olhando para ele o tempo todo, segurando sua bunda com as duas mãos. Ele soltou um suspiro e franziu as sobrancelhas. Eu recuei, deixei-o livre da minha boca e corri minha língua para cima e para baixo do seu comprimento, lambendo-o uma e outra vez, dando golpes amplos de minha língua na sua salgada carne macia.


Eu passei meus lábios ao redor da cabeça e chupei, começando lenta e suavemente, com intensidade crescente, até que o ouvi gemer e senti seus quadris vibrarem, e depois o soltei. Ele caiu ligeiramente, exalando uma respiração áspera. — Jesus, Layla. — Ele estendeu a mão e tentou me levantar, mas agarrei as suas mãos e empurrei-as para o emaranhado de meu cabelo. Ele enterrou os dedos em meu cabelo e segurou, mas não fez nenhum movimento para me pedir para chupá-lo novamente. Ele parecia contente em deixar fazer isso do meu jeito, por enquanto. Por mim, tudo bem. Eu estava — totalmente — evitando coisas, porque sabia que se fodêssemos novamente, teríamos que falar e a merda cairia no real e não estava pronta para isso. Chupando o seu pau, contornava o negócio, agradavelmente para ele. E quanto a mim? Bem, digamos que seu pênis não era apenas impressionante para olhar, mas agradável para minha boca também. Talvez eu esteja em minoria aqui, mas realmente gosto de sexo oral. Eu gostava do poder, sim, a sensação de saber que era capaz de provocar reações fortes. Controlar um homem através do prazer. Mas não apenas gostava disso, gostava de sentir o pau na minha mão, gostava de acariciar a pele e o sabor almiscarado, a sensação dele na minha boca, do jeito como ficava tenso e explodia. Isso também era um bom teste para o homem, porque os bons devolveriam o favor, talvez não naquele momento, mas em algum momento. E eu também gostava muito de receber. Se ele não devolvesse o favor, geralmente, não haveria um segundo para ele. Chame-me de cadela, mas era uma regra bastante útil. Não apenas por causa do próprio oral em si, mas porque se não estivesse disposto a retribuir o favor, provavelmente não estaria focado em garantir o meu prazer durante o sexo, de maneira geral. Isso não funcionava para mim. Eu esperava pelo meu prazer. Esse é o ponto, certo? Mas isso, com Harris, este era várias coisas ao mesmo tempo. Era uma manobra dilatatória, uma tática de evasão. Era também porque realmente queria apenas fazer sexo oral, queria exercer algum tipo de controle sobre ele, colocá-lo sob o meu encanto, como vingança pela forma como havia me dominado totalmente durante o sexo. Então, fui para cima dele. Eu passei as minhas mãos em sua frente, agaixei e enrolei os dedos em seu eixo. Ele exalou bruscamente e seus dedos apertaram em meu cabelo. Eu ainda não tinha feito nada, mas ele já estava rangendo os maxilares e prendendo meus cachos. Oh, amigo. Apenas espere...


Eu comecei a acariciá-lo; uma mão frouxamente ao redor de sua espessura e bombeava para cima e para baixo, a minha pele mal fazendo contato com a dele. Minha outra mão não estava ociosa, eu tinha suas bolas na palma da minha mão e as massageava tão gentilmente quanto podia. Eu acariciava lentamente, carícias suaves em seu comprimento, para cima e para baixo, para cima e para baixo. Quando a minha mão alcançou o topo de seu eixo, coloquei minha mão sobre a sua cabeça e a agarrei, torci e então deslizei meus dedos ao redor da cabeça cor de rosa gorda, em forma de cogumelo e acariciei com bombadas curtas na ponta, mais rápido e mais rápido até que seus quadris se agitaram e sua respiração falhava. E então eu parei. Ele fez um som baixo de aviso em seu peito, um som de desaprovação. Boa. Isso significava que ele começava realmente sentir as coisas, agora. Eu deslizei para trás, empurrei-o a um passo de distância, e, em seguida, agarrei seu pênis com as duas mãos e comecei a bombear, lentamente, puxando-o para longe de seu corpo e inclinando-me para levá-lo em minha boca. Apenas a ponta, em primeiro lugar, como a forma que você pode colocar seus lábios na ponta de uma colher de sorvete. Ataque duplo do punho, mais e mais. Ele gemia, um som quase inaudível, baixo, mas um bom sinal. Eu comecei a sacudir-me, substituindo alguns dos golpes de minhas mãos com a minha boca, indo mais e mais, os meus lábios passando a ranhura da circuncisão e não mais adiante, subindo e descendo, sugando a carne em minha boca. Ele começou a empurrar, e seu agarre no meu cabelo apertou. Ele realmente tinha uma coisa pelo meu cabelo, pelo que parecia; agora tinha as duas mãos o segurando, bem perto do couro cabeludo. Ele não aplicava qualquer pressão, apenas segurava. Seus quadris flexionaram, empurrando seu pênis mais fundo em minha boca. Levei-o, aceitei mais de sua espessura entre os meus lábios e deixei minha língua correr em sua carne, acariciei com uma mão só agora, sacudindo-me para baixo em suas investidas, segurando suas bolas e amassando-as suavemente. Sua respiração estava irregular, com grunhidos ásperos e eu sabia que ele estava perto. Então abrandei. Acariciei seu comprimento tão lentamente quanto podia, abaixei minha boca ao redor dele, abrindo minha garganta e inclinando-me para deixá-lo entrar mais, tomando-o profundamente. Ele gostava disso. Eu fiz isso de novo, esticando seu pênis longe de seu corpo até que ele estava quase horizontal, segurando-o pela base com as duas mãos. Olhei para ele através dos meus cílios e tomei-o fundo na garganta. — Porra. — A primeira palavra que ele pronunciou até agora.


Eu cantarolava um questionamento sonoro — Hummm? Sua mandíbula flexionou e ele puxou para mim, muito suavemente, mas uma leve pressão enquanto me movia em direção a ele, seu pênis passando entre meus lábios, sobre a minha língua, a ponta cutucando minha garganta. Harris respirava com dificuldade novamente, seu abdômen ficou tenso. Ele estava se segurando novamente. Isso não funcionaria. Percebi que planejava me deixar levá-lo até o limite e então ele retomaria o controle e tentaria terminar dentro de minha boceta. Tentaria fazer isso íntimo. Face a face, provavelmente. Alguma maneira que pudesse ter certeza de que eu estava lá com ele, de alguma forma e pudesse reafirmar a minha vulnerabilidade. De jeito nenhum. Então acelerei, comecei a sacudir-me para trás e para frente, levando-o profundamente em minha garganta a cada vez, até que consegui um bom ritmo. Eu o senti estremecer e o ouviu grunhir um suspiro, resmungando maldições sob sua respiração enquanto se aproximava do clímax. Mais perto, agora. Ele pulsava em minha boca e provei o seu pré-sêmen na minha língua. Com cursos completos, desde a ponta de sua ereção, em meus lábios, para sua barriga, contra o meu nariz, cursos longos molhados da minha boca ao redor de seu eixo. Eu coloquei minhas mãos em sua bunda e agarrei-o, puxei-o, incentivando-o a mover-se. Ele deixou-se puxar e então continuei puxando, cada vez mais forte, fazendo-o foder a minha boca. E então ele tentou abrandar, tentou parar, puxando em meu cabelo, mas o ignorei e balancei mais forte. — Merda, Layla. Você precisa parar. — Mmm-mmm. — Porra, estou perto. — Ele gostava das vibrações e não era só ele, assim eu cantarolava enquanto o levava fundo na garganta. Eu o senti pulsando e empurrando, sabia que estava perto e cantarolava em agradecimento por seu corpo e pelo gosto de seu pênis em minha boca. Mas então ele fez algo totalmente inesperado. Ele se puxou livre, mais ou menos, e tropeçou para trás. — Eu disse para parar.


Eu caí para trás contra a cama. — Por quê? — Eu estava realmente confusa. A maioria dos caras nunca questionava isso, quando eles estavam perto de terminar. — Eu não estou pronto para gozar em sua boca. — Onde você quer gozar, então? — perguntei, timidamente. Ele estava todo tenso, punhos flexionados, enquanto se segurava, rosnando entre os seus dentes, quando se forçou a abrandar. — Dentro de você. Eu sorri para ele, um sorriso travesso. Estendi a mão e agarrei o seu pênis, e antes que pudesse protestar ou me parar, o coloquei em minha boca novamente, dei-lhe um boa ‘garganta profunda’, em seguida, olhei para ele. — Isso está dentro de mim, Nick. Eu queria isso. Eu queria que ele desse para mim. Isso era sobre vencer. Era também sobre manter alguma distância, alguma objetividade, alguma aparência do meu eu anterior, mantendo a Layla que não sentia uma intensa turbulência emocional durante o sexo, a Layla que era desligada e casual. A Layla que não adormecia contente nos braços de um homem, saciado e totalmente vulnerável. Como havia feito, pela primeira vez, na noite passada. Eu precisava sentir como se estivesse no controle, como se fizesse o que queria. — Jesus, Layla. — resmungou quando retomei meu ritmo, indo fundo, engolindo quando ele entrou em minha garganta para massagear seu pênis com meus músculos da garganta e minha língua. Eu segurei o seu saco e apertei com força contra sua mácula, agarrei a sua bunda com os dedos em garras, gemendo quando eu o levei, agora descendo duro e rápido, implacável e frenética. — Porra — ele rosnou. — Mmmmm. — Vou gozar, merda, estou prestes a gozar. — Mmm-hmmmm.


Ele enterrou os dedos em meu cabelo e me puxou para mais perto, empurrando em minha boca. Eu me mantive quieta e deixei-o foder a minha garganta, engolindo com cada impulso, sentindo-o chegar ao limite, sabendo que não pararia, agora. — Merda... Layla, oh Deus... Eu o senti jorrar, senti como ficou tenso e o pulsar das estocadas de seu pênis. A primeira carga espirrou direto na minha garganta e eu engoli, depois recuei para sugar ao redor da cabeça, deixando de lado sua bunda dura para deslizar os dedos ao redor de seu eixo, na base. Eu acariciava e chupava forte ao redor da ponta. Ele xingou novamente e empurrou para frente, agora seu corpo bloqueou o impulso quando o orgasmo o atravessou. Eu o ordenhei tudo que podia, degustando o gozo na minha língua, sentindo. Engoli tudo isso e continuei chupando, mantendo o bombeamento e ele gozou novamente, e novamente, massageando suas bolas o tempo todo. Finalmente, acabou. Eu deixei-o pular livre da minha boca, mas acariciei o seu comprimento, agora amolecendo, mais algumas vezes até que uma gota de gozo escoou para fora e a lambi. — Jesus, Layla. — Você diz isso muito — indiquei, levantando-me para aliviar meus joelhos, que protestavam. — Você tem uma maneira de me fazer gozar... Eu apenas sorri e balancei os quadris quando fui para o banheiro e fechei a porta. Assim que estava sozinha, sentei e me deixei hiperventilar. O que eu fiz? Eu tive relações sexuais com Harris. Porra, Harris tinha sido uma ótima ideia; o que não era o problema. Ele balançou meu mundo tão forte, como sabia que faria. O problema era que ele balançou um pouco demais. Ele balançou algo tão forte, que fui abalada em meu coração. Eu queria mais e não apenas mais sexo e, foder mais forte. Sim, eu queria isso também. Mas problematicamente, eu precisava mais dele. Mais do Nick, o homem que beijou minha têmpora, o homem que gentilmente segurou minha garganta enquanto ainda estava dentro de mim, apenas me sentindo. Mais do homem que pensava que era perfeita.


Eu não gostaria de querer mais do que isso. Mais era perigoso. Mais do que isso significava mudança total. Tudo já tinha mudado e se quisesse Nick, se quisesse estar com ele o tempo todo como um vício, isso teria que mudar novamente e me perderia. alta.

Sacudi-me. — Controle-se, Layla — disse a mim mesma, em voz

Eu fiz xixi e então liguei o chuveiro. Quando a água estava, entrei e molhei o meu cabelo, deixando que a água cair pelo meu corpo. Deixei-me perder o foco, deixe-me não pensar, não sentir, não me preocupar. Eu apenas deixei a água quente bater nas minhas costas e couro cabeludo e tentei deixar a água lavar os meus problemas. Eu não escutei a porta abrir. Não percebi a cortina do chuveiro ser aberta. Eu não percebi nada até que senti as suas mãos sobre meus quadris e lábios na minha coxa. Eu pulei, gritando. — Puta merda, Harris! — Eu abaixei a cabeça. — Que porra está fazendo? Ele estava ajoelhado na banheira em minha frente, olhando para mim. —Você não achava que ficaria longe tão facilmente, não é? — Bem, mais ou menos. Ele apenas sorriu. — Boa tentativa. — Estou tomando banho. — Não, você não está. — Ele agarrou meu tornozelo, levantou minha perna, e colocou a parte de trás do meu joelho em seu ombro. — Não? Ele balançou a cabeça. — Não. — Então o que eu estou... Oh... — Sua língua deslizava até o interior da minha coxa, lentamente, avançando cada vez mais perto do meu núcleo. — Oh... oh... oh — Puta merda. — Você vai querer se agarrar a algo, querida. — Ele apertou os lábios na minha boceta e chupou meu clitóris em sua boca e depois recuou. — Isso pode demorar um pouco. Demorou um pouco. Ele me pegou de volta. Oh Jesus, ele pegou-me de volta. Sua língua circulou o meu clitóris, até que eu estava ofegante e girando contra o seu rosto, e, em seguida, ele iria parar e deslizar os dedos dentro de mim e me foder com os dedos, chegar dentro,


enrolando os dedos e encontrando esse ponto alto dentro de mim e esfregando, e a sua língua deslizou lentamente contra o meu clitóris até que eu estava moendo contra o seu rosto, e depois ele parou e simplesmente apertou minúsculas e rápidas rajadas da ponta da sua língua contra o meu clitóris, provocando, brincando. Eu segurei a parede, pressionando minha palma contra o azulejo molhado para ter equilíbrio, estando em um pé, minhas costas contra a parede, o chuveiro escorrendo no meu pescoço e sobre os meus seios. Ele tirou-a mais e mais, me fazendo chegar à borda uma e outra vez, então me puxou para trás só para me dirigir até lá mais uma vez. Quando eu estava frenética e desesperada, montando a borda, mas incapaz de cair, porque ele simplesmente não daria para mim, não me daria o ritmo ou a consistência que eu precisava, eu comecei a rosnar, agarrando a sua cabeça com as duas mãos e esfreguei contra a sua boca, empurrando contra ele. E então... ele se afastou. — Que porra é essa, Harris? — Eu rosnei. — Eu estava — estou bem aqui. Ele fechou a água, em seguida, saiu da banheira e empurrou a cortina. Levantou-me tão facilmente como pegar uma mala. Levou-me pingando para fora do banheiro e me pôs na cama. — Nick, eu estou molhada... — Não importa. — Há novos lençóis? Ele se inclinou sobre mim, com olhos intensos. — Não. Mas, novamente, não me importo. Nós sairemos em breve, de qualquer maneira. — Para o Rio? — Eventualmente. — O que — que — por que você parou? Ele alavancou em cima de mim, com o rosto a polegadas do meu, e eu percebi que ele estava duro novamente, pronto novamente. — Porque sei o que você está fazendo. — O que eu estou fazendo? — Você não pode ficar longe disso, Layla.


— Longe de quê? Ele empurrou para dentro de mim, entrando lentamente, seus olhos nos meus, empurrando até o punho. — Não se faça de tímida comigo, Layla Campari. Eu conheço você. E sei que está apavorada. — Não estou. — estava ofegante, porque estava totalmente apavorada e odiava isso e também porque ele era tão malditamente perfeito dentro de mim, ele era tão malditamente perfeito acima de mim. — Não há problema em ter medo — ele disse e se movia lentamente, deslizando em um ritmo suave. — Eu não lhe machucarei. Eu não desaparecerei. Não deixarei você para baixo. Nick.

— Porra. — Minha garganta estava quente, apertada. — Porra,

— Você é a única pessoa que já me chamou assim, você sabe. — Ele se inclinou para capturar meu mamilo em sua boca, e então em meus lábios. — Você não pode escapar. Você não pode parar isso. E no fundo, você não quer. — Cala a boca e me foda, Harris. — Eu contrariei contra ele, com raiva agora. Ele apenas riu e continuou se movendo lentamente, com cuidado. Ele pressionou para baixo em mim com seu peso, prendendome, e acariciou o meu rosto daquele jeito só dele, com o polegar acariciando meus lábios. — Oh, eu vou. Eu vou foder você, duas vezes. Eu vou lhe foder até que não possa andar em linha reta. Eu vou lhe foder de lado, de cabeça para baixo, na sua bunda, vou foder sua boca e vou foder seus peitos, e vou foder sua boceta doce até que esteja crua. Engoli em seco, piscando, quando ele empurrou mais profundo, levantando minhas pernas sobre seus ombros e conduzindo ainda mais fundo. — Oh — oh — caralho. Nick... Jesus. — Ele estava tão profundo agora que doía perfeitamente, tão profundo, enchendo-me completamente, me esticando e me abrindo. — Mas sabe o que mais, Layla? Eu peguei a isca. Eu não tinha escolha. — O que, Nick? — Eu não irei apenas te foder. — Não? — Oh não. Eu te mostrarei o que significa ser possuído por mim. Ser estimada. Ser o objeto de devoção e paixão. — Ele se moveu, lenta, profunda e ritmicamente. Suave e ternamente. — Eu mostrarei o


que significa ser minha. E você nunca mais vai querer outra coisa novamente. Ele mal sabia, já não queria mais nada. Tão arruinada. Eu estava tão arruinada. Em seguida, o bastardo estragou-me ainda mais. Bem quando sabia que ele estava no limite e eu também, ele puxou para fora. — Eu te matarei — retruquei. Ele não respondeu. Ele nos rolou, então estava em cima, encontrando o meu equilíbrio e ele deslizou seu corpo para baixo até que o seu rosto estava debaixo de mim. ‘Mas, em cavalo dado não se olha os dentes’ — seja lá o que porra a frase signifique — me sentei em seu rosto. Sua língua tocou em mim e eu engasguei. Então sua língua sacudiu meu clitóris e eu gemi. E então ele chupou meu clitóris em sua boca, enfiou três dedos em minha fenda, estendeu a mão e torceu o meu mamilo... e eu gritei. Eu montei o seu rosto como se ele fosse um maldito pônei movido a moedas de um supermercado e ele tomou e me comeu até que estava gritando sem parar e frenética, esfregando meu clitóris em sua boca e morreria se ele parasse. Eu apenas poderia ter, você nunca sabe. Mas o filho da mãe não terminou. Ele só tinha que levantar a aposta, porque ele era um bastardo. O melhor tipo de bastardo, mas ainda um bastardo. O que ele fez, você pergunta? Ele colocou um dedo na minha boceta. Não o dedo mindinho da mão esquerda. E ele botou três dedos profundamente dentro da minha boceta. Então, ele alcançou em volta do meu quadril com a mão direita e pressionou seu dedo médio contra o meu ânus. Já coroando a borda do orgasmo, isto foi quase demasiado. Mas só porque eu sou uma glutona de castigo, segurei-me de volta. Eu queria o dedo em mim, em primeiro lugar. Obriguei-me a relaxar e abrir para ele, enquanto ele massageava o músculo. dedos.

Eu agarrei a sua mão, puxei-a para o meu rosto, e cuspi nos Sem vergonha no meu jogo, cadelas. Eu ouvi e senti o estrondo baixo de sua risada.

Ele esfregou a minha saliva contra a minha entrada traseira até que eu estivesse bem revestida, e, em seguida, pressionou o dedo dentro, suavemente, lentamente, com cuidado. Uma junta, pulsando ritmicamente dentro e fora, a língua trabalhando lentamente no meu


clitóris, mantendo-me na borda, mas não me empurrando de novo. Eu balancei meus quadris, e valeu a pena a outra junta pelo meu esforço. Eu não conseguia parar os gemidos, em seguida, não tentei. Ele aumentou o ritmo de sua boca sobre o meu núcleo, a língua sacudindo em círculos acelerados, os dedos deslizando para dentro e para fora da minha quente fenda molhada, o dedo médio longo e grosso, agora totalmente inserido, sua palma da mão contra a minha carne. Poderia não ser uma posição confortável, seu pulso se curvava ao redor assim. Deixei-me ir, então. Eu senti que começava em minha barriga e no peito, meus músculos apertaram, meu coração estava selvagem, minhas coxas trêmulas pelo esforço de me segurar no alto sobre ele. Eu amaldiçoei e comecei a convulsionar, moendo no rosto sem ritmo, descontroladamente, balançando contra seus dedos, um e três, que ele usou com grande efeito, empurrando-os dentro e fora de mim em um ritmo constante. China.

O grito, quando eu gozei, provavelmente acordaria pessoas na Ele ainda não tinha acabado comigo.

Ainda gozando, eu não tinha escolha, mas agarrar seu ombro para ter equilíbrio quando ele deslizou para fora de embaixo de mim, levantou-se, para sentar-se sobre suas canelas, e eu me levantei. Minhas coxas estavam acabadas, torradas, viraram geleia; eu tinha de me agarrar ao seu pescoço, tremendo toda com tremores do orgasmo que ainda me tinham em suas garras. Harris não perdeu tempo, nenhum movimento ou energia. Ele espalmou minha bunda e me levantou, e eu, mais experiente para suas intenções, alcancei entre nós e guiei-o para casa. Porra. Será que eu realmente acho isso? Casa? Não havia nenhuma casa. Eu não tinha casa. Mas era como eu sentia. Segurando no forte pescoço e amplos ombros de Harris, envolvi minhas pernas em volta de sua cintura e me deixei afundar em torno dele para sentar-me em suas coxas... e me senti em casa. Agarrando Harris para tudo o que valia a pena, ainda rasgada pelas ondas do clímax, eu o senti dentro de mim. Com um de seus antebraços sob minhas nádegas, o outro recolhendo meu cabelo em um rabo de cavalo e segurando-o na base do meu crânio, ele repuxou minha cabeça para trás, para que eu tivesse que olhar para ele... Eu estava em casa. Merda.


Ele apenas me segurou assim. Sentada em cima dele, com minha cabeça inclinada para trás assim, eu estava olhando para baixo, passando meu nariz, minhas mãos agarradas em garras seus ombros. Tão profundo. Tão grosso dentro de mim. Latejante, quente. Minha boceta pulsou em torno dele, escorria essência. Ele não se moveu, apenas olhou para mim. — Você não sente? — Ele empurrou uma vez, com força. — Sim — respirei e tentei fechar os olhos. — Porra, olhe para mim, Layla. — Ele deu um puxão no meu cabelo. —Diga-me o que você sente. Em voz alta, agora. — Outro impulso, este lento, mas forte, levantando-me com o poder de suas coxas. — Eu sinto a nós dois. Eu sinto você. — Eu enterrei meus quadris para ele, precisando de mais, mesmo que ele não pudesse ir mais fundo e eu já tinha chegado tão duro que eu ainda estava fora do ar, mas havia os fatos: eu precisava de mais e me odiava por isso. Odiava minha fraqueza para a droga que era Nick. — Copout27 (amarelou). — Não é amarelar, isso é o que sinto. Ele puxou meu cabelo até que eu me inclinasse para trás, assim, meus seios foram empurrados em seu rosto. Ele trancou sobre meu peito, lambendo o primeiro grande círculo marrom escuro da minha aréola e, em seguida, passou rapidamente a língua sobre o meu mamilo. Um impulso, dessa vez mais forte e lento, levantando-me. Ele estava distribuindo os impulsos para que eles estivessem em falta, e isso estava funcionando, fazendo-me deseja-los ainda mais. — Não me diga que você não sente, Layla. Estou dentro de você. Eu não posso ir mais fundo. — Ele mordeu meu pescoço, minha garganta, beijou meu queixo, mantendo um aperto firme no meu cabelo, então eu não podia me mover até mesmo beijá-lo de volta. — Eu sei que você nos sente. Diga-me o que está dentro de você. — Você está. Ele riu. — Verdade. Mas você sabe o que quero dizer. Não seja uma boceta, Layla. — Diga-me o que você sente, então, Sr. Estou em contato com meus sentimentos. — Ele não pode ter ouvido as letras maiúsculas sobre isso, mas elas estavam lá. 27 Uma desculpa para tomar o caminho mais fácil, uma desculpa para não terminar

algo de uma forma aceitável.


— Eu fodi um monte de mulheres na minha vida... rebati.

— Uau. Maravilha. Saber isso quando está dentro de mim —

Ele continuou como se não tivesse falado. — Nenhuma delas jamais me fez sentir uma fração do que você faz, Layla. Você me arruinou para outras mulheres. Você me arruinou para o sexo com mais ninguém, nunca mais. E você sabe como falamos sobre estar com medo cada vez que ia para o combate? Bem, não tenho vergonha de admitir o jeito que você me faz sentir emocionalmente, minha cabeça está fodida. Eu tenho medo de você. Você me assusta para caralho. — Quantas mulheres você fodeu, Harris? — Você está com ciúmes? — Não. Deus, não. — Eu estava, totalmente. Eu não queria, mas o tema de toda essa confusão com Harris estava em guerra comigo mesmo. — Você está. — Não, não estou. É apenas ridículo se gabar de quantas mulheres você já fodeu, enquanto está transando com uma mulher. — Não me vangloriava. Apenas afirmava um fato. — Por que essa conversa? — perguntei. — Porque agora? — Porque você está me evitando. Você pensou que poderia me evitar, apenas se afastando de mim. — Só para garantir que as coisas se ficassem... relevantes, ele empurrou-se para dentro de mim, puxando um suspiro de mim. — Você não pode evitar isso. É real. Está acontecendo. Está acontecendo. — Eu não estou evitando qualquer coisa. — Você é uma mentirosa de merda, Layla. Eu era, no entanto. O homem me conhecia. Eu era uma péssima mentirosa e estava mentindo. — Porra, Nick. O que você quer de mim? — Eu quero que você admita que isso é mais do que apenas sexo incrível. É mais do que apenas uma foda. — Ele puxou meu cabelo novamente para que ficasse com a coluna arqueada e se inclinou para acariciar meu clitóris. Ele, em seguida, me fodeu, movendo-se forte e rápido, batendo em mim mais e mais, dirigindo-me com todo o seu poder considerável para que os nossos corpos se chocassem.


Meus seios saltaram no meu peito, minha bunda bateu nas suas coxas e balançou como gelatina. Deus, adorei. — Você gosta disso, não é, Layla? — Porra, sim — admiti, sem fôlego. — Você gosta quando a fodo com tanta força que você não pode ver em linha reta. — Não pare, Harris. Por favor, não pare. Ele parou. Ele soltou meu cabelo e me empurrou para trás, assim, bati no colchão e então ele estava em cima de mim, acima de mim, ainda dentro de mim, a mão na parte de trás do meu joelho levantando minha perna em direção ao meu peito, me abrindo e empurrando cada vez mais fundo. Ele prendeu meu joelho no lugar com o braço, e sua mão livre tirando meu cabelo do meu rosto. Ele se moveu, lenta e suavemente, com um ritmo tão suave que não havia nenhuma maneira de saber onde o impulso de empurrar parava e o de puxar começava. — Que tal isso? — Ele perguntou. — Você gosta disso? Eu soluçava em resposta. Levantei meus quadris para encontrar o seu. —Sim — era tudo que podia dizer. — É essa porra? Eu balancei minha cabeça. — Não. Ele soltou minha perna, e eu passei meus calcanhares em torno de suas costas. Ele se preparou com as mãos ao lado do meu rosto, e acabou de se mudar, claro baunilha missionário. Isso nunca tinha me feito sentir tão bem. Ou tão íntima. — Que tal isso? — Cale-se, Nick. — O que estou fazendo com você, agora? O que é isso, Layla? — Merda — Eu sabia o que ele fazia e diria.


Ele levantou a mão e fez a sua coisa, cobrindo meu rosto, escovando o polegar sobre meus lábios. Dobrando, beijou meu peito, entre os meus seios. A inclinação de um dos seios. Lambeu um mamilo, atravessou para o outro lado e beijou a inclinação do outro, a grande aréola escura e grossa, o mamilo quase preto. — O que estou fazendo, Layla? — perguntou. Eu agarrei meus dedos pelas suas costas com êxtase e raiva. Mordi seu ombro até que soubesse que tinha que doer, mas ele sequer pestanejou, apenas deixou-me mordê-lo. — O que é essa coisa acontecendo entre nós, Layla? — Ele beijou minha bochecha. Minha têmpora. Minha testa. Sempre em movimento, lentamente, suavemente, ritmicamente, lindamente e perfeitamente. — Diga, baby. Eu quero ouvir. Eu balancei minha cabeça. — Não? — perguntou. Eu balancei minha cabeça novamente, me recusando a trair-me, falando. Se eu o fizesse, a minha voz iria quebrar. Eu seria forçada a admitir... merda, um monte de coisas que eu não queria admitir. O filho da puta puxou para fora e saiu da cama, respirando com dificuldade, com os olhos verdes queimando, o peito arfante e com raiva, suor brilhando em sua pele. Eu entrei num acesso de raiva, chutando meus pés e minhas mãos batendo, gritando de raiva. — Porra, Nicholas! Não faça isso comigo! — Por que não? — Por que não pode ser apenas sexo? Ele estava tão duro que tinha que ser doloroso, sua ereção em sua barriga, vazando da ponta, minha essência untava e brilhava no belo eixo de seu maldito pênis perfeito. Eu o queria. Eu o queria novamente em mim. Eu queria senti-lo terminar, senti-lo ir, queria sua respiração na minha pele, seu peso sobre meu corpo. Eu queria sua semente escorrendo de mim e deslizando pelas minhas coxas. Eu queria seus braços ao meu redor. Eu queria acordar com ele e partilhar a intimidade de não ter relações sexuais, de apenas falar, partilhar, tocar, tomar café e estarmos juntos. Eu nunca quis isso antes. Eu nunca pensei que poderia querer. Eu estava com medo tanto quanto queria tudo isso.


E Nicholas Harris, o homem que queria e precisava, mais do que jamais quis ou precisei de alguma coisa em toda a minha vida, esse estúpido queria saber por que estava tão assustada. — Por que isso não pode ser mais? — empurrou. — Do que está com tanto medo? — TUDO! — gritei. — Estou com medo do quanto preciso de você, como tudo aconteceu de repente. Eu não acredito em amor instantâneo. Eu nem acredito no amor! Eu não acredito em qualquer coisa, exceto minha própria capacidade de cuidar de mim mesma. Eu não preciso de ninguém. Eu nunca precisei de ninguém. Eu não quero precisar de ninguém. Mas eu... porra... eu preciso de você e odeio isso. Odeio. E o odeio por me fazer precisar de você. Por ser tão incrível, que não apenas preciso de você, como quero você. Eu imploro por você. E odeio isso também. — Por quê? Por que é tão ruim precisar de alguém? — Ele não estava sentado e sua ereção massiva não estava desaparecendo. — Porque... — Por quê? Dê-me uma resposta real. — Ou o quê? — Ou nada. Ou a levarei de volta para Detroit, colocarei um guarda e nunca mais a verei. Você nunca me verá novamente. Você pode ter sua vida patética e solitária, viciada em trabalho, se é isso que quer. Não vou me forçar para você. — Mas você está. — Mesmo no meio de ter meus sentimentos arrancados e colocados em exposição, não conseguia tirar os olhos de seu pênis. O pênis de Harris era grosso o suficiente para me esticar, grande o suficiente para me encher. Quase como se... Porra. Eu sabia que precisava terminar o pensamento. ... Quase como se tivesse sido feito sob medida, especificamente para mim, para me encaixar como um quebra-cabeça, para me completar, para dar prazer e somente a mim. Engasguei com minhas próprias emoções. Finalmente, sentei-me, coloquei meus pés no chão e cruzei as mãos no meu colo, entrelaçando e apertando até que meus dedos protestaram. Mantive meus olhos no chão. O que quero? Ele? Isto? Ou a minha vida anterior em Detroit? — Diga alguma coisa, Layla.


Eu tentei. Não consegui. Foi tudo muito, muito forte, muito rápido e tudo de uma vez. Apenas balancei a cabeça. — Tudo bem. — conseguiu dizer a palavra com um suspiro e um piscar de olhos. — Faça do seu jeito. Eu o vi através das pálpebras abaixadas, pegou as calças do chão, se sentou na beira da cama e colocou os dois pés nas pernas ao mesmo tempo. Ele abotoou-as sobre sua ereção, que finalmente começava a diminuir. Fez um rápido trabalho com sua camisa, abotoou-se com velocidade relâmpago. Meias, botas. Tirou algo do saco preto, um cinto de algum tipo. Um coldre, que dobrava em seu torso, empurrando uma pistola para ele na altura dos ombros. E foi assim que, no prazo de trinta segundos, ele já não era Nick, meu amante, ele era Harris, o especialista em segurança. O assassino. Duro, frio, calculista. bolso.

Ele atravessou a sala e abriu a porta, puxando seu telefone do

— Onde você vai? — De repente, estava com medo de ser deixada aqui sozinha. — Ligue para Thresh, veja se a carona para sair daqui está pronta. — Você voltará? — Merda, eu parecia carente, fraca. Ele olhou para mim. — Você achou que a deixaria aqui? Eu dei de ombros. — Eu não sei. Por que não? Ele entrou no banheiro e o ouvi lavar as mãos. Ele voltou, olhando para mim. Quando não disse nada, ele balançou a cabeça. — Você é uma idiota. Para uma mulher tão inteligente, você é uma idiota de merda. Isso dói. Porra, isso machuca. Ele me olhou por um segundo, mas não podia olhar para ele. Então, com um suspiro, ele saiu pela porta. Ficando verdadeiramente sozinha, tudo me atingiu. Como bater no chão, de 3 mil metros sem páraquedas, a parede de emoções e memórias, tudo me atingiu e eu apenas... quebrei. Despedaçada. Desintegrada.


Eu chorei. Pela primeira vez na minha vida, eu chorei muito. Eu não chorei assim quando Eric e eu terminamos. Eu não chorei assim quando Mamãe morreu ou quando Mario morreu, ou quando Vic morreu. Eu não chorei quando fui estuprada em meu último ano do ensino médio. Ou quando tive que fazer um aborto porque fiquei grávida por causa disso. Eu não chorei quando me tornei sem teto, ou quando Kyrie me deixou para ficar com Valentine Roth. Eu não chorei por foder qualquer coisa. Nem mesmo quando matei aquele babaca do Cut com minhas próprias mãos. Mas quando Harris saiu por aquela porta? Eu chorei como um bebê. Por quê? Porque eu sabia que tinha realmente fodido tudo desta vez.


Capitulo quinze DIGA

Você sabe por que não choro? Porque é desgastante. Isso só suga a sua energia, a deixa cheia de ranho, olhos inchados, chorando, confusa e lábios trêmulos. Mas não importa o quanto tentasse, simplesmente não conseguia parar de chorar. Tudo começou sabendo que provavelmente estraguei a única coisa boa tinha acontecido comigo. Por causa de toda a merda que passei. Primeiro, fui sequestrada. Sequestrada vestindo uma tanga e camiseta. Fiquei trancada em uma pequena cela que fedia a peixe podre, em um barco. Fui forçada a esconder uma caneta Bic em minha boceta. Fazer topless para Vitaly, sem nunca saber quando decidiria me estuprar, me torturar ou me matar; sem falar a pior parte. Cut tentar me estuprar e ter que matá-lo. Jesus, isso, em particular, me fez soluçar, lembrando a maneira horrível que me senti ao esmagar a caneta em seu globo ocular, a forma como... deu um esguicho desagradável. Tendo que enfiá-la mais profundo para que morresse, parasse de se contrair e se debater. Correr. Estar excitada, com fome e sozinha. A caminhada até a colina. A perseguição em São Paulo em um carro roubado, culminando com Harris me encontrando e então, a emboscada... matar outro ser humano. E então... Harris. Roubando meu coração, flagrante e descaradamente. Aarrebatando-o completamente e alegando que tinha todo o direito. Fazendo amor comigo. O bastardo. Esses pensamentos me fizeram chorar ainda mais. Simplesmente não conseguia parar. Eu não tinha ideia de que horas eram. Eu não tinha ideia de quanto tempo dormi na noite passada antes de acordar e chupar um pau. Eu ainda sentia o gosto dele em minha boca. Minha boceta ainda doía. Eu quase podia sentir seu dedo em minha bunda. Senti-lo ao meu redor, atrás de mim, acima de mim, dentro de mim. Senti o cheiro dele: suor, sexo, fraco desodorante. Couro. Pólvora, ou o que eles utilizavam em balas, agora. Cordite? O que me importava? Era um cheiro sexy pra caralho. Parando, percebi que ele estava atrás de mim, de conchinha comigo. Eu ainda estava nua, chorando, o cabelo era um ninho de rato,


sexo e bagunça de suor. Ele tinha uma mão no meu quadril, nariz em meu cabelo, peito em minhas costas. — Eu não sou bom com as palavras. — Não, Nick, eu… — Cale a boca e ouça um segundo, Layla — interrompeu. — Apenas me deixe falar. Eu não sou bom com palavras, em me expressar. Merda, não sou bom com as pessoas. Eu sou bom em uma coisa: avaliar e eliminar ameaças. É tudo que sei. Eu nunca estive em um relacionamento. Nada jamais durou mais do que um fim de semana. Eu não sou do tipo para compromisso, você poderia dizer. Eu viajo muito e meu trabalho é muito perigoso. E só... ninguém jamais despertou meu interesse. Eu nunca quis fazer nada durar mais do que alguns dias de me sentir bem. E agora, sinto como se fosse muito velho para mudar meu jeito. — Quantos anos você tem? — perguntei. — Eu tenho quarenta e dois. — Ele achatou a mão sobre a minha barriga, com dedos abertos, pressionando-me de volta nele. — Eu não acabei. Apenas ouça. Meu ponto é, eu fodi isso com você, um pouco atrás. Não tenho o direito de exigir nada de você, de agir como agi. E então fodi ainda mais porque escutei você chorar e eu fiquei de fora. Posso enfrentar homens com armas e não recuar. Eu tomei tiro, fui torturado, fui esfaqueado, espancado e deixado para morrer. Eu tive malária, tifo, disenteria, febre e dengue e sobrevivi a tudo isso. Mas não sei como lidar com uma mulher que fiz chorar. feio.

— Estou feliz, honestamente. Não queria que me visse assim. Foi

— Nenhuma parte de você é feia, Layla. Nada. Você é a mulher mais linda que já conheci, por dentro e por fora. — Ele falou um pouco acima de um sussurro, sua voz era inebriante, um sopro zumbido no meu ouvido. — Você não me deve nada. — Eu devo, no entanto. — Como você sabe? — Você estava certo. Estou morrendo de medo do que sinto por você. Como, veio isso? Por que é tão forte, tão rápido? O que isso significa? Eu não sei como fazê-lo. Como ser esse tipo de garota. Como deixa-lo entrar. Como ser... eu não sei. Como eu disse, esse tipo de garota. Porque eu não sou, Nick. Eu nunca fui. Você disse que você foi com um monte de mulheres, e eu de verdade não estava julgando você por isso, porque eu estive com um monte de homens.


— Ainda não entendo por que você acha que me deve algo, apesar de tudo. Eu suspirei. — Porque... Deus, não sei mesmo. Porque você estava certo. Porque você teve a coragem de confessar como você se sente e não tive. — Isso é estupido. Isso não faz sentido. — Bem, caramba, Nick, não meça palavras, nem nada. Diga-me como realmente se sente. Ele riu. — Eu nunca vou ter besteira com você. Eu posso prometer-lhe isso. Ele ainda estava completamente vestido, o coldre pressionando contra minhas costas, a coronha da arma era fria na minha pele nua, seu zíper raspando a minha bunda. Ele rolou para suas costas e desabotoou o coldre, definindo-o no chão, ao lado da cama, e, em seguida, virou-se para retomar o abraço, e desta vez sua mão deslizou logo abaixo dos meus seios, apenas mal escovando a parte inferior. — Posso lhe dizer uma coisa, porém — disse. — O que é isso? — Não foi rápido, para mim. Minha atração por você, quero dizer. Você se esquece, segui Kyrie por anos. Pouco menos de sete anos, para ser exato. Eu estava lá quando ela conheceu você, olhando de longe através de uma lente telefoto. Eu assisti tudo o que aconteceu entre vocês duas. Tenho uma gaveta cheia de cartões de memória com milhares de fotos de você e ela. Vocês duas juntas. No bar, na escola, almoçando juntas. Movendo-se para o seu primeiro apartamento juntas. Cada namorado que você trouxe para casa, para o apartamento com Kyrie, eu tenho cada um em uma imagem, tenho um arquivo em uma conta de nuvem cheia de dossiês sobre todos eles, registros criminais, transcrições, registros médicos e informações financeiras. De seus exnamorados. Se você ficou com um cara mais de uma vez, tenho um arquivo, também. — Isso é um monte de arquivos. Tento não ficar assustada, para ser honesta. — A ideia me deixa um pouco doente, na verdade. — Por quê? Por que está me contando isso? — Divulgação completa, acho. E porque eu... — ele tropeçou em suas palavras, pela primeira vez desde que o conheci. — Eu me apaixonei por você há muito tempo atrás, Layla. Esses caras que embosquei lá atrás, não foram os primeiros homens que matei em seu nome. Quando não estava cuidando de Kyrie, mantendo um olho nela, impedindo que algo acontecesse com ela, eu estava seguindo você. Protegendo você. Eu não podia ajudá-la. Eu nunca fui pago para isso,


porque nunca coloquei isso nos livros de Roth para me pagar. Eu não faria isso. Era pessoal. Eu tinha que ter certeza que estava a salvo. Eu sei sobre o cara na escola. Encontrei-o, aliás e tenho a certeza que ele com sangue pelo que ele fez com você. — Puta merda, Nick. — Senti as lágrimas escorrerem dos meus olhos. Meu coração apertou. — Eu queria você. Mas não ousava me aproximar de você. Como poderia explicar isso? Não havia nenhuma maneira. Finalmente, quando você se juntou a Kyrie e Roth no Eliza, tudo veio à tona. Você estava lá, deitada no convés durante todo o dia usando biquínis minúsculos, me provocando. Me torturando. Você sabe quantas noites me masturbei pensando em você? Lembrando de você nesse biquíni amarelo, o que é basicamente só cordas estrategicamente colocadas. Lembrando você tirando a parte superior. Cada maldita noite, por meses. Eu não conseguia pensar em mais ninguém. Eu fui a terra mais de uma vez e tentei tirá-la do meu sistema com outra pessoa, mas eu não podia seguir adiante. Eu não estive com ninguém desde que você veio a bordo. — Você se masturbou pensando em mim, Nicholas? — perguntei. — Sim. Muito. — Muito? — Eu deveria ficar enojada? Porque não estava. Isso... me excitou, na verdade. — Quanto é muito? Ele hesitou por um momento. — Toda noite. Toda manhã. Por que você acha que eu era um idiota mal-humorado o tempo todo? — Eu pensei que você não gostava de mim — disse. — Eu me sentia culpado. Mas não podia parar. Eu me sentia sujo, doente e fodido, gozando em minha mão, enquanto pensava em você. E então tinha que vê-la e falar com você, e isso era tudo que conseguia pensar, o que fiz pensando em você, apenas algumas horas antes. E então você apareceria, de biquíni furtivo e seus peitos querendo saltar e sua bunda balançando e eu juro por Deus, ficava meio duro só de olhar para você. — Ele ficou de costas e esfregou seu rosto com ambas as mãos. — Não ajudava que era aproximadamente vinte anos mais velho do que você. Fazia me sentir ainda mais sujo. — Você tem quarenta e dois, você disse? — Eu rolei para o meu outro lado, então eu estava de frente para ele. Ele assentiu. — Eu tenho vinte e sete anos, de modo que, isso faz você 15 anos mais velho que eu. Não vinte. E não faz diferença, de qualquer maneira. — Quinze anos, Layla. Eu estava no segundo ano na escola, quando você nasceu. Eu era um veterano de combate decorado quando você se formou no colegial. Isso faz diferença.


Eu coloquei minha mão em seu peito. — Sua idade é a menor das minhas preocupações, Nick. De verdade. Eu não me importo. — Você irá. Em algum momento, você se importará. — Por quê? O que o faz ter tanta certeza? — Ele não respondeu. Sentei-me, enfrentei-o sentado de pernas cruzadas. — Eu posso responder a sua pergunta agora, Nick. Eu poderia ter quando você perguntou isso antes, mas eu só... estava com muito medo. Eu preciso de você, Nick. Eu preciso de você. Eu o quero. Eu tenho lutado contra isso... um longo tempo. Eu não quero precisar de você, mesmo agora. Eu ainda não quero precisar de você, mas porra, eu preciso. Não apenas para me tirar daqui, para me manter viva e fora das mãos de Vitaly. Eu preciso de você... dentro de mim. Ele finalmente olhou para mim, lábios arqueando. Reeeealmente? — Ele disse a palavra com sarcasmo lascivo.

— Não era isso que quis dizer, mas sim, de que maneira, também. — O que mudou? Entre antes e agora? — O fato de que senti medo e me senti vazia quando você saiu. O fato de que, mesmo com tudo o que já passei em minha vida, o pensamento de perder você me fez chorar quando nada mais o fez antes. Seus olhos estavam fixos nos meus, verdes e turvos. — Layla, Deus. Eu não queria fazer você chorar. — Sim, você fez. hora.

— Eu deixei você chorar. Sozinha. Durante quase uma maldita

— Eu precisava disso — disse. — Por você, por tudo que aconteceu, Cut, Vitaly e tudo. Para... tantas coisas. Eu precisava chorar sozinha. Eu precisava, para acordar, acho. Para ver as coisas, como elas são. Esfreguei minha mão sobre meu rosto, deixando escapar um suspiro. —Foda. Eu estou fodida. Você está fodido. Toda esta situação está fodida. —Eu deixei escapar um suspiro. — Mas agora eu sei que não quero voltar para Detroit. Eu não quero voltar a viver sozinha, trabalhando em três empregos e ir à escola. Depois do que eu passei, sentar-me no meio de palestras e fazer testes... parece estúpido. — O que você quer, então?


Eu dei de ombros. —Eu não sei. Eu vou ter que descobrir isso quando estivermos de volta no Eliza, eu acho. — Thresh tem o nosso voo daqui coberto. Assim, podemos sair quando estivermos prontos. — Ele rolou para fora da cama, levantouse, e depois se inclinou para recuperar o seu coldre de ombro. — Espere — disse. — Nós não terminamos. Ele me lançou um olhar interrogativo. — Não? — Não. — me arrastei até a beira da cama, botei os meus pés no chão. Olhei para ele. Deixei que ele visse o calor nos meus olhos, a necessidade e o desejo. —Você me deixou antes que acabassemos. Peguei o coldre dele e coloquei cuidadosamente no chão. Estendi a mão e desabotoei a camisa de baixo para cima, e quando o último botão foi liberado, eu corri minhas mãos para cima e para baixo em seu peito, me inclinei e beijei seu estômago, percorri as palmas das mãos sobre os seus ombros, afastando a camisa. Ele soltou um suspiro de alívio e prazer, quando desabotoei as suas calças, e as abaixei sobre seus quadris. Seu pau balançou livre, desfraldando, balançando e endurecendo para uma ereção completa, enquanto eu olhava para ele. Eu enrolei ambas as mãos em torno de seu eixo e acariciei lentamente. E, é claro, porque estava ali mesmo no nível perfeito, eu tinha que sentir o gosto dele. Entre meus lábios, a língua deslizando sobre a ponta, degustando a carne e uma pitada de minha própria essência em sua pele. Mas, em seguida, ele puxou-se livre e empurrou-me para trás. — Eu não penso assim. — Nick se abaixou sobre mim, subiu na cama, e sua boca desceu sobre a minha, sua língua deslizou sobre meus lábios e dois dedos escovaram sobre o meu clitóris. — Jesus, Layla. Você já está molhada. — Você faz isso para mim. Você tem esse efeito sobre mim e não entendo. Quer dizer, estou sempre pronta, mas... há algo sobre você que faz minha boceta gotejar, o tempo todo. — Como se para enfatizar o meu ponto, seus dedos tocaram em minha abertura molhada. — Viu, o que quero dizer? Ele tirou os dedos de mim e levou-os à boca e lambeu meus sucos. — Eu amo o seu gosto. Doce como açúcar, porra. — Mentiroso. Eu tenho gosto de boceta. Ele riu. — Verdade. Mas uma boceta muito deliciosa. — Ele se moveu para baixo do meu corpo. — Na verdade, acho que preciso de um gosto melhor.


Eu estava dividida. Eu queria que ele dentro de mim, queria — necessitava — sentir essa conexão com ele. Mas também realmente, realmente gostava do jeito que ele me comia. — Nick... — Sim, baby? — Ele me afastou com os polegares. Passou a língua sobre o meu clitóris. — Eu preciso de você. — Você me terá. — Eu preciso de você agora. — me ignorou, lambendo minha boceta como se estivesse tomando sorvete de um cone. Lambendo, lambendo, lambendo. Eu gemia e enterrei os dedos em seus cabelos. — Eu não acho que esteja pronta. Acho que precisa gozar pelo menos uma vez antes. — Ele pontuou suas palavras chupando meu clitóris em sua boca e chupando, sacudindo-o com a ponta da língua até que me contorcia, ofegante e esfregando o meu núcleo em seu rosto. — Porra, sim, Nick. Me coma, baby. Jesus, que é tão bom. Ele colocou dois dedos dentro de mim e então acrescentou um terceiro, puxando-os para trás e empurrando-os novamente, mais e mais, até que me esfregava seu rosto, montando os dedos e gemendo sem parar, cavalgando as ondas, até a crista do clímax, e gritei quando gozei, agarrei a sua cabeça com dedos trêmulos e mantive-o contra mim, me contorcendo e rolando meus quadris em sua língua, vibrando loucamente. E então estava dentro de mim. Tudo de uma vez, quadris entre as minhas coxas, o enorme pau espesso, liso e duro me enchendo, me alongando e me deixando sem ar com a perfeição de tudo, minha espinha arqueando-se da cama, meus quadris esmagando até o seu. — Oh Jesus, oh merda, oh porra. — Eu deixei meus joelhos desmoronarem e puxei meus calcanhares até minha bunda, puxei seu traseiro firme e empurrei para ele. — Foda-me, Nick. Eu preciso disso. — Não. Meus olhos se abriram e encontraram os dele. — Não? — Eu parecia um pouco estridente, um pouco em pânico. — Por que não? — Porque farei muito mais do que isso. — Oh. — respirei, aliviada. Ele abaixou a testa na minha, me olhou nos olhos, a milímetros de distância, sua respiração em meus lábios, e puxou para trás para


que pudesse entrar em mim. Seus lábios encontraram os meus e ansiosamente aprofundei o beijo, exigi a sua língua, mantive a sua bunda com uma mão e segurei a parte de trás de sua cabeça com a outra. Beijei-o, beijei-o e beijei-o, até que estávamos sem fôlego. Senti meu coração expandir enquanto se movia dentro de mim, senti meu pulso trovejando quando outro orgasmo me atingiu. Desta vez, congratulei-me com o sentimento, congratulei-me com a emoção. Eu senti e deixei brotar. Mudei-me com ele, coloquei os pés na cama e levantei meus quadris para encontrar os seus. Posso dizer, sem equívoco, que nunca gostei de sexo missionário tanto quanto naquele momento. Fisicamente, isso parecia como nada que tivesse sentido antes. Emocionalmente, eu estava uma bagunça, mas uma bela bagunça, delirante. — Layla. — Sua voz era baixa, intensa. — Eu estou aqui, Nick. Estou com você. — Você sente isso? — Ele colocou a mão sobre o seu coração; ele batia tão duro como o meu. Eu coloquei minha mão sobre a dele e deixei toda a vulnerabilidade que sentia brilhar em meus olhos. Abaixei as paredes e defesas e apenas... senti. —Sim, Nick. Eu sinto. Ele puxou os joelhos sob si mesmo, puxou meus calcanhares sobre os seus ombros e empurrou tão profundamente que meus olhos se encheram de água. Ok, admito: estava chorando, porque me sentia muito bem. — Oh Deus, sim. Mais, Nick. Mais. Ele empurrou, lenta e ritmicamente, sem pressa. Eu me alegrava com cada deslize, fechei os olhos e me concentrei no estirar, o caminho que seu pênis fazia, entrando e saindo de mim. — Nos veja, Layla. Eu abri meus olhos e vi onde nossos corpos se juntavam, observei seu pênis sair, revestido com minha essência, e então entrar novamente. E Deus, isso era sexy. Olhar para nós, olhar para ele, seu abdômen flexionando, suas mãos em volta das minhas coxas, sua aderência — que não era muita — observando seu rosto mostrar suas emoções.


— Eu me masturbava pensando em você — disse, do nada. — Eu deitava na minha cama e imaginava que você acabava assim e me tocava. — Como? Mostre-me, baby. Eu deslizei meus dedos sobre minha fenda, usei meus dedos para espalhar meus lábios separando e circulando o meu anel e os dedos médios sobre o meu clitóris, ofegando no intenso da sensação. — Assim, Nick. Forte e rápido. Ele combinou o meu ritmo. — O que você pensa sobre isso? — Isso. Nós. Juntos. Eu nos imagino fodendo. Eu imagino que você me come e eu... — Eu soltei um grunhido quando gozei, de repente, arqueando para frente e apertando para ao redor dele. Eu o ouvi rosnar e senti seu ritmo lento, o senti tenso quando ele se concentrou em segurar. — O que, Layla? O que você fantasia? Conte-me. Eu não lhe disse, ao invés disso, mostrei o que queria. Eu empurrei o peito, e ele saiu. Eu fiquei de quatro, olhei para ele por cima do ombro, meu cabelo caindo em uma cortina preta de cachos. O suor escorria em minha espinha, e minha pele arrepiava enquanto ele se movia de joelhos atrás de mim. — Como isso? — perguntou. Eu gemi. — Como isso. — Baixei a espinha, empurrando minha bunda para ele. — É como quero. Eu quero sentir você gozar dentro de mim, assim. Ele espalmou minha bunda com as duas mãos, acariciando cada nádega lenta e ternamente. — Deus, eu amo sua bunda. O jeito que olhava para mim, me tocando não deixou espaço para dúvidas. Ele amava a minha bunda. Meus seios. Eu quis saber, porém, se amava o resto de mim também. Eu suspeitava que amava. Eu suspeitava que voltaria a sensação. Eu não sabia como o amor era, como parecia, querer dar ou receber, então não tinha certeza. Mas ele amava minha bunda. Eu estava totalmente bem com isso. Era uma grande bunda e nem todos os caras apreciavam isso. Meu trem de pensamento foi descarrilhado quando ele puxou minhas nádegas. — Eu quero você aqui, Layla.


Eu gemi. — Você pode me ter lá. Mas agora não. Por agora eu só... eu preciso sentir você em minha boceta. Ele se aproximou entre as minhas pernas e com um toque suave em meu clitóris, encontrou a minha entrada, guiando seu pênis dentro de mim. Abaixei-me e empurrei-o em uma melhor posição e ele deslizou profundo. Nós dois gememos em uníssono. Eu empurrei de volta para levá-lo mais profundo. — Não esconda nada mais, Nick. Apenas... me leve. Não era forte e rápido. Estava forte e lento. E eu adorei. Eu gemia, gemia e gritei quando ele empurrou dentro de mim, uma e outra vez, segurando meus quadris e me puxando para trás em seus impulsos. Ele não cedeu e desta vez eu senti ele se deixar ir, senti ele liberar o controle e só... me levar. Não me satisfazendo, não manipulando para fora de mim. Apenas tendo prazer, fodendo para liberar. Eu me toquei quando ele me fodia. Descansei minha cabeça no meu antebraço e o dedo no meu clitóris até que estava doendo e tremendo. — Layla... — Isso, baby — disse, com voz rouca e ofegante. — Diga meu nome quando gozar. Grite o meu nome. — Layla, estou quase lá. Eu estava perto demais, mas abandonei o esforço e me preparei com as duas mãos e rolei meus quadris para esfregar minha bunda nele, contorcendo-me em sua frenética foda. — Dá para mim, Nick! Porra sim, apenas assim, me foda forte, baby. Ele fodeu-me com força, e era tão bom que não precisava me tocar, só precisava deixá-lo bater dentro de mim e sentir o relâmpago explodir dentro de mim com cada centímetro de seu pênis em minha boceta. — Layla... — A sua voz estava irregular e suas estocadas vacilaram. Ele empurrou profundamente, pressionando até que as minhas nádegas estavam vermelhas em seus quadris e ele não poderia ficar mais fundo, e ele empurrou, mais forte, rosnando. — Oh merda, Layla, estou gozando... estou, oh... Jesus, Layla... Ele gozou quando disse meu nome, me encheu com sua semente, um rio de semente quente e úmida, me inundando. Toquei meu clitóris uma vez, e isso foi tudo o que levou para acompanhá-lo na


liberação, um trovão detonando dentro de mim, me fazendo tremer e ficar mole, sem fôlego. Momentos mais tarde, eu estava embrulhada em seus braços, a cabeça apoiada sobre seu coração, ouvindo o pulso lento depois de um trovão frenético. Eu te amo. Eu senti que isso borbulhava na minha garganta e tremia com a necessidade de dizê-lo, o desejo de dizê-lo. Para ouvi-lo me dizer. Kyrie St. Claire foi o único ser humano que proferiu as palavras ‘eu te amo’ para mim. Eu queria desesperadamente ouvir Nicholas Harris dizê-lo primeiro e eu não conseguia falar. — Layla? — Sua voz era um murmúrio sonolento. — Sim, Nick? — Eu não vou dizer. Eu sei que você sente. Eu sei que você vê. — suspirou. — Eu direi isso, porque é real e é verdade. Mas não assim. Eu não quero que você pense que tem alguma coisa a ver com o quão forte gozei. Quero dizer, gozei forte, mas não é por isso. Ele soou quase desajeitado e Harris nunca era estranho. Era

bonito. — Nicholas?

— Sim? — Não diga isso, se não for para sempre. Eu posso lidar com praticamente qualquer coisa. Mas não diga isso, se não quer dizer isso, e se não é... para sempre. — Layla, eu não faria... brilho.

— Eu não quero falar sobre isso agora. Eu quero aproveitar o

Ele apertou-me, seus braços enrolando mais apertados. Ele não pode ter dito que me amava em tantas palavras, mas ele deixou claro que ele amava. Era o suficiente por agora. Mais do que o suficiente. Talvez até mesmo tudo o que eu poderia lidar, nesse ponto. Pequenos passos para me apaixonar. — Eu falarei, no entanto — Nick murmurou.


— Eu também.


Capitulo dezesseis NÃO ESTÁ FORA DE PERIGO, AINDA

Eu acordei quando eu bati no chão ao lado da cama, com um baque doloroso. — O que o... -— fui cortada pela mão de Harris sobre a minha boca. — Cale a boca. Alguém está lá fora. — Sua voz era um sussurro áspero no meu ouvido, quase inaudível. Ainda estava desorientada e sonolenta, mas reconheci a urgência em sua voz. Ele estava agachado em cima de mim, nu, com pistola na mão, mirando a entrada do quarto. Momentos tensos se passaram e não ouvi nada, não vi nada. A luz entrava brilhante através das cortinas fechadas. Senti o cheiro do musk espesso de sexo e olhei para baixo para ver pau de Harris a poucos centímetros do meu rosto, balançando, pesado. — Humm. Pênis — sussurrei e levei-o em minha boca, saboreando-o, sentindo-o se contorcer. — Jesus, Layla! Não agora. — Ele olhou para mim e me deu um olhar irritado. O efeito do brilho foi arruinado um pouco, pelo fato de que agora estava duro como uma rocha. E então eu ouvi. Um rangido de dobradiças, passos arrastando no tapete puído. — Maravilha, — Harris sussurrou. — Agora eu vou ter que matar esse cara com uma ereção. Obrigado, baby. — Sem problema — respondi — Eu esperarei aqui. — Bom plano. — Ele se moveu em direção ao pé da cama, segurando a pistola com ambas as mãos, esgueirando com graça predatória e em silêncio. O saco de armas estava no chão e ele foi até ele, puxou a abertura de lado, encontrou o que procurava: um silenciador, que rapidamente enroscou no cano de sua pistola. Mais de espera. Sons na sala de estar, uma voz murmurando numa língua estrangeira e outra voz respondendo. Dois deles, então. Harris olhou para mim, colocou um dedo sobre os lábios. Revirei os olhos para ele, para indicar nenhuma merda, o que você acha que


farei, começar a gritar? Porra, ele era sexy. Robusto, magro, duro — ah, isso eraum duplo sentido, agora, graças a minha boca — os músculos de suas costas mudavam nas sombras, com cada movimento. Ele deveria parecer estúpido, aproximando-se da porta, totalmente nu, com uma arma em suas mãos. Mas de alguma forma, não parecia. Ele parecia primal, feroz e mortal. Meu homem era mortal, e mortalmente sexy. Meu homem? Sim, meu homem. Eu decidi. Ele era o meu homem. Eu era a sua mulher. Estranha e inesperadamente, eu meio que gostava da sensação de ser mulher de alguém. Eu quase perdi isso. Num segundo ruminava sobre a novidade de ser a mulher de um homem deitado no chão entre a cama e a parede — e, em seguida, Harris estava em movimento, com a pistola subindo, disparando, piscando e latindo em silêncio, uma, duas... três vezes, quatro. Ainda alto, mas não o barulho ensurdecedor de uma pistola não silenciada. Harris foi ao redor da porta agora, movendo-se nesse tipo de agachar — que todos os soldados, policiais e outras pessoas treinadas para o combate usam — Harris apenas fez isso sem roupa. Ainda sexy. Ele voltou depois de um momento, puxou o lençol da cama e desapareceu de volta para a sala de estar para cobrir os corpos, com o seu telefone no ouvido, atualizando Thresh. Ele terminou a chamada quando ele entrou no quarto, ejetando o clipe de sua pistola e substituí-o. — Ok, estamos limpos, por enquanto. Temos de nos movimentar. Entre no chuveiro, se quiser. Mas seja rápida. Eu quero sair em 20 minutos. — Mas você ainda tem uma ereção, Nick. Quer que eu o ajude com isso? Eu dei um passo em direção a ele. — Ele vai. Não temos tempo. — Fico doente se ficar com tesão após situações como esta, você não? — perguntei. — Não. A adrenalina faz isso para você. É um fato documentado. — Ele ergueu a bolsa de armas em cima da cama, encontrou uma caixa de balas, e estava enchendo o clipe de munição. — Eu disse a você, querida. Não temos tempo. Eu ficarei bem. Você pode fazer isso para mim mais tarde. Temos que sair. — Eu posso fazê-lo rápido. Eu prometo. — Caí de joelhos de qualquer maneira.


— Layla. -— Ele me levantou, passou o polegar sobre meus lábios e então me beijou. — Você é um saco para ouvir. — Eu sou uma menina má, o que posso dizer? E, obviamente, ouvir não é tudo o que chupo. — Eu lambi meus lábios. Ele riu. — Você é impossível. E incrível. — Ele me virou e me empurrou em direção ao banheiro, dando em minha bunda uma dura palmada. — Vá. Banho. Antes que eu decida que estou com fome. E nós realmente não temos tempo para isso. — Tem certeza? — passei o meu dedo em minha boceta. Ele resmungou. — Jesus, Layla! — passou a mão pelo cabelo. — Aqueles dois eram apenas os primeiros. Eles não deviam ter encontrado este lugar, mas de alguma forma encontraram. O que significa que há mais lá fora, em algum lugar. O que eu preciso de você agora é fazer o que digo, para que possa nos manter vivos tempo suficiente para levá-la a uma praia, em algum lugar, longe de tudo isso. — E uma vez que estejamos sozinhos na praia? Seus olhos se estreitaram, verde e cheio de fogo. — Quando tiver você sozinha... baby, eu a foderei até que não possa andar em linha reta. Eu farei você gozar tantas vezes que me implorará para deixá-la descansar. — Isso nunca acontecerá. Eu tenho certeza que não tenho um limite de orgasmo, de qualquer espécie. Ele oscilou em minha direção. — Layla? Eu juro por Deus, eu baterei na sua bunda até ficar vermelha e crua, se não entrar no maldito chuveiro agora. — Isso não é uma ameaça, Harris, é uma tentação. Ele agarrou meu cabelo e me puxou para um beijo. — E farei, algum dia, eu prometo. Agora... pela última vez. Vá para o chuveiro. Seus olhos estavam sérios e percebi que se quisesse que isso funcionasse entre nós, realmente teria que saber quando obedecê-lo — sem besteira, isso era sobre saber quando Harris precisava de mim e quando apenas ouvir e fazer o que me dizia. Eu sou terrível em fazer o que me dizem, mas se pudesse ouvir qualquer um no planeta, esse era Harris. Eu fui para o chuveiro e em três minutos estava de banho tomado. Eu não tinha qualquer um dos produtos que precisava para arrumar o meu cabelo corretamente — o que era extenso, por que era bastante difícil cuidar do meu cabelo — então resolvi fazer seis


pequenas tranças, que trancei juntas, em uma única e grossa coluna. Nesse tempo, Harris colocou as minhas roupas sobre a cama: uma calças capri stretchy, um sutiã e calcinha azul bebê combinando, e uma camiseta listrada com gola em V. A calça tinha AMO ROSA escrito na bunda, que eu suspeito, não foi um acidente da parte de Harris. — Você escolheu as roupas? — perguntei, enganchando meu sutiã na frente e, em seguida, girando-o ao redor do meu corpo para enchê-lo com meus seios. Ele viu como fiz isso, parou no ato de reembalar as armas dentro do saco. —Sim. Por quê? Eu puxei o fio dental por diante. — Você escolheu uma combinação de lingerie. E esta calcinha não é exatamente prática. Ele deu de ombros e voltou a reembalar os fuzis de assalto dentro do saco. — Como saberia a diferença? Calcinha é calcinha, um sutiã é um sutiã. E, além disso, a cor é sexy como o pecado em você. E realmente era. Azul bebê era incrível em minha pele escura. — E a calcinha, com essa frase na bunda? Outro dar de ombros. — Parecia confortável. Eu não a peguei pelo que está escrito. Enfiei-a, e depois coloquei a camisa. — Certo. Mas a frase é um bônus, certo? Ela deixou a minha bunda ainda maior, todas aquelas letras esticadas através de tudo. — Eu espalmei a minha bunda e deilhe um tapa. Ele sorriu. — Uma bunda suculenta. É um bônus agradável. — Ele gesticulou para os sapatos, um par simples, baixo, preto e branco. — Sapatos práticos, no entanto. Ele já estava vestido, calças pretas limpas BDU enfiada dentro de suas botas de combate de cano alto, uma camiseta preta, e o mesmo chapéu que tinha visto seus homens usando naquela noite na praia, com A1S em letras vermelhas sobre um remendo costurado no boné de estilo militar preto. — O que é A-1-S? — perguntei, amarrando meus sapatos. — Minha companhia. Depois que resgatei Kyrie e mandei Roth e ela para fora, no Eliza, percebi que precisaria de bastante reforço, se quisesse mantê-los seguros. Então comecei a Alpha One Security. Tecnicamente, sou um contratante de segurança privada, contratado por Roth, ao invés de trabalhar exclusivamente para ele. O efeito é o mesmo, porém, porque agora só trabalho para ele.


— Alpha One Security? — Eu ri. — Isso é... inteligente e totalmente banal, ao mesmo tempo. A-One Security, basicamente, certo? Ele fechou a bolsa e colocou duas pistolas em coldres em um elaborado sistema preso ao seu torso. Contei duas pequenas pistolas em seus ombros, outra maior em seu quadril direito, quatro facas e seis clipes extras de tamanhos variados. Ele estava bem carregado. — Sim — disse ele. — Essa era a ideia. Estava com pressa para tirá-lo do chão. Eu não estava realmente preocupado com o nome da empresa, eu só precisava do LLC para funcionamento, o mais rápido possível, para que pudesse contratar meus rapazes. Originalidade era a menor das minhas preocupações. — Faz sentido. — me levantei. — Estou pronta. O que faço agora? Havia um rifle de assalto na cama e uma pistola com um clipe de reposição. Ele apontou a arma menor. — Pegue isso. Não use, a menos que diga para fazê-lo. Nós pegaremos o Rover e dirigiremos para o Rio, o mais rápido que pudermos. Deveríamos estar lá, mas tivemos... que desviar. — Um sorriso e seus olhos varreram o meu corpo e voltaram para os meus olhos. — Eu não posso dizer que lamento o atraso, mas teremos que compensar isso. Ele me empurrou, com o rifle em seu ombro, o cano varrendo o seu lado, me cobrindo quando entrei na antiga SUV. Ele jogou o saco pesado de armas no banco de trás, onde ambos poderíamos alcançá-lo, aparentemente, agora mais preocupado com o acesso a ele, em vez de escondê-lo. Ele estava no banco do motorista em questão de segundos e deu marcha a ré, o portão já estava aberto. Estávamos a 20 minutos de distância, quando percebi que pisei ao longo dos três corpos mortos sem sequer olhar para eles, sem vacilar ou sentir o estômago embrulhar. Eu me acostumava com isso, pelo que parecia. Não tinha certeza se isso era bom ou não.

~*~ A viagem para o Rio de Janeiro foi totalmente sem problemas. Poderia ser apenas mais uma viagem com meu namorado, exceto pelo fato de que estávamos no Brasil e que meu namorado carregava armas suficientes para assumir um exército. E que eu tinha um namorado de verdade. Fora isso, era apenas como qualquer viagem na velha estrada.


Eu estava prestes a dizer algo nesse sentido, mas nunca tive a chance. O parabrisa explodiu em uma chuva de vidro, o pneu dianteiro estourou e uma saraivada de balas crivou o corpo do SUV. Eu abaixei, cobrindo meu rosto, e Harris virou o veículo para a direita. Ele acelerou o motor, virando o carro, com a traseira derrapando com um guincho de pneus e balançndo o corpo. Eu ouvi o som de metralhadoras, ouvi balas batendo no carro. Harris praguejou baixinho e arrastou o veículo para outro canto. Eu o vi pelo canto do meu olho, abaixando-me sob a janela, ficando fora da vista. Ele estava completamente focado, dirigindo com uma mão, empurrando a alavanca para trás com a outra, olhando no espelho. Estávamos no meio do centro do Rio, em uma estrada paralela à praia. O mar estava à nossa direita, a cidade à nossa esquerda e não havia uma nuvem no céu. Outra vez, estávamos correndo entre o labirinto de edifícios, o pneu furado e o aro arrastando e guinchando. Eu dei uma espiada e vi um pequeno sedan preto nos seguindo e uma cabeça escura surgiu no teto solar, nivelando uma metralhadora enorme para nós. — Merda! — abaixei novamente, na hora certa. nós.

A janela traseira quebrou e os tiros bateram no assento atrás de

— Atire de volta, Layla. No motorista, no atirador, no motor, não importa. Basta retornar o fogo. Engoli em seco e peguei minha pistola e fiz pontaria por cima do encosto do banco. Eu mirei no parabrisa, prendi a respiração e apertei o gatilho. O parabrisa estilhaçou, mas não quebrou, então atirei mais duas vezes e, finalmente, rompeu com um spray de cacos de vidro. Eu vi um rosto, em seguida, a pele escura e um cavanhaque. Eu abaixei novamente quando balas atingiram o assento, passaram e chocou-se contra o painel. Eu levantei, disparei duas vezes e me abaixei. Harris olhou para mim, com um sorriso no rosto. — O quê? — perguntei. — O que é tão divertido? Ele nos empurrou em um canto, pisou no freio, então pisou fundo no acelerador e girou o volante para desviar de um caminhão lento. Outro olhar para mim. — Você. Você está sexy, disparando a minha arma. Abaixando-se atrás do banco como se isso fosse parar uma bala. Isso é quente para caralho. Uma mulher com uma arma em suas mãos é uma espécie de estímulo, acho. Tudo o que peguei era a parte sobre o banco não parar uma bala. — Então não deveria esquivar, é o que está dizendo? Ele balançou a cabeça. — Você ignora intencionalmente as melhores partes do que disse para você?


— Não querer levar um tiro é bastante importante, eu acho! — Verdade, verdadeira. Mas abaixar-se atrás do banco não impedirá nada. Seus tiros já passaram. — Ele estendeu a mão para o lado e apontou um buraco irregular no couro envelhecido. Sentei-me, percebendo que estava certo. Eu mirei no motorista e disparei, e desta vez, o acertei. Ele agarrou seu braço e o vi pulverizar vermelho na janela ao lado dele e seu carro desviou. Isso foi tudo o que precisou. Ele perdeu o controle apenas o tempo suficiente para bater na traseira de uma van de serviço, a parte da frente sofreu o efeito sanfona e bateu no parachoque traseiro. Ouvi berros e gritos, e em seguida, viramos a esquina e ficamos fora da vista. — Eu atirei nele! Eu o acertei! — Eu não deveria estar excitada, mas estava. — Eu sou uma foda! Harris riu. — Você com certeza é, baby. Bom tiro. — Eu sou má pessoa por não me sentir mal? Ele deu de ombros. — Realmente, eu não sou a melhor pessoa para perguntar. Minha perspectiva é bastante torta. — Eu acho que você está certo. — olhei para ele. — Então, quando você diz que uma mulher com uma arma em suas mãos o excita, você quer dizer isso, literalmente ou...? Harris me lançou um olhar quando posei para ele, segurando a arma com as duas mãos em minha frente, braços esticados, cabelo soprando no vento. — Baby, se não estivéssemos correndo por nossas vidas, pararia agora e lhe mostraria como, literalmente, quero dizer isso. — Então você tem alguma fantasia sobre mim e armas? Ele mudou de posição no assento. — Hum. — olhou no espelho. — Sim, na verdade. Mas guardarei isso para quando estivermos fora disso. — Vamos, Nick! Apenas me diga o que é. Ele soltou um suspiro. — Vamos apenas dizer que isso envolve você estar vestindo nada além de uma bandoleira, com o meu M4 em suas mãos. — Eu posso ver como isso seria sexy. Teria que ser uma grande bandoleira, no entanto. — Eu sorri para ele. Ele pegou seu telefone. — O ponto, Layla, é que a bandoleira não é grande o suficiente para cobrir tudo. — disse — Ligue para o Thresh.


Ele está nos contatos com o seu nome, obviamente. Diga a ele que estamos chegando no quente. Achei a entrada de contato, toquei-a e segurei o telefone em minha orelha. Ele tocou duas vezes. — O que é, chefe? — É Layla, na verdade. Estou com Harris e ele pediu para dizerlhe que estamos chegando no quente. O que quer que isso signifique. — Como no quente? — Eu não sei o que isso significa. Quer dizer, eu sei que estou muito quente, literal e metaforicamente... — Isso significa que você tem perseguição — ele interrompeu, parecendo ao mesmo tempo irritado e divertido com minhas divagações. — Bandidos atrás de você. Em perigo. — Oh. Sim. Havia um carro atrás de nós, mas eu atirei no motorista e eles estão mortos agora. Ou provavelmente mortos. Não vejo mais ninguém agora, mas eles têm uma tendência a aparecer quando você menos espera. — Você atirou no motorista? — Sim! — Eu parecia orgulhosa de mim mesmo, porque realmente estava. — Em um veículo em movimento? — Bem, não foi um tiro na cabeça ou qualquer coisa. Eu só atirei no braço dele, como Harris diria. Ele caiu. — Legal. Ok, bem, diga a Harris que estou na pista, os motores em marcha lenta, pronto para sair. Estarei no porão de carga, pronto para cobrir a abordagem. Entendeu? — Eu direi a ele. — Desliguei. Olhei para o telefone, e depois o entreguei para Nick. — O que há com vocês, homens e nem mesmo dizendo 'tchau' antes de desligar? É rude! Ele deu de ombros. — Eu não sei. É uma coisa de homem, acho. Ou talvez seja uma coisa de militar. Não perder tempo com gentilezas. Nenhum ponto e não há tempo. — De qualquer forma, Thresh disse para avisar-lhe que está na pista, os motores em marcha lenta, e que estará no porão de carga pronto para cobrir a nossa abordagem. — Perfeito. — fez um gesto para a minha pistola. — Atualizar.


Acontece que não tinha necessidade de recarregar, porque não havia ninguém atrás de nós e chegamos ao aeroporto alguns minutos mais tarde. Nós saímos do SUV e corremos até a rampa do porão de carga de uma enorme aeronave bimotor. A cena realmente me fez lembrar daquela cena do filme de desenhos animados Rio, onde a menina americana inábil e a desajeitada ave brasileira estão no avião do carnaval, perseguindo os pássaros em uma pista de pouso. Exceto que, não havia pássaros no avião, apenas os dois metros de Thresh — e Moisés, São Pedro, Jesus e Virgem Maria — Thresh estava sem camisa, usando apenas um short de jeans cortado, com as pontas desfiadas e irregulares. Ele era o homem mais musculoso que já vi — facilmente rivalizando com Arnold Schwarzenegger ou com Dwayne Johnson — eu diria que Thresh provavelmente levava vantagem. Eu tropecei quando passei por ele, boquiaberta, literalmente. Quer dizer, era o tipo de homem que não tinha apelo para mim, sexualmente falando, mas ainda era uma visão impressionante. Ele piscou para mim. — Tire uma foto, querida. Isso durará mais tempo. — Ele tinha uma metralhadora enorme em suas mãos, o tipo de arma que você costuma ver presa nas laterais de helicópteros em filmes de guerra do Vietnã. — Não chame a minha mulher de querida, idiota. — Harris falou. — Eu chutarei sua bunda. Thresh olhou de mim para Harris. — Sua mulher? — Você me ouviu. — Tudo bem, então. — Ele me olhou novamente, ao invés de me avaliar de soslaio. — Então, quando você diz “a sua mulher”, o que isso significa, exatamente, chefe? Harris estava na cabine, apertando interruptores, colocando um fone de ouvido na cabeça. Ele se virou e olhou através da porta aberta. — Isso significa calar a boca e cuidar da sua maldita vida, é o que significa. Thresh franziu as sobrancelhas. — Ei, cara. Muito nervoso? — Nervoso? — Harris levantou-se do assento, tirando o fone de ouvido. —Eu lhe mostrarei... — Harris! Sente-se, cale-se, e voe para a porra do avião. Não temos tempo para medir paus. Os olhos de Thresh, que já estavam arregalados, aumentaram ainda mais quando Harris fez o que disse. O barulho dos motores para a decolagem e nós pulamos para frente. Algo bateu na rampa e ricocheteou ao redor do porão de carga com raiva, ping-zzzzingggbuzzzzz, e a mão de Thresh — que era tão grande, que um


Pomeranian28 totalmente crescido poderia sentar em sua palma — me empurrou para um lado. Ele caiu de joelhos, virou um bipé29 para fora e ficou de barriga. Nosso avião uivava pela pista, ganhando velocidade, mas Thresh não parecia preocupado com isso quando pegou uma arma e abriu fogo contra o SUV preto rugindo atrás de nós. Agarrei o objeto mais próximo, que era uma corrente presa ao chão e à parede, agarrando-me a ela quando eu senti o chão cair. O barulho da metralhadora era o som mais ensurdecedor que já ouvi e chacoalhou o corpo inteiro de Thresh com cada sequência de tiro. Ele disparou em rajadas de três tiros e, na quarta explosão, o capô do SUV amassou, o parachoque dianteiro se enterrou no asfalto e todo o veículo capotou de frente. Ao contrário dos filmes de Jerry Bruckheimer, ela não explodiu em uma bola de fogo, apenas caiu de frente, sobre a sua capota e balançou algumas vezes antes de parar. Estávamos em ângulo superior agora, então o fim da cauda estava virado para o chão em um ângulo agudo. Meu estômago embrulhou. Thresh, entretanto, calmamente dobrou o bipé, guardou a enorme arma e agarrou uma cadeira perto da minha. Ele olhou para mim e piscou. O homem era enorme. Ele confundia a mente, honestamente. Ele bateu com a palma da mão sobre um botão e a rampa dobrou, escurecendo o interior e removendo a minha visão do solo. Eu deixei minha cabeça bater contra a parede do avião, e soltei um suspiro de alívio. — Bem, isso foi estressante — disse. Thresh apenas riu. — Tudo em um dia de trabalho, querida, quer dizer, Srta. Campari. — Layla. — Prefiro 'Miss Campari' — disse ele. — Harris pode ser um filho da puta vicioso. Eu não tinha certeza do que ele quis dizer com isso, então apenas dei de ombros. — OK. Bem... vou até a cabine. Harris pode ter sido um filho vicioso de uma cadela, mas ainda sentia os olhos de Thresh na minha bunda enquanto caminhava para a cabine. Eu me virei e olhei para ele, com uma sobrancelha levantada. Ele apenas deu de ombros, fazendo uma cara que dizia O que, eu? Eu não sei do que você está falando. Eu ri enquanto me sentava na cadeira do co-piloto. 28 Raça de cachorro, mais conhecida no Brasil como Spitz Alemão Anão. 29 Suporte para apoio do cano de uma arma.


— O quê? — Harris perguntou. — Apenas Thresh. Ele é engraçado. Gosto dele. Harris me deu um olhar estranho. — Thresh é engraçado? Desde quando? Eu acenei. — Então, finalmente, vamos para casa? — Bem, para o Eliza eventualmente, mas a nossa rota será um pouco... tortuosa. Nós pararemos em Miami primeiro e depois iremos para as Bahamas, e depois, eventualmente, pegaremos um helicóptero de St. Thomas para o navio. Preciso ter certeza de que realmente despistei-os. — Pensa que temos? — perguntei. Ele não respondeu de imediato. — Não sei, honestamente. Eu disse que nunca esconderia nada de você, então não irei. Você matou o seu melhor amigo. Não acredito que realmente despistaremos os caras de Vitaly, não até que Vitaly esteja morto. — Melhor amigo? — engoli em seco. — Os relatórios são de que Cut era a única pessoa que Vitaly confiava, seu melhor amigo desde a infância. — Então, só piorei as coisas, não é? Harris me olhou. — Você fez o que precisava fazer. Isso é tudo com que precisa se preocupar. Eu não gostei do som disso. E o fato de que Harris ficou quieto quando voamos sobre o oceano, sua testa franzida, preocupação em seu rosto... não fez muito para me tranquilizar. Nem o mal estar agitando em meu estômago. Não estávamos fora de perigo, ainda.


Capitulo dezessete “EU TE AMO”, FINALMENTE

Depois do Brasil, a Florida parecia relativamente temperada. Assim que desembarcamos — mais uma vez em uma pista de pouso curta, no meio do nada, sem esforço Harris trazendo a grande aeronave para baixo com uma única colisão suave e raspar de pneus — Thresh, agora vestido com uma camiseta justa e sapatos marítimos de lona, saltou para uma Harley esperando e rugiu fora, mesmo sem acenar para mim. Havia um Hummer esperando por nós, mas não era a versão civil, o derivado diluído. Não, este era um Hummer militar, enorme, grande, marrom com capota traseira inclinada e um interior brutalmente espartano. Harris virou o motor, e ele fez um chocalho, o diesel rosnou baixo. Eu afivelei o cinto de segurança e ri quando um pensamento me ocorreu. — O quê? — Harris perguntou. — Só você. Eu gostaria de saber como você faz isso. — Fazer o quê? — Magicamente adquire armas, aviões e Hummers militares. — Não é um Hummer — retrucou — é um Humvee. Um Hummer é uma de duas coisas: um veículo civil que não compartilha, literalmente, nenhum DNA com o que dirijo agora, ou um boquete. Este é um Humvee. Ele nunca, nunca, deve ser chamado de Hummer. Eu arregalei meus olhos. — Sim, senhor! — disse, com uma saudação simulada. Ele teve o bom senso de rir de si mesmo. — Desculpe. Sou um soldado e nós tendemos a ficar exigentes sobre esse tipo de coisa. Uma chopper30 é uma motocicleta, não um helicóptero. Pistols têm clips, rifles de assalto ter carregadores. E fuzis AK-47, M-16, esses tipos de coisas... são rifles de assalto, não metralhadoras. O que Thresh tinha no avião de carga, era uma metralhadora. — Notável. 30 Chopper – tipo de moto, geralmente feita por encomenda.


— Agora. — olhou para mim. — Do que você ria, agora que a terminologia básica foi explicada? — É só que... nada do que aconteceu comigo foi como pensava que seria. Nos filmes, disparar armas é fácil. Você atira em alguém e isso não é grande coisa. Você atira no motor de um carro e ele explode. Correr para sua vida é emocionante. Mas nada disso, a não ser para você, é verdade. Você é como um personagem do filme. Tipo, você aparece com um saco cheio de metralhadoras —desculpe, rifles de assalto. Então tem não um, não dois, mas três carros nos perseguindo na vida real, com pessoas atirando em nós e tudo mais. E nós fugindo. E então você tem um Exterminador na vida real que atira com grandes metralhadoras como se fosse um maldito brinquedo. E não há um plano real... esperando por nós. E quando aterrissamos... há um Humvee militar esperando por nós. Como você pode fazer isso? Sério. Quem você chama que pode simplesmente pegar a porra de um avião? De onde você tira fuzis de assalto? Esta merda não aparece na vida real. Mas para você, de alguma forma, aparece. É como mágica. Até agora estávamos em uma estrada de duas pistas que atravessava absolutamente nada, o horizonte liso em todas as direções. Harris apenas deu de ombros. — Não é mágica, são conexões. Conheço um monte de gente. Um monte de gente... desagradável. Então, você está totalmente consciente, ter um saco cheio de fuzis de assalto que é, obviamente, altamente ilegal, independentemente de que país esteja. Mas é por isso que isso é chamado de 'mercado negro', certo? Eu bufei. — Realmente não sei, juro, mas... sempre imaginei o mercado negro como um armazém secreto em algum lugar, como um mercado segredo real. Como quando você tem algo secreto, há mesas cheias de armas e alguém que dirige uma empresa chamada Goons ‘R’ Us. Quer dizer, entendo que é tudo on-line e tudo, mas esso é a imagem mental que tenho. Harris riu alto. — Goons ‘R’ Us. Deus, Layla, você está fodendo de histérica. Eu vou ter que falar com Thresh sobre isso. Podemos torná-lo um negócio lateral. Talvez possamos inventar a nossa própria arma e chamá-la de 'thugbuster'31. — Você está zombando de mim, não é? — perguntei. — Não, não estou, juro. É apenas engraçado. — Realmente não esperava citar Toy Story, mas ei, tinha que tentar. A situação pedia por isso. Ele me lançou um olhar. — E baby, a vida não é como nos filmes. Paguei uma pequena fortuna apenas pelas armas. Ser um dos bad boys é caro como o inferno, e é algo que ninguém nunca lhe diz. Na 31 Thug = assassino; Buster = imbecil, então, algo como assassino destruidor.


realidade, disparar uma arma e bater o que você está visando é difícil, e matar um homem é mais difícil. Perseguições de carro são foda de aterrorizantes, e ter pessoas tentando matá-lo é pior. Carros raramente explodem. Obtendo a porra do pior, um tiro dói; Eu não recomendo. Nada disso. — Eu gostaria de ter sabido tudo isso antes de ser sequestrada. — Você lida com isso melhor do que imaginei, a propósito — disse, segurando em minha mão. — Acho que outra pessoa teria enlouquecido. — Aqui está a coisa, no entanto. Você realmente não fica louco, não é? Quer dizer, a menos que você tenha um surto psicótico ou um colapso nervoso, você realmente não enlouquece. Você acabou de lidar com isso. É chato e você odeia, e queria que não fosse por isso, mas você lida e tudo o que realmente pode fazer é continuar. E eu suponho que, tão louco como tudo isso tem sido, não é realmente tão louco, não se considerar tudo o que passei. Mas matar Cut? Isso foi diferente. Realmente muito diferente. Eu não consigo esquecer. Estou tentando. Eu estou tentando muito... mas continuo vendo. Sentindo. Sou capaz de lidar com um cara atirando durante a perseguição de carro. Essa posso justificar como igual aos filmes. Posso fingir que não aconteceu. Eu posso esquecer. Mas esfaquear Cut no olho com uma caneta? Não consigosquecer isso. E assim, lutava com a hiperventilação. Zero a sessenta em nada plana. De repente, eu chorava e soluçava, praticamente agindo como um completo bebê. Harris parou no acostamento da estrada, saiu do Humvee, abriu a minha porta, e arrastou-me para fora. Ele me segurou contra o peito. Deixou-me chorar. Não disse uma palavra por um longo tempo. Apenas me segurou. Quando o meu chilique acalmou, ele inclinou a minha cabeça para trás. — Isso desaparecerá. Eu não posso dizer que irá embora para sempre. Eu não vou mentir. Você é forte como pregos, garota, então não vou tratá-la como se fosse frágil. Você matou alguém com as mãos? Isso fica com você. Você sente isso. Você tem essa... eu não sei... memória tátil. Não vai embora. Mas você acaba aprendendo a viver com isso. Você justifica como autodefesa, algo que precisava fazer, era você ou ele. Você fala sobre isso, o que é um grande passo. Alguns caras, após a sua primeira morte, não vão falam sobre isso. Eles se fecham, suprimem. E isso não é bom. Você tem que deixar sair, falar sobre isso. Ou isso apodrecerá. E quando o trauma emocional se transforma em gangrena... a merda fica feia. — Eu não queria matá-lo. Mas quando fiz? Nick, me senti bem. Essa é a parte que me deixa doente. Não me arrependo. Nem um pouco,


merda. Não me sinto culpada. Ele era um merda malvado e merecia morrer. Sinto-me mal por não me sentir mal. E eu odeio o... qual foi o termo você acabou de usar? Memória tátil? É exatamente isso. Eu sinto agora exatamente como foi. E isso é uma memória que nunca, nunca serei capaz de esquecer. A terei até o dia que morrer. — Que será um tempo muito longo a partir de agora, ok? — Sua palma estava quente, áspera e lisa contra a minha bochecha. Eu balancei a cabeça. — Eu sei. — Eu deixei escapar um suspiro e olhei para ele. — Nick? Eu não acho que já disse isso ainda, mas... obrigada. Ele franziu a testa. — Pelo quê? — Me buscar? Me resgatar? Matar por mim? Arriscar-se a morrer por mim? — Oh, Isso. É literalmente a descrição do meu trabalho. Eu iria atrás de você mesmo se não fosse, no entanto. Dizem que o amor nos faz fazer coisas malucas e eu sempre pensei que fosse uma besteira estúpida. Mas agora? Agora eu entendi. Amor. A palavra pairava no ar entre nós. Ele sabia que escutei isso, e sabia que ele sabia. Nós apenas olhamos um para o outro por um longo momento, cada um disposto a dizer para o outro em primeiro lugar. Eventualmente, não consegui aguentar mais a pressão. — Vamos. Leve-me para Miami e me compre algumas roupas novas e um jantar americano. — Será um prazer — disse e me ajudou a voltar para o Humvee.

~*~ E isso foi exatamente o que ele fez. Ele me levou a Saks e me comprou um conjunto de roupas totalmente novas. Lingerie verde jade, o tom exato de seus olhos quando ficava com tesão, sutiã meia taça rendado e calcinha tipo shorts. A saia branca atingia o meio da coxa, meias até o joelho e sapato Mary Janes e uma blusa rendada, atrevida, sem mangas, sem costas, bem decotada, azul safira. Comprou até uma nova bolsa Kate Spade. Como um bom namorado, me seguiu pela loja e apenas me disse que tudo parecia incrível, disse para escolher o que quisesse e não me preocupar com preço. Então fiz o que disse. Eu poderia testá-lo na bolsa, no entanto. Quer dizer, não era Gucci ou qualquer coisa assim, mas uma bolsa de quatrocentos dólares é absurdamente cara para uma garota que está acostumada a trabalhar em três empregos para pagar aluguel, comida, contas e bebida. Nick


sequer piscou. Apenas entregou uma pilha de dinheiro e disse a garota para ficar com o troco, saindo com a minha bolsa e ignorando o protesto da garota que não estava autorizada a receber gorjetas. Ele me acompanhou para o banheiro do shopping e esperou enquanto me trocava. — Porra, Layla. — Seus olhos correram pelo meu corpo, com as mãos estendidas, ele alisou sobre meus quadris. — Você está incrível. Eu sorri. — Obrigada, Nicholas. Ele resmungou. — Nicholas. Nicholas o caralho. Eu não sou chamado assim desde a Sra. La Prade, a minha professora do segundo grau da Escola Dominical. — Eu sou especial, por isso é bom. — Você é especial — concordou, puxando-me contra seu corpo para um beijo. — Muito especial. Depois do jantar, lhe mostrarei como é especial. — Você sabe, isto é um tipo de uma primeira vez para mim. Ele me puxou para um passeio. — O quê? Eu puxei a bainha da saia. — Tudo isso. Permitir que você comprasse esta roupa. Eu aprecio cavalherismo e tudo isso, mas sempre evitei em deixar homens me comprarem coisas. Pagar o jantar, com certeza. Pagar pelo filme, tudo bem. Isso é cuidar de seu encontro e está tudo bem. Mas nunca deixei um homem me comprar presentes. Eu sempre me recusei a permitir isso. Faz-me sentir como se fosse paga por sexo, mas em coisas, ao invés de dinheiro. — Então, o que há de diferente? — Harris perguntou. Eu dei de ombros. — Eu não sei. Tudo. Eu, eu acho. Uma pausa enquanto me ajudava a entrar no Humvee e sair do estacionamento. — Veja. Não estou nem perto de ser tão rico como Roth, mas estou bem. Eu nunca mais desejarei nada. E contanto que seja minha, nem você. Eu não dou a mínima como você deseja resolver as coisas. Se quiser manter a sua merda separada da minha, isso é legal. Mas se deixar, eu cuidarei de você. Se quiser alguma coisa, posso lhe dar. Isso é tudo o que me interessa. — Há uma certa suposição no que acabou de dizer, que eu não tenho certeza ainda de que realmente estamos juntos. Ele me olhou através do espaço entre nós, que, sendo um Humvee, era significativo. — Isso mesmo, há uma suposição. A menos


que queira me dizer de outra forma agora... Layla, você e eu? Nós somos isso. Você é minha. — Nick... — Eu sei que sou um homem das cavernas. Você é dona de si mesma. Faz o que quer. Eu respeito isso em você. Mas você é minha. Nos dois sentidos, no entanto. — Diga, Nick. Ele ficou em silêncio por um momento. Um sorriso curvou sua boca. — Você acha que não direi? — Eu acho que é mais difícil para você dizer que você é meu do que me dizer que sou sua. — Eu mostrarei... — Não me diga que você me mostrará. Eu sei que é verdade. Você é meu, agora, Nicholas Harris. Não pense que não sei disso. Eu deixarei você ser dominante, alfa e tudo isso, porque é quente para caralho e gosto disso. Mas não se engane, amigo: eu levo o que quero e não sento e obedeço ninguém. E não compartilho. Você é meu. E quero ouvir isso de você. As narinas de Harris queimaram e seus olhos se estreitaram. Ele me lançou um olhar e depois arrastou o veículo em quatro faixas de tráfego, saltando a mediana e raspou ao longo de um arbusto alto de três pés como se fosse nada, rodando através do trânsito sem se preocupar com nada nem ninguém. Para uma rua lateral, próximo a um canto, e em um beco, estacionou o Humvee em um ângulo na frente de uma lixeira. Ele deixou o motor em marcha lenta, saiu do banco do motorista, deixando a porta aberta. Perseguindo com duros passos furiosos ao redor do capô. — Oh merda — respirei para mim mesma. — Eu o irritei. Minha porta abriu e suas mãos agarraram meu bíceps. Eu fui tirada do carro como se fosse uma boneca, colocada no concreto, empurrada contra o tijolo ao lado da porta traseira do edifício mais próximo. Eu tremia, não tenho certeza, de repente, do que era capaz de fazer quando estava neste estado de espírito. Eu sabia que não me machucaria, mas era capaz de qualquer coisa. Aliás, o empurrão que me deu não foi totalmente suave. Foi áspero, impaciente. Eu bati no tijolo e a respiração me deixou. Embora, tivesse mais a ver com o olhar de Harris do que a força de seu


empurrão. Ele agarrou meus dois pulsos e prendeu-os sobre a minha cabeça com uma mão. — Diga isso novamente. — Sua voz era baixa. Este era o Nick assustador. — Qual parte? — Diga isso novamente, Layla. Você sabe o que quero dizer. — Seus quadris me prenderam à parede e sua mão livre agarrou meu rosto, me mantendo no lugar para um beijo. Olhei em seus olhos, o meu olhar era ousado, impetuoso e rebelde. — Você. É. Meu. — Eu respirei cada palavra. — Eu não compartilho. — Eu empurrei meu quadril no dele, sentindo sua ereção pressionando o meu núcleo. — Diga isso, Nick. Diga-me que você é meu. — Eu a tenho presa contra a parede. Você não poderia ficar livre, mesmo se quisesse. E você faz exigências? — riu, mordiscando meus lábios inferiores. — Você tem algumas bolas graves, baby. Eu me apertei nele. Afastei minha boca, olhei-o por um instante, e depois mordi seus lábios como havia feito com o meu. Mordi com força e empurrei ritmicamente contra ele. — Diga isso, Nick. Eu preciso ouvir. Eu posso ser alfa também, você sabe. — soltei seu lábio, sentindo iguamente, emoção e culpa, quando vi que tirei sangue. — Eu sou sua. Eu admito livremente. Você me tem. Você possui minha boceta. Você possui minha bunda, meus seios, minha alma. Possui a porra do meu coração. Mas só se possuir você também. Ele soltou um suspiro rosnando, estendeu a mão debaixo da minha saia, puxou a ponta da minha calcinha nova para o lado, e deslizou dois dedos dentro de mim. Eu me contorci contra ele, pedindo descaradamente meu próprio prazer em seu toque. — Garota Indecente — murmurou. — Nick, baby, você não tem ideia de como posso ser Indecente. Como sexualmente voraz sou. — Eu montei seus dedos com vontade, sem me importar que estivéssemos em um beco, em um lugar público de uma importante via de Miami. — Pare de mudar de assunto. Digame o que quero ouvir. Fui empalada por seus dedos, levantando-me na ponta dos pés, à beira do orgasmo. Eu faria qualquer coisa que pedisse naquele momento, apenas para que me fizesse gozar. No entanto, lá estava eu, fazendo exigências, como se fosse a um desamparado. Sua boca reivindicou a minha, breve, mas furiosamente. Nossas línguas se emaranhavam e ele mordeu meu lábio, uma vez que,


nitidamente, provei sangue. Retorno. Quando ele mordeu meu lábio, ele fechou os dedos dentro de mim e tocou seu polegar em meu clitóris, e eu gozei. Uma explosão de dor e felicidade. diga!

— Porra, Nicholas, diga — engasguei em seu pescoço. — Porra,

Ele abriu-se e senti seu pênis na minha entrada. Sem pausa, nenhum aviso, sem dedos orientando-o. Ele simplesmente entrou em mim com precisão infalível, enchendo-me totalmente de uma só vez, me esticando ao êxtase. — Oh, porra. Oh Jesus. — Eu não podia alcançá-lo, já que ainda tinha meus pulsos presos sobre a minha cabeça. Ele enterrou em mim, me levantando na ponta dos meus pés, enquanto lutava para respirar através do orgasmo que inda sentia. Ele espalmou minha bochecha, inclinou meu rosto. Colocou seus lábios sobre os meus com maestria possessiva. Ele era dono de minha boca e saqueou minha boceta com seu pau. Bateu, bateu. Me deixou sem fôlego. Fodendo-me sem sentido. Eu sabia que não podia desviar o olhar e não tentei. Encontrei seu olhar sem vacilar, recebendo tudo o que me dava e balançando meus quadris em um pedido silencioso por mais. Ele me deu muito mais. Porra, muito mais. A porta ao nosso lado abriu e um homem jovem com uma barba cheia e moderninha surgiu, usando um avental verde, calças cáqui e uma pólo preta. Ele tinha um saco de plástico transparente de lixo em uma mão e um cigarro e isqueiro na outra. Assim que ele saiu, colocou o cigarro na boca, acendeu-o e, em seguida, levantou a tampa da lixeira e jogou o saco. Deu uma tragada. Duas. Três. Nick não diminuiu o ritmo. Então eu gemi alto, um som ofegante, erótico que ecoou por toda a rua e o barista moderninho girou no lugar. — Porra, Santo Jesus! O quê...? Ei, vocês não podem fazer isso aqui... — Ele parou, olhando, como Nick levantava meu queixo com os dedos e forçva minha boca até a dele. — Deus, isso é quente. Harris soltou a minha mandíbula, chegou por trás das costas, sacou a pistola e apontou-a para o moderninho. — Cai fora. — Sim senhor. Caindo fora. — Ele deixou o cigarro cair e entrou e estávamos sozinhos, mais uma vez.


Nick voltou sua atenção para mim quando guardou a arma. — Onde eu estava? — Ele empurrou dentro de mim forte e eu gemi novamente. — Oh sim. Aqui. Coloquei um pé ao redor da sua panturrilha e subi nele. — Maldição, Nick. Ele colocou sua mão em minha nuca, enterrou seu rosto no meu ombro, sugando na pele e chupou até que tive certeza de que teria um enorme chupão; e usaria a sua marca na minha pele com orgulho. Todo o tempo, seus quadris dirigiam seu pênis para em mim, mais, mais, mais, mais e mais forte. Senti-me aproximando do clímax novamente, sentindo o seu ritmo se tornar frenético e seu aperto na parte de trás do meu pescoço aumentar. Eu senti a forma como o seu ritmo vacilou em seguida e sua respiração ficou irregular. Eu o apertei com a minha boceta, e o senti gemer em minha pele. — Diga, Nick — respirei. Lutei contra seu aperto no meu pulso, mas ele se recusou a deixar ir. — Diga. Porra, diga. Diga que você é meu. Eu não tinha certeza por que isso era tão importante, de repente, mas era. Foi tudo. Eu precisava ouvir isso. Tinha que ouvi-lo. Eu gozei, forte. Eu vi estrelas e o calor soprou através de mim e solucei, enterrei meu nariz em seus cabelos e na onda do orgasmo, montei seu pênis, cantando a minha demanda — diga, diga, diga, diga. E então ele empurrou dentro, mais uma vez, com força. Mais uma vez, gemendo. Senti que ele gozava, senti a pulsação de seu pênis dentro de mim e senti o gozo quente. — Seu... — rosnou — Eu sou seu, porra... sou seu, Layla. Ele soltou minhas mãos, em seguida, elas voaram para ele, enterrando os meus dedos em seus cabelos, segurando-o para mim, montando seus últimos surtos e, em seguida, inclinando o rosto para o meu e comendo o fôlego e sentindo-o sussurrar em minha boca: — Seu... seu... seu... — uma e outra vez, como o refrão da canção cantada por nossos corpos unidos. Deveria ter sido degradante, ser fodida numa parede em um beco; minha saia franzida ao redor de meus quadris, o zíper aberto de suas calças. Ele deve ter sentido a base grossa e rude. Mas naquele momento, seu rosto em minhas mãos, sua respiração na minha língua, ouvindo-o dizer que ele pertencia a mim... foi profundamente íntimo e bonito.


As palavras apenas... saíram de mim. Em um mundo perfeito, teria sido dito em um momento romântico, durante um jantar à luz de velas ou no arrebol de um lento ato sexual suave. O mundo não é perfeito e disse isso a ele quando atirou seu gozo em mim, depois de me foder forte e cru, em um beco atrás do Starbucks, cada um reivindicando o outro. — Eu amo você. — engasguei quando as três palavras, que nunca disse para um homem, saíram de meus lábios. — Eu... Deus, Nick... Nicholas Harris. Eu o amo, porra. Porra, eu o amo. Ele ainda estava duro dentro de mim, pulsando com a última gota de sua semente quente. Ele empurrou novamente e engasguei. Então ele segurou meu rosto com as duas mãos, passou os polegares em meus lábios como se para marcar as palavras que acabei de dizer sobre a minha boca. E me beijou. Este beijo foi... como nenhum outro. Lento, mas forte, profundo, ainda suave. Interminável, sem fôlego. Ele disse isso em silêncio, com o beijo, antes que se afastasse e falasse. — Eu te amo, Layla. — disse simplesmente, facilmente. Eu me apoiei nele, sem forças. Ele me abaixou, puxando para fora, e fixando tanto a minha saia como as calças com uma mão, e, em seguida, abraçou-me Ele disse isso. Minha mãe nunca me disse que me amava. Mario, com certeza, nunca o fez. Nenhum dos meninos ou homens com quem havia dormido nunca disseram isso. Um cara começou a dizer-me, mas foi apenas para me convencer a fazer sexo anal, então o calei antes que pudesse dizê-lo e deixei-o fazer isso de qualquer maneira. Ele não queria dizer, eu sabia disso, ele sabia disso, e não queria ouvir isso. Kyrie disse isso para mim, mas não era o mesmo, porque nenhuma de nós era lésbica. Nick disse. Ele beijou minha bochecha, a concha da minha orelha. Senti seus lábios se moverem. — Eu a amo. Eu a amo. — Ele enterrou os dedos em meus cachos e puxou meu rosto para me beijar novamente, desta vez com delicadeza e ternura. — Eu a amo. E eu sou seu.


— Deus, Nick. — Eu o beijei de volta, uma e outra vez, até que estávamos perdidos no beijo e sem fôlego. Ele se afastou. — Vamos. Vamos jantar. Ele me levou para uma churrascaria e fui ao banheiro me limpar, e depois tivemos um longo jantar durante o qual nenhum de nós bebeu muito. Incomum para mim, nem tanto para Harris, acho. Ele pegou um hotel um pouco ao acaso, um agradável, mas não o melhor –intencionalmente — disse, para evitar ser encontrado facilmente. Não o mais barato, mas não o mais caro. No meio da estrada. Ele me levou para o nosso quarto, abriu a porta, me pegou, envolvi minhas pernas ao redor da sua cintura e ele estava dentro de mim antes que a porta se fechasse. E então disse que me amava exatamente oitenta e três vezes em uma linha, enquanto me fodia até o orgasmo contra a porta. E depois mais quatro vezes enquanto me levava para a cama e me deixou nua, e disse que me amava setenta e sete vezes enquanto beijava cada centímetro do meu corpo, de cima para baixo, frente e verso. E então, quando estava duro novamente, montei nele e disse a ele que o amava tantas vezes que perdi a conta aos noventa e dois. Acho que tivemos um monte de pessoas ‘não amadas’ para compensar. Quase não dormimos naquela noite. Mas no momento em que o sol espiava através das cortinas, estava razoavelmente certa que Nicholas Harris me amava. A julgar pelas quinhentas vezes que me disse durante toda a noite. Não que estivesse contando ou qualquer coisa. Nem eu contei o número de orgasmos que me deu. (Nove). Ou os seus. (Quatro vezes dentro de mim, além de uma quinta vez, nas primeiras horas da manhã, em meus seios, logo antes de desmaiar.) Acordamos no meio da tarde, pedimos o serviço de quarto, tomamos banho, ficamos um sobre o outro, tomamos café da manhã, tivemos relações sexuais duas vezes mais, tomamos banho novamente e finalmente nos vestimos para sair do hotel.


Nós estávamos na recepção fazendo o ‘check-out’ quando tive uma sensação. Eu me inclinei para perto de Nick. — Podemos ficar um pouco mais? — Coloquei minha cabeça em seu ombro. — Por favor? Ele me olhou enquanto pegava um envelope cheio de dinheiro da mochila que havia comprado. — Ainda não foi o suficiente, não é? Jesus, Layla. Nós fizemos sexo seis vezes nas últimas 18 horas. Eu deilhe, pelo menos, dez orgasmos. Além disso, Thresh está nos esperando nas docas. A funcionária do hotel que contava o dinheiro que Harris lhe tinha eutregue, tentava bravamente não ouvir, mas falhou. Miseravelmente. Nos olhava corando e perdeu a conta três vezes. — Dez? — Ela gemeu. — Não acho que gozei tantas vezes na minha vida inteira. — Ela colocou a mão sobre a boca, mortificada. — Oh Deus, eu sinto muito! Harris apenas sorriu para ela. — Então, querida, você não tem o tipo certo de sexo. — Ele pegou seu troco e piscou para ela. — Não é isso — disse. — Não inteiramente. Eu lhe disse, não limito o orgasmo. Eu poderia gozar até que desmaiasse de cansaço e ainda estar pronta para mais. — Então o que é? — Ele me levou pela mão em frente ao lobby e entregou ao manobrista seu bilhete de reivindicação do carro. Dei de ombros, achando difícil de colocar em palavras. — Eu não sei. Só... um mau pressentimento. Como, pavor. Não sei. Sinto como se devêssemos ficar aqui. Algo ruim acontecerá. Parece estúpido, mas... não sei. Só tenho um mau pressentimento. O manobrista chegou com nossa monstruosidade móvel, Nick entregou-lhe uma nota de cem dólares e então verificou o carro, os bancos de trás, a frente, ajoelhou-se e olhou para o material rodante, levantou o capô para examinar o motor. — O caminhão está limpo, querida. Eu não digo que estamos em casa e livres, porque Vitaly não está morto. Mas estamos bem agora. Tudo bem? — Ele abaixou o capô com uma batida forte e passou as mãos na frente de seu jeans. Senti o tempo distorcer. Meu sangue engrossar e ficar lento e meu coração parar. Levantei meus olhos como se estivesse em câmera lenta. Vitaly andava em minha direção. Braço estendido. Com uma pistola prata enorme na mão, seus olhos escuros, frios e mortais.


Estupidamente, meu último pensamento quando Vitaly puxou o gatilho foi: Bem... porra.


Capitulo dezoito POR COMPLETO

Eu ouvi o BAM! como se através de uma nuvem de algodão: denso, distante, abafado, estrondoso. Eu me preparei para um impacto que nunca veio. — BAM, BAM! — BAM, BAM! Harris caiu em câmera lenta, no chão aos meus pés. Sangrando. As pessoas gritavam, mas eu quase não notei. Vitaly cambaleva para trás, com a pistola pendurada, sangue jorrando em quatro pontos em seu peito, agrupados em um ponto apertado, certo sobre seu esterno. Harris tinha uma grande flor escarlate e molhada sobre seu coração. De joelhos, com uma mão no chão, cabeça erguida, mão direita nivelando a pistola para Vitaly. Todo o corpo de Harris negava, mas sua mão, com a arma, estava firme como uma rocha. BAM! O ombro esquerdo de Vitaly foi para trás, jorrando sangue. Vitaly cambaleou desajeitado, com a pistola pendurada em sua coxa, e correu em uma guinada. Ninguém o deteve e ele desapareceu em um canto. Sirenes uivaram. Harris torceu, dando o cotovelo para fora, e ele caiu. Ele aterrissou desajeitadamente, em seu rosto e seu lado. Ele estava sangrando na frente e atrás. — Nick! — Ouvi-me gritar e me senti cair de joelhos ao lado dele. Tudo acontecia em câmera lenta, e como se acontecesse com outra pessoa. Eu não senti nada, apenas um vazio, dormência e incredulidade. Externamente, no entanto, estava histérica. Esperneando. Gritando. Soluçando. — Lay... Layla. — Harris engasgou. — Cale... cale a boca. Eu tomei a sua cabeça no meu colo e acariciei o seu rosto. — Nick. Você ficará bem. Você ficará bem.


— Eu... eu sei. — Ele me entregou o telefone. — Ligue para Thresh. As coisas aconteciam ao meu redor: uma ambulância chegou e fui afastada Nick — precisou de quatro homens para me afastar. Eu estava empilhada na ambulância e os dois paramedicos em uniformes azuis estavam cuidando de Nick, fazendo algo nas suas costas e, em seguida, na sua frente, tentando parar o sangramento. Senti o telefone na minha mão, olhei para ele sem expressão. O que eu deveria fazer com isso? Nick estava inconsciente. Ah, sim, ligar para Thresh. Eu encontrei o seu nome nos ‘favoritos’ e chamei-o. Ele tocou duas vezes. — Thresh — veio a voz profunda. — Thresh... É Nick. Eles atiraram em Nick. Vitaly. Ele atirou Nick. Uma pausa. — Quem é Nick? Eu senti algo quente entrar em erupção dentro de mim. — Harris! Nicholas Harris! A porra do seu chefe! Nicholas maldito Harris, seu maldito macaco! Huh.

— Seu nome é Nick? — Thresh parecia realmente perplexo. — — Thresh! Ele parecia totalmente indiferente. — Ele está bem?

— Não, ele não está bem! — Eu gritei. — Ele está morrendo! Ele levou... foi... Vitaly tentou me matar, e Nick... Harris, ele... — Isso é o que ele faz. É quem ele é. — Eu ouvi o ronco do motor da motocicleta ao ligar. — Você conseguiu ajuda médica? — Sim, estou em uma ambulância agora. — Onde você está? Você está em Miami? — Sim, estamos... — Eu me virei para um dos médicos. — Para onde iremos? Que hospital? — Jackson Memorial — veio a resposta lacônica. — Nós iremos para... — Eu comecei a retransmitir.


— Eu ouvi. Estou a dez minutos de distância. Eu a encontro lá. — O som do motor da moto era de acelerar. — Layla, Harris atirou nele? — Sim. Ele atirou cinco vezes. Quatro no peito, um no ombro. — Será que ele morreu? Você viu Vitaly morrer? — Não, ele... ele fugiu. Ele foi baleado cinco vezes, no entanto. Ele poderia...? Ele não poderia sobreviver a isso, poderia? — Nunca conte um homem como morto a menos que o veja morrer com seus próprios olhos. — Thresh poderia discutir sua preferência por cereal matinal. — Olha, vou deixá-la ir. Te vejo em dez minutos. E Layla? Harris é o filho da puta mais forte que já conheci. Uma pequena bala insignificante não o deterá por muito tempo. Ok? Ele ficará bem. Ele sobreviveu a coisa pior. — Ela atravessou. Ele está sangrando no peito e costas. — Isso é melhor, na verdade. Isso significa que a bala não está alojada dentro dele e não fragmentou. Isso é quando a merda fica desagradável. Um atravessar por completo é uma boa notícia. A menos que seu coração pare, nada matará esse homem. Eu não estou muito preocupado. — Você não o viu sangrar. — Vi, no entanto. Eu levei-o por cima do ombro por 80 km através da floresta tropical, com uma bala alojada em seu intestino. Ele gritava ‘assassinato sangrento’, porque o ácido do estômago comia a ferida. Eu estava com malária, carregando sua carcaça sangrenta para um médico. Eu sei como ele é. E sei que ficará bem. Tudo certo. Adeus, Layla. Vejo você em alguns minutos. — Clique. Eu não sei o que aconteceu depois. Era tudo uma confusão de imagens: os médicos atendiam Harris, fazendo o que quer que fosse que precisavam fazer para mantê-lo vivo. Harris foi retirado da ambulância, o barulho – clack, clack - das rodas da maca sendo abertas e firmadas. Um corredor. Uma médica — que parecia ter doze anos — em um jaleco com um estetoscópio ao redor do pescoço e essas tesouras médicas estranhas, torcidas, ligadas ao cordão do seu crachá. Estilo ER, gritando médico urgente, algo sobre BP e um único GSW e não sei o que mais. Portas fechando no meu rosto, o segurança do hospital tentando me manter fora da sala de cirurgia, quatro ou seis pares de mãos me segurando enquanto eu gritava ‘assassinato sangrento’. Finalmente, enormes mãos de um gigante. Levantando-me facilmente. Embalando-me nos braços musculosos como um bebê, me levando. — Calma agora, menina. Eles precisam consertá-lo. Estou aqui. Não deixarei nada acontecer. Para você ou para ele. Ele ficará


bem. Eu prometo. — A voz de Thresh em meu ouvido era como o ronco do motor diesel ao longe, um trovão baixo, um resmungo trêmulo. Eu fiquei mole e deixei que me colocasse em uma cadeira na sala área de espera da emergência. Adormeci no ombro montanhoso de Thresh. Depois de um tempo sem fim — duas ou três horas, pelo menos — a mesma jovem médica se aproximou, parecendo cansada e muito mais velha do que a minha primeira estimativa. Ela deveria ter dezesseis anos, pelo menos. Ela se sentou ao meu lado. — Srta. Campari? — Sou eu. — Sentei-me, esfregando os olhos com as palmas das minhas mãos. — O Sr. Harris ficará bem. Ele tem um longo caminho pela frente, um monte de cura que fazer. Ele não irá a lugar nenhum por muito tempo, e nunca poderá operar com a mesma capacidade que costumava fazer, mas viverá. É claro, a julgar com base no grande número de cicatrizes em seu corpo, para não mencionar o seu registro médico surpreendente, ele é um ser humano insanamente duro. Então, acho que provavelmente vai me tornar um mentiroso. Estou esperando que aconteça. — Posso vê-lo? Thresh falou. — Não há apenas uma resposta correta aqui, Doc. — Sua voz carregava uma nota dura de advertência. A médica hesitou por um momento, olhando Thresh friamente. — Ele está descansando no momento. Mas se prometer não perturbá-lo, não vejo motivo para não estar no quarto com ele. — Ele se levantou. — Por aqui, por favor. Seguimos a médica através de um labirinto de corredores, com o cheiro de antisséptico nas minhas narinas, o bipe constante proveniente dos quartos que passamos; um enfermeiro vestido em azul claro passou correndo, esquivando-se com agilidade por nós. O médico parou em um quarto, abriu a porta de vidro, e puxou a cortina, revelando Harris em uma cama, vestido com uma solta bata de hospital. Eu desabei na cadeira ao seu lado, lutando contra as lágrimas ao vê-lo. Ele tinha uma cânula de oxigênio em seu nariz, um soro em seu braço, um cobertor fino e branco em sua metade inferior. Sua bochecha direita tinha um curativo, onde raspou quando bateu no pavimento. — Ele não pertence a esse lugar. Isto está tudo errado. — Eu não tinha certeza do que queria dizer, mesmo quando disse isso.


— Não, ele não pertence — respondeu Thresh. — Mas quando ele tomou a bala no estômago, disseram que precisaria de algo como seis meses para cicatrizar. Ele estava de pé e correndo 5 km no prazo de seis semanas. Não deveria ter sido possível, mas Harris... juro que ele não é humano. As coisas que o vi apenas livrar-se, algo que esmagaria homens menores. — Ele salvou minha vida tantas vezes. Ele tem que ficar bem. Thresh ficou em silêncio por um momento, esperando o médico nos deixar sozinhos. Quando ele se foi, Thresh circulou para o outro lado da cama e ficou olhando para Harris. — Quando estávamos nos Rangers, tivemos uma missão de ir de barriga para cima. Apenas totalmente FUBAR. Toda a nossa informação estava errada. Fomos emboscados, a nossa unidade teve pesadas baixas. Ele e eu estávamos fixados para baixo e levei três tiros. Eu estava sangrando, impotente. Ele devolveu o fogo e conseguiu diminuir o sangramento ao mesmo tempo. E então ele parou sobre meu corpo e lutou contra os tangos, fodendo vinte deles. Sua arma estava com pentes quase vazios. E então ele ficou lá por cima do meu corpo pelas próximas 60 horas à espera de S e R nos encontrar. Foda-se se essa missão estava fora dos livros. Apenas voluntários. Nunca aconteceu. Ele deveria ter recebido uma medalha de honra por essa merda, mas ninguém nunca saberá sobre isso. Os caras que nunca foram para casa, apenas as suas esposas e pais se lembram de seus nomes. — Qual foi a missão? — Os terroristas estavam escondidos em um orfanato. Tinham um monte de crianças refém. — Thresh ficou em silêncio por um momento. — Nós fomos a inserção HALO. Baixamos em terra com as armas livres e imediatamente começamos a tomar fogo. Nós perdemos 3/4 da unidade em SNAFU, mas derrubamos cada um desses filhos da puta de merda. Eu, pessoalmente, atirei duas vezes em cada um, só para ter certeza de que estavam realmente mortos. Pensávamos que estávamos em casa gratuitamente, mas a emboscada nos atingiu no EZ. Isso foi quando eu levei os tiros. O helicóptero foi atingido um foguete, deixando-nos encalhados e cercados. Foi quando a verdadeira merda apareceu. Harris é a única razão pela qual estou aqui. E ficarei fora deste quarto até que possamos movê-lo para algum lugar seguro. Não tinha ideia do que a maioria das coisas que ele disse significava. Armas livres, SNAFU, EZ... linguajar militar. O que isso significasse, no fundo de tudo, estava o fato que Harris era um herói. Eu sabia disso, apesar de tudo. E eu sabia que me sentia melhor sabendo que Thresh seria leal até a morte e estaria lá fora. — Você sabe como se comunicar com Roth? — perguntei.


Thresh grunhiu um assentimento mudo. — Já fiz. Ele e Kyrie estão a caminho. Alexei e Sasha estão com eles. Com Vitaly ferido, devemos estar bem por um tempo. Mas não correrei nenhum risco. — Eu quero esse homem morto — rosnei. — Todos nós queremos. Ele já causou problemas suficientes. Todos somos leais a Harris, então, machucá-lo foi um grande erro. Eles acordaram a besta. Uma vez que você e Harris, Kyrie e Roth estejam em algum lugar seguro, a merda vai ficar feia para Vitaly. — Eu lhe ajudarei. Merda, eu mesmo puxarei o gatilho. Thresh me olhou com respeito. — Eu acredito em você. — Ele olhou para Harris e em seguida se dirigiu para a porta. — Tenho alguns telefonemas para fazer. Eu estarei lá fora. Ninguém entra sem falar comigo primeiro Você descansa. Seu único trabalho agora é estar lá para ele. Entendeu? Eu podia apenas acenar. Quando Thresh foi embora, segurei a mão de Harris na minha, recostei-me na cadeira, e o observei dormir. Olhei o monitor cardíaco, a máquina de oxigênio e de bombeamento, seu peito subindo e descendo, a boca aberta, e a barba por fazer escurecendo o seu maxilar. Eventualmente, uma enfermeira apareceu e mudou-nos para uma sala de recuperação. Retomei meu lugar ao seu lado, sua mão na minha, lutando contra o sono e lágrimas. Eventualmente, a exaustão me venceu.


Capitulo dezenove VALE A PENA

Eu acordei, ouvindo a voz profunda de Thresh dentro da porta. Ele tinha o seu telefone celular no viva-voz e olhou para mim enquanto ele falava. — Sasha. Fale comigo. — Eu ouço tagarelar no rádio da polícia. Um homem foi encontrado com muitos ferimentos de bala, ainda não está morto. Sem identificação, não é capaz de se comunicar. Ele está no hospital universitário. — Tome conta disso. — Como? — Eu não me importo. Como você quiser. Apenas cuide dele. Da, camarada? — Você é um gorila estúpido, — Sasha rosnou. — Eu sou da Geórgia, não da Rússia. — Você fala russo — Thresh apontou. — Eu falo georgiano, russo, armênio, árabe e Inglês. Eu servi no exército russo por dez anos, então falo russo com mais frequência. — Você fala cinco línguas? — Thresh soou respeitoso a contragosto. — Eu terei que aprender outra língua, então estaremos quites. — Os americanos são preguiçosos. Você espera que todos aprendam a sua língua, mas a maioria sequer a fala corretamente. É embaraçoso. — Não posso discutir com você agora. Apenas vá. Dê ao nosso amigo as boas vindas do inferno. ouvi.

— Eu ganharei um bônus se matá-lo? — soou tão baixo que mal

— Se conseguir, Roth lhe dará um puta bônus, seus filhos terão tanto dinheiro que nem saberão o que fazer com ele. — Eu faria isso de graça. Mas ainda quero o bônus.


— Não brinca. Faça jus. E Sasha? Eu preciso de uma prova fotográfica. Não há espaço para erro com este cara. — Não falharei. — Eu sei, cara. É por isso que estou lhe enviando. — Ele encerrou a chamada, me deu um outro olhar e depois voltou para ficar de guarda do lado de fora. Olhei para Harris e vi que estava mais ou menos acordado, olhando para mim. Ele apertou minha mão, uma vez, fracamente, e depois voltou a dormir. Eu me perguntei se escutou isso.

~*~ Quando acordei novamente, Harris estava acordado, sentado e comendo as últimas colheradas de uma xícara de pudim. Roth estava sentado na cadeira do outro lado, Kyrie em pé atrás dele, com a mão em seu ombro. — Layla! Você está acordada! — Kyrie correu ao redor da cama e eu mal tive tempo de levantar-me antes que ela batesse em mim, com os braços indo ao redor do meu pescoço. — Eu estava tão preocupado, vadia. Eu nunca pensei que a veria novamente. — Desculpe desapontá-la, cadela. — Eu a tirei de cima de mim e depois beijei a sua bochecha. — Estava preocupada que não fosse me ver de novo, também. Por um minuto. E então, Nick me encontrou e tudo ficou bem. — Nick? Quem é Nick? — Kyrie perguntou. disse!

Thresh, em pé ao lado da porta riu, novamente. — Foi o que eu

Revirei os olhos e fiz um gesto para Harris. — Ele é Nick. Para mim, pelo menos. Kyrie me olhou com desconfiança. — Nick? Desde quando você chama Harris de Nick? Harris estava suspeitosamente silencioso, cuidadosamente raspando a última gota de pudim de chocolate do copo. Eu peguei a sua perna. — Você quer dizer-lhes... baby?


Ele balançou a cabeça. — Não. É tudo com você. Kyrie e Roth trocaram olhares perplexos. — Nos dizer? — Roth perguntou. — O que está acontecendo, Harris? Harris deu de ombros. — Nada. Eu olhei para ele. — Nada? Porra, sério? Ele olhou para trás. — Eu não devo a ninguém quaisquer explicações a respeito de por quem me apaixono. Kyrie gritou tão alto que todos nós nos encolhemos. — Eu sabia! Eu sabia, porra! — Ela me abraçou novo, apertando-me tão forte que fiquei sem ar e vi estrelas. — Conte-me tudo! Há quanto tempo isso vem acontecendo? — Acalme o facho, cadela. — Eu me soltei de seu abraço. — Estrangule-me e não serei capaz de lhe dizer. — Desculpe. Desculpe. Estou animada. Eu sabia que alguma coisa acontecia entre você e Harris. Isso é incrível! Peguei a mão de Harris e entrelacei nossos dedos, e maravilha das maravilhas, ele me deixou. Bem ali, na frente de todos, Kyrie, Roth e Thresh. — Foi uma espécie de surpresa para nós dois. — Eu sabia o tempo todo, mas tive um trabalhão para fazê-la admitir que gostava de mim — disse Harris. Eu dei de ombros. — Eu posso ser fácil, mas não sou uma pessoa fácil de gostar. Ele rosnou para mim. — Você não é fácil. — Não mais. Pelo menos, não para qualquer um, só para você. Roth enxugou o rosto com as duas mãos. — Parece que caí pelo buraco do coelho no país das maravilhas. Naquele momento, ouvimos a porta abrir e Thresh falar em voz baixa com alguém do outro lado. — Eu escuto o que diz, Doutora. Vamos deixá-lo descansar. Mas isso é importante. — Ele não deveria receber nenhum visitante — disse uma voz feminina, parecendo frustrada — muito menos quatro. E só porque você é enorme não significa que pode dizer o que devo fazer em minha ala. — Na verdade, meio que posso. Você não tem guardas de segurança suficientes em todo este edifício para me segurar. O que significa que quando digo que tudo ficará bem, tudo ficará bem. Nosso


encontro acabará em alguns minutos e todos o deixaremos descansar. Tudo certo? — Merda. — Ela resmungou, irritada e derrotada. — Bem. Mas todos precisam de máscaras e você precisa higienizar suas mãos. Seu sistema imunológico está fraco agora. A última coisa que ele precisa é pegar algo de um de vocês. — Chuck Norris não pega um resfriado, o frio pega Chuck Norris. — O quê? — Ela parecia absolutamente perplexa. ok?

— Nada. É uma piada. Esqueça. Vamos lavar as mãos do caralho,

— Máscaras também. Ou eu vou atirar na sua bunda gigante com um tranquilizante de elefante e arrastá-lo para fora daqui eu mesma. — Eu já levei um tiro com um tranquilizante de elefante, na verdade. Isso acabou por me deixar alto. Foi um tipo de diversão, na verdade. Se quisder tentar isso, precisará de dois ou três. — Eu ouvi o sorriso em sua voz. — E baby, se quer me arrastar para fora daqui, você não precisará de um tranquilizante. Será mais divertido se eu estiver consciente de qualquer maneira. — Jesus. Você é complicado, sabia disso? — Sim. — Vou almoçar. Quando voltar em trinta minutos, quero este quarto limpo. Ou realmente veremos quantos guardas de segurança é preciso para subjugar sua carcaça assustadoramente desproporcionada. — Querida... — Você diz uma palavra maldita sobre servidão, e eu lhe esfaquearei com as minhas tesouras. Thresh apenas riu. — Nós sairemos em 15 minutos. Você tem minha palavra. — É melhor. — E então ela e Thresh saíram da sala. A porta abriu mais uma vez, Thresh entrou com Sasha. Thresh tinha algumas máscaras de papel, que entregou a todos, e, em seguida, fez-nos usar liquido desinfetante do dispensador do lado da porta. Thresh tomou posição em frente da porta, e Sasha dentro da sala, em pé em frente à cama, perto de Harris.


— Esta reunião é sobre certo amigo grego que todos nós temos em comum, — disse Thresh. — Depois do acontecido... O encontro de Harris... havia alguma dúvida quanto à sua situação ou paradeiro. Eu encarreguei Sasha aqui de encontrá-lo. Harris ajustou a cânula em seu nariz, respirando profunda e lentamente. — E? Sasha tirou um Mini iPad do bolso de sua calça. — Eu o encontrei e tirei algumas selfies. Aqui. Veja. — Ele abriu o iPad, tocou no ícone Fotos e entregou o dispositivo para Harris. Inclinei-me para que pudesse ver a foto também. Com certeza, era uma selfie de Sasha e Vitaly. Vitaly estava em uma cama de hospital, com vários fios que parecia: soro, oxigênio, tubo de alimentação e um monte de outras coisas. Vitaly estava inconsciente e Sasha sorrindo como se fossem amigos que se reencontraram depois de muito tempo. — Deslize para a esquerda — Sasha instruíu. Harris deslizou para a esquerda. Sasha tinha uma seringa inserida na parte do tubo de soro, a foto tirada com o polegar sobre o êmbolo, outro sorriso de merda no rosto. A próxima mostrou-lhe com o êmbolo baixando. A próxima foto mostrava o monitor, com a linha do coração alinhada e plana. — Eu causei uma pequena distração em outro quarto primeiro, por isso, quando ele morreu, eles não perceberam tão rapidamente — disse Sasha. — Eu coloquei outra dose em seu tubo, só para ter certeza. Eu também desliguei o suporte de vida. Ele não teria sobrevivido a isso de qualquer maneira, eu não acho, mas agora... o nosso amigo está dançando com os demônios. Roth tomou o iPad de Harris, passando através das fotos várias vezes, claramente lutando com alguma emoção profunda. — Ele realmente morreu? — Ele olhou para Sasha. — Eu estou certo disso — respondeu Sasha. — Coloquei um espelho em seu nariz. Senti seu coração. Esperei por longos minutos. Ele está morto. Estou 100% certo. Roth suspirou, inclinando-se na cadeira. — Acabou. Realmente acabou. — Ele enxugou o rosto de novo com ambas as mãos. — Ele me levou nisso, quando era um garoto de 20 anos de idade, sem noção de dinheiro e mais ambição do que senso comum ou habilidade de negócios. Ele me ensinou tudo que sei sobre ser um empresário inteligente. Mais do que aprendi com o meu próprio pai. Ele nem mesmo me segurou quando saí, mesmo que tivesse matado um de seus homens. Ele consentiu. Ele me soltou. Não fosse pela cadela louca de sua filha ter me encontrado e nada disso teria acontecido. Eu nunca


tive rancor contra ele. Não até que ele ameaçou todos vocês. Eu deveria estar feliz por ele estar morto. E eu estou, principalmente. Mas parte de mim... Eu guardei a minha opinião para mim. Não senti nada, apenas alívio, por Vitaly estar realmente morto e não perderia um único segundo de luto por ele. — Dê o seu preço, Sasha. O céu é o limite. — Roth devolveu o iPad e levantou-se. Sasha não respondeu de imediato. — Um milhão — disse, finalmente. — Dois milhões — disse Roth. — Você terá isso ao meio-dia. Sasha abriu a boca como se para discutir, mas depois pensou melhor. —Obrigado Senhor. — Tudo certo. Você e Thresh podem ir. Coloque um guarda na enfermaria, só para ter certeza. — Eu mesmo o cobrirei — disse Sasha. Thresh fez um som negativo em sua garganta. — Deixa comigo. Eu e a doutora temos uma coisa. Um repertório. Harris bufou. — Você quer dizer harmonia, lesado. — Sim. Esse. Uma coisa. Ela é mal-humorada e não tem medo de olhar em meu rosto. Eu gosto disso. Thresh e Sasha saíram e ficou apenas Harris, Kyrie, Roth e eu. Harris esfregou o queixo e brincou com a cânula novamente. — Pombinhos, podem ter o seu casamento agora. Ninguém mais ficará no caminho. — Harris, você não acha que faríamos isso sem você, não é? — perguntou Kyrie. — Você é como uma família. — Ela está certa, Harris — disse Roth. — Eu o conheço há oito anos. Podemos esperar até que você melhore. — Eu ficarei no oxigênio por um tempo. Isso não será muito rápido, eu temo. — Ele deu um olhar duro para Roth. — Faça um vídeo para mim. — Harris, vamos lá... — Kyrie começou. — Senhorita St. Claire. — A voz de Harris era fria. — Case. Você já esperou tempo suficiente. Tire algumas fotos e me envie. Isso será o suficiente. Faremos um brinde à sua felicidade quando sair daqui.


— Ele está certo — disse. — Vocês dois não precisam esperar. Vocês merecem a sua felicidade juntos. Harris me lançou um olhar sério. — Você acha que deixarei você ficar aqui enquanto a sua melhor amiga se casa? Pense outra vez, querida. Você irá com eles. você.

— Uma porra que irei! — disse, quase gritando. — não deixarei

— Kyrie, Roth... podem nos dar um segundo? — Harris não tirava os olhos de mim. — Claro. — Roth levantou-se e saiu da sala com Kyrie. Sozinho, Harris me puxou para mais perto dele, colocou uma mão ao redor da base da minha espinha, então estava rente à cama. — Layla. Eu quero que me escute, ok? — Foda-se, seu idiota. Eu não irei a lugar algum. Ele apenas sorriu para mim. — Baby. Você irá. Você é sua dama de honra. Sua melhor amiga. Você pode pensar diferente, mas é assim que quero. Eu odeio casamentos de qualquer maneira. Eu pareço estúpido em ternos e não posso ficar sentado por muito tempo. — Besteira. Você é um piloto. Você está acostumado a ficar sentado por horas. — Layla. Isso não é motivo de debate. Você vai. — Você disse para Kyrie que era principalmente um piloto com os Rangers. Mas então Thresh me contou como você estava em cima dele nessa missão no orfanato. Ele piscou para mim. — Mudança de assunto. Ok. Hum... bem, número um, ele não deveria falar sobre essa missão. É tão classificada, apenas quatro pessoas no planeta ainda sabem o que aconteceu. Ele começaria um conflito internacional se fosse de conhecimento público. Número dois, o que Thresh não lhe disse foi que eu era apenas uma parte dessa missão como piloto. Eu não estava com a equipe de inserção. Eu era o piloto de extração. — Ele me disse que o helicóptero foi atingido por um foguete. — Foi. Tirou o motor, entrou em parafuso plano 61 metros pra cima. Eu montei-o para baixo e pulei um pouco antes de bater. Torci o tornozelo e desloquei o ombro, tive os pelos dos meus braços queimado. A maior parte da equipe estava morta. Os bandidos fervilhavam como formigas e eu devia a Thresh a minha vida, então fiz a única coisa que


podia. Eu peguei a espingarda e segurou-os fora. Não havia muita escolha. Era isso ou seríamos capturados. — Você pulou de um helicóptero funcionando? — Não é tão ruim quanto parece. Mais uma questão de tempo e saber como a cair. — Harris. Ele sorriu. — Ok, tudo bem. Foi muito foda. — Ficarei. Sua expressão escureceu. — Layla. Por favor. A única coisa que odeio mais do que estar acamado é a ideia de organizar o casamento de Kyrie e Roth. Eles passaram por uma tonelada de merda. Eu me recuso a deixá-los esperar três ou quatro meses apenas por mim. Não será um grande negócio de qualquer maneira. Apenas eles, você, Cal e o reverendo na praia na ilha privada de Roth. Eu não farei falta de maneira alguma, juro. Você faz o casamento, festeja com sua melhor amiga e depois volte para mim. — Nick, não quero deixá-lo. E se alguma coisa acontecer? — Vitaly está morto. Sua filha está morta. Cut está morto. Não há ninguém mais para realizar o rancor. Acabou. Você está segura. Eles estão seguros. Você não precisa ter medo, está bem? — Ele segurou meu rosto. — Você pode manter em contato comigo pelo Skype, quando chegar lá. Podemos... o que vocês chamam de sexting32, mas com SKYPE? — Skype-sexo? — sugeri. Ele balançou a cabeça. — Não é cativante o suficiente. Pensarei em algo. O ponto é, você irá. Eu só dormirei pelos próximos dias, de qualquer maneira. Suspirei. — Não gosto disso. Ainda estou me ajustando à ideia de que essa coisa entre nós é real. E agora tenho que deixá-lo quando está ferido? — Thresh ficará aqui e Sasha irá com você. Alexei e Andrei estarão com Kyrie e Roth. Nada mais acontecerá. E quanto a você e eu... Layla, querida. É real. Eu realmente amo você. É por isso que deve ir. Eu descansei minha bochecha contra a dele. — Diga isso novamente. 32 Sexting (contração de sex e texting) é um anglicismo que refere-se a divulgação de

conteúdos eróticos e sensuais através de celulares.


— Eu a amo, Layla. Eu suspirei. — Isso nunca ficará velho. Ele inclinou meu rosto no dele e me beijou. A cânula era fria e dura em meu lábio, mas não me importei. Eu aceitaria seus beijos da maneira que fosse. — Tudo bem. — respirei a palavra em sua boca. — Eu irei. Mas voltarei logo que a recepção acabar. E o chuparei antes de ir. Nick apenas sorriu e passou seus dedos pelo meu cabelo, então passou o polegar em meus lábios. — Por que esperar? Eu ri. Só Nick poderia me fazer rir. Era embaraçoso. — Por que esperar, na verdade? — Enfiei minha mão debaixo do cobertor, sob o avental, encontrei-o endurecido sob o meu toque. — Fique de olho na porta. — Eu olharei você, isso sim. Então, puxei a cortina. Puxei os lençóis e cobertores para trás e levantei o jaleco. Lenta e cuidadosamente, afastei-a de seu corpo e inclinando meu rosto para que ele pudesse ver como ele entrava na minha boca. Sua frequência cardíaca acelerou e sua respiração tornou-se difícil, e ele gozou com um grunhido silencioso. Chupei até ficar seco e mole e coloquei as cobertas sobre ele apenas a tempo da enfermeira entrar. — Seu ritmo cardíaco aumentou — disse, aproximando-se para colocar dois dedos em seu pulso. — Você está bem? Aconteceu alguma coisa? Ele olhou para mim. Eu ainda tinha um pouco de seu gozo, que secretamente engoli e então limpei a boca com a manga. — Não — ele disse. — Apenas... um sonho. Estou bem. A enfermeira olhou de mim para ele. — Nada disso, vocês dois. Se você quer que ele se cure, você precisa deixá-lo descansar. Fazer com que seu ritmo cardíaco suba rapidamente e os seus pulmões tenham de trabalhar mais não fará nenhum favor a ele. — Ela tem um casamento para ir de qualquer maneira — disse Nick. — Ela está prestes a sair. Estávamos apenas nos despedindo. — Ok, bem, diga adeus... menos vigorosamente. — Ela soltou um suspiro exasperado.


Sozinhos, mais uma vez, Nick sorriu para mim e me puxou para um beijo. — Você tem o meu gosto. — Eu ainda estava engolindo quando ela entrou. — o beijei, emaranhando minha língua na dele. Nós nos beijamos por um longo momento e então ele me afastou. — Vá. Antes que a amarre no poste do soro e foda a sua bunda. — Isso é uma promessa ou uma ameaça? — Levantei-me, vireime, e balancei a minha bunda para ele. Ele gemeu. — Não me tente, mulher. — Não posso evitar se sou uma mulher sedutora de nascimento — disse. Voltei-me, passei os dedos pelo cabelo. — Você poderá fazer isso quando estiver fora do hospital. Prometo. — Cobrarei isso de você. — Ele me deu um tapinha na bunda, então me virei e andei. — Eu te amo. Vá. Divirta-se. Eu não era capaz de lhe dizer adeus. Então corri para beijá-lo mais uma vez, maravilhada pelo homem que me amava também. Eu saí, fingi fechar a porta e então espiei. Assim que saí, Nick deitou costas na cama, apertou o botão para abaixar a cabeça da cama para que ficasse deitado. Colocou a mão no peito como se para se estabilizar. Ele parecia de repente fraco e exausto. Mas tinha um sorriso no rosto. Tudo que levei para chegar aqui, a este lugar com Nicholas Harris? Valeu a pena. Tudo.


Epílogo — Kyrie Abigail St. Claire, aceita Valentine Roth, para ser seu marido, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe? — Eu aceito. — E você, Valentine Albert Roth, aceita esta mulher, Kyrie St. Claire, para ser sua esposa, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe? — Eu aceito. Uma lágrima escorreu dos olhos de Roth quando disse essas duas palavras, o que era quase tão surpreendente quanto descobrir o seu total e ridiculamente prosaico nome do meio. Albert. Eu teria que provocá-lo, tanto pelo choro quanto pelo nome do meio. Claro, eu estava chorando, olhando para a minha melhor amiga se casar, mas eu era uma garota e era permitido. Eu comecei quando uma mão tocou minha coxa. Olhei à minha esquerda, e minhas lágrimas jorraram livremente. Harris, olhava chocado para o meu vestido deslumbrante. Ele estava em uma cadeira de rodas, o cilindro de oxigênio amarrado ao encosto da cadeira, tubos debaixo do braço e conectado a uma cânula no nariz. Ele estava em um smoking, uma rosa vermelha na lapela. Ele não tinha feito a barba, então ele tinha o início de uma barba. Yum. — Nick? — Corri até ele, envolvendo meu braço ao redor do seu pescoço. —Você está aqui! — Mal ouviu o ‘eu aceito’. — Ele me puxou, então fui forçada a sentar em seu colo. Em seguida, olhou para Roth e Kyrie. — Parabéns, vocês dois. Desculpe uma falha como esta. Kyrie colocou os braços ao nosso redor. — Não se desculpe, Harris. Estou feliz que esteja aqui. Nós estamos casados de qualquer maneira, então agora podemos começar a parte divertida.


— Na verdade — o ministro interrompeu, — Ainda não fiz oficialmente o pronunciamento. Assim… — Oh! — Kyrie se endireitou e voltou correndo para ficar de frente para Roth, com as duas mãos na dela e estudando suas feições com algo parecido com seriedade. Roth esboçou um sorriso, balançando a cabeça minuciosamente. — Aos olhos de Deus e todas estas testemunhas, eu vos declaro marido e mulher. Você pode... — Ele parou, com um sorriso no rosto. Roth já tinha inclinado Kyrie sobre seu braço e a beijava. De língua. — Bem. Parece que você já sabe. Quando eles finalmente se endireitaram e quebraram o beijo, o ministro segurou as mãos unidas entre as suas e levantou-as. — Apresento-lhes agora o Sr. e Sra. Valentine Roth. Havia uma plataforma colocada sobre a areia que fazia um corredor por onde Kyrie entrara, onde a cerimônia acontecera e agora Kyrie e Roth caminhavam de mãos dadas de volta pelo corredor e até a área onde a recepção aconteceria. Cal era padrinho de casamento de Valentine e eu a dama de honra de Kyrie e os seguimos. A recepção em si era simples. Apenas um bartender, um jantar preparado e servido e por um único garçon. Nenhum hóspede, nenhum disparate. O bolo era do tamanho apropriado, simples, de duas camadas em preto e branco. A praia era a 18 metros de distância da propriedade de Valentine, no morro. Alexei, Sasha, Andrei e Thresh estiveram presentes como o detalhe de segurança. Eles usavam smoking combinando, mas cada um deles também carregava um rifle enquanto patrulhavam o perímetro. Foi igualmente sensual, cômico e assustador, ver homens de smoking extravagante com uma rosa em suas lapelas e gravatas borboletas, parecendo chiques e lindos... carregando grandes metralhadoras. A segurança foi um ligeiro exagero, já que Thresh descobriu que, com a morte de Vitaly, seus bens foram apreendidos e redistribuídos e o mundo do crime subterrâneo estava ocupado demais tentando preencher o vácuo de poder deixado por sua morte súbita, para se preocupar com alguém como Valentine. Em outras palavras, o perigo passou. — Como chegou aqui? — perguntei a Nick. — Eu não deixei muita escolha. Peguei meu soro, cânula e saí do quarto ainda no jaleco do hospital. Eu disse a eles que iria e eles poderiam ou me ajudar ou sair do meu caminho. Além disso, suborneios com uma enorme doação para o hospital. Dinheiro de Roth, é claro.


Eles me colocaram nessa geringonça estúpida, — bateu na cadeira de rodas e puxou o tubo de oxigênio — e reservei um vôo. Verifiquei com o hospital para encher o recipiente, conseguir um táxi e aqui estou eu. — Eu não acredito que esteja aqui. — passei meus braços ao redor do seu pescoço e inalei seu cheiro. — Faz apenas três dias, mas sinto que estive longe de você por um ano. Foi um inferno. Nunca me deixe novamente, ok? — Farei o possível. Eu espalmei as suas bochechas. — Resposta errada, amigo. Se for a algum lugar, irei com você. — E se for uma missão de resgate perigosa? — Você me viu lidar com uma arma. Você me ensinou a pilotar um avião. Acho que posso lidar com qualquer coisa que você manipular. — Alpha One Security tem uma abertura para um ativo de avaliação informativo. — Um o quê? — Alguém que classifica através de resmas de informações e escolhe o material útil. Eu balancei a cabeça. — Oh. Isso eu posso fazer. — Eu sei. Talvez tenha acabado de inventar a posição apenas para você. Você também poderia ser minha assistente pessoal. — Será que uma ou outra posição inclui benefícios sexuais? Eu tenho uma coisa pelo patrão, você sabe. — Certamente que sim. É todo o pau que pode manipular. — Eu posso lidar com um monte de pau. — Eu toquei meus lábios em seu ouvido. — Lembra da promessa que fiz antes, no hospital? — Como poderia esquecer? — ele mordiscou minha orelha. — Você pensa sobre isso ainda? — Você quer isso agora? — Talvez algumas bebidas com Kyrie e Roth antes? Ele fingiu um rosnado decepcionado. — Bem. Eu esperarei. Mas pretendo estar em sua bunda até a meia-noite.


Kyrie apareceu naquele momento, bem a tempo de ouvir Harris. Seus olhos se arregalaram. — Merda. Desculpe. Hora errada para conversar, acho. — Ela pegou minha mão. — Pode me emprestar Layla por um segundo, Harris? mim.

— Apenas a devolva-me até meia-noite — disse, piscando para

Ela me puxou pela areia até a beira da água, onde as ondas tocavam meus pés descalços e as bordas do incrível vestido feito por encomenda para Kyrie. Tinha um corpete de renda, com um painel de rendas sob os seios, suave, cetim impecável abraçando seu corpo incrível caindo até seus pés. Bonito, lisonjeiro, mas informal o suficiente para um pequeno casamento de praia. — Eu só queria falar com você rapidinho — disse ela. — Eu tenho algo para lhe dizer. Eu esperei, mas ela não continuou a falar imediatamente. — Então... diga logo, vadia! — Roth e eu, agora que Vitaly se foi, ficaremos aqui. Nesta propriedade, eu quero dizer. Mais ou menos permanente. E só queria que soubesse que você é bem vinda... Eu a cortei. — Kyrie. Baby. Docinho. Querida. Você não podia me pagar o suficiente para viver com você e Roth outro dia. Escutar vocês dois foderem como coelhos todo o maldito tempo? Eu já tive o suficiente. — Eu bati-lhe com meu ombro. — Além disso, estou com Nick, agora. Eu trabalharei para ele em sua empresa de segurança e, provavelmente, acabarei vivendo com ele. Ela me olhou. — Sério? Eu balancei a cabeça. — Eu realmente o amo. — Estou feliz por você — disse, abraçando-me. — Tão feliz. Eu não vou nem dizer 'eu te avisei'. — Você acabou de fazer. Com um encolher de ombros e um sorriso inocente. — Bem, eu lhe disse que sim. — Ela pegou minha mão. — De qualquer forma, isso não é realmente a razão que queria falar com você. — O que mais? Ela colocou a palma da mão em seu estômago, parecendo nervosa, de repente. — Eu... eu e Roth... Estou... grávida. Eu parei de andar abruptamente. — Você o quê?


Ela encolheu os ombros. — Enquanto você estava fora, eu falhei com minhas pílulas. — Será que Roth sabe? — perguntei. Ela olhou para mim. — Ele sabe? Ele já construiu uma creche. Ele pintou de rosa. Ele está absolutamente convencido de que é uma menina. Eu tentei dizer-lhe que não saberemos ao certo por mais 10 semanas, pelo menos, mas ele... apenas tem certeza que é uma menina. — Ela tinha um sorriso sonhador no rosto. — Nós falamos um pouco sobre isso de qualquer maneira, por isso é apenas... um pouco mais cedo do que pensávamos, isso é tudo. — Você terá um bebê. — Eu pisquei com força, tentando imaginar uma mini versão de Kyrie e Roth. — Maldita garota. — Isso é tudo que você tem a dizer? — Eu sou a madrinha, certo? E a tia honorária? Ela derramou uma lágrima. — Claro. — Parabéns. Sempre me pareceu uma coisa estranha de dizer quando alguém está grávida. Como, tudo o que você fez foi ter relações sexuais. A biologia fez o resto. — Eu a abracei e beijei sua bochecha. — Estou feliz por você, Kyrie. Isso é tão legal. — E quanto a você e Harris? Estremeci. — Querida, ainda tentando deixa-lo me amar sem me assustar. Nenhum bebê ou sinos de casamento acontecerá tão cedo. Você será a primeira — bem, a segunda a saber — quando houver. Prometo. Caminhamos até a praia por um tempo, com Alexei nos seguindo a uma distância. Quando voltamos, Nick falava com Roth e ambos tinham copos de uísque. Nick deu um tapa nas costas de Roth, o que me levou a suspeitar que Roth acabara de dar a notícia do bebê. Nós festejamos até tarde da noite. Kyrie não bebeu, claro, então bebi o suficiente por nós duas. Harris ainda se soltou um pouco. Responsavelmente, já que ainda estava ferido. Todo o tempo, porém, ruminei a pergunta de Kyrie. E Harris e eu? Casamento? Crianças? Eu nunca pensei que isso aconteceria comigo. Eu nunca pensei que o quereria. Eu sempre achei que organizaria amigos de foda quando


estivesse em um lar de idosos, visitando meus vários parceiros geriátricos. Aparentemente, o destino ou algo, tinha uma vida diferente em mente para mim. De alguma forma, sentada no colo de Harris, partilhando um copo de uísque com ele, a ideia não parecia tão assustadora ou impossível. Eu não estava convencida de que seria uma ótima mãe, uma vez que o único exemplo que tive era uma merda. Mas, se alguém faria de mim uma mulher honesta, esse era Nicholas Harris. E eu estava disposta a tentar. Ele puxou minha orelha para os seus lábios, quando Roth carregou Kyrie até seu quarto. — Só para você saber, eu a engravidarei algum dia. — Algum dia longe de agora? — Ainda não, não. Você não está pronta para isso. Mas estará. — Não estou tão certa, Nick. Ele se afastou para que pudesse olhar nos meus olhos. — Estou certo. Você será uma grande mãe, algum dia. — Podemos nos preocupar em ensinar-me a ser uma grande namorada, antes? Ele riu. — Certo. Eu não tenho pressa. Nós temos tempo. Eu puxei seu pulso para mim, levantando a manga do paletó e expondo o relógio. — É 02:02, Nick. Ele sorriu preguiçosamente para mim. — É, agora? Deixei escapar um suspiro. — Claro que é. Já passaram duas horas da meia-noite. — Eu tenho algo a cumprir, não é? — Ele me deu um sorriso cheio de promessas.

Fim


Nota da autora Ok, você provavelmente já está familiarizado com a exorbitante playlist da série ALPHA. Mas esta? É a mais escandalosa de todas. É repleta de um pouco de música incrível, abrangendo gêneros do indie folk ao metal instrumental e clássico. Somente coisas boas, em outras palavras. Espero apresentá-lo para uma nova banda favorita ou uma música incrível que ajude você em um momento difícil. Ou apenas uma boa melodia que posssa ouvir com as janelas abertas e fazer alguma percussão séria. A música é a minha vida e o combustível em todos os livros que escrevo. Arte de apoio. Comprar música ou pagar por serviços de streaming atualizados — compatilhe bons achados. Como sempre, obrigado aos artistas listados abaixo por criar inspiração sônica.


Playlist Mute Departure — Cult of Luna Hungry Face — Mogwai The Omega Suite pt.ii — Maroon TEN — album by Break of Reality A String Tribute to Skillet — album by Cellofourte Evolution — album by Primitivity Blood — Algiers Symphony of Shadows — album by Cello Fury COVERS — album by Break of Reality Every Red Heart Shines Toward the Red Sun — album by Red Sparowes Transcend — album by Philip Wesley Storm — Godspeed You Black Emperor Partita No. 2 in D Minor BWV 1004: V. Chaconne — Hillary Hahn He Films the Clouds Pt. 2 — Maybeshewill Making Love on the Mountain — The Woodlands Work Song — Hozier Mojo Pin — Jeff Buckley Revelry — The Careful Ones Too Repressed (Explicit) — Sometymes Why Hush — Theme from Turn by Joy Williams and Matt Berninger Vessel — Dry the River The Hanging Tree — Angus & Julia Stone C’est Moi — Rupa & the April Fishes Wade in the Water (Live at Spotify House) — Jamie N Commons


Far From Any Road — The Handsome Family Danger and Dread — Brown Bird Snake Song — Isobel Campbell & Mark Lanegan After Midnight — Dorothy Red Right Hand — Nick Cave & The Bad Seeds One Cello x 16: Natoma — album by Zoe Keating Japanese Sky Transcript — Maybeshewill Battle Cry — album by Two Steps From Hell Phenomena — album by Audiomachine Epicon — album by Globus Evolution — album by Fringe Element Arktika — album by Pelican Sol Eye Sea I — album by Irepress Gun In My Hand — Dorothy The Railroad — Goodnight, Texas Lie To Me — Johnny Lang Suite for Cello Solo No. 6 in D, BWV 1012: 1. Prélude — Johann Sebastian Bach, played by Mischa Maisky Once Upon a December (from Anastasia) — Emile Pandolfi So Far — Haushka Atlantico — Roberto Cacciapaglia Woman (Oh Mama) — Joy Williams Goldrush — Paper Airplanes Dark Side of the Heart — Maggie Bjorklund Lost Boys — Paper Bird Nothing But the Water (I) — Grace Potter & The Nocturnes Bad Things — Jace Everett


Boy Got It Bad — Kali Baxley How’s It Gonna End — Tom Waits Stolen Roses — Karen Elson


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