Edição Especial - 19.000 km com uma kombi 1961 em 1963

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POSTAR FOTO REBULI EM CASA de quarentena!!! Kombi de quarentena!!! Todos de quarentena!!!


Olá Amigo Leitor(a), incialmente agradecemos o neto do Sr. GILDO GUARNIERI, o amigo Miguel Guarnieri Júnior, que nos autorizou a replicar o “diário” pessoal de seu amado avô aventureiro, para compartilharmos com todos que acompanham nossa humilde revista tosca mais feita com todos carinho e dedicação minha, kombeiro corujeiro que, após ler este diário, um novo herói kombeiro que agora ira falar com todos nós através deste documento pessoal e especial deixado para a família Guarnieri, antes de começarmos esta belíssima “viagem leitura”... Mais antes vamos conhecer nosso novo amigo Miguel Guarnieri Júnior!!!

FIQUE EM CASA! Entre em contato conosco pelo whats +55

41 984562236



ANTES DE COMEÇARMOS ESTA AVENTURA ESCRITA, VAMOS CONHECER QUEM NOS PERMITIU E AUTORIZOU O COMPARTILHAMENTO DESTE DIARIO PESSOAL COM TODO MUNDO


Olá Cultura “Kombi”, me chamo Miguel Guarnieri Júnior, casado pai de duas meninas (já moças agora kk), fora do trabalho gosto de um bom churrasco com a familia e amigos, tenho por hobby viagens também, mas as faço de moto sempre com minha esposa na garupa, quem sabe num futuro fazer viagem numa Kombi Home !!!, sou casado com a Daniela e minhas filhas são a Daiane e Suelen, e meus pais Miguel e Catarina, sou formado em Administração de Empresas, com pós graduação em economia e finanças, trabalho na empresa de nossa familia a IGIL Gráfica Itu (www.igil.com.br), que foi fundada pelo meu avô Gildo e hoje junto com meus primos somos a terceira geração na empresa, que agora dia 03/08/2020 completou 70 anos.


Fundada em 1950, a IGIL busca, desde então, evoluir sempre. Passando por várias etapas, hoje temos orgulho de nossa história e por termos nos tornado uma empresa moderna e bem-conceituada no mercado, possuindo um parque gráfico completo e inovador. Com larga experiência e consolidação, atuamos principalmente nos segmentos: promocional e editorial. Nosso maior objetivo é atender nossos clientes pensando sempre no seu sucesso e custobenefício, oferecendo o melhor serviço, com a melhor qualidade. Nossos Produtos Folder, cardápio, livro, manual, wobbler, caderno, calendário, adesivo, embalagem personalizada, revista, panfleto, pôster, catálogo, pasta, filipeta e muito mais.

igil.com.br


Infelizmente não conheci pessoalmente meu avô, ele faleceu no ano em que nasci, mas pelas histórias de meu pai e tios e amigos próximo, ele gostava muito de viajar, antes dessa viagem ele viajou de fevereiro de 1952 a julho de 1952 por toda américa do sul, nesta viagem fez de trem, barco, etc. (hoje seria um mochileiro kkk), e como relata em seu diário, esta viagem havia sido projetada quando da visita a um amigo, Sr. Renegildo Micai, em outubro de 1957 no Rio de Janeiro, em dar uma volta pelo Brasil com o jeep Willys de amigo, mas quatro dias antes da partida o Sr. Renegildo desistiu e até inicio de 1962 ficou a procura de outro companheiro para a viagem, foi a ocasião que ele adquiriu a Kombi...


Amigo Leitor, “rede do bem”, nos ajude a localizar aonde esta esta KOMBI AVENTUREIRA nos dias de hoje, você que tem uma Kombi 1961, ou sabe de um amigo que tenha, verifiquem se o chassis de numero 37.843 e entre em contato com: Whtas: 41 984562236 com Rebuli ou atendimentoKOMBImagazine@gmail.com


e fez a uma publicação no Jornal Estado de SP e na Gazeta Esportiva (foto do classificado anexo), procurando companheiros para a viagem em fevereiro de 1962 enviou para a revista 4 rodas a publicação e uma carta contando sobre a viagem e após a publicação apareceu interessados e após contatos foi marcado para 05 de junho de 1963 o inicio da viagem.



Todas as fotos aqui apresentadas foram feitas por esta maquina de fotografia colada ao corpo do Sr. Gildo. A história de toda essa viagem ele relatou em um diário, (envio uma cópia da transcrição dele que esta duplicada a seguir pelas mãos do novo amigo Rebuli, nele ele relata em detalhes tudo o que ocorreu, as quilometragens percorridas, as ocorrências, curiosidades etc. Acho design sem igual, um veiculo muito versátil que até hoje não houve um substituto com a mesma diversidade de utilizaçãoa um custo acessível a um grande número de pessoas. Acho muito interessante, o "Kombi Clube Curitiba" e esta revista digital a KOMBI magazine é o resgate da história de nosso pais, foi um veiculo muito utilizado e até hoje é desejo de muitos, os clubes de veículos além de reunir pessoas com mesmos hobbys ajudam a contar aos mais novos como era a vida antes da tecnologia de hoje, (que fecha muitos dentro de casa), e que estão perdendo o


Gildo Guarnieri

contato pessoal, o prazer de compartilhar histórias e principalmente o companheirismo. E ter uma revista e muito legal é uma ferramenta para compartilhar conhecimento e histórias.

Apesar de não ter conhecido pessoalmente meu avô, seus diários (desta e de outras viagens que fez pelo mundo) despertou em mim um desejo em viagens, neste momento que minha filhas já se encontram formadas e encaminhadas eu e minha esposa estamos colocando em pratica nosso desejo de viajar e desde 2013 comprei uma moto mais robusta e estamos viajando pelo Brasil, neste anos fizemos nossa primeira internacional até o Uruguai mas fomos surpreendidos por essa pandemia e tivemos que abortar no meio, mas já está tudo programado para que em 2021 seja realizada novamente. Compartilhar a história desta viagem do meu avô com pessoas que admiram a Kombi e poder despertar neles esse desejo e viajar e muito gratificante, espero que a história dele sirva de incentivo a muitos jovens para manter vivo o amor por viagens e veículos, agora deixo todos vocês com as memorias de meu amado avô GILDO...


Nota do Rebuli: Amigo Leitor, o material a seguir foi escrito página por página, dia após dia a 57 anos atrás, por um KOMBEIRO RAIZ, então se trata de “ecos do passado”, não se trata de uma leitura qualquer, você vai entrar nas memorias do Sr. Gildo Guarnieri, em uma verdadeira maquina do tempo, com fotos de lugares que já naõ estão mais como nas fotos, escritas do jeito da época, pontos de observação pertinentes somente a ele, naquele momento temporal, assim, talvez para quem não se colocar no ligar dele, dentro da Kombi 1961 dele, não consiga sentir o que ele sentiu, o que ele presenciou, o que ele anotou, e nesta leitura a seguir, lhe será repassado de uma maneira prática de um kombeiro real e aventureiro de uma época que não volta mais, mas pode ser revivida a cada dia de uma dessas suas viagens! A partir deste mmento, se coloque dentro da cabeça (diário) do Sr. Gildo, no ano de 1963, se posicione na “boleia” de sua Kombi 1961 e vamos viver este momento!!! Sempre permaneça aventureiro. Por nenhum momento se esqueça de que a vida pertence aos que investigam, ela não pertence aos estáticos; Ela pertence ao que fluem. Nunca se torne um reservatório, sempre permaneça um rio.



Rebuli.Marco KCC – Kombi Clube Curitiba


Diário Roteiro da viagem Itu – Pôrto Velho (Rondônia) Belém (Pará) Recife (Pernambuco) Salvador (Bahia) Rio de Janeiro (Guanabara) Itu (S. Paulo), com saída de Itu – SP

1º Dia – 5 de Junho de 1963 Itu – SP Quando da estada no Rio de Janeiro, em outubro de 1957, ficou projetada uma viagem em volta do Brasil, viagem essa que seria realizada um ano depois, com o Sr. Renegildo Micai, em seu jeep Willys. Quatro dias antes da partida, o Sr. Renegildo, sem oferecer qualquer justificativa, desistiu da viagem. Até o início do ano de 1962, fiquei a procura de novo companheiro. Nessa ocasião adquiri uma “Kombi” e anunciei em “O Estado de S. Paulo” e na “Gazeta Esportiva” (despesa de CR$ 15.000,00 (naquela época) com as publicações) com o título “Conheça o Inferno Verde”. Apareceram alguns curiosos que no final desistiram. Procurei então a Revista “4 Rodas”, para uma notícia, mas, devido a adiantado estado de confecção da mesma não foi possivel a inserção da nota. Daí, desisti da viagem para aquele ano de 1962. No mês de fevereiro, mandei para a Revista “4 Rodas”, uma carta pedindo a publicação de uma nota sôbre a viagem pretendida, tendo eu juntado um recorte do jornal de 1962, falando do convite a uma viagem ao “Inferno Verde”.


Guanabara: Foi um estado do Brasil de 1960 a 1975, no território do atual município do Rio de Janeiro. Kombi: automóvel utilitário produzido pela Volkswagen. É considerada a precursora das vans de passageiros e carga. A Kombi é produzida no Brasil da mesma forma por cinquenta anos. Embora isso demonstre a viabilidade do projeto original, tal sobrevida se deve muito mais à peculiaridade da economia e sociedade brasileiras, onde um anacrônico modelo divide as ruas (e o mercado) com modelos muito mais modernos. Características técnicas Modelo 1200 (1957-1967) Pesos :

Em ordem de marcha (kg): 1040; Carga útil (kg): 810.

Motor:

Traseiro, refrigerado ar, boxer Movido a gasolina

Cilindrada: 1192 cm³ (1,2l) Potência líquida máxima cv - 36 Desempenho: Aceleração de 0 a 100 km/h (s): Velocidade máxima (km/h): 94 CR$: Cruzeiro, moeda vigente no Brasil de 01/11/1942 a 12/02/1967. Com a publicação da nota na citada Revista, apareceram 3 interessados sendo 2 do Rio de Janeiro e, 1 de São Paulo, sendo que êste devido ao tempo que dispunha tencionava ir apenas até Manaus e dali voltar em avião. Por meio de convites pessoais, aceitaram a viagem o Sr. Waldomero Caldas e o Sr. João (proprietário da Papelaria Rosário). O primeiro, por motivos de doença e negócios, desistiu; o Sr. João, teve que desistir por que o médico


achou que ele não tinha condições físicas para tal viagem. Finalmente, depois de alguns contatos telefônicos e pessoais para tratar de certos detalhes da viagem, a partida de Itu foi marcada para 5 de junho de 1963 e o encontro com os companheiros do Rio de Janeiro foi acertado para Anápolis (Goiás). Antes da partida a “Kombi” passou por duas revisões: a primeira nos agentes da VW em Itu e, depois, na Itu-Volks, em razão de uma observação que o Sr. Camilo Bruni fizera quando levava-me a Kombi depois da solda que eu mandara fazer no escapamento. Assim, às 13,00 horas do dia 5 de junho de 1963, parti, juntamente com o companheiro de S. Paulo, via Salto, Campinas. O velocímetro marcava 37.276 Km. No rádio do carro ouvia-se Carlos Galhardo na valsa “Valsa Nupcial”. Levava em dinheiro CR$ 88.762,00 (oitenta e oito mil, setecentos e sessenta e dois cruzeiros) para as despesas de ambos, já que o companheiro não dispunha e recursos e pagaria sua parte depois do meu regresso a Itu e, assim mesmo em prestações mensais, condição que aceitei em razão de não encontrar outra pessoa interessada na viagem. Perto de Limeira, parei para um cafezinho, que por sinal eles não cobram em certos bares. Em Americana a “Cidade Tecelã” fizemos uma visita ao Sr. José Mathias de Azevedo Jr., a rua 30 de Julho 354, velho amigo integralista que para minha tristeza se achava muito gripado e deveras abatido.


Às 17 horas cheguei em Piraçununga, onde visitei o meu primo Ferdinando Morcelli. Jantei com o meu companheiro, em casa de um seu parente que é medico do exército naquela cidade, onde arranjei 3 litros de pinga. Chegamos a Ribeirão Preto e nos hospedamos no Hotel Brasil. Fomos ao Bar Pinguim para um chopp e lá encontramos um ituano! Deitamo-nos às 23 horas.

2º Dia – 6 de Junho de 1963 Ribeirão Preto – SP

Levantamo-nos às 6 horas. Pagamos hotel. CR$ 700,00 por pessoa para o pernoite. Tomamos café. Abastecemos o carro, 32 litros de gasolina. Velocímetro 37.532 (286 km de viagem). Antes de Uberaba (veloc. 37662) um urubú do mato foi apanhado pela Kombi. Eram 9,30 h. Batidas 2 fotos com a ave nas mãos.

Em Uberaba compramos postais e tiramos fotografias do centro e da Estação Rodoviária. Partimos para Uberlandia e, às 15,15 h, depois de um bom almôço, partimos, com vel. 37.830, para Itumbiara na ponte da divisa com Goiás, fotografamos a Ponte Afonso Pena, sôbre o Rio Paranaiba, parte metálica, construida em 1908 a 1909 e, tambem a ponte de concreto, cujo vão central ruiu logo após ter a mesma sido inaugurada pelo então presidente Juscelino. Dormimos em Itumbiara. Levantamo-nos às 6 horas. Já rodamos 741 Km.




3º Dia – 7 de Junho de 1963 Itumbiara – GO Partimos para Anapolis (Goiás) onde chegamos às 11 horas. Fomos ao correio buscar carta dos companheiros do Rio, para saber onde estavam hospedados. Não havia carta. Fomos até a agência da Willys, mas estava fechada. A procura nessa agência de automóveis tem razão de os companheiros do Rio viajarem numa “Rural Willys”. Um empregado da oficina nos adiantou ter visto 2 pessoas com uma Rural, por sinal com muita carga. Ficamos mais aliviados e fomos à procura dos mesmos. Ao tomarmos aposentos no Hotel Palace (CR$ 1.500,00 por pessoa para dormir) digo, diária completa, o recepcionista nos informou estarem os nossos companheiros nos esperando há 2 dias. Depois dos cumprimentos e esclarecimento dos fatos, fomos novamente ao correio (desta vez os 4) e pessoalmente pedi correspondencia para Gildo Guarnieri e novamente me disseram não existir. Todavia a funcionária dos Correios que


havia vendido o sêlo para a carta a mim destinada se lembrou do fato e confirmou que os companheiros do Rio ali haviam estado com essa finalidade. Porém, a carta colocada para POSTA RESTANTE não apareceu!!! Compra de postais. Fotografias batidas. Revelação e 8 cópias: 160,00!!! 4º Dia – 8 de Junho de 1963 Anápolis – GO Saída de Anápolis às 6,30 h com destino a Brasília enquanto que os companheiros do Rio partiam para Goiania, onde nos encontraría-mos. 70 Kms antes de Brasília passamos pela cidadezinha de Alexânia.

Chegamos em Brasília às 10 horas. Telefonemas para Dep. Plínio Salgado e Ulisses Guimarães que não estavam em Brasília. Finalmente recorri a um amigo do R.


Roberto (do Banco União de Crédito de S. Paulo), o sr. Dr. José Carneiro Lacerda, Fone 2.6349, funcionário do Senado Federal que, gentilmente, em nossa Kombi nos levou conhecer Brasília tôda. É uma cidade fantástica. Não tem esquinas nem cruzamentos. Edificios magestosos e monumentais. Grandiosa estação rodoviária. Compramos postais e fotografamos. Às 12,30 horas (veloc. 38462) partimos para Goiânia (Goiás) onde nos juntamos aos companheiros do Rio que se achavam hospedados no Presidente Hotel (bom) CR$ 1.500,00 p.p. para dormir. Jantamos fora.

5º Dia – 9 de Junho de 1963 Goiânia – GO


Veloc. 39080, digo 38.711. Saímos às 6,30 horas com destino a Jatai. Na saída de Goiânia já começamos a viajar em estrada com leito de terra. É pó que não se acaba mais. A Rural do Rio, batendo numa pedra amassou o aro por dentro. A Kombi foi buscar socorro de mecânico, pois não se sabia ainda o que era o barulho que se ouvia. Não se encontrou o mecânico e nesse meio de tempo foi descoberto o defeito. Trocado o pneu da Rural êles (do Rio) nos encontraram na cidade de Jatai. Tomamos um hotel cujo nome esquecemos de anotar. Levamos a Kombi para tomar gasolina e a bomba do pôsto da Mercedes Benz marcou 43,5 litros. Dei o grito e quis pagar só 37 litros que é o que julgava ter apanhado, pois deveria ter uns 3 litros no tanque. O Empregado então não quis receber e o dinheiro correspondente a 37 litros deixei com o dono do hotel para entregar ao dono do pôsto. 6º Dia – 10 de Junho de 1963 Jatai – GO Saimos cedo do hotel (6 horas) e não tomamos café porque faltava “doce” (açúcar). Chegamos em Alto Araguaia na hora do almôço e tomamos refeição no posto de gasolina. Ao pagar a despesa o dono do pôsto me reconheceu e disse: “Você não é de Itu”? e, depois lembrou-se que eu fora dono do Bazar Regente Feijó, em Itu, onde o referido Sr. trabalhou na gerência a Loja Gazzola, em seu início de atividades. Parece que o seu nome é Nelo ou Melinho. Seguimos, em seguida, rumo a Alto Garças onde chegamos às 18 horas.


Reabastecimento e pernoite em quartos do único pôsto de gasolina. De dia sem luz e à noite ela é horrível. Jantar, com 2 cervejas e pôuso para 4 pessoas, apenas 1.460,00!!!

7º Dia – 11 de Junho de 1963 Alto Garças – MT As 5,20 h (MT) veloc. 39335. Rápida parada no Km 39396 devido encruzilhada. Km 39.411, forte areião. A busina é danificada no “camaleão” (saliência de terra ou areia existente entre os dois trilhos dos pneus, formados principalmente pelo alto pêso dos caminhões). Km 39.479, curva perigosíssima, sem sinalização. Logo adiante o caminhão de Araçatuba 80.2443, acidentado em razão de ter vencido a curva em relativa velocidade. Foto do caminhão, para ser enviada ao seu proprietário, que no momento não se achava no local. A mudança que transportava ficou moida. O parabrisa, todavia, despregou-se, e não quebrou!!! Chegamos à Cuiaba, 20 h, Km 39819, hospedamos Santa Rosa Hotel.


8º Dia – 12 de Junho de 1963 Cuiabá – MT Dia inteiro consumido para limpeza do carro e da carga que tinha muito pó. Compra de fotos. Refeições do Bar do Papai. Muito calor – Hotel c/ bom chuveiro. Ventiladores no quarto que ficou ligado para poder durmir. 9º Dia – 13 de Junho de 1963 Cuiabá – MT Dia consumido na revisão da Kombi. Troca de platinado. Refeições no Bar do Papai. Muito calor. Agente VW – Mário Fava.


10º Dia – 14 de Junho de 1963 Cuiabá – MT Partida às 7 horas, Km 39.841. Não tendo energia os pneus foram cheios com bomba a pedal, esta tomada emprestada de uma loja de móveis defronte o pôsto 15; que o pôsto tinha bomba a pedal mas não funcionava!!! Ali adquirimos para os 2 carros, um tambor vasio por 3.000,00 e tomamos 400 litros de gasolina a 60,00. Almoçamos em Rosário D’Oeste, pequena cidade, sem médico. Êste foi conseguido com o govêrno mas os políticos locais para não dar “azas” para essa mulher que está na cidade há pouco tempo, anularam a nomeação do facultativo. Reabastecimento dos carros pois, nos próximos 1.450 Km, até Pôrto Velho, em Rondônia, não existe um pôsto ou bomba para venda de gasolina. Compramos laranja a 4.00 cada. A gasolina aqui custou 65,00 por litro. Numa pensão de estrada, de um alemão, jantamos e dormimos. Fot. prox. acamp.



11º Dia – 15 de Junho de 1963 Estrada MT

Km 40.122 – Café (com Nescafé e Leite Glória) fiambrada Swfit, pão do alemão, torradas, com açúcar União. Km 40.192, reabastecimento com foto (o 1º da nossa reserva de gasolina). A Kombi transporta combustivel para os dois carros: 454 litros, 2 estepes, ferramentas, malas, 60 litros de água mineral, 2 cx. oleo nº 20 e etc. pêso de mais ou menos 900 Ks. Nessa altura da estrada entramos numa reta de 54 quilômetros. Passamos por uma placa que indicava a entrada para a Missão Evangélica aos índios – Casa de Jorge. às 12,30 h., Km 40.420, 1º almoço na estrada: sardinhas Rubi, Palmito Stein, pão do alemão e laranjas de Rosário D’Oeste, isso ao lado de 2 FNM e 1 Mercedes que também seguiam para Pôrto Velho, com carregamento de cerveja, sendo que o proprietário de um dos FNM é natural de


Sorocaba, tudo se transferido para Presidente Prudente. No Km 40.530, da BR 29, marco (uma taboleta) indicando local da futura cidade de “Juruena”, onde exercitamos a pontaria, com a “Wuichester” que o Orlando da Silva nos emprestou. As 19,00 horas alcançamos o acampamento do DNER, onde o encarregado nos atendeu muito bem. Usamos de mêsa e cozinha do acampamento para a nossa refeição (lataria). O cozinheiro nos deu manteiga, goiabada e café. Como os trabalhadores estivessem com “secura na garganta” (falta de pinga) demos-lhes uns 3 litros, enfraquecendo nossas reservas para 2 litros. Arranjaram-nos cerca de 270 litros de gasolina para podermos atingir P. Velho, pois pelo gasto até alí, o combustível não deveria dar. Dormimos ali. O meu companheiro dormiu antes. Esta bem “chumbado” (pinga).


12º Dia – 16 de Junho de 1963 Vilhena – RO

No acampamento do DNER, deixamos bastante medicamento, inclusive alcool, que êles não tinham nem para as aplicações de injeções. Fotos da D12, valor 50 milhões (parada por falta de operador) porque o govêrno suspendeu a nomeação de operários!!! Enquanto isso, os cargos de sinecuras continuam a aumentar as despesas do funcionalismo. Destaque-se que Vilhena só tem o acampamento do DNER e de há muito figura nos mapas do Brasil como cidade de 2 a 5 mil habitantes!!! (mapa inclusive do IBGE). Partimos às 8 horas. Veloc. 40.667. No Km 40.724, foto de erosão, na BR 29; Sinecura: é um tipo de emprego ou função, quase sempre em cargo público, e que praticamente não requer responsabilidade, trabalho ou serviço ativo. Historicamente, as sinecuras servem como instrumento de poder dos governantes, que as concedem em troca de favores políticos. Neste sentido, vincula-se também à prática do nepotismo.

Foto de panorama da estrada cujo leito pode ser considerado bem até aqui, apezar dos sulcos perigosos atingindo o meio da estrada, deixando pequena passagem para os veículos. Fomos informados que depois de Pimenta Bueno a estrada era ruim. Km 40.740, atingiu aro roda esquerda, dianteira, pelo lado de dentro, o que obrigou-nos a parar para substituí-la. O nosso macaco se desarranjou e esperamos a Rural para com o seu macaco proceder a troca. No Km 40.852, entramos num desvio que dá para Pimenta Bueno, cidade de uns vinte casebres cobertos de um mato regional chamado “anajá”, do qual também são feitas as paredes das casas, depois que estas tem pronto o esqueleto de madeira. Até a “cidade” que estava em fase de abandono por parte dos seus moradores, lutamos contra dois quilometros de


estrada horrível. Fotos dos casebres abandonados. Almoçamos às 14 horas, num bar perto do Rio Barão de Melgaço. Antes do almôço, tomei um banho no citado rio. Fizemos a travessia do rio numa balsa do DNER, isso às 17 horas. Logo em seguida da travessia, pesado areião. Encalhou a Rural.

Depois de desfeito o “camaleão” a Rural saiu e com cabo de aço ajudou a Kombi a atravessar o dito areião. Fomos até o acampamento da CIB – Comércio e Importação, que é encarregada do trecho de estrada ruim que começa depois da balsa. Fomos recebidos pelo Sr. Diomar, encarregado do acampamento que nos arranjou 2 camas de campanha e dois colchões para os 4 dormirem. Deu-nos café e colocou a geladeira com o que ela possuia, tudo a nossa disposição. Fizemos uso da geladeira apenas para gelar uns litros de água mineral que tinhamos.


13º Dia – 17 de Junho de 1963

Estrada – RO – Acamp. da C.I.B. Tomamos café – Demos-lhes cigarros que nos pediram por não os terem. Km 40.881 na saida. No Km 40883, atoleiro em que por garantia, a Rural partiu ajudando a Kombi, por um cabo de aço; Km 40886; encalhe da Rural no “camaleão”. A Kombi puxoua para trás. Desempedida a Rural, atrelou-se a Kombi com o cabo de aço e ambas atravessaram o atoleiro. Foto da Kombi, dentro de uma lagoa da estrada (água empoçada). Km 40898, nessa altura a Kombi passou a ser dirigida também pelo meu companheiro e quebrou o terminal da barra da direção (lado do motorista). A pé, voltamos 12 Km até o acampamento da CIB onde a peça foi soldada. Ali almoçamos os 2, pois os companheiros do Rio ficaram olhando o carro. O Sr. Diomar mandou-nos de jeep até encontrar os caminhoes do DNER e



maquinário da SEMARSO S.A – (Sérgio Marques Souza). Tendo tomado um caminhão do DNER para cada um de nós, o meu companheiro seguiu na frente. Antes de atingir o ponto onde se achava a Kombi, ao subir um trecho de estrada, um pouco forte, a carga de chapas e parafusos para baeiros da estrada BR 29, caiu tôda, em razão de estar mal fechado a carroceria de aço. O meu companheiro seguiu a pé. Como o caminhão atravancou a estrada, ali ficaram até que chegasse a D8, da Semarso e desimpedisse a estrada. Depois prossegui com um “Mercedes”, pois o carro do DNER em que eu viajava também encrencou. Finalmente, às 21 horas, chegamos a beira de um rio (Km 40.902). Os caminhões não passaram pela pinguela e eu a atravessei a pé para ir dormir na Kombi. Esta foi a primeira noite passada no carro. 14º Dia – 18 de Junho de 1963 Estrada – RO Saida 7,00 horas – Duas pinguelas. Areião. Lamaçal; 40910 – terminou o suplício da 1ª picada (trecho) Falhou o carro. Trocamos martelete mas nada adiantou. Verificou-se que o defeito era na ignição. Km 40916 – Pinguela. Km 40.917 – caiu na pinguela, com a roda esquerda, trazeira. Km 40.919 – Pinguela. Km 40.921 – Lamaçal – Kombi ajudada por 10 homens. Km 40.928 – Igarapé (rio) da Laje – 40.931 – Passagem de rio entre pedras. Travessia dificil e perigosa. Km 40.937 – Igarapé da Palmeiras – pinguela. Km 40.952 – caminhão atolado. Parada forçada. Depois da saida do


caminhão, violento “camaleão” de terra firme. Poucos metros novo atoleiro. A Rural ajuda a Kombi com o cabo de aço. Km 40.956 – Foto de caminhão atolado. Proprietário Bolivar Olavo – Rua Barão de Melgaço, 1.560 – Cuiabá – MT.


Emprestamos o nosso cabo de aço. A Rural ao puchar, estourou o cabo!!! – Km 40.957 – Primeiro atolamento que precisamos de ajuda de caminhões. Devido altura do “camaleão”, os fios da busina se romperam contra o chão. Os nossos carros um com cada caminhão, amarrados com cabo de aço, grosso, foram arrastados para fora do atoleiro e fomos até à margem de um rio onde pernoitamos.

15º Dia – 19 de Junho de 1963 Estrada – RO

Km 40.958. Saimos às 7 horas. Km 40.960, encalhamos. Os caminhões com quem viajámos, com pressa de chegar a Porto Velho, deixaram-nos. Eu, tomei um caminhão que não nos pode socorrer porque não tinha cabo de aço e fui até Rondônia atrás de socorro. No trajeto, alcançamos a conhecida “ponte do japonês”. Êsse “japonês” que conheci, é paulista de Bauru, iniciou uma viagem neste roteiro, na ocasião do início da estação chuvosa. Embora advertido tentou a travessia. Consumiu 180 dias, tendo construido a ponte que é conhecida como a ponte do japonês, construiu


casa com folhagens e, sua mulher que viajava junto, deu ali, luz a seu filho! Antes de chegar em Rondônia, alcancei viaturas do “Semarso”, com quem passei a viajar. Nessa altura, um carro de abastecimento da “Semarso” alcança aos demais e sua presença já é para uma certeza que a Kombi já estaria fora do atoleiro, pois só assim o carro de abastecimento poderia passar. Informado pelo motorista que a maquinária da Semarso já estava perto do referido atoleiro, fiquei tranqüilo e certo de que já não mais precisaria conseguir socorro. Às 17 h. cheguei a Rondônia, passei pela balsa e fiquei hospedado numa pensão à margem esquerda do Rio Machado. Lá por volta de 21,30 fui dormir, tendo pela primeira vez feito uso de uma rede. Desacostumado com êsse meio para repousar, pouco dormi e, pela madrugada, devido a um pouco de frio, o mesmo subia por baixo da rede até minhas costas. 16º Dia – 20 de Junho de 1963 Rondônia – RO Levantei-me e, após o café, fui ao telégrafo da DNER, onde conversei com o Sr. Nóbrega e fiquei sabendo de irregularidades praticadas por um engenheiro do DNER aqui destacado, o qual incluia na fôlha de pagamento nomes de pessoas que na realidade não prestavam serviço ao DNER. Descoberta a coisa foi o engenheiro, demitido. Mas, o DNER (chefia) continua sua desconfiança na sede de Rondonia e não atende seus pedidos, mesmo de medicamentos, que normalmente servem para a população. Não existe farmácia. Nem médico, é claro. Não há cadeia. Quando existe um prêso, este fica acorrentado à uma árvore, sujeito à intempérie. Pelo telegrafo do DNER, passei telegrama ao meu irmão Fernando, solicitando remessa urgente de 100.000,00 para Pôrto Velho. As casas são cobertas e fechadas com uma folhagem de nome “ANAJÁ”. Passei o dia perto da pensão que fica ao lado do rio Machado. Não tomei banho porque disseram-me


que no rio tem muita PURAQUÊ (peixe elétrico) e que era perigoso. Ao escurecer, chegou na outra margem do Rio, a Rural e a Kombi. Logo depois chegam caminhões e maquinária da Semarso. 17º Dia – 21 de Junho de 1963 Rondonia – TR Logo pela manhã os companheiros fazem a travessia em bote. Tomámos café e voltamos para junto dos veículos para o transporte na balsa. Foto da balsa. Depois da travessia, foto com arco e flexa. A turma tôda, depois de 5 dias duros, nos atoleiros, esta picada pelo PIUM, inseto como o mosquito pólvora mas, de efeito do borrachudo. Estamos todos encaroçados. Êsses dias passamos só de calção pois todo o instante tínhamos que ajudar os carros nos atoleiros. Segundo informações ainda teremos uns 30 a 40 Km ruim. A passagem da balsa que é do DNER é gratuita. Mas como há um ano esta desarranjado o motor, um barqueiro auxilia o movimento da balça e cobra 2.000,00 por veículo. Caminhão FNM com 15.000 ou Kombi! Atravessou com 3 carros de passeio em 3 minutos e “papou” 6.000,00! Isto é Brasil. A terra em que se plantando dá. Mas bobo de quem perde o tempo plantando se há muito jeito de ganhar facilmente. O problema da malaria nesta região tende-se a agravar devido as valas formadas com a retirada de terra para fazer o leito da estrada mais elevado. Fotografia da “Escola Dom Bosco”, ex-residência de um sobrinho do Marechal Rondon, que foi governador e deputado no Território. Km 41.028 – Pinguela – a “perua” cai. Fotografia. Km 41.040, junto de um grande atoleiro passa um caboclo e diz: “que estrada boa!”, ao que eu respondi: “Sim, muito boa para enterrar nas valas do atoleiro, os responsáveis pela estrada”. A Rural só consegui passar arrastada pela 944ª, da Semarso enquanto a Kombi atravessou bonito. Grande sensação entre os presentes. Km 41.041, acampamos às margens do Rio Boa Vista, no local do mesmo nome,


nĂşcleo de seringueiros. Jantamos palmito, salsicha e torradas. Antes porĂŠm um banho no Boa Vista. Os companheiros adquirem sapatos de borracha pura usada pelos seringueiros.



18º Dia – 22 de Junho de 1963 Estrada – RO Levantamos às 5 horas. O trecho ruim terminamos ontem. Fotografia de um casal de MUTUM, bico côr de abóbora. O caboclo conta que se o seringueiro quando vai trabalhar encontra uma onça, o dia é de sorte! Sim porque se a onça for grande a pele vale de 15 a 25.000 cruzeiros. A Kombi é desconhecida aqui, pois só caminhões vencem estes caminhos. Alguem disse: “parece um tatu”. Km 41.047, estrada ligeiramente menos ruim. Km 41.065 – Foto na pinguela – Depois puchada pelo Rural (no tope). Km 41.093 – Balça no rio Jarú. Km 41.117 – Almôço às 12 horas. Tomamos os 4, 7 cervejas a CR$ 500,00 cada!!! Km 41.118 – Acampamento da SEMARSO. Despedida ao Sampáio que nos dá o enderêço do seu pai em Manaus. Foto a remeter-lhe. Km 41.148, local “Nova Vida”. rio Valha-me Deus. Km 41.301 – 20,40 h. Por encerrar os serviços da balsa às 20,00 h, pagamos 500,00 cada pela travessia, o Rio é o Jamaris. Km 41.366, nova balsa que encerra o serviço às 22 horas. Eram 22,40 h. Tivemos que dormir no carro ali nas proximidades.



19º Dia – 23 de Junho de 1963 Estrada – RO Levantamos 6 horas. Não tomamos café e isso há vários dias; ontem não jantamos, tudo por querer atingir Pôrto Velho. Travessia da balsa, que estava também sem motor (“viva” o DNER) – Rio Candeias Km 41.387 – Suburbios de Pôrto Velho – foto da “Boate” – “Boite vai quem pode”. Km 41.388 – Centro de P. Velho – são 7,30 horas. Alegria geral. Visita ao meu amigo Miguel Arcanjo Filho. Hospedagem no Pôrto Velho Hotel. Diária completa 2.300,00, em quarto simples. Não há chuveiro quente no hotel e mesmo na cidade onde o calor é horrível. 20º Dia – 24 de Junho de 1963

Pôrto Velho – RO Visita à cidade. Consultas sôbre comunicações (meios e horários) para Guajara Mirim, divisa com a Bolivia. Fui ao Banco do Brasil ver do dinheiro que pedi por telegrama. Nada veio. Cervejas, refrescos, sorvetes. O calor é intenso. Tento Itu pelo rádio amador. Nada. 21º Dia – 25 de Junho de 1963 Pôrto Velho – RO Giro pela cidade. Novamente no Banco do Brasil. Nada de dinheiro. Aqui os Bancos funcionam das 7,00 às 10,30 horas. O comércio fecha as 11,30 h. para o almôço e reabre às 14 horas para encerrar às18 horas. Depois do almôço o movimento decai muito. O calor desestimula a qualquer pessoa. Observo muito a palavra “Estiva” e fico sabendo que quer dizer “Secos e Molhados” (comestíveis). No


hotel o chuveiro é imundo embora o hotel seja o melhor da cidade. Encontro com o Miguel Arcanjo Filho, com seu “Bel-Air”, dámos uma volta e passámos no hotel para um bate papo com os companheiros. Devido interpretação apressada dos companheiros sôbre certas atitudes que eu teria tomado, do que eu fiquei admirado, foi resolvido pelos demais (os 3) a separação da caravana. Não houve argumentação capaz de convencê-los a não tomarem essa atitude. Consumada a decisão, retirei-me de junto deles e fui a outra mesa, sentar-me sozinho. Dez segundos depois um deles foi buscar-me, trazendo-me à sua mesa, dizendo que aquela atitude deles era para advertir-me a moderar as minhas atitudes. Já acabrunhado, embora tivesse voltado à mesa deles, disse-lhes que aceitava a decisão de abrir a caravana. À noite, fui à casa do Sr. Amarilo, o rádio-amador (dono de farmácia e vizinho do Miguel) e tentei falar com o Modesto. Não tendo sido possível, o rádio-amador Plácido se incumbiu de telefonar ao Modesto para que êle estivesse no seu aparêlho na manhã seguinte, às 8,30 h. (S.P) com o Paula, para uma conversa. Nessa ocasião pedi a um outro radio amador, que telefonasse para Itu, fone 555, transmitindo as minhas bençãos ao meu filho Gildo, pelo seu 19º aniversário. Em seguida fui para a casa do Sr. Miguel onde durmi (depois que botei o cortinado). Era 1,00 h. da manhã. Ventilador no quarto. 22º Dia – 26 de Junho de 1963 Pôrto Velho – RO Levantei-me às 6,30 h. Fui à casa do Sr. Amarilo. Pelo rádio falei com o Modesto e o Paula. Pedi ao Paula 100 mil cruzeiros para Pôrto Velho e que telefonasse ao meu irmão em Itu para saber se êle havia mandado os 100 mil cruzeiros que eu pedira por telegrama que enviara de Rondonia. No caso da falta de providência do meu irmão, por não ter recebido o meu telegrama, pedi ao Paula que enviasse


200 mil cruzeiros em nome de Miguel Arcanjo Filho. Às 9,30 h, coloquei a Kombi na frente do Pôrto Velho Hotel e bati duas chapas. Fotografei também a Avenida Eurico Dutra, onde fica localizado o Pôrto Velho Hotel; os Bancos “Brasil”, Lavoura de M. Gerais e Crédito do Amazônia. O Palácio do Governo, o seu lado esquerdo de quem entrada faz frente ao Pôrto Velho Hotel. Fui ao Banco do Brasil mas não tinha vindo o dinheiro. Tomei emprestado do Miguel, trinta mil cruzeiros. Paguei hotel e algumas despesas que ficara devendo aos companheiros de viagem. Por indicação do Sr. Miguel, procuro o Sr. Luiz Pinto, para saber do preço do transporte da Kombi até Belém. A noite volto à casa do Sr. Amarilo e no rádio só conseguimos Pôrto Alegre e Buenos Aires, tendo eu conversado com ambos, sendo que com o da Argentina, falei em castelhano e, pedi que localizasse o amigo Juan Carlos Zamboni (que conheci quando viajava nos Lagos Andinos) e dissesse que eu queria suas notícias. Pouco depois, deiteime.


23º Dia – 27 de Junho de 1963 Pôrto Velho – RO Levantei-me às 6,30 h. Fui ao Banco do Brasil e, nada de dinheiro. Tomei um copo de café com leite e um pãozinho: 100,00. Engraxei o sapato 100,00. A cidade tem mau aspecto na construção das calçadas (estas altas e sem guias) e as galerias são juntas do passeio mas cobertas apenas com lajotas de cimento, que se quebram e ficam os buracos perigosos. Fora do centro comercial as galerias são descobertas. É um perigo constante. Passei o resto do dia no armazem do Miguel, um pouco no hotel conversando com os ex-companheiros. À noite fui à casa do Sr. Amarilo bater um papo. Falámos de comidas (daqui de P. Velho e da de São Paulo) e falamos do “gerimum” (abóbora), leia-se, isto é, esta certo o nome. “Macacheira” é mandioca, cujo prato salgado eu não me lembrei do nome dado em S. Paulo. Logo depois, fui deitar-me. 24º Dia – 28 de Junho de 1963 Pôrto Velho – RO Levantei-me às 6,45 h. Chuveiro. Aliás, banho aqui, são diversos por dia, devido ao calor. Levei a Kombi para regular os freios (1.500,00) e depois noutra oficina para consertar a fechadura da porta central, que acredito ter sido forçada, à noite, embora não tenha notado roubo. Com essas oficinas só terminei às 17 horas. Esqueci-me de ir ao Banco do Brasil. Novo banho. Não existe aqui, chuveiro quente isto é, não tem chuveiro quem em lugar algum. Lendo jornal que mandei para Itu, vejo: cimento (preço propag) 2.600,00 (Itu 800,00) cerveja 350,00 (Itu 100,00) ½ lt. água mineral 150,00 (Itu 40,00) queijo duro, mineiro 1.000,00. Fui jantar no restaurante costumeiro mas não o fiz ali pois só tinha file a arroz. Já ando entoxicado de carne. Aqui não tem outra coisa senão carne de vaca, frango e peixe. Não há verduras e legumes.


25º Dia – 29 de Junho de 1963 Pôrto Velho – RO Levantei-me às 6,45 h. Fui ao café. Agência da Panair, para comprar passagem de avião para Guajará Mirim, na divisa, exatamente, da Bolívia. Não consegui, porque os 2 lugares destinados a P. Velho estavam vendidos. Fiquei de voltar amanhã, dia 30, cêrca de 1.30 h. antes da chegada do Avião para ver se haverá lugar. Voltei para casa do Miguel, onde passei o resto do dia. À noite fui ao Bar Plaza, onde jantei com o Miguel. Êle pagou as depesas (1.000,00). Às 23 h, novo banho para poder ir dormir. Embora com o ventilador ligado, foi difícil suportar o calor e demorei para dormir. 26º Dia – 30 de Junho de 1963

Pôrto Velho – RO Levantei-me às 7,30 h. Arrumei roupas, pasta e escova e sai para o café e para a agência da Panair, onde adquiri passagem aérea para Guajará Mirim CR$ 2.156,00. No aeroporto, foto do Douglas PP-PEE. Saida 11,20 e chegada a Guajará Mirim as 12,30 h. Hospedagem no Guajará Hotel – diária 2.300,00. Almocei e, logo em seguida fui até o rio Mamoré. Fotos da Estação da EF Madeira-Mamoré; do Hotel Guarajá (Praça Rio Branco); de “bolas” de borracha natural (no páteo da estação) aguardando embarque; barcos com pescadores; Barco “Gaivota”, no qual, às 14,30 horas atravessei o “Rio Guaporé” digo “Rio Mamoré” com destino à cidade de Puerto Sucre (Bolívia). Na chegada, vista do pôrto (foto); visita ao Sr. Aurélio Vasquez (amigo do Miguel Arcanjo) que, não se achava em casa; foto de sua residência; foto Praça Edmundo Rocca Casanova; da “Igreja Matriz Imaculada Concepcion”. Refresco 500 Bolivianos (CR 35,00) por um copo; cerveja 10.000 B. (635,00); sorvete, taça 2.000 B (125,00) laranja 250 G




(17,50); ovos 1.000 B. (65,00); passagem pelo barco 1.500 B (100,00) cinema: “Spartacus” 3000 B (190,00); “Los vagabundos” – TIN-TAN – 2000 B (125,00); foto do pôrto de embarque (tomada de dentro da cidade). As 16,30 h. tomo o mesmo barco para voltar a Guajará Mirim. O “pium” também aqui esta presente, fazendo-me descer a manga da camisa. Às 21,30 h, fui dormir. Embora com tela de arame na janela, os pernilongos estão presentes. Entram pela porta. Fiz uso de “Fumeta”. 27º Dia – 1º de Julho de 1963 Guajará Mirim – RO

Levantei-me às 5,45 h. Foto da Praça Mário Corrêa – com monumento ao General Rondon e nos fundos a Igreja N. S. do Pronto Socorro. O hotel paga 4.500,00 por 10 talões AK24! Tipografia com máquinas à pedal (energia elétrica só tem dás 18 às 22,30 horas). Às 8,30 horas fui à Estação da EFMM, para tomar o trem para Pôrto Velho. Fui informado que o trem que deveria partir às 9 horas, ainda não havia


chegado de Porto Velho e estava com atrazo de 48 horas devido descarrilhamento. A partida ficara para o dia 2, terça-feira (só correm 2 trens por semana). Foto da Associação Comercial de Guajará Mirim (bom prédio).

Segundo o Sr. Max Levkovicj (amigo do Miguel Arcanjo), 60% da população e comerciantes é boliviana. De Pôrto Sucre vem a carne e o trigo (americano) para Guajará. O região, assim como o de Puerto Sucre, vivem dos seringais. Os bolivianos da região trazem os seus produtos para o Guajará Mirim. Muito comércio em razão de não existi-lo nas zonas do interior, onde só existem palhoças. Observei grande venda de Leite condensado “Moça”, Eledon, Ninho, Nescau. A razão é que não existe a pecuária na região. Não há incremento. Nescau 1K custa 250,00. Fui à Vasp e a “Cruzeiro” mas não havia mais passagens para aquêle dia. Fui ao “pôrto” dar uma olhada e bebi a “CHICHA”, gelada. Para faze-la: torra-se o milho amarelinho (já seco) moe-se, ferve-se e deixa-se 2 dias curtindo. Coa-se e adoça-se,


levando à geladeira. Em Guajará existem apenas 2 médicos e, fracos; seguindo informações, os brasileiros vão à Puerto Sucre onde há melhores médicos e casas de saúde. O Banco de Crédito da Amazônia tem o monopólio da compra da borracha. Todos que quiserem vendela tem que faze-lo ao citado Banco, que, segundo o vice-presidente da Ass. dos Seringalistas daqui, abrem o crédito de auxílio mas não dão o dinheiro por falta de “moeda corrente”, isso porque o Govêrno Federal e a Sumoc não dão ao Banco os recursos necessários. Ainda, para piorar a situação, o Banco abriu filiais em cidades que não fazem parte da zona dos seringais, operando em outros setores. Foi citado o caso de um empréstimo que o Banco de Crédito da Amazônia teria feito à companhia de avião. “Paraense”. O seringueiro, nesta época, trabalha de 15 de junho a 15 de outubro, o dia todo e, nas “águas”, que é a estação muito longa, faz 2 a 3 dias por semana. Êle não pode “sangrar” a seringueira em dia de chuva por que, a água invade a tijela e o latex, sendo mais leve é jogado para fora. Andando pela cidade, deparei com bastante couros, de jacarés, secando ao sol, em plena rua. Tirei foto.


Visitei as oficinas de “O Imparcial” que possue uma impressora “MARINONI”, movida a mão!!! Enjoado de comer carne passo o dia comendo petiscos, salada de frutas, pão de leite (muito bom, fez lembrar o antiguissimo pão de leite, de Itu) pasteis. À noite voltei para o Guarajá Hotel. Depois do banho (s/ o chuveirinho) às 22 horas fui dormir. Antes, devido não ter levado sabonete e o hotel não tê-lo para fornecer (!), adquiri um PHEBO, no bar anexo ao hotel, por CR$ 200,00!!! Observações: WC imundos, chuveiros 2 (um sem trinca e sem cabide ou pregos; outro com um cabide apenas, mas sem o chuveirinho – água direta, do cano). 28º Dia – 2 de Julho de 1963 Guajará Mirim – RO Levantei-me às 5,40 h. Fui à estação da EFMM ver se havia chegado uma litorina de serviço da Estrada, para ver se conseguia voltar com ela, para Pôrto Velho. Havia promessa do Agente, nesse sentido. Mas a litorina não viera. Fui novamente à “Vasp” e “Cruzeiro” mas não consegui passagem. Voltei ao hotel tomei o café da manhã e, devido incerteza do tempo da volta para Pôrto Velho deixei de pagar o hotel para ficar com mais dinheiro no bolso. Fiquei de mandar cheque para o pagamento, logo que regressasse a P. Velho. Fui à estação novamente. Troquei 100,00 por 1.500 Bolivianos. Adquiri passagem para P. Velho CR$ 741,00 (366 Km) A máquina 15 deu defeito e o trem não saiu às 9 horas. Às 10,15 h, após ter tomado água, a locomotiva 16 substituiu a de nº 15 e partiu. Foto da composição (Maria Fumaça) de origem inglesa, ainda de quando foi inaugurada há 50 anos; carros sem luz, isso no Km 26. Nessa ocasião, a locomotiva levando um vagão de carga, deixou os carros de passageiros. Ia apanhar carga. Os vagões de passageiros foram, numa de suas rodas, calçados com um pequeno pedaço de madeira, que não suportou o pêso e a inclinação



do terreno e a composição começou a correr desgovernada! Advertido, o maquinista deu uma ré e conseguiu apanhar, pelo engate, os carros de passagens! Que susto! Novamente, foi tentado com outro pedaço de madeira, o sustento dos vagões, que acabou dando certo. Esta era a estação de “Núcleo Agrícola IATA”. Foto Vila Murtinho. Almôço ali. Prato feito 300,00 – feijão, arroz, macarrão e galinha; O trem chegou à ABUNÃ (viajam muitos Bolivianos e Abunã é local onde vivem muitos) Tomei um lugar no hotel e dormi, por falta de quarto, em uma cama colocada na sala de visitas, pelo seu arrendatário (o prédio é da EFMM) sr. Francisco Alves da Silveira. Queimei 2 fitas de “fumeta” e pedi um lençol para fazer às vezes de um cortinado. Na cama só existia um lençol e um pequeníssimo travesseiro sem fronha. Dormi mal devido os pernilongos. Cobrindo a cabeça o calor sufocava. Enquanto isso, o genro do Sr. Francisco, que durmia numa rede, também na sala, roncava a noite tôda. 29º Dia – 3 de Julho de 1963 Abunã – RO

Acordei às 4,10 h. Saida do trem: 6h. O sr. Francisco deume o enderêço de um seu genro, capitão do exército, em Salvador. Por fim lembrei do nome da comida que em S. Paulo fazemos com a abobora madura: QUIBEBE. No Km 142, foto da locomotiva nº 17, que descarrilhou e, depois tombou quando lhe tiraram o “tender”. Às 12,45 h, almôço em Jaci Paraná. Foto da ponte metálica, do rio do mesmo nome. 8 bananas maça 10,00! chegou o trem em Pôrto Velho


às 17,45 horas! Velocidade do trem 20 Km horários, quando em marcha.

30º Dia – 4 de Julho de 1963 Porto Velho – RO

Logo cedo fui ao Banco e o dinheiro esperado não veio. Encontrei os ex-companheiros de viagem e êles me pediram para passar suas bagagens para a Rural. Feita a descarga verifiquei falta da “Winchester”, 22, Remington, que tomei emprestado do Orlando da Silva, que com certeza foi roubada na noite que a porta foi encontrada aberta; arrombada. Fui falar com o Sr. Durval para ver o preço do transporte fluvial da Kombi, até Belém. Preço: 180.000,00! Voltei aos ex-companheiros e dei ciência do preço assim como da Rural. Como estavam almoçando, eu e o Sr. Durval ficamos de voltar dentro de uma hora para ver da possibilidade de uma redução no frete (as despesas de alfandega são 80.000,00!). Depois de uma hora, lá no Pôrto


Velho Hotel voltei com o sr. Durval mas, os “nossos” ou os “meus” amigos (sic) já haviam partido desta cidade, viajando por estrada de rodagem, voltando à Cuiabá pelo mesmo caminho que viéra-mos. “Cada um dá o que tem”, diz o velho ditado. Fui à redação do jornal Alto Madeira e concedi entrevista sôbre a viagem. Continuava e estudar o problema do preço do frete marítimo, quando ocorreu-me de também voltar a Cuiabá, despachando a Kombi e viajando junto. Fui ao Expresso Cuiabano e verifiquei o preço: 30.000,00 e seguro de 6.600,00. Às 17,30 h. fui ao banho e depois de uma janta (fraca) fui ao Cine Brasil assistir (Roubou, mas fez) uma boa comédia inglesa. Às 23 h. deitei-me. Observações: Fui ao correio e na caixa postal 98, do Miguel, encontrei aviso da existência de carta registrada. Era a de meu irmão Fernando, enviando cheque de 100.000,00. Essa carta havia chegado há 48 horas. Burocracia ou irresponsabilidade. CARAPANÃ é pernilongo. 31º Dia – 5 de Julho de 1963 Porto Velho – RO Levantei-me às 6h. Café com leite (de lata). Banco do Brasil e Correio, para deixar autorização ao Miguel para receber dinheiro de ordem telegráfica ou carta destinadas a mim, na pasta restante. Decidi ir pelo Expresso Cuiabano, até Cuiabá. Fui à agência. Ao invez de dia 8, partiriam os caminhões da emprêsa, na madrugada do dia 6. Ficou tudo combinado. Procurei o Miguel a dei-lhe a notícia. Almocei junto com os motoristas que vão em caravana, a Cuiaba e S. Paulo. Às 14 horas, passei a fazer a arrumação das malas. Foto da Catedral de Pôrto Velho. Despedidas ao Sr. Amarilo e família. Às 18,30 h., acertei conta com o Miguel Arcanjo Filho que me adiantou cem mil cruzeiros que o Paula ficou de mandar-me. Jantei com o pessoal do Expresso Cuiabano. Voltei ao Amarilo e pedi que êle fizesse um rádio ao Paula, para saber se êle havia mandado o dinheiro. 22,30 h deitei-me. Obs.


o Miguel não me cobrou uma compra que fiz, de carne, salsicha, leite condensado e pinga. Calculo o valor entre 5 a 6 mil cruzeiros. O dinheiro que recebi dêle, todavia, faltava 4 mil cruzeiros. 32º Dia – 6 de Julho de 1963 Porto Velho – RO Levantei-me às 4,50 horas. Arrumei o final da bagagem. Despedi do Miguel, cuja residência fiquei 8 dias. Às 6,20 horas, com a Kombi carregada sôbre o caminhão chapa 20.206 (FNM) de Alto Garças, MT, parti com destino à Cuiaba. Às 8,40 h., passagem pela segunda balsa. Soube, por declaração de pessoas da região, que o DNER está com o pagamento, dos construtores das pontes de madeira, atrazado em 3 anos! Numa parada, ofereceram-me um pedaço de madeira cheirosa de nome “PRECIOSA”. Passamos pela ponte Rio Branco, cujo estado dá


medo. Está bichada. A impressão geral é que o ano que vem não haverá tráfego para Pôrto Velho, por que os trechos entregues ao DNER serão tragados pelas próximas chuvas. Aliás isso já observei e fotografei. A BR 29 e mais conhecida por “BR Suicídio” Trabalhadores o DNER tem poucos mas, funcionários os têm aos montes. A vida deles é só jogo, bebida e farras. Por falar em bebida, até os balseiros trabalham bêbados. Deitei-me na Kombi, às 21 h. antes porém, jantei com a caravana de motoristas, que faz a comida. Obs: Antes de deixar Porto Velho, mais uma vez tomei refresco de “GRAVIOLA”, fruta do tipo e paladar da “Fruta do Conde”. Em Pôrto Velho e região é raro o consumo de pão. Êste é vendido nas ruas, em cestos.

33º Dia – 7 de Julho de 1963 Estrada Porto Velho / Cuiabá

Levantei-me às 5,50 h. Almoçamos às margens do rio Jarú, às 11,40 h. Cheguei ao acampamento do DNER (que “fiscaliza” os trabalhos das emprêsas empreiteiras). Às 17 horas, cheguei a Rondônia (cidade) às margens do Rio Machado. Jantei. Deitei-me às 21 horas. Obs: Asseguram os moradores da região que há disinteresse entre os produtores da borracha, devido, principalmente a falta de créditos. Afirmam que de ano para ano vem sendo diminuida a produção da borracha. 34º Dia – 8 de Julho de 1963

Estrada Porto Velho / Cuiabá


Levantei-me às 5,30 h. Apanhei desinteria. Foto do caminhão chapa 79-7750, de Andradina – SP, com a carcaça quebrada. Resultado das pessimas condições do trecho não terminado entre Pimenta Bueno e Rondônia. Almôço na “Ponte do Japonês”, onde uma onda de “pium” me atacou e fiquei todo picado. Foto da ponte que é famosa pela sua história. Logo depois, ligeiro chuvisco. Alcançado o môrro do “Muqui” que na volta é descida, esta foi feita de arrasto, pois o leito da estrada era um verdadeiro sabão. Para subir o “Muqui”, naquelas condições veículo algum o faria. Pouco mais andei e logo adiante, acampamento para o pernoite. Às 21 horas, deitei-me. 35º Dia – 9 de Julho de 1963 Estrada Porto Velho / Cuiabá


Levantei às 5,50 h. Pouco havia percorrido de estrada e o caminhão que levava a “Kombi” (um FNM) encalhou no atoleiro, embora sua carga não chegasse a 5.000 quilos. Mais adiante, um caminhão “Mercedinho”, da “SEMARSO” cai com uma das rodas trazeiras numa “pinguela”. Eram 10,25 horas. Às 12,30 h. alcancei ao acampamento da “VIATECNICA”, companhia que vai executar um pedaço de estrada do trecho ainda por terminar. Ai, almocei. As 18 horas, alcancei o Rio Barão de Melgaço. Estava encerrado o expediente para a travessia com a balsa. O funcionário encarregado não conseguia ficar em pé de tanta “pinga”. Os próprios motoristas (dos 5 caminhões da frota) fizeram a travessia. Tomei banho ali no rio. Após a refeição, às 21 horas, deitei-me. Obs: o caminhão encalhado foi rebocado com cabo de aço, por outro FNM.


36º Dia – 10 de Julho de 1963

Estrada Porto Velho / Cuiabá Levantei-me às 4,20 horas. Às 11,30 atingi o acampamento do DNER, em Vilhena. Não almocei, devido a desinteria. Dali sai às 15 h, devido esperar que um dos caminhões fizesse um consêrto. À noite parada para jantar. Às 21,30 h, deitei-me. Obs. O motorista do FNM que leva a Kombi diz que os caminhões tiram licença em Alto Garças (MT) porque as despesas de licença, lacração, vistoria e etc não chegam CR$ 700,00 por ano!

37º Dia – 11 de Julho de 1963

Estrada Porto Velho / Cuiabá Levantei às 6,10 horas. Café simples. Às 10,45 horas, alcancei o Rio Verde, onde almocei. Conversa com o indio-chefe do acampamento


naquele local. Comi carne de veado, comprada de um índio na estrada. A carne já estava assada, embora com o pêlo do animal, pois o indio, logo que abate o bicho, assa-o para a carne não se estragar, pois apanhando a caça longe, evita com o processo, a perda do bicho. Assa-o inteiro, sem sal e sem tempêro. Aliás o assado é tão bem feito (no mato) que faz inveja a qualquer cozinheira. O Rio Verde de uns 6 metros de largura e 1 metro de fundo, tem um bom volume de água. Esta é a mais limpa que já vi. Pode-se jogar um palito de fósforo no rio e vê-lo no fundo da mesma. Uma coisa maravilhosa. Após o almôço o chefe dos índios reuniu os mesmos e tirei diversas fotografias, que fiquei de às enviar aos mesmos. Às 19,45 horas, jantei na Pensão Casa Branca. Jantar 300,00; cerveja 250,00. Conversando ali, observei mais uma vez, que na região não se fala em quilômetros e sim em léguas, tal é a grandeza desta região. Andei mais um pouco e, às 21,30 horas, parei. Logo em seguida, deitei-me.


38º Dia – 12 de Julho de 1963 Estrada Porto Velho / Cuiabá

Levantei-me às 6 horas – Café simples. Às 8 horas cheguei em Nobres, onde tomei café reforçado. Às 12 horas, chegada em Cuiaba! Descarreguei a Kombi e tirei foto ao lado do caminhão. O motorista do FNM, bateu chapa minha ao lado da Kombi. Em seguida levei a Kombi na oficina da VW, para revisão e lubrificação. No correio, passei telegrama ao Sr. Gerd, diretor de propaganda da VW, em São Bernardo do Campo. Observei a estupidez do funcionário encarregado da recepção de telegramas, que não tendo trôco, sem satisfação, arranca da mão do usuário o recibo e nem mesmo diz que o cliente deve arranjar dinheiro trocado. Quanto às frações de 10,00 para baixo, o mesmo não às devolve ao usuário, não tendo nem mesmo trabalho de


justificar a falta de trôco. Guarda o dinheiro e o cliente tem que entender que o mesmo não tem trôco (mas poderia dar selos e não o faz de safadeza). Fui para o Santa Rosa Hotel (1.800,00 só apart. c/ café). Às 21 horas, deitei-me. Nada durmi, devido o sôbre-colchão de Vulcaspuma e dos pernilongos (carapanam).



39º Dia – 13 de Julho de 1963 Cuiabá – MT

Levantei-me às 6,15 horas. Em seguida fui às oficinas da VW, reparar a Kombi, donde saí às 13 h. Despesas com a revisão CR$ 4.950,00. Às 14,30 h fui almoçar no “Papal” (salada mista apenas), devido indisposição causada pelo calor. Às 19 horas, jantei no “Papal” – frango a galeto 500,00, jantei com o representante da Shering. Quando levava o mosquiteiro para o quarto do hotel, um Sr. de nome Nelson G. Silveira, falou comigo, pensando que eu fôsse um seu conhecido de Tupã. Em conversa, disse-me que no dia seguinte, domingo, voltaria para sua cidade – Uberlândia – MG, passando por Goiânia. Como o meu itinerário fôsse tambem a capital de Goiás, acertei para ir junto. O seu carro é um Simca. Às 23 horas, deitei-me. Sem o “Vulcaspuma” e c/ mosquiteiro. Foi um sono só!


40º Dia – 14 de Julho de 1963 Cuiabá – MT Levantei-me às 4,30 h. Sai com o Sr. Nelson às 5 h. A Kombi marcava Km 41.443-Almôço na Pensão Real. Com cerveja-despesa dividida 433,30. Às 18,00 horas, cheguei em Alto Garças. Banho demorado. Muito pó da estrada. Jantei. Abasteci o carro com 10 litros de gasolina que foi quanto o pôsto me quis vender, devido falta do combustivel. Com o mosquiteiro, deitei-me às 21,h.

41º Dia – 15 de Julho de 1963 Alto Garças – MT

Levantei-me às 4,30 horas. Km 42.276, digo 41.909. Almocei no Km 42.276, tendo tirado uma cochilada enquanto na pensão preparavam o almôço. Parei em Rio Verde, para abastecimento. Quando o carro marcava 42.397, o sistema elétrico deu defeito nos farois. Porisso, parei no local denominado Capivari, a 108 Km de Goiânia, num pôsto de gasolina. A janta foi 2 doces de leite (gostosos) e um guaraná. A pessoa do pôsto disse-me que pernilongo não tinha, mas havia morcegos. Achei graça. Deitei-me às 21 horas. 42º Dia – 16 de Julho de 1963 Capivari – GO Levantei-me às 7 horas. Ao acordar, verifiquei a presença de dois morcegos no quarto! Os quartos não tem forro e são interligados, sem que as paredes cheguem até o telhado. Ao fazer a limpeza do filtro de ar (que é feita diáriamente em estradas de terra) constatei que o mesmo estava fora do lugar, por serviço de atarrachamento mal feito


pelo empregado do pôsto de gasolina de Alto Garças. Andei sem filtro de ar no lugar, o que deu ao motor ar com poeira! Cheguei em Goiânia às 9,45 h. Fui à VW que não tem lavador. Fui num pôsto da Texaco onde mandei lavar a Kombi. Aproveitei para consertar câmaras e aros amassados por pedras nas estradas. Hospedei-me no Hotel Olympia, defronte a Estação Rodoviária. Deitei-me às 23 horas. Observações: No Presidente Hotel, não havia vaga. A cidade estava cheia de médicos que vieram ao congresso de gastrenterologia. 43º Dia – 17 de Julho de 1963 Goiânia – GO Levantei-me às 7,15 h. Km 42.558. Comprei 5 exemplares de jornais com a notícia de ereção de um monumento a Kenedy, em Itu, SP, e os enviei a diversas pessoas em Itu. Segui, em seguida para Anápolis. Na entrada da cidade, Km 42.615, polícia rodoviária federal pede os documentos. A primeira fiscalização em 43 dias, com 6.000 Kms percorridos. Em Anápolis, na Estação Rodoviária um passageiro lutava por um lugar em ônibus para Goiânia, onde tomaria vacina contra febre amarela, pois viajaria para Belém. Propuz dele pagar a passagem correspondente ao ônibus e eu o levaria de Kombi à Goiânia, o que êle aceitou. Naquela cidade além de eu tomar também a vacina contra febre amarela, consegui no CEM – Comissão Erradicação Malaria, 50 comprimidos contra malaria (distrib. gratuita). A vacina foi tomada no DNERu. De volta à Anápolis, levei filmes para revelação, que cobram só 20,00 por cópia e revelação gratis. Hospedei-me no Palace Hotel, apt. 228 – 1.900,00 diária completa, muita comida. Devido ter notado pernilongos, coloquei mosquiteiro. Às 21,30 horas, deitei-me.


44º Dia – 18 de Julho de 1963 Anápolis – GO Levantei às 7 horas. Roupa para a lavanderia. Levei a Kombi para a oficina da VW. À tarde fui busca-la. Enchi o tambor de gasolina com 200 litros – CR$ 9.600,00. À noite querendo ir ao cinema, pela 1ª vez botei paletó (usei o velho). Mas, acabei saindo logo do cinema pois já havia assistido o filme que era “Paixões ocultas”. Voltei ao hotel. Deitei-me às 21,30 horas. 45º Dia – 19 de Julho de 1963 Anápolis – GO Levantei-me às 5,30. Às 6,15 horas parti com destino a Belém – Pará. Km 42.757. Almôço em Goianésia, Km 42.902 – foto; copo de lembrança do Nigth An Day. Num pôsto mandei dar uma regulagem na gasolina (carburador). Km 42.973-cidade Rialma (rio das Almas) e do outro lado Ceres (fotos). Dali já se vê a nova estrada Belém-Brasília – estou percorrendo a estrada velha, desta região. Km 42.998 – local Nova Glória, acabou a gasolina. Reabastecimento. Km 43.025, vejo num grupo de bois, um com os olhos tapados!!! Km 43.092, cidade Uruaçu, onde fiquei no Hotel Araguáia. Cidade, como no geral, nesta região, não tem energia elétrica. Jantei. Antes, um ótimo banho, em chuveiro com bastante água. Deitei-me às 21 horas. Obs: Currutela, nome dado aos pequenos vilarejos.

46º Dia – 20 de Julho de 1963 Uruaçu – GO Levantei-me às 6,15 h. Troca do óleo filtro de ar. Foto Hotel Araguáia e Av. Tocantins. Km 43.231, reabastecimento de gasolina (Porangatu).


Almôço na localidade Alvorada (Km 43.328). Às 17,45 h, cheguei na Fazenda Fortaleza, distante 2 Km de Pôrto Nacional. Banho no rio. Jantar com muita comida mas sem disposição. Banana prata, muito boa, maior que uma nanica das grandes. Deitei-me às 22,45 h, tendo, depois do jantar reabastecido o carro e lavado o filtro de ar. 47º Dia – 21 de Julho de 1963 Pôrto Nacional – GO Levantei-me às 6,30 h. Km 43.552 – Cafe; de uma mão só. Pedi 2 bananas e comi, com espanto da dona da pensão, pessoa muito simplória. O carro não deu partida e foi empurrado pela dona da pensão e por duas meninas empregadas, que pegou logo no embalo. Foto de uma “panela” de 6 metros, com a Kombi dentro dela, isso no Km 43.590. Km 43.723, Providência, almocei. No Km 43.753, deixei um sitiante, dos muitos que tenho dado “carona”. Ali tomei um comprimido de Butazona, por estar com dor no pescoço, debaixo da orelha direita. Gente simples. Pela primeira vez vi em residência rural um rustico tear movido à pe, cujos produtos me foram mostrados. Disseram que desde a plantação do algodão, tingimento, fiação e tecelagem, tudo ali era feito porque, as despesas são muitas com a casa, que é preciso fazer o tecido para aliviar um pouco. Parti logo e, devido ao grande calor, a cada córrego páro o carro para beber água. Foto de um “facão” de terra sôlta na Belém-Brasília (Km 43.831). 43883, acabou a gasolina. Reabastecimento. Km 43.900, cheguei à Nova Colina. Fui tomar banho no rio, mas, devido enguiço no carro, a noite chegou. Voltei e hospedei-me no Hotel Goiás, onde tomei o banho de caneca, sob uma lamparina à querozene. Deitei-me às 21,45 h, depois de boa conversa com o dono do hotel.


48º Dia – 22 de Julho de 1963 Nova Colina – GO

O carro não desenvolvia. Um motorista de caminhão procurou servirme. Olhou o platinado e limpou o carburador. Meio “capengando” cheguei ao Km 44.013. Aí o carro morreu e não pegou nem mesmo empurrando na descida. Tomei um guarana Antártica (130,00) num boteco na beira da estrada. Voltei ao carro e tentei partida. Funcionou e levei-o a Araguaina, onde um mecânico particular (do IBC) tentou regular a distribuição. Ficou um pouco melhor. Banho no rio. Jantei no Hotel S. Vicente, com 2 copos d’agua gelada. Antes de deitar-me às 21 h, tomei 5 copos de refresco de abacaxi e tamarindo (fruta). Jantar e pouso 500,00. 49º Dia – 23 de Julho de 1963 Araguaina – GO Levantei-me às 5 horas. Km 40015. Levei um hospede que mora no hotel em que dormi. Foto do “Pôsto Fiscal” (Km 44150) Foto “Ponte sôbre rio Jó” cantins – divisa de Goiás – Maranhão. A ponte leva o nome de ex-presidente JK. O local é conhecido por estreita. As 15 horas cheguei à Imperatriz, onde almocei no Hotel Santos. Um motorista de nome Jair, de Uberlandia, a quem dei “carona”, pediu para leva-lo à sede da Rodobrás, Distrito “Cacau”, para ver se conseguia uma peça para o seu FNM, a qual não fora encontrada em Imperatriz. Na sede da Rodobrás – com foto – fiquei sabendo por informação que um grande número de caminhões, utilitários e máquinas rodoviárias que estavam no pateo da sede iriam a leilão. Absurdo. Os particulares irão adquirir aqueles veículos por qualquer dinheiro e recuperá-los com pouca coisa. O govêrno não têm capacidade para reformas de maquinas e ainda fala em reforma agrária! No hotel o banho é de “caneca”. Porém, um motorista de


Tietê, arranjou com o dono do Pôsto Texaco, prá eu tomar um banho no chuveiro do pôsto, aliás o primeiro que encontrei depois de Uruaçu. A cidade é de bom movimento comercial mas de pobres construções, sem luz. Deitei-me às 21 horas.


50º Dia – 24 de Julho de 1963 Imperatriz – MA Levantei às 6,05 h. Sem café, sai. Km 44.300. Km 44361, forte neblina. Km 44.370, aterros estreitos e perigosos. Km 44.465, foto entrada do Pará. Km 44510, Gurupizinho, reabastecimento gasolina (220 Kms: 36 litros!) Ali mesmo, às 12,15 hs, almôço. Logo adiante, máquina da Rodobrás, abandonada-foto. Km 44517 foto de máquinas HD 21, Allis Chalmers, da SPVEA – Rodobrás – Belém-Brasília e foto de um “capus” de uma das máquinas, com as inscrições, para não deixar dúvida. Km 44.523, forte subida que devido o “atrazo na distribuição”, não consegui subir. Voltei em marcha-ré – foto – engatei 1ª desde baixo e subi. Com o calor, acabei suando como se tivesse num rio. Logo depois, foto de uma máquina Allis Chalmers-360, Scraper, made USA, de SPVEA – Belém-Brasilia, outro “cadáver” da nossa grande repartição a “Rodobrás”. Km 44563, freiada violenta, ponte com enorme buraco em meio a estrada relativamente boa. Km 44571, foto do carro antes de tentar a subida de outro môrro. Mesmo em 1ª marcha desde baixo, não consegui subir. Foto do carro parado. Uma máquina da Rodobrás (milagre!) que passava no local disse que a 2 Km antes havia um desvio. O morro é de difícil transposição. Voltei de ré ao pé do môrro, virei o carro e pelo desvio, segui a viagem. Muito calor. Paradas em quase todos os rios para beber água. Km 43.831, foto de facão de terra solta (Belém-Brasília). Km 43.883, reabastecimento de gasolina. Suprima-se o trecho a partir da palavra “Muito” (sublinhada). Km 44.610, valeta dentro da ponte-perigo! Estrada trecho bom. Km 44.655 – ECCIR. Pavinorte, na terraplanagem de corte de um morro grande. Muitas máquinas só ali! Km 44.670 – asfalto! São 17,30 horas. Km 44.680, acabou o asfalto. Estrada de terra, mas boa. Aliás, os 10 Kms de asfalto eram só buracos. Km 44.701, novamente asfalto. Km 44.708, foto do desmoronamento no leito de uma ponte, em estrada asfaltada. Grande perigo. Km 44.804, cidade Santa Maria do Pará, onde pernoitei no Hotel


dos Viajantes. Deitei-me Ă s 21 horas. Obs.: Cidade pequena, poucos recursos, embora no asfalto e distante 100 Kms de BelĂŠm.



51º Dia – 25 de Julho de 1963 Santa Maria do Pará – PA

Levantei-me às 6,20 h. Pernoite só CR$ 150,00. Km 44.806, fiscalização polícia rodoviária estadual 1ª vez que é verificado o nº do motor, mas, em compensação não pediu a autorização para dirigir o carro! Km 44844, o motor parou! Senti cheiro forte, de calor do motor. Encostei o carro à margem da estrada. Verifiquei o óleo: baixo!!! Abasteci-o, com 1 ½ litros de óleo. O motor fervia. Julguei ter-se fundido o motor. Já havia até feito plano de como mandar vir um motor, de São Paulo, caso não o encontrassem em Belém. Finalmente, depois de 15 minutos o carro esfriou e o motor funcionou!! Grande alívio. Km 44.846, tomei gasolina num pôsto. Menores vendendo loteria. Não comprei, dizendo que


já havia ganho na loteria 5 minutos antes. Logo adiante limite das cidades Castanhal e Santa Isabel, marcada com uma corrente entre dois troncos de madeira, isso é geral no Pará, dado o interêsse do impôsto de produção que é municipal. Nova fiscalização da Polícia Rodoviária. Embora sabendo que não poderia ter passado sem fiscalização pelo outro posto, exigem a documentação, olham o nº do motor mas, também não solicitam a autorização para dirigir. Grande fiscalização... Finalmente Belém Km 44.909. Segui para o Escritório da NCB. Eram 10 horas. O Sr. Aluísio, gerente, que conheci em Pôrto Velho, estava de férias. O seu substituto indicou-me o Hotel Coelho, onde fiquei no quarto 12 (hotel sofrível). À tarde, fui à VW, mas devido o adiantado da hora, não deixei o carro para a revisão. Dei umas voltas pela cidade. Não jantei. Muito calor. Deitei-me às 21 horas. Obs. Em todo o trajeto da Belém-Brasília, nos lugarejos à margem da rodovia, não observei a existência de uma capela sequer. Belém, cidade de bom comércio, ruas estreitas e mal traçadas, principalmente nas imediações do porto que é o ponto central da cidade. 52º Dia – 26 de Julho de 1963 Belém – PA Levantei-me às 6 horas. Escrevi postais a amigos e parentes. Fui ao fotógrafo para revelar filmes. Ao correio levar os postais. O correio foi o melhor prédio e instalação que vi até agora, nesta viagem. Almocei, péssimamente. Muito calor. À tarde fui as oficinas do agente da VW, onde


deixei a Kombi para revisão. Na volta apanhei onibus e fui até o bairro Sacramenta, completando o circuito com o ônibus Pedreira. O jantar foi salada de frutas e sorvete no “Fazano-Lanchonete” (nada tem a ver com o Fazano de S. Paulo). Antes de deitar-me, 2 banhos. 53º Dia – 27 de Julho de 1963 Belém – PA Levantei-me às 6 horas. Escrevi carta para a família e cartões a amigos. Sai e comprei passagem aérea (Paraense Transportes Aéreos) para Manaus, dia 28, às 11 horas. Preço 16.000,00. Visitei a Associação Comercial do Pará, para saber das possibilidades para a volta de Manaus, em vapores. Nas ruas, venda ostensiva de produtos contrabandeados: cigarros americanos, isqueiros etc. No hotel, percebendo ser eu de fora, alguem ofereceu uisque “cavalo Branco” a 24.000,00 por dúzia. No almôço petisquei. Muito calor. Tirei uma cochilada. À tarde levei a máquina fotográfica à oficina Alemã, para uma lubrificação, pois estava dura para abrir e funcionando mal. Ficou boa. Jantar, um lanche no “Fazano”. Deitei-me às 21,30 horas.

54º Dia – 28 de Julho de 1963 Belém – PA

Levantei-me às 5,40 h. Fui à Igreja N. S. Sant’Ana. Fui ao correio levar carta para minha espôsa e para o irmão Fernando, dêste solicitando dinheiro, para poder comprar alguma coisa por aqui. Telegrama ao filho Antônio, pelo seu 18º aniversário no próximo dia 2 de agôsto. Tirei fotos da Ass. Comer. Pará, SNAPP


(Serviço Navegação do Amazonas e Administração dos Portos do Pará), Avenida Castilhos França e Rua 28 de Setembro (muito estreita) por ser o dia do aniversário da minha espôsa e nosso enlace. Telefonando na “Paraense” fui informado do atrazo do avião: 5 horas. Almocei no restaurante do hotel (regular). Tirei uma cochilada e fiquei aguardando a condução para o aeroporto, que veio às 14 horas. O avião PP-BTU, chegou às 15,30 horas. Foto – do avião, no aeroporto Val de Cáes. Partida às 16 horas. Chegada em Santarém (PA) às 18,40 horas, para escala. Todavia, devido adiantado da hora, o avião não seguiu, pernoitando ali. Os passageiros ficaram alojados na cidade, no Uirapuru Hotel, defronte o Rio Amazonas. Depois de jantar, saí pela cidade que é pequena. Tomei sorvete de MURICI. Tendo levado o mosquiteiro e armação, montei-o, porque os “carapanans” ou “muriçocas” estavam atacando até na rua! Deitei-me as 21,30 h.


55º Dia – 29 de Julho de 1963 Santarém – PA Levantei-me às 5 horas. Em Brasília 5,30 h. Diferença pois, de ½ h. atrasado. Após o café, condução para o aeroporto. Ali, os “carapanans” não deixam a gente sossegado. É preciso ficar andando!!! Obtenho informação que a distância aérea entre Belém a Manaus é de 1.314 Kms. Tempo de voo em DC3: 5 horas. Finalmente às 6,45 h (Brasília) o avião levantou voo com destino a Manaus onde cheguei às 9 h (Brasília) ou seja 8 horas Manaus (aqui a diferença é de uma hora). No aeroporto tomei taxi coletivo para ir ao Hotel. Cobrou 1.000,00 e facilmente deixou por 700,00 e no fim, por 500,00. Ainda era caro, mas paguei. No Rio Mar Hotel, tomei apartamento com café pela manha 1.120,00 por dia. O hotel fica à rua Guilherme Moreira, 325. Logo a seguir, fui visitar o sr. Paulo Barreto, à rua Floriano Peixoto, 196, que é “deputado à Junta Comercial”,


representante da N.C.B. (Everady) e, por ser isso, amigo do Sr. Aluísio A. Mota, gerente da N.C.B. de Belém. Ao sr. Paulo Barreto fiz ver que precisava voltar, de navio à Belém, o mais breve possível e pedi sua colaboração. Em seguida, ainda na parte da manhã fui ao Banco do Brasil onde tirei 50.000,00 enviados pelo meu irmão Fernando. Rápido almôço. Muito calor, tomei refrescos de cajú e muriti. Foto da Kombi 5214, Expresso N. S. da Fátima, bairro Cachoeirinha. Jantei às 20 horas. Deitei-me às 21 horas. Obs: Na viagem, é exuberante o panorama da floresta amazonense e da enormidade de rios que desembocam no Rio Amazonas. A cidade de Manaus, tem traçado bom e ruas largas. Pequenos “igarapés” cortam a cidade e nestes, um sem número de casas flutuantes. Alias, ao lado do pôrto flutuante, construído pelos ingleses (agora sob intervenção do govêrno amazonense) existe uma verdadeira cidade flutuante, sendo constituida na maior parte de casas comerciais onde se compra de tudo: generos alimentícios, ferragens, materiais para construções, arame farpado, fogões a gás, bares, barbeiros, sapateiros, tôrno mecânico e oficina de consêrto de armas e etc. Ali no Rio Negro, são jogados os restos de cozinha, detritos sanitários; toma-se banho (as crianças nadam – loucura – devido perigo dos peixes “Arraia”; do “Piraiba”, que engole um homem inteiro; do “Candiru”, que penetra nos (?) peixes e nas pessoas, pela uretra, ou qualquer parte do corpo, não tendo meio de salvação a não ser que a própria pessoa atingida consiga dominá-lo, pois o mesmo é ligeiro no seu trabalho de penetração e usa-se a água para beber e cozinhar. É bem verdade que o volume de água do Rio Negro é grande. O “jogo do bicho” aqui é escancarado. Nas mesas dos bares e nas colocadas nas vias públicas aceitam apostas e fornecem o “resultado”, conforme um que apanhei. Os bancos funcionam em 2 expedientes; Repartições só de manham. Sábado não trabalham as repartições e muitas firmas. O comércio encerra ao meio dia. O transporte é feito por ônibus pequenos (chevrolets velhos) com o parabrisa abrindo todo, devido ao grande calor da cidade; e, por “Kombis”. Ambos na maioria são dirigidos


pelos próprios donos, o que torna o serviço deficiente com correrrias para apanhar passageiros.

56º Dia – 30 de Julho de 1963 Manaus – AM Levantei-me 7 horas. Tomei remédio contra maleita. Fui ao fotógrafo para revelação e, ao correio para enviar postais a parentes e amigos. Fui ao pôrto saber do movimento de navios cargueiros, pois o de passageiros da SNAPP, estava se atrazando na vinda de Pôrto Velho, devido estarem baixas as águas do Rio Madeira. Não havia nada de possibilidade. Fotos da cidade flutuante. Visitei o Sr. Francisco Martins Sampáio e sua espôsa Dª Cláudia, tios do Sr. José da Silva Sampáio, empregado da “SEMARSO”, que conheci em Rondônia. O seu enderêço é Rua Comendador Clementino, 703. Almocei com o Sr. Sampáio (peixada etc.) Muita gentileza. Ali mesmo, numa rêde, tirei uma “soneca”. Foto dos barcos de produtores, no ancoradouro perto do mercado. À tarde, 17,45 h, visitei o jornalista Paraguassu de Oliveira, secretário do jornal “A Crítica”, à rua Lobo D’Almada, 278, que é grande amigo do Salvador Solano, da sapataria da Rua Guianazes, 92, em São Paulo.


Após visitar as oficinas, concedi entrevista sôbre minha viagem. Pequeno lanche no jantar. Fui ao Cine Guarani. Muito calor. Hoje 3 banhos. Deitei-me às 23,45 horas. Obs: Aperreado (termo muito usado) quer dizer: apertado, apurado. Aperrear: aborrecer. Revista “O Cruzeiro” custa aqui 210,00 (na capa 100,00) 57º Dia – 31 de Julho de 1963 Manaus – AM Levantei-me 6,30 h. Levei postais ao correio. Comprei e comi “SÔVA”, fruta no formato do rabanete redondo, côr verde, amarrado como o dito rabanete. Come-se menos a casca e o miolo é como um creme branco, doce agradável, paladar ligeiramente parecido com o da batata doce. Nova visita ao Sr. Paulo Barreto. Às 11,30 h, voltei ao hotel para um banho. Calor terrível. A tarde visitei o Sr. Walter Caldas, filho do Sr. Waldomiro Caldas, de São Paulo (rua Pará, 65) que deveria vir comigo nesta viagem. Visita a Associação Comercial do Amazonas, onde existe um “MUSEU COMERCIAL”, com os principais produtos e finalidades dos mesmos. Aliás, já há muito tempo sugeri o mesmo para a nossa Itu. Rápido jantar. Refresco de graviola. Deitei-me as 21,30 horas. Obs: A água da cidade é apanhada do rio Negro, antes do mesmo atingir a cidade e sua côr é amarela, de mau aspecto, embora se afirme ser a mesma de boa qualidade. Guincho: fica rodando pela cidade, para desempedir o trânsito no caso de algum choque de veículos, o que aqui se dá muito. Trânsito anarquizado, sem placas indicativas de mão e contra-mão, de preferencial etc. Usa-se muita busina. A cidade mais barulhenta que conheço. Na praça da Polícia tem uma placa com uma caveira entre as palavras “CUIDADO – BUSINE”. Há outras, mandando businar. O serviço de guincho também chama a atenção dos motoristas quando não acende alguma luz do carro. Em São Paulo, êle teria muito serviço, porque os onibus todos andam sem luzes, principalmente as trazeiras (dos breques). “PELAS”


nome dado à peças de borracha (bolotas) que se destinam às indústrias para beneficiamento. 58º Dia – 1º de Agosto de 1963 Manaus – AM

Levantei-me às 6,30 h. Fui ao pôrto para ver meio de transporte. Nada existe. A pé, percorro a cidade. Almôço no Bar Maranhense. À tarde tomo o onibus e dou uma volta pela cidade. Ligeiro lanche no jantar. Deitei-me às 21,00 h. Passei quase o dia todo no hotel. Muito calor. 6 banhos hoje. Ninguém usa paletó. Todos de camisas molhadas de suor. Obs. as paredes dos quartos do hotel são de “barra lustre” até o fôrro cuja altura é de 4,50 mts! 59º Dia – 2 de Agosto de 1963 Manaus – AM Levantei-me às 6,30 horas. Escrevi carta para minha espôsa, pois hoje é dia do 18º aniversário do meu filho Antônio. Fui ao correio. Andando pelo centro observei: ladrilho a 3 côres: 2.000,00 o mt2; o comércio fecha para o almôço das 11 às 14 horas!!! Passei quase o dia tôdo no hotel. Ouvindo as estações de rádio locais, observei: programas de pedidos com dedicatórias as mais estravagantes possíveis e mensagens de aviso de doenças, viagens, recebimento de dinheiro, e outras de interêsse comercial do próprio ouvinte solicitante. É até engraçado ouvir-se as mensagens. Ouvi esta: “Alguem arrependida oferece a música tal a alguém”!?!. Ligeiro jantar com alguns hóspedes; no Bar Avenida Ltda. Dentre êles, um Sr. de Cuba, estudante de música, residente nos Estados Unidos da América. Deitei-me às 22,30 h.


60º Dia – 3 de Agosto de 1963

Manaus – AM Levantei-me às 7 horas. Fui ao porto e conheci o chefe do armazém “Zero” que se interessou em ajudar-me a conseguir transporte para Belém. O referido Sr. chama-se José Miguel Martins, residente à rua Paraiba, 665, fone 1976. Às 12 horas, quando me dirigia a um restaurante, encontrei-me com o Paraguassu que me levou para sua casa onde almocei, ficando ali até às 18 h. Barra lustre: tipo de acabamento, imitando azulejo. Dali fui à casa do Sr. Francisco Martins Sampáio, bater um papo. Jantei ali. Às 22,15 h. fui para o hotel. Deitei-me às 23,00 horas. Obs: Consegui na Associação Comercial do Amazonas, um mostruário de madeiras e outro do guaraná e castanha do Pará. Dados estatísticos: Amazonas – 1960 – 2,6 habitantes por Km2. Energia elétrica. Embora o Amazonas a possua há muito tempo, assim como bondes (estes não existem mais), a solução do problema foi


resolvida há um ano, com a instalação de uma usina termoelétrica. Todavia, muitas residências não a possuem. As vias públicas não são iluminadas. Os luminosos comerciais é que dão pequena claridade às ruas. Há muitas casas comerciais que ainda usam geradores. Preço do Kwt. 12,00 + ou - . Na casa do Sr. Sampaio tomei refresco e sorvete de “AÇAI”. Na “Casa do Amazonas” adquiri guaraná em fruta, bastão e pó; uma “CUIA”, muito usada nas bancas de vendas de sopas de verduras e de mingaus de mandioca. Bebe-se na própria cuia. Pouca higiene; um “ouriço” da castanha do Pará, tal como ela dá nas castanheiras. 61º Dia – 4 de Agosto de 1963 Manaus – AM Levantei-me às 7 horas. Passei a manhã no hotel, escrevendo e tomando banhos. Muito calor. Às 12 h, almocei no Bar Avenida. Tomei o ônibus e fui ao Bairro São Raimundo. Visitei a igreja do santo do mesmo nome. No bar do mesmo nome do Santo, o dono pensou que eu fôsse um padre. Batemos, um “papo” sôbre a região e sôbre São Paulo. No final, fez-me presente de uma garrafa de xarope de guaraná. Dei uma volta pelo bairro e devido à chuva, tomei o ônibus e voltei para a cidade, indo à redação de “A Crítica”, onde fiquei algum tempo conversando com o Paraguassu. Ligeiro jantar. As 22 horas, deitei-me. 62º Dia – 5 de Agosto de 1963

Manaus – AM Levantei-me as 6,30 h. Sai e fui ao pôrto para saber de algum navio para Belém. Nada havia. Às 11,30 h, o Sr. Martins levou-me à sua casa para almoçar. À tarde voltei ao porto. Nada consegui. Ligeiro lanche. Fui ao cinema. Deitei-me às 23,45 horas.


63º Dia – 6 de Agosto de 1963 Manaus – AM Às 0,30 horas acordei com dôres na barriga e nos rins. Vi logo que se tratava de uma cólica renal e que algum cálculo deveria estar na descida dos rins. Levantei, sai, tomei um carro e fui ao SAMDU, onde tomei injeção para dilatação dos canais da uretra e de efeito entorpecente. Deitei-me às 1,30 h. Levantei-me às 7 horas e ao urinar expeli um cálculo dos rins. Muita sorte. Pouco sofrimento. Às 10 h. fui ao Pôrto; nada consegui. Às 11 horas, fui à Paróquia N. S. de Nazareth, dos Padres de Milão (PIME), a rua Fortaleza, 443. A minha ida pra alí, foi obra do Sr. Martins, que, quis que eu conhecesse os padres italianos e também o Padre José que naquele fazia aniversário. Almocei com os padres e depois percorri as obras que os mesmos realizaram desde 1948, quando aqui chegaram. Grandes realizações: escolas infância, primária e ginásio; cinema, campo de futebol, prédio para assistência médica. Quando ali cheguei êles pensaram que eu fôsse um missionário! À tarde visitei o bairro Cachoeirinha. A noite jantei no Bar Avenida. Deitei-me às 21,30 horas. 64º Dia – 7 de Agosto de 1963

Manaus – AM Levantei-me às 7 horas. Fui ao IAPI e tirei uma consulta para o médico Dr. Hygino Caetano da Silva Filho, rua Barbosa, 46 – 1º andar, fone 2.714, que recomendou-me mandasse fazer um exame do cálculo renal. Em seguida visitei a exposição do Museu do Indio, instalado no Patronato Santa Terezinha, aliás uma grande obra de Irmãs de Caridade. Com a finalidade de ajudar aos indios por elas assistidos, adquiri duas flexas e um arco, por 4.000,00 (no comércio compra-se por menos). Os ditos apetrechos são oriundos dos índios HARAIBO, do


rio Caburi, na fronteira com a Venezuela. Voltei para a cidade e quando corria os olhos nas manchetes dos jornais do Rio e São Paulo, um homem perguntou-me se era do Amazonas. Disse-lhe que era de São Paulo e êle completou dizendo: o Sr. não é de Itu? Admirado, respondi afirmativamente. Êle falou comigo devido o jornal dizer que eu estava barbudo. Como uma sua filha é casada com um sr. de Itu, disse que gostaria de conversar comigo. Marquei visita para a noite em sua casa. Deu o seu nome Benício Mota; sua mulher: Da. Alice. À tarde fui ao Mercado e consegui comprar uma língua de pirarucu, que serve para raspar o bastão de guaraná. Depois do jantar fui visitar o Sr. Benício, a rua Humaitá, 196 (Cachoerinha). Depois de alguma conversar, disseram-me que a filha se casara com o sr. Antônio Alves Galvão que é irmão da espôsa do Luiz Moretti. Disse-lhe que conhecia a família tôda do Moretti. Dª Alice disse ter estado em Itu duas vêzes, tendo gostado muito da gente, da limpeza da cidade e das igrejas e sua gente católica. Deu-me o enderêço do Totó, em Paulo Afonso. Voltei para a cidade e fui ao hotel. Deitei-me às 23 horas. 65º Dia – 8 de Agosto de 1963 Manaus – AM Levantei-me às 7 horas. Fui ao porto e falei com o Cmt. da Capitania dos Portos, pedindo uma autorização para viajar em navio cargueiro. Não atendem o pedido embora tivesse feito um relato da minha situação aqui e que o navio da SNAPP ainda demoraria chegar. Depois do almôço visitei a Assembleia Legislativa, para ver também o Paraguassú. Às 17,30 h., pela lista telefonica descobri os irmãos do Leovegildo Pereira Ramos e fiz uma visita logo em seguida. Fui à casa do Sr. Francisco Sampáio apresentar minhas despedidas. Às 21 horas fui à redação de “A Crítica” despedir-me do Paraguassu. Dêle recebi um pedaço da madeira “Pau roxo”, da qual eu havia lhe dito que gostaria de levar como lembrança. Às 23 horas, deitei-me.


66º Dia – 9 de Agosto de 1963 Manaus – AM Levantei-me às 7,45 h. Fui despedir-me do Sr. Paulo Barreto. Em seguida rumei ao Pôrto, falei com o Sr. Martins. O comissário do cargueiro “Cidade de Manaus”, amigo do Sr. Martins me levaria mas não aceitoi devido a demora para chegar a Belém. Às 12 horas, almocei. Visitei o conhecido Teatro Amazonas. Para a época em que foi construido é uma grande obra. Altos relevos bonitos. Faixas douradas a ouro 14 Kt. Pinturas maravilhosas e uma que da impressão de alto relêvo. Só mesmo chegando perto é que se vê que é pintura. Construido em 1899 e a pintura do teto do Salão Nobre tem o autógrafo de De Ângelis. Uma obra de beleza impar. Fui à praça defronte o Ginásio Estadual D. Pedro II e no lago ali existente vi um peixe “Pirarucu”, com 1,20 mts mais ou menos. Informaram-me que êsse peixe tinha uns 30 cent. quando fora levado para ali. Aliás, hoje no almôço comi “pirarucu” à moda milaneza. Muito bom. À tarde fui novamente no pôrto, com o Sr. Martins. Nada consegui para viajar a Belém. Após o jantar (leve), fui ao Cine Guarani. Deitei-me às 23,30 horas. 67º Dia – 10 de Agosto de 1963 Manaus – AM Levantei-me às 6 horas, acordado por um pernilongo que entrou no mosquiteiro. Hoje completo 44 anos. Pela manhã fui ao jornal “A Crítica” conversar com o Paraguassu. Almocei em sua casa (peixe escabeche, frito e assado), e ali fiquei até às 18 horas. Fui para o hotel, saindo em seguida para o jantar. Recebi visita do Sr. Miguel Arcanjo Filho, de Pôrto Velho, que me reconheceu pela barba (65 dias) quando eu me achava na porta do hotel. Fiz-lhe companhia, de carro, em algumas visitas que fez na cidade. Deitei-me às 22 horas.


68º Dia – 11 de Agosto de 1963 Manaus – AM Levantei-me às 7,40 horas. Às 9 horas, atendendo a um convite de um viajante, hóspede do Hotel Rio mar, onde estou hospedado, fui até um “igarapé” (rio de pequeno volume de água) onde tomei um banho, acompanhado de uma pingas com limão e maracujá, oferecidas por visitantes habitues do local, que é uma bonita propriedade. Depois do almôço, acompanhado do mesmo hóspede fui até o Educandário Gustavo Capanema, no local denominado “Paredão”, que fica às margens do Rio Negro, proximidades do “encontro das águas” (Solimões – água amarela e Rio Negro – água preta); aliás o objetivo foi ver o “encontro” que devido não encontrar-mos motor, tívemos que vê-lo de bem longe. Jeep cobrou 2.000,00 (exploração – aqui e assim). No regresso ganhei um bastão da fruta “ingá”. À noite, após ligeira refeição voltei para o hotel, cansado, deitando-me às 22 horas. Obs: Da escola, que fica no tope de uma elevação, tem uma escadaria com 133 degraus para se ir ao paredão, às margens do Rio Negro. Êsses 133 degraus é que deram a canseira. 69º Dia – 12 de Agosto de 1963 Manaus – AM

Levantei-me às 6,30 horas. Escrevi carta ao Paula. Às 8 h, juntamente com o Sr. Joel, o viajante, fui à SNAPP para adquirir a passagem que havia feito reserva. Devido à fila, fiquei de voltar às 10 h. para apanhar o bilhete. Voltei para o hotel para arrumar a mala. Muito calor. Banho. Às 10,30 h. fui ao escritório da SNAPP apanhar o bilhete. Preço Manaus – Belém, 6.529,00. Almocei às 12,30 horas. Fui à fábrica de guaraná Baré e comprei um litro de xarope, por 310,00. Na feira da rua Barés, adquiri uma “fôlha” do pirarucu (o bacalhau brasileiro)


com 2.800 grs por 840,00. Fui ao Pôrto, apresentar despedidas ao Sr. Martins, que me forneceu endereços de parentes seus em Belém. Paguei o hotel, 15 dias digo 14 dias 14.700,00 mais as despesas do café a 80,00 por dia. As 18 horas, com o viajante Joel, tomei o carro e rumei ao porto (flutuante) e alojei-me no camarote nº 20 do navio “Lobo D’Almada”, que partiu às 20 horas. Deitei-me às 22,45 horas. Obs: no clarão das lampadas do navio aparece dentre muitos insetos o de nome “POTÓ” que, quando passa por alguma parte sensível do corpo, queima como se tivera ácido. Os sanitários levam as inscrições: “Sanitário Senhoras” e “Sanitário Senhores”. A pequena diferença nas palavras leva homens e mulheres a confusão desagradável. Sanitários dos homens, mas acomodações superiores, com falta de água e numa imundície horrível. Tem-se que fazer uso dos da acomodações do andar inferior. Em Manaus, às 15 horas, na sombra a temperatura era de 32,3! 70º Dia – 13 de Agosto de 1963 Itaquatiara – AM

Acordei às 4 horas, com a chegada e apitos do vapor nesta cidade. Não levantei-me e dormi novamente até 6 horas. Li uma revista inteira da 4 Rodas. No almôço comi “Tambaqui” peixe que tem muito no Amazonas. Às 16 horas o vapor atracou em Paretins. Fotos da Igreja, vista do Pôrto (geral) e de uma residencia. Jantar as 18 horas Deitei-me às 22,45 horas. Obs: Um dos garçons do návio, talvez acostumado a lidar com gente inculta ou de pouca educação, tratoume de modo ríspido, o que valeu-lhe uma resposta a altura. Fiz queixa ao Comissário do navio que no entanto presenciara a cena. No navio conheci o Sr. João Novo Filho, de Parentins, A.M.



71º Dia – 14 de Agosto de 1963 Óbdus – PA

Levantei-me às 6 horas. Às 7 horas o navio parou no lago defronte à cidade de Óbdus, pois estando com avaria nas élices, não pode dar ré. Os passageiros são apanhados com botes. Foto da vista do pôrto. Estando avariado e não podendo manobrar o navio deixou de escalar em Alenquer. Às 12 horas, almocei. Às 13,30 horas o navio atracou em Santarém, que eu já conheci quando fui a Manaus. Fotos vista da cidade (geral do porto) e do hotel onde estive hospedado quando aqui passei. Nesta cidade banhada pelo rio Tapajós fica a afluência do mesmo ao rio Amazonas. A água do Tapajós é clara e azulada, enquanto o “Amazonas” é de água barrenta. Às 17 horas, o altofalante do navio avisa que o mesmo não atracará nas cidades de Monte Alegre e Breves, para que os passageiros, “tomassem” conhecimento. Tiveram que descer noutra cidade e tomar pequenos


barcos a motor para irem às suas cidades. Reflexo de administração estatal. Fotos de um barco a motor empurrando um batelão, no rio Amazonas. As 17,30 h., partiu o vapor. Jantei às 18,30 h. e às 22 horas, deitei-me. Obs. À tarde, por volta das 15 horas, notei a presença de um bicho nas águas, que acredito ter sido um jacaré.

72º Dia – 15 de Agosto de 1963

Pará – Rio Amazonas Levantei-me às 6,40 h. Às 10 horas, foto “vista do pôrto da cidade de Almerim, Navio ao largo, pequeníssimas canoas balançando sôbre as ondas do rio Amazonas. Foto de embarque e desembarque, no centro do rio. Devido aparente perigo nesses movimentos, lembrei-me da minha espôsa que, pelo seu medo não faria nunca um embarque naquelas condições. Às 16 horas, atingimos Gurupá, onde o navio não atracou. No jantar tinha “leitão”. Em tôda viagem, onde encontrei


“leitão” comi mesmo foi pernil. “Lombo” não e o de porco e sim o coxão duro assado (igual ao lagarto). Às 18,40 h. forte ventania e chuva. Recolhi-me à cabine. Às 20 h. presenciei em meio total escuridão, pequenos barcos alumiados com lampião a querosene que traziam passageiros em direção ao Navio, para tomá-lo em sua parada no meio do rio! Deitei-me às 22 h. Às 24 h, o navio esteve parado por 30 minutos, devido a um temporal. 73º Dia – 16 de Agosto de 1963 Ilha de Marajó – PA

Levantei-me às 6,10 h. Às 9,10 horas, passagem ao largo de Curralinho (Ilha Marajó). Já viajava na Bacia de Marajó. Nota: Foto da Vila S. Francisco de Jararaca. Oferecidos pelo fotografo de Manchete, Sr. Gil Pinheiro, durante o dia li os livros “Carne vegetal” (autor Pedro Vale Pereira), “Amazonas Panteista” (autor Mavignier de Castro) e início do livro-romance “Beiradão”, de Álvaro Maia, volumes que o Sr.


Gil consegui no Departamento de Turismo e Propaganda, do Govêrno do Amazonas, em Manaus. Às 16 horas, quando o navio se aproximava de Belém, começaram a aparecer pequenos barcos, dirigidos por crianças de 8 a 12 anos, que se acercavam do navio, para apanhar pão, dinheiros e outras coisas que os passageiros lhes atiravam n’água. Página comovente e prova de coragem daquelas crianças, que em suas embarcações enfrentavam as ondas já fortes do rio Amazonas. Às 18 h, jantei. Às 19,30 horas o navio “Lobo D’Almada” atracou no pôrto de Belém, PA. Desci e fui até o Hotel Coelho onde deixei as flexas e arco que adquiri em Manaus, aliviando a bagagem para o dia seguinte, pois ainda neste dia pernoitaria no navio. Às 21,30 h voltei à bordo. Deitei-me às 22,30 h. Obs. Enquanto fazia a leitura dos livros já mencionados, uma menina de 2 a 3 anos, chegou-se a mim e disse: “TU não sabes ler”. Diante de tal tratamento, disse-lhe que o meu nome não era “tu” A menina continuou com o mesmo tratamento e eu insisti dizendo que não me chamava “tu”. Reflexo da educação transmitida pelos pais. Depois dizem que as crianças de hoje é que são diferentes. Tirei foto de uma índia, de uns 10 a 12 anos, no seu barco, no Amazonas, quando se dirigia para apanhar o seu presente.


74º Dia – 17 de Agosto de 1963 Belém – PA

A bordo do navio “Lobo D’Almada”, levantei-me às 5,30 h. Arrumei a mala. Tomei taxi e fui ao Hotel Coelho, onde fiquei hospedado no

quarto nº 8, juntamente com o Sr. Ivan, professor de pintura e artes plásticas, na Venezuela. Às 7,15 h. voltei ao pôrto e fotografei o navio “Lobo D’Almada”. Andando pela cidade, encontrei um caminhão do Paraná, chapa 1.049.741, carregando material da Fundição Tigre, de S. Catarina. Depois retirei a Kombi da oficina e fui até a filial da Eveready, à rua 28 de Setembro, 940, onde o seu gerente tirou uma foto minha, ao lado da Kombi. A barba era de 74 dias. O almôço foi apenas um pedaço de peixe. Pouca fome devido ao calor. Jantei no restaurante do hotel. À noite, com o Sr. Pedro Pereira Lima, representante da Novo Mundo Seguros (que conheci em Manaus) fui ao Cine Nazaré. Deitei-me às 24 horas. Obs. Embora tenha mandado o carro para fazer apenas a revisão dos 45.000 Km, e regular a


distribuição, as despesas somaram 46.230,00! Felizmente, havia recebido 50.000,00 que havia pedido, com a intenção de levar uisque “Cavalo Branco” que me foi oferecido a 2.000,00 o litro. Muito barato. Finalmente, mandei raspar a barba, que serviu para muitos pais e mães pôrem medo em seus filhos quando estes não obedeciam-lhes. Uma menina no navio perguntou-me se era verdade que eu apanhava criança e botava no saco para levar embora. Respondi-lhe que não faria isso porque já possuia 6 filhos e não queria mais ela. 75º Dia – 18 de Agosto de 1963 Belém – PA

Levantei-me às 7 h. Fui ao correio. Às 9 h. fui à casa do Aluísio. Às 9,30 horas, sai com o Aluísio e família para a sede do Tuna Luso Comercial, magnífico clube, de futebol e piscina. Foto em traje de banho; vista da sede. Quando regressava, perguntei ao Aluísio o significado de bandeiras vermelhas colocadas em alguns pontos da cidade. Esclareceu-me que indicavam terem à venda carne verde e açai. O açai é um líquido côr de vinho, grosso, do qual se faz refresco, sorvete e, serve principalmente para comer com farinha de “macacheira” (mandioca) sendo para a região, alimentação forte! Almocei em casa do Aluísio (ótimo almôço). Não jantei. Apenas um refresco e pequeno sanduiche. Deitei-me às 22 horas. 76º Dia – 19 de Agosto de 1963 Belém – PA

Levantei-me às 5 horas. Às 6 horas, Kombi Km 44.988. Parti, com o Sr. Luiz Augusto Ventura, um dos sócios do Hotel Coelho e mais um seu conhecido, com destino à Bragança, servida também pela estrada de ferro do mesmo nome. Km 45.005, pôsto fiscal polícia rodoviária do


Estado. Devido não ter documento de registro do carro na Polinter, tive que voltar. A repartição abriu às 8 h. De posse do documento (tive de pagar 500,00 – sem recibo...) rumei outra vez, com destino a Bragança. No pôsto rodoviário, tirei foto de um dos muitos caminhões “pau de arara”, que servem no transporte inter-municipal do Pará. Km 45.147, pequena cidade ou vila, com o nome de “São Paulo”. Km 45.208, cobra de 1,30 mts, atravessando a estrada. Km 45241, chegada a Bragança, às 12 h. Os últimos 100 Kms, asfalto ruim e esburacado. Almôço no Hotel dos Viajantes, de aspecto pouco convidativo. Divisões dos quartos com madeira. No quintal, junto da cozinha, os corvos (que tem muito em tôda a região do norte e nordeste) procuravam o que comer, nos resíduos que eram jogados pelas janelas da cozinha. Almôço sofrível. Feijão intragável, de paladar semelhante ao branco. O Sr. Ventura quis saber onde comprálo, pois o achou bom. Disse-lhe que, daquele feijão eu não queria em casa, ainda que mo dessem de graça. Sai e fotografei: barcos no rio Caité; Catedral e Instituto S. Terezinha (êste de linhas antigas e interessantes). Às 14,10 h, parti para Salinópolis, cidade praiana do


Pará, já que Belém e servida pela bacia do rio Tocantins. Km 45372, chegada a Salinopólis. No caminho entrei na pequena cidade de Capanema (servida pela EF Bragança da RFFSA). Em Salinopólis, percorri a cidade (pequena), fui ao mercado de peixes (muitos e grandes – do mar). Fotos: residência do Engenheiro Azevedo, do DER; da Matriz e, do “Farol”, êste, interessante pela sua majestosa construção tôda de ferro. A cidade não tem luz e o farol tem sistema próprio. Dizem que é de construção francesa. Às 16,10 h, saida.

Km 45.373. No Km 45.408, entrei num desvio de estrada, nova, de terra. Melhor que o asfalto. Antes uns 30 Km. de Belém, furou a câmara do pneu esquerdo, trazeiro. Estava sem as ferramentas, pois as havia deixado com as bagagens na filial da Eveready. Um caminhão de um japonês nos socorreu. Devido ser baixo o macaco, os companheiros e os do japonês levantamos o carro no braço para o serviço. Os parafusos foram apertados com chave de bôca, comum. Às 20,15 horas, cheguei a Belém. Jantei às 21 horas. Deitei-me às 23,15 horas. Obs: A cidade de Bragança, é antiguíssima. Ruas estreitas, casa velhas, servida por um rio e pela estrada de ferro, além da rodovia com altos e baixos. Salinopolis, cidade nova, boas construções, veraneio marítimo dos paraenses, topografia acidentada e praia feia. Em futuro devera suplantar Bragança que é a segunda


(!!!) cidade do interior. A principal é Santarém que como cidade pode-se comparar com Tietê-SP, embora tenha mais comércio. Polinter: - Um órgão destinado a registrar a entrada de veículos de outros Estados, o que é obrigatório. Sem o mesmo não se passa pelo pôsto rodoviário. Exigem 500,00, sem dar recibo. Dizem que assim fazem tôdas as repartições onde se necessite um documento ou registro, porque estando o Govêrno em atrazo no pagamento do funcionalismo, com êsses “recursos” é que os funcionários se sustentam. Horário: - 8 às 12 h – 16,30 às 18 h. Sábado das 8 às 12 h. Domingo das 10 às 12 h (estão por lá – dito em tom de que o horário não é coisa certa). Viva o Brasil!!!: Volkswagem. Um proprietário de Kombi denunciou-me que os agentes desta cidade, não devem peças aos usuários quando os veículos forem reparados em outras oficinas. Diante dos preços que cobram e da má qualidade dos serviços, os proprietários tem que recorrer de terceiros. Acontece caso eu que um veículo fica tempo parado em outra oficina por falta de peça que não lhe é vendida pelos agentes. Isso deve ter prejudicado a aceitação do veículo VW. No meu caso, mandei fazer uma revisão dos 45.000 Km (completa) e não fizeram o rodízio dos pneus; não engraxaram dobradiças e fechaduras; deixaram o câmbio duro; perderam a tampa do óleo do burrinho e não colocaram outra (!); não consertaram o afogador; a capacidade do carro, anotada para ser corrigida não foi melhorada; junta de vasamento do óleo, tiraram o motor e o serviço ficou mal feito. Felizmente, quando fui reclamar os


defeitos do afogador etc., notei vazamento no óleo. Verifiquei o nível e o mesmo acusava 8 milímetros de óleo no motor! Se não é eu ir reclamar outras coisas, acabava por fundir o motor! 77º Dia – 20 de Agosto de 1963

Belém – PA Levantei-me às 7 horas. Às 10,30 horas, fui à sede do DNER, conhecer das condições da nova estrada direta a S. Luiz. Fui informado da sua não conclusão e da impossibilidade de travessia do rio que divide Pará e Maranhão, pois recente chuva arrastou a balsa do local. Não tomaram providências em razão de estar programada para alí, uma ponte com 140 metros. Almocei às 12 horas. Às 14 h, visitei o Bosque Rodrigues Alves. Jantar sanduiche e refresco. Deitei-me às 23,15 h. 78º Dia – 21 de Agosto de 1963 Belém – PA Levantei-me às 6 h. Às 8 horas fui à Rádio Difusora onde deixei gravada uma entrevista para o programa “A Entrevista da Semana”, cujo produtor é o Sr. Roberto Rodrigues, sobrinho do Sr. Martins, de Manaus. O programa vai ao ar aos sábados às 20,35 horas. Às 9,30 horas, visitei o Museu Goeldi, muito bom. Alí conheci o “papagaio amarelo” (embalsamado fôra para alí vivo), espécie que o Dr. Emílio Chierighini me pedira para comprar. Ninguém conhece essa espécie. Às 12 h, fui ao hotel e arrumei as malas; às 12,30 horas, almocei. Às 14 horas, fui à filial da Eveready e apanhei as minhas bagagens. Às 16 horas, parti rumo a S. Luiz, no Maranhão. Km 45638.


Gasolina 212 litros. Em Belém não consegui castanha do Pará, para comprar, nem mesmo em Castanhal, cidade que fica a 70 Km, no asfalto, caminho Belém-Brasília. Às 18 h. cheguei a Santa Maria do Pará. Km 45.750. Comprei 3 K de pimenta do reino por 1.000,00 (barato!) Hospedei-me no único hotel da cidade, o “dos Viajantes”, que eu já me hospedara antes de chegar em Belém. Hotel dividido em paredes de madeira; banho de caneca; café de manhã, só cafésinho (sem mais nada). Deitei-me às 22,30 horas, tudo antes conversado com um gerente de uma das Casas Pernambucanas. Obs: Ao retirar a Kombi da oficina da VW, notei: falta de sabonetes, pilhas do farolete, pano de limpeza dos vidros!!! Deixaram de verificar a água da bateria. Estava com dois depósitos secos! Entrevista: Focalizei criticando a sinalização da cidade, com ruas sem indicação de mão de direção; uso excessivo de busina; uso das correntes ou cabos de aço, a cada pouca distância nas estradas, nos postos fiscais. Além do perigo demonstra que o dispositivo fiscalizador do govêrno não tem capacidade para repremir a evasão de renda a não ser dêsse modo. Enquanto isso acontece, com os pequenos produtores, na rua Senador Manoel Barata, em Belém, o comércio de contrabandistas é franco, montando bancas para venda de cigarros americanos, perfumes ingleses, artigos japoneses, inclusive rádios de pilha, uisques, de diversas procedências, isqueiros e etc. A incapacidade do govêrno no administrar levou-o a aumentar o impôsto de vendas e consignações para cêrca de 13%!, inclusive gêneros alimentícios de primeira necessidade. 79º Dia – 22 de Agosto de 1963 Santa Maria do Pará – PA Levantei-me às 5,30 h. Sai às 6 horas. No Km 45817, ponte abaixo do nível da estrada asfaltada. Brecada violenta! A menos de 500 mts. ponte nas mesmas condições. 45.838, atoleiro, num alto, entre duas pontas de estrada asfaltada. Os caminhões (uns 20) passaram com


dificuldade. A Kombi passou facil. Km 45.955, saiu a roda esquerda trazeira, a que havia sido trocada na viagem de regresso de Bragança e parafusada com chave de boca, comum. Felizmente nada aconteceu. Procurei os parafusos. Achei 4. Faltou um. Dois se espanaram. Para substituí-los tirei um de cada roda dianteira. Km 45.955 digo 45.981, reabastecimento de gasolina (353 Kms rodados e ainda tinha o combustivel) Às 12 horas (Km 45.597) almocei. Às 19,45 horas, Km 46.249, cheguei à Imperatriz. Jantei no Hotel ao lado de um posto de gasolina e ali dormi. Eram 22 h. quando deitei-me. 80º Dia – 23 de Agosto de 1963 Imperatriz – MA Levantei-me às 6,30 horas. Mandei engraxar o carro e ao graxeiro perguntei se havia algum mecânico que entendesse da distribuição. Indicou-me um. Depois de muito pelejar, paguei-o (600,00) e levei o carro noutra oficina. Depois de examinar uma porção de possíveis causas, deu o serviço por encerrado (CR$ 1.500,00). Às 15 horas, completou a gasolina num pôsto e parti. Quando havia rodado 14 kms. Lembrei-me de verificar o óleo. Ao parar o carro verifiquei que havia esquecido a chave do cofre do motor, no pôsto de gasolina. Resolvi voltar para apanhá-la. No regresso verifiquei que a potência do carro era baixa. Parei no acampamento da Rodobrás (órgão criado pela Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia – SPVEA), e pedi ao chefe do escritório que me fizesse o favor de mandar um seu mecânico dar uma olhada no platinado, pois já havia perdido o dia todo em Imperatriz, com 2 mecânicos que não haviam conseguido deixar o carro em condições. Acedeu e o mecânico depois de “regular” o platinado indicou-me a oficina do Dourado para uma limpeza no carburador. Lá, um mecânico, empregado, pôs-se a procurar o defeito até às 20,30 h, nada havia conseguido. Trocou as velas e o carro voltou a capacidade que tinha pela manhã, antes de entrar na 1ª oficina. Fui ao Hotel S. Francisco, tomei um banho de caneca. Pedi para fazer um mingau de maizena com leite condensado, pois não tinha vontade de jantar. Depois, às 22 horas, levei o carro no


páteo da oficina do Sr. Dourado e ali dormi, pois sendo grande o calor não quis dormir no hotel. O último mecânico cobrou 3.000,00 de mão de obra. 81º Dia – 24 de Agosto de 1963

Imperatriz – MA Levantei-me às 5,50 h. Só cafezinho pela manhã. Parti: Km 46.333. No Km 46.393, atolou no areião. Eram 10 h. Voltei a pé em busca de socorro. 5 K. 50 minutos a pé. Demorou 3 horas para se juntarem 4 homens. Mais 50 minutos a pé. Desatolado o carro (dei lataria, doces, gasolina e remédios aos homens) sai para atolar de novo a menos de 500 metros. Enquanto tentava sair do areão, os homens escutaram o carro e voltaram para ajudar. Foi rápido. Saí e, no Km 46.398, novo areião. Atolei. Saí sem auxílio de ninguém. Só com macaco e ferramentas. Km 46.404, novamente atolei em areião de subida forte. Já anoitecia. Percebi barulho nas proximidades. Dei uns gritos que foram respondidos e descobri um agrupamento de casas. Fui até lá. Quiseram ajudar-me a tirar o carro mas preferi ali deixar para o outro dia, pois estava muito cansado. Deu-me uma rêde para descansar e mesmo conversando na sala, adormeci. Quiseram fazer comida prá mim, mas não quis, embora só tivesse passado o dia tomando apenas água, sem uma grama sequer de alimentação. 82º Dia – 25 de Agosto de 1963 Estrada: Imperatriz – Monte Alto – MA Levantei-me às 530 h. Café com bolachas (que trouxe de Itu). Ajudado pelos moradores daquele local (18 Km antes da sede do município), com muito esfôrço consegui tirar o carro. Dei latarias e balas aos que me ajudaram. Um deles pediu-me para levar dois filhos seus até a cidade. Êles iriam a cavalo. Assim aproveitariam o carro e voltariam a


pé (18 Km!) Quando fui até sua casa, fiquei sabendo das condições de vida da família. Uma filha louca; a espôsa doente a tempo. Médico só em Grajau (230 Kms). Não ia tirar consulta porque o Padre que atende não se achava na cidade (consulta gratis e também medicamentos). Não tem nem dinheiro para o ônibus! A fazenda é do marido e para tratar-se terá que vendê-la. Situação aflitiva. Não há escolas. No caminho a Monte Alto, atolei duas vêzes em areião. Cheguei nessa cidade na hora do almôço. Sem apetite, mandei fazer um mingau de maizena com leite condensado. Nem isso consegui comer. Apenas comi meio prato. Muito calor. Tomando muita água. Cansadíssimo. Monte Alto – Km 46.423. Antes de partir solicitou-me “carona”, um môço, que queria ir até Sítio Novo. Mais adiante, “carona” a um outro moço. Foi minha sorte. Os “tombadores” (areião) se sucediam e o carro encalhou diversas vêzes. Sem êles não teria conseguido chegar no mesmo dia a Sítio Novo. Nesta cidade (vilazinha, elevada a município há 6 meses) cheguei às 17,30 h., mais morto do que vivo. O velocímetro marcava 46.472. Alojei-me no Hotel S. José. Não tem camas. Pelo norte todos dormem em rêdes e cada qual viaja com a sua. Não há cadeiras; só banquinhos com assento de couro cru (chamam-no de “tamboretes”). Para dormir, ajeitei no quarto (êste é de chão de terra pilada, sem fôrro e oitão aberto depois da altura normal do fôrro). Finalmente, ajudado por uma “cachaça” boa, consegui comer. Mais de 50 horas sem alimentação básica. Deitei-me às 22 h. Obs.- A estrada percorrida depois que se deixa a Belém-Brasília pode ser chamada de caminho. Ruim de tal forma, que não há nem jeito para descreve-la. Os caminhões quebram-se sucessivamente. Muitos dizem não voltarem nunca mais por aqui. A cidade, bem menor que Cabreúva, casas na maioria de pau a pique ou horizontal; não há cal nem cimento nas construções. Elas são construidas, fazendo-se primeirante o esqueleto e madeiramento do telhado. O esqueleto é como se faz com o cimento aramado. Depois fecham os vãos com tijôlo queimado ou de terra batida ou ainda de pau pique. Às vêzes os telhados são de telha “colonial”, pois a maioria


é de fôlha do açaí e de outras semelhantes. 83º Dia – 26 de Agosto de 1963 Sítio Novo – MA Levantei-me às 6,30 horas. Como a cidade não tem onde ir e suas ruas são só areia, fico no hotel lendo ou no bar defronte, batendo “papo”. Nesse bar “Iracema”, adquiri um couro de cobra “giboia”, de quase 3 metros, pela insignificância de CR$ 300,00. As 11,45 h, almocei e em seguida, “cochilei” numa rêde. À tarde continuei lendo. Banho de caneca, junto de uma vertente nos fundos do hotel. Aliás, tôda cidade se serve de pequenas vertentes que ficam nos fundos da rua principal da cidade. Crianças, homens e mulheres baldeiam latas de água na cabeça. Jantei às 19 horas. Ouvi um pouco de música no rádio de pilha. Deitei-me às 22,30 horas. Obs. A cidade não tem água encanada, luz, correio, rádio amador e sua igreja é uma modestíssima capela. Os alunos da única escola do lugar, muitos deles levam “banquinhos”, sinal de que nem bancos a escola não os tem suficientes. Vi aluno de uns 18 a 19 anos, no 1º ano, vestido com uniforme de calça azul, camisa branca e pequena gravata. Fica até gozado. Socorro – Apareceu um caminhão que se propôs transportar a Kombi até a estrada federal, por 50.000,00. Achei caríssimo e não o quis. 84º Dia – 27 de Agosto de 1963

Sítio Novo – MA Levantei-me às 6,30 horas. Café da manhã foram 3 laranjas geladas, 1 banana e uma xícara de café, sem pão. Não sai do hotel, como ontem. Almocei as 11,50 e “cochilei” numa rêde. À tarde apareceu outro caminhão que para levar a Kombi pediu 60.000,00. Não quis. Quando estava defronte do bar Iracema, apareceu um menino de uns 16 anos


oferecendo fumo. Nem desceu do animal em que vinha montado. Achei gozado o sistema de venda e acabei comprando um metro de fumo (450 grs) por 200,00 (com intenção de levá-lo para Dª Benedita). À tarde (18 h) banho de caneca. Jantei às 19 horas. Deitei-me às 22,45 h. 85º Dia – 28 de Agosto de 1963

Sítio Novo – MA Levantei-me às 6,30 h. Refeição da manhã: meio mamão, uma banana e café sem pão. Tomei comprimidos para maleita. Dando uma volta por uma das ruas li na porta de uma oficina o seguinte: PESÔ QUE NÃO FALA FIADU. – PELU AMOR DI DEUS AO RCS. Almocei às 12 h. e em seguida tirei uma “sesta”. À tarde apareceu outro caminhão que propôs levar a Kombi, a 280 Kms por 60.000,00. Caro. Não aceitei. Às 18h, banho de caneca. Jantar às 19 h. Deitei-me às 22,30 h. Obs:Café cru Kg. 300,00; Barbeiro só tem um, ruim e funciona dentro de um bar, usando o banquinho e mesa destinados à freguesia; a cidade não tem padre, médico, soldado, correio. Ontem um vaqueiro quebrou o braço e um dos donos das farmácias (tem 3) é quem fez o engessamento; quando um caminhão passa vasio, está “sequinho”. 86º Dia – 29 de Agosto de 1963

Sítio Novo – MA Levantei-me às 6,45 h. Refeição de mamão, banana e café (padaria não tem na cidade). Almocei às 12 h e tirei uma sesta até às 13,30 h. Às 18,15 h, banho de caneca. Jantei às 19 h. Deitei-me às 22,30 h. Obs. Hoje passaram cêrca de dois caminhões para Belém. Nenhum para os lados de São Luiz. 87º Dia – 30 de Agosto de 1963

Sítio Novo – MA


Levantei-me às 6,45 h. Liguei o rádio de pilha e numa estação de Belém ouvi: Resultado do jôgo do Bicho – 2º expediente (o 1º exp. corre às 12h) Palpite para o 1º expediente: borboleta. Jôgo do bicho, a Loteria do pobre. Fui bater um papo no bar Iracema (defronte o hotel) e fiquei conhecendo os preços de: toucinho Kg. 130,00; carne de porco Kg. 120,00; percorrendo a rua do hotel deparei com uma “serraria”: as madeiras são desdobradas no serrote! Treis homens trabalham nesse serviço! Cigarros Continental 80,00 (em SP 60,00). 30 de Agosto de 1963 Sítio Novo – MA Levantei-me às 6,45 h. Não sai do hotel. Almocei as 11,45 h, depois dormi. À tarde, no bar Iracema observei os seguintes dizeres: Veja seus erros para depois CORIGI os meus. Tirei foto da cidade, na sua rua principal. Ao anoitecer, banho de caneca. Jantei 19 h. Deit. 22 h.

88º Dia – 31 de Agosto de 1963 Sítio Novo – MA Levantei-me as 6,45 h. Almocei às 11,30 h. Sesta em seguida. A pedido de um proprietário de uma Rural, vendi 40 litros de gasolina (2.200,00). O referido sr. ajudou-me na troca do cabo do acelerador que se quebrara a um quilometro da cidade, no dia da chegada. Ao fazer uma tentativa para regular a distribuição, quebrou-se o rotor. Tinha sobressalente e o substitui. Jantar às 18,30 h. Deitei-me às 23 h. Obs: Quando me deitei, o rádio de pilha do bar Iracema sintonizava a Rádio Tupi, SP, programa de bandas, do produtor Vidal e, ouvi uma parte do LP da Corporação Musical “União dos Artistas”, da cidade de Itu, SP. Liguei o meu rádio de pilha para ouvir melhor. Que saudade da terra. Pouco movimento de caminhões. Ontem não passou um veículo


sequer pela cidade. Um fim de mundo perdido no norte do Brasil. 89º Dia – 1º de Setembro de 1963 Sítio Novo – MA

Levantei-me às 7 horas. Almocei as 12 h. Em seguida, uma “sesta”. A tarde banho de caneca. Jantei às 18,30 horas. Em seguida, fui até a igrejinha rezar. Deitei-me às 22,45 h. Obs: Adquiri um garrafão com 3 litros de pinga, amarela, boa, CR$ 400,00. (do vice-prefeito, que tem engenho). 90º Dia – 2 de Setembro de 1963 Sítio Novo – MA

Levantei-me as 6,30 h. Dei uma pequena arrumada na bagagem. Na hora do almôço, apareceu um caminhão Chevrolet 6500, vasio (“sequinho”), que ia até Grajau. Acertei para transportar a Kombi até aquela cidade. Preço 8.000,00, para pagar em sua casa, em S. Luiz. Paguei o hotel: 8 diárias a 700,00 = 5.600,00! À filha da dona da pensão (hotel) vendi o rádio: 10.000,00. Estava precisando de dinheiro. Avisei o Sr. Frederico, que viera de “carona” de Monte Alto, para a viagem. Saimos às 16 h. Estrada horrivel. Embora tenha sido bem arrumada, a Kombi movimentou-se com os solavancos e ficou um pouco amassada, prensada que ficou entre pneus e tambores de gasolina. O jantar foram 2 ovos, na estrada: 150,00. Chegada em Grajau, à 1 h. da madrugada. Dormi no carro. 91º Dia – 3 de Setembro de 1963 Grajau – MA

Levantei-me à 6 h. Em seguida, fui ajudar a descarregar a Kombi, que


terminou às 9,45 h; em seguida fui à uma oficina de rádio, mandar consertar o óculos que se quebrara no carregamento do carro em Sítio Novo. O preço do serviço 200,00. Paguei 300.00. Fiquei contente, pois sem óculos, fico arrazado. Fui para o Hotel Santana e, antes de me acomodar fui a um banho de chuveiro (há 14 dias os banhos eram de caneca). Grande satisfação. Almocei às 11,30 h. e tirei uma sesta. Mandei consertar o macaco que se estragara no carregamento da Kombi. Sai também a procura do mecânico mas não o encontrei. Tirei uma foto, com fundo da Igreja Matriz. Padroeiro: Senhor do Bom Fim. Cidade aspecto antiga. Calçamento de pedaços de pedras (irregulares). Plantada às margens do rio Grajau. População do município 31.000 em 1960. Fundada em 1836. Jantei às 18,30 h. Deitei-me às 21,30 h. Obs: Foi grande a curiosidade da população pela presença da Kombi. Nessa cidade não chega carros de passeio devido a má qualidade das estradas. Hotel (só rêde) diária completa 800,00 (café da manhã com carne e ovos). Cigarros Continental 100,00 (SP 60,00).


92º Dia – 4 de Setembro de 1963 Grajau – MA Levantei-me às 6 h. Fui até a oficina reclamar a qualidade do serviço feito no macaco. Ao fazer novamente a reparação acabou quebrandoo. Um mecânico da cidade, olhou o carro, no platinado para ver se melhorava suas condições de potência. Perdeu uma hora e nada conseguiu. Às 9 horas, parti, levando de “carona” os Srs. Frederico e Oswaldo. Por estar sem macaco, o jeep do Sr. Olindo, de Floriano, no Piauí, seguiu na minha trazeira, fazendo cobertura. Almocei às 11,30 h, restaurante de estrada. À tarde alcancei Alto Alegre, onde existe um agrupamento de índios Guaje. Cheguei em Barra do Corda, às 21 horas. Km 46.651. Tomei banho no rio Corda. Rio relativamente grande. Ótimo banho. Estava muito sujo. A estrada ruim e com pó demasiado. Jantei no hotel, cujo nome esqueci de perguntar. Deiteime às 23 h, em rede, pois não existe camas no “hotel”.

93º Dia – 5 de Setembro de 1963 Barra do Corda – MA Levantei-me às 6h. Café, banana muito doce (prata). Fotos “Igreja Matriz São Vicente de Paula”, padres Franciscanos; Igreja Santo Antônio, anexa do Convento de Freiras (Escola São José da Providência). Fui à farmácia tirar espinho de mandacuru, que apanhei em Grajau, quando escorregando cai no chão, junto da estrada. Tomei remédio contra maleita. Nas ruas, grande curiosidade popular pela Kombi que ali é desconhecida quase que por todos. Crianças diziam ser o novo môdelo da “Mercedes Bens”, pela semelhança da fachada. Fui até as oficinas da SUPRA, da Superintendência da Política Agrária, Nucleo Colonial de Barra da Corda, do Ministério da Agricultura, para regular os freios, que pouco depois já estavam ruins novamente.



Gratifiquei o funcionário com 500,00. As 11,15 h, Km 46.657, sai de Barra do Corda. No Km 46.718, o carro “morreu”, num tope com areião. O carro não mais pegou. Pouco depois, o Sr. Olindo chegou com o “Jeep” (de Floriano – PI) e o Sr. Antônio, residente na N. Prudente, em S.Paulo, que ajudaram a embalar a Kombi, que rapidamente pegou. Foto de um areião, onde a uns 500 metros antes havia atolado, donde sai apenas com recursos próprios. Estrada continua muito ruim. Topes violentos, sôbre pedras e terra sôlta. Cheguei a Presidente Dutra às 19,45 h, exausto. Km 46.760. Hospedagem no Hotel. São José. Banho de caneca. Sem apetite, procurei comer alguma coisa fora. Comi “dobradinha”, tempêro forte, grosso e com presença de areia, pois enquanto comia moia terra com os dentes! Deitei-me às 21,30 h., em rêde. Não existem camas. Como em barra do Corda, não tem energia elétrica. Lamparina a querosene. 94º Dia – 6 de Setembro de 1963 Presidente Dutra – MA


Levantei-me às 5,30 horas. Fotos: Kombi, defronte ao Hotel São José (na rua Magalhães de Almeida); Igreja Matriz, de São Sebastião. Saída às 6,45 h., Km 46.761. Nos 13 Kms. rodados, muitos desvios por motivo de construção de pontes, sem aviso algum. Muito perigo, porque a estrada a partir de P. Dutra é “Federal”, com boas condições para correr. Km 46.775, homens trabalhando para tirar uma vaca atolada numa lagoa. Km 46.776, foto de plantação de “babaçu”, na estrada Presidente Dutra – São Luís – MA. Km 46.783, continuam as “correntes” nos postos fiscais, sem aviso, obrigando a freiadas rapidas, devido a velocidade que o carro vem desenvolvendo.

Km 46.790, cidade D. Pedro. Km 46.858, o carro parou devido a quentura do motor. Logo que esfriou, segui viagem e logo depois, às 11,45 h, parei em um bar de estrada, onde almocei e tirei uma “sesta”, em rede. O carro frio deu partida normalmente. No Km 46.910, parou novamente, por quentura no motor. Um caminhão do DNER, puchou por uma corda a Kombi até São Mateus, cerca de 8 Km a 10 Km. Resolvi passar a tarde ali e viajar à noite, devido o dia estar muito quente. Fotos: “caminhão misto” e “pau de arara” com mercadoria e


gente. Às 18 h, parti para S. Luís. A Kombi rodou 500 metros e “morreu” novamente. Fi-la funcionar e retornei a S. Mateus, hospedando-me no Hotel Familiar. O sr. Oswaldo, que vinha comigo, de “carona”, mandei-o de

caminhão a São Luís, com carta ao agente da Volkswagen, pedindo mecânico. Banho de caneca. A cidade não tem luz elétrica. À noite conversei com o Prefeito do lugar. Deitei-me às 21,30 h. em rêde (não tem cama).


95º Dia – 7 de Setembro de 1963 São Mateus – MA

Levantei-me às 6,15 h. Às 8h, assisti o hasteamento do Pavilhão Nacional, na Prefeitura e na Câmara. Essa solenidade era desconhecida no lugar, que se tornou município êste ano. Desfile dos alunos do Grupo Escolar Santa Clara e de clubes de futebol, com uma “bandinha” de 7 a 8 figuras. Procurei um barbeiro e encontrei um que é dono de empório e que, com a cadeira na via pública, com vento forte, cortou-me cabelo e barba – CR$ 70,00 e 30,00 respectivamente. Paguei 150,00. Às 12 horas, almocei. Sesta. Às 17,30 horas, banho de caneca. Às 18 h, fui assistir o arriamento solene da Bandeira (autoridades, alunos e povo), tendo eu feito uso da palavra sôbre a data. A minha decisão foi por não ter ninguém falado no hasteamento.


Quando terminaram as solenidades (Prefeitura onde falei e, Camâra), voltei ao hotel e ali encontrei uma Kombi da Volkswagem de S. Luís, que viera atender meu chamado. Jantei às 19 h. Em seguida, o mecânico trocou o platinado e as velas do motor. Nada adiantou. Achou o mecânico que eram as bielas. Resolveu tirar o motor e leva-lo para S. Luís. Essa operação terminou às 23 horas. Deitei-me às 24 horas. 96º Dia – 8 de Setembro de 1963 São Mateus – MA Levantei-me as 6,05 horas. Às 7,30 h, parti no carro socorro para São Luis, levando o motor, ali chegando às 10,45 h. Hospedei-me no Lord Hotel (o melhor), diária 1.500,00 com café pela manhã. Almocei num restaurante ao lado (peixada). “Sésta”. Às 15 h. fui ao Colégio das Doroteias, onde visitei a Madre Catarina Martins, irmã do Sr. José Miguel Martins, de Manaus. A madre mostrou-me o colégio todo. Às 16,30 h, na capela do colégio, assisti missa mensal das domésticas. Jantei às 18 horas. Sai de bonde para o bairro Filipinho (CR$ 6,00 a passagem). Deitei-me às 23,30 h.

97º Dia – 9 de Setembro de 1963 São Luís – MA

Levantei-me às 6,15 h. Banho. Muito calor. Às 8,30 h, visitei o Sr. Raimundo Brandão, na filial da White Martins S.A., amigo do Sr. Aluísio de Belém. Em seguida fui ao correio e recebi carta com cheque visado (50 mil cruz.) Fui à oficina da VW ver a abertura do motor. Muita coisa para ser reparada. Não tendo a agência da VW, o


virabrequim, pedi um em Belém, por intermédio do Sr. Aluísio e, outro, ao Sr. Gerd, do Departamento de Propaganda da W. em S. Bernardo do Campo, SP. Almocei às 11,45h. “Sésta”. Comprei postais. Jantei às 18,30 h. Às 20 h, na Ass. Comercial do Maranhão, assisti a palestra do Sr. Leas Leite, do Rio, sôbre o problema de energia elétrica no MA, que foi patrocinado pelo Govêrno do Estado. Ao final da palestra, conversei ligeiramente com o orador, quando disse eu ser contrário a solução do problema pelo sistema termo-elétrico. As minhas justificativas não foram contestadas pelo mesmo, pois o sistema hidro-elétrico proporciona energia mais barata o que, em termos industriais e sempre levado em conta. Deitei-me às 23 horas, tendo tomado um banho antes. Muito calor.

98º Dia – 10 de Setembro de 1963 São Luís – MA Levantei-me às 7 h. Banho. Café. Às 8 h. telefonei ao Brandão para indicar-me um dentista, pois caira-me um pivot. Às 8,45 h, fui ao Dr. José Ferreira de Souza (ademarista – tem muitos no MA.) que me colocou o dente (CR$ 1.000,00). Almocei às 11,35 h, comida facil de mastigar, devido a dente não sofrer abalo. “Sesta”. Às 15 h., fui a VW e, também à casa do Sr. José digo Ademar Jesus da Costa (que trouxe a Kombi, de caminhão) – (entre Sítio Novo e Grajau) para avisar que o frete eu iria paga-lo com cheque visado que pedira ao meu irmão Fernando. A sogra que me atendeu disse ao me despedir: O sr. não é daqui! À minha declaração de ser de São Paulo ela esclamou: Se vê, pela educação. Gente daqui não tem educação... Voltei a cidade e fui à loja a que pertence a agência da VW e combinei com o Sr. Eduardo José, para conceder uma entrevista a um jornal, no dia seguinte. Banho. Jantei às 18 horas. Às 19 h, tomei o bonde São Pantaleão e fui num cinema de bairro onde assisti “Eu enterro os vivos” e “Teia de aranha negra”. Cinema ruim. Sujo. Os frequentadores levam revistas


de quadrinhos para ler até que se inicie a exibição. Outros, por sua vez (muitos deles) fumam no salão, deixando o ambiente intolerável. Deitei-me as 23,30 h, tendo tomado um banho antes. 99º Dia – 11 de Setembro de 1963 São Luís – MA Ademarista: Aqueles que pensam como Adhemar de Barros. Levanteime às 6,30 h. Banho. Café (mamão, abacaxi, laranja, banana, queijo, manteiga, bolachas, pães “comum” e “especial”, leite e café!!!). às 11 horas, fui a White Martins e com o Sr. Brandão fui até o restaurante do aeroporto, onde comi um peixe delicioso. Fazia tempo que não almoçava bem. “Sesta”. Banho. Escrevi carta ao Departamento de Turismo e Propaganda do Govêrno do Amazonas, solicitando livros sôbre coisas da região. Jantei às 19,45 h. Banho às 23 h. Deitei-me em seguida. 100º Dia – 12 de Setembro de 1963

São Luís – MA Levantei-me às 6,30 h. Banho. Café. Entrevista para o jornal “Correio do Nordeste”. Almocei às 11,45 h. “Sesta” e banho. Leitura de um jornal contendo notícias completas dos acontecimentos políticos em São Luís, no ano de 1951, em que houve greve geral – comércio – indústria – transporte – portuário – e jornais. O governador que era o motivo do movimento licenciou-se, para aguardar o pronunciamento da justiça eleitoral (que o confirmou no cargo). Presença de tropas federais, três mortos e muitos feridos. O jornal é de propriedade de R. Brandão. Banho e jantar às 19 horas. Às 20,30 h, assisti no auditório do Colégio Santa Teresa, a 132ª audição da SCAM Sociedade de Cultura Artística do Maranhão, que comemorou o seu 15º ano de fundação. O coral de 30 figuras aproximadamente, achei-o excelente.


Foi muito aplaudido. A super-lotação me surpreendeu, em espetáculo dessa natureza. Deitei-me às 23,15 h. Obs. Embora com colchão de molas, nas paredes existem embutidos, ganchos para rêdes, pois muita gente não sabe dormir em camas, carregando sua própria rêde. Nomes que são comuns aqui: Raimundo, Nonato, Aluísio e Ribamar. Os dois primeiros se justificam pela grande devoção a São Raimundo Nonato. 101º Dia – 13 de Setembro de 1963 São Luís – MA Levantei-me às 6,45 h. Banho. Café. Leitura de jornais. Almocei às 12 h. Não me deitei para a “sesta” costumeira. Em seguida fui à oficina da VW. Numa remessa de peças que recebera de São Paulo, existia o virabrequim que estava faltando para o reparo da Kombi. A alegria voltara em mim. Finalmente iria ser iniciado o serviço no carro. Banho às 18 h e jantar em seguida. Deitei-me às 22,30 h. Obs. Chuveiro do hotel muito bom (apartamento). 102º Dia – 14 de Setembro de 1963

São Luís – MA Levantei-me às 6 h. Escrevi cartas para minha espôsa dando às bençãos a minha filha Maria Aparecida, pelo seu 17º aniversário natalício; e, para meu irmão Fernando, pedindo cheque visado, de CR$ 20.000,00 para o Sr. Raimundo Brandão, que eu havia tomado emprestado. Banho-Café-Oficina da VW. Só iniciaram a montagem. Uma bagunça! Irresponsabilidade e, principalmente falta de boa vontade. Depois de achar o virabrequim, só 24 h depois e que iniciaram a separação das demais peças. Almocei às 12 horas. Sésta, rápida. Às 13 h, sai de Jeep, com o Sr. Brandão e fui até a cidadezinha de Rosário. Regressei às 18,30 h. Banho. Jantava às 19 horas, quando


entrou no salão do restaurante o Prof. José Inaldo Godoy, de Itu. Reconheci-o e o chamei para a minha mesa. Foi quase uma festa. Alegria recíproca. Neste fim de mundo encontrar um conhecido. Fui ao Barbeiro. Deitei-me às 21,30 h. 103º Dia – 15 de Setembro de 1963

São Luís – MA Levantei-me às 7 h. Banho. Café. Adquiri 10 exemplares do jornal “Correio do Nordeste”, contendo minha entrevista e os enviei a parentes, amigos e ao Sr. Gerd, da VW. Andei de bonde e fiz uma observação acêrca das construções da cidade; Antigas, estilo português e, intocaveis, já que grande parte da cidade foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional. Êsse particular tem prejudicado a expanção comercial e o aspecto da cidade, que para mim não agradou. Suas ruas estreitas, irregulares. Cidade das ladeiras. É inferior a Manaus e Belém. Melhor que Cuiabá e Pôrto Velho. O Lord Hotel, onde estou hospedado, é de construção de um ano. Bom prédio. A frente, todavia não pôde ser modificado. Parece um prédio antigo. A cidade foi fundada em 1.612, a 8 de setembro, é ilhada pelos rios Bacanga e Anil, que são dominados pelas águas do mar, nas suas marés, até quase suas nascentes. Energia elétrica deficiente. Telefone horrível (automático). Estão construindo uma usina termo-elétrica. No Maranhão como no Amazonas, o govêrno promove o “Seu talão vale um milhão”. Almocei às 11,45 h. Sésta. No hotel recebi a visita do Inaldo que se fazia acompanhar do cônsul boliviano sr. Edly de Cañedo Ostria Pacheco, com quem conversei demoradamente sôbre meus conhecimentos da Bolívia e de coisas e política do Brasil. Às 17,30 h, assisti missa na Catedral (fundada em 1629) cuja construção e uma maravilha, principalmente para a época da construção, embora tenha sido reformada. Mas o seu tamanho é colossal. Jantei às 19 h. Sai até à Praça Lisboa (a principal) e fui conhecer os resultados dos jogos


Palmeiras 2 – Corintians O – Fluminense 2 – Bangu 1. Ótimos!!! Banho às 22,40 h. Deitei-me em seguida. Obs: Na apresentação do coral, assim como no geral, é difícil ver-se alguém com paleto! Muito calor. 104º Dia – 16 de Setembro de 1963 São Luís – MA

Levantei-me às 6,50 h. Banho. Café. Oficina da VW, para acompanhar a montagem do motor. Almocei às 11,45 h. “Sésta”. Banho. Novamente na oficina da VW. Banho e jantar às 19 h. Telegrafei ao sr. Gerd, suspendendo o pedido do “virabrequim”. Leitura do jornal “O Globo”, do Rio. Banho as 22,30 h. Deitei-me em seguida. Obs: o comércio aqui, como venho observando noutras capitais, fecha todo para o almôço (2 horas). 105º Dia – 17 de Setembro de 1963

São Luís – MA Levantei-me às 6,15 h. Banho. Café. Compra de postais. Oficina da VW. Finalmente às 11,30 h, ficou pronto o motor. Banho às 12,00 h e almôço. “Sésta”. A tarde fui tratar da condução para levar o motor para São Mateus, onde está o carro. Nada consegui. Não quis o socorro da VW, pelo seu preço: 15.000,00. Jantei às 18,45h. Banho às 22,15h. Deitei-me em seguida. 106º Dia – 18 de Setembro de 1963 São Luís – MA Levantei-me às 6,00 h. Banho. Café. Sai para conseguir transporte


para o motor da Kombi. Às 11 h, ficou acertado com um caminhão que à tarde iria carregar tubos vasios da White Martins. Almocei às 12 horas. “Sésta”. Às 14,30 h. fui a White Martins, mas o caminhão só sairia às 17,30 h. Ficou combinado que êle me apanharia na agência da VW. O caminhão apareceu ali, por volta das 18 h; dizendo que ia na frente, arrumar a carga e voltaria para me apanhar ali fiquei até às 19,40 h. Vendo que tinha sido vítima de uma “ursada”, guardei o motor no pôsto de gasolina e fui para a cidade. Jantei às 20,30 h. Fui à agência de uma transportadora conhecer o horário do misto (caminhão passageiros e cargas) que seria às 9 h do dia seguinte. Voltei ao hotel. Banhei-me às 23 h. e deitei-me em seguida. Obs: Diária, apartamento com café 1.500,00. 107º Dia – 19 de Setembro de 1963

São Luís – MA


Levantei-me às 6,15 h. Banho. Café. Quando me dirigia à emprêsa de transportes, encontrei-me com o Sr. Brandão, que inteirado da “ursada” do caminhão ficou aborrecido. Com o seu jeep, levou-me até a VW, onde no carro socôrro coloquei o motor e o trouxe até a agência de transportes. Às 9,15 h, chegou o “misto” que não quis transportar o motor, alegando que por estar desembalado iria quebrar o tablado da carroçaria. Na ocasião se achava ali, o dono de um caminhão, que levava carga para Bacabal. Era o sr. José Ferreira da Silva, residente à Av. Monsenhor Tabosa, 521, em Fortaleza. Êle aceitou de levar o motor, eu e o mecânico. Saímos às 10,30 horas. Almoçamos na estrada, às 12 horas. Chegamos a São Mateus, às 18 horas. Jantei as 19 horas. Banho às 21,30 h. e deitei-me em seguida. Também em rêde, não há camas. 108º Dia – 20 de Setembro de 1963

São Mateus – MA Levantei-me às 5,40 h. O mecânico colocou o motor no carro. Saímos às 8,50 h. Km 46.925. Foto defronte o Hotel Familiar. Finalmente, às 12,50 h, chegada a S. Luís. Banho. Almôço. Em seguida levei o carro à oficina da VW, para mais reparos. Às 18 h, sai com 8 funcionários da VW, para umas cervejas. Deitei-me às 23,15 horas. A janta foi de alguns petiscos. Nota: tem bondes nesta cidade. 109º Dia – 21 de Setembro de 1963 São Luís – MA Levantei-me às 6 h. Banho. Café. Fui à oficina da VW, ver o término do serviço de reparos no carro. Ficou pronto às 12,30 h. Despesa: 150.000,00! Banho às 12,45 h. e almôço em seguida. Fui a casa do Sr. Brandão despedir-me da família. Recebi dêle 30.000,00 emprestado, ao invéz de 20.000,00, conforme carta que mandei ao meu irmão, a


quem mandei nova carta para os 10 mil cruzeiros. Abasteci de gasolina. Às 15,30h parti. Km 47135. Furou o pneu no Km 47217. Cheguei a S. Mateus, às 18,45 h, Km 47.334. O carro todavia continua a não desenvolver bem. Jantei. Deitei-me às 22 h. 110º Dia – 22 de Setembro de 1963 São Luís – MA

Levantei-me às 5,15 horas. O café foi de um copo de refresco de tamarindo, gelado e, um abacaxi, também gelado. Às 6,15 h, sai com destino à Bacabal, onde cheguei às 7,15 h, Km 47387. Visita à Casa Onça, de um amigo

do Sr. Brandão. Km 47.550, foto de um “rio-sêco”, só tem água no inverno. O frio no sul corresponde ao verão daqui; e o nosso verão corresponde ao inverno aqui. K 47587 –


Caxias. Foto Igreja Matriz São Raimundo. Almocei em hotel, cujo nome não anotei. Quando almoçava, comentavase na mesa ao lado, que a água mineral (que é local) passara a 3,00 o copo e que com o café a 5,00, o trôco dava para um cigarro barato, de 2,00. Trôco de cigarro!... Registro que é comum até esta altura da viagem, a venda de cigarro picado. Depois do almôço, rumei à Terezina, capital do Piaui, onde cheguei às 15,30 h. Fui ao Piaui Hotel e hospedei-me no apart. 504, juntamente com o Prof. Jose Inaldo Godoy. Cama e café pela manhã 1.650,00. Restaurante a la carte. Banho à chegada. Às 18 h, novo banho. Muito calor. Sai com o Inaldo para uma visita que êle tinha marcada, tendo na ocasião tomado refresco de cajuina. Jantei às 18,30 h. Sai com o Inaldo, até a praça. Tipo da nossa. Muita gente. Tomei 3 sorvetes e água mineral. Às 22,30 h, novo banho. Deitei-me em seguida.


111º Dia – 23 de Setembro de 1963 Teresina – PI

Levantei-me às 5,45 h. Escrevi carta para a espôsa e irmão Fernando. Banho. Visita ao jornal “O Dia”, onde concedi entrevista. Mandei lavar e engraxar o carro. Revelação de 3


filmes. Visitei o Presidente da Ass. Comerc. Teresina Sr. Miguel Sady. Almocei às 12 h. “Sesta”. Sai com o Prof. Getúlio (colega do Inaldo) e fui ver a árvore que chuvisca (solta “pingos d’água!”) Em seguida, fui à pequena cidade de Timon, às margens do rio Parnaíba, no Estado do Maranhão


(divisa c/ Piaui). Fotos: Ponte rio Parnaíba, Igreja Matriz, Piaui Hotel e vistas parciais da cidade. Não havia postal para se comprar. Visita à Oficina de Artes Industriais, Pavilhão Zenaide Scholts. Às 18 horas, banho; em seguida, jantar. Com o Inaldo, visitas aos Clubes “Diários” e “Joquei Clube”. Ambos muito bons, sendo que a picina de um deles é elevada! Andando pela cidade, vejo caminhão com seguintes dizeres: “Bôca que não merece beijo, pimenta nela”. Às 21 horas, acompanhado do Inaldo fui até a Rádio Difusora, onde a convite do Dr José Lopes dos Santos, proferi uma palestra sôbre a viagem, no programa “Mêsa de Debates”. As observações de algumas falhas de Teresina e do Piaui, mereceram agradecimentos do Dr Santos, pela contribuição que elas proporcionariam, alertando as autoridades do Piauí. Ao regressar para o hotel, comprei na portaria um pacote de cajui (doce sêco, de um tipo de caju, pequenino). 500,00 o quilo. Ganhei do Dr Santos o livro “Sambaiba”, romance de


Fontes Ibiapina e, do Inaldo: “Guia de Teresina”, de Edilberto Martins. Pessoa conhecida do Inaldo e que chegara de avião à noite, trouxe o “Diário de São Paulo”, onde li a notícia de Itu, referente à procissão até Salto, implorando chuvas. Deitei-me às 23,45 h.

112º Dia – 24 de Setembro de 1963

Teresina – PI Levantei-me às 6 h. Banho. Café. Comprei o jornal “O Globo”, do Rio. Sai e tomei refrescos de “cajuina” (do caju) e “Bacuri”. Acompanhado do Dr Santos, visitei a “Cooperativa Mista para o Desenvolvimento Agropecuário Industrial do Piaui”, onde ganhei flâmulas e lembranças e o livro “Súmula de Historia do Piaui”. Banho às 12 h. Almôço em seguida. “Sésta”. Às 16 e 17,30h. a convite do Dr. Itamar, da Secretaria de Educação, proferi duas palestras aos alunos do “curso de especialização” que professores de S. Paulo (Estado) vem ministrando


à guiasianos formado, para que o govêrno do Piaui possa dar mais professores ao interior, onde os formandos não vão devido ao baixo salário. Ao final da palestra, congratulou-se comigo, pela “aula de geografia” que havia dado. Fui solicitado a conceder autógrafo!? As palestras tiveram lugar na “Casa Anísio Brito” que é também “Arquivo Público e Museu”. O curso referido faz parte do “Plano Trienal” e recebe ajuda da “Aliança para o progresso”. Às 18h, banho e jantar. Às 20 h, visita ao aeroporto local. Às 23,15 h, banho. Deitei-me em seguida. 113º Dia – 25 de Setembro de 1963 Teresina – PI Levantei-me às 6 h. Banho. Paguei conta do quarto, pois a da alimentação o Inaldo fez questão de pagá-la. Às 9 h, Km 47.701, parti com destino à Parnaiba. Km 47756: cidade “José de Freitas”. Às 12 horas, almôço na cidade “Barra do Maratoan”. Em Batalha, mandei regular o platinado, pois o carro puchava só 45 Kms. Às 16 h, cheguei em Piracuruca, onde abasteci o carro. Às 20,10 h, Km 48.052, cheguei á Parnaiba, hospedando-me no Parnaiba Hotel Palace, diaria de quarto e comida 2.200,00. Banhei-me e jantei fora. Deitei-me às 22,30 h. Às 2 horas da madrugada, acordei com pernilongos. Coloquei cortinado. 114º Dia – 26 de Setembro de 1963

Parnaiba – PI Levantei-me às 6,45 h. Banho. Levei o carro à oficina da VW, para ver causa de barulho e da falta de fôrça do carro. Em seguida visitei a redação do jornal “Folha do Litoral do Piauí”, onde concedi entrevista. Banho. Almôço às 11,45 h. Sésta. Quando banhava-me depois da “sésta”, senti ligeira indisposição, com qualquer coisa no peito e boca do estômago. Sai e adquiri postais. Visita ao Monumento a Humberto


de Campos, junto ao cajueiro que êle plantara no quintal da casa onde residia, quando tinha 6 anos de idade. Visita e foto da Igreja N. S. das Graças, catedral, construida em 1770 e reformada em 1936. Um padre com quem conversei esteve em Itu a uns 2 anos. Banho às 18,30 h. Jantar em seguida. Cinema, muito ruim. Deitei-me às 22 h., mas até às 24 horas estava matando “morissoca” (pernilongo). Às 4 horas, acordei com pernilongo dentro do cortinado.


115º Dia – 27 de Setembro de 1963 Parnaiba – PI Levantei-me às 7 h. Banho. Café. Visita ao Presidente da Ass. Comercial da Parnaíba, Sr. Ranulfo Torres Raposo, que me ofereceu o “Almanaque de Parnaíba, do qual é o editor e, amostras de dois tipos de cêra de carnaúba. Visita ao Prefeito da cidade, Sr. Lauro Correia, que me ofertou o livro: “Súmula de historia do Piaui”. Banho às 11,30 h e almôço. “Sesta”. A tarde fui a oficina da VW, ver o andamento do serviço. Visitei o Dr Edgard Santos Veras, primo em 2º grau de Humberto de Campos que me informou ter o cajueiro plantado H. Campos aos 6 anos de idade; o monumento ao lado da casa onde residiu, foi realizado pela Prefeitura para perpetuar a homenagem do povo de Parnaíba. Era seu prefeito o Dr Mírocles Campos Veras. Visitei a Maternidade Dr Marques Basto, que também atende aos pobres gratuitamente e, o Hospital Infantil, obras que atendem à sua finalidade. Grandes realizações. As 18 horas, banho. Às 19 horas, fui ao consultório do Dr Edgard, tirar uma consulta devido a indisposição que tivera no dia anterior e que ainda persistia. Receitou 2 tipos de espasmódicos: Baralgin e Aerosan. Jantei às 20,30 h. Deitei-me às 22,30 h. Às 4 h da madrugada, acordei com pernilongo dentro do cortinado. 116º Dia – 28 de Setembro de 1963

Parnaiba – PI Levantei-me às 6,40 h. “Dia do 20º aniversário de casamento, e do 41º de nascimento de minha espôsa”. Despedida ao diretor do jornal “Fôlha do Litoral do Piauí” e ao Presidente da Ass. Comercial. Êste, a meu pedido recomendou-me aos agentes da VW; para que a despesa do carro fôsse paga depois, com cheque visado que eu pediria para casa. Visita à Tipografia Americana. Fui a of. VW e sai com o carro


para experimentá-lo. Banho e almôço as 12 h. Sésta. Às 14,30 h, of. VW, retirar o carro. Despesa 55.000,00. Assinei duplicata. Banho às 18 h. Jantei às 18,30 h. Arrumei a mala. Paguei o hotel 7.080,00 (3dias) e sai para outro hotel (ruim) para dormir, porque aquêle cobra diária completa ainda que só para dormir. No Hotel N. S. de Lourdes, deiteime às 22,30 horas. Obs: Teresina – cidade de boa topografia, bem traçada, arborizada, com aspecto de cidade de interior (não parece capital). Hotel de propriedade do “Estado”, c/ 5 andares. Regular. Parnaíba: Cidade litorânia, banhada pelo rio Parnaíba que ali se lança ao mar. Bom comércio. Há quem a ache melhor que Teresina. Tem bons prédios. O do hotel é de propriedade de elementos componentes do quadro de sócios da Ass. Comerc. (uns 40). O hotel funciona à responsabilidade dos mesmos. O prédio está em ampliação e ocupa a área total de um quarteirão. Terá teatro e outras finalidades associativas. Grande realização. A forma de participação dos sócios é a seguinte: cada comerciante associado (que como sócio da ACP para 50,00 de mensalidade) ao recolher o imposto na repartição do governo, recolhe 5% sôbre o valor exportado para a referida construção. Uma firma já contribuiu com mais de 5 milhões e a firma do Sr. Ranulfo com mais de 4 milhões. Atualmente as obras de ampliação estão paradas.

117º Dia – 29 de Setembro de 1963 Parnaiba – PI Levantei-me às 5,30h. Km 48.125, parti às 6h, destino Fortaleza-CE. No Km 48.257-Piracuruca. Gasolina a 48,00 o litro. Entrei por estrada carroçavel para passar em “7 cidades”- (Parque nacional). K 48.266, tombador. Encalhei. Naquela hora passava por ali, um homem, o primeiro que vi na estrada (não passa veículo quase – talvez nem um por dia!) que, foi mandado por Deus. Ajudou-me a tirar o carro do areião. No Km 48.277, foto da Kombi, tendo ao fundo pedras do local


“7 cidades”. Estrada mais do que horrível. Uma loucura passar por ali. Km 48.280, “7 cidades” Até chegar na rodovia federal, 12 Kms. de estrada regular. Se soubesse da existência da mesma, teria feito o trajeto diferente. Km 48.292, rodovia. Km 48.313, almôço, às 12 h. “Sésta” em rêde. Comprei mel de abelha “jandaira”, para compensar o litro de xarope de guaraná que empregado da oficina da VW. de Parnaiba quebrou. Km 48.317, ao tirar o carro para a esquerda, a fim de passar um caminhão que ia na frente, perdi a direção na areia e terra solta da estrada. Mesmo tendo controlado a direção, ao voltar no centro da pista o carro virou. Nem deu para assustar. Amassou pouco a porta do motorista e riscou ligeiramente a carroçaria dêsse mesmo lado. O caminhão que ia na frente, com carga de gente parou e veio socorrer-me. Colocada a Kombi em pé, verifiquei que apenas quebrara o litro de mel e um copo. Não houve nem arranhão. 5 minutos depois prosseguia viagem. Km 48394, cidade Tianguá, onde parei para mandar regular a embreagem 300,00. Essa cidade já é Estado Ceará.


Km 48.397, início da descida da Serra Ibiapaba. Leito da mesma e calçado com pedras irregulares. Km 48.412, pé da serra. Na descida, belo panorama. Na região da serra há vegetação verde. Clima mais fresco. Km 48.489, cidade Sobral. Não tendo vaga no Hotel dos Viajantes, fui para o Abrigo São José, dirigido por irmãs de caridade. Ali é pensão para moças de fora, que estudam, de homens e casais que trabalham na cidade e hospedam viajantes. Banho às 20 h. Bom chuveiro. Sai para comer. Deitei-me às 22 h. Obs: a cidade é a primeira depois da capital. Bom comércio. 118º Dia – 30 de Setembro de 1963

Sobral – CE


Acordei às 5 h, com toque de sinos. Levantei-me às 5,45 h. Abasteci o carro de gasolina. Procurei postais. Além de feios, pediram 250,00 cada!!! Não comprei. Dei umas voltas pela cidade. Foto do Arco do Triunfo da N. S. de Fátima. Km 48.511, cidade Forquilha. Logo em seguida, o açude Forquilha. Km 48.544, local denominado Patos, município de Sobral, quebrou-se o cabo da embreagem. Por um jeep que passou, pedi socorro a cidade mais próxima: 56 Kms. Almocei ali; sésta. O dono do bar, que têm caminhão, com suas ferramentas (as minhas não dão) conseguiu trocar o cabo pelo que eu levava de reserva. Muito suados e sujos por deitar-mo-nos para o serviço, fomos, às 15,30 h, até o “Ôlho d’agua do Pagé”, para um banho distancia: 32 Kms. Há dois olhos d’agua: um fria e outro menos fria, cuja água cheira a enxofre. Deve ser medicinal. Voltamos. Às 19 h, jantei no bar do sr. que consertou a embreagem. Deitei-me as 20,30 h, cansadíssimo pelo calor. Às 21,15 h, apareceu o carro do socorro, com o mecânico. Cobrou apenas a corrida do automovel: 4.000,00. Durante a noite, refrescou a temperatura. 119º Dia – 1º de Outubro de 1963 Patos – CE Levantei-me às 5,30 h. Km 48.608. O café foi de apenas um prato de coalhada (100,00). Km 48667, cidade de Itapagé. Começa o asfalto. Na estrada, gente com latas d’agua na cabeça. Crianças (com carrinhos especiais para as de pouca idade) também levam o preciosíssimo líquido. Nas fazendas, a maioria de galinhas é da angola. Branca, preta e mistiçada.


Km 48.674-São Miguel. Perto do açude (onde se lava roupa, banha-se e toma-se a água) tirei foto de um jumento carregando 4 “canecas” de madeiras, com 20 l. cada, para o transporte de água. Às 10,15 h, cheguei a Fortaleza-CE. Até aqui a estrada é asfaltada. Fui direto no correio a procura de carta com cheque de 80 mil que de Belém pedira a meu irmão Fernando. Nada encontrei. Fiquei aborrecido. Tinha nos bolsos 700,00! Procurei hotel e hospedei-me no quarto nº 5 do Fortaleza Hotel-diária completa 1.500,00. A qualidade do hotel está bem em relação ao preço. O melhor da cidade cobra 4.000,00 só para dormir! Banho. Almôço. Visita ao Sr. Francisco Emídio Filho, amigo do sr. Raimundo Brandão, de São Luís. Tomei 2.000,00 emprestados para poder passar telegramas ao Banco do Brasil em Recife e Salvador, pedindo urgente transferência das remessas ali existentes, por meio de ordens telegráficas. Às 18 h, banho e jantar. Deitei-me 22 h.


120º Dia – 2 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE Levantei-me às 6,45 h. Banho. Sai com o carro e dei voltas pela cidade, praias, porto e zona das firmas que trabalham com inflamáveis. Visitei o sr. Antônio Fiuza Filho, agente da VW. Visita ao jornal “O Unitário”, onde concedi entrevista. Às 12 h, almôço. “Sésta”. À tarde fui ao Banco do Brasil. Não chegara nada. Banho às 18 h. Jantar. Deitei-me às 22,30 horas.



121º Dia – 3 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE Levantei-me às 6,15 h. Banho. Visita de despedida ao agente da VW. Visita a Pedro Pereira Lima, que conheci em Manaus. Já terminara suas férias e voltara para Belém. Deixei-lhe carta. Às 12 h, almôço. “Sésta”. A tarde, novamente no Banco do Brasil. Não veio nada. Passo o resto do dia, no hotel, lendo. Às 18 horas, banho. Jantar em seguida. Não saí. Deitei-me às 22,15 horas.

122º Dia – 4 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE

Levantei-me às 6,20 h. Café. Leitura de jornais sôbre pedido de “Estado de Sítio”, por parte do Presidente Goulart. Almocei às 11,45 h. “Sésta”. À tarde, comprei postais. Novamente no Banco do Brasil, nada de dinheiro. Banho às 18 horas. Jantar em seguida. À noite, fui fazer visita ao Sr. José Ferreira Silva, proprietário do caminhão que trouxe o motor do carro a São Mateus, no MA. Sua residência: rua Mons. Tabosa, 521. Havia viajado. Tem 2 filhos cegos. Pretende pedir ajuda a Ademar de Barros para operá-los em Campinas. Deitei-me às 22,30 horas. 123º Dia – 5 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE Levantei-me às 6,30 h. Café. Leitura de jornais sôbre a situação política nacional: “Estado de Sítio” solicitado e as greves de ferroviários em São Paulo. Visitei novamente o Sr. Francisco Emídio Filho e combinei para o dia seguinte, uma viagem a uma propriedade agrícola. Almôço as 11,45 horas. “Sésta”. Passei a tarde no hotel.


Banho às 18,15 horas. Jantar. Ouvindo rádio para saber da situação política nacional. Deitei-me às 22,30 horas. 124º Dia – 6 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE

Levantei-me às 6,30 horas. Café – Rápida limpeza no carro. Leitura jornal, que enviei aos cunhados Baptista e Antônio, por motivo das notícias da festa de ante-ontem, em Canindé, em louvor a São Francisco. Às 9 horas, o Sr. Emídio veio no hotel e fomos, com mais 4 carros a uma propriedade agrícola dos sócios da firma J. Macedo S.A. Muito caju, côco da praia, cana e leite de vaca. Um dos carros quebrou peça da barra do câmbio e, com a corda que levo na Kombi, arrastei-o até a cidade. Em seguida, levei os seus donos (um casal) à sua casa, que fica próxima à do Sr. Emídio. Às 14 horas, almocei em casa dêste, onde fiquei conversando até às 16,30 h. Voltei para o hotel. Às 17,30 h. Jantar. Fiquei a espera do Sr. Emídio para ir visitar o clube “Náutico”. Êle não apareceu. Às 22,15 h, deitei-me. Nota: enquanto esperava pelo sr. Emídio, ouvi um rádio perto do hotel, com gente fazendo discurso sôbre programa político de vereador. Deduzi que as eleições não se realizaram hoje, como eu estava pensando e que o pleito seria no dia 20 do corrente. 125º Dia – 7 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE Levantei-me às 6,00 h. Leitura de jornais. Café. Levei o carro à oficina da VW para colocar busina que perdi na estrada; espêlho retrovisor externo, que se quebrara quando o carro virou; troca de óleo etc. Voltei ao hotel, à pé. Almocei às 11,15 horas. “Sésta”. Às 14,30 h, fui ao Banco do Brasil, mas não chegara o dinheiro. Às 16,30 h, fui à of.


da VW. buscar o carro. Despesa 10.500,00 que fiquei de pagar quando vier o dinheiro. Banho 18,30 h. Jantar. Não sai do hotel. Deitei-me às 22,45 h. Obs: Quando almoçava, ouvi no rádio o pedido, do Presidente João Goulart, de retirada do projeto de “Estado de Sítio”. Achei graça da palhaçada, que é reflexo da falta de apôio na Câmara. Quando jantava, ouvi no rádio que as chuvas prejudicaram o comparecimento às urnas no Estado de São Paulo. Realizaram-se as eleições, ao contrário do que eu raciocinava na noite de 6. Esta noite, sonhei que o Caetano não tinha sido candidato e o adversário do José de Oliveira havia sido o João Português e que, todos achavam que o José ganharia eleição. Então, apanhei um lapis e me aprontava para escrever um artigo contra o João Português (conforme prometera a amigos, se o João fôsse candidato), quando terminou o sonho. 126º Dia – 8 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE Levantei-me 6,10 h. Calor. Banho. Café. Of. VW, ver razão de vasamento de óleo. Almôço. “Sesta”. Leitura de jornais. Banco do Brasil: não veio o dinheiro. Procurei o Sr. Francisco Emídio Filho e disse-lhe que estava desesperado para ir embora. Pedi-lhe emprestado 50 mil, e lhe deixaria procuração para receber a “ordem” no Banco. Ficou de arranjar o dinheiro no dia seguinte. Banho às 18,30 horas. Jantar. Arrumei a mala. Não sai do hotel. Deitei-me às 22,15 horas. 127º Dia – 9 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE Levantei-me às 6h. Café. Procurei o sr. Emídio mas êste não conseguiu-me o dinheiro prometido. Fiquei tanto aborrecido, que nem almocei. Desejava ir embora a qualquer preço. À tarde fui ao Banco do Brasil, mas não viera o dinheiro. Às 18,40 h, falei pela Radional com o Nemir Rocha, em Itu, fone 444, e pedi-lhe 120 mil por ordem telefônica. A ligação não estava boa. Com dificuldade êle me entendeu. Despesa: 2.056,10 (4 minutos). Às 20 h, voltei ao hotel e embora não tenha almoçado, quase nada comi no jantar. Bife cheio


de nervos. Deitei-me às 22,30 horas. Obs.: “Play-Boy” aqui é “Rabo de burro”. Existem muitas pessoas com o nome “GERARDO”! Isso mesmo: Gerardo. 128º Dia – 10 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE

Levantei-me às 6,30 h. Café. Leitura de jornais, no hotel. Almocei às 11,30 h. “Sesta”. Às 14 horas fui ao Banco do Brasil, mas nada chegara. Dei voltas, a pé, pela cidade. Visitei as obras da nova catedral, cujo projeto é suntuoso. Visitei também a Igreja N. S. do Rosário. Banho às 18 h. Jantar. Deitei-me às 22 horas. 129º Dia – 11 de Outubro de 1963

Fortaleza – CE Levantei-me às 8 horas. Café. Sai com um estudante (hóspede do hotel) e de carro percorri a cidade e praia Iracema. Nesta, tirei foto da Kombi, junto de uma jangada cearense, muito conhecida pela sua fama no transporte pelo mar. Às 11,30 h., almôço. “Sésta”. Fui ao Banco do Brasil e ali fiquei até às 16,15 h, esperando o dinheiro que não chegou. Saí e fui a Radional. Pedi ligação a pagar (estava sem 10 cruzeiros sequer no bolso) para Nemir Rocha, fone 444 – Itu, que foi completada em 25 minutos. O Rocha informou-me que havia providenciado a remessa mas que o fizera por ordem telegráfica, porque no Banco disseram-lhe que o telefone para aqui era difícil. (e eu consegui em 25 minutos). Às 17,40 horas, telefonei ao Sr. Caracas, chefe da seção de “Ordens de pagamento” do B.B. e o inteirei do meu telefonema. A essa hora chegava-lhe às mãos, um pacote de “ordens” mas, olhando-o nada encontrou para mim. Banho às 18 horas. Jantar. Às 20,30 h, sai com um hospede do hotel, paulista, residente em Santo André, para uma visita à família, sua conhecida. Deitei-me às 23 hrs.


130º Dia – 12 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE Levantei-me às 6,45 h. Café. Passei a manhã, no hotel, lendo os jornais. Almocei às 12,15 h. “Sesta”. Em seguida, tomei emprestado do Sr. Antônio (de Santo André) 1.000,00 e fui cortar cabelo e barba (esta com 8 dias). 160,00 e 90,00 respectivamente. Passando por uma construção pedi um tijolo dos que produzem nas imediações da capital. É feito da lama oriundas das lagoas. Por ser mole, a “garra” para o reboque é feita com os dedos ou invéz da marca como o é nos nossos produtos do sul. Com a Kombi fui até o prédio 2.733 da rua Senador Pompeu (mesma rua do hotel) e ali visitei indústria de macarrão e biscoitos, a “Nebran” (Neto Brandão), onde o paulista de Santo André está instalando secadores para macarrão. Às 18,30 h, banho. Jantei em seguida. Deitei-me às 23 horas.

131º Dia – 13 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE Levantei-me às 7 h. Café. Sai com o Sr. Antônio e de carro visitei as 3 pequenas praias da cidade, dando volta completa até sair doutro lado da cidade. Voltei na praia Iracema e ali tomei banho cêrca de uma hora. Não tem árvores para se abrigar do sol. Fazia bom vento o que tornou agradável o banho. Poucos bares e nada de água doce para se lavar ali mesmo. Às 12,15 do Ceará, ganha porcentagem sôbre a arrecadação (!). Às 11,30 h, almôço. “Sésta”. Fui ao Banco do Brasil mas não veio o dinheiro mandado pelo Rocha. Também fui ao London Bank mas não veio o dinheiro que pedi ao Renato Borges (Azevedo). Novas visitas às instalações do Pastifício Nebram. Banho as 18,15 horas. Jantei em seguida. Não sai; um hospede, de tendência socialista falava numa roda de pessoas, onde estava um padre, que o


mundo marcha inexorávelmente para o socialismo. Disse achar justa a expulsão dos padres espanhois, de Cuba; que o leite mandado pelos americanos é bôrra (resto de fabricação). O padre a nada contestou. Fiquei com vontade de intervir. Deitei-me às 22,30 horas. Nota: sonhei que o sargento Sbrissa (rádio-amardor) assassinara meu pai a tiros!!! 134º Dia – 16 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE Levantei-me às 7,30 h. Café. Não sai do hotel. Quando o padre citado na nota de ontem passava pela portaria, disse-lhe da minha extranheza por ter êle ouvido meia hora de “babozeiras” comunistas e não ter reagido. Pedi-lhe que perguntasse ao comunista se os tratores que os americanos mandaram à Cuba para libertar cubanos eram de bôrra de ferro. Almocei às 11,30 horas. Na sala de estar do hotel vendedores de bilhete de 25 milhões da Federal oferecem a 600,00 500,00 e 450,00 por fração. O custo é de 315,00! Deitei-me para a “sesta” mas logo fui acordado pelo empregado, pois o telefone me chamava. Era do London Bank, avisando da chegada da ordem de pagamento. Fui para lá em seguida. Funcionários todos de gravata. O único que vi assim. Para receber o dinheiro tive que ir até a firma J. Macedo S.A., onde um funcionário abonou minha firma já que o Banco não quis aceitar a carteira de motorista como documento. Em seguida paguei o Sr. Emídio (4.000,00 emprestados e 2.054,00 de telefonema para o Rocha). Com o Sr. Emídio fui a fábrica de redes, onde com insistência consegui comprar uma (vendas suspensas, falta do produto) por 7.854,00. Fui ao Pastifício “Nebran”, onde paguei o Antônio e me despedi dos donos da Nebran. Fui à of. da VW, paguei a conta 10.740,00 e mandei apertar o bujão de óleo, que vasava. Banho às 18 horas. Escrevi cartas à esposa, Rocha e Lito. Jantei. Fui ao correio levar as cartas. Paguei a conta do hotel 26.500,00. Haviam cobrado 25.500,00 ao por êrro de soma. Banho novamente. Deitei-me


23 h.

135º Dia – 17 de Outubro de 1963 Fortaleza – CE

Levantei-me às 5,30 h. Arrumei a mala. Café. Parti às 6,45 h. K 49.066 K. 49.073, feira, inclusive de tijolos. 49.092, asfalto com buracos, perigo! Também “calombos”. K 49120, Pacajus. K 49126, Indústria “Cajubrás” (em Fortaleza existe a “Lagostabrás”). K 49135 Xoró. 49163, Cristais. K 49174, Areias 49183 Boqueirão do Rosário. Aqui deixei asfalto que leva à Russas e entrei na estrada de terra. Foto da Kombi junto à corrente do posto fiscal. K 49.231, ponte do rio Jaguaribe. K. 49233, Aracati. Venta demais. Isso acontece 6 meses por ano! Um garôto me levou até a fábrica de produtos de caju, onde adquiri suco, doces cristalizado e rasgado. O garoto como outras pessoas que observei fala “drobar” à direita. Às 11,30 h, almocei no Alvorada Bar 450,00. K 49239, saida. No subúrbio, foto de carro de bois com pipa, vendendo água encanada. Os rios não existem! Km



49.270, erosão, na estrada, com perigo para veículos. K 49295-Pôsto Fiscal, de São Romão-RN. K 49319, acampamento da CIP Ltda, que irá pavimentar o trecho Mossoró-Aracatí, na BR 11. K 49331, Mossoró. Rio Mossoró – ponte – foto. Foto do prédio da Correios e Telégrafos, tendo aos fundos a Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Observei bandeiras verdes em alguns lugares. Explicaram-me que foram adotadas pelo partido que elegeu o atual govêrno, para mostrar os elementos que o apoiavam. Por sua vez, também a facção derrotada tem sua bandeira azul e vermelha. Homens e mulheres também, na época eleitoral adotam vestes nas côres da corrente política de sua simpatia. Hospedei-me no Hotel Pax, quarto 12 A; hotel sofrível. Banho às 17 h. Barbeiro. Jantar às 18,30 horas. Com um viajante de produtos de perfumarias, fui assistir “Nús, como Deus nos fez”. Antes, tomei uma taça de sorvetes. O companheiro não gostou do filme. Eu gostei. No cinema, fuma-se dentro da sala de progeção, mesmo quando o filme está sendo rodado. Na saída, outro sorvete e, refresco de maracujá. Calor. Deit. 22,30 h.

136º Dia – 18 de Outubro de 1963 Mossoró – RN Levantei-me às 5,20 h. Não me acordaram à hora que pedi (5,15 h). Acordei com o barulho da feira e mercado, na frente do hotel, onde um garoto apregoava batata doce. Café. Paguei 1.000,00 do hotel, que ficou de me mandar a nota, porque o encarregado não se achava presente. Saí às 6,45 h, K 49.407, localidade “Açú”, foto da corrente. K. 49.416, rio Piranhas, grande ponte devido a volume de água na época do “inverno”. K. 49.457, Angicos. K 49467, Fernando Pedrosa. K. 49.470, “rio seco” – grande vala, sem aviso, constituindo perigo devido a velocidade que a estrada permite imprimir. Outros em seguida. K. 49500, Lages. K. 49553, Cachoeiro. K. 49592, estrada asfaltada. K 49.608, Macaíba, estrada calçada a paralelepípedo. K.


49623, Natal. Visita ao gerente da agência da VW. Hospedei-me no Grande Hotel, quarto 210. Às 18 h, banho, jantar (com peixe cabalaassado, gostoso). Sai para tomar refresco. Visitei a sede da Ass. Comercial do Natal (600 sócios), grande sede, com restaurante e 4 quartos para hospedes ou viajantes. Deitei-me às 22 h. Às 4 h, acordei com “muriçoca” dentro do cortinado. Os pés coçando. Elas não tocam “violino”. Só picam. Nota: Perto de Natal existe trecho de estrada em construção, em plena pedreira, serviço que vem sendo executado por equipe do Exército Nac. Aqui o abuso na afixação de cartazes de propaganda política é idêntico a de tôdas as cidades que visitei. Não há respeito à propriedade.

137º Dia – 19 de Outubro de 1963 Natal – RN


Levantei-me às 6,30 h. Banho. Café. Levei o carro para lavar e lubrificar (1.500,00). Correio, retirei carta do meu irmão Fernando, com cheque de 80.000,00 que deveria ter sido enviado para Fortaleza. Visita a VW. O sr. Gilson destacou um funcionário como cicerone, para me mostrar a cidade. Entrevista ao jornal “Diário de Natal”, dos “Associados”. Foto da Praça da Jangada (farol nos fundos) Almocei com o cicerone no Restaurante Panorama (lagosta-1ª vez que comi-à francesa) pago pelos agentes da VW. “Sésta”-Às 16 horas, o ciceroni me apanhou no hotel, em seu carro para novos passeios. Muito calor. Tomei sorvete e água de côco. Visita ao parque das crianças (bonito recanto). Banho. Jantar às 18,45 horas. Barbeiro (toalha minúsculacomo em tôda a região norte-nordeste) que não é respeitada a vez do freguês. Barracas, nas calçadas, vendem de tudo, o que desfigura a beleza da zona central. Deitei-me às 22,15 h. 138º Dia – 20 de Outubro de 1963 Natal – RN Levantei-me às 6,20 h. Banho. Café. Leitura do jornal “associado” – O Poti. Às 9 h., nova saida com o “cicerone”. Água de côco. Foto “Praia do Meio”. Visita a tôdas as praias e ao aeroporto. Almocei às 12 h. “Sésta”. Não sai. Banho às 18 h. Jantar. Fui até o centro, de carro. Tomei refresco de maracujá. Novo banho às 22,30 h. Deitei-me em seguida. 139º Dia – 21 de Outubro de 1963 Natal – RN Levantei-me às 5,20 h. Café. Oficina VW para a revisão dos 50.000 Kms. Comprei postais. Às 11 h. apanhei o carro. Revisão imperfeita. Reclamações. Em seguida, almocei. “Sésta”. Dei uma volta para testar o carro. Troca do pneu direito, dianteiro (2 furos). Abastecimento de


gasolina. Paguei o hotel 11.560,00. Lavadeira 1.310,00. Banho às 17,30 h. Jantar. Arrumei a mala para viajar amanhã, com destino à Campina Grande. Às 22 h, novo banho. Muito calor. Chuviscou ligeiramente. Deitei-me em seguida. Nota: a noite, sai para comprar alguma coisa como lembrança do R.G.N. Comprei vinho de caju. Môlho que aqui fabricam não encontrei. 140º Dia – 22 de Outubro de 1963 Natal – RN Levantei-me as 5 h. Café. K. 49721, partida. Na estrada vi tabuleta “O exército constroi”, colocada em trecho que o Serviço de Engenharia está construindo. K. 49811-Tangará. K. 49815, estrada de terra. K. 49.834, Campestre. Há sinais na estrada, de ter chovido no dia anterior. Cidade “Passa e Fica” é na divisa com o Estado da Paraiba. K. 49887, Belém de Caiçara, a primeira cidade que tem serviço de água. K. 49899, Pirpirituba (rio da Rua) onde se começa a ver um pouco de verde nos campos. Antes tudo era sêco. Foto, no K. 49901, “BR 53”, trecho Sapê-Guarabira-Pirpirituba, “Construtora Soares Pereira, Ltda.”, promoção do DNER e SUDENE. K 49.911. Guarabira, boa cidade. Continuam as correntes da fiscalização. K. 49.929, vi o 1º VW!!! K. 49.943, Mari. Início de asfalto. Plantações de agave (Rami). K. 49954 - cidade “Sapê”. K. 49.966, pista de concreto. K. 49.977, ponte sem o piso de concreto (terra) perigo! K 49979, idem. Em seguida, cidade “Cajá” K. 50.017, cidade “Riachão” Almôço às 13,30 h. Estrada de concreto arreiada em muitos lugares. Concreto quebrado. Perigo. Má qualidade. Séde digo, pôsto do DNER. Cheguei a Campina Grande às 15,45 h. (K 50.499). Grande cidade. Depois de 140 dias – chopp – na Salsicharia Vienense. Os prédios todos sujos de cartazes eleitorais. Hospedei-me no Regina Hotel, quarto 5 (altos). Fraquíssimo hotel. Banho. Jantar “magro”. Estava sem fome. Sai pela cidade e vi: “chalets” de loterias vendendo jogo de bicho, atendidos por mulheres.


3 extrações por dia! (2 locais e 1 do Rio) às 11 h e 20 h e, 14 h, respectivamente. Bingo em praça pública “pró Engenheiros de 1963” Estava muito cansado. Deitei-me às 21,30 h. Nota: Comprei postais. Pela 1ª vez, na viagem, para dormir, usei leve cobertor. Clima agradável. A cidade fez 99 anos em 11-10-63. População 175.000 habitantes.

141º Dia – 23 de Outubro de 1963

Campina Grande – PB Levantei-me às 5,45 h. Café. Visita à of. da VW. Um funcionário saiu comigo para mostrar-me a cidade. Almocei churrasco na “Churrascaria Vienense” de Willy Stein-müller, com chopp. Parti às 13 h. (K. 50.083) Estrada de concreto (retôrno, pela mesma estrada da vinda, até o pôsto fiscalização do DNER, no K 50.162. K. 50.193: Santa Rita. K. 50.204: João Pessoa, capital da Paraiba. (16h.) Não havia vaga nos hoteis “Paraiba”, Brasília e Aurora. Fiquei no Hotel Caxias


(fraco) Q 5, junto c/ o viajante da Chicletes, pois não tinha também quarto vago. Jantar (modestíssimo) Sai pela cidade, a pé. Como no geral, das cidades visitadas, há grande quantidade de barraquinhas, de comércio, nas praças e passeios públicos. Muito cansado, voltei ao hotel e deitei-me às 22 horas.

142º Dia – 24 de Outubro de 1963 João Pessoa – PB Levantei-me às 6,10 h. Café. Sai de carro. Foto “acude-cidade (panorama)”. Visita praia Tambau, a melhor de tôdas as visitadas, com postos de salvamento, oferta do “Lions”. Visita ao E. C. Cabo Branco (muito bonito), ginásio coberto. Nas imediações, pés de coqueiro-anão (dos vermelhos) nos jardins de belas residências. Visita à of. VW, cujo diretor-gerente Ottoni Barreto II, levou almoçar no restaurante do E. C. Cabo Branco. Ótimo estabelecimento. Boa comida. A oficina da VW, a mais bonita das visitadas. À tarde, entrevista ao jornal “Correio da Paraiba” Às 18 h banho. Jantar em seguida. Às 20 h, sai com o Sr. Ottoni e fomos comer “pizza” na Cantina Capri. Enquanto comíamos, presenciamos na praça, estudantes quebrando um ônibus (o seu dono, só possuia êsse veículo e assim mesmo não o podia conservá-lo bem, pelo pouco rendimento que auferia) devido o aumento nos preços das passagens. Os estudantes seguiram para a Praça João Pessoa e na frente do Palácio do Govêrno passaram a manifestar-se contra as autoridades. A guarda do Palácio atirou para o alto. Estabeleceu-se a confusão. Os estudantes atacaram os policiais a pedras. Novamente reagiram os policiais. Vieram carros do corpo de bombeiros mas nada fizeram. Ficaram só “exibindo” as viaturas. Discursos Comunistas conhecidos insulflavam os estudantes (menores, na sua maioria) Novo tiroteio. Resultado: um soldado morreu e deis pessoas feridas entre transeuntes e estudantes. O Sr. Ottoni ficou até às 22 h, assistindo na


praça os incidentes. Eu fiquei até o final – 23,30 horas. Um globo de luz, foi atingido por um disparo, perto donde me achava. Deitei-me às 24 horas. 143º Dia – 25 de Outubro de 1963 João Pessoa – PB Levantei-me às 6,30 h. Café. Sai a pé. Comprei postais. Vi “Funerária Caminho Certo”. Nova visita ao Sr. Ottoni. Almôço. “Sésta”. À tarde sai de carro com o vendedor da “chicletes”. 17,30 h, banho. 18 h, jantar. Às 19 h, saí com o sr. Ottoni e sra. para um passeio pela cidade. Tomamos sorvete. Muito sorvete. Muito calor. O sorvete era de “graviola” Deitei-me às 21,30 horas. Nota: muitos “pedintes” nas ruas. No café da manhã, pela 1ª vez, comi “cus-cús”, doce.

144º Dia – 26 de Outubro de 1963 João Pessoa – PB

Levantei-me às 6,40 h. Café. Arrumei a mala. Paguei hotel 4.600,00. Adquiri “Correio da Paraiba”, noticiando minha viagem. Às 10,55 h, parti para Recife. (K. 50.267) a Policia Rodov. Federal, pergunta se tenho os documentos do carro mas não os pede para examinar. Estrada asfaltada. No Km 50.313, divisa com Pernambuco, início de trecho de concreto da estrada. Às 12 horas, almocei no Restaurante Alvorada. Ali êles tem vivos, carangueijos da raça “Guaiamum” (“azulados”) Km 50.321-Goiana. Km 50.366-Abreu e Lima. Km 50.370-Paulista (fábricas das “Casas Pernambucanas”)


Km 50.387-Recife (13,45 h). Fui ao barbeiro. Hospedei-me no Suiça Hotel, quarto 18, 1.200,00 com café. Qualidade modesta. Banho (chuveiro ruim). Ligeiro lanche. À noite visitei o sr. Levy Caminha de Almeida, parente de Leontino Francato, de Itu. Fui festivamente recebido. Já era aguardado devido carta que o Leontino lhe mandara, avisando da minha passagem por Recife. O sr. Levy é muito alegre e comunicativo. Deitei-me às 23 horas. 145º Dia – 27 de Outubro de 1963

Recife – PE Levantei-me às 5,30 h. Tomei o café em casa do sr. Levy e com êle (no seu jipe) visitei a praia de Olinda e, o aeroporto, o mais bonito do norte. Às 12,45 h, almocei na casa do sr. Levy e ali tirei uma “sesta”. O jantar foi ali. Dali sai e fui para o hotel, deitando-me em seguida-23 horas. Obs: a PRA 8 – Rádio Clube de Pernambuco realizou esta noite, na televisão da mesma organização, programa comemorativo ao seu 40º ano de atividades. Deve ser a mais antiga da América do Sul.

146º Dia – 28 de Outubro de 1963 Recife – PE

Levantei-me às 6,30 h. Escrevi carta para minha espôsa e postais a parentes e amigos. Café. Correio apanhar correspondências, uma com cheque de 30 mil cruz. Visita à of. da VW. Entrevista ao “Jornal do Commércio”. Às 12 h, almôço, “Sesta”. Sai de carro pela cidade. Regressei ao hotel às 17,30 h. Em seguida, banho. Às 18,00 h, jantar. Às 18,45 h, sai e fui à casa do sr. Levy, onde fiquei até às 22,30 h. Voltei para o hotel e, às 23 h, deitei-me. Obs: ali comi finíssimo doce


de cana, uma “rapadura” branca. 147º Dia – 29 de Outubro de 1963 Recife – PE

Levantei-me às 5,30 h. Café. Sai às 6,15 h. destino a Caruaru. K. 50.445. No Km 50.499 Vitoria. K. 50.522-“Cruzeiro” na “Serra das Russas”. Foto do Cristo no “Cruzeiro” e de São Cristovão, construção oferecida aos motoristas do Brasil pelo sr. Artur Lundgren, das “Lojas Paulistas” (a nossa “Casas Pernambucanas”) K. 50.581-Caruaru. Km 50.637-socorro à Kombi 11.673-PE até Pesqueira (Km 50.667) onde cheguei às 12,15 h. Almôço no Hotel da Galega, pago pelo dono da Kombi que arrastei. “Sésta”. Regressei dali às 14 h. Km 50.689Sanhoró. K. 50.706, Belo Jardim. K. 50.727, até aqui, no regresso, terra é o leito da estrada. K. 50.739, São Caetano. K 50.757, entrada para Caruaru – caminhão de “coca-cola” ficou sem freios e como a pista estava atravancada com caminhões na frente do pôsto de



Fiscalização do Estado, o motorista tentou entrar pelo desvio que leva à cidade. Devido a curva ser fechada, o veículo capotou, moendo tudo! Culpa do Estado que não fez acostamento para o serviço de fiscalização que, aliás, é useiro e vezeiro nesse procedimento. Tirei foto. Sairam feridos motorista e ajudante. Veiculo desmantelou-se. O caminhão chapa 41.737-PE. K 50.760-centro de Caruaru. Comércio de barracas e no chão das ruas e praças, atrapalhando o trânsito. Boa cidade-80.000 hab; zona rural 30.000 hab. K 50.763-pista de concreto até Recife. K. 50.813-Gravatá; ali jantei às 18 h.; barbeiro (barba 60,00). Visita à cidade, que é pequena (1 cinema). Regressei devagar a Recife, onde cheguei às 24 horas. Obs: Cêrca de 80% dos veículos, na estrada andam com um farol apenas! As divisas das propriedades agrícolas são de uma planta de nome “Avelois”, que pela seu verdor, destaca-se na paisagem sêca de algumas regiões. Palma-planta parecida com a do “figo da índia”, só que sem os espinhos, é a ração que dão ao gado. Há muita plantação, pois é o que os campos do norte produzem. 148º Dia – 30 de Outubro de 1963 Recife – PE Levantei-me às 6,40 h. Banho. Café. Fui à ag. da VW descontar o cheque de 30 mil. Adquiri platinado, pois o da reserva cedi ao dono da Kombi que reboquei. É “dia do comerciário”. Todavia, embora funcione o comércio, os empregados não trabalham. Viva o Brasil. O comércio terminou cerrando as portas às 12 h. Almocei às 11,45 h. “Sesta”. Visita à cidade. Foto “Panorama” e, nos fundos o Banco do Brasil. Nas feiras, venda de carne, sem a menor higiene. Exposta e ao alcance das mãos do pública. Alias não é só aqui que é assim. Jantei às 18 horas. Às 20 h, visitei o sr. Alan Kardec Valdez, con-cunhado do sr. Martins, de Manaus. Em seguida, visita à cidade. Comprei suco de maracujá; Amendoim em casca, cozido, fica como o “tremoço”. Moças


menores de idade, vendendo “jôgo do bicho”. Meninos vendendo loterias. Comprei também “Geléia de goiaba”. Regressei ao hotel às 23,30 h. Banho. Deitei-me às 24 horas.

149º Dia – 31 de Outubro de 1963 Recife – PE Levantei-me às 6,40 h. Banho. Muito calor. Café. Leitura de jornais. Almocei às 12 h. “Sesta”. À tarde comprei e li “A Luta”, do “comuna” Francisco Julião. Às 16,30 h, abasteci o carro para prosseguir a viagem. Às 17 h, banho. Às 18 h, barba. Às 18,30 h, jantar. Às 19 h, visita de despedida ao sr. Levy. Deitei-me às 23 horas. Obs: a cidade é grande, bom movimento comercial e o aspecto urbano central é ótimo. Bonitos e grandes edifícios. Ônibus elétricos! 150º Dia – 1º de Novembro de 1963

Recife – PE


Levantei-me às 6 h. Arrumei a mala. Café. Paguei o hotel. A lavadeira entregou-me a roupa sem passar depois de 3 dias que eu lhe havia dado para lavar! Saí às 7,15 h. K 50.991 com destino a Maceió. K 51.008, pôsto fiscal, êste com placa “caminhões à direira” (acostamento). Foto. K 51.036, cruzamento trilhos de trem das usinas de açúcar. Um guarda trabalha alí (por sua conta) há 5 anos. Não recebe nada do govêrno e nem dos usineiros. Recebe ajuda das emprêsas de ônibus: Palmares (Sérgio) 2.000; Maceio (Nelson) 1.000; Senhor do Bonfim 3.000. Alguns motoristas param para dar sua ajuda. Outros, que não conhecem, são parados pela bandeira vermelha do guarda, que lhes pede auxílio. E não gosta quando alguém não pára ou não lhe dá auxílio. Disse que quando ali vai um guarda rodoviário êste obriga os motoristas ao auxílio. O nome do guarda linha: Valfrido Gomes da Silva. 4 cruzes mostram o resultado de veículo apanhado por locomotiva, que não pode ser divisada pois passa atrás de elevações de terreno. Não há siquer,


sinais de advertência. K 51.119-Palmares. K 51.148 Divisa Pernambuco-Alagoas. Até ali, pista de concreto. Início de estrada asfaltada. É só “panelas”. Não se pode correr. Pior que estrada de terra. Os campos são mais verdes. Há mais vida. Chegada a Maceió (K.51.258). Logo na entrada, bonita construção de uma “Fonte Luminosa”, inaugurada em 7 de setembro de 1963. Visitas às praias e jangadas, ao coqueiro “Gogó da Ema”, que acha-se enterrado nas areias da praia, derrubado que fôra pela natureza. Às 17,45 h, hospedei-me no Parque Hotel, quarto 3, bela fachada, quarto modesto. 600,00 c/ café. Às 18 h, banho. Jantei no restaurante do hotel. Saí. Fui à Catedral e assisti final da reza. Andei pela cidade. Cansado, deitei-me às 21,30 h. Obs: No hotel WC e chuveiro 80 x 1,00. WC sem tampo, sem papel e com mau cheiro; chuveiro sem cabide e sem um prego para dependurar roupa, que tem que ser atirada em cima da parede divisória. 151º Dia – 2 de Novembro de 1963 Maceió – AL

Levantei-me às 7 h. Café. Arrumei a mala. Passei para outro hotel, o Beiriz, apt. 403, 1.500,00 c/ café. Sai, comprei goiabada e postais. Às 11,30 h, almôço. Sesta. À tarde sai pelos bairros entre êles o “Bebedouro”, no qual fotografei a placa da Lavanderia Pública a ser construida. Em outro bairro, a Igreja N. S. do Bonfim, que visitei e fotografei. Visitei cemitério, com avenida de túmulos iguais, que o Prefeito mandou construir para os restos mortais de homens ilustres de Alagoas. Muita gente esmolando na entrada do cemitério. Regressei ao hotel às 18 horas. Banho. Jantar. Sai e fui assistir a fonte luminosa, de


movimento e côres, de regular beleza, se comparada com a de Itu. A construção ressalta mais que o movimento de água e luz. O motivo da construção é o mapa de Alagoas e seus municípios, em côres. Deitei-me às 22 horas. Nota: Na fonte luminosa, assim como noutras obras públicas, vê-se a letras “S”, mesmo como motivo de enfeite. E demagogia do Prefeito que se chama Sandoval. A cidade me pareceu menor que Cuiaba – MT. 152º Dia – 3 de Novembro de 1963

Maceió – AL Levantei-me às 5 h. Arrumei a mala. Café. Parti às 6,20 h. K. 51.309. K. 51.328-Satuba. K. 51.352, estrada de terra (piçara). K 51377-São Miguel dos Campos. Estrada em construção. Cortes ousados. K. 51.407-terra solta-horrivel, cêrca de 1.000 metros! K. 51.547, troca de pneu. Às 12,15 h, chegada a Penedo (K 51.487). Hospedei-me no Hotel S. Francisco (o melhor da viagem), apt. 309, 3.000,00 com café. Banho. Almôço no restaurante do hotel. Sesta. Sai. Troca de óleo e abastecimento de gasolina. Conserto de pneu. Arranjei um cicerone e visitei todos os bairros da cidade e, as balsas que fazem o serviço de transporte de veículos no rio São Francisco. Às 18,20 h, banho. No hotel, comprei postais. Lanche no jantar. Visita à Catedral N. S. do Rosário. Cinema. (poltrona de assento e encôsto estofados, tapetado luxuosamente, entrada 150.00, lotado). Deitei-me às 22 h. Obs. O hotel, muito bom e o melhor que estive. O mesmo e o cinema estão muito além da cidade que é modesta. No porto do rio S. Francisco, navio não sai para Piranhas, devido a baixa das águas do rio São Francisco, que não é navegável na sua parte central. Espera pelas chuvas!

153º Dia – 4 de Novembro de 1963


Penedo – AL Levantei-me às 5,15 h. Arrumei a mala. Café. Cartões postais para amigos. Fui à oficina da VW regular correia e ver óleo do câmbio. Partida: 8.00 h. K. 51.504-Estrada de terra. Km 51.548-Salomé. K. 51.576-Arapiraca, boa cidade, grande comércio, 39 anos de fundação. Situada num belo vale, com produto de algodão e fumo. Bonitas propriedades agrícolas que é bem diferente do que se ve normalmente no nordeste. Casas de pinturas claras e telhados de côr palha. Mais importante que Penedo. Foto Praça Marques da Silva. K. 51.619, Palmeira dos Indíos (12h). Almocei ali. A Caixa Econômica Federal-2 períodos fecha para o almôço, das 11 às 14 h. Até as farmácias fecham para o almôço. K. 51.661-Bom Conselho. K 51.680-Santa Terezinha. K 51.712-Garanhuns, compra de postais e, de D. Expedito, o bispo assassinado por um padre, e o enviei a parentes. Hospedei-me no Hotel Sanatório Garanhuns, apt. 4, 2.800,00 com refeições. Banho. Jantar. Muito cansado, deitei-me às 20,45 h. Obs: hotel bom e procurado para descanso. Rodeado de jardins; no mesmo: picina, sala de televisão, de leitura, de radio, jogos de bilhar, etc, bar, “boite”. Clima da cidade, fresco. Nesta época, pela 2ª vez na viagem usei lençol para cobrir-me. Sonhei que meus filhos Agostinho, Terezinha e Maria Aparecida iam comigo para São Paulo. 154º Dia – 5 de Novembro de 1963 Garanhuns – PE Levantei-me às 6,30 h. Café. Carta à família. Passeio pela cidade. Às 12,30 h, almocei. Sésta. Sai pela cidade e subi forte ladeira que leva ao “Monumento”, donde tirei foto da cidade. No centro da cidade que é um terreno acidentado, a prefeitura realiza obras: auditório e plataforma ao ar livre; mictórios publicos; estes debaixo do auditório. Bonito serviço e louvável o


aproveitamento do acidentado terreno. Visitei a Ass. Comercial. Seu presidente Sr. Walter estava ausente da cidade. Visitei a of. VW, colocação parafuso sustentação tubo de ar. Conserto de pneu. Gasolina. Às 18,45 h, banho. Jantar e em seguida. Assisti televisão. Deitei-me às 21,45 h. Obs: a cidade tem regular movimento comercial, que está localizado em sua praça principal. Visitada por turistas que procuram descanso e clima. Boa água.

155º Dia – 6 de Novembro de 1963 Garanhuns – PE

Levantei-me às 4,30 h. Parti às 5 horas. Km. 51.734. Ao sair, vi carros de bois “chorando”, que não se vê quase no sul. K. 51.758, Brejão. Km. 51.785-Bom Conselho, onde tomei o café (150,00). Estrada com muitas curvas e topes violentos. K. 51.819-corrente em Palmeira dos Índios. K 51.868-pôsto fiscal, com cavaletes e pedras grandes, no meio da estrada, para fazer os caminhões parar... Foto. A estrada permite correr 100 Kms, embora de terra e, colocam empecilhos no meio da pista! K 51.884-Santana do Ipanema Km. 51.900, troca de pneu. K 51.920-estrada sofrível. K. 51.940-estrada regular, passando depois a boa (sempre de terra). K 52.008Paulo Afonso, às 12 h. Grande Hotel (o melhor, mas fraco) Q 3, junto com 2 hospedes, pois não tinha acomodação. Banho. Almôço. “Sésta”. Consertar 2 pneus: 800,00! Às 17,30 h, banho. Às 18,30 h, jantar. Às 21,15 h, fui visitar o ituano Antônio Alves Galvão, ali residente e casado com Da. Masiles Mota Galvão, de Manaus, cujos pais conheci naquela


cidade. O Antônio não estava. Viajara para Aracaju, onde fique de procurá-lo. Muito calor. Sorvete e refresco a todo instante. Às 22,30 h, deitei-me; sem mosquiteiro, pois o forte vento não permite as “moriçocas”. Obs: Lavatório e sanitário do hotel, sem água!, em plena Paulo Afonso. Aliás, luz também não tem em tôdas as casas... Sem comentários.


156º Dia – 7 de Novembro de 1963 Paulo Afonso – BA

Levantei-me às 5,50 h. Café. Às 7 h, visita à Comp. Hidro Elétrica São Francisco-CHESF. Foto-cachoeira do leito, que é dominado por 24 comportas. A queda da água é quase tôda desviada pelas comportas. O potencial, é um colosso. Obra gigantesca. Tudo dentro de rochas. Reservatório de água relativamente pequeno. Funcionam turbinas. 2/65.000 e 3/60.000. Futuramente mais 3/60.000 (em construção) Há plano para 5/110.000 cada. Comprei ali, postais da usina. Visita de 2 horas. Parti às 10 h. Logo na saída, defeito no carro. Não puchava. Em oficina na estrada mandei ver o que seria. Limpeza do carburador. Enquanto fazia o serviço, almocei e tirei a “sesta”. Quando levantei-me o mecânico havia saido com o carro para testa-lo. Fôra à cidade. Acabou batendo a trazeira do carro, ao dar uma ré. Porisso, não lhe paguei o seu serviço, pois o prejuiso causado é maior que o valor do trabalho. Verifiquei depois que o defeito era de estar o filtro de ar muito atarrachado. Às 15 h, partida da oficina. Km. 52.055, K. 52.085-troca pneu. Estrada de terra, ruim. Às 17,15 h, chegada à Geremoabo, Hotel São José (o melhor) fraquíssimo. Banho. Jantar. Borracheiro. Disse-me que era prego muito bem colocado no pneu. Acredito ter sido o safado do mecânico que se vingou por não lhe ter pago o serviço. Deitei-me às 21,45 h. Obs.: pequena e pobre cidade. O movimento é feito pelos transportes que passam dentro da cidade. Durante a noite, acordei 2 vezes, com pernilongos dentro do mosquiteiro. A estrada Paulo Afonso-Geremoaba, em péssimas condições. Jantar 400, cama 300,00. 157º Dia – 8 de Novembro de 1963 Geremoabo – BA


Levantei-me às 5,15 h. Parti às 6 horas. K 52.139. No K. 52174Malhada Nova-BA. No K. 52.220-divisa Bahia-Sergipe. K 52227-CariraSE. K. 52.266-Frei Paulo. K 52.288-Itabaiana. K 52339, asfalto. Troca de pneu. Às 11,30 h, chegada à Aracaju. K 52351. Hotel Marozzi (de italiano), quarto 35, qualidade aceitável. Banho. Almôço às 12,30 h, com agrião, pela 1ª vez na viagem!!! “Sésta”. Lavagem do carro. Of. VW para engraxar e regular a distribuição, que foi mexida na oficina da estrada de Paulo Afonso. Enquanto isso, um dos diretores da VW levou-me no serviço de Trânsito, em sua Kombi, onde eu fui visar o Boletim de Entrada e Saída do Estado de Sergipe. Se não o fizesse neste dia, não poderia viajar domingo ou segunda-feira, porque a Repartição não funciona no sábado e domingo. Isso quer dizer que quem chega na sexta-feira, à noite não pode sair antes de segundafeira. Viva o Brasil. Assim mesmo, o visto só me foi concedido, porque o meu acompanhante (diretor da agência da VW) é conhecido do Diretor do Serviço de Trânsito e sua apresentação solucionou o caso. Sim, porque o visto só é concedido de 6 a 12 h. antes da partida. Isso porque se o motorista cometeu alguma inflação de trânsito, a fiscalização exige o pagamento da multa! Que mentalidade. Por causa de míseros cruzeiros, a fiscalização se acumula de serviço, quando se sabe que as multas podem ser recebidas em qualquer parte e a qualquer tempo. Depois de contar da viagem ao Chefe do Serviço de Trânsito, ao sair o mesmo me disse: “Não se esqueça que isto aqui também é Brasil”. Eu, internamente, achei graça. Imagine se o Brasil fôsse dessa mentalidade! Tendo eu condenado as correntes e cavaletes nas estradas, disse-me o chefe do S.T. “Se ao invez de cavalete na estrada tivéssemos uma corrente, teríamos impedido um dia dêstes a fuga de um carro com um criminoso. Que mentalidade. Voltei ao pôsto de lavagem e apanhei o carro. Conserto de pneu. A lavagem foi simples com motor: 1.200,00! Visita à Estação Rodoviária, bonito prédio mas sem cobertura para os ônibus, o que em dias de chuva prejudica o movimento dos passageiros. Às 18 horas, banho. Às 18,30, jantar. Às 19,30 h. acompanhado por um diretor Claudomir


Andrade Vieira da ag. VW, concedi entrevista ao jornal “Gazeta de Sergipe”, o único diário, de propriedade e de funcionários “comunizados”. Defendem a encampação da Refinaria Presidente Bernardes. Atacaram Adhemar de Barros, por ter agido com “violência” nos casos de greve em São Paulo. Às 21,30 h, sorvete de cajú, na Sorveteria Chic. Deitei-me às 22,30 horas. Acordei a 1,00 h, com pernilongo no mosquiteiro. 158º Dia – 9 de Novembro de 1963 Aracaju – SE Levantei-me às 5,20 h. Banho. Café. Of. da VW, despedir-me. Fui ao mercado e à venda, farinha de mandioca, em grande quantidade. As medidas para as mercadorias são caixetas de madeira! Poucas balanças. Visita ao Sr. Antônio Prudente, Pres. da A. C. Sergipe e à sede da mesma. Informou que o Imp. Ind. e Prof que já era de 3,6% passara para 4,3%! Na câmara municipal um comerciante conceituado foi atacado, assim como os comerciantes em geral, de desonestos e exploradores. O comércio, inclusive verdureiras, cerraram suas portas 24 h, em sinal de protesto. Grande repercussão no governo do Estado. Visitando a Feira, vi: venda de caibros (roliços). Às 12 h, almôço. Em seguida visitei o Antônio Galvão, no acampamento da CITA. Visita à praia Ataláia Velha. Às 17,30 h, acompanhado de um hospede do hotel, fui até à CITA, apanhar o Galvão para jantar comigo, na cidade. Lá chegando, não estava o Galvão, que havia saido. Quando voltou (com o seu patrão) êste, perguntou-me se o meu acompanhante era meu conhecido. Disse-lhe que era um hospede do mesmo hotel que eu estava hospedado. Inquiriu o meu acompanhante e, a seguir mandou um motorista à Itaporanga, buscar o dono do hotel onde se acham hospedados alguns empregados da CITA. Êste, ao chegar disse: é êsse mesmo o ladrão! Havia roubado de um empregado da CITA: rádio, relógio e


óculos. O ladrão acabou entregando os objetos mas não o mandaram prender. Às 20 h, jantei com o Galvão. Paguei o hotel-diária 1.500,00. Saimos e tomamos alguns sorvetes. Muito calor. Levei o Galvão no acampamento da CITA. Regressei ao hotel e deitei-me às 24 horas. Obs: Marinete é: ônibus. 159º Dia – 10 de Novembro de 1963 Aracaju – SE


Levantei-me às 4,40 h. Arrumei a mala. Parti às 5,15 h-K 52489. Na saida, vi venda de leite a granel (com tambor sôbre carroça), com fila, 70,00 o litro. Km. 52527-Foto da ponte do rio Vasa Barris (concretocaída-serviço do DNER), na cidade Itaporanga. Nessa cidade, no hotel em que foram roubados os objetos relatados no dia de ontem, tomei o café. Até ali, estrada asfaltada. Começa estrada de terra, novo traçado, boa. Km. 52567-Estância. Km. 52.616-corrente fechando a estrada. Não havia no todo à distância. Freiada violenta. Parei junto à corrente! Falta de sinalização. Uma vergonha. Km. 52.661-Esplanada BA. K 52663, início do asfalto. Km. 52.765-almôço-850,00 (11,45h). Chegada a Salvador às 13,30 horas. Km. 52.835. Foto da Kombi x Estatua da Liberdade. Procurei o sr. Pitágoras, cunhado do Aurelino, no Hotel Paraiso. Sua espôsa, irmã do Aurelino, falecera há dois meses. Fui recebido pela sobrinha do Aurelino, que ficou contente das notícias dos tios de Itu. Hospedei-me no mesmo hotel, quarto 10. Às 17 h, banho. Às 18,30 h, jantar. Não saí. Deitei-me às 22 h, sem mosquiteiro. Não me parecia ter pernilongo. 160º Dia – 11 de Novembro de 1963 Salvador – BA

Levantei-me às 6,40 h. Escrevi ao Dr Heber, acêrca de caso do interesse do Galvão. Café. Ao apanhar o carro para ir à of. da VW, mandar consertar o trinco do vidro de correr, da porta direita, percebi que haviam roubado o interior do carro. Ligeiramente, percebi o roubo da rêde. Não procurei verificar se haviam roubado algo mais. Na of da VW, recepção demoradíssima (um funcionário apenas). Consêrto do trinco e busina 850,00. Às 12,20 h, almôço. Não tirei a “sesta”. Cartas à espôsa e postais a amigos. Carta ao Emídio, em Fortaleza, pedindo para comprar outra rêde para mim. Saí, visitei Igreja N. S. do Bonfim. Entrevista ao Diário de Notícias. Postais 50,00. Alguns lugares vendem a 100,00! às 19,30 horas, jantei. Não saí. À 22,15 h, banho. Deitei-me


em seguida. Acordei com pernilongo. Montei o mosquiteiro. Sonhei que estava querendo comprar nova geladeira.

161º Dia – 12 de Novembro de 1963 Salvador – BA Levantei-me às 6,10 h. Café. Fui ao correio apanhar correspondência e cheque que pedi ao meu irmão, por telegrama. Nada veio. Casas comerciais, sem sanitário. Na feira “Agua de Meninos”: feijão Kg 110,00. Comprei-Vinho de Maracujá-250,00 a garrafa; côco da Bahia, cada 80,00; Azeite de Dendén, litro 350,00; Peneira de “Uruba”, 300,00; colher de pau 70,00 e 30,00 (2 tamanhos). Grande chuva caiu naquela hora. Em seguida, visitei o Cap. Sérgio D. Araújo, genro do sr. Francisco Alves Silveira, do hotel de Abunã. Com dificuldade (a cidade estava alagada) cheguei no hotel às 13,10 h. Almocei em seguida. “Sésta”. Leitura de jornais. Às 18 h, banho. Às 18,45 h, jantar. Não saí. Deitei-me às 22 horas. Obs: Sonhei que havia cedido uma das paredes do prédio da minha tipografia.


162º Dia – 13 de Novembro de 1963 Salvador – BA Levantei-me às 7 h. Café. Sai de carro e visitei Farol da Barra e bairro Rio Vermelho, com fotos do Farol. Às 12 h, almocei. Sesta. À tarde sai e visitei Igrejas: São Francisco, Sé, e Carmo, além de logradouros públicos. Mandei postais a amigos. Telegrama ao Paula e Armando pedindo dinheiro pela Western para Vitória ES. Às 18,35 h, banho. Em seguida, jantar. Despedida de Da. Nilza, sobrinha do Aurelino (o Baiano) Deitei-me às 22 horas. 163º Dia – 14 de Novembro de 1963 Salvador – BA

Levantei-me às 6 h. Arrumei a mala. Café. Paguei hotel 11.465,00. Parti às 7,30 h. K. 52.951. Ao sair percebi pneu vasio. Tiraram a tampinha e esvasiaram-no. Troquei-o. Fui a of. VW pedir que me enviassem o jornal que saisse publicada minha entrevista. Ao regressar, um guarda multou-me por não ter o “cartão de entrada” e me levou até o Serviço de Trânsito. No “Livro de Queixas”, registrei a minha por não ter recebido-o na ocasião que entrei em Salvador. Critiquei o serviço, a orientação e a “Indústria da Multa na Bahia”. Ao chegar na estrada me foi solicitado novamente o “cartão”. O recibo da multa fez as vêzes. No Km. 53.018-Candeias. K 53.023-Mataripe. Às 11,30 h, almôço no restaurante dos funcionarios (800,00). Às 13,30 h., visita às instalações da Refinaria Landulfo Alves, da Petrobrás, recepcionista um líder sindical (rebelde, anti-americano) Fotos internas. Produção: 50.000 barris (160 lt.) diários; Parafina: 60 toneladas diárias. Visita extendeu-se ao terminal de embarque em Madre de Deus e a tôdas as dependências da usina, escritorios etc. Parti às 16,15 h. K 53.060, nova estrada, de terra. Disseram-me


transitável. Andei 3 Kms. e outros caminhões, que transportavam terra para o leito da estrada aconselharam voltar e viajar pelo traçado antigo, que é mais longo mas asfaltado. Foi o que fiz 53.066, estrada asfaltada. K 53.156-Feira de Santana (18,40 h). Hotel Enterpe. Quarto 307. Cidade às escuras. Energia é de Paulo Afonso. Defeito na linha. às 19 h, jantei. Não sai. Ouvi rádio pilha, no hotel, jogo Santos 4


x Milan 2 (1º tempo Milan 2 a 0). A gente do Norte tôda torcendo para o Santos. Às 22,30 h, banho. Às 23 h, deitei-me. Obs: Cidade plana. Bem traçada. Bom comércio. É a 1ª ou 2ª do Estado. Hotel regular. 164º Dia – 15 de Novembro de 1963 Feira de Santana – BA Levantei-me às 7 h. Café. Paguei hotel, diária completa 2.350,00. Saí pela cidade. Embora feriado, algumas casas comerciais com meia porta aberta. Barbeiros funcionando. Fiz a barba. Comprei e comi “TABOCA” (BIJU DOCE). Em Pernambuco chama-se-“cavalo chinês”. Foto Biblioteca Pública (imponente edíficio). Tem tambem Biblioteca Infantil. Às 11,30 h, almôço. Às 12 h, partida. K. 53.178. Na estrada ajudei uma Kombi de Salvador. Emprestei bobina. Não deu certo. O defeito era outro. Deixei-a numa pequena cidade, na oficina, e


prossegui, para chegar em Jequié, às 18 h, quando acendiam as luzes públicas e particulares (luz das 18 às 22 h. devido seca no rio da reprêsa). (Km 53.430). Em seguida, banho e jantar (no hotel, a la carte, demorado serviço). Às 22 h, grande chuva. Às 22,30 horas, novo banho. Deitei-me em seguida. Obs: Cidade de aspecto agradável, pouco comércio. Sem indústrias. Bem cuidada. 165º Dia – 16 de Novembro de 1963 Jequié – BA Levantei-me às 6,10 h. Café. Of. da VW, trocar barra freio trazeira esquerda e óleo. Almocei às 11,30 h. “Sésta”. Às 14,30 h, novamente na of. da VW. O carro só ficou pronto às 17,30 h. Visita à Da. Juventina e Srta. Juventina (sogra e prima do Aurelino). Banho às 18 h. Entrevista às 18,40 h, à Rádio Baiana de Jequié, diretamente da


agência da VW. Às 20 h, jantei. No hotel, ouvi o jôgo Santos versus Milan – 1x0, dando ao clube brasileiro o título mundial do interclubes. Deitei-me às 23 horas. Obs: À tarde, concedi entrevista ao jornal “Jequié”. O número de telefones é de 500 mais ou menos. 166º Dia – 17 de Novembro de 1963

Jequié – BA Levantei-me às 5,15 h. Arrumei a mala. Café. Partida às 8,00 h-K 53.462. K 53.502-Imbuira. K 53557-animais na pista (asfaltada) e perigo! Forte freiada! K. 53.614-prédio da Cia. Telefônica Vitória da Conquista-serviço interurbano (micro-ondas). K. 53617-Vitória da Conquista (10,45 h). às 11 h, hospedei-me no Hotel Albatroz. Não deu tempo de tirar a mala do carro; caiu violento


temporal que inundou a cidade, que fica plantada numa baixada, entre montanhas. Fiquei no quarto 13, diária completa 2.700,00. Caro, porque o aposento é singelo. Às 12 h, almocei. “Sésta”. Saí pela cidade. Às 17,30 h, banho. Às 18 h. Jantar. À noite sai a pé. Deitei-me às 22,00 horas. Obs: O centro da cidade, ruas irregulares, acidentadas. Parte nova, nos bairros, boas avenidas. Não possue serviço de água e esgotos. Energia elétrica, de motor, 30, 60 Kwt., funcionando das 8 às 12 e das 13 às 24 h. Isso acontece em pleno Estado da Bahia, terra da “Paulo Afonso”. Péssima iluminação pública. População: 80.000 e rural 50.000. Talvez tão importante como Feira de Santana. Não tem indústria devido a energia elétrica. A Igreja Batista – 1ª – é o mais bonito edifício. Um luminoso de propaganda, rotativo, anuncia entre outros o seguinte: “Funerária N. S. de Lourdes” – “cachão” a partir de 500,00. Devido o atrazo da viagem, desisti de ir à Ilheus e Itabuna, zona do cacau. 167º Dia – 18 de Novembro de 1963 Vitória da Conquista – BA Levantei-me às 6,10 h. Arrumei a mala. Café. Paguei o hotel. Of. VW, ver gerador. Teve que tirá-lo, estava com defeito. Na cidade não havia postais! Parti às 11,30 h. K. 53.638. No Km 53.689, parei o carro, devido aparecimento de batida no motor. Verifiquei a procedência, pedi a um carro que na of. da VW em Vitória da Conquista me pedisse um socôrro. Não havia almoçado. Comi bolachas e água mineral. O socorro apareceu às 16,30 h. Verificou-se ser o barulho


das bielas. O carro foi rebocado até a oficina de Vit. da Conquista, onde cheguei às 19 h. Jantei no Hotel Baiano (estrada Rio-Bahia-perto da oficina) 500,00. Às 22 h, deiteime, no carro, que ficou defronte a of. da VW. 168º Dia – 19 de Novembro de 1963

Vitória da Conquista – BA Levantei-me às 5,40 horas. Café no Hotel Baiano (100,00). Cartas à minha espôsa e, ao Sr. Gerd, avisando do ocorrido. Fiquei na oficina aguardando abertura do motor. Biela estragada prejudicou o virabrequim que teve de ser substituído. Já o fôra em São Luís. Não tendo na of. bransinas e outras peças, tive que buscá-las em Jequié. Antes, almocei. Fui com o onibus das 14 h. Passagem 430,00 (155 Kms). Cheguei em Jequié às 17 h. No agente da VW, não tinha tôdas as peças que precisava. Fiz ligeiro lanche. O agente, sabedor de uma Kombi que iria passar em Feira de Santana, conseguiu-me uma “carona”, onde cheguei às 23,30 h. (402 Kms de Jequie), digo de Vitória da Conquista. Fui a casa do proprietário que todavia não ponde me atender por não conhecer nada na seção de peças. Procurei hoteis e no terceiro encontrei vaga. Deitei-me à 1,00 h. da manhã. 169º Dia – 20 de Novembro de 1963

Feira de Santana – BA Levantei-me às 7 h. Banho. Café. Paguei hotel 600,00. Fui à ag. da VW e adquiri as peças. Às 9 h, tomei o ônibus da linha Salvador-Rio. Parou em Jequié, para almôço-700,00. Cheguei em Vitória da Conquista, às 16,15 h. (ônibus 1.500,00). Fui à of. da VW deixar as peças para a montagem do motor, que se iniciou às 17 h. Fiquei lá até às 18 horas.


Hospedei-me no Hotel Baiano, Q 6, modesto, mas perto da of. da VW. Jantei às 19 h. Deitei-me 22 h. 170º Dia – 21 de Novembro de 1963 Vitória da Conquista – BA Levantei-me às 7 h. Café. Of. da VW, acompanhar a montagem do motor. No jornal o “Sertanejo” li notícia sôbre a instalação de 5 motores, para o serviço de energia elétrica da cidade. (Em plena Bahia de Paulo Afonso, quando a energia desta vai até o Ceará) Entrevista para o jornal “O Combate”. Às 11,30 h, almoço. “Sésta”. Às 14,30 h, barbeiro. Fui até a Prefeitura e, ao engenheiro e ao Prefeito fiz restrições pelo fato de estar sendo levantada a guia de centro no rebaixamento das estradas de veículos. Voltei à of. da VW. Uma biela não dera certo e o serviço estava parado. Não possuiam em estoque. Teria que comprar fora. Às 18,00 h. Banho. Às 18,45 h, jantar. Guaraná (de Salvador) 80,00! Deitei-me às 21,00 horas.

171º Dia – 22 de Novembro de 1963 Vitória da Conquista – BA Levantei-me às 4,20 h. Café no bar defronte ao hotel. Às 5 h, tomei o ônibus para Jequié, onde fui comprar biela para o motor da Kombi, onde cheguei às 7,10 h. Fui à agencia da VW, onde comprei a dita peça. Regresso pelo ônibus das 10,00 h, chegando em Vit. da Conquista, às 12,20 h. Às 13,30 fui à of. da VW, onde permaneci até às 19 h, quando ficou pronto o carro. Jantei às 19,30 h. Deitei-me às 23 horas. Obs: Na cidade de Jequié, a venda de querosene e feita, nas ruas, a granel. Quando me achava na of da VW, em Vit. da Conquista, soube da notícia do atentado à vida de John F. Kennedy, presidente dos EE.UU. da América do Norte, cuja morte se deu algumas horas


após. 172º Dia – 23 de Novembro de 1963 Vitória da Conquista – BA

Levantei-me às 5,30 h. Arrumei a mala. Paguei o hotel. Banho. Café. Saída às 6,00 h. Km 53.758. No Km. 53846-Nova Conquista. K. 53.847Cajaseiras. K.53870-Divisa Bahia-Minas Gerais. No município de Medina-guaraná 100,00. Km 53.945-centro da cidade de Medina. K. 53.970-atêrro cedendo. K 53971-atêrro cedendo. Por causa dêsse atêrro que cedeu devido forte chuva, a estrada esteve interrompida por 4 dias! K. 53.972-atêrro cedeu. K. 53.976-atêrro cedeu. K. 53.978atêrro cedeu. Todos sem sinalização de advertência. K. 53.979barranco de pedras, desmoronando sôbre a estrada, sem advertência. K. 53.984-estrada danificada pelas chuvas. Sinalização deficiente. Às 12,10 h, cidade Itaobim-K.53990-almôço no Hotel São Roque. Tentei uma “sésta” mas a quantidade de moscas não me deixou dormir. Parti às 13,25 h. K. 54.055-Padre Paraiso. Km. 54.085-Três Barras. K. 54.123-Mucuri. Às 18,45 h (Km.54.156) cheguei em Teofilo Otoni-MG. Fui ao barbeiro (cabelo e barba 250,00) e barba dolorida. Hospedeime no Palace Hotel, quarto 5. Banho. Sai e, no Café Cristal comi um churrasco. Deitei-me às 23 horas. Obs.- Cidade entre montanhas, na baixada. Bons prédios. Comércio bom. Região produtora de pedras preciosas. 173º Dia – 24 de Novembro de 1963 Teofilo Otoni – MG Levantei-me às 6 h. Banho. Visita à cidade, à Igreja Matriz. Partida às 8,40 horas. K. 54.180, fiscalização federal, não pediu a autorização para dirigir. K.54.283-Frei Inocêncio. K.54.324-Governador Valadares12 horas. Hotel Novo Mundo, Q 12. Diária 1.200,00 – completa.


Almôço (bom). “Sésta”. Visita à cidade, com cicerone. Às 18,00 h, carta para minha espôsa. Às 18,30 h, banho. Calor arrazador. Sorvetes e águas. Lanche no jantar. Deitei-me às 21,30 h. Obs.- Cidade: 26 anos! Município 100 mil habitantes. Rêde telefônica, em ampliação para 5.000 aparelhos (será a 1ª depois de Belo Horizonte) Elevado número de bicicletas, que não paga licença – isento de impôsto! 174º Dia – 25 de Novembro de 1963 Governador Valadares – MG Levantei-me às 7,00 h. Café. Arrumei a mala. Paguei o hotel. Comprei postais. Parti às 8,40 h. K 54.355, Serra do Bom Jardim. K. 54.424Divino das Laranjeiras. K. 54.433-Serra do Mutum. Km 54.448-Central de Mantena - 12 h - almôço. K. 54.472-ponte de concreto, com grande e perigoso buraco numa das cabeceiras, no centro da estrada. K. 54.497-Mantena. Km. 54.503, divisa Minas Gerais e Espírito Santo. Km 54.510-Barra de São Francisco. K. 54.546 – foto 4 elevações, de pedras. Região madeireira. A estrada, a partir de Gov. Valadares, de terra, acidentada, ruim. Aqui começa estrada nova, mas também de terra e vai até o Km. 54.506. Asfalto, apenas um Km. K. 54.613-asfalto até Colatina-Km. 54.636, onde cheguei às 17,40 h. Na foto Dutra, um sócio acompanhou-me até o rio Pancas, onde banhei-me. Hospedeime no Júpiter Hotel, quarto 28, jantar, pouso e café 700,00. Muito calor. Águas minerais e sorvetes. Deitei-me às 21,30 h. Acordei de madrugada, transpirando. Obs: Nos 280 K viajados hoje, encontrei, na estrada apenas 1 sedam da VW. O resto Jeep e caminhão. O sorvete que tomei era de cajá. A primeira vez! Em Barra de São Francisco: “Estalações em automove”. As casas “Pernambucanas” e “Tigre”, grande disputa, com cantores e conjuntos na frente de suas lojas. 175º Dia – 26 de Novembro de 1963


Colatina – ES Levantei-me às 6,15 h. Banho. Café. Postais. Vi, grande composição com carregamento de minério de ferro, puchada por 4 locomotivas. Impressionante o volume de carga! Parti às 6,45 h.- Km. 54.651. Km. 54.713-João Neiva. Km. 54.724-almôço-12 horas. Cheguei em VitóriaKm 54.792 – às 14,20 h. Fui logo visitar os ag. da VW. Compra de postais e remessa de alguns a amigos. Entrevista ao jornal “A Gazeta”. Hospedei-me no Hotel Tabajara, Q 455. Diária completa 2.500,00. Às 18,45 h, banho. Às 19,15 h, jantar. Deitei-me às 21,30 h. Obs: De Gov. Valadares a Vitória, nas estradas (430 Kms) encontrei apenas 2 VW (sedans) em 12 h. de viagem. A cidade de Vitória que eu conheci 15 anos passados e bem outra. Bons edifícios e grande número de veículos transformaram-na por completo. Consegui descobrir o hotel em que me hospedei há 15 anos. 176º Dia – 27 de Novembro de 1963 Vitória – ES Levantei-me às 6 h. Café. Encontrei, no mesmo hotel, o sr. Potyguara, amigo de Santos, SP! Acompanhado pelo cicerone jornalista Antônio Barcelos, de “A Gazeta”, visitei a Igreja N. S. da Penha e a Escola de Marinheiros, a mais nova, com magníficas instalações. Almocei às 12,30 h (muito mal). À 13 h, fui ao Banco da Lavoura, de Minas Gerais e retirei 70 mil enviados pelo Paula e Armando. A seguir, visitei a Chocolatas Garoto S.A. (350 empregados) uma indústria importante, embora possue em suas maquinárias algumas antigas. Fornece chocolate (pronto) para diversas indústrias paulistas. Tem grande estoque de cacau. Uma cicerone mostrou-me minuciosamente a indústria. Antes da Laminadora de Aço e Ferro era a principal indústria do Estado. Ofertaram-me 2 caixas de bombons. A visita seguinte foi à Comp. digo Laminadora de Aço e Ferro. Um cicerone


mostrou-me tôda a indústria, que recebe matéria prima da Usiminas. Produz 300 t. diárias. Forno a 1.300 graus de calor. Produzirá brevemente chapas e arames. Energia própria, pois o Estado não a tem. A “Laminadora” socorre Vitória com sua energia elétrica (a motor). O cicerone foi Ludson Pereira de Assis (Técnico). Regressei ao hotel às 18 h. Banho e jantar. Despedida a Antônio Barcelos, em “A Gazeta”. Visita à Catedral. Muito calor. Deitei-me às 21,45 h. Obs. Fui, à noite, até a sede do P.R.P., mas a encontrei fechada. Cidade com 100.000 habitantes. 177º Dia – 28 de Novembro de 1963 Vitória – ES Levantei-me às 7 h. Café. Paguei hotel, 4.900,00. Roupa que mandei para lavar, me fôra entregue molhada! De 3 camisas que dera só para passar só recebi 2. A outra fôra roubada pelo empregado, noturno, da portaria. Parti às 9,20 h. K. 54.863-asfalto. K.54.918, Guarapari. Fui a praia das Areias Negras (as que contém monazita) e apanhei um pouco das mesmas. Comprei postais. K. 54.972-cidade Iconhaalmocei-12 horas. Cheguei a Cachoeira do Itapemirim às 14,15 h (Km. 55.028). Hospedei-me no Itabira Hotel-o melhor (regular), Q. 127, quarto com café 600,00. Visitei a moderníssima e bonita Igreja “Santuário N. S. da Consolação”. As pareces, a partir do barrado, tôdas em vitrais! Ao sair, troquei pneu. Deitei-me às 21,45 horas. Obs: a cidade fica às margens de um rio. De ambos os lados. Progrediu muito depois da visita que fiz em 1949. Bons prédios e otimo comércio. É a 1ª cidade do interior do E.S. 178º Dia – 29 de Novembro de 1963 Cachoeira do Itapemirim – ES


Levantei-me às 6 h. Café. Paguei o hotel. Parti às 6,40 h. K.55.040. Estrada asfaltada. Na saida, ao lado da garage de uma emprêsa de ônibus, suntuosíssima residência. K.55.044-neblina! em fins de novembro. K. 55.051, cidade de Sôfra. K. 55.101-Fiscalização divisa ESRJ. A partir dai até K 55.129, estrada em implantação. Começa o asfalto (novo e bom). Bonito traçado. Às 9,45 h, cheguei a Campos, K. 55168. Visita à cidade. Compra de postais, doces, melados. Obs: Embora fizesse 15 anos de minha visita, não



achei muita diferença na cidade. Ruas centrais estreitas, mal traçadas. O serviço de bondes está sendo extinto e substituido pelos ônibus elétricos. 178º Dia – 29 de Novembro de 1963

Campos – RJ Parti às 12 h.-K 55.180. K. 55231 trecho sem asfalto e sem aviso de advertência. K. 55.236 - 13 horas - almôço. No rádio “Capricho Italiano” e “Rapsódia Hungria nº 2”. Lembrei-me da “União dos Artistas”. No final da “Rapsodia”, o dono do restaurante mandou trocar a estação do rádio. Não estava gostando... Estrada Campos a Macaé, de asfalto, mas em péssimo estado de conservação e quase sem acostamento. Cheguei em Macaé às 14,45 h-K. 55.284. Hospedei-me no Palace Hotel, Quarto 8, 840,00 sem café. Visita à cidade. Foto do monumento a Washington Luís Pereira de Souza, Presidente 1927-1930, filho de Macaé. Num ponto alto da cidade. Igreja N. S. Santana, ano: 1898. Foto da mesma e, vista parcial. Comprei licor de pêcego, 370,00. Postais. Muito calor. Sorvete. Banho às 19 h. Jantei num restaurante ao lado, o “Belas Artes”, 800,00. Fui ao cinema e assisti “Os barqueiros do Volga”. Deitei-me às 22 h. Devido calor não armei o mosquiteiro. Acordei a 1,00 h com pernilongos. Matei-os. Às 3,30 h, idem. Matei-os. Não consegui mais dormir. Obs: a cidade é margeada pelo rio Macaé que, por sua vez é invadido pelas águas do mar. Cidade praiana. Pouco progrediu nestes 15 anos. Aspecto agradável. Bem tratada. Alegre e simpática.


179º Dia – 30 de Novembro de 1963 Macaé – RJ

Levantei-me às 3,30 h. Café com biscoitos, num bar ao lado de um posto de gasolina. Partida às 4,15 h. K 55.303. K 55.398-Araruama. K. 55.620-Rio de Janeiro-13 horas-na residência de Da. Idalina Pelaio, sogra do Moacyr Silveira, a rua Siqueira Campos, 260-Copacabana. Lanche no almôço. Não dormi. À tarde, entrevista ao “Diário de Notícias”. Voltei à Copacabana. Lanche. Fui à casa de Da Idalina, que ofereceu-me para dormir ali. Aceitei. Fui, à noite, na casa do seu filho Guilherme, que festejava sua data natalícia. Deiteime às 22,45 h. Obs: O transito no Rio, cada dia pior. A sua tradicional correria continua. Placas de trânsito permitem velocidade de 60 K.H. Para ir ao Diário de Notícias, preferi ir de ônibus. 180º Dia – 1º de Dezembro de 1963

Rio de Janeiro – RJ Levantei-me às 7,30 h. Café. Visita ao Dr Hélio Siqueira. Almocei em casa de Da Idalina. Despedida ao Guilherme e sra. A seguir, com Da Idalina, fui visitar o Moacyr (19 Kms de distância). Lá encontrei o Feliz, filho de Da Idalina. Às 15,30 h, fui a um pôsto de gasolina para abastecimento e troca de óleo. Partida às 16,40 h, K 55.650. Km. 55.700, parei. Suspeita de defeito em biela. Confirmada por um dono de Kombi. Um caminhão rebocou a Kombi até o K. 55.714-local “Belvedere”. Às 18,00 h, jantei. Muito cansado, dormi em seguida, na Kombi. Não havia onde dormir. Pernilongos não me deixaram dormir.


181º Dia – 2 de Dezembro de 1963 Estrada Rio-S. Paulo

Levantei-me à 0,15 h. Não dormi mais. Às 7 horas, fui a procura de guincho. Um pôsto da estrada pediu para levar à Barra Mansa (52 Kms) 20.000,00! Fui até Barra Mansa e consegui um por 12.000,00, mas só sairia depois do almôço. Tomei o café da manhã às 10,30 h. Não almocei. Enquanto esperava pelo guincho, achei na of. da VW-10 mil cruzeiros. Das pessoas que ali se achavam não era o dinheiro. Deixei o meu enderêço com o chefe da oficina, caso aparecesse o dono do dinheiro. O guincho apareceu às 13,15 h. e chegou no local onde estava Kombi, às 15,30h. Guinchada a Kombi, partiu de regresso à Barra Mansa. No caminho, jôgo desenfreado de “ficha amarela”. Quadrilha de exploradores. É coisa velha. A Polícia? ora, que pergunta! Deve levar a sua mesada. Quem o duvida. A própria Polícia Rodoviária Federal gosa de mau conceito, nos caos de veículos


acidentados, onde as mercadorias desaparecem. Chegada em Barra Mansa, na of. da VW, às 17,40 h. Hospedei-me no Hotel Vera Cruz, Q 3. Parecia bom pela fachada – 4 andares – prédio de construção recente. Não tem guarda-roupa, lavatório e espêlho. Mesmo no lavatório coletivo não há espêlho! Às 18,15 h, banho. Às 19,15 h, jantar no Restaurante Kuka. Visita à Igreja São Sebastião (matriz), prédio antigo, grande reforma, com linhas modernas no seu interior, principalmente no seu altar-mor. Fui ao Cine Riviera, assisti “Rapsodia”, com Elisabeth Taylor e, jornal focalizando pensamento do IPES. Deitei-me às 23 horas. Obs: As farmacias, apesar do comércio ficar aberto (epoca natalina) à noite, encerram suas atividades às 18 h. O Cine Riviera: Assento e encôsto estofados, 2.055 poltronas. 3 sessões diárias. Nas poltronas “pulman”, só pode entrar com paletó. A cidade tem outro cinema. Obs: a cidade fica nas margens do rio Paraíba, portando alongada no sentido do rio. Bom comércio. Vendem leite a granel em tambores. 182º Dia – 3 de Dezembro de 1963 Barra Mansa – RJ

Levantei-me às 7,40 h. Café no bar. Fui à of. da VW ver a abertura do motor. Às 12,15 h, almôço em restaurante. As 13,30 h, novamente na of. da VW. Como os agentes não quisessem faturar as despesas, telefonei ao sr. Gerd para que êle desse referências minhas. Não aceitou as referências assim como não quis nem a penhora do carro. Tomei o ônibus e fui à Aparecida do Norte, a procura do amigo e conterrâneo Pedro Oliveira Prado para tomar o dinheiro emprestado. Lá cheguei às 20 h. O Pedro achava-se sem recursos para me atender. Sai pela cidade. Tomei lanche. Hospedei-me no Hotel D’Oeste, Q 28, 700,00 com café. Li a “Tribuna Ituana”, que o Pedro me deu, edição de 15 de nov. Deitei-me às 23,30 horas.


183º Dia – 4 de Dezembro de 1963 Aparecida do Norte – SP

Levantei-me às 7,20 h. Banho. Café. Telefonei ao meu irmão Fernando, em Itu, pedindo 50 mil, ordem telefônica. Almocei às 12 horas, em casa do Pedro. Passei a tarde, no Banco Moreira Salles, esperando pelo dinheiro, que veio naquele dia. Lanche no jantar. Às 20 h, Cine Aparecida: “O príncipe valente”. Em seguida, ouvi o 1º tempo do jôgo Palmeiras x Corintians 3x1-final 5x2. Baile. Deitei-me às 22,30 horas. 184º Dia – 5 de Dezembro de 1963 Aparecida do Norte – SP Levantei-me às 5,10 horas. Cafe no bar, às 5,50 h, tomei ônibus para Barra Mansa (551,00), onde cheguei às 9 horas. Fui ao Banco Moreira Salles e pedi que fizesse uma consulta telefônica para Itu, sôbre o dinheiro solicitado para Aparecida do Norte. Apanhei no Banco, um cartão de assinaturas e procurei o Presidente da Associação Comercial, Industrial e Agro-Pecuária de Barra Mansa, para abonar minha assinatura, o que consegui, para poder sacar o dinheiro quando chegasse. O Banco não aceita carteira de motorista como documento. O sr. Almeida, presidente da A.C.I.A. levou-me à sede da entidade para conhecê-la. Às 12,15 h, almocei “virado paulista” (com feijão preto). Não apreciei. Às 12,45 h, passei no Banco e já encontrei a ordem do dinheiro solicitado. A mesma viera de Aparecida do Norte, à cuja agência havia solicitado que retransmitisse a ordem para Barra Mansa. Fui à of. da VW. Paguei as despesas: 61.250,00. Às 14,30 h, partida. K. 55.720. O carro não puchava. No K. 55.785, parei o carro, pela segunda vez, e fui verificar o filtro de ar. Vi logo que o mesmo estava muito atarrachado. Abri-o e verifiquei que as 2 arruelas que


tinham sido colocadas para que o filtro não se fechasse muito ali não estavam. No carro consegui outras 2 arruelas, o que deixou o carro em condições. Às 18,00 h, passei no bar do Pedro, em Aparecida, para a despedida. Muito calor. Tomei água, sorvete e refresco. Às 20 h., cheguei a São José dos Campos. Hospedei-me no Grande Hotel, Apt. 511- 1.600,00 sem café. Tomei banho. Ótimo. Bastante água. Muito calor. Visitei o sr. Simões, Pres. da A.C.I.A.P. e, também a sede dessa entidade, onde assisti a reunião mensal. Em seguida, visitei a tipografia Planalto, de um dos diretores da Associação. Sai e tomei sorvete e água gelada. Muito calor. Deitei-me às 23,15 horas. Grande cidade. Bom comércio. Ótimo parque indust. 185º Dia – 6 de Dezembro de 1963 São José dos Campos – SP Levantei-me às 6,15 h. Arrumei a mala. Café no restaurante do hotel120,00. Paguei o hotel. Partida às 7,10 horas. K 55.950. No K. 56058 na Via Anchieta (depois de ter passado pela capital paulista) fiscalização rodoviária do Estado. Esta pediu a autorização para dirigir. Multou-me por falta do para-choque. Cheguei na fábrica da VW, às 11,15 horas. Não estava o sr. Gerd, chefe de propaganda. Fui recebido pelo seu auxiliar, que já me esperava, e com êle almocei no restaurante da fábrica. Tiraram fotos da Kombi, para registrar as condições do veículo e do meu regresso. Às 17 h, estive na redação do jornal “O Estado de São Paulo”, onde concedi entrevista. Regressei a Itu-SP, onde cheguei às 20 horas-K. 56.226. Resultado: 184 dias de viagem. 19.000 K. com a Kombi: 7.000 Km de: avião, navio, trem, onibus, caminhão.


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