Folego 2015 1 n34

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PRESSÃO

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PRESSÃO

Grupo de skatistas do bairro Foto: Adriel Brito

FÔLEGOJORNAL LABORATORIAL DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA MAIO DE 2014 MAIO/JUNHO 2015.1 // Nº 35

Pista de Skate é esperança para jovens do bairro Aerolândia Mesmo com problemas de estrutura, jovens continuam praticando o esporte Georgia Beatriz e Adriel Brito

Executando manobras, subindo e descendo rampas e vencendo obstáculos. Para muitos meninos do bairro Aerolândia, a pista de skate é um passatempo indispensável. Situado na Avenida Raul Barbosa, o polo de lazer foi construído em 2010 com o objetivo de trazer um local público diferenciado para a cidade, principalmente para os moradores do bairro Aerolândia. A construção da pista de skate foi uma forma de gerar interação e socialização para as crianças e adolescentes, que puderam contar com uma nova atividade para ocupar o tempo livre. Em um bairro onde violência e criminalidade são frequentes, para as crianças, ter a oportunidade de ter acesso a um esporte é uma válvula de escape, como afirma o Lulu, 31, skatista que frequenta a pista há cinco anos. “Quando a pista foi inaugurada, as crianças e adolescentes do bairro tiveram uma chance de não crescer apenas com a influência do crime.

Agora eles têm a influência do esporte.” Para as crianças da comunidade, oportunidades como essa se tornam sonhos, principalmente quando a etapa do campeonato mundial passa por Fortaleza e skatistas de todo o Brasil e do mundo vêm competir na pista da Avenida Raul Barbosa. Em busca de algum projeto social com essas crianças do bairro Aerolândia, em abril, fomos até ao polo de lazer procurar por pessoas que realizassem algum tipo de trabalho ou dessem algum apoio para esses meninos e meninas que sonham em ser skatistas, mas infelizmente não foi o que encontramos. Silva Helena, 33, sempre leva seus filhos para brincarem no polo de lazer e ela afirma que o local está abandonado. Até mesmo a estrutura está precária, como por exemplo, lixos e poste de luz quebrdo. “No começo, aqui era mais bonito; hoje em dia os lixos estão todos quebrados, poste de luz também. Até o campo de futebol antes tinha alguém que cuidava, agora nem isso. Só ajeitam a pista de skate quando

tem campeonato.” Conversamos também com Luis Gustavo, 15, que diz andar de skate só por esporte, por saber que é muito difícil ser um skatista profissional. “Ser skatista profissional é muito difícil; aqui a gente não tem apoio para participar de campeonato, o moleque tem que ter sorte para conseguir ser profissional, ser bom não basta.” Procuramos a Secretaria do Esporte do Governo para saber se existe algum projeto para ser realizado ou se haverá uma reforma no local, mas até o fechamento da matéria não tivemos uma resposta. Procuramos também a Regional VI, responsável pelo bairro Aerolândia, pedimos informações sobre a manutenção do polo, mesmo com fotos evidenciando a falta de limpeza e iluminação o assessor da Regional nos garantiu que a capinação é feita regularmente e que iria mandar a técnica averiguar os defeitos nos postes de luz e providenciar as lixeiras para o local. Para os skatistas da Aerolândia, a pista é o local de realização de seus desejos. A importância social na vida dessas crianças, adolescentes e adultos é imensurável. Ter a oportunidade de combater o crime com o esporte é a solução perfeita para uma sociedade, ainda que o número de jovens alcançados não seja grande.


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Editorial Amanda Lyssa foi eleita a melhor jogadora de futsal do mundo em 2014

Compromisso com a cidadania

Os holofotes que estavam aqui no País, por ter sediado a copa do mundo, no ano passado, voltarão no próximo ano, quando o Brasil, mais precisamente, a cidade do Rio de Janeiro, sediará as olímpiadas. Ferindo os princípios olímpicos, nosso país vem sofrendo com variados casos de racismo, homofobia e machismo, preconceitos que afetam diretamente a cidadania. É por isso que fizemos uma edição voltado para lembrar ao público a importância do esporte na inclusão social e na luta contra o preconceito. O Jornal Fôlego traz nessa edição, por meio dos alunos de Jornalismo Esportivo - disciplina ministrado - pelo professor Wagner Borges, histórias de lutas contra preconceitos travadas pelo esporte, como, por exemplo, capoeira e esporte radicais, simbolizados pelo skate. O jornal não poderia deixar de mostrar o outro lado do futebol, aquele com menos brilho do que a copa do mundo, mas tão merecedor de respeito e de olhares por parte dos dirigentes quanto a maior competição futebolística. Em época de 7x1 e de Bom Senso, a matéria do América exemplifica a maioria dos clubes nacionais e reforça a necessidade de mudança. A equipe saiu às ruas, ao estádio, conversou com atletas profissionais e amadores para trazer histórias que você conhecerá a seguir.

Felipe Castro estudante de Jornalismo

Foto: (Reprodução: Globo Esporte/ Juscelino Filho)

Cearense quer ressuscitar o futsal no Brasil A atleta cearense Amanda Lyssa popularmente conhecida como Amandinha é ala do Barateiro Futsal. Ela recebeu o prêmio de melhor jogadora de futsal do mundo em 2014 prêmio concedido pela AGLA Futsal Awards e reconhecido pela FIFA.

André Viana

A seleção brasileira de futsal feminino foi campeã das últimas quatro edições do Torneio Mundial de Futsal, entre os anos de 2010 e 2014. Apesar disso na edição de 2014 o Brasil quase ficou de fora por falta de patrocínio. Na final da copa o Brasil venceu Portugal por um resultado apertado de 4 a 3 com um gol da atual melhor jogadora de futsal do mundo, a cearense Amanda Lyssa. A falta de visibilidade atrapalha o crescimento do futebol de salão. Na modalidade feminina a situação é ainda mais grave. Para a cearense, a maioria das pessoas ainda não teve a oportunidade de acompanhar uma partida, “é porque as pessoas não assitiram ainda, é um esporte apaixonante, eu já vi pessoas que chegaram para a gente surpresos com a qualidade do futsal feminino”. Ela acrescenta

que para os nordestinos as condições são mais árduas “nós como nordestinos temos ainda mais dificuldades do que os outros, porque aqui o esporte é muito desvalorizado. Hoje eu moro em Santa Catarina e consigo viver do esporte”.Antes de conseguir o patrocínio o grupo feminino e masculino de futsal realizou uma campanha de arrecadação pelas redes sociais, já que a Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS) disse não ter condições de financiar as despesas após a mudança de sede da Rússia para a Costa Rica. Para Amandinha, a dificuldade prétorneio serviu como incentivo para o grupo: “a gente viu o quanto foi difícil ir para o mundial, o quanto foi trabalhoso. Foi uma coisa complicada, mas querendo ou não, foi uma força à mais para a gente valorizar a oportunidade”. As primeiras partidas de Amanda foram perto de casa no Conjunto Ceará.

“Comecei a brincar com os meninos da pracinha, e não foi fácil porque eram todos meninos, então tinha um pouco de machismo ali. O meu pai quis me proteger de início, mas eu disse a ele que aquilo era o sonho da minha vida, e aos poucos fui percebendo isso e ele também. Meus familiares começaram a me apoiar com unhas e dentes quando entrei para o Colégio Evolutivo e pude jogar junto com as meninas. Hoje eu agradeço por eles terem me dado todo o apoio possível” A jogadora pretender aumentar a divulgação do futebol de salão feminino no Brasil. “O meu principal objetivo, hoje, é tentar levar o futsal feminino ao topo, e fazer com que ele tenha mais visibilidade”. Além disso Amandinha busca concluir sua graduação em fisioterapia, em uma longa jornada diária dividida entre treinos e estudos.


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Musa do tiro esportivo descobriu aos 13 anos a paixão pelo esporte Conheça a menina que é promessa da seleção brasileira de tiro

Thais se preparando para Sul-Americano Foto: Arquivo pessoal

Marcella Ruchet

A jovem Thais Moura descobriu, ainda na adolescência, uma paixão que proporcionaria muitas experiências positivas em sua vida. Enquanto seus colegas participavam de pequenas competições esportivas em esportes como futebol e vôlei, Thais optou por algo não convencional: o tiro esportivo. E não é difícil enxergar a paixão nos olhos da menina de 23 anos, que desde os 13 defende a modalidade. Thais nasceu em Minas Gerais, mas aos três anos de idade adotou Fortaleza como terra do coração. “Nasci em Minas, mas Fortaleza é minha cidade de coração”, afirma. O esporte sempre fez parte da vida de Thais. Ainda criança teve experiências no tatame, chegando a conquistar a faixa azul. E durante oito anos defendeu o time da escola em que estudou nas quadras do basquete. Mas foi em uma ida a uma competição de tiro esportivo com a mãe, que a menina viu sua vida mudar. “Eu ficava atenta a tudo e tive

certeza que aquele era o meu esporte”, relembra de maneira enfática. E a certeza de Thais fez com que ela se dedicasse ainda mais aos treinos, que eram muito puxados desde o início. Hoje ela acorda às cinco horas da manhã e divide seu dia entre os treinos, as aulas do último semestre no curso de Direito, um estágio no período da tarde e os encontros com os amigos, o namorado e “umas viagens de vez em quando”, como ela mesma diz. Segundo ela, a dedicação só rende bons frutos. Com seis meses de treino, conquistou medalha de ouro na primeira competição de que participou: o campeonato Sul-Americano. Entre os sete jovens de Fortaleza que também competem no esporte, Thais, chamada de “musa do tiro esportivo”, conta com timidez que, segundo eles, além da beleza ela também tem um carisma e uma humildade que a colocam onde ela está. “Não adianta ser bom no que faz, mas não ser bom com o próximo. Procuro ser boa em tudo que faço. Tenho certeza que isso me ajuda em

competições.” Sobre o preconceito, ela comenta que existe, sim. “As pessoas confundem esse tipo de esporte com violência. Associam a arma ao crime. Poucos sabem que o tiro esportivo é um dos esportes que mais demandam concentração e foco. Nada a ver com violência. Esse esporte me ajuda em todas as outras áreas da minha vida”, pontua. Há cerca de nove anos a jovem atleta ganhou uma espécie de pai no esporte. Seu treinador Gustavo Fruet é muito mais do que apenas um técnico. “Ele é um grande amigo. Muito do que sei devo a ele, aliás, tudo que sei.” E foi Gustavo que incentivou a atleta a participar em 2011 dos seus primeiros jogos Pan-Americanos em Guadalajara, no México. Apesar dos treinos intensos e de toda dedicação para participar dos jogos, Thais não levou ouro pra casa. O emocional Foto: Arquivo pessoal nesse tipo de competição conta muito e, segundo ela, foi difícil segurar a emoção, o que rendeu à atleta uma co-

Jovem promessa apresenta suas conquistas Foto: Arquivo pessoal

locação no 14º lugar. O fracasso fez com que ela não conseguisse vaga para as Olimpíadas de 2012 em Londres. “Não me deixei abalar e sei que 2016 é meu ano.” Taxativa Thais se enche de alegria ao falar sobre as Olimpíadas que se aproximam. E foco é a palavra de ordem durante os meses que antecedem a competição. “Competir em casa dá uma sensação ainda melhor”, comemora.


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Entrevista Bial sonha alto com a difusão do basquete em solo cearense. Foto: (LC Moreira/Divulgação/NBB)

Da experiência vêm as conquistas Responsável pela difusão das práticas do basquete em território cearense, Alberto Bial bateu um jogo rápido com a equipe do Fôlego e revelou as idéias para que o projeto continue se encaminhando e se torne um grande sucesso.

Gabriel Lobo

Especialista em basquete, ex-jogador, profissional renomado no meio esportivo brasileiro, atualmente treinador e gerente técnico. Este é Alberto Bial, 63, que há três anos aceitou o desafio de comandar a equipe do Basquete Cearense no NBB (Novo Basquete Brasil), com o objetivo de incentivar as práticas do basquetebol no Estado e treinar uma equipe jovem na maior competição nacional. No princípio do projeto foram inúmeras as dificuldades, dúvidas e incertezas. Porém, com muito sacrifício e trabalho, os esforços foram recompensa-

Fôlego - Logo no princípio, como surgiu o convite para treinar o Basquete Cearense e desenvolver esse projeto no Estado? Alberto Bial - O projeto teve início com a visão de difundir o basquete na região Nordeste. O Ceará foi escolhido e um grupo de profissionais viabilizou o patrocínio e o desenvolvimento da modalidade. Fôlego - Nas duas primeiras edições, o Basquete Cearense fez boa campanha e conseguiu se classificar aos playoffs. O que aconteceu para que a equipe fosse eliminada de forma precoce na fase decisiva? Alberto Bial - O desenvolvimento do Basquete Cearense vai acontecendo em etapas, dois anos muito bons, um ano de sacrifício, mas, com o maior resultado esportivo da minha vida, a vitória invicta do sub 22 no LDB. Fôlego - Também no princípio, era notória a importância da Sky na construção da equipe e no apoio logístico e

dos. Nas duas primeiras temporadas no NBB, o Basquete Cearense se classificou para os playoffs, enquanto no torneio 14-15 passou por momentos conturbados, mas conseguiu se manter entre as equipes classificadas para seguir na disputa em 2016. Grande responsável pelas boas campanhas do time cearense, Bial recebeu a equipe do Folêgo para um bate bola rápido. O técnico contou um pouco de suas pretensões para o futuro a frente do grupo e garantiu que até o dia 1 de julho, data de início da temporada 2015-16 do NBB, vai ser apresentado um novo patrocinador e uma forte equipe para a disputa. equipe para a disputa. Confira:

financeiro. O que aconteceu para a Sky desistir de apoiar o Basquete Cearense? Alberto Bial - Qualquer projeto em alto rendimento precisa de investimento. O contrato com a Sky foi cumprido à risca durante dois anos.

Fôlego - Em relação aos jovens recém campeões pelo LDB, como vem sendo feito o trabalho com eles na subida ao profissional? Alberto Bial - São trabalhados em todos os níveis de treinamento.

Fôlego - E a atual parceria com a Prefeitura de Fortaleza? Qual importância dessa iniciativa para a construção de um grupo forte? Alberto Bial - A parceria com o poder público é muito importante pois assim atingimos todas as instituições da cidade, escolas municipais, praças, e nosso centro de treinamento Paulo Sarasate.

Fôlego - Para você, qual avaliação que pode ser feita nesses primeiros anos de Basquete Cearense? Os torcedores podem sonhar com alguma vitória de expressão em um futuro próximo? Alberto Bial - A avaliação é positiva. E que o título do sub 22 possa se repetir de novo, dessa vez no NBB!

Fôlego - Para a próxima temporada do NBB, o Basquete Cearense vem com algum projeto novo? Como vai ser feita a construção da equipe? Alberto Bial - A temporada começa dia 01° de julho e apresentaremos nosso novo patrocinador e equipe.

Fôlego - Queria que você comentasse um pouco da importância do basquete como meio de inserção social. Alberto Bial - Se nós entendermos que milhares de crianças foram atingidas por este movimento, oportunizando-lhes a educação através do esporte, isso por si só fala da importância do projeto.


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Seleção Masculina de basquete da Unifor recebendo o troféu de campeões do torneio LDU(Liga de Desporto Universitário) a nível regional. Foto: Thiago Parmalat

Unifor conquista o quinto lugar nacional no Prêmio Troféu Eficiência Vitórias garantem a melhor colocação da Universidade de Fortaleza nos últimos nove anos.

Hiago Henrique e Leidiane Lopes

Durante 2014 os esforços dos atletas foram recompensados, a Unifor alcançou o quinto lugar na classificação geral, na disputa do Troféu Eficiência, prêmio concedido pela Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU), às 10 melhores colocações no ranking, que classifica o desempenho das instituições de ensino superior (IES) nos eventos esportivos anuais. Esse resultado se deve graças ao inten-

so programa esportivo desenvolvido na Unifor. Os projetos relacionados ao esporte começaram há 13 anos. Cada projeto está vinculado a uma categoria de esporte, entre elas se destacaram durante 2014, basquete, futsal, handebol, natação, vôlei e atletismo. Todas essas categorias são contempladas em nível nacional através dos Jogos Universitários (JUBs) e através da Liga de Desporto Universitário (LDU), que inclui ligas regionais e nacionais. A soma dos resultados desses jogos resulta anualmente no Prêmio Troféu

Eficiência, oferecido pela CBDU para as 10 melhores colocações, são aproximadamente 13 eventos, cuja soma dá a cada universidade um lugar no ranking. No ano de 2014, foram 285 instituições de ensino superior participando. Desde 2005, ano de criação do Prêmio Troféu Eficiência, a Unifor sempre esteve presente entre as 10 melhores IES, até o ano passado, quando garantiu sua melhor colocação com o quinto lugar nacional. Neste primeiro semestre, durante a LDU Norte e Nordeste que ocorreu de 24

a 28 de abril em João Pessoa (PB), a Unifor foi campeã no basquete masculino e futsal feminino, vice no voleibol feminino e terceira colocada no futsal masculino, todas essas quatro equipes já estão classificadas para a fase nacional que irá acontecer do dia 8 a 13 de junho em Brasília. Nessa fase dos esportes de quadra estarão presentes três equipes do norte e nordeste, três do sul, sudeste e centro-oeste, uma convidada e a campeã do ano anterior para cada modalidade. Combinado a Unifor que esta inserida na equipe Nordeste.


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A luta para voltar a ser grande

As dificuldades financeiras e estruturais não impedem os jovens atletas do América de sonharem com voos mais altos Foto: João Pedro

Comemorando 95 anos de história, o América Football Club batalha para se manter em atividade e não fechar as portas. O tradicional bicampeão cearense sofre com problemas financeiros e aposta em atletas não profissionais para seguir em campo.

Gabriel Lobo e João Pedro

Inicio do século 20. O futebol acabara de chegar em território alencarino. O esporte trazido por marinheiros ingleses despertava grande interesse do povo que habitava o Estado. Foi com o princípio das competições e da criação das primeiras ligas esportivas que em novembro de 1920 foi fundado o América Football Club, idealizado pelo jovem Juvenal Pompeu Magalhães. Com apoio dos primeiros torcedores e com formação de alianças políticas, o clube foi crescendo, conquistando adeptos, disputando a elite do futebol estadual, até se tornar uma das maiores forças dentro de campo. Os frutos da estrutura americana foram colhidos. Em 1923, o time dis-

putou sua primeira final de campeonato, mas acabou derrotado pelo Fortaleza. Em 1934, também chegou na finalissíma e perdeu novamente para o tricolor. Até que, no ano seguinte, o Mequinha venceu o rival Maguari e se sagrou o campeão de 35. O tempo foi passando. Além de profissionalizar o departamento de futebol, o América se consolidou como clube de elite. Com apoio do deputado federal Aécio de Borba, que é considerado o maior presidente da história do América, foi injetado um aporte financeiro para o time seguir brilhando. Organizado fora de campo e bem financeiramente, o América venceu o Ceará em 1966 e foi bicampeão estadual. “Em 66 formou um grande time, o maior da história do

Mequinha. O América tinha grandes dirigentes, formou um clube social, era um clube de elite da época. Com força financeira e com um time bom, o América foi campeão invicto”, conta Ronaldo Déber, torcedor do América, historiador do futebol cearense, e que atualmente é funcionário do Clube exercendo a função de assessor de imprensa. Porém, veio a decaída, e o que anteriormente pode ser contado como um passado de glórias hoje é um grande pesadelo para aqueles que compõe o Clube. Com o crescimento dos três maiores times do estado (Ceará, Fortaleza e Ferroviário), o América foi perdendo visibilidade e deixando de disputar as finais do torneio. Aliado ao fato, perdeu força política, somado

a falta de torcedores que migraram para torcer pelos considerados maiores. Em 1993, já enfrentando fortes problemas financeiros e com dificuldades para se manter, o jornalista Alberto Damasceno comprou os direitos do América e tomou posse como novo mandatário, mas não conseguiu evitar a grande derrocada, com os consecutivos rebaixamentos. “O América já sofria com graves problemas financeiros. O Alberto foi ‘empurrando com a barriga’, até que não deu para sustentar. Primeiro veio o rebaixamento para a Segunda Divisão e logo em seguida para a terceira”, recorda Ronaldo. O primeiro rebaixamento veio em 1997, para a Série B do estadual. Em 2004, na maior crise, veio a que-


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Nas décadas de 60 e 70 a constelação americana foi considerada um dos grandes times da história do futebol cearense. Foto: Divulgação

Em 1920 nascia o América Em 1920 foi fundada a Associação Desportiva Cearense, que depois viria a se tornar Federação Cearense de Futebol. Nesse mesmo ano, aconteceu o primeiro Campeonato Cearense organizado pela instituição, já que de 1915 a 1919, anos do pentacampeonato do Ceará Sporting Club, os torneios eram organizados pela Liga Metropolitana Cearense de Futebol. Ainda em 1919, a categoria de base do Ceará não tinha espaço no time principal, nem participava das festas de comemoração das vitórias do clube, que era o atual penta campeão do Estado. Procurando uma alternativa para jogar, além de estarem cansados de serem tratados daquela forma, em 1920 os garotos da base do “Vovô” se reuniram. Em 11 de novembro, estava decidido que todo o grupo infanto-juvenil deixaria o Ceará, criando assim um novo clube daquele dia em diante. Assim nascia o América Football Club, campeão cearense nos anos de 1935 e 1966.

da para a Série C. O clube passou a enfrentar grandes dificuldades, sem receita financeira, sem estrutura, e, principalmente, sem brilho dentro e fora de campo, até ser arrendado em 2009 para o empresário Cleston Souza Santos. “Eu nunca trabalhei com futebol, mas sempre fui interessado. Então o primeiro passo era comprar um time, algo para investir. Então eu arrendei o América, paguei um valor por isso e agora estou querendo pagar por ele de vez”, afirmou Cleston, atual presidente do Mequinha. No comando de Cleston, o cenário permaneceu inalterado. Com o time na lama, afundado em dívidas, sem estádio para jogar e sem conseguir manter um elenco fixo, o América

seguia no desconforto em disputar a terceira divisão. Mas, uma luz no fim do túnel viria a aparecer. Em 2013 foi feito um acordo com o Grêmio Recreativo Pague Menos, time de funcionários da rede de farmácias, para que o Mequinha disputasse o campeonato. De forma bem simples e detalhada a atual parceria funciona da seguinte maneira: o América fornece o espaço para que alguns atletas destaques do Grêmio Pague Menos dispute competições oficiais, enquanto o Grêmio oferece como troca o apoio financeiro, logístico e a construção de uma equipe sólida para entrar nos torneios, assim como a formatação de departamentos técnico, físico e médico. “O América nos procurou, já que estava sem condições financeiras para

montar uma equipe de futebol. Então, a Pague Menos entrou com um elenco, toda uma estrutura de treinamentos e uma linha de profissionais graduados que acompanham em departamentos técnicos e físicos. Claro, continua sendo uma equipe amadora, nenhum atleta é remunerado, já que todos ganham pelo trabalho que desempenham na Pague Menos”, disse Sávyo Santos, diretor administrativo do Grêmio Pague Menos. Logo no primeiro ano, a parceria foi um grande sucesso. Formado por uma equipe mesclada, em parte atletas profissionais e em parte não profissionais (funcionários da farmácia) o América conseguiu o acesso em 2013 e conquistou o título da Série C ao derrotar o Barbalha. Em 2014, fez

boa campanha na Série B e acabou na 5º colocação. Porém, em 2015 voltou a sofrer com problemas de teor financeiro. Sem dinheiro em caixa, o clube se viu na obrigação de cortar os gastos com salários de jogadores. Houve uma debandada e a equipe teve de ser formada às pressas com 90% de funcionários da farmácia, que trabalham normalmente todos os dias em período integral desempenhando as mais diversas funções. Além do fato de ser formado em grande maioria por jogadores “amadores”, o América vem sofrendo sem ter um estádio próprio, tendo que pagar valores altos em custos com aluguel, expondo-se, assim, a fortes ameaças de não disputar a competição desse ano.


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“Faltou pouco para não entrarmos em campo na Série B desse ano. Em um jogo simples, sem torcida, gastamos R$ 1.500 de aluguel de campo (em caso de jogo no Antônio Cruz, o mais barato), R$ 1.000 de ambulância. Com o apoio logístico gastamos quase R$ 4.000 quando o América é mandante. Quando jogamos fora, com ônibus, alimentação, gastamos quase R$ 3.000. Assim é difícil se manter”, afirmou Ronaldo, assessor. Mesmo diante das reais dificuldades e do atual momento sofrido que vem sendo ultrapassado, a diretoria do América não descarta futuras parcerias e se abre para a chegada da

iniciativa privada por meio de novos patrocinadores. “Já houve alguns interesses mas nada ficou concretizado. Se aparecer em outros municípios, a gente muda. O objetivo é não deixar o América morrer. São quase cem anos de histórias e não é interessante que acabe dessa forma. Quanto a parcerias, estamos sempre abertos para conversas”, afirmou o presidente Cleston, que, também revelou a grande possibilidade de comprar todos os direitos do clube do antigo dono Alberto Damasceno. “A intenção é resgatar o América e tornar ele a ser grande novamente. Estamos otimistas com o projeto”, concluiu.

No Campeonato Cearense Série B 2015, 90% do elenco do América foi formado por funcionários da Pague Menos Foto: João Pedro

Foto: João Pedro

Quase lotou

América, o então lanterna, e Barbalha, o vice lanterna, duelaram no estádio Antônio Cruz, na Lagoa Redonda no dia 16 de abril. O Mequinha saiu vencedor por 2 a 1, com gols de Diego e Richelme. Mas o que chamou atenção

foi o público e a renda da partida. Apenas oito pessoas pagaram para ver a peleja (incluindo os autores desta reportagem). A fabulosa renda de 40 reais, com certeza, não ajudou muito os cofres do clube americano.

Reviravolta da bola Foto: Ronaldo Déber

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Fábio Luis Vassalo, o Fabinho, como é conhecido no mundo do futebol, é um dos poucos profissionais no elenco do América Football Club. O clube histórico cearense, que completa 95 anos em 2015, sobrevive graças a uma parceria com o grupo Pague Menos, que fornece funcionários considerados ‘’boleiros’’ para atuarem no clube. O meia é um dos mais experientes do elenco rubro. Fábio foi revelado pelo Ferroviário/CE, na mesma safra de jogadores como Mota e Iarley. O jogador saiu do Tubarão da Barra em 1999 para disputar a Copa São Paulo de Juniores com a Ponte Preta/SP. Depois dali, Fabinho rodou o mundo, contando com passagens pelo Paraná/PR, Ceará/CE, Atlante/MEX, além de clubes do futebol sueco e até do futebol africano. O atleta chegou ao América em 2013. Mesmo com a idade avançada, ele foi vital na campanha que rendeu ao América o acesso para a série B cearense, marcando 10 gols e sendo o artilheiro da equipe. Aos 36 anos, o jogador já conseguiu abrir seu próprio negócio, um restaurante, e já não tem mais o futebol como fonte prioritária de renda. Para ele, o esporte se tornou algo terapêutico, que o ajuda na vida pessoal e como empresário: ‘’O América é como um prazer pessoal, algo que tira o estresse da minha vida. Como um lazer, mas um lazer com responsabilidade.’’ Fábio, por sua experiência e importância dentro de campo, é um dos líderes do América. Ele salienta que, sempre que pode, dá dicas para que os mais novos possam alcançar seus objetivos: ‘’Mesmo jogando em clube pequeno, o jogador deve pensar como se estivesse em um clube grande. Para quando ele chegar no grande, não estranhar. Se você sempre pensar pequeno, quando chegar no grande vai bater e voltar’’. Fabinho finaliza a entrevista cobrando mais investimentos para os clubes de menor expressão cearense. Para ele, com isso todos só têm a ganhar, principalmente o futebol local: ‘’O América tem tudo para vencer, mas falta verba, falta incentivo. Apesar da parceria com a Pague Menos, o aporte é pequeno. Mas nós temos que vencer para que esse aporte seja maior. Ninguém investe em quem perde, um maior investimento só virá se nós vencermos. A gente tem que dar o máximo, para que os diretores vejam que nós somos bons e liberem mais dinheiro. Não só o América, mas todas as equipes precisam dos empresários, mas não os empresários da bola. Os clubes precisam dos industriais, dos homens com o dinheiro para ter um investimento maior no futebol cearense. Esse investimento é bom para todo mundo, é bom para o clube, para empresa e só quem tem a ganhar é o futebol’’, encerrou o meio campista.


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Cia. Volta ao Mundo em apresentação na TV Diários Foto: Diego Moraes

Capoeira usada como meio de inclusão social “A capoeira é para todos, mas nem todos são para a capoeira. Exige muita dedicação e força de vontade.” - Mestre Ceará Diego Moraes

Embalada pelo berimbau, pandeiro e muitas palmas, ao som de canções de capoeira, assim aconteceu à entrevista com a Companhia Capoeira Volta ao Mundo. Onde são ministradas aulas de capoeira para crianças carentes e portadoras de necessidades especiais. A iniciativa de ensinar esta arte afro-brasileira, que mistura dança, luta e muito gingado, é voluntária, partiu do capoeirista Francisco Aloísio, mais conhecido com Mestre Ceará. Nascido em Belém do Pará, Aloísio chegou a Fortaleza ainda criança, quando aos nove anos, iniciou sua carreira como capoeirista. O projeto “Capoeira Inclusiva’’ é voltado para alunos de todas as idades, com algum tipo de

deficiência ou limitações físicas. No grupo, crianças autistas, com paralisia, Síndrome de Down e deficiências múltiplas. O projeto é trabalhado com a perspectiva da inclusão desses alunos com a sociedade e ajudá-los no seu desenvolvimento psicomotor. Tudo começou em uma roda de rua, quando uma mãe trouxe seu filho deficiente visual para participar e o Mestre desenvolveu um modo de ensino respeitando as limitações de seu novo aluno. “Eu com dois anos tive paralisia infantil, não andava. Foi graças à capoeira feita como fisioterapia que me recuperei. Esse trabalho é uma forma de recompensar por tudo de bom que a capoeira fez na minha vida. Através dela posso ajudar os outros, valorizar eles como fui valorizado. ’’

O projeto é realizado no bairro Vila Pery, e também no prédio da sociedade de Assistência aos Cegos, onde atende ao total cerca de 70 alunos. Segundo Mestre Ceará, entre os benefícios destacam-se a melhora no equilíbrio, atenção, raciocínio e disciplina. “A capoeira é usada como esporte de reabilitação para deficientes. Ela acrescenta muito de positivo na vida dessas crianças. Ensina que eles são iguais a todos. E tem a questão da interação social. Eles fazem muitos amigos, chegam tímidos e saem com alto estima elevada. ’’ O esporte inclusivo não é feito de forma padronizada, respeita as limitações de cada um, mas engana-se quem pensa que respeitar os limites é “pegar leve .’’ Existe uma cobrança igual para todos. Os treinos seguem a filosofia de qualquer roda de capoeira, Afirma o Mestre Ceará. “Cultura, disciplina, cidadania, responsabilidade esses são alguns dos aprendizados da capoeira que esses alunos levaram consigo, além de todos os benefícios físicos. Esse projeto é fei-

Aluna do projeto Capoeira inclusiva abraça seu mestre Foto: Diego Moraes

to, acima tudo por amor. A capoeira é para todos, mas nem todos são para a capoeira. Exige muita dedicação e força de vontade. É difícil ficar longe do sorriso deles, conclui o capoeirista.”


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A qualidade de vida dos brasileiros é instável 72% dos óbitos no Brasil estão relacionados com as doenças crônico-degenerativas, causadas pela falta de qualidade de vida dos brasileiros, que se alimentam mal e tem pouca atividades físicas. Os dados são do Ministério da Saúde.

Italo Nunes

De acordo com a pasta, metade dos brasileiros está acima do peso. O dado é alarmante, e preocupa em virtude do crescimento comparado com anos anteriores. Uma pesquisa divulgada pelo IBGE, mostra que um problema que agrava essa estatística é que 75% dos brasileiros não pratica atividade física, e os que praticam, dedicam apenas 2 horas e 30 minutos de atividade física por semana que é a média ideal. Outro fator agravante da má qualidade de vida dos que trabalham o dia todo, é que acabam gastando cerca de um salário mínimo comendo fora de casa, com a média nacional diária de R$ 27,36 . Ou seja, além de se alimentar com uma qualidade muito inferior a de que necessitam, os brasileiros ainda paga muito caro por isso. “A forma como o brasileiro se alimenta está cada vez mais parecida com a do americano. Devido a correria do dia a dia os, fast-foods muitas vezes são a forma mais prática de se alimentar e aliado ao sedentarismo, gera-se uma série de problemas de saúde.” Afirma Marina Duarte, estudante de nutrição que está se formando pela Unifor, e que já está atuando no mercado. Segundo os nutricionistas, uma saída para o consumo de alimentos mais

nutritivos é levar os alimentos prontos de casa. “O ideal é que se leve a comida em recipientes apropriados e em bolsas térmicas. Uma outra alternativa pra quem não tem tempo de comer em casa é comprar as chamadas ‘Marmitas saudáveis’, em que o alimento é elaborado da forma que se encaixa na sua dieta.” Um mercado que vem crescendo é o de prestação de serviços nutricionais pela rede. As chamadas “Consultorias Online” oferecem aos clientes um acompanhamento para aos que buscam melhorar a sua alimentação com o procedimento feito pela internet. Mas sobre essa nova estratégias existem pontos positivos e negativos, analisa André Rodrigues também estudante de Nutrição, ele lembra que: “podem ser perigosas sim, por mais que existam pessoas bem intencionadas e capacitadas para tal serviço. O ideal é que seja presencial, para a melhor avaliação do cliente. Vale lembrar também que o trabalho deve começar desde cedo no colégio. Os pais devem criar o hábito de levarem seus filhos ao nutricionista, para que no futuro não venham a ser adultos obesos.” Em contrapartida, O Ministério da Saúde chama atenção para o fato de o Brasil cada vez mais deixa de ser “O país do futebol” por que mais de 30% dos brasileiros acima, dos 18 anos têm tro-

O personal trainer Raphael Giacomelli auxiliando sua aluna no seu treinamento Foto: Italo Nunes

cado a bola e a chuteira, pelas salas de musculação. “A musculação é a melhor atividade pra quem busca melhorar seu condicionamento físico, mas é recomendável que o sedentário comece por um esporte que ele goste, ou quem sabe mescle com outras atividades, para que não fique desmotivado e não torne as atividades repetitivas e desgastantes”, afirma o educador físico, Raphael Giacomelli. Um fator que atrapalha a busca por uma atividade física saudável é que

falta estrutura adequada para que se vivencie o esporte nos espaços públicos. “A máquina pública não tem muito interesse que a molecada pratique atividade física, vemos por ai muitas quadras, espaços maravilhosos que estão abandonados e não tem a mínima manutenção. Além disso, o fator segurança também é um ponto fundamental. As pessoas preferem ficar em casa vendo tv e ficar na internet, a ter que se arriscar a correr na rua e serem assaltadas”, finaliza o educador.


FÔLEGO / MAIO 2015

Esporte canino conquista espaço no Ceará Modalidade inspirada no hipismo, agility, surgiu como um show de intervalo de apresentações caninas e hoje se destaca como esporte.

Gabriela Nepomuceno e Pâmela Cedro

Relação entre o cão e seu dono

Uma modalidade esportiva que combina velocidade, habilidade, fôlego, desafio e diversão vêm conquistando adeptos. O agility é uma prática pouco conhecida no Ceará. O primeiro circuito de treinamento do desporto só chegou ao estado há pouco mais de cinco anos, mas, no mundo todo, é um dos esportes caninos mais praticados. Ângela Câmara, proprietária da Estância Kirst, localizada no município de Caucaia, explica que a modalidade é praticada em duplas, com o cão e o seu dono, tendo seu objetivo básico fundamentado no hipismo, que é: “cumprir um circuito de obstáculos sem infrações e no menor tempo possível”. Assim, o agility se torna uma prova de habilidade, utilizando a velocidade como critério de desempate, onde são usados obstáculos e equipamentos especiais.“Além de ser um esporte, o agility é uma ótima oportunidade para a prática de atividade física e ainda poder se divertir com o seu cão”, diz Ângela.

O aumento da cumplicidade e da confiança entre o cão e seu dono é uma característica do agiliity. “A prática ocorre em ambiente de festa, onde o dono estimula o cão com palavras de incentivo, o treinador dá confiança ao animal para que ele possa não ter medo de passar pelos obstáculos e o premia quando acerta”, resume Ângela, que também é instrutora. Ela explica que não há punições e a vontade do cão é respeitada. O animal não é forçado a vencer o obstáculo que refuga em determinado momento e nem a prosseguir se dá sinais de cansaço ou de querer parar. “Dessa forma, o cão passa a confiar no dono e a obedecer de bom grado aos comandos dele”, concorda Ismael Marques, analista de sistemas, que treina seu cão, Zeus, já há alguns meses com a intenção de competir nos torneios da Comissão Brasileira de Agility (CBA). O esporte também influi positivamente para o bom comportamento em casa, pelo consumo de energia e pelos estímulos mentais que proporciona. “A concentração necessária para entender,

em plena corrida, qual obstáculo vencer em seguida e para passar por ele corretamente é desfiadora, com estímulos mais intensos que os típicos das caminhadas”, ressalta Ismael. Além disso, nos treinos, o cão aprende a comportar-se e interagir com outros cães e pessoas. “Uma boa maneira de experimentar o agility é assistir uma prova ou match, que é uma apresentação desse esporte e, num intervalo, testar alguns obstáculos conduzindo um cão treinado”, sugere, Ângela. “É normal que, nos intervalos dos eventos, quando não há atrasos, convidemos os interessados a participar desse tipo de experiência”. A modalidade surgiu na Inglaterra em 1978 e chegou ao Brasil no final da década de 90, quando uma equipe brasileira participou pela primeira vez do Campeonato Mundial de Agility. Desde então o Brasil está presente em todas as edições da competição internacional, conquistando sempre boas colocações, inclusive o primeiro lugar em 2002. No mundo todo, o agility vem se tornando uma febre. Principalmente na Europa e América Latina. Hoje exitem inúmeras escolas de agility no Brasil, em sua maioria, localizados no Sul e no Sudeste. No Nordeste, há forte prática em Pernambuco, que organiza competições regionais anualmente. O Ceará, conta apenas com o espaço da “Estância Kirst” que possui pista com tamanho e padrões oficiais regulamentados pela comissão para a prática do esporte. E assim, o estado vem

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Instrutor trenando com o seu cão Foto: Divulgação

evoluindo o interesse por um esporte diferente do que normalmente é praticado na região, uma modalidade exercida pelo cão e o seu dono que carrega valores e conceitos promovidos na vida. O Agility é um esporte para família, respeito para com o cão e para com o próximo é o que mais se preza e isso acaba sendo repassado por quem pratica.

Curiosidades •

Qualquer cão pode praticar agility se as suas condições de saúde permitirem, não importando porte, raça ou se possui ou não pedigre. No entanto , os cães da raça Border Collie são os mais vistos nos campeonatos de agility.

Por que o Border Collie? Porque esses peludos normalmente são ligados em 220v, por isso são usados para guiar e pastorear outros animais. Todos os tipos de exercícios são recomendados para eles, o mais difícil é fazer esses cães se cansarem, geralmente nós nos cansamos primeiro.

Durante os campeonatos, os cães são divididos em duas categorias: Standart (para cães de médio e grande porte) Midi e Mini (cães pequenos). Dividido em graus de dificuldade que vão de iniciante, passam por grau I, II e III, e este último que permite classificação para o campeonato mundial.


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FÔLEGO / MAIO 2015

Ensaio

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor) Fundação Edson Queiroz - Diretora do Centro de Ciências da Comunicação e Gestão: Profa. Candice Nóbrega Graziani Vieira Lima - Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Wagner Borges - Professor orientador: Prof. Wagner Borges - Projeto gráfico: Camille Vianna - Diagramação: Aldeci Tomaz e Rafaela Quevedo - Edição: Felipe Castro - Redação: Adriel Brito, André Viana, Diego Moraes, Gabriel Lobo, Gabriela Nepomuceno, Georgia Beatriz, Hiago Araújo, Italo Nunes, João Pedro, Leidiane Lopes, Marcella Ruchet, Pamela Cedro - Supervisão gráfica: Francisco Roberto - Impressão: Gráfica Unifor - Tiragem: 350 exemplares


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